UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CINCIAS DA SADE CURSO DE MEDICINA

Marcelo Benedet Tournier

PREVALNCIA DO DISTRBIO DE ATAQUES NO-EPILPTICOS PSICOGNICOS NO AMBULATRIO DE EPILEPSIA DO HOSPITAL SANTA TERESA SO PEDRO DE ALCNTARA / SC

Trabalho apresentado Universidade Federal de Santa Catarina, para a concluso do Curso de Graduao em Medicina.

INTRODUOA Desordem de Ataques No-Epilpticos Psicognicos (DANEP) caracteriza-se por episdios paroxsticos recorrentes que lembram crises convulsivas, porm carentes de caractersticas clnicas e eletroencefalogrficas. Antigamente conhecido pelo termo pseudocrises, epilepsia histrica, entre outras denominaes. H tambm crises fisiognicas, cuja etiologia pode ser explicada por causas orgnicas tais como sncope de origem cardiovascular, distrbios metablicos como hipoglicemia/ hipocalcemia, desordens do sono, entre outras. De 5 a 20% de pacientes diagnosticados com epilepsia encaminhados ao neurologista parecem ter DANEP. As falhas de tratamento de epilepsia, sendo estudadas mais intensivamente, mostraram 20% de prevalncia de DANEP. Entre 10 a 80% destes tm concomitantemente crises epilpticas. O vdeo-EEG considerado, por muitos autores, o mtodo padro ouro de diagnstico diferencial, porm existem outros (prolactina ps-ictal, oximetria de pulso...).

HISTRICO Litografia babilnica (718-616 A.C.) A mo de Ishtar; Manuscritos de Hipcrates Epilepsia histrica e mecanismos psicopatolgicos primitivos; Aretaeus Diviso entre epilepsias histricas e ordinrias; Charcot (1874) Hystrie crises combines; Freud Descries sistemticas das crises de histero-epilepsia ou histeria maior. Crticas em sua anlise sobre F. Dostoevsky. Descries de zonas histergenas. Etiologia: traumas de origem sexual, principalmente.

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E TICOS Viso atual: Comportamento aprendido no sentido de lidar com estresse extremo, situaes dilemticas envolvendo medo, vergonha ou culpa (Griffith et al.); Reuber et al. Evidncias de leses cerebrais podendo desencadear DANEP; Thomas Willis Bater com varas na cabea do paciente (tratar a doena em sua origem, segundo o autor); Mtodos rsticos de diagnstico e tratamento: injees salinas epileptgenas, mtodos de sugesto, injees de furosemida, gua destilada intra-muscular, amnia intra-nasal.

OBJETIVOS E MTODOSAnalisar casos encaminhados com o diagnstico de epilepsia ao Hospital Santa Teresa (HST), em So Pedro de Alcntara, Santa Catarina, entre 1980 e 2004, avaliando primeiramente a prevalncia de casos de DANEP entre estes pacientes, estando esta associada ou no epilepsia. Entre os portadores de DANEP, observar variveis como sexo, idade, associao com epilepsia, exames de eletroencefalografia, presena de conflitos psicossociais identificados e uso de drogas anti-epilpticas (DAEs) nestes pacientes. Foi realizado um levantamento de pacientes encaminhados ao ambulatrio de neurologia do HST com diagnstico prvio de epilepsia, no perodo de 01/01/1980 a 08/06/2004, sendo aleatoriamente sorteados 100 pacientes para anlise estatstica. Antes da anlise, a casustica foi refinada para que dentre estes no se encontrasse crises no epilpticas fisiognicas. Foi o estudo concebido como uma pesquisa clnica, de carter observacional, classificado como estudo transversal de carter descritivo.

RESULTADOSPrevalncia de diagnsticos de epilepsia e DANEP registrados

80%

Ep eps a DANEP Ep eps a + DANEP

5%

15%FONTE: Servio de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.

RESULTADOSGrupo DANEP: Distribuio por sexo

Masculi i i

25% 75%

FONTE: Servio de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.

RESULTADOSGrupo DANEP: Distribuio por faixa etriaIdade mdia s desvio padro = 40,2 s 13,71 (mediana = 39)

25% 25% 20%

5%

25%

20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos

FONTE: Servio de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.

RESULTADOSGrupo DANEP: Freqncia de conflitos psicossociais No encon ado / no den f cado onf os fa Abuso sexua Ou os (f nance o a b en a ) a es / conjuga s

45%

25%

15% 15%FONTE: Servio de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.

RESULTADOSGrupo DANEP: Relao entre diagnsticos de epilepsia concomitante DANEP e uso de drogas anti-epilpticas (DAEs)Sem DAE Tomando DAEs TOTAL

DANEP sem epilepsia

12 (60,0%)

3 (15,0%)

15

Epilepsia + DANEP

0 (0,0%)

5 (25,0%)

5

TOTAL

12 (60,0%)

8 (40,0%)

20

FONTE: Servio de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004. Percentagens relativas ao total de pacientes portadores de DANEP (n=20). Valores de p0,05.

DISCUSSO As taxas de prevalncia retratam que no um problema incomum nos ambulatrios de neurologia; Antigamente, associava-se a violncia sexual ao fato da maioria de casos ser do sexo feminino; hoje, sabe-se as taxas de violncia sexual masculina, principalmente na infncia, so maiores que se imagina; Diferenas na expresso emocional entre homens e mulheres; Taxas de abuso sexual em DANEP 77,0% a 86,0%. Alguns tipos de DANEP parecem estar mais relacionados ao abuso. Pacientes sem epilepsia tomando DAEs Sofrendo efeitos colaterais e podendo at causar alteraes no EEG; Padro-ouro EEG ou quadro clnico? Nenhum relato de mtodos de induo ou anti-ticos encontrado.

DISCUSSO

CURA PSICOSSOCIAL Nunca dizer: Voc no tem nada o estresse, tudo da cabea, Sr. Cicrano; No desprezar as doenas funcionais

NOVOS HORIZONTES

Etotoxicologia Neuroimunotoxicologia Biologia molecular do comportamento; Anticorpo anti-histeria? Vacina social?

CONCLUSES1. A prevalncia de DANEP entre os pacientes encaminhados com epilepsia ao HST foi de 20,0%, sendo que 20,0% destes tm crises de etiologia epilptica associada. 2. 75,0% dos pacientes so do sexo feminino e a idade mdia desvio padro foi de 40,2 s 13,71. 3. Dentre os conflitos psicossociais identificados, destacaram-se os familiares/conjugais e histria de abuso sexual. 4. Foram encontrados15,0% dos pacientes com DANEP sem epilepsia associada tomando DAEs desnecessariamente. 5. 60% dos casos de DANEP tiveram seu diagnstico estabelecido atravs do quadro clnico, no necessitando de EEG ou video-EEG.

AS LEIS DE LOEB (Robert F. Loeb 1895-1971 )

I Acima de tudo, nunca faa mal ao paciente.

AS LEIS DE LOEB (Robert F. Loeb 1895-1971 )

II Se o que voc est fazendo est funcionando, continue fazendo.

AS LEIS DE LOEB (Robert F. Loeb 1895-1971 )

III Se o que voc est fazendo no funciona, pare de faz-lo.

AS LEIS DE LOEB (Robert F. Loeb 1895-1971 )

IV Nunca, jamais deixe seu paciente cair nas mos de um cirurgio.

GRATO PELA ATENO!