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SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

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SURGE Skateboard Magazine, 18th issue: "!". 15 000 copies::free distribution:: Find it in a skate shop-championship-party-movement-spot-internet-smartphone near you! - Bon Voyage: A última viagem da Cliché - Miguel Gil: Entrevista - Duo: João Allen e João Pinto - Consultório do Dr. Manka-te More info: www.surgeskateboard.com

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2013

Hoje, com a chuva que cai, pode não parecer, mas a primavera está aí

e com ela todo um novo ciclo de vida. Também no skate um novo ciclo se

aproxima, a época dos campeonatos, demos, churrascos e ajuntamentos.

Em breve, por esse Portugal fora, os skaters vão começar a sair da “toca”

e o frenesim de eventos vai ser tal, que muitas vezes vamos ter dois e,

até, três campeonatos no mesmo dia… estamos todos em “alta”, media,

organizadores, marcas, lojas, há tanta coisa a acontecer que a grande

questão é quase “a qual iremos”? Mas por mais que veja este filme,

ano após ano, não consigo fechar os olhos ao que se passa no skate

nacional… será que é mesmo por este ciclo se repetir há anos, como um

relógio, que as coisas não passam da cepa torta e, em alguns casos, até

regridem? Como é que na altura em que não havia net, facebooks e afins ou,

sequer, skate parques, tínhamos em Portugal skaters profissionais, no sentido

literal da palavra, amadores em teams internacionais, a receber bom dinheiro,

e uma cena local que não precisava de muito para “vibrar”? É verdade

que o excesso de informação torna muito mais difícil focarmo-nos realmente

em algo, ou alguém, mas temos que reconhecer que os primeiros a não

nos valorizarmos somos nós próprios. Um colega dizia-me no outro dia:

“vocês, skaters, vendem-se por pouco, se uma marca vos quer utilizar

como ferramenta de marketing tem de pagar e bem”. Mas a verdade é

que sofremos do típico problema de “portuguesite aguda”: “epá, mas se

não aceitar o que me oferecem, o outro ao meu lado aceita”... e assim

estamos destinados a viver sempre na sombra daquilo por que nos querem

fazer passar: por “pequeninos”.

Cada um de nós pode viver o skate à sua maneira, seja nos campeonatos,

demos, festas, viagens com amigos, ou apenas no alpendre lá de casa,

mas, sem dúvida, era bom que, tal como vimos exigindo condições que

não tínhamos, como skate parques nas nossas cidades, continuemos a

exigir condições que não temos, melhores apoios, maior dinâmica em

todo o país, e mais, também, de nós próprios... só assim sairemos a ganhar.

Todos.

Pedro Raimundo

“Roskof”

O culto do nada…

panorâmica

ilustração Luis Cruz

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Caso não saibam, a fonte da Praça dos Leões foi construída originalmente para que as águas da Baixa do Porto pudessem respirar um pouco, claro que ver um 5-0 do Toni é apenas mais uma benesse a que as águas têm direito quando vêm cá fora arejar.

fotografia Renato Lainho

2013

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DUOSem papas na língua, João Pinto e João Allen contam-nos como foi produzir um dos melhores vídeos de skate nacional.

Entrevista Miguel GilDemorou 3 anos, mas finalmente conseguimos a entrevista com um dos nossos skaters nacionais favoritos. Agora que começou, queremos fotos dele em todas as edições da revista… estás a ouvir, Miguel?

Dr. MankateDepois de ter levado a malta da Troika lá a casa para uma festa, o Dr. ainda teve que lhes lavar e secar a roupa. Isto é que é um anfitrião...

Primeiro Foco: Bruno SenraDe certeza que já ouviste todas as explicações possíveis e “ordinárias” para a alcunha do BP. Pois agora vais saber a verdade…

Cliché Bon VoyageA fase final da produção de um filme é sempre uma altura complicada, mesmo assim conseguimos que o Jeremie Daclin e Boris Proust, os responsáveis pelo novo filme da Cliché, “BON VOYAGE” saíssem das catacumbas para falar um pouco deste novo projeto e da história da mais antiga marca de skate Europeia.

Ficha TécnicaPropriedade: Pedro RaimundoEditor: Pedro RaimundoMorada: Rua Fernão Magalhães, 11São João de Caparica2825-454 Costa de CaparicaTelefone: 212 912 127Número de Registo ERC: 125814Número de Depósito Legal: 307044/10ISSN 1647-6271Diretor: Pedro [email protected]: Sílvia [email protected] criativo: Luís [email protected]:[email protected]

Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris.

Tiragem Média: 8 000 exemplaresPeriodicidade: BimestralImpressão: Gazela, Artesgráficas, Lda.Morada: Rua Sebastião e Silva, 79 Massamá2745-838 Queluz • Portugal

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, detextos, fotografias ou ilustrações sob quaisquermeios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais.

www.surgeskateboard.com

Queres receber a Surge em casa, à burguês?É só pedir. Através de [email protected] anual em casinha: 15 euros

Capa: Esta senhora chegou-se perto do Charles Collet e disse que se tivesse a idade dele também andava de skate. Mas agora com quatro rodas só mesmo o andarilho… isto sim, é espírito de skater!

fotografia DVL

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2013

Boas Dr.

Sou uma carcaça velha de Almada, que desde muito novo aprendeu

a gostar de skate. Não por vontade própria, mas sim por culpa

do meu mano mais novo, que começou a dar uns toques ainda

bastante puto...

Sei que esta carta poderá parecer-te um pouco nostálgica, mas vivo

hoje um certo deja-vu em relação ao skate. Tenho três putos xarilas

cá em casa, com a mania que são do skate. É o dia todo uma guerra

pegada entre eles, para ver quem dá a manobra melhor que o outro,

vive-se um género de jogo do skate diário aqui em casa e o pior

(melhor) ainda estará para vir, é que agora cá em casa apareceu

uma princesa, que eu já vejo a brincar com os teck deck nas rampas

miniatura e, melhor ainda, por cima dos móveis cá de casa.

Bem, tudo isto para dizer que vejo com gosto este gosto, que me

leva atrás no tempo e me faz lembrar quando eu chegava a casa

do trabalho e dava com 15 putos aqui de Almada, a ver filme atrás

de filme de skate.

Hoje continuo a não ter direito a ver televisão cá em casa, ou dá

skate ou bonecos para a princesa, eventualmente uma novelazinha

para a mestra cá de casa. Quando grito: “parem já de mandar o

comando da tv ao ar!” lembro-me no mesmo instante da minha rica

mãe a gritar ao meu irmão: ”para com isso!”

Lembro-me de assistir aos campeonatos no skate parque de Almada

que, quando olho para trás, vejo como eram fantásticos e magníficos,

na pura forma de simples diversão, forma essa que eu tento incutir

aos meus putos. Lembro-me de ver o Rómulo Pereira, ainda puto,

a começar a dar os seus primeiros toques, lembro-me das velhas

do M.Bica a gritarem convosco como gritam ainda hoje com os

meus, lembro-me de ver o editor da Thrasher sentado na relva do

skate parque de Almada, “o Brunos skate parque”, a ler uma Urbe.

Lembro-me com alguma emoção e tristeza do porquê desse nome e

da t-shirt do Piggy ainda hoje pendurada no nosso quarto, como se

de uma fotografia se tratasse. Lembro-me da coleção de autocolantes

de skate do meu irmão, que hoje os meus putos cobiçam como se

de um tesouro se tratasse e de como pedem para ele dar o mesmo

impossible que eu lhe pedia para dar há uns anos atrás.

Bem, Dr., já nem sei bem qual era o propósito desta carta, mas sei

que vivi e ainda vivo momentos muito bons através do skate, sem

nunca ter andado. São bons os sentimentos que tenho pelo skate,

adoro ver como um skater tem a capacidade de se transportar no

futuro e regressar, para depois conseguir executar esse mesmo

futuro num corrimão ou lance de escadas.

E por isso lhe escrevo, Dr., a si e à Surge, porque gosto de skate e

porque o skate não é só uma trotineta como o meu pai lhe chama, mas

sim um veículo que transporta muito mais do que um indivíduo apenas.

Abraço ao Dr. e à malta da Surge!!

P.S: os putos cá de casa querem saber para quando posters de

miúdas giras na Surge??

Finex de Almada

Caríssimo Finex

Foi com enorme alegria que recebi a tua carta.

De facto, o skate faz parte da cultura da cidade de Almada.

Ninguém o pode negar.

Quantos, como tu, que nunca andaram de skate, conhecem e viveram

esses episódios de que falas? Quantos, como tu, não perdiam um

campeonato da ASKA no skate parque de Almada? Quantos, como

tu, sabem o nome de várias manobras de skate? Quantos, como tu,

metem os filhos a andar de skate? Quantos, como tu, vestem roupa

de marcas de skate? Quantos, como tu, conhecem todos os skaters

de Almada? Quantos, como tu, compram a Thrasher de vez em

quando? Quantos, como tu... em Almada... bastantes!

Os skaters têm facilidade de conviver com todo o tipo de gente.

Não têm preconceitos, nem manias. Dão-se com todos. São da

rua e é aí que se travam amizades, que se conhece todo o tipo de

pessoas. Quantas conversas tive com velhotas, mendigos, ciganos,

ladrões, carochos, meninos ricos, pobres, brancos, pretos, azuis,

até com cães falei... quantas conversas... e assim cresci. Na rua,

com toda a gente que faz parte dela.

Por essas razões é que pessoas como tu, conhecem, gostam e

admiram o skate.

O skate, como tu dizes, transporta muito mais do que um indivíduo

apenas...

Grande abraço, Finex.

Viva o skate!

Isso dos posters anda a ser falado... tenham calma, meus putos,

nunca se sabe!

Dr. Manka-te

Olá Doutor

Tenho tido muito azar com as lesões.

Em apenas 2 anos, parti um pé e um braço.

Tenho passado bastante tempo sem andar de skate e quando ando

é sempre com medo... sei que as lesões fazem parte, mas acho que

tenho tido bastante azar. A Surge tem ajudado e muito. Desde já

agradeço pelo que vocês fazem por todos nós. A revista não me tira

o medo, mas dá-me sempre vontade de voltar a andar. Dá-me pica

e isso é que é preciso.

Espero no futuro não ter mais lesões e espero também conseguir

vencer o medo...

Mais uma vez obrigado.

Excelente trabalho, o vosso.

Abraço

Pedro Sousa

Boas Pedro

As lesões são tramadas. É mesmo o pior que existe no desporto. Mas

como dizes e bem, fazem parte.

Mas vê as coisas pela positiva, porque existe pessoal com muito

mais azar que tu.

Não sei se conheces ou conheceste o Mileu, de Almada. Esse é que

teve azar! Partiu os dois braços! Consegues imaginar? Tinham que

fazer tudo por ele... hehehehehehe, que espetáculo, até o cú tinham

que lhe limpar hahahahahahaha! Isso sim, é azar!

Por acaso sempre tive alguma sorte com as lesões, não me posso

queixar. Apenas uns entorces e um traumatismo craniano, coisa pouca.

Não podes desanimar. O tempo ajuda a perderes o medo.

Tenho uma sobrinha que é louca por skate e também não tem

tido muita sorte. Partiu o mesmo pé duas vezes a andar de skate,

também num curto espaço de tempo. Sei bem o que ela sofre por

não poder patinar. Mas é rija e tem muita pica. É daquelas pessoas

que não tem medo, vai lá outra vez!

É assim que deves pensar. Bola para a frente, companheiro!

Beijo na bunda

Dr. Manka-te

fotografia Luís Colaço

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Dá a tua opinião sobre a revista. Envia-nos as tuas ideias ou sugestões. Manda fotos de spots novos na tua

zona e do rabo da tua melhor amiga… sei lá… escreve por tudo e por nada… se aqui o Dr. Mankate curtir,

publicamos a tua carta na revista e se tiveres sorte, pode ser que te toque alguma coisa…

Abraços e beijos na bunda.

Dr. Mankate

[email protected] www.mankatetainha.com

página 17 Dr. Manka-te

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2013

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página 21

fotografia e entrevista Mascarenhas

PRIMEIROFOCO

Conta lá para quem não sabe, porquê BP? Tem a ver com o

facto de estares sempre atestado de gasolina?

(Risos) Não, não tem a ver com isso. Já foi há muito tempo:

na minha rua havia dois Brunos, quando jogávamos à bola

era sempre uma confusão, por isso fiquei Bp (Bruno Pequeno).

Tenho que dizer que admiro muito a tua pica, espero que sejas

assim para sempre e não só no skate, mas também na escola

e na vida em geral. O que queres ser quando fores grande?

Opá, ainda não sei bem, gostava de viver do skate, claro,

mas não sei se será possível. Se não for possível, gostava de

trabalhar em alguma coisa relacionada com skate, nem que

fosse numa skate shop, ou como team manager (risos)...

Como bom filho da “margem sul”, tinha de haver uma manobra

no spot mais emblemático do “lado de lá”… hardflip

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2013

Se o Vito, um dos skaters favoritos do BP, visse este

frontside flip diria: “grrannda frrrrontside flip boy!”...

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página 23 Primeiro foco

Quais são as tuas ambições no skate? Sonhas alto, ou tens os

pés bem assentes na terra?

As minhas ambições no skate são evoluir, ir lá fora a

campeonatos e filmar. Eu ter o sonho de viver do skate tenho,

como qualquer skater, mas também tenho consciência de que

é muito difícil.

Fazes parte da Ementa SB, gostas de pertencer ao grupo?

Descreve um pouco esse grupo de amigos.

Sim, pertenço à Ementa. É um grupo de skaters amigos, unidos.

Ajudamo-nos uns aos outros, estamos quase sempre juntos... eu

só posso estar com os meus putos ao fim de semana, por causa

da escola... estamos sempre a inventar e isso é que é o espírito.

Tens orgulho de ser da margem sul? Que skaters da tua zona

é que admiras?

Sim, tenho. É a terra onde eu cresci e onde comecei a skatar.

Os skaters que admiro da minha zona são o Rómulo Pereira:

era um dos melhores de Portugal; também gostava bué de ver

o Inezinho a andar, dava-me bué pica, é pena ele ter parado...

se ele não tivesse parado também tinha sido um grande nome

no skate português. O Vito, para quem não conhece, também é

um Almadense que andava bué, mas que teve de seguir a vida

dele... não ouvi falar mais dele...

Preferes skatar nas ruas ou em skate parque?

Bem, ruas ou skate parque... eu sinceramente gosto de andar

nos dois sítios. O skate parque é mais chill, não cansa tanto e

aprendes bases e manobras novas... e na rua também curto

andar em spots diferentes, mas a rua é mais agressiva que skate

parque.

Explica lá ao pessoal porque é que andas sempre a mandar

cuspidelas? Já ouvi chamarem-te Dabla, que era a personagem

do Dragon Ball que transformava as pessoas em pedra com as

suas cuspidelas ácidas.

Bem, eu nem conhecia o Dabla até o tu me chamares isso

(risos). Não sei, é natural, não consigo explicar (risos), mas eu

também não cuspo muito... (risos)

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página 24 Primeiro foco2013

Para alguém que tem uma alcunha como “Bruno Pequeno” este

“corrimão grande” não está nada mal… backside 50-50

A quem queres agradecer?

Gostava de agradecer ao meu Pai, à minha Mãe e à minha

família, pelo apoio que me têm dado, aos meus amigos que

me apoiam e que andam comigo, aos meus putos da Ementa,

ao pessoal de Almada, ao pessoal que skata comigo... não

vou começar a dizer nomes, senão nunca mais saía daqui.

Também quero agradecer aos meus patrocinadores: à Volcom,

à Converse, à Screw e à Ementa SB. Ao João Mascarenhas

por me ter ajudado nesta mini entrevista e por me ter aturado

quando íamos fotografar (risos). Um grande abraço para todos

os meus amigos e para todos os que me apoiam.

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página 24 Primeiro foco

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entrevista Roskof

fotografia DVL

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página 27

Quando há 13 anos a Cliché lançou “Europa”, o primeiro

filme de skate de uma marca europeia, nascia um novo

polo no skate mundial. Pela primeira vez o velho continente

era encarado como uma potência no skate. Cidades hoje

consideradas mecas do skate, como Barcelona, ou Málaga,

devem, de facto, muito à Cliché, pois foi em “Europa” e nos

projetos seguintes da marca, que se mostrou ao mundo

o potencial de skate que aqui se encontrava escondido.

Passada mais de uma década e na véspera do lançamento

do seu último filme, Jeremie Daclin e Boris Proust falam-nos

da sua viagem até... “Bon Voyage”.

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2013

Já lá vão 15 anos desde o início da marca e 13 desde o lançamento de “Europa”, o primeiro vídeo de skate 100%

europeu. Desde então muito mudou na maneira como os filmes de skate são feitos. Para vocês, quais as maiores

diferenças entre esse tempo e o presente? De certeza que o Jeremie notará mais algumas diferenças do que o Boris…

Jeremie: Para mim a maior diferença entre essa altura e o presente são as redes sociais. Agora os miúdos devoram

vídeos todos os dias, no Hellaclips e outros sites... e, se procurares, todos os dias consegues ver alguma boa parte. Nos

tempos do “Europa”, filmar era mesmo difícil e sempre que conseguias arranjar um vídeo não o largavas durante 6

meses… hoje é difícil causar impacto por mais que um dia… é muito esforço às vezes para nada.

Boris: Sim, de facto muita coisa mudou em pouco tempo, mas para mim agora parece que toda a gente se preocupa

muito mais com a maneira como edita e filma os vídeos. Quando comecei já toda a gente filmava com as lendárias

Sony Vx1000 e durante um longo período parecia que toda a gente filmava da mesma maneira. Agora é bem diferente,

todos se preocupam muito mais com os ângulos e usam meios que na altura eram impensáveis para obter as melhores

imagens, como gruas, steadycams e até helicópteros telecomandados…

Jeremie Daclin Boneless

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página 29 Bon Voyage

Pete Eldridge Switch Ollie

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2013

Vocês têm idades bem diferentes e de certeza que também

cresceram de maneiras bem diferentes. Como é que conseguem

conciliar os vossos pontos de vista e a maneira como as coisas

devem aparecer no vídeo? Chega a haver o clássico “choque de

gerações”?

Jeremie: Nada disso, eu sou uma pessoa bastante receptiva a

ideias! (risos)

Boris: Sim, temos idades bastante diferentes, mas ambos queremos

o mesmo, que é fazer um grande vídeo de skate. Claro que muitas

vezes temos ideias diferentes mas conseguimos falar bem um com

o outro e também, algumas vezes, com pessoas de fora, para

tentar encontrar sempre a melhor solução possível. Nunca chega a

haver choque, a única vez em que não estivemos de acordo numa

coisa foi a propósito de uma tour que fizemos de camião, sobre se

devíamos usar as manobras nas partes de cada um, ou fazer uma

edição especial só com essa tour… vão ver a resposta no vídeo.

JB Gillet Bs 180 Nosegrind

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página 31 Bon Voyage

Daniel Espinoza AlleyOop Bigspin Flip

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2013

A Cliché não só é conhecida por ter “trazido” ao mundo

grandes skaters, como também por criar uma reputação para

os filmers, fotógrafos e designers gráficos… porque é que

acham que isto acontece?

Jeremie: Acho que por estarmos situados em Lyon, fora

do centro mundial do skate, que é a Califórnia, estamos

habituados a trabalhar com muita gente diferente, que traz

sempre ideias novas.

Boris: Eu acho que a resposta está no nome… Cliché… (risos)

Neste novo vídeo da Cliché vai haver uma grande mudança

em relação ao “line up” dos últimos dois vídeos da marca. “Bon

Voyage” é um título que sugere o começo de algo novo para os

mais novos na equipa e o passar do testemunho para a malta

mais velha... é mesmo assim ou tem outro significado?

Boris: Para mim é apenas uma maneira de dizer a todos que o

skate é sempre bem melhor quando estás de viagem

Jeremie: Concordo

Flo Mirtain front Blunt Fakie Nosegrind

Page 33: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 33 Bon Voyage

Page 34: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Como dono da marca e como filmer, de certeza que ambos

têm ideias diferentes sobre a produção de vídeos on-line, a

avalanche de informação destes dias… às vezes levas meses

para filmar algo e quando o lanças é visionado em 10 ou 20

minutos e seguimos em frente para os próximos 100 vídeos do

dia, de que nem iremos lembrar-nos assim que o dia acabe.

Jeremie: Cada vez mais, a qualidade faz a diferença. Mas devia

haver alguma maneira de filtrar toda essa informação.

Boris: Sim, agora com as dslr e com pouco investimento toda a

gente pode filmar bem, o que provoca essa avalanche. Por um

lado é bom que todos se possam expressar através dos vídeos,

mas por outro está a chegar a um ponto um bocado louco.

Como o Jeremie disse, no futuro devia haver mais filtragem dos

bons vídeos.

Charles Collet Judo Air

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Muita gente diz: “deixem que o skate fale por eles”, mas

sabemos que a Cliché sempre procurou personalidades fortes.

Agora com esta nova vaga de skaters, que valores lhes tentam

transmitir?

Jeremie: Para mim o principal é mesmo ser uma boa pessoa, há

por aí muitos skaters que andam bem, mas cada vez dou mais

valor à personalidade. Quanto aos valores, antes de entrarem

para a equipa levo sempre os skaters numa tour com o resto da

malta… a estrada faz o resto.

Boris: Penso que na Cliché a prioridade é sempre encontrar

grandes skaters mas, sim, antes disso têm que ter uma boa

atitude, ser bem dispostos e querer fazer parte deste grupo

maluco… não ser apenas mais um skater… é esse espírito que

lhes tentamos passar.

página 35 Bon Voyage

Lucas Puig backside 180 Fakie Five O

Page 36: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Há cerca de onze anos estava com o team da Cliché em Lisboa

e, numa sessão, o Fred Mortagne perdeu uma cassete com uma

manobra do Mendazabal, que tinha passado horas a partir-se

todo para acertar… não foi nada agradável de ver. Algum

momento destes, menos bom, nas filmagens de “Bon Voyage”?

Jeremie: Sem dúvida esse momento não foi nada bom,

estávamos no início do “Bon Appetit”, mas essas memórias

ficam para sempre... para o “Bon Voyage” temos algumas

dessas histórias, mas todas boas... e ainda estão demasiado

frescas na memória para poder contá-las aqui...

Boris: (risos) Nada de especial, apenas me lembro de o Jeremie

se esquecer do Daniel Espinoza num spot e arrancar… teve de

voltar para o escritório da Cliché de skate.

Page 37: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 37 Bon Voyage

Kyron Davis front Nosegrind AllTheWay

Page 38: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Algumas últimas palavras para os skaters Portugueses?

Jeremie: Continuem a ler revistas!

Boris: Continuem a skatar e espero que gostem do “BON VOYAGE”!

página 38 Bon Voyage

Kevin Bradley front Feeble

Page 39: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Distribuição www.marteleiradist.com212 972 054 - [email protected]

Page 40: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Nestes últimos dez anos tenho acompanhado a evolução deste grande skater. Desde

miúdo que tem demonstrado grande talento a todos os níveis, uma personalidade

forte, trabalhador, responsável, lutador... e sabe bem o que quer da vida.

É um skater bastante completo, sempre com as antenas ligadas à procura de novos

spots. Atualmente já não duvido de nada que venha da parte dele: quando me liga

a dizer que quer ir a este ou àquele spot dar uma manobra, eu já nem discuto,

porque 99,9% das vezes são skatadas que rendem e no final voltamos para casa

com o sentimento de dever cumprido.

Tivesse ele mais tempo livre e a história tinha sido outra…. quem o conhece sabe

bem o que digo…

MIGUELGIL

2013

Page 41: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

MIGUELGIL

página 41

entrevista Ruben Pinto

fotografia Rafael Morgado

Page 42: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Miguel, vamos começar esta entrevista: apresenta-te.

Miguel Gil, 25 anos e vivo na Marinha Grande.

Pouca gente sabe, mas tu não és Português. Já andavas de

skate antes de vires para Portugal?

Sim, nasci na Alemanha. Em ‘99, eu e uns amigos andávamos

viciados no jogo Tony Hawk 1, que tinha saído há pouco

tempo... decidimos todos comprar um skate. Em 2000 mudei-me

para Portugal. Lembro-me que quando cá cheguei estava em

pulgas para que chegasse a transportadora da Alemanha,

pois estava lá o meu skate! Como o tinha comprado há pouco

tempo, queria muito que o meu primo o visse! Ele, mais tarde,

acabou por comprar um também… Depois fui fazendo amigos

e conhecendo melhor a Marinha Grande, que na altura estava

em altas a nível de skate... a partir daí nunca mais parei!

A Marinha Grande nessa altura estava em altas, como assim?

Sim, basicamente toda gente andava de skate! Eram mais que

as mães! Na altura havia a F.A.E., diziam que era o maior skate

parque Indoor da Península Ibérica! Ahaha, eu com 13 anitos

ficava maravilhado com as cenas que lá via, grandes tempos!

Skatava-se em qualquer sítio e em qualquer lugar, todos os

dias havia pessoal a skatar.

Como é o teu dia a dia? Consegues conciliar o trabalho com

o skate?

Bem, trabalho numa empresa de congelados e ultra-congelados,

sou distribuidor, ando sempre na estrada! Tenho a fezada de

encontrar muitos spots por aí...

No inverno é uma verdadeira merda! Não tenho horário para

sair, mas é por volta das 18h. Durante a semana é foda, pois

não tenho spot para skatar à noite, ando só aos sábados

e domingos, quando o tempo deixa! No verão já é mais

tranquilo, pois já escurece mais tarde e está bom tempo! Por

outro lado, tenho mais trabalho no verão, mas dá para tudo!

Quais os teus patrocínios atualmente?

Tribos Urbanas e My DC Crew

Frontside 5-0 a “derreter” o wax, num dos spots descobertos durante a “volta dos congelados”… ou algo do género

Page 43: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 43 Miguel Gil

Estas satisfeito?

ya, bué! Um grande obrigado aos dois! Só falta material

técnico para poder voltar à carga!

Tiveste dois pro models na Fidelity, qual a sensação? Como é

que isso aconteceu?

Quando o Steve me perguntou se eu queria entrar para a

Fidelity, fiquei bastante contente. Falei depois com o André

(patron da Fidel) e ele motivou-me bastante, negociámos e lá

fiquei! O André tinha muitas ideias, talvez ideias a mais, mas

a intenção era boa. Fizemos várias tours, incluindo a viagem

à Alemanha ao Bright Trade Show, a Frankfurt, sempre tudo

pago! Uma experiência de top quality para mim! Na altura

deu-me bué pica, nunca tinha de me preocupar com boards...

a skatada é um pouco diferente quando temos um caixote

cheio de tábuas em casa! Pelo menos para mim era…

Eras um dos responsáveis em abrir o Vidigal (aquele mega

spot, a que muito poucos davam valor). O que tens a dizer em

relação ao encerramento deste espaço?

Foi muito chato o Vidigal fechar! O Vidigal foi um skate parque

muito especial para mim, muitos bons momentos que lá passei

com a tropa da Tribos Urbanas! Fiz muitos amigos, pessoal que

vinha de fora e isso... todas as minhas bases aprendi lá! Mas

o pessoal tem o seu trabalho, não pode deixar de comer para

skatar. Já o fiz, mas tinha 15 anos.

Como vês o skate nacional?

O nível está a aumentar em todo o país, cada vez mais estão

a aparecer novas promessas no skate nacional, aproveito para

mandar um props ao pessoal do RSC pelo excelente trabalho

que tem feito em todos estes anos!! Big Respect! Fico contente

quando vejo o pessoal a orientar-se lá fora e a representar

bem a tuga!

Depois deste frontside ollie o Miguel prestou tributo à história do skate com um slalom pelos pins, à moda antiga… clássico!

Page 44: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Vigo sempre foi um dos seus destinos favoritos, curiosamente os backside tailslides flip out também sempre foram das nossas manobras favoritas do Miguel…

Page 45: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 45 Miguel Gil

“TRABALHO NUMA EMPRESA DE CONGELADOS E ULTRA-CONGELADOS, SOU DISTRIBUIDOR, ANDO SEMPRE NA ESTRADA! TENHO A FEZADA DE ENCONTRAR MUITOS SPOTS POR AÍ…”

Page 46: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Costumas ir a campeonatos?

Raramente, não que não queira, ou não curta, mas das últimas

vezes que quis ir, ou ia trabalhar, ou estava lesionado, ou então

não havia guita, tinha sempre qualquer merda para me foder!

Vamos ver se este ano vou a uma ou outra etapa, na desportiva!

O skate para ti é um lifestyle ou é apenas um desporto?

É um lifestyle, eu respiro skate a toda a hora! O skate fez de mim

o que sou hoje, não podia estar mais satisfeito. Ajudou-me a

ultrapassar muitas barreiras e deu-me uma perspectiva da vida

que só um skater consegue ver! Skate Or Die!

Já viram aquele skater no “Call of Duty” a dar crookeds? Pois, nós também não!

Page 47: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 47 Miguel Gil

Dizem que o Miguel é

dos skaters nacionais

com os pés mais leves…

por isso é que parece

que vai a planar

tranquilamente neste

swicth ollie

Page 48: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

No panorama internacional quais os skaters que mais te influenciaram?

Quando comecei a skatar, Brian Wenning, Tom Penny, Pj Ladd, Eric

Koston, Andrew Reynolds... depois há aquelas “bestas”, Leo Romero,

Luan Oliveira, Shane Cross, Torey Pudwill, Nyjah Huston, etc, etc..

E no panorama nacional?

A primeira e a maior influência foi o Steve Carreira... Ruben Pinto,

Ricardo Preto, Hugo Marrazes, Brunito, Ricardo Fonseca e Francisco

Lopez.

É só velha guarda nas influências nacionais, isso tem alguma razão

de ser?

Foram os que mais me influenciaram, identifico-me mais com a

maneira como veem o skate, acho mais saudável, mas também

gosto de ver o Ruben Rodrigues, Helder Lima, Pedro Roseiro, João

Neto, Jorge Simões e a minha tropa de Leiria, que está sempre a

puxar por mim...

Como passas os teus poucos tempos livres?

Estou com o meus amigos! Vou passear o meu dog à praia, sou

viciado no Call Of Duty, passo bastante tempo também de volta do

meu Volkswagen! Ahaha mas o que gosto mesmo é de não fazer

um cú!!

Pois, tu andas sempre a inventar no teu carro, mas não és do tunning,

pois não?

Nada disso! Apenas gosto destes carros, como sou alemão nasci a

ver Volkswagens.

Agradecimentos

Os primeiros vão para a mulher mais poderosa da terra, a minha

mãe! Ao resto da minha família, incluindo a crew da Tribos Urbanas,

Steve e Ruben por me terem sempre apoiado em tudo! Aos meus

amigos, de perto e de longe, à DC Portugal (My DC Crew) e a todas

as marcas que já me patrocinaram, à Surge (Roskas e Sílvia), RSC,

Skatebyte (Vasco e Marta), Rafael Morgado, Nuno Marques...

Page 49: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 49 Miguel Gil

“É UM LIFESTYLE, EU RESPIRO SKATE A TODA A HORA! “

Caso o Miguel tivesse ficado pela Alemanha esta manobra seria “zie transfer bluntz”

Page 50: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue
Page 51: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue
Page 52: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Page 53: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 53

Sejamos honestos. Se na altura em que as coisas no nosso país “alegadamente” andavam melhor, já eram

poucos... então agora nestes tempos de crise, fazer filmes de skate parece uma verdadeira loucura. O que

nos vale é que ainda há pessoas dispostas a arriscar e apostar no que mais gostam. Duo é o resultado da

colaboração do Vasco Neves com os skaters João Pinto e João Allen e mais uma prova de que não são precisos

“mundos e fundos” para que as coisas aconteçam.

entrevista Roskof

fotografia Vasco Neves

Page 54: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Como é que vocês se lembraram de embarcar nesta aventura

de filmar um vídeo em conjunto? Mesmo lá fora, não é comum

ver este formato. Pensaram em fazer algo diferente, ou na

vossa cabeça fazia sentido, uma vez que costumavam skatar

muitas vezes juntos?

Allen: Já nem me lembro bem como é que tudo começou, mas

na altura skatávamos sempre juntos, o Pinto, o Vasquinho e eu,

e como estávamos nas mesmas marcas fez sentido fazermos

um clip os dois. Acho que não pensámos propriamente em

fazer algo diferente, foi mais por fazer sentido sermos só os

dois. Apesar de ser um formato fora do normal, acho que ficou

bastante bem, pois se for um filme com muitos skaters só se vê

uma vez e se for só de um, rapidamente se esquece.

Pinto: É claro que o facto de skatarmos sempre juntos ajudou

muito neste projeto e como éramos patrocinados pela mesma

marca, era mais um elo de ligação. Mas ao ser só dois skaters

seria uma forma de mostrar o nosso nível de uma maneira

mais específica.

2013

Page 55: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Lembro-me de que quando o primeiro teaser saiu, o Duo

era para ser um projeto mais pequeno... mas acabou por

ser mesmo um filme. Quando iniciaram isto, alguma vez

pensaram naquilo em que se estavam a meter, ou as coisas

foram acontecendo naturalmente ?

Allen: As coisas foram acontecendo naturalmente, pois a ideia

inicial não era fazer um filme com uma parte completa de

cada. Simplesmente começámos a ver que conseguíamos fazer

melhor e fomos querendo mais, até que decidimos fazer partes

completas.

Pinto: Inicialmente iria ser uma vídeo-parte em conjunto, mas

ao longo do tempo foi-se filmando e fomos juntando material...

optámos por fazer uma parte para cada um de nós. E claro que

isto foi um dos fatores que atrasou a saída deste filme.

página 55 Duo

João Allen pole jam 50-50

Page 56: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

João Pinto drop

Page 57: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Apesar de vocês se conhecerem há bastante tempo, sei que

têm personalidades bastante diferentes. De certeza que o Vasco

durante este tempo, para além de amigo e filmer, também teve

que ser várias vezes psicólogo. Ele teve que vos dar muito na

cabeça para vos manter motivados, ou tinham bem noção do

que precisavam fazer?

Allen: Em relação ao Pinto não tenho bem a certeza, mas a

mim foi raro faltar motivação. Claro que houve alturas em que

não me apetecia muito andar a matar-me por manobras, mas

em regra geral tive sempre pica.

Pinto: O Vasco foi um elemento fundamental deste filme, sem

ele isto não se teria realizado. Nós tínhamos noção do que

era para ser feito, mas muitas das vezes a pica não era muita

e quem nós motivava era o Vasco. Mas o Vasco, além de ser

skater, filmer e fotógrafo é um grande amigo e um grande

psicólogo... ahahah muitas conversas de vida tive com ele e

muita coisa boa me ensinou e ajudou.

Durante o tempo que andaram a filmar era óbvio que estivessem

um pouco “abaixo do radar”, mas nunca deixaram de

aparecer... no entanto, e à boa maneira portuguesa, muita

gente comentava que vocês tinham deixado de andar, que

se tinham dedicado a outras coisas, como é que encararam

esses rumores? Alguma vez tiveram vontade de dizer umas

“verdades” aos treinadores de bancada?

Allen: Há sempre alguma vontade de responder aos “treinadores

de bancada”, mas como sempre soubemos que estávamos

a fazer um filme que, para os padrões portugueses, ia estar

razoavelmente bom, nunca ligámos muito.

Pinto: Sinceramente inicialmente fiquei um pouco revoltado.

Pelo facto de não ir a campeonatos, o pessoal já dizia por aí

que eu não andava de skate. Mas alguns skaters de Portugal

acham que o skate são campeonatos e que o que interessa

é ganhar e acertar as manobras, para mim isso não é skate.

Em relação aos “treinadores de bancada”, em vez de falarem

à toa, calem-se e andem de skate, porque falar é fácil, mas

ainda estou à espera de ver vídeo-partes de STREET, não de

SKATE PARQUES.

página 57 Duo

Page 58: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Assim que o DUO saiu, enviámos e mostrámos o vídeo a muita

gente de fora, que ficou boquiaberta com o vosso nível de

skate. A pergunta é: porque é não saíram mais de Portugal e

tentaram uma aventura lá fora? Essa ideia nunca esteve nos

vossos planos, ou as coisas simplesmente aconteceram assim?

Allen: Em relação ao Pinto não sei, mas para mim, como é

óbvio, essa ideia de ir lá para fora já esteve presente. No

entanto, não tenho nível suficiente para isso e mesmo que

tivesse já ia tarde. O skate não é um desporto que dê para

fazer até muito tarde, por isso ou se é muito bom, ou passado

pouco tempo é difícil de viver disto. Como sempre tive noção

disto, nunca tentei ir lá para fora para me safar, ando mesmo

porque gosto de skate.

Pinto: Nós saímos de Portugal, cheguei a viajar muito e a

participar em alguns campeonatos, o que me fez “abrir a

pestana”, mas nunca fui um skater de campeonatos e, aliás,

eu nunca gostei muito de participar, mas gostava muito do

convívio entre o pessoal... coisa que hoje em dia não se vê

muito, querem é ser os melhores.

Claro que esteve nos meus planos, ou nos meus sonhos viver

do skate, mas o tempo passa e percebemos que não é fácil e

as coisas lá fora estão num nível quase inatingível.

2013

Caso não saibam, o João Pinto faz

acupunctura profissionalmente, caso

para dizer que deu um belo tratamento

a este curb smithgrind

Page 59: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 59 Duo

xiiii… quando for grande quero dar

frontboards como o Allen… pensou,

de certeza, o miúdo

Page 60: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Quais foram para vocês os momentos mais marcantes

na aventura do DUO? Algumas boas histórias de

bastidores?

Allen: Houve tantas histórias que é me difícil estar a

referir uma. Desde polícias, a palhaçadas, a histórias

cómicas, passou-se tanta coisa em 2 anos que nem

me lembro de uma em específico. Acho que os

momentos mais marcantes foram quando saíram as

melhores manobras do filme, ou as que custaram

mais a sair. As ‘jolas a seguir a essas manobras

foram, sem dúvida, o melhor.

Pinto: Bem, foi tanto tempo que aconteceram muitas

aventuras e claro que houve momentos bons,

mas também momentos maus. Houve sempre os

problemas que qualquer skater que quer filmar em

street tem: com pessoas, com polícias... depois, às

vezes, eu sou um bocado impulsivo e agressivo e isso

não ajuda muito, mas aos poucos as coisas foram

correndo de uma forma divertida e gira.

Quando viram a edição final, de certeza que tiveram

aquele sentimento de dever cumprido, qual foi a

primeira coisa que pensaram fazer assim que o Vasco

vos mostrou a edição final?... festa rija? Ahaha

Allen: A primeira coisa, mal vi o filme a primeira vez,

foi dar um “props” ao Vasquinho. Já sabia as minhas

manobras e as do Pinto, mas ver aquilo tudo montado

com uma alta edição foi uma sensação que não

consigo bem explicar. O que fiquei a pensar depois

foi na festa de lançamento... ahaha

Pinto: Claro, festa muito rija... ahahah foi bom ter

terminado, de certa forma foi um alívio para os três,

já estávamos um bocado saturados de tanto tempo

de filmagens.

O DUO é a prova de que ambos têm, ainda, muito

bons anos de skate pela frente. Que projetos têm para

o futuro próximo e o que gostavam que acontecesse

na cena de skate nacional?

Allen: Quanto a mim, gostava de lançar mais umas

partes de street, o máximo que conseguir. Duvido que

faça outro filme de que goste tanto como este, porque

este foi feito com duas das pessoas de quem eu mais

gosto e com quem eu mais queria fazer um filme...

mas ainda quero continuar a lançar partes.

A nível nacional, gostava que a mentalidade de

campeonatos da geração mais nova mudasse e que

se virassem para o que, na minha opinião, é skate,

que é ir para a rua com os amigos. Também gostava

que os campeonatos voltassem ao que eram há uns

anos, uma desculpa para o pessoal se juntar todo e

curtir, em vez de tentar ganhar a todos os custos.

Pinto: Para o futuro estou a pensar em fazer uma entrevista

para a Surge e claro que quero continuar a mostrar o

meu nível de skate através de outra vídeo-parte... eheh.

Mas o que eu gostava que acontecesse no skate

nacional é que o pessoal deixasse de ser picado e

começasse a olhar para si próprio, porque falar do

vizinho é sempre mais fácil.

2013

Durante o tempo de rodagem do Duo,

correu um rumor de que o João Pinto

tinha deixado de andar de skate…

yá! dedicou-se ao parkour…

backside wallride

Page 61: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 61 Duo

Page 62: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Agradecimentos, últimas palavras para os leitores da Surge e,

porque não, também para os “treinadores de bancada”...

Allen: Os meus agradecimentos vão em primeiro lugar para

o Vasquinho e para o Pinto, porque sem eles não havia filme.

Queria também agradecer aos meus pais e à minha irmã, sem

eles também não havia filme nenhum e um agradecimento

especial ao Humberto, senão também não tinha havido festa

nenhuma. De resto, agradeço a quem skatou mais comigo

durante o filme, o Piui, o Coutinho e o Pi e, claro, às marcas

que me patrocinaram durante o projeto: a Ashbury, a Analog e

a Gravis, a Sample e a Slide in. E também a toda a gente que

foi à estreia, espero que tenham gostado.

Pinto: Agradeço a toda a gente que sempre acreditou em mim

e que me ajudou e motivou para a realização deste projeto.

Essas pessoas são: o Vasco, o João Allen, o Militar, o Thomas

e a minha namorada. Para os leitores da Surge, espero que

gostem do nosso trabalho e que sirva de exemplo de que skate

é para curtimos e para nos sentirmos bem e não para ficarmos

chateados e picados.

Para os “treinadores de bancada” quero que se fodam todos e

parem de ser picados, porque no fundo são pessoas infelizes

com elas mesmas. Obrigado à Surge.

página 62 Duo2013

João Allen ollie

Page 63: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue
Page 64: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

BUILT TOGRIND

2013

texto e fotografia João Sales

Page 65: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

BUILT TOGRIND

Há livros que são intemporais. Este exige respeito. É um olhar pelo desenvolvimento

e evolução dos eixos de skate, pelo skateboarding no geral e com o testemunho

dos skaters profissionais, que os usam com orgulho.

página 65

Page 66: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

O livro está cheio de excelentes fotos, desde o início da marca

até aos dias de hoje. O nascimento de um ícone, as lendas

que são apoiadas pela marca, os arquivos dos anúncios

e muitas histórias desconhecidas do grande público, bem

como a explicação da mística e do fanatismo devoto que

estão associados aos Indy, são alguns dos conteúdos nas 260

páginas.

A 4 de julho de 1978 (dia da independência dos EUA) os

amigos Fausto Vitello (RIP), Eric Swenderson, Jay Shiurman

e Richard Novak fundaram a Independent Truck Company,

em S. Francisco. Como o Fausto já tinha experiência a

trabalhar para a Ermico, levou o seu conhecimento para a

nova empresa. A concorrência na época era forte: Tracker,

Gull Wing, Benett, entre outras, dominavam o mercado. Esta

nova sociedade alugou, na periferia da cidade, um barracão

que tinha sido utilizado na produção de armamento para o

exército americano. Aproveitaram as infraestruturas existentes,

como prensas e fornos, e começaram a fabricar os eixos Indy.

Embora não haja uma alteração significativa desde os “Stage

1” iniciais, até aos “Stage 10” de hoje, os eixos tornaram-se

mais leves, mas sempre com a mesma característica original:

“Built to Grind”.

A marca agora liderada pela distribuidora NHS, desenvolveu,

para além dos eixos, uma linha de roupa, mochilas e alguns

acessórios originais.

Para quem o skate faz parte da sua vida, penso que este é um

livro obrigatório para ter na mesa de cabeceira.

página 66 Built to grind2013

Page 67: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

[email protected]

T: 261 314 142

Page 68: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Page 69: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

Já viram a quantidade

de portas que temos de

passar para ver este switch

flip do Nuno Relógio?

fotografia Mascarenhas

página 69

Page 70: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Um tributo aos deuses na mini-réplica

portuguesa da pirâmide mexicana

de Chichen Itza… Diogo Costa alley

hoop backside flip

Page 71: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 71 Anti-estático

Page 72: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Page 73: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 73 Anti-estático

Raphael Alves varial heel num spot

tão secreto que nunca mais lá

conseguimos chegar…

fotografia Mascarenhas

Page 74: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Ruben Rodrigues Nollie Hardflip com tanto pop

que ia gastando a “película” da máquina digital

fotografia Hugo Silva

Page 75: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 75 Anti-estático

Page 76: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

O Lukas Danek veio da República

Checa especialmente para dar este

switch frontside flip em Lisboa… ok,

também veio de férias, mas isso não

é importante para o caso…

fotografia Mascarenhas

Page 77: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 77 Anti-estático

Page 78: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

Um grande obrigado à malta da

jardinagem da Câmara Municipal

do Barreiro por ter aparado a relva

de modo a que este 50-50 do Thayan

ficasse tão bem na foto

fotografia Mascarenhas

ANTIESTÁTICO

Page 79: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

“Bom filho à casa torna”…Ruben

Gamito numa manobra de gente

grande no spot de St.André que o

viu dar os primeiros passos no skate,

frontboard flip out

fotografia Hugo Silva

página 79 Anti-estático

Page 80: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

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Page 81: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

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Page 82: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

2013

DAS VIRTUDESDO SKATETem-se dito que a atual crise é uma excelente oportunidade para questionar os modos de vida e (re)descobrir os prazeres mais

simples e genuínos. De agora em diante, e por diversas razões, seremos forçados a adotar modos de vida mais criativos, frugais

e sustentáveis, o que constituirá um novo paradigma de relação de cada um consigo próprio, com os outros e com o habitat.

Ao longo da história, há inúmeros exemplos de mudanças ou invenções induzidas por crises, havendo uma, com cerca

de meio século, especialmente singular – a invenção do skate. Foi na sequência de uma “crise” de ondas na Califórnia

que os surfistas criaram uma alternativa imune ao estado do mar – o skate. Mais tarde, no início da década de setenta, e

novamente na Califórnia, uma longa seca (outra crise) forçou os proprietários de piscinas a deixá-las vazias, abrindo espaço

à descoberta adicional de que o skate não tinha de se cingir às ruas, podendo também praticar-se no interior de piscinas

vazias, com toda a emoção e velocidade associadas (naquela época, as piscinas tinham formatos propícios, pois tinham

fundos “arredondados”).

O skate veio permitir uma expansão criativa no modo como nos relacionamos com o espaço. Uma simples tábua com quatro

rodas, altamente acessível e capaz de se adaptar quase a qualquer meio, foi o suficiente para que ocorresse uma explosão

de alegria e sentimento de liberdade nas ruas, em muitos casos em locais suburbanos e desoladores.

O seu bailado ondulante, deslizante, por vezes “levitante” (de tão leve a tábua), era verdadeiramente disruptivo face aos modos

habituais de relação com o espaço. Ao fazer com que uma rampa tenha deixado de ser apenas uma rampa, uma piscina apenas

uma piscina, um corrimão apenas um corrimão, ou um banco apenas um banco, o skate alargou a realidade, “surrealizou” o

espaço. No fundo, julgo que a sua má fama se deverá mais a essa “radicalidade” do que ao comportamento inadequado de

alguns skaters (este mais relacionado com a sua juventude), ou ao facto de os skates poderem contribuir para algum desgaste

material do habitat (é consensual que, com certas regras, o espaço público deve ser o mais vivido possível). De qualquer modo,

e como tantas vezes acontece, o estigma abriu espaço à afirmação de uma subcultura, o que reforçou ainda mais o preconceito.

Em 2002, convicto de que o skate combina um conjunto de virtudes interessantes e invulgares, e já com 92 anos de idade, Edmund

Bacon (arquiteto e “ex-mayor” da cidade) atravessou o “LOVE Park”, de Filadélfia, de skate, em protesto contra a sua proibição

naquele local. Por vezes penso nesse gesto, nesse espírito livre, e é como se eu próprio atravessasse o “LOVE Park” de skate.

João Wengorovius Meneses

Como skaters, assumimos que a nossa visão do mundo que nos rodeia é um pouco diferente... não por termos capacidades

cognitivas especiais, mas sim pelo facto de que quando olhamos para os elementos que estão à nossa volta, deixamo-nos levar

facilmente pela imaginação… curiosamente, poucas vezes falamos de como as pessoas que nos rodeiam nos observam e de

como vêm esta nossa relação com o ambiente… o seguinte texto, da autoria de João Wengorovius Meneses, publicado na

revista Ecliesia e agora partilhado connosco pelo autor, é uma visão pessoal daquilo que nos distingue, skaters, sob o ponto de

vista da nossa envolvência com o meio urbano, e de como os skaters vêem o mundo... é uma visão única, de alguém que não

anda de skate. É sempre bom conhecer a forma como nos encaixamos como skaters nessa grande selva urbana... para isso,

por vezes, temos de ouvir outras vozes que não a nossa.

Page 83: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

página 83

DAS VIRTUDESDO SKATE

intro Surge

fotografia Roskof

Page 84: SURGE Skateboard Magazine, 18th issue

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