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UNIVERSIDAD FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA
ESCOLA DE MÚSICA
LICENCIATURA EM MÚSICA
LUCAS BONFIM LIMA
O CURSO MÚSICO DE BANDA DO PRONATEC DA EMUFRN NA CIDADE
DE MONTE ALEGRE-RN: um estudo de caso
NATAL-RN
2014
UNIVERSIDAD FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA
ESCOLA DE MÚSICA
LICENCIATURA EM MÚSICA
LUCAS BONFIM LIMA
O CURSO MÚSICO DE BANDA DO PRONATEC EMUFRN NA CIDADE DE
MONTE ALEGRE-RN: um estudo de caso
Monografia apresentada à Unidade Acadêmica
Especializada em Música - Escola de Música da
UFRN, como requisito parcial para obtenção do
título de Licenciado em Musica.
Orientadora: Profa. Ms. Raquel Carmona.
NATAL-RN
2014
LUCAS BONFIM LIMA
O CURSO MÚSICO DE BANDA DO PRONATEC DA EMUFRN NA CIDADE
DE MONTE ALEGRE-RN: um estudo de caso
Monografia apresentada à Unidade Acadêmica
Especializada em Música - Escola de Música da
UFRN, como requisito parcial para obtenção do
título de Licenciado em Musica
Orientadora: Profa. Ms. Raquel Carmona
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Ms Raquel Carmona Torres Félix
1a examinadora
_____________________________________
Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de Souza
2o. examinador
_____________________________________
Prof. Dr. André Luiz Muniz Oliveira
3o. examinador
Natal-RN, 04/DEZ/ 2014.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter dado ao homem a
capacidade infinita de buscar o conhecimento para através dele se tornar livre.
Aos meus pais por terem me dado a oportunidade de vir a este mundo e por
todos os esforços que empreenderam para me ensinar valores que estão forjados em
mim por toda a vida.
Ao meu sogro e minha sogra, Melquíades e Francisquinha, pela amizade,
respeito e apoio incondicional.
À minha esposa Lorena que sempre acreditou em mim e sempre me incentivou
em tudo aquilo que decidi realizar. À minha filha Maria Luiza, que antes mesmo de
completar um ano de idade, teve que conviver com a ausência do pai, mas seu sorriso ao
final do dia recompensava qualquer esforço e me dava forças para seguir em frente.
Ao Tenente Jerônimo, Regente da Banda de Música da Base Aérea de Natal,
pelo apoio e incentivo aos estudos.
A todos os professores com quem tive a grandiosa oportunidade de compartilhar
ensinamentos e experiências durante o curso, e em especial à minha orientadora,
professora Ms. Raquel Carmona, pela admirável capacidade multitarefa, por me orientar
de maneira responsável e comprometida e por me ajudar a manter a tranquilidade e a
certeza de que tudo daria certo.
RESUMO
Esta monografia trata de um estudo de caso realizado no Curso Músico de Banda no
âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC)
da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN), na
cidade de Monte Alegre-RN. O objetivo do trabalho foi investigar como tem se
desenvolvido a qualificação profissional nesse contexto, tomando como foco a visão de
egressos. O estudo constatou que as bandas filarmônicas no Estado do Rio Grande do
Norte são importantes espaços de socialização e desenvolvimento musical; contudo, os
músicos ainda não possuíam oportunidades de qualificação profissional em suas
cidades. Visto que o deslocamento para a capital era um dos obstáculos para a formação
continuada, o Pronatec da EMUFRN contribuiu para o acesso à qualificação
profissional, proporcionando novas aprendizagens, novas expectativas de futuro e
favorecendo a conquista de novos espaços no mercado de trabalho.
Palavras-chaves: PRONATEC. Músico de Banda. Qualificação profissional.
ABSTRACT
This monograph is based on the study of a case which took place in the Band Musician
Course inside the National Program of Access to Technician Tuition and Employment
(PRONATEC) of the Rio Grande do Norte Music School (EMUFRN), in the city of
Monte Alegre, Rio Grande do Norte, Brazil. The paper aims at analyzing the efficiency
of this profession qualification based on the evolution of its alumini. The study
observed that the Rio Grande do Norte State philharmonic bands are important
socialization and musical development centers. However, before the PRONATEC
program, the musicians did not have professional qualification opportunities in their
cities. Since moving to the capital cities is an obstacle for their continued qualification,
the PRONATEC and EMUFRN programs greatly contributed to improve their
professional qualification.
Key words: PRONATEC. Band Musician. Professional Qualification.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Apresentação no dia da festa da padroeira da cidade.....................................33
Figura 2: Apresentação das turmas de instrumento.......................................................33
Figura 3: Ensaio da Prática de Banda............................................................................34
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Número de alunos por instrumento………………………………………..13
Quadro 2: Perfil dos participantes por habilitação e idade……………………….......14
Quadro 3: data e local das entrevistas……...………………………………...…….....15
Quadro 4: matriz curricular do curso de FIC ‘músico de banda’...................................26
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09
2. METODOLOGIA .............................................................................................. 11
3. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 17
4. PRONATEC BOLSA FORMAÇÃO ............................................................... 18
5. A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO
DO PRONATEC ................................................................................................ 21
6. A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NO CURSO MÚSICO DE BANDA
EM MONTE ALEGRE/RN .............................................................................. 24
6.1 Contextualizando ........................................................................................... 24
6.2 A proposta pedagógica .................................................................................. 25
6.3 Público beneficiado e abrangência do Curso ................................................ 26
6.4 Experiências prévias dos participantes .......................................................... 27
6.5 Conhecendo o processo de escolha do instrumento musical ......................... 28
6.6 O curso ‘músico de banda’ e a importância do ensino direcionado para cada
instrumento .................................................................................................... 29
6.7 Simulação da prática profissional na sala de aula ......................................... 30
6.8 A interação social como elemento mediador na prática de banda ................. 31
6.9 O curso ‘músico de banda’ como fator propiciador de novas conquistas
profissionais ................................................................................................... 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 37
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 39
ANEXO I - CARTA À DIREÇÃO DA ESCOLA DE MÚSICA ........................ 42
ANEXO II - ROTEIRO DAS ENTREVISTAS ................................................... 43
ANEXO III QUESTIONÁRIO ENVIADO AO MAESTRO LUÍS DANTAS . 45
9
INTRODUÇÃO
Esta monografia trata de um estudo de caso realizado no Curso Músico de
Banda, realizado no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego PRONATEC1 da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (EMUFRN), na cidade de Monte Alegre-RN.
O objetivo do trabalho foi investigar como tem se desenvolvido a qualificação
profissional nesse contexto, tomando como foco a visão dos egressos.
O Estado do Rio Grande do Norte tem registrado um expressivo número de
bandas. Segundo divulgação no Portal do Governo do Rio Grande do Norte2, a
Secretaria de Cultura (SECULT), através da Fundação José Augusto (FJA), tem
registradas, aproximadamente, 115 (cento e quinze) bandas no RN, envolvendo cerca de
10.000 crianças e jovens.
Dos 167 municípios do Estado, 92 deles já possuem bandas de música. Para os
demais municípios que ainda não possuem bandas, o Governo do Estado, através do
programa RN Sustentável, possibilita a implantação de 75 novas bandas filarmônicas. A
regulamentação da lei que criou o Sistema de Bandas de música do RN (SEBAN) torna
o Estado pioneiro no estabelecimento de uma política pública voltada para o
desenvolvimento e manutenção das bandas filarmônicas3.
Consideradas “instituições culturais, sociais, educacionais e artísticas, com
atividades cultivadas no RN desde meados do início do século XVIII4”, as bandas de
música são reconhecidamente ricos espaços de aprendizagem musical, de inclusão e
interação social, mediada sempre pela figura de um maestro. Os maestros, que na
maioria dos casos não possuem formação musical em todos os instrumentos da banda,
coloca-se como professor de todos os instrumentos. Crianças, jovens e adultos são
inseridos nesse contexto com grande expectativa de alcançar a profissionalização.
1 Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, instituído pelo governo federal no ano de
2011, através da Lei nº 12.513. O programa tem por objetivo atender a população brasileira menos favorecida economicamente, através da democratização das formas de acesso à educação profissional e tecnológica. 2 Disponível em:
<http://www.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=28860&ACT=null&PAGE=0&PARM=null&LBL=ACERVO+DE+MAT%C3%89RIAS>. Acesso em: 02.nov.2014. 3 Disponível em: <http://www.substantivoplural.com.br/rn-sustentavel-implantara-75-novas-bandas-
filarmonicas>. Acesso em: 02.nov.2014. 4 Disponível em:
<http://www.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=28860&ACT=null&PAGE=0&PARM=null&LBL=ACERVO+DE+MAT%C3%89RIAS>. Acesso em: 02.nov.2014.
10
Marcadas por grandes dificuldades ao longo dos anos pela falta de apoio, as bandas de
música no Estado do RN tem sobrevivido em meio à falta de espaço adequado, falta de
instrumental apropriado, falta de profissionais qualificados, etc. Contudo, a vontade de
aprender dos alunos e a dedicação abnegada dos maestros, fizeram surgir uma grandiosa
força motriz para mudar essa realidade.
Cientes de que, na atualidade, o músico, para garantir sua permanência no
mercado de trabalho, precisa estar em constante atualização do conhecimento, maestros
de diversas bandas filarmônicas do interior do Estado do RN tem buscado parceria com
a EMUFRN no contexto do PRONATEC.
É o caso do município de Monte Alegre, que através do Maestro Luis Dantas, a
EMUFRN firmou parceria com a Secretaria de Educação e Cultura através da
prefeitura, ofertando assim, no ano de 2013, o Curso Músico de Banda.
É nesse contexto que minha monografia se insere, conduzida pelas seguintes
questões norteadoras:
1) Quais fatores influenciaram a implantação do curso ‘músico de banda’ no
contexto do PRONATEC da EMUFRN na cidade de Monte Alegre?
2) Como se desenvolveu o processo de qualificação profissional no contexto do
Curso Músico de Banda?
3) De que forma o Curso Músico de Banda influenciou a vida musical dos egressos?
O trabalho foi organizado em 06 capítulos, sendo que: o primeiro capítulo
discorre sobre a metodologia.
O segundo capítulo descreve a revisão de literatura, quais autores e obras
fundamentaram a pesquisa e qual o direcionamento na busca de referências foi adotado.
O terceiro capítulo discorre sobre a legislação que regulamenta o Pronatec Bolsa
Formação. Nesta parte do trabalho é possível conhecer os conceitos e propostas deste
programa do Governo Federal.
O quarto capítulo fala sobre a qualificação profissional no contexto do
PRONATEC
E o último capítulo traz as considerações finais, destacando as contribuições da
pesquisa.
11
1.1. Ideia da Pesquisa
A minha experiência no contexto de bandas aconteceu inicialmente como aluno
da prática de conjunto da Banda Sinfônica5 da Universidade Federal da Bahia, o que me
possibilitou a oportunidade de executar repertório apropriado para essa realidade.
Como militar desde 1999, depois dessa vivência tive a oportunidade de
ingressar como clarinetista da Banda de Música da Base Aérea de Salvador, no ano de
2005. Esta participação como integrante da Banda da Aeronáutica me possibilitou
constatar, através de conversas cotidianas, que a formação musical dos demais
integrantes era advinda da formação em bandas de igrejas evangélicas ou em bandas
filarmônicas em cidades do interior. Tal formação mostrou-se suficiente para garantir a
aprovação desses integrantes em um concurso bastante concorrido, ingressando
profissionalmente no meio musical.
Quando iniciei no Pronatec da EMUFRN como professor do curso ‘músico de
banda’ de Monte Alegre, no ano de 2013, também constatei que a maioria dos alunos
teve sua formação musical iniciada nas bandas filarmônicas das cidades do interior.
Reconhecendo o papel importante das bandas filarmônicas na formação musical,
e, sabendo que o Pronatec da EMUFRN tinha como proposta primordial favorecer uma
formação continuada para esse público, viabilizando melhores condições de acesso ao
mercado de trabalho, decidi desenvolver minha monografia de forma que me
possibilitasse investigar o processo de qualificação profissional no curso ‘músico de
banda’ a partir da visão dos egressos.
2. METODOLOGIA
O método
Ao me interessar em estudar um fenômeno contemporâneo, que ocorre no
contexto da vida real, para conhecer os fatos a partir dos sujeitos participantes, o método
5 Segundo o Dicionário Grove de Música (1994, p. 71), o termo Banda Sinfônica é um termo moderno
que designa um grupo de instrumentos de sopros, com madeiras, metais e percussão, de origem norte americana, surgida de grupos como Gilmore's Band (1859) e a US Marine Band, dirigida por John Philip Sousa (1880-92).
12
de pesquisa que se tornou mais apropriado foi o estudo de caso. O objetivo de uma
pesquisa que tem como método o estudo de caso é compreender uma dada realidade em
sua particularidade e complexidade para torná-la conhecida.
Bogdan e Biklen (1994) afirmam que o estudo de caso é uma análise detalhada
de um determinado contexto, ou um acontecimento, um ambiente, um assunto,
documentos ou ainda um evento.
Para Stake (apud RABITT, 1999, p. 29), “o caso pode ser ‘um sistema individual
ou um sistema social’, isto é, uma pessoa, uma escola, um programa, uma entidade.
Esse sistema deve ser estudado em seu estado natural ou, pelo menos, nas condições
mais naturais possíveis; portanto, não em laboratório”. Stake (apud DENZIN e
LINCOLN, 2001, p. 436) ainda explica que:
O caso é uma unidade de análise, que pode ser um indivíduo, o papel
desempenhado por um indivíduo ou uma organização, um pequeno
grupo, uma comunidade ou até mesmo uma nação. Todos esses tipos
de caso são unidades sociais. Entretanto casos também podem ser
definidos temporariamente (eventos que ocorreram num dado
período), ou espacialmente (o estudo de um fenômeno que ocorre num
dado local).
O Método do Estudo de Caso enquadra-se na abordagem qualitativa de pesquisa.
A abordagem qualitativa tem sido frequentemente utilizada em estudos voltados para a
compreensão da vida humana em grupos, em campos como sociologia, antropologia,
psicologia, dentre outros das ciências sociais Em suma, tem como referencial a voz dos
sujeitos envolvidos no contexto estudado e prima pela compreensão e detalhamento dos
dados (DENZIN e LINCOLN, 2001).
Nessa compreensão, o Curso “Músico de Banda”, realizado na cidade de Monte
Alegre/RN, em 2013, no contexto do PRONATEC da EMUFRN, constitui-se o caso
desta pesquisa. Portanto, a investigação tem como método o estudo de caso na
abordagem qualitativa e busca saber como se desenvolveu o referido Curso no
direcionamento da qualificação profissional em música.
Procedimentos éticos
Seguindo os procedimentos éticos para a realização de uma investigação
científica, foi encaminhado um “termo de consentimento de pesquisa” à Direção da
13
EMUFRN para fins de formalização e autorização da minha entrada em campo
(ANEXO I), visto que na pesquisa documental constavam documentos que deveriam ser
fornecidos pela Escola.
Ainda como cuidado ético na pesquisa, durante o processo das entrevistas foi
esclarecido aos participantes que seus nomes seriam mantidos em sigilo; portanto, os
depoimentos constam de codinomes.
Sujeitos pesquisados
Conforme consta no Guia Pronatec de Cursos FIC (MEC, 2013), os cursos no
contexto do Pronatec são voltados para estudantes com idade mínima de 15 anos, e
trabalhadores, com escolaridade mínima de ensino fundamental.
O Curso realizado em Monte Alegre-RN atendeu 96 alunos6, distribuídos por
habilitações (instrumento) conforme quadro abaixo:
Habilitação Nº de alunos
Flauta 06
Clarinetes 14
Saxofone 18
Trompa 07
Trompete 17
Trombone 10
Tuba 04
Percussão 20 Quadro1: número de alunos por instrumento.
Uma vez que o tempo era exíguo a definição dos participantes da pesquisa
partiu do princípio da facilidade de acesso aos participantes, já que grande parte mora
em cidades do interior e estudam durante a semana. Sendo assim, tendo conhecimento
que alguns deles haviam sido aprovados no Curso Técnico da EMUFRN, o contato se
limitou a estes que já estavam na capital, considerando o fato de que o estudo de caso
não busca a totalidade. Além do critério da facilidade de acesso aos participantes, a
seleção dos sujeitos pesquisados também levou em conta outros critérios: vontade em
participar do estudo, compatibilidade de horário.
De acordo com o quadro a seguir, os participantes ficaram assim definidos,
quanto à habilitação, idade e gênero:
6 Dados fornecidos pela Secretaria do PRONATEC da EMUFRN, em 30/10/2014.
14
Participantes
Habilitação
Idade
Gênero
Kleber Trombone 19 masculino
Wesley Trompa 19 masculino
Maria Flauta 21 feminino
Letícia Flauta 19 feminino
Edson Flauta 16 masculino
Claúdio Flauta 15 masculino
Quadro 2: Perfil dos participantes por habilitação, idade e gênero.
O contato com os participantes foi realizado da seguinte forma: Os dois
primeiros egressos foram contatados pessoalmente, durante o desfile da Semana da
Pátria, no mês de setembro, na cidade de Macaíba-RN. A partir desse primeiro contato,
confirmamos a entrevista por telefone. Dois egressos foram contatados através das redes
sociais (um através do Facebook e outro através do Whatsapp). Os dois últimos
entrevistados foram indicados por uma das alunas entrevistadas, pois eles participavam
do mesmo Grupo de Flautas da EMUFRN7 e ensaiavam juntos.
Procedimentos e técnicas para levantamento dos dados
De acordo com Robert K. Yin (2005, p. 111) os procedimentos e técnicas
para levantamento de dados em um estudo de caso constam de: “documentos, registros
em arquivos, entrevista, observação direta, observação participante e artefatos físicos.”
Ele os chama de “seis fontes de evidências”. Para a realização desta pesquisa foram
utilizadas fontes documentais e entrevistas semiestruturadas.
As fontes documentais são consideradas importantes para este estudo foram os
documentos oficiais do Pronatec - Leis, Resoluções, Portarias, disponíveis no site do
Ministério da Educação (MEC), bem como documentos técnicos referentes ao curso
pesquisado - relatórios e projeto político-pedagógico.
Depois de selecionados, os documentos foram organizados em pastas
nomeadas como: documentos oficiais do Pronatec e documentos da EMUFRN.
Quanto às entrevistas, optamos pela forma estruturada de organização, visto
que esta favorece maior liberdade ao entrevistado (NEGRINE, 2004).
As questões foram previamente elaboradas em um roteiro, que seguiu a
7 Grupo criado em 2014, no qual alguns alunos oriundos do PRONTAEC de Monte Alegre participam.
15
estrutura de tópicos pensados a partir do objetivo e questões motivadoras da pesquisa.
Os tópicos foram estruturados de forma que contemplassem: por que fazer o curso
‘músico de banda’; aprendizagens desenvolvidas; opinião sobre o curso. A partir destes
tópicos foram elaboradas perguntas aberas, no intuito de explorar o máximo de
informações a respeito da visão deles em relação ao Curso.
A realização das entrevistas
As entrevistas foram marcadas no primeiro contato e o local foi definido em
comum acordo com os participantes, conforme segue:
Data Estudantes Local
23/09/2014 Kleber EMUFRN
23/09/2014 Wesley EMUFRN
24/09/2014 Maria Gravada por telefone
26/09/2014 Letícia EMUFRN
26/09/2014 Edson EMUFRN
26/09/2014 Cláudio EMUFRN
Quadro 3:data e local das entrevistas.
Registro e transcrição das entrevistas
Um momento da pesquisa que demanda bastante trabalho e empenho é o
processo de etapas da entrevista. A entrevista em uma pesquisa qualitativa conta com
alguns procedimentos básicos de tratamento como registro e transcrição, para então
proceder plenamente com a análise (GATTAZ, 1996). Por isso a importância de dar
atenção especial a esta fase.
Durante a realização das entrevistas foram utilizados três recursos
tecnológicos: gravador digital do smartphone modelo Samsung S4, gravação de
conversa através de recursos de um telefone celular da marca LG. No total foram 07
(sete) entrevistados, incluindo o Maestro Luís Dantas da Banda de Monte Alegre8.
8 Banda Filarmônica 15 de Março.
16
Pela minha inexperiência, a primeira e a segunda entrevista duraram em torno
de 10 a 15 minutos, já a partir da terceira, quando passei a estimular mais a fala dos
entrevistados, elas duraram entre 35 e 45 minutos.
A próxima etapa é a da transcrição das entrevistas, que consiste no registro das
falas dos entrevistados em forma de texto escrito. Consiste de uma reprodução literal
dos depoimentos gravados (GATTAZ, 1996).
Após a transcrição das entrevistas serem registradas em editor de texto, foram
salvas em pastas e direcionadas para um drive virtual na internet. Depois dessa etapa as
transcrições foram impressas e transformadas em um Caderno de Entrevistas
constituído de 46 páginas, que foi encaminhado para os entrevistados, apenas com suas
respectivas falas, para atestarem a veracidade daquilo que foi exposto por eles.
A última parte é a análise e categorização das entrevistas. Ela é feita de forma
que as falas vão se enquadrar de acordo com as questões da pesquisa. “A análise de
dados qualitativos é um processo criativo que exige grande rigor intelectual e muita
dedicação” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 42). Embora tenha sido elaborado um roteiro,
no decorrer da entrevista a linha de pesquisa pode ser direcionada para um outro ponto.
Como por exemplo, inicialmente o foco das perguntas era voltado para o processo de
qualificação profissional durante o curso, mas após a análise das falas dos entrevistados
o foco passou a ser direcionado para o processo de ensino aprendizagem durante o
curso, que era através do ensino coletivo de instrumentos.
Ao final da análise pudemos chegar as seguintes categorias: experiências prévias
dos participantes, conhecendo o processo de escolha do instrumento musical, curso
‘músico de banda’ e a importância do ensino direcionado para cada instrumento,
simulação da prática profissional na sala de aula, a interação social como elemento
mediador na prática de banda, curso ‘músico de banda’ como fator propiciador de novas
conquistas profissionais.
A partir dos autores pesquisados na revisão de literatura, busquei fundamentação
teórica para os depoimentos dos alunos, associando aquilo que eles expuseram ao que
era encontrado nas publicações. Com isso pudemos colher de fontes que tratavam desde
a qualificação profissional, a educação profissional, até outras que abordavam sobre
bandas filarmônicas, o ensino coletivo de instrumentos, o papel formador do mestre de
banda, etc.
17
3. REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura aqui apresentada colheu publicações que tratam da
qualificação profissional, prática musical em bandas de música e bandas filarmônicas,
bem como da educação musical.
Nesta etapa da pesquisa as buscas foram realizadas nos mais diversos espaços
de divulgação de estudos científicos envolvendo a área de educação profissional,
Pronatec e educação musical.
Dentre os espaços de produção e circulação de conhecimentos consultados
estão os anais de congressos anuais da: Associação Brasileira de Educação Musical
(ABEM); Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM);
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED); Anais e
revistas do Ministério da Educação – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
(SETEC/MEC), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC).
Após a busca, constatei que não há trabalhos publicados sobre cursos de música
ofertados pelo Pronatec.
Os autores que subsidiaram o trabalho no que trata das bandas de música,
fanfarras e bandas filarmônicas foram: Campos (2008), Costa (2010), Palheta (2012;
2013), Silva (2009), Mendes e Blanco (2007), Binder (2006), Almeida (2010), Lima
(2005).
Os autores utilizados para embasar a pesquisa quanto à qualificação profissional
foram: Mourão (2009), Manfredi (2002), Kuenzer (2008).
Quanto à educação musical, os autores consultados foram: Swanwick (2003),
Souza (2004), Nascimento (2003).
18
4. O PRONATEC BOLSA FORMAÇÃO
Nos últimos anos o Governo Federal lançou diversos programas, subprogramas,
projetos e ações de assistência técnica e financeira para a população brasileira. Dentre
eles, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC
Bolsa-Formação.
O PRONATEC foi instituído pelo Governo Federal no ano de 2011, através da
Lei no 12.513 e visa “expandir, interiorizar, diversificar e democratizar a oferta de
cursos de educação profissional e tecnológica de nível médio e de cursos de formação
inicial e continuada ou qualificação profissional” (Resolução CD/FNDE n° 4/2012).
Segundo o Manual de Gestão da Bolsa Formação (2011), o principal objetivo do
Programa é expandir a Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica
através da ampliação da oferta de vagas.
Voltado para atender uma parcela da população brasileira menos favorecida
economicamente, o Programa prevê a oferta de cursos de Formação Inicial e
Continuada (FIC), ou qualificação profissional (especificado no Pronatec Bolsa-
Formação Trabalhador); e cursos técnicos (especificado no Pronatec Bolsa-Formação
Estudante).
Oportunizando melhores condições de acesso, permanência e ascensão no
mercado de trabalho, espera-se alcançar melhores índices de (re)inserção
socioprofissional, reduzindo assim, a desigualdade social.
1.1.1. Agentes do PRONATEC Bolsa Formação
De acordo com a Resolução CD/FNDE n. 23/2012, art. 5º, são agentes de
implementação da Bolsa Formação:
I - Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação
(SETEC/MEC), cujo papel é “planejar, formular, coordenar e avaliar as políticas
públicas de educação profissional e tecnológica em geral e a oferta da Bolsa-Formação
em específico”;
II- Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), autarquia
vinculada ao Ministério da Educação, responsável por realizar as transferências de
recursos financeiros;
19
III – Instituições da Rede Federal de Educação Profissional Científica e
Tecnológica que firmarem Termo de Cooperação como parceiros ofertantes da Bolsa-
Formação;
IV – Instituições de educação profissional e tecnológica das redes estaduais,
distrital e municipais, cujos órgãos gestores firmarem Termo de Adesão como parceiros
ofertantes da Bolsa-Formação;
V- Instituições dos serviços nacionais de aprendizagem (SNA), cujos órgãos
gestores nacionais firmarem Termo de Adesão como parceiros ofertantes da Bolsa-
Formação;
VI- Instituições privadas de ensino superior e de educação profissional e
tecnológica, doravante denominadas instituições provadas, devidamente habilitadas para
a oferta de cursos técnicos de nível médio na modalidade subsequente, cujas
mantenedoras firmam Termo de Adesão, como ofertantes;
VII – As secretarias estaduais e distrital de educação, bem como Ministérios e
outros órgãos de Administração Pública Federal que aderirem à Bolsa-Formação na
condição de demandantes.
1.1.2. Público beneficiário do PRONATEC Bolsa Formação
De acordo com a Resolução CD/FNDE n. 4, de 16 de março de 2012, art.
3º, são beneficiários da Bolsa Formação:
I. Estudantes do ensino médio da rede pública, inclusive da educação de jovens e
adultos;
II. Trabalhadores, inclusive agricultores familiares, silvicultores, aquicultores,
extrativistas e pescadores;
III. Beneficiários titulares e dependentes dos programas federais de transferência
de renda;
IV. Pessoas com deficiência;
V. Povos indígenas, comunidades quilombolas e adolescentes e jovens em
cumprimento de medidas socioeducativas; e
VI. Público prioritário dos programas do governo federal que se associem à
Bolsa Formação do Pronatec.
20
1.1.3. Adesão ao PRONATEC Bolsa Formação
A formalização da adesão ao Pronatec Bolsa-Formação para instituições de
educação profissional técnica de nível médio prevê preenchimento e envio do ‘Termo
de Adesão’ como ofertante e ‘Termo de Cooperação’ acompanhado do plano de
trabalho que contemple a oferta de vagas e previsão de execução - projeto básico
encaminhado à SETEC/MEC para análise e aprovação.
O plano de trabalho deve contemplar a oferta de cursos9 previstos e previsão
orçamentária com base no número de vagas a ser ofertado.
1.1.4. Descentralização de recursos
Os recursos advindos do financiamento para a Bolsa Formação através do
FNDE, segundo legislação específica, preveem: 1) expansão de vagas na Rede Federal
de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e nas redes estaduais de educação
profissional; 2) ampliação da rede física; 3) incentivo ao estudante e ao trabalhador
mediante recebimento de benefícios com vistas a garantir a permanência e êxito no
percurso formativo; 4) garantia de material didático, transporte e infraestrutura
educativa, recreativa, esportiva ou de outra natureza; 5) estímulo à difusão de recursos
pedagógicos; 6) remuneração a bolsistas (coordenadores, supervisores, orientadores,
auxiliares administrativos e professores).
1.1.3. Auxílio estudantil
O Pronatec Bolsa Formação garante cobertura integral de despesas com a oferta
educacional. De acordo com a legislação, entende-se como cobertura integral, o direito
a transporte, alimentação e material didático com a finalidade de garantir as condições
de permanência do estudante nos cursos ofertados.
A contemplação da área de Música em programas de capacitação e qualificação
profissional como o PRONATEC valorizam esta profissão que outrora fora marginalizada e
pouco apoiada por instituições governamentais.
9 Os cursos devem estar previamente contemplados no Guia Pronatec de cursos FIC/MEC e no catálogo
de cursos técnicos /MEC. Vale registrar que, segundo o Diretor da EMUFRN, Prof. Zilmar Rodrigues de
Souza, a EMUFRN foi pioneira na discussão que viabilizou a inserção de cursos de música no Pronatec.
21
5. A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO DO PRONATEC
Nos dias atuais, a qualificação profissional e a educação continuada nas diversas
áreas do conhecimento são fatores determinantes para a inserção e permanência do
indivíduo no mercado de trabalho, permitindo a construção de uma carreira mais sólida
e promissora. O mercado de trabalho tem se configurado cada vez mais exigente com o
perfil do trabalhador e o conhecimento tornou-se primordial para melhores condições de
sobrevivência. Cada vez mais as pessoas tem buscado cursos profissionalizantes
ofertados por diversas instituições especializadas do país, governamentais ou não.
Após a 2ª Guerra Mundial, a sociedade vivenciou o período de grandes
revoluções no contexto político, social, econômico e educacional. Com a evolução
tecnológica que marcou a segunda metade do século XX, a sociedade tem vivenciado as
facilidades de acesso à informação, principalmente através da internet, que tem se
tornado cada vez mais popularizada e democratizada. Publicações e debates na área da
política educacional tem revelado o esforço de governantes para traçar políticas de
inclusão social com o intuito de favorecer a reinserção de jovens e adultos no caminho
da educação, acreditando, portanto, que a educação pode trazer novas perspectivas de
vida, seja no aspecto pessoal, social e/ou profissional. Isso faz com que a própria
população passe a ter novas perspectivas em relação a estes aspectos (MANFREDI,
2002).
O mercado tem inovado continuamente e a qualidade dos serviços prestados e
dos produtos disponibilizados tem se elevado a cada dia, principalmente em função da
concorrência e do aumento do nível de exigência dos consumidores, colocando para a
população a necessidade de um trabalho cada vez mais qualificado. Por essa razão, uma
importante camada da população tem sido condenada à exclusão. A busca por soluções
específicas no mercado de trabalho para as demandas atuais têm exigido dos
profissionais conhecimentos atualizados continuamente e formação profissional
ajustada a esse contexto. O indivíduo que não busca se qualificar tem se deparado com
dificuldades para se inserir no mercado de trabalho (SACRISTÁN, 2013).
Em uma época marcada por rápidas transformações decorrentes das novas
tecnologias, o mercado de trabalho foi sendo redesenhado e o perfil do trabalhador
passou por significativas mudanças. A exigência por um sujeito mais dinâmico, criativo,
autônomo e crítico foi sendo cada vez mais destacada na sociedade. Com isso, foi
22
crescendo a busca por qualificação profissional. As escolas foram reformulando seus
currículos e o Governo Federal foi tentando ajustar Planos de Qualificações para atender
as novas demandas no contexto socioeconômico (MANFREDI, 2002; KUENZER,
2008).
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. É
o que traz o artigo 205, da Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL,
1988).
A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, em seu artigo 2º, destaca como finalidade da educação o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).
Conforme exposto acima, a qualificação para o trabalho tem sido uma expressão
evidenciada no cerne do que se espera para a educação brasileira. Nesse sentido, nas
duas últimas décadas, o Governo Federal brasileiro tem investido em diversos
programas de qualificação voltados para esse fim, como consta no Plano Nacional de
Qualificação do Trabalhador (PLANFOR) durante o Governo Fernando Henrique
Cardoso e no Plano Nacional de Qualificação (PNQ), durante o Governo Lula.
Entretanto, estudos apontam que tais planos não foram tão exitosos em suas propostas
de qualificação profissional (CASSIOLATO e GARCIA, 2014). Nesse sentido, o
PRONATEC surge como uma “solução para atender a demanda por toda a qualificação
profissional e de expansão da rede” (p. 34-35). Cassiolato e Garcia (2014, p. 34)
comentam que
O programa [PRONATEC] é parte de uma estratégia de
desenvolvimento, em escala nacional, que busca integrar a
qualificação profissional de trabalhadores com a elevação da sua
escolaridade, constituindo-se em um instrumento de fomento ao
desenvolvimento profissional, de inclusão social e produtiva e
de promoção da cidadania.
Nesse sentido, a qualificação profissional é vista como fator diretamente
relacionado ao êxito ou fracasso no contexto produtivo (BASTOS, 2006, apud
MOURÃO, 2009).
23
Na opinião de Vargas (1996), a qualificação profissional é um meio de
treinamento e desenvolvimento para a “aquisição sistemática de conhecimentos capazes
de provocar, a curto ou longo prazo, uma mudança na maneira de ser e de pensar do
indivíduo, através da internalização de novos conceitos, valores ou normas e da
aprendizagem de novas habilidades” (p. 127).
No contexto do PRONATEC Bolsa-Formação, a qualificação profissional tem
sido colocada como uma forma de ascensão social. Em entrevista concedida a
Cassiolato e Garcia (2014, p. 37), um gestor da SETEC/MEC afirma que:
Os cursos da Bolsa-Formação Trabalhador apresentam atividades
(transversais) de integração entre as pessoas e de orientação
profissional que podem ser dadas a qualquer tempo do curso e que
visam integrar o beneficiário à instituição e trabalhar a autoestima do
indivíduo para que amplie as suas possibilidades de emprego. A ideia
é que os cursos Formação Inicial Continuada (FIC) sejam uma janela,
um ponto de partida para a inserção do individuo. Ninguém acredita
que vai fazer milagres com cursos de curta duração, mas se espera
plantar uma sementinha que possa ampliar as perspectivas dessas
pessoas.
Nesse sentido, a Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (EMUFRN), através do Pronatec Bolsa-Formação, e em parceria com o
Ministério da Cultura, ofertou o Curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) ‘músico
de banda’ no município de Monte Alegre/RN no período de 25/05/2013 a 01/12/2013,
com uma carga horária de 200 horas.
Conforme o referido Guia (p. 76), o curso Músico de Banda faz parte do eixo
tecnológico Produção Cultural e Design e visa dar ao egresso, ferramentas que lhe
permita “interpreta[r] repertório com técnicas voltadas para a prática coletiva de
instrumento musical e preparação de repertório para bandas sinfônicas, bandas marciais,
fanfarras e big bands”.
Segundo consta no projeto político-pedagógico do Pronatec (EMUFRN, 2013, p.
4), a proposta de qualificação profissional prevista para o curso ‘músico de banda’ é
“viabilizar o acesso ao conhecimento acadêmico (formal), sabendo que este, em diálogo
com os saberes do cotidiano (informal)”, poderá possibilitar a imersão em um caminho
vivo, dinâmico e promissor.
Espera-se contribuir não apenas para uma atuação profissional
ajustada às demandas sociais e econômicas da atualidade, mas
24
também para intervenções criativas e inovadoras, pois a música,
Swanwick (2003, p. 40), “não somente possui um papel na reprodução
cultural e afirmação social, mas também potencial para segundo
promover o desenvolvimento individual, a renovação cultural, a
evolução social, a mudança” (EMUFRN, 2013, p. 4).
Com isso, sendo o curso de Formação Inicial e Continuada um curso de curta duração,
espera-se despertar no estudante a vontade de cada vez mais aprimorar suas capacidades e
saberes para uma atuação mais consistente e qualificada no mundo do trabalho.
6. A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NO CURSO ‘MÚSICO DE BANDA’
EM MONTE ALEGRE-RN
6.1. Contextualizando
A oferta do curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) ‘músico de banda’, na
cidade de Monte Alegre-RN, foi resultado de um estudo de demanda realizado pelo
maestro da banda filarmônica10
15 de Março, Luis Dantas, depois de procurar a
coordenação geral do Pronatec da EMUFRN na expectativa de uma parceria com a
prefeitura local.
A cidade de Monte Alegre situa-se na região agreste do Rio Grande do Norte. A
cidade teve sua emancipação política em 195311
e atualmente possui uma população de
aproximadamente 21 mil habitantes12
, conforme dados do IBGE.
A Banda Filarmônica 15 de Março foi criada em 2004 e é mantida pela
Associação Cultural e Musical de Monte Alegre em Parceria com a Prefeitura
Municipal. A Banda possui atualmente 40 integrantes e 20 alunos no curso básico de
teoria musical, reafirmando assim, seu papel social que a faz ser considerada como
“verdadeira escola de música” (LIMA, 2005).
Fazem parte da Banda os seguintes instrumentos: flauta transversal, clarinete,
saxofone, trompa, trompete, trombone, bombardino, tuba e percussão. Os músicos
possuem idades que variam entre 9 e 20 anos.
10 Entende-se por Filarmônicas, “sociedades civis que surgiram no Brasil durante o século XIX e tem
como intuito manter uma banda de música” (CAJAZEIRA, 2007). 11
Encontrado em http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=240780&search=rio-
grande-do-norte%7Cmonte-alegre%7Cinphographics:-history&lang= visitado no dia 27/10/2014 12
Conforme último senso realizado pelo IBGE.
25
Inserido nesta realidade, o maestro Luis Dantas vislumbrou melhores
perspectivas para seus músicos, sabendo que, através do curso ‘músico de banda’, os
músicos teriam acesso à oportunidade de atualizar, aperfeiçoar e ampliar o
conhecimento musical através de qualificação profissional. Esta, nos dias atuais, é fator
primordial para conquista de melhores espaços no mercado de trabalho. Contudo, de
acordo com o maestro, a falta de condição financeira dos músicos para se deslocarem à
capital em busca de conhecimento era um obstáculo, por isso, procurou a EMUFRN.
O Pronatec foi visto como uma grande oportunidade para os músicos da cidade
de Monte Alegre e de outros municípios vizinhos aprimorarem o conhecimento.
A formalização de parceria foi encaminhada através de um ofício da prefeitura
do município à coordenação geral do Pronatec da EMUFRN. Anexo ao ofício foi
encaminhado o número de músicos integrantes da(s) banda(s) por habilitação
(instrumento musical), idade e escolaridade.
Considerando a realidade do público a ser atendido, o curso foi voltado para a
formação continuada, dando aos músicos a possibilidade de atualizar, aperfeiçoar e
ampliar o conhecimento.
6.2. A proposta pedagógica
Consta no projeto político-pedagógico (EMUFRN, 2013) que o curso ‘músico
de banda’ visa contribuir para promover melhores espaços e formas de inserção social
para estudantes músicos. “Uma inserção na sociedade de forma dialógica, não apenas
como um bom técnico, mas como um cidadão, capaz de associar-se ao outro e
posicionar-se de forma crítica [...] (LIBERALINO, 2004, p. 34; in: NETO, 2004, apud
EMUFRN, 2013)”.
A qualificação profissional é explicitada como oportunidade de inserção e
ascensão no mundo do trabalho através de “um fluxo contínuo de interação, evolução,
renovação e mudança do conhecimento” (EMUFRN, 2013, p.4). A aquisição de
habilidades técnico-musicais é evidenciada como forma de favorecer a interpretação de
repertório com técnicas voltadas para a prática coletiva e “execução de repertório para
bandas sinfônicas, bandas marciais, fanfarras, big bands e/ou orquestras” (p. 8). Além
disso, o Projeto ( EMUFRN, 2013, p.8) também enaltece a importância de “saber ser
um multiplicador do saber adquirido” ().
26
A proposta trazida para o curso músico de banda no Guia Pronatec de cursos
FIC (BRASIL, 2013) é que os egressos devem “interpreta[r] repertório com técnicas
voltadas para a prática coletiva de instrumento musical e preparação de repertório para
bandas sinfônicas, bandas marciais, fanfarras e big bands”. Na expectativa de viabilizar
tais aspectos, o Pronatec da EMUFRN, considerando o contexto regional e condições
dos estudantes, organizou a seguinte matriz curricular:
Carga Horária
Total
Linguagem e
estruturação
musical/percepção
Instrumento Prática de
Banda
Preparação
de Recital
200 horas 30 horas 60 horas 90 horas 20
Quadro 4: matriz curricular do curso de FIC ‘músico de banda’.
De acordo om o Projeto do Curso (EMUFRN, 2013), nas aulas de linguagem e
estruturação musical/percepção, trabalhava-se os aspectos teórico-musicais, inclusive,
solfejos, ditados rítmicos e melódicos. Nas aulas de instrumento, os alunos trabalhavam
introdução à técnica geral do instrumento através do desenvolvimento consciente dos
estudos de rotina, visando uma boa execução dos métodos de estudo e do repertório
exigido durante o semestre. Na prática de banda, o trabalho visava os princípios básicos
da execução em conjunto, buscando o desenvolvimento de repertórios específicos
através do estudo coletivo e de técnicas de ensaio. Quanto à preparação de recital, os
alunos trabalhavam as técnicas de ensaio com foco na preparação para o palco e
performance voltadas para apresentações públicas.
6.3. Público beneficiado e abrangência do Curso
De acordo com dados obtidos na secretaria do Pronatec da EMUFRN, foram
matriculados 96 (noventa e seis) alunos entre a faixa etária de 15 e 20 anos de idade.
A classe foi formada pelos seguintes instrumentos: 06 flautas, 14 clarinetes, 18
saxofones, 17 trompetes, 10 trombones, 20 percussão/bateria, 07 tropas e 04 tubas.
Além de alunos da cidade de Monte Alegre o Curso também agregou alunos
oriundos de outras cidades circunvizinhas, como: Santo Antonio do Salto da Onça,
Santa Cruz, Nova Cruz, Brejinho, Barra de Cunhaú, Canguaretama e Lagoa do Mato.
Isso denota a municipalização que o Pronatec possibilitou à EMUFRN, levando cursos
ao interior que beneficiou estudantes oriundos de várias cidades de uma mesma região
27
do Estado, levando-os a participarem de um curso de qualificação profissional, que se
fosse ofertado apenas na capital, muitos não teriam acesso. Este fato atende, portanto,
aos objetivos do Pronatec quanto à expansão e democratização do acesso a cursos de
qualificação profissional.
6.4. Experiências prévias dos participantes
O conhecimento musical dos alunos, segundo conta o maestro Luis Dantas, foi
adquirido a partir das experiências e aulas nas bandas. Quando ingressaram no Pronatec,
todos já eram musicalizados. Todos participavam de bandas filarmônicas das
respectivas cidades citadas acima. Assim, observa-se que tradicionalmente os músicos
oriundos de bandas filarmônicas são musicalizados nas próprias bandas
(NASCIMENTO, 2003; LIMA, 2005). Nesse sentido, Palheta (2012) trata as
bandas de música como “escolas de saberes”, e ao estudar o ensino nas bandas de
música do Pará, atesta que:
Nas cidades do interior, onde não existem escolas formais de
música, as bandas funcionam como verdadeiros centros de
estudo de música, sendo ainda responsáveis pela formação de
grande parte dos músicos de sopro e percussão das bandas
militares e orquestras sinfônicas do país (PALHETA, 2012, p.
53).
Silva (2009, p.5-6) afirma que “as bandas filarmônicas são hoje monumentos
culturais que abrilhantam suas cidades pelo interior [...] e hoje é a principal fonte de
ensino de música nessas regiões e circunvizinhas [...]”.
Esta também é a realidade do Rio Grande do Norte, uma vez que nas cidades do
interior, bandas filarmônicas têm sido consideradas pelos egressos como “escolas”,
responsáveis pela formação musical de muitos músicos, como declara Kléber: “iniciei
os meus estudos lá em Monte Alegre, na escola, na Banda 15 de Março” [E1,
KLEBER].
Assim como Kleber, Letícia também teve a filarmônica como responsável por
sua formação musical. “Eu comecei aos 5 anos de idade com meu pai me ensinando
flautinha [flauta doce] em casa. Com sete, eu fui pra escola da filarmônica de Cruzeta”
[E1, LETÍCIA].
28
6.5 Conhecendo o processo de escolha do instrumento musical
Um fato bastante evidente no depoimento dos participantes da pesquisa foi a
troca de instrumento musical que acontece no contexto das bandas durante a formação
musical a partir da primeira “escolha”.
Wesley conta: “eu queria tocar flauta, só que o professor me deu uma trompa e
tal, aí de lá pra cá, venho estudando, buscando qualificação no Pronatec [...]”. Letícia
diz que começou a estudar flauta aos quinze anos, mas depois de dois anos, foi estudar
saxofone. O depoimento de Kleber também evidenciou essa troca: “o instrumento que
comecei foi a tuba, mas atualmente estudo trombone”. Não foi diferente com Cláudio,
que começou a estudar com 12 anos na flauta doce, alega que passou seis meses, “aí fui
para o clarinete, passei um tempo no clarinete e não deu certo, depois fui pra flauta
[transversal]”.
A esse respeito, o maestro Luis Dantas comenta que “essa mudança de
instrumento é algo comum nas bandas e geralmente são orientadas pelo próprio
maestro”. Isso é conduzido pela própria experiência do maestro em perceber que um
determinado aluno que não está se desenvolvendo bem em um instrumento, pode ter
maior êxito em outro instrumento. “O principal motivo da mudança de instrumento é
em função da adaptabilidade, questões de anatomia, da estrutura física ou embocadura
do aluno”, atesta o maestro.
Existe inicialmente o desejo do aluno por determinado instrumento,
porém, muitas vezes [eles] recebem o que está disponível [na banda] e
também de acordo com a necessidade da banda. [...]. Por este
fenômeno, após superar a fase inicial de musicalização, vários alunos
conseguem tocar mais de um instrumento [E1, maestro LUIS
DANTAS].
6.6. O curso ‘músico de banda’ e a importância do ensino direcionado para cada
instrumento
Segundo Nascimento (2003), nas bandas de musica não existem professores para
cada um dos instrumentos. Geralmente é o “mestre de banda13
” quem ensina todos os
13
De acordo com Silva (2009), o mestre de banda é uma pessoa geralmente do sexo masculino e que
obteve seus ensinamentos musicais em uma banda de música desde criança. Lá ele aprendeu um pouco de
cada instrumento e de regência.
29
instrumentos. E o autor alega que é muito difícil um músico conhecer tecnicamente
todos os instrumentos.
Nesse sentido, através do curso ‘músico de banda’, os alunos puderam estudar
com professores qualificados em cada instrumento. Este fato foi bastante elogiado pelos
participantes da pesquisa, quando questionados sobre a diferença entre aas aulas de
instrumento direcionadas a todos pelo mestre da banda e a as aulas específicas com o
professsor especializado durante o curso.
Eles enfatizaram que o Pronatec permitiu que eles tivessem um professor para
dar aulas voltadas para o instrumento o qual tocavam, visto que até então eles só tinham
aulas com o maestro. O maestro tem sido, sem dúvida, um elemento chave para o
crescimento musical da banda, porém, não conhece as técnicas de todos os
instrumentos, o que limita o desenvolvimento musical. “Então, a gente ter o professor
ali para nos dar aula todos os sábados ajudava muito”, disse Letícia. Wesley reforça
dizendo: “a questão é que o professor do Pronatec estudou bastante né, pra dar aula; e o
maestro, ele tem que se virar por ser formado em um só instrumento. Aí, tem que dar
aula de outros instrumentos. Aí, complica, né?”
Os participantes ainda destacaram que eles nunca tiveram aulas voltadas para o
instrumento antes.
Eu nunca tinha tido a oportunidade de estudar com um professor de
trombone. Porque no Pronatec é um professor especializado no
instrumento, uma pessoa que estudou bastante o meu instrumento,
conhece todas as técnicas, os defeitos e problemas do meu
instrumento. E muitas vezes na banda de música é um maestro só para
toda a banda. Então ele tinha que ensinar clarinete, trombone
trompete..., e no caso do Pronatec é um professor voltado para as
minhas necessidades [E1, KLEBER].
O fato de direcionar um professor para cada instrumento foi apontado pelos
participantes como um dos grandes diferenciais do Curso. “[Porque] as aulas com o
maestro era tipo, direcionada para todos. Não era para cada instrumento. [...]. E o
professor específico sabe tudo mais sobre o instrumento da pessoa, sabe as dificuldades
e sabe como ajudar também” [E1, CLÁUDIO].
[...] o professor trabalhava exatamente no problema que a gente tinha
no instrumento. Já o maestro, ele trabalha com o problema que a gente
tem na banda, que não é tão igual. [Por]que na banda a gente tem um
30
problema, e no instrumento tem outro totalmente diferente [E1,
LETÍCIA].
O maestro dava aula para todos e não se direcionava mais para um
especifico lá, só para um instrumento, que [era o que] ele tocava né?
Uma técnica que ele não sabia explicar, mas o professor do
instrumento próprio da pessoa sabe explicar. E o professor do
Pronatec...ele sabia do seu problema...você tocava lá, e ele dizia, e
aprofundava...ia mais fundo no seu problema [...] [E1, EDSON].
A presença de professores para cada instrumento no Curso possibilitou maior
atenção às dificuldades dos alunos. Isso fez com que trabalhassem e desenvolvessem
elementos básicos da performance instrumental, como por exemplo: postura, afinação,
embocadura, dinâmica, etc. Ao serem questionados sobre quais aprendizados obtiveram
durante o curso eles declaram:
“Eu aprendi muita técnica do instrumento, então muita dúvida que eu tinha eu
tirei com o professor”, diz Kléber.
“[...] ajudava na postura, afinação, e hoje eu tô tocando até bem mais
afinada na banda e tô ajudando o maestro o quanto posso. “[...] abriu
minha cabeça para teoria mais técnica que era os intervalos, percepção
e os professores de sax tiraram minha duvida. Porque eu tava
precisando muito [de] ter um professor pra sax” [E1, LETÍCIA].
“[...] quando tava um instrumento mais alto [forte] que o outro, [o professor]
mandava escutar o outro pra melhorar” [E1, CLÁUDIO].
6.7. Simulação da prática profissional na sala de aula
Segundo consta no Projeto (EMUFRN, 2013.p.12), “o ensino deve ser
conduzido para dar condições ao estudante de saber atuar na complexidade – saber
enfrentar problemas em situações reais e dar respostas aos problemas complexos, além
de ser capaz de construir formas de aproximação com a realidade”.
Para um curso que visa a preparação para o mercado de trabalho, simular a
prática profissional durante as aulas é item fundamental para colocar os alunos em
situação de desafios.
Assim, a simulação profissional está prevista no projeto político-pedagógico
“como forma de imersão dos estudantes na realidade concreta da área de atuação e
31
oportunidade de conhecimento da realidade a ser enfrentada” (EMUFRN, 2013, p.13).
Para isso, o Curso contempla atividades com vista à “identificação, análise, reflexão,
busca de soluções, ações de enfrentamento de problemas, enfrentamento do público,
organização, produção e divulgação de recitais” (p. 13).
Em sala de aula, os alunos trabalharam leitura à primeira vista, item importante
para o músico de banda. “Foi tudo novo pra mim. Gostei muito, no começo achei um
pouco difícil, quando ele entrega a partitura à primeira vista, mas depois quando você
estuda em casa e vem ter aula com o professor fica tudo bem melhor de tocar”, diz
Edson.
O Curso prevê aulas coletivas de instrumento, voltadas para trabalhar os
aspectos técnico-interpretativos de cada instrumento. Nessas aulas, os alunos também
eram ensinados a ter uma rotina/agenda de estudos. Conforme comenta Wesley, inseria-
se “[a] questão de dividir a rotina durante o dia, dividir a rotina de estudo, não só no
instrumento, mas com literatura do instrumento, história da música”.
Na disciplina teórica, ele [o professor] dava percepção musical e
teoria musical ao mesmo tempo. Era bastante interessante...ele
desenvolvia a parte de ditado rítmico, que acredito que seja uma
grande dúvida e um bom problema para a maioria dos músicos
iniciantes [E1, KLÉBER].
Letícia afirma que:
Nem toda banda tem a teoria completa pra quando você for fazer a
prova do técnico, você saber os intervalos, saber escrever um ditado
melódico, ter a experiência de uma prova no curso. Porque na banda,
o maestro não tem tempo exato de te dar aula de teoria [...].
Outro ponto importante para o músico de banda é saber executar um vasto e
diferenciado repertório. Nesse sentido, Letícia comenta: “gostei de conhecer outras
obras porque eu sempre vi mais as músicas populares, os dobrados e também via mais
forró e nunca tinha escutado músicas como Caruana14
, Aviação Embarcada. Serviram
muito pra mim [...]”.
Foi um contato bastante bacana, [por]que eu nunca tinha tido uma
experiência de tocar aqueles dobrados. [...] o “1ª Aviação
14
Composição de Cido Gonçalves em estilo Fox-Trot.
32
Embarcada”, que era um dobrado bem bonito, que eu nunca tinha
visto, “Arariboia”, um dobrado bastante bonito que eu também nunca
tive a oportunidade de executar [E1, KLÉBER].
Maria afirma: “eu não conhecia as músicas. Lembro de algumas músicas, a
Primeira Aviação Embarcada [...]. A gente trabalhou também Aquarela do Brasil [...],
Garota de Ipanema, Berimbau [...]”.
No exercício de enfrentamento do público foram organizados recitais com
apresentações de todos os alunos. A esse respeito, Edson fala: “[...] no começo eu tinha
muita vergonha, muita vergonha mesmo, mas agora com as apresentações fica tudo
melhor. Você tem a vergonha, mas vai perdendo cada vez que você toca”.
Mas Kleiton reconhece que “é uma necessidade extrema que o músico tem”; e se
apresentar em público ajuda a “melhorar a alta performance do executante”. Na opinião
de Wesley, “essa questão é de fundamental importância, porque somos artistas, tem que
se expor, tem a questão do nervosismo, mas isso é normal”.
Com esses depoimentos podemos perceber que os próprios alunos reconhecem a
importância do músico se apresentar em público e essa simulação da prática profissional
proposta pelo curso deu a eles uma boa oportunidade de se deparar com situações,
atividades e até mesmo sentimentos com os quais irão se deparar quando estiverem
atuando profissionalmente.
É muito importante porque muitos começam com vergonha, não se
sente seguro para tocar em público. Eu era muito vergonhosa, eu não
conseguia tocar na frente de ninguém; e depois, realmente eu fui
mudando, fui conseguindo, perdendo mais a vergonha, foi melhorando
em tudo [E1, LETÍCIA].
Através desses depoimentos podemos perceber que os próprios alunos
reconhecem a importância do músico se apresentar em público e essa simulação da
prática profissional proposta pelo curso deu a eles uma boa oportunidade de vivenciar
situações, atividades e até mesmo sentimentos com os quais irão se deparar quando
estiverem atuando profissionalmente.
33
Figura 1: Apresentação no dia da festa da padroeira da cidade Figura 2: Apresentação das turmas de
instrumento
6.8. A interação social como elemento mediador na prática de banda
Um aspecto importante e necessário para a inserção de profissionais no contexto
do trabalho nos dias atuais é saber conviver. Saber conviver é um dos quatro grandes
pilares da educação (DELORS, apud SERRABOJA, 2013) e também é item previsto no
projeto político-pedagógico do Curso (EMUFRN, 2013).
Para as pedagogias inovadoras a experiência pessoal e social para a formação de
um pensamento reflexivo é tido como algo importante e necessário no contexto
educacional. Em um convívio social devidamente orientado por outra pessoa mais
experiente, o sujeito tem a oportunidade de se tornar ativo na construção do próprio
conhecimento (SERRABOJA, 2013).
Na opinião de Wesley, “a questão é essa, de interagir com o pessoal. [...] porque
lá no interior onde a gente mora é de extrema importância”.
Além das aulas de instrumentos, linguagem e estruturação musical/percepção e
preparação de recital, que, embora coletivas, abrangiam grupos menores de alunos, o
Curso previa aulas de prática de banda. Nestas aulas também se valorizava a interação
entre alunos e professores do Curso, pois era um momento em que os alunos de todos os
instrumentos e todos os professores se reuniam para tocar o mesmo repertório.
Buscava-se valorizar a ação reflexiva em torno do repertório estudado de forma
que o aprendizado nas aulas de instrumento e de linguagem e estruturação/percepção
pudesse resultar em novas atitudes, agora de forma coletiva.
Ao compartilharem o mesmo repertório, todos devem buscar respeitar as partes e
nuances de cada um, além de discutir em conjunto aspectos teóricos e interpretativos de
cada obra a ser executada. Ao ser questionado sobre essa prática, Cláudio diz:
34
Achei importante porque lá ensinou como tocar em grupo, [ensinou]
afinação, dinâmica... porque muita gente não fazia a dinâmica certa,
não se afinava, queria tocar um mais alto que o outro, aí isso ficou
melhor, porque cada um tentou se escutar e afinar melhor [E1,
CLÁUDIO].
Figura 3: Ensaios da Prática de Banda.
Para Wesley, além da interação e troca de ideias entre os colegas, a prática de
conjunto lhe possibilitou observar a didática do professor no grupo. Essa sua observação
se deve ao fato de também ensinar a música. Nesse sentido, ele diz:
Foi importante ter aprendido a interagir com os colegas, trocar ideia,
tal, e passar para as futuras gerações a questão da didática, trabalhar a
dinâmica com os nossos alunos, né… Eu usei o que eu aprendi para
repassar para os que estão iniciando, essa questão da didática também,
de levar o que eu aprendi no curso [...]. Eu aprendi lá a repassar para
os que estão iniciando [E1, WESLEY].
6.9. O curso ‘músico de banda’ como fator propiciador de novas conquistas
profissionais
Segundo Swanwick (2003, p. 40), “[...] a música não somente possui um papel
na reprodução cultural e afirmação social, mas também potencial para promover o
desenvolvimento individual, a renovação cultural, a evolução, a mudança”.
A colocação do educador musical vem reafirmar o sentido da qualificação
profissional no curso ‘músico de banda’ do Pronatec da EMUFRN em Monte Alegre,
visto que, de acordo com os depoimentos dos participantes, o Curso pode ser visto
35
como mediador educacional, social e cultural, contribuindo para o desenvolvimento
musical individual e coletivo, para a evolução, ampliação e socialização do
conhecimento, bem como para mudanças nas perspectivas de vida e novos alcances no
contexto profissional, como foi o caso do egresso Kléber:
[O Pronatec] me incentivou a estudar mais o instrumento, [...] me
motivou mais a seguir na carreira como trombonista...a estudar mais
meu instrumento. E o professor me incentivou a fazer concursos,
principalmente os militares. Aí no primeiro semestre desse ano,
consegui uma aprovação no EAGS15
, Curso de Formação de
Sargentos da Aeronáutica, especialista, 1° lugar.
Assim como serviu de incentivo para Kléber, o Pronatec também foi visto por
Maria como “uma oportunidade muito grande em [sua] vida”, renovando seus planos de
continuar a estudar e de conquistar novos espaços no mercado de trabalho.
Eu nunca pensei de chegar aonde eu tô. Muitas vezes eu pensava em
desistir [da música], porque não tinha um estudo melhor, era só
naquilo ali, a mesma coisa; só que depois que surgiu aí essa
oportunidade do Pronatec, abriu as portas, né...coisas melhores pra
mim. Não só pra mim, como pra muitas pessoas. Meus planos daqui
pra frente é de ser realmente uma profissional. E eu também penso
muito daqui pra frente em ir para a Banda da Marinha [E1, MARIA].
Os conhecimentos propagados através do curso ‘músico de banda’ possibilitou
aos egressos adquirir maior segurança musical, fato que lhes impulsionou a novos
planos na carreira profissional. Wesley afirma que pretende “seguir carreira como
músico militar também”. Além disso, também deseja “concluir o técnico, fazer
licenciatura, fazer mestrado. Meu grande sonho é esse, e no futuro ser professor também
e repassar o que eu estou aprendendo hoje para novos alunos”. Cláudio pretende “fazer
técnico, bacharelado, talvez doutorado e fazer provas também pra Aeronáutica,
Marinha. Penso em estudar fora do país: Nova York, Alemanha”, diz ele.
O Pronatec também trouxe para os alunos uma nova visão das possibilidades de
trabalho envolvendo o instrumento musical de cada um. “Abriu mais a cabeça para o
que cada instrumento podia em seu mercado de trabalho”, afirma Cláudio.
Os egressos se sentem mais preparados para concorrer a vagas em concursos
públicos, como afirma Letícia: “meus planos são [de] me preparar agora para os
15
Estágio de Adaptação à Graduação de Sargento da Aeronáutica
36
concursos que vão abrir: Marinha, Banda Sinfônica, Aeronáutica, Exército, e ter minha
carreira encaminhada [...]”.
Os dados levantados neste estudo tornam possível compreender o que aborda
Nascimento (2003, p. 3) ao dar destaque à presença de músicos que tiveram sua
iniciação musical em bandas de música “nas grandes orquestras e bandas militares,
instituições de ensino musical e grupos populares famosos”.
37
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Está previsto no projeto político-pedagógico do curso ‘músico de banda’
(EMUFRN, 2013), como proposta de ensino-aprendizagem:
Saber como tocar seu instrumento utilizando-se de técnicas básicas e
repertório específico para bandas filarmônicas e orquestras; mobilizar
saberes técnicos musicais que permitam uma melhor performance
musical coletiva e individual; saber os elementos básicos de
linguagem e estruturação musical, bem como sua aplicabilidade;
contextualizar estilos e gêneros musicais no âmbito do repertório
desenvolvido; saber se relacionar em grupo e com o público ( p.16 ).
Considerando o contexto musical dos alunos e a proposta de formação
continuada do Pronatec da EMUFRN, os egressos atestam que as aprendizagens
promovidas contribuíram para o aperfeiçoamento e ampliação do conhecimento
musical, já resultando em melhores espaços no mercado de trabalho.
Para Swanwick (2003, p. 94), “aprendizagem é o resíduo da experiência. É o que
fica conosco quando as atividades acabam, as técnicas e a compreensão que nós
obtemos”. Portanto, o estudo conclui que a qualificação profissional mediada pelo
Pronatec da EMUFRN, através do curso ‘músico de banda’ em Monte Alegre,
contribuiu para possibilitar que a música se tornasse alvo de novos investimentos na
vida dos egressos como forma de galgarem espaços mais promissores no futuro.
Tomando como base as questões que nortearam a pesquisa, os fatores que
influenciaram a implantação do curso ‘músico de banda’ no contexto do Pronatec da
EMUFRN na cidade de Monte Alegre foram as demandas das bandas das cidades da
região. Tal demanda apresentou-se com a necessidade de atualização do conhecimento
musical. Mediante isso, o curso foi desenvolvido de maneira que possibilitasse o acesso
a conhecimentos da teoria, da percepção musical, da técnica de cada instrumento e
repertório. Nesse sentido, o curso viabilizou o acesso a novos aspectos de visão e
conscientização musical. Contribuiu para a aquisição de elementos que possibilitassem
novas posturas de interpretação do repertório.
O estudo constatou ainda a eminente valorização que a profissão de músico
ganha perante a sociedade, tendo em vista sua inserção em um programa de qualificação
a nível nacional situada em um universo de inúmeras profissões e áreas de atuação.
38
Espera-se, portanto, que o estudo realizado possa contribuir para novas
pesquisas na área e fortalecer o cenário da qualificação profissional em música no
contexto do Pronatec Bolsa-Formação.
39
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42
ANEXO I
Ao Diretor da Escola de Música da UFRN
Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de Souza
Natal, 22 de setembro de 2014.
Prezado Diretor,
Vimos por meio desta, solicitar permissão para que LUCAS BONFIM LIMA,
que atuou como professor de Prática de Banda, no Curso Músico de Banda do Pronatec
da EMUFRN em Monte Alegre/RN, no período de maio a dezembro de 2013, possa
realizar o seu projeto de pesquisa no contexto do Pronatec desta instituição.
Sua pesquisa, intitulada “O Curso Músico de Banda do Pronatec da EMUFRN
na cidade de Monte Alegre”, prevê consulta a documentos da instituição, bem como
registros audiovisuais.
Seguindo os procedimentos éticos da pesquisa científica, os dados coletados
serão usados para uso exclusivo de fins didáticos no âmbito da produção e disseminação
do conhecimento acadêmico.
Desde já, agradecemos pela atenção dispensada e nos colocamos à disposição
para quaisquer outros esclarecimentos que se fizerem necessários.
Profa. Ms. Raquel Carmona Torres Félix
Orientadora
Lucas Bonfim Lima
Concluinte do Curso de Licenciatura em Música da EMUFRN
43
ANEXO II
ROTEIRO - Entrevista nº 1
1. Dados pessoais do entrevistado:
1.1. Nome
1.2. Idade
1.3. Habilitação no Curso Músico de Banda:
2. Dados da entrevista:
Local;
Hora:
Material utilizado para gravação:
Por que fazer o Curso Músico de Banda?
E: Como foi fazer o Curso Músico de Banda no PRONATEC, em Monte Alegre”.
O que te motivou a fazer o Curso? Você já estudava música antes? Aonde? Você já
tocava em Banda? Qual/Aonde?
As aprendizagens no Curso Músico de Banda
Como foi seu primeiro contato com o professor, no Curso? Você se lembra de alguma
pergunta em especial, feita por ele? Ele pediu que você tocasse alguma coisa pra ele
ouvir? O que você tocou? O que ele disse?
O que você poderia dizer sobre as aulas? Como o professor(a) orientava os estudos de
vocês durante as aulas? Que tipo de atividades vocês faziam em sala? O que você
achava das atividades realizadas? O que você achou das orientações do professor?
O que vocês trabalharam no Curso? O que você se lembra de ter sido abordado pelos
professores nas aulas?
E quanto ao repertório, você já conhecia as obras executadas? O que você achou?
Gostou de ter tocado o que tocou? O que você o professor falava sobre o repertório que
era estudado?
Havia alguma orientação de estudo para depois que as aulas terminavam? Como era
essa orientação?
Você se comunicava com o professor fora do Curso? Falavam sobre algum assunto das
aulas?
44
Vocês se apresentaram em público? Aonde? Quantas vezes? Como você vê essa
experiência de se apresentar em público para o músico?
O que você acha que foi importante ter aprendido no Curso Músico de Banda? Por que?
A opinião sobre o Curso
O que você mais gostou no Curso? Por que?
O que você menos gostou? Por que?
Qual era a sua expectativa, quando iniciou o Curso?
Você acha que o Curso foi significante pra sua vida profissional? Por que?
Você acha que o Curso Músico de Banda contribuiu para a sua qualificação
profissional? Por que?
Quais são seus planos para a vida profissional na música?
45
ANEXO III
Questionário enviado por e-mail ao Maestro Luís Dantas, da Banda Filarmônica 15 de
Março, da cidade de Monte Alegre-RN
1- QUANDO A BANDA FOI FUNDADA?
2- QUAL O NOME OFICIAL DA BANDA?
3- POR QUEM É MANTIDA?
4- QUAL O CONTEXTO HISTÓRICO DA MÚSICA EM MONTE ALEGRE?
5- POR QUE VOCÊ PROCUROU PARCERIA COM A EMUFRN?
6- O QUE A COORDENAÇÃO SOLICITOU PARA O CURSO SER REALIZADO NA
CIDADE?
7- QUAIS FATORES INFLUENCIAM E DETERMINAM A MUDANÇA DE
INSTRUMENTO POR PARTE DOS ALUNOS?