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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA DA
GEODIVERSIDADE: APA DAS ONÇAS/PB/BRASIL
Utaiguara da Nóbrega Borges
Admilson da Penha Pacheco
Gorki Mariano
10.18190/1980-8208/estudosgeologicos.v27n2p143-160
Programa de Pós-graduação em Geociências – PPGEOC/UFPE:
[email protected]; [email protected]; [email protected];
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo propor uma metodologia de representação espacial
e gráfica para o estudo da geodiversidade, tendo como base teórica a cartografia temática,
o sensoriamento remoto e os sistemas de informações geográficas (SIG’S). O estudo foi
realizado na Área de Preservação Ambiental, APA das Onças, município de São João do
Tigre, no estado da Paraíba, nordeste do Brasil. O presente trabalho toma como base a
cartografia compatível com a escala 1:100.000, e os dados provenientes do processo de
quantificação dos geossítios. Os procedimentos adotados constituem-se de uma série de
etapas desde o preparo das bases cartográficas, coleta de dados em campo, preenchimento
de fichas de inventários e quantificação dos geossitios, e a representação espacial desses
dados como elemento de difusão do conhecimento da área estudada. Durante os trabalhos
de campo foram inventariados, caracterizados, e quantificados 14 geossítios. A partir
destes dados foram gerados mapas temáticos representando os valores quantificados,
seguidos de mapas de densidade destes valores utilizando o método Kernel. Com a
elaboração dos mapas de símbolos proporcionais e de densidade, foi possível identificar,
espacialmente, os locais que apresentam o maior número de geossítios com interesses
específicos. É importante ressaltar que o método de estimativa de densidade de valores é
mais eficiente quanto maior for a concentração de pontos e a quantidade de geossitios. A
representação de dados proposta neste trabalho para a avaliação dos dados quantificados
da geodiversidade mostrou-se rica em possibilidades e adequadas à utilização em
estratégias de geoconservação, possibilitando o cruzamento das informações e
fornecendo importantes indicativos do comportamento espacial dos geossitios, de acordo
com seus atributos. Acrescenta-se que os programas computacionais e as imagens de
satélite gratuitas e de domínio público foram eficientes para obtenção dos resultados
alcançados neste trabalho, demonstrando uma redução significativa nos custos relativos
a execução de projetos de representação espacial da geodiversidade.
Palavras Chave – Geodiversidade, Geossítios, Geoconservação, Cartografia Temática.
ABSTRACT
The objective of this work is to propose a methodology of spatial and graphic
representation for the study of geodiversity, based on thematic cartography, remote
sensing and geographic information systems (GIS). The study was carried out in the
Environmental Preservation Area, APA das Onças, municipality of São João do Tigre, in
the state of Paraíba, northeastern Brazil. The present work is based on cartography
compatible with the 1:100,000 scale, and the data obtained from the process of
quantification of geosites. The procedures adopted consisted of a series of steps, starting
with preparation of cartographic bases, data collection in the field, filling of inventory
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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
records and quantification of the geosites, and the spatial representation of these data as
an element of diffusion of the knowledge of the studied area. During the field work, 14
geosites were inventoried, characterized, and quantified. Based on these data thematic
maps were generated representing the quantified values, followed by density maps of
these values using the Kernel method. The elaboration of proportional symbol maps and
density maps, made possible the spatial identification of the areas with the highest number
of geosites with specific interests. It is important to emphasize that the method of
estimation of density of values is more efficient the greater the concentration of points
and the number of geosites. The data representation proposed in this work for the
evaluation of quantified geodiversity data is rich in possibilities and suitable for use in
geoconservation strategies, allowing the cross-referencing of information and providing
important indications of the geosites' spatial behavior, according to their attributes. It is
important to add that free and public domain computer programs and satellite images
were efficient to obtain the results achieved in this work, demonstrating a significant
reduction in costs related to the execution of geodiversity spatial representation projects.
Keywords – Geodiversity, Geosites, Geoconservation, Thematic Mapping.
INTRODUÇÃO
De acordo com Gray (2008), o termo
biodiversidade, vinculado a aspectos
bióticos, se difundiu rapidamente em
detrimento de uma preocupação mais
significativa sobre os aspectos abióticos
ou a geodiversidade. A soma destes dois
conceitos constitui o que é denominado
de diversidade natural (Serrano & Flano,
2007). A evolução destes dois conceitos
foi marcada a partir da conferência
mundial Rio-92 (GRAY, 2008).
Segundo Gray (2004), pode entender-se
geodiversidade como a diversidade dos
elementos geológicos (rochas, minerais e
fósseis), geomorfológicos (formas e
processos) e pedológicos. Incluem-se,
também, as suas relações e inter-
relações, propriedades, interpretações e
sistemas. As primeiras aproximações ao
conceito de geodiversidade, que
atribuíam uma importância maior aos
elementos geológicos, consideradas
excessivamente restritivas e exclusivas,
seguiram-se abordagens conceptuais
mais amplas e integradoras, nas quais
são considerados os diversos fatores
abióticos e suas inter-relações (Serrano
& Flaño, 2007). Sharples (2002), de
forma simplificada, conceitua a
geodiversidade como a diversidade de
características, assembleias, sistemas e
processos geológicos (substrato),
geomorfológicos (formas da paisagem) e
do solo. Kozlowski (2004) trata a
geodiversidade de forma mais
abrangente considerando-a como
variedade natural da superfície terrestre,
envolvendo os seus aspectos geológicos
e geomorfológicos, solos, águas
superficiais, assim como todos os demais
sistemas resultantes de processos
naturais (endógenos e exógenos) ou
antrópicos. Um conceito abrangente
sobre a diversidade é apresentado pela
CPRM (Serviço Geológico do
Brasil):“estudo da natureza abiótica
(meio físico) constituída por uma
variedade de ambientes, composição,
fenômenos e processos geológicos que
dão origem às paisagens, rochas,
minerais, águas, fósseis, solos, clima e
outros depósitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na
Terra, tendo como valores intrínsecos a
cultura, o estético, o econômico, o
científico, o educativo e o turístico”
(CPRM, 2006).
A geoconservação tem como objetivo
principal a proteção e a valorização do
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
património geológico. Este património
consiste no conjunto de geossítios
previamente inventariados e
caracterizados numa dada região (Brilha
et al., 2006). Assim, a geoconservação
trata dos ramos da atividade científicas
que tem como objetivo a caracterização,
conservação e gestão do patrimônio
geológico ou a geodiversidade e os
processos naturais associados (Brilha,
2006). O conceito de geodiversidade está
diretamente vinculado ao conceito de
patrimônio geológico que é representado
pelo conjunto de sítios geológicos, ou
geossítios; lugares cujas ocorrências
geológicas possuem inegável valor
científico, educacional, cultural,
turístico, ambiental e socioeconômico
(Brilha, 2005; Nascimento, 2008). Brilha
(2006) considera o patrimônio geológico
como um recurso natural não renovável
cujo conhecimento sistemático é
escasso, podendo implicar em graves
consequências para sua gestão e
conservação.
O cenário científico mais recente
apresenta uma série de estudos e
trabalhos tratando da temática da
geodiversidade (Serrano & Flano, 2007;
Gray, 2008; Zwolinsk, 2010; Manosso &
Pellitero, 2013). Alguns são de caráter
essencialmente descritivo, procurando
relatar os elementos da geologia que são
de grande importância para a proteção e
conservação. Outros têm um caráter mais
metodológico, procurando estabelecer
roteiros e critérios para levantamento e
valorização dos elementos do patrimônio
geológico.
Conforme Martinelli (1986), a
produção de mapas temáticos
consolidou-se como um importante ramo
da Cartografia. Estes mapas além de
registro da informação podem ser
utilizados como instrumentos de
pesquisa e formas de divulgação dos
resultados obtidos com estudos em
ciências que se preocupam com
distribuições espaciais. A Cartografia
temática está fundamentada no
paradigma semiológico, de cunho
estruturalista, que associa a cartografia à
linguagem da representação gráfica
destinada à vista (Martinelli, 1994). A
Cartografia Ambiental, como
seguimento específico da Cartografia
Temática, busca representar
graficamente num plano bidimensional
as complexas relações existentes entre o
meio abiótico e biótico. Os métodos de
avaliação que visam quantificar os
elementos da geodiversidade carecem de
representação gráfica e cartográfica. A
cartografia temática, que compreende o
uso da linguagem gráfica, calçada nos
preceitos da semiologia gráfica, surge
para facilitar, por parte dos usuários,
gestores e planejadores, o processo de
leitura e interpretação dos dados gerados
no processo de quantificação e seriação
dos geossítios.
Os sistemas de aquisição de
dados de Sensoriamento Remoto tiveram
nas últimas décadas uma grande
evolução a partir do surgimento de
modernos sistemas sensores, aéreos e
orbitais, capazes de produzir imagens
multi e hiperespectrais de alta resolução
espacial, temporal e radiométrica,
aumentando assim a capacidade de
discriminar os alvos da superfície
terrestre e ampliando significativamente
as aplicações relacionadas com o estudo
dos padrões de uso e ocupação do solo na
superfície da Terra. Paralelamente a
evolução dos sistemas de aquisição de
dados de Sensoriamento Remoto,
surgiram novas abordagens
metodológicas em processamento digital
de imagens, otimizando assim a extração
de informações.
Os SIG`s (Sistemas de
Informações Geogáficas) são sistemas
que operacionalizam a modelagem
geográfica de fenômenos espaciais
georeferenciados. A análise espacial
“inclui todas as transformações,
manipulações e métodos que podem ser
aplicados aos dados geográficos para
adicionar valor a eles, para apoiar
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA...
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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
decisões e para revelar padrões e
anomalias que não são óbvios à primeira
vista” (Longley et al., 2013).
A diversidade de técnicas de
processamento de imagens e análise
espacial baseadas em algoritmos permite
a utilização de outros instrumentos para
a análise quantitativa da geodiversidade.
Estas técnicas, integradas aos SIG’S,
favorecem a manipulação de um grande
volume de dados georeferenciados e a
apresentação destes em forma de mapas
temáticos de fácil leitura e interpretação,
permitindo assim uma melhor análise
espacial, gráfica e quantitativa dos dados
da geodiversidade.
Neste contexto, este trabalho tem
como objetivo propor uma metodologia
de representação espacial e gráfica para
o estudo da geodiversidade a partir de
base teórica fundamentada na cartografia
temática, sensoriamento
remoto/processamento de imagem,
análise espacial e SIG (Sistema de
Informação Geográfica)
ÁREA DE ESTUDO
A área definida para o estudo foi a
“Área de Proteção Ambiental (APA) das
Onças” que está inserida no município de
São João do Tigre, localizado na
Microrregião Geográfica do Cariri
Ocidental fazendo parte da Mesorregião
da Borborema do estado da Paraíba. Seus
limites territoriais compreendem os
seguintes municípios: A norte São
Sebastião do Umbuzeiro (PB); a sul
Pesqueira e Porção (PE); a leste Camalaú
(PB) e Sertânia (PE); e a oeste Arcoverde
(PE) (Fig. 1). O acesso a partir da cidade
de João Pessoa (capital do estado) é
realizado através da BR 230, até a cidade
de Campina Grande, de onde se segue
pela PB 104, posteriormente, a PB 196
em Barra de São Miguel, e a PB 214 no
município do Congo. Compreendendo
um total de 376km.
A área de estudo compreende a maior
Unidade de Conservação do Estado da
Paraíba com 360 km2, ocupando
aproximadamente a metade do
município de São João do Tigre. A área
apresenta rico patrimônio cultural
representado por painéis de arte rupestre
e cemitério indígena, que representam
parte da Pré-história do homem no
Brasil, mais especificamente, a história
dos índios Cariris. Com relação aos
elementos abióticos, nessa área é
possível encontrar aspectos da geologia
regional e local que servem de exemplos
para relatar a história geológica da Terra.
A APA das Onças foi transformada
em área protegida, Unidade de
Conservação, em 25 de março de 2002,
pelo Governo do Estado da Paraíba.
Como área de Desenvolvimento
Sustentável, a partir da Lei Federal
9.985/2000 (SNUC) e decreto Estadual
regulamentador nº 22.880, de
25/03/2002, passou a ter uma exigência
de uso ordenado seguindo os trâmites do
Artigo 15, da Lei 9.985/2000, do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza/SNUC (SUDEMA, 2005).
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo.
Segundo a classificação climática de
Koppen o clima é do tipo Bsh, definido
como quente, semi-árido e com estação
chuvosa no verão e de altitude,
notadamente nas serras na frente sul e
Oeste do município, onde se localiza a
Área de Proteção Ambiental das Onças
(SUDEMA, 2005). A temperatura média
anual do município é de 28º C, com uma
amplitude térmica de 10º C. A menor
temperatura média mensal ocorre no mês
de julho (18º C), e a maior em dezembro
(37º C).
A fitogeografia local é caracterizada
por duas feições bem peculiares,
vegetação e antropismo. A primeira delas
está relacionada à cobertura vegetal
nativa da região, a caatinga. De acordo
com os seus aspectos fitossociológicos
(o porte e as condições de adensamento)
a caatinga local é qualificada em arbórea
ou arbustiva aberta e fechada, com
formações xerófitas lenhosas deciduais,
geralmente espinhosas. A segunda está
pautada pela agricultura de subsistência.
Em termos de geomorfologia a área
de estudo está inserida numa unidade
denominada de Planalto da Borborema.
Segundo Carvalho (1982), o Maciço da
Borborema apresenta-se fragmentado,
aparecendo na paisagem como escarpas
(amplas superfícies elevadas aplainadas)
e maciços residuais poucos extensos
representados pelas serras e
inselbergues.
A APA das onças está inserida no
contexto geológico do Estado da Paraíba
com predominância de rochas
cristalinas, que ocupam mais de 80% de
todo o seu Território. Com base no
mapeamento da Carta Geológica, Folha
Pesqueira, escala 1:100.000 (ACCIOLY
& SANTOS, 2010), a área de estudo
envolve as Suítes magmáticas
Itaporanga e Vila Moderna, que intrudem
os ortognaisses Sítio Severo e São João
do Tigre, e os Complexos Riacho do
Tigre, Sertânia e Pão de Açúcar. As
rochas ígneas plutônicas são
predominantes na área da APA e
apresentam variação composicional
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA...
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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
bastante interessante, tendo como
representantes gabros, dioritos, granitos,
monzonitos, granodioritos e tonalitos.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho propõe um estudo
da representação espacial e gráfica da
geodiversidade, uma avaliação que toma
como base a cartografia compatível com
a escala 1:100.000, e os dados
provenientes do processo de
quantificação dos geossítios. Os
procedimentos adotados constituem-se
de uma série de etapas desde o preparo
das bases cartográficas, coleta de dados
em campo, preenchimento de fichas de
inventários e quantificação dos
geossitios, e a representação desses
dados utilizando cartografia temática,
sensoriamento remoto/processamento de
imagem, análise espacial e SIG (Sistema
de Informação Geográfica), como
elemento de integração e difusão do
conhecimento da área estudada. Os
resultados esperados visam melhorar a
forma de representação dos dados
quantificados da geodiversidade,
utilizando mapas temáticos de símbolos
proporcionais e de densidade, como
elemento de comunicação entre o
produtor da informação e o usuário final,
visando assim, uma melhor interpretação
desses resultados. No final do processo
de quantificação foi possível, através de
mapas, identificar distribuição espacial
dos valores quantificados e de sua
densidade.
O desenvolvimento da
metodologia envolveu as seguintes
etapas: levantamentos bibliográfico e
cartográfico; trabalho de campo e
inventário dos geossítios; tratamento dos
dados (Cartográficos - Matriciais e
Vetoriais) e tratamento de dados
tabulares (Quantificação de Geossítios);
representação cartográfica (Símbolos
Proporcionais e Mapas de
Densidade/Kernel).
A inventariação e quantificação
dos valores dos geossítios propostos
neste trabalho foram realizadas a partir
do método proposto em Brilha (2005).
Esta proposta tem como objetivo sugerir
estratégias de geoconservação,
procurando sistematizar inicialmente a
inventariação, para posteriormente
atribuir valores aos geossítios com base
em critérios pré-definidos. Esses
critérios, que são definidos como:
intrínseco, uso potencial, e necessidade
de proteção, são utilizados com o intuito
de atribuir valores de relevância para os
elementos da geodiversidade. Trata-se
de uma tarefa com certo grau de
subjetividade, exigindo do
“inventariador”, um bom conhecimento
dos elementos que estão sendo
levantados. Cada conjunto de critérios
inventariados são quantificados com
base em uma escala de 1-5.
Posteriormente é possível determinar um
valor final resultante de uma média
aritmética simples desses três conjuntos
de critérios. Informações detalhadas
sobre estes conjuntos de critérios podem
ser obtidas a partir do trabalho de Brilha
(2005) e Uceda (2000), conforme Tabela
1. Com isso foi possível identificar o
grau de relevância dos geossítios. É
importante salientar que o método aqui
proposto pode ser aplicado em qualquer
processo de quantificação da
geodiversidade.
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
Tabela 1 – Critérios quantitativos propostos por Brilha (2005) adaptado de Uceda (2000).
Adaptado de: Brilha (2005)
O método de Kernel foi utilizado com a
finalidade de fazer a espacialização e
representação cartográfica dos possíveis
geossítios inventariados e quantificados.
Para isso foi adotada a cartografia
temática visando representar os valores
absolutos, através da técnica de símbolos proporcionais, e a estatística de
interpolação, não-paramétrica,
denominada estimativa de Kernel. É
comum o uso de estimadores de
densidade para analisar as propriedades
de uma série de dados. Essas estimativas
podem indicar características
importantes, tais como: assimetria e multimodalidade dos dados. Em alguns
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA...
150
Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
casos podem apontar caminhos para
mais investigações (Silverman, 1986).
De acordo com Silverman
(1986), o estimador de densidade Kernel
pode ser definido como:
𝑓̂(𝑥)=1𝑛ℎ²Σ𝐾{𝑥−𝑋𝑖ℎ}𝑛𝑖=1 Equação (1)
Onde, n é o número de pontos
observados; h é a largura de banda; K é a
função Kernel; x é o vetor de coordenada
que representa a localização do ponto
estimado; e Xi é o vetor da i-ésima
coordenada que representa cada ponto
observado em relação ao estimado. Como resultados finais foram
produzidos mapas de kernel ou mapas de
densidade (SILVERMAN 1986,
AMATULLI et al., 2007). Esse tipo de
produto é bastante aplicado em estudos
de segurança, saúde pública e nas
ciências ambientais, como uma
alternativa para análise geográfica do
comportamento de padrões de
ocorrência de determinados eventos. Em
um mapa são plotadas as ocorrências, em
sequência aplica-se o método de
interpolação, e como resultado, a
densidade pontual de determinado
fenômeno, em toda a região de estudo, é
representada cartograficamente através
das gradações de cores. Conforme
Silverman (1986) é comum o uso de
estimadores de densidade para analisar
as propriedades de uma série de dados.
Essas estimativas podem indicar
características importantes, como
assimetria e multimodalidade dos dados.
Em alguns casos podem apontar
caminhos para mais investigações.
O Levantamento Cartográfico foi
realizado concomitantemente ao
levantamento bibliográfico e
compreendeu a obtenção de todo o
material cartográfico existente da área
em apreço, mapas em papel e digitais,
fotos aéreas, e imagem de satélite.
Alguns foram levantados e utilizados só
como fonte para comparações e de ajuste
para o registro da imagem (mapas em
papel e algumas fotografias aéreas). Os
materiais utilizados com maior
frequência no trabalho foram: mapa
geológico (1:100.000) – Folha Pesqueira
- SC-24-XB- II (Accioly & Santos,
2010); Carta Topográfica 1:100.000 -
Folha Pesqueira - SC-24- X-B-II
(SUDENE); e bases vetoriais em
formato SHP, disponibilizadas pela
SUDEMA.
Neste estudo optou-se por
trabalhar com imagens de baixo custo,
ou seja, um material que fosse de
domínio público. Foram selecionados
dois tipos de imagens: imagens CBERS-
2B, do sensor de alta resolução HRC
(High Resolution Camera), com
resolução de 2,7 metros, e imagens da
missão topográfica Shuttle Radar
Topography Mission (SRTM), com uma
resolução de captura de 3 arc-seconde-
degree, e resolução espacial de 90
metros. As Imagens CBERS-2B foram
submetidas às modificações de contraste
de histograma, de forma a melhorar a
distinção visual de diferentes aspectos na
imagem resultante. As técnicas
empregadas envolveram ás técnicas de
contraste, equalização e manipulação do
histograma, com o intuito de melhorar o
aspecto visual dos alvos terrestres. Os
dados do SRTM serviram de base para
geração dos dados altimétricos da região.
O material fornecido por esse radar
interferométrico apresentou-se
compatível com a escala adotada nesse
estudo. Vale salientar que esse dado
atende o Padrão de Exatidão
Cartográfica (PEC), que foi instituído
pelo decreto 8.817/1984, definido pela
Comissão de Cartografia Nacional
(CONCAR). Esse material foi inserido
no banco de dados onde foi feito a
conversão do seu sistema de origem, o
WGS-84 para o SAD-69, e depois foi
realizada uma sobreposição com o dado
vetorial, o limite da área, e
posteriormente o recorte da área de
interesse
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
O trabalho de campo dedicado ao
reconhecimento da área de estudo,
inventário dos possíveis geossitios,
coleta das coordenadas geográficas e
registro fotográfico. As atividades foram
desenvolvidas no período de setembro,
outubro, novembro e dezembro de 2011.
Contou com auxilio de um guia local, de
equipamento GPS, e de veículo
automotivo, uma vez que á área envolve
uma extensão geográfica bastante
considerável. Durante esse processo foi
realizado a inventariação dos pontos de
interesse geológico (geossítios), levando
em consideração o conhecimento local
para elencar os possíveis geossítios de
maior representatividade. Os critérios
adotados foram: expressividade cênica,
boa representatividade para auxílios
educacionais e turísticos, e elementos
culturais agregados aos elementos
geológicos. De forma prática a
inventariação consiste em fazer um
levantamento, in loco, desses pontos de
interesse (geossítios), procurando
coletar, de forma sistemática, o máximo
possível de material necessário para
realização das etapas subsequentes do
processo estratégico de geoconservação.
Para tal, foi adotada uma ficha adaptada
da proposta por Brilha (2005).
O tratamento dos dados foi
dividido em três etapas: Na primeira, foi
realizado o processamento dos dados
matriciais, constituindo a preparação das
imagens de satélites e dos dados do
SRTM. Na segunda, foi efetivado o
tratamento dos dados vetoriais, ou seja, a
edição da base cartográfica para
espacialização dos dados coletados em
campo. E na terceira, o processamento
dos dados tabulares, correspondendo à
quantificação e representação
cartográfica dos possíveis geosítios.
O Software utilizado para o
tratamento de dados matriciais foi o
Sistema Processamento de Informações
Georreferenciadas – SPRING (Spring
5.4.2), desenvolvido pelo Instituo
Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.
O processamento envolveu a modelagem
do banco de dados e aplicação de
técnicas de contraste, equalização e
manipulação do histograma, com o
objetivo de melhorar o aspecto visual dos
alvos terrestres. Para o desenvolvimento
deste trabalho, foi criado o banco de
dados APA das Onças, com projeção
UTM/SIRGAS_2000, delimitado pelas
coordenadas métricas 698607m,
9070888m (canto inferior esquerdo) e
776540m, 9127236m (canto superior
direito). As categorias e PIs (Plano de
Informação) criados para inserção dos
dados estão listados na Tabela 2. Vale
salientar que os dados vetoriais aqui
inseridos, são para fins de
compatibilização e edição dos dados
matriciais.
TABELA 2– Categorias, Modelos e PIs (Plano de Informação) criados no ProjetoAPA
das Onças.
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA...
152
Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
O software utilizado para o
tratamento, integração e análise dos
dados vetoriais foi o ArcGIS 10.3
desenvolvido pela empresa americana
ESRI (Environmental Systems Research
Institute). Essa opção deu-se devido ao
fato desse sistema oferecer uma melhor
qualidade na saída dos dados. A base
cartográfica digital foi editada para
atender as necessidades do trabalho.
Foram desprezadas as camadas (ou
layers) que não eram de interesse,
ficando o arquivo melhor de ser
manipulado, permanecendo os seguintes
temas: drenagem, localização dos
geossítios, estradas, curva de nível,
toponímia e litologia. Todo material
levantado em campo foi espacializado na
base digital, pelas suas coordenadas
UTM, acrescidas dos seus atributos.
As técnicas de análise espacial
fornecidas pelos Sistemas de
Informações Geográficas (SIG) são de
pouco conhecimento por parte dos
cientistas e planejadores, ficando essas
ferramentas, limitada por parte dos
usuários, apenas como simples
instrumento de desenho, sendo
negligenciado o que ela tem de mais de
poderoso, aparte “pensante” do sistema,
que faz uso de técnicas estatísticas e
topológicas, para gerar cenários e
responder questões. Nesse sentido, foi
estabelecida uma técnica de interpolação
de dados, para mapear os aglomerados
de geossítios com características
atributivas especificas, ou seja, não
apenas identificar aglomerados de
pontos, tarefa essa bastante simples de
ser realizada com um simples ato de
observação, mas identificar visualmente
em mapas, através de cores,
geograficamente os locais que
apresentavam a concentração, ou
densidade, dos valores atributivos. Com
isso foi possível acompanhar, e
monitorar as trajetórias e o
comportamento dos dados levantados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados aqui apresentados
descrevem os produtos obtidos com a
utilização de técnicas de cartografia
temática, sensoriamento remoto e
geoprocessamento, tecnologias da
geoinformação, como ferramentas de
auxílio à representação dos dados da
geodiversidade.
Os primeiros mapas gerados são as
bases cartográficas necessárias para
realização do trabalho de campo e para a
espacialização dos dados. Esse material
serviu de apoio para o procedimento de
inventário, uma vez que permitiu uma
melhor compreensão da área de estudo e
da distribuição territorial dos geossítios.
Os dados extraídos da carta topográfica,
onde foram elencadas as informações de
elevações do terreno (curvas de nível),
estradas principais e secundárias, e a
rede de drenagem, foram de grande
importância para orientação espacial no
momento da distribuição dos geossítios
na base cartográfica, e para o
georreferenciamento das imagens
CBERS. O recorte do mapa geológico da
folha Pesqueira foi fundamental para
estabelecer dos o contexto geológico dos
geossítios. As imagens do satélite
CBERS-2B e do sistema SRTM,
respectivamente, foram de grande
importância no trabalho de campo, uma
vez que apresentam uma visão real do
terreno, servindo como elemento
norteador no reconhecimento espacial
dos geossítios, e nas atividades de
campo.
Os geossítios inventariados (Fig. 2),
listados abaixo, foram descritos com as
informações geológicas e suas
características, com base em critérios do
inventário, incluindo registro fotográfico
e localização cartográfica.
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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G_01 – Serra do Gavião;
G_02 – Tanque da Bomba D`água;
G_03 – Camaleão II;
G_04 – Serrote do Camaleão;
G_05 – Serrote das Pinturas / dos Caboclos;
G_06 – Complexo das Pinturas;
G_07 – Riacho das Pinturas;
G_08 – Cachoeira do Jucurutu;
G_09 – Sítio Caroá;
G_10 – Pedra do Veado / Pedra do Sapo;
G_11 – Cachoeira;
G_12 – Serra do Paulo;
G_13 – Serra da Jurema / Moleque de Pedra;
G_14 – Ninho do Gavião.
Figura 2 – Imagem CBERS/2B, APA das Onças – PB, com os Geossítios inventariados.
No processo de quantificação dos
geossítios foi aplicada uma metodologia
quantitativa, elaborada por Brilha
(2005). Os mapas gerados (Figuras 03,
04, 05) com base nos critérios
(Intrínseco, Uso Potencial e Necessidade
de Proteção – Q) para análise da
geodiversidade, contidos nessa
metodologia, representam os valores
absolutos da quantificação. Através da
representação cartográfica, foi utilizada
proporções de símbolos, onde o tamanho
do círculo reproduz os níveis alto, médio
e baixo. A representação utilizada
permitiu analise, de forma direta, da
distribuição geográfica desses
resultados. A percepção espacial da
distribuição desses valores e da
proporcionalidade entre os mesmos
favorecem a leitura direta. Esse tipo de
mapa é recomendado para representação
quantitativa de fenômenos localizados. A
proporção entre esses valores é expressa
por uma percepção visual, cuja única
variável é o tamanho da figura
geométrica, e os seus resultados são
acomodados sobre a base cartográfica da
área de interesse. Confrontando esses
mapas com os respectivos gráficos,
observa-se a praticidade de estabelecer,
espacialmente, relações com outros
elementos da paisagem, como exemplo,
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA...
154
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a acessibilidade a esses geossítios, e o
desenvolvimento de uma percepção,
quase que automática, da distribuição
dos valores dos atributos quantificados.
Através da análise desse material
cartográfico será possível estabelecer
critérios e prioridades de visitação,
traçando as melhores rotas de acesso aos
geossítios, assim como elaboração de
estratégias que visem a tomada de
decisões no processo de conservação.
Figura 3 - Mapa da distribuição dos Geossítios com Valores Intrínsecos.
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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Figura 4 – Mapa da distribuição dos Geossítios com Necessidade de Proteção.
Figura 5 – Mapa da distribuição dos Geossítios com Necessidade de Proteção (Q). Q =
quantificação final da relevância do geossitio.
Nos mapas de densidade (Figs. 6, 7 e
8) são representadas, através de escala de
cores, as regiões de maior concentração,
por unidade de área, dos atributos dos
geossítios. Através das nuanças de cores
é possível observar a densidade Alta,
Média e Baixa dos valores desses
atributos. Observando os mapas de
densidade é possível ressaltar em um
primeiro momento ás regiões onde estão
as maiores concentrações dos valores
quantificados. Vale salientar, que
diferentemente dos mapas de símbolos
proporcionais, que tem como finalidade
representar os valores absolutos dos
geossitios, os mapas de densidade
mostram através de escalas de cores, as
áreas onde há uma concentração do valor
representado por unidade de área. Estas
áreas podem ser consequência de
geossitios com valores elevados ou, de
uma alta concentração de geossitios,
resultando em um valor elevado. Na
literatura essas áreas de alta densidade
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA...
156
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são conhecidas como pontos quentes ou
“hot spot”.
Esses mapas de ponto quente
possuem grande utilidade quando se
pretende identificar, em um primeiro
momento, as áreas de maior
concentração de uma determinada
ocorrência, e para acompanhar, no tempo
e no espaço, essas manifestações. Com
isso facilita o processo de monitoração e
gestão das áreas analisadas, auxiliando
no processo de tomada de decisão.
Nos dados tabulados para
quantificação, foram levados em
consideração os critérios intrínsecos
(aspecto inerente ao geossítio),
elementos relacionados com o uso
potencial e com a necessidade de
proteção (Q). Vale salientar que, nesse
processo de quantificação, o objetivo
final é classificar os geossítios em um
contexto regional/local, e num âmbito
nacional/internacional, sendo que, a
proposta do presente trabalho é sugerir
uma forma de representação dos dados
quantificados. Não serão discutidas as
classificações desses geossítios de
acordo com esses critérios. O objetivo
aqui é somente a forma de representação
dos resultados da quantificação.
Figura 6 – Mapa de densidade dos Geossítios em Valores Intrínsecos.
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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Figura 7 – Mapa de densidade dos Geossítios em Necessidade de Proteção.
Figura 8 – Mapa de densidade dos Geossítios com Necessidade de Proteção (Q) –
Quantificação de relevância final do geossítio.
UMA CONTEXTUALIZAÇÃO ESPACIAL E TEMÁTICA...
158
Estudos Geológicos vol.27(2) 2017 www.ufpe.br/estudosgeologicos
Quando são comparadas as formas de
apresentação dos dados, para a APA em
estudo, utilizando o método de
pontuação para valores da
geodiversidade e sua representação
gráfica, com os mapas gerados neste
trabalho, fica patente a visualização
imediata das áreas de maior impacto e a
distribuição geográfica de cada um dos
valores quantificados nos mapas. O
mesmo não ocorre na análise das tabelas
e gráficos. A apresentação dos valores
em forma de mapas do tipo símbolos
proporcionais e kernel, permite ao
usuário a identificação imediata de áreas
de interesse para ações diversas em
geoconservação. Trata-se de uma técnica
eficaz para representação desse tipo de
fenômeno, sobretudo para dar apoio a
procedimentos de análise e síntese de
informação dos geossítios. Essa forma de
representação cartográfica, associada ás
técnicas de geoprocessamento,
favorecem a construção de análises
conclusivas mais próximas da realidade.
Este processo de leitura direta da
informação promove mais eficiência na
comunicação entre os planejadores e
cientistas, além de estabelecer as inter-
relações com os diversos elementos do
meio natural.
É importante ressaltar que a tabela
com valores de quantificação obtidos por
Brilha (2005), citada anteriormente, da
maior visibilidade do método de Kernel
ao leitor.
CONCLUSÕES
A principal contribuição deste
trabalho foi propor uma forma de
representação geoespacial, gráfica e temática dos dados da geodiversidade,
com a utilização de mapas pontuais
(símbolos proporcionais) e de kernel,
para análise espacial dos geossítios
quantificados no processo de
inventariação.
A representação de dados proposta
neste trabalho para a avaliação dos dados
quantificados da geodiversidade
mostrou-se rica em possibilidades e
adequados para utilização em estratégias
de geoconservação, possibilitando o
cruzamento das informações e
importantes indicativos do
comportamento espacial dos geossitios,
de acordo com seus atributos,
demonstrando o potencial das técnicas
de cartografia temática, sensoriamento
remoto e geoprocessamento quando
utilizadas de forma integrada.
Com a elaboração dos mapas de
símbolos proporcionais e de densidade,
foi possível identificar, espacialmente,
os locais que apresentam o maior número
de geossítios com interesses específicos.
É importante ressaltar que o método de
estimativa de densidade de valores é
mais eficiente quanto maior for a
concentração de pontos e a quantidade de
geossitios.
Com relação às imagens CBERS e
SRTM foi possível verificar que as
mesmas favorecem as necessidades para
conferencia de informações no campo.
Essas imagens se adequam
perfeitamente à interpretação visual. O
único agravante foi a não
disponibilização de imagens com datas
atualizadas.
O estimador de intensidade é muito
útil para nos fornecer uma visão geral da
distribuição de primeira ordem dos
eventos. Trata-se de um indicador de
fácil uso e interpretação. O mapa de
estimativa de intensidade por Kernel
mostrou-se uma boa ferramenta de
exploração dos dados, evidenciando
como se distribui no espaço a
concentração de valores quantificados.
Essa análise indicou como as
observações estão agrupadas, ou seja,
uma aproximação da distribuição
espacial da variável.
Para todos os geossítios inventariados
neste trabalho, sugere-se a criação de
uma infraestrutura de apoio à observação
Utaiguara da Nóbrega Borges et al.
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panorâmica, melhoria dos trajetos para
acesso aos mesmos, com percursos para
os pedestres, e uma melhor condição de
segurança para os visitantes.
Diante de todo o panorama abordado,
ressalta-se a necessidade de um
planejamento estratégico para a
fomentação de atividades de geoturismo
na APA das onças. Faz-se necessário, em
caráter emergencial, medidas legais de
proteção para os elementos da
geodiversidade que se encontram
ameaçados. É necessário que se perceba
que este patrimônio não é menos
importante que o patrimônio biológico,
sendo substrato essencial para existência
da vida na Terra.
Os programas computacionais e as
imagens de satélite gratuitas e de
domínio público foram eficientes para
obtenção dos resultados alcançados
neste trabalho, demonstrando uma
redução significativa nos custos relativos
a execução de projetos de representação
espacial da geodiversidade.
A proposta metodológica de
representação espacial e gráfica para o
estudo da geodiversidade proposta neste
trabalho poderá ser adaptada e expandida
para estudos posteriores sobre a
geoconservação em outras áreas.
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