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Um Farol na Escuridão
Por Silvio Dutra
Jun/2017
2
A474a
Alves, Silvio Dutra
Um farol na escuridão / Silvio Dutra Alves
Rio de Janeiro, 2017.
55p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Graça. 4. Fé
I. Título.
CDD 230.227
3
São exatamente duas horas da madrugada de
6-6-2017. Acordei com o pensamento na
pequenina Eloá que se encontra hospitalizada
tratando de um câncer que começou pelo
cérebro, e que sendo operada, espalhou-se
como metástase pelo seu corpinho, e ainda
agora está sendo alimentada por meio de um
tubo ligado diretamente ao seu estômago,
porque perdeu os movimentos de um lado de
seu corpo, não conseguindo abrir um dos olhos,
e tendo perdido a capacidade de mastigação.
A condição da nossa pequenina e querida Eloá
tem movido os corações de muitos, e
especialmente não poucos crentes a estarem
intercedendo em seu favor diante de Deus, para
que a cure ou que a sustente e a seus pais com
a Sua poderosa graça.
Há muito tempo que eu não escrevia sobre a
temática da enfermidade, mas fui inspirado pelo
presente quadro a voltar a discorrer sobre o
assunto, não no afã de encontrar respostas
definitivas para o propósito de Deus em nossas
fraquezas e enfermidades, mas para achar
algum consolo da parte da Palavra e do Espírito
4
Santo para os nossos corações em
perplexidade.
Por que sofrem os pequeninos?
Por que sofrem os justos?
Estas são perguntas que nunca querem se calar,
e portanto, devemos nos entregar a alguma
forma de reflexão para acharmos pelo menos
algumas respostas adequadas que nos façam
entregar-nos submissamente aos propósitos e à
soberania de Deus, reconhecendo que Ele sabe
o que faz e que tem sob inteiro controle tudo o
que se passa na Sua criação, que presentemente
geme, aguardando a manifestação gloriosa e
final dos filhos de Deus.
Não apenas a pequena Eloá que está passando
por esta enfermidade antes mesmo de
completar seu primeiro ano de vida, como
muitas outras crianças, jovens, adultos e velhos
estão transitando pelo mesmo vale de dores
nesta hora, e em todos os momentos da história
da humanidade, desde que a criação ficou
sujeita a estas dores, sofrimentos e lágrimas,
5
desde a Queda original de Adão no jardim do
Éden.
Estas vidas são levantadas por Deus em sua
soberania, para serem faróis nos alertando de
que já se encontra instalada em todos nós, uma
morte espiritual, para a qual somente Ele pode
prover a cura por meio das chagas de Jesus
Cristo.
Se não houvesse enfermidades físicas e mentais
em nossa presente condição caída, é bem certo
que ficaríamos totalmente insensíveis para este
fato e toparíamos no final de nossa jornada
terrena, com uma morte eterna, em um inferno
de fogo, onde o sofrimento nunca tem fim.
Assim, devemos ser gratos a Deus por sua
grande misericórdia, em nos alertar, a todos
nós, por meio das enfermidades que
experimentamos deste outro lado céu, porque,
por elas somos avisados de que há algo
estranho na criação original, que a corrompeu,
e que a levou à deterioração espiritual, a qual é
refletida no corpo, pois, nele, podemos
perceber visivelmente, que de fato há uma
morte eterna, pelo que podemos observar na
6
corrupção gradativa do nosso homem exterior,
que a cada dia se aproxima mais e mais do seu
retorno ao pó do qual foi formado.
Isto se processa mais velozmente em uns do
que em outros, mas o grande fato é que todos
estamos morrendo fisicamente a cada dia que
passa, até que haja o desfecho final com o
último suspiro exalado sobre a face da Terra.
Muito bem, amados, esta é a condição geral que
nunca devemos perder de vista, para que não
venhamos a atribuir alguma forma de injustiça
da parte de Deus em permitir que alguns sofram
mais do que outros, porque afinal, o grande e
terrível sofrimento a ser evitado é aquele que
ocorrerá para todo o que não tiver Jesus Cristo
como seu Salvador e Senhor.
Dos pequeninos é o reino dos céus. Eloá está
sendo cuidada pelo Senhor, pela consolação de
Sua graça, poder e amor. Aquele que disse
“deixai vir a mim os pequeninos” é o mesmo que
vai sempre ao encontro deles, especialmente
nestas horas de maior necessidade da Sua
amada companhia.
7
Agora, num exame mais detalhado e acurado do
assunto, devemos, antes de tudo, entender que
nem toda enfermidade é ditada por uma
consequência direta de pecados praticados pelo
que sofre ou por seus pais, conforme o próprio
Senhor Jesus Cristo afirma nas páginas do
evangelhos.
“Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus
pais; mas foi para que nele se manifestem as
obras de Deus.” (João 9.3).
Quando abordado pelos discípulos com esta
inferência ele lhes esclareceu que as
enfermidades são para manifestar a glória de
Deus. Há muito a ser considerado nestas
palavras, pois elas se referem não apenas ao
propósito geral de Deus de manifestar a sua
glória curando enfermidades, mas também, em
manifestar através delas a sua exclusiva
soberania em determinar quem deve ser ou não
acometido por determinados tipos de doenças,
de modo a cumprir o seus muitos propósitos, e
dos quais tivemos já a ocasião de antecipar
alguns deles.
8
Outros que são notórios, é que por meio das
enfermidades do corpo, Deus efetua a obra de
curar as enfermidades do espírito de muitos,
porque estas fazem parte das variadas
tribulações a que estamos sujeitos, e que visam
ao nosso aperfeiçoamento e cura espiritual.
Também aprendemos a simpatizar com o nosso
próximo, conforme Deus simpatiza conosco em
nossas aflições. Ficamos, por assim dizer, mais
sensíveis ao sofrimento alheio. Desprendemos
os olhos de nossos próprios problemas para
compartilhar os sofrimentos de outros, para
lhes oferecer um ombro amigo para ajudá-los a
carregarem os seus fardos, e nisto se aprende e
se experimenta o amor, conforme ele se
encontra na própria natureza divina, da qual
somos tornados participantes por meio da
nossa comunhão com nosso Senhor Jesus
Cristo.
Se a criação não tivesse ficado sujeita à vaidade,
é certo que não haveria aqui nem choro, nem
lágrima, nem dor, que será a condição que será
achada na restauração de todas as coisas,
quando o próprio Deus enxugará de nossos
9
olhos todas as lágrimas, para que nunca mais
voltemos a chorar.
Mas, como aprenderíamos, senão por este
modo doloroso, o consolo de Deus no
sofrimento?
O que conheceríamos da Sua misericórdia, a não
ser por sermos visitados por Ele com provisão
para as nossas misérias?
Onde aprenderíamos a consolar outros com as
mesmas consolações com que somos
consolados por Deus?
Assim que, apesar de a enfermidade e a morte
serem elementos estranhos à natureza de Deus,
pois é Deus de vivos e não de mortos, e no qual
há plenitude de força e alegria, todavia elas
cumprem os Seus propósitos em um mundo
caído, de modo a prover a cura a todos aqueles
que almejam pela vida eterna em Cristo Jesus.
Estes propósitos são levados a efeito por Deus
mesmo nas vidas daqueles dos quais ele dá o
testemunho de serem justos, tementes a ele e
que se desviam do mal, como foi o caso de Jó.
10
O Senhor queria curá-lo da inclinação para a
justiça própria, que nele ainda havia, e levar-lhe
a ter um conhecimento mais profundo da Sua
vontade e pessoa, de modo que desviou para Jó
a atenção de Satanás, que afirmou que toda a
santidade de Jó não era fruto do amor dele por
Deus, mas por ser um interesseiro que estava
simplesmente focado nos favores que recebia
dEle.
Então, ocorreu tudo o que todos nós já
conhecemos, e vemos em grandes sofrimentos
aquele que era um dos favoritos do céu.
Como isto pode ser entendido pela simples
razão natural?
Deixar ser afligido a quem se ama?
Sim. Desde que seja este o único meio pelo qual
possamos ser levados a ter uma maior alegria e
comunhão com o Senhor.
Por isso se afirma nas Escrituras que devemos
nos gloriar nas próprias tribulações, e ter por
motivo de grande alegria o passar por variadas
tentações. Ou seja, desde que tais experiências
11
carreguem consigo este supremo propósito de
nos tornar mais semelhantes ao Senhor Jesus.
Chegará o dia em que todos os crentes, sem
exceção, serão perfeitos, sem qualquer falha
moral, pecado ou enfermidade, mas este dia
ainda não chegou, e seremos sábios em
entender que não podemos aplicar no presente
uma condição que está prometida a existir em
grau absoluto somente no porvir.
Deste modo não se pode afirmar que pelo fato
de ainda estarmos sujeitos à prática eventual do
pecado, em razão da natureza terrena, que
estamos sujos diante de Deus ou com o templo
do Espírito Santo que é o nosso corpo, sujo,
porque fomos lavados pelo sangue de Jesus, e
necessitamos lavar senão os pés, conforme Ele
próprio afirmou: “Respondeu-lhe Jesus: Aquele
que se banhou não necessita de lavar senão os
pés, pois no mais está todo limpo; e vós estais
limpos, mas não todos. Pois ele sabia quem o
estava traindo; por isso disse: Nem todos estais
limpos.” (Jo 13.10,11). E ainda: “Vós já estais
limpos pela palavra que vos tenho falado.” (Jo
15.3).
12
De igual modo, por conseguinte, não se pode
afirmar que um crente que está enfermo estará
com o templo do Espírito, que é o seu corpo,
sujo, por causa da sua enfermidade.
Ainda que muitas enfermidades sejam
colocadas até mesmo em servos de Deus pelo
diabo, como se deu no caso de Jó, nem por isso
eles estão com o templo de Deus, que é o corpo
deles, sujo por causa da enfermidade, de modo
que o Espírito Santo viesse a se retirar deles por
causa da sujeira produzida no corpo deles,
como alguns alegam, em razão da presença da
enfermidade.
A propósito, nenhuma pessoa, na Nova Aliança,
é considerada imunda por Deus, de modo que
não possa receber a habitação do Espírito Santo,
por meio da fé e do arrependimento. Foi
exatamente isto que Ele ensinou a Pedro com a
visão do lençol cheio de animais considerados
cerimonialmente imundos pela Lei, que Deus
ordenou que Pedro matasse e comesse: “Pela
segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu
comum ao que Deus purificou.” (At 10.15).
Assim o Espírito Santo habita em pecadores,
regenerando-os, mas enquanto neste mundo,
13
não deixam de ser pecadores, porque estão
ainda sujeitos ao pecado em razão da natureza
terrena, mas não é por serem pecadores que o
Espírito Santo deixa de operar nos que creem e
se arrependem, mas em razão de apostasia dos
que viram as suas costas para Deus e para a Sua
vontade e permanecem na prática deliberada
dos seus pecados, sem que se arrependam
disso.
Deus não tem feito nenhuma promessa na Nova
Aliança de que não permitiria que nenhum
crente enfermasse. E não tem também feito
nenhuma promessa absoluta de curar todos os
que ficassem enfermos. Ele tem reservado isto
à Sua exclusiva autoridade, curando, podemos
dizer, muito e realmente muito mais do que
enfermando, em face da Sua misericórdia e
poder. Mas não são poucos os casos em que
crentes fiéis têm passado à perfeição da glória,
através da morte, em razão de enfermidades, e
muitas delas, não raro, muito severas, como o
câncer.
E se na soberania de Deus nem sequer um
pássaro cai do céu sem a Sua permissão divina,
14
muito menos, nenhum dos seus servos ficará ou
permanecerá enfermo sem a Sua permissão.
É isto que Jesus quis ensinar aos discípulos no
caso daquele cego de nascença.
Assim, para nossa reflexão, estamos
destacando a seguir alguns dos textos bíblicos
que tratam do assunto, e nos quais nós vemos
que o Deus soberano opera como quer e com
quem quer, e onde quer. Afinal Ele é Deus, e
como disse Lutero, devemos deixar Deus ser
Deus, no sentido de entendê-lo nesta soberania
que lhe pertence e que é claramente revelada
nas Escrituras.
1) “Depois destas coisas disseram a José: Eis que
teu pai está enfermo. Então José tomou consigo
os seus dois filhos, Manassés e Efraim.”. (Gên
48.1)
A causa da morte de Jacó foi uma enfermidade.”
2) “dizendo: Se ouvires atentamente a voz do
Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante
de seus olhos, e inclinares os ouvidos aos seus
mandamentos, e guardares todos os seus
estatutos, sobre ti não enviarei nenhuma das
15
enfermidades que enviei sobre os egípcios;
porque eu sou o Senhor que te sara.” (Êx 15.6)
Deus está afirmando expressamente que Ele
mesmo envia enfermidades por motivo de
julgamento do pecado. Assim não está fazendo
nenhuma promessa absoluta de que nenhum
israelita nunca ficaria enfermo caso lhe fosse
fiel, pois como vimos, o patriarca deles, Jacó,
morreu de uma enfermidade. O que Ele está
dizendo é que não castigaria com enfermidades
aqueles que não violassem a Sua aliança. Ele
julgou os pecados dos egípcios com
enfermidades. E agora está dizendo ao Seu povo
que o pecado deliberado pode ser a causa de
visitação dos Seus juízos com enfermidades.
Destas palavras, também se aprende que o fato
de Deus garantir uma vida saudável aos
israelitas sob os termos da Antiga Aliança, era
um sinal indicativo de que a causa das
enfermidades que existem no mundo é o
pecado. O andar contrariamente à vontade do
Senhor e se rebelado a Ele, como era o caso das
nações pagãs.
16
Israel, sendo preservado dos juízos que
sobrevieram aos egípcios nos dias de Moisés,
serviria de sinal para o mundo de que aqueles
que andam com Ele são livrados dos seus juízos
destruidores.
Hoje, sabemos à luz mais plena da Nova Aliança,
que mesmo quando Deus traz enfermidades
sobre os crentes genuínos, estas não carregam
um propósito destrutivo, como se deu no caso
dos egípcios, mas corretivo, assim como um pai
que corrige o seu filho.
É portanto, sob esta luz, que devem ser
entendidos os seguintes textos a seguir:
3) Servireis, pois, ao Senhor vosso Deus, e ele
abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu
tirarei do meio de vós as enfermidades. (Êx
23.25)
4) “E o Senhor desviará de ti toda enfermidade;
não porá sobre ti nenhuma das más doenças
dos egípcios, que bem conheces; no entanto as
porá sobre todos os que te odiarem.” (Dt 7.15).
17
Veja que é dito claramente que é o próprio Deus
que colocaria as enfermidades por motivo de
julgamentos, e seria também o próprio Deus
que não as colocaria por motivo de não exercer
juízos usando enfermidades, em face de
obediência à aliança, sem que isto significasse,
como já dissemos antes, uma promessa de
caráter absoluto de premiar aquele que é
obediente não permitindo que nunca ficasse
enfermo. Vale lembrar que a enfermidade é o
caminho mais usual para a morte, e mesmo
crentes morrem, doutra sorte Abraão, Noé e
muitos outros ainda estariam vivendo
plenamente saudáveis entre nós, vivendo neste
corpo de carne e sangue.
5) “então o Senhor fará espantosas as tuas
pragas, e as pragas da tua descendência,
grandes e duradouras pragas, e enfermidades
malignas e duradouras;” (Dt 28.59).
Aqui se fala não somente de enfermidades
isoladamente, mas de pragas, isto é de doenças
epidêmicas assolando toda uma nação por
causa do pecado. E é dito que seria o próprio
Deus que o faria. Vemos assim que em muitas
enfermidades e doenças epidêmicas há um
18
aviso da parte de Deus que a Sua vontade está
sendo transgredida na terra.
Há muitas formas de enfermidades,
especialmente emocionais, em nossa época,
que não eram comuns e nem mesmo se
nomeavam na antiguidade, pois surgiram em
razão do aumento da iniquidade na face da
Terra, conforme Jesus predisse que ocorreria no
tempo do fim. Estas muitas enfermidades são,
portanto, como já dissemos antes, sinais da
misericórdia de Deus, nos avisando que há um
caminhar desordenado em sua presença, e que
há necessidade de arrependimento, para que
seja evitado que caiamos sob os seus dolorosos
juízos.
6) “Também o Senhor fará vir a ti toda
enfermidade, e toda praga que não está escrita
no livro desta lei, até que sejas destruído.” (Dt
28.61).
Aqui não se fala apenas que o próprio Deus
traria toda sorte de enfermidade e praga,
inclusive as que não estavam descritas na
Palavra, com o fim de produzir a morte. Vemos
então que Ele pode até mesmo punir com a
19
morte pelo caminho da enfermidade, os
transgressores da Sua vontade. Isto não
configura entretanto que toda morte por
enfermidade tenha sido causada por motivo de
um juízo de Deus. Assim como nem todos que
têm vida longeva é porque honraram seus pais.
Deus fez a promessa de dar vida longa aos que
honrarem seus pais, mas não o fez também de
modo absoluto porque há muitos que morrem
em tenra idade, mesmo honrando a seus pais.
Em tudo isto nós vemos que Deus é soberano
para agir do modo que lhe aprouver, não
ficando amarrado a nenhuma promessa que não
tenha sido feita em caráter absoluto.
Por exemplo, há muitas promessas de caráter
absoluto, como a vida eterna que é prometida
aos que creem. Neste caso, como em muitos
outros Deus está amarrado à promessa que fez
e não pode revogá-la porque foi feita em caráter
absoluto.
Quanto às promessas de Deus, que são boas e
consoladoras para o seu povo, devemos
destacar sobretudo que aos profetas, em
especial, foram reveladas as coisas que hão de
ocorrer no tempo do fim. Enquanto os profetas
20
viviam, Deus consolava o povo de Israel por
meio deles, mas chegaria um tempo em que não
haveria profetas em Israel, como sucedeu no
período extenso, chamado Interbíblico, mas o
Senhor não deixaria o seu povo, sem a
promessa da sua consolação, e por isso mandou
Daniel registar as coisas que ocorreriam no
citado período, especialmente as duras
perseguições que os judeus sofreriam, mas que
o Senhor estaria com eles para os livrar. Assim,
a confiança deles deveria ser colocada agora na
Palavra escrita de consolação que lhes foi
dirigida, em todas as suas gerações, e nós,
juntamente com eles, devemos manter a nossa
inteira confiança nas promessas desta Palavra
infalível e fiel.
7) “Estando Eliseu doente da enfermidade de
que morreu, Jeoás, rei de Israel, desceu a ele e,
chorando sobre ele exclamou: Meu pai, meu pai!
carro de Israel, e seus cavaleiros!”. (II Rs 13.14)
É dito expressa e claramente que o grande
profeta Eliseu morreu de uma enfermidade. Veja
que até um jovem foi ressuscitado por ele
enquanto vivia, e até mesmo depois de morto
Deus ressuscitou uma pessoa que foi jogada
21
sobre o seu túmulo, para confirmar que aquele
homem foi um servo poderoso e fiel na Sua
presença.
A morte de Eliseu serviu ao propósito de indicar
que há vida naqueles que servem ao Senhor
mesmo depois que eles morrem fisicamente,
pois vivem para sempre em Sua presença, em
espírito.
8) “e tu terás uma grave enfermidade; a saber,
um mal nas tuas entranhas, até que elas saiam,
de dia em dia, por causa do mal.” (II Cr 21.15)
Deus afirmou terríveis juízos contra o rei Jeorão
e toda a sua casa, e é dito no verso 16 que o
próprio Deus despertou contra Jeorão o ânimo
dos filisteus para exercer sobre ele e Judá, os
seus juízos.
Nessa altura, Marcião um dos primeiros grandes
hereges do início da igreja se levantou
excluindo do cânon que ele estava formando, os
livros do Antigo Testamento e algumas
epistolas do Novo, por entender que o Deus do
Velho Testamento era cruel e violento, pois não
aceitava que Ele fosse soberano para enfermar
22
a quem quer e como quer, bem como a exercer
qualquer outro tipo de juízo vingador contra o
pecado. Ele não conseguia aceitar que é o
mesmo Deus de misericórdia tanto do Velho
quanto do Novo, pois é o mesmo Deus, que
cura, liberta, salva, ama, não exerce juízos
diretos ou indiretos sobre o mundo de pecado
pelo Seu atributo da justiça e da ira divinas.
9) “No decorrer do tempo, ao fim de dois anos,
saíram-lhe as entranhas por causa da doença, e
morreu desta horrível enfermidade. E o seu
povo não lhe queimou aromas como queimara a
seus pais.” (II Cr 21.19)
O juízo de Deus sobre Jeorão se cumpriu dois
anos depois de ter sido proferido.
10) “O Senhor o sustentará no leito da
enfermidade; tu lhe amaciarás a cama na sua
doença.” (Sl 41.3)
É dito que o Senhor consola na hora da
enfermidade o homem piedoso que acode ao
necessitado. Ainda que isto pudesse incluir a
sua cura por Deus, não é dito expressamente
que será curado, mas que será confortado com
23
a santa presença de Deus. E esta tem sido a
experiência de muitos servos fiéis de Deus no
leito de enfermidade. Eles, antes de partirem
para a glória demonstram toda a graça de Jesus
que há neles, e dão o bom testemunho que o
Senhor é com os seus servos especialmente
quando se aproxima a hora da morte.
11) “É ele quem perdoa todas as tuas
iniquidades, quem sara todas as tuas
enfermidades,.” (Sl 103.3)
O salmista reconhecia a mão de Deus na cura de
todas as suas enfermidades. Ele era um homem
de Deus mas está afirmando que havia sido
curado por ele de muitas enfermidades. E isto
não denota somente o fato da misericórdia e
poder de Deus em nos curar, como também a
realidade de que servos fiéis de Deus podem
ficar enfermos.
12) “O escrito de Ezequias, rei de Judá, depois
de ter estado doente, e de ter convalescido de
sua enfermidade.” (Is 38.9)
O piedoso rei Ezequias havia ficado enfermo e
teria morrido caso não tivesse orado
24
insistentemente pedindo a Deus que
permanecesse em vida na terra. Deus lhe
acrescentou mais quinze anos de vida, mas isto
não configura uma regra que sempre
acrescentará anos de vida a quem lhe pedir tal
coisa na hora da sua morte. Deus sabia o que
era melhor para Ezequias e para o seu povo,
mas atendeu excepcionalmente àquele pedido,
para revelar que Ele tem todo o poder sobre a
vida e a morte, bem como sobre o prazo de vida
que teremos sobre a terra. Está na soberania
dele prolongar ou não os nossos anos de vida
neste mundo.
Eis parte da oração que fez Ezequias, após ter
sido curado:
“16 Ó Senhor por estas coisas vivem os homens,
e inteiramente nelas está a vida do meu espírito;
portanto restabelece-me, e faze-me viver.
17 Eis que foi para minha paz que eu estive em
grande amargura; tu, porém, amando a minha
alma, a livraste da cova da corrupção; porque
lançaste para trás das tuas costas todos os
meus pecados.” (Isaías 38.16,17)
25
O Senhor havia ordenado ao rei Ezequias que
pusesse em ordem a sua casa, uma vez que
morreria em breve.
Sabemos que o Senhor não voltou atrás quanto
à exigência de colocar em ordem a sua casa –
certamente os erros que ele vinha cometendo
em seu reinado, e no possível afastamento da
comunhão com Deus – apesar de ter revogado a
sentença de morte imediata, tendo-lhe
acrescentado quinze anos de vida.
Nós lemos nos versos do nosso texto uma parte
da carta de gratidão e memorial que Ezequias
escreveu após ter sido restaurado da sua
enfermidade.
Ele se refere à sua necessidade de restauração
espiritual – para que o Senhor o vivificasse por
que disso dependia a vida do seu espírito.
Ele reconhece que foi para o seu retorno à paz
e comunhão com o Senhor, que havia sido
afligido pelos assírios e por sua enfermidade
mortal; e isto lhe causara grande amargura de
espírito.
26
Então declara que a causa do perdão dos seus
pecados e o livramento da corrupção da sua
alma foi o grande amor do Senhor por ele.
Assim como agiu em relação a Ezequias, Deus
faz o mesmo com todos os seus filhos, pois os
repreende e disciplina, especialmente através
de tribulações, por amá-los, de maneira que
abandonem seu viver pecaminoso e venham a
andar de maneira ordeira na Sua santa presença.
13) “Verdadeiramente ele tomou sobre si as
nossas enfermidades, e carregou com as nossas
dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de
Deus, e oprimido.” (Is 53.4)
É profetizado aqui o caráter messiânico de Jesus
como restaurador da criação que foi corrompida
pelo pecado. Ele demonstrou em Seu ministério
terreno não apenas o Seu poder curativo
curando a todos que lhe eram trazidos, quer
enfermos ou endemoninhados, para revelar que
no porvir será Ele mesmo que restaurará todas
as coisas e removerá para sempre todas as
enfermidades e todas as causas de dores
produzidas pelo pecado, porque Ele porá um
27
termo ao pecado quando estabelecer o Seu
Reino de justiça e paz em sua forma final.
Cabe destacar, entretanto, que no próprio
Evangelho em que se diz que curava a todos que
lhe eram trazidos, para confirmar este Seu
caráter messiânico, é dito também que Jesus
deixou de realizar muitos sinais e milagres em
algumas cidades, em razão da incredulidade
deles. Isto também traz uma mensagem de que
esta cura e vida perfeitas estão reservadas para
aqueles que se converterem a Deus pela fé.
Devemos dar graças a Deus por nos ter dado a
graça de Jesus, especialmente nestes dias da
Nova Aliança, porque afinal quem é que não
deseja ser abençoado e curado por Ele de suas
enfermidades? Mas, devemos entender,
enquanto cremos e pedimos a Ele de todo o
nosso coração e com toda a fé, para que nos
cure, que Ele é soberano para nos atender ou
não, e é soberano também, quando nos atende,
para fazê-lo no Seu tempo e não no nosso.
14) “Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-
lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser
como oferta pelo pecado, verá a sua
28
posteridade, prolongará os seus dias, e a
vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.”
(Is 53.10)
Vemos que a raiz da mesma palavra hebraica
Keley, usada para enfermidade aqui, é a mesma
usada em Is 53.4 – kalay . E a significação desta
palavra no seu uso original é muito mais
extensa do que somente enfermidade física,
pois se refere também a debilidades, fraquezas,
ansiedades, enfim, é uma palavra de
significação ampla para indicar todos os tipos
de debilidades produzidos pelo pecado.
Nós achamos esta palavra kalay em Deut 7.15;
28.61; I Rs 17.17; II Rs 1.2; 8.8,9, 13.14; II Cr
16.12; 21.15, 18, 19; Sl 41.3; Ec 5.17; Is 1.5;
38.9; 53.3, 4; Jer 6.7; 10.19; Os 5.13. Se
tomarmos, por exemplo, este último texto
citado, de Os 5.13, nós lemos: “Quando Efraim
viu a sua enfermidade, e Judá a sua chaga,
recorreu Efraim à Assíria e enviou ao rei Jarebe;
mas ele não pode curar-vos, nem sarar a vossa
chaga.”, e nós vemos que o sentido usado aqui
para a palavra kalay, enfermidade, se refere ao
estado pecaminoso de Israel e Judá. Ainda que
a maior parte destes textos se refira a
29
enfermidade física, no entanto o uso, como já
dissemos não é restritivo. Veja também, por
exemplo Is 1.5: “Por que seríeis ainda
castigados, que persistis na rebeldia? Toda a
cabeça está enferma e todo o coração fraco.”. A
referência aqui a “cabeça enferma” tem a ver
com doenças físicas? Certamente não. A
referência aqui é ao estado mau da alma em
razão do pecado.
Em Is 53.4, referindo-se a nós, é usada também
outra palavra com um sentido de reforço, com
um uso pleonástico desta primeira palavra
citada, que significa principalmente aflições,
dores, tristezas, a saber, makobi. Assim, pela
primeira palavra se expressa as realidades
relativas às debilitações propriamente ditas,
produzidas em razão do pecado original
(enfermidades físicas, emocionais,
imperfeições, carências etc) e a segunda palavra
indica os sentimentos que acompanham estas
realidades por serem produzidos por elas
(afições, tristezas, dores, sofrimentos).
Nós encontramos a palavra makobi, também em
Êx 3.7; II Cr 6.29; Jó 33.19; Sl 32.10; 38.17;
30
69.26; Ec 1.18; 2.23; Is 53.3,4; Jer 30.15; 45.3;
51.8; Lam 1.12,18.
Em Is 53.10 a referência é ao próprio Jesus. E
sabemos que foi a crucificação e não uma
enfermidade específica a causa da Sua morte.
Podemos então entender que as enfermidades
citadas em relação a nós, e que foram
carregadas por Jesus, são muito mais amplas do
que somente as doenças físicas, senão tudo
aquilo que produz dor e sofrimento por causa
do pecado. Jesus morreu na cruz como forma de
juízo estabelecido sobre ele, não por causa de
algum pecado próprio, porque Ele não tinha
pecado, mas foi por causa do pecado, porque
Ele carregou sobre si os nossos pecados, e com
eles, as enfermidades, isto é, todas as
consequências malignas do pecado.
Se a referência ao fato de Jesus ter carregado
nossas enfermidades (kalay) e nossas dores e
sofrimentos (makobi) é de caráter absoluto para
ser visto na vida de todo crente fiel neste
mundo, por que então existe ainda tanto
sofrimento especialmente na vida daqueles que
têm servido fielmente a Deus? E Jesus nos
prometeu que teríamos aflições no mundo,
31
como a dizer que teríamos o bom ânimo que é
dado pela Sua presença consoladora e graça,
mas os sofrimentos certamente nos
acompanhariam neste mundo. Ele disse acerca
de Paulo o quanto ele teria que sofrer por causa
do Seu nome: “pois eu lhe mostrarei quanto lhe
cumpre padecer pelo meu nome” (At 9.16). De
modo que Paulo viria a dar o seguinte
testemunho quando estava preso em Roma e
escreveu aos colossenses: “Agora me regozijo
no meio dos meus sofrimentos por vós, e
cumpro na minha carne o que resta das aflições
de Cristo, por amor do seu corpo, que é a
igreja;” (Col 1.24). A promessa da remoção total
dos sofrimentos é somente para o céu. Não se
pode querer fazer com que uma realidade que
se cumprirá de modo absoluto, somente no
futuro, depois do retorno do Senhor, se cumpra
aqui na terra, antes da Sua segunda vinda, como
se lê em Apo 21.4: “Ele enxugará de seus olhos
toda [lágrima]; e não haverá mais morte, nem
haverá mais pranto, nem lamento, nem dor;
porque já as primeiras coisas são passadas.”
Assim, aqueles que afirmam que os crentes não
podem mais ficar enfermos, de modo absoluto,
aqui neste mundo, porque Jesus carregou a
32
enfermidade deles, devem também afirmar que
eles não podem ter mais qualquer tipo de
sofrimento, porque é esta a promessa que é
feita em Is 53.4.
15) “Porque assim diz o Senhor: Eis que desta
vez arrojarei para fora os moradores da terra, e
os angustiarei, para que venham a senti-lo. Ai
de mim, por causa da minha ruína! É mui grave
a minha ferida: então eu disse: Com efeito é isto
o meu sofrimento e tenho de suportá-lo” (Jer
10.18,19).
A palavra usada para sofrimento no final deste
versículo, é traduzida em outras versões por
enfermidade, porque é vertida da mesma
palavra hebraica keley, usada em Is 53.4.
Assim, o sentido não é um mero sofrimento, ou
mera enfermidade física, mas toda a debilidade
que poderia ser infligida como forma de juízo
de Deus sobre os pecados dos judeus, que
seriam enviados para o cativeiro.
Vemos que o texto de Isaías 53 é bastante
abrangente quando se refere a Jesus,
demonstrando que Ele trataria não apenas das
enfermidades físicas, mas de tudo o que entrou
33
no mundo por causa do pecado. As nossas
enfermidades ali referidas dizem respeito à
debilidade geral produzida em nós pelo pecado
e que nos sujeitou à maldição e ira de Deus. E
foi especialmente da maldição da lei, da
aplicação da ira de Deus que viria sobre nós por
causa do pecado, que Jesus nos resgatou por
meio da Sua morte na cruz. Assim, quando Ele
veio em Seu ministério terreno curando de
modo visível a todos os que tinham
enfermidades físicas, Ele estava não apenas
usando da Sua misericórdia, poder e amor, mas
sobretudo revelando este Seu caráter divino e
messiânico, do Único que pode nos livrar de
todas as consequências maléficas do pecado, e
dentre estas a principal delas, a saber, a morte
eterna. Tanto é assim, que sempre houve em
Jesus, mesmo quando curava, um apelo ao
arrependimento e à conversão. E não foram
poucas as imprecações que Ele fez sobre
aqueles que Ele havia curado e no entanto não
haviam se arrependido dos Seus pecados, como
que a demonstrar que eles não haviam topado
com o principal motivo de todas aquelas curas,
sinais, milagres, que era a de convencer-nos de
ser Ele o Messias prometido, e assim, por
34
crermos nEle, pudéssemos ser salvos da ira
vindoura.
16) “A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei
a trazer; a quebrada ligarei, e a enferma
fortalecerei; e a gorda e a forte vigiarei.
Apascentá-las-ei com justiça.” (Ez 34.16)
É dito aqui neste texto de Ezequiel o cuidado
especial que o Senhor teria com as ovelhas do
Seu rebanho.
Ele afirma que fortaleceria a enferma. Não é
prometido expressa e absolutamente a cura de
todas as enfermidades físicas. Mas o
fortalecimento com graça, e isto Deus sempre
faz para aqueles que são seus e que nele
esperam, assim como fizera com Paulo em
relação ao seu espinho na carne.
Mais uma vez é usada a mesma palavra de Is
53.4 para se referir aos enfermos: keley, que já
comentamos anteriormente.
17) “E eu, Daniel, desmaiei, e estive enfermo
alguns dias; então me levantei e tratei dos
negócios do rei. E espantei-me acerca da visão,
pois não havia quem a entendesse.” (Dn 8.27).
35
O próprio Daniel deu testemunho que esteve
enfermo alguns dias, e que depois de ter sarado
da enfermidade se levantou para fazer o seu
trabalho. E vale destacar qual era o caráter
aprovado e fiel de Daniel. Dele se declarou pelo
anjo do Senhor que era homem muito amado
por Deus. Ele não estava enfermo por motivo de
nenhum pecado específico.
Cabe destacar que algumas enfermidades
produzidas por vírus têm o propósito de criar
anticorpos em nosso organismo nos tornando
mais resistentes a outros tipos de
enfermidades. Deus em Sua infinita sabedoria e
poder sabe como governar e dosar a nossa
exposição aos muitos organismos invisíveis do
mundo microscópico que podem tanto nos
enfermar quanto curar. Assim, até mesmo por
meio disto Ele nos convence da Sua grande
sabedoria e poder. Não foi o diabo que criou
qualquer vírus. Não foi o diabo que criou
qualquer bactéria nociva. Não foi o diabo que
criou o inferno. Não foi o diabo que criou as
pragas que atacam as lavouras. Ele não é
criador, é criatura. Todas estas coisas foram
trazidas à existência por Deus por causa da
entrada do pecado no mundo. E através delas o
36
Senhor nos tem ensinado a tomar cuidados com
nossa higiene pessoal e coletiva. Ele nos obriga
a viver em asseio, porque a falta disto pode
produzir enfermidades. E qual é a lição que Ele
quer nos ensinar, senão que é preciso ser limpo
tanto no sentido físico quanto no espiritual? Isto
não aponta para a necessidade de santidade
para se ter vida, e vida saudável?
18) “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando
nas sinagogas, pregando o evangelho do reino,
e curando todas as doenças e enfermidades
entre o povo.” (Mt 4.23).
Já nos referimos antes ao propósito das muitas
curas havidas no ministério de Jesus e no
princípio dos dias apostólicos, de modo
sobrenatural e miraculoso, para especialmente
confirmar o caráter salvífico do Senhor.
Nunca mais se repetiu ao longo de toda a
história da igreja, mesmo no período final do
ministério dos apóstolos, o testemunho de cura
de todos que eram levados a Jesus ou aos
apóstolos. O Senhor continua curando a muitos
e em muitos lugares, mas não com toda a
extensão do início da Nova Aliança. E cabe
37
destacar que toda vez que Deus inaugura uma
nova dispensação, é que vemos a multiplicação
de sinais e maravilhas, assim como ocorreu nos
dias de Moisés e Josué, quando instituiu a
Antiga Aliança, mas nunca mais se viu em Israel,
em profusão, os portentosos milagres daqueles
dias, senão nos dias dos profetas Elias e Eliseu,
em razão de quase todos os israelitas terem se
curvado ao culto de Baal, tendo sido necessário
uma mais abundante realização de sinais para
se provar que o Deus de Israel era com Elias e
Eliseu, que davam testemunho da Sua Lei, da
Sua Palavra, e não com os falsos profetas. Mas,
depois disto nós testemunhamos o retorno da
realização de sinais e prodígios somente na
inauguração da Nova Aliança com Jesus e com
os apóstolos. Uma vez estabelecida a igreja, não
se testemunhou mais a realização daquela
profusão de sinais e maravilhas senão em
alguns avivamentos havidos em períodos
específicos da história da igreja, especialmente
em áreas em que o evangelho estava sendo
pregado pioneiramente, como por exemplo na
Ásia e na África.
É esperado por muitos que haja ainda uma
grande realização de sinais e maravilhas quando
38
estivermos próximos do tempo do fim, em
razão da multiplicação da iniquidade na terra,
mas é importante lembrar que o Senhor nos
alertou que também muitos falsos mestres,
profetas e cristos também os fariam na referida
ocasião.
Leia também os seguintes textos que dão o
mesmo testemunho de Mt 14.23: Mt 8.16, 17;
9.35; 10.1, 8; 14.14, 35; Mc 6.56.
19) “pegarão em serpentes; e se beberem
alguma coisa mortífera, não lhes fará dano
algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e
estes serão curados.” (Mc 16.18).
A promessa de cura dos enfermos neste texto
deve ser entendida no seu próprio contexto,
pois sabemos que não está sendo prometido de
modo absoluto que toda vez que um crente
pegar em serpente venenosa ou beber veneno,
que isto não lhe fará qualquer mal, pois a
conclusão é óbvia. Então o Senhor não está
falando também de cura de enfermidade de
modo absoluto, isto é, que toda vez que
impusermos as mãos sobre os doentes, todos
eles, sem exceção serão curados, quer na hora
39
ou posteriormente. Oramos por muitas pessoas
com toda a fé e convicção de que o Senhor é
poderoso para curá-las seja do tipo de
enfermidade ou gravidade que for. Entretanto,
sabemos por experiência que não é por falta de
poder, santidade ou fé em nós que em muitos
casos, que a propósito não são poucos, que
mesmo depois de termos orado por eles,
morrem em razão daquelas enfermidades pelas
quais oramos a Deus para que os curasse. Mas
temos testemunhado também muitas curas
como resposta à nossas orações. Então a
promessa de Jesus de que isto seria um sinal no
meio da verdadeira igreja, como livramentos
miraculosos de situações perigosas,
exemplificadas no texto por serpentes e
veneno, e a isto podemos acrescentar muitas
outras coisas, especialmente em nossos dias,
com por exemplo balas perdidas,
atropelamentos etc. Não se pode portanto
tomar tal promessa em sentido absoluto, mas
como um sinal que em existindo em nosso meio
serve para comprovar que de fato temos crido
em Cristo para a salvação, pois Ele disse que
estes sinais seguiriam os que cressem.
40
20) “Jesus, porém, ao ouvir isto, disse: Esta
enfermidade não é para a morte, mas para
glória de Deus, para que o Filho de Deus seja
glorificado por ela.” (João 11.4)
Ao dizer que a enfermidade de Lázaro não era
para morte, apesar dele ter morrido por meio
dela, Jesus confirmou que há casos, e estes não
são poucos, mesmo entre crentes fiéis, que a
enfermidade deles será para morte.
Lázaro foi ressuscitado porque não deveria ter
morrido por aquela enfermidade assim como
Jesus afirmou aos seus discípulos quando teve
notícia de que estava enfermo. E o nome de
Jesus seria glorificado com aquela ressurreição
pelo testemunho de que Ele tem poder sobre a
morte, e tem o poder de ressuscitar; de modo
que tivéssemos um testemunho visível disso
para confiarmos inteiramente na Sua promessa
de ressuscitar o nosso corpo depois que
passarmos pela morte.
Agora fica uma pergunta para aqueles que
afirmam que o dever da igreja é ressuscitar a
todos os que morrerem: Porventura Lázaro se
encontra entre nós? Ele não teve que passar
41
posteriormente pela experiência da morte, e
possivelmente por uma enfermidade que seria
para morte na ocasião determinada pela
soberania de Deus?
Nosso propósito não é diminuir a fé de ninguém
a ponto de dizer que Deus não possa ressuscitar
alguém em nossos dias. Temos testemunho
destas realidades entre nós. O nosso propósito
é simplesmente o de termos uma fé equilibrada
que nos leve a entender que a soberania de
Deus não pode ser desconsiderada em qualquer
caso, seja ele qual for, porque está na Sua
vontade e poder, e não em nós, a cura e a
ressurreição de quem quer que seja.
21) “À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo,
dizendo: israelitas, por que vos maravilhais
disto, ou por que fitais os olhos em nós, como
se pelo nosso próprio poder ou piedade o
tivéssemos feito andar:” (At 3.12)
Os próprios apóstolos declararam que não
curavam a ninguém pelo próprio poder ou
piedade, senão pelo poder de Jesus como
declaram no verso 16. A piedade que havia
42
neles não era propriamente deles, mas um fruto
do Espírito Santo que neles se movia.
Mas, há muitos declarando hoje em dia que
curam pelo próprio poder. Eles dizem que já
receberam o poder de Jesus e agora é tudo por
conta deles. Não foi isso que aconteceu com os
apóstolos. E nem é isto que acontece com todos
aqueles que são curados sobrenaturalmente,
porque ainda que muitos afirmem que foi pelo
próprio poder deles, não sabem em sua
ignorância, que foi o próprio Deus que operou
o milagre. Tudo o que ocorre na esfera do
sobrenatural é realizado pelo próprio Senhor, de
modo que apenas o seu santo nome seja
glorificado e honrado.
22) “de sorte que lenços e aventais eram levados
do seu corpo aos enfermos, e as doenças os
deixavam e saíam deles os espíritos malignos.”
(At 19.12).
No início do estabelecimento das igrejas pelos
apóstolos temos o testemunho da abundância
de milagres que Deus fazia entre eles para
confirmar a Palavra de salvação que pregavam.
Aqui no caso a referência é a Paulo que foi muito
43
usado por Deus na ocasião, mas o vemos
falando posteriormente de suas próprias
enfermidades, e das de Timóteo, pelas quais ele
certamente também orava para que fossem
curadas, e no entanto, teve que recomendar a
Timóteo na ocasião uma receita caseira para
prevenir-se delas.
Como pois toda enfermidade é do diabo? Ou
então só fica enfermo quem não tem fé? Era este
o caso de Paulo e Timóteo? Voltemos à sensatez
se esta nos tem faltado.
“Eles, entretanto, se demoraram ali por muito
tempo, falando ousadamente acerca do Senhor,
o qual dava testemunho à palavra da sua graça,
concedendo que por suas mãos se fizessem
sinais e prodígios.” (At 14.3). Veja aqui o
propósito daqueles muitos sinais de dar
testemunho da palavra da graça de Deus que
estava sendo oferecida aos pecadores. E este
testemunho não foi estabelecido na terra nos
dias dos apóstolos? Era algo novo que estava
acontecendo nos dias deles, mas já não é algo
novo desde então, pois a todos tem sido
proclamado o nome de Cristo, e o cânon do
evangelho de há muito já foi fechado e
44
confirmado. Nos dias de Jesus eles tinham
Moisés e os profetas, como uma referência ao
Velho Testamento, mas desde que Ele
inaugurou a Nova Aliança nós temos também no
Novo Testamento o testemunho da verdade de
que somente Ele é o Salvador. E esta Palavra de
salvação foi estabelecida e confirmada por meio
de muitos sinais e prodígios, e a nós agora, cabe
tão somente crer nela para a nossa salvação.
Não necessitamos mais de nenhum sinal
especial para podermos crer.
“Por isso convém atentarmos mais
diligentemente para as coisas que ouvimos,
para que em tempo algum nos desviemos delas.
Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu
firme, e toda transgressão e desobediência
recebeu justa retribuição, como escaparemos
nós, se descuidarmos de tão grande salvação? A
qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo
Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a
ouviram: testificando Deus juntamente com
eles, por sinais e prodígios, e por múltiplos
milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos
segundo a sua vontade.” (Hb 2.1-4)
45
23) “Por causa disto há entre vós muitos fracos
e enfermos, e muitos que dormem.”.
Nós temos aqui o testemunho, como vimos no
início deste estudo, do uso que Deus faz de
enfermidades e até mesmo da morte física para
exercer juízos sobre os próprios crentes, que
andem desordenadamente na Sua presença.
Está na esfera da Sua soberania quando e por
que fazê-lo. Não significando portanto que toda
vez que um crente pecar ele terá
consequentemente algum tipo de enfermidade
física.
Aquele juízo veio sobre a igreja de Corinto para
trazer de volta a reverência e o temor devidos a
Deus. Se alguém pecar deve confessar e
abandonar o pecado por motivo de Sua
consciência para com Deus e não simplesmente
por temer a enfermidade e a morte. Um crente
deve viver em santidade de vida porque este é o
único modo pelo qual deve um crente viver.
Contudo em sua caminhada está sujeito a
muitas falhas, mas sempre poderá contar com o
favor do Senhor se continuar depositando a sua
confiança nele, e mantendo o desejo de fazer
aquilo que seja da Sua vontade. O Senhor é
46
benigno, compassivo e perdoador. Nunca
devemos esquecer isto em face das nossas
fraquezas e imperfeições.
24) “e vós sabeis que por causa de uma
enfermidade da carne vos anunciei o evangelho
a primeira vez,” (Gál 4.13).
Paulo está afirmando expressamente que o
motivo de ter pregado o evangelho aos Gálatas
pela primeira vez, foi exatamente uma
enfermidade. Assim ainda que a enfermidade
não seja um bem em si mesmo, Deus pode usá-
la para propósitos elevados e santos, como nos
tornar mais dóceis, ou fazer com que tenham
compaixão de nós e nos ouçam, levar-nos a nos
compadecer de quem está fraco e enfermo,
quebrar o nosso orgulho etc.
25) “Não bebas mais água só, mas usa um
pouco de vinho, por causa do teu estômago e
das tuas frequentes enfermidades.” (I Tim 5.23)
Paulo se refere não à enfermidade de Timóteo,
mas dos problemas de estômago que ele tinha,
e de outras e frequentes enfermidades. No
entanto, na ocasião da escrita desta carta ele
47
estava ordenando a Timóteo que constituísse
presbíteros em Éfeso e colocasse em ordem as
coisas naquela igreja. E como o faria se
estivesse vivendo em pecado ou com falta de fé?
Não podemos esquecer que o poder de Jesus se
aperfeiçoa exatamente na nossa fraqueza.
Aquelas enfermidades deviam sem qualquer
dúvida, produzir em Timóteo uma grande
confiança em Deus e no Seu poder, e não em si
mesmo. Elas lhe lembravam que somos apenas
um vaso de barro, facilmente quebrável, e que
neste vaso, a excelência do poder que nele
existir, pertence exclusivamente a Deus.
26) “E fez sair os israelitas com prata e ouro, e
entre as suas tribos não havia quem
tropeçasse.” (Sl 105.37)
Há versões que em vez de “não havia quem
tropeçasse”, se afirma “não havia inválidos”, e
em outras se diz “não havia enfermos”.
Recorrendo à palavra no original hebraico nós
temos kashal, que significa tropeçar, cair,
falhar, enfraquecer, debilitar. Nós encontramos
esta mesma palavra nos textos de Lev 26.37; I
Sm 2.4; II Cr 25.8; 28.15, 23; Ne 4.10; Jó 4.4; Sl
48
9.3; 27.2; 31.10; 64.8; 105.12; Pv 4.1’2, 16, 19;
24.16, 17; Is 3.8; 5.27; 8.15; 28.13; 31.3; 35.3;
40.30; 59.10, 14; 63.13; Jer 6.15, 21; 8.12;
18.15, 23; 20.11; 31.9; 46.6, 12, 16; 50.32;
Lam 1.14; 5.13; Ez 33.12; 26.15; Dn 11.14, 19,
33, 34, 35; 11.41; Os 4.5; 5.5; 14.19; Na 2.5;
3.3; Zac 12.8 e Ml 2.8.
Por exemplo, em Os 14.1 Deus diz que Israel
estava caído por causa dos seus pecados. E a
palavra usada aqui para caído é a mesma do Sl
105.37, a saber, kashal. Assim, o sentido no Sl
105.37 não se refere exclusivamente a
enfermidades físicas, mas à condição geral de
decaimento da presença de Deus em razão do
pecado, e é a isto que o autor do Sl 105.37 quis
se referir quando da saída de Israel do Egito.
Mas, ainda que quiséssemos restringir o uso do
termo para enfermidades físicas, deve-se ter em
conta que no dia em que eles deixaram o Egito,
as pragas trazidas sobre aquela nação haviam
sido despejadas recentemente àquela saída, e
de fato, Deus havia feito distinção entre o seu
povo e os egípcios, de modo que não trouxe
sobre os israelitas, naquela ocasião, nenhuma
das pragas que havia trazido sobre os egípcios.
49
Mas, depois de terem saído do cativeiro Deus
lhes advertiu que andassem na Sua presença e
cumprissem os Seus mandamentos para que
não os enfermasse assim como havia
enfermado os egípcios. Enfermidades
epidêmicas entre os israelitas, como aquelas
que acometeram os egípcios nas dez pragas,
seriam então um sinal da parte de Deus de que
havia pecado de todo o povo contra Ele, como
foi o caso da praga de Baal-Peor que havia
ceifado 24.000 vidas.
Assim, em Êx 15.26, nós lemos o seguinte: “Se
ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus,
e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e
inclinares os ouvidos aos seus mandamentos, e
guardares todos os seus estatutos, sobre ti não
enviarei nenhuma das enfermidades que enviei
sobre os egípcios; porque eu sou o Senhor que
te sara.”. E em Êx 23.25: “Servireis, pois, ao
Senhor vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão
e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós as
enfermidades.”.
E no caso de transgressão da Aliança nós lemos
a seguinte ameaça que foi dirigida aos israelitas:
“então o Senhor fará espantosas as tuas pragas,
50
e as pragas da tua descendência, grandes e
duradouras pragas, e enfermidades malignas e
duradouras;” (Dt 28.59).
As ameaças previstas na Lei para os casos de
violação da aliança por parte dos israelitas
foram, portanto, cumpridas por Deus, como Ele
havia prometido que o faria.
27) “18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Isto
diz o Filho de Deus, que tem os olhos como
chama de fogo, e os pés semelhantes a latão
reluzente:
19 Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua
fé, e o teu serviço, e a tua perseverança, e sei
que as tuas últimas obras são mais numerosas
que as primeiras.
20 Mas tenho contra ti que toleras a mulher
Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz
os meus servos a se prostituírem e a comerem
das coisas sacrificadas a ídolos;
21 e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e
ela não quer arrepender-se da sua prostituição.
51
22 Eis que a lanço num leito de dores, e numa
grande tribulação os que cometem adultério
com ela, se não se arrependerem das obras
dela;
23 e ferirei de morte a seus filhos, e todas as
igrejas saberão que eu sou aquele que
esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada
um de vós segundo as suas obras.” (Apo 2.18-
23).
Veja que ele se dirigiu a crentes de uma das sete
igrejas da Ásia Menor que são citadas no livro
de Apocalipse.
Ele elogiou a fé deles, as obras deles que a
propósito eram maiores do que as primeiras,
mas reprova a prostituição espiritual deles com
as práticas que estavam sendo ensinadas por
uma determinada profetiza, que lhes estava
incentivando a compartilharem com as coisas
sacrificadas a ídolos.
Como aquela profetiza não se arrependeu
dentro do tempo que o Senhor havia concedido
a ela como oportunidade para tal
arrependimento, Ele afirmou expressamente
52
que Ele próprio a colocaria, como também os
seus seguidores num leito de dores e de grande
tribulação, e não somente isto, caso não
houvesse arrependimento em face de tal juízo,
e feriria de morte a seus filhos para que as
igrejas soubessem que Ele dá a cada um
segundo as suas obras. Jesus não deixará de
disciplinar a sua igreja. O autor de Hebreus diz
que Deus nos corrige e disciplina assim como
um pai faz com seus filhos. E que todo aquele
que não está debaixo desta disciplina de Deus é
bastardo e não filho. Ora, se alguém se
vangloria do fato de nunca ter tido tribulações e
enfermidades, em face de uma alegada suprema
santidade, deve ter muito cuidado com isto,
porque não há quem não peque, ainda que
crente, e por conseguinte, que esteja fora da
esfera de correção de Deus.
Se é pelas tribulações que estamos sendo
aperfeiçoados em perseverança, paciência,
experiência, santidade, como se afirma na
Palavra, como poderemos então nos gloriar no
fato de nunca termos experimentado
tribulações? Por acaso estamos em estado de
perfeição que nada tenhamos que aprender de
Deus? E com isto não nos referimos apenas a
53
juízos sobre pecados praticados
deliberadamente, mas ao nosso estado de
endurecimento geral, produzido pelo pecado,
que Deus quebra com as provações e
humilhações das tribulações de modo que
sejamos achados mais longânimos, pacientes,
misericordiosos, simpáticos aos sofrimentos do
nosso próximo etc.
E ainda numa palavra final para aqueles que
ficam horrorizados, tal como Marcião ficou em
seus dias, com a ideia de que um Deus de amor
possa se valer de enfermidades para castigar ou
para qualquer outro propósito, pois isto não
seria digno de uma pessoa boa como ele, senão
do diabo que é mau. Cabe destacar que Jesus
nos alertou que não devemos sequer temer os
homens maus quanto aos sofrimentos que
possamos experimentar, mas ao próprio Deus
que pode não apenas tirar a vida do corpo físico,
como lançar a alma eternamente no inferno.
Será Deus quem lançará o próprio diabo no lago
de fogo e todos os seus seguidores. Não será o
diabo que lançará qualquer alma no inferno,
pois não lhe foi dado o poder de julgar, senão a
Cristo, que tem as chaves da morte e do inferno
em Suas mãos. Afinal, não foi o diabo que
54
destruiu pelo fogo as cidades de Sodoma e
Gomorra, e nem foi ele quem trouxe a
destruição do dilúvio nos dias de Noé, e nem
será ele quem fará com que o mundo que hoje
existe seja totalmente destruído pelo fogo.
Falar sobre o atributo da ira de Deus faz parte
de um outro estudo, e não é nosso propósito
nos estendermos aqui sobre tal assunto. Mas
recomendamos que isto seja também estudado
em paralelo, para que se aprenda pelas
Escrituras que o Deus que servimos é
inteiramente amor e misericórdia, mas é
também justiça e juiz, e assim como Ele nos faz
alvo do Seu favor, nos faz também alvo dos Seus
juízos.
Quantas graças então, devemos a Jesus Cristo
que desviou o cálice da ira de Deus de sobre
nós, por tê-lo sorvido em nosso lugar até a
última gota no Calvário?
Quantas graças, não devemos lhe tributar pelo
seu cuidado amoroso e paternal?
Lembramos neste momento, da pequenina Eloá,
e somos gratos a Deus por sua vida preciosa,
55
que nos inspirou à escrita desta breve
meditação sobre o propósito santo e
misericordioso que há nas enfermidades e
sofrimentos que temos neste mundo.
Eloá é do Senhor quer na vida ou na morte física,
porque traz com ela a promessa da ressurreição
do seu próprio corpo, hoje combalido, mas que
refulgirá na glória com um brilho maior do que
o das estrelas naquela manhã maravilhosa da
ressurreição final que está prometida a todos os
que são do Senhor, e que no meu espírito, posso
testificar juntamente com o Espírito Santo, que
Eloá é de Deus, e que Deus é de Eloá, pois assim
como somos do nosso amado, Ele também é
nosso, pois fomos comprados para Ele, pelo
sangue precioso de Jesus.