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TCC Rodolfo Miranda (UFPR - Litoral, Matinhos), sobre a Mobilidade Urbana de Paranaguá-PR.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
SETOR LITORAL
GESTO AMBIENTAL
RODOLFO RODRIGUES LISBOA DE MIRANDA
MOBILIDADE URBANA SUSTENTVEL:
ESTUDO DO SISTEMA CICLOVIRIO DE PARANAGU, PARAN.
Matinhos
2014
RODOLFO RODRIGUES LISBOA DE MIRANDA
MOBILIDADE URBANA SUSTENTVEL:
ESTUDO DO SISTEMA CICLOVIRIO DE PARANAGU, PARAN.
Trabalho de Concluso de Curso apresentado como requisito parcial para obteno de grau de Bacharel em Gesto Ambiental da Universidade Federal do Paran Setor Litoral.
Orientadora: Prof. Dr. Liliani Marilia Tiepolo
Matinhos
2014
ii
TERMO DE APROVAO
RODOLFO RODRIGUES LISBOA DE MIRANDA
MOBILIDADE URBANA SUSTENTVEL:
ESTUDO DO SISTEMA CICLOVIRIO DE PARANAGU, PARAN.
Trabalho de Concluso de Curso aprovada como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel no Curso de Gesto Ambiental, Setor Litoral, Universidade Federal do Paran
Aprovado em: ___/___/_____
____________________________________
Profa. Dra. Liliani Marlia Tiepolo
Orientadora
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________
Profa. Dra. Andra Maximo Espnola
Setor Litoral,UFPR
___________________________________
Bacharel Fernanda Sezerino
Setor Litoral, UFPR
iii
Resumo
O presente estudo tem como objetivo apresentar uma anlise das condies de
uso do sistema ciclovirio da cidade de Paranagu, Paran utilizando-se do
ponto de vista dos ciclistas para fazer um contraponto com a Lei Complementar
N 65 do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, que dispe sobre o uso
do Sistema Ciclovirio no municpio. Tambm utilizamo-nos do conceito de
mobilidade urbana sustentvel, cada vez mais constante nas convenes de
meio ambiente e planejamento urbano. Para tal foi feita uma anlise in loco
atravs da observao, registro fotogrfico e vivncia prtica pelas ciclovias e
ciclofaixas da cidade. Alm disso foi aplicado um questionrio direcionado aos
ciclistas para saber a sua opinio sobre a malha cicloviria local e a contagem
do trfego de ciclistas em pontos pr definidos. Como resultado foi produzido o
mapa do Sistema Ciclovirio de Paranagu, e o mapa das condies de uso
deste mesmo sistema.
Palavras-chave: Mobilidade Urbana Sustentvel; Bicicleta; Paranagu; Litoral
do Paran; Ciclovia; Ciclofaixa.
iv
Abstract
The present study has, as objective, point out an analysis about the usage
conditions of the bicycle path system at Paranagu town, Parana, by the
cyclists point of view, in order to counterpointing the supplementary law N65 of
Integrated Development Urban Planning which refers about the bicycle path
usage at the town. Furthermore, we use sustainable urban mobility concept,
increasingly often pointed at environment conventions and urban planning. For
that, it was made a local analysis, through observation, photographic record and
practical experience at the bicycle paths and lanes of the city. In addition, a
questionnaire targeted at cyclists was applied to know their opinions about the
local cycling network and the cyclists traffic count in pre-defined spots. As a
result, it was made a map of Paranagu bicycle path system, and a map of
usage conditions as well.
Keywords: Sustainable Urban Mobility; bicycle; Paranagu; Paran Coast;
bicyle path; bicycle lane.
v
Lista de Figuras
Figura 1: Mapa de localizao da rea de estudo......................................... 4
Figura 2: Bicicletrios pblicos na cidade de Amsterdam............................. 11
Figura 3: Ciclovias na cidade de Amsterdam................................................ 11
Figura 4: Provos e as bicicletas brancas..................................................... 12
Figura 5: Mapa de localizao das Velibs de Paris...................................... 13
Figura 6: Ponto de locao do sistema londrino Barclays Cycle Hire......... 14
Figura 7: Mapa dos pontos de locao do sistema londrino Barclays Cycle
Hire................................................................................................................ 14
Figura 8: Trecho de ciclovia de Nova Iorque................................................. 15
Figura 9: Ponto de locao de bicicleta de Nova Iorque................................ 15
Figura 10: Mapa da rede cicloviria e corredores de nibus de Bogot........ 16
Figura 11: Mapa da rede cicloviria de Sorocaba.......................................... 18
Figura 12: Ciclovia de Sorocaba.................................................................... 18
Figura 13: Ciclovia de Sorocaba.................................................................... 18
Figura 14: Ciclovia de Sorocaba.................................................................... 19
Figura 15: Ciclovia de Sorocaba.................................................................... 19
Figura 16: Bicicletrio de Mau...................................................................... 19
Figura 17: Bicicletrio de Mau...................................................................... 19
Figura 18: Mapa do sistema ciclovirio de Paranagu, Paran..................... 23
Figura 19: Exemplo de ciclovia...................................................................... 24
Figura 20: Exemplo de ciclofaixa................................................................... 24
Figura 21: Ciclovia em ms condies.......................................................... 25
Figura 22: Ciclofaixa em ms condies....................................................... 25
Figura 23: Ciclovia em ms condies.......................................................... 25
Figura 24: Ciclovia em ms condies.......................................................... 25
Figura 25: Localizao da ciclovia PR-407.................................................... 26
Figura 26: Ponto de manobra de veculos pesados sobre a ciclovia............. 27
Figura 27: Ponto da ciclovia com problemas de drenagem........................... 27
Figura 28: Localizao da ciclovia da Avenida Ayrton Senna....................... 28
Figura 29: Localizao do trecho 1 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna.... 30
Figura 30: Esquina da Rua 29 com a Avenida Ayrton Senna........................
vi
31
Figura 31: Buracos no final do trecho 1......................................................... 31
Figura 32: Final do trecho 1........................................................................... 31
Figura 33: Localizao do trecho 2 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna.... 32
Figura 34: Cruzamento da ciclovia com a entrada de postos de gasolina..... 33
Figura 35: Cruzamento da ciclovia com a entrada de postos de gasolina..... 33
Figura 36: Lama de vrios tipos de produtos a granel................................... 34
Figura 37: Lama de vrios tipos de produtos a granel................................... 34
Figura 38: Localizao do trecho 3 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna.... 35
Figura 39: Trecho sem manuteno.............................................................. 35
Figura 40: Trecho tomado pela vegetao.................................................... 35
Figura 41: Localizao do trecho 4 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna.... 36
Figura 42: Trecho 4 sem sinalizao............................................................. 36
Figura 43: Materiais de construo na ciclovia.............................................. 36
Figura 44: Trecho em ms condies de limpeza conservao.................... 37
Figura 45: Ciclovia passando entre as instalaes do equipamento............. 37
Figura 46: Localizao da ciclovia da Avenida Bento Rocha........................ 38
Figura 47: Trecho da ciclovia da Avenida Bento Rocha sem condies de
uso.................................................................................................................. 39
Figura 48: Trecho da ciclovia da Avenida Bento Rocha sem condies de
uso.................................................................................................................. 39
Figura 49: Boca de lobo destruda na ciclovia da Avenida Bento Rocha...... 39
Figura 50: Cruzamento sem sinalizao da Avenida Bento Rocha com a
Avenida Prefeito Roque Vernalha.................................................................. 39
Figura 51: Localizao da ciclovia da Avenida Prefeito Roque Vernalha...... 41
Figura 52: Problemas com drenagem na entrada de residncia................... 42
Figura 53: Placa indicando ciclistas trafegar a esquerda na ciclovia da
Avenida Prefeito Roque Vernalha................................................................. 42
Figura 54: Sinalizao horizontal da ciclovia prxima ao viaduto na
Avenida Prefeito Roque Vernalha.................................................................. 42
Figura 55: Localizao da ciclovia da Rua Domingos Peneda...................... 43
Figura 56: Sinalizao horizontal de PARE voltada ao ciclista na Rua
Domingos Peneda..........................................................................................
vii
44
Figura 57: rea verde sem manejo no entorno da ciclovia da Rua
Domingos Peneda.......................................................................................... 45
Figura 58: Localizao da ciclovia da Avenida Coronel Santa Rita............... 46
Figura 59: Trecho da ciclovia da Avenida Santa Rita com muita lama.......... 46
Figura 60: Trecho da ciclovia da Avenida Coronel Santa Rita em ms
condies........................................................................................................ 47
Figura 61: Localizao da ciclovia do Aeroparque......................................... 48
Figura 62: Sinalizao vertical e horizontal na ciclovia do Aeroparque......... 48
Figura 63: localizao da Ciclovia do Bairro Rocio........................................ 49
Figura 64: Ciclovia do Rocio sinalizada em vermelho.................................... 50
Figura 65: Cruzamento sinalizado na ciclovia do Rocio................................. 50
Figura 66: Localizao da ciclofaixa da Rua Manoel Corra......................... 51
Figura 67: Pavimentao nova e sinalizao horizontal e vertical da
ciclofaixa da Rua Manoel Corra.................................................................... 51
Figura 68: Localizao da ciclofaixa da Avenida Bento Munhoz da Rocha
Neto................................................................................................................ 52
Figura 69: Localizao do trecho 1 da ciclofaixa da Avenida Bento Munhoz
da Rocha Neto................................................................................................ 53
Figura 70: Ciclofaixa coberta por areia........................................................... 54
Figura 71: Obras de gua e esgoto................................................................ 54
Figura 72: Placa educativa no inicio da ciclofaixa da Avenida Bento
Munhoz da Rocha Neto.................................................................................. 54
Figura 73: Localizao do trecho 2 da ciclofaixa da Avenida Bento Munhoz
da Rocha Neto................................................................................................ 56
Figura 74: Obras na Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto........................ 56
Figura 75: Localizao do trecho 3 da ciclofaixa da Avenida Bento Munhoz
da rocha Neto................................................................................................. 57
Figura 76: Sinalizao e Pavimentao do trecho 3...................................... 58
Figura 77: Sinalizao e Pavimentao do trecho 3...................................... 58
Figura 78: Cidade natal dos entrevistados..................................................... 59
Figura 79: Idade dos ciclistas entrevistados................................................... 60
Figura 80: Finalidade do Uso da Bicicleta......................................................
viii
61
Figura 81: Bairros de origem dos ciclistas...................................................... 62
Figura 82: Bairros de destino dos ciclistas..................................................... 63
Figura 83: Frequncia do uso da bicicleta...................................................... 64
Figura 84: Distncia percorrida diariamente pelos ciclistas........................... 65
Figura 85: Opinio sobre sinalizao da rede cicloviria............................... 66
Figura 86: Opinio dos ciclistas sobre manuteno, limpeza e conservao
da rede cicloviria........................................................................................... 67
Figura 87: Acessrios Utilizados ao Pedalar.................................................. 68
Figura 88: Principais Dificuldades Encontradas Pelo Ciclista........................ 69
Figura 89: Mapa dos pontos de contagem dos ciclistas................................. 71
Figura 90: Mapa do estado de conservao do sistema ciclovirio de
Paranagu...................................................................................................... 74
Lista de Figuras dos Anexos
Figura 1: Oficina de construo de estrutura geodsica.............................. 87
Figura 2: Apresentao do grupo no FICH................................................... 88
Figura 3: Apresentao no FICH 2014......................................................... 89
Figura 4: Mapa das comunidades no entorno do Porto de Paranagu........ 92
Figura 5: Mapa de uso e ocupao do solo da comunidade de Amparo..... 92
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1: Locais sugeridos pelos entrevistados para implantao ou
ampliao do sistema ciclovirio de Paranagu............................................ 70
Tabela 2: Tabela 2: Nmeros das contagens................................................ 71
x
Lista de Siglas
ABRACICLO: Associao Brasileira de Fabricantes de Motocicletas,
Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares
APA: rea de Proteo Ambiental
ANTP: Associao Nacional dos Transportes Pblicos
ASCOBIKE: Associao dos Condutores de Bicicleta
CO: Dixido de Carbono
CREA-PR: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do
Paran
CTB: Cdigo de Trnsito Brasileiro
DEMUTRAN: Departamento Municipal de Trnsito
GEIPOT: Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ICH: Interaes Culturais e Humansticas
INTEGRABIKE: Programa de Aluguel de Bicicletas de Sorocaba
MATINFEIRA: Feira de Orgnicos de Matinhos
PA: Projeto de Aprendizagem
PLANMOB: Caderno de Referncia para a Elaborao de Planos de
Mobilidade
SENAI: Sistema de Ensino Nacional de Aprendizagem industrial
UNESPAR: Universidade Estadual do Paran
UC: Unidades de Conservao
xi
Sumrio
1 Introduo................................................................................................. 1
2 Materiais e mtodos.................................................................................. 3
3 Reviso bibliogrfica ................................................................................ 6
3.1 Mobilidade urbana................................................................................. 6
3.2 Mobilidade urbana no Brasil.................................................................. 8
3.3 O uso da bicicleta como ferramenta para a mobilidade urbana
sustentvel.................................................................................................... 10 3.4 A bicicleta como ferramenta para a mobilidade urbana sustentvel no
Brasil............................................................................................................. 17 3.5 Benefcios do uso da bicicleta................................................................ 20
3.6 Paranagu e a bicicleta.......................................................................... 21
4 Resultados e discusses........................................................................... 23
4.1 Anlise in loco......................................................................................... 23
4.1.1 Ciclovia PR-407................................................................................... 25
4.1.2 Ciclovia Avenida Ayrton Senna........................................................... 28
4.1.3 Ciclovia Avenida Bento Rocha............................................................ 37
4.1.4 Ciclovia Avenida Prefeito Roque Vernalha.......................................... 40
4.1.5 Ciclovia Rua Domingos Peneda.......................................................... 43
4.1.6 Ciclovia Avenida Coronel Santa Rita................................................... 45
4.1.7 Ciclovia Aeroparque............................................................................ 47
4.1.8 Ciclovia Rocio...................................................................................... 49
4.1.9 Ciclofaixa Manoel Corra.................................................................... 50
4.1.10 Ciclofaixa Bento Munhoz da Rocha Neto/Coronel Elsio Pereira...... 52
4.2 Questionrio........................................................................................... 58
4.2.1 Cidade natal......................................................................................... 59
4.2.2 Idade.................................................................................................... 59
4.2.3 Veculos automotores.......................................................................... 60
4.2.4 Finalidade do uso da bicicleta............................................................. 60
4.2.5 Bairro de origem.................................................................................. 61
4.2.6 Bairro de destino.................................................................................. 63
4.2.7 Frequncia do uso da bicicleta............................................................ 63
4.2.8 Distncia percorrida diariamente......................................................... 64
xiii
4.2.9 Sinalizao do sistema ciclovirio....................................................... 65
4.2.10 Manuteno, limpeza e conservao do sistema ciclovirio............. 66
4.2.11 Acessrios utilizados ao pedalar....................................................... 67
4.2.12 Dificuldades ao pedalar..................................................................... 68
4.2.13 Acidentes........................................................................................... 69
4.2.14 Sugestes.......................................................................................... 69
4.3 Contagem............................................................................................... 70
4.4 O sistema ciclovirio de Paranagu....................................................... 73
5 Concluso.................................................................................................. 79
6 Referncias bibliogrficas ......................................................................... 80
Anexos.......................................................................................................... 83
Anexo I Questionrio................................................................................. 83
Anexo II Memorial de projeto de aprendizagem........................................ 84
Anexo III Memorial de Interaes Culturais e Humansticas..................... 86
Anexo IV Memorial de vivencias profissionais em Gesto Ambiental....... 91
xiv
1
1 Introduo
Atualmente, atravs dos intensos processos de urbanizao das
grandes cidades e regies metropolitanas, observam-se profundas
transformaes no ambiente onde os centros urbanos esto inseridos. Tais
transformaes podem ser observadas nos setores poltico-econmico,
sociocultural e espacial, interferindo diretamente na qualidade de vida da
populao.
A expanso urbana no Brasil ocorreu e ainda ocorre de forma acelerada
e sem o devido planejamento de uso e ocupao do solo. Esse crescimento
traz consigo a descentralizao econmico-espacial fazendo com que as
atividades de comrcio e servios realoquem-se para outras partes das
cidades, aumentando o processo de ocupao de suas reas perifricas. Este
processo aumenta tambm a necessidade e a complexidade dos
deslocamentos da populao, deixando evidente a importncia de planos de
mobilidade urbana.
De maneira bem simplificada, mobilidade urbana pode ser compreendida
como a facilidade de deslocamentos de pessoas e bens dentro de um espao
urbano (Alves & Raia Jr, 2011). Algumas das principais discusses sobre esse
assunto, atual e emergente no Brasil vem sendo trazidas por Xavier (2011) que
afirma que o transporte uma atividade necessria sociedade, possibilitando
a circulao de pessoas e mercadorias utilizadas por elas e, por consequncia,
permitindo a realizao das atividades sociais e econmicas desejadas, mas
da forma como feita hoje em dia gera consequncias negativas ao ambiente
urbano e a vida social. J Boareto (2003) traz o conceito de mobilidade urbana
sustentvel, definindo-a como o resultado de um conjunto de polticas de
transporte e circulao que proporcionam o acesso amplo e democrtico ao
espao urbano, atravs da priorizao dos modos no motorizados e coletivos
de transporte, de forma efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente
sustentvel, baseado nas pessoas, e no em veculos.
Tratando especificamente da mobilidade urbana no Brasil, onde o
automvel ainda smbolo de status e prosperidade, notvel o aumento da
frota automotiva vinculada s polticas pblicas que privilegiam o uso do
2
automvel. Esse processo influencia diretamente no uso e gesto do sistema
virio, que, de longa data, vem sendo adequado ao uso mais eficiente do
automvel. Tal situao traz a falsa impresso de que o automvel seja, em
geral, o modo mais eficiente e gil nos deslocamentos da populao,
acentuando ainda mais a desigualdade social e intensificando os impactos
ambientais na rea urbana.
A disperso das atividades nas cidades, os deslocamentos da populao
que so mais frequentes e longos e, as polticas e aes pblicas que
privilegiam o uso do automvel, fazem com que ocorra um processo de
deteriorao das condies de operao do transporte pblico, assim como,
tem-se reduzida a segurana nos deslocamentos a p ou de bicicleta, que so
os modos mais utilizados pela populao de baixa renda residente nas
periferias urbanas e tambm, os mais sustentveis (Alves & Raia Jr, 2011).
Os problemas relacionados mobilidade urbana so diversos, entre os
principais podemos pontuar: congestionamentos, conflitos entre diferentes
modos de transporte, reduo na segurana para pedestres e ciclistas,
eliminao de reas verdes visando ampliar espaos para a circulao e
estacionamentos de veculos, aumento do nmero de acidentes de trnsito e
dos nveis de poluio sonora e do ar, entre outros. Todas essas situaes
causam um problema ainda maior, a falta de equidade nos deslocamentos da
populao, alm de que os impactos citados influenciam negativamente na
qualidade de vida.
Para Mendona et al. (2011), com a saturao dos meios de transporte
pblicos e privados e o constante crescimento da demanda, surge a
necessidade de uma reforma no sistema de transportes com a ampliao das
vias existentes e/ou criao de novas vias de transportes alternativo. Ainda sob
o olhar do mesmo autor, a bicicleta surge como uma opo atraente de
locomoo urbana, pois auxilia na diminuio do trfego de veculos
automotivos, assim como na reduo de emisso de dixido de carbono,
contribui para a prtica de exerccio fsico por seus usurios e, alm disso, tem
baixo custo de aquisio e manuteno.
3
A cidade de Paranagu, no litoral do Paran, conhecida
internacionalmente por possuir o maior porto graneleiro da Amrica Latina, tem
pouca tradio em planejamento urbano e menos ainda em mobilidade urbana.
Isso reflete negativamente na logstica dos transportes, sejam estes
relacionadas diretamente ao porto ou a populao. Como resultado, tambm
h um reflexo negativo na qualidade de vida da populao parnanguara. A
cidade conhecida tambm por ser plana, favorecendo o uso da bicicleta como
meio de transporte, esporte ou lazer. Porm, apesar de existir a malha
cicloviria, no h planejamento para atender a mobilidade urbana, o que gera
conflitos entre a bicicleta e os outros meios de transporte.
Em vista de todo o exposto, este trabalho tem como objetivo geral
promover uma discusso sobre a importncia da bicicleta como meio de
transporte e a atual situao das ciclovias e ciclofaixas de Paranagu. Tambm
visa apresentar um diagnstico partindo da anlise in loco e do registro
fotogrfico da situao estrutural das ciclovias e ciclofaixas pela percepo do
autor como ciclista e, a partir da, propor a elaborao de dois mapas: um do
sistema ciclovirio de Paranagu e outro das condies de uso do referido
sistema, utilizando-se de ferramentas de geoprocessamento. Por fim,
buscamos definir o perfil dos ciclistas por meio de um questionrio direcionado.
2 Materiais e Mtodos
Este estudo foi realizado no Municpio de Paranagu, primeira cidade do
Paran, fundada em 29 de julho de 1648. Fica localizada na plancie litornea
do Paran, e segundo a estimativa de populao realizada em 2011 pelo censo
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), possui cerca de
142.452 habitantes, sendo a dcima cidade mais populosa do estado. Tem
como sua principal atividade econmica a de porto escoador do Paran,
interligando o estado s demais regies do pas e do exterior.
4
Figura 1: Mapa de localizao da rea de estudo. Autor: Rodolfo R. L. de Miranda.
A metodologia de trabalho foi dividida em: pesquisa bibliogrfica e
documental, pesquisa de campo e a devida sistematizao e anlise dos dados
coletados para a elaborao dos dois mapas do sistema ciclovirio da cidade
de Paranagu, Paran. O primeiro mapa identifica todas as ciclovias e
ciclofaixas da cidade e o segundo classifica essa estrutura em bom, regular e
ruim, a partir da percepo do autor como ciclista.
Na primeira fase do estudo, foi realizada consulta a artigos e livros atuais
sobre o tema e cadernos com diretrizes sobre planos de mobilidade, polticas
pblicas e legislao, resultando no embasamento terico dos temas
relacionados mobilidade urbana, mobilidade urbana sustentvel, veculos no
motorizados, polticas pblicas e a legislao vigente.
A pesquisa de campo foi executada no perodo de 13 de maio 14 de
julho de 2014, onde foi realizada a anlise in loco e o registro fotogrfico da
situao estrutural das ciclovias e ciclofaixas da cidade, observando e,
principalmente, vivenciando a real dificuldade enfrentada pelos usurios deste
5
modal de transporte. Avaliaram-se quesitos que englobam o tipo e a condio
do pavimento, gabarito da via, sinalizao, iluminao, conflitos com outros
modais de transporte, entre outros. Como referncia para o gabarito, foi usada
a recomendao de Gondim (2010), afirmando que a faixa mnima de
circulao para um ciclista de 1,20 metros de largura, levando em
considerao que o mesmo necessita relativamente de pouco espao no
sistema virio, pois sua projeo de, aproximadamente, 0,60m. Contudo, em
movimento, devem existir aproximadamente 0,30m para cada lado, para que
sejam absorvidas as oscilaes de percurso no manuseio com a bicicleta. Em
vias bidirecionais deve se considerar esta medida para cada direo da via, ou
seja, 2,40 metros no total. Os outros itens foram avaliados e vivenciados a
partir da percepo do autor como ciclista e usurio do sistema ciclovirio de
Paranagu.
Durante a pesquisa de campo tambm foi realizada a contagem de
ciclistas em pontos onde no existem vias destinadas aos mesmos, definidos
pelo prprio autor atravs da observao direta de locais que possuem grande
fluxo de circulao de pessoas. Nestes locais foi feita a contagem de ciclistas
no intervalo de 30 minutos ininterruptos por meio de observao direta a partir
de um ponto fixo, em horrios variados.
Avaliou-se tambm a perspectiva dos ciclistas quanto s condies do
sistema ciclovirio do Municpio e para isso aplicou-se um questionrio
direcionado, elaborado e aplicado pelo autor, contendo 12 perguntas que
tratavam desde questes de localizao de moradia, local de trabalho, sobre
envolvimento em acidentes de trnsito quando da utilizao da bicicleta (Anexo
1). A aplicao do questionrio foi dividida em duas etapas, na primeira delas o
mesmo foi aplicado dentro de um grupo de ciclistas que reunia-se todas as
noites das quintas-feiras no centro de Paranagu. A segunda parte da
aplicao do questionrio foi realizada na sede do Servio Ensino Nacional
Aprendizagem Industrial (SENAI) de Paranagu, local onde o autor tambm faz
parte do corpo discente e que fica localizado no bairro Porto dos Padres.
A elaborao dos mapas foi realizada atravs de ferramenta de
geoprocessamento livre Quantum GIS 2.2 a partir de foto area
6
ortorreferenciada da Prefeitura Municipal de Paranagu do ano de 2010. As
vias ciclovirias existentes foram percorridas e aps isso foram demarcadas
por meio da tcnica de fotointerpretao.
3 Reviso bibliogrfica
3.1 Mobilidade urbana
Mobilidade pode ser entendida como as formas de deslocamento dos
indivduos, bens e servios para um local desejado, considerando as
caractersticas do espao urbano a ser percorrido. Para se locomover, os
indivduos podem desempenhar vrios papis no meio urbano, como:
pedestres, ciclistas, passageiros de transportes coletivos, motoristas de
veculos particulares, etc.
Porm, segundo Vasconcellos (2000) apud Silva (2013) o processo de
planejamento de transportes foi orientado para o automvel, baseado na
ideologia da mobilidade irrestrita, mas normalmente limitando esta mobilidade
queles que podem pagar os custos do transporte individual.
Para Ferraz (1998) apud Rau (2012) vale destacar que o conceito de
mobilidade que vem sendo construdo nas ltimas dcadas, encontra base na
articulao e unio de polticas de transporte, circulao, acessibilidade e
trnsito, com a poltica de desenvolvimento urbano, considerando a
configurao da cidade, equipamentos urbanos e infraestrutura. Segundo o
autor, o transporte o componente indutor da mobilidade urbana e
condicionador das trocas que ocorrem entre os membros da sociedade,
configurando-se como um dos elementos fundamentais da atividade urbana,
juntamente com a habitao e o trabalho. , ainda, um instrumento da
concretizao dos princpios da vida e da mobilidade urbana, assumindo
grande importncia na estruturao e transformao das paisagens naturais e
sociais, alm de ser um dos maiores consumidores de recursos no
renovveis, sendo considerada pea chave na equao da sustentabilidade.
Dessa forma, ao estabelecer um meio de transporte, incontestavelmente se
7
est incentivando atividades, canalizando e direcionando aes, concentrando
indivduos e formando hbitos.
A mobilidade urbana, para Vaccari & Fanini (2011), um atributo
associado s pessoas e atores econmicos no meio urbano que, de diferentes
formas, buscam atender e suprir suas necessidades de deslocamento para a
realizao das atividades cotidianas como: trabalho, educao, sade, lazer,
cultura, etc. Para cumprir tal objetivo, os indivduos podem empregar o seu
esforo direto (deslocamento a p), recorrer a meios de transporte no
motorizados (bicicleta, carroas, cavalos) ou motorizados (coletivos e
individuais). Estes autores ressaltam que a mobilidade urbana vai alm do
deslocamento de veculos ou de intervenes para esse tipo de deslocamento
e/ou do tratamento de questes relativas ao trnsito e ao transporte. Para eles,
pensar a mobilidade urbana significa entender e incorporar fatores econmicos
como a renda do indivduo, sociais como idade e sexo e at limitao fsica
para utilizar determinados veculos e equipamentos de transporte. Assim, os
autores deixam claro que necessrio tratar os deslocamentos no apenas
como a simples ao de ir e vir, mas a partir do conceito de mobilidade,
acrescido da preocupao com a sua sustentabilidade, que pode ser traduzida
como o resultado de um conjunto de polticas de transporte e circulao que
priorize os modos no motorizados e coletivos de transporte e a acessibilidade
urbana.
A partir do momento que fica evidente que as cidades brasileiras no
suportam a crescente utilizao dos automveis, decorrente principalmente das
polticas de incentivo a compra de automveis e do aumento do crdito da
classe mdia, torna-se necessrio a mudana de paradigma relacionado
mobilidade urbana, tendo a sustentabilidade como um de seus principais
objetivos. Neste sentido Costa et al (2013), salienta que, a sustentabilidade
para a mobilidade urbana dada pela capacidade de fazer viagens
necessrias para a realizao dos direitos dos cidados com o menor gasto de
energia possvel e menor impacto ao meio ambiente.
Em Boareto (2003) encontramos que, a mobilidade urbana sustentvel
pode ser definida como o resultado de um conjunto de polticas de transporte e
8
circulao que visam proporcionar o acesso amplo e democrtico ao espao
urbano, atravs da priorizao de modos no motorizados e coletivos de
transporte, de forma efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente
sustentvel, baseado nas pessoas e no nos veculos.
3.2 Mobilidade urbana no Brasil
O atendimento das necessidades sociais e econmicas das pessoas
requer seu deslocamento no espao, que pode ser feito a p ou por meio de
veculo de transporte motorizados ou no motorizados. Em economias em
desenvolvimento como a do Brasil, as pessoas que moram nas cidades
realizam, em mdia, dois deslocamentos por dia, valor correspondente
metade dos deslocamentos de pessoas em pases desenvolvidos
(Vasconcellos, 2002 apud IPEA, 2011). Estes deslocamentos so feitos com
maior ou menor nvel de conforto, conforme as condies especficas em que
se realizam, e implicam consumos de tempo, espao, energia e recursos
financeiros, alm da gerao de externalidades negativas, como a poluio do
ar, os acidentes de trnsito e os congestionamentos (IPEA, 2011).
O intenso processo de urbanizao a partir da dcada de 1950
associado ao aumento do uso de veculos motorizados, tanto os automveis
quanto os nibus, fez com que ocorresse uma profunda transformao na
mobilidade das pessoas nos centros urbanos do Brasil. Esta transformao
esta diretamente relacionada com a poltica de Estado que priorizou o
investimento na indstria automobilstica. Essas mudanas tiveram enormes
consequncias nos gastos dos usurios, no consumo de energia, no aumento
da poluio, congestionamentos e acidentes de trnsito.
Atualmente o sistema de mobilidade dos grandes centros urbanos
brasileiros se caracteriza pelo uso intenso do transporte individual motorizado.
Esse padro de mobilidade baseado no uso intensivo deste modal de
transporte acarreta uma srie de impactos negativos, e seus principais
sintomas so os problemas ambientais, os longos perodos de tempo perdidos
9
com congestionamentos urbanos e o aumento dos acidentes e mortes no
trnsito.
Segundo o Sistema de informao da Associao Nacional do
Transportes Pblicos (ANTP), no ano de 2007, nas cidades com mais de
60.000 habitantes, as pessoas fazem em mdia 38% de seus deslocamentos a
p, 30% por transporte coletivo e 27% por automvel.
importante considerar que h inmeros fatores que influenciam a
maneira como a populao se locomove e o momento em que ocorrem seus
deslocamentos no meio urbano. A idade, a renda, a escolaridade e o gnero
so os fatores que possuem maior relevncia.
De acordo com os estudos de Vasconcellos (2005), torna-se possvel
verificar que o maior fluxo de pessoas que se locomovem encontra-se na faixa
etria de 15 a 45 anos, ou seja, pessoas que se dedicam s atividades de
estudo e trabalho. preciso levar em considerao os polos geradores de
fluxo, por exemplo, os estudantes que se deslocam a p para a escola em
virtude da localizao da rede pblica de ensino e, por vezes, pela falta de
recursos para usar o transporte motorizado.
Segundo Rau (2012), a mobilidade dos brasileiros ampliada medida
que os recursos financeiros tendem a se elevar, o que acarreta,
consequentemente, um aumento dos meios de transporte disponveis ao
deslocamento da populao em questo. Da mesma forma, esse aumento nas
possibilidades de mobilidade ocorre com as pessoas com maior escolaridade
que, invariavelmente, desenvolvem um maior nmero de atividades no
ambiente urbano, elevando, assim, o nvel de deslocamento. Ainda sob o olhar
do mesmo autor, preciso lembrar que alm dos fatores apontados
anteriormente, algumas caractersticas referentes ao ambiente urbano
influenciam de forma contundente no deslocamento, tais como alguns fatores
externos: a oferta de transporte pblico, sua qualidade e custo, o custo de usar
o automvel; a localizao dos destinos desejados e seu horrio de
funcionamento.
10
3.3 O uso da bicicleta como ferramenta mobilidade urbana sustentvel
A preocupao relacionada aos impactos do transporte no meio
ambiente ocorreu dentro de um contexto mais amplo, ligado ao aumento da
preocupao ambiental lato sensu. A partir de discusses nos pases
desenvolvidos, relacionadas inicialmente com os aspectos da fauna e flora, o
tema transporte foi sendo analisado em um nmero crescente de eventos
internacionais, onde a preocupao com o meio ambiente est relacionada ao
agravamento do conjunto das condies ambientais decorrente dos processos
de industrializao e urbanizao, ao lado de alguns indicadores globais como
o aumento das emisses de Dixido de Carbono (CO) e outros gases de efeito
estufa e o consequente aumento da temperatura na Terra (Vasconcellos, 2006
apud Xavier, 2011).
Ao se avaliarem as experincias de implantao de sistemas ciclovirios
em outros pases, tanto da Amrica Latina, quanto da Europa, Rau (2012)
chama a ateno de que o sucesso da ao depende, alm da bvia qualidade
tcnica do projeto, da vontade e da seriedade poltica na implantao do
sistema. A potencialidade da utilizao da bicicleta como um transporte
sustentvel no pode ser negligenciada, tanto no que diz respeito ao
deslocamento pendular relacionado com as atividades de trabalho e escola,
quanto aos deslocamentos relativos s compras, ao lazer e s atividades
sociais.
Atualmente a bicicleta tem sido bastante utilizada como meio de
transporte em viagens urbanas em todo o mundo. Polticas de incentivo ao
ciclismo tem sido implementadas em diversos pases do norte da Europa como
Dinamarca, Alemanha, Sucia e Holanda. Nesses pases o uso da bicicleta
bastante comum, independente da idade ou condio social (Pusher et al.,
1999, apud Mendona et al., 2011).
A Holanda conta com aproximadamente 34 mil km de ciclovias. Sua
capital, Amsterdam, conhecida internacionalmente como uma das melhores
cidades do mundo para pedalar e tem 20% dos deslocamentos dirios feitos
por bicicletas. O contato com a bicicleta vem desde cedo, estima-se que 40%
dos alunos do ensino primrio vo a escola de bicicleta. No ensino mdio esse
11
percentual ainda maior, pelo menos 75% dos jovens dessa faixa etria usam
a bicicleta como meio de transporte at a escola. Trata-se de uma questo
cultural, cuja origem se deu no sc. XIX e avanou at os dias de hoje, agora
com modernas redes de ciclovias por todos os cantos das cidades,
especialmente em Amsterdam (Figuras 2 e 3).
Figuras 2: Bicicletrios pblicos em Amsterdam, Holanda. Fonte: http://www.movimentoconviva.com.br/. Acesso em: 19/05/2014.
Figuras 3: Ciclovias na cidade de Amsterdam. Holanda. Fonte: http://www.movimentoconviva.com.br/. Acesso em: 19/05/2014.
De acordo com Liberato (2003), nos anos 60, quando a luta contra o
automvel era algo realmente novo e um atentado contra as maravilhas do
progresso, em plena ascenso automobilstica, um movimento em Amsterdam
chamado Provos (uma abreviatura para provocao) contraps a emergente
cultura automobilstica com a bicicleta. Entre vrios e inusitados planos que o
Provos delineou estava o Plano das Bicicletas Brancas a ideia era espalhar
bicicletas pintadas de branco pela cidade para que qualquer um pudesse
utiliz-las, deixando-as no ponto de destino para que outra pessoa qualquer
pudesse fazer uso dela (Figura 4).
12
Figura 4: Provos e as bicicletas brancas. Fonte: www.baixacultura.org. Acesso em 12/07/2014.
A Frana possui um relacionamento antigo com a bicicleta. No ano de
1862, as autoridades parisienses foram obrigadas a criar caminhos especiais
para as bicicletas no se misturarem com charretes e carroas, surgindo assim
as primeiras ciclovias (Histria da bicicleta, 2003 apud Pezzuto & Sanches,
2004).
Os franceses foram os primeiros a contar com um sistema informatizado
de aluguel de bicicletas. A cidade de Lyon foi a pioneira e o sistema que foi
inaugurado no ano de 2005 contava com 350 estaes funcionando 24 horas
por dia, todos os dias da semana. Aps os resultados obtidos com o sistema de
Lyon, a capital francesa Paris tambm implementou o sistema de aluguel no
ano de 2007, que recebeu o nome de Velib e hoje possui uma frota de 20 mil
bicicletas, disponveis em 1500 estaes. O aluguel das bicicletas ocorre
principalmente prximo as estaes de trem e metr e tem como objetivo
proporcionar o deslocamento da populao em geral, funcionando assim, como
uma forma de transporte pblico como indica a Figura 5.
13
Figura 5: Mapa de localizao das Velibs de Paris, Frana. Fonte: www.velib.paris.fr. Acesso em 19/05/2014.
Em Londres, o sistema de aluguel de bicicletas Barclays Cycle Hire foi
implantado em 2010, seu foco principal proporcionar aos londrinos e turistas
a possibilidade de se deslocarem por uma grande variedade de parques e
ciclovias para explorar a cidade (Figuras 6 e 7).
14
Figura 6: Ponto de locao do sistema londrino Barclays Cycle Hire, Inglaterra. Fonte: www.bike-sharing.blogspot.com.br. Acesso: 19/05/2014.
Figura 7: Mapa dos pontos de locao do sistema londrino Barclays Cycle Hire, Inglaterra. Fonte: www.bike-sharing.blogspot.com.br. Acesso: 19/05/2014.
15
Nova Iorque conhecida internacionalmente por ser uma das maiores
megalpoles do planeta, mas isso no impediu que a cidade se tornasse
referncia em mobilidade urbana. A partir do ano 2000, o prefeito Michael
Bloomberg, que acabara de ser eleito, e a secretria de transportes Janette
Sadik-Khan planejaram uma srie de aes e alteraes no uso da malha
viria da cidade. As intervenes foram aparecendo aos poucos, como a
simples pintura das vias, criao de pequenas faixas, extino de alguns
pontos de estacionamento de carros nas ruas. Tais alteraes criaram certa
desconfiana nos cidados nova iorquinos, principalmente nos motoristas, mas,
aos poucos, os moradores reconheceram que esta mudana estava
valorizando principalmente a qualidade de vida na cidade.
Entre linhas de metr que deixam os passageiros a menos de 500
metros dos principais locais da cidade, linhas de nibus com faixas exclusivas
e prioridade semafrica, o que realmente chama a ateno so os 480
quilmetros de ciclovias e ciclofaixas implantadas (Figura 8) em cinco anos e
as 6000 bicicletas compartilhveis, distribudas em estaes de aluguel
espalhadas por toda a cidade (Figura 9).
Figura 8: Trecho de ciclovia de Nova Iorque, Estados Unidos. Fonte: www.movimentoconviva.com.br. Acesso em: 19/05/2014.
Figura 9: Ponto de locao de bicicleta de Nova Iorque, Estados Unidos. Fonte: www.catracalivre.com.br. Acesso em: 19/05/2014.
Bogot, na Colmbia, tambm um timo exemplo do uso da bicicleta
como ferramenta para a ascenso da mobilidade urbana sustentvel. Sua rede
cicloviria passou de 30 km para 340 km em apenas sete anos e ainda planeja-
16
se aumentar essa rede para 500 km. Alm disso, desde o final da dcada de
1990 a cidade vem implementando sistemas de corredores de nibus
associado a melhorias das vias para pedestres. O sistema de corredores
chama-se Transmilnio, recebe investimentos contnuos e possui bicicletrios
em seus terminais, promovendo a integrao intermodal. A cidade conta
tambm com polticas de desestmulo ao uso do automvel que tem como
objetivo a gesto do trfego (Figura 10).
Figura 10: Mapa da rede cicloviria e corredores de nibus de Bogot. Fonte: www.bogota.gov.co.
17
3.4 A bicicleta como ferramenta para mobilidade urbana sustentvel no
Brasil
De acordo com Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes,
GEIPOT (2001), a primeira iniciativa de planejamento voltado exclusivamente
s bicicletas no Brasil foi por volta de 1977 com o Plano Ciclovirio de Macei,
Alagoas. No ano seguinte, na cidade de Belm, no Par, foi elaborado o
primeiro projeto executivo de engenharia de uma ciclovia ao longo de uma
rodovia, a PA-400.
Segundo os dados do relatrio O Mercado de Bicicletas no Brasil de
2004, elaborado pela Associao Brasileira de Fabricantes de Motocicletas,
Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (ABRACICLO) e apresentado
por Ministrio das Cidades (2007), o pas possui a sexta maior frota de
bicicletas no mundo, ficando atrs de China, ndia, Estados Unidos, Japo e
Alemanha. Alm disso, o terceiro maior fabricante mundial. Em 2007, o Brasil
possua uma frota estimada em 75 milhes de unidades. Estes dados mostram
o potencial da bicicleta no pas e embasam a necessidade de um planejamento
sobre a implantao de vias para locomoo neste modal de transporte
(Mendona et al., 2011).
A cidade de Sorocaba, localizada no interior de So Paulo, com uma
populao superior a 575 mil habitantes, segundo sua Prefeitura (2014), conta
com aproximadamente 115 quilmetros de rede cicloviria dividida em 110
quilmetros de ciclovias, trs quilmetros de ciclofaixas e dois quilmetros de
faixa compartilhada com nibus (Figuras 11 a 15). Existem tambm 50
bicicletrios espalhados pela cidade, instalados em terminais de nibus,
mdulos comerciais e estabelecimentos pblicos com capacidade de 40 a 60
bicicletas cada.
Ainda sobre Sorocaba, o programa de emprstimos de bicicletas,
intitulado INTEGRABIKE, disponibiliza este modal gratuitamente aos usurios
com mais de 18 anos e que possuam o carto do sistema de transporte. So
19 estaes espalhadas pelo centro da cidade e zona norte que, em dois anos
de funcionamento, realizaram mais de 231 mil emprstimos com mais de
21.400 pessoas cadastradas.
18
Figura 11: Ilustrao que traz a rede cicloviria de Sorocaba, So Paulo. Fonte: www.catracalivre.com.br. Acesso em: 22/05/2014.
Figura 12: Ciclovia de Sorocaba, So Paulo. Fonte: www.skyscrapercity.com. Acesso em: 22/05/2014.
Figura 13: Ciclovia de Sorocaba, So Paulo. Fonte: www.urbes.com.br. Acesso em: 22/05/2014.
19
Figura 14: Ciclovia de Sorocaba, So Paulo. Fonte: www.litoralbus.blogspot.com. Acesso em: 22/05/2014.
Figura 15: Ciclovia de Sorocaba, So Paulo. Fonte: www.catracalivre.com.br. Acesso em: 22/05/2014.
Outro exemplo de que existe demanda pela integrao entre a bicicleta e
o transporte coletivo esta na cidade de Mau, regio metropolitana de So
Paulo. A cidade criou, no ano de 2001, um bicicletrio com aproximadamente
200 vagas ao lado da estao de trem (Figuras 16 e 17). No ano de 2008 a
mdia de usurios era de 1700 ao dia, tornando o bicicletrio de Mau o maior
das Amricas. A gesto feita pela Associao de Condutores de Bicicletas
(ASCOBIKE) que, alm de garantir a segurana para estacionar as bicicletas,
oferecem servios variados ao associado como banheiro feminino e masculino,
emprstimo e manuteno de bicicletas, apoio jurdico e assistncia social.
Figura 16: Bicicletrio de Mau, So Paulo. Fonte: www.webbikers.com.br. Acesso: 22/05/2014.
Figura 17: Bicicletrio de Mau, So Paulo. Fonte: www.webbikers.com.br. Acesso: 22/05/2014.
20
3.5 Benefcios do Uso da Bicicleta
De acordo com a pesquisa feita pela Comisso Europia (2000) foi
constatado que a escolha da bicicleta como modo de transporte depende de
fatores subjetivos e objetivos. Os subjetivos so: a imagem de marca,
aceitao social, sentimento de insegurana, reconhecimento da bicicleta como
meio de transporte de adultos, etc. J os fatores objetivos podemos pontuar:
rapidez, topografia, clima, segurana, aspectos prticos, etc.
Alm de garantir uma melhor acessibilidade a populao, a bicicleta o
meio de transporte mais rpido e eficiente nos trajetos urbanos curtos,
justamente por ser um meio de transporte no poluente, silenciosa, econmica,
discreta e acessvel a populao. A Comisso Europia (2000) menciona que
os benefcios potenciais ou comprovados da utilizao da bicicleta nunca
podero ser estabelecidos de modo exaustivo e enumera benefcios para a
coletividade, para municpios e para os indivduos no incentivo ao uso desse
meio de transporte.
Os benefcios para a coletividade so de natureza:
Econmica: O uso cotidiano da bicicleta, substituindo o
automvel, diminui parte do oramento familiar consagrada ao automvel e
reduo das horas perdidas nos congestionamentos, alm da reduo das
despesas mdicas graas aos efeitos do exerccio fsico regular;
Poltica: Reduo da dependncia energtica e de recursos
renovveis;
Social: Possibilita uma democratizao da mobilidade e uma
melhor autonomia e acessibilidade a todos os equipamentos;
Ecolgica: Efeitos positivos a curto e longo prazo, como
equilbrio ecolgico.
Sade: Ajuda a diminuir o sedentarismo e melhora a frequncia
cardaca.
No que se refere aos municpios, os benefcios da bicicleta esto
relacionados com a qualidade de vida, qualidade ambiental e as economias
geradas a longo prazo:
21
Reduo direta e indireta dos congestionamentos: Direta
devido a diminuio do nmero de automveis em circulao. Indireta em
virtude do aumento de poder de atrao dos transportes pblicos graas
combinao intermodal destes com a bicicleta, resultando numa maior fluidez
do trfego, com um menor nvel de poluio;
Economia de espao e dinheiro: Com a priorizao da bicicleta,
pode-se reduzir os investimentos em vias de acesso e estacionamentos;
Melhoria da qualidade de vida na cidade: O uso cotidiano da
bicicleta no lugar do automvel possibilita a diminuio da poluio do ar e
sonora, melhoria dos locais pblicos e aumento da segurana para crianas;
Menor degradao do patrimnio histrico.
Os benefcios para os indivduos trazidos atravs do uso da bicicleta
como meio de transporte so difceis de quantificar e esto associados a
benefcios para a comunidade urbana, como diminuio de doenas das vias
respiratrias, reduo das despesas econmicas relacionadas ao tratamento
de doenas e cuidados mdicos, reduo do nvel de estresse, melhoria na
produtividade dos indivduos pelo bem estar fsico e psicolgico, etc.
Os benefcios diretamente ligados sade dos indivduos que podemos
pontuar esto relacionados reduo do sedentarismo, reduo do risco de
desenvolver doenas cardacas coronarianas, diabetes adulta, hipertenso,
diminuio do colesterol ruim e da obesidade e serve como terapia para a
depresso, estresse, violncia, dficit de ateno e ansiedade.
3.6 Paranagu e a bicicleta
Quem anda pelas ruas da histrica Paranagu pela primeira vez
certamente repara na quantidade de pessoas que usam a bicicleta como meio
de transporte. Dentro da plancie litornea a cidade apresenta boas condies
para pedalar. Durante a semana os ciclistas esto em toda a parte, o tempo
todo, principalmente nas idas e vindas do trabalho e dos estudos J aos finais
de semana, o cenrio fica diferente, e o que se v so os pais pedalando ao
lado dos filhos ou passeando com crianas de colo nas cadeirinhas das
22
bicicletas. Porm, segundo o Caderno de Referncia para Elaborao de
Planos de Mobilidade urbana, PLANMOB (2007), a falta de dados e estatsticas
sobre a utilizao da bicicleta como meio e transporte um problema para o
planejamento da mobilidade urbana. O potencial de utilizao desta
modalidade varia de cidade pra cidade, mas a experincia mostra que h
diversas situaes tpicas em que ela, potencialmente, pode ser introduzida ou
estimulada, tais como: na ligao de zonas industriais a bairros residenciais
com predominncia de populaes operrias, em reas litorneas com
vocao turstica, ampliando os atrativos de cidades costeiras.
O Municpio de Paranagu conta com uma topografia favorvel e possui
dimenses urbanas relativamente reduzidas comparadas com grandes
cidades, e, talvez por isso, tem a bicicleta como um importante meio de
transporte. Entretanto, como na maioria dos casos, no possui uma poltica
clara para estimular ou organizar a circulao cicloviria e pouco se investe em
infraestrutura viria especifica para as bicicletas. Desde 2007 a cidade conta
com a Lei Complementar N 065 do Plano Diretor de Desenvolvimento
Integrado que dispe sobre o uso da bicicleta e o sistema ciclovirio do
Municpio, mas na prtica pouco se v nas ruas da cidade alm da malha
cicloviria j instalada h vrios anos, e poucos trechos instalados
recentemente.
Segundo reportagem exibida em 30 de janeiro de 2014 pelo telejornal
Paran TV, a Prefeitura Municipal de Paranagu estima que existam duas
bicicletas para cada carro. Levando em considerao os dados disponibilizados
pelo IBGE, a cidade possua em 2012 aproximadamente 54 mil carros, o que
nos d um total de aproximadamente 108 mil bicicletas para 142 mil habitantes.
Ainda segundo a mesma reportagem, o Departamento Municipal de Trnsito
(DEMUTRAN) diz que foram registrados 99 acidentes no ano de 2012 e 52 no
ano de 2013, um decrscimo de quase 50% dos acidentes registrados.
23
4 Resultados e Discusses
4.1 Anlises in loco
O sistema ciclovirio analisado no presente estudo compe-se de oito
ciclovias e duas ciclofaixas. Todas apresentam o mesmo material na
pavimentao, o asfalto. A somatria da extenso de todo o sistema ciclovirio
estudado de aproximadamente 30.000 metros de extenso de malha
cicloviria, sendo aproximadamente 20.500 metros de ciclovias e 9.500 metros
de ciclofaixas conforme o mapa consolidado neste estudo (Figura 18).
Figura 18: Mapa do sistema ciclovirio de Paranagu, Paran.
Segundo a Lei Complementar N 65 do Plano Diretor de
Desenvolvimento Integrado de Paranagu, de 27 de agosto de 2007, que
dispe sobre o uso da bicicleta e o sistema ciclovirio do Municpio de
Paranagu, de acordo com seu artigo 4, entende-se como ciclovia (Figura 19)
a via aberta ao uso pblico caracterizada como pista destinada ao trnsito
exclusivo de bicicletas, separada da via pblica de trafego motorizado por meio
24
fio ou obstculo similar, e separada da rea destinada aos pedestres por
dispositivo semelhante ou desnvel, que a distingua das reas citadas. Ainda
sob o olhar da mesma lei, ciclofaixa (Figura 20) uma via aberta ao uso
pblico, caracterizada como faixa destinada ao trnsito exclusivo de bicicletas,
demarcada na pista de rolamento ou caladas por sinalizao especfica.
Figura 19: Exemplo de ciclovia. Fonte: www.rlat05.blog.uol.com.br. Acesso em: 21/07/2014.
Figura 20: Exemplo de ciclofaixa. Fonte: www.infotau.com.br. Acesso em 21/07/2014.
Das oito ciclovias (Figura 18), duas delas esto instaladas nas principais
vias de ligao ao porto, consideradas vias estruturais da cidade, so elas a
Avenida Bento Rocha e Avenida Ayrton Senna. Outras quatro ciclovias esto
instaladas em vias arteriais: a ciclovia da Avenida Prefeito Roque Vernalha, a
da Rua Domingos Peneda, a ciclovia na Avenida Coronel Santa Rita e a
instalada as margens da PR-407. Duas so destinadas ao lazer e a prtica
esportiva, e esto localizadas no Aeroparque, parque municipal anexo ao
aeroporto instalado no bairro Vila So Vicente, e no bairro Rocio, conhecido por
abrigar o Santurio de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paran.
As duas ciclofaixas tambm esto localizadas em vias arteriais do
municpio. So elas a Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto/Coronel Elsio
Pereira e a Rua Manoel Corra (Figura 18).
De maneira geral, todas as ciclovias e ciclofaixas do municpio tem o
mesmo problema em comum, a falta de limpeza e manuteno. Inclusive, em
alguns pontos fica explicita a situao de abandono, pois as condies de
alguns trechos so realmente deplorveis (figuras 21 a 24).
25
Figura 21: Ciclovia em ms condies.
Figura 22: Ciclofaixa em ms condies.
Figura 23: Ciclovia em ms condies.
Figura 24: Ciclovia em ms condies.
4.1.1 Ciclovia PR-407
Esta ciclovia bidirecional e esta localizada s margens da rodovia PR-
407 da altura da Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto at o km 4 da mesma,
possui cerca de 1.500 metros de comprimento e gabarito transversal com 2,25
metros de mdia, abaixo dos 2,4 metros mnimos indicados por Gondim (2010)
(Figura 25). A medida do gabarito pouco variou durante o percurso, tendo sido
afetada durante as medies pela vegetao nas bordas da pista. A via pode
servir de ligao direta entre os bairros Jardim Esperana, Vale do Sol, Vila
Garcia, Jardim Ouro Fino.
26
Figura 25: Localizao da ciclovia PR-407, (1) cruzamento com Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto e (2) KM 4.
Atravs da anlise constatou-se que no existe nenhum tipo de
sinalizao durante todo o trecho da ciclovia, seja vertical ou horizontal. Esta
situao provoca conflitos tanto entre os prprios ciclistas, quanto entre os
ciclistas e os condutores de veculos automotores nos cruzamentos.
A pavimentao encontra-se em bom estado, porm nos cruzamentos
existem pequenos desnveis entre a ciclovia e as ruas que podem ocasionar
acidentes, alm de trs pontos onde existem movimentao e manobras de
carros e caminhes devido ao comrcio local, ocasionado danos na
pavimentao (Figura 26).
27
Figura 26: Ponto de manobra de veculos pesados sobre a ciclovia.
A via apresenta tambm problemas com a drenagem em alguns pontos,
formando poas dgua aps chuvas de qualquer intensidade (Figura 27).
Figura 27: Ponto da ciclovia com problemas de drenagem.
28
Por toda sua extenso, a via no possui iluminao prpria, ficando a
merc da iluminao da rodovia nos perodos noturnos.
4.1.2 Ciclovia Avenida Ayrton Senna
Esta ciclovia est situada s margens da Avenida Ayrton Senna, uma via
estrutural caracterizada por ser uma das principais vias de acesso ao porto de
Paranagu. A ciclovia conta com aproximadamente 6.100 metros, sendo a
mais extensa das oito ciclovias, apresentando trechos regulares e no
favorveis ao uso. Tem incio na interseo da Avenida Ayrton Senna com a
Rua Jlio Grote Elias e termina no cruzamento da referida Avenida com a linha
frrea prxima ao porto (Figura 28). Durante toda a sua extenso, a ciclovia
passa por aproximadamente 12 bairros.
Figura 28: Localizao da ciclovia da Avenida Ayrton Senna. (1) cruzamento com a Rua Julio Grote Elias; (2) cruzamento com a linha frrea.
Durante a anlise desta ciclovia bidirecional, pode-se notar que pelo fato
da mesma estar s margens de uma das principais vias de acesso ao porto de
Paranagu, apresenta muitos resduos e detritos proveniente das cargas dos
caminhes que por ali trafegam. Detritos de cargas como soja, farelo e adubo
so facilmente identificados ao decorrer da via e, junto com as chuvas fazem
29
aparecer grossas camadas de lama em diversos pontos, destacando tambm
pelo odor caracterstico da matria orgnica em decomposio que domina a
ampla regio do entorno porturio. Estes mesmos detritos atraem vetores de
doenas como ratos e pombos, e bastante comum observar a presena
destes durante o percurso da ciclovia.
De modo geral a via apresentou um gabarito mdio de 2,5 metros, acima
do mnimo recomendado para uma ciclovia bidirecional, mas a variao das
medidas durante seu percurso foi considervel, principalmente pela falta de
limpeza e manuteno, chegando inclusive, a ser intransitvel durante um dos
trechos. A menor medio foi de 2 metros e a maior foi de 2,8 metros.
Contudo, para uma melhor anlise da ciclovia, o percurso de
aproximadamente 6100 metros foi dividido em quatro partes. A descrio de
cada trecho encontra-se a seguir.
a) Trecho 1
O trecho 1 da referida ciclovia tem o incio na Rua Julio Grote Elias, que
perpendicular a Avenida Ayrton Senna, e se estende por cerca de 785 metros
at seu fim, que acontece repentinamente em frente a alguns comrcios e
oficinas direcionados a caminhes (Figura 29). Este trecho pode ligar os bairros
Vila So Jorge, Jardim Samambaia e Parque So Joo.
30
Figura 29: Localizao do trecho 1 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna. (1) Rua Julio Grothe Elias (2) final do trecho.
Possui o gabarito mdio de 2,80 metros de largura, sendo a menor
medida registrada de 2,60 metros e a maior de 3,00 metros.
Apresenta pavimentao regular com trechos ruins decorrentes da
movimentao de nibus e caminhes pela avenida como, por exemplo, na
interseo da Rua 29 com a Avenida Ayrton Senna (Figura 30), que um ponto
de embarque e desembarque de transporte coletivo e rota de entrada para uma
empresa de bebidas e no trecho onde a ciclovia simplesmente some devido
presena de lojas e oficinas de caminhes na avenida (Figuras 31 e 32).
No apresenta iluminao destinada ciclovia, contando apenas com a
iluminao da prpria avenida, que precria. Esta situao torna o uso
noturno desta ciclovia uma prtica perigosa e de riscos, seja pela possibilidade
de acidentes ou de assaltos.
Quanto a sua limpeza, o trecho que menos apresenta detritos de
cargas dos caminhes. Mas, ainda assim, necessita de cuidado com as reas
verdes em seu entorno.
Sobre a drenagem, apresenta empoamento em diversos pontos do
trecho, pois a ciclovia encontra-se em desnvel em relao Avenida Ayrton
31
Senna e, consequentemente, toda a gua que escoa da avenida sentido porto
passa pela ciclovia.
O trecho tambm no apresenta nenhum tipo de sinalizao horizontal
ou vertical, voltada aos ciclistas, somente placas indicativas de quebra-molas e
proibido estacionar.
Figura 30 acima: Esquina da Rua 29 com a Avenida Ayrton Senna. Figura 31 a
esquerda: Buracos no final do trecho 1. Figura 32 a direita: Final do trecho 1.
b) Trecho 2
Este trecho tem inicio na rotatria da Avenida Ayrton Senna com a
Avenida Senador Atlio Fontana e se estende at a Avenida Ford (Figura 33).
Possui aproximadamente 2.300 metros e gabarito mdio de 2,3 metros, abaixo
do mnimo recomendado. Passa pelos bairros Parque So Joo, Jardim
Amrica, e Emboguau. Curiosamente ela se apresenta do outro lado da via,
32
ou seja, para passar do trecho 1 para o trecho 2 o ciclista deve atravessar a
Avenida Ayrton Senna, uma das mais movimentadas da cidade com grande
fluxo de veculos pesados, e no existe sinalizao para tal.
A via basicamente apresenta os mesmos problemas do trecho anterior,
com um diferencial: passa em frente ao porto de entrada de uma grande
empresa de fertilizantes e por trs postos de gasolina que recebem grande
fluxo de caminhes e estas intersees no possuem nenhum tipo de
sinalizao, seja vertical ou horizontal, resultando em grande risco aos ciclistas
(Figuras 34 e 35).
Figura 33: Localizao do trecho 2 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna. (1) Avenida Senador Atlio Fontana (2) Avenida Ford.
33
Figura 34: Cruzamento da ciclovia com a entrada de postos de gasolina.
Figura 35: Cruzamento da ciclovia com a entrada de postos de gasolina.
Alm dos mesmos problemas apresentados pelo trecho anterior com a
pavimentao, drenagem, iluminao e sinalizao, foi possvel notar que em
alguns trechos prximos a estes postos de gasolina, havia grande quantidade
de lixo e de lama com vrios tipos de produtos (soja, acar, fertilizante, etc),
provavelmente oriunda dos caminhes de carga a granel que passam por estes
locais (Figuras 36 e 37). Este tipo de situao atrai vetores de doenas e
durante este trecho comum notar a presena de ratos, pombos e ces de rua.
34
Figura 36: Lama de vrios tipos de produtos a granel.
Figura 37: Lama de vrios tipos de produtos a granel.
c) Trecho 3
Compreendido entre a Avenida Ford e a Avenida Coronel Santa Rita
(Figura 38), este trecho no parece, mas uma ciclovia. Apresenta-se em
situao no favorvel ao uso. Em condies de abandono, este trecho deveria
contar com aproximadamente 2.350 metros de extenso. As partes que ainda
so possveis pedalar viraram pequenas trilhas e o restante da ciclovia foi
danificada pelo grande fluxo de caminhes ou foi tomada pela vegetao
presente no local (Figuras 39 e 40). Deveria servir como ligao entre os
bairros Emboguau, Vila Horizonte, Correia Velho, Eldorado, Alvorada, Vila
Paranagu, Bockmann e Serraria do Rocha. Este trecho deveria fazer
integrao com a ciclovia da Avenida Prefeito Roque Vernalha e Avenida
Coronel Santa Rita.
35
Figura 38: Localizao do trecho 3 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna. (1) Avenida Ford (2) Avenida Coronel Santa Rita.
Figura 39: Trecho sem manuteno.
Figura 40: Trecho tomado pela vegetao.
d) Trecho 4
O ltimo trecho da ciclovia em questo est entre a rotatria da Avenida
Coronel Santa Rita e o cruzamento da linha frrea com a Avenida Ayrton
Senna (Figura 41). Sua extenso de aproximadamente 950 metros e tem
gabarito mdio de 2,5 metros e variao de 0,5 metros entre as medies. Faz
ligao entre os bairros Bockmann, Serraria do Rocha, Leblon, 29 de Julho e a
36
regio porturia. No h nenhum tipo de sinalizao vertical ou horizontal
durante todo o percurso (Figura 42).
Figura 41: Localizao do trecho 4 da ciclovia da Avenida Ayrton Senna, (1) Avenida Coronel Santa Rita (2) Cruzamento da linha frrea com a Avenida Ayrton Senna.
Entre a Avenida Coronel Santa Rita e a Rua Nestor Victor o pavimento
da via apresenta-se em bom estado de conservao, com a presena de
alguns obstculos durante o trajeto como materiais de construo e desnveis
nos cruzamentos, onde h conflito com veculos pesados. (Figura 43).
Figura 42: Trecho 4 sem sinalizao. Figura 43: Materiais de construo na ciclovia.
Da Rua Nestor Victor at o cruzamento da linha frrea a pavimentao
da via encontra-se bastante deteriorada devido ao abandono. Durante este
37
pequeno percurso de duas quadras observou-se que existe bastante vegetao
crescendo nos bordos da ciclovia (Figura 44), alm de vrios buracos e sujeira
proveniente de veculos de carga a granel, dois fatores que contribuem para a
apario de vetores de doenas. Na ltima quadra antes da linha frrea, um
aparelho de transporte areo de carga a granel foi instalado sobre a ciclovia,
obrigando o usurio a passar por baixo das instalaes deste equipamento
para utilizar a ciclovia (Figura 45).
Figura 44: Trecho em ms condies de limpeza conservao.
Figura 45: Ciclovia passando entre as instalaes do equipamento.
4.1.3 Ciclovia Avenida Bento Rocha
A ciclovia bidirecional da Avenida Bento Rocha tem inicio na altura do
marco zero da BR-277, que fica localizada no inicio da ponte sobre o rio
Emboguau no bairro Padre Jackson e se estende at o inicio da Avenida
Porturia (Figura 46) com aproximadamente 2.800 metros de extenso e com
um gabarito mdio de 2,6 metros, acima do recomendado por Gondim (2010).
38
Figura 46: Localizao da ciclovia da Avenida Bento Rocha, (1) Marco Zero da BR-277 (2) Avenida Porturia.
A avenida faz ligao entre os bairros Padre Jackson, Porto dos Padres,
Vila Guarani, Vila Cruzeiro, Beira Rio, Vila Porturia, Vila Rute, Vila Alboitt,
Rocio, Vila Guadalupe e o porto da cidade.
De modo geral esta ciclovia encontra-se em mau estado de
conservao. Sua pavimentao apresenta-se com vrios buracos pelo
percurso, com destaque para os cruzamentos, onde esses apresentam-se em
tamanhos cada vez maiores conforme o ciclista se aproxima do porto. Mas o
que realmente chama a ateno a quantidade de sujeira e detritos ao longo
da via. possvel ver pelo cho todo tipo de carga a granel que passa pelo
porto (soja, farelo, milho, acar, fertilizantes, etc.), tanto que, num
determinado trecho, localizado entre a Rua Frei Jos Thoms e o cruzamento
com a Avenida Coronel Santa Rita simplesmente impossvel de se transitar
at mesmo em dias de sol (Figuras 47 e 48). notvel tambm a grande
presena de vetores de doenas pela via, quanto mais prximo ao porto, mais
suja a ciclovia fica e mais constante a presena de ratos e pombos.
39
Figura 47: Trecho da ciclovia da Avenida Bento Rocha sem condies de uso.
Figura 48: Trecho da ciclovia da Avenida Bento Rocha sem condies de uso.
Nota-se tambm que existem diversas estruturas para escoamento de
guas pluviais do tipo boca de lobo que ocupam um considervel espao na
ciclovia. Ao todo foram contabilizadas 41 bocas de lobo durante toda a
extenso da ciclovia, porm, apesar dessa grande quantidade, a via apresenta
problemas com a drenagem em determinados pontos, principalmente onde h
entrada e sada de veculos pesados. Cada estrutura dessas ocupa cerca de
60 centmetros da via destinada aos ciclistas (Figura 49).
Sobre a sinalizao, durante toda a extenso desta via, foram
observadas algumas placas de trnsito, entretanto apenas trs placas verticais
eram direcionadas aos ciclistas, e nenhuma sinalizao horizontal foi vista.
Sobre os cruzamentos, nem mesmo os que tem maior volume de trfego
apresentam sinalizao de ciclovia, seja vertical ou horizontal (Figura 50).
Figura 49: Boca de lobo destruda na ciclovia da Avenida Bento Rocha.
Figura 50: Cruzamento sem sinalizao da Avenida Bento Rocha com a Avenida Prefeito Roque Vernalha.
40
Notou-se tambm que existem diversos tipos de comrcio na avenida,
principalmente na regio dos bairros Porto dos Padres e Vila Guarani, que
possuem estacionamentos que se sobrepem a ciclovia, causando conflitos
entre ciclistas e veculos automotores.
A iluminao mostrou-se desfavorvel para quem utiliza a ciclovia, pois
os postes encontram-se de um lado da avenida e a faixa destinada aos ciclistas
fica do outro lado, deixando quem pedala por ela na penumbra.
4.1.4 Ciclovia Avenida Prefeito Roque Vernalha
Esta avenida caracteriza-se por ser uma das mais movimentadas da
cidade. Serve como principal ligao entre os bairros Vila Guarani, Porto do
Padres, Vila Cruzeiro, Vila Paranagu, Alvorada, Eldorado, Vila Itiber e
Estradinha.
A ciclovia da Avenida Roque Vernalha est situada entre os
cruzamentos com a Avenida Bento Rocha (ponto 1 da Figura 51) e com a Rua
Domingos Peneda (ponto 3 da Figura 51). Possui aproximadamente 2.700
metros de extenso. Do trecho que vai da Avenida Bento Rocha at a Avenida
Coronel Elisio Pereira (ponto 2 da Figura 51) a ciclovia fica localizada no lado
esquerdo da via, possui sentido bidirecional e mdia de 2 metros de gabarito,
0,4 metros abaixo do indicado por Gondim (2010). No trecho restante, at o
cruzamento com a Rua Domingos Peneda, existem ciclovias em ambos os
lados da via, com gabarito de 1,4 metros cada, sem indicao se so
bidirecionais ou no.
41
Figura 51: Localizao da ciclovia da Avenida Prefeito Roque Vernalha. (1) cruzamento com a Avenida Bento Rocha (2) Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto (3) Rua Domingos Peneda.
Esta ciclovia conta com uma pavimentao regular com a constante
presena de pequenos buracos, principalmente prximo aos cruzamentos,
entradas de residncias e estacionamentos de comrcios (Figura 52). Isso se
deve ao fato do asfalto da pavimentao ser antigo e nunca ter passado por
reformas, a ponto de literalmente esfarelar. Essa situao acaba influenciando
na drenagem da via que, apesar de ser dotada de sistema de escoamento do
tipo boca de lobo, acaba apresentando gua empoada nos locais onde
existem estes buracos e entradas de estacionamentos. Vale a ressalva que a
avenida em questo j passou por diversas reformas, porm a ciclovia nunca
foi contemplada.
42
Figura 52: Problemas com drenagem na entrada de residncia.
A ciclovia apresenta sinalizao vertical e horizontal considervel,
entretanto algumas placas encontram-se em desacordo com a sua real funo
definida pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro, CTB (Figura 53), e outras
necessitam de limpeza. A sinalizao horizontal esta presente em praticamente
toda a via, porm, um reforo se faz necessrio (Figura 54), principalmente nos
cruzamentos com ruas perpendiculares e com a linha frrea, visando garantir a
segurana do ciclista. A via ainda conta com uma boa iluminao, trazendo
maior segurana para as viagens noturnas dos ciclistas.
Figura 53: Placa indicando ciclistas trafegar a esquerda na ciclovia da Avenida Prefeito Roque Vernalha.
Figura 54: Sinalizao horizontal da ciclovia prxima ao viaduto na Avenida Prefeito Roque Vernalha.
43
4.1.5 Ciclovia Rua Domingos Peneda
A ciclovia bidirecional instalada na Rua Domingos Peneda est situada
entre a Rua Pastor Rafael Batista de Oliveira e a Rua Nicolau Mader, que so
ruas perpendiculares a via passando pelos bairros So Vicente, Santos
Dumont e Jardim Guaraituba. Tem gabarito mdio de 2,3 metros, abaixo da
medida mnima indicada por Gondim (2010) e cerca de 1.700 metros de
comprimento, correspondendo a toda extenso do Aeroparque, parque
municipal anexado ao Aeroporto destinado a prticas de esportes e lazer
(Figura 55).
Figura 55: Localizao da ciclovia da Rua Domingos Peneda. (1) Cruzamento com a Rua Pastor Rafael Batista de Oliveira (2) Rua Nicolau Mader.
Possui pavimento em asfalto apresentando bom estado de conservao.
A sinalizao tambm se apresenta em bom estado. A vertical, apesar de
apresentar vrios postes sem as placas, tem um bom nmero de sinalizaes
direcionadas a motoristas, ciclistas e pedestres. A horizontal conta com as
faixas de bordo da ciclovia pintadas em vermelho e a faixa central pintada em
amarelo com trao pontilhado. Durante a anlise notou-se que antes das
entradas dos estacionamentos do Aeroparque existem sinais horizontais de
PARE voltadas aos ciclistas (Figura 56), em desacordo com o artigo 38 do
Cdigo de Trnsito Brasileiro, que afirma em pargrafo nico: Durante a
manobra de mudana de direo, o condutor dever ceder passagem aos
44
pedestres e ciclistas, aos veculos que transitem em sentido contrrio pela
pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferncia de
passagem.
Figura 56: Sinalizao horizontal de PARE voltada ao ciclista na Rua Domingos Peneda.
Apresenta uma boa iluminao durante toda a extenso da ciclovia,
tornando o percurso mais seguro no perodo noturno. Porm, o sistema de
drenagem da Rua Domingos Peneda em geral ineficiente. Na parte mais
baixa da rua existem alguns pontos que durante as chuvas alagam, pois os
quebra-molas instalados represam a gua que chega at a ciclovia.
Observou-se tambm, que em mais da metade do trajeto a rea verde
no entorno na ciclovia necessita de manejo, pois existem trechos onde a grama
esta bastante alta e tambm h pontos que servem como depsito de lixo
dentro desta rea (Figura 57).
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Figura 57: rea verde sem manejo no entorno da ciclovia da Rua Domingos Peneda.
4.1.6 Ciclovia Avenida Coronel Santa Rita
A ciclovia existente na Avenida Coronel Santa Rita localizada entre a
rotatria da referida avenida com a Avenida Ayrton Senna est aparentemente
abandonada. Ela se estende por cerca de 830 metros no sentido do bairro do
Rocio at seu fim repentino (Figura 58). Este pequeno trecho liga os bairros
Rocio, Vila Porturia, Vila Alboitt, Serraria do Rocha, Bockmann e Leblon. Seu
gabarito difcil de mensurar, pois a via no apresenta uniformidade em sua
largura do comeo ao fim. E em vrios pontos impossvel saber onde a faixa
comea ou termina devido quantidade de lama, sujeira e lixo (Figura 59).
46
Figura 58: Localizao da ciclovia da Avenida Coronel Santa Rita. (1) cruzamento com a Avenida Ayrton Senna (2) Final da Ciclovia.
Figura 59: Trecho da ciclovia da Avenida Santa Rita com muita lama.
Nos pontos onde possvel diferenciar o pavimento da sujeira, ele se
apresenta em mau estado de conservao, com vrios buracos, ocasionando
tambm problemas com a drenagem (Figura 60).
47
Figura 60: Trecho da ciclovia da Avenida Coronel Santa Rita em ms condies.
A iluminao apresenta-se insuficiente para garantir a segurana do
ciclista durante a noite. Quanto sinalizao vertical ou horizontal voltada
ciclovia, apenas uma placa vertical foi encontrada.
A Avenida Coronel Santa Rita uma via arterial, e neste trecho conta
com um grande fluxo de caminhes, pois nele existem diversos armazns e
ptios de estacionamento.
4.1.7 Ciclovia Aeroparque
Esta ciclovia fica instalada dentro do Aeroparque, parque municipal que
fica no entorno do aeroporto do Municpio de Paranagu. uma ciclovia
circular e bidirecional com aproximadamente 3.600 de comprimento e 3,15
metros de gabarito (Figura 61).
48
Figura 61: Localizao da ciclovia do Aeroparque.
A pavimentao da via apresenta-se em bom estado de conservao,
com apenas um ponto que contem pequenos buracos.
Possui sinalizao vertical e horizontal, entretanto as mesmas
necessitam reforo. A sinalizao vertical apresenta-se com alguns postes sem
placas e a horizontal necessita de nova pintura (Figura 62).
Figura 62: Sinalizao vertical e horizontal na ciclovia do Aeroparque. .
49
A iluminao boa (Figura 62), entretanto comum alguns trechos
ficarem sem luz, aumentando o risco de acidentes e tambm o de assaltos.
Sua drenagem eficaz, apenas um ponto em especfico apresenta um
pequeno problema com poas dagua.
Por ser um local destinado ao lazer e a prtica esportiva, comum
existir conflitos entre os ciclistas, pedestres e outros modais de transporte
nesta ciclovia.
4.1.8 Ciclovia do Rocio
Esta mais uma ciclovia circular e bidirecional destinada ao lazer e a
prtica esportiva. Fica localizada no bairro Rocio, conhecido por abrigar o
Santurio de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paran. Possui gabarito
mdio de 2 metros, 0,4 metros a menos que o mnimo indicado por Gondim
(2010), e seu comprimento de 1.050 metros (Figura 63).
Figura 63: localizao da Ciclovia do Bairro Rocio.
Possui pavimento feito em asfalto com um bom estado de conservao.
Nota-se tambm que apresenta boa sinalizao, sendo a nica ciclovia da
cidade pintada totalmente em vermelho inclusive nos cruzamentos (Figuras 64
e 65). A sinalizao vertical tambm se mostra presente com vrias placas.
50
Figura 64: Ciclovia do Rocio sinalizada em vermelho.
Figura 65: Cruzamento sinalizado na ciclovia do Rocio.
Apresenta pequenos problemas com drenagem, localizados em entradas
e sadas de residncias. Outro problema a falta de limpeza e manejo em
torno da ciclovia, apresentando muita areia e mato bastante alto em vrios
pontos.
Possui boa iluminao, facilitando o trnsito dos ciclistas e a prtica
esportiva durante a noite.
4.1.9 Ciclofaixa Manoel Corra
A ciclofaixa instalada na Rua Manoel Corra fica situada entre a Rua
Djanira Gonalves Souza e a Rua dos Expedicionrios. Conta com
aproximadamente 1.100 metros de comprimento (Figura 66) e gabarito mdio
de 2 metros, mostrando-se 0,4 metros mais estreita que o indicado por Gondim
(2010) para uma ciclofaixa bidirecional. Faz ligao entre os bairros Vila Itiber,
Palmital e Campo grande e fica bem prxima ao centro da cidade.
A Rua Manoel Corra uma via arterial e conta com um grande fluxo de
nibus e pequenos caminhes. Faz ligao entre os bairros Vila Itiber,
Eldorado, Palmital e Campo Grande. Esta ciclofaixa foi instalada no ms de
51
fevereiro de 2014, fazendo parte do novo binrio que compreende esta rua e a
Avenida Coronel Elsio Pereira e, por isso, apresenta pavimentao nova e de
boa qualidade. A sinalizao horizontal esta presente em toda a extenso da
via, inclusive nos cruzamentos, que delimitada por duas faixas, pintadas uma
em vermelho e outra em branco e conta tambm com sinalizao de via de uso
exclusivo destinado a bicicletas prximas aos cruzamentos. A sinalizao
vertical conta com vrias placas no decorrer da ciclofaixa (Figura 67).
Figura 66: Localizao da ciclofaixa da Rua Manoel Corra. Rua Djanira Gonalves Souza (1); Rua dos Expedicionrios (2).
Figura 67: Pavimentao nova e sinalizao horizontal e vertical da ciclofaixa da Rua Manoel Corra.
52
Apresenta boa iluminao, tornando o trnsito noturno mais seguro e
no demonstra nenhum problema aparente com a drenagem, facilitando o
trajeto dos ciclistas em dias de chuva.
4.1.10 Ciclofaixa Bento Munhoz da Rocha Neto/Coronel Elsio Pereira
Esta ciclofaixa bidirecional se estende por toda a Avenida Bento Munhoz
da Rocha Neto, que esta compreendida entre interseo com a PR-407 e
termina na altura da Rua Florncio Viana. Apresenta gabarito mdio de 2,3
metros, abaixo do espao mnimo sugerido por Gondim (2010). Possui
aproximadamente 8.400 metros de comprimento, sendo a mais extensa da
cidade entre as ciclovias e ciclofaixas. Durante o seu percurso, a via muda de
nome para Avenida Coronel Elsio Pereira na altura do bairro Vila Horizonte,
prximo ao Aeroparque. A referida avenida a via arterial mais extensa da
cidade e serve como ligao direta de aproximadamente 20 bairros com o
centro (Figura 68).
Figura 68: Localizao da ciclofaixa da Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto. (1) Interseo com a PR-407; (2) Rua Florncio Viana.
A avenida possui grande fluxo de veculos leves e pesados e os
principais conflitos com ciclistas acontecem nos cruzamentos, nos
53
estacionamentos dos comrcios ao longo da avenida e nos pontos de
embarque do transporte pblico, onde necessrio passar pela ciclofaixa ao
embarcar ou desembarcar do coletivo. Devido ao seu trnsito intenso, foi
implantado no inicio 2014 um novo binrio com a inteno de melhorar o
trfego no trecho em que a avenida muda de nome para Coronel Elsio Pereira
e vai at o centro da cidade.
Contudo, para uma melhor anlise desta ciclofaixa, o percurso dividido
em trs partes. A descrio de cada trecho encontra-se a seguir.
a) Trecho 1
Este trecho tem incio na interseo da Avenida Bento Munhoz da Rocha
Neto com a PR-407 e vai at o cruzamento com Avenida Senador Atlio
Fontana, conhecido popularmente como rotatria do Parque So Joo
totalizando cerca de 3.400 metros (Figura 69). Faz ligao entre os bairros
Jardim Esperana, Jardim Paranagu, Vila dos Comercirios, Parque Agari,
Nilson Neves, Jardim Yamaguchi, Jardim Samambaia, Vila Divinia, Parque
So Joo e Jardim Amrica.
Figura 69: Localizao do trecho 1 da ciclofaixa da Avenida Bento Munhoz