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Revista sobre Carste
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Artigos Originais
Geoturismo na APA Carste Lagoa Santa/MG: breve reflexo sobre a identidade do espaoTiago Silva Alves de Brito, Renata Ferreira Campos & Fernanda Carla Wasner Vasconcelos
Protocolo de avaliao e inventariao de lugares de interesse geolgico e mineiroSuzana Fernandes de Paula & Paulo de Tarso Amorim Castro
Avaliao multicritrio da vulnerabilidade ambiental e natural na identificao de reas prioritrias para conservao do
patrimnio espeleolgicoDarcy Jos Santos, rsula Ruchkys & Mauro Gomes
Carste, histria, geografia e cultura na Cracvia: sculos de interao humana na paisagem polonesaLuiz Eduardo Panisset Travassos
Resumos de teses e dissertaes
Estudo microclimtico do ambiente de cavernas, Parque Estadual Intervales, SPBrbara Nazar Rocha
Parque Estadual do Ibitipoca/MG: potencial geoturstico e proposta de leitura do seu
geopatrimnio por meio da interpretao ambientalLilian Carla Moreira Bento
R
www.cavernas.org.br/turismo.asp
ISSN 1983-473X Vol. 7 N1/2 2014
Mapas de vulnerabilidade da regio de Lagoa Santa e Monjolos, MG - vide artigo pginas: 29 a 42.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
1
EXPEDIENTE
Sociedade Brasileira de Espeleologia
(Brazilian Speleological Society)
Endereo (Address) Caixa Postal 7031 Parque Taquaral
CEP: 13076-970 Campinas SP Brasil
Contatos (Contacts) +55 (19) 3296-5421
Gesto 2013-2015 (Management Board 2013-2015)
Diretoria (Direction)
Presidente: Marcelo Augusto Rasteiro
Vice-presidente: Pavel Carrijo Rodrigues
Tesoureiro: Fernanda Cristina Loureno Bergo
1 Secretrio: Teresa Maria da Franca Moniz de Arago
2 Secretrio: Luciano Emerich Faria
Conselho Fiscal (Supervisory Board)
Delci Kimie Ishida
Leonardo Morato Duarte
Jefferson Esteves Xavier
Alexandre Jos Felizardo suplente (alternate) Flavio Scalabrini Sena suplente (alternate)
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
2
Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas
(Tourism and Karst Areas)
Editor-Chefe (Editor-in-Chief)
Dr. Heros Augusto Santos Lobo
Sociedade Brasileira de Espeleologia, Brasil
Editors Convidados (Guest Editors)
Dra. Jasmine Cardozo Moreira
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil
Esp. Carlos Neto de Carvalho
Geopark Naturtejo, Portugal
Editor Associado (Associated Editor)
Dr. Cesar Ulisses Vieira Verssimo
Universidade Federal do Cear UFC, Brasil
Editor Executivo (Executive Editor)
Esp. Marcelo Augusto Rasteiro
Sociedade Brasileira de Espeleologia SBE, Brasil
Conselho Editorial (Editorial Board)
Dr. Andrej Aleksej Kranjc Karst Research Institute, Eslovnia
Dr. Angel Fernndes Corts
Universidad de Alicante, UA, Espanha
Dr. Arrigo A. Cigna
Interntional Union of Speleology / Interntional Show
Caves Association, Itlia
Dr. Edvaldo Cesar Moretti
Universidade Federal da Grande Dourados UFGD, Brasil
Dr. Jos Alexandre de Jesus Perinotto
Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho IGCE/UNESP, Brasil
MSc. Jos Antonio Basso Scaleante
Sociedade Brasileira de Espeleologia - SBE, Brasil
MSc. Jos Ayrton Labegalini
Sociedade Brasileira de Espeleologia - SBE, Brasil
Dra. Linda Gentry El-Dash
Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, Brasil
MSc. Lvia Medeiros Cordeiro-Borghezan
Universidade de So Paulo USP, Brasil
Dr. Luiz Afonso Vaz de Figueiredo
Centro Universitrio Fundao Santo Andr FSA, Brasil
Dr. Luiz Eduardo Panisset Travassos
Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais PUC/MG, Brasil
Dr. Marconi Souza-Silva
Faculdade Presbiteriana Gammon Fagammon/Centro Universitrio de Lavras UNILAVRAS, Brasil
Dr. Marcos Antonio Leite do Nascimento
Universidade Federal do Rio Grande do Norte -
DG/UFRN, Brasil
Dra. Natasa Ravbar
Karst Research Institute, Eslovnia
Dr. Paolo Forti
Universit di Bologna, Itlia
Dr. Paulo Cesar Boggiani
Universidade de So Paulo IGc/USP, Brasil
Dr. Paulo dos Santos Pires
Universidade Vale do Itaja UNIVALI, Brasil
Dr. Ricardo Jos Calembo Marra
Centro Nacional de Estudo, Proteo e Manejo de
Cavernas ICMBio/CECAV, Brasil
Dr. Ricardo Ricci Uvinha
Universidade de So Paulo EACH/USP, Brasil
Dr. Srgio Domingos de Oliveira
Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho UNESP/Rosana, Brasil
Dr. Tadej Slabe
Karst Research Institute, Eslovnia
Dra. rsula Ruchkys de Azevedo
CREA-MG, Brasil
Dr. William Sallun Filho
Instituto Geolgico do Estado de So Paulo IG, Brasil
Dr. Zysman Neiman
Universidade Federal de So Carlos UFSCAR, Brasil
Comisso de Traduo (Translation Committee)
Dra. Linda Gentry El-Dash Ingls
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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SUMRIO
(CONTENTS)
Editorial 04
ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES
Geoturismo na APA Carste Lagoa Santa/MG: breve reflexo sobre a identidade do espao
Geotourism in the Lagoa Santa Karst / MG: a brief reflection on the identity of the space
Tiago Silva Alves de Brito, Renata Ferreira Campos & Fernanda Carla Wasner Vasconcelos 07
Protocolo de avaliao e inventariao de lugares de interesse geolgico e mineiro
Inventory and evaluation protocols used in geological and mining heritage sites
Suzana Fernandes de Paula & Paulo de Tarso Amorim Castro 19
Avaliao multicritrio da vulnerabilidade ambiental e natural na identificao de reas
prioritrias para conservao do patrimnio espeleolgico
Multicriteria assessment of the environmental and natural vulnerability in identify priority areas for
geoconservation of speleological herigage
Darcy Jos Santos, rsula Ruchkys & Mauro Gomes 29
Carste, histria, geografia e cultura na Cracvia: sculos de interao humana na paisagem
polonesa
Karst, history, geography and culture in Krakow: centuries of human interaction in the polish
landscape
Luiz Eduardo Panisset Travassos 43
RESUMOS DE TESES E DISSERTAES / MASTER AND DOCTORAL THESIS: ABSTRACTS
Estudo microclimtico do ambiente de cavernas, Parque Estadual Intervales, SP
Microclimate study of caves environment, Parque Estadual Intervales, SP
Brbara Nazar Rocha 59
Parque Estadual do Ibitipoca/MG: potencial geoturstico e proposta de leitura do seu
geopatrimnio por meio da interpretao ambiental
The state park of Ibitipoca (PEI)/MG: geotouristic potential and proposal for your reading
geopatrimony through the environmental interpretation
Lilian Carla Moreira Bento 61
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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EDITORIAL
A revista Turismo e Paisagens Crsticas completa, com esta edio, seu stimo ano de existncia.
Desde 2008, com o apoio da Sociedade Brasileira de Espeleologia, j forma publicados 51 artigos, 9 resumos
de teses e dissertaes e 1 resenha de livro at o Volume 7, com autores de diversos pases, como Brasil,
Eslovnia, Itlia, Estados Unidos, Malsia, Indonsia e Costa Rica. Sem sombra de dvidas, um amplo
acervo de textos de qualidade, que versam sobre diversos aspectos que relacionam o Turismo com as
cavernas, as paisagens crsticas ou mesmo o Geoturismo e o Espeleoturismo em reas no crsticas.
Durante este perodo, a revista passou por diversas mudanas, como em seu quadro de editores e no
processo de seleo de manuscritos. Tentativas de internacionalizao foram e continuam sendo feitas, no
somente em benefcio da Turismo e Paisagens Crsticas, mas sobretudo em funo da internacionalizao e
integrao do conhecimento, em um mundo que passa por constantes mudanas e onde as atualizaes
desenvolvidas em um contexto podem ajudar no desenvolvimento sustentvel do turismo tambm em outras
realidades.
Nesse sentido, as mudanas continuam. Temos orgulho em anunciar a mais nova alterao no escopo
da Turismo e Paisagens Crsticas: o peridico, desde o Volume 7, passa a ser tambm um canal oficial da
Associao de Cavernas Tursticas Ibero-Americanas, a ACTIBA, fundada em 2011 durante o 31
Congresso Brasileiro de Espeleologia, em Ponta Grossa, Paran, Brasil. A honraria foi proposta e aceita
durante o I Congreso Iberoamericano y V Espaol sobre Cuevas Turisticas (CUEVATUR), realizado em
Aracena, Huelva, Espanha, em outubro de 2014. Novidades sero percebidas nas novas edies, como novas
alteraes no Conselho Editorial, maior participao de pesquisadores de lngua espanhola e ampliao do
fluxo de trocas de conhecimento e experincias, privilegiando aspectos cientficos e gerenciais para o
desenvolvimento adequado do turismo subterrneo e do geoturismo.
Na atual edio algumas das alteraes j podem ser percebidas: a insero do logo da ACTIBA na
capa e artigos, o retorno do nome do peridico para o portugus e o acrscimo da verso do nome em
espanhol. J na prxima edio, teremos tambm artigos selecionados do CUEVATUR, em uma edio
especial. Tudo isso para melhorar ainda mais o carter tcnico e cientfico da Turismo e Paisagens Crsticas,
privilegiando pesquisadores, gestores e demais interessados nos temas publicados.
O Volume 7 composto por 4 artigos originais e 2 resumos. Abrindo a edio, Brito, Campos e
Vasconcelos apresentam uma abordagem de caracterizao das potencialidades tursticas da rea de
Proteo Ambiental (APA) do Carste de Lagoa Santa, Brasil, com enfoque no Geoturismo. O segundo artigo,
assinado por de Paula e Castro, traz uma metodologia de avaliao e inventariao de lugares de interesse
geolgico e mineiro, com anlise de geosstios. Na sequncia, Santos, Ruchkys e Gomes trazem novamente a
APA do Carste de Lagoa Santa em evidncia, apresentando uma anlise multicritrios de sua vulnerabilidade
ambiental e natural. O ltimo artigo, de Travassos, traz um relato sobre o carste e seus aspectos geogrficos,
histricos e culturais da Polnia, derivado da participao do autor em um evento neste pas. Fecham a
edio o resumo da dissertao de mestrado de Rocha, sobre o microclima de cavernas no Parque Estadual
Intervales, Brasil; bem como da tese de doutorado de Bento, sobre a interpretao ambiental e o potencial
geoturstico do Parque Estadual de Ibitipoca, Brasil.
Desejamos excelentes leituras e reflexes aos colegas, bem como os convidamos para submeterem
vossas futuras produes para a publicao na Turismo e Paisagens Crsticas.
Heros Lobo
Editor-Chefe
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
5
EDITORIAL
La revista Turismo e Paisagens Crsticas (Turismo y Paisajes Krsticos) completa, con esta edicin,
su sptimo ao de existencia. Desde el ao 2008, se han publicado, incluyendo este sptimo volumen, con el
apoyo de la Sociedad Brasileira de Espeleologa, 51 artculos, 9 resmenes de tesis y disertaciones y la
resea de un libro, firmados por autores de pases tan diversos como Brasil, Eslovenia, Italia, Estados
Unidos, Malasia, Indonesia y Costa Rica. Constituyen, sin duda alguna, un amplio conjunto de textos de
gran calidad, que tratan de diversos aspectos que relacionan el turismo con las cavidades, los paisajes
krsticos o incluso el Geoturismo y el Espeleoturismo en regiones no krsticas.
Durante este perodo, la revista ha pasado por diversos cambios, tanto relativos a su equipo editorial
como al proceso de seleccin de originales. Las iniciativas de internacionalizacin han sido continuas, no
solamente en beneficio de la propia revista, sino sobre todo en funcin de la internacionalizacin e
interpretacin del conocimiento, en un mundo que se caracteriza por los continuos cambios y en el que las
actualizaciones que se desarrollan en un contexto determinado pueden ayudar tambin al desarrollo
sostenible del turismo en otras realidades muy diferentes.
En este sentido, los cambios an continan. Estamos orgullosos de iniciar un nuevo cambio de rumbo
en Turismo e Paisagens Crsticas: la revista, desde el volumen 7, pasa a ser tambin un canal oficial de la
Asociacin de Cuevas Tursticas Iberoamericanas, ACTIBA, fundada en 2011 durante el 31 Congreso
Brasileo de Espeleologa, en la ciudad de Ponta Grossa (Paran, Brasil). Este honor fue propuesto y
aceptado durante el I Congreso Iberoamericano y V Espaol sobre Cuevas Tursticas (CUEVATUR-2014),
que tuvo lugar en Aracena (Huelva, Espaa) durante el pasado mes de octubre de 2014. Las novedades
sern percibidas en las sucesivas ediciones en distintos mbitos, como algunos cambios en el Consejo
Editorial, una mayor participacin de investigadores de lengua espaola y en la ampliacin del flujo de
intercambio de conocimiento y experiencias, impulsando aspectos cientficos y de gestin para el desarrollo
adecuado del turismo subterrneo y del geoturismo.
En este volumen ya se pueden observar algunos de estos nuevos cambios: la insercin del logotipo de
ACTIBA en la cubierta de la revista y en los artculos, el regreso de la denominacin portuguesa de la
revista y la adicin de la versin del nombre en espaol. Ya en el prximo volumen se publicarn artculos
seleccionados del Congreso CUEVATUR-2014, en una edicin especial. Todo ello con el objetivo de
mejorar el carcter tcnico y cientfico de Turismo e Paisagens Crsticas, ofreciendo as un mejor producto
a investigadores, gestores y otros interesados en los temas publicados.
El volumen 7 est compuesto por 4 artculos originales y 2 resmenes. Abriendo la edicin, Brito,
Campos y Vasconcelos presentan un ensayo de la caracterizacin de las potencialidades tursticas del rea
de Proteccin Ambiental (APA) del karst de Lagoa Santa, Brasil, con un enfoque hacia el Geoturismo. El
segundo artculo, firmado por de Paula y Castro, traza una metodologa de clasificacin e inventariado de
lugares de inters geolgico y minero, con un anlisis de los principales geositios. Posteriormente, Santos,
Ruchkys y Gomes realizan nuevamente en el APA del karst de Lagoa Santa un anlisis multicriterio de su
vulnerabilidad ambiental y natural. El ltimo artculo, de Travassos, versa sobre el karst de Polonia y sus
aspectos geolgicos, histricos y culturales, derivados de la participacin del autor en un evento en dicho
pas. Cierran la edicin un resumen de la disertacin de Roche, sobre el microclima de Las Cuevas del
Parque Estadual Intervales, en Brasil; y otro de la tesis doctoral de Bento, sobre la interpretacin ambiental
y el potencial geoturstico del Parque Estadual de Ibitipoca, tambin en Brasil.
Deseamos a nuestros lectores unas excelentes lecturas y reflexiones, as como les invitamos a someter
sus futuros trabajos para su publicacin en Turismo e Paisagens Crsticas.
Heros Lobo Editor em jefe
Traduo Dr. Juan Jos Durn Valsero - Instituto Geolgico y Minero de Espaa (IGME)
PESQUISAS EM TURISMO E PAISAGENS CRSTICAS
Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE)
www.cavernas.org.br/turismo.asp
Refrendada por la Associacin de Cuevas Tursticas Iberoamericanas
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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GEOTURISMO NA APA CARSTE LAGOA SANTA/MG:
BREVE REFLEXO SOBRE A IDENTIDADE DO ESPAO
GEOTOURISM IN THE LAGOA SANTA KARST / MG: A BRIEF REFLECTION ON THE IDENTITY
OF THE SPACE
Tiago Silva Alves de Brito (1,2); Renata Ferreira Campos (1,3) &
Fernanda Carla Wasner Vasconcelos (1)
(1) Centro Universitrio UNA Belo Horizonte, MG. (2) Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais - (FEAD) - Belo Horizonte, MG.
(3) Universidade Federal de Lavras (UFLA) - Lavras, MG.
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected].
Resumo
O presente artigo tem por objetivo caracterizar as potencialidades tursticas apresentadas pela rea de
Proteo Ambiental - APA Carste Lagoa Santa e analisar os impactos, relatados na literatura cientfica, sobre
as reas de Carste. A rea de estudo est localizada na regio metropolitana de Belo Horizonte/MG e conta
com diversos stios arqueo-paleontolgicos, cavernas e demais formaes crsticas, que vm sofrendo
interferncias das atividades antrpicas. Devido sua importncia cientfica, seu relevante patrimnio
geolgico e suas belezas cnicas, a regio possui grande potencial para o turismo, em especial para o
geoturismo. Para dar base pesquisa foi utilizada, como metodologia, a reviso de literatura sobre o
geoturismo, impactos ambientais e as potencialidades e fragilidades da APA Carste Lagoa Santa. Os
resultados apontam que os impactos ambientais so propiciados pela expanso urbana, crescimento
demogrfico e desenvolvimento econmico das regies limtrofes, potencializados pela falta de fiscalizao
e polticas pblicas exequveis.
Palavras-Chave: Carste; Geoturismo; Impactos Ambientais; rea de Proteo Ambiental; Patrimnio
Geolgico.
Abstract
This paper aims to characterize the tourism potential presented by the Environmental Protection Area - APA
Lagoa Santa Karst and analyze the impacts reported in the scientific literature on the areas of karst. The
study area is located in the metropolitan region of Belo Horizonte / MG and has many archaeological -
paleontological sites, caves and other karst formations, which have suffered interference of human activities.
Due to its scientific importance, its important geological heritage and its scenic beauty, the region has great
potential for tourism, especially for geotourism. To underpin the research was used as a methodology,
review of literature on geotourism, environmental impacts and the strengths and weaknesses of the Lagoa
Santa Karst APA. The results indicate that environmental impacts are enabled by the urban sprawl,
population growth and economic development in neighboring areas, exacerbated by the lack of oversight
and enforceable policies.
Key-Words: Karst; Geotourism; Environmental Impacts; Environmental Protection Area; Geological
Heritage.
1. INTRODUCO
A rea de proteo ambiental (APA) Carste
est localizada no municpio de Lagoa Santa,
Confins, Funilndia, Matozinhos, Pedro Leopoldo e
Prudente de Morais, a Norte de Belo Horizonte.
Criada no ano de 1990, como Unidade de
Conservao da natureza, a regio destaca-se como
o bero da paleontologia e espeleologia do Brasil
com stios arqueolgicos de extrema relevncia
cientfica, alm de representar uma importante rea
natural de transio de Cerrado e Floresta estacional
semidecidual (BERBERT-BORN, 2002; IBGE,
1993).
A cidade de Lagoa Santa est inserida na
Regio Metropolitana de Belo Horizonte e recebe
um contingente elevado de pessoas, provindas das
regies limtrofes. As rodovias que interligam o
municpio e seus arredores servem de suporte ao
Aeroporto Internacional Tancredo Neves, ao Parque
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
8
Nacional da Serra do Cip e a regio norte do
Estado de Minas Gerais (BRITO, 2012).
Em decorrncia do intenso fluxo de veculos e
pessoas, a regio entrou em processo de degradao
ambiental e cultural. As reas prximas a APA
foram tomadas por condomnios fechados, atividade
mineradoras, principalmente no que diz respeito a
extrao de areia, movimentao turstica para
visitao das reas de carste e atividades agrcolas.
Pereira e Caldeira (2011) enfatizam que a falta de
fiscalizao do ordenamento pblico colocou em
risco o patrimnio cultural, ambiental e cientfico da
APA Carste. Os impactos ambientais como
degradao do solo, supresso da vegetao,
assoreamento de rios e loteamentos tornaram-se
recorrentes na APA Carste.
Diante dos fatos apresentados, o objetivo
deste trabalho caracterizar as potencialidades
apresentadas pela APA Carste, ressaltando a
importncia da preservao enquanto Unidade de
Conservao que abriga recursos do patrimnio
natural e cultural do Brasil. Ainda como objetivo,
configura-se analisar os impactos ambientais
relatados na literatura cientfica sobre a regio de
Carste e os geostios.
Na perspectiva de conformar arcabouo
terico-conceitual consistente, foi adotado como
metodologia rigorosa reviso e incurso
bibliogrfica acerca das temticas centrais desta
pesquisa, tais como, patrimnio cultural, natural,
impactos ambientais e turismo.
2. OBJETO DE ESTUDO
A cidade de Lagoa Santa est localizada na
regio sudeste do Brasil, no estado de Minas Gerais,
a cerca de 40km da capital Belo Horizonte. Suas
principais atividades econmicas baseiam-se na
extrao mineral, indstrias de cimento para
construo civil e agricultura (FLEISCHER, 2006).
O municpio apresenta uma populao estimada em
mais de 50 mil habitantes, divididos em reas rurais,
onde ocorre a produo da agricultura, e em reas
urbanas, em que h a especulao imobiliria das
terras (IBGE, 2010).
Lagoa Santa faz parte do Circuito Turstico
das Grutas, que inclui, ainda, os municpios de
Baldim, Caetanpolis, Capim Branco, Cordisburgo,
Juquitib, Matozinhos, Paraopeba, Sete Lagoas e
Vespasiano. A Secretaria de Estado de Turismo de
Minas Gerais (SETUR) ressalta que existem
inmeras grutas para visitao na regio, entretanto,
algumas delas necessitam de autorizao expressa
do IBAMA, IEPHA-MG e IPHAN.
O municpio tambm possui outros atrativos,
como o Museu Arqueolgico de Lagoa Santa,
tambm conhecido como Museu da Lapinha; O
Parque de Material Aeronutico de Lagoa Santa; o
Parque Estadual do Sumidouro, alm de ser rota do
Parque Nacional da Serra do Cip, que se situa no
municpio de Santana do Riacho e est circundado
por outra rea de proteo ambiental, a APA Morro da Pedreira, adjacente APA Carste de Lagoa Santa.
A cidade est inserida em uma regio com a
fitofissionomia de Cerrado e Floresta Estacional
semidecidual (IBGE, 1993). Gillieson (1996) apud
Hardt (2008, p. 1296) expe que geomorfologia do
relevo, h predominncia das regies crsticas,
definidas como terrenos caracterizados por depresses fechadas, drenagens subterrneas e
cavernas. O IEF (2013) define o relevo como formaes rochosas carbonticas com propenso a
processos de dissoluo em contato com a gua.
Estas formaes ocorreram a milhares de anos e
propiciaram o surgimento de cavernas com seus
espeleotemas, as surgncias e o sumidouro.
Figura 1 Circuito Turstico das Grutas. Fonte: SETUR, 2014.
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
9
Para a Fundao Biodiversitas (1998) o
resultado da predominncia de calcrio na formao
das rochas que compem o grupo carbontico
originando um grande nmero de grutas que abrigam
uma variedade de stios arqueolgicos e
paleontolgicos.
Pereira et al. (1985) expem que a Regio
Metropolitana de Belo Horizonte apresenta trs
complexos ambientais: Quadriltero Ferrfero,
Depresso Perifrica ou Embasamento Cristalino e
Bacia Sedimentar, sendo a ltima o compartimento
ambiental do objeto de estudo em questo, sendo
conhecida como Regio Crstica de Lagoa Santa que apresenta:
uma originalidade em termos de forma
e processos, emprestando paisagem
caractersticas totalmente diversas dos
padres normais. A morfologia oriunda da
dissoluo de calcrio caracterizada por
grandes macios, dolinas, grutas, cavernas,
ptons e paredes rochosos com o
aparecimento de estalactites, estalagmites e
diversas outras microformas (PEREIRA et
al., 1985, p.434).
Pelo fato de possuir paisagens com raras e
diferentes formaes, Becheline e Medeiros (2010)
avaliam que o carste apresenta uma grande vocao
para a prtica das atividades tursticas. tambm
uma regio bastante explorada cientificamente,
apresenta pesquisas no campo da arqueologia,
paleontologia, espeleologia e geomorfologia,
formando um extenso laboratrio natural (PEREIRA
et al., 1985).
Guedes (2009) lembra que a rea tambm
abriga componentes da megafauna pleistocnica
extinta e vestgios da ocupao humana pr-histrica
no Brasil, encontrados nos stios paleontolgicos e
arqueolgicos de suas diversas grutas. Berbert-Born
(2002) relata que a regio possui stios com ossadas,
artefatos indgenas em pedra e cermica, alm de
vestgios de fogueiras, gravuras e pinturas rupestres,
a maioria deles protegidos nas cavernas (abrigos sob
rochas).
O local foi ainda, palco de uma importante
descoberta o esqueleto de Luzia, que viveu h cerca de 12.000 anos atrs, sendo uma legtima
representante do Homem de Lagoa Santa. Fato que ganhou destaque internacional porque modificou
as teorias de ocupao do continente Americano e
corroborou significativamente para as pesquisas do
naturalista dinamarqus Peter W. Lund, considerado
pai da paleontologia brasileira (BERBERT-BORN,
2002; NEVES e HUBBE, 2005).
Alm disso, feies geomorfolgicas
desenvolvidas sobre rochas calcrias aliadas a uma
vegetao bastante peculiar conferem regio uma
beleza nica (SAMPAIO, 2010). Por conseguinte,
vrias de suas associaes de formas, vegetao e
corpos dgua esto tombados pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional IPHAN e pelo Instituto Estadual do Patrimnio Histrico e
Artstico IEPHA, pois alm de sua notvel beleza cnica, possuem ainda, importncia histrica e
cultural (GUEDES, 2009). Stios como o da Cerca
Grande e o da Lapa do Ba so tombados pelos
rgos mesmo sendo de propriedade privada, com
diferena de que devem realizar limitaes acerca
das atividades praticadas no local (BECHELENI e
MEDEIROS, 2010).
Com o intuito de garantir uma relao
harmoniosa entre as intervenes humanas e a
preservao do patrimnio crstico de Lagoa Santa,
foi criada a rea de Proteo Ambiental (APA)
Carste Lagoa Santa (DEUS et al., 1997).
Criada atravs do Decreto n 98.881, de 25 de
janeiro de 1990, a rea de Proteo Ambiental de
Lagoa Santa, alm de garantir a conservao do
conjunto paisagstico e da cultura regional, tem por
objetivo proteger e preservar as cavernas e demais formaes crsticas, stios arqueo-paleontolgicos, a
cobertura vegetal e a fauna silvestre, cuja
preservao de fundamental importncia para o
ecossistema da regio (BRASIL, 1990).
A APA Carste de Lagoa Santa abrange os
municpios de Confins, Funilndia, Lagoa Santa,
Matozinhos, Pedro Leopoldo e Prudente de Morais,
tendo rea estima de 39.269ha (Figura 2).
Esta Unidade de Conservao , tambm,
resguardada por um complexo cdigo de
Zoneamento Ambiental, que dividiu a APA em
diferentes zonas com usos. O Zoneamento
Ambiental teve como objetivo regularizar as normas
de uso e ocupao do solo, planos de manejo dos
recursos naturais, a expanso urbana, alm de
realizar um controle do estabelecimento das
atividades industriais (FLEISCHER, 2006).
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
10
Figura 2 rea de abrangncia da APA Carste de Lagoa Santa. Fonte: BERBERT-BORN, 2002.
A APA Carste constitui-se, ainda, em uma
regio com condies naturais e culturais propcias
realizao do turismo. A Fundao Biodiversitas
(1998, p.1) destaca que:
Seus macios calcrios, paredes,
torres, dolinas, sumidouros e ressurgncias
fazem desta rea de proteo um dos mais
importantes stios espeleolgicos do pas,
contendo uma riqueza cientfica e cultural
de valor imensurvel, alm de grandes
belezas cnicas. As suas grutas constituem
uma especial atrao para o turismo
(FUNDAO BIODIVERSITAS, 1998,
p.1).
3. TURISMO
A partir da dcada de 50 houve um aumento
significativo nos deslocamentos tursticos para todas
as regies do mundo. Isso se deve ao fator do
aumento do poder de consumo, o que permitiu a
intensificao dos fluxos de pessoas se locomovendo
e consumindo o espao. Tal premissa possibilitou
degradao de inmeros recursos tursticos em todo
o mundo, causando impactos de ordem ambiental e
sociocultural (FREITAS, 2010).
A existncia de diferentes enfoques da prtica
do turismo e os diversos interesses dos viajantes
abre oportunidade, segundo Becheleni e Medeiros
(2010) para o uso do patrimnio cultural
arqueolgico com fins tursticos. Insere-se a uma
nova modalidade, conhecida como geoturismo.
O Geoturismo compreende um novo
segmento do turismo de natureza que surge com a
inteno de divulgar o patrimnio geolgico e
incentivar sua conservao (NASCIMENTO et al.,
2007). Os autores o menciona como uma ferramenta
til para promover a associao com as atividades de
ecoturismo, unindo, assim, a bio e a geodiversidade.
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
11
A primeira definio de geoturismo foi
realizada, em 1995, pelo pesquisador ingls Thomas
Hose. Na poca, o autor considerou geoturismo
como sendo:
A proviso de servios e facilidades
interpretativas que permitam aos turistas
adquirirem conhecimento e entendimento da
geologia e geomorfologia de um stio
(incluindo sua contribuio para o
desenvolvimento das cincias da terra),
alm de mera apreciao esttica (Hose,
1995 apud Nascimento et al., 2007, p.1).
Posteriormente, o termo novamente definido
por Ruchkys (2007). Para a autora, geoturismo
um segmento da atividade turstica
que tem o patrimnio geolgico como seu
principal atrativo e busca sua proteo por
meio da conservao de seus recursos e da
sensibilizao do turista, utilizando para
isto, a interpretao deste patrimnio
tornado-o acessvel ao pblico leigo, alm
de promover a sua divulgao e o
desenvolvimento das cincias da Terra
(RUCHKYS, 2007, p. 22).
Ambos os autores citam a interpretao do
patrimnio como estratgia para aquisio de
conhecimento e de sensibilizao dos turistas, o que,
consequentemente, acarretar na divulgao,
proteo e conservao de tais reas, alm de
incentivar o desenvolvimento cientfico.
Para Ruchkys (2007, p. 28), o geoturismo um novo produto de turismo direcionado a pessoas
motivadas por conhecimento intelectual e por
atividades que envolvam aprendizado, explorao,
descoberta e imaginao. Assim, a interpretao aparece como meio eficiente para a promoo da
informao em uma linguagem que seja acessvel a
todos, o que acaba por gerar o aumento do interesse
na geologia e na conservao de seu patrimnio.
A National Geographic Society (NGS)
acrescenta ainda ao conceito de geoturismo a
preocupao com os impactos culturais e ambientais
sofridos pelas comunidades de locais tursticos,
aproximando o geoturismo do conceito de turismo
sustentvel. No relatrio elaborado em 2011, a NGS
define geoturismo como um tipo de turismo que se
preocupa com a manuteno das caractersticas
ambientais, culturais, estticas e do patrimnio do
local a ser visitado, sem esquecer o bem-estar de
seus residentes (BRILHA, 2005).
Lobo et al. (2007) acreditam que o geoturismo
possui ligao direta com o ecoturismo no que diz
respeito aos aspectos filosficos, ao planejamento,
gesto e conservao ambiental. A diferena est
apenas no foco de ateno e na proposta de uso, pois
enquanto o geoturismo enfoca o meio fsico, o
ecoturismo j trabalha com a natureza como um
todo.
Segundo Bento e Rodrigues (2010), o
geoturismo despertou um novo conceito de visitao
turstica baseada no somente na contemplao,
mas, principalmente, no entendimento dos locais
visitados, surgindo, assim, como uma possibilidade
de conservao do patrimnio geolgico.
O Brasil, devido sua histria geolgica e
grande extenso territorial, possui diversos tipos de
stios geolgicos, geomorfolgicos, mineralgicos,
paleontolgicos, arqueolgicos e espeleolgicos, que
so locais propcios prtica da atividade
geoturstica (GUIMARES et al., 2009).
Para Ruchkys (2007), o turismo nestas reas,
alm da contemplao da beleza cnica, pode ser
uma opo de lazer, educao, recreao e ainda
promover a divulgao, a proteo e a conservao
de uma maneira eficiente e interessante. Dessa
forma, a autora v no geoturismo, um grande
potencial para a conservao do patrimnio
geolgico e destaca o estado de Minas Gerais, em
especial a rea de Proteo Ambiental Carste de
Lagoa Santa, como um dos principais locais para a
prtica desse novo tipo de turismo.
Dessa forma, Becheleni e Medeiros (2010)
acreditam que para se desenvolver o turismo na
regio, seria necessrio, primeiramente, motivar os
proprietrios para a incluso do patrimnio que est
localizado em suas terras em um roteiro ou projeto
turstico. Entretanto, devido falta, tanto de
informao, como de conhecimento a respeito da
relevncia destes patrimnios e dos possveis
benefcios do turismo, os proprietrios de tais terras,
no se interessam pelo desenvolvimento e
planejamento de atividades tursticas e acabam
utilizando o espao para agricultura ou pecuria.
Outro fator relevante que para execuo de
atividades tursticas em cavernas, implica-se os
estudos em acordo com os termos de referncia e
planos de manejo espeleolgico, documentao
obrigatria para implantao das atividades de
visitao em cavernas e que geram despesas ao
proprietrio (ICMBIO/CECAV, 2014).
Na APA Carste de Lagoa Santa, de acordo
com Pereira e Caldeira (2011), as atividades
tursticas aliadas a expanso do Vetor Norte da
Regio Metropolitana Belo Horizonte, tem
impactado negativamente os stios geolgicos.
Apesar de a rea ser legalmente protegida, muitas
das atividades ali praticadas podem abalar e
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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comprometer as pesquisas cientficas e a qualidade
ambiental da regio (Deus et al., 1997).
Portanto, nota-se que as atividades
geotursticas na APA Carste ocorrem com pouco
(em alguns casos sem) planejamento ou anlise aos
termos de referncia e planos de manejo
espeleolgico, comprometendo toda diversidade
estrutural apresentada pelos stios geolgicos.
4. IMPACTOS AMBIENTAIS
A APA Carste possui expressiva ocupao
antrpica, o que implica em risco sua integridade.
A expanso urbana torna-se fator determinante no
entendimento dos impactos na regio de Lagoa
Santa. A construo do Aeroporto Internacional
Tancredo Neves em Confins, a abertura e
restaurao das rodovias BR040, MG424, MG010, MG238, com a consequente expanso do Vetor Norte da Regio Metropolitana de Belo
Horizonte potencializou a movimentao de turistas
pela regio do carste, despertando a curiosidade para
esta fisionomia que nos liga ao passado
(BIODIVERSITAS, 1998; SHINZATO, 1998;
BRITO, 2012).
Segundo Fleischer (2006), em Lagoa Santa, os
stios arqueolgicos a cu aberto esto vulnerveis
degradao ambiental e at mesmo, ao vandalismo e
ao saque. Para Caldeira e Pereira (2011) e Brito
(2012) a minerao, as atividades agropecurias e a
expanso urbana so as atividades que mais colocam
em risco os stios arqueolgicos da regio.
Berbert-Born (2002) relata os agentes
impactantes da minerao como o trnsito de
maquinrio pesado, as detonaes, as emisses de
poluentes atmosfricos e os prprios abalos
provenientes das detonaes. Eles resultam em
impactos negativos como compactao do solo,
suspenso de particulados, instabilizao do solo
com possibilidade de atuao dos processos
geomorfolgicos.
A autora tambm aponta as atividades
agrcolas como uma das mais impactantes na regio,
pois facilita no processo de compactao do solo e
carreamento dos nutrientes para o ambiente
caverncola. Alm disso, a supresso vegetal deixa
as entradas das cavernas mais expostas, modificando
as condies atmosfricas do ambiente caverncola.
Assim, sem a proteo natural da vegetao, os
elementos de dentro das cavernas tornam-se mais
sujeitos ao do intemperismo.
Cigna e Burri (2000) mencionam algumas
consequncias das atividades humanas prximo a
ambiente caverncolas: supresso da vegetao
permitindo entrada de luz nas cavernas, disperso de
poeiras dentro do ambiente e aumento da
temperatura nas entradas.
Pereira e Caldeira (2011) mencionam a
expanso urbana/industrial como fator determinante
para exausto das reas da Cartse na APA Lagoa
Santa. Entre os empreendimentos construdos esto a
Cidade Administrativa de Minas Gerais, o Aeroporto
de Confins, o Parque Tecnolgico PRECON park e
BH-Tec. As consequncias aos ambientes
caverncolas esto relacionadas a contaminao dos
cursos dgua por despejo do esgoto urbano/industrial e a mudana de temperatura da
gua que compromete a estrutura dos stios
geolgicos.
Brito (2012) menciona a restruturao das
rodovias MG010 e MG424 como obras virias que contribuem para degradao ambiental da APA
Carste uma vez que aumenta o fluxo de veculos
circulando pela regio. As consequncias so
processos erosivos como a formao de ravinas e
voorocas, alm da supresso da vegetao local.
Entretanto, os impactos ambientais
ocasionados pelas atividades de minerao, indstria
e agricultura so passveis de fiscalizao, avaliao
e monitoramento, o que permite a ampliao e
destruio das reas prximas e at mesmo na APA
Carste Lagoa Santa, demonstrando todo a fragilidade
deste tipo de ambiente.
Existem leis que auxiliam nesta fiscalizao,
como Deliberao Normativa n04/74 do Conselho
de Poltica Ambiental (COPAM) que apresenta a
classificao dos impactos originados por estas
atividades nas listagens: A (Atividades Minerarias),
B (Atividades Industriais Metalrgicas e outras) e G
(Atividades Agrossilvipastoris). J as prticas de
geoturismo no so contempladas e nem
classificadas quanto ao seu potencial de degradao
do ambiente, colocando assim, o patrimnio cultural
em risco (COPAM, 2004).
importante salientar no que diz respeito ao
patrimnio arqueolgico existem leis que ajudam a
preservar as caractersticas histrico-culturais como
o Decreto n025/1937 que dispe sobre a proteo
do patrimnio histrico e artstico do Brasil
(BRASIL, 1937).
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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Figura 3 Extrao de areia s margens do ribeiro da Mata Fonte: PEREIRA e CALDEIRA, 2011.
Figura 4 Ocupao urbana prximo a lagoa do Sumidouro. Fonte: PADOAN e SOUZA, 2013.
Figura 5 Formao de vooroca na MG-010.
Fonte: BRITO, 2012.
Alm disso, os planos de manejo
espeleolgicos so utilizados para manuteno e
controle dos stios arqueolgicos, o que de fato
minimiza os impactos adversos no ambiente e traa
diretrizes para o zoneamento das cavidades. Marra
(2000) e Fundao Florestal (2010) apresentam a
eficincia dos planos de manejo espeleolgico
ressaltando a eficincia e aplicabilidade deste
instrumento na busca pela conservao dos
ambientes caverncolas.
Algumas regies no Brasil comearam a
pontuar os impactos ambientais e estabelecer limites
de visita por meio da capacidade de carga, que
segundo Oliveira (2003), a capacidade que o meio
ambiente consegue tolerar perante as atividades
humanas sem sofrer danos irreversveis. Nesta
perspectiva, merecem destaque os trabalhos de
Boggiani et al. (2007) e Melo et. al (2008) que
retratam, respectivamente, o caso do municpio de
Bonito, no estado do Mato Grosso do Sul e o do
arquiplago de Fernando de Noronha, no estado de
Pernambuco.
Para Figueiredo (2009) o planejamento para o
uso do geoturismo e a abertura para visitao de uma
determinada rea, deve enfatizar critrios de
minimizao de impactos, para que a conservao
dos patrimnios geolgicos, arqueolgicos,
biolgicos e de todo o patrimnio natural ali
existente realmente ocorra. Nesse sentido, Deus et
Brito, Campos & Vasconcelos. Geoturismo na APA Carste de Lagoa Santa/MG.
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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al. (1997) acreditam que a partir da valorizao do
patrimnio possvel alcanar uma proteo maior
do mesmo.
Assim, IBAMA (1998) e Guedes (2009)
concluem que a APA Carste Lagoa Santa apresenta
uma fragilidade ambiental peculiar dos terrenos
crsticos, e merece, portanto, a ateno de rgos de
proteo ambiental (IBAMA, WWF e CPRM), do
poder pblico e da sociedade como um todo, a fim
de promover a conservao e o manejo sustentvel
da regio.
5. CONCLUSO
O estudo do carste torna-se imprescindvel no
Brasil e no mundo. As riquezas encontradas nos
stios arqueolgicos contam a histria de nossos
antepassados e nos ajudam a entender os tipos de
interaes ambientais e humanas existentes. Pelas
caractersticas que o so prprias (formas originadas
da dissoluo de calcrio caracterizada por grandes
macios, dolinas, grutas, cavernas, ptons e paredes
rochosos e outras microformas), as reas de Carste
apresentam-se como um sistema frgil, de fcil
degradao devido aos materiais de que composto
e os processos erosivos que sofre.
A interao entre homem e natureza na APA
possibilitou a explorao econmica dos recursos
naturais e assumiu um novo contexto dentro das
relaes de produo da vida humana que, acelerado
pelo processo de urbanizao, minerao e
industrializao, refora ainda mais a necessidade da
APA.
A APA Carste de Lagoa Santa possui um
expressivo potencial turstico, pois alm de contar
com stios arqueolgicos, riquezas histrico-
culturais, formaes geomorfolgicas nicas e
beleza mpar, est localizada prximo capital de
Minas Gerais, dispondo de fcil acesso. Dessa
forma, a regio uma das reas que deveria valer-se
do geoturismo como forma de proteo de seu
patrimnio.
Portanto, torna-se explcito que os constantes
impactos ambientais nas reas de Carste so obra da
ordem de produo capitalista, que se apropria do
espao-paisagem para obteno de lucro. Na APA
Carste Lagoa Santa explicitado pelas atividades
urbanas, industriais e da agricultura que ao
expandiram pelas RMBH adentram os limites da
APA, comprometendo o patrimnio geolgico local.
As atividades tursticas no geostios tambm
contribuem em parcela menor para a degradao dos
ambientes caverncolas.
Cabe ressaltar, que este modelo se prevalece
da ineficcia das polticas pblicas, fiscalizao e
legislao, que em boa parte das localidades
afetadas, no entram em consonncia com a
realidade do ambiente. rgos como o CPRM,
IBAMA, ICMBIO e WWF ressaltam
constantemente a importncia de preservao da
APA Casrte Lagoa Santa devido aos seus stios
arqueolgicos e geolgicos, que demonstram
peculiaridades da histria humana.
Assim, deve-se pensar em polticas pblicas
claras e exequveis, bem como na conscientizao da
populao e dos visitantes. Leis como a do
patrimnio (n 025/1937), dos impactos ambientais
(n 001/1986), da Poltica Nacional do Meio
Ambiente (n 6938/1981) e do turismo (n
11.771/2008) devem servir de alicerce para
conservao da APA Carste e para produo de uma
conscincia coletiva que englobe a comunidade
local, visitantes e empreendimentos impactantes
(BRASIL, 1937; BRASIL, 1981; BRASIL, 1986 e
BRASIL, 2008).
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INVENTORY AND EVALUATION PROTOCOLS USED IN GEOLOGICAL AND MINING
HERITAGE SITES
Suzana Fernandes de Paula & Paulo de Tarso Amorim Castro
Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Ouro Preto, MG.
E-mail: [email protected]; [email protected].
Resumo
A difuso de informaes sobre a realidade geolgica a qual fazemos parte ainda deficiente, dificultando
seu entendimento pela grande maioria das pessoas. Por isso, foi elaborado, no Departamento de Geologia da
Universidade Federal de Ouro Preto, o Protocolo de Avaliao e Inventariao de Lugares de Interesse
Geolgico e Mineiro. Este mtodo baseia-se na descrio e quantificao de aspectos e variveis relativas
aos geosstios selecionados possibilitando a identificao, qualificao e comparao entre determinadas
localidades e/ou variveis.
Palavras-Chave: Patrimnio Geolgico; Patrimnio Mineiro; Geoconservao; Protocolo; Inventrio.
Abstract
The dissemination of information on the geological reality to which we belong is still deficient, hindering
their understanding by most people. In order to change this, it was prepared a protocol that can be used for
assesment, inventory, and evaluation of geological and mining heritage places. This method is based on the
description and quantification of aspects and variables on the selected geosites enabling the identification,
classification and comparison between certain locations and / or variables.
Key-Words: Geological Heritage; Mining Heritage; Geoconservation; Protocol; Inventory.
1. INTRODUCO
Conceitos geolgicos ainda so pouco
entendidos e trabalhados pela grande maioria das
pessoas, limitando a difuso das informaes sobre a
realidade geolgica da qual fazemos parte. Porm,
essas informaes so fundamentais no s para
entender a evoluo da Terra e os processos que
ocorreram at chegarmos a atual condio como
tambm para pensarmos em aes e consequncias
futuras. Diante disso torna-se de suma importncia a
divulgao mais ampla da geologia e a necessidade
de entend-la como parte do patrimnio natural de
uma regio, pois o conhecimento pode ser uma
medida conservacionista de sucesso de feies e
afloramentos reconhecidos como importantes pela
comunidade cientfica (Brilha 2005). O patrimnio
geolgico composto por stios com relevncia
cultural, turstica, cientfica ou didtica e, em
regies, onde a ocupao humana se deu em funo
da atividade extrativa mineral, h de se referir aos
registros relevantes da minerao como patrimnio
mineiro, englobando bem mais que os recursos
minerais extrados, ele pode tambm incorporar as
intervenes oriundas desta atividade como as
minas, galerias, escavaes e construes.
Assim, justifica-se a necessidade de
desenvolver uma metodologia capaz de inventariar,
qualificar e quantificar os Lugares de Interesse
Geolgico e Mineiro (LIGEMs), que consistem em
locais que possuam caractersticas geolgicas e/ou mineiras que possam ser utilizadas para o
desenvolvimento de atividades geotursticas. A
apropriao e o entendimento destas novas
informaes, aprendizado e conceitos tanto pelo
trade turstico quanto pela comunidade um
desafio, que pode ser superado atravs da utilizao
de uma linguagem mais acessvel (no simplista).
Esse mtodo de inventariao, tem como finalidade
valorizar e envolver as comunidades, a partir do
conhecimento minerrio, geolgico, geoturstico e
geoconservacionista, recorrendo atitudes
sustentveis e corretivas, para a utilizao deste
patrimnio a fim de diminuir a distncia do pblico
em relao ao conhecimento das geocincias,
esclarecer e envolver as comunidades sobre
necessidade de valorizao da geodiversidade local
atravs da disponibilizao de informaes e
atividades prticas. Alm disto, o turismo geolgico
e mineiro poder oferecer uma oportunidade de nova
abordagem aos guias e operadores de turismo locais.
Paula & Castro. Protocolo de avaliao e inventariao de lugares de interesse...
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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2. METODOLOGIA
Na literatura possvel encontrar Protocolos
de Avaliao Rpida em diversas reas e com
objetivos distintos, porm nenhuma metodologia que
estabelea, de forma eficiente, mtodos de avaliao
e quantificao de diversas variveis relacionadas
geodiversidade. J, quando se trata de modelos de
inventrios sobre o patrimnio geolgico, possvel
encontrar um nmero considervel de autores, com
propostas diferentes, mas com a mesma finalidade.
A partir de ento, utilizando como referncia os
Protocolos de Avaliao Rpida: Instrumentos
Complementares no Monitoramento dos Recursos
Hdricos (Rodrigues & Castro, 2008) e inventrios
de Patrimnio Geolgico de autores como Brilha
(2005), Carcavillha (2007) e Ostanello (2012), foi
criado, no Departamento de Geologia da
Universidade Federal de Ouro Preto, o Protocolo de
Avaliao e Inventrio de Lugares de Interesses
Geolgico e/ou Mineiro.
2.1 Protocolo de Avaliao e Inventariao de
Lugares de Interesses geolgicos e/ou Mineiro
Com o desenvolvimento do Protocolo de
Inventariao do Patrimnio Geolgico e Mineiro
pretende-se demonstrar que o conhecimento deste
tipo de patrimnio indissociado e pode ser
apresentado, catalogado e inventariado a partir de
uma mesma plataforma com a finalidade valorizar e
envolver as comunidades, difundindo informaes
minerrias, geolgicas, geotursticas e
geoconservacionistas, utilizando de atitudes que
diminuam a distncia do pblico em relao ao
conhecimento das geocincias.
Ao utilizar este inventrio possvel
desenvolver estudos e trabalhos condizentes com a
divulgao do patrimnio geolgico e mineiro
atravs de uma ferramenta que proporciona um
maior conhecimento sobre a prpria histria e
resgate da identidade local permitindo a integridade
desse patrimnio como forma de garantir a
transmisso para as geraes futuras desses bens
coletivos. Outro aspecto importante desta
metodologia sua interface com o geoturismo,
viabilizando a aproximao dos turistas e da
comunidade local s Cincias da Terra. Nestas
fichas, numa primeira etapa, foram utilizados textos
explicativos em um nvel de compreenso acessvel
a qualquer grupo de pessoa, justificando,
categorizando e descrevendo a importncia do
patrimnio de cada geosstio selecionado, alm
disto, foram levantados diversos dados importantes
como nome, gestor, regio turstica, localizao,
acessos, estado de conservao, tipo de visitao,
sinalizao, informaes, equipamentos disponveis,
legislao, potencialidades e fotografias. Num
segundo momento foram criados critrios que
possibilitassem a avaliao quantitativa, numa
pontuao de 20 (condio tima) 0 (condio
ruim), destes geosstios. Nestas variveis so
avaliados os seguintes aspectos:
Localizao turstica: Nvel de qualidade turstica e espacial em que o geosstio est
localizado. Para isto so percebidos critrios como
outras possibilidades tursticas (em diversos
segmentos) na regio onde o sitio se encontra,
infraestrutura urbana, segurana, leis
regulamentadoras aplicadas ao desenvolvimento
destas atividades;
Acessibilidade: Possibilidade de acesso fsico e financeiro tanto dos espaos quanto das
informaes, transportes, equipamentos e meios
de comunicao.
Sinalizao: Nvel de sinalizao presente no geosstio. Para isto, avalia a presena de placas,
smbolos, funcionrios ou guias e se a forma de
sinalizao existente atende s necessidades de
organizao e indicao aos usurios.
Informaes: Nvel de informao e entendimento destas pelos usurios. Para isto,
percebe-se critrios como presena de placas,
smbolos, funcionrios, guias e a forma como
so repassadas informaes essenciais sobre as
peculiaridades do local, funcionamento, regras,
deveres, segurana e utilizao dos geossitios,
modificando ou reafirmando o conhecimento
das pessoas ao se apropriarem das informaes
disponveis.
Estado de Conservao: Estado de Conservao dos geosstios, analisando as
condies de limpeza, coleta ou existncia de
resduos, intervenes humanas que degradam
ou descaracterizam o local.
Legislao: Existncia, conhecimento e conformidade com leis regulamentadoras, de
segurana, de utilizao e regulamentos
internos.
Visitao e Atividades Realizadas: Existncia do controle de nmero de pessoas que tem
acesso ao geosstio, das atividades que so
realizadas no local, do cumprimento do
regulamento interno ou das leis
regulamentadoras do local, esta varivel
pretende pontuar o nvel da qualidade de
visitao e das atividades realizadas.
Paula & Castro. Protocolo de avaliao e inventariao de lugares de interesse...
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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Servios e Equipamentos: Presena de infraestrutura local e no entorno, a competncia
e existncia dos servios prestados.
Segurana: Pontos relacionados segurana, analisando o conhecimento e conformidades de
normas de segurana s possveis prticas de
turismo de aventura, ao regulamento interno ou
leis regulamentadoras e presena e
capacidades de profissionais que garantam a
integridade dos usurios, caso seja necessrio.
Vulnerabilidade: Grau de vulnerabilidade do geosstios. Para isto, pontua o nvel de proteo,
o grau de vulnerabilidade de acordo com sua
localizao, atual condio ou potenciais
interaes e/ou intervenes.
Caractersticas Intrnsecas: Caractersticas
intrnsecas do geosstio valorando
caractersticas de abundancia, utilidade como
modelo para ilustrar processos geolgicos,
quantidade de estudos cientficos sobre a
localidade, associao com elementos distintos
ou beleza local.
Uso Potencial: Condies de observao, relao e oportunidades que podero ser
geradas a partir da utilizao do geosstio como
contedo didtico, pedaggico e turstico, o
Uso Potencial das localidades.
Necessidade de Proteo: Nvel de preservao atual e as presses que os
geosstios sofrem em relao sua proteo.
Assim, o inventario ficou configurado da
seguinte maneira:
INVENTRIO DE LUGARES DE INTERESSE GEOLGICO E MINEIRO.
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
1. NOME
2. MANTENEDOR/GESTOR/ ASSOCIAES DE BAIRRO:
3. REGIO TURSTICA
4. LOCALIZAO
5. DESCRIO DO ATRATIVO
6. SINALIZAO E INFORMAES
7. MEIOS DE ACESSO
8. LEGISLAES DE PROTEO AO ATRATIVO
9. EST LOCALIZADO EM UNIDADES DE CONSERVAO?
Sim ( ) No ( )
10. ESTADO DE CONSERVAO/PRESERVAO DO ATRATIVO:
( ) Muito Preservado/Conservado ( ) Preservado/Conservado ( ) Pouco Preservado/Conservado.
11. TIPO DE VISITAO E NECESSIDADE DE AUTORIZAO PARA O ACESSO
12. SERVIOS E EQUIPAMENTOS
13. ATIVIDADES REALIZADAS
14. INTERESSES
( ) Geomorfolgico ( ) Sedimentolgico ( ) Estrutural ( ) Espeleolgico
( ) Estrtigrfico ( ) Petrolgico ( ) Mineralgico ( ) Mineiro
( )Arqueolgico ( ) Paleontolgico ( )Ambientes Fluviais
15. INSCRIO NO SIGEP?
Sim ( ) No ( )
16. ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAO GEOLGICA
17. FEICOES DO RELEVO
18. FOTOGRAFIAS
19. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Paula & Castro. Protocolo de avaliao e inventariao de lugares de interesse...
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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Descritor: Aspectos Gerais
Pontos:
Varivel 1: Localizao
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Localidade com diversas
possibilidades tursticas em
atrativos naturais, histrico-
culturais preservados, com
infraestrutura urbana
eficiente, segurana, leis
regulamentadoras aplicadas.
Localidade com
possibilidades tursticas em
atrativos naturais, histrico-
culturais preservados, com
infraestrutura urbana bsica,
segurana, leis
regulamentadoras aplicadas.
Localidade com
possibilidades tursticas em
atrativos naturais, histrico-
culturais, com infraestrutura
urbana bsica, leis
regulamentadoras.
Localidade sem
possibilidades tursticas em
atrativos naturais, histrico-
culturais, com infraestrutura
urbana precria, sem
segurana, leis
regulamentadoras no
aplicadas.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Varivel 2: Acessibilidade
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Possibilidade e condio de
acesso fsico e/ou
financeiro, com segurana e
autonomia, tanto dos
espaos, quanto dos
equipamentos, transportes,
informaes e dos meios de
comunicao, para qualquer
pessoa.
Possibilidade de acesso
fsico e/ou financeiro, com
segurana, tanto dos
espaos, quanto dos
equipamentos, transportes,
das informaes e dos
meios de comunicao, para
qualquer pessoa.
Possibilidade de acesso
fsico ou financeiro, com
segurana, tanto dos
espaos, quanto dos
equipamentos, transportes,
das informaes e dos
meios de comunicao, para
um determinado grupo de
pessoas.
Impossibilidade e condio
de acesso fsico e
financeiro, com segurana e
autonomia, tanto dos
espaos, quanto dos
equipamentos, transportes,
informaes e dos meios de
comunicao, para a
maioria das pessoas.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Varivel 3: Sinalizao
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Placas ou smbolos, internos
e externos, funcionrios ou
guias que consigam
orientar, numa linguagem
universal e adaptada
inclusive, s pessoas com
necessidades especiais os
aspectos de segurana,
acesso, localizao, trnsito.
Placas ou smbolos, internos
ou externos, e funcionrios
que consigam orientar,
numa linguagem universal,
aspectos de segurana,
acesso, localizao, trnsito.
Placas, smbolos internos ou
funcionrios que consigam
orientar sobre aspectos de
segurana, acesso,
localizao, trnsito para
um determinado grupo de
pessoas.
Ausncia de placas ou
smbolos que consigam
orientar, n aspectos de
segurana, acesso,
localizao, trnsito.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
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Varivel 4: Informaes
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Placas ou smbolos,
internos, externos,
funcionrios ou guias que
consigam informar, de
forma eficiente, numa
linguagem universal e
adaptada, inclusive s
pessoas com necessidades
especiais, os aspectos
naturais, histricos e
culturais do stio.
Informaes sobre
funcionamento, deveres e
direitos dos visitantes,
regulamento interno do
estabelecimento ou leis
regulamentadoras,
utilizao de equipamentos,
tarifas.
Placas ou smbolos,
internos, externos ou
funcionrios que consigam
informar, numa linguagem
universal, os aspectos
naturais, histricos e
culturais do stio.
Informaes sobre
funcionamento, deveres e
direitos dos visitantes,
regulamento interno do
estabelecimento ou leis
regulamentadoras,
utilizao de equipamentos,
tarifas.
Placas, smbolos internos ou
funcionrios que consigam
informar, os aspectos
naturais, histricos e
culturais do stio.
Informaes sobre
funcionamento, deveres e
direitos dos visitantes,
regulamento interno do
estabelecimento ou leis
regulamentadoras,
utilizao de equipamentos,
tarifas.
Ausncia de placas,
smbolos, funcionrios ou
guias que consigam
informar os aspectos
naturais, histricos e
culturais do stio,
informaes sobre
funcionamento, deveres e
direitos dos visitantes,
regulamento interno do
estabelecimento ou leis
regulamentadoras,
utilizao de equipamentos,
tarifas.
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Varivel 5: Estado de Conservao
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Ausncia de vestgios de
lixo, pichao, depredao
ou necessidade de
restaurao. Coleta seletiva
de resduos. Intervenes
antrpicas benficas que
no ameacem a integridade
de espcies e estrutural do
stio.
Ausncia de vestgios de
lixo, pichao, depredao.
Intervenes antrpicas
benficas que no ameacem
a integridade de espcies e
estrutural do stio.
Ausncia de vestgios de
lixo, pichao, depredao.
Vestgios de lixo, pichao,
depredao ou necessidade
de restaurao.
Intervenes antrpicas que
ameaam a integridade de
espcies e estrutural do
stio.
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Varivel 6: Legislao
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Conhecimento e
conformidade com as leis de
utilizao pelos usurios, e
das leis de proteo e
segurana dos stios pelos
administradores guias ou
funcionrios.
Conhecimento e
conformidade parciais as
leis de utilizao pelos
usurios, e das leis de
proteo e segurana dos
stios pelos administradores,
guias ou funcionrios.
Conhecimento das leis de
utilizao pelos usurios, e
das leis de proteo e
segurana dos stios pelos
administradores, guias ou
funcionrios.
Desconhecimento e
desconformidade com as
leis de utilizao pelos
usurios, e das leis de
proteo e segurana dos
stios pelos administradores,
guias ou funcionrios.
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Varivel 7: Visitao e Atividades Realizadas
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Controle do nmero ou
cadastro de visitantes que
tiveram acesso ao stio,
respeitando a capacidade de
carga e especificidades de
atividades que podem ser
desenvolvidas no local.
Cumprindo com o
regulamento interno do
estabelecimento ou leis
regulamentadoras do sitio.
Controle do nmero de
acessos ao stio, respeitando
a capacidade de carga e
especificidades de
atividades que podem ser
desenvolvidas no local. No
possui regulamento interno
ou leis regulamentadoras.
Controle das especificidades
de atividades que podem ser
desenvolvidas no local. No
possui regulamento interno
ou leis regulamentadoras.
Nenhum controle do
nmero, sem cadastro de
visitantes que tiveram
acesso ao stio,
desrespeitando a capacidade
de carga e as
especificidades de
atividades que podem ser
desenvolvidas no local. No
possui regulamento interno
ou leis regulamentadoras.
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Varivel 8: Servios e Equipamentos
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Infraestrutura completa para
receptivo no local ou no
entorno: restaurante,
sanitrios, hospedagem,
comrcio, bancos, hospitais.
Funcionrios capacitados.
Equipamentos de segurana.
Conhecimento e
conformidade com as
normas da ABNT.
Infraestrutura bsica para
receptivo no entorno.
Funcionrios capacitados.
Equipamentos de segurana.
Conhecimento e
conformidade com as
normas da ABNT.
Infraestrutura bsica para
receptivo no entorno.
Funcionrios capacitados.
Equipamentos de segurana.
No possui infraestrutura
bsica para receptivo no
entorno. Sem funcionrios
capacitados equipamentos
de segurana.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Varivel 9: Segurana
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Conhecimento e
conformidade com as
normas da ABNT,
regulamento interno ou leis
regulamentadoras. Presena
de profissionais
Capacitados, inclusive com
cursos de primeiros
socorros. Equipamentos de
segurana para visitantes,
guias ou funcionrios.
Intervenes antrpicas
benficas que no ameacem
a integridade de espcies e
estrutural do stio.
Conhecimento e
conformidade com as
normas da ABNT,
regulamento interno ou leis
regulamentadoras. Presena
de profissionais
Capacitados. Equipamentos
de segurana para visitantes,
guias ou funcionrios.
Intervenes antrpicas
benficas que no ameacem
a integridade de espcies e
estrutural do stio.
Conhecimento das normas
da ABNT, regulamento
interno ou leis
regulamentadoras.
Profissionais Capacitados.
Equipamentos de segurana
para visitantes, guias ou
funcionrios. Intervenes
antrpicas.
Desconhecimento e
desconformidade com as
normas da ABNT,
regulamento interno ou leis
regulamentadoras. Ausncia
de profissionais capacitados
e equipamentos de
segurana para visitantes,
guias ou funcionrios.
Intervenes antrpicas que
ameaam a integridade de
espcies e estrutural do
stio.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
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Varivel 10: Vulnerabilidade
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Stios mineralgicos ou
paleontolgicos
preservados, com proteo
fsica e indireta. Sem
ameaas antrpicas e as
reas recreao no causam
agresso. Nenhum interesse
de explorao mineraria.
Regime de propriedade
local.
Feies preservadas. Stios
paleontolgicos ou
mineralgicos susceptveis
de destruio. Local sem
proteo fsica ou indireta.
Densidades de populao
(agresso potencial).
Proximidades de rea
recreativas (agresso
potencial).
Feies vulnerveis. Stios
paleontolgicos ou
mineralgicos susceptveis
de destruio. Local sem
algum tipo de proteo
fsica ou indireta.
Densidades de populao
(agresso potencial).
Proximidades de rea
recreativas (agresso
potencial). Ameaas
antrpicas. Interesse para
explorao mineira.
Feies afetadas. Stios
paleontolgicos ou
mineralgicos destrudos.
Local sem algum tipo de
proteo fsica ou indireta.
Densidades de populao
agressora. Proximidades de
rea recreativas agressoras.
Intervenes antrpicas.
Explorao mineira.
Regime de propriedade do
local excludente.
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Varivel 11: Caractersticas Intrnsecas
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Raridade. Com grau de
conhecimento cientfico
produzido elevado.
Excelente modelo para
ilustrao de processos
geolgicos. Possui
diversidade de elementos de
interesse. Associa
elementos naturais com
histricos culturais. Beleza
espetacular.
Pequeno grau de
abundncia. Com relativo
grau de conhecimento
cientfico produzido.
Utilidade como modelo para
ilustrao de processos
geolgicos. Associao
com elementos naturais
Fauna e/ou flora, histricos
e culturais. Beleza
espetacular.
Abundante. Com relativo
grau de conhecimento
cientfico produzido.
Utilidade como modelo para
ilustrao de processos
geolgicos. Associao
com elementos naturais
Fauna e/ou flora, histricos
e culturais.
Abundante. Sem expressivo
grau de conhecimento
cientfico produzido.
Utilidade como modelo para
ilustrao de processos
geolgicos.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Varivel 12: Uso Potencial
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
Condies de observao.
Proximidade de povoao
que ser beneficiada com a
utilizao/divulgao do
geosstio. Oportunidades de
otimizar as condies
socioeconmicas das
comunidades. Contedo
didtico e pedaggico.
Condies de observao.
Proximidade de povoao
que ser beneficiada com a
utilizao/divulgao do
geosstio. Contedo
didtico ou pedaggico.
Condies de observao.
Proximidade de povoao
que ser beneficiada com a
utilizao/divulgao do
geosstio. Ausncia de
contedo didtico ou
pedaggico.
Condies inapropriadas
para observao, distante de
populaes sem fornecer
oportunidades a estas.
Ausncia de contedo
didtico e pedaggico.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Varivel 13: Necessidade de Proteo
timo
(Pontuao 20 a16)
Bom
(Pontuao 15 a 11)
Regular
(Pontuao 10 a 6)
Ruim
(Pontuao 5 a 0)
rea preservada, sem
explorao mineral. Regime
de propriedade definido.
reas recreativas e com
densidade populacional
distantes ou sem agresses.
rea preservada, interesse
em explorao mineral.
Regime de propriedade.
reas recreativas e com
densidade populacional
distantes ou sem agresses.
Interesse para explorao
mineral. Regime de
propriedade Proximidade de
reas recreativas e de
populaes.
Explorao mineral.
Regime de propriedade.
reas recreativas e de
populaes degradantes.
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Paula & Castro. Protocolo de avaliao e inventariao de lugares de interesse...
Campinas, SeTur/SBE. Pesquisas em Turismo e Paisagens Crsticas, 7(1/2), 2014
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3. CONSIDERAES FINAIS
Embora existam geosstios em regies
tursticas distintas, qualquer deles pode ser
inventariado, utilizando deste protocolo proposto
que privilegia suas caractersticas especificas. Assim
ser possvel catalogar localidades com
caractersticas geomorfolgicas, sedimentolgicas,
estruturais, estratigrficas e/ou mineiras importantes,
com relevo, enquadramentos e caractersticas
geolgicas que comprovam as vrias possibilidades
que geodiversidade oferece ao desenvolvimento do
geoturismo. Desta forma, uma das primeiras
providncias para a serem tomadas a identificao,
catalogao e inventariao destes aspectos
geolgicos e mineiros nos locais aptos ao
desenvolvimento de atividades tursticas.
A partir de todos dados levantados possvel
qualificar, dimensionar e comparar geosstios, alm
de utilizar valores que quantificam suas
caractersticas, resultando pontuaes especficas a
cada localidade. Esses valores no pretendem avaliar
a relevncia de cada local, visto que, cada um,
possui caractersticas igualmente importantes no que
tange ao seu valor geolgico e suas especificidades,
a inteno em valorar e compar-los dimensionar
quais so os geosstios com maior potencialidade
para desenvolver atividades que atinjam de forma
mais incisiva as especificidades de determinado
projeto.
Alm disto, o turismo geolgico e mineiro
poder oferecer uma oportunidade de nova
abordagem aos guias e operadores de turismo locais
que esto direta e indiretamente ligados s atividades
tursticas mas que no utilizam ou desconhecem tal
abordagem.
REFERNCIAS
BRASIL. Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, 1, incisos I, II, III e VII da
Constituio Federal, instit