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Termografia como Meio de Diagnóstico Complementar da Mamografia Elizabete Marques Amaral Relatório Final do Trabalho de Projeto apresentado à Escola Superior de Tecnologia e Gestão Instituto Politécnico de Bragança para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia Biomédica Novembro de 2013

Termografia como Meio de Diagnóstico Complementar da ... · vii Resumo O cancro de mama representa a segunda causa de morte por cancro, logo após o cancro de pulmão. Atualmente

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Termografia como Meio de Diagnóstico Complementar da

Mamografia

Elizabete Marques Amaral

Relatório Final do Trabalho de Projeto apresentado à

Escola Superior de Tecnologia e Gestão

Instituto Politécnico de Bragança

para a obtenção do grau de Mestre em

Tecnologia Biomédica

Novembro de 2013

Termografia como Meio de Diagnóstico Complementar da

Mamografia

Elizabete Marques Amaral

Relatório Final do Trabalho de projeto apresentado à

Escola Superior de Tecnologia e Gestão

Instituto Politécnico de Bragança

para a obtenção do grau de Mestre em

Tecnologia Biomédica

Este trabalho foi efetuado sob orientação do

Professor Fernando Jorge Coutinho Monteiro

“Este trabalho de projeto inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri”

Novembro de 2013

i

“Quando se tem uma meta, o que era um obstáculo

passa a ser uma das etapas do plano.”

Gerhard Erich Boehme

ii

iii

“Aos meus pais, irmã, sobrinhos e a ti, avó (estejas onde estiveres)”

iv

v

Agradecimentos

Em primeiro lugar, não posso deixar de agradecer à minha família (pais, irmã e sobrinhos)

por todo apoio e compreensão e pedir desculpa pela minha ausência nesta fase.

Seguidamente, quero agradecer à Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do

Norte, nomeadamente ao Excelentíssimo Doutor Vítor Veloso, Excelentíssima Doutora Ana

Teresa Aguiar e Leopoldina Amaral pela permissão, compreensão e toda a ajuda que me

deram na execução deste trabalho. Não posso também deixar de agradecer às minhas colegas

de trabalho Paula, Gorete, Marta, Adélia, Carla, Cláudia e a todas as colegas que de uma

forma ou de outra me ajudaram e apoiaram… Um muito obrigado a todas.

A ti, Alberto, obrigada por toda a paciência, apoio, compreensão e pelo facto de estares

sempre a meu lado…

Às minhas amigas Carolina e Rute, um muito obrigada pela vossa ajuda e disponibilidade.

À minha amiga Cristina pela paciência e compreensão da minha ausência, mas sabes

como é: apesar de ausente, sempre presente…

Dra. Sandra Rua, muito obrigada pela sua ajuda e disponibilidade que tão preciosas foram

para mim.

vi

vii

Resumo

O cancro de mama representa a segunda causa de morte por cancro, logo após o cancro de

pulmão. Atualmente a sua deteção precoce é efetuada por mamografia. Porém, esta fornece

apenas informação anatómica detetando o cancro quando este já se encontra estabelecido. Nas

lesões, antes da sua formação, ocorrem alterações fisiológicas que poderão ser detetadas por

termografia, uma vez que a angiogénese criada pelo tumor e o aumento das suas necessidades

metabólicas induzem um aumento de temperatura.

A termografia foi introduzida como meio de diagnóstico de cancro de mama em 1965 e

inicialmente foi bem aceite. Porém, alguns estudos colocaram em causa a eficiência deste

método quando comparado com a mamografia, pelo que a comunidade médica foi perdendo o

interesse. Recentemente houve vários avanços a nível das câmaras térmicas, pelo que são

necessários novos estudos para verificar o potencial destas no rastreio de cancro de mama.

O objetivo deste trabalho é efetuar um estudo comparativo entre as mamografias e os

termogramas mamários, de modo a fornecer novos dados sobre a aplicação da termografia no

complemento da mamografia na deteção e monitorização do cancro de mama.

Para tal, foram adquiridos termogramas a 151 utentes (após consentimento informado) que

participavam no Programa de Rastreio de Cancro de Mama da Liga Portuguesa Contra o

Cancro – Núcleo Regional do Norte, onde o rastreio é efetuado por mamografia. Para a

recolha das imagens foi utilizada a câmara térmica FLIR T-365 que se encontrava posicionada

a cerca de 1 metro de distância da área mamária, numa sala com uma temperatura entre 18ºC

e 23ºC e onde potenciais fontes de calor foram eliminadas para reduzir os artefactos térmicos.

A análise da mamografia foi efetuada por médicos Radiologistas e classificadas segundo a

Sistema de Classificação de Marselha das European Guidelines; nos termogramas foi

analisada a assimetria das mamas e calculadas as diferenças de temperatura, classificando-as

depois numa escala pré-estabelecida; por último foi efetuada a comparação dos resultados.

Chegou-se à conclusão que a termografia pode ajudar na deteção de lesões mamárias,

contudo com a escala apresentada não foi possível estabelecer uma relação direta entre o

aumento da temperatura na termografia e a malignidade da lesão.

Palavras-Chave: Cancro de Mama, Termorregulação, Termografia Mamária, Mamografia,

Sensibilidade, Especificidade.

viii

ix

Abstract

After the lung cancer, breast cancer represents the second most important cause of death.

Currently, the early detection is achieved by means of mammography providing anatomical

details, although the cancer is only detected when it is already present. Before that, several

physical alterations occur that can be detected by thermography, due to the increase of

temperature created by the tumor angiogenesis and the higher metabolic rate.

In 1965, the thermography was introduced as a diagnosis tool for breast cancer and

initially very well accepted; however lost interest by the community due to the less efficiency

of this technique when compared with mammography were reported in some studies.

Recently new improvements were achieved in thermography cameras, thus new studies are

needed to observe the potencial of this technique in breast cancer screening.

The aim of this work is to perform a comparative study between mammography and breast

thermograms, to give new insight concerning the application of the thermography ad a

complementary tool of mammography in the early detection of breast cancer.

For this study, 151 patients performed the screening mammography program of the Liga

Portuguesa Contra o Cancro- Núcleo Regional do Norte, and in addition, have made a

thermographic examination (after informed consent). This exam was performed using a

thermographic camera FLIR T- 365, at 1 meter of distance from the breast, in a room with a

controlled temperature in between 18ºC and 23ªC, and no potential sources of additional heat

in order to reduce thermal artifacts. Radiologists analyzed each mammographic image using

Marseille System by European Guidelines. The analysis of the thermograms was base on

asymmetry and skin temperature differences. A rating scale was proposed and the results were

further compared with the Mammography scores.

As main conclusion, the thermography can help in early detection of breast lesions,

however the proposal rating scale don’t allows to assess the relationship between the

temperature increase in thermography and the malignancy of the lesions.

Keywords: Breast Cancer, Thermoregulation, Breast Thermography, Mammography,

Sensibility, Specificity.

x

xi

Índice

Índice de Figuras ............................................................................................................. xv

Índice de Tabelas ...........................................................................................................xix

Lista de Acrónimos e Abreviaturas.................................................................................xxi

Capítulo 1 .........................................................................................................................1

Introdução .....................................................................................................................1

Capítulo 2 .........................................................................................................................3

Mama ............................................................................................................................3

2.1 Anatomia e Fisiologia da Mama ............................................................................3

2.2 Patologia Mamária ................................................................................................7

2.2.1 Alterações Fibrocísticas .....................................................................................8

2.2.1.1 Alteração Fibrocística Simples ........................................................................8

2.2.1.2 Alteração Fibrocística Proliferativa .................................................................8

2.2.1.3 Adenose Esclerosante ......................................................................................9

2.2.2 Inflamações........................................................................................................9

2.2.3 Neoplasias/Tumores da Mama ......................................................................... 10

2.3 Cancro de Mama ................................................................................................. 12

2.3.1 Epidemiologia e Etiologia do Cancro de Mama ................................................ 12

2.3.1.1 Baixo Risco................................................................................................... 12

2.3.1.2 Médio Risco .................................................................................................. 13

2.3.1.3 Alto Risco ..................................................................................................... 16

2.3.2 Morfologia ....................................................................................................... 18

2.3.2.1 Carcinoma Não-Infiltrativo ou In Situ ........................................................... 19

2.3.2.1.1 Carcinoma Ductal In Situ ........................................................................... 19

2.3.2.1.2 Carcinoma Lobular In Situ ......................................................................... 19

xii

2.3.2.2 Carcinoma Infiltrativo ................................................................................... 19

2.3.2.2.1 Carcinoma Ductal Infiltrativo – Cirroso ..................................................... 19

2.3.2.2.2 Carcinoma Lobular Infiltrativo ................................................................... 20

2.3.2.2.3 Carcinoma Medular .................................................................................... 20

2.3.2.2.4 Carcinoma Colóide (Mucinoso) .................................................................. 20

2.3.2.2.5 Doença de Paget ........................................................................................ 20

2.3.2.2.6 Carcinoma Tubular..................................................................................... 20

2.3.2.3 Carcinoma Inflamatório ................................................................................ 20

2.4 Termorregulação ................................................................................................. 22

Capítulo 3 ....................................................................................................................... 25

Termografia ................................................................................................................. 25

3.1 História da Termografia ...................................................................................... 25

3.2 Princípios Físicos ................................................................................................ 32

3.3 Termografia Mamária ......................................................................................... 41

3.4 Vantagens da Termografia .................................................................................. 45

3.5 Desvantagens da Termografia ............................................................................. 46

Capítulo 4 ....................................................................................................................... 48

Mamografia ................................................................................................................. 48

4.1 História da Mamografia ...................................................................................... 48

4.2 Equipamento de Mamografia e Processo de Formação da Imagem ...................... 55

4.3 Vantagens da Mamografia .................................................................................. 64

4.4 Desvantagens Mamografia .................................................................................. 65

Capítulo 5 ....................................................................................................................... 68

Trabalho Experimental ................................................................................................. 68

5.1 Breve Introdução e Objetivo do Estudo ............................................................... 68

5.2 Estado da Arte .................................................................................................... 69

5.2.1 Aplicação da Termografia Isoladamente na Deteção de Cancro de Mama ........ 69

xiii

5.2.2 Aplicação da Termografia como Meio Complementar da Mamografia na

Deteção Precoce de Cancro de Mama ............................................................................. 70

5.3 Participantes no Estudo ....................................................................................... 72

5.3.1 Aquisição, Tratamento e Avaliação das Imagens Termográficas ...................... 73

5.3.2 Aquisição, Tratamento e Avaliação das Imagens Mamográficas ....................... 75

5.4 Resultados e Discussão ....................................................................................... 78

Capítulo 6 ....................................................................................................................... 90

Conclusão .................................................................................................................... 90

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 93

Anexos .......................................................................................................................... 102

xiv

xv

Índice de Figuras

Figura 2.1: Desenvolvimento da mama feminina na pré-puberdade e na adolescência (Jatoi,

et al., 2006).............................................................................................................................3

Figura 2.2: Glândula mamária (Ramé, et al., 2012). ...............................................................5

Figura 2.3: Mama e prolongamento de Spencer (adaptado de (Pereira, 1999)) .......................5

Figura 2.4: Representação global dos ligamentos de Cooper em “aros de roda”, e do músculo

grande peitoral (adaptado de (Porth, 2004)). ...........................................................................5

Figura 2.5: Irrigação arterial da mama (Hall, et al., 2005). .....................................................6

Figura 2.6: Tumores mais frequentes no sexo Masculino e Feminino em 2007, em

percentagem do número total de casos verificados (Ror13). .................................................. 16

Figura 2.7: Taxas de incidência padronizadas de cancro na região Norte de Portugal em 2000

e 2007, respetivamente (Ror13). ........................................................................................... 16

Figura 2.8: Distribuição da frequência do tumor principal na mama (Jatoi, et al., 2006). ...... 18

Figura 2.9: Localização dos carcinomas mamários ductal e lobular, in situ e infiltrativo

(Moynihan, 2006). ................................................................................................................ 18

Figura 3.1: Refração que ocorre quando a luz branca passa através do prisma de vidro –

experiência de Herschel (Santos, 2007). ............................................................................... 26

Figura 3.2: Primeiro pirómetro ótimo construído por Morse (Afonso, 2010). ....................... 28

Figura 3.3: Termómetro de infravermelhos de L. Bellingham (Afonso, 2010). ..................... 28

Figura 3.4: Espectro eletromagnético (Robaert, 2011). ........................................................ 33

Figura 3.5: Balanço da radiação incidente num corpo (Sousa, 2010). ................................... 34

Figura 3.6: Distribuição espectral das diferentes emissividades em função do comprimento

de onda (Afonso, 2010). ....................................................................................................... 35

Figura 3.7: Emitância espectral, por comprimento de onda de um corpo negro em função da

temperatura – Lei de Planck (FLIR). .................................................................................... 37

Figura 3.8: Transmissão espetral da radiação infravermelha através da atmosfera terrestre

(TTam) com uma espessura de 1,5Km com as bandas de absorção dos gases mais comuns

(Minkina, et al., 2009). ......................................................................................................... 38

Figura 3.9: Interação dos fluxos de radiação que interferem na leitura da radiação (Minkina,

et al., 2009)........................................................................................................................... 41

xvi

Figura 3.10: Imagens em posição frontal, oblíqua esquerda e oblíqua direita, respetivamente.

............................................................................................................................................. 44

Figura 3.11: Visualização do mesmo termograma com paleta iron e midgreen,

respetivamente. ..................................................................................................................... 44

Figura 4.1: Esquema de funcionamento do tubo de Crookes (Bushong, 1999). .................... 48

Figura 4.2: Primeira radiografia da mão da esposa de Roentgen (Bushong, 1999). ............... 49

Figura 4.3: Fotografia do primeiro exame com raios X, nos Estados Unidos da América,

quando Eddie McCarthy, de Hanover, fraturou o punho e foi enviada para que lhe fizessem

uma fotografia com a “luz X”. Na imagem é possível visualizar (da esquerda para a direita)

com a paciente (a meio), o professor E. B. Frost, seu irmão Dr. E.G. Frost (diretor do

Hospital Mary Hitchcock) e a Senhora G. D. Frost (enfermeira-chefe do hospital) (Bushong,

1999). ................................................................................................................................... 50

Figura 4.4: Primeira mamografia de uma mama sem patologia obtida por Warren (Basset, et

al., 2005) . ............................................................................................................................ 52

Figura 4.5: Posicionamento da paciente por Leborgne para a incidência crânio-caudal e

obliqua medio-lateral (Basset, et al., 2005). .......................................................................... 53

Figura 4.6: Aspeto geral de um mamógrafo (GE Medical Systems, 2004). Legenda: 1 –

Coluna; 2 – Botão de paragem em emergência; 3 – Consolda do operador; 4 – Braço de

exame; 5 – Protetor de radiação; 6 – Eixo de rotação; 7 – Luz de deteção de cassete. ............ 55

Figura 4.7: Pormenor do braço de exame (GE Medical Systems, 2004). .............................. 56

Figura 4.8: Componentes principais de uma ampola de raios X (Bushong, 1999). ............... 56

Figura 4.9: Inclinação de uma ampola de raios X num equipamento de mamografia

(Bushong, 1999). .................................................................................................................. 58

Figura 4.10: Representação esquemática da formação de radiação característica (Dimenstein,

et al., 2002)........................................................................................................................... 58

Figura 4.11: Representação esquemática da formação de radiação de travagem (Dimenstein,

et al., 2002)........................................................................................................................... 59

Figura 4.12: Algumas vantagens do sistema de compressão (Bushong, 1999). ..................... 61

Figura 4.13: Posição relativa do controlo automático de exposição (Bushong, 1999). .......... 63

Figura 4.14: Constituintes de um fotomultiplicador (Hamamatsu, 2013). ............................. 63

Figura 4.15: Exemplo de uma consola de operador utilizado em mamografia (GE Medical

Systems, 2004). .................................................................................................................... 64

Figura 5.1: Câmara FLIR T-365® utilizada na aquisição dos termogramas........................... 73

xvii

Figura 5.2: O mesmo termograma com uma escala de variação de 10ºC e 5ºC,

respetivamente. ..................................................................................................................... 74

Figura 5.3: Possível lesão no QSE da mama direita e identificação dos valores de

temperatura para ΔT1. .......................................................................................................... 74

Figura 5.4: Possível lesão no QSE da mama direita e identificação dos valores de

temperatura para o cálculo de ΔT2. ....................................................................................... 74

Figura 5.5: Posicionamento para a incidência crânio-caudal e imagem adquirida (Ballinger, et

al., 2003). ............................................................................................................................. 76

Figura 5.6: Posicionamento para a incidência Obliqua Médio-Lateral (Ballinger, et al., 2003).

............................................................................................................................................. 77

Figura 5.7: Distinção entre os diferentes tipos de lesões da mama relativamente à

benignidade e malignidade, nomeadamente no formato da massa, suas margens e densidade

(Tahmasbi, et al., 2011). ....................................................................................................... 77

Figura 5.8: Exemplo de um falso-positivo em ΔT1 e verdadeiro-negativo em ΔT2 e ΔT3. ... 81

Figura 5.9: Exemplo de um verdadeiro-negativo. ................................................................ 82

Figura 5.10: Exemplo de uma lesão suspeita na mama direita na mamografia que foi

confirmada pela termografia, mas que esta na análise ΔT1 classificou uma lesão na mama

esquerda como suspeita, quando não o era. ........................................................................... 83

Figura 5.11: Utente com uma lesão no QSI da mama direita, quer na mamografia, quer na

termografia. .......................................................................................................................... 84

Figura 5.12: Utente com uma lesão (microcalcificações) no QSE da mama direita na

mamografia e um ligeiro aumento de temperatura no QSI da mama direita e nos Quadrantes

Superiores da esquerda na termografia. ................................................................................. 84

Figura 5.13: Utente com uma lesão classificada com lesão maligna, mas que a termografia

considerou apenas suspeita numa das classificações.............................................................. 85

xviii

xix

Índice de Tabelas

Tabela 2.1: Número de novos casos e óbitos por Carcinoma Mamário nos dez Maiores Países

do Mundo em 2000 (Amorim, 2007). ................................................................................... 14

Tabela 2.2: Taxa de incidência dos cancros mais frequentes no homem e na mulher, em 2005,

na região Norte de Portugal (Ror13). .................................................................................... 15

Tabela 2.3: Número de óbitos e taxas de mortalidade por cancro de mama na mulher, por

idade em Portugal (por 100 000 habitantes) em 2001 (adaptado de (Ministério da Saúde,

2004)). .................................................................................................................................. 17

Tabela 3.1: Valores de emissividade de diferentes materiais (Adaptado de: (Umadevi, et al.,

2009; Universidade de Coimbra, 2007)). .............................................................................. 33

Tabela 5.1: Classificação de Marselha (Perry, et al., 2006). ................................................. 78

Tabela 5.2: Resultados da classificação da escala IR dos 179 casos. .................................... 79

Tabela 5.3: Distribuição das utentes de acordo com a classificação de Marselha. ................. 79

Tabela 5.4: Número de verdadeiros-positivos, falsos-positivos, falsos-negativos e

verdadeiros-negativos na termografia. .................................................................................. 80

Tabela 5.5: Valores de sensibilidade e especificidade da termografia neste estudo. .............. 86

Tabela 5.6: Análise dos Falsos-Positivos. ............................................................................ 87

Tabela 5.7: Análise dos Falsos-Negativos. ........................................................................... 87

Tabela 5.8: Casos verdadeiros-positivos, falsos-positivos, falsos-negativos e verdadeiros-

negativos após nova análise. ................................................................................................. 88

Tabela 5.9: Valores de sensibilidade e especificidade da termografia após análise dos falsos-

positivos e falsos-negativos. ................................................................................................. 88

xx

xxi

Lista de Acrónimos e Abreviaturas

% – percentagem;

± - mais ou menos;

µm – micrómetros;

µs – microssegundos;

CAD – Sistema de Deteção Automático (do inglês, Computer Aided Detection);

CC – Crânio-caudal;

cm – centímetros;

DNA – Ácido Desoxirribonucleico;

Dr. – Doutor;

FLIR – Forward Looking Infra Red;

FPA – Focal Plane Array;

FSH – Hormona Folículo-Estimulante (do inglês, Follicle-Stimulating Hormone);

Ge – Germânio;

HgTeCd – Mercúrio-Cádmio-Telúrico;

Hz – Hertz;

InSb – Antimoneto de Índio;

ITE - Inside Thermal Estimations;

K – Kelvin;

Km – quilómetros;

kV – quilovolts;

kVp – Kilovolts pico;

LH – Hormona Luteinizante (do inglês, Luteinizing Hormone);

M – Presença de Metástases:

m2 – metro quadrado;

mA – miliamperes;

mAs – miliamperes segundo;

mK – milikelvins;

mm – milímetros;

N – Envolvimento dos gânglios linfáticos regionais;

NaCl – Cloreto de Sódio;

xxii

nm – nanómetros;

nm23 – gene supressor de metástases;

ºC – graus Celsius;

OML – Oblíqua Médio-lateral;

PbS – Sulfureto de Chumbo

PET - Tomografia por Emissão de Protões;

pm – picómetros;

QIE – Quadrante Inferior Externo;

QII – Quadrante Inferior Interno;

QSE – Quadrante Superior Externo;

QSI – Quadrante Superior Interno;

RBFN – Rede de Função de Base Radial;

ROC - Recetor das Características Operacionais;

Roreno – Registo Oncológico do Norte

Si – Silício;

T – Tamanho do Tumor;

W – watt;

ZnS – Sulfato de Zinco;

ZnSe – Selenite de Zinco;

1

Capítulo 1

Introdução

A mama é um órgão bilateral localizado na parede anterior do tórax e constitui, sem

dúvida um dos maiores símbolos de sexualidade da mulher. É constituída por vários tipos de

tecido, nomeadamente tecido subcutâneo conjuntivo, tecido epitelial glandular e tecido

adiposo, cujas proporções variam ao longo da vida de uma mulher.

Existem várias patologias que podem afetar a mama, no entanto a que mais preocupa as

mulheres de modo geral são as neoplasias da mama, vulgarmente denominadas cancro de

mama, devido quer às suas consequências mutiladoras e estéticas, quer ao pavor associado à

palavra “cancro”.

O cancro de mama representa a segunda principal causa de morte por cancro nos países

ocidentais e a sua incidência tem vindo a aumentar. Como não se sabe a causa (apenas que há

alguns fatores de risco associados), uma deteção precoce é a chave para um bom prognóstico.

Atualmente esta deteção é feita essencialmente através de auto exame, exame clínico,

mamografia e ecografia. Estas técnicas de diagnóstico fornecem informação anatómica e

apenas permitem a deteção do tumor quando este já se encontra desenvolvido.

Como a formação e crescimento do tumor são acompanhados por alterações fisiológicas

nas estruturas, uma técnica que fornecesse informação fisiológica, fosse barata, fácil de

transportar e sem qualquer tipo de contraindicação e portanto que pudesse ser utilizada como

um método complementar no rastreio desta doença rastreio era excelente. Surge, então a

termografia, que fornece informações da temperatura do corpo e reúne estas características.

Como o crescimento do tumor pressupõe alterações da homeostasia do organismo (devido à

sua necessidade metabólica e angiogénese), a área afetada irá possuir uma temperatura

superior. Assim, a termografia irá fornecer informações sobre a temperatura à superfície da

pele e consequentemente a presença de uma assimetria numa das mamas irá ser uma área com

suspeita de lesão.

O objetivo deste trabalho prende-se com verificar a possível utilização da termografia

mamária como meio de diagnóstico complementar da mamografia.

Introdução

2

Para a execução deste objetivo, delinearam-se os seguintes passos:

1. Obtenção de uma base de dados de utentes que tivessem mamografia recente e

permitissem a aquisição dos termogramas para comparação. Esta base de dados

tinha de ser suficientemente grande que permitisse inferir alguma conclusão;

2. Realizar uma pesquisa bibliográfica para perceber o que estava a ser feito na área e

qual o método que poderia ser utilizado para analisar os termogramas adquiridos;

3. Análise e discussão dos resultados obtidos;

4. Apresentação dos resultados em conferências e sua eventual publicação em

revistas internacionais de referência.

Este trabalho apresentou como principal limitação à sua execução a aquisição dos dados,

pois não é fácil a participação voluntária das pessoas, principalmente quando há a necessidade

de expor o seu corpo. Para além disso havia a limitação das voluntárias terem necessariamente

que efetuar mamografia nesse dia ou ter mamografia feita há pouco tempo, facto que foi

colmatado pela possibilidade de aquisição das imagens ser feita em utentes que participavam

no Programa de Rastreio de Cancro de Mama, do Núcleo Regional do Norte, da Liga

Portuguesa Contra o Cancro.

Esta dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos.

No Capítulo 2 é efetuado um estudo da Mama, desde a sua anatomia, fisiologia, patologias

mamárias e uma breve abordagem à doença mamária que mais preocupa – o cancro de mama.

Seguidamente, no Capítulo 3 descreve-se um pouco da Termografia, desde a sua história,

princípios físicos, termografia mamária, até às vantagens e desvantagens desta técnica.

O Capítulo 4 retrata a Mamografia; nele refere-se um pouco da sua história, constituição

de um equipamento de mamografia e produção dos raios X, vantagens e desvantagens desta

técnica.

O Capítulo 5 é dedicado ao Trabalho Experimental. Nele é feita uma breve introdução ao

estudo, uma revisão da literatura para verificar o estado da arte (no qual consta um pouco de

alguns estudos que têm sido efetuados nesta área), a descrição da escolha das pacientes, o

modo como foram adquiridas, tratadas e avaliadas as imagens (quer mamográficas, quer

termográficas), e resultados e sua discussão.

Por último o Capítulo 6 apresenta as conclusões deste trabalho e futuros trabalhos a

desenvolver.

3

Capítulo 2

Mama

2.1 Anatomia e Fisiologia da Mama

A mama é um órgão bilateral situado entre a terceira e a sétima costela, na parede torácica

anterior e é sustentada pelos músculos peitorais, fáscia superficial e tecido conjuntivo fibroso

da própria mama (Gonçalves, et al., 2006; Pereira, 1999; Porth, 2004; Seeley, et al., 1997).

Possui no seu interior glândulas mamárias que não são mais do que glândulas excretoras,

consideradas glândulas sudoríparas apócrinas altamente modificadas (Gonçalves, et al., 2006;

Pereira, 1999).

Desde o nascimento e até à puberdade, a mama não se desenvolve e, tanto no homem

como na mulher, resume-se a apenas um mamilo e seus ductos/canais (Gonçalves, et al.,

2006; Junqueira, et al., 1999; Pereira, 1999; Porth, 2004; Seeley, et al., 1997). Na puberdade,

a glândula mamária feminina sofre diversas alterações estruturais e funcionais nesta fase

devido à libertação de hormonas hipofisárias (FSH e LH) e prolactina. Com a libertação

destas hormonas, o ovário é estimulado a produzir estrogénio e progesterona. O estrogénio irá

provocar o desenvolvimento e aumento do calibre do sistema canalicular da glândula

mamária, e a progesterona é responsável pelo aparecimento de pequenas massas sólidas de

células epiteliais poligonais que irão dar origem aos futuros alvéolos ou lóbulos (Damjnov,

2000; Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et al., 1999; Pereira, 1999; Porth, 2004).

Figura 2.1: Desenvolvimento da mama feminina na pré-puberdade e na adolescência (Jatoi, et al.,

2006).

Na idade adulta, a mama é constituída principalmente por tecido epitelial glandular, tecido

subcutâneo conjuntivo fibroso e algum tecido adiposo (Gonçalves, et al., 2006; Pereira,

1999). O mamilo é o local onde se abrem, na superfície cutânea, os ductos ou canais

Mama

4

excretores e apresenta uma coloração castanho-clara rosada, castanho-escura ou negra

(Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et al., 1999; Porth, 2004). Em torno deste existe outra

estrutura denominada aréola mamária, que apresenta uma forma circular, pigmentada, com

algumas glândulas mamárias rudimentares, situadas muito superficialmente – glândulas

areolares ou tubérculos de Montgomery – o que lhe confere um aspeto bocelado. Estas

glândulas têm como principal papel protegerem o mamilo e aréola mamária de eventuais

irritações durante a amamentação (Porth, 2004; Seeley, et al., 1997).

O tecido epitelial glandular é o tecido que constitui a glândula mamária. Esta é uma

glândula túbulo-alveolar composta, formada por 15 a 25 unidades glandulares independentes

denominadas lobos mamários (Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et al., 1999; Pereira, 1999;

Porth, 2004). Os lobos estão envoltos numa massa de tecido adiposo subdividido por septos

de tecido conjuntivo rico em fibras colagénias e que conferem à mama a sua forma

característica (Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et al., 1999; Seeley, et al., 1997).

A glândula mamária possui dois grandes sistemas morfofuncionais: a unidade terminal

ducto-lobular e o sistema dos grandes ductos (Junqueira, et al., 1999; Pereira, 1999). A

unidade terminal ducto-lobular é a unidade excretora da glândula formada por um conjunto de

células excretoras do tipo apócrino (alvéolos) agrupadas em “cacho de uvas” interligados por

ductos denominado ácino ou lóbulo (Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et al., 1999; Pereira,

1999; Porth, 2004). Os lóbulos encontram-se separados por tecido conjuntivo interlobular e

no seu interior, a circundar os alvéolos, existe o tecido conjuntivo intralobular bastante

vascularizado (Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et al., 1999).

De cada lóbulo sai um grupo de canalículos terminais que confluem num canal

subsegmentar que drena num canal segmentar e este num ducto intralobular, denominado

canal galactóforo (Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et al., 1999; Pereira, 1999; Porth, 2004).

Estes canais formam o sistema dos grandes ductos. Cada um destes canais possui uma

abertura independente no mamilo, pelo que este possui, assim, 15 a 25 orifícios, cada um com

cerca de 0,5mm de diâmetro (Junqueira, et al., 1999; Seeley, et al., 1997).

O canal galactóforo antes de atingir a zona do mamilo apresenta uma dilatação em forma

de fuso, o seio lactífero, galactóforo ou ampola galactófora, que funciona como uma bolsa

onde se acumula o leite durante a fase da amamentação (Gonçalves, et al., 2006; Junqueira, et

al., 1999; Pereira, 1999; Porth, 2004).

Mama

5

Figura 2.2: Glândula mamária (Ramé, et al., 2012).

A mama possui aproximadamente a forma de uma calote esférica que se prolonga no seu

quadrante superior externo (QSE) em direção à axila; este prolongamento denomina-se

prolongamento de Spencer (Pereira, 1999). A calote esférica divide-se em quatro quadrantes:

o Quadrante Superior Interno (QSI), o Quadrante Inferior Interno (QII), o Quadrante Inferior

Externo (QIE) e o Quadrante Superior Externo (QSE), como se pode ver na figura 2.3.

Figura 2.3: Mama e prolongamento de Spencer (adaptado de (Pereira, 1999))

Legenda: 1- Clavícula; 2- Mama; 3- Prolongamento de Spencer; 4- Músculo Peitoral; 5- QSI; 6- QII;

7- QIE; 8- QSE.

Os ligamentos de Cooper (tecido fibroso) que se estendem desde o folheto subdérmico da

fáscia superficial do músculo grande peitoral até à pele, cobrindo os lobos mamários

conferindo uma imagem em “aros de uma roda”, são os responsáveis pela manutenção da

forma e sustentação da mama (Gonçalves, et al., 2006; Pereira, 1999; Seeley, et al., 1997).

Figura 2.4: Representação global dos ligamentos de Cooper em “aros de roda”, e do músculo grande

peitoral (adaptado de (Porth, 2004)).

Mama

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No início da menopausa, com a redução gradual dos níveis de estrogénio e progesterona, o

tecido mamário regride por um processo chamado atrofia ou hipoplasia do tecido mamário.

Ao longo deste processo, as estruturas lóbulo-alveolares atrofiam e há uma diminuição/perda

de tecido glandular que é, em parte, substituído por um aumento do tecido adiposo e por

tecido conjuntivo (fibrose), mantendo apenas os ductos (Pereira, 1999; Porth, 2004). Para

além disso, os ligamentos de Cooper também enfraquecem e alongam-se, deixando assim a

mama com um aspeto mais descaído e pendente (Pereira, 1999; Porth, 2004; Seeley, et al.,

1997).

A sua irrigação sanguínea é efetuada por ramificações das artérias: torácica interna, axilar

e artérias intercostais (Bernardes; Bland, et al., 2005; Standring, et al., 2005).

Figura 2.5: Irrigação arterial da mama (Hall, et al., 2005).

A nível venoso, existe um plexo que circunda a aréola que drena nas veias que

acompanham as artérias correspondentes: veia torácica interna, axilar e veias intercostais

(Bland, et al., 2005; Standring, et al., 2005).

A drenagem linfática é feita pelos gânglios axilares (cerca de 20 a 40 e são responsáveis

pela drenagem de mais de 75% da mama), para-esternais e internos. Estão agrupados de

acordo com a sua relação com o músculo peitoral menor em: Peitorais (anterior),

Subescapulares (posterior), Centrais e Apicais (Bland, et al., 2005; Standring, et al., 2005).

Mama

7

2.2 Patologia Mamária

As patologias mamárias afetam frequentemente a mulher e, raramente o homem.

Manifestam-se sob a forma de massas ou nódulos, frequentemente palpáveis, e muitas vezes

dolorosos. Na sua maioria corresponde a patologia benigna (Kumar, et al., 1994; Yang, et al.,

2007).

As patologias mamárias encontram-se agrupadas em:

Alterações fibrocísticas:

o Simples: Cistos e Fibrose;

o Proliferativa;

o Adenose Esclerosante;

Inflamações:

o Mastites:

Origem Bacteriana;

Origem Não-bacteriana;

o Esteatonecrose Pós-traumática;

Neoplasias da mama:

o Benignas:

Fibroadenoma;

Tumores Filoides;

Papiloma Intraductal;

o Malignos:

Carcinoma Não-Infiltrativo ou In Situ:

Carcinoma Ductal In Situ;

Carcinoma Lobular In Situ.

Carcinoma Infiltrativo:

Carcinoma Ductal infiltrativo;

Carcinoma Lobular infiltrativo;

Carcinoma Medular;

Carcinoma Colóide (Mucinoso);

Doença de Paget;

Carcinoma Tubular.

Mama

8

2.2.1 Alterações Fibrocísticas

Estas patologias devem-se a uma estimulação hormonal e reação inapropriada do tecido

mamário. São lesões frequentes e podem ser inofensivas ou estarem associadas a padrões com

um aumento do risco de carcinoma mamário (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

2.2.1.1 Alteração Fibrocística Simples

Esta subdivisão das alterações fibrocísticas também pode ser designada por cistos e/ou

fibrose sem hiperplasia das células epiteliais. É o tipo de alterações fibrocísticas mais

frequente e é caracterizado pela diminuição e/ou perda do tecido conjuntivo intralobular da

mama e sua substituição por tecido conjuntivo denso rico em colagénio, pouco sensível a

hormonas. A mama perde a definição do limite entre o tecido conjuntivo intralobular e

interlobular, tornando-se desfocado – Fibrose (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

Simultaneamente, o epitélio ductal continua a proliferar (pois mantém a capacidade de

resposta hormonal ao longo do ciclo menstrual), levando à sua dilatação e consequente

formação de cistos, devido à fixação destes ductos pelos fios do tecido conjuntivo. Dado que

as células que revestem estes novos cistos formados continuam a ser sensíveis às hormonas, a

segregação de fluido hidratante da matriz de tecido conjuntivo dos lóbulos mantém-se e,

como não pode ser excretado devido à obstrução do tecido fibroso, leva ao aumento do

tamanho dos cistos (podendo ter entre 1 e 5 cm) (Damjnov, 2000). Regra geral, afeta as duas

mamas (Kumar, et al., 1994).

2.2.1.2 Alteração Fibrocística Proliferativa

Esta subdivisão das alterações fibrocísticas também pode ser designada por cistos e/ou

fibrose com hiperplasia das células epiteliais. Caracteriza-se por várias lesões proliferativas

no interior dos ductos e, por vezes, nos lóbulos da mama, que como referido no capítulo

anterior são revestidos por células/tecidos epiteliais. Estas alterações podem variar, podendo

ser leves e ordenadas ou hiperplasias atípicas, mais pronunciadas. Quando são leves e

ordenadas, o risco de evolução para carcinoma é pequeno; no entanto, no segundo caso o

risco de evolução é significativamente maior e proporcional à intensidade e atipicalidade das

alterações (Kumar, et al., 1994).

A hiperplasia epitelial, regra geral, não origina uma massa mamária clinicamente distinta,

mas sim pequenos crescimentos papilares para o lúmen do ducto - papiloma ductal. Quando

esta papilomatose é excessiva pode ocorrer uma secreção mamilar de aspeto seroso ou

serossanguinolento. Muitas vezes surgem também microcalcificações detetáveis na

Mama

9

mamografia, que são provocadas pelo estrangulamento dos vasos sanguíneos causado pelos

fios do tecido fibroso, causando alterações degenerativas, necrose e subsequentemente a

calcificação do estroma. Quando a hiperplasia epitelial ocorre nos lóbulos da mama (ducto

terminal e ácinos) há um aumento do risco de carcinoma infiltrativo da mama (Damjnov,

2000; Kumar, et al., 1994).

2.2.1.3 Adenose Esclerosante

Esta subdivisão é a menos comum das alterações fibrocísticas, mas também a mais

significativa pois apresenta características clínicas e morfológicas muito semelhantes às do

carcinoma mamário e está muito associada a um aumento do risco de evolução para

carcinoma (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

É caracterizada por uma acentuada fibrose intranodular e proliferação de pequenos ductos

ou ácinos resultante da manutenção da capacidade de resposta à estimulação hormonal por

parte das células epiteliais constituintes dos ductos; como a fibrose substitui o estroma

intralobular, este deixa de poder regular a proliferação e maturação do epitélio dos ductos,

deixando-os proliferar de forma desregulada por entre a fibrose, originando a adenose

esclerosante (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

As lesões apresentam-se como massas com uma consistência dura, elástica, muito

semelhante ao cancro de mama (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

2.2.2 Inflamações

Este tipo de patologia mamária não ocorre com muita frequência e não se encontra

associado a um aumento de risco de cancro de mama. Apresentam duas fases: aguda e

posterior. Na fase aguda, a área afetada apresenta dor e sensibilidade à palpação; na fase

posterior (quando a inflamação se encontra em cicatrização ou cura) torna-se indolor e, por

vezes, com fibrose residual, o que provoca uma área tumoral palpável.

As formas mais conhecidas de inflamações mamárias são: as mastites e a necrose

gordurosa traumática (Kumar, et al., 1994).

2.2.2.1 Mastites

Nas mastites podemos distinguir duas origens: bacterianas e não-bacterianas.

As mastites de origem bacteriana ocorrem durante as primeiras semanas de amamentação

ou devido a várias formas de dermatite a nível mamilar. Nestas condições, as bactérias podem

Mama

10

através dos ductos (quando há espessamento das secreções) ou de fissuras nos mamilos,

atingir os tecidos mamários, originando uma mastite aguda.

As mastites de origem não-bacteriana aparecem quando existe uma ectasia (dilatação) e

rutura do ducto mamário, juntamente com o espessamento das secreções mamárias nos ductos

principais e alterações reativas do tecido mamário adjacente. Este tipo de mastite é raro e, é

mais verificado em mulheres que tiveram filhos na quinta ou sexta década de vida (Kumar, et

al., 1994).

2.2.2.2 Esteatonecrose Pós-traumática

Esta forma de inflamação mamária desenvolve-se em duas fases: na primeira é

caracterizada por uma pequena lesão (regra geral, inferior a 2cm de diâmetro),

frequentemente dolorosa à palpação, bem localizada, com um foco central de células

gordurosas necróticas; na segunda fase, estas células são substituídas por tecido cicatricial (ou

envoltas no interior da cicatriz), podendo haver o desenvolvimento de calcificações na cicatriz

ou parede do cisto (Kumar, et al., 1994).

2.2.3 Neoplasias/Tumores da Mama

Segundo Kumar, Willis define neoplasia como “uma massa anormal de tecido cujo

crescimento excede e está descoordenado dos tecidos normais, persistindo da mesma forma

excessiva após a cessação dos estímulos que despertaram a alteração”; assim sendo, uma

neoplasia resulta da perda de resposta aos mecanismos que controlam o crescimento normal

(Al-Shamlan, et al., 2010; Kumar, et al., 1994).

Na mama, tal como nas outras partes do corpo, os tumores podem ser benignos ou

malignos e podem ter origem quer no tecido conjuntivo quer no epitelial, sendo no tecido

conjuntivo que têm origem as neoplasias mais comuns da mama (Kumar, et al., 1994).

Quando um tumor apresenta características citológicas e macroscópicas que permitem

definir que se encontra localizado e não se pode propagar para outras áreas do corpo, é

denominado “benigno”. Se, pelo contrário, o tumor apresenta uma aderência firme à estrutura

onde aparece, com possibilidade de invadir e destruir as estruturas adjacentes e espalhar-se

para locais distantes (metastizar), podendo inclusive causar a morte, é denominado “maligno”.

Este é o tipo de tumor que de forma generalizada se denomina “cancro” (que deriva do termo

em latim para caranguejo) (Kumar, et al., 1994). As principais diferenças entre as

características dos tumores benignos e malignos podem ser visualizadas no anexo I.

Mama

11

2.2.3.1 Tumores Benignos

Os tumores benignos da mama são: o fibroadenoma, o tumor filoides e o papiloma

intraductal (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

2.2.3.1.1 Fibroadenoma

O fibroadenoma é o tumor benigno mais frequente da mama e afeta essencialmente as

mulheres jovens, tendo tendência a aumentar na fase final do ciclo menstrual e durante a

gravidez e a regredir e calcificar após a menopausa. Apresenta-se como um nódulo sólido,

com 1 a 5cm, distinto, móvel à palpação e bem encapsulado (Damjnov, 2000; Kumar, et al.,

1994). Como possuem cápsula, são facilmente removidos por um cirurgião, sem

consequências graves. Para além disso, não reincidem e não evoluem até à malignidade, pelo

que apresentam um prognóstico excelente (Damjnov, 2000).

2.2.3.1.2 Tumores Filoides

Este tipo de tumores ocorre quando os fibroadenomas atingem grandes proporções

(diâmetros entre 10 e 15cm) e se tornam lobulados e císticos, apresentando ao corte

macroscópico fenda e fissuras tipo folhas (daí o nome filoides). Regra geral são benignos,

mas alguns podem evoluir e tornar-se malignos. Quando isto acontece, o tumor pode recidivar

(Amorim, 2007; Kumar, et al., 1994).

2.2.3.1.3 Papiloma Intraductal

Como o nome indica este tumor cresce em forma de papila no interior de um ducto e

aparece como uma descarga mamilar serosa ou sanguinolenta, presença de um pequeno tumor

subareolar com alguns milímetros de diâmetro e retração mamilar (ainda que raramente)

(Kumar, et al., 1994).

A maioria destes tumores apresenta-se como lesões solitárias nos principais ductos, com

um diâmetro inferior a 1cm. Por vezes, podem ser lesões múltiplas, mas quando isto acontece,

há uma maior probabilidade de recidivar e evoluírem para carcinoma (lesão maligna) (Kumar,

et al., 1994).

2.2.3.2 Tumores Malignos - Carcinomas

Os tumores malignos são denominados carcinomas e existem dois subtipos: o não-

infiltrativo e o carcinoma infiltrativo. Os carcinomas não-infiltrativos são: o carcinoma ductal

in situ e o carcinoma lobular in situ. Os carcinomas infiltrativos são os tumores mais

invasivos e denominam-se por: carcinoma ductal infiltrativo – cirroso, carcinoma lobular

Mama

12

infiltrativo, carcinoma medular, carcinoma colóide (mucinoso), doença de Paget e carcinoma

tubular. Há ainda outro tipo de tumor que não é inserido em nenhum destes dois subtipos que

é o carcinoma inflamatório (Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994). Estes

tumores serão abordados na secção 2.3.

2.3 Cancro de Mama

2.3.1 Epidemiologia e Etiologia do Cancro de Mama

O carcinoma da mama é o mais importante tumor mamário, dada a sua elevada incidência.

Anualmente, em todo o mundo, são diagnosticados cerca 1,3 milhões de mulheres com cancro

de mama, das quais cerca de 465 000 mulheres morrerão desta doença, com a agravante da

sua incidência ter vindo a aumentar (Acharya, et al., 2012; Damjnov, 2000; Eltoukh, et al.,

2010; Lin, et al., 2009; Ojica, et al., 2011; Ministério da Saúde, 2004).

Apesar dos numerosos estudos efetuados nesta área, atualmente ainda não existe nenhuma

causa específica para a sua ocorrência. No entanto há fatores de risco a ter em conta e podem

ser classificados em fatores de baixo, médio e alto risco (Amorim, 2007; Damjnov, 2000;

Kumar, et al., 1994; Moynihan, 2006), como a seguir se descrevem.

2.3.1.1 Baixo Risco

Raça

A raça Caucasiana é a que possui a maior probabilidade de ter cancro de mama e os

orientais a menor (Damjnov, 2000; Moynihan, 2006).

Menarca precoce e menopausa tardia

Apresenta maior incidência em mulheres com uma menarca precoce (antes dos 12 anos),

bem como com uma menopausa mais tardia (após os 55 anos) (Amorim, 2007; Damjnov,

2000; Kumar, et al., 1994; Moynihan, 2006).

Consumo de álcool

O consumo de álcool, ainda que moderado, pode estar associado a um aumento da

probabilidade de desenvolvimento de cancro de mama (Brodersen, et al., 2010; Moynihan,

2006).

Terapia hormonal de substituição

Ainda não está totalmente claro o papel desta terapia na incidência de cancro de mama. No

entanto, alguns dados mostram um aumento moderado do risco nas utentes sujeitas a um

tratamento com doses altas de terapia hormonal de substituição no pós-menopausa, pelo que

Mama

13

alguns investigadores do Royal College of Obstricians and Ginaecologists do Reino Unido

não aconselham o seu uso por mais de 5 anos (Amorim, 2007; Brodersen, et al., 2010; Kumar,

et al., 1994; Moynihan, 2006).

Anticoncecionais orais

Também ainda não está bem demonstrado a sua implicação no desenvolvimento de cancro

de mama; os estudos relacionados com os anticoncecionais orais referenciados pela American

Joint Commitee on Cancer em 2000, são muitas vezes contraditórios e referem que o

conteúdo de estrogénios e progesterona usados no fabrico destes medicamentos é atualmente,

muito ponderado, não se podendo afirmar de forma conclusiva a sua implicação nesta

etiologia (Amorim, 2007; Brodersen, et al., 2010; Kumar, et al., 1994).

2.3.1.2 Médio Risco

História familiar de cancro de mama

Uma mulher que tenha familiares diretos com cancro de mama tem um risco relativo de

cerca de 5 a 10 vezes de vir a desenvolver cancro de mama. Tal facto deve-se à existência de

uma mutação hereditária dos genes supressores tumorais p53 no cromossoma 17, BRCA-1 no

cromossoma 17 e BRCA-2 no cromossoma 13 (Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Kumar, et

al., 1994; Lippman, 2005; Moynihan, 2006; Ojica, et al., 2011).

História pessoal de cancro de ovário ou endométrio

A probabilidade de ter cancro de mama é maior em pacientes que tenham tido cancro de

ovário ou do endométrio, possivelmente devido ao facto de serem cancros induzidos pelas

hormonas em mulheres com hiperestrinismo ou com desregulação do eixo pituitário-ovarino

(Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994; Moynihan, 2006).

Idade do primeiro parto superior a 30 anos (Amorim, 2007; Brodersen, et al., 2010;

Kumar, et al., 1994; Lippman, 2005; Moynihan, 2006).

Nuliparidade

Esta doença é mais frequente em mulheres que nunca tiveram filhos (nulíparas) do que nas

que tiveram mais que um (multíparas). Tal deve-se a um aumento da secreção de estrogénios

consequente da não interrupção do ciclo ovariano (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994;

Lippman, 2005; Moynihan, 2006).

Obesidade em mulheres pós-menopausa

A obesidade está associada a um aumento do risco de cancro de mama, devido aos

depósitos de gordura, nos quais é sintetizado estrogénios (Kumar, et al., 1994; Moynihan,

2006).

Mama

14

Classe socioeconómica elevada e influências geográficas

As mulheres da classe socioeconómica elevada são mais afetadas que as de uma classe

mais baixa, devido aos seus hábitos e estilos de vida, nomeadamente consumo de gorduras

saturadas, açucares, álcool, sedentarismo, a alimentação (dieta rica em gorduras,

principalmente a animal) (Amorim, 2007; Brodersen, et al., 2010; Kumar, et al., 1994;

Moynihan, 2006).

Nos Estados Unidos (tal como em outros países ocidentais) é um dos tumores com maior

taxa de mortalidade, apenas superado pelo Cancro de Pulmão (não porque haja uma

diminuição da sua incidência, mas porque este está a aumentar em mulheres); em 2000 as

estatísticas demonstravam que eram detetados pelo menos 180 000 novos casos por ano de

carcinoma da mama (Arabi, et al., 2010; Brodersen, et al., 2010; Chagas, et al., 2008;

Damjnov, 2000; Ivanescu, et al., 2010; Kumar, et al., 1994; Moynihan, 2006; Nagi, et al.,

2010; Tahmasbi, et al., 2011).

O cancro de mama apresenta uma incidência cerca de cinco vezes inferior no Japão e na

Formosa relativamente aos Estados Unidos (Kumar, et al., 1994).

Na Europa, em 2006 foram detetados cerca de 429 900 novos casos, com cerca de 132 000

mortes. Estatísticas mais recentes referem que o cancro de mama neste continente afeta uma

em cada 10 mulheres (Chagas, et al., 2008; Nagi, et al., 2010).

A tabela seguinte mostra o número de casos e óbitos por carcinoma mamário nos 10

maiores países em 2000 (Amorim, 2007).

Tabela 2.1: Número de novos casos e óbitos por Carcinoma Mamário nos dez Maiores Países do

Mundo em 2000 (Amorim, 2007).

Países Número de Novos Casos Número de Óbitos

EUA 183 494 45 553

China 106 014 28 787

Índia 77 124 40 607

Federação Russa 52 185 19843

Alemanha 51 710 19149

França 37 193 11 529

Brasil 35 165 11 203

Reino Unido 34 815 14 415

Itália 32 037 11 902

Japão 31 124 11 324

Total 1 342 861 214 312

Mama

15

Portugal não é exceção; como pode ser verificado na tabela 2.2, só na região Norte, em

2005 teve uma taxa de incidência de 92,6 (por 100 000 habitantes), sendo o que apresentou

uma taxa de incidência mais elevada na mulher (Ror13).

Tabela 2.2: Taxa de incidência dos cancros mais frequentes no homem e na mulher, em 2005, na

região Norte de Portugal (Ror13).

Topografia Taxa de incidência (/100 000)

Homem Mulher Homem e Mulher

Estômago 45,9 30,9 38,1

Cólon 42,8 33,4 37,9

Recto 29,8 20,2 24,8

Traqueia, Brônquios e Pulmão 59,8 13,9 36,1

Mama 1,6 92,6 48,6

Colo do Útero - 15,3 -

Corpo do Útero - 12,9 -

Próstata 106,8 - -

Bexiga 31,6 7,7 19,2

Glândula Tiroideia 5,7 24,1 15,2

Linfoma não Hodgkin 15,1 10,9 12,9

Todas as localizações 455,3 338,2 394,8

Apesar de em Portugal, as taxas de mortalidade por esta doença serem das mais baixas da

União Europeia e se terem mantido estáveis, em 2004, continuava a ser responsável pela

causa de morte por cancro mais comum entre as mulheres, apesar de ter sofrido uma redução

(Ministério da Saúde, 2004).

No nosso país, em 2010, um estudo efetuado revelava que 1 em cada 19 mulheres estariam

em risco de contrair cancro de mama ao longo da sua vida (Eltoukh, et al., 2010). Segundo

dados do Roreno (Registo Oncológico do Norte), a zona Norte segue a regra de todo o país,

onde em 2007 foi o cancro mais frequente na mulher e insignificante no homem, como pode

ser visualizado pela figura 2.6 (Ror13).

Segundo a mesma fonte, de 2000 para 2007 houve um aumento geral da incidência de

todos os tipos de cancro (exceto o de Estômago e o do corpo do útero). O que teve maior

aumento foi o cancro de mama, tendo sido o cancro com maior incidência na zona Norte de

Portugal (ver figura 2.7) (Ror13).

Mama

16

Figura 2.6: Tumores mais frequentes no sexo Masculino e Feminino em 2007, em percentagem do

número total de casos verificados (Ror13).

Figura 2.7: Taxas de incidência padronizadas de cancro na região Norte de Portugal em 2000 e 2007,

respetivamente (Ror13).

2.3.1.3 Alto Risco

Sexo

O cancro de mama é raro no homem representando apenas cerca de 1% de todos os

cancros de mama (Arabi, et al., 2010; Damjnov, 2000; Ojica, et al., 2011).

Idade

Um estudo efetuado pela Direção Geral de Saúde referia que, em 2001, o número de

mortes por esta doença era muito superior a partir dos 45 anos e que antes dos 25 não havia

registos de qualquer morte por esta doença (como pode ser verificado pela tabela 2.3)

(Ministério da Saúde, 2004).

Mama

17

Tabela 2.3: Número de óbitos e taxas de mortalidade por cancro de mama na mulher, por idade em

Portugal (por 100 000 habitantes) em 2001 (adaptado de (Ministério da Saúde, 2004)).

Idades Óbitos Taxa

0-24 0 0,0

25-34 20 2,6

35-44 100 13,2

45-54 258 37,5

55-64 305 51,4

65-74 406 73,6

75 e > 564 130,8

Total 1653 31,0

Outros estudos referem que o carcinoma da mama é muito raro antes dos 20 anos de idade,

começa a aumentar de uma forma mais ou menos constante até à altura de menopausa,

atingindo o pico de maior incidência por volta dos 60 anos. A partir desta idade, o aumento

faz-se de forma mais lenta durante o resto da vida (Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Kumar, et

al., 1994).

História pessoal de cancro de mama contra-lateral

O facto de uma mulher ter tido cancro de mama contra-lateral, aumenta significativamente

o risco de vir a desenvolver outro cancro de mama, justificado pelo facto de ocorrerem com

mais frequência em mulheres com hiperestrinismo ou desregulação do eixo pituitário-

ovariano (como referenciado) (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

Alterações fibrocísticas com hiperplasia epitelial atípica

Mulheres que tenham alterações fibrocísticas com hiperplasia epitelial atípica têm mais

probabilidade de vir a desenvolver um cancro de mama (Damjnov, 2000; Kumar, et al.,

1994).

Segundo Cidália Amorim, com base nos fatores de risco expostos e na relação entre cada

mulher portadora do cancro de mama e os seus familiares, Henderson e Lynch, definiram três

tipos de cancro mamário: cancro esporádico da mama (quando a mulher afetada não apresenta

história desta doença ao longo de 2 gerações), cancro de mama familiar (quando existe num

ou mais familiares em primeiro ou segundo grau sem ser hereditário) e cancro hereditário

(quando existe num ou mais familiares em primeiro ou segundo grau e na presença de um

facto autossómico dominante, com alta penetrância de suscetibilidade ao cancro da mama)

(Amorim, 2007).

Mama

18

2.3.2 Morfologia

O cancro de mama, apesar de teoricamente poder afetar as duas mamas de igual forma,

afeta mais frequente na mama esquerda do que na direita e em cerca de 4 a 10% ocorrem

bilateralmente (Damjnov, 2000). Qualquer que seja a lateralidade, afeta mais frequentemente

o QSE (em 45 a 50% dos casos) e a área central (20 a 25% dos casos). Pelos outros

quadrantes – QIE, QSI e QII – são mais raros e apresentam uma incidência entre 5% a 15%

(ver figura 2.8) (Damjnov, 2000; Jatoi, et al., 2006; Kumar, et al., 1994).

Figura 2.8: Distribuição da frequência do tumor principal na mama (Jatoi, et al., 2006).

Os tumores da mama são originados a partir das células que compõem a unidade terminal

do ducto-lobular, a maioria (cerca de 90%) tem origem no epitélio ductal e apenas cerca de

10% no epitélio lobular (Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994; Moynihan,

2006; Ng, et al., 2008).

Figura 2.9: Localização dos carcinomas mamários ductal e lobular, in situ e infiltrativo (Moynihan,

2006).

Mama

19

2.3.2.1 Carcinoma Não-Infiltrativo ou In Situ

2.3.2.1.1 Carcinoma Ductal In Situ

Este tipo de tumor resulta da proliferação do epitélio ductal dentro dos ductos, sem

invasão da membrana basal ductal do tecido mamário adjacente. Habitualmente são

assintomáticos mas excecionalmente pode surgir como um nódulo clinicamente palpável que

chega a atingir cerca de 5cm. Agrupa uma série heterogénea de subtipos, tais como, o

carcinoma micropapilar, carcinoma papilar, carcinoma sólido, carcinoma cribiforme e

comedocarcinoma. Destes, o mais agressivo é o comedocarcinoma e representa cerca de 5%

de todos os carcinomas mamários (Amorim, 2007; Kumar, et al., 1994; Lippman, 2005).

O carcinoma ductal in situ é um tumor não-infiltrativo e não tem tendência para se

disseminar. No entanto, em cerca de um terço dos casos deste tipo de carcinoma, se não for

tratado, evolui para carcinoma infiltrativo, num prazo de 5 anos (Amorim, 2007; Kumar, et

al., 1994; Lippman, 2005; Moynihan, 2006).

2.3.2.1.2 Carcinoma Lobular In Situ

O carcinoma lobular in situ tem origem na proliferação de células dos ácinos ou dúctulos

terminais do lóbulo e caracteriza-se por apresentar grande probabilidade de multicentricidade

na mesma mama; em cerca de 20% dos casos pode ocorrer bilateralmente. Não se apresenta

como uma lesão palpável pelo que só pode ser detetada através de exames imagiológicos.

Apesar de não ser considerada uma lesão maligna, apresenta elevado risco (oito a onze vezes

mais probabilidade) de vir a transformar-se (Amorim, 2007; Kumar, et al., 1994; Lippman,

2005).

2.3.2.2 Carcinoma Infiltrativo

2.3.2.2.1 Carcinoma Ductal Infiltrativo – Cirroso

O carcinoma ductal infiltrativo é o mais frequente (75% de todos os carcinomas

mamários) e quando têm maiores dimensões, invadem a pele ou a parede torácica, podendo

manifestar-se como nódulos duros e fixos e podem causar uma ondulação da pele, retração

mamilar ou fixação à parede torácica. Apresenta-se muitas vezes com metástases e por isso,

com pior prognóstico (Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994; Moynihan, 2006).

Mama

20

2.3.2.2.2 Carcinoma Lobular Infiltrativo

Este tipo de carcinoma também tem origem nos ácinos ou dúctulos terminais do lóbulo e

tem tendência a aparecer em múltiplos sítios da mama, incluindo bilateralmente. Pode

aparecer como uma área definida com maior espessamento ou como uma protuberância, mal

circunscrito e elástico ou rígido e cirroso. São responsáveis por 5 a 10% dos cancros de mama

e apresenta uma forte probabilidade de metastização (Amorim, 2007; Kumar, et al., 1994;

Moynihan, 2006).

2.3.2.2.3 Carcinoma Medular

O carcinoma medular apresenta-se como uma massa de consistência mole, carnosa e

pouco resistente. É um tumor raro e aquando a sua descoberta, muitas vezes já tem grandes

dimensões. O seu prognóstico não é muito mau, pois raramente metastiza (Amorim, 2007;

Kumar, et al., 1994).

2.3.2.2.4 Carcinoma Colóide (Mucinoso)

O carcinoma mucinoso apresenta-se como uma massa grande, extremamente mole, de

consistência gelatinosa e crescimento lento. Tem a capacidade de produzir mucina e apresenta

um bom prognóstico (Amorim, 2007; Kumar, et al., 1994).

2.3.2.2.5 Doença de Paget

A Doença de Paget é outra forma rara de tumor maligno da mama e não é mais do que

uma variante de carcinoma ductal. É um carcinoma intraductal (in situ ou infiltrativo) que se

propaga através dos ductos excretores e invade a pele do mamilo e aréola mamária,

provocando-lhe lesões semelhantes a um eczema. Também pode manifestar-se como uma

erupção crónica eritematosa, acompanhado de prurido ou sangramento. Afeta mulheres mais

jovens e apresenta um prognóstico mais favorável (Amorim, 2007; Kumar, et al., 1994).

2.3.2.2.6 Carcinoma Tubular

O carcinoma tubular aparece no túbulo, frequentemente associado a outros tipos de cancro

de mama. Raramente metastiza, tendo por isso um prognóstico favorável (Amorim, 2007).

2.3.2.3 Carcinoma Inflamatório

Este tipo de tumor ocorre por vezes na gravidez e identifica-se pelo aparecimento de sinais

inflamatórios evidentes (rubor, dor à palpação, calor e tumor) e muitas vezes associado a

Mama

21

nódulos axilares e supraclaviculares palpáveis, com possíveis metástases. O prognóstico é

reservado (Amorim, 2007).

As células tumorais podem metastizar – “(…) uma metástase é com efeito, um transplante

de uma amostra do tumor primário para outra estrutura ou mesmo para uma parte distante do

corpo (…)” (segundo Nuland citado por Amorim, 2007). As principais vias de metastização

são a linfática e hematogénica, sendo a linfática a mais frequente (Amorim, 2007; Damjnov,

2000; Kumar, et al., 1994). Pode metastizar órgãos à distância e os mais frequentes são os

pulmões (65%), os ossos (56%), o fígado (45%) e as glândulas supra-renais (Amorim, 2007;

Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

2.3.3 Estadiamento e prognóstico

Existem vários sistemas que permitem estadiar e definir um tratamento, bem como o

prognóstico de um tumor, com base no tamanho do tumor primário (T), presença ou não de

metástases nodais (N) e metástases à distância (M). O mais usado é o Estadiamento

estabelecido pelo American Committee on Cancer e está definido no anexo II (Amorim, 2007;

Chagas, et al., 2008; Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994; Lippman, 2005; Moynihan, 2006):

O prognóstico do tumor é afetado por vários fatores, tais como:

Existência de edema ou múltiplos nódulos na pele da mama;

Fixação à parede torácica;

Disseminação para os gânglios das cadeias mamárias internas ou

supraclaviculares;

Presença de metástases à distância (Chagas, et al., 2008; Kumar, et al., 1994);

Tamanho do tumor primário (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994; Lippman,

2005; Moynihan, 2006);

Disseminação ganglionar e o número de gânglios envolvidos (Kumar, et al.,

1994);

Subtipo histológico e grau do tumor (Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994);

Presença de recetores para estrogénios e progesterona (Damjnov, 2000;

Kumar, et al., 1994; Moynihan, 2006);

Taxa de crescimento do tumor e valores de DNA aumentados e dispersos;

Alterações moleculares do tumor;

Angiogénese substancial;

Mama

22

Presença de proteínas associadas a infiltração (Kumar, et al., 1994; Lippman,

2005).

Assim, é fácil perceber que, apesar de um tumor poder evoluir rapidamente e poder causar

a morte em 1 a 2 anos, se detetado numa fase inicial, pode regredir e o seu prognóstico ser

mais favorável: se for detetado no estadio 0, a taxa de sobrevida ao fim de cinco anos é de

98%, diminuindo à medida que avançamos no estadio, sendo que no estadio IV é de apenas

10% (no estadio I é de 80%, no estadio II de 65% e no estadio III de 40%) (Arabi, et al.,

2010; Boquete, et al., 2012; Damjnov, 2000; Kumar, et al., 1994).

2.3.4 Deteção

A deteção precoce permite aos médicos e às utentes a oportunidade de selecionar a

terapêutica a aplicar no tratamento e controlo do tumor, de modo a conseguir obter-se um

aumento da sobrevida (Amorim, 2007; Arabi, et al., 2010; Brodersen, et al., 2010; Chagas, et

al., 2008; Kapoor, et al., 2010; Nagi, et al., 2010; Tahmasbi, et al., 2011; Wishart, et al., 2010;

Yang, et al., 2007).

Existem três procedimentos usados numa análise e deteção precoce do cancro de mama:

história clínica, exame físico e exames complementares (Amorim, 2007; Chagas, et al., 2008).

O auto-exame consiste na palpação e observação da mama efetuada pela própria mulher às

suas mamas (Damjnov, 2000). O exame físico é o exame clínico efetuado por um médico,

onde, juntamente com história individual da mulher se identificam os fatores de risco

(Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Lippman, 2005).

Os exames complementares de diagnóstico permitem a visualização dos tumores. Pode ser

usada a mamografia, a ecografia, a termografia, a ressonância magnética, a cintigrafia

mamária, a PET (Tomografia por Emissão de Protões), entre outros, sendo os dois primeiros

os mais usados (Acharya, et al., 2012; Amorim, 2007; Lin, et al., 2009; Ng, et al., 2008;

Ojica, et al., 2011; Rangayyan, 2005; Yang, et al., 2007).

A mamografia e a termografia serão os métodos que irão ser abordados nesta dissertação.

2.4 Termorregulação

Homeostasia é o processo pelo qual o corpo humano mantém um meio interno

relativamente estável quando ocorre uma variação interna ou externa, sendo por isso, o ser

humano considerado um animal homeotérmico (Monteiro, et al., 2006; Silverthorn, 2003).

Existem 5 tipos de fatores que podem afetar a homeostasia: os físicos (tais como, calor,

ruído), químicos (alimentos, poluentes), fisiológicos (tumores, funções anómalas),

Mama

23

microbiológicos (vírus, bactérias) e psicológicos (distúrbios emocionais ou mentais)

(Monteiro, et al., 2006; Silverthorn, 2003).

Assim, o controlo de todas as funções do organismo é efetuado por um mecanismo de

retroação que não é mais que um conjunto de eventos nos quais o estado de uma dada

condição do corpo é continuamente conferido, avaliado e modificado de modo a serem

obtidas sempre as condições necessárias ao seu normal funcionamento (Monteiro, et al.,

2006).

Neste mecanismo existem sempre 3 componentes chave: o recetor, o centro de controlo e

o efetor. No caso da regulação da temperatura corporal externa, a pele funciona como recetor

– Termorrecetor –, pois é quem verifica as alterações da temperatura corporal e envia os

sinais ao centro de controlo (encéfalo e medulas). Este é responsável por regular os valores

dentro dos quais a condição controlada deve ser mantida, avaliar os sinais enviados pelos

recetores e, quando necessário, enviar informação aos efetores. O efetor é aquele que recebe a

informação do centro de controlo e produz uma resposta adequada à manutenção da condição

controlada em níveis normais (músculos e glândulas) (Monteiro, et al., 2006; Silverthorn,

2003).

A forma como a resposta é aplicada pode ser de dois tipos: mecanismo de retroação

negativa (quando a atividade dos efetores reverte o desvio da condição controlada) e

mecanismo de retroação positiva (quando a os efetores amplificam o desvio da condição

controlada). A temperatura do corpo é um caso de um mecanismo de retroação negativa,

controlada pela parte Eferente do Sistema Nervoso Periférico, mais concretamente pela parte

do Sistema Nervoso Autónomo e depende deste sistema, ao qual está associada produção

metabólica de calor – termogénese (Monteiro, et al., 2006; Silverthorn, 2003; Yang, et al.,

2007).

A temperatura média do corpo pode variar entre os 35,5 e os 37,7ºC e esta deve ser

mantida nesta faixa. O seu equilíbrio depende do balanço dinâmico entre a entrada e a saída

de calor. O calor que o corpo possui resulta essencialmente de duas fontes: da sua produção

interna proveniente do metabolismo normal e do calor libertado durante a contração muscular,

e da entrada de calor externo do ambiente. O calor será libertado por fenómenos de convecção

(interação entre os diversos tecidos do corpo humano), condução (pela circulação sanguínea),

radiação (através da superfície da pele) e evaporação (pelas glândulas sudoríparas). As taxas

de libertação de calor dependem das condições ambientais, podendo a pele comportar-se

como radiador ou isolador (Lee, et al., 2010; Silverthorn, 2003; Ng, 2009).

Mama

24

A perda de calor na superfície da pele depende da complexa interação de trocas de calor

entre a pele, tecidos internos, sistema vascular e metabolismo (Charkoudian, 2003;

Silverthorn, 2003; Ng, 2009).

A temperatura é, então, um indicador de saúde de um tecido, órgão ou corpo. Assim,

quando há uma anomalia a nível da temperatura da pele, ela provavelmente será provocada

por alterações patológicas, nomeadamente inflamações, lesões malignas e fluxo sanguíneo

anormal dos tecidos (Ivanescu, et al., 2010; Ojica, et al., 2011; Yang, et al., 2007; Zhang, et

al., 2009). Numa neoplasia mamária, na fase proliferativa (fase inicial), as suas células

produzem óxido nítrico que irá interferir no controlo neuronal do fluxo sanguíneo e provocar

uma vasodilatação regional. Como a necessidade metabólica das células neoplásicas é maior

que nas células normais, a vasodilatação criada não irá ser suficiente para a “alimentar” e irá

ocorrer a formação de novos vasos sanguíneos – angiogénese. Assim, esta área terá um

aumento de temperatura quando comparada com as células normais, que se irá refletir a nível

da pele (Dai, et al., 2008; Ivanescu, et al., 2010; Lee, et al., 2010; Lin, et al., 2009;

Silverthorn, 2003; Tang, et al., 2005).

25

Capítulo 3

Termografia

A termografia é uma técnica de imagem não-invasiva que faz a leitura da radiação

infravermelha emitida pelo corpo humano e a converte em valores de temperatura

equivalentes, sendo, por isso, uma representação visual da temperatura da superfície do corpo.

Não utiliza radiação ionizante nem nenhum tipo de agente de contraste, não apresentando, por

isso qualquer risco para o paciente (Azenha, et al., 2011; Damnjanović, et al., 2010; Lee, et

al., 2010; Lin, et al., 2009; Moghbel, et al., 2011; Ng, et al., 2008; Ng, et al., 2005; Umadevi,

et al., 2010; Umadevi, et al., 2009; Ng, 2009). Por temperatura entende-se a velocidade média

das moléculas e átomos que formam um corpo; representa o estado térmico do corpo numa

determinada localização e num determinado instante, podendo ser apresentada em ºC (Graus

Celsius) ou K (Kelvin) (Oliveira, 2012; Rangayyan, 2005).

Baseia-se na premissa de que todos os objetos com temperatura superior a zero Kelvin

emitem radiação térmica (resultante da libertação de calor do organismo), sendo que a

intensidade desta depende do seu comprimento de onda e da temperatura a que se encontra o

corpo (Azenha, et al., 2011; FLIR; Lee, et al., 2010; Minkina, et al., 2009; Moghbel, et al.,

2011; Oliveira, 2012; Umadevi, et al., 2010; Umadevi, et al., 2009; Ng, 2009).

3.1 História da Termografia

Hipócrates e Galeno foram os primeiros a perceberem que existia uma relação entre calor

e vida, quando verificaram que numa doença localizada, existia um aumento de temperatura

nessa área do corpo (Diakides, et al., 2008; Oliveira, 2012).

Em 1800, o astrónomo Sir William Herschel descobriu casualmente a radiação

infravermelha, numa tentativa de descobrir novos materiais para usar como filtro ótico nos

telescópios solares, para reduzir o brilho da imagem do sol. Verificou que diferentes

colorações de vidros mostravam reduções semelhantes no brilho, mas que em alguns passava

mais calor que noutros, inclusive que nalguns passava tanto calor que após alguns segundos

haveria lesões no globo ocular. Este facto deixou o astrónomo intrigado e, então, passou a

tentar perceber o porquê deste aquecimento. Para tal, repetiu as experiências efetuadas do

Termografia

26

prisma de Newton, com um detetor de radiação – o bulbo de um termómetro de mercúrio

escurecido – verificando qual o efeito do aquecimento das várias cores do espectro projetadas

num alvo, quando a luz solar atravessava o prisma de vidro. Chegou à conclusão que o calor

se comportava como a luz e poderia ser refletido e refratado em determinadas condições; para

além disso havia também um aumento constante da temperatura desde o violeta até ao

vermelho e que, imediatamente a seguir a este, a temperatura era ainda mais elevada, apesar

de ser uma zona que aparentemente não tinha luz solar, ou seja, que existiam radiações

invisíveis a olho humano situadas para além da luz vermelha, responsáveis pelo aquecimento

dos objetos. A estas radiações denominou radiação com raios invisíveis e a esta área do

espectro, espetro termométrico. Mais tarde, o nome dos raios foi substituído por raios

infravermelhos (Barreira, 2004; Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012).

Figura 3.1: Refração que ocorre quando a luz branca passa através do prisma de vidro – experiência

de Herschel (Santos, 2007).

Finalmente, em 1821, Thomas Seebeck descobre o efeito termoelétrico – uma junção de

metais distintos produz uma tensão elétrica, cujo potencial depende dos materiais que a

compõem e da temperatura a que se encontra (funcionamento do termopar descoberto em

1829 por Leopoldo Nobili) – que serve de base ao termómetro descoberto por Sir William

Siemens (em 1871). Este termómetro funcionava com base num condutor metálico como meio

termodinâmico, cuja resistência varia consoante a temperatura – termómetros termoelétricos –

sendo mais sensíveis à deteção de calor irradiado (Oliveira, 2012).

Em 1830, com a descoberta de que o sal (NaCl) se encontrava presente em grande parte

dos cristais naturais usados no fabrico de lentes e prismas e que era muito transparente ao

infravermelho (por parte do italiano Macedónio Melónia) o sal torna-se o principal material

ótico de infravermelhos (facto que se manteve até 1930, quando o cristal sintético o veio

substituir) (Oliveira, 2012).

Em 1840, baseando-se nas experiências de seu pai (Sir William Herschel), Sir John

Frederick Herschel, produziu a primeira imagem de calor em papel, usando a radiação solar –

Termografia

27

primeiro termograma. Para tal usou uma fina película de óleo que quando exposta a um

padrão de calor, produzia uma evaporação diferencial e a imagem térmica podia ser visível a

olho nu através da luz refletida (Oliveira, 2012).

Os primeiros termógrafos foram criados por Lehmann em 1877 e eram designados por

termógrafos de contacto por cristais líquidos e permitiam medir a temperatura a partir de

imagens. Utilizam membranas flexíveis em dupla camada, presas a uma moldura e

preenchidas com cristais de colesterol líquido que mudavam de cor quando em contacto com

a pele, consoante a temperatura da região. Este dispositivo foi muito utilizado na área médica

para estudo de padrões de temperatura da mama e diagnóstico de trombose em veias

profundas. Porém, apresentava algumas limitações, nomeadamente o contato demorado do

equipamento que alterava a temperatura original da pele, o aparecimento de artefactos na

imagem, baixa resolução térmica, baixa resolução espacial, tempo de resposta lento, pressão

exercida nas membranas de contacto e alto índice de subjetividade na interpretação das

anomalias da temperatura (Balbinot, 2006).

Em 1880, foi inventado o bolómetro – aparelho composto por uma tira fina de platina

enegrecida que está ligado a um circuito elétrico de uma ponte de wheatstone sobre o qual a

radiação infravermelha incidia, podendo detetar radiação de um corpo a uma distância

superior a 400 metros – por Samuel Pierpont Langley (físico norte-americano) (Oliveira,

2012).

Em 1884 foi postulada a Lei de Stephan-Boltzmann que estabelece a quantidade de calor

transferido por radiação, por unidade de área de superfície de um corpo negro e por unidade

de tempo (Oliveira, 2012).

Em 1892, foi inventado o sistema que mais tarde foi usado como sistema de refrigeração

dos detetores usados nas câmaras termográficas, por James Dewar. Consistia num recipiente

isolado a vácuo que permitia armazenar nitrogénio líquido a uma temperatura de -196ºC por

dias inteiros (Oliveira, 2012).

Em 1900, foi descrita a Lei de Planck que descreve a distribuição espectral da energia

emitida por um material numa dada temperatura, para cada comprimento de onda, por Max

Planck e 5 anos mais tarde, Albert Einstein referiu que a luz era constituída por fotões -

quantuns discretos. Com estas 2 teorias, Einstein referiu que a energia de cada fotão de luz é

igual à sua frequência, multiplicada por uma constante – constante de Planck (Oliveira, 2012).

Os primeiros pirómetros óticos foram construídos por Morse (em 1899) e Horlborn e

Kulbaum (em 1901). Nas 2 primeiras décadas do século XX, foram criados vários sistemas

para fins militares, que permitiam a deteção de icebergs e navios a vapor, e em 1913, foi

Termografia

28

desenvolvido por L. Bellingham o primeiro termómetro de infravermelhos que permitia

detetar objetos com temperatura inferior à temperatura ambiente, utilizando apenas um

espelho e uma termopilha e baseados em variações do bolómetro (Oliveira, 2012).

Figura 3.2: Primeiro pirómetro ótimo construído por Morse (Afonso, 2010).

Figura 3.3: Termómetro de infravermelhos de L. Bellingham (Afonso, 2010).

A grande evolução da tecnologia infravermelha ocorreu entre as duas Grandes Guerras,

com a descoberta do primeiro detetor de infravermelhos que funcionava também como

transdutor. Este detetor fazia a conversão direta da radiação térmica em sinais elétricos

(Diakides, et al., 2008; Oliveira, 2012). Existiam assim dois tipos de detetores:

Detetores de fotões – nestes detetores, após a absorção de fotões da radiação

infravermelha, era efetuada a transdução (única etapa que produz mudanças de

concentração ou de mobilidade dos portadores de cargas livres no elemento detetor).

Assim, quando a radiação incidente gera portadores de carga não equilibrados, altera-

se a resistência elétrica do elemento detetor (fotocondutor) ou gera-se uma

fotocorrente adicional (fotodíodos);

Detetores térmicos – nestes detetores, a radiação incidente é inicialmente absorvida

para mudar a temperatura de um material, e posteriormente produzida uma saída

elétrica do sensor térmico, através da mudança das propriedades físicas do material

(bolómetro) (Oliveira, 2012).

Termografia

29

Mais tarde, em 1917, foi criado o primeiro fotodetetor por Theodore Willard Case. Este

dispositivo apresentava um tempo de resposta e sensibilidade superiores às do bolómetro e

baseava-se na interação direta entre os fotões da radiação incidente e os eletrões do sulfureto

de tálio. Possuía como desvantagem a sensibilidade do conversor de imagem estar limitada

aos comprimentos de onda do infravermelho e os alvos terem que estar iluminados por raios

infravermelhos de procura; também foi usado para fins militares (Oliveira, 2012).

No início dos anos de 1940, surgiu o grande desenvolvimento na área da termografia: o

primeiro sensor eletrónico de radiação infravermelha. Este sensor veio permitir o fabrico de

sistemas de visão rudimentar noturnos, usados na II Guerra Mundial. Nestes sensores, os

eletrões dos cátodos próximos do infravermelho eram direcionados para fósforos visíveis que

convertiam a radiação infravermelha em luz visível. Nessa fase, e como resposta a esta

tecnologia, os aliados desenvolveram um sistema denominado FLIR (Foward Looking Infra

Red), que foi usado pelo exército americano (Diakides, et al., 2008; Oliveira, 2012).

Entre 1930 e 1960, foram criados diversos detetores que funcionavam à base de um

varrimento ótico-mecânico e necessitavam de refrigeração criogénica. Atuavam em diferentes

comprimentos de onda, de acordo com o material utilizado no seu fabrico: Sulfureto de

Chumbo (PbS) que era sensível na banda de 1,5 a 3µm, Antimoneto de Índio (InSb) sensível

na banda de 3 a 5µm e Mercúrio-Cádmio-Telúrio (HgTeCd) sensível na banda de 8 a 14µm

(Oliveira, 2012).

O primeiro detetor de infravermelho que efetuava a leitura da temperatura ao longo de

uma linha e permitia formar uma imagem bidimensional surgiu em 1946. Para a formação

desta imagem era necessário um movimento relativo do objeto em estudo e demorava cerca

de uma hora a ser produzida e 2 a 5 minutos para gravar. Com a introdução de um sistema de

varrimento ótico-mecânico ou eletrónico em 1954, o equipamento formava diretamente a

imagem e o tempo de formação de imagem reduziu para 45 minutos. Porém, estes sistemas

eram pesados, lentos na aquisição e possuíam pouca resolução, pelo que o seu uso foi

limitado praticamente a aplicações industriais (Diakides, et al., 2008; Oliveira, 2012).

O dispositivo criado com o detetor à base de InSb colocado na base de um frasco de

Dewar permitia o arrefecimento com azoto líquido, o que o tornava inutilizável na guerra,

pois requeria um fornecimento constante deste líquido. No entanto, em ambiente hospitalar

podia ser utilizado, tendo sido adquiridas as primeiras imagens médicas de termografia

(Diakides, et al., 2008). Estas foram adquiridas para o estudo de doenças reumáticas com um

sistema protótipo britânico – o Pyroscan – no The Middlesex Hospital in London e no The

Royal National Hospital, entre 1959 e 1961 (Diakides, et al., 2008). Embora ainda muito

Termografia

30

rudimentares em termos de resolução de imagem, este sistema já permitia captar as emissões

térmicas cutâneas e recorrendo ao uso de computadores, já era possível converte-las numa

escala de temperaturas (Balbinot, 2006).

Na década de 60, o fisiologista americano J. Hardy demonstrou que independentemente

da sua tonalidade, a pele era um radiador altamente eficiente com uma emissividade de 0,98

(muito próxima do corpo negro perfeito que é 1) e que, quando a temperatura da pele se

situava entre os 20 e 30ºC, gerava intensidades de radiação infravermelha com comprimentos

de onda de aproximadamente 10µm (o que correspondia a comprimentos de onda muito

baixos para serem detetados com a tecnologia existente na altura) (Diakides, et al., 2008).

Porém acreditava-se que poderia ser muito importante na deteção precoce de cancro de mama,

pois K. Lloyd Williams mostrou que muitos dos tumores mamários são quentes e que quanto

mais quentes eram, pior era o seu prognóstico. As imagens termográficas da altura eram

exibidas numa tela de raios catódicos a preto e branco e ainda não havia processamento de

imagens por computadores, pelo que a sua análise era efetuada de forma muito subjetiva,

através de pontos quentes e assimetrias das mamas que facilmente eram confundidas com as

mudanças normais que ocorrem na mama de uma mulher jovem ao longo do seu ciclo

menstrual. Na altura o uso de falsas imagens coloridas, só era possível através de fotografia,

pelo que era utilizada uma série de brilhos isotérmicos que eram manualmente variadas dentro

da amplitude de temperaturas existente na imagem, sendo cada uma exposta através de

diferentes cores de filtros e sobrepostas a uma única imagem (Diakides, et al., 2008; Oliveira,

2012; Umadevi, et al., 2009).

Este interesse da área médica levou a que em 1964 fosse realizada a primeira conferência

médica sobre termografia na New York Academy of Sciences e em 1966, a segunda foi em

Strasbourg, onde foram avaliados casos de artrite, o efeito dos anti-inflamatórios e

diagnóstico de cancro de mama (Balbinot, 2006).

Em 1965, foi implementada a imagem infravermelha como meio de diagnóstico de cancro

de mama no Albert Einstein Medical Center nos Estados Unidos, por Gershen-Cohen et al.

(Wang, et al., 2010).

Na década de 70, com a necessidade da aplicação da termografia a nível militar, foram

construídos os primeiros sistemas térmicos portáteis, resistentes e fiáveis. Porém,

continuavam a ter fraca qualidade de imagem (Oliveira, 2012). Como a imagem por

infravermelhos não utilizava qualquer tipo de radiação ionizante ou qualquer procedimento

invasivo, não apresentando qualquer risco para os pacientes, o interesse nesta área continuou

(Moghbel, et al., 2011).

Termografia

31

Com a facilidade de acesso a computadores em meados dos anos setenta, foi possível

obter uma imagem colorida a partir da adaptação de um sistema de origem sueco para

Medicina Nuclear, começar a arquivar as imagens em formato digital, selecionar regiões de

interesse standard e medir as temperaturas obtidas a partir das imagens. Os fabricantes de

equipamentos térmicos adaptaram-se à necessidade de quantificar a radiação térmica e

começaram a construir sistemas de calibração para ajudar na padronização desta técnica e

protocolos de boas práticas na aquisição das imagens com aplicações médicas e

farmacológicas (ao nível da preparação do paciente, condições e critérios imagiológicos). Os

workshops iniciados na década de 1960 tornaram-se frequentes e foi formada uma Associação

Europeia de Termografia em 1974, em Amesterdão (Diakides, et al., 2008).

Neste ano foi desenvolvido o processamento matemático que permitia quantificar a

temperatura de um pixel. De acordo com Balbinot, este índice foi definido por Ring et al. em

Bath (Reino Unido) e, para tal, foram usadas áreas de isotermia com intervalos de 0,5ºC que

dividiam a área total da região de interesse, obtendo assim um índice de inflamação. Este

índice ainda é atualmente usado. Porém os termogramas continuavam a apresentar baixa

resolução espacial, lento processamento de imagem, não ter um sistema de calibração de

corpo negro padronizado (que impossibilitava a reprodutibilidade dos testes), as câmaras não

permitiam correção e distorção das medições de temperatura de acordo com o ângulo em que

o objeto em estudo se encontrava (Balbinot, 2006).

Nos anos de 1980, foi o grande início do uso da imagem térmica a nível médico, industrial

e inspeção de edifícios, pois foram desenvolvidos sistemas de refrigeração fiáveis que vieram

substituir o gás comprimido ou liquefeito, dando início à segunda geração de câmaras

termográficas. Para além disso, surge o desenvolvimento da piroeletricidade e do tubo de

raios catódicos que permitiam o fabrico de sistemas térmicos mais leves, portáteis, mais

baratos e que não precisavam de sistemas de arrefecimento (Balbinot, 2006; Oliveira, 2012).

Desde o ano 2000, foram criadas as câmaras termográficas de terceira geração, graças ao

desenvolvimento de novos detetores e da tecnologia FPA (Focal Plane Array). Estas câmaras

permitem trabalhar em ondas largas ou médias, possuem um preço de produção mais baixo, e

podem ser associadas a softwares para análise de imagens radimétricas e elaboração de

relatórios (Oliveira, 2012).

Nos últimos anos, numerosos estudos têm sido feitos no intuito de criar um critério que

permita avaliar a imagem adquirida, pelo que têm sido incorporadas ferramentas analíticas,

tais como os métodos bioestatísticos e redes neurais artificiais, de modo a tornar a análise

Termografia

32

mais objetiva e a permitir melhorar a interpretação de imagens térmicas, obtendo maior

exatidão no diagnóstico (Boquete, et al., 2012; Ng, 2009).

3.2 Princípios Físicos

3.2.1 Transferência de calor por Radiação

Calor é definido como a energia térmica em transição. Por isso, quando existem dois

pontos que estão a temperaturas diferentes, o calor flui do que tem maior temperatura para o

que tem menor até que ambos se encontrem à mesma temperatura, atingindo o designado

equilíbrio térmico (Oliveira, 2012). Este fluxo de calor pode ser efetuado de 3 formas:

condução (quando ocorre no interior de um corpo ou quando dois corpos se encontram

juntos), convecção (quando ocorre entre um sólido e um fluido) e/ou radiação (quando ocorre

através de ondas eletromagnéticas (especialmente os raios infravermelhos), através de um

meio transparente ou de vácuo; é esta a forma que interessa na termografia, pois é o modo que

os equipamentos de infravermelhos detetam) (Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012).

A transferência de calor por radiação é afetada por (Ng, et al., 2008; Oliveira, 2012):

Diferença de temperatura entre os objetos – maior diferença, mais rápida a

transferência de calor;

Fatores atmosféricos (humidade, dióxido de carbono e partículas suspensas);

Distância ao corpo quente – menor distância, mais rápida a transferência;

Emissividade do objeto (fator que será abordado no subtítulo 3.2.2) – maior

emissividade, maior a velocidade de transferência.

A transferência de calor por radiação é designada radiação térmica. A radiação térmica

pode ser emitida em várias faixas do espectro eletromagnético, desde a faixa dos raios

ultravioletas ate às micro-ondas, embora a maior parte seja radiação infravermelha (Azenha,

et al., 2011; Damnjanović, et al., 2010; Oliveira, 2012).

A radiação infravermelha, tal como a luz visível, as ondas de rádio e os raios-X, é um tipo

de radiação eletromagnética que se desloca em forma de onda sinusoidal à velocidade da luz,

porém, com diferente comprimento de onda. Esta radiação corresponde à faixa espectral

compreendida entre a luz visível e as micro-ondas, ou seja, com comprimento de onda entre

0,75µm e os 100m. Apesar de não haver consenso, vários autores referem que se encontra

subdividida em quatro faixas menores: o infravermelho próximo (de 0,75 a 3m), o

infravermelho médio (de 3 a 6m), o infravermelho distante (de 6 a 15m) e o infravermelho

Termografia

33

externo (de 15 a 100m) (Azenha, et al., 2011; Damnjanović, et al., 2010; Oliveira, 2012;

Sousa, 2010).

Figura 3.4: Espectro eletromagnético (Robaert, 2011).

O corpo humano emite radiação infravermelha com um comprimento de onda entre 2 a

20µm, com um pico aos 9-10µm, ou seja, no infravermelho distante (Diakides, et al., 2008).

3.2.2 Emissividade e corpo negro

Para além da temperatura do objeto, a quantidade de radiação que este emite depende,

também da capacidade que este tem de emitir essa radiação. À capacidade que um objeto tem

de emitir/radiar energia infravermelha chama-se emissividade, ε, e o seu valor depende das

propriedades da superfície do material, do próprio material, da sua temperatura e do

comprimento de onda da radiação, podendo variar entre 0 (quando reflete a radiação como um

espelho) e 1 (quando a energia é completamente absorvida – corpo negro) (Azenha, et al.,

2011; FLIR; Oliveira, 2012).

Tabela 3.1: Valores de emissividade de diferentes materiais (Adaptado de: (Umadevi, et al., 2009;

Universidade de Coimbra, 2007)).

Material Emissividade, ε

Vegetação, Solo, Água 0,92-0,96

Asfalto 0,85-0,93

Aço inox polido 0,17

Ouro, prata ou cobre polidos 0,018-0,035

Corpo humano 0,98-0,99

Termografia

34

Um corpo negro é definido como um sistema físico que, em equilíbrio térmico, tem a

capacidade de emitir e absorver toda a radiação incidente, independentemente do

comprimento de onda, temperatura e direção da radiação, pelo que terá uma emissividade

máxima, ou seja, 1. Porém, este conceito é meramente teórico, e um corpo negro não existe

no mundo real, pelo que os valores de emissividade serão sempre inferiores a 1, embora

alguns possam ter uma emissividade muito próxima da unidade, como pode ser verificado na

tabela 3.1 (Afonso, 2010; Diakides, et al., 2008; FLIR; Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012;

Ng, 2009).

3.2.3 Características da radiação infravermelha

Quando uma determinada radiação (radiação incidente - ø) incide na superfície de um

corpo com uma determinada espessura, ocorrem três fenómenos que são dependentes do

comprimento de onda desta radiação: uma parte dessa radiação é absorvida (øA), outra é

refletida (øR) e outra é transmitida (øTT) através do corpo. A cada uma destas frações da

radiação está associado um coeficiente, designado por absorção espectral (A), reflexão

espectral (R) e transmissão espectral (TT), respetivamente; a absorção espectral é o quociente

entre a parte da radiação que é absorvida pela superfície do objeto e a radiação incidente; a

reflexão espectral é o quociente entre a quantidade de radiação que é refletida pela superfície

do objeto e a radiação incidente e depende das propriedades da superfície, da temperatura e do

tipo de material; a transmissão espectral é o quociente entre a parte da radiação que é

transmitida e a radiação incidente e depende do tipo e espessura do material (sendo que a

maioria dos materiais não são transmissivos) (Afonso, 2010; Minkina, et al., 2009; Oliveira,

2012; Sousa, 2010).

Figura 3.5: Balanço da radiação incidente num corpo (Sousa, 2010).

Assim, segundo a Lei de Kirchhoff (válida quer para todo o tipo de radiação emitida por

um corpo por qualquer comprimento de onda, quer para qualquer radiação monocromática),

Termografia

35

devido à conservação da energia, a soma destes 3 coeficientes, para qualquer comprimento de

onda é igual a 1 (Afonso, 2010; FLIR; Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012).

Dado que a absorção de um corpo é igual à sua emissividade, então,

Existem basicamente 4 tipos de corpos que possuem diferentes emissividades (como pode

ser visualizado na figura 3.6) (Afonso, 2010; Azenha, et al., 2011; Oliveira, 2012; Ng, 2009):

Corpo negro – onde a reflexão (R) e a transmissão espectral (TT) são iguais a

0;

Corpo cinzento – possui emissividade constante menor que o corpo negro e

transmissão nula. Alguns exemplos deste tipo de corpos são:

o A maioria dos sólidos, superfícies pintadas, superfícies orgânicas e

metais oxidados – com emissividade elevada;

o Metais polidos e brilhantes e alguns materiais semicondutores – com

baixa emissividade e alta refletividade.

Corpo não cinzento – possui emissividade que varia ao longo de diferentes

comprimentos de onda, existindo também reflexão e transmissão da radiação

infravermelha. Como exemplos deste tipo de corpos tem-se o filme de plástico

fino, vidro, gases e materiais óticos;

Espelho perfeito – a radiação é toda transmitida e por isso, a reflexão espectral

é igual a 1 e a emissividade e a transmissão espectral são nulas.

Figura 3.6: Distribuição espectral das diferentes emissividades em função do comprimento de onda

(Afonso, 2010).

Termografia

36

3.2.4 Leis da radiação

Há 3 leis relativas à radiação térmica: Lei de Stefan-Boltzmann, Lei de Plank e Lei do

deslocamento de Wien (Azenha, et al., 2011; Diakides, et al., 2008; Minkina, et al., 2009;

Oliveira, 2012; Umadevi, et al., 2009; Umadevi, et al., 2010).

O valor máximo de radiação infravermelha emitida é estabelecido pela Lei de Stefan-

Boltzmann. Esta lei refere que a quantidade de radiação térmica total emitida por unidade de

área de superfície de um corpo negro e por unidade de tempo é diretamente proporcional à

quarta potência da sua temperatura absoluta (Azenha, et al., 2011; Diakides, et al., 2008;

Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012; Umadevi, et al., 2009; Umadevi, et al., 2010):

Onde, é a quantidade de calor transferido por radiação, por unidade de área e por

unidade de tempo ( ), é a constante de Stefan-Boltzmann, cujo valor é

e é a temperatura absoluta (Kelvin).

Ora, como referido não existem corpos negros no mundo real, pelo que na Lei de Stefan-

Boltzmann terá de ser inserido o fator emissividade do corpo, ε. Então, a radiação térmica

emitida pelo corpo por unidade de área de superfície e por unidade de tempo será dado por

(Azenha, et al., 2011; Diakides, et al., 2008; FLIR; Moghbel, et al., 2011; Oliveira, 2012):

A lei de Planck fornece as características da radiação infravermelha emitida por um corpo

negro em função da temperatura e comprimento de onda. Os valores fornecidos são valores da

sua emitância espectral, ou seja, a quantidade de radiação por comprimento de onda e unidade

de área, e são dados por (FLIR; Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012; Sousa, 2010; Ng, 2009):

Onde, é a emitância espectral em , é a constante de Planck

( ), é a velocidade da luz no vácuo ( ), é a constante de

Boltzmann ( ), é o comprimento de onda em µm, é a temperatura

em Kelvin (Ng, 2009). A sua representação gráfica pode ser visualizada na figura 3.7.

Termografia

37

Figura 3.7: Emitância espectral, por comprimento de onda de um corpo negro em função da

temperatura – Lei de Planck (FLIR).

Como se pode observar na figura, a radiação emitida varia continuamente ao longo do

comprimento de onda e quanto mais elevada a temperatura, maior a intensidade da radiação

emitida e, para cada valor de temperatura existe um máximo que é calculado a partir da Lei de

Deslocamento de Wein. Esta refere que existe uma relação inversamente proporcional entre a

temperatura e o comprimento de onda onde a emitância é máxima, cujo valor é dado por

(Diakides, et al., 2008; FLIR; Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012):

Onde, é o comprimento de onda onde a emitância é máxima e é a temperatura

absoluta, em Kelvin.

3.2.5 Câmara termográfica

A câmara termográfica é o instrumento que permite adquirir uma imagem com o

mapeamento da temperatura do corpo, consoante a radiação infravermelha emitida pela sua

superfície (Damnjanović, et al., 2010; Ng, et al., 2008; Sousa, 2010). É constituída por vários

componentes, nomeadamente:

Lente

A lente capta a radiação infravermelha que incide no detetor. Pode ser feita de Germânio

(Ge), Silício (Si) e cristais de Selenite de Zinco (ZnSe) e Sulfato de Zinco (ZnS) e a seleção

Termografia

38

destes materiais reflete-se na resolução da medição devido às diferentes curvas de transmissão

(Sousa, 2010).

Detetor

O detetor é um dispositivo que converte a energia da radiação captada pela lente em sinais

elétricos, ou seja, é o transdutor da energia eletromagnética (Azenha, et al., 2011; Minkina, et

al., 2009; Sousa, 2010). Devido à atenuação atmosférica que impede a radiação total emitida

pelo objeto de alcançar a câmara, o detetor opera nas duas bandas onde ocorre a máxima

transmissão possível e a mínima absorção: com um comprimento de onda entre 2 e os 5µm

(detetores de onda curta) e entre os 8 e os 14µm (detetores de onda longa) (ver figura 3.8)

(Boschetti, 2008; FLIR; Minkina, et al., 2009; Sousa, 2010).

Relativamente à arquitetura do detetor, podem ser classificados em dois tipos: os

elementares ou pontuais e os arrays de detetores pontuais (FPA - Focal Plane Array), sendo

este os utilizados nas câmaras termográficas (Minkina, et al., 2009; Sousa, 2010).

O FPA surge no final do século XX e veio revolucionar a área da termografia; consiste

num array de detetores de infravermelhos, normalmente de forma retangular, colocado num

plano focal de uma lente, através do qual é possível obter um aumento da qualidade de

imagem e da resolução espacial verificado nos sistemas de imagem térmica. O tamanho destes

arrays pode variar entre 16x16 pixeis até 640x480 pixeis (Balbinot, 2006; Oliveira, 2012).

Estes detetores recorrem a matrizes bidimensionais de sensores ou microbolométricos e

permitem a aquisição de todos os pontos que constituem a imagem de uma só vez (Minkina,

et al., 2009; Sousa, 2010).

Figura 3.8: Transmissão espetral da radiação infravermelha através da atmosfera terrestre (TTam) com

uma espessura de 1,5Km com as bandas de absorção dos gases mais comuns (Minkina, et al., 2009).

Relativamente ao mecanismo físico do processo de deteção podem ser classificados em:

quânticos e térmicos. Os detetores quânticos convertem a radiação absorvida diretamente num

sinal elétrico, fornecendo uma resposta rápida com margem de erro muito baixa. Possuem

Termografia

39

como principal desvantagem a necessidade de um sistema de arrefecimento criogénico, o que

torna o equipamento muito caro, complexo e pesado; são exemplos destes detetores os

fotocondutores e os fotovoltaicos. Nos detetores térmicos, a radiação infravermelha absorvida

induz um aquecimento no dispositivo que vai levar à alteração de pelo menos uma das

propriedades do material em função da temperatura atingida pelo dispositivo. Assim, a

quantidade de radiação será medida através de: medição direta da temperatura (calorimetria),

mudança na resistência elétrica do material, um sinal de corrente ou tensão termoelétrica ou

uma alteração de carga ou capacitância do dispositivo. Por isso, a resposta deste tipo de

detetores é proporcional à radiação incidente e é, praticamente independente do comprimento

de onda desta. Apresenta como principal desvantagem os tempos de resposta longos

(superiores a 10µs) devidos à inércia térmica dos processos de absorção e trocas de calor.

Porém, como não necessitam de sistema de refrigeração, possuem menor custo e menores

dimensões, permitindo a sua utilização em aplicações de campo mais facilmente. Os

principais tipos de detetores térmicos são: a termopilha, o detetor piroelétrico e o bolométro

(Diakides, et al., 2008; Minkina, et al., 2009; Sousa, 2010).

Processador eletrónico

Este componente tem como principal função processar a resposta dada pelo detetor a fim

de quantificar a temperatura e produzir uma imagem térmica (Sousa, 2010).

Controlos

Como o nome indica, estas estruturas permitem efetuar ajustes aos diversos parâmetros,

nomeadamente à entrada da radiação infravermelha, aos dados de saída, ao alcance, ao nível

térmico, à emissividade, à temperatura isotérmica, à área, entre outros (Sousa, 2010).

Filtros

Os filtros permitem corrigir os dados a adquirir, selecionando o comprimento de onda da

radiação que se pretende que atinja os detetores. Existem três tipos: Filtro Passa-Alto (permite

apenas a passagem de radiação com comprimento de onda curto), Filtro Passa-Baixo (permite

a passagem de radiação com comprimento de onda longo) e Filtro Passa-Banda (permite

apenas a passagem de radiação com comprimento de onda compreendido no intervalo pré-

definido) (Sousa, 2010).

Ecrã

O ecrã é o componente que permite a visualização da imagem termográfica. As imagens

obtidas são denominadas por termogramas. São imagens bidimensionais constituídas por

pixéis coloridos (ou em escala de cinza), onde cada cor representa a temperatura a que se

Termografia

40

encontra a superfície do corpo (Azenha, et al., 2011; Damnjanović, et al., 2010; Ng, et al.,

2008; Sousa, 2010; Ng, 2009).

Armazenamento de informação

Os dados podem ser armazenados em formato de imagem digital estática ou em vídeo e

pode permitir a gravação digital da voz (Sousa, 2010).

Processamento de dados e Elaboração do Relatório

Os equipamentos de termografia têm programas específicos que são instalados num

computador e permitem o processamento e a manipulação dos dados adquiridos, alterando

parâmetros como a temperatura de fundo, emissividade, alcance e nível. Os dados podem ser

avaliados por pontos térmicos, áreas, linhas isotérmicas, medições por linha térmica ou

mesmo medição de dimensões e disponibilizados em folhas de cálculo, gráficos e/ou

histogramas. Seguidamente podem ser apresentados relatórios que estejam previamente

configurados (Sousa, 2010).

3.2.6 Medição da radiação infravermelha pela câmara termográfica

A radiação que atinge os detetores da câmara termográfica não provém apenas da emitida

pelo objeto, mas sim de quatro fluxos de calor distintos (Diakides, et al., 2008; FLIR;

Minkina, et al., 2009; Oliveira, 2012):

Fluxo emitido pelo corpo em estudo, ;

Onde, é a banda de emissividade da superfície do objeto, é a temperatura do

objeto em Kelvin, é a banda de transmitância da atmosfera, é a temperatura da

atmosfera em Kelvin e é a emitância radiante do objeto em .

Fluxo emitido pelo ambiente e refletido pelo corpo em estudo, ;

Onde, é a banda de emissividade da superfície do objeto, é a temperatura do

ambiente em Kelvin, é a banda de emissividade do ambiente, é a banda de

transmitância da atmosfera, é a temperatura da atmosfera em Kelvin e é a emitância

radiante do ambiente em .

Fluxo emitido pela atmosfera, ;

Termografia

41

Onde, é a pressão atmosférica, é a temperatura da atmosfera em Kelvin e

é a emitância radiante da atmosfera em .

Fluxo emitido pelas componentes óticas e filtros da câmara – que nas câmaras

mais recentes é tão baixo que pode considerado desprezível.

Figura 3.9: Interação dos fluxos de radiação que interferem na leitura da radiação (Minkina, et al.,

2009).

Assim, o sinal de saída do detetor da câmara é dado por:

Onde C é uma constante que depende da atmosfera, dos componentes óticos da câmara e

das propriedades dos detetores.

Se se substituir as equações 3.7, 3.8, 3.9 na equação 3.10 e se simplificar, obtém-se que a

intensidade total de radiação térmica que chega ao detetor, , é igual a:

Onde é o sinal no detector correspondente à intensidade de radiação térmica emitida

pelo objeto à temperatura ambiente e é o sinal no detector correspondente à intensidade de

radiação térmica emitida por um corpo negro, à temperatura ambiente (Minkina, et al., 2009;

Oliveira, 2012).

3.3 Termografia Mamária

Como pode ser verificado pela tabela 3.1, o corpo humano (mais concretamente a pele)

possui uma emissividade muito próxima do corpo negro, pelo que os valores medidos de

radiação infravermelhos emitidos podem ser diretamente convertidos em valores exatos de

temperatura (Diakides, et al., 2008; Umadevi, et al., 2009). Porém, a temperatura da pele varia

de acordo com as mudanças ambientais, podendo a sua gama de temperatura ser influenciada

por (Soffin, et al., 1983; Ng, 2009):

Termografia

42

Perdas de calor por evaporação;

Trocas de energia com o meio envolvente;

Atividade vascular infracutânea;

Isolamento devido a roupa e cremes;

Estado psicológico da pessoa;

Lesões anteriores;

Consumo de álcool e tabaco;

Esforço físico;

Terapia hormonal de substituição, gravidez e menstruação, no caso da área

mamária.

Partindo do princípio que existe uma correlação entre uma fonte interna de biocalor e a

temperatura da pele do corpo humano, como referido na secção 2.4, quando existe uma

anomalia no funcionamento numa estrutura do corpo (quer seja problemas circulatórios,

inflamações, infeções ou tumores), haverá um aumento da temperatura na área da pele

adjacente e, consequentemente será emitida mais radiação infravermelha (Dai, et al., 2008;

Wang, et al., 2010; Ng, 2009; Yang, et al., 2007). Segundo Rangayyan, este aumento de

temperatura num tumor mamário será de cerca de 2ºC, em relação aos tecidos circundantes

(Rangayyan, 2005).

Porém há vários fatores que podem influenciar a expressão desta temperatura ao nível da

pele, nomeadamente parâmetros fisiológicos (como já foi referido), propriedades térmicas do

tumor, dos tecidos normais circundantes, a sua localização e o tamanho do tumor (Zhang, et

al., 2009).

Assim, quando se pretende adquirir imagens térmicas da mama deve-se efetuar numa sala

com ambiente controlado (com uma temperatura entre 18 e 23ºC para evitar as alterações de

temperatura no corpo provocadas pelo ambiente externo não controlado) e deve ser livre de

fontes de calor, tais como luz solar e luzes incandescentes (Diakides, et al., 2008; Ng, 2009).

Para além disso, a utente deve ser instruída para evitar (Diakides, et al., 2008; Ng, 2009):

Exposição solar nos cinco dias que antecedem a aquisição;

Tratamentos que provoquem estimulação mamária nas catorze horas

anteriores;

Cosméticos, loções, antitranspirantes, desodorizantes e maquilhagem;

Exercício nas quatro horas anteriores;

Tomar banho uma hora antes da aquisição;

Termografia

43

Fumar ou ingerir bebidas alcoólicas antes do exame;

Refeições pesadas e consumir café ou chá em doses superiores às que ingere

normalmente;

Roupa apertada.

Quando estas condições estão reunidas, a paciente deve ser colocada despida da cintura

para cima por um período de quinze minutos, de modo a adquirir o equilíbrio térmico com o

meio ambiente, ponto a partir do qual as possíveis alterações da temperatura na superfície da

pele ocorrem de uma forma lenta e uniforme. Nos últimos cinco minutos a utente deve ter os

membros superiores elevados acima da cabeça para facilitar a dissipação de calor nos

quadrantes externos e prolongamentos axilares das mamas, permitindo assim melhor

visualização anatómica das mamas (Diakides, et al., 2008; Ng, 2009).

A termografia permite efetuar uma avaliação da funcionalidade das estruturas, sendo por

isso considerado um teste fisiológico (Lin, et al., 2009; Ng, et al., 2008; Ng, 2009; Yang, et

al., 2007). Para a sua medição, terá de ser usada uma câmara com leitura no comprimento de

onda entre os 8 e os 14µm (de onda-longa), porque apesar da pele emitir radiação

infravermelha com comprimento de onda entre 2 a 20µm com uma média de 9 a 10µm,

aplicando a lei de Planck e de Deslocamento de Wein constata-se que cerca de 90% desta

radiação tem um comprimento de onda entre 6 e 14µm (Ng, 2009). Para além disso, deve ter

uma resolução de 0,1ºC (que é o que a maior parte das câmaras térmicas existentes atualmente

tem), de modo a notar-se pequenas diferenças de temperatura e obter o máximo de informação

para um bom diagnóstico (Plotnikoff, et al., 2009; Zhang, et al., 2009).

As imagens a adquirir deverão ser efetuadas em três posições: uma de frente - frontal

(onde é possível visualizar as 2 mamas em simultâneo e nos fornece uma imagem do seu

aspeto térmico geral) e duas oblíquas com o corpo rodado a 45º, uma para cada mama (onde é

possível visualizar em pormenor os quadrantes externos e internos das mamas) (Diakides, et

al., 2008; Ng, 2009).

As imagens podem ser adquiridas com as utentes sentadas ou em pé, com os membros

superiores colocados em cima da cabeça. A posição sentada pode ser facilitada pelo uso de

um banco rotativo, que após a aquisição frontal será fácil rodar de modo a obter a rotação

necessária para a aquisição das imagens oblíquas (Diakides, et al., 2008; Ng, 2009).

Termografia

44

Figura 3.10: Imagens em posição frontal, oblíqua esquerda e oblíqua direita, respetivamente.

As imagens adquiridas (termogramas) podem ser vistas usando paletas de cores diferentes,

como por exemplo: glowbow, grey, grey10, greyred, iron, iron10, medical, midgreen,

midgrey, rain, rain10, rain900, yellow no programa ThermaCAM Researcher Professional

2.10 ® (FLIR; Umadevi, et al., 2010).

Figura 3.11: Visualização do mesmo termograma com paleta iron e midgreen, respetivamente.

Nos termogramas mamários, a análise clínica é efetuada através da presença ou ausência

de assimetria nas duas mamas quando as comparamos (Acharya, et al., 2012; Diakides, et al.,

2008; Kapoor, et al., 2010; Tang, et al., 2005):

Mamas saudáveis – aparecem como duas áreas mais frias que a zona superior

do tórax e o sulco inframamário; o mamilo aparece como um ponto redondo

mais frio rodeado por uma zona mais quente; são geralmente simétricas

(embora possam ser ligeiramente diferentes em tamanho) com contorno liso,

regular e convexo;

Mama com lesão – a temperatura na área onde se localiza a lesão irá ser mais

elevada que o resto do tecido mamário, pelo que será demonstrada por uma

área mais quente que o resto da mama e assimétrica relativamente à outra

mama que estará saudável.

Esta análise pode ser efetuada visualmente (análise será subjetiva) (Plotnikoff, et al., 2009;

Tang, et al., 2005; Wang, et al., 2010), através de técnicas bioestatísticas (Dai, et al., 2008;

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Termografia

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Lin, et al., 2009; Ng, et al., 2008; Zhang, et al., 2009) ou por Deteção Assistida por

Computador (Diakides, et al., 2008; Moghbel, et al., 2011).

3.4 Vantagens da Termografia

A termografia apresenta uma série de vantagens que a pode ajudar a tornar útil num futuro

próximo na deteção de cancro de mama, tais como:

Fornecer informações fisiológicas das estruturas mamárias e tumores (Kontos,

et al., 2011; Moghbel, et al., 2011; Wang, et al., 2010; Yang, et al., 2007);

Não utilizar radiação ionizante, ser indolor e não necessitar de contacto com a

paciente (Dai, et al., 2008; Damnjanović, et al., 2010; Kontos, et al., 2011; Lin,

et al., 2009; Moghbel, et al., 2011; Ng, et al., 2008; Ng, et al., 2005; Tang, et

al., 2005; Wang, et al., 2010; Ng, 2009);

Não necessitar de acesso venoso ou procedimentos invasivos (Dai, et al., 2008;

Damnjanović, et al., 2010; Moghbel, et al., 2011; Ng, et al., 2008; Ng, et al.,

2005; Tang, et al., 2005; Wang, et al., 2010; Ng, 2009; Yang, et al., 2007;

Zhang, et al., 2009);

Procedimento de obtenção de imagem simples, rápido e económico (Dai, et al.,

2008; Damnjanović, et al., 2010; Moghbel, et al., 2011; Ng, et al., 2008; Ng, et

al., 2005; Plotnikoff, et al., 2009; Tang, et al., 2005; Ng, 2009; Yang, et al.,

2007; Zhang, et al., 2009);

Pode ser aplicado em todos os pacientes (independentemente da idade ou da

sua densidade mamária) (Arabi, et al., 2010; Ivanescu, et al., 2010; Moghbel,

et al., 2011; Plotnikoff, et al., 2009);

O equipamento de termografia possuir elevada portabilidade (Ng, et al., 2008);

Obtenção de imagens em tempo real (Ng, et al., 2008);

Possibilidade dos dados serem gravados em computadores e poderem ser

aplicadas técnicas de processamento de imagem que permitam ajudar na

interpretação dos termogramas (Moghbel, et al., 2011; Ng, et al., 2008);

Alguns estudos referem que pode detetar os primeiros sinais de cancro de

mama até 10 anos antes de este poder ser visível noutras modalidades de

imagem (Arabi, et al., 2010; Damnjanović, et al., 2010; Diakides, et al., 2008;

Kapoor, et al., 2010; Lin, et al., 2009; Moghbel, et al., 2011; Ng, et al., 2008;

Plotnikoff, et al., 2009; Umadevi, et al., 2009); em 70% dos casos de cancro de

Termografia

46

mama poderão ser detetáveis por termografia até um ano antes do seu

diagnóstico por mamografia, pois segundo Keyserlingk citado por Moghbel, o

tamanho médio que o tumor necessita de ter para ser visível na termografia é

1,28 centímetros e na mamografia é 1,66 centímetros (Moghbel, et al., 2011);

Possibilidade de avaliar a eficiência de tratamentos e os prognósticos do

paciente, pois verificou-se que cancros com temperaturas superiores

apresentam um pior prognóstico (com uma sobrevida de apenas 24% ao fim de

3 anos) que os cancros com temperaturas inferiores (com sobrevida de até 80%

ao fim dos 3 anos) (Kontos, et al., 2011; Lin, et al., 2009; Moghbel, et al.,

2011; Wang, et al., 2010);

Alguns estudos revelam que 44% dos pacientes com termogramas anómalos

desenvolvem cancro no prazo de 5 anos e que um termograma

consecutivamente anómalo possui um risco de vir a desenvolver um cancro de

mama 22 vezes maior e este facto é, inclusive, tão representativo que se torna

dez vezes mais significativo que uma história familiar de cancro de mama

(Moghbel, et al., 2011; Plotnikoff, et al., 2009; Wang, et al., 2010);

Alguns estudos referem uma sensibilidade e especificidade média de 90%

(Dai, et al., 2008; Moghbel, et al., 2011);

Poderá ajudar no diagnóstico diferencial de tumores benignos e malignos

(Wang, et al., 2010).

Por isso, este exame não apresenta qualquer maleficio conhecido, o que permite que possa

ser utilizado como método de rastreio, quantas vezes for necessário, e independentemente da

idade da paciente (Moghbel, et al., 2011; Umadevi, et al., 2009; Yang, et al., 2007).

3.5 Desvantagens da Termografia

No entanto, esta técnica de imagem também apresenta algumas desvantagens,

nomeadamente:

Necessidade de formação elevada para analisar as imagens (Lin, et al., 2009;

Moghbel, et al., 2011; Plotnikoff, et al., 2009);

Existência de procedimentos inconsistentes e ausência de protocolos

(Plotnikoff, et al., 2009);

Variabilidade dos critérios de diagnóstico e, consequente variação da

sensibilidade (probabilidade do teste identificar corretamente a utente com

Termografia

47

doença quando de facto ela tem a doença – de 75% a 97%) e especificidade

(probabilidade do teste identificar corretamente uma pessoa que não tem

doença quando de facto não tem – de 12% a 81%) (Azenha, et al., 2011), entre

os estudos, sendo que em alguns são mesmo insuficientes (Kontos, et al., 2011;

Plotnikoff, et al., 2009; Tang, et al., 2005; Wang, et al., 2010);

Elevada taxa de falsos positivos (Lee, et al., 2010; Lin, et al., 2009);

Baixa sensibilidade em lesões mais profundas (Dai, et al., 2008; Jiang, et al.,

2010; Lin, et al., 2009);

As imagens obtidas (termogramas), quando usadas isoladamente, não serem

suficientes para se fazer um diagnóstico (Ng, et al., 2007; Ng, et al., 2008; Ng,

et al., 2005; Ng, 2009);

Dificuldade em localizar e verificar a forma do tumor, que são importantes

para o tratamento das doenças (Zhang, et al., 2009);

Sensibilidade dos equipamentos de termografia (Lin, et al., 2009).

Porém, nos últimos anos, vários sistemas de processamento das imagens têm sido

incorporados para a análise dos termogramas, o que permitirá colmatar algumas das

desvantagens/limitações deste método de imagem, nomeadamente o elevado nível de

formação necessário para analisar as imagens, permitindo aumentar a sensibilidade e a

especificidade para cerca de 90% (Dai, et al., 2008; Jiang, et al., 2010; Kapoor, et al., 2010;

Kontos, et al., 2011; Lee, et al., 2010; Moghbel, et al., 2011; Ng, et al., 2007).

48

Capítulo 4

Mamografia

A mamografia utiliza a radiação X pertencente ao espectro eletromagnético para obter

imagens da mama.

A mamografia é o exame radiológico da mama mais utilizado e pode ser realizado como

método de rastreio ou diagnóstico, sendo que o primeiro é efetuado em mulheres sem

sintomas de cancro de mama e possibilita um diagnóstico mais precoce, enquanto como

método de diagnóstico realiza-se em mulheres que apresentem algum sinal ou sintoma desta

doença, servindo “apenas” para determinar o tamanho e localização exata da anomalia,

visualizando os tecidos e gânglios linfáticos circundantes. Contudo, em ambos os casos o

objetivo é excluir qualquer patologia (Acharya, et al., 2012; Al-Shamlan, et al., 2010; Arabi,

et al., 2010; Brodersen, et al., 2010; Eltoukh, et al., 2010; Góis, 2011; Ivanescu, et al., 2010;

Lin, et al., 2009; Nagi, et al., 2010; Wishart, et al., 2010).

4.1 História da Mamografia

A descoberta dos raios-X ocorreu de forma acidental, durante experiências que ocorriam

em laboratórios de Física de diversas universidades, na década de 70 e 80 do século XIX.

Nestas experiências pretendia investigar-se a condução dos raios catódicos ou eletrões através

de grandes tubos de vidro com vácuo parcial, denominados tubos de Crookes, em homenagem

ao Sir William Crookes. Este dispositivo foi o ponto de partida para as atuais lâmpadas

fluorescentes e tubos de néon (Bushong, 1999).

Figura 4.1: Esquema de funcionamento do tubo de Crookes (Bushong, 1999).

Mamografia

49

Quando, em Novembro de 1895, Wilhelm Conrad Roentgen se encontrava no seu

laboratório na Universidade Alemã de Würzburg, decidiu escurecer o seu laboratório e

envolver o tudo de Crookes com papel fotográfico, de modo a conseguir visualizar melhor

qual o efeito dos raios catódicos no tubo. Verificou que não era observado nenhum raio de luz

visível devido ao papel fotográfico que envolvia o tubo, mas notou uma fluorescência numa

placa coberta com platinocianeto de bário que se encontrava casualmente num banco de

trabalho a vários metros do tubo. Decidiu pegar nessa placa e aproximá-la do tubo de Crookes

e constatou que a intensidade da fluorescência aumentava tanto ao aproximá-los que não

restavam dúvidas que a origem dessa fluorescência era o tubo de Crookes. Roentgen intrigado

começou imediatamente a investigar essa luz que denominou por “luz X”, colocando diversos

materiais entre a placa de platinocianuro de bário e o tubo, nomeadamente madeira, alumínio

e até a mão da sua esposa Anna Bertha Ludwing. Quando imobilizou a mão da sua esposa

entre a placa e o tubo, verificou que aparecia uma imagem sombreada nos ossos e no anel que

usava e velada nas partes menos sólidas, como os tecidos moles, ou seja, uma radiografia,

facto que colocou em evidência a possibilidade da aplicação desta radiação à medicina. O seu

entusiasmo pela descoberta foi tanto que prolongou as suas investigações por algumas

semanas e, conseguiu demonstrar que os novos raios produzidos resultavam do impacto dos

raios catódicos na superfície do ânodo e, ao fim de um mês já tinha descoberto quase todas as

propriedades desta radiação conhecidas até hoje. Dado não saber a natureza desta radiação na

altura, decidiu nomeá-la de radiação X (Bushong, 1999; Dimenstein, et al., 2002; Tecnologia

com Ciência, 2009). Porém, de acordo com o site Tecnologia com Ciência, investigações

posteriores efetuadas por Max Von Laue conseguiram demonstrar que estes raios possuíam a

mesma natureza que a luz visível, mas com maior frequência (Tecnologia com Ciência,

2009).

Figura 4.2: Primeira radiografia da mão da esposa de Roentgen (Bushong, 1999).

Mamografia

50

A primeira valorização dos raios X como uma mais-valia na medicina nos Estados Unidos

da América ocorreu em 1896, quando no laboratório de física de Dartmouth College, foi

efetuada a primeira exploração do pulso fraturado de uma rapariga, recorrendo ao uso destes

(Bushong, 1999).

Figura 4.3: Fotografia do primeiro exame com raios X, nos Estados Unidos da América, quando

Eddie McCarthy, de Hanover, fraturou o punho e foi enviada para que lhe fizessem uma fotografia

com a “luz X”. Na imagem é possível visualizar (da esquerda para a direita) com a paciente (a meio),

o professor E. B. Frost, seu irmão Dr. E.G. Frost (diretor do Hospital Mary Hitchcock) e a Senhora G.

D. Frost (enfermeira-chefe do hospital) (Bushong, 1999).

A descoberta da radiação X, considerada até hoje uma das mais importantes descobertas

da história da humanidade, valeu a Reontgen alguns prémios dos quais se destaca o primeiro

prémio Nobel da Física em 1901 (Bushong, 1999; Tecnologia com Ciência, 2009).

Os primeiros tubos de raios X possuíam correntes muito baixas e distâncias foco-filme

muito grandes, necessitando de tempos de exposição muito longos (Dimenstein, et al., 2002).

Desde então, houve um crescente interesse da aplicação da radiação X nos diferentes

problemas médicos e a primeira aplicação desta tecnologia na deteção de cancro de mama foi

efetuada por Albert Salomon. Este investigador, utilizando radiação X, fotografou uma peça

de tecido mamário removido de uma utente com cancro de mama, de modo a verificar as

diferenças existentes entre tecido saudável e doente. Após várias análises, verificou que

existiam diferentes tipos de cancro de mama, tendo publicado o seu estudo em 1913. Porém,

nunca utilizou a radiação X como meio de diagnóstico de cancro de mama (Mam13; Steen, et

al., 2007).

Após Salomon e até à década de 1920, não surgiu mais nenhum artigo publicado sobre a

possibilidade de utilizar radiação X no estudo de patologias mamárias. Nesta década, surgem

vários artigos publicados por diversos investigadores que trabalhavam de modo independente

em diferentes partes do Mundo. Em 1927, Otto Kleinschmidt implementou o uso da

mamografia como meio auxiliar de diagnóstico na Clínica Mamária da Universidade de

Mamografia

51

Leipzig e garantiu a introdução desta técnica na clinica do seu professor Erwin Payr (um

cirurgião plástico muito reconhecido) (Basset, et al., 2005; Steen, et al., 2007).

Segundo Basset et al., em 1931, J. Goyanes et al. descreveram as características

mamográficas do tecido mamário normal e distinguiram lesões inflamatórias de neoplasias, ao

estudarem 56 pacientes. Referiram também a extrema importância no posicionamento da

mama na mamografia (Basset, et al., 2005).

Em 1932, um investigador da mesma Clínica Mamária da Universidade de Leipzig, Walter

Vogel, publicou um artigo onde referia que era possível distinguir mamograficamente lesões

mamárias benignas de malignas e quais as suas diretrizes para o fazer (diretrizes que ainda

hoje são utilizadas pelos médicos na análise das imagens) (Basset, et al., 2005; Mam13).

Já em 1929, Carlos Dominguez, do Uruguai e em 1934 A. Baraldi, do Brasil, criaram um

método a que chamaram pneumomamografia que consistia na injecção de dióxido de carbono

no tecido retro-mamário e pré-mamário antes da aquisição da imagem mamográfica, de modo

a obter a delineação das lesões. Porém, esta técnica não foi geralmente aceite (Basset, et al.,

2005).

Na década de 1930 foi a década em que mais progressos foram feitos na área da

mamografia, nos Estados Unidos. Este facto deve-se sobretudo ao trabalho de Stafford

Warren (um Radiologista do Strong Memorial Hospital em Nova York), que defendia a

utilização da estereoscopia na radiografia mamária, tendo inclusive submetido 119 pacientes à

mamografia como diagnóstico antes da cirurgia mamária (Basset, et al., 2005; Mam13;

Rangayyan, 2005). Para tal, utilizou um equipamento radiológico usado de um modo geral

noutras estruturas do corpo, novos ecrãs intensificadores com dois grãos finos de tungstato de

cálcio, um diafragma móvel entre o Potter e o Bucky (partes que até hoje constituem o

mamógrafo) com funcionamento semelhante às grelhas antidifusoras atuais, de modo a

diminuir a radiação difusa e os seguintes parâmetros técnicos: 50 a 60 kV, 70 mA uma

distância foco-filme de 63 cm e um tempo de exposição de 2,5 segundos. Apesar de antes de

efetuarem a mamografia não haver consenso entre os médicos sobre o diagnóstico pré-

operatório, quando estudaram as mamografias, o seu diagnóstico já era conclusivo e maior

parte das vezes correto, tendo apenas falhado em 8 dos 119 casos em estudo, incluindo 4

falsos-negativos dos 58 casos de cancro de mama detetados (Basset, et al., 2005).

Mamografia

52

Figura 4.4: Primeira mamografia de uma mama sem patologia obtida por Warren (Basset, et al.,

2005) .

O interesse na mamografia continuou a crescer e em meados da década de 1950 Jacob

Gershon-Cohen (um radiologista de Filadélfia), juntamente com a patologista Helen Ingleby

estabeleceram uma correlação da forma como a doença mamária aparecia na imagem,

utilizando secções histológicas de toda a mama, estabelecendo assim critérios para

diagnosticar lesões benignas e malignas; isto aconteceu após Jacob Gershon-Cohen, em 1938,

juntamente com o seu colega Albert Strickler ter referido que o alcance da mamografia

dependia da idade e do ciclo menstrual, realçando a importância de compreender a forma

como o tecido mamário normal se apresenta sob todas as condições de crescimento e

actividade fisiológica antes de se tentar fazer um diagnóstico das suas anomalias (Basset, et

al., 2005).

Mais tarde, Gros desenvolver um equipamento protótipo dedicado só à mamografia

contendo um ânodo de molibdénio e um sistema de compressão da mama, características que

iriam permitir imagens com um contraste mais elevado (Basset, et al., 2005).

Um aluno de Dominguez chamado Raul Leborgne (também do Uruguai) referiu pela

primeira vez a importância de aparecerem calcificações no diagnóstico de cancro de mama e

da necessidade da compressão para imobilizar e diminuir a espessura da mama de modo a

obter uma imagem de qualidade. Assim, para radiografar a mama, utilizou um longo cone

com uma superfície lisa na sua porção distal final (para efectuar a compressão), e com uma

técnica de baixa kilovoltagem (entre 20 e 30 kV), sem filme, com uma distância foco-filme de

60 cm e com 5 mA por cada centímetro de espessura da mama comprimida. Este senhor

também caracterizou a forma como aparecem as calcificações no caso de serem benignas ou

malignas, sendo assim o primeiro a estabelecer uma associação entre as microcalcificações

com carcinoma subclínico, estabelecendo assim o uso da mamografia como uma ferramenta

importante no rastreio de cancro de mama (Basset, et al., 2005; Steen, et al., 2007).

Mamografia

53

Figura 4.5: Posicionamento da paciente por Leborgne para a incidência crânio-caudal e obliqua

medio-lateral (Basset, et al., 2005).

Porém, mesmo com todos estes avanços, devido à falta de reprodutibilidade do método

para obter imagens satisfatórias, na década de 1950 era muito pouco utilizada. Mas, em 1960,

Robert Egan descobriu que aumentando a intensidade e baixando a tensão (técnica de alta

miliamperagem e baixa kilovoltagem) conseguia obter imagens mamográficas com qualidade

de diagnóstico, fiáveis e reprodutíveis em filmes industriais de exposição direta (Basset, et al.,

2005; Bushong, 1999; Rangayyan, 2005). Assim sendo, decidiu alterar o proposto

equipamento radiológico usado de um modo geral também noutras estruturas do corpo,

otimizando-o para imagens de tecidos moles. Para tal, limitou a filtração do feixe de raios X à

filtração inerente a uma janela convencional de um tubo raios X, ajustou o painel de controlo

do gerador para produzir valores precisos inferiores a 30 kV, utilizou filme Kodak do tipo M®

(industrial) para obter elevado detalhe e contraste, e colocando um cone cilíndrico para

reduzir a radiação difusa, ou seja, utilizou como parâmetros técnicos uma kilovoltagem entre

26 e 28, 300 miliamperes, uma distância foco-filme de 90cm e um tempo de exposição de 6

segundos. Com esta nova técnica, Egan conseguiu resultados de imagem excelentes nas

primeiras 1000 mamas estudadas. Em 1962, conseguiu detetar 53 casos de carcinoma que não

eram detetáveis pelos meios de diagnóstico que se usavam para detetar o cancro de mama,

incluindo a examinação da mama por um médico experiente e competente, pois nenhum sinal

ou sintoma estava presente. Este facto serviu de suporte para indicar que a mamografia podia

ser usada como forma de rastreio e para o seu reconhecimento a nível nacional em 1965, pois

com esta técnica proposta por Egan (Basset, et al., 2005):

Poderia ser aprendida por outros radiologistas;

As mamografias podiam ter qualidade aceitável e serem reproduzidas com

segurança;

Permitia distinguir lesões benignas e malignas;

Poderia ser utilizada em mulheres assintomáticas.

Mamografia

54

Também na década de 1960, surgiu um método de imagem da mama alternativo,

desenvolvido por Wolf e Ruzicka, conhecido por xeromamografia. Funcionava com um prato

de alumínio revestido a selénio como detector que era inicialmente carregado com cerca de

1,000V. Quando exposto aos raios X que saem do paciente, liberta iões e electrões criando um

padrão de carga no prato. O prato é depois pulverizado com um toner ionizado e o padrão é

transferido para o papel revestido a plástico. O xerograma fornecia grande amplitude e realce

do contorno, obtendo assim imagens melhores quando comparadas com o filme da

mamografia da altura. No entanto, a xeromamografia resultava numa elevada dose de

radiação ao paciente e não foi mais usada desde a década de 1980 (Bushong, 1999;

Rangayyan, 2005).

Assim, em 1965 o American College of Radiology estabeleceu um Comité, dirigido por

Wendell Scott, que iria treinar radiologistas e técnicos a nível nacional para a leitura e

execução das mamografias (Basset, et al., 2005; Bushong, 1999).

No início da década de 1970 foram criados novos mamógrafos por diversas marcas,

incluindo a Siemens® (Mammomat), a Philips

® (Mammodiagnost) e a Picker

® (Mammorex),

onde cada uma introduzia novas melhorias. Em 1978 foi criado nos Estados Unidos o

primeiro mamógrafo com grelha alternativa para reduzir a radiação difusa que degrada a

imagem. Em meados da década de 1980, um grupo de investigadores confirma a eficácia de

utilizar as grelhas no aumento da qualidade da imagem. Porém, dado que estas grelhas eram

estacionárias, provocavam linhas de grelha na imagem e elevavam a dose de radiação. Em

1986 Edward Sickles e William Weber referiram que o uso das grelhas, apesar de ser mais

eficaz nas mamas densas, também oferecem um benefício mais baixo nas mamas adiposas

(Basset, et al., 2005).

Nas décadas de 1970 e 1980, foram acrescentadas melhorias aos equipamentos, tais como

pedais de pé para controlar a compressão (deixando as mãos do técnico de Radiologia livres

para posicionar a mama com mais eficácia), tempo de exposição automático (permitindo obter

qualidade de imagens mais consistentes) e ponto microfocal na ampola de raios X (Basset, et

al., 2005).

Desde então, outros avanços na área levaram a uma melhoria notável na qualidade de

imagem e uma redução drástica da dose de radiação (Rangayyan, 2005).

A mamografia na década de 1990 passou a ser um dos exames radiológicos mais críticos e

requisitados para realização (Bontrager, 1999).

Atualmente, a utilização desta técnica rege-se pelas recomendações da Ata de Normas de

Qualidade em Mamografia (Bushong, 1999).

Mamografia

55

4.2 Equipamento de Mamografia e Processo de Formação da Imagem

Considerado um exame anatómico, a sensibilidade e precisão da mamografia dependem

principalmente da distinção estrutural e variação anatómica do tumor a partir do tecido

mamário circundante (Yang, et al., 2007; Lin, et al., 2009). Como tal, este método necessita

simultaneamente de uma baixa dose no tecido intramamário (que é extremamente sensível),

grande contraste e boa resolução espacial (Al-Shamlan, et al., 2010; Bontrager, 1999; Lima,

2009; Sree, et al., 2010).

Existem uma série de fatores presentes no aparelho de mamografia que contribuem para a

qualidade mamográfica, tais como tamanho do ponto focal, material do ânodo, filtro, seleção

de kV e de mAs, escolha do filme, ecrãs intensificadores e compressão mamária. Outros

fatores como o posicionamento, o processamento de imagem e a experiência do operador

também contribuem para essa qualidade (Bontrager, 1999; Lima, 2009).

O mamógrafo (equipamento que permite efetuar a mamografia) é composto

fundamentalmente por: ampola, sistema de filtragem, diafragma, compressor, grelhas

antidifusoras, detetores, controlo automático de exposição, consola do operador e um gerador

de alta tensão (Bushong, 1999).

Figura 4.6: Aspeto geral de um mamógrafo (GE Medical Systems, 2004). Legenda: 1 – Coluna; 2 –

Botão de paragem em emergência; 3 – Consolda do operador; 4 – Braço de exame; 5 – Protetor de

radiação; 6 – Eixo de rotação; 7 – Luz de deteção de cassete.

Mamografia

56

Figura 4.7: Pormenor do braço de exame (GE Medical Systems, 2004).

Legenda: 1 – Proteção da ampola e ampola; 2 – Diafragma; 3 – Guias e sistema de compressão; 4 –

Buracos para adaptação de sistema de magnificação; 5 e 7 – Compressor; 6 – Ajuste manual da

compressão; 8 – Potter; 9 – Bucky; 10 – Ajuste da câmara de ionização; 11 – Puxadores; 12 – Botões

para subir, descer e angular o braço do exame; 13 – Botão p ara acender a luz de centragem; 14 –

Rotação; 15 – Detetor de cassete.

Ampola

Uma ampola é a componente que permite a produção de raios X. É constituída por um

cátodo e um ânodo, colocados num tubo cujo interior se encontra em vácuo (de modo a

proporcionar um bom isolamento elétrico) e envolvida por um revestimento de chumbo (para

reduzir a radiação dispersa) cheio de óleo (para dissipar calor), apenas com uma janela por

onde sai a radiação X. Num equipamento de mamografia, a janela deve ser uma fina camada

de berílio ou de borosilicato (no caso do equipamento de mamografia) produzida (Bushong,

1999; Góis, 2011).

Figura 4.8: Componentes principais de uma ampola de raios X (Bushong, 1999).

Mamografia

57

O cátodo é um pequeno fio enrolado “tipo mola”, constituído por Tungsténio, devido ao

facto deste possuir um elevado ponto de fusão, permitindo a produção de um elevado número

de eletrões para colisão com o ânodo e suportar elevadas temperaturas (Góis, 2011; Prince, et

al., 2006).

A corrente elétrica passa através do filamento, aquecendo-o devido à resistência elétrica e

provocando a libertação de eletrões, num processo designado por emissão termoiónica

(Bushong, 1999; Góis, 2011; Prince, et al., 2006). É de acordo com a corrente que é aplicada

no cátodo que vai ser definido o número de eletrões que vão ser libertados. Através da

diferença de potencial aplicada (selecionando os kV) entre o cátodo (que possui uma tensão

positiva) e o ânodo (que possui tensão negativa), os eletrões vão ser atraídos pelo ânodo e

chocam com este. Como o cátodo se encontra envolto numa copa que se encontra carregada

negativamente, os eletrões formam um feixe direcionado a um ponto focal situado no ânodo

que na mamografia é de 0,3 e 0,1mm, sendo o de 0,3mm usado nos exames na técnica padrão

e os de 0,1mm em incidências específicas de diagnóstico (Dimenstein, et al., 2002; Góis,

2011; Lima, 2009; Prince, et al., 2006). O ânodo de uma ampola de mamografia é rotativo e

possui um certo grau de inclinação para permitir o direcionamento do feixe de radiação X. De

modo a poder utilizar baixa energia sem ter de utilizar doses elevadas, os ânodos na

mamografia podem ser de Tungsténio ou Molibdénio (quando possui uma “pista” de embate)

ou de Molibdénio e Ródio (quando possui 2 “pistas de embate”), sendo os mais frequentes o

de apenas Molibdénio ou de Molibdénio e Ródio. Quando atingem a ânodo, os eletrões vão

interagir com os átomos que constituem o ânodo e vão produzir (ou não) radiação, sendo

formada cerca de 1% de radiação X e 99% de energia térmica (Bushong, 1999; Dimenstein, et

al., 2002; Góis, 2011; Prince, et al., 2006).

Num equipamento de mamografia, o cátodo deve-se encontrar situado próximo da parede

torácica (ver figura 4.9) de maneira a compensar o facto da necessidade da intensidade da

radiação ser superior junto à parede torácica, devido à forma cónica da mama, obtendo assim,

uma exposição uniforme da mama (Bushong, 1999).

Mamografia

58

Figura 4.9: Inclinação de uma ampola de raios X num equipamento de mamografia (Bushong, 1999).

A radiação X produzida pode ser de dois tipos: radiação característica e radiação de travagem

(ou de Bremsstrahlung).

A radiação característica ocorre quando os eletrões acelerados ao embaterem com os eletrões

das camadas mais internas dos átomos do ânodo, promovem ionização ou excitação destes,

removendo-os e tornando-o positivo. Posteriormente, a camada pertencente ao estado de energia

onde se encontrava o eletrão removido será preenchido por um eletrão proveniente de uma

camada mais externa, devido a transições eletrónicas com emissão de fotões, emitindo assim raios

X característicos (Bushong, 1999; Dimenstein, et al., 2002; Góis, 2011). Se este “choque” ocorrer

nas camadas mais externas será produzida energia térmica (Bushong, 1999).

Figura 4.10: Representação esquemática da formação de radiação característica (Dimenstein, et al.,

2002).

A radiação de travagem ocorre quando um eletrão passa nas proximidades do núcleo em que

este vai agir sobre o eletrão e provocar-lhe um desvio da sua direção original, dando-se assim uma

perda de energia e uma desaceleração. Esta energia perdida pelo eletrão é emitida sob a forma de

fotão de radiação X (Bushong, 1999; Dimenstein, et al., 2002; Góis, 2011).

Mamografia

59

Figura 4.11: Representação esquemática da formação de radiação de travagem (Dimenstein, et al.,

2002).

Ao contrário da maior parte dos exames radiológicos de diagnóstico, a mamografia tem a

particularidade de utilizar praticamente apenas a radiação característica (Góis, 2011; Lima,

2009).

Filtros

Seguidamente a radiação produzida irá ser filtrada, de modo a eliminar de forma seletiva

os raios de baixa energia que só iriam degradar a imagem. Esta filtração pode ser inerente ou

adicional. A filtração inerente é a filtração que ocorre quando o feixe de radiação atravessa os

diversos elementos da ampola de raios X, nomeadamente a janela e o óleo de arrefecimento e

só pode ser o equivalente a 0,1 mm de alumínio. A filtração adicional é espessura de alumínio

necessária para reduzir a exposição ao feixe de radiação para metade em qualidades de

radiação superiores a 30kV com um intervalo de incerteza de 5% e não deve ser superior ao

equivalente a 0,5 mm de alumínio (Bushong, 1999; Góis, 2011). Quando se utiliza um ânodo

de volfrâmio, o filtro deve ser de molibdénio para reduzir a radiação de travagem de alta

energia; quando se usa um ânodo de molibdénio, o filtro deve ser de molibdénio de 0,3 µm ou

de ródio de 0,5 µm de modo a fornecerem uma imagem com o espectro de emissão de

radiação de travagem da maneira desejada; no caso de se utilizar um ânodo de ródio, deve ser

aplicada uma filtração de 0,5 µm de ródio, de modo a obter um feixe de raios X com elevada

qualidade e maior poder de penetração. Esta combinação de ânodo e/ou filtro de ródio só é

aplicado no caso de mamas mais volumosas em que é necessário maior poder de penetração

da radiação e o melhor contraste de imagem numa mamografia é obtido pela combinação

molibdénio no ânodo e molibdénio no filtro (Bushong, 1999; Lima, 2009).

Mamografia

60

Diafragma

Após a radiação sofrer estas filtrações, o seu feixe será diafragmado de maneira a reduzir o

tamanho do feixe da radiação X para a área em estudo. No caso da mamografia pode ser

reduzido de maneira a obter uma imagem de 18x24cm ou de 24x30cm (Prince, et al., 2006).

Compressão e Interação da Radiação com a Matéria

Seguidamente, a radiação está pronta para atravessar a estrutura em estudo, que neste caso

é a mama. A radiação X ao chegar à mama vai interagir com ela vão ocorrer três coisas:

alguns dos fotões são absorvidos pelos tecidos, outros vão sofrer dispersão (formam a

radiação difusa que só degrada a qualidade da imagem) e outros ainda vão atravessar as

estruturas sem sofrer qualquer alteração. São as absorções e dispersões, normalmente

designadas por atenuações que nos dão a informação útil e permitem a formação da imagem

(Bushong, 1999; Dimenstein, et al., 2002; Góis, 2011).

Nas interações dos fotões com os eletrões da estrutura podem ocorrer cinco tipos de

interações: Efeito Fotoelétrico, Efeito Compton, Efeito de Rayleigh-Thomson, Produção de

Pares e Fotodesintegração, sendo que os dois primeiros são os significativos na mamografia e

por isso os únicos que irão ser abordados (Bushong, 1999; Dimenstein, et al., 2002; Góis,

2011).

O Efeito Fotoelétrico é o efeito mais importante na mamografia, porque é o que nos vai

permitir distinguir as estruturas da mama que possuem número atómico muito próximo entre

si e uma densidade muito semelhante (Bushong, 1999; Góis, 2011; Lima, 2009). Este efeito

ocorre quando um fotão de raios X transfere toda a sua energia a um eletrão do átomo que

compõe o tecido, provocando a sua ionização e libertação do eletrão. Este vai deslocar-se na

matéria como um fotoeletrão, mas é rapidamente absorvido, dada que é um ião negativo. O

átomo é novamente rearranjado e como consequência disso há libertação de energia sobre a

forma de raios X característicos dos átomos ionizados. Este efeito ocorre mais facilmente com

doses de radiação baixas, pelo que é o que ocorre na mamografia. O efeito de Compton é o

responsável pela radiação dispersa. Neste efeito, um fotão incidente com uma energia

relativamente alta atinge um eletrão livre da última camada dos átomos que formam os

tecidos, e transfere alguma da sua energia para este, transformando-se num fotão de menor

energia. O eletrão recebe, então, parte dessa energia e muda de direção, transformando-se

assim em radiação dispersa (Dimenstein, et al., 2002).

A probabilidade de ocorrer uma reação fotoelétrica depende de três fatores (Bushong,

1999; Dimenstein, et al., 2002; Góis, 2011):

Mamografia

61

o Do fotão incidente ter energia suficiente para superar a energia de

ligação do eletrão ao átomo;

o É necessário que a energia do fotão de raios X seja maior que a energia

de ligação do eletrão ao átomo, mas à medida que aumenta a energia,

decresce a sua probabilidade de ocorrência;

o Os elementos com maior número atómico têm mais probabilidade de

sofrerem interações fotoelétricas.

A probabilidade de ocorrer efeito Compton diminui com o aumento da energia do fotão,

pelo que a probabilidade de um fotão de maior energia atravessar o corpo humano é maior

que a de um fotão de baixa energia (Bushong, 1999; Dimenstein, et al., 2002; Góis, 2011).

Os equipamentos de mamografias são constituídos por um dispositivo de compressão

radiotransparente usado para comprimir a mama. A compressão é controlada pelo técnico de

radiologia e varia entre 11 a 18 Newton. Esta permite aumentar a visibilidade de detalhes na

imagem, pois permite diminuir a espessura da mama e colocar as estruturas da mama o mais

próximo possível do filme, melhorando deste modo a qualidade de imagem, devido à redução

da dispersão, do movimento (fluo cinético), da ampliação de estruturas mamárias (fluo

geométrico), da dose absorvida pela mama e da uniformidade da densidade ótica (Ballinger, et

al., 2003; Bushong, 1999; GE Medical Systems, 2004).

Figura 4.12: Algumas vantagens do sistema de compressão (Bushong, 1999).

Grelhas Antidifusoras

A radiação que sai da mama vai ser ainda novamente “filtrada” de modo a eliminar a

radiação secundária que em nada contribui para a qualidade da imagem, através das grelhas

antidifusoras. As grelhas antidifusoras são constituídas por septos de cobre separadas por um

material de baixa atenuação (acrílico ou fibra de carbono), que se encontram inseridas entre a

Mamografia

62

mama e os detetores. As lâminas apresentam uma determinada angulação que é convergente

com o ponto focal do ânodo, de maneira que a radiação primária (a que contém a informação

das estruturas) possa atravessá-la de modo eficiente enquanto a radiação dispersa é atenuada

(Bushong, 1999; Dimenstein, et al., 2002; Lima, 2009). Estas grelhas possuem movimento

durante a exposição para diminuírem os artefactos dos septos que criariam se fossem

estacionárias.

Detetores

Finalmente a radiação que não é absorvida pelos septos da grelha atingem os detetores.

Existem dois tipos de mamografia: analógica (ou também chamada filme + ecrã

intensificador) e digital.

Na mamografia analógica, o filme utilizado necessita de (Bushong, 1999; Lima, 2009):

Ter um ótimo contraste de resposta, sendo por isso utilizado um filme com

latitude pequena;

Minimizar a degradação da resolução espacial, possuindo por isso emulsão

única.

Para além do filme é utilizado um ecrã intensificador de terras raras, segundo a técnica

filme + ecrã intensificador, de modo a obter eficiências de deteção superiores a 20%,

permitindo a diminuição da dose de radiação (Bushong, 1999; Lima, 2009).

Na mamografia digital, há uma maior gama dinâmica, pois os detetores digitais permitem

visualizar nas imagens, quer as zonas que ficariam subexpostas como as que ficariam sobre-

expostas, o que com técnicas de processamento é possível melhor análise das imagens,

escolhendo os níveis de janela e de base (Lima, 2009).

Os detetores digitais utilizados na mamografia são: radiografia computorizada, radiologia

digital direta e indireta, varrimento com colimadores de fenda e detetores CCD (dispositivo de

acoplamento de carga) e digitalização do filme (Lima, 2009).

Na mamografia analógica, o dispositivo de gravação final da imagem é uma película

enquanto na mamografia digital são gravações media (pen, cd, discos…). A mamografia

digital tem uma elevada sensibilidade, ótima resolução de contraste, permite realçar e

modificar as imagens sem necessidade de nova exposição e permite reduzir a dose de radiação

até 50%, obtendo a mesma qualidade de imagem que a analógica, sendo por isso a melhor. A

analógica, porém, possui elevada resolução espacial, mas a radiação não pode ser reduzida

(Al-Shamlan, et al., 2010; Bontrager, 1999; Lima, 2009; Sree, et al., 2010).

Nos dois tipos, a distância entre o ponto focal e os detetores é de aproximadamente de 60

a 70 cm (Bontrager, 1999; Bushong, 1999; Lima, 2009).

Mamografia

63

Controlo automático de exposição

Em mamografia, estes sistemas são colocados por baixo dos detetores e têm como função

medir a intensidade de radiação que chega aos detetores e a sua qualidade, de modo a criar as

condições no feixe de radiação para se obter valores de densidade ótica consistentes no filme,

para as diversas espessuras, densidades das estruturas e kV utilizados, minimizando a dose ao

paciente (Bushong, 1999; Góis, 2011; Lima, 2009).

Figura 4.13: Posição relativa do controlo automático de exposição (Bushong, 1999).

O detetor utilizado no controlo automático de exposição na mama é um fotomultiplicador,

que não é mais que um tubo de vácuo constituído por uma janela de entrada, um fotocátodo,

os elétrodos de focagem, um multiplicador de eletrões e um ânodo (GE Medical Systems,

2004; Hamamatsu, 2013).

Figura 4.14: Constituintes de um fotomultiplicador (Hamamatsu, 2013).

Quando um fotão de luz atinge o fotomultiplicador, atravessa a janela de entrada e vai

excitar os eletrões do fotocátodo, libertando-os no vácuo do tubo, onde vão ser acelerados e

dirigidos em direção ao primeiro dínodo, através do elétrodos de focagem. Aqui, eles vão ser

multiplicados pela emissão de eletrões secundários que será repetido a cada dínodo sucessivo

até atingir o último, os quais serão recolhidos pelo ânodo. É consoante a quantidade destes

eletrões que atingem o ânodo que será mantida ou cessada a emissão de radiação X para a

obtenção da imagem com a qualidade necessária (Hamamatsu, 2013).

Mamografia

64

Consola do operador

A consola permite controlar os valores de corrente e tensão a serem aplicados na ampola,

de maneira a que os raios X produzidos tenham uma intensidade e poder de penetração da

estrutura adequado. A intensidade dos raios X é medida em mAs (miliamperes por segundo) e

o poder de penetração é medido em kVp (kilovolts pico) (Bushong, 1999).

Figura 4.15: Exemplo de uma consola de operador utilizado em mamografia (GE Medical Systems,

2004).

Legenda: 1 – Ligar; 2 – Desligar; 3 – Menu de programação; 4 – Visor de mensagens e seleções; 5 –

Seleção do ponto focal; 6 – Seleção do ânodo; 7 – Seleção do filtro; 8 – Diminuição do controlo de

densidade na pelicula; 9 – Aumento do controlo da densidade na película; 10 – Seleção da combinação

ecrã/película; 11 – Leitor dos kV e mAs selecionados; 12 – Seleção de kV; 13 – Seleção de mAs; 14 –

Seleção de exposimetria automática, semi-automática ou manual; 15 – Lâmpada indicadora de

preparação de exposição; 16 – Lâmpada indicadora de exposição; 17 – Lâmpada indicadora de

exposimetria desativada; 18 – Acionamento da luz de centragem; 19 – Botão indicador de exposição

interrompida e reset; 20 – Preparação de emissão de radiação; 21 – Butão de exposição; 22 – Botão

para aliviar a compressão.

Gerador de alta tensão

O gerador de alta tensão é do tipo monofásico e permite estabilizar e aumentar a tensão de

entrada da corrente elétrica (Bushong, 1999).

4.3 Vantagens da Mamografia

A mamografia apresenta múltiplas vantagens, das quais se destacam:

Ser o método mais amplamente utilizado no rastreio de mulheres

assintomáticas a partir dos 40/45 anos para uma deteção precoce de cancro de

mama; (Acharya, et al., 2012; Amorim, 2007; Boquete, et al., 2012; Damjnov,

Mamografia

65

2000; Eltoukh, et al., 2010; Ivanescu, et al., 2010; Kennedy, et al., 2008; Nagi,

et al., 2010; Tahmasbi, et al., 2011; Wishart, et al., 2010)

Permitir encontrar cancro de mama em estadios iniciais, mesmo antes de

poderem ser detetados em exame clínico (deteta tumores com 0,5 cm que para

serem palpados têm de ter 2 a 2,5 cm de diâmetro) (Acharya, et al., 2012;

Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Eltoukh, et al., 2010; Nagi, et al., 2010;

Tahmasbi, et al., 2011);

Permitir uma redução da mortalidade por cancro de mama em 30 a 70%

(Brodersen, et al., 2010; Tahmasbi, et al., 2011);

Fornecer uma imagem anatómica da mama, com bastante distinção estrutural

(Amorim, 2007; Damjnov, 2000; Yang, et al., 2007);

Ter a capacidade de observar detalhadamente o interior da mama, possuindo

nitidez das margens e dos tecidos moles (Bontrager, 1999);

Ser um método de imagem barato e fiável (Arabi, et al., 2010; Boquete, et al.,

2012; Sree, et al., 2010);

Permitir tratamentos menos agressivos, devido à capacidade de encontrar o

cancro numa fase precoce (Brodersen, et al., 2010);

Possuir uma sensibilidade entre 75% a 90% e um valor preditivo positivo de

apenas 25%, na população em geral. Segundo Carney et al., citado por Sree a

mamografia apresenta uma sensibilidade de 87% e uma especificidade de

96,9% nas mamas com mais gordura, ou seja, nas pessoas com mais idade

(Kennedy, et al., 2008; Sree, et al., 2010);

Apesar de utilizar radiação X, a dose de radiação utilizada é tão baixa que

mesmo que possa induzir um caso de cancro de mama por um milhão de

mulheres examinadas, justifica o seu uso (Amorim, 2007; Brodersen, et al.,

2010; Damjnov, 2000);

Ser uma modalidade diagnóstica útil na diferenciação entre massas mamárias

malignas e benignas (Kumar, et al., 1994).

4.4 Desvantagens Mamografia

Porém, esta técnica de imagem apresenta algumas limitações e desvantagens:

Desconforto do paciente associado à compressão do tecido mamário (Arabi, et

al., 2010; Kapoor, et al., 2010; Lin, et al., 2009);

Mamografia

66

Exposição da paciente à radiação ionizante (Arabi, et al., 2010; Boquete, et al.,

2012; Kapoor, et al., 2010; Kennedy, et al., 2008; Kontos, et al., 2011; Lin, et

al., 2009). Segundo o Doutor Chakraborti, citado por Arabi e Suji, cada vez

que a mama é exposta a um raio-X, o risco de cancro da mama aumenta cerca

de 2%, principalmente em mamas pré-menopausa (Arabi, et al., 2010);

Elevado número de leituras falso-positivas (Boquete, et al., 2012; Ivanescu, et

al., 2010; Lin, et al., 2009; Nagi, et al., 2010; Plotnikoff, et al., 2009) e falsos-

negativos (ambos até 30%) (Boquete, et al., 2012; Sree, et al., 2010);

Apenas fornecer informações sobre a estrutura anatómica, faltando a

informação funcional que normalmente ocorre antes da variação estrutural e

por isso, apenas confirma a doença quando ela já está presente (Ivanescu, et

al., 2010; Lin, et al., 2009);

Depender principalmente da distinção estrutural e variação anatómica do

tumor em relação ao tecido mamário circundante (Eltoukh, et al., 2010; Lin, et

al., 2009);

Ser pouco eficaz em mamas fibrocísticas, com terapia de estrogénio ou com

implantes mamários (Acharya, et al., 2012; Agostini, et al., 2006; Boquete, et

al., 2012; Kapoor, et al., 2010; Kennedy, et al., 2008; Kontos, et al., 2011);

Ser menos eficaz na deteção de cancro de mama em mulheres mais jovens

(com menos de 40 anos), devido à sua densidade mamária (Agostini, et al.,

2006; Boquete, et al., 2012; Kennedy, et al., 2008; Kontos, et al., 2011; Sree,

et al., 2010; Wishart, et al., 2010). Um estudo efetuado pela American Society

of Cancer em que classificou a densidade mamária em 4 categorias (em que o

grau I era o tecido mamário menos denso e o grau IV o mais denso)

demonstrou que para mamas mais densas (grau IV) a taxa de deteção era

apenas 55%, enquanto para mamas menos densas (grau II) era 83%, ou seja à

medida que a densidade do tecido mamário aumentava, a capacidade da

mamografia detetar anomalias ia reduzindo (Kennedy, et al., 2008);

As mulheres com mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2, por si só, já têm

um risco acrescido de desenvolver cancro de mama, pois estes genes são

responsáveis pelas correções das mutações no DNA. Porém, a radiação

ionizante pode provocar mutações no DNA de uma célula que não irá ser

Mamografia

67

corrigida e consequentemente poderá ser maior o risco de desenvolver um

cancro de mama (Kennedy, et al., 2008);

Apesar de não estar provado, há alguns estudos que indicam que, dependendo

da localização do tumor, há um risco de rutura do seu encapsulamento devido

à compressão, podendo libertar as células malignas na corrente sanguínea

(Kennedy, et al., 2008);

A leitura das mamografias é difícil e requer bastante treino e experiência por

parte dos médicos radiologistas (Eltoukh, et al., 2010; Nagi, et al., 2010;

Tahmasbi, et al., 2011). Segundo Bird citado por Nagi a sensibilidade

estimada para que os radiologistas detetem o cancro de mama é apenas 75%.

Esta desvantagem tem sido diminuída principalmente com dupla leitura e, por

vezes, recorrendo ao uso de sistemas de deteção automática (sistema CAD)

(Nagi, et al., 2010; Tahmasbi, et al., 2011).

68

Capítulo 5

Trabalho Experimental

5.1 Breve Introdução e Objetivo do Estudo

O trabalho experimental tinha por base a obtenção de uma base de dados de utentes que

tivessem mamografia recente e permitissem a aquisição dos termogramas para comparação

dos resultados entre elas. Esta base de dados tinha de ser suficientemente grande que

permitisse inferir alguma conclusão sobre a possibilidade de aplicar a termografia como um

complemento da mamografia no rastreio de cancro de mama.

Após a obtenção dos resultados (classificações da termografia e da mamografia), estes

foram comparadas e identificados os casos de verdadeiros-positivos (utentes com lesões

malignas corretamente identificadas como lesões malignas), falsos-positivos (utentes

saudáveis ou com lesões benignas incorretamente identificados como tendo lesões malignas),

verdadeiros negativos (utentes saudáveis ou com lesões benignas corretamente identificadas

como possuidoras de lesões benignas ou ausência de qualquer lesão) e falsos negativos

(utentes com lesões malignas incorretamente identificadas como lesões benignas ou sem

lesões), tendo por base a classificação da mamografia.

Foram calculados os valores de sensibilidade (probabilidade do teste identificar

corretamente a utente com doença quando de facto ela tem a doença) e de especificidade

(probabilidade do teste identificar corretamente uma pessoa que não tem doença quando de

facto não tem) da termografia, recorrendo ao uso das fórmulas:

Por último, com a ajuda de um médico Radiologista, foram analisados os falsos-positivos

e falsos-negativos e considerados como falsos-negativos apenas os casos que as utentes

Trabalho Experimental

69

necessitaram de tratamento e falsos-positivos as utentes que não possuíam nenhuma lesão. Foi

novamente calculada a sensibilidade e especificidade para esta nova análise.

5.2 Estado da Arte

Existem vários trabalhos realizados sobre a aplicação das imagens termográficas na

deteção precoce de cancro de mama e sobre a possibilidade de ser um meio complementar da

mamografia.

As primeiras imagens termográficas da mama foram efetuadas por Lawson, quando este

verificou que na área do tumor, o sangue venoso drenado era, na maior parte das vezes, mais

quente que o sangue arterial (facto que nem todos os investigadores verificaram, colocando o

seu estudo em causa) (Tang, et al., 2005; Umadevi, et al., 2009; Ng, 2009).

5.2.1 Aplicação da Termografia Isoladamente na Deteção de Cancro de Mama

Em 1961, Williams e Handley referiam a possibilidade de detetar cancro de mama numa

imagem adquirida em apenas alguns minutos, uma vez que a temperatura neste local

aumentava em cerca de ±2ºC. Esta teoria foi suportada mais tarde por estudos de Pariski e

Aurora, que referiam que a termografia seria um procedimento não-invasivo que poderia

complementar a mamografia e a ecografia, ajudando a esclarecer se uma lesão detetada nestas

técnicas seria benigna ou maligna, com uma sensibilidade de 97% (Boquete, et al., 2012).

Em 2005, Ng realizou um estudo em que analisava as imagens termográficas recorrendo

ao uso de métodos Bioestatísticos e Redes Neuronais Artificiais. As técnicas usadas eram

Regressão Linear, Rede de Função de Base Radial (RBFN) e um Recetor das Características

Operacionais (ROC). Demonstrou que estas técnicas permitiam obter resultados com uma

precisão de 80,95%, uma sensibilidade de 81,2% e uma especificidade de 88,2%, pelo que a

termografia era ótima como ferramenta auxiliar da mamografia na deteção de cancro de mama

(Ng, et al., 2005). Também neste ano, Tang e Ding efetuaram um estudo que tinha por base a

análise da assimetria nos termogramas, recorrendo à segmentação da imagem adquirida com

um conjunto de operadores – erosão, dilatação, abertura, fecho, top-hat e outras

transformações de derivadas. Chegaram à conclusão que era possível observar taxas de

variação de temperatura extremamente elevadas bilateralmente e uma assimetria mais

proeminente indicava uma anomalia na mama (Tang, et al., 2005).

Em 2007, Yang realizou um estudo onde pretendia verificar qual a diferença de

temperatura entre as duas mamas considerada normal. Verificou que em casos saudáveis, a

temperatura média da mama esquerda era cerca de 0,3ºC superior à da direita e que quando

Trabalho Experimental

70

representadas num gráfico, estas apresentavam uma distribuição normal da temperatura.

Quando a diferença de temperatura entre as duas mamas era superior a 0,5ºC, era necessário

exames adicionais, pois esta diferença sugeria a existência de patologia e, nestes casos, a

distribuição das temperaturas estão desviadas (Yang, et al., 2007).

Em 2008, Houde Dai recolheu imagens termográficas às quais aplicou a tecnologia ITE

(Inside Thermal Estimations) para as processar, obtendo um mapeamento térmico do interior

da mama. Calculou os parâmetros de temperatura neles expostos, recorrendo ao método dos

elementos finitos. Concluiu que esta tecnologia pode ser aplicada com segurança num rastreio

de cancro de mama, sem que haja falsos-negativos e mesmo nos casos duvidosos (cerca de

25%), em 8% confirmou-se haver algum tipo de lesão. (Dai, et al., 2008).

Também em 2008, houve um estudo feito por Ng em Singapura no qual estabeleceu a

influência de determinados fatores (tais como posicionamento, escala de cores atribuídas às

temperaturas incluídas na imagem, uniformidade do display, formas de leitura, entre outros)

nas imagens, de modo a diminuir potenciais erros de interpretação das imagens. Verificou que

com o auxílio de máscaras existentes nos softwares era possível estabelecer um conjunto de

imagens como imagens padrão para depois serem comparadas com as imagens adquiridas.

Assim, muitas variáveis subjetivas da análise poderiam ser removidas ou reduzidas, obtendo

uma interpretação da imagem mais fiável e uniforme (Ng, 2009).

Ainda nesse ano, um outro estudo efetuado por Ng e Kee pretendeu verificar a eficácia do

uso de redes neuronais (em função de base radial) e métodos bioestatísticos (regressão linear e

análise ROC) na análise dos termogramas. Verificaram que esta técnica fornecia resultados

com uma taxa de exatidão de 80,95%, uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de

70,6% na deteção do cancro de mama (Ng, et al., 2008).

Em 2010, Damnjanović verificou que a termografia pode ajudar no diagnóstico precoce e

planificação do tratamento quer no cancro de mama quer noutras patologias mamárias (tais

como, doença fibrocística, infeção ou doenças vasculares), recorrendo ao uso do software

SnapViewPro Version 2.1 (Damnjanović, et al., 2010).

5.2.2 Aplicação da Termografia como Meio Complementar da Mamografia na Deteção

Precoce de Cancro de Mama

Outros estudos efetuados por Gautherie em 1983 e Keiserlingket em 1998 citados por Y. e

Ng referem que a termografia pode permitir um diagnóstico de cancro de mama até 10 anos

antes da mamografia, mas tal, até hoje ainda não está provado, pois existem inconsistências

no diagnóstico dos termogramas (Tang, et al., 2005; Ng, 2009). Esta inconsistência deve-se à

Trabalho Experimental

71

qualidade dos sensores da câmara e, principalmente à falta de existência de um critério que

permita avaliar a imagem adquirida, pelo que é frequente, em estudos mais recentes a

incorporação de ferramentas analíticas, tais como os métodos bioestatísticos e redes neurais

artificiais para se conseguir uma análise mais objetiva que permita melhorar a interpretação de

imagens térmicas e obter maior exatidão no diagnóstico (Boquete, et al., 2012; Ng, 2009).

O estudo realizado em 1998 por Keyserlingk refere que o tamanho que um tumor necessita

de ter para ser observado na termografia mamária era menor que numa mamografia (12,8mm

e 16,6mm, respetivamente) e que a sensibilidade de um carcinoma ductal ser detetado em

exame clínico era 61%, por mamografia isolada 66%, e por termografia isolada 83%. No

entanto, se fosse efetuado exame clínico e mamografia a sua sensibilidade aumentava para

85%; se fossem combinadas as mamografias suspeitas com a termografia, a sua sensibilidade

era de 95%; e a utilização simultânea dos três métodos a sensibilidade era 98%. Posto isto,

definiu que a mamografia e a termografia eram complementares e, quando usadas

isoladamente eram insuficientes (Ng, 2009).

Kennedy em 2009 mostrou que a mamografia, a ecografia e a termografia combinadas

aumentavam não só a sensibilidade de deteção, como a especificidade (Boquete, et al., 2012).

Em 2010, Jane Wang, fez um estudo preliminar para avaliar a capacidade da termografia

detetar cancro de mama, recorrendo a um modelo interpretativo derivado de um modelo

scoring e a um grupo de 276 mulheres com idades compreendidas entre os 17 e os 81 anos,

que tinham achados suspeitos na mamografia e/ou ecografia e, por isso, indicação para fazer

biópsia. Com um modelo de regressão multivariado ajustado à idade, verificou a existência de

uma associação entre a malignidade e valores de infravermelhos mais acentuados. No entanto,

a sua fidelidade era maior se a leitura da imagem termográfica fosse efetuada a seguir à leitura

da mamografia e/ou ecografia, pelo que a imagem por termografia apenas apresenta um papel

clínico significativo como complemento das 2 técnicas referidas, permitindo ajudar a tomar

decisões quando estas revelarem resultados ambíguos (Wang, et al., 2010).

Em 2011, Moghbel e Mashohor realizaram um estudo de análise de imagens de

Termografia Mamária através de diferentes sistemas de CAD (Computer Assisted

Detection/Diagnosis) e verificaram que o que tinha maior precisão era o Fuzzy Adaptive

Learning Control Network-Another Adaptive Resonance Theory, com 90%. Também

indicaram que 44% das utentes com termogramas anormais viriam a desenvolver cancro de

mama em 5 anos e que em 70% este seria detetado 1 ano após a mamografia. Porém a

combinação da mamografia com a termografia fornecia uma taxa de deteção de 95%

(Moghbel, et al., 2011).

Trabalho Experimental

72

Assim, dada a inconsistência dos resultados, a termografia continua até hoje a não ser

adotada como método de rastreio de cancro de mama.

5.3 Participantes no Estudo

Para a aquisição das imagens termográficas, bem como acesso aos resultados das

mamografias de rastreio das utentes que aceitariam participar no estudo, foi pedida

autorização ao Excelentíssimo Presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa

Contra o Cancro, para que esta pudesse ocorrer na unidade fixa desta Instituição, autorização

essa que me foi concedida.

O estudo foi efetuado com cento e cinquenta e uma utentes voluntárias que participavam

no Programa de Rastreio de Cancro da Mama desta Instituição, com idades compreendidas

entre os 45 e os 69 anos.

Inicialmente foi feita uma breve abordagem ao grupo de mulheres que se encontravam na

sala de espera para efetuar o rastreio na unidade fixa, ou para realizarem uma denominada

consulta de aferição (consulta que é efetuada a utentes que fizeram mamografia de rastreio

nas 2 ou 3 semanas anteriores mas é necessária a realização de exames adicionais para um

diagnóstico conclusivo) explicando em que consistia a termografia mamária de modo a

conseguir voluntárias. Foi-lhes explicado que a aquisição das imagens termográficas teria de

ser efetuado antes da realização do exame mamográfico de rastreio ou da consulta de aferição,

pois a compressão associada à mamografia iria falsear os resultados, uma vez que iria haver

um aumento de aporte sanguíneo à área da mama após a sua compressão. Para além disso, foi

também referido que as participantes tinham que se ter abstido de fumar, beber álcool, fazer

exercício vigoroso na hora antecedente à aquisição da imagem e de aplicar loções na zona da

mama nas 4 horas que antecederam a termografia mamária.

As utentes que se voluntariaram para participar no estudo foram encaminhadas para uma

cabine onde se despiam da cintura para cima e vestiam apenas uma leve bata, de modo a

estarem mais confortáveis e, seguidamente eram encaminhadas para a sala onde iriam ser

adquiridas as imagens termográficas. Nesta sala era-lhes explicado em pormenor em que

consistia a termografia e o estudo, como funcionava e o que se esperava da sua colaboração,

com a ajuda de um panfleto que se encontra no anexo III. Quando as utentes continuavam

interessadas em participar no estudo assinavam o termo de consentimento informado,

conforme anexo IV.

Trabalho Experimental

73

5.3.1 Aquisição, Tratamento e Avaliação das Imagens Termográficas

Tendo em conta os requisitos especificados na secção 3.3, a sala onde iria ocorrer a

aquisição tinha uma temperatura controlada entre os 19ºC e 23ºC com a ajuda de um

termómetro e uma humidade relativa de aproximadamente 62%. Neste local, teve o cuidado

de verificar-se que todas as janelas estavam fechadas, com as cortinas corridas, para evitar

que qualquer radiação infravermelha proveniente do exterior entrasse na sala e as portas

igualmente fechadas para prevenir qualquer fluxo de ar.

Para a aquisição dos termogramas foi utlizada a câmara FLIR T-365, cujas características

se enquadram nas especificadas como requisito para termografia mamária referido na secção

3.3 e podem se consultadas no anexo V.

Figura 5.1: Câmara FLIR T-365® utilizada na aquisição dos termogramas.

Durante a explicação pormenorizada na sala de aquisição, decorria o tempo necessário

para que a área mamária atingisse o equilíbrio térmico (cerca de 10 a 15 minutos), como diz

na referida secção.

Após este tempo, a utente retirava a bata e sentava-se em posição ereta num banco, perto

de uma parede branca, a cerca de 1 metro da câmara, com os membros superiores elevados

acima da cabeça. Foram adquiridos termogramas em 3 posições: uma de face e duas com uma

rotação do corpo da linha média de cerca de 45º (oblíqua direita e oblíqua esquerda) e todas

com os membros superiores elevados acima da cabeça.

As imagens adquiridas (termogramas mamários) são imagens coloridas, representadas

numa matriz bidimensional, em que cada pixel representa a medição da temperatura na

superfície da mama.

Após a aquisição, os termogramas foram tratados com o programa da FLIR ThermaCAM

Researcher Professional 2.1®, e exibidas na palete rain900 com escalas onde a temperatura

variava 10 ºC e 5 ºC.

Trabalho Experimental

74

Figura 5.2: O mesmo termograma com uma escala de variação de 10ºC e 5ºC, respetivamente.

Para cada utente, foram identificados os possíveis locais de lesões onde havia temperatura

superior e identificado o valor máximo registado nessa área. Seguidamente foram verificadas

quais as diferenças de temperatura entre:

O ponto mais quente da possível lesão e a segunda área mais fria (já que como

referido na secção 3, a mais fria era a área mamilar e esta não contava) da própria

mama, a qual se denominou ΔT1;

Figura 5.3: Possível lesão no QSE da mama direita e identificação dos valores de temperatura para

ΔT1.

O mesmo ponto e o mesmo local na mama contra-lateral (efeito espelho),

denominado ΔT2.

Figura 5.4: Possível lesão no QSE da mama direita e identificação dos valores de temperatura para o

cálculo de ΔT2.

28,0°C

38,0°C

28

30

32

34

36

38

30,0°C

35,0°C

30

31

32

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35

30,0°C

35,0°C

30

31

32

33

34

35

34,7

32,5

30,0°C

35,0°C

30

31

32

33

34

35

34,732,3

Trabalho Experimental

75

Como é possível verificar no anexo VII as diferenças eram muito variáveis e haviam

lesões que depois se verificaram ser benignas que apresentavam diferenças de temperatura

elevadas e lesões que se comprovaram ser malignas que mostravam diferenças de temperatura

muito baixas e após várias tentativas, utilizou-se a escala que melhor poderia classificar as

lesões:

IR1 – quando a diferença de temperatura é igual ou inferior a 1 e correspondia a

ausência de lesões ou presença de lesões benignas;

IR2 – quando a diferença de temperatura é superior a 1, mas igual ou inferior a 1,5

e correspondia a presença de lesões duvidosas, com potencial de malignidade;

IR3 – quando a diferença de temperatura é superior a 1,5 e correspondia a lesões

malignas.

Após esta análise foi realizada outra comparação, cruzando estas duas análises ΔT1 e ΔT2

e classificando novamente o resultado final do seguinte modo:

Quando, pelo menos uma das variações da temperatura tinha classificação IR1, a

classificação final era IR1;

Quando ambas eram IR2, a classificação final era IR2;

Quando uma era IR2 e a outra IR3, a classificação final era IR2;

Quando ambas eram IR3, a classificação final era IR3.

A esta nova análise chamou-se ΔT3.

Antes da interpretação dos resultados dos termogramas, não houve acesso aos resultados

da mamografia de rastreio e as utentes nunca tiveram acesso ao resultado dos termogramas

adquiridos.

5.3.2 Aquisição, Tratamento e Avaliação das Imagens Mamográficas

As mamografias foram adquiridas com equipamentos da GE® (General Electric) de

diferentes modelos, em diferentes unidades de rastreio (umas móveis e outras fixas),

consoante a unidade que está afeta à área de residência da mulher no âmbito do Programa de

Rastreio da Liga Portuguesa Contra o Cancro do Núcleo Regional do Norte.

A mamografia de rastreio é efetuada adquirindo duas projeções de base para cada mama a

que chamamos incidências: incidência Crânio-Caudal (CC) e incidência Oblíqua Médio-

Lateral (OML) (Ballinger, et al., 2003; Bontrager, 1999; Sree, et al., 2010).

A paciente quando entra na sala de exame para realizar uma mamografia de rastreio deve

encontrar-se despida da cintura para cima.

Trabalho Experimental

76

Na incidência CC, a paciente encontra-se em ortostatismo, com os membros superiores

relaxados ao longo do corpo. A mama é elevada de modo a fazer um ângulo de 90 com a

parede torácica e a posicionar-se sobre o Potter, estando este colocado ao nível do sulco infra

mamário. A mama é então puxada para a frente, ficando o mamilo de perfil e a mama no

centro do Potter. Seguidamente é efetuada a compressão uniformizando o tecido mamário e

desfazendo possíveis pregas cutâneas. Por último, a cabeça da paciente roda-se para o lado

contrário ao que estamos a radiografar e ombro do lado radiografado é projetado para fora da

imagem (Ballinger, et al., 2003; Bontrager, 1999).

v

Figura 5.5: Posicionamento para a incidência crânio-caudal e imagem adquirida (Ballinger, et al.,

2003).

Na incidência OML, a ampola e o Potter são angulados a cerca de 60º com a vertical ou

30º com a horizontal e é ajustada a altura de forma que o topo do Bucky se encontre ao nível

da axila. A paciente, em ortostatismo, deve estar virada para a frente como na incidência CC,

embora rode levemente o tórax para que a mama contra-lateral não interfira com o feixe de

raios X. O membro superior do lado a radiografar deve ser colocado para a frente e apoiado

sobre o Potter, com uma flexão do cotovelo a cerca de 90º. A mama é, então tracionada

anterior e medialmente, juntamente com o músculo peitoral, afastando-o da parede torácica,

ficando o mamilo corretamente posicionado de perfil. Seguidamente é aplicada a compressão

com o cuidado de ir desfazendo qualquer prega cutânea, e o bordo superior do compressor

deve repousar sobre a clavícula e o inferior abranger o sulco inframamário (Ballinger, et al.,

2003; Bontrager, 1999).

Trabalho Experimental

77

Figura 5.6: Posicionamento para a incidência Obliqua Médio-Lateral (Ballinger, et al., 2003).

Na mamografia distingue-se basicamente quatro níveis de intensidade: tecido fundo,

gordura, parênquima mamário e calcificações com crescente intensidade (Al-Shamlan, et al.,

2010).

As imagens adquiridas são digitais, onde cada pixel representa a radiação que atingiu o

detetor, após a atenuação dos tecidos mamários. Seguidamente foram processadas com

software da Fujifilm® FCR – Fuji Computed Radiography e enviadas por pen para a estação

de leitura onde são lidas por dois médicos radiologistas (dupla leitura).

Numa análise de uma mamografia procuram-se anomalias na arquitetura da mama,

nomeadamente agrupamentos de microcalcificações, massas (lesões que ocupam espaço e são

visíveis nas duas incidências) e distorções de arquitetura (Al-Shamlan, et al., 2010; Chagas, et

al., 2008; Damjnov, 2000; Eltoukh, et al., 2010; Tahmasbi, et al., 2011). As características das

lesões que permitem inferir se são benignas ou malignas estão na figura 5.7.

Figura 5.7: Distinção entre os diferentes tipos de lesões da mama relativamente à benignidade e

malignidade, nomeadamente no formato da massa, suas margens e densidade (Tahmasbi, et al., 2011).

Esta análise foi efetuada por dois radiologistas e classificadas segundo a classificação de

Marselha (ver tabela 5.1).

Trabalho Experimental

78

Tabela 5.1: Classificação de Marselha (Perry, et al., 2006).

Classificação Descrição

R1 Negativo

R2 Achados benignos;

R3 Achados provavelmente benignos, mas de significado indeterminado;

R4 Achado com suspeito de malignidade;

R5 Características malignidade.

Neste estudo, foram consideradas como lesões benignas, as mamografias com

classificação R1, R2 e R3 que após exames complementares foram confirmadas como lesões

benignas; como lesões duvidosas, as mamografias com R3 e R4, em que as lesões, após a

realização de exames complementares, ficaram em controlo mais apertado de 6 ou 12 meses;

e como lesões malignas as mamografias classificadas como R3, R4 ou R5, cujas utentes

possuíam lesões que necessitaram de tratamento.

5.4 Resultados e Discussão

Ao analisar apenas as imagens da termografia, sem medições dos valores da temperatura,

das 151 utentes que participaram no estudo:

28 Utentes tinham aparentemente lesões bilaterais na termografia;

39 Não teriam nenhuma lesão em qualquer das mamas ou lesões benignas que não

provocavam aumento de temperatura;

84 Teriam lesão em apenas uma das mamas.

Assim, teremos um total de 179 casos/mamas em análise (28x2+39+84).

Das 140 casos/mamas (28x2+84) que aparentemente possuíam alguma lesão e de acordo

com a escala para a variação da temperatura na mama que apresentava essa lesão (ΔT1),

houve 74 lesões classificadas como IR3 (malignas), 40 como IR2 (suspeitas) e 26 foram

classificadas com IR1 (lesão benigna). As 39 que não aparentavam ter nenhuma lesão foram

também classificadas como IR1, obtendo um total de 65 casos com IR1.

Ao comparar a temperatura da área da lesão com a mesma área no lado contra-lateral

(ΔT2), verificou-se que havia uma diminuição do número de lesões supostamente malignas

(IR3) – 22, bem como das lesões classificadas como IR2 – 30, aumentando assim o número

de casos em que as lesões eram benignas ou não existia qualquer tipo de lesão identificável

(127 classificadas como IR1).

No entanto, se se considerasse que apenas existia lesões suspeitas ou malignas quando

havia diferenças de temperatura superiores a 1 na própria mama e em relação à área

Trabalho Experimental

79

equivalente na mama contra-lateral (ΔT3), o número ainda diminuía mais – 18 IR3, mas o

número de casos suspeitos mantinha-se equivalente ao número verificado em ΔT2 (ver tabela

5.2).

Tabela 5.2: Resultados da classificação da escala IR dos 179 casos.

Diferença de

temperatura

Casos com classificação

IR 1

Casos com classificação

IR 2

Casos com classificação

IR 3

Número Percentagem Número Percentagem Número Percentagem

Na mama com lesão

( ) 65 36,31 40 22,35 74 41,34

Na mama contra-

lateral ( ) 127 70,95 30 16,76 22 12,29

Na mama com lesão e

contra-lateral ( ) 131 73,18 30 16,76 18 10,06

Assim, considerou-se um “resultado positivo” as mamas classificadas com IR2 e IR3.

Na mamografia foram obtidos na mama direita, 3 utentes com classificação R1, 85 com

classificação R2, 59 com R3, 2 com R4 e 2 com R5. À esquerda, foram 4 com R1, 80 com

R2, 60 com R3, 6 com R4 e 1 com R5 (ver tabela 5.3). Verificou-se que 25 utentes foram

identificadas com lesões bilaterais das quais grande parte se veio a verificar que eram

benignas.

Tabela 5.3: Distribuição das utentes de acordo com a classificação de Marselha.

Classificação Mama Direita Mama Esquerda

R1 3 4

R2 85 80

R3 59 60

R4 2 6

R5 2 1

Após consulta de aferição constatou-se que as lesões eram benignas ou não tinham

qualquer lesão em 107 utentes, em 6 havia lesão duvidosa que necessitava de controlo ao fim

de 6 meses por serem lesões ainda mais suspeitas, 22 com lesões para controlar ao fim de 12

meses por parecerem ser benignas mas sem confirmação e 16 necessitaram de tratamento

hospitalar pois eram lesões malignas (ver anexo VI).

Trabalho Experimental

80

Assim, considerou-se como “resultado positivo” a existência de lesões que foi necessário

reavaliar ao fim de 6 meses, 12 meses ou que necessitaram de tratamento hospitalar, o que

perfazia um total de 44 considerados “resultados positivos”.

Tendo como base o resultado da análise da mamografia, calculou-se o número de

verdadeiros-positivos, falsos-positivos, falsos-negativos e verdadeiros-negativos da

termografia, cujos resultados são apresentados na tabela 5.4. Na análise desta tabela deve ter-

se em conta que uma mesma utente a termografia pode ter detetado lesão na direita e não ter

visualizado nenhuma lesão na mama esquerda (ou vice-versa), no entanto na mamografia

existia uma lesão muito duvidosa na mama esquerda e nenhuma lesão ou lesão benigna na

mama direita, pelo que é simultaneamente classificado como falso-positivo na mama direita e

falso-negativo na esquerda, contabilizando “2 casos”, pelo que o total de casos em ΔT1 foi de

186, em ΔT2 de 184 e em ΔT3 de 179.

Tabela 5.4: Número de verdadeiros-positivos, falsos-positivos, falsos-negativos e verdadeiros-

negativos na termografia.

Total de acordo com a

diferença de temperatura

Verdadeiros-

Positivos Falsos-Positivos Falsos-Negativos

Verdadeiros-

Negativos

N.º % N.º % N.º % N.º %

Na própria mama 26 13,98 87 46,77 20 10,75 53 28,49

Com a mama Contra-lateral

11 5,98 42 22,83 34 18,48 97 52,72

Na mama com lesão e

contra-lateral 10 5,59 38 21,23 35 19,55 96 53,63

Na figura 5.8 encontram-se as imagens de mamografia e termografia de utente em que a

mamografia não apresentava lesões na mamografia e por isso classificada com R1 nas duas

mamas. Porém, ao analisar os termogramas desta utente, foi identificada uma área assimétrica

na mama direita, no QSE e marcada com um círculo preto. Seguidamente foi quantificada a

temperatura máxima registada naquela área, a segunda temperatura mais fria da mama direita

e calculada a diferença entre elas. Verificou-se que a área mais quente apresentava uma

temperatura de 33,4ºC e a segunda área mais fria 31,9ºC. Assim, a diferença era de 1,5ºC,

pelo que em ΔT1 foi classificada como IR2, ou seja lesão duvidosa, com potencial de ser

maligna. Depois, mediu-se a temperatura na área correspondente do lado contra-lateral e

constatou-se que era 32,6ºC, pelo que a diferença era 0,8ºC, sendo por isso classificada como

Trabalho Experimental

81

IR1 em ΔT2. Como em ΔT2 foi classificada como IR1 e em ΔT1 como IR2, pela

classificação definida na secção 5.3.1, na análise em ΔT3 foi classificada como IR1. Assim, a

termografia foi considerada um falso-positivo em ΔT1, pois identifica uma lesão que não

existe, mas verdadeiro-negativo em ΔT2 e ΔT3.

Figura 5.8: Exemplo de um falso-positivo em ΔT1 e verdadeiro-negativo em ΔT2 e ΔT3.

Na figura 5.9 encontram-se as imagens de mamografia e termografia de utente em que a

mamografia não apresentava lesões ou tinha lesões benignas na mamografia e por isso

classificada com R1 e R2 na mama direita e esquerda, respetivamente. Ao analisar os

termogramas desta utente, foi identificada uma assimetria entre as duas mamas, porém sem

aumentos significativos de temperatura (inferiores a 1ºC, ou seja, sem áreas coloridas a

vermelho) pelo que foi classificada como IR1 nas 3 análises (ΔT1, ΔT2 e ΔT3). Assim, a

termografia foi considerada um verdadeiro-negativo em todas as análises.

30,0°C

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Trabalho Experimental

82

Figura 5.9: Exemplo de um verdadeiro-negativo.

Outro exemplo é mostrado na figura 5.10. A utente apresenta uma densidade assimétrica

(identificada com um círculo negro) no QSE da mama direita, classificado como R3 na

mamografia e, portanto, a utente foi convocada para consulta de aferição. Nesta consulta

foram realizados outros exames complementares (incidências de mamografia e ecografia) e a

lesão foi considerada maligna. Na termografia verifica-se um aumento de temperatura nas

duas mamas: na direita na zona dos Quadrantes Superiores e na esquerda no QSI. Na análise

ΔT1, ambas eram lesões malignas (IR3), pois apresentaram 2,1ºC e 3ºC de diferença,

respetivamente. Na análise ΔT2 apenas a lesão da direita era considerada suspeita (IR2),

sendo a da esquerda benigna (IR1), pois apresentavam diferenças de 1,1ºC e 0,6ºC. Em ΔT3 a

lesão da direita ficou então classificada como suspeita e a da esquerda como benigna. Assim,

este é um caso de verdadeiro-positivo à direita e falso-positivo à esquerda em ΔT1, um

verdadeiro-positivo à direita e um verdadeiro-negativo à esquerda em ΔT2 e um verdadeiro-

positivo à direita e um verdadeiro-negativo à esquerda em ΔT3.

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Trabalho Experimental

83

Figura 5.10: Exemplo de uma lesão suspeita na mama direita na mamografia que foi confirmada pela

termografia, mas que esta na análise ΔT1 classificou uma lesão na mama esquerda como suspeita,

quando não o era.

Na figura 5.11 é mostrado outro exemplo de uma lesão no QSI da mama direita na

mamografia (identificada com o círculo preto) classificada R3. Na termografia há um

aumento substancial de temperatura nos quadrantes superiores da mesma mama (círculos

pretos nos termogramas), classificado como IR3 quer em ΔT1, ΔT2 e ΔT3, pois apresentava

diferenças de temperatura de 1,9ºC e 1,6ºC. Porém, após os exames complementares inerentes

à consulta de aferição, verificou-se que era uma lesão que se mantinha estável há alguns anos

e portanto foi considerada benigna, pelo que é um caso de falso-positivo em todas as

classificações.

Utente com uma lesão (microcalcificações) classificada como R4 no QSE (identificadas

com um círculo preto) da mama direita na mamografia é mostrado na figura 5.12. Esta utente

na termografia aparenta um ligeiro aumento de temperatura no QSI da mama direita e nos

Quadrantes Superiores da esquerda, identificadas com o círculo preto. Na mama direita a

diferença de temperatura é de 1,1ºC e 0,3ºC em ΔT1 e ΔT2, respetivamente; na mama

esquerda era 1ºC e 0,2ºC, pelo que ambas foram classificadas como IR2 em ΔT1, IR1 em ΔT2

e IR1 em ΔT3. Após a realização de exames complementares verificou-se que era uma lesão

duvidosa e a utente ficou de controlar ao fim de 12 meses. Por isso, foi considerado um

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84

verdadeiro-positivo na mama direita e um falso-positivo na esquerda em ΔT1, um falso-

negativo na direita e um verdadeiro-negativo na esquerda em ΔT2 e ΔT3.

Figura 5.11: Utente com uma lesão no QSI da mama direita, quer na mamografia, quer na

termografia.

Figura 5.12: Utente com uma lesão (microcalcificações) no QSE da mama direita na mamografia e

um ligeiro aumento de temperatura no QSI da mama direita e nos Quadrantes Superiores da esquerda

na termografia.

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32,0°C

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32

33

34

35

36

37

AR01

32,0°C

37,0°C

32

33

34

35

36

37

AR01

Trabalho Experimental

85

Finalmente, na figura 5.13 é mostrado um exemplo de uma utente com uma lesão

classificada como R5 na mamografia no QSE da mama Direita e na termografia revela um

ligeiro aumento de temperatura nos Quadrantes Externos da mesma mama. Porém após

calcular as diferenças de temperatura, verificou-se que eram apenas de 1,5ºC e 0,6ºC, pelo que

era classificada como IR 2 na avaliação ΔT1, IR 1 em ΔT2 e IR 1 em ΔT3. Após a realização

de exames complementares na consulta de aferição, confirmou tratar-se de uma lesão maligna

e a utente foi encaminha para tratamentos, pelo que é um caso que pode considerar-se

verdadeiro-positivo na classificação ΔT1 (apesar de a classificar apenas como suspeita), e um

falso-negativo nas outras análises.

Figura 5.13: Utente com uma lesão classificada com lesão maligna, mas que a termografia considerou

apenas suspeita numa das classificações.

Assim, dos 16 casos/utentes que necessitaram de tratamento hospitalar, verificou-se que

na análise ΔT1 classificou 5 como benignos e, portanto falsos-negativos, na análise ΔT2

classificou 10 e na análise ΔT3 11, sendo, por isso esta a classificação que mais falhou. Este

facto significa falhas muito graves, pois utentes com cancro de mama não foram corretamente

identificadas e portanto não receberiam o tratamento hospitalar necessário.

Com estes resultados foi possível calcular a sensibilidade e especificidade da termografia

na análise ΔT1, ΔT2 e ΔT3, cujos resultados são apresentados na tabela 5.5.

31,5°C

36,5°C

32

33

34

35

36

AR01

31,5°C

36,5°C

32

33

34

35

36

31,5°C

36,5°C

32

33

34

35

36

AR01

Trabalho Experimental

86

Tabela 5.5: Valores de sensibilidade e especificidade da termografia neste estudo.

Sensibilidade Especificidade

Valor Percentagem Valor Percentagem

Na própria mama (ΔT1) 0,5652 56,52 0,3785 37,85

Com a mama Contra-

lateral (ΔT2) 0,2444 24,44 0,6978 69,78

Na mama com lesão e

contra-lateral (ΔT3) 0,2222 22,22 0,7164 71,64

Como se pode verificar, obtinha-se uma sensibilidade superior quando apenas se usava a

variação da temperatura da própria mama – ΔT1 (56,52%) e uma especificidade superior

quando se conjugavam as duas variações de temperatura – ΔT3 (71,64%). Porém, este facto

invertia-se quando se verificava quem apresentava a sensibilidade e especificidade inferiores,

ou seja, seria em ΔT3 a sensibilidade (22,22%) e em ΔT1 a especificidade (37,85%).

Foi-se então analisar os falsos-positivos com a ajuda de um médico Radiologista,

verificou-se que em grande parte existia lesões benignas, que poderiam ser nódulos benignos

superficiais ou profundos, cistos superficiais, gânglios intramamários, ductos dilatados,

microcalcificações, tecido retro-areolar abundante e assimétrico. A sua distribuição pode ser

visualizada na tabela 5.6. Como é possível visualizar, as causas mais frequentes de falsos-

positivos são os nódulos superficiais (ainda que benignos), os cistos superficiais e gânglios

intramamários, ou seja, são as lesões que possuem atividade metabólica elevada e/ou

pequenas inflamações associadas.

Assim, se considerarmos falsos-positivos apenas os que não possuíam nenhuma lesão,

verificava-se que o número de falsos-positivos diminuía significativamente para 36 casos em

ΔT1, 11 em ΔT2 e 12 em ΔT3, pelo que o número de verdadeiros-positivos iria aumentar e o

de falsos-positivos iria diminuir (ver tabela 5.8).

Ao efetuar-se a mesma análise para os falsos-negativos, verificou-se que a termografia

falhava essencialmente em casos de microcalcificações, nódulos e densidades assimétricas.

Tendo em conta que as microcalcificações não possuem qualquer atividade metabólica ou

venosa e as densidades assimétricas podem perfeitamente ser apenas tecido mamário que não

regride da mesma forma nas duas mamas, então estes serão exames que provavelmente serão

sempre falsos-negativos e esta técnica não poderá ser utilizada de modo independente, mas

sim como um complemento de outra. A análise das imagens dos falsos-negativos encontra-se

na tabela 5.7.

Trabalho Experimental

87

Tabela 5.6: Análise dos Falsos-Positivos.

Lesões onde há aumento de temperatura Número

ΔT1 ΔT2 ΔT3

Nódulos Superficiais 12 6 7

Nódulos Profundos 3 3 2

Cistos Superficiais 10 8 5

Gânglios Intramamários 7 3 3

Ductos Dilatados 2 2 1

Microcalcificações 1 2 1

Tecido Retro-areolar Abundante e Assimétrico 1 0 0

Nódulos Superficiais + Microcalcificações 1 1 1

Cistos Superficiais + Ductos dilatados 1 1 1

Sem Lesão 36 11 12

Lesões noutras áreas da mama

Nódulos Superficiais 2 2 2

Nódulos Profundos 3 0 0

Cistos Superficiais 2 1 1

Cistos Superficiais + Tecido Ectópico 1 1 1

Alterações Fibrocísticas 1 0 0

Gânglios Intramamários 2 0 0

Nódulos Superficiais + Cistos Superficiais 2 1 1

Tabela 5.7: Análise dos Falsos-Negativos.

Lesões onde há aumento de temperatura Número

ΔT1 ΔT2 ΔT3

Nódulos Superficiais 8 14 15

Nódulos Profundos 1 1 1

Cistos Superficiais Duvidosos 1 2 2

Microcalcificações 4 6 6

Densidade Assimétrica 5 7 7

Nódulos Superficiais + Microcalcificações 0 1 1

Nódulos Superficiais + Cistos Superficiais 1 2 2

Cistos Superficiais+ Microcalcificações 0 1 1

Assim, se fosse considerada apenas como falsos-positivos os casos em que não existia

qualquer lesão e como falsos-negativos apenas os que necessitaram de tratamento hospitalar,

verificava-se uma diminuição substancial destes números e consequentemente um aumento

significativo da sensibilidade e especificidade, como pode ser comprovado pelas tabelas 5.8 e

5.9.

Porém, este número poderia ser ainda menor se a utente tivesse permanecido com os

membros superiores afastados do tronco de maneira a que a área dos prolongamentos axilares

Trabalho Experimental

88

pudessem também atingir o equilíbrio térmico, pois provavelmente alguns destes falsos-

positivos e falsos-negativos se devam a este facto, o que poderia permitir uma diminuição

destes números e consequente aumento de sensibilidade e especificidade. Porem, este fator

não é fácil conseguir num estudo devido à necessidade de expor o corpo por parte da paciente

e à dificuldade de maior parte das utentes nesta faixa etária não conseguir efetuar abdução dos

membros superiores durante tanto tempo, o que implicava a utilização de uma maca com

apoio de braços que não estava disponível na altura.

Tabela 5.8: Casos verdadeiros-positivos, falsos-positivos, falsos-negativos e verdadeiros-negativos

após nova análise.

Total de acordo com a

diferença de temperatura

Verdadeiros-

Positivos Falsos-Positivos Falsos-Negativos

Verdadeiros-

Negativos

N.º % N.º % N.º % N.º %

Na própria mama 77 41,4 36 19,35 5 2,69 68 36,56

Com a mama Contra-lateral

42 22,83 11 5,98 10 5,43 121 65,76

Na mama com lesão e

contra-lateral 36 20,11 12 6,70 11 6,14 120 67,04

Então, recalculando a sensibilidade e especificidade da termografia na análise ΔT1, ΔT2 e

ΔT3, obtém-se valores muito superiores e mais aceitáveis para que este novo método possa

vir a complementar o diagnóstico da mamografia (ver tabela 5.9).

Tabela 5.9: Valores de sensibilidade e especificidade da termografia após análise dos falsos-positivos

e falsos-negativos.

Sensibilidade Especificidade

Valor Percentagem Valor Percentagem

Na própria mama (ΔT1) 0,9390 93,90 0,6038 60,38

Com a mama Contra-

lateral (ΔT2) 0,8077 80,77 0,9167 91,67

Na mama com lesão e

contra-lateral (ΔT3) 0,7660 76,60 0,9091 90,91

Trabalho Experimental

89

Como se pode verificar, neste novo estudo, continuava a obter uma sensibilidade superior

quando apenas se usava a variação da temperatura da própria mama – ΔT1 (93,90%) e uma

especificidade superior quando se comparava com a temperatura da mama contra-lateral –

ΔT2 (91,67%). Porém, desta forma obtinham-se valores muito superiores e próximos do

desejável.

Assim, não é possível estabelecer uma relação direta entre o aumento da temperatura na

termografia e a malignidade da lesão (pelo menos com a escala apresentada), mas sim com a

provável existência de lesões sempre que há um aumento substancial da temperatura numa

área da própria mama (pois ΔT1 tinha maior sensibilidade) e essa área é assimetria entre as

duas mamas (pois ΔT2 tinha maior especificidade).

90

Capítulo 6

Conclusão

Muitas são as patologias que podem atingir a mama, mas as que mais preocupam são sem

dúvida as neoplasias malignas da mama, ou mais frequentemente denominados carcinomas

mamários. Estes representam uma das principais causas de morte por cancro e a sua

incidência tem vindo a aumentar. Infelizmente, apesar dos inúmeros estudos efetuados na

área, ainda não está definida uma causa para esta doença, apenas se sabe alguns fatores de

risco associados que podem ser classificados em baixo, médio e alto risco. Há vários tipos de

carcinomas mamários, sendo que o mais frequente o carcinoma ductal infiltrativo. O

prognóstico de um carcinoma mamário depende de vários fatores e é consensual que quanto

mais precoce for o seu diagnóstico, melhor será a probabilidade de cura.

Vários são os meios complementares de diagnóstico de cancro de mama. Porém, os que

atualmente existem apenas fornecem informação anatómica, ou sejam apenas demonstram o

tumor quando ele já existe e tem determinado tamanho, pelo que um meio complementar de

diagnóstico que forneça informação fisiológica seria importante.

A termografia é uma técnica de imagem não-invasiva que faz a leitura da radiação

infravermelha emitida pelo corpo humano e a converte em valores de temperatura

equivalentes.

Na fase inicial de um cancro de mama, quando este ainda não provocou alterações

anatómicas, irá haver alterações fisiológicas que levarão a um aumento do fluxo sanguíneo e

da atividade metabólica. Este aumento induz um aumento de temperatura na área que será

então detetado pela termografia.

O objetivo deste trabalho era verificar se a termografia poderia ser o meio de diagnóstico

que fornecia informação fisiológica, complementando assim a mamografia. Para tal,

começou-se por fazer uma revisão bibliográfica dos estudos que havia sobre a termografia e a

sua conjugação com a mamografia, onde as conclusões são diversas. Seguidamente foi

traçado um plano para efetuar um estudo que permitisse perceber se a termografia poderia vir

a ser um meio de diagnóstico complementar da mamografia. Inicialmente eram analisados os

termogramas adquiridos verificando se existia alguma assimetria entre as duas mamas:

Conclusão

91

quando não existia assimetria assumiu-se que não existia lesão na mama que provocasse

aumento de temperatura; quando existia assimetria, verificou-se qual o aumento da

temperatura nessa área em relação à área mais fria da própria mama e à mesma zona na mama

contra-lateral (efeito espelho). Foi estabelecida uma escala para classificar a diferença de

temperatura verificada, pois os valores são extremamente variáveis. Finalmente, esta

classificação foi comparada com os resultados da mamografia.

Nesta primeira comparação foram assumidos como resultados positivos da mamografia os

casos em que existiam lesões que ficaram em controlo (de 6 ou de 12 meses) ou necessitaram

de tratamento hospitalar. Na termografia eram considerados positivos os resultados

considerados suspeitos (IR2) ou com lesão maligna (IR3).

Verificou-se que, com a escala proposta para a análise da termografia, existia um elevado

número de falsos-positivos e falsos-negativos e, portanto, apresentava uma sensibilidade e

especificidade muito baixas quando comparada com a mamografia.

Porém, se considerarmos apenas a análise segundo a existência (ou não) de lesão e

considerássemos apenas como falsos-positivos os casos em que a termografia detetava lesão,

mas não existia qualquer tipo de lesão e como falsos-negativos os casos que a termografia não

detetou lesão ou detetou mas foi classificada como lesão benigna, então iriamos ter uma

diminuição substancial do número de falsos-positivos e falsos-negativos e um aumento

substancial da sensibilidade e especificidade.

Assim, podemos concluir que não é possível estabelecer uma relação direta entre o

aumento da temperatura na termografia e a malignidade da lesão (pelo menos com a escala

apresentada), mas sim com a provável existência de lesões sempre que há assimetria entre as

duas mamas.

Com o presente estudo é possível concluir que a termografia poderá, com alguns ajustes

vir um dia a ser um complemento importante na deteção do cancro de mama, uma vez que

fornece informação sobre a fisiologia das lesões.

Para que seja fiável e eventualmente aplicável à área da mama ainda terá de haver um

aumento da sensibilidade dos detetores, o estabelecimento e ajuste de uma escala oficialmente

reconhecida e um aperfeiçoamento do software que permita uma leitura mais precisa e não

dependa tanto da sensibilidade do leitor.

Como trabalhos futuros a partir desta pesquisa propõem-se as seguintes linhas de

investigação:

Criação de um programa que efetue a comparação simultânea entre as duas mamas

de modo a detetar de forma mais precisa a assimetria entre as duas mamas;

Conclusão

92

Através de otimização, criar uma escala que melhor se adapte para determinar se

uma lesão é maligna ou benigna;

Efetuar um estudo da mama com um tempo de espera para atingir o equilíbrio

térmico superior e onde essa espera possa ser efetuada de modo a que a utente

tenha os membros superiores apoiados, mas elevados, de maneira a que a zona do

prolongamento axilar também atinja esse equilíbrio térmico e possa ser mais uma

zona de análise;

Adquirir termogramas com outras máquinas que possam ter uma sensibilidade

maior, a fim de verificar o poder de influência dos detetores na termografia

mamária;

Verificar se as utentes classificadas como falsos-positivos não desenvolveram

nenhum cancro de mama, já que alguns estudos falam numa deteção da

termografia até 10 anos antes da mamografia;

Criar um estudo onde as utentes sejam também avaliadas com outros exames

complementares de diagnóstico, para verificar a taxa de verdadeiros e falsos-

negativos da mamografia.

Enfim, como se pode verificar, apesar dos resultados mostrarem que a termografia é uma

aposta promissora na deteção precoce de cancro de mama, muito ainda há a fazer antes da sua

aplicação prática.

Os resultados deste estudo foram apresentados no Symposium on Temperature and

Thermal Measurements in Industry and Science (TEMPMEKO), Madeira, Portugal, 2013. A

publicação dos resultados num artigo encontra-se em fase de ponderação.

93

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102

Anexos

Anexo I: Tabela resumo das principais diferenças entre as características dos tumores benignos e

malignos (Kumar, et al., 1994).

Características Benignos Malignos

Diferenciação/anaplasia

Bem diferenciado; a estrutura

pode ser típica do tecido de

origem

Alguma ausência da diferenciação com

anaplasia; estrutura frequentemente é

atípica

Velocidade de crescimento

Geralmente progressivo e lento;

pode parar ou regredir; figuras

mitóticas são raras e normais

Errático e pode ser lento ou rápido;

figuras mitóticas podem ser numerosas e

anormais

Invasão local

Geralmente massas coesivas e

expansivas, bem demarcadas,

que não invadem ou infiltram os

tecidos normais adjacentes

Localmente invasivo, infiltrando os

tecidos normais adjacentes; algumas

vezes pode parecer coesivo e expansivo.

Metástases

Ausentes Frequentemente presentes; quanto maior

e menos diferenciado o primário, mais

prováveis são as metástases.

Anexos

103

Anexo II: Estadiamento do cancro de mama de acordo com o American Joint Committe on Cancer

(Amorim, 2007; Lippman, 2005; Moynihan, 2006; Bland, et al., 2005).

Tumor Primário

T0 Sem evidência de tumor primário

TIS Carcinoma in situ (lobular in situ, intraductal in situ, Doença de Paget sem

tumor palpável)

T1 Tumor com tamanho menor ou igual a 2 cm

no seu maior diâmetro

T2 Tumor maior que 2 cm e menor que 5 cm no

seu maior diâmetro

T3 Tumor maior que 5 cm no seu maior

diâmetro

T4

Tumor de qualquer tamanho com extensão à

parede torácica ou à pele, com inflamação

e/ou ulceração

Nodos Regionais

N0 Sem gânglios envolvidos

N1 Gânglios axilares ipsilaterais móveis

N2

Gânglios aderentes ou fixos, ou aparente afeção clínica dos gânglios mamários

internos na ausência de evidência clínica de metástases nos gânglios axilares

linfáticos

N3 Metástases nos gânglios linfáticos infraclaviculares ipsilaterais

Metástases à distância

M0 Sem metástases distantes detetadas

M1 Presença de metástases distantes (incluindo nos nodos supraclaviculares

ipsilaterais)

Estadiamento

Anexos

104

Estadio 0 Tis N0 M0

Estadio I T1 N0 M0

Estadio IIA

T0 N1 M0

T1 N1 M0

T2 N0 M0

Estadio IIB T2 N1 M0

T3 N0 M0

Estadio IIIA

T0 N2 M0

T1 N2 M0

T2 N2 M0

T3 N1 M0

T3 N2 M0

Estadio IIIB

T4 N0 M0

T4 N1 M0

T4 N2 M0

Estadio IIIC Tqualquer N3 M0

Estadio IV Tqualquer Nqualquer M1

Anexos

105

Anexo III – Panfleto sobre a Termografia apresentado às utentes.

Anexos

106

Anexos

107

Anexo IV – Termo de Consentimento Informado.

Termo de consentimento informado

Eu, abaixo assinada, fui informada sobre o estudo de investigação “Avaliação do

desempenho da termografia no estudo da mama”, realizado no âmbito de tese de Mestrado da

Técnica de Radiologia Elizabete Marques Amaral - aluna da Escola Superior de Tecnologia e

Gestão – Instituto Politécnico de Bragança.

Foi-me garantido que todos os dados relativos à identificação dos participantes neste

estudo são confidenciais e que a aquisição das imagens termográficas não utiliza radiações

ionizantes, e não apresenta qualquer risco para a minha saúde.

Sei, no entanto, que posso recusar-me a participar no estudo sem nenhum tipo de

penalização por este facto.

Compreendi a informação que me foi dada, tive oportunidade de fazer perguntas e as

minhas dúvidas foram esclarecidas.

Aceito participar de livre vontade no estudo acima mencionado e autorizo a recolha de

imagens termográficas para a realização das análises que fazem parte deste estudo. Foi ainda

salvaguardado que todos os dados a serem recolhidos serão para uso exclusivo ao nível da

investigação e que será mantido o total anonimato.

Data ____/ ____/ 2013

A paciente

__________________________________________________

Anexos

108

Anexo V – Características da câmara FLIR T-365 (FLIR).

Sensibilidade Térmica (NETD) < 0.05ºC @ + 30ºC (+86ºF) / 50mK

Gama de Temperaturas -20ºC a +120ºC; 0ºC a +350ºC; +200ºC a 650ºC

Opção de alta temperatura de +1200ºC

Frequência de Amostragem 9Hz, ou 30Hz

Digitalização 3.1 Mpixel (2048 x 1536 pixels), e luzes LED

Resolução Espacial (pixel) 320 x 240 pixels

Faixa Espectral 7.5 - 13µm

Saída de Vídeo (output) USB

Fonte de Alimentação USB

Dimensões (comprimento x largura x altura) 106 x 201 x 125mm

Peso da Câmara com a Bateria Incluída 0.88Kg

Campo de Visão (FOV) 25º x 19º / 0.4m

Focagem Manual/Automática

Zoom 1-4x contínuo, zoom digital

Ecrã Ecrã táctil incorporado, LCD a cor de 3,5’’

Precisão ±2ºC ou 2% de leitura

Armazenamento de Imagens Standard JPEG, incluindo dados de medição no

cartão de memória

Modo de Armazenamento de Imagens IR / visual images, gravação simultânea de IR e

visualização das imagens

Anexos

109

Anexo VI – Resultados das mamografias.

Legenda: 6 meses – Utente com lesão duvidosa que é necessário controlar ao fim de 6 meses; 12 meses – Utente

com lesão duvidosa, mas que à partida está estável e só é necessário reavaliar ao fim de 12 meses; Rastreio –

Utentes que não possuíam lesão ou que as lesões eram benignas; Trat. Hospitalar – Utentes que necessitavam de

tratamento hospitalar. Nota: o resultado final inclui o resultado após consulta de aferição, quando foi necessário.

Utente

Classificação Resultado final

do Rastreio Utente

Classificação Resultado final do

Rastreio Mama Direita Mama

Esquerda

Mama

Direita

Mama

Esquerda

1 R2 R 4 6 meses 40 R3 R2 Rastreio

2 R3 R2 Rastreio 41 R3 R2 12 meses

3 R2 R4 Trat. Hospitalar 42 R3 R2 Rastreio

4 R2 R3 Rastreio 43 R3 R2 Rastreio

5 R2 R3 Rastreio 44 R3 R2 Rastreio

6 R3 R2 Rastreio 45 R3 R2 6 meses

7 R3 R2 12 meses 46 R2 R3 Rastreio

8 R3 R2 Rastreio 47 R2 R3 12 meses

9 R3 R2 Rastreio 48 R3 R3 6 meses

10 R2 R3 Rastreio 49 R2 R3 Rastreio

11 R2 R2 Rastreio 50 R2 R3 6 meses

12 R2 R2 Rastreio 51 R2 R3 Rastreio

13 R2 R2 Rastreio 52 R2 R3 12 meses

14 R2 R2 Rastreio 53 R3 R3 12 meses

15 R2 R2 Rastreio 54 R3 R3 12 meses

16 R2 R2 Rastreio 55 R3 R3 12 meses

17 R2 R2 Rastreio 56 R3 R3 Rastreio

18 R2 R2 Rastreio 57 R2 R3 Rastreio

19 R2 R2 Rastreio 58 R2 R3 Rastreio

20 R2 R2 Rastreio 59 R3 R2 12 meses

21 R3 R2 12 meses 60 R3 R1 Rastreio

22 R2 R3 Rastreio 61 R3 R3 Rastreio

23 R2 R3 12 meses 62 R2 R3 Rastreio

24 R3 R3 Rastreio 63 R2 R3 Rastreio

25 R3 R3 Rastreio 64 R3 R3 Trat. Hospitalar

26 R3 R2 Rastreio 65 R3 R3 Rastreio

27 R2 R3 Rastreio 66 R3 R3 Rastreio

28 R2 R3 Rastreio 67 R3 R3 Trat. Hospitalar

29 R5 R2 Trat. Hospitalar 68 R3 R2 Rastreio

30 R2 R2 Rastreio 69 R3 R2 Rastreio

31 R3 R3 Trat. Hospitalar 70 R3 R2 Rastreio

32 R2 R3 Trat. Hospitalar 71 R2 R3 Rastreio

33 R2 R2 Rastreio 72 R3 R2 Trat. Hospitalar

34 R2 R2 Rastreio 73 R3 R2 Rastreio

35 R2 R2 Rastreio 74 R4 R2 Trat. Hospitalar

36 R2 R2 Rastreio 75 R2 R2 Rastreio

37 R3 R2 12 meses 76 R2 R2 Rastreio

38 R2 R3 Rastreio 77 R2 R2 Rastreio

39 R2 R3 12 meses 78 R2 R2 Rastreio

Anexos

110

Utente

Classificação

Resultado final Utente

Classificação

Resultado final Mama Direita

Mama

Esquerda

Mama

Direita

Mama

Esquerda

79 R2 R3 12 meses 116 R3 R3 6 meses

80 R2 R2 Rastreio 117 R2 R3 12 meses

81 R2 R2 Rastreio 118 R3 R3 Rastreio

82 R3 R2 6 meses 119 R2 R3 Rastreio

83 R3 R3 Rastreio 120 R3 R2 Rastreio

84 R2 R2 Rastreio 121 R3 R3 Rastreio

85 R2 R2 Rastreio 122 R2 R3 12 meses

86 R2 R2 Rastreio 123 R3 R3 Rastreio

87 R3 R2 12 meses 124 R2 R5 Trat. Hospitalar

88 R3 R2 Rastreio 125 R5 R3 Trat. Hospitalar

89 R3 R2 12 meses 126 R2 R4 Trat. Hospitalar

90 R2 R3 Rastreio 127 R2 R3 12 meses

91 R3 R2 Rastreio 128 R3 R2 Rastreio

92 R2 R4 Trat. Hospitalar 129 R2 R3 Rastreio

93 R3 R2 Trat. Hospitalar 130 R3 R2 Rastreio

94 R3 R3 Rastreio 131 R3 R2 Rastreio

95 R2 R2 Rastreio 132 R3 R2 Rastreio

96 R2 R2 Rastreio 133 R4 R2 12 meses

97 R2 R1 Rastreio 134 R3 R4 Trat. Hospitalar

98 R2 R2 Rastreio 135 R3 R3 Rastreio

99 R2 R2 Rastreio 136 R2 R3 Rastreio

100 R2 R2 Rastreio 137 R2 R3 Rastreio

101 R2 R2 Rastreio 138 R2 R2 Rastreio

102 R2 R1 Rastreio 139 R2 R2 Rastreio

103 R2 R2 Rastreio 140 R2 R2 Rastreio

104 R2 R2 Rastreio 141 R2 R2 Rastreio

105 R1 R3 Rastreio 142 R2 R2 Rastreio

106 R3 R4 12 meses 143 R2 R2 Rastreio

107 R3 R2 Rastreio 144 R2 R2 Rastreio

108 R3 R3 Rastreio 145 R2 R2 Rastreio

109 R2 R3 Trat. Hospitalar 146 R1 R2 Rastreio

110 R2 R3 12 meses 147 R2 R2 Rastreio

111 R3 R3 Rastreio 148 R2 R2 Rastreio

112 R3 R3 Rastreio 149 R1 R1 Rastreio

113 R2 R3 12 meses 150 R2 R3 Rastreio

114 R2 R3 Rastreio 151 R2 R2 Rastreio

115 R3 R2 Trat. Hospitalar

Anexos

111

Anexo VII – Análise dos termogramas adquiridos.

Utente

Localização da assimetria Temperatura

máxima na área

da possível lesão

(ºC)

Diferença de

Temperatura

em relação à

área mais fria

na própria

mama (ΔT 1)

Diferença de

Temperatura em

relação à área

equivalente da lesão

na mama contra-

lateral (ΔT 2)

Mama Direita Mama Esquerda

1 X 36,1 2,5 1,8

2 X 34,5 1,5 0,8

3 X 33,7 4,4 1,9

4 X 35,4 2,3 1,7

5 X 35,3 2,9 1,2

6 X 34,7 2,2 2,4

7 X 34,6 1,9 0,6

X 34,9 2,2 1,5

8 X 35,3 1,3 1,1

9 X 34,2 1,9 1,6

10 Sem lesão Sem lesão -- -- --

11 X 34,9 1,8 0,3

12 Sem lesão Sem lesão -- -- --

13 Sem lesão Sem lesão -- -- --

14 X 33,7 1,9 0,8

15 Sem lesão Sem lesão -- -- --

16 X 33 1,2 0,4

17 Sem lesão Sem lesão -- -- --

18 X 33,9 1,9 0,7

X 34,4 2 1,5

19 X 34,1 2,1 1,1

X 33,3 1,2 0,3

20 X 34,7 1,8 1,8

21 X 33,2 1,3 2,2

22 X 35,2 0,6 1,2

23 Sem lesão Sem lesão -- -- --

24 Sem lesão Sem lesão -- -- --

25 X 34,1 0,9 0,8

X 34,8 1 1

26 X 35,6 1 1

27 X 34,9 2 0,9

28 Sem lesão Sem lesão -- -- --

29 X 35,3 1,5 0,6

30 Sem lesão Sem lesão -- -- --

31 X 35,2 3,2 1,2

X 32,9 0,9 0,8

Anexos

112

Utente

Localização da assimetria Temperatura

máxima na área

da possível lesão

(ºC)

Diferença de

Temperatura

em relação à

área mais fria

na própria

mama (ΔT 1)

Diferença de

Temperatura em

relação à área

equivalente da lesão

na mama contra-

lateral (ΔT 2)

Mama Direita Mama Esquerda

32 X 33,2 1,9 0,6

33 Sem lesão Sem lesão -- -- --

34 X 33,3 1,5 1,6

X 32,9 1,4 1,3

35 X 34,2 1 0,9

36 X 34,1 1,9 2,8

37 Sem lesão Sem lesão -- -- --

38 X 33,9 1,1 2,1

39 X 35,5 2,1 0,8

40 Sem lesão Sem lesão -- -- --

41 X 33,5 0,3 0,5

42 X 34,1 2 1,5

43 X 34,7 1,8 1

X 33,9 0,8 0,3

44 Sem lesão Sem lesão -- -- --

45 X 34 0,9 1

46 X 33,7 0,9 0,6

47 X 34,3 1,3 1

48 X 34,9 1,5 1

49 X 33,7 1,2 1

50 X 33 2,6 2,9

51 Sem lesão Sem lesão -- -- --

52 Sem lesão Sem lesão -- -- --

53 Sem lesão Sem lesão -- -- --

54 X 35 1,2 1

55 Sem lesão Sem lesão -- -- --

56 X 34,7 0,7 1,6

X 35,2 1,4 1,2

57 X 34,9 1,9 1,1

58 X 34,3 1,1 0,3

59 X 33,7 1,2 1,4

60 X 33,4 3,6 2,2

61 Sem lesão Sem lesão -- -- --

62 Sem lesão Sem lesão -- -- --

63 X 33 1,3 1,3

64 X 34,7 2,7 0,3

X 33,5 1,1 0,3

Anexos

113

Utente

Localização da assimetria Temperatura

máxima na área

da possível lesão

(ºC)

Diferença de

Temperatura

em relação à

área mais fria

na própria

mama (ΔT 1)

Diferença de

Temperatura em

relação à área

equivalente da lesão

na mama contra-

lateral (ΔT 2)

Mama Direita Mama Esquerda

65 X 34,2 2 1,8

66 X 36,2 2,2 1,6

X 36,1 2 1,4

67 X 34,8 1,3 0,8

68 X 34,3 1,5 0,6

X 34 1,3 0,3

69 X 32 2,2 0,8

70 X 33,6 1,2 0,6

71 X 32,9 0,7 1,1

72 X 34,3 0,7 1,2

73 X 33,7 1,9 1,3

74 X 34,9 2,4 2,2

75 X 33,6 1,6 0,9

76 Sem lesão Sem lesão -- -- --

77 X 32,1 2,2 0,8

78 X 34 2,3 0,1

X 33,7 1,7 0,7

79 Sem lesão Sem lesão -- -- --

80 X 33,8 1,4 0,9

X 33,9 1,8 0,8

81 Sem lesão Sem lesão -- -- --

82 X 34,7 1,9 0,3

83 X 35,1 1,4 0,7

84 Sem lesão Sem lesão -- -- --

85 X 34,5 2,1 1,4

86 Sem lesão Sem lesão -- -- --

87 X 35,1 1,6 0,6

88 X 34,9 2 0,6

89 X 34,4 1,7 0,8

90 X 33,7 2 1

91 X 34,4 1,2 1

92 X 35 2,5 1

93 X 35,1 2,4 1,3

94 X 36 1,6 0,8

X 35,3 0,9 0,6

95 X 33,1 2,8 0,5

96 Sem lesão Sem lesão -- -- --

Anexos

114

Utente

Localização da assimetria Temperatura

máxima na área

da possível lesão

(ºC)

Diferença de

Temperatura

em relação à

área mais fria

na própria

mama (ΔT 1)

Diferença de

Temperatura em

relação à área

equivalente da lesão

na mama contra-

lateral (ΔT 2)

Mama Direita Mama Esquerda

97 X 34,3 2,3 1

X 33,2 1,1 0,4

98 X 35 2,1 0,9

99 X 33,3 2,1 1,5

X 33,6 2,3 0,6

100 X 33,7 1,5 0,8

X 34,1 2,4 0,8

101 Sem lesão Sem lesão -- -- --

102 X 33,8 3,1 1,2

103 Sem lesão Sem lesão -- -- --

104 X 33,9 1,4 0,4

105 X 32,7 1,8 0,5

106 X 34,9 3,4 2,2

X 34,6 2,7 0,8

107 X 34,4 2,4 1,2

108 X 33,4 1,4 0,9

109 X 33,9 1,8 1,2

X 33,9 1,9 0,9

110 X 33,3 1,3 0,5

111 X 34,9 2,9 1,8

112 X 35,8 0,6 0,3

113 X 33,2 1,8 1

114 X 33,8 1,8 1,5

115 X 34,2 2,1 1,1

X 34,1 3 0,6

116 X 36 1,3 1,1

X 35,7 1,3 0,4

117 X 34,5 2,1 1

118 X 35,3 2,4 1,7

X 34,2 0,9 0,7

119 X 35 1,2 0,4

X 35,2 1,7 1,4

120 X 34,2 0,7 0,8

121 X 35,4 2,2 0,7

X 35,4 1,9 1,4

122 Sem lesão Sem lesão -- -- --

123 Sem lesão Sem lesão -- -- --

Anexos

115

Utente

Localização da assimetria Temperatura

máxima na área

da possível lesão

(ºC)

Diferença de

Temperatura

em relação à

área mais fria

na própria

mama (ΔT 1)

Diferença de

Temperatura em

relação à área

equivalente da lesão

na mama contra-

lateral (ΔT 2)

Mama Direita Mama Esquerda

124 X 35,4 1,2 0,5

125 X 35,9 1 0,9

X 35,9 1 0,3

126 X 35,9 1,8 0,6

127 X 34,9 1 0,7

128 Sem lesão Sem lesão -- -- --

129 X 34,7 2,6 1,8

X 33,2 1,3 0,6

130 X 34,3 1,4 0,4

X 34,5 0,9 0,4

131 X 35,1 1 0,8

132 Sem lesão Sem lesão -- -- --

133 X 35,2 1,1 0,3

X 35,3 1 0,2

134 Sem lesão Sem lesão -- -- --

135 X 36,2 0,8 0,6

136 Sem lesão Sem lesão -- -- --

137 Sem lesão Sem lesão --- -- --

138 X 34,1 1,1 0,9

139 X 34,1 0,6 0,6

140 X 34,1 0,7 0,7

141 X 34 3,7 2,3

142 Sem lesão Sem lesão --- -- --

143 Sem lesão Sem lesão --- -- --

144 Sem lesão Sem lesão --- -- --

145 X 32,4 1,9 2,7

146 Sem lesão Sem lesão --- -- --

147 X 34,3 2,2 1,3

148 Sem lesão Sem lesão --- -- --

149 X 33,4 1,5 0,8

150 X 34,6 1,4 1,1

151 X 33,2 1,9 0,4

Anexos

116

Anexo VIII – Classificação final da Termografia.

Utente Mama com

assimetria ΔT 1 ΔT 2 ΔT 3 Utente

Mama com

assimetria ΔT 1 ΔT 2 ΔT 3

1 Direita IR3 IR3 IR3 40 Sem lesão IR1 IR1 IR1

2 Direita IR2 IR1 IR1 41 Direita IR1 IR1 IR1

3 Esquerda IR3 IR3 IR3 42 Esquerda IR3 IR2 IR2

4 Esquerda IR3 IR3 IR3 43

Direita IR3 IR1 IR1

5 Esquerda IR3 IR2 IR2 Esquerda IR1 IR1 IR1

6 Direita IR3 IR3 IR3 44 Sem lesão IR1 IR1 IR1

7 Direita IR3 IR1 IR1 45 Esquerda IR1 IR1 IR1

Esquerda IR3 IR2 IR2 46 Esquerda IR1 IR1 IR1

8 Direita IR2 IR2 IR2 47 Esquerda IR2 IR1 IR1

9 Direita IR3 IR3 IR3 48 Esquerda IR2 IR1 IR1

10 Sem lesão IR1 IR1 IR1 49 Esquerda IR2 IR1 IR1

11 Direita IR3 IR1 IR1 50 Direita IR3 IR3 IR3

12 Sem lesão IR1 IR1 IR1 51 Sem lesão IR1 IR1 IR1

13 Sem lesão IR1 IR1 IR1 52 Sem lesão IR1 IR1 IR1

14 Direita IR3 IR1 IR1 53 Sem lesão IR1 IR1 IR1

15 Sem lesão IR1 IR1 IR1 54 Direita IR2 IR1 IR1

16 Direita IR2 IR1 IR1 55 Sem lesão IR1 IR1 IR1

17 Sem lesão IR1 IR1 IR1 56

Direita IR1 IR3 IR1

18 Direita IR3 IR1 IR1 Esquerda IR2 IR2 IR2

Esquerda IR3 IR2 IR2 57 Esquerda IR3 IR2 IR2

19 Direita IR3 IR2 IR2 58 Direita IR2 IR1 IR1

Esquerda IR2 IR1 IR1 59 Direita IR2 IR2 IR2

20 Direita IR3 IR3 IR3 60 Direita IR3 IR3 IR3

21 Direita IR2 IR3 IR2 61 Sem lesão IR1 IR1 IR1

22 Esquerda IR1 IR2 IR1 62 Sem lesão IR1 IR1 IR1

23 Sem lesão IR1 IR1 IR1 63 Esquerda IR2 IR2 IR2

24 Sem lesão IR1 IR1 IR1 64

Direita IR3 IR1 IR1

25 Direita IR1 IR1 IR1 Esquerda IR2 IR1 IR1

Esquerda IR1 IR1 IR1 65 Esquerda IR3 IR3 IR3

26 Direita IR1 IR1 IR1 66

Direita IR3 IR3 IR3

27 Direita IR3 IR1 IR1 Esquerda IR3 IR2 IR2

28 Sem lesão IR1 IR1 IR1 67 Esquerda IR2 IR1 IR1

29 Direita IR2 IR1 IR1 68

Direita IR2 IR1 IR1

30 Sem lesão IR1 IR1 IR1 Esquerda IR2 IR1 IR1

31 Direita IR3 IR2 IR2 69 Direita IR3 IR1 IR1

Esquerda IR1 IR1 IR1 70 Direita IR2 IR1 IR1

32 Direita IR3 IR1 IR1 71 Direita IR1 IR2 IR1

33 Sem lesão IR1 IR1 IR1 72 Esquerda IR1 IR2 IR1

34 Direita IR2 IR3 IR2 73 Esquerda IR3 IR2 IR2

Esquerda IR2 IR2 IR2 74 Direita IR3 IR3 IR3

35 Direita IR1 IR1 IR1 75 Esquerda IR3 IR1 IR1

36 Direita IR3 IR3 IR3 76 Sem lesão IR1 IR1 IR1

37 Sem lesão IR1 IR1 IR1 77 Direita IR3 IR1 IR1

38 Esquerda IR2 IR3 IR2 78

Direita IR3 IR1 IR1

39 Direita IR3 IR1 IR1 Esquerda IR3 IR1 IR1

Anexos

117

Utente Mama com

assimetria ΔT 1 ΔT 2 ΔT 3 Utente

Mama com

assimetria ΔT 1 ΔT 2 ΔT 3

79 Sem lesão IR1 IR1 IR1 116

Direita IR2 IR2 IR2

80 Direita IR2 IR1 IR1 Esquerda IR2 IR1 IR1

Esquerda IR3 IR1 IR1 117 Esquerda IR3 IR1 IR1

81 Sem lesão IR1 IR1 IR1 118 Direita IR3 IR3 IR3

82 Direita IR3 IR1 IR1 Esquerda IR1 IR1 IR1

83 Esquerda IR2 IR1 IR1 119

Direita IR2 IR1 IR1

84 Sem lesão IR1 IR1 IR1 Esquerda IR3 IR2 IR2

85 Direita IR3 IR2 IR2 120 Esquerda IR1 IR1 IR1

86 Sem lesão IR1 IR1 IR1 121 Direita IR3 IR1 IR1

87 Direita IR3 IR1 IR1 Esquerda IR3 IR2 IR2

88 Direita IR3 IR1 IR1 122

123

Sem lesão IR1 IR1 IR1

89 Direita IR3 IR1 IR1 Sem lesão IR1 IR1 IR1

90 Direita IR3 IR1 IR1 124 Esquerda IR2 IR1 IR1

91 Direita IR2 IR1 IR1 125 Direita IR1 IR1 IR1

92 Esquerda IR3 IR1 IR1 Esquerda IR1 IR1 IR1

93 Direita IR3 IR2 IR2 126

127

Direita IR3 IR1 IR1

94 Direita IR3 IR1 IR1 Esquerda IR1 IR1 IR1

Esquerda IR1 IR1 IR1 128

129

Sem lesão IR1 IR1 IR1

95 Direita IR3 IR1 IR1 Direita IR3 IR3 IR3

96 Sem lesão IR1 IR1 IR1 Esquerda IR2 IR1 IR1

97 Direita IR3 IR1 IR1 130 Direita IR2 IR1 IR1

Esquerda IR2 IR1 IR1

131

Esquerda IR1 IR1 IR1

98 Direita IR3 IR1 IR1 Esquerda IR1 IR1 IR1

99 Direita IR3 IR2 IR2 132 Sem lesão IR1 IR1 IR1

Esquerda IR3 IR1 IR1 133 Direita IR2 IR1 IR1

100 Direita IR2 IR1 IR1 Esquerda IR1 IR1 IR1

Esquerda IR3 IR1 IR1 134 Sem lesão IR1 IR1 IR1

101 Sem lesão IR1 IR1 IR1 135 Esquerda IR1 IR1 IR1

102 Esquerda IR3 IR2 IR2 136 Sem lesão IR1 IR1 IR1

103 Sem lesão IR1 IR1 IR1 137 Sem lesão IR1 IR1 IR1

104 Esquerda IR2 IR1 IR1 138 Esquerda IR2 IR1 IR1

105 Esquerda IR3 IR1 IR1 139 Direita IR1 IR1 IR1

106 Direita IR3 IR3 IR3 140 Esquerda IR1 IR1 IR1

Esquerda IR3 IR1 IR1 141 Esquerda IR3 IR3 IR3

107 Esquerda IR3 IR2 IR2 142 Sem lesão IR1 IR1 IR1

108 Esquerda IR2 IR1 IR1 143 Sem lesão IR1 IR1 IR1

109 Direita IR3 IR2 IR2 144 Sem lesão IR1 IR1 IR1

Esquerda IR3 IR1 IR1 145 Esquerda IR3 IR3 IR3

110 Esquerda IR2 IR1 IR1 146 Sem lesão IR1 IR1 IR1

111 Direita IR3 IR3 IR3 147 Esquerda IR3 IR2 IR2

112 Direita IR1 IR1 IR1 148 Sem lesão IR1 IR1 IR1

113 Esquerda IR3 IR1 IR1 149 Direita IR2 IR1 IR1

114 Esquerda IR3 IR2 IR2 150 Esquerda IR2 IR2 IR2

115 Direita IR3 IR2 IR2 151 Direita IR3 IR1 IR1

Esquerda IR3 IR1 IR1