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TÍTULO: PERCEPÇÃO DE PAIS E CIRURGIÕES DENTISTAS SOBRE A NECESSIDADE DETRATAMENTO ORTODÔNTICO EM CRIANÇAS NA FASE DE DENTADURA MISTATÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:
SUBÁREA: ODONTOLOGIASUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULOINSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): MARCELLE PELEGRINO FLANDESAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): FERNANDO CESAR TORRESORIENTADOR(ES):
PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PIBIC 2013/2014
RELATÓRIO FINAL
ORIENTADOR: FERNANDO CÉSAR TORRES
Curso: Odontologia / DIURNO
E-mail: [email protected]
Título do Projeto: PERCEPÇÃO DE PAIS E CIRURGIÕES DENTISTAS SOBRE A
NECESSIDADE DE TRATAMENTO ORTODÔNTICO EM CRIANÇAS NA FASE DE DENTADURA
MISTA
Palavras-chave: 1. Má oclusão 2. Mordida
Aberta
3. Ortodontia
Bolsista: MARCELLE PELEGRINO FLANDES
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1. Resumo do Trabalho
O tratamento ortodôntico na dentadura mista é fundamental para a
correção de diversos tipos de más oclusões, porém o diagnóstico dos
problemas que ocorrem nesta fase muitas vezes apresenta dificuldades,
devido às mudanças proporcionadas pelo crescimento e desenvolvimento e
à substituição dental que está ocorrendo. O objetivo deste trabalho é
avaliar e discutir a percepção de adultos não relacionados à Odontologia e
de cirurgiões dentistas clínicos gerais, sobre necessidade de tratamento
ortodôntico de da mordida aberta anterior, na fase de dentadura mista,
avaliando também a correlação entre suas opiniões e o correto diagnóstico,
comparando com uma oclusão normal, correspondente à mesma fase. Para
tanto, foram aplicados questionários objetivos aos voluntários, que
observaram fotografias intrabucais de variados casos de oclusopatias
sendo a mordida aberta anterior e a oclusão normal sendo selecionadas
como objetos de comparação.
2. Introdução
A oclusão normal pode ser definida como uma relação dental
harmoniosa, com todos os elementos dentais presentes, gengiva sadia, com
coloração rosada e livre de sangramentos, articulação temporomandibular
(ATM) com ausência de dor e de ruídos. A má oclusão, por sua vez, constitui
uma anomalia de desenvolvimento dental e/ou dos arcos dentais, ocasionando
problemas estéticos e funcionais, tendo como causas mais comuns as
condições funcionais adquiridas (Tomita et al 2000). É um dos problemas de
saúde bucal de maior ocorrência no mundo, ficando atrás somente da cárie
dental e da doença periodontal (World Health Organization, 2003). Resultados
alarmantes, quase nunca inferiores a 50%, têm sido relatados, situando as
oclusopatias como uma condição de interesse público (Frazão et al.,2002;
Suliano et al.,2007; Marques et al.,2005; Capote et al.,2003).
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A importância de se possuir uma boa oclusão está relacionada tanto a
fatores estéticos quanto a fatores funcionais. Problemas como de deglutição,
mastigatórios e fonéticos além de hábitos bucais deletérios especialmente a
sucção de chupeta hábitos deletérios como sucção digital e uso de chupetas,
estão intimamente ligadas às más oclusões. No entanto, o fator estético
influencia diretamente no desconforto dos pacientes, principalmente na
adolescência, pois estes acabam sendo vítimas de preconceito devido a sua
aparência. Sendo assim, é importante que o cirurgião dentista saiba
diagnosticar as más oclusões para que sejam corrigidas, proporcionando maior
qualidade de vida para o paciente.
As más oclusões podem classificadas como Classe I (neutroclusão),
Classe II (distoclusão) e Classe III (mesioclusão) de Angle, mordida profunda,
diastemas, mordida cruzada invertida (“mordida em Brodie”) unilateral ou
bilateral, mordida cruzada anterior, mordida cruzada unilateral direita/
esquerda; apinhamento; mordida cruzada anterior esquelética (com todos os
dentes anteriores cruzados), entre outras, podendo haver associações entre
estas.
Os problemas ortodônticos podem acometer os indivíduos em várias
fases da vida, ocorrendo na dentadura decídua, mista ou permanente, porém
quanto mais cedo for diagnosticada corretamente a má oclusão, melhor será o
resultado do tratamento.
Por sua vez, a necessidade de tratamento ortodôntico é difícil de ser
definida precisamente pelos profissionais porque os desvios da “oclusão
normal” nem sempre são nítidos e de fácil identificação; ou seja, é difícil
delimitar “oclusões aceitáveis” e “oclusões inaceitáveis”. Sendo assim, a
indicação para o tratamento deve ser definida pelo profissional após exame
clínico e conhecimento da existência de impacto negativo da má oclusão sobre
a qualidade de vida do indivíduo (Marques et al, 2005).
Sendo assim, diferenciar problemas oclusais de uma oclusão normal é
imprescindível, para que ocorra o tratamento ortodôntico. A procura pelo
tratamento pode ocorrer devido à indicação pelo cirurgião dentista, pela
percepção da necessidade de tratamento do próprio paciente ou, em casos de
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crianças, pela percepção dos pais, que notam anormalidades oclusais ou do
sorriso.
Em uma dentadura mista existe certa dificuldade em realizar o
diagnóstico de algumas más oclusões, provavelmente devido a ser uma fase de
crescimento e de substituições dentais. Porém, esta fase é a melhor época para
se realizar diversos tipos de tratamentos ortodônticos, justamente por ser uma
fase de desenvolvimento ósseo e dental.
Dentre as más oclusões indicadas para serem tratadas nesta fase, está a
mordida aberta anterior (MAA), que é uma das más oclusões de maior
comprometimento estético-funcional, pelas alterações dentais e esqueléticas.
Ela pode se desenvolver a partir de diversos fatores etiológicos, tais como os
hábitos bucais deletérios (sucção de polegar ou chupeta), amígdalas
hipertróficas, respiração bucal, anquilose dental e anormalidades no processo
de erupção.
A mordida aberta anterior apresenta-se com grande prevalência em
pacientes jovens, sendo de fácil solução, na maior parte dos casos, quando
interceptada precocemente (Torres et al, 2006). Essa má oclusão está
relacionada a hábitos deletérios, como sucção de dedo e chupeta, sendo
mantida posteriormente pela interposição lingual. Existem diferentes terapias
ortodônticas que podem ser empregadas para correção da mordida aberta
(Bronzi et al, 2002).
Este estudo teve como objetivo avaliar a percepção de adultos não
relacionados à área odontológica fazendo um estudo comparativo com a
percepção de cirurgiões dentistas clínicos gerais, verificando a necessidade ou
não de tratamento ortodôntico na fase de dentadura mista, no que diz respeito
à má oclusão do tipo mordida aberta anterior e comparando à oclusão normal.
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3. Revisão de Literatura
Entende-se que a má oclusão é de etiologia multifatorial, atribuída a
hábitos bucais deletérios ou mesmo à genética, constituindo uma anomalia do
arco dental, com problemas estéticos, funcionais e psicológicos. Na fase de
dentadura mista a má oclusão chega a acometer 80% das crianças,
ocasionando problemas futuros e estão propícias à desenvolver hábitos que
possam agravar o problema, como o uso de chupetas, sucção de dedos ou até
mesmo a respiração bucal.
A intervenção ortodôntica preventiva permite a correção ou melhora da
situação, diminuindo a necessidade de um tratamento ortodôntico corretivo
posteriormente, evitando que a má oclusão se instale na dentadura permanente
e, consequentemente, favorecendo o crescimento harmonioso das bases
ósseas.
Segundo Shaw (1981), o tratamento ortodôntico pode ser uma mudança
de vida, desde que a má oclusão seja um fator importante na percepção de
uma pessoa afetando sua inteligência e capacidade de atração pelos colegas e
o público em geral.
Segundo Silva Filho et al (1990), a alta prevalência de má oclusões na
população levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a considerá-la como
o terceiro problema odontológico de saúde pública em todo mundo , sendo
inferior apenas à cárie e à doença periodontal. Ou seja, a busca pelo
tratamento interceptivo com o uso de aparelhos ortodônticos está cada vez
sendo mais estudado e mais utilizado pela população.
Vários estudos relatados na literatura avaliaram a prevalência de má
oclusão em crianças em dentição mista. Biscaro et al. (1994) avaliaram 891
crianças de 7 a 12 anos e observaram que 97,7% eram portadoras de algum
tipo de má oclusão.
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A necessidade de tratamento ortodôntico na fase de dentadura mista está
diretamente relacionada com o fator social e psicológico, pois é uma fase de
socialização e muitas vezes a criança não consegue se relacionar com outras
pessoas. A má oclusão por sua vez pode causar impacto estético nos dentes, na
face e nas atividades diárias como mastigação, fonação e nessa fase a
dificuldade na socialização pode causar baixa autoestima. No entanto, a
preocupação das pessoas com má oclusão está diretamente voltada para a
estética ao invés da função, sendo necessária a orientação do ortodontista para
associar o fator estético com o fator funcional, levando o paciente a ter uma
qualidade de vida satisfatória.
A formação básica do cirurgião dentista deveria abranger
conhecimentos para tratamentos preventivos e interceptivos para poder
diagnosticar as oclusopatias. Porém, muitos dos pacientes encaminhados pelo
clínico ou odontopediatra chegam ao ortodontista na fase de dentição
permanente, quando a maioria dos problemas está instalada.
É comum encontrarmos crianças que tenham, ao nascimento, o hábito
da sucção não nutritiva, porém, devemos atentar que o prolongamento deste
hábito que pode culminar em uma má oclusão. Esses se dividem em hábitos de
sucção não nutritiva (sucção de chupeta, sucção digital), hábitos de morder
(objetos, onicofagia e bruxismo) e hábitos funcionais (respiração oral,
deglutição atípica e alteração de fala), segundo Lino, 1995.
É de grande importância para os profissionais da Odontologia que
trabalham com crianças conhecer as práticas de aleitamento e os hábitos
bucais deletérios, pois é sabido que quaisquer intervenções prévias para
preveni-los resultam em melhor qualidade de vida através do estabelecimento
de condições adequadas de alimentação, respiração e fala, favorecendo a
harmonia e o equilíbrio entre esqueleto, tecidos moles, morfologia e volume
dental, os quais têm interferência direta sobre a oclusão. Salientando-se que
estes hábitos deletérios tendem a perdurar principalmente em crianças que não
receberam aleitamento materno (Gondim, 2010).
Em todos os aspectos, um diagnóstico correto e uma intervenção
precoce de mordida aberta anterior podem trazer grandes benefícios estéticos e
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funcionais ao paciente, minimizando o tratamento corretivo posterior e
atribuindo uma maior estabilidade nos resultados alcançados.
3. Procedimentos Metodológicos
Após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade
Cidade de São Paulo (UNICID), foram selecionados 9 conjuntos de
fotografias de casos clínicos, de crianças na fase de dentadura mista. Essas
crianças foram selecionadas da Clínica Odontológica da Prefeitura Municipal
de Louveira-SP, com autorização tanto dos responsáveis pelos pacientes,
como da Secretaria da Saúde do município, por meio de convênio firmado
para realização de pesquisas.
Cada conjunto de fotografias intrabucais incluía 2 fotos oclusais
(inferior e superior), 2 fotos laterais (direta e esquerda), e uma foto frontal.
Cada foto apresentava dimensão de 12 x 6 cm, sendo cada caso clinico
disposto em uma pagina.
Dos 9 casos clínicos, 7 eram de más oclusões e 2 eram de oclusões
normais, sendo todos em fase de dentadura mista. Entre as más oclusões que
compunham o conjunto de fotos, existiam casos de: mordida profunda
(overbite de 10 mm); mordida cruzada invertida (“mordida em Brodie”)
unilateral direita; mordida aberta anterior (overbite de -7 mm); mordida
cruzada anterior dental (incisivos centrais superiores cruzados); mordida
cruzada unilateral esquerda; apinhamento anterior de 5 mm; mordida cruzada
anterior esquelética (com todos os dentes anteriores cruzados).
Os 2 casos de oclusões normais representavam casos típicos de
normalidade em dentadura mista, com pequenos diastemas, mordida
suavemente profunda, e Classe I de molares.
Os casos clínicos foram avaliados por 2 grupos distintos: cirurgiões
dentistas e adultos não relacionados à Odontologia, denominados
respectivamente de Grupo 1 e Grupo 2.
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O Grupo 1 apresentava média de idade 30,5 anos, e era formado há 12,7
anos. Desses dentistas, nenhum apresentava formação em Ortodontia, mas
todos já haviam realizado alguma indicação para tratamento ortodôntico.
O Grupo 2 apresentava média de idade 31,65 anos, renda familiar
maior do que R$ 2.400,00 por mês, e grau de instrução mínimo de “curso
superior completo”.
Todos os participantes da pesquisa concordaram com a sua realização
por meio da assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE).
Os participantes da pesquisa deveriam responder sim ou não a duas
perguntas para cada caso clinico avaliado:
1) Este paciente necessita de tratamento ortodôntico?
2) Este paciente possui hábitos como chupar dedo ou chupeta?
Dos 9 casos utilizados para avaliação, apenas 2 foram selecionados,
para fins de comparação: o de mordida aberta anterior e um caso de oclusão
normal.
Para o caso de oclusão normal, as respostas corretas às duas perguntas
eram negativas. Por sua vez, para o caso de mordida aberta anterior, as
respostas corretas às duas perguntas eram positivas.
Os acertos dos diagnósticos obtidos pelos 2 grupos, foram somados e
representados em forma de gráficos, para fins de comparação.
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4. Resultados
Neste estudo conseguimos obter uma taxa de resposta satisfátoria entre
os entrevistados, não havendo recusa entre os participantes. Segundo os
dados coletados e representados em gráficos, em relação a oclusão normal
(encaixe correto entre os dentes na fase de dentadura mista), os adultos leigos
que responderam ao questionário possuíam média de idade de 31,65 anos e
80% disseram que havia necessidade de tratamento ortodôntico em uma
oclusão normal sendo que apenas 20% acertaram a resposta de que não havia
necessidade de tratamento. Em relação aos hábitos de sucção digital ou o uso
de chupetas, 70% dos entrevistados responderam corretamente, que não havia
nenhuma relação entre a oclusão normal e tais hábitos. Os demais 30%
responderam que havia relação entre a oclusão normal avaliada e os hábitos
deletérios em questão.
Gráfico 1 - Porcentagem de diagnósticos corretos e incorretos, segundo a
percepção de adultos, para casos de:
(A) Oclusão normal versus necessidade de tratamento ortodôntico;
(B) Oclusão normal versus relação com hábitos de sucção digital e de
chupeta. (Eu não colocaria em negrito)
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Acertos
Erros
A B
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No segundo gráfico, correspondente à mordida aberta anterior (MAA),
os entrevistados tiveram maior facilidade em acertar o diagnóstico, com um
índice de erros menor do que para a oclusão normal. Em relação ao
tratamento ortodôntico em uma criança com mordida aberta anterior na fase
de denttadura mista, todos os entrevistados responderam que havia
necessidade de tratamento. Quando se questionou sobre a relação da oclusão
com mordida aberta anterior e hábitos como o uso de chupeta e sucção digital,
93,3% dos leigos entrevistados acertaram a resposta, dizendo que tal relação
existia. Apenas 6,6% erraram, dizendo que não havia tal relação.
Gráfico 2 - Porcentagem de diagnósticos corretos e incorretos, segundo a
percepção de adultos, para casos de:
(A) Mordida aberta anterior versus necessidade de tratamento
ortodôntico;
(B) Mordida aberta anterior versus relação com hábitos de sucção
digital e de chupeta.
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Acertos
Erros
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Os cirurgiões dentistas que responderam ao questionário apresentavam
média de idade de 30,50 anos. No gráfico relacionado á oclusão normal houve
um índice de acertos maior quando comparado ao dos adultos, 66,3% dos
cirurgiões entrevistados conseguiram diagnosticar a oclusão normal em fase
de dentadura mista, mesmo assim ainda ocorreram erros, 33,4 % em
diagnosticar uma oclusão normal entre os cirurgiões dentistas, devido á anos
de formação, afastamento da especialidade conforme o tempo. Em relação aos
hábitos de sucção digital e ao uso de chupetas o índice de acertos foi bem
maior 83,3% disseram que não havia relação entre hábitos e apenas 16,7% não
conseguiram avaliar corretamente.
Gráfico 3 - Porcentagem de diagnósticos corretos e incorretos, segundo a
percepção de cirurgiões dentistas, para casos de:
(A) Oclusão normal versus necessidade de tratamento ortodôntico;
(B) Oclusão normal versus relação com hábitos de sucção digital e de
chupeta.
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acertos
erros
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No segundo gráfico referente à mordida aberta anterior (MAA),
avaliada por cirurgiões dentistas o índice de acertos foi de 100% tanto para
necessidade de tratamento ortodôntico quanto para relações de hábitos de
sucção digital e uso de chupetas.
Gráfico 4 - Porcentagem de diagnósticos corretos e incorretos, segundo a
percepção de cirurgiões dentista, para casos de:
(A) Mordida aberta anterior versus necessidade de tratamento
ortodôntico;
(B) Mordida aberta anterior versus relação com hábitos de sucção
digital e de chupeta.
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acertos
erros
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4. Desenvolvimento / Discussão
Neste estudo tivemos como objetivo avaliar e verificar a percepção de
pais e cirurgiões dentistas sobre a necessidade de tratamento ortodôntico na
fase de dentadura mista, tendo como comparativo uma MAA (mordida aberta
anterior) com uma oclusão normal.
Segundo os resultados obtidos nos gráficos representados por uma
pequena amostra, conseguimos perceber que adultos não relacionados à área
odontológica, não conseguem avaliar e diferenciar uma oclusão normal para
crianças em fase de dentadura mista que não necessite de tratamento
ortodôntico. Isso ocorre, pois diagnosticar corretamente uma oclusão normal
principalmente na fase de substituição de dentes decíduos para permanentes
não é tão evidente. Um período característico deste estágio da dentadura é a
fase do “patinho feio”, quando os incisivos superiores apresentam-se
projetados vestibularmente, com divergência do longo eixo de apical para
incisal, sobremordida profunda e diastemas. Outra característica desta etapa é
a presença de incisivos inferiores desalinhados, que não devem ser corrigidos
precocemente, pois na maioria das vezes apresentam melhora ao final da
dentadura mista. (CHU, F. C. S et al)
No entanto, cirurgiões dentistas clínicos gerais apresentaram índice de
acertos de 66,3%, ou seja, 33,4% erraram ao diagnosticar uma oclusão normal,
devido à dificuldade de percepção dos profissionais. A explicação para isso
pode ser devido ao afastamento por demais profissionais fora da especialidade
de Ortodontia, anos de experiência do profissional, defasagem devido à
graduação realizada há longo tempo etc.
Em um estudo realizado por Pereira et al, afirmaram que a mensuração
da oclusão dental em populações humanas tem sido um permanente desafio
aos profissionais de Odontologia e de saúde pública. Ou seja, a dificuldade
pela percepção de más oclusões é um problema que se agrava cada vez mais,
sendo que muitas vezes o paciente é diagnosticado como portador de alguma
má oclusão quando na realidade ele está em uma fase de dentadura mista que
não requer intervenção ortodôntica naquele momento. Mesmo assim, com
relação aos hábitos deletérios como sucção digital e ao uso de chupetas, tanto
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adultos não relacionados à área odontológica como cirurgiões dentistas já
conseguem obter uma percepção maior sobre isso, comparando-se ao
observado para oclusão normal.
Em relação à MAA adultos não relacionados à área odontológica
apresentaram maior facilidade em diagnosticar corretamente a mordida aberta
anterior. A resposta é por conta do espaço entre dentes superiores e inferiores,
sendo considerado um problema de má oclusão que necessite de intervenção
ortodôntica. Neste caso, a facilidade por diagnosticar foi mais evidente, pois,
segundo os entrevistados, no caso os adultos, é mais fácil visualizar o que está
errado do que perceber uma oclusão normal. Sendo assim, cirurgiões
dentistas, mesmo não sendo especialistas em ortodontia, responderam em
100% que neste caso havia uma má oclusão e que a mesma está diretamente
relacionada com hábitos de sucção.
Segundo Henriques et al.,2000, as deformações na arcada dental
causadas pela mordida aberta anterior têm como principal característica
clínica a falta de um trespasse vertical entre as margens incisais dos dentes
anteriores superiores e inferiores. O diagnóstico e tratamento devem iniciar-se
ainda na fase decídua ou mista da dentição, como atuação preventiva, com o
intuito melhorar a questão estética funcional e psicológica, como também,
aumenta os níveis de sucesso do tratamento clínico.
Apesar da estreita relação entre os hábitos de sucção com a mordida
aberta anterior (Subtelny & Sakuda, 1964; Parker, 1971; Popovich &
Thompson, 1973), esta má-oclusão pode estar presente mesmo sem a presença
do hábito (Justus, 1976), o que torna necessário uma avaliação criteriosa dos
fatores etiológicos.
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5. Conclusão
Segundo a metodologia utilizada e com base nos resultados obtidos foi
possível concluir que:
Adultos não relacionados à área odontológica (leigos) conseguiram
identificar com maior facilidade a mordida aberta anterior do que uma oclusão
normal, na fase de dentadura mista;
Os adultos leigos associaram a mordida aberta anterior à presença de
hábitos como sucção digital e de chupeta;
Cirurgiões dentistas clínicos gerais identificaram a mordida aberta
anterior como uma má oclusão que necessita de tratamento ortodôntico e que
está relacionada a hábitos de sucção;
Cirurgiões dentistas clínicos gerais também apresentaram certa
dificuldade em concluir que a oclusão normal apresentada na dentadura mista
não necessitava de tratamento ortodôntico.
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outubro/2011.
7. Dificuldades encontradas, alterações e justificativas (se houver).
Não se aplica.
8. Demais informações relevantes:
Não se aplica
9. Anexos
Relatório de Acompanhamento de orientação
19
São Paulo, de de 2014.
_________________________ ________________________
Assinatura do Aluno Assinatura do Orientador