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Tesouros de Exemplos

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Escrito pelo Padre Francisco ALves. Este livro trás histórias verdadeiras de exemplos de santos que ajudam os alunos a terem um valor moral de forma a praticar o bem e evitar o mal. Boa leitura.

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Page 1: Tesouros de Exemplos
Page 2: Tesouros de Exemplos

TESOI.IROI)Ê EXEIIIPLOS

I ïr.rÌrtitre

iir-i1jPs. f ranciscu Âlvus.

c. ss. R.i I ; t r ( r ! ìÇis l tu ü€.Stc ì iVrU

Í ,,iìf rrç(r ;t 11,1(luJ rl u(': ' j Í l ì i i . l ' n r i güÇã{ i r i r : r d t Ì -. : r r l r i r Ì I t ! r r . r i J h -t r ' í Ì iud( , n l r Ì r ' i t r i l r ( ì r . , ' Íc ,

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j iúí,harrr, x tr i : JÉsscsf . \ ( : i l ìp l ( . r1 , . i | P l í ì t ! f i l ÍÌ ì r f l l t f \ ' l l i r r u i I Ì i t l .

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TESOURO DE EXEMPLOS

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P. IìRANCISCO ALVES. C. SS. R.

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TE,SÕURO DE E,XEMPLOSPara Us,o de Sacerdotes, Professóres,

Catequistas e F'amílias, na Igreja,na Escola e no Lo'r.

VOLUME PRIMEIRO

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I I EDIçÃO

1958EDITÔRA VOZES LTDA., PETRÓPOLIS, R. J.

Rro DE JANETRO - SÃO PAULOBELO HORIZONTE

Page 6: Tesouros de Exemplos

I M P R I M A T U RPOR COMISSÃO ESPECIAL DO EXMO.E REVMO. SR. DOM MANUEL PEDRO DACUNHA CINTRA, B ISPO DE PETRÓ-POLIS . 'FREI DESIDÉRIO KALVERKAMP,

o . F . M. PETRóPOLrS . 22 -10 -1957 .

I M P R I M I P O T E S TPENHA, 11 DE OUTUBRO DE 1952 . P .ANTÔNIO MACEDO C. SS. R . SUP.PROVINCIAL .

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Page 7: Tesouros de Exemplos

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E X E M P L A M O V E N T . . .

Tôda criança gosta de ouvir historinhas. Em casa, na es-cola, no colégio, na igreja, onde quer que estejam, as criançasficam quietinhas, atentas, que até parecem não respirar, quan-do se lhes conta uma historinha bonita, um exemplo edificante.

O vigário, o missionár,io, a professôra, a catequista, todossabem isso por experiência.

Ora, ensinar catecisngr, presidir reuniões de cruzadinhos,preparar cem, duzentas crianças para a primeira comunhão, enão lhes contar 'historinhas emocionantes, é arriscar-se a fua'cassar. Depois de algum tempo, meia hora se muito, estão abor-recidas, desinteressadas, querem sair, conversam, brincam, bri-gam: é a anarquia, é a debandada. . . E não adianta gr i tar ,ameaçar, dar beliscões, puxões de orelha. . . nada, nada adianta.E no dia seguinte o rúmero já será menor: os maiores não vol-tam. . . os medrosoY não se arr iscam a entrar. . . os miudinhospouco entendem e ainda menos aprendem. . .

E, contudo, é mister ensinar à multidão infantil, que nãoouve falar de Deus, que cresce sem catecismo, Qüe perambulapelas ruas, as verdades de fé, os preceitos divinos, a doutrinaconsoladora da salvação.

Como se há de qonseguir que crianças, sempre irrequietase buliçosas, estejam afentas, não conversem, escutem, rezem, can-tem, fQuem na fila?

Um poderoso meio de conseguir silêncio, atenção e inte-rêsse é contar-lhes algum exemplo atraente, sugestivo, cheiode emoções, bastante infantil e inteligível.

Os exemplos, como se encontram nos livros, são pouco mo-vimentados, resumidos, breves... E' natural; pois l ivros volu-mosos, quem os adquir ir ia, quem os leria?. . .

Por isso, a catequista, a professôra, o padre, que vai con-tá-los, deve ler e meditar s exemplo preferido, a fim de descre-vê-lo, ampliá-lo, dar-lhe vida e colorido e movimento, drama-tizâ-lo, enfim. Contar com desembaraço, isto é, contar com as

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mãos, os braços, a cabeça. . . falar com os olhos. . . r i r ouclrorar. . . aterrar ou entusiasm ar . . . lazer rir ou aÍrancar lá-grimas de comoção. . . o mais sugestivo, o mais patét ico possível !

ConsegLre alguém clar vicla e calor às historinhas que contacom a l inguagem dos olhos, a expressão do rosto, os movi-nrentos do coÍpo, a entoação da voz . . . êsse a lguém é senhordas crianças, poderá ïazer com elas o que quiser.

Narrado o exernplo, aproveitar a boa disposição do audi-tório: ïazer ,repetir por algum dêles a historinha e logo encai-xar qualquer ponto cle doutr ina, recomendação ou aviso, um pe-d ido, uma jaculator ia . . .

Na presente coleção não se encontram exemplos inventadospor r-ìos; são autênticos, mesmo que não venha mencionado oautor . À lu i tos dêles, a l iás, são contados por d i f erentes autorescoÍÌ l peql lenas variações. Isso nã,o plejud:ca. o narrador tem I i-berdade de ampl iar , co lor i r , enfe i tar qualquer exenip lo. o essen-cial é que, no fur-rdo, o exemplo seja possível, verícl ico, doutr inário.

Por f in i , mui to para desejar ser ia que esta coreção andasse,também, nas mãos cias mãezinhas e clas vovirs, que imenso bcmfal iam aos f i lhos e aos net inhos, contando- lhes a miúdo l indashistórias capazes de formar-lhes o coração e o carâter no ver-cladeiro sentido cristão.

A Nossa Senhora Aparecida, nossa .È.lra Rainha, consa-gramos esta pequena semente do bem, rogando-lhe que a façacrescer e produzir frutos de salvação entre as crianças do nossoquer ido Bras i l .

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A D V E R T Ê N C I A

Vários autores naÍram, com pequenas modif:cações, os mes-mos exemplos. Por isso, em vez de citar, depois de cacla exem-plo, o nome de algum escri tor, preferimos indicar aqui apenasas principais obras ut i l izadas nesta coleção.

Ramón Sarabia, C. SS. R., A los Nifios, Pláticas y Ejemplos. Madrid. 1944.Ramón Sarabi,a, Sermones. Ma{id. 1946.P. Gerard, S. 1 . , AÍ io Cr is t iano. Buena Prensa, Méxìco.

" Franz Spirago, B,eispiel-Sammlung. Lingen. 1926.

los. Fatt inger, Der Katechet erzâlt i t . 1938.Mons. B. Castegnaro, I l Catechismo agl i Adult i . Vicenza. 1947.

l . Tusquets,, Manual de Catecismo. Barcelona. 1944.R. V. Ugarte, S. / . , Puntos de Catecismo. Bi lbao. 1947.

l . Tusqu,ets, La Religión expl icada a los Mayorcitos. Barcelona. 1946.

losé P. Grandmaison, Apuntes y Ejemplos de Catecismo. Buenos Ai-r e s . 1 9 4 9 .

Vicenzo Muzzatt i , Proà-Íuario di Sentenze, Fatt i e Simil i tudini. Torino-Roma. 1937.

Dr . I . Colombo, Pbro. , Nuevas Homi l ias Domin ica les. Vers ión Caste l lana.La Plata. 1947.

Page 10: Tesouros de Exemplos

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MENINA, LEVANTA.TE !

Jairo, o presidente de uma das sinagogas de Cafarnaum,está angustiaclíssimo. Sua filhinha de doze anos acha-se gÍave-mente enfêrma, e sua cura é desesperada. Como única e extre-ma solução recorre a Jesus. Sabe que acaba de regressar deGêrasa, e sai ao seu encontrg.

Senhor diz- lhe com voz angustiosa minha f i lhaestá merrendo. Vem, impõe a tua mão sôbre ela para que saree viva.

O Mestre, sempre misericordioso e amlcíssimo das crianças,acede, e imediatamente se põe a caminho; mas a mult idão orodeia e aperta de tal forma, nas ruas estreitas da cidade, queo detém mais tempo do que Jairo o quisera e a enfermidade damenina o permitia. tdor isso, antes de chegarem a casa, en-contram-se com alguns criados, que dão a seu amo a fatal no-tícia da morte da pequena.

Pobre pai! Cheio de esperanças recorrera ao Redentor; nocaminho vira crescer seu otimismo com a cura milagrosa dahemorroíssal mas tôdas as suas i lusões se desmoronam. E' tar-de. Morrera. Têm ruzão seus criados: para que incomodar ecansar mais o Mestreï 'Jesus, porém, consola-o, dizendo:

- Não temas, crê e tua filha será salva.

eç;. Chegam a casa. Cobre-a o luto. Ali estão a exercer o seu* ofício mercenário as carpideiras e os f lautistas funerários -importação pagã introduzida nos costumes judeus; os parentese amigos rodeiam a famíl ia.

- Por que chorais e estais alvoroçados? - lhes diz Jesus.- A menina não está morta, mas dorme.

Os que o ouvem falar assim riem-se dêle, pois viram o ca-dáver e têm a certeza de que está morta. Não saben que parao Senhor da vida aquela morte é um breve sono, cujo despertarestá próximo.

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Jesus ordena que aquela gente se retire e penetra na ctmara mortuâria acompanhado só dos pais da defunta e detrês de seus discípulos.

Sôbre o leito estendem-se rígidos e fr ios os membros pá-l idos do cadáver.

Aproxima-se, toma entre as suas a mão alabastr ina da me-ntna, e ordena com autoridade:

Tal i tha, cumi! Menina, levanta-te!E com grande espanto de seus pais a menina levanta-se

e começa a andar.Ressuscitou? Sim; não só ressuscitou, mas está além disso

completamente curada; tanto assim que logo começa a al imentar-se.Operado o milagre, Jesus ret ira-se, ordenando si lêncio, por-

que quer evitar aclamaçÇes e demonstrações de entusiasmo. Ape-sar disso, como eïa natural, a noticia do prodígio espalhou-sepor tôda aquela região.

2.

O FILHO DA VIÚVA

Naim, aldeia situada na encosta seÈntrional do PequenoHermon, a tr inta e oito qui lômetros aproximadamente de Ca-farnaum, foi teatro de um dos maiores m:lagres de Jesus.

Caia a tarde. O sol estava a ponto de esconder-se atrásdas montanhas, quando o Salvador, acompanhado de seus dis-cípulos e de uma mult idão que não podia separar-se dêle, su-bia pelo estreito caminho que dava acesfo ao lugar.

Próximo da porta da aldeia, teve de ceder o passo a outrocortejo que dal i saía em direção contrária. Era . um entêrro. Sô-bre um esquife, sem caixão, conduziam o cadáver dum jovem,lenvoìto num lençol.

Atrás vinha com os parentes e amigos a mãe muito tristee desolada. Era viúva e o defunto, quase menino ainda, era oseu único f i lho e seu futuro arr imo. Morrera. Que seria deladal i em diante?

Informado do que se passava, Jesus, sempre misericordiosoe compassivo, disse àquela viúva inconsolável:

- Não chores, f i lha.

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E, aproximando-se do féretro, lêz sinal para que parasseme o deitassem no solo. Tôda gente se apinhou ao redor do Sal-vador. Que iria acontecer?

os entusiastas do divino Taumaturgo estavam acostuma-dos a vê-lo operar estupendos milagres; mas, com um morto,que eÍa levado à sepultura, què poderia êle fazer?

Os olhos daquela gente, arregalados pela curiosidade, náoperdiam os menores movimentos do Mestre. Jesus, olhando parao cadáver daquele rapaz, pál ido e ríg:do pelo fr io da morte, or-dena-lhe em tom imperativo:

- Môço, eu te digo, levanta-te !o calafr io da emoção eletr izou os circunstantes. Não havia

dúvida, o morto ressuscitara. Todos podiam ver como o cadá-ver se movia e a sua côr l ívida desaparecia; os olhos bri lha-vam, os lábios abriam-se; o .defunto falava.

Já não está morto. Vivel-vive a sua vida plena.E Jesus, tomando-o pela mão, entrega-o à mãe, güe, der-

ramando lágrimas de comoção e alegria, prostra-se por terrapara dar graças ao Senhor da vida e da morte.

3.

n õuna DE uM cRrADo

Depois do sermão da Montanha, entrou Jesus em Calar-naum. Achava-se al i um centurião Qüe, embora gentio, simpati-zava com os Judeus a ponto de edif icar- lhes, à sua custa, umasinagoga.

Certamente ouvira talar de Jesus, e é muito provável queo conhecesse de vista e até t ivesse ouvido mais de uma vez suaspregações e presenciado algum milagre.

Cai-lhe enfêrmo um servo "a quem ama muito". Sofre umataque de paral isia e está quase à morte.

O centurião, gue o ama deveras, deseja a todo transe asua cura e, ao inteirar-se de que Jesus está no povoado, pensapoder alcançar dêle o que por meios naturais parece impossível.

E' humilde e não se atreve a ir em pessoa ter com o Mes-tre. Como pretender um tal favor, êle, um gentio? Mas, comoestá bem relacionado, envia uma comissão de pessoas princi-pais do lugar.

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Estas, apresentando-se ao Salvaclor, transmitem o pedido

do centurião. E, para mais ínclinarem o ânimo do benfeitor,elogiam o centurião e enumeram os benefícios recebidos.

Jesus, todo atenção e bondade, acolheu amàvelmente os re-presentantes do mil i tar, dizendo:

- Eu irei e o curarei.E pôs-se imediatamente a caminho.Avisado de que o Salvador se dir igia a sua casa, assus-

tado com a grandeza do favor, enviou-lhe o centurião algunsamigos que lhe dissessem:

Senhor, não te incomodes. Não sou digno de que en-tres em minha casa; dize, pois, uma só palavta e meu servoticará curado.

E expl icou mais claramente o seu pensamento, dizendo que

eÍa um simples of icial subalterno .e 9u€, apesar disso, apenasdava uma ordem a seus inferiore-s, êstes lhe obedeciam. Nãopoderia Jesus, sem o incômodo de ir a Sua casa, ordenar quea enfermidade cessasse?

Jesus mostrou-se admirado ao ouvir tais palavras e disseaos que o seguiam:

Em verdade, em verdade vos digo que nem em Israelencontrei tamanha fé.

Em seguida operou o milagremento o paralítico que estava emtantâneamente.

4.

HOJE ENTROU A SALVAÇÃG NESTA CASA

Logo que em Jericó se espalha a notícla da chegada doSalvador, todos os seus habitantes correm para a rua ao en-contro do homem extraordinário que tantos milagres vem ope-rando.

Uma grande multidão o cerca e acompanha por tôda aparte, ao passo que outros tomam posição ao longo da rua paÍavê-lo quando passar por al i .

Zaqueu, homem riquíssimo e muito influente, é o chefe dosarrecadadores de impostos da cidade de Jericó, o centro co-mercial mais importante de Israel.

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à dÌvância e naquele mo-perigo de morte sarou ins-

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Ouviu falar de Jesus, e simpatizou com êle porque nãodespreza os de sua profissão, táo odiados pelo povo.

Quer vê-lo, mas náo o consegue; a sua pequena estaturanão lhe permite contemplá-lo por cima das cabeças da enormemult idão. Esforça-se por abrir passagem através da muralhahumana estendida ao longo do trajeto, mas nã.o o consegue.Ocorre-lhe, então, uma idéia. No afã de ver o Messias, esque-ce-se de sua dignidade, calca aos pés o respeito humano e,correndo para a frente do cortejo, sobe ao tronco nodoso dumsicômoro, f i rmando-se nos galhos.

A multidão passa junto da árvore. Zaqueu está encantadocom o que vê. No centro do cortejo caminha Jesus, humilde emagnífico, doce e grave ao mesmo tempo. Ao chegar em frenteda árvore, ergue os meigos olhos, fixa-os naquela exígua fi-gura e diz:

Zaqueu, desce depreïsa porque é mister que hoje mehospede em tua casa.

Zaqueu estremece de emoção ao ouvir chamar-se pelo no-me. O Rabino extraordinârio, a quem tanto desejara ver, irâhospedar-se em sua cása.

Desce apÍessadamente da árvore e, satisÌeitíssimo pela dis-tinção, Ieva-o a sua casa.

A gente imbuída-de espírito farisaico escandaliza-se, ven-do que o Messias vai hospedar-se em 'casa de um publicano.

Êste, tendo sentido o aguilhão da graça penetrar em seucoração, a ela sabe corresponder e dir igindo-se ao Salvador diz:

Senhor, darei aos pobres a metade de tudo quanto te-nho e, se em alguma coisa defraudei ao próximo, devolver-lhe-eiquatro vêzes mais.

Jesus acolhe os buns propósitos do pecador arrependidoe os aprova e bendiz com as palavras:

- Hoje entrou nesta casa a salvação.

5.O MoçO RICO

Dirigindo-se a Jesus, pergunta-lhe:- Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?

Se queres salvar-te, cumpre os mandamentos, isto é.,nã,o matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirásÍalso testemunho, honrarás teu pai e tua mãe e amarás ao pró-ximo como a ti mesmo.

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Page 16: Tesouros de Exemplos

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- Tôdas essas coisas tenho observado desde pequeno; queé que me falta ainda? :

P.ara sêres perfeito, vende tudo quanto tens, reparte-opelos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem a mim esegue-me. 1

- Eu, Mestre?

Sim; virás comigo ; andará,s de cidacle em cidacle, deuma aldeia a outra.

- Sim, Mestre, é belo !- Teus vestidos terão, como os meus, o pó vermelho dos .

caminhos. Comerás, como os meus discípulos, o pão vindo daesmola. . . Por enquanto, va i , vende o que possuis e, pobre ehumilde, vem comigo, e não penses mais no teu amanhã.

- l{as, Mestre, é tão difícil.*. .- Achas?. . . Vai r ico e volta pobre, eis tuclo. . .- À4ssf 19, tenho palácios. . . mobíl ias f inas. . . arcas cheias

de pedras preciosas. . . possuo vinhas, rebanhos. . . Mestre, sourico, mas quero salvar-me, quero o céu. . . Dize-me, Senhor,ainda uma vez, que deverei fazer?

- Vai, vende tudo; dá-o aos pohres e volta pobre; esegue-me

- Mestre. . .- Jâ va is?- Mestre, adeus. . .- Adeus, môço. . .

Com os ombros curvados, ,olhando para o chão, o môço re-t ira-se vagarosamente. . . Está tr iste. . . -

O Mestre, também, tr iste e pensativo, suspira:Como é dif íci l entrar um rico no reino de Deus ! In- !

felizes os que se apegam às riquezas ! . . .

João, ouvindo isso, pergunta:- Senhor, quem poderá salvar-se?

O que para os homens é impossível, para Deus não o é !O môço r ico vai caminhando, lentamente. Parece carregar

todo o pêso do mundo. Na curva do caminho, pára, olha paratrás, como quem se despede de uma fel icidade perdida. . .

Depo:s, estuga o passo e. . . desaparece.

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Page 17: Tesouros de Exemplos

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6.

O CEGO À BEIRA DA ESTRADA

Jesus, acompanhado de seus discípulos, após longa cami:nhada, estava para entrar na cidade de Jericó.

À beira da estrada, não muito longe das habitações, es-tava um cego sentado, pedindo esmola. Aquela estrada, umadas mais freqüentadas pelos peregrinos, era, certamente, umponto bem escolhido pelo cego para estender a mão aostranseuntes.

Naquela hora, porém, a esmola que ia receber não eraapenas grande, eÍa a maior que podia desejar em sua vida.

Ouvindo o tropel de gente que passava, perguntou:- Que movimento é êsse? Quem é que está passando?- E' Jesus de Nazaré,. disseram-lhe.Jesus. Aquêle nome não lhe era desconhecido; pelo con-

trário. Iâ ouvira talar de muitos milagres operados por êle.sabe que Jesus, sempre caridoso e bom, rest i tuíra a luz dosolhos a diversos outros cegos como êle.

Quem sabe se não teria chegado, tambérn para êle, a ho-ra da graça, o momento da cura?

Cheio de espera{.J, põe-se a clamar:- Jesus, Fi lho cle David, tem piedade de mim!Era como se dissesse: senhor, tu és o Messias prometido;

tu és o Fi lho de Deus feito homem; tu podes curar-me, rest i-tuindo-me a vista.

Interiormente, êste cego enxergava muito mais do que ospobres judeus obcecado. Manifesta uma fé viva, uma confiançafirme, um grande desasgombro.

Apesar de o repreenderem os que vinham à frente, man-dando que êle se calasse, suspeitando que quisesse pedir algu-ma esmola a Jesus, nem por isso deixa de repetir:

- Jesus, Jesus, tem piedade de mim que sou um pobre cego.Nosso senhor, quando mais perto, ouve aqueÌa voz rasti-

mosa, pára no meio da estrada e diz aos que estão junto ao cego:Tomai-o pela mão; trazei-o aqui. Eu quero vê-lo de

perto, quero falar-lhe.conduziram-lhe o cego e Jesus, embora conhecesse perfei-

tamente qual o pedido daquele infel iz, para que o mesmo f izesseuma profissão de fé no poder de Deus, perguntou-lhe:

- Que queres que eu te faça? Que é que pedes?

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Page 18: Tesouros de Exemplos

- Senhor, ïaze que eu veja, pois é tão tr iste ser cego. Não

enxergo, não vejo nada dêste mundo; Senhor, taze que eu veja!E Jesus, diante da fé viva do cego, usa de seu poder e de

sua bondade, dizendo simPlesmente:- Vê! A tua fé te salvou.E no mesmo instante o homem abriu os olhos e admirado,

comovido até às lágrimas, começou a ver. E, em vez de correrpara CaSa, a Contar aos SeuS a graça que recebera, permanece

ão lado de Jesus e o vai seguindo, agradecendo a Deus e ben-dizendo o seu Benfeitor.

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Foi, então, que também todo olagre, pôs-se a louvar e bendizer a

7.

povo, que presenciou o mi-Deus.

SEJAMOS RETRATÕS DE DEUS

Não podemos viver proÍanando e manchando a imagem di-

vina que trazemos em nossa alma. Nosso dever é trabaÌhar em

todos os momentos de nossa vida e com todos os auxílios que

recebemos de Deus, para conseguirmos que êsse retrato divino

seja cad a dia mais semelhante ao modêlo que temos diante dos

olhos. O nosso modêlo consumado é Jesus- Cristo.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério da pobreza... Apre-senta-se no mundo num estábulo. Repousa sôbre duras palhas

num mísero presépio . . . Chama a si os pobres: com êles se

ajunta e quer que formem a côrte do novo reino que veio fun-

dar neste mundo.

Quem é Jesus cristo? o mistério do trabalho. . . Encerra-senuma of icina e trabalh a para comer o pfo amassado com o suor

do seu rosto. . . Anda de cidade em cidade, espalhando a dou-

tr ina da verdade e a semente da perfeição. Êle mesmo afirmaque não tem uma pedra païa repousar a cabeça. . .

Quem é Jesus Cr is to? O mistér io da verdade. . . Fala em

tôda a parte. Fala das doutr inas mais elevadas. Trata dos pro-

blemas religiosos, os maiores que jamais foram tratados nc)

mundo. Ouvem-no' seus inimigos, procurando surpreender nêle

algum êrro. . . Não o conseguem. Êle é o único homem em cujos

láb:os jamais apareceu a sombra fatídica do êrro e do engano.

Quem ,é Jesus Cristo? O mistério do amor. . . Amou até

à abnegação mais absoluta, amou até ao sacrifício' amou Seus

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Page 19: Tesouros de Exemplos

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verdugos, seus inintigos, atnou atê tazet-se nosso alitnento, amouate à morte da cruz. . .

Quem é Jesus Cristo? O ruistério da humilhação. . . Lavouos pés de seus discípulos. Subiu a uma cruz e al i naquele ma-deiro, que era o patíbulo dos escravos, ali o contemplou a hu-rnanidade desnudo e abandonado de todos.

Quenr é Jesus Cristo? O mistério da obediência. . . Obede-ceu desde o berço até o túmulo. Não se desviott nem un ápicedo caminho que lhe traçou o Pai celeste.

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério do poder. . . Contra êlese levant aram todos os partidos políticos de sua nação. Os querepresentavam a lei e a religião coligaram-se também contra êle.Até seus amigos mais íntimos na hora da dor o abandonaram.Estava só. . . Mas, afinal, triunfou de todos êles. Hoje, os queontem o odiavam são pó e cinza levados pelo vento: Êle reinasôbre os povos e sôbr,e os corações. . .

Quem é Jesus Cristo? E' o mistério da glória. . . Triunfoucla morte. Subiu aos céus. Ali está sentado à direita de DeusPai. Dali há de vir para julgar os vivt-rs e os rnortos. E a suaglória náo terâ fim.

Eis ãí, ern resutro, quem é Jesus Cristo. Todos os SantosprocuraÍam ser rsflstos perfeitíssimos dêsse Deus QU€, comodiz S. Agostinho, païa isso precisamente se tëz homem, paraque tivéssemos o modêlo mais admirável de Deus. Trabalhemose copiemos as divinas virtudes que nêle resplandecem.

8.o PAJE-À4 SALVO PELA MrSSA

Tinha S. Isabel de Portugal urn pajem muito virtuoso e pie-doso a quem encarregava de distribuir suAS esmolas. Outro pa-jem, que ambicionava aquêle cargo, por ser muito, invejoso, acu-sou-o junto ao rei de um grande crime, de um pecado muitofeio. Acreditou o rei nas mentiras do pajem perverso e resolveumatar o pajenzinho da santa rainha.

Ordenou a um homem, que t inha um forno de cal, que lan-çasse ao fogo o primeiro criado que chegasse para informar-sese haviarn cumprido as ordens do rei.

Em seguida mandou ao pajenzinho que Íôsse levarao cfono do Íorno. O rapaz partiu imediatamente; mas,

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o recadoao pas-

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Page 20: Tesouros de Exemplos

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sar por uma igreja e ouvindo tocar para a missa, resolveu ou-vi-la antes de ir adiante.

Enquanto a ouvia, o rei, impaciente de saber se t inha mor-r ido, mandou o pajem caluniador que fôsse perguntar ao homemdo Íorno se havia executado a ordem do rei. Correu tão depressaque chegou primeiro ao forno e, dando o recado, o homem ime-diatamente o lançou ao fogo.

M estava ardendo, quando, pouco depois, chegou o pa-jenzinho da rainha, que assist ira à missa tôda, e perguntou sehaviam cumprido a ordem do rei.

Tendo recebido uma resposta afirmativa, correu ao paláciopara comunicá-la ao rei.

Êst'e, ao ver o rapaz, ficou estupefato, e adivinhou as se-cretas disposições da Providência Divina, que permitira o cas-tigo do culpado e a salvação do inocente.

Um menino chamado Renato,*a quem o pai contou êstecaso, ficou tão impressionado qlte não sòmente quis ouvir mui-tas missas, mas ainda fazer-se padre para poder celebrar paraoutros o santo Sacrifício.

9.

O MENINO QUE FOI ENFORCADU TRÊS VÊZES

Estamos na Palestina, pâtria de Jesus, onde se disse a pri-meira Missa e os Apóstolos f izeram sua primeira comunhão. . .E que é hoje a Palestina? Terra de desolação, de maometanos,cismáticos, judeus e poucos catól icos.

Um menino cismático de oito anos começou a sentir-seatraído à religião dos católicos, a seus tantos e festas que lhecontavam seus companheiros.

Um dia quis ir ver. Com muito segrêdo, por temor dospais, assist iu à missa numa capela.

Ficou encantado. Depois da missa continuou al i com ascrianças do catecismo. Terminada a cerimônia, o Padre, quenão o conhecia, aproximou-se clêle para saudá-lo carinhosamente.O coração estava ganho, e o menino, às escondidas, continuoua ouvir a missa todos os domingos. Um dia, porém, o pai odescobriu e perguntou-lhe:

- Você estêve com os malditos católicos?- Sim, papai.

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Page 21: Tesouros de Exemplos

- Eu não lho proibira?- Sim, senhor.- Jura-me que não voltarâ lâ?- Não posso, pois em meu coração sou católico.- Então você não jura?- Não, senhor.- Enforcá-lo.ei. . .- O senhor pode enforcar-me.Passou o bârbaro uma corda a uma viga do teto e o laço

ao pescoço do f i lho e puxou-o para cima. Quando os pèzinhosdo menino deixaram de mover-se, o pai o desceu, soltou o laçoe, vendo que ainda estava vivo, disse:

- Agora você me promete de não ir ter com aquêlesmald i tos. . .

- Não, papai, não pa;so.Segunda e terceira vez repetiu o pai o cruel suplício, mas

nã,o conseguiu mudar o propósito do menino. Disfarçando, en-tão, a sua cólera, tentou o bárbaro pai outros meios.

Tomando em seus braços o corpo extenuado do pobrezinho,d isse:

- fi{as, meu filho, você não me ama?- Amo-o, pap4.- Como é, pois, que não quer me obedecer?- E' que eu amo a minha alma mais do que a meu pai.O menino, pouco a pouco, recobrou as fôrças e logo se fêz

batizar, tornando-se católico.Seu pai e sua

muito depois teve

10.

mãe morreram de tifo no ano seguinte e nãoo pequenino mártir a morte de um' santo.

AS MISSAS PELO PAPAI

Refere o Pe. Mateo, apóstolo da devoção ao' Sagrado Co-ração de Jesus, QUe,. estando na Inglaterra em tempo de muitofrio, prep arava para a primeira comunhão um grupo de criançasde se:s a nove anos.

Dizei a vossas mamães que estou pregando o reino doSagrado Coração e que vós haveis de ser seus missionários.

Depois que acabei de pregar, veio uma menininha e disse-me:

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Page 22: Tesouros de Exemplos

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Padre, nleu pai nunca vem à igreja. Vou contar à nla-mãe o que o Sr. nos disse e eu nunca perderei a rnissa.

Eu lhes havia pregado sôbre o Coração de Jesus e pecl idoque me ajudassent a salvar alntas ouvinckr ulÌ la ou nrais missas.

A menina, chegando a casa, cl isse à rnamãc que todos osdias ir ia ouvir nrissas por seu papai.

- De ntanhá taz muito fr io, f i lhinha.- Não faz nral, mamãe, preciso ïazer algunr sacri i ício pa-

ra salvar a alma de meu papai.- $sp, faça como quiser.Três meses depois encontrei-me com a mesma menina.- Padre, disse, desde então não perdi nem uma missa.

Às vêzes tazia muito frio e eu tinha muito sono porque a missaé tão cedo. . . mas o Sr. sabe o que eu digo a Jesus quando otenho no meu. coração?. . . Digo-lhe que vou ouvir missa ecomungar tôdas as manhãs por meú papai, para pagar o res-gate por êle, para estar em seu lugar diante do Santíssimo, afim de que salve a sua alttta. Para isso estou aclui na sagradamesa, meu bom Jesus.

Criança admirável! Não Ì iquei sabendo se Jesus lheatendeu os pedidos; mas não hâ dúvida que o ïará'a seu tempo.

Não pode o bom Jesus permanecer surdo a tais pedidos. Re-ferindo-se a uma criança, diz un poeta: -

Pedidos dos lábios teuspodem mu i to ! . . . Os pequen inossabem segredos divinosConversam ntuito corn Deus!

1 1 .

UMA MISSA. . . UM CAVALHEIRO. . . UM RETRATO.

Saberão as almas quando se dizem missas por elas?Mônica, uma jovem muito boa e piedosa, está convencida

que sim. Era ela uma pobre criada, que ganhava o pão servin-do nas casas dos ricos, simples, cheia de fé, contente com o tra-tamento e o pequeno salário que lhe davarn, pois Deüs a tizeraabnegada e sabia que a EIe sc podc servir ent qualcluer ofício.

Mas um dia adoeceu e não teve remédio senão internar-seno hospital dos pobres. Depois de seis semanas deram-lhe alla;perdera, porém, o emprêgo e úo sabia onde refugiar-se, débil

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Page 23: Tesouros de Exemplos

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' e sem recursos. Uma moeda de prata era tôda a sua fortuna;ntas seu coração estava cheio de confiança em Deus. Toma asua ntoecla e ntanda celebrar unra santa missa pelas almas dopurgatório, a fim de que elas lhe consigam uma boa colocação.Ouviu a missa devotamente. E aquela mensagem chegou ao' des t ino . . .

Ao sair encontrou-se com um senhor, gu€, aproximando-se,a saudou e d isse:

Soube que a senhora procura um emprêgo; aqui está oenderêço de uma cas,a onde a receberão. Deu-lhe, em seguida,o nome da rua e o número da casa, e desapareceu. Ficou Mônica

, perplexa, sem saber que pensar nem como explicar tudo aquilo.' Como podia saber aquêle senhor que ela procurava um emprêgo,

à visto que não comunicara a ninguém o seu desamparo?Foi logo à Íua e casa indicadas. Disse o que desejava e

imediatamente a dona da cãsa a contratou para o serviço do-rrréstico.

No clia seguinte, estando a ïazer a lirnpeza, pôs-se a con-tentplar os retratos pendurados à parede. De repente, surpreen-dida, exclamou:

- Senhora, quem é aquêle senhor que está ali retratado?E' precisamente o senhor, QU€, ao sair eu da missa, me deu oenderêço da senhora.v

- Como ! exclamou a senhora, êsse é meu filho, que hápouco tempo t ive a infel icidade de perder!

A notícia da missa chegara tão depressa ao purgatório, que,ao sair Mônica da igreja, a resposta pessoal a esperava à porta.

O defunto alcançara de Deus permissão de vir agradecerà sua benfeitora e pagar sua caridade.

12.BRAVOS CRUZADINHOS

Nunt domingo de abri l inúmeras crianças de Liverpool ( ln-glaterra) compareceram a uma reunião festiva no vasto Salãode São Jorge. Cada paróquia enviara as crianças dâ CruzadaEucaríst ica e eram tantas, que muitíssimas t iveram que f icar fora,na praça.

Durante a prática perguntou-lhes o Arcebispo:- Sois todos cavaleiros e pajens do santíssimo Sacramento?- Sim, senhor, gri taram todos.

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Page 24: Tesouros de Exemplos

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- E quantos comungam cada mês?Muitas mãozinhas se levantaram tìmidamente.- E quantos comungam cada semana?Todos gritaram levantando as mãos.- E quantos comungam todos os dias ou várias vêzes ì

por semana?Também desta vez se levant aÍamtôdas as mãos.a) Um missionário do longínquo Oriente, vendo um joven-

zinho muito recolhido e devoto diante do altar do Santíssimo,perguntou:

- José, que laz ai tanto tempo e que é que diz a Jesus?- Nada, Padre, pois não sei ler nos l ivros. Sòmente exponho 1

minha alma ao Sol.b) Aos seus mais pequenos Cruzadinhos perguntou um t à

Vigário: ' '- Quantas vêzes se deve comúngar?- Muitas vêzes, Padre.- Bem; e quem sabe me dizer por quê?- E,u, Padre, eu sei. Jesus tomou o pão para mostrar que

o devemos comer todos os dias; porque, se tivesse tomado a so-bremesa, diríamos que só se devia comungar nos dias de festa.

c) Numa rua de Munich, cidade da Baviera, uma meninade sete anos avisa a mamãe que vem se \ìproximando um sa-cerdote com o Santíssimo.

- Não é nada demais responde a mãe vai visitarum enfêrmo.

- Vamos ajoelhar-nos, mamãe, êle está chegando.- Que é que tens, tontinha? anda!- Mamãe, é o bom Deus, ajoelhe-se supl ica a me-

nina, que permanece de joelhos. !Onde é que êsse anj inho aprendeu tamanho respeito ao San-

tíssimo, se não na Cruzada Eucarística?

13.CRUZADA E SACRIFÍCIO

A cruzada Eucarística tem por fim fornentar não só a devo-ção ao Santíssimo, mas também o zêlo e o espír i to de sacri f ício.

Num congresso de cruzadinhos, apresentou-se um meninocamponês, bem vestido e todo garboso, à frente de um verda-deiro batalhão de Cruzadinhos.

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Page 25: Tesouros de Exemplos

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te ̂, *"?::fl'."u ;:ï::.ïïï"1ïïr: ïãf ïïi" ïiï;ï::ï'''-O rapazinho, embaraçaÍfo, ïazia girar o gorrinho sem saber

como responder.

: 3ff"ï,ï-ff#",:'ff:,1:Ï".' cruzados- E que responderam?- Que não queriam.- E que fizeste, então?- Comecei a comungar por êles.- E quiseram?- Não, senhor.- E que f izeste depois?

- Na comunhão o Menino Jesus me inspirou que fizessesacrif ícios. . .

- E quiseram?- Então, sim.

14.

VISITANDO O SANTÍSSIMO

Um sacerdote, çre estava a rezar o bfício divino a um cantoda igreja sem que o pudessem ver, foi testemunha de uma gra

^ ciosa visi ta ao Santíssimo.Aproximaram-se da grade do altar dois meninos: Lino, de

seis anos, e seu irmâozinho, de três. O maiorzinho tomou pelacintura o pequeno, ergueu-o e conservou-o de pèzinho sôbre agrade. Com a mão livre tomou a mãozinha de seu irmão parapersigná-lo e, em seguiua, rezou com êle esta breve e bela oração:

"Meu Jesus, eu te amo de todo o meu cora ção" . E repetiuestas últimas palavras, pondo a mã,o sôbre o peito para indicaro coração.

Terminada a oração, Lino expl icou ao irmãozinho:- Olha, o bom Jesus, está dentro daquela casinha. As

imagens que vês em cima são retratos de Jesus e de suasanta Mãe.

O pequenito olhava atentamente com seus olhos grandes enegros para a estátua de Nossa Senhora do Sagrado Coração,e de repente perguntou:

- Lino, Jesusinho quer bem a mim também?

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Page 26: Tesouros de Exemplos

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Sim, responde Lino; olha como nos mostra seu coraçãocom a mão esquerda e com a direita nos indica sua Mãe.

- Por que, hein?O maiorzinho, um pouco perplexo, não soube o que responder.- Por quê? insiste o pequeno.Então Lino, Ientamente, índeciso, atreve-se a balbuciar:

Talvez Jesusinho queira que peçamos a sua mamãe li-cença para ficarmos com Êle.

15.UM MENINO DISTRIBUI A COMUNHÃO

a guerra de lgl4, que durou quatro anos, os exércitos i ta-Iiano e alemão pelejavam perto da povoação de Torcegno, oo

i. vale de Brenta. v. À meia-noite entraram os alemães para ocupar a igreja e a

tôrre e levaram consigo prisioneiros os sacerdotes que havia,sem dar-lhes tempo de ret irar o Santíssimo da igreja.

' De manhã, antes da aurora, o povo recebeu ordem de eva-' cuar o povoado, pois ia dar-se ali a batalha.

Eram os habitantes cristãos fervorosos que arnavam muito', suas roças, suas casas e mais ainda sua igreja.

Mas não havia remédio; era preciso fügir.ì - Salvemos ao menos o Santíssimo, ãirs.ru* todos; mas

como, se não havia padres?Lembraram-se de escolher o menino mais inocente e an-

' gélico para abrir o sacrário e dar a comunhão a todos os pre-j - - , ^ r - -

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sentes, consumindo-se'assim tôdas as hóstias.iJ' Ao sair o sol todo o povo estava na igreja, as velas acesasi, no altar e o menino revestido de alvas veites.

Sobe o mesmo com grande reverência os degraus do altar,: estende o corporal, abre a portinha, toma o cibório douraclo e,. tendo todos rezado o "Eu pacador", desce até à grade e vai, clando as hóstias até esvaziar o cibório.=

Purificou logo o vaso sagraclo com todo cuidaclo, juntou asmãos e desceu os degraus do altar como um anjo.

Levando Jesus no coração, todo o povo se apressou a fu-. gir para os montes. Corriam lágrimas dos olhos de muitos, é. . verdade, mas a alma estava confortada com o manjar divino.i Ao pequeno "diácono" enviou o Santo Padre Bônto XV sua.' bênção e suas felicitações.

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Page 27: Tesouros de Exemplos

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16.MENINOS MÁRTIRES

O acontecimento, que vamos narrar, passou-se na Rússia,nos piores tempos do comunismo que vem varrendo do seu ter-r i tór io tôdas as rel igiões, mormente a catól ica.

Numa vi la, perto de Petrogrado, havia um asi lo cle órfãoscom uma capela católica.

Os vermelhos (comunistas) fecharam a casa alegando quenão havia recursos para sustentá-la e expulsaram o capelão.

Aquêles maus soldados t iveram a sinistra idéia de convertera capela em salão de baile e, como a mesma estava fechada,resolveram arrombar a porta e profanar o que havia dentro.

Tomaram essa resolução numa cantina, onde casualmentetrês meninos católicos ouviram a conversa.

Compreenderam que se- tratava de profanar a casa de Deuse logo tomaram a resolução de defendê-la clo melhor mocloque pudessem.

À noite, os três meninos e rnais alguns colegas seus pene-traram na igreja por uma janela e ntontaram guarda juntodo altar.

Os soldados, tendo arrontbado a porta e penetrado na câ-pela, ordenaram que os meninos saíssem imediatamente. Nenhum,porém, se moveu neïn se arredou do seu lugar.

Os perversos comunistas atiraram, então, e mataram doismeninos. Quiseram, êffi seguida, arrastar os outros para fora,mas os meninos preferiram morrer a deixar de "proteger comseus corpos a casa de Deus".

Os comunistas, ainda mais furiosos, disparararn de novo eo sangue daqueles inocentes correu pelos degraus do santo altar.

A mãe de um clêlòs, tomando nos braço.t o filho agonizante,perguntou-lhe:

- Meu f i lho, que f izeste?- Detendemos a Jesus respondeu e os maus não

se atreverarn a tocar n'Êle.

17.O PRIMEIRO MÁRTIR DA EUCARISTIA

Era nos primeiros tempos do cristianismo.perseguidos, lançados às feras, mortos.

Quase todos procuravam antes receber a

Os cristãos eram

santa comunhão.

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Page 28: Tesouros de Exemplos

Os sacerdotes tinham de esconder-se porque eram os maisprocurados pelos inimigos.

Um dia, depois de celebrar os divinos mistérios nas cata'cunrbas, o padre, voltando-se pata os fiéis reunidos, mostrou-.l h e s a H ó s t i a e d i s s e :

- Amanhã muitos dos nossos serão conduzidos às feras.

Quem de vós, menos conhecido que eü, poderá levar-lhes se-cretamente o Pão dos fortes?

A estas palavras aproxima-se um menino de dez anos, cha-mado Tarcísio, que parecia ter roubado. aos anios a pureza daalma e a formosura do rosto; e, ajoelhando-se diante do altar,estendia os braços para o sacerdote Sem pronunciar palavra,parecendo querer dizer:

- Eu mesmo levarei Jesus aos irmãos encarcerados. . .- És muito pequeno disse o padre como poderei

confiar-te tamanho tesouro? t

- Sim, padre; justamente por ser eu pequeno me aproxi-marei dos mártires sem que ninguém descontie.

Falava com tanto ardor e candura, que o padre lhe con-fiou os "Mistérios de Jesus".

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O pequeno, radiante de alegria, aperta ao peito o seu te-souro e diz:

- Antes que me façam em pedaços nir'guém mo arrebatatâ.Partiu pressuroso para o cárcere Mamertino.Ao atravessar a praça, eis que um grupo de rapazes o cerca

e quer obrigá-lo a tomar parte em seus brinquedos.- Não posso dizia Tarcísio não posso, estou com

pressa.Os outros, vendo que êle conservava as mãos sôbre o peito,

suspeitaram tratar-se dos mistérios dos* cristãos. Gritando co-mo possessos, lançaram por terra o pobrezinho, deram-lhe gol-p€s, atiraram-lhe pedras, deixaram-no prostrado. O sangue cor-r ia- lhe,principalmente da bôca, mas as mãos não se desprendiamdo peito.

Nisto passa por ali um oÍicial cristão, por nome Quadrato,

QU€, saltando no meio dos rapazes, dá golpes à direita e à es-querda e dispersa a quadrilha malfeitora.

Como uma mãe carinhosa, toma com todo o respeito o peque-nino mártir da Eucaristia e leva-o em seus robustos braços até àscatacumbas, onde o sacerdote, ao ver o menino, não pôde conteras lágrimas. Tarcísio, o defensor de Jesus, expirou ali mesmo.

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Page 29: Tesouros de Exemplos

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19.A HONRA DE AJUDAR À MISSA

Foi em 1888, Ano Jubilar do Santo Padre Papa Leão XIII.j' Num dos altares da Basílica de São Pedro encontravam-se doissacerdotes: um era prelado romano e cônego da Basílica Va-ticana; o outro era o bispo duma diocese italiana, vindo a Romapara assistir às festas jubilares

O prelado romano, que se dispunha para celebrar a missa,olhava inquieto ao redor, porque seu ajudante não aparecia. OBispo, que estava ajoelhado ali perto, aproxima-se com grandesimplicidade e diz:

- Permita-me, Monsenhor, que seja eu o ajudante de suamissa?

- Não, Excelência, nio o permitirei: não convém a umBispo lazer de coroinha.

- Por que não? garanto-lhe que darei conta.- Disso não duvido, Excelência; mas seria muita humi-

lhação. Não, não o perfnitirei.- Fique tranqüilo, meu amigo. Depressa ao' altar; comece:

Int ro ibo. . .Dito isto, o Biyo ajoelha-se e o prelado teve que ceder.

Assistido por seu novo ajudante, o prelado romano prosseguiaa sua Missa com uma emoção sempre crescente.

Terminada a Missa, o celebrante se desfez em agradecimen-tos perante o Bispo.

Aquêle pio e humilde ajudante, vinte anos mais velho que oprelado romano, era a glória da diocese de Mântua, D. JoséSarto, o futuro Papa pio X, hoje canonizado por Pio XII.

Para o Cruzadinho, amigo fervoroso de Jesus Eucaríst ico,náo deve haver honra nem glória maior do que poder ajudardevotamente o sacerdote ào altar.

19.

JESUS NÃO FICARÁ SÓ

Robertinho é Cruzado do Santíssimo. Ouvira a Missa, re-zaÍa sua ação de graças e queria voltar païa casa, quando ouviuo pároco dizer ao sacristão:

- Êste ano não haverá exposição do Santíssimo nas Qua-renta Horas, durante o carnaval.

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Page 30: Tesouros de Exemplos

- Mas por que, Sr. Vigário?- Porque o Santíssimo f icará sir, conto o ano passado. . .- Só, o Santíssinro ! diz Robertinho pesaroso ; não, não

pode ser, não será.De um salto põe-se à porta da igreja por onde está o pá-

roco a sair.Que acontece, Robertinho?Ouvi que o Sr. não tarâ a exposição. . .Sim, temo que deixem Jesus sòzinho.Padre, faça a'exposição; êles virão.Êles, quem?Os cruzadinhos.Todos?

- Sim, sr. Vigário, todos; eu os trarei.- Mas a exposição dura o dia inteiro. . .- Sim, estaremos aqui todo a dia.Em vista da f irme resolução do menino, o pároco prometeu

ïazer a exposição.No clia seguinte, às sete da manhã, todos os Cruzados es-

tavam prontos para a Missa e, depois, fariam meia hora de guar-da ao Santíssimo, revezando-se por turnos. Preparou-lhes o pá-roco uns lindos genuflexórios forrados cle vermelho.

Revezaram-se os Cruzados até meio-di", voltando alguns aoseu pôsto até três vêzes.

Roberto dissera: "Trarei todos os Cruzados"; mas consigodizia: "As mães também virão, e os irmãos maiores e até os pais".

E assim foi realmente. Foi uma beleza!E' que Robertinho percorrera as casas dos Cruzadinhos con-

vidando-os com ardor para a guarda ao Santíssimo e pedindo-lhes que rezassem, fizessem sacrifícios c pedissem a seus paise irmãos que não faltassem.

Eis o que pode um Cruzadinho fervoroso.

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QUE É QUE PEDES A

Joei era uma menina que as lrmãsabandonada pelos pais às margens do

JESUS ?

de Caridade encontraramRio Amarelo da Grande

China.Estava a criancinha a morrer de fome e fr io, quando as

Irmãs a levaram para o hospital. Logo que a vestiram e al imen-

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+* -;*i'!Ê'**q*$ \&!

Page 31: Tesouros de Exemplos

taram, danclo-lhe leite quente, começou a pequeniua a rccobrâra vida e a saúde. Foi batizada e logo bri lhou a intel igência enrseus olhinhos vivos e começou a conhecer a Deus e a aprencleras coisas do cóu. Anclava já pelos oito anos e gostava de assis-t ir à doutr ina com as crianças que se preparavam païa a pri-tneira comunhão. Mas a sua memória não acoÍnpanhava o seucoração e quando o missionário foi examiná-la, teve que c'lar-lhea tr iste notícia de que não seria admit ida à primeira conrunhãoenquanto não soubesse melhor a doutr ina.

Julgava o Padre que essa determinação a deixaria indife-rente. Mas não foi assim. Daquele dia em diante notou-se umarnudança extraordinária no comportamento da menina.

Ern lugar de brincar, como antes, com as crianças de suaidade, Joei começou a passar seus recreios na capela aos pésde Jesus. !

um dia, estando Joei diante do santíssinro, o Paclre acer-cou-se dela devagarinho c ouviu que repetia conÌ freqüência ononle de Jesus.

- Que é que fazes aí'ì- Estou visitando o Santíssimo Sacranrento.- Visitando o Santíssimo !? tu nem sabes quem é o San-

t í ss imo. . . v- E' meu Jesus, respondeu Joei.- Bem; e que pedes a Jesus?Então, com as mãos postas e sem levantar a cabeça, collt

lágrimas nos olhos, respondeu com indizível doçura:- Peço a Jesus que me dê Jesus.E a pequena Joei teve l icença de lazer. sua primeira contunhão.

2r ' euERo sER 'ADRE!

Aquêle que havia de ser o fundador cla congregação clo ss.Sacramento, o Pe. Jul ião Eymard, parecia predestinado desdepequenino a ser um grande devoto da Eucaristia. (ìuando suamãe, levando-o nos braços, ia à bênção do Santíssinlo, o nreninonão sc cansava clc olhar para Jesus na custódia.

la conl a nrãe enr tôdas as visitas à igreja e não se can-sava nem pedia para sair antes dela.

sua irmã Mariana, que tinha dez anos mais e roi sua se-

2g

Page 32: Tesouros de Exemplos

gunda mãe, costumava comungar com freqüência. O irmãozinho,invejando-a, dizia:

- Oh! como você é teliz, podendo comungar tantas vêzes;faça-o alguma vez poÍ mim.

- E que pedirei a Jesus Por você?- Peça-lhe que eu seja muito mansinho e puro e me dê a

graça de ser padre.As vêzes desaparecia durante horas inteiras. Procuravam-

no e iam encontrá-lo ajoelhado num banquinho perto do altar,rezando com aS mãos juntas e os olhos pregados no sacrário.Antes mesmo do uso cla razáo ansiava por confessar-se; masnão o admitiam. Quando tinha nove anos quis aproveitar a festado Natal para "converter-se" como dizia.

Apresentou-se ao vigário e depois ao coadjutor, mas, comoestavam muito ocupados, nã.o o atenderam.

Partiu, pois, com um companheiro, em jejum, e, fazendouma caminhada de oito quilômetros sôbre a neve, lâ, na parô-quia vizinha, conseguiu confessaÍ-se.

como sou feliz - dizia - como estou contente ! agoraestou puro !

- Que grandes pecados havia cometido?- Ai! cometi muitos pecados em minha infância: roubei

um quepe (boné) numa loja e, depois, arrqrendido, voltei e dei-xei-o em cima do balcão.

Para preparar-se para a primeira comunhão' começou alazer penitências: colocava uma tábua em baixo do lençol, je-juava e quando a fome apertava, corria a fazet uma visita ao

Santíssimo para esquecê-la.Enfim, a 16 de março de 1823, chegou pan êle o grande

dia. Que se passou neste seu primeiro -abraço com Jesus?Quando o apertava ao coração, dizia-lhe:"Quero ser padre! eu o Prometo".

22.D A I - M E J E S U S ! E S E R E I B O A Z I N H A . . .

Entre os meninos e meninas mais pequeninos, puros e bons,costuma Jesus Menino escolher seus pajens (cruzadinhos) paraque o acompanhem aonde quer que vá.

Uma dessas crianças foi S. Gema Galgani, uma santa denossos tempos, que durante tôda a sua vida recordava com pra-

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Page 33: Tesouros de Exemplos

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zer as primeiras práticas que t ivera com Jesus Sacramentado,sendo ainda muito pequena.

o rosto de minha mã.e, depois de receber a comunhão, di-zia, ficava radiante de alegria e meu coração batia mais de-pressa, quando ela me chegava a seu peito, dizendo:

- Gema, aproxima-te de meu peito para dar um bei jo aJesus. Desde aquela idade não cessava de pedir a suas professô-ras e aos capelães que lhe dessem o seu Jesus.

Êies olhavam para ela e sorriam, poii, apesar de ter noveanos, era tão pequena que parecia ter apenas seis. Naquele tem-po o Papa não havia dado ainda o decreto da comúnhão dospequeninos e exigiam-se para a mesma instruções e conhecimen-tos cabais.

- Tem paciência, diziam-lhe, ate que tenhas a idade re-querida.

Mas Gema pedia, pedia sem se cansar:"Dai-me Jesus, dai-me... E vereis que serei boazinha, nã.o

pecarei mais e serei bem comportada. Dai-me Jesus, porque meparece que não poderei viver sem Êle, ' .

Êstes belos sentimentos de um coração tão puro e amantemoveram seus superiores a apressar o dia teliz e suspirado esatisfazer-lhe as ânsias de apertar Jesus a seu peito.

Gema tornou-sq realmente, em sua vida pobre e humilde,uma grande Santa que mereceu as honras do altar.

23.UM MÁRTIR DA CONFISSÃO E DA EUCARISTIA

Em 1927 dominavam no México os inimigos da lgreja ca-tólica. os ministros dõ Jesus cristo eram põrseguidoì, pr.ro.e fuzi lados sem compaixão. Do número dêsses márt ires foi oancião Pe. Mateus Correa.

Estava em casa de um amigo, num dos bairros mais Ía_dicais, quando o foram chamar para um pobre índio que queriare'ceber os últimos sacramentos. Apesar dò perigo qu.^ .oriiu, opadre quis cumprir com êsse dever de caridade. Tómando con-sigo o Santíssimo, dirigiu-se com o amigo à casa do doente.

Escolheram de propósito os caminhós menos freqüentados,mas, assim mesmo, os soldados de Calles os surpr.enderam e,yendo que o Padre levava o santíssimo, quiseram arrancar-lhoà fôrça para o profanar. Mas o pe. coriea foi mais esperto

31

Page 34: Tesouros de Exemplos

que os soldados, pois, cot-Ìsunìitrclo imecliatanlente a sagrada par-t ícu la, d isse:

- Matai-nte, se quiserdes; l l las a Jesus ttão o proÍanareis.Depois de tt taltratarctn cruelnìente âo pobre Padre, levarant-

no à cidade de Valparaíso, onclc o nteteranì l1o cárcere. Acusaclode ter cunrpl iciclacle cont os Cristeros quc contbatianl nos arre-clores, detiverant-no ali ató que o Ceneral Ortiz o levou consigoa Durango.

Ali chegaram a 4 de fevereiro e já no dia 6 seria julgado

o padre pelo General em Pessoa.Vários outros presos iam ser fuzi lados. Dir igindo-se ao Pe.

Correa, disse o General:- Ouça printeiro a conÌissão clêsses bandidos, pois vão pa-

gar logo os seus crimes.Ouviu-lhes o Padre a confissi2 e preparou-os para unla

boa morte.Tendo ternrinaclo, dissc-lhe o General:- Agora cliga-me o quc ôsscs canalhas lltc cotttarattt.Erguenclo-sc o Padre com nobre altivez, respondeu:

Nunca, isso nunca !Não que r dizer?Não, nunca !Então será fuzilado cottì os outrosYFuzile-me, mas o segrêdo da confissão não o violarei

Janlars.O infante General manclou nlatá-lo

e, assim, o grancle márt ir selou conl oe seus sagrados ministérios.

24.A COMUNHÃO DÁ FORçA

Estava a avòzinha no terreiro, assentada à sombra de unlaviçosa parreira.

- Vovò zinha?A avó levanta os olhos, um pouco surpreendida, pois até

aquela hora a netinha não lhe ntostrara muito amor; era atenta,nras não afetuosa.

- Que queres, f i lha?- Vovó, eu queria saber por que tens uma perna de pau.

Anc{aste a combater?

32

corn os dentais presos;próprio sangue sua Fé

Page 35: Tesouros de Exemplos

- Não, Lina; mas isso não é pergunta para a tua idade.Não foi uma bala de canhão, que me cortou a perna, nem mes-mo um acidente.

- Então, o que foi?- Simplesmente a enfermidade: um tumor no joelho. Um

clia o médico declarou que era preciso cortar a perna.- Ih ! vovó, eu quisera antes morrer.

Eu também.- Por Qüe, então, te deixaste cartar?- Lina, não era possível; não vivia só para mim. Morrer

quando se quiser, é luxo. . . e algumas vêzes é cobardia. Tinhade olhar para quatro f i lhinhos, que necessitavam de mim.

- Mas, païa cortar, fizeram-te dormir?- Não, não quis; tinha muito mêdo de não acordar e aban-

donar meus filhos. E, afinal, se se tem de sofrer, é porque Deuso quer ou permite. Y

- Cortaram-te a perna, assim, viva?A boa velhinha, só com o recordar o que se passara, f icou

pálida.- Fi lhinha, antes da dolorosa operação, pedi o pão dos

fortes, recebi a santa comunhão e pedi a Jesus Sacramentadopaciência e coragem. . . Teu papai segurava a minha mão e atéêle, pobrezinho, quaÍ,i desfaleceu.

- VovÒ zinha, ïoi a comunhão que te cleu fôrças. Oh ! co-mo Jesus é bom!

25.P4O DOS FORTES

Na guerra da Criméia um coronel francês recebe a ordemde apoderar-se de um fort im. Sem hesitar um instante, avança àfrente de seu regintento, 'que f icou também eletr izado à vista deIamanha coragem. Calmo e impassível no meio das metralhado-ras e baionetas, como se se encontrasse numa parada militar,toma de assalto a bateria inimiga, terrìvelmente defendida pelosT U S S O S .

Seu general, admirado de táo prodigiosa calma, exclamaperante o Estado Maior:

- Coronel, que sangue fr io ! Onde aprendeste tamanha cal-rna no meio de tão grande perigo?

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- Meu general, responde com tôda a simplicidade o coro-nel, é porque eu comunguei esta manhã.

Honra ao coronel valoroso e cristão, e valoroso justamenteporque cristão: e crístão não daqueles, que se envergonham desua fé ou se contentam com a comunhão de Páscoa, mas dosfervorosos que sabem alimentar-se do Pao dos fortes com Íre-qüência e part icularmente nas circunstâncias dif íceis da vida.

26.A FÔRçA PARA O SACRIFÍCIO

Em 1901 começou, na França, o fechamento de todos osconventos e a expulsão dos religiosos. Foi nesse ano que se deu,em Reims, s .câso seguinte contado pelo Cardeal Langenieux, ar-cebispo daquela cidade. Havia em Peims, entre outros, um hos-pital que abrigava sòmente os doentes atacados de doenças con-tagiosas, que não encontravam alhures nenhum enfermeiro quequisesse cuidar dêles.

Em tais hospitais sòmente as Irmãs de caridade costumamtratar dos doentes e era essa a razã.o por que ainda não haviamexpulsado as religiosas daquela casa.

Um dia, porém, chegou ao hospital um grupo de conse-iheiros municipais (vereadores), dizendo à Superiora que pre-cisavam visitar tôdas as salas e quartos do estabelecimento, porquetinham de enviar um relatório ao Govêrno. A Superiora con-duziu atenciosamente aquêles senhores à primeira sala, em quese achavam doentes cujos rostos estavam devorados pelo cancro.Os conselheiros ïizeram uma visita apressada, deixando perce-ber em suas fisionomias quanto lhes repugnava demorar-se ali.

Passaram logo à segunda sala; mas ai encontraram doen-tes atacados de doenças piores, vendo-se obrigados a puxar logode seus lenços, pois não podiam suportar o mau cheiro.

A passos rápidos percorreram as outras salas e, ao deixa-rem o hospital, aquêles homens estavam pálidos e visìvelmentecomovidos.

Um dêles, ao despedir-se, perguntou à Irmã que os acom-panhara:

Quantos anos taz que a Sra. trabalha aqui?- Senhor, iâ laz quarenta anos.- Quarenta anos ! exclamou outro cheio de pasmo. De onde

hauris tanta coragem?

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- Da santa comunhão que recebo diàriamente, respondeua Superiora. E eu lhes digo, senhores, QUe, no dia em que o San-tíssimo Sacramento cessar de estar aqui, ninguém mais teritfôrça de Íicar nesta casa.

27.a) O AMOR DOS PEQUENINOS

Perguntaram a uma piedosa jovenzinha:- Que é a Primeira Comunhão?- E' um dia de céu na terra.Perguntaram-lhe em seguida:- E q u e é o c é u ?- E' uma Primeira Comunhão que nunca terá fim res-

pondeu ela graciosamente.E respondeu muito benì, porque a felicidade dos Anjos e

Santos no céu consiste em possuir a Deus eternamente. Ora, nãoé justamente a Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, quepossuímos na Santa Comunhão?

b) DENTES DE LEITE

Escrevia em l9r5 um missionário: Uma òrïãzinha do Or-fanato de Trichinopoli, que poderia ter dois palmos de altura,veio um dia supl icar-me que a admit isse à Primeira Comunhão.

- Que idade tens? perguntei-lhe.-- Ah ! isso náo sei.

Recolhida de lugar desconhecido, não pode saber quantosanos tem; nem as Irmãs o puderam descobrir.

- Mostra-me os dentes disse.Com um sorriso gracioso descobre a inocentinha duas filas

de alvíssimos dentinhos.- Oh! exclamei; os teus dentes de leíte dizem-me que não

tens nem sete anos. Portanto, êste ano náo farás a PrimeiraComunhão.

Meu Deus! quem o acreditaria? tendo ouvido aquelas pa-lavras, a menina, sem dizer a ninguém, corre ao quintal, tomauma pedra e, intrèpidamente, laz saltar da bôca todos os den-tinhos. Depois, com a bôca ensangüentada, mas com ar de triun-fo, volta e diz-me:

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Padre, não tenho maisoh ! dai-me Jesus ! Eu o quero

Chorando de comoção -meus braços e segredei-lhe ao

- Fi lha, amanhã te dareiSím, não pcidia deixar de

29.

nem um dente de leite. Dai-me,m u i t o b e m ! . . .diz o missionário tomei-a emouvido:Jesus. . .atendê-la.

A GRAVATA BRANCA

Jorge era um verdadeiro anjinho que a todos edificava porsuas virtudes. Fêz a primeira comunhão num colégio de Rouen.

Entre outros ïêz o seguinte propósito: "Levarei comigo agravata'branca da minha primeira comunhão até o dia em QUe,por suma desventura, venha a perller a graça de que ela ésímbolo".

Jorge crescera. . . conservando sempre a gravata branca.Quando rebentou a guerra franco-prussiana, alistou-se como vo-luntário entre os zuavos do general De Charette. Em janeiro de1871, por ocasião da vitória de Mans, foi ferido mortalmente.o capelão aproximou-se dêle imediatamente. "obrigaclo, sr. ca-pelão. . . confessei -me há dois ou t rês d ias; nada me pesa naconsciência; estendei-me sôbre um pouco de palha e trazei-me osanto Viático, porque vou morreÍ".

O capelão voltou logo, trazendo o Santíssimo. ,,Antes deme da'r a comunhão, fazei-me um favor: abri a minha mochilae encontrareis uma gravata branca, que me poreis ao pescoço".

Depois recebeu o santo Viát ico, agradeceu e d isse: , ,E isque morro; peço-vos o obséquio de levar à minha mãe esta gra-vata e dizer-lhe que, desde o dia da minha primeira comunhão,não perdi a graça santificante; sim, dizei-lhe que esta gravatanão recebeu outra mancha a não ser a do rneu sangue rubroderramado pela Pâtria".

29.QUERO IR AONDE ESTÁ JESUS

um pastor protestante, incl inado iá ao catol icismo, foi umcom sua f i lhinha em .r isi ta à capital da Inglaterra. A me-contava apenas cinco arlos.

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O pai levou-a primeiro a uma igreja católica e a atençãoda pequena ficou muito tempo prêsa à lâmpada do Santíssimo.

- Papai, - disse - para que aquela lãmpadazinha?- Filha, é para lembrar a presença de Jesus atrás daquela'

port inha dourada.- Papai, eu quero ver Jesus !- Fi lha, a porta está trancada e Êle está escondido de-

baixo de um véu, não o poderás ver. . .- Ah ! papai, quanto eu quisera ver Jesus ! . . .Saindo dali, entraram logo depois num templo protestante,

onde não havia nem imagens, nem lâmpada nem sacrário.- Papai, por que não há lâmpada aqui?- Filhinha, é porque aqui não está Jesus.Desde aquêle dia a menina só falava na Igreja Católica.

Nunca mais quis entrar nu5 templo protestante, que para elanão t inha iâ nenhum atrat ivo. Perguntaram-lhe:

- Aonde queres ir, então?- Quero ir aonde está Jesus.O pastor ficou confundido e comovido. Compreendeu, co-

mo sua filha, que só se pode estar bem onde está Jesus. Haviade f azer-se católico, havia de abjurar sua seita e renunciar auma renda de cem mil libras, de que vivia a sua família, e ver-se pobre de um dia para o outro.

Não obstante, pai e mãe se converteram ao catolicismo, di-zendo com sua f i lha: "Queremos estar onde está Jesus".

30.NUM TRIBUNAL REVOLUCIONÁRIO

Na revolução f rancesa de 1793,Besançon foi entregue a um padrel icos, porém, f iéis às leis da lgreja,pelos revolu,cionários.

a igreja de São Pedro decismático. Os padres cató-eram presos e assassinados

Um dêstes padres, chamado João, ficara entre seus paro-quianos disposto a sofrer tudo por Deus e pela lgreja. Andavadisfarçado: botas largas, blusa de carroceiro, lenço grande aopescoço e chicote em punho, lá ia pelas ruas visitando as casasde seus paroquianos. Levava pendurada ao cinturão uma cai-xinha em que se achava o necessário para administrar os sa-cramentos, bem como uma píxide de prata onde guardava oSantíssimo.

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Passaram-se muitos meses sem que a polícia suspeitasseque naquele carroceiro se ocultava um sacerdote, Qü€ desempe-.nhava seus ministérios. Afinal, um dia, foi descoberto e ime-diatamente conduzido ao tribunal revolucionário.

- Cidadão, quem és tu?- Sou o Padre João, ministro de Jesus Cristo.- A lei não te proíbe exercer teu ministério?- Sim; mas Deus mo ordena.- Parece que tens nessa caixinha cartas de correspondên-

cia com o estrangeiro?- Não; isso nunca o l iz.- ,l![4s, que é que levas nessa caixa?Temendo alguma profanação, e julgando que aquêles ho-

mens nã,o compreenderiam a sua resposta, disse:- São hóstias.- Estão consagradas? Perguntou o Presidente.- Sim, estão.Passou-se então um fato nunca visto em tais tr ibunais. O

Presidente que, sem dúvida, quanclo menino recebera instruçãoreligiosa e no catecismo aprendera o dogma da presença real,gri tou em voz imperiosa:

- Cidadãos, estão consagradas: de joelhos todos!Além disso, chamando os guardas,- ordenaram-lhes que

acompanhassem o Pe. João até a igreja do padre cisrnático pararepor o Santíssimo.

No dia seguinte, após um juízo sumário, mandaram-lhe cor-tar a cabeça por ter violado as leis vigentes.

31 .ESTOU VENDO OS CHINESES

Justo de Bretennières foi martirizado na Coréia a 8 de *

março de 1866; mas desde 6 anos de idade se sentira chamadoa ser sacerdote m;ssionário.

Era em 1844. Estava Justo brincando com seu irmãozinhoCristiano de quatro anos e ïaziam buracos no chão. De repenteJusto interrompe a conversa do irmãozinho:

Cala-te ! cala-te, e, pondo-se a olhar por um daquêlesbura'cos, acrescentava: Vejo os chineses, estou venclo os chine-ses. Vamos tazer um buraco. mais fundo e logo chegaremos até,êles. Cavemos mais fundo.

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Crist iano incl ina-se, espia e jura que não vê coisa alguma.

Justo, entretanto, insiste e diz que está vendo o rosto, os trajes,o rabicho. . . Incl ina-se outra vez e diz:

- Agora os estou ouvindo.Crist iano corre, chama a mamãe e ela também não vê nem

ouve nada. Então Justo muito convencido diz:- Não os ouvis porque não é a vós que êles falam; mas

eu os ouço. Sim, mamãe, do fundo do buraco, lá' de longe, mechamam. E é preciso que eu os vá salvar.

E foi, na verdade, missionário famoso na China e na Co-réia. Os inimigos da rel igião f izeram-no sofrer horrível martír io.No momento de morrer por Jesus Cristo, disse cheio de alegria:

- Vim à Coréia para salvar as almas. Com gôsto moÍropor Deus e por elas.

32.GERALDO E A EUCARISTIA

Geraldo, quando muito pequeno ainda, t inha a fel icidadede brincar com o Menino Jesus, QU€, ao despedir-se, lhe davaum pãozinho muito alvo e saboroso. Desde essa tenra idadeportava-se na igrelr com tamanho recolhimento que o tinhampor um an]o.

Sua piedade verdadeiramente angélica comovia os coraçõesde todos os que o viam e, certamente, mais ainda, o de Deus.

Nosso Senhor recompensava-lhe a terna devoção aparecen-do-lhe, durante a santa missa, em forma visível. Seu coraçãoparecla então todo inf lamado e, quando, depois da comunhão dosacerdote, o Senhor desaparecia, ficava Geraldo triste e seusolhos enchiam-se de lágrimas.

Desde aquela época sentia um atrativo sobrenatural e irre-sistível pela igreja, pelo augusto santuário, onde Jesus sacra-mentado o enchia de delícias inefáveis.

À tarde, onde quer que est:vesse, ao ouvir o sino chamarpafa a visi ta ao Santíssimo, deixava os brinquedos e dizia aoscompanheiros:

- Vamos, vamos visitar a Jesus que quis fazer-se prisio-neiro por nosso amor.

e devoção o menino ali ficavaseu Deus.

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E era de ver com que fervorajoelhado, imóvel e abismado no

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Tinha um desejo imenso de comungar; mas, por não ter aidade requerida, não lho permit iarn. Deus, porém, quis satisfa-zer ao desejo ardente de Geraldinho, que recebeu a comunhãomiraculosamente das mãos de um anjo.

Aos dez anos fêz sua primeira comunhão solene com o ar-dor de um serafim; e daí em diante a Eucarist ia foi o pão ne-cessário de sua alma. Também, não tardou muito, o confessorIhe permitiu a comunhão diária.

33.NOVO JUDAS

um menino, chamado Fúlvio, razia seus estudos num dosprincipais colégios de França. Enquanto a mãe o conservou sobsuas vistas, foi o menino preservaJo dos graves perigos queameaçam os pequenos; mas no colégio apegou-se Fúlvio a doiscolegas maus e corrompidos com os quais vivia em estreitaamizade.

Bem depressa, poÍ causa dêles, perdeu a inocência e comela a paz do coração. Alguns l ivros imora:s, que lhe deram oscompanheiros, acabaram de perdê-lo.

Aos doze anos foi admitido à prime-ra comunhão; inte-Iizmente não a tëz por devoção, mas apenas para obedecer àmãe, sem propósito de mudar de vida nem de abandonar àsmás companhias. Confessou-se sacrìlegamente, calando certospecados vergonhosos e, assim, com o demônio no coração, como pecado mortal na alma, teve a temeridade de receber a co-munhão.

os pais, enganados pelas aparências, julgaram-no bem com-portado e mandaram-no de novo ao colégio. Fúlvio, porém, porsua indiscipl ina e preguiça nos estudos, teve um dia de ser se-veramente castigado pelo diretor e encerrado por algumas horasna prisão do colégio.

chegada a hora de o pôr em l iberdade, vão ao quarto queservia de prisão e, antes de abrir a porta, escutam do lado defora. . . Não ouvem nada. . . nenhum movimento. . . Bate-se àporta, e ninguém responde. Abre-se, afinal, a porta, e que éque se vê? Ai! que horror! o infel iz rapaz enfoicara-se: estauamorto !

Imaginem-se os gritos e gemidos no colégio.

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Sôbre a mesa foi encontrada uma cart a, na qual estavam ex-pressos os sentimentos de uma alma ímpia, desesperada, sa-crílega.

Tal foi o fim do desditoso rapaz, vítima de maus compa-: nheiros, e que, tendo pecado como Judas, teve tambénr a morte

de Judas.

34.O VALOR DA COMUNHÃO

a) Lê-se na biografia do Cardeal Newman um episódio edi-ficante. Êle, antes de se tornar católico, era protestante e altodignitário da lgreja angl icana com um vultoso estipênd:o anual,pago pelo govêrno inglês.

Mesmo nessa condição -quis

estudar as razões e fundamen-tos da lgreja Catól ica; e, conhecida a verdade, abraçou-a pron-tamente. Como se sabe, tornou-se um catól ico fervorosíssimo;preparou-se, fêz-se sacerdote e foi um apóstolo da Eucarist ia.' Antes da conversão procurou-o um amigo e disse-lhe:

Pense sèriamente no passo que vai dar; saiba QUe, fa-zendo-se catól ico, o govêrno não lhe dará mais nada e lhe ret i-rarâ a prebenda

Newman pôs-se em pé e exclamou com ar de desprêzo:- Que é um punhado de ouro, em confronto com uma co-

ruunhão?E logo depois fêz-se catól ico.Aquelas palavras merecem ser mecli tadas.

b) Luísa compreende o valor da comunhão. Tem apenasnove anos e não pode ir comungar senão aos domingos na missa,às dez horas. Sua mãe, temendo que ela adoeça por ter de f icartanto tempo em jejum, proíbe-lhe a comunhão. Luísa, usandode esperteza, f inge quebrar o jejum, mas, durante a semana in-teira, não come nem bebe antes do almôço.

- Mamãe, a Sra. me dá licença de comungar amanhã?- Não, f i lh inha; a comunhão é mui to tarde. . . você f icar ia

doente.- Mas, mamãe, eu passei tôda a semana em jejum até o

almôço e não me sinto mal. . .

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35.AS CRIANÇAS DÃO BELOS EXEMPLOS

a) - Senhor Padre, é verdade que só as mulheres podemcomungar todos os dias?

- Quem lhe disse isso?- Ninguém; eu é que pensei que nós outros não podemos

comungar sempre.Quando soube que também os meninos podiam tazer o mes-

ffio, apresentou-se tôdas as manhãs à sagrada mesa.E não f icou nisso: tornou-se um apóstolo, po,is a êle deveu

o vovô, um pobre varredor de rúa, a graça do batismo e da co-munhão antes da morte.

b) Preparava-se uma menina para lazer a primeira comu-nhão. lâ sabia tôda a doutr ina e quase tôdas as orações. Umdia d isse: *

- Mamãe, quisera tazer minha primeira comunhão pelaPáscoa.

- Não, não pode ! respondeu a mãe.- Mas por que, mamãe, eu queria tanto. . .- Não; você é muito desobediente.- Ah! é por isso, mamãe? A Sra. verá como não desobe-

decerei mais.Passaram-se quinze dias; a menina parece transformada.

Vai ter com a mamãe:- Então, mamãe, não tenho obedecido bem?- Sim; você comportou-se bem.- Bs6, mamãe; agora a Sra. deve deixar-me comungar

não é?Êste exemplo foi imitado por outras crianças e, na Páscoa,

pela primeira vez, houve primeiras comunhões de crianças pre-coces, acompanhadas de seus pais que também comungaram.

36.O PASTORZINHO VEIO A SER PAPA

Um dia, lá pelo ano de 1530, um frade de Ascol i , na Mar-ca de Ancona ( l tál ia), perdera o caminho. Encontrando poracaso um pastorzinho, aproximou-se do pequeno e perguntou-lhe:

- Por onde é que Se vai a Áscoli?- ascoli? Sei, sim, senhor. Caminhemos devagar, a passo

de meus cordeirinhos, e eu o levarei até lâ - disse o menino.

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II

Pelo caminho iam conversando. O frade notou que o peque-no era vivo, amável e de boa prosa. Foi interrogando-o e soube,então, que era filho de um trabalhador muito pobre, que moravanum casebre ali perto, e mal ganhava para comer. Em vista disso,havia pôsto o f i lho a cuidar das ovelhas e porcos de um vizinhomais abastado. O menino não sabia ler. Entretinha-se a cantaralguns cânticos religiososr QUe lhe ensinara sua boa mamãe.Era tudo.

O Írade ficou encantado com o rapazinho e, depois queêste lhe mostrou o caminho e a cidade não muito longe, convi-dou-o a visitá-lo em seu convento em Ascoli.

O pastorzinho não se Íë,2 rogar. Fol ver o amigo e, daíem diante, o seu passeio favorito, quando tinha tempo, era irconveÍsar com o frade, seu conhecido.' Um dia, tendo aprese'rtado o menino ao superior do con-vento, perguntou-lhe se não era pena deixar sem instrução umrapaz tão desembaraçado e inteligente.

O superior foi da mesma op:nião. Era preciso ïazer estudaraquêle pastorzinho. Dirigiram-se aos pais, prometendo-lhe quese encarregariam da educação de seu tilho. A proposta foiaceita com gôsto. O pastorzinho passou a moraÍ no conventolem seguida foi a{nitido na comunidade, estudou, ordenou-sesacerdote e chegou a ser professor de teologia. Confiaram-lhecargos importantes, de que se desempenhou tão bem que o Papao nomeou Cardeal. Em 1585, após a morte de Cregório XIII , oantigo pastorzinho saiu eleito Papa coÍÌl o nome de Sixto V e foium dos maiores Pontífices.

37.UMA PRIMEIRA COMUNHÃO E UMA CURA

Luís e Zélia Martin, pais de S. Teresinha, tinham uma fi-lhinha chamada Maria, que se preparava para a primeira comu-nhão. Ao mesmo tempo a Irmã Maria Dositéia, t ia da pequena,estava afetada .de tuberculose. Um dos conselhos mais veemen-tes que Zélia dava à filha era o de arrancar a Deus a cuta dalrmá Dositéia. "No dia da primeira comunhão, repetia ela a cadapasso, alcança-se tudo o que se pede". A criança assim o en-t'endeu. Estudou o catecismo com entusiasmo e lèz uma verda-deira ofensiva de orações e sacrifícios. Entava certa do milagre,

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como se já o visse feito. O que ela queria, em sua ingênua tei-mosia, era, se fôsse necessário, lazer mudar a vontade de Deus.S. José servia-lhe de advogado.

Chegou, enfim, o grande dia da primeira comunhão: 2 dejulho de 1869. A pequenita ainda não completara nove anos emeio. Falando da neo-comungante, dizia a mãe:

- Oh! como ela estava bem preparada; parecia uma san-tinha. O Pe. Capelão disse-me que estava muito satisfeito comela e deu-lhe o primeiro prêmio de catecismo.

Maria, após a comunhão, dizia que havia rezado tanto pelatia Dositéia que tinha a 'certeza de ser ouvida por Deus.

Realmente a t ia começou a melhorar: as lesões pulmonaresforam cicatr izando ràpidamente. Mais tarde, não sem uma certamelancolia, havia de dizer à sobrinha:

- A você é que devo êstes setè anos de vida.A pequenita, por seu lado, atr ibuía as honras da cura a

S. José e, na confirmação, quis que acrescentassem ao seu nomeo de Josefina.

38.NÃO OS AFASTEIS DOS SACR1MENTOS

Havia em Tolosa (França) uma famíl ia pouco rel igiosa.Como o colégio dos Jesuítas era sem dúvida o melhor da cidade,os pais resolveram internar nêle seu primeiro f i lho.

O menino, mais dado à piedade que seus pais, começou afreqüentar os sacramentos e disso 'tirava grande proveito es-pir i tual.

Tendo notícia dêsse fato, correu a mãe clo menino ao Di-retor do colégio e disse-lhe:

Padre, o Sr. está fazendo de meu filho um beato, umcarola. Saiba que não quero que êle seja um frade ou um vigário.

Não contente com isso, e paía vigiá-lo melhor, mudou-separa a cidade e pôs o filho no colégio como externo. Assim po-deria impedir as comunhões freqüentes.

Pobr,e mãe! tinha mêdo que o menino se desse todo a Deuse que fôsse um cristão fervoroso.

Que é, porém, que aconteceu? Eis: pouco a pouco as comu-nhões do jovem foram sendo mais raras. . . até que, af inal, nemuma por ano, nem pela Páscoa. . . O mais se adivinha fàci lmente.

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A corrupção invadira o coração do rapaz e tomara o lugar davirtude e da piedade.

Quando o percebeu a infel iz mãe, correu alvoroçada a supl i-caÍ ao'Diretor que f izesse seu f i lho voltar à comunhão e à moralcristã. Mas o Padre deu-lhe esta resposta:

- Minha senhora, é demasiado tarde; seu f i lho está per-dido. Cumpri com o meu dever; era preciso que a senhora cunl-prisse com o seu.

E o Padre tinha razão. Não levou muito tempo o desgra-çado jovem morreu consumido de vícios horrendos e vergonhosos.

39.UMA CURA EM LOURDES

Quando Jesus andava p-relo mundo, bastava a sua palavra e,às vêzes, um olhar seu para curar os doentes e ressuscitar osmortos.

A hóstia consagrada, onde se acha ocurto, tem o mesmopoder, quando êle o quer.

E' muito notável um caso referido pelo célebre nrédico Dr.Boissarie em seu relatório dos milagres de Lourdes.

Margarida de s.:bóia chegou à gruta em estado lastimável:entrevada, metida num caixão como se fôra um cadáver, páiida,sem voz, sem' carnes e, tendo embora 25 anos, pesava apenas16 qui los.

Quando partiu para Lourdes disseram-lhe os médicos quenão teria mais de 15 dias de vida; e os da gruta não se atreve-tam a tocâ-la, porque mal ainda respirava. Nem sequer pensa-ram em levá-la à piscina, mas contentaram-se de a colocar dianteda Virgem ali mesmo.

Ao passar o Santíssimo, uma sacudida forte e irresistível at i-rou-a para ïora de sua maca. Quando Margarida se deu contade que estava de joelhos ao pé da caminha, levantou-se por simesma, sem auxíl io de uinguém, e gri tou com tôda a fôrça:

- Estou curada !A mãe, atônita, corre ao encontro da Ì i lha quc a abr.aça e

diz com voz forte:- Mãe, estou curada !No mesmo dia - diz o Dr. Boissarie - entrou e.n-Ì nosso

escritório, bem segura sôbre seus próprios pés, embora meio

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morta pela debilidade. O seu contentamento era tão grande, asua alegria tal que nem sentia fraqueza.

Dissemos que pesava 16 qui los; poucos dias após a curapesava já, 44. O crescimento tomou seu curso natural e a esta-tura aumentou de sete a oito centímetros. Isto na idade de25 anos!

Aqui não se trata de cura, mas de ressurreição. A virtudedo Deus da Eucarist ia operou êste milagre.

40.O MÊDO DO COROINHA

S. Pedro, chamado de Alcântara, pelo lugar onde nasceu(1499), entrou na Ordem dos Franclscanos com a idade de 16anos. Foi um dos santos mais penitãntes e favorecidos cle Deusem seu tempo. S. Teresa de Ávila, que o conhecia de perto, con-ta-nos que S. Pedro passara 40 anos sem dormir mais de horae meia por dia. O Santo não se deitava, mas Ïicava assentadocom a cabeça encostada a um pau da parede. Essa foi a peni-tência que mais sacri f ícios lhe custou. Além disso, usava horrí-veis cilícios, passava às vêzes três dias, e atê, o'ito, sem outroalimento que a Sagrada Comunhão. Em visÌa de tudo isso, nãoé de estranhar que se tenha elevado à mais alta contemplação,e Jesus o tenha Íavorecido com inefáveis carícias, mormente namissa e na sagrada comunhão.

Conta-se Qü€, em certo convento, o coroinha, que ajudavaa nrissa do Santo, era um menino inocente e bonzinho. Um dia,ao regressar da igreja, procurou o menino a sua mãe e disse-lhe:

- Mamãe, eu não quero mais ajudar à missa 'do PadrePedro.

- Por QU€, meu f i lho, não hás de ajudar o Padre Pedro,que é um padre tã'o santo?

- Mamãe, ao ajudar-lhe a missa, várias vêzes tenho vistourn menino l indo, muito l indo, nas mãos dêle; e, na hora da co-munhão, êle come aquêle menino. Mamãe, tenho mêdo que êleme coma também.

A mãe, que conhecia a santidade do Padre Pedro, com-preendeu logo o mistério e disse:

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- Não temas, meu f i lho; é o Menino Jesus que está naHóstia. . . Que fel iz és tu, que o vês com teus olhos inocentes !

Dali em diante o menino não teve ma:s mêdo e aiudava àmissa do Santo com muito gôsto e devoção.

41.ÊSTE MENINO SERÁ PADRE

O que vamos naÍrar é um episódio da vida de S. João Bosco.Um dia foi procurá-lo a condessa D. Z. para suplicar-lhe qur'abençoasse seus quatro filhinhos. Dom Bosco, sempre amável eamigo das crianças, com muito afeto deu uma poderosa bên-ção aos pequenitos.

A Sra. Condessar Qü€ também se ajoelh ara, levantou-se cer-ta de que a bênção daquele sacerdote, Qü€ ela considerava unSanto, atrairia sôbre tôda a família graças copiosas de Deus.

Depois, apertando a si os filhos e sabendo, como era no-tório, que D. Bosco lia no futuro, perguntou-lhe:

- Dom Bosco, que será de meus filhos?D. Bosco, gracejando, referiu-se a cada um, a começar pelo

mais velho, profetiz4ndo bem a todos. Quando chegou ao úl-timo, pôs-lhe a mão

-sôbre a cabeça, contemplando-o com par-

ticular interêsse.- Qual será a sorte dêsse, D. Bosco?- Da sorte dêste último não sei, Sra. Condessa, se licarár

contente. . .- Diga, pois, o que lhe parece.- Bem! dêste digo que será um ótimo padre.A estas palavras a cena transformou-se de repente; a no-

bre dama empalideceu, apertou a si o menino como paÍa livrá-Io de uma desgraça, e fora de si exclamou:

- Meu f i lho padre?. . . Antes peço a Deus que lhe t irea v ida!

D. Bosco, que tlnha pelo sacerdócio a mais alta estima,sentiu dolorosamente aquelas palavras e, erguendo-se pesaroso,despediu a condessa.

Poucos meses depois olhe eÍa arrebatado por uma

fi lho mais novo da condessa D. Z.doença fulminante.

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42.AMOR DE UM VELHINHO

Um dia estava rezando, diante de uma imagem de Maria,S. Afonso Rodríguez, irmão leigo jesuíta, muito bom e muitosanto.

lâ era velhinho e passava longas horas aos pés de sua boaMãe do céu. As vêzes punha-se a chorar como uma criança; àsvêzes sorr ia como um anjo. Tinha algum sofr imento? la logocomunicá-lo a Nossa Senhora.

Sentia alguma alegria? Depressa, ia contâ-la à Mãe docéu. Tentavam-no os demônios? Corria aos pés da Imaculadae pedia-lhe que não o desamparasse nem na vida nem na morte.

Naquele dia estava êle a dizer a Nossa Senhora que a amauanruito, muitíssinlo, com tôda a sua- alma, com todo o seu coração.E parecia ao santo velhinho que a .l/irgem Santíssima lhe sorriaamàvelmente. Ouviu, entim, ou pareceu-lhe ouvir do fundo desua alma uma voz que dizia:

- Afonso, quanto me amas?E o bom do velho respondeu:- OIha, minha boa Mãe do céu: amo-te tanto, tanto, que

é impossível me possas aÍnaÍ tanto como eu te amo.A Senhora, ouvindo isso, levanta a máo amorosa, dá-lhe uma

leve botetada e diz: o

- Cala-te, Afonso, cala-te!. . . que estás dizendo? Eu teamo imensamente mais do que tu me podes amar.

Eis por que devemos amar a Maria: ama-nos tanto quejamais poderemos compreender tôda a grandeza de seu amor.

43.SENHORA, SÊDE VÓS A MINHA MÃE

Era no mês de novembro. Amarelas e sêcas caiam as fô-lhas das árvores, como sêcas e murchas caem do coração asilusões da vida, quando se aproxima o inverno da velhice.

Em avila, numa nobre casa, está agonizando na primaverada vida uma distinta e piedosa seuhora: dona Beatriz Ahumada.

Já os sacerdotes, ali reunidos, rezavaÍn as orações dos agoni-zantes, quando aquela senhora abriu os olhos, olhou ao redorde si e, com voz apagada, disse:

- Teresa ! chamem a Teresa.

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Uma menina de uns doze aÍtos, de singular modéstia e ex-traordinâria formosura, penetrou no quarto e aproximou-se dacabeceira da mãe agonizante. Esta, fixando a filha, e como seNosso Senhor lhe revelasse os futuros destinos daquela menina,exc lamou: - Bendi ta. . . bendi ta! E expi rou.

Levantando-se a menina desteita em pranto, bei jou pela úl-t ima vez aquelas mãos fr ias e ret irou-se a um aposento, ondeliavia um quadro de Nossa Senhora pendurado à parede. Al ideixou correr l ivremente as suas lágrimas. Depois, erguendo osolhos com inef ável ternura e uma fé imensa, disse do fundoda alma estas comovedoras palavras:

- Senhora, eis que não tenho mãe; sêde vós a minha mãedaqui em diante.

Aquela menina, protegida da Mãe do céu, veio a ser umadas maiores mulheres da { istória, S. Teresa de Jesus, QU€ me-receu as honras dos altares.

Tanto bem lhe adveio por haver tomado a Maria Santíssimapor i \ lãe desde os primeiros dias de sua vida.

44.NÃO CHORES, MINHA MÃE

Carlos, menino muito devoto de Nossa Senhora, caiu gra-veniente doente. Seus pais, sumamente af l i tos e angustiados, le-vaÍam-no ao hospital. Chegaram os médicos, examinaram o en-fêrmo e disseram:

- E' preciso operá-lo; seu estado é grave.Fizeram-se os preparativos e o enfermeiro já estava pronto

para dar-lhe clorofórmio, que é um líquido que Ìaz o doenteadorrnecer e f icar insensível às dores da operação, Quando êleconÌeçou a falar:

- Não, respondeu, não quero clorofórmio; garanto-lhes queficarei quiet inho. E dir igindo-se à mãe, que estava ao lado, disse:

- ^4sx1fg, dá-me o meu crucifixo; quero sofrer por Jesus.Durante tôda a operação não se queixou nem chorou, mas

oferecia a Deus as suas dores, com os olhos f ixos no Crucif ixo.Os médicos ficaram admirados de ver tanto valor e coragemnum menlno.

Desde aquêle dia nãotender por escrito.

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Seu professor, uffi lrmão Marista, deu-lhe uma estampa deNossa Senhora com ulna inscrição que dizia: "Quent me anlasiga-me"

E Carlos, considerando como dir igido a si aquêle conviteMãe de Deus, escreveu: - Mamãe, eu amo muito a Nossanhora e quero segui- la.

E como a mãe se pusesse a chorar, Carlos continuoucrevendo:

- Não chores, minha mãe; vou para o céu, onde tezareipor t i e por papai e estarei em companhia de Nossa Senhora;dá-me um abraço.

Depois de abraçar sua mãe, a quem muito atnava, Carlosf ixou com ternura a imagem de Maria, bei jou-a e expirou.

45.DIANTE DA IMAGEM DE MARIA

Era Margarida uma jovem de dezesseis anos. Seu pai fôramaçon; sua mãe, nada piedosa. Educaram-na numa escola ondenão se pronunciava o nome de Deus; mas Nosso Senhor amavaaquela menina. De caminho para a escola, ao passar por umáigreja, sentia-se impelida a entrar e al i permanecia algum tempoa olhar para o altar.

Muitas vêzes e de maneiraração daquela menina, QU€, àsse e a comungar.

A falta de religião no lar bem depressa a lêz esquecer es-sas inspirações divinas.

Não era ffiá, nunca dera escândalo, mas nunca Íezava nemia à Missa. Só pensava em divert ir-se com as amigas, entre-gando-se com elas a bai les e passeios. Deus, porém, não per-mit iu que seu coração se manchasse com impurezas.

Era o primeiro dia da novena de Nossa Senhora do Carmo-Aigumas môças, levando jarros, velas e f lôres, entraram na igreja'onde ;.a começar a novena solene. Margarida, que passava poral i com suas alegres çompanheiras, sentiu um não sei quê nocoração e, dir igindo-se às outras, disse:

- Vamos entrar; vamos Ver o que fazem essas beatas.

E entrou. . . Pôs-se diante de Nossa Senhora do Carmo econtemplou-a muito tempo. Não sei o que lhe disseram aquêles

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maravilhosa falou Deus ao co-escondidas, chegou a confessar-

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olhos da Senhora; o que eu sei é que Margarida ajoelhou-se,ajuntou as mãos. . . a novena começou, terminou, passaram-selongas horas e ela ali estava imóvel, ajoelhada, os olhos fixosna Senhora e derramava lágrimas, muitas lágrimas. . . E alificaria a noite inteira, se o sacristão não lhe

'fôsse dizer, gritan-

do, que saísse, pois ia fechar a igreja. . . que já era tarde.Aquêle fôra o dia de sua definitiva conversão.Quando, mais tarde, um missionário lhe perguntou o que

ïizera naquelas longas horas, que passou ajoelhada aos pés deMaria, respondeu:

- Não fiz mais que dizer-lhe que tivesse compaixão dernim, me perdoasse minhas graves culpas e, não permitinclo querne tornasse infiel à sua voz, me desse a graça de começar umavida tão penitente que reparasse meus erros passados.

Deveu a Nossa Senhorã a graça da conversão.

46.VALOR DIGNO DE IMITAçÃO

O Íamoso orador P. Sarabia narra o seguinte fato."Vivíamos então em plena revolução colnunista. As greves'

social istas t inham dnvenenado os nossos operários e cada diaera maior o número dos que militavam sob as bandeiras ver-melhas. Eram muitos e muito ousados. . . porque os governosliberais não defendiam os direitos da ordem e da verdade.

Poucas eram as procissões, QU€, naquele tempo, saíam àÍua; e, em algumas regiões, as poucas que saíam raramente vol-tavam à igreja em paz sem serem molestadas.

Certo dia, em Bilbao, os católicos organizaram uma sole-níssima procissão. Tôdas as fôrças católicas, levando suas ban -deiras e estandartes, hav;am de subir ao santuário de sua rainhae Senhora, a Virgem de Begofia.

E marchavam aquelas filas intermináveis de fervorosos ca-tólicos, ao som de magníficos hinos religiosos, com a fronte er-guida e o coração tranqüilo. . . e marchavam como quem exerceum direito e representa a verdade e a glória. De repente ouve-seum tiro. . . Houve um momento de confusão. . . Soou outro t iro. . .e logo 'mais outro. . . Não restava dúvida, os terozes socialistasestavam escondidos atrás de alguma sacada e dali descarrega-varn suas armas, impunemente, sôbre os católicos. . . Houve um

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momento em que as tilas se cortaram e alguns correram a es-conder-se nas entradas das casas. Não foi mais que um instante.

Logo se reïizeram os valentes bilbaínos e subiam à igrejaà frente da santa imagem de sua Rainha e Senhor a. E não erampoucos os valentes que se metiam pelas ruas e pelas casas àcaça dos covardes que pretendiam estorvar o tr iunfo da Virgem.

contudo os t iros aumentavam. . . o alvo preferido era o es-tandarte da Imaculada carregado pela presidente das Fi lhas deMaria. . . Estava já várias vêzes perturado de balas. . .

Naquele solene e trágico momento, alguns moços marianosaproximaram-se da Presidente e disseram-lhe: "euando sibi iamas balas, as mulheres vão para casa ou para a igreja, e os ho-mens f icam no campo de batalha". . .

Queriam, pois, que lhes entregassem o estandarte da lmacu-lada, que êles o defenderiam.

Mas as Filhas de Maria agruparàm-se em tôrno de sua ban-deira e a heróica presidente respondeu-lhes: "Levareis êste es-tandarte da Virgem, quando eu e tôdas as Fi lhas de Maria t i-vermos morrido a seus pés".

E os comunistas, encarniçados inimigos da rel igião, nãopuderam impedir que a majestosa procissão chegasse ao San-tuário de Nossa Senhora de Begofra.

com que carinho de Mãe não as terá- recebido a excersaRainha e Senhora !

47.DEVOçÃO A NOSSA SENHORA

a) um dia estava o santo cura de Ars em êxtase dianteduma imagem de Nossa Senhora. uma pessoa ouviu êste diálogo:

- Boa Mãe, sabeis que não pude converter tal pecador.Dai-me sua alma, Qüê por ela levarei o cilício durante oito dias.

Nossa Senhora r,espondeu:- Eu ta concedo.Há outro f i lho vosso, muito infel iz, do qual nada pude con-

seguir. Prometo-vos jejuar por êle muito tempo, se me conce-deres a sua conversão.

- Eu ta concedo, respondeu a Virgem.

b) ozanam, jovem de 18 anos e quase incrédulo, chegaraa Paris.

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um dia viu num canto da igreja um venerando ancião queÍezava o rosário. Aproximou-se e o observou bem. Era o fa-moso sábio Ampère. Ozanam fìcou comovido, ajoelhou-se e cho-rou em presença daquele espetáculo. Mais tarde costumava dizer:o rosário de Ampère produziu em mim ma:s fruto do que todosos sermões e livros de leitura.

49.UM GRANDE DEVOTO DE MARIA

o célebre presidente da República do Equador, Garcia Mo-reno, assassinado pela maçonaria em 1875, era devotíssimo deNossa Senhora.

Achando-se um dia entre operários ir landeses, que mandaravir dos Estados Unidos pa:a montar uma serrar:a mecânica, in-terrogou-os sôbre os costumes religiosos de seu país e pergun-tou-lhes se sabiam algum cântico em honra de Maria Santíssima.

os bons irlandeses puseram-se logo a cantar. Garcia Mo-reno ouvia-os cheio de comoção. Terminado o cântico, perguntou:\ - Vós, ir landeses, amais muito a Nossa Senhora?

- Sim, senhor, de todo o coração, - responderam.- Então, meus filhos, acrescentou o Presidente, ajoelhe-

nlo-nos e rezemos Ò' rosário, a fim de que persevereis no amore no serviço de Deus

E todos, ajoelhados. ao redor do Presidente, rezaÍam, comgrande fervor e com os olhos úmidos de pranto, a coro a mariana.

Foi na devoção a Nossa Senhora que Garcia Moreno en-controu a fôrça daquela fé viva QU€, diante dos assassinos, lhepôs nos lábios, como um grito de desafio, a palavra memorável:"Deus não morre!"

49.OS DOIS SOLDADOS

Foi na guerra de 1914-18. um soldado francês narra o se-guinte fato:

"Nunca me esquecerei de um episódio, que eu mesmo pre-senciei. Atacamos à tarde; depois de algumas oscilações, pene-tramos na trincheira inimiga, onde iaziam cadáveres horrenda-mente massacrados pelos canhões 75.

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Page 56: Tesouros de Exemplos

No momento do novo ataque, uma metralhadora inimiga ca-muflada abateu alguns dos nossos; eu fui um dêles. Passadosos primeiros instantes de terrível impressão pelo ferimento re-cebido, olhei ao redor. Dois soldados jaziam por terra agonizan-tes: um alemão, bávaro, louro e muito môço, com o ventre di-lacerado, e ao lado dêle um francês, igualmente jovem. Ambosmanifestavam já a palidez da morte; a minha maior dor era denão poder mover-me para socorrer ou ao menos suavizar a mortedo meu camarada

Foi quando o trancês, com supremo esfôrço, procurou com amão alguma coisa que estava sôbre o peito, debaixo do capote.E tirou üm pequeno crucilixo que levou aos lábios; depois, comvoz traca, mas ainda clara, Íezou: Ave, Maria. . .

Vi então outra coisa. O alemão, que até aquêle momentonão dera sinal de vida, abriu os olhos azuis e meio apagados,virou a cabeça para o f rancês e respondeu: Santa Maria Mãede Deus. . .

O francês, um tanto surpreendido, olhou para o seu vizinho;seus olhares encontraram-se; o francês apresentou o crucifixo aobávaro, que o bei jou; apertaram-se as mãos nunt trêmito de amora Deus e à pátr ia; seus olhos Íecharam-se, e o espír i to despren-deu-se do corpo, enquanto o sol os iluminava através de pur-púreas nuvens. . . "Amém, disse, e f iz o sinal da cruz".

O SORRISO DA IMACULADA

Quatro anos após a definição do dogma da Imaculada Con-ceição, Nossa Senhora se dignou baixar à terra paÍa confirmardê um modo estupendo a declaração do Papa Pio IX, de santamemória.

Foi em Lourdes, na França, que Nossa Senhora apareceurepetidas vêzes à inocente Bernadete e na últ ima aparição disse:Eu sou a Imaculada Conceição.

Quem refere o seguinte episódio não é nenhum devoto, nemsequer bom cristão. Êle escreve:

"Quando já se falava muito das aparições de Lourdes, acha.-va-me em Cauterets, povoação próxima de Lourdes, mais paradistrair-me do que para curar-me. Achei graça ao ouvir que aVirgem sorrira para Bernadete e resolvi i r a Lourdes para vera Vidente e surpreendê-la na mentira. Fui a casa dos Soubirous

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e encontrei Bernadete sentada à porta cerzindo umas meias. Pa-receu-me o seu rosto bastante vulgar; apresentava sinais de en-fermidade crônica ao par de muita doçura. A instâncias minhascontou-me as aparições com tôda a simplicidade e convicção.

- Mas é verclade que a Virgem sorriu?- Sim, sorr iu .- E como sorria?- A menina olhou-me conl ar de espanto, e disse:- Mas, senhor, seria prèciso ser a gente do céu para re -

pet:r aquêle sorr iso.Não o poderia repetir para mim? Sou incrédulo e não

creio nas aparições.O rosto de Bernadete tornou-se tr iste e severo.- Então julga o senhor que menti?Senti-me vencido. Não, aquela menina tão cândida não po-

cl ia mentir. Ía pedir- lhe desculpas, quando ela acrescenton:- Bem; se o senhor- é um pecador, tentarei irnitar o sor-

r iso de Nossa Senhora.A menina ergueu-se lentanrente, juntou as mãos e um ret le-

xo ce este i luminou o seu rosto. Um sorriso cl ivino, que janraisvi enr lábios mortais, encantou os meus olhos. . . Sorria ainda,quanclo caí de joelhos, vencido pelo sorriso da Imaculada noslábios da ditosa Vidente.

Desde aquêle .lia nunca mais se me apagou da imaginaçãoaquêle sorriso divino. Passaram-se muitos anos, mas a slla re-cordação enxugou-me muitas lágrimas ao perder minha espôsae minhas duas f i lhas. . . Parece-me estar só no mundo e vivodo sorr iso da Virgem".

51 .NÃO IREI DORMIR EM PECADO

Quando fêz a sua primeira comunhão, tomou um menino aresolução de nunca ir dormir com um pecado mortal na cons-ciência.

O seu propósito era: "Se t iver a desgraça de cair em faltagrave, irei confessar-me no mesmo dia e não irei para a camaantes de me haver reconciliado com Deus".

Alguns meses mais tarde teve a fraqueza de cometer um talpecado. Era sábado, tazia mau tempo e a igreja era distante.Ê le d iz ia :

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Page 58: Tesouros de Exemplos

- Amanhã, quando fôr àme confessarei.

Lembra-se, porém, de sualhe d iz :

mlssa, procuraÍer o conÌessor e

promessa e uma voz interior

- F aze o que prometeste, vai te conf essar. . .Contudo, não se resolvia a ir e, nessa luta, ajoelhou-se e

implorou o auxíiro de Nossa Senhora, rezando uma Ave-Mariapata que lhe f izesse conhecer a vontade de Deus. Apenas ter-nrinara a sua oraçã,o, sentiu-se mais vivamente impelido a irconfessar-se imediatamente. Levanta-se, corre à igreja e con-fessa-se.

De volta encontra-se com sua madrinha, QU€ lhe perguntade onde venl.

- Acabo de confessar-me, diz com rosto alegre e f el iz:cometi un pecado e não qu:s ir dormir sem alcançar o perdão;agora, sim, tenclo recuperado a grata de Deus, posso dormirt ranqü i lo . . .

Sua mãe t inha o costume de deixá-lo dormir um pouco maisaos domingos; por isso não ïoi despertá-lo cedo. As sete horasbate à porta, chama-o pelo nome. . . Não responde. Passa umquarto de hora e o menino não aparece. Chama-ç de novo, massem resultado algum.

Inquieta, abre a porta, abeira-se da cama onde o f i lho jazimóvel; pega-lhe da mão, está fr ia; f ixa-o um instante, dá unlgr i to e desmaia. . . O menino estava morto!

E se não tivesse ido confessar-se?

52.ENTRE NA À1INHA GUARITA!

O veterano capitão Hurtaux, cavaleiro da Legião de Honra,não era catól ico prat icante; t inha, como muitos homens, certotemorzinho ou respeito humano de chegar-se à confissão. Muitoantes de dar o passo definit ivo, gostava de invocar a SS. Vir-g€ffi, indo ÍezaÍ no santuário de Nossa Senhora em Chartres,onde morava.

Um dia, estando de joelhos diante de um grande Cristo nacatedral, viu que um sacerdote, QUe o conhecia e t inha a fran-queza de um milí tar, se aproximou, bateu-lhe no onrbio e disse:

- Capitão, pouco adianta estar o Sr. aí a rezar, se náose põe. na graça de Deus.

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Page 59: Tesouros de Exemplos

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E tomando-o pelo braço, acrescentou:- Entre na minha guarita.o capitão deixou-se levar, têz a sua confissão e saiu com

o rosto radiante e a alma revestida da graça de Deus. Foi desdeêsse dia um cristão modêlo: todos os dras tazia a sua hora deguarda aos pés de Nossa Senhora e não se levantava sem lan-çar um afetuoso olhar para a Mãe do céu.

um dia, afinal, já não pôde ir ïazer a guarda e teve NossoSenhor, sem dúvida acompanhado de sua Mãe, que vir ao leitode morte de seu servo.

Recebeu os sacramentos com fé viva e, ao apresentar-lhe opaclre a sagrada Hóstia, exclamou:

- Senhor, não sou digno. . . não sou digno que venhais àminha casa, mas sois tão bom !

O capitão não se enverqonhava de suasmulava suas práticas piedosãs e sabia taparinterpelavam.

- Aonde vais? perguntou-lhe certo diadirigir-se a utna igreja.

- Vou aonde tu deveriasCorn êste seu gênio tão

respeito de todos.

crenças nem dissi-a bôca dos que o

um amigo, ao vê-lo

ir e não tens coragem.simples como f irme granjeara o

t.53.

UM CASTIGO E UMA GRAçA

o Sr. Beauveau, marquês de Novian, deveu a sua conversãoe vocação religiosa à Companhia de Jesus a uma vitória sôbreo respeito humano para honrar a Nossa Senhora.

Em 1649, estando as tropas alemãs na Alsácia-Lorena, al-guns soldados alojados em Novian, depois de haverem bebidoenl excesso, puseram-se a jogar. um dêles, depois de haver per..clido no jôgo, vendo uma estátua de Nossa Senhora colocada naparede, f:cou furioso como se fôra ela a causa de sua falta de.sorte, e corneçou a golpeá-la proferindo horríveis blasfêmias.Apenas terminara, caiu por terra com um tremor em todo o cor-po e dores tão fortes e contínuas que foi impossível fazê-lo to-mar alimento durante quatro ou cinco dias. Tendo a tropa re-cebido ordem de partir, ataram o infeliz em seu cavalo para queacompanhasse a marcha.

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Soube-se depois Qüe, à fôrça de agitar-se, caíra da mon-taria e morrera no caminho, mordendo a terra e espumando deraiva.

Naquela vila falou-se, por muito tempo, do exemplar cas-tigo do blasfemo. Dois anos após, a pedido de um missionário,reso;veu-se fazer um ato solene de reparaçáo. Paru êsse fim fo-Íam àquela casa em procissão o vigário, o missionário, algunsoutros sacerdotes e o povo de Novlan com o rnarquês à frente.

Chegados ao lugar. por mais que o padre chanlasse a al-guns homens, nenhum se apresentou para levar a imagem à igreja.O Sr. Beauveau, indignado com semelhante inditerença para comNossa Senhora, sentiu-se interiormente movido a levá-la êle mes-mo. Apesar do respeito humano e de parecer beato aos olhosdaquela gente, tomou a imagem e levou-a com respeito à capelado castelo onde, por ordem do Bispo, foi colocada com tôdas ashonras. Maria Santíssima náo tardou a recompensar êste ato depiedade, pois, segundo declarou êle* mesmo, começou o tnarquêsa receber tal abundância de graças e tão fortes inspirações paraa vida perfeita que não só se tornou um cristão ntodêlo, nÌasainda abraçou a vida rel igiosa, onde viveu e nlorÍeu santamente.

"54.CASTIGO'DE UM ESTUD.ANTE

Dois estudantes perversos iam certo dia pelo caminho queconduz ao santuário de Nossa Senhora de Ostaker, onde muitosenfermos recobram a saúde, bebendo água da fonte milagrosa.

Discorriam ambos sôbre como se divertiriam naquele fe-r iado, quando um exclamou:

- Sabes o que vamos tazer?- Não.- Um milagre; sim, um autêntico milagre. Não te r;as e

ouve-me. Vendar-te-ei os olhos, tu te tingirás de cego e eu televarei à tonte.

- E depois?- Quando chegarmos, começarás a rezar, lavarás os olhos

,com a água, e gritarás que estás curado, que estás vendo. . . as-sim pregaremos uma peça aos devotos. Não te parece divert ido?

- Sim, ót imo. E quando voltarmos, contaremos o prodígio.aos jorna:s e como se rirão os leitores dêsses pobres imbecis

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Page 61: Tesouros de Exemplos

que vão lá, buscar saúde. Falarão de nós e nos tornaremoscélebres. . .

- Vamos. . .Assim foram nossos dois comediantes, fazendo cada um o

seu papel, até à fonte milagrosa. Como sempre, havia al i muitosperegrinos. Vendo os dois jovens, aproximaraÍn-se com sinaisde simpatia como lazem os bons cristãos com os enfermos. To-dos se puseram a rezaÍ enquanto o jovem ímpio se aproximavada fonte para se lavar.

Com o auxíl io de seu hipócri ta companheiro, t i ra o panodos olhcs, f ingindo chorar e lamentar-se de seu infortúnio. Tomada água, esf rega os o lhos. . .

À{as, ó milagre! A água produz o efeito! Uma espessa né-voa lhe cobre os olhos. Não vê mais nada, está cego ! Lançaentão um grito cle desespêro, chama por sua mãe, conjura aSantíssima Virgem que lhe perdoe. . . censura seu companheiro,mudo de espanto, por lhe haver aconselhado'aquela maldade.

Os peregrinos, espantados, nada compreendiam daquelacena. Fazem-lhe perguntas e arrancam-lhes a confissão da culpa.Nunca se vira emoção semelhante ao redor da fonte; enì vãopõem-se os peregrinos em oração para obter o perdão aos mi-seráveis. Deus não suporla que se zombe de Maria, suâ Mãe: ocego f icou cego. . .

Teve êste tantarmo pesar de seu crime, que perdeu o juízo efoi terminar num manicômio, onde esperamos que Nossa Se-nhora, em vista de sua pena temporal, lhe tenha alcançado amisericórdia de Deus.

55.DEUS ME CHAMA

Um missionário Lazarista. falecido na Itália erÌl fins doséculo passado, pregava ret iro a umas jovens cle Constantinoplaprecisamente nos cl ias em que a cólera invadia a infel iz cidade.

Na nranhã do terceiro dia, bem cedo, viu o missionário che-gar uma das jovens ret irantes, que lhe disse:

- Padre, desejo confessar-me e ïazer uma boa comunhãoesta manhã. Depois da missa lhe direi o motivo.

Comungou com singulares mostras de fervor. Depois da açãode graças veio dizer-me:

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Page 62: Tesouros de Exemplos

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- Padre, esta noite, passei-a acordada e tive a sensaçãode que chegara para mim o momento da morte e minha alma,separada do corpo, era levada por meu anjo da guarda ao tri-bunal do soberano Juiz

Jã não era o Salvador tão bom e misericordioso, de quetantas vêzes nos falam os padres, nlas um juiz inexorável. Iamchegando de tôdas as partes do munclo inúmeras almas; muitasiam para o inferno, bastantes paÍa o purgatório, muito poucasdiretas para o céu.

Perturbada e atemorizada, levantei os olhos e - ó felici-dade ! - minha boa Mãe, a Imaculada, al i estava a olhar paramim com uma doçura inf inita. Animada cont esta vista, clo tun-do do meu coração saiu o grito que repetia muitas vêzes naterra: "Boa Mãe, Mãe do Perpétuo Socorro, socorrei-me, sal-vai-me !"

Estava eu aos pés do tribunal de Deus e a minha sorteeterna ia decidir-se num instante.

De repente, uma voz melodiosa, como nenhuma outra daterra, se fêz ouvir:

- À{eu Fi lho, esta é minha f i lha.Então Nosso Senhor, voltando-se para sua gloriosa Mãe,

disse-lhe com inefável carinho, que não se pode exprimir emlinguagem humana:

- Pois é vossa: julgai-a Vós. v

E por todo juizo a Rainha dos Santos abriu-me os bra-

ços e eu me retugiei nêles. Era teliz por tôda a eternidade ! . . .

Calou-se a jovem. Seu rosto bri lhava como se ainda esti-vesse vendo aquela visão celeste.

O missionário, mais impressionado do que deixava perce-ber, pregou naquela manhã sôbre a necessidade da preparaçãopara a morte.

Apenas havia terminado, vieram chamá-lo com tôda a ur-gência; uma das jovens que assistiam ao retiro acabava de cairde cama vítima da cólera. Naquele corpinho, que se retorcia coma violência da doença, reconheceu êle a jovem da visão.

- Padre, eu bem lhe dizia, Deus me chama!

E duas horas depois, com um sorriso celestial nos lábios,sua alma voava para a glória, repetindo pela última vez suajaculatória favorita:

- Minha Mãe, Mãe do Perpétuo Socorro, socorrei-nte! sal-vai-me !

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Page 63: Tesouros de Exemplos

56.UM SACRISTÃO E UMA VOZ MISTERIOSA

Na pequena cidade de Ostra-Br aÍna, Polônia, hâ uma belaigreja ottde, há séculos, se vcnera uma devota inagem de NossrSenhora das Dores.

No mês de março de 1896, um forasteiro, falando polonêscom sotaque rf isso, apresentou-se ao sacristão com do-s grossoscír ios, cl izendo que queria ardessem diante da milagrosa ima-gem até se acabarem

- Fiz promessa disse que f iquent acesos até ama-nhã depois da missa sem que se apaguem. Tenho um grandenegócio, que amanhã se há de decidir e só me resta êste .tempopara recomenclá-lo a Nossa Senhora. Se quiser, irei junto patacolocáìos na igreja.

- Eu o farei com gôsto - repl icou o sacristão - mas ocaso é que, quando se deixam luzes na igreja, tenho de passara noite lá, por temor de um incêndio.

- Sei disse o desconhecido lllas por êsse seu tra-balho dou-lhe agora mesmo dois rublos.

A f i lhá do sacristão preparou ao pai a ceia e roupas quen-tes e o russo foi com êle acender os círios, rezou alguns minu-tos e toi-se embora.

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O sacristão, uma vez sòzinho, tocou as Ave-Marias, fechouas portas, rezou sua oração da noite, sentou-se numa cadeira,na sacristia, e logo começou a cochilar.

De repente ouve uma voz que lhe grita:- Apaga, apaga os dois círios!Assustado, levanta-se, olha pata todos os lados e não vê

ninguém. Julga ter sido um sonho e torna a dormir; mas, poucodepois, desperta-o a mesma voz misteriosa:

- Apaga, apaga os círios!Como não vê ninguém, para acabar com aquêles sonhos,

acha que seria melhor apagar as velas; mas, lembrando de suapromessa e do dinheiro recebido, pôs-se a rezar o rosário atéque, vencido pelo sono, adormece pela terceira vez.

Desta vez a voz desperta-o com mais tôrça:- Apaga, apaga depressa os círios.Convencido afinal de que a voz vinha do alto, apaga os

círios e fica tranqüilo. Ao romper do dia toca as Ave-Marias,prepara o altar païa a missa e começam a chegar os fiéis e

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Page 64: Tesouros de Exemplos

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também sua f i lha. Esta, terminada a missa, pergunta ao pai porque apagara os círios.

Inteirada do que acontecera, após a saída dos fiéis, levaramo+ círios para examiná-lo, pois notaram que eram de um pêsoextraordinário.

O pai com uma ïaca foi rasgando a cêra e no meio virrque o pavio penetrava num tubo de ferro. Suspeitando uma ar-madilha sacrí lega, puseram os cír ios num barri l de água e foramcfepressa avisar ao vigário e ao delegado de polícia.

DescobriÍam, então, que os dois tubos estavam carregadoscom dinamite e calculaclos para explodir precisamente à horada missa.

Intagine-se a gratidão dos habitantes de Ostra-Brama paracom Nossa Senhora por os haver l :vrado, com sua intervençãoclireta, do horrível atentado.

57.SALVO POR NOSSA SENHORA

Um jovem seminarista francês, por instigação de um pa-rente, abandonou a vocação. Seus pais e Jnestre5 fizeram tudopara abrir-lhe os olhos e segurá-lo. Obstinou-se e partiu para acapital, onde conseguiu ótima colocação e ganhava bom dinheiro.Desgraçadamente seus maus amigos o arrastaram aos víclos ecle suas práticas religiosas só conservou o "Lembrai-Vos", quetôdas as noites rezava em louvor de Maria Santíssima.

Ao cabo de alguns anos perdeu a colocação e caiu na maisprofunda miséria; e, como já não contava com o auxíl io da re-Iigião, entregou-se ao desespêro e resolveu acabar com a vida.Ia iâ lançar-se ao rio para afogar-se, quando, poÍ inspiraçãosingular, quis antes rezaÍ o seu "Lembrai-vos" a Nossa Senhora.A joe lhou-se e rezou . . .

Ao levantar-se, um terror estranho se apoderou dêle: pa-recia-lhe ver um abismo aberto e fogo abrasador diante de seusolhos; em sua mente agitada pelo remorso começavam a des-pertar as recordações da infância. Percebeu que um passo ape-nas o separava do inferno. Fugiu atemorizado pelas ruas dePar is , sem saber aonde ia . . . Ao acaso? Não. Nossa Senhoraguiou-lhe os passos até uma igreja, em que entrou arrastado poruma fôrça invisível.

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Page 65: Tesouros de Exemplos

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Uma grande multidão de fiéis Íezava em siiêncio diante daimagem de Maria adornada de luzes e flôres.

O infeliz sentiu pouco a pouco renascer sua confiança. Viuum padre que entrava no confessionário e foi ajoelhar-se aos pésdêle. Era o Venerável P. Desgenettes, pároco de Nossa Senhoraclas Vitorias. Entretanto, o rapaz não t inha intenção de confes-sar-se; queria sòmente desabafar seu coração e contar a históriada sua vida e de seus desvarios.

O padre recebeu-o com a bondade e doçura de uma mãe e'quando êle terminou sua relação, disse:

- Meu f i lho, quero completar a sua historia. Faz poucosmeses um bispo estêve pregando nesta igreja e recomendou àsorações dos fiéis um jovem, a quem queria muito, e que andavaperdiclo em algurna parte desta capital. O pecador, entre lágri-mas e soluços, ocultou o roslo entre as mãos.

O pároco ouviu-lhe a confissão preparou-o para uma Íer-vorosa comunhão, rest i tuindo-lhe a paz da alma.

o jovem reparou os escândalos que dera, indo pedir perdãoa seus pais, mestres e ao bondoso prelado e, por fim, entrou nu-ma Ordem reiigiosa para lazer austeras penitências.

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NOSSA SENHORA E O FAMOSO CAçADOR

Certa manhã,, pouco antes do almôço, descia do trem emLourdes um senhoraço, completamente indiferente, que mal Seresolvera a acompanhar a espôsa e a filha ao balneário. Nãopensava em demorar-se ali mais que o tempo que medeia entredois trens: era tudo o que conseguiram alcançar dêle a espôsae a f i lha.

Apenas lâ chegadas, correram aS duas à gruta para rezarpelo cheïe da família, que tanta pena lhes causava por suairrel igião.

Êle, porém, mais preocupado com o estômago do que com

a alma, foi à procura do melhor hotel e, chamando o garçon'd isse:

- Enquanto espero minha senhora e minha filha preparepara nós três um bom almôço.

- Deseja o Sr. comida como de sexta-Íeira?- Como? De sexta-feira?

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Page 66: Tesouros de Exemplos

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- E' que hoje é dia de abstinência e quase tôda gente oguarda, pelo menos aqui.

- Que me importa o dia? diz o l ivre-pensador. Ora essa!O almôço tem que ser substancioso, e demais sou caçador, querocarne, ouviu?

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O garçon incl inou-se respeitoso e deude preparar bife, frango, etc.

Acendendo um bom charuto, o nossopara s i :

- Não hão de dizer que não vi a famosa gruta.aqui lo .

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Chegou la muito antes que as duas senhoras t ivessem ter-minado suas visi tas à gruta, à basíl ica e à cr:pta, em tôda a parterezando e supl icando por seu querido rebelde. . . Quando che-garam de novo à gruta, Que surprêsa! lá estava o homem ajoe-lhado, chorando e rezando com todo o fervor. Era êle? Quasenão podiam cÍer. Sim, era êle mesmo. Não se atreviam a falar-lhe, mas êle logo que as viu exclamou:

- Sim, sou €u, Íezo e choro. Quereis saber como se deuisto? Não sei expl icar. Somente sei que v:m sem pensar em nada,mas, achando-me diante desta imagem, uma emoção inclescritívelse apoderou de mim. Caí de joelhos e, ao ver um padre, pergun-tei-lhe se podia me confessar. Atrás do pequeno altar da gruta{iz minha confissão. Oh ! como sou fel iz ! Ficaremos aqui hoje eamanhã comungaremos.

Não foi o único a derramar lágrimas; os três choravante davam graças a Nossa Senhora. Ao chegar ao hotel, e vendoo salão repleto de gente, exclamou:

- Srs., eu sou o famoso caçador N. N. Quando cheguei aquiainda era um ímpio; agora tendes aqui um homem que acabade confessar-se e vai comungar amanhã.

- Carçon, ponha para nós almôço de sexta-feira.. .Que surprêsa para todos os assistentes!Desde aquela sexta-feira o Sr. N. N. foi um cristão fervoroso!

59.O ROSÁRIO NOS PERIGOS

b ïaz bastante tempo,república de Costa Rica, umtruiu quase por completo.

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deu-se na cidade de Cartago, naterremoto táo violento que a des-

orclem ao cozinheiro

homern dizia cle si

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Page 67: Tesouros de Exemplos

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A Revista "América", dos Jesuítas de Nova York, narran-do os pormenores da pavorosa catástrofe, chamou a atenção dosleitores para o fato seguinte:

D. Ezequiel Gutiérrez, que fôra presidente daquela repúrbl i-cã, no momento do cataclismo, achava-se em sua casa rezando

:t o rosário acompanhado de tôda a sua famíl ia. Algumas pessoasqu:seram interromper a reza e fugir para a ïr7a, mas o chefeobrigou-as a f icar até terminar o rosário.

Acabada a oïação, saíram à rua e qual não foi o assombrode tôdas ao verem as casas convert idas ent ruínas. Em tôda aredondeza nenhum edifício f icara intacto; a desolação era coÍn-pleta; sòmente a casa do ex-presidente não soflera nenhum dano,nenl sequer um abalo.

Evidentemente Nossa Senhora a tomara sob a sua especialproteção, porque al i se Íezava o seu rosário.

60.O SENHOR AMA A SUA MÃE?

Foi um'valente soldado o cabo Pedro Pitois, que lêz essapergunta a Napoleão. Pedro estava semp.re na primeira linhade combate, não temia as balas inimigas, e, a 6 de julho de 1809,na batalha de Wagiam, ainda pelejou valorosamente. Depois de-sapareceu. Desertara do exército. . . Não denlorou muito toi prêsoe conclenado à morte.

- Tu, um dos mais valentes, por que f izeste isso? pergun-tavam-lhe os compauheiros.

. Não nre arrependo - respondia - não ï iz mal.

A meia-noite, na véspera da execução, um oficial entrou nacela cle Pedro. Era Napoleão disfarçado e o prêso não o re-conheceu.

Tomando-o pela mão, o Imperador disse-lhe com carinho:"Amigo, eu como oficial sempre admirei o teu valor nos com-bates. Agora venho saber se tens alguma recordação para tuafamília, que a enviarei depois da tua morte.

- Não, nenhuma.

. _: Não queres mandar um adeus a teu pai, a teus irmãos ou

irmãs?- Meu pai é falecido; não tenho irmão nem irmãs.- E a t u a m ã e ?

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Page 68: Tesouros de Exemplos

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- Ai! não a nomeie, porque, quando ouço nomeá-la, tenhovontade de chorar e um soldado não deve chorar.

- Por que não? repl icou Napoleão. Eu não teria vergonhade chorar ao lembrar-me de minha mãe.

- Ah! o Sr. quer bem a sua mãe? Vou contar- lhe tudo.De tudo que existe no mundo, nada amei tanto como minha

mãe. Quando part i , deu-me sua bênção e disse-me: "Se me amas,cumpre o teu dever".

Nas batalhas, diante das balas, sempÍe me recordei de suaspalavras. Não tinha mêdo algum. Um dia soube que estava gra-vemente enfêrma; pedi l icença para ir abraçá-la pela últ imavez e. . . não me deixaram part ir . Recebi, af inal, a notícia deque falecera e pedi l icença para ir vê-la ao menos morta. Se-gunda vez me disseram que não. Não agüentei mais: era preciso irdepositar uma f lor ao menos sôbre a sua sepultura. Fui, choreie recolhi esta flor de miosótis que âqui trago sôbre o meu co-ração. Morrerei amanhá, mas a morte não me amedronta.

Napoleão, depois de algumas palavras de consôlo, ret irou-segrandemente comovido. No outro dia foi o prêso conduzido aolugar do suplício.

Estando a guarda para disparar, chegou o Imperador a ca-valo, poupou a vida a Pedro Pitois e nomeou-o oticial.

- Amais a vossa mãe do céu?Respondereis certamente com S. Estanislau: "Como não a

hei de amar, se é minha Mãe?"E ela vos diz: "Cumpri o vosso dever, e eu vos alcançarei a

perseverança, a graça f inal".

61 .A DEVOçÃO A MARrA DÁ VALOR

Muito tempo laz encontrava-se entre os rel igiosos trapis-tas de Sept-Fonts, na França, um irmão leigo, muito velho e en-fêrmo, que t inha sempre na m'ao o seu rosário. Era o irmão Teo-doro, o qual outrora fôra um soldado valoroso.

Quando em l8l2 o exército francês, vencido, voltava daRússia, a coluna de Teodoro, extenuada de cansaço e de fome,encontrou-se em frente de uma bateria russa que barrava o ca*rhinho de fugida.

Um verdadeiro desespêro se apoderou de todos:soldados at iravam suas armas ao solo. Que fazer? Era

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Page 69: Tesouros de Exemplos

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do inverno e haviam caminhado longas horas sôbre a neve e 9gêlo. Que ïazer? Voltar era impossível. Ir adlante? Ali estavaa poderosa bateria inimiga. Permhnecer naquele pôsto? Era con-denar-se a morrer de frio e de inanição.

De repente adianta-se um oficial:- Venham comigo os valentes ! . . .Coisa rara nos anais de nossas guerras: nem uma voz res-

pondeu.Engano-me. Um só homem, um Só, o irmão Teodoro, saiu

da f i la , d izendo:Irei sòzinho, se o Sr. quiser.

Dizendo isto, tira a mochila e o fuzil e ajoelha-se na neve,persigna-se diante de todos e Íeza uma dezena do rosário comfervor coffiç nunca. Toma novamente o fuzil e, de cabeça baixa,lança-se a passo de carreira, com tanta confiança como se dezrni l homens o seguissem.

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Estava para alcançar a bateria inimiga, quando os russos,crendo que os franceses queriam apanhá-los pelas costas, en-quanto se ocupassem de um só inimigo, abandonaram sua peçae bagagem e fugiram.

Dono do campo, disse nosso herói com admirável natura-l i dade :

- Eis ail part sair de apuros, nã,o há coisa melhor do querezar o rosário

O oficial entusiasmado corre para êle, tira sua própria Cruzcle Honra e pendura-a ao peito do jovem, exclamando com lét-grimas nos olhos:

- Valente soldado, tu a mereces mais do que eu!- Comandante (respondeu Teodoro) , náo t iz mais do que

o meu dever.Cinqüenta anos mais tarde, com seu hábito de trapista,

quando, no mais r igoroso inverno, passava a maior parte dodia de joelhos rezando o rosário, gostava de repetir:

- Não faço mais do que o meu dever !

62.SALVO PELO ROSÁRIO

Era em maiolevantado contra oclos Bourbons.

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de 1808. Os habitantes de Madrid t inham-seintruso José Bonaparte, que usurpara o trono

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Page 70: Tesouros de Exemplos

Os insurretos, cheios de ódio contra os franceses, mata-vam sem piedade os soldados que podiam surpreender nas ruase nas casas.

Certa manhã encontrou-se o célebre Dr. Claubry com umaturba de insurretos que, pelo seu traje, viram que pertencia aoexército invasor.

O Dr. era grande devoto de Nossa Senhora e pertencia àConfraria do Rosário. Naquele dia mesmo recebera a comunhãonuma igreia dedicada a Nossa Senhora e voltava tranqüilamentepaÍa casa.

Quando percebeu o perigo, levantou as mãos ao céu e in-vocou os santos nomes de Jesus e de Maria.

Já estavam prestes a matá-lo, acoimando-o de renegado eímpio, quando uma fel iz idéia lhe passou pela mente.

- Não, disse, não sou intiel nem blastemo e se queremuma prova, vêde o que tenho comigu. E mostrou-lhes o rosárioque estava rezando.

Diante disso os assaltantes baixaram imediatamente as aÍ-mas, d izendo:

- Êste homem não pode ser mau como os outros, pois rezao rosário.

Precisamente naquele instante, como que enviado por NossaSenhora, surgiu ali o sacristão da igreja egt que o Doutor co-mungara e, vendo-o cercado pelos insurretos, gritou bem alto:

- Não lhe façam mal; é devoto de Nossa Senhora; eu o vicomungar esta manhã em nossa igreja.

Ouvindo isto, os agressores acalmaram-se, beijaram o cru-cifixo do rosário de Claubry e levaram-no a um lugar seguro.

Regressando à sua pátria, o piedoso Doutor publicou o favorrecebido e continuou tôda a sua vida rezando o rosário.

63.ÚLTIMA AVE.MARIA, ÚLTIMO SUSPIRO!

Achava-se num asilo de velhos um antigo soldado que, ape-sar de sua vida de caserna e acampamento, se conservava dó-cil e acessível às verdades religiosas.

Um sacerdote, QUÊ o visitava com freqüência, falou-lhe dadevoção do rosário e ensinou-lhe o modo de rezâ-lo.

Deu-lhe a Irmã um rosário e o velho mil i tar achou tama-

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Page 71: Tesouros de Exemplos

nho consôlo em rezâ-lo, que sentia muito nãoantes, dizendo que o teria rezado todos os dias.

Irntã, (perguntou um dia), quantos diasanos?

- A lrmã têz o cálculo e respondeu:- 21.900 dias.

o ter conhecido

há em sessenta

- Irmã, e quantos rosários teria eu que Íezar cada dia para,em três anos, chegar a êsse número?

- 20 cada dia, disse-lhe a lrmã,.Daí em diante viam-no, dia e noite, com o rosário na mão.Após três anos de sofrimentos, suportados com grande pa-

ciência, chegou ao seu últ imo rosário.Ali o esperava a morte, pois não viveu nem um dia nem

uma hora ma:s. Ao terminar a últ ima Ave-Maria, deu o últ imosuspiro, entregou sua alma_a Deus.

64.UÀ{ PECADOR SE CONVERTE

Diz S. Brígida que "assim como o magnete atrai o ferro,assim também Maria Santíssima atrai a Deus os corações". E'um fato.

Um dia foi S. Francisco Regis chamado para. um entêrmoque não queria de modo algum preparar-se para a morte. O in-leliz negava-se a aceitar os socorros da religião, sabendo em-bora que o seu fim era iminente. Convencendo-se S. Francisco deque os. meios humanos eram inút'eis, tirou de seu breviário umaimagem de Nossa Senhora e, mostrando-a ao enfêrmo, disse:

- Olha ! Maria te ama.- Como! - replicou o pecador, como se acordásse de um

sonho - então ela não me conhece.- Mas eu sei que ela te ama ! tornou o santo.- Então ela não sabe que reneguei a minha fé e desprezei

a minha religião?- Sabe.- Que insultei a seu Filho e calquei aos pés o seu sangue?

Sabe.Que estas mãos estão manchadas de sangue inocente?Sabe.Padre, o Sr. talg a verdade?

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- Sim; passarão os céus e a terra, mas a palavra de Deusnão passará. Sabe; pois, que Deus disse outrora e te diz hojeainda: "Fi iho, eis aí tua Mãe!"

- Uma mãe, que me ama ! . . . murmurava o pecador enter-necido; minha mãe, minha. . . e copiosas lágr imas brotavam deseus olhos. Eram lágrimas de sincero arrependimento, verda-deira dor.

Fê,2 imediatamente uma confissão dolorosa e contrita de tô-da a vida. Recebeu com visível fervor a sagrada comunhão.

Alguns dias depois, tel iz e cheio de contiança, expirou noamor de Deus a quem fôra atraído por Maria.

65.ESCAPARAM DA GUILHOTINA

Foi em Paris, na época mais tr iste da Revolução Francesa.Para alguém ser prêso e condenado à morte, bastava que o acu-sassem de monarquista ou católico intransigente.

Também os pais de Júl ia Janau, uma criança de I I anos,Íoram presos por causa de sua religião. Júliar eüe ficara só comuma velha criada, chorava dia e noite, temendo pela sorte deseus pais.

Em sua grande aflição rezava contìnuamente o rosário àcompassiva Mãe do Céu para que salvasse seus pais. Essa de-voção do rosário ensinara-lhe sua boa mãe, d:zendo-lhe que, emtodo o perigo e necessidade, recorresse a Maria com muita con-f iança e seria socorrida.

Estava a menina ajoelhada, rezando o seu rosário, quandoum representante do partido revo'lucionário penetrou na casa àprocura de mais alguma vítima para a gu:lhotina.

À vista daquela criança, inocente e tímida, o carrasco sen-t iu-se inexpl icàvelmente comov:do. Dir igindo-se à pequena, per-guntou:

- Que estás fazendo?- Estou rezando o rosário por meus pais.- O r o s á r i o ? . . .- Sim, para que reconheçam que êles são inocentes.Ao pronunciar essas palavras copiosas lágrimas corriant-lhe

dos olhos. Soluçando, ergueu, suplicante, as mãozinhas ao revo-lucionário que estava sèriamente comovido. Num gesto de man-sidão e de bondade, que havia ntuito não sentia, inclinou-se paft

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a pequena de cabelos louros e, colocando-lhe a mão sôbre osombíos, perguntou:

- E acreditas que a tua oração ajudará?- Sim, foi a f irme resposta - porque minha mãezinha mo

ensinou e minha mãezinha não mente.O coração daquele homem rude e mau, enternecido diantc

de tamanha inocência e confiança, sentia iá uma terna compai-xão pela criança.

- Achas, boa menina, que teus pais são inocentes?- Acho, sim; êles nunca fizeram mal algum.- Pois bem; verei o que se poderâ fazer por êles.- Obrigado, senhor, por essa promessa. Ah ! salvai nleus

inocentes pais; rest i tuí pai e mãe a uma pobre criança aban-donada.

A grande confiança dv Júl ia no poder da Rainha do SantoRosário ficou gravada no coração daquele revolucionário; e co-mo gozava de muita inlluência no tribunal, conseguiu que osacusados fôssem absolvidos e restituídos à sua inocente filhinha.QUÊ, pela devoção a Maria, os livraria da morte.

66.OS TRÊS DEGRAUS DA FÕRCA

Era no tempo da famosa rainha Isabel que governou a In-glaterra de 1558 a 1603. Foi uma rainha cruel e mandou ma-tar fr ia e injustamente a muitíssimos de seus vassalos s:mples-mente por serem católicos convictos e fervorosos.

Entre as inúmeras vít imas de seu ódio satânico estava loãoPost, natural de Pereth (Cumberland), grancle devoto da Mãede Deus. Ainda na hora trágica da morte deu prova desta suadevoção.

Foi assim: Ao ser conduzido à fôrca, enì presença de inú-meíos espectadores, ajoelhou-se no primeiro degrau da tôrca erezou em voz alta: "O anjo do Senhor anunciou a Maria; e elaconcebeu do Espírito Santo". E rezou logo em seguida umaAve-Maria.

Subiu, depois, ao segundo degrau e rezotl com voz"Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundosa palavra. E rezou outra Ave-Marla.

forte:A VOS-

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Page 74: Tesouros de Exemplos

Subiu, enfim, ao terceiro degrau, que era o último do ca-dafalso, ajoelhou-se pela última vez e Íezou: "E o Verbo deDeus se fêz homem e habitou entre nós". Rezou a terceira Ave-À{aria, encomendando-se fervorosamente a Nossa Senhora.

Entregou-se então ao carrasco e sofreu heròicamente o mar-tír io, sendo enforcado por causa de sua fé inabalável em JesusCristo e na santa Igreja Catól ica.

Meu irmão, também nós estamos condenados à morte. To-clos havemos'de morrer. Pode-se dizer que nos aproximamosdela, subindo também três degraus: um pela manhã, outro aomeio-dia e o terceiro à tarde.

Irnitemos o exemplo dêsse santo mártir, rezando três vêzesao cl ia, como é costume entre os bons catól icos, o "Anjo doSenhor".

67.SÃO JOSÉ E A PRIMEIRA COMUNHÃO

O célebre Pe. Leonard, grande missionário na |tár\ ia, cho-rava tôda vez que t inha de pregar um ret iro de primelra co-munhão.

- Mas, Padre, que é que tem o Sr.? perguntavam-lhe.- Ah! não sabeis (respondia) que se p-reparam para o dia

da prirneira comunhão vários calvários, onde Jesus Cristo seráde novo crucificado? Nada mais comum do que êste crime entreos nteninos. Não sabeis que muitos ocultam seus pecados naconfissão; outros se confessam mal; outros não têrn arrependi-mento; outros, enfim, não compreendem a grandeza do ato quevão tazer? Por pouco que se ame a Deus, é impossível não cho-rar e não sentir horror de semelhante atentado.

Inrpressionado com estas palavras, um piedoso Diretor deColégio mandava ÍezaÍ todos os dias do mês de março paraque nenhum dos alunos cometesse tão horrendo pecado. Novedias antes da comunhão deviam fazer uma novena a S. José, afim de que todos se preparassem bem para a primeira comu-nhão e não se encontrasse nenhum Judas entre os mesmos. Certavez, no últ:mo dia da novena, véspera da primeira comunhão,um menino muito sobressaltado veio cedinho à procura do con-fessor, dizenclo-lhe antes de conïessar-se:

- Padre, a noite passada não pude dormir. Parecia-me verS. José, que, irado, me dizia: "Infel iz, pedem-me os meninos

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Page 75: Tesouros de Exemplos

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que não haja entre êles nenhum Judasocultaste teus' pecados de impureza" . .

E' por isso que aqui estou paraconfissões sacrí legas e dizer- lhe tudo o

68.A ESTÀTUAZINHA DE SÃO JOSE

Dois calroceiros estavam carregando suas carroças com osescombros de um casarão que fôra demolido. Eram bons e hon-rados, mas, em matéria de religião, completamente indiferentes:e ignorantes. De repente um dêles t irou com sua pá do montãocle entulho uma estàtuazinha de S. José.

- Toma - disse ao seu companheiro - utï l deusinho. . .- Não o quebres: isto te traria má sorte.- Tu crês em contos de avòzinhas?_- E' melhor que mo dês, pois, embora não sendo muito de

igreja, prefiro levar um santinho para minha casa a atirá-lo nocarro. Isso me sair ia mal depois.

Tens razão, replicou o outro, lernbrando-se lalvez dotempo de sua pr :meira comunhão: é melhor levá- Io. . .

Passaram-se affos. o carroceiro era iâ um velho inválido,estendido num leito de madeira carcomida. No quarto, duas ca-cleiras desconjuntadas, uma mesinha cabaleante e uns pedaçosde cobertores. Acabava seus dias na miséria. A seu lado umanetinha de treze anos. . .

- Vovô, o Sr. quer, eu vou chamar o padre que nos dá ca-tecisnro; êle é muito bom.

Não, f i lha, ainda não estou tão mal. . .E' sempre assim. Os pobrezinhos nunca julgam estar

mal. Mas S. José cuidou dêle.- Mariazinha, traga-me a estátua de S. José que

al i . . . e la quer me fa lar . . . eu a ouço. . .- Pobre vovô ! a febre devora-o . . .Põe-lhe nas mãos a imagem de São José e põe-se a cho-

rar. Parece-lhe chegado o momento de insist ir :- Vovôzinho, o Sr, quer talar com o vigário? Êle é tão bom.

o Sr . o conhece. . .- Falar? ïalar é coisa muito vaga; diga-lhe que quero con-

fessar-nie, ouviu?

e tu queres ser um, pois

reparar tôdas as minhasque tenho na consciência.

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- Obrigada, meu S. José. Salvais a quem vos respeitou;obrigada, obrigad a, dizia a menina, correndo em busca do padre.

Reconciliado com Deus, e beijando a estàtuazinha, dizia àspessoas presentes: - Não vos esqueçais de Deus, dos deveresreligiosos, da missa aos domingos. Eu náo tazia nada disso eestou arrependido. S. José me salvou.

Alguns dias depois o velho carroceiro morria santamenteabraçado à estàtuazinha do seu grande benfeitor S. José.

69.A POMBA MENSAGEIRA DE SÃO JOSÉ

Há acontecimentos que parecem novelas: que os nossos lei-tores tomem-nos a seu gôsto.

A Íamíl ia do Sr. B. . . sua espesa e uma f i lha, Josefina, de20 anos, havia gozado em N. de uma bela fortuna; mas, a en-fermidade do pai e alguns maus negócios a haviam obrigado aviver só do trabalho da filha.

A môça era inteligente, enérgica, alegre e, o que é mais,piedosa. Um dia, porém, voltou para casa com uma notíciatriste: não quiseram pagar-lhe as costuras, e comunicaram-lhegüe, por algumas semanas, não haveria trabalho.

Que fazer? Que comer? Mas ela não d*esanima; confia, nãonos homens, mas no paternal auxílio de seu poderoso patrono S.José, cuja festa será celebrada no dia seguinte.

Senta-se, escreve num papelzinho a sua situação penosa e,.abrindo uma gaiola onde tem uma pombinha mansa, ata-lhe de-baixo da asa a sua missiva e, bei jando-a, solta-a dizendo:

- Vai, querida, aonde te guie S. José a f im de que encon-tres pão para nós e para ti.

Passada meia hora, se muito, eis que se apresenta à en-trada da casa um môço que pede para falar com Josefina; acom-panhava-o um criado com um pesado embrulho. Diante da fa-míl ia admirada conta gu€, sendo devoto de S. José, lhe prome-tera atender o primeiro pedido de auxílio que se apresentasse.'Ora, apenas fizera a sua promessa, entrou pela sua janela umapombinha em cuja asa viu um papelzinho e a petição a S. José.

- Estou, disse, montando uma oficina de costura e já queJosefina procura trabalho, aqui lhe trago algum e, por ser a pri-meira vez, pago-lhe adiantado.

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que

No volume achava-s€ discretamente envolvida uma nota deCr$ 100,00. Os três infelizes nâo puderam deixar de exclamarcheios de comoção:

- Como S. José é bom ! obrigado, Santo bendito !Era a abundância após a miséria mais atroz.Àlas não parou ai a l iberal idade de S. José. Como Josefinade ir com freqüência à of icina, logo chamaram a atençãofinos modos, sua habil idade no trabalho e a f ina educação

recebera.Entrou em relações com a família de seu chefe, que logo en-

controu boa colocação para o pai de Josefina, melhorando assima srtuação do lar. Não sabemos se Josefina se dir igiu a S. José,como lazem muitas môças, para arranjar um bom espôso; ocerto é que o encontrou na pessoa cle seu chefe e protetor.

Na sala de sua nova casa vê-se em lugar de honra uma es-tâtua de S. José e debaixo-dela uma pombinha de ouro com oIet re i ro:

"A mensageira de S. José".

70.SÃO JOSÉ CHAMA O PADRE PARA UMA DOENTE

Certo dia, apre5entou-se na casa paroquial um ancião des-conhecido, pedindo ao padre que fôsse socorrer uma agonizante,

Êle mesmo o acompanharia até à casa. Como a rua era demâ tama e a noite se aproximava, o padre desconfiou de algumacilada, mas o ancião insist iu:

E' preciso que o senhor vá logo, porque se trata de ad-ministrar os sacramentos a uma velha .que está nas últ imas.

Part iu o padre levando o Santíssinro e os Santos oleos. Anoite efa glacial, mas o velho parecia não senti- lo; ia adianteaté chegaÍ a uma casa de péssima reputação; teve o padre ummomento de vaci lação e temor, nias o ancião animou-o dizendo:

- Eu o esperarei aqui.Bateu o padre à porta repetidas vêzes e, como não abrissem,

o ancião deu umas pancadas esquisitas e a porta abriu-se ime-diatamente.

- O Sr. entre, suba a escada, abra a porta docorredor e encontrará a agonizante.

Disse essas palavras com tal fôrça e autoridade

fundo do

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dre não vacilou mais. Encontrou estendida numa cama miseráveluma mulher abandonada que repetia a gritos:

- Um padre! um padre! Deixar-me-eis morrer sempadre? . . .

-- Fi lha, aqui estou, sou o padre que a Sra. chama. Umancião foi buscar-me. . .

EIa não queria acreditar.- Não, nesta casa não há ninguém que queira ir em busca

de padre e não conheço tal ancião.Afinal, convencida, acusou os pecados de sua longa vida de

pecadora e com tanta dor e arrependimento o têz qui o padrese adnrirou de encontrar tais sentimentos nunla pesioa há tan_tos anos afastada de Deus.

Arrumou o padre a mesinha e acendeu as velas para o viá-tico e a extrema-unção. Nesse íntedm várias pessoas entrarame saíram, parecendo não notar a presença do padre.

Depois de administrar- lhe todos os sacramentos, perguntou-lhe o padre se havia conservado alguma prática reiigioia quelhe mereceu tal benefício em tã,o grande necessidade.

- Nenhuma, disse,' a não ser uma oraçãozinha que ïezavatodos os dias a S. José para que me concedesse uma 6oa morte.

Consolado, o padre assistiu ao último s.rspiro da convertida.Nem à porta nem no caminho encontrou o ancião, e ficou

convencido de que não era outro senão o misericordioso patronocla boa rnorte, o glorioso S. José.

71 .SÃO JOSÉ E AS CRIANÇAS

a) Nas horas em que não havia ninguérn na igreja, notouo irmão sacristão que um menino de cínco anos vinha passar lon-go tempo diante do altar de s. José. ora encostado à grade, orade joelhos e ora assentado, al i permanecia horas olhando para oSanto.

O bom Irmão sentiu-sevocação:

impelido a lazer esta breve in-

- O' bom S. José, ouvi a oração dêsse pequenino, não lherecuseis a graça que vos pede com tanta piedade e inocência!

O pobrezinho rezava pela conversão clo pai. . .

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Amiguinho, disse-lhe o sacristão, se você quer dirigir aS. José uma bela oração,. diga: "S. José, rogai por nós, ' .

Tomou-o ao pé da letra o menino e, trocando de oração,começou a ir e vir diante do Santo e, ajoelhando-se, dizia: "S.José, rogai por nós; S. José, rogai por nós!"

Nisso se ocupava quando chegou sua mãe para buscá-ro.Teve que sair. Duas horas depois, o papai, que havia doze anosnão se confessava, entrou na igreja para reconci i iar-se com Deus.

b) um menino da Diocese de Montpel l ier contava arsim unrfavor que alcançara de S. José:

"Quando brincava na esquina de uma rua, fui atropeladopor um carro que me esmagou contra uma parede; meu corpotornou-se uma massa informe. o médico não dava nenhuma es-penança. Meus pais apressaram-se a chamaÍ um padre para medar a extrema-unção.

Uma rel:giosa amiga, muito devota de S. José, enviou-meum cordão bento do Santo. Pedia-me que me encomendasse aêle com fé e confiança. Assim o fiz.

Dormi logo depois e t ive um sonho muito esquisito. pare-cia-me estar vendo S. José, que garantia a minha cura. Anun-ciou-me, além disso, que eu seria padre. Despertei alegre e con-t e i a v i s ã o à m i n h a * m ã e .

O sonho real izou-se. Até esta data estou bom e são. . . enão penso senão em ser sacerdote" . . .

72.PADROEIRO DA BOA MORTE

S. José teve a felicidade de morrer nos braços de Jesus ede Maria, e não pode deixar de vir com êles, visível ou invisì-velmente, pata receber seus devotos.

Numa paróquia de Lyon (França) vivia um piedoso ancião.muito devoto de S. José, que não cessou durante cinqüenta anosde pedir-lhe a graça de uma boa morte. Para isso rezava, pelamanhã e à noite, fervorosas orações, jejuava e razia alguma es-mola tôdas as quartas-feiras. Para êle, o dia da festa de s.José (19 de março) era o mais belo do ano.

A 15 de março de 1859, na idade de 86 anos, caiu doente.Pediu imediatamente os santos sacramentos e recebeu-os com uma

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Íé que comoveu a todos os assistentes. A 19 de março mandoucelebrar uma ganta missa e pediu que lhe rezassem as oraçõesdos agonizantes. O sacerdote estava a terminar a consagração,quando o doente, erguendo os olhos ao céu, cruzando os braços,pronunciou dist intamente os santíssimos nomes de Jesus, Mariae José, e exalou suavemente o último suspiro.

Sua alma voou para o céu precisamente no momento emque o sacerdote, no Memento, ia pedir a Deus que recebesse asalnras dos f iéis no lugar do refr igério, da luz e da paz eterna.

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RECUPEROU A VISTA

Em V:novo, aldeia pouco distante de Turim, na ltâlia, umamôça chamada Maria Stardero tevè a desgraça de perder to-talmente a vista.

Desejando recuperá-la, ïê,2 uma visita a S. João Bosco,que então construía, com as esmolas do povo de Turim, a magní-fica igreja de Maria Auxiliadora. A môça, depois de ter iezadodiante da imagem de Nossa Senhora, falou com S. João Bosco,que lhe perguntou:

- Faz muito tempo que perdeu a visla?- Sim, multo; ïaz um ano que não vejo nada.

Tens consultado os médicos?- Ah! padre, já não sabem o que receitar-me.- Dist ingues os objetos grandes ou pequenos?- Não; como disse, não vejo nem pouco nem muito.- Mas não vês a luz desta janela?- Não, senhor; nada.- Queres recuperar a vista?- Sr. padre, sou pobre e preciso dela para ganhar a vida.- Servir-te-ás da vista para proveito de tua alma e não

para ofender a Deus?- Prometo-o sinceramente.- Confia, pois, em Nossa Senhora e S. José. E, em

tom solene, D. Bosco acrescentou: - Para a glória de Deus, daSS. Virgem e de S. José, dize: que é que tenho na mão?

A môça abre os olhos, QUe antes não viam nada, e diz:- Uma medalha. de Nossa Senhora.- E isto, que ê?

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- Um ancião com a vata f lor ida; é S. José.Estava operado o milagre. Pode-se imaginar a alegria da

môça e de seus pobres pais ! . . .

74 .UM LÔBO QUE SE TORNA CORDEIRO

Estava no hospital uma infel iz mulher que, há vinte e doisanos, abandonara sua famíl ia para se entregar aos vícios maisvergonhosos. Fôra, enfim, internada naquela casa pela polícia.

A vida que levara, de tal modo a embrutecera que parecialouca; e o médico, não descobrindo nela nenhuma doença, que-ria despedi- la do hosp:tal para que não perturbasse os verda-deiros enfermos.

Pediram-lhe as rel igiosas que a deixasse alguns dias ainda,enquanto recorriam a S. José. Bem inspiradas, vestiram-na como hábito e com o cordão de S. José e puseram-se a pedir comÍervor que êle tivesse compaixão daquela pobre alma.

O auxílio de S. José não se lëz esperar. Poucos dias de-pois a mulher recobrou a pã2, confessoú-se'com muita dor earrependimento. Era um verdadeiro lôbo e tornou-se tão mansocordeiro que pediu a* seu protetor lhe alcançasse antes a morteque voltar à vida de pecado.

Atendeu o Santo a tão pios desejos, vindo a convertida afalecer com os mais sinceros sentimentos de dor. Antes da morteped:u humildemente perdão a todos os que escandalizara comseus vícios.

PADROEIRO DOS IMPOSSÍVEIS

Jazia em seu leito de agonia um infel iz apodrecido de ví-cios, sem o menor remorso, zombando de Deus e desprezand.otodos os auxílios da religião para a hora suprema.

Vendo-o zombar, com riso satânico, de seus esforços parasalvar-lhe a al.ma, resolveram seus parentes recorÍer a S. José.Êste grande Santo havia de fazer com que o misericordioso Co-ração de Jesus se cornpadecesse daquele inÌel iz.

Era o mês de março. O sacerdote, os parentes e amigos di-r igiram ao Padroeiro da boa morte fervorosas súpl icas.

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Page 82: Tesouros de Exemplos

Maravi lhoso poder o da oração! Na manhã de lg de março,festa de S. José, o próprio doente pediu a confissão e fêz ques-tão que chamassem o padre de quem mais zombara até então.

Confessou-se com o mais sincero arrependimento e, poucotempo depois, faleceu. . .

76.A CASA DA SAGRADA FAMÍLIA

Durante tr inta anos viveu Jesus em Nazaré, pequena cidadeda Gali léia. Ajudava a S. José, que era o santo carpinteiro, ea Maria Santíssima, em seus trabalhos domésticos. Por mais detrinta anos toi aquela pobre e pequenina casa santitlcacla pelasmais subl imes virtudes.

Muitos anos mais tarde,destruíram em seu fanatismocristãos haviam construído eda casa do Menino Jesus.

Aconteceu, porém, QUe, uma noite de céu estrelado, os an -jos, tomando aquela casita e, voando, levaram-na até às proxi-midades de Fiume, na l tál ia. Mas, como havia al i muitos ladrões,que assaltavam os viajantes, logo os anjos a levaram de novo ea deixaram no meio de um bosque de lourOç. Foi por causa dês-ses louros que aquela casita veio a chamar-se "a santa casa deLoreto". No centro do altar há uma milagrosa imagem da Mãede Deus e os aviadores tomaram por advogada e padroeira aNossa Senhora de Loreto.

77' o 'TAJANTE E sÃo JosÉ

Foi a l8 de março de 1888. Viajava um sacerdote no tremde Mogúncia a Colônia, quando, ao passar poÍ Bonn, notou queseu vizinho se persignou, juntou as mãos e se pôs a rezar.

- Amanhã, é a festa de S. José!.. . talvez que seja o seupatrono, disse o padre.

- Não, sr., mas minha espôsa chama-se Josefina. . . e gos-taria de estar amanhã em sua companhia. Tenho, porém, outromotivo de dar graças; e, se interessar ao senhor, contar-lhe-eia minha história, pois um sacerdote a entenderá.

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os tt ' rcos conquistaram Nazare edesmedido a grande igreja que osque cobria prec:samente o recinto

Page 83: Tesouros de Exemplos

- Certamente.- Quando menino, recebi de minha boa mãe uma educação

piedosa. Infel izmente, bem cedo morreLl minha mãe; meu pai nãose ocupou de minha educação rel igiosa e. logo abandonei tôdasas práticas de piedade. Encontrei, mais tarde, uma jovenr exce-lente e, desejando fazê-la minha espôsa, f ingi sentimentos re-l igiosos que não possuía. Uma vez casados, quase morreu depesar, quando lhe abri meu coração e me pus a zombar de suasdevoções. Hâ cinco anos, na Sua festa onomástica, f iz- lhe umrico presente, mas ela, quase receosa, me disse:

Há outro presente que l ì te ïarra nrais fel iz. . .- Qua l?- A tua alma, querido, respondeu entre soluços.- Pede-me o que quiseres: eu o farei.-- Vem conrigo amanhã, cl ia cle S. José, à Igreja de N. N.

Haverá sermão e bênção.- Se fôr só isso, podes enxugar tuas lágrimas, QU€ te

aconrpanhai 'ei.A igreja estava repleta; o pÍegador, muito môço, deixou-me

frio e indiferente; contudo disse uma coisa que me impressionou:"Jamais invocou alg:ém a proteção de S. José senl que sentisseo seu auxíl io. Tende t irme contiança de que correrá em socorrode toclo aquêle que o invocar na hora do perigo, ainda que sejapecaclor ou mesmo incrédulo".

Ao sairrnos da igreja, disse-me minha espôsa:- Meu amigo, muitas vêzes estarás em perigo enr titas via-

gens; prometes-me Qü€, chegando o caso, dirás esta breve ora-

ção: "S. José, rogai a vosso divino Fi lho por mim"?- Assim o farei; não é nada dit íci l .

Pouco depois, v:ajava por êste mesmo lugar em que nos en-contramos; éramos sete no compart imento. De repente, um apitode alarma e iâ um formidável choque nos atirava pelos ares.Não t ive tempo de dizer mais que: "S. José, socorro!" Tudo foicoisa de um instante. Ao voltar a mim, vi meus companheiroshorrìvelmente despedaçados e mortos. Eu sofrera apenas levescontusões. Desde aquêle dia retomei as práticas religiosas erepito, sempre com grande confiança: "S. José, socorrei-me!"

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78.sÃo JosÉ E o PRTMETRO ASTLADO

Em 1863 chegava a Barcelona urn grupo de lrmãzinhas dosPobres paÍa ïazer a sua primeira fundação na Espanha. Fo-'ram muito' bem recebidas pelos catalães, que precisavanl nã.opouco de um asi lo para tantos infel izes velhos abandonados quecostuma haver nas grandes capitais. O Asi lo foi, como de cos-tume, colocado sob a proteção de S. José, a quem chamam asIrmãs de Procurador da Casa. No conrêço. por Ìalta de local,aclmit iam sòmente mulheres velhas. Mas, eis que S. José, urnbelo dia, lhes traz o primeiro velho. Era um honrent de 80 anosque se apresentou, dizendo à lrmã:

- Venho aqui para internar-nre.- E ' impossível , rep l icou a Super iora; a inda não pod:rnos

receber nenhum homem.- Seja, mas não há reméclio; f icarei assim mesmo.- Como se chama o Sr.?- Chamo-me José.Êste nome chamou a atenção das lrmãs; além disso era

dia consagrado a S. José. Não hâ remédio, recebê-lo-emos emnome de São José. Y

O velho não possuía mais que farrapos e estava cotrertode insetos. Roupa de homem não havia. A Superiora, chamancloduas lrmãs, disse-lhes:

- Saiam as Senhoras à procura de roupa, enquanto vanloslavá-lo e penteá-lo.

Durante êste breve colóquio ouviu-se a campanhia da por-taria: era uma senhora desconhecida QUe, entregando um em-brulho, se ret irou sem dizer nada. Abriram e viram, com grandesrrrprêsa, que era um traje complets para homem.

O pobre velho chegou ao cúmulo da alegria; nã,o menos,porém. as lrmãs que compreenderam que S. José as convidavaa arnpl iar seus planos de caridade.

O Asi lo cresceu tranqüila e constantemente e dentro de pou-cos anos abrigava mais de duzentos velhos sem que lhes faltasseo pão de cada dia, nem as carinhosas atenções das boas lrmãs-

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79.SANTA PAULA

Natural de Roma, nasceuda mais alta nobreza, pois emp:ões e dos mais antigos reis.

em meados do sécu;o IV. Erasuas veias corria sangue dos Ci-

Apos as perseguições, que loram terríveis, os cristãos re-laxaram-se um pouco. Paula, embora cristã e honesta, vivia comexcessivo luxo e moleza

' A Providência divina enviou-lhe amargos sofrimentos paftdesenganá-la do mundo. Faleceu-lhe o espôso, a quem amavaentranhadamente, e ela mesma contraiu uma grave e prolonga-da enfermidade.

Quando recobrou a saúde, despojou-se cle suas galas e con-sagrou-se por completo à oração, às obras de carictrade e à edu-cação dos f l lhos.

Por motivo da celebração de um concíl io, convocado peloPapa S. Dâmaso, veio a Roma S. Jerônimo, grande amigo doPontífice e inconrparável conhecedor da Sagrada Escritura.Paula tomou-o por diretor espiritual e, seguindo seus conselhos,estudou os Livros Sagrados, especialmente os Evangelhos, e con-cebeu o desejo de visitar e venerar a gruta de Belém.

Apos a morte ue S. Dâmaso, seu amigo S. Jerônimo aban-donou Roma, para dedicar-se de novo a seus estudos bíbl icos.

Queria ultimar sua gigantesca tarefa de traduzir tôda a Bíbliapara o lat im.

S. Paula não tardou a segui-lo. ConÍiou a uma filha casa-da a educação da menorzinha, e ela com FustÓquio, outra desuas filhas, embarcou rumo à Terra Santa.

Com S. Jeiônimo e Eustóquio, percorreu a Palestina. Aochegar a Belém exclamou chorando: "Eu te saúdo, ó Belém,cujo nome quer dizer Casa do Pão celeste; eu te saúdo, antigaEïratâ, cujo nome significa a Fértil, que tiveste por fruto ecolheita ao próprio Criador! E' possível que eu, pecadora, bei jeo berço onde repousou o Menino Deus, ore na gruta, onde deu

Jesus seus primeiros vagidos, onde a Virgem deu à luz o Sal-vador?"

Junto à gruta de Belém levantou um mosteiro para a co-munidade de rel igiosas por ela fundada e dir igida; e nos arre-clores, outro para S. Jerônimo e Seus monges. Construiu, alémdisso, unr ótimo albergue para os peregrinos, e costumava dizer:

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"Se À'laria e José tivessem de retornar a Belém, para o recen-seantento, jâ não lhes faltaria lugar na estalagem".

Passou s. Paula o resto da sua vida meditando a sagradaEscritura, orando e mort i f icando-se conì seveÍas penitências,animada pelo suave pensamento de que al i mesmo dera o Re-dentor admirável l :ção de tôdas as virtudes.

Morreu aos 56 anos e foi sepultada numa gruta ao lado cla-quela do Nascimento.

Sôbre a porta dessa gruta mandou S. Jerônimo gravar emversos estas palavras: "Vês êste humilde sepulcro nõsta rdchacavado? Dentro está de Paula o corpo, e dos bens celestes go-zando está a alma. Deixou pais e pátria e irmão e filhos e aquirepousa, junto à gruta de Belém, onde reis e Magos a Cristoadoraram conìo a Deus e homem".

- Festa: 28 de janeíro.

80.SANTA MARGARIDA DE CORTONA

Nasceu esta Santa no povoado de Laviano, na ltâlia, enì1247. Seus pais eram lavradores e viviam pobremente.

Aos sete anos teve Margarida a desgraça de perder a mãe.O pai casou-se de novo, e a madrasta odiavã a pobre òrfãzinha.Um rico e poderoso senhor dos arredores seduziu-a e levou-apara o seu castelo, rodeado de bosques, com muito luxo e cria-dagem. Nove anos durou a tr iste vida de Margarida naquelecastelo. A miúdo sentia remorsos e como que um desejo de fa-zeÍ penitência, mas não sabia como l ivrar-se daquela míserasituação.

Certo dia, o lebrel favori to de seu senhor aproxintou-se dela,ladrando choroso, e com os dentes puxava-lhe o vestido como sequisesse convidá-la a segui-lo.

Penetraram pelo bosque adentro. Debaixo dum carvalho,junto a um monte de ramos, parou o cão e redobrou seus latidos.Afastou Margarida os ramos e encontrou, banhado em sangue, ocadáver de seu senhor. Haviam-no apunhalado. Surpreendera-oa just iça de Deus.

Aquêle horrível espetáculo iluminou a alma de Margarida.Converteu-se. Resolveu começar vida nova e dirigir-se, effi pri-meiro lugar, ao casebre de seu pai, para desagravá-lo e implorar-fhe perdão.

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Não o alcançou, porque sua madrasta se opôs. Deus, po-rénr, foi mais generoso. A pecadora, compreendendo que pre-cisava confessar-se, para recuperar a graça divina, dirigiu-se aoconvento franciscano da vizinha cidade de Cortona e, ali, aospés do ministro de Cristo, reconci l iou-Ëe com Deus, a quem tan-to ofendera.

Tôdas as penitências lhe pareciam ieves. Cortou sua longae negra cabeleira. Discipl inava-se sem misericórdia. Jejuava apão e âgua.

Num domingo, entrou na igre' ia de sua vi la natal, vestidacle farrapos e levanclo, conto os condenados, uma grossa cordaao pescoço, e pediu pübl icamente que lhe perdoassem os escân-clalos que dera.

Temia não estar bem perdoada. Cria que sint, ntas parecia-lhe impossível, tendo pecado tão gravernente. Até que um dia,enr que estava chorando diante do CruciÍ ixo, a imagem do Cristoabriu os lábios para dtzer- lhe: "Teus pecados te foram per-ciuados".

Margarida foi devotíssima da Paixão do Salvador. NumaSexta-feira Santa, quis Jesus Cristo que ela presenciasse tudo oque acontecera durante a Paixão. Passaram diante de seus olhos:o bei jo de Judas, a negação de Pedro, a cobardia de Pi latos, oódio dos judeus, os insultos na rua da Amargura e ouviu as pa-lavras de Cristo na Cruz; e às três da tarde, hora em que expirounosso Salvador, inclinou também ela a cabeça e pareceu queexpirava. As pessoas presentes náo cessavam de soluçar.

O demônio tentou-a de mil modos; mas, rezando, como cos-tumava, diante do Crucifixo, Jesus a consolou com as seguintespalavras: "Minha filha, tem coragem e obedece ao teu contes-sor; desconfia de t i mesma, mas confia na minha graça".

Faleceu a 22 de fevereiro de 1297, contando cinqüentaanos de idade. Durante os vinte últ imos dias de sua vida, nãoprovou nenhum alimento ou, melhor, o seu alimento era a sa-grada comunhão.

- Festa: 22 de fevereiro.

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81. VISÕES DE SANTA PERPÉTUA

Pouco se sabe da infância e juventude desta Santa. Con-servam-se, porém, as atas de seu martírio, escritas, em parte,p o r e l a m e S m a ; e e m p a r t e ' p o r u m a t e s t e m u n h a p r e s e n c i a l . <

No ano de 202, o imperador Septímio Severo publicou umedito, proibindo tôda propaganda cristã. Condenava à pena ca-pital tanto os convertidos corïro os promotores ou cúmplices desua conversão. O intento era extinguir o crist ianismo.

Numa cidade vizinha de Cartago foi detida a nobre matro- ,na Perpétua e mais otttros catecúrnenos, entre os quais a esci 'ava

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Fel icidade.Meterant-nos no cárcere, onde Perpétua teve várias visões.

Numa delas manifestou-lhe Deus qr5 o martírio a levaria parao céu, sem passar pelo purgatório.

Viu uma alt íssinra escada de bronze, que tertninava no céu.Era tão estreita qlre por ela só podia subir uma pessoa. Da es-cada pendiam diversos instrumentos de suplício. Um forrnidáveldragão procurava impedir que se subisse por ela. Perpétua, iÍt-vocando o nome de Jesus Cristo, pisou sôbre a cabeça do tnons-tro e começou a subir, de suplício em suplício. Ao chegar emcima, surgiu ante os seus olhos um imensd jardim, no meio doqual estava unr Pastor rodeado duma grande mult idão vestida detúrnicas brancas. O Pastor, Jesus Cristo, f ixou em Perpétua seusamáveis olhos e saudou-a com estas palavrasminha f i lha. E tôda a mult idão exclamou: - Assim seja.

Noutra visão, Deus manifestou-lhe que podia satisÍazer porseu irmãozinho Dinócrates, cuja alma se achava no purgatório.

Viu Dinócrates saindo dum lugar tenebroso, onde haviamuita gente. Estava pál ido, como se a sêde o abrasasse. Próximodali encontrava-se um tanque cheio d'água cristal ina, cujas bor-das eram demasiado altas para que o menino pudesse beber. Eo pobrezinho sofr ia, pondo-se nas pontas dos pèzinhos, sem po-der alcançar a água. . . Perpétua ofereceu por Dinócrates suasorações e as penas que suportava no cárcere.

Um dia puseram-na várias horas no cepo, presos os péscom argolas de ferro. Ofereceu também êsse sacrifício pela almade seu irmãozinho, e teve outra visão. Dinócrates, l impo, benlvestido, estava cheio de paz e alegi ' ia. As bordas da piscina

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eram mais baixas e o menino bebeu daquela âgua misteriosanum copo de ouro.

" E n t ã o - d i z a S a n t airmã,ozinho deixara o lugar. Perpétua e Fel icidade,litrfrrgica a 6 de morço.

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- despertei e compreendi que meuda pena".as duas mártires, têm a sua festa

OS QUARENTA LEGIONÁRIOS

A famosa Legião Fplminante, junto com outras fôrças, es-tava acampada na cidade de Sebaste (na Armênia), quando porordem do governador daquela região, o feroz Agrícola, se leuum edito do imperador Licínio, em que se ordenava aos cristãosque oferecessem sacrifícios aos deuses. falsos.

Quarenta daqueles leg-tnários se negaram a cumprir a or-clent clo irnperador. Conduzidos à presença de Agrícola, respon-deranr aos seus agrados e ameaças dizendo: "Tu nìesmo reco-nheces que pelejamos heròicamente pelo imperador da terra. Com-batemos, todavia, com mais valor pelo do céu".

Entre outros suplícios, eu€braram-lhes os dentes com pe-dras e arrancaÍam-lhes as carnes com gartos. Finalmente, le-\/al-anr-nos a um ta,rque gelado e alì tiveranr de passar a noitedespiclos, no maior fr io do inverno.

Junto ao tanque, Agrícola manclou pôr alguns banhos, cujaâgua, aquecida por braseiros, convidava os mártires a renegar asua fé e a submergir-se nelas. Durante a noite, os guardas ador-meceram; só f icou acordada a sentinela. Um dos quarenta cris-tãos não resistiu à tentação. Gritando que renegava a Cristo, saiudo tanque e submergiu no banho quente; mas aquela ntudança,por dernais rápida, ocasionou-lhe a morte, perdendo, assim, avicia temporal e a eterna.

Em seguida, a sentinela viu um anjo que, descendo do céu,coÍoava sucessivamente os trinta e nove que haviam permane-cido no tanque. F:cou o anjo com uma coroa na rnão, parecendoaguarclar alguém que substituísse o apóstata. A sentinela, ihl-nrinada e movida pelo Espírito Santo, exclamou: "Eu tambémsolr cristão". Seus companheiros, que despertaram ao grito, vi-rarn-no despir-se e entrar no tanqne gelaclo, onde o anjo o es-perava para coroá-lo. Não era cristão, mas recebeu o batismode sangue.

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Ao romper do clia, os guardas quebraram as pernas cÌosquarenta legionários e recolheram.seus cadáveres num carro pararecluzi- los a cinzas.

Só unt, o mais môço de todos, chamado Àlilitão, sobreviveraà temperatura glacial e à fratura das pernas.

Durante o trajeto para a fogueira, os verdugos exortavam - :no a apostatar :

"Ainda podes salvar a tua vida diziam-lhe e Agrí-cola dar-te-á r iquezas".

Mas a mãe do jovenr, que com outros parentes dos ntâr-t ires acon-Ìpanhavam o carro, sobrepondo-se ao amor natural :que sentia pelo f i iho, exortava-o a manter-se Ì iel a Jesus Cristo,cl izenclo: "Ternrina conl teus conrpanheiros esta bendita viagem,pois, ainda que sejas o últ imo a chegar ao céu, não o serás diantcde Deus". Ressoavam ainda estas palavras e já aquêle f i lho ben-dito voava païa o céu. v

- Festa: 10 de março.

83.SÃO CLEMENTE MARIA

Nasceu s. clemente a 26 cle dezembro de r75r numa al-cieazinha da Austr ia. Contava sete anos apenas, quanclo lhe mor-] elr o pai. A mãe, tomando um d;a o f i lhinho pela mão, levou-oà igreja e, cl iante de um belo e devoto Crucif ixo, disse-lhe:"À4eu f i lho, de hoje em diante teu pai é Jesus; não te apartesjamais do carir inho que lhe agrada". Êsse conselho f icou gravadono coração e na memória de Clemente, servindo-lhe de estínulonas horas cl i f íceis de sua v:cla. Depois de ter sido, sucessiva-mente, aprendiz, eremita, peregrino e estudante, entrou, afina!,na Congregação dos Paclres Redentoristas, em Roma, ordenan-do-se sacerdote, quando já contava 34 anos de idade.

S. Afonso, ouvindo ïalar dêle, disse profèticanrente: ,,ÊssePadre Ìará grandes coisas para a glória de Deus".

Em Ìavor das crianças pobres e órfãs saía o santo a es-molar, expondo-se a hunrilhações e vexames. Sacrificava-se pelobem das crianças. Saiu, um dia, a esmolar e vendo na varandaduma casa muitos homens em alegre reunião, julgou que ali Íe-ceberia um bom auxílio para o orfanato. Aproximando-se mo-cÌestanrente de unl daquefes senhores disse-lhe:

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Page 91: Tesouros de Exemplos

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- Meu amigo, venho pecl ir- ihe unl auxíl io para os nleusòrfãozinhos.

O homern, nada anr:go de paclres, e ainda menos dispostoa dar esmolas, cobriu-o de injúrias e, exaltado ao extremo, comsumo desprêzo escarrou-lhe no rosto. Clemente, com grande cal-ma e paciência, toma o lenço, l impa o rosto, e cl iz:

- Meu amigo! isto foi para mim; agora clê-me algumacoisa para os meus Òrfãozinhos.

Não houve, entre aquêles homens, quem não admirasse aheróica nransidão de Clemente. O propno ofensor, arrependido,deu-lhe unra boa esmola e tornou-se grande admirador do Santo.

Em suas pregações era Clemente bastante original. Haviano lugar, onde pregava, uma rrelha, mulher do ferreiro cla vi la,que se contentava com uma úir ica confissão anual. Clementeexortou-a a confessar-se nlais vêzes, pois não demoraria a com-parecer cl iante cle Deus.

- Mas, padre, que dir ia a gente se a mulher do ferreirofôsse confessar-se muitas vêzes?

No domingo seguinte, depois de pregar sôbre a freqüêncirdos sacramentos, de repente exclama:

- Mas a velha "ïerreira" diz: "que dir ia a gente se a mu-lher do ferreiro ïôsse confessar-se muitas vêzes?" E olhando pa-Ía a mesma, que timbém ali estava, perguntou:

- o' boa "ferreir inha", que dir ia a gente, se a ferreira es-t ivesse no inferno?

uma testemunha de suas pregações dizia: "euando prega-\ã, parecia um serafim. Freqüentes vêzes os numerosos ouvintesnão potjianr conter as lágrimas nem reprimir os soluços. Comoconfessor, eÍa extraordinário. Parecia ler nas consciências. Umavez, unl nrôço, logo após o sermão, procurou-o para confessar-se.

- Ainda não (respondeu o Santo); vem comigo. E condu-zindo-o a um quarto, aponta p4ra o crucifixo e diz: olha,aprende aqui a tua l ição.

Rosa, aluna dum colégio, estava à morte. Agitava-se egritava:

- O cão prêto quer me devorar. . . O cão prêto quer med e v o r a r . . .

Chamaram a Clemente. Apenas penetrou nomou a menina: - O cão prêto está fugindo. . .desapareceu. . .

O Santo preparou-a para a nrorte, que náa

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- Irmãs, disse, temos no céu mais um anjo que rezarétpor nós.

S. Clemente, chamado com razã,o o Apóstolo de Viena e oPropagador insigne da Congregação Redentorista, após uma ati-vidade estupenda, entregou sua bela alma a Deus no dia 15 dcmarço de 1820, na idade de 69 anos. Foi canonizado a 20 demaio de 1909.

- Fests: 15 de fftarco.

84.SANTA CATARINA DE GÊNOVA

Esta Santa, talecida em l510, não foi santa desde seus pri-nreil 'os anos de vida.

Nasceu rica, viveu entre as dversões e nos clias cle suamocidade não foi lá rnuito piedosa, não. Era conro tantas môças,de hoje que pensam ser muito santas, só porque vão à missade preceito e não dão graves escândalos.

Casou-se, af inal, com um môço muito r ico, o qual cle cristãotinha apenas o nome. Isso bem o sabia ela antes cle casar-se;mas, como acontece, deixou-se fascinar pelas riquezas, pela ele-gância e até pelas audácias daquele aventu_.eiro do amor.

E sucedeu o que era de esperar: aquêle homem, poÍ cal lsade sua vida licenciosa, não pôde tazê-la feliz. Enquanto ela, enr'casa, chorava a sua desgraça, êle, como louco, corria de orgiaem orgia. Esquecida de Deus, a pobre mulher nraldizia a horaem que se casara com um vi lão conlo aquêle.

Menos mal. Morreu o canalha (e dizem que morreu con-vert ido), e a jovem viúva pôde respirar. Buscou ainda a felr.cidade nas diversões, reuniões barulhentas e nos espetáculos.Tinha uma fome canina de fel icidade, e cada dia se sentia maisdesgraçada.

Certo dia, ouviu uma voz- Catarina. so em Deus

fel icidade.

interior que lhe clizia:acharás o verdadeiro alltor e a

A jovem viúva f icou muito comovida. Parecia-lhe, porém,intpossível que a fel icidade estivesse escondida atrás das gradesde um convento e debaixo de um grosseiro hábito religioso.Não entrava em sua cabeça que o amor pudesse viver no si-lêncio do claustro e entre ci l ícios e discipl inas.

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Catarina tinha uma irmã, Qü€, mais piedosa do que ela, selizera religiosa e vivia contentíssima no convento. Quantas vê-zes esta santa religiosa, prostrada aos pés do sacrário, haviapedido a Jesus por aquela irmãzrnha sua, que andava pelo mundo,tão fút i l , tão inlel iz !

Deus atendeu a sua oração. Um dia Catarina foi v:si tá-la.Estao,'a triste como nunca a pobre viúrva. E ali, no regaço de suasanta irmã, deixou correr lágrimas muito amargas. Disse-lhe:Sou uma desgraçada; o mundo é um impostor; o amor não émais que egoísmo brutal; não, não agüento mais! quero morrer.

A santa irmã deixou que ela se desabafasse e, enxugandoas lágrimas, disse-lhe:

- Catarina, parece nrentira que ancles tão louca e enga-nada. Jâ náo te disse mil vêzes que só Deus é a verdadeira te-l icidacle, que só nêle encontrarás o amor pl lro que não deixa naalma remorsos e desenganç;?. . . Deus te chama ao seu amor etu te empenhas em fazer-te surda às suas vozes amorosas. Re-solve-te de uma vez a consagrar-te a Deus e encontrarás a paze o amor. Faze uma boa conÌissão e confia na divina miseri-cordia. Estou certa de que Nosso Senhor te larâ fel iz.

A dor e os desenganos, e mais que tudo a mesma graça deDeus haviam preparado já o coração de Catarina. Caiu de joe-lhos diante da imagem de Jesus cruciticado e chorou amarga-mente, dizendo: Meu Jesus, não mais pecar, não mais pecar.

Jesus, Amor int ini to das almasn toma o meu coração. E' teu.E assim, banhada em lágrimas, ajoelhou-se aos pés de unl

santo confessor' . Al i estêve longo tempo. Quando se levantotl ,jâ era outra.

-Ajoelhara-se pecadora, levantara-se santa, porque êsse foi ocl ia de sua definit iva conversão.

Dai em diante vivett e morreu como santa.- Festa: 22 de março.

85.A VIDA LENDARIA DE SÃO DIMAS

Contam antigas lendas que a Sagrada Famíl ia, ao fugir parao Egito, quis reÏugiar-se, pata passar a noiteo numa cova QUe'por desgraça, era uma guarida de ladrões.

O Capitão dos bandiclos sentiu-se comovido ao veÍ a ve*nerável bondade de S. José, a pureza e formosura da SS. Vir-

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gern e o olhar todo celeste do Menino Jesus. Acolheu-os, deu-lhes de comer e, na manhã seguinte, ofereceu-lhes pão para aviagem e, a Maria, uma bacia d'água para banhar o Menino. Ocapitão t inha um Í i lhinho, da idade de Jesus aproximadamente,que se achava coberto de lepra. Nossa Senhora, corresponclendoas frnezas daquele homem rude e duro, mas que algo de bomtinha no coração, aconselhou-o a lavar o filhinho na água enlque banhaÍa a Menino Jesus.

Assim o ïëz o bandoleiro e, no mesmo instante, seu Ì i lhi-nho f icou curado da lepra. O capitão lembrou ntuitas vêzes aofi lho a quem devia a saúde e a vida, dizendo: "Foi o rni lagredum Menino cle tua iclade, QUe seria, quem sabe, o À4essias anun-ciado pelos profetas".

Crescendo, seguiu aquêle menino o exemplo do pai, tor-nanclc-se ladrão. Prêso e condenaclo à morte, ao subir ao Cal-vário, ia pensando em Jesus, seu companheiro de suplíc:o, queera tão santo e paciente, Qüs, sem ciúvida, havia de ser o Mes-sias, aquêle mesmo Menino que o l ivrara da lepra. As lendasdizem que o bom ladrão se chamava Dintas e o mau, Gestas.Ambos foram condenados a morrer junto com Jesus e no mes-mo suplício.

Atrás de Jesus subiranr ao Calvário, Ievanclo suas cruzes.Junto com êle foram levantados nas respectivas cruzes. ViramcoÍïle os soldados repartiram.entre si as vestes do Salvadorl mas,conro a túnica era de uma só peça, t i raranr a sorte a ver quenla levaria. Ouviram as palavras de Cristo: "Pai, perdoai-lhes por-que não sabem o que f.azem".

Jesus era objeto de todos os insultos. A mult idão, cul iosa esoez, passava por diante dêle, e, movendo a cabeça em sinalde desprêzo, dizia: "Vamos! tu que destróis o templo de Deuse enr três cl ias o reedif icas, salva-te a t i mesmo. Se és o Fi lhode Deus, desce da crt)z. . ."

Todos blasfemavam e insultavam a Jesus. Mas a graça o,pe-rou um milagre: Um dos ladrões, Dimas, considerando as vir-tudes sôbre-humanas de Jesus, creu ser êle o Messias prometidoe amou de todo o coração a Bondade infinita. Dirigindo-se aCestas, o outro crucificado, repreend€ü'o, d:zendo: "Como nã,otemes a Deus, estando como estás no mesmo suplicio? E' justo,na verdade, que soframos por nossos crimes, mas Jesus, que malfêz ê le? '

E cheio de esperança e com grande arrependimento disse

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a Jesus: "Senhor, quando chegares ao teu reino, lembra-te demim". Jesus, olhando Dimas com inf inita misericórdia, íespon-deu: "Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo noparaíso" .

Naquela mesma noite, a alma de Jesus visi tou o l imbo dosjustos e concedeu ao bom Ladrão a vista de Deus, a fel icidadeeterna.

Festa: 25 de ntorco.

86.PREGADOR QUE SACUDIA O AUDITÓRIO

Nascido enl meados do seculo XIV, na formosa Valença,S. Vicente Ferrer, !â na' infância, deu ciaros indícios cla extraor-dinária missão que Deus lhé reservava.

Gostava de ouvir sermões, para, depois, reunidos os seuscolegas, repetir- lhes com grande ardor os trechos mais impres-sionantes.

Aparecerâm, no pescoço de um seu amiguinho de cinco anos,umas chagas malignas. Vicente foi visitá-lo e, pa::a mortiticar-see al iviar o doente, lambeu-lhe as chagas, QUe, imediatamente,desapareceram. Êste- loi o primeiro milagre que operou.

Aos dezoito anos entrou na Ordem Dominicana, tornanclo-se professor famoso em várias universidades. Mas o fruto obtidopor seus sermões tê-lo abandonar a cátedra e dedicar-se exclu-sivanrente à pregação.

Percorreu, como pregador, grande parte da Europa, nãofaltando enì nenhuma de suas missões o famoso sermão sôbreo Frm do mundo e o luiz'o universal. Certa vez, ao pregá-lo nu-ma praça diante de milhares de ouvintes, quando pronuncioucom voz terrível aquelas palavras dos anjos: "Levantai-vos, mor-tos, vinde ao Juizo!", todo o auditório caiu por terra, comomorto;e, todos, ao se erguerem, estavam pálidos e a tremer, como sesurgissem dos sepulcros.

Outra vez, pregando o mesmo sermão, disse ser êle o anjo,do qual S. João diz, no Apocalipse, que cruzarâ pelos ares, cla-mando: "Temei a Deus e honrai-o, porque está chegando ahora do Juí2o".

Escandalizaram-se alguns,o Santo, pata provar-lhes que

ao ouvirem tais palavras; mastinha razã.o, mandou que trou-

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Page 96: Tesouros de Exemplos

xessem uma defunta que era levad a ao cemitério. Vários homenssairam e, realmente, 'encontrararn o cortejo fúnebre e trouxeramà praça o caixão. Puseram-no, por ordem do Santo, no meio dopovo. O pregador mandou que a defunta se levantasse e con-vidou-a a reconhecer que era êle o anjo do Apocalipse, enviadopor Deus para lembrar aos homens o f im do mundo. Ela con-firmou a palavra do Sant'o, diante daquela imensa multidãoadmirada.

Dir igindo-se à ressuscitada, perguntou S.res viver ou morrer de novo? Quero viverpelo céu.

E aquela muiher foi por muitos anos umpoder de S. Vicente.

Seus serntões convertiam cidades inteiras e enchiam os se-minários e os conventos. Seguiam-no milhares de penitentes, in-do os hontens à direita, as mulheres à esquerda e no meio ossacerdotes, rezando todos o rosário e cantando hinos rel igiosos.Era de ver o fervor com que todos taziam penitência, discipli-nando-se e implorando o perdão de seus pecados.

Vicente morreu coÍno santo em 1419.

Festa: 5 de abril.

87.SANTA CASSILDA

Era princesa moura, filha do rei de Toledo, e nasceu emfins do século décimo.

Seu boníssimo coração estremecia diante das misérias e so-frimentos que suportavam os escrav,os cristãos, aprisionados pelorei em suas campanhas guerreiras.

A princesa visitava as masmorras e socorria os prisioneiroscom dádivas e palavras consoladoras.

Êles, em troca, instruíam-na pouco a pottco na doutrinacristã.

Atraída pela beleza de nossa religião, tão heróica e ao mes-mo tempo tão misericordiosa, Cassi lda pedia a Nossa Senhora,da qual lhe haviam falado os cativos, que se compadecesse delae lhe mostrasse o caminho para receber o batismo e viver se-gundo a fé cristã.

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A virgem atendeu às suas súpl icas. cassi lda começou a sen-tir-se doente de um mal estranho que lhe consumia os ossos, econtra o qual se mostravam impotentes os melhores médicos.

um cativo cristão contou-lhe Qü€, perto de Burgos, haviauma fonte, chamada de S. Vicente, cujas águas curariam a suadoença.

A princesa referiu ao pai o que ouvira do cativo e pediu-lheIicença para experimentar aquêle remédio. Seu pai opôs-se, aprincípio, por achar-se a fonte em terra de cristãos; mãs, dianteclos progressos da enfermidade, terminou por aceder.

Acompanhada de um séquito deslurnbrante, chegou Cassi ldaa Burgos, onde foi cortêsmente recebida pelo rei Fernando I'de Castela e hospedada com tôdas as honras. Dir igiu-se logo àprodigiosa fonte e, quando se banhou em suas águas, recobrou asaúde corporal. Atr ibuindo-l à intercessão de Nossa Senhora,acabou de instruir-se na doutrina cristã e, pouco depois, as águasdo batismo deram-lhe a saúde da aima.

o rei, seu pai, alarmado com a demora e com as notíciasque recebia, enviou-lhe mensageiros com a ordem de regressarimediatamente.

s. cassi lda mandou dizer- lhe que já era princesa do céu eque, por seu reino tgmporal, nã.o queria perder o Reino eterno.

Mandou construìr uma humilde cela perto da fonte mila-grosa e da igreja, onde recebera o batismo e ali passou a vida,dando exemplo de tôdas as virtudes, especialmente de caridadee penitência.

Sua festa cai no dia g de abril; e suas preciosas relíquiassão veneradas, atualmente, parte na catedral de Burgos e partena de Toledo.

Festa: I de abril.

88.SANTA CATARINA DE SENA

Nasceu em sena, cidade da ltália, €Íil ls[T, no dia em quea lgreja celebra o mistério da Encarnação.

Seu pai dedicava-se à indústr ia t intureira.catarina fôra precedida, no lar paterno, por vinte e um ir-

mãos. Contava apenas seis anos, quando Nósso Senhor a fa-voreceu com uma visão extraordinâria e profética.

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Sôbre a tôrre do convento de S. Domingos vin unt tronoresplandecente, no qual estava sentado Jesus Cristo, revestidoconro um Papa, com a tiara na cabeça, e tendo a seLl laclo S.Pedro, S. Paulo e S. João. Jesus Cristo infundiu-lhe um conhe-cimento sobrenatural do que é a Igreja e unt amor ardentíssirnoà mesma, e anunciou-lhe que seria uma grande capitã de seusexércitos e que se valeria dela para purif icar a sua lgreja.

Aos catorze anos, manifestou a seus pais o desejo cle in-gressar na Ordem Terceira de S. Domingos. Para provar sua vo-cação, empregaram-na nos trabalhos mais humilcles. Foi a criadade todos. Portou-se com tamanha humildade que seus pals con-sentiram que seguisse a vocação rel igiosa.

Para que compreendesse ainda mais a lgreja, Jesus Cristofê-la morrer, e sua alma, separada do corpo, percorreu o céu eo purgatório e mostrou-lhe mesmo o inferno, onde os separadospara sempre da lgreja sofrem eternamente, e logo a ressuscitou.

Assim preparada, começou o seu apostolado. Não pregavados púlpitos, porque isso compete aos sacerdotes; f.alava, porém,a enormes auditórios tanto nas praças como em pleno carnpo.Seguiam-na milhares de discípulos, entoando salmos de peni-tência; seguiam-na muitos sacerdotes, que confessavam os pe-caclores arrependidos. Aquêles eram para a Igreja dias dif íceis. OPapa mudara-se para a cidade de Avinhãq na França, e estatroca de residência do bispo de Roma escandali zava e cl ividiaos catól icos.

Obedecendo a Jesus Cristo, S. Catarina apresentou-se aoPapa, que era Gregório XI, e int imou-o a voltar para Roma. 0Pontífice pediu-lhe uma prova de que o Espírito Santo a inspi-rava e ela respondeu: "Tu mesmo o prometeste, com voto, nodia de tua elevação ao Pontificado". O Papa, ao ver descobertoêsse segrêdo, que a ninguém da terra havia confiado, não vaci-lou mais e transferiu-se para Roma.

S. Catarina pediu a Deus que aceitasse a sua vida pela sal-vação do sucessor de Gregório X[, Urbano VI, a quem os cle-mônios queriam assassinar, induzindo os romanos à sublevação.Aceitou Jesus a sua oferta, sendo a sua últ:ma entermidade umverdadeiro martírio. Seu corpo parecia um esqueleto.

A 29 de abril de 1380, aos trinta e três anos de idade (istoé' na mesma idade em que morreu Jesus Cristo, segundo se crê)seu rosto iluminou-se e sua alma voou para o céu.

Festo: 30 de abril.

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89.O SIGILO DA CONFISSÃO

S. João Nepomuceno, natural da Boêmia, foi martirizadaem Praga no ano de 1393.

Seus pais, de iclade bastante avançada, desejando ter su-cessão, visi taram como peregrinos um santuário de Maria, ondeimploraram a graça.

Dizem QUC, ao nascer-lhes o filho, baixou do céu uma luzque env,olveu tôda a casa em forma de auréola.

A primeira coisa que o menino quis aprender na escola foio catecismo e o modo de ajudar à missa. Tôdas as manhãs cor-ria ao convento e com edificante piedade servia de coroinha.Sentindo vocação pan padre, foi para Praga, capital do reino,onde estudou, recebeu as sagradas ordens e começou a pregar"Tendo seus sermões produzido notável mudança nos costumes,foi nomeado cônego e pregador da côrte. Quis o rei Venceslauque o Santo fôsse sagrado bispo i loáo, porém, que era muitohumilde, decl inou daquela honra, mas continuou desempenhandoo cargo de confessor da rainha.

Aconteceu que o rei começou a entregar-se a excessos de-gradantes: embriagava-se com f reqüência e deixava-se arrebatarpela cólera a ponto de mandar meter num forno aceso seu co-zinheiro, pelo simpleì fato de lhe ter servido uma ave mal assada.

Entre outras alucinações, concebeu a idéia de que sua espôsaera infiel e quis vingar-se. À{as como essa idéia náo se apoiavaem prova alguma, chamou o confessor da rainha e exigiu querevelasse os pecados ouvidos na confissão da mesma, prometen-do-lhe grandes recompensas. S. João respondeu: Não possoquebrar o sigi lo sacramental. Tenho que servir e obedecer aDeus antes que aos homens. Venceslau mandou atormentá-lo comtenazes em brasa e encerrá-lo num cárcere escuro. Mas, vendoque nada conseguia e tendo a rainha intercedido por seu santoconfessor, deixou-o em liberdade.

Isso, porém, não durou. Um dia, voltava o Santo de umavisita ao santuário de Nossa Senhora de Bunzlau e, ao passarperto do palácio real, o cruel Venceslau viu-o e, num de seusarrebatamentos de cólera, ordenou aos soldados que ,o prendes-sem e disse-lhe: - Olha, padre: agora não se trata de guardarsiiêncio. Se não me dizes iá, os pecados que sabes da rainha,beberás tôda a água do rio Moldava. O Santo não respondeu atão insolentes palavras. Limitou-se a cruzaÍ os braços e a orar.

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Ataram-lhe ose arrojaram-no damilagrosamente ol7 tg estava aindacramental.

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90.SANTA RITA DE CÁSSIA

Nasceu esta Santa a 22 de maio de 1381, numa povoação-zinha chamada Rocca Porrena, não muito distante de Cássia, naItália.

Quando os pais, que eram lavradores, iam trabalhar na roç4,depositavam a filhinha num cestinhq de vime, que colocavam àsombra duma árvore.

Urn dia, enquanto lavradores e pássaros cantavam alegres,a criança sonhava e agitava as débeis má,ozinhas, tendo os o'lhosvoltados para o céu azul. Foi então que se deu um fato curioso,como se lê em sua biografia. Um grande enxame de abelhasbrancas envolveu a menina, produzindo um zumbido especial.Muitas entraram em sua bôca e nela depositaram mel; e o maisinteressante é que nenhuma a picava, como ìe não tivessem fer-rões. Nenhum chôro da criança se ouvia; de modo que os paisperceberam o fato, quando um dos ceifeiros se feriu com a pró-pria foice e quis ir a Cássia para o necessário curativo. Ao passarperto da criança viu as abelhas, que logo começaram a zumbir-lhe ao redor da cabeça. Parou e agitou as mãos para livrar-sedelas e no mesmo instante a sua mão ferida cessou de sangrare o ferimento Íechou-se. Deu gri tos de surprêsa e, quando ospais da criança chegaram correndo, o enxame estava de novorodeando a criança. Êste fato é relatado pelos biógrafos da Santae transmit ido pelas l ições do Breviário.

Rita cresceu e, contra seu desejo, Íoi por seus pais dadaem casamento a um homem que a ïêz sofrer muitíssimo. A santanão só soube suportar tudo coÍn heróica paciência, como aindaconseguiu a conversão do espôso. Após o falecimento dêste, pe-diu admissão num convento, mas não' a receberam. Deus, po-rém, a queria no convento e, certo dia, por um milagre, quandoas religiosas, de madrugada, entraram no oratório, lâ estava aSanta a rezar.

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pés e mãos, meteram-lhe na bôca uma cunhaponte principal de Praga ao rio. Encontradoseu cadáver, sepultaram-no na catedral. Emincorrupta a língua do mártir do sigilo sa-

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O milagre da videira sêca é daquele tempo. A superiora,para pôr à prova a obediência da boa noviça, ordenou-lhe queregasse de manhã e de tarde um madeiro sêco, provàvelmenteum galho de videira que só servia para o fogo. Rita não opôsdificuldade alguma: de manhá e de talcie, com admirável sim-plicidade, desempenhava a sua tarefa, enquanto as Irmãs a ob-servavam e se edificavam. Muito tempo durou a prova, ocasiãonaturalmente de muitos merecimentos païa a Santa. E Deus,também, quis manifestar quanto lhe agradou a obediência da vir-tuosa noviça. E foi assim: Um belo dia f icaram as Irmãs es-tupeÍatas; e não era para menos, pois aquêle galho sêco começoua viver: surgiram brotos, apareceram fôlhas, estenderam-se Ía-mos e uma bela videira deu a seu tempo del iciosas uvas. Foium milagre evidente e que perdura até hoje, pois a videira mi-Iagrosa lá está na horta das agostinianas de Cássia pan teste-munhar a obediência da Santa.

Benzem-se as uvas, que produz, e pelo seu uso e pela in-vocação da Santa obtêm-se grandes graças e maravi lhosas curas.

A 22 de maio de 1457 voava pan o céu aquela santaalma. São inúmeros os fatos maravilhosos devidos à sua inter-cessão. EIa é, por isso, chamada a Santa dos impossíveis.

Foi canonizada por Leão XIII em 1900.Festa: 22 de ruio.

91 .SÃO PEDRO, APÓSTOLO

Nasceu em Betsaida, cidade da Gali léia. Seu pai chamava-seJonas, nome que por singular coincidência significa "pomba".

Em certo sentido, todos os Papas são f i lhos da pomba,porque na eleição dos mesmos inf lui o Espír i to Santo. E S. Pe-dro havia de ser o primeiro Papa.

Tinha êle um irmão chamado André, e dois primos, Tiago eJoão, ïilhos de Zebedeu e pescadores, como êles, no lago deTiberíades. Casara-se Pedro em Cafarnaum, pôrto famoso da-quele lago, e vivia muito bem com os seus. Prova disso é que

Jesus, sem dúvida a pedido de Pedro, curou-lhe a sogra. Nãosó era bom espôso, mas - coisa menos freqüente - era tam-bém bom genro.

Um dia entrou Jesus na barca de Pedro e seus companheirose mandou que remassem parc o alto mar e lançassem as rêdes.

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- Mestre, (disse Pedro), trabalhamos a noite inteira e nãopegamos nem um peixinho; mas, já que assim o queres, €ffi teunome lançarei as rêdes.

A pesca foi tão abundante que Pedro se lançou aos pésde Jesus, supl icando: _- Afasta-te de mim, Senhor; eu não soumais que um miserável pescador.

- Tem confiança e segue-rne. De hoje em diante seráspescador de homens.

E Pedro, abandonando tudo, seguiu, prontamente a Jesus.Cristo dist:nguiu-o muito e prometeu-lhe que o ïaria seu Vigárioe chefe supremo da Igreja. Pedro, por su,a vez, foi o primeiroa af irmar categòricamente que Jesus eÍ,a o Fi lho de Deus.

Durante a últ ima ceia, Pedro mostrou-se excessivamenteconfiado nas próprias fôrças. Jesus, porém, disse a êle e aosoutros QUe, qu.ando o vissem prêso e martratado, todos o aban-donariam. Pedro repl icou impetuosamente: - Ainda que todoste abandonem, eu não te abandonarei.

Nosso Senhor repreendeu-o suavemente, porque sabia queo ardoroso Apóstolo o havia de negar três vêzes. E assim foi.Mas Pedro, segundo contam os antigos, chorou tanto êsse pe-cado, que as lágrimas abriram dois sulcos em suas faces.

Depois da Ressurreição foi por Jesus Cristo nomeado sole-nemente Chefe supremo da lgreja, que governou até à morte.

Em Jerusalém, o rei mandou prendê*ro para, depois da pás-coa, dar-lhe a morte. Mas, ouvindo as preces dos fiéis pelo pri-meiro Pontífice, enviou Deus um anjo à prisão e o Apóstolo toi.l ibertado

Depois de ter estado em Antioquia, f ixou pedro a sua sedeem Roma, de onde governava tõda a lgreja.

Quando Nero decretou a primeira perseguição contra oscristãos, S. Pedro foi encerrado na prisão Mamertina, onde per-maneceu vários meses em companhia de S. paulo.

A 29 de junho do ano 67, o príncipe dos apóstolos foi cru-cif icado sôbre uma col ina às margens do r io Tibre. pediu e obteveque o pregassem na cÍuz de cabeça para baixo, por se julgarindigno de morrer da mesma forma que seu divino Mestrô. Nolugar do glorioso martír io de S. Pedro levanta-se hoie o Va-t icano, onde reside o seu sucessor, o Papa.

Festa: 29 de junho.

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92.SANTA MARIA MADALENA

Nasceu, provàvelmente em Betânia. Foi filha, segundo S.Antonino, de Siro e de Êucaris, ambos muito considerados porsua nobreza e fortuna. Eram seus irmãos À{arta e Lâzaro, aquem Jesus Cristo ressuscitou.

Maria Madalena, pela morte de seus pais, herdou o castelode Mágdala e converteu-o em palácio de prazeres mundanos.Suas paixões e as carícias, de que era alvo por causa de suaformosura, levaram-na a cometer graves pecados. Talvez porconselho de seus irmãos foi um dia ouvir a pregação de Jesus.Foi para ela a hora da graça. A grande pecadora escreveS. Cregório - começou a amar a Verdade e resolveu mudar devida; antes, porém, quis obter o perdão de seu Mestre.

Estava Jesus à mesa em casa de um fariseu, chamado Si-mão. Maria de Mágdala ajoelhou-se a seus pés, regou-os comsuas lágrimas de arrependimento, perfumou-os com riquíssimoaroma e enxugou-os com seus próprios c.abelos. O fariseu diziaconsigo: "Se êste homem fôsse profeta, bem saberia quem é essâmulher e não consentir ia que lhe bei jasse os pés". Mas Jesus,penetrando-lhe os pensamentos, disse: "Simão, vês esta mulher?Entrei em tua casa, e não me deste âgua para os.pés; ela, po-rém, banhou-me os pés com suas lágrimas e enxugou-os comseus cabelos. Não me deste o bei jo da paz; ela, porém, não ces-sou de bei jar-me os pés, desde que entrou. Não me ungiste a ca-beça com perfume; ela, porém, ungiu-me os pés com bálsamoprecioso. . . Pelo que te digo que lhe são perdoados os seus pe-cados, porque amou muito". Depois disse à pobre Madalena:"Os teus pecados te são perdoados". E acrescentou: "A tuafé te salvou; vai-te em paz".

Os Evangelhos contam vários outros episódios em que in-tervém Maria Madalena. Com S. João e as santas mulheresacompanhou Jesus durante a paixão, estêve ao pé da cruz e aju-dou a amortalhar o corpo do Senhor. No Domingo, foi a pri-meira a chegar ao sepulcro e, achando-o vazio, correu a avisara S. Pedro e a S. João. Verificado o fato, voltaram para casa;Maria, entretanto, continuou a chorar junto ao sepulcro. Olhan-do para o interior do mesmo, viu dois anjos vestidos de branco,sentados um à cabeceira e o outro aos pés, que lhe perguntaram:Mulher, por que choras?" Choro, respondeu, "porque levaram

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daqui o meu Senhor e nã,o sei onde o puseram". De repente,ouve passos. Volvendo e olhar, vê Jesus a quem toma pelo hor-telão e diz: "Se tu o t iraste daqui, dize-me onde o puseste e euo levarei". Então o suposto hortelão pronunciou-lhe o nome:"Maria!" Ela, reconhecendo a voz de Jesus, diz: "Mestre!" equis bei jar- lhe os pés. - Mas Jesus se opôs, dizendo: "Não metoques, porque ainda não subi ao Pai", e encarregou-a de anun-ciar aos discípulos a Ressurreição.

Segundo antiga lenda, S. Madalena teve de fugir da Pales-tina, em companhia de seus irmãos Lâzaro e Marta, indo es-tabelecer-se em MaLselha. Dizem que Lázaro foi o primeirobispo dessa cidade. A nossa Santa, porém, retirada a uma gruta,passou seus últ imos tr inta anos de vida fazenclo r igorosíssimaspenitências.

A lgreja celebra a festa desta Santa a 22 de julho.

93.sÃo JoÃo MARrA VTANNEY

Nasceu de famíl ia humilde numa pequena aldeia da França,em 1785. Aos oito anos guardava um pegueno rebanho e, le-vando consigo um,a imagenzinha de Nossa- Senhora, reunia oscompanheiros da sua idade e diante da imagem rezavam o ro-sário. Outras vêzes, confiava à sua irmãzinha a guarda das ove-lhas e procurava um lugar sol i tár io para Íezat.

Aos treze anos deixou o rebanho e começou a trabalharna roç4.

"Quando estava na roça - conta êle mesmo - rezava emvoz alta, se não havi,a ninguém perto; e em voz baixa, quandohavia ali algum companheiro. Ao manejar a enxada, costumavadizer: E' preciso aÍrancar da alma as más ervas. Quando, de-pois de comer, os outros dormiam a sesta, eu aparentava dor-mir, màs continuava conversando com Deus em meu coração.Quando ouvia o relógio, dizia: Coragem, minha alma; o tempopassa; a eternidade chega; vivamos como conden4dos a morrer.E rezava uma Ave-Maria".

Estudou para padre. Muito lhe custou passar nos exames;mas, à fôrça de trabalho, penitência e oraçã,o, conseguiu che-gar a bom têrmo. Seus superiores mostraram-se benévolos comêle, porque reconheciam sua virtude e seu zêlo.

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Page 105: Tesouros de Exemplos

Foi destinado a reger a pequenina paróquia de Ars. Osmoradores de Ars eram indiferentes; náo iam à igreja. JoãoMaria recorreu a SuaS armas Íavoritas: paSSaVa horas inteiras,em oraçáo, diante do sacrário; mortificava-se, disciplinava-se etudo oferecia a Deus para que tocasse os corações de seus pa-

roquianos. Ao mesmo tempo, esmerava-se em tratá-los com amore prodigalizar-lhes conselhos ê esÍnolâs.

Pouco a pouco fêz-se o milagre, e Ars começou a ser umaparóquia exemplar. A tama da santidade do cura de Ars trans-

bOr fronteiras não só daquela aldeia, mas até da França. Mi-lhares e milhares de pessoas chegavam de tôda a parte paÍa

Confessar-se com o Santo, ouvir os SeuS Sermões' solicitar SeuSmilagres. Em 1840, contaram-se mais de 20.000 peregrinos, e

êsse número continuou aumentando.

Levantava-se, invariàvelmente, à mei.a-noite para dirigir-seà igreja e sentar-se no confessionário. Os penitentes sucediam-sesem interrupção até às sete, hora em que o vigário celebrava.Terminada a miss a, outra vez contissão até às onze. Sttbia, então,

ao púlpito e ïazia a sua instrução catequética. Saía da igrejaao meio-dia. Dois guardas precisavam defendê-lo dos empurrõesdo povo, pois todos queriam vê-lo, falar-lhe, tocá-lo, receber suabênção, guardar alguma palavra sua. AS 13 horas, novamenteconfessar até à rezd da noite.

Perguntaram-lhe uma vez:- Se Deus vos permitisse escolher entre estas duas coi-

sas: ir para o céu, agora mesmo, ou ficar na terra, até o fimdo mundo, tlabalhando na conversão dos pecadores, que faríeis?

- Ficaria na terra.- Até o f im do mundo?- Sim, até o fim do mundo.- l!t2s, com tanto tempo ainda, não vos levantaríeis tão de

madrugada. . . náo é,?- Ah! meu amigo; Ievantar-me-ia como agoÍa, à meia-

noite, e seria o mais fel iz dos servidores de Deus.

dasoulherio.

Aozava do dom da profecia e de penetrar no mais secretovidas e das consciências. Gente não disposta a confess,ar-se,

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lazê-lo mal, ficava surpreendida quando o Santorecordav,a pecados ocultos, e saía chorando do confessioná-Dissipava as dúvidas com muita facilidade.

Fëz grandes e inúmeros milagres tanto em vida como de-cle sua morte, cuia data êle mesmo antlnciou com exati'dão.

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Page 106: Tesouros de Exemplos

.A I de agôsto de 1859, aos setenta e três anos de idade, suaalma voou para o céu, onde goza e gozará do prêmio eternode seus trabalhos e penitências.

Festa: I de ogôsto.

94.NUNCA PISAREI EM MEU DEUS

Nasceu S. Dominguinhs em Saragoça (Espanha), pelo ano de1240. Quando sua mãe lhe deu o primeiro abraço, descobriu-lheno ombro direito a marca 'de uma cruz e, sob os cabelos lou-ros, um círculo encarnado, como de uma coroa de espinhos.

O brasão da família, descendente dum cru zado francês, os-tentava uma grande cruz sôbre Íundo encarnado com quatro es-trêlas nos ângulos.

" lsto signif ica (dizia-lhe o pai) que nós estamos sempredispostos a derramar o sangue por Jesus Cristo e procuramosexercitar-nos nas virtudes".

O menino foi educado no colégio da catedral. Era de vera piedade com que servia ao altar e a voz angélica com que en-toava os cantos sacros. Os mestres elogiavam-lhe mormente aaplicação e doci l idade.

os Judeus de Saragoça resolveram assassinar um meninocristão para regar com seu sangue os pães ázimos da ceia pas-cal. Encarregado pela sinagoga, uffi dêles seqüestrou o inocenteDominguinho, quando regressava da catedral e, à noite, levou-oaos judeus.

- "psminguinho disse-lhe o grande Rabino não tefaremos mal algum, se at irares ao chão êsse crucif ixo que trazesao pescoço e se o pisares com teus pés".

- í (Ah! não; nunca p isare i em meu Deus!" respondeu omenino.

condenaram-no, então, à morte e reproduziram com êre tô-da a paixão de Jesus cristo. Açoitararn-no, coroaram-no de es-pinhos, pregar,am-no na parede e, quando expirou, atravessa-ram-lhe o coração com uma enorme faca. Durante tôda essncena bârbara, Dominguinho rezava e perdoava.

uma vez recolhido o sangue da vítima, pan seus ritos, osjudeus cortaram-lhe a cabeça e as mãos, arrojando-as numa cis-terna e, depois, enterraram o resto do corpo. Eis, porém, que

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Page 107: Tesouros de Exemplos

tudo foi descoberto. Luzes miraculosas foram vistas sôbre osítio em que iazia o cadáver. As autoridades foram avisadas.Feitas as devidas pesquisas, encontrou-se o corpinho mutilado e,depois, a cabeça e as mãos do mesmo. Prêsos os presumíveisculpados, uffi dêles por nome Albaeluz se declarou autor do hor-rível crime. Foi condenado, mas, antes de morrer, converteu-seao cristi,anismo e Íoi batizado. Certamente foi Dominguinho queIhe alcançou essa graça.

Festa: 3l de agôsto.

95.SÃO GERALDO MAJELA

Nasceu êste santo na pequenina cidade de Muro, na ltália,em abril de 1726.

Seu pai, que exercia a profissãoanos depois, em 1738. Geraldo, quee irmãs, teve de abandonar o estudogem do ofício paterno.

Conta-se QU€, um dia, um pobre lhe pediu gue, por cari-dade, lhe fizesse um terno. Entregou-lhe, paÍa êsse fim, uma fa-zenda absolutamentE insuficiente. o Santò não hesitou um ins-tante. Começou a cortar o pano, o qual foi crescendo de talmodb entre as suas mãos, que chegou para o terno e aindasobrou.

Admit:do na congregação Redentorista, foi um modêro detôdas as virtudes e um ' insigne

taumaturgo. São sem conta osmilagres por êle operados

_ Um dia, por exemplo, entrando numa choupana, pediu àdona que ali morava um pedaço de pão, por amor de Deus.ora, lazia dois dias que não havia pão naquela casa. A pobremulher t inha apenas um pouco de farinha, que, naquele instante,lhe tinham trazido. Desculpou-se, pois, dizendo qìe nada po-dia dar, porque nada possuía.

- Não tendes nada? - replicou o santo - e a vossa caixanão está cheia?

- Pobre de mim! ela está muito vazia, isso sim.- Tende contiança em Deus, e levantai a tampa.A mulher abre a caixa e - ó milagre! - encontra-a cheia

de pão de excelente qualidade.

de alfaiate, faleceu poucosprecisava ajudar sua mãee dedicar-se à aprendi,za-

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Page 108: Tesouros de Exemplos

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Por causa de sua vida auster,a e penitente, grande podertinha o Santo sôbre os espíritos malignos, que lhe moviam guer-ra sem tréguas. E' notável e interessante o Íato seguinte: Ge-raldo estava de viagem para Iliceto. Espêsso nevoeiio caía sô-bre a terra; a noite adiantada, a cheia do rio, os abismos ocul-tos pelas trevas, tudo concorria para tornar difícil a posição deGeraldo, QU€, de mais a mais, perdera o caminho. De repente,um vulto sinistro avança, barra-lhe a passagem e diz em tomsarcástico: Chegou a hora da vingança: tenho todo podersôbre ti !

Compreendendo que aquêle não podia ser outro senão odemônio, Geraldo sem perda de tempo, diz: Bêsta vi l , emnome da SS. Trindade, eu te ordeno que tomes a rédea do meucavalo e me conduzas direito à cidade sem me causar danoalgum. E o demônio, muito constrangido, teve de obedecer.

Achando-se um dia, na praia de Nápoles, viu que um barcocheio de gente ia sendo arrastado para o alto mar e, dentroem breve, seria engolido pelas ondas. Considerando a iminênciado perigo, Geraldo gri ta para a embarcação: Em nome daSS. Trindade, pâral E o barco permanece imóvel. O Santo, Ça'minhando sôbre as águas, sem o menor esfôrço puxa o barcoaté à praia. Milagre! Milagre! E' um santo!. . . E Geraldoesconde-se na oficina dum artesão e dali nãd sai até que o povose disperse.

A 16 de outubro de 1755, após uma vida breve mas san't íssima. fechava êle os olhos a êste mundo. Quando o médicolhe perguntou se desejava viver, respondeu: "Nem viver nemmorrer: quero só o que Deus quer". E, depois, suspirava: "So-frer, meu Jesus, sofrer ainda; é pouca coisa, quando se sofrepor vós". - Festa: 16 de outubro.

96.O NIGROMANTE SANTO

A vida do Irmão coadjutor redentorista, que veneramos emnossos altares e se chama Geraldo Majela, está semeada demaravilhas.

Regressava, um dia, ao seu convento. Sua batina muito po-bre; seu chapéu muito velho. Atravessava uma floresta e, como pensamento em Deus, murmurava atos de amor. Andava tam-

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bém pbr ali um môço com o péssimo intento de assaltar os via-jantes para roubar-lhes o dinheiro que encontrasse. Viu o joventrel igioso e Í icou admirado

"Êsse homem - dizia - não é um rel igioso, deve ser umnigromante, um dêsses homens que têm trato com'os espír i tosdo outro mundo e que possuem a rara virtude de encontrar te-souros nas entranhas da terra".

E sem mais, aproxima-se do Irmão e diz: Não negues:l i em teus olhos, todo o teu porte me diz que és um nigromante.Es um feit iceiro poderoso, possuis os segredos da Natureza esabes as entranhas que guardam tesouros.

O Santo lrmão f i tou nêle um olhar cheio de surprêsa e debondade. Deus fê-lo compreender imediatamente qLlem eraaquêle pobrezinho salteador de estrada que assim talava, e res-pondeu: - Não te enganaste. Tenho realmente o segrêdo deum grande tesouro. Eu to poderia ensinar, mas. . . não meatrevo. Para isso seria mister que fôsses homem de mu:ta cora-gem. . . mas não sei se o serás. . .

- $eu, sim, repl icou o salteador. Não tremo diante decrime algum; a mim não me espanta nem mesmo o diabo. Te-nho roubado, matado, enfrentado inimigos. . . Nem o sangue dasvít imas, nem o brr lho das armas me int imida. Quando queroalguma coisa, eu a consigo, ainda que tenha que passar por cimade cadáveres.

Geraldo, o jovem taumaturgo, não se int imidou: Calmo ebondoso, f ixou nêle os olhos e disse: - Pois se és tão valente,segue-me. Garanto que encontrarás um grande tesouro.

Puseram-se a caminhar. Adiante ia Geraldo, atrás o môço.Geraldo rezava em voz baixa, o môço ia iâ devorando com osolhos da alma o ouro que via em suas mãos. Assim chegaramao meio da selva, longe da estrada. Al i chegados, t i rou Geraldoo capote e estendeu-o aberto no chão. O môço olhava assom-brado. Começava a tremer. Parecia-lhe que de repente apare'ceria al i o diabo em pesso a. . . Mordia os lábios e todo o seucorpo se agitava com espantoso tremor. Geraldo olha para êlecom grande majestade e diz:

- Agora ajoelha-te sôbre êsse manto. O môço ajoelhou-se. . . Tremia dos pés à cabeça. Agora junta as mãos! 0môço juntou as mãos e cravou os olhos aterrados naquele tre-mendo- nigromante.

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Naquele solene momento S. Geraldo tirou do peito o SantoCristo, que sempre tinha consigo, e, pondo-o diante do saltea-dor, disse:

- Meu irmão pecador, eu te prometi que encontrarias umtesouro s:eÍïr igual nem no céu nem na terra. . . Não vês êsteCr is to? Não o conheces? E' teu Deus: morreu por t i , por tuasalvação, para perdoar teus pecados, para levar-te para o céu.E tu, infeliz, que fizeste?

Naquele momento lenta e solenemente lhe ia recordando to-dos os seus pecados. E o pobre pecador chorava e soluçava...

S. Geraldo, chegando aquêle devoto crucifixo aos lábios dopecador arrependido, diz com voz enternecedora:

- Beija-o, chora a seus pés tôdas as tuas culpas e acha-rás a graça, acharás a Deus e com Deus, meu filho, possuirástodos os tesouros.

O môço, desteito em lágrimas, repetia: "Jesus meu, perdãoe misericórdia".

Estêve, em seguida, alguns dias em retiro no convento. Fêzali uma confissão geral e encontrou a paz da alma. Saiu ben-dizendo a hora em que se encontrara com aquêle santo lrmão.

97.HISTÓRIA DE SANTA CECÍLIA

Roma, a capital do famoso Império Romano, foi o berçode S. Cecíl ia, nascida em meados do século segundo da nobi-l íssima famíl ia dos "Cecíl ios".

Educada desde a infância na fé cristã. de tal modo amavaa Jesus Cristo que lhe consagrou todo o coração, fazenclo votode virgindade.

Muito contra a sua vontade, foi por seus pais dada em ca-samento a Valeriano, jovem de raras qualidades, mas pagão.

Na mesma noite do casamento disse Cecíl ia a Valeriano:Eu sou cristã, coÍïlo tu bem sabes; estou sob a custódia

dum anjo que guarda a minha virgindade. Tem-no presentepara que Deus não se ire contra ti.

Valeriano, comovido por essas palavras, não só a respeitou,mas acr:escentou: - Se êsse anjo se me deixar ver, acreditareiem Jesus Cristo.

- Para isso, disse Cecília, é indispensável que te instruasnas verdades da fé e recebas o batismo.

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Naquela mesma noite procurou valeriano o papa s. urbano,que morava nas catacumbas. O Pontífice instruiu-o nos pnnci-pais mistérios e batizou-o.

Ao regressar para junto de cecília, encontrou-a orando, eviu ao lado dela o anjo que brilhava com uma claridade celes-tial. Maravilhado, chamou seu irmão Tibúrcio e contou-lhe todoo ocorrido. Êste, seguindo os mesmos passos de seu irmão, foibatizado pelo Papa 'e, depois, viu também o anjo de cecília.

os dois neo-convertidos foram denunciados, como cristãos,ao governador Almáquio, QUê os condenou à morte, decretandoque seriam decapitados e em seguida confiscados todos os bensque possuíam. Cumprida a primeira parte da sentença, mandouchamar Cecília e disse-lhe: Sabe que tens de entregar-metôdas as riquezas de Valeriano e de Tibúrcio.

- Almáquio, como cristã que sou, iâ depositei essasquezas no tesouro comum de Jesus Cristo.

- E onde está êsse tesouro?- Êsse tesouro são os pobres, entre os quais distribuí

dos os bens.O governador, enfurecido, mandou decapitá-la.Três vêzes o algoz desfechou-lhe o golpe sem conseguir

cortar-lhe a cabeça. Viveu ainda três dias, ao cabo dos quaisrecebeu no céu a dhpla coroa da virgindade e do martírio.

Imitemos S. Cecíl ia na devoção ao anjo da guarda.

Festq: 22 de Novembr,o.

99.UM PAI BÁRBARO E UMA FILHA SANTA

Em meados do século II I , nasceu em Nicomedia a futuras. Bárbara. seu pai era o senador Dióscoro, homem rico, so-berbo ,e fanático adorador dos falsos deuses.

Na escola teve a jovem Bárbara um mestre cristão que ainstruiu nas verdades da fé. Quando o pai soube disso f:confurioso. Encerrou-a numa tôrre e ameaçou levá,la aos tr ibunaisse, ao regressar duma viagem que ia empreender, ela persistisseem aborrecer o paganismo.

Na parte baixa da tôrre, Dióscoro mandara preparar umqu,arto de banho, adornado com estátuas de ídolos,^ que recebialuz por duas janelas. S. Bârbara, na ausência do pai, ïêz abrir

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uma terceira janela, para recordar o mistério da Santíssima Trin-dade. "Assim como uma mesma hn dizia ela entra portrês janelas diversas, assim também num só Deus há três Pes-soas distintas". Outras vêzes punha-se a contemplar a piscina eexclamava: "Agua que bri lhas ao resplandor da luz das três ja-

nelas, tu me fazes pensar no Batismo, cuja água, vivificada pelaSantíssima Trindade, apaga da alma o pecado original".

Logo que regressou da viagem, perguntou Dióscoro à filhapor que mandara abrir outra janela. A Santa aproveitou a oca-sião para falar-lhe dos principais mistérios da fé e exortou-oa converter-se ao cristianismo.

O pai, enfurecido, entregou-a ao pretor Marciano, QUe asubmeteu a cruéis suplícios. Suportou-os ela com tal resigna-

ção e coragem que despertou a compaixão do povo. Uma mulher,chamad,a Juliana, que acorrera por curiosidade, ao vê-la e ou-vi-la, sentiu-se transformada por Deus e exclamou: "Eu tam'bém quero adorar a Jesus Cristo".

O luiz ordenou que Bárbara e Juliana fôssem, imediata-mente, decapitadas.

Dióscoro, o desumano Pai, quis executar pessoalmente asentença. Quando regr'essava de cortar a cabeça de sua própriafilha, estalou uma furiosa tormenta e um raio feriu-o de morte.

Quase ao mesmo tempo outro raio matava t juiz Marciano.Êstes castigos divinos puseram têrmo, em Nicomedia, à per-

seguição contra os cristãos.S. Bârbara é patrona da artilharia, porque os artilheiros

têm por armas "o trovão e o raio", isto é, a explosão e a granada.

Fests: 4 de d'e,zembro.

99.DEMÔNIOS, ANJOS E UMA SANTA

Neste mundo constantemente inclinado à corrupção e aoabandono de Deus, cuida a Providência que haja sempre pes-soas de vida celestial Qüc, com suas virtudes e milagres, dãotestemunho de Cristo e condenam a maldade.

S. Francisca Romana, nascida em Roma em 1384, foi des-de pequenina de uma puÍeza instintiva e delicada que não su-portava carícias nem do próprio pai. Aos doze anos de idade foipor seu pai dada em casamento a um nobilíssimo e piedoso ca'valheiro, do qual teve três filhos:

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João Batista que chegou a boa idade, Evangelista que fa-leceu aos nove anos e logo veio buscar sua irmãzinha Inêsde cinco.

Desde que se casou, Francisca foi levada à mais alta con-templação e por isso perseguida pelo demônio. Para mais a pu-r i f icar e estimular permit iu Deus que o inimigo a atormentassede mil modos: levantava-a pelos cabelos, batia-a contra a pa:rede e prostrava-a de pahcadas. Causou-lhe inúmeros outrossofrimentos, durando a guerra tôda a sua vida até à última en-fermidade. Mas Deus nunca a deixava só: os anjos contìnua-mente a acompanhavam e defendiam.

Seu Íilho Evangelista, um verdadeiro anjo, foi-lhe arreba-tado aos nove anos. Uma vizinha.enfêrma viu-o subir ao céuentre anjos.

No ano seguinte apareceu à nrãe radiante de luz e acom-panhado de um anjo ainda mais formoso do que êle.

- Mãe, disse-lhe, estou no segundo côro da primeira je-rarquia; meu companheiro, que vês, está ainda mais elevado.Deus o enviou para te gu.ardar, acompanhar, consolar e gu.iarsempre. Agora venho buscar minha irmázinha para gozar comigoda incomparável Íelicidade do paraíso. Com efeito, pouco de-pois faleceu a pequlna aos cinco anos de idade.

O anjo permaneceu ao lado de Francisca, sempre visível:parecia um menino de nove anos (como seu f i iho), cabelos lou-ros e anelados caindo sôbre os ombros, os braços e sôbre opeito, um,a túnica branca e uma pequena dalmática, às vêzesbranca, outras vêzes vermelha ou azul. Despedia tanta luz que asanta podia com ela ler o Ofício.

Instruía-a, avis.ava-a e consolava-a; mas tinha também umanjo que a corr igia. Um dia deu-lhe uma bofetada ouvida pelospresentes, poÍque, numa reunião, não cortara uma conversa vã,e inconveniente.

Pouco antes de sua morte, perguntou-lhe seu confessor queorações estava a murmurar.

- Acabo, disse, de rezar as Vésperas de Nossa Senhora.

E logo expirou, tendo 55 anos de idade.

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100.UM SALTO MARAVILHOSO

Em 1856, às altas horascêndio nos maiores edif ícios(austr ia) .

da noite, irrompeu um enorme in-da cidade de Zams, n0 Tirol

Com grande dif iculdade conseguiram os inqui l inos escapaÍpelas escadas; mas f icaram desgraçadamente esquecidas, numdos andares mais altos, duas meninas, uma de oito e outra dedoze anos.

Despertou-as o ruído das vigas de seu aposento ao que-br,arem-se pelo fogo do andar inferior. Saitando imediatamenteda cama correram à porta p'ara fugir p,ela escada, mas as cha-mas e o fumo que viram eram tão gÍandes, que mal puderamfechar de novo a porta. Quase desesperadas gemiam: - Se-renlos qu:eimadas vivas. . .

Mas a maior teve uma idéia. Abrir ia a janela e saltariapara fora, tentando salvar a vida à custa de alguma fratura.

- Eu s.altarei primeiro - disse à irmázinhã - e, se náome acontecer nada, saltarás também.

Meu Santo Anjo da Guarda, disse, amparai-me! e.. . saltou!Chegada ao solo, antes mesmo de levantar-se, gritou:- Joaninha, náo me aconteceu nada, Salta ! . . .- Santo Anjo, repetiu Joaninha, e saltou sem causar-se o

menor dano.Os pais das meninas reconheceram neste fato uma proteção

visível dos Santos Anjos e deram graças a Deus por um be-nefício tão insigne.

101 .AS HORAS SÃO SÉCULOS. . .

S. Paulo da Cruz, estando uma noite para meter-se .na ca-ma, ouviu de repente um grande ruído perto de seu quarto. Cren-do ser uma visita do demônio, que vinha, como de costume, per-turbar o seu sono, aliás brevíssimo, deu-lhe ordem para retirar-se. . . Mas, repetindo-se por três vêzes o estranho ruído, per-guntou quem era e o que queria.

Sou, disse ao apresentar-se, a alma do sacerdote quefaleceu esta tarde às seis e meia e venho comunicar-lhe que es-

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l***--,ou*;o Purgatório por não me haver emendado dos defeitos de

t Ou. o sr. me repreendeu muitas vêzes. Oh ! quanto sofro ! Pa-

I rece-me ter passado já mil anos neste oceano de fogo.

I Comovido até, às lágrimas, levanta-se o Santo, olha o reló-' gio que marcava seis e três quartos, e diz ao sacerdote:

ï Como? Faz um quarto de hora que falecestes e parece-

I vos que são mi l anos?!

I - Oh ! respondeu o outro, como é longo o tempo no Pur-

t gatório !

f E pedindo com instância que o al iviasse, não se afastou en-l quanto o Santo não lho prometeu.

Tomando sua disciplina de ferro, S. Paulo da Cruz açoita-se até o sangue, ora e chora pedindo a Deus que l ivre aquelaalma cle tão grandes tormentos.

Não recebendo nenhum aviso do céu, como soía acontecer,toma de novo seus rudes instrumentos de penitência, querendoïazer violência à divina Misericórdia. Como a resposta não viesse,disse num transporte de confiança f i l ial ; - ' í$snhor, meu Deus,rogo-vos que iivreis esta alma peio amor que tendes à minha""

Vencido por seus rogos, prometeu-lhe o Senhor QUe , nodia seguinte, antes do meio-dia, a alma do sacerdote sairia doPurgatório.

Apenas amanheteu subiu S. Paulo ao alt.ar e celebrou commais fervor que nunca o Santo Sacrif ício, oferecendo a Deuspor aquela alma o precioso sangue de Jesus Cristo.

O' maravi lha! No momento da comunhão, viu o Santo pas-sar diante de si, alegre e resplandecente de luz, a alma daquelesacerdote que subia ao céu.

102.AS CRIANÇAS E O PURGATÓRIO

S. Perpetua, que foi marti rizada em Cartago no ano de 202,refere, em carta escri ta de seu próprio punho no cárcere, que teveum sonho em que viu seu irmáozinho, falecido na idade de seteanos, encerrado num lugar escuro, coberto de lodo e devoradopela sêde. Ao ,acordar entendeu o que o sonho significava e pas-sou o dia em oração pelo defunto. Depois de algumas noites tor-nou a vê-lo, mas desta vez junto a uma tonte em que bebia; asvestes estavam l lnrpas e êle muito melhor e alegle. A Santa t i-

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cou muito consolada com aquela visão e viu que aquêles sonhosforam mandados por Deus para o bem daquele menino.

a) S. Pedro Damião f icou órfão muito criança e. cresceusob os cuidados de um seu irmão que o tratava com a maiorcrueldade, dando-lhe além disso muito pouca roupa e comida.

Um dia achou no caminho uma moeda de prata, que paraêle seria um tesouro para comida, roupa e sapatos. Estava apensar no que laria com aquêle achado, quando lhe veio à mentea lembrança de seus pais que tinham sido tão bons para com êle.

Ah ! - disse consigo - talvez estejam penando no Purga-tório e eu agora os poderia aliviar.

Correu à igreja e entregou o dinheiro ao sacerdote, dizendo:- Peço a V. R. que celebre missas por meus falecidos pais.

Desde aquela data tôdas as portas se lhe abriram para sersacerdote e um grande santo.

b) S. Catarina de Bolonha foi certa vez tavorecicla com umavisão do Purgatório. Viu o fogo ardente que devorava o íntimodas almas e pareceu-lhe que o do inferno não poderia ser maisabrasador. Havia ali, ardendo nas chamas, tanta gente comofôlhas numa floresta. Muitos haviam Ievacro vida muito santa,mas ainda não estavam bastante puros para ver a Deus.

Viu ali, também, muitos meninos que não haviam cometi-do mais que pecados veniais, como desaf ios, discussões comseus irmãos, desobediência aos pais. . . e as penas que sof r iampor essas faltas leves causavam compaixão. Com isso compreen-deu a gravidade do pecado venial que Deus, em sua just iça esantid,ade, castiga tão severamente.

103.MORRE A MÃE; A CRIANÇA, NÃO

Em 15 de junho de 1909 caiu um raio em Serebes (Hun-gria), at ingindo a senhora Josefina Toth, que trazia no colo seufi lhinho. A mãe, fulminada pelo raio, morreu instantâneamente;a cri.ancinha, porém, não sofreu coisa alguma.

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104.DEVOÇÃO AOS SANTOS ANJOS

S. Paulo da Cruz e S. Francisco de Sales nunca começavamseus sermões sem antes saudar os Anjos da Guarda de seusouvintes, supl icando-lhes seu auxíl io.

O venerável B,altasar Alvares, em suas viagenS, ao entrarnum povoado ou numa cidade, invocava os Anjos tutelares da-queles habitantes e pedia-lhes que o ajudassem a salvar as al-mas; e o seu apostolado foi sempre coroado de grande êxito.

S. Afonso, bispo de S. Águeda, nunca entrava num quartoestranho sem saudar primeiro os Anjos da Guarda dos donosda casa.

O beato Grignion de MontÍort, missionário e grande devotode Maria, costumava saudar os Santos Anjos das pessoas comquem se encontrava.

105.QUANTO SOFREM AS ALMAS

O verdadeiro e orincipal tormento do Purgatório é a pri-vação da vista de DEus. Fala-se, porém, do fogo do purgató-r io como de uma pena semelhante à do inferno, com a diferençade que não ê, eterna.

Num convento dos Estados Unidos duas Religiosas, liga-das durante dez anos por uma santa amizade espiritual, pÍo-curar,am ajudar-se a servir a Deus cada dia com maior perfeição.

Veio a falecer uma delas a quem chamavam a "santa dacasa".

Fizeram-se por ela os sufrágios costumados na comunidadee sua companheira não deixou de encomendá-la de modo todoespecial.

Uma tarde, na mesma semana da mort,e, enquanto ceavam,sua amiga que pensava nela, creu ouvir estas palavras: "Venhopedir- lhe três missas; crê a sra. que rezou muito por mirn e quenão estou sofrendo? Para que tenha uma idéia de minhas pe-nas, vou tocá-la apenas com um dedo".

No mesmo instante a religiosa sentiu-se tã,o horrìvelmentequeimada no joelho que lançou um grito agudíssimo. Tôda a co-munidade f icou espantada; calou-se a leitora e tôda a comuni-

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dade voltou sua aten ção para a Írmã. Interrogad,a, referiu à Su-periora o que acabava de passar-se e viram, com efeito, nojoelho da Irmã um.a profunda queimadura.

Deu-se êsse fato em julho de 1869, e o periódico "La Croix"acrescentava a I de novettrbro de 1889 que a referida Religioseestava viva e ainda al lresentava as cicatr izes da queimadura.

As missas foram naturalmente celebradas o mais cedo pos-sível e a defunta não tornou a aparecer.

106.ÁTILA E SÃO LEÃO

Assim como o Anjo protegeu a S. Pedro, o primeiro Papa,I ivrando-o das mãos de Herodes, assim cuidou também que ogrande Papa S. Leão náo caísse nas mãos do mais teroz dosbárbaros, Atila, rei dos Hunos.

As horcias dos bárbaros avançavam por tôda a Europa, ar-rasando cidades e levando os povos como escravos. Já etiia comseus cem mil guerreiros havia penetrado no norte da ltëúia emarchava para Roma, arrasando as cidades, arruinando as sea-ras, roubando tudo quanto tinha algum valor e matando a todosos que se lhe opunham

Parecia que tôda a cristandade ia perecer. Deus, porém,pusera à Írente de sua Igreja um homem que foi o martelo' dasheresias e o domador dos bárbaros, S. Leão Magno. Era homemde grande ciência, visão clara, decisão pronta e segura, Lirmezainquebrantável, constância em seus projetos e grande caridade.Se era notável como homem de seu século, não o er,a menos porsuas virtudes cristãs; sem pretensões pessoais, tôdas as suasatividades eram consagradas a Deus, à lgreja e ao serviço dosignorantes, extraviados, pobres e af l i tos.

Assim foi que, quando o imperador Valentiniano II I lhe ma-nifestou que seus soldados eram incapazes de defender a ltëúiae Roma dos bárbaros que avançavam vitoriosos, não duvidou emoferecer sua vida por suas ovelhas.

O terror e o pânico que se apoderaram de Roma e de ou-tras cidades da ltáilia er,am indescritíveis. Ninguém senão Deuspodia deter a inundação e as destruições dos bárbaros que iá'assomavam às portas. O Bom Pastor nã,o faltou ao dever dedefender as suas oveihas.

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Mandou lazer orações ao Deus dos exércitos, supl icando-Ihe que velasse por seus rebanhos e por tantos inocentes queiam perecer sem remédio. Dir igindo-se à cidade de Mântua, ondeentrara o chefe dos bárbaros, resolveu apresentar-se-lhe para im-plorar misericórdia e paz.

Ia revestido de suas vestes pontificais, tiara e báculo; eseu rosto, embora suplicante, apresentava a majestade do Vigáriode Jesus Cristo. Atila náo se impress:onaria com essa vista,nem com palavras ou lágrimas; mas aconteceu qualquer coisade sobrenatural. Dizem que, por detrás do Pontífice, apareceu aobârbaro um Anjo, sem duvida S. Miguel, com rosto severo ecelestial que, de espada em punho, ameaçava Átila se não aten-desse as súpl icas do venerando ancião. E o teroz conquistador,pel,a primeira vez, sentiu-se vencido e ordenou que suas tropasabandonassem o caminho de Roma e tomassem outro rumo.

107.NÃO TERIA SIDO UM ANJO?

Pio IX (1846-1878) , o grande Papa da Imaculada, era t i -lho do conde Mastai-Ferreti. Quando menino, costumava ajudarà missa, na capela doméstica de seus pais. Um dia, estando ajoe-lhado no degrau do ãltar, notou QU€, do lado oposto, um vultoo chamava por sinais.

O menino teve mêdo de sâir do seu lugar. Mas, como viuque o vulto insistia, cada vez mais, deixou o lugar e passoupara o outro lado onde se achava aquêle vulto.

Naquele mesnto instante desprendeu-se do teto uma gran-de estátua que caiu exatamente no lugar onde o coroinha, haviapoucos segundos, estava ajoelhado.

E' que os santos Anjos protegem as crianças de modomaravilhoso.

109.INSPIRAÇÃO DO ANJO DA GUARDA

Em 1890, 31 crianças da escola de uma aldeia, naforam um clia a passeio pelos campos vizinhos.

Estando al i , desencadeou-se uma furiosa tempestadeobrigou a se refugiarem debaixo de uma grande árvorecessassem a chuva e os raios.

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De repente uma das meninas se sentiu impelida a sair da-quele abrigo, gri tando:

- Vamo-nos embora ! e pôs-se a correr.Seguiram-na inst int ivamente tôdas as crianças.Apen,as se haviam afastado um pouco, caiu um raio naquela

árvore, causando enorme estrago.Os pais das crianças, gratos aos Santos Anjos, ergueram al i

um grande cruzeiro para perpetuar a lembrança do aconteci-mento.

109.PERDOAR AOS INIMIGOS

João Gualberto era homem como outros. Trazia uma espa-da à cinta e costumava viver metido em brigas e desafios. Tinhaum irmão a quem amava com tôda a sua alma. Um dia, porém,um malvado matoq o seu irmão. Gualberto conhecia muito bemo assassino, e dacjüele dia em diante procurava ocasião de va-rar-lhe o peito com sua espada. Êle o havia jurado e assim otaria.

Era uma Sexta-feira Santa. João Gualberto montou a ca-valo e saiu a passear pelo campo. . . Foi_ andando, atê que semeteu num caminho estreito entre penhascos muito altos. Nessemomento vê que vem ao seu encontro um viandante. . . f ixa-o. . .conhece-o. . . e, veloz como um raio, salta do seu cavalo. Era oassassino de seu irmão. Al i o t inha diante de si; podia saciarseus desejos de vingança, e gri ta:

- Canalha ! assassino ! por Barrabás que agora mesmo mor .res em minhas mãos.

E, desembainhando a espada, lança-se sôbre o outro.Nesse momento, o ass.assino, QU€ ia desarmado, prostra-se-

Ihe aos pés e, com voz angustiosa e com os braços em ctuz, di-r igi- lhe esta súpl ica:

- Irmão, hoje é Sexta-feira Santa; por amor de Cristo cru-cif icado, perdoa-me!. . .

Que se passou então no coração de Gualberto?Conteve-se; ergueu os olhos ao céu. . . olhou para a cÍuz

gravada em sua espada. . . Pensou em Jesus Cristo que do altoda cruz perdoara a seus crucif icadores.

- Irmão - disse Gualberto ao assassino - por amor deJesus Cristo eu te perdôo. . .

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Despediram-se. O assassino afastou-se arrependido e dan-do graças a Deus. Gualberto entrou numa capela que encontrouno caminho. Ajoelhou-se diante do Cristo que ali estava pregadona quz. Tirou a espada, suspendeu-a aos pés daquela Vítimadivina e jurou aos pés da mesma deixar tudo e enveredar pelocaminho da santidade. E assim të2. A Igreja comemora-o a 12de julho.

I 10,FIRMEZA NA FÉ

Naquele tempo perdia-se em tôdas as libertinagens e fazia-se réu de tôdas as crueldades um dos reis mais perversos dahistória: Henrique VIII da Inglaterra.

Era chanceler de seus reinos um homem de conduta irre-preensível: Tomás Moro.

Quis o rei arrastá-lo pelos mesmos caminhos de dissolaçãoe impiedade que seguia. O magnânimo chanceler, QUe era umcatól ico de grande envergadura, resist iu com enérgica heroicidade.Por f im, o rei o depôs de seu cargo e o condenou à morte.

Com a coragem e a intrepidez dos mártires caminhava êlepara o patíbulo, sereno e majestoso. Foi quando saiu ao setlencontro sua mulheí, que, com lágrimas nos olhos, lhe pedia querenegasse a fé católica ou ao menos a clissimulasse. Respondeu-lhe o santo espôso:

Luísa (assim se chamava sua mulher), nem tu nem eusomos moços. . . Quantos anos pensas tu que ainda posso viver?

- Ao menos vinte anos, Tomás.- V in te anos ! . . . V in te anos ! . . . Mu lher es tu l ta , po r v in te

anos de vida neste mundo, queres que eu perca a vida eterna eseja condenado eternamente?

Assim falou Tomás Moro, hoje canonizado e venerado sôbreos altares. Está no céu, onde recebe e receber á por tôda a eter-nidade a recompensa de sua f irmeza na lé. E onde estará Hen-rique VIII , aquêle rei crudelíssimo, que antes era catól ico, e,depois, apostatou vergonhosamente, abr.açando o protestantismopaÍa viver na devassidão?

S. Atanásio diz: "Os santos que praticaram a virtude kã'opara a vida eterna; os pecadores, os que obraram m.al, bai-xarão ao fogo eterno. . . Esta é a fé católica, e não poderá sal-var-se quem não a guardar com fidelidade e firmeza até à morte".

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1 1 1 .DESFILE DE PRESOS

Narram as crônicas do tempo que um vice-rei de Nápolesfoi certo dia visi tar uma prisão. Ordenou que num grande pátioformassem todos os presos. Momentos após al i estavam al inha-dos, como soldados, todos os reclusos daquele presídio. Quetipos! que caras! que olhares! que ati tudes! Sòmente ver aquelagente impressionava. Quase todos levavam na fronte a marcados crimes cometidos.

Apresentou-se o prudente e discreto vice-rei e começou apassá-los em revista. Um após outro, todos t inham que desfi lardiante dêle.

Passou o primeiro prêso.- Por que estás aqui? - perguntou o vice-rei.- Senhor - respondeu o presidiário - por nada, por uma

calúnia.Passou o segundo.- E tu, por que estás aqui? Que crime cometeste?- [q, cr ime?. . . Não cometi cr ime nenhum.Passou o terceiro.- Vamos ver se encontro algum crimloso. Dize:

que estás gqui?- Eu, senhor, porque me trouxeram, pois não tiz

ninguém.E assim passaram quatro, vinte, cinqüenta. Todos eram

bons, inocentes. Cada um dizia mais ou menos o mesmo: nã.omatei, não roubei, não desonrei, nãa ïiz mal ,a ninguém. Esta-vam presos apesar de serem todos bons e virtuosos. A just içahumana era a única culpada.

Aconteceu, porém, passaÍ um prêso que respondeu de ma-neira diferente de todos os outros. Era um môço. Manifestavanas faces a vergonha que lhe causava o achar-se naquele lu-gar.Apresentou-se diante do vice-rei, que lhe perguntou comoaos demais:

- Por que estás aqui? Que crime cometeste?Senhor, respondeu o inïeliz, baixando a cabeça; senhor,

tenho cometido muitos. Estou onde devo estar. A just iça humanateve razã,o de me condenar; espero que me salve a misericórdiadivina.

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Page 123: Tesouros de Exemplos

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E, após êle, foram desf i lando todos os restantes; todos unsverdadeiros santos, pois não tinham derramado nem uma go-tinha de sangue.

Terminou o desfile. O vice-rei chamou aquêle que havia

; conressado ,';ï'rlïJüi; ï.ïfiï és o único mau, e os outros são

bons. Para não contaminares a êles. . . sai depressa, vai para arua !

E, voltando-se païa os outros, acÍescentou:- Vós, porém, continuai aqui. Na rua hâ muitos pecado-

res e não convém que êles tornem a perder-vos com seus mausexemplos.

ll2.HEROÍSMO DE UMA FAMILTA

Foi nos primeiros dias da luta contra o comunismo na Es-panha. O Exército da África levantara-se para salvar a Espa-nha das garras moi-tais clo terrível inimigo.

Num vi larejo de Navarra vivia um homem já idoso, pai detrês f i lhos robustos e sãos de corpo e plma, como seu pai.

- Vou (disse èle à mulher e aos t i lhos), vou lutar por Deuse pela Espanha.

E pôs na cabeça a boina vermelha.- E eu vou com o senhor - disse o l i lho ma:s velho.- E eu também - acrescentou o segundo. . .Duas boinas mais que adornaram as cabeças de dois sol-

dados da Pâtr ia.. . E os três cheios de santo entusiasmo maÍ-charam para a guerra.

Chegou a hora da refeição. Na mesa só havia um pratopreparado. . . A mãe e espôsa sentou-se diante dêle serena egrave. O últ imo f i lho, que mal teria dezesse;s anos, olha ad-mirado para a mãe.

- Mãe, disse, e eu, não como?- Em minha casa (respondeu lacônicamente aquela ver-

dadei ra espar tana) , não comem os covardes. . .E o rapaz colocou na cabeça outra boina vermelha e foi

atrás de seus irmãos e de seu pai pata lutar e morrer com êles.Até aqui a história é autêntica. Entra agora a lenda. Meses

mais tarde regressavam ao lar o pai e os três filhos; voltavam

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Page 124: Tesouros de Exemplos

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alegres, cantando canções guerreiras. . . voltavam com as con-decorações dos heróis.. . Não regressavam sós: um grupo clesoldados os acompanhava.

Falou o últ imo dos l i lhos, o mais entusiasmado:- Mãe, aqui estamos por poucos dias. . . Tornaremos à

guerra que ainda será longa. Lutaremos até o f im. Como vês,seguem-nos êstes amigos que ontem eram milicianos vermelhos ehoje combatem por Deus e pela Espanha ao nosso lado. . . Ren-deram-se ao nosso heroísmo. . . Falamos-lhes de Deus e danossa querida Espanha. . . e os conquistamos para a Espanhae para Deus. Por êsse ideal querem lutar até à morte.

E aquela mãe de três heróis e espôsa de um gigante, abra-ça-os a todos e fá-los sentar à mesa para servir- lhes o melhorque possuí3.

E termina a lenda, af irmando que jamais uma mulher teveuma alegria tã,o grande como aquela.

1 13.E' DEUS QUEM ME FALA

Certamente já ouvistes ïalar em Donoso Cortês. Foi um dosmaiores e mais vigorosos pensadores do sécolo passado; o maisf amoso orador espanhol do seu tempo, considerado o mestredo pensamento e a glória da eloqüênci.a parlamentar.

Era embaix4dor da Espanha em Paris. Todos os domingose dias de preceito abandonava o bulício daquela capital e iaassistir à missa na pobre igreja de uma aldeia vizinha. Ajoe-lhava-se no chão, Íezava como um Santo, ouvia com tôda a aten-ção o santo sacrifício.

Depois do Evangelho o vigário daquela paróquia voltava-separa os assistentes e tazia a sua prática ou homil ia. . . DonosoCortês era quem o ouvia com maior atenção e reverência.

- Donoso dizia-lhe um amigo se sabes mais queêsse padre, se és maior orador que êle, por que o ouves?

O gtande Donoso respondeu:- Pode ser que eu saiba mais. . . talvez possua ntais elo-

qüência; mas êle tem uma coisa que eu não tenho: é o repre-sentante da autoridade e da palavra de Deus. Quando êle fala,é Deus quem tala; e suas palavras sempre têm o segrêdo decomover-me e tornar-me melhor. E é isso que procuro.

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Page 125: Tesouros de Exemplos

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A exemplo dêsse grande cristão, abandonai os cuidados davida; deixai por algumas horas as ocupações dêste mundo; cor-rei à casa de Deus para ouvir a doutrina da salvação, para sal-v a r a v o s s a a l m a ! . . .

ll4.o coRAÇÃo DE ouRo

O moderno e famoso escritor Tihamér Toth narÍa a se-guinte curiosidade.

Havia naquela cidade (não se'diz o nome) um senhor cujafé não devia ser lâ muito profunda. Profundo, sim, e r idículoera o conceito que tinha das superstições. A todo o transe haviade levar consigo algum amuleto ou tal ismã. Pensava que sò-mente assim podia ser feliz.

Entrou numa joalheria. Pôs-se a contemplar os diterentestal ismãs usados pela gente superst iciosa de nossos dias: uma fer-radurinha com diamantes. . . uma estrêla de ouro. . . um corcun-dinha. . . um elefante de marf im. . . e outros muitos.

Contemplou-os demoradamente aquêle senhor, mas nenhumdaqueles objetos lhe agradou. Voltando-se para o joalheiro, disse:

- Não teria -um

coração de ouro?. . . Creio que isso seriaa minha fel icidade.

Não tenho, respondeu o outro. Isso iâ nã,o se usa. . .está fora da moda. Talvez noutra casa o senhor encontre.

E o homem percorreu pacientemente uma, duas, três ca-sas. . . Os amuletos eram muitos e mui variados, mas todos osjoalheiros lhe diziam a mesma co:sa: O coração de ouro estáfo ra da moda. . . j á passou sua época . . . E , a f ina l , quem man-da no comércio é a moda !

Desconsolado saía aquêle senhor da últ ima casa. Não en-contrara o coração de ouro que lhe poderia trazer a fel icidade. . .

- Amigo, (disse-lhe o dono da últ ima casa, acompanhan-do:o até à porta) , vá, a uma casa de antiguidades. . . talvez lá,encontre o coraçãozinho de ouro que procura.

E o homem lá se fo i . . .Caro leitor, o coraçã,ozinho de ouro já não se usa... estâ

fora da moda. . . e , contudo, para sêres fe l iz e para fazeres fe-l izes aos outros só precisarias disso, QU€, desgraçadamente, nãose encon t ra : um coração de ouro . . .

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Page 126: Tesouros de Exemplos

Como seríamos {elizes, como viveríamos em pã2, se todoslevássemos, aqui dentro do peito, um coração de ouro. . . um co-

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ração cheio de caridade par3 com Deus. . . e para com opróx imo. . .

I 15.O TIO PEDRO ASSISTE ÀS MISSÕES

Era em 1909. Cedinho foi o missionário à pequenina igrejada vi la. A porta ainda estava fechada; mas quem estava al i coma sua lanterninha na mã,o era o t io Pedro: homem muito conhe-cido em todo o muni,cípio por sua fé robusta e sua v:gorosavelhice. Entre o .missionârio e o bom roceiro travou-se logoanimada conversa.

- Quantos anos tem, t io Pedro?- Passei dos oitenta, "sel l" missionário.- Tem assist ido às santas missões?- Os senhores iá pregaram quatro nesta comarca. Assist i

a tôdas; não perdi nem um sermão e não faltei a nenhum ca-tecismo, porque sempre se aprende alguma coisa.

- Muito bem, t io Pedro, bravo; e sua casa, quanto distadaqui? L

- Quase nada: uns dois qui lômetros.- E o senhor vem tôdas as manhãs?- Tôdas. Acendo a minha lanterninha e. . . toco para a

missão.- Pois olhe, t io Pedro, nã,o Ìaça isso. . . O caminho é pés-

s imo e o senhor já não é cr iança. . . Pode acontecer- lhe a lgumdesastre, uma queda por exemplo, e f icamos sem o t io Pedro.

- Não tenha pensão, "seu" missionário. Quando saio decasa, digo ao meu Anjo da Guarda: "Meu santo Anjo, cuida dotio Pedro, que iâ está velho, a f im de que não lhe aconteçanada". E até hoje, graças ,ao meu Anjo, nada me aconteceu.

- ot imo, t io Pedro; mas, seja como fôr, não venha. Jâassist iu a quatro missões. . . t ique em casa.

Ao ouvir essas palavras, tio Pedro eÍgueu-se, pôs-se de pédireit inho e disse:

- Sr . Padre, não me d iga isso nem por br incadei ra. . .Destas coisas de Deus não se deve perder nem uma migalha!

E, com efeito, náo perdeu nenhuma migalha daquelas san-

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Page 127: Tesouros de Exemplos

tas missões. Assist iu a todos os sermões comdade de um santo.

Oh! se todos t,vcssem uma fé viva como

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o t io Pedro !

HISTÓRIA DE UMA PENEIRA

Um jovem abandonou o mundo e foi sepultar-se no de-serto. Tinha ânsias de Deus. P,ara não pensar senão em Deus eviver sòmente para Nosso Senhor, encerrou-se numa cela soli-tária. Dali saía apenas uma vez por semana: ia ouvir a práticaque um velho monge ïazia àqueies solitários.

contam que um dia o jovem foi ter com o santo ancião efalou-lhe:

- Meu pa i , só tenho um amor : o amor de Deus . . . Sótenho um desejo: o de o amar cada dia mais. Por isso deixeio mundo; por isso vim morar nestes desertos. Sou teliz em mi-nha estreita celazinha Encantam-me a oração e a meditação.Deixo o silêncio de minha cela sòmente para vir ouvi-lo cadas e m a n a . . . M e u p a i , e u o o u ç o . . . e n ã o s e i o q u e s e r á . . . p a -rece-rne que não tiro fruto de suas prédicas. Não seria melhorque eu ficasse enr- minha cela consagrando o tempo à oração?

Respondeu o santo velho:- Meu f i lho, não faças isso; assiste a essas práticas; sem-

pre farão muito bem ao teu espírito, embora pareça que nãosirvam para a purificação de tua alma.

O jovem cont inuava duvidando. . . O velho monge calou-se,Em seguida, tomando uma peneira, deu-a ao noviço e disse:

- Toma, vai à fonte e traze-me a peneira cheia de âgua.O jovem, obediente, foi. . . Passados alguns instantes, vol-

taya com a pen'eir a vazia.- Meu pai, disse, a agua se foi pelos buracos.- Anda, insistiu o monge, volta à fonte e traze-me a pe-

neira cheia de á,gua.Segunda vez ïoi o noviço. Encheu-a completamente. . . vor-

tou correndo. Em vão. . . Não f icou na peneira nem uma gôtasequer.

o ancião sorr iu. o obediente noviço corre de novo, enchea peneira, e quando, de volta, chega à cela do mestre, diz:

Meu pai ! nem uma gôta. . . nem uma. . .

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Page 128: Tesouros de Exemplos

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O santo monge deu-lhe então esta maravilhosa lição:- E' verdade, filho, não me trouxeste a água. . .

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se pelos buracos; mas lavaste a peneira.O noviço compreendeu a l ição: Vals aos sermões. Parece-te

que não t iras proveito nenhum. Continua assist indo. . . e pou-co a pouco a alma estará purificada das vaidades e triunfaráem teu coração o amor das coisas divinas.

ll7.UM MONCE E A SUA CURIOSIDADE

Vivia um monge no si lêncio de seu mosteiro. . . Era sábioe santo. Permit iu Deus que uma curiosidade perturbasse a pazde sua alma: "Qual será atualmente no mundo - perguntava-se- das almas a mais santa?" "E a mais sábia e mais fel iz, qualserá?"

Estava no côro, às primeiras horas da manhã, oraya e diri-gia a Deus a mesma pergunta: "Senhor, das almas que vivemagora neste mundo, qual será 4 mâis santa, mais sábia e maisleliz?" Ouviu uma voz que lhe dizia: "Vai ao pórtico da igrejae ali te dirão qual é".

O monge pôs o capuz na cabeça, meteu as mãos nas lar-gas mangas do hábito e atravessou os claustros silenciosos.Chegou ao pórt ico. Um pobre al i estava. Passara a noite esten-dido num banco de pedra e naquele momento espreguiçava-se ebenzia-se.

- Bom dia, irmão disse-lhe o monge.- Bom dia, respondeu o mendigo com rosto alegre e

em tom de entusiasmo.- Irmão replicou o monge pelo que vejo estás

contente.- Sempre estou contente.- Sempre? Então és um homem ïeliz?- Multo leliz respondeu o humilde mendigo.- Fel iz?. . . nã,o cre io. Dize-me: Quando tens fome e pe-

des esmola e não recebes. . . és fe l iz?- Sim, padre, sou fel iz, porque penso que Deus, meu Pai,

quer que eu passe um pouco de fome. . . Êie também passou. . .Mas Deus é muito bom para mim; nunca me falta um pedaçode pão.

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Page 129: Tesouros de Exemplos

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- Dize-me - prosseguiu o monge - quando está nevan-

do no inverno e tu, tremendo de fr io, vais de porta em porta,

como um passarinho que salta de um galho para outro' és fel iz?- Sim, padre, muito Ïel iz, porque penso: é Deus, meu Pai,

que quer que passe um pouco de frio, pois também êle passou

tr io. . . Al iás nunca me falta um palheiro, onde passar a noite.

Estava o monge admirado. . . contemplando-o de alto a

baixo, d isse:- Tu me enganas. . . náo és Pobre.Sorriu o mendigo e respondeu:

Não, Padre, eu não sou um Pobre.- Logo vi. . . Então, quem és?- paãre, disse o outro, sou um rei que viajo incógnito

por êste mundo.U m r e i ? . . . U m r e i ? . . . E q u a l é o t e u r e i n o ?

- Meu reino é o meu coração, onde mando sôbre minhas

paixões ! Tenho, porém, um reino muito maior. . . Vê o senhor

êrr. céu imensoi tem visto o sol, as estrêlas, o f irmamento?

Tudo isso é de Deus, meu Pai. Todos os dias ponho-me de joe-

lhos muitas vêzes e digo: "Pai nosso' que estais nos céus.. '

como sois grande, como sois sábio' como sois poderoso!^Não vos

esqueçais dêtt. pobre filho que anda por êste mundo. Creia-me:

Quando chegar a m-rte, despirei êstes andrajos e voaÍei para o

céu, onde verei a Deus, meu Pai, e com êle reinarei pelos séculos

dos séculos" . . .o monge não perguntou mais. Baixou a cabeça e voltou

ao côro; estava convenc:do de ter encontrado o homem mais

santo, mais sábio e mais feliz neste mundo.

1 18 .FILHA, TEU PAI ESTÁ NO CÉU

N.a vida de s. Margarida Maria Alacoque lê-se um tato

muito consolador.Sendo a Santa mestra de noviças, recebeu unla catta em

que se comunicava a morte do pai de uma sua noviça e em que

se pedia fôsse transmitida a dolorosa notícia senÌ causar-lhcpena.-

A Santa chamou a noviça e, com palavras de muito con -

fôrto, anunciou-lhe a morte do pai. Compreende-se a dor da-

quela filha.

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Page 130: Tesouros de Exemplos

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Passado o primeiro instante de amargura, disse à mestra:- Rogo-lhq Madre, à Sra., que é tão .devota

do Sagrado

Coração de Jesus, Qü€ reze por lneu caro pal.

Foi a santa e Íezov com todo fervor. Em seguida, tôda

contente, chamou a noviça e disse-lhe:- Minh.a querida f i lha, boas notícias: teu pai iâ está no

céu; foi Jesus quem mo disse.A nòviça, diante de tão inesperada notícia, exclamou:- como assim? Meu pai, é verdade, eÍa um bom cristão,

mas estava longe de ser um santo !- Dentro d. três dias, lesponcleu a santa, tua mãe virá

te visitar: pergunta-lhe que tê,2 teu pai antes de morrer.A mãe vúo realmente. A f i lha deu-lhe a consoladora notí-

cia de que o pai estava no céu e depois indagou:- Mãe, que é que fêz meu pai antes de morrer?- Teu pai, minha f i iha, quando o padre lhe levou o santo

Viático, viu èntre os que o acompanhavam um homem que vá'

rias vêzes o ofendera muito. Quando deu conr os olhos nêle,

antes de tomar a ganta Comunhão, chamou-o pata junto de si

e o abraçou e bei jou e, em pÍesença de todos, perdoou-lhe de co-

raçã,o os graves danos e as ofensas que dêle recebera. A seguir,

reóebeu cõntente o santo Viát ico. Julgo por isso que, se teu pai

iá, está no céu, é justamente porque, poÍ- âÍÏ1or de Deus e a

Ëxemplo de Jesus Ciisto, perdoou a quem tanto o havia oÏendido'

1 19.. O CONSOLADOR DOS QUE SOFREM

Lembremos o exentplo daquela gloriosa mârtit Írancesa, S'

Joana d'Arc.Põe-se à frente das tropas de sua pátri,a e as conduz de

vitória em vitória. À frente dos exércitos vencedores entra pe-

Ias portas da cidade de Reims e al i é ungido, consagrado eproclamado Carlos VI[, o verdadeiro rei de França.

Algum tempo depoís, aquela valorosa heroína cai em podeL

dos inglêses, seus in:migos, e é condenada à morte. Ergueu-seo patíbulo no meio da cidade de Ruão, onde se ajuntou enormemult idão. Serena, com a serenidade da just iça, e formosa com aformosura da inocência, subiu Joana as escadas da morte e

amarratam-na a um poste de terro. Momentos depois, no meio dum

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Page 131: Tesouros de Exemplos

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inrponente silêncio, o algoz põe Íogo à lenha que a circunda eas chamas vorazes sobem e pegam em seus vestidos. Ardia aquelacarne virginal. . . Em frente dela estava um frade com um cru-cifixo na mão.

- Padre - dizia-lhe a mártir - levantai-o um pouco. . .quero vê-lo. . .

Seus olhares pregavam-se naquele divino Crucif icado e umafôrça divin,a punha em suas faces a beleza do amor'. . .

"Mais lenha - diziam os algozes - mais lenha!"E atiravam na fogueira feixes de lenha... As chamas en-

volvi'am a mârtir por todos os lados e a carne ardia como ví-t ima de santidade. Ela gri tava com ânsias ainda maiores: "Pa-dre, levantai-o mais atto, mais alto, que não o vejo".

E o frade atou o Cristo a um pau e levantou-o bem alto,acima das chamas que formavam uma fogueira gigantesca... E

Joana rezava e olhava païa o seu Deus crucif icado e dizia: "Je-sus! Jesus!" E caiu morta, quase convert ida em cinzas no meiodaquelas horríveis chamas.

A vista dêsse Deus crucificado de tal modo consclla as ví-t imas da dor, que S. Madalena de Pazzi dizia, louca de amor:"Senhor, sofrer e não morrer!"

Sim, olhai para o céu: al i se enxugarão as vossas lágri-mas. . . al i está o rdino da fel icidade e do amor.

120.SOU UM ASSASSINO! SOU UM ASSASSINO!

Dia inesquecível naquele colégio !Era a festa de Nossa Senhora que se venerava na igreja,

e ao mesmo tempo a festa do Padre Diretor. Fel icidade, ale-gria, entusiasnto por tôda parte.

Pela manhã, comunhão geral; às dez, missa soleníssima comsermão; à tarde, esplêndida procissão. Como rezavam! Comocantavam aquêles alunos !

Que dia formoso! Quem pudera imaginar o desenlace trâ-gico que ia ter !

As seis da tarde haveria represent açã,o teatral, em que selevaria ao palco "A morte de Garcia Moreno".

Meia hora antes que soasse a sinêta para aquela festa, doisrapazes de uns quinze anos entraram num quarto contíguo ao

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cenário. Al i estava sôbre a mesa um revólver. Com êle iam dis-parar pela janela, quando no palco se representasse a p.anto-mima de disparar o tiro em Garcia Moreno. Um dos fapazes,precisamente o que ia fazer de assassino no palco, toma o re-vólver e diz ao seu amigo:

- Toma posição. . . para veres como te vou apontar nopalco.

O outro, que ia Ïazer de Garcia Moreno, a nobre vít ima,apruma-se com energia e diz:

- Atira, traidor !O amigo aperta o gati lho, soa um disparo, sai uma bala e

enterra-se na cabeça do desventurado rapaz, que cai redonda-mente, derramando um rio de sangue pela ferida.

O inocente assassino at ira-se sôbre o ferido, lançando gri-tos de dor.

- Amigo, que Í iz? Eu te matei, eu te matei. Foi sem que-rer. Perdoa-me. Não, amigo, eu não' queria te rnatar. . . Amigo,levanta- te. . . não, náo morrast , Ì

E, tirando o lenço, procurava estancar o sangue. Mas era '

inúti l ; o ferido não se movia.- Amigo (continuava gri tando), levanta-te. . . não mor-

ras . . . não quer ia mata r - te . . . Perdoa-m*

E pegava-o e levantava-o um pouco, mas não podia comêle. Ensopav,a-se naquele sangue.

- Morreu (gri tava), morreu; matei-o. Sou um assassino! '

a i ! sou um assassino!Entretanto, os outros alunos estavam nos pátios do colégio,

em conversa animada à espera do som da sinêta. De repenteouvem gritos, olham. . . Lá, no fundo do pátio aparece o rapaztodo cheio de sangue. Levantava os braços e gritava como de-sesperado, correndo de um l.ado para outro:

- Matei-o, matei-o ! Sou um assassino !

E corr ia senr Íürto nem destino, como um louco.

Por nossos pecados somos também assassinos. Por nossospecados sofre e morre Jesus. Nossos sacri légios, impurezas, pro-fanações são os punhais que cravamos no coração de NossoSenhor. Somos assassinos !

Com que grande, imensa, inf inita dor deveríamos chegarao confessionârio. Que santa seria então a nossa confissão!

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Page 133: Tesouros de Exemplos

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l2l.DEUS RECOMPENSA OS SACRIFÍCIOS

Os sacrifícios escolhidos voluntàriamente lazem que Deusseja generoso e bom para conosco. Os pequenos presentes que

lhe oferecemos espontâneamente exercem grande, irresistível po-der sôbre êle. Forçado então pela bondade do seu coraçã'o, Deus,que não se deixa Vencer em generosidade, não se cansa de cumu-iãr de bênçãos aquêles que se mostram generosos para com êle.

A propósito o seguinte exemPlo:Nunt colégio de Friburgo, na Suíça, achava-se, poucos anos

taz, uma menina que lazia extraordinários progressos nos es-tudos, e sentia-se feliz.

Certo dia recebeu a superiora do Colégio uma carta do pai

da criança, comunicando-lhe 9u€, por diÌiculdades financeiras,não lhe era possível manter a f i lha no Colégio por mais tempo"

Que rêz a superiora? Mandou chamar a menina e disse-lhe:- lvlinha filha, uma notícia bem desagradâvel. Teu pai

acaba de escrever-me que se acha enl grandes dificuldades eque talve z sela obrigado a retirar-te do Colégio.

A menina, muito at l i ta, pôs-se a chorar e dizer:- Madre, que será de mim? Ajudai-me, Madre, ajudai-me!

Dizei-me o que der-) f.azet.- Minha f i lha (disse a superiora muito comovida), tu po-

des modificar tudo isso. Sabes que dentro de algumas semanasteremos o santo Natal; sabes, igualmente, que atê lâ temos to-

dos os dias a devoção ao Menino Jesus, náo é?- Sim, Madre. . .- Pois bem; ïaze um fervoroso pedido diàriamente ao Me-

nino Jesus, paÍa que êle te conserve aqui e oferece-lhe algunspequenos sacrifícios. Verás que Jesus não reieitarâ os teus pe-didos.

- Sim, Madre, farei tudo para que Jesus me ouça, e peço

também as vossas orações.A menina, que t inha grande desejo de continuar seus es-

tudos na companhia das [rmãs, cheia de confiança, sentou-See escreveu ao Menino Jesus uma cartinha. Prometia não sóorações fei'vorosas, mas tazia também o propósito de, por amorde Jesus, abster-se, todos os dias até o Natal, de queijo e fru-tas, de que gostava muito. E tudo isso para que Deus socorÍesseseu querido pai e ela pudesse continuar no Colégio.

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Page 134: Tesouros de Exemplos

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No dia do Natal achou a superiora debaixo da imagemdo Menino Jesus a cart inh a da menina. Leu-a e f icou profunda-mente comovida.

Dois dias depois chegava uma carta do pai, gue, entÍe ou-tras coisas, dizia:

- Madre, não sei como agradecer a Deus. De modo pro-digioso e inesperado veio o auxíl io do céu. . . Minha f i lha podecont innar aí . . .

Pod'enros imaginar a alegria de anrbas, a aluna e a Supe-riora, vendo que a sua confiança enr Deus não falhou.

7.22.OITO CADÁVERES! . . .

Há homens, que parecem feras. . . Entre os comunistas ver-melho.s há dêsses homens. . .

Foi no tempo do Movinrento Nacional, QUe l i l tertou a Es-panha das garras do comunismo. O que vamos narrar passou-se perto de Córdova.

Triunfaram al i , desde os primeiros instantes, as hordas co-munistas. . . Saítam como saenl as feras de seus coìis e, empoucas horas, mais de cem cadáveres de 'obres e cristãos ia-ziam por terra junto aos muros do cemitério. . .

Enfureceram-se principalmente contra uma famíl ia de fé ar-raigada, de coração generoso e de fortuna regular. Jamais ne-garam os direitos dos operários. . . Jamais um pobre bateu àsportas de sua casa e dal i foi despedido sem auxíl io. . . Mas opai, os f i lhos, as f i lhas, toclos naquela numerosa famíl ia se dis-tirrgu:am pela firmeza de suas cÍenças católicas.

- ' / [g6ra, êstes!", bradaram aquelas feras huntanas. E na-dando em sangue caiu o velho pai, homem f idalgo e dist into. . .E nadando em sangue cairant três f i lhos seus, jovens na f lorc la idade. . . E nadando em sangue caíram também dois genros,que eram o encanto de suas espôsas e o orguho da rel igião. . .

Havia outros dois jovens que eranÌ noivos das duas f i lhassol te i ras. "Agora, êstes!" rugi i ,am aquelas h ienas. . . E osdois caíram, também, nadando em sangue.

Oito cadáveres jaziam às portas daquela residência, ondeaté poucas horas viviam fel izes aquêles corações cristãos. . . Oitocadáveres! Eram os sêres mais amados. . . eram a esperança dafamíl ia. . . eÍam o amor de todos. . . Oito cadáveres !

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"Agora, êstes!", continuavam uivando aquelas feras se-dentas de sangue humano. . . E em 'desordenado tropel penetra-ram naquela t idalga residênci,a, espalhando-se por ela, roubando,saqueando, destruindo tr-rdo o que encontravam. . . Enfim, cansa-dos de tantas fadigas, est iraram-se nos sotás e cadeiras de braço,bebendo e can tando ; . . . es tavam sa t i s fe i tos de sua obra . . . O i tocadáveres !

E a espôsa? e as f i lhas casadas? e as solteiras? e os ten-ros e delicados netinhos? Não os esqueceram, nã,o, aquêles viscriminosos. . . Tnncaram-nos nurn quarto, dlzendo-lhes que es-perassem a decisão do povo. . . ao povo pertencia dispor dêles. . .E o povo dispôs que fôssem enxotados de sua própria casa, quedesde aquêle momento era propried'ade do comunismo. . .

E de sua casa teve de sair a infel iz Íamíl ia. Ia adiante avelha mãe, de cabelos brancos. . . atrás, as f i lhas casadas, car-regando seus tenros t i lhinhos. . . e, por f im, as f i lhas solteirassem pai, sem irmãos, senl amôres, sem um pedaço de pão. . .E, asï im foram batendo de porta em porta. . . e viram que âsportas de muitas famíl ias ql le julgavam amigas se fecharampara elas. . . E isso porque levavam a maldição da "Casa doPovo". . .

Oh! foi tr iste, foi doloroso, foi revoltante! Foi, em suma,a obra do comunisnro ateu, do qual nos livre a misericórdia deDeus.

t23,BAILANDO COM O DIABO

Uma jovem francesa, que freqüentava as salas de baile,atraída pela fama do santo Cura de Ars, resolveu procurá-lopar'a se confessar.

Vejamos como ela narrou o seu colóquio com o Santo.- Lembras-te (disse êle) da última vez que fôste ao bai-

le?. . . Estava lá um môço que te parecia bonito, e te causousentimentos de ciúme e de inveja, porque bai lava sòmente com asoutras e não se dignava dir igir-te um olhar sequer?

- E' verdade. Lembro-me, sim.- Lembras-te gu€, em dado momento, êle retirou-se da

sala, deixando-te desi ludida, por não se ter dignado dançar con-tigo nem uma vez? . . .

- Sim.

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Page 136: Tesouros de Exemplos

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- E notaste, então, um pequeno fenômeno: duas como cha-mazinhas entre as solas dos sapatos dêle e o pavimento da s,ala,quando se retirou. . . E não fizeste caso, atribuindo ,aQuilo a umailusão de ót ica do contraste entre as luzes e a obscuridade daporta de saída. . . lembras-te disso?

- Sim; Iembro-me.- Pois bem. Aquêle que te parec ia um rapaz encantador . . .

que te causou tantos ciúmes. . . tanta inveja. . . tanto despeito. . .Quem era?

- Aquêle era o diabo. Dançou com aquelas que já lhe per-tencem, com aquelas que não têm o menor escrúpulo da impu-reza. . . Contigo não quls dançar, porque ainda eras pura, esabia que vir ias te confessar. . .

Ficou a jovem impressionadíssima com aquelas revelaçõesdo Santo e prometeu que nunca m.ais ir ia a um bai le.

E tu, jovem leitora, não achas que contigo poderia Scon-tecer . . .

124.UM PREFEITO LIVRE-PENSADOR LLVA NA CABEçA

Há cêrca de quarenta anos entrava numa vila d,a Áustria ocoronel Dobner von Dobenau com o seu batalhão. Ia estabelecerali o seu quartel de inverno.

A população alegrou-se com isso,negócios com os of iciais e soldados ebom número de distracões.

O prefeito da cidade, acompanhado de seus conselheirosmunicipais, saiu a sauclar o coronel. Êste era fervoroso catól ico eum de seus f i lhos era padre. Mas, ignorando essas circunstâncias,e julgando-o l ivre-pensador, s prefeito dir igiu-lhe longo discurso,insist indo na alegria que os habitantes da cidade sentiam com apresença da tropa QUe, certamente, vir ia quebrar a monotoniada estação hibernal. Não pôde deixar, porém, de mostrar seudesagrado pelas práticas rel igiosas, dizendo:

- Uma só coisa desagradável há aqui, meu coronel: E'que hoje, precisamente, os padres deram início a uma grandentissão que vai durar mais de oito dias. Infel izmente não a po-demos impedir, apesar de vermos na mesma um grande des-

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pois esperava ïazer bonscontava, além disso, com

Page 137: Tesouros de Exemplos

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mancha-prazeres. O batalhão deve, entretanto, consolar-se com

o pensamento de que êsses dias passarão e, logo depois, a ale-

gría será muito maior. Í- ,Terminado o discurso, o coronel, carregando oS sobrolhos'

respondeu em tom sêco:- senhor preteito, não vejo na missão absolutamente ne-

nhum desmanchã-ptur.r.r . Pelo contrário; eu só não assist irei

aos sermões da missão, quando o serviço não mo permitir. E

meus oficiais, bem como iOOa a tropa, terão o prazer, de me

acompanhar. Eu só sinto não ter o poder, senhor prefeito, de

l,nundff também a vós e aos vossos conselheiros a todos oS ser-

mões. As pregações não vos fariam mal nenhum; muito ao con-

trário, elas vos fariam imenso bem.Após o seu destemido discurso, retirou-se triamente o cofo-

nel, deìxando bastante desapontaclos e contusos os seus visitantes'

E a l ição toi bem merecida.

125.OLÁ! VOCÊ VIROU CAROLA?. . ,

Pedro Jorge Frassati , falecido santamente em Turim a 4 de

abril de 1925, era Ïirho de um ilustre embaixador'Muito rico, Con-Servou, entretanto, Sua inocênCia' Sua fé e

um coráção extrem.amente sensível às misérias alheias.Tornou-se um campeão de cristo e um apóstolo do bom

exemplo. Frassati náo era dêsses que só praticam a religião quan-

do encerrados dentro de quatro paredes. A propósito lê-se em

sua biograti.a o fato seguinte:um dia, ao sair duma igreja, conservava ainda na mão o

seu rosário. Um conhecido passa por al i justamente naquele mo-

mento e, não perdendo a ocasião, diz- lhe, mofando:- Olá, Jorge! você virou carola?. . .E Jorge, sem se perturbar, responde prontamente:- Não; eu continuo apenas um bom cristão; e disso não

me envergonho, antes me glorio.AnteJ de expira r - e contav.a sòmente vinte e quatro anos

de idade - Frass ati lë'z a seguinte profissão de fé:

cada dia compfeendo melhor a graça de seÍ católico.

Pobres, infelizes os que náo têm fé. Viver sem a té, sem uma

herança que se possa delender, sem uma verdade que se possa

sustentar -por

um combate contínuo, não é viver, é vegetar' Não

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Page 138: Tesouros de Exemplos

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devemos vegetar, devemos viver; porque, apesar de tôdas asdecepções, . devemos lembrar-nos sempl e que somos os únicosa possuir a verdade. Temos uma fé que defender, e a esperançade chegar à nossa pâtria. Para o alto os corações e avantesempre pelo tr iunfo do reinado de Cristo na sociedade.

E Jorge Frassati foi um dêsses apóstolos do reino de Cristona sociedade; foi um mil i tante da Ação Catól ica, foi um com-batente ardoroso até à morte.

126.A COLEGIAL QUE SE CONVERTEU

Estudava num colégio de irmãs uma menina de treze anosapenas.

Era alma forte; era coração indômito. Não sei o que t inhaaquela criatura, mas exercia uma inf luência pavorosa sôbre tô-das as colegas que viviam com ela. . . Quando pregava a revo-lução entre suas companheitas contra as ordens das Irmãs, arevolução estalava tumultuosa, e só a mão forte da Superioraconseguia impor de novo a discipl ina.

Um dia aquela menina alt iva e insolente foi severamenterepreendida e castigada. v

Aquela tarde nã.o poderia sair a passeio com as colegas.Tinha que f icar no colégio, escrevendo cem vêzes estas pala-vras: Primeiro mandamento da lei de Deus: Amarás o senhor,teu Deus, com todo o teu coração, com tôda a tua alma, comtôdas as tuas fôrças.

Ficou na sala vigiada por uma professôr a. . . Pôs o papeldiante de si e começou a escrever: Primeiro mandamento da leide Deus: Amarás o Senhor, teu Deus. . . E cont inuou escre-vendo. . . Logo estava cansada. . . Largou a pena e passou osolhos pela sala. Bem em frente, pendu rada na parede, estava umadevota imagem de Jesus Crucif icado. . . Contemplou-o como ja-mais o conternplara. Parecia-lhe que aquelas palavras que aca-bava de escrever, a ela eram dirigidas por aquêle santo Cristo,que t inha diante dos olhos. . . Lentamente, solenemente, comacento de ternura. . . com olhos cheios de lágrimas. . . dizia-lheaquêle Deus amoroso: Amarás o Senhor, teu Deus, com todo oteu coração. . .

Que se passou então naquela alma forte e naquele coração

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' l ^indômito, QUe- lhe sal taram as lágr imas. . . e a l i mesmo se a joe-lhou. . . e se f ixaram longo tempo os olhos daquele Deus-amor edaquela menina-revolução?

Em seguida levantou-se. . . pediu humildemente l icença àmestra para ir uns instantes à capela. Tinha sêde de falar demais perto com Deus. . . e Deus estava al i , a dois passos dela,no sacrário.

Quando se levantou estava regenerada. . . Desde aquêle diafoi a santa do colégio. . .

Anos mais tarde, quando o capelão e o confessor falavamdela, diziam: As almas assim ou são grandes santas ou gran-des pecadoras.

Naquela tarde de sua vida começou a ser santa e o foi atéo f im, até o heroísmo. . .

127.COMO MORRE UM VIGÁRIO

O pároco de Const antina, em terras de Sevilha, era um ho-mem de fé ardente.

PrenderarÌ-Íto *,,S bárbaros comunistas, lançaram-no numaasquerosa prisão, deram-lhe muitas pauladas, negaram-lhe todoo alimento e, por fim, tizeram em nome do comunismo o que nãopoderiam deixar de ïazer, isto é, saquearam a casa paroquial ea igreja.

Mas foram mais longe: conduziram-no à praça púbrica eal i o apresentaram àqueles mesmos paroquianos pelos quais êletrabalhara durante vinte e seis anos. A multidão, enfurecida pe-Ios vermelhos, saciou contra êle o seu ódio vi l .

Levaram-no outra vez à igreja. cinco dias durava já, o mar-tír io; há cinco dias que não via sua querida igreja paroquial.Ao entrar nela voltou-se com grave dignidad e para aquêles sa-crí legos, e disse-lhes:

- Perdôo-vos o que a mim me tendes teito; mas profanastesa igreja de Deus e sentireis o pêso da just iça divina. . .

Aproximou-se do altar do Santíssimo e. . . que dort viuque as sagradas partículas t inham sido at iradas ao chão. . . Quisajuntá-las. . . mas não pôde. Derrubaram-no por terra e al imesmo o golpearam bàrbaramente. Quis dizer:

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Page 140: Tesouros de Exemplos

Viva Cristo Rei! e não terminou. Um vil aósassino atra-

vessou-lhe a cabeça com uma bala. . .

Alguns meses mais tarde, a 15 de dezembro, quandg a ci-

dade dã Constantina caiu em poder das tropas espanholas, or-

denou a cãmata que desenterrassem o cadáver do pároco. Es-

tava perfeitamente incorrupto. Tinha sôbre o peito' um crucifixo'

Aquêle santo Cristo se lhe incrustara completamente na car-

ne. . . Conseguiram separá-lo, mas a cÍrtz ficou para sempre

gravada no peito do mártir. Ficou incrustada a cruz em seu

pei to. . .Trazei também vós no coração o espírito de Jesus Cristo

e, estou certo, náo deixareis de perdoar a todos oS VoSSoS

inimigos.

128.OLHAI PARA O ALTO

S. Aïonso, um dos homens mais santos e sábios, gostavade recordar o Íato seguinte.

Caminhavam por montes e Vales uns homens ricos e amigosdos prazeres. Eram caçadores? Não saben-cs; o certo é que

se internaram pela floresta adentro e no rieio dela, entre asárvores ïrondosas, encontraram uma choupana. Aproximaram-See dentro dela viram um anacoreta,' cuio rosto era o retrato dumaalma que gozava de P,az.

Irmão perguntaram aquêles senhores que fazes

- Irmãos - respondeu o ermitão vim procurar a fe-l icidade.

- A fel icidade? Nós gozamos da abundância das r iquezas;corremos de diversão em diversão e, contudo, não pudemos achata felicidade; e tu a procuraste aqui?

- Aqui a procurei e aqui a encontrei.- Encontraste mesmo a felicid,ade?- Sim; olhai por esta janel inha da minha choupana. Por

aí so vê a minha felicidade.

Os caçadores precipitam-se para a janel inha e olham an-siosos. Em seguida, mal-humorados, dizem:

- Irmão, enganaste-nos como um velhaco.

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Page 141: Tesouros de Exemplos

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- Nunca, nunca - repl icou o santo sol i tár io; é porque nãoolhastes bem; tornai a olhar. Garanto que por aí se vê a minhafel icidade.

Segunda vez chegam-se os homens à janel inha, olham portodos os lados e, agastados, dizem:

- Irmão, pel,a segunda vez nos enganaste. És um impostor.E o solitário, com aquêle aÍ de paz que nunca o abando-

nava, responde:- Irmãos, não olhais bem. Asseguro-vos que nã,o vos en-

gano: olhai melhor, pois garanto que daí se vê a minha fe-l icidade.

Os homens, desejosos de descobrir a fel icidade, olham, tor-nam a olhar para baixo, para cima, para os lados. . . e por f imdizem:

- Irmão, não nos enganes mais. Por aqui não se vê nada;apenas árvores e um pedacinho do céu. . .

- Isso, isso (exclamou radiante de alegria o ermitão), isso,isso. Aí está a minha fel icidade. Quando tenho algum sofr i-mento, quando a dor me atormenta, contemplo êsse pedacinhode céu e digo a mim mesmo: Tudo passa; dentro em poucoestarei no céu. A a'. :gria enche a minha alma. . .

Êsse solitário eÍa S. Antão. Fôra para o deserto em buscada fel icidade. Passou os longos anos de sua vida em oraçõese penitências. Olhava para o alto e via um pedacinho do céu !Teve lutas terríveis com o espírito do mal; não via o fim da-quela guerra; mas olhava para o alto, e via um pedacinho docéu !

Sofreu fome, calor e sêde; a carne pedia comodidade, o ci-lício atormentava-o, molestava-o a pobreza do hábito. . . Olhavapara o alto e via um pedacinho do céu !

Passaram-se os dias e passaram-se os anos. Olhava sem-pre para s alto, e o pedacinho do céu parecia-lhe cada vez maispróximo, cacla vez maior. Afinal, um dia não vê mais a terra,não vê mais o deserto. Ante seus olhos surgia uma cidade fantás-tica. Aquilo eÍa a terra da promissão, era a pátria de Deus,era o que tantas vêzes vira de longe: o céu ! o céu !

E a alma de S. Antão, que vivera para Deus, para a ora-Ção, para a penitência, para a santidade, para o céu, entravagloriosa no paraíso. . .

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l2g.A MENINA QUE REZAVA PELOS AVIADORES

Do alto do púrlpito um dos mais famosos oradoÍes contem-porâneos da Espanha dirigia sua palavra eloqüente a um se-leto auditório.

Era na festa de Nossa Senhora de Loreto e êle talava aosaviadores que a haviam escolhido por padroeira. Falou-lhesassim:

"Aviadores de minha pâtria, ainda vos lembrais? Era nosprimeiros dias do nosso Movimento contra o comunismo. Vós,tôdas as manhãs, em vossos aviões de bombardeio, em forma-

ção impecável, voáveis sôbre terras de Castela, e, ousados e des-temidos, internando-vos nas zonas montanhosas de Biscaia," íeisÍomper com vossas bornbas o cinturão de terro de Bi lbao.

O QUe, porém, não sabeis é que al i , nas margens clo Ebro,todos os dias, guardando o seu rebanho, estava uma meninaque não passaria dos onze anos. Ao ver-vos f icava emociona-da: ajoelhava-se e com as mãos postas rezava a Nossa Senhorapor vós para que tr iunfásseis dos inimigos de Deus e da Es-panha, e para que não sofrêsseis nenhuma desgraça. E quandoem vossos aviões desaparecíeis ao longe, a menina, sempre dejoelhos, levava os dedos da ntão direita à l-lca, imprimia nêlesum beijo e vo-lo mandava a vós, heróis da pátr ia e soldadosda fé.

Os aviões t inham iá desaparecido e a menina continuavaainda de joelhos rezando por vós. Graças a Deus estais com vida.

Não deveis (quem sabe?) a vossa vida às orações daqueleanjo de onze anos que guardava seu rebanho de ovelhas emterras de Castela?"

E aquêles frios aviadores, acostumados a desafiar a mortee a permanecer tranqi i i los e calmos no meio dos tremendos pe-rigos dos ares, choravam como crianças.

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130.CAI-VÁRIO DE UMA MÃE

Quereis um exemplo de paciência e resignação de uma mãesublime e heróica?

Foi sempre boa aquela senhora. Nascera na pobreza e nostrabalhos dos campos passara os anos da juventude. Quandoestava para completar vinte e cinco anos casou-se com um môço

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Page 143: Tesouros de Exemplos

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bom como ela, e, como ela, lavrador de pobres canlpos, que eramtôda a sua fazenda.

Tiveram cinco f i lhos: três meninos e duas meninas. Esta-vam todos ainda na infância, quando lhes morreu o pai. A po-bre viúva pôs a sua confi.ança naquele Senhor que nos livrossagrados se chama a si mesmo "consôlo e amparo das viúvas,,.E não esperou em vão. Trabalhou muito a pobre mãe; mas afi-nal teve a consolação de ver que seus f i lhos cresciarn fortes ebons. Naquela casa não faltava o pão ganho com o trabalhohonesto e comido em paz e graça cle Deus.

O mais velho dos filhos disse um dia à mã,e: ,,Mãe, vou aN. para ver se ganho algum dinheiro para nós, ' . Foi a N. e,poucos dias depois de lá chegar, morreu.'

Disse o segundo f i lho: "Mãe, eu não vou a N.; vou à Ca-pital à procura de uma colocação para que não tenhas de traba-lhar tanto". E foi à Capital; mas apenas lá, chegou, pereceunum incêndio.

O terceiro f i lho disse um dia à mãe: "Mãe, eu não vou nema N. nem à capital; f icarei em casa cult ivando nossos pobrescampos. Deus jamais nos negará um pedaço de pão". E um diasubiu a um morro em companhia de um amigo; e êste, ao ex-perimentar uma arma, sem querer destechou-lhe um t iro e ma-tou-o; e o pobre at l f icou no meio do caminho estendido e ba-nhado no próprio sângue.

A f i lha mais velha, derramando lágrimas sôbre os f inadosirmãos, disse à mãe: "Mãe, que pecado teremos cometiclo paraque Deus nos prove tanto? Vou para o convento". E para oconvento foi l e oito dias depois a levavam ao cemitério.

Por f im, a últ ima f i lha, que contaria uns dezesseis anos,disse à mãe: "Mãe, não chores; enquants eu viver, nã,o te fal-tará um pedaço de pão. vou para a cidade aprender costura 'e

corte". E foi para a cidade; mas, no primeiro motim comunista,uma bala perdida varou-lhe a cabeça e ela caiu morta.

A mãe não t inha mais lágrimas nos olhos. Incl inava a ca-beça, chorava e rezava. Por fim, ficou doente, teve de meter-sena cama, onde, durante anos, dores horríveis não ltre deramdescanso. Contudo, a Providência divina não a desamparou: nun-ca faltar am almas boas que cuidassem dela.

um missionário, que por al i pregava, foi um dia visi tá-la.Sentou-se à cabeceira do catre e ela contou-lhe a sua trágicahistória. Quando terminou, chorava e soluçava.

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Page 144: Tesouros de Exemplos

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- Filha disse-lhe o Padre Missionário estás agora

conformada com a vontade de Deus?Padre respondeu iâ sou velha; já completei oi-

tenta e quatro anos. Oitenta e quatro anos, Padre, dizendo mui-

tas vêzes ao dia: "Faça-se a vossa vontade, assim na terra co-

mo no céu".Virou a cabeça e fixou o crucifixo pendurado à parede.

u'" l: -ïJ* ïìïïïi,ï;er simpres, uma murher camponesa, que

aprendeu, na sua fé e no seu amor a Deus, a l ição dif icí l ima da

pãciência e da conformidade nas penas e dores da vida.

131 .O CONSÔLO DE LÚCIFER

Um dia, voltando da terta, chegou um demônio ao infer-

no. Estava triste e abatido. Dirigindo-se a Lúciter, o rei das

trevas, disse:- chefe, Íalhou completamente o meu esfôrço. Mostrei ao

Filho do homem tôdas as riquezas e grandezas do universo 3

prometi-lhe dar-lhe tudo aquilo com a única condição de quc

me adorasse. . . E eis que êle me repeliu çom desprêzo.- Consola-te, meu filho, responde Lúctier, mesmo que êsse

este ja perd ido, todos os outros nos per tencem.. .Depois de algum tempo regressa o demônio de sua nova

excursão pela terra e diz:chefe, está tudo perdido. o Filho do homem acaba de

lazer ao povo, no monte Tabor, um sermão sem igual. Êle afasta

a todos das vaidades terrenas e impele-os para o reino de Deus.- consola-te, meu f i lho, diz Lúcifer, .êles gostam de ouvir

palavras novas e belas, mas não as põem em prática. Esquecer-

ie-ão delas como Se esqueceram dos ensinamentos dos profetas.

Faz o demônio outra excursão pela terra. Quando volta ao

inferno, chega-se ao poderoso rei Lúcifer e, desanimado, diz:- Meu chefe, o nosso poder está liquidado pafa sempre.

O Filho do homem selou sua doutrina com a própria vida, pro-

vando assim que é realmente o Fi lho de Deus.- Não te at l i jas demais, meu f i lho, repl icou Lúcifer, êles

serão nossos Apesar de tudo. O Filho do homem provou' é ver-

dade, por sua morte na cruz, que é o Fi lho de Deus. . . mas

consolá-te, meu fiel emissário, os homens não crerão nêle.

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Page 145: Tesouros de Exemplos

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Meu irmáo, tira dêste imaginârio diálogo uma preciosa liçãopara tua at'ma, isto é., que não deves viver, como os pagãos eos l ibert inos, sem fé, sem rel igião, sem Deus.

132.SEMPRE MAIS

Perguntai .a S. Paulo o que deveis ïazer para vos tornar-des semelhantes a Jesus Cristo. S. Paulo não vos enganarâ. Ê,leé o doutor que mais admiràvelmente expõe as leis divinas denossa perfeição na vida espir i tual. . .

- Santo Apóstolo, temos a ïé de Pedro, o dlscípulo es-colhido por Jesus Cristo para seu vigário na terra... Basta-nos?

- Não basta.- Temos a caridade para

próximo, que aprendemos doBasta?

com Deus e o amor para com odiscípulo predi leto de Jesus. . .

- Não.- Temos a fortaleza heróica demonstrada pelo Batista an-

te os inimigos. . . Basta?- Não.- Temos a ç nfiança em Deus que distinguiu o patriarca

S. José, o qual mer€ceu ser t ido por pai de Jesus. . . Basta?- Não basta, não . . . Escutai o que vos digo: Jesus Cristo

é o modêlo que deveis ter sempre diante dos olhos. . . é o re-trato que haveis de reproduzir em vosso corpo e em vossa alma.E quem era Jesus Cristo? Era a caridade, era a justiça, a man-sidão, a prudência e a paciência. . . Era a beleza de Deus ma-nifestando-se aos olhos humanos, para que nêle nos transfor-memos. Tendes, pois, de trabalhar, trabalhar muito, até que se-ja is ret ratos per fe i tos dêsse d iv ino Modêlo. . .

- Mas, santo Apóstolo, nossa carne é ï.raca, nosso cora-ção é louco, nossa concupiscência é animal, nossas inclinaçõesperversas, as tentações são muitas, os demônios rodeiam-nos diae noite, o mundo nos fascina. . .

- Trabalhai! E' preciso imitar a Jesus Cristo. Essaúnica segura garantia de nossa eterna salvação. Se temos agraça, temos tudo. . .

- Mas isso será trabalho de muitos anos.- Tendes razão: é trabalho de tôda a vida. Mas para

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Page 146: Tesouros de Exemplos

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é que Deus nos pôs no mundo, para isso é a vida. Se não a en-tendeis assim, estais tr istemente equivocados. . .

Trabalhai ! . . . Tendes diante de vós uma eternidade para Ldescansar e gozaï de vossas virtudes.

133 ' cASTo . . . sEM RELIGIÃ '? t '

Estava aquêle médlco na f lor da idade. Era cabeça levianae andava cheio de orguÌho por sua ciência vá. AIém disso, re- r

legara a fé a um canto de sua intel igência e, segundo haviaaprendido de seus mestres sem rel igião, af irmava que para viverbem e ser feliz bastava a luz da razão

Por aquêles di,as um famoso pregador, uffi homem de elo-qüência singular, alvoroçara tôda a cidade.

O vaidoso doutor afirmava à bôca-cheia, no círculo de suasamizadesr QU€ iria entrevistar o famoso orador e que o havia deencurralar Com a fôrça de sua discussão.

E lá se foi, com efeito, seguido de alguns amigos zombe-teiros e curiosos. Achando-se frente à frente com o missioná-rio, o doutor disse entre outras coisas:

- Padre, eu nã,o pratico a religião; ,ou,-oporém, homem hon-rado e posso garantir-lhe que sou casto.

Sorriu maliciosamente o i lustre pregador e observou: ^- Cas to? . . . Cas to sem re l ig ião? !- Sim, casto - insist ia o doutor.- E vai a tôda espécie de cinema?- Naturalmente.- E lê tôda espécie de l ivros?

Tudo o que tai sob os meus olhos.- Desvia o olhar quando se encontra com alguma beleza

provocadora?- Oh ! pelo contráno.- E diz que não reza?- Nada.- E diz que é casto?- Digo.- Pois bem repl icou aquêle homem apostól ico, aquêle ì

profundo conhecedor do coração humano; - acredito que o se-nhor seja casto, mas casto como os cachorros.

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E nada mais disse. . . E havia dito tudo. . . O doutor mor-deu a l íngua . . . os amigos so r r i ram ma l i c iosamente . . . e o m is -sionário interrompeu bruscarnente o diálogo. Todos estavam deacôrdo: sem a prática da oração não podiam ser castos. E seriaref inada loucura af irmar o contrário.

134.DIÁLOGO COM SÃO PAULO

Jesus Cristo diz de si mesmo: "Eu sou a luz do mundo".Nos lábios seus e nos lábios de seus apóstolos, effi poucos anos,viu o mundo a formosura dessa luz e ficou envolvido em seusraios.

Duvidais? Interrogai S. Paulo, o gigante da verdade e doamor, o apóstolo que náo descansa, a bôca que náo cala, asmãos que náo desmaiam, o coração que nunca se apaga. Aí otendes: interrogai-o.

- Santo Apóstolo, donde vens?- Da Grécia.- Percorreste a Arëtbia?- Tôda.- Est iveste na 'Ásia?.- Cheguei às Éuas praias mais remotas.- E visi taste Atenas?- Falei no Areópago, bem como nas ruas de Corinto, de

Tessalonica e Éfeso.- Pensas em ir a Roma?- Até lâ chegarei. Tenho ardentes clesejos de avistar-me

com os césares do mundo.- Estiveste na prisão?- Muitas vêzes.- Sofreste naufrágios?- Três vêzes me vi nos abismos do mar.- Estiveste em perigo de morte?_- Em muitos; a cada passo.- Sofreste fome?- Sim.- Frio?- Também.- odios e calúnias?

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- lss6, tôda a vida; prego a verdacle e não n-Ìe cÍêem; pre-g o o a m o r e o d e i a n l - m e .

- Santo Apóstolo, descansa !- Não posso.- Modera tuas energias.__ Tuclo nÌe parece pouco.- Es incompreensível.- Sor"r a lógica, a lógica da verclade, a logica clo amor.O Apóstolo cala-se um instante. Pensa. Levanta a cabeça e

prossegue:- Vi o meu divino Mestre. Conheci-o na estracla de Da-

masco. Compreendi que é a verdade, a luz. Levo-o no coração:é um fogo que me abrasa. Levo-o nos lábios: é urÌa luz queme guia e me arrebata. Poucos anos ïaz ql le andamos pelomundo, eu e os demais Apóstolos, pregando a sua doutr ina,anunciando a sua lei. Erguei os olhos e vêde: a fé tem sido pre-gada enl todo o universo. Jesus Cristo conquista tôda a terra,porqLle êle é a luz, é o sol da verdade. Viva Jesus Cristo!

135.UM MENTIROSO CRUFI-

O czar Nicolau, que há cem anos goverhou o império russo,foi um dos homens mais sanguinários. A sua crueldade arrancoua vida a milhares de f i lhos da Igreja Catól ica; nraior, porém,foi o número dos que t iverarl uma nrorte lenta nos trabalhosforçados e nos horrendos cárceres do cl ima horrível da Sibéria.

Entretanto, cl iante dos reis europeus e sobretudo diante doSoberano PontíÌ ice, lazia sempre alarde de sentirnentos rel igio-sos e hunrani tár ios. Indo a Roma, o poderoso e sanguinár io czarÌoi recebiclo enr audiência por sl la Santidade o Papa Pio IX. OPontíf ice perguntou-lhe como tratava os catól icos. E o czar,conl a mais vi l hipocrisia, respondeu:

- Muito bem, Santíssimo Padre.Não pôde o Papa sofrer a vi leza daquele coração traidor.

Levantou-se cle seu trono, f i tou o poderoso imperador conl má-jestosa cl igniclacle e com voz forte e enérgica dissc:

- Ment is !O imperador Íusso não pôde conservar-se em pé; Ì icou co-

mo que aniqui lado. . . e saiu dal i aterrado, conro se unia tem-

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pestade tivesse estalado sôbre sua cabeça e o fogo de um raioo ameaçasse. Desceu ràpidamente as escaclas do Vaticano e foiocultar-se no palácio em que se hospedava.

Também a vós, milhares de cristãos. . . também a vós, rni-lhares de catól icos. . . pergunta o vigário de Jesus Cristo:

- Amais a Jesus Cristo?E respondeis com hipócri ta serenidade:- Amamos !- Mentis! vos cl irá o Papa e coÍn razã,o, pois:Não sois vós que profanais os dias santos de guarda?. . .

Não sois vós que abandonais a oração e os Sacramentos?. . .Não sois vós que desprezais os Mandamentos divinos?. . .

E não mentis aos homens, mas a Jesus Cristo. . . ao pró-p r i o D e u s ! . . .

136.O PUNHAL DA IMPUREZA

Aquêle môço não conhecia maior tesouro neste mundo doque o coração de sua mãe.

Fi lho e mãe viviam sòzinhos no ntundo. E eram fel izes,porque possuíam a n l ior fel icidade da vida: a fel icidade do amor.

Mas aquêle môço começou a soÌrer de uma doença esqui-sita. Tremiam-lhe as pernas. . . O tremor nervoso subia poucoa pouco pelo corpo e, quando chegaya à cabeça, estourava a lou-cura. Naqueles momentos de furiosa loucura, o rapaz procuravauma faca, empunh ava-a e corria por tôcla a casa, com os olhosarregalados, gesticulando terozmente, e gri tando: "Minha mãe,minha mãe! Onde está minha mãe? Quero matar nrinha nrãe!"

Cessava a loucura. O f i lho voltava a si. Conhecia sl la lou-cura e, de joe lhos, pedia mi l vêzes perdão a sua mãe. Diz ia- lhe:"Mãe, rninha mãe, se um dia, nul l ì dêsses arrebatamentos, eu tet i rasse a v ida?. . . Que ser ia de mint? Morrer ia de dor" .

Assim, tão grandes eram os temores da mãe conlo as an-gústias do f i lho. Sabeis o que êle resolveu ïazer? Quando sen-t ia que o ïremor começava a subir- lhe pelo coÍpo, pegava unlacorda muito forte, corr ia para a mãe e dizia-lhe: "Amarra-me,mãe, amarÍa-me". E a mãe amarrava forteniente as nrãos do filho.

No momento enr que a loucura subia à cabeça, êle soltavarugidos de fera e gri tava: "Onde está minha mãe? Quero matar

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minha mãe!" Mas, como poderia fazer- lhe mal, se t inha as mãosbem .amarradas?

Passada a loucura, o môço tomava aquela corda e beija-va-a.com loucuras de amor. . .

Meu irmã,o, alerta! Quando sentires que vem chegando atentação, o perigo, toma o rosário, cinge-te com as cadeias daoração. Reza e serás for te. . . Quando passar o per igo, bei jarás,reconhecido e grato, o teu rosário, que te livrou do punhal daimpureza.

137.D. BOSCO CONFESSA UM DEFUNTO

Havia um jovem, chamado Carlos, que só pensava em vi-ver e divertir-se. Mas eis que cai doente, táo doente que o mé-dico lhe dá apenas algumas horas de vida. Quis confessar-se aD. Bosco, que lhe era muito afeiçoado, mas D. Bosco não pôdeir. Confessou-se a outro sacerdote, mas a confissão não foi sin-cera, pois ocultou faltas graves.

E o jovem morreu. . . Comunic aram logo a D. Bosco queo seu querido Carlito falecera. Nesse momento uma voz mis-teriosa parecia segredar a D. Bosco que c infeliz náo se con-fessara bem. Saitou do leito, correu à cas* do defunto. . . Al iestava Carl i to imóvel, am,arelo, endurecido: ia ser colocado nocaixão. . . D. Bosco ordenou que todos deixassem o aposento;al i só f icaram o santo e o cadáver. . .

D. Bosco, falando ão ouvido do defunto, disse:- Carl i to !O rapaz abriu os olhos e fitou-os em seu santo diretor.- Onde estiveste? - perguntou-lhe o servo de Deus.- p36l1s, numa região misteriosa e desconheclda. Vi mui-

tos demônios e todos me queriam arrastar ao inferno. Diziam quetinham direito sôbre mim.

- Fi lho, é porque não te confessaste . bem. Ocultaste umpecado por vergonha, não é verdade?

- Sim, padre; mas agora quero declará-lo.E o r,apaz confessou com grande hum:ldade seus pecados

e sacrilégios.- Padre, se não fôra esta grande

eu estaria perdido païa sempre.

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D. Bosco, erguendo a destra, deu-lhe a absolvição. Rece-beu-a o jovem com grande recolhimento e na atitude da maisprofunda gratidão. O santo abriu a porta e disse aos que espe-ravam do lado de fora:

- Podem entrar.Entraram. . . e l ,ançaram um grito de surprêsa e de terror.

O morto estava sentado na cama. Parentes e amigos caíram dejoelhos, mudos de assombro.

D. Bosco incl inou-se e disse ao ouvido do jovem:- Carlito, agora que estás na graça de Deus, que é que

desejas: viver ou morrer?- Padre, respondeu o rapaz, quero morrer.Enquanto o santo lhe dava a bênção, Carlito deixava cair a

cabeça sôbre o travesseiro, juntava as ,mãos sôbre o peito, fe-chava os olhos e. . . morria.

139.O F I L Ó S O F O E O B A R Q U E I R O

Um barqueiro transportava um filósofo em sua barca.Durante a trave^sia, disse o f i lósofo ao barqueiro:- Então, meu'-velho, você sabe alguma coisa?- Eu? Sei remar e nadar.- Não sabe f i losofia?- Nunca ouvi talar disso.- Não sabe astronomia?- Não, senhor.- Não conhece a gramãtica?- Também não, senhor.E assim foi o f i lósofo perguntando muitas coisas e o bar-

queiro respondendo:- Não sei nada disso.- Pois, assim, você perdeu a metade da vida, acrescentou

o f i lósofo.Nisso, distraídos pela conversa, deram contra um rochedo,

partiu-se a barca e os dois nauf ragaram. . . O barqueiro, frã-dando, alcançou a margem; ao passo que o f i lósofo se afo-gava. O barqueiro, malicioso, gri tou-lhe:

- Senhor filósofo. não sabe nadar?- Não.

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Page 152: Tesouros de Exemplos

- Ah! não sabe? Então o sr. é um infel iz; perdeu a vidainteira. Suas astronomias e f i losofias não lhe servem para nada.

Isto mesmo se pode dizer dos que sabem tudo dêste mun-do, menos a doutr ina cristã, pois: A ciência mais apreciada éque o homem bem acabe: porque, no f im da jornada, aquêle quese salva sabe, e o que nã,o, nã,o sabe nada.

139.O S O L D A D O E O Õ V O

A pessoa que sabe sof rer com paciência é semelhante aum anjo.

_ Conta Spirago QUe, num hospital servido por Irmãs deCaridade, achava-se um soldado em tratamento. Certo dia pe-diu lhe trouxessenr um ôvo cozido. Poucos instantes após umaclas lrmãs servia ao enfêrmo o ôvo coziclo; mas aquêle indivíduo,querendo, ão que parece, provar a paciência da rel igiosa, re-je i tou o ôvo bruscamente, d izendo:

- Está duro demais.Retirou-se a Irmã em si lêncio e, depois cle alguns minutos,

trouxe outro ôvo; mas o doente rejeiton-o de novo, alegando:- Está mole demais.sem mostrar o menor indício de imp .ciência, foi a lrmã,

pela terceira vez, à copa e trouxe ao soldad'o Llm vaso com águafervente e um ôvo fresco e disse-lhe com tôda calma:

- Aqui tem o senhor tudo que é necessário; prepare oôvo do moclo que lhe agradar.

Essa paciência inalterável da boa Religiosa causou ao sol-daclo tal impressão, que não pôde deixar de exclamar:

- Agora compreend6 que há um Deus no céu, uma vezque há tais anjos na terra.

Por aí se vê que pela paciência se pocle lazer um grandebem ao próximo.

140.POR QUE DEVO SOFRER TANTO?

s. Pedro Márt ir ( ï 1252), da ordem Dominicana, teve desof rer incríveis calúnias e perseguições, sendo êle, af inal, ino-cente e santo. Ajoelhou um dia aos pés do Crucif ixo e queixou-sea Nosso Senhor de seus sof r imentos:

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Page 153: Tesouros de Exemplos

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- Senhor, qlle mal tiz eu para sofrer tanto?Enquanto assim se lamentava ouviu o Santo, col l lo vindas

da Cruz, estas palavras:- E que mal t iz eu pata sofrer tanto na cruz? Teus so-

fr irnentos não se podent comparar com os meus. Suporta-os porisso com paciência.

Estas palavras deram ânimo ao Santo. Daí em diante,quando t inha de sofrer, olhava païa o Crucif ixo, lembrando-seqlle o Fi lho de Deus teve de sofrer imensamente mais do que êle.

l4l.A CONFIANÇA RECOMPENSADA

O imperador Napoleão I entrou, certa vez, num restau-rante de Paris, acompanhado cle seu ajut lante Dttroc. Al i nin-guém os conhecia. Depois de haveretn tomado a sua refeição,e apresentada a conta de 14 francos, aconteccu que nenhttmclêles t inha dinheiro consigo.

O imperador estava incógnito e não queria dar-se a conhe-cer. Seu ajuclante Duroc, dir igindo-se à dona do restattrante, pe-cl iu- lhe que t ivesse paciência de esperar uma hora e o pagamentoseria feito pontual ' ,€Íì te. A dona, porém, uma velha muito se-gura, nã,o concordou; pelo contrário, ameaçou-os com a políciase não pagassem imediatamente.

A coisa ia f icando feia, quando o garçon, interessairdo-sepelos hóspedes, disse à patroa:

- Êstes senhores fazem-me boa impressão; náo devem sergente mâ. Pagarei por êles os 14 francos. Se me enganar, per-derei eu o dinheiro e não a senhora; ntas peço-lhe que deixeos homens em paz.

Em seguida pagou a conta. Os dois senhores agradecerame logo se ret iraram.

Passada uma hora, ou pouco tnais, aparece de novo o aju-dante do imperador e, dir igindo-se à dona, pergunta:

- Dona, quanto vale êste seu restaurante?- Em todo caso mais que 14 francos, respondeu ela um

tanto agastada.Mas o senhor insiste:- Diga sèriamente: quanto quer por êste seit restattrante?- Bem; 30.000 francos e nem um cêntimo por menos.

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Puxando a sua carteira, pagou-lhe Duroc aquela soma edisse:

- Por ordem de meu âÍï1o faço presente dêste restauranteao garçon em reconhecimento pela confiança que depositoúem nós.

Admirada, perguntou a velha:- E quem era aquêle seu companheiro?- E' o imperador Napoleão. . .se assim recompensa um homem a confiança nêle deposi-

tada, como não recompensará o bom Deus a que nêle deposi-tarmos?. . .

142.VOCÊ TEM RAZÃO

Havia um senhor r ico à moderna, que não queria saber derel igião, nem de igreja, nem de preceito pascal, n.m de oração.

com êle vivia, hâ muitos anos, um ótimo criado, piedóso,f iel e que ihe queria muito bem. Êsse criado, valendo-se da con-f iança que lhe dava o patráo, dizia-lhe às vêzes:

- Mas, senhor patrão, pense também um pouco em Deuse em sua alma.

- Fique traqüi lo, respondia-rhe o patr i ; .veja: ou eu soupredestinado e então me salvarei da mesma forma sem ir à igrejareceber os sacramentos e rezar; ou não sou predestinado, . . ì tão,faça eu o bem que ï izer, me condenarei dó mesmo modo.

Aconteceu QUC, um cl ia, aquêle senhor caiu doente. chamoulogo o servo fiel e disse-lhe:

- Vâ chamar o médico para mim.o criado ouviu, mas não foi. chegada a tarde sem que o

médico aparecesse, perguntou o enfêrmõ:- Você não chamou o médico?- Escute, senhor patrão; eu pensei assim: ou Deus des-

tinou que meu patrão sare, e então sararâ também sem médico;ou destinou que morra, e então, mesmo com todos os médicosclo mundo, morrerá, igualmente; por isso é inútil chamar omédico.

- você é um bôbo, um imbeci l ! gr i tou o patrão, furioso.Deus não quer ïazer milagres sem motúo, quer que empregue-mos os meios que estabeleceu. Em caso de doençã quer que sechame o médico; e você vá correndo chamá- lo. ouviu?. . .^

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Page 155: Tesouros de Exemplos

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- Sim; sim, senhor; vou iá: t las, pur que o senhoÍ patrãonão raciocina do mesmo modo quando se trata de sua aima?. . .

A observação era acertada e o patrão teve de responder:- Você tem razã,o!

143.O PRESENTE DE NATAL

Conta o acadêmico francês J. Marmier QU€, n,a manhá deNatal, Bert inha, f i lha do porteiro, entregou-lhe seus jornais ecartas. Tinha na mão uma moeda de prata novinha de cincofrancos e disse-lhe:

Olha o que o Menino Jesus me encarregou de te dar.' Olha a menina com olhos grandes aquela moeda e cxclama:

- Como é bom o Menino Jesus !- Sim, êle queria pôr esta moeda em teus sapatinhos na

chaminé, mas não os viu.- Meus sapatinhos! E' possível? Lá estavam e de manhã,

lá encontrei uma boneca e uma laranja. . .- Sim, mas como nesta noite de Natal tem Jesus muito

que fazer e me conh-ce bem, parou só um instante e disse: " lstoé para a Bert inhâ". -

- Jesusinho sabe o meu nome?- Como não? Sabe e deu-me essa moedinha para ti.- Ah ! murmurou Bert inha iuntando as mãozinhas. terei

que lhe agradecer muito.E subiu correndo escada acima para mostrar à mamãe o

presente que lhe mandara o Menino Jesus.Se algum l ivre-pensador lesse por acaso esta história, dir ia

provàvelmente que o acadêmico e a Bert inha são dois idiotas,mas. . . que talentosos, que sábios são os l ivre-pensadores !

144.o sAcRrFicro PoR JESUS

Um sacrif ício disse a mãe seria, por exemplo, emlugar de gastar em brinquedos os cinco cruzeiros que te deu avovó pelo Natal, dá-los por amor de Jesus a algum menino po-bre que não tem o que comer nem o que vestir .

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O menino calou-se. Na manhã seguinte, porém, quando foiabraçar a mamãe, disse-lhe:

- Mamãe, queÍo lazer um sacri f ício pelo Menino Jesus,Vou dar os cinco cruzeiros ao pobrezinho enfêrmo que um diadêstes fomos visi tar.

Ao café pôs de lado o pão com- Não tens fome, f i lhinho?- Guardo-o para 0 pobrezinho.- Come, eu te darei outro para- Não, não, mamãe! Não seria

um sacri f ício para 0 Menino Jesus.Brotaram lágrimas dos olhos da

manteiga.

o pobrezinho.a mesma coisa; não seria

ïeliz mãe. . .

145.MAÇÃS E ROSAS DO CÉU

No ano de 304, no maior furor da perseguição movida poÍDiocleciano, um,a virgem cristã, chamada Dorotéia, foi coudu-zida ao tr ibunal do governador de Cesaréia, na Capadócia. Co-mo nâo quis sacri f icar aos deuses e aos ídolos pagãos, a es-pôsa cle Cristo teve de sof rer horrível mertír io. Tranqüila nomeio dos tormentos, disse ao juiz

- Apressa-te a fazer o que queres, e sejam os suplícios ocaminho que me leve ,ao celeste espôso. Amo-o e nada temo. De-sejo os tormentos, pois são leves e passageiros, uma vez qucpor êles chegamos às deÌícias do paraíso, onde há frutos e f lô-res de maravi lhosa formosura e suavidade, que nunca murcham,fontes de águas vivas, onde os santos se desalteram na alegriaeterna de Jesus Cristo.

Ao ouvir estas palavras o assessor do juiz, um letraclo cha-mado Teóf i lo , d ingiu-se à Santa caçoando e r indo:

Envia-nte Íosas e maçãs do jardim de teu espôso doparaíso quando lâ chegares.

- Sim, eu as enviarei, respondeu a jovem.Notemos quc se estava em pleno inverno.O verdugo apoclerou-se da virgent e cortott-lhe a cabeça.

Teófi lo, chegando em casa, contou a pi lhéria aos amigosentre zombarias e sarcasmos. De repente, porém, apareceu-lheum menino de rara beleza, levando nas pregas de seu manto

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Page 157: Tesouros de Exemplos

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três magníficas maçãs e três rosas dee fragrância.

- Eis aqui, disse, o que a virgenrviar- lhe da parte de seu espôso do céu.

Teóti lo, estupefato, tomou as maçãsplando-as um instante, exclamou:

- Verdadeiramente Jesus Cristo éengana.

cxtraordinâria frescura

Dorotéia prometeu en-

e as rosas e, contem-

Deus, o Deus que não

Fazendo esta confissão, Teófi lo selava a sua sentença demorte.

Algumas horas depois conduziam-no ao suplício, tornan-do-se márt ir da mesma fé catól ica de que antes zombara.

146.UM INSTINTO DIVINO

Há coisas que só Deus pode ensinar às crianças. Elas têntàs vêzes icléias de anjos que espantam os grandes. Para cele-trrar a primeira comunhão de seus f i lhinhos, costumam as mãespreparar l indos vestidos brancos que simbolizam a alvura daalma e completam a testa interior do coração. Lindas f lôresenfeitam o dia da'-primeira comunhão. A alma, entretanto, temlá suas f lôres que ninguém vê nem suspeita.

Uma menina se preparava com admirável fervor pata re-celrer Nosso Senhor, pela primeira vez, em seu coração.

Faltavam poucos dias para a solenidade e a mãe, julgan-do causar alegria à f i lhinha, disse: - Amélia, venha experi-nrentar o vestido branco.

Sôbre a mesa do quarto estava estendido um belíssimo ves-t iclo de sêda branca. A mãe esperava uma explosão de alegria,mas enganou-se. Vendo o vestido, Amélia parecia cobrir-se detr isteza.

- Que é isso, Amélia? Não gosta do vesticlo?- Ah ! mamãe, êle vai me distrair. Naquele cl ia quisera

ver só Jesus, pensar sòmente nêle e talar só com êle. Faça, ffiã-mã,e, um vestido mais simples e serei fel iz, como os pobrezi-nhos . . .

- Você é um anjo, disse a máe abraçando-a. Só Deus po-de ter ensinado a você essas coisas !

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147.BEIJAR A MÃO DO PADRE

um grupo de alegres rapazes combinaram ïazer uma ex-cursão. Iam bem dispostos, levando cada um a sua merenda,quando se encontraram com um padre modesto e bondoso. To-dos beijaram a mão do ministro de Deus. Todos, nã,o, porquedois, que pareciam ter idéias revolucionárias, Iogo depois ca-çoaram dos companheiros e disseram:

- Vocês não passam de uns beatos.- De modo nenhum, respondeu um dêles; bons cristãos,

isso sim. Por que bei jam vocês as mãos de suas mães? porqueIhes dão de corner e vestir , ou os curam quando é preciso, Ããoé? Pois bem; nós bei jamos a mão do sacerdote potque com elanos reparte o pão da Eucarist ia, nos abençoa, perdoa-nos os pe-cados e dir ige-nos no caminho do céu.

- Bobagens ! responderam os mal educados. Isso era cos-tume em tempos atrasados; hoje não se bei ja mais a mão clamãe e menos ainda do padre.

- Vocês estão muito enganados. Se nãa beijam sua mãe,nem são agradecidos ao sacerdote, também não merecem o nomede homens, pois faltam-lhes os sentimentos t, 'manos. Temos querespeitar os ministros de Deus, corllo a nossos pais, porque real-mente são pais de nossas almas.

l4g.CASTIGO DO CÉU

A 18 de fevereiro de 1881, numa sexta-feira, houve em Mô-naco um escandaloso bai le de máscaras. Muitos dos mascaradosridicularizavam as vestes sacerdotais e os hábitos rel igiosos, fan-tasiando-se de frades e de freiras, f ingindo-se muito gordos comenchimentos de estôpa e lã.

Alguém imprudentemente usou de fogo para acender o ci-garro, fogo êsse que pegou num dos vestidos e as chamas sepropagaram como um rastilho de pólvora. Doze daqueles sa_crí legos mascarados morreram no meio do pânico, è os ou-tros, sofrendo dores horríveis, foram transportados ao hospital.onde alguns vieram a falecer e outros f icaram com as cicatr izesdas queimaduras como lembrança do intel iz divert imento.

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Em presença desta horrível catástrofe, tôda a cidade ex-clamou:

- Castigo ! Foi castigo do céu !

149.O RESPEITO DO IMPERADOR

No ano de 325, após três séculos de cruéis perseguições,movidas pelos imperadores pagãos contra os discípulos de Je-sus Cristo, puderam afinal reunir-se em Nicéia os bispos de todomundo, para celebrar o primeiro Concíl io ecumênico ou universal

A êsse concíl io assist iram trezentos e quinze bispos e inú-meros sacerdotes. A êle assistiu também o grande imperadorConstantino, que tizera cessar a perseguição contra a lgreja, con-vertendo-se êle próprio ao catol icismo.

O imperador, cheio de respeito para com os i iustres prela-dos, quis ocupar o últ imo lugar na augusta Assembléia e, alémdisso, não se assentava antes dos Bispos ou sem obter permissãopara isso.

Terminado o grandioso Concíl io, perguntou alguém ao mo-narca:

- Por que mostrava vossa majestade tanto respeito àque-les homens?

- Meu amigo, 'disse o imperador, o sacerdote, embora re-vestido de uma dignidade divina, é homem e pode pecaÍ; masnenhum de seus pecados deve diminuir o nosso respeito. Digo-lhe mais: se visse um sacerdote pecar, em vez de publicar oudivulgar o pecado dêle, cobrir ia o sacerdote com meu manto irn-perial paYa subtraí- lo às murmurações.

Aquêle imperador tinha razáo. o carâter sacerdotal é de-um valor imenso, impresso embora, algumas vêzes, numa al-ma fraca.

150.VIVA CRISTO REI !

No México, não taz muitos anos, unt presidente, chamaclocalles, perseguiu com furor não só os padres, mas também to-dos os catól icos mil i tantes. Em setembro de lg27 os soldadosde Calles prenderam três jovens: José Valência, Nicolau Na-varro e Salvador Vei'gas, porque laziam propaganda em favorda rel igião.

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Page 160: Tesouros de Exemplos

Depois de maltratá-los brutalmente, conduziram-nos' a 3cle janeiro cle 1928, para longe da cidade, e al i os espancarame ïeriram com cutelos. Repreendeu-os José Valência, dizendo:

- Sois uns perversos, mart ir izando-nos ferozmente; Deusvos perdoe!

E dir igindo-se aos companheiros, recordou-lhes que eramcatolicosr QU€ a verdadeira pâtria era o céu, para onde logopart ir iam.

E toclos os três gri taram: Viva Cristo Rei! Viva a Mãe cleDeus ! Furiosos, os cruéis soldados oS espancaram cle novo ecortaram-lhes a l íngua, dizendo:

- Vanros ver se agora falais e rezais !Ao vo:ver-se o nrárt ir para seus compattheiros pata mos-

trar- lhes s céu, fuzi laram-no e em seguida cortaram-lhe a cabeça.

Os outros dois companheiros imitaram o heroísuro do pri-meiro.

Enr seguida aquela soldadesca tomou os cadáveres e, le-Vando-os à ciclade, deixou-os no meio da praça, como Se ti-vesse realizado uma grande façanha.

Acucl iu logo uma mult idão imensa de curiosos. Chatnaramtambém a mãe do jovem mártir José Valência. A heróica se-nhora, em vez cle chorar, olhos t ixos no cétl exclamou:

- Senhor, bendigo-vos por terdes displrsto que eu fôsse emãe de um márt ir !

E julganclo-se indigna de abraçar o corpo do f i lho, bei-jou-lhe os pés devotamente.

"151.

QUE LHE PARECE?

Apresentol l-se, certo dia, num convento, t tma jovem que cle-sejava seÍ rel;giosa. Parecia ter muito boas cl isposições, nlas aSupcriora, querendo experimentar- lhe a vocação, percorreu Comela as dependências da casa, e foi dizendo:

- Esta é a nossa capela. Aqui moÍa o Dono da casa: é

Jesus. o ql le Êle ntanda se laz; o que Êle proíbe, se deixa; oque não pecle, se adivinha.

Rezaram al i unÌ instante e, continuando a visi ta, disse aSuper iora:

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- Aqui é a sala de jantar: tudo pobre. Sendo assim, nesterefeitório não se prova nenhum manjar del icado, entende?

- Sim, senhora, responde a jovem.- Esta é a sala de trabalhos; como sabe, tôdas as rel i-

giosas vivem trabalhando e rezando; descanso, só no céu.Passaram a outro corredor e a Superiora indicou uma cela

à jovem, d izendo:Êste será o seu quarto; é l impo, mas pobre, até na mo-

bíl ia. Será a sua morada para tôda a vida: aqui você ïarâ pe-nitência por seus pecados e pelos pecados do mundo, ouviu?

- Sim. senhora.Saíram païa fora cla casa, andaram alguns passos e:- Olhe, disse a Superiora, neste hôrto, quando você fa-

lecer, será enterrada, sem nenhuma pompa, aos pés claquelegrande Cristo.

A jovem, sem dizer palavra, contemplava a bela imagemde Jesus Crucif icado. . .

- Que lhe parece? Tem mêdo?. . .- Não, madre, respottdeu. Está tudo bem. Não tenho mê-

do, não; porque na capela, na sala de trabalhos, no refeitório,na cela, no jardim e em tôda parte vi o Crucif ixo; êle me darátfôrças païa sofrer. Se tanto padeceu Jesus por minr, por quenão hei de padecer , m pouco por êle?

E a jovem foi ateita. E tornou-se santa.

152.HEROÍSMO DE UM ANCIÃO

S. Policarpo, uff i dos grandes heróis da Igreja Catol ica, erabispo de Esmirna e discípulo de S. João Evangelista. Foi umclia detido por um piquête de soldados, aos quais recebeu e tra-tou com rnuita caridade, convidando-os a se assentarenr à suelnesa para a ceia.

Pediu-lhes clepois lhe dessem tempo para encomendara Deus a Igreja e seus perseguidores. Feita a sua oração, pôs-se a caminho com os soldados, QUe o maltrataram cruelmentedurante tôcla a viagern, pagando com violências os benetíciosque lhes f izera o santo bispo.

Conduzido à presença do governador, quis êste convencê-loque era melhor sacri f icar aos deuses e salvar a vida do que dei-xar-se mart ir izar. Falou-lhe assim:

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- Venerável ancião, amaldiçoa a Cristo e eu te porei emliberdade.

- Faz oitenta anos que sirvo a Jesus Cristo e dêle só te-nho recebido favores e benefícios; por gu€, pois, haveria dearnaldiço á-lo?

- Se as feras não te dilacerar insistiu o governadoí- serás queimado vivo.

- Bem se vê que desconheceis o fogo eterno do inferno, epor isso me ameaça:s com o tormento do fogo terreno e pas-sageiro.

Condenado à fogueira, o fogo, em vez de queirn â-lo, formouuma como grinalda ao redor dêle, não lhe causando o menorriaao.

Atravessaram-no então conl a espada e, assim, terminorrgloriosamente a sua vida terrena o heróico confessor de JesusCristo e defensor intemerato da Santa Igreja.

153.S Ã O C A R L O S E A E P I D E M I A

Em 1576 pfopagou-se a peste na cida le de Milão ( l tál ia)com fôrça e velocidade aterradoras. As mçrtes eram contínuas.

s. carlos Borromeu, zelosíssimo arcebispo daquela infel izcidade, nã,o encontrava pessoas que quisessem cuidar dos em-pestados, nem sacerdotes que sacramentassem os agonizantes.

A angústia do Santo era grande; não podia ver aquela ca-lanidade; precisava remediá-la. Ia, êle mesmo, de casa em casa,visi tava e socorria os enfermos, começando pelos mais graves.Saía, depois, à janela das casas e, com vozes que cortavant oscorações, convidava tanto a sacerdotes como a seculares a queo ajudassem naquela obra de caridade.

Ante aquêle formoso exemplo do santo Arcebispo, muitoscidadãos se sentiram impelidos a socorrer os empestados. Atéos sacerdotes, que haviam fugido, voltai:am para sacramentaros moribundos, sendo coadjuvados por outros vindos do es-trangeiro.

Naquela terrível epidemia, gue durou ano e meio, perderama vida dois jesuítas, dois barnabitas, quatro frades capuchinhose cento e vinte sacerdotes seculares.

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Assim sacri f icaram a sua vida corporal aquêles zelosos mi-nistros de Deus para a salvação eteÍna das almas, muitas dasquais, sem os auxíl ios da rel igião e sem os santos sacramentos,se teriam precipitado no inferno eternamente.

Para aplacat a cólera divina, organizou S. Carlos grandesprocissões de penitência, sendo êle o primeiro a tomar partenelas. caminhando a pé e descalço e dir igindo ao céu fervoro-sas preces.

154.NÃO QUERO QUEBRAR O JEJUM

S. Frutuoso, bispo que era de Tarragona, na Espanha, foiencarcerado por certo governador romano chamado Emil iano.Condenado a morrer queimado a fogo lento, achava-se ao pé dafogueira quando, alguns cristãos, compadecldos, lhe ofereceramde comer para que não desïalecesse.

- Não, disse o confessor da fé, não quero quebrar o je-junr; assim chegarei ao céu mais depressa.

Todos ficaranr muito edificados com tal exemplo de ficle-l idade às leis da Santa lgreja.

155.CORTEM-LHE A CABEÇA

Conta-se que Teodorico, famoso prínc;pe ariano, t inha aseu serviço um catól ico, a quent est imava nruito, a ponto denomeá-lo seu ministro. Êsse indivíduo, querendo merecer aindamais as graças do príncipe, renunciou à Lel ig:ão catól ica e abra-çou a ariana, qlle era uma perigosa heresia.

Ao ter notícia dessa resolução do seu ministro, dir igindo-se aos seus dois guardas, disse-lheS o príncipe:

__ Cortem-lhe a cabeça !Estranhando os guardas aquela ordem, acrescentou Teo-

clorico:Cortem-lhe a cabeça porque, se êste homem é inf iel a

Deus, não deixará de ser inf iel a mim, que não passo de umpuro homem.

E o ministro, que esperava grandes favores à custa de suarel igião, foi imediatamente decapitado.

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156.OSSANTOSEACARIDADE

a) S. Pedro Nolasco, f i lho de uma nobre famíl ia da Pro-vença, era devotíssimo de Nossa Senhora. Em conseqüência deuma visão que t ivera êle, S. Raimundo e o rei Jaime I, tun-daram uma Ordem (de Nossa Senhora das Mercês) para remiroS cristãos cativos dos mouros. Os rel igiosos comprometer-se-iam, se necessário fôsse, a resgatar os cristãos à custa da pró-pria liberdade.

S. Pedro fo i o pr in te i ro a dar o exenrp lo. . . Vendeu tudoquanto possuía, viveu paupérrimo, conìo bom rel igioso, e certavez, que pregava na Afr ica, f icou como refénl paÍa l ibertar al-guns cativos. Sofreu inúmeros e indizíveis martír ios dos mourosnaquelas terras de bárbaros.

Recuperou, por f im, a l iberdade, vinclo a falecer aos sessentae nove anos de idade, numa noite de Natal.

Seu corpo exalava um suave odor que encheu todo o con-vento, e seu rosto apresentava um resplendor celeste: eram oodor e o resplendor da santidade.

b) S. Pedro Claver foi, como todos q santos, um perfeitoimitador de Jesus Cristo. . . Não se dedicou, como S. PedroNolasco, a remir os cativos, mas passou tôda a sua vida nomeio dos escravos negros. Nascido em Verdú, perto de Lérida,lëz sua carreira eclesiást ica em Barcelona. Aos vinte e um al losentrou na Companhia de Jesus, e logo embarcou para a Amé-rica, onde aguardaya a chegada das naus carregadas de escra-vos negros. Expl icava a doutr ina cristã àqueles pobrezinhos,curava os enfermos e purgava-lhes as chagas, chegando a bei-já- las por mort i f icação e amor de Jesus Cristo.

Conseguiu desta forma converter a muitos milhares de es-cravos. E como se lhe mostravam gratos todos aquêles que porseu ministério se viam l ivres das enfermidades do corpo e daignorância rel igiosa !

Assim entendiam e praticavam os santos o verdadeiro amorao próximo.

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157.. . .SAIU TOSQUIADO!

Um senhor, que gostava de festas farniliares, convidou seusparentes e amigos paÍa uma testa de família.

No meio dos convidados apareceu também um môço dêssesque querem, nessas ocasiões, passar por engraçados.

Quando o dono da casa se pôs a ïazer as orações da mesa,o rapaz negou-se a rez.ar alegando ser ateu, isto é,, não crerem Deus.

Todos reprovaram tal procedimento. Vendo-se contrariadoe meio envergonhado, disse:

De maneira que o único que nesta casa náo crê emDeus sou eu? E deu uma grande gargalhada: ah! ah! ah!

Uma senhora, que estava assentacla ao lado dêle, repl icou:- Não se r ia tanto, môço: nesta casa, além do senhor, há

dois gatos e um cachorro que também nã,o crêem em Deus.Mas, coÍÌro não têm entendimento nem sabem talat, não podemdizer que pensam como o senhor. . .

Fo i buscar lá e . . .

158 ' I cas t r .uE-ME! . . .

Chegou a uma vila uma professôra que náo cria em Deus.E querendo corromper as alunas, disse-lhes:

Vamos ao ditado; escrevei! E ditou-lhes despudorada-mente:

- Não existe Deus; os que crêem nêle são uns bobos, aosquais se deveriam pôr orelhas de burro.

Ao recolher e corr igir os ditados viu que uma menina es-crevera:

- Eu creio que existe Deus.- Por que escreveste isto, senhorita? Olha que te cas-

t igarei.- Minha mãe - disse a menina - ensinou-me que existe

Deus, e acrescentou que é preferível deixar-se matar a ofendera Deus, nosso Criador. Se a senhora quiser castigar-me, casti-gue-me; Deus e minha rnãe estarão contentes comigo.

Comoveu-se a professôra diante daquelas palavras pronun-ciadas por sua alunazinha, e mais tarde converteu-se.

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159.NA MINHA FÁBRICA NÃO SE TRABALHARÁ

Um comerciante t inha em sua fábrica centenas de operá-r ios, cujo trabalho devia ser contínuo e a suspensão do mesmonos dias fest ivos importava na perda de grandes l t tcros. Apre-scntou-sc ao bisptr e perguntou se podia considerar razã'o su-Ì iciente para trabalhaÍ ent dias fest ivos a considerável perda quesofr ia, e em consciência pedia-lhe l icença para trabalhar depoisque os operários t ivessem ouv:do nt issa. O bispo disse-lhe queescrevesse ao Papa. Êle'o ïêz e a resposta favorável foi enviadaao próprio bispo, que toi encarregado de comunicá-la ao co-merciante. Cham.r-ru-o e disse-lhe:

- O Papa outorgou-vos a dispensa sol ici tada; mas o vossoexemplo hâ de inf luir nos outros, os quais nunca entenderãosuficientemente o motivo da dispensa, pois o públ ico não racio-cina e só verá um favor concedido a um rico. Vêde se quereistomar sôbre vós essa responsabil idade e Se na hora da morte nãotereis de arrepender-vos de haver dado motivo para que outrosfaltassem contra a lei de Deus.

Está bem, senhor bispo; na minha fábrica náo se tra-balharâ em nenhum dia de festa. Prefiro perder bom dinheiro aaÍcar com tanta responsabilidade.

160.CONTA UM MISSIONÁRIO

Foi chantado para assist ir um velho moribundo que vivianuma casinha perdida numa vasta planície. Levou consigo o ne-cessário para celebrar a missa. Tratava-se de um senhor de ori-gem francesa que há quarenta anos vivia na região de Fi ladélf iae tazia vinte anos que não vira mais um padre. O missionárioatendeu ao enfêrmo, celebrou a nt issa païa dar- lhe a comunhãoe, terminada a ação de graças, perguntou ao doente:

Que prática especial ïêz o senhor durante a sua vidapafa merecer a assistência de Deus ttos seus derradeiros ins-"tantes?

O velho pensou um pouco e disse:- O único bem que f iz foi caminhar todos os sábados ses-

senta qui lômetros para ir à vi la confessar-me, comungar e Ouvira missa no domingo. Isto tiz sempre até que meus incômodosmo impediram.

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Foi isso precisamenteos últ imos sacramentos.

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que lhe mereceu a graça de receber

COMO ÊLE MEDITAVA NA MORTE

S. Efrém ia freqüentemente, à tardinha, meditar junto àssepulturas. Triste e pensativo ia de túmulo em túmulo, lendoas inscrições e nomes dos defuntos: príncipes da cidade, ma-gistrados da província, r icos senhores, sábios admirados pelomundo. . . As vêzes o Santo chamava-os em voz alta por seusnomes: ninguém lhe respondia. Onde estão aquelas soberbas f i-guras de homens e de muiheres aos quais todos se sujeitavam?Aquelas l ínguas que só falavam de seus próprios méritos e dosdefeitos alheios? Onde estão? Onde estão aquêles ouvidos quesó queriam ouvir seus próprios louvoies?

Tudo se tornou pó e cinza. Lembra-te, ó homem soberbo,que és pó! Então S. Efrém voltava para casa mais humilde emais paciente.

162.G MUI\DO PERVERTE.

S. Gabriel da Virgem Dolorosa, depois de passar a primei-ra juventude entre as l isonjas do mundo, refugiou-se na rel igiãoe nos primeiros dias de convento, pensando em seu amigo Fi-lipe Giovanetti, que eÍa estudante no liceu de Espoleto, e te-mendo por êle, que se encontrava em muitas tentações de pe-cado, escreveu-lhe assim: "Tens razã.o de dizer que o mundoestá cheio de perigos e tropeços e que é coisa muito dif íci l po-der s.alvar nossa única alma; não deves por isso desanimar. De-sejas a tua salvação? Foge dos maus companheiros. Desejas a tuasalvação? Foge dos teatros. Oh! é verdade, e eu sei por ex-periência que é impossível entrar nêles conl a graça de Deus esair sem a ter perdido ou pôsto em perigo. Desejas a tua sal-vaçáo? Foge das diversões, porque naqueles lugares tudo seconjura contra a nossa alma. Foge enl im dos maus l ivros, poisé indizível o mal que êles podem causar aos corações de todose especialmente dos jovens. Dize-me: podia ter eu maiores di-versões e prazeres do que gozei no mundo? Pois bem: que meresta agora? Confesso-o a t i : Não me restam senão amarguras".

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Page 168: Tesouros de Exemplos

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163.QUERIA MORRER MÁRTIR

O pequeno Orígenes t inha uma alma ardente e pura. Na-quele

"tempo havia perseguições contra os cristãos. Bem o sa-bia o menino, e não tinha mêdo, antes tinha grande desejo domartírio para testemunhar com a vida e o sangue seu amoÍ aJesus Cristo. Resolvera secretamente entregar-se nas mãos dosverdugos e teria morrido mártir se a astúcia de sua mãe nãotivesse conseguido impedi- lo. Aquela santa mulher compreenderao propósito do f i lho e, antes que êste despertasse naquela ma-nhã, perigosa, escondeu-lhe os vestidos e obrigou-o a ficar nacama (Eusébio, Hist. Eclesiást ica).

Como é possível que um menino tivesse tanta coragem,tanta fé e tanto entusiasmo a ponto de desejar a morte? Erapossível, porque seu pai, o beato Leônidas, também morrera co-mo mârtir.

Aí está, prezados pais, vossos filhos crescerão segundo osvossos exemplos. Vós os quereis obedientes: obedecei tambémvós a Deus. Vós os quereis rel igiosos, puros, honrados, traba-lhadores: freqüentai também vós os sacramentos e exercitai-vos nas virtudes cristãs.

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164.AMOR AOS ENFERMOS

os missionários católicos não encontram campo mais difí-ci l de conquistar para a fé do que entre os maometanos. euan-tas experiências não terminaram em sangue?! Escolheram, en-tão, o método de praticar a caridade antes de a ensinar. Anteos missionários, que curam os enfermos e protegem os infelizes,também o orgulho muçulmans se dobra. rrmã Rosália, filha dacaridade, trabalhava num dispensário. Para extrair os dentes da-queles pobrezinhos, era mister primeiro vencer o horror às pin-ças, e a lrmã, usava das mais carinhosas expressões árabes: Co-ragem, meu coração, minha alma, meus olhos! E a pobre mu-lher, depois de curada, ret ira-se dizendo: Que Alá cqnservesuas mãos!

Alguns muçulmanos, que esperavam seu turno, diziam: "Setodos os inf iéis (chamam assim aos cristãos) vão para o in-ferno, para lrmã Rosália far-se-á uma exceção,'.

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Quando, em Damasco, a religiosa cuidava de um doente,êste lhe disse: "Estou reduzido à últ ima miséria; tenho espôsae filhos e nenhum dos meus pensa em consolar-me. Tü, queés estrangeira, vens à minha pobre casa para me socorrer; tuarel igião é melhor do que a minha".

Assist indo a uma jovem muçulmana, Irmã Rosália deu-lheuma medalha de Nossa Senhora que a enfêrm.a beijou e pôsao pescoço. A Irmã criou coragem e apresentou-lhe um Cruci-f ixo. E' coisa inaudita para um muçulmano bei jar o Crucif ixo. . .entretanto a jovem o bei jou; e os parentes e amigos não só nãoo impediram, como até o aprovaram.

Oh! quanto bem se pode fazer, tratando os doentes comamor, com verdadeira caridade cristã.

165.TENS O NOME DE CRISTÃO. . .

O pobre "rei de Qoma", o pál ido f i lho de Napoleão I, teveque passar na Austr ia os poucos anos de sua juventude. Fo-ram dias dolorosos para êle. O ministro Metternich, quando que-ria mort i f icá-lo, dizia-lhe que não t inha nada de seu Pai, nadaque o f izesse capaz- Je governar. "Tens o chapéu, mas não tensa cabeça de teu pai". A quantos que se dizem cristãos se pode-ria repetir o mesmo reproche: "Tens o nome, mas náo o cora-

ção de Jesus Cristo".Por quê? Porque não ajudas o teu próximo nem te com-

padeces dêle.

166.O QUE FALTAVA ERA A HUMILDADE

Serapião, o famoso Santo do deserto, recebeu um dia avisita de certo monge que contìnuamente se dizia pecador, e pe-dia-lhe conselhos de perfeição. O Santo, depois de havê-lo feitoassentar-se à sua mesa, permit iu-se fazer-lhe algumas observa-ções paÍa o bem de sua alma. "Fi lho, - disse-lhe com grandemansidão e caridade estás no reto caminho, mas se queresprogredir na perfeição, não andes demais por aqui e acolá; f icaem tua cela, atende à oração, ao trabalho, ao recolhimento in-terior, do contr ârio , , ,"

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Não pôde nem acabar a frase, porque o Ínonge ficou pâ-l ido, agitado e gri tava como um possesso. " lrmão meu, disseSerapião, o que te falta é a humildade".

Vá alguém ï,azer a mesma correção a uma senhora, a umajovem, e diga-lhe: Criatura de Deus, estás sempre fora de casa,de manhã,, de tarde e à noite, gastando horas inteiras sem fa-zer nada, proseando inüti lmente. . . Vereis que tempo-quente ! . . .

167.BETJOU A MÃO DE SÃO DOMTNGOS

Um homem entregue a todos os vícios e atormentado pelodemônio, ouvindo d;zer que S. Domingos estava em Bolonha,foi vê-lo, assist iu à missa que o Santo celebrou e depois correua bei jar- lhe a mão.

Apenas deu o respeitoso ósculo, experimentou um tal per-fume, que lhe parecia. fôsse do céu, e como jamais experimentaraem tôda a sua vida.

O mais maravtlhoso é que, imediatamente, se lhe apagou ofogo da luxúria e êle se converteu a uma vida sinceramente cristã.

Era o efeito da palavra de Cristo: "lrle e mostrai-vos aossacerdo tes" (Lc 17 , I 1 ) . ' ,

cr istãos! quando as tentações vos assaltarem; quando o de-mônio conseguir escravizar a vossa alma, apresentai-vos ao sa-cerdote para ouvir a santa missa ou, melhor, para vos confes*,sardes. Também vós, como o pecador de Bolonha, experimenta-reis um perfume celestial, que é o odor da graça divina.

169.AQUÊLE FUSO FLORESCEU

conta-se que uma sanfa, a virgem Libéria, f iava todos osdias por amor de Deus e dos pobres, e eis que, de repente, emseu f uso f loresceram perfumadas f lôres como nunca se viranrem parte alguma do mundo.

oh ! s€, como nos aconselha s. Paulo, f izéssemos tudo poramor de Deus, os Anjos veriam f lorescer os instrumentos de nos-so trabalho: a enxada do lavrador, o malho do ferreiro, a te-soura da costureira, a vassoura da criada, a panela da cozi-nheira, a pena do escri tor!

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169' sóFocLES E 'EUS FrLHos

Um dos grandes poetas da Grécia e do tt tundo, Sófocles,foi denunciado como louco por seus próprios f i lhos, que antesdo tempo pretendiam a herança paterna. O processo foi inte-ressantíssimo e muita gente acudiu ao tr ibunal. Por unl lado ovelho poeta estava tranqüilo e por outro seus desnaturados erebeldes f i lhos se esforçavam por demonstrar a demência do paì.Quando se calaram, reinou um profundo si lêncio e todos t ica-ram na expectativa. Então Sófocles puxou de sob a toga a suaúlt ima tragédia e declamou-a cl iante dos acusadores, juízes epovo. Quando terminou, todos o aplaudiram trenèticamente e pe-diram que o glorioso ancião fôsse coroado com coroa de louro,enquanto seus indignos f i lhos, humilhados, correram a escon-der-se.

Para defender-se das acusações e calúnias de seus f i lhos re-beldes não tem a lgreja necessidade senão de apresentar sel lEvangelho e suas obras.

170. ^- ZOMBAVAM DE NOÉ

Eram tantos os pecados do mundo que um dia Deus searrependeu de ter cr iado o homem. Chamou a Noé, que erajusto, e ordenou-lhe construísse um grande navio: a arca. Cen-to e vinte anos levou êle na construção. S. João Crisóstomo des-creve as zombarias que os homens corrompidos dir igiam a Noé.Diziam: Caduco ! ó velho caduco ! ó falso profeta ! não vês, co-mo o céu está l impo e sereno, enquanto tu ameaças com o di-lúvio? Noé, porém, continua, martelando sem descanso. E aquê-les homens diziam: Todos anseiam pelo ar l ivre e o céu espaçosoe êste está a fazer uma casa de madeira para meter-se vivo nelacom sua famíl ia, com seus bens e com os animais ! . . . Noé ter-mina a arca e entra. E aquela gente mâ anda ao redor assoblandoe escarnecendo. Mas depois de sete dias as cataratas do cétrabrem-se com estrondo, todos os r ios transbordam e as ondasdo mar inundam a terra. Todos pereceram no di lúvio universal;mas a arca flutuava sôbre as águas e Noé louvava a Deus.Nossa vida na terra é como a arca de Noé. Tôda boa obra, gü0

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Page 172: Tesouros de Exemplos

praticamos, é motivo de zombaria e de perseguições da parte

dos inimigos de Deus. Não recuemos, nã.o nos envergonhemosdo Evangelho, não nos deixemos vencer pelo respeito humano-

17l.FASCINADO PELO DINHEIRO

Num domingo, em Nova-York, um excêntrico milionáriochamou um de seus empregados e disse-lhe: "Sôbre esta mesahá um milhão de notas de um dólar. Tudo é teu, se conseguirescontá-las até meia-noite. Olha, são seis horas da manhã". O em-pregado ficou por uns instantes atordoado diante daquela mesacoberta de notas. Em seguida, com mão febril começou a con-tar : u f f i , do is , dez, cem.. . um pacote, dois pacotes. . . e quascque nem respirava. Está al i com a cabeça recl inada, o olhar f i-Xo, o corpo imóvel. . . só as mãos se agitam, e vão e vêm rà-pidamente com a regularidade de uma máquina. Os sinos tocampara a santa missa, chamando o povo. Êle, debruçado sôbre odinheiro, não ouve nada. Passam as horas. . . é meio-dia. Devesentir fome, mas nem pensa em comer. Conta e conta. . . Entrao sol. Onde estarão seus f i lhos? terão o cÌr€ comer? Chega anoite. . . as ruas estão desertas. . . a habitação cheia de si lên-cio e de sombras. Um criado acende a luz e leva-lhe um copode vinho. O contador nem o percebe. Os olhos já estão pesados,

os nervos retraem-Se, os músculos das mãos entorpecem. . . Estápróxima a meia-noite. Êle, conta e conta sempre. Diante dêle, omilionário que o contempla com frieza e de repente toma-lhe asmãos e gri ta: "Basta! é meia-noite". O infel iz não t inha chegadonem à metade de sua faina. Dilata horrìvelmente os olhos semluz e um ataque cardíaco o acomete e êle cai morto.

Pobre louco que se deixara alucinar e seduzir pelo ouro ! Emlugar do que esperava,. só encontrou desenganos e a morte. Dês-tes loucos há por aí inúmeros. Para a igreja, para a missa, paraa alma, não há tempo: devem ganhar dinheiro! Até que vem odemônio e d iz : "Basta!"

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A VOZ DO SANGUE CRISTÃO

O sangue dos márt ires dâ testemunho da verdade catól ica.Não foram raros os episódios como o seguinte:

Nas catacumbas, no dia de Páscoa, muitíssimos cristãos es-tavam reunidos e assist iam à missa do Pontíf ice Caio. Durantea elevação da hóstia, enquanto o povo a adorava, ouviram'segritos: "Morte aos Cristãos!" Eram gritos dos beleguins de Dio-cleciano'que al i penetraram por traição. Sem se mover do lugar,a mult idão continuou adorando a Cristo na Eucarist ia. Os sol-dados com suas espadas iam ferindo à direita e à esquerda.

"Fi lhos caríssimo exclamou o Pontíf ice Caio - Cristomorreu e ressuscitou por nós. Coragem ! êle quer coroar-nos". Etodos a uma voz gri taram: "Somos cristãos".

A matança continuou, mas ninguém vacilou.As mães, apertando ao peito os filhinhos, dlziam: "Vamos

paÍa o céu; o Senhor Jesus vem buscar-nos".O Papa Caio disse por sua vez: "Sou cristão"; e ao ser

clecapitado, sua cabeça rolou pelos degraus do altat. Morreramos cr is tãos. . . l ï lo Í f ru o Papa. . . mas a Igre ja não morre! Otempo dos márt ireç não terminou. Em nossos dias temos t idomártires gloriosos, cujo sangue ilustra a nossa fé, fortalece anOSSa COntiança, entUsiasma o nosso ardor e laz CreSCer o nOS-so amor à lgreja.

173.E' ÊLE, E ' A VIDA!

Numa l inda manhã, assentado debaixo de frondoso carvalhodo cabo Montenegro, Lamart ine assist ia à saída do sol. Tôda acriação parecia olhar para o oriente. Num instante bri lhou o sole parecia incendiar com seus raios o mar Mediterrâneo. Então cpoeta lançou um gr i to de entus iasmo: "E 'ê le, é a v ida!"

Ah ! êsse gri to do poeta deveria ser também o nosso; co-nheço outro sol, o Sol divino, em comparação do qual (diz Mi-guel Ângelo) o nosso sol é uma sombra. O Sol clivino é

Jesus. Quando todos os dias se eleva sôbre o altar, quando irra'dia sôbre o cibório, deveríamos sentir fome dêle; sim, devería-mos correr à sagrada mesa cantando: "E' Êle, é a vida!"

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174.AGORA ÉS MUITO RICO

Quando Jacob entrou na casa de Labã,o, tôdas as coisascomeçaram a prosperar: aumentou a propriedade dos campos, onúmero dos servos, o número do gado e tôdas as riquezas au-mentaram.

- Olha, Labão - disse-lhe um dra Jacob - muito poucopossuías quando eu cheguei; "agora és muito r ico".

Estas palavras com mais verdade no-las repete Jesus, quan-do vem à nossa alma na comunhão. "vê como eras pobre antesque eu entrasse em tua alma! agora és r ico com os meus dons".Os que se aproximam do banquete divino terão tudo o que ne-cessitam e ainda mais.

175.SANTA CLARA E OS SARRACENOS

Muitos sarracenos, seclentos de sangue e de ódio, assalta-ram uma noite o convento de Santa Clara, em Assis.

No meio do pranto e das orações das boas rel igiosas, aIrmã Clara corre à capela, toma o cibório que continha as hós-tias consagradas e, por divina inspiração, levanta-o contra osbárbaros que subiam ao mosteiro. os primêÌros ficam cegos poruma luz deslumbrante; os demais, batidos por uma fôrça pro-digiosa, fogem aterrorizados.

o demônio, o mundo e as paixões são como ondas de fero-zes sartacenos que de vez em quando assaltam a nossa alma.Nós somos fracos e medrosos como aquelas rel igiosas, inermescontra um exército de bárbaros armados; mas, se, como s. clara,corrermos a Jesus, se levarmos a Eucarist ia no coração, sere-mos valorosos e invencíveis. Os apóstolos, os márt ires, as vir-gens de onde tiraram fôrça e coragem nas perseguições, naslutas contra o mal, contra os inimigos de cri i to? Ã comunhãofoi a sua fôrça; a comunhão será também a nossa fôrça.

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Umpediu-lhena igrejamendigo.

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A RECOMPENSA DA ESMOLA

dia apresentou-se um pobre a S. Catarina deuma esmola por amor de Deus. Encontrava-sedos frades Pregadores e não tinha nada para"Vem à minha casa e te darei bastante, ' .

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Mas o pobre insist iu: "Se tens alguma coisa, dá-me logo;não posso esperar".

Catarin,a procurou ansiosamente e encontrou uma cruzinhade prata, Qü€, com gôsto, passou às mãos do pobre

Na noite seguinte, Nosso Senhor apareceu à Santa, tendona mão a pequenina cruz adornada de pedras preciosas. "Co-nheces esta cruzinha?"

Conheço-a respondeu Catarina mas não era tãol inda" .

"Ontem tu a deste: a virtude da caridade tornou-a tãobela. Prometo-te gue, no dia do Juizo, em presença dos anjose dos homens, mostrarei esta cruzinha para que tua glória sejainfinita".

177.SANTA TERESA E A SECURA ESPIRITUAL

Durante dois anos não soube a Santa abrir a bôca pararezaÍ. Quando se punha de joelhos, apenas juntava as mãos eficava recolhida, sentia um fastio tal que se levantava e ia fa-zeÍ outra coisa. Até na comunhão sentia sua alma vazia e nãoconseguia pronunciar nenhuma palavra. E, por dois anos, iâque o confessor lhe ordenava que comungasse, em lugar detazer a ação de graças, punha-se a limpar os bancos da igreja.

( 'O' Jesus disse uma vez com grande afl ição não é

verdade que me abandonastes?"E Jesus respondeu-lhe: "Em tôda a tua vida nunca f izeste

tanto bem como nestes dois anos".Também a muitos cristãos vem a provação da secura e

perdem o gôsto da oração, das boas obras. Ai daqueles que sedeixam vencer e não Íezam, não praticam o bem, não obedecemao confessor!

178.O S INAL DA CRUZ E AS CRUZES

Quando S. Gregório Magno era secretário na côrte deConstantinopla, reinava no trono do Oriente o jovem imperadorTibério I I . Êste, passando um dia por um corredor estreito e es-curo de seu palác:o, viu no mármore do piso gravada uma cïvze exclamou: "Meu Deus! fazemos o sinal da cÍuz na testa, na

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bôca e no peito e depois a pisamos". Imediatamente mandouarrancar aquela do piso; debaixo, porém, havia outra gravadacom o mesmo sinal. Depois a terceira, a quarta e mais outrassempre com o sinal da cruz. Quando estavam retirando a sétimapedra, ouv;u-se um murmúrio de admiração. Havia debaixo da-quela pedra anéis de ouro, prata, rubis, pérolas, esmeraldas, co-lares, um tesouro de grandíssimo valor. O imperador contem-plava aquelas joias a tremer de al'egria e sem dizer uma palavra.

O imperador do Oriente pode ser um símbolo de todo ho-mem que passa peio corredor escuro e estreito desta vida. Apre-sentam-se-nos muitos anos dolorosos, gravados com a qvz dosofrimento. Passam-se os anos, termina a nossa carreira e, naoutra vida, encontramos as cruzes transformadas em intensotesouro.

l7g' coRAçÃo APEGAD' À TERRA

S. Ambrósio fôra convidado a visitar a casa de um ricobanqueiro de Milão. Recebido com grande honra, o dono osten-tava todo o luxo de seu palácio, mostrant'o ao bispo as colu-nas vindas de Constantinopla, os vasos de\ ouro, os ricos apo-sentos e a criadagem. S. Ambrósio calava-se; o banqueiro co-meçou, então, a contar-lhe os êxitos extraordinários de suasespeculações comerciaisl os contratos de compra e vendal o elen-co de seus bens na cidade e na campanha. Dizia-se Ïeliz emtudo e tudo atr ibuía à sua habil idade e boa sorte. O semblanteclo bispo denotava tristeza; sem aceitar coisa alguma, levantou-see retirou-se apressadamente daquela casa.

No dia seguinte chegou-lhe a notícia de que o palácio dobanqueiro ruíra, sepultando debaixo de seus escombros as co-lunas vindas de Constantinopla, os vasos de ouro e com êles oseu proprietário.

O que sucedeu com aquêle proprietário, mais ou nlenos sedá com tôdas as pessoas que se deixam seduzir pelas r iquezase prazeres, e se esquecem que tais bens, embora vindos da bon-dade de Deus, duram pouco. E que aproveita tudo o mais, sea alma vier a perder-se?

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190.FAZENDO SENTINELA A JESUS

Estando um regimento de infantaria estacionado em Or-leans, notou o cura da catedral que, todos os dias, das treze àsquinze horas, um devoto soldado estava imóvel no meio daigreja. Chegava, ïazia genutlexão e conservava-se aprumado du-rante duas horas a f io e com o olhar f ixo no tabernáculo.

Certo dia foi um capitão visitar a catedral e o cura ex-pôs-lhe o que se passava, dizendo: "Se o senhor esperar umpouco poderá vê-Io". Passado algum tempo chegou o bom sol-dado e pôs-se em seu lugar. O capitão, reconhecendo-o, cha-mou-o e dis.se-lhe: "Que fazes neste lugar?"

"Duas horas de sentinel.a ao meu Deus", respondeu comfranqueza o soldado, e acrescentou: "Em Paris os grandes digni-tários têm seus guardas, meu general tem dois, o coronel temum.. . e o Rei dos Reis, Jesus Cr is to, não terá nenhum? Venhoï.azer duas horas de guarda, porque amo a Jesus".

Sejamos também nós sentinelas de Jesus Cristo não pelaÍôrça, mas pelo amor. Êle é o Rei dos céus e da terra. Diantedêle, na igreja, devemos guardar muito respeito e sobretudoconfiança e amor Íil al.

181.E ' PRECISO DESTRUIR OS IDOLOS

Cromácio, governador de Ronta, estava atacado de umadoença estranha que nenhum médico era capaz de curar. Disse-ram-lhe então que em Roma havia dois cristãos que taziam curasmiraculosas e talvez curassem também a êle. Cromácio mandouchamá-los. Eram Sebastião e Policarpo.

- Cromácio, - disseram os dois santos ao governador pa-gão - se queres sarar, dá-nos todos os ídolos de tua casa paraos destruirmos.

- Se é necessário, - respondeu muito a seu pesar - euvos d:rei onde êles estão e vós os levareis para que eu não osveja mais.

Sebastião e Policarpo levaram tôdas as imagens dos falsosdeuses e as quebraram. Depois voltaram a Cromácio, mas êlenão estava curado, antes pior.

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- Cromácio disseram os santos, olhando f ixamente anévoa que t inha no branço dos olhos - Cromácio, mentiste, emtua casa ainda há dois ídolos.

E o governador teve que dizer a verdade. Escondera al-guns em seu quarto, bem junto de si, porque os queria muito.Só depois que os entregou, pôde sarar da enfermidade.

O mesmo acontece com a conÍissão. Aos que têm escondidono fundo .da alma um só pecado mortal, não se lhes perdoaránem êsse nem os outros; antes f icará a consciência agravadacom um grande sacri légio.

182.FICOU A FOLHA EM BRANCO

Certo dia apresentou-se a S. Antônio de Pádua um pecadorpara confessar-se. Estava, porém, tão perturbado e confuso, queapenas soluçava sem poder pronunciar nem uma palavra.

Vai, meu filho, disse o Santo escreve teus pecadose volta de novo.

Voltando, o pecador foi lendo seus pecados, como os haviaescri to. Quando terminou a l ,eitura, com r 'rande surprêsa viuque desaparecera do papel tudo o que escràvera e só restava afôlha em branco.

Assim sucederá com a nossa alma quando nos confessar-mos com humildade sincera e dor profunda.

Tôda mancha de pecado desaparecerá do nosso coração eaparecerâ o candor, todo o candor da inocência recuperada.

183' A MoDÉsrrA DE sÃo LUis

No ano de 1581, Mai ia da Austr ia , f i lha do imperadorCarlos V, passava pela ltéúìa. O imperador e todos os príncipesforam convidados a recebê-la e entre os demais estava tambémLuís Gonzaga, filho do marquês de Castiglione. Que magníficafesta naquele belo dia de outono, em todo balcão, em tôda ja-nela! Todos queriam ver a soberana. Finalmente ela aparece.Todos agitam seus lenços de sêda e a contemplam. O jovem Luísnaquele instante levantou a mã,o associando-se à festa, mas con-

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servou os olhos fechados; a f i lha do imperador passou e êlenã(l a viu.

Alguns pensarão que isso era escrúpulo e exagêro; tam-bem S. Luís sabia que não cometia pecado por ver a rainha,nras sabia igualmente que a pérola preciosa da castidade nós alevamos em vasos frágeis e às vêzes basta um só olhar impru-clente para perdê-la.

I 84.O VESTIDO CELESTIAL

Caía a noite. Em sua celazinha cheia de sombra, S. Ca-tarina de Sena pensava na festa que terminava. Via os estan-dartes agitados pelos jovens; via a multiclão apinhada no cam-po sob o sol de verão, os palcos repletos de luxuosas damas.Naquele momento começou o demônio a tentâ-la: "Também. tu,Catarina, poderias estar com êles. Por que cortaste teus cabe*los louros, por que trazes o cilí 'cio sôbre o teu corpo delicado,por que queres ïazer-te religiosa? Olha êste vestido, não é maisl indo que o míst ico hábito claustral?" Na dúbia claridade danoite, a Santa julgou ver diante de si um jovem que lhe apresen..tava um rico vestido feito de pétalas de rosas.

Enquanto Catatina estava como que suspensa, apareceu-lheMaria Santíssima. Como o tentador, também ela trazia nos bra-ços um esplêndide vestido bordado a ouro e pérolas, radiantccle pedras preciosas. "Deves saber, minha f i lha, disse a Mãe dcJesus com voz dulcíssima, que os vestidos tecidos por mim nocoração de meu Fi lho, morto por t i , são mais preciosos quequalquer outro vestido trabalhado por outras mãos que náo asminhas".

Então Catar:na, ardendo em desejo de possuí-lo e tremendode humildade, incl inou a cabeça e a Virgem vestiu-a com a tú-nica celestial.

O demônio apresenta-se às almas com seu vestido de rosase prazeres carnais; Maria, ao contrârio, com seu vestido de pu-reza e santidade.

Dai preferência a êste últ imo; sòmente com êle podereis en-trar no céu.

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Page 180: Tesouros de Exemplos

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185.O SINAL DA CRUZ

Henrique IV, clepois de hunri lhar-se etn Canossa, tnostrou-se de novo inimigo do Papa e ïoi com seu exército sit iar Roma.

No segundo assalto, apesar da heróica resistência dos sit ia-dos, incendiou tôdas as muralhas. Um espantoso anel de fogorodeava a cidade, da qual não se erguianl senão gentidos dosagonizantes e pranto das mulheres aterrorizadas. Então no altode uma tôrre, majestoso e pál ido, entre o clarão e o fumo doincêndio, apareceu o Papa Gregorio VII, e col l l gesto solene ecalmo tëz o sinal da crrtz contra aS chamas, e imediatatnente otogo se apagoll como se t ivesse recebido uma chuva torrencial.

' fôclas as vêzcs que nos encontraÍnlos enl perigos e angús-t ias, contessentos a SS. Trinclacle fazenclo o sinai da ctuz, egrande alívio sentirá a nossa alma.

196.CREDO - EU CREIO

S. Pedro cle Verona, apostolo cle Jesus Cristo, eÍ.a perse-guido de morte pelos inini igos de sua fé.

Unr dia teve de atravessar ulra Ìloresta. Ia rezando o satttclvarã,o. . . Naquele ntomento arrojaln-se sôbre êle os initnigos,cravam-lhe no peito o punhal assassino e fogent. Caiu ferido demorte o santo mâr| ir . Compreendeu que chegara a sua últ imahora. Queria ainda confessar a sua santa té, mas não podia

fa lar . . . Molhando o c ledo no sangue que jor rava c le seu pei to ,escreveu sôbre o pó : Cretlo, Dontine . . . Senhor, eu creio.

Também eu não sei quando nem como me sobrevirá a morte,Enqrranto canrinho, vou rezando o credo de minha fé e dizendo:Creio em Deus - çrsie stx Jesus Cristo - creio na Igreja ca-tó l ica, aposto l ica e romana. . . Protesto que nesta fé quero v ivere morrer. E quando morrer, ql lero que gravenl no meu túnruloestas nlesnlas palavras do santo rnárt ir Credo, Dontine... Se-nhor, em t i creio, em t i cspero, e te amo. Senhor, clá-nle o céuque prometeste aos que crêem, esperant e amam.

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Page 181: Tesouros de Exemplos

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187.MIGUEL ÂNGELO

Foi, talvez, o maior dos escultores ql le os séculos jamaisviram. A história o admira. Num dos famosos templos cle Romahá um sepulcro visi tado por todos os turistas do mundo. E' obrade Miguel Ângelo.

Al i aparece Moisés sentado no trono da autoridade, queexercia como chete do povs de Israel. Que f ronte, que olhos. . .que rosto, que at i tude. . . que nra jestade! Só unl gênio podiadar uma vida assim ao mármore, à pedra morta. . .

O maravi lhoso art ista, terminacla a obra, conternplou-a ef icou extasiado diante del,a. . .

Dizem que, com o martelo que t inha na mão, deu-lhe ïortesmarteladas sôbre o joelho, dizendo: "Fala, Moisés, que só issote fa l ta : fa lar ! "

Mas a estátua continuou muda.Repicam os sinos de nossas igrejas. Catól icos, não ouvis?

Das altas tôrres vem essa voz do céu. E' a voz de Deus. doArt ista divino, que vos chama à santa rnissa. Sois cristãos, soisa obra-pr ima do Al t íss imo. . . Para serdes cr is tãos c le verdade,levantai-vos e can nhai para a igLeja, onde cumprireis o pre-ceito da oração, da Missa.

Mas tantos cristãos de hoje são como estátuas petr i f icadaspela ignorância rei igiosa. . . são blocos de bronze e mármore,modelados pela indiferença e impiedade. . . Não se nloveÍn. . . Equando se movent, é, para ir aos jogos, às praias, aos cinernas. . .Para a ig re ja : não v i vem. . . mor rem!

189.PROPóSITO TNQUEBRAÌ. { ' rÁVEL

Cambronne pertencia ao reginrento de Nantes. Bebia comfreqüência. um dia, em estado cle cnrbriaguez, bateu em seuchefe. Seu coronel, depois de conscguir que se revogasse a sen-tença, chamou-o e disse-lhe:

- De t : depende a tua honra e a tua l iberc lade!- Meu coronel, a sentença é rtruito justa.- Não importa respondeu o chefe; - não morrerás;

deves, porém, pronteter que não mais te embriagarás.

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Page 182: Tesouros de Exemplos

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- Meu corÒnel, prefiro nunca mais beber em tôda a minhavida.

- Serias capaz de tal promessa?- sim; já que meu coronel foi capaz de tanta generosidade.Passaram-se anos. cambronne subiu a general e estava em

Paris, acompanhando a Napoleão. Hospedou-se na casa de seuantigo coronel. À hora do brinde foi oferecido a Cambronne ornelhor vinho. Êle, porém, recusou, lembrando a seu antigo chefe.a promessa à qual devia a vida.

199.OS PAIS DESEDUCAM

Aquêle colégio figura entre os mais afamados. Dirigem-noreligiosos eminentes por sua ciência e virtude.

Desfi laram diante de nós primeiramente os estudantes. Eramuns 130 internos. . . Havia entre êles jovenzinhos de poucosanos; e havia outros já crescidos, belos rapazes. Todos traziamno rosto a alegria, a esperanç a. . .

- Padre (dizia-me o Diretor), aí vê o sr. cento e tr intarapazes. Dêstes, uns cento e vinte comungan todos os dias; osoutros, ao menos um3 vez por semana.

Atrás vinham os Padres Professôres. Seriam uns tr inta apro-ximadamente. Uns começavam a carreira do magistério, outroshaviam encanecido no ensino. Depois que passaram cl isse-meo Reitor:

- Todos êles têm, às vêzes, tentações de desânimo. . .quase de desespêro.

- Por quê? - interroguei.Porque trabalham nove meses no ano. Com grandes sa-

cri f ícios conseguem implantar nos corações dêsses meninos oamor da virtude e o lespeito às leis divinas. . . São bons. . . sãohonestos. . .

Mas saem daqui e em quinze dias os pais, meio descrentes,indiferentes e relaxados no cumprimento dos deveres cristãos,1destróem o labor de um ano inteiro. . . Nas férias, a exemplodos pais, f.altam à missa, aos sacramentos. . . Terminado o curso,tornam-se ímpios, Iibertinos. . . Lançam muitos a culpa nos re-Iigiosos, esquecendo-se de que os pais é que deseducam os filhos.

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Page 183: Tesouros de Exemplos

190.VINHAM NADANDO

Conta um missionário gu€, quando chegava a alguma ilhada Oceânia, para anunciar a sua presença levantava um mastrobem grande. Os negros acudiam de tôda a parte e vinham atéde muito longe. Um domingo, pela manhã, viu chegar uma tur-ma de negros que vinham nadando de outra ilha, para teremo consôlo de ouvir a santa Missa.

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191 .DOMINCOS SÁVIO AJUDA À MISSA

Êste angélico jovem, aos cinco anos de idade, iâ sabiaajudar à missa e fazia-o com grandes demonstrações de amor a

Jesus. Como era muito pequeno, o pâdre mesmo tinha de mudaro missal. Mas era tão grande o seu desejo de servir ao altar,que muitas vêzes chegava à igreja quando esta ainda estavafèchada, e ali permanecia esperando e rezando. Numa fria manhãde janeiro de 1847 ali o encontraram tiritando de frio, e cobertode neve que caía copiosamente.

Pode servir dr modêlo aos coroinhas.

lg2' sAcERDorE MÁRTIR

Santo era aquêle sacerdote. Foi condenado à morte tão sò-mente pelo "crime" de ser sacerdote, porque os comunistas es-panhóis (êle era cônego de Vich) tinham ódio mortal aos mi-nistros de Cristo.

Saiu para a morte. . . Tem iá diante dos olhos o pelotãode milicianos que o hão de matar. Êle está calmo: tem a pazda alma. . . Pode-se dizer que um gõzo celestial se espelh,a emseu semblante. Abriu a bôca e disse: Milicianos, três graçaspedi a Deus durante a minha vida: a gr.aça de ser sacerdote,a de morrer mártir e a de ser a minha morte a salvação de al-gum de meus assassinos. Consegui a primeira. Agora morromártir de minha fé e de amor a Jesus Cristo. . . E neste mo-mento peço-lhe que me conceda a úrltima: que algum de vós sesalve pelos méritos do sangue que vou derramar por amor deDeus.

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Page 184: Tesouros de Exemplos

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Acabou de falar; e um de seus assassinos ajoelhou-se at-rependido e quis ser assassinado e martirizado ao lado daquelesacerdote que até à hora da morte era tão santo e generoso.

193.TUDO PELO CÉU

S. Mart inho era naquele tempo um soldado. . . Encontra-secom um pobre desnudo, que lhe pede uma esmola. . . Dá- lhe ametade de sua capa. . . Pelos sécr-r los dos séculos gozará dêsseato de generosidade! . . .

a) S. João de Deus encontrou um pobre cheio de chagase horrível de ver. . . Tomou-o sôbre seus orlbros, levou-o a seuhospital e, al i , o curou com carinhos quase maternais. . . Pelossécufos dos séculos gozarâ dêsse ato de car idade! . . .

b) S. Isidoro, lavrador, ia para a roça. Arava a terra du-Íã, recolhia os feixes à eira e com o calor do verão batia otr igo e dorntia ao relento. Em meio de suas ocupações elevavao coração a Deus. . . Pelos séculos dos séculos gozarâ da re-compensa dessas fadigas suportadas com paciência. . .

c) S. Zita servia na casa de uma dist ir Ìra senhora. . . Ía àfonte buscar água, varria a casa, acendia o lume na cozinha,agtientava as insolências de sua patroa e remendava seus pró-prios e pobres vestidos. . . Enquanto suas mãos trabalhavam,seu coração orava. . . Pelos séculos dos séculos gozarâ a re-compensa dessas hurni lhações dos serviços domésticos. . .

d) S. Bento José Labre pedia esmola de por ta em por ta. . .Comia a mísera comida que lhe deitavam na pobre escudela. . .Levava aos ombros um saco. . . suas vestes eram um mosaicoc le ma l cos tu rados remendos . . . Onde dormia? Num pa lhe i ro . . .Onde descansava de suas longas canrinhadas? À sombra de al-guma árvore ou à beira dos caminhos. Onde rezava? Sua vidade peregrino era uma oração contínua. . . Pelos séculos dos sé-culos gozará de seu surrão de pobreza e do ladrar dos cães edo desprêzo dos homens que passavam ao seu lado. . .

Qual é a vossa v ida? Qr"ra is as vossâs ocupações?. . . Oque importa é que penseis no céu, suspireis pelo céu e pelo céue para o céu trabalheis, porque sòmente assim gozareis dos mé-ri tos de vossas obras pelos séculos dos séculos. . .

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Page 185: Tesouros de Exemplos

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194.MÃ8, TENHO DEZESSEIS ANOS ! . . .

Monsenhor Bougaucl, Uff i dos lnais i lustres escri tores fran-

çg,ieS do séctt lo passado, fala-nos de uma Senhora catól ica, com

Qt.rem Se passou o tr iste acontecimento que vamos transcrever.- Tinha aquela senhora um f i lho. Nos primeiros anos edu-

cjol l-o cristãmente. Ensinava-lhe as rezas, levava-o à igreja, da-, 'ra-lhe conselhos. . . Aos doze anos o menino entrou no Inst i-tuto de França. . .

Antes não t ivesse entrado! Que v iu a l i? . . . que ouviu na 'quela escola?. . . A mãe julgava-o ainda um rapaz piedoso ehonesto. Mas não era assim. Como havia de sê-lo, se em casativera sempre diante dos olhos os exentplos perversos do pai. . '

e no Inst i tuto vivia no meio dos amigos mais ímpios e dissolutos?A mãe sonhava a inda. . . sonhava que seu f i lho (com aquê-

les dezesseis anos que começavam a despertar no coração lou-curas cle l ibert inagem) era ainda uma alma de fé. Chegou Llmdia cle grande festa rel igiosa. Pela manhã disse-lhe a mãe:

_'- Fi lho, ql lere's ir comigo à igreja? Farás tt ta confissão ecomungarás comigo. . .

Ao que o rapaz respondeu fr ia e secamente:- Mãe, já tenho dezesseis anos. lâ náo creio dm Deus' nem

N E S S A S C O i S A S .

Que golpe, que facada no coração daquela pobre mãe! . . "- l )aquele tempo a esta parte os jovens como aquêle, os ope-rários, os cavalheiros assim, mult ipl icam-se coÍt1o larvas de in-setos nos charcos de água podre. Só uma graÇa extraordináriade Deus os poderâ arrancar dêsses charcos.

195.DUAS MORRERAA4. SALVOU-SE UMA!

Eram três jovens. . . quase meninas. Acabavam de deixaro colégio, um bom colégio, onde t inharrr sido eclucadas. Lan-

çaram-Se ao mundo e o mundo, col l lo t tm absorvente redemoinho,arrastott-as a suas festas e diversõcs. Não sonhavatn Senão comc inemas , tea t ros e ba i les . . . E ram jovens ! . . . A inda te r iam tem-po para tazer penitência ! Não ir iam passar os rnelhores anoscta vida encerradas, colno freiras, em casa e na igreja! Ah!isso não !

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Page 186: Tesouros de Exemplos

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uma tarde, uma delas me procurou. chegou chorando e oterror espelhava-se no seu rosto. sabeis o que se passara?

. Poucos dias gntes as três amigas tinhàm suiumbido, c!ei-xando-se vencer por uma tentação perversa. Das más leitur.ashaviam passado às más conversas, das más conversas às peli-gosas amizades e das perigosas amizades ao passo fatal. . . Es,-tavam nas garras do demônio ! . . .

Isso acontecera poucos dias antes da festa da Imaculada,Conceição. Como ainda não tinham perdido a fé, os remorsosgritaram em seus corações protestando contra a sua condutalouca e pecadora. Mas as três convieram em responder à cons-c iência:

- No dia da Imaculada iremos confessar-nos e tudo estaráem ordem. . . No dia seguinte ir iam a uma cidade vizinh a parase divert irem. . . Encontrar-se-iam na estação à hora da pârt i-da... só chegaram duas. A terceira, chegava apressada, quun-do o trem ia saindo. . . As arnigas, da janela do caÍro, diziam-lhe adèus entre lsos e gargalhadas de alegria. . . Elas, quantoi r i am gozar l . . . E la , abandonada e só . . . que ra iva !

Poucas hlras se passaram. um tremendo telegram a. . . euma notícia aterradora circulava por tôda a cidade, ìera-se umencontro de frens. . . e as vít imas eram muitas. . . Entre as ví-timas achavam-se as duas amigas, mortas instantâneamente!

- Paclre! - disse-me a que ticara - hoje Deus me livroudo inferno. Se tivesse i,do com minhas amigas, com elas esta-r ia morta e com elas condenada. Bendita seja a misericórdia deDeus !

"Fi lhos dos homens, temei a just iça divina!, '

l96.TUDO POR DEUS

Quereis um exemplo? Ei-ro: s. Francisco Xavier. Amou aciência. . . as i lusões da juventude. . . as alegrias dos camara-das. . . os entusiasmos da esperanç a. . . amou as diversões, omundo. um dia, porém, compreendeu que tudo aquilo era vaidadee que corria perigo a sua salvação eterna e. . . deixou tudo.?.r_d. fguêle dia só teve um ideal, o ideal de seu amigo Ináciode Loiol.a: A maior glória de Deus.

Ei- lo: não é velho, completou quarenta e seis anos, está novigor da vida. . . consomem-no as ânsias da salvação das al-

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nas e da glória de Deus. . . Não o interrogueis porque nunca'.alarâ do que real izou pelo nome de Deus. Eu o recordarei rà-l idamente. Percorreu a I tá l ia . . . Embarcou para a ind ia, pene-: i -ou em Goa e a l i formou uma cr is tandade numerosa. . . E dal i?F,ri a Pesc.aria. E dali? A Travancor. E dali? Foi percorrer as. has Molucas e alcançou o arqurpélago f i l ipino. E dai i? Vol-: ru novamente à Índia para visi tar as cristandades e consolidar:elas a fé cristã.

- E não descansou nunca?- O amor de Deus náo consente que repouse; parte païa

:rs costas de Yamaguchi e de Bungo.- E continuou caminhando?- Sim; soube que além de mares longínquos havia um

irovo de muita intel igência e amigo de grandes emprêsas: o Ja-pão, e. . . para lá se foi. Percorreu-o sem descanso e regressol lle novo à Índia. . .

- Nem então lhe deu descanso o seu zêlo?- Pelo contrário; soube que havia um império imenso, cha-

: lado império da China, e concebeu o pensamento de ganhá-lopara Deus.

E põe-se logo a caminho.- E percorreu muitas léguas?- Mais de três mil léguas.- E batizou muitos pagãos?- Contam-se por milhares, talvez por- Sofreu muito?- Não hâ l íngua humana que o possa- Sofreu muitas perseguições?- Contínuas e grandes.- E nunca desanimou?- Nunca. Teve a subl ime loucura de ganhar almas para

Deus e levar a luz da fé e da verdade a todos os povos domundo.

Abraçado ao crucif ixo, morreu amando com todo ardor aDeus e as almas imortais.

lg7.UMA ÚLTIMA COMUNHÃO NO BOSQUE

No Tirol (austr ia), uff i sacerdote foi chamado para so-correr a um doente num sít io distante, na montanha. Tomoulogo os Santos oleos e o Santíssimo e montou a cavalo.

milhões.

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Page 188: Tesouros de Exemplos

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Muito l inda era a serra, entrecortada de l ímpidos regatos evales cobertos de árvores. Ao voltar, pensava o padre, desfru-taria do ar fresco e perfumado dos pinheirais.

Chegou ao sít io, socorreu ao doente, mas. . . ao dar- lhe acomunhão, notou que levara duas hóstias. Isto o contrariou umpouco, pois, enl vez de passear, teria de regressar com o San-tíssimo, em si lêncio e rezando.

De sobrepeliz e estola ia descendo e rezando, quando ou-viu um gri to i

- Um padre ! Um padre !Um môço veio correndo e disse:- Senhor Vigário, depressa, depressa ! Um lenhador

de ter o peito esmagado por uma árvore.Compreendi logo por que levara duas hóstias. Era a

na Providência ! Confessou-se o pobre homent e recebeu al imo a últ ima comunhão. Perguntei- lhe se, em vida, l izeraespecial paÍa merecer táo grande graça.

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- Padre, disse-me, cada vez que via um sacerdote levar oviático a algum doente, rezav.a uma Ave-Maria para ter a graçade não morrer sem receber o Santíssimo Sacramento.

198.PROFANAÇÃO DAS FESTAS

O famoso Antíoco, querendo destruir Jerusalém, enviou oodioso capitão Apolônio com um exército de vinte e dois milhomens, com ordem de matar os homens e vender as mulherese os adolescentes. Apolônio entrou na cidade e, simulando pã2,estêve tranqüilo algum tempo, esperando o dia de festa em quetodo o povo com as mulheres e crianças sair iam alegremente àspraças e ruas a f im de gazar do espetáculo de seus soldados.Na hora em que a mult idão era mais densa, a um sinal do ca-pitão, todos os soldados se lançaram sôbre aquêle povo e per-correndo a cidade encheram as ruas de mortos e de sangue.

Essa matança de corpos é f iguia de outra mais horrível, adas almas, que o demônio mata nas festas realizarlas nas vilase cidades. Vêcle como a juventude (e os outros também) esperao domingo, o dia santo (mesmo os maiores) para correr aoscampos de jogos e desportes. A rel igião não proíbe os divert i-mentos honestos, ufiÌa vez que se não omitam os deveres reli-giosos. Quais são, porém, os dias em que mais se peca e ofendea Deus?

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199.CAÍRAM MORTOS

No século V, dois i rmãos gregos, ór fãos e donos dos benspaternos, t iveram a crueldade de expulsar de casa e abandonarna rua a sua única irmã chamada Atenais. De nada valeram aslágrimas e súpl icas da abandonada, que teve de ir errando pelaterra.

Depois de a lguns anos os dois 'desapiedados

i rmãos foramchamados pe)o i rnperador de Constant inopla. Apresentara l l -se eforam conduzidos à sala do trono e al i viram sentacla no esplen-dor de sua beleza e poder a Atenais, a rainhazinha, a errante,gue, por uma série de casos providenciais, chegara a ser impe-ratr iz e espôsa do imperador Teodósio. Ela pôs-se cle pé e di-r igiu-lhes estas tremendas palavras: "Vós não me conheceis?Sou vossa irmã Atenais". Vendo o que viar.n, e ouvindo o queouviram, aquêles desgraçados caíram mortos.

Tambérl nós, com nossos pecados, nã.o ï.az.emos outra coisaque expulsar de casa r losso irmão maior, Jesus Cristo; mas, den-tro de poucos anos, quando a morte nos chamar, nós o veremosno seu trono resplandecente e ouviremos a sua voz: "Não meconheceis? sou Jesus-Cristo, vosso irmão,. a quem tanto maltra-tastes".

200.O TESOURO DA FÉ

a) Dizem que. S. Luís, rei de França, todos os anos se di-r igia à vi la, onde nascera e Íôra batizado. Al i passava algunsdias em recolhimento e oraçã,o. No últ imo dia dir igia-se à igreja,ajoelhava-se aos pés da pia batismal e a bei java e regava comsuas lágrimas, por ter sido al i fei to cristão e f i lho de Deus, quelhe dera o dom da santa té.

b) O grande S. Afonso de Ligório, que recebeu de Deus,a mãos cheias, o dom da santidade e o dom da c:ência, tôdasas noites, antes de recolher-se ao descanso, ajoelhava-se diantedo Sacrário e dava graças a Deus pelo tesouro da fé e pelo ba-t ismo que o tornara f i lho do mesmo Deus, irmão de Jesus Cristoe herdeiro do Céu.

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201.MORTO E CONDENADO

O conde Orloff e um general russo, ambos incrédulos, ju-raram por zombaria que o, primeiro dêles que morresse apare-ceria ao outro, paÍa comunicar- lhe se há inferno.

Poucos meses mais' tarde, teve o general de seguir para aguerra, pois as tropas do imperador trancês Napoleão haviaminvadido a Rússia.

Eis que um dia, ao amanhecer, estando o conde Orlotf emseu leito, mas bem acordado, abrem-se de par em par as cor-t inas do aposento e aparece o general, em pé, com o rosto muitopálido e as mãos sôbre o peito.

Espantou-se não pouco o conde; maior, porém,espanto, quando ouviu estas palavras:

- ( ' [xisfs e inferno e eu estou nêle!" - E a

foi o seu

visão desa-pareceu.

Poucos dias depois recebia o conde uma carta em que selhe comunicava a morte do general. Precisamente no dia e hora,em que aparecera ao conde, recebera uma bala no peito e falecera.

O inferno existe. E' uma verdade de fé. Foi Deus que o re-velou.

De Deus não se zomba impunemente. -

202.VENCIDO PELA PACIÊNCIA DE DEUS

A vida do venerável Queriolet, contemporâneo de S. Vicentede Paulo, é a mais bela prova da paciência de Deus com o pe-cador. Até aos trinta anos, esta alma impetuosa vivera numacontínua alternativa de confissões e pecados.

Depois, possuído de um ódio satânico contra Jesus Cristo,partiu para Constantinopla para se lazer maometano. Num bos-.que da Alemanha foi assaltado por assassinos que, depois de ma-tarem seus dois companheiros, queriam acabar com êle também.Diante da morte iminente, Queriolet ïêz voto a Nossa Senhorade converter-se se ela o livr.asse dos assassinos. Ela o livrou, masêle não se converteu e, não tendo podido fazer-se maometano,fêz-se huguenote ao regressar à França. Deus, p,orém, o seguiacomo o pastor procura a ovelha desgarrada. Numa tenebrosa noitecle grande tempestade, acorda com a queda de um raio sôbre a

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casa. Queriolet salta do leito coms üÍïlâ fera, cerÍa os punhos eblasfema. Qualquer homem lâ se teria cansado de suportá-lo;mas Deus não se cansa e o segue. Em Loudun, uma pobre mu-lher desconhecida o detém e lhe diz: ' ,Tu tens um voto a cum-prir. Lembras-t9 d9 Que, naquele bosque na Alemanha, te que-riam assassinar?" Queriolet treme como naquele dia, em que es-têve nas mãos dos assassinos.

Mas, como o sabia aquela mulher, se êre a ninguém o co-municara?

Teria Deus suscitado aquela mulher para a sua conversão?Deus ainda tinha compaixão dêle pata o chamar daquela ma-neira? Êste pensamento venceu-o finalmente e, depois àe algunsanos, Queriolet ressuscitava

'à graça para nunca mais cair, tor-

nando-se a admiração do mundo inteiro por suas virtudes.Não obstante nossos grandes pecados, não desesperemos;

voltemos a Deus.Êle nos espera.

203.A CONFIANÇA NA PROVIDÊNCIA

Uma vez, estanC I S. Catarina muito atr ibulada, apareceu-lhe Jesus e disse-lhs "catarina, pensa em mim e eu pensarçiem t i e em tuas necessidades".

Quando as cruzes, as desgraças e perseguições nos afligi-rem' pensemos em Deus, pondo nêle a nossa confiança.

Sem a confiança na Providência, como S. Camilo, S. Je-rônimo Emil iani, S. J,oão Bosco, S. José Cottolengo e tantos ou-tros teriam podido asilar e manter milhares de pessoas, milha-res de infel izes? Lede a história dêles.

Alguma vez chegou a faltar o dinheiro, a roupa, o páo. . .e o único que não faltou foi a confian ça na pr,ovidência. E estaencarregava-se de provê-los de tudo.

204.PENSAI NO VOSSO FIM!

Quando otão II I , imperador da Alemanha, impelido pelaextraordinária fama de santidade e dos milagres de S. Ni lo, foivisitá-lo e ofereceu-lhe magníficos presentes, o Santo, agrade_cendo humildemente, assegurou-lhe que em sua pobreza .ia táorico, que não carecia de coisa algumã.

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- Se não quereis aceitar os meus pÍ€sentes - repl icou oimperador - ao menos pedi-me alguma graça para que se rÌãodiga que uíÌ l monarca veio pedir-vos conselhos com as mãosvazias.

Isto sim, responde o Santo com o rosto i luminadoisto sim. Uma graça, uma so graça desejo muitíssimo, isto é:"Pensai no vosso f im!"

O imperador prometeu não se esquecer daquela recomen-dação. Fel iz dêle, pois, tendo apenas 22 anos, quando esperavagrandes tr iunÌos polít icos, e quando sua noiva vinha da Gréciapara a ltâlia, trazendo em dote grandes tesouros e terras, êlemorria em Paternó.

205.O MUNDO É ENGANADOR

Regressando Cristóvão Colombo da América, espalhou-se emtôda a Europa a notícia desta região mai:avi lhosa, onde os fru-tos eram tão grandes que quebravam os galhos das árvores e asntontanhas escondiam ouro e prata e as crianças brincavam contpérolas. Acudiram então muitos aventureiros desejosos de r ique-zas e gozos. Por meio de engano e dissimr'ação aproximaram-sedos índios e, enganando-os, trocavam espelhos, campainhas e ou-tras bagatelas por barras de ouro e prata. E se alguns, perce-benclo o engano, não queriam dar a verdadeir a riqueza em trocacle ninharias, obrigavanl-nos com violência e matavam-nos até.

A indignação que sentis ao pensar nessa ignóbil astúcia ec r u e l d a d e a j u d a r - v o s - á a c o m p r e e n d e r o q u e é o m u n d o . O m u n -do é um mercado cl iaból ico. Satanás sabe gue, pelos rnéri tos de

Jesus Cristo, possuímos r iquezas inestimáveis; conhece, também.a rÌossa ingenuidade; e por isso percorre as praças do mundocom slras mercadorias infernais (principalmente as más Ieitu-ras) e ninitos são os que se deixam i ludir e engodar.

206.CUIDADO COM O MUNDO!

S. Anselmo, arroubado em êxtase, vi t t um grande r io cheiode imundícies e as águas coalhadas de cadáveres de homens,mulheres e crianças. Interrogando o céu sôbre o sign:f icado da-quela visão, foi-lhe revelado que o rio é o mundo e os nâufua-gos são os seus amadores

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Essa visão seria, hoje em dia, muito mais espantosa. Porisso é preciso levantar a voz e clamar com Jeremias: "Fugi dessaBabilônia, se quereis salvar a vossa alnta". Sim; é preciso fugirdo mundo, de seus enganos, de suas loucuras, de suas obras.Não podeis servir a dois senhores!

207.NÃO ACREDITAVA NA ALMA

Flerbois, ínt imo amigo do famoso Robespierre, ambos ho-mens sanguinários, atacava com fúria a existência de Deus e ainrortal idacle da alma. Foi desterrado em 1795.

No destêr ro foi acometido dum.a Íebre violenta que o con-sumia. Com grancles gri tos pedia a Deus (êle que dizia não exist irDeus) que o socorresse. Um soldado, a quem pervertera comsuas couversas ímpias, perguntou-lhe:

- Olhe: conro ó que há alguns meses o senhor zombava deDeus e da alma?

- Amigo, quem mentia pela bôca não era a cabeça, maso coração. E hortorizava aos que o ouviant, gritando:

Meu D:us! meu Deus! não posso esperar o perdão deminhas maldadçs? invia-me quem me console. . .

Era tão horrível a agonia, que correram a chamar um pa-dre para que o confessasse; mas, quando chegou o padre, o in-ïeliz iâ estava morto.

E o corpo daquele que vivera como animal, foi devoradopelos animais, para os quais não existe outra vida.

208.UMA CONTRARIEDADE QUE SALVA A VIDA

S. Francisco de Sales embarcou um dia païa Veneza. Na-quele navio iá estava alojada uma dama dist inta com seu sé-quito. Ao ver a dama que o santo Bispo viajaria no lneslno navio.irr i tada, insultou-o e exigiu conr ameaças que êle f icasse emterra. Os companheiros do Santo também se irritaram; êle, po-rént, cheio cle mansidão e doçura, clesceu da rÌau, dizendo:"Neste mar são nruito freqi ientes as tempestacles. Quem sabese não está algurna rr iui to próxima!" A embarcação pôs-se a ca-minho. Poucas horas depois chegava ao Santo a notícia de queo navio fôra engolido pelas águas.

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209.DANDO A VIDA POR SUAS OVELHAS

Era em 1849. os canhões retumbavam espantosamente perasruas de Paris; uma revolução do povo contra o exército enchiaa cidade de ruínas e de ódios, e regava as ruas com sanguehumano. um homem de aspecto venerando, com o rosto transfi-gurado de dor, aparece entre os mortos e feridos e exclama comacento de car idade e af l ição: - Meus f i lhos, basta! pazl pazl

Ao surgir aquela figura e ao ouvir aquela voz, cessou o fo-go; os feridos perguntavam: - Quem é êste homem?

lrlaquele instante ouve-se uma descarga. Aquêle homem caiferido. . . Corre-lhe o sangue do peito.

As suas últ imas palavras' foram: - Meu Deus, que o meusangue seja o últ imo que se derrame aqui.

Assim foi. Cessou a luta.

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arcebispo de Paris, Mons. Affre; erapor suas ovelhas.

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Aquêle homem era oo Pastor que dava a vida

210.UM TRABALHO DESTRUIDO, UUTRO

RECOMPENSADO

A natureza é mestra do homem. Há dois insetos muito la-boriosos: a aranha e a abelha. A aranha trabalha de manhã ede noite, estende sua teia suti l e anda sem descanso de um f ioa outro. Alarga, une, uuza os f ios e forma polígonos concêntr i-cos. A abelha, ao contrário, vai de f lor em f lor, l iba o néctar,transformando-o, ao chegar à colmeia, em dulcíssimo mel.

Passa o dono da casa e com a vassoura destrói furioso o tra-balho da ar,anha; diante do favo de mel, fabricado pela abelha,porém, pfua e sorri contente.

Assim é no mundo: todos trabalhamos, uns segundo a pa-lavra de Deus e outros segundo a palavra do demônio. Mas quan-do Nosso Senhor passaÍ, destruirá a obra dêstes e recompensaráa daqueles.

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2ll.A ALMA OCIOSA NÃO ENTRARÁ NO CÉU

Como é triste ver um cadáver, frio, inerte, estendido numacama! Aquêles olhos outrora brilhantes, agora não se movem mais,estão apagados paÍa sempre.

Os lábios, antes abertos aos sorr isgs e às mais doces ex-pressões do coração, agora estão cerrados e imóveis para sem-pre. Mais alguns dias e aquêle corpo será reduzido a um pu-nhado de pó que o vento poderá espalhar.

Ora, o apóstolo S. Tiago diz que, se a nossa fé não estiveracompanhada de boas obras, também ela estará morta (Tiago2, 26).

E'um corpo que tem todos os meios para agir, para tra-balhar, para mover-se. . . mas não ïaz nada. Mas, então, queaproveitam os olhos, se náo vêem? Para que servem os lábios,se não falam? Para que as mãos, se não apalpam?

Façamos o bem enquanto temos tempo, pois como o corpoacaba numa cova, como a planta inf rutuos a é cortada e lançadano fogo, do mesmo modo a alma ociosa cairâ no inferno. Noreino do céu entra sÒmente quem faz a vontade do Pai celeste.

QUEM SE HUMILHA.

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212.

Quando S. Hi lário chegou, o Concíl io já havia começado eos demais bispos estavam reunidos em assembléia. O Santo en-trou. Todos ocupavam solenemente seus altos assentos e nin-guém se moveu, ninguém se levantou para oferecer-lhe o lugar.Então o santo bispo, que se t inha por indigno de estar ao ladodos outros, assentou-se no chão, dizendo humildemente a pala-vra do profeta: Dómini est terra: a terra é de Deus. No momentoem que o corpo de S. Hi lário, ao assentar-se, tocou a terra, estaergueu-se de tal modo que colocou o santo à mesma altura dosoutros bispos; e todos, vendo o exemplo e o milagre, lembraram-se das palavras de Cristo Senhor Nosso: Qui se himil iat exalta-bitur: aquêle que se humilha será exaltado.

Não nos queixemos se outros nos estimam pouco, ou nosdeitam só o últ imo pôsto, ou nos negam aquêle pouco méritoque poderíamos ter. Deus saberá exaltar-nos no paraíso.

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213.O DOM DA FORTALEZA

Prenderam a virgem S. Apolônia e, diante duma Íogueira,declaratam-lhe QU€, se não renegasse a Jesus Cristo, seria lan-çada ao fogo. Vendo a enorme fogueira, ela não só não se es-pantou, mas ainda, movida interiormente pelo Espír i to Santo,desembaraçou-se dos soldados, e ela mesma se arrojou às cha-mas. Foi efeito do dom da tortaleza.

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COMO SE CONVERTEU LUÍS VEUILLOT

Êste grande escri tor catól ico t inha um f i lho de muito maugênio. A mãe dizia a miúdo ao pai: "Tem paciêncial verás comomudará de gênio quando ïizer a primeira comunhão".

E assim toi. Tornou-se tão bom, que chegou a conseguir aconversão do pai, até então incrédulo e inimigo de nossa rel igião.

215.O TRABALHO INÚTIÈ

Apresentou-se na côrte de Henrique IV um homem pedindoao rei permissão para executar um jôgo de muita habi l idade, quenunca se vira em nenhuma festa. O rei consentiu e todos foramassist ir à façanha.

O homem afincou no meio da arena uma estaca de madeirae na pontg colocou uma agulha de coser. Nos olhos cle todosnotava-se grande curiosidade. Eis que o homem, montando umcavalo arreado, e tendo na mão uma l inha muito comprida, passagalopando ao lado da estaca e enfia a l inha na agulha, t i rando-apelo lado oposto sem parar. Entre os calorosos aplausos da ntul-t idão, apresenta-Se ao rei para receber um prêmio ou um louvor.

Quantos anos empregaste nesse trabalho? indagouo rei.

Doze anos. Ensaiei, e tornei a ensaiar, trabalhando du-rante doze anos - respondeu o homem.

Pois bem repl icou o rei t icarás encarcerado du-rante cloze anos, por teres gasto tantos Sem honra paÍa teu reie sem utilidade para tua pâtria.

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Ah ! quantos cristãos não terão de ouvir no dia do luizo:empregastes tôda a vida num trabalho que não honrou a Deusnem aproveitou à vossa alma. E é por isso que permanecereis nocárcere do inferno por tôda a eternidade (Cf . Mt 25).

216.PERDOAR AOS INIMIGOS

Sublime é o exemplo de S. Joana d'Arc, a jovem singularvinda da Lorena para salvar v França. Depois de haver rompidoo cêrco de Orléans e de haver levado Carlos VII de tr iunfo emtriunfo até a coroação do mesmo em Reims, foi desprezada,abandonada, atraiçoada. Deus queria indicar-lhe que sua missãoterminara e só faltava o supremo sacri f ício de sua vida.

Em Compiegne toi feita prisioneira e vendida aos inglêsesque a condenaram à fogueira. Apareceu na Ptaça de Ruão, aos18 anos de idade, condenada à morte, mas não mostrou nenhumtemor.

O rei banqueteava-se bem distante dali sem nenhum senti-mento de compaixão para com aquela que viera da Lorena para

salvar a França.Quando as cha tas envolvefam, como numa tormentosa au-

réola, aquêle corpo *.inocente,

Joana ergueu os olhos cheios deesperança e exclamou em alta voz que perdoaYa ao rei, aos fran-ceses, e aos inglêses que a queimavam.

217.E S C O L H E I ! . . .

Depois que Moisés expl icou ao povo a Lei de Deus, concluiuassim: "Fi lhos de Israel, eis que eu ponho hoje diante dos vos-sos olhos a bênção e a maldição; a bênção, se observardes osmandamentos de Deus; a maldição, se não obedecerdes aos man-c lamentos do Senhor vosso Deus" . Escolhei ! (Dt 11, 26 ss) .

218.A MALDIçÃO DE UMA MÃE

Antes da aurora foi Agostinho, o santo bispo de Hipona,despertado por uns gemidos e profundos soluços que vinham darua. Dois homens seminus, de barba e cabelos compridos, sujos,

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Page 198: Tesouros de Exemplos

fracos e famintos, tremiam convulsivamente diante da residênciado bispo.

- Como vos chamais? - perguntou Agostinho.- Paulo e Paládio, responderam sern cessar de choiar.- Tranqüil izai-vos, nós vos socorreÍen1os.- E' impossível tranqüil izar-nos. Vimos de Cesaréia da Ca-

padócia; em nossa famíl ia éramos sete irmãos e três irmãs. Ofen-demos a nossa mãe viútva e ela nos amaldiçoou e a maldição pe-netrou em nossa carne, em nosso sangue, em nossos ossos. Li-vra-nos, Santo de Deus, da maldição de l lossa mãe. E se não opodes, faze-nos ao menos morÍer.

S. Agostinho rogou a Deus por êles e curou-os.Se tanto pôde naqueles f i lhos a maldição de uma mãe ter-

rena, que não será a terrível, irrevogável e final maldição deDeus, pai nosso ofendido por nossos pecados: Ite, maledicti, inignem aeternum? )

2lg.OS MORTOS ESTAVAM DE PÉ. . .

Quando, na grande guerra européia, os bolcheviques entra-ram em Sebastopol, mataram muitas pesso s sem processo al-gum. Levavam aos escolhos os condenados,

-atavam-lhes aos pés

grandes pedras e precipitavam-nos ao maÍ.Assim foi executado também um almirante; mas quando o

atiraram ao mar, desconfiaram que levava consigo documentosimportantes. Ordenaram a um escafandrista que fôsse buscar ocadáver. Desceu o homem, mas antes de tocar o fundo do mar,fêz sinal para que o erguessem à superfície.

Voltou louco de terror e pronunciava palavras sem sentido.Curado após alguns dias, contou Qüê, ao aproximar-se do fun-do do mar, se encontrou no meio duma espantosa assembléia: to-dos os mortos estavam ali de pé e pareciam ir-lhe ao encontroameaçando-o com vinganças terríveis.

Era um fenômeno natural QU€, naquele momento, o esca-fandrista não soube expl icar. Os cadáveres que hâ alguns diasestavam nas águas, al igeirados pela decomposição, tendiam a su-bir à superfície; mas nã,o podiam pelo pêso das pedras quetinham atadas aos pés.

Se a vista de alguns cadáveres, que cambaleavam pelo im-pulso das correntes, fêz desmaiar e enlouquecer de susto um ho-

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mem habituado ao perigo, pensai o que será, então, quando osmaus se encontrarem diante do Filho de Deus vivo, agitado pelaira terrível de sua inexorável justiça. lâ náo será o Cordeiro quetira os pecados, mas o leão prestes a destroçar seus inimigos.

220' A REC'MPENSA Do MUND'

A rainha Isabel da Inglaterra, de tnste memória, tinha en-tre os nobres de sua côrte um extraordinário bai larino, chamadoTomás Pando.

Quando bailava,b is , b is ! "

E êle continuavaque suas fôrças nãonátìca rainha gritou:a vontade, bai lou, nasao solo. Puseram-sete, boi !"

O pobre bai larino ouviu o insulto, mordeu os lábios e levan-tou-se. No dia seg-inte desapareceu da côrte. Fugiu para osmontes e nunca mais foi visto bailar.

Assim são as recompensas do mundo. Aos aplausos, Iou-vores e sorr isos sucedem quase sempre o abandono, o desprêzoe o amaÍgo insulto: "Levanta-te, boi!"

221.A ORAçÃO NAS TENTAÇÕES

Em Roma foi metida no cárcere Daria, a santa espôsa deCrisanto, por seÍ cr istã e haver convert ido inúmeras mulheres daidolatr ia à verdadeira rel igião. Empregaram contra ela os maisdolorosos tormentosl puseram em prática tôdas as astúcias in-fernais para arrebatar-lhe a virtude, nada conseguindo.

Levaram-na, f inalmente, a um lugar infame; mas Daria, le-vantando as mãos e os olhos aos céus, pôs-se a oraÍ. Nem bemcomeçara a Íezar e eis que aparece, ao lado dela, uffi majestosoleão disposto a despedaçar a quem quer que se atrevesse a mo-lestá-la (Leonis tutela a contumélia divínitus defénditur).

todos gri tavam com delír io: "Outra vezt

bailando. Mas um dia estava tão cansadolhe permit iam nenhum estôrço. Mas a fa-"Repete, repete". E Tonrás, para fazer-lheúltimas voltas, porém, teve vertigem e caiu

todos a rir, e a rainha gritou: "Levanta-

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Page 200: Tesouros de Exemplos

Nossa alma está rodead.a deS. Daria.

Qual será a nossa deÍesa? Avação.

222.SÃO E SALVO NO MEIO DOS LEÕES

Houve um rei que proibira severamente tôda oração. Ora,numa casa com a janela aberta, vê-se um homem orando dejoelhos e com o rosto voltado para Jerusalém, a cidade santa.Quem orava era Daniel, o grande ministro do rei.

Espiaram-no muito os inimigos e viram que três vêzes aodia (de manhã,, ao meio-dra e à noite), naquela humilde at i tude,fazia sua recolhida oração. Foi denunciado e condenado. a mor-rer despedaçado pelos leões. Meteram-no na cova dessas terase fecharam a abertura da mesma com uma grande pedra seladacom o sêlo real.

Ao amanhecer Dario, que não pregara os olhos, correu àcova e encontrou Daniel i leso e sorr idente.

O homem que ora em nome de Jesus- será vitorioso. Nemo mundo, nem o teroz leão (o demônio) poderão causar-lhe al-gum dano.

223.o TEMOR DO IU|ZO

Na ntanhã de 14 de setembro do ano de 258, no campo Séx-t io, molhado ainda pelo orvalho da noite, degolaram o bispo deCartago. Prenderam-no os inimigos de Cristo e conduziram-noao tr ibunal do procônsul Galério, QU€ lhe lêz esta pergunta: "É,stu Táscio Cipriano?" Cipriano respondeu com tirmeza: "Sou".Galério ordenou: "Táscio Cipriano seja degolado". E o márt irrespondeu: "Deo gratias".

Mas, quando os soldados se dispunham a executar a sen-tença; quando, despidos os ornamentos episcopais, os f iéis es-tendiam seus lenços para recolher o sangue que ia jorrar, o Santotremeu e cobrindo as faces com as mãos exclamou: "Vae mihicum ad judícium vénero", isto é, ai de mim! quando chegar ao

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terríveis inimigos, como a de

oraçã,o. Sem ela não há sal-

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Page 201: Tesouros de Exemplos

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luízo! Foi um instante,a Deus o sacri f ício.

Se a lembrança dode nós? que diremos ao

224.A VITÓRIA SERÁ NOSSA

S. Joana d'Arc está no sít io de Orléans. Combatera sete

horas, Sempre calma e intrépida no meio dos soldados. E' che-gado o momento de totnar ao inimigo a famosa lortaleza de

Tourel les. De repente avança, toma a escada e sobe impetuosaà tôrre. Fere-a no peito uma f lecha. Jorra o sangue. Ela empa-

l idece, treme indecisa no meio da escada. Chora de dor e de

mêdo. Desce e oculta-se para se curar. Era a debi l idade hunta-na. Os inglêses animam-se e oS franceses atemorizados cedem

o campo e tocam a ret irada. Mas ao primeiro toque de clarim

Joana levanta-se, recorda-se da visão que t ivera, das vozes que

ôuvira e laz uma breve oração. Em seguida, de um golpe ar-

ranca a f lecha e conl o peito manchado de sangue gri ta: "Avante!

Somos os vencedores". E venceu.Cristãos, a ida é uma batalha pela conquista do reino

de Deus. Se algum *dia

nos assaltarem o temor e a debi l idade'recorclemos notú fé, avivemos nossas convicções e fortaleçamo-

nos cont a oração. Em segttida, como S. Joana, sigamos avante'seguros de que a vitória será nossa.

225.ANIMA VESTRA IN MANIBUS VESTRIS

O Pe. Segneri costumava contar o seguinte episódio:Havia na praça de Atenas um famoso adivinho, que a todos

dava prognósticos, predizia o futuro e descobria o passado. Umdia, querendo zombar dêle, apresentou-se-lhe um homem astutoque t inha um pequeno passarinho techado na mão.

Sabes dizer-me perguntou ao adivinho se êstepassarinho está vivo ou morto?

O astuto pensava assim: se êle disser que está morto, eu

o cleixarei voar; e se disser que está vivo, eu o apertarei com opolegar e o Ïarei morrer.

pois logo inclinou a cabeça e ofereceu

Juízo ïazia tremer os mártires, que serádivino luiz?

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Page 202: Tesouros de Exemplos

O adivinho, porém, foi mais esperto e respondeu: Cavalheiro,êsse passarinho está como o Sr. quiser: se o quiser vivo, estávivo; se morto, morto. Todos os espectadores aplaudiram o adi-vinho.

- Amigos, aquela sagaz respost4 nós a podemos dirigirtambém a vós. Vossa alma será tal qual a quiserdes: se salva,salva; se condenada, condenada.

Anima vestra. . .

226.CUIDADO COM A ALMA

Conta um poeta lat ino, Horácio, que um jovem, levado pelaloucura de gastar seu patr imônio, dissolveu em vinagre uma pé-ro la prec iosíss ima e bebeu-a de um t rago (Hor . , SaÍ . I I ,3) . Urnmovimento de indignação se apodera do leitor ao recordar ta-manha falta cle juízo daquele jovem. Mas, que dirão os Anjos,quando vêem os homens destruir a formosura de sua alma porum amargo prazer?

Um quadro do célebre pintor Rafael, u ra estátua de MiguelÂngelo são aval iadas a preços Íabulosos, 'porque saíram dasmãos de artistas famosos. E a nossa alma não saiu das mãosdo. Art ista supremo? Notai ainda que ela foi cr iada à semelhançade Deus; leva, pois, em si algo de sua beleza, de sua grandio-sidade, da sabedoria de Deus.

227.VIVIA NUMA COLUNA

um santo ermitão mandou levantar no deserto uma colunamuito alta e no tôpo da mesma viveu muitos anos. Ai i no alto,elevado sôbre a terra má e olhando para o céu sereno, repetiacom freqi iência: "Glória ao Pai e ao Fi lho e ao Espír i to Santo, ' .

Se tôdas as vêzes que temos rezado o Gloria patr i o t ivésse-mos feito com o respeito daquele anacoreta, quantos méritosnão teríamos acumulado para o céu ! euantos méritos se t ivés-semos começado e terminado cada uma de nossas orações emnome do Pai, do Fi lho e do Espír i to Santo !

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229.POR QUE OS PADRES NÃO SE CASAM

Íamos passando diante duma igreja e um companheiro ma-nifestou desejo de conhecê-la. Como havia na fachada umagrande crt)z, julgamos ser uma igreja católiea. A um menino,que estava ali perto, perguntei:

- Sabes onde está o pároco?- Sim; o pastor é meu pai, eu vou chamá-lo.- Não; não é preciso incomodá-lo. Eu t inha compreendido

que se tratava. de um templo protestante. Mas, por cortesia, t i -vemos de esperar, pois o menino toi correndo chamar o pai.

Passados alguns minutos, aparece o sacristão e diz:- Desculpai, senhores; o pastor não pode vir. Tendo vol-

tado há pouco para casa, encontrou a senhora dêle desmaiada. . .O menino, que foi chamá-lo para os senhores, saiu correndo àprocura do médico.

Disse-me o pastor que despedisse, sem mais, todos os quedese jassem fa la r - lhe . . . Pobre pas to r ! Que pena tenho dê le ! . . .Uma f i lha dêle está doente no hospital; um dos f i lhos está nomanicômio e outro num reformatório. . . O ún:co f i lho que temsaúde é o menino _1ue encontrastes aqui.

Apenas saímos do templo, disse-me o meu companheiro,um advogado:

Desculpai-me, senhor Padre, se vos digo sinceramenteque as palavras dêsse sacristão me convenceram mais do queas vossas da conveniência do cel ibato do clero catól ico. Comopoderia cuidar sèriamente de seus paroquianos quem se achassenas condições dêsse pobre pastor? (José Colombo, Uma tt' iagemao redor do mundo).' ,

229.DOIS ITALIANOS E O VÍCIO DE BLASFEMAR

Infelizmente, na Itâlia muitos têm o detestável vício deblasfemar ou xingar a Deus. Numa cidade dos Estados Unidos,onde a blasfêmia é punida severamente, um ital iano várias vê-zes admoestou um patrício que deixasse de blasfemar. Mas aresposta eÍa sempre esta: "Vai cuidar dos teus negócios!"

Um dia, porém, um polícia, que entendia i tal iano, ouviu-o

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blasfemar e sem clemora prendeu-o e levou-o ao iuiz. Êste per-guntou-lhe:

- Que respondeis à acusaçã,o dêste polícia?- Que blasfemei, mas foi em ital iano.- Então pensais que Deus não entende o i tal iano?!- Mas foi na Itál ia que me habituei a blasfemar.- [ su, na América, me habituei a condenar os blasfema-

dores. Por esta vez, condeno-vos a pagaÍ ap'enas a multa dedez dólares.

- Como! tanto dinheiro por uma só blasfêmia?!E aqui o tal perdeu o contrôle de si mesmo e soltou outra

blasfêmia. E o juiz acrescentou logo:- Por esta segunda blastêmia pagareis vinte dólares.- Mas isso é uma grave injust iça, senhor juiz. Não sabeis

que na l tál ia. . . e solta a terceira blasfêmia.- Por esta terceira blasfêmia pagareis tr inta dólares; a

não ser que pretirais f icar tantos cl ias na cadeia quanto são osdólares que deveis pagar.

O blasfemador calou-se e aprendeu a l ição. Desde aquêledia não mais o ouviram blasfemar.

230.DEVE PREFERIR-SE A TI .DO

S. João de Gota, um dos márt ires do Japão, foi condenadotirano. Contava apenas dezenovq anos e pouco tempo taziaentrara na Companhia de Jesus. . lndo seu pai despedir-seo jovem, no momento de ser crucif icado, disse-lhe:

- Meu pai, a salvação deve preferir-se a tudo. O senhor,assegurá-la, não se descuide de nada.

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paía- Muito obrigado, meu f i lho ! e você, também, agüente f ir-

me. Sua mãe e eu estamos preparados para morrer pela mesmacausa.

E o generoso pai, tendo bei jado seu f i lho mârt ir , ret irou-semolhaclo pelo sangue da generosa vít ima.

231.SUPERSTICIOSO CRUEL

Luís XI, rei dc França,por haver pressagiado coisasfético, disse aos familiares do

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condenara à morte um astrólogodesagradáveis. Êste, em tom pÍo-re i :

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que morrerei três dias antes de sua majestade".Bastou isso para que o rei revogasse a sentença e prodi-

gal izasse ao astrólogo tôda sorte de cuidados para prolongar-lhea vida.

232.UMA REPRESENTAÇÃO SACRÍLEGA

O imperador Miguel I I , de Constantinopla, que contr ibuírapara o cisma d,a Igreja Grega, ordenara que no dia da Ascensãose representasse uma comédia para escarnecer os sacramentos.Na noite seguinte um espantoso terremoto, acompanhado de fu-r iosa tempestade no mar, devastou aquela cidade. Pouco depois,o imperador, enquanto dormia após uma de suas bebedeiras, foiassassinado poÍ/ seJJ

..próprio filho.

233. lCORTADOS OS LÁBIOS,(

A perseguição rel igiosa, ordenada pela rainha Isabel, daInglaterra, fêz inúÈreras vít imas.

Entre os muitos confessôres da nossa fé, achava-se o sa-cerdote Tiago Bell , que afostatara, mas QU€, depois 'de haverref let ido melhor, se arrependera e trabalhava com muito zêlopela salvação das almas.

Prêso e condenado à morte, pediu ao luiz que lhe fôssemcortados os lábios e os dedos por ter pronunciado o juramentoe ter assinado ,os art igos heréticos contrários à consc:ência e àverdade divina.

234.DE ONDE FUGIU O SENHOR?

Um pastor protestante, que sempre af irmava que os cató- ,l icos adoram as estátuas e imagens, e que por isso são idólatras, ' ì

vendo certo dia que uma boa velha rezava devotamente ajoelha'da diante dum crucif ixo, disse-lhe em tom de mof a:

- A senhora ador.a essa imagem?A mulher f ixou-o admirada e disse:

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- 0 senhor está louco? De que manicômio fugiu? Ajoe-lho-me diante desta imagem que nte representa Jesus Cristo,mas meu coração ê para Deus.

235.UM TIRO SACRÍLEGO

Perto de valença, na Espanha, celebrava-se uma festa emhonra do Santo Cristo numa ermida. Muita gente desfilara du-rante o dia, rezando diante de Jesus. À tarde, quando todos setinham retirado, voltava da fábrica um operário, o qual, paran-do, puxou do revólver e com um riso satânico, apontotr para aimagem e at irou, esmagando-lhe o dedo do pé direito, e depoisret irou-se.

À noite, indo a um bai le, enquanto se divert ia, deixou cairo revólver, saiu um tiro e a bala esmagou-lhe um dedo do pédireito, como esmagara o do Cristo da ermida.

um médico . o tratou, mas a ferida nunca se fechava. Foinecessário cortar-lhe o dedo, depois o pé, mais tarde a perna, ea gangrena caminhava sempre, e ninguém compreendia por queaquela ferida nã,o se fechava. Era uma ci.aga produzida pelajustiça de Deus, chaga que levou o operário açuma morte horrível.

236.QUERIA PÔ-LAS COMO FLORES

Em 1873 um homem de Wisembach, povoado dos Voges,amontoava imundícies num depós:to. Aos que lhe perguntavampara que servir ia aqui lo, respondia:

- Este l ixo eu o porei como f lôres nas ruas por onde há depassar a procissão de Corpo de Deus. Três dias depois foi ata-cado de apoplexia, morrendo sem recobrar os sentidos e sendoenterrado no próprio d:a de Corpus Christ i .

237.CAIU A PEDRA

No domingo,22 de dezembro de 186l , em Vol terra, a lgunsjovens se haviam reunido perto duma muralha, sôbre a qual so-bressaía uma graqde pedra. Um dêles, que perderg no jôgo, co-

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meçou a dizer horríveis blasfêmias contra Nossa Senhora. Oscompanheiros procuraram acalmá-lo, mas foi pior. Chegada ahora da missa, convidaram-no a entrar com êles na igrefa; res-pondeu-lhes, porém, com a mais horrível das blastêmiãs. Apenasfechou a bôca, ca:u sôbre êle a grande pedra e o e.magou.

23g.VEREIS COMO ISTO PÁRA!

_Em agôsto de tSgl foi uma ardeia açoitada por uma chu-va de pedras, que devastou vinhedos e hortas:" Váiios campone-ses reunidos numa taberna se queixavãm, blasfemando, da tem-pestade que os arruinava. O taberneiro, furioso, blasfemava maisque todos e, tomando uma espingarda, sai,u à rua, dizendo:

"Atirarei contra Deus e vereis como isto pára jâ!".o blasfemo ergueu a espingarda contra o céu. . . nlas, no

momento precisamente, caiu um raio, matando-o iuntamente conlum cigano que o acompanhava.

239.Cí MPADECIAM-SE DÊLE

Na cidade de õunour, em maio de rgoz, enquanto os fiéissaíam da igreja de s. Teodoro, após as funções sagradas, umindivíduo começou a insultar os que t inham ido à Ìgreja e ablasfemar contra Deus e Nossa Senhora. os f iéis qu. f ,us avam,espantados, compadeciarn-se dêle. De repente, o hômem cala-se,empalidece e cai como que fulminado por um raio. Tôda tenta-tiva para socorrê-lo foi inútil.

240.CEGO PELO RESTO DA VIDA

um homem voltava da venda depois de ter ouvido al i tôdasorte de impiedades. Ao' ver o crucif ixo à cabeceira cla cama,pôs-se a blasfemar e xingar a sagrada imagem. Foi além: to-mou uma faca e arrancou sacrì legamente os o, lhos do cruciÍ ixo.No dia seguinte começou a sentir uma dor agudíssima nos olhos.Levaram-no ao hospital, donde saiu completamente cego, vendo-se obrigado a mendigar até o f im da vida.

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241.NEGRO COMO CARVÃO

Um jovem universitário, inteligente mas incrédulo, achava-

se em térias em casa de família amiga.Uma noite, à hora do jantar, proÍeriu horríveis blasfêmias

contra a Imaculada Conceição; tais, como nunca se t inham ou-

vido naquela casa.Ficaram todos horrorizados e a dona estêve a ponto de

despedi- lo. Retiraram-se aborrecidos e si lenciosos, pedindo a

Nossa Senhora que lhe perdoasse. Na manhã seguinte, quando

o toram despertir, enconlraram-no morto e negro como carvão'

242.EXPIAçÃO

Um capelão francês visi tava uma ambulância e aproximan-

do-se dum soldado disse-lhe:- Amigo, disseram-me que você está gravemente ferido e

sofre muito.- O sr. levante o cobertor que nle cs'bre.Horrorizado viu s capelão um peito rofisto sem braços'- Não se assuste - disse o soldado; levante agora a co-

berta dos pés.Faltavam as Pernas até os joelhos.- Pobrezinho! - exclamou o sacerdote'- Não se compadeça de mim, padre; dê-me antes parabéns'

porque antes da guerra eu reduzi ao mesmo estado uma imagem

de Jesus Crucif lcado.- Foi assim: Ao chegarmos à encruzi lhada do caminho, eu e

meus cornpanheiros encontramos um grande crucif ixo e o en-

chemos de insultos e blasfêmias. Quis avantajar-me a êles em

impiedade e com meu sabre cortei os braços e as pernas da ima-

g.nr. Quando começaram a sibi lar as primeiras balas é que com-

fireendi a enormid.ade de meu crime. Lembrei-me de minha igreja,

d. r.u vigário, de minha defunta mãe, de meu catecismo'pedi ã D.ur que me castigasse nesta vida. E Deus me ou-

viu como o sr. est 'á vendo. como tratei ao crucif ixo' assim fui

tratado. Q,uanto maiores forem os meus sofrimentos, tanto maior

será o meu consôlo; pois assim estou se$uro de que DeuS quer

perdoar-me.

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Page 209: Tesouros de Exemplos

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JORGE WASHTNCTON

Estava certa vez sentado à mesa com alguns of iciais, quan-do um dêles proferiu uma vi l blasfêmia. Washington sentiu-se in-teriormente ferido e, deixando cair o talher com indignação eolhando com desdém para o infeliz que acabava de blasfemar,disse: "Senhores; eu julguei que todos os que aqui nos encon-t lamos éramos pessoas decentes". Todos se calaram e o culpadocorou e baixou os olhos envergonhado.

244.O HOMEM DO FUZIL

Em 1915 o capelão de um regimento foi transferido paraoutro corpo. Em seu lugar puseram um padre trapista que foibem recebido por todos, menos por um anticlerical, que, furioso,dizia: "Que necessidade temos de padres? Deus não existe. Sehit Deus, vejamos se é capaz de quebrar o tuzil que tenho namão". E acompanhando as palavras com a açã,o, apontou o fuzilpara o céu em atitrrJe de desafio. No mesmo instante, porém,uma bala inimiga - eu no f.uzil, despedaçando-o e penetrandono crânio do blasfemo, que caiu morto al i mesmo.

245.UM MENINO HERÓI

Não taz muito tempo, numa vila da ltália chegava em casaum menino de 12 anos, pál ido e choroso.

Que acontecera? Alguns malvatlos, movidos de ódio contraêle porque ï izera a primeira comunhão, disseram-lhe:

- Tens cle repetir as blasfêmias que dissermos.- Não (disse o menino com f irmeza), eu não blasfemo.

. - Tens de blasfemar, por bem ou por mal.Dito e feito: atiraram-no ao chão e bateram-lhe brutalmente,

Mas dos lábios do menino não saiu nenhuma blasfêmia e nemsequer uma palavra de queixa.

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246.DECORAI ÊSTES CINCO PONTOS

O trabalho de domingo nunca enriquece.A fortuna mal adquirida nunca aproveita.A esmola nunca empobrece.O encomendar-se a Deus pela manhã e à noite nunca atrasa

o trabalho.Um fi lho rebelde e l ibert ino iamais será fel iz.

247.. PRIMEIRO IREI À MISSA

Refere S. Afonso que três negociantes estavam prontos parapart ir juntos da cidade de Gúbio. Era domingo, e um dêles quisouvir antes a missal os outros, porém, não qu:seram nem mesmoesperá-lo. Mas, quando atravessavam a ponte do r io Borfoune,cheio pelas últimas chuvas, caiu a ponte, perecendo afogadosos dois negociantes.

249.POR UM PECADO MENìS

Voltava da missa um domingo, em Londres, uma dama, ir-mã dum ministro do reino. Encontrou uma mulher a varÍer a tva,Soube que era catól ica. Perguntou-lhe se t inha ido à missa.

Respondeú a vaÍredoura que não t inha tempo, porque antesdo meio-dia tinha de acabar a limpeza. A dama deu-lhe umamoeda e, mandando que fôsse à missa, disse-lhe:

- Cumpra o seu dever de cristã, QUe eu farei seu trabalho.E assim dizendo, pegou da vassoura e pôs-se a vaÍÍer.Interrogada por que se humilhava assim em lugar tão pú-

bl ico, respondeu:- Por um pecado menos !

249.A ÁRVORE CRESCIA

O erm:tão Nicolau, de Suíça, estando a ouvir Missa, teveuma visão. Viu uma àrvorezinha, que, brotando do piso da igreja,crescia ràpidamente e em poucos segundos estava coberta de

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Page 211: Tesouros de Exemplos

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flôres, resplandecentes como estrêlas. Essas flôres caíam sôbrea cabeça dos f iéis: em alguns murchavam e perdiam o bri lho;em outros aumentavam de resplendor, adornando-lhes as frontescomo uma coroa de luz.

A á,rvore eÍa figura da bênção celeste e as flôres simboli-zavam a bênção que caia sôbre cada üffi, frutificando nos fer-vorosos e murchando nos distraídos e desatentos.

250.SEMPRE CHEGAVA TARDE

Um homem da Westïâl ia, durante muitos anos sempre che-gava tarde à Missa nos dias de preceito.

Adoeceu pan morrer e mandou chamar o padre com ur-gência. O Vigário sem demora pôs-se a caminho, mas diziaconsigo: "Não será para estranhar que Jesus Cristo chegue tardea êle, como castigo de sempre ter chegado tarde à Missa". Ecom efeito; quando o padre chegava à casa, o enfêrmo expiravasem os sacramentos.

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SAÍAM DA IGREJA

S. Hilário, vendo que algumas pessoas, depois da leiturado Evangelho, saíam da igreja, interrompeu a prâtica exclaman-do: "Podeis sair da igreja, mas do inferno não podereis sair!"

252.SANTA JULIANA

Era uma rel igiosa de clausura em Florença, l tál ia. Adoeceutã,o gravemente, QUe, ao administrarem-se-lhe os sacramentos,nã,o foi possível dar-lhe a comunhão, porque não podia reternada no estômago. Chorando rogava ao sacerdote QU€, iâ quenão podia receber Jesus pela bôca, pelo menos o colocasse al-guns instantes sôbre o seu peito, para que estivesse mais pertode seu coração.

Assim o lêz o sacerdote, desaparecendo a sagrada Partí-cula, ao mesmo tempo que a Santa morria de gõzo. Sôbre seupeito acharam gravada, à maneira de sêlo, a imagem de Jesus.

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253. . TRÊS COMUNHÕES

S. Catarina de Gênova achava-se muito doente, e os nté-dicos desesperavam de sua vida e não encontravam remédiopara aliviá-la.

A Santa recebeu uma luz do alto que lhe fêz conhecer quecom três comunhões recobraria a saúde. O confessor adminis-trou-lhe êsse remédio divino, e depois da terceira comunhão elaestava perfeitamente curada.

Uma noite, sonhou que no dia seguinte não poderia comun-gãr, e sentiu uma dor tã.o viva que ao despertar encontrou otravesseiro banhado de lágrimas.

254.O QUE VALE UMA MISSA

Achava-se um missionário muito esgotado por seus traba-lhos apostól icos. Seus companheiros, para induzi- lo ao descanso, ' '

diziarn-lhe: "Se o médico conhecesse o vosso estado de saúde, :

não vos permi t i r ia a ce lebração da Missa ' .Mas o enfêrmo repl icou: "Pelo contrá ìo, se o médico sou-

besse o que vale uma Missa, êle me aniàaria a dizê-la dià-r iamente".

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PAI TODO-PODEROSO

Falava um pastor protestante com um menino que se pre-patava para a primeira comunhão, e perguntou-lhe:

Você crè que na Hóstia, que vãi receber, está Jesus emcorpo e alma?

- Creio, sim, senhor.- Você sabe o Pai-Nosso?- Sei , s im, hâ mui to tempo.- Então, Íeze-o.- Pai nosso que estais no céu. .- Chega! Você compreende que Deus está no céu; logo, ì ì

não pode estar na Hóstia.O menino pensou um instante e d:sse:- O senhor é capaz de rezaÍ o Credo?

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Page 213: Tesouros de Exemplos

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- Sou, s im: Cre io em Deus Pai todo-poderoso. . .- Basta! O sr. iâ compreende gu€, sendo Deus todo-po-

deroso, pode lazer o que quiser, e assim pode estar no céu eao mesmo tempo na Hóstia consagrada.

O pastor, não sabendo que responder, contundido, deu porterminado o diálogo.

256.MEU ÚNICO REMÉDIO

Carlos V perguntou a um servo de Deus, que vivia na côrte,coÍïlo lazia para conservar-se na graça de Deus no meio da li-cença de costumes dos cortesãos e de tantas ocasiões de pecado.

- Majestade - responcleu - meu único rentédio para nãosucumbir é o temor de Deus e a comunhão diâria.

257.ESTOU MELHOR

O general Drourt est ivera gravemente enfêrmo. Vendo che-gar o médico, dissc ,lhe:

- Doutor, esl,u melhor.- De onde lhe vem esta melhora?- Doutor, comunguei esta manhã - respondeu o general.

259.OS DOIS VASOS

Apareceu Jesus à serva de Deus Paula Maresca, e mostran-do-lhe dois vasos, um de ouro e outro de prata, disse-lhe:

"Neste vaso de ouro guardo as comunhões sacramentais, eneste de prala guardo as comunhões espir i tuais".

259.SERVIA.SE DOS MENINOS

S. Francisco Xavier, não podendo no curso de suas missõescuidar dos enfermos e da instrução dos f iéis, servia-se dos nre-ninos que batizara, os quais, seguindo suas recomendações, re-zavam muito. Por suas orações saravam os doentes, os demô-nios eram afugentados e os idólatras, convertidos.

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Page 214: Tesouros de Exemplos

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260.UMA GRANDIOSA PROCISSÃO

Em 1450 a cidade de Paris foi testemunha de um formosoespetáculo. Por ordem do bispo Guilherme, uma procissão dedoze mil crianças de menos de catorze anos saiu da igreja dosSantos Inocentes, percorreu a cidade cantando e dir igiu-se àigreja de Notre Dame.

A voz da infância atraiu os olhares de todos e abrandouos corações. Foi o meio mais eïicaz para desarmar a cóleradivina.

261.POUCAS PALAVRAS

Um dia foram duas pessoasdeviam rezar. Respondeu-lhes omuitas palavras ; dizei sòmente:vontade !"

262.DIANTE DE UMA IMAGEM Db MARIA

Conta o bispo cle Verdun:Dois homens t iveram uma discussão muito forte e um dêles,

enfurecido, pôs-se a correr após o outro, com uma taca na mão.Quando estava para ser alcançado o que fugia agarrou-se a umaestátua de Nossa Senhora, dizendo:

"Terás coragem de ferir-me em presença da Virgem, nossaMãe?"

A estas palavras, ao homem antes táo fur:oso caiu-lhe afaca da mão.

26g.ESTUDE MEIA HORA MENOS

- Como vão seus estudos ? -seu antigo aluno.

- Muito mal! Estudo o maisbaixas.

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perguntar a S. Macário comoSanto: "Não são necessáriasSenhor, seja feita a vossa

perguntou um sacerdote a um

que posso e sempre t iro notas

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- Estude meia hora menos - disse-lhe o antigo mestre -

e empregue essa meia hora em pedir a Nossa senhora que oajude.

O rapaz seguiu o conselho, e após algumas semanas come-çou a progredir nos estudos, obtends quali f icação honoríf lca.

264.UMA BÊNÇÃO POR TELEGRAMA

Uma co,ndessa fôra a Nice para pedir a D. Bosco que fôssebenzer a um seu netinho, que padecia dolorosas convulsões eparecia que se afogava. Não encontrando a D. Bosco, enviou-lheum telegrama a Cannes, onde se achava.

O Santo, ao recebê-lo, enviou-lhe a bênção de Maria Auxi-l iadora também por telegrama e na mesma hora cessaram asconvulsões e a criança sarou.

265.SAÍA SEM ESCOLTA

Os cortesãos ce lsuravam o rei Henrique IV por sair, às vê-zes, sem escolta. i e respondia: "O mêdo não deve existir naalma de um rei. Encomendo-me a Deus quando me levanto equando me deito, e durante o dia lembro-me do Senhor. Estousempre em suas mãos".

266.OITO HORAS POR DIA

S. Alfredo Magno, rei da Inglaterra, consagrava todos osdias oito horas à oração ou à leitura de livros piedosos. Oitohoras aos negócios do Estado e oito horas ao descanso e às de-mais necessidades e ocupações. Levantava-se muito cedo e ia àcapela, onde, prostrado por terra, ïazia sua oração.

267,UM PROTESTANTE

Um protestante teve a curiosidade dedurante a Missa num domingo, e pôs-se asair d:sse: "Os catól icos dizem que Jesus

entrar numa igreiaobservar os fiéis. AoCristo está presente

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Page 216: Tesouros de Exemplos

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na Eucarist ia; mas muitos dêles não o crêem; do contrário pro-cederiam com mais respeito durante a Missa".

268.EM QUE TE OCUPAS?

Queixava-se um jovem ao seu confessor, dizendo-lhe queouvia mal a missa.

- Que fazes durante a Missa? Em que te ocupas?- Não faço outra coisa senão chorar os meus pecados.- Continua, meu amigo; dêsse modo ouves muito bem a

missa.

269.AQUÊLE É MEU PAI

O imperador da Austr ia, José II , ordenara que os presidiá-r ios fôssem empregados em trabalhos públicos. Alguns dêles var-r iam a praça de S. Estêvão, em Viena. Um ministro observouque um môço bem trajado se aproximava d um daqueles varre-dores e beijava-lhe a mão. Um dia m.andor, chamar o môço edisse-lhe que aquêle modo de agir não lhe co-nvinha.

(($s1fie1 - disse o jovem êsse condenado é meu pai".Comovido, o ministro referiu o fato ao imperador, o qual pôso prêso em l iberdade, dizendo: "Quem sabe educar seus t i lhosdesta maneira nãe pode ser um malfeitor".

270.GUARDÁ-LO-EI COMO LEMBRANçA

. Um inglês visi tava a cidade de Viena. Entrou numa loja decabeleireiro no momento em que uma jovem oferecia sua formosacabeleira pelo preço de dez coroas. Já se dispunha o cabeleireiroa cortá-la, quando o visi tante quis saber por que a jovem ia sa-cri f icar seus cabelos.

- Senhor - disse a jovem - meu pai foi negociante opu-lento; mas as coisas foram mal; agora é velho e desamparado; -

minha mãe está enfêrma e, como não encontro outra solução.vejo-me obrigada a vender a minha cabeleira.

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Page 217: Tesouros de Exemplos

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A senhora não venda seus cabelos tao úíríÍu o,pagarei melhor. E, entrtgando-lhe cem libras esterlinas, tomoua tesoura e disse: I

- Permita-me que lhe corte um só fio de cabelo, que guar-darei como lembrança de seu. amor f i l ial .

Aquelas cem libras serviram de base para,. em pouco tempo.reconstituir a fortuna perdida.

271.DEU-LHE A LIBERDADE

Serapião, o Dionita, fêz-se escravo de um pagão, pata con-vertê-lo, e conseguiu-o de fato. Seu amo deu-lhe a liberdade, epresenteou-o com um vestido, uma túnica e um Livro dos Evah-gelhos. Serapião deu o vestido ao primeiro pobre que enion-trou e, pouco depois, a túnica a outro e, depois, mostrando oEvangelho, dizia: "Eis aqui o que me despojou de tudo".

Entretanto, vendeu também o l ivro para socorrer a umaviúva.

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Êste grande chanceler da côrtesado e em idade avançada, nuncajoelhos a bênção de seu velho pai,maior veneração e respeito.

273.CASTIGO DE UM MAU FILHO

A 19 de outubro de lgl4, próximo de Turim, uff i rapaz dis-cutiu com sua mãe por questão de interêsses, chegando a es-pancá-la brutalmente, quebrando-lhe o braço e causando-lhe fe-rimentos graves.

A mãe teve de ser hospital izada e o f i lho foi prêso. Quan-do o levaram à estação para cond,uzi- lo ao tr ibunal de Turim,o rapaz tentou atirar-se debaixo do trem que se aproximava.

da Inglaterra, sendo iâ ca-saía de casa sem pedir dea quem demonstrava al iás a

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Page 218: Tesouros de Exemplos

Caindo, porém, ao lado, o trem cortou-lhe sòmente as duas mãoscom que maltratara a mãe e, assim, t€ve de apresentar-se notr ibunal.

274.QUERO IR COM MINHA MÃE

Enquanto se tortur ava a má,rt ir S. Jul ieta, Ciro, seu f i lhinhode três anos, ao ver que sua mãe derramava sangue, começou agritar de maneira enternecedora. O governador tomou-o nos bra-ços para acalmá,-lo, mas êle o repeliu, gritando: "Sou cristão equero ir com minha mãe". E para escapar-se, arranhava-lhe orosto. Furioso, o governador tomou-o pelo pé e part iu- lhe a ca-beça contra as grades do tr ibunal. A mãe deu graças a Deus elogo a ela mesma se lhe cortou a cabeça.

275.SANTA MACRINA

Era irmã de S. Gregório Nisseno. Est santa mulher nuncaperdeu de vista sua mãe. Concentrou nela todos os seus cui-dados e afetos e jamais permit iu que os lnados a servissem,reservando-se a honra de preparar- lhe a comida e de servi- la.Quando a mãe enviuvou, Macrina dedicou-se inteiramente a aju-dâ-la na educação dos quatro f i lhos e das cinco f i lhas que res-tavam.

276.MINHA MÃE ERA POBRE

O papa Bento XI, f i lho de pais pobres, foi elevado ao pon-t i f icado em 1303. Estando o papa de passagem em Perúsia,sua mãe mandou pedir para falar- lhe. o papa perguntou comoela estava vestida. Responderam-lhe que estava com vestido desêda. "Então não é minha mãe - disse o papa - minha máe épobre e mulher do povo". Levaram-lhe essa resposta clo papa;ela pôs seus vestidos humildes e apresentou-se de novo. Destavez o f i lho recebeu-a e abraçou-a com efusão.

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Page 219: Tesouros de Exemplos

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277.GUIAVA-O. . .

o célebre cornél io cipião, por grat idão e respeito a seu paique ficara cego, guiava-o êle mesmo a tôda a parte e tinha paracom êle as maiores atenções.

278.QUANTO CUSTASTE A TEUS PAIS?

o arcebispo de salzburgo, D. Agostinho Gruber, ao visi taruma escola no Tirol, perguntou a uma menina se sabia quantocustara a seus pais.

A menina, surpreendida, corou e não soube responder.- vamos ver, disse: quantos anos tens? euanto lhes custas

por dia, por mês e por ano?- A menina, auxiliada pelo arcebispo, consegui,u lazer as

contas pedidas.O arcebispo acrescentou:- como poderás pagar os cuidados de tua mãe e os suores

de teu pai?Não com ollro ou prata, lras com amor, respeito e obe-

diência.Êsse cálculo i-rpressionou de modo salutar toclos os meni-

nos da escola.

279.ESQUECERIA MEUS DEVERES

o imperador Décio quis coroar imperador a seu f i lho,mas êste recusou a honra, dizendo: "Eu creio QUe, sendo im-perador, esqueceria meus deveres de f i lho. pref iro não ser impe-rador mas f i lho bom e obed:ente, a ser imperador e f i lho revol-toso. Que meu pai mande e minha glória consist irá em obede-cer-lhe com tôda f idel idade".

290.O RETRATO DO PAI

Boleslau, rei da Polônia, levava sempre ao pescoÇo o retra-to de seu pai. Quando t inha argo de importante, olháva para oretrato, bei java-o e dizt^a: "Deus não permita faça eu âlgurucoisa que desonre a memória de meu querido pai, ' .

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Page 220: Tesouros de Exemplos

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281.OS FILHOS DE TEODÓSIO

O imperador Teodósio entregara seus dois f i lhos a Arsêniopara que os educasse. Um dia entrou o imperador para assistirà aula e encontrou os dois meninos sentados e o mestre de pé."Neste momento - cl isse-lhes - sois discípulos e, portanto, de-veis respeito a vosso mestre".

E obrigou-os a assistir à aula de pé.

282,SENTENçA SEVERA

Em Esparta, os juízes condenaram à morte um menino porter arrancado os olhos a um animal. Aos que reclamaram quea sentença era muito severa, responderam: "O ânimo cruel deum menino que assim procede com os animais, amanhã se vol-tarâ contra os homens".

283' DEVoRADos PELos uRsos

O profeta El iseu, venerável ancião, sub a à cidade de Betel.Um bando de meninos mal educados saírat - lhe ao encontro einsultaram-no dizendo: *

"Sobe, calvo! Sobe, calvo!" Naquele momento saíram dobosque vizinho dois ursos e mataram a quarenta e dois dêles.

284.SALOMÃO HONRA SUA MÃE

Durante uma audiência solene, estava Salomão sentado emmagníf ico trono. Ao ver entrar sua mãe, a rainha Betsabé, queia pedir- lhe uma gÍaça, pôs-se de pé, foi ao seu encontro, fêz-lheprofunda reverência e mandou preparar-lhe um trono para quese sentasse à sua direita.

295.AMOR FILIAL

N. era pai de vários tilhos e havia anos que estava de ca-ma. A f i lha maior tazia de enfermeira; ao vê-lo próximo damorte e sem sentimentos rel igiosos, chorava sem consôlo. Odoente indagou a razão de tanto chôro.

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Page 221: Tesouros de Exemplos

r--: Papai, o que me laz chorar é o pensamento de que temol;

de separar-nos e não nos veremos mais.- E' preciso ter paciência, replicou o pai; a separaçáo não

será para sempre, pois no outro mundo nos tornaremos a ver.- Oh! não - disse a menina; nunca mais nos veremos.- Sim, filha, havemos de ver-nos; por que não?- Não, meu pai; porque, se o sr. morrer em pecado mortal,

irâ para o inferno e eu quero ir para o céu. E não quero vê-lono inferno, mas no céu.

A estas palavras cheias de dormo resolveu confessar-se e morreu

286.

e car inho da f i lha, o enfêr-santamente.

CASTIGO SEM PRECEDENTE

Em Palma, Colômbia, deu-se um fato duplamente tr iste. Umvelho de nome Ruben Miranda t inha um f i lho chamado Rogério,de péssimos antecedentes. Várias vêzes havia batido no pai.

Desta vez espancou-o brutalmente com um pau diante demuita gente. As pessoas que assistiram à cena quiseram casti-gar o mau f i lho, qu(, vendo-se em perigo, fugiu para um po-treiro. Apengs al i ct :gado, abriu-se uma fenda aos pés do fu-git ivo. Produziram-s tremores e a terra começou a tragar of i lho desnaturado. Foi tragado pouco a pouco. Nenhum dos pre-sentes se atreveu a socorrê-lo, pois temiam afundar-se. Foi de-saparecendo no meio de gri tos espantosos, que cessaram quandoa terra lhe fechou a bôca.

Os assistentes ret iraram-se horrorizados.

287.FAÇO UM PRATO DE PAU

Um camponês estava ocupado a ïazer um prato de pau.Seu filho, que o observava, perguntou-lhe o que ïazia.

- Faço um prato de pau para seu avô, - respondeu o ho-mem - porque sempre deixa cair e quebrar o prato de louça.

O menino repl icou:- Pai, faça-o resistente, pâr4 qus eu possa dar ao senhor

quando fôr velho.Estas pafavras causaram-lhe tal impressão qLle imediata-

mente desist iu da obra e tratou melhor a seu velho pai.

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Page 222: Tesouros de Exemplos

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AONDE IDES?

Crates, filósofo pagão, indignava-se muito contra os paisque descuravam o dever da educação dos filhos, e costumavâdizer: "Se me fôsse possível, subir ia à parte mais alta da ci-dade e gri taria com tôdas as minhas fôrças: Aonde ides, homens,cuja única preocupação é amonto ar riquezas, descuidando-vos devossos t i lhos, aos quais as deixareis?

289.COMPRA-O E ASSIM TERÁS DOIS

Um pai perguntou a Arist ipo quanto lhe cobraria pela edu-cação de seu f i lho:

- Mil dracmas respondeu o educador.- E' muito - repl icou o pai; por êsse preço eu posso com-

prar um escravo.

Compra-o e assim terás dois (o,,escravo e teu f i lho),acrescentou Arist ipo.

290.SEI SER F IEL

uma mulher espartana pediu emprêgo numa casa. euandoIhe perguntaram o que sabia fazer, respondeu: "Eu sei ser f iel".

2gl.EU O SEREI, MAMÃE

Uma boa mãe t inha quatro f i lhos, aos quais formava napiedade. uma noite, depois de Íezar com êles e falar- lhes deDeus, disse-lhes com grande ternura: "Que fel iz seria eu se umde vocês chegasse a ser santo!"

O mais pequeno lançou-se nos braços da mãe, dlzendo:"Eu o serei, mamãe!" E cumpriu a palavra: Foi o papa S. PedroCelestino.

Page 223: Tesouros de Exemplos

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292.ACONTECIMENTO FUNESTO

Um jovem foi condenado a quinze anos de presídio. Ouvidaa sentença, pediu lhe permit issem ralar, e disse: "Perdôo aos juí-zes pela sentença, que é justa; perdôo a quem me conduz aocárcere, porque cumpre o seu dever; mas não posso perdoar ameu pai, que al i está, porque se me t ivesse dado bom exemplo,corr igido e castigado a tempo, eu não estaria aqui". Ouvida estaacusação, o pai caiu morto.

293.QUEM É ÊSSE MORTAL?

A irmã do rei S. Luís estava um dia a confeccionar umvestido. O santo disse-lhe:

- Minh a irmã: logo me fareis presente dêsse vestido, não- Meu irmão: eu o destino a um príncipe maior que

Majestade.- E quem é êss : afortunado mortal?- E' um pobre de Jesus Cristo, e portanto é Jesus Cristo

mesmo a quem eu o prometi.

294.SERVIA-OS ELE MESMO

A caridade de s. Luís, rei de França, era prod:giosa. Tô.das as quartas, sextas e sábados da euaresma e do Adventodava de comer em seu palácio a treze pobres que êle mesmoservia.

Servia-lhes uma sopa e duas espécies de al imentos. Cortavae distr ibuía o pão. Punha, além disso, ao lado de cada um doispães, para que levassem para casa. Se entre os pobres haviaalgum cego, punha-lhe as coisas na mão e guiava-o. Dava, tam-bém, a cada um dêles uma esmola em dinheiro, conforme as ne-cessidades. Finalmente, aos sábados, tazia separar os três maispobres e lavava-lhes os pés.

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Page 224: Tesouros de Exemplos

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295.OBEDIÊNCIA AO MARIDO

S. Francisca Romana estava recitando o Ofício da SS. Vir-g€ÍTì, quando seu marido a chamou. Deixou a oração e foi aten-dê-lo; depois continuou. Mas, enquanto Íezava uma antífona,quatro vêzes a chamou o rnarido, e quatro vêzes interrompeu aoração e foi atendê-lo, continuando depois de terminada a ocu-pação. Na quarta vez, viu com surprêsa que a antífona estavaescrita com letras de ouro, e foi-lhe revelado que Deus lhe con-cedera aquela graça para que soubesse quanto a Nossa Senhoraagradava a obediência ao marido.

296.INFLUÊNCIA DA MÃE RELIGIOSA

O tamoso pianista Chopin teve uma mãe muito boa. Êle,porém, freqüentando o mundo corrompido, perdeu a fé. Em suaderradeira enfermidade visi tou-o um grande .amigo seu, o sacer-dote polonês Jelowieski, que lhe talou de )eus. Nada conseguiu'E vendo que os dias iam passando sem n, da conseguir, toma oCrucif ixo, coloca-o nas mãos de Chopin e . l iz- lhe: "Tu te recu-sarás a crer o que tua mãe te ensinou qu-ando eras ctiança?"Chopin pôs-se a chorar e pediu os santos sacramentos, que re-cebeu com grande fervor. Agradecido a tão bom amigo, ao des-pedir-se dêle antes de morrer, disse: "Adeus, Jelowieski; tu fôstepara mim o amigo mais f iel". A lembrança da sua mãe salvoua Chopin.

297.DESTINO DE UMA ALMA

Um comerciante que se enriquecera mtt i to cometendo tôdaa sorte de fraudes, à hora da morte, chamou um tabel ião e orde-nou-lhe que ao seu testamento acrescentasse o seguinte:

"Quero QUe, depois de morto, o meu corpo seja devolvidoà terra de onde saiu, e minha alma ao clemônio ao qual per-tence". As pessoas presentes t icararn. aterrorizadas, e esforça-ram-se por d:ssuadi- lo; mas êle insist iu conl energia, dizendo:"Não me retrato. Quero que minha alma seja entregue ao de-mônio, junto com a de minha espôsa e de meus f i lhos. A minha,

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Page 225: Tesouros de Exemplos

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porque me enriqueci a custa de f urtos e f raudes; a de minhaespôsa, porque ela me induziu a tais pecados com seu luxo des-medido; as de meus f i lhos, porque, levado pelo amor que lhestenho, nunca me decidi a rest i tuir o que não é meu". Ditas essaspalavras, expirou o infeliz sem poder reparar o mal que ïizera.

299.INTERESSANTE ELOCIO FÚNEBRE

Em 1887 morreu na cidade de N. uma velhinha que pas-sava dos cem anos. Fôra sempre muito admirada, porque emsua longa existência nunca a ouviram falar mal do próximo nemmurmurar. E como ao morÍer ainda conservava todos os den-tes, fêz-lhe o pároco êste elogio original: "Esta boa mulher con-servou todos os dentes porque nunca mordeu a ninguém".

299.ACHADO FUNESTO

Um pedreiro enc rntrou uma caixinha na parede da casa entque trabalhava. Abr r-a, e encontÍou-a cheia de jóias e moedasde ouro e prata. A'uinguém deu parte do achado, e levou a cai-xinha para casa. Três dias depois, indo a uma joalheria paÍavender as jóias encontradas, o joalheiro chamou imediatamente apolícia para que o prendessem: é que o joalheiro reconheceu asjóias que há um ano apenas vendera a um senhor que fôra as-sassinado e roubado. O pedreiro não pôde just i f icar a posse dasjóias e foi condenado a muitos anos de prisão.

300.A CAPA DE SÃO MARTINHO

Monsenhor Guibert, arcebispo de Tours, numa de suas vi-si tas pastorais, advert iu que as meninas, que se apresentavam pa-ra receber o sacramento da crisma, vestiam com muita imoclés-t ia. Não as teria admit ido ao sacramento, se o vigário não lhehouvesse apresentado tôda a sorte de escusas. Contudo, o santoprelado não se absteve de dizer em voz alta, para que o ou-vissem: "Seria mister que S. Mart inho desse a estas meninas ametade de sua capa".

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Page 226: Tesouros de Exemplos

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301.JUSTO REMORSO

O herege Berengário, mesmo depois de ïazer penitência deseus pecados, à hora da morte experimentou grandes angústias,causadas pelos remorsos da consciência. E dizia ao sacerdoteql le o socorria e animava naquela hora ,tremenda: "Não temoos meus pecados, mas os que cometeram as almas a quem deiescândalo". E tudo isto, apesar de QUe, pan reparar êsses pe:cados de escândalo, dera muito bom exenrplo e se dedicara emsua casa ao ensino do catecismo.

302.MAUS CONSELHEIROS

Os cortesãos do imperador Frederico II I , tutor do rei La-dislau da Hungria, sugeriram-lhe o envenenamento de seu pu-pi lo para se apoderar da coroa. Mas o nobre imperador repl i-cou-lhes: "E' êste o conselho que nte dais, homens sem fé esem honra? Fora daqui! Que meus olhos não vos tornem a ver".E os cortesãos foram expulsos da côrte d( desterrados em cas-t igo de seu criminoso conselho.

303,O MELHOR CILÍCIO

Uma senhora piedosa - ou qug o julgava ser - era muitoincl inada à maledicência e encontrava defeitos em tôda gente.Um dia pediu ao diretor espir i tual l icença para pôr-se o ci l ício.O sacerdote, homem de muita experiência, conhecia a fundo a suapenitente. Pôs os dedos sôbre os lábios e cl isse: "Fi lha, para asenhora o melhor ci l íc:o será prestar atençã,o a tudo o que passapor esta porta".

304.FUNDAMENTO DO DEVER

O dogma é a base da moral. Quando Miguel Renaud, em1871, foi eleito deputado, ao chegar a Versalhes alugou um apar-tamento por 150 francos mensais. Pagou adiantado. O proprie-tário perguntou-lhe se queria que lhe passasse o reciho. O .Jepu-tado respondeu:

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Page 227: Tesouros de Exemplos

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- porque quando nã,o hâ fé, a moral carece de fundamento.

305.CARLOS MAGNO E OS MANDAMENTOS

Carlos Magno, um dos maiores soberanos, foi provado porDeus com a morte de qu.atro de seus filhos. Restando-lhe sò-mente seu filho Luís, quis associá-lo ao império. Chegado o mo-mento solene, quando todos os magnatas rodeavam o altar sôbieo qual estava a coroa, Carlos Magno volveu-se para o filho e,cheio de emoção, disse: "Fi lho querido de Deus e do povoi tu,a quem Deus conservou para meu consôlo, vês que minha vidaestá decl inando; que os meus anos passam e a morte se apro-xima. Prometes-me temer a Deus, guardar os manclamentos eproteger a lgreja?" [-t ís prometeu chorando de comoção. CarlosMagno, pondo a corc.â sõbre a cabeça de seu filho, acrescentou:"Recebe, pois, a coL)a e jamais te esqueças de teu juramento!"

306.POR TER QUEBRADO UM VASO

Um grande de Roma convidou à sua mesa o imperadorAugusto. Durante o fest im, um escravo quebrou um vaso decristal, pelo que seu amo o condenou à morte. Indignado, Au-gusto quebrou tôda a baixela, dizendo: "CrueMgnoras que avida de um homem é mais preciosa que tôdas estas baixelas?"

Deus, às vêzes, faz o mesmo com algum pecador: t i ra-lhetodos'os bens païa que abra os olhos e veja o grande mal quefê2, porque, se lhos deixa ate ao fim, o castigo será mais terrível.

307.ÉS

S. F i l ipe Nér ição de S. Marta,

- O céu lhe

Teso,uro I - 15

UMA GRANDE PECADORA

ïoi visitar a lrmã, Escolástica, da Congrega-que se julgava condenada, e disse-lhe:pertence: é seu.

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Page 228: Tesouros de Exemplos

- E' impossível, sr. padre- Aí está a sua loucura

quem morreu Jesus?- Pelos pecadores.- Pois bem, a sra. é uma

para salvá-la; portanto, o céu é

309.

- disse ela.

respondeu o santo. Por

grande pecadora e JeSus morreuseu.

DEUS EXISTE

Tornou-se muito conhecido nos Estados Unidos o ateuWhitney. Encontrando-se, ült imamente, num hotel de Balt imoreem companhia de alguns amigos, começaram a falar de assuntosrel lgiosos. Whitney negou ìmpiamente a existência de Deus, eacrescentou: "Vou provar-vos claramente que Deus não existe.Exi jo que o assim chamado Todo-poderoso me mate imediata-mente; náo o farâ porque não existe".

Apenas o ateu t inha pronunciado essa blasfêmia e já caiupor terra. 'Os amigos acudiram, mas em ão. O homem estavamorto. A morte trágica dêsse ateu causou I or tôda a parte umaterrível impressão (N. Y. H., 1904). .*,

309.NAPOLEÃO E LAPLACE

O imperador Napoleão I perguntou um dia ao ímpio astrô-ÍÌolÌ1o Laplace se admitia a existência de Deus. Laplace respon-deu: "Estudei e observei minuciosamente o f i rmamento e nãoencontrei Deus". Napoleão acertadamente observou: "Coisa estra-nha ! Se encontro uma obra de .arte, suponho um art ista, e secontemplo o universo, essa obra tão maravi lhosa em si e em tô-das as suas partes, digo a mim mesmo: Deve ser obra de umart ista que é tanto mais superior que o universo, pois sobre-puja tôdas as obra-primas feitas pelos homens. [Jma máquinapressupõe o engenheiro, uma casa um construtor, o relógio umrelojoeiro, etc. A simples razão nos diz isto, e não é precisoser grande sábio para possuir um tal conhecimento".

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Page 229: Tesouros de Exemplos

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310' A GRATTDÃ' PARA coM DEU'

A venerável Amélia de Vannes tinha o santo costume deelevar o seu espírito a Deus. Vendo um cão, por exemplo, elafazi.a esta consideração: Ê,ste animal é amigo do homem; fiel egrato, acompanha-o sempre, faz-lhe festa, retribui com caríciaso bom trato que se lhe dá. O homem, porém, 'que recebe deDeus benefícios sem conta, benefícios a cada instante - o ho-mem, pel,a salvação do qual Deus deu seu Filho Unigênito, mui-tas vêzes se esquece de agradecer ao seu supremo benfeitor. Setoma alimento, não se lembra de quem lho deu; se se entrega aorepouso, nenhuma palavra de gratidão pelos benefícios que re-cebeu no correr do dia. O cáo, o animal grato, envergonha ohomem ingrato e mal agradecido.

3 1 1 .AMABILIDADES ENTRE ESPOSOS

Ao falecer uma rainha da Espanha, dizia o rei: "Com suamorte causou-me o p'.' imeiro desgôsto após vinte e dois anos decasados". Oxalá se pudesse dizer o mesmo de tôdas as espô-sas . . . e de todos 5rs maridos !

312.PREFERIR UM ESPÔSO RELIGIOSO

Aconselharam à jovem Joana Francisca de Chantal, hoje ve-nerada sôbre os altares, que se cas.asse com um môço muito no-bre. A isso estava a Santa muito inclinada, quando, üÍïr dia,da janela de seu castelo, viu que aquêle nobre senhor no mo-mento em que passou o sacerdote levando o santo Viático nãose ajoelhou. "Não se ajoelhou exclamou ela indignadanem sequer se descobriu. Não será jamais meu marido".

313.TRATO AFÁVEL ENTRE ESPOSOS

Ao grande Franklin chamou a atenção um trabalhador quesempre aparecia alegre e sorr idente. Perguntou-lhe um dia: "Porque estais sempre táo contente?" "E' porque em casa vivemos

15{, 227

Page 230: Tesouros de Exemplos

em muita paz; tenho uma espôsa que vale ma:s que pesa. Quan-do saio de casa despede-me muito anrável; quando volto rece-be-me muito alegre. Traz tudo em ordem: a casa l impa comouma taça de prata; a comida preparada, que é uma delícia.Minha mulher - eis o segrêdo da minha alegria".

314.NÃO SE DEIXAR ENGANAR PELA FORMOSURA

Um.a jovem, não obstante as advertências de seu pároco,obstinou-se em casar-se com um perdido. "Senhor Vigário, aïir-mava ela, depois de casados, eu o converterei. . . Êle é r ico, esobretudo é a f igura mais elegante que conheço; no casamentoé preciso haver também alguma coisa que entre pelos olhos".Calou-se o vigário. Celebrou-se o casamento. Passados algunsmeses, o vigário encontra-se com a recém-casada. Ela tem umdos olhos feridos e horrìvelmente inchado. "Veja, senhor vigâ-r io, o que me fêz meu m.arido!" "Fi lha - respondeu o padre -náo dizias que no casamento precisa haver alguma coisa queentre pelos olhos? Pois aí o tens; não te rodes queixar".

315.O QUE OS ESPÍRITAS DEVEM SABER

Em 1875, o Cardeal Bonnechèse, arcebispo de Ruão (Fran-ça), desejando informar-se pessoalmente acêrca do espir i t ismo,assist iu a uma sessão espír i ta na residência do barão de Gul-denstube, €ffi Paris. Ao iniciar-se a sessão, o Cardeal colocouum crucifixo sôbre a mesa. A sagrada imagem foi imediatamenteatirada ao chão, sem que se pudesse verificar por quem. Colo-cado novamente sôbre a mesa, repetiu-se a mesma cena. Teve oCardeal uma prova de que os tais espíritos não são amigos nernsequeÍ das imagens de Jesus Cristo. E' isso. Nas sessões, em mui-tos casos atua o demônio e em muitos orrtros impera a fraude.Desculpam-se os espír i tas, dizendo que são cristãos. (tE' poÍisso mesmo que eu aborreço os invocadores de espíritos e osdetesto, porque abusam do nome de Deus e o desonram; cha-mam-se cristãos, e tazem obras de pagãos".

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Page 231: Tesouros de Exemplos

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316.POR QUN ERA ATEU

Encontraram-se, certo dia, um pároco e um homem notòria-mente ímpio e avarento. Na conversa com o padre náo tëz se-grêdo de sua irnpiedade e declarou abertamente QU€, emborarespeitador das crenças alhelas, nã,o acreditava em Deus. O vi-gário, tomando uma fôlha de papel, escreveu sôbre ela a pa-lavra "Deus".

- O senhor está vendo esta palavra? - perguntou ao ateu.- Perteitamente, respondeu o outro.O pároco tirou do bôlso uma moeda de dois mil réis (das

antigas) e colocou-a exatamente sôbre a palavra que escreverae tornou a perguntar:

- Ainda vê a pal.avra "Deus"?- Agora náo a vejo, porque a moeda mo impede.- Pois é isso mesmo, meu amigo, o que se está dando com

a sua pessoa. O sr. vê só o dinheiro e por isso não enxerga maisa Deus. O Salvador disse: "Os cuidados dêste mundo e a i lusãodas riquezas sufocam a palavra de Deus".

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317.OCULTARA OS PECADOS

Em Lima, capital do Peru, uma senhora tinha três criadas.Uma era cristã, convertida do paganismo. Deixou, porém, aprática da oração, tornou-se leviana e livre nos costumes. Ten-do adoecido, recebeu os sacramentos com pouca devoção. Reve-lou, depois, às suas companheiras de serviço, que tivera o cui-dado de ocultar ao sacerdote todos os pecados que cometera.Alarmadas, as companheiras levaram o fato ao conhecimento desu,a patroa, a qual alcançou da enfêrma a promessa de tazer

.uma confissão sinceral Marta, assim se chamava ela, contessa-sede novo e morre depois de algum tempo. Apenas exalou o últi-mo suspiro, começou o seu cadáver a espalhar um mau cheiroinsuportável, e tiveram de levá-lo para fora da casa. O cão, pornatureza tranqüilo, pôs-se a uivar lügubremente. Uma das cria-das, indo dormir no quarto onde Marta falecera, foi despertadapor rumores espantosos; todos os móveis eram como que agita-dos por uma fôrça invisível e atirados ao solo. Com a outracriada deu-se a mesma cena espantos.a. Resolveram, pois, pas-

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Page 232: Tesouros de Exemplos

sar juntas a noite. Ouviram, a certa altura, a voz clara e dis-tinta de Marta, eu€ se lhes apresentou em estado horrível e ro-deada de chamas. Disse-lhes que, por ordem de Deus, vinhafazer-lhes conhecer em que estado se achava e que fôra conde-nada por seus pecados de impureza e por suas confissões malfeitas. E acrescentou: "Contai a outros o que acabo de revelar-vos, para que não sejam vítimas da mesma desgraça". A estaspalavras lançou um grito de desespêro e desapareceu (Vi l lard,v . I I I ) .

318.DUAS CLASSES DE PESSOAS

Um pároco convidou um seu paroquiano a ïazer a páscoa.Mas, senhor vigário, para que contessar-me se eu não

tenho pecado?

Respondeu-lhe o padre: - Olhe, senhor; só há duas classesde pessoas que nâo têm pecados: os que ainda não chegaramao uso da razão e os que já a perderam.

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l^ FÊ,2 A PÁSCOA?

Um dia, indo D. Bosco a Carignano, sentou-se ao lado dococheiro e durante a conversa disse-lhe:

- Espero que o sr. iâ tenha feito a páscoa.- Ainda não - respondeu o bom homemi - €, ademais,

ïaz muito tempo que não me confesso. Eu gostar ia de confessar-me com o padre com quem me contessei a últ ima vez, se o en-contrasse.

- E quem é êsse padre?- E' D. Bosco; não sei se o sr. o conhece; confessei-me

com êle no cárcere de Turim.- Sou eu mesmo, respondeu o Santo.Fixando nêle o olhar, o condutor reconheceu-o.- Como farei para confessar-me agora mesmo?- Dê-me as rédeas e ajoelhe-se.E enquanto os cavalos caminhavam lentamente, o homem

confessou-se com grande alegria de alma.

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Page 233: Tesouros de Exemplos

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320.NÃO SABE CALAR

Sócrates talava muito pouco. Um indiscreto perguntou-lhe,certa ocasião, se guardava si lêncio por ignorância.

Sócrates respondeu: "Um ignorante não sabe calar-se!"

32r.UMA SÓ BÕCA

Zenão, est3ndo em companhia de um jovem que falava de-mais, disse-lhe: "Fica sabendo que temos dois ouvidos e umasó bôca, para escutarmos duas vêzes mais do que falamos".

322.GUARDANDO SILÊNCIO

Alguém perguntou a Pitágoras como poderia chegar a serseu discípulo. O l i lósofo respondeu: "Guardando si lêncio até queseja necessário talar; não dizendo senão o que sabeis bem; fa-zendo o maior bem possível e talando pouco, porque o si lêncioé sinal de prudência e a tagarel ice é sinal de tol ice. Não vosapresseis a respondr r, e deixai que aquêle que pergunta acabede Íalar. Não faleis'mal de ninguém". Costumava condenar seusdiscípulos a cinco anos de silêncio.

323.ADULAçÃO EXAGERADA

Alexandre Magno atravessava um grande rio numa barcaem companhia de Aristobulo. Êste, durante a travessia, pôs-sea ler em alta yoz 4 história do conquistador, mesclada com elo-gios de uma adulação exagerada. Alexandre tomou o livro e ati-rou-o ao r io, dizendo que o autor merecia a mesma sorte, pofser mais culpado que seus escri tos.

324.NÃO RESPONDEREI

Um dia estava Metelo ado-o, disse-lhe: "Podes falarresponderei. Se aprendeste aa maledicência".

falar mal de Tácito, Qüe, ouvin-como te aprouver, porque eu nã'oïalar mal, eu aprendi a desprezar

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325.DIANTE DE UM QUIOSQUE

Regressava D. Bosco ao oratório numa tarde de 1851. Aopassar diante de um quiosque, parou para olhar os l ivros. Ovendedor disse-lhe:

Êsses l ivros não servem para o senhor porque são to-dos protestantes.

- Estou vendo, disse o Santo; mas, na hora da morte es-tarâ o sr. tranqüilo, depois de haver vendido tais l ivros e ha-ver propagado o êrro?

Ditas estas palavras, saudou-o e ret irou-se. O vendedor per-guntou quem era aquêle sacerdote e, ao saber que era D. Bosco,tratou de conversar com êle. Em seguida levou-lhe todos os li-vros para serem queimados, e dal i em diante seguiu sempre obom caminho.

326.DOIS ANÉIS

S. Edmundo de Cantuâria, ao terminâr seus estudos, con-sultou sôbre sua vocação a um doutor da . tniversidade de Ox-ford, célebre por sua ciência e piedade. Èste, conhecedor davirtude de seu discípulo, aconselhou-o a consagrar-se a Deuscom o voto de castidade perpétua. Edmundo mandou confeccio-nar dois anéis, gravando nêles as palavras: "Ave Maria": emseguida, diante da imagem de Maria pronunciou o seu voto e,tomando os anéis, colocou um no dedo da estátua da Virgem eoutro em seu dedo, protestando que não queria outra espôsasenão Maria Santíssima. Tôda a sua vida conservou o anel co-mo lembrança de seu juramento.

327.TERRÍVEL TESTAMENTO

Uma jovem, pouco antes de morrer, escreveu: "Tenho 18anos; sou a criatura mais desgraçada e por isso vou morrer. Aos15 anos eu era inocente. Maldito o dia em que meu t io me abriua bibl ioteca e me disse: "Lê!" Melhor fôra güe, dando-me umpunhal, me dissesse: "Mata-te!" Eu não teria percorr ido o ca-minho da desgraça".

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Page 235: Tesouros de Exemplos

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329.TERRÍVEL CASTIGO

O imperado r Leão IV retirou da catedral de Constantinoplauma coroa de ouro adornada com brilhantes que o imperadorHeráclio dera àquela igreja. Apenas a pôs na cabeça, cobriu-sede pústulas e chagas repugnantes. Três dias depois morria nomeio de atrozes sofrimentos, recebendo assim o castigo de seuroubo sacrí lego.

329.UMA COROA DE OURO E DIAMANTES

Na igreja de Poli, próxima de Roma, venera-se uma ima-gem maravilhosa de Nossa Senhora. Possui muitas joias e umacoroa de ouro e diamantes que custou 25 mil liras e que foidoada pelo papa Pio IX. Um ladrão entrou, na noite de 23 dedezembro de 1911, para roubar as jóias e as pedras preciosas.Para conseguir seu intento sacrí lego, subiu ao pedestal da ima-g€ffi, o qual cedeu e caíram ambos pesadamente ao solo, ficandoo ladrão sacrí lego esr-tagado pela estátua. Encontraram-no mor-to na manhã seguinte.

330.ACHO-O ENCANTADOR

Duas damas num teatro assist iram à atuação dum afamadoator. Uma delas disse à outra:

Não sei coÍÌlo poclem aplaudir tanto a êsse homem re-pugnante. Não acho graça no seu modo de trajar.

Eu, ao contrário, acho-o encantador respondeu aoutra.

- Será possível?- Certaúente, porque é meu marido.A primeira corou de vergonha e não se atreveu a dizer nem

uma palavra mais

331.COISAS PIORES

S. Vicente de Paulo fôrade França, disse-lhe: - Sabe,

- SenhoÍa - respondeu

caluniado, e Ana de Austria, rainhapadre, que coisa dizem do senhor?o santo, - sou um pobre pecador.

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Page 236: Tesouros de Exemplos

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- Mas é preciso que se defenda - Íeplicou a rainha.Mas Vicente, sem perder a calma: - Senhora, coisas pio-

res disseram contra Nosso Senhor e Êle calou-se ! . . .

332.CINCO FRANCOS

O general Dasmene, ferido mortalmente em 1848 pela balade um rebelde, antes de morrer entregou à lrmã de Caridade,que o tratava, cinco francos, dizendo-lhe: "lrmã, peço-lhe quemande celebrar duas missas, sendo uma por quem me assassinoue outra por mim".

333' 'ERD'AR

O duque de Guise, grande defensor da rel igião catól ica,estava sendo espreitado por um protestante que o queria matar.Quando soube disso o duque chamou-o e disse-lhe:

- Fiz alguma coisa contra ti? ,r- Não senhor, respondeu o protestante.- Quem te induziu a atentar contra a minh a vida?- Ninguém; sòmente queria defender os direitos de minha

seita, matando ao seu maior inimigo.- Se a tua rel igião - disse o duque - manda matar, a

catól ica manda perdoar. Eu te perdôo. Julga por aí qual será averdadeira.

334.NOVELAS SENSACIONAIS

O tr ibunal de Colônia condenou, em 1908, um rapaz de 16anos a 12 anos de prisão, por ter matado um menino de 9 anos,O rapaz, leitor assíduo de novelas de bandidos, Quis imitar osprotagonistas; e para isso amarrou o menino a uma árvore edeu-lhe a morte como havia lido nos livros.

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UMA FAMÍLIA DE HOMICIDAS

Certo senhor Barat do Alto Loire (França) exigira queseus filhos não fôssem à missa nem ao c.atecismo e que odias-sem ao padre. Dizia-lhes: "Deixo-vos l ivres e podeis Ïazer oque quiserdes; mas, se vos encontrar rezando, eu vos mato".

Os seis f i lhos aprenderam a l ição. Cinco morreram gui lho-t inados; e o últ imo, porque seus pais lhe negaram dois francos,para seus vícios, matou-os cìnicamente.

336' DEV' EscoLHER AS ARMAS

O padre Fidél is, franciscano, dir igia-se a uma igreja deParis para celebrar a santa Missa. Passando em frente dum ca-fé, um oficial o insultou. Parou o padre e disse-lhe:

O sr. insultou-me e eu exi jo satisfação, e como ofen-dido tenho direito de escolher as armas. Escolho a confissão eespero-o esta noite.

E retirou-se, deixando asrado, não faltou; cc tfessou-seseguinte.

337.OFÍCIO DO DIABO

S. Ambrósio encontrou à porta da Igreja uma jovem ves-tida com vaidade e imodéstia. Perguntou-lhe aonde ia.

- À igreja, para Íezar - respondeu ela.- Vestida dessa maneira? Não vais rezaÍ, mas escandali-

zar os fiéis, lazer o ofício do diabo, isso sim. Fora daqui, es-candalosa ! Retira-te a tua casa , para chorar os teus pecados !

338.E' DEMASIADO PARA UMA CRISTÃ

S. Elói, vendo ummiro II, vestida comobservação.

senhas. O oficial, homem hon-devotamente e comungou no dia

dia a rainha Bati lde, espôsa de Clodo-magniticência exagerada, fêz-lhe alguma

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Page 238: Tesouros de Exemplos

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- Meu padre - disse auma rainha.

- Para uma rainha, nãouma cristã, ë demais.

Batilde aproveitou a lição

rainha - isto não é demais paft

- replicou o santo - mas, para

e chegou a ser santa.

339.O CRUCIFIXO NUM ESPELHO

Uma jovem demorava-se com freqüência a contemplar-secom vaidade num espelho. Em vésperas de casar-se, ataviada pa-ra a cerimônia, admirava-se vaidosamente no espelho. De repente,em lugar de sua figura, viu nêle Jesus Crucificado, coberto dechagas, derramando sangue. Tal foi a sua impressão que caiu des-falecida. Voltando a si, pediu perdão a Deus, prometendo mudarde vida. Jesus, na visão, ordenou-lhe que fôsse paÍa Roma e al ifundasse uma ordem destin ada à adoração perpértua do SS. Sa-cramento.

E' S. Madalena da Encarnação.

340.CAÍRAM AS ARMAS'

Ninguém ignora o nome e os feitos de Napoleão Bonaparte.Polìticamente foi grande inimigo da Igreja e do papa, a quemperseguiu de diversos modos. Ameaçado com a pena de excomu-nhão, vangloriava-se de que "as excomunhões do papa não fa-r iam cair as armas das mãos dos seus soldados".

Pouco tempo depois, na campanha da Rússia, as armas'caíam das mãos de seus soldados vencidos pelo frio; e na bata..lha de Waterloo, pelo pânico. Destronado e desterrado, o grandeimperador terminou sua vida como triste prisioneiro em SantaHelena.

Quem luta contra Deus será vencido.

341.O SENHOR MESMO O VERÁ

um capelão da Escola Militar de saint cyr acabava de pre-gar sôbre o interno, quando um capitão irônicamente o interrogou:

- Padre, no inferno seremos assados, Ìritos ou cozidos?

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Page 239: Tesouros de Exemplos

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-- Capitão, o senhor mesmo o verá quando lá estiver.o capitão r iu-se da resposta, 'mas aquelas palavr.as não rhe

deram sossêgo. Lutou cinco anos com sua incredulidade, mas porfim converteu-se.

342.CASTICO DA IRA

Após a grande guer(a emigiou para a América um homemde Neusadeuz, na Galícia. Passados alguns anos sua espôsa,que o tinha por morto, recebe uma cartê do ausente. Aberto o en-velope, encontra apenas o retrato e a assinatura do marido. De-senganada por não encontrar o que desejava, atira ao fogo a fo-tografia. No dia seguinte recebe outra carta do marido: Êle avi-sava que 'na fotografia ela encontraria escondidos seiscentos dó-lares, auxílio que lhe enviava.

Foi tamanha a tristeza daquela mulher, vítima de seu maugênio, que logo depois faleceu.

343.ÃMOR AOS INIMIGOS

o arcebispo de Paris, Mons. Darboy, prêso e injustamentecondenado a ser fuzilado pelos revolucionários de l Bz0, enquantoaquêles desumanos lhe apontavam contra o peito os fuzis, gritou:"Meus filhos, esperai um momento, que pela última vez vou dar-vos a bênção pastoral". Ainda estava dando a bênção, quandouma descarga prostrou por terra o bondoso arcebispo.

344.BATISMO DE SANGUE

s. Enrerenc:ana, ainda catecúmena, (portanto, ainda não ba-tizada), ia orar junto ao sepulcro de S. Inês. Ali a encontraramos pagãos e a mataram a pedradas. Pelo batismo de sangue vooupara o céu, e a Igreja venera-â coÍïte mârtir, isto é, como santa.

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345.QUANDO MUDARÁS DE VIDA

S. Tomás Moro disse muitas vêzes a um l ibert ino: "Mudade vida, que já é tempo!" e o outro respondia: "Não temas, ami-go, em caso de morte repentina tenho esta jaculatória: Perdão,Senhor ! "

Uma vez ao passar a cavalo a ponte do rio Tâmisa, o cava-lo empacou e atirou o infeliz ao rio, onde, não sabendo nadar,pereceu afogado. Os amigos, que o acompanhavam, ouviram-lheas últ imas palavras, Qü€, por certo, não eram uma jaculatÓria,mas uma blasfêmia. Dir igindo-se ao cavalo disse: "Que o diabot e c a r r e g u e a t i e a m i m ! "

Com Deus não se brinca impunemente, diz S. Paulo. Por issoé temerário pretender na hora da morte aquela graça que agorarepeles e desprez.as.

346.A GLÓRIA VÃ DÊSTE MUNDO

Napoleão, para conquistar um reinoy sofreu frio, cansaço,sono e expôs-se muitas vêzes aos perigos da guerra. Seu reina-do toi meteoro de um instante e êle morria*derramando lágrimasde desengano, na i lha de S. Helena, no meio do mar.

César, suspirando pelo império de Roma, combateu árduasbatalhas nas Gálias e apenas alcançou o umbral do sonhado im-pério, caiu apunhalado aos pés da estátua de Pompeu.

Alexandre combateu com fôrça de vontade jamais vista naterra; e quando conseguiu o domínio do mundo, colheu-o a morte,e com êle esfacelou-se o seu império.

Ora, se os f i lhos do século sabem sofrer indizíveis tormentos,superar terríveis dif iculdades para alcançar o re:no de um dia, -

por que os fiihos da luz não hão de saber suportar pequenossofrimentos, comb.ater as paixões, repelir a lisonja do mundopara conquistar um reino eterno de telicidade?

347.EIS AQUI OS MEUS TESOUROS

(ìuando levavam à morte o diácono S. Lourenço, os solda-dos, sendo informados de que êle era o tesoureiro do Bispo, co-meçaram a maltratá-lo para que lhes contasse onde havia escon-

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Page 241: Tesouros de Exemplos

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dido os tesouros. . . O santo diácono mandou chamar os pobres,com os quais repart ira todos os bens, e disse aos soldados: "Eisaqui os meus tesouros".

Tinh.a razão, porque tudo o que se dá aos pobres se con-verte em tesouros para a eternidade.

349.VERDADEIRA CARIDADE

Qualquer amor não é caridade. Amor de caridade era aquêlede S. Joana de Chantal, que curava os enfermos, levava-os à suacasa e bei java-lhes as chagas. "Mas que fazes?" perguntaram-lheum dia. "Bei jo as chagas de Jesus". se alguém ama a uma pes-soa, porque é rica e poderosa ou porque ê, capaz de socprrê-lo eprotegê-lo, seu amor não é caridade; é interêsse.

"caridade é. . amar ao próximo como a si mesmo por amorde Deus.

349.PEDIR A VOCAçÃO PARA OS FILHOS

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a Deus a vocação para seus f irhos.Durante trinta anos rezava uma mãe de Íamíiia para que Deusconcedesse a seus filhos a vocação religiosa, e Deus a ouviu. Te-ve cinco f i lhas freiras e seis f i lhos padres, dentre os quais doisarcebispos e um cardeal, o célebre Vaughan, falecido em 1903.

350.O PADRE NÃO SE CASA

um rei da Escócia, antepassado dos stuart, t inha grandeadmiração por S. Columbano, e chegou a oferecer-lhe sua p1ópriaf i lha em matrimônio.

Agradeceu-lhe o santo a distinção, porém não a aceitou. Ad-mirou-se o rei de que fôsse rejeitada a sua f i lha, famosa por suaformosura e dist inção; mas o santo respondeu-lhe que preferiaser tôda a vida sacerdote de Cristo, € o sacerdote renúncia a for-mar famíl ia própria, para poder consti tuir uma grande famíl iaespiritual com todos os fiéis.

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Page 242: Tesouros de Exemplos

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351.MÃES BOAS, FILHOS SANTOS

Vão aqui alguns exemplos mais conhecidos. S. Agostinho,Í i lho de S. Mônica; S. João Crisóstomo, f i lho de S. Antusa; S.Gregório Magno, f i iho de S. Sílvia; S. Basíl io, S. Gregório Nis-seno, S. Pedro de Sebaste e S. Macrina, f i lhos de S. Emélia;S. Bento, f i lho de S. Nona; S. Bernardo, f i lho, de S. Alata; S.Domingos de Gusmão, f : lho de S. Joana de Aza; S. Catarina deSuécia, filha de S. Brígida, etc.

352.VIRTUDE DA ÁCUA BENTA

Evélia, nobre dama de Antioquia, recorreu a S. João Crisós-tomo, pedindo-lhe que rogasse por um ïilho seu enfêrmo, o úl-timo que lhe restava de quatro que tivera. Foi o Santo à casadaquela senhora, deu uma bênção ao entêrmo e aspergiu-o comágua-benta. A graça da cura não se fêz esperar.

353.AS VELAS NO DIA DE SÃGBRÁS

S. Brás primeiro Íoi médico e depois bispo. Certo dia apre-sentou-se-lhe uma mulher cont um menino que tinha atravessadana garganta uma espinha de peixe e se achava em perigo de vida.O Santo colocou sôbre o pescoço do menino duas velas em formade cruz e deu-lhe uma bênção. Saltou fora a espinha e o meninosalvou-se. Em memória dêsse fato benzem-se, na festa de S.Brás, velas apropriadas para preservar da dor de garganta e doengasgo.

354.VIRTUDE DA MEDALHA "MILAGROSA''

[Jm rapaz de vida selvagem e escandalosa, em abri l de 1904,entrou no hospital de Lérida ferido por duas punhaladas. Seunome eÍa Libório Menasi l , mais conhecido pela alcunha de "oDemônio'.'. No hospital blasfemava contìnuamente, insultava asIrmãs e escandalizava a todos; quis mesmo agredir a lrmã por-

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que lhe falou de Deus. Apesar de tudo, puseÍam-lhe dissimulada-l l ìente uma medalha milagrosa debaixo do travesseiro e começa-Íam a orar por êle na capela. Pouco depois "o Demônio" pediaum sacerdote, confessava-se com grende arrependimento e pediaa todos perdão dos escândalos dados.

355.POR QUE ME CONDENASTE?

Um santo teve uma visão, na qual viu como Satanás, de pediante de Deus, diz ia- lhe: "Por que me condenaste por um sópecado que cometi , e ao contrár io salvas a tantos que te ofende-ram milhares de vêzes?

E Deus respondia: "Porque o homem me pede perdão, e tu,nunca. O homem se confessa. tu. não".

356.A CONFISSÃO DÁ-NOS A PAZ

A condessa HahrI-Hahn percorreu muitos países, v is i tandosuas cidades, museus, teatros, para ver se encontrava a tranqüi-l idade que desejava. roi tudo inút i l . Por f im, um dia entrou numaigreja e confessou-se, declarando o pecado, que) con.Ìo enormepedra, lhe oprimia o coração. A conïissão deu-lhe a paz e a tran-qüilidade que em vão buscara em suas viagens.

357.ÊLE ERA DESCENDENTE DE MACACO

A senhora Brossard, anciã rica e piedosa, tinha só um pa-rente, o senhor Aumaitre, grande propagandista do darwinismo.Ao morrer aquela senhora, o senhor darrvinista não faltou aosfunerais da parenta r ica, cuja tortuna esperava.

No d:a seguinte apresentou-se em casa do tabelião, que leupara êle o testamento da deÍunta, redigido na seguinte forma:"Deixo tudo ao Hospital . Cria ter um parente, Luís Aumaitre, aquem deixar minha fortuna. Êle me fêz saber que descende domacaco; ora eu sei que nem meus pais, nem meus avós, nenhumoutro de minha famíi ia descedem de macacos; portanto, não po-demos ser parentes".

Tesouro I - 16 241

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358.MODÉSTIA DE UM PRINCIPE

Um missionário convertera um príncipe de certo país doOriente. Tendo, em seguida, de assist i r a uma função na igreja,indicaram-lhe um genuf lexóLio preparado especialmente para êle.

O príncipe negou-se a ocupá-lo, dizendo: "Fora da igrelapoderei ser um príncipe real; mas aqui não sou mais que umpecador". E foi colocar-se no meio dos simples f ié is.

359.A MISSA OBTÉM GRAçAS

João Sobieski, antes cle dar combate aos turcos, mandoucelebrar a santa Missa diante de seu exército formado em ordemde batalha, e quis ajudá-la êle mesmo com os braços em cruz.Preparado com a santa Missa, atacou os turcos, e ganhou amemorável batalha de Viena, que a Histór ia imortal izou.

360.OUVIA A MISSA DE JOE.HOS

A imperatr iz Eleonora, espôsa de Leopoldo I , ouvia sempred e j o e l h o s a s a n t a M i s s a ' D i s s e r a m - l h e q u e s e a s s e n t a s s e a o m e -nos durante a prática; mas ela respondeu: "Se meus cortesãosnão se atrevem a sentar-se em minha presença, apesar de ser euuma pobre pecadora, hei de atrever-me a assentar-me diantede Deus?"

36r. ìE' PREFERIVEL A MISSA

, :Henrique I I I , rei c la Inglaterra, ouvia duas ou três missas

cada dia.

Quando um cortesão lhe disse que, a seu juízo, era preferí-vel ouvir sermões, repl icou o rei : "Ouvir serrnões é muito bom; jmas eu prefiro ver o amigo a ouvir falar dêle, por muito que olouvem".

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362.O SEGRÊDO DA CONFISSÃO

Um sacerdote renegado, excomungado e apóstata, anunciotlque, no teatro Lírico de Santiago do Chile, revelaria os mais in-teressantes segtedos de confissão dos tempos de seu sagradoministér io. Era 18 de maio de 1905.

No momento exato em que o desgraçado ia abrir a bõca paracomeçar a falar, desabaram estrepitosamente as galerias do tea-tro, ficando sepultadas debaixo de suas ruínas 600 pessoas.Assim Deus os castigou, não permitindo que se violasse o se-grêdo da Coniissão.

363.SE NÃO BLASFEMARES, DOU-TE UMA MOEDA

Um soldado blasfemador dizia que não se corr igia por nãopoder.

Disse-lhe um dia um cavalheiro: "Se hoje não blasfemares,dou-te uma moeda de ouro". O soldado, naquele dia, percorreua caserna, falou, discutiu com os outros soldados, mas não dei-xou escapar nem uma blasfêmia. Deu-lhe o cavalheiro a moeda,mas fêz-lhe notar qte se não se corrigia era porque não queria,não lazia propósito eïicaz; pois, se pôde abster-se de blasfemarpor uma moeda, muito mais devia abster-se para ganhar o céu.

E com esta lição emendou-se aquêle soldado.

364.PEQUENOS EXEMPLOS

Em 1763, o general marquês de Broc inspecionava o regi-mento do conde de Provença. Perguntou a um cabo do regimen-to: - Camarada, por onde começas o dia? - Meu general , co-meço rezando as minhas orações. - Basta, venha outro. Umsoldado que como tu começa por aí, seguramente cumprirá seudever.

a) Um senhor Bispo visi tava um hospital mi l i tar. Aproxi-mando-se de um soldado, recomendou-lhe que não deixasse derezar pela manhã e à nolte. Respondeu-lhe: Senhor, eu rezo tô-das as manhãs e tôdas as noites, mas à moda mil i tar, brevemente.- E como é que fazes? - Assim: de manhã, ao despertar, .digo:

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Meu Deus, teu servo se levanta, tem compaixão dêle. E ao dei-tar-me, digo: Meu Deus, teu servo se deita, tem compaixão dêle.- Bravo! Magníf ico!

b) Nos terremotos de 1906 em São Francisco lCal i fórnia),enquanto todos corriam como loucos de um lugar para outro, asIrmãs do Sagrado Coração de Jesus, cla rua Frankl in, com sua su-periora Madre German, refugiaram-se a oÍar na capela e reza-vam a ladainha do Coração de Jesus, entre os gritos de espantoda mult idão. Num instante um maÍ de fogo e Ìumo cercou todoo convento; mas, acalmado o incêndio, entre as ruínas dos arre-dores apareceu o convents intacto, sem se ter queimado nem umapersiana.

c) Um homem casado, mas muito desordeiro, que por con-selho de sua espôsa íezava sempre uma Ave-Àilaria, viu que oMenino Jesus estava coberto de chagas e lhe virava as costas.Compreendeu que eram seus pecados e pediu perdão, e rogou aNossa Senhora que intercedesse por êle. Assim o fêz Nossa Se-nhora, mas o Menino recusava-se a perdoar. Pareceu então quea Virgem se pôs de joelhos drante do Fi lho. Êste comoveu-se,perdoou, mas exigiu que o pecador lhe beijasse as chagas, e es-tas, à medida que as beijava, desapareciam. Aquêle espôso mu-dou de vida e tornou-se cristão fervoroso. -

d) Era na Alemanha. Um capelão não conseguia converterum condenado que ia ser enforcado. Por f im, disse-lhe: Rezecomigo ao menos uma Ave-Maria. Êle a Íezou e, banhado emlágrimas, confessou-se e morreu bem.

e) A missa é tão longa! - diz ia alguém ao bispo de Amiens,Mons. de la Motte.

- Que vergonha! - respondeu o prelado - Llm f i lho secansa de estar com seu pai; um homem se cansa de estar contseu Deus !

f) Carlos XII , rei da Suécia, embriagou-se e fêz um insultoà sua mãe. Esta retirou-se, e no outro dia não se apresentouao f i lho. Carlos, ao saber da causa, tomou unl copo de vinho e,apresentando-se à rainha, disse: "Senhora, sei que ontem vosinsultei ; perdoai-me. Bebo êste vinho à vossa saúde". Em se-guida quebrou o copo e acrescentou: "Êste é o úl t imo copo devinho que bebo em minha vida". - E cumpriu a palavra.

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g) Henrique VII I , rei catól ico, paÍa casar-se com Ana Bo-lena (pôsto que já era casado com outra), abjurou a rel igiãocatólica e tornou-se um rei perseguidor e sanguinário. Imolou2 cardeais, 13 abades, l8 bispos, 50 doutôres, 200 padres, 3ô0senhores e mais de 72.000 vít imas. Ao morrer diz ia: "Desgra-çado de mim ! Não perdoei durante minha vida nem a urn ho-mem em minha cólera, nem a uma mulher em minha sensual i -dade, e morro execrado dos homens e amaldiçoado cle Deus".

h) S. Medardo possuía uma novilha, que trazia ao pescoço'um cincerro. Um dia um amigo do alheio roubou-lhe a novilha. Ocincerro começou a soar; o ladrão encheu-o de palha, e soava;tirou-o do pescoço da vaca e meteu-o num balaio, e continuava atinir; enterrou-o, e ali estava a tinir. Cheio de terror, devoradopelo remorso, aquêle ladrão confessou a sua culpa, entregando anoviiha a seu iegítimo dono.

i) Um rapaz foi condenado à morte. Estava prêso e na-quele dia seria executado. Sua mãe foi visitá-lo, mas êle repeliu-a,não a quis receber, di:endo: "4 senhora tem a culpa. Se, quandoeu ïazia pequenos furtos, me tivesse castigado, eu não estariaaqui. A senhora, mã3 má, aprovou aquêles furtos e agora estoucondenado".

j ) Washington, um dos mais célebres presidentes dos Es-tados Unidos, era um menino travêsso. Um dia, deu uma ma-chadada numa cerejeira, que seu pai estimava muito, e a àr-vorezinha secou. Perguntou o pai aos criados quem tinha feitoaquela barbaridade. Não fôra nenhum dos cr iados. O menino, aessa al tura, apresentou-se ao pai e disse: "Papai, eu não devomentir : fui eu". E o pai: "Muito mais est imo a tua sinceridadeque tôdas as cerejeiras do mundo. Perdôo-te por teres dito averdade".

k) O médico Hipócrates, que chegou à idade de 140 anos,dizia: Nunca comi até Ì icar farto. S. Francisco de Paula che-gou aos 9l e S. Afonso também; S. Hi lár io chegou aos 104 e,como êles, muitos outros jejuadores chegaram a idades avançadas.

l) Um santo bispo mandou pôr em seu epitáf io estas pa-lavras: "Lembrai-vos de santificar o dia do Senhor".

O santo bispo de Poit iers, Mgr. Pie, diz ia: "Quisera que

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na sepultura de todos os nossos diocesanos se pudesse pôr êsteepitáfio: "Êste homem descansou todos os domingos, e os san-t i f icou".

O santo cura de Ars d iz ia : "O domingo é d ia de Deus. . .Conheço dois meios de empobrecer: trabalhar em domingo eroubar".

m) Alguém perguntou ao sábio Diógenes que deveria fazerpara vingar-se de um inimigo. Diógenes respondeu: "Ser maisvirtuoso que êIe".

365.. SAVONAROLA E O CARNAVAL

Conta-se que, em represália aos excessos do carnaval flo-rentino, organizou Savonarola em 1496 uma procissão de 10.000jovens, que desf i lou pelas ruas pr incipais da cidade cantandohinos religiosos de penitência. Chegando a uma praça, onde seerguera uma grande pirâmide de livros maus, recolhidos com an-tecedência, a um sinal dado, deitaram-lhesrfogo. Ao mesmo tem-po soavam as trombetas da "Signoria", repicavam os sinos de S.Marcos e a multidão prorrompia em aclanuções. Encerrou-se afunção. com uma missa solene no meio da praça, onde fôra er-guido um grande Cruci f ixo.

366.O MELHOR CARNAVAL

Um of ic ial espanhol v iu um dia S. Pedro Claver com umgrande saco às costas.

- Padre, aonde vai com êsse saco?- Vou tazer carnaval; pois não é tempo de folgança?O of ic ial quer ver o que acontece: acompanha-o.O Santo entra num hospital . Os doentes alvoroçam-se e

fazem-lhe festa; muitos o rodeiam, porque o Santo, passandocom êles uma hora alegre, lhes reparte presentes e regalos atéesvaziar completamente o saco.

- E agora? - pergunta o of ic ial .- Agora venha comigo; vamos à igreja Í.ezar por êsses in-

felizes que, lâ Lora, julgam que têm o direito de ofender aDeus livremente por ser tempo de carnaval.

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367.PROFANAçÃO DAS FESTAS RELICIOSAS

Diz uma lenda que certo dia os demônios se reuniram emcongresso para estudar o melhor meio de cancelar do calendárioos dias fest ivos. Os dias santos - diz iam êles - são um de-sastre para nós: nesses dias honra-se a Deus, celebra-se a missapela remissão dos pecados e muitos dos que conquistamos du-rante a semana escapam de nossas mãos!. . . E' preciso acabarcom as festas religiosas!

Mas, hoje em dia, creio que, se Deus mesmo quisesse abo-l i r as festas, os demônios se reunir iam num segundo congressopara protestar contra essa medida e dir iam: "Não, não; deixaicomo está; os dias fest ivos são para nós os de maior negócio;prefer imos que mult ipl :queis os dias fest ivos, porque assim lu-craremos muito mais!"

Acautela-te, meu irmão; não entres na f i la dêsses profa-nadores dos donringos e dias santos, dêsses sequazes do de-mônio!

368. - E IS O L IVRO

S. Boaventura recebeu um dia a vis i ta de S. Tomás deAquino, o qual lhe mani{estou o desejo de conhecer a bibl io-teca onde adquir i ra tantos e tão subl imes conhecimentos. S.Boaventura, em lugar da biblioteca, mostrou-lhe o seu Cruci-fixo gasto pelos ósculos e lágrimas com que o inundava. Aquêleera o seu l ivro de meditações; dêle haurira a ciência que possuía.

369.VAI E ENTERRA-O!

Dois mendigos, que com falsos remendos f ingiam necessi-dade, sabendo que por al i ia passar o bispo S. Epifânio, paÍaconseguir dêle uma gorda esmola, usaram do seguinte ardi l . Umse f ingiu de morto e o outro começou a lamentar-se pedinclodinheiro ao Santo para a mortalha e o entêrro. O Santo paÍou,fêz uma oração e, tendo-lhe dado o quÈ pedia, prosseguiu oseu caminho,

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"Pregamos-lhe uma boa! Levanta-tel" Mas, que levantar-senada! O homem morÍera deveras. Af l i to, correu o outro atrás doSanto e confessou-lhe o seu pecado, pedindo misericórdia. Maso santo bispo, muito sér io e gÍave, disse-lhe: "Com Deus nãose bfinca. Essa é a recompensa dos mentirosos. Agora vai eenterra-o !"

370.AONDE VAIS?

O venerável Padre José de Anchieta, fundador da cidade deSão Paulo e grande missionário, viu um dia um homem, quesaía precipi tadamente para i r matar um inimigo seu.

- Aonde vais? - pergunta- lhe o seÍvo de Deus.- Vou dar um passeio, Padre.- Não, meu amigo; vais lançar-te no inferno, como bem o

prova o punhal que levas aí escondido.

Vendo-se descoberto, o homem se arrependeu e desistiu deseu mau intento.

37 t .ENORME PERDA

Nero, antes de ser imperador, numa noite cle jôgo perdeuum milhão de sestérclos. Sua mãe mandou pôr sôbre uma mesauma quantia igual em moedas e disse-lhe: "Vê o que perdeste,o que te custou uma só noite de jôgo!" Ao ver aqui lo, Neroconcebeu grande horror àquela espécie de jôgo.

372.A MÃO COM QUE JURARA

RodolÍo da Suécia jurara f idel idade ao imperador HenriqueIV. Rebelou-se violando seu juramento, e na batalha de Merse-buigo sofreu a amputação da mão direi ta por parte de Godo-fredo de Bouillon. Rodolfo, agonizando, contemplava a mão trun-cada e exclamou: "E' a mão com que eu t inha jurado f idel idadea meu imperador!"

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373.MARTÍRIO DE SÃO CANUTO

S. Canuto, rei da Dinamarca, ordenara que em s.u reinose pagasse o dízimo à Igreja, como era de justiça. Um tal Blan-con excitou o povo, o qual, ind:gnado contra o soberano, lhedeu morte cruel. Deus enviou sôbre a Dinamarca uma terrívelcarestia, enquanto que nos povos vizinhos havia abundância detudo. Êsse castigo não cessou enquanto o povo não reconheceuo seu crime e pediu perdão a Deus.

374.NÃO MURMURAR

Santo Agost inho não admit ia que, em sua presença, se mur-mutasse ou ofendesse a honra do próximo. Razão por que nran-dou pôr sôbre a sua mesa esta inscrição: "4 esta mesa não seassente quem fala mal do ausente".

375,NÃO TINHA O NECESSÁRIO

Apresentou-se ão missionário um velho chinês, e pediu-lheque mandasse construir uma igreja em sua vi la. Respondeu-lheo misslonário que não era possível por não dispor dos meiosnecessários.

- Eu vos ajudarei - disse o chinês.- Sim; mas seriam necessários cêrca de dois mi i escudos

- respondeu o missionário ao ver a aparência tão pobre de seuinter locutor.

- Tenho-os e estão à vossa disposição - disse o velho -porque há quarenta anos que penso na necessidade de uma igre.lae, gastando apenas o necessário, para comer e vestir, conseguieconomizar essa soma.

Belíssimo exemplo de um pagão convert idol

376.COMO RECEBIA AS INJÚRIAS

S. Joana de Orvieto suportava com indizível alegria tôdasas injúrias de que era alvo. Tinha o costume de rezar duzentasvêzes a oraçã,o dominical por aquêles que lhe haviam feito mal.

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Suas amigas diziam: "Se alguém deseja obter as orações deJoana, basta cobri-la de injúrias".

3V7.ULTRAJE CASTIGADO

O doutor Favas narrou a Luís Veuillot o seguinte: "Umdia apresentou-se-me um indivíduo com uma chaga na pernadirei ta, causada por uma bala de fuzi l . A fer ida era de um ca-ráter todo especial. Depois de deixar-se examinar, disse-me opaciente em tom resoluto e seguro:

- Senhor doutor, todo o remédio será inút i l : esta chagame acompanhará até à sepultura.

- Por quê? - perguntei-lhe.- E' o seguinte: "Em 1793 o meu regimento recebeu or-

dem de paLt ic ipar da campanha da Espanha. Tendo transpostoos Pirineus, encontramo-nos numa pequena aldeia. Eu estava emcompanhia de outros dois soldados, Francisco e Tomás; t ínha-mos as idéias daqueles tempos, isto é, é_.amos incrédulos ou,melhor, ímpios, como era a moda então. Tomás, vendo uma es-tátua de Nossa Senhora sôbre a porta de uma casa, disse: "Ve-jamos quem acerta melhor naquele inlame objeto de superstição".Dispara e a bala fere a estátua na fronte. Francisco, por suavez, aponta o fuzil e fere-a no peito. Eu não queria seguir oexemplo dos companheiros: lembrava-me de minha mãe, que eramuito rel ig iosa; não pude, porém, resist i r às zombarias dos com-panheiros: t remendo, encostei o fuzi l ao ombro, fechei os olhosquase involuntàr iamente e fer i a estátua. . .

- Na perna? indaguei.- Sim, exatamente onde recebi esta ferida. Uma velha que

nos observava exclamou: "Os senhores vão à guerra, e o queacabam de fazer não lhes trará fel ic idade!" E a profecia real i -zou-se. Tomás foi o primeiro ferido, e precisamente na testa,como êle ferira a estátua.

Reconhecemos logo que era uma l ição do céu. No outro diabem cedo, Francisco, prevend6 o que ia acontecer, apertou-me amão e disse-me: "Hoje é a minha vez!" E não se enganou.Meu Deus! Não me esquecerei nunca do que vi : Uma bala atra-vessou-lhe o peito de um lado ao outro. Êle rolava no pó, cha-mando um padre que naquele momento foi impossível encon-

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trar. Eu não tinha mais dúvida, e esperava o que ia ne acon-tecer. Realmente: Íui fer ido na perna; aí está o meu caso. Nãosararei nunca, mas dou graças a Deus e a Nossa Senhora queme concederam tempo para reparar o mal que f iz".

378.O CASTIGO NÃO SE FÊZ ESPERAR

Em 1931, na festa de Corpus Christ i , o bispo de Nantes(França), por causa do mau tempo, suspendeu a procissão doSS. Sacramento. No dia seguinte os jornais socialistas e maçô-nicos de Nantes zombavam da decisão do prelado. "Que faz o'vosso Deus? (escrevia um dêles em tom de desprêzo). Nós nosrimos dêle. Para o próximo domingo, 7 de junho, organizamosuma excursão a Saint-Nazaire pelo vapor "Saint Phi l ibert" . Ve-reis como tudo correrá bem, apesar de que todos os excursio-nistas perderão a missa par,a tomar o cruzeiro".

Chegou o domingo 7 de junho. Eram 600 os passageirosque bem cedo embarcaram no vapor. O "Saint Phiiibert" desceubem o Loire, chegou-a Saint-Nazaire e depois saiu do estuárìoe entrou no Atlântico para um breve giro ao largo. De repenteformou-se um densc nevoeiro; não se via nem se ouvia nada adez metros de distância. Não demorou muito a catástrofe: umchoque tremendo com um pocleroso transatlântico, que partiapelo meio o pequeno vapor francês. Após dois minutos de gr i tosde terror, um si lêncio de morte. O "Saint Phi l ibert" submergiano oceano para sempre. 499 excursionistas desapareceram nasondas; quatro enlouqueceram; os outros foram salvos com di-ficuldade por outro vapor; o capitão, desesperado, deixou-seafundar com seu navio.

Assim respondia Deus à provocação dos míseros homenzi-nhos da seita.

379.HEROINA CHINESA

Maria Lu-te, presidente da Congregação Mariana das mô-ças de Wu-hu, na China, apesar de recebida na Rel igião hádois anos apenas, dist ingue-se por sua modést ia e fervor. To-dos os professôres de certa escola catól ica bandearam-se para aigreja cismâïica, organizada pelos comunistas, exceto Maria. No

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dia 12 de maio, véspera de Pentecostes, enfrentou o tribunal popu-lar, permanecendo firme na fé, sem que a pudessem de modo al-gum seduzir ou amedrontar. Até os professôres, seus colegas, ainjuriavam. Antes que lhe atassem as mãos, escreveu num bilhe-t inho: "Eu sou chinesa e, como tal , amo a minha pátr ia. Eusou cr istã e, assim sendo, amo a Deus, a lgreja, o Santo Padree os missionários". Enquanto isso o povo estendia o punho, ex-clamando: "Matem-na! Matem-na!" - Maria olhava para todoscom grande serenidade até que a arremessanm à prisão (A.o . 1 9 5 1 ) .

380.RESPEITO HUMANO CASTIGADO

O respeito humano é uma vileza e uma escravidão. Eusé-bio, pai de Constantino Magno, passava em revista os seus sol-dados. Parado no meio do campo, exclamou:

- Os que forem cristãos venham para a minha direita.Alguns tremeram, pois sabiam que Eusébio era idólatra.

Eusébio por sua vez sabia que muitos dos seus soldados eramcristãos. Alguns valentes, com passo resoluto, puseram-se à suadirei ta, exclamando: -

- Nós somos cristãos.O imperador olhou para êles com fereza e disse:- Sois vós sòmente?Nenhum dos outros se moveu do lugar. Então dirigindo-se

aos que estavam à sua direi ta, disse Euséb:o:- Vós formareis a minha legião de honra e todos os outros

serão expulsos de minhas f ileiras, porque da mesma maneiracom que hoje se envergonharam de seu Deus diante do impera-dor, amanhã, terão vergonha do imperador diante do inimigo.

381.NA IGREJA ESTÁ A SALVAçÃO

Terrível foi o dia em que Deus abandonou a terra às vin-ganças das águas do dilúvio. Tôda a ordem do universo foitranstornada. Condensaram-se as nuvens umas sôbre as outrascom trovões espantosos e o munclo foi sacudido por grandcconvulsão. Os mares transbordaram; as cataratas do céu abri-ram-se e todos os sêres viventes pereceram afogados.

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Incólume sôbre a universal ruína, f lutu ava a arca de Noé.Todos os que nela se haviam refugiado cantavam os louvoresde Deus. Esta é a mais bela imagem cla Igreja Catól ica, a lgrejade Jesus Cristo, que, no meio do ditúvio universal dos erros eda fúria das perseguições, flutua incólume sôbre os séculos, le-vando à eterna salvação os que nela se refugiam.

Quem por sua culpa estiver f ora da Igreja Católica nãoespere salvação, como, fora da arca de Noé, ninguém se salvou,porque é a única verdadeira lgreja ïundada por Jesus Cristo.

382.O CRANDE LIVRO

S. Fi l ipe Benício estava pregado em seu lei to cle morte eexclamava: "Dai-me o meu l ivro, dai-nle o meu l ivro!"

Os assistentes apresentaram um após outro toclos os livrosencontrados no quarto do enfêrmo, mas nenhum o satisfez. Fi-nalmente, tendo alguém notado que o Santo t inha os olhos vol-tados para o Crucifixe suspenso à parede, deram-lho e êle, abra-çando-o afetuosamente, exclamou:

"Êste, sim, é o rnïu livro predileto, e será o meu testamento:eu o li e reli muitgs vêzes e com êle quero acabar a minhzrvida".

383.PENSAVA NA MORTE

S. Adelaide, viú_va de Lotário, rei da ltália, e depoiò doimpelador Otão, o Grande, passou seus úl t imos anos àe vidano mosteiro de seiy. Três dias antes de falecer terminou a con-fecção de sua veste mortuâria e disse ao seu confessoÍ: , ,Eu afiz ôda com as minhas mãos, cada dia um pouco. Convinhaque eu aparecesse em público com tôda a magnificência impe_rial, com um longo manto de sêda cintilante de ouro e prata;mas, regressando aos meus aposentos, tr abalhava nesta vestepara lembrar-me do meu f im úl t imo e não me deixar cegar pelrrmundo. Vendo-a, tocando-a, diz ia: , ,Adelaide, pensa no caixão,na sepultura, nos vermes do cemitér io!"

Pensa, também tu, meu irmão, na morte! pensa que os pÍa_zeres terminarão depressa, ao passo que as penas do infernonão terão fim.

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384' os sANTos PERD'AM

Na vida de S. Francisco de Sales lê-se o seguinte episódio;Um dia, quando o Santo atravessava um pequeno bosque acom-panhado apenas de um sacerdote e um criado, um fanático quc'o odiava por causa de suas pregações contra a heresia, estandooculto atrás de uma moita, fêz Íogo contra êle para matá-lo. Fe-l izmente errou o alvo e Francisco nada sofreu. Pessoas, que ou-viram o t i ro, acorreram e quiseram prender o assassino e entre-gá-lo à justiça. O santo, porém, manso e sorridente, procuroltacalmar a gc'nte, pedindo que deixassem em paz aquêle pobreiludido, e o assassino, vencido pela bondade do Santo, conver-teu-se e abjurou a heresia.

385.RESPOSTA PREMIADA

Aos lei tores de um jornal f rancês foi ie i ta, há poucos anos,esta pergunta: "Por que há na cadeia ma,s homens que mulhe-1gs?" - O jornal recebeu as mais disparatadas respostas. De-clarada digna de prêmio foi a seguinte: "Só Deus pròpriamentesabe por quê; mas o que todos podem constatar é que: nas ruasse vêem maìs rapazes que môças, nas vendas mais homens quemulheres, nas igrejas muito mais senhoras do que cavalheiros".E' exato. Confere.

386.O MÀRTIRZINHO DE UM BEIJO

Era um menino albanês de oi to anos apenas. Residia emIlbah, na Albânia. Perdidos os pars, foi acolhido por um t io turco.Cheio de ódio contra Jesus Cristo, Quis êsse inimigo da rel igiãoobrigar o menino a renegar a fé cr istã que herdara cle seus pais.Empregou todo art i f íc io, todo embuste, mas em vão: o meninonão renegava a fé. Um dia, enfurecido, tonta o turco um crucifixoe entregando-o ao menino, exclama com rosto carregado e olhosameaçadores: "Cospe nêle!" O menino não se perturba; toma res-peitosamente a querida imagem do Salvador e imprime-lhe nachaga do coração um quente e prolongado bei jo.

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Foi a causa de seu martír io. Com doisaquêle tio desnaturado abate o pequeno herói

t i ros de revólverda fé.

387.REI DAS NOSSAS ALMAS

Jerônimo Savonarola pregava em Florença sôbre Jesus Cristono Domingo de Ramos de 1496. Suas palavras caíam como gra-nizo sôbre as almas de seu numerosíssimo auditór io. No ardordo discurso, mostrando ao povo um crucifixo, exclamou:

- Florença! Eis o Rei do universo, que quisera ser tam-bém o teu rei. Tu o queres?

Uma imponentíssima aclamação ïoi a resposta. Quando ..rf rade desceu do púlpi to, a mult idão, comovida até às lágr imas,acompanhou-o ao convento no meio de vivas a Jesus-Rei. As au.toridades de Florença mandaram gravar sôbre a entrada do pa-lácio da "Signoria" estas palavras: /esas Christus Rex Floren-tini Populi Senatusque Decreto Electus, isto é, Jesus Cristo eleitorei por decreto do senado e do povo de Florença.

Gravemos também nós essas palavras em nossos corações: éuma exigência da gratidão, da necessidade que temos de Jesuse sobretudo do amor que lhe devemos.

388.O FATO FALA POR SI

'Na vida de S. Francisco de Sales, o grande Bispo de Ge-nebra, lê-se o seguinte:

Uma vez o Santo, movido por espírito de zêlo, fêz uma vi-sita ao famoso filósofo apóstata Teodoro Beza, esforçando-se porreconduzi-lo à Igreja Católica que abandonara ignominiosamente.Na discussão, que teve com o filósofo, soube apertá-lo de talmodo com a sua argumentação, que o apóstata teve de confessaro seu êrro. dizendo:

- Sim, tendes razão.- E agora, concluiu o Santo, o que é que vos impede de

abjurar à heresia e retornar à verdade católica?Teodoro Beza, a esta resposta conclusiva, abre a

um aposento corrt íguo e indicando-lhe uma cr iatura,o objeto de sua paixão, disse:

- Eis o que me impede de retornar a vós!

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Page 258: Tesouros de Exemplos

O Santo compreendeu que se tratavaretirou-se deplorando aquela pobre vítima

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um caso perdido epaixã.o sensual.

SACRILÉCIO DESCOBERTO

Do venerável Pe. Antônio Chevrier lê-se que na noite deNatal de 1862, enquanto distribuia o Pão Eucarístico a nume-rosas meninas de um Instituto, de repente empalideceu e ficouindeciso: os rostos de duas meninas que estavam diante dêle parareceber a santa Comunhão pareciam negros como carvão. O ser-vo de Deus compreendeu logo que elas não estavam em estadode graça. Após um instante de hesitação, para obedecer às leisda Igreja e não ditamá-las diante do público, depositou contmão trêmula o Deus de tôda santidade naqueles corações possuí-dos do demônio. Chamou-as, depois, à parte e deu-lhes a en-tender que conhecia o sacrilégio que tinham cometido. As duasmeninas, surpreendldas, puseram-se a chorar. O Padre choroutambém e, a seguir, ouviu-lhes a confissão e reconciliou-as comDeus, aquêle Deus a quem tinham ofendido tão gravemente.

390.TERRÍVEL REMORSO

Foi em agôsto de 1860. Uma jovem senhora, vest ida de luto,viajava entre Civittavech!a e Marselha. Estava pálida e triste.Assentada numa preguiceira, olhava, ora para o céu estrelado,ora para as ondas do mar e grossas lágrimas deslizavam-lhepelas faces.

Uin jovem senhor, Augusto Prenni, alma fervorosa e cân-dida, aproxima-se da angustiada senhora e, com suma delica-deza, procura um lenitlvo para aquêle coração ferido.

A jovem senhora, ouvindo aquelas meigas palavras, abre-lhe o coração. "Vós só, diz, sabereis o secreto remorso de meucoração. Tive uma irmã, chamada Adél ia, inocente e piedosa, umverdadeiro anjo. Contava então 15 anos, quando eu, já corrom-pida pelas más leituras, um d:a ïiz o papel de demônio tenta-dor e arrastei-a ao pecado. Foi o primeiro e o último pecado deminha pobre Adélia, a qual no entanto continuava a ser o en-canto da famíl ia: piedosa, simples, pura.

Aos l7 anos, acometida de terr ível enfermidade, ïoi em

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Page 259: Tesouros de Exemplos

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breve reduzida às últimas. Depois de receber o Santo Viático eos últimos confortos da Religião, chamou-me:

- Ermelinda, venha cá.Corri ao seu leito. Ela, com sua mão gelada, apertou a mi-

nha mão e, fitando-me com olhar moribundo, disse:- Ermel inda, lembras-te daquele pecado?- Lembro-me, siml mas' já te conÍessaste, já fôste per-

d o a d a . . .- Não - respondeu ela - nunca o confessei; com aquêle

pecado fiz tantas confissões sacrílegas e sacrìlegamente comun-guei, agora, neste leito de morte. Aquêle pecado, meu primeiro eúltimo pecado, está aqui no meu coração. Vou morrer e porcausa dêle me condeno; mas ai de t i ! a i de t i !

Apertou-me com mais fôrça a mão e expirou. . .Daquele instante para cá não t ive mais sossêgo. Parece-me

sempre ver a ntinha pobre Adélia no meio das chamas eternaslpaÍece-n1e ouvir o seu derradeiro brado: "Ai de t i ! "

301' A sAUDAçÃo cRrsrÃ

O famoso poeta protestante Klopstock contava, numa cartaao poeta ÌVl;chael Dènis, que, numa viagem pela Suíça, todo.sos homens, quando descia do carro, lhe dir igiam a bela sauda-ção: "Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo". Êle nunca ou-vira aquelas palavras e não sabia que fôssem uma saudação, epor isso não sabia responder. Mas elas calaram no seu coraçãoe mais tarde admirou-se de não ter pensado numa Íesposta tãonatural e tão simples, como: "PaÍa sempre seja louvado". Quan-do a f icou sabendo, aquela saudação pareceu-lhe "tão bela etão oportuna para os cr istãos de tôdas as cond:ções, que dese-jar ia ouvi- la em tôdas as circunstâncias e em todo o lugar".

Como seria belo, realmente, se todos os cr istãos a adotas-sem! E' a saudação cr istã por excelência.

392.UMA BOA LIçÃO

Foi nos primeiros anos do govêrnogília de Natal um general convidara paraciais gradu.ados e um marechal.

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de Napoleão. Na vi-uma ceia alguns of i -

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Terminado o banquete, surgiu a questão como passariamalegremente mais algumas horas. Um dêles disse levianamente:"Vamos à missa da meia-noite".

- Ot imo! à missa da meia-noite!Entraram na igreja de S. Roque. Pode-se imaginar com que

devoção entravam na igreja aquêles que haviam ceado lauta ealegremente: sem dúvida não procuravam outra coisa que sa-t isfazer a cur iosidade e passar o tempo.

Mas eis que inesperadanrente um homem de baixa estatura,que se ocul iara no seu capote, surge diante dêles e diz- lhes enrvoz alta e em tom sêco e imperioso':

- Estais procedendo mal. Quando se vem à igreja, é pre-ciso ter uma conduta conveniente ao lugar sagrado. Guardairespeito e permanecei em si lêncio, senhores!

O homenr oculto no capote era o Imperador em pessoa,Napoleão I, que ïazia guarda na igreja de S. Roque, em Paris.

393.UMA LUZ SAIA DO TÚMULO

Numa i lha do Lago Maior, na I tál i l , um jovem e ardentediácono foi mart i r izado cruelmente. Seu Lome era Arialdo. Oscarrascos sepultaram-lhe o cadáver no mesmo sít :o do martír io,julgando que tudo estava acabado. Mas eis que, à noite, uma luzvivíssima saía da tumba e todos os pescadores do lago, vendo-a,acudiram ao local. Ol iva, a mulher peÍversa que o mandaramatar, cansacla do que se falava, ordenou que levassem o cadá-ver para outra i lha. Al i também se renovou o prodígio e commais luzes ainda. O cadáver foi então arrojado a um sótão docastelo de Traval l io. Mas fachos de luzes, que traspassavam asparedes e as profundidades, :ndicavam aos homens onde se acha-va o corpo do Santo. Resolveu-se, por isso, lançá-lo ao lagoatado com uma grande pedra, para que o corpo não voltassenunca mais à superf íc ie.

Note-se que o que aqui se refere está nas memórias con-temporâneas sôbre as quais não há motivo de dúvida alguma.

Dez meses depois, reapaÍeceu o coÍpo à f Ìor c la água e foipôsto intacto sôbre a margem do Valtravaglia. Oliva teve re-ceio e procurou sufocar a notíc ia do maravi lhoso caso. Mandoutransportar o corpo ao penhasco de Arona, encarregando seusservos de o destruírem a ferro e fogo. Mas tudo em vão. O povo

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Page 261: Tesouros de Exemplos

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da cidade de Milão, logo que soube do sucesso, saiu com ban-deiras e armas à conquista do santo corpo. Foi numa manhã lu-minosa: O corpo do márt i r Ar ialdo, colocado numa nau, nave-gava ao largo do r io Ticino. O'maravi lhoso tr iunfo da fé! Sô-bre as duas margens do rio o povo estava apinhado, empunhan-do cruzes e velas. Repicavam os sinos. As crianças tocavam cam-painhas, tôda árvore e todo lugar alto era ocupado pelos fiéisdesejosos de ver o corpo; os enfermos saravam, os pecadoreschoravam suas culpas e todos se sentiam trocados e mudadospara uma vida melhor (Cf. Meda, Bassori l ievi) .

Como o esplendor dds santos, assim é a Ìôrça e a luz d,averdade que emana da Igreja. Em vão se quer combater a fé,combater o papa. A Igreja triunÍarâ com Cristo hoje e sempre epor todos os séculos.

Lendas

PODER DE SÃO JOSÉ

Havia um homer., devoto de S. José, que não se preparo,.rpara a morte e, assim mesmo, quis entrar no céu.

Mas' S. Pedro, vendo-o chegar manchado, fechou-lhe a portae deixou-o sentado no côrno da lua. Entretanto, não fal tou quemfôsse contar o caso a S, José, o qual se apresentou diante dotrono de Deus para pedir graça para seu devoto. O Senhor ne-gou-lhe a graça. S. José disse que era um devoto seu. "Devotoque acende uma ve la a t i e duas ao demônio? . . . " S . José, po-rém, decidido a vencer, disse:

- Se meu devoto não entrar no céu, eu me vou embora.- Pois, vai- te! - disse o Senhor.S. José, que não esperava essa resposta, de chapéu na máo

dir igia-se para a porta; mas, no meio do caminho, virou-se edisse:

- Se eu fôr, não irei só; deve ir comigo minha espôsa.- Pois que vá!- Mas levando minha espôsa, clevo levar tudo que lhe

pertence. . .- Pois leva tudo! - disse o Senhor.- Tenho aqui uma l ista completa. - E S. José, ent pé no

meio do paraíso, começou a ler: "Rainha dos Anjos!" - E iâtodos os Anjos voam para a porta. Rainha dos Patr iarcas! e

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Page 262: Tesouros de Exemplos

êles vão se enfileirando perto da porta;vão também êles para a porta".

E quando.S. José ia cantar: Rainhadisse o Senhor:

Rainha dos Márt i res!

de todos os Santos!

- Olha, José; corre, vai dar um banho no teu devoto e,depois, fá-lo entrar no céu; porque, se me empenho em não dei-xá- lo entrar, poÍ just iça f ico sòzinho no céu!

395.AS SOPINHAS DE JESUS

A Sagracla Famíl ia 'estava no destêrro do Egito. Ia cain-do a tarde e S. José não conseguira terminar seu trabalho parareceber o pagamento. Suspirando olhava para sua castíssimaespôsa, a qual, adivinhando o que se passava no coração de

José, disse-lhe:- " \ f ,e temas; tenho um pouco de lei te e,pão e farei uma

sopinha paÍa o nosso querido Menino; nós comeremos amanhã,se Deus quiser".

No mesmo instante em que se dispuSha a dar a Jesus tlhumilde al imento, uma voz trêmula implorava uma esmola. OMenino olhou para sua Mãe e ela disse: -; "Não temos nada,meu Filho!" O Menino corre, toma a tigelinha de sopa e leva-aao velhinho que pedia esmola.

Entretanto José e Maria choram em silêncio, vendo Jesusfazer aquêle sacrifício, prelúdio do sacrifício da Cruz, que êlemesmo ofereceria ao Pai eterno.

396.AS POMBINHAS DO MENINO JESUS

O Menino Jesus eslava brincando com outros nleninos àsmargens do r io Ni lo. Faziam passarinhos de areia. Jesus fazia-ostã,o lindos, que Nossa Senhora, ao contemplá-los, exclamou:"Que pena que não tenham vida!" Jesus para comprazer a suamãe, deu vida às suas duas pomb:nhas e Ïê- las voar. Recomen-dou-lhes que não fôssem para muito longe e não se ajuntassemcom as aves de rapina. Sôbre a cúpula do templo de MenÍis es-tavam as outras pombas e para lá se foram elas também. Eisque, ao chegar o gavião para persegui-las, uma fugiu imediata-mente e foi refugiar-se junto de Nossa Senhora; a outra clemo-

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rou-se e, ao regressar à tarde, apresentava muitos ferimentos epoucas penas. Jesus tomou-a entre as mãos e curou-a. No diaseguinte repetiu-se a cena, e a pombinha ferida regressou quan-do a Sagrada Família já se havia recolhido em su,a casinha.Assentou-se na janela e S. José recebeu-a e Jesus curou-a denovo e fêz-lhe muitas advertências, deu-lhe muitos conselhos.Na manhã seguinte repet iram as pombas o seu passeio, mas adesobediente foi devorada pelo gavião.

O mesmo acontece com tantos cristãos que, por sua im-prudência, caem nas garras do demônio, que os corrompe emata!

397.A MÃO MAIS LINDA

Três meninos iam muito alegres à cidade, onde o que ti-vesse a mão mais l inda ganharia um prêmio.

Chegou um clêles ao bosquezinho de nardos: uma a unlafoi tocando as olorosas flôres que, em sinal de gratidão, deixa-vam naquelas mãos brancas suas côres e seu aroma.

Encontrou o oütro um regato e, em suas cristalinas águas,perfumadas de tlôres de laranjeiras, banhou suas mãos, que saí-ram mais formosas. Tímido e modesto, o outro vacilava em pe-dir perfume às flôres e beleza ao regato. Passou um mendigoque pediu uma esmola por amor de Deus. Puxou o menino umamoeda e deu-lha. Ao recebê-la, o mendigo beijou aquela mãobenfeitora, deixando cair uma lágrima de agradecimento. Aquelalágrima transformou-se em belíssima pérola que tomou mil côresdo arco-íris e esmaltou a mão do angélico menino.

Esta foi a mão que brilhou com encantadoras cintilações,porque foi pur i f rcada pela lágr ima de um pobre.

398.AS ROSAS

Segundo uma lenda antiga,Maria, com São José,Fugindo à gente inimiga,Transpôs caminhos a pé.

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E à proporção que MariaDeixav.a rastro no chão,Todo o caminho floriaDe rosas em profusão.

Pelos trilhos e barrancasDas estradas, viu-se em breveO estendal de rosas brancasTudo enteitando de neve.

De um branco suave e doceAs rosas; nenhuma haviaPela terra, que não fôsseDa côr dos pés de Maria.

Depois de tempos volvidos,Ao pêso de imensa cruz,Pelos caminhos f lor idosUm homem passa - Jesus.

E sôbre o estendal de flôres.De seu corpo o sangue v.aiCaindo, e Êle entre mi l doresNão geme, não solta um ai.

Passou e pelas barrancas,Sob as asas das abelhas,Dos tufos das rosas brancasBrotavam rosas vermelhas.

Só duas côres haviaDe rosas que aqui registo:A côr dos pés de MariaE a côr das chagas cle Cristo.

B. Braga

399.o ORGULHOSO NÃO SE AJOELHA

Diz uma lenda que na cidade de Colônia vivia um padresanto. Não era sábio; não era eloqüente; era um grande confes-sor. Dizem que toclos os que se levantavam de seu confessioná-rio levavam na fronte o ósculo da paz,

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Page 265: Tesouros de Exemplos

Foi na véspera de uma gr.ande solenidade. Uma grande mul-:1-, de penitentes esperava ao redor do confessionário daquele

:: i . i l sacerdote. Entre êles achava-se um homem, o único que:= conservava de pé . . . Era um ros to t r i s te . . ' escuro ' quasenegro. . . atitude que revelava imensa ttisteza e desconcertanteinquietação. Chegou a sua vez. Acercou-se do confessionário,mas não se ajoelhou.

- I rmão - disse brandamente o contessor - ajoelhe-se"- Nunca! . . . Eu nunca me a joe lho .- Quem é 'o senhor?- Isso não lhe imPorta.- De onde vem?- Também isso não lhe imPorta.- O sr. tem razão - respondeu humiidemente o confessor

- nada d :sso me impor ta . . . Mas, en tão , que dese ja?- Confessar-me, porque trago dentro do meu coração um

inferno que me abrasa. Busco a Paz.- I rmão - repl icou o confessor com iôcla a humildade de

slra alma - se procura a paz, aqui a encontrará, mas. . .

ajoelhe-se !O penitente, com um gesto de soberba, respondeu:- Nunca! Já lhe d isse que nunca me a joe lho . . '- I rmão - disse então o conÍessor com grande ntansidão

- compadeço-me clo senhor; faça de pé a sua conf issão, poisquando t iver diante dos olhos a gravidade de seus pecados, cer-tamente se ajoelhará.

- Nunca! - atalhou o penitente. - Ajoelhar-me? NUn-ca l M: l vêzes lhe d i re i que não me a joe lho nunca! . . .

- I r m ã o , c o m e c e ! . . .E começou o penitente a contar os seus pecados. . ' E eram

tantos e tão horríveis, que o confessor, que até então conservaraos olhos baixos, levantou-os, f ixou o penitente e disse-lhe comextrema bondade:

- I rmão, o senhor está me enganando.- Não o engano.- Êsses pecados o sr. não pôde cometê- los.- Mas eu os cometi .- Para ter cometido tantos pecados seria mister qt le o sr.

Ìôsse mui to ve lho . . . e o s r . é môço., - Môço?. . . Já tenho mui tos sécu los !. - i l l u i tos sécu los? . . ,

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Page 266: Tesouros de Exemplos

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- Sim. . . muitos séculos!- Quem é o sr. , af inal?- Não lhe importa.- De onde vem?- De uma região onde não há sol.- Então já adivinho quem é.. . I rmão, ainda há perdão

e misericórdia para o sr. . . . mas ajoelhe-se.- N u n c a ! . . . n u n c a m e a j o e l h a r e i . . .- E n t ã o o s r . é . . .- S o u S a t a n á s . . .E desapareceu. . .Sim; há perdão para todos os pecadores. Nosso Senhor exi-

ge apenas que o pecador, reconhecendo e detestando seus pe-cados, humilde e sinceramente os acuse no tr ibunal da penitência.

400.A MORTE NIVELA TUDO

Morreu em 1916 Francisco José, imperador da Áustr ia, quepor muitos anos soubera conservar sob o

-poderio paternal de seu

cetro a muitos povos que antes viviam em contínuas guerras. Oféretro foi levado à cripta da igreja dos Padres Capuchinhos deViena, onde jazem outros reis e imperadores.

O mestre de cer imônias bateu à porta.- Quem é? - perguntou do outro lado de dentro, segundo

o cerimonial , um padre capuchinho.Os cortesãos responderam:- Francisco José, imperador e rei .De Iá de dentro a mesma voz austera do frade respondeu:- Não o conheço.Um momento de s i lênc io dent ro da c r ip ta . . . Do lado dc

fora, à porta, del iberavam os senhores e polí t icos. . . Batemoutra vez. E outra vez insiste de dentro o guardião daquelastumbas: \

- Quem é?- Francisco José de Habsburgo - respondem de fora os

que sustentam em seus ombros o régio féretr-o.E de novo ouve-se a voz do frade:- Não o conheço.Mais um momento de silêncio. . . mais um instante de de-

l iberação.. . Urge, porém, entregar à terra aquêles restos mortais

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Page 267: Tesouros de Exemplos

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que foram ontem de homem tão grande e que hoje ninguém osquer em parte alguma.. . Por isso, após um instante de impo-nente silêncio, outra vez a voz do Capuchinho interroga:

- Quem é?E o que responde em nome da política e da grandeza do

império austríaco, responde agorai- Um pobre morto. . .A voz seÍena e imutável do guardião daqueles túmulos res-

ponde imediatamente:- Entre!E abriram-se as portas, e entrava o cadáver e ali, como

pobre morto, foi enterrado o célebre imperador: Francisco José,rei e imperador da Áustria.

E' certo que a morte nivela tudo. De tôda a grandeza, comode tôda a miséria, após a morte resta um cadáver que dentroem pouco não será mais que pó e cinza.

401.O REI MIDAS

Narra a mitologia que o rei Midas, o qual era muito ava-rento, por ter t ratado bem a Si leno, seu pr is ioneiro, recebeu dosdeuses a grancle recompensa de converter em ouro tudo quan-to sua mão tocasse. Uma beta fortuna, não é verdade?

Uma fortuna?!. . .

Fora de si de contente, aquêle rei tocou seu bastão, e obastão se converteu em ouro cintilante; tocou a parede e a pa-rede tornou-se tôda de ouro; meteu a mão na algibeira, e tôdaa sua veste converteu-se num bloco de ouro preciosíssimo. . .No palácio real, tudo agora erâ ouro. . . O rei assentou-se àmesa.. . A sopa, apenas lhe tocou os lábios, tornou-se ouro; opão, a carne, tudo ouro.. . de sorte que o rei M:das não pôdetomar alimento algum e depois de alguns dias ia morrendo defome rodeado de ouro.

Assim diz a tá-óula.Mas eu vos digo, em outro sentido, que também nós pos-

suímos um meio de converter em ouro, isto é, em mérito pre-ciosíssimo, tôdas as nossas obras. Êsse meio é: Conformar sem-pre e em tudo a nossa vontade com a vontade de Deus.

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402.TOMA ÊSTE CÁLICE, . . ENCHE-O DE ÁGUA

Meninos, ouvi. Sabemos que era um jovem e que cometerapecados horríveis. Mas tinha fé e, às vêzes, punha-se a pensarna hora da morte e na eternidade.. . e aquêle jovem sent ia queo desespêro o arrastava à condenação eterna.

De vez em quando sentia um desejo ardente de voltar aobom caminho, de converter-se a Deus, de tazer penitência. En-tretanto, do fundo da alma parecia que uma voz lhe gritava:

- Não há perdão para t i .Ao passar um dia por uma igreja, não pôde vencer o de-

sejo de entrar. Qualquer coisa o atraía. E acertou encontrar-sediante do Cristo cruci f icado. Rezou e com os olhos rasos de lá-gr imas, disse:

- Senhor, haverá ainda misericórdia para mim?E ouviu uma voz que lhe dizia:- Teus pecados serão perdoados, quando tiveres chorado

muito.- Senhor - repl icou o jovem - chorarei tôda

vida; mas qnisera ter certeza de que choréi bastanteme perdoaste.

Então o divino Crucificado, estendendo ã mão, entregou-lheum cál ice e disse:

- Toma-o. Quando o encheres de água, será sinal de queteus pecados te foram perdoados.

Tremendo de comoção, tomou o penitente o precioso cál ice.Pouco distante dal i havia uma grande pedra. Das entranhas

daquela rochg brotava uma fonte.- No jato daquela fonte encherei o meu cálice.Subiu ao alto do morro. Acercou-se da rocha. Encostou o

cál ice à água, mas. . . a fonte secou.- Secou-se a fonte - diz consigo o pecador - mas não

secará a torrente que corre atrás daquelas montanhas.E subiu aos montes e desceu aos vales e, por fim, chegou

à susplrada torrente. Mas, quando quis encher o cál ice. . . atorrente secou.

-- Secou-se a fonte e secou-se a torrente - murmurou ojovem; certamente quer Deus que eu faça penitência e busquecom trabalhos e suores a água do perdão. Detrás daqueles mon-tes, do outro lado destas terras, está o mar. Secou-se a fonte,

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secou-se a torrente. . . não secará o mar. Nas águas salgadasdo mar encherei o meu cálice.

E pôs-se a caminho. Andou muito através de campos, mon-tes e vales e, finalmente, do alto da gigantesca serra contemplouo mar distante, - O' mar - exclamou - és a minha esperan-ça. . . em tuas águas inesgotáveis encherei o meu cálice.

E desceu e correu ansiosamente. . . Já estavam muito per-to as praias do mar. Dá um grito de alegria e avança com ocálice na máo para enchê-lo nas ondas que vinham beijar-lheos pés. . . Mas, de repente, vê com horror que as ondas se afas-tam e fogem e o mar retrocecle diante dêle.. . Cai de joelhos opobre jovem e não se atreve a erguer os olhos ao céu; inclina ocabeça e rompe em copioso pranto de arrependimento.

Chorou muito, muito. Quando voltou a si , quando quis en-xugar a úl t ima lágr ima de seus olhos ini lamados, viu que o cá-l ice estava cheio de água, de água de suas lágr imas. . .

Aí está: essa é a água que lava nossas almas e nos obtémo perdão.

403.A CRUZ DO ROSÁRIO

Sôbre S. Pedro, o chaveiro do céu, há vár ias lendas, sendoa seguinte bastante interessante e instrut iva.

Dizem que, um belo dia, S. Pedro fechou a porta do céupor fora e veio dar umas voltas pelo mundo I paÍa ver como an-davam as coisas por aqui. Parecia-lhe que estava chegando pou-ca gente ao céu e era preciso conhecer a causa dessa tristesituação.

Terminado o seu inquéri to, e achando mais prudente nãoconceder entrevistas aos jornais bisbi lhoteiros, dir ig iu seus apÍes-sados passos lá para cima. Aconteceu, porém, QU€, ao chegar àporta do paraíso, meteu a mão nos bolsos e, ai ! não encontroumais a chave. Perdera-a e não sabia nem onde nem como. Quefazer em tamanha aflição?

- Descerei de novo à terra, disse, e procurarei um bomserralheiro que me faça um,a nova chave.

De fato, não custou a encontrar um muito entendido, e dis-se- lhe:

- Olhe, eu preciso com urgência de uma chave para abrira porta do céu. Você pode tazê-la?

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- Perfeitamente; mas custará mais, porque há de ser umachave extraordinária.

- Que homens! disse consigo S. Pedro, nem para o céuÌ.azem uma chave de graça!. . . Bem! Não há dúvida; vamos lápara cima.

Subiu o serralheiro ao céu e, orgulhoso de sua arte, exami-nou o modêlo, t i rou as medidas e vol tou à terra. Tomou dos ins-trumentos, talhou a chave, Iimou-a, poliu-a e, triunfante, apre-sentou-se à porta do céu. Mas, ai! a chave entrava no buracoda fechadura, dava voltas, mas.. . nada! não abria.

- Venha outro serralheiro, mas depressa, disse S. Pedro.Chegou outro, mais presumido que o primeiro, fêz as mes-

mas manobras e . . . nada! a chave não abr ia .Assim foram fracassando, uns após outros, todos os serra-

lheiros. Entretanto, as almas que vinham chegando, dos quatrocantos do mundo, começavam a impacientar-se, porque demo-rava muito a entrada no céu. S. Pedro suava frio, pois, por seudescuido, já ninguém podia entrar na glór ia. Por f im, uma hu-milde velhinha se ofereceu para abrir a porta.

- Bem. Experimente; vamos ver, disse S. Pedro.E a velhinha, que, na terra, fôra devotíssima de Nossa Se-

nhora, meteu a cruz de seu rosário na fechadura, deu meia voltaà chave improvisada e a porta estava aberta.

- Bravo! Bravo! exclamaram todos. é o rosário de NossaSenhora que nos abre o céu.

E lá entraram cheios de alegria e contentamento.

404.POBREZA FELIZ

Corre entre os russos a segulnte novela.O czar (imperador) caiu gravemente enfêrmo. Não encon-

trando remédio, disse:- Darei a metade de meu reino a quem me curar.Reuniram-se então todos os sábios para uma consulta, cujo

tema era:- Como havemos de curar o imperador?Depois de muito discut irem, disse um:- Procurai um homem feliz, tirai-lhe a camisa e levai-a

ao czaÍ e, vestindo-a, êle sarará.

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Page 271: Tesouros de Exemplos

. .. M.nrugeiros percorriam todo o império à procura do homemfeliz, mas não o encontravam, porque: um era rico, mas sempredoente; outro era. são, mas pobre; êste, são e rico, mas sem fi-lhos; aquêle são, rico e com filhos, mas atribuladol todos, en-fim, tinham do que lamentar-se.

Um dia, o f i lho do czar aproximou_se à noit inha de uma ca_bana, parou e ouviu que denlro um homem lalava assim:

- Gr.aças a Deus, trabalhei, comi e vou para a cama con_tente de ter cumprido o meu dever. Nada me ial ta, sou fel iz. . .

o filho do czar não cabia em si de contente, pois encontraraaf inal o homem fel iz e estava disposto a dar- lhe qrunto dinherroquisesse pela camisa, que Ievaria imediatamente ao czar, seupai. Bateu à porta, entrou, pôs-se diante do homem leliz paracomprar - lhe a cob içada camisa , mas. . . que é que v iu?

O homem ïeliz náo possuís nem uma camisal!Bem-aventurados os pobres

405.A LENDA DE FREI PACÔMIO

_fm princípios dJ século décimo, vivia num convento. deBeneditinos um santq religioso, chamado frei pacômio, qr" naopodia compreender como os bem-aventurados não se cansam decontemplar por tôda a €ternidade as mesmas belezas e gozardos mesmos gozos.

Um dia mandou-o o p. prior a um bosque vizinho para re_colher alguma lenha. Foi com gôsto, mas mesmo no trabalho nãoo largavam as dúvidas. De repente ouviu a voz de uma avezinhaque cantava maravilhosamente entre os ramos. Ergueu-se e viuum animalzinho tão encantador como jamais vira

-em sua vida.

Saltava de um ramo para outro, cantando, brincando e inter_nando-se na selva. Seguiu-o frei pacômio, todo encantado, semdar-se conta nem do tempo nem do lugar.

A certa allura a avezinha atirou aos ares o úrtimo e maisdoce gorjeio e desapareceu. Lembrando-se então de seu traba_Iho, procurou o machado para voltar ao convento, mas, coisaesquisita! - achou-o enferrujado. euis pegar o feixe de renha,que ajuntala, mas não o encontrou.

Alguém mo terá roubado? disse consigo. pôs_se a an_dar, mas não encontrava o caminho. Chegou, ãÍ inal , à beira dobosque, mas não encontrou o mato de ouïroia; ali estava agora

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Page 272: Tesouros de Exemplos

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um campo de trigo, em que trabalhavam homens desconhecidos.Perguntou a um dêles o camtnho do mosteiro, pois de certo sehavia extraviado, Todos olharam para êle com surprêsa; em se-guida indicaram-lhe o mosteiro.

Chegou, mas, - grande Deus! - como estava mudado! -1Em lugai da casa modeita de sempre, viu um edifício magnífico

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ao lado de uma grandiosa capela. lntr igado, bateu à porta;um irmão desconhecido ve:o abrir .

- Sois recém-chegado, disse-lhe Pacômio, eu venho do bos-que onde me mandou est,a manhã o Prior D. Anselmo paÍa bus-car lenha.

Admirado o porteiro, deixando al i o hóspede, foi avisar oPrior que na portar ia estava um monge com hábito veiho, barbae cabelos brancos como a neve, perguntando pelo prior Anselmo.

O caso era curioso. O prior, abrindo os registos do con-vento, descobr:iu na lista o nome do prior Anselmo, que ali vi-vera há quatrocentos anos. Continuou a ler e achou nos anaisdaquele tempo o seguinte:-

- Está manhí Frei Pacômio foi mandado buscar lenha no È

bosque e desapareceu.-Chamaram o hóspede e fizeram-no

-entrar e contar a sua

história. Frei Pacômio narrou o caso de ruas dúvidas sôbre afel ic idacle do paraíso e o pr ior começou a cõmpreender o mistér io

Deus quis mostrar ao pio rel ig ioso que, se o canto de uma ,avezinha eÍa capaz de encantar-lhe a alma por séculos inteiros,quanto mais a formosura de Deus nã,o hâ de embevecer os bem-aventurados por tôda a eternidade sem que êles jamais se cansem.

406.O GIGANTE SÃO CRISTÓVÃO

A histór ia clêste gigante tem para as cr ianças um atrat ivoespecial.

Era S. Cristóvão um gigante que ganhava a vida carre-gando em seus ombros os viajantes de uma margem par,a outrade um rio caudaloso sôbre o qual não havia ponte. A correntezanão podia com êle. Dava alguns passos largos e já estava dooutro lado. Largava ali o passageiro, recebia os cobres e iacarregar outro.

Contam que um dianino louro como um raio

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apresentou à beira do r io um me-sol e sorridente como uma rosa de

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Page 273: Tesouros de Exemplos

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primavera. Era pequeno, pesava pouco, mas era lindo como umanJo.Logo que o viu, disse S. Cristóvão com muito car inho:-.Menino, queres que te passe para o outro lado? Andastão sòzinho por êstes caminhos.'O formoso menino respondeu:- Ando pelo mundo ã procura de. um tesouro que perdi.

Quisera passar para a outra banda Oo ,i.,-.,rrì;;:""::, ^campos e caminhos o encontrol *u. ,#3 ?:'âr"rï ;;,'ÏË:.uttt'Cristóvão soltou uma gargalhada:

- Não poderei contifo? Anjinho de Deus, não te levareiao ombro, mas na ponta do dedo.Dito isso, aquêle viqoloso--gigante tomou o menino e, co_*o

:.. fôsse uma pena, pô_lo sôbie-os ombros e, saltanJo ao rio,caminhava para a margem oposta. Mas, quando estava no meioda torrente, o menino ^i:r.çb"

a pesar tanto, tanto que o gi_gante tremia. Vendo que a correnteza o arrastava, exclamouestupefato:

.- Menino, pesas muito; tens que ser mais que um simplesmenino.E o menino resfondeu:- Tens razão_ Cristóvão; eu peso mais que todo o mun_do, porque eu sou o- menino Deus. Ando por estas terras à pro_cura de um tesouro que são as almas. Agora

"i; ;;;;;r*a tuaalma. Se crês em mlm e ,n" urnur, não ,õ não te j.ruÃì ,our.os ombros, mas ainda te levarei no meu coração e te farei Ìelizneste mundo e no outro.

Chegando à margem oposta, Cristóvão pôs o menino sen_tadinho sôbre a areia-e, ajoì lhando_se diante'OCle, Oisse: -

- Menino, tu és Deus. Creio em ti e amo_te, e só a ti queroamar por tôda a vida.

- _ E cumpriu a sua palavra, porquedesde aquêle dia se dedicou a sórvir e

aban,donou aquêle rio eamar a Deus.

407.AS TRÊS LÁGRIMAS

Havia no céu um anjo curioso! eueria saber o que se pas_sava pelo mundo: escapou_se do céu e baixou à te i ra . . . eueamarga foi a sua decepção!... Não viu senão ."ngu.; nao'pisout.nto, barro. Agitou rúui uru, nrun.u, . rumou para o céu. . .

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Page 274: Tesouros de Exemplos

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Estavam fechadas as portas. Ouviu uma voz que lá de dentroIhe dizia:

- Anjo, não poderás entrar de novo no céu se não irou-xeres da terra, num cálice, uma lágrima que recolheres por umato de caridade que fizeres.

Rápido baixou o anjo à terra.. . Ouviu um leve gemido,que saía de uma casa perdida no meio do campo. . . En-trou. . . Era um menino que estava a morÍeí sòzinho, abando-nado de todos. O anjo olhou para êIe.. . O pobrezinho sorr iu- lhçe de seus olhos correu uma lágr lma.. . e morÍeu. O anjo re-colheu em seu cálice de ouro aquela \ágrima e, rico com aquêletesouro, Íende os ares, atravessa as nuvens, chega às portasdo céu.

- Anjo, que trazes aí?- Senhor, uma lágrima que recolhi dos olhos de um me-

nino agonizante que não tinha a seu lado nem os olhos carinho-sos de sua mãe. . .

- Anjo, não basta.E à terra desceu novamente o anjo.. . E outro ai last i -

moso chegou- lhe aos ouv idos . . . V inha de mui to longe. . . Voa. . .chega ao fundo do deserto e entra numã caverna. Um santoanacoreta entraYa em agonia. . . !

Pôs o anjo a sua mão esquerda debaix-o da cabeça do ho-mem de Deus, à maneira de macio travesseiro, e com a mãodireita indicava-lhe os belos horizontes da eternidade. O ana-coreta sorriu e morreu. . . Uma lágrima caía de seus olhos aber-tos. . . O anjo colheu aquela lágrima e, rico com aquêle tesouro'fende os ares, atravessa as nuvens, chega à porta do céu.

- Anjo, que trazes aí?- Senhor, uma lágrima recolhida dos olhos de um anaco-

reta a quem consolei em sua última agonia.- Não basta!E outra vez o anjo desceu à terra.. . Uma mult idão imen-

sa conduzia à fôrca uma jovem rainha. Já se achava no fatalbanquinho dos condenados. O anjo aproximou-se dela, ouviu-a eviu que era inocente. Levanta-se, f.az um discurso e prova àquelamult idão revoltada que aquela jovem rainha é inocente.. . E amultidão entusiasmada proclama-a de novo sua rainha e sobe-rana. De seu banquinho fatal levanta-se a rainha. . . cai de joe-lhos diante do anjo. . . Uma lágrima de gratidão rola de seusolhos.

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Page 275: Tesouros de Exemplos

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O anjo recolhe em seu cálice aqueia preciosarico com aquêle tesouro, fende os ares, atravessachega às portas do céu.

lágrima e,as nuvens,

- Anjo, que trazes aí?- Senhor, uma lágrima colhida dos olhos de uma rainha

vilmente caluniada e por mim defendida. . .- Não basta. não.

O anjo baixou de novo à terra tr iste e acabrunhado. . . As-sentou-se numa pedra. . . Olhou para o céu e exclamou cho-rando: Adeus céu, adeus ! . . . Eu te perd i e não te gozare i ma is ,porque não encontro na terra uma lágrima que mereça tuasa legr ias . . . De ixou ca i r a cabeça. . . O desespêro começava aapoderar-se dêle. . .

De repente a terra treme, o mundo estremece, o sol ocultasua face, as rochas partem-se, as trevas cobrem o universo.. ' .O anjo levanta espantado a cabeça, olha por tôda a imensidadedo escuro horizonte. . . Lá, ao longe, descobre um ponto deluz . . . uma co l ina . . . sôbre a co l ina uma c Íu t . . . na c Íuz umaví t ima. . . ao pé da ü t ima uma mulher que chora . . . O an joag i ta impetuoso as asas . . . Voa, chega. . . o lha : Santo Deus! -exc lama - que é qu . ve jo? Es ta v í t ima é Jesus ! é meu Deus! . . .Esta mulher é minha rainha.. . é Maria! Jesus, uma de tuaslágrimas. . . Maria, outra de tuas lágr imas. . .

E o anjo recolheu em seu cálice de ouro uma lágrima de

Jesus e outra lágr ima de Maria.. . O anjo chorou também, eaquela lágr ima sua caiu no mesmo cál ice e fundiu-se com asoutras duas.. . E o anjo, r ico com aquêle tesouro, fende osares, atravessa as nuvens, chega às portas do céu.

- Anjo, que trazes aí?- Senhor, uma lágr ima de Jesus, uma lágr ima de Maria

e outra lágr ima que é minha. . .- E n t r a ! e n t r a ! . . .

E entrava de novo no reino da Ìelicidade o anio das trêslágrimas. . .

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Page 276: Tesouros de Exemplos

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iNDICE ONOMÁSTICO

Adelaide, 383.Afonso de Ligório, lO4, 2W. 247.Alonso Rodríguez, 42.Agostinho, 208,374.Aliredo, 266.Ambrósio, 179, 337.Anselmo, 206.Antão, 128.Antônio, 182.Apolônia, 213.Bárbara, 98.Bento Labre, 193.Boaventura, 368.Brás, 353.Caio, 172.Canuto, 373.Carlos, 153.Cassilda, 87.Catarina de Bolonha, 102.Catarina de Gênova, 84, 253.Catarina de Sena, 88, 176, 184.

Fil ipe Néri, 307.Frarrcisca Romana. 99. 295.Francisco de Sales, 208, 384, 388.Francisco Xavier, 196. 259.F ru tuoso ,154 .Gabriel da Virgem Dolorosa, 162.Gema Calgani, 22.Ceraldo Majela, 32, 95, 96.Gregório Magno, 178.Gregório Nisseno, 275.Grignion de Montfort, 104.Hi lár io , 212, 251.Isidoro, 193,Joana d'Arc, l l9, 216, 224.Joana de Chantal, 312, 348.Joana de C;vieto, 376.João Bosco, 41, 137,264,319,325.João Crisóstomo, 352.João de Deus, 193.João de Cota, 230.João Guatberto, 109.João Nepomuc,eno, 89.João Vianney, 93, 123.José, 67-78.José de Anchieta, 370.Julìana, 252.lulieta, 274.Leão, 106.I-uís Oonzaga, 183.L.uis, rei, 2W, 293, 294.Lourenço, 347.M a c á r i o , 2 6 1 .Macrina, 275.Madalena da Encarnação, 339.À/tães Santas, 351.Margar ida Alacoque, 118.Margarida de Cortona, 80.Maria SS., 43 ss.Maria Madalena, 92.Martinho. 193. 300.

Cecília, 97.Cipriano, 223.Clara,175.Clemente Maria, 83.Cura de Ars, 47.Daniel, 222.Dar ia,221.Dimas, 85.Dominguinho, 94.Domingos, 167.Domingos Sávio, 191.Doroté ia, 145.Edmundo, 326.Efrém, 161.Eliseu, 283.Erói, 338.Ernerenciana, 344.Epifânio, 369.Fil ipe Benício, 382.

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Page 277: Tesouros de Exemplos

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Militão, 82.Nicolau. 249.Nilo, 204.Paula, 79,Paulo, 132, 134.Paulo da Cruz, 101, 104.Pedro. 91.Pedro Claver, 156, 366.Pedro Damião, lO2.Pedro Mártir, 140.Pedro Nolasco, 156.Pedro de Verona, 186.Perpétua, 81, 101.

Policarpo, 152.Rita de Cássia, 90.S e b a s t i ã o , 1 8 1 .Serapião, 166,271.Simeão Eslilita, 227.Tarcísio, 17.Teresa, 43, 177.Teresinha, 37.Tiago, 211.Tomás Moro, 110, 272,345.Vicente Ferrer, 86.Vicente de Paulo, 331.Zita, tg3.

ÍNDICE ALFABETICO

dos principais assuntos tratados

Adulação, 323.Água benta, virtude da 352.Alma, salvar a 10, 31; amava mais a 9, amava as almas 192, nã,o acre-

ditava na 207; salva ou condenada 225; valor da 226; amor à 285;a ao demônio 297.

Amor a Deus, 114, v . Deus.Amor ao próximo (fi$l) 279, 280, 284, 285, 348.An jos ,99 ,100 ; devoção aos I04 ; p ro teção ,107 ,108 ; An jo , Á t i l a e S .

Leão, 106; l l5 .Ateu, 157; por que era 316.Bai le , 123.Batismo de sangue, 344.Bernadete, o sorriso de 50.Blasfêmia, 229; caiu a pedra, 237; um raio,238,239; cego, 240; como

carvão, 241; rüashington, 243; 244, 245, 308, 363.Car idade, 156, 156 a,164,168, 209, 271; náo fa lava mal , 298; maledi -

cência, 303.Carnaval, 365, 366.Carola, ou Cr is tão, 125.Castidade, 183; dois anéis, 326, Casto? 133, 388.Cas t i go , de um es tudan te ,54 ; de um l i be r t i no ,345 ; do céu ,373 .Céu, tudo pelo 193; o oc ioso não entrará no 211; mér i tos para o 227;

o é seu , 307 ; à caça do 30 . . ..Colegia l conver t ida, 126.Comunhão, dos cruzados 12, lreqüente, 12 b, diária, 35, a de dois sábios

é a v ida, 173; é a r iqueza, '174; um menino d is t r ibu i a 15; desejo deïazer a l" 20, 21, 22, 27 tt; de S. Teresinha, 43; dá lôrça, 24, 175;dá co ragem,25 ; dá saúde ,257 ; dese jo da34 a ,35 a ,252 ; que é a27 ; agravata btanca, 28; va lor da 34; impedia a do f i lho, 38; a no bos-que, 197; graça da 14 214; sarou com a 253; l ivra do pecado, 256;sacramental e espiritual, 258.

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Page 278: Tesouros de Exemplos

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Comunismo. 122.t. ConÍiança em Deus, l4l; na Providência, 203; depois me confessarei, 1g5.'í ^F: Conf issão, mal fe i ta , 33, 137, 181, 317; bem fe i ta, 182; remorso, 30l ;Ë. , iá tëz a páscoa? 319; propósi to, 188; d.á. a paz,356; s ig i lo , 362; arre-:: pendimento, 370, 371; sacrílega, 389; mártir da 23.,,. çristão, de'nome, 165; ingratos, 169; sou crístão! 274; saudação cÍistã,391. .ìj: Cruz, sinal da 185.., Cruzc.s, l7B.: : Dcsmancha-prazeres,124.' . Deus, não acredi tava em 157, 304; ex is te, 158, 308, 309; tudo por 1g6;,. paciência de 202; de Deus não se zomba, 232, 236,269, 378; confiança

em 265; guardar os mandamentos c1e 305; gratidão a 310; amaldiçoa-1", do de 364 f.

Diabo, bai lando com o 123.i Domingo, sanl i fcar o 106, 171, 187, 198, 364 l ; pro lanação'das festas, 3ô7., Escândalo, 301, 334.." Esmola, 167.

Espír i tas, 315., , Esposos, 311, 312,313, 314.

Eucaristia, mártir da 17; S. Ceraldo e a 32; presença de Jesus na 255., Fé, 1, 2, 6, 12 c; Í irmeza na 1 10, 150, 152; tesouro da 2O0, 200 a; viva, 1 15,i ' 122, 125; morrer pela 186, 386; in f ie t a Deus, 155.i . Fel ic idade, l2B.' Festas religiosas profanadas, 367.

Fim, pensai no 204.i; Cárcia Moreno, 54.t ' Cenerosidade, 375.i Graça da conversão, 4.

Heroísmo, 112, 127, 152, 153, 172,213,379.Humirdade, 18 (Pio X) , 166, 212, 331.lgre ja, não morre,172; respei to na 180, 392; na - está a salvação,381;

a Igreja triunfará, 393.Inferno, 201, 341.

,-. Injúria, 37ô.

ì, ' Inirnigo, perdoar ao 109, 118, 127, 1g2, 216, 332, 333, 343, 364 m; iamatar, 370.

Inveja, B..,.. Ira castigada, 342.i: Jejun, 154; e vida longa, 364 k.i Jesus, defendiam a 16; não f icara sô; anror de às cr ianças,1; sent inelai a 180; compaixão de 2; quem é 7,134; cruc i f icado confor ta, 1 lg, dáF coragem, 151; amais a Jesus Cr is to, 135; meu l iv Ío, 3ôg, 3g2; nosso

Rei, 387.José (S . ) , , e a 1 r comunhão ,67 ; conve r t i do po r 69 ,73 ; soco r re nas

di f icu ldades, 69,77; nas doenças, Z0; ouve as orações das cr ianças, Z l ,7 l a ; e a boa morte,72; conl . iança em Z3i o cordão de 74; o I . "

' asilado, 78.Juiz eterno, 199, 219.Juízo, lembrança do 223; toma êste cálice, 402.

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Page 279: Tesouros de Exemplos

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Lrendas, poder de S. José,394; sopinhas de Jesus,395; pombinhas deJesus, 396; a mão Ínais l inda, 397; as rosas, 398; o orgulhoso, 399;a morte, 4C0; o rei Midas, 401; a cruz do rosáÍio, 403; pobreza f.efiz,404; frei Pacômio,405; o gigante S. Cristóvão,406; as três lágrimas,407.

Lúci fer , consôlo de 131.Maçãs (e rosas) do céu, 145.Mãe, calvário de 130; de mártir, 150; maldição de 218; desejo de 291 ;

in f iuência de 296; mães e f i lhos santos,351; insul tou a mãe,364 Í .Maledicência, 303, 324.Maria, amor a 42,44; mãe dos órÍãos, 43; e uma conversão, 45; Filhas

de 46; devoção do Cura de Ars a 471, de Garcia Moreno,54; socorrenos perigog 55, 56,57; o rosário de Ampère, 47a, de Garcia Moreno,54; o rosár io no,s per igos,59,62; o velho rn i l i tar € o rosár io, 63; orosário livra da rnorte, 65; Ave-Maria dos agonizantes, 55; devoção aMaria, 55; dá valor, 61; converte o pecador, 58, 64; o Anjo do Senhorante a fôrca, 66; o sr. ama sua mãe? 60; proteção de Maria, 262;oÍar a Maria. 2ô3.

Más leituras, 325, 327, 390.Medaiha milagrosa, 354.Mentira, 8, 135; não mentiu, 364 j; 369; 370.M issa , pe lo papa i , 10 ; pe las a lmas , 1 l ; hon ra de a juda r à 18 , 191 ;mêdo

do coro inha,40; antes i r à247; chegava tarde à 250; o que vale a254;respeito durante a 267; como ouvia a 268; a obtém graças, 359, 360'361; v inham à nadancto, 190.

Micsões, 115.Modéstia, 183, 358.Morte, meditava na 1b'1, 383, 400.Mundo, perigos do 162; enganador, 205; Iugir do 306; recompensa do 220;

glória vã do 346.Murmuração, 374.Obediência, anles a Deus,9; aos pais, 278; ao mar ido,295.Oração, de criança, 129; nas tentações, 221, 222; vitória pela 224; dos

a ten tos e dos d i s t ra idos ,249 ; dos men inos ,25S ,260 ,26 l ; o rava Bhoras, 266; pequenos exemplos, 364 a, b, c, d,

Paciência, 130, 139, 140, 208.Pad re , que r i a se r 21 ; a mãe não consen t i a .4 l ; r espe i t a r o 147 ,148 ,749 ,

1ô7; por que o não casa, 228, 350; insultou o 336.Pais, exemplo dos 163; os deseducam,189; sabia eduiar ,269; amor aos

270,272,277; mau f i lho. 273, 286; não perdoa ao 292; cast igo dos 335.Palavra de Deus, 113; ouvi r a 116,124; saíam da igre ja,251.Papa, delpastorzinho a 36; maltratou o 340.Paula, santa 79.Pecado, não dormir em 51; assassino, 120; arrependimento, 233; um

menos, 248; grande mal, 306; não tenho, 318.Perdoar, 384; v. vossos Inimigos.Pobre, (ou rei), 117; minha mãe é 276; para um 293; o rei servia aos

294; dera tudo aos 347.P raze res ,179 .Presos, inocentes?, l l l .Proteslantes, imagens, 234.

277

Page 280: Tesouros de Exemplos

Provação (secura), I77; sofrimento, 178.Purgatór io,101; cr ianças no 102 ss. ; as a lmas sofrem no 105.Respeito, humano, 52,53, 170; respeito hum. castigado, 380; à velhice, 283.Riquezas, apêgo às 5.Rosárlo, 136; v. Maria.Roubo, sacrílego, 328, 329, 364 g; furtos, 364 h.Sacrifício, 13, 261, reco,mpensado, 121; por Jesus, 144.Sacrilégio, um tiro sacrílego, 235; pernas cortadas, 242; 377.Salvação, trabalhar pela 132; ciência da 138; salvar-se sem mérito, 142;

a salvação antes de tudo, 230.Santíssimo, visita ao 14, 2O; Jesus no 29; hóstias consagradas, 30;

uma cura, 39.Silêncio, 320, 321 , 322, 330.Superstição, 231.Tentação, 184, 221, 3W.Trabalho, nos d ias santos, ,159; para Deus, e para o demônio, 210;

infrt i l para o céu, 215.Velas de S. Brás, 353.Vestido, da 1E comunhão, 146; imodestos, 300, 337, 338, 339.Vocação, dos fi lhos, 349.Vidas santas e exemplares: Bárbara, 98; Cassilda, 87; Catarina de Gê-

n o v a , 8 4 ; C a t a r i n a d e S e n a , 8 8 ; C e c í l i a , 9 7 ; C l e m e n t e M a r i a , 8 3 ;Dimas, 85; Geraldo Maje la, 95; Dominguinho, 94; Joana d 'Arc, l l9 ;João Nepomuceno,89; João Vian,ney,93; Mar ia Madalena, g2; Mar-garida de Cortona, 80; Pedro, 9l ; Perpétua; 8l; Quarenta Legioná-rios, 82; Rita, 9ô; Vicente Ferrer, 86.

Zëlo, de S. Paulo, 134; de S. Car los, 153. s

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Nola: Muitos exemplos,e meditados, poderão servirtério do narrador.

além das aplicaçires sugeridas, uma vez l idosa várias outras ,explicaqões, segundo o cri-

o. M. D. G.

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Page 281: Tesouros de Exemplos

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INDICE GERAL

1. Menina, levanta-te!2. O fi lho da viúva3. A cura de um criado4. Hoje entrou a salvação nesta casa5. O môço rico . .6. O cego à beira da estrada7. Sejamos retratos de Deus8 . O p a j e m s a l v o p e l a M i s s a . . . . . . ' .9. O menino que foi enforcado três vêzes

10. As missas pelo papai11. Uma missa, um cavalhei ro, um ret rato12. Bravos cruzadinhos (4)13. Cruzada e sacr i t ic io14. Visitando o Santíssi 'no15. Um menino distribui a Comunhâo16. Meninos mártires17. O primeiro mártiÌ*da Eucaristia18. A honra de ajudar à missa19. Jesus não ficará só20. Que é que pedes a Jesus?21. Quero ser padre!22. Dai-me Jesus e sere i boazinha . . . .23. Um mártir da Conlissão e da Eucaristia . . .24. A Comunhão dá fôrça25. O pão dos lortes26. A fôrça para o sacrifício27. O amor dos pequeninos (2) .28. A gravata branca29. Quero ir aonde está Jesus30. Num tribunal revolucionário31. Estou vendo os chineses32. S. Ceraldo e a Ettcaristia . .33. Novo Judas .34. O valor da Comunhão (2) .35. As crianças dão belos exemplos (2)36. O pastorzinho veio a ser PaPa37. Uma primeira Comttnhão e uma cura38. Não os a laste is dos sacramentos . . .39. Uma cura em Lourdes40. O rnêdo do coroinha

910l l1 21 31 51 61 71 8l 920212223242525272728293031323334

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279

Page 282: Tesouros de Exemplos

41. Êste menino será padre42. Amor de um velhinho . . . .43 . Senhora , sêde vós a minha mãe . .44. Não chores, minha mãe45. Diante da imagem de Maria46. Valor digno de imitação47. A devoção a Nossa Senhora (2)48. Um grande devoto de Maria .4 9 . O s d o i s s o l d a d o s . . . .50 . O sor r i so da Imacu lada . . . .51 . Não i re i dormi r em pecado52. Entre na minha guarita53. Um castigo e uma gtaça .54. Castigo de um estudante55. Deus me chama56. Um sacristão e uma voz misteriosa57. Salvo por Nossa Senhora58. Nossa Senhora e o famoso caçador5 9 . O r o s á r i o n o s p e r i g o s . . . .60. O senhor ama a sua mãe?61. A devoção a Mar ia dá va lo r62. Salvo pelo rosário63. ú l t ima Ave Mar ia , ú l t imo susp i ro . . . .64. Um pecador se converte65. Escaparam da gui lhotina66. Os três degraus da fôrca67. S . José e a p r imeì ra Comunhão68. A estàtuazinha de S. José69. A pomba mensageira de S. José70. S. José chama o padre para uma doente7 1 . S . J o s é e a s c r i a n ç a s ( 2 ) . . .72. Padroeìro da boa morte .73. Recuperou a vista74. Um lôbo que se torna cordeiro75. Padroeiro dos impossiveis . . .76. A casa da Sagrada Famíl ia77. O viajante e S. José78. S. José e o primeiro asi lado79. S. Paula80. S. Àitargarida de Cortona81. V isões de S. Perpétua82. Os Quarenta Legionários83. S. Clemente Maria84. S. Catarina de Gênova85. A vida lendária de S. Dimas86. Pregador que sacudia o auditório87. S. Cassi lda . . .88. S. Catarina de Sena89. O sigi lo da confissão (S. João Nepomuceno)90. S. Rita de Cássia

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Page 283: Tesouros de Exemplos

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91. S. Pedro, o Apóstolo92. S. Mar ia Madalena93. S. João Maria Vianney . . .94. Nunca pisarei em meu Deus95. S. Geraldo Majela96. O nigromante santo97. Histór ia ,de S. Cecí l ia98. Um pai bárbaro, uma fi lha santa .99. Demônios, Anjos e uma Santa

100. Um salto maravilhoso101. As horas são séculos102. As crianças e o Purgatório (3) .1 0 3 . M o r r e a m ã e ; a c r i a n ç a , n ã o . . . . . . . . .104. Devoção aos Santos Anjos .105. Quanto sofrem as almas106. Áti la e S. Leão107. Não teria sido um anjo?108. Inspiração do Anjo da Guarda109. Perdoar aos inimigos10. F i rmeza na fé11. Desi i le de presos12. Heroísmo de uma família

113. E ' Deus que me fa la1 14. O coração d,e ourol15. O tio Pedro assiste- às missões116. Histór ia de uma peneira117. Um monge e a spa cur ios idade .118 . F i l ha , t eu pa i es tá no céu . . .l l9 . O consolador dos que sofrem120 . Sou um assass ino ! . . . . .121. Deus recoÍnpensa os sacrifícios122. Oito cadár,reres123. Bai lando com o d iabo124 . Um p re fe i t o l i v re -pensado r . . . . .125. Olá! você virou carola?.126. A colegial que se converteu127. Como morÍe um vigário128. Olhai para o alto . .129. A menina Íezava pelos av iadores . . .130. Calvár io de uma mãe . .l 3 l . O consô lo de Lúc i f e r . . . . .132. Sempre mais .133. Casto. . . sem re l ig ião?!134. Diálogo com S. Paulo .135. Um mentiroso cruel .13ô . O punha l da impureza . . . .137. D. Bosco confessa um de{unto . . . .138 .O f i l óso fo e o ba rque i rol 3 9 . O s o l d a d o e o ô v o140. Por que devo solrer tanto?

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Page 284: Tesouros de Exemplos

l 4 l . A con f i ança recomp€nsada . . . . . . .142. Você tem razão143. O presente de Natal144. O sacrifício por Jesus145. Maçãs e rosas do céu146. Um instinto divino147. Beijar a mão do padre .148. Castigo do céu149. O respeito do imperadorl5O. Viva Cristo Rei151. Que lhe parece?152. Heroísmo de um ancião .153. S. Carlos e a epidemia154. Não quero quebrar o jejum155. Cortem-me a cabeça156. Os Santos e a caridade (2)157. . . . sa iu tosquiado158. Cast igue-me! . .159. Na minha fábrica não se trabalhará ..160. Conta um Miss ionár io . . . .l6t. Como êle meditava na morte162. O mundo perverte163. Queria morrer mártir .164. Amor aos enfermos165 . Tens o nome de c r i s tão . . : . . . .166. O que faltava era a humiïdade ..167. Beijou as mãos de S. Domingos

l5 l152153153144155156r56r57r57r58159r60161161r62163163164164165165166166r67167168

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168. Aquêle fuso f loresceu . . . . 168169. Sófocles e seus fi lhos . 169l 7 O . Z o m b a v a d e N o é . . . . . . . . 1 6 9171 . Fasc inado pe lo d inhe i ro . . . . . . . . 170172. A voz do sangue cristão l7l1 7 3 , E ' ê l e , é a v i d a . . . . . . . , . l 7 l174. Agora és muito rico 1721 7 5 . S . C l a r a e o s s a r r a c e n o s . . . . . . . . . . . . 1 7 2176. A recompensa da esmola 172177. S. Teresa e a secura 173178. O sinal da Cruz e as cruzes 173l?9. Coração apegado à terra 174180. Fazendo sentinela a lesus 115l8 l . E ' prec iso destru i r o i ídolos. 175182. Ficou a fôlha em branco 176183. Modéstia de S. Luís 176184. O vestido celestial 177185. O s inal da Cruz 178186 . C redo . . . eu c re io 178187. Miguel Ângelo 179188. Propósito inquebrantável .. 179189 . Os pa i s deseducam . . . . 180190 . V inham nadando . . ' ' . . ' ' 181

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Page 285: Tesouros de Exemplos

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191. Domingos Sávio ajuda à Missa .1 9 2 . S a c e r d o t e m á r t i r . . . . . . . .l?s. I lo" pelo céu (b) .. .194. Mãe, tenho dezesseis anos195. Duas morÍeram.. . sa lvou_se uma . .196. Tudo por Deus197. Uma última Comunhão no bosque1 9 8 . P r o f a n a ç ã o d a s f e s t a s . . . . . . : .199. Caíram mortos200. O tesouro da fé (2)201. Morto e condenado202. Vencido pela paciência de Deus203. Confiança na providência ..204. Pensai no vosso fim ...?O^1 I mundo é enganador206 . Cu idado com o mundo ! . . . .207. Não acreditava na alma208. Uma contrariedade que salva a vida .209. Dando a vida por suas ovelhas210. Um trabalho destruído, outro recompensado211 . A a lma oc iosa não en t ra rá no céu . : . . . . ,212. Quem se humi lha. . .213. O dom da iortaleza214. Como se converteu Luís Veuil lot215. O t rabatho inút i l2 1 6 . P e r d o a r u o r i n ì Ã i g o r ' . . : . . : . . . . : : : . . : . :2 1 7 . E s c o l h e i ! . . . . . . . : .218. A matdição de uma mãe . .

3i3?',#:;ï:":Íïïï;i"oi:: . : ,.2?! A oração nas tentações222. São e salvo no meio dos leões??1 9 temor do Juízo .224. A vitória será nossa .225. Anima vestra in manibus vestris .226. Cuidado com a alma .227. Yivia numa coluna228. Por que os padres não se casam229. Dois italianos e o vício Oe ütasiemar .230 . Deve p re fe r i r - se a t udo . . . . . . . .

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231. Supersticioso crueil l2_. U_na representação sacrílega233. Cortados os lábios

?1! .D_" onde fugiu o senhor??ll Ir tiro sacrílego236. Queria pô-las como flôres .237^. Caiu a pedra238. Vereis como isto pârat! .zJy. uompadecíam_se dêle

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Ì240. Cego pelo resto da vida

Page 286: Tesouros de Exemplos

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2 4 1 . N e g r o c o m o c a r v ã o . . . . . . .242. Expiação . . . .243. Jorge Washington244. O homem do fuzil245. Um m,enino herói246. Decorai êstes cinco pontos247. Primeiro irei à missa248. Por um pecado menos .249 . A á rvo re c resc ia . . . . .250. Sempre chegava tarde .251. Saíam da igreja252. S. Juliana253. Três Comunhões254. O que vale uma missa2 5 5 . P a i T o d o - p o d e r o s o . . . . . . : . . . .2 5 6 . M e u ú n i c o r e m é d i o . . . . . . : . . . . .257. Estou melhor258. Os dois vasos259 . Se rv ia -se dos men inos . . . . .260. Uma grandiosa procissão261. Poucas palavras262. Diante de uma imagem de Maria263. Estude meia hora menos .264. Uma bênção por telegrama . . . .265 . Sa ía sem esco l t a . . : . . . .2 6 6 . O i t o h o r a s p o r d i a . . . . . . . . *267. Um protestante2 6 8 . E m q u e t e o c u p a s ? . . . . . 1 . . . . .269. Aquêle é meu pai270. Guardâ-lo-ei como lembrança271. Deu-lhe a l iberdade272. S. Tomás Moro273. Castigo de um mau fi lho274. Quero ir com minha mãe275. S. Macrina276. Minha mãe era pobre .277 . Cu iava -o . . . . .278. Quanto custaste a teus pais?279. Esqueceria meus deveres280. O retrato do pai281. Os fi lhos de Teodósio282. Sentença severa283. Devorados pelos ursos .284. Salomão honra sua mãe ..285. Amor fi l ial .286. Cast igo sem precedente . . . .287. Faço um prato de pau288. Aonde ides? .289. Compra-o e assim terás dois290. Sei ser f iel

20620620720720720820820820820s2092092102142ro2112112112112122 1 22 1 22122132132132132142142142152152152162162162172 1 7217217218218218218218219219220220220

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Page 287: Tesouros de Exemplos

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291. Eu o ser,ei, mamãe 220292. Acontecimento {unesto . . . . Z2l293. Quem é êsse morta l? . . . . 221294. Servia-os êle mesmo Z2l295. Obediência ao mar ido . . . . Z2Z296. Influência da mãe 2Zz297. Destino de uma alma .298. Interessante elogio Íúnebre299. Achado funesto 2233 0 0 . A c a p a d e S . M a r t i n h o . . . . . . . . 2 2 3301. Justo remoÍso 224302. Maus conselheiros 224303. O melhor cilício . 224304. Fundamento do clever . 224305. Carlos Magno e os Mandamentos . 225306. Por ter quebrado um vaso 225307. És uma grande pecadora 2253 0 8 . D e u s e x i s t e . . . . . . . 2 2 6309.. Napoleão e Laplace 226310. A gratidão para com Deus . 227311. Amabilidades entre esposos 227312. Preferir um espôso religioso 277313. Trata afável entre esposos 227314. Não se deixe enganar pela formosura . . . . 228

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315 . O que os esp í r i t as de Íem sabe r . . . . . . . . ZZB i316. Por que era ateu . . 229 :317. Ocultara os pecafnn 229318. Duas classes de pessoas 230319. Já fêz a páscoa? . . . . 2303 2 0 . N ã o s a b e c a l a r . . . . . . . . 2 3 1321. Urna só bôca 231322. Cuardando silêncio 231323. Adulação exagerada 231324 . Não responde re i . . . . . . . . 231325. Diante de um quiosque . . . . 232326. Dois anéis . 232327. Terrível testamento 232328. Terrível castigo 2333 2 9 . U m a c o r o a d e o u r o e d i a m a n t e s . . . . . . . . 2 3 3330. Acho-o encantador 233331. Coisas piores . 233332. Cinco lrancos 234333. Perdoar334. Novelas se.n.u.ion.i, . . : . : . : : : : : : : : : : : : : : : : : : : . . . . : . : . : : . : : .335. Uma Íami l ia de homic idas . . . .33ô. Devo escolher as armas337. Ofício do diabo338. E' demasiado para uma cristã .339. O crucil ixo num espelho340. Caíram as armas

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Page 288: Tesouros de Exemplos

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341. O senhor mesmo o verá342. Castigo da iraiì43. Amor aos inimigos344. Batismo de sangue345. Quando mudarás de vida?346. A glória vã dêste mundo3 4 7 . E i s a q u i o s m e u s t e s o u r o s . . . . .348. Verdadeira caridade349. Pedir a vocação para os I i lhos .350. O padre não se casa351. Mães boas. f i lhos santos .352. Virtude da água benta .353. As ve las no d ia de S. Brás . .354. Virtude da medalha milagrosa355. Por que me condenaste?356. A confissão dá-nos a paz .357. ,Êle era descendente de macaco . . . . .358. Modéstia de um príncipe . . .359. A missa obtém graças360. Ouvia a missa de joelhos

361. E' preferivel a missa362. O segrêdo da confissão3ô3. Se não b ias Íemares . . .364. Pequenos exemplos (13) . .365. Savonarola e o carnaval366. O melhor carnaval3 6 7 . P r o f a n a ç ã o d a s l e s t a s r e l i g i o s a s . . . . . . . . . : .368. Eis o l ivro369. Vai e enterra-o!370. Aonde vais? .371. Enorme perda .372. A mão com que jurara

1173. Martír io de S. Canuto374. Não murmuraÍ375. Não t inha o necessário376. Como recebia as injúrias377. Ultraje castigado378. O castigo não se fêz esperar370. Heroína Chin,esa330. Respeito humano castigado381. Na lg re ja es tá a sa lvação382. O grande l i v ro . .3 8 3 . P e n s a v a n a m o r t e . : . . . . .38.1. Os santos perdoam . . .385. Resposta premiada386. O nràrt i lz inho de um bei jo387. Rei das nossas almas .388. O fato iala por si .389. Sacri légio descoberto390. Terrível remorso

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391. A saudação cristã . 257392. Uma boa lição Zb73 9 3 . U m a l u z s a í a d o t ú m u l o . . . . . . . . 2 5 83 9 4 . P o d e r d e S . J o s é . . . . . . . . 2 S g395. As sopinhas de Jesus 2ffi396. As pombinhas do Menino Jesus . 260397. A mão mais l inda . 2ú398. As rosas . 26l399. O orgulhoso não se ajoelha 262400. A morte nivela tudo4or. o rei Midas . . . : : : . . : : : : . : : : : : : . : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : f f i i402. Toma êste cálioe... enche-o de água zffi

4O4. Pobreza feliz .. , .d-''ã{iAO5 A lpnÃq do Fro i Dâ^^- ;^ " ' ' $ ' ç

1q. O gigante S. Cristóvão .. ?70407. As três tágrimas . &Zf,-

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OBRAS DE PALPITANTE ATUALIDADE:

A Família. Sua Origem e Evolução. Pelo Cgo. FlorentinoBarbosa. 320 pp. (Findo) Broclr.

A Reconstrução do Mundo. Anotações às ilIensagens de S. S.Pio XII. Por Guido Gonella. Tradução de Afonso J. Iìo-cha. 378 pp. (Frasco) Broch.

Bases de uma Ordem Social. Anotações às l\lensagens deS. S. Pio XII. Por Guido Gonella. 3M pp. '"

(Frasca) Brocb.Psiquiatria Pastoral. Pelo P. Paulo Lachapelle. Tradução do

P. Dinarte Passos C. M. 222 pp. (Fasto) Bloclt-O Carddal Newinan. Pelo P. Dr. i\t. Teixeira-Leite PrftÍdo.

222 pp. (Embu) BrccÌrO Itinerário Místico de São João da Cruz. Pelo P. Dr. M.

Teixeira-Leite Penido. 256 pp. (Alne) Brcch.História do Povo de Israel. Pelo P. Américo- Ceppi S. S.

352 pp. (Slori) Brocb.Apontamentos de tlistória Eclesiâstica. Por D. Jaime de

Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro.392 pp. (Mirti) Enc.

Frri Dagoberto

(l\Iaci) Euc.(Mafa) Enc(NÍapu) Euc-

Compêndio da História da lgreja. PorRomag O. F. l!Í. 3 vols.Volume I: Antiguidade Cristõ. 315 pp.Volume II: A lãade \Íédia. 356 .pp.Volume tII: A Idade Moderna. 385 pp.

Dicionário Litúrgico. Por Frei Basilio Rõwer O. F. M. S edi-ção. 233 pp. (Fane) Broch. - (Fala) Enc"

Problemas do Catolicismo Contemporâneo. Por l\IesquitaPimentel. 336 pp. (Falce) Broch.

Catecismo Romano. Tradução de Frei Leopoldo Pires NIar-tins O. F. l\I. 734 pp. (l\Íilta) Enc-

Iniciação Teológica. PeÌo P. Dr. lI. Teixeira-Leite Peuido.I. O Mistério da Igreja. 4(D pp. (Nlacu) Broch.II. O i\Íistério dos Sacramentos. 480 pp. (i\Iarte) Broch.

O Conflito Maçônico-Religioso de f8?2. -Por

Ramos de Oli-veira. 240 pp. (Fade) Broch.

Os Jesuítas de sua origem aos nossos dias Por HenriqueRosa .S. J. Pieparada e completada até 1951 por P. -Fèr-nando Pedreira de Castro. 480 pp. (Mága) Brpch.

História Literária das Grandes Invasões Germânieas. PorPierre Courcelle. Tradução de Frei Evaristo Paulo ArnsO. F. II. 352 pp. (Fanga) Broch.

Compêndio de Teologia Pastoral (oferecido aos Seminaris-tas do Brasil pelo Cardeal Jaime de Barros Câmara, Ar*cebispo do Rio de Janeiro). 400 pp. (Mani) F.nc"

Palavra telegráfica dêste volume - MIVA Broch.