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UNIDAVI - UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO
ITAJA
COLEGIADO DE REAS DAS CINCIAS SOCIALMENTE APLICVEIS
CURSO DE CINCIAS ECONMICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PLANEJAMENTO DAS FINANAS PESSOAIS:
Benefcios e influncias na qualidade de vida
MARILIA GNTHER
RIO DO SUL/SC
FEVEREIRO 2008
2
MARILIA GNTHER
PLANEJAMENTO DAS FINANAS PESSOAIS:
Benefcios e influncias na qualidade de vida
Trabalho semestral a ser apresentado para a disciplina Trabalho de Concluso de Curso II, do Curso de Cincias Econmicas e Desenvolvimento Regional, da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itaja. Prof. Orientadora: Ivoneti da Silva Ramos, Msc.
RIO DO SUL/SC
FEVEREIRO 2008
3
MARILIA GNTHER
PLANEJAMENTO DAS FINANAS PESSOAIS:
Benefcios e influncias na qualidade de vida
Trabalho de Concluso de Curso de Cincias Econmicas e Desenvolvimento Regional, da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itaja, pela seguinte banca examinadora:
Prof. MSc Ivoneti da Silva Ramos
Orientadora
Banca Examinadora:
Ivoneti da Silva Ramos
Prof. Orientadora
Giovani Nicoletti
Prof Membro
Frederico Santos Damasceno
Prof Membro
RIO DO SUL/SC FEVEREIRO 2008
4
DEDICATRIA
minha filha Bruna Carolina, que me impulsionou a buscar vida nova a cada dia, e por ter aceitado se privar de minha companhia, pelos estudos, permitindo-me a oportunidade de me realizar ainda mais.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus por me conceder sade e consequentemente a
oportunidade de realizar meus objetivos e sonhos.
minha filha, Bruna Carolina, que sempre esteve ao meu lado me apoiando e sendo
motivo de orgulho.
Em seguida aos professores Marcos Roberto Cardoso e Luiz Alberto Neves como
idealizadores do curso, tornando tudo isso realidade, e pela incansvel dedicao contribuindo
diretamente para o aprimoramento intelectual, profissional e pessoal que acredito ter adquirido
atravs do vnculo estabelecido.
minha orientadora professora Msc. Ivoneti da Silva Ramos, pela capacidade,
sensibilidade e disponibilidade com que sempre me orientou.
E a todos os meus familiares e amigos que colaboraram de uma forma ou de outra para a
sua concretizao.
6
EPGRAFE
Sua tranqilidade financeira no depende da sorte. Depende de um bom planejamento
financeiro. (Louis Frankenberg)
7
GNTHER, Marilia. Planejamento das finanas pessoais: Benefcios e influncias na qualidade de vida. Rio do Sul, 2008. Trabalho de Concluso de Curso Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itaja, Curso de Cincias Econmicas e Desenvolvimento Regional.
RESUMO
A dificuldade em lidar com o dinheiro no pode ser julgada como uma dificuldade apenas da atualidade. O dinheiro sempre foi e ainda continua sendo motivo de preocupao, seno pela sua escassez, pela falta de planejamento financeiro pessoal eficiente. Outro obstculo encontrado tambm como geri-lo de forma correta e obter plena satisfao das necessidades e desejos de maneira consciente e equilibrada, obedecendo em todo o tempo aos limites de renda de cada indivduo. Anos de inflao, e a ausncia de um planejamento financeiro eficaz que oriente a populao a administrar e a gastar de forma adequada, ou seja, realizar um paralelo entre receitas e despesas, trouxe, e at ento traz, srias implicaes no comportamento financeiro pessoal que influencia principalmente na qualidade de vida. O fator consumismo aliado globalizao surge tambm promovendo a circulao de produtos, imagens e idias interferindo diretamente o comportamento dos consumidores, levando-os a gastar alm de suas possibilidades. O objetivo deste estudo baseia-se em apresentar os benefcios e as influncias de organizar as finanas pessoais na qualidade de vida. Justifica-se a realizao pela relevncia do tema, pois se compreende que os oramentos so essenciais para o planejamento e o controle das finanas pessoais. A metodologia deste estudo caracteriza-se exploratria no sentido de destacar a qualidade de vida em funo, tambm, da organizao econmico-financeira. Para desenvolver o estudo foi realizada pesquisa secundria, anlise e construo de um modelo de planilha oramentria. Como resultado apresenta-se um modelo de planilha que poder servir como ferramenta no planejamento das finanas pessoais. Palavras-chaves: Planejamento Financeiro Pessoal; Consumismo; Qualidade de Vida.
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Resultado da pesquisa de oramento familiar.......................................................31
Quadro 2 - Comparativo de despesas realizadas com renda disponvel.................................32
Quadro 3 Modelo de planilha para planejamento das finanas pessoais............................37
9
SUMRIO
1. INTRODUCAO.......................................................................................................................09
1.1 Contextualizao do problema................................................................................................09
1.2 Justificativa..............................................................................................................................13
1.3 Objetivos..................................................................................................................................14
1.3.1 Objetivo Geral.......................................................................................................................14
1.3.2 Objetivos Especficos............................................................................................................14
1.4 Metodologia..............................................................................................................................14
1.5 Limitaes de Pesquisa.............................................................................................................15
1.6 Estrutura do Trabalho...............................................................................................................15
2. FUNDAMENTAO TERICA...........................................................................................17
2.1 Consumo e consumidor............................................................................................................17
2.2 O apelo contemporneo ao consumo e seus reflexos na qualidade de vida.............................19
3. VANTAGENS DO ORAMENTO PESSOAL ORGANIZADO........................................23
3.1 Finanas pessoais: compreendendo o tema..............................................................................23
3.2 Oramento familiar e qualidade de vida: um breve retrospecto...............................................26
4. COMO PLANEJAR E ORGANIZAR O ORAMENTO PESSOAL FINANCEIRO.....35
4.1 Princpios fundamentais do planejamento financeiro pessoal..................................................35
4.2 Benefcios e Influncias do planejamento financeiro na qualidade
de vida.............................................................................................................................................39
4.3 Poupana e investimentos.........................................................................................................41
5. CONCLUSO...........................................................................................................................43
5.1 Consideraes finais.................................................................................................................43
REFERNCIAS............................................................................................................................47
ANEXOS........................................................................................................................................50
ANEXO I.......................................................................................................................................51
ANEXO II......................................................................................................................................52
ANEXO III....................................................................................................................................53
9
1. INTRODUO
1.1. Contextualizao do problema
Fiscalizar o patrimnio uma preocupao do homem desde a antiguidade, o qual foi
mais intenso medida que as relaes entre os homens foram tornando-se mais complicadas.
Com a evoluo da histria e o aparecimento da globalizao, dos avanos tecnolgicos, bem
como com a disseminao cada vez mais rpida das informaes, instigou-se a competitividade
local e global, sendo preciso mais do que o controle do patrimnio, a manuteno de sistemas de
planejamento capazes de projetar a situao desse patrimnio para perodos futuros. Organizar
gastos uma questo de avaliar o que realmente deve ser despendido com o objetivo de chegar ao
final do ms com um saldo positivo, obtendo-se um excedente monetrio que pode ser aplicado
em projetos pessoais e familiares.
Planejamento financeiro o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfao pessoal. Permite que voc controle sua situao financeira para atender necessidades e alcanar objetivos no decorrer da vida. Inclui programao de oramento, racionalizao de gastos e otimizao de investimentos (MACEDO, 2007, p. 26).
Vive-se em uma sociedade onde os cidados recebem diariamente vrias mensagens, em
todas as direes e em todos os formatos, incitando-os ao consumo de novas mercadorias, ou
substituio das que possuem por outras, ou aquisio de algumas que eles at nem precisem
em determinado momento. So publicaes em outdoors, e-mails, telefones celulares, no rdio do
carro ou do nibus, na televiso, em casa ou no trabalho, no amigo ou colega de trabalho que est
sentado ao lado, enfim, em todos os lugares o que se v so mensagens e mais mensagens
mostrando como gastar mais e mais.
Frankemberg (1999) afirma que preciso haver uma conscientizao por parte das
pessoas para que as mesmas saibam o que necessrio para a vida, em comparao com os
objetivos, e planos de curto, mdio e longo prazo. Na maioria das vezes, aquele dinheiro gasto
com coisas suprfluas poderia ser poupado para investir numa capacitao profissional, o que
poderia significar uma melhoria na condio financeira, contribuindo para o bem-estar pessoal.
Conforme Macedo (2007), o planejamento financeiro deve funcionar como um mapa de
navegao para a vida financeira. Mostra onde est aonde quer chegar, e que caminhos percorrer
10
para ser bem-sucedido. O planejamento no visa apenas ao sucesso material, mas tambm pessoal
e profissional. Se for organizado com as finanas e fizer reservas, ter mais chances de enriquecer
o currculo com trabalhos no exterior, tambm poder se dar ao luxo de passar alguma temporada
sem trabalhar, s estudando, se esse for o objetivo.
Um bom planejamento pode fazer mais pelo futuro do que muitos anos de trabalho e, em
geral, o diferencial entre sonhadores e realizadores. Com o planejamento, se passa a gastar de
acordo com as possibilidades e pode-se comear a poupar tambm, ningum gosta de controlar
gastos, mas importante saber que todas as pessoas tm gastos controlados, se no pela
vontade, pela impossibilidade de crdito.
Segundo Eid Jnior e Garcia (2001, p.07), o planejamento financeiro mais que do
nunca, fundamental, para uma vida equilibrada e agradvel.
No entanto, qualidade de vida mais do que ter uma boa sade fsica ou mental, estar de
bem com voc mesmo, com a vida, com as pessoas queridas, enfim, estar em equilbrio, isso
pressupe muitas coisas; hbitos saudveis, cuidado com o corpo, ateno para a qualidade dos
seus relacionamentos, balano entre vida pessoal, profissional e financeira, tempo pra lazer,
sade espiritual; Ser competente na gesto do prprio oramento e estilo de vida deveria fazer
parte das prioridades de todos e se torna fundamental para uma qualidade de vida sadia.
Formar um conceito sobre qualidade de vida uma tarefa difcil porque cada um tem a
sensao de que j sabe o que esta expresso quer dizer, ou quando no, sente o que ela exprime.
Isto se deve, provavelmente, ao fato de tratar-se de um conceito que remonta antiguidade e de
ter sofrido, ao longo da Histria, vrias transformaes em seu sentido. Como sintetiza Buarque
(1993, p.157), talvez nenhum conceito seja mais antigo, antes mesmo de ser definido, do que
qualidade de vida. Talvez nenhum seja mais moderno do que a busca da qualidade de vida.
Num mundo em que consumir sempre mais est em primeiro plano necessrio um
grande equilbrio na hora de realizar gastos para no acarretar problemas nas finanas pessoais,
como dvidas impagveis e excluso do sistema de crdito, o que implicaria na piora da qualidade
de vida, ou seja, um desencadeamento de sintomas como depresso, doenas do corao, insnia
e tantos outros problemas que se pode verificar lotam os consultrios mdicos no mundo atual.
Precisa-se, por isso, um esforo concentrado para o controle das finanas pessoais. O dinheiro
deve ser encarado como um instrumento que garanta felicidade e que seja suporte para a
realizao pessoal e no como causa de aflio, sofrimento, agonia e inquietude.
11
Frankenberg (1999) diz que fazer economias ou desempenhar qualquer tipo de controle
de recursos uma prtica bastante antiga nas sociedades humanas. Ainda quando a moeda no
tinha sido apresentada como elemento de troca, existia o hbito de se realizar estoque de alguns
gneros alimentcios, e tornava-se inevitvel para que essas sociedades conseguissem sobreviver
nos perodos de entressafra das receitas. Ancestrais mais recentes tambm estavam preocupados
em manter algum excedente, ou realizar alguma economia, em relao s receitas para que em
momentos de dificuldades ou de necessidades especiais, essas economias pudessem ser
recuperadas servindo para atender a essas ocorrncias.
Observar-se isso em Frankenberg (1999), que afirma que a cincia do planejamento
financeiro pessoal, por mais complexa que possa parecer, retorna sempre ao princpio bsico:
necessrio ter reservas para enfrentar os momentos difceis da vida. Quanto maiores as reservas,
melhor, e ainda, conforme o autor: Nossos avs guardavam moedas em vidros de compota e latas de mantimento na cozinha locais que somente eles conheciam. Cada vez que iam s compras, o troco ia para esses esconderijos secretos. O vov nem tomava conhecimento desse primitivo planejamento financeiro. Mas quando acontecia de faltar dinheiro para o po ou leite das crianas, as moedas necessrias surgiam milagrosamente (FRANKENBERG, 1999, p.41).
Nas sociedades modernas, onde se considera o perodo compreendido entre o sculo XX e
incio do sculo XXI, a situao no diferente, e os cidados precisam estar preocupados em
gerar algum excedente em relao s receitas aps debitadas todas as despesas do ms.
O dinheiro que voc poupou como uma semente. A partir de agora, preciso reg-la. Para isso, essencial saber o que fazer com o dinheiro que voc ir poupar todos os meses, at porque existe grande diferena entre poupar e investir. Poupar guardar dinheiro, investir fazer o dinheiro poupado render (MACEDO, 2007, p. 62).
Incontestavelmente o controle do oramento financeiro pessoal assunto de vital
importncia para as famlias, independente do nvel de renda. No Brasil constata-se que em sua
maioria as famlias tm um perfil de baixa renda. O censo demogrfico do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica - IBGE, realizado no ano 2000, apontou 33,5% da populao total em
famlias com renda per capita de at meio salrio mnimo. Porm, salienta-se que tanto para
essas famlias, como para as que tem poder aquisitivo superior recomenda-se o controle e
planejamento oramentrio pessoal.
12
Frankenberg (1999) para realizar um bom controle do oramento, preciso em primeiro
lugar que haja uma mudana de mentalidade das pessoas para que as mesmas passem a realizar
uma economia maior. Diversas vezes as pessoas julgam o controle do oramento apenas como
uma questo de privao pessoal. Como se houvesse, agora, algum controlando o que ela pode
ou no comprar. Isto apenas uma questo psicolgica, pois a pessoa que controla os gastos
continua tendo toda a liberdade para, quando, necessrio realizar um gasto que no estava
previsto no oramento.
A organizao das finanas pessoais influencia no bem-estar dos indivduos, independente
da renda, as pessoas a cada ano que passa numa intensidade cada vez maior, procuram viver
melhor. A busca pela melhoria da qualidade de vida uma procura incessante do ser humano e a
questo econmico-financeira est diretamente ligada ao bem-estar social dessas pessoas; e
tambm, que planejamento financeiro pessoal, no apenas anotar as despesas realizadas, uma
vez que o oramento envolve: planejar, eleger prioridades, controlar seu fluxo de caixa, gerar
reservas, fazer investimentos; Ainda, o oramento ajuda a entender hbitos de consumo. A
elaborao do planejamento financeiro pessoal no uma tarefa fcil, porm, necessria para
quem tem planos para o futuro.
Independentemente de quanto pessoa receba, sempre h espao para determinar um
padro de consumo adequado s receitas e com isso gerar algum excedente monetrio. Halfeld
(2001, p.17), conheo pessoas que ganham muito dinheiro, mas no conseguem poupar.
Conheo outras que ganham pouco, mas so boas poupadoras. Qual a diferena entre elas? A
capacidade de no cair nas tentaes do consumismo. E ainda conforme o autor: No quero lhe receitar uma dieta e cortar seus maiores prazeres. A essa altura, gostaria apenas de chamar-lhe ateno para fatos que passam despercebidos em nossa rotina. Talvez a mudana de pequenos hbitos possa gerar importantes contribuies em sua poupana. Talvez tal mudana signifique uma aposentadoria alguns anos mais cedo. Pense nisso... Cada um tem um estilo de vida e deve saber escolher onde gastar seu suado dinheiro.
O aumento da oferta de crdito no mercado foi um dos bons indicadores da economia
brasileira nos ltimos anos, mas a facilidade veio acompanhada do crescimento da inadimplncia.
O problema pode ser causado pela ausncia de um programa de educao e planejamento
financeiro que oriente a populao sobre as implicaes de lidar com financiamentos e taxa de
juros. O tema do crdito fundamental dentro do consumo consciente por causa da sua
13
transversalidade. Saber gerir bem e gastar corretamente o dinheiro influi na maneira como as
pessoas se realizam nos projetos de vida, na evoluo profissional e cultural. Poucos brasileiros tm o hbito de colocar no papel suas receitas e despesas. Em geral, as pessoas da classe mdia, quando solicitadas a dizerem para onde vai o salrio, s conseguem lembrar de aproximadamente 80% daquilo que gastam, ou seja, no conseguem discriminar cerca de 20% de suas despesas. Quando as pessoas comeam a anotar os gastos, j costumam reduzi-los em cerca de 12%. Isso acontece porque o ato de anotar faz voc pensar duas vezes antes de gastar (MACEDO, 2007, p. 36).
Conforme Frankenberg (1999), de forma geral, no Brasil existe pouca ou nenhuma
educao financeira, muitos anos de inflao, desinformao e erros cometidos por sucessivos
governos do passado resultaram em conceitos errneos de planejamento financeiro.
Diante do exposto, este trabalho abordar os benefcios e influncias do planejamento
financeiro pessoal na qualidade de vida, apresentando um modelo de planilha oramentria que
oriente a organizao das finanas pessoais.
1.2 Justificativa
No cenrio contemporneo da economia globalizada, mais do que nunca, atentar-se para
adquirir independncia e controle financeiro, torna-se imprescindvel na busca de um futuro
promissor e melhoria na qualidade de vida. Normalmente no se tem disciplina em relao ao
dinheiro, no se aprende a lidar com ele na educao financeira, as pessoas vo se tornando
vtimas do consumismo e nem sempre possuem a oportunidade de aprimorar conhecimentos
sobre benefcios e influncias de planejar gastos, fazer provises financeiras e como investir os
valores poupados. Desta forma, uma planilha financeira pessoal se torna uma ferramenta
importantssima no registro das receitas e despesas e planejamento de gastos.
14
1.3 Objetivos
1.3.1 Geral
Apresentar os benefcios e as influncias do planejamento financeiro pessoal na qualidade
de vida, juntamente com um modelo de planilha oramentria que oriente a organizao das
finanas pessoais.
1.3.2 Especficos
a) Analisar as conseqncias do apelo contemporneo ao consumo e o reflexo sobre a
qualidade de vida;
b) Verificar as vantagens de planejar e organizar as finanas pessoais;
c) Apresentar um modelo de organizao das finanas pessoais e os benefcios da sua
aplicao na qualidade de vida.
1.4 Metodologia
O estudo ser organizado atravs de levantamento de dados secundrios, e caracteriza-se
como exploratrio, pois visa realizar um paralelo entre planejamento das finanas pessoais e
qualidade de vida.
Para tratar especificamente do planejamento financeiro pessoal foi realizada pesquisa s
obras dentre as quais, incluem os autores, Macedo (2007), Frankenberg (1999) e Halfeld (2001),
e tambm artigos cientficos e materiais disponveis na rede eletrnica, teses, dissertaes
entrevistas e jornais. Segundo Oliveira (1997, apud Santos, 2005, p. 09), a pesquisa bibliogrfica
tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuio cientfica que se realizaram
sobre determinado assunto ou fenmeno.
A fundamentao terica bem como a elaborao de um modelo de planilha para
planejamento das finanas pessoais, foi realizada unicamente por meio da pesquisa bibliogrfica.
Para a elaborao do modelo de planilha para planejamento financeiro pessoal consultaram-se
efetivamente os autores Frankemberg (1999) e Macedo (2007), assim como dados elaborados
15
atravs da POF 2002/2003, uma vez que esse modelo de planilha financeira poder ser utilizado
tanto em Excel como em caderneta ou planilha empressa, no intuito de juntar o que proposto
para que os indivduos e as famlias possam observar benficos e influncias do planejamento
financeiro pessoal na qualidade de vida, atravs de um instrumento simples e eficaz.
1.5 Limitaes da Pesquisa
Abordar o tema qualidade de vida torna-se difcil, pois seu conceito muito subjetivo
uma vez que cada indivduo traa para si formas de alcanar prazer naquilo que realiza. A busca
pela qualidade de vida depende de aes adaptadas realidade de cada pessoa, do ideal a ser
conquistado, da herana cultural. Enfim qualidade de vida compromete um conjunto de fatores
que devem existir para uma vida melhor. Isso pressupe que qualidade de vida passa pela
necessria mudana de comportamento, vivncia de valores, crescimento profissional e humano,
respeito e disciplina s sades, fsicas, emocionais, espirituais e financeiras. A limitao deste
trabalho est justamente em utilizar apenas o ponto de vista financeiro aliado qualidade de vida,
porm, considera-se que este um item relevante, onde, atravs da boa utilizao da renda, um
indivduo atinge os demais itens da qualidade de vida, e tambm por tratar-se de um assunto
relacionado Economia contribuindo tambm para o desenvolvimento regional. Conforme Eid
Jnior e Garcia (2001, p.07), o planejamento a ferramenta para ter uma vida financeira
equilibrada, que, por sua vez a chave para uma vida familiar feliz.
1.6 Estrutura do Trabalho
O trabalho ser apresentado em cinco captulos. O primeiro introduz o tema desta
monografia contextualizando o assunto estudado, abordando os objetivos e os motivos que
justificam a realizao do estudo.
O segundo captulo apresentar as escolhas de consumo do consumidor e como o mesmo
faz suas opes para atender suas necessidades bsicas e maximizar seu bem-estar com um poder
aquisitivo limitado.
O terceiro captulo abordar um breve retrospecto sobre a questo do oramento
financeiro pessoal na dcada de 80 e far uma compreenso entre oramento familiar e a
16
qualidade de vida considerando um importante item que o agregado de consumo atravs da
Pesquisa de Oramento Familiar POF 2002/2003.
O quarto captulo apresentar como elaborar um modelo de planilha de oramento
financeiro pessoal, com o principal objetivo de ajudar no controle do oramento financeiro
pessoal, sendo que a mesma refletir a capacidade financeira de cada pessoa, auxiliando tambm
na melhoria da qualidade de vida, destacando benefcios e influncias do planejamento financeiro
na qualidade de vida.
Ainda no quarto captulo, aps a elaborao de um modelo de planilha se abordar a
relevncia de poupar e de investir.
E pra finalizar, o quinto captulo abordar as consideraes finais do estudo envolvendo a
presente temtica.
17
2. FUNDAMENTAO TERICA
O presente captulo tem como finalidade apresentar questes relacionadas com o apelo
contemporneo ao consumismo e os reflexos na qualidade de vida. A seo 2.1 aborda o tema
sobre o consumo e consumidor, suas escolhas de consumo; a seo 2.2 contextualiza o assunto
consumo contemporneo e seus reflexos na qualidade de vida.
2.1 Consumo e consumidor
Na Teoria Microeconmica defini-se consumidor como uma unidade de consumo ou de
gasto, que pode ser representada tanto por um indivduo como por uma famlia que possua um
nico oramento e que tenha perfeitas condies de decidir como utiliz-lo. Pode-se observar isto
em Carvalho (2000), onde o consumidor dispondo de oramento resolve o problema da satisfao
das necessidades realizando um processo de consumo, regido por uma hiptese bsica: os
indivduos distribuem os gastos dirigidos satisfao das necessidades de forma racional, isto ,
tomam decises que permitam que obtenham a maior satisfao possvel respeitada as limitaes
de oramento em cada momento.
Mas importante ressaltar, que, na realidade, o consumidor no possui sempre o
conhecimento consciente da melhor forma de atender as necessidades para maximizar o bem-
estar com um oramento limitado que determina a demanda individual racional por bens e
servios. As necessidades dos seres humanos so insaciveis, uma vez que nem todas podem ser inteiramente satisfeitas. Adicionalmente, a plena satisfao do consumidor cercada por seu limitado poder de compra. Na realidade, grande quantidade de pessoas deseja muitas coisas que no pode adquirir. Assim, os consumidores devem escolher entre bens que precisam ter e os que podem ficar fora de seu plano de consumo (CARVALHO, 2000, p. 28).
Vrios so os fatores que prejudicam a escolha racional do consumidor na montagem do
plano de consumo, para maximizar o bem-estar dentro das limitaes do oramento. Entre os
fatores esto os hbitos e costumes, a falta de informaes, diferenciao dos produtos,
18
publicidade e propaganda, remarcaes e liquidaes, crdito ao consumo e consumo sunturio1.
Pindyck e Rubinfeld (2006, p.56) acrescentam que: Sabemos que o consumidor nem sempre toma decises de compra racionalmente. s vezes, por exemplo, ele compra por impulso, ignorando ou no levando em conta suas restries oramentrias (e, assim, assumindo dvidas). Outras vezes, o consumidor no tem clareza de suas preferncias ou influenciado pelas decises de consumo tomadas por amigos ou vizinhos, ou at mesmo por mudanas de humor. Alm disso, ainda que o consumidor se comporte racionalmente, nem sempre vai conseguir levar em conta, por completo, a multiplicidade de preos e escolhas com que se defronta diariamente.
Conforme Carvalho (2000), diante dessas dificuldades, a escolha racional aquela que
permita efetivamente a maior satisfao possvel para cada unidade monetria gasta,
praticamente inexeqvel. Porm o consumidor deve realizar um esforo bastante grande no
sentido de maximizar o bem-estar, na Teoria Microeconmica esse comportamento definido
como a escolha tima do consumidor, ou seja, a escolha que permita a execuo de um plano de
consumo, que leve ao mais alto nvel de bem-estar ou de satisfao ou ainda de utilidade,
compatvel com o oramento disponvel para os gastos.
Na teoria da escolha econmica, a palavra restrio assume grande importncia. As restries constituem um aspecto bsico em todas as escolhas econmicas e incluem limites de renda, tempo e recursos humanos. Implcita na palavra escolha est a idia de que precisamos fazer escolhas econmicas entre alternativas concorrentes; ou seja, nossas escolhas so limitadas, ou restringidas: no podemos ter tudo. A renda uma restrio. Por exemplo, se opto por comprar um novo par de tnis de corrida, abdico implicitamente de outras possibilidades de consumo talvez comprar uma nova raquete de tnis ou jantar em um dos meus restaurantes favoritos. No posso ter as trs coisas porque minha renda meu comando sobre os bens no chega to longe (EATON, 1999, p. 69).
Diante do exposto, primordial que as pessoas conheam a renda, saibam respeitar as
restries oramentrias. A existncia de limites uma realidade para todos, independente da
renda. Os consumidores tm renda limitada, a qual pode ser gasta em uma ampla variedade de
bens e servios ou poupada para o futuro.
1 O consumo sunturio um fato que tambm afeta, s vezes, de forma at prejudicial, a escolha final do
consumidor. um comportamento que em grande parte das vezes de fundo psicolgico, que faz com que o consumidor passe a incluir em seu plano de consumo bens que tm muito mais finalidade de exibir riqueza do que propriamente atender a uma necessidade real (CARVALHO, 2000, p. 32).
19
2.2 O apelo contemporneo ao consumo e seus reflexos na qualidade de vida
Santos (2006) em sua tese, afirma que mapear o princpio da cultura direcionada para o
consumo representa-se uma tarefa muito difcil, sendo que de acordo com a poca a relao da
sociedade com o consumo e as necessidades consumeristas foram modificadas, modificaes que
perduram at hoje. Constata-se que a cultura de consumo foi uma conseqncia natural da
evoluo das sociedades ocidentais, posto que a constituio transcorra das inmeras
transformaes sociais, culturais e polticas causadas desde a idade mdia at os dias atuais. Tais
como mudana nas relaes de trabalho, a ampliao da cadeia produtiva, a estruturao da
sociedade e a criao do conceito de estado, que ajudaram a tornar as mercadorias acessveis a
todos na sociedade e mudaram a predisposio das pessoas em relao ao consumo.
possvel constatar-se que a cultura de consumo inaugurada com o fim da idade mdia
e o incio da idade moderna, pois ainda que o comrcio j fosse realizado em feiras e base de
troca, apenas com o Absolutismo2 os objetos consumidos passaram a significar um valor de
distino a confrontar status social ao portador, e no somente um valor de uso prtico. Anos
depois, com a revoluo industrial3, estes objetos conseguiram estar disponveis para um nmero
maior de pessoas e ser consumido em grande escala.
H mudana nos hbitos, de consumo de um consumo utilitarista ou de subsistncia, que
serve apenas para satisfazer as necessidades bsicas de subsistncia humana, para um consumo
conceitual, em que mais que produtos so consumidos conceitos, ou seja, a representao destes,
e os valores agregados aos produtos mostram-se mais necessrios que os mesmos. Marx (1977, p.
210) em seu livro Contribuio Economia Poltica, j acenava para esta questo:
O objeto de consumo no um objeto geral, mas um objeto determinado, que deve ser consumido de forma determinada, qual a prpria produo deve servir de intermedirio. A fome a fome, mas fome que se satisfaz com carne cozinhando, comida com garfo, no a mesma fome que come a carne crua, servindo-se das mos, das unhas, dos dentes.
2 Forma de governo (regime poltico) cuja caracterstica principal a centralizao do poder real (Rei o prprio Estado e
governa pela vontade de Deus, tem poder limitado por Deus e absoluto para os homens) (SANTOS, 2006, p.18). 3 Conjunto das transformaes tecnolgicas, econmicas e sociais ocorridas na Europa e particularmente na
Inglaterra nos sculos XVIII e XIX, e que resultaram na instalao do sistema fabril e na difuso do modo de produo capitalista (SANDRONI, 1999, p. 528).
20
Santos (2006) ressalta que essa modificao no modelo do consumo, que aparentemente
indica unicamente a forma como os homens se relacionam com objetos e produtos, descobre
valores de poca e podem transformar-se um fio condutor para se observar as mudanas sociais
ocorridas desde a idade mdia, quando comearam a surgir s primeiras associaes comerciais,
passando pelo humanismo renascentista at chegar revoluo industrial e finalmente ao ps-
modernismo e sociedade da informao, onde o objeto final de consumo no so mais os
produtos produzidos, mas sim a representao deles. O consumo constitui um mito. Isto , revela-se como palavra da sociedade contempornea sobre si mesma; a maneira como a nossa sociedade se fala. De certa maneira, a nica realidade objetiva do consumo a idia consumo, a configurao reflexiva e discursiva, indefinidamente retomada pelo discurso quotidiano e pelo discurso intelectual, que acabou por adquirir a fora de sentido comum (BAUDRILLARD, 1995, p.208).
O consumismo um trao peculiar marcante da sociedade contempornea que causa
impactos inquietantes sobre o ambiente natural e construdo. A sociedade capitalista industrial
institui o mito do consumo como sinnimo de bem-estar e meta prioritria do processo de
civilizao. A capacidade aquisitiva vai, gradualmente, se transformando em medida para
valorizar os indivduos e fonte de prestgio social. A angustia de obter e aumentar bens deixa de
ser um meio para a realizao da vida, tornando-se um fim de si mesmo, o smbolo de felicidade
capitalista.
Pode-se constatar em Santos (2006) que a globalizao tambm surge como um processo
alavancador da cultura de consumo, pois promove a circulao de produtos, imagens e idias ao
redor do mundo transformando o mundo em uma espcie de supermercado global em que muitas
vezes as culturas locais so solapadas acabando por uniformizar as subjetividades em torno do
consumo. Pode se dizer que o consumo tornou-se um eficiente modo de espelhar o modo de vida
da sociedade/humanidade nos mais diversos perodos e tornou-se a forma pela qual esta passou a
assimilar a prpria cultura e externar os valores.
Segundo Melo (2001), todas as pessoas precisam consumir a fim de satisfazer as
necessidades bsicas para a sobrevivncia. O consumo apresenta-se como atividade natural e
saudvel, quando praticada de forma consciente e dentro do necessrio, sendo assim
indispensvel. O desejo e a necessidade de ter, de aparentar status, transformam o consumidor em
inimigo de si prprio. Ele se torna vtima da cobia, que leva ao consumismo, e da falta de
21
informao, que gera desperdcio e prejuzo. O capitalismo acaba, portanto, legitimando o
consumismo, a partir de sua inerente tica de dominao do meio natural.
Segundo Macedo (2007), na sociedade capitalista meritocrtica4, a estima ou o amor da
sociedade distribudo queles que possuem sucesso. Isso acontece porque atribuir status uma
das formas que as sociedades tm para direcionar os esforos dos indivduos e, tambm, para que
estes dediquem a vida a fazer aquilo que beneficiar a sociedade. importante notar tambm que
o status uma medida relativa. Ele nasce da comparao. Algum s tem status se comparado a
outros que no tm ou que tm menos. E essa comparao sempre lateral, o que quer dizer que
se confronta com os pares os colegas de trabalho, os amigos, os vizinhos ou a prpria famlia.
H pessoas que querem ficar ricas para consumir porque acreditam que fazer isso s torna estimadas pela sociedade e lhes d o prazer de pertencerem a um grupo. Assim, talvez voc se sinta tentado tambm a comprar um carro, usar certas marcas, fazer alguns luxos ou freqentar determinados clubes, tudo para satisfazer suas necessidades de amor e estima social, mesmo que aqueles objetos em si nem sejam to importantes para voc (MACEDO, 2007, p. 16-17).
O ritmo da modernidade impulsiona a exploso de consumo, formulando a ideologia do
conforto e do desperdcio, sendo amplamente reforada pela mdia (propaganda, filmes, novelas,
programas televisivos, revistas), que influencia os padres de beleza e comportamento social que,
por sua vez, se manifestam na moda, nas artes, no lazer e no trabalho. A ideologia do
consumismo causa srios problemas no vasto contingente de fatores de risco e comportamentos
que geram reaes nocivas sade, tais como, colesterol alto, hipertenso arterial, utilizao de
drogas, alimentao inadequada, altos nveis de estresse e sedentarismo, prejudicando
consideravelmente a qualidade de vida das pessoas. Frankenberg (1999, p.39) acrescenta que:
Gastar com prudncia significa saber diferenciar o que essencial do que suprfluo. Avaliar com cuidado se determinado eletrodomstico, uma roupa, um produto alimentcio necessrio ou apenas capricho dispensvel uma capacidade que nem todos possuem. Quem no sabe fazer isso pode se arrepender algumas horas aps a compra, mas o estrago estar feito.
Macedo (2007) o melhor consumo aquele que contribui para a qualidade de vida, antes
de gastar, pergunte se o item que se deseja consumir vale a quantidade de vida que se precisa
4 Valorizao de pessoas ou de acesso a cargos e posies sociais, que se baseia exclusivamente no merecimento
pessoal (XIMENES, 2000, p.622).
22
despender para compr-lo. Pegue o salrio e faa a conta. Divida o que ganha cada ms por horas
de trabalho. Depois calcule quanto certo objeto de desejo custa em termos de horas. Em seguida,
analise se est disposto a trabalhar a quantia de horas que a satisfao de desejo exigir. Precisa-
se refletir urgentemente sobre o consumismo na vida das pessoas. Eis duas lies ou dicas muito
importantes para uma reflexo sobre o tema: 1 aprender a no se deixar dominar pelo
consumismo; 2 ter boa qualidade de vida est diretamente relacionado ao trabalho, ao
planejamento e ao investimento, e no ao consumo. As leis do mercado nos impingem um
consumismo desenfreado e sua perversidade compromete a qualidade de vida. O consumismo
aponta para um futuro que ainda no existe, com coisas que so legtimas, mas no prioritria.
Diante do exposto neste captulo, o prximo captulo abordar as vantagens de se
organizar o oramento pessoal.
23
3. VANTAGENS DO ORAMENTO PESSOAL ORGANIZADO
Este captulo apresentar as principais vantagens do planejador financeiro pessoal; a seo
3.1 abordar o cenrio econmico relacionado s finanas pessoais na dcada de 80; a seo; 3.2
far um breve retrospecto sobre oramento familiar e qualidade de vida, atravs da POF 2002-
2003.
3.1 Finanas pessoais: compreendendo o tema
Nos anos 80 o Brasil se afundava em uma crise econmica muito forte que fez com que
esta dcada fosse lembrada por muitos com menosprezo, recebendo at o rtulo de dcada
perdida5 por alguns autores. Nessa poca a inflao que fez parte do cotidiano do brasileiro
durante os anos 80 e primeira metade dos 90 deixou srias conseqncias que ainda persistem.
Vivia-se a curtssimo prazo. No havia, naquele cenrio, necessidade de se ter um planejador
financeiro auxiliando nos assuntos relacionados a oramento financeiro pessoal, poupana,
investimentos, seguros e previdncia. Diante das taxas de inflao crescentes e da evidncia cada vez maior do desequilbrio na balana de pagamentos devido contratao dos mercados de crdito externos, o governo imps medidas de austeridade em fins de 1980. Implementou-se um pacote de medidas fiscais visando cortes generalizados em todos os programas de investimento pblico e antecipando a tributao de pessoa jurdica (ARIDA, 1986, p. 11).
Bresser-Pereira (2002) naquela poca, o governo financiava as dvida pagando taxas que
variavam diariamente no mercado: as taxas overnight6, e distribua os benefcios, penses,
auxlios e repasses aos Estados e Municpios com pelo menos 01 ms de defasagem, sem
correo, ganhando a diferena proporcionada pela taxa da inflao (imposto inflacionrio); o
empresrio era obrigado a reajustar o preo dos produtos e servios semanalmente, no mnimo, e
presenciava os ativos desvalorizarem caso no os protegesse adequadamente; e as pessoas, ou
5 A dcada de 80, marcada pela crise cambial da economia brasileira e pela acelerao inflacionria, trouxe uma
crise generalizada para a indstria, com profundas oscilaes no produto industrial (GREMAUD, 1669, p. 123). 6 Operao quando o financiamento das instituies financeiras no mercado secundrio se realiza por somente um
dia a instituio repassa os ttulos pblicos subscritos aos investidores com o compromisso de recompr-los no dia seguinte (ASSAF NETO, 2005, p. 123).
24
melhor, os consumidores, autnomos, investidores, dentre outros, apesar de aplicarem suas
economias a taxas de at 50% ao ms, no tinham noo da corroso que o dinheiro sofria no
tempo, ou seja, um dos princpios bsicos em finanas. Os consumidores no conseguiam e nem
era possvel fazer qualquer planejamento para compra de bens durveis e tambm no havia
muitas linhas de crdito ao consumidor, de imveis ou de aplicao financeira, pois no se sabia
o que aconteceria em um horizonte de 02 ou 03 meses, a qualquer momento um novo plano
econmico poderia ser divulgado. A impresso de insegurana sobre as direes da economia e
das principais variveis como juros, cmbio e inflao exigia dos poupadores e daqueles que
contraam dvida, acompanhamento dirio dos saldos, tamanha a variao de preos e taxas de
juros. Esta posio de desconforto com relao s finanas pessoais ocasionava enorme ansiedade
nos investidores e tomadores de emprstimos em como amparar-se para preservar o capital ou
controlar a elevao do saldo devedor.
Em Bresser-Pereira (2002) tambm se observa que a economia brasileira durante a dcada
de 80 manifestou uma profunda crise que se instaurou nos anos iniciais e refletiu nas dificuldades
de retomada do crescimento resultando na virtual estagnao do Produto Interno Bruto-PIB7 per
capita nesse perodo e contribuindo para o aumento das desigualdades de renda.
Ainda conforme Bresser-Prereira (2002), a partir da criao do Plano Real 8, iniciou-se
um processo de estabilizao econmica que tinha como principal objetivo controlar os
altssimos ndices de inflao vigente no Brasil desde 1980 que caracterizavam o perodo como
de um verdadeiro caos econmico. Com o advento do Plano Real configurou-se um novo quadro
macroeconmico onde os agentes econmicos (as empresas, a indstria, o comrcio e os
indivduos) passaram a poder elaborar o planejamento dos gastos e aplicaes das sobras
financeiras (poupana), com maior preciso. O ambiente macroeconmico de vital importncia
e influencia diretamente nas decises tomadas pelos indivduos, como se observa em Meurer e
Samohyl (2001, p.07): A tomada de decises econmicas por empresas e indivduos parte inerente vida, embora isto nem sempre seja percebido porque pode ser um processo
7 Indicador bsico na avaliao do crescimento econmico de um pas (GREMAUD, 1996, p. 12). 8 Em vigor a partir de 01/07/1994, o Plano Real foi lanado por meio de medida provisria de 30/06/1994. Em
relao aos planos que o precederam, o Plano Real foi um dos que provocaram menores alteraes na economia. Uma vez que seu lanamento foi precedido pela Unidade Real de Valor (URV) e pelo Cruzeiro Real (moeda transitria entre o Cruzeiro e o Real), com a finalidade de alinhar os preos e contribuir para que a transio provocada pela reforma monetria fosse menos traumtica do que em oportunidades anteriores (Plano Cruzado e Plano Collor) (SANDRONI, 2007, p.471)
25
intuitivo. Estas decises microeconmicas so fortemente influenciadas por aquilo que est acontecendo ou vir a acontecer no ambiente macroeconmico. Em decorrncia disso, o conhecimento sobre o que est acontecendo no ambiente mais amplo da economia do pas e do mundo pode ter efeitos benficos sobre as tomadas de deciso, tanto por reduzir as chances de erro como pela avaliao das conseqncias possveis em diferentes situaes.
A contribuio do planejamento financeiro pessoal, neste novo cenrio, passa a ser
importante e torna-se ferramenta de auxlio fundamental queles que necessitam reajustar suas
receitas e gastos domsticos, planejar uma viagem, adquirir algum bem ou provisionar recursos
para a aposentadoria garantindo o conforto da famlia. Assim, planejar o oramento financeiro
pessoal ajudar a organizar as receitas, despesas, bens, seguros, planos de previdncia e sonhos.
Macedo (2007) um dos passos mais importantes para organizar o oramento familiar o
planejamento. Existem alguns princpios bsicos para planejar as finanas. O mais importante
deles conhecer adequadamente as receitas e despesas mensais. Normalmente, as pessoas no
conhecem esses dois pontos a fundo, sobretudo as despesas. Recomenda-se que sejam observadas
primeiramente as despesas fixas, como aluguel, condomnio e a escola dos filhos, por exemplo.
preciso considerar tambm as despesas variveis, como o lazer ou viagens. Para fazer este
levantamento de maneira adequada preciso acompanhar essa movimentao durante algum
tempo. Dessa forma, ser possvel identificar os gastos reais.
Depois desse primeiro passo, ou seja, a partir do momento em que a pessoa conhece a
prpria situao financeira, ciente de quanto ganha e quanto gasta, preciso identificar quais so
os objetivos da famlia ou de qualquer indivduo que percebe renda e efetua gastos. Isso se
modifica a cada caso. O sonho pode ser uma viagem, comprar uma casa ou trocar de carro. Seja o
que for, necessrio que seja bem definido e que a deciso seja tomada em conjunto. Alm disso,
necessrio quantificar esse objetivo, ou seja, o investimento previsto para realizar esse desejo.
Feito todo este levantamento, ser possvel determinar quanto dinheiro ter que poupar e quanto
podero guardar.
Quando se fala em organizar as finanas pessoais extremamente importante entender
que as despesas esto divididas em quatro grandes grupos: A, de alimentos; B, de bsicas; C de
contornveis; e D, de dispensveis. Como sintetiza Pietrocolla (1987, p. 74), quem sabe
administrar o dinheiro observando estes quatro grupos certamente acabar aprendendo a viver de
acordo com as reais condies financeiras. Desta forma v-se que o planejamento financeiro
26
pessoal envolve planejar os gastos, definir as necessidades e eleger as prioridades dentro da renda
disponvel. O planejamento financeiro auxilia a compreender hbitos de consumo, identificar
objetivos e atingir metas. Fixar um oramento pessoal no fcil, mas essencial para quem
planeja o prprio futuro e da famlia com qualidade e tranqilidade.
3.2 Oramento familiar e qualidade de vida: um breve retrospecto
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE realiza Pesquisas de Oramentos
Familiares - POF9, que tm por objetivo medir as estruturas de consumo, dos gastos e dos
rendimentos das famlias e como estes podem influenciar na qualidade de vida das mesmas. A
POF 2002-2003 mensurou as despesas monetrias e no monetrias das famlias durante o
perodo de 12 meses. A pesquisa captou dados de consumo com perodos de referncias distintos:
grupos de bens no durveis foram captados por perodos de referncia menores (07 e 30 dias),
enquanto os grupos de bens considerados semidurveis e durveis tiveram um perodo de
referncia maior (90 dias e 12 meses).
A informao do consumo fora da rbita monetria10, que aquela que corresponde aos
gastos efetuados no mercado por moeda e as chamadas quase-moedas, cartes, cheques pr-
datados, entre outras, promove uma leitura bastante interessante com relao renda e gastos das
famlias, visto que o fato de uma famlia no possuir renda monetria suficiente pode no
implicar na restrio de bens e servios. A estrutura de gastos das famlias, com a alocao de
bens baseada principalmente na renda e outras variveis como preferncias, disponibilidade dos
bens, preos dos bens e questes culturais, apresenta a participao dos bens e servios no total
do gasto, que nada mais do que a mdia das cestas das famlias durante um determinado
perodo de tempo. Na estrutura, pode-se perceber que certos grupos de bens, devido a questes
9 A Pesquisa de Oramentos Familiares POF visa mensurar as estruturas de consumo, dos gastos e dos rendimentos
das famlias e possibilita traar um perfil das condies de vida da populao brasileira a partir da anlise de seus oramentos domsticos. Alm das informaes referentes estrutura oramentria, vrias caractersticas associadas s despesas e rendimentos dos domiclios e famlias so investigadas, viabilizando o desenvolvimento de estudos sobre a composio dos gastos das famlias segundo as classes de rendimentos, as disparidades regionais e nas reas urbanas e rurais, a extenso do endividamento familiar, a difuso e o volume das transferncias entre as diferentes classes de renda e a dimenso do mercado consumidor para grupos de produtos e servios, ampliando o potencial de utilizao de seus resultados. A POF 2002-2003 foi realizada no perodo compreendido entre julho de 2002 e junho de 2003. (POF 2002-2003, p. 17 e 21).
10 J a parcela no monetria a obtida por troca, doao ou produo prpria (POF 2002-2003).
27
como classe de renda, regio geogrfica, anos de estudo, dentre outras, pressionam o oramento
familiar mais do que outros.
A compreenso da relao entre oramento familiar e a qualidade de vida exige considerar
um importante item: o agregado de consumo, que composto por duas partes: a alimentar e a
no-alimentar. A parte alimentar compreende toda a aquisio monetria e no monetria com
refeies para aquela unidade familiar. A no-alimentar seria o total de todos os gastos com
produtos e servios realizados pela famlia. O agregado de consumo o somatrio das escolhas
efetuadas pelas famlias durante doze meses. A deciso de consumir reflete hbitos culturais e
regionais, perfil de renda, preferncias individuais. Mostra tambm a importncia de
determinados grupos de despesas na composio do consumo estratificados pela renda familiar.
O consumo agregado tem diversas finalidades: componente do PIB, anlise
microeconmica das decises familiares, estrutura de pesos para o ndice de preos ao
consumidor. Para cada fim, esse agregado construdo de formas distintas. Nesta monografia
aborda-se a construo dessa varivel para anlise da qualidade de vida das famlias e a relao
destas para com a questo da organizao das finanas pessoais.
Para construir o agregado de consumo para a anlise da qualidade de vida das famlias
segundo organizao do oramento familiar, seguem-se algumas referncias e recomendaes da
POF 2002-2003. A construo do consumo agregado envolve o somatrio de um grande nmero
de itens de despesas devidamente selecionados utilizando como fonte a Pesquisa de Oramentos
Familiares 2002-2003.
Conforme a POF 2002-2003, a primeira etapa do processo levanta os itens especficos que
devem ser includos ou excludos do consumo agregado. Uma vez que a medida de consumo
agregado representaria o bem-estar, os componentes excludos em nada contribuiriam para
variaes deste. Como regra geral, quanto mais componente de consumo includo, melhor. As
despesas escolhidas so classificadas em subgrupos temticos (alimentao, educao, sade,
transporte, vesturio,...) para a construo do consumo agregado.
Alimentao dentro e fora do domiclio: A POF 2002-2003 captou durante certo
perodo as despesas de alimentos das famlias, tanto coletiva quanto individual. As
despesas coletivas so os alimentos adquiridos para consumo dentro do domiclio,
enquanto as individuais so os alimentos adquiridos e consumidos fora do domiclio. Para
28
a anlise de bem-estar, esse grupo de particular importncia, pois estratos de mais baixa
renda tendem a gastar uma parcela considervel do oramento em alimentao. Assim,
entendeu-se que o grupo alimentao pode ser includo integralmente no consumo
agregado, visto que este constitui uma parcela primordial no consumo total das famlias.
Habitao: Segundo a POF 2002-2003, o item habitao possui a maior participao
dentro da cesta de consumo das famlias e, portanto, tem significativa importncia na
anlise do bem-estar. Nesse grupo, foram investigados sete tipos de despesas relacionadas
habitao do domiclio principal: aluguel; servios de utilidade pblica; reformas do lar;
mobilirios e artigos do lar; eletrodomsticos e consertos de eletrodomsticos; e artigos de
limpeza. Na construo do consumo agregado, o item aluguel foi includo na sua
totalidade. Para as famlias que alugam casas, os gastos com moradia so os pagamentos
do aluguel. No caso da famlia residir em casa prpria, cedida, ou em outra modalidade
em que no h pagamento de aluguel, a pesquisa tem uma estimativa do quanto seria pago
caso as casas fossem alugadas. Tais estimativas foram obtidas segundo qualidade do
imvel e valor de locao vigente na atualidade compatvel com o mercado. Assim, a
incluso tanto do aluguel efetivamente pago quanto do estimado no provocaria nenhuma
distoro quanto comparabilidade entre domiclios. A incluso dos itens de despesas
classificados em servios de utilidade pblica (gua, esgoto, etc.) no recomendam a
incluso destas despesas, por razes relacionadas dificuldade de valorao destes
servios e ao seu acesso limitado para alguns domiclios. Porm estes itens foram
inclusos, pois alm desta despesa representar um bem-estar adicional famlia que dispe
destes servios, se esses itens fossem excludos, algumas unidades de consumo no
seriam computadas. No entanto, os itens telefone residencial interurbano e internacional
foram excludos devido a uma possvel dupla contagem, pois estes gastos podem ter sido
declarados nas despesas com conta de telefone residencial. J os gastos com reformas de
habitao incluem: jazigo, jardinagem e reparos do lar. Na pesquisa, esses gastos foram
investigados em dois perodos de referncia distintos: 90 dias e 12 meses. O primeiro
engloba gastos com manuteno e os gastos mais freqentes; j o segundo trata dos gastos
de construo, que agregam valor ao domiclio e, so geralmente ocasionais. Quanto
incluso dos itens relacionados a mobilirios e artigos do lar e a eletrodomsticos e
29
consertos de eletrodomsticos, est associada a uma questo bsica: se a compra dos bens
durveis ou moblias so ou no gastos tipicamente grandes e/ou ocasionais. Em relao
aos gastos com artigos de limpeza todos os itens so includos, pois se pode perceber que
so despesas correntes e que aumentam o bem-estar.
Transporte: Conforme a POF 2002-2003, a incluso dos gastos com transporte no
consumo agregado, mesmo considerando estes como necessidades lamentveis. Esta
incluso recomendada, pois o fato das famlias morarem longe do local de trabalho.
Consideram tambm importante incluir esses gastos, pois estes podem permitir que as
famlias adquiram lazer, idas ao cinema e ao shopping, por exemplo.
Sade e Educao: A POF 2002-2003, analisa que a problemtica de incluir ou no os
gastos com sade est relacionada perda de bem-estar causada pela existncia de uma
doena e se os gastos com medicamentos aliviam essa perda. Alm disso, difcil avaliar
se os gastos seriam para preveno ou no de uma doena. A deciso de incluir ou no
esses gastos, deve se basear na anlise da elasticidade dos gastos com sade em relao
despesa total. Em relao aos gastos com educao, existe a problemtica de estes serem
considerados investimentos. A Pesquisa de Oramento Familiar recomenda seguir a
mesma linha de raciocnio, verificar a elasticidade desses gastos em relao despesa
total. A elasticidade dos gastos de sade e educao foi estimada considerando a
distribuio da renda. Observa-se que os valores so sempre superiores para os gastos
com educao em relao sade. Considerando os resultados de todas as elasticidades,
que no foram to baixas para os gastos de sade e maior que um para os gastos com
educao, optou-se pelos seguintes procedimentos: 01- As despesas de planos de sade e
odontolgicos foram includas, devido sua tica de seguro e ao bem-estar que
proporcionam s famlias cobertas. As pessoas que adquirem planos de sade no
necessariamente tm perda de bem-estar decorrentes de problemas com a sade. Alm
disso, tais gastos compem uma parcela importante das despesas correntes das famlias.
02 - Os demais gastos em sade, como compra de produtos farmacuticos e gastos com
laboratrios, exames, etc. foram excludos, pois no h contrapartida do mal-estar causado
pela existncia de doenas. importante destacar que, em relao aos produtos includos
30
na seo de gastos com produtos farmacuticos no est claro que certos produtos so
vistos como sendo discricionrios e no favorecedores do bem-estar: por exemplo,
perfume, filtro solar, etc. Seria mais apropriado retirar esses produtos da lista de gastos
farmacuticos e acrescent-los ao consumo agregado. 03 - As despesas com educao
foram includas, pois representam parcela importante do oramento das famlias que
podem pagar pelo acesso ao sistema particular de ensino, o que pode ser considerado
como aumento do bem-estar.
Vesturio, Cultura e lazer, Servios Pessoais e Higiene e cuidado pessoal: Conforme a
POF 2002-2003 os gastos com vesturio, sapatos e acessrios incluem os gastos com
produtos femininos, masculinos e infantis. Os itens desse grupo foram includos no
consumo agregado, pois claramente adicionam bem-estar s famlias e no distorcem a
comparabilidade entre os domiclios. Quanto aos grupos cultura e lazer, servios pessoais
e higiene e cuidado pessoal, todos os itens que categorizam esses grupos foram includos,
pois sua aquisio provoca bem-estar. O IBGE organiza as categorias de despesas em
uma planilha que ser exposta no quadro a seguir.
31
Itens/Ano 2002-2003 Alimentao 20,75%
Habitao 35,50%
Vesturio 5,68%
Transporte 18,44%
Higiene e Cuidados Pessoais 2,17%
Despesas Pessoais 6,49%
Assistncia a Sade 4,08%
Educao 4,08%
Recreao e Cultura 2,39%
Fumo 1,01%
Servios Pessoais 0,70%
Despesas Diversas 2,79%
Quadro 1 - Resultado da pesquisa de oramento familiar Fonte: IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, 2003.
No quadro 1 atravs da pesquisa realizada pelo IBGE, pode-se verificar a mdia de
consumo da populao brasileira para cada classe de despesas. Nela constatam-se valores muitos
prximos para habitao, alimentao e transporte, categorias consideradas importantes segundo
a POF 2002-2003 para a manuteno do bem-estar.
Ewald (2003, p, 36) tambm faz uma anlise do conjunto oramentrio de uma famlia
brasileira que possui suas despesas realizando um comparativo com a renda disponvel conforme
o quadro a seguir.
32
Despesas/2003 Percentual Moradia 30%
Alimentao 25% Sade e Higiene Pessoal 12%
Transporte 15% Educao e Cultura 8%
Lazer 5% Gastos Diversos 5%
Quadro 2: Comparativo de despesas realizadas com renda disponve Fonte: Ewald, 2003
Logicamente que esses percentuais podem variar dependendo da condio
socioeconmica, observando que as famlias com baixo poder aquisitivo obtero percentuais
maiores nas despesas com moradia e alimentao.
Compreendendo um pouco mais sobre os critrios considerados para que se possa ter a
real percepo da importncia da organizao do rendimento familiar e como esta atua na
qualidade de vida, percebe-se ainda uma dificuldade conceitual relevante e desafiante quando se
realiza o planejamento financeiro familiar em relao categorizao das despesas. Estas
compem um importante fator do oramento familiar que se caracteriza como o equilbrio entre
as receitas e despesas. Portanto compreend-las e segreg-las em categorias, cada qual com
enfoque e tratamento diferenciado, fundamental como se v acima. Afinal, sempre se perguntou
quais os gastos realmente necessrios na manuteno e crescimento da qualidade de vida familiar
e quais podem ser minimizados, ou mesmo cortados, sem maiores efeitos?
Para responder esta pergunta, o referencial terico elaborado supracitado torna-se de
grande utilidade desde que seus conceitos sejam devidamente adaptados realidade familiar de
cada perodo histrico.
A produo e consumo na famlia esto efetivamente relacionados com o poder aquisitivo
e com a situao econmica da sociedade. O consumo, segundo Santos (2006), a parte no
dissocivel do dia-a-dia do ser humano, livre de sua classe social; do nascimento e em todos os
perodos de sua existncia, o ser humano est sempre consumindo, os motivos vo desde a
necessidade de sobrevivncia at o consumo por simples desejo. Carvalho (2000), tambm
acrescenta que o consumo a seleo, compra e uso de bens e servios, feitas pelos
consumidores, com o objetivo de satisfazer desejos e necessidades. O ato de consumir comum
33
a todos os seres do universo; para que o consumo seja efetuado preciso que se tenham recursos
disponveis. Os recursos so meios que as pessoas possuem para satisfazer as necessidades; eles
podem ser materiais (dinheiro, bens) ou humanos (habilidades). No entanto, preciso que alm
dos recursos haja ainda, o planejamento financeiro fundamental para concretizarem planos e
desejos elaborados pelas pessoas.
Para Macedo (2007), o ato de comprar um carro, um imvel, realizar uma viagem,
adquirir coisas para casa, planejar o futuro profissional, tudo depende de como so organizados
para atingir os objetivos. Um bom planejamento financeiro sempre estar atrelado a muita
disciplina e controle de todos os gastos. Oramento familiar o planejamento que se faz com o
dinheiro para evitar o endividamento e o gasto desnecessrio. Ele relativo ao clculo de
previses das receitas e despesas durante determinado perodo. uma ferramenta valiosssima
que ajuda a administrar os recursos, quanto se ganha, quanto se gasta o que se tm condies de
comprar e quanto se podem pagar plos artigos que se deseja comprar.
Macedo (2007) por meio do planejamento que se conhece em detalhes o ganho, aprende
a poupar, gastar adequadamente e controlar as finanas para atingir os objetivos desejados. Para
manter o planejamento financeiro familiar, so necessrios um pouco de tempo, esforo e,
sobretudo, organizao. Tudo tem que ser anotado e os clculos necessita de atualizao
constantemente.
Macedo (2007, p. 04) coloca que, assim como ocorre em vrios aspectos da vida, ter
certa medida de autoconhecimento tambm pode ser ferramenta til na administrao das
finanas pessoais. Ao organizar o oramento familiar de fundamental importncia levar em
considerao o perfil pessoal ou familiar. Afinal esta uma atividade que pode ajudar a sustentar
ou a conquistar a qualidade de vida. Para determinar os gastos, a famlia deve reunir-se e
estabelecer suas metas, os objetos que tem em vista alcanar com o uso do recurso dinheiro. A
administrao dos recursos de grande importncia para a segurana e tranqilidade familiar,
uma vez que os recursos so escassos.
Macedo (2007) ainda ressalta que a necessidade algo indispensvel para se viver.
Diferencia-se de pessoa para pessoa dependendo principalmente da idade, sexo e cultura. Existem
essencialmente dois tipos de necessidades, as primrias ou inatas, que so aquelas com as quais
se nasce, ou seja, necessidade de alimentao, gua, habitao, vesturio; e aquelas necessidades
secundrias ou adquiridas que so necessidades de segurana, transportes, afeto, estima,
34
prestgio, status entre outros. Inegavelmente essas necessidades merecem ateno especial na
hora de decidir como sero alocados os recursos, conhecendo-se que elas so necessidades
adquiridas por influncias do meio no qual se est inserido e dependem dos valores de cada um
para ser ou no uma necessidade real e que influenciam diretamente no que se considera como
prioridade para satisfao imediata, para que se mantenha o grau desejvel, ou possvel,
manuteno da qualidade de vida. Diante disso, a organizao do oramento familiar deve ser
direcionada para atender aquelas necessidades imediatas (fisiolgicas) e tambm as tidas como
mais importantes ou essenciais para garantir a qualidade de vida da famlia.
Diante disso, o prximo captulo apresentar como planejar e organizar o oramento
pessoal atravs de um modelo de planilha financeira pessoal.
35
4. COMO PLANEJAR E ORGANIZAR O ORAMENTO PESSOAL FINANCEIRO
O presente captulo apresentar as principais vantagens de planejar e organizar as finanas
pessoais atravs de um modelo de planilha financeira pessoal; a seo 4.1 abordar os princpios
fundamentais do planejamento financeiro pessoal; a seo 4.2 apresentar os benefcios e
influncias do planejamento financeiro na qualidade de vida; a seo 4.3 abordar sobre
poupana e investimentos.
4.1 Princpios fundamentais do planejamento financeiro pessoal
Levando em considerao, que, Economia a cincia do bem estar que estuda a escassez
dos recursos. Desta forma, percebe-se a necessidade, a orientao e a compreenso para que as
pessoas possam desfrutar de uma vida onde no seja necessrio desistir parcialmente ou
totalmente dos bens e servios disponveis, mas sim, gerar situaes que consentem a no
desistncia ininterrupta dos desejos e sonhos, sempre existindo a alternativa de descobrir um
equilbrio entre receitas e despesas, ou seja, entre o que se ganha e o que se gasta. A renda
limitada, todavia as pessoas possuem necessidades ilimitadas.
Segundo Yves (1998, p. 285), oramento a previso limitadora das quantias monetrias
que devem ser utilizadas como despesas e receitas, ao longo de um perodo determinado, por um
indivduo ou por uma sociedade, ou seja, transcrever para o papel as previses ou intenes
sobre as despesas e as receitas, podendo ser o registro para um ms, um semestre ou, para um
ano. O ponto primordial para desenvolver um plano financeiro adequado o conhecimento dos
valores, objetivos e prioridades, os objetivos devem refletir honestamente os desejos e
necessidades ao longo da vida, associando-se com as reais possibilidades de atingi-los.
Crane (1987, p.21), planejamento financeiro pessoal e estabelecimento de alvos so o
primeiro passo para elaborar um oramento bem sucedido. Um oramento simplesmente expressa
em valores monetrios os alvos e objetivos que foram previamente fixados. E ainda conforme o
autor: Quando voc comea a falar em oramento, algumas pessoas querem se esquivar e se ocultar. Tem a impresso de que oramentos so fardos que atrapalham o aspecto agradvel da vida. Eles vem um livrete de oramento como sendo uma camisa de fora que restringe suas vidas, tornando-as miserveis. Mas os oramentos no necessitam ser nada disso. Um oramento
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estabelecido de maneira apropriada no escraviza ningum pelo contrrio, tornar livres a muitos. No lhe toma dinheiro; mas lhe prov mais recursos para serem usados no que for desejvel. Ajuda-o a conhecer a condio financeira da famlia e que progresso tem sido feito em ralao aos alvos financeiros estabelecidos (CRANE, 1987, p. 21-22).
Em primeiro lugar, para se obter bons resultados no planejamento das finanas pessoais,
precisa-se dividir o oramento financeiro pessoal em trs partes: despesas, receitas e reservas.
Nas despesas se engloba tudo que gasto, tais como, moradia, alimentao, sade, educao,
transportes, lazer, etc. Ainda nesse grupo pode-se fazer a diviso em dois subitens: as despesas
fixas, ou seja, aquelas que so contnuas todos os meses; e as despesas variveis, que so gastos
que aparecem uma vez ou outra, como IPVA, seguro do automvel, matrcula escolar, conserto
do automvel, entre outras. No se pode esquecer de citar ainda, a essencialidade das reservas de
investimentos essas so extremamente importantes para a construo de um futuro promissor e
tranqilo. Crane (1987, p.22), o dinheiro pode tornar-se um servo til ou um senhor terrvel. A
chave para o sucesso financeiro poder dizer ao dinheiro aonde ir, e no tentar descobrir onde ele
foi. Segundo o Terra (2007), a planilha financeira uma maneira gratuita, simples, eficiente e
poderosa para administrar o oramento financeiro pessoal ou at de pequenas empresas. O
controle de ganhos e despesas permitir que alm de organizar as finanas, se possam administrar
os limites de gastos e ver para onde esto indo as economias, atravs de grficos e relatrios
personalizados.
Conforme o Infomoney (2007) formar uma planilha de controle de gastos mais fcil do
que parece. Primeiramente basta criar duas colunas, relacionando todas as receitas e despesas, de
forma que possa calcular o saldo lquido, ou seja, quanto falta ou sobra no final do ms. O
segredo dividir em categorias, como alimentao, habitao, vesturio, educao, sade,
transporte, servios, lazer, e reservas para gastos futuros. Assim a pessoa saber quanto est
gastando com cada categoria e poder identificar qual item deve ser cortado das despesas. No
quadro a seguir pode-se visualizar um modelo de planilha para planejamento das finanas
pessoais.
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RECEITAS R$ Salrios Outras Receitas SALDO TOTAL DAS RECEITAS CATEGORIAS GASTO MENSAL (R$) ALIMENTAO Supermercado Padaria Aougue HABITAO Aluguel Condomnio Luz/gua/Telefone VESTURIO Roupas Sapatos Acessrios EDUCAO Mensalidade Material Escolar Transporte SADE Mdico/ Dentista Plano de Sade/ Remdios TRANSPORTE nibus Combustvel Impostos Prestao do carro/seguro SERVIOS Diarista/ Empregada Domstica Cabeleireiro/Manicure LAZER Frias Festas Academia RESERVAS PARA GASTOS FUTUROS POUPANA SALDO TOTAL DAS DESPESAS SALDO LQUIDO (Receita Total Despesas Total)
Quadro 3 Modelo de planilha para planejamento das finanas pessoais Fonte: Elaborado pelo autor11
11 Planilha organizada com bases nas obras de Frankenberger (1999), Macedo (2007) e o Infomoney (2007).
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Formular uma planilha de oramento financeiro pessoal certamente primordial para a
conquista de um planejamento financeiro eficiente. A planilha dever refletir os padres de renda
e consumo atendendo sempre s necessidades. A planilha supra referenciada foi elaborada atravs
das despesas mais comuns e rotineiras do dia-a-dia, mas ela pode ser adaptada realidade
financeira de cada pessoa.
No anexo I desse estudo, apresenta-se disponibilizada para download uma tabela
distinguindo as categorias de despesas pelo economista Reinaldo Cafeo em entrevista ao site 94
FM (2007). E tambm no anexo II e III um modelo mais complexo de planilha financeira pessoal
para pessoas que utilizam bancos e cartes de crdito. Esse modelo de planilha exercitado no
Excel.
Independente do modelo de planilha utilizado, importante ressaltar que ao iniciar um
plano de oramento, acima de tudo descubra o valor total da renda, em seguida, faa uma
avaliao dos gastos. Especifique as despesas sempre realizadas no ms, ou, despesas fixas e
tambm as despesas eventuais ou variveis. Segundo Eid Jnior e Garcia (2001, p.09), a
definio de um plano financeiro familiar exige um pouco de tempo e dedicao, mas os
resultados so muito compensadores.
Aps o levantamento e classificao das categorias de despesas, aconselhvel que a
pessoa elabore uma planilha e faa o controle diariamente por um perodo no mnimo de trs
meses, assim poder identificar que categoria de despesas consome mais ou menos do seu
oramento. A cada dois ou trs meses, sente-se e faa uma avaliao de como voc est indo, quo longe j foi e quanto mais voc tem que avanar. No desanime. Com o tempo, voc se tornar mais e mais eficiente em desenvolver e seguir um plano financeiro. A satisfao e a paz de esprito que advem como conseqncia, tornar-se-o um grande dividendo (CRANE, 1987, p.26).
Depois do primeiro ms a pessoa deve fixar metas de consumo para cada categoria de
despesas e assim observar no transcorrer do ms, se as despesas iro ou no exceder as metas
fixadas e assim realizar efetivamente o controle. Segundo Eid Jnior e Garcia (2001, p.09), um
bom modelo de planejamento financeiro familiar leva em conta todos os fatores que podem ter
impacto sobre a sua vida financeira. Organizar as contas tambm mostra a real dimenso de sua sade financeira e quais so os hbitos de consumo. Possibilita que voc diminua seus gastos ao cortar desperdcios e pagamento de juros e poupe para investir em voc. Ao
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colocar tudo no papel, voc ter uma agradvel surpresa e descobrir que tem mais dinheiro do que imagina (MACEDO, 2007, p. 34).
Os oramentos so essenciais para o planejamento e o controle das finanas pessoais.
Fornecem suporte tomada de deciso e estabelecem um compromisso com os objetivos
traados. Segundo o Infomoney (2007) a elaborao de um oramento facilita o planejamento, o
que, por sua vez, permite que o investidor alcance os objetivos financeiros de forma mais
eficiente.
Conforme a Anbid (2007), um bom oramento deve ser simples, de um lado as receitas,
do outro as despesas. No oramento so definidas as necessidades e o planejamento de todos os
gastos. Num programa de investimento, ele pea fundamental e no deve ser apenas uma vaga
idia.
Para auxiliar no correto planejamento financeiro, necessrio que as pessoas registrem os
gastos e projetem necessidades futuras, ou seja, necessrio que tenham um oramento pessoal
para se basear. A partir da organizao financeira, elas estaro aptas a conhecer melhor as
disponibilidades de capital e, conseqentemente, a partir da, avaliar alternativas de
investimentos.
4.2 Benefcios e influncias do planejamento financeiro na qualidade de vida
Atualmente, o tema qualidade de vida muito comentado, mas afinal o que preciso para
adquirir uma boa qualidade de vida atravs do planejamento financeiro?
Segundo a Organizao Mundial de Sade - OMS (2007), qualidade de vida a
percepo do indivduo de sua posio na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos
quais ele vive e em relao aos seus objetivos, expectativas, padres e preocupaes".
Os fatores ligados a este assunto so vrios e interferem diretamente no desenvolvimento
da qualidade de vida, na verdade necessrio ter vrias sades: sade mental, sade fsica, sade
social, sade profissional, sade sexual, sade espiritual. Todos esses campos do corpo e da vida
precisam estar em equilbrio, mas ainda preciso mais: a sade financeira. O palestrante e
consultor em finanas pessoais Erasmo Vieira em entrevista ao site Empregos (2007), diz que se
a sade financeira, pessoal e familiar, no estiver bem, todo o resto comprometido. Ter bom
senso no uso adequado do dinheiro e ter o hbito do planejamento financeiro indiscutivelmente
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contribuir para uma qualidade de vida sadia. O brasileiro, no tem inserido na cultura o hbito
do planejamento financeiro, o que resultado de dcadas de inflao, perodo em que realmente
era muito difcil planejar alguma coisa. Portanto, felizmente hoje se vive uma nova realidade, na
qual independente de quanto se ganha, possvel aprender a viver bem, com qualidade de vida e
planejando o futuro. Em entrevista ao site Associao Brasileira de Qualidade de Vida - ABQV
(2007) o consultor financeiro Gustavo Cerbasi acrescenta que: Manter as contas em ordem e ter a certeza de que estamos seguindo o caminho traado para realizar sonhos futuros garante nossa paz. Dificilmente algum consegue manter-se tranqilo, por mais que tente, se seu subconsciente lhe informa que o saldo no banco est negativo, que a empresa de cobrana est sua caa ou que seu nome consta de cadastros de inadimplncia. No importa se no ambiente de trabalho ou no convvio familiar est tudo bem, o devedor estar com suas preocupaes centradas nos problemas financeiros resultantes de suas escolhas ruins do passado (ABQV, 2007).
Ainda conforme Vieira (2007), ao projetar e querer manter um padro de vida material
acima da realidade financeira, a qualidade de vida da pessoa certamente ser prejudicada, uma
vez que a pessoa se tornar estressada, no podendo alcanar seus planos, e nem podendo
conseguir dormir direito e at obter problemas mais srios como gastrite ou lcera. A inexistncia
do planejamento financeiro pode deixar uma boa parcela das pessoas assim, com problemas
srios de sade.
Sugiro ateno aos gastos e cuidado com os pequenos valores, fazendo um simples controle financeiro regular, como a anotao em uma folha de agenda, ou o arquivamento dos comprovantes de compras todos! , para lanar em uma planilha ao final do ms. O objetivo conhecer como gastamos para poder projetar os limites mensais. Quem no controla, acredita que gasta dinheiro somente com o essencial alimentao, sade, moradia e transporte e acaba assumindo outros compromissos por achar que tem espao sobrando no oramento. No reconhecer ou esquecer de garantir uma verba para as bobagens certamente cria o risco de deixar a conta corrente no vermelho, pois tais gastos certamente ocorrero (ABQV, 2007).
Portanto imprescindvel um processo de reeducao financeira aliado ao planejamento
das finanas pessoais para que se possa viver em paz com o dinheiro e para que a questo
financeira no seja um problema na vida das pessoas.
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4.3 Poupana e investimentos
Entre tantas vantagens e benefcios j mencionados no presente estudo, a planilha de
controle oramentrio pessoal tambm instrumento importantssimo quando o assunto
poupana e investimentos, ela auxiliar reunir valores presentes para aplic-los posteriormente.
Conforme a Revista Fae Business (2002) pode-se afirmar que o conceito de finanas na
sua acepo moderna surgiu no ano de 1950 com Harry Markowitz. Desde ento, esta rea tem
ultrapassado muitas outras das mais tradicionais da Economia, as caracterstica so normativas,
isto , um tomador de deciso, pode ser um investidor individual ou gerente empresarial, na
busca de maximizar uma funo-objetivo, seja em utilidade ou em retorno esperado almejando
sempre como tomar as melhores decises. Investir diferente de poupar.
Segundo o Portal do Investidor (2007) poupar significa acumular valores no presente para
empreg-los no futuro, o que significa geralmente mudana de hbitos, pois exige subtrao nos
gastos pessoais e familiares. Reduzir despesas pode representar desde um fcil cuidado para
evitar o desperdcio at o esforo no sentido de conter gastos. Alm disso, poupar impem
apreciao objetiva das despesas, a fixao de metas, tambm fundamental , muita persistncia,
para que se possa manter-se economizando pelo tempo necessrio at que sejam alcanados os
objetivos que motivaram a poupana. Poupar e investir so dois comportamentos relacionados.
Sem poupana, muito difcil reunir recursos para realizar executar investimentos. De outra
forma, um investimento inconveniente ao perfil do investidor pode tranformar-se em prejuzos e,
consequentemente, comprometer os recursos poupados.
Ainda conforme o Portal do Investidor ( 2007), investir empregar o dinheiro poupado
em aplicaes que rendam juros ou outra forma de remunerao ou correo. O investimento
to importante quanto a poupana, pois todo o esforo de cortar gastos pode ser desperdiado
quando mal investido.
Muitas vezes nos referimos a gastos como sendo investimentos porque achamos que determinada despesa traz algum tipo retorno para ns, seja em termos pessoais, seja em termos profissionais. Assim, comum ouvir um pai dizer que, ao comprar um pacote de viagem para a famlia, est fazendo um investimento. O pai pensa, logicamente, nos benefcios em termos da experincia de vida que a viagem pode proporcionar. O conceito maia preciso de investimento, porm, outro. Para a economia, investimento apenas aquilo que traz retorno financeiro (MACEDO, 2007, p. 108).
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Sendo assim o objetivo de investir vai alm do que puramente manter o patrimnio, mas
significa multiplic-lo. Controlar as receitas e as despesas, fazer sobrar possibilita que a pessoa
realize investimentos aptos de render juros e lucros.
Conforme a Anbid (2007) o investimento ideal aquele que permitir a pessoa dormir
tranqilo, no colocar em risco a sade financeira e vai custear todos os objetivos e planos.
Porm para descobrir este investimento a pessoa necessitar primeiro fazer a lio de casa, ou
seja, conhecer a si mesmo como investidor e objetivos. Por isso, antes de optar por qualquer
aplicao certifique-se quanto tolerncia ao risco, o objetivo e o prazo do investimento.
Crane (1987) adverte que uma parte importante do investimento acompanhar tipo de
mercado, reavaliando sempre o investimento, descobrir o momento mais apropriado para tomar a
deciso de investir pode ser de importncia crucial, o quociente financeiro e a definio do tempo
apropriado so tcnicas que oferecem certa orientao para se tomar decises e se fazer
investimentos. Em todo investimento necessrio manter-se informado acerca da posio
econmica passada e atual. Outro fator importante a distribuio de seus investimentos, pois a
diversificao uma maneira efetiva de minimizar os riscos. Segundo o consultor finaceiro
Gustavo Cerbasi em entrevista ao site ABQV (2007): fundamental reconhecer que a renda no serve exclusivamente para pagar as contas do ms. Se prevemos que a carreira profissional ir encerrar-se antes do final da vida, devemos levar em considerao que a renda mensal a garantia de sobrevivncia a cada ms, e tambm durante aquele perodo em que deixaremos de trabalhar, ou seja, a aposentadoria. Por isso, o caminho para garantir a manuteno do padro de vida gastar menos do que ganhamos e investir com qualidade as sobras aplicando em um investimento que conhea bem, como fundos de renda fixa e de aes, imveis e outras alternativas no-financeiras, ou mesmo em planos de previdncia.
Independente de qual for a opo de investimento importante que ela seja ideal e
adequada para cada perfil de investidor, entender a estrutura do mercado de investimentos ou
contratar um profissional da rea, se torna essencial para futuramente no ter problemas com o
dinheiro.
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5. CONSIDERAES FINAIS
5.1 Concluso
O padro da qualidade de vida de uma sociedade bem como a questo das finanas
pessoais difcil de ser medido em sua plenitude. Porm, pode ser avaliado atravs de
indicadores em determinadas reas consideradas como componentes essenciais para o
delineamento do quadro de bem-estar social de uma populao.
O objetivo geral desse estudo que apresenta os benefcios e as influncias do
planejamento financeiro pessoal na qualidade de vida, juntamente com um modelo de planilha
oramentria que oriente a organizao das finanas pessoais, foi alcanado, pois apontou que a
educao financeira atenta para o planejamento financeiro pessoal, assegurador do futuro
individual e da famlia. Torna-se extremamente necessrio saber planejar a vida financeira
atravs de um modelo de planilha financeira, no que contribui muito para que as pessoas possam
organizar-se economicamente e com isso garantir qualidade de vida.
A pessoa alfabetizada financeiramente sabe aonde quer chegar, sabe lidar com situaes
que esto fora da rea de autoridade e sabe principalmente lidar com o dinheiro. O dinheiro
tornou-se uma das principais obsesses da sociedade moderna. Espelho das necessidades e
desejos, podendo virar liberdade ou priso, dependendo da conotao atribuda por cada
indivduo. O dinheiro quando administrado de forma inadequada torna-se um grande inimigo do
bem-estar da sociedade e certamente implicar na piora da qualidade de vida, originar sintomas
tais como stress emocional, depresso, hipertenso, irritabilidade, insnia, entre outros que
assolam a populao e lotam os consultrios mdicos. Da a essencialidade de um planejamento
financeiro pessoal. O dinheiro, para uma pessoa educada financeiramente, nunca ser sinnimo
de problema, mas sim de soluo.
O dinheiro se tornou um dos conceitos mais problemtico da cultura da humanidade.
Objetivamente, ele apenas um meio de troca, ou seja, um padro ou denominador comum
quando se barganham mercadorias e servios. Seu valor deveria terminar a. Mas no o que
acontece. O dinheiro, psicologicamente, um espelho onde se projeta as necessidades, as
carncias mais bsicas. Mas tambm onde se projetam grandes desejos e planos de vida. As