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Projeto realizado com o apoio do PROEXT 2014 - MEC/SESu. 31 | 3409 6447 www.teiadetextos.com.br www.ufmg.br/ciencianoar [email protected] I N S T I T U T O D E C I Ê N C I A S B I O L Ó G I C A S U F M G - - Agradecemos sua ajuda para conservar este texto que também está disponível em www.ufmg.br/cienciaparatodos Três estórias sobre o “eu” que desconheço A morte do cão Após correr, correr muito, cheguei ao quintal da casa anga onde vivi. Lá, sentados em frente à porta principal, meu irmãos me o- lhavam. Todos tristes, pálidos e com lágrimas nos olhos. Nosso ca- chorrinho havia morrido. Agora que morro eu, percebo com clareza que naquele dia quem morreu não foi o cão, fomos nós. Palavras não ditas devem ser esquecidas. An-didáca Percebo a vida como uma estranha mistura de conngência e inu- lidade. E, afinal, o que pode ser a vida senão uma leve percepção? A vida não nos dá tempo para nos conhecermos. Quando começa- mos a aprender, acabamos. Ouçam! É música! Senr-me leve, livrar-me desse ser gorduroso e sujo que sou. Ser um bailarino: ter graça e arte em cada gesto. Ser poeta: escalar o edicio das formas e dos símbolos para ver que ele é uma ilusão. Ser músico: botar abaixo a infame estrutura da realidade dos tri- viais. Autor: Luciano Machado Tomaz 02 | 8ª etapa

Três estórias sobre o “eu” que desconheço A morte do cão ... · Percebo a vida como uma estranha mistura de contingência e inuti-lidade. E, afinal, o que pode ser a vida

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Projeto realizado com o apoio do PROEXT 2014 - MEC/SESu.

31 | 3409 6447

www.teiadetextos.com.brwww.ufmg.br/ciencianoar

[email protected]

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CIÊNCIAS

BIOLÓ

GICAS

U F M G --

Agradecemos sua ajuda para conservar este texto que também está disponível em www.ufmg.br/cienciaparatodos

Três estórias sobre o “eu” que desconheço

A morte do cãoApós correr, correr muito, cheguei ao quintal da casa antiga onde vivi. Lá, sentados em frente à porta principal, meu irmãos me o-lhavam. Todos tristes, pálidos e com lágrimas nos olhos. Nosso ca-chorrinho havia morrido. Agora que morro eu, percebo com clareza que naquele dia quem morreu não foi o cão, fomos nós. Palavras não ditas devem ser esquecidas.

Anti-didáticaPercebo a vida como uma estranha mistura de contingência e inuti-lidade. E, afinal, o que pode ser a vida senão uma leve percepção? A vida não nos dá tempo para nos conhecermos. Quando começa-mos a aprender, acabamos.

Ouçam! É música!Sentir-me leve, livrar-me desse ser gorduroso e sujo que sou. Ser um bailarino: ter graça e arte em cada gesto. Ser poeta: escalar o edifício das formas e dos símbolos para ver que ele é uma ilusão. Ser músico: botar abaixo a infame estrutura da realidade dos tri-viais.

Autor: Luciano Machado Tomaz

02 | 8ª etapa