Upload
trinhtram
View
218
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA NA GESTÃO EMPRESARIAL
Por: Suzana Aparecida Gomes da Silva
Orientador
Prof. Ms. Ana Claudia Morrissy
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA NA GESTÃO EMPRESARIAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Finanças e
Gestão Corporativa.
Por. Suzana Aparecida Gomes da Silva
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, o grande e
verdadeiro responsável por nossas
vitórias.
Aos meus familiares, amigos e
professores que de alguma forma
estiveram ao meu lado, me apoiando e
acreditando na capacidade de
realização deste grande sonho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus filhos: Saulo, Silas e Sendy, pela alegria e felicidade que trouxeram em minha vida e por se constituírem diferentemente enquanto pessoa; igualmente belos e admiraveis em essência, estímulos que me impulsionaram a buscar vida nova a cada dia, e por terem aceito se privar de minha companhia pelos estudos, concedendo a mim a oportunidade de me realizar ainda mais.
5
RESUMO
O principal objetivo do presente trabalho é oferecer um estudo sobre a
aplicação e importância do Fluxo de Caixa nas organizações.
Apresenta inicialmente explanações sobre as várias conceituações
básicas e uma contextualização histórica pertinente. Justifica, não só a sua
importância, como também a utilização de seus demonstrativos como
ferramentas fundamentais e indispensáveis a uma boa gestão empresarial.
Conceitua os tipos de fluxo de caixa existentes e indica os diversos
elementos de sua composição, bem como as formas adequadas para sua
análise e utilização. Procura, finalmente, mostrar algumas transações que
podem ou não afetar o caixa da organização.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi baseada fundamentalmente em pesquisas
bibliográficas realizadas em livros, artigos em revistas especializadas e
pesquisas na internet, com ênfase na importância do Fluxo de Caixa como
instrumento de gestão financeira e empresarial nas organizações.
No primeiro capítulo, serão apresentados os aspectos gerais e
históricos do Fluxo de Caixa. O segundo capítulo tratará da utilização do
Fluxo de Caixa pelas organizações. O terceiro capítulo abordará os
métodos utilizados para a elaboração da demonstração do Fluxo de
Caixa. No último capítulo serão tratados os aspectos relativos ao lucro
em relação ao fluxo de caixa, bom como transações e classificações
pertinentes.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Aspectos gerais e históricos 09
CAPÍTULO II - O gerenciamento 17
CAPÍTULO III – Formas de Apresentação 28
CAPÍTULO IV – Lucros, Transações e Classificações 36 CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO 46
8
INTRODUÇÃO
“Muitas empresas vão à falência por não
saberem administrar seu fluxo de caixa.”
(Matarazzo – 1998)
A atual ordem financeira mundial exige que o gestor financeiro esteja
preparado para constantes novos desafios. Nos dias de hoje, mais do que
nunca, é necessário administrar com competência os vários recursos
financeiros da organização. Contudo, isso só é viável, se existir a colaboração
integrada dos gestores das diversas áreas da instituição.
Em todo o processo para a definição do fluxo de caixa da organização
devem ser utilizadas técnicas que visam à projeção dos custos e das vendas,
objetivando a eliminação de perdas para seus caixas.
O fluxo de caixa torna-se sem dúvida uma ferramenta fundamental
para que a organização possa ter rapidez, confiança e segurança em suas
várias atividades financeiras. Com isso, o fluxo de caixa deve espelhar com
precisão a real situação econômica da organização, focando o seu futuro
financeiro.
No apagar das luzes do ano de 2007, entrou em vigor a Lei n.º
11.638/07, que modifica alguns artigos da Lei 6.404/76 (Lei das S/As). Entre as
principais mudanças mencionadas naquela Lei do final de 2007, está a adoção
da Demonstração de Fluxo de Caixa em substituição a DOAR. O principal
motivo que levou o legislador brasileiro a propor tal mudança é, simplesmente,
seguir uma tendência mundial ao usar Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC),
importando-se com outras informações nem sempre contidas na
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).
Na opinião de Jack Wech em entrevista a revista EXAME (1993),
“muitas vezes nós medimos tudo e não entendemos nada. As três coisas mais
importantes a medir em um negócio são: a satisfação dos clientes, a satisfação
dos empregados e o fluxo de caixa”.
9
CAPÍTULO I
ASPECTOS GERAIS E HISTORICOS
.
1.1. Histórico e considerações
A gestão dos recursos financeiros representa uma das principais
atividades da empresa. Dessa forma, faz-se necessário um efetivo
planejamento dos montantes captados e o acompanhamento dos resultados
obtidos, com o objetivo de administrar tais recursos, possibilitando uma melhor
operacionalização.
Para obter-se uma boa gestão financeira, é necessária a utilização de
ferramentas gerenciais, como o Fluxo de Caixa, entre outros, que visam
orientar e planejar os recursos disponíveis na organização a partir da criação
de cenários. Com isso, torna-se possível a identificação de necessidades ou
oportunidades, para a aplicação dos excedentes de caixa em áreas rentáveis
da empresa ou em investimentos estruturais.
O professor e consultor Carlos Alexandre Sá, apresenta em seu artigo
“O fluxo de Caixa – este desconhecido”, um resumo objetivo sobre a evolução
histórica das ferramentas contábeis até chegarmos ao fluxo de caixa. Ele
afirma que “É antiga a preocupação do Homem com sistemas que lhe
permitam enxergar a realidade financeira e patrimonial de seus negócios. Há
relatos de que Tales de Mileto há cerca de 600 anos antes de Cristo, teria
estudado “contabilidade” no Egito. No entanto, foi em 1494 que o monge
franciscano Luca Pacciolo publicou sua “Súmula de Aritmetica, Geometria,
Proportionatie et Proporcionalita”, conjunto enciclopédico no qual figura o
“Tractatus Particularis de Computis et Scripturis” dedicado a explicar a
contabilidade aos comerciantes, sendo assim à primeira obra impressa a
conceituar o método ”das partidas dobradas” e a expor a base de uma doutrina
contábil.
10
No século XVIII, provavelmente em conseqüência da revolução
industrial e do crescente interesse por sistemas de controle financeiro e
patrimonial, a escola inglesa suplanta a escola italiana na formulação e
aplicação das normas contábeis. O século XX marca o início da primazia da
escola americana sobre as demais escolas contábeis. A quebra da bolsa
americana em 1929 e a crise financeira que se seguiu, despertaram a
consciência para a necessidade do fortalecimento da contabilidade como
sistema de informações. Em 1934, o American Institute of Certified Public
Accountants (AIPA) publica o primeiro estudo sobre a análise de balanços
baseada nos chamados Índices de Balanço.
No entanto, o interesse pelo estudo sistemático do fluxo de caixa
começa somente em 1961 com a publicação pelo Accounting Procedures
Board (APB) do Accounting Research 2, intitulado Cash Flow: Analysis and the
Funds Statement, e culmina com a publicação pelo Financial and Accounting
Standards Board (FASB), em novembro de 1987, do Statement of Financial
and Accounting Standards 95 (SFAS 95) que estabelece normas para a
elaboração do relatório do fluxo de caixa, o qual se transforma em
demonstração contábil de apresentação obrigatória pelas empresas de capital
aberto para os exercícios encerrados a partir de 15 de julho de 1988.
Na Inglaterra, a publicação da demonstração do fluxo de caixa tornou-se
obrigatória a partir de 1992 com a entrada em vigor do Financial Reporting
Standard. 01.(FRS01).
No Brasil, em abril de 1999, o Instituto Brasileiro de Contadores
(IBRACON), procurando se antecipar às alterações na Lei 6.404/76, à época
em discussão no Congresso, publicou a Normas e Procedimentos Contábeis nº
20 (NPC 20) contendo recomendações (bastante sucintas), quanto à
elaboração da demonstração de fluxo de caixa.”
A Lei nº 6.404/76 que regulamenta as normas contábeis e que de vem
ser seguidas pelas Sociedades Anônimas – obriga as organizações a
fornecerem em conjunto com os balanços pertinentes, a “Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos – DOAR,” que devem apresentar as
movimentações que permitem margem nos recursos em curto prazo.
11
Entretanto, alguns autores apresentam a idéia de uma possível substituição da
DOAR pelo fluxo de caixa. A principal justificativa neste sentido fundamenta-se
que existe uma compreensão mais fácil do Fluxo de Caixa, face às
informações sobre o fluxo financeiro a serem observadas de forma mais clara
e objetiva durante o processo, apesar da DOAR ser de uma riqueza maior de
informações.
Com o passar dos anos, tem-se buscado um maior envolvimento dos
profissionais de contabilidade na administração das organizações. Com o
objetivo de conduzir a atividade de contabilidade do simples registro
patrimonial com fins legais ou fiscais para uma situação de parceria de
decisões de negócios, capaz de proporcionar informações e análises de
natureza econômica, física, financeira e de produtividade, como também de
fornecer estudos, projeções e desenhos de cenários futuros para o
planejamento da instituição.
A constatação do caráter estático e limitador das demonstrações
convencionais fizeram eco no fato de que determinada situação ou um
determinado nível de estoque fixado em certo momento do tempo, estimulou o
desenvolvimento de demonstrações que representem fluxos, com a finalidade
de subsidiar a análise dos balanços das instituições. A análise baseada em
demonstrativos que representem os fluxos proporciona o entendimento das
mudanças ocorridas nos níveis de estoques dos mesmos por meio do estudo
de suas movimentações. Dessa forma, o Balanço Patrimonial, reflexo do
estoque de bens, direitos e obrigações de uma organização apresenta os
níveis em uma posição de momento.
Para um melhor entendimento da evolução dos níveis de estoque
apresentados no Balanço Patrimonial, torna-se necessário fazer uso de outros
demonstrativos que mostrem fluxos e apresentem as movimentações que
originaram as alterações constatadas no espaço entre os períodos observados.
A análise da situação como um todo, ganhará maior relevância a partir da
avaliação, por exemplo, da Demonstração de Resultados do Exercício, que
informa a movimentação dos fluxos de receitas e despesas, apresentando
12
como foram originados os resultados da organização e qual a efetiva
colaboração de cada componente na formação do resultado.
Seguindo na linha desse mesmo demonstrativo, tem-se a Demonstração
das Mutações do Patrimônio Líquido. Ele foi criado possivelmente com o intuito
de controlar um determinado grupo de contas de interesse específico dos
detentores do capital nas empresas.
Por bastante tempo as instituições tiveram que se conformar com a
exclusividade dos Balanços Patrimoniais, as Demonstrações de Resultado do
Exercício e as Demonstrações das Mutações do Patrimônio Liquido. Contudo,
as organizações continuavam a necessitar de ferramentas mais ágeis, que
oferecessem fluxos completos de toda a movimentação financeira e não se
limitado apenas a listar receitas e despesas exclusivamente, segundo os
regimes de competência. A resposta a essa necessidade, com o objetivo de se
tornar um demonstrativo com a capacidade de diferenciar-se pela
apresentação conjunta das movimentações dos fluxos, surgiu na figura dos
Fluxos de Fundos.
Entende-se que a expressão, “Fundos,” pode assumir diversas
interpretações, segundo o período considerado na análise. Como por exemplo,
para uma avaliação crítica a partir das variações observadas no ativo líquido
oriundos de operações de grandes prazos, ou seja, a estruturação dos fluxos
de rendas no período. Em situações que apresentem prazos pequenos o
enfoque recomendável é o de capital circulante líquido, e por fim, se a situação
é de prazo muito curto o enfoque volta-se para o caixa propriamente dito.
Observe que a definição comumente usada para fluxo de fundos é a de Capital
Circulante Líquido, ou melhor, entendido pela diferença entre o Ativo Circulante
e o Passivo Circulante.
A Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos (DOAR) foi
adotada no Brasil, baseada na idéia de capital circulante líquido e destaca a
situação financeira de curto prazo das instituições.
13
1.2. Desequilíbrio Financeiro
Conforme afirmam Kaspczak e Scandelari (2006), “Manter o equilíbrio
financeiro interno, exige um constante monitoramento por parte da
administração financeira, colocando em foco os itens que podem causar a falta
de recursos na empresa e em conseqüência desequilibrá-la.”
Zdanowicz (1995) propõe o seguinte diagrama, que permite ao
administrador financeiro visualizar os possíveis desequilíbrios financeiros da
organização, identificando fatores que permitirão adotar medidas preventivas e
saneadoras.
Diagrama 1 – Desequilíbrio financeiro
Ainda, segundo Kaspczak e Scandelari (2006), “O sistema de fluxo de
caixa, na visão de Zdanowicz (1995), é uma ferramenta de gerenciamento e
controle. Pode ser utilizada para se administrar a situação financeira das
14
empresas, por permitir que se projetem as possíveis entradas e saídas de
recursos financeiros no curto e no longo prazo.”
1.3. O Valor do Fluxo de Caixa
Campos Filho (1992) ensina que: “Entende-se como Fluxo de Caixa o
registro e controle sobre a movimentação do caixa de qualquer empresa,
expressando as entradas e saídas de recursos financeiros ocorridos em
determinados períodos de tempo”. Assim sendo, o Fluxo de Caixa representa
importante papel no planejamento financeiro das empresas. Portanto, constitui-
se numa prática dinâmica, que deve ser constantemente revista, atualizada e
utilizada na tomada de decisões. Normalmente a avaliação é realizada através
de indicadores específicos, de acordo com cada projeto ou situação analisada,
tais como: Valor Presente (Valor Atual Líquido), Taxa Interno de Retorno,
Payback e Taxa Média de Retorno.
No entendimento de Treuherz (1999), o fluxo de caixa é denominado –
Demonstrativo de Entradas e Saídas ou Demonstrativo de Fluxo Disponível, e
tem por finalidade indicar a procedência do numerário do qual se utilizou a
empresa num determinado período e as aplicações desse numerário.
Por sua vez Sanvicente (1997), assevera que o fluxo de caixa tem como
objetivo básico, a projeção das entradas e saídas de recursos financeiros para
determinado período, visando prognosticar a necessidade de captar
empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas operações mais rentáveis
para a empresa.
O fluxo de caixa pode ser também conceituado, conforme Gitman
(1997), como o instrumento utilizado pelo administrador financeiro com o
objetivo de apurar os somatórios de ingressos e somatórios financeiros da
empresa em determinado momento, prognosticando assim se haverá
excedente ou escassez de caixa, em função do nível desejado de caixa pela
empresa.
Para Yoshitake (1997), o fluxo de caixa é um esquema que representa
os benefícios e os dispêndios ao longo do tempo. E sua gestão visa
15
fundamentalmente manter um certo nível de liquidez imediata, para fazer frente
à incerteza associada ao fluxo de recebimento e pagamento.
Enfim, a Demonstração do Fluxo de Caixa propicia ao administrador
financeiro a elaboração de melhor planejamento financeiro, pois numa
economia tipicamente inflacionária não é aconselhável excesso de caixa, mas
o estritamente necessário para fazer face aos seus compromissos. Através do
planejamento financeiro o gestor saberá o montante certo em que contrairá
empréstimos para cobrir a falta (insuficiência) de fundos, bem como quando
aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro, evitando, assim a
corrosão inflacionária, proporcionando maior rendimento à empresa.
Para melhor visualização, a ilustração abaixo, demonstra o fluxo de caixa.
Diagrama 2 – Fluxo de Caixa
16
O Fluxo de Caixa constitui ferramenta de fundamental importância para
a boa administração e avaliação das organizações. A sua adoção possibilita
uma boa gestão dos recursos financeiros, evitando situações de insolvência ou
falta de liquidez que representam sérias ameaças à continuidade das
instituições.
17
CAPÍTULO II
O GERENCIAMENTO
2.1 – Formas de Fluxo de Caixa
O tratamento das informações relativas ao Fluxo de Caixa pode ser
identificado de duas formas: a primeira refere-se ao Fluxo de Caixa
Realizado que apresenta o desempenho do que passou; e a segunda ao
Fluxo de Caixa Projetado ou Previsto que procura antever as situações
relacionadas ao caixa das organizações.
Como afirma Silva (1998), “A expressão fluxo de caixa apresenta duas
formas de entendimento: “(a) o fluxo de caixa passado, isto é, aquele que já foi
realizado; e (b) o fluxo de caixa previsto, ou seja, previsão de caixa que
abrange um período futuro.”
2.1.1 – Fluxo Realizado
A finalidade do fluxo de caixa realizado é mostrar como se
comportaram as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa em
determinado período. O estudo cuidadoso do fluxo de caixa realizado, além de
propiciar análise de tendência, serve de base para o planejamento do fluxo
projetado.
2.1.2 – Fluxo Projetado
O objetivo principal do fluxo de caixa projetado é informar como se
comportará o fluxo de entradas e saídas de recursos financeiros em
determinado período, podendo ser projetado a curto ou a longo prazo. Em
curto prazo busca-se identificar os excessos de caixa ou a escassez de
recursos dentro do período projetado, para que através dessas informações se
18
possa traçar uma adequada política financeira. A longo prazo, o fluxo de caixa
projetado, além de identificar os possíveis excessos ou escassez de recursos,
visa também obter outras informações importantes, tais como:
Ø Verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos
necessários para custear suas operações;
Ø Determinar o capital em giro no período;
Ø Determinar o Índice de Eficiência Financeira da empresa. (IEF =
capital em giro / capital de giro da empresa);
Ø Determinar o grau de dependência de capitais de terceiros da
empresa; etc.
É bom lembrar que as informações de que a empresa dispõe para
elaborar o fluxo de caixa projetado a curto prazo, diferem daquelas que estão
disponíveis quando se projeta a longo prazo. Normalmente, quando se projeta
a curto prazo, as principais operações que vão provocar entradas e saídas de
dinheiro já foram realizadas e a empresa trabalha com relativo grau de certeza
dos recebimentos e/ou pagamentos dentro do período. No entanto, quando se
projeta a longo prazo, o que se conhece são apenas projeção das operações
de ingressos e/ou desembolsos de recursos financeiros, ficando o fluxo de
caixa projetado a longo prazo exposto a eventos estranhos ao conhecimento
primário por parte da empresa, podendo comprometer as previsões
consideradas.
2.1.3 – Realizado X Projetado
Entre os Fluxos de Caixa observa-se que, enquanto o Fluxo Realizado
limita-se a explicar o passado o Fluxo Projetado lança-se a frente, procurando
definir o futuro. A importância de um e de outro é relativa sendo maior ou
menor conforme o momento e da utilização que se deseje dar.
19
Outro aspecto que deve ser considerado é a comparabilidade que
existe entre os fluxos de caixa realizado e o projetado. Isto possibilita identificar
os motivos das variações ocorridas, se ocorreram por falha de projeções ou
por falhas de gestão. A análise das variações ocorridas no fluxo de caixa
permite identificar as causas de eventuais divergências de valores; funciona
como feedback, gerando informações para o processo decisório e para o
planejamento financeiro futuro.
2.2 – Estruturas do Fluxo de Caixa
Visando uma perfeita análise das informações o Fluxo de Caixa de uma
organização deve apresentar uma estrutura com determinado grau de
detalhamento, para que o administrador possa analisar entender e decidir
adequadamente sobre sua liquidez
2.2.1 – Atividades Operacionais
Neste grupo serão colocados os valores referentes às atividades-fim da
empresa. Aqui encontraremos o valor recebido a vista dos clientes,
pagamentos a fornecedores, pagamentos ao governo relativos a impostos e
multas, recebimento de prêmios de seguros. Devido às diferenças encontradas
em cada empresa, este grupo deve ser muito bem analisado para que as
informações nele contidas reflitam fielmente as atividades empresariais
específicas.
Valores que compõe este grupo serão relativos às seguintes atividades:
Recebimentos operacionais:
• De clientes, através de vendas à vista;
• De clientes, através de vendas a prazo;
• Rendimentos de aplicações financeiras, se esta for à atividade-fim da empresa;
• Recebimento de Dividendos.
20
Pagamentos operacionais:
• Fornecedores de mercadorias ou matérias-primas;
• Salários e encargos sociais;
• Encargos financeiros;
• Tributos.
2.2.2 – Atividades de Investimento
Este grupo tem uma relação intrínseca com o Ativo Permanente do
Balanço Patrimonial. As atividades de Investimentos refletem todos os valores
que uma organização aplica em bens para prover suas atividades
operacionais. São exemplos de entradas e saídas deste grupo:
Entradas:
• Venda de ativos imobilizados usados na produção ou prestação de serviços;
• Recebimento de vendas de participações em outras empresas;
• Resgates de investimentos permanentes.
Saídas:
• Compra de ativo imobilizado;
• Pagamento no ato de aquisição de participações em outras empresas;
• Empréstimos concedidos.
2.2.3 – Atividades de Financiamento
Uma empresa pode precisar de capital para um grande projeto ou
simplesmente gerir suas atividades operacionais, capital este que pode estar
indisponível. Então é comum que a direção da empresa recorra a empréstimos
em entidades financeiras ou aceite a entrada de novos sócios – ou poderá
emitir e negociar ações. Os valores, tais como estes mencionados, obtidos ou
pagos a terceiros serão exibidos no grupo Atividades de Financiamentos.
21
Devemos observar que o conceito de financiamento, neste caso, é
diferente do amplamente usado no mercado. Comumente é chamada de
financiamento a aquisição de um bem pago por terceiros, Na Demonstração do
Fluxo de Caixa, este conceito abrange tanto os recursos obtidos de terceiros
quanto os recursos próprios recebidos.
São transações deste grupo:
Entradas:
• Vendas de ações emitidas;
• Empréstimos obtidos no mercado financeiro;
• Valores referentes à entrada de novo sócio.
Saídas:
• Pagamento de empréstimos bancários;
• Saída de sócio da empresa;
• Pagamento de dividendos.
2.3 – O Planejamento do Fluxo de Caixa
A importância do planejamento pode ser entendida na afirmação de Hoji
(1999), “Em sua grande maioria as atividades empresariais envolvem recursos
financeiros, caberá ao administrador financeiro analisar e manter controles
financeiros, tomar decisões de investimentos e financiamentos.”
2.3.1 – O processo de Planejamento
O estabelecimento de um de planejamento do fluxo de caixa da
organização consiste em implantar uma estrutura de informações útil, prática e
econômica. A proposta é dispor de um mecanismo seguro para estimar os
futuros ingressos e desembolsos de caixa da empresa.
O Fluxo de Caixa é um dos instrumentos mais eficientes de
planejamento e controle financeiro, o qual poderá ser elaborado de diferentes
22
maneiras, conforme as necessidade ou conveniências da empresa, a fim de
permitir que se visualizem os futuros ingressos de recursos e os respectivos
desembolsos.
O Fluxo de Caixa projetado pode ser expresso de forma genérica pela
seguinte equação:
SFC = SIC + I – D
Onde:
SFC = Saldo final de caixa;
SIC = Saldo inicial de caixa;
I = Ingressos;
D = Desembolsos.
Dessa forma, o fluxo de caixa é o instrumento utilizado pelo
administrador financeiro, com a finalidade de verificar se o saldo inicial de
caixa adicionado ao somatório de ingressos, menos o somatório de
desembolsos em determinado período, apresentará excedentes de caixa ou
escassez de recursos financeiros pela empresas.
Havendo excedentes financeiros, isso possibilitará ao administrador
financeiro identificar a destinação mais eficiente dos mesmos. Se houver de
recursos financeiros, possibilitará a ele captar nas fontes menos onerosas do
mercado. Cumpre destacar que, na captação e na aplicação de recursos
financeiros por parte da empresa, deverá ser fixado, entre outros fatores, o
prazo de operação. Como exemplo, podemos citar que na aplicação de
recursos no mercado financeiro (fundo de Aplicações Financeiras), o
administrador financeiro deverá levar em consideração não só a taxa de juros
que será paga pela instituição financeira, mas também a segurança da
operação e o período que excedente será aplicado, pois a empresa é indústria,
23
comércio ou prestadora de serviços, e não uma especuladora no mercado
financeiro.
2.3.2 – Importância do Planejamento
Sobre um fluxo de caixa mal elaborado, Goldratt e Cox (1990), já
afirmavam que, “É possível que uma empresa apresente lucro líquido e um
bom retorno sobre investimentos e, ainda assim, vá à falência. O péssimo fluxo
de caixa é o que acaba com a maioria das empresas que fracassam”
O planejamento do fluxo de caixa é importante, porque irá indicar
antecipadamente as necessidades de numerário para o atendimento dos
compromissos que a empresa costuma assumir, considerando os prazos para
serem saldados. Com isso, o administrador financeiro estará apto a planejar
com a devida antecedência, os problemas de caixa que poderão surgir em
conseqüência de reduções cíclicas das receitas ou de aumento no volume dos
pagamentos.
Destaca-se outro ponto importante, que desempenha o fluxo de caixa,
que é a possibilidade de evitar a programação de desembolsos vultosos para
período em que o ingresso orçado seja baixo por questões de mercado, por
exemplo. O planejamento do fluxo de caixa permite ao administrador financeiro
verificar se poderá realizar aplicações a curto prazo com base na liquidez, na
rentabilidade e nos prazos de resgate.
Dessa forma, o fluxo de caixa é de vital importância fundamental para a
eficiência econômico – financeiro e gerencial das empresas, sejam elas, micro,
pequenas, médias ou grandes, a tal ponto, que muitas instituições de crédito
exigem a sua apresentação antes de concederem empréstimos a seus
clientes.
24
2.3.3 – Os prazos de planejamento
O período compreendido pelo planejamento do fluxo de caixa depende
do tamanho e ramo de atividade da empresa. Em geral, quando as atividades
estão sujeitas a grandes oscilações, a tendência é para estimativas com
prazos curtos (diário, semanal, mensal), enquanto as empresas que
apresentam volume de vendas estável preferem projetor o fluxo de caixa para
períodos longos (trimestral, semestral ou anual). A finalidade do planejamento
também influi no período abrangido pelo mesmo. Por exemplo, para um
programa de investimento intensivo por parte da empresa, torna-se
conveniente um planejamento mais detalhado, referente a um prazo menor,
para se dar uma idéia aproximada da projeção de saldos mensais durante o
exercício social.
Como toda a empresa tem mais de uma espécie de necessidade
financeira, precisa ter estimativas com prazos variáveis, de acordo com as
respectivas finalidades.
Segundo Frezatti (1997), “É importante a empresa trabalhar com um
planejamento mínimo para três meses. O fluxo de caixa mensal deverá,
posteriormente, transformar-se em semanal e este em diário. O modelo diário
fornecerá a posição dos recursos em função dos ingressos e desembolsos de
caixa, constituindo-se em poderosos instrumentos de planejamento e controle
financeiros para a empresa”.
A longo prazo, o planejamento do fluxo de caixa dispensa a
apresentação de muitos detalhes, pois tem em vista apenas relacionar
alterações significativas nos futuros saldos de caixa da empresa. De acordo
com os planos de ação aprovados pela cúpula diretiva, deverão resultar de
expansão ou modernização da capacidade de produção e/ou comercialização,
lançamento de novas linhas de produtos e crescimento almejado da empresa
dentro de um ou três anos, ou em um futuro próximo.
Zdanowcz (2001), afirma que o principal objetivo é “demonstrar a
possibilidade de serem geradas as disponibilidades de caixa, ou obtidos os
25
recursos financeiros necessários à manutenção das atividades planejadas para
um dado período”.
O planejamento deverá indicar as épocas em que as disponibilidades
poderão ser insuficientes, a fim de que o administrador financeiro fique apto a:
a) definir, no planejamento de caixa, o montante dos empréstimos ou
financiamentos com que a empresa deverá contar a curto, médio, ou a longos
prazos;
b) avaliar um aumento de capital social, mediante aproveitamento de reservas
ou subscrição de novas ações;
c) analisar os efeitos que cada uma dessas iniciativas para obter maiores
recursos terá na estrutura do capital da empresa;
d) apresentar, para a alta administração, os projetos que poderão ser
executados de acordo com os planos, quais serão adiados ou alterados.
2.3.4 – Requisitos para o Planejamento
É fundamental, para a elaboração do fluxo de caixa, ter em mente as
oscilações que possam eventualmente ocorrer e irão implicar em ajustes dos
valores projetados, mantendo-se assim a flexibilidade desse instrumento de
trabalho do administrador financeiro.
Dentre os principais pré-requisitos para o planejamento do fluxo de caixa
estão os dados econômicos – financeiros, que serão utilizados pelo
administrador financeiro, pois deverão ser os mais corretos possíveis, captados
no plano geral de operações da empresa para o período a ser projetado.
O administrador financeiro irá buscar informações em outros
departamentos da empresa, e é importante que seus responsáveis estejam
conscientes da exatidão, clareza e confiabilidade dos dados prestados.
26
A empresa, para utilizar este instrumento de gestão financeira e
alcançar os objetivos e as metas propostas, não deve medir esforços na sua
implantação e implementação, em termos empresariais. Ela deve manter um
nível razoável em caixa para que possa atender às necessidades diárias.
Este saldo disponível não poderá ser arbitrário, porém determinado pelo
administrador financeiro de acordo com os parâmetros operacionais da
empresa. Quanto mais cuidado houver na sua elaboração menor terá de ser o
nível de caixa.
Para que a organização obtenha resultados positivos através do fluxo de
caixa é necessário que observe os seguintes requisitos:
a) buscar a maximização do lucro, possuindo certos padrões de segurança,
previamente fixados;
b) assegurar ao caixa um nível desejado, a partir da constituição de reservas
necessárias à empresa;
c) obter maior liquidez nas aplicações dos excedentes de caixa no mercado
financeiro;
d) determinar o nível desejado de caixa, a partir das contas que compõe o
disponível da empresa;
e) fixar limites mínimos, mediante as experiências adquiridas pela empresa,
permitindo realizar os ajustes quando for necessário;
f) ainda que a empresa observe certos padrões de segurança, pode investir
parte de seus recursos disponíveis, mas nunca além do mínimo necessário
para as suas atividades operacionais.
27
2.3.5 – Requisitos para Implantação
Entende-se que os principais requisitos para a implantação do fluxo de
caixa podem ser assim apontados:
a) envolvimento participativo da cúpula diretiva da empresa;
b) definição da estrutura funcional da empresa com definição clara dos níveis
de responsabilidades de cada área;
c) integração dos diversos setores e/ou departamento da empresa ao sistema
do fluxo de caixa;
d) estabelecimento de um do sistema de informações quanto á qualidade e aos
funcionários a serem utilizados, calendário de entrega dos dados
(periodicidade) e os responsáveis pela elaboração das diversas projeções;
e) capacitação do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na
empresa;
f) elaboração e implantação de um manual de operações financeiras;
g) envolvimento dos responsáveis pelas diversas áreas, no sentido de alcançar
os objetivos e as metas propostas no fluxo de caixa;
h) utilização do fluxo de caixa para avaliar com antecedência os efeitos da
tomada de decisões que tenham impacto financeiro na empresa;
i) elaboração de um fluxograma das atividades na empresa, ou seja, definir as
atividades meio e as atividades fins.
28
CAPÍTULO III
FORMAS DE APRESENTAÇÃO
3.1 – Método Indireto
Segundo Campos Filho (2002),” As empresas que decidirem não
mostrar os recebimentos e pagamentos operacionais, deverão relatar a mesma
importância de fluxo de caixa líquido das atividades operacionais
indiretamente, ajustando o lucro líquido para reconciliá-lo ao fluxo de caixa
líquido das atividades operacionais (método indireto ou de reconciliação)”.
O método indireto apresenta o fluxo de caixa das atividades
operacionais de forma indireta, realizando ajustes ao lucro líquido do exercício.
O fluxo de caixa elaborado pelo método indireto apresenta no grupo das
atividades operacionais: primeiro, o lucro líquido proveniente da Demonstração
do Resultado do Exercício, para em seguida adicionar os valores que não
representam desembolso de caixa que tenham sido deduzidos do lucro na
DRE, ou seja, depreciação e amortização; provisão para devedores duvidosos;
aumento ou diminuição referente a fornecedores, no caso de compras a prazo,
ou contas a pagar, também a longo prazo; aumento ou diminuição de valores
em contas a receber, para o caso de vendas à prazo ou nos estoques.
Carmo Et Al (1997) esclarece que, “o método indireto consiste na
demonstração dos recursos provenientes das atividades operacionais a partir
do lucro líquido, ajustado pelos itens que afetam o resultado, mas que não
modificam o caixa da empresa”. Enquanto, o método direto demonstra "os
recebimentos e pagamentos derivados das atividades operacionais da
empresa em vez do lucro líquido ajustado".
A demonstração de fluxo de caixa, quando feita pelo método indireto, é
indicada por Silva, Santos e Ogawa (1993), como mais semelhante à estrutura
da DOAR, portanto de mais fácil compreensão aos que entendem essa
demonstração. Ao contrário, a DFC elaborada pelo método direto é de mais
29
fácil entendimento para aqueles que já não compreendem a DOAR, visto que é
feita de forma direta, com entradas e saídas no caixa.
3.1.1 – Vantagens
a) Apresenta baixo custo basto utilizar dois balanços patrimoniais (o do início e
do final do período), a demonstração de resultados e algumas informações
adicionais obtidas na contabilidade.
b) Concilia o lucro contábil com o fluxo de caixa operacional líquido mostrando
como se compõe a diferença.
3.1.2 – Desvantagens
a) O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de competência
é só depois converte-las para o regime de caixa. Se isso for feito uma vez por
ano, por exemplo, podemos ter surpresas desagradáveis e tardiamente.
b) Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e geralmente
há, o método indireto irá eliminar somente parte dessas distorções.
3.2 – Método Direto
Campos Filho (2002) comenta que é recomendado às empresas "relatar
os fluxos de caixa das atividades operacionais diretamente, mostrando as
principais classes de recebimentos e pagamentos operacionais (método
direto)". “No método direto as entradas e saídas operacionais são
apresentadas de forma direta, isto é, primeiro as entradas, depois as saídas”.
A demonstração de fluxo de caixa, quando elaborada pelo método direto
apresenta dentro do grupo das atividades operacionais, primeiro o valor
referente à receita pela venda de mercadorias e serviços, para, em seguida,
30
subtrair deste os valores equivalentes ao pagamento de fornecedores, salários
e encargos sociais dos empregados, bem como os impostos e outras
despesas legais. Além disso, adicionam-se os eventuais dividendos recebidos,
bem como os recebimentos de seguros.
3.2.1 – Vantagens
a) Cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e
pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais;
b) Permite que a cultura de administrador pelo caixa seja introduzida
mais rapidamente nas empresas;
c) As informações de caixa podem estar disponíveis diariamente.
3.2.2 – Desvantagens
a) O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos;
b) A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e
financeira em usar as partidas para classificar os recebimentos e
pagamentos.
3.3 – Formas de Apresentação
O fluxo de caixa realizado pode ser apresentado por meio de duas
formas: o método direto e o método indireto. Veja a representação gráfica, a
seguir, baseada em Sá (1998):
31
Diagrama 3 – Método Direto X Método Indireto
EntradasOperacionais
SaídasOperacionais
Lucro Líquido
Ajustes
Geração Interna de Caixa
Geração Operaci-onal de Caixa
Fluxo Operacional
Geração Não Ope-racional de Caixa
Variação do Disponível
MenosMais / Menos
Igual
Mais / Menos
Igual
Igual
Mais / Menos
Método Direto
Méto
do Indireto
32
3.3.1 – Demonstração do Método Indireto
FLUXO DE CAIXA - MÉTODO INDIRETO
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa
Fluxo de caixa das atividades operacionais:
Lucro líquido
Depreciação e amortização (+)
Provisão para devedores duvidosos (+)
Aumento / diminuição em fornecedores (+/-)
Aumento / diminuição em contas a pagar (+/-)
Aumento / diminuição em contas a receber (+/-)
Aumento / diminuição em estoques (+/-)
Caixa líquido das atividades operacionais (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de investimento:
Venda de imobilizado (+)
Aquisição de imobilizado (-)
Aquisição de outras empresas (-)
Caixa líquido das atividades de investimento (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de financiamento:
Empréstimos líquidos tomados (+)
Pagamento de leasing (-)
Emissão de ações (+)
Caixa líquido das atividades de financiamento (+/-)
Aumento / diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa
Caixa e equivalentes de caixa - início do ano
Caixa a equivalentes de caixa - final do ano
Fonte: Teles (1997)
33
3.3.2 – Demonstração do Método Direto
FLUXO DE CAIXA - MÉTODO DIRETO
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa
Fluxo de caixa das atividades operacionais:
Venda de mercadorias e serviços (+)
Pagamento de fornecedores (-)
Salários e encargos sociais dos empregados (-)
Dividendos recebidos (+)
Impostos e outras despesas legais (-)
Recebimento de seguros (+)
Caixa líquido das atividades operacionais (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de investimento:
Venda de imobilizado (+)
Aquisição de imobilizado (-)
Aquisição de outras empresas (-)
Caixa líquido das atividades de investimento (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de financiamento:
Empréstimos líquidos tomados (+)
Pagamento de leasing (-)
Emissão de ações (+)
Caixa líquido das atividades de financiamento (+/-)
Aumento / Diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa
Caixa e equivalentes de caixa - início do ano
Caixa a equivalentes de caixa - final do ano
Fonte: Teles (1997).
Como se verifica, a demonstração pelo método direto facilita ao usuário
avaliar a solvência da empresa, pois evidencia toda a movimentação dos
recursos financeiros, as origens dos recursos de caixa e onde eles foram
aplicados.
34
3.4 – Análises de Dados
O Fluxo de Caixa é de fundamental importância para as empresas, pois
constitui peça indispensável de sinalização para os rumos financeiros de uma
organização.
Conforme explica Smith (1994), “os balanços expressam apenas as
opiniões dos auditores, não os fatos. Dinheiro é fato. Caixa é fato. Não se
produz caixa com artifícios contábeis. Os investidores devem olhar para as
empresa como olham os banqueiros. O que importa é o caixa. Se uma
empresa reporta lucros elevados, mas não está gerando caixa, ela pode não
estar gerando lucro nenhum. É preciso ter em mente que o que quebra uma
empresa não é a falta de lucro, as empresas quebram pro falta de caixa”
Evitar falta de recursos e conseqüente crise de liquidez nas empresas ou,
através do seu conhecimento, de forma antecipada, minimizar seus efeitos,
representa uma das principais funções do fluxo de caixa.
Através de uma adequada gestão de caixa podemos reduzir
substancialmente a necessidade de capital de giro, proporcionando maiores
lucros em função, principalmente, da redução das despesas financeiras. Daí a
importância da revisão e análise criteriosa do fluxo de caixa, pois só assim a
empresa poderá aferir os resultados efeitos.
De nada adianta efetuar projeções de fluxo de caixa se o mesmo não for
utilizado como ferramenta básica no processo decisório.
A projeção das necessidades futuras indicará escassez ou excesso de
recursos em determinado período e a avaliação desses resultados, permitirá
que a empresas tome as providências em tempo hábil e reprojete seu fluxo de
caixa em função das novas situações.
3.4.1 – Análise Horizontal A análise horizontal fornece a medida de crescimento dos itens do fluxo
de caixa. Permite que se tenha conhecimento da evolução de cada item do
fluxo de caixa dentro de uma série histórico.
35
Por ocasião da análise horizontal, deve-se ficar atento às variações
percentuais elevadas, mas que seu valor absoluto não seja representativo, ou
o contrário quando uma variação percentual reduzida pode ter embutido um
valor absoluto considerável. Daí a importância da análise, conjugada com a
análise vertical para real compreensão da situação analisada.
A fórmula para a análise vertical do fluxo de caixa está indicada a
seguir:
Análise Horizontal = VALOR DO ÍTEM EM UM PERÍODO
ESPECÍFICO DA SÉRIE
_________________________________
VALOR DO ITEM NO ANO BASE
3.4.2 – Análise Vertical Esse tipo de análise representa importante ferramenta de interpretação
da estrutura de fluxo de caixa. Através desta análise é possível identificar itens
no fluxo de caixa cuja participação é bastante representativa, tornando-se,
assim, alvo de uma análise mais profunda.
Deve-se observar também a tendência dessa participação ao longo de
dois ou mais período.
O caixa líquido das atividades operacionais é a base a ser considerada
para a análise vertical do fluxo de caixa, pois representa o montante que a
empresa gerou de caixa internamente, tornando-se assim, ponto de referência
para o cálculo dos percentuais de participação dos demais itens do fluxo de
caixa. A fórmula para análise vertical do fluxo de caixa está indicada a seguir:
Análise Vertical = VALOR DO ÍTEM ________________________________X 100 VALOR DO CAIXA LÍQUIDO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS
36
CAPÍTULO IV
LUCROS, TRANSAÇÕES E CLASSIFICAÇÕES
4.1 – Fluxos de Caixa X Lucros
Segundo Dechow (1994), “O lucro é a principal medida do
desempenho de uma empresa. O lucro é utilizado como medida de
desempenho por uma grande variedade de usuários”.
O sucesso de uma empresa depende, também, da sua capacidade de
gerar recebimentos em excesso aos desembolsos de caixa. Então, uma
medida de desempenho que pode ser usada é o fluxo de caixa realizado.
4.2 – As principais transações que afetam o caixa
A seguir relacionaremos, em dois grupos, as principais transações que
afetam o caixa.
4.2.1 – Transações que aumentam o caixa (disponível)
a) Integralização do Capital pelos Sócios ou Acionistas (são os investimentos
realizados pelos proprietários. Se a integralização não for a dinheiro, mas em
bens permanentes, estoques, títulos etc., não afetará o caixa);
b) Empréstimos Bancários e Financiamentos (são os recursos financeiros
oriundos das instituições financeiras. Normalmente, os Empréstimos Bancários
são utilizados como Capital de Giro (Circulante) e os Financiamentos, para
aquisição de ativo Permanente (Fixo);
c) Venda à Vista e Recebimentos de Duplicatas a Receber (a principal fonte
de recursos do caixa, sem dúvida, é aquela resultante de vendas).
37
d) Outras Entradas (juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas,
indenizações de seguros recebidas etc.).
4.2.2 – Transações que diminuem o caixa (Disponível)
a) Pagamento de dividendos aos Acionistas;
b) Pagamento de Juros, Correção Monetária da Dívida e Amortização da
Dívida;
c) Aquisição de itens do Ativo Permanente;
d) Compra à vista e pagamentos de fornecedores;
e) Pagamentos de Despesas / Custos, Contas a Pagar e outros.
4.3 – Transações que não afetam o caixa
Através dos itens relacionados no grupo A observamos os principais
encaixes (entrada de dinheiro no caixa). Através dos itens relacionados no
grupo B observamos os principais desembolsos (saídas de dinheiro do caixa).
A seguir algumas transações que não afetam o caixa, isto é, não há encaixe e
nem desembolso:
a) Depreciação, Amortização e Exaustão (São meras reduções de Ativo, sem
afetar o caixa);
b) Provisão para Devedores Duvidosos (Estimativa de prováveis perdas com
clientes que não representa o desembolso ou encaixe);
c) Acréscimos de itens de Investimentos pelo método de Equivalência
38
Patrimonial, (assim como Correção Monetária, poderá haver aumentos ou
diminuições em itens de investimentos sem significar que houve vendas ou
novas aquisições).
4.4 – Classificações das Origens e Aplicações
Na realidade, a demonstração dos fluxos de caixa resume as origens
e as aplicações de caixa durante um dado período. O quadro a seguir classifica
as origens e aplicações básicas de caixa.
ORIGENS APLICAÇÕES Diminuição em qualquer ativo Aumento em qualquer ativo
Aumento em qualquer passivo Aumento em qualquer passivo
Lucro Liquido após IR Prejuízo Líquido
Depreciação Dividenda pagos
Venda de ações Recompra de ações
Por exemplo, se as duplicatas a pagar da empresa aumentarem em $
1.000 durante o ano, essa variação será uma ORIGEM DE CAIXA. Se o
estoque da empresa aumentar em $ 2.500, essa variação será uma
APLICAÇÃO DE CAIXA, no sentido de que um adicional de $ 2.500 foi
destinado ao estoque.
39
CONCLUSÃO
O atual cenário competitivo exige respostas rápidas e eficazes das
organizações. A identificação antecipada das necessidades ou sobras de caixa
transformou o “Fluxo de Caixa”, num dos mais importantes instrumentos para o
gestor financeiro da empresa. Através deste instrumento de controle e
planejamento, podemos vislumbrar como as decisões empresariais irão se
refletir nos resultados da empresa e como o seu “pulmão” caixa será
impactado.
As dificuldades encontradas na gestão dos recursos financeiros de uma
empresa, tomando-se por base dados históricos, relatórios elaborados pelo
regime de competência, fizeram, com que surgisse o fluxo de caixa, bastante
evidenciado e indispensável para a boa gestão das empresas.
Para o pequeno negócio, por exemplo, de perfil familiar, o Fluxo de
Caixa demonstra ser uma ferramenta de grande utilidade pela facilidade com
que poderá ser entendida e elaborada pelo gestor. A utilização do Fluxo de
Caixa permite a empresa planejar seu futuro através do orçamento projetado
de caixa, evitando desencontro entre suas receitas e despesas.
Não se pretende dizer que o orçamento e o planejamento, bem como a
implantação do Fluxo de Caixa numa organização, eliminarão suas
dificuldades financeiras. Certamente a visualização de suas entradas e saídas
futuras de caixa permitirá antecipar a decisão de alocação de recursos.
Permitirá, ainda, a reestruturação das imobilizações em estoque e
duplicatas, prazo de fornecedores, ampliação ou retração de fatia de mercado,
entre outras medidas que poderão ser adotadas e que são de competência da
boa gestão.
Outro aspecto importante a ser considerado é o fluxo de caixa torna
mais conveniente a administração e acompanhamento do dia a dia das
atividades operacionais da empresa. Do contrário, se ela quiser tomar decisões
em função de um horizonte maior, terá que recorrer a outros demonstrativos
contábeis, como a demonstração das origens e aplicações dos recursos –
DOAR, por exemplo.
40
Enfim, as empresas que adotarem o fluxo de caixa podem facilitar
e organizar seus dados em relação a recebimentos e pagamentos, com melhor
equilíbrio entre capital próprio e de terceiros. Aumentar a rotação dos
estoques, negociar junto a fornecedores descontos e prazos em compras,
oferecer benefícios a seus clientes, são medidas que poderão também ser
adotadas.
41
BIBLIOGRAFIA
ASSAF NETO, Alexandre e Silva, César Augusto Tibúrcio. Administração do
capital de giro. São Paulo: Atlas. 2002. 3ª Edição.
CAMPOS FILHO, Ademar. Fluxo de Caixa em Moeda Forte: Análise, decisão e
controle. São Paulo: Atlas. 1992. 2° Edição.
CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos Fluxos de Caixa: Uma
ferramenta indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas.
1999.
CARMO, Augusto B.G. ET al. Fluxo de Caixa. Revista Brasileira de
Contabilidade do CRC-SP. São Paulo: ano I nº 3, p.57-64, dez./ 1997.
DECHOW, Patrícia M. Accounting earnings and cash flows as measures of firm
performance: The role of accounting accruals. Jornal of Accounting and
Economics. V. 18, 3-42, 1994.
FREZATTI, Fábio. Gestão do fluxo de caixa diário. São Paulo: Atlas. 1997.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7. ed. São
Saulo: Ed. HARBRA Ltda. 1997.
GOLDRATT, Eliyahn M., COX, Jeff. A meta. São Paulo: Imam, 1990.
HOJI, Massakazu. Administração financeira: uma abordagem prática:
matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento
e controle financeiro. – São Paulo: Atlas, 1999.
KASPCZAK, Márcia Cristina de Mello, e SCANDELARI, Luciano. Grau de
utilização dos sistemas de fluxo de caixa na administração financeira das micro
42
e pequenas empresas da cidade de Ponta Grossa. XXVI ENEGEP - Fortaleza,
CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006
MARION, Eliseu e ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira: A
finança das empresas sob condições inflacionaria. São Paulo: Atlas. 1986
MATARAZZO, Dante C. Analise Financeira de Balanços – Abordagem Básica
e Gerencial. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1997. E 1999.
SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa. Apostila, São
Paulo: Top Eventos, 1998. TERCO AUDITORIA E CONSULTORIA S/C.
Demonstrações de origens e aplicações de recursos e fluxo de caixa. Apostila,
São Paulo: Ibracon, 1998.
SANVICENTE. Antonio Zoratto, e SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na
Administração de Empresas. São Paulo; Atlas, 2000.
SILVA, César Augusto Tiburcio, SANTOS, Jocineiro Oliveira, OGAWA, Jorge
Sadayoshi. Fluxo de Caixa e DOAR. Caderno de Estudos FIPECAFI / FAE –
SP, São Paulo: nº 9, p.36-66, out./1993.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. – 2. ed. – São
Paulo: Atlas, 1998.
SMITH, Terry. “Accounting for growth”. Exame, 24 de maio de 1994.
TELES, Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de
enriquecimento das demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista
Brasileira de Contabilidade. Brasília, ano XXVI, nº 5, p.64-71, jul.1997, p.69
TREUHERZ, Rolf Mário. Análise Financeira por Objetivos. 5º ed. São Paulo:
Pioneira, 1999.
43
YOSHITAKE, Mariano. Gestão de tesouraria: controle e análise de transações
financeiras em moeda forte. – São Paulo: Atlas, 1997.
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa. São Paulo: Sagra Luzzatto. 2004.
10° Edição.
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Aspectos gerais e históricos 09
1.1 – Histórico e Considerações 09
1.2 – Desequilíbrio Financeiro 13
1.3. – O Valor do Fluxo de Caixa 14
CAPÍTULO II
O Gerenciamento 17
2.1 – Formas de Fluxo de Caixa 17
2.1.1 – Fluxo Realizado 17
2.1.2 – Fluxo Projetado 17
2.1.3 - Realizado X Projetado 18
2.2 – Estruturas do Fluxo de Caixa 19
2.2.1 – Atividades operacionais 19
2.2.2 – Atividades de Investimento 20
2.2.3 – Atividades de Financiamento 20
2.3 – O Planejamento do Fluxo de Caixa 21
2.3.1 – O processo de Planejamento 21
2.3.2 – Importância do Planejamento 23
2.3.3 – Os prazos de Planejamento 24
2.3.4 – Requisitos para o Planejamento 25
2.3.5 – Requisitos para Implantação 27
45
CAPÍTULO III
Formas de Apresentação 28
3.1 – Método Indireto 28
3.1.1 – Vantagens 29
3.1.2 - Desvantagens 29
3.2 – Método Direto 29
3.2.1 – Vantagens 30
3.2.2 - Desvantagens 30
3.3 – Formas de Apresentação 30
3.3.1 – Demonstração do Método Indireto 32
3.3.2 - Demonstração do Método Direto 33
3.4 – Análises de Dados 34
3.4.1 – Análise Horizontal 34
3.4.2 - Análise Vertical 35
CAPÍTULO IV
Lucros, Transações e Classificações 36
4.1 – Fluxos de Caixa X Lucros 36
4.2 – As principais Transações que afetam o caixa 36
4.2.1 – Transações que aumentam o caixa 36
4.2.2 – Transações que diminuem o caixa 37
4.3 – Transações que não afetam o caixa 37
4.4 – Classificações das Origens e Aplicações 38
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 44
46
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do
Mestre
Título da Monografia: A IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA NA GESTÃO
EMPRESARIAL
Autor: Suzana Aparecida Gomes da Silva
Data da entrega: 04/02/2010
Avaliado por: Prof. Ms. Ana Claudia Morrissy Conceito: