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P e . P a u l o R i c a R d o
T e R a P i a d a s
d o e n a s
e s P i R i T u a i s
Um
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EdiTora: Cstn Ng
CaPa e diaGraMao: C t Bghn Jn
reParao: Ln yk Km
ReViSo: g s
t Ftm nts
EDITORA CANO NOVARua So Bento, 43 - Centro01011-000 So Paulo SPTelefax [55] (11) 3106-9080e-mail: [email protected]
[email protected] page: http://editora.cancaonova.com
Todos os direitos reservados.
ISBN: 978-85-7677-119-7
EDITORA CANO NOVA, So Paulo, SP, Brasil, 2008
ImprimaturCuiab, 28 de julho de 2008.
MILTON SANTOS, SDBARCEBISPODE CUIAB
Azevedo Jr., Paulo Ricardo deUm olhar que cura: terapia das doenas espirituais / Paulo Ricardo de
Azevedo Jr. -- So Paulo : Editora Cano Nova, 2008.
ISBN 978-85-7677-119-7
1. Cura - Aspectos religiosos - Cristianismo 2. Cura pelo esprito3. Vida crist I. Ttulo.
08-07574 CDD-248.86
1. Cura espiritual: Guia de vida crist: Cristianismo 248.86
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
ndices para catlogo sistemtico:
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Sumrio
Apresentao. 7
Introduo. 11
Captulo I
Filucia:.a.Me.de.Todas.as.Doenas. 17
Captulo IIUma.Terrvel.Prole. 29
Captulo III
Gastrimargia:.Tirana.de.Todos.os.Mortais. 41
Captulo IV
Terapia.da.Gastrimargia:.A.Temperana. 59
Captulo V
A.Pornia:.o.Pecado.Contra.o.Prprio.Corpo. 81
Captulo VI
Terapia.da.Pornia:.A.Virtude.da.Castidade. 103
Captulo VII
Filargria.e.Pleonexia.. 129
Captulo VIII
Terapia.da.Avareza. 145Postscriptum. 159
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Apresentao
Um Olhar que Cura, de autoria do padre Paulo Ricardo
de Azevedo Jnior, que tenho o prazer de apresentar, resul-
tado de um maravilhoso instrumento de comunicao, quetambm motivo de preocupaes: a Internet. A este respeito
me vem mente uma palavra do papa Joo Paulo II:
Considerem-se [...] as capacidades positivas da Internetde transmitir informaes religiosas e ensinamentos paraalm de todas as barreiras e fronteiras. Um auditrio to
vasto estaria alm das imaginaes mais ousadas da-queles que anunciaram o Evangelho antes de ns [...] Oscatlicos no deveriam ter medo de abrir as portas dacomunicao social a Cristo, de tal forma que a sua BoaNova possa ser ouvida sobre os telhados do mundo!.
Mensagem para o XXXV Dia Mundial das Comunicaes, n. 3, 27
de maio de 200.
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As conferncias de padre Paulo so difundidas noBrasil e no exterior e apreciadas por jovens cristos nos maisvariados contextos, inclusive em academias, onde ouvem aspalestras em mp3. Acompanhando o desenvolvimento tec-nolgico, novas palestras tm sido gravadas, com imagem,em estdio aproveito tambm para fazer um agradecimen-to Cano Nova, que ora se ocupa destas gravaes, bem
como da edio da presente obra. Trata-se de um trabalhointenso em benefcio da evangelizao.Padre Paulo tambm tem se destacado como pregador
de retiros, cujas solicitaes ultrapassam suas possibilida-des de atendimento. Ressalto ainda sua coragem em tratarcom serenidade, e em plena consonncia com o Magistrioda Igreja, de temas que podem granjear injustas antipatias,
pois, temos responsabilidade diante de Deus na pregao deum Evangelho sem reducionismos. Aqui, cito mais uma vezo Servo de Deus Joo Paulo II:
Seria um erro gravssimo concluir [...] que a norma ensi-nada pela Igreja em si simplesmente um ideal que de-pois, segundo se diz, deve ser adaptado, proporcionado e
graduado s possibilidades concretas do homem; segun-do um balanceamento dos vrios bens em questo. Mas,quais as possibilidades concretas do homem? E de quehomem se trata? Do homem dominado pela concupiscn-cia ou do homem redimido por Cristo? Pois trata-se disto:da realidade da redeno de Cristo. Ele nos redimiu. Istosignica: Ele nos deu a possibilidade de realizar a verdadeinteira do nosso ser; Ele libertou a nossa liberdade do do-
mnio da concupiscncia. E se o homem redimido ainda
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peca, isso no se deve imperfeio do ato redentor deCristo, mas vontade do homem de afastar-se da graaque brota daquele ato. O mandamento de Deus est certa-mente proporcionado s capacidades do homem, mas scapacidades do homem a quem dado o Esprito Santo;daquele homem que, mesmo cado no pecado, pode sem-pre obter o perdo e gozar da presena do Esprito2.
A respeito da obra que ora apresento, o autor fez umatima combinao ao expor as doenas espirituais e as suas
terapias com base na tradio da Igreja. A opo por segui-la
em sua verso mais antiga, a dos Santos Padres, resgata gu-
ras importantes, cujos escritos esto um tanto quanto esque-
cidos. A redescoberta destes, reeditados por alguns mostei-
ros brasileiros, entre outros, faz-nos lembrar dos movimentos
patrstico e litrgico da virada do sculo XIX para o XX.
No entanto, padre Paulo Ricardo no se limita apenas
exposio destes venerveis autores, tambm os atualiza,
recolhe e distribui coisas novas e velhas (cf. Mt 3, 52), dando
exemplos do nosso quotidiano e aplicando-os, o que torna
tudo muito vivo.
Uma presena constante o papa Bento XVI, admira-do e estudado por padre Paulo j bem antes da sua eleio
alis, espanta como muitos dos que criticam o ento Cardeal
Ratzinger nunca tenham lido uma linha de sua vastssima
obra. O Magistrio da Igreja tambm se faz presente, no s
2 Discurso aos participantes do curso sobre a procriao respons-
vel, de maro de 984.
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no texto, mas em preciosssimas notas que proporcionam ao
leitor a possibilidade de voar mais longe, s fontes, muitas
delas, hoje, disponveis na Internet.
O autor tambm nos previne contra uma certa severida-
de, que no criao sua, mas pertence tradio crist, que
sempre procurou olhar o homem como o prprio Cristo nos
v: chamados para as coisas mais sublimes sede, portanto,perfeitos como o vosso Pai celeste perfeito (Mt 5,48) eatrados para baixo por foras que s a Graa de Deus pode
vencer. Nunca demais citar So Paulo, sobretudo nesteAno
Paulino, que nem sempre conseguia fazer o bem que desejava
(cf. Rm 7,9); mas, sem desistir, continuava a trabalhar com
a simplicidade e a retido que vm de Deus, guiados no por
clculos humanos, mas pela graa de Deus.(2Cor ,2).
Parabenizo o padre Paulo Ricardo. Que esta obra tenhaa difuso e os frutos com a Graa de Deus. E, no obstante as
suas mltiplas atividades, que venha logo luz sua segunda
parte. Com a minha bno.
Rio de Janeiro, 30 de julho de 2008Memria de So Pedro Crislogo
Eugnio de Arajo Card. Sales
Arcebispo Emrito de
So Sebastio do Rio de Janeiro
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Introduo
Sou padre e sempre fui apaixonado pelo sacerdcio ca-tlico. Desde os meus tempos de seminarista, participar de
uma ordenao sempre foi uma experincia revigorante: vera alegria e a generosidade com que um jovem sobe ao altarpela primeira vez, para oferecer o santo sacrifcio da Missa.
Penso que, para a maioria dos sacerdotes, os primeirosanos de ministrio so amenos e frutuosos. Oferecer-se como Cristo no altar. Realizar o sonho de infncia, acalentadopor tantos meninos que brincaram de missa.
Tambm para mim foi assim. Mas nem tudo eram o-res. Nos primeiros anos de ministrio havia algo que meincomodava: a direo espiritual. Recordo-me que saa dosatendimentos com uma insatisfao...
No que eu tivesse negligenciado a minha preparao.Tinha a conscincia tranqila de ter estudado muita teologia,moral e direito cannico. Mas havia a sensao de que algo
faltava. No se tratava de saber distinguir o que era pecado
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ou no, porque isto eu sabia. A questo era como ajudar efe-tivamente os meus dirigidos.
No incio de meu ministrio, retomei os estudos de psi-
cologia. Sempre gostei desta cincia, no entanto no era um
psiclogo. E, mesmo que fosse, tinha plena conscincia de
que no era isto o que as pessoas procuravam, quando bus-
cavam a direo espiritual.
Em 999, quando deixei de ser apenas reitor do semin-rio menor para me tornar tambm reitor do seminrio maior,
a situao se tornou ainda mais incmoda. Agora, como for-
mador do seminrio maior, no deveria somente dirigir as
pessoas espiritualmente, mas tambm ensinar a dirigir. Sim-
plesmente eu no estava seguro.
Os livros disposio ou pareciam reinventar o ca-
minho valendo-se de psicologismos e de uma teologia liberal
da qual nunca fui simpatizante, ou ressabiam de um mora-
lismo muito difcil de se apresentar ao homem moderno. A
verdade dos antigos manuais continuava verdadeira. No en-
tanto, o problema no est nas verdades antigas (que sempre
so e sero verdadeiras), mas em como expor e conduzir o
homem moderno at estas verdades.Foi nesta poca que peguei, por acaso, um livro que j
estava h quase quatro anos em minha prateleira: LEsicasmo
- che cos come lo si vive. Quando cheguei ao captulo
O livro depois seria traduzido para o portugus: Jean-Yves Leloup,
Escritos sobre o Hesicasmo: uma tradio contemplativa esquecida, Pe-
trpolis: Vozes, 2003.
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A puricao dos pensamentos em Evgrio, o monge, as
escamas caram-me dos olhos. Os Santos Padres! Era aquilo
que eu buscava. No era necessrio inventar um caminho,
ele j existia. Homens muito mais sbios e muito mais santos
j o haviam preparado para ns.
evidente que os Santos Padres no eram uma novida-
de para mim. Meu prprio trabalho de mestrado foi baseado
numa regula iuris extrada das cartas de So Gregrio Magno.Mas o que eu tinha naquela poca era uma admirao arqueo-
lgica, romntica, na melhor das hipteses. Os Padres no
eram aquilo que deveriam ser pais porque eu no tinha
a atitude de lho que deveria ter. Para que eles sejam nossos
pais, precisamos deix-los gerar a nossa mentalidade.
Este livro nasceu dos anos de estudo e ensino a respei-
to do tema da cura das doenas espirituais. Seu propsito ajudar os leitores que desejam iniciar o estudo deste tema
e, mais importante ainda, pretendem trilhar o caminho da
prpria cura.
Para que a doutrina dos Santos Padres se apresente
em sua verdade e grandeza, no possvel abord-la como
quem olha de fora, igual a quem quer bisbilhotar uma casa,olha pela janela, mas no quer entrar. Esta uma das grandes
diculdades do mundo moderno compreender a f catlica.
Quem quer julgar o ensinamento da Igreja, mas no deseja
entrar na Igreja, permanece com um conhecimento, na me-
lhor das hipteses, supercial, quando no distorcido.
Tambm o padre e o diretor espiritual que desejem fa-
zer bom uso deste livro devero utiliz-lo como aquilo que
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ele : um convite para uma converso interior e para um
maior aprofundamento. O melhor laboratrio de experin-
cias do diretor espiritual sua prpria alma.
A estrutura do livro bem simples. Os dois primeiros
captulos so mais gerais e introdutrios. Ser estudada a
raiz de todos os problemas espirituais, seguida de uma esp-
cie de rvore genealgica, conforme a lista clssica das oito
doenas que dela decorrem.Depois, estudaremos as trs primeiras doenas e suas
respectivas terapias: gula, luxria e avareza. As outras cinco
doenas (ira, tristeza, acdia, vanglria e soberba) sero tra-
tadas no segundo volume deste curso.
Existe uma razo para tratarmos primeiro destas trs
paixes desordenadas (gula luxria avareza). So as doen-
as mais grosseiras, mais ligadas ao mundo material e as pri-meiras que devem ser enfrentadas no processo teraputico.
E, embora possam afetar as pessoas mais progredidas no ca-
minho espiritual, podemos dizer que so tpicas dos inician-
tes no processo de converso.
Tambm a ordem em que iremos apresent-las a dos
Santos Padres. A luxria apresentada logo depois da gula,porque dela deriva e est intimamente ligada, tanto enquan-
to doena como enquanto terapia. A avareza apresentada
com freqncia como um terceiro passo.
Algumas pessoas podem se chocar com a severidade
do pensamento apresentado neste livro. Mas os Padres da
Igreja desejam apenas prestar o servio de nos colocar debai-
xo do olhar de Cristo, compassivo e exigente.
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Inspirada pela cena do Juzo Final (Mt 25, 3-46), a arte
sacra representa Jesus com a feio ao mesmo tempo mise-
ricordiosa e irada. o rei-juiz que diz aos que esto sua
direita: Vinde benditos!; e aos da esquerda: Apartai-vos,
malditos!. Renem-se num s rosto, de forma paradoxal, as
duas formas de Deus nos amar: a compaixo e a ira.
O olhar severo o amor que exige converso e nos desa-
a. O olhar amoroso o amor que acolhe e nos perdoa. Numnico semblante, contemplamos o mistrio pascal, morte e
ressurreio, amor que supera todo entendimento: o olhar
que nos cura.
Um destes cones reproduzido na capa deste livro. Esta
imagem de Cristo foi feita no sculo VI e encontra-se no Mos-
teiro de Santa Catarina de Alexandria, no monte Sinai. Trata-
se de uma obra cuja tcnica de pintura (encustica) consisteno uso de pigmentos e de cera tratados a quente. Este procedi-
mento causa um efeito de translucidez imensa na obra.
Quando olhamos para as metades separadas do rosto,
conseguimos enxergar quase que duas pessoas diferentes.
Mas se unimos os dois lados (cf. orelha da capa) camos per-
turbados com aquela aparente contradio. Mas no se tratade esquizofrenia. Jesus no possui dupla personalidade.
Jesus a imagem do Deus invisvel, a ponto de Ele
poder dizer: Quem v a mim, v o Pai. E com este amor
desaador e acolhedor que Deus Pai nos ama. Seria here-
sia escolher e optar apenas por um dos dois olhares. Heresia
hairesis quer dizer exatamente isto, escolher, preferir ape-
nas um pedao da verdade.
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Se olharmos para cada poca ou cada pessoa, notare-
mos uma tentao hertica de escolher um destes olhares.
Marcio (sculo II) foi o primeiro a contrapor estas duas for-
mas de amar, criando dois deuses. Para ele, existia um Deus
mau, vingativo e irado do Antigo Testamento e um Deus bom,
amoroso e misericordioso do Novo Testamento. Deveramos
escolher o segundo e abandonar o primeiro.
A Igreja lutou contra esta heresia desde cedo, compre-endendo o desequilbrio teolgico e espiritual que se encon-
trava por trs daquela aparente coerncia racional.
O catlico sempre assim. Ele v duas verdades de
f, aparentemente contraditrias. No escolhe nenhuma das
duas, acolhe as duas e procura resolver aquela contradio
com uma teologia. Mas o corao catlico sabe que seu esforo
teolgico sempre limitado e humano. O importante abra-ar a f completa (katholikos completo, conforme o todo).
Espero ter sido catlico neste livro e ter apresentado
o todo destes dois olhares. No fujamos do olhar de Deus e,
em todas as pginas deste livro, tenhamos presente a orao
de Santo Agostinho.
[Senhor], ningum vos perde, a no ser quem vos abandona.
E porque abandona, para onde vai ou para onde foge seno para
longe de ti misericordioso e para perto de ti irado?
2 Te nemo amiit, nisi qui dimiit, et quia dimiit, quo it aut quo fugit
nisi a te placido ad te iratum?, Santo Agostinho, Consses, 4, 9, 4.
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Captulo I
Filucia1:.
a.Me.de.Todas.as.Doenas
prprio do homem amar, como prprio da luz ilu-
minar. Esta verdade ressoa em nossos coraes como algo
evidente e, ao mesmo tempo, difcil de acreditar. Ao ouvi-la,
sentimos um forte apelo para alar vo na arriscada aven-
tura de amar. Mas dentro de ns melhor ainda, diante dosnossos olhos encontramos a evidncia patente de nossa
fragilidade: uma espcie de fora que nos leva a chafurdar
na lama. A grandeza de nosso chamado contrasta clamoro-
samente com a misria de nossa situao.
Desde os sculos mais remotos, a humanidade per-
plexa percebe estas duas tendncias contraditrias, mas no
consegue explic-las. Ns, cristos, no entanto, aprendemos
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a origem desta contradio por meio da nica realidade que
poderia esclarec-la: a Revelao.
A Revelao nos ensina: o homem bom, mas
mal. Ou seja, o homem no uma doena, mas est doente.
E seu estado de doena espiritual requer uma cura. Este livro
se prope a ser uma pequena introduo ao conhecimento
deste estado doentio e de sua terapia de acordo com a tradi-
o mais antiga da Igreja.Qual seria ento a primeira conseqncia deste estado
doentio? Qual a me de todas as nossas doenas espirituais?
Segundo os Santos Padres, especialmente So Mximo o
Confessor (580-662), na raiz de todos os pecados est uma
doena espiritual chamada lucia.
Filucia.Virtuosa
De origem grega (phila + auts), a palavra lucia designa
o amor que uma pessoa tem por si mesma, o amor-prprio.
A denio etimolgica, no entanto, no suciente.
Ao armarmos que a lucia sinnimo de amor-prprio,
algumas pessoas poderiam ser induzidas a pensar erronea-
mente que se trata necessariamente de uma espcie de egos-
mo. Mas no assim.
O signicado originrio da palavra lucia positivo e
trata-se de uma virtude. O amor-prprio no uma inveno
malvola do demnio ou do homem pecador. isto mesmo:
o amor-prprio foi criado por Deus e pertence natureza
sadia do homem, como Deus a sonhou.
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Por isto, no de se espantar que o prprio Jesus (cf. Mt
22,37-39), depois de apresentar o mandamento de amar a Deus
sobre todas as coisas (cf. Dt6,5), faa questo de acrescentar o
preceito de amar ao prximo tendo como medida o amor por
si mesmo: Amars o teu prximo como a ti mesmo (Lv 9,8).
Ora, Nosso Senhor no canonizaria o egosmo. ver-
dade que existe uma forma doentia de a pessoa amar a si
mesma e a respeito deste amor desordenado que tratare-mos neste captulo. Antes de falarmos da doena do egos-
mo, porm, precisamos reconhecer que existe uma forma
sadia de o homem se amar.
Como ento funcionaria o corao de um homem sa-
dio? Como possvel ter um amor-prprio adequado e belo?
Antes de tudo, o que se deve constatar que o amor de si
no o primeiro passo. Se pensarmos em nossa histria pes-soal com sinceridade e profundidade, concordaremos com
So Joo: antes de qualquer amor surgir em nosso corao,
ns fomos amados (cf. Jo 4,0). Deus nos amou primeiro e o
nosso amor ser sempre uma resposta, um segundo passo.
Disto se compreende por que no corao de um ho-
mem sadio no pode faltar esta resposta. O amor a Deus no apenas uma das tantas qualidades do corao do homem:
a primeira e mais importante de todas as qualidades, pois
a primeira verdade que Deus revela a nosso respeito. Santo
Agostinho (354-430) nos recorda que o ser do homem foi fei-
to para responder ao amor de Deus, quando diz: Senhor, -
zestes-nos para vs e o nosso corao est inquieto, enquan-
to no repousar em vs2.
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Por isto, amar a Deus no um luxo, um acessrio dis-pensvel, e sim a realizao de nosso prprio ser. Assim como natural que uma videira d fruto ou que uma abelha produzamel, natural que um homem saudvel ame a Deus. O primeiromandamento amar a Deus sobre todas as coisas [...] no uma exigncia de um Deus ciumento e caprichoso. o conselhode um Pai amoroso que nos ensina o caminho da felicidade.
A conseqncia lgica: se amarmos a Deus de todo onosso corao, estaremos, de modo indireto, amando a nsmesmos, visto que no possvel uma pessoa amar a si mes-ma e odiar a fonte do seu prprio ser. Seria um contra-senso;uma atitude semelhante a meter a enxada nos prprios ps,ou cortar o galho sobre o qual se est sentado. Ao amar aDeus, a pessoa demonstra que ama a si mesma.
Filucia.Doente
A partir deste quadro positivo, compreendemos o queh de errado conosco, uma vez que a doena sempre a de-sordem de algo positivo, ou seja, uma disfuno do organis-mo saudvel.
muito importante, ao longo de todo este livro, nuncaperdermos de vista o fato de que a doena sempre uma perver-so da sade. Por trs do pecado sempre existe uma realidadepositiva, um dom de Deus, que est sendo usado de forma pre-
judicial e destruidora. O mal sempre a perverso de um bem.O diabo no tem o poder de criar. Ele sabe apenas arre-
medar o Deus criador, e, ao perverter as coisas criadas, comouma espcie de macaco de Deus3, imita grotescamente as
obras de Nosso Senhor.
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O egosmo, a lucia doentia, um arremedo da lu-cia virtuosa.
O livro do Gnesis nos recorda que, por seduo daserpente, o homem comea a amar a si mesmo de forma de-sordenada. Sereis como Deus promete o pai da mentira.E a partir do momento em que o homem se deixa enganarpor esta falsa promessa, ele entra numa rivalidade invejosacom Deus, como se Ele fosse um inimigo, o obstculo para
sua felicidade. Movido por este amor-prprio equivocado, ohomem se revolta contra sua prpria fonte. Comea a tratarDeus como seu inimigo e dele se esconde por trs dos arbus-tos (cf. Gn3,8).
So Mximo descreve a forma como a lucia doen-tia afetou nossos primeiros pais. O homem volta suas costaspara Deus, para sua luz, e mergulha na matria em busca de
uma felicidade sem Deus.
O primeiro pai, Ado, cego por no ter dirigido o olharpara a luz divina com o olho da alma, afundando as duasmos na lama da matria, nas trevas de sua ignorncia,voltou-se completamente para as coisas sensveis e a elasse dedicou inteiramente4.
Amor.de.Si.Contra.Si
Ora, no difcil perceber a loucura de quem se revoltacontra seu prprio criador. Tal atitude iguala-se a de umacriana que d socos e pontaps no pai, que, com mos amo-rosas, sustenta-a e impede que caia no precipcio.
Na tentativa de expressar a loucura deste amor doen-
tio, So Mximo sintetizou, de forma bastante intuitiva, esta
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realidade patolgica ao descrever a lucia como o amor desi contra si5.
Ser possvel entender melhor a questo se pegarmoscomo exemplo a pessoa viciada em drogas. O toxicodepen-dente se entrega ao vcio porque se ama, mas no difcilperceber que se trata de um amor desordenado. Ele busca aprpria felicidade nas alucinaes resultantes do entorpecen-
te, mas o que encontra, na verdade, a prpria destruio. So drogado no v que est transformando a prpria vida e avida dos que o amam num inferno. Ele se ama, porm esteamor de si contra si. uma espcie de amor autodestruidor.
Pois bem, O pecado sempre uma droga, mentira defalsa felicidade6. Todas as vezes que nos entregamos ao pe-cado, camos na loucura de quem deseja se salvar e termina
se perdendo (cf. Mc8,35). E aqui a palavra loucura no umexagero e nem simplesmente um estilo de linguagem.Se, andando pela rua, encontrssemos uma pessoa mu-
tilando a si mesma e arrancando pedaos de seu prprio cor-po, no hesitaramos em dizer que se trata de um louco, poisdilacerar os prprios membros prprio de furiosos e deloucos7. Tal a nossa condio de pecadores. Achamo-nos
muito inteligentes ao deixar Deus de lado e inventar uma for-ma nova de amor-prprio, mas acabamos por nos destruir.
Amor.Irracional.pelo.Corpo
So Mximo avana ainda mais na compreenso da -lucia e nos mostra que ela o amor passional e irracional
pelo corpo8
. Irracional! Ele usa a palavra logos , que tanto
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quer dizer sem lgica, sem sentido, como sem o Logos9sem oVerbo, sem a Palavra... sem Jesus.
Mas por que So Mximo insiste em armar que a -lucia um amor pelo corpo? No h algo de pouco cristonesta aparente averso platnica pelo corpo? Antes de res-ponder a esta pergunta, se o leitor me permite, gostaria departilhar um acontecimento de minha histria familiar.
Lembro-me de quando, h anos, meu sobrinho Lucasrecebeu o diagnstico de meningite. Ele tinha por volta decinco anos de idade. Era domingo tarde e estvamos nacasa dos meus pais. Ele se deitou no sof com dor de cabea.Foi medicado pela me com um analgsico comum e forampara casa. Mas a dor de cabea no passava. De madrugada,
minha irm, iluminada por Deus, foi lev-lo ao hospital. Amdica que o atendeu, por causa da rigidez na nuca, suspei-tou de meningite. Para se ter certeza disto e para saber o tipode meningite, foi necessria uma puno lombar: uma agu-lha na inserida entre dois ossos da coluna vertebral, paraa retirada de um lquido existente na coluna e no crebro.
Pois bem, voc j tentou convencer uma criana de que
levar uma agulhada nas costas uma coisa boa? Nem tente.Depois da primeira picada mal sucedida, ningum mais se-gurava o menino. A famlia se aglomerava no quarto do hos-pital, ao redor da cama do Lucas e, devo admitir, no era umdos ambientes mais descontrados. A mdica ento, como
boa pedagoga, pediu ao Lucas que escolhesse uma pessoapara car ali no quarto, pois as outras deveriam sair. claro
que ele escolheu a me.
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Silenciosos e a contragosto fomos para o corredor. De
l ouvimos os gritos de medo e aio. Era de cortar o cora-
o. No entanto, sabamos que era para o bem do Lucas.
L dentro, os enfermeiros imobilizaram a criana. A me
acariciava a cabea do menino e tentava acalm-lo, em vo. A
mdica, com a percia e a frieza necessrias, cumpriu o seu papel
de forma exemplar. Dentro de poucas horas, o diagnstico estava
pronto e o paciente medicado. Lucas pde voltar para casa, semmaiores seqelas, aps alguns dias de hospital. Graas a Deus.
Contei esta histria para exemplicar, de forma ainda
mais concreta, o fato de a lucia ser um amor de si contra
si. O menino, na sua racionalidade limitada, fugia daquela
agulha em busca da salvao. Na verdade, ele no fugia da
morte, ao contrrio, fugiapara a morte.Esta histria tambm nos ajuda a compreender em que
sentido a lucia constituda por um amor cego pelo pr-
prio corpo. A criana, pela pouca idade, fugia da agulha para
se preservar. Mas ns, adultos, um pouco mais racionais e
corajosos, tambm apresentamos atitudes semelhantes. Isto
acontece por causa de um princpio bsico que a lucia,nossa tirana, quer que obedeamos custe o que custar: fugir
da dor e buscar o prazer.
Esta forma de pensar, aparentemente to bvia quanto
inocente, carrega dentro de si o mais terrvel dos enganos:
identicar dor com infelicidade e prazer com felicidade.
Ora, dor e prazer so realidades do corpo. Ao viver de
acordo com o princpio de fugir da dor e buscar o prazer,
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procuramos a felicidade no mais inslito dos lugares: noprprio corpo. Por isto a lucia pode ser denida como um
amor desordenado pelo corpo.O prprio So Mximo pode explicar:
O homem, ao descobrir por experincia que a dor sempre conseqncia do prazer, dirige a este prazer toda a sua atra-o e dirige dor toda a sua repulsa. Para obter o prazer,
lutou com todas as suas foras; contra a dor, lutou comtodo o seu anco, esperando obter, atravs deste mto-do, aquilo que impossvel: separar a dor do prazer e assimobter o prazer junto com a lucia, sem que experimentedor alguma. Parece que a paixo fazia com que ele igno-rasse que o prazer no pode ser jamais privado da dor0.
No necessrio ser um lsofo para entender que prazere felicidade so duas realidades de naturezas bem distintas. So-mos capazes de perceber que o prazer uma realidade do corpoe a felicidade uma realidade da alma, do esprito, do corao.
Buscar a felicidade no prazer fsico como querer ma-tar a sede com um punhado de sal. O corpo no pode daraquilo que prprio do esprito. Por isto que as pessoas pe-
cam. Pecam porque querem ser felizes, mas buscam a feli-cidade onde ela no se encontra. Deste modo, o pecado sempre fonte de frustrao, de desiluso.
Ns, cristos, no somos contra o corpo, mas nem por istodevemos ser seus escravos. O homem, como Deus o sonhou, uma forma belssima de a matria e o esprito viverem em har-monia. Queremos ser felizes, mas quando pecamos erramos oalvo2, porque fomos feitos para Deus e no para ns mesmos.
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Filucia.como.LoucuraNascemos para amar a Deus e nele devemos amar o
prximo e a ns mesmos. no amor que alcanaremos a
nossa felicidade. Mas, como vimos, a lucia tende a arras-
tar a realidade espiritual do amor-felicidade para o mbito
da realidade material do egosmo-prazer. H em ns uma
tendncia de confundir felicidade e prazer. Achamos que osmomentos prazerosos nos fazem felizes; mas exatamente o
contrrio, uma vez alcanado o prazer, sentimos uma morte
invadindo o nosso corao.
Assim, o primeiro passo em direo cura espiritual
reconhecer a lucia, amor desordenado de si por si mes-
mo, um amor irracional. Como apresentado neste captulo,
So Joo Crisstomo (347407) chega a dizer que a lucia um amor louco, uma sandice, uma demncia, porque
tpico dos loucos automutilar-se. O que voc diria de uma
pessoa que inigisse um ferimento ao prprio corpo, como
o famoso pintor Vincent van Gogh, que cortou um pedao
da prpria orelha esquerda? Sem dvida trata-se de um caso
psiquitrico grave. S um demente faria isto.Pois bem, quando nos entregamos lucia, tornamo-
nos dementes...
Ao pecar, mutilamos a ns mesmos. O drogado destri
as clulas do prprio crebro. O alcolatra prejudica o pr-
prio fgado. A prostituta elimina a sua capacidade de dese-
jar... Pobre de ns, lauciosos, que nos destrumos de forma
triste e macabra!
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Notas. Devo grande parte do contedo deste captulo ao exce-
lente estudo do jesuta francs padre Irne Hausherr sobre a -
lucia no pensamento de So Mximo o Confessor (Philautie. De
la tendresse pour soi la charit selon saint Maxime le Confesseur) ao
qual tive acesso na traduo italiana feita pela monja de Bose, Lisa
Cremaschi, Philauta. Dallamore di s alla carit. Magnano: Edizioni
Qiqajon, 999, p. 246.2. [Domine,] fecisti nos ad te et inquietum est cor nostrum,
donec requiescat in te. Edio brasileira: Santo Agostinho, Cons-
ses. So Paulo: Paulus, 997, p. 9.
3. O escritor ingls G. K. Chesterton (874-936) recorda o
fato de que a falsidade nunca to falsa como quando est bem
prxima da verdade. Por isto o Anticristo uma imitao de Cris-
to, o macaco de Deus. It is the fact symbolised in the legend ofAntichrist, who was the double of Christ; in the profound proverb
that the Devil is the ape of God. It is the fact that falsehood is ne-
ver so false as when it is very nearly true (G. K. Chesterton, Saint
Thomas Aquinas: The Dumb Ox). Edio brasileira: So Francisco de
Assis e So Toms de Aquino. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 267.
4. Questes Ambguas , PG 9, 64CD; Apud Irne Hau-
sherr, op. cit., p. 88.5. Amante de si contra si ( ). So
Mximo , Questes a Talssio, Prefcio, PG 90, 257B. Quando no
cito uma fonte impressa, a traduo portuguesa minha e o texto
original, grego ou latino, pode ser encontrado em www.documen-
ta-catholica.eu (9/07/2008). Para os textos originais de Santo Agos-
tinho, acessar www.sant-agostino.it; e os de Santo Toms: www.
corpusthomisticum.org.
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6. Joseph Ratzinger, Guardare Cristo. Esercizi di fede, speranza e
carit. Milano: Jaca Book, 2005, p. 76. Edio espanhola:Mirar a Cris-
to. Ejercicios de Fe, Esperanza y Amor. Valencia: Edicep, 2005, p. 99.
7. So Joo Crisstomo, Homilias sobre So Joo, LXVIII, 3, PG
59, 378.
8.
, Centrias sobre a Caridade. 3, 8. Sigo, quando possvel, a
seguinte edio: So Mximo, Centrias sobre a Caridade e Outros
Escritos Espirituais. Traduo de Carlos Ancde Nougu e Clarice
Rodrigues. So Paulo: Landy, 2003, p. 94.
9. So Joo, no prlogo do seu Evangelho, apresenta o Filho
de Deus como a Palavra (Logos), o Verbo Divino que se faz carne.
Jesus a encarnao do Logos, ou seja, a encarnao da Sabedoria,
da Palavra criadora de Deus, que ordena o caos, chama toda criatu-
ra existncia e que a nica capaz de nos oferecer a vida eterna.
0. Questes a Talssio, PG 90, 254A; apud Irene Hausherr,
op. cit, p. 87.
. O papa Joo Paulo II, retomando a expresso das Cons-
ses de Santo Agostinho (Eis que estavas dentro de mim e eu te
procurava do lado de fora, 10, 38), formula a seguinte denio
de pecado: Pecamos quando procuramos Deus onde ele no pode
ser encontrado (Mensagem para o 33 Dia Mundial das Comuni-
caes, 27 de janeiro de 999).
12. Tanto em grego () como em hebraico (hata - ), a
palavra pecado pode denotar esta idia de errar o alvo.