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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
VIOLÊNCIA NAS ESCOLA: O BULLYING, A
INDISCIPLINA E SUAS CONSEQUENCIAS
Por: Bruna da Rocha Bruno
Orientador
Profª. Carly Machado
Rio de Janeiro
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
VIOLÊNCIA NAS ESCOLA: O BULLYING, A
INDISCIPLINA E SUAS CONSEQUENCIAS
Monografia apresentada à Instituição
A Vez do Mestre para aprovação no
Curso de Pós- Graduação em
Psicopedagogia sob a orientação da
Prof ° Carly Machado.
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo incentivo à
educação.
4
RESUMO
Ainda pouco conhecido no ambiente escolar, principalmente no Brasil, o
bullying é um problema confundido com brincadeiras que a cada dia está mais
presente em nossa sociedade.
O termo bullying vem do inglês, “bully” que significa valentão, foi escolhido
para caracterizar esse mal.
A violência praticada repetidamente pode ser física e verbal, ou até
mesmo os dois.
É sem dúvida um problema mundial e atos de bullying acarretaram
consequências gravíssimas conhecidas pelo mundo inteiro: Columbine, Erfurt e
Virgínea.
O aluno que sofre essa violência é aquele que sempre é perseguido por
seus colegas (bullies), colocando apelidos pejorativos, agredindo. As
consequências podem ser fatais, como o suicídio da vítima ou assassinato do
agressor.
Pessoas que sofrem ou sofreram acabam tornando-se depressivas,
isolando-se do mundo e com baixa autoestima por anos.
Além do bullying na escola, existe o cyber bullying. É um extensão do que
acontece dentro da escola, porém vai para a internet, aumentando a
humilhação e os problemas.
Para combatê-lo, todo o corpo docente deve trabalhar junto, além dos
pais, alunos e funcionários da instituição.
É importante informar e conscientizar a todos, os maus e consequências.
Bullying é crime e existe lei contra ele.
5
METODOLOGIA
Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros,
revistas e a internet, após coleta de dados, pesquisa bibliográfica.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - O que é bullying? 09
1.1 Uma breve construção histórica 11 1.2 Nem toda violência é bullying 14 1.3 Os bullies 16 1.4 Identificando vítimas 20 1.5 Alguns casos e suas consequências 22
CAPÍTULO II - Tipos de Bullying 26
2.1 Cyber bullying 27
2.2 A lei contra o bullying 31
CAPÍTULO III – A escola de hoje: Território adequado para o bullying
33
3.1 O que a escola deve fazer? 35
3.2 A função do Psicopedagogo 36
3.3 O trabalho direcionado 40
3.4 Qual é o papel da família? 42
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 47
7
INTRODUÇÃO
Desde o início dos tempos, a violência faz parte da sobrevivência
humana, seja ela humana ou animal. É uma forma de interação, trocas,
contatos, de ataque, de relacionamento.
“A violência é um dos elementos
estruturantes da sociedade, é uma
herança comum a todo e qualquer
conjunto civilizacional,ou seja, é uma
estrutura constante do fenômeno humano
que, de forma paradoxal, representa um
certo papel na vida em sociedade.”
(TEIXEIRA, apud Guimarães, 1996).
Nossa sociedade é composta por diversos conflitos, sejam de classes,
de gênero, de raças, cor, etnias, atritos internos e externos. As pessoas lidam
com conflitos desde cedo, vivenciando-os na escola, na família, na brincadeira,
no aprender e quando cresce.
O conflito nos leva a uma reflexão, a uma ação e essa ação, pode se
tornar violenta.
A escola, espelho desta sociedade, como não poderia deixar de ser
repleta de conflitos e nos últimos anos a violência vem se destacando nesta
instituição e tornando-se objeto de estudo para muitos pesquisadores.
(CAMARGO, p. 13, 2009).
A violência escolar pode ser vista por vários aspectos; violência contra o
patrimônio público e/ou histórico, consolidado através de degradação de
carteiras, mesas, banheiros, pichação e outros.
Por outro lado, existe também a violência entre os indivíduos, que
diretamente atingem pais, alunos, professores, funcionários, direção,
comunidade.
Esse mal, chamado violência, ultrapassa muros da escola, ocupa a
família, os bairros, o trabalho, a internet. É um ciclo.
8
“Trata-se de um comportamento ligado a
agressividade física, verbal ou
psicológica... Não são conflitos normais ou
brigas que ocorrem entre estudantes, mas
verdadeiros atos de intimidação
preconcebidos, ameaças, que,
sistematicamente, com violência física ou
psicológica, são repetidamente impostas a
indivíduos particularmente mais
vulneráveis e incapazes de se
defenderem, o que os leva no mais das
vezes a uma condição de sujeição,
sofrimento psicológico, isolamento e
marginalização.”(CONSTANTINI, 2004,
p.69).
Diversas pessoas sofreram ou sofrem desse mal, que ás vezes nos
rodeia e não nos damos conta.
Algumas dessas situações não são levadas a sério por serem
confundidas com “brincadeiras entre amigos”, “coisas da idade”, o que é um
erro e ás vezes, um erro muito grave.
Na verdade, devemos citá-lo como uma brincadeira dolorosa e perigosa,
que machuca a alma, que faz chorar, que deixa cicatrizes para sempre, afinal,
por mais tempo que passe, as sempre ficará marcado na vida da vítima.
A seguir, veremos nos próximos capítulos, o conceito de bullying, sua
origem, como foi descoberto, suas causas e consequências, o perfil dos
agressores e vítimas, os tipos de bullying, a lei contra esse problema, o papel
da escola, família e do psicopedagogo e como trabalhar o bullying dentro da
escola.
9
CAPÍTULO I
O QUE É BULLYING?
O termo bullying é de origem inglesa “Bully”, que significa
valentão. É utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica,
praticados por alguém ou um grupo, que tem o objetivo de intimidar suas
vítimas, que geralmente são incapazes de se defenderem.
Dan Olweus define bullying em três termos essenciais:
• O comportamento é agressivo e negativo;
• o comportamento é executado repetidamente;
• o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desiquilíbrio
de poder entre as partes envolvidas.
É portanto, uma situação de agressão física e/ou psicológica ocorrida de
forma intencional, repetida, sem motivo aparente que justifique tal atitude,
gerando uma consequência.
Pode ocorrer na escola, faculdade, no trabalho, entre vizinhos e até
mesmo países.
Seja qual for a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente
entre o agressor e a vítima. Para os que estão de fora, parece que o poder do
agressor depende somente da percepção da vítima, que parecer estar
intimidada por alguma resistência. Geralmente, a vítima tem motivos para
temer seu agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência
física,sexual ou verbal.
Vale ressaltar que nem toda violência, briga entre alunos ou agressões
verbais é bullying.
Para serem consideradas bullying, as agressões devem acontecer de
forma intencional, porque o agressor tem clareza dos seus atos e sabe que a
vítima não gosta de suas atitudes, mas mendo assim as faz.
10
Outra característica é a repetição, os atos violentos são constantes e
frequentes. Geralmente, a vítima é ridicularizada ou agredida todos os dias,
seja no intervalo, na entrada e saída do colégio ou em casa.
O ato violento acontece, normalmente, sem nenhum motivo específico
que justique a agressão. A vítima não necessariamente precisa ter feito algo
contra seu agressor.
Além dessas, outra característica ruim é que sua consequência é
drasticamente marcada por muitos anos. É bastante difícil uma pessoa sair do
bullying sem levar marcas para o resto da vida.
Esse fenômeno está presente em qualquer lugar onde exista uma
relação interpessoal. Não depende de classe social, gênero, cor, raça ou etnia,
abrange todas as pessoas.
Há dois tipos de bullying, o direto e o indireto.
O bullying direto é a forma mais comum entre os meninos. Eles se dá no
bater, no chutar, no empurrar, no roubar, e até mesmo num olhar ameaçador.
Também os apelidos discriminatórios, pejorativos e humilhantes são formas de
agressão direta.
Já o bullying indireto é a forma mais comum entre as meninas e
crianças pequenas. É caracterizado por forçar a vítima ao isolamento social.
Se dá através da difamação de uma pessoa. Disseminando rumores na
maioria das vezes humilhantes e inventados, sem um fundo verídico na
informação, o agressor indiretamente exclui a vítima.
Geralmente acontece quando uma aluna nova entra na escola. Neste
caso a agressora passa então a espalhar para a turma inteira mentiras sobre a
garota. Mentiras que farão com que ninguém se relacione com a nova aluna,
excluindo-a do convívio social.
11
1.1 – Uma breve construção histórica
Desde o surgimento da escola, o bullying esteve presente. Apenas não
havia um nome específico para caracterizar essas “brincadeiras” violentas.
No começo década de 1970, Dan Olweus, um psicólogo norueguês,
também professor da Universidade de Bergen e diretor de um centro para
psicólogos clínicos da criança, iniciou investigações em escolas sobre o
problema entre os agressores e suas vítimas, embora, nenhuma instituição
mostrasse interesse pelo assunto. Ele mantinha um trabalho em conjunto com
o Centro de Pesquisa para a Promoção da Saúde da Noruega.
Por muitos anos, em conjunto com o seu grupo de pesquisa,
desenvolveu vários trabalhos estudando casos de suicídio na infância e na
juventude.
Inicialmente, Olweus pesquisou cerca de 84.0000 estudantes, 300 a 400
professores e 1.000 pais entre várias séries. Um fator importante na pesquisa
foi avaliar a sua natureza e a ocorrência.
Questionários de 25 perguntas, com respostas de múltipla escolha ,
onde se verificaca a frequência, locais de maiores riscos, tipos de agressão e
agressores, foram usados como procedimento na verificação das
características e extensão do bullying.
Nos primeiros resultados, foi verificado que 1 em cada 7 estudantes,
estava envolvido em algum caso de bullying.
O psicólogo usou os resultados da pesquisa e trabalhos que
desenvolveu para divulgar textos, livros, artigos e programa sobre o assunto,
que ele denominou “bullying”.
Na época, sua pesquisa não foi vista como importante.
Já na década seguinte, três garotos entre 10 e 14 anos, suicidaram-se.
A partir desses estudos, Olweus, descobriu que esses jovens cometiam
suicídio por motivos comuns: eram agredidos fisicamente ou psicologicamente
durante algum tempo por colegas da escola ou familiares e então ganhou a
atenção das instituições escolares, dos pais e do mundo.
Após um ato de violência, as grandes mudanças acontecem.
12
Segundo MAFESSOLI (p.10,1987), “é sempre por um ato de violência
que se inicia um novo sistema social” e seguindo esse contexto, depois das
tragédias, o bullying ganhou um destaque e passou a ser visto diferente na
sociedade.
Na década de 1990 houve na Europa uma propagação de pesquisas e
campanhas que acabaram diminuindo o número de incidentes.
Em 1993, Olweus publicou o livro “Bullying At School”, apresentando e
discutindo o problema. Essa obra deu origem a uma Campanha Nacional Anti
Bullying, com apoio do governo norueguês que reduziu em 50% os casos de
bullying nas escolas.
Com esse resultado tão positivo, outros países como Portugal, Espanha,
Canadá, Reino Unido e outros, desenvolveram em larga escala uma
campanha anti bullying.
O programa de intervenção do Dan Olweus, tinha como características
principais desenvolver regras contra o bullying nas escolas, causar um
envolvimento ativo de pais e professores, aumentar a conscientização do
problema, acabar com alguns mitos e promover apoio e proteção para as
vítimas.
Atualmente, diversas pesquisas e programas anti bullying são
realizados na Europa e na América do Norte. Em 2001 foi concluído um projeto
internacional europeu, intitulado de Training and Mobility of Research (TMR)
mantido pela Comissão Europeia, no qual possuia os seguintes objetivos:
• diagnosticar as causas e naturezas do bullying e da exclusão social nas
escolas;
• verificar as causas desse problema em diferentes sociedades;
• verificar as consequências em longo prazo, até a vida adulta;
• avaliar os programas de intervenção prósperos;
• identificar modos de prevenção desses problemas, por meio da
integração de diferentes metodologias de estudo.
Alguns aspectos observados nesse programa, foram:
13
1. A maior parte dos alunos entrevistados diz nunca terem sofrido bullying
na escola;
2. A maioria dos agressores encontra-se na própria sala das vítimas,
principalmente nas séries inciais;
3. Os meninos tendem a ser agredidos principalmente por meninos,
enquanto que as meninas por ambos os sexos. Os meninos também
admitem a agredir mais do que as meninas;
4. As agressões ocorrem principalmente durante o recreio e na sala de
aula;
5. A metade dos alunos entrevistados espera que o professor intervenha
nas situações de agressão na sala de aula;
6. Entre os alunos que se dizem agredidos, 50% admitem que não
informam o ocorrido nem aos professores e nem aos seus
responsáveis.
No Brasil uma pequena pesquisa importante foi desenvolvida no Rio de
Janeiro baseada nos trabalhos do psicólogo. Neste estudo foi criado um
questionário no qual participaram mais de 5.500 alunos de sexto ao nono ano.
O resultado foi assustador pois, 40,5% das crianças admitiram estarem ligadas
diretamente ao fenômeno.
Alguns dos trabalhos feitos no Brasil:
• O trabalho realizado pela Prof.ª Marta Canfield e colaboradores (1997),
em que as autoras procuraram observar os comportamentos agressivos
pelas crianças em quatro escolas de ensino público em Santa Maria
(RS), usando uma forma adaptada pela própria equipe dos questionário
de Dan Olweus(1989);
• As pesquisas realizadas pelos Profs. Israel Figueira e Carlos Neto, em
200/2001, para diagnosticar o Bullying em duas Escolas Municipais do
Rio de Janeiro, usando uma forma adaptada do modelo de questionário
do TMR;
• As pesquisas realizadas pela Prof.ª Cleodilce Aparecida Zonato Fante,
em 2002 , em Escolas Municipais do interior sulista , visando o combate
e à redução de comportamentos agressivos.
14
1.2 – Nem toda violência é bullying
A escola é um palco para diversos conflitos e inúmeras possibilidades
de construção. Por isso a violência está presente em todas as partes da
instituição e se dá por vários motivos.
Os meninos, por exemplo, usam como forma de contato físico com seus
colegas, atividades que, para eles, são consideradas brincadeiras, mas que
para os adultos, não passam de violência.
A afetividade entre os meninos se manifesta por meio de brincadeiras
de ação. É no “pique pega”, lutinhas, “polícia e ladrão” e outras brincadeiras
que acontece o contato físico.
Podemos observar outro exemplo como o
citado acima, no qual, GUIMARÃES,
(p.75,1996), nos conta da seguinte forma
sua experiência em uma escola:
“....mesmo parada junto a uma escada,
cheguei a levar socos nas costas de
alguns meninos que corriam se olhar
para frente. Era muito comum um dos
garotos sair batendo nos outros, e os que
apanhavam corriam atrás dele. Não era
propriamente uma briga, pois pareciam
estar se divertindo.”
O contanto físico entre as meninas é diferente. Estas desde pequenas
brincam de casinha, escolinha, de mamãe e filhinha enfim, brincam com
atividades que permitem em si um contato mais direto(o toque).
Portanto decorrente das brincadeiras “causadoras de atritos” é que
surge o contato entre os garotos e, através deste, uma relação afetiva
necessária para o convívio dos meninos.
A violência está presente na escola e pode ser interpretada de várias
formas, dependendo do olhar de quem vê.
15
Nem todas as agressões são bullying. Não devemos generalizar,
apontando como o fenômeno todas as brigas e agressões acontecidas na
escola.
16
1.3 – Os bullies
Pesquisas mostram que adultos agressores tem personalidade
autoritárias, combinadas com uma grande necessidade de controlar ou
dominar. Também tem sido sugerido quem um déficit em habilidades sociais
em um ponto de vista preconceituoso sobre subordinados podem ser fatores
de risco em particular. Alguns estudos tem mostrado que a inveja e
ressentimento podem ser motivos para a prática do bullying, ao contrário do
que se pensa, há poucas evidências de que os bullies sofram de algum déficit
de autoestima.
Outros pesquisadores também identificaram a rapidez sem se
enraivecer e usar a força, em acréscimo a comportamentos agressivos, o ato
de encarar as ações de outros como hostis, a preocupação com a autoimagem
e o empenho em ações obsessivas ou rígidas. É frequentemente sugerido que
os comportamentos agressivos têm sua origem na infância.
Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há risco de
que ele se torne habitual.
Uma pessoa com pouca empatia, de linguajar exagerado em um tom
muito alto, que possui o hábito de “vitimizar” os mais fracos e que utiliza formas
de comportamentos violentos e agressivos para a resolução de conflitos,
costuma ser um forte candidato ao papel de agressor.
O agressor tem como hábito não aceitar facilmente regras e sempre
reage com violência a determinadas imposições, principalmente se for
contrariado.
Não há um motivo em si pelo o qual a pessoa torna-se um agressor.
Seria muito excludente dizer que um único acontecimento foi o responsável
pela conduta agressiva de uma determinada pessoa durante anos.
A verdade é que muitos são os fatores que determinam o
comportamento individual e, sobretudo, muitas são as vertentes e as
interpretações dos atos que são considerados violentos.
Segundo CAMARGO, (p.29, 2009), a
relação entre adultos e adolescentes, a
17
família e a influência da mídia através de
filmes, músicas, programas de televisão e
games, o computador, a internet, e
inclusive a cultura da sociedade em que
vivemos são fatores determinantes para a
construção do nosso ser, pensar e agir.
Os “bullies”, como são chamados os agressores no bullying, agem de
forma consciente e persistem em suas agressões sem limites de onde chegar
e de que horas parar com tais atitudes. Eles não medem as consequências de
suas agressões.
O agressor é formado quando criança, desde os primeiros passos e
ensinamentos de vida recebidos por seus pais ou por quem os criou. É na falta
de respeito, de limite, de valores e nos excessos de “sim” que o descontrole dá
a luz a uma mente agressiva.
As principais características do agressor são a impulsividade,
irritabilidade constante e sem motivos, despreparo para enfrentar frustrações,
não aceitam ser contrariados, são nervosos, gozadores, durões, aparentam
não temer a nada e ninguém, gostam de “colar” em provas e levar vantagem
em diversas ocasiões, manipulam com habilidade diversas situações a seu
favor, mentem com frequência, são mimados e gostam de dominar, ameaçar e
impor suas vontades e necessidades.
Muitos deles agem com violência para chamar atenção das pessoas ao
seu redor mostrando que ele existe, está presente e quer ser visto.
Outros usam a violência como forma de autoafirmação. Esse caso
ocorre quando há uma carência afetiva por parte do agressor. Carência esta
que se dá geralmente por culpa dos pais, por muitas vezes serem ausentes.
O agressor quer mostrar o seu valor para a sociedade e para seus
relacionamentos e, por possuir dificuldade na construção de sua própria
identidade, e dificuldade também de encontrar o apoio da família, acaba por
usar a violência como forma de expressão.
Não devemos olhar o agressor como culpado, como um ser violento,
merecedor de punições. E sim com um olhar de observação, crítico, solidário,
18
para que assim possamos enxergar não somente as suas atitudes, mas
também a razão pelo qual acontecem.
É comum o bullie ser vítima em um determinado lugar e tornar-se o
agressor em outro, para assim descontar toda a carga emocional negativa
presente em sua consciência devido a agressão sofrida.
Existe uma diferenciação no agir entre as meninas e os meninos
agressores. Da mesma forma que existem dois tipos de bullying: o direto e o
indireto.
Com frequência encontramos o bullying presente na escolas. Esta
instituição, em sua grande maioria (tratando-se de Brasil), ainda não está
preparada para combater o bullying, nem para lidar com seus agressores.
Este fato acontece principalmente pela falta de formação, e acaba por
agravar e incentivar ainda o agressor que continua não possuindo a
oportunidade de conscientização e mudança em suas atitudes.
As vítimas possuem inúmeros traumas pelo fato de serem agredidas.
Por outro lado, os agressores também levam para a vida algumas marcas de
seus atos. Estas consequências podem se:
• Notas baixas que não podem ser mais recuperadas;
• Envolvimento com drogas lícitas e ilícitas no futuro;
• Alcoolismo;
• Participação em gangues;
• Abandono escolar;
• Maior chance de envolvimento com a criminalidade (mais ou menos
60% dos agressores antes dos 24 anos já possuem um registro
criminal);
• Arrogância extrema;
• Comportamentos problemáticos e delinquentes;
• Prática de furto e roubo.
Combater esse mal é, sobretudo, necessário para que a sociedade
traga-o de volta para o convívio social, esses alunos de certa forma, também
são vítimas de má formação e educação.
19
Os agressores são carentes de regras e limites, portanto não devemos
somente acusá-los, olhando-os com indiferença.
A punição nem sempre é a solução mais adequada. É preciso combater
esta atitudes mostrando a esses indivíduos que o outro tem sentimento,
Despertar nos agressores a compaixão pelo próximo dando-lhes possibilidades
de uma relação afetiva com a sociedade.
20
1.4 – Identificando vítimas
Vítima é o nome dado a quem sofre a agressão, portanto é aquela que
recebe a ação (violenta) de outro ou outros.
Estudos já realizados mostram que a maioria das vítimas apresenta as
seguintes características: timidez, pouca sociabilidade, aspecto físico mais
frágil que os de seus colegas de turma, passividade, submissão, baixa
autoestima, alguns aspectos depressivos, dentre outros.
Em outros casos, as características podem ser diferentes, porém por ser
um aluno novo na escola, possuir uma idade inferior a de seus agressores ou
até mesmo por ser uma pessoa cuja a beleza se destaque, torna-se aquele
que o agressor acredita merecer tais agressões.
Um exemplo bem típico: uma aluna nova na escola, considerada bonita
pelos alunos, ao entrar na escola, ela chama atenção dos meninos. O agressor
geralmente neste caso é uma menina, sente-se ameaçada pela atenção dada
à nova aluna e por isso passa a agredi-la psicologicamente. Inventa mentiras,
piadinhas, faz gozações, e mesmo sem conhecê-la espalha piadinhas para a
toda a turma. Conclusão, a garota é excluída pela turma sem a a oportunidade
de construir um grupo social no no colégio.
Na maioria das vezes a vítima não se impões ao grupo e, por possuir
habitualmente características de introspecção e poucos amigos (quando
existentes), acaba por não denunciar.
O medo de uma retaliação é maior que a vontade da denuncia. A vítima
sente medo ao imaginar o que aconteceria se o agressor descobrisse a
acusação, já que dificilmente poderia contar com a ajuda dos outros colegas
em sua defesa.
Segundo COSTANTINI, (2004,p.60), “ a
vítima frequentemente não encontra
condições para recuperar-se porque não
21
há clima de proteção física e muito menos
ajuda necessária( ás vezes reclamada,
como confirmam os dados) de um adulto
que interrompa a situação de bullying e
que também seja capaz de dar reforço
psicológico ao mais fraco.”
22
1.5 - Alguns casos e suas consequências
O bullying é um fenômeno sem barreia social, econômica e cultural. É
algo devastador, destruidor. Ele acaba com a alegria, autoestima, a vontade de
viver, destrói a vida escolar, social e muitas vezes pode acabar com a vida de
quem foi agredido.
Citaremos agora alguns casos verídicos de bullying.
Em janeiro de 2008, Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, entrou no
colégio onde tinha estudado, em Taiúva (SP), e feriu oito pessoas com
disparos de um revólver calibre 38. Em seguida, se matou. Obesou, ele havia
passado a vida escolar sendo vítima de apelidos humilhantes e alvo de
gargalhadas e sussurros pelos corredores. Atitude semelhante tiveram dois
adolescentes norte-americanos na escola de Ensino Médio Columbine, no
Colorado (EUA), em abril de 1999.
Em 20 de abril de 1999, os estudantes Eric Harris e Dylan Klebold,
estudavam na escola de Ensino Médio Columbine, no Colorado (EUA),
entraram na escola armados e com bombas caseiras. Em 16 minutos,
mataram 12 alunos e um professor com tiros, ferindo mais de 21 pessoas, em
seguida mataram-se. Esses ataques foram planejados por mais de um ano,
reunindo armas e fazendo bombas caseiras. Antes do massacre, eles
descarregaram seu ódio pela sociedade em websites e diários pessoais. O
ódio e o desprezo pelos colegas de escola, os motivaram a tanta
violência."Quando começar a matar, há provavelmente umas 100 pessoas na
escola que não quero que morram. O resto deve morrer", escreveu Eric Harris
em seu diário pessoal, em outubro de 1998. "Odeio todos por me excluirem de
tantas coisas, e será melhor terem medo de mim", "Ódio! Estou cheio de ódio e
gosto disso. A natureza humana é a morte", acrescenta.
Gislaine, aluna do 3º ano do ensino fundamental, de oito anos, estava
faltando frequentemente à escola. Quando comparecia, chorava muito e não
participava das aulas, alegando dores de cabeça e medo. Certo dia, alguns
23
alunos procuraram a professora da turma dizendo que a garota estava
sofrendo ameaças. Teria que dar suas roupas, sapatos e dinheiro para outra
aluna, caso contrário apanharia e seria cortada com estilete.
Carlos, da 5ª série, foi vítima de alguns colegas por muito tempo, porque
não gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de
gay nas aulas de educação física. Isso o ofendia sobremaneira, levando-o a
abrigar pensamentos suicidas, mas antes queria encontrar uma arma e matar
muitos dentro da escola.
Cho Seung-Hui, era um estudante de literatura inglesa na Universidade
Virginia Tech, sul-coreano que desde 1992 vivia nos Estados Unidos. Em
2007, com 23 anos, foi autor de um ataque à universidade matando 32
pessoas e suicidando-se em seguida. O estudante deixou uma carta dizendo
que os culpados pela tragédia eram as próprias vítimas. “Vocês me fizeram
fazer isso” - escreveu ele. Cho já tinha dado sinais de comportamentos
estranhos, como quando iniciou um incêndio num quarto do alojamento da
universidade ou ao perseguir mulheres. Segundo um vizinho, Cho era muito
calado e sozinho, passava a maior parte do seu tempo livre jogando basquete
e, não respondia quando o cumprimentavam. Colegas disseram a rede
televisão NBC, que no ensino médio, ele foi vítima de bullying. Era
ridicularizado pela sua timidez e pelo seu “jeito esquisito” de falar.
Robert Steinhauser entrou na escola Johann Gutenberg, em Erfurt,
armado com uma pistola e uma espingarda e, às 11 horas da manhã,
começou a disparar. Os seus alvos eram os professores, pois seis meses
antes, Robert tinha sido expulso da escola.
Seus pais não sabiam, pois o garoto escondeu a sua situação na escola
e durante esse tempo continuou a sair de casa como se tudo estivesse
normal. Nessas saídas, um dos seus destinos era o clube do tiro.
As armas foram compradas legalmente. Possuía também mais de
quinhentas munições compradas no mercado negro.
No dia 26 de abril de 2002, o jovem disse aos pais que teria uma prova.
Quando chegou à escola, vestiu-se de preto e colocou uma máscara. Dirigiu-
se às salas de aula e apontou a arma aos professores. Ele matou catorze
24
professores, dois colegas de classe e um policial. Robert foi trancado em uma
sala por um professor e sem ter como fugir, suicidou-se.
Em 2009, um menino de 17 anos anos, chamado Tim Kretschmer,
vestindo uniforme preto, abriu fogo em sua antiga escola matando dez alunos(
nove eram meninas)e três professoras, deixando mais de dez feridos.
No caminho, logo na saída da escola, fez mais uma vítima fatal. Fugiu
para outra cidade vizinha e durante o troteiro com a polícia, matou mais duas
pessoas. Depois, suicidou-se.
Ele sofria de depressão e abandonou o tratamento psicológico. Era
considerado pela turma como tímido, porém agradável, gostava de esportes,
musculação, filmes de terror e jogos de vídeo game.
Dia de aula, hora do recreio. Pela milésima vez, os cinco amigos da
turma de quinta série de uma escola da Rede Municipal de Belo Horizonte se
reúnem e em coro recitam: "Bola, bola de boliche, baleia". O pequeno L., de
11 anos, alvo da gozação, mais uma vez explode. A provocação é parecida
com a que sofre em casa, onde o irmão mais novo também o chateia por
causa dos quilos a mais. "Só que em casa, é um só, e tem a minha mãe que
separa. Aqui, eu parto para cima. Eu sou maior e bato. Só de vez em quando,
quando junta mais de um, aí eu apanho", conta o menino de voz baixa e jeito
tímido, irritado pelos risos dos companheiros de escola.
L. não está sozinho. Na mesma sala, a biblioteca da escola, outros
seis meninos e meninas, com idades de 10 e 11 anos se reúnem, agora bem
humorados, para contarem sobre apelidos de que não gostam. Além de
"Bola", estão em volta da mesa de escritório "Pereba", "Coruja", "Quatro olho",
"Biscoito", "Farinha". A reação de todos é parecida. Eles riem dos apelidos dos
outros, mas se calam quando mencionados. "Dói no coração da gente", diz A.,
10 anos, chamada por alguns colegas de "Banana". "Eu parei de ir à aula, e
ficava só jogando videogame", conta L., o "Bola", que depois de ser atrair para
si a atenção de professores, e receber acompanhamento individual, garante
controlar a irritação.
Um garoto de 9 anos residente em São Joaquim da Barra, interior
de São Paulo, que frequentemente era intimidado por seus coleguinhas por
25
um único motivo: ser gago. Em 16 de setembro, o garoto chegou a ser
hospitalizado com lesões na coluna devido às agressões de cinco colegas,
todos com menos de 12 anos. A mãe do garoto, Kênia Helena Silveira Dutra,
conta que desde o inicio do ano pediu aos diretores da escola que tomassem
providências, pois o filho era perseguido pelos colegas. "A diretora sabia que
os outros garotos empurravam e batiam no meu filho", conta Kênia, "mas me
disse que a escola é para estudar, não para educar, pois a educação se dá
em casa." A mãe não se conforma com a omissão da diretora da escola.
"Depois que meu filho foi hospitalizado, ela disse que foi uma fatalidade. Acho
que ela deveria ter dado mais atenção ao que acontecia e chamado os pais
dos envolvidos para conversar."
26
CAPÍTULO II
TIPOS DE BULLYING
Os bullies usam uma combinação de intimidação e humilhação para a
atacar suas vítimas. Abaixo, alguns exemplos:
• Insultar a vítima; acusar sistematicamente a mesma de não servir para
nada.
• Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela
ou propriedade.
• Interferir com a propriedade pessoa de uma pessoa, livros ou material
escolar, roupas, etc, danificando-os.
• Espalhar rumores negativos sobre a pessoa.
• Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
• Fazer com que a vítima faça algo que ela queira, ameaçando-a .
• Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente,
uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a mesma,
por algo que ela não fez ou que foi gerado pelo bullie.
• Fazer comentários depreciativos sobre a família (principalmente a mãe),
sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação
sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade.
• Isolamento social da vítima
• Praticar o cyberbullying (criar perfis falsos sobre a vítima, publicar fotos,
etc).
• Chantagem
• Ameaças.
• Sarcasmo.
27
2.1. Cyber bullying
Vivemos numa sociedade moderna, dinâmica, interativa, cheia de
tecnologias. Avanços tecnológicos cada mais frequentes.
Futuro e progresso estavam interligados em uma sociedade que
desejava anos melhores do que os vividos.
O futuro era desejado como uma promessa de melhoria de vida, a
esperança de muitos.
E o progresso aconteceu, principalmente por causa do avanço da
ciência e da tecnologia. Acreditava-se que a ciência seria a responsável por
resolver problemas políticos, econômicos e até mesmo os sociais.
Era então a transformação dos problemas soxiais e políticos em
problemas técnicos, resolvidos de forma científica. O progresso da sociedade
viria com progresso da ciência.
Hoje esse futuro tão esperado pelos progressistas, chegou e a
tecnologia está presentes em nossos dias. Porém, os problemas políticos,
econômicos e sociais continuam fazendo parte do cotidiano.
Além disso, a tecnologia nos trouxe muitos benefícios, porém alguns
problemas também.
O mundo inteiro vive na globalização. Um de seus efeitos foi a rápida
expansão dos computadores e usuários da internet.
A internet tem inúmeras funções, podemos escrever e-mails, pesquisar,
trabalhar, alugar, comprar, paquerar e muito mais.
Além de toda essas coisas, encontramos também, sinais negativos,
afinal fica a disposição de qualquer um, que pode usá-la de uma forma sem
ética e cheia de más intenções.
É nessa brecha das más intenções que entra o cyber bullying.
A facilidade com que os jovens se comunicam pela internet nos trouxe o
cyber bullying. É através de salas de bate-papos, blogs, fotologs, páginas de
relacionamento como: orkut, twitter, facebook entre outros, as imagens e
vídeos das vítimas podem ser expostos.
28
“As comunidades do tipo “Orkut”, por exemplo, tem servido de
ferramentas para tais atos, onde noas comunidades são criadas com o
objetivo de agredir, difamar, ofender e humilhar suas vítimas.” (TEIXEIRA,
2006, p.11)
É comum ouvir por aí jargões: “paz entre os povos”, “diga não ao
preconceito”, “inclusão”, enfim, observando assim, poderíamos até pensar que
nossa sociedade convive em harmonia.
Porém por trás deste discurso de paz, amor e solidariedade, cresce, de
forma velada, a prática de preconceito. E a Internet contribui e muito para a
disseminação desta prática.
Por não existir com eficiência uma política de ética capaz de fiscalizar,
punir e estipular regras básicas para a publicação de materiais na Internet,
todo usuário pode hoje postar qualquer tipo de informação na rede.
“Não há mais como negar, a Internet faz parte do mundo moderno e
representa inserção no capitalismo mundial globalizado. Mais do que isto, é o
seu maior ícone.”(ALMEIDA, 2006. p. 30)
O cyber bullying permanace na penumbra, num território que só é
desvendado quando se pesquisa sobre a matéria ou quando essa prática bate
a porta. Ele acontece quando, pela Internet. Alguém publica fotos, apelidos,
gozações, difamações, e outros tipos de chacotas referentes a uma pessoa da
qual queira fazer tais agressões a ponto de humilhar a vítima.
O agressor através da rede tem o poder de espalhar com rapidez tais
agressões.
Algumas vítimas desse tipo de violência, são os professores. Em
comunidades do “Orkut”, existem diversas difamando alguns professores.
Sidnei Raimundo de Melo, que leciona Matemática em Manaus, ficou
indignado ao saber que possuia uma comunidade no “Orkut” : “O professor
Raimundo é bisonho”. Ele declarou que pensou em largar a carreira ao saber
da agressão. “Fiquei triste, tive insônia e perdi a vontade de trabalhar”. Sem o
apoio da direção da escola, ele procurou o responsável pela publicação para
conscientizá-lo do caráter agressivo de sua atitude. O jovem pediu desculpas e
deletou tudo. “É meu dever ajudar a construir valores éticos na sala de aula”,
29
afirma Sidnei. Ele estava disposto a prestar uma queixa formal caso a
conversa não surtisse efeito: “Os jovens precisam aprender que não dá pra
desrespeitar impunemente.”
Chocada também ficou Maria Aparecida de Carvalho, que dá aulas de
Física no Rio de Janeiro, ao descobrir que uma de suas aulas fora gravada em
vídeo e estava num site com o título “Maria recebendo um santo”. Ela
costumava fazer fazer paródias de músicas e adaptar letras com conteúdos da
disciplina para cantá-las com as turmas. Os comentários fiziam que ela era
ridícula e adorava aparecer. O vídeo foi deletado após a professora avisar que
tomaria providências legais.
Um caso mais trágico foi um morador de uma cidade pequena, que teve
sua imagem postada em uma comunidade do “Orkut”, sugerindo que o jovem
fosse homossexual. As informações se espalharam rapidamente, ele passou a
ser motivos de gozações, seus amigos, principalmente os meninos, não queria
mais andar com ele.
O rapaz não aguentou a pressão e matou o criador da comunidade.
A quantidade de comunidades publicadas na Internet que fazem
apologia ao racismo, ao preconceito, ao crime, as armas, a pedofilia, aos
maus tratos aos animais, dentre outras, são inúmeras.
Deveria existir uma conduta ética a ser seguida na Internet quanto à
publicação de determinados conteúdos. É é com muita luta que tais políticas
de controle surgem no atual momento pelo mundo, principalmente na Europa.
Além disso, os pais deveriam estar mais presentes na vida dos jovens,
buscar saber o que seus filhos fazem durante tantas horas na rede.
O cyber bullying machuca muito as suas vítimas por expor suas vidas
não somente a um determinado grupo, mas para quem quiser acessar o
conteúdo publicado, como seus pais, amigos, familiares, colegas de escola,
enfim, o mundo inteiro.
A psicóloga portuguesa Silvia João, que estuda a relação das crianças
com a imagem, salienta que o cyber bullying mexe com o sentimento de
segurança e os níveis de ansiedade quando objetos pessoais, como o celular
ou computador, são utilizados para ameaçar ou intimidar. Esta sensação de
30
não controle dos meios em que se lida diariamente pode ter séries
repercussões psicológicas e emocionais. “Há intrusão e violência interna do
espaço íntimo”, diz a psicóloga. Na sua opinião, o perigo surge quando não e
desabafa com os pais e professores, “quando o adolescente ou criança não
consegue pedir ajuda”. “São vítimas e não querem dizer aos pais.”, segundo
Silvia.
É um problema sem rosto e é por isso que torna-se complicado
encontrar a origem, chegar ao agressor.
Uma jovem portuguesa de 16 anos, com vários contatos na rede “Hi5”,
foi de repente, confrontada com constantes telefonemas. Veio a descobrir que
as suas fotos estavam com mensagens sexuais e os textos terminavam com
seu número de celular. A jovem vivia aterrorizada, com medo de seus colegas
de turma descobrissem seu perfil.
O psicoterapeuta José Augusto Pedra, de São Paulo, sugere algumas
ações para evitar esse tipo de agressão:
2. Conversar com os alunos sobre o tema, para que eles não vejam essa
atitude como brincadeira.
3. Chamar os pais para palestras que tratem do assunto.
4. Envolver os adolescentes em atividades solidárias para fortalecer o
senso humanitário e de cidadania.
5. Verificar se o regimento interno da escola prevê sanções a quem pratica
atos agressivos. Em caso negativo, discuta com colegas e direção a
possibilidade de incluir o tema.
31
2.2 A lei contra o bullying
Ao constatamos que nossos filhos estão envolvidos em algum tipo de
bullying, devemos procurar a escola.
Porém, se a escola não der a atenção necessária para o combate as
agressões, a justiça poderá ser procurada.
O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – deixa claro que existe
pena para pessoas que possuem o dever de agir a favor da segurança das
nossas crianças, mas anda faz.
Art. 232 “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda
ou vigilância a vexame ou a constrangimento”, pena – detenção de seis meses
a dois anos. (estatuto da criança e do adolescente)
Cada dia mais, as escolas direcionam sua atenção ao bullying propondo
programas de prevenção e combate as agressões vivenciadas nas instituições
educativas.
Houve um caso na cidade satélite de Ceilândia, distrito federal, que
ajudou a divulgar e mudar o olhar desse problema. O olhar da justiça e da
punição.
Uma mãe denunciou as agressões sofridas pelo seu filho de sete anos à
escola (particular) que ele estudava. Esta deixou de tomar providências
necessárias e o menino passou mais de um ano apanhando de seus colegas
de turma.
Essa mãe então, levou o caso ao Tribunal de Justiça que, por decisão
inédita no Brasil, condenou a escola a indenizar a vítima.
A lei neste momento, parece dar atenção necessária e o apoio jurídico às
ações anti bullying. Vejamos mais um incentivo legal a esta proposta de
combate.
A União Européia cria o “código de conduta voluntário” assinado entre
sites de relacionamentos que visa controlar e diminuir as ocorrências de
bullying na internet.
Mais de 15 redes sociais mundiais assinaram este pacto, incluindo
“Google/Youtube, Myspace e Facebook.”
32
Muitos adolescentes do Brasil e do mundo são vítimas de cyber bullying.
A agressão é psicológica e a Internet serve de vitrine para a “ridicularização”
das vítimas.
Este acordo entre os sites de relacionamentos, é uma iniciativa que
permitirá a redução do cyber bullying.
O acordo foi assinado em 10 de fevereiro de 2009 e tende controlar a
intimidação virtual.
Há uma tendência de criação de leis e acordos que visam amparar a
vítima e sua família de forma legal. São iniciativas que ajudarão a escola e a
sociedade a conhecer o fenômeno e ir além, combatê-lo.
33
CAPÍTULO III
A ESCOLA DE HOJE: TERRITÓRIO ADEQUADO PARA
O BULLYING
A escola é um dos lugares que mais tem bullying. É um palco onde os
agressores adoram atuar, e por fim, é o lugar onde as vítimas mais temem
estar.
A conscientização de que o bullying está em todas as escolas de todo o
mundo é o primeiro passo para a inversão dessa situação.
No Brasil muitas instituições ainda não conhecem esse problema e tratam
certas atitudes agressivas como “brincadeiras normais” entre jovens e
crianças.
Esse fenômeno é manifestado em caráter sigiloso. As agressões ocorrem
de forma secreta, escondida daqueles poderiam intermediar a situação.
Os espaços escolares mais propícios para o bullying seriam o pátio
durante o recreio; os banheiros femininos e masculinos; os vestiários; as
quadras poliesportivas: o refeitório; o portão da escola e nas salas de aula,
quando os professores estão trocando de turmas ou escrevendo no quadro
negro.
Praticamente todas as vítimas não contam aos professores as agressões.
Isso ocorre porque as vítimas acreditam que seus professores não darão
crédito às acusações ouvidas, e em segundo lugar, por acharem que a
situação ficará pior caso os agressores venham a descobrir que foram
“entregues” para seus professores.
É comum casos no qual após uma denúncia por parte da vítima ao seu
professor, este coloca frente a frente vítima e agressor, para conversarem
sobre o problema. O agressor nega, a vítima cala-se e fica por isso mesmo.
Porém o problema será estendido por muito tempo, longe do professor.
Situações como essa não ocorrem por maldade do educador, não
devemos achar que o mesmo é o culpado. Ele tenta resolver o problema e a
34
situação em conflito. Por não existir ainda um conhecimento mais amplo sobre
o bullying que fatos como esse acontecem.
A criança em geral não confia nos seus professores o suficiente para
pedir ajudar.
É extremamente importante uma conscientização dos professores e toda
equipe pedagógica da escola, saber que nem todas as brincadeiras são
“coisas da idade”, para uma possível intervenção profissional de forma a
acrescentar melhorias nas situações encontradas.
O bullying na escola acontece sempre e pode ter a duração de uma vida
escolar inteira.
É importante que a instituição busque meios, através de livros,
profissionais especializados, informações para combater este problema. Sem
conscientização, a escola deixará de identificar o fenômeno possibilitando o
seu crescimento.
Não é de se espantar que muitas vítimas tem um rendimento escolar
baixo, que queiram abandonar a escola, pedir transferência, que arrumem
desculpas para faltar às aulas, que se sintam tristes e agoniadas e até mesmo
apresentarem depressão.
A escola deve ser um lugar onde as crianças e jovens possam conviver
em harmonia respeitando um ao outro e suas diferenças.
Os profissionais de educação precisam ter a consciência e o
conhecimento sobre o bullying para partirem em busca de ações ajudarem as
vítimas e combater esse problema.
3.1 O que a escola deve fazer?
35
Devemos criar no ambiente escolar dois fatores primordiais: autoestima e
crer em algo que trascede o nosso ser. Criando assim a valorização da pessoa
humana mais solidária e reflexiva.
Como o bullying é tratado como um fenômeno natural, pouquíssimas
escolas conhecem e combatem o problema.
Algumas escolas do Rio de Janeiro estão implementando programas anti
bullying, organizados pela ABRAPIA, que tem o objetivo de sensibilizar
educadores, famílias e sociedade para a existência do problema e suas
consequências, buscando despertá-los para o reconhecimento do direito de
toda criança e adolescente a frequentar uma escola solidária, capaz de gerar
cidadão conscientes do respeito à pessoa e suas diferenças. A Escola
Municipal Thomas Mann, é uma delas.
A aluna Vanessa Brandão Greco, do 8º ano, recebia apelidos
humilhantes por causa de seus cabelos crespos. “Tinha vontade de ficar
sozinha. Não queria ser notada”, dia a aluna. Pelos corredores da escola,
todos sabem o que é bullying e por que evitá-lo. Nas áreas em que o professor
não está presente, há alunos voluntários. Eles observam a movimentação e
quando identificam o problema dialogam com o colega. “Pergunto: e se fosse
você?”, explica Karol de Castro Façanha, do 8º ano, um dos 30 voluntários da
escola.
Os alunos são orientados a ser receptivos e a integrar quem acaba de
chegar explicando que ali não se tolera o bullying. Isso evita o isolamento e o
pré-julgamento do novato, que aprende a procurar ajuda.
36
3.2 A função do psicopedagogo
A psicopedagogia tem uma área própria de conhecimento, uma linha de
pesquisa em educação, psicologia e atividade terapêutica e preventiva. Está
área também permite a análise no processo de aprendizagem do ponto de
vista do sujeito que aprende e da instituição que ensina.
Contruibui para o crescimento dos processos de aprendizagem e auxilia
nas dificuldades.
Ter conhecimento de como o aluno constrói seu conhecimento,
compreender as dimensões das relações com a escola, com os professores,
com o conteúdo e relacioná-los ao aspectos afetivos e cognitivos, permite uma
atuação mais segura e eficiente.
O psicopedagogo tem a função de buscar soluções para as dificuldades
de aprendizagem, contribuindo para uma melhor compreensão do processo.
Para isso, ele busca atividades específicas dentro da escola.
O trabalho do psicopedagogo, possui as seguintes especificidades:
2. o "distúrbio de aprendizagem" é encarado como uma manifestação de
uma pertubação que envolve a totalidade da personalidade;
3. o desenvolvimento infantil é considerado a partir de uma perspectiva
dinâmica, e é dentro dessa evolução dinâmica que o sintoma "distúrbio
de aprendizagem" é estudado;
4. a neutralidade do papel de psicopedagogo é negada, e este conhece a
importância da relação transferencial entre o profissional e o sujeito da
aprendizagem;
5. o objetivo do psicopedagogo é levar o sujeito a reintegrar-se a vida
normal, respeitando as suas possibilidades e interesses.
De acordo com Fernández (1991), necessitamos incorporar
conhecimentos sobre o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo, estando
estes quatro níveis basicamente implicados no aprender. Considerando-se o
problema de aprendizagem na interseção desses níveis, as teorias que
ocupam da inteligência, do inconsciente, do corpo, separadamente, não
conseguem resolvê-lo. Conhecer os fundamentos da Psicopedagogia implica
37
refletir sobre as suas origens teóricas, ou seja, revisar velhos impasses
conceituais que subjazem na ação e na atuação da Pedagogia e da Psicologia
no apreender do fenômeno educativo.
PATTO (1991 op. cit. Fini) em seu livro "A Produção do Fracasso Escolar": mostrou que a problemática do fracasso escolar não é contemporânea. Sucessivos levantamentos, dos anos 30 a 90, mostraram sempre elevados índice de evasão e reprovação, principalmente nos primeiros anos na escola publica brasileira, em contraste com a falta de melhoria das mesmas. É possível que alunos defrontem-se com dificuldades e sejam prejudicados em
determinado período escolar. Quaisquer que sejam as razões, os alunos
podem ser prejudicados em relação ao melhor aproveitamento de
oportunidades de acesso ao saber socialmente valorizado e do
desenvolvimento de habilidades e hábitos relacionados ao processo de
construção de conhecimento. Tolaine (apud SISTO, et al, 2008 p.65)
Considerando os fatores implicados no processo da aprendizagem,
poderíamos pensar no papel de psicopedagogo com relação ao fracasso
escolar. O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas
com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande
importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico.
Vale lembrar o que diz Bossa (1994) sobre
o diagnóstico: “O diagnóstico
psicopedagógico é um processo, um
contínuo sempre revisável, onde a
intervenção do psicopedagogo inicia
segundo vimos afirmando, numa atitude
investigadora, até a intervenção. É preciso
observar que esta atitude investigadora,
de fato, prossegue durante todo o
trabalho, na própria intervenção, com o
objetivo de observação ou
acompanhamento da evolução do sujeito.”
Bossa(1994, p. 29)
38
Na maioria das vezes, quando o fracasso escolar não está associado às
desordens neurológicas, o ambiente familiar tem grande participação nesse
fracasso. Boa parte dos problemas encontrados são lentidão de raciocínio,
falta de atenção e desinteresse. Esses aspectos precisam ser trabalhados para
se obter melhores rendimentos intelectuais. Lembramos que a escola e o meio
social também têm a sua responsabilidade no que se refere ao fracasso
escolar.
O bullying, pode ser um desses fatores. A vítima que sofre agressões,
passa a não ter mais interesse em ir à escola, por medo, perdendo também o
interesse em estudar.
O psicopedagogo deve interferir antes, durante e depois do bullying.
É preciso entender as atividades dos alunos, quais são as mensagens
que eles estão passando por meio da indisciplina.
O psicopedagogo deve implementar um programa anti bullying na
escola, informando toda a equipe pedagógica, os funcionários, pais, alunos,
informações sobre o problema.
A primeira tarefa é preventiva. O convívio com a diferença, precisa ser
destacado.
Ainda na prevenção, a formação dos professores e pais para a solução
e compreensão e a solução problema.
Os psicopedagogos podem contribuir de maneira proveitosa para o
estabelecimento de canais fluidos de comunicação entre a família e a escola.
Quando ocorrem, essas relações são conduzidas pela confiança e pelo
respeito mútuos e articulam-se em torno de algumas metas ou objetivos
concernentes a ambos os sistemas. São relações nas quais se buscam os
aspectos positivos que possuem todos os interlocutores. Paralelamente, os
pais respeitam a tarefa educacional da escola, criando-se, desse modo, um
contexto de relação cômoda para todos.
O psicopedagogo pode colaborar, também, para que a escola sinta
interesse em conhecer a opinião dos pais, seja quanto às questões globais,
seja quanto a outras mais específicas relacionadas à educação de seu filho.
39
Em sua atuação no âmbito escolar, em seu foco de atuação junto a
Direção, coordenação e corpo docente, ele se interessa pelo processo de
construção do conhecimento. É este seu objetivo, é para este lugar que dirige
o seu olhar inquietante e curioso, que observa tudo e sobre tudo pensa: a
história, as condições, as interações de fatores de ordens diversas na
construção do conhecimento, daquela criança daquela família daquele
professor, e daquela instituição. Observa se os conteúdos trabalhados e se as
práticas pedagógicas daquela instituição estão de acordo com o Projeto
Pedagógico e com o Regimento Escolar da mesma, para poder dar uma
devolutiva de forma que venha a contribuir para o crescimento desta através
de mudanças que virão a ocorrer de comum acordo com todos.
40
3.3 O trabalho direcionado
A ABRAPIA criou um programa de redução do comportamento
agressivo entre estudantes, que pode ser usado em todas as instituições.
Diversos pesquisadores em todo o mundo tem direcionado seus estudos a
este fenômeno que toma aspectos preocupantes, tanto pelo seu crescimento,
quanto por atingir faixas etárias que correspondem aos primeiros anos
escolares.
No estudo realizado pela ABRAPIA, 40,5% dos 5785 alunos de 6º ao 9º
ano participantes admitiram estar ligados diretamente a alguma situação de
bullying.
Não existem soluções simples para combater o bullying, pois trata-se de
um problema complexo e de diversas causas. O ideal é que cada instituição
baseada nos seus alunos, crie sua estratégia anti bullying.
Quanto mais cedo o problema for cessado, menos danos serão causados
e o resultado será melhor.
A única maneira de combater o fenômeno é com a cooperação de todos
os envolvidos.
Para implementar um programa anti bullying, algumas etapas devem ser
cumpridas.
A primeira delas é a pesquisa da realidade. O primeiro passo é pesquisar
com um questionário com a participação de todos da escola, o que os alunos
sabem sobre o assunto.
Os resultados dessa aplicação vão determinar a prevalência, incidência e
consequências do bullying em cada escola. Seus dados caracterizam a
percepção espontânea dos alunos sobre a existência do problema e seus
sentimentos sobre isso.
De preferência, os questionários devem ser aplicados ao mesmo tempo
nas turmas, para que não haja uma troca de informação.
A segunda etapa é a busca de parcerias. A partir do resultado, todo o
corpo docente deve ser informado e incentivado a discutir suas implicações,
41
definindo que estratégias deve ser tomadas durante o processo de divulgação
e sensibilização dos alunos.
A terceira etapa é a formação de um grupo de trabalho. Esse grupo deve
ser formado por representantes de todos os segmentos da escola, incluindo
professores, funcionários, alunos e pais. Com base na realidade percebida por
seus membros e com auxílio dos dados da pesquisa, serão definidas
coletivamente as ações a serem priorizadas e as táticas a serem adotadas.
A quarta etapa é ouvir opiniões. As propostas definidas pelo grupo de
trabalho, devem ser ouvidas por todos os alunos e funcionários, permitindo-se
que sejam dadas sugestões sobre os compromissos e ações que a
comunidade escolar deverá adotar para a prevenção e o controle do
problema.
A quinta etapa é a definição de compromissos.
A sexta etapa é a divulgação do tema. Divulgar o tema pela escola é
extremamente importante, colocando cartazes, distribuindo cartilhas, são
atitudes necessárias para o conhecimento do bullying.
A última etapa é a informação aos pais. Os pais devem ser informados
sobre as questões, por meio de comunicados, reuniões ou até mesmo
palestras.
Todos juntos, trabalhando e cooperando, podem combater esse mal que
cada vez mais, está presente nas escolas.
42
3.4 Qual é o papel da família?
Educar um filho torna-se um desafio cada vez maior no mundo em que
vivemos.
Eles nascem e aos pouquinhos a sociedade, a cultura local e global, os
valores, família, a mídia, a escola, os amigos, enfim, todos parecem querer
tomar para si, o nosso papel de educador.
A criança, por volta de seus dois anos de idade, começa a testar os
nossos limites e desafiar a nossa autoridade como pais e educadores.
É neste momento, no nascimento dos conflitos, que a educação surge
para permear com valores concretos a formação moral dos nossos filhos.
Moral é a parte dos bons costumes, “ reside em conhecer, praticar e
adquirir os bons costumes, os que permitem ao homem viver como
corresponde ao ser humano.”(LORDA,2001, p. 16)
Para que os nossos filhos e alunos conheçam os bons costumes, os que
fazem do homem um ser capaz de viver e conviver em sociedade, é preciso
que estes sejam ensinados por nós. Por que foi assim que aprendemos,
alguém nos transmitiu estes valores.
É através da nossas ações cotidianas que praticamos os bons costumes
aprendidos. É nesta prática que achamos um ponto que nos permite discernir
aquilo que queremos daquilo que podemos fazer.
Os bons costumes nos permitem refletir sobre as nossas ações e suas
consequências para a sociedade.
Com o conhecimento e a prática destes bons costumes adquirimos os
valores que nos permitem agir colaborando com a nossa qualidade de vida das
pessoas ao nosso redor.
Ensinamos aos nossos filhos e aos nossos alunos o respeito, somente
quando os respeitamos. É através das nossas ações, das nossas respostas e
das nossas atitudes diárias que, por meio de exemplos, as crianças aprendem.
O respeito envolve uma série de caminhos que ajudarão a construir as
características dos nossos filhos. O respeito ao próximo; o respeito com a
43
natureza, animais e brinquedos; e o respeito com o que é do outro, são os
meios que o levarão a um crescer social positivo.
São inúmeras oportunidade para demonstrarmos respeito a alguém, e os
nossos filos estão muito atentos as nossas formas de ação e reação,
aprendendo com aquilo que nós, adultos educadores, somos no dia a dia.
Ser solidário não é sair dando e doando tudo a todos. A ideia que muitas
pessoas transmitem aos seus filhos e alunos é que devemos dar às pessoas
necessitadas aquilo que nós não precisamos mais.
Dessa forma construímos uma relação vertical entre quem dá e quem
recebe, aumentando a desigualdade social e a discriminação.
A solidariedade tem que possuir o sentido de cooperação. É pelo bem do
coletivo que as ações deverão acontecer.
Agindo dessa forma, com solidariedade e cooperação, deixamos de
construir uma educação individualizada, centrada naquilo que interessa apenas
a uma pessoa, e,formamos cidadãos responsáveis com a qualidade de vida da
sua família, do seu bairro, da sua cidade, do seu país, enfim do mundo inteiro.
Os valores de cooperação e solidariedade, quando inerentes a educação
de uma criança, possuem resultados muito positivos e o entendimento de que
cooperando com o próximo fazemos bem para nós mesmos.
As regras estipulam. As crianças e os adolescentes buscam em seus pais
ou em quem os educa um limite para as ações.
Quando este não é encontrado, jovens crescem sem parâmetro para
identificarem o que é certo do que é errado, o que se faz bem do que se faz
mal, o que é necessário daquilo que é supérfluo.
Os respeito às regras deve permear a educação dos nossos filhos para
que se tornem cidadãos de bem.
Os jogos e as brincadeiras possuem suas regras. E estes são exemplos
lúdicos com os quais as crianças podem aprender a conviver e se habituarem a
um mundo paralelo aos seu egocentrismo.
Os pais devem saber dialogar sempre. Ouvir com atenção o que os filhos
tem a dizer, é importante para conhecê-los e entender suas necessidades.
44
Um bom amigo é aquele que compartilha conosco os momentos bons e
sabe acolher quando é necessário. É preciso criar uma relação de amizade
entre pai e filho, para que as crianças se sintam mais seguras e saibam confiar
em seus pais.
As crianças precisam ser ouvidas com atenção por que muitas vezes é
através da fala da criança que, os pais identificam quem são seus colegas,
quais são as suas atitudes, o que acontece na escola, no intervalo entre as
aulas, como é a reação deles diante dos acontecimentos cotidianos.
Além disso, quando os pais escutam seus filhos, demonstram interesse
por eles e por suas vidas.
Muitos pais ao se intitularem de “modernos” confundem educação com
excesso de permissividade.
A educação “sem limites”, é aquela quer tudo para a criança/jovem é
permitido. Eles fazem de tudo, experimentam tudo, vão aos lugares que
querem, com quem querem. Não impondo limites, fica difícil corrigir uma
criança que não sabe o que pode e o que não pode fazer.
Quando uma criança cresce sem saber qual é o seu limite, ela acaba
concluindo que não o possui, sendo assim, pode exigir tudo o que quer de
todos, inclusive de seus pais.
Para a boa educação, rica em valores, saudável, cheia de ralações
positivas, é preciso mostrar o caminho da responsabilidade e do limite. E
quando necessário, corrigi-los.
O não é uma palavra fundamental, mas só deve ser apresentado quando
há necessidade. É preciso usar o bom senso, usando o diálogo, explicando o
porquê da negação.
Outro fato importante, é demonstrar o afeto. Os pais devem beijar, abraça,
fazer carinho, enfim, mostrar através do toque aquilo que sentem. Isso deve ser
feito constantemente no âmbito do lar.
O diálogo é sempre uma forma de demonstrarmos o amor, pois é através
dele que podemos ouvir, respeitar opiniões, ensinar, expor sentimentos e
pensamentos.
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A criança espelha-se nos pais. Se os pais possuem o hábito de ler
sempre, provavelmente seus filhos lerão também. Caso possuam o hábito de
falar “palavrões”, os filhos na maioria dos casos falarão.
É importante os pais conversarem sempre com os filhos sobre diversos
assuntos. Assuntos sérios, mas também descontraídos, interessantes,
engraçados, envolventes.
Com esses hábitos de escutar, corrigir, demonstrar amor e dialogar
sempre, as crianças demonstrarão como são em sua essência.
46
CONCLUSÃO
O bullying está presente e é sempre ativo em todo o meio em que exista
uma relação interpessoal.
É uma violência, que pode ser tanto física quanto emocional.
Atualmente no Brasil, vem ganhando destaque nas escolas, que
buscam cada vez mais, informações sobre o que é e como agir perante esse
problema. Infelizmente, ainda sim, a maioria das escolas desconhecem esse
problema.
Apelidos, gozações, chacotas, fofocas e algumas intimidações são
vistas como uma atitude típica da idade, nada é feito para amenizar e reverter
essas “brincadeiras” que fazem muitas pessoas chorarem.
47
BIBLIOGRAFIA
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estudantes, Disponívvel em: www.bullying.com.br .Acesso em: 13/11/2009
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
RESUMO 4
METODOLOGIA 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
O QUE É BULLYING? 09
1.1– Uma breve construção histórica 11
1.2 – Nem toda violência é bullying 14
1.3 – Os bullies 20
1.4 – Alguns casos e suas consequências 22
CAPÍTULO II
TIPOS DE BULLYING 26
2.1- Cyber bullying 27
2.2- A lei contra o bullying 31
CAPÍTULO III
A ESCOLA DE HOJE:
TERRITÓRIO ADEQUADO PARA O BULLYING 33
3.1- O que a escola deve fazer? 35
3.2 - A função do Psicopedagogo 36
3.3 – O trabalho direcionado 40
3.4-Qual é o papel da família? 42
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 50
51
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: