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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU"
A VEZ DO MESTRE
AFETIVIDADE NO ESPAÇO ESCOLAR POR: HELOISA DA COSTA RODRIGUES
ORIENTADOR
FABIANE MUNIZ
RIO DE JANEIRO
JANEIRO/2010
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU"
A VEZ DO MESTRE
AFETIVIDADE NO ESPAÇO ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para a obtenção do grau
de especialista em Arteterapia em Educação e Saúde.
Por: Heloisa da Costa Rodrigues
3
RESUMO
Esta pesquisa apresenta um breve olhar sobre a importância dos aspectos afetivos para
o desenvolvimento intelectual do aluno. O capitulo I trata da arteterapia, algumas
definições segundo alguns adeptos que tem a aplicação da arteterapia como principio
técnico, o uso da arteterapia na escola como instrumento facilitador da aprendizagem do
aluno, matérias e técnicas arteterapêuticos utilizados na sala de aula e a importância de
se criar um ambiente arteterapêutico na sala de aula. O capítulo II trata da afetividade,
alguns conceitos e a importância da relação afetiva entre professor e aluno.
4
METODOLOGIA Esse estudo foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica, com consulta a livros, artigos
de sites da internet e pesquisas acadêmicas voltadas para o tema “arteterapia/
afetividade/ educação”.
5
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..............................................................................................................06 CAPITULO I 1.1. Arteterapia – Algumas definições ........................................................................07 1.2. Arteterapia na Escola ............................................................................................13 1.3. Materiais e técnicas da Arteterapia para Utilização na sala de Aula ................15 CAPITULO II 1.1. Afetividade - Alguns Conceitos ..........................................................................19
1.2. Relação Professor Aluno ......................................................................................25
CONCLUSÃO ................................................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ................................................................................33 ÍNDICE ...........................................................................................................................35
6
INTRODUÇÃO
O objetivo desta pesquisa é refletir sobre a importância de se valorizar as
relações afetivas dentro do espaço da sala de aula, para que se possa efetivamente
proporcionar aos alunos e professores a construção de saberes de maneira prazerosa e
significativa.
O trabalho será desenvolvido a partir da apresentação de conceitos de
Vygotsky, Wallon, Piaget e de outros autores importantes para a educação. O que essas
pessoas pensaram sobre a afetividade e a aprendizagem. O trabalho refletirá ainda sobre
como a arteterapia pode ser inserida nesse contexto a fim de contribuir para a
valorização da relação afetiva entre aluno e professor, tendo como foco o aprendizado
escolar, sem misticismo, romantismo nem pretensões de que a arteterapia é a solução
para os problemas de relacionamento que desembocam na sala de aula, como tentam
afirmar alguns arteterapeutas/arte educadores. Pois as relações entre educando e
educador dentro da sala de aula não é nada fácil, levando em consideração de que cada
um desses indivíduos traz em si singularidades e desejos que não são compreendidas de
imediato pelo outro, devido às diversidades, que estão presentes em qualquer ambiente
coletivo e que é natural na vida do ser humano, e enquanto não chegamos a essa
compreensão, que está muito relacionada à sensibilidade, nos degladiamos como se
fossemos inimigos, aluno e professor.
Falar de afetividade e aprendizagem é falar da essência da vida humana, que
por sua natureza social, se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num
contexto de inter-relações. A afetividade é o território das emoções, das paixões e dos
sentimentos; a aprendizagem, território do conhecimento, da descoberta e da atividade;
organiza-se em fenômenos complexos e multideterminados, definidos por processos
individuais internos que se desenvolvem através do convívio humano.
A escola é um espaço de multiplicidades, onde diferentes valores,
experiências, concepções, culturas, crenças e relações sociais se misturam e fazem do
cotidiano escolar uma rica e complexa estrutura de conhecimentos e de sujeitos. Essa
7
rica heterogeneidade que permeia a escola acaba por se confrontar com uma estrutura
pedagógica que está baseada num padrão de homem e de sociedade, que considera a
diferença de forma negativa, gerando assim uma pedagogia excludente.
CAPITULO I
ARTETERAPIA
1.1 Arteterapia: Algumas definições
Inúmeras são as conceituações sobre arteterapia, e uma delas é considerá-la
um processo terapêutico decorrente da utilização da arte. A arte terapia tem sua origem
em uma prática milenar, mas é recente enquanto instrumento terapêutico, tendo se
desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial, baseadas nas idéias de Jung e
influenciada por uma nova visão de arte.
Para Jung a arte tem finalidade criativa, e a energia psíquica consegue
transformar-se em imagem que através dos símbolos expressa seus conteúdos mais
profundos. Com a ajuda de um terapeuta é possível buscar significações para esses
símbolos.
Segundo Lou de Olivier, em seu livro “Psicopedagogia e Arteterapia – Teoria e
prática na aplicação em clinicas e escolas”, arteterapia é uma ciência fundamentada em
Medicina e Artes em geral, que estuda a prática os meios adequados para aliviar ou curar
os indivíduos por meio da expressão da arte, trazendo à tona uma idéia, trauma, fobia
etc, em uma catarse psicanalítica. É arte pela arte que analisa principalmente o processo
criativo e não a obra em si. Possui muitas manifestações tais como: psicodrama, teatro
terapêutico, biodança, expressão corporal, desenho, pintura, além da Medicina e das
Artes, na segunda parte de seu livro, Lou Olivier afirma que a Arteterapia também é
fundamentada na Psicologia e requer muito estudo e prática, além de sensibilidade do
8
terapeuta também analisa com profundidade as produções e os meios dessas produções
dos pacientes, excluindo-se a arte propriamente dita. Analisa o processo de criação e não
a criação em si. Em muitos casos, exige a presença de outros profissionais em uma
equipe e requer espaço apropriado. Pode tratar distúrbios variados desde que bem
aplicada e diferenciada da simples “Arte como Terapia”.”
Na maioria das publicações sobre arteterapia, que não são muitas,
encontramos as mesmas definições sobre arteterapia:
Arteterapia é um novo e fecundo campo de conhecimento, interface entre Arte
e Psicologia, que prepara para uma reorganização do EU, através da emergência de
forças criativas advindas da prática de linguagens artísticas. O fazer artístico promove
uma expansão do bem estar físico e emocional. Através da expressividade artística,
desperta-se a sensibilidade, o reencantamento pelo mundo e pela vida, auto-
conhecimento, afetividade e livre-expressão. (www.nominuto.com)
A arteterapia é uma terapia, que utiliza a arte como uma forma de
expressão sem exigir nenhum compromisso com padrões estéticos. Com esse
método, o principal objetivo é possibilitar e facilitar a comunicação e o que
importa é o significado do trabalho e sua simbologia. Por isso, ela é excelente
para aliviar o estresse, ajudar a desenvolver o bem-estar, além de
proporcionar uma melhora significativa na qualidade de vida de muitas
pessoas. (arteterapiaelianebarreto.blogspot.com)
A arteterapia favorece o processo terapêutico, fazendo com que você
entre em contato com o seu interior, liberando sentimentos e atitudes que
podem ser desconhecidos, favorece a busca da harmonia e do equilíbrio, na
arteterapia não há preocupação com a estética e sim com a expressão dos
sentimentos, por meio dos trabalhos artísticos, a busca da terapia por meio da
arte é uma maneira simples e criativa para a resolução de conflitos, aumenta a
espontaneidade e a criatividade.
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Arte Terapia consiste na utilização da Arte como forma de expressão,
consciente e inconsciente, do sujeito. Através da Arte Terapia a subjetividade do sujeito
se manifesta, possibilitando fazer pensáveis os conteúdos trabalhados. Nossos
sentimentos e emoções, pensamentos e esperanças, sonhos e desejos podem se revelar
com muito mais facilidade através de imagens do que através de palavras para diversas
pessoas, pois cada um de nós tem uma modalidade de aprendizagem.
A Arte terapia vem sendo aplicada com sucesso no campo das profilaxias em
clínicas de reabilitação de saúde mental e física, hospitais, empresas e escolas. Vários
benefícios da Arteterapia são conhecidos mundialmente como: aumento da criatividade e
senso estético, melhor integração consigo e com a realidade externa, aumento da auto-
estima, desenvolvimento pessoal e estética da singularidade - restituidora do equilíbrio
emocional. (www.unaee.org.br)
A Arte terapia lança mão de recursos artísticos em contextos terapêuticos (de
tratamento) ou profiláticos, de prevenção de questões diversas, que variam desde
estresse e depressão até inibição e dificuldades de aprendizagem, a Arte em todas as
suas manifestações: pintura, escultura, música, desenho, teatro, poesia... Ao realizarmos
uma atividade artística, não só interferimos na realidade, como também desenvolvemos
competências pessoais que aprimoram a performance, o desempenho da pessoa, o que
estabelecerá formas de comunicação entre o real e o imaginário, entre o pragmático e o
sensível, transformando o ato criativo em expressão produtiva.
(espacoarteterapia.blogspot.com)
Os benefícios de se dedicar a arte terapia no dia-a-dia atingem praticamente
todas as pessoas interessadas, uma vez que o trabalho manual gera introspecção,
concentração e reflexão Durante o processo da arte terapia as pessoas sentem-se
importantes, capazes e amadurecem, convivendo melhor consigo mesmas e com o
grupo.
A arte terapia é importante para a renovação e auto-estima do ser humano que
passa a se valorizar mais e se concentrar um pouco mais em si mesmo.
(www.unaee.org.br)
10
Entende-se por terapia o tratamento cuja finalidade é aliviar um estado
deteriorado para que o funcionamento normal do indivíduo se restabeleça. Neste sentido,
a arte-terapia é uma abordagem terapêutica que utiliza conhecimentos oriundos dos
campos da Psicologia, da Filosofia e da arte, com o objetivo de auxiliar o ser humano a
lidar com os desafios apresentados pela vida. Na arte-terapia trabalhamos com os
chamados mediadores de expressão (artes plásticas, teatro, dança, música, jogos
cooperativos, contos de fada, etc.), que facilitam o trabalho terapêutico ao permitir que o
indivíduo expresse o seu Eu interior de forma não-verbal. Assim sendo, por meio das
diferentes expressões artísticas o indivíduo é incentivado a participar de um processo de
criação e leitura da sua obra, tocando impreterivelmente pontos significativos e/ou
conflitivos da sua vida, com a intenção de reorganizar e equilibrar os mesmos.
(www.fep.com.br)
Na arte-terapia são utilizadas técnicas artísticas variadas para provocar a
comunicação verbal, que normalmente é camuflada pelo raciocínio. A troca de idéias e
conceitos estimula o diálogo, que tem como principal objetivo a transformação pessoal.
Ela possibilita a comunicação entre as pessoas e o encontro consigo mesmo. Sabendo
que, assim como nas entrelinhas de um texto ou de um discurso oral, muitas coisas
podem ser descobertas, isso também acontece com a pintura, a escultura, a expressão
corporal, a música e o teatro, ao utilizar técnicas artísticas para descobrir e explorar as
qualidades únicas e interiores de cada um, ampliando seu universo de percepção.
De tempos em tempos cresce em nós a necessidade de buscar e alcançar o
nosso próprio centro. A capacidade humana de perceber, figurar e re-configurar suas
relações consigo mesmo, com os outros e com o mundo, se manifesta tanto na arte como
nos processos terapêuticos. A arte é a facilitadora de tais processos, pois contém em si a
própria natureza de uma realidade alternativa na qual, eximidos das conseqüências que a
realidade do cotidiano nos impõe, podemos relaxar nossas defesas e nos permitir
contatar, sentir, elaborar e expressar, o que de outra forma seria perigoso e ameaçador.
Isso diferencia a arte da arte-terapia, pois ao fazer isto na terapia, o indivíduo tem
possibilidade de redimensionar esses conteúdos, na presença de um outro que escuta e
ajuda a elaborar. A liberdade nos trabalhos chega a resultados profundos, atingindo o
11
âmago do participante de forma mais rápida, possibilitando que sua problemática surja
naturalmente num processo de auto-descobrimento.
Ao acolher o indivíduo e disponibilizar um ambiente em que ele possa criar arte
e falar sobre o seu processo de criação, a arte-terapia possibilita: Aumentar a
autoconsciência e auto-estima. Lidar com sintomas de doenças, stress e experiências
traumáticas. Desenvolver habilidades cognitivas e sociais. Estimular a imaginação e a
criatividade. Expressar sentimentos difíceis de verbalizar. Desenvolver hábitos saudáveis.
Identificar sentimentos e bloqueios na expressão emocional/afetiva e no crescimento.
Abrir canais de comunicação, tornando a expressão verbal mais acessível.
O público alvo da arte-terapia é muito diversificado. Todas as pessoas podem
se beneficiar dela, independente de idade, sexo, crença ou nível social. Podemos aplicá-
la em diversos ambientes, como, por exemplo, em empresas, em escolas, para alunos,
profissionais da educação e pais; em instituições, para funcionários ou beneficiários. Ela
pode também ser aplicada em consultórios e ateliês terapêuticos, de forma individual ou
em grupos formados por pessoas interessadas no equilíbrio, na qualidade de vida ou
quando sentem suas forças ameaçadas por causa do stress, de problemas triviais que às
vezes levam à depressão, ao desânimo, à falta de confiança, à baixa auto-estima.
Indicada para quem sente necessidade de aumentar o conhecimento interno de si,
adquirindo assim uma maior estabilidade emocional, e é utilizada como terapia de apoio
em tratamentos psicológicos e psiquiátricos.
Principais objetivos da arteterapia:
- Favorecer o processo terapêutico, fazendo com que o individuo entre em
contato com o seu interior, liberando sentimentos e atitudes que podem ser
desconhecidos;
- Favorecer a busca da harmonia e do equilíbrio; Na arteterapia não há
preocupação com a estética e sim com a expressão dos sentimentos, por meio
dos trabalhos artísticos; A busca da terapia por meio da arte é uma maneira
simples e criativa para a resolução de conflitos; Aumenta a espontaneidade e
criatividade.
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A Arte-Terapia é um modelo terapêutico em que são utilizados mediadores de
expressão. Os mediadores permitem a expressão do Eu interior de forma não verbal, o
que no processo terapêutico é facilitador. O recurso à metáfora e ao simbólico, através da
expressão mediada, permite dizer os "não ditos" de forma menos ameaçadora e dar-lhes
sentido, através da verbalização, facilitando assim a reparação. A prevenção e o
tratamento do sofrimento psíquico são os objetivos fundamentais da Arte-Terapia. É no
ambiente seguro e contentor da relação terapêutica que se procura alcançar o equilíbrio
emocional para uma melhor qualidade de vida.(www.drashirleydecampos.com.br/noticias)
Essas são as definições encontradas nas publicações sobre arteterapia. As
pesquisas nessa área ainda são muito escassas e às vezes, duvidosas. O que dificulta
muito a sua aplicabilidade. Talvez esse tema necessite de mais pesquisas científicas e
mais registros sobre a real aplicabilidade e eficácia dessa prática.
Sabe-se que a Arteterapia tem uma função simbólica que permiti ao homem
expressar e ao mesmo tempo perceber os significados atribuídos a sua vida, e que faz-se
da problematização de um fazer que merece ser resignificado pelo indivíduo que
passa a possuir a si mesmo e a possuir o seu próprio processo de transformação.
A atividade humana é entendida como um espaço para criar, recriar, produzir um mundo
de significados repleto de simbolismos . Neste contexto a produção de vida se da pela
produção de atividades enquanto um ato psicossocial.
O pensamento holístico vem a contribuir e aproximar o que o Descartes
propunha, a essência do ser humano a partir do pensamento, do ato de pensar, da
aproximação da matéria e do espírito.
1.2. Arte-terapia na escola
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Após ler as afirmações da autora Lou de Olivier, em seu livro “Psicopedagogia
e Arteterapia”, arteterapia parece algo tão subjetivo. Sendo assim, será possível aplicar a
arteterapia na sala de aula como uma possibilidade que contribua para sustentação do
educando no seu processo de construção do conhecimento, através das relações
afetivas, criando um ambiente de expressão, confiança e acolhimento sem confundir
arteterapia e arte-educação?
A arteterapia nas escolas pode possibilitar atividades preventivas, tanto no
âmbito psicopedagógico, já que oferece uma interação entre arte e cognição, quanto no
contexto de re-significações de atitudes pessoais. Mobilizando a construção pessoal a
partir da utilização de técnicas especificas da arteterapia, temos a aprendizagem como
resultado desse processo.
Para a artista e arteterapêuta Ada Cristina Garcia Toscani e a arteterapêuta
Maria Angélica Rente Basso, a escola é um espaço fundamental na construção da
identidade do indivíduo, pois atua de forma importante na formação de valores e
princípios que irão nortear a vida de seus alunos. Contudo seu trabalho só será realizado
de forma plena se essa atuação ocorrer em um ambiente que propicie a boa interação
entre profissionais de educação, alunos e responsáveis. Para que isso ocorra, deve haver
uma preocupação em relação à qualidade de vida de todas as pessoas envolvidas no
processo de ensino-aprendizagem. , portanto, extremamente necessário que se realizem
atividades que possibilitem a integração entre os objetivos da escola, as necessidades
dos alunos, a atuação dos educadores e expectativas dos pais, sem se esquecer do
fundamental, que é a transformação de seus alunos e filhos em indivíduos conscientes,
críticos e atuantes, que possam colaborar na conquista de uma melhor qualidade de vida
para todos.
Entre outros objetivos a arte-terapia irá atuar no trabalho com os alunos:
Estimulando a criatividade e a imaginação. Desenvolvendo o pensamento crítico.
Explorando novas formas de expressão, possibilitando o autoconhecimento,
desenvolvendo o interesse e a concentração, melhorando o desempenho escolar,
auxiliando no tratamento de distúrbios de aprendizagem, lidando com preconceitos e
estimulando a cooperação e o companheirismo entre alunos.
14
No trabalho com professores, coordenadores e colaboradores em geral, a
arteterapia deve aborda assuntos como: Como estimular o aluno a utilizar outras formas
de expressão e a importância da comunicação, como lidar com o stress no ambiente
escolar, autoconhecimento, estímulo a trabalhos multidisciplinares, e como trabalhar em
grupo.
Ao trabalhar com os pais, a arteterapia oferece a oportunidade de se discutir:
A importância da participação dos pais ou responsáveis nos processos escolares, o papel
da família no equilíbrio da criança, como lidar com o stress na vida cotidiana, como
auxiliar seu filho a lidar com os desafios da vida.
O processo "arte terapêutico" ocorre na forma de atividades voltadas para os
públicos específicos, depois de uma avaliação das necessidades e expectativas da
escola. Na educação a arteterapia objetiva, o desenvolvimento do potencial criativo como
elemento resultante da formação de estruturas psíquicas superiores (pensamento
hipotético – dedutivo).
Algumas atividades são sugeridas por Ana Cristina e Maria Angélica para serem
desenvolvidas na escola, como:
- Workshops com educadores, de curta duração ou em final de semana.
- Atelier terapêutico para alunos com dificuldades de aprendizagem e relacionamento.
Oficinas com alunos, em horário extracurricular.
- Encontros com os pais ou responsáveis, na forma de palestras ou oficinas.
A sala de aula é um espaço de vivência, de convivência e de relações
pedagógicas, espaço constituído pela diversidade e heterogeneidade de idéias, valores e
crenças. Assim, é impregnado de significado, é espaço de formação humana, onde a
experiência pedagógica – o ensinar e o aprender – é desenvolvida no vínculo: tem uma
dimensão histórica, intersubjetiva e intra-subjetiva (Valdez, 2002, p.24). Pesquisar esse
cotidiano se constitui então, um desafio.
15
O ambiente, no desenvolvimento emocional saudável dos indivíduos,
desempenha um papel de grande relevância, ao oferecer condições suficientemente
boas, atendendo às necessidades apresentadas por esses indivíduos (WINNICOTT,
1960).
1.3. Materiais e técnicas da arteterapia para utilização na sala de aula.
A arteterapia nas escolas pode possibilitar atividades preventivas, tanto no
âmbito psicopedagógico, já que oferece uma interação entre arte e cognição, quanto no
contexto de re-significações de atitudes pessoais. Mobilizando a construção pessoal a
partir da utilização de técnicas especificas da arteterapia, temos a aprendizagem como
resultado desse processo. Nesse sentido é importante ressaltar que a utilização de
materiais diversos nas atividades de arteterapia com os alunos, viabiliza o “aprender
fazendo”, estimulando os processos cognitivos.
Segue-se a apresentação de alguns materiais e técnicas para a utilização em sala de
aula.
Papel: Podem ser lisos ou porosos
Exemplos de papéis lisos e algumas técnicas:
§ Sulfite: muito utilizado para escrever;
§ Cartolina: Apresenta muita resistência e maleabilidade, adequado para dobraduras e
construções tridimensionais;
§ Papel cartão: Mais espesso que a cartolina, apresenta cor, usado para emoldurar
trabalhos e confecções de caixas;
§ Celofane: Papel transparente e frágil possui um resultado interessante quando
empregado para fazer detalhes coloridos em boneco de teatro de sombras;
§ Cuchê: Papel de revista usado em cestaria e confecção de pesas para bijuterias;
16
§ Papel de presente: Usado em dobraduras;
§ Seda: Papel bem fino, usado na confecção de pipas e bandeirinhas, pode-se
descolori-la com água sanitária.
Exemplos de Papéis porosos e algumas técnicas:
§ Canson: Encontrados em diversos tamanhos, gramaturas, texturas e colorações
apresenta excelente qualidade e grande resistência, serve para pintura e sedenho;
§ Crepom: Bastante frágil, pode ser rasgado, cortado e amassado, sua tinta sai
facilmente com água;
§ Camurça: usado em forração, além de detalhes em colagem;
§ Kraft: Semelhante ao pardo, pode ser pintado com tinta ou desenhado com lápis de
cor e pastéis.
Material seco:
São todos os lápis, os pastéis, as canetas hidrográficas, os gizes de cera etc. Esses
materiais dão fáceis de manusear e controlar, diminui a ansiedade frente a tarefa
realizada, transmitindo segurança, reforçando a sensação de equilíbrio e de bem estar,
facilitando o encontra de material e o que será projetado.
Diversas técnicas podem ser empregadas com esses materiais, como: registros de
texturas em papel, produção de diversos tons, técnica do esfumaço, contornos, derreter a
ponta do giz de cera, desenho livre etc.
Tintas:
A tinta que por sua fluidez, provoca a liberação de emoções, pois não permite tanto
controle como o material seco.
Aquarela:
Possui transparência, apresenta-se em pastilhas ou em tubos. São difíceis de trabalhar,
pois o erro não poderá se corrigido. Pode-se pintar com aquarela com o papel
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previamente umedecido ou marcar um desenho no papel com caneta esferográfica, e
cobrir com uma aguada de aquarela.
Acrílica:
Confere resistência ao trabalho, pois ao secar plastifica o trabalho.
Guache:
Muito usado com o pré-escolar, pode-se produzir monotipias, colocar pequenas
quantidades de guache, uma ou mais cores diferentes, numa folha dobrada ao meio,
pressionar para obter um efeito único e quase sempre inesperado.
Tinta para pintura a dedo:
Material de excelente performance tátil, possibilita o ajuste ou coordenação motora frente
a dosagem a ser usada no trabalho. Para crianças pequenas é interessante a exploração
do material.
Cola colorida:
A cola colorida após a secagem, conserva sua cor original, serve para pintar e fazer
formas com relevo.
Plastilina ou massa plástica:
Por seu baixo custo, facilidade de manuseio e atratividade exercida pelas cores intensas
é muito utilizada no trabalho com crianças.
Argila:
A argila é um material rico, tanto nas possibilidades afetivas quanto na maior plenitude da
troca que o sujeito estabelece com ela, inclusive transmitindo o calor de suas mãos para
18
a massa, que inicialmente fria, vai se aquecendo ao ser manuseado. O trabalho pode ser
transformado com a ajuda da água.
É um material natural muito flexível e maleável. Proporciona a oportunidade de fluidez
entre material e manipulador como nenhum outro. (OAKLANDER, 1980, pg.94)
Fantoche:
É uma técnica rica e plena de significados. As crianças (indivíduos de qualquer idade)
podem representar com fantoches já prontos ou confeccionados por elas mesmas,
personagens. A histeria contada, a dramatização também serão objetos de atenção e
uma possibilidade de compreensão mais plena daquilo que o sujeito precisa revelar.
Máscaras:
Ao colocar uma máscara e se ocultar, o sujeito pode permitir o “desmascaramento” de
alguns afetos e comportamentos que não ousa revelar quando traz o rosto exposto. É
uma excelente oportunidade de ver o participante dar voz a emoções guardadas.
Colagem:
Atividade bastante apropriada para crianças favorece o desenvolve da coordenação
motora fina e a organização espacial. Os papéis e as imagens podem ser recortados com
tesoura ou com as mãos (rasgados), dependendo do momento de desenvolvimento
psicomotor, ou do objetivo que se deseja atingir com a técnica. Pode se trabalhar com
outros materiais além do papel, como: pano, conchas, sementes, entre outros.
CAPITULO II
19
AFETIVIDADE
1.1. Afetividade: Alguns conceitos
[...] como professor [...] preciso estar aberto ao gosto de querer bem aos educandos e à própria prática educativa de que participo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que, porque professor me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa, de fato, que a afetividade não me assusta que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, numa prática específica do ser humano. Na verdade, preciso descartar como falsa a separação radical entre “seriedade docente” e “afetividade”. Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. (FREIRE, 1996, p.159).
Conceituar afeto, amor sempre foi algo muito fácil e, ao mesmo tempo, muito
difícil, pois para os amantes o amor é melhor definido sentindo e não falando,
descrevendo. A afetividade consiste em poder fazer com que o outro receba de nós o
contato físico, verbal, a relação de cuidados, mas isso também implicará conflitos,
envolvendo amor e raiva. Nós temos raiva de quem amamos, temos ciúmes de quem
amamos. Amor sempre envolve conflito. Poetas e apaixonados o conceituam das mais
variadas formas desde o início dos tempos. Porém, vejamos o que dizem aqueles que
tentam, racionalmente, explicar a afetividade.
Para Vigostsk, Wallon e Piaget afeto e cognição são inseparáveis. De acordo
com Piaget não existem estados afetivos sem elementos cognitivos, assim como não
existem comportamentos puramente cognitivos. Nesta perspectiva, para Piaget o papel
da afetividade é funcional na inteligência. A afetividade funciona como a fonte da energia
de que se utiliza a cognição para seu funcionamento. Complementando, todos os objetos
20
de conhecimento são simultaneamente cognitivos e afetivos e as pessoas ao mesmo
tempo em que são objetos de conhecimentos, são também de afeto.
GALVÃO (1999) diz que são quatro os temas fundamentais nos quais Wallon
se baseou para elaborar seu projeto teórico no qual pretendeu fazer a psicogênese da
pessoa completa: afetividade, movimento, inteligência e a questão da pessoa, do eu.
Para Wallon, a afetividade é fundamental na constituição do sujeito. Desde
pequeno, ainda recém nascido, o ser humano utiliza a emoção para comunicar-se com o
mundo, o bebê, antes mesmo da aquisição da linguagem consegue estabelecer relações
com a mãe, ou pessoa que dele cuida através de movimentos de expressão.
Para ele a personalidade é constituída por duas funções básicas: Afetividade e
inteligência. A afetividade está vinculada às sensibilidades internas e orientada para o
mundo social, para a construção da pessoa: a inteligência por outro lado, está vinculada
às sensibilidades externas e orientada para o mundo físico, para a construção do objeto.
Desta forma a afetividade assume papel fundamental no desenvolvimento humano,
determinando os interesses e necessidades individuais da pessoa, é um domínio
funcional, anterior a inteligência.
Wallon se debruçou durante grande parte da sua vida, sobre o estudo das
emoções e da afetividade, em busca de fundamentar a sua pesquisa sobre a
psicogênese da pessoa completa, considerada em todos os aspectos: afetivo, cognitivo e
motor. Identificou as primeiras manifestações afetivas do ser humano e suas
características. Estudou também, a grande complexidade que a afetividade e as emoções
sofrem no decorrer do desenvolvimento, assim como as múltiplas relações com outras
atividades.
Wallon (1968) defende que, no decorrer de todo o desenvolvimento do indivíduo,
a afetividade tem um papel fundamental. Tem a função de comunicação nos primeiros
meses de vida, manifestando-se, basicamente, através de impulsos emocionais,
estabelecendo os primeiros contatos da criança com o mundo. Através desta interação
21
com o meio humano, a criança passa de um estado de total sincretismo para um
progressivo processo de diferenciação, onde a afetividade está presente, permeando a
relação entre a criança e o outro, constituindo elemento essencial na construção da
identidade. Da mesma forma, é ainda através da afetividade que o indivíduo acessa o
mundo simbólico, originando a atividade cognitiva e possibilitando o seu avanço. São os
desejos, as intenções e os motivos que vão mobilizar a criança na seleção de atividades
e objetos.
Para Wallon (1978), o conhecimento do mundo objetivo é feito de modo
sensível e reflexivo, envolvendo o sentir, o pensar, o sonhar e o imaginar. Destaca a
alternância existente entre a função razão (cognitiva) e a emoção (afetividade),
apresentadas no decorrer do desenvolvimento da pessoa. A razão e a emoção estão
imbricadas, ou seja, uma não acontece sem a outra, mas sempre uma se sobrepõe
predominando. A emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos. É
fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois são
constitutivos da atividade emocional. O conhecimento do mundo objetivo é feito de modo
sensível e reflexivo, envolvendo o sentir, o pensar, o sonhar e o imaginar.
Ainda segundo Wallon, a emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os
indivíduos. É fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois
são constitutivos da atividade emocional.
Dantas (1992) enfatiza que, além de ser umas das dimensões da pessoa, a
afetividade é também a mais arcaica faze do desenvolvimento. Afirma que, no inicio da
vida, afetividade e inteligência sincreticamente misturadas com predomínio da primeira.
Conclui que o ser humano, desde o nascimento, é um ser afetivo, e que gradativamente
esta afetividade inicial vai diferenciando-se em vida racional. Vygotsky enfoca que o
pensamento tem sua origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações,
necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção. Também em relação à
manifestação da consciência, estes autores se aproximam. Vygotsky é quem concebe a
consciência como emergindo na participação em práticas sócio-culturais.
22
A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. A preocupação do professor não deve se limitar ao fato de que seus alunos pensem profundamente e assimilem a geografia, mas também que a sintam. [...] as reações emocionais devem constituir o fundamento do processo educativo. (VYGOTSKY, 2003, p. 121)
Vygotsky defende que uma abordagem ancorada puramente nos processos
corporais, além de ignorar as qualidades superiores das emoções, única e
exclusivamente humanas, também não considera as transformações qualitativas que
sofrem ao longo do desenvolvimento. Além disso, as contribuições teóricas do autor
permitem reconhecer e compreender o processo de internalização também das emoções
e sentimentos, pois pressupõe que são as práticas sócio-culturais que determinam os
conhecimentos e sentimentos apropriados pela criança.
As reflexões feitas por Vygotsky possibilitaram destacar a imensa complexidade
que envolve o desenvolvimento das emoções humanas e afirmar que tal desenvolvimento
está em harmonia com a própria distinção que faz entre processos psicológicos
superiores e inferiores e sua concepção de desenvolvimento cognitivo. Defende que as
emoções não deixam de existir, mas evoluem para o universo do simbólico,
entrelaçando-se com os processos cognitivos.
Segundo Libâneo, os aspectos sócio-emocionais cooperam para a relação
professor-aluno. Esses, de acordo com o autor, referem-se aos vínculos afetivos entre
professor e alunos, bem como às normas e exigências objetivas que regem o
procedimento dos alunos.
Vale ressaltar que a afetividade a qual o autor assinala não se refere ao
carinho do professor para com determinada criança. Mas uma afetividade voltada para a
relação do professor em relação ao contexto grupal, de forma que o professor adote uma
postura afetiva e positiva com o mesmo, onde exerça sua autoridade (não autoritarismo).
23
De acordo com Gadotti, alguns valores que até então são interditados na
escola devem ser resgatados, tais como: sentir a presença do outro, sentir-se bem,
perceber o olhar, o abraço, compreender o olhar das crianças. As boas inter-relações
promovem um ambiente mais agradável e com isso possibilitam a oportunidade de um
processo de ensino aprendizagem mais eficaz. Boas relações se manifestam por meio de
diálogo, troca, paciência, compreensão, tolerância. Contudo, a questão das regras em
sala de aula também é importante para a organização, assim como em qualquer outro
contexto de convivência.
Pensando, pois, em afetividade, podemos defini-la de acordo com FERREIRA
(2000) como sendo o "Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma
de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou
prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza."
Assim, podemos dizer que as emoções são uma forma de comunicação que,
sobretudo no recém-nascido constitui a maneira de se relacionar com o novo meio ao
qual está exposto, usando-as para expressar seus sentimentos de solidão, fome, alegria,
tristeza, incômodo entre outros. Além disso a emoção é contagiosa. Quem nunca se
sentiu tocado ao ver alguém chorando ou se alegrou ao ver alguém extremamente feliz?
Isso dá ao bebê o poder de mobilizar as outras pessoas a perceberem o que ele está
sentindo ou deseja. (GALVÂO, 1999).
Essa comunicação emocional, aos poucos, vai sendo substituída por outra
forma mais racional de comunicação. A criança, crescendo, aprende novas maneiras de
se relacionar com os outros e novas formas de saciar suas vontades. O sistema nervoso
fica cada vez mais capaz de controlar as emoções deixando o raciocínio tomar posse das
atitudes.
Apesar de exibir uma linguagem verbal bem desenvolvida, a criança menor de
6 anos (aproximadamente) ainda utiliza intensamente a linguagem emocional. O choro,
as expressões corporais e faciais permitem ao professor perceber seu aluno. Isso é coisa
a ser pensada na prática pedagógica. (GALVÃO, 1999).
24
Segundo GALVÃO (1999) "... se a criança está ao sabor de suas emoções, ela
não tem condições neurológicas de controlá-las...". Então, mais uma vez, destacamos o
valoroso papel do professor na compreensão do grau de maturidade neurológico da
criança para que não considere certas atitudes tomadas por ela como indisciplina,
manha, atrevimento ou hipocrisia. Devemos ter consciência da importância da afetividade
para o desenvolvimento emocional da criança, mas também temos de considerar os
fatores biológicos necessários a esse desenvolvimento.
É necessário um meio sócio-emocional, afetivo, motor e cognitivo para o
desenvolvimento da criança menor de três anos, pois é nesta fase que ocorre a
aquisição da linguagem. Neste momento as emoções têm um importante papel no
desenvolvimento do indivíduo, mas são nos primeiros meses de vida que elas terão o
papel de garantir a sobrevivência do bebê e progresso da noção do EU.
O amor e o ódio compõem a vida afetiva do ser humano e estão sempre juntos,
interferindo em nossos pensamentos e ações. A compreensão das emoções e os
sentimentos são essenciais no entendimento da afetividade. Emoções causam efeitos
intensos e imediatos no organismo enquanto que os sentimentos são mais amenos e
duradouros. Quantas vezes nos preparamos para tomar determinada atitude diante de
um problema e a emoção nos fez reagir de forma totalmente inesperada? As emoções
são raiva, medo, nojo, tristeza, alegria, vergonha, desprezo, empolgação etc.
Sentimentos podem ser: amizade, ternura, entre outros.
NOVAES (1984) nos mostra que a carência afetiva determina uma série de
fatores que prejudicam o desenvolvimento global da criança, tanto no âmbito físico como
psíquico. Essa carência pode ser identificada pela incapacidade do indivíduo em manter
trocas afetivas normais com outros seres humanos. Segundo ela, esses sintomas
diagnosticados na escola é conseqüência de um descontrole na relação mãe-filho, pois
tanto a carência como o excessivo cuidado pode acarretar problemas emocionais graves
na criança pequena.
Na nossa cultura o homem é proibido de demonstrar suas emoções através do
choro enquanto a mulher é incentivada a isso. O importante, então, é entendermos que a
afetividade interfere no crescimento pessoal do ser, mas não está indiferente a fatores
25
biológicos, sociais e cognitivos, e que depende da cultura na qual o indivíduo está
inserido
1.2. RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
Nas últimas décadas muitas coisas influenciaram a Educação. Uma delas foi à
emancipação da mulher, antes maior responsável pela criação, cuidados e educação dos
filhos. Hoje, a mulher deixa a sua casa em busca da equivalência de gênero. Com isso
temos uma total mudança de comportamento na sociedade. Mulheres querem igualdade
de deveres e direitos.
Com toda essa reviravolta, a responsabilidade de educar passa principalmente
para a escola. E esta acaba por assumir papéis antes destinados a “família” (mãe). E
talvez por esse acréscimo nas suas obrigações, não esteja acompanhando o avanço
social e não esteja cumprindo com o que pais e sociedade esperam dela: a completa
formação do ser humano e cidadão.
Precisamos reconstruir uma nova escola resultante da fusão entre a escola
antiga e a atual, capaz de formar mentes pensantes, com conteúdo e voltadas para
formação profissional e desenvolvimento do homem enquanto ser afetivo, emocional,
religioso etc.
Baseado nessa realidade ocorre que há a necessidade de um novo profissional
da Educação. Um profissional que esteja preparado para propiciar a seus pupilos as mais
variadas situações que lhes permitam desenvolver suas competências e habilidades da
forma mais perfeita possível, garantindo sua formação completa. Assim, a relação
professor-aluno se torna tema fundamental de discussão nas reuniões de planejamento,
nas escolas.
Conforme CURY (2003) os professores precisam deixar de serem bons e se
tornarem fascinantes para que suas aulas e conteúdos façam sentido e possam ser
26
assimilados por seus alunos. Diz também que são sete os pecados capitais dos
professores:
1. Corrigir publicamente
Causa um clima desagradável para todos os presentes, além do trauma que a pessoa
terá que enfrentar dali em diante. O ideal continua sendo conversar e levar a pessoa a
refletir sobre seu ato em particular;
2. Expressar autoridade com agressividade
A autoridade dos pais e professores deve ser conquistada com inteligência e amor.
Expressar autoridade com agressividade nos faz ser respeitados por temor e não pelo
reconhecimento do nosso caráter;
3. Ser excessivamente crítico, obstruindo a infância da criança
Através dos erros e falhas também aprendemos. Devemos deixar nossos filhos e alunos
experimentarem, errarem, para poderem pensar a respeito e descobrirem o mundo que
os rodeia. Crianças se desenvolvem através de brincadeiras, corridas, quedas e
travessuras. Enclausurar uma criança num conjunto de regras adultas só contribui para
que ela seja um adulto infeliz;
4. Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações
Punir num momento de ira significa que você está tentando se vingar do erro do seu filho
ou aluno. Busque sempre compreender a situação e leve a criança a refletir sobre o que
fez. As explicações são sempre necessárias. Mesmo que você parta para punição física,
esta deve ter um valor simbólico que a criança tem de compreender;
5. Ser impaciente e desistir de educar
Quando o jovem ou a criança parece não ter jeito, falta-nos paciência. As dores vividas
por eles e seus pedidos de ajuda, carinho e conforto são das mais variadas formas, até
com agressividade. Nessas horas, temos que acreditar e investir para que não se percam
nos seus mundos de sofrimento;
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6. Não cumprir com a palavra
Saber dar um não é uma forma de educar as emoções, desde que uma vez dada a
palavra, esta não volte atrás. As frustrações vividas por um não recebido ensinam ao
jovem que nem tudo que ele desejar, obrigatoriamente alcançará. Devemos sempre
cumprir com o que prometemos ou falamos, do contrário, cairemos em descrédito e
estaremos deixando nossos filhos e alunos despreparados para esse tipo de situação em
suas vidas;
7. Destruir a esperança e os sonhos
Com sonhos e esperanças temos razões para viver. O jovem sem motivação torna-se
opaco, sem alegria. Como educadores das emoções, jamais devemos fazer críticas
severas às pessoas.
Para FURLANI (1995), as características afetivas, culturais e de personalidade
do professor se problematizam, originando modelos através dos quais ele se situa em
relação ao aluno:
- Modelos autoritários
Ausência total de diálogo. O professor é aquele que sabe, que ensina, que fala, que
informa, que transmite os conhecimentos para o aluno, que é passivo, um mero
recebedor de conteúdos;
- Modelos permissivos
Total liberdade de expressão. Os alunos são ouvidos e observados, mas não há
imposição de limites, um direcionamento dado pelo professor, uma vez que faltam
objetivos educacionais mínimos estipulados em planejamento para serem atingidos;
28
- Modelos democráticos
O meio-termo entre os modelos permissivos e os autoritários. Aqui há a existência do
diálogo, o conhecimento é desenvolvido, elaborado e reelaborado a partir da interação
entre o professor e o aluno, tendo por base suas experiências.
Para FURLANI (1995) o modelo democrático ainda é uma utopia, ainda
encontra obstáculos para ser implantado nas escolas, pois a própria sociedade brasileira
é cheia de modelos permissivos e autoritários que influenciam a vivência dos alunos.
A realidade é que o mundo e a educação do tempo de nossos pais e avós não
são mais possíveis de serem revividos. Porém, como diz CHALITA (2003), os valores do
amor, da amizade, do idealismo, da coragem, da esperança, do trabalho, da humildade,
da sabedoria, do respeito e da solidariedade precisam ser resgatados, ensinados,
apropriados por todos que gostariam de, um dia, voltar aos tempos de infância.
Como relata BOFF (1999), há um descaso pela vida das crianças, pelo destino
dos pobres e marginalizados, pelos desempregados e aposentados, um descuido e
abandono dos sonhos de generosidade, da sociabilidade, um descaso pela dimensão
espiritual do ser humano, pela coisa pública, pela vida, pela Terra... Enfim, há que haver
uma nova aliança de paz entre o homem e todas as demais espécies da Terra na
expectativa de salvarmos a nós mesmos e a nossa casa.
No entanto, neste mundo globalizado, onde cada um luta por si, para
sobreviver, os valores vão sendo, pouco a pouco, esquecidos e a vida virando um caos.
Precisamos, de acordo com CHALITA (2003), deixar que a fantasia e a energia da
criança interior de cada um de nós esteja sempre presente, ajudando-nos – pais e
professores – a formar, informar, transmitir saberes e afeto para que não deixemos de ser
humanos, capazes de sentir, de cuidar, de amar.
A escola tem inúmeras significações, está repleta de símbolos que
representam um ideal a ser alcançado. Apresenta-se como uma instituição que tem o
poder de transformar as pessoas em sujeitos adequados para o convívio social. Diante
desta questão com discurso voltado para teorias criticas, pode-se afirmar que nem
29
sempre o ideal a ser conquistado é alcançado. Os discursos da educação estão repletos
de saberes necessários, mas que muitas vezes não se tornam ações concretas, por
apresentarem ideais humanos difíceis de serem alcançadas.
Portanto, para facilitar o entrosamento da classe e o ambiente propício para a
aprendizagem, busca-se formas de entrosamento afetivo através de várias vivências
como as descritas a seguir, tendo em vista objetivos diversos conforme o momento ou o
contexto da aula. Algumas vivências são úteis para iniciar uma aula, outras para encerrar;
facilitar a harmonia entre grupos de estudo ou harmonizar a classe toda. Também são
úteis para evitar a dispersão mental e concentrar-se naquele momento em que só se
deveria vivenciar a aula. São úteis para relaxar, diminuir o estresse e a ansiedade da vida
agitada de hoje e com isso passar energias boas e benéficas uns para os outros.
Despertar sentimentos de paz, amizade, ânimo, valores e atitudes que elevam
o ser humano. E, acima de tudo, ver no colega de classe um companheiro de jornada,
enquanto durar os anos de escolarização. O outro aluno não é aquele que compete
conosco, ameaçando-nos com o medo da derrota individual, mas alguém que coopera
conosco, prenunciando o sabor da vitória conjunta.
As técnicas e vivências praticadas em sala de aula transcendem este espaço
físico limitado por quatro paredes. O espaço psicológico do aluno é muito mais amplo, e a
qualidade de vida aprendida nesse limitado espaço escolar se desloca para um espaço
de vida muito maior. Portanto, a arteterapia pode ser usada como uma Pedagogia do
Afeto pode complementar o trabalho maravilhoso de uma Psicopedagogia Preventiva,
não só no seu objetivo de evitar dificuldades de aprendizagem, mas de aperfeiçoar
relações humanas afetivas no ambiente escolar.
Durante a vida o individuo aprende valores, conceitos e ideais
predeterminados. A escola é um dos maiores vilões no que diz respeito à reprodução de
modelos. Com isso a ato de criar é negado impedindo que o indivíduo, aprendiz, construa
sua própria identidade e expresse o que realmente é ou deseja. Mas será possível saber
o que realmente somos ou o que realmente desejamos dentro de um modelo de
30
educação onde o valor está na reprodução de idéias e comportamentos, nas respostas
pré determinadas.
31
CONCLUSÃO
O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento
intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele pode
determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará.
O afeto é o princípio norteador da auto-estima. Após desenvolvido o vínculo
afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina como 'meio' para conseguir o auto-
controle do aluno e seu bem estar são conquistas significativas.
Afetividade no ambiente escolar é se preocupar com os alunos é reconhecê-los
como indivíduos autônomos, com uma experiência de vida diferente da sua, com direito a
ter preferências e desejos nem sempre iguais ao do professor. Sabemos que há uma
forte preocupação entre os professores em “afetar” positivamente seus alunos,
oportunizando momentos e espaços adequados ao estabelecimento de interações sociais
capazes de promover o desenvolvimento do sujeito em todas as suas dimensões, ou
seja, cognitiva, afetiva, motora e social. Para Wallon (1975), a afetividade desempenha
um papel fundamental na constituição e funcionamento da inteligência, determinando os
interesses e necessidades individuais, possibilitando avanços progressivos no campo
intelectual, ou seja, para ele, são os motivos, necessidades, desejos que dirigem o
interesse da criança para o conhecimento e conquista do mundo exterior.
Desta forma, faz-se necessária a conscientização do professor quanto ao seu
importante papel na relação com os alunos: é o principal mediador em sala de aula, é
quem planeja as aulas, organiza todos os espaços, disponibiliza materiais, promove e
participa das brincadeiras, mediando a construção do conhecimento. Posto isso, é
imprescindível que o professor e toda a equipe escolar, incluindo os profissionais que
trabalham em creches, estejam em constante capacitação, refletindo sobre suas práticas
e atualizando-se com os estudos mais recentes sobre as crianças da faixa etária com que
trabalham. O professor comprometido com sua prática deve buscar capacitar-se
independentemente dos apoios e fomentos para sua formação continuada. Suas buscas
devem ter como objetivo a compreensão, entre outros assuntos, o processo de
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construção de novos conhecimentos, novos conceitos a partir das interações em sala de
aula e fora dela.
O professor, dentro da sala de aula, é o principal mediador do processo ensino-
aprendizagem. Ocupa uma função ímpar e privilegiada no desenvolvimento da criança,
podendo contribuir para o sucesso ou o fracasso do aluno na escola. Ele pode
estabelecer vínculos afetivos muito fortes com e entre os alunos. Através de seu
comprometimento profissional, das sondagens dos conhecimentos prévios da turma, das
intervenções adequadas e pertinentes, dos elogios, das correções que faz dos incentivos
que dá ajuda na resolução de problemas, pode ensinar muito a seus alunos. Nas atitudes
de respeito à diversidade e limitações específicas de cada ser humano, bem como na
valorização dos diferentes saberes e na disseminação de valores éticos e de
solidariedade, conquista a admiração, a simpatia e o respeito de seus alunos. Devem ser
também, um espaço dinâmico e vivo, no qual as crianças alcancem o pleno
desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades corporais, cognitivas, afetivas,
emocionais, estéticas, éticas, de relação interpessoal e inserção social. As instituições de
Educação que primam pela qualidade da educação e cuidados oferecidos, que propiciam
interações sociais afetivas contribuem para a formação de crianças saudáveis,
inteligentes e, acima de tudo, felizes.
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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São Paulo: Paz e Terra, 1996.
DANTAS, Heloysa. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. In: DE LA TAILLE, Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
WINNICOTT, D. W. (1956) A preocupação materna primária. In: ___. Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago, 2000.
GALVÃO, I e DANTAS, H. O lugar das interações sociais e das emoções na experiência
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CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Ed. Sextante. 2003
FURLANI, L. M. T. Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso? 4 ed. São Paulo:
Cortez Editora. 1995.
NOVAES, M. H. Psicologia Escolar. 8 ed. Rio de Janeiro: Vozes. 1984
OLIVIER, LOU DE, Psicologia e Arteterapia: teoria e prática na aplicação em clínicas e
escolas – 2º edição Rio de Janeiro : Wark Ed., 2008
www.webartigos.com
www.vezdomestre.com.br
www.terapeutaocupacional.com.br
www.fep.com.br
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO........................................................................................................02
RESUMO ........................................................................................................................03
METODOLOGIA ............................................................................................................04
SUMÁRIO ......................................................................................................................05
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................06 CAPITULO I 1.1. Arteterapia – Algumas Definições .......................................................................07
1.2. Arteterapia na Escola ............................................................................................13 1.3. Materiais e técnicas da Arteterapia para Utilização na sala de Aula ................15 CAPITULO II 1.1. Afetividades Alguns Conceitos ............................................................................19
1.2. Relação Professor Aluno ......................................................................................25
CONCLUSÃO ................................................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ................................................................................33 ÍNDICE ...........................................................................................................................34