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Esse Livro conta umpouco da história do igreja metodista no alto da bondade olinda
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1
Testemunho e Missão Retalhos de experiências de vida de membros da Igreja
Metodista em Alto da Bondade
2010
PR : Ivan Carlos Martins e Jane Menezes Igreja Metodista em Olinda Alto da Bondade
1/4/2010
2
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO 03
1. O BAIRRO 04
2. UM POUCO DA HISTÓRIA 05
3. CAMINHOS E CAMINHADAS 12
4. NOVAS CRIATURAS?
O QUE MUDOU NA MINHA VIDA? 42
5. PASTORES E PASTORAS 64
CONSIDERAÇÕES 67
3
APRESENTAÇÃO
Há alguns anos surgiu casualmente a idéia de escrever a
história da Igreja Metodista em Alto da Bondade. Amadurecendo
a proposta, chegamos às seguintes conclusões: deve ser escrita
pelas pessoas; e a partir da história de vida delas. Então,
contando suas experiências de vida, as pessoas partilhariam seus
próprios testemunhos, e conseqüentemente, o encontro com
Deus e a relação com a igreja.
À medida que nos aproximamos uns dos outros e das
outras, através de atividades de convivência, encontros de
comunhão, e especialmente do momento da partilha nos grupos
de discipulado, descobrimos a beleza e a riqueza de cada pessoa,
de como estamos tão próximos e tão distantes; claro que
experimentamos o desafio de conhecer e permitir-se ser
conhecido e conhecida.
O que está escrito nessas páginas é apenas parte das
histórias de vida, redigidas ou ditadas pelas próprias pessoas.
São testemunhos comoventes! Pessoas reais, cada uma com sua
experiência de vida Louvado seja nosso Senhor por elas que
abriram seus corações permitindo falar e ouvir e que
experimentam diariamente a presença consoladora do Espírito
Santo. Acreditando que o que segue edificará sua vida,
4
Carinhosamente,
Rev. Ivan Carlos Costa Martins.
O BAIRRO
1.1 O começo
(Entrevista com Manoel Correia da Silva em 2006)
Alto da Bondade fazia parte de Águas Compridas. Havia
muitos sítios e muita plantação de macaxeira. Poucas casas e
muitas árvores. Aos poucos, pessoas que moravam em Águas
Compridas e tinham sítio no Alto da Bondade foram casando os
filhos e fazendo casas para eles nos seus terrenos. Tinham
muitos pés de manga e jaca. Aos poucos foi ficando habitado. A
ladeira não era calçada e os ônibus subiam com dificuldade. Em
1986 começaram a fazer o calçamento e foram construídas
tantas casas que o terminal do ônibus mudou para frente do
campo do Atlético, que era o time de futebol do bairro e jogava
onde hoje tem a caixa d’água da COMPESA.
Também em 1987 começaram a aparecer as galeras. Jovens
desempregados que se juntavam em grupos e eram usados por
traficantes para o consumo e o tráfico de drogas iniciando um
tempo de violência e insegurança. Antes o Alto era mais
5
tranqüilo
1.2 Atualmente
(Inácio Luiz Bezerra. 10.06.06).
Agora vou falar um pouco onde é localizado o Alto da
Bondade. Fica na periferia de Olinda onde residem
aproximadamente 20 mil habitantes. A comunidade é formada
por Escolas do Estado e do Município e temos várias igrejas
Evangélicas, uma capela católica, centro espírita e de Umbanda.
Temos um comércio formado por pequenos e médios
comerciantes. Existem quatro Postos de Saúde servindo à
comunidade em situação muito difícil por falta de recurso dos
governantes e com isso sofrem as pessoas que procuram se
beneficiar desse serviço. A segurança não é diferente. Na
comunidade não existe nem um núcleo policial que a população
possa procurar para pedir ajuda no momento da violência,
quando acontece um assalto ou morte, o que deixa a
comunidade apavorada por não ter a quem pedir ajuda.
Para sobreviver, muitas famílias trabalham em outros bairros. Os
comerciantes da comunidade são mais ou menos 20% da
população. Com relação aos meios de transporte,
6
temos uma empresa de ônibus que faz quatro linhas e
estamos trabalhando pra criar mais um roteiro que possa
beneficiar as pessoas que se deslocam para seus trabalhos.
Quero dizer que em anos passados, de dez a quinze anos, já
foi muito mais difícil. Vários grupos, tanto religiosos como
comunitários, deram-se as mãos e foram à luta, conseguindo
trazer vários benefícios para a comunidade. Temos hoje duas
creches (sendo uma da Igreja Católica) e a da Igreja Metodista
onde já chegamos a atende mais de 150 crianças. Sabemos que é
muito pouco para uma comunidade de mais de 20 mil pessoas,
mas estamos dando graças a Deus por fazer a nossa parte como
cristãos.
Se cada pessoa deixasse de pensar em si próprio para pensar no
seu próximo seria mais fácil de construir uma comunidade onde
todos pudessem ter uma vida digna, sem preconceito, sem
violência, sem discriminação. A vontade de Deus é que todos nós
tenhamos uma vida de paz uns com os outros. Só podemos ter
uma paz assim quando a comunidade deixar de destruir a si
mesma e a natureza. Ai poderemos ter uma paz com Deus e
comunhão com todas as pessoas que lutam em benefício de um
mundo melhor. Estamos vivendo em um tempo onde o homem
não pensa mais no próximo. Tudo o que quer é ter mais e mais
riquezas materiais, esquecendo os mandamentos de Deus de
não construir tesouros na terra porque tudo aqui é passageiro. A
maior riqueza está preparada para aqueles que procuram
7
fazer a vontade de Deus, deixar tudo e segui-lo.
Hoje isso não é fácil porque tem muitos ensinamentos levando
muitas pessoas a se incluir com as coisas que lhe oferecem. É
necessário termos muito cuidado para não cair
nenhum. Devemos ter conhecimento daquilo que
queremos para não destruir, mas para ajudar a construir vidas
daquelas pessoas que tanto sonham com justiça, enquanto
pessoas morrem, inocentes pagam por um crime que não
cometeram e os criminosos ficam impunes. É hora de cada
pessoa dar as mãos para construir um mundo em que podemos
viver sem guerra
8
UM POUCO DA HISTÓRIA
2.1 Início da igreja local
(Jane Menezes Blackburn)
Em 1984 uma jovem que morava no Alto da Bondade
chamada Raimunda começou a freqüentar a Igreja Metodista em
Caixa D’Água. Neste mesmo ano, por conta das chuvas fortes,
caíram algumas casas e a Igreja Metodista em Caixa D’Água
conseguiu um projeto para distribuição de cestas básicas para 40
famílias no Alto da Bondade. Paralelamente ao cadastramento
das famílias e distribuição das cestas básicas, um grupo de leigas
liderado pela irmã Severina Roberta começou um trabalho de
evangelização na comunidade.
Eram realizadas visitas e cultos em frente à casa de Socorro,
madrasta de Raimunda. Socorro tinha dois filhos e doze
enteados/as. As famílias que recebiam as cestas básicas e
algumas outras que não recebiam, participavam dos cultos. Os
cultos eram animados e contava com a presença de um grande
número de crianças.
Em 1985, com a mudança do pastor em Caixa D’Água,
houve uma reorganização dos ministérios e um irmão ficou
responsável pelo ponto missionário em Alto da Bondade.
Terminando o período das cestas básicas, poucas pessoas
participavam dos cultos e as visitas e atividades se tornaram
menos freqüentes.
Em 1986, um terreno havia sido comprado para a
construção de um templo e duas mulheres com seus filhos e
9
filhas mantinham o compromisso com a Igreja. Houve a
nomeação de um pastor para assumir o trabalho. A família
pastoral adquiriu uma casa e mudou-se para a comunidade.
Eram realizadas visitas, estudos bíblicos nas casas juntando
algumas famílias e
cultos e Escola
Dominical ao ar livre,
inicialmente em
frente à casa de
Socorro e depois no
terreno da Igreja
O pastor cavou um
buraco na esquina do
terreno e colocou um
pedaço de cano de PVC de 100 mm que era usado para segurar
de pé, um poste de madeira com uma instalação improvisada
com um fio longo e uma tomada que era ligada na casa de Lulu
(Luzinete Severina da Conceição). O poste ficava guardado no
oitão da casa desta família e o pastor trazia de bicicleta uma
caixa de som e um microfone para realizar os cultos. Assim
tínhamos luz, som e a cada dia crescia o número de pessoas que
participava. A Escola Dominical continuava ao ar livre e as
crianças desenhavam, faziam colagens e outras atividades
usando um pedaço de
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alcatifa que alguém havia doado. Nascia o sonho de
construção de um Templo.
Como a maioria das mulheres que participavam da igreja
trabalhava como empregada domésticas, faxineira, vendedora
de rua etc., e assim deixavam as crianças em casa com a maior
cuidando das menores, a necessidade de proteção dessas
crianças era gritante. No tempo das conversas para planejar a
construção aconteceu um acidente com uma das crianças. Uma
criança de 11 anos que cuidava de uma de 02 fez o seu mingau e
colocou a panela em cima da mesa enquanto esfriava. A criança
de 02 anos tentou alcançar a panela que virou provocando uma
queimadura numa área grande do abdômen. Isto deu ênfase a
uma discussão que já vinha acontecendo sobre a segurança das
crianças e houve uma decisão de começar a construção de uma
sala que serviria de creche para cuidar das crianças durante o dia
e seria usada para os cultos, oração, estudos bíblicos e escola
dominical nos outros horários. O Templo seria construído mais
tarde. Como havia um grande número de desempregados
participando da Igreja, junto com a creche foi iniciada uma
marcenaria comunitária com o objetivo de geração de renda com
a experiência de grupo com vivência e reflexão dos princípios
cristãos. O primeiro serviço dos/as marceneiros/as foi a
confecção dos beliches para o CEMEAR, o acampamento da
Igreja Metodista em Araçoiaba que estava se estruturando.
11
Mesmo assim, o sonho do Templo estava bem presente no
coração da Igreja e durante muitos meses o pessoal apresentou
propostas de modelos e projetos de como levantar dinheiro
chegando a um consenso de que a Igreja seria redonda para
simbolizar a vida comunitária e teria símbolos do cristianismo
antigo para simbolizar a fidelidade ao seguimento de Cristo.
Foram feitos contatos com as forças organizadas na
comunidade como Igrejas, grupo de dominó, grupo de mães,
Associação de Moradores etc. para pensar na realidade do bairro
e como responder a elas. A campanha mais marcante foi a da
luta pela água junto à COMPESA e pelo calçamento. Algumas
experiências interessantes aconteceram como um grupo
ecumênico que se reunia uma vez por mês na casa dos
participantes para comer junto, ler a Bíblia, orar e pensar na
realidade do bairro. Este grupo tinha participantes da Igreja
Batista, Assembléia de Deus, Presbiteriana e Católica. A Igreja
tinha uma expressão na comunidade, e um programa na rádio
comunitária de 5 minutos diários fazia com que a gente pudesse
escutar às vezes no ônibus pessoas discutindo ou comentando
sobre o conteúdo desses programas. Em 1991, quando a
Associação de Moradores ia realizar a eleição de sua diretoria e
havia muitos conflitos, eles decidiram pedir ao pastor para uma
equipe da Igreja presidir as eleições para garantir que não
haveria fraude.
12
CAMINHOS E CAMINHADAS
3.1 Foi Deus quem me trouxe aqui!
(Antonia Bernardo Alves 19.09.2008)
Eu cresci num sítio perto de Passira (perto de Limoeiro) e a
minha vida foi dura com muito trabalho na roça e pouca
conversa e brincadeiras. Quando eu tinha 15 anos fugi de casa
com um namorado com quem morei muitos anos e tive 18 filhos.
Tem sete deles vivos e os outros morreram bem pequenos. Tive
uma menina e ela morreu quando eu já morava aqui no Alto e a
Igreja me ajudou muito. Pedi muito a Deus e ele me deu mais
duas meninas porque antes eu só tinha filho homem. Trabalhava
na cana de açúcar e sofria muito e foi ai que meu marido decidiu
que a gente vinha morar no Alto da Bondade. Saímos da Usina
sem dinheiro, sem emprego e sem casa pra morar.
Chegamos meia noite num caminhão com as coisas da gente e
batemos na porta de um sobrinho do meu marido que morava
aqui. Eu nem conhecia Maria, a mulher des
13
desse sobrinho do meu marido. Eles receberam a gente
com alegria, colocaram um tapete no chão e nós todos
dormimos ali e passamos vários meses com eles.
No Alto da Bondade não tinha água nas casas e todos os dias eu
juntava os meus meninos e os meninos de Val [Genival] e Maria
e ia buscar água. O pastor David foi me visitar e eu era muito
envergonhada. Ele me convidou para ir ao culto e numa das
visitas perguntou se eu queria aceitar Jesus na minha vida. Aí, eu
falei com ele que fumava e sabia que Jesus não gostava daquilo.
Ele falou que era pra eu ir assim mesmo e que eu ia deixar de
fumar com a ajuda de Jesus. Fui ao culto e quando o pastor fez o
apelo eu levantei a mão. O povo da Igreja me abraçou e eu me
senti bem. O pastor me ensinou a orar toda vez que eu tivesse
vontade de fumar. Tinha um culto de oração nas quintas com as
pessoas que queriam largar os vícios. Um dia o pastor me disse
que quando eu tivesse vontade de fumar procurasse um lugar
onde Deus não esteja. Ai, eu perguntei: pastor, o Sr. Não disse
que Deus está em todo lugar? O pastor riu e falou: então, Toinha,
você não pode fumar porque não vai encontrar nenhum lugar
onde Deus não veja o que você está fazendo e isso é com fumo
ou com qualquer coisa errada. Fiquei pensando no que ele me
disse e não fumei mais. Quando tinha vontade, eu orava: “Com
Deus na minha frente, a cada dia, eu vou vencendo sempre”. Isso
me dava força e eu parei esse vício que eu tinha desde pequena.
Outras coisas
14
que eu fazia também deixei. Meu marido era violento e
quando a gente brigava, ele me batia e eu puxava faca pra ele
também para ele parar de me bater. Depois que eu entendi que
Jesus gostava de mim falei com ele que ele não ia me bater mais
e ele parou e eu parei de falar os palavrões e puxar faca pra ele.
A Igreja construiu uma casa e a gente foi morar nela.
Depois arranjamos um emprego numa granja e trabalhamos
muito lá. Eu vinha pra Igreja a pé e era longe. O dono da granja
pediu a casa e pagou a gente um dinheiro que deu pra comprar
um terreno. Construí a minha casa devagarzinho e a Igreja me
ajudou muito. Hoje moro no que é meu e foi Deus quem me
trouxe para cá para eu ser feliz.
3.2 Minha caminhada
(Inácio Luiz Bezerra. 31.05.2006.)
Eu estou contando a história da minha caminhada como
membro da Igreja Metodista em Alto da Bondade.
Antes de morar aqui, eu morava em uma cidade vizinha
chamada Paulista. Foi quando em 1989 a minha irmã Maria de
Fátima e Genival Aureliano de Farias, meu cunhado, fizeram um
convite para eu me mudar e vim aqui para o Alto. Isto foi no dia
04 de fevereiro de 1989. A minha família é formada por Regina
15
Maria Bezerra, esposa, e filhos: Izaías
Luiz Bezerra, Israel Luiz Bezerra, Rubenita Maria Bezerra e
Rosângela Maria Bezerra. Passamos a morar na casa da minha
irmã por um período de 06 meses. Neste período, numa
marcenaria comunitária que faz parte da igreja, funcionava um
projeto financiado pelo Governo do Estado para que o grupo
pudesse fazer os bancos dos Colégios que pertenciam ao Estado.
Este grupo era formado por homens, mulheres e jovens da
própria igreja.
Agora eu vou falar de como nasceu a Igreja. Quando
cheguei em 89, irmãos da igreja de Caixa D’Água já tinham
começado os trabalhos, só que na casa de uma irmã e muitos
trabalhos eram realizados debaixo de um poste no meio da rua.
Depois compraram um terreno para construir um Templo, só que
em vez de construírem o Templo, por ser uma comunidade
muito carente e muitas mães de família participarem da
comunidade cristã, se reuniram e construíram uma creche para
dar mais segurança às suas crianças.
Quando as mães saíam para
trabalhar não tinham com quem
deixar seus filhos. Interessante é
que durante o dia funcionava a
creche e à noite era usada para as
atividades da igreja. Neste período
tínhamos como pastor o David e sua
família: Jane Menezes, Ricardo e
Daniel. Eles deram a maior força
para tudo
16
acontecer só que em 1992 um acidente ceifa a vida do pastor.
Foi um momento muito difícil tanto para a família como para a
igreja, mas Deus enviou um grupo de irmãos que vieram dos
Estados Unidos e deram também a sua contribuição junto com a
equipe que já tinha começado a construção do Templo.
Quem começou foi Genival, Estevão, Manoel, Sebastião,
Manoel Francisco. Depois de várias reuniões chegamos a uma
decisão de como seria a forma do Templo. Esses blocos que
foram usados para fazer o Templo foram feitos na própria
comunidade por membros da própria Igreja, hoje com mais de
18 anos. Passaram vários pastores e cada um deu a sua
contribuição e foram para outras comunidades e nós ficamos
para dar continuidade a caminhada da igreja.
Hoje com o apoio do Pr Ivan e dos grupos societários
estamos fazendo com que aconteça os trabalhos da igreja
durante a semana. Também temos funcionando a Creche
atendendo mais de 50 crianças com idade de 2 a 6 anos. Essas
crianças são da própria comunidade.
Hoje eu me sinto uma pessoa quase realizada porque a
igreja confiou em mim para que eu fizesse o curso de evangelista
e com este curso eu pudesse ajudar mais na caminhada da igreja.
Sinto que o que eu tenho feito tem sido muito pouco. Preciso
pedir a Deus sabedoria para que junto como todos aqueles que
acreditem no chamado de Deus para a sua obra, possamos
ajudar na construção do reino de
17
Deus entre nós.
Para isso é preciso que cada um pegue a sua cruz e siga,
como disse Jesus. Para se tornar um verdadeiro cristão é preciso
seguir este mandamento de pegar a cruz e seguir e quando cada
um e cada uma tomar essa consciência vai ficar mais fácil do
reino de Deus ser construído no meio de nós. O desafio está
lançado e cabe a cada um fazer a sua parte para o evangelho ser
transmitido a todas as criaturas e alcançar as pessoas que
precisam ser evangelizadas.
Para cada um de nós essa é a vontade de Deus que é boa e
agradável.
3.3 Como tudo começou
(Sueleide Aquino de Lira. 10.05.07)
Quando era criança freqüentava a Igreja quase ou praticamente
obrigada. Por ser pequena não podia ficar em casa só; tinha que
acompanhar mãe na caminhada da igreja
18
crianças, sem esquecer do grupo de coreografia dos jovens.
Comecei a ir a capacitações, encontros, a freqüentar a
Escola Dominical, grupo de jovens, estudo bíblico, oração e tudo
o mais que tinha na Igreja. Comecei a me tornar uma pessoa
“melhor”. Compreender melhor as coisas, as pessoas, a ter
opinião própria. Passei a ser uma nova Sueleide!
Mas, ai acontece uma briga com o pastor e o grupo de
coreografia, mais uma vez decidi sair da Igreja, mas foi uma
decisão que só ficou na teoria. Pensei: Se sair da Igreja o que eu
vou fazer?
Não saí da Igreja, ao contrário, consegui convencer mãe a
voltar a Igreja, junto com ela, Taynã e outras crianças com a idéia
de: a igreja é o melhor lugar. Além dos amigos, temos os
encontros, daí podemos conhecer outras pessoas.
Depois de alguns meses tornei-me professora de Escola
Dominical. Fiquei muito insegura, mas as pessoas sempre me
encorajaram. Percebi que estava me tornando uma pessoa
responsável e até um pouco mais decidida com a vida (com o
meu futuro).
Como professora, sempre me estressei muito, mas quando passo
na rua e até na igreja e uma criança aparece e me dá um abraço,
aí paro e penso, o estresse recompensa, tento acompanhar cada
criança e dar atenção àquelas que como eu ia para a igreja
obrigada. Hoje as minhas primeiras crianças estão maiores que
eu, e infelizmente não estão na Igreja. Queria poder acompanhá-
las também na juventude
19
Houve dias na minha caminhada de poucos anos que eu não
conseguia entender, porque de repente o melhor lugar do
mundo tornou-se um lugar chato, sem graça, quase vazio. Sem
perceber (ou não queria enxergar), estava me afastando das
pessoas, com vontade de deixar tudo por causa de todas as
coisas (brigas para ser mais exata), desde que assumi o
compromisso com Deus, lutei para ver a comunidade crescer,
mas com essa idéia me decepcionei muito. Um dia estava certa,
já que a Igreja só tem metade das pessoas, metade do pastor e
metade da atenção necessária, eu não quero ficar só nessa de
tentar fazer a Igreja ser completa. Já tinha pegado as minhas
coisas que deixava guardada na igreja quando duas pessoas
vieram falar comigo (eu não esperava nunca por isso); a primeira
pessoa não tão próxima de mim disse que estava preocupada,
estava vendo que eu andava triste e conversamos um pouco,
mas me deixou mais animada, só que eu já estava decidia e não
pretendia voltar atrás na minha decisão. Dias depois a segunda
pessoa bem mais próxima de mim sem perceber me fez pensar
em minha vida fora daquele lugar tão sonhado. Fiquei com um
nó na garganta e conversei muito com essa pessoa e disse que
estava disposta a deixar tudo, só que ai eu resolvi para pra
pensar: como as crianças vão ficar? Eu não posso fazer isso com
elas! E as adolescentes? E a EBF? O cultinho... De repente tentei
me imaginar sem todas aquelas coisas que faço com prazer na
igreja. Conversei com a pes soa, mudei de opinião ao perceber
que tudo o que faço já faz parte de mim. E “provavelmente não
poderia viver sem essas pessoas”.
20
Nesse meio tempo ouvindo um estudo sobre a graça de
Deus, percebi que uma das melhores decisões da minha vida eu
já tinha feito, já que Deus me dá a sua infinita graça de graça, o
mínimo que eu posso fazer é contribuir e tentar retribuir a Deus
tudo ou quase tudo que ele me dá.
Com seis anos de caminhada chego à conclusão que apesar
dos acertos e desacertos da igreja, lá ainda é o melhor lugar para
se viver e ter amigos/as com quem podemos contar a qualquer
hora e pra qualquer programa.
Agora quando sinto que “to” perto de estresse ou crise ou
desanimada eu me lembro da graça de Deus e de suas
promessas de que sempre estará conosco!
PS: Na Igreja, junto com as pessoas pude conhecer um novo
Deus, um Deus que não castiga que perdoa que ama que anda
sempre com a gente, que quer o nosso bem, um Deus que
valoriza as pessoas não importa se é rico ou pobre, preto ou
branco. Agora conheço um Deus de amor! Um Deus cheio de
misericórdia com os seus filhos e filhas. Sou grata à Igreja
Metodista por me ajudar a ser quem sou e como sou.
21
3.4 Minha participação na Igreja
(Regina Maria Bezerra 04.09.2008)
Eu sou Regina. Vou contar um pouco da minha história e de
como me tornei metodista. Antes, eu e minha família,
morávamos em Mirueira por mais de vinte anos. Depois,
passamos a morar em Jardim Paulista, um bairro próximo a
Mirueira. Moramos uns 15 anos em Jardim Paulista. Eu sou
casada a trinta e dois anos, tenho quatro filhos, dois filhos e duas
filhas, e sou avó de cinco netos, três meninas e dois meninos. A
minha cunhada já morava aqui no Alto da Bondade e fazia parte
da Igreja Metodista. Todas as vezes que ia a nossa casa falava
muito da Igreja e nos convidava para vir morar aqui.
Nós pensamos muito antes de vir. Vendemos nossa casa,
compramos uma aqui na Rua da Linha e visitei a igreja. Desde
1992 me tornei membro e agradeço muito a Deus por ter nos
enviado para o Alto da Bondade. Hoje sou feliz. Trabalho na
Creche, gosto do que eu faço e tenho certeza que Deus vai me
dar muita vitória aqui porque Ele é fiel nas nossas vidas. Ele é fiel
conosco e nós queremos ser fiéis com Ele.
22
3.5 A minha vida inteira.
(Dulcinea Bezerra. 30.03.06)
Neste caderno, eu, Dulcinea, conto sobre a minha vida inteira.
Primeiro sobre o meu nascimento. Quando eu nasci, minha mãe
morava com meus avós porque meu pai tinha outra mulher e
minha mãe não sabia que ele era casado e tinha outros filhos.
Minha mãe teve dois filhos com meu pai. Éramos meu irmão e
eu, que somos filhos do mesmo pai. O meu pai gostava muito do
meu irmão. Ele trazia brinquedos para ele e roupas; trazia para
minha mãe coisas e dava dinheiro a ela. Ele vivia viajando muito
e trabalhava fora. Quando minha mãe disse para ele que estava
grávida de mim ele começou a demorar mais viajando e passava
3 meses fora de casa e quando eu nasci ele tinha chegado da
viagem e depois continuou a viajar pelo mundo a fora. Na última
viagem dele eu tinha dois anos de idade e ele foi e não voltou
mais. Eu cresci sem conhecer meu pai que me fez. Meus avós
ajudaram a minha mãe a criar os dois filhos dela. Meu irmão foi
registrado com o nome do meu tio que era casado com a irmã da
minha mãe. Eles ajudaram minha
23
mãe neste ponto. Eu fui registrada como o nome dos meus
avós. Meus avós gostavam muito de nós. Quando meu avô se
separou da minha avó, a gente passou muita fome. Eram 10
pessoas dentro da casa da minha avó. Eu já tinha doze anos.
Minha mãe não tinha estudo, era analfabeta e não tinha
trabalho. Lavava roupa para as pessoas e quando era tempo de
chuva ela não ganhava dinheiro para comprar comida.
Minha mãe às vezes encontrava galinha de macumba a
trazia para casa. Outra vez, minha mãe trabalhava num bar e
trazia comida para os cachorros e a gente era quem comia a
comida dos cachorros pra não morrer de fome.
Minha mãe conheceu uma senhora que se chamava
Terezinha e esta mulher gostou muito da minha pessoa e pediu
para minha mãe para deixar eu ir morar com ela porque ela não
tinha filha, só dois meninos e minha mãe deixou eu ir morar com
ela.
Fui trabalhar na casa desta senhora e só ganhava roupa e
comida e dois cruzeiros para levar para a minha mãe e não era
sempre que isso acontecia. Mas, foi na casa dela que eu aprendi
a ter responsabilidade. Aprendi a ler e a escrever e só estudei até
a quinta série primária. Meu irmão continuou ao lado da minha
mãe e ficou homem, casou e teve uma filha. Depois que a minha
mãe morreu a gente ficou sem pai e sem mãe e sem os avós
também. Meu irmão se separou da mulher e ficou bebendo
todos os dias até que
24
ele ficou louco e por causa desta coisa ele morreu com 29 anos
de idade. Meu irmão era muito bonito e inteligente, mas era
fraco e não conheceu Deus que é nossa força. No dia em que
meu irmão morreu, eu tinha uma quantia guardada que um
homem me deu umas jóias para vender para ele e depois vinha
buscar o dinheiro. Só que com este dinheiro eu fiz o enterro do
meu irmão, mas este homem nunca mais apareceu até hoje. Foi
Jesus quem me ajudou.
Eu passei 15 anos com Terezinha e só sai da casa dela porque
conheci um homem que tinha 35 anos e eu tinha 28. Quando ele
perguntou se eu vinha embora com ele para a Bahia, eu respondi
que sim. Isso foi no dia 31 de dezembro de 1980. Tive meu
primeiro filho no dia 10 de agosto de 1982, na terça feira, as seis
e meia da noite na maternidade que fica em Brota, na Bahia.
Meu filho nasceu de 7 meses, pesou 2,450kg e altura de 44cm.
Meu segundo filho nasceu em 1984 na mesma maternidade.
Pesou 2,750kg e altura de 44cm. No dia 24 de novembro, no
sábado, as 10 e meia da noite. Minha filha nasceu no dia 18 de
abril de 1987, as onze e meia da noite, num sábado. Na
maternidade da Encruzilhada no Recife. Quando eu tive minha
filha, meu marido estava desempregado e nós morávamos num
quarto alugado. Estava quase caindo, mas passei 8 meses
morando lá com meus filhos. Meu marido bebia muito, batia nas
crianças e era porque a gente não tinha o conhecimento de
Deus. Depois fui morar com a minha cunhada, mulher do
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meu irmão, mas só Deus sabe o que passei. Fui trabalhar na
casa de família para alimentar meus filhos e ajudar em tudo que
eu pudesse.
Passei 3 meses e depois minha cunhada e os filhos dela
diziam coisas ao meu marido. A gente não suportava mais e
conheci um homem que queria ser vereador no Alto da Bondade.
Ele deu ordem para nós morarmos em uma casa velha que
estava quase caindo que era de um policial. Passei oito meses
morando nesta casa. Quando o policial soube veio na casa falar
com o meu marido. Eu disse para ele que nós não íamos ficar
com a casa que é dele. Mas, ele olhou para mim e disse fique na
casa até Deus dar uma casa para a senhora. Deus realizou o meu
sonho e deu minha casa, onde eu e minha família moramos até
hoje. Faz 18 anos que moramos nela. A casa fica no Alto da
Bondade, na Rua Lírio dos Vales, nº 155, Passarinho, Recife.
Quando eu nasci, foi no dia 12.07.1952 em águas Compridas,
Olinda, quem fez o parto da minha mãe foi uma parteira
chamada Marta. Quando passei a morar no Alto da Bondade, as
coisas começaram a melhorar para a minha família.
Meus filhos foram para uma Creche na Igreja Metodista durante
o dia inteiro. Entravam as 7h30 e saiam as 5h da tarde todos os
dias porque eu trabalhava em casa de família. Chegava na casa
da mulher às 8h da manhã e chegava em casa de 5h da tarde e ia
buscar meus filhos na Creche. Nesta Creche conheci 3 pessoas
que me ajudaram muito
26
que são: Jane, Pastor David e Mirian. Através dessas
pessoas eu conheci o amor de Deus na minha vida até hoje. Sou
pobre, não tenho dinheiro, mas estou feliz porque estou
trabalhando no meio de muitas crianças. Esse trabalho foi Jesus
Cristo que me colocou na Creche onde meus filhos viviam lá
também. Por causa desta Creche eu comecei a visitar a Igreja
Metodista, eu e minha família. Todos nós fomos libertados. A luz
de Deus entrou em minha casa. Na creche que eu trabalho,
procuro ser amiga de todos e com as crianças, cuidar com muito
carinho. Na Igreja aprendi a perdoar as pessoas e a compreender
melhor.
Dentro do meu coração tem duas caixinhas. Numa fica o
amor de Deus e na outra a saudade dos meus pais. Quero secar a
caixa que fica com a saudade, tristeza.
Quando eu era criança sonhava em ser professora, mas não
tive condições. Mas, agora quero trabalhar para o meu Deus com
amor e paixão. Gostaria que a minha vida fosse como todas as
rosas do jardim, sempre belas e bonitas, felizes e sem uma
tristeza dentro do meu coração. Porque meu pai me abandonou,
eu era criança, uma menina sofredora, mas Deus sempre cuidou
de mim e de todos nós. Eu era criança e um dia meu irmão subiu
no pé de mamão e tirou um mamão e jogou para eu apanhar e
cai com mamão e tudo no chão e desmaiei porque eu era muito
magra e fraca. Também a gente brincava de pula corda, barra
bandeira, de boneca de pano.
27
Eu brincava de escola com meus primos e primas e só
queria ser a professora. Brincávamos de casamento de boneca,
eu e meu irmão. Nós éramos muito unidos. Nunca brigávamos.
Quando um garoto dava no meu irmão, eu pegava uma foice e
corria atrás para matar o garoto. Um dia quando eu tinha 10
anos, um primo disse que uma prima ia se casar com meu irmão
e eu peguei uma caneca de óleo e bati no rosto dele. Saiu muito
sangue e fiquei com muito medo.
Quando a filha da minha prima estava grávida eu passei 3
dias na maternidade com ela. Ela teve uma linda menina que se
chamou Nayara. Cuidei dessa criança e também a vi nascer e
fiquei muito feliz e contente. Ela nasceu no dia 6 de janeiro de
2002. Eu amo muito esta menina. Ela é importante e especial
para mim. No dia das mães ela fez uma flor no papel e me deu
com muito amor e carinho. Meu coração se encheu de paixão.
Que Deus a ilumine e abençoe todos os dias da vida dela.
Refletindo sobre a minha história, em 2007, perto do dia
dos pais, escrevi esta cartinha para ler na igreja:
“Querido meu papai,
Estou escrevendo esta cartinha com muito amor e carinho para
você, papai!
Estou pedindo a Deus todos os dias para eu encontrar com o
28
senhor. Papai, quando eu estava para ir para o ventre da minha
mãe Deus perguntou para mim se eu queria que você fosse meu
pai mesmo. Eu respondi que era o senhor. Ele disse que eu ia
sofrer muito porque o senhor não me amava e ia maltratar muito
a minha mãe, mas eu escolhi o senhor para eu amar e ser feliz ao
seu lado. Mesmo sabendo que o senhor não gostava de mim e de
minha mãe, mas Deus um dia vai transformar o seu coração duro
e fazer outro doce.
Pai, que Deus abençoe o senhor e lhe dê muito amor e
compreensão.
Da sua filha que não o conhece ainda e deseja ser amada pelo
senhor, pai.
Muitos beijos e carinhos!”
Dulcinea.
29
3.6 Acontecimentos marcantes
(Ana Paula da Silva. Maio de 2008).
Uma das coisas mais engraçadas que aconteceu na nossa
igreja foi um chá de cozinha para um pastor. Eu nunca tinha ido a
um chá de cozinha para um homem antes.
Os dois acontecimentos que mais me marcaram foram:
- O passeio para a praia de Mangue Seco porque lá
brincamos muito. Os pastores Ivan e Milton e outras pessoas
tentavam afogar todo mundo falando que era a brincadeira do
batismo e depois Rose e Dida fizeram o mesmo com o pastor
Milton empurrando ele apulso dentro da água.
- O nosso Retiro também foi muito legal. Divertimos-nos
muito e foi muito bom conhecer novas pessoas e aprender com
elas como é bom ter amigos, amar e ser amado, perdoar e ser
perdoado...
30
3.7 Algumas histórias
(Antonia Bernardo Alves 10.09.2008)
Uma vez eu estava na estrada no final da tarde, depois de
um dia pesado de trabalho e estava grávida. Tinha um enorme
feixe de lenha para levar para casa para cozinhar e estava muito
chateada e cansada. Achava injusto tanto trabalho e um marido
que bebia e comia do que eu trazia para casa. Algumas mulheres
que estavam comigo foram andando e cada vez eu me
distanciava do grupo e ia anoitecendo. Pedi a Deus que me
ajudasse e apareceu um homem num cavalo que teve pena de
mim e se ofereceu para levar a minha lenha no seu cavalo.
Aceitei e fiquei aliviada. Senti que Deus havia me ajudado e
depois de começar a participar da igreja compreendi o que
significava o texto que fala em carregar o fardo uns dos outros
baseada na minha própria história.
Também passei muitos anos tentando resolver a
documentação da compra da minha casa. O meu marido bebia
muito e, quando eu compreendi que tinha valor e que não
precisava continuar sofrendo violência e desrespeito, ele saiu de
casa. Com muito sacrifício eu comprei um terreno de uma
mulher que era viúva. A mulher estava ficando bem velhinha e
tinha um filho e eu tinha medo que se ela morresse o filho não
assumisse a venda do terreno e eu ainda devia uma parte.
Consegui com muita luta e apoio de pessoas da igreja, pagar o
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restante do terreno e pegar o recibo que garante a minha posse.
Construí minha casa aos poucos, ainda continuo a fazer melhoras
e no mês passado construí o banheiro. Sei que Deus me ajudou
todo esse tempo porque sem Ele não teria conseguido. Ouvi o
texto da viúva e do Juiz e compreendi que eu era como aquela
viúva que tanto insistiu que terminou recebendo a justiça para o
seu caso. Me sinto feliz e abençoada.
Outra grande bênção de Deus foi a minha aposentadoria.
Tenho erisipela há oito anos e assim não posso trabalhar. Meus
filhos não aprenderam muito na escola mesmo que estudaram
desde pequenos, mas tiveram dificuldade para aprender. Foram
criados numa situação de alimentação pouca e trabalho duro,
mas as duas meninas que já nasceram aqui no Alto da Bondade
estão na escola e aprendendo direitinho. O trabalho dos meus
filhos é de biscate como ajudante de pedreiro, lavando carros
etc. e eles trazem para casa o que conseguem. Mas não era
suficiente para uma família de oito pessoas. Depois de ir a
muitos médicos, uns humanos e outros que não me trataram
bem, fui encaminhada para uma junta médica e consegui me
aposentar no ano passado. Agora tenho a segurança de ter
comida na mesa todo dia para mim e para os meus filhos e sei
que tudo isso é porque Jesus cuida de mim.
32
3.8 Nova família
(Sebastiana 21.09.2008)
Eu, Sebastiana, sempre fui religiosa desde a minha infância.
Fui interna num colégio de freiras para que a minha mãe pudesse
trabalhar, pois tive um pai muito irresponsável.
Alcancei muitas bênçãos e continuo recebendo até hoje.
Tive uma vida muito sofrida, mas já faz três anos que eu conheci
uma nova família em Cristo e hoje sou mais feliz. Tenho tido
muitas vitórias e livramentos de Deus, tanto eu, como toda a
minha família. Tenho motivos para tristezas. Vivo triste com
problemas na minha família, meu filho que está preso, mas essa
tristeza agora é pouca, pois sou mais confiante em Cristo e na
vitória que Deus vai me dar que é meu filho de volta para o lar.
Meus irmãos e irmãs em Cristo: é muito bom estar com
Deus e ter irmãos na religião como vocês na nossa igreja aqui no
Alto. Que Deus nos abençoe.
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3.9 Um pouco da minha história
(Iva Balbina da Conceição 21.09.2008)
Hoje eu vou falar um pouco sobre a minha história,
relembrando o passado. Com lágrimas no rosto, eu falo que eu e
meus pais morávamos num sítio que se chamava Maçaranduba.
A gente morou lá 12 anos e ai o proprietário do sítio pediu o sítio
e a gente tinha que se mudar logo. Nós éramos 07 irmãs e 03
irmãos. Neste período que o proprietário pediu o sítio, apareceu
um amigo do meu pai que morava em Chã de Alegria e
conseguiu uma casa lá para a gente ir morar. No dia em fomos
para lá foi uma grande tristeza para todos nós porque éramos
acostumados no sítio.
Quando a gente chegou em Chã de Alegria foi muito sofrimento
porque o meu pai estava sem emprego e tinha dia que a gente
não tinha nada para comer. Um dia a minha mãe foi no quintal e
encontrou um pé de macaxeira bem novinho. A macaxeira era
tão branca que parecia vela. Nós éramos todos pequenos e não
tinha carne. Um dia a minha mãe cozinhou brêdo com água e sal
para a gente comer, mas assim mesmo, com todo esse
sofrimento, eu agradeço ao senhor Sebastião por ter levado a
gente para Chã de Alegria porque foi lá que eu aprendi as coisas.
Foi lá que eu soube o que é uma televisão, o que é a morte, o
que é namorar e o que é muita coisa que eu não sabia antes.
Agradeço muito a Deus por isso. Quando eu tinha 17 anos, eu saí
de Chã de Alegria e vim trabalhar no Recife. Uma pessoa me
trouxe, só que eu não sabia de nada aqui e nem mesmo como
voltar para casa para levar dinheiro para a minha mãe. Depois de
34
um ano e meio que eu estava aqui conheci um rapaz com quem
eu vivo até hoje. Foi ele que me ensinou a sair, os lugares por
aqui, o que fazer, para onde ir e foi ai que eu pude voltar para
onde eu morava e visitar a minha mãe. Depois de 03 anos eu
fiquei grávida da minha primeira filha que se chama Ana Cláudia,
que nasceu com um pouco de deficiência. Eu sofri muito porque
na casa onde eu trabalhava não me aceitaram mais com a
gravidez e o meu marido não queria filho naquele momento.
Mesmo assim, me levou para a casa dos meus sogros e lá eu
continuei passando coisas muito difíceis. Depois eu consegui um
quartinho para morar. Era bem apertado e rodeado de mato e
foi lá que eu tive Eduardo, depois Paula e por último, Lúcia. Só
que mesmo morando nesse quartinho eu continuei a sofrer
muito. Neco saía para trabalhar e eu ficava com os meninos
todos pequenos e muitas vezes não tinha nem o que comer.
Passei muito tempo lá e depois de muita luta conseguimos vir
para o Alto da Bondade, onde moramos agora. Fui a uma igreja e
falaram para eu colocar um pedido, uma carta dizendo uma coisa
que eu queria pedir a Deus. Pedi um cantinho pra morar que
fosse meu. Pouco tempo depois um parente do meu marido que
morava aqui no Alto avisou que tinha umas reuniões no tempo
de Miguel Arraes para conseguir um terreno aqui. Comecei a
participar das reuniões e ganhamos o terreno. Foi Deus quem me
ajudou. Com isso fiquei sabendo que Deus cuidava de mim. Aqui
continuei a sofrer. Com o passar do tempo, consegui colocar Ana
Cláudia no INSS e começamos a receber um salário que tem nos
ajudado muito. Os meus filhos foram crescendo e aos
pouquinhos o sofrimento foi acabando e hoje eu sou uma vito-
riosa. Tenho filhos casados e agradeço muito a Deus por ele ter
me dado forças para lutar e estar aqui contando a minha história
e feliz por ver meus filhos tudo grande e feliz sem passar por
35
mais nada do que nós já passamos. Participo na igreja, no
discipulado e hoje sou uma cristã. Sou alegre, trato as pessoas
bem e não guardo mágoa. Estou na escola e vou aprender a ler
com a graça de Deus!
3.10 Gratidão
Elianai Muniz da Silva 21.09.2002
Minha chegada na Igreja Metodista se deu através de um
amigo que hoje não se encontra mais nessa igreja, porém,
mesmo assim, eu agradeço a Deus por tê-lo colocado em meu
caminho. Foi bem conturbada a minha entrada na igreja, pois
apesar de ter tido o apoio de todos na congregação, não tive
ajuda de uma pessoa que era importante na minha vida, meu
marido, Ricardo.
Apesar de todas as provações que já passei e por outras
que ainda hei de passar, agradeço por tudo o que Deus tem feito
na minha vida. Ainda não consigo enxergar quais os planos de
Deus em minha vida, mas me sinto muito honrada e alegre por
estar atualmente no grupo de louvor, trabalhando para Deus
com toda alegria. Claro que como todo grupo esse grupo tem
seus problemas, mesmo assim, agradeço por este grupo e pelas
amizades que fiz. Por intermédio de Deus pude me aproximar de
uma pessoa de quem jamais pensei que fosse me aproximar, e
hoje tem um lugar muito especial reservado em meu coração,
em minha vida e nas minhas orações.
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Sinto que este aniversário da igreja será muito especial,
cheio de glória, de adoração, unção, comunhão e do Espírito de
Deus, principalmente por estar participando de uma forma
especial.
3.11 Relato de vida
(Rejane Maria dos Santos Santana, 23.09.2008)
Há dez anos passados perdi minha mãe, pois foi diagnosticada
uma doença sem cura. Foi muito difícil perdê-la, pois era minha
amiga e confidente e quase entrei em depressão.
Pedi em minhas orações um emprego a Deus e Ele me
mandou para a Creche Gente Nova, que é da Igreja Metodista.
Estou lá desde o ano de 2000. Duas vezes por semana realizamos
na Creche uma devocional com crianças, professores/as e
funcionários/as. Foi através das devocionais que conheci a
salvação em Jesus Cristo. Foi assim que fiquei com a certeza que
Jesus queria tornar-me membro da Igreja Metodista e assim foi
feita a vontade de Deus na minha vida.
Estou contando esta história de forma muito abreviada,
mas tenho certeza que o relacionamento com Deus pode nos dar
a paz e quando Ele me chamou, eu posso fazer as minhas
escolhas de forma mais clara.
37
3.12 Meu testemunho de vida
(Israel Luiz Bezerra, 24.09.2008).
Eu sou grato a Deus pela oportunidade de viver nesse
mundo servindo somente a Ele. Tive uma vida tranqüila diante
do Senhor, creio que recebi de Deus o chamado desde o ventre
da minha mãe e que realmente foi Ele que me escolheu. A minha
vida teve algumas dificuldades e muitas provações, mas quando
temos promessas de Deus Ele cuida de nós, como cuidou do meu
pai no ano de 1977. Nós moráva-mos em Mirueira e eu ainda não
tinha nascido, quando o meu pai sofreu o grave acidente. Na ida
ao trabalho foi abordado por alguns assaltantes que quase lhe
tiraram a vida, só que a mão do Senhor era com o meu pai e o
livrou do abismo, se não fosse isso eu não estaria aqui cantando,
louvando e engrandecendo o nome do meu Senhor e Rei. Esta é
a primeira parte do meu testemunho, pois, quando aconteceu
esse incidente a minha mãe só tinha o Isaías, meu irmão mais
velho, caso Deus não tive-se livrado o meu pai, a minha mãe só
teria o Isaías.
Nós conhecemos o amor de Deus na Igreja Assembléia de
Deus, mas devido alguns probleminhas que surgiram, nós nos
afastamos do evangelho, mas os planos do Senhor na nossa vida
só estavam começando, pois Ele tinha um plano para nós na
Igreja Metodista, e tudo começou pelo convite feito pelo meu tio
Genival, que era evangelista da igreja e está passando por
situações que ele e toda sua família carecemos das nossas
orações, e nesse convite terminamos indo morar no Alto da
38
Bondade, onde Deus tem cumprido com suas promessas.
O pai bebia muito e mesmo assim o povo de Deus teve muita
paciência para com ele, em especial o pastor David, o qual foi um
verdadeiro homem de Deus que lutou
com todas as forças para ajudar o meu pai a sair da situação
que se encontrava, e mas uma vez o Senhor foi fiel e para a honra
e a glória de Deus o meu velho não bebe mais.
A segunda parte do meu testemunho foi um livramento que
Deus me concedeu, usou até a minha esposa que naquele dia
éramos só namorados e ela me pediu para que eu não fosse a
Limoeiro. Foi quando em um acidente de Kombi, colidimos de
frente a um caminhão trazendo seqüelas graves para todos que
estavam naquele coletivo. Sou grato a Deus, pois a sua mão
estava estendida para nos salvar, e foi onde eu entendi que Deus
me chamava para viver o seu amor e trabalhar em sua obra.
Desde que chegamos no Alto da Bondade e participamos da
Igreja Metodista o Senhor tem nos abençoado tanto a mim como
a todos de minha família, então eu só tenho que agradecer por
tudo e pelas promessas de Deus que foram e serão cumpridas
em minha vida, Deus me deu uma linda família minha Esposa
Nadjane e o meu filho Thiaguinho e eu creio que o Senhor é fiel
para terminar a boa obra que ele iniciou em minha vida.
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Salvador em 1982, meu nome é Denailton Bezerra da Silva
e os meus pais são Ailton Bezerra da Silva e Dulcinéa Roberta da
Silva.
Em 1984 viemos para Recife, Pernambuco, eu, meus pais e meu
irmão. Não tínhamos muitos recursos e ficamos hospedados em
casa de parentes, no bairro de Águas Compridas. Depois de seis
meses nos mudamos para o Alto da Bondade e fomos morar
num quarto de aluguel. Com o passar do tempo os poucos
recursos que os meus pais tinham acabou e estavam
desempregados e aí tivemos que sair do quarto. Como n ão
tínhamos dinheiro para pagar aluguel, meus pais decidiram
invadir um barraco de taipa, que estava abandonado e servia de
garagem pra um carroceiro que guardava a sua carroça. Ele
morava ao lado.
Passaram-se oito meses e
o dono do barraco
apareceu, querendo
vender o terreno. Fez uma
proposta aos meus pais
pra eles pagarem como
pudessem. Com a ajuda
de Deus eles conseguiram
pagar o valor proposto
pelo dono do terreno.
Nesse período, minha
mãe estava grávida de minha irmã e trabalhava em casa de
família e meu pai vivia de bico. Meu pai bebia muito nesse
tempo e quando bebia ficava muito agressivo. Quando
chegava em casa batia muito em mim e nos meus irmãos. Depois
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que minha mãe descansou ficou desempregada, e meu pai
continuou vivendo de bico. Ela teve que nos colocar numa creche
que fica no Alto da Bondade, Creche Gente Nova, da Igreja
Metodista. Minha mãe conheceu a diretora da creche, Miriam,
que no momento estava precisando de uma cozinheira, e
perguntou se ela queria o emprego. Minha mãe aceitou e foi
nesse tempo que as coisas começaram a melhorar. Miriam
também convidou ela a ir a Igreja Metodista, aonde ela e meu
pai conheceram a Cristo.
Meus irmãos começaram a visitar a igreja com eles. Eu não
gostava de ir à Igreja e sempre dava um jeito de não ir junto com
minha família, mas eu gostava muito da Creche por causa dos
divertidos passeios que a Creche fazia pro acampamento
metodista. Cresci e aos 17 anos de idade eu havia tentado tudo
pra me sentir seguro, feliz e até com drogas havia me envolvido.
É ai que começa o outro lado da história, tempo de desilusões,
angústia e decepção. Eu gostava de levar um estilo de vida sem
regras, eu fazia minhas próprias regras, bebidas, mulheres,
drogas e rock rol. Qualquer história, tanto a minha como a sua,
tem vales e montanhas, coragem e timidez, conquistas e
decepções, sanidade e loucura. Mas esse estilo de vida não me
fazia feliz. Foi em 2000 que eu tive uma experiência, um
encontro pessoal com Deus. Numa noite fria eu e um colega
resolvemos fumar um cigarro de maconha pra arejar a mente.
Foi quando ele começou a conversar comigo e me falar de Deus.
Eu não estava gostando muito daquela conversa, mas fiquei
prestando atenção e ele me falava que se eu entregasse minha
vida a Deus ele ia atender minha oração. Nesse momento eu me
41
impressionei, porque nem meus pais sabiam que as noites eu
conversava com Deus e então percebi que Deus estava falando
comigo. Terminamos de fumar a droga, mas não sentimos seu
efeito. Saindo dali eu fui pra casa e no caminho fui pensando no
que fazer da vida, pois eu tinha certeza que Deus tinha falado
comigo. Pensei no que eu tinha que deixar pra trás, para poder
seguir a Cristo: cigarro, mulheres, drogas, bebidas, shows de
rock, mas foi pensando que cheguei numa conclusão que tudo
isso não valia nada, pois assim eu estava destruindo minha
própria vida, e não ia chegar a lugar nenhum. Mesmo chegando
a essa conclusão fui teimoso, e pensei comigo mesmo: “não vou
aceitar a Cristo e ir pra uma igreja. Isso é coisa de otário, de
careta e eu não sou careta”. Chegando na rua de casa eu
observei que uma ambulância ia entrando na rua. Pensei que
fosse pra algum vizinho doente, mas para minha surpresa era
minha mãe que estava sendo socorrida, saindo de casa
carregada nos braços de meu pai. Quando eu vi aquela cena, eu
corri em direção a eles e perguntei o que estava acontecendo,
mas meu pai não teve tempo de me responder nada, entrou na
ambulância e foi com minha mãe. Enquanto a ambulância ia
embora eu fiquei muito preocupado com meus pais, e resolvi ir a
igreja para aceitar a Cristo como meu Senhor e Salvador da
minha vida e pedi que Deus curasse minha mãe e a
trouxesse com vida pra casa. Coloquei minha melhor roupa e fui.
Quando cheguei na igreja eu sentei no último banco, tímido.
Ajoelhei-me e comecei a orar a Deus pedindo pela minha mãe.
Eu estava um pouco envergonhado, e pensei comigo mesmo, “se
não me convidarem para aceitar a Cristo, eu não vou”. Terminou
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o culto e o convite não foi feito e os irmãos da igreja começaram
a se cumprimentar com a paz de Cristo para ir embora. Como eu
não sabia nada de igreja fiquei na porta em pé, e algumas irmãs
se dirigiram a mim com a paz de Cristo eu tímido disse amém,
mas havia uns irmãos que me conheciam do culto que acontecia
lá em casa. O pastor na época era João Ribeiro. Recordo que
quando tinha culto em casa eu sempre ficava no meu quarto
escondido ouvindo a palavra do pastor, e os hinos cantados
pelos irmãos. Eu só aparecia depois que o culto terminava e
algumas vezes minha mãe trazia o pastor ao meu quarto para
falar comigo. Ele sempre perguntava como eu estava e quando
era que ia aceitar Cristo na minha vida, e eu sempre dizia: “um
dia eu vou aceitar pastor, só não sei quando”.
E esse dia chegou. Eu tomei coragem e disse a esses irmãos
que vieram falar comigo que eu queria entregar a minha vida a
Cristo. Todos os irmãos que estavam no culto voltaram junto
com o pastor João, e oraram por mim entregando minha vida a
Deus. Essa foi a melhor escolha que já fiz. No mesmo dia minha
mãe voltou pra casa muito bem de saúde e eu pude contar as
boas novas pra ela, que eu tinha me entregado pra Cristo. Ela e a
minha família ficaram muito felizes com a noticia, e todos nós
nos abraçamos chorando de alegria com o que Deus havia feito
em minha vida. O meu desejo é que este meu testemunho lhe
ajude a ter uma experiência genuína com o Senhor Jesus Cristo.
Existem muitas denominações evangélicas. São tantas que
devemos estar sempre pedindo discernimento para saber se
estão obedecendo a palavra de Deus, pois não podemos nos
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iludir com falsas pregações. Aliás, este é um grande problema.
Precisamos saber que a palavra de Deus não nos promete
“sombra e água fresca”, uma vida boa, mas sempre nos coloca o
compromisso para com Deus e para com o próximo. Sabemos
que o Senhor Jesus espera de nós uma resposta a seu apelo de
compromisso. Nunca podemos nos esquecer da graça do Senhor,
que nos acompanha e nos capacita.
NOVAS CRIATURAS?
O QUE MUDOU NA MINHA VIDA?
4.1 Coerência cristã
(Inácio Luiz Bezerra. 29.06.06)
Nos dias de hoje, para ser uma família cristã é preciso
vencer muitos obstáculos. Muitas vezes é mais fácil servir ao
mundo do que seguir a Jesus. Com todas as vantagens que o
mundo está oferecendo, muitas pessoas se afastam dos
caminhos que levam a Jesus. Só é possível vencer esses
obstáculos se realmente assumirmos um compromisso daquilo
que queremos. Já fizemos muitas tentativas formando grupos de
casais. Isso começou nos anos 80 e 90 na casa onde morava o
pastor David e sua família: Jane, Ricardo e Daniel. Foi uma
experiência muito boa porque era o momento de uma família
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ajudar a outra tanto nos seus problemas materiais
materiais como espirituais. Foi a época em que tivemos uma
quantidade de membros muito boa na nossa igreja. Com a
chegada de outros pastores, cada um com a sua maneira de
trabalhar com a igreja, acabaram os trabalhos com grupo de
casais. Já passaram pela nossa igreja muitos pastores: O Pr David,
de 1986 a agosto de 1992; O Pr Alencar apoiou nos últimos
meses de 1992; O Pr Lourenço em 1993; O Pr Saulo em 1994; em
1995 ficamos sem pastor sob a responsabilidade do Bispo Paulo
Ayres que nos ajudou muito; Os Prs Paulo Sérgio e Márcia em
1996; Os Prs Paulo de Tarso e Toshi em 1997 e 1998; O Pr João
Ribeiro de 1999 a 2001; O Pr Ivan Carlos de 2002 até o momento
e em 2004 e 2005 também o Pr Milton. São muitos os pastores
que passaram por nossa comunidade cristã.
Com a chegada do Pr Ivan, resgatamos os encontros com
casais e estamos iniciando os grupos familiares. Já temos pessoas
capacitadas para começar e falta muito pouco para começarmos
com novos grupos. Esperamos em Deus que vai ser uma nova
maneira de trazer novas pessoas para a igreja. Existe uma coisa
importante é que quem faz os encontros tem de ser alguém em
que as pessoas acreditem e possam confiar no que estão
ensinando. Para isso é preciso que quem vai liderar conheça
sobre o encontro.
Temos um ditado muito interessante que diz: “Cada
metodista um/a missionário/a, Cada lar, uma Igreja”. Falo isto
porque sou um metodista e tenho muito orgulho de ter
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conhecido a Igreja Metodista. Foi em 04 de fevereiro de 1989.
Já participei de duas igrejas. A primeira foi a Assembléia de Deus
onde conheci minha esposa e me casei, mas foi na Igreja
Metodista onde realmente tenho sido a pessoa que sou. Hoje na
minha longa caminhada de igreja tenho visto e aprendido muitas
coisas. O que eu sei hoje, eu agradeço primeiro a Deus e a igreja
por ter confiado em minha pessoa para participar de muitas
capacitações para que eu possa ensinar a outras um pouco do
que aprendi. Hoje temos grupos de discipulado funcionando.
Falta muitas coisas ainda para alcançar o objetivo que queremos
que é de poder alcançar pessoas e levar a elas o amor de Jesus
através do evangelho transformando suas vidas em prol do Reino
de Deus. Cada um de nós temos um chamado com dons
diferentes. Uns preparam a terra, outros plantam, outros
cuidam. Quando o fruto estiver pronto, o Dono da plantação
colhe e fica muito alegre. Assim acontece com o povo chamado
cristão. Deus escolhe cada um de nós para a missão através dos
ministérios. Cabe a cada um botar a mão no arado e preparar a
terra, semear a semente. Para dar bons frutos, tenho que saber
que tipo de semeador eu sou. Se eu realmente tenho
conhecimento do que eu estou fazendo para a semente não
morrer. Assim também acontece com o evangelho: se eu não
tiver uma vida de testemunho de uma nova criatura, meu
trabalho será em vão e tudo o que eu estiver fazendo. Por isso,
temos que saber quem nos chamou para testemunhar vivendo
em comunhão com todos para que o nome de Jesus seja
exaltado. Uma comunidade de fé primeiro precisa saber que tem
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várias áreas para serem construídas. Uma delas que é a principal,
é o lugar onde o Espírito Santo possa fazer morada. Tendo este
lugar preparado, os outros se tornam mais fáceis de serem
construídos porque já existe a pedra principal que é o amor. O
amor gera perdão e em seguida a união. Agora a concordância
que queremos, se já temos esses elementos é a hora de
botarmos a mão no arado e começarmos a construção do Reino
de Deus. Nós começamos isto através dos grupos de casais,
grupos familiares, discipulado e porque não, nos grupos
societários. Em todos esses grupos, a igreja está presente. Se
cada pessoa tem certeza que está incluído nesse chamado não
resta mais nada além de colocar sua cruz nas costas e seguir em
frente atendendo o chamado de Deus.
É importante sabermos em qual área vamos atuar porque todos
nós temos dons, mas são diferentes uns dos outros. Para o
trabalho na comunidade cristã, todos são importantes, é só
saber onde podemos usá-los para que todo o trabalho dê certo.
Sabemos que construir uma comunidade cristã não é fácil. Exige
que a gente possa aceitar o desafio de ser uma nova pessoa e
não fazer as mesmas coisas que fazia antes. Tenho que pensar
muito no que eu gostava de fazer e se é bom pra mim agora,
para não atrapalhar na construção do Reino de Deus. Tem uma
música de Petrúcio Amorim que diz esta frase: “Eu não sou dono
do mundo, mas tenho culpa porque sou filho do dono”. Isso
significa que somos responsáveis para cuidar desse mundo como
filhos e filhas de Deus e devemos usar os nossos dons como um
só propósito, de transformar este mundo em Cristo.
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4.2 Celebrando a vida das pessoas idosas!
(Jane Menezes Blackburn)
No momento da Edificação do Culto do Domingo, 22 de
setembro de 2004 na Igreja Metodista em Alto da Bondade, a
igreja ouviu uma entrevista feita pelo pastor com três mulheres
acima de 65 anos. Elas falaram de sua infância, seu acesso à
educação, trabalho infantil e adulto, família, dificuldades, vida na
igreja e sonhos.
No final do Culto um jovem falou “ouvir as pessoas idosas nos
ensina mais do que uma pregação sobre a necessidade de ouvi-
las”.
4.3 Com Deus, sou vencedora
(Regina Maria Bezerra 04.09.2008)
Eu estudei na escola fazendo o MOBRAL. Foi lá que eu
conheci Inácio. Durante um ano foi nosso namoro, noivado e
casamento. Passamos por momentos muito difíceis, mas Deus
estava comigo. Hoje eu agradeço por tudo. A minha infância não
foi boa. Sofri muito, mas fui vitoriosa. Meu pai sofria dos nervos
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e passou muitos anos internado. Nessa época, minha mãe era
quem trabalhava na roça para nos alimentar, mas valeu todo
esforço. Sempre fui evangélica e hoje eu agradeço muito a Deus
por ter me ajudado. Tenho meu lar, meu trabalho, minha família
e em tudo isso quem me ajudou muito foi a Igreja Metodista.
4.4 Reconciliando-me com Deus.
(Inácio Luiz Bezerra. 08.07.06)
No ano de 1977 eu estava casado há apenas 11 meses.
Nesse tempo eu trabalhava numa Fábrica de Tecelagem. O meu
horário era das 10h da noite às 05h da manhã. A Fábrica fica na
cidade de Paulista no Grande Recife. Eu morava num bairro
chamado Mirueira e era um período em que eu tinha me
afastado dos caminhos do Senhor Jesus. Nós sabemos que
quando estamos afastados alguém continua orando por nós e
por todos os desviados. Foi quando uma comissão que
evangelizava esteve em minha casa, oraram por mim e fizeram
um convite para que eu pudesse voltar para a igreja. Sabemos
que Deus fala usando o seu povo.
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Isso foi numa quarta feira. Lembro-me como se fosse hoje. Era
uma tarde e eu me comprometi a ir para a igreja no outro dia
que era quinta feira e tinha culto de instrução. Só que quando os
irmãos saíram da minha casa eu comecei a zombar da comissão
porque eles eram velhos e eu disse que estavam caducando. Não
sabia que aqueles caducos estavam em missão na seara do
Senhor e foram me alertar de uma tragédia que estava para
acontecer comigo. Assim como nós cuidamos dos nossos filhos,
Deus também cuida de nós. Através de Jesus Cristo ele tem me
chamado para a sua obra, só que eu não cumpri com a minha
palavra e não fui para a igreja. Passou a quinta feira e veio a
sexta feira e as 09h30 quando ia para a Fábrica trabalhar, o
ônibus se quebra num lugar muito deserto e só havia quatro
passageiros. Foi quando quatro assaltantes dizendo que eram
policiais me pediram dinheiro e alguém no meio deles dizia que
eu tinha dinheiro porque eu vendia prestação.
Eu trabalhava a noite e durante o dia eu negociava.
Naquele momento não tinha nenhum dinheiro comigo a não ser
a passagem do ônibus, mas eles não acreditaram na minha
palavra, me agarraram e todos os quatro estavam armados.
Eram 2 revólveres, uma faca peixeira e um pau. Ali eu fiquei
apavorado, me soltei e tentei correr e foi quando veio o pior. Um
deles que estava com uma das armas me acertou pelas costas.
No momento lembrei-me que eu disse aos irmãos que
voltaria a casa do Senhor e não fui. Não estou dizendo que foi
castigo de Deus porque a Bíblia diz em Tiago 1. 12 a 15 que Deus
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não é tentado pelo mal e não tenta ninguém. Muitas vezes as
coisas nos acontecem por causa da nossa desobediência ao
chamado de Deus. É onde entra a astúcia maligna para querer
destruir nossa vida. Com esse tiro passei entre 3 e 4 anos
hospitalizado, sendo que num período de 2 anos direto no
hospital e nos outros 2, passando o final de semana em casa.
Depois comecei fazendo fisioterapia, deixei a cadeira de rodas e
depois deixei o par de moletas e comecei a caminhar para a
igreja. Muitas vezes pelas coisas que acontecem dá vontade de
abandonar tudo, mas lembro-me que o mundo não tem nada
para nos oferecer. Quando somos chamados a obra de Deus, já
sabemos o que vamos enfrentar porque Ele mesmo disse: aqui
no mundo tereis provações, mas tende bom ânimo, eu venci o
mundo e vocês também vencerão. São essas promessas de Jesus
que muitas vezes faz com que eu não desista de caminhar. Hoje
tenho consciência de quero ajudar minha igreja na sua
caminhada, construindo o Reino de Deus aqui na terra.
Essa foi minha maior experiência com Deus. Meu nome é
Inácio Luiz Bezerra. Oremos por todos os que estão no caminho
do Senhor Jesus.
4.5 Bebia, e já não bebo.
(Inácio Luiz Bezerra, 03.07.06).
Como a igreja me ajudou na minha vida no tempo que eu bebia?
Muitas vezes fui para os cultos do domingo embriagado e
nunca me rejeitaram. Ao contrário, tive total apoio por parte das
pessoas da Igreja mesmo sabendo que eu estava embriagado, fui
51
acolhido pelo pastor e outros irmãos. Os grupos que
funcionavam me acolheram, um deles o de casais.
Não foi fácil que eu deixasse a bebida. Se eu não tivesse o
apoio da igreja até hoje talvez ainda estivesse bebendo.
Quero dizer o quanto é importante no momento em que
uma pessoa estiver precisando de ajuda, seja ela quem for, que
ela receba esta ajuda. Ai é quando entra o papel da igreja. Tive
uma experiência de um irmão de uma certa igreja que conversou
comigo e contou que estava embriagado e isto aconteceu num
domingo à noite antes de ir para o culto. Quando chegou na sua
casa a sua esposa estava com muita raiva porque ele tinha
gastado o dinheiro da semana com amigos nos bares, com
bebida. No momento ele ficou desesperado por ter uma filha
paralítica em casa e ela estava com fome porque ele tinha usado
o dinheiro da sua feira para beber com amigos de copo. Foi
quando ele teve a idéia de ir para a igreja. Só que ele não
esperava o que ia acontecer quando ele chegasse na igreja. Além
de já ter passado por uma grande decepção na sua casa, os
irmãos da sua própria igreja lhe botaram pra fora e não deixaram
ele assistir o culto. No momento em que ele falou comigo estava
ainda embriagado e chorando. Foi quando me veio no
pensamento: isso é o que eu fui ontem. A diferença é que eu tive
todo o apoio que eu precisava da minha igreja e hoje posso
ajudar a esse irmão mostrando a ele que eu passei por esses
momentos difíceis que ele está passando e que do mesmo jeito
que eu consegui superar esse problema, ele também pode.
Primeiro, não deixando a Igreja e depois se conscientizar que
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esse não é o caminho para a sua vida.
Quando eu escutei esse irmão, perguntei a mim mesmo
para quem Jesus veio. O que ele diz é que veio para os
oprimidos. Quando a igreja não aceita uma pessoa porque está
embriagada, imagine se essa pessoa estiver endemoninhada ou
com qualquer outro problema? A Bíblia diz que o filho pródigo
quando deixou a casa do seu pai para ir embora, o pai chorou
porque amava o seu filho. Interessante que quando o filho se
arrepende por não ter ouvido seu pai e decide voltar, seu pai lhe
recebe de braços abertos. Assim também deve ser com a casa de
Deus. A igreja jamais deve se recusar a acolher uma pessoa
porque ela está embriagada ou com outro tipo de problema. Se a
minha igreja tivesse me rejeitado quando estive embriagado ao
invés de me acolher, hoje com certeza eu não estaria na igreja e
não seria a pessoa que eu sou. Hoje continuo na igreja, feliz e
ajudando na construção do Reino de Deus
4.6 Não andava e hoje ando!
(Maria das Dores ‘irmã Dorinha’ 18.05.2008).
Meu Senhor e meu Deus. Me ilumine e me dê sabedoria em
todas as coisas para que eu nunca venha tornar aos caminhos
tortuosos. Envia-me o teu Santo Espírito para guiar-me e me
ajuda a seguir em frente pois eu sei que só o Senhor é Deus, meu
e de todas as nações. Obrigada, Senhor, como o Senhor é lindo e
misericordioso e mudou o meu jeito de pensar e de agir. Te amo
53
Jesus, Senhor da minha vida.
Obrigada, Jesus, obrigada. Conheço a sua voz, sinto a sua
presença. Reprime Senhor a minha angústia, a minha vontade de
chorar se não eu não consigo nem conversar contigo e fazer o
meu texto. Oh! Senhor! Me dê graça. Aleluia! Glória a Deus!
Louvado e engrandecido é o seu nome! Amém. Meu Deus, minha
experiência contigo foi extremamente maravilhosa. Um
aprendizado muito especial, principalmente com o ensino de
irmã Jane e da irmã Suely e do nosso pastor de ovelhas, o pastor
Ivan. O caminho dos irmãos foi um conjunto da sua onipotente
mão poderosa sobre a minha vida aqui no Alto da Bondade. Na
Igreja Metodista tudo para mim é glória. Fazei em mim a sua
vontade e morada do seu Santo Espírito que nada venha de mim,
mas do Senhor sobre todas as coisa. Te agradeço por tudo Deus.
Meu testemunho: entrei naquele Hospital da Restauração
sem sentido. Levada pelos meus patrões sem lembrar de nada,
mas com a sua direção fui bem assessorada por toda a equipe
médica, por ser um problema especial. Ficaram todos eles
perdidos sem saber como agir, mas me internaram e até ai eu sei
o que me contaram.
Então entrei em tratamento, fazendo exames: raio-X,
ressonância magnética, tomografia. Fiz vários exames e
cateterismo e descobriram que um vaso sanguíneo havia
rompido no meu cérebro com início de um AVC. Ai, os médicos
conversaram comigo me explicando que iam fazer o possível
para me tirar dessa, mas não garantiam nada. Eles conversaram
54
comigo e eu com Deus e confiando, passaram-se dois meses,
então resolveram convocar minha família para autorizar se me
operavam ou não. Eles estavam aguardando um cirurgião
especialista no caso, mas este não apareceu, quem fez foram os
acadêmicos. Todos optaram pela cirurgia para ver o que dava.
Quando me operaram virei cobaia e todos diziam: vamos ver se
ela sai. A enfermeira que cuidava de mim orava comigo, pois
dizia que eu não ia morrer. A minha irmã do interior e a minha
prima não me visitavam, pois não tinham condições. A irmã
Gercina, meus filhos, meu esposo e companheiro, meu irmão
Ricardo, enlouqueceram porque falaram que não era eu que os
médicos trouxeram, pois eu estava transformada, irreconhecível.
Tudo isso me contaram. Meu esposo pensou que eu ia ficar
louca. Ele diz que não gosta nem de lembrar. Isso eu já havia
saído da UTI e fui para um lugar chamado CTI sem visitas, só para
recuperar. Resultado: sai dali sem poder andar, já sentada em
cadeira de rodas e fazendo fisioterapia. Aquilo para mim foi a
sepultura, mas a minha fé, perseverança e confiança em Deus
era mais forte do que tudo e até hoje é mais forte que eu
própria, pois sei que meu e seu Deus está acima de todas as
coisas.
Fui andar de cadeira de rodas e fazer fisioterapia. Faço até
hoje. Fiquei com seqüela nas mãos e os meus filhos, esposo,
minha mãe e meus sobrinhos me levavam para tomar banho,
para o sanitário, para tomar sol. Graças a Deus fui bem cuidada,
mas para mim não era suficiente eu me ver daquele jeito porque
para quem sempre trabalhou, fez suas coisas era difícil ver todos
conversando para ver como melhor poder cuidar de mim. Eu não
55
era criança e sabia que aquilo me doía muito profundo, mas
minha intimidade com Deus é tão grande que aumentava cada
vez mais a minha fé e eu pedia sempre perdão porque a meu ver
eu estava exigindo demais de Deus, mas não foi em vão.
Tive alta e isso faz sete anos. Retornei para casa triste por
não poder me locomover sozinha, mas feliz porque sempre senti
a presença de Deus e sabia que não estava sozinha. Tinha
bastante fé, força e confiança para deixar a cadeira de rodas, a
bengala e até as paredes onde sempre me peguei; caia,
levantava, levava carão de todos por me ver teimosa, mas isso
me fez vencer. Congregava na Assembléia de Deus e tive muitas
visitas e orações. Uns me reanimavam, outros me colocavam
para baixo, chorava e não sei se da maneira que eu agia era
murmuração por isso pedia várias vezes perdão ao meu Deus e
fui sempre orando, conversando com Deus e pedindo força,
graça e misericórdia a Deus e bastante graça pois só ela me
bastava.
Quando fui melhorando encontrei pessoas que sempre se
prontificavam para me levar para a igreja e eu sentia falta e
vontade, então eu ia sempre em busca de algo, mas quando
Deus determina o quadro só ele tira do quadro e ele sempre
esteve comigo neste negócio. É mistério de Deus comigo. Lá ia
eu para a igreja; terminava o culto ou círculo de oração, então eu
ficava como um joguete: Quem leva? Quem pode levar uma
aleijada? Pois eu vou fazer café, tenho ocupação... Eu com isso
tudo tomei uma decisão que com certeza não foi do agrado de
Deus. Falei com ele como estou falando aqui que eu ia parar
56
tudo, mas eu sabia que o meu Redentor que vive e reina me
compreendeu e eu disse que só voltaria para a igreja quando eu
pudesse andar, pois tinha certeza disso.
Foi nessa situação que surgiu o convite da irmã Elianai que
se comprometeu de me levar com ela e grande era o meu
desejo. Então fui para essa santa Igreja Metodista e graças a
Deus estou andando praticamente sem apoio. Às vezes preciso
de algum apoio uma vez ou outra porque ainda tenho medo de
cair e me prejudicar, mas o pavor de andar o meu Deus
repreendeu e agora me sinto muito mais feliz com toda a minha
família querendo ir caminhar com Deus. Estou orando para Deus
completar a obra porque elas (minhas filhas) sempre falaram que
vão. Meu esposo, graças a Deus, gosta muito da Metodista e não
era assim na Assembléia e alguém me entristeceu porque disse
que eu ia parar e as meninas se encostarem, mas como hoje
todas visitam comigo e gostam e dizem que vão para a
Metodista, mesmo que só aos domingos, pois elas trabalham e
estudam à noite, eu me sinto feliz.
Magoei meu esposo, mas com a sabedoria de Deus
comecei a pedir desculpa por errar desanimando ele para ir para
a igreja ao invés de apoiar e tudo se fez novo porque Deus é fiel.
Meus irmãos e irmãs,
Confiem no Senhor sem limites, se deleitem nele, confiem e
se ponham no pó e entreguem todos os seus problemas e
estejam certos/as que sejam quais forem, ele lhes fará
57
vencedores. Pois Deus é fiel e não há outro além dele.
Agradeço a Deus por tudo em minha vida, pois meu Deus é
lindo e eu o amo com fidelidade.
4.7 Hoje sou feliz!
(Antonia Bernardo Alves, 10.09.2008)
Este ano está fazendo vinte e um anos que aceitei Jesus
como o meu único Senhor e Salvador. “Nasci de novo!”
Arrependo-me de não ter sido antes, pois eu teria aprendido
muito mais sobre Jesus.
Tudo tem seu tempo. Para amar, para plantar, para
arrancar, para colher, tempo para rir e para chorar e até para
morrer. Nasceram meus filhos, cresceram, e hoje tenho uma
família, graças a Deus. Todos os dias eu agradeço a Deus e
converso com os meus filhos. Falo para eles que Deus é bom,
misericordioso e que foi Jesus quem me deu coragem de viver e
lutar com meus filhos.
Eu tinha uma vida dura. Sofria cortando cana na Usina
Massauassú. O ganho era pouco e o trabalho era muito. Muitas
vezes eu parava para pensar na luta de cada dia, e, parecia que
não acabava mais. O pai dos meninos era um homem bruto e a
situação da gente era muito difícil porque eu trabalhava na cana
e em casa e assim carregava um fardo muito pesado.
58
Por convite de um parente do meu marido, nós nos mudamos
para o Alto da Bondade e visitei a Igreja Metodista. Eu fumava e
achava que não podia participar da Igreja porque eu era uma
pecadora. O pastor falou que eu deveria ir assim mesmo e
participar da oração das quintas feiras e
pedir a Deus para me dar força para parar de fumar.
Compreendi que Jesus me amava e que eu podia parar de fumar
e ter uma vida feliz.
Um dia pedi a Deus que me ajudasse. Orei e Jesus ouviu as
minhas orações. Eu me senti forte, pois eu sabia que daquele
momento em diante Deus estava me ajudando e começou a
minha rotina de uma vida nova sem olhar para traz. Hoje eu me
sinto forte e continuo servindo a Deus. Bem aventurada é aquela
que luta com fé em Jesus. A minha vida comparada com a de
antes, eu posso dizer que hoje sou um vaso novo, pois Jesus
olhou para mim e livrou-me das minhas aflições. Antes eu só
pensava em morrer e peço perdão a Deus por isso, mas hoje sou
feliz.
Tenho cinco filhos e duas filhas mocinhas. As duas meninas
estão estudando. A mais velha tem 14 anos e a mais nova tem 11
anos. Tenho fé em Deus que Ele vai olhar pelas minhas filhas.
Uma se chama Damares e a outra se chama Sara e foram
presentes de Deus para mim.
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4.8 Segurança em de Deus
(Alzira Alves Malaquias 24.09.2008)
Nasci na cidade de Bom Conselho no sertão de
Pernambuco. Quando eu ainda era criança, chegamos aqui no
Recife. A minha família era grande e eu sou a mais nova de 14
irmãos, sendo 5 mulheres e 9 homens. Morávamos na
Encruzilhada e eu ia a pé para uma escola pública no bairro dos
Coelhos.
Estudei sempre em escolas públicas, o tempo foi passando
e eu queria muito trabalhar. Conhecemos uma senhora que era
dona de uma lavanderia e ela me chamou para ajudar a passar
ferro nos lenços e meias. Eu era quase adolescente e passava até
dois dias passando os lenços e meias e isso foi bom para mim
porque comecei a ajudar em casa com o dinheiro que recebia do
meu trabalho.
Organizei-me e foi Deus que me ajudou. Foi um grande
passo para tornar-me uma verdadeira cristã. As minhas irmãs
participavam de igrejas evangélicas e eu costumava ir com elas e
assim conheci diferentes igrejas. Conheci a Deus e sua bondade
infinita. Deus me moldou como um barro nas mãos do oleiro.
Antes eu não sabia quase nada. Não sabia o quanto é bom ter
esta experiência com Deus. Eu freqüentava as igrejas onde
minhas irmãs eram membros, mas nunca quis me ligar a
nenhuma.
Deus tem Seu tempo e Seus planos e eu dou graças a Ele
60
por crer que Ele entrou na minha vida. Encontrei uma igreja com
a qual me identifiquei muito, hoje participo dela que é a minha
casa; é uma igreja aberta, as pessoas são acolhidas e bem vindas
e eu posso afirmar que estou segura com Deus. Perante Deus eu
sou a pessoa mais feliz. Amo a Deus sobre todas as coisas, amo e
respeito os meus irmãos
e irmãs da igreja. Agora estou certa de que a minha vida está nas mãos de Deus.
Agradeço a Deus pelas pessoas que me ajudaram. Algumas
delas, Deus já levou. Sei que estão guardadas porque eram
pessoas tementes a Deus, sinceras e justas e sobretudo tinham
vida com Deus. Quem tem a Deus como seu Salvador é feliz, tem
vida tranqüila e vive em paz.
4.9 Curada
(Suely Aquino 23.09.2008)
Aos 12 anos de idade eu comecei a fumar porque todos/as
da minha turma na escola fumavam. Era moda e quem não
fumava era cafona e não podia fazer parte do grupo. Como eu
tinha muita necessidade de carinho, de atenção, companhia,
enfim, de ser querida, ser amada, cedi para fazer parte deste
grupo.
Eu era a única que podia guardar a carteira de cigarros, pois
já trabalhava e não morava mais com a minha família. Assim eu
61
escondia os cigarros de todos/as.
Quando cheguei na igreja, me sentia incapaz de tomar Ceia,
assumir qualquer coisa para ajudar na construção do Reino e
quando participava dos encontros e reuniões eu não tinha
concentração. A vontade de fumar era incontrolável, então eu
saia e fumava, escovava os dentes e colocava perfume achando
que as pessoas não percebiam. Recebi muitas críticas, mas
também muito apoio, orientações que me ajudaram a querer
deixar o cigarro que estava destruindo a minha saúde. Tentei
várias vezes, mas não conseguia. Certo dia eu decidi pedir a Deus
que me ajudasse e cada vez que dava vontade de fumar eu
começava a conversar com Deus, ler algum trecho da Bíblia,
orava muito e assim fui diminuindo, mas eu queria parar de vez.
Todos os dias eu olhava a carteira de cigarros e não fumava e
quando fez oito dias eu joguei a carteira no lixo e nunca mais
fumei. Às vezes eu até esqueço que fui escrava desse vício. Deus
me ouviu, acreditei nesta cura, me esforcei, sofri, mas com a
grande ajuda de Jesus Cristo, hoje sou liberta!
4.10 Conhecer a Deus enfrentado dificuldades...
(Jane Menezes Blackburn 18.09.2002)
Numa fase de transição entre a saída de um pastor e a
chegada de outro aqui no Alto da Bondade, em 1995, uma
62
equipe de apoio pastoral formada por cinco pessoas, com
supervisão do bispo Paulo Ayres, assumiu a tarefa de
desenvolver, acompanhar e coordenar o trabalho da Igreja
naquele ano. Contávamos também com a presença de um pastor
que vinha uma vez por mês para dar Ceia.
Numa família, da qual os quatro filhos participavam
ativamente da igreja, a mulher participava
algumas vezes das reuniões do grupo de mulheres
e o homem que trabalhava como autônomo e
sustentava a família, era contra qualquer tipo de
religião. Ele lia muito e nas suas leituras
encontrava mais e mais
argumentos para discutir sobre as suas idéias
de que igreja tinha muita teoria, mas que na
história sempre serviu para alienar as pessoas.
Que o melhor era cada um e cada uma
assumir que a vida terminava com a morte e
ser responsável pelo tipo de
vida que vivia. Era interessante como
as pessoas que não tinham hábito de ler e
João Ribeiro, 1999-2001.
Milton Antônio, 2004-2005.
63
discutir este tipo de assunto, evitavam conversar com ele. A
equipe de apoio pastoral, formada por dois homens: Inácio e
homens: Inácio e Moisés e três mulheres: Lulu, Kátia e eu, e que
se reunia cada semana, começou a perceber que a
filha adolescente desta família estava aparecendo com
marcas de que sofrera violência física. Depois também
observamos sinais de espancamento na mulher e começamos a
pensar como ajudar já que ninguém havia falado sobre o
assunto. Sugerimos, então, ao grupo de mulheres que realizasse
algumas reuniões na casa desta família, para tentar uma
aproximação. As mulheres aceitaram o desafio e passaram a
realizar as reuniões em rodízio na casa de algumas famílias,
especialmente as que se supunha necessitar de uma maior
aproximação para criar as condições para compartilhar sua
realidade. Nesse período, as mulheres estavam trabalhando a
temática da violência familiar e era interessante em algumas
reuniões que aconteciam na sala ou no terraço desta família, no
meio de uma conversa do grupo, a interferência do marido que
aparecia de repente para dizer que não concordava com alguma
idéia, o que indicava que ele estava ouvindo de outra sala.
Fomos percebendo então que o casal estava doente e que ele
estava tendo uma reação muito forte à doença, agredindo aos
vizinhos e mais fortemente à família. Lemos um pouco para nos
informar e pensamos como abordar uma questão delicada como
esta. Indicamos três pessoas da equipe de apoio pastoral que
faria visitas regulares e durante seis meses foi uma experiência
que nos ensinou muito e
64
nos aproximou de Deus.
O casal estava vivendo com AIDS. A certa altura, quando
nós já tínhamos desenvolvido a confiança necessária, eles
conversaram sobre o assunto. Como eles não queriam que a
situação que estavam vivendo se tornasse pública, com medo da
reação das pessoas, mas fosse compartilhada apenas com a
equipe e com o grupo de mulheres, apenas um número restrito,
em torno de quinze pessoas pôde acompanhar de perto este
momento da vida desta família.
No período onde eles não tinham mais condições de
assumir a casa e os filhos, a tarefa mais difícil foi negociar a
quem seria dada a tutela das crianças, desde que a família os
rejeitava por conta da doença. A mãe dele, de forma muito
veemente, não queria aproximação, mas defendia que as
crianças ficassem com a família paterna. Consultamos um serviço
de orientação jurídica de uma ONG, que encaminhou a questão,
enquanto nós dávamos o apoio trabalhando o assunto junto à
família. Algumas pessoas da Igreja se revezavam nas tarefas de
limpar, cozinhar e dar remédios. Para as pessoas que não sabiam
qual era a doença, providenciamos luvas para a lavagem das
roupas e outras formas de proteção e para as que estavam mais
próximas e que não sabiam bastante sobre AIDS, fizemos
65
conversas e buscamos orientações. Foi um tempo de pensar
questões como ética, respeito, solidariedade e responsabilidade.
As conversas com a família sobre Bíblia, Deus, liberdade,
responsabilidade e a vivência da solidariedade, foram
construindo para todos os que participaram desta experiência, a
idéia de que não é importante localizar o ou os culpados e
assumirmos a culpa. Não é questão de culpa, mas de visitarmos
nossos próprios preconceitos, nossas tradições, nos
reconciliarmos com Deus, com os outros e conosco, de sermos
responsáveis pelas conseqüências do que
fazemos, do que dizemos, e compreender
que a presença de Deus pode nos
fortalecer, inclusive quando nada explica
que encontremos forças para tarefas como
nos despedir da vida.
Este casal se foi, os filhos e filhas
seguiram seus caminhos, os dois
adolescentes foram viver, e nós
agradecemos a Deus pela vida deles que nos deu o privilégio de
com eles compartilhar e aprender mais sobre a vida e sobre
Deus. Talvez saibamos, agora, um pouco mais sobre o sentido da
vida e o sentido da morte. Com certeza, sabemos um pouco mais
do que significa ser igreja, descobrindo e partilhando as crises
ameaçadoras que as pessoas escondem, em meio a sentimentos
de culpa e medo de rejeição, compartilhando o Espírito de
solidariedade, Espírito de amor e Espírito de vida, que nos une
em mútuo encorajamento nos decisivos momentos de nossa
66
existência.