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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ EPONINE VALLE DE LACERDA ANÁLISE DO PERFIL E DA PERCEPÇÃO DO VISITANTE DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS - GO: uma contribuição para a sua gestão Balneário Camboriú 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

EPONINE VALLE DE LACERDA

ANÁLISE DO PERFIL E DA PERCEPÇÃO DO VISITANTE DO PARQUE

NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS - GO: uma contribuição para a sua

gestão

Balneário Camboriú

2008

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EPONINE VALLE DE LACERDA

ANÁLISE DO PERFIL E DA PERCEPÇÃO DO VISITANTE DO PARQUE

NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS - GO: uma contribuição para a sua

gestão

Produção Técnica-Científica apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo e Hotelaria, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer. Orientador: Profº. Dr. Paulo dos Santos Pires

Balneário Camboriú

2008

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EPONINE VALLE DE LACERDA

ANÁLISE DO PERFIL E DA PERCEPÇÃO DO VISITANTE DO PARQUE

NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS - GO: uma contribuição para a sua

gestão

Esta Produção Técnica-Científica foi julgada adequada para a obtenção do título de

Bacharel em Turismo e Hotelaria e aprovada pelo Curso de Turismo e Hotelaria da

Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Aplicadas: Comunicação,

Turismo e Lazer.

Área de Concentração: 6.13.00.00-4 Ciências Sociais Aplicadas

Sub-Área: Turismo e Hotelaria

Balneário Camboriú, 09 de julho de 2008.

Profº. Dr. Paulo dos Santos Pires

UNIVALI – CE de Balneário Camboriú

Orientador

Profº. MSc Arno Minella

UNIVALI – CE de Balneário Camboriú

Coordenador do Estágio Supervisionado

Prof.º MSc. Marcelo Valente Ramos

UNIVALI – CE de Balneário Camboriú

Membro

Profª Drª Marlene Huebes Novaes

UNIVALI – CE de Balneário Camboriú

Membro

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Dedico Ao meu amor, cujo encanto, amizade e apoio incondicional sempre foram o combustível

essencial para essa trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Ao universo pela permissão de ter vivenciado momentos

únicos e maravilhosos.

Aos espíritos de Luz por me guiarem e ao meu anjo da guarda por me proteger.

Aos meus pais por serem seres humanos exemplares.

Ao meu irmão Léo Lynce pela amizade de sempre e as orientações estatísticas.

A minha irmã Patrícia pelo incentivo e amizade.

A Tilasmi por nunca me deixar só na Chapada.

Ao Daniel, Chefe do PNCV, pela receptividade, confiança, apoio e acima de tudo pela

atitude absolutamente aberta a minha presença.

Ao Fernando, Miguel e Simone funcionários do ICMBio, pela receptividade, amizade e

orientações.

A todos os colaboradores do PNCV pela amizade e colaboração, em especial:

Ao Clóvis, pelo ir e vir, sempre disposto e bem humorado, e

Ao Sr. Macil pelas frutas deixadas sobre a mesa...mangas, goiabas, muricis, abacates...

Ao meu orientador professor Dr.Paulo dos Santos Pires pela dedicação, correções

prestimosas e absoluto bom senso.

As professoras Andréa de Freitas Ferreira, Simone Tomassulo e Valéria Regina Bellotto

pelas correções extras.

A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a concretização de um sonho.

Muito obrigada!

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Mapa de localização do PNCV............................................ 65

Figura 02 – Localização e acessos rodoviários..................................... 66

Figura 03 – Trechos pavimentados da rodovia GO-239........................ 67

Figura 04 – Trechos da rodovia GO-239 sem pavimentação................ 67

Figura 05 – Vista área do Rio Preto....................................................... 72

Figura 06 – Área de formação das Sete Lagoas................................... 72

Figura 07 – Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)……………………… 74

Figura 08 – Pato Mergulhão (Mergus octosetaceus)............................. 74

Figura 09 – Aspecto visual da diversidade da composição florística do

Cerrado....................................................................................................

75

Figura 10 – Canela-de-ema (Velloziaceae)............................................. 76

Figura 11 – Buriti (Mauritia flexuosa)....................................................... 76

Figura 12 – Pequi (Caryocar brasiliense)................................................ 77

Figura 13 – Arnica (Compositae)............................................................. 77

Figura 14 – Número de visitantes no PNCV no decorrer dos anos de

2002 até 2007..........................................................................................

79

Figura 15 – Número de visitantes nas trilhas dos Cânions e Saltos no

decorrer de 2007.....................................................................................

80

Figura 16 – Procedência dos visitantes do PNCV no ano de 2007........ 81

Figura 17 – Distribuição do número de visitantes estrangeiros de

acordo com o país de origem..................................................................

82

Figura 18 – Faixa etária dos visitantes do PNCV.................................... 83

Figura 19 – Nível de escolaridade dos visitantes do PNCV.................... 84

Figura 20 – Associações de Condutores de Visitantes credenciadas

pelo PNCV...............................................................................................

85

Figura 21 - Condutores mais atuantes e respectivo número de

visitantes conduzidos em 2007...............................................................

86

Figura 22 – Representação dos participantes da pesquisa por gênero.. 88

Figura 23 – Nível de escolaridade dos participantes da pesquisa.......... 89

Figura 24 – Faixa etária dos participantes da pesquisa.......................... 89

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Figura 25 – A composição do local de residência dos respondentes..... 90

Figura 26 – Procedência dos respondentes............................................ 91

Figura 27 – Meio de transporte utilizado no acesso ao parque.............. 92

Figura 28 – Conhecimento prévio sobre o PNCV................................... 93

Figura 29 – Tempo de permanência na Chapada dos Veadeiros........... 93

Figura 30 – Local de hospedagem.......................................................... 94

Figura 31 – Meio de hospedagem utilizado............................................ 95

Figura 32 – Tempo de conhecimento do PNCV..................................... 96

Figura 33 - Freqüência de visitação ao PNCV....................................... 96

Figura 34 – Inclusão de visitas a parques em viagens realizadas.......... 97

Figura 35 – Tamanho do grupo............................................................... 98

Figura 36 – Tipo de grupo....................................................................... 98

Figura 37 – Principal atividade durante a permanência no PNCV.......... 99

Figura 38 – Percepções na trilha durante a visita................................... 100

Figura 39 – Percepção do visitante em relação ao número de

encontros interpessoais...........................................................................

101

Figura 40 – Percepção quanto à quantidade de pessoas encontradas

na trilha....................................................................................................

101

Figura 41 – Percepção quanto à degradação das áreas naturais

causada pelos visitantes.........................................................................

102

Figura 42 – Sentimento em relação à degradação das áreas naturais

causada pelos visitantes.........................................................................

102

Figura 43 – Atuação da administração do PNCV para corrigir impactos

causados pelo visitante...........................................................................

103

Figura 44 – Percepção do visitante quanto à atuação da administração

para corrigir impactos causados por visitantes.......................................

103

Figura 45 – Percepção dos respondentes em relação a: cortesia e a

atenção no atendimento; informações de utilidade para visita;

informações educativas sobre o Parque e o ambiente natural; material

informativo impresso; e serviço do condutor do visitante........................

105

Figura 46 – Percepção dos respondentes em relação a:

estacionamento; sanitários; trilhas; mirantes; e coleta de lixo................

107

Figura 47 – Percepção do visitante quanto a conservação da natureza. 108

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Figura 48 – Locais mais visitados no PNCV........................................... 109

Figura 49 – Atrativos mais visitados fora do PNCV................................. 110

Figura 50 – Principais atrativos turísticos citados pelos respondentes... 110

Figura 51 – Preferência do visitante quanto aos aspectos relacionados

à visita no PNCV......................................................................................

111

Figura 52 – Aspectos relacionados a insatisfação do visitante em

relação a visita no PNCV.........................................................................

111

Figura 53 – Percepção geral do visitante em relação a sua visita ao

PNCV.......................................................................................................

112

Figura 54 – Sugestão do visitante........................................................... 113

Figura 55 - Procedência versus Contato inicial....................................... 119

Figura 56 - Procedência versus Tempo de permanência....................... 120

Figura 57 - Procedência versus Visita ao PNCV..................................... 120

Figura 58 – Modelo de associação obtido por análise de

correspondência múltipla entre quatro variáveis do perfil do visitante

do PNCV: o meio de transporte (Q3A), a forma de contato inicial (Q4A)

com o PNCV, visita anterior ao parque (Q7A), e principal atividade

(Q12A)......................................................................................................

121

Figura 59 – Modelo de associação obtido por analise de

correspondência múltipla entre três variáveis do perfil do visitante do

PNCV: procedência (Proc), visita anterior (Q7A) ao parque e principal

atividade (Q12A)......................................................................................

122

Figura 60 – Mapa perceptual entre o perfil do visitante (já visitou, Q7A

e atividade, Q12A) e sua percepção em relação a aspectos do parque

(Q13A, pontual) e a visita (Q20A, global)................................................

123

Figura 61 – Associação do número de pessoas nas trilhas e veículo

utilizado....................................................................................................

125

Figura 62 – Associação degradação nas trilhas e nível escolar............. 126

Figura 63 – Associação degradação nas trilhas com visita anterior ao

parque......................................................................................................

127

Figura 64 – Associação da degradação nas trilhas com principal

atividade...................................................................................................

127

Figura 65 – Associação entre a atuação da administração e visita

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anterior ao PNCV..................................................................................... 128

Figura 66 – Associação entre número de atrativos visitados no PNCV

com tipo de percepção............................................................................

129

Figura 67 – Associação entre o número de atrativos visitados fora do

PNCV e percepções................................................................................

129

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Grupos e categorias de manejo das UCs e respectivos

objetivos......................................................................................................

39

Quadro 02 – Gerações de Parques Nacionais criados no Brasil................ 57

Quadro 03 – Cidades do entorno - centros urbanos e distâncias............... 68

Quadro 04 – Associações de Condutores de Visitantes com números de

Associados /Credenciados..........................................................................

70

Quadro 05–Recategorização das variáveis utilizadas na análise do perfil

e percepção do visitante do PNCV..............................................................

115

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Valores de significância associados aos pares de variáveis do perfil

do visitante.............................................................................................................

118

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABETA Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura

ACV-CV Associação dos Condutores de Visitantes da Chapada dos

Veadeiros

AGENDAS Associação de Guias em Ecoturismo no Desenvolvimento

Ambiental Sustentável

ATECAN Associação Teresinense dos Condutores Amantes da Natureza

CAT Centro de Atendimento ao Turismo

CONPARQUE Conselho Consultivo do Parque

CV Centro de Visitantes

CNUC Cadastro Nacional de Unidades de Conservação

DIREC Diretoria de Ecossistemas do IBAMA

EA Educação Ambiental

FUNATRA Fundação Pró-Natureza

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IUCN União Mundial para a Natureza

JICA Agência de Cooperação Técnica do Japão

MMA Ministério do Meio Ambiente

MTur Ministério do Turismo

OMT Organização Mundial do Turismo

ONG Organização não-goernamental

PARNA Parque Nacional

PAE Plano de Ação Emergencial

PM Plano de Manejo

PNAP Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas

PNCV Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

PUP Plano de Uso Público

RPPM Reservas Particulares do Patrimônio Nacional

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas

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SERVITUR Associação de Guias Prestadores de Serviços em Ecoturismo da

Chapada dos Veadeiros

SNAP Sistema Nacional de Áreas Protegidas

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC Unidade de Conservação

UCB Universidade Católica de Brasília

UFGO Universidade Federal de Goiás

UNEP Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

UNESCO Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e

Cultura

WCMC World Conservation Monitoring Centre

WWF World Wildlife Fund - Brasil

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RESUMO As Unidades de Conservação – UC, especialmente aquelas pertencentes ao grupo de proteção integral, onde se inserem os Parques Nacionais, são espaços fundamentais para garantir uma gama de benefícios para a humanidade. Como bens públicos, pressupõem o oferecimento de opções de visitação a todos os segmentos da sociedade. A visitação é considerada como um instrumento capaz de gerar amplos benefícios para a sociedade como um todo, sendo necessária uma sistemática de ações para o seu ordenamento. Assim, é fundamental a identificação da demanda e o conhecimento das características dos visitantes que freqüentam a área, como ferramenta para a orientação das políticas e a promoção do turismo em bases sustentáveis. O presente estudo trata da caracterização do perfil dos visitantes do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - PNCV. A pesquisa foi realizada com dois instrumentos distintos: “Termo de Responsabilidade” referente ao ano de 2007 e instrumento de coleta de dados, aplicando-se 200 questionários com os visitantes do PNCV. Os resultados estão divididos em quatro etapas: análise descritiva da aplicação do questionário; associação entre o perfil e mapas perceptuais; avaliação dos visitantes quanto à experiência no PNCV e a percepção do atrativo turístico pelo visitante. Em linhas gerais o perfil dos visitantes é: gêneros equilibrados; público jovem adulto (18 a 40 anos); bom nível escolar; maioria de brasileiros; procedência significativa de Brasília; primeiras informações e tipos de grupo: amigos e parentes; transporte mais utilizado: automóvel; tamanho dos grupos: 2 a 4 pessoas; tempo de permanência na região: média de três dias e visitação ligada à recreação. Palavras-chave: Turismo, Visitação em Unidades de Conservação, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

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ABSTRACT

Conservation Units, especially those belonging to the group of integral protection, that include National Parks, are fundamental spaces for guarantee a range of benefits for the humanity. As public property, presume the visitation options offering to all of the segments of the society. The visitation is considered an instrument capable of generate broad benefits for the society as a whole, being necessary a systematization of actions for its order. In this manner, it is fundamental the identification of the demand and the knowledge of the characteristics of the visitors that frequent the area, as tool for the policy orientation and the promotion of the sustainable development. The aim of present study is the characterization of the Chapada dos Veadeiros National Park visitors’ profile. The research was carried out with two distinct instruments: by means of the Responsibility Forms to the year of 2007 and an instrument of data collection, with the application of 200 questionnaires with the visitors of the PNCV. The results are divided in four phases: descriptive analysis of the application of the questionnaire; association between the profile and perceptional maps; evaluation of the visitors relative to the experience in the PNCV; and the perception of the attractive tourist by the visitor. In general lines the profile of the visitors is: balanced sorts; adult young public (18 to 40 years); good school level; Brazilian majority; significant origin from Brasilia; first information and kinds of group: friends and relatives; transport more utilized: car; size of the groups: 2 to 4 persons; time of permanence in the region: medium of three days and visitation connected to the recreation. Key words: Tourism, Conservation Units visitation, Chapada dos Veadeiros National Park.

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SUMÁRIO

PARTE I

PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA DE ESTÁGIO Dedicatória Agradecimentos Resumo LISTA DE FIGURAS........................................................................................ 06

LISTA DE QUADROS...................................................................................... 10

LISTA DE TABELAS........................................................................................ 11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.......................................................... 12

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 19

2 OBJETIVOS.................................................................................................. 23

2.1 Objetivo Geral........................................................................................... 23

2.2 Objetivos Específicos............................................................................... 23

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 24

3.1 A proteção e o uso da natureza............................................................... 24

3.2 A biodiversidade e sua conservação no Brasil..................................... 28

3.3 Conceitos, instituições e legislação pertinentes ás Unidades de

Conservação do grupo de proteção integral...............................................

36

3.3.1 Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC...................... 38

3.4 O desenvolvimento do ecoturismo no contexto turístico.................... 42

3.5 Atividade turística em áreas protegidas................................................ 46

3.6 O manejo das Unidades de Conservação de proteção integral.......... 50

3.7 Uso público / visitação nos parques nacionais brasileiros................. 55

3.7.1 O uso público como ferramenta de gestão e proteção............................ 60

3.7.2 A caracterização dos visitantes como parte fundamental do processo

de planejamento...............................................................................................

62

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4 CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS

VEADEIROS – PNCV (GO)..............................................................................

65

4.1 Localização, limites e acessos................................................................ 65

4.2 Situação atual do uso público no PNCV................................................. 68

4.3 Caracterização biogeográfica da UC...................................................... 71

5 RESULTADOS.............................................................................................. 78

5.1 Visitação no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em

2007..................................................................................................................

78

5.2 Resultados da pesquisa realizada com visitantes do PNCV................ 86

5.2.1 Análise descritiva da aplicação do questionário...................................... 88

5.2.2 Composição do perfil e associação entre o perfil e a percepção do

visitante.............................................................................................................

115

5.2.3 Avaliação da experiência no PNCV......................................................... 124

5.2.4 A percepção do atrativo turístico pelo visitante....................................... 128

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 131

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 136

ANEXOS........................................................................................................... 143

PARTE II

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

LISTA DE FIGURAS...................................................................................... 150

LISTA DE QUADROS.................................................................................... 152

1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA E DA ACADÊMICA............................... 153 1.1 Dados da Empresa................................................................................. 153 1.2 Dados da Acadêmica............................................................................. 153

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2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................... 154

3 OBJETIVOS................................................................................................ 156

3.1Objetivo Geral.......................................................................................... 156

3.2 Indicadores de Estudo........................................................................... 156

4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO 157

4.1 Evolução histórica da Unidade de Conservação e sua situação

atual...............................................................................................................

157

4.2 Infra-estrutura física atual..................................................................... 161

4.3 Gestão e infra-estrutura administrativa............................................... 168

4.4 Serviços prestados a sociedade........................................................... 172

5 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS............................. 173

5.1 Programa de Uso Público e de Patrimônio.......................................... 173

5.1.1. Funções do Programa de Uso Público................................................. 173

5.1.2 Descrição da infra-estrutura do Programa de Uso Público................... 176

5.1.3 Atividades desenvolvidas no Programa de Uso Público....................... 189

5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos no Programa de Uso Público....... 194

5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas relativos

ao Programa de Uso Público.........................................................................

195

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 199

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 202

APÊNDICES.................................................................................................. 205

ANEXOS........................................................................................................ 210

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19

1 INTRODUÇÃO

Na última década dois assuntos em especial têm merecido a atenção

mundial, tornando-se foco de discussões nos fóruns internacionais e nos objetivos

de pesquisas de vários estudiosos: o turismo e o uso sustentável dos recursos

naturais. Paralelamente ao estabelecimento do turismo como uma das atividades de

grande relevância econômica, cresce a preocupação sobre a melhor maneira de

equilibrá-lo com a conservação da natureza. Os conflitos em torno desse tema giram

entre os fundamentos materiais da sociedade moderna e as novas sensibilidades,

presentes cada vez mais nas reflexões da comunidade global (THOMAS, 1988).

Desta forma, o surgimento e o crescimento do ecoturismo e de outras

modalidades turísticas praticadas na natureza, se estabelecem como forma de

contrapor o crescimento do turismo de massa. A partir da década de 1970 até os

dias atuais, um encadeamento de fatos contribuiu para esse processo, que ocorreu

simultaneamente com uma série de movimentos e manifestações. Esses

acontecimentos acabaram por configurar no reconhecimento da necessidade do

desenvolvimento do turismo sustentável (PIRES, 2002).

As Unidades de Conservação – UC, especialmente aquelas pertencentes ao

grupo de proteção integral, onde se insere os Parques Nacionais, se confirmam

nesse cenário, como espaços fundamentais para garantir uma gama de benefícios

para a humanidade. As vantagens geradas por essas áreas são amplamente

reconhecidas, já que a biodiversidade interfere diretamente na vida humana e é a

base para sua sustentação, seja através de produtos alimentícios, farmacêuticos, ou

das diversas matérias primas encontradas na flora e na fauna (MMA, 2007).

Os ciclos ambientais do planeta dependem do equilíbrio dos ecossistemas ali

existentes e, por isso, muitas são as questões levantadas quanto à importância de

uma gestão consciente, qualificada e bem planejada para a prática do turismo.

Essas áreas de proteção integral, pela sua importância vêm despertando o interesse

e a preocupação de inúmeros atores, de diferentes áreas de estudo, que procuram

direcionar seus olhares, no intuito de criar mecanismos que assegurem sua

conservação.

São inúmeros os aspectos que envolvem o manejo desses espaços: suas

características biofísicas e sociais, a participação local, a sustentabilidade, as

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20

peculiaridades ecossistêmicas, dentre outros. Para conservá-las, são necessárias

estratégias que auxiliem no gerenciamento do uso público incorporadas a um

planejamento amplo, que trate das questões internas do manejo e contemple

também seu entorno (MMA, 2007).

O estabelecimento do processo de sensibilização e conscientização da

sociedade, quanto à necessidade premente de impactar minimamente o meio

ambiente, pode ser percebido a partir da constatação dos vários acordos firmados

pelas organizações mundiais. O repasse dessas informações para a sociedade tem

ocorrido de forma mais eficiente, o que justifica o aumento do interesse e

consequentemente um fluxo turístico mais intenso em áreas de proteção integral.

O incremento da atividade turística nestes espaços determina, portanto, o

ordenamento das atividades ali desenvolvidas com diretrizes que garantam o

cumprimento dos objetivos que lhes dá sustentação. Os Parques Nacionais são tidos

como bens públicos e, como tal, pressupõem o oferecimento de opções de visitação

a todos os segmentos da sociedade. O equilíbrio de todos os fatores que alimentam

esse processo é de uma complexidade tamanha que exige uma abordagem

multidisciplinar para um planejamento adequado do seu uso (MMA, 2007).

A visitação é considerada como um instrumento capaz de gerar amplos

benefícios para a sociedade como um todo, no incremento de receita, no auxílio à

manutenção e a proteção de áreas de preservação, na saúde física, mental e

espiritual no indivíduo, entre outros. Ela deve funcionar ainda como um dos suportes

para o desenvolvimento local, em bases sustentáveis. Sendo assim, de modo

especial a visitação nos Parques deve ser organizada e monitorada de forma a

produzir os resultados esperados (TAKAHASHI, 2004; MMA,2007).

Uma operacionalização adequada com atendimento de qualidade aos

usuários, exige uma sistemática de ações para o seu ordenamento. Assim, é

fundamental a identificação da demanda e o conhecimento das características dos

visitantes que freqüentam a área, como ferramenta para a orientação das políticas e

a promoção do turismo em bases sustentáveis.

Dentre os 25 Parques eleitos pelo MMA para participar do “Programa de

Visitação em Parques Nacionais1”, está o Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros – PNCV. Esta UC é considerada um atrativo fundamental na região e

1 Programa desenvolvido a partir de 2006, pela Diretoria de Ecossistemas do IBAMA em parceria com o MMA, cujo objetivo é estruturar e qualificar a visitação nos Parques Nacionais.

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representa o eixo diretivo para o turismo da Chapada dos Veadeiros, influindo

diretamente no desenvolvimento dos cinco municípios que fazem parte do seu

entorno. O fluxo turístico no PNCV tem mantido nos últimos seis anos uma demanda

relativamente estável, com tendência ao crescimento, visto que o segmento do

ecoturismo tem merecido amplo destaque no cenário nacional e internacional (MMA,

2007).

É consenso entre os pesquisadores que para haver consonância entre o

ecoturismo, a recreação, a educação e interpretação ambiental e a conservação do

meio ambiente nos Parques, é preciso que sejam realizados estudos de

caracterização dos visitantes, bem como, a identificação das atividades por eles

realizadas. Esse conhecimento amplia as possibilidades de controle dos impactos

negativos decorrentes da visitação dando suporte para as avaliações de gestão, que

dependem de dados acurados, consistentes e atualizados (EAGLES, McCOOL,

HAYNES, 2002).

O exposto até o momento demonstra a importância da visitação nos Parques,

contudo a caracterização dos visitantes nem sempre está presente nas prerrogativas

dos métodos de planejamento dessas UC. Muitos estudiosos apontam para a

gravidade de não se ter parâmetros confiáveis do volume de visitantes, do tamanho

dos grupos, da época de maior concentração das visitas, das percepções e do nível

de satisfação, entre outros aspectos de interesse. O monitoramento do nível de

visitação é vital para as UC (TERBORGH, et al., 2001).

No entanto, apesar da relevância do tema, ainda são insuficientes as

pesquisas realizadas nesta área, sendo poucos os trabalhos disponíveis no Brasil

(EMBRATUR, 2002; KINKER, 2002; BARROS, 2003; TAKAHASHI, 1998, 2004;

MUNIZ, 2006; ZIMMERMAN, 2006). O mesmo problema envolve os instrumentos

de coleta de dados, que comumente são adaptados pela administração das UCs,

conforme as necessidades e disponibilidades de cada uma. Terborgh (2001, p.431)

enfatiza que o monitoramento em campo e a condução de entrevistas requerem um

trabalho ativo existindo a necessidade de se obter informações das “ameaças

resultantes de atividades legais” como o turismo e atividades recreativas. Na falta

das informações municiadas pelo monitoramento, muitos problemas não são

expostos, deixando de alertar a sociedade, os governos, os grupos ativistas, entre

outros, até que uma crise ocorra.

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Partindo dessas premissas e influenciada pelo cumprimento de uma das

diretrizes para a visitação em UC, estabelecida pelo MMA (2006) que recomenda a

realização de pesquisas periódicas para identificar o perfil, a opinião e a satisfação

dos visitantes com relação às oportunidades de visitação oferecidas; decidiu-se pelo

presente projeto que teve como objetivo principal a caracterização do público

visitante do PNCV, como forma de contribuir para sua gestão e agregar valor à

visitação.

Para tanto, optou-se pela realização de uma pesquisa do tipo exploratória, de

caráter qualitativo, utilizando-se dos seguintes instrumentos de coleta de dados:

“Termo de Responsabilidade” referente ao ano de 2007 e, aplicação do questionário

oficial disponibilizado pelo PNCV, com perguntas abertas e fechadas, além de

observações realizadas pela acadêmica.

A partir dessa introdução e dos objetivos da pesquisa, o presente documento

traz uma seção (capítulo três) com a exposição do referencial teórico: biodiversidade

e conservação; concepção das Áreas Protegidas e legislação pertinente; Sistema

Nacional de Unidades de Conservação – SNUC; Ecoturismo; atividade turística

nesses ambientes e a gestão da visitação nesses espaços. Na seqüência uma

seção (capítulo quatro) contextualizando o PNCV, seguido da seção com a

metodologia, a análise e os resultados da pesquisa (capítulo cinco), finalizando com

a última seção correspondente ás considerações finais.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o perfil e a percepção do visitante do Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros – PNCV (GO) como contribuição para a sua gestão.

2.2 Objetivos Específicos

• Determinar o perfil do visitante do PNCV

• Analisar o nível de satisfação e percepção do visitante quanto à infra-estrutura,

serviços, qualidade da informação, atrativos e recursos humanos;

• Testar e analisar a efetividade do instrumento de coleta de dados.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo tem a finalidade de revisar alguns dos referenciais que

contextualizam a biodiversidade e a conservação, a concepção de Áreas Protegidas

com seus principais conceitos e legislação, o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação – SNUC, o Ecoturismo, a atividade turística nesses ambientes e a

gestão da visitação nesses espaços, em especial nos Parques Nacionais.

3.1 A proteção e o uso da natureza

A natureza sempre despertou no homem sentimentos múltiplos que

suscitaram uma série de motivos para promover de alguma forma a proteção de

determinadas áreas naturais. Ao longo da história da humanidade há registros de

diversas etapas nesta relação, sendo as florestas inerentes ao imaginário humano.

Em determinadas regiões essas iniciativas deram-se muito por pretextos

religiosos ou místicos, quando os povos dessas localidades como os celtas, hindus,

indígenas e gregos, tinham as florestas como lugares sagrados. Alguns

apontamentos indicam que na Índia, cerca de quatro séculos antes de Cristo, foram

instituídas as primeiras condutas para a conservação da vida silvestre, em respeito à

sacralidade desses locais. Os recursos hídricos, a propriedade, a caça, as plantas

medicinais, dentre outros motivos, também fazem parte dessas tentativas de

proteção (DAVENPORT e RAO, 2002).

Movimentos mais consistentes começam a surgir no século XIX com o

advento da Revolução Industrial. Alguns pesquisadores apontam três fatores

principais para essa tomada de decisão: a grande preocupação com a rapidez das

mutações pelas quais as paisagens estavam passando; a necessidade de preservar

os recursos naturais para o futuro e a necessidade de espaços para a recreação dos

trabalhadores.

Deste modo, sendo os Estados Unidos da América uma das nações mais

pressionadas com os avanços da industrialização, surge já em 1832 a primeira

referência ao termo “Parque Nacional” pelo então explorador e poeta George Catlin,

na defesa da criação do Parque Nacional de Yellowstone. Em 1864 é decretada pelo

então presidente Abraham Lincoln, a proteção total da área onde atualmente se

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encontra o Parque Nacional de Yosemite. E quarenta anos depois do pedido de

Catlin, em 1872, é oficializada pelo Congresso americano a criação do Yellowtone

National Park, “como parque público ou área de recreação para o benefício da

população”. Considerada a primeira Unidade de Conservação e um marco

referencial como modelo de Parques, consta no referido documento que a criação

do Parque Nacional de Yellowstone curiosamente não teve a recepção simpática da

população nativa como imaginado por Catlin. Esse e outros Parques Nacionais

inicialmente criados nos EUA como o Grand Canyon e o Mount Rainier foram

estabelecidos no oeste, cobrindo extensivas áreas de terras com feições naturais

exuberantes (EAGLES, McCOOL, HAYNES, 2002 p.6).

Outras nações, após esse evento, decidiram trilhar o mesmo caminho na

preservação de suas áreas naturais, e nos anos seguintes são instituídos vários

Parques Nacionais - PARNAs. Na Austrália em 1879, no Canadá em 1885, na Nova

Zelândia em 1894, África do Sul e México em 1898 e Argentina em 1903. A Suíça

vislumbrando o valor científico destas áreas cria em 1914 o primeiro parque com a

finalidade de garantir pesquisas com a fauna e a flora em seu ambiente natural, sem

alterações causadas pelo homem. A criação de parques nacionais continuou se

sucedendo com o Chile em 1926, Equador em 1934 e Venezuela, com o Parque

Henri Pittier em 1937 (MILANO, 2000; EAGLES, McCOOL, HAYNES, 2002).

A história das UCs no Brasil, tem início no final do século XIX, quando o então

político André Rebouças entusiasmado com a criação do Parque de Yellowstone,

propõe a criação de Parques Nacionais nos territórios do Paraná (Sete Quedas), no

Tocantins na ilha do Bananal e nos rios Araguaia e Tocantins. Transcorridos

aproximadamente 65 anos desta proposição, é criado em 1937, o Parque Nacional

do Itatiaia (RJ). Sua concepção teve como base o Código Florestal de 1934 (Decreto

23.793 de 23 de janeiro de 1934), que instituiu os primeiros conceitos para Parques

Nacionais, Florestas Nacionais e Florestas Protetoras (COSTA, 2002).

Os ideais de sua criação foram traçados principalmente visando o incentivo à

pesquisa científica e o desenvolvimento turístico. Portanto, este espaço além de

preservar elementos biogeográficos e de uma das áreas mais exuberantes do país,

disponibilizaria aos pesquisadores um potencial enorme para o conhecimento

científico, adicionando-se a isto, um local para a população se recrear e espairecer

(MILANO, 2002).

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A implantação dessas áreas reuniu alguns aspectos comuns. O primeiro

reside no fato de terem sido criados por ações governamentais; em segundo lugar,

terem sido implantados em áreas relativamente grandes e que continham ambientes

naturais intocados, e por último a disponibilização desses espaços para toda

população. Portanto, desde o início a visitação dos parques e o turismo foram os

pilares centrais do movimento da criação de Parques Nacionais (EAGLES,

McCOOL, HAYNES, 2002).

As diretrizes norteadoras para a proteção das áreas naturais ganharam

diversas feições de acordo com as necessidades particulares de cada região. Devido

à complexidade das nuanças que permeavam os assuntos pertinentes ao manejo e

a conservação, através de uma convenção realizada em Londres em 1933, surge

um conceito básico para “parques nacionais”. A partir de então, a exemplo desta,

outras reuniões foram estabelecendo novos conceitos como a de reserva silvestre,

monumento natural, entre outros, estabelecidos no encontro na cidade de

Washington em 1940 (MILANO, 2002).

Na França em 1948, dezoito países enviam seus representantes, que

reunidos criam a União Internacional para Proteção da Natureza, cuja denominação

é alterada em 1956, durante sua 7ª assembléia anual, realizada na Escócia, para

União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN. Essa organização

atualmente mantém a mesma sigla, porém seu nome passou a ser União Mundial

para a Natureza, e é uma das mais atuantes no âmbito da conservação, seja pela

constante atualização conceitual, quanto pelo suporte a países em desenvolvimento

no que diz respeito ao planejamento e manejo dessas áreas (MILANO, 2002).

No decorrer das décadas de 1960 e 1970 muitos foram os encontros e

Conferências Mundiais realizadas para debater e aprimorar as idéias. Delas

surgiram as regras básicas para as ações empreendidas em áreas protegidas,

estabelecendo-se também as sugestões de políticas conservacionistas às nações

signatárias. Os temas principais discutidos em Seatle (1962), na Índia (1969), nos

EUA (1972), e em Bali (1982), giraram em torno de: conceituações; do imperativo de

expandir o número de áreas naturais protegidas no planeta; do grau de relevância

destas áreas como elementos primordiais na conservação dos seres vivos e do

desenvolvimento; e da urgência na fixação e sustentação destas áreas (MILANO

2002).

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Nas últimas décadas a apropriação dos recursos naturais de uso comum tem

sido objeto de debates e medidas, que definidas de diferentes maneiras nos códigos

jurídicos, vêm conferindo distintos modos de acesso e o uso desses espaços. De

acordo com Berkes (2005), grande parte das discussões recai basicamente nos tipos

de recursos comuns que possuem duas características básicas: o controle do

ingresso de usuários potenciais ou sua proibição, fator considerado problemático; e,

a dificuldade do uso compartilhado, já que cada ser humano individualmente, é

capaz de suprimir um bem que cabe a todos os outros indivíduos.

O mesmo autor salienta que a maior parte dos parques apresenta essas

características e tendem a ser propensos a degradação e ao esgotamento, pois

comumente abarcam recursos como animais selvagens, florestas, águas

subterrâneas, entre outros. Enquanto Milano (2000) observa que, mesmo não

havendo unanimidade sobre a maneira com proceder, tem existido concordância

quanto à necessidade de se instituir normas para nortear o acesso, a apropriação e

o uso humano do ambiente natural.

Assim, a conservação da natureza passou a existir na acepção máxima da

palavra “proteção”, englobando, por conseguinte várias correntes de pensadores.

Após o avanço técnico e científico conseguido até aqui, alguns objetivos dão

sustentação para as novas bases de discussões, estudos e pesquisas. Esses

transitam pela preservação da diversidade biológica do globo, pela essencialidade

dos serviços ecológicos, pela preservação de belezas cênicas aliadas ao incentivo à

pesquisa cientifica, pela educação ambiental, pela proteção do patrimônio histórico

cultural, pelo ecoturismo, pelo uso ordenado e consciente desses ambientes e pela

recreação em ambientes naturais (MILANO, 2000).

Em meio às estratégias idealizadas para a conservação de ambientes

naturais, o estabelecimento de áreas protegidas tem se mostrado um mecanismo

eficiente e globalmente aceito. Segundo a WCMC (2007), são 114 mil as áreas

protegidas no planeta, que somam por volta de 2 bilhões de hectares.

No Brasil, fazem parte atualmente do Cadastro Nacional de Unidades de

Conservação – CNUC, 376 UCs regularizadas pelos órgãos gestores, sendo 287

sob gestão federal, 83 UCs estaduais, e 6 UCs municipais. Entretanto, já existem

outras unidades de conservação em processo de validação. As UCs federais

protegem atualmente 70 milhões de hectares, que somadas ás áreas estaduais

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atingem por volta de 12% do território nacional, destes 2,5% pertencem ao bioma

Cerrado (MMA, 2008).

3.2 A biodiversidade e sua conservação no Brasil

A Convenção de Diversidade Biológica2 – CDB conforme Bishop et al (2008),

definiu em seu Artigo 2 a diversidade biológica como:

A variabilidade entre organismos vivos de qualquer origem incluindo, entre outros, ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, e os complexos ecológicos de que fazem parte: isto inclui diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

Muitas são as reflexões, provocadas por este tema. A conservação da

natureza e a exploração racional dos recursos naturais, segundo Dorst (1924 in

FERRI e BUONGERMINO, 1973 p.1) “é um problema que antecede, em sua própria

essência, a aparição do homem sobre a terra”. Sendo que, desde o princípio, os

seres humanos interferiram no ambiente de forma inquestionável, muito mais do que

as outras espécies, não raramente de forma adversa a harmonia natural, agindo

contra suas próprias necessidades em longo prazo.

No início da época moderna ao mesmo tempo em que se viu o aumento do

conforto, dos bens-materiais e da tecnologia, constatou-se a exploração extrema de

outras formas de vida e a degradação do meio ambiente.

Dessa maneira, estabeleceu-se, segundo Thomas (1988, p.358), “um conflito

crescente entre as novas sensibilidades e os fundamentos materiais da sociedade

humana”. Um grave comprometimento dos recursos renováveis e a limitação visível

daqueles que supostamente estariam disponíveis em maior escala. Paralelamente a

essas sérias ameaças, as populações humanas aumentaram consideravelmente,

criando uma demanda maior de bens de consumo. O alerta de Dourojeanni e Pádua

(2001, p.49), nesse sentido, é que: “a natureza morre rapidamente sob o impulso

avassalador da espécie humana, que também precisa desesperadamente dessa

mesma natureza, a qual está aniquilando”.

2CDB - Convenção da Diversidade Biológica - Assinada durante Convenção da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em junho de 1992. Promulgada em 1998 através do Decreto 2.519 – Artigos de destaque – 6º que define medidas para a conservação e utilização sustentável da biodiversidade. Art. 8º - Conservação in situ (MMA, 2007).

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A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo, no

ano 1972, determinou novos rumos às discussões sobre meio ambiente, passando-

se a debater os direitos da humanidade a um ambiente mais saudável e produtivo.

Porém, na década de 1980, houve um retrocesso no comprometimento dos países

que apoiavam financeiramente as causas ambientalistas, essa época foi marcada

pela retração da economia mundial, com reflexos em todos os níveis sociais (PIRES,

2002).

Paralelamente a esses acontecimentos, a IUCN/UNEP/WWF divulgam o

documento “Estratégia mundial para a conservação”, que inseri o conceito de

“conservação”, servindo como suporte para a introdução do conceito de

“desenvolvimento sustentável” em 1987, através do Relatório Brundtland (Nosso

Futuro Comum). Segundo o qual o desenvolvimento sustentável implica em

“melhorar a qualidade de vida humana sem diminuir a capacidade de carga dos

ecossistemas que a sustentam, ou sem degradar ou esgotar os recursos que o

tornam possível” (IUCN, 2008).

Na visão de Hunter (1997, apud SWARBROOKE, 2000) não existe um padrão

absoluto único para o desenvolvimento sustentável, mas sim a necessidade em

contar com uma gama de atitudes e níveis de comprometimento em prol desta

causa.

Desta forma, é crescente o número de referenciais teóricos que debatem os

conceitos da sustentabilidade. O tema é entendido pelo Instituto de Hospitalidade

(2004, p. 19) como o “uso dos recursos, de maneira ambientalmente responsável,

socialmente justa e economicamente viável”, a fim de garantir que as gerações

futuras também possam ter suas necessidades atendidas. Para Swarbrooke (2000,

p.3) trata-se de:

uma perspectiva a um prazo mais longo que o usual ao tomarmos decisões, e envolve uma necessidade de intervenção e planejamento. O conceito de sustentabilidade engloba claramente o meio ambiente, as pessoas e os sistemas econômicos.

A esse respeito Pires (2002), comenta que, em 1999, através da Comissão de

Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da “Agenda 21 Nacional”, inicia-se um

processo de disseminação do conceito de sustentabilidade e de desenvolvimento

sustentável na sociedade brasileira. A realização de oficinas e seminários em todo o

país reuniu setores distintos da sociedade, o que convergiu para a elaboração de

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uma série de documentos contendo reflexões e propostas, que mais tarde se

tornariam de conhecimento público de uma forma mais abrangente.

Versando sobre conservação, pesquisadores expressam que, esta se baseia

na ciência e na ampliação de técnicas que concebam a manutenção, da

coexistência do ser humano e do ambiente natural da Terra. O termo

“biodiversidade” ou “diversidade biológica” passou a ser mais conhecido no Brasil

principalmente a partir de 1988, quando sua utilização aumentou na literatura

científica, sendo logo incorporado pela imprensa na divulgação da preparação para

a Conferência Rio-92.

O SNUC (2000), em seu Artigo 2 estabeleceu alguns conceitos para

direcionar os fins previstos em lei. Assim, de acordo com este Sistema entende-se

por:

• Conservação da Natureza

O manejo do uso humano da natureza compreendendo a preservação, a

manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente

natural, para que possa produzir o maior benefício em bases sustentáveis às

atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e as

aspirações das gerações futuras e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em

geral.

• Conservação in situ

Conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação

de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies

domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas

propriedades características;

• Biodiversidade

É a variabilidade de organismos vivos de todas as origens compreendendo, dentre

outros, os ecossistemas terrestres e marinhos e outros ecossistemas aquáticos

além dos complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo, ainda, a

diversidade dentro de espécies, entre as espécies e dos ecossistemas.

• Preservação

É o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção a longo

prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos

ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais.

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Dentre as principais razões que embasam a necessidade de conservação da

biodiversidade, o MMA (2007) cita as seguintes:

• A biodiversidade influi diretamente na vida humana contribuindo para sua

sustentação através de produtos alimentícios, farmacêuticos e matérias primas

diversas advindas da fauna e da flora;

• Pelos ciclos ambientais do planeta estar diretamente a ela relacionados;

• Pelos valores paisagísticos e belezas cênicas desses locais;

• Devido à complexidade e variedade das inúmeras interligações das diferentes

formas de vida;

• Pelo valor incalculável e essencial de cada espécie.

Assim sendo, recai sobre o Brasil a responsabilidade de cumprir um papel

fundamental na defesa e na conservação da biodiversidade. Detentor de uma área

de 8,5 milhões km², e ocupando quase a metade da América do Sul, sua extensão

territorial abriga várias zonas climáticas que compreendem o trópico úmido no norte,

o semi-árido no nordeste e áreas temperadas no sul. Essas variações climáticas

colaboram para as diferenças ecológicas desenvolvendo zonas biogeográficas

distintas denominadas biomas (MMA, 2007). Estes formam sete representações no

país – a Floresta Amazônica, a Caatinga, o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pantanal, os

Campos Sulinos e os Ecossistemas Litorâneos (IBGE, 2008).

A multiplicidade destes biomas reflete o patrimônio que representam a flora e

a fauna brasileira, tornando-as as mais diversas do mundo, somando mais de 20%

do número total de espécies do planeta. Conforme Mittermeier et al (1997 apud

DOUROJEANNI e PÁDUA, 2001) entre as doze nações mais ricas em

biodiversidade no planeta, seis se encontram na América do Sul e compõem um

único bloco com o Brasil. Sendo considerado, portanto, um dos países

megadiversos, e presente invariavelmente na pauta das discussões mundiais.

Alguns avanços mais significativos no sentido da conservação da

biodiversidade brasileira foram conseguidos especialmente, a partir da década de

1990, com a realização da Conferência Rio-92. Pires (2002, p.53) observa que a

partir de então, passa-se a vivenciar uma outra etapa, “em que o conceito de

conservação passa a ser progressivamente assimilado”. O resultado mais

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significativo desse encontro foi a elaboração do documento denominado “Agenda-21

- Agenda de ação para atingir o desenvolvimento sustentável”.

A realização da Conferência Rio-92 levou algumas entidades internacionais a

se unirem, no sentido de aumentarem os esforços para compilar informações e

conhecimento sobre a biodiversidade, em âmbito local e global. A reunião dessas

informações em um documento central ficou sob a responsabilidade de alguns

órgãos internacionais como: World Conservation Monitoring Centre – WCMC, a

União Mundial para Natureza – IUCN, o Programa das Nações Unidas para o

Ambiente – UNEP, o Fundo Mundial para a Natureza – WWF, o World Resources

Institute – WRI, e o Museu de História Natural de Londres (LEWINSOHN e PRADO,

2002).

Os mesmos autores declaram que, apesar destes dados ainda serem

utilizados como fonte de referência, já naquela época não refletiam a real condição

da biodiversidade brasileira. Porém, pesquisas posteriores, realizadas por

Mittermeier et al., nos anos de 1997 e 1999, geraram um avanço na compilação

dessas informações (DOUROJEANNI e PÁDUA, 2001).

De acordo com o MMA (2007), no Brasil, após o primeiro Congresso Latino-

Americano de Parques e outras Áreas Protegidas, ocorrido em Santa Marta -

Colômbia, em 1997, os participantes assumiram um compromisso de proteger 10%

de seus territórios nacionais através de áreas protegidas. Esse ato, a despeito de

funcionar como ponto de referência, foi alvo de inúmeras críticas no país, sendo

considerado um instrumento simplista e precário para nortear a política nacional e

comportar a adoção de medidas para conservação da biodiversidade.

Nos anos posteriores segundo o MMA (2007) houve uma evolução no sentido

de mudar o foco na definição de metas, passando-se de uma “abordagem

percentual” a uma “abordagem sistêmica”. Esta nova forma de gestão passou a levar

em conta a definição de prioridades, observando ambientes específicos, suas

espécies e a integração entre as categorias de áreas protegidas, utilizando-se de

metodologias de planejamento sistemático da conservação.

Em 2003, durante a realização do Congresso Mundial de Parques Nacionais

da IUCN, na África do Sul, em Durban, o debate teve seu foco principal em torno da

importância das áreas protegidas como fator significativo nas políticas de

desenvolvimento sustentável dos países. Estes concordaram que, as políticas de

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conservação de áreas protegidas deveriam levar em consideração as comunidades

locais, agregando a participação social e o desenvolvimento local. Promulgando que:

A diversidade biológica tem importância no âmbito geral do desenvolvimento sustentável, na erradicação da pobreza e é fundamental para nosso planeta e também para o bem estar das pessoas e sustento da integridade cultural das populações. Nos últimos anos, a diversidade biológica está se deteriorando em um ritmo sem precedentes, devido fundamentalmente a diversas atividades realizadas pelo ser humano. Para inverter essa tendência, é imprescindível assegurar uma distribuição eqüitativa dos benefícios e custos relacionados com a proteção da biodiversidade (IUCN, 2003).

Essa decisão veio de encontro aos compromissos anteriormente assumidos

pelas nações em Johanesburgo (2002), dos “Objetivos de Desenvolvimento do

Milênio” e da Convenção de Diversidade Biológica (MMA, 2007).

A partir do Plano de Ação proposto em Durban, o Brasil tem buscado cumprir

algumas das metas estabelecidas, dentre as quais o MMA (2007) enfatiza:

• Meta-chave 1:

Ação de medidas específicas para melhorar a contribuição das áreas protegidas

para a conservação da diversidade biológica.

• Meta-chave 3:

Medidas para que as áreas protegidas contribuam para reduzir a pobreza e que de

forma alguma esta se agrave.

• Meta-chave 4:

Até 2010, estabelecimento de um sistema de áreas protegidas que seja

representativo de todos os ecossistemas existentes no país.

• Meta-chave 5:

Até 2010, todas as áreas protegidas deverão estar conectadas em sistemas

ecológicos/ambientais terrestres e marinhos mais amplos.

• Meta-chave 8:

Todas as áreas protegidas existentes e futuras serão manejadas e estabelecidas

em plena conformidade com os direitos dos povos indígenas, nômades e

comunidades locais.

• Meta-chave 9:

Os povos indígenas e as comunidades locais estarão representados na gestão das

áreas protegidas por representantes eleitos, de forma proporcional aos seus

direitos e interesses.

• Meta-chave 13:

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Em todos os países se estabelecerão sistemas eficazes de governança de áreas

protegidas.

Para tanto, o governo brasileiro através de vários planos traçados, e colocado

em prática pelo MMA e outros órgãos competentes, implementou uma série de

ações objetivando alcançar essas metas. Dentre essas se destacam:

• Implementação do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas3 (PNAP), em

2006;

• Estabelecimento do Programa Nacional de Reforma Agrária, tendo como

beneficiários produtores que vivem em Reservas Extrativistas, permitindo-lhes o

acesso a créditos de programas federais. Criando e estruturando UCs de uso

sustentável aliadas a programas destinados a ordenar o uso dos recursos naturais,

procurando conciliar interesses da população à conservação da biodiversidade;

• Instauração do Programa de Visitação em Parques Nacionais, procurando

estruturar 25 dos 62 Parques Nacionais existentes. Tendo entre seus objetivos,

fomentar o desenvolvimento local, integrando a comunidade do entorno aos

serviços oferecidos aos ecoturistas;

• Trabalho de atualização dos estudos para o estabelecimento de áreas prioritárias

para a conservação e utilização sustentável da diversidade biológica brasileira,

coordenado pelo MMA entre 2005 e 2006;

• Instituição de UCs, entre os anos de 2003 e 2007, somando 20 milhões de

hectares nos principais biomas brasileiros, dentre os quais o Cerrado e a Mata

Atlântica, biomas seriamente ameaçados;

• Integração de áreas protegidas (terrestres e marinhas) através de um sistema de

áreas que está contemplada como um dos objetivos do PNAP;

• Reconhecimento de três mosaicos de UCs na Mata Atlântica que integram áreas

terrestres e marinhas, entre 2005 e 2006;

• Incentivo a criação de novos mosaicos através do Fundo Nacional Meio Ambiente

– FNMA;

3 O Plano Nacional de Áreas Protegidas - PNAP foi oficialmente instituído em abril de 2006, por meio do Decreto nº 5.758. O Plano define princípios, diretrizes, objetivos e estratégias para o Brasil estabelecer um sistema abrangente de áreas protegidas, ecologicamente representativas e efetivamente manejadas, integrando paisagens terrestres e marinhas mais amplas até 2015 (MMA, 2007).

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• Iniciativas como o Projeto Corredores Ecológicos tem como proposta a criação do

primeiro corredor ecológico marinho brasileiro, no Corredor Central da Mata

Atlântica;

• Direitos territoriais dos povos indígenas estão garantidos pela Constituição Federal

vigente, e por legislações próprias, as quais asseguram o usufruto exclusivo das

terras que tradicionalmente lhes pertencem;

• Comunidades de remanescentes de quilombos têm seus direitos assegurados

constitucionalmente e por legislação infraconstitucional. Em fevereiro de 2007 foi

estabelecida a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais (Decreto 6.040/07), tendo como principal objetivo

“promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,

com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos

territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização

à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições”;

• Avanços na proteção das zonas úmidas com a criação do Comitê Nacional de

Zonas Úmidas, formado pelo MMA e outros setores do governo, em conjunto com

a sociedade civil organizada, academia e setor privado.

Apesar de todos os esforços empreendidos até aqui, a biodiversidade

brasileira ainda é pouco conhecida, estudada e protegida. Na pesquisa realizada por

Lewinsohn e Prado (2002), são ressaltadas as diferenças do nível de informação

dos biomas, entre as regiões geográficas brasileiras para sua efetiva proteção.

Nessa avaliação, os autores consideram que qualquer política da biodiversidade e

de seu aproveitamento terá de ser múltipla e flexível, utilizando possibilidades

específicas com definições de objetivos realistas de curto e médio prazo.

O Brasil, com uma territorialidade continental e com diversas feições, exige

programas específicos e bem direcionados, para que se possa suplantar os desafios

desse século. A inquestionável aceleração do aquecimento global e sua interferência

nas relações ecológicas entre as espécies; a destruição da Floresta Amazônica; a

crise energética; as discussões advindas das alternativas dos biocombustíveis; e o

crescimento populacional são algumas das questões diretamente relacionadas à

conservação da biodiversidade. No atual estágio das preocupações e dos debates

mundiais, percebe-se a necessidade urgente de uma nova ordem e da recuperação

de valores essenciais à vida, para que se possa efetivamente garanti-la.

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3.3 Conceitos, instituições e legislação pertinentes ás Unidade de

Conservação do grupo de proteção integral

Atualmente existem diversos organismos que foram estabelecidos para dar

sustentação a estas áreas e, consequentemente, alguns termos foram criados para

definir as situações de uso e legalidade. Um dos vocábulos mais empregados é o de

“Áreas Protegidas - AP”, para indicar aqueles espaços legalmente salvaguardados.

A IUCN - União Mundial para a Natureza define essas áreas como “[...] superfícies

de terra e/ou mar especialmente designados à proteção e manutenção da

diversidade biológica e dos recursos naturais e culturais associados, e gerenciados

através de leis ou outros meios efetivos (IUCN, 2002 p.10)”.

Para essa organização um Parque Nacional tem o objetivo de proteger a

integridade ecológica de um ou mais ecossistemas para as gerações atuais e

futuras, devendo oferecer um local para o exercício de atividades espirituais,

científicas, educativas, recreativas e turísticas, observando-se a compatibilidade da

proteção do ambiente mediante os aspectos ecológicos e culturais. Nos Parques

Nacionais devem ser suprimidos quaisquer tipos de exploração ou ocupação que

sejam agressivos a finalidade para a qual a área foi criada (UNEP, 2008).

No cenário brasileiro essas áreas são denominadas de Unidades de

Conservação – UCs, e, sua realidade começou a se modificar com a homologação

da Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação da Natureza – SNUC. E, para os fins previstos nesta Lei, a UC é

definida como:

[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (SNUC, 2000).

Até 1967 as UCs federais foram administradas pelo Ministério da Agricultura.

A partir de então, essa responsabilidade passou a ser do Departamento de Parques

Nacionais e Reservas equivalentes, que fazia parte do então recém criado Instituto

Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF. Em 1973 foi criada a Secretaria

Especial do Meio Ambiente – SEMA, ligada ao Ministério do Interior. Essas duas

entidades juntamente com as Superintendências da Pesca e da Borracha, foram

fundidas para formar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA (MMA, 2007).

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Dentro do IBAMA foi criada a Diretoria de Ecossistemas, que ficou

responsável pelos Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas.

Foi instituído um Conselho Nacional de Unidades de Conservação para regular as

políticas gerais de criação, aperfeiçoamento e uso dessas áreas. Em 1981 foi

estabelecido o Sistema Nacional do Meio Ambiente, tendo sua regulamentação

promulgada em 1990. O IBAMA passou então, a pertencer aos quadros do Ministério

do Meio Ambiente – MMA. Foi estabelecido também em 1981, o Conselho Nacional

do Meio Ambiente4 (CONAMA), um órgão consultivo e deliberativo com

representantes da sociedade civil. Hoje essas áreas estão sob a responsabilidade

do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade – ICMbio5 (MMA,

2007).

Algumas das normas que hoje estruturaram os conceitos de conservação já

estavam presentes na Constituição de 1937, que trazia em seu artigo 134 a seguinte

colocação:

[...] sob proteção e cuidados especiais da Nação, dos Estados e dos Municípios, os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as paisagens ou locais particularmente dotados pela natureza [...].

A partir de então muitos foram os instrumentos legais que contribuíram para a

estruturação normativa das áreas protegidas no Brasil. A fim de facilitar a

condensação destas informações, apresenta-se ao final desse documento o

Apêndice A, com o resumo das principais legislações referentes ao tema.

Dentre as principais normas instituídas no Brasil podemos aqui destacar: a Lei

4.771/1965 - Código Florestal, trazendo os atuais formatos das Áreas de

Preservação Permanentes – APP; o Decreto 84.017, que aprovou o regulamento

4 Instituído pela Lei 6.938/81, o Conselho Nacional do Meio Ambiente é um órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). Tem “a finalidade de assessorar e propor diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar [...] sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida” (MMA, 2007). 5 O Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade – ICMBio, criado pela Lei 11.516/2007, é uma autarquia federal vinculada ao MMA, com a finalidade de: executar ações da política nacional de UCs, referente às atribuições federais relativas a proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela União, bem como, a execução das políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis, apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela União. Promover e executar, em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos, programas recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde estas atividades sejam permitidas. O novo Instituto terá, ainda, o papel de fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade, de acordo com as diretrizes proferidas pelo Ministério do Meio Ambiente. Sob seus cuidados está a gestão de 288 unidades de conservação que abrangem cerca de 8% do território nacional – além criar e apoiar a gestão de 432 reservas privadas reconhecidas pelo órgão federal (MMA, 2007).

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para os PARNAs; a Lei 6.938/1981, que estabeleceu a Política Nacional do Meio

Ambiente; a Constituição Federal de 1988; a Lei 9.985/2000 que criou o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação; e a Lei 11.516/2007, que cria o Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio (MMA, 2007).

3.3.1 Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC

De acordo com MMA (2007, p.19) a criação de um sistema de unidades de

conservação no Brasil percorreu um longo processo, cujo início de sua preparação

veio através de um trabalho denominado “Uma análise de prioridades em

conservação da natureza na Amazônia”, publicado em 1976. Esse estudo de acordo

com a mesma fonte balizou a preparação do Plano do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação do Brasil, publicado entre os anos de 1979 e 1982, e

compôs o II Plano Nacional de Desenvolvimento.

O governo federal no ano de 1988 tendo em vista a promulgação da

Constituição em vigor, solicita as esferas competentes uma avaliação crítica das

categorias das UCs do país. Com isto, visava à preparação de um anteprojeto de lei

para o estabelecimento de um sistema nacional de unidades de conservação. A

proposta defendida no Projeto de Lei foi enviada ao Congresso Nacional em maio de

1992, onde permaneceu em análise até ser aprovada em junho de 2000 (MMA,

2007).

A Lei nº 9.985/2000, que estabeleceu o SNUC, foi publicada no Diário Oficial

da União no dia 19 de julho, com alguns vetos. Resumidamente a referida lei

estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de

conservação no Brasil. Além de versar sobre conceitos pertinentes ao assunto,

determina treze objetivos para o Sistema, e o organiza em doze categorias de

manejo, compostas por dois grupos (QUADRO 01).

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Grupo de Manejo Categoria de Manejo Objetivos

Parque Nacional

Preservar ecossistemas naturais de relevância ecologia e beleza cênica, pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico.

Estação Ecológica Preservar a natureza e realizar pesquisas científicas.

Monumento Natural Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

Refúgio da Vida Silvestre

Proteger ambientes naturais de forma a assegurar condições para a existência e a reprodução de espécies ou comunidades da flora e fauna residente ou migratória.

Unidades de Proteção Integral

Reserva Biológica Preservar a biota e os demais atributos naturais existentes em seus limites.

Área de Proteção Ambiental

Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Área de Relevante Interesse Ecológico

Manter ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-la com os objetivos de conservação da natureza.

Floresta Nacional

Uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e pesquisa científica, com ênfase em métodos de exploração sustentável de florestas nativas.

Reserva Extrativista

Proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais.

Reserva de Faunas

Área natural com populações animais nativas, terrestres, ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Área natural que abriga populações tradicionais cuja existência se baseia em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham papel fundamental na proteção da natureza e na sua manutenção da diversidade biológica.

Unidades de Uso Sustentável

Reserva Particular do Patrimônio Natural

Conservar a diversidade biológica, pesquisa científica, visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

Quadro 01 – Grupos e categorias de manejo das UCs e respectivos objetivos. Fonte: Adaptado de MMA, 2008.

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O grupo das Unidades de Proteção integral tem como objetivo básico a

preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos

naturais. Enquanto as Unidades de Uso Sustentável tem por objetivo compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parte dos recursos naturais

existentes nas suas áreas. As 12 categorias de manejo inseridas no SNUC

encontram equivalência no sistema universal de categorias instituído pela IUCN em

1994.

Conforme o MMA (2007), o SNUC contribuiu com uma série de avanços que

foram contemplados pela lei para a organização de um sistema de unidades de

conservação. Como principais citam-se:

• O planejamento da conservação, que visa afiançar representatividade à

diversidade de ecossistemas terrestres e marinhos do país, resguardando porções

expressivas e duradouras do patrimônio biológico presente;

• O processo de criação e a posterior gestão de unidades de conservação,

prevendo a realização com a participação efetiva das populações locais, através

de consultas públicas (excluindo as categorias: Reserva Biológica e Estação

Ecológica; e o estabelecimento de conselhos de gestão);

• A previsão de indenizações ou provimento de recursos para subsistência das

populações locais que necessitem dos recursos naturais inseridos nas áreas

declaradas como unidades de conservação;

• A proteção de grandes áreas que integrem distintas categorias e formas de manejo

e uso do solo, compondo os corredores ecológicos; devendo a gestão ser feita de

forma integrada e participativa, configurando-se os mosaicos;

• A inclusão no SNUC das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN),

dando suporte à integração de reservas em propriedades privadas à estratégia de

conservação do país;

• A instituição de formas de compensação para empreendimentos com expressivo

impacto ambiental, compelindo as empresas a designarem no mínimo 0,5% do

valor total da obra para a implementação e manutenção de unidades de

conservação de proteção integral;

• As considerações quanto à presença humana em unidades de conservação de

proteção integral já existente, com propostas de mecanismos para contorná-los,

asseverando respeito aos direitos dessas populações.

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O SNUC (2000), através dos seus objetivos e diretrizes, inseriu na legislação

mecanismos e regras que trabalhados de maneira adequada e eficaz, garantem

processos de criação e gestão de UCs mais democráticos e melhor ajustados à

dinâmica socioeconômica local.

As UCs podem ser estabelecidas em qualquer esfera governamental,

podendo estar conectadas a distintas organizações administrativas, em consonância

com sua natureza, objetivos e regimentos, criadas por força de lei. Uma parte

significativa dessas áreas estão ligadas direta ou indiretamente ao Instituto Chico

Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, contudo muitas vezes a

gestão desses organismos é compartilhada com outras instituições o que colabora

para uma melhor proteção dos valores em questão (MMA, 2007).

O SNUC é dirigido pelos seguintes órgãos:

• CONAMA, com a incumbência de acompanhar a implantação do Sistema;

• Ministério do Meio Ambiente, principal instituição responsável pela coordenação do

Sistema;

• Órgãos executores dos níveis federal, estaduais e municipais, com a missão de

implantar o SNUC.

Ao analisar os principais desafios para o estabelecimento de um sistema

nacional de unidades de conservação ecologicamente expressivo e bem gerenciado

(DOUROJEANNI e PÁDUA, 2001), distinguem os seguintes aspectos: a insuficiência

de recursos financeiros, a dificuldade de contratação e de manutenção de servidores

com qualificação adequada, as pendências fundiárias que comprometem o

planejamento e a gestão, e a instituição dos planos de manejo.

O IBAMA em parceria com a WWF-Brasil desenvolveu um estudo

(“Efetividade de Gestão das Unidades de Conservação do Brasil”) entre os anos de

2005 e 2006, utilizando-se do método Rappam6, pelo qual foram analisadas 84,4%

das UCs federais, avaliando também o SNUC. Foram avaliadas 246 UCs sendo 116

pertencentes ao grupo de proteção integral. Esta análise foi efetivada através de

questões pertinentes aos módulos: “desenho do Sistema”, “políticas relacionadas às

unidades de conservação” e “contexto político existente”.

Dentre as considerações mais importantes em relação aos módulos

aplicados, concluiu-se que: um dos aspectos mais frágeis em relação ao desenho do

6 Rappam – Método de Avaliação Rápida e Priorização da Gestão de Unidades de Conservação (MMA, 2007).

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sistema é a proteção insuficiente das espécies, bem como, a baixa integridade

ecossistêmica, indicando a necessidade de somar uma variedade de “processos

naturais e padrões de paisagem ao Sistema”; as políticas relacionadas às unidades

de conservação foram consideradas “críticas”; e o contexto político existente obteve

uma avaliação “baixa”, em seus resultados (MMA, 2007 p.42).

Diante de tais considerações, e constatando a importância dessas áreas de

proteção, é previsto em lei que todas as UCs devem contemplar no planejamento de

sua gestão, um plano de manejo. Este deverá compreender todo o espaço da

unidade, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos dos quais sejam

componentes, proporcionando a integração das comunidades do seu entorno.

Sendo garantido também pela lei, a participação da sociedade na preparação,

implementação e atualização de planos de manejo de todas as categorias de UCs,

previstas no SNUC. No entanto, através de levantamento feito pelo MMA (2007),

somente 28% da parte federal do Sistema possuem planos de manejo aprovados,

enquanto as UCs estaduais, não possuem sequer, dados consolidados sobre sua

situação.

Nas UCs de Proteção Integral, estão inseridos os Parques Nacionais, que são

de posse e domínio público, cujo objetivo básico, já destacado anteriormente, entre

outras opções permite a recreação em contato com a natureza e o exercício do

turismo ecológico ou do ecoturismo.

3.4 O desenvolvimento do ecoturismo no contexto turístico

Um rápido retrospecto na leitura da história do turismo é necessário para

entendermos o contexto da evolução do ecoturismo. O homem na construção do seu

processo criativo e de desenvolvimento, organizou ambientes culturais próprios o

que levou aos primeiros movimentos. Os povos Grego e Romano contribuíram

imensamente nesse processo estabelecendo condições e práticas que motivaram as

viagens que em certo grau poderiam ser apontadas como as precursoras do que

hoje conhecemos por turismo.

A Revolução Industrial a partir do século XIX, quando se expandiu, provocou

profundas mudanças nas estruturas sociais, política, econômica e cultural. Com as

inovações tecnológicas em várias vertentes da navegação (astrolábio, bússola,

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cartografia), das comunicações, dos transportes e das finanças. Após a Segunda

Guerra Mundial a sociedade passa a vivenciar uma série de acontecimentos que

viriam a marcar um período de grandes transformações. Nesse contexto o turismo

vai se desenvolvendo e se estabelece como uma das atividades mais marcantes do

século XX. Como elementos propulsores, pode-se destacar: a organização de

classes trabalhadoras, o tempo livre, o descanso remunerado, os avanços

tecnológicos e as excursões organizadas (CASTELLI, 2000).

Segundo Ansarah (2001) foram raros os sociólogos ou economistas que

vislumbraram a expansão que o turismo iria alcançar. Com o crescimento da

economia mundial logo o turismo torna-se uma atividade sedutora e lucrativa. As

viagens se tornam cada vez mais dinâmicas possibilitando as pessoas de classes

sociais distintas o acesso a diversas regiões do planeta. Pires (2002, p.34) faz uma

importante consideração quando diz que o turismo apresenta “já na década de 1950,

níveis de pré-massificação”. O autor ainda observa que essa época foi marcada por

uma postura social onde os “valores materiais” decorrentes do avanço econômico

suplantavam as questões ambientais.

Uma série de ocorrências negativas foi sendo constatada a partir de então

com o “turismo de massa”, refletindo principalmente na qualidade ambiental das

localidades receptoras e na população residente. Pesquisadores da área citam

vários exemplos de problemas causados por essa massificação, entre eles:

degradação de culturas tradicionais, ruptura dos valores culturais e desequilíbrio da

economia local, poluição e destruição do meio natural, violação de lugares sagrados,

especulação imobiliária, expulsão de populações autóctones, formação de “guetos”

turísticos, entre outros (PIRES, 2002).

A década de 1960 assinalou várias transformações no modo como a

sociedade mundial respondia a determinados paradigmas. Iniciava-se um

movimento denominado comumente de “contracultura”, com manifestações que

mobilizavam simpatizantes principalmente nos EUA e em alguns países da Europa.

À medida que esse processo ia se desenvolvendo correntes ideológicas iam se

formando contestando os costumes e a ordem reinantes (PIRES, 2002).

Estudiosos afirmam que, o caráter cultural e ideológico dessa fase

transformou o pensamento de grande parte das comunidades intelectuais do mundo,

e no Brasil não foi diferente. Determinados segmentos e instituições começaram a

demandar transformações em várias esferas, incluindo a ambiental, que clamava por

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um turismo alternativo. A partir de meados da década de 1970 a atividade turística

praticada em massa, passou a ser percebida mais atentamente e seus impactos

negativos começaram a ser questionados mais veementemente, surgindo então,

entre outros movimentos, o ambientalista.

As abordagens conceituais que surgiram a partir do “alternativo” formaram um

amplo leque de termos para identificar novos segmentos, que viriam a ser reunidos

no “turismo na natureza ou turismo baseado na natureza”. O conceito ou a definição

de ecoturismo ainda hoje é alvo de pesquisas e controvérsias. Sua evolução e

transformação acontecem na medida em que as práticas inerentes a esta atividade

ganham novos adeptos, e se estabelecem novos perfis. As bases que o difundiram

de acordo com PIRES (2002) vem do jovem aventureiro que, dedica seu tempo de

lazer em viagens para lugares longínquos e exóticos do planeta ansiando por novas

descobertas. Esse fator conforme constatado pelo autor converteu-se num dos

principais mecanismos para seu desenvolvimento.

O termo ecoturismo foi utilizado pela primeira vez por Ceballos-Lascuráin que

propôs um dos conceitos mais aceitos e difundidos como cita Pires (2002, p.145)

quando diz que:

Ecoturismo é a realização de uma viagem a áreas naturais que se encontram relativamente sem distúrbios ou contaminação, com o objetivo específico de estudar, admirar e desfrutar a paisagem juntamente com suas plantas e animais silvestres, assim como qualquer manifestação cultural (passada ou presente) que ocorra nessas áreas (CEBALLOS-LASCURÁIN, 1993).

A IUNC (2008, p.85) em documento intitulado - Building Biodiversity Business,

traz que a definição aceita de ecoturismo pela Sociedade Internacional de

Ecoturismo (TIES) é “viagem responsável para áreas naturais que conservam o

ambiente e melhoram o bem estar da população local”.

Um dos conceitos de referência no Brasil foi proposto pela EMBRATUR

(1994, p.19), sendo o ecoturismo visto como:

Um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

Percebe-se que nas acepções é significativa a relação do ecoturismo com a

sustentabilidade dos locais onde é praticado, sendo inerente à sua prática a

responsabilidade com a comunidade receptora. De acordo com o Mtur (2007) uma

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prática turística para ser percebida como ecoturística deve ser praticada de uma

forma sustentável, propondo ações que sensibilize, informe e demonstre ao turista a

importância da área visitada.

O ecoturismo na visão de Andersen (2002, p. 206) representa uma quebra

com a usual opção turística: sol, mar e areia. Ele chama à aventura, oportunizando o

aprendizado e a conservação, levando a uma experiência espiritual com a natureza.

Conforme manifesta Kinker (2002), o ecoturismo é um segmento que se

distingui por contemplar a experiência educacional interpretativa, e exaltar as

culturas tradicionais locais. Para a pesquisadora a atividade assim delineada

apresenta uma relação indiscutível com as UCs, e em particular com Parques

Nacionais.

Nas “Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo” (1994), os

objetivos do ecoturismo são: aumentar a receita gerada nas diversas áreas

conservadas, possibilitando-lhes recursos para a manutenção destas e das

comunidades locais; fomentar a visita ordenada; preservar os recursos naturais e as

paisagens cênicas locais; e promover a utilização racional do patrimônio natural.

De acordo com Lindberg e Hawkins (2002), é crescente o interesse por esta

atividade entre os vários setores das nações em desenvolvimento (governos,

operadoras comerciais, ONGs e conservacionistas), e isso sinaliza a potencialidade

desse segmento em termos econômicos e de conservação. Os autores afirmam que

os ecoturistas despendem bilhões de dólares anualmente em suas viagens, e que os

mesmos gostam de utilizar os serviços locais.

A trajetória atual deste segmento vem demonstrando o que alguns

pesquisadores já haviam antevisto. O ecoturismo, no diz respeito à sustentabilidade,

tem demonstrado ser um gerador de receitas para a proteção e manutenção das

UCs, com a venda de ingressos. Percebe-se, também, que o envolvimento de ONGs

em seu planejamento e operação tem crescido, e com isso a qualificação das

pessoas envolvidas diretamente com a oferta de serviço tem melhorado. E, ainda, o

fortalecimento da idéia de turismo sustentável, com a probabilidade de aumento do

ecoturismo particularmente no aspecto econômico (IUCN, 2008).

Em contrapartida, crescem também as incertezas, quando se depara com os

aspectos limitantes e as barreiras que se apresentam a real condição de

desenvolvimento sustentável. Atualmente, são vários os pesquisadores que colocam

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em dúvida, ou até mesmo vêem como uma utopia, a possibilidade do paradigma da

sustentabilidade vir a tornar-se possível.

Segundo Boo (2002, p.34), existe uma expectativa crescente entre os

administradores sobre o que precisamente o ecoturismo pode suscitar aliado ainda,

a uma apreensão geral em relação aos desafios que ele propõe. A autora lembra

que o “impacto teórico (positivo / negativo)” desta atividade já é de conhecimento

público. Como “custos potenciais”, citam-se: a degradação ambiental em maior ou

menor grau, as iniqüidades, e as inconstâncias econômicas, além das mudanças

socioculturais negativas; já como “benefícios potenciais” têm-se entres outros: a

geração de emprego e receitas nas localidades, a sensibilização para a necessidade

de conservação e a educação ambiental.

Os custos e benefícios potenciais suscitam respostas conflitantes em relação

ao ecoturismo. Ruschmann (2003) esclarece que os impactos advindos do turismo

abarcam uma série de acontecimentos ou um conjunto de transformações, inerentes

a prática da atividade nos locais onde ocorrem. Esses impactos provêem de um

processo e não constituem acontecimentos isolados, tendo seus resultados medidos

em diferentes graus, algumas vezes com conseqüências negativas irreversíveis.

A atividade ecoturística depende da conservação dos recursos das áreas

naturais. Costa (2002, p.43) entende que o Parque Nacional é o “principal elemento

dentre as áreas naturais protegidas brasileiras” e no que concerne ao ecoturismo,

indubitavelmente são as áreas mais atrativas. Os Parques, na opinião de Schaik e

Rijksen (2002, p.37) “são a pedra angular da conservação da biodiversidade”.

Diante de todas as inquietações que surgem a despeito do paradigma da

sustentabilidade, os estudos e pesquisas concernentes as Unidades de

Conservação, em particular as de proteção integral como os Parques se fazem

extremamente necessários, a fim de asseverar os benefícios desse segmento.

3.5 Atividade turística em áreas protegidas

Somos testemunhas de uma época em que milhões de pessoas se deslocam

a todo momento de seu habitat, para conhecer outros destinos. As razões passam

pelos mais diversos interesses: recreação, saúde, prática esportiva, negócios,

eventos, ou por qualquer outro motivo.

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Segundo dados divulgados pelo Banco Central - BACEN, no mês de março

de 2008, US$ 518 milhões ingressaram na economia do país através do gasto de

turistas estrangeiros. O valor supera em 19,44% a quantia registrada em março de

2007, segundo melhor mês de toda a série histórica, com controle iniciado em 1969

(MTur, 2008).

O número de turistas superou a casa dos 800 milhões no mundo. No Brasil, o

potencial turístico apresenta sinais de consolidação, com o governo federal através

do Ministério do Turismo - MTur, procurando executar os programas e ações, como

o PNRT - Programa Nacional de Regionalização do Turismo, buscando desenvolver

o produto turístico brasileiro, estimulando e facilitando seu consumo. Não obstante a

conversão do turismo em uma atividade de efetiva relevância econômica para a

nação se insira em um longo processo, as estatísticas e os indicadores oficiais

apontam para uma boa perspectiva (EMBRATUR, 2008).

A Organização Mundial do Turismo – OMT (2007) analisando as atuais

tendências da atividade turística, aponta o ecoturismo como um dos segmentos mais

promissorres em várias regiões do mundo. Reconhecendo que os turistas têm

buscado com uma frequência maior as áreas naturais, em busca de conhecimento,

lazer, aventura e esporte. Nas avaliações da Sociedade Internacional de Ecoturismo

(TIES), o ecoturismo desde a década de 1990 tem alcançado taxas em percentuais

em torno de 20 a 34% por ano, provavelmente uma taxa três vezes maior do que os

índices alcançados pelo turismo com um todo (BISHOP et al, 2008).

Os PARNAs por serem áreas de forte apelo paisagístico, elevada

biodiversidade e contemplarem a visitação pública como um dos seus principais

objetivos, tem registrado aumentos crescentes no número de turistas em todo o

mundo. O aporte de turistas em áreas naturais, de acordo com Kinker (2002),

inevitavelmente modifica as condições do meio ambiente, já que esses locais são

naturalmente fragéis, e por conseguinte, possuem uma capacidade limitada de

suportar pressões. Com isto aumentam os potenciais impactos negativos, causados

normalmente pela falta ou pela inadequação entre os planejamentos ambiental e o

uso turístico.

A pesquisadora alerta que a impressão que se procura transmitir é que sendo

uma atividade feita na natureza e por propalar princípios ambientalistas, provoca

minimos impactos nas áreas visitadas, mas que na realidade se não for planejado

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adequadamente pode causar mais malefícios do que qualquer outro seguimento do

turismo.

Em muitas regiões essa alternativa tem revertido em um significativo fator de

rentabilidade, a exemplo dos Parques Nacionais dos EUA, da Espanha e do

Canadá. Terborgh (2002) comenta que, a importância que os PARNAs dos EUA têm

para a sociedade é indicada pelo montante do orçamento que os sustenta, cerca de

U$ 2,4 bilhões em 2001. Outro aspecto relevante diz respeito à promoção turística

de países que se utilizam dessas áreas para sua projeção no cenário mundial. Um

dado importante fornecido pela OMT é que 66% dos ecoturistas quando indagados

qual o motivo principal que o leva a escolher uma determinada localidade, apontam

para a visita em Parques (OMT, 2007).

Quando se observa ou se faz uma análise da maioria dos Parques de origem

histórica e cultural, principalmente aqueles considerados como importantes destinos

turísticos, estes não estão classificados dentro das categorias da IUCN. A razão

disso, é que o objetivo principal dessas áreas é a visitação pública (EAGLES,

McCOOL, HAYNES, 2002).

No Brasil, de acordo com dados do MMA (2007), o número de visitantes em

Parques Nacionais teve um incremento superior a 50% entre os anos de 2000 e

2005. As demandas atuais pressupõem uma necessidade urgente de sensibilização

e cidadania, de revermos algumas das posições adotadas por vários segmentos da

sociedade e por cada um individualmente. Para entender e melhor gerir esses

espaços, seja em qualquer nível, é fundamental o seu planejamento, para que a

atividade turística possa efetivamente garantir sua preservação, favorecer as

comunidades autóctones e os visitantes.

Existem alguns aspectos que envolvem e afetam o planejamento turístico nas

áreas protegidas. De acordo com Eagles, McCool e Haynes (2002, p.13), o

planejamento é um processo que envolve a “seleção de uma alternativa de um

futuro desejável, a partir de possibilidades plausíveis”. Pressupondo, além disso, o

estabelecimento de estratégias e ações para se obter o resultado pretendido.

Para Petrocchi (2002), o planejamento pode ser visto como os procedimentos

sistemáticos de um conjunto de decisões, justamente integradas, que expressa os

propósitos e estabelece os meios para atingi-los. Os pesquisadores de maneira geral

lembram que, é importante nesse sentido que os gestores que operam com o

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turismo conheçam e compreendam as tendências sociais, políticas, econômicas e

culturais.

Todos estes aspectos compõem o cenário para se desenvolver o

planejamento. A compreensão deles fornece elementos que oportunizam o

desenvolvimento de ações que sejam mais adequadas e efetivas. Possibilitando

ainda que, estratégias e ações possam ser adaptadas, conforme a situação vá se

modificando. O dinamismo dessa atividade é colocado por grande parte dos

estudiosos como um ponto vital a ser observado, sendo que, os gestores de

Parques precisam ter conhecimento de como, porque, e em que grau isso ocorre.

A IUCN (2002, p.14) alerta que o aumento do interesse no turismo sustentável

e no ecoturismo, refletem uma “onda emergente” de inquietação social, no que

concerne a qualidade do ambiente natural e das implicações que o turismo pode

causar nessas áreas. As atividades em áreas protegidas estão estreitamente

associadas com a experenciação do ambiente natural, e essas interações são feitas

de várias maneiras, e nem sempre é possível antecipar as conseqüências da

visitação. Outro aspecto levantado pela organização é que, a elevação do nível

educacional principalmente em países em desenvolvimento está aumentando.

Acredita-se que, níveis mais elevados de educação estejam fortemente relacionados

com a demanda por atividade recreativa em ambientes naturais, conduzindo a

mudanças nos padrões de recreação e de turismo.

A importância dos Parques Nacionais tem sido evidenciada em diversos

estudos que demonstram sob diferentes enfoques a posição delicada desses

espaços. O incremento do turismo nestas áreas exige, portanto, o ordenamento das

atividades ali desenvolvidas, e normas que garantam o cumprimento dos objetivos

que sustentam essas áreas de proteção. Na visão de Blangy e Wood (2002), as

diretrizes constituem uma forma positiva e eficaz de promover a conscientização

para a conservação e para o desenvolvimento sustentável da atividade turística

nessas UCs, sendo sua implementação e divulgação, imprescindíveis à proteção

dos cenários ecológicos e culturais.

Os preceitos ecoturísticos normalmente refletem o pensamento da

organização que as elaboraram, funcionando como uma ferramenta eficaz na

comunicação com os visitantes, a fim de minimizar os impactos negativos. Para

tanto, devem ser bem planejadas e preparadas, para atingir os mais variados tipos

de visitantes. Entre os freqüentadores de áreas naturais, existem algumas dezenas

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de grupos diferenciados, surgindo novos adeptos e modalidades com certa

constância. Esses turistas devem ser orientados através de instrumentos que

formem um conjunto geral ou específico de procedimentos (BLANGY e WOOD,

2002).

Refletindo sobre todas essas implicações, busca-se uma nova percepção do

grau de contribuição de cada um, para que de fato venhamos a ter um planeta mais

justo, mais equilibrado e com menos desigualdades sociais. Onde a conservação e a

manutenção do meio ambiente para as gerações futuras transforme-se em

realidade, e as atuais taxas de extinção de espécies possam ser, se não eliminadas,

diminuidas drasticamente (TERBORGH, 2002; RUSCHMANN, 2003).

3.6 O manejo das Unidades de Conservação de proteção integral

Há diversos aspectos que permeiam o manejo das áreas de proteção integral,

por isso mesmo, não há equação específica para fazê-lo. São muitas as técnicas

para se manejar uma UC e existe uma bibliografia considerável a respeito de como

manejá-las correta e eficientemente. O manejo de Unidades de Conservação é

definido pelo MMA (2006, p.61) como:

o conjunto de ações e atividades necessárias ao alcance dos objetivos as Unidades de Conservação, incluindo as atividades fins como proteção, recreação, educação, pesquisa e manejo de recursos, bem como as atividades de administração ou gerenciamento.

Esse gerenciamento envolve uma infinidade de instrumentos que dão suporte

ao controle ambiental, promovendo avaliações em todos os níveis da unidade de

conservação. Sendo o “manejo” conceituado pela mesma instituição a partir do:

ato de intervir, direta ou indiretamente, no meio natural com base em conhecimentos científicos e técnicos, com o propósito de promover e garantir a conservação da natureza. Medidas de proteção dos recursos, sem atos de interferência direta nestes, também fazem parte do manejo (MMA, 2006, p.61).

Na compreensão de Kinker (2002, p.39) o manejo é o “conjunto de ações que

lidam com operações do dia-a-dia, necessárias para alcançar os objetivos de um

plano”. Para a autora, manejar uma área protegida corresponde a administrar

satisfatoriamente todos os recursos existentes nela, biofísicos ou humanos. Salienta

que, conforme Ceballos-Lascuráin preconizou (1996), é imprescindível que se tenha

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ciência de todas as nuanças que integram tanto os processos ecológicos, como os

humanos, inclusive no entorno da unidade de conservação, por esses interferirem

com os ecossistemas ali existentes.

As dificuldades elementares relacionadas ao manejo das UCs podem ser

estabelecidas dentro dos seguintes grupos: recursos financeiros; situação fundiária;

planos de manejo e seu real aproveitamento; autonomia administrativa,

descentralização; participação efetiva na gestão; e pessoal (DOUROJEANNI e

PÁDUA, 2001).

Os autores lembram que a situação irregular da terra provoca de imediato,

dificuldades no estabelecimento do plano de manejo. Assim, pode-se dizer que, vai

se formando um “efeito cascata”. Por exemplo, não havendo a regularização, não se

pode obrigar o proprietário a sair da terra, nem a retirada de gado por ventura ali

existente, e assim sucessivamente, vão se criando outros empecilhos. Tornando-se

impraticável o controle de fogo, caça e da degradação de forma geral, o que

consequentemente gera uma perda irreparável da biodiversidade.

Neste aspecto, Brockelman, et al (2002, p.292) esclarecem que a despeito

das medidas legais não serem de todo “populares” é muito importante o

fortalecimento desses mecanismos de forma adequada e equilibrada. Lembram que,

para o manejo de Parques, tais instrumentos são considerados básicos como: a

educação do visitante, a adesão da comunidade local e a formação de parcerias

para a conservação.

Na investigação por mecanismos que agreguem outros aspectos a

fiscalização tradicional, destaca-se: a promoção da conscientização, utilizando-se de

amplas formas de divulgação dos regulamentos; o apoio de ONGs

conservacionistas, lembrando que esses organismos costumam promover ações

juntos aos diversos atores, como os turistas, comunidade local e mídia; e o apoio de

pesquisadores, porque esses costumam fornecer informações importantes que

podem auxiliar o monitoramento da área (BROCKELMAN, et al., 2002).

Na gestão dos Parques, os planos de manejo são instrumentos fundamentais,

estes se referem a um documento técnico através do qual, se constitui o

mapeamento e as regras que devem orientar o uso da área e o manejo dos recursos

naturais. Eles contemplam inclusive a implantação das estruturas físicas

necessárias, observando os objetivos gerais da unidade de conservação (SNUC,

2000).

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Entretanto, apesar de sua importância, Dourojeanni e Pádua (2001 p.86),

afirmam que “a maior parte dos planos de manejo é feita com escasso conhecimento

da área, sem escutar os interessados e afetados locais e, em particular, sem aplicar

o senso comum”. Este é um dos atuais desafios dos Parques brasileiros, pois apesar

da visitação pública estar condicionada à sua existência, a realidade é que dentre os

62 Parques existentes, somente 30 possuem seu plano de manejo implantado

(MMA, 2007).

A explicação para essa situação, é de certa forma consensual entre os

pesquisadores, que a justificam sob os seguintes aspectos: a escassez de recursos

financeiros e humanos, contrapondo-se ao número de criação de novas áreas

protegidas nas últimas décadas; a necessidade de consonância com as novas

exigências do SNUC, como estabelecer roteiros metodológicos e instituir conselhos;

a imperiosidade de solucionar as questões fundiárias e ainda a exigência de

inúmeras pesquisas para sua elaboração, exigindo além dos recursos financeiros,

um prazo relativamente extenso para realização do trabalho (MMA, 2007; RICARDO

e LIMA, 2007).

É voz corrente entre os estudiosos que um dos problemas mais delicados

inerentes as UCs, é a falta de funcionários e de qualificação. As informações

atinentes ao número de servidores designados para realizar os trabalhos de

administração e de campo em áreas protegidas, foram avaliadas após o

levantamento feito pelo Grupo de Trabalho Interministerial - GTI7 em 2006. Estes

números revelaram que há um déficit de 7.046 pessoas somente no âmbito federal,

enquanto nas 25 unidades que compõem o Plano de Ação para a Estruturação e

Promoção em Parques Nacionais, foi registrado um déficit de 21 analistas

ambientais, 35 técnicos e 1.038 funcionários de nível básico (GTI, 2007 apud MMA,

2007 P.102).

Paralelamente a contratação de servidores em quantidade adequada, a

qualificação destes é vital para uma gestão eficiente, sendo a capacitação um

requisito básico para produzir um serviço de qualidade. Afinal, quanto mais

abrangente for à ótica do cidadão em relação a organização na qual está inserido,

maior é o discernimento das implicações de suas atitudes.

7 Grupo de Trabalho Interministerial – GTI, formado pelo Ministério do Meio Ambiente, pelo órgão gestor federal, pelo Ministério do Turismo e pelo Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR, com o objetivo de promover o turismo nos Parques Nacionais (MMA, 2007).

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Todos esses aspectos abordados até o momento estão diretamente

relacionados aos recursos financeiros e as prioridades políticas destinadas a essas

áreas de proteção. Dourojeanni e Pádua (2001, p.276) afirmam que em linhas gerais

“é mais fácil obter apoio político e financeiro para criar e implantar UCs que para

manejá-las ou mantê-las”. Os pesquisadores citam como principais fontes de

recursos financeiros: bancos multilaterais de desenvolvimento, em particular o Banco

Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID; fundos internacionais

como a Global Environmental Facility – GEF; governos da Alemanha, Japão,

Holanda, Canadá, entre outros; ONGs internacionais como a WWF. Contudo, o

principal agente provedor dos recursos financeiros continua sendo o governo federal

do próprio país.

Após análise da execução orçamentária o MMA (2007, p.104) informa que os

gastos totais com a gestão ambiental, giram em torno de R$ 1 bilhão de reais, cifra

que se conservou estável nos cinco anos analisados (2002 a 2006). Esse valor

corresponde a aproximadamente 0,11% do orçamento federal anual. A receita com a

arrecadação através da visitação, não tiveram condições de ser avaliadas “por falta

de informações confiáveis sobre a aplicação dos recursos obtidos em benefício das

unidades”. As pesquisas apontam que o ingresso de visitantes não cobre, na maioria

dos Parques Nacionais, nem 20% dos custos de sua operação.

Os planos de sustentabilidade financeira do SNUC vêm sendo estudados

desde 2005 pelo Grupo Temático de Sustentabilidade Financeira – GT do SNUC. O

montante apresentado para o adequado funcionamento das unidades federais e

estaduais que compõem o SNUC, foi na ordem de R$860 milhões de reais anuais.

Nesse documento, o GT cita 14 fontes de financiamento, classificadas em três

categorias: receitas efetivas; receitas potenciais; e mecanismos indiretos. Nas fontes

efetivas estão os orçamentos: do órgão gestor federal, do MMA, do Fundo Nacional

do Meio Ambiente, do Fundo de compensação ambiental, e Fundo de cooperação

internacional. Já como potenciais são aventados: as Concessões Florestais, o Fundo

de Áreas Protegidas – FAP; a cobrança por serviços hídricos prestados pelas áreas

protegidas; o Carbono; a Bioprospecção; e o Extrativismo (MMA,2007).

O GT completa o seu estudo, assegurando ser provável “uma crise de

sustentabilidade econômica do SNUC”, em decorrência das dificuldades atuais e à

possibilidade de ampliação do Sistema. Para minimizar essa situação faz as

seguintes indicações: revisar o modelo de gestão administrativa e financeira; aplicar

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na consolidação da base de dados do SNUC; resolver a defasagem de funcionários,

especialmente o pessoal de campo; consolidar os fundos ambientais existentes;

apoiar a estruturação do ecoturismo em parques nacionais, planejando a gestão e

aprimorando o sistema de arrecadação decorrente da visitação (MMA, 2007 p.109).

O manejo da visitação é um dos pontos mais preocupantes entre os gestores

de Parques Nacionais em todo o planeta. São vários os aspectos que permeiam

essa atividade e um dos mais delicados, é definir o equilíbrio entre o ambiente, e o

número de visitantes que este suporta. Procurando auxiliar nesta questão, alguns

estudiosos têm desenvolvido métodos desde a década de 1980, como comenta

Cifuentes (2000, p.12) “La evaluación de la efectividad del manejo de las áreas

protegidas de la India fue por primera vez llevada a cabo en 1984, utilizando

cuestionarios de más de 500 preguntas8”. A partir desses métodos, criou-se o

conceito de “capacidade de carga”, tido como um dos suportes para o planejamento

do uso público.

Davenport et al (2001, p.317) comentam que os estudos para estabelecer a

capacidade de carga dos parques têm sido analisados como a “cura universal para o

manejo de visitantes”. Os autores esclarecem que são adotadas três classificações:

a capacidade de carga física do local; a capacidade de manejo do pessoal da UC; e

a capacidade social de carga, onde o número máximo de visitantes é estimado de

maneira a preservar a qualidade da experiência do visitante.

No turismo o conceito de capacidade de carga é bastante difundido e pode

ser entendido como a relação equilibrada entre o número de visitantes, o espaço a

ser visitado e o tempo de duração dessa visita, evitando danos ao meio ambiente.

Um dos fatores mais relevantes citado por pesquisadores é o impacto ambiental que

a atividade turística poderá causar.

De acordo com Matheus (2003), são várias as metodologias criadas para o

controle de capacidade de carga e manejo de visitantes, estas vêm sendo aplicadas

em unidades de conservação em várias nações, mas de forma mais evidente em

países como os Estados Unidos da América, a Costa Rica, o Canadá e a Austrália.

Dentre as metodologias mais difundidas citam-se: Visitor Impact

Managemente - VIM (Manejo do Impacto da Visitação); Limits of Acceptable Change

- LAC (Limites Aceitáveis de Câmbio); Recreation Opportunities Spectrum - ROS

8 O cálculo da efetividade do manejo das áreas protegidas da Índia foi realizada pela primeira vez em 1984, utilizando um questionários de mais de 500 perguntas ( tradução da autora, 2008).

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(Espectro das Oportunidades de Recreação; Environmental Impact Assessment

(EIA) ou Estudo de Impacto Ambiental); Visitor Experience and Resource Protection

- VERP (Experiência do Visitante de Proteção de Recursos); Visitor Activity

Management Process - VAMP (Processo de Gestão das Atividades de Visitação);

Tourism Optimization Model -TOMM (Modelo de Gestão de Otimização do Turismo).

No entanto, uma das mais conhecidas e mais utilizadas é a proposta por

Miguel Cifuentes, compilada no manual “Determinación de capacidad de carga

turistica em areas protegidas”, que objetiva estabelecer o número máximo de

visitantes que uma área pode receber, considerando suas condições físicas,

biológicas e de manejo. De acordo com Cifuentes, essa capacidade de carga pode

ser analisada em três níveis: Capacidade de Carga Física (CCF), traduzida pela

relação entre espaço disponível e espaço necessário para pessoas; Capacidade de

Carga Real (CCR), quando a CCF é submetida a Fatores de Correção (FC)

característicos de cada zona; e Capacidade de Carga Efetiva (CCE), que reduz a

CCR em função da capacidade de manejo da área (CIFUENTES, 2000).

Essas metodologias conforme explicam Davenport et al (2001, p.319),

enfatizam indicadores de monitoramento que podem conter fatores abióticos ou

bióticos diversos, recomendados pelos objetivos do parque, e as taxas de visitação.

Dentre os possíveis indicadores propostos, por exemplo, pelo método LAC - Limites

Aceitáveis de Câmbio, os autores citam: freqüência de encontros com outros

visitantes; quantidade de erosão ou de compactação as trilhas; qualidade da água;

entre outros.

O manejo de Parques como pode ser inferido, requer na sua estrutura vários

níveis administrativos, que possam lidar com todas as categorias de problemas e

ameaças, utilizando-se das ferramentas e instrumentos disponíveis para atingir os

objetivos a que se destina.

3.7 Uso público / visitação nos parques nacionais brasileiros

A visitação nos Parques pode ser considerada um fenômeno relativamente

novo e pouco difundido no Brasil. São diversos os cenários sociais, econômicos e

ecológicos que caracterizam essas áreas, onde, a visitação é entendida também,

como uso público.

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A trajetória dos Parques no Brasil pode ser mais bem compreendida sob a

ótica proposta por Drumond (1997) que os classificou em “gerações”. O autor analisa

que houve certa irregularidade na criação dessas UCs, o que provocou longos

intervalos, entre uma geração e outra. O que pode ser avaliado sob alguns aspectos,

como: os regimes de governo que marcaram as décadas das três primeiras

gerações; a inconstância nas políticas governamentais direcionadas às unidades de

conservação; e a ausência de planejamento.

Drumond observa ainda que, entre a primeira e a segunda geração, um dos

aspectos que mais chama a atenção é que as primeiras UCs foram criadas próximas

ao litoral, o que contribuía para fomentar a visitação, como forma de recreação para

a população. Já alguns Parques da segunda geração foram direcionados a

localidades do interior do país, mais especificamente à região Centro Oeste, como o

da Chapada dos Veadeiros, Emas e Brasília.

Alguns estudiosos defendem que o estabelecimento desses Parques

Nacionais só se concretizou por força da concepção de Brasília, não tendo como

objetivo principal de criação, a preservação do meio ambiente. Contrapondo parte

dessa argumentação, historiadores afirmam que, a criação principalmente, do

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, deve-se ao esforço da Fundação

Coimbra Bueno, cujo principal objetivo era a preservação do Cerrado (LIMA, 2004).

Para Pádua (1997) as UCs criadas entre 1937 até meados da década de

1970, não possuíram critérios técnicos, científicos e não contemplavam a idéia de

um sistema. O estabelecimento dessas áreas teria sido embasado por motivos que

transitavam entre o oportunismo político, as belezas cênicas, ou os fenômenos

geológicos que por sua magnitude justificavam tais criações.

A fim de visualizar melhor as gerações apresenta-se no Quadro 02 a criação

dos Parques Nacionais separados por décadas. Analisando mais atentamente o

estabelecimento dessas UCs percebe-se que na década de 1970, após a criação

dos Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra da Canastra em 1972, as UCs

posteriores concentraram-se no ano de 1979. Já a década de 1980 foi a que

apresentou maior regularidade nas criações e a que contemplou a maior diversidade

de biomas. A década de 1990 caracterizou-se por manter mais um longo intervalo

entre as criações instituindo o PN da Serra Geral em 1992 e só estabelecendo novos

parques a partir de setembro de 1997. A partir de 2000 os Parques Nacionais têm

sido estabelecidos com relativa freqüência abrangendo grande parte dos biomas.

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Atualmente os Parques Nacionais – PARNAs, no Brasil somam 62 UCs,

ocupando uma área de 219.434 km, podendo ser categorizados em seis gerações

separados por décadas como demonstra o Quadro 02.

Gerações Período Parques Nacionais

criados

primeira 1937 - 1939 Itatiaia, Iguaçu e Serra dos Órgãos.

segunda 1959 - 1961

Ubajara, Araguaia, Chapada dos Veadeiros, Emas, Caparao, Sete Cidades, São Joaquim, Tijuca, Brasília e Monte Pascoal.

terceira 1971 - 1979

Serra da Bocaina, Aparados da Serra, Serra da Canastra, Serra da Capivara, Pico da Neblina, Pacaás Novos.

quarta 1980 - 1989

Cabo Orange, Jaú, Lençóis Maranhenses, Pantanal Mato-grossense, Marinho de Abrolhos, Serra do Cipó, Chapada Diamantina, Lagoa do Peixe, Amazônia, Marinho de Fernando de Noranha, Chapada dos Guimarães, Grande Sertão Veredas, Superagui, Serra da Mocidade, Serra do Divisor, Monte Roraima.

quinta 1992 - 1999

Serra Geral, Ilha Grande, Viruá, Serra das Confusões, Restinga de Jurubatiba, Descobrimento, Pau Brasil, Cavernas do Peruaçu,

sexta 2000 a 2007

Serra da Bodoquena, SaintHilaire/Lange, Serra da Cutia, Jericoacoara, Nascentes do Rio Parnaíba, Sempre-Vivas, Catimbau, Pontões Capixabas, Serra do Itajaí, Rio Novo, Serra do Pardo, Serra de Itabaiana, Araucárias, Chapada das Mesas, Jamanxim, Campos Gerais, Jurema, Campos Amazônicos.

Quadro 02 – Gerações de parques nacionais criados no Brasil Fonte: Adaptado de MMA, 2007.

Os Parques Nacionais sendo considerados como bens públicos pressupõem

o oferecimento de opções de visitação a todos os segmentos da sociedade. O

equilíbrio de todos os fatores que alimentam esse processo é de uma complexidade

tamanha que exige uma ampla abordagem para um planejamento adequado do seu

uso.

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Inúmeros estudos revelam que esta tarefa tem-se mostrado árdua, pois há

diversas linhas de interesses que acabam por não convergir para as ações que

venham a garantir o cumprimento dos objetivos primordiais dos Parques.

Procurando reverter essa situação a Diretoria de Ecossistemas do IBAMA,

juntamente com o MMA, criaram o Programa de Uso Público, também denominado

de Programa de Visitação em Parques Nacionais, que objetiva estruturar e qualificar

a visitação nestas áreas, em harmonia com o manejo e as necessidades de cada

uma (MMA, 2007). Este, repartido em subprogramas comporta alguns planos que

visam garantir uma administração eficiente, uma visitação de qualidade e a efetiva

conservação de todo o espaço.

A princípio o programa elegeu 25 parques9 dentre os 62 existentes. Para

tanto, considerou a situação atual de cada um deles no que se refere: a fase em que

se encontra o plano de manejo; a infra-estrutura para acesso; a estrutura para

visitação; a relevância dos atrativos; o suporte dos serviços de apoio turístico; e o

potencial impacto na economia local. Somou-se a esses critérios o fato destas UCs

já fazerem parte do acordo de cooperação com a EMBRATUR e do Programa de

Regionalização do Turismo. Após essa etapa formou-se em 2006 um Grupo de

Trabalho Interministerial – GTI, composto de representantes do IBAMA MMA, Mtur e

EMBRATUR, que criaram um Plano de Ação identificando as precedências de

planejamento, estruturação e divulgação (MMA, 2007).

A partir das discussões realizadas buscou-se criar um sentido racional,

harmônico e coerente às atividades de visitação em UC, construindo princípios

estruturados de maneira a fundamentar as políticas, diretrizes e regulamentações.

Esta iniciativa teve o intuito de garantir um melhor desenvolvimento e aplicabilidade

destes direcionamentos, dentre os quais se destacam os seguintes MMA (2007):

• O planejamento e a administração da visitação necessitam estar em consonância

com os objetivos de manejo da UC, buscando a excelência na qualidade dos

serviços oferecidos;

• Deverão ser consideradas diversas formas de visitação no que tange a

organização, podendo ser: individual, em grupos organizados ou espontâneos,

entre outros, procurando satisfazer as expectativas dos visitantes no que concerne

9 PARNA’s – Amazônia, Aparados da Serra, Brasília, Caparó, Chapada Diamantina, Chapada dos Guimarães, Chapada dos Veadeiros, Iguaçu, Itatiaia, Jaú, Lençóis Maranhenses, Marinho de Abrolhos, Marinho de Fernando de Noronha, Pantanal, Serra da Bocaina, Serra da Canastra, Serra da Capivara, Serra do Cipó, Serra das Confusões, Serra do Divisor, Serra Geral, Serra dos Órgãos, Sete Cidades, Tijuca, Ubajara,

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à qualidade e diversidade das experiências, segurança e necessidade de

conhecimento;

• A visitação é uma alternativa de utilização sustentável dos recursos naturais e

culturais.

Devido às várias conceituações existentes, para um melhor entendimento é

importante salientar que as terminologias aqui adotadas seguem as definições

propostas pelo MMA (2006, p.60). Desta forma neste trabalho entende-se por:

• Visitante – o indivíduo que visita á área de uma UC em conformidade com os

propósitos e objetivos de cada espaço, podendo possuir motivações diversas,

como: recreação, lazer, pesquisa, contemplação, entre outros;

• Visitação – como o aproveitamento e a utilização da UC com fins recreacionais ou

outros previstos, com a utilização indireta dos recursos naturais e culturais.

A visitação em Parques Nacionais é vista pelo MMA como um instrumento

para a conservação da natureza, sobretudo no que tange ao apoio público e

possibilidades de financiamento para o SNUC. Para esta instituição a visitação pode

ser compreendida como:

as atividades educativas, de lazer, esportivas, recreativas, científicas e de interpretação ambiental, que aproximam a sociedade suscitando seu interesse sobre a conservação em áreas protegidas, exercendo efeito direto na adoção de diferentes condutas e políticas favoráveis à proteção do meio ambiente (MMA, 2007 p.50).

Além disso, a visitação é vista por muitos estudiosos como uma ótima

ferramenta para incrementar a geração de receita, no auxílio à manutenção e a

proteção de áreas protegidas. Devendo funcionar ainda como um dos suportes para

o desenvolvimento local, em bases sustentáveis (TAKAHASHI, 2004).

O MMA (2007) prevê dentro do Programa de Visitação nos Parques

Nacionais, várias linhas de ação, onde se vincula à aplicação de recursos da

compensação ambiental10 e outras opções de financiamento para auxiliar na

administração dos Parques. Algumas delas dizem respeito ao (s):

• Fortalecimento do termo normativo de ordenação e regulamentação da visitação;

• Serviços para visitação com a implementação e qualificação da infra-estrutura;

10 Compensação Ambiental – recursos advindos de empreendimentos causadores de significativo impacto ambiental. A compensação ambiental é devida por impacto não-mitigável, ou seja, que não podem ser reparados em função, sobretudo da perda de habitat, de espécies e de recursos genéticos. Ficando o empreendedor obrigado a destinar no mínimo 0,5% do valor total do empreendimento para a gestão de UC, especialmente de proteção integral, federal estadual ou municipal, cuja área de amortecimento tenha sido diretamente afetada pelo empreendimento (MMA, 2007 / Lei 9.985/00 Art.36).

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• Sistema de controle do fluxo de visitantes e arrecadação de ingressos, visando sua

melhoria e aperfeiçoamento.

A geração de renda advinda do ecoturismo para Parques, de acordo com

Valle, et al. (2002, p.305), é essencialmente importante para países em

desenvolvimento, visto que, muito destes ganhos, estão ligados aos seus recursos

naturais. Os autores alertam que comumente é forte a pressão para aumentar a

renda e, que sem a arrecadação trazida pela atividade turística, torna-se mais difícil

“justificar a alocação de níveis adequados de verbas para a conservação da

biodiversidade”. Portanto, a visitação é vista como um instrumento capaz de gerar

amplos benefícios para a sociedade como um todo, e de modo especial para os

Parques, onde deve ser organizada e monitorada de forma a produzir os resultados

esperados.

3.7.1 O uso público como ferramenta de gestão e proteção

Os principais tipos de uso público podem ser agrupados em quatro

categorias: Turismo (ecoturismo); Lazer e recreação; Educação ambiental; e

Pesquisa científica (MMA, 2007). Essas categorias estão todas relacionadas ao

objetivo de criação dessas áreas, e se inter-relacionam de alguma forma entre si. As

diferenças entre elas são expostas por alguns autores em seus trabalhos de

pesquisa, no entanto, neste momento não cabe um aprofundamento conceitual, mas

sim, um breve comentário sobre as bases em que são difundidos.

Em definição estabelecida pela OMT (2001, p.03), “o turismo compreende as

atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares

diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano,

com finalidade de lazer, negócios ou outros”. No entendimento de Boia (2000) o

turismo deve ser visto como um “fenômeno social”, no qual a sociabilidade, a cultura

e o lazer, formam um campo de aprendizado e experiências que equilibram a

pessoa, a sociedade e a economia.

O lazer, diz respeito à realização de práticas que satisfaçam o indivíduo,

proporcionando-lhe diversão, cultura, momentos de descanso, entre outros. Boullón

(2004, p.125) declara que um dos conceitos mais exatos de lazer é o que diz que

o lazer é, ao mesmo tempo, um escape, um meio para encontrar a criatividade, um recurso para a formação permanente da pessoa, um

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veículo para estimular o desenvolvimento social, cultural, e finalmente um direito de todo cidadão.

É visto ainda, como a cultura do tempo disponível, onde a disponibilidade de

certo período, gera a perspectiva de se realizar uma atividade prática, ou meditativa

(MARCELINO, 1995).

Essas atividades são formas de recreação, que para Acerenza (1988, p.32),

pode ser entendida como “qualquer tipo de uso que o homem faça de seu tempo

livre, sempre que este uso realize-se de forma prazerosa [...] sendo o turismo,

portanto, uma forma particular de recreação”. Enquanto, Boullón (2004, p.96) explica

que “a principal diferença entre turismo e recreação reside no fato de que essa

última qualifica o uso do tempo livre por períodos inferiores a 24 horas”. Dentre os

objetivos da recreação estão: a integração do individuo ao meio social, o

desenvolvimento do conhecimento mútuo e a participação grupal e o

desenvolvimento emocional (GUERRA, 1988).

Vários estudiosos concordam que o lazer e a recreação influem positivamente

em inúmeros aspectos do indivíduo, tais como a saúde, a resistência física, a

motivação, a auto-estima, a descoberta de sistemas de valores, entre outros. Os

beneficícios gerados pela recreação são classificados por Takahashi (2004) em

psicológicos; comportamentais; de preservação e sociais. Conforme salienta Boullón

(2004, p.134), “a qualidade da pessoa humana, de cada sociedade, começa a

formar-se com a educação e se completa sob a influência do meio social”. Desta

forma, a educação ambiental veio ampliar a dimensão da questão do meio ambiente

buscando transmitir à cada indíviduo, e chamando-o a participar ativamente do

processo, na busca de soluções para os problemas ambientais.

A política de educação ambiental, foi estabelecida no Brasil através da Lei

9.795 em 1999, na qual fica explicito que nesse processo:

o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

Os Parques são ambientes propícios para o exercício da educação ambiental,

oportunizando ao cidadão refletir quanto às suas atitudes em relação ao planeta.

Para Terborgh (2002, p.30) “tornar o usuário do parque um aliado requer apenas um

comprometimento mínimo com a função primária que essa área protegida tem de

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preservar a natureza”. O individuo inserido nesse processo tem a oportunidade de

conhecer a complexidade e a fragilidade do meio ambiente e as inúmeras

possibilidades de conhecimento que este oferece.

No entendimento de Valle, et al (2002), talvez o papel social mais importante

desses espaços seja educar o usuário no que refere a história natural e os serviços

ambientais decorrentes dos ecossistemas naturais. A interpretação ambiental

inserida neste contexto é definida pelo MMA (2007, p.61) como uma forma de

“representar a linguagem da natureza, os processos naturais, a inter-relação entre o

homem e a natureza, de maneira que os visitantes possam compreender e valorizar

o ambiente e a cultura local”.

Desta mesma forma a pesquisa científica se torna uma grande aliada para a

proteção desses espaços. O incentivo ao seu exercício em Parques é primordial

para a difusão de conhecimento sobre a fauna, a flora e os demais recursos

naturais. Através desta ferramenta é possível implementar estratégias

ambientalmente adequadas aos ecossistemas existentes, promovendo um estado

de harmonia e preservação.

Brockelman, et al (2002) lembram que os pesquisadores podem auxiliar no

monitoramento de impactos humanos, bem como de populações selvagens,

ressaltando que este é uma complementação significativa à proteção. Neste

aspecto, a pesquisa científica funciona como suporte à gestão dos Parques, pois

tem condições de realizar diagnósticos dos múltiplos aspectos do seu dia-a-dia.

Auxilia ainda, na inter-relação com as diversas comunidades do entorno,

desvendando aspectos culturais, econômicos e sociais da localidade onde esta

inserida UC.

3.7.2 A caracterização dos visitantes como parte fundamental do processo de

planejamento

O exposto até o momento demonstra a importância da visitação nos Parques,

contudo a caracterização dos visitantes nem sempre está presente nas prerrogativas

dos métodos de planejamento dessas UC. Muitos estudiosos apontam para a

gravidade de não se ter parâmetros confiáveis do volume de visitantes, do tamanho

dos grupos, da época de maior concentração das visitas, das percepções e do nível

de satisfação, entre outros aspectos de interesse. Neste sentido, o monitoramento

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do nível de visitação é vital para as UC (EAGLES, McCOOL, HAYNES, 2002;

TAKAHASHI, 2004).

Por esse motivo, o MMA (2006, p.15) decidiu recomendar em uma de suas

diretrizes aos órgãos gestores, “estabelecer um sistema de registro de visitantes e

realizar pesquisas periódicas para identificar o perfil, a opinião e a satisfação dos

visitantes com relação às oportunidades de visitação oferecidas nas UC”. Esta

indicação é plenamente justificável na medida em que oportuniza ao visitante

participar, opinando sobre o ordenamento das atividades recreativas nos parques,

além de propiciar aos gestores da UC subsídios fundamentais para a tomada de

decisão.

Quanto aos métodos utilizados na caracterização do perfil do visitante nessas

áreas, não há registro de um instrumento único para esse controle ou um modelo

oficial que seja aplicado em todas as UCs do Brasil. O MMA/ SBF (2000),

desenvolveram um formulário para levantamento de dados sobre visitação, servindo

de base para um trabalho realizado em algumas UCs, denominado “Estudo da

dinâmica da visitação em Unidades de Conservação”. Enquanto a EMBRATUR/MTur

utilizou-se de um outro tipo de instrumento para coletas de dados com o “Estudo

sobre o turismo praticado em ambientes naturais” no ano de 2002. Em 2006 foi

desenvolvido pelo IBAMA um instrumento de coleta de dados (ANEXO B), o qual

estava disponível para ser aplicado com os visitantes do Parque Nacional da

Chapada dos Veadeiros.

Vale destacar, que as pesquisas realizadas nos Parques Nacionais

brasileiros, ainda são insuficientes, e que, os instrumentos de coleta de dados,

comumente são adaptados pela administração das UCs, conforme as necessidades

e disponibilidades de cada uma. Terborgh (2001, p.431) enfatiza que o

monitoramento em campo e a condução de entrevistas requerem um trabalho ativo

existindo a necessidade de se obter informações das “ameaças resultantes de

atividades legais” como o turismo e atividades recreativas. Na falta das informações

municiadas pelo monitoramento, muitos problemas não são expostos, deixando de

alertar a sociedade, os governos, os grupos ativistas, doadores, entre outros, até

que uma crise ocorra.

O MMA (2006, p. 61) neste contexto define que:

em termos estatísticos a visita é como uma unidade de medição que envolve uma pessoa que visita a área de uma Unidade de Conservação, de acordo com os propósitos e objetivos de cada área. Cada visitante que

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entra em uma Unidade de Conservação, por algum propósito, gera uma estatística de visita.

As estatísticas são fundamentais para o processo de planejamento, pois

possibilitam uma visão plena do nível de demanda real na UC, permitindo a análise

dos impactos causados pela visitação, bem como a avaliação das variações da

percepção e da satisfação dos visitantes. O turista quando convidado a opinar sente-

se envolvido no processo, e esse é um aspecto de extrema relevância, para a

conscientização da sociedade como um todo e para a gestão dos Parques.

A padronização de métodos de coleta de dados para UCs vem sendo objeto

de constantes propostas por pesquisadores como Muniz (2006), tanto em nível

nacional como internacional, existindo portanto, alguns modelos de referência como

o Questionaire Catalogue – Qcat, desenvolvido por Ken Hornback e Bill Key e

adotado pela WCPA. Alguns estudiosos acreditam que a utilização de um modelo

oficial único facilitaria a medição dos impactos globais do turismo. No entanto, vale

lembrar que as UC possuem suas particularidades e que os instrumentos de coletas

de dados além de cumprir um objetivo geral, devem exercer um papel relevante que

contribua com as especificidades de cada área estudada (MUNIZ, 2006).

Babbie (1999) adverte que a qualidade dos dados coletados está diretamente

relacionada aos seguintes aspectos: ao desenho da pesquisa; a lógica da

amostragem; a construção de índices e escalas; a qualidade do entrevistador; ao

prazo; a verba disponível; a elaboração das questões; e a ética. O autor observa que

os procedimentos e os resultados devem ser rigorosamente analisados.

Existem inúmeros aspectos e contrastes dentro de um sistema de UC e a

análise da visitação é essencial para se obter um diagnóstico do uso público dos

Parques. A caracterização dos visitantes se configura numa excelente possibilidade

de gerar recursos bem fundamentados e concebidos para “fazer os parques

funcionarem” (TERBORGH; et al., 2001).

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4 CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS

4.1 Localização, limites e acessos

O PNCV localiza-se no Planalto Central brasileiro, na mesoregião do Norte

goiano, ficando a Nordeste do estado de Goiás (FIGURA 01). Situa-se a

aproximadamente 250 km - ao norte de Brasília - DF, e a cerca de 470 km, ao

nordeste de Goiânia, compreendido entre as coordenadas de 47°25’20’’ e 47°53’46’’

de Latitude Sul e 13°50’ e 14°12’ de Longitude a Oeste do meridiano de Greenwich

(PAES, 1995; IBAMA, 2007).

Figura 01 – Mapa de localização do PNCV no Brasil Fonte: MMA, 2008.

No que se refere ao seu limite, encontra-se a oeste da área urbana de Alto

Paraíso de Goiás tendo seu extremo leste ao longo da GO-118 que faz a ligação

entre os municípios de Alto Paraíso de Goiás e Teresina de Goiás; ao sul limita-se

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com a GO-239 que liga Alto Paraíso de Goiás a Colinas do Sul. Do total de sua área

60% pertencem ao município de Cavalcante, a norte e oeste, sendo os 40%

restantes inseridos no município de Alto Paraíso de Goiás (PAES, 1995; PUP, 2001;

IBAMA, 2007).

O PNCV possui acesso rodoviário fácil e o meio mais utilizado para se chegar

é por via terrestre. O percurso é feito partindo-se de Brasília, tomando-se a BR-020,

em direção a Planaltina, onde há um trevo de cruzamento com a GO-118, com

entrada à esquerda. Percorrendo-se por esta rodovia passa-se pelo distrito de São

Gabriel e o município de São João D’Aliança seguindo até o trevo de Alto Paraíso de

Goiás a 220 km. A partir desse trevo entra-se a esquerda em direção a Colinas do

Sul pela rodovia GO-239 por mais 34 km até chegar a Vila São Jorge (FIGURA 02).

Do ponto central da Vila São Jorge até a porta de entrada do parque no Centro de

Visitantes – CV percorre-se aproximadamente 1 km, (PAES, 1995; PUP, 2001;

IBAMA, 2007).

Figura 02 – Localização e acessos rodoviários Fonte – IBAMA, PNCV, 2007.

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As rodovias de acesso se encontram em estado de conservação variando de

bom (BR -020) a regular nos trechos da GO-118. Já a GO-239 encontra-se em fase

de pavimentação, estando asfaltado e bem sinalizado por volta de 23 km (FIGURA

03), o restante aproximadamente 12 km, é percorrido em estrada de terra (FIGURA

04), que atualmente possui trechos ruins, demandando cuidado no percurso.

Figura 03 - Trechos pavimentados da rodovia GO-239 Fonte: Lacerda, 2008

Figura 04 – Trechos da rodovia GO-239 sem pavimentação. Fonte – Lacerda, 2008

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O Quadro 03 a seguir apresenta as distâncias a serem percorridas das

cidades localizadas no entorno do parque bem como, dos dois principais centros

urbanos* até o PNCV.

Quadro 03 – Cidades do entorno - centros urbanos e distâncias. Fonte: Adaptado de PAES, 1995.

4.2 Situação atual do uso público no PNCV

Atualmente o Plano de Ação Emergencial – PAE (PAES, 1995), ainda é o

documento utilizado no manejo do parque, já que o Plano de Manejo11 - PM do

PNCV, ainda encontra-se em fase de elaboração, sendo que alguns planos já foram

elaborados (1998 e 2007), mas não foram implementados por não alcançarem os

objetivos necessários. Outra ferramenta utilizada como suporte de manejo na UC é o

“Plano de Uso Público – PUP Chapada dos Veadeiros”, documento elaborado em

abril de 2001 pelo consultor Frans Leeuwenberg. Vale ressaltar que a despeito deste

documento ter sido denominado de Plano de Uso Público, ele não está no mesmo

patamar do Plano de Manejo, sendo um complemento deste.

Todos esses instrumentos são utilizados para garantir o manejo da UC,

visando uma visitação condizente com os preceitos de segurança para os visitantes

com um mínimo de impacto ambiental. Na reabertura do parque, em janeiro de 1992,

instituiu-se uma série de medidas como: o fechamento das áreas de acampamento;

a proibição do tráfego de veículos, só sendo permitido os pertencentes à UC; e o

11 Plano de Manejo – documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias (SNUC, 2000).

CIDADES/CENTROS URBANOS DISTÂNCIA km

Alto Paraíso de Goiás 34

Colinas do Sul 36

Teresina de Goiás 101

Cavalcante 123

São João D’Aliança 104

Formosa 233

Brasília* 250

Goiânia* 470

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treinamento das pessoas da comunidade local, para a formação de Condutores de

Visitantes12 de acordo com os preceitos do ecoturismo13.

Desta forma, buscou-se assegurar uma prestação de serviços aos visitantes

utilizando-se de uma linguagem ambiental, e ao mesmo tempo revertendo apoio aos

habitantes da Vila São Jorge, porém como citado no PAE (PAES, 1995, p.27) “sem

estabelecer qualquer tipo de vínculo ou responsabilidade direta por parte da

instituição, para com os condutores”.

Os condutores de visitantes, em grande parte são os remanescentes do

garimpo e suas famílias, autóctones da Vila São Jorge que atualmente possuem

uma estreita relação com PNCV e uma perspectiva de vida completamente distinta

de um passado ainda recente. Essa iniciativa foi efetivada através de uma ação

conjunta com a formação de parcerias incentivadas por um programa especial do

IBAMA, com Organizações Não Governamentais – ONG e Secretaria do Meio

Ambiente do Estado de Goiás, realizando a capacitação e a conseqüente

profissionalização destes condutores.

Segundo consta em Behr (2000, p.78), a Associação dos Condutores de

Visitantes da Chapada dos Veadeiros - ACV-CV foi à primeira associação a se

formar, consolidando-se em novembro de 1991, “no último dia do Primeiro

Treinamento Para Condutor de Visitantes Ecoturísticos da Chapada dos Veadeiros,

agenciado pela Fundação Pró-Natureza – FUNATURA”, contatando a princípio com

43 integrantes, muitos deles semi-alfabetizados.

Atualmente na região de abragência do PNCV existem cinco associações de

condutores de visitantes (Quadro 04), credenciadas pelo ICMBio para efetuar a

condução de visitantes seu no interior.

12 Condutores de Visitantes – pessoas credenciadas pela Unidade de Conservação a conduzir o turista ou qualquer outra pessoa enquadrada por este Regimento como Visitante, a partir da conclusão de curso de formação e capacitação por ela homologada e filiada a uma das Associações conveniadas (Regimento Interno - PNCV, 2007). 13 Ecoturismo de acordo com a Política Nacional de Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

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ASSOCIAÇÃO SEDE N° ASSOCIADOS

N° CREDENCIADOS

ICMBio Associação dos Condutores de Visitantes da Chapada dos Veadeiros - ACV-CV

Vila São Jorge 80 80

Associação de Guias Prestadores de Serviços em Ecoturismo da Chapada dos Veadeiros - SERVITUR

Alto Paraíso de Goiás

49 49

Associação de Guias em Ecoturismo no Desenvolvimento Ambiental Sustentável - AGENDAS

Colinas do Sul 24 14

Associação de Condutores em Ecoturismo de Cavalcante e Entorno - ACECE

Cavalcante 20 02

Associação Teresinense dos Condutores Amantes da Natureza - ATECAN

Teresina 20 03

Quadro 04 - Associações de Condutores de Visitantes com números de Associados /Credenciados. Fonte: Elaborado pela acadêmica com base em informações obtidas no PNCV, 2008.

Atuam ainda na região o Grupo de Busca e Salvamento - GBS e o Grupo

Voluntário de Busca de Salvamento - GVBS, ambos formados por condutores de

visitantes, cujo objetivo é orientar e proteger os turistas em épocas de maior fluxo, e

efetuar resgates quando necessário. Atualmente os dois grupos discutem as bases

para o processo de unificação e regularização, contando com o apoio do Ministério

do Turismo – MTur, Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura –

ABETA, do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE,

Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás e do PNCV.

A atividade turística e a conservação ambiental igualmente fazem parte do

cotidiano do entorno do Parque que oferece inúmeros atrativos para visitação em

propriedades particulares, estes formam um conjunto de cachoeiras, rios, trilhas,

águas termais, mirantes, entre outros.

Apoiando a conservação ambiental no entorno do PNCV, estão presentes

áreas de amortecimento - domínios beneficiadas com a Lei 9.985 que aprovou o

SNUC, dispositivo que oportuniza aos proprietários de terras transformarem suas

áreas em Reservas Particulares do Patrimônio Nacional – RPPNs. Em contrapartida

recebem a isenção de alguns impostos rurais e apoio para o desenvolvimento de

projetos de ecoturismo.

Além de vários grupos já formalizados na região cuja atuação é voltada para

ações ambientais, existem outras instituições a nível nacional e internacional que já

apoiaram ou que ainda apóiam o PNCV. Tais como: World Wildlife Fund - WWF –

Brasil, Agência de Cooperação Técnica do Japão - JICA, FUNATRA, OCA Brasil,

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Fundação O Boticário, Universidade Federal de Goiás - UFGO, Universidade

Católica de Brasília – UCB, entre outras. (IBAMA, 2007).

4.3 Caracterização biogeográfica da UC

Os estudos concernentes aos aspectos geológicos da área do PNCV segundo

consta em (ANDRADE, 2003 p.135) registra que de forma geral, a área da UC

“abriga formações geológicas antiqüíssimas – com cerca de 200 milhões de anos”,

proporcionando-lhe uma fisionomia de encostas muito elevadas ao norte, e com

suave declínio ao sul e sudoeste, altitude variando entre 600 e 1.650m.

Distinguem-se dois grandes compartimentos na sua geomorfologia, o Planalto

Central Goiano e a Depressão do Tocantins, sendo que no primeiro identifica-se a

formação rochosa dobrada, pertencente ao Grupo Araí, e ainda as formações de

rochas dos Grupos Paranoá e Bambuí. Esse aspecto é tido como núcleo dispersor

de drenagem, formado pelos rios Maranhão, Tocantinzinho e Paranã, que são

afluentes do rio Tocantins. Grande parte dos rios escava vales em forma de “V”,

formando verdadeiras gargantas nas rochas (IBAMA, 2007).

O PNCV situa-se na Bacia Hidrográfica do rio Tocantins e no seu interior o

curso d’água principal é o rio Preto (FIGURA 05), formador das principais cachoeiras

existentes no Parque. É afluente do Tocantins e sua nascente encontra-se fora da

UC. No seu interior canalizam-se inúmeros ribeirões como o Cara Preta, Brumado,

Malícia, Buriti do Trilho, Fundão, Ingleses, entre outros, principais afluente do rio

Preto.

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Figura 05 - Vista aérea do Rio Preto Fonte: Arquivo PNCV, 2007.

Ainda merece destaque o rio Montes Claros, Estiva, ribeirão São Miguel e rio

da Cobras todos com nascentes dentro do parque. Adjacentes ao limite oeste da

UC, encontram-se os atrativos turísticos - cachoeiras dos Saltos com 120 m e 80m,

Cariocas e Canions, quedas d’água formadas pelo rio Preto. Conforme o IBAMA

(2007) a despeito da UC, ser dotada de relevante valor hidrográfico - como

distribuidor de águas, a área do PNCV assinala uma inexpressividade de sistemas

lacustres, incidindo somente algumas lagoas temporárias, em especial na área onde

ocorrem as sete lagoas (FIGURA 06), sucessivas porções que propiciam grande

beleza cênica, ainda que fora da área de visitação pública.

Figura 06 – Área de formação das Sete lagoas Fonte: Lacerda, 2008.

Normalmente os solos possuem um baixo teor de nutrientes, são profundos e

com boa drenagem. As queimadas são freqüentes na estação seca, o que ocasiona

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impactos significativos na fauna e flora da região. A vegetação do cerrado é

evidenciada por uma considerável heterogeneidade estrutural, ao envolver

formações predominantemente de Cerrado sensu stricto, Cerradão, Matas de

galeria, formações campestres, como o campo sujo e limpo e ainda veredas

(EMBRAPA, 2001; SCARIOT, 2005; IBAMA, 2007).

O clima é sazonal com períodos bem definidos em verões chuvosos e

quentes, enquanto os invernos são secos, sendo que a concentração maior de

chuvas ocorre entre os meses de outubro a abril. A precipitação das chuvas varia

entre 1500 a 1750mm anuais, e entre os meses de junho a agosto prevalecendo o

período de maior seca. A temperatura média varia entre as marcas de 20° e 27ºC,

sendo a máxima apontada em torno de 32º C, com a mínima obtendo valores entre

16º e 19ºC.

O período mais significativo de insolação ocorre entre os meses de julho a

agosto, em conseqüência da estiagem na região. A umidade relativa do ar conforme

registros do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET têm características

marcantes com seus valores máximos sendo registrados no verão – próximos a

100%, tendo um declínio acentuado no inverno, com valores que já atingiram abaixo

de 35% (IBAMA, 2007).

• Fauna e Flora

Existem poucas pesquisas e estudos comprobatórios que indique sobre as

espécies existentes da fauna no PNCV. Contudo, em levantamento realizado nos

trabalhos existentes, chegou-se ao número de 118 espécies de mamíferos no

interior do parque e áreas adjacentes. Esses estão divididos em 80 espécies de

pequenos mamíferos e 38 entre médios e grandes, dentre esses 9 são endêmicos

do cerrado (IBAMA, 2007).

Alguns exemplares da fauna silvestre estão ameaçados de extinção como o

veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)

(FIGURA 07). Além de outras espécies raras como o tamanduá-mirim (Tamanduá

tetradctyla), anta (Tapirus terrestris), entre outros. Nesses apontamentos há registros

de que 12 espécies se encontram em algum grau de extinção, segunda a lista do

IBAMA (2003) – Espécies Ameaçadas.

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Figura 07 – Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) Fonte: Lacerda, 2007.

Uma infinidade de outras espécies tem seu habitat no interior do PNCV como,

répteis, anfíbios, insetos, peixes, dentre outros. As aves, dentre os fatores relevantes

de sua importância, cumprem papel fundamental compondo as opções de atrativos

turísticos dentro do uso público do PNCV. Diversos exemplares de espécies

aquáticas (raras), como o Pato Mergulhão (Mergus octosetaceus) endêmico da

América do Sul (FIGURA 08), aves de florestas e dos ambientes abertos – campos

limpo e sujo, fazem parte do seu acervo (BEHR, 2005).

Figura 08 - Pato Mergulhão (Mergus octosetaceus) Fonte: Arquivo PNCV, 2007.

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Na sua composição florística (FIGURA 09), inúmeras espécies são

representativas, sendo mencionadas no PM (PANTOJA, 1998), o total de 1.476

espécies, distribuídas em 579 gêneros e 135 famílias.

Figura 09 – Aspecto visual da diversidade da composição florística do Cerrado. Fonte: Lacerda, 2007.

Pelas pesquisas já realizadas pode-se inferir que a UC possui por volta de

25% das espécies registradas para o Cerrado. Esse dado demonstra que o Parque é

vital para conservação e consequentemente para a gestão do conhecimento.

Conforme dados existentes das 1.636 já registradas 1.178 são da categoria

arbustivo/herbácea, inseridos aí os arbustos, subarbustos, ervas e trepadeiras,

enquanto 458 são arbóreas. Todas se prestam a diversos usos como: culinária,

decoração, cobertura de habitações, medicamentos, entre outros. (IBAMA, 2007)

Como exemplos das espécies herbáceas/arbustivos citam-se a canela-de-

ema (Velloziaceae) (FIGURA 10), enquanto dentre as espécies madeireiras estão

aroeira (Myracodruon urundeuva), ameaçada de extinção pela super exploração.

Outra espécie muito comum são as palmeiras tipo Buriti (Mauritia flexuosa). Além de

serem consideradas um símbolo da paisagem da região, suas folhas são

comumente utilizadas nas coberturas das habitações e nas confecções de

artesanato, sendo o seu fruto apreciado na alimentação e uso medicinal por ser rico

em vitamina “E” (FIGURA 11).

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Figura 10 – Canela-de-ema (Velloziaceae) Fonte: Lacerda, 2008.

Figura 11 – Buriti (Mauritia flexuosa) Fonte: Lacerda, 2008

Outras espécies também são tradicionais na alimentação local e atualmente

já fazem parte da gastronomia nacional como o pequi (Caryocar brasiliense)

(FIGURA 12) e a arnica (Compositae), utilizada amplamente na medicina como

mostra a Figura 13.

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77

Figura 12 - Pequi (Caryocar brasiliense) Fonte: MMA, 2008.

Figura 13 – Arnica (Compositae) Fonte: Lacerda, 2008. Em decorrência do alto nível de endemismo e o estado de conservação desta

região onde o PNCV está inserido - o cerrado teve sua inserção nos chamados

hotspots14 atualmente áreas prioritárias nas ações mundiais de conservação.

14 Hotspots – Áreas identificadas como “pontos quentes”, identificadoras de biodiversidade apresentam grande variedade de espécies e excepcional perda de habitats. Desde modo, sua base conceitual encontra-se apoiada em duas variáveis: endenismo e ameaça (CI, 2000).

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5 RESULTADOS

A caracterização dos visitantes do PNCV será realizada em dois momentos

distintos. Primeiramente será feita através dos resultados obtidos após tabulação

dos dados do “Termo de Responsabilidade15” referente ao ano de 2007. Este termo

é preenchido pelo visitante no Centro de Visitantes, antes da realização do passeio.

Nele constam: nome do visitante, documento de identidade, cidade, estado,

escolaridade, telefones de emergência, idade, assinatura, nome do condutor,

associação de condutores, atrativo visitado, data e horário. Em um segundo

momento, é apresentada a caracterização dos visitantes, resultado da aplicação do

instrumento de coleta de dados oficial do PNCV/ICMBio, totalizando 200

questionários. Estes resultados estão divididos em quatro etapas, a saber: análise

descritiva da aplicação do questionário; associação entre o perfil e mapas

perceptuais; avaliação dos visitantes da experiência no PNCV; e a percepção do

atrativo turístico pelo visitante.

5.1 Visitação no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em 2007

A observação do fluxo de visitantes no PNCV nos últimos seis anos (FIGURA

14) demonstra que o período de maior visitação ocorreu no ano de 2003, atingindo

24.598 visitantes, enquanto o ano de 2005 registra o menor número com 14.680

visitas. De acordo com a tabulação dos dados constantes do “Termo de

responsabilidade” (ANEXO A), o ano de 2007 totalizou 20.178 visitantes no PNCV,

proporcionando uma arrecadação na ordem de R$ 56.868,00 reais. Neste período

conforme dados tabulados a partir da “Ficha de ocorrência Resgate com carro16”,

foram computadas 67 ocorrências, sendo em sua maioria nas “corredeiras” com

50,75% dos registros. Os motivos que suscitaram as solicitações de resgates variam

15 Termo de Responsabilidade – Documento elaborado e disponibilizado pelo IBAMA / ICMBio - Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros – PNCV, no Centro de Visitantes. O visitante, antes da realização do passeio, recebe-o para que leia, preencha e assine. O documento traz um texto introdutório com informações básicas e alerta o visitante da não existência de um Serviço de Resgate. 16 Ficha de ocorrência Resgate com carro- documento elaborado e disponibilizado pelo IBAMA/ICMBio – PNCV, utilizada para o registro de resgate de visitantes, contendo: nº da ocorrência, local do acidente, tipo de acidente, nome do condutor, associação a que pertence, nome da(s) vitíma(s), nome dos passageiros acompanhantes, motorista, campo para observção e e-mail para contato.

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de torções, hipertensão, cansaço, insolação, entre outros, não sendo registrada

nenhuma ocorrência grave no ano de 2007.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007

ano

número de visitantes

Figura 14 – Número de visitantes no PNCV no decorrer dos anos de 2002 até 2007. Fonte: ICMBio, 2007 e Lacerda, 2008.

Na análise apresentada a seguir, foram considerados os seguintes quesitos

do “Termo de Visitantes”: atrativo visitado; origem do visitante; faixa etária do

visitante; nível escolar do visitante; associação de condutores; e condutores mais

atuantes no ano de 2007.

Como atrativos o Parque oferece duas trilhas, a dos Saltos e a dos Cânions.

Contudo, existem duas outras trilhas embutidas nesses percursos que podem ser

feitas independentemente que são a trilha das Cariocas, e das Corredeiras. A

capacidade de carga definida, pela gerência do PNCV para as trilhas é de 250

pessoas/dia para a trilha dos Saltos, e 200 pessoas/dia para a trilha dos Cânions.

Analisando a variação mensal do número de visitantes nas trilhas dos

Cânions e Saltos em 2007 (FIGURA 15), verifica-se que o ápice da visitação incidiu

no mês de julho. Essa ocorrência é justificada por ser um mês de férias e ser um

período de seca, época em que o nível das águas é mais baixo, favorecendo os

banhos de cachoeira. Nesse mês o número de visitantes se equivale nas duas

trilhas, o que pode ser explicado pelo próprio controle de capacidade de suporte.

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80

0

500

1000

1500

2000

2500

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Trilhas - visitação 2007

Número de visitantes

CANIONS

SALTOS

Figura 15 – Número de visitantes nas trilhas dos Cânions e Saltos no decorrer de 2007. Fonte: Lacerda, 2008.

De maneira geral, o número de visitantes na trilha dos saltos é superior ao da

trilha dos Cânions, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro. Nos meses de

março e maio o nível de visitação na trilha dos Saltos é ligeiramente superior, e no

mês de junho é levemente inferior à trilha dos Cânions. Essa pequena inversão pode

ter a explicação relacionada à época da seca, quando o Cânion I é aberto à

visitação.

No mês de abril a visitação tem seu fluxo aumentado devido ao feriado

prolongado do dia 21, para as duas trilhas. Entre os meses de setembro e outubro a

visitação na trilha dos Cânions é levemente superior a dos Saltos, esse fato pode

estar relacionado a uma visitação maior de grupos escolares, cuja opção recai na

trilha com menor declividade.

O predomínio de visitação na trilha dos Saltos pode ser analisado por alguns

prismas. O primeiro deles é a preferência do visitante pelo cenário, já que o salto de

120 m é considerado o “cartão postal” da Chapada dos Veadeiros. A explicação

pode também, estar vinculada à época das estações de chuva e seca, nos meses de

janeiro e fevereiro o volume de água é substancialmente maior o que torna os

banhos limitados. Resta então ao visitante, usufruir do visual das cachoeiras que

ficam ainda mais exuberantes, tornando a trilha dos Saltos mais atrativa. Outro

aspecto a ser levado em consideração é o percurso, sendo a trilha dos Saltos cerca

de 1 km menor que a dos Cânions.

Através das observações realizadas, além de todos esses fatores, pode-se

dizer também, que, a forma como o condutor de visitantes ou a pessoa responsável

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pela recepção apresenta os atrativos, pode influenciar na escolha do visitante

quando este está visitando o Parque pela primeira vez. Há ainda a possibilidade do

tipo de grupo influenciar na escolha, quando a formação ocorre sem que os

integrantes se conheçam previamente.

Para a gestão do Parque é de suma importância o conhecimento dessas

variações e o nível de visitação em cada uma das trilhas, já que esse dado fornece

ao gestor subsídios de manejo e controle de impactos mais adequados à realidade.

Ao analisar a procedência dos visitantes no ano de 2007 (FIGURA 16), se

constata que os maiores fluxos decorreram do Distrito Federal com 46% dos

visitantes, seguido do Estado de São Paulo com 16% e de Goiás com 13%. Um

dado significativo é o percentual de visitantes do exterior atingindo 5% da visitação,

percentual superior aos visitantes do Estado de Minas Gerais com 4%.

GO 13%

RJ 6%

SP 16%

DF 46%

outros estados 9%

exterior 5%NI 1%

MG 4%

Figura 16 – Procedência dos visitantes do PNCV no ano de 2007. Fonte: Lacerda, 2008.

Constatou-se que, o maior fluxo de visitantes do Estado de São Paulo ocorre

no mês de janeiro atingindo 28% da visitação. O Estado de Goiás supera o Estado

de São Paulo em percentual de visitantes, principalmente no mês de maio quando

chega a 26%.

Os visitantes do exterior têm sua concentração maior nos meses de março

(8%), agosto (10%) e novembro (6%), com origem bastante diversificada. O número

total de 918 visitantes foi distribuído entre 47 países. A Figura 17 mostra os países

que tiveram dez ou mais visitantes no decorrer do ano de 2007. Esses 19 países

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somaram 817 visitantes17. Contudo, observa-se uma tendência maior por parte de

visitantes de origem européia.

0

20

40

60

80

100

120

França

Espanha

Inglaterra EU

A

AlemanhaItália

Bélgica

Canadá

Holanda

Austrália

Argentina

Suíça

Rep.Tcheca

Áustria

Dinamarca

Portugal

Suécia

Colômbia

Uruguai

País

Número de visitantes

Figura 17 – Distribuição do número de visitantes estrangeiros de acordo com o país de origem. Fonte: Lacerda, 2008. Nota: não estão representados países com número de visitantes inferior a dez.

Essa avaliação mensal é vista como uma ferramenta interessante para a

gestão do Parque, principalmente em relação aos visitantes do exterior, já que existe

carência de condutores bilíngües. Observando-se esta freqüência pode-se estudar

uma estratégia junto às associações de condutores para que nesses períodos, os

guias bilíngües possam estar com uma disponibilidade maior para o Parque.

Revelou-se que a faixa etária predominante dos visitantes (FIGURA 18) foi a

de 17 aos 28 anos com 37%, seguida da faixa etária de 29 a 40 anos com 26%, e de

53 anos ou mais com 18%. Observando o gráfico percebe-se que há uma

predominância da visitação dentro de uma faixa etária superior aos 29 anos, cuja

soma total atinge 57%.

17 Os demais visitantes (101) têm a sua origem nos seguintes países: Arábia, Chile, Coréia, Croácia, Cuba, Escócia, Eslovênia, Estônia, Filipinas, Finlândia, Grécia, Hungria, Irlanda, Israel, Japão, Líbano, México, Nova Zelândia, Paraguai, Peru, Polônia, Quênia, Rússia, Sérvia, Singapura, Venezuela, e das regiões África e Caribe.

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5 a 16 anos6%

29 a 40 anos26%

41 a 52 anos13%

17 a 28 anos37%

53 anos ou mais18%

Figura 18 – Faixa etária dos visitantes do PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

A faixa etária menos representativa foram os visitantes entre 5 e 16 anos, o

que pode ser explicado pelo tipo de atrativos oferecidos, já que são trilhas cujo nível

de dificuldade é considerado de moderado a pesado. Uma possibilidade interessante

para o Parque seria a implantação de uma trilha que contemplasse essa faixa etária,

já que uma das linhas de ação do “Programa de Visitação nos Parques”, pretende

aumentar a visitação em 15% ao ano (MMA, 2007). Com essa estratégia, poderia

atingir-se de uma forma mais direta dois dos seus objetivos, o de aumentar o

número de visitantes, e o de estimular a educação ambiental.

O nível de escolaridade dos visitantes do PNCV (FIGURA 19) pode ser

considerado alto, pois como demonstra o gráfico, 73% assinalaram possuir nível

superior. Ressalta-se que neste quesito não houve separação entre superior

incompleto, completo ou pós-graduado. Somente 15% assinalaram possuir ensino

médio. Sendo que 8% não informaram seu nível escolar, e 4% apontaram o ensino

fundamental.

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fundamental4% médio

15%

superior73%

não informou8%

Figura 19 – Nível de escolaridade dos visitantes do PNCV Fonte: Lacerda, 2008. Esse dado demonstra o que alguns pesquisadores têm constatado que, os

grupos mais interessados em visitar ás áreas protegidas como os ecoturistas,

tendem a possuir um nível de educação mais elevado do que os turistas em geral

(WCPA, 2008). Ou seja, à medida que o nível de escolaridade aumenta, constata-se

um interesse maior pelo ecoturismo e, com isso, espera-se também que o nível

crítico dos visitantes seja maior.

A seguir, na Figura 20, são destacadas graficamente as Associações de

Condutores mais atuantes na condução dos visitantes, no interior do PNCV. Esse

dado revela que os maiores beneficiários são os condutores da ACV-CV -

Associação dos Condutores de Visitantes da Chapada dos Veadeiros, com 63% da

condução de visitantes. Seguida pela SERVITUR - Associação de Guias

Prestadores de Serviços em Ecoturismo da Chapada dos Veadeiros, com 21% da

condução.

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SERVITUR21%

AGENDAS12%

ACV-CV63%

ATECAN2%

não informou1% ACECE

1%

Figura 20 – Associações de Condutores de Visitantes credenciadas pelo PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

Esse dado possui relevância sob diversos aspectos, já que a presença do

condutor é obrigatória. Assim, para a gestão da visitação, é importante que o gestor

saiba quais entidades estão dando maior suporte ao Parque, além de obter um

controle mais efetivo da condução. A presença marcante da ACV-CV é justificada

principalmente por dois fatores: o primeiro é a proximidade de sua sede com o

Parque, já que a maior parte dos associados reside na Vila São Jorge, porta de

entrada do PNCV; o segundo é pelo fato dessa associação ter sido a primeira a ser

constituída, favorecendo com isso, um número maior de associados.

Já as outras associações têm suas sedes nos municípios do entorno no

Parque (Alto Paraíso de Goiás (SERVITUR); Colinas do Sul (AGENDAS); Terezina

(ATECAN); e Cavalcante (ACECE)), o que dificulta a presença mais constante do

condutor, devido à distância a ser percorrida e a dificuldade de transporte.

A representação gráfica da identificação pessoal dos condutores mais

atuantes no ano de 2007 (FIGURA 21), é demonstrada a seguir. Considera-se essa

possibilidade de análise importante para a gestão, pois a mesma revela o nome do

condutor e o número de visitantes conduzidos por ele durante o ano. Isso permite ao

administrador realizar avaliações gerais e específicas da condução, podendo a partir

disso agrupar esses condutores por perfil (formação, nível escolar, aptidões, etc.),

definindo grupos mais homogêneos de condutores por competências mínimas de

condução.

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86

0

100

200

300

400

500

600

700

MARIABARBOSA

RUI BRASIL ADELIDIO LEONILTON JOIRCURLINO

ENIVALDO ALEXANDRE

Nome do Condutor de Visitante

Número de visitantes

conduzidos

Figura 21 - Condutores mais atuantes e respectivo número de visitantes conduzidos em 2007. Fonte: Lacerda, 2008.

O conjunto das análises apresentadas até aqui informaram os aspectos mais

relevantes da forma como ocorreu a visitação no PNCV, no ano de 2007. Nesta

primeira etapa, buscou-se descrever certos traços e atributos, que oportunizaram

conhecer de forma ampla o perfil do visitante. Como objetivo adicional este

procedimento deu suporte para as análises posteriores, relacionando as variáveis e

refinando as observações de forma correspondente.

5.2 Resultados da pesquisa realizada com visitantes do PNCV

O questionário aplicado com os visitantes do PNCV (ANEXO B) foi composto

por 21 perguntas abertas e fechadas, perfazendo 57 itens de respostas. As

perguntas constantes do questionário foram divididas em blocos: perfil do visitante,

percepção e nível de satisfação. A aplicação do questionário foi realizada entre os

dias de 27 a 31 de dezembro de 2007, e 01 a 07 de janeiro de 2008, estabelecendo

um público potencial (universo) para pesquisa de 1.300 visitantes, computados a

partir da estatística de visitação. A aplicação dos 200 questionários foi realizada em

conformidade com as peculiaridades da área, sendo que 85% foram aplicados na

saída do visitante e os 15% restantes no decorrer da visitação.

Para o cálculo do tamanho mínimo de amostra, estabeleceu-se um erro

máximo de 7% nas inferências a serem realizadas, e assumiu-se uma proporção de

opiniões desconhecida (p=q=0,5), o que configurou uma amostra de maior tamanho

possível. Justifica-se a escolha de um erro máximo de 7% tendo em vista que

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aplicação dos questionários nas duas trilhas de visitação por um único aplicador não

permitiu um erro de inferência menor (LEVINE, 2005). O cálculo amostral resultou

em 172 questionários. Adicionada uma margem de segurança atingiram-se os 200

questionários aplicados.

Para cada questão foram elaboradas representações gráficas absolutas ou

percentuais das respostas obtidas. Nos casos em que foram estabelecidas hipóteses

acerca da relação entre as variáveis de estudo da pesquisa, foram elaboradas

tabelas de associação.

Tendo em vista a natureza qualitativa das variáveis coletadas na pesquisa,

optou-se pelo exame das associações entre pares de questões previamente

escolhidas, com o objetivo de determinar possíveis relações entre estes pares de

variáveis. A prova do qui-quadrado foi utilizada para o teste de significância destas

associações. Esta prova exige um número mínimo de respondentes para cada item

de resposta (SIEGEL, 1975). Devido a isso, quando necessário, foram realizadas

recategorizações dos itens de resposta antes da aplicação da referida prova. Para

todos os casos foi utilizado um nível de significância de 5%.

As variáveis relacionadas ao perfil do visitante que mostraram forte

associação compuseram um modelo multivariado obtido por meio da análise de

correspondência. Justifica-se a técnica escolhida tanto pela facilidade na

interpretação dos mapas perceptuais dela derivados, quanto pela adequação da

técnica para variáveis qualitativas (PEREIRA, 2004). O aplicativo utilizado foi o

Statistica v.6 (STATSOFT, 2001).

Estabelecido o modelo para o perfil do visitante, variáveis relacionadas à

percepção foram incluídas neste modelo de forma a explorar possíveis associações

entre o perfil e a percepção do visitante do PNCV. As demais variáveis que não

compuseram o modelo multivariado foram analisadas por meio da prova do qui-

quadrado como descrito anteriormente.

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5.2.1 Análise descritiva do questionário

a) Perfil dos visitantes

Nos resultados descritivos foram desconsideradas três questões, a saber:

“condições meteorológicas (sol, chuva, nublado)”; “última parada”; e “destino após o

Parque”, justifica-se a eliminação dessas perguntas pelo fato do número de

respostas ter sido ínfimo.

Como resultado, a primeira representação gráfica referente ao gênero

(FUGURA 22) evidencia que houve uma margem estreita de predominância do sexo

masculino com 5% a mais de participação do que o feminino. Diante desse resultado

pode-se dizer que há certo equilíbrio entre o sexo dos entrevistados e que a visita a

áreas de conservação é uma opção comum aos dois gêneros.

feminino47,5%

masculino52,5%

Figura 22 – Representação dos participantes da pesquisa por gênero. Fonte: Lacerda, 2008.

O nível escolar superior foi predominante com 82% (FIGURA 23), ressalta-se

que, neste quesito não houve separação de superior incompleto, completo ou pós-

graduado.

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médio15,5%

fundamental2,5%

superior82,0%

Figura 23 – Nível de escolaridade dos participantes da pesquisa Fonte: Lacerda, 2008. Como o nível de escolaridade é alto, pressupõe-se que há uma boa

capacidade crítica nas avaliações de percepção. Somente 2,5% declararam possuir

apenas o ensino fundamental. Esse resultado reforça os estudos já destacados

anteriormente, quando estes afirmam que há uma forte ligação entre a opção pelo

segmento de ecoturismo e o grau de escolaridade.

A faixa etária (FIGURA 24) predominante dos respondentes oscilou entre os

17 e 28 anos com 41% dos respondentes, seguida por aqueles com idade entre 29 e

40 anos com 31%. A menor representatividade ficou na faixa de 5 a 16 anos. As

pessoas com faixa etária acima de 29 anos somaram 55% dos respondentes.

5 a 16 anos4%

17 a 28 anos41%

41 a 52 anos18%

53 ou mais6%

29 a 40 anos31%

Figura 24 – Faixa etária dos participantes da pesquisa. Fonte: Lacerda, 2008.

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90

Na distribuição das faixas etárias deu-se preferência ao estabelecimento de

classes com mesma amplitude, como preconizado pelo método padrão de tabelas

de freqüência (LEVINE, 2005).

As pessoas entre 5 e 16 anos são consideradas menores de idade,

necessitando de um responsável que as acompanhem na visita ao parque. As trilhas

longas, com graus de dificuldade variando entre moderado e pesado, podem servir

de explicação para a participação reduzida das faixas etárias entre 5 e 16 anos, e,

também para a faixa etária acima de 53 anos. Igualmente, pode justificar as

representatividades mais expressivas nas faixas etárias de 17 a 28 anos, e de 29 a

40 anos, aqui considerados como jovens adultos, por desfrutarem da plena forma do

seu vigor físico.

Solicitados a indicar em qual cidade residia (FIGURA 25), a maior parte dos

respondentes 86 pessoas assinalaram o Distrito Federal, seguidos por 42 pessoas

do Estado de Goiás e 29 pessoas do Estado de São Paulo. Outros estados

somaram 17% dos respondentes, enquanto 5% apontaram residir fora do Brasil.

86

42

29

10 8 8 4 3 2 2 2 2 1

0

20

40

60

80

100

DF GO SP

estrangeiro M

G RJ RS PR ES PA PB RN CE

Estado onde reside

Número de respondentes

Figura 25 – A composição do local de residência dos respondentes. Fonte: Lacerda, 2008. A origem dos visitantes do PNCV pode ser analisada sob alguns aspectos. O

primeiro deles está diretamente relacionado à sua localização, o que reflete o fluxo

maior advindo de Brasília, determinado principalmente pelos finais de semana e

feriados prolongados.

A queda de quase 50% expressa pelos turistas do estado de Goiás em

relação ao Distrito Federal, além do fator da distância, 220 km a mais em relação à

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91

Brasília, pode ser explicado, pelo fato de existirem outros atrativos naturais no

entorno da capital (Goiânia), com características semelhantes que suprem à

recreação buscada pelo turista.

A localização se torna relativa quando analisamos a procedência de São

Paulo que, apesar de aqui aparecer em terceiro lugar, na estatística geral de

visitação, o Estado é o segundo pólo emissor, o que lhe confere uma boa

representatividade. Podemos relacionar esse fluxo a alguns fatores tais como:

número relativo de habitantes; necessidade maior de lazer em ambiente natural; e

nível escolar.

Um dado interressante é que os turistas estrangeiros nessa amostra,

representam em termos percentuais comparativos quase 12% dos visitantes do

Distrito Federal. Outro fato relevante é que, de acordo com estudos turísticos

realizados pela EMBRATUR (2002) em Unidades de Conservação brasileiras, o

número de turistas estrangeiros no PNCV em termos percentuais, superava os de

Aparados da Serra, Brotas, Caparaó, Itatiaia e Jalapão.

A representação gráfica abaixo (FIGURA 26) apresenta o percentual referente

a procedência dos respondentes, que nesta pesquisa foi similar ao apresentado ao

perfil do público visitante em 2007.

Brasil95%

Exterior5%

Figura 26 – Procedência dos respondentes Fonte: Lacerda, 2008.

Os países de origem dos respondentes nesta pesquisa além do Brasil foram

Espanha, França, Inglaterra, Itália, Paraguai, e Portugal. Percebe-se que o PNCV

exerce maior atração entre os turistas europeus. É interressante notar que os países

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92

citados aqui estão entre aqueles apresentados no perfil geral do visitante de 2007

como apresentado na Figura 17.

Quando indagados sobre o meio de transporte de acesso ao Parque (FIGURA

27), a grande maioria, 79% dos respondentes, disseram estar utilizando automóvel

particular. Este resultado pode estar relacionado a fatores como: tipo de grupo e

renda. Acredita-se que neste caso o fator preponderante seja a localização, pela

unidade de conservação estar próxima aos seus maiores centros de demanda,

reduzindo significativamente o uso, por exemplo, de aviões.

auto79%

outros9%

van5%

onibus excursão7%

Figura 27 – Meio de transporte utilizado no acesso ao parque. Fonte: Lacerda, 2008.

Na pergunta como ficaram sabendo do Parque (FIGURA 28), 150 dos

respondentes, ou seja, 75% disseram que essa informação ou indicação tinha sido

através de amigos ou parentes. Enquanto 11% indicaram a internet, demonstrando

que este veículo de informação já exerce certa influência na opção do turista. Um

dado interessante é que somente 7% afirmaram ter conhecimento através de

empresas de turismo, o que demonstra um trabalho pouco efetivo dessas

instituições. A TV, revistas e jornal registraram 4%, 2% e 1% respectivamente.

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93

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Amigos/Parentes

Internet

Empresa Turismo

TV

Revistas

Jornal

Figura 28 – Conhecimento prévio sobre o PNCV Fonte: Lacerda, 2008.

O tempo de permanência na região (FIGURA 29) revelou que 85 dos

respondentes, o que corresponde a 42% declararam ficar entre 3 a 7 dias. Seguidos

de 20% (42 pessoas) que permaneceriam todo o feriado e 18% (35 pessoas) o final

de semana. O número de pessoas que declararam permanecer mais de sete dias

ficou em 8% (16 pessoas) dos entrevistados.

0102030405060708090

De 3 a 7 dias Todo feriado Fim desemana

Mais de 7dias

Dois dias Até 1 dia

Tempo de Permanência

Número de respondentes

Figura 29 – Tempo de permanência na Chapada dos Veadeiros. Fonte: Lacerda, 2008.

Percebe-se que o tempo de permanência do turista na Chapada dos

Veadeiros é bom, pois, podemos inferir que a maior parte dos entrevistados

permanece por mais de três dias, o que aumenta a possibilidade de gastos.

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94

Perguntou-se em que local estava hospedado (FIGURA 30), quando 67% dos

respondentes assinalaram estarem hospedados na Vila São Jorge, enquanto 30%

afirmaram estar em Alto Paraíso de Goiás.

Alto Paraíso de Goiás30%

Vila São Jorge67%

Fazenda São Bento1%

sem resposta1%

Vale da Lua1%

Figura 30 – Local de hospedagem. Fonte: Lacerda, 2008. Este resultado confirma que o Parque beneficia de forma direta a Vila São

Jorge, pois possibilita o oferecimento de uma série de serviços indiretos como:

restaurantes, meios de hospedagem, venda de produtos locais, artesanato, entre

outros.

O questionamento acima, foi complementado com a seguinte indagação: qual

meio de hospedagem esta utilizando (FIGURA 31). A maior parte dos respondentes

74% revelou estar hospedada em pousadas, com 18% assinalando camping,

seguidos de casa de aluguel com 4%, amigos/ parentes 2%, de passagem ou

morador na região 1%.

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95

Pousada74%

Camping18%

Casa Aluguel4%

Amigos/Parentes2%

De passagem1%

Mora na região1%

Figura 31 – Meio de hospedagem utilizado Fonte: Lacerda, 2008. O resultado reflete os benefícios gerados pelo PNCV para as comunidades do

seu entorno. O fato de 92% dos respondentes declararem fazer uso de um dos

meios de hospedagem turístico oferecidos por essas comunidades, aliado ao tempo

de permanência, evidencia o efeito “multiplicador” do turismo. Assim, diversos

setores produtivos são acionados, pelo maior tempo para o consumo, gerando mais

empregos indiretos e serviços oferecidos, impactando a economia local de forma

positiva.

As opções “amigos/parentes” e “casa de aluguel”, juntas tiveram participação

de apenas 6%. Este resultado demonstra uma diferença significativa entre este

segmento de turismo com outros tipos, como por exemplo, o de praia, onde a

demanda por este tipo de hospedagem é maior.

Ao serem indagados desde quando visitavam o Parque Nacional da Chapada

dos Veadeiros (FIGURA 32), 69% dos entrevistados disseram que era a primeira

vez, enquanto 11% afirmaram que sua visita era feita com intervalos entre 5 e 10

anos.

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96

1ª vez69%

Entre 2 e 4 anos8%

De 1 a 2 anos8%

Entre 5 e 10 anos11%

Mais de 10 anos4%

Figura 32 – Tempo de conhecimento do PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

Já no questionamento seguinte quando se perguntou com que freqüência

visitava o Parque (FIGURA 33), 55% dos respondentes não responderam, enquanto

33% disseram que visitam o parque pelo menos uma vez ao ano, 9% duas vezes ao

ano.

uma vez ao ano33%

não respoderam55%

2 vezes ao ano9%

entre 3 e 5 vezes ao ano3%

Figura 33 - Freqüência de visitação ao PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

Considera-se que os dois questionamentos acima mencionados, referentes à

visita ao Parque, não foram estruturados de forma adequada, assim as respostas

geradas demonstraram certa confusão por parte dos respondentes. A esse respeito

Babbie (1999, p.190) comenta que: “os itens de questionários devem ser claros e

não ambíguos”. Neste caso, a pergunta mal elaborada corroborou com a abstenção

das respostas e resultados redundantes.

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97

Quando perguntados se costumavam incluir visitas a Parques Nacionais ou

estaduais em suas viagens (FIGURA 34), 33% disseram que com freqüência fazem

esta opção, 20% afirmaram que sempre incluem os parques nas viagens. Aqueles

que disseram incluir poucas vezes somaram 29%, enquanto 17% responderam ser a

primeira vez que faziam essa escolha. Apenas 1% não respondeu.

sempre20%

com frequência33%

poucas vezes29%

primeira vez17%

sem resposta1%

Figura 34 – Inclusão de visitas a parques em viagens realizadas. Fonte: Lacerda, 2008.

Este resultado demonstra que uma quantidade expressiva (53%) dos

respondentes aprecia as visitas a parques e incluem esses locais como destino nas

suas escolhas turísticas.

Quanto ao tamanho do grupo (FIGURA 35) as respostas revelaram que 66%

declararam que estavam em grupo de 2 a 4 pessoas, 20% com grupos de 5 a 10

pessoas, 8 % revelarem estar com um grupo acima de 10 pessoas, sendo que 6%

dos pesquisados declararam estar só.

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98

1216

40

132

0

20

40

60

80

100

120

140

2 a 4 pessoas 5 a 10 pessoas Mais de 10 Só

Tamanho do grupo

Número de respondentes

Figura 35 – Tamanho do grupo. Fonte: Lacerda, 2008.

O tipo de grupo (FIGURA 36) revelou que, em sua maioria, ou seja, 89%

visitam o Parque em companhia de amigos ou familiares. O grupo de amigos obteve

destaque com 50% das respostas. Constatou-se que uma quantidade muito

pequena, apenas 3% , assinalou agências de viagem, sugerindo duas hipóteses de

averiguação: a primeira que as agências de viagens não são atuantes na divulgação

e comercialização de pacotes turísticos para Parques; e a segunda é que poucos

turistas buscam essas empresas para organizarem este tipo de passeio.

amigos50%família

39%

excursão7%

agência viagem3%

não respondeu1%

Figura 36 – Tipo de grupo. Fonte: Lacerda, 2008.

Vale observar, que os grupos de excursão, aqui destacados são aqueles

formados especificamente para a visita ao Parque e formados principalmente por

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grupos escolares. Os resultados do tipo e tamanho de grupos são compatíveis com

o predomínio das respostas, sugerindo que a recreação em Parques possui uma

tendência a ser realizada por pequenos grupos de amigos ou família.

Buscou-se saber qual a principal atividade do visitante durante a permanência

no Parque (FIGURA 37), para tanto foi solicitado que o respondente assinala-se

somente uma alternativa.

3845

49

65

010203040506070

Banho Cachoeira

Apreciar Paisagem

Caminhada Trilhas

Passeio

Estudo/Pesquisa

Outro

Principal atividade

Número de respondente

Figura 37 – Principal atividade durante a permanência no PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

Nos resultados apresentados, percebe-se certo equilíbrio nas respostas, com

tendência ao banho de cachoeira que foi assinalado por 65 pessoas, enquanto 49

pessoas indicaram apreciar a paisagem, 45 a caminhada pelas trilhas e 38 pessoas,

o passeio. Apenas 2 pessoas dentre os respondentes apontaram como principal

atividade estudos ou pesquisas. Infere-se pelas respostas que a visita ao Parque

esta fortemente relacionada à recreação.

b) Aspectos relacionados à percepção do visitante

O visitante foi solicitado a assinalar aspectos percebidos durante sua

permanência no PNCV. Esta questão continha oito itens os quais poderiam ser

apontados individualmente ou em conjunto. Na representação gráfica exposta na

Figura 38, percebe-se que a maior parte das marcações (193), foram feiras no item

“trilhas em bom estado”, seguida por 55 que assinalaram “trilhas com muitos

visitantes”, 53 marcações em “recuperação da vegetação em áreas degradadas”, 46

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em “atalhos e trilhas paralelas”. Com pontuações ainda significativas obteve-se 24

em “barulho provocado pelos visitantes”. Nos itens restantes, foram marcados, 10

em “lixo deixado pelos visitantes”, 9 em “árvores cortadas ou danificadas”, e 5 em

“trilhas mal mantidas”.

24465355

193

0

50

100

150

200

250

trilhas em bom estado

muitos visitantes

recuperação da vegetação

atalhos e trilhas paralelas

barulho provocado por visitante

lixo deixado por visitante

árvores cortadas

trilhas mal mantidas

Figura 38 – Percepções na trilha durante a visita. Fonte: Lacerda, 2008.

A questão 14 do instrumento de pesquisa, estava estruturada em três itens: nº

de encontros interpessoais, degradação de áreas naturais e atuação da

administração do PNCV. Para cada um destes itens foi solicitado ao visitante que

opinasse de acordo com os seguintes critérios: (1) menos que esperava; (2) o

mesmo que esperava; (3) mais que esperava; e (4) quando não houvesse

expectativa. E, em seguida, foi solicitada ao respondente sua percepção em relação

ao questionamento anterior, ou seja, se sentia: bem; indiferente ou incomodado.

Quando perguntado sobre o número de visitantes encontrado nas trilhas

(FIGURA 39), os respondentes opinaram da seguinte forma, 33% disseram que

havia mais pessoas do que estavam esperando, 31% declararam ser o mesmo

número de pessoas que esperavam, enquanto 16% acharam o número inferior

àquele que esperavam. O percentual de visitantes que declararam não ter

expectativas a esse respeito ficou em 20%.

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101

o esperado31%

sem expectativa20%

menos que esperava16%

mais que esperava33%

Figura 39 – Percepção do visitante em relação ao número de encontros interpessoais Fonte: Lacerda, 2008.

Ao ser inquirido como se sentia em relação à presença de outros visitantes

(FIGURA 40), 50% dos respondentes afirmaram se sentir bem, enquanto 34%

disseram ser indiferente e 16% ficaram incomodados.

bem50%

incomodado16%

indiferente34%

Figura 40 – Percepção quanto à quantidade de pessoas encontradas na trilha. Fonte: Lacerda, 2008.

Nota-se que, apesar de 33% dos respondentes afirmarem ter encontrado um

número maior de pessoas do que esperava, somente, 16% disseram se sentirem

incomodados a esse respeito.

A indagação seguinte foi a respeito da degradação das áreas naturais

causada pelos visitantes (FIGURA 41). Neste quesito 36% disseram que

encontraram menos degradação do que esperavam, enquanto 31% responderam

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102

que encontraram o local como esperavam que estivesse. A área estava com

degradação maior do que se esperava para 11% dos respondentes.

menos que esperava36%

o esperado31%

sem expectativa22%

mais que esperava11%

Figura 41 – Percepção quanto a degradação das áreas naturais causada pelos visitantes. Fonte: Lacerda, 2008.

Na questão seguinte, representada graficamente na Figura 42, os

entrevistados perguntados como se sentiam em relação a degradação, se

manifestaram da seguinte forma. Como se observa 61% afirmou se sentir bem,

enquanto 20% disseram ser indiferente e 19% afirmaram se sentir incomodado.

indiferente20%

incomodado19%

bem61%

Figura 42 – Sentimento em relação à degradação das áreas naturais causada pelos visitantes. Fonte: Lacerda, 2008.

A análise desses dois gráficos demonstra que algumas pessoas que não

tinham expectativa se uniram aqueles que encontram a área mais degradada do que

esperavam, sentindo-se igualmente incomodados com isso, com a outra parte

sentindo-se indiferente a respeito.

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103

A questão seguinte versou sobre a atuação da administração do parque para

corrigir impactos causados pela visitação (FIGURA 43). A este aspecto 36%

afirmaram que a atuação da administração do Parque estava de acordo com o

esperado, 23% afirmaram que a atuação excedeu ao esperado, enquanto 10%

perceberam uma atuação menor do que esperavam.

o esperado36%

sem expectativa31%

mais que esperava23%

menos que esperava10%

Figura 43 – Atuação da administração do PNCV para corrigir impactos causados pelo visitante. Fonte: Lacerda, 2008.

Perguntados como se sentiram a esse respeito da atuação da administração

(FIGURA 44), 72% dos respondentes afirmaram se sentir bem, enquanto, somente

7% se sentiram incomodados.

bem72%

indiferente21%

incomodado7%

Figura 44 – Percepção do visitante quanto à atuação da administração para corrigir impactos causados por visitantes. Fonte: Lacerda, 2008.

Esse dado revela que algumas pessoas, apesar de terem percebido uma

menor atuação da administração do que esperavam não se sentiram incomodados a

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104

esse respeito, compondo o grupo dos indiferentes. Acredita-se que a possibilidade

dos turistas fazerem qualquer julgamento a esse respeito seja muito pequena,

portanto, o terceiro item da questão 14 deveria ser reavaliado. Neste sentido, busca-

se apoio em Babbie (1999, p.191) quando diz que “ao pedir informações, deve-se

sempre perguntar se os respondentes são capazes de fazê-lo de forma confiável [...]

da mesma forma as perguntas devem ser relevantes para a maioria dos

respondentes”.

c) Aspectos da satisfação do visitante

A questão de número 15 foi composta por 11 onze itens identificados de “A” a

“L”, em que se perguntava ao visitante a sua opinião sobre aspectos do PNCV. Os

resultados são descritos a seguir.

A Figura 45 apresenta os resultados gráficos relativos aos itens: cortesia e a

atenção no atendimento; informações de utilidade para visita; informações

educativas sobre o Parque e o ambiente natural; material informativo impresso; e

serviço do condutor do visitante.

A cortesia e a atenção no atendimento tiveram por parte dos respondentes

que opinaram neste quesito uma avaliação bastante positiva com 90% de

aprovação, sendo que, apenas 9% acharam o atendimento regular e 1% classificou

como ruim. Não quiseram opinar 2% dos respondentes.

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105

cortesiaruim1%

regular9%

bom90%

inf uteis

bom74%

regular16%

ruim10%

inf educativasruim11%

regular26%

bom63%

impressos

regular36%

ruim23%

bom41%

guiaruim4%

regular17%

bom79%

Figura 45 – Percepção dos respondentes em relação a: cortesia e a atenção no atendimento; informações de utilidade para visita; informações educativas sobre o Parque e o ambiente natural; material informativo impresso; e serviço do condutor do visitante. Fonte: Lacerda, 2008.

Sobre o caráter de utilidade das informações para sua visita 4% dos

respondentes não quiseram emitir opinião. Dentre aqueles entrevistados que

opinaram, 74% afirmaram ter recebido informações úteis, enquanto 16% acharam as

informações regulares e 10% conceituaram como ruim.

Quanto às informações educativas sobre o Parque e o ambiente natural 5%

dos pesquisados não quiseram emitir opinião. Dos que apreciaram 63% julgaram ser

boas, contra 26% que acharam regular e 11% que avaliaram como ruim. Já sobre o

material informativo - impressos, 43,5% dos respondentes não opinaram. Na

avaliação dos que se manifestaram para 41% o material é bom, enquanto para 36%

foi julgado como regular e 23% como ruim.

O aspecto relevante a ser analisado nestes itens, é que, verificou-se a

inexistência de quaisquer placas informativas no local. Basicamente, as informações

são repassadas verbalmente, seja, pelos guias, ou pessoal responsável pela

recepção, o que pode justificar a avaliação positiva no quesito de cortesia e atenção.

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106

Porém deve ser ressaltada a superficialidade desta medição, já que a mesma não

reflete adequadamente o significado real do conceito considerado.

O fato é que, não há informação impressa, ou placas informativas e

orientativas nem mesmo de como proceder à entrada no PNCV, tais como: “Dirija-se

à Recepção”; “Acesso restrito ao uso administrativo (porteira e portão guarita)”, ou

de itens importantes de informações básicas como: taxas (ingresso, condução);

orientações sobre normas e procedimentos; requisitos mínimos para se fazer as

trilhas (água, lanche, protetor solar); entre outros. O único material impresso

disponível para os visitantes são os 12 painéis interpretativos expostos no Centro de

Visitante (vide relatório item 5.1.1). O Parque não dispõe de folders, mapas, ou

qualquer outro tipo de material impresso.

O serviço do condutor de visitante foi avaliado como bom por 79% dos

respondentes que emitiram seu parecer. Esse resultado corrobora com a análise

acima, já que o repasse de informações de modo geral fica a cargo dos condutores.

Mas devemos considerar pontualmente os 17% que conceituaram como regular,

somados aos 4% que apontaram como sendo ruim, já que existe a obrigatoriedade

da contratação do condutor. Nas atuais condições do Regulamento Interno do

Parque, é de vital importância, que esse serviço seja visto com uma qualidade maior

do que a expressa na pesquisa. Neste item 3,5% dos respondentes não opinaram.

Quanto a infra-estrutura e serviços os aspectos avaliados foram:

estacionamento; sanitários; trilhas; mirantes; e coleta de lixo (FIGURA 46). Solicitado

a emitir apreciação sobre o estacionamento 21% dos respondentes não quiseram

avaliar. Dos respondentes que avaliaram 90% julgou como sendo bom, enquanto

9% como regular e apenas 1% como ruim.

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107

estacionamentoruim1%

regular9%

bom90%

sanitáriosregular16%

ruim8%

bom76%

trilhasregular11%

ruim4%

bom85%

mirantesregular15%

ruim5%

bom80%

coleta de lixoregular14%

ruim5%

bom81%

Figura 46 – Percepção dos respondentes em relação a: estacionamento; sanitários; trilhas; mirantes; e coleta de lixo. Fonte: Lacerda, 2008. Perguntados sobre o que achavam dos sanitários, 76% dos pesquisados que

opinaram apontou com sendo bons, contra 16% que avaliaram como regulares, e

8% como ruins. A opinião expressa pelos visitantes condiz com a realidade

observada no PNCV, os sanitários na maior parte do tempo encontram-se em bom

estado de conservação, atendendo a contento a demanda. Contudo, ocorrências

esporádicas, como a falta d’água no Parque, ou torneiras danificadas, podem

explicar os 24% de desaprovação. Nesta questão 29,5% não quiseram emitir

julgamento.

As trilhas de maneira geral foram bem avaliadas por parte dos que emitiram

opinião, obtendo 85% de conceito bom. Os 11% que avaliaram com regular e os 4%

que avaliaram como ruim, podem ser analisados sob alguns aspectos, como os

citados por alguns visitantes: pouca sinalização nas trilhas, equipamentos de apoio

necessitando de manutenção, trilha pesada. Dos respondentes 1% não opinou.

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108

Outro aspecto de percepção foi levantado em relação aos mirantes. Como a

pergunta não especificava qual mirante, considera-se aqui que os respondentes

estavam se referindo ao mirante do salto de 120m. Dentre os respondentes que

avaliaram, o conceito bom foi assinalado por 80%, o regular por 15% , e o ruim por

5%. Dos entrevistados 12,5% preferiu não avaliar.

A pergunta referente à “coleta de lixo” gerou alguns comentários por parte dos

respondentes, já que não ficou clara se era sobre a regra adotada pelo PNCV (leva–

traz), a falta de um sistema de coleta seletivo, ou a existência ou não de lixeiras no

interior do Parque. No Parque, a norma vigente diz que todo lixo produzido pelo

visitante, seja orgânico ou inorgânico deve ser trazido de volta por ele.

Para fins de análise considerou-se que o visitante opinou sobre a regra

interna da UC. Dos entrevistados 27,5% não emitiram opinião. Como demonstra a

representação gráfica, 81% dos visitantes que opinaram consideram este aspecto

bom. Dentre os 19% que avaliaram como regular (14%) ou como ruim (5%), é

interessante salientar algumas considerações feitas pelos visitantes, tais como: “o

parque poderia fornecer sacos de lixo como forma de incentivo”; “deveria ter lixeiras

nas trilhas”, “o condutor não avisou sobre o lixo”.

Buscou-se ainda saber qual a percepção do visitante quanto à conservação

da natureza. Dos respondentes apenas 0,5% não quiseram dar opinião. Novamente

neste quesito a percepção do visitante que opinou, foi bastante positiva, com 85%

conceituando como bom, enquanto 13% avaliaram como regular e somente 2%

como ruim (FIGURA 47).

regular13%

ruim2%

bom85%

Figura 47 – Percepção do visitante quanto a conservação da natureza Fonte: Lacerda, 2008.

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109

Na questão de número 15 de uma forma geral, mais uma vez se observou

uma formulação inadequada. Os itens foram compostos com perguntas muito

genéricas, causando dúvidas aos respondentes, e, portanto, tendo sua análise

prejudicada. Por exemplo, em “trilhas” o objetivo poderia ser: a “experiência de ter

feito a trilha”, “o seu estado de conservação”, ou o “grau de dificuldade”, entre

outras. Esse mesmo erro ocorre em relação ao “mirante”, “coleta de lixo” e

“conservação da natureza”.

A questão dezesseis solicitava ao visitante que apontasse quais os locais que

ele havia visitado no PNCV. Assim, o respondente poderia assinalar um ou mais

atrativos. O atrativo mais visitado (FIGURA 48) foi a trilha dos saltos com 140

indicações, seguida das corredeiras com 127 indicações, Cânion II com 69 e

Cariocas com 61. Ressalta-se que o Cânion I não foi assinalado, por encontrar-se

fechado na época da aplicação da pesquisa, por questão de segurança devido ao

volume de água.

61

69

127

140

0

20

40

60

80

100

120

140

160

saltos corredeiras cânion II cariocas cânion I

Atrativo visitado

Número de respondentes

Figura 48 – Locais mais visitados no PNCV. Fonte: Lacerda, 2008. Outro aspecto a ser salientado é que normalmente quem faz o percurso da

trilha dos Saltos, passa pelas Corredeiras, mas existe a possibilidade de fazer a

trilha somente até as Corredeiras. Isto também ocorre com o percurso da trilha dos

Cânions que normalmente contempla também as Cariocas.

O atrativo mais visitado fora do PNCV como demonstrado graficamente na

Figura 49, com 87 indicações foi o Vale da Lua, em seguida foi a Raizama com 73

indicações. Os demais atrativos demonstram certo equilíbrio, a exceção do mirante

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110

da estrela, o que pode ser explicado pelo fato deste não oferecer uma opção

significativa de recreação.

1537384750

73

87

0102030405060708090100

Vale da Lua

Raizama

Almecegas

Cachoeira São Bento

Portal da Chapada

Morada do sol

Mirante da estrela

Figura 49 – Atrativos mais visitados fora do PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

Apenas como ilustração são apresentados na Figura 50 alguns dos principais

atrativos turísticos citados pelos respondentes.

Raizama

Cachoeira São Bento

Almécegas

Vale da Lua

Figura 50- Ilustração dos principais atrativos turísticos citados pelos respondentes Fonte: Lacerda, 2007.

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111

Em pergunta aberta buscou-se saber o que mais o visitante havia gostado na

sua visita. Como pode ser observado na Figura 51, 42% dos respondentes

apontaram as cachoeiras, seguidos de 34% que disseram genericamente ter sido da

natureza, enquanto 12% não responderam. As trilhas ficaram com somente 2% dos

votos e esse resultado pode ser analisado pelas observações dos visitantes que

registraram em um segundo momento (na questão seguinte) algumas observações

como: “falta de sinalização”, “trilhas pesadas”, “caminhada rápida demais”.

cachoeiras42%

natureza34%

não respondeu12%

tudo5%

conservação5%

trilhas2%

Figura 51 – Preferência do visitante quanto aos aspectos relacionados a visita no PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

Perguntado sobre o que menos havia gostado na sua visita (FIGURA 52), 71

dos respondentes disseram que não houve “nada” de que não gostassem, enquanto

53 pessoas optaram por não responder.

11131619

53

71

01020304050607080

nada

não respondeu

trilhas

serviços

número visitantes

sinalização

condutor

informações

conservação

O que menos gostou na visita

Número de respondentes

Figura 52 – Aspectos relacionados a insatisfação do visitante em relação ao PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

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112

Ao analisar as outras respostas percebemos que 19 pessoas apontaram as

trilhas, seguida dos serviços com 16 pessoas, número de visitantes com 13 pessoas

e sinalização com 11 votos. Os respondentes que apontaram as trilhas podem ser

agrupados aqueles que apontaram à sinalização como aspecto falho, pois com

citado anteriormente ao responder a essas questões o visitante fez referência a

essas falhas.

Solicitados a se manifestarem de um modo geral, como classificaria sua visita

ao Parque, 65% dos respondentes conceituou como ótima, enquanto 32% avaliou

como boa e somente 1% como fraca (FIGURA 53).

ótima65%

boa32%

razoável2%

fraca1%

Figura 53 – Percepção geral do visitante em relação a sua visita ao PNCV. Fonte: Lacerda, 2008. Após a questão que indagou sobre a experiência da visitação, os visitantes

poderiam, se quisessem, deixar alguma sugestão referente ao Parque. A pergunta

foi aberta, deixando o visitante livre para se expressar como lhe conviesse. As

respostas foram analisadas e agrupadas conforme sua especificidade. Muitos dos

respondentes opinaram sobre mais de um aspecto. Neste item 36% preferiram não

opinar (FIGURA 54). As ações mais recomendadas foram quanto à informação com

30% das sugestões.

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113

informações30%

não opinaram36%

serviços11%

segurança9%

novas trilhas6%

recursos humanos4%

organização4%

Figura 54 – Sugestão do visitante Fonte: Lacerda, 2008.

Com a finalidade de delinear melhor os aspectos mencionados pelos

visitantes, algumas das sugestões mais significativas são transcritas abaixo:

• “Poderia existir informações escritas (placas, sinais na entrada do parque com toda

a explicação básica do passeio oferecido, opções, preços, onde entrar, como se

comportar, etc”;

• “Intensificar a idéia do lixo – levar e trazer, informar para conscientizar”;

• “Folders informativos, educativos, mapa das trilhas”;

• “Falta avisos práticos na entrada do parque (horários, disponibilidade de

guias,etc)”;

• “Mais informações no Centro de visitantes, museu, vídeos, mapas, etc”;

• “Pouca informação sobre o parque, placas informativas das espécies de flora e

fauna”.

No item serviço, com 11%, foram agrupadas sugestões como as que se

seguem:

• “Lanchonete, pelo menos pra vender água”;

• “Melhorias no estacionamento, muito pequeno, aberto e, portanto, inseguro”;

• “Lixeiras dentro da unidade”;

• “Arborização no estacionamento, souvenires do PNCV, lanchonete”;

• “Comes e bebes, vender coisas na portaria (capa de chuva, bonés, etc)”;

• “Distribuir saquinhos de lixo”;

• “Melhorar as estradas”.

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114

No item segurança, com 9% das sugestões, são destacadas as seguintes:

• “Manutenção dos equipamentos de apoio (pontes, correntes, etc)”;

• “Estruturar melhor a central de segurança, não conseguimos contato”;

• “Maior rigor nas proibições e no controle dentro do parque”;

• “Ser permanente a ação de segurança com bombeiros”.

As sugestões de abertura de novas trilhas obtiveram apoio de 6% dos

respondentes, que se expressaram da seguinte forma:

• “Vocês podem criar outras alternativas de trilhas no parque, de mais dias com

pernoite”;

• “Poucas opções de trilhas. Avalio que para as trilhas existentes não há

necessidade de guias. Outras trilhas deveriam ser abertas e a exemplo do PN

Ibitipoca, somente as trilhas de maior dificuldade terem a obrigatoriedade de guias”.

Os recursos humanos mereceram a observação de 4% dos respondentes,

como ilustrado a seguir:

• “Capacitação dos condutores, já que a contratação é obrigatória”;

• “Pessoas mais capacitadas para informar e guiar, dentro e fora do parque”;

• “O guia imprimiu um ritmo muito pesado, sem tempo livre para apreciação”.

E a organização com 4%, foi expressa da seguinte forma:

• “Confusão na abertura do PNCV, falta de guias em pleno feriado”;

• “Ajudar na formação de grupos, mais organização na entrada”.

Nas observações realizadas pela acadêmica constatou-se que todas as

sugestões, a exceção de colocação de lixeiras dentro na UC, são pertinentes.

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115

5.2.2 Composição do perfil e associação entre o perfil e percepção do visitante

A análise do perfil e da percepção dos visitantes subdividiu-se em quatro

etapas: na primeira foi realizada uma recategorização dos itens de resposta; na

segunda foram testadas associações entre pares de variáveis do perfil do visitante;

na terceira foi elaborado um modelo multivariado do perfil do visitante; e na quarta

foram construídos mapas perceptuais da associação entre o perfil e a percepção

geral.

a) Etapa preliminar de recategorização dos itens de resposta.

A recategorização de itens consiste em um agrupamento de respostas

segundo sua afinidade, de forma a diminuir o número de categorias de resposta e

aumentar o número amostral dentro de cada categoria. Isto se faz necessário nos

casos em que é utilizada a prova do qui-quadrado, já que a mesma requer um

número mínimo de respondentes, conforme detalhado no início do item 5.2. Nas

questões em que o agrupamento de respostas não pode ser feito devido à

inexistência de afinidade entre os itens, optou-se pela exclusão dos respondentes.

O Quadro 05 mostra os itens de resposta para cada questão selecionada para

análise em que foi necessária a recategorização. Os itens originais em sua

totalidade podem ser vistos no Anexo B. A justificativa para a exclusão de

determinadas questões já foi estabelecida durante a descrição geral dos resultados

realizada no item 5.2 (quarto parágrafo).

Código Descrição Categorias de análise Et2 Faixa etária 17 a 28; 29 a 40; acima de 40 Esc Escolaridade Médio; Superior S Sexo Masculino; Feminino Proc Procedência DF; GO; SSE; NNE; EX Q3A Meio de transporte Automóvel; Outro Q4A Forma de contato com o parque Pessoal; Mídia Q5A Tempo de permanência 2 dias; feriado; 3 ou mais Q7A Visita anterior ao parque Não; Sim Q10A Tamanho do grupo 2 a 4; 5 ou mais Q12A Atividade principal durante a permanência

no PNCV Banho; Caminhada

Q13A Percepção pontual: aspectos percebidos Positiva; Negativa Q20 Percepção global: classificação da visita Ótima; Boa Quadro 05 – Recategorização das variáveis utilizadas na análise do perfil e percepção do visitante do PNCV. Fonte: Lacerda, 2008.

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116

Na recategorização da faixa etária, foi eliminada a faixa etária abaixo de 17

anos tendo em vista o baixo número de respondentes (sete). O mesmo ocorreu com

a escolaridade, em que foram excluídos da análise os cinco respondentes com

ensino Fundamental.

Com relação à procedência, as unidades federativas foram assim agrupadas:

SSE, grupo formado pela região sudeste e sul; NNE, grupo formado pela região

norte e nordeste. Optou-se por manter a distinção entre DF e GO da Região Centro-

Oeste devido ao grande número de respondentes destas duas unidades federativas

(86 e 42 respectivamente). Os dez respondentes oriundos do exterior foram

codificados como EX.

Quanto ao meio de transporte, todos os demais meios sugeridos no

questionário (ônibus, van e outros) foram agrupados sob a categoria “outro”.

A forma de contato com o parque foi dividida em duas categorias: “pessoal”,

quando o contato foi por meio de amigos, e “mídia”, quando o contato foi realizado

por meio de internet, TV, jornais, revistas, folders de empresas e outros.

O tempo de permanência foi recategorizado em “2 dias”, feriado”, e “ 3 ou

mais dias”. Entende-se que esta opção seja a mais coerente para a análise, pois

além de englobar todo o público visitante, define bem o seu perfil.

Na visita anterior ao Parque optou-se por “não” quando era a primeira vez e

“sim”, quando já havia visitado anteriormente.

O tamanho do grupo foi dividido em duas categorias de “2 a 4”, e “5 ou mais”,

por serem os grupos mais representativos da amostra.

A atividade principal durante a permanência no parque foi divida em duas

categorias “banho” e “caminhada”, considerou-se que as pessoas que haviam

assinalado “passeio”, “apreciar a paisagem”, “caminhada trilha”, e “estudo e

pesquisa”, tinham como atividade principal a “caminhada”.

Na categorização da percepção, os itens originalmente relacionados com a

questão 13 foram agrupados sob duas grandes categorias: aspecto negativo e

aspecto positivo. Nesta questão, como o respondente poderia selecionar mais de um

aspecto, adotou-se a seguinte regra de forma a estabelecer uma percepção pontual

“geral” para cada um dos respondentes: se o número de aspectos positivos

apontados for maior do que o de aspectos negativos, a percepção pontual será

considerada positiva; caso contrário, negativa. Em caso de empate, deu-se

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117

preferência para o aspecto negativo. Os itens originais de resposta foram assim

considerados:

• Trilhas em bom estado: positivo;

• Trilhas mal mantidas e com erosão: negativo;

• Trilhas com muitos visitantes: negativo;

• Atalhos e trilhas paralelos: negativo;

• Recuperação da vegetação em áreas degradadas: positivo;

• Árvores cortadas ou danificadas: negativo;

• Lixos/resíduos deixados pelos visitantes: negativo;

• Barulho provocado pelos visitantes: negativo.

Os aspectos apontados como “outros” não foram considerados nesta análise.

Tendo em vista que os itens de resposta continham mais aspectos negativos (seis)

do que positivos (dois) pode-se argumentar que a categorização favoreceu

duplamente a classificação “negativa” da percepção: tanto pelo número absoluto de

aspectos negativos quanto do critério de desempate. A justificativa para este

procedimento deriva do objetivo central para a aplicação do instrumento no parque,

ou seja, à direção do PNCV interessa, principalmente, a detecção de impactos

negativos da visitação na conservação ambiental.

Seguindo esta mesma orientação, considerou-se que o aponte de um item

negativo sinaliza uma percepção geral negativa por parte do visitante, a não ser que

este item venha acompanhado da marcação dos dois itens positivos presentes.

Na questão referente a percepção global (Q20) foram descartadas as demais

respostas: (razoável, fraca e ruim) devido ao baixo número amostral.

b) Associações entre as variáveis do perfil

Realizadas as recategorizações foram testadas as associações entre os

pares das questões discriminadas no Quadro 05. A tabela 01 sumariza as

associações significativas encontradas. Uma associação significativa mostra uma

diferença percentual entre as diversas categorias das variáveis analisadas.

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118

Tabela 01 – Valores de significância associados aos pares de variáveis do perfil do visitante. Os valores acima de 0,05 (ou 5%) foram considerados não significativos (ns). Código Esc S Proc Q3A Q4A Q5A Q7A Q10A Q12A

Et2 ns ns 0,006 ns 0,04 ns ns ns ns

Esc ns ns ns ns ns ns 0,02 ns

S ns ns ns ns ns ns ns

Proc 0,0005 0,0001 0,0003 0,001 ns 0,013

Q3A 0,046 ns ns ns ns

Q4A ns ns ns ns

Q5A ns ns ns

Q7A ns 0,004

Fonte: Lacerda, 2008.

O exame da tabela permite concluir que o sexo (S) não esteve associado a

qualquer outra variável do perfil, enquanto que a procedência (Proc) do visitante

mostrou associação com quase todas as outras variáveis, a exceção do tamanho do

grupo (Q10A). O meio de transporte utilizado (Q3A) esteve fortemente associado à

forma de contato inicial com o parque (Q4A).

Dentre as nove associações significativas encontradas, serão discutidas a

seguir, três de maior significância, a saber: Procedência (proc) versus Contato inicial

Q4A; Procedência (proc) versus tempo de permanência (Q5A); e Procedência (proc)

versus visita ao PNCV (Q7A).

• Procedência versus Contato inicial

Nesta associação é analisado a relação da procedência e o contato inicial

com o PNCV. Para efeito de análise foram excluídos os respondentes do NNE

devido ao baixo número amostral para a prova do qui-quadrado. Percebe-se a partir

da observação do gráfico apresentado na Figura 55 que, quanto maior a distância do

atrativo, maior é a influência da mídia na comunicação. No entanto, numa análise

mais atenta verifica-se que tanto para os visitantes brasileiros de regiões mais

distantes do PNCV, como para os estrangeiros, o contato pessoal ainda corresponde

a um percentual igual ou levemente superior a mídia, na qual estão inclusas as

agências de viagem.

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119

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

DF SSE EX GO

Procedência

Percentual

pessoal midia

Figura 55 - Procedência versus Contato inicial Fonte: Lacerda, 2008.

Esse resultado sugere algumas hipóteses que podem orientar futuras

investigações sobre: o perfil do segmento de ecoturismo; o perfil do visitante

estrangeiro; e a atuação da mídia na divulgação desses atrativos turísticos. Algumas

perguntas surgem, como: Seria uma característica desse público a escolha de

atrativos através de indicações pessoais? O ecoturista estrangeiro veio

especificamente para conhecer o Parque? Há uma limitação na atuação da mídia?

As estratégias de marketing desenvolvidas e pelas agências de viagens e pelos

órgãos governamentais para atrair o turista estrangeiro não contemplam os Parques

Nacionais?

• Procedência versus tempo de permanência

A partir do gráfico exposto na Figura 56 pode-se analisar a associação entre a

procedência e o tempo de permanência, que para efeitos de análise foram

excluídos NNE e EX devido ao baixo número amostral para a prova do qui-

quadrado. Percebe-se que o tempo de permanência no local está diretamente

relacionado à distância do atrativo, já que, a maior parte dos visitantes das

regiões SSE permanece mais de três dias na Chapada dos Veadeiros. Enquanto

observa-se que, para os visitantes procedentes do DF e GO, os dias de

permanência são relativamente equilibrados entre os períodos analisados.

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120

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

DF SSE GO

Procedência

Percentual

2dias 3+ feriado

Figura 56 - Procedência versus Tempo de permanência Fonte: Lacerda, 2008. • Procedência versus número de visita ao PNCV

Neste resultado foram excluídos NNE e EX devido ao baixo número amostral

para a prova do qui-quadrado. Podemos observar a partir do gráfico apresentado na

Figura 57 que, 80% dos procedentes das regiões SSE, visitavam pela primeira vez o

PNCV, enquanto os visitantes do DF e GO já haviam visitado mais de uma vez;

indicando que a proximidade favorece uma maior freqüência de visitação.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

DF SSE GO

Procedência

Percentual

sim não

Figura 57 - Procedência versus Visita ao PNCV Fonte: Lacerda, 2008. c) Modelos de associação do perfil do visitante

Dois modelos multivariados puderam ser estabelecidos a partir de uma

análise de correspondência realizada para as variáveis qualitativas. Dentre todas as

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121

variáveis analisadas do perfil do visitante, quatro compuseram um modelo de

associação conforme mostrado na Figura 58, a saber: o meio de transporte, a forma

de contato inicial com o PNCV, a visita anterior ao parque, e a principal atividade.

Para a escolha das dimensões de cada modelo de associação, utilizou-se o

critério de reter a dimensão com inércia (autovalor) superior a 0,2 (HAIR, et al,

2005), determinado pela força da associação entre as variáveis. Sempre que

possível foi dada preferência por analisar somente as duas primeiras dimensões de

forma a facilitar a interpretação dos resultados.

O primeiro modelo mostrou uma inércia de cerca de 60%. Isto significa, a

grosso modo, que 60% da variabilidade encontrada nas respostas pode ser

explicada a partir da associação entre o meio de transporte, a forma de contato

inicial com o PNCV, a visita anterior ao parque, e a principal atividade desenvolvida

pelo visitante.

Q3A:auto

Q3A:outro

Q4A:pessoal

Q4A:midia

Q7A:sim

Q7A:não

Q12A:banho

Q12A:caminhada

-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5

Dimensão 1: 34,47% de Inércia

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

Dimensáo 2: 24,88% de Inércia

Figura 58 – Modelo de associação obtido por análise de correspondência múltipla entre quatro variáveis do perfil do visitante do PNCV: o meio de transporte (Q3A), a forma de contato inicial (Q4A) com o PNCV, visita anterior ao parque (Q7A), e principal atividade (Q12A). Fonte: Lacerda, 2008.

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122

Neste modelo três grupos podem ser destacados. O primeiro reúne os

visitantes que souberam do parque por meio de pessoas, viajam de automóvel, não

haviam conhecido ainda o PNCV e a principal atividade no parque foi a caminhada.

O segundo grupo já havia conhecido o PNCV e a principal atividade foi o banho.

Este segundo grupo esteve também associado ao uso de automóvel e ao contato

pessoal, porém, com menos intensidade do que o primeiro grupo. O ultimo grupo foi

formado pelos visitantes que souberam do parque por meio da mídia e utilizou outro

meio de transporte que não o automóvel.

O segundo modelo estabelece relações com a procedência do visitante, a

visita anterior ao parque e a principal atividade, como pode ser visto na Figura 59. A

composição dessas variáveis mostra uma inércia de 44% inferior a demonstrada no

primeiro modelo. Isto indica que a procedência do visitante tem uma influência

menor na variabilidade das respostas.

Proc:DF

Proc:NNE

Proc:SSE

Proc:EX

Proc:GO

Q7A:sim

Q7A:não

Q12A:banho

Q12A:caminhada

-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Dimensão 1: 24,92% de Inércia

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

Dimensáo 2: 18,68% de Inércia

Figura 59 – Modelo de associação obtido por análise de correspondência múltipla entre três variáveis do perfil do visitante do PNCV: procedência (Proc), visita anterior (Q7A) ao parque e principal atividade (Q12A). Fonte: Lacerda, 2008.

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123

Neste modelo os visitantes procedentes do Distrito Federal estiveram

associados a presença anterior no PNCV e a atividade de banho, enquanto que os

visitantes procedentes das regiões Sudeste e Sul estiveram associados a primeira

visita e a caminhada. As demais procedências apresentaram associação mais fraca,

sendo que os visitantes procedentes de Goiás estiveram associados a presença

anterior no PNCV e banho e os procedentes do exterior a primeira visita e

caminhada.

d) Mapas perceptuais18 em relação ao perfil do visitante

Duas variáveis do perfil do visitante: visita anterior ao parque (Q7A) e

atividade principal (Q12A) mostrou uma associação com a percepção pontual (Q3A)

e global (Q20A). A Figura 60 mostra o mapa perceptual derivado destas

associações.

Q7A:sim

Q7A:não

Q12A:banho

Q12A:caminhadaQ13A:neg

Q13A:pos

Q20A:BOA

Q20A:OTIMA

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8

Dimensão 1: 35,12% de Inércia

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Dimensáo 2: 25,04% de Inércia

Figura 60 – Mapa perceptual entre o perfil do visitante (já visitou, Q7A e atividade, Q12A) e sua percepção em relação a aspectos do parque (Q13A, pontual) e a visita (Q20A, global.). Fonte: Lacerda, 2008.

18 Os modelos de associação obtidos por meio da análise de correspondência foram aqui denominados de “mapas perceptuais” tendo em vista que as principais variáveis de análise deste modelo se referem à percepção do visitante acerca do PNCV.

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124

A análise do mapa permite concluir que os visitantes que retornam ao Parque,

tendem a ter um olhar mais crítico. A percepção relacionada aos aspectos mais

negativos do parque (degradação de áreas, trilhas mal mantidas, etc) ficou mais

associada aos visitantes que já haviam estado anteriormente no parque e tinham

como atividade principal o banho. Este grupo esteve mais associado a uma

avaliação boa acerca da visita ao parque.

Em outro grupo aparece o turista que visitou o parque pela primeira vez, para

caminhadas, com uma percepção geral positiva em relação aos aspectos, e que

considerou a visita ao parque como ótima.

Esse resultado demonstra que os cuidados com a qualidade do serviço

prestado devem estar sob constante observação. O fato da “publicidade” do parque,

e, consequentemente, a visitação ser efetivada mais pelo contato pessoal reforça a

necessidade de estar-se desenvolvendo um trabalho contínuo com o público

visitante.

5.2.3 Avaliação da experiência no PNCV Os resultados apresentados a seguir foram obtidos a partir questão 14 do

instrumento de pesquisa, que permitiu analisar a experiência do visitante no PNCV,

realizando associações conforme as opiniões emitidas. São discutidas a seguir as

seguintes associações:

• Número de pessoas nas trilhas e meio de transporte;

• Degradação nas trilhas com: nível de escolaridade, visita anterior ao parque e a

atividade principal; e

• A atuação da administração com: o meio de transporte e visita anterior ao parque.

a) Número de pessoas nas trilhas

O primeiro exame das associações entre a expectativa do visitante acerca do

número de pessoas nas trilhas, o atrativo visitado e seu perfil, mostrou significância19

apenas para o meio de transporte.

19 O nível de significância utilizado foi 5%, ou seja, toda probabilidade “p” menor que 0,05 mostra uma associação significativa entre as variáveis analisadas.

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125

A associação foi significativa (qui=6,08, p=0,048), sendo que 46,9% dos

visitantes cujo meio de transporte foi o automóvel consideraram que havia um

número de pessoas nas trilhas e nos atrativos maior do que eles esperavam. Em

relação ao visitante que utilizou outro meio de transporte, somente 24,2% opinou da

mesma forma. O resultado sugere que as pessoas que realizam passeios utilizando-

se de veículos coletivos não se sentem incomodadas com um número de pessoas

mais elevado, enquanto aquelas que viajam em carro próprio já o fazem por

preferirem pequenos grupos (FIGURA 61).

0%10%20%

30%40%50%60%70%

80%90%100%

auto outro

Tipo de veículo

Percentual

mais

igual

menos

Figura 61 – Associação do número de pessoas nas trilhas e veículo utilizado Fonte: Lacerda, 2008. b) Degradação das trilhas

Três variáveis do perfil estiveram significativamente associadas a expectativa

de degradação nas trilhas: escolaridade, visita anterior ao parque, e principal

atividade.

A associação foi significativa (qui=8,75, p=0,01), sendo que o 14,39% dos

visitantes com ensino Superior consideraram que havia uma degradação nas áreas

maior do que eles esperavam contra 9,5% dos visitantes com ensino Médio

(FIGURA 62).

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126

0%10%

20%30%40%50%

60%70%80%

90%100%

superior medio

Nível escolar

Percentual

mais

igual

menos

Figura 62 – Associação degradação nas trilhas e nível escolar Fonte: Lacerda, 2008.

O resultado indica que aumenta o grau de avaliação crítica dos indivíduos

aumenta na medida em que estes possuem um nível mais elevado de estudo formal,

mostrando como a educação tem um papel fundamental na conservação do meio

ambiente.

Foi analisada a percepção da degradação das trilhas relacionada com

visitação anterior ao Parque. A associação foi significativa (qui=11,3, p=0,003),

sendo que 55,51% dos visitantes que não conheciam ainda o PNCV consideraram

que havia uma degradação menor do que eles esperavam, contra 28,0% dos

visitantes que já conheciam o parque de visitas anteriores (FIGURA 63). Esse

resultado apóia análises anteriores que sugerem uma avaliação mais sensata por

parte daqueles que não estão visitando o local pela primeira vez. Revela também

que, à medida que se amplia o contato com áreas de proteção integral,

desenvolvem-se outras percepções com o meio ambiente, demonstrando, por

conseguinte a importância da prática da visitação.

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0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

sim não

Visita anterior ao PNCV

Percentual

mais

igual

menos

Figura 63 – Associação degradação nas trilhas com visita anterior ao parque Fonte: Lacerda, 2008.

Analisando a degradação das trilhas com a principal atividade realizada no

PNCV, a associação foi significativa (qui=8,92, p=0,01), revelando que 19,2% dos

visitantes que tiveram a caminhada como principal atividade indicaram que havia

uma degradação nas áreas maior do que eles esperavam, contra 2,0% dos

visitantes que tiveram o banho como principal atividade (FIGURA 64). Considera-se

que o foco da visita está fortemente relacionado ao grau de observação do visitante,

sugerindo que aqueles indivíduos que indicaram o banho como principal atividade,

demonstram baixa preocupação e interesse com os aspectos relacionados ao

conhecimento do bioma cerrado e sua conservação.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

banho caminhada

Principal atividade

Percentual

mais

igual

menos

Figura 64 – Associação da degradação nas trilhas com principal atividade Fonte: Lacerda, 2008.

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128

c) Atuação da administração

Nesta análise a associação foi significativa (qui=11,01, p=0,004), sendo que

41,86% dos visitantes que não conheciam o parque indicaram que a atuação da

administração foi maior do que eles esperavam contra 15,2% dos visitantes que

haviam visitado o parque anteriormente (FIGURA 65).

0%10%20%

30%40%50%60%70%

80%90%100%

sim não

Visita anterior ao PNCV

Percentual

mais

igual

menos

Figura 65 – Associação entre a atuação da administração e visita anterior ao PNCV Fonte: Lacerda, 2008. O resultado atesta novamente as análises efetuadas anteriormente quando foi

percebido que à medida que o indivíduo conhece melhor o espaço no qual esta

inserido, aumentam as chances de sua avaliação ser mais rigorosa. Reafirma a

análise feita anteriormente da questão 14, neste item, quando se constatou que, a

probabilidade dos visitantes fazerem uma avaliação neste sentido era escassa, pois

numa primeira visita o turista não possui conhecimentos e nem dispõe de tempo

suficiente para avaliar a atuação da administração.

5.2.4 A percepção do atrativo turístico pelo visitante

Decidiu-se verificar a associação entre o número de locais visitados no PNCV

com as percepções positivas ou negativas do visitante, usando a questão 16

(FIGURA 66). Houve associação significativa (qui=4,44; p=0,035) entre o número de

locais visitados no PNCV e o nível de percepção pontual, sendo que dentre aqueles

que visitaram mais de um atrativo, a percepção negativa foi maior (41,7%) do que

entre aqueles que visitaram apenas um atrativo (21,9%).

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0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

um mais

Número de locais visitados no PNCV

Percentual

negativa positiva

Figura 66 – Associação entre número de atrativos visitados no PNCV com tipo de percepção Fonte: Lacerda, 2008. A análise do resultado indica que as percepções negativas em relação aos

atrativos visitados tendem a ser mais expressivas na medida em que os parâmetros

de comparação vão se estabelecendo.

Através da questão 17, se testou se, os visitantes que estiveram apenas em

um local fora do parque, tiveram a mesma percepção do que aqueles que estiveram

em dois ou mais locais. Houve associação significativa a 5% (qui=5,7; p=0,02) entre

o número de locais visitados fora do PNCV, e o nível de percepção pontual, sendo

47,3% dos respondentes que visitaram mais de um atrativo mostraram percepção

negativa, enquanto 30,8% dos respondentes que visitaram até um atrativo, além do

Parque observaram pelo menos um aspecto negativo (FIGURA 67).

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%

até 1 mais de 1

Atrativos visitados fora do PNCV

Percentual

negativa positiva

Figura 67 – Associação entre o número de atrativos visitados fora do PNCV e percepções Fonte: Lacerda, 2008.

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Esse resultado soma-se a análises anteriores, quando estas apontaram para

uma visão mais acurada do turista quando este, tem a possibilidade de comparar o

estado geral dos atrativos turísticos visitados. Neste aspecto também, é de se supor

que, a prática da visitação em áreas do grupo de proteção integral, fornece

subsídios ao cidadão para que este possa contribuir de forma efetiva com a

conservação destes ambientes.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões finais inerentes ao estudo realizado estão estabelecidas em

quatro itens: o primeiro traz uma síntese da análise geral do perfil do visitante do

PNCV; o segundo algumas considerações a partir dos resultados; o terceiro trata

das limitações do instrumento de coleta e das dificuldades encontradas na sua

aplicação; e, por fim, algumas sugestões para realização de futuros estudos.

• Síntese da análise geral do perfil do visitante do PNCV

A Chapada dos Veadeiros, região onde está inserida a UC é conhecida por

receber três segmentos do turismo, sendo eles: o ecoturismo, o turismo esotérico e o

turismo de aventura, que começa a se desenvolver. O PNCV enquanto atrativo

turístico é o principal responsável pelo fluxo de turistas na região.

A visitação no PNCV tem mantido um fluxo relativamente estável nos últimos

seis anos, o que pode ser considerado um aspecto positivo, já que possibilita ao

gestor realizar um planejamento condizente com a realidade atual do uso público.

No que diz respeito ao número de visitantes, pelas observações e averiguações

realizadas, a redução no fluxo em determinadas épocas esteve associada a algum

tipo de acontecimento extraordinário, como por exemplo, suspeita de foco de febre

amarela, ocorrido em fevereiro de 2008. Neste período que correspondeu aos dias

do feriado carnavalesco em comparação com o mesmo período de 2007 a redução

foi de 50,26%.

A trilha mais visitada foi a dos Saltos, com o pico de visitação ocorrendo no

mês de julho. No ano de 2007 foram computadas 67 ocorrências, que necessitaram

de resgate, sendo em sua maioria nas “corredeiras” com 50,75% dos registros, neste

período não houve nenhum acidente grave.

O perfil do turista que visita o PNCV pode ser traçado em linhas gerais da

seguinte forma: equilíbrio entre os gêneros, de um público considerado jovem adulto

(18 a 40 anos), detentor de bom nível escolar; sendo em sua maioria brasileiros,

com uma procedência significativa de Brasília. No entanto, é importante salientar a

atratividade que o Parque exerce entre outros turistas, especialmente do estado de

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São Paulo; e, guardando as devidas proporções, entre os estrangeiros de origem

européia.

De uma maneira geral, as primeiras informações que o visitante possui do

PNCV provêm de amigos e parentes, que, aliás, representam os dois principais tipos

de grupo. Estes, em sua maioria, empregam o automóvel como meio de transporte;

o que contribui para o reduzido tamanho dos grupos, que oscila principalmente entre

2 a 4 pessoas. O tempo de permanência dos visitantes na região, em média três

dias, favorece a utilização dos serviços oferecidos pela comunidade do entorno,

como: MHT, restaurantes, produtos locais, entre outros. Boa parte dos

freqüentadores tem por hábito incluir Parques nas suas viagens, e a visitação está

intimamente ligada à recreação.

• Considerações a partir dos resultados obtidos por meio da pesquisa realizada

A análise dos resultados da pesquisa, somada as observações realizadas no

Parque durante o período do estágio, evidenciou a importância que a visitação

exerce nas áreas de proteção de uso integral; e como ela pode vir a ser uma

ferramenta fundamental na sensibilização e conscientização da sociedade como um

todo.

A percepção geral dos respondentes evidenciou que 97% destes

classificaram a visita como ótima ou boa, enquanto 85% consideraram a natureza

bem conservada, sendo que 67% avaliaram a degradação das áreas naturais

causada pelos visitantes “igual ou menor do que o esperado”. Dos respondentes

42% apontou as cachoeiras como o aspecto preferido na sua visita.

A satisfação do visitante ficou evidenciada em relação à cortesia no

atendimento, serviço do condutor, estacionamento, sanitários e coleta de lixo com

75% de aprovação. Dos respondentes 74% ficaram satisfeitos em relação a

informações de utilidade para sua visita e, 63% em relação às informações

educativas.

A pesquisa indicou que as transformações na percepção e na atitude do

visitante, ocorrem à medida que este tem a oportunidade de vivenciar experiências

no ambiente natural. A tendência verificada é que, a partir de uma freqüência maior

na visitação, o indivíduo passa a reconhecer a importância da conservação,

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exercendo uma observação mais aguçada e avaliando com maior propriedade, o

que o torna capaz de contribuir com a gestão.

O nível de entendimento e, consequentemente, o respeito para com o meio

ambiente está diretamente relacionado à qualidade das informações que o visitante

recebe na área visitada. Pelos resultados da pesquisa e observações realizadas,

pode-se afirmar que a experiência recreativa praticada em Parques favorece o

aprendizado para a conservação do meio ambiente, além de elevar o bem-estar

pessoal e espiritual.

Neste sentido, considera-se de suma importância a implantação de algumas

das principais sugestões dos respondentes, com o objetivo de dar qualidade a

visitação. Entre elas, destacam-se:

• Maior efetividade da “Palestra Inicial”, com a utilização do auditório, e da sala de

projeção, tendo como suporte material áudio-visual adequado. Desta forma, um

maior número de pessoas é envolvido de maneira interativa e visual,

comprovadamente o meio mais adequado de sensibilização e memorização. Pode-

se constatar que atualmente os espaços disponíveis são subutilizados, assim

como os equipamentos existentes;

• Implantação de sinalização e estruturação de trilha autoguiada;

• Disponibilizar material educativo tais como: placas no interior da unidade

informando sobre a fauna, flora e geologia e mapas das trilhas;

Informar e orientar o visitante são medidas essenciais também para garantir

sua segurança, além de auxiliar na minimização dos impactos causados pela

visitação. Verificou-se que as possibilidades educativas proporcionadas pelo Parque

são pouco exploradas, estando a educação ambiental no atual momento, sem um

vínculo efetivo com o processo da visitação existente. As poucas ações em prol da

educação e interpretação ambiental estão a cargo dos condutores de visitantes, que

nem sempre estão preparados para realizar abordagens adequadas.

Nas análises do mapa perceptual e nos modelos de associações ficou

demonstrado que as percepções relacionadas aos aspectos negativos do Parque

estiveram associadas a um grupo cujas características predominantes são:

procedentes do DF; visitam o Parque com maior freqüência e tiveram o banho como

principal atividade. Por isso, sugere-se a administração do PNCV que seja realizado

um trabalho junto a este público, através de contatos realizados por e-mail, ou outra

forma de comunicação. Esses visitantes em especial, podem auxiliar a

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administração no monitoramento das ações que estão sendo desenvolvidas e na

condução do processo da visitação.

• Limitações do instrumento de coleta e dificuldades encontradas na sua aplicação

O atual instrumento de coleta de dados, disponibilizado pelo ICMBio/ PNCV e

utilizado na realização desse estudo, demonstrou não ser o mais apropriado sob

alguns aspectos. No que tange a sua aplicação duas dificuldades podem ser

apontadas: elevado número de questões e a logística operacional de aplicação. O

instrumento extenso suscita certa resistência por parte dos respondentes em

colaborar com a pesquisa. Quando respondem, as informações podem ser

inconsistentes, e até mesmo incoerentes, devido à baixa disponibilidade de tempo e

atenção apropriados para seu completo preenchimento.

Com relação à logística operacional de aplicação o problema está relacionado

ao local e ao momento adequado para aplicação. Quando a aplicação é feita durante

a visita, não há um local apropriado para sua realização, o que resulta em

desconforto para o aplicador e para o respondente, tornando o trabalho improdutivo.

O outro inconveniente é que os visitantes são solicitados a cooperarem no seu

momento de recreação, ou seja, quando estão desfrutando dos banhos ou

descansando da caminhada.

De outro lado, a aplicação da pesquisa ao final da visita suscitou as seguintes

observações: após permanecer em média seis horas no interior do Parque e ter

realizado uma longa caminhada, o usuário normalmente quando retorna ao Centro

de Visitantes está cansado e com fome; o que resulta em falta de concentração e

pouca disposição para responder as questões. O fato de não haver uma lanchonete

ou serviço semelhante de apoio dificulta ainda mais a aplicação.

Outro aspecto importante a ser salientado é a construção do instrumento.

Algumas questões não foram formuladas de maneira clara e objetiva. As perguntas

genéricas acabaram gerando confusão e redundância nas respostas,

consequentemente afetaram a análise. Além disso, o instrumento não atende às

regras gerais de construção das escalas, ocorrendo, por exemplo, sobreposição de

opções numa mesma questão, quando estas deveriam ser mutuamente exclusivas

(BABBIE, 1999).

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Todos estes aspectos reunidos afetam a qualidade das respostas em termos

de coerência, apreciação adequada e percepções, que seguramente irão refletir nos

resultados.

• Sugestões para realização de futuros estudos

Após todas as constatações acerca das limitações do instrumento de coleta

de dados, é conveniente a proposição de um novo instrumento, estabelecendo um

núcleo de questões bem fundamentadas em termos de objetivo, estudando o melhor

formato de questionário para as condições vigentes no PNCV. Também se faz

necessário um estudo e, talvez, a estruturação de locais adequados para a

aplicação, bem como, definir os melhores momentos para fazê-lo. Aliado a isto, a

implementação de um modelo automatizado de entrada de dados, associado a um

sistema de informação geográfica (SIG).

Estudos para a implantação de trilhas interpretativas que contemplassem a

faixa etária de 5 a 17 anos, já que uma das linhas de ação do “Programa de

Visitação nos Parques”, pretende aumentar a visitação em 15% ao ano (MMA,

2007). Com essa estratégia, poderia atingir-se de uma forma mais direta dois dos

seus objetivos, o de aumentar o número de visitantes, e o de estimular a educação

ambiental.

Sugere-se ainda, a realização de pesquisas direcionadas a minimização das

dificuldades relacionadas à obrigatoriedade da contratação de condutores, já que

essa exigência limita não só o acesso a UC, como também, a experiência da

visitação, provocando ainda, uma série de transtornos em dias de muito movimento

pela ausência desses profissionais.

Acredita-se que o estudo tenha contribuído para caracterização do perfil do

visitante do PNCV, constituindo-se em uma ferramenta que auxilie o seu gestor na

tomada de futuras decisões.

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ANEXOS

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ANEXO A – Termo de Responsabilidade

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ANEXO B – Instrumento de coleta de dados do Parque Nacional da Chapada

dos Veadeiros

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PARTE II

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISONADO

PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS – PNCV (GO)

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EPONINE VALLE DE LACERDA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISONADO

PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS – PNCV (GO)

Produção Técnica-Científica apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo e Hotelaria, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Aplicadas: Comunicação, Turismo e Lazer.

Orientador: Profº Dr. Paulo do Santos Pires

Balneário Camboriú

2008

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Mapa de demarcações de áreas do PNCV conforme decretos... 159

Figura 02 – Aspectos da estrada de acesso ao PNCV.................................. 161

Figura 03 – Vistas da área de estacionamento do PNCV................................ 161

Figura 04 – Aspectos da área de acesso ao Centro de Visitantes ................................162

Figura 05 – Acesso à área de visitação (e) e ao escritório administrativo (d)................162

Figura 06 – Aspectos da sala de recepção do escritório administrativo........ 163

Figura 07 – Salas administrativas..................................................................................163

Figura 08 – Cozinha (e) e refeitório (d)................................................................163

Figura 09 – Feições da estrada administrativa II – utilizada para resgates ...................164

Figura 10 – Fachadas do alojamento ................................................................ 165

Figura 11 – Casa residencial do Chefe do Parque (e); e residência do

vigilante (d) ....................................................................................................................

166

Figura 12 – Vistas da garagem com área de manutenção ................................ 166

Figura 13 – Aspectos dos depósitos de materiais do Prev-fogo................................166

Figura 14 – Viaturas PNCV ...........................................................................................167

Figura 15 – Aspectos do posto de observação Mata Funda................................167

Figura 16 – Organograma do PNCV.............................................................. 170

Figura 17 – Painéis Interpretativos no Centro de Visitantes ................................176

Figura 18 – Vistas frontais do Centro de Visitantes .......................................................177

Figura 19 – Ângulos da área de recepção do CV..........................................................177

Figura 20 – Perspectiva da bilheteria (e); e destaque dos avisos afixados

(d). ................................................................................................................................

178

Figura 21 – Aspectos do auditório.................................................................. 178

Figura 22 – Perspectivas do espaço destinado à lanchonete........................ 178

Figura 23 – Espaço destinado à Sala de projeções, atualmente com outro

uso..................................................................................................................

179

Figura 24 – Biblioteca Fructuoso Ribeiro, entrada (e); e espaço interno (d).. 179

Figura 25 – Aspectos do espaço destinado à enfermaria.............................. 179

Figura 26 – Banheiros Feminino (d); e Masculino (e).................................... 180

Figura 27 – Detalhes do banheiro destinado ao uso por portador de

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deficiência física............................................................................................. 180

Figura 28 – Espaço destinado a exposições.................................................. 181

Figura 29 – Espaço para a prática de alongamento e palestras.................... 181

Figura 30 – Fachadas da guarita de vigilância............................................... 181

Figura 31 – Início trilhas (e); e detalhe placa informativa (d)......................... 182

Figura 32 – Aspectos da Trilha da Seriema (E); e Poço córrego

Rodoviarinha (d).............................................................................................

188

Figura 33 – Salto II (120m) (e); e Salto I (80 m) (d)....................................... 188

Figura 34 – Aspecto do poço das Cariocas................................................... 188

Figura 35 – Aspectos das Corredeiras, sem chuva (e); após as primeiras

chuvas (d).......................................................................................................

189

Figura 36 – Aspectos dos Cânion II (e); e Cânion I (d).................................. 189

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Equipamentos disponíveis no PNCV................................ 164

Quadro 02 – Caracterização funcional de acordo com organograma

do PNCV (dezembro).............................................................................

171

Quadro 03 – Ficha resumida Trilha Seriema......................................... 183

Quadro 04 – Ficha resumida Trilha dos Saltos...................................... 184

Quadro 05 – Ficha resumida Cariocas.................................................. 185

Quadro 06 – Ficha resumida Corredeiras.............................................. 186

Quadro 07 – Ficha resumida Cânion II e Cânion I................................. 187

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1 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA E DA ACADÊMICA

1.1 Dados da Empresa

• Razão Social: ICMBio – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros;

• C.N.P.J.: 08.829.974/0001-94;

• Endereço: Rodovia GO 239, km 36 – Vila São Jorge;

• Cidade: Alto Paraíso;

• UF: GO;

• CEP: 73778-000;

• E-mail – [email protected];

• Telefones: (62) 3455.1114 / fax (62) 3455.1116;

• Supervisores de Estágio: Daniel Rios de Magalhães Borges, e

José Fernando dos Santos Rebello.

1.2 Dados da Acadêmica

• Nome: Eponine Valle de Lacerda;

• Endereço: Rua das Figueiras, 398 – Ponta do Jacques;

• Cidade: Balneário Piçarras;

• UF: SC;

• CEP: 88380-000;

• E-mail: [email protected];

• Telefones: (47) 3345.2452 / (47) 9921.9811.

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2 JUSTIFICATIVA

O ambiente complexo onde se desenvolve o mundo atual requer uma série de

suportes que possibilitem ao indivíduo competências múltiplas para se preparar e

posicionar-se diante dos desafios inerentes ao novo milênio.

A academia através do Estágio Supervisionado propicia ao acadêmico uma

aproximação estratégica com o mercado na sua área de atuação, dando-lhe a

oportunidade de exercitar na prática o conhecimento teórico adquirido, podendo

ainda, direcioná-lo para aprofundar questões não-desenvolvidas a contento e que

sejam do seu interesse.

Bianchi (2002 p.15) avalia como sendo “um período de estudos práticos para

aprendizagem e experiência e envolve, ainda, supervisão, revisão, correção e

exame cuidadoso”. Por ser um momento decisivo no curso é importante que o

estagiário esteja consciente de que sua prática exige um comportamento de

observação, reflexão crítica e organização das ações, conduzindo-o para uma

postura de investigador. Por isso mesmo, é fundamental que a opção recaia em um

campo que motive e acresça o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Neste sentido a IOB (apud BIANCHI, 2002 p.26) atesta que

[...] a finalidade do estágio é propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e avaliados segundo os currículos, programas, calendários escolares, a fim de se constituírem em instrumentos de integração, em termos de treinamento prático, aperfeiçoamento técnico-cultural, científico e relacionamento humano.

Através dessa vivência, o acadêmico desenvolve a sensibilidade e a

percepção, expande as habilidades individuais, a capacidade de diagnóstico,

síntese, concentração e avaliação da sua realidade sócio-ambiental. Contribui para

sua auto-estima, assim como, para a capacidade de iniciativa, gerando a

autoconfiança e consequentemente a competência para tomada de decisões, além

de exercitar a convivência e o trabalho em equipe.

Percebe-se que o estágio supervisionado cumpre vários requisitos passando

pela obrigatoriedade legal onde as atividades estão fundamentadas na Lei nº. 6.494,

de 07/12/1977, regulamentada pelo Decreto nº. 87.497, de 18/08/1982, bem como

nos Pareceres normativos CST nº. 326, de 06/05/1971. Encontrando-se também

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registrada na Resolução 062/CONSUN/CaEn/02 da Universidade do Vale do Itajaí e

ainda, nas normas administrativas aprovadas pela Coordenação do Curso de

Turismo e Hotelaria.

O turismo atualmente constitui-se numa das atividades econômicas de maior

destaque no cenário mundial e dentre os seus vários segmentos, o ecoturismo tem

sido foco de inúmeras discussões e pesquisas. É considerado um segmento de área

interdisciplinar ampla e que abrange uma série de questões carentes de novas

pesquisas, discussões e projetos que dêem suporte ao seu vasto campo em

desenvolvimento.

As Unidades de Conservação - UC tem deparado com uma demanda de

visitação crescente nas últimas décadas. Este novo panorama requer o

estabelecimento de um planejamento que contemple um conjunto de estratégias e

ações a serem desenvolvidas por diferentes componentes do sistema, e dos

subsistemas que permeiam esta atividade.

Compete aos profissionais que atuam na área do turismo contribuir

diligentemente para que a atividade turística esteja vinculada de forma significativa à

preservação e conservação da natureza. Tendo um amplo compromisso de

responsabilidade social, visando à gestão apropriada aos locais de visitação pública,

principalmente em áreas ecológica e culturalmente frágeis.

Os Parques enquanto categorias de Unidades de Conservação – UC

possuem características ímpares, o que concorre para que cada um necessite de

análises diferenciadas, seguindo as diretrizes e critérios gerais para seu manejo

adequado. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - PNCV no âmbito dos

objetivos de manejo da sua categoria, constitui-se num dos mais importantes

atrativos turísticos do estado de Goiás, sendo de grande relevância seus aspectos

recreativo e ecoturístico em nível nacional. Por isso, é imprescindível que os atores

de maneira geral (gestores, cliente interno e externo) possuam uma preocupação

ecológica que leve ao desenvolvimento de uma consciência de preservação e de

mínimo impacto na visitação pública.

Sendo assim, a opção pelo PNCV para a realização do estágio

supervisionado, está intrinsecamente relacionada à área de interesse de atuação

profissional da acadêmica – turismo, meio ambiente, ecoturismo, conservação da

natureza, e integração de interesses sócios ambientais economicamente

sustentáveis.

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3 OBJETIVOS

3.1Objetivo Geral

Desenvolver atitudes e hábitos profissionais, bem como adquirir, exercitar e

aprimorar conhecimentos técnicos nos campos do Turismo, ecoturismo, gestão de

recursos naturais e uso público nas unidades de conservação.

3.3 Indicadores de Estudo

• Identificar na literatura especializada os fundamentos teóricos de turismo,

ecoturismo, unidades de conservação, uso público;

• Identificar / reconhecer a estrutura administrativa e organizacional do ICMBio –

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros;

• Empregar os conhecimentos teóricos nos diferentes setores a serem percorridos

durante a realização do estágio;

• Reunir as informações observadas e vivenciadas no campo de estágio para fins de

relatório e compreensão;

• Processar o relatório de estágio;

• Identificar uma situação com potencial mudança ou melhoria a ser planejada no

projeto de pesquisa, exigência parcial para obtenção do título de bacharel em

Turismo e Hotelaria.

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4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

4.1 Evolução histórica da Unidade de Conservação e sua situação atual

No contexto atual as Unidades de Conservação - UC20 são consideradas

organismos vitais para a proteção ambiental. Dentro do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza - SNUC21 (ANEXO A), as UC estão divididas

em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. O

Parque Nacional22 encontra-se no grupo de proteção integral, cujo objetivo básico “é

preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos

naturais, com exceção dos casos previstos nesta lei” (SNUC, 2000 p.10).

A região onde está inserido o PNCV - Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros é uma das mais belas paisagens do bioma Cerrado, também denominado

de Savana brasileira. É o segundo bioma em extensão no país, perfazendo um

quarto do território brasileiro com aproximadamente 1,7 milhão km². Reconhecido

como um ecossistema riquíssimo em espécies e com grande índice de endemismo,

a Chapada dos Veadeiros é um cerrado de altitude que no seu ponto mais alto

atinge mais de 1600 metros, contrastando com as terras baixas e planas do Planalto

Central do Brasil (IBAMA, 2007).

A história da criação do PNCV está entrelaçada a figuras reconhecidas no

cenário nacional e no contexto histórico do estado de Goiás, bem como, aos

acontecimentos que cercaram a transferência da capital federal para o planalto

Central e ao desenvolvimento do Centro Oeste como um todo.

Em meados de 1940, a principal economia da chapada provinha da extração

de minerais das imensas jazidas de cristais de rocha. Consta em Behr (2000) que

por volta do ano de 1944 mais de dois mil garimpeiros tiravam sua subsistência na

20 Unidade de Conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (SNUC,2000). 21 Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, criado pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, regulamentado pelo Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 (MMA, 2002). 22 Parque Nacional - tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (SNUC, 2000).

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atual área do parque com a extração dos cristais. Com o advento da produção dos

cristais sintéticos e consequentemente sua substancial queda no mercado, o

garimpo foi perdendo sua força.

De acordo com Lima (2004) em 1945 criou-se a Fundação Coimbra Bueno e

logo após a inauguração de Brasília, o então presidente da república Juscelino

Kubitschek considerando as sugestões, sobretudo desta Fundação, cria através do

Decreto 49.875 (ANEXO B), de 11 de janeiro de 1961, o Parque Nacional do

Tocantins com uma extensão de 625.000 hectares. Ainda segundo o mesmo autor, o

nome inicial de Tocantins relaciona-se ao fato de ter em seus limites meridionais e

em significativa parte do seu contorno, o caminho do Rio Tocantins, que se configura

no mais importante rio da região por seu volume e extensão.

Conforme consta no Plano de Ação Emergencial - PAE (PAES, 1995) esta

área compreendia desde o rio Tocantinzinho ao sul, elevando-se pela margem

direita do rio Tocantins até sua confluência com o ribeirão São Félix, continuando a

leste até as cercanias da Cidade de Veadeiros, atual Alto Paraíso de Goiás.

Em 11 de maio de 1972, após estudos e análises realizadas por comissão do

Ministério da Agricultura houve uma drástica redução da área original precedida pela

mudança do nome, passando a denominar-se Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros, ato efetivado pelo Decreto 70.492. Essa medida teve justificativa

embasada na argumentação do problema econômico e social decorrente da criação

do Parque, sem a devida regularização e indenização de terras, ocasionando a

diminuição das atividades agropecuárias e minerais (LIMA, 2004).

O nome Veadeiros conforme consta em Behr (2000) era a denominação que

se dava aos cães dos caçadores de veados-campeiros, cervídeos outrora

abundantes nesta parte do Cerrado, atualmente seres ameaçados de extinção.

No ano de 1980 a então equipe técnica do departamento de Parques

Nacionais e reservas equivalentes, deu início a novos estudos com intuito de

regularizar a compra das terras relacionadas pelo então Decreto 70.492/72. Lima

(2004) relata que no transcurso dos trabalhos os técnicos decidiram que esta UC

necessitaria ter a sua extensão novamente reduzida, já que algumas das áreas se

encontravam demasiadamente degradadas.

Assim, através do Decreto 86.173 de 02 de julho de 1981, mais uma vez foi

reduzido à área para os limites de 60.000 hectares e por fim alcançando seus limites

atuais de 65.514,7259 hectares, pelo Decreto 99.279 de 06 de junho de 1990. As

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demarcações de áreas estão especificadas conforme decretos, exemplificadas na

Figura 01. Este último ajuste incluiu a margem direita do Rio Preto, e a atual área de

visitação pública com as trilhas que levam aos Cânions e aos Saltos do Rio Preto.

Figura 01 - Mapa de demarcações de áreas do PNCV conforme decretos. Fonte: IBAMA, PNCV 2004.

Em 2001 foi consagrado como Sítio do Patrimônio Natural Mundial, indicação

concebida pelas Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e

Cultura – UNESCO, tendo sua área ampliada para 235. 970 hectares. Os critérios

adotados para a conferência deste título se basearam nas seguintes constatações:

refúgio de espécies; amostras preservadas de todas as ecoregiões do Cerrado; ser

um dos mais antigos ecossistemas tropicais da terra; conter mais de 60% de todas

as espécies de flora; abrigar todos os mamíferos ameaçados e quase 80% de todos

os vertebrados, descritos para o cerrado; e ainda a existência de pequenos

mamíferos raros e espécies de aves endêmicas (IBAMA, 2007).

A medida de ampliação da área foi invalidada por decisão do Supremo

Tribunal Federal em 2003, devido às falhas legais no processo e por inúmeras

pressões por parte dos proprietários das terras. Atualmente uma das prioridades do

ICMBio é a delimitação correta do PNCV, tendo como suporte as leis vigentes no

SNUC.

O PNVC de acordo com IBAMA (2007, p.208) integra uma “segunda geração”

de Parques Nacionais, composta por onze unidades criadas entre 1959 e 1961.

N

EW

S

DECRETOS

Dec. Nº 49.875, 11/01/1961625.000 ha.

Dec. Nº 70.492, 11/05/1972171.924,54 ha.

Dec. Nº 86.596, 17/11/198160.000 ha .

Dec. Nº 99.279, 06/06/199065.514,7259 ha .

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Essa porção de parques teve duas características singulares, primeiramente por

destacar regiões antes remotas no interior brasileiro – Centro Oeste; e também por

englobar as primeiras UC na proteção de trechos do bioma Cerrado, unindo os

Parques Nacionais das Emas, do Araguaia e de Brasília.

Ainda de acordo com IBAMA a criação do PNCV na década de 60 integrou

um movimento de posicionamento da política brasileira em relação às UC e de um

redirecionamento geográfico, voltado para o interior da nação, configurando-se num

momento de atenção a este bioma. Já nas décadas de 70 até o final de 80 o

Cerrado acabou ficando relegado no quadro das UC federais brasileiras.

O PNCV, abrangendo terras, valores e benfeitorias, teve sua administração a

cargo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA

até a data de 28 de agosto de 2007, quando a Lei nº 11.516 (ANEXO C), criou o

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, passando a

este a incumbência da gestão. De acordo com seu regimento interno está

subordinado tecnicamente à Diretoria de Ecossistemas da Administração Central do

IBAMA e administrativamente à Superintendência do IBAMA em Goiás.

O uso público do PNCV foi desordenado até o inicio da década de 90, quando

por iniciativa do IBAMA, foi fechado à visitação pública em março de 1991. Essa

atitude decorreu dos impactos negativos oriundos do turismo de massa. Foi reaberto

em janeiro de 1992, e a partir de então a ordenação do uso público tem sido

avaliada e registrada em uma série de documentos. O primeiro instrumento de

planejamento utilizado foi “Orientações Básicas ao Manejo” (GALANTE et al, 1991),

sendo precedido pelo Plano de Ação Emergencial – PAE ( PAES, 1995) o qual

constituiu-se em apontamentos preliminares de diagnóstico do Plano de Manejo,

sendo uma ferramenta de planejamento e gestão da UC, elaborado sob a

responsabilidade do IBAMA.

4.2 Infra-estrutura física atual

O PNCV é dotado de infra-estrutura condizente com as necessidades

administrativas e de uso público. Da composição de apoio à visitação faz parte o

acesso, que liga a Vila São Jorge à área de visitação e uso público do parque

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(FIGURA 02), levando ao estacionamento com capacidade para 35 veículos

(FIGURA 03).

Figura 02 – Aspectos da estrada de acesso ao PNCV Fonte: Lacerda, 2008

Figura 03 – Vistas da área de estacionamento do PNCV Fonte: Lacerda, 2008

O mesmo permite o acesso ao Centro de Visitantes – CV (FIGURA 04), que

compreende uma área de aproximadamente 520m², descrita em detalhe no item

5.1.2 - Descrição da infra-estrutura do Programa de Uso Público, deste relatório.

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Figura 04 – Aspectos da área de acesso ao Centro de Visitantes Fonte: Lacerda, 2008.

A estrada administrativa II (CV), que se encontra no interior do PNCV

possibilita o acesso à área de visitação e ao escritório administrativo (FIGURA 05).

Sua área administrativa perfaz um total aproximado de 180m², contendo uma

recepção (FIGURA 06), seis (06) salas (FIGURA 07), que são utilizadas para

trabalho administrativo diário, reuniões, guarda de documentos e material. Possui

sanitário masculino e feminino, e ainda cozinha e refeitório (FIGURA 08).

Figura 05 – Acesso à área de visitação (e) e ao escritório administrativo (d) Fonte: Lacerda, 2007.

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Figura 06 – Aspectos da sala de recepção do escritório administrativo Fonte: Lacerda, 2007.

Figura 07 - Salas administrativas Fonte: Lacerda, 2007.

Figura 08 – Cozinha (e) e refeitório (d) Fonte: Lacerda, 2007.

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Essa mesma estrada leva aos Saltos – Corredeiras (FIGURA 09), sendo

também utilizada para efetuar os resgates. Seu percurso é de aproximadamente

4,5km e no momento apresenta trechos bem degradados, dificultando sobremaneira

essa atividade. Isso se deve ao fato do PNCV não possuir contingente suficiente

para a devida manutenção, atualmente praticada manualmente por funcionários do

parque e voluntários das associações de condutores.

Figura 09 – Feições da estrada administrativa II – utilizada para resgates. Fonte: Lacerda, 2008.

A UC está munida com equipamentos, móveis e utensílios de usos gerais,

alguns destes listados no Quadro 01.

EQUIPAMENTO ÁREA DE USO ESPECIFICAÇÕES

Mergulho autônomo Geral - Brigada de Incêndio Geral Para 20 brigadistas

Comunicação Administração Usos especiais

Rádio VHF,antena,autotrac,internet

Informática Administração Computadores, impressora, scaner Escritório Administração Material de uso geral

Audiovisual Administração Usos especiais

Câmara, datas-show, projetor de slides, retro-projetor, televisão e vidocassete

Som Administração Usos especiais

Completo

Quadro 01 – Equipamentos disponíveis no PNCV Fonte: Elaborado pela acadêmica conforme observações e informações PNCV, 2008.

Em seu interior distante cerca de 4 km da área de uso público – pela GO-239,

sentido Alto Paraíso de Goiás, se encontra a área residencial. O acesso é feito pela

estrada administrativa I - cuja extensão é de aproximadamente 3,8 km e no

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momento apresenta-se em bom estado de conservação. Sendo restrita a

funcionários, brigadistas, estagiários, bombeiros, ou pessoa autorizada.

Nesta área se encontram: o alojamento (FIGURA10), com capacidade para

abrigar até 18 pessoas, possui três quartos divididos em dois conjuntos que

comportam seis beliches, com dois banheiros, encontra-se equipado com mobiliário

e utensílios básicos. É ocupado pelos brigadista na época das ocorrências de

incêndios, e por pesquisadores, estudantes, visitantes oficiais e membros de

associações e instituições diversas em visita a UC. Sua ocupação depende de

autorização prévia do chefe do Parque ou substituto.

Figura 10 – Fachadas do alojamento. Fonte: Lacerda, 2007.

No conjunto desta área ainda se insere: duas (2) casas residenciais, uma (1)

residência para os vigilantes (FIGURA 11), com alojamento para abrigar três (3)

visitantes; o Posto de fiscalização da Casa do Pesquisador, e garagem com área de

manutenção de veículos oficiais (FIGURA 12); ainda conta com seis (6) depósitos

para abrigo de materiais do Prev-fogo (FIGURA 13).

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Figura 11 – Casa residencial do Chefe do Parque (e); e residência do vigilante (d). Fonte: Lacerda, 2007.

Figura 12 – Vistas da garagem com área de manutenção. Fonte: Lacerda, 2007

Figura 13 – Aspectos dos depósitos de materiais do Prev-fogo. Fonte: Lacerda, 2007

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Contando ainda com torre de telefone, torre repetidora para rádio, captação de

água por fonte natural e caixa reservatório de 15.000l. Seu sistema elétrico é

monofásico, tendo como suporte somente dois transformadores (sede e CV).

A UC possui quatro viaturas (4x4) - sendo duas L200 Mitsubishi, duas Toyotas

bandeirantes, ainda fazem parte da sua frota três motocicletas – uma Honda CG 125

e duas XL 225 (FIGURA 14).

Figura 14 – Viaturas do PNCV. Fonte: Lacerda, 2007.

Ressaltam-se ainda aspectos como quatro postos avançados de fiscalização

no interior do PNCV, a exemplo do local denominado Mata Funda aonde se encontra

uma torre de observação de 15 metros de altura (FIGURA 15), que proporciona uma

visão de 360º de uma boa parte da UC, utilizada no combate aos incêndios.

Figura 15 – Aspectos do posto de observação Mata Funda. Fonte: Lacerda, 2007.

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4.3 Gestão e infra-estrutura administrativa

O PNCV possui um Regimento Interno (ANEXO D) o qual estabelece as

diretrizes que determinam e caracterizam a sua gestão, o mesmo segue as

orientações e definições da Constituição Brasileira; do Decreto nº 84.017 de

setembro de 1979 que regulamenta os Parques Nacionais Brasileiros; da Lei nº

9.985 de julho de 2000 - que formaliza o SNUC – Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza e demais legislações pertinentes ao tema, encontrando-se

em fase de aprovação pela Diretoria de Ecossistemas e Conselho Consultivo do

Parque - CONPARQUE.

No que concerne ao relacionamento com as comunidades vizinhas da UC a

administração do PNCV procura nortear-se pelos padrões da Agenda 21, pelo

Programa de Melhores Práticas do Funbio/MMA e nos princípios elaborados pelo

UNEP – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente para o turismo

sustentável.

Dentre os objetivos do PNCV, pode-se destacar:

• Garantir a preservação da biodiversidade do bioma Cerrado integralmente;

• Pesquisa no seu ecossistema típico;

• Proteção dos mananciais hídricos da região, guarida natural de uma grande porção

de microorganismos e diversas espécies da flora e fauna endêmicas;

• Visitação integrada com Educação Ambiental;

• Proteção das belezas cênicas e paisagens;

• Apoio às iniciativas científica, educacionais, culturais e recreativas.

A visitação ao Parque esta condicionada algumas regras dispostas em seu

regimento interno tais como:

• Entrada permitida somente com acompanhamento de condutor credenciado pelo

ICMBio, devendo este estar devidamente uniformizado com equipamento de

segurança padrão;

• Respeito às capacidades de carga máxima para os atrativos, sendo a aquisição

de ingresso feita especificamente para cada área;

• Idade mínima para visitação a partir de cinco anos, e menores de dezoito anos,

com autorização do responsável legal;

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• Insenção de pagamento do ingresso para crianças de cinco (5) a sete (7) anos e

maiores de sessenta (60) anos, e servidores do IBAMA que portarem carteira

funcional;

• Proibição da entrada com bebidas alcoólicas, armas, ou materiais destinados à

corte, pesca, caça ou quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna ou flora;

animais domésticos e veículos que não os pertencentes à administração da UC.

O horário de visitação obedece aos seguintes critérios: a entrada é permitida

das 08:00h às 12:00h, sendo que no horário de verão acontece das 09:00h às

13:00h, enquanto a saída dos visitantes ocorre obrigatoriamente até as 18:00h. O

visitante adentra ao parque acompanhado pelo condutor, que poderá guiá-lo

individualmente, ou a um grupo de até dez indivíduos, número máximo permitido. A

permanência no interior do parque é em média de seis horas.

Atualmente o valor do ingresso esta estipulado em três reais (R$3,00), mas já

foi aprovado pelo IBAMA um novo valor que entrará em vigor brevemente de cinco

reais (R$5,00). O condutor de visitante cobra pelo acompanhamento individual ou do

grupo (até a presente data), o valor de sessenta reais (R$60,00).

As atividades permitidas no PNCV são as caminhadas de um dia e os banhos

de cachoeira, mas há projetos para abertura de novas trilhas (travessia e

acampamento) com permanência de até três dias, com roteiros integrados ao

entorno, canionismo, entre outras possibilidades, que se encontram em fase de

estudo.

Na aferição dos recursos humanos lotados na UC constatou-se o total de 16

(dezesseis) servidores, sendo que destes somente 05 (cinco) pertencem ao quadro

funcional do ICMBio, ocupando os cargos de chefia, coordenações e assessoria.

Executam atividades de administração, fiscalização, controle de visitação e manejo

do PNCV.

Os demais funcionários são terceirizados prestando serviços de vigilância,

serviços gerais, secretaria e bilheteria. A UC conta ainda com a contratação

temporária de 20 brigadistas nas épocas de incêndio. Para uma melhor visualização

entendimento do esquema administrativo que o PNCV dispõe para o

desenvolvimento das várias e complexas tarefas no seu manejo, apresenta-se

abaixo o seu organograma atual na Figura 16.

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Figura 16 – Organograma do PNCV Fonte: Elaborado pela acadêmica com base nas informações obtidas no PNCV, 2007.

O funcionamento administrativo do PNCV segue a rotina de trabalho de 08

(oito) horas diárias - das 8:00h às 12:00 horas e das 14:00h às 18:00 horas. Há uma

escala de serviços dos funcionários que trabalham nos finais de semana e feriados,

ou nos períodos de fiscalização e incêndios, sendo esta estabelecida conforme

necessidades e aprovada pelo chefe do Parque. A caracterização funcional é

demonstrada conforme Quadro 02.

Chefe da Unidade

Coordenação Proteção e Manejo

Coordenação de Administração

Assessoria Técnica Administrativa

Coordenação Educação Ambiental e

Uso Público

01 Coordenador

20 Brigadistas (contrato temporário)

01 Secretária Administrativa 04 Vigilantes 05 Auxiliares Serviços Gerais 01 Motorista

01 Coordenador

Conparque

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Quadro 02 – Caracterização funcional de acordo com organograma do PNCV (dezembro). Fonte: Elaborado pela acadêmica com base em pesquisa de campo realizada, 2007.

NOME TEMPO SERVIÇO

CARGO FUNÇÃO NÍVEL

ESCOLAR IDADE

Daniel Rios de Magalhães Borges

1 ano e 2 meses

Analista Ambiental

Chefe da U.C Superior 33

José Fernando dos Santos Rebello

2 anos e 7 meses

Analista Ambiental

Agente de fiscalização; Coordenador Prev-fogo; Coordenador projetos; Chefe substituto.

Superior 40

José Leocádio T. Gondim de Lima

5 anos Analista Ambiental

Assessoria Técnica / Educação Ambiental

Mestrado 52

Miguel von Behr 3 meses Analista Ambiental

Assessoria Técnica

Superior 52

Simone Nunes Fonseca

1 ano Analista Ambiental

Análise SISBIO, Uso Público, Secretaria

Administração, Coordenação Voluntariado.

Superior 31

Amailton Rodrigues Alves

14 anos Vigilante Vigilância PNCV

Médio incompleto

39 anos

Benedito Donizeti Galli

6 anos Vigilante Vigilância PNCV

Médio incompleto

37 anos

Benigno Ferreira de Almeida

3 anos Auxiliar Serviços

Gerais Limpeza e

vigilância Sede Fundamental incompleto

47 anos

Clóvis de Oliveira 1 ano e 2 meses

Motorista

Condução geral; Resgate;

Brigada Incêndio

Fundamental incompleto

28 anos

Edmar Avelino do Nascimento

5 meses Vigilante Vigilância PNCV

Médio Completo

24 anos

Fábio Rodrigues Pimentel

1 ano Auxiliar Serviços

Gerais Limpeza

Serviços gerais Fundamental incompleto

28 anos

João Jesus B. Barros

3 anos e 5 meses

Vigilante Vigilância PNCV

Fundamental Completo

27 anos

Lusimar Oliveira da Paixão

6 meses Auxiliar Serviços

Gerais Limpeza

Serviços gerais Médio Completo

21 anos

Marcil Furtuoso de Lima

4 anos Auxiliar Serviços

Gerais Limpeza e

vigilância Sede Fundamental incompleto

54 anos

Rondineia Moreira

Nascimento

1 ano e 4 meses

Auxiliar Serviços Gerais

Limpeza – Auxiliar Telefone

Fundamental incompleto

25 anos

Vagna Gonçalves Vitor

6 meses Secretária

Administrativa Secretária e Bilheteira

Médio Completo

21 anos

Brigadistas* Variável Variável

Brigada Incêndio

Variável Variável

Estagiários** Variável Variável Variável Variável Variável Pesquisadores*** Variável Variável Variável Variável Variável

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4.4 Serviços prestados a sociedade

O PNCV sendo um dos Patrimônios Naturais da Humanidade possui um

relevante papel perante a sociedade, contribuindo decisivamente, para a promoção

da qualidade de vida do planeta como um todo. Os seus serviços ambientais podem

ser entendidos como proteção ao patrimônio genético, equilíbrio de forma geral

(gerador de ar puro; mantenedor da umidade, balizador da temperatura).

Na totalidade de sua área acolhe sistemas com ambientes característicos e

representativos da fauna e flora do bioma Cerrado, onde são incontáveis os

exemplares que podem ser pesquisados, gerando conhecimento para as diversas

áreas da ciência e da sociedade.

A UC possui ecossistemas distintos e de suma importância gerando

oportunidades ímpares aos visitantes nos campos do lazer, recreação, interpretação

da natureza, prática de esporte e pesquisa. No âmbito do uso público proporciona

atividades de: educação ambiental; observação de pássaros; Centro de Visitantes

(biblioteca, exposição de fotografias do Cerrado); voluntariado; apoio a associações

de Condutores de Visitantes; projetos de pesquisa (gestão, sustentabilidade,

biodiversidade, bioma cerrado), estágios vinculados a universidades.

O conjunto de suas trilhas proporciona uma das principais atividades

desenvolvidas o hiking23, sendo esta a atividade mais executada, mas ainda cita-se

a observação de fauna e flora, o trekking e os banhos.

A UC beneficia de forma incontestável o desenvolvimento da Vila São Jorge,

possibilitando aos seus habitantes oferecerem serviços indiretos que ocorrem a

partir do turismo, a saber: pousadas, camping, restaurantes, condução de visitantes,

venda de artesanatos e produtos locais. Favorecendo ainda os municípios do seu

entorno onde se constata também um aumento no fluxo turístico, como em Alto

Paraíso de Goiás, Cavalcante e Colinas do Sul. E ainda a participação de alguns

segmentos pertencentes aos municípios da área de amortecimento participantes do

CONPARQUE.

23 Hiking – São caminhadas curtas, de um dia, com retorno ao ponto de partida pré-determinado.

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5 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Em virtude da natureza da organização, as atividades desenvolvidas no

PNCV estão descritas por Programas de Manejo, os quais definem as diretrizes e

condutas administrativas a serem adotadas; além de identificar e detalhar os

procedimentos inerentes à composição da estrutura administrativa e funções a

serem desempenhadas.

Estes programas estão divididos em: Programa de Proteção; Programa de

Manejo; Programa de Uso Público e Patrimônio; Programa de Prevenção à Incêndio

e Programa de Educação Ambiental.

Quanto ao cronograma de atividades e horários não se estabeleceu uma

postura estanque no seu desempenho, mas sim de conformidade com as

necessidades e interesses prioritários do PNCV. Dessa forma, o período e o número

de horas dedicado a cada setor se referem à totalidade do período de estágio.

5.1 Programa de Uso Público e de Patrimônio

Responsável pelo programa: Daniel Rios Magalhães Borges

Período: 18/12/2007 a 24/02/2008

Número de horas: 469

5.1.1. Funções do Programa de Uso Público

O Programa de Uso Público e Patrimônio têm suas atividades controladas por

uma coordenação específica que está subordinada à chefia do PNCV. As atribuições

do coordenador do programa estão descritas no Regimento Interno - Seção V

(ANEXO D).

Seu objetivo geral, conforme consta no documento acima mencionado, é

garantir a qualidade das atividades de visitação, no intuito de minimizar os impactos

provocados ao meio ambiente. Para tanto, prevê um monitoramento constante no

que diz respeito à capacidade de suporte e de segurança estabelecidas para tal

área; a fim de proporcionar recreação/lazer, educação, informação e sensibilização

ambiental, tanto para os visitantes quanto para os condutores destes.

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As atividades concernentes a este programa podem ser divididas em

subprogramas:

• Subprograma de Monitoramento de Trilhas

- Consiste no manejo de impactos ecológicos e sociais do uso público, com o

monitoramento da qualidade dos serviços ofertados pelos condutores de visitantes e

educação ambiental. O objetivo geral prevê a avaliação, o planejamento e o

monitoramento dos impactos biofísicos e sociais da visitação das trilhas, visando

contribuir com o equilíbrio da atividade e consequentemente com a conservação das

áreas de visitação pública do PNCV. Como objetivo específico prevê a verificação, o

controle e a sistematização dos dados levantados para analises posteriores.

• Subprograma de Turismo

- A visitação ao PNCV pode ser considerada a atividade em maior evidência, pois

tem recebido nestes últimos anos um número considerável de visitantes. O maior

afluxo turístico ocorre durante as férias de julho e feriados prolongados - festas do

final de ano, carnaval, finados e semana da pátria, principalmente quando estes se

unem aos finais de semana no período da seca. Nesses dias de fluxo intenso além

da presença obrigatória dos condutores a orientarem os visitantes, mobilizam-se

também boa parte dos funcionários para atender a demanda.

As atividades turísticas possuem suporte nos valores ecológicos do parque

podendo ser classificadas como de lazer, recreativa, educativa e interpretativa.

Segundo o (IBAMA, 2007) levando-se em conta as trilhas e os atrativos turísticos em

operação, e outros propostos em estudos realizados, é possível identificar vinte e

quatro (24) atrativos no seu interior.

De modo geral, pode-se dizer que as atividades são exercidas em conjunto e

como um forte aspecto recreacional. Constatou-se que os atrativos implementados

atualmente são: Trilha da Seriema, Trilha dos Saltos I e II, Trilha dos Canions I24 e II,

Trilha das Corredeiras e Trilha das Cariocas. Nas caminhadas, atividade mais

executada é possível a observação da paisagem do Cerrado com seus diversos

24 Canion I – Fechada atualmente por motivo de segurança, devido ao período das chuvas com grande vazão das águas do Rio Preto.

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ecossistemas, fauna, flora, e ainda com excelentes locais para banho, nos seus rios

e cachoeiras. O período médio de permanência dentro do parque para estas

atividades está estimado em torno de 6 horas.

As trilhas possuem semelhanças em seus percursos que giram em torno de

10 km ida / volta, com as dificuldades podendo ser classificadas em moderadas - já

que o terreno possui declividades e em alguns trechos são acidentados. O tempo de

locomoção varia de acordo com o grupo – preparo físico, tamanho e marcha

desejada, mas normalmente é estimado em média de duas horas. Exceção feita à

trilha da Seriema, com uma distância em torno de 850 metros, com tempo médio de

percurso de 30 minutos.

• Subprograma de Recreação e Interpretação Ambiental

- Consta no Regimento Interno (2007) que a UC possui uma Coordenadoria de

Educação Ambiental que tem por objetivo: desenvolver atividades unindo-se às

comunidades do entorno, participando de equipes técnicas na elaboração de

projetos relacionados ao tema, que venham a contribuir com a sua aproximação.

O PNCV incentiva as visitas de escolas sejam elas públicas ou privadas

oferecendo a título de cortesia a entrada, e ainda de acordo com agendamento

prévio, promove palestras a esses grupos com temas pertinentes. O Centro de

Integração de Atividade Ambiental – CIAA foi instalado no Centro de Visitantes – CV

em 2004, abrigando encontros e funcionando como fórum de discussões e decisões

nos assuntos relacionados à área ambiental, além disso, serviu de base para

articulação e conexão de projetos da UC. Atualmente para estas atividades

encontra-se desativado.

De acordo com ICMBio (2008), bem como, através de pesquisas e

observações realizadas pela acadêmica, as associações de condutores de

visitantes, através dos condutores credenciados exercem um papel significativo

nesse processo, atuando como multiplicadores e disseminadores não só no interior

no parque, mas também, no seu entorno.

No CV estão afixados doze (12) painéis interpretativos (FIGURA 17) que

reúnem de forma sintética as informações mais relevantes sobre o Cerrado e o

PNCV - trilhas, biodiversidade e geologia da região, além de alguns dados históricos

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e a imagem de satélite. Enquanto que nas trilhas no interior da UC inexiste qualquer

tipo de sinalização interpretativa ou informativa.

Figura 17 – Painéis Interpretativos no Centro de Visitantes Fonte: Lacerda, 2007/2008.

Existem também dois manuais para orientar os condutores na interpretação

ambiental, denominados “Guia dos Guias”, essa ferramenta foi desenvolvida com o

apoio da WWF-Brasil em 2004. Os manuais destacam pontos relevantes das trilhas,

orientando-os sobre o que e como apresentar as informações aos visitantes. A

despeito das críticas por parte de alguns condutores sobre os Manuais, os mesmos

são considerados um instrumento que sem sombra de dúvidas agrega valor no

exercício da atividade.

5.1.2 Descrição da infra-estrutura do Programa de Uso Público

Para atender aos visitantes o PNCV atualmente dispõem de estruturas

adequadas para recepção, orientação, circulação e permanência dos mesmos. Para

tanto, conta com um Centro de Visitantes (FIGURA 18), com área estimada em

520m², onde se encontram distribuídos espaços destinados a abrigar: recepção

(FIGURA 19), bilheteria (FIGURA 20), auditório com capacidade para 60 (sessenta)

pessoas (FIGURA 21), instalações para o funcionamento de Lanchonete (FIGURA

22), Sala de projeção (FIGURA 23), Biblioteca (FIGURA 24), sala para abrigar uma

Enfermaria (FIGURA 25), banheiros masculino e feminino (FIGURA 26) e um

banheiro destinado ao uso por portador de deficiência física (FIGURA 27).

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Figura 18 – Vistas frontais do Centro de Visitantes Fonte: Lacerda, 2008.

Figura 19 – Ângulos da área de recepção do CV Fonte: Lacerda, 2008. Figura 20 – Perspectiva da bilheteria (e); e destaque dos avisos afixados (d). Fonte: Lacerda, 2007.

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Figura 21 – Aspectos do auditório Fonte: Lacerda, 2008.

Figura 22 – Perspectivas do espaço destinado à lanchonete Fonte: Lacerda, 2007,2008.

Figura 23 – Espaço destinado à sala de projeções, atualmente com outro uso. Fonte: Lacerda, 2008.

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- Figura 24 – Biblioteca Fructuoso Ribeiro, entrada (e); e espaço interno (d) Fonte: Lacerda, 2008.

Figura 25 – Aspectos do espaço destinado à enfermaria Fonte: Lacerda, 2008.

Figura 26 – Banheiros Feminino (d); e Masculino (e). Fonte: Lacerda, 2008.

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Figura 27 – Detalhes do banheiro destinado ao uso por portador de deficiência física Fonte: Lacerda, 2008.

Conta ainda com espaço destinado a exposições (FIGURA 28), área para

alongamento e palestra (FIGURA 29), e uma guarita de vigilância (FIGURA 30).

Além de mais duas saletas, uma utilizada para a guarda de material de limpeza.

Figura 28 – Perspectivas do espaço destinado a exposições. Fonte: Lacerda, 2008.

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Figura 29 – Vistas do espaço para a prática de alongamento e palestras Fonte: Lacerda, 2008.

Figura 30 – Fachadas da guarita de vigilância Fonte: Lacerda, 2008.

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• Trilhas

As trilhas têm seu início em um ponto comum que possibilita ao condutor

estar orientando aos visitantes quanto ao trajeto a ser percorrido, através de placa

informativa (FIGURA 31).

Figura 31 – Início trilhas (e); e detalhe placa informativa (d). Fonte: Lacerda, 2008.

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Para melhor detalhamento e compreensão apresentam-se abaixo os Quadros

03, 04, 05, 06 e 07 com ficha resumida de cada uma das trilhas, complementados

respectivamente com as Figuras de 32 a 36.

Trilha da Seriema

Atividade Caminhada

Distância percorrida 850m

Tempo médio decorrido* 30 min

Tempo médio de permanência no local 1:00 a 2:00 horas

Nível de dificuldade Leve

Capacidade de suporte adotada 30 pessoas

Descrição A trilha da Seriema foi proposta no Plano de Manejo (PANTOJA,1998) e sustentada no Plano de Uso Público despeito de possuir poucos fatores de atratividade (LEEUWENBERG, 2001). Sua operacionalização é recente e diferencia-se dos demais atrativos do PNCV por permitir a visitação auto-guiada. A trilha leva ao Córrego Rodoviarinha (conhecido também como Preguiça ou São Jorge) Seu traçado é em sistema de circuito. A trilha pretende atender ao público com dificuldades de locomoção e as famílias acompanhadas por crianças, podendo ser utilizada como opção para aqueles que chegam ao PNCV após o horário permitido para entrada (12:00h).

Problemas e ameaças Há possibilidade de descida de lixo pelo córrego, vindo da Vila São Jorge. Atualmente as placas de identificação e sinalização na trilha são ilegíveis.

Equipamento facilitador Há uma ponte pênsil no córrego Rodoviarinha, cobrindo um vão com cerca de 18 m.

Quadro 03 – Ficha resumida Trilha da Seriema Fonte: Plano de Ação Emergencial (PAES, 1995) e Plano de Uso Público (LEEUWENBERG, 2001), complementada por considerações de condutores de visitantes locais e observações da acadêmica (2007). *Tempo médio decorrido para a ida aos locais de visitação, contabilizando-se as paradas.

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Quadro 04 – Ficha resumida Trilha dos Saltos Fonte: Plano de Ação Emergencial (PAES, 1995) e Plano de Uso Público (LEEUWENBERG, 2001), complementados por considerações de condutores de visitantes locais e observações da acadêmica (2007). *Tempo médio decorrido para a ida aos locais de visitação, contabilizando-se as paradas. ** As capacidades de suporte adotadas referem-se aos atrativos tomados enquanto conjunto, no caso, Saltos do rio Preto e Corredeiras, devendo os condutores de visitantes se organizarem para otimização dos fluxos.

Trilha dos Saltos Atividade Caminhada Distância percorrida Cerca de 9,6 km (ida e volta) Tempo médio decorrido*

1:45h (ida)

Tempo médio de permanência no local de banho

1:00h - 2:00h

Nível de dificuldade Moderado a pesado. Capacidade de suporte adotada**

250 pessoas.

Descrição

O caminho é executado em terreno acidentado e bastante pedregoso em boa parte de sua extensão. A trilha contempla durante o trajeto, diversas fitofisionomias do ambiente de cerrado: campo rupestre, mata ciliar, campo limpo e campo sujo. No percurso tem-se uma vista de veredas e o Mirante das Dróseras (planta insetívora endêmica), deste local se tem uma vista privilegiada da Serra de Santana. No primeiro trecho a trilha passa pelo Garimpão, considerado maior garimpo de cristal de quartzo da região quando em atividade (1912 a 1961), com buracos (catas) e blocos de cristais expostos. O Salto II possui cerca de 120 metros de queda, a qual só pode ser vista de cima, por um mirante no caminho. A visão deste local mostra parte do Vale do rio Preto, abaixo do Salto. Acima do Salto II está o Salto I. A descida do mirante do Salto II até o Salto I tem cerca de 800 metros com inclinação acentuada. O Salto I é uma cachoeira com cerca de 80 metros de queda, com grande quantidade de pedras, onde o rio Preto forma um poço natural. Dependendo da quantidade de água e correnteza é permitida a natação até próximo à base do Salto I, mas, em geral, há uma corda limitando o acesso.

Problemas e ameaças

Na beira da trilha existem buracos profundos, próximos ao antigo garimpo, um local 200 metros acima dos “canais de lavagem”, levando perigo para a fauna silvestre. O risco de acidentes para os visitantes foi minimizado com a instalação de guarda-corpos. A estrada administrativa cumpre o papel de apoio ao deslocamento em caso de acidentes. Esta estrada cruza em dois pontos o córrego Preguiça/ Rodoviarinha e sua condição atual é ruim. Não há placas indicativas.

Equipamento facilitador

A chegada ao Salto I é feita em terreno de muito declive, sendo ultrapassado com o apoio de corrimões (balaústres de cimento armado com correntes), além de um calçamento de pedras. O mirante do Salto II é munido de guarda-corpo. Os buracos de garimpo próximos à trilha possuem correntes de segurança (guarda-corpos).

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Trilhas das Cariocas Distância percorrida Cerca de 9 km (ida e volta) Tempo médio decorrido* 1:15h Tempo médio de permanência no local

1:00 – 2:30h

Nível de dificuldade Moderado Capacidade de suporte adotada**

200 pessoas.

Descrição

Mesmo trecho da trilha anterior até a bifurcação Cânion – Cariocas. O trajeto contempla campos limpos, sujos e rupestres, possibilitando a visualização, à distância, de algumas matas ciliares e buritizais. Há também a alternativa de um atalho passando por antigas valas de garimpo até a estrada administrativa utilizada para resgate de acidentados. O último trecho da trilha possui um terreno acidentado e com forte declividade, o que a torna arriscada. Há focos de erosão em estágio adiantado após a última bifurcação. O rio Preto deságua em duas cachoeiras ao lado direito da trilha, apresentando várias “escadas” que possibilitam as pessoas subirem à cachoeira. Existem poços para banho, porém a descida até eles é bastante perigosa. Geralmente esta trilha é combinada com a visitação ao Cânion II. Esses atrativos, juntos, são tradicionalmente conhecidos como “Corredeiras da Boa Sorte”.

Problemas e ameaças

Na época das chuvas o local pode tornar-se crítico, sendo permitida à visitação somente após uma avaliação meteorológica. Também perde muito de sua atratividade, uma vez que as cachoeiras ficam com níveis de água elevados e os poços para banho praticamente desaparecem. Este atrativo possui uma alta capacidade de suporte estimada para sua estrutura, não existindo uma trilha alternativa para dispersão dos turistas ao descer o último trecho, o que causa congestionamento em períodos com excesso de visitantes. A descida possui inclinação acentuada e não há cordas, corrimões ou qualquer outra ferramenta de segurança, tornando-a de alto risco. Não há placas indicativas.

Equipamento facilitador Há uma ponte pênsil, na travessia do córrego Rodoviarinha/ Preguiça, e quatro pinguelas nos cruzamentos dos corpos d´água e grotas.

Quadro 05 – Ficha resumida Cariocas Fonte: Plano de Ação Emergencial (PAES, 1995) e Plano de Uso Público (LEEUWENBERG, 2001), complementados por considerações de condutores de visitantes locais e observações da acadêmica (2007). * Tempo médio transcorrido para a ida aos locais de visitação, contabilizando-se as paradas. ** As capacidades de suporte adotadas referem-se aos atrativos tomados enquanto conjunto, no caso, Caroca e Cânions, devendo os condutores de visitantes se organizarem para otimização dos fluxos.

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Trilha das Corredeiras

Distância percorrida Cerca de 6,5 km (ida e volta) Tempo médio decorrido* 1:00h Tempo médio de permanência no local

1:00h – 1:15h

Nível de dificuldade leve Capacidade de suporte adotada**

250 pessoas.

Descrição

A maior parte da trilha é sobreposta à trilha dos Saltos I e II, bifurcando à direita já próximo ao atrativo. Este é comumente freqüentado em conjunto com os Saltos, ficando a cerca de 2 km de distância. A passagem por entre valas do garimpo encurtou a trilha às Corredeiras e foi implantada, ainda, uma abertura diagonal das Corredeiras à estrada de serviço em direção aos dois saltos. O meio físico local é composto por rochas no rio, com margens arenosas e campos limpo e rupestre. As Corredeiras consistem em uma parte da calha rasa e ampla do rio Preto, com uma série de piscinas naturais e locais para hidromassagem em pequenas quedas d´água. É conhecida como “Pedreiras” na estação seca e “Corredeiras” na estação chuvosa.

Problemas e ameaças

O uso intenso do local anterior a abertura oficial das trilhas, em 1991, resultou em um excesso de caminhos nesta área. Um dos atalhos mais críticos que encurtava o trajeto das Corredeiras à trilha para os Saltos foi interditado. É imprescindível o desvio de trechos com focos de erosão, pois há risco de tornarem irreversíveis. A estrada administrativa cumpre o papel de apoio ao deslocamento em caso de acidentes e encontra-se em péssimas condições, apesar das intervenções de melhoria. Não há praticamente nenhuma sombra disponível, o que funciona como fator limitante do tempo de uso do local. Não há sinalização ou placas de informação no local.

Equipamento facilitador

Há duas placas rústicas indicativas nas bifurcações Saltos – Cânions e Saltos – Corredeiras. Os buracos de garimpo próximos à trilha possuem correntes de segurança (guarda-corpos).

Quadro 06 – Ficha resumida Corredeiras Fonte: Plano de Ação Emergencial (PAES, 1995) e Plano de Uso Público (LEEUWENBERG, 2001), complementados por considerações de condutores de visitantes locais e observações da acadêmica. * Tempo médio decorrido para a ida aos locais de visitação, contabilizando-se as paradas. ** As capacidades de suporte adotadas referem-se aos atrativos tomados enquanto conjunto, no caso, Saltos do rio Preto e Corredeiras, devendo os condutores de visitantes se organizar para otimização dos fluxos.

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Trilha Cânion II Distância percorrida Cerca de 9,5 km (ida e volta) Tempo médio decorrido* 1:40h Tempo médio de permanência no local

1:00h – 1:30h

Nível de dificuldade Leve a moderado. Capacidade de suporte adotada

200 pessoas.

Descrição

Seu percurso é feito em trilha pedregosa, plana, sem muitos aclives, passando por paisagens e lugares com sombra e uma bica d´água. Chegando aos limites do Cânion, pode-se ver o rio Preto passando por rochas contínuas com paredões em seus limites e entrando por um funil em uma cachoeira, até chegar a um grande poço, com rochas nas margens, onde é possível tomar banho.

Problemas e ameaças Na época de chuvas o local pode tornar-se perigoso, sendo permitida a visitação apenas mediante uma avaliação meteorológica. Não há sinalização.

Equipamento facilitador

Há uma ponte pênsil, na travessia do córrego Rodoviarinha/ Preguiça, e quatro pinguelas nos cruzamentos dos corpos d´água e grotas. Há uma placa rústica indicativa na bifurcação Saltos – Cânions.

Trilha Cânion I Distância percorrida Cerca de 10,5 km (ida e volta)

Tempo médio decorrido* 2:00h Tempo médio de

permanência no local 30 minutos

Nível de dificuldade Moderado a pesado. Capacidade de suporte

adotada 200 pessoas.

Descrição

O percurso é o mesmo do anterior, com um pequeno desvio no quilometro final. Trilha atualmente pouco usada e, quando visitada, geralmente é combinada com o Cânion II. Existem duas opções de chegada pelo Cânion II: uma por terra, outra subindo o rio. Consiste em um cânion pequeno, com piscinas menores que o anterior e espaço restrito para as pessoas se acomodarem. Muitos de seus poços desaparecem na seca.

Problemas e ameaças

Na época de chuvas o local torna-se bastante perigoso, não sendo permitida a visitação. Há relatos da presença do pato mergulhão (Mergus octocetaceus), espécie ameaçada de extinção, entre julho e setembro. Fluxos de visitação podem interferir nos hábitos do animal. Falta sinalização.

Equipamento facilitador

Há uma ponte pênsil, na travessia do córrego Rodoviarinha / Preguiça, e quatro pinguelas nos cruzamentos dos corpos d´água e grotas. Há uma placa rústica indicativa na bifurcação Saltos – Cânions.

Quadro 07 – Ficha resumida Cânion II e Cânion I Fonte: Plano de Ação Emergencial (PAES, 1995) e Plano de Uso Público (LEEUWENBERG, 2001), complementados por considerações de condutores de visitantes locais. e observações da acadêmica (2007). * Tempo médio decorrido para a ida aos locais de visitação, contabilizando-se as paradas. ** As capacidades de suporte adotadas referem-se aos atrativos tomados enquanto conjunto, no caso, Carioca e Canions, devendo os condutores de visitantes se organizar para otimização dos fluxos.

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Figura 32 – Aspectos da Trilha da Seriema (E); e Poço córrego Rodoviarinha (d). Fonte: Lacerda, 2008.

Figura 33 – Salto II (120m) (e); e Salto I (80 m) (d); Fonte: Arquivo PNCV, 2007. Figura 34 – Aspecto do poço das Cariocas Fonte: Arquivo PNCV, 2007.

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Figura 35 – Aspectos das Corredeiras, sem chuva (e); após as primeiras chuvas (d). Fonte: Lacerda, 2007.

Figura 36 – Aspectos do Cânion II (e); e Cânion I (d). Fonte: Arquivo PNCV, 2007.

5.1.3 Atividades desenvolvidas no Programa de Uso Público

a) Atividades na Administração

Com a finalidade de promover um maior aproveitamento durante o período de

estágio, foi estabelecido um cronograma de atividades que contemplasse

simultaneamente as prioridades do PNCV e o desempenho efetivo nos

subprogramas de uso público. Para tanto as tarefas foram distribuídas conforme

apresentadas a seguir.

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Atividades Preliminares

• Reunião com o Chefe do Parque e demais colaboradores para conhecimento da

estrutura física, regimento interno e condutas;

• Leituras: Plano de Ação Emergencial – PAE; Plano de Manejo - PM (em estudo);

Sistema de Gestão de Segurança - SGS (ABETA); Plano de Uso Público – PUP, e

outras pertinentes a UC;

• Atendimento geral e telefônico.

Pesquisa com colaboradores do PNCV

• Desenvolvimento de questionário para análise do perfil do público interno, clima

organizacional e desenvolvimento pessoal (APÊNDICE A);

• Realização da pesquisa com aplicação de questionário.

Reuniões com as Associações de Condutores de Visitantes

• Condução de uma reunião em 28/01 com as Associações dos Condutores de

Visitantes (presidentes e condutores credenciados) tendo como pauta:

� Portaria – recepção (abordagem) e preenchimento do Termo de Responsabilidade; � Trilhas – informações ao visitante: palestra inicial e interpretação nas trilhas; � Conduta ética; � Informações gerais - nos locais de banho; lixo nas trilhas; uso de cigarro; � Resgate; � Cooperação técnica e parceria – Ficha de Acidentes e Incidentes (apresentação da ficha);

� Equipamento de segurança obrigatório dos guias e últimos acidentes; � Forma de condução dos visitantes (sugestões); � Solicitação de listagem atualizada das associações (associados/credenciados); � Prazo para apresentar proposta para um Programa de Voluntariado para o PNCV; � Informações sobre GVBS.

E participação em uma segunda reunião em 20/02, que tratou exclusivamente

dos assuntos pertinentes ao voluntariado, quando foram abordados temas como: lei

do voluntariado, necessidades do PNCV, formas de adesão e agendamentos para

os trabalhos de recuperação das trilhas.

Pesquisa com visitantes

• Aplicação de questionário já existente perfazendo um total de duzentas (200)

aplicações;

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• Reformulação do questionário existente. Durante a aplicação do questionário

constatou-se certa resistência por parte dos entrevistados devido à extensão do

mesmo, surgindo assim à necessidade de adaptação;

• Desenvolvimento do novo questionário (APÊNDICE B);

• Aplicação dos questionários perfazendo um total de cento e oitenta e seis (186)

aplicações. Durante o período do estágio foram totalizadas trezentos e oitenta e

seis (386) aplicações do questionário de satisfação e percepção dos visitantes, as

quais foram tabuladas e analisadas. Para tanto, optou-se pela realização de uma

pesquisa do tipo empírica /aplicada, de caráter qualitativo, utilizando-se como

instrumentos de pesquisa dois tipos de questionários: o primeiro com 21 perguntas

abertas e fechadas, caracterizando 57 itens de respostas; e o segundo com

dezenove (19) perguntas abertas e fechadas. As questões do segundo

questionário foram dividas em dois grupos, a saber: Perfil do visitante e Avaliação

do Parque.

Planilhamento de dados para alimentação do Banco de Dados do PNCV

• Digitação do “Termo de Responsabilidade” (controle de visitantes) constando de:

data, número de visitantes, origem, escolaridade, condutor responsável,

associação e atrativo visitado referente ao ano de 2007. E ainda, janeiro e

fevereiro - período do carnaval de 2008. Foram totalizadas 20.184 fichas de

visitantes de 2007, e 1.995 fichas de 2008;

• Tabulação e análise das fichas. Foram elaborados gráficos demonstrativos

(mensais e anual) da origem dos visitantes, faixa etária, associações e condutores

mais atuantes, e atrativo mais visitado;

• Digitação das fichas de resgate de 2007. Foram digitadas cinqüenta (50) fichas

contendo informações sobre os resgates realizados em 2007, número de vitimas,

acompanhantes, data, horário, motorista responsável, tipo de acidente (motivo),

condutor e associação;

• Tabulação e análise dos “Registros de Resgates” do ano de 2007. Foram

confeccionados gráficos demonstrativos referentes aos motivos, condutores e

associações (solicitações mais freqüentes);

• Adaptação da “Ficha de registro de Acidentes e Incidentes”;

• Aplicação e digitação da “Ficha de registro de Acidentes e Incidentes”.

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Recepção

• Recepcionar e/ ou acompanhar visitantes no interior da UC nos seus principais

pontos de observação e interesse, representantes de entidades não

governamentais, representantes de órgãos públicos e privados dando-lhe as “boas

vindas” e prestando-lhes as informações pertinentes ao interesse manifesto. As

principais recepções no período do estágio foram:

- Diretores da Fundação Fórmula Cultural – SP – Visita relativa a projeto aprovado

pelo Ministério da Cultura para desenvolvimento de vídeos referentes aos Parques

Nacionais do Brasil, tendo como “projeto piloto” o PNCV;

- Representante da Fundação Getúlio Vargas – RJ – Pesquisadora em visita a

região e ao PNCV;

- Secretária Municipal do Turismo – Em visita de apresentação e solicitação de

dados de visitação.

Projeto Sistema de Gestão de Segurança - SGS

• Estudos preliminares para o desenvolvimento do SGS do PNCV, direcionado para

certificação da Trilha dos Saltos.

b) Atividades no Centro de Visitantes

Tarefas

• Ordenamento e atendimento aos turistas e condutores nos dias de maior fluxo –

apresentando o PNCV e trilhas disponíveis, bem como, o fornecimento de

informações, orientações e condutas desejáveis;

• Orientação para preenchimento adequado de todos os itens constantes do “Termo

de Responsabilidade” (fichas registro de entrada);

• Averiguação de equipamento e uniforme obrigatório para condutores de visitantes;

• Auxilio na classificação do acervo da biblioteca;

• Orientação quanto ao uso do acervo da biblioteca;

• Verificação da saída dos grupos do interior do PNCV no horário pré-determinado;

• Aplicação da ficha de registro de acidentes e incidentes.

c) Atividades nas Trilhas

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• Acompanhamento dos grupos nas trilhas;

• Monitoramento do estado de conservação e uso adequado;

• Monitoramento de condutas nos atrativos (visitantes e condutores);

• Registro de acidentes e incidentes;

• Acompanhamento e registro de resgates.

5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos no Programa de Uso Público

Durante o período de realização do estágio supervisionado foi possível

agregar um conteúdo substancial de informações técnicas referentes ao manejo da

UC e, principalmente, no que tange ao uso público desta área. O fator primordial

para o alcance desses conhecimentos deveu-se primeiramente, a receptividade e a

confiança por parte da chefia do PNCV, que desde o primeiro momento

disponibilizou informações e compartilhou suas estratégias de administração. Essa

atitude permitiu um desempenho com maior autonomia das funções e atividades a

serem realizadas, ultrapassando o caráter de um simples estágio.

O acesso ao vasto material didático pertinente a política, ao planejamento e a

gestão de UC, tais como: Plano de Ação Emergencial - PAE; Plano de Manejo - PM,

Plano de Uso Público - PUP, e instrumentos normativos dentre outros, possibilitou

um entendimento mais amplo no que concerne aos procedimentos que devem ser

compreendidos e adotados no monitoramento dos impactos (positivos e negativos)

da visitação. Na compreensão destes documentos, bem como o entendimento das

terminologias de ordem técnica neles existentes, foi de fundamental importância o

aprendizado decorrente da disciplina de Ecoturismo.

Neste aspecto o arcabouço teórico adquirido ao longo do curso de Turismo e

Hotelaria, através do conjunto de suas disciplinas foi imprescindível ao bom

desempenho das funções. Dessa forma, foi possível estar exercitando os conceitos

norteadores do turismo, do planejamento, da organização, da gestão e da

sustentabilidade da atividade turística no uso dos recursos naturais.

Os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Administração e Ética

facilitaram a interação e o relacionamento entre as partes (colaboradores internos,

externos e visitantes). As técnicas aprendidas contribuíram para um monitoramento

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adequado da visitação, no fornecimento de informações apropriadas ao público

envolvido e no estabelecimento de condutas desejáveis no interior do parque.

O contato com os guias e as técnicas de monitoramento do sistema de trilhas,

junto a outros indicadores diretamente relacionados às atividades de visitação,

propiciou o reconhecimento adequado de aspectos que podem e devem ser

controlados. Foram considerados como itens mais relevantes: segurança

(identificação de perigos e riscos), erosão do solo, trilhas alternativas, lixo,

capacidade de suporte, equipamentos facilitadores, fluxo e violações de normas.

Os ensinamentos nas disciplinas de técnica da pesquisa e estatística foram

determinantes para elaboração, aplicação e análise dos instrumentos de pesquisas

utilizados. O suporte teórico possibilitou uma avaliação prática para definir os

melhores métodos a serem aplicados a fim de concretizar os trabalhos.

No plano administrativo ficou claro que na gestão de áreas protegidas é

essencial que a visão não seja restrita apenas aos valores econômico e recreativo,

visto que os parques vão muito além dessas variáveis, sendo dever do administrador

proteger com o máximo esmero a biodiversidade ali existente, como patrimônio

científico, cultural, histórico e social.

Além das contribuições já citadas, vale ressaltar os aspectos gerais

concernentes aos demais programas do PNCV com os quais se teve contato e que

se articulam à UC como um todo. Dessa forma asseguraram-se informações e

conhecimentos técnicos provenientes do Programa de Proteção; Programa de

Manejo; Programa do Patrimônio; Programa de Prevenção à Incêndio e Programa

de Educação Ambiental. E aqui, mais uma vez, destacam-se os valiosos

ensinamentos teóricos em matérias como Planejamento e Organização Turística,

Sociologia do Turismo, História da Cultura, Segurança, enfim do vasto currículo que

compôs a formação da acadêmica.

5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas relativos ao

Programa de Uso Público

O PNCV constitui-se em um atrativo fundamental na região, representa o eixo

diretivo para o turismo da Chapada dos Veadeiros no que diz respeito ao

desenvolvimento dos cinco municípios que fazem parte do seu entorno. O fluxo

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turístico tem mantido nos últimos anos uma demanda estável, com tendência ao

crescimento, visto que o segmento do ecoturismo tem merecido amplo destaque no

cenário nacional e internacional.

A gestão do uso público da UC, para atender adequadamente essa demanda,

e conseqüentemente melhorar sua operacionalização, no que tange a atividade de

visitação, carece ainda de uma sistemática de ações para o seu ordenamento.

Os aspectos positivos, limitantes e sugestões são descritos nos tópicos a

seguir:

• Uso Público

Aspectos Positivos

A localização e os recursos naturais do PNCV são aspectos, sem sombra de

dúvidas, de grande relevância. A proximidade com a capital federal e a capital do

estado de Goiás, confere ao Parque um fluxo turístico estável e promissor, além

disso, o aeroporto de Brasília sendo de categoria internacional propicia um bom

suporte ao turismo estrangeiro. As rodovias de ligação com o PNCV encontram-se

na maioria dos seus trechos em bom estado de conservação, facilitando o fluxo de

visitantes.

A UC é rica em biodiversidade e os atrativos naturais são de grande beleza

cênica, o que possibilita ao visitante uma experiência extraordinária seja pela

recreação, pesquisa, prática esportiva ou pela simples motivação de conhecimento.

A estrutura física do Parque no que tange ao CV favorece a visitação, pois os

espaços existentes permitem a incorporação de várias práticas que agregam valor à

atividade.

A atual gestão do PNCV consiste em outro ponto fundamental, aliando vários

aspectos positivos: a experiência do atual chefe advinda da gerência de outras UC;

sua boa articulação política nas esferas administrativas; e a interação com os

colaboradores, associações de condutores de visitantes e comunidade do entorno

do Parque.

Aspectos Limitantes

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- Infra-estrutura – A precariedade na conservação e na manutenção das vias de

acesso, principalmente nos quilômetros finais na GO-239 sem pavimentação, o que

dificulta sobremaneira o trafego no período das chuvas;

- Rodovia GO-239 (estrada parque) pela falta de redutores de velocidade. A coibição

é restrita ao uso de placas de velocidade máxima de 50 km, infimamente respeitado

pelos motoristas, o que ocasiona freqüentes atropelamentos e mortes de exemplares

da fauna;

- Sistema de energia monofásica com grande oscilação, dificultando sobremaneira o

trabalho administrativo. O local é propenso a raios o que ocasiona freqüentes

quedas de energia provocando por vezes a queima de equipamentos, ou o

interrupmento no desenvolvimento dos trabalhos;

- Falta de segurança física efetiva nos locais de banho;

- Inexistência de seguro de vida para visitantes;

- Número de funcionários insuficiente;

- Servidores terceirizados com pouca capacitação;

- Trilhas – inexistência de sinalização e informações;

- Trilhas atuais em uso há 17 anos, o que gera dois fatores distintos: aumento do

estado de degradação pelo uso intensivo e poucas alternativas de recreação,

gerando reclamações dos visitantes assíduos que queixam das poucas opções

oferecidas;

- Inexistência de trilha inclusiva, auto-guiada e/ou interpretativa. É fundamental criar

nos Parques alternativas para a inclusão de pessoas portadoras de deficiência física

ou necessidades especiais, para que tenham plenas condições de usufruir deste

patrimônio com amplas possibilidades de desfrute;

- Obrigatoriedade do condutor de visitantes;

- Falta de manutenção da estrada administrativa para resgates;

- Frota de veículos em estado de conservação ruim;

- Freqüentes solicitações de resgate sem necessidade;

- Inexistência de equipamentos para prestação de socorro (maca, desfibrilador,

enfermeira nos dias de maior fluxo);

- Níveis distintos de formação dos Condutores de Visitantes; número insuficiente de

guias bilíngües;

- Falta de comunicação efetiva entre o CV e os condutores;

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- Inexistência de pesquisas sistemáticas que indiquem a condição da fauna:

abundância, diversidade, distribuição dentro da área do PNCV, além da avaliação

dos impactos negativos dos incêndios, caça e pesca ilegais;

- Falta de coleta seletiva de lixo.

Sugestões

- Parceria mais efetiva com o poder público municipal e estadual para melhoramento

e manutenção das vias de acesso ao PNCV;

- Contato com órgão competente para solicitar a colocação de redutores de

velocidade e lombadas eletrônicas, para coibir o abuso de velocidade;

- Desenvolvimento e implantação do Sistema de Gestão de Segurança – SGS,

visando a certificação das trilhas existentes;

- Contratação de salva-vidas permanentes para os locais de banho;

- Contratação de monitores. Em decorrência do número reduzido de servidores,

existe sobrecarga de serviços nos dias de maior fluxo de visitantes, principalmente

nos feriados prolongados. Nos horários de entrada e saída dos grupos no PNCV é

imprescindível à presença de um monitor para informar, acompanhar a formação dos

grupos, conferir o preenchimento dos Termos de Responsabilidade, averiguar o

material do condutor, agilizar a entrada, atentar para a palestra inicial. Também é de

suma importância colher informações na saída dos turistas e condutor (feedback),

efetuando o controle e o preenchimento da “Ficha de registro de Acidentes e

Incidentes”;

- Implantar a sinalização e as informações (português/inglês) nas trilhas. Essa

medida é essencial para dar qualidade à visitação, contribuindo expressivamente

para a segurança e a educação ambiental;

- Abertura de novas trilhas, contemplando outras áreas do PNCV como, por

exemplo, a entrada norte no município de Cavalcante;

- Implantação de projeto para a trilha da Seriema (passarela suspensa em madeira),

tornando-a uma trilha auto-guiada interpretativa, possibilitando aos visitantes

atividades de senso-percepção, adaptando-a para o uso de portadores de

deficiência física, pessoas da melhor idade e crianças;

- Recuperação e manutenção sistemática da estrada administrativa utilizada para

efetuar os resgates. Atualmente o percurso demora cerca de 40 minutos para se

chegar até o ponto de apanhar o acidentado e retornar a administração;

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- Criação de regras claras para resgate e divulgação destas no painel informativo da

recepção e banners nos MHT’s;

- Estudos para criar alternativas para solucionar problemas advindos da

obrigatoriedade da contratação do condutor de visitantes;

- Colocação de placas informativas e orientativas de como proceder à entrada no

PNCV. Tais como: “Estacionamento – fluxo”, “Acesso restrito ao uso administrativo

(porteira e portão guarita)”, “Dirija-se à Recepção”. Verificou-se a inexistência de

quaisquer placas informativas no local, o que nas observações realizadas, gera uma

série de atropelos e ocorrências negativas desnecessárias, como por exemplo, o

ingresso de visitantes por local restrito, por desinformação;

- Banner contendo informações básicas (Taxas – ingresso, condução; orientações

sobre normas e procedimentos no PNCV, requisitos mínimos - água, lanche, protetor

solar, idade, etc.), afixado na recepção do Parque, no Centro de Atendimento ao

Turista - CAT e nas Pousadas.

Vale ressaltar que muitas das observações aqui relatadas têm sido

sistematicamente abordadas em documentos anteriores, advindos de pesquisas,

reuniões, oficinas e outros contatos. Contudo, até a presente data, continuam sem

merecer a devida atenção, seja por escassez de recursos financeiros, humanos ou

materiais.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os objetivos do estágio supervisionado foram plenamente atingidos com as

atividades desenvolvidas no PNCV, uma vez que possibilitaram a atuação da

acadêmica nos diferentes setores do Programa de Uso Público, permitindo ainda, o

contato com os outros programas de manejo.

O tempo dedicado ao estágio foi suficiente para a integração da acadêmica

com a rotina da Unidade de Conservação. O fato de permanecer no alojamento do

Parque contribuiu para um melhor aproveitamento no desempenho das tarefas e na

leitura de literaturas especializadas, permitindo desenvolver boa parte do relatório.

Nesse sentido, as orientações recebidas por parte da equipe do ICMBio e do

orientador do relatório, durante esse período, foram fundamentais para o

processamento adequado das informações.

No campo profissional percebeu-se a complexidade e a delicada função de se

gerenciar uma UC em todas as suas instâncias. O gestor, neste caso, deve estar

preparado para a mediação de interesses, por vezes antagônicos, o que requer o

desenvolvimento de competências em diversos aspectos. Há de ter extrema

habilidade política, e sensibilidade social e cultural, combinada a uma elevada

capacidade de administração econômico-financeira em face da escassez de

recursos, em prol do cumprimento das diretrizes traçadas para a sustentabilidade

ambiental da unidade de conservação e de seu entorno.

Um dos fatores principais observado durante o estágio foi a operacionalização

das diversas tarefas a serem realizadas, pois conta-se com um número insuficiente

de funcionários pertencentes ao quadro funcional do órgão gestor, sendo ainda que

os colaboradores terceirizados têm uma capacitação aquém do desejável. Diante

desse quadro, servidores-chave no processo, são obrigados a exercerem múltiplas

funções, atendo-se por vezes, a serviços de simples secretaria (digitação,

atendimento telefônico, recepção, entre outros) em detrimento de ocupações mais

relevantes.

As atividades no CV mostraram-se extremamente gratificantes e necessárias,

permitindo a avaliação de situações variadas por meio de observações, conversas

informais, acompanhamentos e reuniões.

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Através da vivência na recepção, exercitaram-se muitos dos conhecimentos

teóricos adquiridos ao longo do curso de Turismo e Hotelaria, ampliando a

sensibilidade e a percepção, necessárias para diagnosticar corretamente as

situações, além de praticar a convivência e o trabalho em equipe.

O monitoramento e acompanhamento dos grupos durante o percurso nas

trilhas e banhos, mostrou-se um bom parâmetro para avaliações quanto a seriedade,

comprometimento e conhecimento dos condutores, bem como para analisar o

comportamento dos mais variados tipos de turistas.

Ficou clara a importância que a visitação exerce nas áreas protegidas do

grupo de proteção integral, e como ela pode vir a ser uma ferramenta fundamental

na sensibilização e conscientização da sociedade como um todo. Isso porque, à

medida que o usuário tem a oportunidade de vivenciar experiências no ambiente

natural, ele tende a reconhecer a importância da conservação, atingindo um outro

nível de entendimento e respeito para com o meio ambiente.

Pode ser constatado durante o estágio que, o ordenamento da visitação no

PNCV possui atualmente alguns aspectos limitantes que precisam ser revistos e

buscadas soluções compatíveis com seus objetivos, realidade, e expectativas da

sociedade. Dentre essas limitações cita-se: a insuficiência de informações, a

segurança do visitante; o manejo de impactos da visitação - que é precário; a

vinculação do acesso à contratação de um condutor de visitante; a falta de

sinalização nas trilhas; e as oportunidades reduzidas e pouco variadas para realizar

as atividades recreativas.

Outra limitação importante a ser considerada é a falta de dados que permitam

avaliar estatisticamente a visitação. As avaliações de gestão dependem dentre

outras ferramentas de dados acurados, consistentes e atualizados. Por isso,

acredita-se ser de fundamental importância o cumprimento da diretriz para a

visitação em UC estabelecida pelo MMA (2006, p.15) que recomenda aos órgãos

gestores “Estabelecer um sistema de registro de visitantes e realizar pesquisas

periódicas para identificar o perfil, a opinião e a satisfação dos visitantes com relação

às oportunidades de visitação oferecidas nas UC”.

O sistema de registro de visitantes no PNCV já se encontra instituído. No

entanto, apesar de haver um instrumento de pesquisa elaborado dentro do Plano de

Visitação em Parques Nacionais do MMA em parceria com o IBAMA (2006), o

mesmo ainda não foi aplicado para ser devidamente tabulado e analisado. Em vista

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do exposto, considera-se de grande valia para contribuir com a gestão do PNCV,

analisar o uso público através do perfil, percepção e satisfação do visitante, por meio

da aplicação e avaliação do instrumento de coleta de dados oficial da UC.

Ao findar essa análise é preciso destacar ainda o aporte que a estada no

PNCV proporcionou para motivar a acadêmica, aumentando sua capacidade de

iniciativa, autoconfiança e consequentemente a habilidade para tomada de decisões.

Finalmente, considera-se muito importante, uma efetiva parceria entre os

órgãos gestores de UC com universidades, principalmente com aquelas que, como a

UNIVALI, formam profissionais interessados no ecoturismo e no uso público em

áreas protegidas. Essa pode ser uma forma de avançar mais rapidamente na

questão do ordenamento do uso público, por meio de intercâmbio entre a

constatação empírica e pesquisas técnico-científicas.

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SCARIOT, A. et al (org). CERRADO: Ecologia, biodiversidade e conservação. Brasília: MMA, 2005. Páginas eletrônicas consultadas BRASIL. Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Institui o Código Florestal). Disponível em: < htpp://www.planalto.gov.br/civil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em: 14 jan.2008. BRASIL. Lei Federal n°9.985, de 18 de Julho de 2000. (Regulamenta o art.225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências). Disponível em: <htpp:// www.mma.gov.br/port/sbf/dap/doc/snuc.pdf>. Acesso em: 28 dez.2007. BRASIL. Leis. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/ D4340.htm>. Acesso em: 27 abr. 2008. BRASIL. LEIS. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4339.htm>. Acesso em: 27 jan. 2008. BRASIL. Leis. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2007-2010/2007/. Acesso em: 23 jan.2008. BRASIL. Leis. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/decreto/1930-1949/D23793.htm. Acesso em: 25 jan. 2008. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Disponível em: <htpp://www.ibama.gov.br>. Acesso em: 06 jan.2008. ICMBio. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Disponível em: <htpp:/icmbio.gov.br>. Acesso em: 20 dez.2007. MMA. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <htpp://www.mma.gov.br>. Acesso em: 21 dez.2007. _____. Disponível em: <http://sistemas.mma.gov.br/portalcnuc/index.php?ido=principal.index&idMenu=5694&idEstrutura=119>. Acesso em: 15 jan. 2008. UNEP. Definiciones de lãs categorias UICN de manejo de áreas protegidas. Disponível em: <http:www.unep-wcmc.org/protected_areas/data>. Acesso em: 04 jan.2008. UNEP - United Nations Evironment Programme. World Conservation Monitoring Centre. Disponível em: <http://www.unep-wcmc.org/protected_areas/protected_areas.htm>. Acesso em: 22 jan.2008.

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SWARBROOKE, J. Turismo Sustentável: conceitos e impacto ambiental. Vol.1 São Paulo: Aleph, 2000. INSTITUTO DE HOSPITALIDADE. Programa de Certificação em Turismo Sustentável. Salvador, 2004. INSTITUTO DE RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS. Disponível em <http://www.ethos.org.br> acessado em 01 de Jun. de 2007.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Questionário para análise do perfil do público interno

Clima organizacional e desenvolvimento pessoal

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APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados proposto pela acadêmica

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ANEXOS

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ANEXO A - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

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ANEXO B - Decreto 49.875 de 11 janeiro de 1961 - Criação do Parque Nacional

da Chapada dos Veadeiros - GO

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ANEXO C - Lei nº 11.516 de 28 de Agosto de 2007

Criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

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ANEXO D - Regimento Interno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros -

GO

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ANEXO E - Termo de Compromisso

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ANEXO F – Programa de Estágio

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ANEXO G – Ofício autorização de estágio

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ANEXO H – Controle de carga horária

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ANEXO I – Declaração de estágio

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ANEXO J – Avaliação da empresa

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ANEXO L – Termo de convênio

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