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Teoria Crítica, Novas Tecnologias e Educação: nos bastidores da
informatização da universidade1.
Soraia Maria dos Santos Pereira2 e
Bruno Pucci3
Resumo: As novas tecnologias permeiam/ medeiam nossas relações econômicas, sociais,
culturais, educacionais, políticas. Quando observamos o progresso de um país ou de uma
organização, estamos supondo sua articulação imperiosa com a criação e/ ou emprego das
tecnologias de ponta. Esta exposição se propõe apresentar e analisar a progressiva
mediação das novas tecnologias em uma organização educacional superior e, apoiada nos
pensadores da primeira geração da Escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer e Marcuse),
questionar a linear vinculação do progresso das máquinas ao bem estar da humanidade,
bem como o emprego indiscriminado dos instrumentais tecnológicos no interior de uma
instituição educacional. Parte-se da hipótese de que a tecnologia quanto mais invade o
espaço educacional, mais subjuga seus usuários a sua lógica operacional, sistemática e
mecanicista e debilita sobremaneira o processo de formação dos educandos e dos
educadores. Como criar mecanismos de proteção contra a necessidade irreversível da
utilização das novas tecnologias no espaço acadêmico?
Pensar em tecnologia atualmente é o que mais se faz, principalmente nas
concernentes aos computadores. Um olhar mais apurado sobre este fato evidencia que o
consumidor de serviços informáticos está o tempo todo atrás das últimas novidades que,
compulsiva e desmesuradamente, emergem no mercado. As pessoas, na tentativa alucinante
de acompanhar o ritmo do avanço tecnológico, buscam – mais por modismo que por
necessidade – equipar seus computadores com acessórios e recursos os mais modernos,
que, por ironia do destino, em pouco tempo se tornarão descartáveis. Mas, para além do
1 Trabalho produzido a partir da pesquisa do tema “O impacto das novas tecnologias na educação: o sistema de informatização da UNIMEP”, de Soraia Maria dos Santos Pereira, bolsista de Iniciação Científica, vinculada ao Projeto “Tecnologia, Cultura e Formação”, desenvolvido por Bruno Pucci, CNPq. 2 Graduanda em Psicologia da UNIMEP e bolsista de Iniciação Científica, CNPq.
2
emprego particular das tecnologias de ponta, é fato que a informática permeia (senão todas)
a maioria de nossas relações públicas, é o motor propulsor de pesquisas e investigações, e
largamente utilizada como meio de previsão e controle. Enfim, são as múltiplas facetas da
informática e sua maleabilidade que encantam os consumidores e nos fazem pensar que o
progresso social está necessariamente na dependência da metamorfose tecnológica, que se
consuma em nossa sociedade e se alastra até os espaços mais ínfimos e privativos de nossas
vidas.
Poder-se-ia perguntar: e qual é a novidade? Aparentemente nenhuma. Afinal,
quantas vezes não lemos em algum lugar ou alguém nos disse que a informática é o ponto
culminante do progresso e o estágio mais avançado da humanidade? Quantas vezes não nos
deparamos com a promessa de que os recursos tecnológicos poderiam propiciar a melhoria
das condições de vida planetárias? E em quantos momentos não torcemos pela expansão
tecnológica em nosso país, como forma de aperfeiçoar nossos setores comerciais e
industriais e, assim, reverter a visão que os países mais potentes conservam do Brasil? Ou
ainda, em quantas circunstâncias não julgamos a capacidade e o potencial formativo de
nossas escolas e universidades, tendo como parâmetro o grau de informatização ou o
potencial tecnológico empregado em seus serviços? Enfim, não constitui nenhuma
revelação insólita, mas, ao contrário, uma evidência, a concepção positiva acerca da
informática que perpassa o imaginário coletivo e individual nos dias em que vivemos. Mas
convém argumentar que o que se intenciona pôr em prática nas páginas que se seguem,
longe de ser a exaltação das qualidades benemerentes das novas tecnologias emergentes, é a
tentativa de iluminar o que há além do imediatamente visível, por detrás de sua máscara de
neutralidade e inocência.
Como vimos, é fato que as novas tecnologias vêm sendo largamente empregadas
nos mais variados setores de nossa sociedade. Utilizadas primariamente para atender às
demandas das grandes indústrias e dos setores financeiros, não mais se restringem a tais
espaços. Por conta de uma determinação do sistema econômico capitalista globalizado, que
anseia cada vez mais expandir seu poderio, o maquinário tecnológico – revestido de um
discurso utópico e estratégico de progresso – adentrou outros espaços na sociedade e
3 Professor Titular do PPGE/UNIMEP, pesquisador do CNPq e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa “Teoria Crítica e Educação”.
3
alastrou-se pelos mais ínfimos recônditos sociais, transformando-se num recurso capaz de
suprir as diversas exigências e as complexas tarefas, inclusive as do âmbito educacional.
Tal fato tem despertado a preocupação e o interesse de muitos estudiosos, que
discutem e criticam o alastramento generalizado da tecnologia; dentre eles, o Grupo de
Estudos e Pesquisas “Teoria Crítica e Educação”, que, mediante o embasamento fornecido
pela Teoria Crítica da Sociedade, procura estudar mais detidamente os malefícios gerados
pelo avanço técnico-científico do capitalismo contemporâneo, sem desconhecer sua
insuspeita ambigüidade. Sob a temática “O impacto das novas tecnologias na educação: o
sistema de informatização da UNIMEP”, o presente trabalho tem por intento, a partir do
delineamento e da análise do processo de informatização da UNIMEP, bem como, de sua
abrangência progressiva, evidenciar que
... enquanto o conhecimento técnico expande o horizonte de atividade do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação de massas, o seu poder de imaginação e o seu juízo independente sofreram aparentemente uma redução. O avanço de recursos técnicos de informação se acompanha de um processo de desumanização. Assim, o progresso ameaça anular o que se supõe ser o seu próprio objetivo: a idéia de homem (Horkheimer, 1.946, p.74).
Pressupõe-se que, pela análise do sistema de informatização da UNIMEP, tornar-se-
á possível evidenciar que a universidade, ao empregar ilimitadamente instrumentais
tecnológicos nos seus mais variados setores (inclusive nas salas de aula), acaba adotando a
lógica sistemática e operacional, que perpassa o cerne de tais instrumentais. E em
decorrência, vai, a despeito do que deveria ser seu objetivo, deixando à deriva seu
comprometimento com a formação acadêmica discente e revestindo-se de um caráter mais
tecnicista. Pressupõe-se que a invasão das tecnologias no âmbito educacional da UNIMEP
– na mediação professor e aluno, no processo ensino e aprendizagem – tem empobrecido a
prática docente, fazendo com que os educadores supervalorizem a quantidade de
informações a serem transmitidas, em detrimento da qualidade dos conteúdos das
disciplinas que ministram. Vale ressaltar ainda outro pressuposto: o alastramento
tecnológico generalizado não permite aos demais funcionários da instituição saírem indenes
de seu ataque; isso porque, quanto mais a tecnologia se expande, mais determina o aumento
4
do ritmo e do tempo de trabalho, sem que com isso seja valorizada a atuação dos
trabalhadores.
Trata-se, pois, de uma pesquisa empírica, que – partindo das contribuições teóricas
ofertadas pelos pensadores frankfurtianos e por outros intelectuais contemporâneos – busca
investigar – por meio de técnicas de entrevistas realizadas com funcionários e docentes da
Universidade e documentos coletados – como a tecnologia foi cada vez mais ganhando
espaço na instituição e enquadrando em seus parâmetros binários os setores acadêmicos e
administrativos.
É fato que, muito antes do primeiro computador passar pelas portas da UNIMEP,
inúmeros equipamentos desta natureza já se encontravam disseminados no país, desde os
anos 1.959 — cerca de treze anos após a invenção do primeiro destes equipamentos nos
Estados Unidos4. Estas máquinas destinaram-se a atender, fundamentalmente, às demandas
de determinadas empresas, institutos e órgãos nacionais, como por exemplo, à indústria
alimentícia Anderson Clayton, ao Jóquei Clube de São Paulo, ao Governo do Estado de São
Paulo e ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na esfera acadêmica, a
primeira instituição a adquirir um computador foi a PUC-RJ, seguida pela USP e pelo
Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Aliás, o desenvolvimento tecnológico no país e sua abrangência ulterior estão, de
forma intrínseca, vinculados às contribuições ofertadas pelas duas últimas universidades
supramencionadas (a USP e o ITA), que, em meados do século XX, desenvolveram
inúmeras pesquisas nesta área, na tentativa de promover seu crescimento nacional. A USP,
em particular, foi o palco da criação dos primeiros computadores brasileiros: o “Patinho
Feio”5 e o G106, construídos, respectivamente, nos anos 1.972 e 1.975. Já o ITA, dentre
4 O primeiro computador, o Eniac (Eletronic Numeral Integrator and Calculator), construído por J.P. Eckert e J. W. Mauckly na Moore School of Enginnering, da Universidade da Pensilvânia, em 1.946 (cujo processo de confecção fora iniciado em 1.944, ainda durante a Segunda Guerra Mundial) permitiu o deslanchar da informática e a sua inserção na era da eletrônica. 5 Criado no interior do Laboratório de Sistemas Digitais da USP. O processo de elaboração do mesmo contou com a participação de muitos especialistas estrangeiros (especialmente europeus e norte americanos), que durante os primeiros anos da década de 70 estiveram na USP. 6 A iniciativa para a criação do G10 partiu da marinha brasileira que, em 72, firmou acordo com a USP, propondo-lhe a desenvolver um protótipo de computador digital, mediante a transmissão de sua tecnologia à Equipamentos Eletrônicos; transação esta que não se consumou. Somente em 75 tal projeto pôde ser
5
outras coisas, “foi fundamental para a capacitação de um grande número de engenheiros e
tecnólogos para a formação dos quadros iniciais da informática, tanto no setor acadêmico,
como no industrial” (Motoyama e Marques, 1994, p. 382).
Visto que a informática já se encontrava presente e atuante no interior de diversos
espaços educacionais brasileiros, sua inserção na UNIMEP não lhe custou grande esforço.
Foi exatamente nos anos que principiaram a década de 70 que seu, então, reitor –
vislumbrando a possibilidade de prestar melhores serviços internos e, ao mesmo tempo,
influenciado pela necessidade de fornecer suporte laboratorial ao emergente curso de
processamentos de dados – firma um acordo com a empresa Dedini, que na época estava
efetuando a substituição de suas máquinas, disponibilizando-se a comprar um de seus
equipamentos: um computador do tipo IBM 11/30. Tratava-se de uma máquina
extremamente grande e antiquada, que operava pelo sistema de perfuradora de cartões7.
Cônscio da inexperiência dos funcionários da universidade em relação ao procedimento
operacional necessário ao funcionamento deste equipamento, o reitor decide-se por
contratar mão-de-obra terceirizada, convocando a trabalhar neste novo processo
funcionários da empresa que lhe vendeu o equipamento, já bastante familiarizados com
seus mecanismos. É neste momento, precisamente, que a informática começa a executar
seus primeiros passos na instituição, a princípio sorrateiros e vagarosos, mas que, tão logo,
seriam convertidos numa corrida desenfreada, que revelaria, com o tempo, a índole
abrangente e sistemática de que se lhe reveste. Utilizada, a princípio para suprir às
demandas de determinadas esferas da área acadêmica (como o sistema de matrículas, de
presença dos alunos e professores), a informática amplia seu espaço e passa a ser
empregada, simultaneamente, em prol de demandas externas às institucionais. Um fato
importante que torna verídica tal assertiva é que, em 1.973, o computador da universidade
processou eletronicamente o resultado da eleição municipal de Piracicaba, divulgando-o em
primeira mão, antes mesmo que fosse conhecido pelo Tribunal Regional Eleitoral. A Justiça
concretizado; o que se deu nas dependências da própria universidade (na escola politécnica da USP), sob o patrocínio da empresa Cobra. 7 Este sistema funcionava da seguinte maneira: determinados cartões, contendo 80 colunas cada um deles eram postos em contato com uma máquina perfuradora, que embutia nos mesmos, determinadas informações que poderiam, ulteriormente, ser lidas e processadas pela máquina.
6
Eleitoral, ao tomar conhecimento deste feito, firmou um convênio com a Universidade e as
apurações dos votos de três eleições consecutivas foram processadas em suas dependências.
Além de dirigir-se para outros contextos extra-institucionais e de cada vez mais
alargar seu campo de atuação, mais a tecnologia aprimorava-se no interior da UNIMEP.
Assim, em 1.974, o equipamento IBM 11/30 é substituído por uma versão mais atualizada:
o IBM/ 3, que, embora ainda mantivesse o mesmo método operacional da perfuradora de
cartões, em contrapartida, apresentava-se dotado de uma performance bem melhor que a do
anterior. Desde então, as invenções e substituições tornar-se-iam periódicas e contínuas.
Os acontecimentos desencadeados no início da década de 1.980 confirmam a
proposição acima exposta. Neste período, a universidade realiza significativas
transformações em seus recursos tecnológicos informatizados; começa a adotar medidas
para a substituição do método da perfuradora de cartões, por julgá-lo incompatível com
suas demandas e sua realidade. Medidas estas que culminaram na implantação – no ano de
1.981 – de um sistema on-line, conhecido como UNIVAC 9030, que a princípio foi
utilizado pelo setor de contabilidade; este novo equipamento, além do uso interno, forneceu
pacotes de serviços a escritórios de contabilidade, que firmavam convênios com a
universidade. Internamente, a informática, além de alastrar-se pela área acadêmica –
engolfando, em sua totalidade, o sistema de matrículas, de freqüência, de notas –, começa a
disseminar-se para a área administrativa: setores contábil e financeiro. E quanto mais
evoluía e se aprimorava, mais comprimia a realidade institucional, tornando-a – além de
fechada e contraída em si mesma – estrategicamente mais padronizada.
Entretanto, apesar de esboçar sua fúria expansiva e sistemática, a tecnologia
informacional ainda não havia mostrado, efetivamente, as conseqüências de sua progressiva
expansão; estas passariam a ser sentidas exatamente neste momento (por conta da inserção
do equipamento UNIVAC no contexto universitário) e afetariam, fundamentalmente,
aqueles indivíduos diretamente relacionados com o manuseio dos computadores. A
introdução do equipamento UNIVAC 9030, cuja bibliografia técnica era extremamente
complexa – constituída por 30 manuais em língua inglesa, que, por sua vez, possuíam cerca
de 300 páginas cada manual –, dificultou consideravelmente o trabalho de grande parte dos
funcionários do Centro de Processamento de Dados, que, além da habilidade técnico-
7
operacional, deveriam portar outros conhecimentos suplementares. Ainda neste sentido,
verificava-se que, quanto mais a evolução de técnicas e de equipamentos se processava no
interior da universidade, mais a estrutura funcional do CPD era alterada, exigindo
constantes readaptações e ocasionado, em decorrência, transtornos às pessoas que
trabalhavam nesta área. Mas o doloroso deste processo é que os seus resultados traduziram-
se na exoneração de 22% (em média) dos funcionários, que não se adaptaram, ou melhor,
que não responderam adequadamente às exigências que lhes eram constantemente
imputadas, por conta das periódicas inovações processadas pelas máquinas e equipamentos
tecnológicos. Diante disso, a tecnologia (como não aceita desaforos e detesta ser
contrariada em suas ordens soberanas e sagradas) procedeu destituindo-lhes
(impiedosamente) de seus empregos.
O fato acima exposto que, em certa medida, retrata a imponderabilidade das
conseqüências que o avanço tecnológico pode gerar, reporta-nos a uma metáfora utilizada
por Bianchetti (2001, p.18) que, com toda fidedignidade, não deixa dúvidas de que o
autoritarismo e a inclemência são as marcas de nascença das novas tecnologias digitais.
Para o autor,
... a situação dos trabalhadores hoje os coloca frente à necessidade de uma revisita à mitologia grega e a uma releitura do desafio/ameaça da esfinge – ‘decifra-me ou te devorarei’ –, inscrita no pórtico à entrada da cidade de Tebas. A reescrita seria: se não me decifrares serás devorado; se me decifrares te devorarei. Ou em outras palavras: se os trabalhadores não decifrarem e solucionarem os problemas que causam a interrupção da prestação dos serviços (...) são ‘devorados’ do posto ou do setor de trabalho; decifrando e resolvendo as imponderabilidades, o seu saber com o tempo, é ‘devorado’ e transforma-se em trabalho objetivado nos equipamentos, restringindo o espaço da presença dos trabalhadores.
Ainda neste período, a UNIMEP contratou técnicos especializados para trabalhar no
lugar das pessoas que haviam sido demitidas. Estes novos profissionais, formados pelo
curso de tecnólogo oferecido pela própria instituição, foram treinados por um especialista
da cidade de São Carlos, que fora trazido à Universidade para melhor administrar a questão
da crescente tecnologização que se consumava em seu meio. Pelo exposto, torna-se notório
que quanto mais o avanço tecnológico se processava, mais se acentuavam as exigências e
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as cobranças sobre os funcionários, demandando dos mesmos aperfeiçoamento constante e
periódico, se não quisessem ser tragados pelo ritmo da marcha tecnológica.
Contudo, apesar do explícito interesse da universidade na difusão e aprimoramento
da informatização em seu ventre, algumas condições obstaram sua consecução plena.
Dentre elas a crise econômica, vivenciada pela UNIMEP de 1.981 até os últimos anos da
década, provocada pela redução excessiva em seu número de alunos. Se, em 1.980, a
universidade possuía aproximadamente 7.300 estudantes, no ano seguinte este número foi
reduzido a 5.600 (uma perda de 25%). Tal fato ocasionou sério déficit orçamentário para a
UNIMEP. Nesta conjuntura, a possibilidade de se fazer novos investimentos na informática
e de acompanhar o ritmo acelerado das modernizações tornar-se-ia praticamente
inexeqüível. Como a instituição tinha custos fixos — como a implantação da carreira
docente e da carreira administrativa, qualificação do professores etc — tornava-se-lhe
impossível despender dinheiro para bancar os custos que um sistema informacional mais
moderno iria requerer.
Um fato relevante, que aumenta as proporções da crise enfrentada, é a proposta
lançada pelo CPD em 1.983 para a substituição do sistema UNIVAC 90/30 e endereçada ao
vice-reitor da Universidade na época, que não pôde ser concretizada naquele ano, em razão
da situação econômica precária da instituição. Somente em 1.986, o UNIVAC 90/30 pôde
ser substituído pelo B.6910.
Em meio à situação deficitária, a Secretaria Acadêmica da UNIMEP passou a
oferecer grande resistência à consumação do processo de informatização. Devido à
precariedade de investimentos em tecnologia, o computador da universidade tornava-se
cada vez mais ultrapassado; por conseguinte, os erros apresentados na execução de suas
operações mostravam-se evidentes e constantes. Diante disso, o secretário acadêmico da
época adotou medidas tentando cercear o processo de informatização do acadêmico, por
julgá-lo incapaz de suprir as suas exigências. Iniciativas estas que incidiram diretamente
sobre o CPD, que, por sua vez, via-se impotente diante da ineficácia do seu equipamento e
da capacidade limitada do mesmo, pois sabia que naquele momento era impossível comprar
máquinas ou softwares atualizados.
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Entrementes, as barreiras impostas e a rejeição à tecnologia informacional,
explicitada neste período, não foram capazes de dissipar seu alastramento. A informática,
mesmo em ruínas, continuou a difundir-se pelo contexto universitário, sendo incrementada
com mais velocidade e mais acessórios. Tanto é que o relatório das atividades
desenvolvidas pelo CPD, em 1.982, longe de apresentar uma redução nas funções
desenvolvidas com o auxílio da informática, expõe, antagonicamente, a participação ativa
deste setor na execução de diversas tarefas alicerçadas no uso dos computadores:
transformações efetuadas nos sistemas de folha de pagamento, de avaliação e vestibular;
além de outros serviços inerentes a entidades externas à Universidade.
Porém, se nos primórdios da década de 80, o CPD sofrera grande pressão pela
precariedade de seu equipamento, em 1.985, tornou-se-lhe impossível administrar seus
serviços sob os efeitos da crise que acometia a universidade. Diante disso, seu coordenador
reportou-se até o reitor, expondo-lhe a situação caótica pela qual passava o setor, marcada
pela notória redução no quadro de funcionários, pela decorrente sobrecarga de trabalho e
pela má qualidade dos serviços prestados; e solicitou-lhes que se posicionasse em relação a
algumas propostas – lançadas pelo próprio CPD –, que intentava reverter tal panorama.
Em relação à diminuição do quadro de funcionários do CPD, é necessário frisar que
a discrepância entre o número de pessoas que trabalhavam neste setor em 1.981 e aquele
apresentado em 1.985 é no mínimo alarmante. Se, no início da década de 80, o CPD
contava com um número considerável de pessoas que lhe prestavam serviços internos, em
pouco tempo, esta soma seria sensivelmente reduzida. Apesar da crise institucional ser uma
das grandes responsáveis pela exoneração de muitos funcionários do setor em questão, não
podemos perder de vista que, em paralelo a ela, a informática continuava a consumar-se no
ventre institucional. Fato este que não descarta a possibilidade de esta última ter dado
grande parcela de contribuição às demissões que, em larga escala, ocorreram neste período.
Tal assertiva se torna mais evidente se se levar em conta que, tendencialmente, quanto mais
a informática se expande e se aperfeiçoa, mais se torna capaz de executar tarefas
diversificadas e, concomitantemente, mais torna-se-lhe possível desempenhar atividades
que antes eram estritamente humanas. É este um dos maiores dilemas que afronta os
homens, num período em que o ápice do aperfeiçoamento tecnológico é acompanhado do
decrescimento da participação humana no contexto de trabalho.
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De objetivação em objetivação nos equipamentos, dos conhecimentos produzidos pelos humanos, a presença de homens e mulheres no processo produtivo vai sendo restringida. E isto, que poderia estar sendo saudado como a concretização da utopia do tempo-espaço do não-trabalho, invade o cotidiano das pessoas – subjetivo e inter-subjetivo de forma assustadora. Dilemas inimagináveis assumem dimensões concretas (...) a necessidade de ter que lutar para garantir a existência de um trabalho que degrada, pois a sua inexistência é mais degradante; a dúvida entre colocar em ação um saber que vai criar uma solução original para determinado produto ou processo e o receio de que, ao ser objetivado este saber, o seu criador se torne descartável (BIANCHETTI, 2.001, p.172).
É evidente que a crise enfrentada pela UNIMEP foi o vetor da situação a que foi
arrebatado o CPD em 1.985; porém isto é apenas o aparente. Podemos desconfiar que existe
algo mais. Tentando obter indícios que validem esta proposição, damos prosseguimento ao
relato, tendo como parâmetro apenas uma certeza: a pretensa neutralidade tecnológica não
passa de logro.
Culpada ou inocente, o fato é que, nem a crise nem as objeções a sua expansão e
nem tão pouco a relevância de suas conquistas, foram capazes de frear a informatização.
Até 1.986, o método da perfuradora de cartões ainda não havia sido completamente
descartado, já que o mesmo era até então empregado no laboratório de computação, que
prestava serviços aos alunos. Ao término de cada dia de aula, as listas de presença dos
alunos, devidamente descritas em folhas específicas, eram encaminhadas ao laboratório,
que, por sua vez, endereçava-as, através do malote da madrugada, ao Campus Centro, onde
as informações eram digitadas e impressas nos cartões, que seriam lidos e processados via
computador, para que então os interessados fossem informados acerca dos resultados. O
processo acarretava muitos erros e requeria um prazo longo para ser concluído (cerca de
dois dias); entrementes, demandava a participação de um número considerável de pessoas
para sua execução. Em 1.986, este processo foi finalmente abandonado, já que, neste ano,
houve a expansão de terminais, fixados em diversas partes da Universidade, impulsionando
uma grande melhoria na dinâmica de funcionamento, mas ocasionando, em contrapartida,
uma significativa redução no número de pessoas envolvidas no trabalho, uma vez que, a
partir de então, tornou-se possível ao usuário utilizar-se diretamente dos terminais, sem a
necessidade de intermediários.
11
Todavia, apesar de evidenciar seu caráter seletivo, as pessoas que trabalhavam nos
setores afetados estavam tão enlevadas com as “maravilhas” propiciadas pela
informatização, que tornavam-se-lhes quase imperceptíveis as conseqüências que ela
acarretava no interior da universidade. Assim, mais intensamente este processo ia sendo
engendrado, mais seus malefícios passavam despercebidos. Dupas tenta assim explicar essa
ilusão ótica:
As novas tecnologias têm sido legitimadas pelos impressionantes resultados de alguns de seus êxitos, fazendo-as adquirir uma auréola mágica e determinista e colocando-as acima da razão e da moral. A razão técnica teria sua lógica própria e um poder sem limites. (...) Posições de cautela com relação a alimentos transgênicos, objeções éticas quanto aos imensos riscos da manipulação genética e reações contra o desemprego gerado pela automação radical, tudo é encarado como posição reacionária de quem não quer o progresso (DUPAS, 2001, pp. 117-122).
Aliás, a impossibilidade de vislumbrar outras coisas que não a “reluzência” do
suposto progresso, propiciado pela automação da vida, já é uma tendência incorporada na
própria sociedade. O fato analisado sob o prisma de uma perspectiva particular (no âmbito
do contexto universitário) reflete apenas aquilo que já está presente no universalidade (na
sociedade como um todo), na qual:
Passa despercebido o caráter intrinsecamente predatório de uma cultura e de uma sociedade que começam a considerar legítimas e justas tanto a redução dos seres vivos à condição de matéria-prima sem valor quanto a pretensão do biotecnólogo de reivindicar para sua atividade ‘inventiva’ a exclusividade da geração de valor. Passa despercebida a desqualificação sumária do ‘trabalho’ da natureza e de todo tipo de trabalho humano, em todas as culturas e sociedades, exceto o trabalho tecnocientífico (SANTOS, 2003b, p.21).
Era exatamente a crença na intrínseca relação entre informática e progresso que
permeava tanto as atitudes quanto as reivindicações dos funcionários do CPD. Em 1.986 a
situação deste setor não era nada satisfatória; isso impulsionou as pessoas que trabalhavam
nesta área a encaminharem um ofício ao reitor, expondo o panorama de seus salários e
pleiteando reajustes; solicitação esta que a princípio foi negada, acarretando grandes
discussões e um estado de paralisação no interior do CPD, que só seria equacionado após
um acordo firmado com a administração geral.
12
Este documento se faz importante, porque além de permitir-nos entender melhor a
amplitude do problema – já que expõe a defasagem no quadro de funcionários, a pouca
experiência dos recém-contratados, a sobrecarga de trabalho e a má qualidade dos serviços
–, ainda, e fundamentalmente, denota a forte crença solidificada no interior deste centro, de
que a disseminação da informatização poderia ser a única solução para o equacionamento
da crise enfrentada pela instituição; crença esta que nutria a esperança de que a introdução
do equipamento Burroughs – adquirido naquele ano – pudesse tornar possível à UNIMEP a
automação de quase a todos os seus setores, mediante a informatização.
Embora a expectativa criada em torno da ampliação da automação dos setores da
universidade não tenha podido ser concretizada, como queria o CPD, o fato é que, em
1.987, grandes transformações se consumam. Os primeiros microcomputadores chegam à
UNIMEP, sendo a princípio implantados apenas na área acadêmica, particularmente no
núcleo de computação; somente algum tempo depois é que a área administrativa receberia o
primeiro deles, por intermédio de uma doação do Banco Safra. No entanto, como o CPD
não tinha experiência em microinformática, quem passou a lhe dar suporte técnico foi a
área acadêmica, ou, mais especialmente, o próprio laboratório do curso de Informática, em
que existiam pessoas capacitadas, por já estarem envolvidas há mais tempo neste processo.
Ainda em 1.987, mediante a análise da situação de grandes empresas que adotavam
setores específicos para lidar com a questão da informática, os funcionários do laboratório
passam a vislumbrar a possibilidade de se colocarem os PCs em setores estratégicos; tarefa
esta que, embora já em vigor, até então não era tida como um trabalho oficial do
laboratório. Este período se caracterizou como momento em que a disseminação da
informatização atingiu seu apogeu. Isso porque a UNIMEP podia contar tanto com o
auxílio dos terminais de grande porte, quanto com aquele proveniente dos
microcomputadores. Tal fato propiciou um aumento relevante no número de matrículas
para os cursos de informática e intensificou, simultaneamente, os investimentos nesta área.
Dois anos mais tarde (1.989), a universidade começa a sair da crise financeira vivida
até então. Neste momento, foram instalados 2 terminais na área acadêmica, 46 micros no
Campus Taquaral e 20 no Campus de Santa Bárbara D’ Oeste. Com o incentivo do novo
reitor da UNIMEP (que assumira o cargo um ano antes), o processo de expansão de
13
servidores e de laboratórios de informática foi consideravelmente ampliado. Além do que, é
neste ínterim que se consagra o funcionamento do sistema de redes e que a reitoria da
UNIMEP solicita ao reitor da Universidade de São Paulo o ingresso na rede USP e na rede
internacional BINET, que, dentre outras coisas, fornecia amplo auxílio às pesquisas, muito
embora estas últimas ainda se encontrassem incipientes na UNIMEP, devido ao escasso
incentivo oferecido a ela. Tal solicitação foi concedida, mas somente em 1.994 passa a ser
posta em vigor, exatamente quando a instituição adquire – por intermédio da FAPESP – um
link para interligar sua rede à da USP; o que tornou possível o acesso à Internet.
Contudo, apesar do abrangente espaço que os microcomputadores tinham ocupando
na universidade até então, foi somente em 1.990 que a microinformática pôde efetivamente
firmar-se enquanto um setor autônomo, desvinculando-se do Centro de Processamentos de
Dados. Isto se deu – particularmente – graças às pesquisas de docentes e funcionários do
laboratório de Computação, que vislumbrando outras oportunidades, para além daquelas da
área técnica, investigam a presença da microinformática no seio de três grandes empresas
da região (DEDINI, ROMI e FABER CASTEL) e desenvolvem, em decorrência, projetos
voltados à explicitação das vantagens da microinformática na UNIMEP. Eis o momento em
que a tecnologia informacional de pequeno porte começa a reinar na instituição. Eis
também o período em que os conflitos e as tensões entre novo setor e o Centro de
Processamento de Dados tornam-se acirrados.
Vinculada a princípio à direção geral do IEP8 – enquanto que o CPD se ligava à
vice-reitoria administrativa da UNIMEP –, a microinformática era capaz de desempenhar
certas habilidades, sobre as quais o Centro de Processamento de Dados não tinha domínio;
além do que podia efetuar tarefas antes pertencentes a este último, de uma forma mais
prática e veloz. Um exemplo disso: à medida que a tarefa de digitação – antes executada
pelo CPD através de um longo processo, que requeria a participação de um número
considerável de pessoas –, passou a ser efetuada pela microinformática, seu tempo foi
encurtado de modo considerável e, concomitantemente, prescindiu da ajuda da equipe de
digitação. Tais fatos geraram muitos conflitos entre ambos, principalmente porque,
conforme foram sendo instalados os microcomputadores nos setores, e os serviços, antes
8 IEP = Instituto Educacional Piracicabano, cujos membros eram escolhidos pelos dirigentes da Igreja Metodista, que dava nome à universidade.
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efetuados pelo CPD, transferiram-se à microinformática, ocorreu uma descentralização de
poder, uma vez que o dono das informações passou a ser o próprio setor.
Muito embora – segundo informações obtidas – as pessoas que compunham a
equipe de digitação e preparação de dados, existente até o ingresso da microinformática na
instituição, não tenham sido demitidas – já que foram enquadradas em outros
departamentos –, tal fato não serve de argumento em favor da tecnologia. Pois embora esta,
neste caso não as tenha feito perder o emprego, causou-lhes infortúnios no sentido de
verem-se obrigadas a se adaptar a outras funções, que talvez nem mesmo correspondessem
às suas especialidades; o que evidencia que a tecnologia, além de tornar cada vez mais
dispensável o trabalho humano, tende a depreciá-lo e desvalorizá-lo. Na posse de outros
termos pode-se inferir que aos trabalhadores,
... não há mais, como no predomínio do paradigma anterior, a possibilidade de delimitar num espaço e tempo uma qualificação e, a partir da construção desta, sentir-se indefinidamente seguro num posto de trabalho. As mudanças são rápidas e constantes, exigindo mobilidade e novas sínteses no interior do processo dialético da transformação-adaptação (BIANCHETTI, 2.001, p.35).
E mais ainda: a efemeridade do tempo e do espaço e, em decorrência, dos
conhecimentos e habilidades técnico-operacionais dos trabalhadores – tanto dos que
compõem a realidade estudada, quanto daqueles atuantes nos processos de trabalho de
outras entidades sociais – de modo equivalente, acarretam-lhes outros aborrecimentos de
igual monta, uma vez que as metamorfoses que se consumam em relação aos recursos
tecnológicos e que
... estão a exigir dos trabalhadores novas qualificações e os obrigam, num curto espaço de tempo, a assumir novas funções, qualitativa e quantitativamente diferentes das anteriores, levam-nos a se defrontar e, quando possível, superar os seus limites, pagando um preço muitas vezes superior às suas possibilidades humanas (BIANCHETTI, 2.001, p.152).
Ainda nesta direção, um outro fato que merece ser sublinhado, na tensão entre o
CPD e o setor da Microinformática, era o receio, por parte dos pertencentes ao grande
porte, de que a nova tecnologia emergente pudesse substituí-los, exatamente por ser capaz
de fazer tudo aquilo que eles faziam, dependendo, inclusive, de menor potencial e
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capacidade. Tal fato já denota um certo reconhecimento (embora inconsciente) por parte
dos funcionários, de que a abrangência progressiva da tecnologia e seu crescente
aperfeiçoamento não são tão inocentes como se tende a pensar. Era a ameaça do
desemprego que pairava no ar e fazia com que os funcionários do grande porte (imbuídos
pelo instinto de sobrevivência), lutassem, desmesuradamente, contra esta nova tecnologia
que tentava devorá-los.
Tal disputa perdurou até 1.994, quando – atestando-se a inutilidade de se manter
dois setores paralelos, os responsáveis por ambos negociaram a fusão das duas equipes; o
que se consumou mediante a criação de um organograma específico, que viria reorganizar a
distribuição de pessoal e que propiciaria a criação, no interior do CPD, de duas assessorias:
a assessoria de informática e a assessoria de projetos.
Mas, retomando a questão da microinformática, é importante ressaltar que, antes de
ser incorporada ao CPD, foi ela a responsável pela criação da infra-estrutura e respectiva
instalação da rede UNIMEP. Seu trabalho de 1990 a 1994 centrou-se, respectivamente, na
instalação da primeira rede de computadores no Campus Centro, de uma rede no Campus
Taquaral e de outra no Campus de Santa Bárbara – todas elas conectadas ao grande porte.
Aliás, esta expansão significou o momento em que a UNIMEP passou a trabalhar com o
correio eletrônico. Este foi a princípio utilizado apenas internamente – já que a instituição
não possuía Internet –, por meio de um software denominado Pegasus, que operava a
comunicação entre os Campi e que era consideravelmente mais rápido que os softwares de
Internet. Ainda neste sentido, um fato relevante é que, em 1992, quando teve início a
disseminação da Internet educacional – que embora já vigorasse no país desde 1989, estava
restrita à USP, à UNICAMP e à UNESP –, a UNIMEP adquire – por intermédio do
CIAGRI – uma conta de e-mail da ESALQ (USP) que começou a ser compartilhada por
cerca de 200 pessoas; ela era acessada externamente à UNIMEP, pois esta não portava, até
então, um sistema de conexão com a Internet, que – como explicitado anteriormente –
passaria a existir somente em 1994.
Todavia, embora o acesso à Internet tenha se tornado possível no ano em questão, a
Internet seria utilizada somente em 1996, quando efetivamente o CPD criaria condições
técnicas e estruturais para seu funcionamento. O que significa afirmar que foram
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necessários dois anos para que, finalmente, começasse a operar. Isso porque não constituía
objetivo do pessoal responsável prover acesso à Internet. Porém, como esta era a meta
almejada pela direção geral, efetuou-se a transferência desta questão da área acadêmica
para a área administrativa, que se empenhou, de forma decisiva, neste processo,
estruturando uma equipe de profissionais que, diversificadamente, trabalhariam na questão
das redes locais, da WEB e da Internet, o que impulsionou a criação da chefia de redes de
Internet no interior do CPD.
Com o advento da Internet, limite e tempo se tornaram dois vocábulos efêmeros e
destituídos de sentido, já que o ritmo implantado por este novo sistema passou a impor,
forçosamente, às pessoas que se subjugassem ao compasso das máquinas. Se até 1996 era
possível interromper o funcionamento dos equipamentos, conforme a necessidade dos
trabalhadores ou em consonância com o cumprimento de seu horário de trabalho, com a
chegada da Internet, isto se torna impraticável; o que passa a obrigar os técnicos a
trabalharem sem descanso, até mesmo durante a madrugada; agora não é mais a máquina
que deve se adequar às necessidades humanas, mas o homem é que se tornou, à revelia de
sua vontade, um instrumento à disposição da própria aparelhagem técnica. Dupas comenta
assim essa inversão existencial:
... a técnica a serviço do capital é uma devoradora de trabalho: ajuda a suprimir empregos em vez de criá-los. Tudo se passa como se a técnica se tornasse uma potência longínqua que designa os ‘sacrificados’ nas sociedades da pós-modernidade. (...) O técnico aspira tornar-se um deus cibernético. Tecnologias da informação e automação estão hoje presentes em todos os lugares. Compõem as cenas da vida cotidiana, instaladas em nossa intimidade. São filhas do desejo, parceiras ambíguas e desconcertantes. Operam com autonomia e podem se perverter, tornar-se nefastas e agredir o próprio homem (DUPAS, 2.001, p.119).
Um exemplo que melhor explicita a problemática da sobrecarga de trabalho que
incidiu sobre o DTI, com a implantação da Internet, assim nos foi contado: “recentemente
foi instalado no Campus Taquaral um servidor de aplicação, responsável pela fiscalização
do trabalho de todos os demais servidores (mesmo de outros Campi) e que, por possuir
cerca de 2000 frases gravadas, passíveis de serem combinadas, no caso de surgir algum
problema, ele é capaz de avisar os interessados pelo celular, a qualquer hora”. E os técnicos
do CPD passam a ser controlados a qualquer distância espacial e a qualquer hora.
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Uma outra conseqüência digna de análise, é que, ao oferecer aplicativos aos
usuários que lhes permitem interagir diretamente com o sistema, a Internet acaba
enxugando as tarefas daqueles que antes mediatizavam este contato. Como por exemplo, a
equipe de produção, pela implantação da INTRANET – a Internet interna que atualmente
vigora na Universidade –, foi destituída de grande parte de suas funções operacionais, que
atualmente se circunscrevem apenas ao desenvolvimento de sistemas que são deixados nas
mãos dos usuários.
Dando prosseguimento à descrição do processo de informatização, é necessário
deixar claro que não foi ainda possível obter informações mais detalhadas acerca do que
sucedeu nos últimos anos da década 90. O que, todavia, não me impede de constatar que a
expansão tecnológica não se inibiu um só instante. Afirmação esta, que se torna mais
plausível pela análise do histórico da utilização dos computadores, a partir do qual é
possível perceber, nitidamente, a evolução tecnológica processada neste período que, por
sua vez, foi marcada pela forte preocupação com o aperfeiçoamento das máquinas. Um fato
que merece destaque foi a conversão da nomenclatura CPD – Centro de Processamento de
Dados para DTI – Departamento de Tecnologia em Informática, consumada precisamente
em 2000. Tal substituição foi possível, graças à reestruturação efetuada no organograma do
CPD em 1996, que o dividiu em quatro áreas: a área de projetos (telefonia,
telecomunicações e projetos, que ficou responsável pela parte de comunicação); a área de
suporte ao usuário (que além de prestar atendimento ao público, simultaneamente,
centrava-se na instalação de softwares, de programas e de treinamentos); a área de redes de
Internet (direcionada ao controle de todos os serviços de Internet) e a área de
desenvolvimento (responsável pela parte de criação). Foi em razão desta reestruturação no
organograma do CPD e do conseqüente surgimento de uma área direcionada
exclusivamente à questão da telefonia (a área de projetos), que a UNIMEP decidiu-se por
adotar a nomenclatura utilizada nas grandes empresas, em detrimento do nome CPD
empregado até então.
Esta troca de nomes, por meio da qual a UNIMEP busca equipar-se ao padrão
empresarial, utilizado para referir-se ao setor de informática, reporta a um fato de extrema
relevância: a tendência cada vez mais acentuada de a universidade, enquanto instituição, se
despir dos atributos que a qualificam como tal e, concomitantemente, incorporar os
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adereços estruturais, funcionais e lógicos de uma organização, o que a faz, por conseguinte,
parecer-se com ela.
Nas entrevistas desenvolvidas, argumentou-se que esta semelhança é ilusória, uma
vez que o modelo de gestão na UNIMEP contrapõe-se àquele que vigora numa empresa, já
que, na primeira inexistem planejamentos orçamentários, o que a impede de estipular
objetivos e, conseqüentemente, isso implica uma utilização da informática muito aquém de
seu emprego pelas grandes empresas. Entretanto, tal argumentação, pautada numa questão
meramente burocrática e que diz respeito à configuração estrutural apenas, não anula a
similitude que há entre universidade e organização, porque deixa de lado aspectos muito
importantes, que falam em favor desta semelhança. O próprio fato de a universidade ser
gerida por normas administrativas (o que tem se tornado cada vez mais evidente), já denota
sua intrínseca relação com uma entidade organizacional, que, dentre outras coisas, tem
como parâmetro a instrumentalidade e rege-se por estratégias administrativas para a
consecução de objetivos particulares. Permeada pela lógica factual, própria da aparelhagem
técnica, a UNIMEP está sendo cada vez mais guiada por imperativos que clamam pela
funcionalidade, praticidade, planejamento, previsão, controle da produção e êxito, que a
compelem almejar objetivos estritamente privados, pautados pela lógica de mercado, em
detrimento do que deveria ser seu ponto de partida e de ancoragem: o comprometimento
com a formação acadêmica e com o amadurecimento intelectual dos discentes.
Preocupada predominantemente com seus anseios particulares e norteada pelo
princípio da flexibilidade, imputado pela crescente “tecnologização” que se desdobra em
seu meio e que a impele a estar freqüentemente aberta às mudanças, a UNIMEP, assim
como diversas universidades brasileiras, vai, gradualmente, abandonando os compromissos
institucionais e adotando uma lógica fundamentalmente operacional, que a aproxima
intimamente de uma organização. O que é notório e digno de análise é que, em paralelo à
consagração da heteronomia por parte da universidade piracicabana, consegue-se perceber
a continuidade ininterrupta do alastramento tecnológico e a adesão cada vez maior por
parte, especialmente, da docência aos recursos informatizados. Se no início, o índice de
adesão a ela era de apenas 30%, logo esta soma seria consideravelmente ampliada,
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atingindo a marca dos 70% para, finalmente, alcançar os 100%9, passíveis de serem
verificados atualmente. Torna-se cada vez mais impossível resistir às sedutoras propostas
da tecnologia; mas se alguém ainda o faz é sempre incriminado por sua rebeldia.
É a luta vital por continuar a respirar numa atmosfera que se torna cada vez mais
fechada, limitada e propícia ao sufocamento dos indivíduos nela imersos, que permeia as
manifestações de renitência por parte daqueles que conseguem enxergar – ainda que de
maneira obscura – o risco que correm. Risco este que se torna cada dia mais relevante, já
que, com o advento das tecnologias digitais, os trabalhadores “seja por não conseguirem
superar os desafios do trabalho-vida, com essas novas tecnologias ou por terem seu posto
de trabalho extinto, simplesmente engrossam as fileiras dos desempregados ou dos
empregados informais...” (BIANCHETTI, 2.001, p.15).
Voltada à realização de suas metas organizacionais, a UNIMEP – desde os
primeiros anos que inauguraram o século – vem se preocupando com a tarefa de unificar
todos os dados informacionais num sistema único, que seja capaz de responder pelas
diferentes áreas. Um fato relevante nesta direção é que, ultimamente, a diretoria geral da
universidade vem pensando seriamente em adquirir pacotes de serviços da empresa
UNISYS10 que lhe permitirão integrar os softwares dos diferentes setores administrativos
(contabilidade, administração de pessoal, financeiro), que, além de unirem-se entre si, ainda
serão fusionados àqueles da área acadêmica (sistema de matrícula, de freqüência, de notas
etc). Tal integração permitirá a emergência de um banco de dados único, dotado de
informações das diferentes áreas.
Todavia, a discussão sobre a implantação deste sistema vem sendo bastante
problemática. A Diretoria Geral do IEP e o Departamento de Tecnologia em Informática
não conseguem chegar a um consenso sobre o assunto. Enquanto a primeira tenta acordar
com a empresa UNISYS a compra de seu serviço – o que a impulsionou a criar uma
comissão permanentemente voltada para este fim –, os funcionários do D.T.I. mostram-se
9 Estes percentuais foram fornecidos por um dirigente do DTI na entrevista realizada com ele. 10 Criada em decorrência da fusão entre a empresa Burroughs e a Univac em 1.985, a Unisys adentrou a Universidade em 1.990 e permanece até hoje, ampliando cada vez mais suas fronteiras e inovando permanentemente seus equipamentos. Dotada de uma capacidade de processamento exorbitante, da qual utiliza-se atualmente apenas 10% do total, a Unisys ainda promete muitos avanços.
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relutantes à aquisição dos pacotes prontos, argumentando que eles próprios poderiam
elaborar um sistema desta natureza; além do que, justificam que tais pacotes, por já serem
pré-moldados, serão incapazes de suprir as oscilantes demandas institucionais. Pelo
exposto, poderíamos pensar que o que norteia este impasse (que perdura até os dias atuais)
são questões meramente burocráticas, mas na realidade, o que o embasa é novamente
aquela mesma problemática que há pouco foi evocada e que em diferentes momentos
apareceu neste trabalho: o receio esboçado pelos funcionários pela possibilidade de verem-
se exonerados de seus cargos ou rebaixados às funções muito inferiores em relação àquelas
para as quais são habilitados. Teme-se que, pela implantação deste novo sistema, muitas
funções que até então competem aos homens, passem a ser desenvolvidas eletronicamente.
É este panorama de conflitos e incertezas que atualmente impera no âmbito das
relações trabalhistas e que torna impossível prever o que acontecerá num futuro próximo.
Os funcionários, cada vez mais expropriados de suas oportunidades de trabalho, sentem na
pele os efeitos avassaladores da tecnologia, enquanto que esta última dá continuidade ao
ritual de sacrifício humano, pois os recursos tecnológicos não se contentam em furtar as
condições de existência dos sujeitos; é necessário, também, fazer esvaecer suas
peculiaridades subjetivas; é preciso degradá-los, para que torne-se-lhes impossível contestar
a supremacia da máquina.
O caso particular da UNIMEP reflete apenas uma tendência que há muito já está
presente na sociedade como um todo: a propensão tecnológica de engolir vidas humanas
seja porque manipula os homens, esfacelando suas condições efetivas de humanidade, ou
porque os priva de suas condições de subsistência ao furtar-lhes seus empregos. Entretanto,
os malefícios desencadeados pela informatização ilimitada no seio institucional não
incidem apenas sobre aqueles incumbidos de manusear as máquinas e prover seu
funcionamento. Os recursos em informática, que, no início de sua peregrinação pela
universidade, atingiam apenas algumas esferas da área acadêmica e poupava o contexto de
sala-de-aula, hoje não perdoam um só espaço se quer. Seu avanço incontido exerce forte
influência sobre as relações de ensino-aprendizagem, nas quais se nota que a contínua
adesão aos recursos tecnológicos é acompanhada de um esvaziamento teórico, por meio do
qual percebe-se que o saber perdeu seu verdadeiro sentido.
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A prática docente, cada vez mais mediatizada pela aparelhagem eletrônica, ao invés
de propiciar aos educandos a condição de crescimento intelectual e de apropriação crítica
dos conteúdos, antagonicamente, mais os sucumbe a um pensar instrumental e operacional.
E todas estas condições regressivas, que perduram na UNIMEP desde o limiar deste século,
têm como ponto nodal o avanço ilimitado da tecnologia, que, apesar de todos os malefícios
causados, a universidade não demonstra pretender cercear seu movimento. Tanto é que o
poder majoritário da máquina no ventre institucional, impulsionado pelas constantes
inovações na área de informática (com destaque para a implantação, em 2.004, do
equipamento UNISYS CS7100 no lugar do UNISYS A14) e que têm aumentado
exacerbadamente a capacidade de processamento dos computadores, se faz sentir com toda
nitidez; o que tem impulsionado a universidade (apesar da crise atualmente enfrentada) a
informatizar todos os seus serviços. Tal fato pode ser comprovado pela análise do
alastramento da informática dentro do próprio âmbito acadêmico, no qual, recentemente
(2004), até mesmo o contrato de prestação de serviços educacionais, firmado junto aos
discentes, passou a requisitar a assinatura eletrônica.
Cada vez mais os funcionários estão sendo ou adestrados e padronizados pela lógica
instrumental que emana das máquinas, ou substituídos por elas e descartados como restos
imprestáveis; os professores, ainda que não tenham cedido seu lugar à aparelhagem técnica
– o que tendencialmente parece próximo a ocorrer –, têm deixado de lado a autonomia no
exercício da prática docente, utilizando, para ministrar suas aulas, cada vez mais dos
procedimentos automáticos e pragmatistas, o que tem empobrecido os conteúdos, por
minimizar as exigências de compreensão e interpretação dos mesmos; os discentes, por sua
vez, como conseqüência do comprometimento da qualidade do ensino, que não lhes oferece
a oportunidade de refletir e posicionar-se criticamente, são cada vez mais arrebatados a um
pensar espontâneo, automático e reprodutivista, que concorre para a formação de
profissionais acríticos e inaptos a atuarem em suas respectivas áreas. Em síntese, freqüentar
uma universidade atualmente não garante a ninguém a possibilidade de uma formação
profissional com toda acepção que estas duas palavras merecem; a tecnologia, ao adentrar
no cenário educacional, transformou-o rapidamente: o conhecimento foi convertido em
informação e a formação acadêmica em mera apropriação rápida e superficial dos
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conteúdos, ao mesmo tempo em que se aniquilaram as certezas, as seguranças e as garantias
que ainda era possível cultuar.
Quanto mais a tecnologia transcende seus próprios limites, mais controla,
administra, homogeneíza e molda o mundo e as pessoas. Tanto funcionários, alunos e
professores que integram a realidade estudada, quanto o trabalhador na fábrica e as pessoas
no exercício de suas atividades diárias, estão sendo mais e mais influenciados pela lógica
da equivalência e controlados em seu trabalho. Discípula devota do sistema econômico
capitalista, a tecnologia faz jus aos atributos que lhe foram designados por Herbert Marcuse
(1999) e que a qualificam como um instrumento de controle e dominação.
A investigação concernente ao processo de informatização da UNIMEP e a análise
de seus desdobramentos confirmam os pressupostos levantados do início deste estudo,
tornando plausível a crítica dirigida ao movimento incontido das novas tecnologias. Um
olhar mais cético sobre a progressiva expansão tecnológica permitiu depreender que os seus
efeitos negativos atingem a todos indiscriminadamente. Como evidenciado ao longo deste
estudo, tanto os alunos, professores, demais funcionários e a própria universidade foram e
ainda são afetados por suas conseqüências.
Fazendo um breve retrospecto dos fatos precedentemente analisados, é possível
dizer que, na relação professor e aluno, percebeu-se que esta – cada vez mais mediatizada
por recursos tecnológicos e, por conseguinte, calcada nos moldes de mercado e do sistema
econômico – vem se tornando um mero meio de transmissão e recepção de informações;
anulando-se, assim, o verdadeiro sentido da formação discente. Em decorrência, esta última
transforma-se, paulatinamente, em deformação intelectual e ética dos alunos e, por
conseqüência, propicia o surgimento de profissionais acríticos e indivíduos cônscios apenas
de seus direitos e alheios às suas responsabilidades sociais e políticas. Da mesma maneira, a
invasão cada vez maior das novas tecnologias vem cerceando a autonomia da docência no
exercício de suas atribuições, concorrendo para que os professores tornem-se alheios ao
fato de que em pouco tempo a tecnologia inexoravelmente ocupará o seu lugar.
Em relação aos demais funcionários, pôde-se constatar que, em decorrência do
aprimoramento das máquinas, restou-lhes a opção de ir ou ir: ou se submetem ao novo
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ritmo e tempo de trabalho ou serão, sem qualquer formalidade ou clemência, expulsos de
seus postos de trabalho. Esta segunda opção foi a que mais comumente se manifestou no
interior da UNIMEP, confirmando a premissa segundo a qual o particular (no caso a
instituição estudada) espelha as contradições já presentes no âmbito do universal (no todo
social), em que o índice de desemprego vem se ampliando desde a chegada das novas
tecnologias.
Para completar o quadro dos atingidos pelo progresso tecnológico desmedido,
apareceu um quarto elemento ao longo de investigação: o sentido institucional da
universidade. Ficou claro nas páginas precedentes que, em função da progressiva
informatização de seus setores, a UNIMEP passou a seguir as normas empresariais e os
interesses particulares ditados por ela. Fato este que a compeliu a deixar ao léu sua função
enquanto instituição autônoma, qual seja, a de formar pessoas.
Retomando a premissa citada há pouco, segundo a qual é no particular que se
manifestam as contradições imanentes do todo, tem-se que a análise do processo de
informatização da Unimep deve servir não apenas para expor os problemas particulares
sofridos por esta universidade em específico, mas para elucidar-nos acerca da problemática
social atualmente enfrentada. A abrangência cada vez maior das novas tecnologias tem
gerado problemas à sociedade enquanto um todo. Contudo, os benefícios ofertados pelos
recursos tecnológicos nos tornam cegos aos seus malefícios, limitando nossa visão ao
prisma da aparência. E é exatamente por isso que este trabalho, para muito além de uma
mera exposição de dados e informações referentes a contexto específico, é um convite para
que lutemos contra a cegueira atualmente existente e tentemos enxergar aquilo que não se
desvela com facilidade, mas que também deve ser questionado. Em outras palavras: este
estudo é uma proposta a olharmos por detrás dos bastidores do cenário social, no qual a
tecnologia desfila com todo requinte e pompa, pois, por trás das cortinas, é a verdade sobre
ela que jaz oculta.
Para tanto, faz-se necessário postarmos o pensamento contra o próprio pensamento,
num processo dialético de negação e afirmação, que se nos torne possível contestar, com
nossas próprias armas racionais (que embora obscurecida ainda existem) a submissão do
pensar à condição instrumental a que foi arrebatado. Eis a alternativa para encontrar a porta
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de saída do labirinto em que o capitalismo aprisionou os homens. Eis também, a forma de
devolver ao pensamento o elemento da reflexão sobre si mesmo e sobre aquilo que o cerca.
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