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CARACTERIZAÇÃO TÉCNICO-TÁCTICA DE JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL Avaliação do impacto produzido pela alteração das variáveis espaço e número de jogadores Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto, na área de especialização de Desporto para Crianças e Jovens, nos termos do Decreto-Lei nº 216/92, de 13 Outubro. Orientador: Professor Doutor António Rebelo Natal Autor: José Pedro Martins Brito da Silva Setembro de 2008

Tomada desição

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CARACTERIZAÇÃO TÉCNICO-TÁCTICA DE JOGOS

REDUZIDOS EM FUTEBOL

Avaliação do impacto produzido pela alteração das

variáveis espaço e número de jogadores

Dissertação apresentada com vista à obtenção do

grau de Mestre em Ciências do Desporto, na área

de especialização de Desporto para Crianças e

Jovens, nos termos do Decreto-Lei nº 216/92, de

13 Outubro.

Orientador: Professor Doutor António Rebelo Natal

Autor: José Pedro Martins Brito da Silva

Setembro de 2008

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Silva, J. (2008): Caracterização técnico-táctica de jogos reduzidos em

futebol - Avaliação do impacto produzido pela alteração das variáveis

espaço e número de jogadores. Porto: Silva, J. Dissertação de Mestrado

apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-Chave: FUTEBOL, PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM, AVALIAÇÃO DA

PERFORMANCE TÉCNICO-TÁCTICA, JOGOS REDUZIDOS

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III

A o s meu s p a i s . . .A o s meu s p a i s . . .A o s meu s p a i s . . .A o s meu s p a i s . . .

Nunca o teria conseguido sem a ajuda dos

meus primeiros e mais queridos professores:

Voc ê s !Vo c ê s !Vo c ê s !Vo c ê s !

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IV

Page 5: Tomada desição

V

Agradecimentos

Um trabalho desta natureza encerra em si, uma passagem que marca o

seu autor de uma forma indelével, por motivos de ordem académica, profissional e

pessoal. Como tal, gostaria de expressar o meu mais profundo agradecimento:

- Ao Professor Doutor António Natal, por ter assumido a responsabilidade

de orientar este trabalho e pelo seu inestimável apoio. As suas indicações e

orientações nas linhas de pesquisa com objectividade e simplicidade necessárias,

e sobretudo, a sua permanente disponibilidade, foram mais que uma ajuda, um

estímulo.

- Aos clubes que colaboraram com o seu contributo para a realização

deste estudo.

- Aos atletas, que sem o seu empenho e colaboração este estudo não

seria possível, bem como aos seus treinadores pelo contributo imprescindível para

a resolução de todos os problemas que foram surgindo ao longo da realização do

estudo e acima de tudo pela amizade demonstrada.

- Ao Mestre Luís Fernandes, companheiro de luta, pelo incentivo, e pelas

conversas “ricas” em conteúdo humano e académico.

- Ao colega e amigo Pedro Martins pelo apoio, troca de experiências e

opiniões importantes acerca da realização deste trabalho.

- À Mestre Luísa Amaral, pela sua disponibilidade, interesse, preocupação

e transmissão de conhecimentos científicos e metodológicos.

- Aos meus colegas de mestrado, pelos conselhos transmitidos ao longo

destes últimos anos, assim como a sua colaboração e incentivo, para que o

trabalho fosse concluído.

- À Lili, pelo amor, ajuda, compreensão e paciência demonstrada em todos

os momentos do planeamento e realização deste trabalho. Por todos os momentos

que te “roubei” e que não regressam, pelos momentos em que fui menos capaz e

que tu estiveste ao meu lado, sempre presente para me ajudar a levantar...

- Aos meus pais, os melhores do mundo..., os vossos conselhos, a alegria

e confiança transmitidas, foram mais do que um estímulo para mim.

A todos o meu sincero obrigado.

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VI

Page 7: Tomada desição

VII

Índice Geral

Índice Geral VII

Índice de Quadros XI

Índice de Figuras XIII

Índice de Anexos XV

Lista de Abreviaturas XV

Resumo XVII

Abstract XIX

Résumé XXI

1 – Introdução 1

1.1. Preâmbulo e pertinência do estudo 1

1.2. Justificação do tema 3

1.3. Delimitação do problema 7

1.4. Objectivos do estudo 8

1.5. Estrutura do trabalho 9

2 - Revisão da Literatura 11

2.1. A natureza contextual do jogo de futebol 11

2.2. Caracterização e delimitação conceptual do jogo de futebol 13

2.3. O carácter táctico do jogo de futebol: Implicações na formação de

jogadores 17

2.4. Estratégia e táctica – Factores determinantes na complexidade do jogo de

futebol 21

2.5. Evolução metodológica do processo ensino-aprendizagem do jogo de

futebol – Modelos de ensino do jogo 25

2.5.1. Da importância do Modelo Tradicional (MT) – Fase técnico – táctica da

aprendizagem do jogo ao Modelo de Ensino pela Compreensão (MEC) 28

2.5.2. Modelo de Ensino pela Compreensão (MEC) - Fase táctico-técnica da

aprendizagem do jogo (Dicotomia entre as dimensões técnica e táctica) 34

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VIII

2.5.2.1. Modelos de ensino do jogo centrados na sua compreensão 37

2.6. Taxionomia do exercício de treino 42

2.6.1. Pertinência do Jogo Reduzido (JR) no processo ensino-aprendizagem em

futebol 47

2.6.2. Constrangimentos do exercício de treino 51

2.6.2.1. Constrangimento tempo 52

2.6.2.2. Constrangimento espaço 53

2.6.2.3. Constrangimento tarefa 53

2.6.2.4. Constrangimento condição humana 54

2.7. Revisão de estudos 56

2.7.1. Estudos centrados na análise da performance desportiva do jogador 56

2.8. As fases do jogo de futebol 60

2.8.1. O processo ofensivo do jogo de futebol 61

2.8.2. O processo defensivo do jogo de futebol 63

2.9. Pertinência da observação e análise do jogo no processo ensino-

aprendizagem em futebol 65

2.9.1. A problemática da observação e análise do jogo 68

2.10. O formato da avaliação como um meio fundamental para a determinação

da performance desportiva individual em futebol 70

2.10.1. Enquadramento histórico dos vários formatos de avaliação 71

2.10.2. Modelo de avaliação técnico-táctica (TSAP) 76

2.10.2.1. Fiabilidade da grelha de recolha de informação 77

2.10.2.2. Validação do monograma de avaliação da performance desportiva 78

3 – Metodologia 79

3.1. Amostra do estudo 80

3.2. Protocolo de observação 80

3.2.1. Procedimentos e instrumentos utilizados para a recolha de imagens dos

dois exercícios de treino 81

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IX

3.3. Descrição dos dois exercícios de treino 82

3.4. Caracterização dos indicadores que integram o TSAP 83

3.5. Grelha de recolha de informação relativa à performance desportiva

individual em futebol. 84

3.6. Avaliação da performance desportiva individual em futebol (Monograma de

avaliação da performance desportiva) 85

3.7. Protocolo exploratório 87

3.8. Carácter das variáveis de observação 88

3.9. Procedimentos estatísticos 89

4 - Apresentação dos Resultados 91

4.1. Indicadores técnico-tácticos do exercício GR+5X5+GR (finalização) 91

4.2. Indicadores técnico-tácticos do exercício 5X5 MPB 94

4.3. Comparação dos indicadores técnico-tácticos dos dois exercícios de treino 95

5 – Discussão dos Resultados 97

5.1. Análise do impacto produzido pela alteração da variável espaço de jogo e

número de jogadores nos indicadores técnico-tácticos da situação

GR+5X5+GR (Finalização)

97

5.2. Análise do impacto produzido pela alteração do espaço de jogo e número

de jogadores nos indicadores técnico-tácticos da situação 5X5 (MPB) 102

5.3. Interpretação do impacto produzido pela alteração do espaço de jogo e

número de jogadores sobre os indicadores técnico-tácticos relativos aos

dois exercícios de treino

106

5.3.1. Análise da comparação dos indicadores técnico-tácticos dos dois exercícios

de treino 110

6 – Conclusões 113

7 – Bibliografia 117

Anexos

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X

Page 11: Tomada desição

XI

Índice de Quadros

Quadro 1 – Perspectiva dicotómica da estratégia e da táctica 24

Quadro 2 – Diferenças entre o Modelo Tradicional (MT) e o Modelo de Ensino pela Compreensão (MEC) no processo ensino-aprendizagem

27

Quadro 3 – Particularidades da estratégia, da táctica e da técnica 37

Quadro 4 – Organização em fases das situações de exercitação e prática dos jogos

41

Quadro 5 – Taxionomia dos exercícios de treino 46

Quadro 6 – Modificações didácticas a utilizar na construção de situações de treino em futebol

55

Quadro 7 – Estudos comparativos da actividade técnico-táctica de vários escalões de formação nos JDC

57

Quadro 8 – Resultados referentes aos estudos comparativos da actividade técnico-táctica de vários escalões de formação nos JDC

59

Quadro 9 – Caracterização da amostra segundo o estatuto posicional 80

Quadro 10 – Número de observações nas três CE dos dois JR 81

Quadro 11 – Itens de observação e informação a ser recolhida posteriormente 88

Quadro 12 – Resultados dos indicadores técnico-tácticos do exercício GR+5X5+GR (finalização), realizado em três diferentes CE (1, 2 e 3)

92

Quadro13 – Resultados dos indicadores técnico-tácticos do exercício 5X5 (MPB), realizado em três diferentes CE (1, 2 e 3)

94

Quadro 14 – Valores médios de frequência (± SD) relativos aos indicadores técnico-tácticos dos exercícios 5x5 (MPB) e GR+5X5+GR (finalização)

96

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XII

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XIII

Índice de Figuras

Figura 1 – Princípios Gerais dos JDC 13

Figura 2 – Fases do processamento da informação de uma acção táctica

complexa

20

Figura 3 – Modelo de ensino do jogo baseado na sua compreensão 36

Figura 4 – Classificação dos exercícios de treino 43

Figura 5 – Categorias consideradas no modelo de avaliação da performance

desportiva nos JDC

72

Figura 6 – Monograma de avaliação da performance desportiva 86

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XIV

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XV

Índice de Anexos

Anexo 1 Grelha de recolha de informação referente ao exercício

GR+5X5+GR (finalização)

CXXXV

Anexo 2 Grelha de recolha de informação referente ao exercício

5X5 (MPB)

CXXXVII

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XVI

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XVII

Lista de Abreviaturas

AAHPERD American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance

AB Bolas atacantes

AJ Acção de jogo

BT Baterias de testes

CB Conquista de bola

CE Condições espaciais

CT Testes de circuitos

DC Defesa central

DL Defesa lateral

DP Desvio padrão

ECT Exercícios complexos de treino

FJS Formas de jogo simplificadas

F5 Futebol de 5

F7 Futebol de 7

F9 Futebol de 9

F11 Futebol de 11

GPAI Game Performance Assessment Instrument

GR Guarda-redes

HT Habilidades técnicas

IE Índice de eficiência

JDC Jogos desportivos colectivos

JC Jogos condicionados

JF Jogo formal

JR Jogo reduzido

LB Perda de bola

MÁX. Valor máximo

MÍN. Valor mínimo

MA Médio ala/extremo

MEC Modelo de ensino pela compreensão

MO Médio ofensivo

MPB Manutenção da posse de bola

MT Modelo tradicional

NB Bolas neutras

OB Bolas ofensivas

p Valor de prova do teste de diferença de médias

PB Volume de jogo

PL Ponta de lança

PP Pontuação da performance desportiva

RB Recepção de bola

± SD Valores médios de frequência

SS Remates de sucesso

TGfU Teaching Games for Understanding

TSAP Team Sport Assessment Procedure

X Média

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XVIII

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XIX

Resumo

Este estudo compreendeu os seguintes objectivos: recolher informação para uma posterior análise e respectiva avaliação da performance desportiva em futebol, através da utilização de um instrumento de caracterização técnico-táctica validado (Team Sport Assessment Procedure); avaliar a performance desportiva em dois exercícios de jogo reduzido com três condições espaciais diferentes. Com base em tal enquadramento pretendeu-se analisar a variação dos indicadores técnico-tácticos, nas diferentes condições espaciais utilizadas em dois exercícios de jogo reduzido; analisar a variação dos indicadores técnico-tácticos entre os dois exercícios de jogo reduzido.

A amostra do estudo foi constituída por 12 jogadores de campo, pertencentes ao escalão de Juniores, com uma idade média de 17,2±0,6anos, com altura média de 175±0,1cm e peso médio de 70,9±9,4kg. A recolha de dados foi realizada, através da filmagem de dois exercícios de treino (5X5 manutenção da posse de bola e guarda-redes+5X5+guarda-redes). Como procedimentos estatísticos utilizou-se a análise descritiva, One-way ANOVA, Post Hoc de Fisher-LSD, e o t-teste de medidas independentes.

Como resultados principais constatamos que no exercício guarda-redes+5X5+guarda-redes (finalização), os valores obtidos pelos diversos indicadores foram: 1) Indicador conquista da bola: 5±1,25, 3,80±1,54 e 2,50±1,43 nas três diferentes condições espaciais (1, 2 e 3 respectivamente); 2) Indicador perda de bola: 4,90±2,13, 3,60±1,51 e 2,60±0,84 nas três diferentes condições espaciais referidas; 3) Indicador volume de jogo: 19,50±5,06, 15,60±3,37 e 13,50±5,19 nas três diferentes condições espaciais; 4). Indicador índice de eficiência: 0,54±0,22, 0,46±0,19 e 0,28±0,14; 5) Indicador pontuação da performance: 15,25±4,02, 12,38±2,96 e 9,57±3,64 nas três diferentes condições espaciais. No exercício 5X5 manutenção da posse de bola os valores obtidos pelos diversos indicadores foram: 1) Indicador conquista da bola: 8,3±2,67, 6,2±1,87 e 2,9±0,99 nas três diferentes condições espaciais (1, 2 e 3 respectivamente); 2) Indicador recepção de bola: 19,60±4,92, 14,90±4,48 e 12,80±6,17 nas três diferentes condições espaciais; 3) Indicador perda de bola: 10,2±3,65, 7±2,49 e 3,3±1,57 nas três diferentes condições espaciais; 4) Indicador volume de jogo: 27,90±3,78, 21,10±3,87 e 15,70±6,18 nas três diferentes condições espaciais.

Como principais conclusões observamos que: os dois exercícios demonstraram uma clara variação dos indicadores técnico-tácticos entre as três condições espaciais analisadas, no que diz respeito aos valores da média e valores máximo e mínimo. Em ambos os exercícios, a condição de exercitação com espaço de jogo mais reduzido apresentou uma maior média de frequência de indicadores técnico-tácticos que compõem o Team Sport Assessment Procedure.

Palavras-Chave: FUTEBOL, PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM, AVALIAÇÃO DA

PERFORMANCE TÉCNICO-TÁCTICA, JOGOS REDUZIDOS

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XX

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XXI

Abstract This study embraced the following objectives: a) information collection

for later analysis and related evaluation of the football sporting performance, via the use of a validated technical-tactical assessment instrument (Team Sport Assessment Procedure), and b) the evaluation of sporting performance in two half-pitch game exercises in three different spatial conditions. Based on this framework, it was intended to analyse the variations in technical-tactical indicators in the different spatial conditions used in two half-pitch game exercises, and to analyse the variation in technical-tactical indicators between the two half-pitch game exercises.

The sample study consisted of 12 players on the pitch, belonging to the Junior squad, with an average age of 17.2±0.6 years, an average height of 175±0.1 cm and an average weight of 70.9±9.4 kg. Data was collected by filming the two training exercises (5X5 maintaining ball possession and goalkeeper+5X5+goalkeeper). The statistical procedures used were descriptive analysis, One-Way ANOVA, Fisher-LSD Post Hoc, and the t-test for independent measurements.

As most important results, we can confirm that for the goalkeeper+5X5+goalkeeper exercise (finishing), the values obtained by the various indicators were: 1) Ball winning indicator: 5±1.25, 3.80±1.54 and 2.50±1.43 in the three different spatial conditions (1, 2 and 3 respectively); 2) Ball loss indicator: 4.90±2.13, 3.60±1.51 and 2.60±0.84 in the three different spatial conditions referred to; 3) Game volume indicator: 19.50±5.06, 15.60±3.37 and 13.50±5.19 in the three different spatial conditions; 4). Efficiency index indicator: 0.54±0.22, 0.46±0.19 and 0.28±0.14; 5) performance points indicator: 15.25±4.02, 12.38±2.96 and 9.57±3.64 in the three different spatial conditions. In exercise 5X5 maintenance of ball possession, the values obtained by the various indicators were: 1) Ball winning indicator: 8.3±2.67, 6.2±1.87 and 2.9±0.99 in the three different spatial conditions (1, 2 and 3 respectively); 2) Ball receipt indicator: 19.60±4.92, 14.90±4.48 and 12.80±6.17 in the three different spatial conditions; 3) Ball loss indicator: 10.2±3.65, 7±2.49 and 3.3±1.57 in the three different spatial conditions; 4) Game volume indicator: 27.90±3.78, 21.10±3.87 and 15.70±6.18 in the three different spatial conditions.

As principal conclusions, we can note that the two exercises demonstrated a clear variation in the technical-tactical indicators between the three spatial conditions analysed, concerning the average values and the maximum and minimum values. In both exercises, holding them in a more reduced playing area gave a higher average frequency of the technical-tactical indicators that make up the Team Sport Assessment Procedure.

Key words: FOOTBALL, TEACHING-LEARNING PROCESS, TECHNICAL-TACTICAL PERFORMANCE EVALUATION, HALF-PITCH GAMES

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XXII

Page 23: Tomada desição

XXIII

Résumé Cette étude a compris les objectifs suivants: recueillir des informations

pour une analyse postérieure et pour l’évaluation respective de la performance sportive en football, au moyen de l’utilisation d’un instrument de caractérisation technico-tactique validé (Team Sport Assessment Procedure); évaluer la performance sportive dans deux exercices de jeu réduit avec trois conditions spatiales différentes. En ayant comme base cet encadrement, nous avons voulu analyser la variation des indicateurs technico-tactiques dans les différentes conditions spatiales utilisées dans deux exercices de jeu réduit; analyser la variation des indicateurs technico-tactiques entre les deux exercices de jeu réduit.

L’échantillon de l’étude était constitué par 12 joueurs de terrain, qui appartenaient à la catégorie junior, ayant une moyenne d’âge de 17,2±0,6ans, ayant une taille moyenne de 175±0,1cm et un poids moyen de 70,9±9,4kg. Le recueil de données a été fait au moyen du filmage de deux exercices d’entraînement (5X5 maintien de la possession du ballon et gardien de but+5X5+gardien de but). Comme procédés statistiques nous avons utilisé l’analyse descriptive, One-Way ANOVA, Post Hoc de Fisher-LSD, et le t-test de mesures indépendantes.

Comme principaux résultats nous avons constaté que dans l’exercice gardien de but+5X5+gardien de but (finalisation), les valeurs obtenues par les différents indicateurs furent: 1) Indicateur conquête du ballon: 5±1,25, 3,80±1,54 et 2,50±1,43 dans les trois conditions spatiales différentes (1, 2 et 3 respectivement); 2) Indicateur perte du ballon: 4,90±2,13, 3,60±1,51 et 2,60±0,84 dans les trois conditions spatiales différentes susmentionnées; 3) Indicateur volume de jeu: 19,50±5,06, 15,60±3,37 et 13,50±5,19 dans les trois conditions spatiales différentes; 4) Indicateur indice d’efficience: 0,54±0,22, 0,46±0,19 et 0,28±0,14; 5) Indicateur des points de la performance: 15,25±4,02, 12,38±2,96 et 9,57±3,64 dans les trois conditions spatiales différentes. Dans l’exercice 5X5 maintien de la possession du ballon, les valeurs obtenues par les différents indicateurs furent: 1) Indicateur conquête du ballon: 8,3±2,67, 6,2±1,87 et 2,9±0,99 dans les trois conditions spatiales différentes (1, 2 et 3 respectivement); 2) Indicateur réception du ballon: 19,60±4,92, 14,90±4,48 et 12,80±6,17 dans les trois conditions spatiales différentes; 3) Indicateur perte du ballon: 10,2±3,65, 7±2,49 et 3,3±1,57 dans les trois conditions spatiales différentes; 4) Indicateur volume de jeu: 27,90±3,78, 21,10±3,87 et 15,70±6,18 dans les trois conditions spatiales différentes.

Comme principales conclusions nous avons observé que les deux exercices ont montré une variation évidente des indicateurs technico-tactiques entre les trois conditions spatiales analysées, en ce qui concerne les résultats de la moyenne et les résultats maximum et minimum. Dans les deux exercices, la condition d’exercice avec un espace de jeu plus réduit a montré une plus grande moyenne de fréquence d’indicateurs technico-tactiques qui composent le Team Sport Assessment Procedure.

Mots-clé: FOOTBALL, PROCESSUS ENSEIGNEMENT-APPRENTISSAGE, EVALUATION DE

LA PERFORMANCE TECHNICO-TACTIQUE, JEUX REDUITS

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XXIV

Page 25: Tomada desição

Introdução

1

1- Introdução

“A altura de um homem mede-se pela amplitude do seu

horizonte; e este é recortado pela medida das suas

palavras. Pela palavra alta perspectivámos uma

realidade alta, pela palavra baixa inventamos uma

realidade rasteira. É de palavras altas, de renovação, de

recreação e de reinvenção que o futebol precisa”.

(Bento, 1993, p.92)

Este capítulo irá consagrar breves contornos do estudo,

nomeadamente a sua pertinência, justificar a sua importância na área do

conhecimento em que se processa, delimitar e formular o problema que o

encerra, estabelecer os objectivos e estruturar os vários passos realizados até

ao seu epílogo.

1.1. Preâmbulo e pertinência do estudo

De entre os Jogos Desportivos Colectivos (JDC) o futebol é

considerado o mais imprevisível e aleatório, pois possui características que

resultam de vários factores, nomeadamente o envolvimento complexo e aberto

entre jogadores, bem como o seu elevado número, a dimensão do campo e

ainda a duração do jogo (Costa et al., 2002).

O processo de formação em futebol é considerado um fenómeno

complexo, dado que a performance nesta modalidade desportiva resulta da

interacção de diferentes factores: tácticos, técnicos, físicos e psicológicos

(Castelo, 2002; Soares, 2005; Ramos, 2003; Tavares, 1993). Contudo, não

existe um factor que, de forma isolada, seja mais importante do que os demais

(Carvalho, 1984; Queirós, 1986), podendo-se dizer que o jogo de futebol, na

sua natureza contextual, é influenciado pelo envolvimento dos referidos

factores (Costa et al., 2002).

Não é de ignorar a possibilidade do futebol se constituir objecto de

estudo e campo para discussões científicas (Garganta & Pinto, 1998), face ao

facto de existir um elevado número de acções do jogo imprevisíveis e uma

Page 26: Tomada desição

Introdução

2

grande diversidade de estratégias para atingir os objectivos. Deste modo, é

difícil, nesta modalidade, definir qual ou quais as variáveis mais importantes a

estudar, a fim de se conhecerem as razões que levam ao sucesso ou ao

insucesso (Marques, 1993).

Do ponto de vista táctico, o jogo de futebol traduz-se em relações de

cooperação/oposição, alicerçadas nos aspectos estratégico-tácticos do jogo e

cimentadas entre colegas e adversários (Garganta & Pinto, 1998; Gréhaigne et

al., 1997; Moreno, 1984; Ramos, 2003; Tavares, 1993). De facto, é nos JDC

que a táctica alcança o seu mais alto nível de expressão (Garganta, 1997).

Esta opinião é reforçada por Bayer (1994), Castelo (1994), Queirós (1986) e

Teoduresco, (1984), que destacam a importância do desenvolvimento da

táctica, referindo que nos JDC o principal problema subjacente aos indivíduos

que jogam é essencialmente táctico. Neste contexto, as relações de

cooperação e de oposição que acontecem durante um jogo de futebol, exigem

comportamentos coerentes nas consecutivas situações de jogo (Garganta &

Pinto, 1998), pois o futebol assegura na natureza do seu jogo relações de

oposição nas quais os jogadores devem garantir a defesa do jogo, através da

coordenação de acções, que visam a captura, conservação e condução da bola

para a zona de finalização da equipa adversária, onde devem pontuar (Dietrich,

1979; Gréhaigne et al., 1997).

Várias são as particularidades que caracterizam a observação em

futebol. Podemos, assim, compreender algumas dificuldades encontradas na

transferência dos conceitos técnico-tácticos, assim como da performance do(s)

atleta(s), para um sistema de medição que permita a avaliação da performance

desportiva.

Parece ser essencial, para treinadores e investigadores, a análise do

conteúdo do jogo, através da sua observação, no sentido de registar os dados

mais relevantes para a sua posterior interpretação (Garganta, 1997). De facto,

a observação da competição e do treino, em futebol, permite aos

investigadores e treinadores as seguintes conjunturas: verificar quais os tipos

de acções associadas à eficácia das equipas; obter conhecimento acerca do

jogo e da sua lógica; modelar as situações de treino na procura da eficácia

Page 27: Tomada desição

Introdução

3

competitiva (Garganta, 1996) constituindo-se, assim, como uma mais valia para

o processo ensino-aprendizagem desportiva, em particular na avaliação da

performance desportiva do(s) atleta(s).

1.2. Justificação do tema

O treino do futebol pressupõe uma intervenção consciente, por parte

dos profissionais que com ele lidam de forma racional, apoiado em

conhecimentos científicos actualizados, sobre os diversos domínios que o

compõem.

A verdade é que o jogo de futebol evoluiu, já que os acontecimentos

que o materializam se tornaram mais intensos, competitivos, complexos,

ritmados, pressionantes, transitórios e instáveis (Castelo, 2004), o que impõe

uma constante adaptação das equipas e dos jogadores a novas exigências

impostas pelo próprio jogo.

De alguns tempos para cá, tem-se verificado que no jogo de futebol há

uma maior dependência do carácter colectivo, por parte das equipas, passando

o jogo cada vez menos pelas individualidades (Ardá Suárez, 1998; Castelo,

1994, 1996; Garganta, 1998b; Pino Ortega & Ibáñez Godoy, 2002; Reilly,

1996). Da mesma forma, no conjunto das acções individuais estão implícitas as

obrigações tácticas individuais e colectivas (Sousa, 2000). Assim, o problema

táctico e a aplicação de skills apropriados destacam-se pela sua importância,

na medida em que os jogadores devem conhecer a modalidade que praticam,

para poderem tirar o máximo proveito das situações. Para isso, devem pôr em

prática as informações mais oportunas para que as suas decisões sejam as

mais adequadas (Garganta & Pinto, 1998); isto significa que só é possível aos

jogadores aproveitarem a sua qualidade técnica se tiverem conhecimento

profundo do jogo e dos princípios tácticos que lhe estão inerentes (Read &

Davis, 1992). O futebol assume-se assim, como um acontecimento dinâmico

que requer uma boa compreensão táctica (Oslin et al., 1998), de tal forma que

um jogador competente a nível técnico poderá não o ser ao confrontar-se com

um adversário (oposição) (Garganta, 1997).

Page 28: Tomada desição

Introdução

4

Contudo, ao longo dos tempos os JDC, nomeadamente o futebol, tem

sido alvo de evolução ao nível dos modelos de ensino. De igual modo, é

também constatável uma evolução ao nível da concepção dos exercícios de

treino.

Desta forma, no âmbito do processo ensino-aprendizagem, é prioritário

aprofundar o nosso conhecimento partindo das situações de treino, explorando

a riqueza empírica dos jogos em espaço e número de jogadores reduzido,

evidenciando uma clara diminuição da complexidade do jogo.

Igualmente, para que o exercício de treino se encontre contextualizado,

podemos regular os seus constrangimentos, direccionando-os, no sentido de

rendibilizar a prestação desportiva. Assim, no âmbito do processo ensino-

aprendizagem em futebol, reduzir a complexidade do jogo, é potenciar

contextos situacionais que, por sua vez significam que o treino sob várias

formas reduzidas (tanto em espaços como em número de jogadores) se torne

uma das formas mais pertinentes na abordagem didáctico-metodológica do

jogo, assim como no desenvolvimento qualitativo do mesmo, através da

melhoria das competências técnico-tácticas dos jovens atletas (Bastos, 2004;

Vasques, 2005). O treinador pode assim, acrescentar, diminuir ou, de forma

geral, “manipular” o jogo para que a sua equipa saliente aspectos de ataque ou

defesa no jogo. De igual forma, este tipo de exercícios propiciam uma maior

motivação dos jogadores, assim como ajudam o professor/treinador na

melhoria da organização do treino (Castelo, 2002; Cook & Shoulder, 2006;

Ramos, 2003), promovendo o aumento da participação dos atletas no jogo

(Bastos, 2004; Brandão, 2002; Castelo, 2002; Garganta, 1998b; Gréhaigne &

Guillon, 1992; Oliveira & Graça, 1998; Ramos, 2003; Tavares & Faria, 1993). O

exercício de treino logo que reproduza o jogo, deve conter na sua lógica de

exercitação as vertentes estruturais - regulamento, técnica, espaço, tempo,

comunicação...e não desvirtuar na sua própria essência aquilo que é ou vai ser,

a realidade competitiva (Carvalhal, 2000; Castelo, 2002).

Todavia, os modelos didácticos centrados no jogo vieram colocar em

causa o contributo dos modelos centrados nas habilidades técnicas,

advogando que o próprio jogo deve ser a referência fundamental, pois só recria

Page 29: Tomada desição

Introdução

5

as estruturas espaciais, temporais e interactivas, características da modalidade

(Borba, 2007). Não obstante, nem todo o jogo pode servir os propósitos do

ensino já que a sua configuração ditada pelo arranjo particular dos elementos

estruturais (número de jogadores, espaço, tempo, regras, alvo, bola...), têm

implicações ao nível das acções produzidas pelos praticantes. Sendo assim, no

processo ensino-aprendizagem em futebol, a organização das condições de

prática, as condições das tarefas, a quantidade de prática e o êxito obtido pelos

praticantes são referidos como factores de aprendizagem decisivos (Borba,

2007).

Não obstante, para que possamos progredir no desenvolvimento da

modalidade, torna-se pertinente contribuir para a criação e utilização de novos

instrumentos de avaliação da performance desportiva e dos comportamentos

existentes no jogo. Estes instrumentos devem avaliar a compreensão táctica,

assim como as habilidades técnicas usadas para resolver problemas tácticos,

através da selecção e aplicação de skills apropriados.

Para isso, é crucial proceder a um conjunto de tarefas de identificação,

descrição e classificação das acções motoras que caracterizam a performance

desportiva do(s) futebolista(s).

No âmbito do procedimento da avaliação da performance desportiva,

tem sido sugerido por vários autores, nomeadamente Bouthier (1988), Bunker

& Thorpe (1986) e Tumer & Martinek (1995), a pertinência da análise precoce

da compreensão do jogo e da eficiência táctica.

Todavia, uma das dificuldades na avaliação da performance de

aprendizagem desportiva dos futebolistas, reside em apurar indicadores de

cariz táctico que permitam organizar e estruturar a performance individual e

colectiva, assim como reunir informação que permita aperfeiçoar a observação

e a respectiva análise do jogo nos seus vários momentos. Este tipo de acções

(técnico-tácticas individuais e colectivas) não são nem mais nem menos do que

acontecimentos que influenciam positiva ou negativamente o decorrer do jogo

(Gréhaigne et al., 1997). Ainda na opinião dos autores, é consensual, nas

várias pesquisas realizadas, a importância da avaliação do processo de ensino-

aprendizagem nos desportos colectivos, onde se realça o futebol, assim como

Page 30: Tomada desição

Introdução

6

o carácter de autenticidade do protocolo utilizado. Torna-se, pois, pertinente o

desenvolvimento de formas singulares e alternativas de interrogar esse objecto

(avaliação) e a procura de processos instrumentais adequados para a sua

exploração.

Na avaliação da performance nos desportos de equipa, embora os

treinadores e investigadores não utilizem os instrumentos de observação

validados, têm-nos contudo imaginados, com o intuito de registarem a

frequência de alguns aspectos técnico-tácticos ocorridos num jogo de futebol,

nomeadamente o número de golos marcados, grandes penalidades,

percentagem de remates bem sucedidos, entre outros, privilegiando a vertente

mais quantitativa, ao invés da qualitativa (Gréhaigne et al., 1997).

De facto, este tipo de estatísticas traduz o resultado da performance,

não determinando, no entanto, a performance de aprendizagem respeitante

aos aspectos técnicos, tácticos e técnico-tácticos (Gréhaigne et al., 1997).

Desta forma, é consensual, para vários investigadores na área da Pedagogia

do Desporto, a importância de um procedimento de avaliação de grande

autenticidade no processo de ensino-aprendizagem (Garganta et al., 2002;

Gréhaigne et al., 1997; Mitchell et al., 1995a, b; Oslin et al., 1998), verificando-

se que, nos últimos 15 anos, tem vindo a crescer o interesse pela avaliação do

processo da performance da aprendizagem desportiva (McGee, 1984; Pinheiro,

1994; Mitchell et al., 1995a, b; Gréhaigne et al., 1997; Oslin et al., 1998).

Assim, com o propósito de avaliar a performance desportiva em

futebolistas, pretendemos utilizar o Team Sport Assessment Procedure (TSAP),

proposto por Gréhaigne et al. (1997), no âmbito da caracterização técnico-

táctica em futebol. Este procedimento de avaliação consiste no cálculo de dois

índices de performance: Índice de Eficiência (IE) e Volume de Jogo (PB),

que traduzem a Pontuação Final da Performance Desportiva (PP).

Além das propostas apresentadas por Gréhaigne et al. (1997) e Oslin

et al. (1998), pouco tem sido publicado acerca da avaliação da performance

desportiva em desportos de equipa, nomeadamente no futebol.

Page 31: Tomada desição

Introdução

7

1.3. Delimitação do problema

A performance nos desportos de equipa, onde se encontra inserido o

futebol, resulta da interacção de diferentes factores, tais como eficiência

estratégico-táctica, percepção específica do jogo e habilidades motoras

(Gréhaigne et al., 1997).

De facto, na estrutura e forma do futebol a conjugação da táctica

individual com a táctica colectiva, numa equipa, deve basear-se em princípios

de jogo assentes numa lógica de rentabilização da performance desportiva.

A avaliação da performance desportiva, no futebol, subentende a

estruturação das imposições essenciais ao ensino-aprendizagem, de modo a

possibilitar a orientação individual do futebolista no treino e na competição.

Desta forma, a problemática da avaliação da performance desportiva

não reside no nível da variedade dos testes e das metodologias utilizadas, mas

sim, na tentativa de integrar o padrão de actividades do jogador com referência

aos diversos enquadramentos tácticos que o determinam, assim como as

diferenças resultantes das diferentes formas de jogar (Garganta, 1997).

Sendo assim, torna-se fundamental a definição de um referencial

técnico-táctico, entendido como um conjunto de princípios válidos lógicos e

coerentes, que traduzam a avaliação da performance desportiva em situação

de jogo ou em partes do mesmo.

Não obstante, apesar da reconhecida escassez de protocolos que se

constituam como propósitos válidos de avaliação da performance desportiva,

nos JDC e no futebol em particular, a mesma não deve ser descorada, mas sim

considerada como um passo imprescindível para o entendimento e evolução do

conhecimento do jogo (Gréhaigne et al., 1997).

Assim, o propósito deste trabalho reflecte a necessidade de realizar

uma recolha de informação (vertente quantitativa), baseando-se na frequência

de eventos ocorridos durante um jogo, sejam eles a recepção de bola

proveniente de um companheiro (RB), conquista da bola a um opositor (CB),

passe de rotina a um colega sem que ponha a equipa adversária em perigo

(NB), remate bem sucedido à baliza, que pode ser traduzido em golo ou a

Page 32: Tomada desição

Introdução

8

continuação da manutenção da posse de bola pela mesma equipa (SS), entre

outros, para uma posterior análise da mesma (vertente qualitativa). O TSAP,

proposto por Gréhaigne et al. (1997), descreve os eventos e as acções que

ocorrem em jogo, assim como reflecte a pontuação da performance desportiva

(PP) dos futebolistas.

Um trabalho desta natureza torna-se pertinente, na medida em que

reúne informação valiosa para o processo ensino-aprendizagem em futebol, no

que respeita à avaliação da performance desportiva dos atletas, permitindo aos

treinadores e professores evoluir no processo didáctico-metodológico da

modalidade, através da selecção de exercícios contextualizados, como os

meios privilegiados do treino – bem fundamentados e de forma criteriosa e

direccionados às competências dos atletas. De igual modo, a selecção de

exercícios de treino revelam ser uma tarefa fundamental do treinador, em que a

direccionalidade e dinâmica do exercício devem assegurar um eficaz processo

ensino-aprendizagem em futebol.

Na literatura nacional e internacional, os estudos são escassos, em

relação ao tema que aqui nos propomos investigar. Desta forma, é no sentido

de contribuirmos para minimizar esta lacuna que este trabalho adquire

relevância.

1.4. Objectivos do estudo Com o presente estudo propomo-nos concretizar os seguintes

objectivos:

i) Recolher informação para uma posterior análise e respectiva

avaliação da performance desportiva em futebol, através da

utilização de um instrumento de caracterização técnico-táctica

validado.

ii) Avaliar a performance desportiva em dois exercícios de jogo

reduzido (JR) com três condições espaciais (CE), a partir do modo

como os jogadores estruturam os espaços de jogo, gerem o tempo

e realizam as tarefas de jogo, considerando a interacção destas

dimensões ao longo das fases de ataque e defesa.

Page 33: Tomada desição

Introdução

9

Com base em tal enquadramento pretende-se:

iii) Analisar a variação dos indicadores técnico-tácticos, nas diferentes

CE utilizadas nos dois exercícios de JR.

iv) Analisar a variação dos indicadores técnico-tácticos entre os dois

exercícios de JR.

1.5. Estrutura do trabalho

No primeiro capítulo, destinado à introdução, iremos abordar a

pertinência do estudo, justificar a importância do tema a que nos propomos,

delimitar e formular o problema, estabelecer os objectivos e estruturar os vários

passos realizados ao longo do mesmo.

O segundo capítulo é dedicado a uma revisão da literatura, de acordo

com a especificidade do estudo, no sentido de contextualizar o tema e os

objectivos do trabalho. Assim, começamos por abordar a natureza do jogo de

futebol no universo dos JDC, identificando-lhes aspectos comuns ao nível

estrutural. Posteriormente, caracterizamos e delimitamos o jogo de futebol,

conduzindo este a objecto de estudo, bem como evidenciamos o seu cariz

táctico e respectivas implicações no processo de formação de atletas.

Seguidamente, é constatada a complexidade do jogo de futebol inerente às

dimensões estratégia e táctica, além da definição destes dois conceitos, e da

sua pertinência no processo ensino-aprendizagem em futebol.

As dimensões técnica e táctica, são também colocadas em evidência,

pois constituem pressupostos essenciais na abordagem da evolução das várias

concepções metodológicas, (ao nível do processo ensino-aprendizagem), e

salientada a dicotomia existente entre estas duas dimensões, no processo de

ensino-aprendizagem das habilidades técnico-tácticas.

Ainda, neste capítulo é destacada a importância dos designados jogos

reduzidos e respectivos constrangimentos no processo ensino-aprendizagem

em futebol e explanados estudos relacionados com o exercício de treino e seus

constrangimentos, sob a perspectiva assente na caracterização técnico-táctica

das modalidades. As fases que constituem o jogo de futebol (ataque e defesa),

Page 34: Tomada desição

Introdução

10

são igualmente referidas e caracterizadas, bem como a pertinência e as

limitações da observação e análise do jogo no processo ensino-aprendizagem

em futebol. Por último, é evidenciada a pertinência dos formatos de avaliação,

na determinação da performance desportiva individual em futebol, seu

enquadramento histórico e ainda a caracterização do modelo de avaliação da

performance desportiva individual em futebol por nós utilizada e validada por

Gréhaigne et al. (1997).

No terceiro capítulo apresenta-se o desenvolvimento da metodologia

utilizada no nosso estudo. Para tal, caracterizamos a constituição da amostra,

realçamos o método de recolha de dados, descrevemos o protocolo prático

para uma posterior recolha de informação, assim como o procedimento de

avaliação. Além disso, caracterizamos a grelha de recolha de informação

relativa à performance desportiva individual em futebol e o monograma para a

avaliação da mesma validados por Gréhaigne et al. (1997). Por último,

descrevemos o protocolo exploratório, carácter das variáveis a observar e os

procedimentos estatísticos.

O quarto capítulo, é destinado à apresentação dos resultados da

investigação e o quinto capítulo, à discussão dos mesmos.

No sexto capítulo são abordadas as conclusões do estudo e por fim

no sétimo capítulo são apresentadas as fontes bibliográficas citadas ao longo

do trabalho e incluídos como anexos, exemplares das grelhas utilizadas na

recolha dos dados (informação).

Page 35: Tomada desição

Revisão da Literatura

11

2- Revisão da Literatura

“Observem o jogo e o jogo vos ensinará o que deverão fazer”

(Cramer, 1987)

Neste capítulo são abordados temas de acordo com a especificidade

do nosso estudo, no sentido de contextualizar o problema e os objectivos do

trabalho.

2.1. A natureza contextual do jogo de futebol

O futebol é uma modalidade desportiva, que faz parte dos designados

JDC. Apesar da sua diversidade, é possível identificar-lhes aspectos comuns

ao nível estrutural, conferindo-lhes assim alguma semelhança (Gréhaigne,

1989, 1992; Gréhaigne & Godbout, 1995; Pinto, 2007; Ramos, 2003). Estas

modalidades desportivas exprimem-se como acontecimentos dinâmicos que

requerem uma relevante compreensão táctica. Além disso, cada modalidade é

caracterizada pela execução de skills específicos, existindo, no entanto,

inúmeras semelhanças tácticas entre elas (Castelo, 2002; Oslin et al., 1998).

Como refere Castelo (2002), cada modalidade desportiva admite em si mesma

um “bilhete de identidade” próprio, contendo a sua “impressão digital”

individualizada e intransmissível. De igual modo, cada modalidade comporta

uma lógica, uma razão de ser e de existir, delegando aos comportamentos

observáveis em competição, um significado e uma razão que os determina.

Os JCD podem ser divididos em três categorias de jogo (Oslin et al.,

1998):

• Invasão (futebol, basquetebol, andebol);

• Rede (voleibol);

• Campo/corrida/marcação (pontuação) – (softball).

Almond (1986), propõe ainda uma categorização dos jogos, de acordo

com as suas regras e semelhanças tácticas, acrescentando uma quarta

categoria de jogo - alvo (tiro com arco).

Todavia, Hernandez Moreno (1994) classificou os JDC em três formas

Page 36: Tomada desição

Revisão da Literatura

12

diferenciadas, em função do espaço e das características de participação dos

respectivos intervenientes, nomeadamente:

• Espaços separados, participação alternada (voleibol,

ténis);

• Espaços comuns, participação alternada (squash);

• Espaços comuns e acção simultânea sobre o objecto

(futebol, basquetebol, andebol, hóquei, rugby, …).

Relativamente a estes últimos, também classificados como jogos de

invasão, onde está inserido o futebol, caracterizam-se pelo facto de uma

equipa invadir o meio campo defensivo da equipa adversária, com o objectivo

de pontuar (Dietrich, 1979; Oslin et al., 1998), e de realizar habilidades abertas,

que contrariamente às fechadas se realizam em ambiente, onde predomina a

incerteza e a imprevisibilidade (Garganta, 1996, 1997; Konzag, 1991; Pinto,

2007). Além disso reúnem um conjunto de variáveis comuns, designadamente

(Pinto, 2007):

• Um objecto em geral esférico, cuja composição foi

variando ao longo dos tempos;

• Espaço de jogo, caracterizado por um terreno limitado

com maior ou menor área;

• Objectivos de ataque e de defesa;

• Colegas que ajudam o avanço da bola (cooperação);

• Adversários a ultrapassar (oposição);

• Regras a respeitar.

Assim, os aspectos ofensivos do jogo (manter a posse de bola, tentar

finalizar de forma a obter o golo e criação de espaços para o ataque), bem

como os aspectos defensivos (defesa do meio campo defensivo, defesa contra

o ataque e a defesa como uma verdadeira equipa) são similares, tanto no

futebol, como no basquetebol e no hóquei (Dietrich, 1979; Mitchell, 1996), bem

como noutras modalidades de carácter colectivo, nomeadamente o andebol,

rugby entre outras.

Page 37: Tomada desição

Revisão da Literatura

13

Neste sentido, Bayer (1994) e Gréhaigne et al. (1997), sugerem um

modelo onde estão evidentes as relações de oposição/cooperação nas fases

de jogo (ataque e defesa), que traduzem a natureza dos JDC, conforme se

pode ver na figura 1.

Ataque Defesa

Figura 1 – Princípios Gerais dos JDC

Fonte: Adaptado de Bayer (1994) e Gréhaigne et al. (1997)

Constata-se uma clara evidência da complexidade que caracteriza

estes desportos, sendo indiscutivelmente necessário o seu entendimento,

compreensão, e ensino. Este facto deve-se sobretudo a três factores

(imprevisibilidade, arbitrariedade e especificidade1) que conferem a estes jogos

o estatuto de modalidades complexas (Garganta, 1996; Pinto, 2007).

2.2. Caracterização e delimitação conceptual do jogo de futebol

O futebol ocupa um lugar de relevo, na cultura desportiva mundial,

resultado da sua enorme popularidade e universalidade (Ardá Suárez, 1998;

Castelo, 1994, 1996; Garganta, 1998a; Ramos, 2003). É o desporto mais

praticado em todo o mundo (Pino Ortega & Ibáñez Godoy, 2002; Reilly, 1996),

1 - Imprevisibilidade – devido à instabilidade do meio, onde a variação das condições de contexto a faz aumentar (espaço, velocidade, ritmo…) e no tipo de acções motoras solicitadas (grande diversidade nos JDC); - Arbitrariedade – o carácter arbitrário da duração da tarefa, ao nível temporal e espacial, dificulta a decomposição e previsão da ocorrência; - Especificidade – a definição concreta do fim a atingir é de difícil delimitação, dependendo da organização estrutural e decisional dos cooperadores e da imprevisibilidade dos adversários.

Realização Conservação da bola

Recaptura da bola

Evitar o golo

Aspecto ofensivo

Aspecto defensivo

Aspecto ofensivo

Aspecto defensivo

Page 38: Tomada desição

Revisão da Literatura

14

provocando, cada vez mais, uma enorme atracção para a sua prática, a muitas

crianças e jovens (Ramos, 2003).

O jogo de futebol decorre num contexto de grande complexidade, pois

consagra uma estrutura funcional centrada nas relações táctico-técnicas

(individuais e colectivas), ataque/defesa e cooperação/oposição que visam

atingir os objectivos propostos (Castelo, 1994, 1996; Garganta, 1994, 1996,

1997, 1999; Gréhaigne et al., 1997; Konzag, 1991; Moreno, 1984, 1989;

Oliveira & Ticó, 1992; Pinto, 1996; Ramos, 2003; Tavares, 1993; Tavares &

Faria, 1996), assim como a adaptação com maior ou menor aproximação aos

diversos espaços de jogo (Cunha, 2000). Assim, a ideia que se realça é de que

a cooperação entre os vários elementos das equipas se efectua em condições

de luta com adversários (oposição), os quais por sua vez coordenam as suas

acções com o intuito de desorganizar essa cooperação (Castelo, 1994, 1996).

Para isso, dependem do conjunto de princípios que caracterizam esta

modalidade, nomeadamente (Castelo, 1994, 1996; Gréhaigne, 1989, 1992;

Gréhaigne & Godbout, 1995; Gréhaigne et al., 1997):

• a harmonia da força colocada em jogo pelos jogadores, quer nos

confrontos entre grupos, quer em duelos 1X1;

• a escolha de skills motores (motor ou técnico) mais apropriados

dentro do reportório do atleta e consoante a situação desportiva;

• a estratégia individual e colectiva, estando as decisões implícitas e

explícitas tomadas pelo grupo, baseadas num sistema de

referência com o intuito de derrotar o adversário.

Sendo assim, na caracterização do jogo de futebol são evidentes as

conflitualidades entre as equipas. Estas conflitualidades estão inerentes a uma

forte tendência estratégico-táctica, que emerge como factor crucial no

comportamento dos jogadores e das equipas (Garganta, 1997) e pressupõe

mudanças rápidas e alternadas de comportamentos, de acordo com os

objectivos gerais e específicos de cada situação (Pinto, 1996).

O futebol, ao ser considerado por muitos, um fenómeno desportivo, tem

vindo a ser estudado, há décadas, segundo várias perspectivas. Houve alturas,

Page 39: Tomada desição

Revisão da Literatura

15

em que o seu estudo se centrou nas exigências energético-funcionais

contrapondo-se o mais recente, que assenta no entendimento da vertente

táctica, dinâmica e complexa (Garganta, 1997). Neste contexto, torna-se

pertinente referir alguns estudos que relacionam o exercício de treino com os

vários constrangimentos (tempo, espaço, número de jogadores, tarefa, entre

outros), sob a perspectiva energético-funcional. Destacamos, assim, os

estudos realizados por Balsom (2000), Cardoso (1998), Carvalhal (2000),

Folgado et al. (2007), Fonte (2006), Sá (2001), Sá & Rebelo (2004), Silva

(2003), Soares (2000). Contudo, o mesmo não se verifica relativamente a

estudos que contemplem a componente táctica com os vários

constrangimentos do exercício de treino, onde a escassez desses estudos é

notória.

O futebol representa na sua essência, um conjunto variado de

situações momentâneas de jogo. Estas situações acarretam inúmeros

problemas que deverão ser solucionados pelos componentes das duas equipas

em confronto, através de respostas técnico-tácticas eficazes, conforme a

situação, orientadas sob um objectivo comum, traduzindo a dinâmica da

expressão táctica (Castelo, 1994).

Assim, nas várias acções que ocorrem no futebol, estão implícitos os

processos de percepção e análise da situação, solução mental e motora, os

quais exigem a participação da consciência, exprimindo um pensamento

produtor (Castelo, 1996). A táctica constitui um tema essencial nos jogos de

oposição (Araújo, 1983; Riera, 1995a) e prevê o desenvolvimento e ligação

racional das acções de jogo, quer individuais, quer colectivas (Leal & Quinta,

2001; Teoduresco, 1984). Estas acções tácticas (individuais e colectivas) têm

sido o centro das atenções, nos JDC, nomeadamente no futebol (Greco &

Chagas, 1992), e consideradas por alguns autores como as mais relevantes

para o rendimento em futebol (Castelo, 1994, 1996, 2002; Garganta, 1997;

Gréhaigne et al., 1997; Oslin et al., 1998; Pinto, 2007). No entanto,

salvaguarda-se a importância dos demais factores (físicos, técnicos e

psicológicos), pelo papel importante que assumem no suporte dos

comportamentos tácticos que o jogo exige (Castelo, 2002), sendo a táctica

Page 40: Tomada desição

Revisão da Literatura

16

entendida como um factor integrador e simultaneamente condicionador dos

referidos factores (Leal & Quinta, 2001; Pinto, 1996).

Na sua expressão universal, o futebol, além de se assumir como um

JDC e espectáculo desportivo, apresenta-se como um meio de educação física

e desportiva, sendo um campo de aplicação constante da ciência e

considerada uma disciplina de ensino (Garganta, 1997). Por este motivo, para

Garganta & Pinto (1998), a evolução do futebol consistirá necessariamente

numa aposta importante no entendimento e ensino do jogo.

Deste modo, a construção do conhecimento ao nível do ensino, do

treino e da competição em futebol, deve perspectivar como núcleo director a

dimensão táctica do jogo (Araújo, 1983; Bayer, 1994; Castelo, 1994, 1996,

2002; Garganta, 1996, 1997; Garganta & Oliveira, 1996; Garganta & Pinto,

1998; Gréhaigne et al., 1997; Konzag, 1990; Leal & Quinta, 2001; Oslin et al.,

1998; Pinto, 2007; Queirós; 1986; Riera, 1995a), sem no entanto desprezar as

restantes capacidades (técnicas, físicas, psicológicas). Assim, o processo

ensino-aprendizagem em futebol, pressupõe uma forte disciplina táctica, nos

jogadores das equipas, simultaneamente com uma sólida automatização das

habilidades técnicas (HT). Pretende-se que os jovens futebolistas não se

reportem ao modo como se relacionam com a bola, mas também à forma de

comunicar com os colegas e contra-comunicar com os adversários, estando em

evidência a noção de ocupação racional do espaço (Garganta, 1996;

Gréhaigne, 1992).

Nesta perspectiva, cabe ao treinador a identificação dos problemas do

jogo e dos indicadores de qualidade, para, a partir destes, organizar conteúdos,

definir objectivos, construir e seleccionar exercícios, quer para o ensino, quer

para o treino desportivo (Garganta, 1997).

Na tentativa de identificar e compreender a relevância desses

indicadores no ensino, tem-se recorrido, cada vez mais, à observação e análise

do jogo, constituindo-se como um argumento de crescente importância.

Desta forma, a análise do conteúdo do jogo (factores técnico-tácticos),

tem revelado uma importância e influência crescentes na estrutura e

organização do treino de futebol (Castelo, 1994; Garganta, 2000), assim como

Page 41: Tomada desição

Revisão da Literatura

17

a sua pertinência no processo da avaliação da performance desportiva dos

atletas.

Nesta perspectiva, a nossa fundamentação teórica irá compreender

obrigatoriamente a temática do processo ensino-aprendizagem do jogo em

futebol, tendo em consideração factores (técnico-tácticos e estratégico-tácticos)

que concorrem para uma evidente complexidade que caracteriza esta

modalidade, assim como contextualizar e caracterizar um modelo de avaliação

técnico-táctico em futebol.

2.3. O carácter táctico do jogo de futebol: Implicações na formação

de jogadores

São múltiplos e interactuantes os factores que participam no complexo

processo de formação, em futebol. Estes factores estão agrupados em quatro

macrodimensões onde interagem, nomeadamente, os tácticos, técnicos, físicos

e psicológicos (Castelo, 2002; Furriel et al., 2004; Garganta, 1996; Miller, 1995;

Soares, 2005; Tavares, 1993), estando a aprendizagem e o aperfeiçoamento

desportivo inerentes à preparação das referidas macrodimensões (Cunha,

2000). Todavia, a formação dos jogadores deve ainda incluir o

desenvolvimento de competências que recorram à utilização das habilidades

motoras e das capacidades físicas e psíquicas, de acordo com as imposições

da competição, de forma a solucionar problemas tácticos e colectivos (Konzag,

1991; Shoch, 1987), face ao facto do futebol ser entendido como um desporto

de natureza problemática e contextual, no qual o desempenho motor dos

jogadores está relacionado com a capacidade destes responderem, de uma

forma eficaz, às constantes e evidentes alterações do seu contexto (Morcillo

Losa et al., 2001).

Deste modo, pretende-se fundamentalmente que os jogadores

executem acções correctas, nos momentos exactos, aplicando a força

necessária, imprimindo a velocidade ideal, antecipando as acções dos

adversários e tornando compreensíveis as suas acções em relação aos

companheiros (Castelo, 1996). Sendo assim, no futebol, em cada acção que a

Page 42: Tomada desição

Revisão da Literatura

18

equipa executa, o principal problema que se coloca aos seus jogadores é

essencialmente táctico (Araújo, 1983; Bayer, 1994; Castelo, 1994,1996;

Garganta, 1997; Garganta & Oliveira, 1996; Gréhaigne et al., 1997; Konzag,

1990; Oslin et al., 1998; Pinto, 2007; Riera, 1995a), influenciando a

performance desportiva das equipas (Schellenberger, 1990), dado que o jogo

não permite acções pré-determinadas (Konzag, 1990).

Inerentes à dimensão táctica existem 4 componentes que a

caracterizam2 e que são: as fases, os princípios, os factores e as formas

(Teoduresco, 1984).

A táctica começa por considerar o jogo em fases, para as quais se

estabelecem os princípios, os factores que lhes estão subjacentes e finalmente

caracteriza as formas de desempenho.

Sendo assim, reclama-se aos jogadores que desenvolvam acções com

o intuito de alterarem repentinamente ou a título definitivo, a relação de

oposição de forma proveitosa (Tavares, 1996), uma vez que o futebol

pressupõe a resolução de situações de jogo (problemas tácticos), através de

factores técnico-tácticos que decorrem do grande número de adversários e de

companheiros com objectivos opostos (Castelo, 1996).

O jogador deve “saber o que fazer” e “quando fazer” (conhecimento

declarativo), para poder resolver o problema subsequente, o “como fazer”

(conhecimento processual) (Pinto, 2007). Para isso, o jogador seleccionará e

utilizará a resposta motora mais adequada (Garganta & Pinto, 1998), ou seja,

face a uma situação táctica deverá reagir, através da resposta motora mais

adequada à situação.

Assim, desde as primeiras fases de aprendizagem, o praticante deve

ser confrontado com a necessidade de resolver problemas, quando as

situações, assim o exigirem, (Mesquita, 2000). São estas situações de prática

que determinam o desenvolvimento do conhecimento declarativo e processual

e consequentemente facilitam a obtenção de ganhos significativos, ao nível da

2 As fases são as etapas percorridas, tanto no ataque como na defesa, desde o seu início até à sua conclusão; os princípios são as regras que coordenam a actividade dos jogadores nas fases de ataque e defesa; os factores são os meios, que os jogadores utilizam nas várias etapas do jogo, tendo por base a aplicação dos princípios e as formas são as estruturas organizadoras da actividade no decurso do jogo e nas diversas fases.

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Revisão da Literatura

19

performance desportiva (Thomas, 1994), pois o objectivo primordial do

comportamento táctico consiste na procura de soluções para a resolução

prática dos diversos problemas que surgem em situações de competição

(Cunha, 2000).

Desta forma, o desenvolvimento da atitude táctica pressupõe o

desenvolvimento da capacidade de decisão, estando esta dependente da

atitude de gerar soluções, mas para isso, depende da forma como o jogador

concebe e percebe o jogo (Garganta & Oliveira, 1996; Schoch, 1987). Nesta

perspectiva, para realizar uma acção, não basta executar uma determinada

acção técnica; é necessário conhecer o objectivo da própria acção, assim como

o momento preciso para a sua execução (Garganta & Oliveira, 1996; Pinto,

2007). A intervenção táctica de um jogador está deste modo, inerente a um

desenvolvimento prévio da sua capacidade de pensar e agir de forma criativa

(Araújo, 1992; Tavares, 1993, 1998).

Assim, a tomada de decisão centra-se na gestão da actividade motora

mais apropriada em função da incerteza das situações, da pressão do tempo,

do espaço e das exigências da eficácia na acção (Pinto, 2007). Contudo,

verifica-se que quando os intervenientes não são competentes, ao nível da

apreensão da informação, esta inabilidade se reflecte na leitura de jogo

(capacidade táctica individual) e ao nível da comunicação com os próprios

colegas de equipa. Ao estarem envolvidos outros participantes, nomeadamente

os colegas de equipa, facultam à tomada de decisão um carácter não só

funcional pela participação da acção, mas também significante, ao incluir os

colegas e adversários na tomada de decisão (Pinto, 2007).

No domínio do jogo, a actualização dos conhecimentos tácticos inicia-

se a partir da sua observação (Garganta & Oliveira, 1996; Mahlo, 1969) e da

análise dos próprios conhecimentos (Gréhaigne, 1992; Mahlo, 1969).

Assim, a acção táctica, na sua vertente individual, é um complicado

mecanismo que engloba três etapas sucessivas e interdependentes (figura 2):

percepção e análise da situação (identificação do problema), solução mental do

problema (elaboração da solução mais adequada, tendo em vista a tomada de

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Revisão da Literatura

20

decisão) e a solução motora do problema da qual resulta o desempenho motor,

ou seja, a execução (Araújo, 1992; Brito e Maçãs, 1998; Mahlo, 1969).

Captar a informação (Perceber – Compreender)

Tratamento da informação (Seleccionar – Decidir)

Resposta motora (Responder – Executar)

Figura 2 - Fases do processamento da informação de uma acção táctica complexa

Fonte: Adaptado de Mahlo (1969) e Tavares (1998)

A primeira etapa (nível de percepção dos jogadores) é utilizada no

início de uma acção táctica, e dela depende o sucesso do jogo táctico na

competição, visto ser a primeira fase e servir de ligação para as seguintes

(Schoch, 1987; Tavares, 1993).

Para Tavares (1993) é evidente o contributo dos modelos de

processamento da informação, na aprendizagem das acções tácticas do jogo.

Deste modo, o jogador ao processar as informações de forma consciente, pode

orientar-se mais correctamente durante o jogo e apresentar mais êxito nas

acções tácticas. Assim, o pensamento táctico anuncia-se de enorme

importância para os futebolistas, na medida em que concorre para uma

correcta orientação no jogo aliada a uma organização criativa, e na realização

de acções tácticas individuais e colectivas, de acordo com a complexidade do

jogo (Faria & Tavares, 1996). Sendo assim, na opinião destes autores, o facto

do pensamento táctico se manifestar e se desenvolver, através de uma

preparação multilateral, deve ser considerada na formação do jovem

futebolista.

Todavia, na opinião de Ripoll (1987), os praticantes desportivos

principiantes, em relação às características da informação visual, fazem a

leitura dos vários acontecimentos por ordem cronológica do seu aparecimento,

têm um elevado tempo de análise, longo é também o tempo que medeia entre

Percepção

Solução mental

Solução Motora

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Revisão da Literatura

21

a recepção da informação e o desencadeamento da resposta e realizam muitas

vezes respostas motoras inadequadas.

Contudo, frequentemente, os erros tácticos acontecem devido a uma

mudança repentina da situação. Isto deve-se ao facto do jogador não estar

preparado para se adaptar, não respondendo de modo adequado às situações

imprevisíveis (Tavares, 1993). Nestes casos, impõe-se o ensino da

adaptabilidade do jogador, às várias mudanças colocadas por essas situações.

Sendo assim, face à complexidade que caracteriza o carácter do jogo

de futebol, pressupõe-se a necessidade dos jovens futebolistas realizarem

constantemente acções tácticas. Nesta perspectiva, o treinador ao relacionar

os factores técnico e táctico, no ensino do futebol, deve fazê-lo de modo a que

os praticantes entendam o que é que devem fazer (intenção táctica), antes de

terem o conhecimento de como é que devem fazer (HT) (Tavares, 1998).

Não obstante, os conceitos de estratégia e táctica têm surgido como

factores que traduzem a complexidade do jogo de futebol. No contexto

desportivo estes conceitos concorrem lado a lado, estão estreitamente ligados

entre si e a sua utilização é cada vez mais próxima e frequente (Garganta

1997; Garganta & Oliveira, 1996), desempenhando, um papel de grande

relevância (Garganta, 2000).

Sendo assim, a similaridade e a complexidade que definem estes

conceitos será aprofundada no capítulo seguinte.

2.4. Estratégia e táctica – Factores determinantes na complexidade

do jogo de futebol

Num jogo de futebol surgem incalculáveis situações, cuja frequência,

ordem cronológica e complexidade não podem ser determinadas previamente

(Garganta, 1996). Pretende-se assim, que o jogador de futebol se adapte não

só às situações que vê, mas também aquelas que prevê, estando o seu poder

de decisão dependente da evolução do jogo. As consecutivas configurações

que o jogo apresenta, derivam da forma como as equipas gerem as suas

relações de cooperação e de adversidade, de acordo com o objectivo do jogo.

Page 46: Tomada desição

Revisão da Literatura

22

Não obstante, na opinião de Garganta (1997) e Garganta & Oliveira

(1996), a imprevisibilidade, arbitrariedade e especificidade de comportamentos

e acções são aspectos que convergem para o futebol características

particulares apoiadas no apelo à dimensão estratégico-táctica e à capacidade

decisional dos jogadores. Esta modalidade está também mais susceptível ao

número de estratégias possíveis, comparativamente com outras modalidades,

devido ao grau de imprevisibilidade e ao número de possibilidades de

comportamentos ser maior.

No entanto, as noções de estratégia e táctica apresentam contornos

pouco esclarecidos, imprecisos (Garganta, 2000; Garganta & Oliveira, 1996) e

até confusos (Riera, 1995b).

Relativamente ao conceito de estratégia, numa dimensão temporal,

várias são as definições. Assim, alguns autores definem-na como um conjunto

de actividades e de acções que antecedem o confronto desportivo (Gréhaigne,

1992; Teoduresco, 1977; Wrzos, 1984).

Todavia, os domínios da estratégia e da táctica são considerados por

vários autores, como todo o conjunto de acções e actividades aplicadas

durante o desenrolar de um confronto (Duriceck, 1985; Mercier & Cross, s.d;

Morin, 1973; Kirkov, 1979; Parlebas, 1981; Zerhouni, 1980), nos momentos de

ataque e defesa, consequência do trabalho e conhecimentos aplicados nos

treinos, tanto pelos treinadores como pelos jogadores (Serrano, 2003).

Contudo, havendo uma tendência para uma crescente complexidade das

acções e das tarefas exigidas aos jogadores, torna-se necessário que estes

disponham de uma crescente autonomia estratégico-táctica (Garganta e

Oliveira, 1996).

Ainda, na opinião destes autores, a estratégia deve ser trabalhada,

durante os treinos para poder ser posta em prática com a maior eficácia

possível. Queremos com isto dizer que a estratégia é tudo aquilo que se pensa,

planifica e se desenvolve entre os atletas e o treinador, com o intuito de

surpreender tacticamente a equipa adversária. Ou seja, pretende-se que um

jogador deva ser um estratega capaz de integrar as suas soluções tácticas

individuais no plano colectivo e vice-versa (Garganta & Oliveira, 1996). Assim,

Page 47: Tomada desição

Revisão da Literatura

23

a finalidade do treino da estratégia e da táctica, é construir situações de

eminente conformidade com aquilo que se pretende que os jogadores sejam

capazes de interpretar nos planos global, sectorial e individual (Garganta,

2000).

Distinguindo estratégia de táctica, a primeira assenta na concepção,

planificação e previsão, e a segunda determina a execução e luta directa com o

adversário (Riera, 1995b). No entender de Gréhaigne (1992), a estratégia

caracteriza-se pelo que está previsto previamente, enquanto que a táctica, é a

adaptação imediata da estratégia ao adversário, nas vertentes relacionadas

com as configurações do jogo e circulação da bola. Assim, a estratégia

representa-se como um plano global de comportamento e acção a alcançar,

enquanto que através da táctica se resolvem as situações de jogo, nas quais

existe um problema que não permite uma solução directa (Garganta, 1997). Ou

seja, o desenvolvimento da táctica acontece no decorrer da acção subjacente a

determinismos, variações do contexto, onde se desenrola a acção e a

percepção da informação ou conduta de jogo (Gréhaigne, 1992).

Numa hierarquia que poderá ser estabelecida, a estratégia está à

condição da táctica, na medida em que a actuação da táctica é superditada

pelo objectivo estratégico (Garganta, 1997). Isto permite-nos afirmar que a

estratégia corresponde a um plano de acção e a táctica é a aplicação da

estratégia às condições específicas do confronto (Garganta, 2000). Há, no

entanto, uma zona de convergência, onde os resultados das acções tácticas

podem implicar uma reformulação estratégica, visto que a táctica é superditada

pelos objectivos estratégicos e os resultados da sua acção podem conduzir a

uma reformulação da estratégia (Riera, 1995b).

Na caracterização da dimensão estratégica, esta permite-nos através

de uma decisão inicial, deparar com uma variedade de cenários para a acção,

que poderão ser alterados de acordo com as informações provenientes dessa

acção e dos imprevistos que eventualmente surgirão e a perturbarão (Faria &

Tavares, 1996; Garganta & Oliveira, 1996).

Nesta perspectiva, são evidentes as diferenças nos conceitos

estratégia e táctica, embora se considere que estão estreitamente ligados entre

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Revisão da Literatura

24

si, concorrendo para o mesmo fim, fundindo-se na prestação desportiva

(Garganta, 2000). No quadro 1 encontra-se representada a perspectiva

dicotómica da estratégia e da táctica segundo Garganta & Oliveira (1996).

Quadro 1 - Perspectiva dicotómica da estratégia e da táctica

Estratégia Táctica

Treinador Jogador

Antes do jogo Durante o jogo

Factores extrínsecos do jogo Factores intrínsecos ao jogo

Pensamento/Reflexão Acção

Inteligência/Astúcia Padronização/Mecanização

Regulação da competição Desenvolvimento do jogo

Fonte: Adaptado de Garganta & Oliveira (1996)

De facto, pretende-se que o jogador evidencie inteligência estratégico-

táctica, sendo capaz de detectar em pleno jogo, as evoluções inerentes à

complexidade das relações de oposição e deduzir as escolhas sucessivamente

mais apropriadas às situações que se materializem instante a instante sobre o

terreno de jogo (Garganta, 2000).

Ainda, segundo este autor, a evolução do treino da táctica e da

estratégia, nos JDC e no futebol em particular, deverá incidir ao nível da

concepção e das metodologias.

Ao nível da concepção:

• aumento da importância atribuída aos modelos de jogo, que são

preponderantes para o treino específico das equipas;

• treino da táctica individual e de grupo para o desenvolvimento de

skills colectivos (defensivos e ofensivos);

• unidade percepção-acção inerente à estratégia-táctica;

• maior autonomia do jogador, enquanto elemento processador da

informação (maior autonomia, maior responsabilidade);

• maior espaço para o desenvolvimento da criatividade cimentada na

cultura de regras de acção e princípios de gestão do jogo;

Page 49: Tomada desição

Revisão da Literatura

25

• noção de que a criatividade individual só faz sentido se servir o

colectivo (há boa e má criatividade)

Ao nível das metodologias

• treino das habilidades cognitivas norteado para a resolução de

tarefas colectivas;

• treino dos skills relativos aos fragmentos constantes do jogo;

• crescente importância atribuída ao treino perceptivo e ao treino

decisional;

• intenção de incutir nos jogadores/equipas comportamentos que

impelem a forma de jogar pretendida (modelo de jogo);

• construção de uma tipologia de exercícios a partir dos problemas

revelados pela equipa, tendo em conta o modelo de jogo do

treinador;

• construção de exercícios sob a forma de blocos temáticos e

específicos;

• controlo estratégico-táctico do treino, realizado a partir da

observação e análise do jogo e do treino da presença ou ausência

dessas dimensões.

No capítulo seguinte vão estar em evidência as dimensões técnica e

táctica, pois constituem pressupostos essenciais na abordagem à evolução das

várias concepções metodológicas, ao nível do processo ensino-aprendizagem

em futebol.

2.5. Evolução metodológica do processo ensino-aprendizagem do jogo de

futebol - Modelos de ensino do jogo

Os JDC, designadamente o futebol, têm sido motivo de várias opções

metodológicas ao longo dos tempos, no que se refere ao processo ensino-

aprendizagem (Mesquita & Graça, 2006). Numa retrospectiva histórica,

Page 50: Tomada desição

Revisão da Literatura

26

constatamos que numa primeira fase, o futebol era entendido como algo

integral e treinado de uma forma global por meio, quase exclusivamente,

“método global” (Ramos, 2003).

Posteriormente, os desportos individuais funcionaram como referência,

pelo facto de terem surgido primeiro (Pinto, 2007). Contudo, rapidamente se

concluiu que os JDC, não eram propriamente uma forma de “atletismo com

bola”, onde o aspecto decisivo da sua preparação assentava na componente

física. Assim, facilmente se verificou que as características estruturais,

organizacionais e energético-funcionais dos JDC e do futebol impunham novas

necessidades. De seguida, constatou-se que, aliada ao ensino do jogo, a

técnica deveria ser considerada como um factor preponderante no rendimento

desportivo, estando a optimização da performance desportiva associada à

melhoria dos gestos técnicos, nos quais a transmissão das técnicas básicas,

nos vários JDC, se apresentava completamente descontextualizada da

realidade do jogo – visão analítica, molecular ou centrado na técnica, onde a

percentagem do tempo dedicado ao ensino era consumido desta forma. Surgiu

assim, o Modelo Tradicional (MT) ou fase técnico-táctica da aprendizagem do

jogo (Mesquita, 2000; Mesquita & Graça, 2006; Pinto, 2007; Ramos, 2003), não

ficando demonstrada a superioridade de qualquer das abordagens, tanto no

que se refere às tomadas de decisão, como à execução das habilidades

técnicas (Mesquita & Graça, 2006; Turner & Martineck, 1992) continuando,

contudo actualmente, a estar patenteado nos manuais escolares e nos livros

técnicos.

A este período seguiu-se um outro, onde se atribuiu à dimensão táctica

o papel principal no ensino dos JDC – visão global, holística ou alternativo,

dinâmico ou centrado na táctica, também denominado por Modelo de Ensino

pela Compreensão (MEC) ou fase táctico-técnica da aprendizagem do jogo

(Mesquita, 2000; Mesquita & Graça, 2006; Pinto, 2007; Ramos, 2003).

Rapidamente se verificou que a melhoria do gesto técnico deveria estar

articulado com a capacidade de decidir ajustadamente em contexto de jogo,

atribuindo à dimensão táctica o papel capital no ensino do jogo, articulada com

a capacidade do jogador em revelar opções decisionais mais ajustadas à

Page 51: Tomada desição

Revisão da Literatura

27

situação desportiva (Pinto, 2007). Sendo assim, a designada fase táctico-

técnica, ou apenas táctica tem vindo gradualmente a adquirir enorme

importância nos tempos actuais.

Encontra-se evidenciado no quadro 2 uma síntese das principais

diferenças entre estes dois modelos de ensino, ao nível do processo e do

produto dessa mesma aprendizagem (Araújo et al., 2005).

Quadro 2 – Diferenças entre o Modelo Tradicional (MT) e o Modelo de Ensino pela Compreensão (MEC) no processo ensino-aprendizagem

Dimensão Modelo Tradicional (MT) Modelo Alternativo (MEC)

Sistemas dominantes

Sistema cognitivo Os sistemas cognitivo, motor e perceptivo

actuam simultaneamente

Processo de aprendizagem

Melhoria da capacidade de processar informação e de aumentar o conhecimento

Aumento da capacidade de aperfeiçoamento perceptiva e da

capacidade de interagir com o ambiente (perspectiva ecológica)

Importância do feedback

Indispensável para a aprendizagem

Funciona como constrangimento pertencente à própria tarefa ou ao

envolvimento

Relação entre técnica e táctica

Independência. O ensino da técnica precede a táctica

Indissociáveis. A técnica ao serviço da táctica

Modelos Modelo tecnicamente perfeito O modelo será definido por cada atleta

dependendo de um número infindável de factores em interacção

Fonte: Adaptado de Araújo et al. (2005)

No seguimento desta temática iremos caracterizar e sublinhar alguns

aspectos pertinentes que caracterizam estes modelos de aprendizagem do

jogo, evidenciando a importância e a complementaridade das dimensões

técnica e táctica, no processo ensino-aprendizagem em futebol.

Page 52: Tomada desição

Revisão da Literatura

28

2.5.1. Da importância do Modelo Tradicional (MT) - Fase técnico-táctica da

aprendizagem do jogo ao Modelo de Ensino pela Compreensão

(MEC)

O MT caracteriza-se como sendo um modelo assente na transmissão

das técnicas básicas dos vários desportos, descontextualizado da essência do

próprio jogo.

Assim, a dimensão técnica constituiu-se uma referência da

performance durante largos anos, havendo mesmo quem fizesse um

verdadeiro culto da estética da execução, em particular nos desportos de rede

(voleibol, ténis), cujos os espaços são separados e a participação do(s)

jogadore(s) é alternada, valorizando-se não só a técnica, mas também a

própria estética do movimento (Pinto, 2007).

Contudo, no âmbito da aprendizagem das habilidades específicas dos

JDC, nomeadamente do futebol, verifica-se ainda o seu ensino, quer nos

clubes, quer na escola, de forma descontextualizada do contexto do jogo (MT),

reportando à dimensão técnica, um papel fundamental no processo ensino-

aprendizagem.

De facto, as HT têm sido referenciadas como um aspecto de enorme

preponderância no contexto da performance desportiva (Nunes et al., 2004), na

medida em que representam um factor decisivo nos escalões mais jovens.

É consensual em diversos autores que as HT proporcionam aos bons

executantes, melhores rendimentos em situação de jogo (Adelino, 2000;

Araújo, 1992; Brandão et al., 1998; Riera, 1995a; Thomas, 1994), sendo claras

as melhorias de resultados ao nível da performance individual desportiva. Além

disso, os jogadores mais dotados ao nível técnico, poderão alcançar, num

futuro próximo, melhores níveis de rendimento desportivo (Adelino et al., 1998;

Barreto, 1995; Janeira, 1988; Soares, 1991; Trapani, 2000; Wooden, 1988;

Wootten, 1992).

Nesta perspectiva torna-se pertinente referir alguns estudos, no âmbito

da modalidade de basquetebol, que contemplam a pertinência e a importância

do treino da técnica no processo de formação dos jovens atletas (Brandão et

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Revisão da Literatura

29

al., 1998; Cura, 2001a; Cura, 2001b; Neta, 1999; Nunes et al., 2004; Nunes et

al., 2006; Silva, 2000; Silva et al., 2004). Nestes estudos, constatou-se que

atletas com melhores prestações técnicas apresentaram melhores níveis de

performance individual de jogo.

Cura (2001a) realizou um estudo, cujo objectivo era conhecer o grau de

associação entre a avaliação dos desempenhos técnicos dos atletas,

realizados em diferentes contextos (em situação analítica e em situação de

jogo). Para tal, utilizou uma amostra constituída por 70 atletas pertencentes a 7

equipas do escalão de Iniciados Masculinos que disputaram a 1ª fase do

Campeonato Regional de Basquetebol, de Aveiro. Para proceder à avaliação

das HT de forma analítica, o autor utilizou a bateria AAHPERD (Kirkendall et

al., 1987) e um CT proposto por Brandão et al. (1998). Para efectuar a

avaliação das HT na competição recorreu ao “Game Performance Assessment

Instrument” (GPAI) proposto por Oslin et al. (1998). As conclusões obtidas

apontaram para:

• a importância da técnica no rendimento dos jovens futebolistas;

• a técnica pode revelar-se como uma componente decisiva das

etapas de formação desportiva;

• a importância de um maior investimento no tempo de treino

afeiçoado à aprendizagem, aperfeiçoamento e consolidação das

habilidades técnicas específicas dos jovens jogadores de

basquetebol, como suporte elementar da sua formação desportiva.

No estudo realizado por Cura (2001b), objectivou conhecer o grau de

associação entre a avaliação dos desempenhos técnicos dos atletas realizada

em situação analítica. A amostra do seu estudo foi constituída por 70 atletas

pertencentes a 7 equipas do escalão de Iniciados Masculinos (idades

compreendidas entre os 12 e os 14 anos) que disputaram o grupo I da 1ª fase

do Campeonato Regional da Associação de Basquetebol, de Aveiro. Para

proceder à avaliação das HT de forma analítica, o autor utilizou a Bateria

AAHPERD (Kirkendall et al., 1987) e um CT proposto por Brandão et al. (1998).

As conclusões do estudo foram as seguintes:

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Revisão da Literatura

30

• a predição dos níveis de performance técnica em situação de jogo

é mais sólida quando realizada a partir da Bateria AAHPERD,

relativamente ao CT, constituindo-se como um excelente

instrumento de pré-selecção de jovens jogadores;

• a técnica parece revelar-se como uma componente decisiva das

etapas de formação desportiva;

• maior investimento no tempo de treino dedicado à aprendizagem,

aperfeiçoamento e consolidação das HT específicas dos jovens

jogadores de basquetebol, como suporte fundamental da sua

formação desportiva.

Nunes et al. (2004) no seu estudo assegurou os seguintes objectivos:

• identificar diferenças entre o desempenho técnico dos atletas

(avaliado de forma analítica) e o nível competitivo das suas

equipas;

• comparar os resultados do estudo com os resultados de trabalhos

realizados em escalões de formação.

A amostra foi constituída por 76 atletas de basquetebol, com idades

compreendidas entre os 16 e os 38 anos, pertencentes a 7 equipas do escalão

de seniores Femininos que disputaram as provas oficiais da Federação

Portuguesa de Basquetebol, na época 2001/2002. Para a avaliação analítica

das habilidades técnicas específicas os autores recorreram à bateria

AAHPERD (Kirkendall et al., 1987) e um circuito técnico (CT) proposto por

Brandão et al. (1998).

Os autores concluíram que:

• os atletas que apresentam melhores resultados ao nível da

prestação técnica, apresentam também melhores níveis de

performance individual no jogo;

Page 55: Tomada desição

Revisão da Literatura

31

• foi possível constatar um perfil de melhoria nos gestos técnicos

ofensivos decorrente do processo evolutivo da formação de

jogadores e jogadoras de basquetebol;

• os resultados observados para o CT apresentam um maior ajuste

na separação de atletas por nível de performance e por experiência

na modalidade, face às diferenças registadas, tanto do ponto de

vista horizontal (mesmo escalão e divisões diferentes), como do

ponto de vista vertical (entre escalões etários diferenciados).

Os vários estudos coadunam-se pelo facto de apresentarem

conclusões assentes na importância da dimensão técnica, ao nível da

performance de jogo, pelo que deve ser tomada em consideração, no âmbito

de qualquer análise do jogo (Silva et al., 2004). Por este facto, a partir dela se

pode aferir a aquisição e o desenvolvimento dos conteúdos técnicos

específicos da modalidade, transmitidos e exercitados no treino (Mesquita,

1996).

Sendo assim, no plano de execução motora de uma acção, os

jogadores de excelência, caracterizam-se por apresentarem, (Rink et al., 1996):

• elevada taxa de sucesso na execução das tarefas, durante o jogo

(eficácia técnica);

• maior consistência e adaptabilidade nos padrões de movimento

(eficiência técnica);

• movimentos automatizados, executados com superior economia

(eficiência técnica);

• superior capacidade de detecção de erros e de correcção da

execução (eficiência técnica).

Todavia, a técnica nos JDC é caracterizada como sendo todos os

movimentos ou partes de movimentos que permitem realizar acções de ataque

e defesa, acções individuais, acções colectivas elementares e acções

colectivas complexas (Queirós, 1983; Shoch, 1987), baseados numa clara

intenção de jogo (conhecimento táctico). Assim, todas as acções de jogo, quer

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Revisão da Literatura

32

contenham ou não a presença da bola, recorrem aos requisitos técnicos,

(tomando como exemplo uma corrida rápida, uma desmarcação, uma

marcação a um adversário directo). Confrontando esta ideia com a profetizada

por vários investigadores de futebol, que atribuem à técnica um conjunto de

movimentos realizados com bola (passe, remate, drible, recepção, …), verifica-

se que este conceito de técnica é mais abrangente do que aquele que se lhe

atribui (Garganta, 1997).

Exceptuando algumas opiniões que defendem o ensino da técnica,

muitas vezes dissociada da componente táctica do jogo, Weineck (1986),

afirma ainda que a técnica se deve combinar com as capacidades cognitivas,

habilidades tácticas e as capacidades psicológicas. Sendo assim, um plano

táctico não é praticável sem uma base técnica correspondente, bases

condicionais adequadas e capacidades cognitivas adaptadas (Pinto, 2007).

De facto, actualmente, face à importância da dimensão táctica e à

consequente importância da compreensão do jogo, o ensino das habilidades

técnicas deve estar em sintonia com a compreensão e resolução de problemas,

não devendo ser consideradas isoladamente ou separadas da compreensão e

contextos de aplicação (Bouthier, 1993; Bunker & Thorpe, 1986; Mesquita &

Graça, 2006; Pinto, 2007), ou seja, a técnica desportiva surgirá como um meio

de realização das acções tácticas, uma solução motora de um problema

contextual e não como um fim em si mesmo.

Ainda, no âmbito do domínio das habilidades técnico-tácticas, Rink

(1993) apresentou um modelo multidimensional, no qual integrou num todo, os

três domínios das habilidades técnico-tácticas, face aos vários problemas

levantados na época, ao nível do ensino dos JDC.

Assim, às questões da técnica estão-lhe atribuídos três domínios: a

eficiência técnica, a eficácia técnica e a adaptação (Castelo, 2002; Garganta,

1997; Mesquita, 1997, 2000, Pinto, 2007; Rink, 1993). Por eficiência técnica

subentende-se uma configuração a modelos padronizados, ou seja tem-se em

conta os factores de execução (saber fazer). A eficácia técnica, é o que se

pretende através da sua utilização (obtenção de resultado) e a adaptação

refere-se à dimensão adaptativa da técnica face às acções do jogo (utilização

Page 57: Tomada desição

Revisão da Literatura

33

de forma oportuna e ajustada). Esta dimensão pode traduzir-se pelo “saber-

decidir”, em que a dimensão táctica ou o treino dos “quandos” das técnicas se

encontra em evidência, o que pressupõe maior ênfase ao ensino em contexto

de oposição e variabilidade (Castelo, 2002; Garganta, 1997; Mesquita, 1997,

2000, Pinto, 2007; Rink, 1993). Ainda neste propósito, Queirós (1986) afirma

que a eficiência e a eficácia técnica dos jogadores e das equipas dependem

indiscutivelmente do saber táctico do jogador.

As HT podem ser classificadas de habilidades fechadas e abertas. No

que diz respeito às primeiras (closed skills - habilidades fechadas) a

perspectiva mecânica é utilizada para dar resposta a situações de

envolvimento contextual estável, pontual e estereotipado nas quais a faceta

mecânica da execução adquire grande importância (Castelo, 1996; Garganta,

1997). São exemplo deste tipo de habilidades, as reposições de bola em jogo

(livres, pontapés de canto, de saída, de baliza, etc.). No caso das segundas

(open skills - habilidades abertas), a sua execução depende de um meio

exterior de permanente mutação, imprevisível e aleatório. Estão pois sujeitas a

variações de ritmo, intensidade e amplitude gestual, não necessitando de

respostas estereotipadas, pelo que dependem dos problemas circunstanciais

colocados pelas situações de jogo (Castelo, 1996; Garganta, 1997; Mesquita,

2000). Estas habilidades estão presentes nas várias situações de jogo e devem

estar bem representadas nos exercícios de treino.

Não obstante, torna-se também evidente a utilização de exercícios que

contemplem a competição assente nas relações de cooperação/oposição, para

percepcionar algumas determinantes do jogo e respectivo desempenho

técnico-táctico (Silva et al., 2004), estando, neste caso em evidência o modelo

de ensino pela compreensão (MEC).

Page 58: Tomada desição

Revisão da Literatura

34

2.5.2. Modelo de Ensino pela Compreensão (MEC) - Fase táctico-técnica

da aprendizagem do jogo (Dicotomia entre as dimensões técnica

e táctica)

O modelo metodológico centrado na acção táctica (MEC) surgiu

recentemente. Este modelo associa-se a uma pedagogia de descoberta e

encontra-se intimamente ligado a uma proposta de experiências motrizes com

a presença do carácter lúdico, assegurado pela presença do contexto real do

jogo desde o primeiro momento. Todavia, este modelo de ensino não implica o

ensino das habilidades técnicas, mas sim, a mudança do seu contexto de

utilização e aprendizagem (Mesquita & Graça, 2006).

Assim, o MEC propõe um entendimento diferente da tradicional via

técnica, ou seja, através da compreensão do jogo, da apreciação dos

elementos que fazem do jogo aquilo que é; da consciência táctica do objectivo

do jogo e das grandes tarefas para o alcançar (Mesquita & Graça, 2006).

Igualmente, neste modelo de ensino, surge a resolução de problemas por parte

dos praticantes, tomada de decisões e a sua execução; avaliação do resultado

das decisões e execuções, e por último, a dedução das necessidades de

exercitação para melhorar a qualidade de jogo (Mesquita & Graça, 2006)

Desta forma, muitas são as opiniões concordantes, que referem que a

táctica deve preceder a técnica, no âmbito do ensino dos JDC e no futebol em

particular (Bezerra, 2001; Bouthier, 1993; Bunker & Thorpe, 1982; Garganta,

1997; Garganta & Silva, 2000; Godik & Popov, 1993; Leal & Quinta, 2001;

Mesquita & Graça, 2006; Pinto, 2007; Romero Cerezo, 2000).

Esta ideia contraria o MT caracterizado pelo ensino da táctica após um

domínio mínimo das acções técnicas (Mesquita, 2000; Pinto, 2007), tornando-

se actualmente, uma das questões centrais de discussão teórica.

De facto, as competências dos jogadores e da equipa ultrapassam

largamente o domínio das HT e capacidades motoras, centrando-se ao nível

dos princípios de acção, das regras de gestão e organização do jogo e das

aptidões perceptivo-decisionais (Queirós, 1986; Pinto, 2007).

Page 59: Tomada desição

Revisão da Literatura

35

Sendo assim, no âmbito do treino desportivo, a concepção de treino

baseado na separação dos factores de ordem técnica, táctica, física e

psicológica, tem vindo a ser substituída pela perspectiva de treino que

contempla a complexidade do jogo associada aos referidos factores (Bezerra,

2001; Castelo, 2002; Garganta, 1997; Garganta & Silva, 2000; Godik & Popov,

1993; Leal & Quinta, 2001; Queirós, 1986; Romero Cerezo, 2000; Weineck,

1986). Desta forma, Sá & Rebelo (2004) e Ramos (2003), caracterizam o treino

que engloba estes factores como treino integrado, no qual existe uma

preparação que os inclui, de forma a desenvolver nos jogadores capacidades

no contexto em que intervém no jogo.

Actualmente, a táctica, que pressupõe os níveis de relação intra-

equipa, onde se pode desenvolver a táctica individual e a táctica colectiva

(Riera, 1995a) desempenha um papel fundamental, visto ser um factor

integrador e ao mesmo tempo estimulador de todos os outros desempenhos

(Pinto, 1996), condicionando de uma forma marcante a prestação dos

jogadores e das equipas (Bayer, 1994; Castelo, 1993; Gréhaigne, 1992).

Também Mitchell (1996) e Mesquita (2000), salientam a importância da

aquisição de conhecimentos tácticos desde o nível mais elementar. Para isso,

deve-se promover a aprendizagem do jogo e das HT, tendo como referência as

situações-problema que ocorrem no jogo.

Neste sentido, o praticante exercita a HT após ter sido confrontado com

uma forma de jogo, no qual o problema táctico colocado suscita a utilização da

referida habilidade (Mitchell, 1996).

Nesta perspectiva Bunker & Thorpe (1982), enfatizaram um modelo de

ensino do jogo baseado na sua compreensão, o qual contempla seis fases,

cada uma das quais com pressupostos estabelecidos, como se pode ver na

figura 3.

Page 60: Tomada desição

Revisão da Literatura

36

2 1 6

3 5 4

Figura 3- Modelo de ensino do jogo baseado na sua compreensão

Fonte: Adaptado de Bunker & Thorpe (1982)

Associado ao ensino da técnica nos JDC, onde se realça o futebol,

Mesquita (2000), acentua o ensino da técnica com a táctica na medida em que

ambas coexistem, quer na situação de jogo, quer na selecção e execução da

resposta motora.

Assim, as tarefas motoras devem promover requisitos capazes de

desenvolver no jogador a capacidade decisional (componente táctica) e a

capacidade de concretização (componente técnica) (Mesquita, 2000).

Indubitavelmente, a técnica e a táctica influenciam-se reciprocamente

(Araújo, 1992; Pinto, 2007) e estabelecem uma relação muito importante nos

desportos de oposição (Riera, 1995a). Não obstante, para cada situação táctica

pode haver diversas alternativas técnicas (Araújo, 1992). Assim, a solução

adoptada e que mais se adequa a cada situação táctica, está dependente do

conjunto de HT que o praticante pode utilizar, pelo que, no entender de

Garganta (1997), qualquer elemento técnico só adquire sentido se for

qualificado e avaliado em função da natureza do confronto desportivo.

Neste contexto, deve-se desenvolver conjuntamente a formação

técnica e táctica, evitando separá-las quer metodológica, quer temporalmente.

Isto porque são factores indissociáveis (Tavares, 1993 e 1998) e estabelecem

relações de compromisso e complementaridade entre ambas (Gómez Píriz et

al., 2002; Mesquita, 2000), bem como uma relação de conveniência. Nesta

Acção motora Apreensão do jogo

Jogo

Capacidade táctica

Execução da habilidade

Tomada de decisão

O que fazer?

Como fazer

Aprendizagem

Page 61: Tomada desição

Revisão da Literatura

37

perspectiva, a técnica é caracterizada como toda a acção do jogo resultante do

somatório dos vários movimentos praticados pelos jogadores e a táctica como

a coordenação dos movimentos entre os elementos da equipa (Gréhaigne et

al., 1999). Ao treinar a táctica estamos a treinar a técnica, não sendo o

contrário verdadeiro, pois na opinião de Pinto (2007), é um argumento

demasiado importante para ser negligenciado, em especial quando a crise de

tempo constitui uma preocupação evidente dos actuais agentes de ensino.

Existe ainda a ideia de que nos desportos de oposição, a táctica a

técnica e a estratégia estão estreitamente relacionadas (Riera, 1995a). Assim,

na opinião do autor, estas três acções, não são nada mais do que três formas

diferentes de atender a mesma acção, tal como se pode ver no quadro 3.

Quadro 3 - Particularidades da estratégia, da táctica e da técnica

Estratégia Táctica Técnica

Palavra-chave Planificação Confronto Execução

O jogador relaciona-se com Globalidade Oponente Meio/objecto

Finalidade Alcançar o obj. principal Vencer Ser eficaz

Fonte: Adaptado de Riera (1995b)

Face ao exposto, torna-se pertinente referir alguns modelos de ensino

do jogo centrados na sua compreensão, que serão explanados no capítulo

seguinte.

2.5.2.1. Modelos de ensino do jogo centrados na sua compreensão

A procura das melhores soluções metodológicas para resolver o

problema de ensino mais eficaz dos JDC, nomeadamente do futebol, tem sido

uma preocupação constante ao nível da investigação. De facto, nos tempos

mais remotos, o grau de insatisfação dos jovens, perante a ineficácia e

desmotivação crescente, para a prática dos JDC, aumentou de forma

alarmante o que exigiu a emergência de novas propostas aliciantes e eficazes.

De facto, como refere Gréhaigne & Godbout (1995), no movimento de

reforma do sistema educativo, em geral, e da Educação Física, em particular, o

Page 62: Tomada desição

Revisão da Literatura

38

aluno ocupa uma posição central ao ser considerado o construtor activo das

suas próprias aprendizagens, valorizando os processos cognitivos, a tomada

de decisão e a compreensão das situações-problema.

Este modelo assenta num estilo de ensino de descoberta guiada, em

que o praticante é exposto a uma situação-problema e é incitado a procurar

soluções, com o objectivo de acompanhar a equação do problema e

respectivas soluções para um nível de compreensão consciente e de acção

deliberadamente táctica no jogo (Mesquita & Graça, 2006).

Assim, o aparecimento de modelos alternativos para o ensino dos JDC,

onde se encontra inserido o futebol, viria a receber um importante contributo,

através do designado “Teaching Games for Understanding” (TGfU), que

apareceu nos anos 60/70, em Inglaterra, como tentativa de responder à

excessiva preocupação do ensino das HT, no ensino dos JDC (Bunker &

Thorpe, 1982). De facto, o modelo (ver figura 3) teve como ponto de partida o

facto dos alunos não gostarem das aulas de Educação Física, onde se

privilegiava o trabalho técnico, que chegava a atingir os 80% do tempo total,

contra apenas 20% de jogo formal, tendo repercussões a vários níveis,

nomeadamente (Pinto, 2007):

• Excessivo tempo de espera;

• Jogo demasiado confuso;

• Escasso tempo dedicado ao JF;

• Grande percentagem de insucesso na realização das HT;

• Fraco conhecimento do jogo, por parte dos alunos;

• O facto do professor decidir pelos alunos, impedia o

desenvolvimento da sua capacidade de decisão, não conduzindo à

sua autonomia;

• Não incrementava o desenvolvimento da capacidade de

observação, por parte dos alunos.

Deste modo, o modelo TGfU apresentou-se como uma alternativa

metodológica que parte de noções tácticas elementares (noção de ataque-

defesa, ocupação racional do espaço…) e constante solicitação ao

desenvolvimento de uma correcta percepção de jogo, por parte dos alunos,

Page 63: Tomada desição

Revisão da Literatura

39

sendo os jogos apresentados sob uma perspectiva global e com um conjunto

de preocupações, nomeadamente (Pinto, 2007):

• as regras adaptadas ao escalão etário;

• apelo à tomada de consciência dos problemas tácticos elementares

colocados pelo jogo;

• treino da tomada de decisão ao nível do (“Que fazer?”; “Quando

fazer?” e “Como fazer?”);

• qualidade do jogo desenvolvido pelos alunos funciona como um

mecanismo de controlo.

Na sequência dos MEC, Siedentop (1987) propôs um modelo

designado por “Modelo de Educação Desportiva”, o qual vai ao encontro da

necessidade de conferir um cunho afectivo e social às aprendizagens. Como

referem Mesquita & Graça (2006), “este modelo tem como propósito

estabelecer um ambiente propiciador de uma experiência desportiva autêntica,

na medida em que a falta de contextualização da actividade nas abordagens

tradicionais, é o elemento que corrói o significado das aprendizagens”. Este

modelo define-se como uma forma lúdica (play education), critica as

abordagens descontextualizadas, procurando estabelecer um ambiente

propiciador de uma experiência desportiva autêntica, conseguida pela criação

de um contexto desportivo significativo para os alunos, pressupondo a

resolução de alguns equívocos e mal-entendidos na relação escola com o

desporto e a competição (Mesquita & Graça, 2006).

Mais recentemente, Munsch et al. (2002), desenvolveram o “Modelo de

Competência nos Jogos de Invasão”, baseado nas ideias dos modelos de

educação desportiva e ensino dos jogos pela compreensão. Este modelo foi

concebido para permitir que os alunos aprendam não só a participar com

sucesso em formas modificadas de JDC de invasão, como também a

desempenharem outros papéis de organização da prática desportiva,

sublinhando 2 grupos de competências complementares, nomeadamente: a

competência como jogador em jogos de invasão modificados; competência em

funções de apoio e coordenação (Mesquita & Graça, 2006).

Page 64: Tomada desição

Revisão da Literatura

40

Além dos modelos de ensino propostos por Bunker & Thorpe (1982);

Munsch et al. (2002) e Siedentop (1987), Pinto (2007) refere-se ao modelo de

matrizes (Rovegno), no qual as unidades da matéria devem ser concebidas

como uma matriz multifacetada em que a ênfase deverá ser colocada na

exploração das relações entre as componentes da matriz operação vs oposição

(situações formais e reduzidas), nas quais as suas preocupações se centram

em três aspectos:

• redução da imprevisibilidade própria dos JDC, através da selecção

da informação pertinente a conceder aos jogadores;

• criação de rotinas e regras práticas susceptíveis de dar mais

segurança;

• redução da complexidade própria dos JDC.

Neste tipo de modelo a aprendizagem é perspectivada como um

processo transformativo e holístico, em que o erro desempenha um papel

fundamental, defendendo o autor, um ensino assente num contexto não

controlado e imprevisível (Pinto, 2007).

Ainda, Barreto et al. (1980), apresentaram uma proposta de ensino

designada por “Aprender a jogar, jogando”, modelo que partia de uma situação

de JF, introduzia as habilidades à medida que os jovens iam sentindo

necessidade, para resolverem os novos problemas propostos (perspectiva

construtivista), e regressava ao jogo, de forma a detectar os progressos

evidenciados.

Também, Rink (1993), estabeleceu uma estrutura conceptual ordenada

em quatro fases (quadro 4) de complexidade crescente (games stages), nas

quais considera o jogo mais do que um somatório de habilidades, de natureza

aberta, ditadas pelas circunstâncias e pela oportunidade.

Page 65: Tomada desição

Revisão da Literatura

41

Quadro 4 – Organização em fases das situações de exercitação e prática dos jogos

Tipo 1 Exercitação das habilidades simples sem oposição Capacidade de controlo do objecto de jogo

Tipo 2 Exercitação da combinação de habilidades sem oposição Estabelecer relações motoras de cooperação

Tipo 3 Exercitação em situações de oposição simplificada Tácticas básicas ofensivas e defensivas

Tipo 4 Prática em situações semelhantes ao JF Formas simplificadas de jogo com especialização de funções

Fonte: Adaptado de Rink (1993)

A autora refere ainda que estas 4 fases de exercitação e prática

encadeiam-se sem se excluírem e sublinha 3 ideias-chave:

• Os alunos não abandonam uma fase quando estão prontos para

entrar na seguinte;

• As fases mais esquecidas, no ensino, na escola têm sido as fases 2

e 3;

• As necessidades de prática das habilidades são ditadas pelo modo

como os alunos as usam no jogo e pelas acções tácticas que as

envolvem.

É unânime, em vários estudos realizados, maiores índices de

satisfação, por parte dos alunos, ao modelo MEC (Barreto et al., 1980; Bunker

& Thorpe, 1982, Pinto, 2007). Os autores referem que se constatou uma maior

valorização das sessões desportivas, pelo facto de apresentarem um maior

grau de divertimento e melhor rendimento físico. Comprovou-se também, a

existência de melhorias ao nível da maior implicação na tarefa, através de uma

menor redução de tempo de inactividade, assim como benefícios ao nível da

aptidão física geral. De facto, como refere Pinto (2007), num momento em que

se questiona a densidade motora das aulas/treinos na escola e/ou clubes,

fundamentada pelo cada vez mais reduzido tempo real de prática, associada

ao facto dos níveis médios e altos de intensidade das sessões serem

susceptíveis de também aumentarem os níveis motivacionais dos jovens,

parece-nos fazer todo o sentido estarmos atentos a esta questão.

Ainda sob a perspectiva da aprendizagem de habilidades, Bunker &

Thorpe (1986), afirmam que, baseados no MT, os menos dotados aprenderam

Page 66: Tomada desição

Revisão da Literatura

42

a ser incompetentes durante as aulas de Educação Física, enquanto que o

MEC permitia uma maior inclusão na actividade dos menos e mais dotados,

proporcionando-lhes um aumento da informação relevante no que diz respeito

ao “quando” do uso das técnicas, nos anos iniciais da aprendizagem

desportiva. Cabe assim, ao professor/treinador reunir a capacidade de conduzir

o ensino de uma forma inteligente, apelando à compreensão das mais variadas

actividades dos alunos.

Desta forma, como refere Pinto (2007), os alunos/jogadores devem ser

conduzidos subtilmente a adquirir conhecimentos em vez de lhes ser ordenado

o que devem fazer (descoberta guiada). Os comportamentos (behavioristas),

do tipo estímulo – resposta, ou aptidões (maturacionistas), onde é decisiva a

correspondência entre aptidões e os vários estádios, deixam de ser as metas

de instrução, sendo então substituídas pelo desenvolvimento do conhecimento

e da compreensão. Assim, neste paradigma de aprendizagem, o

professor/treinador descentra-se de si próprio para se situar no aluno,

nomeadamente na interpretação da sua actividade cognitiva e motora, no

sentido de criar a melhor atmosfera de aprendizagem (Mesquita & Graça,

2006).

Não obstante, devemos aumentar radicalmente o volume de treino das

habilidades, em contexto de jogo, com recurso ao jogo reduzido (Mesquita,

1998).

Neste contexto, nos capítulos seguintes iremos classificar os vários

tipos de exercício de treino, assim como abordar a pertinência de

implementação de situações reduzidas de jogo no processo ensino-

aprendizagem do jogo em futebol.

2.6. Taxionomia do exercício de treino

Os exercícios de treino são fundamentais, tanto para o processo

ensino-aprendizagem em futebol, como para o processo de treino de um

jogador e/ou de uma equipa. Quanto à sua classificação, Queirós (1986)

propõe os seguintes tipos de exercícios:

Page 67: Tomada desição

Revisão da Literatura

43

• Fundamentais, são todas as formas de jogo que incluam a

finalização (obtenção do golo) como estrutura elementar

fundamental;

• Complementares, exercícios que, qualquer que seja a forma ou

estrutura de organização da actividade, não incluem a finalização.

Este tipo de exercícios subdividem-se em formas integradas

(incluem elementos de um factor de preparação) e formas

separadas (incluem elementos de um factor de preparação e

desenvolvem-se fora do contexto do jogo - vêr figura 4).

Com esta proposta, Queirós (1986) utiliza como um dos critérios a

existência ou não de finalização. Deste modo será o propiciar desta situação ou

não que determina se um dado exercício de treino é fundamental ou

complementar.

Exercícios

Figura 4 – Classificação dos exercícios de treino

Fonte: Adaptado de Queirós (1986)

Também, Castelo (2002) argumenta que o problema da

conceptualização e selecção do exercício de treino exige pressupostos

orientadores, designadamente:

Formas Fundamentais

Formas Complementares

Forma I - Ataque X 0 + GR

Forma II – Ataque X Defesa + GR

Forma III – GR+ Ataque X Defesa + GR

Formas Integradas

Formas Separadas

Page 68: Tomada desição

Revisão da Literatura

44

• o modelo de jogo da equipa, em função das capacidades e

aptidões dos jogadores que estão integrados no plantel e as suas

margens de progressão;

• programas de acção, de forma a conciliar o modelo óptimo e

evoluído a atingir no futuro, com o nível momentâneo da própria

equipa nessa realidade.

Tendo como referencial o nível de especificidade, Castelo (2002),

estabeleceu um edifício taxonómico dos exercícios de treino, possibilitando ao

treinador seleccioná-los em função das capacidades momentâneas dos

jogadores, da lógica interna do jogo de futebol e dos objectivos pretendidos

consubstanciados em três níveis, designadamente:

1) exercícios de preparação geral, que não incluem a utilização da

bola como centro de decisão mental e acção motora do praticante.

São conceptualizados e operacionalizados sem ter em conta os

contextos situacionais, nem as condicionantes estruturais

objectivas em que se realiza a competição do jogo de futebol. As

diferentes acções motoras de resposta aos diferentes contextos

situacionais da actividade competitiva requerem a mobilização de

um conjunto de capacidades condicionais de suporte à

eficaz/eficiente execução.

Como exemplo de exercícios de preparação geral temos:

1.1) Exercícios de corrida contínua ou variável;

1.2) Exercícios que procuram aumentar a taxa de produção de força;

1.3) Exercícios de velocidade;

1.4) Exercícios que procuram melhorar ou aumentar os níveis de

flexibilidade.

2) exercícios específicos de preparação geral, que estabelecem a

relação do jogador com a bola, mas não envolvem a concretização

do objectivo fundamental do jogo (finalização – golo). Todos estes

exercícios são realizados em contextos situacionais “rudimentares”,

relativamente às condições objectivas em que se realiza a

Page 69: Tomada desição

Revisão da Literatura

45

competição do jogo de futebol. Todavia, este tipo de exercícios

objectivam desenvolver o conteúdo específico do jogo,

manipulando as condicionantes estruturais (constrangimentos)

como o espaço, o número de jogadores, o tempo, o regulamento,

etc. A manipulação destas condicionantes permite criar uma

relação primordial do jogador com a bola, sendo esta o elemento

determinante da sua acção com um número reduzido de

companheiros e adversários, os quais irão ser progressivamente

aumentados até ao número estabelecido pelo regulamento da

modalidade e da prestação dos jogadores.

Como exemplo de exercícios específicos de preparação geral, temos:

2.1) Situações de treino das acções técnicas individuais;

2.2) Situações de treino das acções técnicas em grupo;

2.3) Exercícios de posse de bola

2.4) Exercícios para potenciar a acção técnica de um ou mais

jogadores.

3) Exercícios específicos de preparação, que permitem estabelecer

a relação do jogador com a bola e a concretização do golo na

baliza. Devem constituir-se como um núcleo central da preparação

dos jogadores, tendo sempre em consideração as condições

estruturais em que as diferentes situações de jogo se verifiquem,

ou seja, os exercícios específicos de preparação devem ser

construídos para que os jogadores sintam que estes derivam da

lógica estrutural do jogo de futebol.

Como exemplo de exercícios específicos de preparação, temos:

3.1) Exercícios específicos de jogo sem oposição sobre uma baliza

(1X0, 2X0, 3X0,...);

3.2) Exercícios específicos de jogo com oposição sobre uma baliza

(1X1, 2X1, 3X1, 3X2,...);

Page 70: Tomada desição

Revisão da Literatura

46

3.3) Exercícios específicos de jogo com oposição sobre duas balizas

(GR+1X1+GR, GR+2X2+GR, GR+3X3+GR,...).

Assim, Castelo (2003) classifica os exercícios de treino, tendo como

critério a presença ou não da bola para verificar o grau de correspondência, de

similaridade ou identidade de um determinado exercício de treino com os

contextos competitivos do jogo de futebol. A presença ou ausência da bola

permite distinguir os exercícios gerais dos exercícios específicos. De igual

modo, o objectivo com que a bola é utilizada permite distinguir os exercícios

específicos (ver quadro 5). Todavia, na opinião de Queirós (1986), se estes

incluírem a finalização são específicos; se a utilização da bola não visa o golo,

então são exercícios que se afastam da realidade da modalidade e, apesar da

sua especificidade, assumem um carácter geral na preparação do jogador e da

equipa.

Quadro 5 - Taxionomia dos exercícios de treino

Classificação Taxionómica

Bola

Sem bola Exercícios

gerais Exercícios de preparação geral

Com bola Exercícios específicos

Não visa marcar/evitar golo

Exercício específico de preparação geral

Visa marcar/evitar golo Exercício específico de

preparação

Fonte: Adaptado de Castelo (2003)

Na perspectiva da aplicação dos vários exercícios no treino, Vasques

(2005), argumenta que para o exercício se constituir como o elemento

preponderante do processo de treino, torna-se fundamental uma

conceptualização ou escolha criteriosa daqueles que sejam os mais eficazes,

isto é, que correspondam às metas e objectivos preestabelecidos, através do

conhecimento profundo e particularizado das suas vantagens e desvantagens,

de modo a serem utilizados de forma racional.

É consensual para vários autores que os exercícios devem reproduzir,

parcial ou integralmente, o conteúdo e estrutura do jogo, bem como, fielmente,

Page 71: Tomada desição

Revisão da Literatura

47

a necessidade expressa de reflectir o sistema de relações individuais e

colectivas do futebol (Castelo, 2002; Garganta, 1997; Queirós, 1986; Vasques,

2005).

Face à complexidade que caracteriza o jogo de futebol, torna-se

indiscutível a pertinência da utilização dos designados jogos reduzidos (JR) no

processo ensino-aprendizagem em futebol.

2.6.1. Pertinência do Jogo Reduzido (JR) no processo

ensino-aprendizagem em futebol

Algumas características inerentes aos JDC, nomeadamente a

variabilidade, imprevisibilidade e a aleatoriedade, têm conduzido a uma

abordagem do processo ensino-aprendizagem, através do recurso a exercícios

específicos com vista à utilização de determinadas e apropriadas

condicionantes que integram as variáveis do jogo. No âmbito do processo

ensino-aprendizagem devemos propor aos atletas, um tipo de jogo simples, de

fácil compreensão e realização, recorrendo-se a um menor número de atletas

envolvidos no jogo, um menor espaço de jogo, que permita uma melhor

visualização das linhas de força (bola, campo, adversários e colegas de

equipa) e aumentar os contactos com a bola, diversificando os vários tipos de

contacto, admitindo também uma melhor continuidade às acções e optimizando

as hipóteses de concretização (Garganta, 2000). Este tipo de exercícios

usados no treino de futebol podem ser designados por Jogos Condicionados

(JC; Garganta 1985, 1998b), Formas de Jogo Simplificadas (FJS; Araújo &

Mesquita, 1996; Rebelo, 1998), Jogos Reduzidos (JR; Oliveira & Graça, 1998;

Mesquita, 1998; Veleirinho, 1999) ou Exercícios Complexos de Treino (ECT;

Sá, 2001; Sá & Rebelo, 2004).

Os conteúdos e objectivos destes exercícios contemplam a

possibilidade de decisão não totalmente pré-determinada, por parte dos

jogadores (Castelo, 2002; Sá, 2001; Sá & Rebelo, 2004), além de que

pressupõem uma elevada ligação aos problemas de jogo (aproximam-se às

condições reais de jogo), contemplando a presença do adversário e pela

Page 72: Tomada desição

Revisão da Literatura

48

aplicação de alguns constrangimentos, permitem salientar determinados

padrões de comportamento desejáveis com elevadas possibilidades de

inovação e criação (Corbeau, 1989; Sá, 2001; Sá & Rebelo, 2004).

Assim, no sentido de favorecer uma maior assimilação e

desenvolvimento dos elementos táctico-técnicos individuais e colectivos,

Gréhaigne & Guillon (1992), Garganta (1998b), consideram fundamental a

decomposição do jogo, respeitando as unidades funcionais, mas com situações

de aprendizagem de complexidade crescente.

Neste sentido, é consensual, a opinião de vários autores (Brandão,

2002; Castelo, 2003; Garganta, 1998b; Gréhaigne & Guillon, 1992; Oliveira &

Graça, 1998; Tavares & Faria, 1993), de que são mais vantajosas as situações

de JR do que as de a existência de JF. De facto, existe uma maior participação

dos atletas no jogo e como consequência uma menor probabilidade de

permanecer inactivo. Além disso, situações de JR sobre grandes dimensões do

terreno de jogo, com um elevado número de intervenientes, promovem um

volume de jogo menor, dificultando uma intervenção de qualidade por parte do

treinador/professor, dada a excessiva ocorrência simultânea de situações

pertinentes, susceptíveis de merecerem a sua atenção e intervenção (Pinto,

2007).

Este tipo de jogos (JR), caracterizam-se por integrarem um número de

jogadores e espaço adequados, ou seja, comportam um menor número de

jogadores, permitindo a continuidade das acções, assim como o domínio

perceptivo do espaço. Além disso, concedem a existência de uma maior

participação dos jogadores, traduzida no aumento da frequência dos contactos

de cada jogador com a bola (Pacheco, 2001; Vasques, 2005; Veleirinho, 1999).

Isto resulta não só numa maior simplificação do jogo, como o aumento do grau

de sucesso na consumação das acções de jogo (ofensivas e defensivas)

(Castelo, 2002; Veleirinho, 1999), além de um melhor discernimento das

situações de jogo, dado existirem menos elementos a serem considerados

(Veleirinho, 1999). De acrescentar ainda que os JR permitem uma relevante e

pertinente intervenção, por parte do professor/treinador (Garganta, 1998b;

Gréhaigne & Guillon, 1992; Tavares & Faria, 1993), pelo que, o processo

Page 73: Tomada desição

Revisão da Literatura

49

ensino-aprendizagem deve considerar de uma forma integrada os domínios do

comportamento humano (não só o motor e o cognitivo, mas também o sócio-

afectivo), justificando-se assim a sua utilização por preservar os aspectos

lúdicos e as relações interpessoais (Aguilà & Burgués, 1993; Garganta, 1998b).

Nesta perspectiva, Mush & Mertens (1991), consideram que nas

situações de JR, a unidade de jogo não deve ser desvirtuada pelo que devem

satisfazer determinados critérios:

• o objectivo do jogo deve estar sempre presente;

• todos os elementos estruturais do jogo devem ser conservados;

• as acções de ataque e defesa são sempre mantidas;

• as transições ataque/defesa e defesa/ataque devem ser sempre

possíveis;

• as tarefas dos jogadores não devem ser totalmente determinadas,

ou seja, a situação deve permitir a escolha de diferentes soluções

possíveis.

Garganta & Pinto (1998), acrescentam ainda que, num espaço menor e

com um número de jogadores mais reduzido, ou seja, num contexto

teoricamente menos complexo, o principiante tem mais e melhor acesso à

progressiva compreensão das linhas de força do jogo e um melhor

cumprimento dos princípios de acção e regras de gestão do jogo. De igual

modo, os JR são meios de ensino/treino do jogo que estabelecem situações

contextualizadas de ataque e defesa, através das quais se manipulam as

condicionantes estruturais do exercício, de forma a compatibilizar os diferentes

graus de complexidade que derivam da lógica interna do jogo, em função das

capacidades iniciais do jogador nos seus diferentes níveis de formação e dos

objectivos que se pretendem atingir a curto e longo prazo (Castelo, 2003).

A fim de compreender a pertinência dos jogos com a redução do

espaço e do número de jogadores, Ribeiro & Volossovitch (2004), evidenciam

comportamentos manifestados, no âmbito da modalidade de andebol, os quais

podemos fazer corresponder aos meios de ensino/treino em futebol:

• intensificação da participação dos jogadores no jogo;

• produção de um maior número de golos;

Page 74: Tomada desição

Revisão da Literatura

50

• desenvolvimento de um jogo mais fluido, com menos interrupções e

menos faltas;

• confronto com a aplicação do regulamento;

• compreensão melhor do jogo, pois a redução das situações de

“conflitualidade” individual, simplificam-no;

• desenvolvimento das capacidades técnicas, tácticas e estratégicas,

pois o contexto obriga-os, independentemente das suas maiores ou

menores capacidades, a realizar um elevado número de passes,

recepções, remates, desmarcações, intercepções, etc..

• aumento dos índices motivacionais, pois incrementam as acções de

sucesso.

Por outro lado, jogos sobre grandes dimensões do terreno de jogo com

um elevado número de jogadores reduzem a possibilidade dos jovens

futebolistas contactarem com a bola, quando comparados com os jogos em

dimensões do terreno de jogo mais reduzidas, o que contraria os objectivos

preconizados na formação do jovem futebolista.

Nesta perspectiva, nos JR, professores/treinadores condicionam

determinadas variáveis, nomeadamente a dimensão do espaço onde se realiza

o exercício, a limitação do número de toques na bola permitido a cada jogador,

a imposição/impedimento de realização de determinadas acções táctico-

técnicas individuais e colectivas, o número de jogadores participantes, o tempo

de realização/repouso, etc., de forma a proporcionarem um maior número de

repetições das possibilidades de decisão criativa (Sá e Rebelo, 2004), dado

que a convivência com a variabilidade das situações exige decisões a cada

momento, tal como acontece no jogo.

Sendo assim, no capítulo seguinte iremos caracterizar os principais

constrangimentos a que estão sujeitos os JR, assim como referir alguns

estudos sobre esta temática, sob a perspectiva táctica do jogo.

Page 75: Tomada desição

Revisão da Literatura

51

2.6.2. Constrangimentos do exercício de treino

No âmbito do processo ensino-aprendizagem, no futebol a oposição e

a variabilidade são factores de aprendizagem essenciais. Assim, na opinião

de Barreiros (1992), Cook & Shoulder (2006) e Mesquita (2004), deve-se

recorrer a jogos concebidos para desenvolver aptidões individuais e jogo

táctico em grupo ou equipa para melhorar equipas e jogadores, através da

manipulação de variáveis (espaço, tempo, número de jogadores e tarefa), de

forma a proporcionar um ensino mais estimulante e eficaz.

Estes constrangimentos, devem, contudo, ser equacionadas no método

de treino, tendo em atenção a manipulação, que deve ser o mais realista

possível, pautando-se pela coerência e adequação, respectivamente à lógica

interna do jogo e à capacidade momentânea dos praticantes. A alteração

temporária, deve ser formulada em função do modelo de jogo a aplicar e das

necessidades observadas na equipa durante a competição (Castelo, 2002).

Os constrangimentos podem ser entendidos como condições que

limitam o organismo na sua acção, reduzindo o número de configurações

possíveis de um sistema em vários níveis de análise, desde o próprio sistema

até à sua interacção com o campo funcional de acção. A noção de

constrangimentos do exercício tem implicações no estudo do comportamento

motor, ao nível da compreensão da aquisição de comportamentos coordenados

(Boba, 2007).

Os vários constrangimentos a que podem ser submetidos os exercícios

de treino, têm contudo, constituído uma das preocupações da investigação no

processo ensino-aprendizagem em futebol.

Assim, pode-se manipular a variabilidade do jogo recorrendo a

alterações ao nível dos parâmetros materiais, espaço-temporais, humanos ou

da tarefa, presentes no futebol, de forma a exigir respostas adaptadas (Cook &

Shoulder, 2006; Pinto, 2007). Igualmente, podemos introduzir a variabilidade

recorrendo a alterações ao nível das trajectórias, das distâncias, do tamanho,

do peso…etc. (Pinto, 2007).

Page 76: Tomada desição

Revisão da Literatura

52

Nesta perspectiva iremos caracterizar os quatro constrangimentos -

espaço, tempo, tarefa e condição humana - preponderantes nos exercícios de

treino de forma a favorecerem o processo ensino-aprendizagem, pois permitem

a oposição/cooperação, variabilidade e progressão. Além disso, são decisivos

no processo de avaliação técnico-táctico em futebol. Não obstante, no quadro 6

encontram-se, de forma resumida, as várias modificações didácticas a utilizar

na construção de situações de treino em futebol.

2.6.2.1. Constrangimento tempo

No âmbito do futebol, o factor tempo condiciona vários aspectos

fulcrais, funcionando como um agente limitador, impondo fortes

constrangimentos à utilização do espaço e realização de tarefas e sobretudo à

sua interacção, na medida em que os jogadores não podem parar para pensar,

devendo tomar decisões fortemente pressionadas por esta variável (Barth,

1994; Thomas & Thomas, 1994).

Cada vez mais se constata, num jogo de futebol, o facto de um jogador

ter de executar uma acção motora, o mais breve possível e, de preferência de

forma eficaz. Dada a necessidade de reagir/pensar a estímulos em função da

pressão temporal imposta pelo jogo, reclama-se que o jogador consiga

interpretar as mais variadas situações, no mais curto espaço de tempo

possível, sem contudo descorar a eficácia das suas decisões.

No entanto, podemos intervir a este nível, limitando o tempo de

realização de determinadas tarefas, nomeadamente (Pinto, 2007):

• aumentando ou diminuindo o ritmo das acções a desenvolver;

• - intervindo ao nível do aumento ou redução dos períodos de

jogo/recuperação.

Page 77: Tomada desição

Revisão da Literatura

53

2.6.2.2. Constrangimento espaço

Na opinião de Garganta (1997), o espaço nos JDC é estandardizado,

havendo um espaço físico íntegro que não varia, ao contrário do que se verifica

no espaço informacional, organizacional, que se altera em função da

disposição e movimentação dos jogadores, da posse ou não da bola, da zona

do terreno ocupada, da velocidade das tarefas, entre outros.

Ao nível do espaço físico de jogo, Cook & Shoulder (2006), consideram

que reduzir ou alargar o espaço do jogo permite aumentar ou diminuir a

pressão sobre as técnicas ou o jogo táctico, concedendo aos jogadores mais

ou menos espaço e tempo de manobra.

Sendo assim, e sob a forma de quantificar e qualificar os indicadores

técnico-tácticos, podemos, na opinião de Pinto (2007), intervir ao nível do

aumento ou redução do espaço de jogo, do tamanho, da forma e mesmo do

número de objectivos a atingir. Ainda, na opinião do autor podemos restringir

determinadas zonas do espaço onde se pode ou não lançar, rematar…ou ainda

manter determinadas distâncias entre os intervenientes, referindo-se sobretudo

à aquisição do conceito de ocupação racional do espaço.

2.6.2.3. Constrangimento tarefa

Este constrangimento determina a introdução de certas regras ou

condições para determinados indivíduos ou para todos os jogadores envolvidos

no jogo, com o intuito de salientar uma ou mais habilidades técnico-tácticas

(Cook & Shoulder, 2006). Desta forma, a condição pode facilitar um pouco as

coisas ou dificultá-las ao atleta.

Constitui-se ainda como um dos aspectos mais ricos, proporcionando a

manipulação da actividade, tendo sempre em consideração a estratégia

previamente definida (Pinto, 2007). Nesta perspectiva, para o autor podemos:

• variar o sistema de pontuação;

• simplificar os regulamentos;

Page 78: Tomada desição

Revisão da Literatura

54

• introduzir condições para obrigar os participantes a estarem

centrados em determinados objectivos (ex.:obrigatório o passe,

sempre que se abra uma linha de passe mais adiantada. A equipa

que o não fizer, perde a posse de bola).

2.6.2.4. Constrangimento condição humana

A este constrangimento está subjacente o incremento ou a redução do

número de jogadores para que um grupo, em vantagem numérica, tenha

sucesso, podendo-se introduzir mais dificuldades quando começarem a

melhorar (Cook & Shoulder, 2006). Assim, neste tipo de constrangimento,

estão em causa situações de inferioridade, igualdade e superioridade

numérica, sendo obrigatório que todos passem por todas as funções de jogo

(Pinto, 2007). No quadro 6 evidenciam-se constrangimentos associados à

lógica interna do jogo, as suas modificações didácticas e consequências

funcionais, segundo a perspectiva de Martín & Lago (2005).

Page 79: Tomada desição

Revisão da Literatura

55

Quadro 6 - Modificações didácticas a utilizar na construção de situações de treino em futebol

Constrangimentos da lógica interna

do Futebol

Modificações didácticas

Consequências funcionais

Bola

Aumento do n.º de bolas

- Aumenta a fluidez do jogo - Estimula o desenvolvimento da percepção visual e tomada de decisão - Aumenta a complexidade do jogo - Modifica o sistema de interacções entre jogadores - Incremento do número de focos de atenção dos jogadores

Alteração do peso/perímetro

- Introdução de elementos perturbadores no desenvolvimento do jogo - Alteração da dificuldade de construção do jogo

Balizas

Aumento do n.º de balizas

- Favorece a compreensão do jogo - Acções de jogo descentralizadas da proximidade das balizas - Facilita a fluidez do jogo - Distribuição dos jogadores por todo o espaço de jogo - Aumenta o número de focos de interesse no jogo - Incremento da complexidade do jogo

Jogo sem balizas - Aparecimento de sub-objectivos para além do obj. central do jogo (golo) - Maior concentração de jogadores em torno da bola - Menos focos de atenção para os jogadores

Alteração da sua localização espacial

- Favorece a compreensão do jogo - Incremento da complexidade do jogo

Regras

Variar o sistema de pontuação

- Facilita a compreensão do jogo - Incrementa a fluidez do jogo - Aumenta a complexidade do jogo

Introdução de regras espaciais

- Pode facilitar o pensamento estratégico no jogo - Pode ajustar o equilíbrio de opções para todos os jogadores - Pode facilitar a eliminação do espaço de transição defesa-ataque - Pode facilitar a qualidade das acções dos jogadores

Modificar o sistema de relações entre

participantes

- Aumenta ou diminui a densidade jogadores/espaço - Estimula ou dificulta a qualidade das interacções entre jogadores

Espaço Ampliação

- Facilita a fluidez do jogo - Diminui a densidade jogadores/espaço - Estimula a existência de interacções positivas entre jogadores - Jogo colectivo mais seguro - Mais tempo para controlo da bola - Mais espaço para o portador da bola - Visão de jogo facilitada - Jogo sem bola facilitado - Intensidade física de jogo menor - Diminuição do número de situações 1X1 - Aumenta o espaço de transição defesa-ataque

Tempo Acelerar o ritmo de

jogo

- Intensidade de jogo superior - Maiores existências na elaboração de acções positivas - Necessidade de assumir a iniciativa de jogo - Incremento da velocidade de jogo - Incremento das exigências na execução técnica - Incremento das exigências na compreensão táctica (percepção e decisão)

N.º de companheiros / adversários

Superioridade numérica

- Estimula a existência de interacções positivas entre jogadores - Facilita o desenvolvimento da fase ofensiva - Desequilíbrio ataque/defesa - Incremento do tempo de compromisso motor dos atacantes com bola

Jogo com adição de jogadores neutros

- Permite a aproximação progressiva a uma situação de cooperação/oposição real

Igualdade numérica - Equilíbrio permanente entre o ataque e a defesa

Sem oposição - Facilita a relação do jogador com a bola - Incremento do tempo de compromisso motor dos atacantes

Fonte: Adaptado de Martín & Lago (2005)

Page 80: Tomada desição

Revisão da Literatura

56

2.7. Revisão de estudos

Na investigação em futebol existem vários estudos comparativos da

actividade técnico-táctica desenvolvida por jovens praticantes em variantes do

jogo com número de jogadores diferente.

A revisão dos vários estudos baseia-se no tipo de análise centrada no

jogador - e tipo de acções individuais com bola, tais como: a frequência de

passes, remates, recuperações da posse de bola, contactos sobre a bola,

tempo individual de posse de bola, etc.

Todavia, e embora não sejam abordados, existem ainda estudos que

contemplam a análise centrada na sequência ofensiva (características de

início, construção e fim do processo ofensivo) e ainda os que contemplam a

análise centrada no espaço de jogo (contemplam variáveis associadas ao

espaço, tais como: zonas prevalentes de acção, de recuperação e perda da

posse de bola, utilização de corredores e sectores, etc.).

2.7.1. Estudos centrados na análise da performance desportiva do

jogador

Vários são os estudos, unânimes, que comprovam o aumento da

frequência de acções individuais com bola por jogador nas variantes de jogo

com número inferior de jogadores e espaço reduzido. Como já foi referenciado

no capítulo 2.6.1, do ponto de vista pedagógico-didáctico, este tipo de

exercícios (JR) favorecem o número de interacções entre os diferentes

elementos de jogo (colegas, bola e adversário) face ao JF, permitindo uma

maior exercitação dos vários indicadores técnico-tácticos.

Seguidamente, estão compilados no quadro 7 os estudos centrados na

análise da performance desportiva do jogador sob a perspectiva técnico-táctica,

através da comparação de jogos diferenciados (JR vs JF) e da comparação de

acções técnico-tácticas realizadas em jogos com número de jogadores e

espaço reduzido, referentes às modalidades de futebol e basquetebol.

Page 81: Tomada desição

Revisão da Literatura

57

Quadro 7 – Estudos comparativos da actividade técnico-táctica de vários escalões de formação nos JDC

Autores / Modalidade AJ Condições de jogo /

Escalão etário

Arana et al. (2004) / Futebol

conduções de bola/drible; número de passes longos; número de remates; “número de despejos”; número de recepções de bola e número de passes curtos

F7 vs F9 vs F11 / Sub 12

Bastos (2004) / Basquetebol

lançamento na passada convertido; lançamento na passada falhado; lançamento em apoio convertido; lançamento em apoio falhado; ressalto ofensivo; ressalto defensivo; drible; passe; recepção; intercepção da bola e perda de bola

JR (3X3 MC) vs JR (3X3 CI) vs JF (5X5

CI) / Sub 14

Borba (2007) / Futebol acções de finalização; acções de confronto individual/oposição; acções de cooperação e ainda acções associadas ao início/fim da posses de bola.

F4 vs F7 / Sub 10

Cardoso (1998) / Futebol

deslocamentos de diferentes intensidades (parado, marcha, deslocamento de baixa intensidade, deslocamento de média intensidade e deslocamentos de máxima intensidade e acções técnico-tácticas de jogo (acções com bola: remate, passe, drible, cabeceamento, saltos em disputa de bola e número de contactos com a bola; acções sem bola: desarme, intercepção, carga e recuperação da bola; posse de bola: tempo de posse de bola e números de posse de bola)

F7 vs F11 / Sub 10

Carvalho & Pacheco (1988) / Futebol

solicitações táctico-técnicas e contactos com a bola F7 vs F11 / Sub 10

Costa & Fernandes (1998; citado por Solla,

Martínez, Lago & Casais, 2005) / Futebol

número de contactos com a bola, passes, remates, recuperações de bola e golos por jogador

F7 vs F11 / Sub-10

Docampo Blanco et al. (2004) / Futebol

jogadores, acções técnico-tácticas; espaço de jogo e tempo de jogo

F5 vs F7 vs F11 / Sub 12

Fernandes & Garganta (2002) / Futebol

frequência de remates à baliza; passes; dribles; lances de bola parada; cruzamentos, desarmes; intercepções; contactos com a bola; recuperações de bola; posses de bola e o tempo de posse de bola

F7 vs F11 / Sub 10

Folgado et al. (2007) / Futebol

n.º de passes certos; n.º passes errados; n.º médio de toques por posse de bola; n.º de remates enquadrados; n.º de remates falhados; golos; eficácia de finalização; n.º de passes por finalização e n.º de situações 1X1

F4 com manipulação do espaço de jogo

(30X20m; 20X15m) e o tipo de piso

(relvado; terra batida) / Sub 10

Lapresa, et al. (2001; citado por Solla, Martínez, Lago &

Casais, 2005) / Futebol

número de remates; número de dribles/fintas; número de conduções de bola e número de passes curtos

F7 vs F9 vs F11 / Sub 12

Pérez & Vicente (1996; citado por Solla, Martínez, Lago &

Casais, 2005) / Futebol

acções técnico-tácticas F7 vs F11 / Sub-12

Pinto (2002) / Futebol acções técnico-tácticas F7 vs F11Sub-12

Vasques (2005) / Futebol

passe; recepção activa; recepção passiva; condução; posse com protecção de bola; simulação; combinação táctica; ecrã; finalização; intercepção; desarme; carga; acção do GR; paragens; número total de toques por intervenção; número total de jogadores por acção ofensiva; velocidade de transição da bola e o golo

F4 vs F5 vs F6 vs F7 / Sub 14; Sub 16; Sub

18

Veleirinho (1999) / Basquetebol

frequência e a qualidade de acções técnico-tácticas JR (3X3 MC) vs JF (5X5 CI) / Sub 12

Page 82: Tomada desição

Revisão da Literatura

58

Nos estudos nos quais se compararam as acções técnico-tácticas

realizadas no JR e no JF (Arana et al., 2004; Bastos, 2004; Carvalho &

Pacheco, 1988; Cardoso, 1998; Costa & Fernandes, 1998; Docampo Blanco et

al., 2004; Fernandes & Garganta, 2002; Lapresa et al., 2001; Pérez & Vicente,

1996; Pinto, 2002; Veleirinho, 1999), constatou-se uma maior realização de

acções técnico-tácticas nos JR ou situações de jogo mais reduzidas (número

de jogadores e espaço reduzido) face ao JF.

No estudo realizado por Borba (2007) no qual comparou os vários tipos

de jogo de futebol com espaço e número de jogadores reduzido (F4 vs F7), os

resultados evidenciaram maiores frequências de acções técnico-tácticas na

variante de jogo mais reduzida (F4), ou seja, verificou-se um aumento de

frequências de AJ com bola, por jogador, na variante de jogo com menor

número de jogadores.

Todavia, no estudo realizado por Folgado et al. (2007), os resultados

demonstraram uma clara influência da manipulação do espaço de jogo e do

tipo de piso utilizado, na performance desportiva de jovens praticantes de

futebol. Em todas as variáveis com diferenças estatisticamente significativas, o

espaço 30x20m (dimensão espacial maior) apresentou valores médios

superiores, quer no piso de terra batida, quer no piso relvado

comparativamente ao espaço mais reduzido (20x15m).

De igual modo, no estudo realizado por Vasques (2005), no qual

comparou várias AJ ofensivas em 4 tipos de jogo de futebol (F4; F5; F6 e F7),

com modificação, quer do espaço, quer do número de jogadores e em função

dos diversos grupos etários, os resultados não demonstraram uma diminuição

das frequências da maioria das AJ, à medida que se aumentou o número de

jogadores e o espaço de jogo.

Os resultados alcançados nos referidos estudos serão explanados no

quadro seguinte.

Page 83: Tomada desição

Revisão da Literatura

59

Quadro 8 - Resultados referentes aos estudos comparativos da actividade técnico-táctica de vários escalões de formação nos JDC

Estudos Resultados alcançados

Arana et al. (2004) / Futebol

Diferenças percentuais quanto ao número de conduções de bola/drible, número de passes longos e número de remates, com superioridade numérica na variante F7. A variável “número de despejos” (definida como o envio da bola para um local distante da própria baliza) foi a única variável com valor percentual superior no F11 e não foram encontradas diferenças percentuais nas variáveis: número de recepções de bola e número de passes curtos.

Bastos (2004) / Basquetebol

O 3X3 CI e 3X3 MC apresentaram números totais de AJ idênticos, na 1ª e 2ª parte. Apenas se encontraram diferenças estatisticamente significativas entre as duas partes do jogo no 3X3 MC.

Borba (2007) / Futebol

Nas acções individuais com bola estudadas (remates, 1X1, passes efectuados e recebidos, recuperações de bola e bolas perdidas) verificou-se uma média por jogador/jogo significativamente superior na variante F4; nas variáveis decorrentes das acções fundamentais (n.º de golos, n.º 1X1 positivos e n.º de passes para remate) também se verificou uma frequência de ocorrência por jogador/jogo significativamente superior na variante F4; os índices de eficácia analisados (eficácia de remate e eficácia 1X1) não revelaram diferenças significativas; as maiores diferenças entre valores médios verificaram-se nas frequências de passes e de remates, das de bolas jogadas e volume de jogo relativo, que são indicadores opostos; na variante F7, as médias de remates, de golos e de passes para remate por jogador não atingiram uma unidade por jogo (0.46, 0,10 e 0,13, respectivamente); o volume de jogo relativo revela valores significativamente superiores em F4, verificando-se que o maior número de bolas jogadas compensa o maior número de bolas perdidas por jogador.

Cardoso (1998) / Futebol

Os resultados gerais obtidos apontaram para um aumento do número de acções de jogo (AJ), no F7 quando comparado com o F11. Apenas se encontraram diferenças estatisticamente significativas nas acções de jogo; remate, drible, recuperações de bola e carga.

Carvalho & Pacheco (1988) / Futebol

O F7 apresentou uma maior frequência, quer de solicitações táctico-técnicas, quer do número de contactos com a bola quando comparado com o F11.

Costa & Fernandes (1998; citado por Solla,

Martínez, Lago & Casais, 2005) / Futebol

Médias superiores com significado estatístico no número de contactos com a bola, passes, remates, recuperações de bola e golos por jogador na variante F7, em relação ao F11.

Docampo Blanco et al. (2004) / Futebol

Os resultados demonstraram que no F5 se produziam mais acções técnico-tácticas do que no F11, no mesmo tempo de jogo. Pouca frequência de intervenção no F11, quando comparado com o F5 e F7.

Fernandes & Garganta (2002) / Futebol

Os resultados obtidos demonstraram uma clara evidência de valores médios mais elevados de todas as AJ no F7 quando comparado com o F11; o F7 apresenta uma frequência, em média, mais elevada com significado estatístico de todas as acções de jogo observadas, com excepção dos cruzamentos; as AJ mais ilustrativas das diferenças existentes entre o F7 e o F11 foram os remates e as recuperações de bola.

Folgado et al. (2007) / Futebol

Foram encontradas diferenças significativas para a modificação do espaço de jogo (30x20m e 20x15m), no piso relvado, relativamente às variáveis taxa de passes certos por equipa, verificando-se uma maior média no espaço maior. Para a modificação do espaço de jogo, no piso de terra batida foram encontradas diferenças estatisticamente significativas para o número de passes certos por equipa, o número médio de toques por posse de bola e a taxa de passes certos por equipa. Em todas as variáveis com diferenças estatisticamente significativas, o espaço 30x20m apresenta valores médios superiores – número de passes certos por equipa o número médio de toques por posse de bola e a taxa de passes certos por equipa. Na manipulação do tipo de piso, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no espaço 30x20m, para as variáveis taxa de passes certos por equipa, sendo a média superior no piso relvado.

Lapresa, et al., (2001; citado por Solla, Martínez, Lago &

Casais, 2005) / Futebol

N.º de remates superior no F9; n.º de dribles/fintas e n.º de conduções três vezes superior no F9, relativamente ao F11; n.º de passes curtos superior em F7 e em F9 relativamente ao F11.

Pérez & Vicente (1996; citado por Solla, Martínez, Lago &

Casais, 2005) / Futebol

O mesmo jogador intervém três vezes mais nas posses de bola no F7, relativamente ao F11; os resultados apontaram para mais de 58% de passes curtos executados com a parte interna do pé na variante de F7, sugerindo que o número de apoios entre jogadores é superior nesta variante.

Pinto (2002) / Futebol

Frequência de ocorrência superior em todas as acções técnico-tácticas estudadas na condição F7, relativamente a F11, registando diferenças significativas no número de remates, de passes, de contactos com a bola, de posses de bola e desmarcações por jogador, nos dois estatutos posicionais analisados (DC e MA).

Vasques (2005) / Futebol

Aumento da frequência de AJ na maioria das AJ (passes, recepções, recepções activas, conduções, simulações, protecções, acções ofensivas do GR, acções ofensivas individuais totais, paragem do exercício, total de jogadores por acção) à medida que aumentamos o número de jogadores e o espaço de jogo. Todavia, relativamente às restantes AJ (recepções passivas, finalizações, acções defensivas individuais totais, ecrãs, combinações tácticas simples, combinações tácticas directas, combinações tácticas indirectas, acções ofensivas colectivas totais, velocidade de transição da bola e golos) o mesmo não se verificou

Veleirinho (1999) / Basquetebol

A frequência de AJ realizadas no JR foi superior às realizadas no JF.

Page 84: Tomada desição

Revisão da Literatura

60

No capítulo seguinte serão caracterizadas as fases do jogo de futebol,

designadamente o ataque e a defesa.

2.8. As fases do jogo de futebol

Num jogo de futebol, embora não seja possível estandardizar a

sequência de acções, na medida em que existem imensas possibilidades de

combinação, estão subjacentes duas fases - o ataque e a defesa (organização

dualista) - nas quais os jogadores exercem tarefas específicas, de acordo com

os princípios fundamentais do jogo. A fase de ataque compreende os

momentos de construção do jogo ofensivo, criação de situações de finalização

e a finalização, enquanto que a fase defensiva engloba os momentos de

impedimento da construção do jogo ofensivo, impedimento de criação de

situações de finalização, bem como a finalização da equipa adversária.

O desenvolvimento de tarefas específicas, por parte dos jogadores,

permite alcançar objectivos intermédios (Castelo, 1996; Garganta, 2000), assim

como as atitudes, os comportamentos técnico-tácticos que estão determinados

pelas circunstâncias de “posse ou não posse de bola” (processo ofensivo e

defensivo; Ardá Suárez et al., 2002; Castelo, 1996), sob um contexto

caracterizado pela imprevisibilidade, arbitrariedade e especificidade (Garganta,

1996, Pinto, 2007).

Assim, no confronto futebolístico, tanto a fase ofensiva como a

defensiva se caracterizam pela ocupação funcional e racional do espaço de

jogo. Igualmente, quando uma equipa se encontra em posse de bola,

apresenta um quadro referencial que se caracteriza por linhas de comunicação;

e quando uma equipa se encontra no processo defensivo a ocupação funcional

e racional do espaço caracteriza-se pela intercepção das linhas do adversário

(Castelo, 1994, 1996).

Não obstante, os planos ofensivos e defensivos definem-se, por

possuírem acções técnico-tácticas individuais e colectivas. Assim, a relação

antagónica entre o ataque e a defesa expressa-se tanto individual (luta entre

atacante e defesa), como colectivamente (luta entre ataque e defesa) (Castelo,

Page 85: Tomada desição

Revisão da Literatura

61

1996). Assim, o subsistema técnico-táctico é constituído pelos procedimentos

técnico-tácticos individuais que objectivam, em termos imediatos, a resolução

das situações de jogo (Castelo, 1996).

Segundo este autor, em termos colectivos, os procedimentos técnico-

tácticos, quer no plano ofensivo, quer no plano defensivo centram-se nos

seguintes aspectos:

• deslocamentos ofensivos ou defensivos, que visam a coerência de

movimentação dos jogadores dentro do subsistema estrutural

preconizado pela equipa e as acções de compensação e de

desdobramento ofensivo ou defensivo que apontam para uma

ocupação racional e constante do espaço de jogo;

• combinações tácticas ofensivas ou as dobras defensivas, as

temporizações e as cortinas/écrans ofensivas e defensivas que

levam à resolução temporária das situações momentâneas de jogo;

• esquemas tácticos ofensivos e defensivos que visam as soluções

estereotipadas das partes fixas do jogo.

2.8.1. O processo ofensivo do jogo de futebol

Na opinião de Ardá Suárez et al. (2002); Garganta (1997) e Queirós

(1986), o processo ofensivo estabelece-se no desenvolvimento da fase de

ataque, onde se consideram todas as acções que ocorrem após a recuperação

da posse da bola e a sua manutenção; cessa com a perda da posse da bola.

No quadro ofensivo, após a recuperação da posse de bola, o objectivo

fundamental da equipa centra-se na sua progressão para a baliza adversária,

de forma rápida e eficaz, evitando atritos que levem à interrupção deste

processo. Quando perto da baliza, a equipa deve desenvolver condições que

levem à conclusão da acção ofensiva, através de acções individuais de suporte

à fase de finalização (desmarcação-remate), com o intuito de alcançar o golo.

Todavia não devem descorar o problema fulcral, que se centra no vencer as

resistências protagonizadas pela organização do adversário (Castelo, 1994,

1996) e sem cometer infracções às leis do jogo (Teoduresco, 1984).

Page 86: Tomada desição

Revisão da Literatura

62

Nesta perspectiva, o processo ofensivo solicita a criação de uma forma

auto-ordenada, a desordem na defesa adversária com o objectivo de quebrar o

equilíbrio e de marcar golo. Ainda Castelo (1994), refere que o processo

ofensivo se fundamenta através das intervenções protagonizadas pelos

jogadores sobre a bola, assim como da organização que está subjacente à

mesma. Para isso, estabelecem-se linhas de comunicação entre os

companheiros e de intercepção aos adversários, que determinam a

direccionalidade do jogo, no cumprimento ou não dos objectivos tácticos da

própria equipa.

Neste contexto, todas as intervenções do jogador que controla a bola,

assim como dos seus companheiros, são consideradas parte integrante de

toda a sequência da acção ofensiva e por consequência do processo ofensivo.

Todavia, as equipas ao encontrarem-se em posse de bola, não

significa que realizem qualquer acção ofensiva, verificando-se que a finalidade

destas situações se resume à “perda de tempo”, “jogar para manter o

resultado” ou “quebrar o ritmo ofensivo do adversário” (Castelo, 1994, 1996).

Contudo, Castelo (1996), considera a posse de bola como o primeiro

passo indispensável no processo ofensivo, encarando esta situação como a

condição indispensável para a concretização dos seus objectivos

fundamentais, nomeadamente a progressão/finalização e a manutenção da

posse de bola.

Face ao exposto, e tal como foi referido, o processo ofensivo surge no

momento em que uma equipa se encontra em posse de bola e desenvolve uma

série de acções técnico-tácticas individuais e colectivas que podem resultar em

quatro situações (Castelo, 1996):

• finalização (remate);

• passe, cruzamento ou introdução da bola na pequena área do

adversário de forma intencional e organizada;

• livres directos perto da grande área adversária;

• pontapés de canto.

Page 87: Tomada desição

Revisão da Literatura

63

As acções técnico-tácticas ofensivas que visam a

conservação/progressão da bola, são formadas pelas acções de recepção,

controle e domínio de bola, protecção, condução da bola, drible, finta e

simulação e as acções técnico-tácticas que apontam à

comunicação/finalização, formadas pelas acções passe, desmarcações,

combinações, permutas, compensações, desdobramentos, circulações

tácticas e remate à baliza (Castelo, 1996; Ramos, 2003).

Inerentes à fase ofensiva estão identificados 4 princípios (Ramos,

20033; progressão, cobertura ofensiva, mobilidade e espaço), que contemplam

a posição contrária das duas equipas, que sucessiva e alternadamente, se

encontram em acção ofensiva e defensiva. Neste sentido, os exercícios de

ensino/treino devem assegurar a transmissão destes princípios, de forma a

estimularem a sua aplicação efectiva e consciente (Ramos, 2003).

2.8.2. O processo defensivo do jogo de futebol

A fase defensiva acontece quando uma equipa está ausente da posse

de bola, sendo este processo abandonado a partir do momento em que se

recupera a posse de bola. De facto, pretende-se que os jogadores tentem

continuamente neutralizar a acção dos atacantes para conseguirem uma

posição sólida, com o intuito de recuperarem a bola (Garganta, 1996).

Neste sentido, este processo caracteriza-se pela luta incessante pela

posse de bola, com o intuito de poder realizar acções ofensivas, sem cometer

infracções e sem permitir que a equipa adversária marque golo (Teoduresco,

1984), sendo o brilhantismo deste processo assente na forma como a equipa

recupera a posse de bola e desenvolve o ataque.

Para isso, a defesa deve obrigar o ataque a preocupar-se com a

protecção da sua própria baliza, pois é esta forma agressiva de defender e

contra-atacar que caracteriza as defesas modernas (Teoduresco, 1984).

3 Progressão: criar vantagem espacial e numérica e ataque ao adversário directo, dirigido à baliza; Cobertura ofensiva: apoio ao companheiro com bola e equilíbrio defensivo( 1ª fase, em caso de perda de bola); Mobilidade: variação das posições, ocupação de espaços livres, criação de linhas de passe, manutenção da posse de bola e ruptura da estrutura defensiva adversária; Espaço: estrutura e racionalização das acções ofensivas no sentido de dar maior amplitude ao ataque em largura e em profundidade.

Page 88: Tomada desição

Revisão da Literatura

64

A fase defensiva representa-se através de acções de marcações, que

em último caso, figuram a presença física do defesa sobre o atacante,

propondo-se à tomada de todas as disposições para o neutralizar, em qualquer

momento do jogo, através de comportamentos técnico-tácticos individuais e

colectivos e de acordo com as leis do jogo (Castelo, 1996). Estas acções visam

o cumprimento dos objectivos cruciais da defesa, nomeadamente a

recuperação da posse de bola (retirar a iniciativa ao adversário) e a defesa da

baliza (impedir a finalização) (Castelo, 1994, 1996).

As acções individuais defensivas centram-se fundamentalmente na

recuperação da posse de bola ou interromper momentaneamente o processo

ofensivo do adversário, sendo constituídas pelas acções de marcação

(individual, zona e mista), dobras, desarme, permutas, compensações,

desdobramentos, circulações tácticas, intercepção, técnica do guarda-

redes e a carga (Castelo, 1996; Ramos, 2003).

Na fase defensiva do jogo estão identificados 4 princípios (Ramos,

20034; contenção, cobertura defensiva, equilíbrio e concentração), que devem

estar presentes nos exercícios de ensino/treino, de forma a estimularem a sua

aplicação efectiva e consciente.

Não obstante, a observação e a análise do conteúdo do jogo de futebol

têm vindo a revelar importância e influência crescentes na estrutura e na

organização do treino desta modalidade (Garganta 2000), pois as informações

daí resultantes, têm vindo a assumir-se como um forte argumento para a

organização e avaliação dos processos de ensino e treino nos JDC e em

particular no futebol (Garganta 1998a; 2000).

Desta forma, no capítulo seguinte será salientada a pertinência da

observação e análise no processo ensino-aprendizagem em futebol.

4 Contenção: marcação individual ao adversário com bola, de forma a parar o ataque (ataque posicional ou contra-ataque), assim como ganhar tempo para a organização defensiva; Cobertura defensiva: apoio ao companheiro e marcar o adversário com bola; Equilíbrio: cobertura de espaços e jogadores livres assim, como eventuais linhas de passe; Concentração: estrutura e racionalização das acções defensivas no sentido de retirar ao ataque adversário largura e profundidade.

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Revisão da Literatura

65

2.9. Pertinência da observação e análise do jogo no processo ensino-

aprendizagem em futebol

Os processos de análise e de estudo do futebol são, por vezes, pouco

adequados e pouco eficazes, porque se afastam da essência da própria

modalidade, não se apoiando naquilo que é específico no jogo. Pelo contrário,

dividem em partes aspectos que permitem caracterizá-lo, não conservando

assim o que é essencial na relação dessas “partes” (Ramos, 2003).

Nesta perspectiva, torna-se pertinente a observação e análise do jogo

de futebol de forma a procurar um conhecimento profundo das acções técnico-

tácticas (individuais e colectivas) que lhe são próprias, identificando aspectos

que determinam a melhor ou pior capacidade, em realizar essas acções

(Ramos, 2003).

A observação e respectiva análise do comportamento dos jogadores e

das equipas são ainda pertinentes e preponderantes para a organização e

avaliação dos processos de ensino e treino nos JDC (Garganta, 1996, 1997,

2000; Grosgeorge, 1990; Pontes, 1983), sendo determinante no futebol. Num

contexto mais limitativo a observação e análise do jogo, possibilitam regular a

aprendizagem e o treino do futebolista (Garganta, 1997, 1998a; Grosgeorge,

1990; Pontes, 1983; Ramos, 2003; Riera, 1995b), representando um acréscimo

de informação significativo na evolução do treino e da competição (Garganta,

1996, 1997, 1998a, 2000; Grosgeorge, 1990; Pontes, 1983; Sousa et al., 2002),

ou seja, da estrutura de rendimento de uma equipa (Oliveira, 1993), no que se

refere aos factores que concorrem para o sucesso desportivo (Garganta, 1996).

Assim, através da observação e análise do jogo, aprende-se o que se

deve treinar, para jogar melhor, e orientar o processo de treino num caminho

que reconhecemos ser lógico e coerente.

Não obstante, para os treinadores e investigadores a observação e

análise do jogo salientam o comportamento das equipas e dos jogadores,

através da identificação das regularidades e variações das acções de jogo. De

igual modo, a eficácia ofensiva e defensiva, absoluta e relativa, se afiguram

Page 90: Tomada desição

Revisão da Literatura

66

mais proveitosas, do que a exaustividade de dados quantitativos relativos a

acções terminais e não contextualizadas (Garganta, 1998a).

Nos vários estudos realizados, sejam eles de manifestação técnica,

táctica ou da actividade física desenvolvida pelos jogadores, está inerente a

observação dos ditos conteúdos (Garganta, 1997). Este autor afirma que os

diversos estudos têm sido abordados através de diferentes expressões, de

entre as quais destacamos a observação do jogo (game observation), a análise

do jogo (match analysis) e a análise anotacional (notational analysis).

O autor reconhece ainda, que as diferentes expressões constituem

diferentes fases do mesmo processo, designadamente, quando se pretende

analisar o conteúdo de um jogo é inevitável observá-lo, para registar as

informações consideradas pertinentes.

Neste ponto de vista, a análise do jogo pode ser perspectivada em

cinco domínios (Oliveira, 1993):

� Análise dos resultados – na qual se podem comparar vencedores

e vencidos e estudar a evolução dos resultados no decurso do jogo;

� Análise das prestações – através da qual se estudam os factores

relacionados com o rendimento, nomeadamente as capacidades

motoras, técnicas e qualidades psicológicas;

� Análise das cargas – onde são estudados os efeitos das cargas no

organismo;

� Análise das condições de competição – onde se estudam todos

os aspectos materiais, de infra-estruturas, dos comportamentos do

público e dos regulamentos;

� Análise dos comportamentos – estudo das estratégias e acções

técnico-tácticas utilizadas.

Por sua vez, a observação é entendida como um processo que assenta

na recolha de informações sobre o objecto–alvo ou situação, em função do

objectivo organizador, tendo em conta o seu valor funcional, o seu

comportamento, os elementos constituintes, as inter-relações que se

Page 91: Tomada desição

Revisão da Literatura

67

estabelecem e o envolvimento das suas manifestações, para tornar possível a

descrição e a análise (Moutinho, 1993). Ainda segundo o autor a observação e

a respectiva análise objectivam a sugestão ou testagem de uma hipótese lógica

com o corpo de conhecimentos anteriormente estabelecidos, contribuindo para

a explicação e a predição dessa realidade.

Assim, constata-se que nos JDC cada vez mais cresce a importância

da análise do jogo, pelas virtudes que lhe são reconhecidas, nomeadamente a

informação que daí pode resultar para o treino, e respectiva performance

desportiva dos atletas (Mendes & Tavares, 2004).

Contudo, a análise sistemática do jogo na opinião de Garganta (1997),

é apenas viável se os desígnios da observação estiverem distintamente

definidos. Para além do grau de sofisticação dos meios, o processo de

observação do jogo de futebol, consiste na captura e registo de fenómenos

presenciados na sequência de relações particulares, apenas percebidas a

partir de um determinado modelo de entendimento, ou grelha de

descodificação (Garganta, 1997), para que a análise do jogo permita identificar

acções executadas pelos jogadores, assim como as exigências que lhes são

colocadas para as produzirem.

Deste modo, na observação desportiva, professores e treinadores têm

de aprofundar o conhecimento adquirido através da experiência, e investir

tempo a observar metodicamente os jogos e os jogadores (Mombaerts, 1991).

Isto porque habitualmente a análise da prestação dos jogadores e das equipas

de futebol, por parte dos professores e treinadores, se realiza de forma

intuitiva, o que levanta enorme subjectividade e escasso valor científico aos

resultados (Gréhaigne et al., 1997; Oslin et al., 1998; Wilkinson, 1982).

Na actualidade, os estudos referentes à avaliação do processo ensino-

aprendizagem, recorrendo à observação e consequente análise de jogo, em

futebol, são escassos. Neste sentido, Queirós (1986) refere que a investigação

futura em futebol, deverá centrar-se na quantificação e qualificação das acções

de jogo e instituir a ideia de que, através da observação sistemática dos

comportamentos dos jogadores no jogo, se identifiquem tendências relevantes

que possam conduzir à sua melhor compreensão e caracterização.

Page 92: Tomada desição

Revisão da Literatura

68

Nesta perspectiva, é fundamental a identificação e clarificação das

categorias e dos indicadores no âmbito da análise do jogo, para as quais se

constrói uma matriz de referência (Garganta, 1997). O conteúdo dessa matriz

irá viabilizar ou inviabilizar a interpretação dos dados obtidos, na medida em

que a análise individual da performance do jogador permite, a partir dos vários

indicadores técnico-tácticos presentes no referencial técnico-táctico, descrever

as tendências demonstradas pelo jogador em situação de jogo (Gréhaigne,

1992). Deste modo, o conhecimento do jogo deve constituir uma condição

fundamental para uma caracterização profunda do futebol (Moutinho, 2000),

assim como argumento para a organização e avaliação dos processos de

ensino e de treino (Garganta, 1996; Gréhaigne, 1989; Oliveira, 1993), através

da identificação, quer de aspectos positivos a intensificar ao nível do treino,

quer de aspectos a corrigir e/ou melhorar (Seco, 2007).

Assim, o presente estudo centra-se na avaliação de indicadores

técnico-tácticos e da performance desportiva individual em situação de jogo, na

modalidade de futebol, para que o referencial de avaliação se torne um

instrumento de complemento para professores e treinadores, no íntegro

exercício das suas funções. A sua pertinência advém da possibilidade de

podermos recolher e utilizar dados quantitativos e qualitativos para avaliar,

compreender e caracterizar a performance individual desportiva em futebol.

Não obstante, a observação e análise do jogo carecem de algumas

limitações, que serão exploradas no capítulo seguinte.

2.9.1. A problemática da observação e análise do jogo

O futebol, como modalidade de enorme imprevisibilidade, reúne uma

superabundância de relações entre colegas e adversários, ocasionando o

aumento do número de variáveis a ter-se em consideração e uma consequente

complexidade de acções (Mesquita, 2000). Estes factos assentam numa certa

problemática na observação das ditas variáveis de jogo e respectiva análise.

De facto, pela análise do jogo, os treinadores têm sentido algumas

dificuldades em obter dados interpretáveis para a construção de uma nova

Page 93: Tomada desição

Revisão da Literatura

69

visão sobre o jogo, preponderando a subjectividade que é própria da

observação dum treinador (Caldeira, 2001).

No entender de Garganta (1997), os vários estudos que se enquadram

no âmbito da análise técnico-táctica abarcam dificuldades especiais resultantes

do número de elementos a observar, da enorme variabilidade de

comportamentos e acções que ocorrem e dos complexos e variados critérios

existentes para os identificar e definir. Nesta perspectiva, Gréhaigne et al.

(1997) constatam a complexidade inerente à avaliação de cada jogador nos

JDC, referindo o seguinte:

• os elementos intervenientes no jogo que interagem entre si nas

relações de cooperação e de oposição são numerosos;

• a harmonia da força dos jogadores pode variar de acordo com as

diferentes situações de oposição ou mesmo até durante uma

determinada situação;

• os elementos de uma equipa são interdependentes;

• um único jogador deve ser avaliado simultaneamente com a

equipa, para que haja alguma coerência.

Neste contexto, analisar, tratar e avaliar dados relativos aos jogadores,

nos JDC, torna-se uma tarefa complexa e inacabada, sobretudo no plano

estratégico-táctico, pois em cada competição surgem novas variáveis, novas

soluções e propostas estratégicas, por parte dos jogadores e treinadores, na

resolução dos problemas encontrados em jogo (Cunha, 2000). Assim, as

limitações encontradas e que têm dificultado o estudo criterioso do jogo,

baseiam-se fundamentalmente na clarificação de categorias de observação; na

elaboração de uma metodologia ajustada; e ainda na observação do jogo e

construção de instrumentos operativos, antes de explanar o quadro conceptual

em que estes se fundamentam (Garganta, 1996; Pinto & Garganta, 1989).

Contudo, tal como foi referido, é consensual a ideia de que a análise do

jogo nos permite conhecer cada vez mais acerca do jogo e dos factores que

concorrem para a sua qualidade, pois possibilita a recolha e identificação de

Page 94: Tomada desição

Revisão da Literatura

70

certos aspectos comuns, contribuindo para a construção de um modelo de

ensino-aprendizagem lógico e coerente.

O presente estudo centra-se na observação, análise e respectiva

avaliação do jogo, no âmbito das acções técnico-tácticas quer ofensivas, quer

defensivas, de forma a perceber que tipos de competências possuem os jovens

futebolistas. Assim, surgiu a necessidade de utilizar um referencial técnico-

táctico validado e fiabilizado, de forma a caracterizar conteúdos técnico-

tácticos, que fazem parte da lógica interna do jogo. Este referencial pretende

avaliar um número significativo de indicadores técnico-tácticos presentes num

jogo ou numa situação de jogo, assim como reproduzir com rigor os sistemas

de relações estabelecidas nesses indicadores, com o intuito de melhorar a

nossa interpretação.

Nesta perspectiva, no capítulo seguinte serão abordados vários

formatos de avaliação, preponderantes na determinação da performance

desportiva, dando ênfase ao seu enquadramento histórico e ao formato de

avaliação por nós utilizado e proposto por Gréhaigne et al. (1997).

2.10. O formato da avaliação como um meio fundamental para a

determinação da performance desportiva individual em futebol

Um claro formato da avaliação é fundamental para a determinação da

performance desportiva individual, em futebol, preponderante para o processo

ensino-aprendizagem, constituindo-se um meio viável na avaliação de jovens

futebolistas, como para a construção do processo de treino/jogo.

Todavia, ao longo das últimas décadas os métodos de avaliação

utilizados em futebol alteraram-se, constatando-se alguma evolução na

utilização de meios tecnológicos e informáticos. A escassez de modelos de

avaliação determinantes para a caracterização técnico-táctica em futebol é

evidente e constatada por muitos autores (Garganta et al., 2002; Gréhaigne et

al., 1997; Mitchell et al., 1995a, b; Oslin et al., 1998), existindo, no entanto,

alguns modelos profetizados por alguns autores, que assentam na avaliação

dos aspectos técnico-tácticos da performance desportiva nos vários JDC.

Page 95: Tomada desição

Revisão da Literatura

71

2.10.1. Enquadramento histórico dos vários formatos de avaliação

Em termos históricos, a observação e recolha de dados passou por

diversas etapas; desde a recolha directa da técnica “papel e lápis”, até à

utilização de meios informáticos, combinando gravadores com computadores

(Garganta, 1997; Grosgeorge, 1990; Oliveira, 1993).

Não obstante, de forma a compilar informação relativa às várias facetas

da performance desportiva, professores de Educação Física e treinadores, têm

desenvolvido várias estratégias de medida (Gréhaigne et al., 1997). De facto, é

sabido que, professores e treinadores usam instrumentos de observação

criados por si, onde registam a frequência ou o número de eventos ocorridos

durante um jogo (número de golos, penalties, percentagem do sucesso dos

remates, etc.). Contudo, tais estatísticas baseiam-se nos resultados da

performance, não sendo possível determinar os aspectos da performance

técnico-táctica, facto que estes testes (testes estandardizados) se baseiam

apenas nos aspectos relacionados com o produto da técnica da performance

desportiva (Gréhaigne et al., 1997).

Nesta perspectiva, recorde-se que, tal como já foi referido

anteriormente, face ao facto da iniciação dos JDC ter estado centrada durante

muitos anos no ensino das habilidades técnicas repercutiu-se,

consequentemente, no cariz da avaliação das aprendizagens.

Assim, além da avaliação subjectiva do professor/treinador, existem

outras mais credíveis e fiáveis, nomeadamente a aplicação de baterias de

testes (BT) e circuitos técnicos (CT) (Silva et al., 2004). Desta forma, diversos

autores têm procurado identificar factores associados à performance

desportiva, utilizando normalmente BT ou CT na avaliação das HT específicas

ou em factores gerais (aptidão física geral).

Tomando as habilidades como produto mais facilmente objectivável do

ensino do jogo, a investigação pedagógica elegeu os testes de habilidades

como os instrumentos mais seguros de avaliar a capacidade de jogo. Testes

normalizados de habilidades, como por exemplo, os testes AAHPERD,

inspiraram muitas escalas de apreciação e listas de verificação, concebidas

Page 96: Tomada desição

Revisão da Literatura

72

pelos professores, para avaliar aspectos realizados à forma ou produto das

habilidades (Mesquita & Graça, 2006). Igualmente, estes testes de avaliação

baseados nos skills técnicos têm sido tradicionalmente usados no ensino de

um determinado desporto. Estes testes foram promovidos como um meio

primário na avaliação dos estudantes (American Alliance for Health, Physical

Education, Recreation and Dance [AAHPERD] (1989); Kirchner & Fishburne

(1995); National Association of Sport and Physical Education [NASPE] (1992);

Pangrazi & Dauer (1995) e são geralmente utilizados antes ou depois de uma

unidade didáctica como forma de avaliação sumativa (Veal, 1993). Geralmente

o teste de skills graduado, combinado com a pontuação de conhecimento ou

examinação, abrangendo regras e regulamentos, permitem pelo menos alguma

proporção da graduação entre os vários elementos que constituem a amostra

(Oslin et al., 1998). Os testes de skills de pontuação representam a capacidade

dos elementos, que constituem a amostra, os executarem, com o intuito de

ganharem o jogo (Oslin et al., 1998), não demonstrando, contudo, a

capacidade na sua execução, quando e onde são apropriados.

Todavia, com o intuito de objectivarem a avaliação dos aspectos

técnico-tácticos da performance desportiva nos JDC, surgiram alguns modelos.

O modelo proposto por Godbout (1990), de duas dimensões, identificou

quatro categorias de informação ou objectos de medição (figura 5). Este

modelo reconhece a importância dos aspectos técnico-tácticos da performance

dos jogadores, assim como a avaliação reverte o resultado final das acções

dos jogadores (produto) ou como essas acções são conduzidas (processo).

Produto

Produto da Técnica Produto da Táctica

Técnica Táctica

Processo da Técnica Processo da Táctica

Processo

Figura 5 - Categorias consideradas no modelo de avaliação da performance desportiva nos JDC

Fonte: Adaptado de Godbout (1990)

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Revisão da Literatura

73

De acordo com este modelo (Godbout, 1990), combinando ambas as

dimensões (técnica vs táctica e produto vs processo) podem-se identificar

quatro facetas da avaliação da performance em desportos colectivos:

§ Informação relativa ao produto da técnica - é capaz um jogador,

no momento que passa a bola a um colega, de poder alcançá-lo?

§ Informação relativa ao processo da técnica - de que forma um

jogador realiza um passe?

§ Informação relativa ao produto da táctica - jogador B foi

responsabilizado por marcar o jogador C, que por sua vez foi

incumbido de receber um passe. Assim, foi capaz o jogador C de

receber com eficácia a bola ou o jogador B efectivamente eliminou

o jogador C do jogo, através de uma eficaz marcação.

§ Informação relativa ao processo da táctica - como é que o

jogador B procedeu à marcação do jogador C, não permitindo que

este receba um passe de um colega.

Contudo, o autor também reconheceu que em alguns momentos as

medidas quantificáveis sujeitas à avaliação são submetidas a testes

estandardizados e noutros casos a informação é recolhida e coleccionada em

situações de jogo real. Assim, identificou 4 estratégias com o propósito de

coleccionar informação, tendo em conta a performance dos jogadores nos JDC

(Godbout, 1990):

§ Testes estandardizados - pede-se a um jogador para tentar

rematar o maior número de vezes num total de 20 remates e duma

certa posição.

§ Estatística derivada da competição - quantificação do número

total de variáveis controláveis de um número considerável de jogos.

§ Escala de avaliação da performance em situações

estandardizadas - avaliação da qualidade de um gesto técnico,

através da execução do mesmo gesto por um jogador, um número

de vezes considerável, mediante uma escala de medição.

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Revisão da Literatura

74

§ Escala de avaliação da performance desportiva durante um

jogo - observação de um jogador durante um jogo, por exemplo, na

forma como ele penetra na zona de finalização ou observar a forma

como um jogador defende, avaliando, através de uma escala, a

qualidade (processo), quer dos aspectos ofensivos, quer dos

aspectos defensivos.

O surgimento de novas abordagens do ensino do jogo, como o ensino

do jogo para a compreensão (Bunker & Thorpe, 1982), o modelo de educação

desportiva (Siedentop, 1987) ou o modelo de competência nos jogos de

invasão (Munsch et al., 2002) impôs uma nova necessidade de procurar outras

prioridades para o ensino e outras portas para a aprendizagem e, por

consequência outras forma de avaliação, alternativas aos testes de habilidades

isolados (Mesquita & Graça, 2006). Nesta perspectiva, a ideia de que a

competição é um meio privilegiado de aplicação e de avaliação das

aprendizagens, foi abraçada, de forma concludente pelos três modelos.

Assim, foram efectuadas algumas investigações, para estabelecer

formas objectivas de análise do jogo referentes aos indicadores técnico-tácticos

e determinar a sua importância no processo de ensino-aprendizagem

(Godbout, 1990; Gréhaigne et al., 1997; Mitchell et al., 1995a, b; Oslin et al.,

1998).

De facto, nos últimos quinze anos, tem havido um crescente interesse

pelos procedimentos de avaliação da performance desportiva, relativamente ao

processo da técnica e da táctica (Gréhaigne et al., 1997; Mcgee, 1984; Mitchell

et al., 1995a, b; Oslin et al., 1998; Pinheiro, 1994). Assim, no estudo realizado

por Pinheiro (1994), no qual utilizou uma escala de avaliação da qualidade de

skills motores, recorreu a testes estandardizados e em contexto de jogo. Ainda

Mcgee (1984), providenciou o uso de escalas de avaliação da performance dos

aspectos tácticos em crianças durante os jogos. Mais recentemente, Oslin et al.

(1998) criaram o GPAI (Game Performance Assessment Instrument) construído

com o intuito de fornecer a professores e investigadores meios de observação

e descodificação da performance, de forma a resolver problemas tácticos no

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Revisão da Literatura

75

jogo, através das tomadas de decisão, execução de skills e deslocamentos

apropriados, mais concretamente movimentos de suporte.

Através do «Teaching Games for Understanding» (TGfU) (Ensino do

Jogo pela Compreensão), concebido e proposto por Bunker & Thorpe (1982),

no qual o ensino dos jogos era realizado, através das abordagens tácticas, em

estudos iniciais, comparando táctica e técnica para ensinar jogos (Lawton,

1989; Rink et al., 1991; Turner & Martinek, 1992) foram equívocos. Porém,

trabalhos mais recentes, nomeadamente os referidos por Mc Pherson (1994) e

Taylor et al. (1993), demonstraram melhorias significativas no conhecimento

declarativo para estas matérias, recebendo instruções tácticas, quando

comparadas as matérias com outros grupos de tratamento.

No entanto, nos estudos de abordagens tácticas, surgiu a necessidade

das medidas de performance de jogo não incluírem somente skills de relação

com a bola e tomadas de decisão, mas também movimentos sem a bola, que

constam na porção de tempo em que o jogador se encontra sem bola.

Sendo assim, Oslin et al. (1998), propuseram a utilização do GPAI

(Game Performance Assessment Instrument), como forma de avaliação da

performance de jogo. Além do GPAI, Gréhaigne et al. (1997) sugerem o Team

Sport Assessment Procedure (TSAP). Em ambos os instrumentos, o foco da

instrução e da avaliação não se centra nas técnicas descontextualizadas, mas

sim na dinâmica do jogo, nomeadamente na componente estratégica,

usualmente negligenciada (Gréhaigne et al., 1997; Mesquita & Graça,

2006;Oslin et al., 1998). O TSAP consiste no cálculo de dois índices de

performance: Índice de Eficiência (IE) e Volume de Jogo (PB), que traduzem a

pontuação final da performance desportiva.

No sub-capítulo seguinte iremos caracterizar este modelo de avaliação,

que foi decisivo para nós na caracterização técnico-táctica em futebol

(Gréhaigne et al.,. 1997).

Page 100: Tomada desição

Revisão da Literatura

76

2.10.2. Modelo de avaliação técnico-táctica

O TSAP, sugerido pelos autores Gréhaigne et al. (1997), avalia em

termos práticos, indicadores técnico-tácticos, através de uma situação de jogo

estritamente orientado, no qual a sua informação reflecte os skills tácticos e

motores.

É um sistema de observação multidimensional concebido para medir os

comportamentos de performance no jogo que demonstrem a compreensão

táctica, bem como a capacidade do aluno/atleta seleccionar e aplicar as HT.

Através do TSAP, os alunos/atletas, podem ser avaliados num envolvimento de

jogo autêntico e possibilita o controle da sua participação, mesmo que não

obtenham desempenhos elevados (Gréhaigne et al., 1997). Este modelo de

avaliação pode ser utilizado para fins didácticos (recolhe dados fiáveis e úteis

sobre a quantidade e qualidade da participação dos alunos/atletas, com

evidente interesse para a avaliação formativa e sumativa; constitui um

instrumento muito útil para auxiliar o professor na avaliação da performance em

jogo dos alunos/atletas, alicerçada numa concepção de ensino de jogo que

privilegia a componente táctica e a realização contextualizada das habilidades

fundamentais) ou de investigação (a flexibilidade do TSAP, pode dar lugar a um

uso muito diversificado em nível de abrangência e profundidade, que pode ir

desde registos muito simples, até a um uso mais controlado e sistematizado

para fins de investigação; Gréhaigne et al., 1997; Mesquita & Graça, 2006).

Este procedimento avaliativo surge no âmbito do ensino-aprendizagem em

futebol e deverá ser aplicado em situações de jogo, pois foi desenvolvido sob

um contexto pedagógico (Gréhaigne et al., 1997). Além disso descreve os

eventos e as acções que ocorrem em jogo, assim como reflecte a performance

desportiva dos jogadores. Não obstante, o TSAP demonstra ser fiável e

objectivo, fornecendo indicadores válidos da performance dos jogadores nos

desportos colectivos.

No estudo realizado por Gréhaigne et al. (1997), foram avaliados 302

estudantes da licenciatura de Educação Física (n=302), em diferentes

modalidades colectivas, nomeadamente basquetebol, andebol e futebol.

Page 101: Tomada desição

Revisão da Literatura

77

Nos itens seguintes iremos descrever a forma como foram validados a

grelha de recolha de informação (ver ponto 3.2.2 e anexos 1 e 2) e o

monograma de avaliação da performance desportiva (ver ponto 3.4)

(Gréhaigne et al., 1997).

2.10.2.1. Validade da grelha de recolha de informação

A validação da grelha de recolha de informação foi perspectivada sob

duas formas: validade inter-observador e estabilidade da performance

desportiva num curto período de tempo.

A amostra do estudo foi observada e analisada durante um torneio de

futebol, no qual os jogos se desenrolaram segundo os princípios aqui

mencionados. Um grupo de 4 estudantes observou 6 jogadores de acordo com

a grelha de recolha de informação referenciada. No mesmo torneio outro grupo

de 4 estudantes observou outros 6 jogadores recorrendo ao mesmo

procedimento. Em ambas as observações foram calculados o IE e o PB. Os

resultados obtidos no primeiro grupo de observadores foram de 0.82 e 0.94 e

os do segundo grupo 0,90 e 0,99 para o índice de eficiência e volume de jogo,

respectivamente. Estes resultados não foram surpreendentes, mas mesmo

assim tranquilizadores.

Um outro estudo foi realizado: desta vez foram utilizados 22 estudantes

do ensino secundário. Foram avaliadas as suas performances desportivas após

duas sequências de jogo de 7 minutos cada, em duas ocasiões diferentes,

intervaladas por uma semana. Constatou-se uma correlação entre ocasiões de

0.87 na performance desportiva dos estudantes. Assim, ao contrário do que se

esperava, o resultado da performance desportiva, poderá tornar-se útil, numa

fase de ensino-aprendizagem, assegurando-se como uma forma de avaliação

formativa. De facto, constata-se que no ensino-aprendizagem do futebol esta

forma de avaliação é positiva, na medida em que os jogadores apresentam

performances desiguais de jogo para jogo, quer seja pela experimentação de

novas tácticas, quer pelo estabelecimento de novas hipóteses de resolver

determinadas situações.

Page 102: Tomada desição

Revisão da Literatura

78

2.10.2.2. Validação do monograma de avaliação da performance

desportiva

A validade do monograma, referente ao procedimento de avaliação da

performance desportiva, estabeleceu-se pela comparação dos resultados

obtidos, através de novas medidas técnicas com referências critério.

A amostra do estudo foi constituída por estudantes de uma escola que

participou num torneio escolar. O procedimento de avaliação consistiu no

seguinte:

- Três equipas jogaram entre si. Foram realizados três jogos com a

duração de 7 minutos cada, tendo cada equipa participado em dois jogos (2X7

minutos). Deste modo, 15 jogadores foram observados pelos seus pares, e

pontuados de acordo com o monograma, para a avaliação da performance

desportiva, em modalidades colectivas. Da mesma forma, os mesmos

estudantes foram observados e avaliados por dois investigadores da área do

futebol. De seguida foram comparados os resultados referentes a cada grupo

de observação. No plano da validação ecológica, constatou-se que este

procedimento permitiu quantificar os indicadores, bem como o acesso à

informação que caracteriza um jogador, num determinado jogo, ou situação de

jogo. O procedimento de avaliação descreveu os eventos e as acções que

ocorrem em qualquer jogo, assim como reflectiu a performance desportiva dos

atletas. De referir ainda que o procedimento de avaliação abordado demonstra

ser válido e objectivo, fornecendo indicadores da performance ofensiva dos

jogadores nos desportos colectivos. O monograma da avaliação da

performance desportiva foi utilizado por Gréhaigne e Roche (1993), com êxito,

na avaliação de várias modalidades colectivas, nomeadamente basquetebol,

andebol, rugby, futebol e voleibol.

Page 103: Tomada desição

Metodologia

79

3 - Metodologia

“Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática

e toda a prática deve obedecer a uma teoria.”

Fernando Pessoa s.d.

A avaliação técnico-táctica do jogo de futebol pressupõe, por parte dos

profissionais que com ela lidam, designadamente treinadores e/ou professores,

a clarificação e estruturação de indicadores pertinentes à aprendizagem em

futebol, de modo a possibilitarem a orientação no treino e a sua regulação em

competição.

Neste sentido, tornou-se pertinente a definição de um referencial

técnico-táctico, compreendido por um conjunto de princípios racionais, lógicos,

que permitiram traduzir convenientemente a avaliação da performance

desportiva em futebol. Para o efeito, recorreu-se ao TSAP, proposto e validado

por Gréhaigne et al. (1997). Este modelo de avaliação reúne uma grelha de

avaliação da performance desportiva (referencial quantitativo), e um

monograma geral (referencial qualitativo). O TSAP pode ser aplicado em vários

desportos de equipa, com o intuito de formar um resultado, nomeadamente a

PP, combinando dois índices de performance desportiva: o IE e a PB, através

de um procedimento que, em termos práticos, é estritamente orientado e no

qual a informação reflecte os skills tácticos e motores. Estes últimos são

considerados como macro-indicadores da performance desportiva e combinam

o resultado da percepção do jogo, a execução de skills motores e a eficiência

estratégica e táctica. O resultado destes indicadores está associado ao

sucesso ou não do jogo, influenciando o ataque (aspectos ofensivos do jogo),

assim como a defesa (aspectos defensivos do jogo), demonstrando que este

procedimento de avaliação é seguro e objectivo, fornecendo indicadores

válidos da performance desportiva individual (ofensiva e defensiva) em futebol.

Page 104: Tomada desição

Metodologia

80

3.1. Amostra do estudo

A amostra do estudo foi constituída por 12 jogadores de campo,

pertencentes ao escalão de Juniores, com uma idade média de 17,2± 0,6anos,

com altura média de 175± 0,1cm e um peso médio de 70,9± 9,4kg.

A equipa, ao qual pertenciam os jogadores da amostra, encontrava-se

no período competitivo da época e os jogadores realizavam 3 treinos de 90

minutos por semana.

No quadro 9 encontra-se representada a caracterização da amostra

segundo o estatuto posicional e a respectiva legenda.

Quadro 9 - Caracterização da amostra segundo o estatuto posicional

Estatuto posicional GR DC DL MO MA/E PL Total

N. º atletas 2 2 2 2 2 2 12

Legenda: GR–guarda–redes; DC–defesa central; DL–defesa lateral; MO–médio ofensivo; MA/E–médio ala/extremo; PL–ponta de lança

De referir que os guarda-redes (GR) não foram avaliados nos vários

indicadores técnico-tácticos, participando apenas no JR - GR+5X5+GR

(finalização). Assim, na análise estatística apenas foram considerados os 10

jogadores de campo.

3.2. Protocolo de observação

A recolha de dados foi realizada, através da filmagem de dois

exercícios de treino (5X5 MPB e GR+5X5+GR), sendo que cada um foi

efectivado em dias diferentes e não consecutivos (em cada dia foram avaliadas

as 3 variantes respeitantes a um único exercício).

Os jogadores de campo que constituíram a amostra foram distribuídos

por duas equipas (A e B).

No quadro 10 podemos ver o número de observações realizadas, nas

três condições espaciais (CE) que compreenderam os dois JR.

Page 105: Tomada desição

Metodologia

81

Quadro 10 – Número de observações nas três CE dos dois JR

GR+5x5+GR (finalização) 5X5 (MPB)

Equipas Atletas CE 1 CE 2 CE 3 CE 1 CE 2 CE 3

A 1, 2, 3, 4, 5 5 5 5 5 5 5

B 6, 7, 8, 9, 10 5 5 5 5 5 5

Total 10 10 10 10 10 10

De acordo com este quadro, em cada exercício foram efectuadas 30

observações (10 observações por cada CE), sendo 60 o n.º total de

observações realizadas nos dois exercícios de JR (30 observações por cada

exercício).

3.2.1. Procedimentos e instrumentos utilizados para a recolha de imagens

dos dois exercícios de treino

Para registar as imagens da actuação dos atletas nos dois exercícios,

recorreu-se à utilização de câmaras de vídeo. Durante as filmagens houve a

preocupação de conferir que o ângulo da filmagem abarcasse todo o terreno de

jogo, permitindo observar a movimentação de todos os jogadores, bem como

aqueles que se encontravam próximos da zona da bola. Para isso, os jogos

foram filmados através de duas câmaras de vídeo, com as seguintes

disposições:

� Uma câmara fixa, com um ângulo de filmagem que cobria todo o

terreno de jogo, colocada no ponto mais alto que foi possível;

� Outra câmara que acompanhava a zona da bola e permitia observar

os jogadores que se encontravam próximos da bola.

Durante as filmagens dos jogos tivemos como preocupação obter

imagens que permitissem situar e identificar os atletas, bem como analisar e

determinar, com precisão, quais as acções desenvolvidas.

De referir ainda, que foram realizados ensaios de filmagem, que

objectivaram o treino e aperfeiçoamento do processo de registo das imagens

de vídeo.

Page 106: Tomada desição

Metodologia

82

Por conseguinte, a observação e registo das imagens foram efectuadas

em condições e espaço natural de prática (campo de futebol), tendo sido

utilizado o seguinte equipamento; 12 bolas Adidas Fevernova, colocadas à

volta das linhas do campo, uma baliza movível e outra amovível com

dimensões iguais, cones sinalizadores e coletes identificadores dos atletas. De

referir ainda, que o campo no qual se realizaram os dois exercícios de treino

era pelado.

Seguidamente iremos descrever os dois exercícios de treino utilizados

para a recolha de informação para uma posterior análise.

3.3. Descrição dos dois exercícios de treino

O primeiro exercício consistiu num JR, sob a forma GR+5X5+GR com

balizas de futebol de 11. Este exercício desenrolou-se em três CE diferentes,

com a duração de 10 minutos cada:

- 20m largura X 30m comprimento;

- 30m largura X 40m comprimento;

- 40m largura X 50m comprimento.

O segundo exercício consistiu em manter a posse de bola (MPB), na

forma 5X5. Este exercício desenrolou-se também em três CE diferentes, com a

duração de 10 minutos cada:

- 20m largura X 30m comprimento;

- 30m largura X 40m comprimento;

- 40m largura X 50m comprimento.

O tempo de recuperação aplicado para o intervalo que compreendia

cada CE de cada exercício foi de 5 minutos.

Foram aplicadas as regras oficiais do futebol, com algumas

adaptações, nomeadamente:

- os lançamentos pela linha lateral foram executados com o pé;

Page 107: Tomada desição

Metodologia

83

- não se utilizou a regra de fora de jogo;

- na marcação de livres, a barreira colocou-se a uma distância de

cerca de seis metros.

De referir ainda, que o controlo dos exercícios de treino foi da nossa

responsabilidade, pelo que foi pedido aos atletas concentração e intensidade

nas acções de jogo, como lhes foi salientada a importância de treinarem com o

máximo rigor e empenho.

3.4. Caracterização dos indicadores que integram o TSAP

O primeiro passo do procedimento consistiu na observação de cada

jogador, durante um exercício e no registo das várias ocorrências de forma a

estabelecer dois índices de performance complementares: IE e a PB.

A grelha de observação de recolha de informação contém dois

indicadores: um que indica como ganhou o jogador a posse de bola e outro que

indica como o jogador se dispôs com a bola.

O jogador pode obter a posse de bola de duas formas:

1. Conquista da bola (CB): O jogador conquista a posse de bola

quando a intercepta, "rouba-a" do seu opositor, recaptura-a depois

de um remate à baliza fracassado ou depois da perda de bola da

outra equipa.

2. Recepção de bola (RB): Considera-se como recepção de bola

quando um jogador recebe a bola de um companheiro e não perde

imediatamente o seu controlo. Depois de ter ganho a posse da

bola, o jogador pode decidir-se de quatro formas diferentes:

ð Jogando uma bola neutra (NB): Um passe de rotina a um

colega ou qualquer outro tipo de passe que não ponha a equipa

adversária em perigo, é considerado como uma bola neutra.

ð Perda de bola (LB): Um jogador perde a posse da bola para a

equipa adversária sem sofrer golo.

Page 108: Tomada desição

Metodologia

84

ð Jogando uma bola ofensiva (OB): Uma bola ofensiva consiste

no passe de um jogador para outro, causando pressão na

equipa adversária terminando geralmente num remate à baliza.

ð Executando um remate de sucesso (SS): Um remate é

considerado bem sucedido, quando é traduzido em golo ou a

posse de bola continua na mesma equipa.

Depois do jogo terminar, são quantificadas as CB, RB, NB, LB, OB e

SS. No entanto, quantificações de diferentes variáveis podem ser combinadas

de forma a produzir duas peças de informação adicionais:

§ Número de bolas atacantes (AB): Uma bola atacante resulta de

uma bola ofensiva (OB) e de um remate, com sucesso (SS).

Consequentemente, AB é a soma dos valores de OB e SS.

§ Volume de jogo (PB): O volume de jogo representa o número de

vezes que o jogador ganha a posse de bola. Consequentemente,

PB é determinado pela soma dos valores totais de CB e RB

(PB = CB+RB).

A pontuação da performance é baseada em dois índices: IE e a PB. O

IE é calculado através da fórmula: IE = (CB+AB)/(10+LB) ou

(CB+OB+SS)/(10+LB).

3.5. Grelha de recolha de informação relativa à performance desportiva

individual em futebol

O instrumento de recolha de informação utilizado, validado por

Gréhaigne et al. (1997), teve por base indicadores técnico-tácticos (aspectos

quantitativos) do jogo, que depois foram submetidos a uma análise qualitativa,

através de um monograma também validado por Gréhaigne et al. (1997) (ver

ponto 3.6).

A grelha de recolha de dados referentes à situação de GR+5X5+GR

(finalização) encontra-se em Anexo 1. Foram calculados, o IE, o PB e a PP.

Page 109: Tomada desição

Metodologia

85

Todavia, no exercício 5X5 (MPB), não foram considerados todos os

indicadores, visto ser um exercício que objectivava apenas a manutenção da

posse de bola (MPB). Desta forma, não foram considerados os indicadores OB

(jogar uma bola ofensiva), SS (executar um remate de sucesso) e

consequentemente AB (número de bolas atacantes). Assim, neste exercício

não foi calculado o IE, nem a PP, sendo apenas considerado a PB (ver

anexo 2).

3.6. Avaliação da performance desportiva individual em futebol

(Monograma de avaliação da performance desportiva)

Pareceu-nos pertinente encontrar uma forma a partir da qual

obtivéssemos um único resultado da performance desportiva, que combinasse

os valores dos IE e da PB. Neste sentido, foi utilizado um monograma

constituído por três diferentes escalas, cujo objectivo era avaliar a performance

desportiva em desportos colectivos (Gréhaigne et al. 1997), como se pode ver

na figura 6. Desta forma, para se determinar a PP individual dos futebolistas

traçou-se uma linha que uniu o valor do IE ao valor do PB. O valor obtido nessa

intercepção deu-nos a PP do futebolista.

Além disso, os resultados obtidos através da utilização do monograma

foram conferidos e confirmados recorrendo à utilização da fórmula para o

cálculo da PP: PP= (Índice de Eficiência X10)+(Volume de Jogo/2)

De salientar ainda, que tanto o IE como o PB são indicadores que

contribuíram para a eficiência e respectiva eficácia do processo ofensivo das

equipas, pelo que o TSAP permitiu-nos descrever os eventos e as acções que

ocorreram em jogo, reflectindo a performance desportiva ofensiva dos

futebolistas.

Page 110: Tomada desição

Metodologia

86

Índice Pontuação da Volume de Eficiência Performance de Jogo

Figura 6 - Monograma de avaliação da performance desportiva Fonte: Adaptado de Gréhaigne et al. (1997)

� Escala do IE: Como já foi referido o índice de eficiência é calculado

através da seguinte fórmula: IE = (CB+AB)/(10+LB) ou

(CB+OB+SS)/(10+LB)

No estudo realizado por Gréhaigne et al. (1997), no qual foram

avaliados 302 estudantes universitários em diferentes modalidades,

nomeadamente basquetebol, andebol e futebol, verificou-se que

raramente esta escala ultrapassava o valor 1.5. No caso de algum

estudante apresentar um valor de IE superior a este valor (1.5) era

este o valor utilizado.

� Escala de Volume de Jogo: O volume de jogo representa o

número de vezes que o jogador ganha a posse de bola.

Consequentemente, PB é determinado pela soma dos valores

totais de CB e RB (PB = CB+RB).

No estudo apresentado por Gréhaigne et al. (1997), verificou-se

que na amostra utilizada, 90% dos estudantes tiveram um volume

15

10

5

25

20

30

0.00

1.25

1.00

0.75

0.50

0.25

1.50

15

10

5

25

20

30

0

Page 111: Tomada desição

Metodologia

87

total máximo de 30 bolas. Sendo assim, a escala referente ao

volume de jogo varia entre o valor 0 a 30.

� Escala de Pontuação da Performance Desportiva: a pontuação

da performance desportiva é obtida através dos resultados dos

sujeitos nos índices de eficiência e de volume de jogo, mediante a

seguinte fórmula:

PP= (Índice de Eficiência X10)+(Volume de Jogo/2)

A escala varia entre os valores 0 e 30.

3.7. Protocolo exploratório

Com o intuito de evitar situações que pudessem exortar erros

susceptíveis de influenciar os resultados, a aplicação do protocolo foi

devidamente ponderada e cuidada.

Assim, para além de um contacto prévio com os treinadores, no sentido

de solicitar a sua cooperação, foram-lhes concedidas explicações, bem como

aos jogadores que compuseram a amostra, sobre os objectivos do trabalho,

dos exercícios de treino e ainda uma breve descrição do TSAP, proposto e

validado por Gréhaigne et al. (1997).

No intuito de aumentar a fidelidade dos dados e como estratégia pré-

avaliativa e formativa foram efectuadas quatro observações de carácter

exploratório em dois jogadores. Como refere Veal (1993), a avaliação pode ter

várias vertentes, nomeadamente a pré-avaliação, a avaliação formativa e a

avaliação sumativa, estando a mesma dependente da fase da avaliação e das

razões pelas quais a implementamos. De facto, a análise da fidelidade de um

instrumento de observação, permite identificar as fontes de erro, de forma a

maximizar a consistência dos resultados obtidos, ao mesmo tempo que se

procura garantir que o instrumento permita observar aquilo que realmente se

pretende, isto é, que seja fiável.

Page 112: Tomada desição

Metodologia

88

3.8. Carácter das variáveis de observação

A organização das equipas constitui-se a partir do modo como os

jogadores estruturam os espaços de jogo, gerem o tempo e realizam as tarefas

de jogo, considerando a interacção destas dimensões ao longo das diferentes

fases de jogo, designadamente o ataque e a defesa (Pino Ortega, 2001). A

importância aumentada concedida à dimensão tarefa, relativamente às demais

dimensões do estudo, deve-se ao facto de se considerar que esta variável

funciona como causadora e influenciadora das restantes, já que as mesmas

são determinadas pela existência das tarefas/acções/sequências de jogo

concretizadas pelos jogadores.

No que diz respeito aos itens observáveis respeitantes ao processo

ensino-aprendizagem, foram utilizados os validados por Gréhaigne et al.

(1997). No quadro 11, encontram-se os itens de observação, assim como a

informação a ser retirada dos mesmos.

Quadro 11 - Itens de observação e informação a ser recolhida posteriormente

Itens de observação Informação a ser recolhida posteriormente

Recepção de bola (RB) Envolvimento e interacção do jogador no jogo da sua equipa.

Conquista da bola (CB) Capacidade defensiva do jogador.

Bolas ofensivas (OB) Capacidade dos jogadores em realizarem passes significantes para os seus companheiros (capacidades ofensivas).

Remates de sucesso (SS) Capacidade ofensiva dos jogadores.

Volume de jogo (PB) Envolvimento geral do jogador no jogo, mais propriamente, no processo ofensivo do mesmo.

Perda de bolas (LB) Um valor baixo deste indicador reflecte uma boa adaptação por parte do jogador ao jogo, assim como reflecte a qualidade com que cada jogador contribui para o processo ofensivo (ataque).

Bolas atacantes (AB) Reflecte a qualidade com que cada jogador contribui para o processo ofensivo (ataque).

Obs: De referir que uma bola neutra (NB), é considerada como um passe de rotina, não colocando a equipa adversária em perigo, estando estas excluídas da fórmula de cálculo do IE.

Fonte: Adaptado de Gréhaigne et al. (1997)

Page 113: Tomada desição

Metodologia

89

3.9. Procedimentos estatísticos

No que diz respeito à análise exploratória e descritiva, foram utilizados

os parâmetros de tendência central (média), de dispersão (desvio-padrão) e de

amplitude de variação (valores máximo e mínimo).

Para a análise dos indicadores técnico-tácticos nos dois exercícios de

treino (5X5 – MPB e GR+5X5+GR - finalização), realizados em três diferentes

CE (1, 2 e 3), recorreu-se à análise da variância (One-way Anova), para

verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre as

distintas condições espaciais, e ao teste «Post hoc» de Fisher-LSD, para a

análise das múltiplas comparações entre as várias condições espaciais,

quando o valor de p era significativo.

Na análise inferencial, para comparar os dois exercícios de treino,

utilizou-se o t-teste de medidas independentes para verificar se as diferenças

entre os valores médios encontrados em ambos os exercícios de treino, eram

estatisticamente significativos.

Em todos os procedimentos foi adoptado o nível de significância de 5%

(p≤0,05).

Para o tratamento e análise estatística dos resultados foi utilizado o

Programa de Software Estatístico – SPSS – 15.0, for Windows.

Page 114: Tomada desição

Metodologia

90

Page 115: Tomada desição

Apresentação dos Resultados

91

4 - Apresentação dos Resultados

“...é natural que as dúvidas sejam bem maiores que as

certezas, e que muitas questões assumam um carácter

marcadamente exploratório.” (Pinto, 1995, p. 43)

Os resultados da avaliação técnico-táctica aqui apresentados, referem-

se a dois exercícios: o primeiro (GR+5X5+GR; finalização) incluiu 10

indicadores técnico-tácticos (CB, LB, RB, NB, OB, SS, AB, PB, IE e PP), o

segundo (5X5; MPB) comportou 5 indicadores técnico-tácticos (CB, LB, RB, NB

e PB). Ambos os exercícios foram realizados em três diferentes CE (largura X

comprimento: 20m X 30m; 30m X 40m e 40m X 50m).

4.1. Indicadores técnico-tácticos do exercício GR+5X5+GR (finalização)

No quadro 12 apresentamos os valores da média (X) e do desvio

padrão (DP), respeitantes aos indicadores técnico-tácticos das três situações

de exercitação do exercício GR+5X5+GR (finalização). São ainda

apresentados os valores máximo (MAX) e mínimo (MIN) e o valor de prova do

teste Anova a um factor (one-way).

Page 116: Tomada desição

Apresentação dos Resultados

92

Quadro 12 - Resultados dos indicadores técnico-tácticos do exercício GR+5X5+GR (finalização), realizado em três diferentes CE (1, 2 e 3)

§ - Diferenças estatisticamente significativas entre os vários indicadores técnico-tácticos nas 3 CE (pZ0,05); X - média; N – número de jogadores; DP - desvio padrão; MÁX – valor máximo; MÍN – Valor mínimo; p - valor de prova do teste de diferença de médias * - diferenças significativas relativamente à condição 1; ** - diferenças significativas relativamente à condição 2; *** - diferenças significativas relativamente à condição 3

De acordo com o quadro 12, relativamente ao indicador CB verificou-se

uma redução dos ± SD deste indicador nas três condições de exercitação.

Apenas se encontraram diferenças estatisticamente significativas entre as

condições 1 e 3 e 2 e 3. À medida que o espaço de jogo aumentou registou-se

uma menor frequência de ocorrências para a variável CB.

Indicadores técnico-tácticos

CE N X±DP MAX MIN (p)

CB

1 10 5±1,25 *** 6 2

2 10 3,80±1,54 *** 6 2 0,002§

3 10 2,50±1,43 *; ** 5 1

RB

1 10 14,50±4,57 23 7

2 10 11,80±3,05 17 7 0,158

3 10 11±4,57 23 7

LB

1 10 4,90±2,13 *** 8 2

2 10 3,60±1,51 6 1 0,011§

3 10 2,60±0,84 * 4 1

NB

1 10 10,90±4,58 20 5

2 10 9,20±3,39 17 4 0,729

3 10 10,90±7,60 31 6

OB

1 10 1,80±1,93 7 0

2 10 1,50±1,27 4 0 0,283

3 10 0,80±0,79 2 0

SS

1 10 1,30±1,16 *** 3 0

2 10 1±1,25 3 0 0,114

3 10 0,30±0,67 * 2 0

AB

1 10 2,90±2,51 *** 9 1

2 10 2,40±1,84 5 0 0,099

3 10 1,10±0,74 * 2 0

PB

1 10 19,50±5,06 *** 28 12

2 10 15,60±3,37 21 11 0,023§

3 10 13,50±5,19 * 26 9

IE

1 10 0,54±0,22 *** 0,94 0,25

2 10 0,46±0,19 *** 0,85 0,20 0,012§

3 10 0,28±0,14 *; ** 0,54 0,08

PP

1 10 15,25±4,02 *** 22,30 9

2 10 12,38±2,96 17 8 0,006§

3 10 9,57±3,64 * 16,60 5,80

Page 117: Tomada desição

Apresentação dos Resultados

93

No que concerne ao indicador RB, não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre condições de exercitação.

No indicador LB, encontrámos uma redução dos ± SD ao longo das

três condições de exercitação. Apenas se verificaram diferenças

estatisticamente significativas entre as condições de exercitação 1 e 3. À

medida que o espaço de jogo aumentou registou-se uma menor frequência de

ocorrências para a variável LB.

No que diz respeito ao indicador NB, não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre as diferentes condições de exercitação.

Em relação ao indicador OB, não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre as diferentes condições de exercitação.

Quanto ao indicador SS, encontrámos uma redução dos ± SD ao longo

das três condições de exercitação. Foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre as condições de exercitação 1 e 3. Ou seja,

à medida que o espaço de jogo aumentou registou-se uma menor frequência

de ocorrências para esta variável.

No que concerne ao indicador AB, encontrámos também uma redução

dos ± SD ao longo das três condições de exercitação. De igual modo

encontraram-se diferenças estatisticamente significativas entre as condições de

exercitação 1 e 3. Também, à medida que o espaço de jogo aumentou

registou-se uma menor frequência de ocorrências para esta variável.

Relativamente ao indicador PB encontrámos uma redução dos ± SD ao

longo das três situações de exercitação. Foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre as condições de exercitação 1 e 3. Ou seja,

à medida que o espaço de jogo aumentou registou-se uma menor frequência

de ocorrências para esta variável.

No que diz respeito ao indicador IE também se comprovou um

decréscimo na variação dos ± SD ao longo das três situações de exercitação.

Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre as condições de

exercitação 1 e 3 e 2 e 3. À medida que o espaço de jogo aumentou registou-

se uma menor frequência de ocorrências para esta variável.

Page 118: Tomada desição

Apresentação dos Resultados

94

Por último, no indicador PP encontrámos uma redução dos ± SD ao

longo das três condições de exercitação. Foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre as condições de exercitação 1 e 3. À

medida que o espaço de jogo aumentou registou-se uma menor frequência de

ocorrências para esta variável.

4.2. Indicadores técnico-tácticos do exercício 5X5 MPB

No quadro 13, apresentamos os valores da média (X) e do desvio

padrão (DP) respeitantes aos indicadores técnico-tácticos, nas três situações

de exercitação do exercício 5X5 (MPB). São ainda apresentados os valores

máximo (MAX) e mínimo (MIN) e o valor de prova do teste Anova a um factor

(one-way).

Quadro 13 - Resultados dos indicadores técnico-tácticos do exercício 5X5 (MPB), realizado em três diferentes CE (1, 2 e 3)

§ - Diferenças estatisticamente significativas entre os vários indicadores técnico-tácticos nas 3 CE (pZ0,05);

X - média; N – número de jogadores; DP - desvio padrão; MÁX – valor máximo; MÍN – Valor mínimo; p - valor de prova do teste de diferença de médias

* - diferenças significativas relativamente à condição 1; ** - diferenças significativas relativamente à condição 2; *** - diferenças significativas relativamente à condição 3

Indicadores técnico-tácticos CE N X±DP MAX MIN (p)

CB

1 10 8,3±2,67 **; *** 13 4

2 10 6,2±1,87 *; *** 9 3 0,000§

3 10 2,9±0,99 *; ** 5 2

RB 1 10 19,60±4,92 *** 25 10 2 10 14,90±4,48 19 5 0,022§ 3 10 12,80±6,17 * 21 5

LB 1 10 10,2±3,65 **; *** 18 6 2 10 7±2,49 *; *** 10 3 0,000§ 3 10 3,3±1,57 *; ** 6 1

NB 1 10 17,90±4,28 23 13 2 10 15,40±3,71 20 8 0,228 3 10 14±6,54 22 4

PB 1 10 27,90±3,78 **; *** 32 20 2 10 21,10±3,87 *; *** 26 14 0,000§ 3 10 15,70±6,18 *; ** 24 7

Page 119: Tomada desição

Apresentação dos Resultados

95

De acordo com o quadro 13, relativamente ao indicador CB, constatou-

se uma redução dos valores médios de frequência (± SD) deste indicador da

condição de exercitação 1 para a condição de exercitação 3. De realçar, que

foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre todas as

condições de exercitação. Ou seja, à medida que o espaço de jogo aumentou

registou-se uma menor frequência de ocorrências para esta variável.

Relativamente ao indicador RB, apenas foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre as condições de exercitação 1 e 3. De igual

modo, à medida que o espaço de jogo aumentou registou-se uma menor

frequência de ocorrências para esta variável.

Em relação ao indicador LB, também se apurou uma redução dos ± SD

deste indicador entre as três condições de exercitação. Encontraram-se

diferenças estatisticamente significativas entre as diferentes condições de

exercitação: à medida que o espaço de jogo aumentou registou-se uma menor

frequência de ocorrências para esta variável.

No que diz respeito ao indicador NB, não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre as diferentes condições de exercitação.

Quanto ao indicador de volume de jogo (PB), constatou-se uma

redução dos ± SD entre as três condições de exercitação. Tal como ocorreu

com os indicadores CB e LB, foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas entre as diferentes condições de exercitação; à medida que o

espaço de jogo aumentou registou-se uma menor frequência de ocorrências

para esta variável.

4.3. Comparação dos indicadores técnico-tácticos dos dois exercícios

de treino

No quadro 14 apresentamos os valores da média (X) e do desvio-

padrão (DP) das frequências, referentes aos indicadores técnico-tácticos (CB,

RB, LB, NB e PB) nos dois exercícios de treino, bem como o valor de prova do

t-teste.

Page 120: Tomada desição

Apresentação dos Resultados

96

Quadro 14 – Valores médios de frequência (± SD) relativos aos indicadores técnico-tácticos dos exercícios 5x5 (MPB) e GR+5X5+GR (finalização)

Indicadores

técnico-tácticos Exercício 5X5 (MPB) Exercício GR+5X5+GR (finalização) p

CB 5,80±2,72 3,77±1,25 0,067

RB 15,77±3,48 12,43±1,83 0,055

LB 6,83±3,45 3,70±1,15 0,074

NB 15,77±1,98 10,33±0,98 0,897

PB 21,57±6,11 16,20±3,04 0,067

Embora todos os indicadores técnico-tácticos tenham apresentado ±

SD mais altos no exercício de MPB, esta diferença não revelou significado

estatístico.

Page 121: Tomada desição

Discussão dos Resultados

97

5 - Discussão dos Resultados

“Os resultados científicos são aproximações provisórias

para serem saboreadas por um tempo e abandonadas

logo que surjam melhores explicações”

Damásio, A. (1994)

Neste capítulo, faremos a confrontação dos resultados alcançados no

estudo com os de estudos de outros autores realizados não só na modalidade

de futebol, mas também na de basquetebol (com todas as restrições inerentes

a este tipo de comparação). As amostras dos estudos consultados

compreenderam sujeitos federados pertencentes a escalões de formação

diferentes do analisado no nosso estudo, o que trouxe dificuldades adicionais à

análise pretendida. No entanto, foi nosso propósito interpretar os resultados

obtidos, centrando-nos no objectivo de analisar o comportamento dos

indicadores técnico-tácticos nos dois exercícios estudados (GR+5X5+GR

finalização e 5X5 MPB) nas três CE utilizadas.

Os resultados demonstraram uma clara variação dos indicadores

técnico-tácticos entre as três CE analisadas, no que diz respeito aos valores da

média e valores máximo e mínimo.

5.1. Análise do impacto produzido pela alteração da variável espaço de

jogo e número de jogadores nos indicadores técnico-tácticos da

situação GR+5X5+GR (Finalização)

Foi notório um decréscimo das frequências dos indicadores técnico-

tácticos do exercício Finalização, nomeadamente dos indicadores CB, RB, LB,

PB, OB, SS, AB, IE e PP, à medida que se aumentou o espaço de jogo.

Apenas se verificou uma excepção a esta tendência no indicador NB, que

apresentou uma redução da primeira para a segunda CE, aumentando

novamente na terceira CE.

Page 122: Tomada desição

Discussão dos Resultados

98

Em estudos de natureza idêntica ao nosso, nos quais se comparou a

realização de acções técnico-tácticas, através do JR vs JF ou de diferentes JR,

verificou-se que a redução do número de jogadores e do espaço de jogo

permitiu potenciar a participação dos jogadores no jogo (Arana et al., 2004;

Bastos, 2004; Borba, 2007; Carvalho & Pacheco, 1988; Cardoso, 1998; Costa

& Fernandes, 1998; Docampo Blanco et al., 2004; Fernandes & Garganta,

2002; Lapresa et al., 2001; Pérez & Vicente, 1996; Pinto, 2002; Veleirinho,

1999). Estes resultados são sobreponíveis aos nossos, ou seja, verificou-se a

diminuição da frequência de AJ, à medida que se aumentou o terreno de jogo.

Todavia, no nosso estudo, registaram-se maiores diferenças entre CE

nos indicadores CB, LB, PB, IE e PP pois apresentaram diferenças

estatisticamente significativas entre CE (p≤ 0,05).

A capacidade defensiva do jogador está relacionada com o indicador

CB. Os resultados alcançados neste indicador vão de encontro aos dos

estudos realizados por Borba (2007), Cardoso (1998), Costa & Fernandes

(1998; citado por Solla, Martínez, Lago & Casais, 2005) e Fernandes &

Garganta (2002).

Assim, no estudo realizado por Borba (2007), nas acções individuais

com bola que incluíram as recuperações de bola (remates, 1X1, passes

efectuados e recebidos, recuperações de bola e bolas perdidas) verificou-se

uma média por jogador/jogo significativamente superior na variante F4

comparativamente ao F7. O mesmo se verificou no estudo realizado por

Cardoso (1998), onde se encontraram diferenças estatisticamente significativas

entre o F7 e o F11, nas acções de jogo com bola, onde também incluíram as

recuperações de bola (remate, drible, recuperações de bola e carga). Não

obstante, no estudo realizado por Costa & Fernandes (1998; citado por Solla,

Martínez, Lago & Casais, 2005) registaram-se médias superiores com

significado estatístico no número de contactos com a bola, onde incluíram as

recuperações de bola (passes, remates, recuperações de bola e golos) por

jogador na variante F7, comparativamente ao jogo de referência, F11. Também

no estudo efectuado por Fernandes & Garganta (2002), quando confrontados

os resultados dos defesas laterais com os dos médios centro, no F7 e no F11,

Page 123: Tomada desição

Discussão dos Resultados

99

verificaram-se valores claramente superiores no F7. Os autores concluíram que

o F7 apresenta uma frequência mais elevada de todas as AJ observadas, com

excepção dos cruzamentos. Apenas os remates, passes e recuperações de

bola apresentaram diferenças com significado estatístico. Quando comparados

os defesas laterais do F7 com o F11, os autores concluíram que os defesas

laterais no F7 apresentaram valores superiores para todas as acções com bola,

com excepção do número de cruzamentos e de recuperações de bola, cujos

valores eram superiores no F11. No entanto, quando analisados os médios

centro no F7 e F11, as AJ mais ilustrativas das diferenças existentes foram os

remates e as recuperações de bola.

O indicador LB está associado à adaptação do jogador ao jogo, assim

como espelha a qualidade com que cada jogador poderá contribuir para o

processo ofensivo (ataque). Constatou-se ao longo das três CE que o indicador

LB aumentou e que os atletas perderam menos bolas à medida que

aumentámos as dimensões do terreno de jogo.

Os resultados alcançados neste indicador (LB) vão de encontro aos

obtidos no estudo realizado por Borba (2007), no qual nas acções individuais

com bola estudadas (remates, 1X1, passes efectuados e recebidos,

recuperações de bola e bolas perdidas) se verificou uma média por

jogador/jogo significativamente superior na variante F4. Todavia, noutros

estudos (Arana et al., 2004; Bastos, 2004; Carvalho & Pacheco, 1988;

Cardoso, 1998; Costa & Fernandes, 1998; Docampo Blanco et al., 2004;

Fernandes & Garganta, 2002; Lapresa et al., 2001; Pérez & Vicente, 1996;

Pinto, 2002; Veleirinho, 1999), os autores não consideraram este indicador e/ou

os resultados obtidos não apresentaram diferenças estatisticamente

significativas entre os dois tipos de jogos (JR vs JF).

O indicador PB traduz o envolvimento geral do jogador no jogo, sendo

o somatório dos valores do CB e RB. Apesar de ambos os indicadores (CB e

RB) apresentarem uma variação relativamente ao valor médio de frequências

nas três CE, apenas o indicador CB apresentou diferenças estatisticamente

significativas entre CE. De igual, modo registou-se no volume de jogo (PB) um

menor envolvimento geral dos jogadores nas situações de jogo, à medida que

Page 124: Tomada desição

Discussão dos Resultados

100

as dimensões do terreno de jogo foram aumentando, influenciando a

capacidade de MPB das equipas.

Os resultados alcançados neste indicador (PB) vão de encontro aos

obtidos no estudo realizado por Borba (2007), Pérez & Vicente (1996; citado

por Solla, Martínez, Lago & Casais, 2005) e Pinto (2002).

No estudo realizado por Borba (2007), as maiores diferenças entre

valores médios verificaram-se nas frequências de passe e de remate, das bolas

jogadas e do volume de jogo relativo. O volume de jogo relativo revelou valores

significativamente superiores em F4, verificando-se que o maior número de

bolas jogadas compensa o maior número de bolas perdidas por jogador.

Também no estudo realizado por Pérez & Vicente (1996; citado por Solla,

Martínez, Lago & Casais, 2005) verificou-se que o mesmo jogador intervém

três vezes mais nas posses de bola no F7, relativamente ao F11. Os resultados

apontaram para mais de 58% de passes curtos executados com a parte interna

do pé na variante de F7, sugerindo que o número de apoios entre jogadores é

superior nesta variante. Não obstante, no estudo realizado por Pinto (2002),

apurou-se uma frequência de ocorrência superior em todas as acções técnico-

tácticas estudadas na condição F7, relativamente a F11, registando-se

diferenças significativas no número de remates, passes, contactos com a bola,

posses de bola e desmarcações por jogador, nos dois estatutos posicionais

analisados (defesa central e médio-ala). Todavia, perante os resultados obtidos

nos estudos consultados (Arana et al., 2004; Bastos, 2004; Carvalho &

Pacheco, 1988; Cardoso, 1998; Costa & Fernandes, 1998; Docampo Blanco et

al., 2004; Fernandes & Garganta, 2002; Lapresa et al., 2001; Veleirinho, 1999),

constatou-se uma maior frequência de realização de acções técnico-tácticas

nos JR face ao JF, o que nos poderá levar a crer que a posse de bola seja

superior no JR. Contudo, alguns autores não consideraram este indicador e/ou

os resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre

os dois tipos de jogos (JR vs JF).

O IE foi calculado pela fórmula IE=(CB+AB)/(10+LB) ou

(CB+OB+SS)/(10+LB). Apesar dos vários indicadores terem manifestado uma

variação à medida que aumentámos as dimensões do terreno de jogo, apenas

Page 125: Tomada desição

Discussão dos Resultados

101

o CB e o LB apresentaram diferenças estatisticamente significativas, pelo que o

IE apresentou uma redução com significado estatístico, à medida que

aumentámos as dimensões do terreno de jogo.

A PP foi calculada através da fórmula, PP=(IE X10)+(PB/2). A redução

do número de ocorrências dos diferentes indicadores técnico-tácticos,

nomeadamente do CB e LB, influenciaram o IE e a PB, induzindo uma redução

concomitante do valor da PP com significado estatístico, à medida que as

medidas do terreno de jogo aumentaram.

Seguidamente iremos apresentar e discutir os valores de amplitude dos

referidos indicadores (CB, LB, PB, IE e PP).

Os valores de amplitude dos indicadores CB e LB, no exercício de

finalização decresceram à medida que aumentámos as dimensões do campo,

apresentando valores máximos para o indicador CB de 6, 6 e 5 e valores

mínimos de 2, 2 e 1 nas distintas CE e para o indicador LB, valores máximos

de 8, 6 e 4 e valores mínimos de 2, 1 e 1 nas três distintas CE (1, 2 e 3,

respectivamente). De igual modo, nos indicadores PB, IE e PP, foi também

evidente o decréscimo à medida que aumentámos as dimensões do campo,

apresentando valores máximos para o indicador PB de 28, 21 e 16 e valores

mínimos de 12, 11 e 9 nas três distintas CE (1, 2 e 3, respectivamente).

Relativamente ao indicador IE revelou valores máximos de 0,94, 0,85 e 0,54 e

valores mínimos de 0,25, 0,20 e 0,08 nas três distintas CE e o indicador PP

valores máximos de 22,30, 17 e 16,60 e valores mínimos de 9, 8 e 5,80 nas

três distintas CE (1, 2 e 3, respectivamente).

Tal discrepância dos valores dos indicadores CB e LB e

consequentemente no PB, IE e PP pode traduzir a disparidade ao nível da

performance técnico-táctica apresentada pelos atletas. Igualmente, e tendo

como referência o estudo de Fernandes & Garganta (2002), o estatuto

posicional poderá traduzir o número de oportunidades para a realização desta

acção técnico-táctica. Adicionalmente, o nível de empenho e o tipo de piso

(pelado), onde foram realizados os exercícios poderão estar na causa desta

discrepância. Relativamente a este último aspecto (tipo de piso), e tendo como

referência o estudo realizado por Folgado et al. (2007), a manipulação do tipo

Page 126: Tomada desição

Discussão dos Resultados

102

de piso poderá influenciar a eficiência e a eficácia do CB e do LB. Tais

influências tornaram-se mais evidentes à medida que se aumentaram as

dimensões do terreno de jogo.

Da análise dos resultados obtidos neste exercício (finalização), e tendo

em consideração os valores encontrados nos estudos consultados, foi possível

retirar as seguintes ilações:

� o jogo em espaço reduzido permite a execução de habilidades

técnicas idênticas às do jogo dos adultos, mas ajustadas às

características dos jovens;

� a redução do espaço de jogo e a maior aproximação dos jogadores

entre si favorecem um tipo de jogo em que prevalecem as acções

baseadas na velocidade de reacção, de deslocamento e de

execução, capacidades motoras de primordial importância a

desenvolver nos escalões etários mais baixos. Por outro lado, este

tipo de exercícios facilita a execução de mudanças de flanco de

jogo, a ocorrência de passes em profundidade, de cruzamentos, de

remates de fora da área e a exploração dos espaços vazios;

� um maior número de contactos com a bola facilita a aprendizagem

das habilidades técnicas, através de contínuas recepções,

conduções de bola, passes, remates e todo o tipo de destrezas.

5.2. Análise do impacto produzido pela alteração do espaço de jogo e

número de jogadores nos indicadores técnico-tácticos da situação

5X5 (MPB)

No exercício 5X5 MPB foi evidente um decréscimo da frequência de

ocorrências dos indicadores técnico-tácticos (CB, RB, LB, NB e PB), à medida

que aumentamos as dimensões do terreno de jogo nas três CE. Em estudos de

natureza idêntica ao nosso, nos quais se comparou a realização de acções

técnico-tácticas, através do JR vs JF ou de diferentes JR, verificou-se que as

reduções do número de jogadores e do espaço de jogo permitem potenciar a

participação dos jogadores no jogo (Arana et al., 2004; Bastos, 2004; Borba,

Page 127: Tomada desição

Discussão dos Resultados

103

2007; Carvalho & Pacheco, 1988; Cardoso, 1998; Costa & Fernandes, 1998;

Docampo Blanco et al., 2004; Fernandes & Garganta, 2002; Lapresa et al.,

2001; Pérez & Vicente, 1996; Pinto, 2002; Veleirinho, 1999), verificando-se

resultados semelhantes aos nossos, ou seja, a diminuição da frequência de AJ

à medida que se aumentou o terreno de jogo.

Neste exercício (5X5 MPB) apenas se registaram diferenças entre CE

nos indicadores CB, LB, RB e PB (p≤ 0,05).

Os resultados encontrados no indicador CB corroboraram com os

obtidos no exercício GR+5X5+GR, do nosso estudo, bem como com os

alcançados nos estudos realizados por Borba (2007), Cardoso (1998), Costa &

Fernandes (1998; citado por Solla, Martínez, Lago & Casais, 2005) e

Fernandes & Garganta (2002).

O indicador LB aumentou, verificando-se que os atletas perderam

menos bolas, à medida que aumentámos as dimensões do terreno de jogo. De

igual modo, os resultados vão de encontro aos verificados no nosso estudo, no

exercício de finalização, bem como aos obtidos no estudo, realizado por Borba

(2007).

As recepções de bola (RB) foram mais frequentes nas situações de

exercitação sobre dimensões do terreno de jogo mais reduzidas, demonstrando

um maior envolvimento e interacção dos jogadores no jogo da sua equipa.

Os resultados alcançados neste indicador vão de encontro aos dos

estudos realizados por Borba (2007), Costa & Fernandes (1998; citado por

Solla, Martínez, Lago & Casais, 2005) e Pinto (2002).

No estudo realizado por Borba (2007) nas acções individuais com bola

estudadas (remates, 1X1, passes efectuados e recebidos, recuperações de

bola e bolas perdidas) verificou-se uma média por jogador/jogo

significativamente superior na variante F4. Relativamente ao estudo efectuado

por Costa & Fernandes (1998; citado por Solla, Martínez, Lago & Casais,

2005), registaram-se médias superiores no número de contactos com a bola,

passes, remates, recuperações de bola e golos por jogador na variante F7,

comparativamente ao jogo de referência, F11. Também, no estudo realizado

por Pinto (2002), o autor apurou uma frequência de ocorrência superior em

Page 128: Tomada desição

Discussão dos Resultados

104

todas as acções técnico-tácticas estudadas na condição F7, relativamente ao

F11, registando-se diferenças significativas no número de remates, passes,

contactos com a bola, posses de bola e desmarcações por jogador, nos dois

estatutos posicionais analisados (defesa central e médio-ala).

Relativamente ao indicador PB, os indicadores CB e RB apresentaram

uma variação significativa do valor médio de frequências nas três CE, ou seja,

à medida que aumentámos as dimensões do terreno de jogo constatou-se uma

diminuição dos valores destes indicadores. O mesmo se verificou no volume de

jogo (PB), constatando-se um menor envolvimento geral dos jogadores nas

situações de jogo, à medida que as dimensões do terreno de jogo foram

aumentando, influenciando a capacidade de MPB de cada equipa.

Os resultados alcançados neste indicador (PB) vão de encontro ao que

se verificou no exercício de finalização, do nosso estudo e aos dos estudos

realizados por Borba (2007), Pérez & Vicente (1996; citado por Solla, Martínez,

Lago & Casais, 2005) e Pinto (2002).

Tal como no exercício anterior, parece-nos pertinente analisar a

variação destes indicadores, face ao aumento das dimensões do terreno de

jogo nas três CE, no que diz respeito aos valores de amplitude dos resultados

registados em cada indicador técnico-táctico.

Relativamente aos valores de amplitude, os valores dos indicadores

CB, RB e LB no exercício de MPB decresceram à medida que aumentámos as

dimensões do campo, apresentando o indicador CB valores máximos de 13, 9

e 5 e valores mínimos de 4, 2 e 2 nas distintas CE (1, 2 e 3, respectivamente).

Por sua vez, o indicador LB revelou valores máximos de 18, 10 e 6 e valores

mínimos de 6, 3 e 1 e o indicador RB evidenciou valores máximos de 25, 19 e

21 e valores mínimos de 10, 5 e 5 nas três distintas CE (1, 2 e 3,

respectivamente). O indicador PB apresentou valores máximos de 32, 26 e 24

e valores mínimos de 20, 14 e 7, nas três distintas CE (1, 2 e 3,

respectivamente). Tal como na análise dos valores de amplitude associados

aos indicadores CB, RB e LB, a desigualdade apresentada pelos valores de

amplitude do PB pode traduzir a disparidade ao nível da performance técnico-

táctica dos atletas nas AJ, nomeadamente CB e RB.

Page 129: Tomada desição

Discussão dos Resultados

105

Igualmente, e tal como aconteceu no exercício de finalização, tendo

como referência o estudo de Fernandes & Garganta (2002), o estatuto

posicional poderá traduzir o número de oportunidades para a realização destas

AJ. De igual modo, o nível de empenho e o tipo de piso (pelado), onde foram

realizados os exercícios poderão estar na causa de tal discrepância.

Relativamente a este último aspecto (tipo de piso), (tendo como referência o

estudo realizado por Folgado et al., 2007), a sua manipulação poderá

influenciar a eficiência e a eficácia destas AJ. Tais influências tornaram-se mais

evidentes à medida que se aumentaram as dimensões do terreno de jogo.

Da análise dos resultados obtidos neste exercício (MPB), e tendo em

consideração os resultados alcançados nos estudos consultados, foi possível

retirar as seguintes ilações:

• menores distâncias a vencer, permitem a execução de habilidades

técnicas próximas das situações de jogo dos adultos, mas

adaptadas às características dos jovens;

• a redução do espaço de jogo e a maior aproximação dos jogadores

favorecem um tipo de jogo em que prevalecem as acções

baseadas na velocidade de reacção, deslocamento e execução,

capacidades motoras de primordial importância a desenvolver nos

escalões etários mais baixos. Por outro lado, facilita a execução de

mudanças de flanco, passes em profundidade e exploração dos

espaços vazios;

• maior número de contactos e uma respectiva maior manutenção da

posse de bola, o que facilita uma melhor aprendizagem das

habilidades técnicas, através de contínuas recepções, conduções

de bola, passes e todo o tipo de destrezas que visam a MPB.

Page 130: Tomada desição

Discussão dos Resultados

106

5.3. Interpretação do impacto produzido pela alteração do espaço de jogo

e número de jogadores sobre os indicadores técnico-tácticos

relativos aos 2 exercícios de treino

Relativamente ao exercício de finalização e com base no significado

pedagógico das variáveis utilizadas com diferenças estatisticamente

significativas (CB, LB e PB) e por consequência o IE e a PP é possível afirmar

que dentro do mesmo exercício de treino com o mesmo número de jogadores,

a variante mais reduzida de espaço de jogo proporcionou aos jogadores um

estímulo superior de capacidades ofensivas, entre as quais foi possível

constatar uma maior MPB, através da análise do indicador PB. Um bom volume

de jogo é um claro sinal de uma maior capacidade ofensiva. Desta forma, é

possível a MPB junto dos apoios, na aproximação ao defesa, na realização de

simulações e falsos sinais, assim como nas mudanças de direcção e de

velocidade, conseguindo manter a posse de bola mais vezes, após o confronto

individual. Igualmente, constatou-se uma maior frequência referente ao CB,

que traduz uma maior capacidade de recuperação da posse de bola para

desenvolver o ataque. Não obstante, nesta condição de exercitação verificou-

se um tipo de jogo mais centrado sobre as balizas, já que as sequências

ofensivas incluem uma frequência de tentativas para finalizar significativamente

superiores, relativamente à condição de exercitação 3 (espaço de jogo maior).

Além disso, a finalização, em função do tempo de jogo, indica uma variação

entre as condições de exercitação; nas variantes de jogo com o espaço de jogo

maior, foi possível verificar uma redução da frequência da média de remates ao

longo das três CE, embora sem significado estatístico. Nesta perspectiva, na

condição de exercitação 3 (espaço de jogo maior) foi necessário decorrer muito

mais tempo para se registar um remate, assim como para se obter um golo,

relativamente à condição de exercitação que compreendia um espaço de jogo

mais reduzido. Foi ainda evidente, que na condição de exercitação com espaço

maior, as condutas prévias ao remate distinguem-se por assumirem um

carácter ocasional já que, na maioria das vezes, não resultam de acções

directamente protagonizadas pela equipa atacante (intervenções do

Page 131: Tomada desição

Discussão dos Resultados

107

adversário/ressalto). Por outro lado, na condição de exercitação com espaço de

jogo mais reduzido as acções de remate são activadas de forma mais

frequente por condutas que expressam uma intencionalidade na criação das

oportunidades de finalização (acções individuais, tais como a condução de

bola, 1X1, etc., e acções de cooperação como o passe para o remate). Ainda,

na variante mais reduzida do espaço de jogo, a redução do espaço e

aproximação das balizas, não promove só por si uma eficácia

significativamente superior na finalização, ou seja, embora os remates

terminem mais vezes em golo, existem também mais remates com êxito parcial

(defendidos pelo GR, embatendo nos postes/trave) e mais remates sem êxito

(bola para fora ou interceptada). Podemos, assim, perguntar se, face à baixa

capacidade das equipas na manutenção da posse de bola, nestas idades, não

será benéfico reduzir, além do número de jogadores por equipa, também a

distância entre balizas, impulsionando a fase de finalização.

Relativamente ao exercício de MPB e com base no significado

pedagógico das variáveis utilizadas com diferenças estatisticamente

significativas (CB, RB, LB e PB), é possível afirmar que, mantendo o número

de jogadores do exercício, a variante mais reduzida de espaço de jogo

proporcionou aos jogadores uma significativa capacidade de MPB. Deste modo

parece-nos ser preponderante para um eficaz processo ensino-aprendizagem,

em jovens futebolistas o desenvolvimento da capacidade de controlo da bola

em idades mais precoces com espaço de jogo reduzido. O número de vezes

que um jogador tem a possibilidade de realizar acções que impliquem contacto

directo com o móbil de jogo (bola) parece assumir-se como um factor de

importância fulcral na aquisição das habilidades para jogar (Carvalho &

Pacheco, 1989). Garganta & Pinto (1998), acrescentam ainda que o

desenvolvimento da capacidade de controlo da bola, requer a criação de

condições de exercitação que passam pela necessidade do futebolista realizar

contactos frequentes e diversificados com a bola, com o intuito de melhorar a

eficiência da execução, daí a pertinência dos exercícios de MPB.

Page 132: Tomada desição

Discussão dos Resultados

108

Face ao exposto, em ambos os exercícios (Finalização e MPB) na

condição de exercitação com o espaço mais reduzido, foi possível constar:

ð Uma participação mais significativa no jogo, já que cada jogador

foi chamado a participar no jogo com maior regularidade.

Comprova-se que na variante mais reduzida do exercício, o centro

do jogo é o próprio jogo, onde cada jogador pode ser solicitado a

qualquer momento por um colega de equipa. Deste modo, a

condição de exercitação com espaço de jogo mais reduzido

constitui uma condição de jogo mais adequada à capacidade de

passe dos praticantes, trazendo benefícios superiores no

desenvolvimento dos aspectos comunicacionais do jogo, inerentes

à participação numa rede de comunicação estável. De igual modo,

dar equilíbrio defensivo e ofensivo são princípios de jogo

estimulados nesta variante de jogo. De facto, o jogador é

confrontado de forma mais frequente com a necessidade de decidir

sobre o que fazer e como fazer, optando entre conservar a posse

de bola, passá-la a um colega ou rematar à baliza (exercício de

finalização). Ainda, nesta condição de exercitação foi evidente no

exercício que objectivou a finalização, um tipo de jogo mais

centrado sobre as balizas.

ð -Um estímulo superior de capacidades defensivas (CB), sendo

cada jogador estimulado com maior frequência a desenvolver os

aspectos técnico-tácticos inerentes à recuperação do móbil de jogo

(CB), quer seja pelo confronto individual para adquirir a posse de

bola directamente ao adversário, quer pela intercepção de

trajectórias da bola, onde são exigidas e estimuladas as

capacidades defensivas. Consequentemente, verificou-se no plano

ofensivo um maior número de perdas de bola (LB), indicador de

uma menor adaptação ao jogo. Este nível de cooperação associado

à frequência de bolas perdidas deve ser cortejada com a frequência

de intervenção sobre o móbil do jogo, visto que, quanto mais vezes

o atleta age sobre a bola, mais possibilidades tem de cometer erros

Page 133: Tomada desição

Discussão dos Resultados

109

técnico-tácticos conducentes à perda da bola. Desta forma, se

analisarmos a posse de bola por jogador, verifica-se que esta

continua a ser significativamente superior, nas variantes de

exercitação com o espaço de jogo mais reduzido. Esta diferença de

volume de jogo, é suficiente para atingir níveis de finalização

elevados na condição de exercitação com espaço de jogo mais

reduzido, levando-nos a crer que nesta variante de jogo as

sequências ofensivas terminadas com êxito total se caracterizam

por envolverem mais acções de cooperação entre jogadores. De

referir ainda, que a redução da média de frequências com

significado estatístico dos indicadores CB e LB nos exercícios de

finalização e de MPB, bem como do RB no exercício de MPB

poderão traduzir, na opinião de Castelo (2002) e Schon (1980), a

íntima relação entre o tempo e o espaço. Nesta perspectiva, Schon

(1980) revela que a performance desportiva individual de um atleta

está intimamente relacionada com estes dois constrangimentos

(tempo e espaço), na medida em que a eficácia técnica depende de

um complexo de variáveis técnico-tácticas desenvolvidas em jogo

que possam ou não, perturbar o jogador quando pressionado pelo

tempo e privado de espaço. Castelo (2002), afirma que quanto

maior for o constrangimento do tempo na resolução do exercício no

domínio das suas diferentes fases (percepção e análise, resolução

mental e motora) menores serão as possibilidades de se atingirem

bons níveis de performance, em função dos objectivos

predeterminados. De igual modo, o espaço de jogo mais reduzido

garante uma maior pressão sobre o portador da bola, provocando

mais contacto físico entre os jogadores (Cardoso, 1998),

influenciando a velocidade de circulação da bola e dos jogadores

nos JR (Mombaerts, 1991; Queirós, 1986). Sendo assim, é natural

que as situações de jogo com espaço de jogo muito reduzido,

apresentem uma maior frequência de rupturas no jogo colectivo,

nomeadamente através de desarmes, intercepções e conquistas de

Page 134: Tomada desição

Discussão dos Resultados

110

bola e perda de bola, pela incapacidade individual momentânea de

solucionar os problemas de jogo mais rapidamente.

Podemos, assim, afirmar que quanto menor for o espaço, menor será o

tempo que os praticantes possuem para analisar a situação e executar as

acções técnico-tácticas correspondentes à solução, o que implica

consequentemente um aumento da velocidade e do ritmo de execução das

acções individuais e colectivas, diminuindo, no entanto, a eficiência

estabelecida para a concretização de níveis de êxito propostos. Nesta

perspectiva, a perda de bolas por parte da equipa que ataca e as recuperações

de bola por parte da equipa que defende serão maiores, quanto mais reduzido

for o espaço de jogo.

A relação entre o espaço onde decorre o exercício e o número de

jogadores é um aspecto a ter em conta na concepção dos exercícios de treino.

Assim, uma situação será tanto mais complexa quanto maior for a quantidade

de informação necessária para o sistema se organizar, ou seja, quanto maior

for o apelo à capacidade de decisão estratégico-táctica dos jogadores (Sá,

2001).

5.3.1. Análise da Comparação dos indicadores técnico-tácticos dos dois

exercícios de treino

De acordo com o quadro 14, é notória a variação dos valores médios

de frequência em ambos os exercícios de treino, embora a diferença verificada

entre CE não tenha revelado significado estatístico. Este facto poderá estar

relacionado com a reduzida dimensão da amostra utilizada nos dois exercícios.

Contudo, o exercício de MPB exige a realização de um menor leque de

habilidades técnico-tácticas, comparativamente às do exercício de finalização.

Nesta perspectiva, é natural que as habilidades técnico-tácticas que objectivem

a cooperação (NB, RB, LB e PB) e as de oposição (CB) surjam com maior

frequência neste exercício, pois é o desejável neste tipo de exercícios.

Page 135: Tomada desição

Discussão dos Resultados

111

Da análise dos dois exercícios de treino, ficou patente que as situações

reduzidas de jogo possibilitam uma maior frequência de contactos com a bola,

e consequentemente um maior número de posses da bola pelas constantes

interacções entre os diferentes elementos de jogo (colegas, bola e adversário).

Por outro lado, grandes superfícies de jogo com um elevado número de

jogadores promovem um maior dispêndio de tempo a correr em função da bola,

mas com um reduzido número de contactos com a mesma.

Do ponto de vista pedagógico-didáctico, o exercício com a dimensão

mais reduzida do espaço de jogo proporcionou um maior número de

interacções entre os diferentes elementos do jogo, constituindo este facto, um

dado importante para a progressão na aprendizagem. De igual modo, os

resultados demonstraram que ao reduzimos e simplificarmos o jogo, motivamos

os jogadores para estarem sempre envolvidos no jogo, intervindo sobre a bola

e/ou interagindo com o seu portador, reagindo e decidindo mais rapidamente

(espaço/tempo), embora por vezes com comportamentos técnico-tácticos

menos ajustados ao jogo. Todavia, pensamos que a contínua exercitação em

espaços reduzidos permitirá a solução mental e técnica mais ajustada,

permitindo, além de um maior número de transições defesa-ataque, também

mais possibilidades de finalizar e de fazer golos. Como refere Dietrich (1979),

nas idades mais precoces, aprender corresponde a acumular experiências nas

situações fundamentais de jogo. Sendo assim, quantas mais vezes o

futebolista for solicitado no jogo, maior será a sua exercitação e o número de

oportunidades para o seu desenvolvimento futebolístico (Cardoso, 1998). Em

forma de complemento, Queirós (1986) revela que, face ao facto do espaço de

jogo ser reduzido exige que os jogadores actuem, a todos os níveis, de forma

mais veloz, pelo facto dos adversários se encontrarem em maior proximidade,

tendo implicações no aumento do ritmo e da frequência das diferentes acções

de jogo.

Page 136: Tomada desição

Conclusões

112

Page 137: Tomada desição

Conclusões

113

6 - Conclusões

“Porque será que só conhecemos as respostas

quando encontramos as perguntas?”

(Richard Bach, 2001, p. 58)

Neste nosso estudo pretendemos avaliar a performance desportiva nos

dois exercícios de jogo reduzido (JR) com a utilização de três condições

espaciais (CE) diferentes. Para o efeito, analisou-se a variação dos indicadores

técnico-tácticos, nas diferentes CE utilizadas nos dois exercícios de JR e a

variação dos indicadores técnico-tácticos entre os dois exercícios de JR.

Da análise dos resultados emergem as seguintes conclusões:

1. No exercício GR+5X5+GR (finalização), na condição de exercitação

com espaço de jogo mais reduzido, os resultados revelaram que os

jogadores conquistaram mais bolas (CB), factor influente para a

performance ofensiva, embora efectuassem mais perdas de bola

(LB) para a sua equipa, contribuindo assim, para o término do

processo ofensivo. Contudo, o maior número de perda de bolas é

compensado por um elevado volume de jogo (PB). Apenas o CB e

o LB apresentaram diferenças estatisticamente significativas o que

provocou uma variação com significado estatístico entre CE no PB

e consequentemente no IE e PP. Assim, na variante de jogo com

espaço de jogo mais reduzido a manipulação do espaço de jogo

influenciou a performance de jovens futebolistas, face ao facto das

possibilidades dos jogadores se relacionarem directamente com a

bola serem maiores.

2. No exercício 5X5 MPB, na condição de exercitação com espaço de

jogo mais reduzido, os resultados revelaram que os jogadores

conquistaram mais vezes a bola (CB), receberam mais vezes a

bola (RB), provocando um significativo volume de jogo (PB). Sendo

assim, a condição de exercitação com o espaço de jogo mais

reduzido provocou um maior envolvimento de todos os jogadores,

Page 138: Tomada desição

Conclusões

114

influenciando a capacidade de MPB. Não obstante, esta condição

de exercitação revelou maior frequência de perdas de bola, por

parte dos jogadores, provocando o término da MPB da equipa. De

igual modo, no exercício de MPB o maior número de perdas de

bolas foi compensado por um elevado volume de jogo (PB).

3. Na comparação de indicadores técnico tácticos entre os exercícios

de finalização e de MPB, nomeadamente o CB, RB, LB, NB e PB,

os resultados não mostraram diferenças significativas.

4. As propostas de exercitação que compreendem espaço de jogo

mais reduzido são as mais indicadas nas etapas iniciais de ensino

do jogo, visto estarem mais adaptadas às capacidades da criança,

sobretudo ao nível do passe, permitindo um nível de cooperação

superior, o estabelecimento de redes de comunicação estáveis e a

participação mais regular dos jogadores no centro do jogo.

Propostas para futuros estudos

Parece desejável que a investigação, centrada na actividade técnico-

táctica produzida por equipas nos escalões de formação, evolua no sentido de:

• Analisar e comparar a variação de indicadores técnico-tácticos em

diferentes escalões de formação, níveis competitivos e estatutos

posicionais dos jogadores, através da manipulação dos

constrangimentos espaço e número de jogadores;

• Considerar outros exercícios de treino, com diferentes objectivos,

para comparar e estudar o desempenho técnico-táctico de outros

grupos etários;

• Estudar a manipulação de outros elementos estruturais do jogo,

para além do número de jogadores e do espaço de jogo (por ex.: os

alvos, as regras, o móbil do jogo) e as consequências verificadas

ao nível das acções produzidas;

Page 139: Tomada desição

Conclusões

115

• - Analisar as duas fases do jogo, respeitando a sua

interdependência e constrangimentos mútuos; contudo, parece

necessário desenvolver e generalizar o acesso a instrumentos de

análise robustos, no desenvolvimento deste tipo de análises de

jogo (protocolos de observação e avaliação, metodologias de

análise, equipamentos e tecnologias);

• - Sistematizar metodologias, protocolos e critérios de observação e

avaliação adaptados à análise de jogo nos escalões de formação,

reconhecendo as suas particularidades;

• - Ponderar outras dimensões do espaço de jogo e garantir a

proporcionalidade nas dimensões dos corredores e sectores de

jogo, facilitando a análise comparativa entre as variantes do

exercício de treino;

• - Considerar a dimensão energético-funcional, nomeadamente o

esforço físico desenvolvido pelos jovens em variantes de

exercitação distintas, relativamente aos vários constrangimentos a

que podem estar sujeitos os exercícios de treino, adicionando

dados para a discussão dos resultados da actividade técnico-

táctica.

Page 140: Tomada desição

Bibliografia

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Page 159: Tomada desição

Bibliografia

CXXXV

Anexos

Anexo 1

Grelha de recolha de informação referente ao exercício GR+5X5+GR

CB RB NB LB OB SS

Fonte: Adaptado de Gréhaigne et al., 1997

PB AB

Page 160: Tomada desição

Bibliografia

CXXXVI

Page 161: Tomada desição

CXXXVII

Anexo 2

Grelha de recolha de informação referente ao exercício 5X5 MPB

CB RB NB LB

Fonte: Adaptado de Gréhaigne et al., 1997

PB