Transferencia de Elementos Quimicos Na Soldagem Por SMAW

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  • 8/18/2019 Transferencia de Elementos Quimicos Na Soldagem Por SMAW

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    INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DE SOLDAGEMPOR ELETRODO REVESTIDO NA TRANSFERÊNCIA

    DE ELEMENTOS QUÍMICOS

    Eng. Ricardo Fedele, MSc.Engenheiro de Aplicação da Boehler Thyssen Técnica de Soldagem Ltda

    Prof. do Dep. de Eng. Mecânica e Metalúrgica da Escola de Engenharia Mauá[email protected]

    Eng. Sérgio Duarte Brandi, DSc.Professor associado do Dep. Eng. Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da USP.

    Tcgo. José de Mattos DamascenoChefe do Laboratório de Soldagem da Boehler Thyssen Técnica de Soldagem Ltda.

    (Trabalho apresentado no XXVI CONSOLDA Congresso Nacional de Soldagem. Curitiba/2000)

    RESUMO

    Este trabalho teve o objetivo de estudar a influência da corrente e da polaridade na composiçãoquímica do metal de solda e na transferência de elementos químicos através do plasma durante asoldagem por eletrodo revestido. Utilizou-se eletrodos revestidos E410NiMo-15, com alma ligada ediâmetro de 3,25 mm. Foram estudadas três condições do metal de adição durante a transferênciametálica: a gota na ponta do eletrodo antes do destacamento; a gota destacada porém não diluída nometal fundido e o depósito do metal de adição. Este estudo foi desenvolvido com três correntes desoldagem (70, 100 e 130A), cada uma delas nas duas polaridades (CC+ e CC-). Foram realizadasdiversas análises químicas para quantificar as variações dos teores de carbono, enxofre, fósforo,silício, cromo, níquel, molibdênio, manganês e ferro. Os resultados mostraram que a variação dacorrente e da polaridade de soldagem pode causar mudanças na composição química do metal desolda.Palavras-chave: parâmetros de soldagem; composição química, metal de adição

    ABSTRACT

    The objective of this work was to study the influence of the welding current and welding polarity on thechemical composition of a filler metal during the shielded metal arc welding process. Coatedelectrodes E410NiMo-15 with alloyed wire and diameter of 3,25 mm were employed. The filler metalwas studied in three diferent conditions: at the tip of the electrode, at the droplet which was separatedfrom the electrode but not diluted in the weld pool and at the weld metal. This study was performedwith three welding currents (70, 100, 130A) , and each of them in two polarities (DC+ e DC-).Chemical analysis were performed in order to quantify the variations of the contents of carbon, sulfur,phosphorus, silicon, chromium, nickel, molybdenum, manganese and iron. The results revealed thatthe variations of these welding parameters could promote changes in the chemical composition ofweld metals.

    Key-words: welding parameters; chemical composition; filler metal

    Boehler Thyssen Técnica de Soldagem Ltda. 1

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    1. INTRODUÇÃO 

    O controle da composição química do metal de solda é extremamente importante para afabricação de consumíveis de soldagem com alta qualidade. Para isso, o entendimento dosmecanismos físico-químicos envolvidos na transferência dos elementos químicos através doarco elétrico é imprescindível. Esses mecanismos estão relacionados à difusão parcial deelementos através da interface metal-escória, à análise dos potenciais termodinâmicos daspossíveis reaçòes envolvidas na soldagem e à limitação cinética dessas reações (1).

     Além disso, existem também os efeitos eletroquímicos que podem ou não interferir nacomposição final do metal de solda. A influência das reações eletroquímicas é diretamenteproporcional à quantidade relativa de íons e de elétrons transferidos através das interfacesplasma/consumível, plasma/metal de solda, escória/consumível e escória/metal de solda(2).Devido a estas interfaces estarem presentes durante toda a transferência do metal deadição, pode-se afirmar que a composição química desse metal varia ao longo de seutrajeto pelo arco elétrico e depende das reações eletroquímicas.

    Na prática, verifica-se que pequenas variações na corrente ou na polaridade de soldagempodem ser suficientes para interferir no comportamento das reações eletroquímicas,promovendo alterações significativas na composição química da poça de fusão e, porconsequência, do metal de solda. Assim, um mesmo consumível de soldagem pode sercapaz de depositar metais de solda com diferentes composições químicas, dependendo dos

    parâmetros de soldagem utilizados.

    1.1 Estudos sobre a transferência de elementos químicos durante asoldagem

     A investigação destes fenômenos tem sido o objetivo de muitos trabalhos científicosdesenvolvidos nas últimas décadas. Em 1983, FROST, OLSON e EDWARDS (3)  publicaramum excelente artigo sobre a influência das reações eletroquímicas na composição do metaldepositado por eletroescória. Eles verificaram que as mudanças de concentração causadaspelas reações eletroquímicas são diretamente proporcionais aos valores de densidade decorrente e inversamente proporcionais à taxa de fusão do eletrodo.

    Dois anos mais tarde, LAU, WEATHERLY e McLEAN(4) investigaram a variação dos teoresde oxigênio durante as três etapas de transferência do metal de adição (ponta do arame -gota destacada - metal de solda) na soldagem por arco submerso. Eles observaram que osteores de oxigênio variaram de 844 até 1943 ppm para as pontas e de 1913 até 2987 ppmpara as gotas, sendo que essas quantidades foram sempre menores do que os teores deoxigênio 321-1039 ppm encontrados no metal de solda.

     As razões entre a concentração de oxigênio no metal de solda e nas gotas foram sempremenores do que o fator de diluição (0,5). Estes resultados sugerem que ocorreram reaçõeseletroquímicas na superfície ou dentro das gotas, com os metais menos nobres do que o

    ferro (por exemplo Ca, Al, Si,...).

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    Em 1986, BLANDER e OLSON(1)

     apresentaram um estudo detalhado sobre os efeitos dasreações eletroquímicas na composição da poça de fusão de soldas realizadas por arcosubmerso e por eletroescória. Eles comprovaram que determinadas mudanças decomposição química do metal de solda podem estar associadas às reações eletroquímicasque ocorrem a partir da formação do par galvânico arame de solda(anôdo)/poça defusão(catodo) durante a soldagem. De um modo geral, a transferência de elementosquímicos tem sido pesquisada na soldagem por arco submerso e por eletroescória. Noentanto, existe ainda uma grande carência de informações quanto ao seu comportamentona soldagem por eletrodo revestido, a qual também apresenta elevada quantidade deinterfaces metal/escória e metal/plasma em todas as etapas da transferência metálica. AFigura 1 representa esquematicamente as etapas de transferência metálica e as reaçõesnas interfaces metal/escória e metal/plasma na soldagem por eletrodo revestido.

    3º Etapa:Depósito de solda 

    ( - ) 

    ( + ) 

    1º Etapa: 

    Gota na ponta do eletrodo 

    2º Etapa: Gota destacada 

    Escória 

    Escória 

    Gás de proteção 

    Escória 

    Revestimento 

     Alma 

    Reações metal/plasma 

    Reações metal/escória 

    Figura 1- Representação esquemática das reações de interface que podem ocorrer duranteas etapas de transferência metálica da soldagem por eletrodo revestido.

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     Através da análise da Figura 1, nota-se que as reações de interface podem ocorrer nas trêsetapas da transferência metálica do processo eletrodo revestido. Entretanto, a velocidade eo sentido destas reações não permanecem constantes durante o trajeto da gota metálicapelo arco elétrico. Isto se deve às características particulares das diferentes etapas datransferência metálica.

    Na primeira etapa, por exemplo, existe um acúmulo de cargas negativas ao redor da gota demetal de adição que está se formando. Na segunda etapa, o metal de adição, envolto pelaescória fundida, está se deslocando através do plasma. Nesta etapa todo o conjuntoplasma-gota-escória é considerado neutro pois o número de cargas positivas presentescorresponde aproximadamente ao número de cargas negativas.

    Na terceira etapa, volta a ocorrer um acúmulo de cargas elétricas ao redor da poça defusão. Porém, ao contrário da primeira etapa, estas cargas são positivas. Cada uma destasetapas apresenta características próprias. Assim, é provável que elas influam nacomposição química do metal de adição durante a soldagem.

    2. OBJETIVO 

    Este trabalho teve o objetivo de estudar a influência da corrente e da polaridade desoldagem na transferência de elementos químicos através do arco elétrico durante asoldagem por eletrodo revestido.

    3. MATERIAIS E MÉTODOS

    Utilizou-se eletrodos com revestimento básico E410NiMo-15 de diâmetro 3,25 mm. Foramestudadas as três etapas da transferência metálica do processo eletrodo revestido. Aprimeira foi a gota na ponta do eletrodo antes do destacamento. A segunda foi a gotadestacada porém não diluída no metal fundido. Estas gotas foram obtidas através dasoldagem sobre uma placa de cobre puro refrigerada a água.

     A terceira etapa foi o depósito do metal de solda. Nesta última condição, as amostras foramcoletadas a partir da oitava camada de metal depositado. Este procedimento foi adotado

    para se evitar o efeito da diluição do metal de adição no metal de base.

    O estudo foi realizado a partir de três correntes de soldagem (70, 100 e 130A), sendo quecada um dos ensaios, nas duas polaridades (CC+ e CC-). A Tabela 1 relaciona osparâmetros de soldagem utilizados. De cada uma destas condições foram retiradas trêsamostras para a análise química. Assim, foi possível obter as variações dos teores decarbono, enxofre, fósforo, silício, manganês, cromo, níquel, molibdênio e ferro durante atransferência metalica do metal de adição.

    Em todos os casos, essas variações de composição química foram calculadas, utilizando-sea composição química da alma do eletrodo revestido como referencial (Tabela 2).

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    Tabela 1- Parâmetros de soldagem utilizados.

    Polaridade CC+ CC-Corrente (A) 70 100 130 70 100 130

    Tensão (V) 26 26 26 26 26 26Velocidade (mm/s) 1,68 2,40 3,12 1,68 2,40 3,12

    Eficiência térmica 0,90 (eletrodo revestido)Energia (J/mm) 975 975 975 975 975 975

    Tabela 2- Composição química da alma do eletrodo revestido (%).

    C S Si P Cr Ni Mo Mn Fe

    0,012 0.0038 0,34 0,019 12,21 4,37 0,5 0,47 82,08

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

     As variações de composição química das diversas etapas da transferência em relação àalma do eletrodo estão representadas nas Figuras 2 a 10. Cada uma dessas figurasapresenta três gráficos, os quais correspondem à variação dos teores de um determinadoelemento químico durante as etapas de transferência metálica (ponta do eletrodo, gota,depósito) nas duas polaridades e nas três correntes de soldagem estudadas. A discussãodos resultados obtidos apresenta-se subdividida em duas partes: formato das curvas einfluência da polaridade e da corrente de soldagem.

    4.1 Formato das curvas “ ponta do eletrodo - gota - depósito ”

     Analisando-se as curvas obtidas, pode-se notar que a variação dos teores dos elementosquímicos estudados em relação à composição da alma do eletrodo ocorre de duas formas

    principais. A primeira corresponde àqueles elementos que apresentam uma redução emseus teores entre os estágios ponta-gota e, em seguida, um aumento desses teores ouestabilização entre os estágios gota-depósito. Assim, as curvas correspondentes aocomportamento desses elementos apresentam uma concavidade voltada para cima (∪). AsFiguras 2, 3, 4 e 6 pertencem à esse grupo e representam, respectivamente, os elementoscarbono, silício, cromo e manganês.

     A segunda forma está relacionada àqueles elementos que apresentam um aumento de seusteores entre as etapas ponta-gota e, em seguida, um decréscimo (ou estabilização) dessesteores entre as etapas gota-depósito. As curvas correspondentes aos elementos quepossuem esta característica apresentam uma concavidade voltada para baixo (∩). Os

    elementos que se comportam dessa maneira são o níquel, o fósforo e o ferro,representados, respectivamente, pelas Figuras 7, 9 e 10.

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    220 A, CCPR (+) A, CCPD (-)

    Pon ta d e tr odo Gota Depósito Ponta do eletrodo Gota Depósito

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    220100 A, CCPR (+)100 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depó

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    100 A, CCPR (+)100 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

    6

    7070 

    o el

     Figura 2- Variação dos teores de carbono durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.

    sito

    130 A, CCPR (+)130 A, CCPD (-)

     

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      m  p  o  s   i  ç   ã  o  q  u   í  m   i  c  a   (   %   )

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    Ponta do eletrodo Gota Depósito

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o

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    80100 A, CCPR (+)100 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

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    130 A, CCPR (+)130 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

     Figura 3-  Variação dos teores de silício durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.  

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m  p  o  s   i  ç   ã  o  q  u   í  m   i  c  a   (   %   )

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    1070A, CCPR (+)

    70 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

     

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    130 A, CCPR (+)130 A, CCPD(-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

     

    Figura 4-  Variação dos teores de cromo durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.

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    607 CCPR (+)7 , CCPD (-)

    Ponta do el rodo Gota Depósito

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    Ponta do eletrodo Gota Depósito

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    Ponta do eletrodo Gota Depósito

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    130 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

     

    0A,0 A 

    130 A, CCPR (+)130 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

     

    et

     

    Figura 5- Variação dos teores de molibdênio durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.  

    Figura 6- Variação dos teores de manganês durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.  

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m  p

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    Figura 7-  Variação dos teores de níquel durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.

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    180100 A, CCPR (+)100 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

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    CC CC

    ro 

    130 A, CCPR (+)130 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

     

    Figura 8- Variação dos teores de enxofre durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.  

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m

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    Ponta do eletrodo Gota Depósito

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m

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    15

    20

    25

    30100 A, CCPR (+)100 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m

      p  o  s   i  ç   ã  o  q  u   í  m   i  c  a   (   %   )

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

     

    130 A, CCPR (+)130 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

     

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m  p  o  s   i  ç   ã  o  q  u   í  m   i  c  a   (   %   )

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    270A, CCPR (+)70 A, CCPD (-)

    Ponta do eletrodo Gota Depósito

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m  p  o  s   i  ç   ã  o  q  u   í  m   i  c  a   (   %   )

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2100 A, CCPR (+)100 A, CCPD (-)

    DepósitoGotaPonta do eletrodo

       V  a  r   i  a  ç   ã  o   d  e  c  o  m  p  o  s   i  ç   ã  o  q  u   í  m   i  c  a   (   %   )

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

     

    Figura 9-  Variação dos teores de fósforo durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.

    130 A, CCPR (+)130 A, CCPD (-)

    DepósitoGotaPonta do eletrodo

     

    Figura 10-  Variação dos teores de ferro durante a transferência metálica em relação àcomposição da alma, em função da corrente e da polaridade de soldagem.

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     As curvas dos elementos molibdênio e enxofre, mostradas respectivamente nas Figuras 5 e8, apresentam um comportamento que depende das condições de soldagem. A variaçãodos teores de molibdênio, por exemplo, tende a se comportar de acordo com a curva (∩)em soldagens na polaridade reversa (+) e de acordo com a curva (∪) naquelas depolaridade direta (-). A variação dos teores de enxofre tende a mudar do comportamento (∪)para o (∩) com o aumento da corrente de soldagem.

     A explicação do formato de todas estas curvas está diretamente relacionada às reaçõesquímicas e eletroquímicas que ocorrem durante a soldagem. Assim, com base nos trabalhosde OLSON e BLANDER(1)  sobre as possíveis reações existentes nos processos arcosubmerso e eletroescória, sugere-se a seguir um mecanismo para a transferência deelementos químicos durante o processo eletrodo revestido.

    Considerando-se a soldagem em polaridade reversa (+), a ponta do eletrodo apresenta umcomportamento anódico enquanto que o depósito do metal de solda adquire um carátercatódico. Em uma primeira etapa ocorre a formação da gota metálica na ponta da alma doeletrodo conforme mostrado na Figura 1. Cria-se então uma interface metal deadição/escória, na qual ocorre rapidamente a reação anódica de oxidação do ferro:

    nO2- + Fe(gota)  →  FeOn (escória)+ 2 n e

    Sugere-se que esta reação tenda a ocorrer preferencialmente com o ferro devido à elevadaquantidade deste elemento nos aços. A perda de ferro do metal de adição fundido para a

    escória pode ser comprovada através da análise da Figura 10. No estágio ponta do eletrodo,a variação de composição química apresenta sempre valores negativos, indicando umaredução da quantidade de ferro na ponta do eletrodo em relação à composição da alma. Éimportante ressaltar que, embora essas perdas estejam em torno de 1 a 2%, as quantidadesde ferro correspondentes à essas porcentagens são bastante elevadas. Devido a este fato,todos os outros elementos tendem a apresentar uma variação positiva de composição nesteprimeiro estágio, uma vez que os valores estão em porcentagem. Estas variações positivaspodem ser observadas nas Figuras 2 a 8. Na segunda etapa da transferência metálica (gotadestacada), estima-se que a reação de oxidação do ferro seja interrompida devido aoelevado potencial termodinâmico para a reação do FeO, recém formado, com os metaismenos nobres do que o ferro:

    C C

    FeO + Si →  Si O + Fe

    Cr Cr

    Mn (gota) Mn (escória)

     Assim, a composição química da gota destacada apresentou uma redução dos teores decarbono, silício, cromo e manganês em relação à composição da ponta do eletrodo. Estefato explica o formato (∪) das curvas apresentadas nas Figuras 2, 3, 4 e 6, as quais

    correspondem respectivamente à variação de composição química dos elementos citadosacima.

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    Consequentemente, verificou-se o aumento dos teores de ferro na composição da gota demetal de adição. Também, devido ao cálculo percentual, ocorreu um aumento dos teoresdos elementos mais nobres que o ferro (Ni e P), os quais não participaram das reações deoxidação. Portanto, as curvas  ponta-gota  destes elementos apresentaram o formato (∩),conforme pode ser visto nas Figuras 7 e 9.

    Na terceira etapa da transferência metálica, a qual corresponde ao depósito de solda,sugere-se que tenham ocorrido algumas reações catódicas do tipo:

    MZ+ (escória)  + ze →  M(metal de solda) 

     Através destas reações, acredita-se que os elementos oxidados na etapa anterior possamretornar à composição do metal de solda. Deste modo, as curvas correspondentes àsvariações dos teores destes elementos apresentar-se-iam crescentes nos trechos gota-depósito. As Figuras 2, 3, 4 e 6 referentes, respectivamente às curvas do carbono, silício,cromo e manganês, apresentam esse comportamento. Devido ao balanço percentual,verificou-se uma redução nos teores de ferro, níquel e fósforo. Assim, a curvacorrespondente às variações dos teores destes elementos apresentaram-se decrescentesnos trechos gota-depósito. Além das reações propostas, outras reações metal/escóriapoderiam estar ocorrendo para balancear termodinamicamente a composição química dometal de solda.

    4.2 Influência da polaridade de soldagem

     A variação da composição química do metal de adição em todas as etapas da transferênciametálica, em função da polaridade e da corrente, podem ser vistas nas Figuras 2 a 10.

     Analisando-se o formato das curvas em função da troca de polaridade observa-se que nãohouve mudança na concavidade das mesmas. Isto significa que o mecanismo detransferência da maioria dos elementos químicos estudados é pouco afetado pela troca depolaridade. No entanto, verifica-se que as curvas ponta-gota-depósito destes elementos nãosão necessariamente idênticas nas duas polaridades. Assim, os valores de composição

    química do metal de adição tendem a variar de acordo com a polaridade de soldagem.

    Em princípio, as modificações causadas pela troca da polaridade estão relacionadas àinversão da distribuição de cargas elétricas no plasma e à troca de posição da região demaior temperatura do arco elétrico. Deste modo, em soldagens com a polaridade reversa(+), as cargas negativas estão concentradas na ponta do eletrodo enquanto que as cargaspositivas no depósito. Além disso, o polo positivo tende a apresentar sempre as maiorestemperaturas devido ao efeito térmico do bombardeamento dos elétrons. Em soldagens coma polaridade direta (-) este quadro é invertido e ocorre exatamente o contrário. Portanto,sugere-se que a troca de polaridade não tenha um efeito qualitativo suficientemente grandepara alterar todo o mecanismo de transferência dos elementos. Entretanto, acredita-se queela seja responsável por provocar pequenas modificações

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    quantitativas de composição química do metal de adição durante as etapas de transferência.Esses valores estão representados nas Figuras de 2 a 10.

    4.3 Influência da corrente de soldagem (densidade de corrente)

    Com relação ao aumento da corrente (densidade de corrente) de soldagem, notou-se umasuavização da curvatura dos gráficos de variação de composição química da maioria doselementos estudados. Isto significa que ocorreu uma redução da diferença entre ascomposiçòes da ponta, da gota e do depósito do metal de adição. Sabe-se que o aumentoda corrente (densidade de corrente) está relacionado ao aumento da quantidade de cargasdisponíveis para as reações eletroquímicas e ao aumento da temperatura do arco elétrico. Assim, era de se esperar uma variação da composição química do metal de adição com oaumento da corrente. O carbono, por exemplo (Figura 2), apresenta uma diminuição de seusteores no depósito de solda com o aumento da corrente em soldagens com polaridadereversa. O cromo (Figura 4), por sua vez, apresenta o comportamento contrário emsoldagens com polaridade direta.

    5. CONCLUSÕES

    Com base nos ensaios realizados pode-se concluir que:

    a) O mecanismo de transferência dos elementos químicos na soldagem com eletrodorevestido envolve reações químicas e eletroquímicas.

    b) A troca de polaridade influi pouco na tendência de transferência dos elementosquímicos, porém pode influir na composição química do depósito de solda.

    c) O aumento da corrente de soldagem influi pouco na tendência de transferência doselementos químicos, porém pode influir na composição química do depósito de solda.

    6. AGRADECIMENTOS

    Os autores gostariam de agradecer à empresa Boehler Thyssen Técnica de

    Soldagem Ltda pelo fornecimento dos consumíveis e execução das soldagens e análisesquímicas. Em especial, aos soldadores Carlos Serafim e Noel Pereira dos Santos, e aosquímicos Francisco de Assis, Sueli Akemi e Hélio Lanfranchi pela dedicação. Agradecimentos também ao projeto FAPESP 98/02493-2 (RAF,SDB).

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    1- BLANDER, M; OLSON, D.L. Eletrochemical effects on weld pool chemistry in submerged arc and D.C. electroslag welding.In: International Conference on Trends in Welding Research, Tennessee, USA. Proceedings, Ohio American Society forMetals, p. 363-366, 1986.

    2- NATALIE, C.A.; OLSON, D.L.; BLANDER, M. Physical and Chemical Behaviour of Welding Fluxes.  Annual Review ofMaterials Science, v.16, p.389-413, 1986.

    3- FROST, R.H.; OLSON, D.L.; EDWARDS, G.R. The influence of electrochemical reactions on the chemistry of the electroslagwelding process. In: 1983 Engineering Foundation Conferences, Modelling of Casting and Welding Processes II.

    Proceedings, p. 279-294, 1983.4- LAU, T.; WEATHERLY, G.C.; McLEAN, A. Welding Journal , v.64, n.12, p. 343s-347s, 1985.