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BULLYING EM CONTEXTO ESCOLAR1

CASTRO, Claudete. F.; BIANCHI, Angela; ZAPAROLI, Loreni. T.2

SARTORI, Rodrigo.3

RESUMO

O presente estudo trata de um fenômeno social em expansão que tem provocado graves conseqüências destrutivas. O fenômeno bullying estimula a delinqüência e induz as outras formas de violência explicita, produzindo, em larga escala, cidadãos estressados, deprimidos, com baixa auto-estima, capacidade de auto-aceitação e resistência à frustração, reduzida capacidade de auto-afirmação e de auto-expressão, além de propiciar o desenvolvimento de sintomatologia de estresse, de doenças psicossomáticas, de transtornos mentais e de psicopatologias graves. Tem como agravantes interferências drásticas no processo de aprendizagem e de socialização, que estende suas conseqüências para o resto da vida podendo chegar a um desfecho drástico (Fante, 2005). Nas instituições educativas, este fenômeno tem preocupado gestores, educadores, alunos e familiares com o clima de insegurança gerado por tais atitudes violentas de caráter destrutivo.

INTRODUÇÃO

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São

dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de

fraternidade. (Convenção Internacional dos Direitos Humanos- artigo1).

Atualmente, um dos temas que desperta a atenção dos educadores em todo o

mundo, é, sem dúvida, o da violência escolar.

Neste contexto, queremos chamar a atenção para um modo de violência- não

menos cruel, nem menos incidente-que está presente em todas as escolas, sejam elas da rede

pública ou privada que envolve significativamente numero de alunos. Trata-se do fenômeno

Bullying, que se define como um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas,

adotadas por um ou mais alunos contra outros, sem motivação evidente, causando dor, angústia

e sofrimento.

Há especialistas que afirmam ser o Bullying a forma de violência mais cruel,

pois tal nível de agressividade torna suas vitimas reféns da ansiedade e de emoções que

interferem negativamente nos seus processos de aprendizagem e convívio social, devido a

excessivas mobilizações de emoções serem decisivo no incentivo a evasão escolar e ao ingresso

destes alunos no mundo das drogas e do crime; ou então a geração de pessoas psicologicamente

desestruturadas, que poderão vir a cometer violência domestica e adotar características anti-

sociais.

1 Trabalho de conclusão de curso - TCC – do curso de Pós-graduação em Psicopedagogia Clinica e Escolar, Faculdade da Serra Gaúcha - FSG.2 Pós-graduando em Psicopedagogia Clinica e Escolar pela Faculdade da Serra Gaúcha – FSG. 3 Orientador deste trabalho de conclusão de curso – TCC – Coordenador e Professor da Pós-graduação em Psicopedagogia Clinica e Escolar da faculdade da Serra Gaúcha – FSG.

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Neste contexto, surgem diversas questões referentes ao Fenômeno Bullying que

precisam ser pensadas, desenvolvidas e incorporadas a instrumentos teóricos que nos auxiliem

neste desafio. Dentre estas observaremos como o Fenômeno Bullying se configura no interior

das escolas? Quem são os agressores? Quem são as vitimas? Porque os espectadores presenciam

tais agressões e não fazem nada para impedir. Quais as principais causas do Bullying? Quais as

diferenças entre o Bullying praticado por meninas? O que a família, a escola e a sociedade

podem fazer para diminuir os incidentes de Bullying e resgatar os valores morais de crianças e

adolescentes (intervenções)? O que é Bullying (conceito)? Quais as conseqüências para o

ambiente escolar e para os possíveis alvos do Bullying?

CONCEITO:

O termo Bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas,

intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotados por um ou mais

estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executados dentro de uma relação

desigual de poder. Portanto os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder

são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vitima. O que dificulta a

defesa da vitima; ausência de motivos que justifiquem os ataques, sentimentos negativos

mobilizados e seqüelas emocionais vivenciados pelos vitimizados, são as principais

características do Bullying. Segundo Ballone (2005)

Dreyer (2004) define Bullying como um conjunto de atitudes agressivas,

intencionais e repetidas praticadas por um ou mais alunos contra outro, enquanto que Costa e

Vale (1998) apontam à agressão física ou verbal como um exemplo de perturbação do

comportamento. Muitos outros exemplos se poderiam referir, no entanto o certo é que o

conceito de agressividade aparenta ser o mais comum entre a imensidão de trabalhos

desenvolvidos nesta temática e está na base da maioria dos restantes conceitos.

Segundo Cleo Fonte (2005) não há na língua portuguesa uma tradução

equivalente para essa palavra, motivo pelo qual ele nos é apresentado na língua inglesa, devido

ao fato de ter uma carga semântica de cunho especifico e muito bem definido, não se permitindo

confundir com outras formas de violência.

Ainda segundo Cleo Fonte, o Bullying é um conceito especifico e muito bem

definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica

pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, a propriedade

de causar traumas ao psiquismo de suas vitimas e envolvidos. Possui, ainda, a propriedade de

ser reconhecido em vários contextos: nas escolas, nas famílias, nas forças armadas, nos locais de

trabalho, nos asilos de idosos, nas prisões; enfim, onde existem relações interpessoais.

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HISTÓRICO:

O fenômeno Bullying acontece há muito tempo nas escolas, porem ainda não

era conceitualmente identificado.

Os estudos em torno do Bullying começaram na década de 1970 através de

pesquisas realizadas por Dan Olweus (Pereira, 2002) na universidade de Bergen. Essas

pesquisas começaram a ganhar notoriedade em 1983 quando o Governo Norueguês manifestou

apoio a esses estudos devido a constatação de suicídio que envolvia adolescentes vitimizados

dentro das escolas.

No Reino Unido (Pereira, 2002) foi feito um projeto contra o Bullying. Com

base na Campanha Norueguesa, este foi desenvolvido por Smith em Sheffield, utilizando o

modelo de questionário produzido por Olweus, mas com possíveis (modificações) adaptações.

No Reino Unido (Fante, 2005) outro Programa de grande repercussão foi o

“The Role of Peer Support Against School Bullying”, desenvolvido pela pesquisadora Cowie,

com o objetivo de resgatar os valores éticos, solidários e cooperativos no interior das escolas, de

forma a prevenir o Bullying.

Também podemos destacar a implementação do “Childline” em Sheffield como

referência do atendimento oferecido ás vitima de Bullying.

A Irlanda adotou um serviço através do “Programa Childline de denúncia e

apoio à criança e adolescente vitima de Bullying”. Neste país (Pereira, 2002) a intervenção é

marcada pela mobilização social que está acontecendo desde o inicio da década de 1990, com

Conferencias Nacionais e Internacionais, alem de Campanhas Educativas com o apoio do

Governo Central e financiamento de Instituições de Pesquisas (Fante, 2005) sendo o principal

foco conscientizar e prevenir o Bullying.

A Universidade de Sevilha na Espanha (Fante, 2005) desenvolveu um Programa

junto com o Ministério da Educação na década de 1990 que ficou conhecida como “Sevilha

Contra a Violência Escolar”, organizado por Ortega e baseado no questionário de Dan Olweus,

com a intenção de prevenir o Bullying nas escolas através de uma educação voltada a tolerância

e a valores importantes para a convivência pacifica entre alunos.

Em Portugal (Fante, 2005) os estudos sobre Bullying estão ocorrendo de forma

a alcançar a prevenção do fenômeno. Um dos Programas que vem sendo desenvolvido é o

“Scan bullying”, onde os próprios alunos analisam desenhos animados e detectam situações de

exclusão, isolamento, discriminação, agressão física e verbal, assim, os alunos compreendem as

possíveis causas do Bullying e suas múltiplas conseqüências.

Na Finlândia (Fante, 2005) o Bullying é abordado com o apoio do Ministério da

Educação, cuja preocupação inicial é o bem estar dos alunos, utilizando recursos didáticos que

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identificam vitimas e agressores e detectam as diferentes formas de Bullying entre meninos e

meninas.

No Japão, Hirano (Pereira, 2002), no inicio da década de 1990, desenvolveu

uma pesquisa para identificar as possíveis vitimas de Bullying, baseado num questionário

análogo ao de Olweus. Ele revelou que os índices ainda são muito inferiores a media mundial.

Nos Estados Unidos (Pereira, 2002) o Bullying é marcado pela intolerância

étnica associada à imigração e a diversidade cultural. Ocorrendo inúmeros casos de Bullying em

escolas americanas relacionadas a estereótipos e ao ódio étnico.

Na Alemanha (Pereira, 2002) em meados da década de 1990 em estudos

realizados por Schafer, foram constatadas algumas diferenças na perspectiva do Bullying.

Esse estudo foi feito baseado no questionário de Dan Olweus a alunos e

professores para compreender diferentes definições do fenômeno nas escolas e identificar o que

determina que um aluno seja vitima de Bullying. Os resultados obtidos indicam que

normalmente a vitima é mais fraca com uma aparência que foge ao padrão e pode ser portador

de necessidades especiais.

No Brasil, podemos destacar os estudos realizados pela pesquisadora Cléo Fante

que pode ser considerada a pioneira a respeito da problemática Bullying no âmbito educacional.

Autora do livro "Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a

paz". Iniciou no ano de 2000 na região de São José do Rio Preto em São Paulo o Programa

Educar para Paz que durou até 2003com a participação de dois mil alunos. Esta pesquisadora

dirige o CEMEOBES (Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre Bullying Escolar)

em Brasília e promoveu em 2006 “1º Fórum Brasileiro sobre bullying Escolar” que ocorreu em

Brasília, iniciando e consolidando os debates em torno da problemática Bullying no Brasil.

Além disso, podemos ressaltar a iniciativa da Associação Brasileira

Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência (ABRAPIA) que surgiu em 1990 com

objetivo de defender e promover os direitos das crianças e adolescentes.

A ABRAPIA, em 2002, desenvolveu o “Programa de Redução do

Comportamento Agressivo entre Estudantes” em escolas do rio de Janeiro com o objetivo de

comunicar a toda sociedade a existência de comportamentos agressivos nas escolas e buscar

contribuir para a diminuição destes, através de medidas e estratégias que podem e devem ser

implementadas de acordo com a necessidade da escola.

A ABRAPIA constatou que o fenômeno Bullying está presente nas escolas

brasileiras e apresenta índices preocupantes.

CARACTERISTICAS:

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Na perspectiva de Bertão (2004), os alunos que se isolam e evitam interagir

com os outros deveriam merecer igual preocupação por parte dos docentes, algo que nem

sempre parece ocorrer. Estes alunos não parecem ter força suficiente para exteriorizar a sua

revolta, conduzindo a uma baixa de auto-estima e a comportamentos compensatórios como a

toxicodependência e o alcoolismo, ou, se associado a outros fatores, podem gerar-se

sentimentos de desvinculação e levar ao suicídio.

Alguns indicadores de quando a criança ou adolescente está sendo alvo de

Bullying são quando demonstram falta de vontade de ir à escola; sentem-se mal perto da hora de

sair de casa; pedem para trocar de escola; revelam medo de ir ou voltar da escola e pedem

sempre para ser levado/a; muda freqüentemente o trajeto entre a casa e a escola; apresentam

baixo rendimento escolar; voltam da escola, repetidamente, com roupas ou livros rasgados;

chegam muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis; tornam-se pessoas fechadas e

arredias; parecem angustiadas; ansiosas, deprimidas; apresentam manifestações de baixa auto-

estima; têm pesadelos freqüentes, chegando a gritar “socorro” ou “me deixa” durante o sono;

“perdem” repetidas vezes, seus pertences, seu dinheiro; pedem sempre mais dinheiro ou

começam a tirar dinheiro da família; evitam falar sobre o que está acontecendo, ou dão

desculpas pouco convincentes para tudo; passam a apresentar sinais de somatizações (diarréia,

vômito, dores abdominais, asma, insônia e pesadelos) e problemas emocionais (como tristeza,

depressão) ou sociais (como isolamento e não participação em atividades de grupo); tentam ou

cometem suicídio.

Tímidas, com alguma característica física ou comportamental marcante (como

obesidade e baixa estatura), elas têm, em media, 11 anos. São meninos e meninas com poucos

amigos, que não reagem contra o que lhes desagrada. Já os agressores têm entre 13 e 14 anos e

gostam de mostrar poder. Por isso costumam ser lideres de seus colegas e, em muitos casos

foram mimados pelos pais. A maioria é formada por meninos (60%). “Mas as meninas são mais

cruéis. Tramam fofocas e intrigas para excluir colegas”, diz Cléo.

CAUSAS:

As causas desse tipo de comportamento abusivo são inúmeras e variadas: desde

a carência afetiva, a ausência de limites aos maus tratos e explosões emocionais violentas

desempenhadas pelos pais.

Segundo Lopes Neto (2005), os motivos que levam a esse tipo de violência são

extremamente variados e estão relacionados com as experiências que cada aluno tem em sua

família e/ou comunidade e se dá perante o uso do poder para intimidar o outro.

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Entretanto, Bee (1997) afirma fazer mais sentido pensar na adolescência como o

período que se situa, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta, ao invés de

uma faixa etária especifica. Dreyer (2005) reflete que além de causar danos cruéis, o Bullying

está disseminado em todas as escolas, tanto público como particulares, e seus comportamentos

característicos tendem a aumentar rapidamente com o avanço da idade dos alunos. Trabalho

internacional tem demonstrado que a prática do Bullying pode ocorrer a partir dos três anos de

idade, quando a intencionalidade desses atos já pode ser observada, afirma Lopes Neto (2005)

O meio social transmite normas, padrões, idéias, valores, costumes e tradições

que determinam os comportamentos dos indivíduos de um grupo social, portanto são

características comuns dentro de um contexto social que os identificam. O homem é o resultado

do meio cultural em que foi socializado. Ele è um herdeiro de um longo processo acumulativo,

que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o

antecedem. (LARAIA, 2006.p.45)

Assim, os indivíduos de determinada cultura são o que a mesma permite que

eles sejam, pois nasceram e permaneceram imersos numa mesma cultura. Mas, o que os

diferencia é a forma como eles se apropriam dela. "Não existe individuo sem cultura, mas a

cultura pode facilitar ou dificultar o desenvolvimento do individuo". (CROCHIK, 1991, p.13)

Felipe (1999; apud Leite, 1999) cita como causa, os meios familiares violentos,

que propiciam a agressividade juvenil. Destaca a influência da televisão nas crianças e

adolescentes, que muitas vezes copiam os modelos agressivos emitidos. Ressalta também a falta

de relação humana nas escolas, devido ao numero elevado de alunos e o desinteresse dos pais

pela vida escolar de seus filhos.

CONSEQÜÊNCIAS:

As conseqüências do Bullying sobre o ambiente escolar afetam todos os

envolvidos. As crianças que sofrem Bullying poderão crescer com sentimentos negativos,

especialmente com baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de

relacionamento, afirma Ballone (2005)

De acordo com Fante (2002), muitas vitimas passam a ter baixo desempenho

escolar, apresentam queda no rendimento escolar, déficit de concentração, prejuízos no processo

de aprendizagem, resistem ou recusam-se a ir para a escola, trocam de colégio com freqüência

ou abandonam os estudos.

De acordo com Dreyer (2004), as conseqüências para as vitimas podem ser

graves e incluem sintomas depressivos, diminuição de auto-estima, angustia, stress, absentismo

escolar e até suicídio, enquanto que os agressores vão adaptando atitudes mais delinqüentes,

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criminosas e violentas Ramirez (2001) refere mesmo que se trata de uma experiência traumática

marcante, havendo danos físicos e morais, associados à tensão nervosa, dores de cabeça e

estomago, crises de ansiedade e pesadelos. Por vezes, surgem alterações no comportamento

social como cólera, timidez, negativismo e fobias, havendo também referência a alterações da

capacidade de concentração e aprendizagem.

Este fenômeno é potenciado no grupo da sala de aula de tal forma que, quando

um aluno intimida o outro, gera-se na sala uma rede de relações de grupo que promove e reforça

a agressividade, principalmente pelo medo. Quanto aos outros elementos do grupo, parece haver

uma inibição em criticar a situação, sendo raro alguém interceder pela vitima. Uma forma que

encontram par superar o problema é agir como os agressores, surgindo casos de vitimas

agressoras (Ramirez, 2001).

Segundo Cleo Fante, crianças e adolescentes vitimas de Bullying podem

carregar o trauma pelo resto da vida. Segundo especialistas, se o problema não for bem

resolvido antes de chegar à idade adulta, seqüelas como dificuldade de tomar iniciativa ou se

expressar podem atrapalhar os relacionamentos pessoais e até profissionais. “muitos adultos não

conseguem se manter em cargos de chefia ou dizer o que pensam em uma reunião com medo de

ser ridicularizado pelos colegas”. (Cleo Fante, 2005).

Dessa forma, a partir dos apontamentos acima este estudo tem como objetivo analisar o

comportamento de Bullying no contexto escolar de escolas municipais de Caxias do Sul – RS.

METODOLOGIA

Este estudo é caracterizado segundo Pereira, 2002como uma pesquisa descritiva

onde utilizamos um questionário, mas com possíveis modificações e adaptações.

Participaram deste estudo 44 adolescentes entre 12 e 16 anos, entre eles 20 meninas

e 24 meninos que freqüentam a 8ª série do Ensino Fundamental de uma escola Estadual situada

na zona urbana e uma escola municipal situada na zona rural de Caxias do Sul - RS

Foi utilizado para este estudo, como instrumento de coleta de dados um

questionário que foi elaborado questões referentes ao comportamento de bullying no ambiente

escolar.

Com relação aos procedimentos metodológicos o questionário foi entregue aos

adolescentes, feito um comentário geral sobre as brincadeiras feitas que ocorrem dentro e fora

da escola, em seguida foi solicitado para que respondessem o questionário.

Os dados foram tabelados e após analisados através de estatísticas descritiva

utilizando médias e apresentadas em forma de gráficos além da análise qualitativa de uma das

questões.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Avaliando o contexto escolar e a localização das mesmas, observou-se que as

amostras coletadas possuem igual percentagem nas duas escolas. Demonstrando que mesmo

havendo variáveis, o fenômeno bullying esta presente e é necessário buscar caminhos na escola

e com auxilio da comunidade escolar objetivando a diminuição dessas violências.

VIOLÊNCIA FISICA

A partir dessa reflexão, podemos dizer que há prevalência maior de violência

física nos meninos do que entre as meninas, mesmo elas estando abaixo nos dois dados, o que se

pode perceber que ainda há uma predominância maior em relação aos efeitos psicológicos nas

meninas, vindo de encontro ao que à autora Cleo Fante cita:

Tímidas, com alguma característica física ou comportamental marcante (como obesidade e baixa estatura), elas têm, em média, 11 anos. São meninos e meninas com poucos amigos, que não reagem contra o que lhes desagrada. Já os agressores têm entre 13 e 14 anos e gostam de mostrar poder. Por isso costumam ser lideres de seus colegas e, em muitos casos foram mimados pelos pais. A maioria é formada por meninos (60%). “Mas as meninas são mais cruéis. Tramam fofocas e intrigas para excluir colegas”, diz Cléo.

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VIOLÊNCIA PSICOLOGICA

Pode-se perceber neste gráfico que a violência psicológica se torna mais fluente nos meninos, já

nas meninas esse mesmo tipo de comportamento é visto com mais discrição.

Segundo a nossa pesquisa a violência psicológica masculina apresenta-se em maior

escala devido ao comportamento que o próprio gênero apresenta.

Na publicação do site da Nova Escola on-line, segundo Cavalcante (2005), é

comentado no artigo o seguinte:

As brincadeiras de mau gosto, disfarçadas por um duvidoso senso de humor, é bullying. O termo ainda não tem uma denominação em português, mas é usado quando crianças e adolescentes recebem apelidos que os ridicularizam e sofrem humilhações, ameaças, intimidação, roubo e agressão moral e física por parte dos colegas. Entre as conseqüências estão o isolamento e a queda do rendimento escolar. Em alguns casos extremos, o bullying pode afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio. Em pesquisa realizadas em 11 (onze) escolas cariocas pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à adolescência, no Rio de Janeiro, revelou que 60,2% dos casos acontecem em sala de aula.

Dentro das violências físicas e psicológicas, temos outras questões que envolvem o

cotidiano escolar, como:

Quem são os agressores?

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A próxima fonte de analise se refere a quem foi o agressor nas situações. A partir

de dados coletados pode-se perceber que dos 24 meninos entrevistados, 18 sofreram agressões.

Na mesma situação das 20 meninas entrevistadas, 14 sofreram esse tipo de comportamento. O

que nos leva a pensar que esse tipo de atitude, mesmo sendo mais característico do sexo

masculino, teve grande incidência no sexo feminino. Isso se deve, em grande parte, pelas

modificações de padrões, idéias, valores e costumes da sociedade moderna. Contribuindo cada

vez mais para que a mulher busque a igualdade de direitos e deveres.

O meio social transmite normas, padrões, idéias, valores, costumes e tradições que determinam os comportamentos dos indivíduos de um grupo social, portanto são características comuns dentro de um contexto social que os identificam. O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecedem. (LARAIA, 2006.p.45)

Como o agredido se sentiu?

A partir desses levantamentos podemos perceber que tanto os meninos como as

meninas se sentem mal com esse tipo de comportamento.

Porém o que chama mais atenção é que uma porcentagem bem elevada dos

meninos não se incomoda com as brincadeiras de mau gosto (algo moral), devido à influência

dos meios e também aos grandes transtornos familiares que as crianças vêm sofrendo.

Felipe (1999; apud Leite, 1999) cita como causa, os meios familiares violentos que propiciam a agressividade juvenil. Destaca a influência da televisão nas crianças e adolescentes, que muitas vezes copiam os modelos agressivos emitidos. Ressalta também a falta de relação humana nas escolas, devido ao número elevado de alunos e o desinteresse dos pais pela vida escolar de seus filhos.

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O que pensa sobre o agressor?

Dessas acepções, podemos ressaltar que o gênero feminino demonstra não gostar

dos agressores que podem ter já sofrido agressões físicas e emocionais e que o lado emocional é

o maior prejudicado em tais situações. Enquanto os meninos colocam que não pesam nada;

demonstrando ser natural ou não é comigo e então não me interessa. A segunda colocação é que

são indivíduos com poucos amigos e pertence a famílias desestruturadas, o que vem de encontro

ao autor.

Segundo Lopes Neto (2005), os motivos que levam a esse tipo de violência são extremamente variados e estão relacionados com as experiências que cada aluno tem em sua família e/ ou comunidade e se dá perante o uso do poder para intimidar o outro.

Com base no relato dos alunos podemos ver que sentem a necessidade de um maior

acompanhamento dos pais, dos professores, direção junto à instituição educacional. “Escolas

que mantém elos com suas comunidades tem mais chances de êxito” (Pioneiro, 2008).

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Também podemos salientar o interesse por parte dos alunos por projetos e

trabalhos que tratem desse tema.

CONCLUSÃO

Nossa sociedade é marcada por índices de violência cada vez mais altos, não

podemos andar na rua despreocupada, vivemos constantemente sobre tensão e quando falamos

de violência, primeiramente pensamos nesta associada a roubos, nunca a um conjunto de

atividades que causam sofrimento e dor como acontece com as vitimas do bullying.

O bullying ocorre em qualquer escola, independente das condições sociais e

econômicas dos alunos. Às vezes seu maior problema é reconhecer e aceitar que ele existe, pois

somente assim, acontecerá o ponto de partida na interrupção desse ciclo de violência que se

instalou. Este é um fenômeno preocupante tanto pelas seqüelas que diretamente infringe aos

participantes como pelo que contribui para rupturas com a idéia da escola como lugar de

conhecimento, de formação do ser e da educação, como veículo por excelência do exercício e

aprendizagem, da ética e da comunicação por diálogo e, portanto contraria a violência

(ABRAMOVAY,2004)

Verificou-se também haver mais agressores que vítimas e, sobretudo do sexo

masculino. Percebendo mais uma vez que a questão de gênero interfere nesta questão.

Mesmo admitindo que os atos agressivos derivem de influências sociais e afetivas,

construídas historicamente e justificadas por questões familiares e/ou comunitárias, sabemos

que toda a criança e adolescente têm, individual e coletivamente, uma prerrogativa humana de

mudança, de transformação e reconstrução, ainda que em situações muito adversas, podendo vir

a protagonizar uma vida apoiada na paz, na segurança possível e na felicidade. Mas esse desafio

não é simples e em geral, depende de uma intervenção interdisciplinar firme e competente,

principalmente pelos profissionais das áreas de educação e saúde.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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