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TEORIAS DO BARROCO
1. CONCEITO
- Circulação recente na história das artes - A partir de Heinrich Wölfflin (1888) adquiriu status crítico-estético - Hoje o termo associa-se genericamente a tudo que diz respeito à arte, à vida, à história do século XVII e parte do século XVIII
“...dentro doconceito de barroco, temos a idéia daquilo que exprime e dá sentido a uma atitude filosófica, estética e existencial do homem europeu e do homem latino-americano.” (Affonso Ávila)
2. TEORIAS
O interesse pelo estudo do barroco acabou por gerar diversas teorias diferentes que podem ser sintetizadas
em dois grupos:
a) Interpretação genético-social ou teoria da particularização
b) Interpretação genético-formal ou teoria da generalização
Interpretação genético-social Fundamentam sua teoria numa visão religiosa, política e econômica do fenômeno artístico
autores: Werner Weisbach, Victor Tapié, Leo Ballet e Arnold Hauser
Visão Religiosa: vinculação às lutas religiosas reformistas e contra-reformistas (Concílio de Trento 1545-1563) “Barroco, Arte da Contra-reforma” (Weisbach) – o novo estilo atuaria como instrumento de afirmação do poder temporal da igreja e também como impacto persuasório sobre a mentalidade social que se debatia entre os valores da tradição católica e a filosofia renascentista que liberava suas novas verdades. Arte da propaganda para difusão da nova doutrina. Ex.: Jesuítas “Teatro suntuoso preparado para o Monarca da Criação (Bazin)
Visão Política: a arte do absolutismo, do poder político, do esplendor, da dominação dos nobres A arte como meio de glorificação pessoal Ex.: Versailles e o Louvre – corredores infindáveis, jardins a perderem-se de vista, gigantismo, monumentalidade (Leo Ballet) Paralelo entre o governante que impõe seu poder e não respeita a liberdade natural do indivíduo e o Barroco capaz de produzir imagens dotadas de tal perfeição que seriam capazes de competir com a própria natureza. (Leo Ballet)
Visão Econômica: expansão mercantilista decorrente das grandes navegações “Amplia os novos horizontes da terra confirmando cientificamente as proposições das novas verdades.” (Victor Tapié) Conquista de maior campo geográfico para o trabalho da catequese “Abertura de um novo espaço potencial par ao desenvolvimento criativo das formas do novo estilo. (Arnold Hauser) Para Weisbach – 1ª fase do capitalismo
Interpretação genético-formal As formas obedecem uma evolução própria dentro de um determinado complexo histórico. O
espírito humano teria certas constantes.
autores: Henri Foucillon e Heinrich Wölfflin
“Em todos os estilos há um estágio pré-clássico, um clássico e um barroco” (Focillon) ou: Um período indeciso (arcaico); uma plenitude e equilíbrio (clássico); uma exuberância e fantasia (barroco) – evidente conotação de decadência associada à idéia do Barroco.
Em Renascença e Barroco, de 1888, Wölfflin coloca o Barroco como a arte que sucede e se opõe ao Renascimento. Individualizou os traços estilísticos fundamentais do Barroco, a partir de análise comparativa com os paradigmas formais do classicismo renascentista. Estabeleceu 5 conceitos capazes de constituir um guia seguro para a caracterização plástica do Barroco.
CATEGORIAS FORMAIS DA VISÃO - Wölfflin
CLÁSSICO BARROCO
1
Aspecto Linear (tátil) A linha é guia ocular e elemento tátil de
contorno; a linha é a barreira entre o ser e o espaço circundante
Pictórico (ótico) Capaz de captar oticamente o objeto, sem
isolá-lo pelo contorno
2
Visão em Planos Dispõe o conjunto em planos ou camadas -
superficial
Visão em Profundidade Integração em profundidade dos planos
3
Forma Fechada Delimitação rigorosa das formas – presas ao
conjunto
Forma Aberta Forma livre – os componentes plásticos se interpenetram e confundem em gradações
de contorno e claridade
4
Unidade Divisível Autonomia dos componentes
Unidade Inivisível Visa sempre a concepção de conjunto;
unidade única
5 Claridade
Claridade absoluta dos objetos Obscuridade
Claridade relativa; claro-escuro
O caráter de uma Idade Barroca
Esses primeiros estudiosos limitaram sua atenção à criação plástica, a um fenômeno formal: às artes visuais;
posteriormente essa posição evoluiria para uma visão global do fenômeno, abrangendo a literatura, a
música, o teatro e a vida social. Como consequência fala-se de uma idade barroca, de uma ideologia religiosa
do barroco.
3. TEORIAS MAIS RECENTES
1) O Poder Triunfalista
Autores: Giulio Carlo Argan, Germain Bazin, Victor Tapié
Fenômeno ligado a dois poderes: às monarquias absolutistas e à Igreja.
Ideal de magnificência artística traduzida pela monumentalidade, o cerimonial das cortes, o luxo, etc;
A monumentalidade da Arquitetura; o monumento como forma de imposição do poder;
Opulência ornamental dos edifícios – motivos complicados com linhas quebradas e curvas amontoadas umas
sobre as outras.
2) Universalidade
Autor: Ricardo Averini
O Barroco coincide com o momento de expansão universal dos povos.
O europeu usa a representação de um mundo novo em suas artes.
Ex. Borromini poderia ter se inspirado no exotismo dos novos povos para suas invenções
Barroco é a síntese de várias culturas, adota a universalidade, embora adote em cada região características
próprias. Ex. Chinesices, orientalismos, etc.
3) Retórica Persuasiva
Autor: Giulio Carlo Argan
É a que melhor se adapta ao Barroco, encontra-se a retórica na arquitetura, na escultura e na pintura.
É a técnica teatral, o jogo de movimentos opostos, a intensificação de expressões fisionômicas, o emprego
de metáforas (discurso indireto) traduzido pelas alegorias. Ex. Verdade – representada por uma mulher nua;
Luz – mulher com sol na mão; Temperança – mulher com espelho (significa também auto-crítica)
4) Teatralidade
Autores: Giulio Carlo Argan, Germain Bazin
“O mundo é teatro, tudo é aparência”
A forma arquitetônica do teatro vai surgir nesta época e influenciar diretamente nas igrejas.
A fachada da igreja é igual a um cenário, voltado para uma praça – iluminação cenográfica.
No Barroco, o importante não é o ser, mas o parecer, é só o que vai ser visto.