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Farejador de Plágio - Registrado para - Não Registrado - Programa de Pós-graduação Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária – PPGCTIA Inovação, Integração Regional e Internacionalização Professor Cezar Augusto Miranda Guedes Tecnologia de Inoculantes Leonardo Araujo Terra 201415300016-3

Tecnologia de Inoculantes

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Revisao da tecnologia de inoculantes.

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Farejador de Plágio - Registrado para - Não Registrado -

Programa de Pós-graduação Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária – PPGCTIA

Inovação, Integração Regional e Internacionalização

Professor Cezar Augusto Miranda Guedes

Tecnologia de Inoculantes

Leonardo Araujo Terra

201415300016-3

Page 2: Tecnologia de Inoculantes

Agosto 2014

Sumário

Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)........................................................................................2

Panorama de inoculantes no Brasil................................................................................................2

Legislação de Inoculantes..............................................................................................................2

Inoculantes comerciais...................................................................................................................2

Conclusões.....................................................................................................................................2

Anexo I...........................................................................................................................................2

Anexo II.........................................................................................................................................2

Referências Bibliográficas.............................................................................................................2

Page 3: Tecnologia de Inoculantes

Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)

O aumento progressivo da população mundial, que deve atingir oito bilhões de

pessoas em 2030, demanda maiores recursos nas áreas de energia e de alimentos, parte

dos quais vem sendo alcançados através do cultivo em áreas novas, frequentemente

marginais e impróprias para a agricultura.

A necessidade de desenvolvimento e utilização de tecnologias que garantam a

segurança alimentar, mas que preservem o meio ambiente é importante para manter os

recursos naturais, pois nas ultimas décadas estima-se que cerca de dois dos 8,7 bilhões

de hectares de terras agricultáveis, pastagens permanentes e florestas do mundo tenham

sido degradadas. (HUNGRIA, 2007)

O nitrogênio (N) é um elemento químico que constitui proteínas e ácidos

nucleicos, macromoléculas biológicas fundamentais para todos os processos essências

às células, sendo o nutriente requerido em maior quantidade pelas plantas. Embora o

nitrogênio molecular (N2) seja o elemento químico mais abundante na atmosfera,

compondo aproximadamente 80% de sua totalidade, o fato de se encontrar em sua

forma mais estável, faz com que o mesmo não possa ser utilizado pela maioria dos seres

vivos. A estabilidade do gás N2 se deve à presença de uma forte ligação tríplice, entre as

duas moléculas de N. Portanto, o mesmo necessita ser transformado quimicamente em

formas combinadas, como nitrato, amônia, ou compostos mais complexos, como os

aminoácidos, para se tornar acessível a {www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103...}

maioria dos organismos vivos.

A reação de redução do N2 para amônia (NH3) ocorre em três rotas principais. A

primeira, chamada fixação não biológica é independente da ação de organismos vivos e

resulta de processos naturais, como a reação de descargas elétricas com o N2, a

combustão e o vulcanismo. Essa fonte contribui com, aproximadamente, 10% das

entradas de N na Terra. A segunda rota ocorre pelo método industrial Haber-Bosch,

utilizado na produção de fertilizantes nitrogenados (cerca de 50 % do N2 fixado por ano)

(FINAN et al., 2002). Este processo industrial requer altas temperaturas (300º a 600ºC)

e altas pressões (200 a 800 atm), além de catalisadores contendo ferro ( SMIL, 2001 ).

A terceira {www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S01 {www.scielo.br/….php?

script=sci_arttext&pid=S0100...} 00...} fonte de N para as plantas é representada pelas bactérias

fixadoras de N ou diazotróficas, bactérias e archeae que {www.scielo.br/….php?

Page 4: Tecnologia de Inoculantes

script=sci_arttext&pid=S0100...} são capazes de reduzir o nitrogênio atmosférico a amônia

graças à ação da enzima dinitrogenase ( IGARASHI & SEEFELDT, 2003 ).

{www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100...} Essa enzima é capaz de romper a tripla

ligação do N2, uma das mais fortes de que se tem conhecimento na natureza, reduzindo-

o a NH3 da mesma forma obtida no processo industrial. Ao que se refere ao meio {www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0 {www.scielo.br/….php?script=sci_arttext&pid=S0102...} 100...}

ambiente e à agricultura mundial, esse processo é extremamente vantajoso, já que repõe

o conteúdo de nitrogênio na biosfera e compensa as perdas que ocorrem devido ao

processo de desnitrificação (DIXON & KAHN, 2004).

Tendo em vista que a disponibilidade de nitrogênio é um fator limitante à

produtividade agrícola, há um aumento cada vez maior na utilização de fertilizantes

pelo homem (DIXON & KAHN, 2004; GALLOWAY, 1998; SOCOLOW, 1999).

Consequentemente, nos últimos 60 anos, a atividade humana está acelerando a taxa de

fixação do nitrogênio, através da produção industrial de fertilizantes nitrogenados e da

combustão de combustíveis fósseis (VITOUSEUK et al., 1997; GALLOWAY, 1998).

Os fertilizantes nitrogenados representam a forma assimilada com maior rapidez pelas

plantas, porém a um custo muito elevado. O gasto de fontes energéticas por tonelada de

amônia sintetizada é de, aproximadamente, seis barris de petróleo, inviabilizando a

manutenção de qualquer programa energético. (REIS et al., 2009)

No que diz respeito às bactérias, as primeiras a alcançar renome internacional, e

que até hoje representam o grupo mais estudado, foram aquelas conhecidas

popularmente como rizóbios, posicionadas na subdivisão alfaproteobacteria. A

contribuição pela fixação biológica de N por estas bactérias ocorre de forma simbiótica

entre plantas da família Leguminosae com bactérias pertencentes a diversos gêneros

consagrados [ Allorhizobium (=Rhizobium), {www.scielo.br/scielo.php?

script=sci_arttext&pid=S0103...} Azorhizobium, Bradyrizobium, Mesorhizobium, Sinorhizobum

(=Ensifer), Rhizobium], além de outros gêneros recentemente descritos como

simbióticos [Burkholderia, Methylobacterium Devosia, OchrolactrumPhyllobacterium,

Ralistonia (Cupriavidus)]. A simbiose ocorre devido a formação de nódulos, facilmente

identificados nas raízes das plantas leguminosas. Nesses nódulos, o amônio sintetizado

abundantemente nas células bacterianas é distribuído para a planta hospedeira e

incorporado em diversas formas de N {www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100...}

Page 5: Tecnologia de Inoculantes

orgânico, como os ureidos, aminoácidos e amidas; em contrapartida, a planta hospedeira

oferece a bactéria proteção e matéria orgânica (WEIR, 2010)

O N é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja. Estima-

se que para produzir 1000 {www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/inoculacao.htm

{www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/inoculacao.htm} } kg de grãos são necessários aproximadamente

80 kg de N. Basicamente, as fontes de N para a cultura da soja são os fertilizantes

nitrogenados e o N atmosférico que se torna disponível através da FBN (HUNGRIA et

al., 2001).

A FBN representa um dos principais fatores de competitividade da cultura da

soja. Com a exploração desta tecnologia, que é prática amplamente difundida e

utilizada pelos produtores de soja no Brasil, estima-se a economia de fertilizantes

nitrogenados em três bilhões de dólares anuais (HUNGRIA et al., 2005 ), e obtém-se

alta produtividade de grãos (ZILLI et al., 2006).

A caracterização de espécies de bactérias fixadoras de nitrogênio associadas a

gramíneas tem despertado interesse em seu potencial uso como inoculante nessas

culturas, para além do já estabelecido uso de Bradyrhizobium na soja. Dentre essas

bactérias, encontram-se o consórcio de cinco espécies de bactérias diazotróficas,

Azospirillum amazonense, Gluconacetobacter diazotrophicus, Herbaspirillum

seropedicae, Herbaspirillum rubrisubalbicans e Burkholderia tropica, que tem

demonstrado efeito de promoção do crescimento vegetal quando inoculada em cana-

de-açúcar (OLIVEIRA et al., 2006). Por essa razão, esse consórcio de bactérias tem

sido recomendado pela Embrapa como inoculante para a cana-de-açúcar.

Panorama de inoculantes no Brasil

No século passado, estudos com a bactéria Rhizobium, revolucionaram e

melhoraram a cultura de soja no Brasil. Graças ao forte empenho desenvolvido ao

longo de décadas por pesquisadores em centros como a Empresa Nacional de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA) e a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária

(FEPAGRO) a produção de soja é para o Brasil atualmente o carro chefe do sucesso

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de inoculantes no país. Como resultado desse trabalho, o Brasil tem hoje uma produção

de soja em torno de 56 milhões de toneladas por ano e já economizou dezenas de

bilhões de dólares, ao deixar de consumir adubos nitrogenados nas últimas décadas.

Dois pesquisadores pioneiros nessa área e que merecem destaque são Johanna

Döbereiner e João Rui Jardim Freire, que colaboraram de forma fabulosa nas pesquisas

de inoculantes, colocando o Brasil no topo no cenário mundial nas tecnologias de

inoculantes desenvolvidas atualmente.

Johanna Döbereiner, nascida em 28 de novembro de 1924 em Aussig (nos

Sudetos) na então Tchecoslováquia, foi contratada em março de 1951 como assistente

de pesquisa do Dr. Álvaro Barcellos Fagundes, diretor do Serviço Nacional de

Pesquisas Agronômicas do Ministério da Agricultura (SNPA), passando a trabalhar

no Laboratório de Microbiologia de Solos. O SNPA posteriormente se transformaria na

EMBRAPA, onde ela trabalhou até o final de sua vida. Na década de 1970, seus estudos

levaram a descoberta da ocorrência de uma associação entre as bactérias do gênero

Spirillum e as gramíneas, na qual a bactéria fixava nitrogênio para a planta sem ter a

necessidade de fertilizantes químicos. Diante da sua descoberta, Johana aplicou seu

método no cultivo da cana de açucar e os bons resultados permitiram a implementação

do Programa Nacional do Álcool (PROALCOOL), um programa de substituição em

larga escala dos combustíveis veiculares derivados de petróleo por álcool, financiado

pelo governo brasileiro a partir de 1975. Além disso, seu trabalho levou o país a

melhorar a produção de diversas leguminosas, a um custo mais baixo e com menor

poluição do meio ambiente, valendo a ela a indicação ao prêmio Nobel da Paz em 1997.

Também tornou-se uma das cientistas brasileiras mais citada pela comunidade científica

mundial e também a mais citada entre as mulheres (Fonte: CNPq).

Outro pesquisador que contribuiu fortemente para o avanço de inoculantes no

país foi João Rui Jardim Freire. Carioca, nascido em 1923, foi precursor da técnica do

uso de inoculantes de rizóbios, reduzindo assim os custos na cultura de soja. Passou a

maior parte da vida trabalhando na área de agropecuária, iniciou sua carreira

profissional na Seção de Bacteriologia da Secretaria Estadual da Agricultura,

atualmente denominado Laboratório de Fixação Biológica de Nitrogênio (LFBN), da

FEPAGRO. Freire teve participação importante na instalação da primeira indústria para

Page 7: Tecnologia de Inoculantes

a produção comercial de inoculantes de rizóbios para leguminosas no Rio Grande do

Sul.

Foi através dele também que houve a implantação do trabalho de seleção de

estirpes, coletando material em diversas áreas do estado, identificando material de

alta capacidade de fixação do nitrogênio, sendo algumas destas estirpes ainda hoje

utilizadas na produção de inoculantes. Mas, a par de todo o trabalho de laboratório, de

fundamental importância, vale ressaltar que, para a indústria de inoculantes, a

contribuição do pesquisador não foi menos importante, principalmente em três

aspectos: a orientação técnica para a implantação da primeira fábrica de inoculantes no

Brasil, a formação de mão de obra especializada para produzir inoculantes de qualidade

e a criação da estrutura de pesquisa e legislação para a área de inoculantes. Graças as

suas pesquisas, o Brasil é hoje o maior produtor mundial de inoculantes para

leguminosas, com índices de inoculação de cerca de 50% da área plantada com soja, o

que traz benefícios econômicos e ambientais para o país. (FREITAS, 2011)

Dois grandes eventos ocorridos na década de 1980 marcaram os passos

principais que alteraram os rumos de produção e melhoria da qualidade de inoculantes

no Brasil (Figura 1). O primeiro foi a elaboração da legislação de inoculantes, que

promoveu sua regulamentação e fiscalização, permitindo produtos mais eficazes para

atender melhor o agricultor. Através desta legislação, elaborada em conjunto pelo

Ministério da Agricultura com a contribuição de indústrias de inoculantes, grande

parte das empresas obtiveram registros legais de funcionamento e recursos mínimos

que garantiram produtos de boa qualidade aos agricultores. Além disso, a legislação

também permitiu o credenciamento de um profissional técnico para o exercício da

atividade nestas indústrias (Sessão de Legislação de Inoculantes).

Page 8: Tecnologia de Inoculantes

Figura 1. Linha do tempo da trajetória de inoculantes no Brasil. (ARAUJO, 2013)

Outro grande passo importante, por iniciativa de Jardim Freire, foi realizado em

Curitiba-PR no ano de 1985. Neste ano ocorreu a primeira reunião entre

pesquisadores da área de Fixação Biológica de Nitrogênio para discutir os progressos

de estirpes de leguminosas. Após várias reuniões, foi aprovada pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em junho de 1988, a RELARE

(REDE DE LABORATÓRIOS, PADRONIZAÇÃO E DIFUSÃO DE

TECNOLOGIA DE INOCULANTES MICROBIOLÓGICOS DE INTERESSE

AGRÍCOLA), que teve como objetivos as aprovações de protocolos para a validação de

produtos à base de diversos microrganismos, além da aprovação de estirpes para

diversas leguminosas (RELARE, 2007).

Atualmente, é na assembléia geral da RELARE que pesquisadores e

representantes das indústrias de produtos microbianos, devidamente credenciados,

reúnem-se em caráter ordinário, de dois em dois anos, para apresentar trabalhos nas

etapas finais de recomendação de estirpes, tecnologia e metodologias.

Das reuniões da RELARE surgiu à criação de um banco de estirpes, local onde

fica armazenada a coleção de estirpes de Rhizobium e Bradyrhizobium, as quais são

distribuídas para as empresas com garantia de pureza e outras características

Page 9: Tecnologia de Inoculantes

essenciais para a produção dos inoculantes. Desde então, a FEPAGRO é a instituição

responsável por assegurar a manutenção e distribuição das estirpes recomendadas,

enquanto que o MAPA legaliza e rege as leis para a produção de comerciantes

comerciais no território nacional.

Legislação de Inoculantes

O órgão responsável pela inspeção, fiscalização da produção, importação,

exportação e comércio de inoculantes é o MAPA, promulgado em 16 de dezembro de

1980. O primeiro decreto, nº 6.894, dispõe sobre “A inspeção e fiscalização da

produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou

biofertilizantes, destinados à agricultura”. Nos anos posteriores foi publicado o decreto

n° 4.954 com instruções normativas, portarias, leis ordinárias e resoluções, e a Instrução

Normativa nº 13, de 24 de março de 2011, que aprovou normas sobre especificações,

garantias, registro, embalagem e rotulagem dos inoculantes destinados à agricultura,

bem como as relações dos microrganismos autorizados e recomendados para produção

de inoculantes no Brasil.

A Coordenação de Fertilizantes, Inoculantes e Corretivos (CFIC) é o órgão do

MAPA responsável pela organização da fiscalização em âmbito nacional, orientado a

ação fiscal dos estados onde se concentram a produção e o consumo de inoculantes

(QUEIROZ, 2005).

Afim de impedir a má qualidade de inoculantes, além de sistemas inadequados que

resultariam em números reduzidos de células viáveis nas sementes, com consequente

perda de FBN, a Legislação vigente, em relação às leguminosas, exige uma

concentração mínima de 1,0 x 109 de células viáveis por grama ou mililitro de produto

adquirido , mantendo a garantia registrada até a data de seu vencimento. Entretanto,

na cultura de soja é recomendada concentração mínima de 600.000 células bacterianas

para 50 kg de sementes (Anexo I). E no caso de aplicação no sulco de semeadura,

deverá ser utilizada, por hectare, seis vezes a dose recomendada para a aplicação nas

sementes (MAPA, 2006). É importante salientar, porém, que para pesquisas já há uma

recomendação do uso de 1.200.000 células.semente-1 (Anexo II).

Page 10: Tecnologia de Inoculantes

No Brasil, ainda não há uma legislação para a regulamentação de inoculantes para

culturas específicas de gramíneas. Assim, os valores de referência para riqueza dos

inoculantes para gramíneas usados pela indústria são baseados na proposta elaborada

pela RELARE de 1,0x108 células por mililitro ou grama do produto (RELARE, 2010).

Juntamente com o Brasil, a Argentina é destaque na produção de inoculantes no

mundo, contando com uma legislação específica para o controle de qualidade,

estipulada pela SENASA (Servicio Nacional de Sanidad Agraria). Por isso, várias

pesquisas de inoculação vêm sendo desenvolvidas neste país, como por exemplo, o

estudo do Azospirillum brasilense, realizado na maior instituição de pesquisa no ramo, o

Instituto Nacional de Tecnología Agropecuária (INTA).

Mesmo havendo uma legislação de inoculantes na Argentina, a qualidade da

venda de inoculantes de soja aos agricultores vem sendo questionada, pois não há

controle sobre a estirpe utilizada. Além disso, constatou-se a presença de altos níveis de

contaminantes e, consequente diminuição do número de células de Bradyrhizobium

japonicum durante armazenamento e distribuição (BENINTENDE, 2010).

Inoculantes comerciais

A inoculação das sementes de soja com microrganismos fixadores de

nitrogênio substitui a adubação nitrogenada, promovendo uma economia de bilhões de

dólares anualmente (HUNGRIA, 2007). Outro benefício importante refere-se ao

aproveitamento do nitrogênio fixado, não existindo perdas como as que ocorrem ao se

utilizar fertilizantes ( LOMBARDI , 1999 ; CHUEIRE, 2000).

No Brasil, foram comercializados 20 milhões de doses de inoculantes em 2009,

das quais 99% foram para a cultura da soja, classificando o país como o maior produtor

mundial de inoculantes para leguminosas. A figura 2 mostra a projeção de vendas de

1999 a 2011 das empresas associadas à Associação Nacional dos Produtores e

Importatores de Inoculantes (ANPII, 2010).

Page 11: Tecnologia de Inoculantes

Figura 2. Vendas de inoculantes das empresas filiadas à ANPI

O inoculante contendo bactérias formadoras de nódulos nas raízes das plantas

(rizóbios) é desenvolvido e produzido de acordo com protocolos estabelecidos pela rede

de laboratórios para recomendação, padronização e difusão de tecnologia de inoculantes

microbiológicos de interesse agrícola (RELARE, 2007).

A oferta de inoculantes no mercado é bastante variada, de acordo com as

necessidades do agricultor e sua utilização pode ser por utilização de suporte líquido,

turfoso, gel ou liofilizado, sendo o veiculo turfoso o mais utilizado.

O suporte turfoso é obtido a partir da turfa, que é um tipo de material

orgânico ácido, após passar por um processo de moagem, peneiração e correção de

pH. Para ser utilizado como veículo para inoculantes, a turfa deve possuir um percentual

de matéria orgânica acima de 80%, baixo teor de cloretos e ausência de areia, para não

causar dano às máquinas semeadeiras (CÂMARA, 1998). É importante ressaltar que a

turfa seja esterilizada, para aumentar o tempo de sobrevivência do inoculante e para que

não haja competição com outros microrganismos, como fungos, actinomicetos e outras

bactérias, os quais poderiam prejudicar seu crescimento e consequentemente,

dificultar a obtenção do número adequado de células (HUNGRIA et al, 2001)

O inoculante liquido é composto por um substrato estéril que simplifica o

processo de produção, pois pode ser produzido e esterilizado na própria indústria. Além

disso, por ser fluido, a adesão dos microrganismos, assim como sua aplicação é

facilitada. No entando, a sobrevivência de bactérias nesse tipo de inoculante e nas

sementes é dificultada devido a falta de proteção do estresse ambiental em relação aos

Page 12: Tecnologia de Inoculantes

microrganismos presentes em um inoculantes como turfa (SINGLETON et al., 2002;

TITTABUTR et al., 2007).

Atualmente existem diversas instituições credenciadas a RELARE e a ANPII

que produzem e comerciazam inoculantes para diversas culturas de plantas para

atender as necessidades de produção do agricultor brasileiro.

Conclusões

Para o desenvolvimento e liberação de um inoculante são necessários diversos

estudos em laboratório. Testes fenotípicos, bioquímicos e moleculares são realizados

para permitir rápida identificação de estirpes para o levantamento de bactérias

endofíticas ou bactérias nativas formadoras de nódulos nas raízes das plantas (rizóbios),

além de estudos em condições controladas de casa-de-vegetação e no campo (REIS et

al., 2013).

Em reuniões técnicas, a RELARE avalia e divulga todos os resultados

apresentados tanto para seleção de estirpes eficientes e competitivas, de interesse agronômico,

quanto para a eficácia de uma determinada formulação e, em seguida, se pertinente, faz a

recomendação para o MAPA.

O desenvolvimento de inoculantes para as culturas da família Poaceae

(antiga Gramineae) é de interesse do setor agrícola e vem sendo trabalhado na Embrapa

Agrobiologia há muitos anos. Assim, diversos estudos foram realizados para definir um

produto que responda total ou parcialmente às necessidades da cultura (OLIVEIRA et

al, 2006). Na cultura da cana-de-açúcar, a inoculação dessas bactérias, previamente

selecionadas no laboratório, é feita por ocasião da implantação no canavial (diretamente

nos toletes) e após o corte das canas (nas soqueiras). Atualmente, o consórcio de

bactérias para a cultura de cana-de-açúcar é composto por cinco espécies de bactérias

diazotróficas, Azospirillum amazonense, Gluconacetobacter diazotrophicus,

Herbaspirillum seropedicae, Herbaspirillum rubrisubalbicans e Burkholderia tropica e

estão aguardando liberação pelo MAPA.

Os fertilizantes nitrogenados prejudicam a fixação biológica de N2 e, mesmo

uma dose inicial, não resulta em incrementos no rendimento de grãos. Em um cálculo

teórico, se forem consideradas as necessidades da cultura da soja em N (300 kg N. ha -1),

Page 13: Tecnologia de Inoculantes

o preço do N-fertilizante e a área cultivada com essa leguminosa, verifica-se que a

fixação biológica do N2, representa, hoje, uma economia estimada em cerca de US$ 6,6

bilhões por safra para o Brasil (HUNGRIA, 2007). Deve-se destacar, ainda, o valor

inestimável pela menor poluição dos lagos e rios pelo nitrato, evitando futuros

investimentos na área de despoluição ambiental e, possivelmente, menor emissão de

gases de efeito estufa.

Anexo I

Como fazer o cálculo teórico do número de células de Bradyrhizobium por semente

(HUNGRIA, 2007).

Informações disponíveis

População desejada 600.000 células por semente

1 Kg de sementes da cultivar 7.000 sementes

Concentração do inoculante adquirido 2,4 x 109 células por g (turfa) ou mL (líquido)

do produto

Cálculo

O agricultor deseja 600.000 células x 7.000 sementes 4,2 x 109 células por kg de

sementes

Tendo um inoculante com 2,4 x 109, será necessário fazer a divisão 4,2 x 109/2,4 x

109 = 1,75 mL do produto por kg de semente

Para um saca de 50 Kg de sementes serão necessários, portanto 1,75 g ou mL do

produto x 50 kg de semente = 87 g ou 87 mL do produto

É muito importante salientar, porém , que as sementes devem receber uma cobertura

uniforme do inoculante. Na prática embora a concentração de células posso ser

adequada, dificilmente se obtém uma boa distribuição com volumes inferiores a 100 mL

por 50 kg de sementes.

Page 14: Tecnologia de Inoculantes

Anexo II

Como fazer o cálculo teórico do número de células de Bradyrhizobium na

inoculação de sulco (HUNGRIA, 2007).

Informações disponíveis

População desejada 600.000 células por semente

1 Kg de sementes da cultivar 7.000 sementes

Concentração do inoculante adquirido 2,4 x 109 células por L do produto

Condições de semeadura 60 Kg de semente.ha-1

Cálculo

O agricultor deseja 600.000 células x 7.000 sementes 4,2 x 109 células por kg de

sementes

Tendo um inoculante com 2,4 x 109, será necessário fazer a divisão 4,2 x 109/2,4 x

109 = 1,75 mL do produto por kg de semente

Para 60 Kg de sementes.ha-1 serão necessários, portanto 1,75 g ou mL do produto x

60 kg de semente = 105 mL do produto

Como a inoculação no sulco requer seis vezes a dose recomendada 105 mL x 6 = 630

mL do inoculante.ha-1 (que devem se diluídos em, pelo menos, 50 litros de água de boa

qualidade).

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