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Um dos maiores enigmas da humanidade Se o nosso corpo é um mistério, pese embora se constituir numa ocorrência bioquímica, a consciência continua a ser um dos maiores enigmas da humanidade pois, como dizia Teilhard de Chardin: «Não somos seres humanos a viver uma experiência espiritual, somos seres espirituais a viver uma experiência humana.» despertar a consciência Consciência… 52 ZEN ENERGY Outubro 2013 muito além do pensamento

Um dos maiores enigmas da humanidade Consciência…A consciência é essa ‘Bela Ador-mecida’ que espera ser desperta-da com um beijo (conhecimento superior) do seu Amado (o nosso

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Page 1: Um dos maiores enigmas da humanidade Consciência…A consciência é essa ‘Bela Ador-mecida’ que espera ser desperta-da com um beijo (conhecimento superior) do seu Amado (o nosso

Um dos maiores enigmas da humanidade

Se o nosso corpo é um mistério, pese embora se constituir numa ocorrência bioquímica, a consciência continua a ser um dos maiores enigmas da humanidade pois, como dizia Teilhard de Chardin: «Não somos seres humanos a viver uma experiência espiritual, somos seres espirituais a viver uma experiência humana.»

despertar a consciência

Consciência…

52 ZEN ENERGY Outubro 2013

muito além do pensamento

Page 2: Um dos maiores enigmas da humanidade Consciência…A consciência é essa ‘Bela Ador-mecida’ que espera ser desperta-da com um beijo (conhecimento superior) do seu Amado (o nosso

despertar a consciência

É muito curioso observar que, quando perguntamos a alguém: «Quem é?», in-variavelmente a resposta costuma ser o nome ou

a profissão... No entanto, será que a pergunta foi respondida? O nome ou a profissão apenas revelam um aspecto de si e, mesmo que nos falem da sua personalidade, sonhos ou pensamentos, no fundo, continuamos sem saber quem a pessoa é. Quem somos realmente? Surge-me na mente a definição que Deus ofereceu a Moisés: «Eu sou o que sou». EU SOU... ou seja, «sou consciente de que sou», de que existo... e sinto ime-diatamente que é essa consciência que define o nosso ser. Em termos holísticos, somos Consciências, consciências cujo véu do esquecimento fez esquecer a origem, consciências aprisionadas no vasto mar do inconsciente que viemos recordar e desvelar.

A consciência é essa ‘Bela Ador-mecida’ que espera ser desperta-da com um beijo (conhecimento superior) do seu Amado (o nosso trabalho de autoconhecimento).

Como despertar a consciência

Se o nosso ser é essa consciência, tudo o que fizermos para desenvol-ver o nosso ser, passa por despertar a mesma, deixando de sermos vítimas do mar desconhecido e revolto que, por vezes, a vida constitui. É deixar de estar anestesiado, é viver e não apenas existir. Colocar consciência na nossa vida diária, automatizada e apressada no seu devir, passa assim pela Atenção Plena, pelo ‘dar-se conta’, no palco do silêncio interior, dos pensamentos, das emoções, dos comportamentos e das expectativas pessoais dessa persona(gem) que diariamente encarnamos. Passa ainda por nos darmos conta daquilo que nos rodeia, das cores, dos cheiros, dos sons, das sensações, ajudando a despertar uma parte de nós que passa o dia adormecida pelos automatismos aprendidos. Quando vivemos em aten-ção plena, aprendemos a estar mais

Cérebro, mente e consciênciaEtimologicamente, a palavra consciência vem do latim conscientia, que significa ‘com conhecimento’, ou seja, a consciência é o acto psíquico através do qual a pessoa se percebe a si mesma, no mundo e ao mundo. Se os sentidos captam informação, cabe ao cérebro processar essa mesma informação e à mente atribuir-lhe um significado, tendo em conta as memórias e os automatismos subjacentes à mesma, bem como o nosso inconsciente colectivo que nos ancora num passado como espécie. Ainda assim, a consciência, como função da mente que nos permite darmo-nos conta, é como uma pedra preciosa em estado bruto, que podemos ir polindo e embelezando com primor. Isto supõe capacidade de liberdade e a possibilidade de ir mais além dos pensamentos automáticos que são produto de códigos, crenças e preconceitos que interiorizámos. Quando nos atrevemos a deixar de nos identificar com a forma distorcida ou reduzida através da qual a nossa mente representa a realidade, ficamos capazes de pensar com maior eficácia, constatando assim que a consciência vai mais longe que o pensamento.

Somos consciências, ou seja, energias plenas de vida e sabedoria esquecida.

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alerta em relação a nós próprios, de uma forma mais reflexiva, dissolvendo as identificações, recuperando o nosso centro de consciência clara e equâni-me e agindo de modo mais adequado. Olhar para dentro de nós constitui-se nessa abertura da consciência, num relacionarmo-nos connosco mesmos que nada mais é do que relacionarmo-nos com a própria vida, logo através do despertar da nossa consciência é possível iniciarmos uma mudança e transformação do nosso Eu.

A atenção plena, a respiração e a meditação, constituem as

chaves da abertura e expansão da consciência. Utilizemos as

mesmas... com a curiosidade da criança interior, que ainda leva-mos dentro, e a persistência do

adulto que agora nos habita, pela mão do nosso Eu-testemunha.

O silêncio fértilAinda há pouco tempo erámos crian-

ças mais ou menos despreocupadas...

que víamos a idade adulta como que através de um par de binóculos virado ao contrário... longe. Porém, mal nos demos conta, e já estávamos imersos num frenesim de responsabilidades, numa roda-viva de problemas... sem muito tempo para sorrir, quanto mais para parar. Presos num ego funcional e de automatismos feito, que apenas tem que relembrar, pensar e agir para ser eficaz, habituámo-nos ao ruído ex-terior que cada vez mais nos leva para longe do nosso fértil silêncio interior. Pensar é demasiado barulhento e a consciência só pode brotar de um es-paço de silêncio... só o encontro com o silêncio, com uma profunda escuta observada desses amplos espaços que existem entre dois segundos, nos pode levar ao encontro com os diferentes níveis de consciência.

Vou fazer-lhe uma proposta... aqui e agora: fique onde está, não se mova por uns instantes, e páre de ler (depois de lida a proposta, claro!)... mantenha-se sentado ou de pé... feche os olhos... sinta o contacto com o chão e/ou o local onde está sentado... agora, coloque a sua

despertar a consciência

Por Lúcia da Costa Soares

Psicóloga Clínica, Psi-coterapeuta, Terapeuta Transpessoal

atenção na respiração... dê-se conta da respiração, do ritmo do ar que entra e sai dos pulmões... centre a consciência na respiração... uma e outra vez... observe apenas as eventuais sensações corporais que surjam... bem como alguns dos pensamentos que ocorrem, mas sem se perder neles e voltando sempre à consciência da respiração.

Está em consciência! Porque estar em consciência é saber respirar, estar presente, atento e em silêncio.

Só através do despertar da nossa consciência é possível iniciarmos uma mudança e transformação do nosso eu… como diz um amigo meu inglês: «Rising consciousness is as the first rising of the sun!»; sem dúvida, Tony Praill, elevar a consciência é como o primeiro nascer do sol: luminoso, brilhante. Z