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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
SUÉLEN LÚCIA DA SILVA
Trabalho de Iniciação Científica BRASIL E ÍNDIA: AS DIFERENÇAS CULTURAIS E SEU REFLEXO NAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS
ITAJAÍ 2015
SUÉLEN LÚCIA DA SILVA
Trabalho de Iniciação Científica BRASIL E ÍNDIA: AS DIFERENÇAS CULTURAIS E SEU REFLEXO NAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS
Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão, da Universidade do Vale do Itajaí.
Orientadora: Profª. MSc. Patrícia Duarte Peixoto Morella
ITAJAÍ 2015
Agradeço aos meus pais Lourival e Geruza por todo apoio dado desde o
começo da faculdade, ao meu namorado André pelo apoio e
compreensão durante a elaboração deste trabalho. Agradeço a minha
orientadora professora Patrícia pela ótima orientação que me foi
proporcionada, também a professora Natalí pela ajuda referente a
diversas dúvidas que surgiram ao longo do curso, a todos os
professores que de alguma forma contribuíram com a minha trajetória
acadêmica, e por fim, porém não menos importante, agradeço ao
coordenador do curso de comércio exterior senhor Manoel pela ajuda que me foi proporcionada durante
um momento de dificuldade da minha vida acadêmica e também
pessoal.
EQUIPE TÉCNICA
a) Nome da acadêmica Suélen Lúcia da Silva b) Área de estágio Sistemática do Comércio Exterior c) Orientadora de conteúdo Profª. MSc. Patrícia Duarte Peixoto Morella d) Responsável pelo Estágio Profª. MSc. Natalí Nascimento
RESUMO
Conhecer o país com o qual se visa manter relações comerciais é de significativa relevância, pois é estudando a cultura, religião, e costumes do país, que o negociador estará preparado para não cometer deslizes que podem levar uma negociação ao fracasso. O Brasil e a Índia são países de rica cultura e religião, sendo preciso estudar cada aspecto para manter uma boa relação comercial com ambos. Em outras palavras, estes dois países têm diferenças culturais significativas que podem afetar o processo de negociação e, em razão disso, este trabalho possui o propósito de apresentar tais diferenças, visando trazer informações que possam facilitar a negociação nos mercados indiano e brasileiro. Inicialmente, a pesquisa apresenta os aspectos socioeconômicos, culturais, comerciais e o perfil do negociador de ambos os países, para em seguida apresentar o comparativo e os acordos bilaterais entre eles. A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi qualitativa, bibliográfica com cunho descritivo, por meio de dados que foram coletados e analisados. A análise dos dados apontou que a Índia e o Brasil são países semelhantes em questões geográficas, pois possuem uma grande extensão territorial com grandes populações, porém com diferenças religiosas e culturais de significativo contraste. Os perfis dos negociadores de ambos os países são totalmente diferentes, porém com o devido conhecimento torna-se possível a concretização dos resultados esperados. Palavras-chave: Brasil. Índia. Diferenças Culturais.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8 1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 9 1.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 9 1.3 Justificativa da realização do estudo ................................................................ 9 1.4 Aspectos metodológicos ................................................................................. 10
1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ......................................................... 10
2 ÍNDIA: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS .............................. 11
2.1 Aspectos socioeconômicos ............................................................................ 11 2.2 Aspectos culturais .......................................................................................... 15 2.3 Aspectos comerciais ....................................................................................... 18 2.4 Perfil do negociador ........................................................................................ 22 3 BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS ........................... 24
3.1 Aspectos socioeconômicos ............................................................................ 24 3.2 Aspectos culturais .......................................................................................... 28
3.3 Aspectos comerciais ....................................................................................... 30 3.4 Perfil do negociador ........................................................................................ 35
4 COMPARATIVO: ÍNDIA X BRASIL .................................................................... 39 4.1 Acordos bilaterais entre Brasil e Índia ............................................................ 42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 49 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 55
8
1 INTRODUÇÃO
A globalização é um processo de integração e interdependência entre os
países, assim a cultura é evidenciada nas práticas do dia-a-dia interferindo na
maneira de viver de toda uma sociedade.
O homem recebe uma herança cultural desde o nascimento e que, com o
passar do tempo, pode ser influenciada por grupos como família, igreja,
comunidades entre outros. A cultura se reflete na maneira de alimentar-se, no
vestuário, na língua e, portanto, na identidade de um país.
É de total importância para as negociações que envolvem comércio exterior
conhecer essa herança cultural, para negociar com países de culturas e religiões
divergentes da que se é habituado a conviver. Precisa-se, inicialmente, estudar o
país com o qual se visa negociar, pois vários deles, como é o caso da Índia, têm
uma cultura rica e diferenciada com costumes e crenças exóticos e de fortes
contrastes, é importante conhecer a particularidade de cada país para não se ter um
choque cultural e assim prejudicar as negociações internacionais.
Brasil e Índia são países de grandes semelhanças que se diferenciam dos
demais por apresentarem uma grande extensão territorial e grande população.
Quando se fala em países em desenvolvimento logo se pensa em um país
pobre e sem perspectivas de futuro, porém os dois países em questão podem
futuramente tornarem-se grandes potências.
A Índia tem algumas características peculiares que irão ser estudadas nesta
pesquisa, como as castas, os animais sagrados, as comidas típicas e formas de
relacionamento nas negociações. Quais seriam as principais dificuldades
encontradas pelo negociador brasileiro ao manter uma relação comercial
diretamente com a Índia?
As diferentes culturas e religiões interferem diretamente na forma de
negociação entre os países, tendo os negociadores que se adaptar à cultura do país
com o qual se visa negociar. É, então, dentro desse contexto que este trabalho de
iniciação científica se insere, tendo como objetivo geral apresentar as diferenças
culturais entre Brasil e Índia e seu reflexo nas negociações internacionais.
O trabalho está organizado em capítulos para atender aos objetivos
propostos.
9
1.1 Objetivo geral
Apresentar as diferenças culturais entre Brasil e Índia e seu reflexo nas
negociações internacionais.
1.2 Objetivos específicos
Destacar aspectos socioeconômicos e culturais da Índia.
Destacar aspectos socioeconômicos e culturais do Brasil.
Indicar as principais diferenças culturais entre Brasil e Índia, no que se
refere, especialmente, às negociações internacionais.
1.3 Justificativa da realização do estudo
Cada país tem uma cultura diferente que interfere diretamente no modo de
negociação. Partindo desse contexto, a pesquisa justifica-se pois o Brasil e a Índia
possuem diferenças culturais e diante desse aspecto é importante saber como estas
diferenças podem interferir nas negociações.
Para a acadêmica a pesquisa promoveu um aprendizado cultural, que muito
a interessa e que motivou a realização deste trabalho. A pesquisa ainda permitiu que
fundamentos estudados durante o curso fossem revistos, comparando-os aos novos
conhecimentos adquiridos durante a pesquisa.
Com relação a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) é interessante
porque a pesquisa poderá servir como fonte complementar atualizada sobre o
assunto e ajudar os acadêmicos e toda a comunidade interessada no tema em
questão.
10
O estudo tornou-se viável, porque apesar de a Índia ser um país emergente,
assim como o Brasil, vem se destacando no cenário internacional, tendo seus dados
disponíveis em livros, sites e relatórios oficiais.
1.4 Aspectos metodológicos
Este trabalho de iniciação científica apresenta caráter qualitativo, que
segundo Goldenberg (2000, p. 53): “Não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. O processo e seu significado são os focos
principais de abordagem.”
Pode-se observar também que utilizou-se o método de pesquisa bibliográfico
que segundo Gil (2002, p. 44): “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base
em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.”
Nesta pesquisa também se utilizou o método descritivo que, ainda segundo
Gil (2002, p. 42): “As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis.” De acordo com Rudio (2002, p. 71):
“[…] a pesquisa descritiva está interessada em descobrir e observar fenômenos,
procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los.”
Assim, este trabalho, de acordo com a metodologia, adotou a pesquisa
qualitativa, bibliográfica e descritiva.
1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados
A coleta de dados tornou-se viável por meio de pesquisa bibliográfica, em sua
maioria sites variados, relatórios oficiais e livros. Os dados foram analisados e estão
apresentados por meio de textos, figuras e quadros.
11
2 ÍNDIA: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS
Neste capítulo apresentam-se os principais aspectos socioeconômicos e
culturais sobre a Índia, os aspectos comerciais e o perfil do negociador.
2.1 Aspectos socioeconômicos
A Índia, com nome oficial República da Índia, fica localizada ao Sul da Ásia,
sua capital é Nova Délhi e a moeda oficial é a Rúpia indiana. Segundo dados
disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), (2014), o
país possui uma população total de 1.267.401.849 habitantes e extensão territorial
de 3.287.260km².
“A Índia é o segundo país mais populoso do mundo (depois da China) e é um
grande mercado potencial. Apesar de sua grande diversidade cultural, tem tido
governos democráticos desde 1947.” (ACUFF, 2004, p. 307). Caracterizado como
um país emergente, este apresenta um expressivo crescimento econômico na
atualidade, por este motivo faz parte do BRICS que é um agrupamento de países
emergentes no momento, mas que futuramente possuem chances significativas de
superar as grandes potências mundiais. De acordo com a Embaixada da Índia (201-
?, p.1): “Existem 22 idiomas diferentes reconhecidos pela Constituição da Índia entre
os quais o Hindi é o Idioma Oficial. O Artigo 343 permitiu que o Parlamento
determinasse por lei a continuação do uso da língua inglesa para fins oficiais.”
12
Figura 1 – Mapa da Índia
Fonte: Google imagens (201-?).
Tomando por base os dados apresentados na Figura 1, conclui-se que o país
conta com 28 estados, banhado pelo Oceano Índico e dentro deste oceano
encontram-se o Mar Arábico, o Mar de Bengala e o Mar Andaman. De acordo com a
Embaixada da Índia (201-?, p.1) o clima pode ser definido:
[…] de uma forma geral, como tropical de monção ou monçónico. Mas apesar de a maior parte do norte da Índia estar além da zona tropical, todo o país apresenta um clima marcado por temperaturas relativamente altas e invernos secos. O país apresenta quatro estações: Inverno (de dezembro a fevereiro), Verão (de março a junho), estação de Monções (de junho a setembro) e Pós-monções (de outubro a novembro).
13
As monções tratam-se de um fenômeno atmosférico que faz com que
aconteçam incidências de chuvas intensas no período que vai de junho a setembro e
de secas intensas no período pós-monções, de outubro a novembro.
A Figura 2 apresenta a bandeira da Índia que é formada por três linhas
horizontais em igual proporção, distribuídas nas cores açafrão que fica no topo,
branco no meio e por fim verde.
Figura 2 – Bandeira da Índia
Fonte: Central intelligence agency (CIA), (201-?).
No centro da bandeira há um círculo constituído de 24 raios na cor azul-
marinho que é um símbolo do hinduísmo chamado Ashoka Chakra que denota
movimento. De acordo com a Embaixada da Índia (201-?, p. 1), o país possui uma
“República Democrática Socialista Soberana com um sistema parlamentar de
governo.”
Já a Figura 3 relaciona os principais dados socioeconômicos do país que
foram extraídos no site do IBGE (2014).
14
Figura 3 – Dados socieconômicos
Fonte: Elaborado pela acadêmica com base em dados do IBGE (2014).
Na Índia muitas pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza, de acordo
com o site Exame (2014, p. 1): “Mais de 100 milhões de indianos foram
considerados pobres, segundo um relatório de especialistas sobre os critérios de
definição da pobreza na Índia vazado à imprensa”.
O país possui o maior problema sanitário do mundo, milhões de pessoas não
tem acesso a rede sanitária de esgoto, banheiros, água potável e energia elétrica,
tornando esse um problema de grande proporção e que precisa ser sanado em
razão das complicações de saúde e sociais. Segundo dados disponibilizados pelo
Brasil (2015, p. 3): “A população de 1,26 bilhão de habitantes em 2014 é 62,8%
15
alfabetizada e possui expectativa de vida de 66,4 anos. No ranking do IDH de 2013
o país posicionou-se no 135º lugar.” O país também possui uma ampla gama de
recursos naturais, apresentando a quarta maior reserva de carvão do mundo. Os
dados do Brasil (2015, p.3) ainda ressaltam que além do carvão existem: “[…] o
minério de ferro, manganês, mica, bauxita, minério de titânio, cromita, gás natural,
diamantes, petróleo, calcário, cobre, estanho, ouro, prata, urânio, níquel, tugstênio,
areias minerais, chumbo e zinco.”
2.2 Aspectos culturais
A cultura indiana é expressivamente rica e diversificada, influenciada pela
religião e interfere diretamente no modo de vida que as pessoas levam desde o
nascimento. No dizer sempre expressivo de Acuff (2004, p. 307): “Os Hindus não
permitem que ninguém, fora de sua casta ou religião, toque em sua comida.” Como
a maioria da população indiana segue a religião Hindu é normal que muitas pessoas
sigam uma dieta vegetariana sem consumirem qualquer tipo de carne e também
sem usarem qualquer tipo de couro.
O autor Acuff (2004, p. 307) assinala, ainda, que: “Os hindus que consideram
as vacas como seres sagrados, não comem carne (nem usam couro). Os
muçulmanos não comem carne de porco, e os muçulmanos ortodoxos não bebem
álcool. Os siques ortodoxos não comem carne de vaca e nem fumam.” Segundo o
site Terra (2009, p. 1), as vacas são consideradas animais sagrados pois:
Na crença hinduísta, muitos deuses têm animais como montarias, que acabam ganhando status de animal sacro. É o caso da vaca de Shiva, conhecida como Nandi, que estaria representada em cada vaca que habita a Índia. Além de carregar Shiva, o bovino, conforme o hinduísmo, teria o papel de controlar os impulsos do deus apontado pela religião como o ente responsável pela renovação.
O hinduísmo é a crença mais praticada na Índia e, de acordo com a
Embaixada da Índia (201-?, p.1): “[…] a população é de maioria Hindu, com 80,5%,
seguidos pelos Muçulmanos, que representam 13,4%, e na sequência, cristãos,
sikhs, budistas, jainas e outros.”
16
A mais ou menos 3.500 anos existe na Índia o sistema de castas. Trevisan
(2006, p.1) descreve que: “A discriminação com base em castas foi abolida pela
Constituição promulgada na Índia depois da independência do Reino Unido, em
1947. Mas a instituição continua sólida e é um dos principais fatores da baixa
mobilidade social do país.” Em outras palavras, as castas são basicamente em como
se divide a sociedade indiana, com o propósito de definir em qual área e qual cargo
a pessoa irá ocupar dentro da sociedade. Convém evidenciar que esta é passada de
pai para filho e apenas pessoas da mesma casta podem se casar. Segundo o
hinduísmo todos que o praticam devem seguir esse sistema.
[…] seus seguidores devem obedecer alguns costumes, tais como: crer nos livros sagrados, acreditar em Deus, continuar no sistema de castas, conhecer os ritos, confiar nos guias espirituais e acreditar em encarnações passadas. Portanto, seguir o sistema de castas é algo obrigatório aos hindus, que sempre levam a religião tão a sério. (ALBUQUERQUE, 201-?, p. 1)
Nesse sentido, vale ressaltar que os hindus acreditam que as castas se
originaram a partir do corpo de um Deus chamado Brahma, que segundo o
hinduísmo, criou o universo. Brahma faz parte da trindade Hindu, junto com Shiva e
Vishnu.
No topo da pirâmide estavam os brâmanes, que eram sacerdotes ou intelectuais, criados a partir da boca do deus Brahma, segundo a mitologia hindu. Dos braços saíram os guerreiros e governantes, chamados de xátrias. Comerciantes e agricultores, os vaixás foram criados a partir das coxas de Brahma. Por fim, dos pés nasceram os sudras, responsáveis pelo trabalho manual. Mais tarde surgiu uma quinta categoria, os "intocáveis", que passaram a desempenhar as tarefas impuras. Esse grupo e os integrantes de uma série de tribos indianas também são chamados de "sem-castas" e formam cerca de 24% da população do país, o equivalente a 240 milhões de pessoas. (TREVISAN, 2006, p. 1)
Os sem-castas ou intocáveis são conhecidos no país também pelo nome de
Dálits e costumam ser vistos como impuros e sujos, portanto cuidam de tarefas
como recolher resíduos, incluindo fezes. Desenvolvem a função de abrir covas e
cuidar dos mortos, são proibidos de frequentar templos em que estejam pessoas de
outras castas e também lugares públicos. Convém, por oportuno, ressaltar que
existe na Índia um determinado percentual de vagas reservadas aos Dálits em
universidades, porém ao inserirem-se no mercado de trabalho eles costumam
17
ganhar um salário significamente menor do que as pessoas de outras castas, “[...] os
"sem-castas" que estudaram nos Institutos Indianos de Administração (IIMs) ganham
20% menos que a média salarial dos formados nessas instituições.” (TREVISAN,
2006, p. 1). Em virtude do que foi mencionado nota-se que apesar dos incentivos
governamentais com cotas de estudo, a cultura acaba sempre se sobressaindo
quando se trata do sistema de castas.
Na Índia existem alguns trajes diferentes e que no país são usados pelo povo
local, de acordo com Cultural Índia (201-?, tradução nossa), existem vários tipos de
roupas, alguns homens usam o kurta Dhoti, que é um longo pano com mais ou
menos 5 metros de comprimento amarrado à cintura e pernas. O kurta, que é
parecido com um vestido, antigamente era usado só por homens, porém hoje é um
traje tanto para homens quanto para mulheres. O Sherwani também usado pelos
homens é um casaco mais comprido do que o habitual, sendo ele todo abotoado da
gola até o joelho, os homens também costumam usar turbantes. A roupa tradicional
usada por mulheres é o kameez Salwar, que é um vestido, porém pode-se usar
qualquer uma das peças separadamente.
A mulher indiana não costuma mostrar nem os ombros e nem as pernas.
Costuma também usar o Sári que tem grande popularidade entre as mulheres
indianas e, pode-se definir este traje como um “[…] vestido comprido com muitas
cores.” (ACUFF, 2004, p. 307). Trabalhados em seda ou algodão, podem ser
bordados com lantejoulas ou lisos, por consequência costumam sempre chamar a
atenção. As mulheres indianas gostam de estar sempre bem enfeitadas e
produzidas, em razão disto é comum em casamentos presenteá-las com jóias.
Vale ressaltar que na Índia a música e a dança são artes bastante apreciadas,
os movimentos suaves das mãos tornam a apresentação bastante agradável e
interessante de se ver e ouvir. De acordo com o Cultural Índia (201-?, tradução
nossa) as danças são divididas entre dança clássica e dança folclórica, a dança
clássica geralmente apresenta conteúdo espiritual, a dança folclórica também
apresenta característica espiritual e religiosa no conteúdo, porém o principal objetivo
da dança folclórica é a celebração.
Os mais apreciados estilos de dança clássica da Índia são Bharatnatyam de
Tamil Nadu, Kathakali e Mohiniattam de Kerala, Kathak de Uttar Pradesh, Kuchipudi
de Andhra Pradesh e Manipuri de Manipur. Todas estas formas de dança utilizam
basicamente os mesmos sinais de mãos como uma linguagem comum de expressão
18
e acredita-se que foram originalmente realizadas nos templos para entreter vários
deuses e deusas.
Além disso, outra particularidade da Índia é a culinária que varia de região
para região, mas que costuma sempre ser bem temperada com ervas e especiarias,
apesar de boa parte da culinária indiana ser voltada para pratos vegetarianos,
alguns levam frango, bode, peixe, cordeiro e outras carnes. Segundo dados obtidos
por meio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (2012,
p. 87):
No norte do país, a comida foi influenciada pela cozinha do Irã e do Afeganistão, enquanto Goa sofreu influência da cozinha portuguesa. A gastronomia de Bengali aderiu a temperos e modo de preparo da Mongólia e da Inglaterra, ao passo que a cozinha do norte foi influenciada pela China. Um dos pratos típicos é o tali, que em hindi quer dizer “prato feito”. Esse consiste em uma porção generosa de arroz basmati (arroz aromático indiano), dhal (espécie de lentilha ou ervilha), subji (refogado de legumes), chapati (o pão indiano) e chutney (um molho), que pode ser de pepino, manga verde ou outro vegetal qualquer.
Sendo assim, nota-se que a culinária indiana assemelha-se à culinária
brasileira em decorrência da influência de várias outras culturas nas preparações
dos pratos e ingredientes. Além desse fator, assim como no Brasil, cada região
apresenta peculiaridades quanto à culinária apresentada.
2.3 Aspectos comerciais
Segundo dados disponibilizados pelo Brasil (2012), a Índia é um país que
assim como o Brasil vem se desenvolvendo ao longo dos anos. Em 1947, por meio
da liderança de Mahatma Ghandi, a Índia conquistou sua independência depois de
quase dois séculos de domínio britânico, o que fez com que apresentasse um
crescimento do PIB lento ao longo de 3 décadas, porém nos anos 80 e 90 esse ritmo
teve uma crescente aceleração. Nesse contexto dados obtidos através de Brasil
19
(2015) ressaltam que os principais parceiros da Índia para a exportação no âmbito
total são os países da Ásia, seguidos do continente americano e da Europa.
Já no âmbito individual, os Estados Unidos foram o principal destino das
exportações indianas em 2014, seguido dos Emirados Árabes Unidos, Hong Kong,
Arábia Saudita, China, Reino Unido, Cingapura, Alemanha, Brasil e países baixos,
como se pode verificar na Figura 4, que segue.
Figura 4 – 10 principais destinos das Exportações indianas em 2014
Fonte: Brasil (2015).
O Brasil ficou na posição de 9º lugar entre os importadores da Índia,
participando com 2,2% do total. Os principais produtos exportados, neste mesmo
ano, foram os combustíveis, seguidos de ouro e pedras preciosas, automóveis,
máquinas mecânicas, produtos químicos orgânicos, produtos farmacêuticos, cereais,
vestuário exceto de malha, ferro e aço, máquinas elétricas e outros. Estes produtos
estão apresentados na figura que segue com suas respectivas porcentagens, de
acordo com Brasil (2015).
20
Figura 5 – Principais produtos exportados pela Índia em 2014
Fonte: Brasil (2015).
Ainda segundo dados disponibilizados pelo Brasil (2015), nas importações
pode-se observar que os países asiáticos também são os principais abastecedores
do mercado indiano no ano de 2014, no âmbito total, seguidos pela Europa e
continente americano. Já no âmbito individual, a China foi o principal fornecedor,
seguida pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Suíça,
Iraque, Catar, Kuaite, Nigéria e Indonésia.
Figura 6 – 10 principais origens das importações em 2014
21
Fonte: Brasil (2015).
O Brasil posicionou-se em 25º lugar entre os fornecedores do mercado
indiano, mantendo uma participação de 1,3%. A pauta das importações indianas
apresentou, também no ano de 2014, produtos de valor agregado como as principais
importações do país, são eles: Combustíveis, seguidos de ouro e pedras preciosas,
máquinas elétricas, máquinas mecânicas e produtos químicos orgânicos. Já a Figura
7, que segue, destaca os principais produtos com suas respectivas porcentagens.
Figura 7 – Principais produtos importados no ano de 2014
Fonte: Brasil (2015).
De acordo com dados do Brasil (2015, p.5):
O comércio exterior da Índia apresentou, em 2013, crescimento de 81,1% em relação a 2009, de USS 443 bilhões para USS 803 bilhões. No ranking da ONU/UNCTAD de 2013, a Índia figurou como o 13º mercado mundial, sendo o 16º exportador e o 12º importador. O saldo da balança comercial apresentou-se deficitário em todo o período sob análise, totalizando saldo negativo de USS 129 bilhões em 2013.
Observa-se então que os principais produtos importados e exportados
possuem alto valor agregado e que com isso as importações não podem ultrapassar
as exportações já que o resultado conduziu a uma balança comercial deficitária.
22
2.4 Perfil do negociador
O conhecimento sobre o país, a religião predominante, os costumes e
culturas é de suma importância para o negociador ter êxito em sua negociação. Para
se negociar com os indianos é importante conhecer os fatores citados pois é um país
de cultura peculiar e costumes distintos dos do Brasil.
O conhecimento ou desconhecimento da cultura daquele com o qual se
pretende negociar pode alterar o futuro da negociação. Assim, demonstrar
conhecimento e interesse pelos costumes do país demonstra o quanto o negociador
se empenhou e busca uma relação de confiança e respeito pelo outro e também
pelo seu povo e país. Os negociadores indianos costumam realizar negociações
mais demoradas e sem pressa, visando primeiramente a relação de confiança entre
as partes para posteriormente realizar a negociação de fato.
“A saudação tradicional é o Namastê, que se faz juntando as palmas das
mãos, com os dedos para cima, embaixo do rosto. Pode-se fazer uma breve
reverência com a cabeça para mostrar respeito”. (ACUFF, 2004, p. 305).
O símbolo namastê é mais utilizado pelas mulheres e, normalmente, os
negociadores indianos apertam as mãos, sendo recomendado referir-se ao
negociador por um título acadêmico ou profissional. Já a mão esquerda é vista como
impura já que se usa esta mão, muitas vezes, para se fazer a higiene íntima, por
isso em situações como apertos de mãos e em refeições usa-se apenas a mão
direita.
De acordo com o Consulado A.H da Índia em minas gerais (2008, não
paginado):
Recomenda-se sobriedade no vestir e pontualidade nos horários das reuniões agendadas. O cartão de visita deve sempre ser entregue com a mão direita e com o logotipo e o nome voltado para quem o recebe. Sempre o entregue na mão e nunca o coloque sobre a mesa.
No caso das mulheres são indicadas roupas não transparentes nem
decotadas e, se a escolha for por saia, esta deve ser abaixo do joelho, ou, se optar
por vestido, este deve ser clássico. A Índia é um país conservador quanto às
vestimentas, principalmente para as mulheres.
23
O sinal de sim com a cabeça é horizontal e não vertical. Homens abraçados ou de mãos dadas são comuns nos países orientais e asiáticos e representam amizade e fraternidade. Casais não andam de mãos dadas e o beijo, mesmo na face, não é dado em público. (CONSULADO A.H DA ÍNDIA EM MINAS GERAIS, 2008, não paginado)
Nas refeições indianas deve-se ter algumas precauções, de preferência evitar
certos alimentos, como o consumo de carne de gado e carne de porco, evitar
também o álcool para não ofender o negociador, já que maioria da população da
Índia segue as religiões hindu e muçulmana. Recomenda-se comer frango e não
agradecer ao final da refeição, pois esse gesto é visto como insulto. Nas
negociações deve-se manter uma distância e evitar tocar o negociador indiano,
evitar também o contato visual e dar pausas entre as falas, pois o silêncio é
expressivamente apreciado por eles. Não se deve apontar para alguém com o dedo
indicador e é aconselhável se necessário usar a mão toda. Se for dar ou receber
presentes no ato da entrega, é importante usar as duas mãos e no ato do
recebimento não abrir o presente de imediato, abri-lo apenas após o presenteador
ter deixado o local.
Dentro deste contexto, pode-se notar que o conhecimento dos costumes e
cultura do país é de suma importância, pois para concluir a negociação, não se deve
cometer gafes que, para o negociador brasileiro, sem os conhecimentos necessários
podem acabar passando despercebidos, porém, para o negociador indiano é visto
como insulto e pode acabar fazendo com que a negociação venha a não ser
finalizada com sucesso.
24
3 BRASIL: ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS
Neste capítulo apresentam-se os aspectos socioeconômicos e culturais sobre
o Brasil, os aspectos comerciais e o perfil do negociador.
3.1 Aspectos socioeconômicos
O Brasil, com nome oficial República Federativa do Brasil, fica localizado na
América do Sul, sua capital é Brasília e a moeda oficial é o Real.
Assim como a Índia é um país grande em extensão territorial que, de acordo
com dados extraídos do IBGE (2014), possui uma área total de 8.515.767,049 km² e
uma população total de 202.033.670 de habitantes. É o maior país da América do
Sul e o quinto maior do mundo. O idioma oficial é a língua portuguesa, porém
existem alguns outros dialétos nas aldeias indígenas como o tupi-guarani e o
tupinambá. O Brasil caracteriza-se por ser um país emergente e também faz parte
do BRICS por ter um significativo crescimento econômico. É uma república
federativa presidencialista, sendo o seu presidente eleito pelo povo, podendo ficar
no poder por quatro anos até que nova eleição seja realizada. A Figura 8 apresenta
o mapa do Brasil.
25
Figura 8 – Mapa do Brasil
Fonte: Estados e Capitais do Brasil (201-?).
Tomando por base a Figura 8 conclui-se que o Brasil é formado por 26
estados e o Distrito Federal, contando com cinco regiões: Norte, Nordeste, Sul,
Sudeste e Centro-oeste. É banhado pelo Oceano Atlântico e apresenta diversas
formas vegetativas, sendo privilegiado por ter diversas bacias hidrográficas e
também a Floresta Amazônica. De forma geral, o clima é tropical na maior parte do
ano, podendo no inverno existir chances de neve na região Sul, porém ainda assim,
raramente e em quantidades significativamente menores do que em países que tem
o clima mais frio. O Brasil faz fronteira com quase todos os países da América do
Sul, com exceção dos países Chile e Equador. A Figura 9 apresenta a bandeira do
Brasil, um de seus maiores símbolos.
26
Figura 9 – Bandeira do Brasil
Fonte: CIA (201-?).
A bandeira do Brasil é apresentada na Figura 9 e divide-se em três cores,
sendo a primeira o verde que representa as matas e florestas existentes no país; o
amarelo que representa o ouro e as riquezas naturais; a esfera de cor azul
representa o céu e, o branco que representa a paz, com as escritas “Ordem e
Progresso” em verde. As estrelas representam os 26 estados e o Distrito Federal.
Durante toda sua história o Brasil possuiu várias bandeiras diferentes, porém desde
o dia 19 de novembro de 1889 esta é a bandeira oficial até os dias atuais. O Brasil é
uma república democrática, com o sistema presidencialista e a população, por meio
de eleições, elege o presidente, também os governadores e prefeitos.
A Figura 10 apresenta os dados socioeconômicos do Brasil, conforme segue.
27
Figura 10 – Dados socioeconômicos
Fonte: Elaborado pela acadêmica com base em dados do IBGE (2014).
Como se pode observar na Figura 10, a população com acesso à rede
sanitária é maior no Brasil em comparação com a Índia, como também a taxa de
pessoas alfabetizadas. No Brasil é comum em grandes e médias cidades existirem
periferias e nessas periferias residirem pessoas de baixo poder aquisitivo. Embora o
país tenha crescido, a desigualdade social ainda existe em grandes proporções,
mesmo com os incentivos estudantis como bolsas de estudo, as pessoas que
acabam cursando o ensino superior geralmente tem um poder aquisitivo elevado.
28
3.2 Aspectos culturais
O Brasil tem uma diversidade cultural amplamente extensa. Os primeiros
habitantes do país foram os índios que já mantinham crenças e culturas bastante
distintas. Cabral (2014, p.1) indica que: “existem cerca de 225 sociedades indígenas
distribuidas em todo o território brasileiro, que corresponde a 0,25% da população do
país.” Partindo desse contexto, a miscigenação no Brasil é comum em virtude da
colonização portuguesa e mais tarde européia. Os escravos que aqui viveram
também contribuíram para essa rica diversidade racial, religiosa e cultural e, em
decorrência disso, existem pessoas de várias raças, segundo o IBGE (2010b, p. 62):
[...] viviam no País 91 milhões de pessoas que se classificaram como brancas, correspondendo a 47,7% em termos proporcionais. Cerca de 82 milhões de pessoas se declararam como de cor parda, o equivalente a 43,1%, e 15 milhões de cor preta, representando 7,6% do total. Aquelas que se classificaram como de cor amarela totalizaram quase 2 milhões, e 817 mil, como indígenas.
No Brasil a religião também tem uma influência dos colonizadores e dos
imigrantes que vieram para o País. De acordo com o IBGE (2010a), entre as
principais religiões está o catolicismo com 64,6% de adeptos e que foi trazido ao
País na época da colonização portuguesa.
As principais crenças do catolicismo estão embasadas na crença em um único Deus verdadeiro que integra a Santíssima Trindade, que vincula a figura divina ao seu filho Jesus e ao Espírito Santo. Além disso, o catolicismo defende a existência da vida após a morte e a existência dos céus, do inferno e do purgatório como diferentes estágios da existência póstuma. (SOUSA. 201-?, p.1)
Logo em seguida, ainda no que se refere à religião, de acordo com o IBGE
(2010a), tem-se a religião evangélica com 22,2% de seguidores. Na igreja
evangélica o principal objetivo é pregar o evangelho, ou seja, o que há na Bíblia.
Nesta religião, assim como no catolicismo, também acredita-se na santíssima
trindade, céu e inferno, porém não em purgatório. A religião espírita vem em terceiro
lugar com 2% e, nesta religião, acredita-se em Deus, reencarnação e em
comunicação com os espíritos, segundo o Centro Espírita paz, amor e caridade
29
(2014, p.1): “O Espiritismo é a doutrina revelada pelos Espíritos Superiores, através
de médiuns, e organizada (codificada), no século XIX, por um educador francês,
conhecido por Allan Kardec. O Espiritismo é ao mesmo tempo filosofia, ciência e
religião.” Essas são as principais religiões que se destacam no Brasil, embora
existam outras como a Umbanda, o Budismo, o Candomblé e Testemunhas de
Jeová.
Decorrente de toda a diversidade existente no País, a culinária brasileira varia
em grandes proporções de uma região para outra, contendo bastante tempero e
costuma agradar. É uma mistura de várias culinárias de culturas diferentes como a
indígena, a européia e a africana. Um dos pratos típicos brasileiro muito conhecido é
a feijoada que foi elaborada pelos escravos e que, mais tarde, consolidou-se como
uma das comidas mais apreciadas no Brasil. O prato geralmente leva feijão e partes
do porco como as orelhas e pés. Alguns outros pratos típicos que são apreciados
são o pão de queijo, pé de moleque, cocada, canjica, pamonha, carne de sol,
buchada de bode, entre outros.
Neste contexto existe muitas festas típicas brasileiras em que geralmente são
servidas essas comidas, como nas festas juninas nas quais são encontrados o pé de
moleque, a pamonha e a cocada. A festa junina é a segunda maior festa popular do
Brasil e celebra três santos católicos que são: São João, São Pedro e Santo
Antônio. A maior festa popular do país é o Carnaval que acontece todo ano no mês
de fevereiro, de acordo com o site Sua Pesquisa (2014a, p.1) o carnaval,
[...] é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, em que, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.
O entrudo português pode ser definido como “[…] uma série de jogos e
brincadeiras populares, introduzidas no Brasil pelos portugueses no século XVI, que
também foram associadas ao carnaval brasileiro.” (SUA PESQUISA, 2014b, p. 1). O
carnaval reúne milhões de pessoas, estas saem às ruas para dançar e se divertir.
No Rio de Janeiro acontece o maior desfile de escolas de samba que consiste em
vários carros alegóricos enfeitados desfilando por uma avenida, as rainhas de escola
de samba vão sempre fantasiadas, na sua maioria com muitas penas de pavão e
30
com roupas que valorizem seus corpos, várias outras pessoas também desfilam
fantasiadas representando as escolas de suas escolhas.
Dentro deste contexto o samba é a música tocada no carnaval e este estilo
musical surgiu da mistura de músicas de origem africana e brasileira, segundo o site
Soul Brasileiro (2014, p. 1): “É um gênero musical derivado das raízes africanas,
identificado pela primeira vez na Bahia. Somente na segunda metade do século XIX,
com a imigração de escravos para a então capital, o Rio de Janeiro começou a
conhecer o samba.”
A música brasileira é bastante diversificada e, entre as músicas típicas
brasileiras, está o sertanejo que teve sua origem na música caipira e mais tarde se
modificou falando de amor e traição procurando agradar ao público dos centros
urbanos. Atualmente existe uma variação apreciada pelo público jovem que se
chama sertanejo universitário. No Brasil também existe o funk que inicialmente era
similar ao funk dos Estados Unidos, mas que posteriormente veio a ser modificado,
dando lugar a uma vertente do funk que vem sendo apreciada por uma parcela
maior de pessoas que se chama funk ostentação, o qual fala sobre dinheiro e bens
materiais.
A Música Popular Brasileira (MPB) é resultado de uma mistura de várias
cantigas, de acordo com o site Soul Brasileiro (2014, p. 1): “A Música Popular
Brasileira (MPB) é um gênero musical que surgiu a partir de 1966, com a segunda
geração da bossa nova. Teve influência de outros ritmos, como o rock e o samba,
em um cenário de miscigenação de culturas.”
Conclui-se que a cultura brasileira, apesar de totalmente divergente da cultura
indiana, possui aspectos próprios e peculiares que tornam o País rico culturalmente,
além das festas típicas, principalmente o carnaval que levam ao país diversos
turistas anualmente, também os atraem as belezas naturais como as praias.
3.3 Aspectos comerciais
Por ser o Brasil o maior País da América do Sul e o quinto maior país do
mundo em extensão geográfica, este possui grande vantagem nas atividades de
31
agricultura e pecuária, levando em consideração que o clima contribui em grande
parte para a eficácia de tais atividades. Segundo Becattiin (2014), no topo das
exportações brasileiras se encontra o minério, responsável por 17,3% das
exportações do país; em segundo lugar estão os combustíveis, responsáveis por
12,1%; a soja se encontra em terceiro lugar com 9,4% das exportações, os produtos
químicos vem em seguida com 6,3% do total e as exportações de carne ficam
responsáveis por 6%; o café que já foi o principal produto de exportação do Brasil
vem em seguida com 3,4% do total e 47% dos produtos exportados pelo País são
básicos e matérias-primas.
Segundo dados disponibilizados pelo Brasil (2014), o maior comprador do
Brasil é a Ásia, seguida da América Latina e Caribe, União Européia, Estados
Unidos e Canadá, Oriente Médio, África, Europa Oriental, Oceania e outros. Na
Figura 11 apresentam-se os destinos das exportações brasileiras por principais
blocos e regiões com suas respectivas porcentagens.
Figura 11 – Principais exportações brasileiras por blocos e regiões em 2014
Fonte: Brasil (2014).
Se observado por países separadamente, como demonstrado na Figura 12,
em complemento à Figura 11, em primeiro lugar está a China que fica com um total
de 18,6% das exportações; em seguida Estados Unidos com 11,8%; em terceiro
32
lugar está a Argentina que recebe 6,4% do total das exportações; em seguida vem
os países baixos com 5,9%; Alemanha com 3%; Japão com 2,9%; Chile com 2,2%,
seguido da Venezuela com 2 %; a Índia aparece em 9º lugar com 1,9% do total das
exportações e a Itália com 1,8%.
Figura 12 – 10 principais destinos das exportações brasileiras em 2014
Fonte: Brasil (2014).
Nas importações brasileiras como se pode observar na Figura 13, o principal
parceiro econômico do País também é a China, do total de toda a importação
brasileira 16,4% é importado do país. Em seguida vem o Estados Unidos com
15,3%; em terceiro a Argentina com 6,1%; Alemanha com 6,1% também; Nigéria
com 4%; Coréia do Sul com 3,8%; a Índia se encontra em sétimo lugar com 2,8%;
33
em seguida aparece a Itália com 2,7%; seguida do Japão com 2,6% e, por último, a
França com 2,5%.
Figura 13 – 10 principais origens das importações brasileiras em 2014
Fonte: Brasil (2014).
Em 2010, de acordo com dados da Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (2012), o principal produto exportado pelo Brasil para a
Índia foi a extração de petróleo e gás natural somando 35,9% de todas as
exportações feitas pelo Brasil para a Índia, o que representava um valor de 1,25
bilhão, ao passo que em 2005 este segmento representava apenas 4,6% do total, o
que representou uma taxa média de aumento de 88,8% anualmente no período
desses 5 anos. Dados obtidos através do Brasil (2015, p.10) mostram que:
A Índia foi o 8º principal parceiro comercial brasileiro, com participação de 2,52% no comércio exterior brasileiro em 2014. Entre 2010 e 2014, o intercâmbio comercial brasileiro com o país cresceu 47,7%, de USS 7,73
34
bilhões para USS 11,42 bilhões. Nesse período, as exportações cresceram 37,1% e as importações 56,4%. O saldo da balança comercial, favorável ao Brasil somente em 2012, registrou déficit de USS 1,85 bilhão em 2014.
Dados obtidos por meio de Brasil (2014) ressaltam também que os produtos
mais exportados do Brasil para a Índia em 2014 foram os combustíveis, seguidos do
açucar, gorduras e óleos, minérios, ouro e pedras preciosas, ferro e aço, químicos
orgânicos, máquinas mecânicas, máquinas elétricas, sal, enxofre, terras e pedras.
Na Figura 14 apresentam-se os produtos citados e suas respectivas porcentagens.
Figura 14 – Principais grupos de produtos exportados do Brasil para a Índia em 2014
Fonte: Brasil (2014).
Dentro deste contexto, vale ressaltar os grupos de produtos mais importados
pelo Brasil originários da Índia, também no ano de 2014 e são eles: Os
combustíveis, seguidos de produtos químicos orgânicos, máquinas mecânicas,
filamentos sintéticos ou artificiais, produtos farmacêuticos, automóveis, e diversos
produtos das indústrias químicas. Na Figura 15 estão demonstrados os citados
grupos de produtos e suas porcentagens.
35
Figura 15 – Principais grupos de produtos importados pelo Brasil originários da Índia em 2014
Fonte: Brasil (2014).
Conclui-se então que tanto nas importações quanto nas exportações do Brasil
com relação à Índia, os produtos possuem alto valor agregado, sendo que os
combustíveis, por exemplo, vem em primeiro lugar, em ambos os casos, tanto nas
exportações do Brasil para a Índia, quanto nas importações brasileiras originárias da
Índia.
3.4 Perfil do negociador
O Brasil é um país multicultural e, de acordo com a região, alguns fatores
como o tempo modificam-se. Acuff (2004) ressalta que, dependendo da região do
Brasil, este fator se altera. No sul e parte do sudeste brasileiro a questão
pontualidade é levada a sério, já nas regiões como nordeste esta questão não é tão
importante e isto pode refletir diretamente no momento de se negociar.
“Negociar é fazer negócio, comercializar, ato ou efeito de comprar ou vender.
É o ato que busca o equilíbrio entre as partes envolvidas, sem constituir em prejuízo
36
e sempre espelhando relacionamentos comerciais e pessoais de longo prazo.”
(KUAZAQUI, 1999, p. 153).
De acordo com informações retiradas do Brasil (2006), existem algumas
recomendações para o negociador estrangeiro que pretende fazer negócios com o
negociador brasileiro, como: As reuniões são sempre marcadas antecipadamente e
geralmente no escritório de propriedade dele, a data e hora da reunião não precisa
ser confirmada novamente, pois se acontecerem eventuais mudanças a secretária
que é responsável pela agenda entrará em contato para prévio aviso. Recomenda-
se sair mais cedo para os compromissos, pois o trânsito costuma ser lento,
principalmente em horários de fim ou começo de expediente. Nas reuniões deve-se
ter em mãos a maior quantidade de informações possíveis sobre o produto em
questão e procurar ser firme nas decisões quanto a prazos, preços e formas de
pagamento. Já quando se percebe que não existe interesse por parte do negociador
brasileiro deve-se encerrar o encontro, pois dificilmente ele será direto dizendo que
não possui interesse.
Ainda de acordo com Brasil (2006), quanto a questões de pontualidade, o
negociador costuma sempre ser pontual e avisar se acontecer algum imprevisto que
o impossibilite de comparecer no horário acordado. Quanto à vestimenta, para as
mulheres, recomenda-se roupas sóbrias e terno e gravata para os homens,
devendo-se considerar que são comuns conversas sobre futebol e acontecimentos
sobre notícias que saíram na mídia, pois para o brasileiro é uma maneira de manter
o encontro mais descontraído, porém é importante não fazer comentários sobre
política e alguma situação econômica ou relacionada ao comércio exterior brasileiro
que o desagrade.
Brasil (2006) Assinala ainda que, é comum servirem cafés que geralmente
são apresentados em xícaras pequenas e costumam ser bem fortes, mas que
podem ser adoçados com açúcar ou adoçante. Neste momento, o negociador
provavelmente aproveitará para entregar seu cartão ou até mesmo brindes da
empresa como canetas e, após este momento, a reunião provavelmente começará,
Assim, seja breve, claro e objetivo ao apresentar o seu produto. Se a reunião for
bem sucedida, possivelmente haverá um convite para um almoço ou jantar com a
intenção de manter uma continuação sobre as questões relacionadas ao negócio.
Dificilmente o negociador visitante será convidado a conhecer a família do
negociador. É visto como gentileza tomar a iniciativa de pagar a conta no caso de
37
almoços ou jantares e, ao deixarem o local, é comum que o negociador queira deixá-
lo no hotel.
Ainda segundo dados disponibilizados por Brasil (2006, p. 95) existem
algumas situações e comportamentos que devem ser evitados e estes estão listados
a seguir:
- Não dar resposta imediata aos e-mails do cliente. - Prometer exportar quantidade superior à capacidade de produção. - Mudar o preço após a formalização da Fatura Pro Forma. - Não enviar as amostras prometidas. - Mudar unilateralmente as formas de pagamento combinadas. - Impor um Incoterm que o cliente não aceite. - Embarcar mercadoria com qualidade diferente da prometida. - Demorar na remessa dos documentos necessários. - Não dar satisfação quando os documentos estiverem discrepantes. - Não convidar o cliente a visitar o País. - Falar mal do seu país ou do Brasil. - Não atender às eventuais modificações do produto exigidas pelo cliente. - Não colaborar em casos de indenização do seguro. - Insinuar que corre risco de calote, se o pagamento não for efetuado com carta de crédito. - Insistir no pagamento antecipado, alegando desconfiança. - Dizer que vai fazer um seguro de crédito, insinuando desconfiança. - Criticar as formalidades aduaneiras brasileiras. - Dizer que não gosta do idioma português. - Dizer que as capitais brasileiras são caóticas. - Criticar a gastronomia brasileira. - Demonstrar temor exagerado em relação à violência urbana no Brasil. - Elogiar exageradamente o seu país, fazendo comparações com o Brasil.
Nota-se então que se deve manter sempre o que foi acordado entre ambos os
negociadores em questões comerciais, não alterando em nenhum aspecto às formas
de pagamento e o que foi prometido, demonstrando confiança, e cuidando para não
expressar suas opiniões sobre o país se esta for negativa, sendo mais indicado
apenas fazê-lo em caso de elogios.
Recomenda-se ao negociador que pretende negociar com um brasileiro saber
exatamente para qual região do país está indo e procurar conhecer a cultura
regional, informar-se antecipadamente sobre as questões de horários que são
variáveis conforme a região. Não se deve confundir o Brasil com a Argentina,
podendo ser visto como uma provocação, pois estes países possuem ainda certas
rivalidades históricas (OLIVEIRA, 2004), às vezes ainda sensíveis para alguns.
Em geral não existe um perfil único para o negociador brasileiro, existem
pontos em comum, porém a diversidade cultural brasileira aponta a existência de
vários perfis de negociadores, conforme a região na qual residem ou de acordo com
38
a origem étnica do negociador. Deve-se levar sempre em consideração este último
ponto pois a origem étnica influencia de várias formas nas negociações,
principalmente na maneira de se portar e de intimidade, conforme comparativo que
será apresentado a seguir.
39
4 COMPARATIVO: ÍNDIA X BRASIL
O Brasil e a Índia são países diferentes em questões culturais, porém
parecidos em questões socioeconômicas, principalmente na questão de os dois
estarem em pleno desenvolvimento econômico e fazerem parte do BRICS que é um
agrupamento de países emergentes que vem apresentando um expressivo
desenvolvimento e que futuramente podem vir a ser grandes economias globais.
Fazem parte do BRICS: Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul.
O Brasil, a Índia e também a África do Sul compõem o IBAS criado em 2003,
que segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (201-?, p.1):
[...] tem por objetivo apoiar atividades de cooperação em Ciência e Tecnologia que contribuam, de forma sustentada, para o desenvolvimento científico e tecnológico dos três países, mediante a geração e a apropriação de conhecimento, e a elevação da capacidade tecnológica desses países, em temas selecionados por sua relevância estratégica, e que levem à melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos.
Entre o Brasil e a Índia existem várias semelhanças em questões políticas e
de infra-estrutura que precisam mudar. O excesso de burocracia e as cargas
tributárias de alto valor acabam prejudicando os negócios e possíveis novos
investidores.
O Consulado A.H da Índia em Minas Gerais (2008) reforça que entre os dois
países existem semelhanças que podem ser analisadas como a questão de infra-
estrutura deficitária, com congestionamentos, falta de energia elétrica, rodovias e
ferrovias precárias, excesso de burocracia e altos valores quando se trata das
cargas tributárias, também que ambos os governos gastam valores significativos e
sem organização. A Índia gasta mais que o Brasil em questões de gastos públicos e
sua dívida pública equivale a quase 80% do PIB. Diante disto a principal
preocupação dos empresários para o desenvolvimento e crescimento de seus
empreendimentos e também para importações é a corrupção.
Apesar das dificuldades enfrentadas pela Índia, o país está em crescente
desenvolvimento e, por isso, o Consulado A.H da Índia em Minas Gerais (2008, p. 1)
ressalta que os “principais mercados em desenvolvimento na Índia são os de
telecomunicações, biotecnologia, TIS e ITES, indústria farmacêutica, automóveis e
comida processada.”
40
Ainda de acordo com o Consulado A.H da Índia em Minas Gerais (2008, p. 1),
vários setores apresentam excelentes perspectivas para o intercâmbio entre Brasil e
Índia, são eles:
Produtos farmacêuticos, medicamentos e helthcare.
Aviação (Embraer): jatos e helicópteros.
Produtos de engenharia, autopeças e automóveis.
Produto de etanol na Índia com tecnologia brasileira e venda de etanol produzido no Brasil, na Índia.
Fabricação de motocicletas indianas no Brasil. Empresas interessadas: TVS e Bajaj Auto.
Colaboração nos setores de TI e Software.
Colaboração nos setores financeiros e bancos, com abertura de linhas de crédito.
Infra-estrutura urbana, como proposta de ferrovia, rodovia, hidrovia, energia elétrica, abastecimento de água e gás, construção de residências.
Setor e alimentos processados crescendo a 130% ao ano. Mercado de leite, derivados, carne, ovos, peixe, frutas e bebidas em expansão.
Bens de consumo.
No quadro 1, que segue, apresentam-se dados obtidos por meio do IBGE
(2014) que ressaltam as principais características socioecônomicas do Brasil e da
Índia.
Quadro 1 - Comparativo Índia x Brasil
Informações
Brasil
Índia
Religião Predominante
Catolicismo
Hinduísmo
Moeda Oficial
Real
Rúpia Indiana
Extensão territorial
8.515.767,049 km²
3.287.260 km²
41
População Total
202.033.670 hab.
1.267.401.849 hab.
Densidade demográfica
24/hab km²
383/hab km²
Taxa de natalidade
15 a cada mil
22 a cada mil
Taxa de mortalidade
6 a cada mil
8 a cada mil
IDH
0,778
0,586
População com acesso a água
potável
97%
92%
População com acesso a rede
sanitária
70%
34%
Taxa de alfabetização 15 anos
ou mais
99,7%
62,8%
PIB total
2.029.812 milhões USS
1.875.213 milhões USS
PIB per capita
14.178 USS
1.516 USS
Total de importações
170.826,59 milhões USS
266.401,55 milhões USS
Total de Exportações
301.796,06 milhões USS
176.765,04 milhões USS
Fonte: Elaborado pela acadêmica com base em dados do IBGE (2014).
O quadro 1 apresenta dados de ambos os países e nela pode-se notar as
diferenças entre os dois, apesar do Brasil ter quase o triplo do tamanho em extensão
territorial, se comparado com a Índia. A Índia apresenta uma população
significativamente maior com 383 habitantes por km², ao passo que no Brasil este
número cai para 24 habitantes por km². A população com acesso à água potável é
quase a mesma em ambos os países; já com relação ao acesso à rede sanitária os
dois apresentam uma porcentagem inferior ao ideal e o Brasil mostra que 70% da
população do país tem acesso à rede sanitária, porém os dados sobre a Índia
42
mostram que apenas 34% da população possui acesso, o que é um número baixo e
que difere em grande escala com relação ao Brasil.
A taxa de alfabetização também é um dado que apresenta diferença entre
ambos. No Brasil pessoas com 15 anos ou mais apresentam uma taxa de
alfabetização de 99,7%, o que na Índia cai para 62,8%. No que se refere ao PIB total
e per capita, o Brasil apresenta números mais elevados em comparação com a Índia
e também nas exportações; já nas importações a Índia apresenta mais importações
do que exportações.
4.1 Acordos bilaterais entre Brasil e Índia
Vários acordos bilaterais e memorandos de entendimento foram assinados
entre Brasil e Índia. O primeiro acordo entre esses países visa desenvolver as
relações comerciais e entrou em vigor no dia três de fevereiro do ano de 1969.
Nota-se que entre os dois países existem vários acordos e memorandos de
entendimento importantes que ajudam e estimulam várias áreas diferentes. Segundo
o site Portal do investidor ( 201-?, p. 1), memorandos de entendimento podem ser
definidos como:
[…] acordos de cooperação e troca de informações firmados entre reguladores de valores de diversos países do mundo, cuja natureza varia desde a troca de informações públicas (aspectos regulatórios, dados sobre empresas) até o intercâmbio de informações sigilosas, para fins investigativos.
O quadro 2, que segue, lista todos os acordos em vigência entre o Brasil e a
Índia contendo a data de celebração e de entrada em vigor de cada um deles até os
dias atuais.
Quadro 2 – Atos em vigor assinados entre Índia e Brasil 1969 - 2014
Título do Acordo
Data de Celebração
Data de Entrada em Vigor
43
Acordo de Comércio
03/02/1968
27/08/1969
Acordo de Cooperação Cultural
23/09/1968
26/06/1970
Acordo sobre Cooperação nos
Campos da Ciência e
Tecnologia
22/07/1985
24/01/1990
Convenção Destinada a Evitar
a Dupla Tributação e Prevenir a
Evasão Fiscal em Matéria de
Impostos sobre a Renda
26/04/1988
11/03/1992
Memorandum de Entendimento
Relativo a Consultas
sobre Assuntos de Interesse
Comum
22/02/1992
22/02/1992
Ajuste Complementar, ao
Acordo de Cooperação nos
Campos da Ciência e
Tecnologia, sobre
Cooperação Científica e
Tecnológica no Setor
Ferroviário
15/09/1993
15/09/1993
Declaração Conjunta sobre o
Termo de Referência para
a Constituição do Conselho
Comercial Indo-Brasileiro
27/01/1996
27/01/1996
Declaração Conjunta sobre a
Agenda Brasil-Índia
para Cooperação Científica e
Tecnológica
27/01/1996
27/01/1996
Ajuste Complementar ao
Acordo de Comércio
02/07/1997
03/08/1997
44
sobre Medidas Sanitárias e
Fitossanitárias
Memorando de Entendimento
sobre Cooperação entre as
Academias Diplomáticas de
Ambos os Países
05/05/1998
05/05/1998
Ajuste Complementar ao
Acordo de Cooperação
nos Campos da Ciência e
Tecnologia, na Área de Saúde
e Medicina
05/05/1998
05/05/1998
Memorando de Entendimento
que Estabelece
uma Comissão Mista de
Cooperação Política,
Econômica, Científica,
Tecnológica e Cultural
22/08/2002
_____
Acordo sobre Cooperação em
Assuntos
Relativos à Defesa
01/12/2003
27/12/2006
Acordo sobre Isenção de Vistos
para Portadores de
Passaportes Diplomáticos,
Oficiais e de Serviços
25/01/2004
17/11/2004
Programa de Intercâmbio de
Cooperação entre o Brasil e a
Índia no Campo da Educação
01/02/2006
01/02/2006
Acordo sobre o Exercício de
Atividades Remuneradas por
Parte dos Dependentes
do Pessoal Diplomático e
Consular
02/02/2006
14/11/2014
45
Memorando de Entendimento
entre o Governo da República
Federativa do Brasil e o
Governo da Índia para
Cooperação na Área
de Assentamentos Humanos
12/09/2006
12/10/2006
Acordo sobre Assistência
Mútua em Matéria Aduaneira
04/05/2007
18/11/2014
Acordo de Co-Produção
Audiovisual
04/06/2007
01/11/2011
Memorando de Entendimento
sobre Cooperação Mútua entre
as Academias Diplomáticas
12/09/2007
12/09/2007
Memorando de Entendimento
entre o Brasil e a Índia na Área
de Defesa Civil e Assistência
Humanitária
16/04/2008
16/04/2008
Memorando de Entendimento
para Cooperação no setor de
Petróleo e Gás Natural entre o
Ministério de Minas e Energia
do Brasil e o Ministério do
Petróleo e Gás Natural da Índia
16/04/2008
16/04/2008
Memorando de Entendimento
entre o Brasil e a Índia para a
Cooperação em Agricultura e
Setores Afins
16/04/2008
16/04/2008
Memorando de Entendimento
entre o Governo da República
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Federativa do Brasil e o
Governo da
República da Índia em
Cooperação na Área de
Biotecnologia
30/03/2012
30/03/2012
Memorando de Entendimento
entre o Governo
da República Federativa do
Brasil e o Governo da
República da Índia sobre
Cooperação na
Área de Meio Ambiente
16/07/2014
16/07/2014
Memorando de entendimento
entre o Ministério
das Relações Exteriores da
República Federativa do Brasil
e o Ministério de Negócios
Estrangeiros da
República da Índia sobre o
estabelecimento de
mecanismo de consulta sobre
assuntos consulares
de mobilidade.
16/07/2014
16/07/2014
Memorando de Entendimento sobre Cooperação no Setor de Infra-Estrutura
18/02/2008
18/02/2008
Programa Executivo de Intercâmbios Culturais entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Índia para o Período 2012-2014
30/03/2012
30/03/2012
Fonte: Elaborado pela acadêmica com base em Brasil, (201-?).
Observando o quadro apresentado nota-se que existem 28 acordos em
vigência até o ano atual e que estes acordos abrangem várias áreas diferentes,
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como a cultural, a área de tecnologia, saúde, meio ambiente, agricultura, infra-
estrutura entre outras.
No ano de 2014 foram assinados mais dois acordos e entraram em vigor dois
acordos que já haviam sidos celebrados.
No dia 16 de julho de 2014 entrou em vigor um memorando de entendimento
entre os dois países para a cooperação na área do meio ambiente que, segundo
Brasil (201-?), visa a proteção e melhoria do meio ambiente em algumas áreas
prioritárias como o uso de biocombustíveis e reflorestamento em áreas áridas. Outro
acordo que entrou em vigor no ano de 2014 foi o memorando de entendimento entre
o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Ministério de Negócios
Estrangeiros da Índia, sobre o estabelecimento de mecanismo de consulta sobre
assuntos consulares de mobilidade que, de acordo com Brasil (201-?, p. 1):
As Partes decidem estabelecer um mecanismo de consulta bilateral sobre assuntos consulares, de mobilidade e de cooperação jurídica, incluindo assuntos relacionados ao movimento de pessoas entre os dois países. O mecanismo de consulta será operacionalizado por um Grupo de Trabalho que assegurará que o diálogo e o intercâmbio regular de informações serão realizados entre as Partes.
Entre os dois acordos que já teriam sido celebrados, porém que passaram a
entrar em vigor apenas no ano de 2014, está o acordo sobre o exercício de
atividades remuneradas por parte dos dependentes do Pessoal Diplomático e
Consular, dados obtidos do Brasil (201-?, p. 1) ressaltam que o acordo tem o "[...]
intuito de facilitar o exercício de atividade remunerada por parte de membros das
ditas famílias no Estado acreditado.” Além deste existe também o acordo sobre
assistência mútua em matéria aduaneira que ainda segundo Brasil (201-?, p. 1):
As Partes Contratantes proverão, por intermédio de suas Administrações Aduaneiras, [...] prestar mútua assistência: para assegurar que a Legislação aduaneira seja corretamente aplicada, para prevenir, investigar e combater infrações à Legislação aduaneira, e para garantir a segurança da Cadeia logística internacional.
Além dos acordos citados no quadro 2, apresentado, o Mercosul e a Índia
mantém um acordo de preferências tarifárias fixas (APTF), que está vigente desde o
dia 1 de junho de 2009. O acordo comercial em questão,
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[...] estabelece preferências tarifárias sobre produtos dos setores agrícolas, de combustíveis, de químicos e farmoquímicos, fotográficos, de borracha, de ferramentas, de bens de capital, de telefonia, de curtumes, têxteis e de vidros. O acordo alcança 450 códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). (BRASIL, 2013, p.1)
Sendo assim, percebe-se que os dois países vem mantendo uma boa relação
e buscando sempre aprimorar as cooperações em busca de acordos bilaterais que
beneficiem o Brasil e a Índia tanto nas questões governamentais, como também que
venham a beneficiar as populações.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As relações internacionais são expressivamente importantes para o
desenvolvimento dos países e que, por sua vez, o conhecimento sobre
particularidades como religiões, culturas, perfil do negociador entre outros aspectos
do mercado com o qual se pretende manter relações comerciais influenciam
diretamente no andamento das negociações.
Em primeiro plano entende-se que o primeiro objetivo específico deste
trabalho foi alcançado, já que Índia é um país que chamou a atenção da acadêmica
em virtude de sua cultura e religiões expressivamente divergentes das encontradas
no Brasil, tendo sido destacados seus principais dados socioeconômicos e culturais.
Vale ressaltar que a acadêmica obteve grande conhecimento cultural e religioso
sobre o país em questão e que isso é de grande valia, pois desde o início do curso
de comércio exterior a acadêmica apresenta um interesse voltado para as questões
ligadas às relações internacionais e por países de diferentes culturas, assim como a
Índia.
Em momento posterior, de acordo com os resultados obtidos entende-se que
o segundo objetivo específico também foi alcançado, concluindo que o Brasil é um
país de diversas religiões, culinária diversificada e, dependendo de cada região,
podem-se encontrar vários pratos e gostos em razão da grande influência dos
imigrantes, assim também como na música. Esses dados foram levantados a partir
da busca pelos dados socioeconômicos e culturais do Brasil, cumprindo o segundo
objetivo levantado, quando também se abordou o perfil do negociador brasileiro.
Dando prosseguimento, em relação ao terceiro e último objetivo específico,
verificou-se que as diferenças culturais entre o Brasil e a Índia são muitas, vão
desde as crenças religiosas até a maneira de se vestir. Nas negociações conclui-se
que o perfil do negociador brasileiro difere do perfil do negociador indiano, sendo
que algumas coisas vistas no Brasil como elogio lá podem ser vistas como insulto,
como por exemplo o agradecimento após uma refeição.
No mesmo sentido, no Brasil é normal cumprimentar uma mulher com um,
dois ou, às vezes, até três beijos no rosto, ao passo que na Índia apenas pode-se
tocar em uma mulher se for da família, sendo o cumprimento formal o namastê.
50
Conclui-se então, assim, que as dificuldades enfrentadas pelo negociador
brasileiro são muitas, principalmente nas questões culturais, quando este vier a
negociar com a Índia, embora exista muitos acordos e aproximações comerciais
entre os países, conforme foi destacado no comparativo, em especial, por meio de
quadros.
Convém, por oportuno, ressaltar que com relação às limitações deste estudo,
a acadêmica enfrentou dificuldades em obter dados diversificados sobre as
diferentes culturas apresentadas no trabalho, tendo em vista que poucos autores
aprofundaram-se nos temas em questão até o momento, porém apesar das
dificuldades encontradas, entende-se que o trabalho atingiu seus objetivos
propostos.
Feitas essas considerações, para trabalhos futuros, deixa-se como sugestão
o foco nos aspectos comerciais entre o Brasil e a Índia, tendo em vista que este
trabalho de iniciação científica teve como objetivo geral apresentar as diferenças
culturais entre Brasil e Índia e seu reflexo nas negociações internacionais, deixa-se
também como sugestão a abordagem sobre assuntos relacionados as mulheres
como negociadoras, não somente nos países Brasil e Índia mas também em outras
culturas.
Para as empresas sugere-se que estejam preparadas para as diferenças
culturais e que conheçam e respeitem os costumes e crenças do país para
conseguirem ótimas relações internacionais e assim obtenham sucesso e êxito em
suas relações comerciais.
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REFERÊNCIAS
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