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Coletnea de Manuais Tcnicos de Bombeiros
16
COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS
ALTOS
1 Edio 2006
Volume 16
MCIEA
Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte.
PMESP CCB
COMISSO
Comandante do Corpo de Bombeiros
Cel PM Antonio dos Santos Antonio
Subcomandante do Corpo de Bombeiros
Cel PM Manoel Antnio da Silva Arajo
Chefe do Departamento de Operaes
Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias
Comisso coordenadora dos Manuais Tcnicos de Bombeiros
Ten Cel Res PM Silvio Bento da Silva
Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias
Maj PM Omar Lima Leal
Cap PM Jos Luiz Ferreira Borges
1 Ten PM Marco Antonio Basso
Comisso de elaborao do Manual
Cap PM Mrio Luiz Gabellini
Cap PM Humberto Shigueo Shirotori
1 Ten PM Luiz Henrique Nomellini
Subten PM Deoclides Barbosa Lemes Neto
2 Sgt PM Joo Martins
Comisso de Reviso de Portugus
1 Ten PM Fauzi Salim Katibe
1 Sgt PM Nelson Nascimento Filho
2 Sgt PM Davi Cndido Borja e Silva
Cb PM Fbio Roberto Bueno
Cb PM Carlos Alberto Oliveira
Sd PM Vitanei Jesus dos Santos
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
PREFCIO - MTB
No incio do sculo XXI, adentrando por um novo milnio, o Corpo de Bombeiros
da Polcia Militar do Estado de So Paulo vem confirmar sua vocao de bem servir, por
meio da busca incessante do conhecimento e das tcnicas mais modernas e atualizadas
empregadas nos servios de bombeiros nos vrios pases do mundo.
As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma
diversificada gama de variveis, tanto no que diz respeito natureza singular de cada uma
das ocorrncias que desafiam diariamente a habilidade e competncia dos nossos
profissionais, como relativamente aos avanos dos equipamentos e materiais especializados
empregados nos atendimentos.
Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a
preocupao com um dos elementos bsicos e fundamentais para a existncia dos servios,
qual seja: o homem preparado, instrudo e treinado.
Objetivando consolidar os conhecimentos tcnicos de bombeiros, reunindo, dessa
forma, um espectro bastante amplo de informaes que se encontravam esparsas, o
Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operaes, a tarefa de
gerenciar o desenvolvimento e a elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros.
Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram
pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praas do Corpo de Bombeiros,
distribudos e organizados em comisses, trabalharam na elaborao dos novos Manuais
Tcnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuio dentro das respectivas
especialidades, o que resultou em 48 ttulos, todos ricos em informaes e com excelente
qualidade de sistematizao das matrias abordadas.
Na verdade, os Manuais Tcnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na
continuao de outro exaustivo mister que foi a elaborao e compilao das Normas do
Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforo no sentido de evitar a
perpetuao da transmisso da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e
consolidando esse conhecimento em compndios atualizados, de fcil acesso e consulta, de
forma a permitir e facilitar a padronizao e aperfeioamento dos procedimentos.
O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua
histria. Desta feita fica consignado mais uma vez o esprito de profissionalismo e
dedicao causa pblica, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e
contriburam para a concretizao de mais essa realizao de nossa Organizao.
Os novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB so ferramentas
importantssimas que vm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que
servem no Corpo de Bombeiros.
Estudados e aplicados aos treinamentos, podero proporcionar inestimvel
ganho de qualidade nos servios prestados populao, permitindo o emprego das
melhores tcnicas, com menor risco para vtimas e para os prprios Bombeiros, alcanando
a excelncia em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa misso de
proteo vida, ao meio ambiente e ao patrimnio.
Parabns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos
Manuais Tcnicos e, porque no dizer, populao de So Paulo, que poder continuar
contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados.
So Paulo, 02 de Julho de 2006.
Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO
Comandante do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 1
Introduo.................................................................................................. 6
CAPTULO 1 - CARACTERSTICAS DOS EDIFCIOS ALTOS..............7 1.1 Definio .................................................................................................................................................. 7 1.2 Caracteristicas construtivas ...................................................................................................................... 7 1.3 Ocupao.................................................................................................................................................. 8
CAPTULO 2 - CARACTERSTICAS DOS INCNDIOS EM EDIFCIOS ALTOS .........................................................................................11
2.1 Propagao do fogo ................................................................................................................................ 11 2.1.1 Consideraes sobre a propagao em edifcios altos: ................................................................. 11
2.2 Comportamento da fumaa..................................................................................................................... 11 2.3 Cronologia dos incndios em edificios altos .......................................................................................... 12 2.4 Concluses.............................................................................................................................................. 18
CAPTULO 3 - Sistemas de Proteo Contra Incndios ...................20 3.1 Proteao passiva ..................................................................................................................................... 20
3.1.1 Isolamento de risco. ...................................................................................................................... 20 3.1.2 Compartimentao vertical e horizontal ....................................................................................... 21 3.1.3 Resistncia ao fogo das estruturas ................................................................................................ 21 3.1.4 Revestimento dos materiais .......................................................................................................... 22 3.1.5 Meios de fuga................................................................................................................................ 22 3.1.6 Sistema de iluminao de emergncia .......................................................................................... 25 3.1.7 Acesso a viaturas do Corpo de Bombeiros ................................................................................... 25 3.1.8 Meios de aviso e elerta.................................................................................................................. 25 3.1.9 Sinalizao .................................................................................................................................... 26
3.2 PROTEO ATIVA.............................................................................................................................. 26 3.2.1 Extintores portteis e extintores sobre rodas (carretas)................................................................. 26 3.2.2 Sistema de hidrantes ..................................................................................................................... 26 3.2.3 Sistema de chuveiros automticos ("sprinklers").......................................................................... 27 3.2.4 Sistema fixo de CO2. .................................................................................................................... 28 3.2.5 Brigada de Incndio ...................................................................................................................... 29 3.2.6 Planta de risco............................................................................................................................... 29
CAPTULO 4 - Tcnicas de Combate..................................................31 4.1 Avaliao................................................................................................................................................ 31 4.2 Explorao.............................................................................................................................................. 33 4.3 Busca e salvamento ................................................................................................................................ 39 4.4 Ventilao............................................................................................................................................... 46
4.4.1 Uso das escadas ............................................................................................................................ 47 4.4.2 Uso de escadas pressurizadas........................................................................................................ 47
4.5 Combate inerno ...................................................................................................................................... 48 4.5.1 Consideraes sobre elevadores: .................................................................................................. 51 4.5.2 Controle das fontes de energia ...................................................................................................... 51 4.5.3 Proteo de salvados ..................................................................................................................... 52
4.6 Combate externo..................................................................................................................................... 52 4.7 Montagem de linhas ............................................................................................................................... 54 4.8 Abastecimento de gua........................................................................................................................... 54
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 2
4.8.1 Recalque de gua a partir das tubulaes dos sistemas de hidrantes ............................................ 54 4.8.2 Recalque a partir de viaturas areas .............................................................................................. 54 4.8.3 Recalque a partir de mangueira adutora pela fachada do edifcio................................................. 55 4.8.4 Recalque a partir de mangueira adutora por dentro das escadas do edifcio ................................. 55 4.8.5 Recalque de rede de chuveiros automticos.................................................................................. 55
CAPTULO 5 - TTICAS DE COMBATE ..............................................56 5.1 Sistema de comando............................................................................................................................... 56
5.1.1 Posto de comando ......................................................................................................................... 56 5.1.2 Bases especiais.............................................................................................................................. 56
5.1.2.1 Base de controle do saguo de entrada (Lobby)...................................................................... 56 5.1.2.2 Base de apoio s equipes internas ........................................................................................... 57
5.2 Sistema de comunicaes ....................................................................................................................... 57 5.2.1 Ordem de abandono ...................................................................................................................... 58
5.3 Formas de combate................................................................................................................................. 58 5.3.1 Combate interno (ttica) ............................................................................................................... 58
5.3.1.1 Fatores determinantes ............................................................................................................. 58 5.3.1.2 Desenvolvimento .................................................................................................................... 59 5.3.1.3 Fases de desenvolvimento.......................................................................................................59
5.3.1.3.1 Fase1 ............................................................................................................................................. 60 5.3.1.3.2 Fase 2 ............................................................................................................................................ 71
5.3.1.4 Meios necessrios (mnimo) ................................................................................................... 73 5.3.2 Combate combinado (Interno e Externo) ...................................................................................... 75
5.3.2.1 Fatores determinantes ............................................................................................................. 75 5.3.2.2 Desenvolvimento .................................................................................................................... 75 5.3.2.3 Meios necessrios ................................................................................................................... 76
5.3.3 Combate externo (ttica)............................................................................................................... 76 5.3.3.1 Fatores determinantes ............................................................................................................. 76 5.3.3.2 Desenvolvimento .................................................................................................................... 76 5.3.3.3 Meios necessrios ................................................................................................................... 77
CAPTULO 6 - SEGURANA DAS OPERAES ...............................78 6.1 Isolamento do local ................................................................................................................................ 78 6.2 Controle de trfego................................................................................................................................. 78 6.3 Trabalho policial..................................................................................................................................... 79 6.4 Preservao do local ............................................................................................................................... 79 6.5 Coordenao de rgos e entidades de ajuda mtua............................................................................... 80 6.6 Avaliao da resistncia da estrutural da edificao .............................................................................. 82
6.6.1 Colapso de estrutura...................................................................................................................... 82 6.6.1.1 Tipos de construo ................................................................................................................ 83 6.6.1.2 Ocupao do edificio (oferece outras indicaes de colapso)................................................. 84 6.6.1.3 Tempo de queima.................................................................................................................... 84 6.6.1.4 Tamanho do incndio.............................................................................................................. 85 6.6.1.5 A Localizao do fogo ............................................................................................................ 85 6.6.1.6 Salincias ................................................................................................................................ 85 6.6.1.7 Rachaduras.............................................................................................................................. 85 6.6.1.8 Ruidos ..................................................................................................................................... 86 6.6.1.9 Distores ............................................................................................................................... 86 6.6.1.10 Observao da gua de combate a incndios ........................................................................ 87 6.6.1.11 Armazenamento e estoque .................................................................................................... 87
Bibliografia................................................................................ 166
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 6
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
INTRODUO
Os incndios em edifcios altos so fontes de preocupao para bombeiros de todo o mundo.
Seja pelo grande esforo operacional que exigem, seja pelo elevado risco que apresentam aos
bombeiros e principalmente pelo grande potencial de ceifar vidas, um dos tipos de ocorrncia mais
complexo na atividade de bombeiros.
Neste manual, apresentada uma descrio dos edifcios e quais critrios so utilizados para
definir se so altos.
H tambm um estudo das caractersticas dos incndios em edifcios altos e quais os meios de
proteo contra incndios hoje encontrados.
Dessa forma, possvel elencar tcnicas e tticas de combate a incndio, desde a avaliao
at a proteo de salvados.
H ainda um captulo especial para a questo da segurana das equipes de bombeiros.
A linguagem adotada foi a mais prxima da utilizada corriqueiramente pelos bombeiros,
sempre seguindo os parmetros das NOBs.
Dever servir de guia para a elaborao de POPs e PPI.
Assim, se espera que a forma didtica adotada seja eficiente para que soldado bombeiros,
comandante de guarnio e oficiais possam tomar as atitudes mais corretas e otimizar o atendimento,
de forma a atender nossa misso institucional que a proteo da vida, do meio ambiente e do
patrimnio.
6
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 7
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
CAPTULO 1 - CARACTERSTICAS DOS EDIFCIOS ALTOS
1.1 Definio
Antes de caracterizar edifcios altos sob a tica das tcnicas construtivas e das ocupaes que
os mesmos possuem, imprescindvel definir o termo.
A definio de edifcio alto possui variao de pas para pas, na Alemanha edifcios altos so
construes cujo ltimo andar ocupado encontra-se a mais de 22 metros de altura; na Dinamarca,
ustria e Sua so edifcios com mais de 8 andares ou cujo ltimo andar se localiza a uma distncia
superior a 22 metros do nvel do solo; na Frana um edifcio considerado alto quando a distncia
entre o nvel do terreno (a partir de onde os bombeiros trabalharo) e o forjado do ltimo pavimento
do edifcio for superior a 50 metros ou 28 metros no caso de moradias; na Blgica quando o ponto
superior fica a mais de 25 metros do nvel do terreno; em Portugal quando o ltimo andar est a mais
de 25 metros do nvel do terreno; de acordo com a NFPA (National Fire Protection Association) 101,
considera-se edifcio alto aquele com altura maior que 75 ps (aproximadamente 23 m), altura essa
medida do mais baixo nvel de acesso para o veculo do Corpo de Bombeiros ao piso do mais alto
pavimento ocupado.
Outros pases definem edifcio alto como aquele onde o combate a um incndio, a evacuao
e o acesso de bombeiros zona afetada pelo incndio tm de ser feitos do interior do edifcio, j que
no se pode chegar a tais andares superiores pelo exterior com o apoio de viaturas e equipamentos de
bombeiro, sendo que esta definio parece ser a mais coerente.
Portanto adota-se a definio exposta no artigo Problemtica de incndios em edifcios
altos que foi baseado na Obra Fire problems in high-rise buildings - ifsta dos autores Silvio bento
da Silva, Rogrio Bernardes Duarte e Rosaria Ono:
Edifcio Alto Edificao que, em altura, ultrapassa o alcance do maior equipamento (auto-
escada e auto-plataforma elevada) existente no Corpo de Bombeiros da localidade, utilizado nas
operaes de salvamento das pessoas que se encontrem acima do pavimento incendiado.
1.2 Caracteristicas construtivas
Sob a tica construtiva dos edifcios altos, existem as mais variadas tcnicas e materiais de
construo, sendo que h uma relao estreita entre o tipo de tcnica e materiais a serem usados e a
altura da edificao. Pode-se destacar entre os materiais portantes de uma construo o concreto
(material mais utilizado em nosso pas), concreto protendido, bloco estrutural, estruturas metlicas,
estruturas pr-moldadas, madeira (material no muito usual), entre outros.
Em relao aos materiais portantes empregados na construo de um edifcio h que se
conhecer o comportamento destes em relao a um incndio, pois isto um fator primordial para se
7
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 8
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
definir no s o tempo de abandono de uma edificao como tambm o tempo de trabalho das
equipes de bombeiros.
Concomitante com as tcnicas e materiais de construo empregados em edifcios altos, a
arquitetura do mesmo um fator a ser estudado, principalmente as construes no usuais em que
geralmente o acesso difcil. Os tipos de edifcios classificados como de arquitetura no usual
incluem aqueles com estruturas suspensas, em forma de pirmide, com grande vo livre ou trios,
que podem ocasionar problemas de acesso, agravados quando estas edificaes esto situadas em
reas como aeroportos, memoriais, pontos tursticos etc.
Aliada a arquitetura das edificaes nos edifcios altos comum que o acesso edificao
tenha apelo a tratamentos paisagsticos como espelhos dgua, colocao de esttuas, recuos das
fachadas, etc., de forma a se ter um maior destaque da edificao em relao aos prdios vizinhos.
Contudo estes recursos podem dificultar a aproximao das viaturas de bombeiros em relao
fachada da edificao, diminuindo a altura til das auto-escadas e auto-plataformas em relao, no
s ao combate externo, como tambm ao apoio para retirada externa das vtimas de um sinistro.
1.3 Ocupao
Outro fator a ser considerado entre as caractersticas dos edifcios altos a ocupao dos
mesmos. Isto um dos principais itens que determina a gravidade do problema do risco vida
humana em caso de incndio. Portanto, pode-se avaliar quais edifcios apresentam maior ou menor
risco. Para exemplificar, h um diferente comportamento humano em edifcios de escritrios e em
hospitais. No primeiro, os ocupantes encontram-se diariamente no prdio e, por conseqncia, esto
mais familiarizados com o mesmo. J no hospital, uma elevada percentagem de ocupantes est ali
temporariamente, aliado a capacidade fsica ou mental reduzida. Portanto, na ocorrncia de um
incndio, mais provvel que no primeiro caso verifique-se um maior percentual de perdas materiais
e no segundo caso um percentual maior de danos pessoais.
No se pode deixar de ressaltar que edifcios de grandes alturas normalmente possuem
ocupaes mistas ou no usuais. Exemplos:
Restaurantes, boates e locais de concentrao de pblico, nos topos de edifcios
criando riscos e problemas de sada e retirada de vtimas;
Mltiplas ocupaes, shoppings centers, hotis, auditrios, restaurantes, reas de
estacionamento, entre outras, criando dificuldades para aes de salvamento;
Estruturas ocupadas parcialmente, que podem criar problemas de ocupao irregular;
Locais de reunio pblica em subsolos, que podem criar problemas de resgate e de
ventilao;
8
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 9
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
Centros de computao, reas de pesquisas cientficas especficas e centros de
produo contidos em espaos de temperatura e umidade controlados;
Espao com segurana mxima em edifcios altos, que abrigue deficientes mentais,
criminosos ou materiais de alto valor, e
reas onde so manipulados ou armazenados materiais radioativos em que h
necessidade de utilizao de vestimenta apropriada e equipamentos de proteo individual
especficos.
Os edifcios altos so projetados e construdos antes que os seus ocupantes assinem o contrato
de aluguel ou compra. Na concluso da obra, espaos de tamanhos variados so alugados para um
nmero diferente de locatrios. Paredes internas, mveis e outros objetos so instalados de acordo
com o tipo de locatrio ou usurio.
Excetuando-se os aspectos usuais de construo e da ocupao de edifcios altos h outros
fatores a se considerar que potencializam os riscos em uma edificao como o tempo decorrido da
construo das edificaes altas, pois edifcios mais antigos geralmente podem no funcionar
apropriadamente devido ao tempo de uso, alteraes e falta de manuteno. Adicionalmente, os
edifcios antigos geralmente atraem ocupantes de baixa renda e ocupantes com atividades no
lucrativas devido ao declnio de seu valor imobilirio, no havendo, portanto, investimento em
segurana, o que tende a aumentar a possibilidade de incndio e rpido alastramento do fogo.
Tentativas de modernizar os edifcios antigos tm criado problemas especficos para o Corpo
de Bombeiros. A formao de espaos confinados por forros falsos, a colocao de novas fachadas
sobre as antigas e a instalao de divisrias internas muito comum. A instalao de forros falsos
tem criado canais por onde as chamas podem se propagar rapidamente e longe das vistas dos
ocupantes. O revestimento de materiais estruturais combustveis com materiais incombustveis
tambm pode criar reas onde o fogo pode se desenvolver significativamente antes de ser descoberto.
Aspectos relacionados idade e condies fsicas dos ocupantes, tambm devem ser
avaliados, para se determinar quanto o bombeiro pode ajudar e qual a orientao que ser necessria
para evacuar as pessoas para um local seguro.
Alguns edifcios oferecem srios riscos somente durante o dia, enquanto outros oferecem
maior risco durante noite.
Considerando que as medidas e sistemas de proteo contra incndio de uma edificao so
definidas em funo da rea de construo, altura, risco e tipo de ocupao, pode-se, de forma
simplria, expor que quanto mais alta for a edificao, maior ser a sua rea e, portanto, mais itens
de proteo contra incndio devero ser previstos, principalmente no tocante s protees passivas e
na definio do tipo de sadas de emergncia que a edificao deva possuir.
9
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 10
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS
No aspecto relacionado ao Decreto Estadual 46076/01 e suas Instrues Tcnicas, quanto s
sadas de emergncia, temos que edificaes altas normalmente sero dotadas de sadas verticais
enclausuradas, ou seja, escadas enclausuradas protegidas, enclausuradas prova de fumaa e escadas
prova de fumaa pressurizadas.
Considerando os investimentos financeiros realizados em edifcios altos, comum aos
usurios preferirem que a edificao no sofra com problemas de falta de energia. Portanto, verifica-
se que atualmente, a maioria das edificaes altas possui sistema de gerador de energia, a fim de
manter o desenvolvimento das atividades na edificao, sendo que este deve ser um outro fator a ser
considerado quando ocorre um sinistro, pois como o principal agente para extino de incndios a
gua, e esta condutora de energia, h que se dosar o uso adequado da mesma e sempre considerar
nas aes internas dos bombeiros a possibilidade de choques eltricos.
10
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 11
CAPTULO 2 - CARACTERSTICAS DOS INCNDIOS EM EDIFCIOS ALTOS
2.1 Propagao do fogo
A propagao do fogo est descrita no Manual de Fundamentos do Corpo de Bombeiros, mas
cabe destacar alguns aspectos que dizem respeito a edifcios altos.
2.1.1 Consideraes sobre a propagao em edifcios altos:
O perigo mais grave nos edifcios de grande altura a propagao do fogo por reas distintas e,
inclusive, por todo o edifcio. Essa propagao pode ser ocasionada pela utilizao de elementos de
decorao e de materiais de revestimento combustveis ou, atravs de vos verticais existentes em
todos os pavimentos (escadas, elevadores, dutos de instalao, etc).
No caso de incndio, as temperaturas no interior do prdio so excessivamente altas, devido ao
isolamento trmico, o que pode ocasionar rupturas dos vidros que fazem parte do fechamento exterior.
Atravs desses vos, pode igualmente verificar-se a propagao vertical de incndio no edifcio.
2.2 Comportamento da fumaa
Este assunto j tratado no manual de fundamentos, no manual de combate a incndio em
espao confinado e no manual de ventilao em incndios, mas cabe ressaltar alguns aspectos
especficos dos edifcios altos.
A movimentao vertical da fumaa quente, que pode ocorrer atravs de aberturas verticais
deve ser considerada. Aberturas de escadas, poos de elevadores e sistema de ar-condicionado so
canais para caminhamento da fumaa. Alm disso, novos problemas tm sido criados com a utilizao
de reas de forro para servios especiais. Teoricamente, cada pavimento deveria atuar como barreira
do incndio de um pavimento para outro, porm, na prtica, as aberturas no vedadas, feitas para
passagem de vrios equipamentos e servios (fiaes eltricas, tubos hidrulicos, etc), permitem a
comunicao do forro com o pavimento superior. Estes espaos para instalao de tubulaes devem
ser selados posteriormente com concreto ou outros materiais seladores. Como h muitos edifcios que
no possuem essa vedao, a fumaa se propaga facilmente e se acumula em espaos sem aberturas,
notadamente no ltimo pavimento.
Nos edifcios fechados (ex: edifcios com fachada de vidro), quando no possvel o escape da
fumaa para o exterior, a experincia tem demonstrado que ela se expande por, pelo menos, trs
pavimentos quando da ocorrncia de um pequeno incndio em um dos pavimentos. Aps muitos
pavimentos terem sido preenchidos pela fumaa, encontrar o local do incndio se torna um grande
desafio.
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 11
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 12
2.3 Cronologia dos incndios em edifcios altos
Segue abaixo, em ordem cronolgica, os incndios de maior vulto em edifcios altos no mundo,
nas ltimas dcadas, com maior nfase aos ocorridos no Brasil, em razo principalmente da maior
disponibilidade dos dados. Tais dados servem como mostra da gravidade de tal ocorrncia, que
normalmente, apesar do grande prejuzo material que causa, tambm acaba por ceifar vrias vidas.
- Brasil (13 de janeiro de 1969) - Incndio no edifcio Grande Avenida, de 23 pavimentos de
escritrios comerciais na Av. Paulista em So Paulo, atingindo 14 pavimentos (do 5 ao 18). No
houve vtimas. Segundo consta, o incndio deu-se em virtude de curto-circuito, com origem no 6
pavimento, por volta das 06:00 horas.
- Coria do Sul (25 de dezembro de 1971) - No dia de Natal, um incndio matou 162 pessoas
num edifcio hotel de 20 pavimentos em Seul, Coria do Sul. O empenho dos Bombeiros no
salvamento foi dificultado por inadequado suprimento de gua e tambm pelo uso de escadas que no
puderam alcanar pavimentos mais altos.
- Brasil (24 de fevereiro de 1972) - Incndio no edifcio Andraus, de 31 pavimentos de
escritrios comerciais e lojas de departamentos na Av. So Joo em So Paulo, atingindo todos os
pavimentos por completo. Houve 16 vtimas fatais e outras 329 feridas. O fogo teve origem no 4
pavimento, por volta das 15:00 horas, em razo da existncia de grande quantidade de material
combustvel na marquise desse pavimento, com rpida propagao das chamas por todo o edifcio por
causa de fortes ventos.
- Japo (maio de 1972) - Uma boate no topo da popular loja de departamentos Sennichi foi
palco do terrvel incndio onde 118 pessoas morreram no centro da cidade de Osaka, Japo. O trgico
acontecimento teve repercusso no mundo todo, considerado um recorde como incndio dessa
natureza, jamais visto em qualquer outra boate.
- Brasil (01 de fevereiro de 1974) - Incndio no edifcio Joelma, na Av. 9 de Julho em So
Paulo. O edifcio possua 25 pavimentos de garagens e escritrios comerciais. O incndio teve origem
em um escritrio no 12 pavimento, quando por volta das 08:50 horas ocorreu um curto-circuito no
sistema de ar condicionado, propagando-se at o 25 pavimento. Esse terrvel incidente resultou em
189 vtimas fatais e em 320 feridas. Dentre os mortos, 12 morreram por saltar do edifcio no desespero
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 12
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 13
de tentar salvar-se, sem aguardar o socorro. helicpteros foram usados para salvamento de
sobreviventes na cobertura
do edifcio. Este incndio induziu muitos Corpos de Bombeiros a desenvolverem estratgias
especiais para combate a incndios em edifcios altos.
- Brasil (29 de novembro de 1976) - Incndio no edifcio do Banco Real de 16 pavimentos, que
estava em obras, localizado na Rua Itapeva n 725 - Bela Vista - So Paulo - SP. O incndio teve
origem no 12 pavimento por volta das 20:30 horas, propagando-se por todo o madeiramento da
estrutura do edifcio. No houve vtimas.
- Brasil (04 de setembro de 1978) - Incndio no Conjunto Nacional na Av. Paulista, em So
Paulo. Bloco de edifcios com lojas, escritrios comerciais e cinemas, com 26 pavimentos. O incndio
teve incio em uma loja no 1 pavimento, por volta das 05:30 horas, propagando-se em parte da
edifcao. Houve 7 vtimas feridas e nenhuma fatal.
- Espanha (12 de julho de 1979) - Um incndio em um hotel em Zaragoza, de 11 pavimentos,
matou 76 pessoas (a maioria totalmente intoxicada por monxido de carbono ou por impacto na queda
suicida das janelas) e tambm feriu outras 113. O incndio comeou numa fritadeira cheia de leo na
cozinha do subsolo, onde funcionrios tentaram frustradamente exting-lo com extintores portteis. O
incndio propagou-se atravs de dutos existentes e a fumaa ocupou todos os pavimentos atravs das
quatro escadas, dutos da cozinha, condicionadores de ar e dutos de servio. O edifcio foi construdo
com estrutura de ao, porm sem proteo contra incndio adequada, com escadas abertas, sem
compartimentao ou portas corta-fogo.
- Brasil (09 de abril de 1980) - Incndio no edifcio de 22 pavimentos onde funciona a
Secretaria da Fazenda do Estado de So Paulo. O incndio teve origem no 13 pavimento e propagou-
se ao 14. No houve vtimas.
- Estados Unidos (21 de novembro de 1980) - O MGM Grande Hotel, arranha-cu em Las
Vegas, Nevada, sofreu um incndio, com a maior rea j atingida em cassinos, resultando em 85
vtimas fatais e 679 feridas. O sistema de ventilao do hotel contribuiu para a propagao da fumaa
no interior dos pavimentos superiores, que por falta de material adequado para resistir contra o fogo,
permitiu sua rpida propagao. O fogo foi contido no pavimento trreo, porm a fumaa propagou-se
extensivamente e com grande volume aos pavimentos superiores, em razo da pobre
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 13
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 14
compartimentao e pela existncia de aberturas imprprias na edificao. Hspedes no puderam ser
advertidos por causa de alarmes inaudveis e por deficincia do sistema de som.
- Brasil (14 de fevereiro de 1981) - Incndio pela segunda vez no edifcio Grande Avenida, de
23 pavimentos de escritrios comerciais na Av. Paulista em So Paulo. O incndio teve origem no
subsolo, se propagando at o 19 pavimento. Houve 17 vtimas fatais e 53 feridas.
- Japo (08 de fevereiro de 1982) - Uma ponta de cigarro iniciou um incndio que matou 32
pessoas e feriu outras 34 em um Hotel de 10 pavimentos em Tquio. Havia 355 hspedes no hotel
quando o incndio foi descoberto no 9 pavimento. A falta de sistema de som, a tardia operao do
alarme de incndio, a total falta de sprinklers e a inexistncia de funcionrios treinados
adequadamente, levou alguns hspedes a ficarem presos em seus quartos no 9 pavimento e tambm
no 10, para onde o fogo se propagou. O incndio teve rpida propagao horizontal em razo das
aberturas existentes nas paredes, entre os quartos e tambm pela existncia de portas de madeira e
divisrias combustveis. Fusveis de acionamento das portas corta-fogo falharam e no permitiram o
fechamento das mesmas. Bombeiros usaram escadas mecnicas para salvar 68 pessoas.
- Brasil (03 de junho de 1983) - Incndio no edifcio Scarpa, de 17 pavimentos de escritrios
comerciais na Av. Paulista. O incndio teve origem no 12 pavimento e se propagou para o 13. No
houve vtimas.
- Filipinas (13 de fevereiro de 1985) - Um incndio em um hotel de Manila, com 10
pavimentos, matou 26 pessoas. O incndio (alegado criminoso) comeou no segundo pavimento, no
salo de conferncia, aps duas exploses. Fortes ventos fizeram com que as chamas se propagassem
rapidamente por todo o hotel. Houve falta de energia eltrica e os bombeiros tiveram dificuldades para
efetuar o salvamento dos ocupantes por causa da densa fumaa que se formou nos pavimentos
superiores. As escadas dos bombeiros tambm foram insuficientes para salvar as vtimas dos
pavimentos acima do 6. Em razo da insuficincia de meios de suprimento de gua, os bombeiros
tiveram que lanar mo da gua da piscina do hotel. Fatores que contriburam para a ocorrncia do
incidente: o hotel possua inadequado sistema de alarme e compartimentao, pessoal no devidamente
treinado e falta de iluminao de emergncia.
- ndia (23 de janeiro de 1986) - 44 pessoas morreram em um incndio criminoso num hotel de
10 pavimentos construdo em Nova Delhi em 1982. Muitos dos 185 hspedes tentaram escapar pelas
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 14
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 15
sadas de emergncia que estavam trancadas e a chave mestra s foi encontrada 2 horas e meia aps o
incio do incndio. O incndio iniciou-se no salo do subsolo pouco antes das 02:00 horas. No havia
sistema de alarme de incndio para alertar os hspedes. O sistema de luz de emergncia falhou. A
fumaa espalhou-se at o 9 andar, sufocando os hspedes nos quartos. Funcionrios descobriram o
fogo e, no podendo extingui-lo, fugiram em pnico, sem alertar os hspedes. Houve uma longa
demora at os bombeiros chegarem e uma deficincia no suprimento de gua.
- Noruega (05 de setembro de 1986) - 14 mortos e 54 feridos no incndio em dois edifcios
interligados, de 13 pavimentos, em Kristiansand. Nenhum dos 86 ocupantes puderam escapar atravs
das duas escadas, pois estavam tomadas pela fumaa at o 11 pavimento. Os nicos meios de escape
eram atravs das janelas ou do telhado, sendo que somente aqueles que puderam quebrar as janelas
fixas sobreviveram. Todas as 14 vtimas fatais foram intoxicadas pelo monxido de carbono. O
incndio comeou no piso trreo prximo a uma escada. Tal escada, de madeira, no resistiu ao
incndio, que se propagou para o piso superior. O revestimento das paredes e painis de isolamento
feitos de poliestireno expandido produziram fumaa escura txica.
- PORTO RICO (31 de dezembro de 1986) - Um incndio de mltiplos pavimentos no DuPont
Plaza Hotel em San Juan matou 97 pessoas e feriu 146. O Hotel tinha uma rea de lazer nos primeiros
pavimentos e 20 pavimentos de quartos. Trs funcionrios envolvidos numa disputa sindical
colocaram fogo no salo do piso trreo. O fogo produziu um flashover que encheu uma rea contgua
ao cassino com fumaa. O edifcio estava parcialmente protegido por sprinklers (no na rea de origem
do incndio) e o sistema de alarme manual na torre do edifcio no estava funcionando. Ocupantes
escaparam pelas sacadas e pela cobertura (telhado) para em seguida serem resgatados com sucesso. O
hotel tinha as sadas de emergncia trancadas e uma escada que no era enclausurada. Aqueles trs
funcionrios foram mais tarde condenados por ter provocado o incndio.
- Brasil (21 de maio de 1987) - Incndio no edifcio da CESP (companhia energtica de So
Paulo)na Av. Paulista em So Paulo. Dois blocos do conjunto foram totalmente destrudos, um com 21
pavimentos e outro com 27, que serviam como escritrios comerciais. O incndio teve incio no 5
pavimento de um dos blocos, por volta das 19:30 horas, por problema de curto-circuito. Houve uma
vtima fatal e a sorte foi que o incndio ocorreu j fora do horrio de expediente, no havendo mais
funcionrios na edificao, a no ser os vigias, caso contrrio as conseqncias poderiam ter sido bem
piores. Bombeiros quase se tornaram vtimas fatais quando, ao vistoriarem um dos blocos procura de
possveis vtimas, ocorreu colapso estrutural, com desabamento de parte da estrutura desse bloco.
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 15
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 16
- Egito (02 de maro de 1990) - Dezenove pessoas morreram e outras 70 ficaram feridas no
incndio do Sheraton Helipolis, Cairo, Egito. Uma tenda rabe, servindo como restaurante, tinha sido
armada no hall de recepo do Hotel de 6 pavimentos. As 01:15 horas, fascas saram do fogo de
barro existente na tenda, o que provocou o incndio, que se propagou por completo nos 6 pavimentos
do Hotel com seus 650 quartos de hspedes. A administrao do hotel ignorou avisos prvios do
perigo de incndio. No havia nenhum sistema automtico de deteco ou sprinklers e a energia
eltrica falhou. As janelas do hotel e algumas sadas de emergncia no puderam ser abertas e o
prprio layout do edifcio permitia que o fogo se propagasse atravs de aberturas voltadas para a rea
da recepo.
- Estados unidos (fevereiro de 1991) - Trs bombeiros morreram durante o incndio no One
Meridian Plaza, na Filadlfia, Pennsylvania. O fogo se propagou por 9 pavimentos, dos 38 existentes,
por defeito no sistema de suprimento de gua e por ajuste inadequado nas vlvulas redutoras de
presso instaladas no edifcio, o que inibiu o combate ao incndio pelos bombeiros, em razo da
presso insuficiente.
- Rssia (23 de fevereiro de 1991) - Incndio destruiu um hotel de 11 pavimentos em St.
Petersburg, matando 18 pessoas (incluindo nove bombeiros) e ferindo outras 21. A despeito do fato de
todos os quartos de hspedes estarem equipados com dois detectores de calor e cada corredor possuir
detectores de fumaa e um sistema de alarme contra incndios, o fogo no 9 pavimento foi visto da rua
por um motorista que ia passando pelo local. Hspedes estavam carregando suas bagagens para
evacuao, quando foram surpreendidos pela fumaa. Bombeiros tentaram entrar no edifcio
(construdo em 1970 com estrutura de pedra e concreto) por uma escada central, exatamente por onde
os hspedes tentavam escapar. Seis bombeiros tentaram usar os elevadores de segurana para subir at
o 9 pavimento, mas quando as portas se abriram ocorreu flashover e eles foram atingidos pelas
chamas. Cinco bombeiros tentaram alcanar a escada, porm a roupa que usavam no resistiu ao fogo,
o que causou a morte de todos, ainda no corredor. Um sexto bombeiro conseguiu sobreviver por estar
deitado no cho do elevador, conseguindo ativar o boto de descida com sua machadinha. As paredes
dos corredores, revestidas com material combustvel, foram responsveis pela rpida propagao do
fogo. As portas corta-fogo, as quais proporcionavam acesso s escadarias e aos halls dos elevadores,
encontravam-se abertas e caladas. O alarme contra incndio falhou, o que resultou naquela situao
fatal.
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 16
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 17
- Inglaterra (10 de abril de 1992) - Uma bomba destruiu a cmara de cmbio da bolsa de
valores de Londres, enquanto uma segunda provocou srios danos ao prego. Trs pessoas morreram e
91 ficaram feridas.
- Estados unidos (08 de fevereiro de 1993) - Um carro-bomba destruiu um estacionamento
subterrneo no World Trade Center, matando 5 pessoas e ferindo outras 1.000. Houve falta de energia
eltrica e a densa fumaa preta propagou-se para todo o edifcio causando pnico entre os 50.000
funcionrios e visitantes que utilizaram a escura rota de fuga pelas escadas para descer os 110
pavimentos do edifcio.
- ndia (12 de maro de 1993) - Um carro-bomba dilacerou completamente o flanco da bolsa de
valores de Bombay. A exploso atingiu uma torre de 27 pavimentos, do Banco Estadual da ndia,
destruindo a central de telefones e bloqueando o acesso aos andares superiores com o entulho da
prpria runa da exploso. Mais seis bombas foram detonadas na rea circunvizinha de Bombay,
levando a 270 mortos e 1.200 feridos. Equipes de Incndio e Salvamento foram impedidos de
trabalhar, em razo dos danos na rede hidrulica e dos fragmentos de concreto.
- Nigria (15 de abril de 1993) - Todos os 25 pavimentos do Edifcio Independncia, de 33
anos, em Lagos, que era domiclio do Escritrio Central de Defesa foram completamente consumidos
pelo incndio que durou 18 horas. O Bombeiro de Lagos relatou que somente aps uma hora do
chamado que chegaram ao local. Oficiais do Corpo de Bombeiros Federal mais tarde queixaram-se
que conseguiram chegar at o 8 pavimento da elevada estrutura do edifcio, quando ficaram sem gua.
No houve vtimas.
- Inglaterra (abril de 1993) - O espao de aproximadamente 93.000 metros quadrados de
escritrios - o equivalente a 20 blocos de oito pavimentos - foi devastado devido a um ataque de um
carro-bomba na Force Natwest na cidade de Londres. Um homem foi morto e 44 outros foram feridos.
Uma cratera de 4 metros e meio de profundidade ao lado da via foi o resultado da exploso.
- Alemanha (16 de maro de 1994) - Um incndio que destruiu completamente um bloco
residencial de 5 pavimentos em Stuttgart matou 7 pessoas e feriu outras 16. Os 50 imigrantes
Paquistaneses residentes no local podem ter sido alvo de incendirios de direita. "Em quase todas as
janelas tinham pessoas gritando. O telhado estava cheio de pessoas chorando e acenando", reportou
uma testemunha. Uma mulher morreu quando pulou de um pavimento elevado e bateu num poste da
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 17
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 18
rua. Um bombeiro de Stuttgart descreveu o fogo "como a pior cena de sofrimento humano" que ele j
viu em 20 anos.
- Estados Unidos - Oklahoma (19 de abril de 1995) - Um carro bomba destruiu toda a face
norte do edifcio de 9 andares, causando colapso de 1/3 deste e danificando estruturalmente um
edifcio de 26 pavimentos, outro de 3 e outro de 2 pavimentos. Alm destes, houve danos em muitos
veculos que se incendiaram e danos menores por 48 quadras ao redor do edifcio. A exploso levou
operaes de resgate de 43 organizaes a se mobilizarem e mais 56 especialistas federais. Alm de
vtimas da bomba (168 pessoas mortas e 475 feridas), houve uma morte entre o pessoal da equipe de
resgate (queda de destroos) e ferimentos graves em vrios outros, durante as operaes de resgate.
- Alemanha dusselforf (11 de abril de 1996) - Incndio no aeroporto de Dusseldorf. Este
incndio ocorrido num edifcio de grande porte e arquitetura complexa, perdurou por
aproximadamente 6 horas e fez 17 vtimas fatais. Outras 62 pessoas sofreram leses graves e foram
hospitalizadas. O segundo maior aeroporto da Alemanha, de 5 pavimentos, constitudo de 3 terminais,
sofreu com o incndio em dois deles, mais antigos (construdos em 1972), sem instalaes de
sprinklers. O incndio se iniciou num vo no entre forro do primeiro pavimento e se espalhou
rapidamente, atravs das escadas abertas, para outros pavimentos. Os danos mais srios provocados
pelo fogo ocorreram no pavimento de origem do incndio. Foi necessrio evacuar aproximadamente
2000 pessoas do terminal e as principais vtimas fatais foram encontradas na sala VIP do 2 pavimento
(8 pessoas) e em dois elevadores (7 pessoas).
2.4 Concluses
Incndios em prdios elevados tem grande potencial de gerar vtimas, seja feridas, mortas ou
presas. importante salientar que os riscos para os bombeiros tambm so grandes. Bombeiros podem
se perder, ter suas reservas de ar comprimido esgotadas ou mesmo serem surpreendidos por colapsos
estruturais.
Tudo isso pela grande complexidade dos edifcios em termos de leiaute e ocupao, mas,
principalmente, pela dificuldade de acesso e fuga.
Outro fator importante a facilidade de propagao vertical, o que exige ao rpida e eficaz
nos primeiros momentos do incndio para evitar um incndio generalizado.
despeito das normas existentes que exigem caractersticas especiais das edificaes elevadas,
os corpos de bombeiros devem dispor de meios para vencer as adversidades expostas.
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 18
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 19
Viaturas areas; tcnicas e tticas de salvamento em altura, explorao e combate; alm de
planejamento prvio de como agir em cada edifcio so essenciais.
Alm disso, a previso de acionamento de apoio tambm se faz necessria, pois, via de regra,
caso o incndio no possa ser debelado no seu incio, um grande nmero de equipamentos e pessoal se
torna necessrio.
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 19
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 20
CAPTULO 3 - SISTEMA DE PROTEO CONTRA INCNDIOS
Os sistemas de proteo contra incndios so aqueles disponveis na edificao, ou mesmo que
fazem parte dela, com o objetivo de permitir o abandono seguro do local pela populao do prdio, de
reduzir a velocidade de propagao do fogo, de permitir prpria populao do prdio combater o
fogo atravs de brigadas de incndio, de conter o fogo em um espao onde ainda possvel ao Corpo
de Bombeiros combat-lo e facilitar o trabalho do Corpo de Bombeiros.
Vrios desses sistemas podem e devem ser utilizados pelas equipes de bombeiros durante o
combate. Em alguns casos podem ser essenciais ao sucesso dos trabalhos, havendo necessidade dos
bombeiros conhecerem e saber como utilizar tais sistemas.
Por essa razo, vamos fazer uma descrio sucinta dos mesmos e indicar como utiliz-los,
sendo estas tcnicas reforadas no captulo 4 deste manual.
Detalhes e informaes mais completas sobre os sistemas podem ser encontrados no conjunto
normativo do Dec. Est. 46076/01 e respectivas instrues tcnicas, principalmente na IT-02 que trata
de conceitos bsicos, a qual recomenda-se a leitura.
3.1 Proteo passiva
3.1.1 Isolamento de Risco.
Edificaes consideradas isoladas entre si permitem s equipes do CB maior tranquilidade no
ato de evitar a propagao de edificao para edificao.
Em alguns casos h edificaes que dispe de paredes corta fogo, dividindo literalmente uma
parte da edificao da outra.
Um dos cuidados que se deve ter ajudar esta condio de isolamento, resfriando tais paredes e
verificando se do lado oposto ao incendiado no h materiais combustveis passveis de se incendiar
pelo aumento de temperatura, com calor conduzido pela prpria parede.
Como estas paredes devem ser auto portantes, muito cuidado deve ser tomado quanto a
possvel colapso estrutural.
J quando o isolamento obtido por distncia de separao entre fachadas, deve-se avaliar se o
calor irradiado no pode provocar propagao na edificao vizinha. Se for o caso, deve-se resfriar a
fachada sujeita exposio.
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 20
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 21
3.1.2 Compartimentao vertical e horizontal
A compartimentao horizontal se destina a impedir a propagao do incndio de forma que
grandes reas sejam afetadas, dificultando sobremaneira o controle do incndio, aumentando o risco de
ocorrncia de propagao vertical e aumentando o risco vida humana.
A compartimentao vertical se destina a impedir o alastramento do incndio entre andares e
assume carter fundamental para o caso de edifcios altos em geral. A compartimentao vertical deve
ser tal que cada pavimento componha um compartimento isolado.
As equipes de bombeiros devem analisar se o prdio possui estas caractersticas, isso um fator
fundamental para determinar a ttica a ser empregada, principalmente quando o fogo j atingiu um
estgio onde determinada parte do prdio considerada totalmente tomada pelas chamas e outra parte
pode ser atingida. Este caso, tomado como exemplo, um daqueles onde pode-se determinar que
esforos sejam concentrados na parte ainda no totalmente atingida claro, quando h boa
compartimentao vertical.
Outra influncia importante diz respeito velocidade de propagao e comprometimento da
segurana das equipes de bombeiros no interior do edifcio. Ou seja, se o prdio no possui
compartimentao vertical adequada, razovel supor que as equipes em pavimentos acima do
incendiado tem pouco tempo para realizar suas tarefas.
No havendo boa compartimentao vertical, faz-se necessrio esforo redobrado das equipes
de bombeiros para conter a propagao de andar para andar. Isto implica em planejamento logstico.
3.1.3 Resistncia ao fogo das estruturas
Uma vez que o incndio atingiu a fase de inflamao generalizada, os elementos construtivos
no entorno de fogo estaro sujeitos exposio de intensos fluxos de energia trmica.
A capacidade dos elementos estruturais de suportar por determinado perodo tal ao, que se
denomina de resistncia ao fogo, permite preservar a estabilidade estrutural do edifcio.
Os objetivos principais de garantir a resistncia ao fogo dos elementos estruturais so:
1) Possibilitar a sada dos ocupantes da edificao em condies de segurana;
2) Garantir condies razoveis para o emprego de socorro pblico, onde se permita o acesso
operacional de viaturas, equipamentos e seus recursos humanos, com tempo hbil para exercer as
atividades de salvamento (pessoas retidas) e combate a incndio (extino);
3) Evitar ou minimizar danos ao prprio prdio, a edificaes adjacentes, infra-estrutura
pblica e ao meio ambiente.
Os sinais que indicam possvel colapso estrutural esto descritos no captulo 6 deste manual.
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 21
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 22
Quando da elaborao de planos particulares de interveno (PPI), informaes sobre o tempo
de resistncia ao fogo das estruturas e possveis partes do prdio mais sujeitas a colapso so de
extrema importncia. Elas vo direcionar o planejamento no que diz respeito ao tempo em que as
equipes podem permanecer na edificao, alm de que partes do prdio devem ser protegidas da
exposio ao calor.
3.1.4 Revestimento dos materiais
Os materiais combustveis que integram os elementos construtivos de uma edificao influem
diretamente em incndios, seja pelo aumento da carga incndio, seja pela facilitao na propagao.
Caixes perdidos de lajes, forros e papis de parede so exemplos tpicos. A velocidade com
que o fogo se propagou no incndio do edificio da CESP em 1988 se deveu em grande parte caixes
perdidos posicionados na laje.
As equipes de bombeiros devem estar atentas existncia destes materiais e adotar as tcnicas
adequadas para reduzir sua influncia no incndio.
3.1.5 Meios de Fuga
Definio de rota de fuga pela instruo tcnica CB n 03/04:
4.427 Rota de fuga em tnel: Passagem para pessoas, devidamente sinalizada e monitorada,
dentro do tnel, que conduz a abrigo ou sada segura em caso de incidente, com ou sem incndio.
4.428 Sada de emergncia, rota de fuga, rota de sada ou sada: Caminho contnuo,
devidamente protegido e sinalizado, proporcionado por portas, corredores, halls, passagens externas,
balces, vestbulos, escadas, rampas, conexes entre tneis paralelos ou outros dispositivos de sada,
ou combinaes desses, a ser percorrido pelo usurio em caso de emergncia, de qualquer ponto da
edificao, recinto de evento ou tnel, at atingir a via pblica ou espao aberto (rea de refgio), com
garantia de integridade fsica.
De acordo com a Instruo Tcnica CB n 02/04, as rotas de fuga (meios de fuga) devem ser
compostas por:
9.2 Meios de fuga 9.2.1 Sada de emergncia Para salvaguardar a vida humana em caso de incndio necessrio que as edificaes sejam
dotadas de meios adequados de fuga, que permitam aos ocupantes se deslocarem com segurana para um local livre da ao do fogo, calor e fumaa, a partir de qualquer ponto da edificao, independentemente do local de origem do incndio. Alm disso, nem sempre o incndio pode ser combatido pelo exterior do edifcio, decorrente da altura do pavimento onde o fogo se localiza ou pela extenso do pavimento (edifcios trreos). Nesses casos, h a necessidade da brigada de incndio ou do Corpo de Bombeiros de adentrar ao edifcio pelos meios internos a fim de efetuar aes de salvamento ou combate. Essas aes devem ser rpidas e seguras, e normalmente utilizam os meios de acesso da edificao, que so as prprias sadas de emergncia ou escadas de segurana utilizadas para a
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 22
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 23
evacuao de emergncia. Para isso ser possvel as rotas de fuga devem atender, entre outras, s seguintes condies bsicas:
9.2.2 Nmero de sadas O nmero de sadas influi diretamente no abandono e acesso edificao, pois se houver uma
nica sada e esta estiver obstruda, toda a ttica de combate muda. Um exemplo a necessidade de
realizar todas as operaes pela fachada.
9.2.3 Distncia a percorrer Este critrio serve para que ningum caminhe mais do que 30 ou 40 metros at localizar uma
sada. Garante tambm s equipes de combate que todos os acessos estejam distribudos
adequadamente na planta.
9.2.4 Largura das escadas de segurana e das rotas de fuga horizontais Normalmente dimensionada para permitir a fuga dos ocupantes da edificao em duplas,
porm influi nos trabalhos de bombeiros, principalmente onde h necessidade de espao para
transportar vtimas (em hospitais a largura maior).
9.2.6 Projeto e construo das escadas de segurana Para evitar que escadas sofram colapso antes que todos os ocupantes deixem a edificao, deve
ser prevista uma resistncia ao fogo compatvel com o tempo de abandono da edificao. Mas no s
isso. As escadas tambm tem que ser acessos seguros para as equipes de bombeiros durante o combate
incndios. Como em incndios generalizados garantir que estruturas resistam indefinidamente
impossvel, fica estabelecida uma resistncia mnima medida em horas. Esta resistncia varia de 2 a 4
horas de fogo, o que pode ser garantido por estruturas ensaiadas em laboratrio.
9.2.7 Escadas de segurana As escadas de segurana devem ser projetadas levando-se em considerao principalmente o
fator abandono do local, porm tambm o acesso aos bombeiros e a questo do isolamento vertical.
Pelo Decreto Estadual 46076/01 e respectivas instrues tcnicas de So Paulo, h trs tipos
bsicos de escadas: No enclausurada ou comum, enclausurada protegida e prova de fumaa.
detalhes sobre estes tipos de escadas e suas subdivises podem ser encontrados na instruo tcnica n
11 do Corpo de Bombeiros do Estado de So Paulo.
Um detalhe interessante que se pode utilizar tais escadas para realizar ventilao, usando a
tcnica adequada claro. No captulo 4 deste manual tais tecnicas so descritas.
9.2.8 Corredores Vrios critrios existem para corredores usados como rotas de fuga. Dentre eles destaca-se o
controle de materiais de acabamento. Dessa forma, um corredor de rota de fuga pode ser um local
isento de fogo de onde as equipes de bombeiros podem se posicionar para acessar os ambientes
incendiados.
9.2.9 Portas nas rotas de fuga
COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS 23
MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 24
As rotas de fuga podem conter portas corta fogo ou portas comuns, alm das portas resistentes
ao fogo por 30 min, localizadas nas unidades autnomas de um determinado pavimento. Tais portas
tem a funo, quando assim for normalizado, de conter o fogo ou a fumaa, permitindo melhor
isolamento vertical da edificao, alm da diminuio da entrada de fumaa na caixa de escadas.
As equipes de bombeiros podem encontrar portas com calos para permanecer abertas, o que
no correto mas pode acontecer, devendo retir-los se o objetivo for garantir o isolamento vertical.
Ou podem encontrar portas fechadas e at mesmo trancadas, devendo usar das tcnicas de
arrombamento para acessar os locais desejados.
O simples manuseio destas portas pode auxiliar nos trabalhos de ventilao, conforme descrito
no captulo 4 deste manual ou no manual de ventilao.
H que se considerar tambm o fato de que do outro lado da porta podem existir obstcu-los ou
condies inseguras para os bombeiros, razo pela qual as tcnicas de explorao e arrombamento
devem ser seguidas risca.
9.2.11 Elevador de segurana Elevadores de segurana so projetados para garantir a fuga da populao da edificao em
condio segura, sem presena de fumaa e com a caixa devidamente isolada das reas de risco.
Ocorre que passado algum tempo do incio do incndio, mesmo estes elevadores podem estar
em condio insegura. Da que a liberao para uso pelas equipes de combate s pode ser dada aps
criteriosa avaliao das condies de segurana.
Desde a vigncia do Decreto Estadual 38069/93, no Estado de So Paulo, os edifcios com
altura acima de 12 m independente de sua ocupao, possuem a exigncia de, pelo menos, 1 escada
enclausurada para ser utilizada como rota de fuga.
Contudo encontramos vrios prdios antigos que possuem apenas escadas abertas sem proteo
do restante da edificao. E quando samos do Estado de So Paulo esta realidade ampliada.
O ideal para ser utilizado como rota de fuga em edifcios elevados seriam escadas
enclausuradas com protees passivas resistentes a, no mnimo, 2 horas de fogo, favorecendo aos
usurios uma evacuao segura e eficiente, e aos bombeiros um salvamento e explorao satisfatrios.
Caso as rotas de fuga de um edifcio alto atendam aos parmetros das normas, o trabalho do
Corpo de Bombeiro ser mais rpido e eficiente no tempo resposta e no servio operacional. Caso
contrrio o tempo resposta ser prejudicado e a eficincia depender da anlise da situao e da
atuao propriamente dito dos profissionais do Corpo de Bombeiros.
No momento do incndio em edifcios elevado as escadas, que so utilizadas como rotas de
fuga, nos prdios sem a proteo devida funcionam como chamins, dificultando a sada segura das
pessoas, e conseqentemente criando mais uma preocupao ao Corpo de Bombeiros.
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MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 25
3.1.6 Sistema de iluminao de emergncia
Esse sistema consiste em um conjunto de componentes e equipamentos que, em
funcionamento, propicia a iluminao suficiente e adequada para:
1) permitir a sada fcil e segura do pblico para o exterior, no caso de interrupo de
alimentao normal de energia;
3) garantir tambm a execuo das manobras de interesse da segurana e interveno de
socorro.
As equipes de bombeiros devem ter cincia que os pontos de luz de emergncia esto
normalmente posicionados nas rotas de fuga. Assim, mesmo que a fumaa esteja prejudicando a
visibilidade, ao visualizar ponto de luz, o bombeiro sabe que est em uma rota para sada da
edificao.
3.1.7 Acesso a viaturas do Corpo de Bombeiros
Os equipamentos de combate devem-se aproximar ao mximo do edifcio afetado pelo
incndio, de tal forma que o combate ao fogo possa ser iniciado sem demora e no seja necessria a
utilizao de linhas de mangueiras muito longas.
Para isto, se possvel, o edifcio deve estar localizado ao longo de vias pblicas ou privadas que
possibilitam a livre circulao de veculos de combate e o seu posicionamento adequado em relao s
fachadas, aos hidrantes e aos acessos ao interior do edifcio. Tais vias tambm devem ser preparadas
para suportar os esforos provenientes da circulao, estacionamento a manobras destes veculos.
Porm, podem ser encontrados edifcios cujo acesso de viaturas difcil. Neste caso, mais uma
vez, ressalta-se a necessidade de elaborao de PPI (Plano Particular de Interveno), de forma a
detectar tais condies e solucion-las quando possvel.
3.1.8 Meios de Aviso e Alerta
Sistema de alarme manual contra incndio e deteco automtica de fogo e fumaa
Quanto mais rapidamente o fogo for descoberto, correspondendo a um estgio mais incipiente
do incndio, tanto mais fcil ser control-lo; alm disso, tanto maiores sero as chances dos ocupantes
do edifcio sarem sem sofrer qualquer injria.
Encontrar a central de alarme e deteco e identificar o ponto de onde foi acionado o alarme
reduz o tempo para se localizar o foco de incndio, abreviando vrios procedimentos de explorao.
Porm, nenhum sistema est isento de erros, o que significa que independente de, num primeiro
momento, a equipe deslocar-se para o local indicado na central, outras equipes, posteriormente,
realizaro a busca e explorao no restante do edifcio.
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3.1.9 Sinalizao
A sinalizao de emergncia utilizada para informar e guiar os ocupantes do edifcio,
relativamente a questes associadas aos incndios, tambm pode servir s equipes de bombeiros ao
indicar sadas de emergncia, equipamentos como extintores ou hidrantes, alm de objetos e locais de
risco, como produtos perigosos, vasos sob presso, portas de acesso a caixa de elevadores e etc.
3.2 PROTEO ATIVA
3.2.1 Extintores portteis e Extintores sobre rodas (carretas).
As equipes de bombeiros podem e devem utilizar os extintores da prpria edificao, quando o
uso de gua das mangueiras no for necessrio.
Em determinados locais, onde h equipamentos de alto valor agregado, como os de informtica,
normalmente existe extintor porttil cujo agente extintor no causa dano adicional ao equipamento. Por
exemplo os extintores de gs carbnico ou outros agentes gasosos inertes (halotron, FM-200, Inergen,
etc).
3.2.2 Sistema de hidrantes
um sistema de proteo ativa, destinado a conduzir e distribuir tomadas de gua, com
determinada presso e vazo em uma edificao, assegurando seu funcionamento por determinado
tempo.
Sua finalidade proporcionar aos ocupantes de uma edificao, um meio de combate para os
princpios de incndio no qual os extintores manuais se tornam insuficientes.
Porm, o sistema de hidrantes especialmente til para as equipes de bombeiros. Isto porque
estender mangueiras em edificaes muito grandes e, especialmente, em edifcios altos no uma
tarefa fcil, alm de fazer com que a preparao para o combate demore demais ou at impor
impedimentos tcnicos. Um exemplo quando o edifcio to alto que a perda de carga gerada em
mangueiras no permite boa vazo nos esguichos das linhas de ataque, por deficincia de presso.
As viaturas de incndio (Auto Bombas, ABE, etc), podem utilizar como adutora a prpria rede
de hidrantes do edifcio por meio dos registros de recalque que so localizados no passeio pblico. Isto
implicar em menor carga a ser transportada pelos bombeiros at o local do incndio (menos
mangueiras, menos materiais hidrulicos, etc)
Porm, a rede de hidrantes pode no estar funcionando (vazamentos, obstrues, etc), da a
necessidade de utilizar tcnicas diferentes para aduo de gua, como as viaturas areas ou adutora de
mangueiras pela fachada. Estas tcnicas so melhor detalhadas no captulo 4 deste manual.
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3.2.3 Sistema de chuveiros automticos ("sprinklers").
O sistema de chuveiros automticos composto por um suprimento dgua em uma rede
hidrulica sob presso, onde so instalados em diversos pontos estratgicos, dispositivos de asperso
dgua (chuveiros automticos), que contm um elemento termo-sensvel, que se rompe por ao do
calor proveniente do foco de incndio, permitindo a descarga dgua sobre os materiais em chamas.
Ou ento ficam permanentemente abertos, sendo liberada a passagem de gua por uma vlvula ligada
ao sistema de deteco.
Figura 1 - Chuveiro automtico
Deve ser utilizado em situaes:
1) quando a evacuao rpida e total do edifcio impraticvel e o combate ao incndio
difcil;
2) quando se deseja projetar edifcios cujos pavimentos tem grandes reas sem
compartimentao.
Pode-se dizer que, via de regra, o sistema de chuveiros automticos a medida de proteo
contra incndio mais eficaz quanto gua for o agente extintor mais adequado.
De sua performance, espera-se que:
1) atue com rapidez;
2) extingua o incndio em seu incio;
3) controle o incndio no seu ambiente de origem, permitindo aos bombeiros a extino do
incndio com relativa facilidade.
As equipes de bombeiros devem ter cincia que possvel realizar manobras com esse sistema.
Cada pavimento tem uma vlvula de controle, onde o fluxo de gua pode ser fechado ou aberto. A
localizao exata dessa vlvula s pode ser obtida se o projeto tcnico de proteo contra incndios da
edificao estiver disponvel no posto de comando. Caso contrrio, as equipes tero que procur-la, em
alguns pontos provveis que so aqueles mais prximos do corredor ou hall principal de cada andar.
Dentro de banheiros, salas ou outra unidade autnoma, podendo estar junto ao teto, junto ao piso ou
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MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 28
escondido por forro falso, neste caso, com discretas aberturas (alapes ou portinholas). certo que as
normas exigem que tal vlvula seja de fcil acesso, porm diversos edifcios no atendem essa
condio.
Se um pavimento, por exemplo, estiver sendo inundado pelo sistema de chuveiros e isto causar
risco de colapso da laje em razo do peso da gua, essencial que os bombeiros saibam como fechar a
descarga de gua no pavimento escolhido. Assim no tero necessidade de fechar a descarga de todo o
prdio.
Outra manobra possvel a descarga em pavimento imediatamente acima do incendiado, de
forma a impedir ou reduzir a velocidade da propagao vertical do fogo. Para levar tal manobra a
efeito, em sistemas de chuveiros cujo aspersor controlado por elemento termo sensvel. Tais
elementos devem ser quebrados um a um.
3.2.4 Sistema fixo de CO2.
O sistema fixo de baterias de cilindros de CO2, consiste de tubulaes, vlvulas, difusores, rede
de deteco, sinalizao, alarme, painel de comando e acessrios, destinado a extinguir incndio por
abafamento, por meio da descarga do agente extintor.
Seu emprego visa proteo de locais onde o emprego de gua desaconselhvel, ou locais
cujo valor agregado dos objetos e equipamentos elevado nos quais a extino por outro agente
causar a depreciao do bem pela deposio de resduos.
Como o CO2 um gs asfixiante, especial cuidado deve ser tomado com a proteo
respiratria, alm do que, existindo vtimas no ambiente, faz-se necessrio fechar a vlvula de
segurana que todo sistema obrigatoriamente deve ter. Localizar esta vlvula, da mesma forma que a
vlvula do sistema de chuveiros automticos, depende da disponibilidade do projeto tcnico no local
do incndio. Caso contrrio, os bombeiros tero que procur-la. Normalmente ela est instalada
prximo bateria de cilindros.
Figura 2 - Sistema de CO2
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3.2.5 Brigada de incndio
A populao do edifcio deve estar preparada para enfrentar uma situao de incndio, quer
seja adotando as primeiras providncias no sentido de controlar o incndio, quer seja abandonando o
edifcio de maneira rpida e ordenada.
Para isto ser possvel necessrio como primeiro passo, a elaborao de planos para enfrentar a
situao de emergncia que estabeleam em funo dos fatores determinantes de risco de incndio, as
aes a serem adotadas e os recursos materiais e humanos necessrios. A formao de uma equipe com
este fim especfico um aspecto importante deste plano, pois permitir a execuo adequada do plano
de emergncia. Outro aspecto a participao do Corpo de Bombeiros local que, por sua vez,
elaborar seu PPI.
Essas equipes podem ser divididas em duas categorias, decorrente da funo a exercer:
1) Equipes destinadas a propiciar o abandono seguro do edifcio em caso de incndio.
2) Equipe destinada a propiciar o combate aos princpios de incndio na edificao.
Quando da chegada das equipes do Corpo de Bombeiros, as brigadas devem estar orientadas a
informar a situao, porm os bombeiros no devem aguardar que isto realmente ocorra. O
comandante deve procurar algum da brigada e se informar.
O uso desse efetivo nas operaes de combate est limitado ao fato de que raramente
brigadistas possuem equipamento de proteo individual. Portanto, seu emprego pode ser feito nas
reas externas do incndio em operaes de apoio, como abastecimento de gua ou transporte de
materiais.
3.2.6 Planta de risco
fundamental evitar qualquer perda de tempo quando os bombeiros chegam ao edifcio em que
est ocorrendo o incndio. Para isto necessrio existir em todas as entradas do edifcio (cujo porte
pode definir dificuldades as aes dos bombeiros) informaes teis ao combate, fceis de entender,
que localizam por meio de plantas os seguintes aspectos:
1) ruas de acesso;
2) sadas, escadas, corredores e elevadores de emergncia;
3) vlvulas de controle de gs e outros combustveis;
4) chaves de controle eltrico;
5) localizao de produtos qumicos perigosos;
6) reservatrios de gases liquefeitos, comprimidos e de produtos perigosos.
7) registros e portas corta-fogo, que fecham automaticamente em caso de incndios e botoeiras
para acionamento manual destes dispositivos;
8) pontos de sadas de fumaa;
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9) janelas que podem ser abertas em edifcios selados;
10) painis de sinalizao e alarme de incndio;
11) casa de bombas do sistema de hidrantes e de chuveiros automticos;
12) extintores etc.
13) sistema de ventilao e localizao das chaves de controle;
14) sistemas de chuveiros automticos e respectivas vlvulas de controle;
15) hidrantes internos e externos e hidrantes de recalque e respectivas vlvulas de controle;
As equipes ento devem sempre questionar os brigadistas quanto existncia dessa planta de
risco. O ideal que uma cpia esteja disponvel no posto para consulta. Porm a exigncia legal
iniciou em 2002, o que obviamente faz com que tal disponibilidade s ocorra em alguns casos.
Novamente torna-se importante a elaborao de PPI, pois durante o processo de elaborao do
plano, um dos itens a planta de risco.
Figura 3 - Planta de risco
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MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 31
CAPTULO 4 - TCNICAS DE COMBATE
4.1 Avaliao
A avaliao consiste em colher todas as informaes disponveis que sero utilizadas para
tomada de decises acerca das tticas e tcnicas a empregar, alm das necessidades logsticas e de
pessoal.
A avaliao no se restringe ao primeiro contato com o local do sinistro, mas deve ser feita a
partir da chamada ao Centro de Operaes de Bombeiros (COBOM) ou Centro de Atendimento e
Despacho (CAD) e continuar durante o atendimento da emergncia, possibilitando reduo de tempo
resposta na alocao de recursos e mudanas necessrias durante o desenvolvimento dos trabalhos.
A NOB-15 estabelece quais dados devem ser colhidos, j no acionamento do servio, que so:
" H vtimas? Quantas pessoas encontram-se no local?
Tipo de edificao? Tipo de ocupao? rea aproximada? Altura?
H fogo? Muito? S fumaa? Qual a cor?
Qual tipo de material que est queimando? Existem outros materiais? Quais?
Existe possibilidade de propagao?
Existem edificaes circunvizinhas? Qual a ocupao?"
Informaes complementares devem ser colhidas ainda no deslocamento:
Quantas e quais viaturas esto a caminho?
Deduzir quantos bombeiros ter disposio em um primeiro momento.
Onde a fonte de abastecimento mais prxima?
Quanto ter de gua no primeiro momento?
Qual a capacidade, em vazo e presso, da bomba do AB que est a caminho?
suficiente para recalcar gua em razo da altura do prdio?
Haver necessidade de iluminao?
Quantos EPR estaro disponveis no primeiro momento? Como recarreg-los?
Quando d chegada ao local, cada integrante da guarnio j deve ter aes a desenvolver
padronizadas por meio de POPs. Isto permitir ao Cmt da Guarnio que se concentre na avaliao
enquanto sua guarnio toma as atitudes preliminares. Deve ento colher os seguintes dados:
Condies do logradouro, j imaginando como ficariam dispostas as viaturas.
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MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 32
Viso externa do local do sinistro, atentando para qual o pavimento atingido,
intensidade do fogo, volume de fumaa, caractersticas da fachada em relao propagao vertical
externa (distncia verga-peitoril das aberturas, tipo de fechamento das aberturas, existncia de abas
laterais ou platibandas) e em relao a queda de elementos da fachada no logradouro.
Existncia de vtimas junto s aberturas e sua localizao.
Edificaes vizinhas, atentando para possibilidade de propagao e uso para acessar ou
abandonar o edifcio sinistrado.
Condies do local quanto ao uso de viaturas areas (fios energizados, distncia do
meio fio ao corpo do edifcio e, se possvel, condio do piso para suportar o peso).
Informaes do pessoal do prdio, confirmando suspeita de vtimas, local do incndio,
existncia e atuao da brigada, desligamento da energia, recolhimento dos elevadores, nmero e tipo
de escadas, riscos especiais (depsitos de produtos combustveis ou inflamveis, reas em reforma,
arquivos, sinais de colapso estrutural, localizao da central de GLP, etc).
Neste momento o Cmt da guarnio dever decidir se far explorao do local para coletar
mais dados ou permanecer no solo para comandar as operaes, recebendo informaes melhores da
guarnio de explorao.
Os princpios do SICOE determinam que o bombeiro mais antigo deve permanecer fora da
edificao e montar o Posto de Comando.
Em alguns casos, considerando que a guarnio de incndio foi a primeira a chegar ao local,
aceita-se que seu Cmt integre a equipe de explorao para colher informaes mais seguras. Podendo
comunicar-se via rdio com as equipes fora do edifcio, dirigindo os trabalhos no solo e, assim que
possvel, retirar-se do prdio para levar a efeito a instalao do Posto de Comando. Caso chegue
bombeiro mais antigo, manter-se integrando sua guarnio, transmitindo informaes ao mesmo via
rdio.
Aps coletadas essas informaes, o Cmt decide as tticas e tcnicas a serem empregadas e as
coloca em prtica, informando ao COBOM sobre a situao do local ( desejvel que essas
informaes sejam transmitidas o quanto antes, mesmo que de forma fracionada) e sobre as
necessidades de apoio operacional.
Durante o atendimento da emergncia, faz-se necessrio reavaliar todas as variveis, para ento
responder conforme as necessidades que vo surgindo, como:
H risco de colapso estrutural? Qual o tempo estimado?
H comunicao com todas as equipes destacadas?
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MCIEA MANUAL DE COMBATE A INCNDIO EM EDIFCIOS ALTOS 33
Qual a evoluo do fogo aps combate? Est diminuindo? Est isolado? (no atingir
outras edificaes) Est confinado? (no atingir outras partes da edificao) Est se propagando?
Qual a evoluo da fumaa? A ventilao deu resultado? As rotas de fuga esto livres
de fumaa? H algum pavimento sob risco de propagao por conveco?
Qual o andamento da busca e explorao? Quantas vtimas foram salvas?
Qual o estado fsico das guarnies? E sua autonomia de ar?
Alm destes, outros dados podem se tornar importantes para tomada de decises, no devendo
nenhuma informao ser descartada at que se confirme.
Sempre que houver troca de comando, o novo comandante deve procurar o anterior para
receber informaes. Isto porque o anterior sempre estar mais ocupado em suas funes.
Assim que houver meios adequados, o Posto de Comando deve dispor de registros sobre o
andamento da emergncia, a fim de facilitar a tomada de decises, evitando conflitos de
procedimentos, falta de coordenao dos trabalhos de duas ou mais equipes e facilitando a transmisso
de informaes.
4.2 Explorao
Foi realizado um ensaio em Ribeiro Preto, rea do 9 GB, onde se aferiu o tempo mdio que
uma equipe de explorao leva para subir escadas de um edifcio e explorar pavimentos. Trs equipes
foram montadas pela guarnio de salvamento do PB-Ribeiro Preto, cujos integrantes possuem,
dentre outros, o curso de salvamento terrestre. Cada equipe efetuou a subida das escadas e teve seu
tempo aferido. Tambm efetuaram a explorao de olhos vendados e sem venda, com o tempo
igualmente aferido. Os resultados sero apresentados no decorrer deste captulo 4, associados com
aplicaes prticas. Ressalta-se que o local escolhido foi um prdio de escritrios com rea de
pavimento de 250 m, que possui leiaute interno bastante comum em nossos edifcios. Isto foi
confirmado aps pesquisa realizada na seo de atividades tcnicas (SAT) do 9 GB. Para o fim que se
destina nesse captulo 4, tal ensaio pode perfeitamente ser adotado como parmetro, visto que
eventuais diferenas entre equipes de bombeiros de outros postos no estado no viriam a alterar as
aplicaes prticas decorrentes.
Decidido explorar o local, as equipes, aps serem divididas e alocadas devem proceder a busca