113
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO - UNIAN MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL E INCLUSÃO SOCIAL CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN PARA A AMBIÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM VESTIBULOPATIAS SÃO PAULO 2015

UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO - UNIAN … · Decoração de interiores e mobiliário. 3. Qualidade de vida. 4. Envelhecimento. 5. Saúde do idoso. ... do design para a ambiência

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO - UNIAN MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO

EQUILÍBRIO CORPORAL E INCLUSÃO SOCIAL

CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN PARA A AMBIÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM VESTIBULOPATIAS

SÃO PAULO 2015

2

LIZMELRY DE FÁTIMA PRUDÊNCIO MACHADO PIMENTEL MESTRADO EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL

E INCLUSÃO SOCIAL

CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN PARA A AMBIÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM VESTIBULOPATIAS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Anhanguera de São Paulo (UNIAN), como requisito para obtenção do título de mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Célia Aparecida Paulino

Coorientadora: Profa. Dra. Maria Rita Aprile

SÃO PAULO 2015

3

Permitida, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial

desta dissertação, desde que citada a fonte.

P699c Pimentel, Lizmelry de Fátima Prudêncio Machado

Contribuição do design para a ambiência e qualidade de vida de idosos com vestibulopatias. / Lizmelry de Fátima Prudêncio Machado Pimentel. - São Paulo, 2015.

112 f.; 30 cm Dissertação (Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio

Corporal e Inclusão Social). Universidade Anhanguera de São Paulo, 2015.

Orientadora: Profa. Dra. Célia Aparecida Paulino Coorientadora: Profa. Dra. Maria Rita Aprile

1. Habitação. 2. Decoração de interiores e mobiliário. 3. Qualidade de vida. 4. Envelhecimento. 5. Saúde do idoso. I. Título. II. Universidade Anhanguera de São Paulo.

CDD 618.9

4

LIZMELRY DE FÁTIMA PRUDÊNCIO MACHADO PIMENTEL

CONTRIBUIÇÃO DO DESIGN PARA AMBIÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA DE

IDOSOS COM VESTIBULOPATIA

Trabalho de conclusão final apresentado à Banca Examinadora na Universidade

Anhanguera de São Paulo - UNIAN, como exigência para obtenção do título de

Mestre em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social.

BANCA EXAMINADORA:

........................................................................................................................................

Profa. Dra. Célia Aparecida Paulino (Presidente - UNIAN/SP)

........................................................................................................................................

Profa. Dra. Patrícia Unger Raphael Bataglia (Membro Externo - UNESP/Marília)

........................................................................................................................................

Profa. Dra. Isa Maria Ferreira da Rosa Guará (Membro Interno - UNIAN/SP)

São Paulo, 21 de Agosto de 2015.

5

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus avós Judite da Cunha Prudêncio e João Antônio

Prudêncio, aos meus pais Lázaro Guimarães Machado e Luzimar de Fátima

Prudêncio Machado que me proporcionaram uma infância e juventude em um lar

repleto de amor, carinho e felicidade, garantindo amparo para as minhas

conquistas.

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por guiar meus passos nessa jornada, fornecendo sabedoria,

força e perseverança para alcançar os objetivos.

Agradeço a Profa. Dra. Célia Aparecida Paulino pela dedicação e tempo

disponibilizado para concretizar este trabalho com maestria. Agradeço, também,

por acreditar na minha capacidade e por auxiliar no meu crescimento intelectual.

Agradeço a Profa. Dra. Maria Rita Aprile pelo carinho, atenção e atuação

profissional exímia.

Agradeço aos meus pais Lázaro Guimarães Machado e Luzimar de Fátima

Prudêncio Machado e avós Judite da Cunha Prudêncio e João Antônio Prudêncio

que, mesmo distante, sempre apoiaram e motivaram meu crescimento intelectual

e espiritual. Agradeço a eles pelas palavras doces, reconfortantes e

encorajadoras ditas nos momentos difíceis.

Agradeço ao Maurício Alves Pimentel, aquele que escolhi para estar ao meu lado,

por todas as ações que me tornaram uma pessoa melhor, além das ações que me

auxiliaram no desenvolvimento do trabalho.

Agradeço as funcionárias da Secretaria Geral da Pós-Graduação da UNIAN-SP.

Agradeço a Universidade Anhanguera de São Paulo (UNIAN-SP) pela concessão

da Bolsa Funcional De Pós-Graduação, que me permitiu a realização do Curso de

Mestrado.

7

Porque a casa é o nosso canto no mundo.

(...) Sem ela o homem seria um ser

disperso. Ela mantém o homem através

das tempestades do céu e das

tempestades da vida. É corpo e é alma.

(...) E sempre, nos nossos devaneios, ela

é um grande berço.

Gaston Bachelard

(1884-1962)

8

RESUMO

PIMENTEL, L. F. P. M. Contribuição do design para a ambiência e qualidade de vida de idosos com vestibulopatias. 2015. 112 f. Dissertação - Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social. Universidade Anhanguera de São Paulo, São Paulo, 2015.

A saúde tem relação com o meio em que vive e com o estilo de vida dos indivíduos.

Mas, com o envelhecimento, surgem doenças, como as vestibulopatias, que podem

limitar as atividades rotineiras e trazer maior tendência a quedas e mudanças

comportamentais, gerando a possibilidade de exclusão social do idoso. A ambiência

é fundamental no processo de envelhecimento ativo e saudável, uma vez que está

centrada no homem e sua relação com o meio, visando conforto, bem estar e

segurança. A ambiência utiliza princípios do design universal, estudos ergonômicos

e de percepção e conforto ambientais e envolve, ainda, a compreensão do

comportamento humano. Neste contexto, a ambiência é fundamental para o idoso

com vestibulopatia, pois busca soluções que priorizam segurança, evitando o risco

de quedas, melhoria da capacidade funcional e promoção de estímulos ambientais

para melhoria da percepção espacial. O objetivo deste estudo foi aplicar conceitos

do design para a ambiência e desenvolver caderno de referência para elaboração de

projeto de ambiência residencial focado em idosos portadores de vestibulopatias. O

desenvolvimento do conteúdo teórico do caderno de referência foi fundamentado em

literatura específica sobre os temas envolvidos; além disso, foram criadas ilustrações

para exemplificar e reforçar as informações teóricas. O caderno de referência focou

a ambiência aplicada ao local de moradia do idoso com vestibulopatia, trazendo

conhecimentos básicos para todos os profissionais direta ou indiretamente ligados

ao design e ambiência, os profissionais de saúde, familiares, cuidadores, os próprios

idosos e outros interessados, contribuindo para a concepção e/ou adaptação de

ambientes que estimulem e favoreçam a saúde integral, a segurança física, o bem

estar e a qualidade de vida dos idosos com vestibulopatias.

Palavras-chave: Habitação. Decoração de interiores e mobiliário. Envelhecimento.

Saúde do idoso. Qualidade de vida.

9

ABSTRACT

PIMENTEL, L. F. P. M. Design contribution for elderly with vestibular disorders ambience and quality of life. 2015. 112p. Dissertation (Master´s in Body Balance Rehabilitation and Social Inclusion) - Universidade Anhanguera de São Paulo (UNIAN), São Paulo, 2015. Health is related with the environment and the lifestyle of individuals. With aging

emerge diseases such as vestibular disorders that can limit daily activities and bring

tendency to fall and behavioral changes, creating the possibility of social exclusion of

the elderly. The ambience is fundamental in the active and health aging process,

once it is centered on man and his relation with the environment, aiming comfort,

welfare and security. The ambience uses the principles of universal design, the

ergonomics, environmental perception and environmental comfort studies and also it

involves understanding the human behavior. In this context, the ambience is

fundamental to the elderly with vestibular disorders, because of their solution

prioritize security, avoiding the risk to falls, improvement of functional capacity and

promoting environmental stimuli to improve the spatial perception. The purpose of

this study was to apply the design concepts to the ambience and develop a reference

book for ambience residential projects centered on elderly with vestibular disorders.

The theoretical content of the reference book was grounded in the specific literature

on the issues involved; besides, illustrations were created to exemplify and reinforce

the theoretical information. The reference book has focus to the applied ambience

residential to the elderly with vestibular disorder, introducing basic knowledge for all

professionals directly or indirectly linked to the design and ambience, health

professionals, family members, caregivers, seniors, and others interested,

contributing to the design or the environment adaptation to encourage and promote

the integral health, physical security, well being and quality of life of elderly people

with vestibular disorders.

Palavras-chave: Habitation. Interior design and furniture. Aging. Health of the

elderly. Quality of life.

10

LISTA DE ABREVIATURAS

OMS Organização Mundial da Saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PNH Política Nacional de Humanização

SUS Sistema Único de Saúde

WHO World Health Organization

ABD Associação Brasileira de Design de Interiores

ICSID International Council of Societies of Industrial Design

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEUD The Centre For Excellence in Universal Design

DA Design For All Foundation

IEA International Ergonomics Association

AET Análise Ergonômica do Trabalho

dB (A) Decibel ponderado em A (medida de ruído relativa a um som

padrão)

m Metro (unidade de medida)

cm Centímetro (unidade de medida)

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

K Kelvin (unidade de medida utilizada em luminotécnica para a

temperatura de cor)

11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 11

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................... 12

2.1 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA............................................................. 12

2.2 ENVELHECIMENTO, EQUILÍBRIO CORPORAL E SAÚDE.................... 13

2.3 DESIGN E AMBIÊNCIA............................................................................ 16

2.3.1 O processo criativo do design para ambiência, acessibilidade e

inclusão social........................................................................................... 20

2.4 ERGONOMIA E FATORES HUMANOS NA AMBIÊNCIA ....................... 25

2.4.1 Percepção ambiental................................................................................ 28

2.4.2 Conforto ambiental.................................................................................... 31

2.4.2.1 Conforto acústico...................................................................................... 32

2.4.2.2 Conforto térmico....................................................................................... 34

2.4.2.3 Conforto lumínico...................................................................................... 37

2.4.2.4 Conforto cromático.................................................................................... 40

2.4.3 Dimensionamento, postura e movimento corporal................................... 42

2.5 AMBIÊNCIA RESIDENCIAL SAUDÁVEL................................................. 43

3 OBJETIVO................................................................................................ 56

4 MATERIAL E MÉTODO........................................................................... 57

4.1 PÚBLICO-ALVO....................................................................................... 57

4.2 MATERIAL A SER UTILIZADO................................................................ 57

4.3 PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DO CADERNO DE

REFERÊNCIA........................................................................................... 58

4.3.1 Planejamento do layout............................................................................ 58

4.3.2 Desenvolvimento do conteúdo para o caderno........................................ 58

4.3.3 Arte final.................................................................................................... 59

5 RESULTADO............................................................................................ 60

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 61

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 62

APÊNDICE.............................................................................................................. 70

12

1 INTRODUÇÃO

A saúde tem relação com o modo de vida do indivíduo e é resultado da

combinação de vários fatores, entre eles, sociais, culturais e ambientais, que

contribuem para a promoção da saúde e o envelhecimento saudável.

Mas, com o envelhecimento há maior incidência de doenças, dentre elas as

vestibulopatias, que reduzem a capacidade funcional, limitam as atividades do

cotidiano, levam a maior tendência de quedas e mudanças comportamentais, que

podem gerar exclusão social do idoso.

Neste contexto, a ambiência ganha relevância e torna-se um fator essencial

para promoção e humanização da saúde, ou seja, respeita os aspectos físicos,

psicológicos e culturais do indivíduo que utilizará o ambiente e contribui para a

segurança, o bem-estar, a saúde e a qualidade de vida.

Os princípios do design universal norteiam a criação da ambiência ao

favorecer a acessibilidade ao espaço físico e utilizar a ergonomia para planejar o

espaço e melhorar as condições de uso dos ambientes respeitando os conceitos de

percepção ambiental, buscando respostas positivas do organismo quanto aos

estímulos emitidos pelo ambiente e associando aos estudos de antropometria,

conforto ambiental e estudos cromáticos.

Na velhice, a ambiência residencial deve considerar, também, as capacidades

físicas inerentes ao envelhecimento, para evitar a dependência e a exclusão social.

As adaptações e concepções de ambiente com enfoque nas necessidades do idoso,

principalmente, naqueles com distúrbios vestibulares geram ambiência mais

adequada, pois facilitam o cotidiano, estimulam as capacidades físicas, geram

segurança, autonomia e independência, além de auxiliar no tratamento e colaborar

para o seu bem-estar e qualidade de vida.

Assim, este trabalho é importante para todos os profissionais envolvidos com

a criação e/ou adaptação dos espaços residenciais para idosos com vestibulopatias,

assim como, para aqueles que convivem e/ou cuidam desses idosos e suas

necessidades específicas, contribuindo com a sua saúde, bem-estar e qualidade de

vida.

13

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

A saúde é resultante de uma combinação de fatores sociais, econômicos,

políticos e culturais de uma sociedade e está relacionada ao modo de vida de cada

população e aos processos que reproduzem e transformam esse modo de vida.

Cada sociedade tem sua identidade revelada por suas políticas públicas,

desenvolvimento econômico e produtivo, relação com o meio ambiente, cultura local,

dentre outros aspectos que são refletidos na vida cotidiana e na condição de vida da

população e do indivíduo desta sociedade. Neste contexto, a saúde não deve ser

responsabilidade somente do setor específico da saúde, pois os efeitos de vários

processos determinam e condicionam a situação de saúde do indivíduo e da

sociedade (BUSS, 2002).

O conceito de saúde é amplo e vai além das capacidades físicas do indivíduo;

relaciona-se também com características sociais e ambientais, é direito humano e

exige ações transformadoras a partir do envolvimento da sociedade. Exige

capacitação e consciência do indivíduo em sociedade adquirindo autonomia para

modificar positivamente o meio ambiente vivencial, organizacional e institucional

para o desenvolvimento de melhorias no cotidiano, de maneira contínua e dinâmica

visando o bem-estar, vida saudável e qualidade de vida (ERDMANN et al., 2004).

A promoção da saúde inclui a prevenção das doenças, acidentes e violência,

além de seus fatores de risco, tratamento e reabilitação. As intervenções do

processo saúde-doença envolvem ações para promoção da saúde visando

transformar o estilo de vida do indivíduo ao conduzir e estimular a adequação do

comportamento e hábitos saudáveis da população. A promoção da saúde engloba o

cuidado com alimentação e nutrição, habitação, saneamento, condições adequadas

de trabalho, educação, autocuidado com a saúde e outras situações (BUSS, 2002).

A assistência direcionada somente para a doença demonstra negligência com

o ser humano. A busca pela saúde considera o indivíduo com determinantes

biológicos, psíquicos e sociais e, ainda, a assistência responsável e comprometida,

14

exerce cuidado humanizado e atuante no cotidiano das pessoas (BARROS;

QUEIROZ; MELO, 2010).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é um estado de

bem estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença (ORLEY et

al., 1998 apud FLECK et al., 1999). E, de acordo com o Grupo de Qualidade de Vida

da OMS, qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no

contexto da cultura e sistema de valores, nos quais ele vive e em relação aos seus

objetivos, expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL GROUP, 1994 apud

FLECK et al., 1999).

Buscando melhor entendimento sobre bem estar e qualidade de vida na

população, foram desenvolvidos alguns instrumentos de avaliação. Dentre eles está

o Whoqol-100, do Grupo de Qualidade de Vida da OMS. Este instrumento é dividido

em seis domínios: psicológico, físico, nível de independência, relações sociais,

ambiente e espiritualidade. Cada domínio é constituído por facetas que são

avaliadas por quatro questões, formando ao todo 24 facetas específicas (FLECK et

al., 1999).

2.2 ENVELHECIMENTO, EQUILÍBRIO CORPORAL E SAÚDE

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de

crescimento da população brasileira, desde os anos de 1960, está em declínio

gradual. Mas, espera-se que o Brasil ainda apresente relevante crescimento

populacional até 2039, quando atingirá crescimento zero. E, com os avanços e

melhorias da medicina e das condições de vida da população, verifica-se um

gradativo aumento da expectativa de vida; muitos indicadores comprovam o

processo de envelhecimento da população. Estima-se que, entre 2035 e 2040, o

índice de idosos seja 18% superior ao de crianças no país (IBGE, 2008).

O envelhecimento é processo dinâmico e progressivo, com o surgimento de

alterações no organismo, que acarretam maior incidência de doenças e tornam o

indivíduo mais vulnerável. Isso provoca redução da capacidade funcional e influencia

no comportamento e na adaptação do idoso ao meio social em que vive,

15

comprometendo a qualidade de vida do indivíduo (SOUZA; SKUBS; BRÊTAS,

2007).

De acordo com Hazin (2012), o declínio biológico é o responsável pela

associação preconceituosa da velhice à sua representação negativa em função de

doenças e dificuldades funcionais que surgem com o avançar da idade. No entanto,

o avanço da medicina permite ao idoso viver de forma satisfatória mesmo com

certas limitações e doenças. Não existe correspondência linear entre idade

cronológica e biológica, pois, o envelhecimento humano é resultado de vários fatores

genéticos, biológicos, sociais, ambientais, psicológicos e culturais, sendo uma

experiência diferente para cada indivíduo. Portanto, os estímulos externos têm

importante papel na promoção de uma velhice ativa e com qualidade de vida.

Contudo, ainda que sejam mais ativos, os idosos não estão isentos dos efeitos do

inexorável processo de envelhecimento.

Por sua vez, o envelhecimento saudável é a interação entre saúde física e

mental, independência nas atividades de vida diária (capacidade de vestir-se, tomar

banho, fazer higiene, alimentar-se), integração social, suporte familiar e

independência econômica (MOTTA; AGUIAR, 2007).

O envelhecimento saudável e ativo é um conceito preventivo que acompanha

o indivíduo durante a vida e pode ser promovido graças às políticas públicas

específicas, com ênfase sobre a capacitação do idoso, que visa mais saúde,

qualidade de vida, participação social e segurança, fortalecendo sua independência

e autonomia (APÓSTOLO, 2013).

No momento atual, o Brasil vem apresentando transformações no padrão

etário da população, e verifica-se a ascensão de pessoas em idade ativa (15 a 64

anos). Contudo, observa-se um acelerado processo de envelhecimento implicando

em adequações nas políticas sociais, principalmente, na área da saúde, previdência

e assistência social. Estas transformações no perfil demográfico brasileiro devem ser

acompanhadas por medidas que promovam o bem-estar da população, que, logo se

verá frente a um dilema pouco comum até passado recente. Destaca-se, entre as

medidas e novos dilemas, a necessidade de reestruturação de edificações públicas,

privadas e residenciais, meio de transporte, mobiliário urbano, mercado de trabalho,

sistemas público e privado de saúde, para que assegurem a inclusão na sociedade

cada dia mais idosa (IBGE, 2013).

16

O sistema proprioceptivo é o ponto inicial de contato do ser humano com o

ambiente. O sistema vestibular controla a posição do corpo, o movimento dos olhos

e a percepção espacial visando o equilíbrio corporal (CAOVILLA, 1998).

Os sistemas visual, musculoesquelético e vestibular, além da associação

desses sistemas com o sistema nervoso central são responsáveis pelo equilíbrio

corporal. Essas estruturas podem reduzir sua capacidade funcional no decorrer do

envelhecimento. Assim, o acometimento vestibular no idoso tem relevância, pela

dificuldade de tratamento e comprometimento de outros órgãos e sistemas, bem

como, por acarretar limitações das atividades da vida diária. Ainda, os distúrbios do

equilíbrio corporal levam a maior incidência de quedas e alteram as funções

comportamentais do idoso (FUKUDA, 1998).

Com o avanço da idade, ocorre prejuízo do equilíbrio corporal que culmina em

queixas de tontura, zumbido, vertigem, distúrbio da marcha, hipersensibilidade a

sons e déficit auditivo. Neste contexto, os idosos, em sua maioria mulheres,

apresentam sintomas psicológicos como ansiedade, problemas relacionados à

memória e concentração e medo, além de sintomas como insônia, dores de cabeça

e complicações na percepção de objetos e espaço (GAZZOLA et al., 2006a;

GAZZOLA et al., 2006b).

Os idosos com vestibulopatias apresentam medo de queda e maior tendência

a quedas, sendo que este evento ocorre com maior frequência pela manhã e em

maior número no ambiente residencial, por escorregamento, vertigem, tontura ou

tropeço e, principalmente, no banheiro ao tomar banho, mesmo com o ambiente

adequadamente iluminado. Por isso, há necessidade de prevenção da queda

reduzindo os riscos ambientais (GANANÇA et al., 2006).

Em razão das queixas relacionadas aos distúrbios do sistema vestibular, os

idosos restringem suas atividades da vida diária após a queda (GANANÇA, et al.,

2006), devido às limitações impostas pelos sintomas, dentre elas, a tontura

(GAZZOLA et al., 2006b) e apresentam prejuízo na qualidade de vida

(ZAMBENEDETTI; SLEIFER; FIORINI, 2011).

Ainda, os distúrbios do sistema vestibular levam a alterações

comportamentais, causando depressão leve/moderada e, em alguns casos,

depressão grave (CAVEIRO; PELUSO; BARREIRO, 2013).

A prevenção de quedas focada no idoso com tontura é realizada por meio de

avaliação e orientação médica, exercícios e treinamentos individualizados buscando

17

o fortalecimento dos sistemas motor e sensoriais e, também, por meio da

modificação do ambiente residencial, visando reduzir as queixas vestibulares e

restabelecer o equilíbrio corporal e a qualidade de vida do idoso (RODRIGUES;

SOUZA; GAZZOLA, 2011).

A queda modifica o comportamento e a capacidade funcional do idoso,

impactando sua qualidade de vida. A frequência e consequência das quedas são

proporcionais à vulnerabilidade do indivíduo e ocorrem, geralmente, ao realizar as

atividades rotineiras (NÓBREGA, 2014).

No que se refere ao equilíbrio corporal, principalmente nos idosos, um

ambiente mais adequado (ambiência) pode contribuir para melhorar a qualidade de

vida dessas pessoas, ao contribuir para a sua capacidade funcional e, com isso,

facilitar a realização das tarefas cotidianas. As disfunções dos sistemas que

participam conjuntamente da manutenção do equilíbrio corporal devem ser

minimizadas em prol da segurança, especialmente, para evitar quedas nos idosos,

cujas consequências são muito relevantes nessa população (MENDES, 2007).

2.3 DESIGN E AMBIÊNCIA

A ambiência na saúde refere-se ao tratamento dado no espaço físico

entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais. Proporciona

novos arranjos e pactos sustentáveis envolvendo a todos e fomentando a

participação efetiva da população, a autonomia e protagonismo dos sujeitos, a

corresponsabilidade entre eles, os vínculos solidários e a atenção acolhedora,

resolutiva e humana (BRASIL, 2010a). A adequação dos serviços ao ambiente e à

cultura local respeitando a privacidade e promovendo a ambiência acolhedora e

confortável é fator auxiliar na produção da saúde e no estabelecimento da

humanização (BRASIL, 2004).

O Plano Nacional de Humanização (PNH) mostra o esforço de abordagem

completa e holística às necessidades do ser humano e seu foco vai desde a oferta

de serviços e de tecnologias de cuidado e gestão, até a criação de ambientes que

sejam promotores de integração dos usuários e familiares no cuidado à saúde e

18

promotores de qualidade nos serviços prestados, e que resultem em conforto,

segurança e bem estar a todos os envolvidos (FREITAS et al., 2013).

O conceito de ambiência nos espaços da saúde considera as interrelações

espaciais e sociais que são vivenciadas pelo indivíduo ou por um grupo com seus

valores culturais, e segue três eixos: o espaço que visa à confortabilidade focada na

privacidade, individualidade e garantia de conforto para profissionais e usuários; o

espaço que possibilita a produção de subjetividades e auxilia nas relações do

processo de trabalho, e o espaço como otimizador e facilitador do processo de

trabalho humanizado (BRASIL, 2010a).

Algumas considerações nas características do espaço físico levam ao objetivo

de contribuição para o bem-estar e recuperação do paciente, dentre elas, o

fornecimento ao paciente do controle e/ou sensação de controle do ambiente físico,

pois este é um fator que influencia o nível de estresse para alguns indivíduos,

principalmente, àqueles já abalados física e psicologicamente; criar distrações

positivas, estímulos sensoriais junto aos elementos que compõem o ambiente; a

utilização de cores e iluminação que busquem tornar o ambiente aconchegante, ou

com atmosferas que interfiram positivamente nas emoções do paciente; utilizar

formas cuja influência desempenhe dinamismo, redução de estresse e segurança no

processo de tratamento, por exemplo, uma planta arquitetônica radial com quartos

ao redor do posto de enfermagem; fornecer privacidade ao paciente; auxiliar no

suporte social ao prever espaços confortáveis para familiares, visitantes e

acompanhantes (HOREVICZ; CUNTO, 2007).

A ambiência deve trazer segurança, conforto, independência e qualidade de

vida ao idoso, gerando mais capacidade e confiança para enfrentar as adversidades

do envelhecimento (HAZIN, 2012). O ambiente interno, local onde a ambiência é

idealizada e executada, satisfaz a necessidade básica de abrigo e proteção. As

atividades da vida diária são executadas nestes ambientes e, assim, um ambiente

pode potencializar as capacidades físicas, mentais e sociais do idoso, auxiliando-o a

alcançar seus objetivos de vida. Dessa forma, a ambiência adequada estimula o

equilíbrio funcional do organismo, o comportamento e a personalidade humana,

trazendo resultados positivos no cotidiano (CHING; BINGGELI, 2013).

Neste contexto, segundo relato de Gomes Filho (2003), a ambiência é o

espaço físico organizado para as atividades que o indivíduo realiza no cotidiano,

referenciando os fatores estético, psicológico e cultural. O ambiente abrange e

19

envolve os indivíduos e todos os demais elementos que o compõem, além das

variadas atividades humanas.

A ambiência de diversos espaços físicos, como, ambientes residenciais,

comerciais, coorporativos e institucionais é primordial para promover a saúde, sendo

que a habitação é o mais vulnerável para o desenvolvimento desta promoção

(COHEN et al., 2007). Assim, estes espaços devem assegurar redução de riscos

trazendo mais segurança, saúde e qualidade de vida e prevenindo condições

inadequadas que causam doenças e agravos à saúde (BRASIL, 2010b).

Da infância até a fase idosa, há necessidades físicas, psicológicas e sociais

diferentes, além de exposição a situações de riscos específicos a cada faixa etária.

Desse modo, é necessário buscar por soluções de ambiência que sejam inerentes a

cada faixa etária, já que o meio ambiente como um todo é fundamental ao

aprimoramento da saúde (SUCUPIRA, 1998). Segundo a World Health Organization

(WHO), a ambiência que garante a saúde do usuário e busca a sua independência

no ambiente, está adequada à idade do indivíduo para auxiliar o processo de

envelhecimento saudável (WHO, 2005). Ainda, para Tomasini (2005), o ambiente

para o idoso deve servir como facilitador e atenuador das dificuldades e deve

propiciar adaptações necessárias para a continuidade da vida independente e

satisfatória.

A ambiência, que compreende as necessidades específicas de saúde e

segurança do idoso, pode evitar a queda destes indivíduos, causa crescente de

lesões e óbitos na população idosa. As consequências das quedas são mais graves

para os idosos em relação aos mais jovens, pois há necessidade de longos períodos

de internação e reabilitação, além da possibilidade de risco de dependência

posterior. Além disso, quedas são frequentes no ambiente residencial, em geral

ocasionadas por objetos que obstruem o caminho, iluminação insuficiente, pisos

desnivelados e escorregadios e pela falta de corrimões ou barras de apoio ao longo

do espaço destinado à circulação, principalmente, nas rampas e escadas. Os idosos

que residem em ambientes com altos índices de risco à saúde e segurança estão

mais propensos ao isolamento, depressão e problemas de mobilidade (WHO, 2005).

Segundo a Associação Brasileira de Design (ABD), o design de interiores, é

responsável pela elaboração e execução da ambiência de interiores residenciais,

intervenções em residência unifamiliares e comunitárias e de interiores comerciais,

neste último caso, com intervenções em ambientes de saúde (clínicas, consultórios,

20

entre outros), além de uma variedade de espaços ligados à prestação de serviços e

comércio (ABD, 2015).

Segundo Bürdeck (2002), o conceito de design foi mencionado pela primeira

vez, em 1588, pelo Oxford English Diccionary, que o descreveu como um projeto ou

um esboço elaborado para algo que se deseja realizar; é o primeiro desenho,

necessário para execução de uma obra de arte ou de um objeto de arte aplicada.

Design significa concepção de um produto, especificamente no que se refere

a sua forma física e funcionalidade, bem como, o produto dessa concepção. É

considerado também como desenho industrial, desenho de produtos, programação

visual e desenho para fins científicos e técnicos. A palavra design tem como

antepositivo sign, e podemos considerar a origem desta em latim signo, as, avi,

atum, are que significa marcar com um sinal, selar, imprimir, gravar, e tem como

derivação a palavra designo, as, are que significa desenhar, designar, indicar,

dispor, ordenar; pode-se incluir também a cognação do latim signum que significa

sinal, marca distintiva (HOUAISS; VILLAR, 2001).

O design cria projetos que compreendem qualidade semiológica, estética e

técnica aos objetos, processos, serviços e sistemas. Em seus projetos, o design visa

à ética global, determinando soluções que prezam pela sustentabilidade e proteção

ambiental; à ética social, oferecendo projetos que beneficiam a sociedade, bem

como, prezam pelo uso por todos, e à ética cultural, apoiando a diversidade cultural.

Assim, o design é primordial para a humanização de tecnologias, pois envolve áreas

interdisciplinares, como o design de produtos, design gráfico, design de interiores e

a arquitetura, que interagem entre si e com outras áreas do conhecimento (ICSID,

2005).

Para elaborar projeto de ambiência que vise conforto, estética, saúde e

segurança, deve-se estudar o comportamento humano; preservar e aplicar aos

projetos os aspectos sociais, culturais e artísticos intrínsecos a cada indivíduo, seus

objetivos e necessidades; projetar de acordo com normas técnicas da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e especificar cores, materiais e tecnologias,

revestimentos e acabamentos. Demonstra, também, que há relação entre a

atividade do designer de interiores com o arquiteto, sem, contudo, confundirem-se. A

ambiência sendo projeto de design de interiores está intimamente ligada à saúde e à

segurança da população, a exemplo das considerações da Medicina do Trabalho

21

sobre projetos de ambientes laborais inadequados, que podem trazer doenças que

provocam alto índice de afastamento do trabalho no Brasil (BRASIL, 2012).

A ambiência satisfaz as necessidades do homem no ambiente. Está

fundamentada no homem, no espaço e na integração entre eles. Para elaborar

ambiência, o design de interiores considera os aspectos físicos, psicológicos,

culturais, sociais e econômicos referentes ao indivíduo, além das características do

espaço físico como as funções do ambiente, detalhes técnicos e características

arquitetônicas, dentre outras. Assim, para que o projeto alcance seu objetivo, o

design de interiores, no decorrer do processo criativo, segue uma metodologia de

projeto que tem início na pesquisa, análise e integração de conhecimentos

(GUBERT, 2011).

O processo criativo da ambiência segue algumas etapas fundamentais, da

idealização à execução. Dentre essas etapas, a pesquisa e análise do cliente é fator

relevante para garantir funcionalidade, conforto, segurança e qualidade estética ao

projeto. A pesquisa sobre o cliente materializa-se em documentos e estudos

preliminares e ao fundir-se com conhecimentos técnicos de projeto, arquitetura e

interiores são geradas propostas e soluções de acordo com o orçamento do cliente.

Assim, são estabelecidos conceitos de projeto, e selecionados os materiais,

revestimentos acabamentos, cores, tudo em consonância com os aspectos

funcionais, psicológico, social do cliente, e principalmente, em consonância com o

meio ambiente e a sustentabilidade, além da especificação de mobiliário,

equipamentos, sistemas e produtos contidos no projeto, e do orçamento e

elaboração de cronograma para execução. Após estas etapas é elaborado o projeto

para execução da ambiência: planta baixa, layout (planta de organização dos

ambientes com disposição de mobiliário), elevações, detalhamento de elementos

construtivos (piso, forro, paredes, pontos hidráulicos, pontos elétricos, iluminação,

comunicação, design de mobiliário, paisagismo), entre outros (ABD, 2015).

2.3.1 O processo criativo do design para ambiência, acessibilidade e inclusão social

A metodologia na ambiência objetiva fundamentar o projeto e instrumentalizar

o designer para a concepção. O método é mediador do processo criativo e está

22

presente em cada etapa do projeto de ambiência, incluindo o percurso investigatório.

O conhecimento para elaboração de um projeto depende da natureza do problema a

ser tratado pelo designer ao elaborar a ambiência e depende de outras áreas do

conhecimento, ou seja, é uma atividade interdisciplinar (FACCA, 2008).

Por metodologia compreende o ramo da lógica que se ocupa dos métodos

das diferentes ciências; parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela

própria recorre. O método é o procedimento, técnica ou meio de se fazer alguma

coisa de acordo com um plano; processo organizado, lógico e sistemático de

pesquisa, atividade, ensino e prática (HOUAISS; VILLAR, 2001).

Para ambiência deve-se ter uma atuação com responsabilidade no decorrer

do processo criativo. Assim, o projeto deve conceber soluções com atenção às

necessidades do indivíduo a quem se destina a ambiência. Projetar é compreender

a natureza do problema e reconhecer e ser coerente com a realidade de uso, ou

seja, a relação dos usuários com o ambiente. A ambiência envolve o conhecimento

do design de interiores e conhecimentos relacionados às implicações e os reflexos

das relações humanas e ambientais (FONSECA; RHEINGANTZ, 2009, CHING;

BINGGELI, 2013; GIBBS, 2014).

Segundo Gubert (2011), o processo criativo da ambiência pelo design de

interiores é a elaboração do conceito do projeto, a atribuição de significado por meio

de uma lógica criativa. Estabelece relações subjetivas que envolvem os objetos de

pesquisa visando sugerir o tema, estilo, sensações, cores, texturas, a atmosfera e a

semântica do ambiente.

O propósito de qualquer ambiência é organizar o espaço físico como um todo

de forma alcançar os objetivos. O processo criativo, sequência de análises, síntese e

avaliação de informações, intuição e soluções possíveis, é um ciclo interativo

repetido até que alcance um ajuste adequado entre o que existe e o que se deseja.

A definição e entendimento do problema, o início, é parte essencial para a solução

de projeto. As definições especificam as metas e objetivos do projeto de ambiência.

Por conseguinte, a análise do problema exige que este seja decomposto, as

limitações e condicionantes sejam identificadas e as questões levantadas sejam

esclarecidas. A síntese, coleta e respostas para as várias questões e aspectos da

problemática formulando soluções coerentes, parte da análise do problema e seus

componentes (CHING; BINGGELI, 2013).

23

Um projeto de design de interiores possui quatro fases: a primeira fase

consiste na reunião de informações, nesta fase é elaborado o programa de

necessidades; na segunda é feita a análise das informações que serão a base para

as proposições e soluções de projeto, faz parte dessa etapa, também, o

desenvolvimento criativo, que é norteado por princípios e normas fundamentais do

design; na terceira fase o projeto executivo é elaborado, e na quarta fase o projeto é

executado, finalizado e entregue ao cliente (GIBBS, 2014).

O processo criativo em ambiência inicia-se na identificação do perfil do

indivíduo a quem é destinado o projeto (contexto físico, sociocultural, psicológico e

econômico), no conhecimento das suas necessidades pertinentes às atividades a

serem realizadas em cada ambiente que será projetado. Portanto, é necessário o

levantamento das características, dimensões do espaço físico que será trabalhado e

dos equipamentos, mobiliário e acessórios a serem usados, além da compreensão

do comportamento do indivíduo, ou seja, a relação entre homem/espaço (GUBERT,

2011).

A coleta de informações que visa à identificação das necessidades em torno

da relação homem/espaço é chamada briefing ou programa de necessidades. É feito

o mais detalhado possível, por meio de questionário que delineia o perfil e estilo de

vida do indivíduo. Ainda, no programa de necessidades, consta a coleta de dados do

ambiente a ser trabalhado, que deve ser medido e analisado (GIBBS, 2014).

Após o levantamento das informações, para dar seguimento ao processo e

para o melhor aproveitamento destas, há um trabalho de tradução, interpretação,

adaptação e combinação. O importante não é gerar um conhecimento específico

que só pode ser aplicado num determinado momento ou projeto, é tornar o designer

apto a projetar novos produtos de forma cada vez mais criativa (FACCA, 2008).

A ambiência não é definida no ato, mas se constrói através da evolução do

processo criativo. As informações do programa de necessidades são transformadas

em linguagem visual - desenhos, esboços - e as pesquisas sobre a problemática no

decorrer do processo, bem como, estudos projetuais relativos ao desenho do objeto

adiciona informação e refina o produto. Nesse sentido, o processo criativo é

aprendizagem. O estudo do objeto e as condições de uso dele necessitam de vários

suportes, como sistemas de informação (Referências, códigos, manuais, entre

outros), desenhos, modelos, cálculos, simulações e discussões (opiniões do cliente,

usuário, colaboradores, entre outros). A qualidade do sistema de informação reflete

24

diretamente no processo de projeto e na qualidade do produto final

(KOWALTOWSKI et al., 2006).

O design de interiores preocupa-se com diversos critérios de projeto: função e

objetivo; projeto funcional, econômico e sustentável; estética agradável, com

equilíbrio e harmonia visual e a todos os demais sentidos; emissão de estímulos

com significados coerentes, e promoção de associações positivas às pessoas que

usam e experimentam o ambiente (CHING; BINGGELI, 2013).

Produtos, serviços e ambientes elaborados por práticas de design limitativas,

ou seja, práticas que não levam em conta o perfil do usuário e suas necessidades

específicas e, ainda, que generalizam o dimensionamento humano, consideram o

indivíduo sem qualquer tipo de limitações e com fácil integração no espaço geram

situações de segregação e exclusão social tornando o indivíduo dependente e sem

autonomia para participação na sociedade. Um projeto alheio às diversidades do ser

humano, em variações antropométricas e capacidade física e intelectual, pode

provocar exclusão social do indivíduo, em qualquer fase da vida, e/ou com

deficiências permanentes, ou mesmo, deficiências temporárias (SANTOS, 2012).

Assim, todos os indivíduos, independentemente da sua condição social,

racial, faixa etária, com limitações e deficiências têm direito à integração na

sociedade, fazer uso de espaços e equipamentos que os permitam viver com

dignidade, respeitabilidade e qualidade de vida. Na abordagem inclusiva está

intrínseca a ambiência (ambiente saudável), por considerar, também, as

necessidades específicas dos indivíduos em termos de funcionalidade e deficiência

e que exigem adequações personalizadas (CARVALHO, 2006).

Deste modo, o design inclusivo surge com o objetivo de elaborar ambientes,

produtos e serviços com utilização igual para todos, independentemente de sofrerem

limitações ou não. O design inclusivo está presente nos conceitos de design

universal e design para todos (os dois possuem o mesmo objetivo de inclusão social

com pequenas variâncias no método). O design inclusivo é diferente de design

acessível, pois, este último, soluciona somente as necessidades do indivíduo com

deficiência permanente, elaborando ambiência e produtos personalizados para

diferentes tipos de deficiência (SANTOS, 2012).

Conforme The Centre for Excellence in Universal Design (CEUD), a

ambiência seguindo os princípios do design universal favorece a acessibilidade do

ambiente e seus elementos para uma grande diversidade de indivíduos,

25

independente da idade, dimensões corporais, capacidades ou limitações. O design

universal é primordial para um bom design, pois considera as diversas necessidades

e habilidades do usuário ao projetar e, não deve ser visto como um benefício apenas

para uma pequena parcela da sociedade. Neste contexto, o design universal possui

sete princípios que guiam na elaboração de ambiência, produtos e comunicação. O

primeiro princípio está relacionado ao uso equitativo em que os projetos devem ser

elaborados para uma diversidade de pessoas e habilidades; o segundo diz sobre a

flexibilidade de uso que possibilitando o uso por indivíduos com capacidades e

limitações diferentes; o terceiro é a simplicidade e uso intuitivo para ter fácil

compreensão de todos, independente da experiência de uso, nível intelectual ou

nível de concentração; o quarto é a informação perceptível, segunda a qual, o objeto

comunica somente o necessário, reduzindo a poluição visual; o quinto é a tolerância

ao erro que minimiza o risco de acidentes e aumenta a segurança ao prever e

reduzir possibilidades de erro humano; o sexto reduz o esforço físico, pois prioriza a

eficiência e o conforto para evitar a fadiga, e o sétimo é o dimensionamento,

posturas e mobilidades adequadas ao uso e ao indivíduo (CEUD, 2015).

Para a Design for All Foundation (DA), o “design para todos” é sinônimo de

design inclusivo e design universal, e tem como objetivo garantir acessibilidade e

condições igualitárias para todos, incluindo futuras gerações, independente de faixa

etária, gênero, capacidades e nível cultural. Os critérios para elaboração de projetos

visam respeito à diversidade de usuários, e a outras características: como,

segurança, saúde, funcionalidade, sustentabilidade, acessibilidade e aceitabilidade.

Neste sentido, o projeto não deve causar riscos à saúde ou problemas para aqueles

que já sofrem com alguma limitação; tem fácil acesso e compreensão para

diferentes níveis cultural e intelectual ou, até mesmo, para aqueles indivíduos que

possuem compreensão limitada. O projeto busca a sustentabilidade, garantindo a

mesma oportunidade para futuras gerações; é acessível a todos, além de atraente,

emocional e socialmente aceitável (DA, 2015).

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a

acessibilidade, compreende a possibilidade e capacidade de alcance, além da

percepção e compreensão necessária para utilizar um ambiente, produto e

mobiliário. Assim, para que o projeto possa ter resultado final acessível, deve ter a

possibilidade de alcance, utilização e vivência por qualquer pessoa, principalmente,

26

aquelas que possuem mobilidade reduzida. Ser acessível envolve a acessibilidade

física e de comunicação (ABNT, 2004).

O envelhecimento causa redução da mobilidade e menor capacidade

funcional nos idosos. A dificuldade de locomoção, os distúrbios do equilíbrio corporal

no indivíduo com idade avançada, bem como o medo de cair associado à fraqueza

muscular e as lesões temporárias ou permanentes, levam o idoso a utilizar

dispositivos de auxílio à marcha para que previna quedas, melhore o equilíbrio

corporal e a capacidade funcional, gerando independência e melhorias na qualidade

de vida (RICO et al., 2012).

Por isso, a ambiência é impactante sobre o homem, notadamente para o

indivíduo que passa por tratamentos de saúde e/ou sofre com alguma doença física

ou mental (CLEMESHA; FAGGIN, 2005).

2.4 ERGONOMIA E FATORES HUMANOS NA AMBIÊNCIA

O design de interiores utiliza a ergonomia para orientar o planejamento do

ambiente, e aprimorar o uso dos espaços físicos e dos elementos que integram a

ambiência. Então, para projetar ambientes adequados, confortáveis e funcionais

busca-se compreender o indivíduo e aplicar os estudos ergonômicos de acordo com

o usuário e o espaço físico. Dos aspectos relevantes tratados pela ergonomia na

ambiência há conhecimentos sobre o espaço individual (distância ideal entre

indivíduos de acordo com a situação e a atividade) e o dimensionamento humano,

postura e movimento do homem ao realizar uma atividade, associados aos

conhecimentos de antropometria (GIBBS, 2014).

A ergonomia, também conhecida como fatores humanos, trata da

compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um

sistema. Aplicam teorias, princípios dados e métodos a projetos que visam aprimorar

o bem estar humano e a desempenho global dos sistemas. Contribui para

planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalhos, produtos,

ambientes e sistemas para torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades

e limitações das pessoas. O termo é derivado do grego ergon (trabalho) e nomos

(leis) para denotar a ciência do trabalho, sendo inicialmente orientada aos sistemas

27

e modernamente se estende por todos os aspectos da vida humana. Os estudos

ergonômicos fazem considerações de ordem física, cognitiva, social, organizacional,

ambiental e de outros aspectos relevantes (IEA, 2000).

No início, os estudos e aplicações da ergonomia se relacionavam somente

aos objetivos militaristas, para a elaboração de instrumentos bélicos, espaciais e

industriais. Posteriormente, os conhecimentos passaram então a ser aplicados, a

melhorias da vida cotidiana da sociedade. Assim, com a expansão dos estudos no

campo da ergonomia pelo mundo, foram iniciados estudos específicos, inserindo

pesquisas sobre mulheres, pessoas idosas e deficientes físicos, contribuindo para a

inovação nos afazeres cotidianos (IIDA, 2005).

Os domínios de especialização da ergonomia, não são mutuamente

exclusivos e evoluem constantemente, representam profundas competências em

atributos humanos específicos e características das interações humanas entre si e

destes com os sistemas. A ergonomia física envolve as características da anatomia

humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à atividade física.

Os tópicos relevantes incluem a postura, manuseio de materiais, movimentos

repetitivos e distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho e realização

de tarefas, ambientes no qual será realizada as tarefas, segurança e saúde. A

ergonomia cognitiva engloba os processos mentais, tais como, percepção, memória,

raciocínio, e resposta motora, conforme afetam interações entre seres humanos e

outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem carga mental de

trabalho, tomada de decisão, desempenho especializada, interação homem-

computador, estresse, e treinamento conforme estes se relacionam aos projetos

envolvendo seres humanos e sistemas. A ergonomia organizacional, visa à

otimização de sistemas sócio-técnicos, incluindo estruturas organizacionais, políticas

e processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, ergonomia comunitária

dentre outros (IEA, 2000).

Conforme relato de Dul e Weerdmeester (2012), a ergonomia deve atender

aos objetivos sociais (bem-estar), prevenindo problemas de saúde e aos objetivos

econômicos (desempenho), contribuindo para redução de custos sociais, como o

tratamento das doenças, melhoria do desempenho e aumento da qualidade e

produtividade.

De fato, a chamada ergonomia ambiental visa o bem-estar, a saúde e a

qualidade de vida dos indivíduos e está estreitamente relacionada com a ambiência.

28

Em um ambiente físico, vários fatores contribuem para um estado de segurança ou

insegurança para o indivíduo. Aspectos prejudiciais podem estar presentes no

ambiente ou em posturas desenvolvidas na execução de tarefas. Os fatores

abordados pela ergonomia, como posturas, movimentos corporais, adequações

ambientais, percepções, cargos e tarefas, quando adequadamente conjugados,

contribuem para o planejamento de um ambiente seguro, saudável e confortável, o

que favorece o desenvolvimento das atividades sem comprometer o corpo físico,

resultando em maior eficiência e produtividade ao indivíduo (HAZIN, 2012).

Elaborar um projeto a partir do enfoque ergonômico é antever sua utilização,

objetivando identificar o elenco de variáveis condicionantes envolvidas na

adequabilidade do ambiente construído. Uma completa avaliação ergonômica do

ambiente abrange um vasto leque de variáveis, composto pelos elementos de

antropometria, da percepção ambiental, da ergonomia cognitiva e da Análise

Ergonômica do Trabalho (AET), além dos conceitos de conforto térmico, acústico,

lumínico, cromático e de acessibilidade integral (FONSECA; RHEINGANTZ, 2009).

A ergonomia deve ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de

ambiência, considerando as características do usuário e do ambiente para alcançar

a solução ideal de projeto. A ergonomia antevê o sistema ambiental identificando a

diversidade de fatores humanos (o homem e seus aspectos físicos, psicológicos e

sociais); os diversos fatores ambientais (temperatura, ruídos, luz, cores e outros), e a

máquina ou objeto (instrumentos utilizados no desenvolvimento das atividades

cotidianas, mobiliário e objetos que compõem a ambiência). Assim, as

características do homem, do ambiente e dos objetos são adequadas

reciprocamente durante o processo criativo, auxiliando nas capacidades e limitações

do usuário; facilitando a sua adaptação ao uso e manuseio; reduzindo as

consequências prejudiciais de fadiga, estresse e acidentes, e proporcionando

segurança, satisfação, conforto, saúde e qualidade de vida (IIDA, 2005).

Segundo Dul e Weerdmeester (2012), a ergonomia, aplicada na ambiência,

reúne informações, analisa e integra conhecimentos relevantes de diversas áreas,

entre os quais, podem ser citados:

Percepção ambiental: é a interação entre o homem e o ambiente, onde será

realizada determinada atividade. Os elementos que compõem a ambiência

emitem estímulos que são percebidos pelo sistema visual, auditivo, tátil,

cinestésico, entre outros sistemas do organismo humano e, esses estímulos

29

causam reações no indivíduo que está utilizando o ambiente. O objetivo da

ambiência é fazer com que a reação do indivíduo frente à percepção do ambiente,

que está utilizando, seja de bem-estar, segurança, conforto e eficiência.

Antropometria: estudo das dimensões e proporções do corpo humano. Formula as

recomendações sobre postura e movimento. É importante para a ergonomia, pois,

tanto no trabalho quanto na vida cotidiana, posturas e movimentos inadequados

e/ou prolongados causam tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e

articulações, resultando em dores musculares e articulares, bem como prejuízo à

saúde.

Conforto ambiental: estudo dos fatores ambientais - ruído, luz, clima, cor - para

favorecer o conforto acústico, lumínico, térmico, cromático, entre outros estudos

específicos.

2.4.1 Percepção ambiental

Ao construir o meio ambiente são utilizados valores objetivos como forma,

função, cor, textura, temperatura ambiental, iluminação, sonoridade, significante e

simbologia, sendo que cada um destes valores resulta no espaço dimensionado,

funcional, sonoro, colorido, significante, e a somatória deles resulta no espaço da

comunicação e no espaço construído (OKAMOTO, 2002).

O espaço construído é onde ocorrem as interações entre o homem e a

sociedade e também entre o homem e os objetos que compõem o espaço, além da

interação com o próprio espaço. A comunicação ou transmissão de informações só

ocorre quando há uma fonte, um meio e um receptor, e este último, recebe e

interpreta corretamente a mensagem que a fonte deseja transmitir. Portanto, a

transmissão de informação no espaço construído é a transferência contínua de

energia (estímulos) entre os componentes e os usuários do espaço físico, podendo

haver alternância da fonte de recepção e emissão entre estes, e muitas vezes a

informação é armazenada na memória para comunicações futuras (IIDA, 2005).

De fato, a vida acontece dentro de espaços físicos internos e externos

privados ou coletivos que transmitem estímulos podendo trazer diferentes

sensações influenciando o comportamento humano. Os elementos que compõem a

30

ambiência de um espaço físico como cores, proporção, entre outros, são refletidos

pelo homem por padrões de comportamento de acordo com a absorção de

estímulos dos sentidos e fatores subjetivos de cada indivíduo. Assim, a percepção

humana de um ambiente depende da vivência de cada um, dos valores sociais e

culturais, e podem ter semelhança de padrão da percepção entre os indivíduos de

uma mesma sociedade (BESTETTI, 2010).

Para a realização de atividades no ambiente há necessidade da percepção

humana para captação de informações e tomada de decisões. O processo de

percepção engloba em sua fase preliminar a sensação do organismo frente os

estímulos. Assim, para completar o processo de percepção, há necessidade das

informações armazenadas na memória para poder converter as sensações em

significados, relações e julgamentos. Quanto mais intenso o estímulo, mais

perceptíveis e rápidas serão as respostas do organismo (IIDA, 2005).

Para Okamoto (2002), a sensação do ambiente pelos estímulos contínuos

desse meio, onde nem sempre é um processo consciente, e são selecionados,

somente, os aspectos de interesse ou que tenham chamado atenção, resultando em

uma resposta que conduz a um comportamento.

Há um sentido preferencial ou dominante no homem, dependendo do

desenvolvimento e poder de análise e definição de cada sistema sensorial e sua

junção com o juízo de valor que se faz frente à determinada ambiência. O sentido da

cinestesia, assim como os sentidos da visão e audição, visam equilíbrio e segurança

e buscam sensações ambientais no contato com formas, dimensões, volumes,

texturas com Referência naquelas já vivenciadas em experiências anteriores. Assim,

a percepção depende do nível de acuidade dos sistemas sensoriais e pode ser dita

seletiva, pois absorve os estímulos de acordo com a capacidade sensorial do

indivíduo, além de ser afetiva, pois, depende da vivência anterior (BESTETTI, 2010).

Os estímulos emitidos pelo ambiente encontram barreiras em seu percurso. A

percepção dos estímulos depende das condições do indivíduo e de características

de caráter sensorial, que variam de acordo com a capacidade cognitiva e/ou de

acordo com a suficiência ou deficiência dos sentidos (OKAMOTO, 2002).

Neste sentido, a percepção é o processo fisiológico de interpretação dos

estímulos sensoriais emitidos pelo ambiente a partir da memória e experiências

vividas pelo indivíduo. Assim, a percepção ambiental na velhice é complexa, pois, há

uma vasta experiência, história de vida, memória e, principalmente, o passado torna-

31

se referência fazendo com que, qualquer mudança, seja uma perturbadora quebra

de referencial. Observa-se que a casa e o ambiente são modificados pelo indivíduo

no decorrer da vida ao agregar suas vivências e objetos. Entretanto, a principal

modificação, que é a adequação do ambiente para as mudanças fisiológicas do

indivíduo no decorrer do processo de envelhecimento, em geral, não ocorre. O idoso

não compreende a necessidade de adaptação funcional do ambiente e, de forma

equivocada, vai ocorrendo adequação do idoso ao espaço, adequação de posturas,

movimentos, sobrecarga da capacidade do organismo para a realização das

atividades cotidianas. Com isso, o ambiente não auxilia na melhoria da capacidade

funcional do idoso e passa a representar riscos e danos à saúde que, por sua vez,

não trará segurança física para o indivíduo executar suas atividades cotidianas

(HAZIN, 2012).

A ambiência participa da criação do espaço vivencial para o indivíduo e para o

meio social, ou seja, ao interagir com a ambiência, o homem está em permanente

movimento de uma atividade para outra, utilizando seus sentidos perceptivos, os

sistemas visual, auditivo, tátil e cinestésico, agregando suas memórias e

experiências, criando, assim, o espaço vivencial (OKAMOTO, 2002). Portanto, para

projetar ambiência adequada às pessoas, devem ser consideradas as

características do organismo humano, o funcionamento dos seus sistemas sensorial

e motor, e, principalmente, seus comportamentos individuais e sociais (IIDA, 2005).

De acordo com Bestetti (2010), ambiência envolve percepção ambiental que

visa bem-estar, saúde e qualidade de vida no processo de envelhecimento através

da emissão de estímulos que desenvolvam padrões comportamentais saudáveis no

indivíduo pela organização dos elementos que compõem o ambiente considerando

estudos ergonômicos e princípios de design universal.

Com o envelhecimento, o indivíduo muda fisica e emocionalmente, bem

como, reduz seu interesse em conhecer e explorar novos espaços e lugares.

Enquanto jovem, o indivíduo despende tempo para perceber o espaço, seu

funcionamento e composição; para o idoso, o espaço deve ser de fácil percepção.

Neste contexto, é importante que a ambiência para o idoso reduza as barreiras

físicas e, principalmente, as barreiras criadas pela falta de estimulação dos sentidos.

Para que tenha fácil percepção, a ambiência deve ser elaborada com texturas, cores

e luz para que o espaço seja estimulante aos sentidos e ao gosto pela vida

(SANTOS, 2012).

32

Em concordância, para que o espaço favoreça o comportamento harmonioso

do homem é preciso que lhe seja prazeroso, confortável, seguro e alegre de acordo

com o perfil do usuário. Sendo o espaço relacionado ao idoso, trata-se de alguém

que possui uma história de vida, uma bagagem afetiva, costumes e crenças

arraigadas, assim, o espaço deve levar em conta as novas necessidades físicas e os

antigos hábitos e costumes. Um espaço que nos é familiar e conhecido às

sensações e emoções são espaços que trazem mais segurança e bem-estar

(HAZIN, 2012).

Segundo Mendes (2007), o conforto do indivíduo em um ambiente vai além do

conforto físico que a relação entre homem, espaço e objeto pode oferecer; diz

respeito às relações afetivas estabelecidas entre os elementos que compõem o

espaço físico (objetos, decoração, arranjo espacial, bagunça pessoal) e o espaço

vivencial (memória, símbolos e história de vida do idoso). A ambiência ideal é aquela

personificada pelo conjunto de elementos individuais, repleto de signos e

significados (valores e experiências construídas no decorrer do envelhecimento),

agregado à questão biológica e funcional de cada indivíduo, garantindo-lhe

segurança e acessibilidade.

Com a idade, os desgastes físicos contribuem para uma fragilização também

emocional. Esses desgastes levam à maior carência afetiva, que pode, em parte, ser

compensada pela identidade do lugar. A necessidade de resgate da identidade e do

passado é inerente ao ser humano e tornam-se mais evidentes com o passar dos

anos, quando ocorre uma reflexão interior mais acentuada. Volta-se ao passado

através de objetos, signos, imagens e imaginário, seja uma cadeira, um objeto de

decoração, uma luminária ou mesmo ambientação de um cômodo. É comum a

presença de objetos que remetem ao passado como forma de resgatar um tempo

em que se estava no comando e domínio. O espaço residencial da terceira idade

deve considerar aspectos de segurança física, mas também aspectos de sua

identidade afetiva que podem interferir no equilíbrio emocional do indivíduo já

fragilizado pela própria idade (HAZIN, 2012).

2.4.2 Conforto ambiental

33

Os aspectos ambientais de natureza física como ruídos, vibrações, iluminação

e temperatura podem afetar a saúde, a segurança e o conforto das pessoas.

Existem outros aspectos ambientais de natureza química como substâncias

químicas, radiação e poluição microbiológica que também influenciam no organismo.

Geralmente, como solução para impedir os efeitos nocivos dos aspectos ambientais,

é comum, eliminar ou reduzir os efeitos na fonte, isolar a fonte e/ou pessoa para

impedir ou reduzir o índice de propagação entre fonte e receptor, reduzir o tempo de

exposição, fazer uso de equipamento de proteção individual (DUL;

WEERDMEESTER, 2012).

Idosos são particularmente suscetíveis a influências ambientais, como

variações de temperatura, cores, formas e luminosidade. Por ser de extrema

importância que seu ambiente seja o mais apropriado possível, é preferível que os

indivíduos que convivem com o idoso se adaptem ao ambiente projetado para este

do que o contrário (CAMBIAGHI, 2007).

2.4.2.1 Conforto acústico

Para gerar conforto acústico na ambiência, ao realizar o projeto de

implantação da edificação, alguns fatores devem ser observados, como a utilização

de barreiras físicas, quando o edifício está próximo a vias de tráfego intenso, sendo

que a proximidade da fonte de ruído é a melhor posição dessa barreira. Além disso,

é medida é importante naqueles ambientes destinados ao sossego e tranquilidade,

como os dormitórios (BRASIL, 1995).

A presença de ruídos elevados no ambiente de trabalho pode perturbar e,

com o tempo, pode provocar surdez. Mesmo ruídos relativamente baixos podem

provocar interferência nas comunicações e redução da concentração. A exposição

acima de 80 dB(A), durante um tempo prolongado, como, no caso de um trabalhador

exposto a oito horas de trabalho, pode provocar surdez, portanto, recomenda-se que

máquinas não emitam ruídos superiores a este. As perturbações nas comunicações

e no trabalho intelectual ocorrem a partir desse mesmo índice, contudo, isso pode

acontecer com ruídos que não chegam a provocar surdez. O ruído não deve ser

inferior a 30 dB(A), pois, o organismo acostuma-se ao ruído de fundo e, se este for

34

muito baixo, qualquer barulho de baixa intensidade sobressai-se e distrai a atenção.

Como solução, o projeto poderá adotar algumas medidas para redução do ruído,

como manter distância suficiente da fonte do ruído, uso de tetos e pisos acústicos,

uso de materiais absorvedores de som no teto e piso, usar barreiras arquitetônicas

acústicas (DUL; WEERDMEESTER, 2012).

Como no envelhecimento é comum a perda auditiva gradual, principalmente

dos sons mais agudos, levando à redução da inteligibilidade da fala e desconforto

acústico, pode ocorrer o desinteresse pelo convívio social levando ao isolamento do

idoso (MENDES, 2007).

Assim, o conforto acústico para os idosos requer o controle de ruídos e o

domínio sobre os sons do ambiente. Então, ambientes silenciosos, sem ruídos

externos, produzem tranquilidade e segurança, já o ambiente com ruído incomoda,

desorienta e irrita quando o idoso não consegue controlar o som proveniente do

ambiente (GOUVÊA, 2013). Isso ocorre pelo fato de que o ruído do ambiente pode

causar prejuízos no reconhecimento da fala de outras pessoas ou na percepção de

sons que são importantes para o idoso em determinada situação. Portanto, sem o

controle do ruído, há prejuízo no desempenho de determinadas tarefas e de

reconhecimento da fala, um ato que necessita do uso da memória e da atenção

seletiva, pois, o idoso precisa focar atenção na mensagem, e recordar a informação

de fala na memória (CAPORALI; SILVA, 2004).

Em geral, recomenda-se o controle do ruído por meio de isolamento acústico

do ambiente. Mas, é importante observar que alguns sons também caracterizam

conforto, sendo benéficos ao indivíduo, como o barulho de cascata no jardim, o som

da chuva e o canto dos pássaros (BRASIL, 1995).

Os materiais especificados no projeto de ambiência têm características

coerentes com as necessidades de conforto ambiental do espaço físico e do

indivíduo, e são priorizados materiais duráveis, resistentes, de baixa manutenção e

com aspectos térmicos e, principalmente, acústicos, adequados ao bom

funcionamento do espaço e para o bem estar dos usuários (HOREVICZ; CUNTO,

2007). Entretanto, isolamento acústico utilizando materiais isolantes pode ter alto

custo, e alguns materiais podem prejudicar o conforto térmico da ambiência em

certos casos; por esta razão, recomenda-se o uso de controles passivos como

barreiras e distanciamentos (BRASIL, 1995).

35

2.4.2.2 Conforto térmico

O homem possui temperatura constante processado pelo aparelho

termorregulador que ajusta a perda de calor adquirido e/ou produzido para

manutenção do equilíbrio da temperatura corporal, principalmente os indivíduos que

residem em locais de clima tropical (BRASIL, 1995).

Estima-se que o homem sente maior conforto térmico em temperaturas entre

20 a 24°C e umidades relativas entre 40 a 80%. Porém, os idosos preferem

temperaturas ligeiramente mais elevadas (SÂMIA, 2008).

O organismo passa por períodos de fadigas físicas, geradas por variação de

temperatura e umidade e fadigas nervosas de origem visual e sonora, sendo estas

fadigas alternadas com momentos de repouso. Nos ambientes com maior variação

de temperatura e umidade do ar, o organismo do idoso gasta mais energia na

tentativa de controle para manter o conforto térmico, ocasionando maior desgaste

físico e tornando-o mais vulnerável, pois há dificuldade de regular a temperatura,

nesse contexto, revela-se algumas atitudes do idoso, como, por exemplo, encurvar

para diminuir a superfície de exposição do corpo; intolerância ao banho; intolerância

ao vento, entre outras. Ambientes sem ventilação, recinto abafado e com ar viciado

levam a complicações no sistema respiratório causando complicações psicológicas e

sensoriais, mais apatia e desânimo (GOUVÊA, 2013).

O conforto térmico ambiental recebe interferência de algumas variáveis:

temperatura do ar, temperatura média radiante, velocidade do ar e umidade relativa.

Mas, o conforto térmico também depende de variáveis do organismo humano, entre

elas: a idade, o sexo, grau de aclimatação, atividade física realizada no ambiente e a

roupa. São necessários cuidados específicos nos espaços destinados aos idosos,

que são mais vulneráveis às mudanças de temperatura e umidade. Os idosos

necessitam de um ambiente mais quente devido às modificações do organismo no

envelhecimento, ou seja, queda do metabolismo, perda de apetite e deficiência

nutricional, ocasionando incapacidade de gerar calor suficiente para o corpo. Faz-se

necessário, para ter um conforto térmico ambiental, manter em estado de equilíbrio

da climatização do ambiente, possibilitando a realização de atividades. Além disso,

com o metabolismo mais lento é mais difícil para o idoso conseguir uma situação

ambientalmente confortável a partir do seu próprio organismo (HAZIN, 2012).

36

Segundo o Ministério da Saúde (1995), os princípios relacionados à

transferência de calor e eventuais soluções para obter o conforto térmico na

edificação e, consequentemente, na ambiência residencial são:

Condução: é o processo em que o calor se propaga através do material e

depende da densidade, natureza química e umidade do material empregado. O

conceito assume importância ao ser aplicado na escolha dos materiais e elementos

construtivos da arquitetura e ambiência com intuito de potencializar a condução ou a

resistência ao calor no ambiente.

Convecção: é a transferência de calor pelo deslocamento de líquidos, gases e

fluidos; assim, a ventilação é essencial para esse processo que é viabilizado pelo

posicionamento das aberturas e vãos da edificação e da localização estratégica da

vegetação possibilitando a canalização ou bloqueio dos ventos.

Radiação: é a troca de calor por ondas eletromagnéticas, sendo que um corpo

emite radiação de acordo com suas características e temperatura absoluta. Assim, a

radiação pode ser direta (incidência direta do sol), ou difusa (calor que é propagado

pelo ar saturado e superfícies aquecidas). O controle da radiação na edificação é

estabelecido pelo estudo de sombreamento.

Evaporação: é mudança do estado líquido para o estado gasoso. A presença de

vegetação e/ou lâminas d’água auxilia obter conforto térmico residencial ao utilizar

este processo.

Para ambiência adequada, sempre que possível, devem ser adaptados

controles individuais do clima para ajustar a temperatura do ar ao esforço físico. Em

atividades que exijam trabalhos pesados, o ideal é clima mais frio e o inverso para

trabalhos mais leves. Deve-se, também, evitar umidade, pois, o ar muito úmido e/ou

saturado (umidade relativa de 100%) dificulta a evaporação do suor; mas, deve-se

evitar secura exagerada, pois, o ar muito seco provoca irritação nos olhos e

mucosas e produz eletricidade estática, tornando-se desagradável para a realização

de atividades. Ao escolher materiais para compor a ambiência devem ser evitadas

superfícies que radiam temperaturas quentes ou frias, uma vez que, a radiação

térmica emitida pela superfície é absorvida pelo organismo podendo deixá-lo mais

quente ou mais frio, dependendo da temperatura que está sendo emitida (DUL;

WEERDMEESTER, 2012).

37

Segundo o Ministério da Saúde (1995), as diretrizes gerais para os projetos

de edificações para climas subtropicais ou com pequenas variações climáticas

referentes a este clima, são:

Para a implantação das edificações há necessidade de facilitar a circulação de

ar e passagem dos ventos, contudo, deve-se adotar o controle da ventilação, sendo

que em locais com baixas temperaturas recomenda-se facilitar entrada da radiação

solar proveniente das direções de noroeste a nordeste. Entretanto, deve-se fazer

uso de materiais que armazenam calor e se restituem aos poucos (inércia térmica).

O projeto deve evitar que os ambientes tenham suas faces externas voltadas

somente para as direções de oeste a sul e leste a sul. Para as faces voltadas para

estas direções recomenda-se uso abundante de vegetação para ter o controle da

radiação solar.

Para a cobertura das edificações recomenda-se utilizar forro deixando

espaçamento entre ele e a cobertura e garantindo ventilação sob controle neste

espaço, formando uma câmara de ar. Para melhores resultados de conforto térmico,

a cobertura pode auxiliar na proteção quanto à incidência solar nas faces externas

do edifício voltadas para as direções de leste a sul e de sul a oeste, bem como

auxiliar na exposição à radiação solar das faces voltadas para as direções de

nordeste a noroeste.

Para as paredes da edificação recomenda-se o uso de materiais isolantes como

madeira, tijolo, concreto celular entre outros. Outro artifício de isolamento térmico é

utilizar paredes duplas formando uma câmara de ar no espaço interno entre elas.

Para os pisos recomenda-se que sejam elevados do solo, sendo que o espaço

entre solo e piso tenha entrada de ventilação sob controle. Em épocas de seca seja

bloqueada a entrada de ar. Caso o piso tenha contato com o solo é necessária à

impermeabilização do piso para o isolamento da umidade.

Para as aberturas da edificação recomenda-se que cada ambiente tenha no

mínimo uma abertura para receber radiação solar proveniente das direções de leste

a norte e de norte a oeste, sendo que haja proteção e possibilidade de controle de

fechamento mínimo da entrada de ar e dos raios solares por meio de persianas,

treliças ou outros meios. Para efetividade da passagem dos ventos considera-se

uma solução as aberturas em faces opostas, alinhadas na direção dos ventos

dominantes, com exceção dos ventos provenientes da direção sul; para tais ventos

38

quando inevitáveis, que dêem para alpendres e varandas ou ares com possibilidade

de paisagismo com vegetação permitindo o controle e bloqueio dos ventos.

2.4.2.3 Conforto lumínico

A iluminação promove a visibilidade de acordo com fatores técnicos de

iluminação coerente com os aspectos fisiológicos do usuário (GUBERT, 2011).

Neste contexto, as características da iluminação podem implicar no ciclo circadiano

do indivíduo, pois, a sincronização do relógio biológico às horas do dia e da noite é

processada pela luz, desencadeando todo processo de ritmo biológico necessário

para manutenção do organismo que atua sobre aspectos como temperatura corporal

e produção hormonal dentre outros. No envelhecimento, há redução da pupila, além

de menor exposição à luz natural pela vida mais sedentária, provocando entrada

insuficiente de luz para manutenção dos ritmos circadianos (DARÉ, 2015).

A iluminação é importante no processo da percepção e relação do indivíduo

com o espaço físico, pois, a maioria das percepções ambientais do indivíduo é

proveniente do sentido da visão. A finalidade de um projeto de iluminação na

ambiência é proporcionar boas condições de visão e condições de conforto

ambiental adequadas ao indivíduo, gerando segurança e melhorando a percepção

ambiental (GUBERT, 2011; DARÉ, 2014).

Diferentes níveis de intensidade e tipos variados de iluminação na ambiência

de cada espaço residencial, com quantidade abundante e adequada, e com

qualidade de iluminância e reprodução de cor geram agradável sensação visual

(BRASIL, 1995).

Com o envelhecimento o idoso fica mais sensível às fontes luminosas, razão

pela qual, a iluminação não basta ter intensidade, mas deve ter o cuidado de não

ofuscar o campo visual. São necessários dois tipos de distribuição da luz geral na

ambiência: a iluminação indireta e semi-indireta. Neste contexto, devem atender dois

requisitos básicos a intensidade de luz e a qualidade da luz (luminância, temperatura

e índice de reprodução de cor). A temperatura da cor deve ser equivalente a 3000k e

índice de reprodução de cor com no mínimo 85, pois, com o avanço da idade a

tendência nos idosos é uma visão amarelada (SOARES, 2013).

39

Para Dul e Weerdmeester (2012), a intensidade da luz deve ser eficiente para

garantir boa visibilidade, sendo necessário aumentar a intensidade em tarefas que

exigem maior concentração visual e/ou quando o contraste de figura e fundo diminui,

em ambientes para idosos e indivíduos com deficiências visuais. Para reduzir as

diferenças de brilho visual causado pela luz devem ser bloqueadas as incidências

diretas da luz nos olhos, posicionando a luz de modo a evitar reflexos e sombras no

campo visual (o uso de luz difusa pode diminuir os reflexos e sombras) (DUL;

WEERDMEESTER, 2012).

É necessário manter a luz o mais uniforme possível para evitar situações

desorientadoras no campo visual, que levam a quedas. É importante evitar

escurecer o interior da residência em relação ao ambiente externo, para que não

haja mudanças bruscas na iluminação, gerando brilho no campo visual e causando

prejuízo no sistema visual (SOARES, 2013).

Para obter conforto visual com a iluminação e tornar o ambiente mais

dinâmico, pode-se fazer uso de luminárias com direcionamento de foco móvel que

permita alternar entre iluminação direta e indireta. Uma das técnicas de iluminação

indireta utilizadas em projeto de ambiência é uso de lâmpadas embutidas em

sancas. Esta técnica evita o ofuscamento pelo brilho da luz ao esconder a lâmpada

(RUPP, 2014).

Cada ambiente, de acordo com suas atividades e funções requerem

diferentes tipos de iluminação para gerar o conforto visual. Assim, em ambientes de

trabalho, a luz difusa e indireta refletida nos tetos, pisos e paredes são mais

agradáveis, bem como ambientes fototerapêuticos (jardins e solários) é

recomendável luz direta (BRASIL, 1995).

A iluminação natural é proveniente da luz solar e, portanto, é dinâmica, por

encontrar-se em constante variação de acordo com as horas do dia, estação do ano

e o tempo ensolarado ou nublado, assim, torna a ambiência mais atrativa. A entrada

da iluminação natural em um ambiente é proporcionada pelos vãos externos que

compõem a edificação. A ambiência deve valorizar a iluminação natural e,

principalmente, o contato visual com a paisagem externa. Além disso, a iluminação

artificial na ambiência complementa a iluminação natural, reduzindo o brilho e

contrastes excessivos nas áreas próximas aos vãos de abertura externos e

produzindo intensidade adequada às tarefas nas partes mais internas da edificação,

onde a iluminação natural é insatisfatória (DARÉ, 2014).

40

O idoso requer cuidados especiais quanto à iluminação. A luz deve ser

estimulante e equilibrada, bem como, uniforme, contínua, antiofuscante e intensa,

com contraste moderado e os ambientes devem ter transição gradual de intensidade

da luz. Sendo que a luz natural é importante para manter o ritmo biológico por meio

da passagem do tempo e mudança da paisagem (HAZIN, 2012). Devem ser

evitadas oscilações da luz fluorescente (alguns indivíduos são sensíveis à

intermitência, como, por exemplo, pessoas com epilepsia podem ter crises epiléticas

fotossensíveis). Além disso, a oscilação da luz pode gerar efeito estroboscópico e

provocar acidentes, pois reflete imagens paradas de objetos em movimento, como,

por exemplo, a hélice de um ventilador (DUL; WEERDMEESTER, 2012).

O projeto de iluminação para ambiência é fator importante no envelhecimento,

pois favorece a independência e melhora o desempenho das atividades diárias ao

auxiliar a capacidade visual do idoso. Por sua vez, a iluminação natural deve ser

priorizada no período diurno, principalmente nos espaços físicos mais usados neste

período do dia, sobretudo, porque esta fonte de luz auxilia a produção de hormônios,

garante o bem-estar e boa relação homem/ambiente. No período noturno a

iluminação deve ser satisfatória, abundante e adequada ao idoso, principalmente,

em espaços de circulação entre ambientes como, por exemplo, ligação entre

banheiro e quarto, visando minimizar risco de queda. É necessário ter luminárias de

apoio com interruptor de fácil alcance da mão, como as luminárias de mesa e de

cabeceira, sinalizadores etc. (MENDES, 2007).

Com o avanço da tecnologia, o projeto luminotécnico residencial para o idoso

tem a possibilidade de uso de diferentes tipos de controle para o acendimento da luz

além do controle manual feito por interruptores tradicionais. Dentre os tipos

disponíveis no mercado há o controle por sensor com detector de presença e

detector fotossensível (aciona a luz ao reduzir a iluminação natural), controle por

automação possibilitando a programação do acionamento das lâmpadas, bem como

de cenas luminosas criadas no projeto luminotécnico. Todavia, as centrais de

comando e suas interfaces devem ser simples com poucos botões, boa visibilidade e

contraste Os interruptores e telas de comando, caso opte pela automação, devem

ser de cor diferente da parede. Os reguladores de intensidade, ou seja, dimmers

devem ser, preferencialmente, lineares. A altura dessas interfaces de controle da luz

devem ter altura a 90 a 120 cm do chão (RUPP, 2014).

41

2.4.2.4 Conforto cromático

Um objeto ou superfície presente na ambiência ao serem expostos a

diferentes fontes de luz são percebidos em diferentes tonalidades. Cada tipo de

lâmpada tem sua determinada capacidade para reproduzir cores. Assim,

compreende-se que a iluminação é fator essencial na percepção das cores

aplicadas na ambiência. A percepção da cor depende, então, da integração entre as

características da fonte de luz e a forma de distribuição da luz no ambiente, com as

características de reflexão de cada objeto que compõe a ambiência (DARÉ, 2014).

Neste contexto, é importante lembrar que no processo de percepção ambiental e

cromática há, também, as características dos fatores fisiológicos do indivíduo a

serem considerados (PEDROSA, 1999).

A sensação cromática acontece por duas fontes de estímulo de acordo com a

natureza das cores: o estímulo da cor-luz, radiação luminosa visível que é síntese da

formação da luz branca pela somatória de três cores-luz primárias, o vermelho,

verde e azul; e pelo estímulo da cor-pigmento, substância material que absorve,

refrata e reflete a radiação da luz difundida sobre ela, sendo que a mistura das

cores-pigmento primárias, magenta, amarelo e ciano produz o cinza neutro. O

equilíbrio óptico de duas cores-luz com igual intensidade produz cores secundárias,

então, o vermelho, o verde e o azul, cores-luz primárias, ao serem sobrepostos duas

a duas geram as cores secundárias magenta, ciano e amarela. As cores-pigmento

primárias, amarelo, magenta e ciano, ao serem misturadas de duas a duas, também

formam as cores-pigmento secundárias verde, vermelho e violeta. As cores-

pigmento terciárias são cores intermediárias entre cores primárias e as cores

secundárias, o mesmo conceito se aplica as cores-luz (PEDROSA, 2003).

Algumas cores dão sensação de proximidade e outras de distanciamento,

sendo essas sensações relativas à iluminação e a saturação da cor. Assim, as cores

que causam sensação de proximidade são chamadas de cores quentes (vermelho,

laranja, e pequena parte da gama do amarelo e do roxo) e causam também

sensações de calor, secura, densidade e são estimulantes. Já as chamadas cores

frias (grande parte do amarelo e do roxo, o verde e o azul) provocam sensação de

distância, leveza, umidade e são calmantes (FARINA; PEREZ; BASTOS, 2006). A

cor é essencial na estimulação visual com efeitos psicológicos e fisiológicos no ser

42

humano. Cores quentes associadas a altos índices de iluminação incentivam a

atividade, enquanto que as cores frias promovem comportamento passivo (DILANI,

2004).

As cores frias e as cores quentes também afetam a percepção dos objetos e

dos espaços. Observa-se sensação de leveza, distanciamento o que leva a

sensação de espaço amplo, os objetos parecem menores e mais leves ao utilizar

cores frias, ao contrário da sensação causada ao utilizar cores quentes que parecem

avançar no espaço físico e ter dimensionamento e peso visual maiores

(VASCONCELOS, 2004).

A especificação da cor do ambiente deve ter conformidade com a iluminação

natural e a cor a ser aplicada. Considera-se, também, a atividade que será

desenvolvida neste espaço, para que a cor, aliada ao projeto de iluminação, não

cause fadiga visual ou monotonia. A cor deve ser coesa à cultura do indivíduo, já

que as cores têm simbolismos culturais, que levam a percepções e manifestações

diferentes em cada indivíduo; por exemplo, a cor branca simboliza a paz, pureza e

higiene em certas culturas, mas, simboliza luto, tristeza e vazio em outras culturas. O

uso da cor na ambiência pode, ainda, fornecer a segurança ao gerenciar riscos e

evitar acidentes, caso esteja padronizada, como, por exemplo, amarelo significa

atenção, vermelho significa perigo (FREITAS; FREITAS, 2011).

Com o envelhecimento ocorre o amarelamento do cristalino e os idosos

passam a ter dificuldade de distinguir tons de azul, verde e lilás. Além disso, em

condições de baixa luminosidade há perda da percepção de contraste,

principalmente para os tons de vermelho, que se tornam muito escuros, e o azul e o

verde, que se tornam mais claros. Contrastes envolvendo os tons de azul ou

vermelho podem prejudicar a percepção do objeto e a percepção espacial, sendo

pouco seguros. É recomendável o uso de contraste com tons de amarelo e, em

qualquer situação, a combinação de branco e preto (RUPP, 2014).

A cor é vital para o homem e sua ação vai além da decoração; tem atuação

psicológica e caráter cultural arraigado. A cor auxilia no equilíbrio e harmonia do

organismo e aliada á luz promove o bem-estar, sentimentos e emoções positivas e

pode agir de forma terapêutica no processo de cura. A chamada cromoterapia

consiste na cura e alívio sintomático pela absorção da cor pelo corpo (KOTH, 2013).

O estudo da cor na ambiência para idosos exige atenção especial, pois, no

processo de envelhecimento a capacidade visual é reduzida, podendo ter baixa

43

percepção e capacidade de distinção das cores azuis e seus diversos tons. O

contraste de cor, brilho e saturação ajudam o indivíduo distinguir as formas e as

bordas dos objetos (DILANI, 2004). De fato, a cor pode destacar os elementos que

compõem a ambiência, ou seja, objetos e formas arquitetônicas e, também, auxiliar

na iluminação propriamente dita dos ambientes. Cores que refletem mais luz

(tonalidades claras e vibrantes) podem compensar uma iluminação precária ou de

baixa incidência lumínica, e cores que absorvem mais luz (tons escuros e sóbrios)

reduzem o excesso de iluminação (BESTETTI, 2014). Além disso, cores claras no

teto e paredes auxiliam na melhoria da distribuição da luz pelo ambiente. A

percepção visual também é melhor quando a ambiência tem contrastes entre

paredes e mobiliário ou entre paredes e portas e janelas (SOARES, 2013).

2.4.3 Dimensionamento, postura e movimento corporal

Diversos princípios da ergonomia são derivados de outras áreas do

conhecimento; dentre essas áreas está a antropometria, que se ocupa das

dimensões e proporções do corpo humano. Esses conhecimentos são importantes

para formular as recomendações sobre postura e movimento. A postura e o

movimento são importantes para a ergonomia, tanto no trabalho quanto na vida

cotidiana. Posturas e movimentos inadequados e/ou prolongados produzem tensões

mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações, resultando em dores

musculoesqueléticas, além de gastos energéticos que exigem muito mais dos

músculos, coração e pulmão, gerando estresse físico (DUL; WEERDMEESTER,

2012).

No projeto de ambiência, há uma conformidade entre forma, dimensões do

espaço e dimensões corporais. As mudanças corporais ao longo dos anos afetam o

modo como o ambiente irá receber ou acomodar o usuário, pois, devido a estas

mudanças há alterações na forma como o indivíduo utiliza o espaço. À medida que o

indivíduo envelhece ocorrem mudanças no dimensionamento corporal, mudança de

hábitos, atividades e, principalmente, habilidades (CHING; BINGGELI, 2013).

A maior parte dos dados antropométricos que auxiliam no trabalho de

ergonomistas e profissões que lidam com projetos, está limitada aos parâmetros

44

sexo e idade, ou seja, os dados antropométricos dos idosos são raros, e aqueles

disponíveis, foram obtidos por estudos com base de pequenas amostras. Esses

dados são essenciais para uma resposta sensível aos problemas enfrentados pelos

idosos em seus ambientes construídos. Há uma considerável variação no grau de

alcance dos idosos, particularmente em relação ao alcance vertical, devido à

incidência de artrite, artrose e outras limitações. Ocorrem, também, casos de

deficiências físicas com mobilidade, o que requer o uso de equipamento de auxílio.

Então, para fins de projeto, usuário e equipamento devem ser vistos como entidade

única, e deve-se conhecer a antropometria envolvida dessa junção, bem como, suas

análises espaciais (PANERO; ZELNIK, 2002).

O dimensionamento, os movimentos e a postura corporal em relação ao

ambiente devem ser coerentes com o uso e o indivíduo envolvido, com aplicação de

soluções adequadas a partir de estudos ergonômicos. Todos esses aspectos são

relevantes e auxiliam o designer a projetar ambientes adequados para prevenir

lesões físicas. O projeto de ambiência que compreende estes estudos é elaborado

de acordo com a atividade específica desenvolvida no ambiente vinculada ao

dimensionamento do espaço e às características do movimento e postura corporal

do homem (GIBBS, 2014).

2.5 AMBIÊNCIA RESIDENCIAL SAUDÁVEL

Os Quadros 1, 2 e 3 resumem as necessidades dos idosos em geral,

incluindo aqueles com vestibulopatias, bem como, as possíveis soluções de

ambiência para cada necessidade.

45

Quadro 1 - Requisitos de projeto para ambiência adequada aos idosos com vestibulopatias. São Paulo, 2015.

ALTERAÇÕES DO ORGANISMO COM O ENVELHECIMENTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

QUEIXAS RELACIONADAS A DISTÚRBIOS DO SISTEMA VESTIBULAR E CONSEQUÊNCIAS PARA O IDOSO

CARACTERÍSTICAS RELEVANTES

CONSEQUÊNCIAS FISIOLÓGICAS

CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS

QUEIXAS CONSEQUÊNCIAS

FISIOLÓGICAS CONSEQUÊNCIAS

PSICOLÓGICAS

Maior incidência de doenças

(SOUZA; SKUBS; BRÊTAS, 2007)

Vulnerabilidade do organismo e Redução da capacidade

Funcional (SOUZA; SKUBS; BRÊTAS,

2007)

Dependência e falta de autonomia

(SANTOS, 2012)

Mudança de comportamento e

dificuldade de adaptação ao meio

social (SOUZA; SKUBS; BRÊTAS, 2007)

Incômodo, desorientação e

irritabilidade, apatia e desânimo

(GOUVÊA, 2013)

Desequilíbrio corporal Zumbido Tontura

Vertigem Déficit auditivo

Hipersensibilidade a sons

(GANANÇA et al.,

2006; GAZZOLA et al., 2006a; GAZZOLA

et al., 2006b; ZAMBENEDETTI;

SLEIFER; FIORINI, 2011)

Tendência a quedas Menor capacidade de

equilíbrio funcional Comprometimento da

mobilidade Distúrbio da marcha

(GANANÇA et al., 2006)

Sensação de desmaio Náusea e vômitos

Sudorese, palidez e taquicardia Oscilopsia Cefaléia Insônia

(GAZZOLA et al., 2006)

Medo de queda e Restrição das atividades

cotidianas (GANANÇA et al., 2006)

Ansiedade (GAZZOLA et al., 2006)

Depressão leve a moderada Depressão grave

(CAVEIRO; PELUSO; BARREIRO, 2013)

Perda auditiva gradual (GOUVÊA, 2013)

Prejuízo no reconhecimento da fala e na percepção de

sons importantes (GOUVÊA, 2013)

Queda do metabolismo Deficiência nutricional

(HAZIN, 2012)

Incapacidade de gerar calor suficiente para o organismo

(HAZIN, 2012)

Redução da pupila Vida mais sedentária

(GOUVÊA, 2013)

Entrada insuficiente de luz para manutenção do ritmo

circadiano (DARÉ, 2015)

Mudanças no dimensionamento,

postura e movimentação corporal (DUL;

WEERDMEESTER, 2012)

Prejuízo na percepção e na relação do indivíduo com o

ambiente (GUBERT, 2011; DARÉ,

2015)

46

Quadro 2 - Requisitos de projeto para ambiência adequada aos idosos com vestibulopatias. São Paulo, 2015.

QUEDAS (GANANÇA et al., 2006)

SOLUÇÕES

CAUSAS DA QUEDA

Vertigem e/ou tontura (em idosos com duas ou mais quedas)

Tropeço Escurecimento da visão

Atenção reduzida Falseamento dos joelhos

Obstáculo

Ampliar a capacidade visual (DILANI, 2004)

Evitar riscos à saúde e à segurança utilizando cores estimulantes e com padrões de

sinalização de perigo e atenção (FREITAS; FREITAS, 2011)

Evitar brilho, reflexos e sombras no campo visual (DUL; WEERDMEESTER, 2012)

Reduzir barreiras físicas

(HAZIN, 2012)

Utilizar apoios fixos nos ambientes e nos trajetos Eliminar desníveis e degraus

pisos antiderrapantes área de circulação com dimensionamento adequado ao local e tráfego

reduzir a poluição visual e auditiva retirar tapetes e fios expostos e espalhados

(MENDES, 2007)

Escadas devem ter corrimão e guarda corpo nas laterais e sinalização antiderrapante em cada degrau

(EMMEL; PAGANELLI, 2013)

Uso de barras de apoio na bacia sanitária e no boxe do chuveiro (ABNT, 2004)

TAREFAS REALIZADAS DURANTE A QUEDA

Andar Descer e subir escadas Transferência postural

Tomar banho

LOCAL DA QUEDA

Fora do ambiente residencial (local conhecido)

Ambiente residencial (maioria dos casos no banheiro, com local bem iluminado)

Ambiente externo Fora do ambiente residencial (local

desconhecido)

47

Quadro 3 - Requisitos de projeto para ambiência adequada aos idosos com vestibulopatias. São Paulo, 2015.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL

DIMENSIONAMENTO, POSTURA E MOVIMENTO

CONFORTO TÉRMICO CONFORTO ACÚSTICO

CONFORTO LUMÍNICO CORES

Auxiliar na percepção ambiental para produção do espaço

vivencial

Contribuir para melhoria da capacidade funcional

Facilitar a realização das tarefas

cotidianas

Reduzir barreiras físicas e psicológicas

Estimular os sentidos e o gosto

pela vida

Priorizar a memória e identidade afetiva

Tornar o ambiente prazeroso, confortável, seguro e alegre

(MENDES, 2007; HAZIN, 2012)

Adequar a forma e dimensões dos objetos

e do espaço às dimensões corporais do

idoso (CHING; BINGGELI,

2013)

Prevenir tensões e lesões físicas (GIBBS, 2014)

Gerar segurança Evitar quedas

(MENDES, 2007)

Estabilizar temperatura e umidade do ar do

ambiente (GOUVÊA, 2013)

Ambiente mais quente (HAZIN, 2012)

Permitir controles individuais do clima

Ajustar a temperatura do ar ao esforço físico

Evitar especificação de materiais que radiam

temperaturas (DUL;

WEERDMEESTER, 2012)

Evitar perturbação na Comunicação, na concentração e na atividade intelectual

Manter distância

suficiente da fonte do ruído

Uso de tetos e pisos

acústicos

Usar barreiras arquitetônicas

acústicas

Materiais duráveis, resistentes, de baixa

manutenção (DUL;

WEERDMEESTER, 2012).

Promover visibilidade (GUBERT, 2011)

Melhorar a percepção ambiental

Priorizar luz natural durante o dia (MENDES, 2007);

Valorizar o contato visual com a paisagem externa

(DARÉ, 2014).

Complementar a iluminação natural com luz

artificial

Intensidade da luz eficiente para realizar atividades

evitar brilho, reflexos e sombras no campo visual (DUL; WEERDMEESTER,

2012).

Ampliar a capacidade visual

(DILANI, 2004)

Estimular efeitos psicológicos e

fisiológicos (DILANI, 2004;

FARINA; PEREZ; BASTOS, 2006).

Agir de forma terapêutica

(KOTH, 2013)

Evitar riscos à saúde e à segurança

(FREITAS; FREITAS, 2011)

48

A ambiência envolve sistemas complexos e interligados. A qualidade e

adequação do ambiente não pode ter solução com uma análise isolada de seus

elementos. A ambiência é impactante sobre o homem, em especial para o indivíduo

que passa por tratamentos de saúde e/ou sofre com alguma doença física ou mental

(CLEMESHA; FAGGIN, 2005).

O ambiente seguro minimiza riscos de acidentes e oferece conforto,

independência e qualidade de vida para o idoso. A ambiência residencial faz o

diagnóstico de suas dificuldades para desenvolver determinada tarefa em

determinado ambiente (HAZIN, 2012). Neste contexto, algumas situações de risco

que provocam a queda na residência do idoso são previsíveis e, principalmente,

modificáveis, como, por exemplo, a mudança na iluminação, a desobstrução da

circulação por meio da retirada de objetos, a mudança na disposição do mobiliário e

a utilização de barras de apoio nos corredores e nos banheiros, entre outros

espaços domésticos (NÓBREGA, 2014).

Ao planejar a edificação para o idoso deve-se considerar que, com o

envelhecimento, ocorrem certos distúrbios e estes indivíduos podem apresentar

dificuldades de locomoção e maior vulnerabilidade em relação às quedas e os

acidentes; assim, a edificação mais segura prioriza a horizontalidade e os espaços

devem ser construídos somente em pavimentos térreos. Contudo, quando dotados

de mais de um pavimento devem dispor de equipamentos adequados, rampas ou,

até mesmo, elevador para circulação vertical (SOARES, 2013).

Uma das soluções possíveis num projeto de ambiência voltado ao cuidado

com idosos é a aplicação de apoios fixos nos ambientes e nos trajetos,

principalmente para facilitar a circulação; a eliminação de desníveis e degraus nos

ambientes, e a eliminação de barreiras para permitir espaço para o fluxo entre

ambientes e entre objetos. Para prevenir acidentes com os idosos, tais como,

esbarrões, tropeços, quedas e fraturas, decorrentes da instabilidade postural na

movimentação pelo espaço físico, a ambiência deve garantir acessibilidade de fluxo

utilizando pisos antiderrapantes; manter a área de circulação com dimensionamento

adequado ao local e tráfego; deve ser livre de objetos e mobiliário (evitar quinas

pontiagudas); diminuir a estimulação visual e auditiva (poluição visual e sonora), e

retirar tapetes e fios expostos e espalhados (MENDES, 2007).

A iluminação de áreas de circulação como corredores é de extrema

importância para promover a mobilidade e acessibilidade reduzindo riscos de

49

acidentes e quedas. Para isso, os corredores devem ter iluminação indireta ou semi-

indireta nas paredes e rodapés sem necessidade de grande intensidade, porém, que

seja uniforme e constante. Recomenda-se fornecer iluminação direta sobre

corrimãos e, no caso de rampas e escadas, fazer uso de fitas fotoluminescentes. O

uso de sensores de movimento pode auxiliar no melhor desempenho quanto à

segurança. Ainda, os corredores com janelas frontais (posicionamento no final do

corredor) devem ter possibilidade de bloqueio da luz com o uso de cortinas,

persianas ou estores (RUPP, 2014).

Nos ambientes apropriados para idosos, as escadas devem ter corrimão e

guarda corpo nas laterais, todos os degraus devem ser da mesma altura, faixas

antiderrapantes devem ser instaladas, os degraus devem ser bem iluminados

(EMMEL; PAGANELLI, 2013).

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os pisos

dos ambientes para idosos devem ter superfície regular, firme e estável: os

desníveis devem ser evitados e, caso haja algum desnível de 5 a 15 mm, estes

devem ser tratados em forma de rampa (ABNT, 2004). Os materiais de revestimento

utilizados nas paredes, piso e teto não devem ser ofuscantes diante da iluminação

utilizada (RUPP, 2014).

As cozinhas são consideradas espaços perigosos para idosos, pois, têm

áreas molhadas com perigo de queda e áreas de cocção com perigo de

queimaduras. Um dos problemas desse ambiente é utilizar tapetes espalhados por

todo espaço físico; utilizar escadas ou apoios inadequados como, por exemplo,

bancos e cadeiras para acessar os armários superiores; e queimaduras por falta de

firmeza nas mãos ao segurar objetos quentes e pela falta de atenção ao cozinhar

(HAZIN, 2012).

As atividades realizadas na cozinha podem consumir horas de trabalho e

exigem esforço físico para serem desempenhadas. A falta de planejamento da

cozinha pode levar a danos, que variam de estresse e fadiga a dores lombares,

pernas braços e mãos, acarretando prejuízos e riscos à saúde. Nota-se que ao

realizar as atividades da cozinha há sobrecarga de esforço da coluna vertebral e das

pernas por serem necessárias flexões e extensões para o alcance de objetos nos

armários, bem como o longo tempo de trabalho na posição em pé. Portanto, o

projeto de ambiência deve ter atenção quanto à demanda de trabalho na cozinha e

50

estimular e favorecer a alternância de posturas entre a posição de pé e sentada

(TORRES; BEZERRA; GALVÃO, 2006).

A principal função na cozinha é preparar refeições, mas, devem ser

consideradas, também, as demais atividades relacionadas ao preparo, como a

armazenagem, conservação, cocção, uso e armazenagem de equipamentos e

utensílios, processamento dos alimentos, entre outros. Em alguns casos, há outras

atividades na cozinha como a realização de refeições, estoque de mantimentos,

confraternização e atividade de leitura e estudos. O sistema de ventilação da

cozinha deve prever o controle da entrada de ar, que permita troca do ar sem que

haja entrada de fortes correntes, que podem atrapalhar o processo de cocção dos

alimentos (SÂMIA, 2008).

As bancadas de trabalho, principalmente na área de preparo/área de limpeza

devem ter espaço livre embaixo para ser acessível ao cadeirante ou garantir encaixe

de cadeira para que o idoso possa alternar a posição sentada e de pé durante a

execução das suas atividades. O fogão deve ser ladeado por bancadas

possibilitando o apoio dos utensílios, louças e panelas. As torneiras devem ser do

tipo alavanca (SOARES, 2013). Os utensílios, equipamentos e mantimentos mais

utilizados devem estar mais acessíveis. Portanto, aqueles menos utilizados podem

ser armazenados na parte de trás dos armários deixando à mostra os mais usuais

(FUNDACIÓN MAPFRE, 2015).

Os capachos devem ser embutidos no piso evitando desnível, carpetes e

forrações com bordas fixadas no piso e aplicados de forma evitar enrugamento da

superfície, a fibra do carpete não deve ser superior a 6 mm nas áreas de fluxo e

circulação. Os tapetes devem ser evitados nas áreas de circulação (ABNT, 2004).

Também, a capacidade de atenção do idoso é reduzida, uma vez que ocorre

diminuição na velocidade do processamento da informação. Da mesma forma, há

redução das percepções espaciais, de dimensionamentos, de distâncias, de formas

e objetos. Apesar disso, os idosos mantêm sua capacidade de executar as tarefas

do cotidiano (MORAES; MORAES; LIMA, 2010).

O projeto luminotécnico deve evitar a monotonia auxiliando na concentração e

estimulando o idoso a realizar atividades com menor risco de acidentes, como os

cortes no decorrer do processo de preparo dos alimentos. Portanto, devem ser

utilizadas variações de luz, níveis de iluminação de acordo com a atividade, além de

51

efeitos com foco dirigido trazendo mais atração para a atividade, além de destacar

os objetos e suas cores (SÂMIA, 2008).

Neste contexto, na cozinha deve ser utilizada iluminação geral do ambiente e

iluminação focada, em que as lâmpadas devem ter ótima reprodução cromática. A

iluminação geral da cozinha deve ser indireta evitando ofuscamento, e a luz focada

deve ser direcionada aos pontos de atenção para execução das atividades

(PASCALE, 2002; SÂMIA, 2008). Assim, exclui-se a projeção de sombras do

mobiliário, objetos e até mesmo do corpo do indivíduo sobre a superfície de trabalho

(SÂMIA, 2008).

O contraste entre figura e fundo reduz a necessidade de grande intensidade

de iluminação para distinguir objetos e planos do espaço físico. Assim, cozinhas

totalmente brancas ou sem variação cromática, bem como cozinhas repletas de

padronagens em azulejos e pisos geram confusão visual e afetam a percepção

visual, podendo ocasionar quedas no idoso. Por sua vez, as cores com alto grau de

visibilidade atraem a atenção e podem ser usadas para demarcar áreas perigosas,

mas, tomando cuidado para não tornar o ambiente estressante. As cores atraem

atenção dependendo do contraste e da pureza da cor, além do grau de visibilidade

(SÂMIA, 2008).

A iluminação da área destinada à alimentação, seja ela na sala de jantar,

cozinha ou eventuais áreas de confraternização, precisa de luz natural e artificial

intensa nesses ambientes, para reduzir a necessidade de dormir após as refeições.

A luz artificial deve ser intensa, com alta temperatura de cor e alto índice de

reprodução de cor, pois, com o envelhecimento há perda na capacidade de

degustação reduzindo o apetite e possibilitando o idoso desenvolver anorexia. A

iluminação valorizará o aspecto do alimento, promoverá momento relaxante e

aumento das atividades (RUPP, 2014).

A iluminação da sala de estar busca estimular o convívio e estado de alerta,

evitando a dormitação e criando ambiente estimulante, acolhedor e confortável. Esse

é o local em que os idosos passam a maior parte do dia e deve ser intensamente

iluminado, sobretudo pela luz natural, para que os idosos se mantenham em plena

atividade durante o dia e, para que após o almoço, seja prolongado o efeito da luz

da área de alimentação (RUPP, 2014).

No decorrer do dia, já no entardecer, a iluminação dos ambientes deve

possibilitar a substituição progressiva da luz natural pela luz artificial por meio de

52

luminárias com luz indireta nos cantos da sala. Isso auxilia na uniformidade da luz

que diminui com o pôr do sol para o anoitecer e, ao fim do dia, após o jantar,

recomenda-se o uso de luz menos intensa, de tonalidade amarelada, para provocar

relaxamento auxiliando na redução da produção de cortisol e aumento da produção

de melatonina, com aumento da sensação de sono (RUPP, 2014).

Neste contexto, para conseguir diferentes efeitos em diversas horas do dia,

deve-se combinar a iluminação artificial e natural, utilizar a iluminação indireta na

parede, sendo esta dirigida para o teto. A iluminação artificial deve ter possibilidade

de ajuste de intensidade e cor (RUPP, 2014). Para as janelas é recomendável ter

peitoril baixo permitindo a apreciação da paisagem, sentado, em cadeira de rodas ou

recostado (SOARES, 2013).

No caso da sala de estar próxima ou em conjunto com a sala de televisão há

possibilidade do som ou iluminação, provenientes da televisão, interferir na

comunicação do idoso com outras pessoas. Então, há necessidade de boa

iluminação para que o idoso com dificuldades auditivas acompanhe o movimento

labial da pessoa com quem está conversando e tenha compreensão da conversa

(RUPP, 2014).

Para evitar movimentação desnecessária, ao projetar a ambiência, podem ser

estabelecidos controles automáticos para cortinas e iluminação, além dos

equipamentos já habituais com acionamento por controle remoto como a televisão,

som, ar-condicionado e ventiladores (SOARES, 2013).

Ainda, as cadeiras, poltronas, sofás e estofados em geral devem proporcionar

apoio dos pés no chão, costas completamente apoiadas no encosto e joelhos

flexionados a 90°. Optar por estofados com espumas mais densas e por poltronas e

sofás com braço (EMMEL; PAGANELLI, 2013). Os rodapés devem ter 30 cm de

altura, pois esta é a altura em que as cadeiras de rodas batem nas paredes

(SOARES, 2013).

Os quartos, onde são realizadas tarefas como dormir, descansar, ler,

escrever, assistir televisão, vestir, devem ser amplos e arejados, confortáveis, com

iluminação adequada para cada função, além de ter janelas voltadas para paisagens

que representem estímulos positivos (HAZIN, 2012).

O período do sono é de grande vulnerabilidade, tem função restauradora e/

ou regeneradora, sendo um momento de maior necessidade de segurança e abrigo.

A ambiência procura manter a privacidade gerando tranquilidade e confiabilidade

53

para o período do sono. O quarto deve estar em lugar reservado da residência, local

em que não haja deambulação e movimentação de pessoas no interior ou próximo

ao recinto, evitando, assim, situações inesperadas (CLEMESHA; FAGGIN, 2005).

Os limites que diferenciam o som do ruído agregam a dimensão psicológica

relacionada ao impacto produzido no indivíduo e depende do tempo de exposição,

intensidade, percepção individual, situação emocional em que o indivíduo se

encontra, capacidade física e auditiva e atividade que o indivíduo realiza ao ser

submetido àquela fonte sonora (BRASIL, 1995).

O ruído ambiental tem impacto sobre a saúde, concentração, socialização e

produtividade, mas, alguns sons são estimulantes e reconfortantes e auxiliam no

período do sono, principalmente ao sobreporem ruídos indesejáveis reduzindo o

estresse ambiental e auxiliando na concentração. É desejável, portanto, que o

ambiente tenha um ruído de fundo, repetitivo, não muito próximo, pois, o silêncio

absoluto pode ser prejudicial, fazendo com que quaisquer eventuais ruídos não

muito altos pareçam mais intensos (CLEMESHA; FAGGIN, 2005).

A iluminação dos quartos deve auxiliar no repouso profundo eliminando a

poluição luminosa de forma a bloquear a entrada de luz pelas aberturas e vãos da

edificação. Em quartos compartilhados, como no caso de instituições de longa

permanência e hospitais, para melhorar a privacidade e impedir o incômodo pela luz

que, eventualmente, seja utilizada pelo residente vizinho pode-se fazer uso de

separações/divisórias movéis como biombos e cortinas fixas ao teto (RUPP, 2014).

Dentre os objetivos do projeto luminotécnico do quarto está a melhoria do

sono, combater problemas de insônia e sensação de fadiga, bem como programar o

despertar e adormecer do idoso. A iluminação dos quartos deve auxiliar no repouso

profundo eliminando a poluição luminosa de forma a bloquear a entrada de luz pelas

aberturas e vãos da edificação. Recomenda-se uso de iluminação nos rodapés,

principalmente, no percurso entre a cama e/ou quarto até o banheiro, a fim de

prevenir quedas. Como sugestão de equipamentos para auxiliar na iluminação da

ambiência do dormitório, recomenda-se o uso de luminárias de mesa utilizadas no

criado ao lado da cama, ou arandelas articuladas na cabeceira da cama; cortinas

blackout ou de tecido que auxilie na difusão da luz natural e luz externa à residência;

estores automáticos, entre outros (RUPP, 2014).

Em complemento às luminárias e lâmpadas indicadas para compor a

ambiência do quarto do idoso recomenda-se o interruptor ao lado da cabeceira da

54

cama, facilitando o acionamento da luz, caso o idoso precise levantar-se da cama no

período noturno. Pode-se fazer uso de sensores de movimento em local adequado

e/ou balizadores junto ao piso. Não é indicado utilizar iluminação direta sobre a

cama, e devem ser preferidas as lâmpadas com temperatura de cor mais baixa,

distribuídas pelo ambiente para auxiliar no relaxamento e no processo de dormir

(SOARES, 2013). Iluminação, cortinas e estores automatizados com possibilidade

de ser controlada por controle remoto ou artifícios mais tecnológicos como comando

sonoro; até mesmo sensores de movimento auxiliam na segurança do idoso (RUPP,

2014).

Recomenda-se o uso de cama baixa que possibilite postura correta na

posição sentada, ou seja, membros inferiores alinhados a 90° com o chão e planta

dos pés tocando por completo o piso. É vetado o uso de beliches, camas de armar

ou similares. Os criados-mudos devem ter altura pouco acima do nível do colchão

com cantos arredondados e, no caso do uso de luminárias de mesa, estas devem

ser fixadas no criado (SOARES, 2013).

As gavetas dos armários devem ter travas nos deslizantes. Indica-se o uso de

iluminação interna nos armários para facilitar a visualização de roupas e objetos

guardados (SOARES, 2013). Em adição, segundo Mendes (2007), os armários

devem ter portas leves, cabideiro baixo, para evitar uso de escadas e apoios

inadequados, prateleiras de alturas variáveis, iluminação interna e puxadores do tipo

alça ou alavanca.

O banheiro é um dos ambientes com maior risco de acidentes, por tratar-se

de uma área molhada com dimensões pequenas, que dificultam a locomoção e a

movimentação no espaço. A ambiência considera uso de cadeira de rodas e apoios

como andador ou bengala pelos idosos (HAZIN, 2012). Assim, neste ambiente, os

armários devem ser acima ou, preferivelmente, na lateral dos lavatórios,

possibilitando movimentação das pernas, caso o idoso seja cadeirante e as

prateleiras internas de material resistente, sem possibilidade de quebra, sem pontas

e durável (MENDES, 2007).

É essencial o uso de barras de apoio na bacia sanitária (na lateral e no

fundo), nos boxes para chuveiros e no lavatório. O piso do banheiro deve ser

antiderrapante. O piso do boxe para chuveiro pode ter desnível máximo de 1,5cm,

quando forem superiores devem ser tratados como rampa. Recomenda-se prever,

55

na construção arquitetônica, banheiro que possa ser utilizado por pessoa em cadeira

de rodas e um acompanhante (ABNT, 2004).

A largura do banheiro deve ser suficiente para o acesso com cadeira de rodas

e não causar bloqueios para a movimentação de idosos que utilizam dispositivos de

auxílio à marcha (SOARES, 2013).

O uso de banco no boxe facilita o banho. A divisória do boxe deve ser de

material resistente e inquebrável. O espaço interno do boxe deve ser adequado para

o uso de duas pessoas, pois, em alguns casos, o idoso tem necessidade de auxílio

para fazer a sua higiene (SOARES, 2013).

A iluminação do banheiro, ambiente de elevado risco, deve prezar pelo maior

visibilidade. É importante que a luz branca tenha incidência direta sobre a área de

banho e sanitária. A iluminação direta próxima ao espelho e bancada com cuba

pode ter tom mais amarelado com índice de reprodução de cor elevado inspirando

autocuidado. Para tornar o momento de higiene mais agradável e relaxante pode-se

adicionar luz indireta suave no ambiente; porém, a iluminação geral deve ter

interruptor ou comando de controle com fácil acesso para o idoso que está

usufruindo deste banho relaxante (RUPP, 2014).

O vaso sanitário com altura baixa dificulta o uso por quem tem a musculatura

enfraquecida e, desse modo, o vaso adequado para os idosos e/ou cadeirantes deve

ser mais alto que o tradicional, sendo indicada adaptação da altura para 48 cm

(SOARES, 2013).

Para iluminação do escritório recomenda-se evitar o ofuscamento por brilho

na tela do computador e na mesa de trabalho por meio de reflexo da iluminação

artificial e natural. Então, o posicionamento das aberturas e das luminárias no

espaço físico, além do tipo desta última influenciará no uso do espaço. É indicado

uso de iluminação geral indireta e luz dirigida para a estação de trabalho. Neste

contexto, também é indicado controle da entrada de luz natural usando cortinas e

persianas, evitando, assim, o brilho externo excessivo. O material utilizado na mesa

de trabalho e no piso não pode ser brilhante nem muito reflexivo como no caso do

vidro para mesas e bancadas (SOARES, 2013).

Assim, para prevenção de acidentes e quedas, principalmente nos locais que

exigem mudança da posição de pé e abaixado para realizar algum tipo de atividade,

como pegar objetos guardados em armários baixos, aconselha-se uso de barras de

apoio fixadas nas paredes, pois, a fratura de ossos em pessoas com idade

56

avançada leva longo tempo para a cura e, em alguns casos, podem tornar o idoso

incapacitado (SOARES, 2013).

Finalmente, de acordo com Dul e Weerdmeester (2012), o ambiente

elaborado com conhecimentos intrínsecos ao design deve buscar benefícios ao

usuário gerando bem-estar, promovendo e prevenindo riscos à saúde e melhorando

o desempenho do organismo. Com isso, pode haver redução de custos sociais,

como o tratamento de doenças. Por essa razão, segundo Tomasini (2005), é

importante que o designer não negligencie aspectos importantes sobre a população

idosa ao projetar para essa população, ou seja, é necessária uma maior integração

das áreas que atuam na concepção de ambiências com áreas que estudam o

envelhecimento e o idoso, para compreender o que ocorre com o homem e seu

organismo frente à ação natural do tempo e as implicações do ambiente.

57

3 OBJETIVO

Aplicar conceitos do design para a ambiência e desenvolver Caderno de

Referência para elaboração de projeto de ambiência residencial focado em idosos

com vestibulopatias.

58

4 MATERIAL E MÉTODO

4.1 PÚBLICO-ALVO

O estudo teve como foco principal a população de idosos com vestibulopatias

e, seu produto final, o Caderno de Referência, é destinado a todos os profissionais

da área de arquitetura, design e construção civil, além dos profissionais da área de

saúde, bem como, familiares, cuidadores, os próprios idosos e demais interessados

na temática.

4.2 MATERIAL UTILIZADO

Para desenvolvimento do Caderno de Referência como um dos produtos

finais desta dissertação, além do material de Referência bibliográfica específico,

foram utilizados:

Corel Draw Graphics Suite X7 Software (Corel Corporation - EUA),

desenvolvido para o sistema operacional Windows.

Sketchup 2015 (Trimble Building - EUA), desenvolvido para sistema

operacional Windows.

Futuramente, para fins de divulgação, o referido Caderno poderá ser ajustado

com auxílio do seguinte programa de computador para o projeto editorial:

Corel Draw Graphics Suite X7 Software (Corel Corporation - EUA),

desenvolvido para o sistema operacional Windows.

A divulgação do Caderno de Referência se dará, inicialmente, por meio do

site do Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e

Inclusão Social, da Universidade Anhanguera de São Paulo (UNIAN-SP).

59

4.3 PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DO CADERNO DE REFERÊNCIA

4.3.1 Planejamento do layout

Para o planejamento e desenvolvimento do layout foi utilizada a metodologia

aplicada no livro “Guia de design editorial: manual prático para o design de

publicações”, de autoria de Timothy Samara, publicado em 2011, pela Editora

Bookman, São Paulo.

Foi realizado um estudo prévio para definição da tipografia e seleção de

cores. Da mesma forma, estudos prévios de esboços foram realizados para

definição da organização de conteúdo e integração entre texto e imagens.

A estrutura de organização do Caderno de Referência e seus elementos

seguiram as orientações de produção editorial e gráfica contidas na NBR 6021, da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

4.3.2 Desenvolvimento do conteúdo para o caderno

O conteúdo do Caderno de Referências está fundamentado nas Referências

bibliográficas do trabalho teórico e organizado de forma a integrar texto e imagens,

segundo os princípios de equilíbrio e harmonia do design e do design universal.

A formatação do conteúdo do Caderno respeitou os seguintes aspectos:

Saúde e qualidade de vida no envelhecimento.

Vestibulopatias e implicações no envelhecimento.

Ambiência residencial para idoso, acessibilidade e inclusão social.

Conforto térmico.

Conforto acústico.

Conforto lumínico.

Conforto cromático.

Ambiência residencial: entrada, acessos e circulação.

60

Ambiência residencial: salas de estar, sala de jantar e sala de TV.

Ambiência residencial: cozinhas.

Ambiência residencial: área de serviço.

Ambiência residencial: banheiros e lavabos.

Ambiência residencial: quartos.

Ambiência residencial: áreas externas e jardins.

4.3.3 Arte final

O Caderno de Referência foi desenvolvido e anexado como um dos produtos

finais desta dissertação de mestrado.

Contudo, do pronto de vista prático, o Caderno deverá ser futuramente

impresso em gráfica especializada, para fins de divulgação.

A impressão será realizada em processo offset e utilizará quatro cores (ciano,

magenta, amarelo e preto).

O papel para a capa será o Couché Matte 300g/m² e o papel do miolo será o

Couché Matte 170g/m².

A encadernação do impresso deverá ser do tipo canoa.

61

5 RESULTADO

O resultado do estudo está representado pelo seu produto final apresentado

como Apêndice, o Caderno de Referência: Ambiência residencial para idosos com

vestibulopatias.

62

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O design está centrado no ser humano, desde a sua idealização até a

concepção do objeto ou ambiente. Sua metodologia é fundamentada em

conhecimentos multi e interdisciplinares que elucidam e guiam o processo criativo e

conferem soluções ao projeto, o que pode interferir, transformar e até revolucionar o

cotidiano dos indivíduos.

Na criação da ambiência são abordadas duas vertentes de conhecimentos

considerando a relação contínua homem/espaço: a primeira envolve conhecimentos

relacionados a fatores humanos e, a segunda, conhecimentos relacionados a fatores

técnicos. Ambas, com teor significativo e de relevância equivalente, quando

associadas adequadamente, influenciam de maneira positiva o cotidiano do usuário,

reduzindo os elementos estressores e promovendo conforto, bem estar, segurança

e, consequentemente, mais saúde e qualidade de vida.

Para realização do trabalho, a revisão da literatura permeou os temas

relacionados à saúde, envelhecimento, vestibulopatias, design e ambiência, que

deram suporte para a criação e desenvolvimento do Caderno de Referência. Este

produto exemplifica, por meio de texto e imagens de ambientes residenciais, os

aspectos mais relevantes para um ambiente adequado para idosos com

vestibulopatias, e suas necessidades específicas.

O Caderno de Referência traz um conhecimento básico sobre o assunto

abordado e favorece o trabalho de profissionais direta ou indiretamente ligados ao

design e ambiência, no sentido de visualizarem possibilidades de solução para

ambientes residenciais que atendam idosos com vestibulopatias. Além disso,

espera-se fomentar novas criações para inovação em produtos e ambientes que

auxiliem nas atividades da vida diária desses idosos.

Sendo assim, o Caderno de Referência: ambiência residencial para idosos

com vestibulopatias, produto final deste estudo, contribui para a ambiência mais

apropriada para idosos, em especial, aqueles com distúrbios vestibulares, com a

finalidade de estimular sua saúde integral e trazer-lhes mais qualidade de vida.

63

REFERÊNCIAS

ABD. Associação Brasileira de Designers de Interiores. Design de interiores. Disponível em: <http://www.abd.org.br/designers-de-interiores.asp>. Acesso em: 12 jan. 2015. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma Brasileira 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 97p. APÓSTOLO, J. L. A. Envelhecimento saúde e cidadania. Revista de Enfermagem Referência, Coimbra, v. 3, n. 9, p. 205-8, mar. 2013. BARROS, S. D. O. L.; QUEIROZ, J. C.; MELO, R. M. Cuidando e humanizando: entraves que dificultam esta prática. Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 598-603, out./dez. 2010. BESTETTI, M. L. Ambiência: espaço físico e comportamento. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 601-10, jul./set. 2014. ____. Ambiência: o espaço construído como fator de envelhecimento saudável. Anais do 4º Congresso Luso-Brasileiro para o Planejamento Urbano- Regional, Integrado, Sustentável (PLURIS), 2010. Disponível em: <http://pluris2010.civil.uminho.pt/Actas/PDF/Paper87.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2015. BRASIL. Câmara dos Deputados. PL - Projeto de Lei nº 4692/2012. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=559173>. Acesso em: 19 mar. 2015. ____. Ministério da Saúde. Humaniza SUS: Política Nacional de Humanização. Humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as esferas do SUS. Brasília, 2004. 16p. ____. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à saúde. Sistemas de controle das condições ambientais de conforto. Brasília, 1995. 91p. ____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Ambiência. 2. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010a. 32p.

64

____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política Nacional de Promoção da saúde. 3. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010b. 60p. BÜRDECK, B. Diseño: historia teoria y práctica del diseño industrial. 1. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 1994. 390p. BUSS, P. M. Promoção da saúde da família, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/produtos/is_0103/IS23(1)021.pdf>. Acesso em: 31 de maio de 2015. CAMBIAGHI, S. Desenho universal, métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: SENAC, 2007. 288p. CAOVILLA, H. H. O equilíbrio corporal e os distúrbios da comunicação humana. In: GANANÇA, M. M.; VIEIRA, R. M.; CAOVILLA, H. H. Princípios de otoneurologia. São Paulo: Atheneu, 1998. p. 1-2. CAPORALI, A. S.; SILVA, J. Reconhecimento de fala no ruído em jovens e idosos com perda auditiva. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 70, n. 4, p. 525-32, jul./ago. 2004. CARVALHO J. Pequenas deficiências, deficientes profundos. Revista Caleidoscópio, Lisboa, v. 1, n. 7, p. 135-46, jan/jul. 2006. CAVEIRO, R. R.; PELUSO, E. T.; BARREIRO, F. C. A. B. Depressão em idosos com tontura crônica e sua relação com desequilíbrio e impacto da tontura na qualidade de vida. Revista Equilíbrio corporal e saúde, São Paulo, v. 5, n. 2, p. 25-34, jul./dez. 2013. CEUD. The Centre for Excellence in Universal Design. The 7 principles. Disponível em: <http://universaldesign.ie/What-is-Universal-Design/The-7-Principles/>. Acesso em: 23 abr. 2015. CHING F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 376p. CLEMESHA, M. R.; FAGGIN, C. A. M. Durma-se com um barulho destes: acústica e ambiente terapêutico. Revista do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, São Paulo, v. 27, n. 18, p. 60-75, dez. 2005.

65

COHEN S. C.; BODSTEIN, R.; KLIGERMAN, D. C.; MARCONDES, W. B. Habitação saudável e ambientes favoráveis à saúde como estratégia de promoção de saúde. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 191-8, jan./mar. 2007. DA. Design for All Foundation. What is design for all? Disponível em: <http://designforall.org/design.php>. Acesso em: 23 abr. 2015. DARÉ, A. C. Lighting design: o significado da luz no design de interiores e na qualidade de vida dos idosos. 298f. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2014. Tese (doutorado) Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, Universidade de Lisboa, Lisboa-PT, 2014. DARÉ, A. C. Luz para terceira idade: A percepção dos ambientes pelos idosos através da iluminação. Revista Lume Arquitetura, São Paulo, Ano XII, n. 72, p.50-54, fev./mar. 2015. DILANI, A. A new paradigm of design and health. 2004. Disponível em: <http://www.designandhealth.com/upl/files/113424>. Acesso em: 06 de junho de 2015. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2012. 163p. EMMEL, M. L. G.; PAGANELLI, L. O. P. Cartilha para acessibilidade ambiental: orientações ilustradas para domicílios de pessoas idosas. Produto de um projeto de pesquisa CNPq/PIBITI. Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Terapia Ocupacional, São Carlos, 2013. 46p. ERDMANN, A.; MELLO, A. L. S. F.; MEIRELLES, B. H. S.; MARINO, S. R. A. As organizações de Saúde na perspectiva da complexidade dos sistemas de cuidado. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57, n. 4, p. 467-71, jul./ago. 2004. FACCA, C. A. O designer como pesquisador: uma abordagem metodológica da pesquisa aplicada ao design de produtos. 2008. 215f. Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2008. FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5. ed. São Paulo: Blucher, 2006. 173p.

66

FLECK, M. P. A.; LOUZADA, S.; XAVIER, M.; CHACHAMOVICH, E.; VIEIRA, G.; SANTOS, L.; PINZON, V. Aplicação da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da organização mundial da saúde (WHOQOL-100). Revista de Saúde Pública, Porto Alegre, v. 33, n. 2, p. 198-205, abr. 1999. FONSECA J. F.; RHEINGANTZ, P. A. O ambiente está adequado? Prosseguindo com a discussão. Revista Produção, v. 19, n. 3, p. 502-13, set./dez. 2009. FREITAS, F. D.; SILVA, R. N.; ARAÚJO, F. P..; FERREIRA, M. A. Ambiente e humanização: retomada do discurso de Nightingale na política nacional de humanização. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 654-60, out./dez. 2013. FREITAS, I. B.; FREITAS, K. B. Fatores ergonômicos ambientais. In: BITENCOURT, F. Ergonomia e conforto humano. 1. ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2011. p. 65-103. FUKUDA, Y. Distúrbio vestibular no idoso. In: GANANÇA M. M.; VIEIRA R. M.; CAOVILLA H. Princípios de otoneurologia. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 1998, v. 1, 134p. FUNDACIÓN MAPFRE. Guia de prevenção: riscos domésticos para idosos. Disponível em: <http://www.fundacionmapfre.com.br/Portal/Fundacao/Arquivos/Download/Upload/381.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. GANANÇA, F. F.; GAZZOLA, J. M.; ARATANI, M. C.; PERRACINI, M. R.; GANANÇA, M. M. Circunstâncias e consequências de quedas em idosos com vestibulopatia crônica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 72, n. 3, p. 388-93, mai./jun. 2006. GAZZOLA, J. M.; GANANÇA, F. F.; ARATANI, M. C.; PERRACINI, M. R.; GANANÇA, M. M. Caracterização clínica de idosos com disfunção vestibular crônica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 72, n. 4, p. 515-22, jul./ago. 2006a. GAZZOLA, J. M.; PERRACINI, M. R.; GANANÇA, M. M.; GANANÇA, F. F. Fatores associados ao equilíbrio funcional em idosos com disfunção vestibular crônica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 72, n. 5, p. 683-90, set./out. 2006b.

67

GIBBS, J. Design de Interiores: Guia útil para estudantes e profissionais. 1. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2014. 224p. GOMES FILHO, J. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São Paulo: Escrituras, 2003. 254p ____. Design do objeto: bases conceituais. 1 ed. São Paulo: Escrituras, 2006. 255p. GOUVÊA, I. Design ergonômico: diretrizes para projetos habitacionais geriátricos. 2013. 302f. Tese (Doutorado em Design) - Universidade Estadual

Paulista (UNESP), Bauru, 2013. GUBERT, M. L. Design de Interiores: a padronagem como elemento compositivo no ambiente contemporâneo. 2011. 161f. Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2011. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. HAZIN, M. V. Os espaços residenciais na percepção dos idosos. 2012. 151f. Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, 2012. HOREVICZ, E. C. S.; CUNTO, I. A humanização de interiores de ambientes hospitalares. Revista Terra e Cultura, Paraná, v. 45, ano 23, p. 17-23, ago./dez., 2007. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil por sexo e idade 1980-2050: revisão 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. 93p. ICSID. International Council of Societies of Industrial Design. History. Disponível em: <http://www.icsid.org/about/about/articles33.htm>. Acesso em: 17 jan. 2015 IEA. International Ergonomics Association. Definition and domains of ergonomics. 2000. Disponível em: <http://www.iea.cc/whats/index.html>. Acesso em: 15 de jan. de 2015. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005. 614p.

68

KOTH, D. A influência da iluminação e das cores no ambiente hospitalar: a saúde vista com outros olhos. Especialize, jan.2013. Disponível em: <http://www.especializandovoce.net/uploads/arquivos/1a35b2683b4dbdd688e51f240b6645ba.pdf>. Acesso em: 10 jan. de 2015. KOWALTOWSK, D. K.; CELANI, M. C.; MOREIRA, D. C.; PINA, S. M. G.; RUSCHEL, R. C.; SILVA, V. G.; LABAKI, L. C.; PETRECHE, J. R. D.; Reflexão sobre metodologias de projeto arquitetônico. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 7-19, abr./jun. 2006. MENDES, F. Ambiente domiciliar x longevidade: pequena história de uma casa para velhice. 2007. 120f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), São Paulo, 2007. MORAES, E. N.; MORAES, F. L.; LIMA, S. P. P. Características biológicas e psicológicas do envelhecimento. Revista Médica de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 20, n. 1, p. 67-73, jan./mar. 2010. MOTTA, L. B.; AGUIAR, A. C. Novas competências profissionais em saúde e o envelhecimento populacional brasileiro: integralidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 363-72, mar./abr. 2007. NÓBREGA, I. R. A. P. O ambiente domiciliar e seus riscos para quedas em idosos. Revista Portal do Envelhecimento, v. 4, n. 40, p. 35-42, mar./mai. 2014. OKAMOTO, J. Percepção ambiental e comportamento: visão holística da percepção ambiental na arquitetura e na comunicação. São Paulo: Mackenzie, 2002. 261p. PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores: um livro de consulta e Referência para projetos. 1. ed. Barcelona: Gustavo Gili, SA, 2002. 320p. PASCALE, M. P. Ergonomia e Alzheimer: a contribuição dos fatores ambientais como recurso terapêutico nos cuidados de idosos portadores da demência do tipo Alzheimer. 2002. 120f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2002.

69

PEDROSA, I. Da cor à cor inexistente. 7. ed. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial. 1999. 224p. RICO, N. C.; LEMOS, N. D.; FERREIRA, C. V.; FERREIRA, C. G. Uso de dispositivos de auxílio à marcha: a percepção de idosos. Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, São Paulo, v. 4, n. 2, p. 42-50, ago./dez. 2012. RODRIGUES, E. F.; SOUZA, D. G. R.; GAZZOLA, J. M. Quedas no idoso com tonturas. Revista Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 40-4, ago./dez. 2011. RUPP, A. I. K. S. Design sistêmico de luz natural e artificial: iluminação para o idoso institucionalizado. 2014. 184f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Universidade de Lisboa, Lisboa-PT, 2014. SÂMIA, C. O. F. Cozinha funcional: análise do espaço e do usuário idoso. 2008. 92f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2008. SANTOS, L. H. Arquitetura como instrumento de inclusão social: projetar residências assistidas por idosos. 2012. 81f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Universidade da Beira Interior, Covilhã-PT, 2012. SOARES, E. A. Análise da iluminação e decoração nas residências de pessoas da terceira idade. Revista Online Ipog Especialize. Disponível em: <http://www.ipog.edu.br/revista-ipog/artigos/edicao-n-6-2013/arquitetura>. Acesso em: 15 de jul. 2015 SOUZA, R. F.; SKUBS, T.; BRÊTAS, A. C. P. Envelhecimento e Família: uma nova perspectiva para o cuidado de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 60, n. 3, p. 263-7, maio/jun. 2007. SUCUPIRA, A. C. Repensando a atenção à saúde da criança e do adolescente na perspective intersetorial. Revista de Administração Pública (RAP), Rio de Janeiro, v. 32, n. 2, p. 61-78, mar./abr 1998. TOMASINI, S. V. Envelhecimento e Planejamento do ambiente construído: em busca de um enfoque interdisciplinar. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, Passo Fundo, v. 2, n. 1, p. 78-88, jan./jun. 2005.

70

TORRES, M. L.; BEZERRA, E. G. S.; GALVÃO, S. C. Avaliação do desempenho ergonômico de cozinhas residenciais através da análise comparativa de arranjos físicos. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 6, n. 3, p. 69-90, jul./set. 2006. VASCONCELOS, R. T. B. Humanização de ambientes hospitalares: características arquitetônicas responsáveis pela integração interior/exterior. 2004. 176f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2004. WHO. World Health Organization. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. 1. ed. Brasília: Organização Pan-Americana de saúde, 2005. 60p. ZAMBENEDETTI, M.; SLEIFER, P.; FIORINI, A. C. Perfil otoneurológico e sintomatológico em pacientes vertiginosos. Distúrbios da Comunicação, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 75-85, abr. 2011.

71

APÊNDICE

Caderno de Referência:

Ambiência residencial para idosos

com vestibulopatias

72

73

74

75

76

77

78

79

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

100

101

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

113