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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Treinamento como Estratégia para Melhorar o Negócio da Empresa de Pequeno Porte Por: Marli Moreira Vaz Orientadora: Adelia Araújo Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · atual modelo estratégico de gestão de RH. No segundo capítulo, aborda-se a ... própria, ou mesmo cultura patriarcal, que reforça

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Treinamento como Estratégia para Melhorar o Negócio da

Empresa de Pequeno Porte

Por:

Marli Moreira Vaz

Orientadora:

Adelia Araújo

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Treinamento como Estratégia para Melhorar o Negócio da

Empresa de Pequeno Porte

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Gestão de Recursos Humanos

Por: Marli Moreira Vaz

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pela minha

vida.

Aos meus filhos pela força que nunca cessa.

À minha adorada mãe que sempre me

incentivou a estudar.

À minha orientadora, Adelia Araújo, pela

paciência nas correções deste trabalho.

À minha querida amiga Rosineide por tudo:

força, incentivo e companheirismo nesta árdua

trajetória, sobretudo, apoiando-me nos

momentos mais difíceis de minha vida pessoal.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos, Daniel e

Lucas, que são a razão do meu viver.

5

“Já não é mais possível falar em

desenvolvimento com uma visão

fragmentada da realidade humana.

Olhar e cuidar do ser humano como

um ser integral, com suas diferentes

facetas, dificuldades e aspirações é

ser capaz de enxergar a

potencialidade latente de uma nova

realidade, mais ampla, mais próspera”.

Dulce Magalhães

6

RESUMO

O objetivo desta monografia é abordar a gestão de RH voltada ao treinamento

dos colaboradores como ferramenta estratégica do negócio da empresa de

pequeno porte. E a ideia da realização do trabalho surgiu a partir da vontade de

colocar em prática tudo aquilo aprendido em uma longa trajetória profissional,

sobretudo, baseada nas experiências dentro dos negócios familiares, o qual se

observou o grande número de problemas que se apresentam cotidianamente.

E isso se agrava mais ainda quando as necessidades do mercado impõem

encarar as resistências de uma cultura familiar estabelecida há tempos, já que

é evidente que uma empresa construída sob gerações que vão de pai para filho

se assusta e se preocupa com qualquer mudança. Desse modo, o primeiro

capítulo da monografia trata das transformações dos sistemas de gestão e a

nova concepção do RH, com o enfoque na valorização das pessoas que é o

atual modelo estratégico de gestão de RH. No segundo capítulo, aborda-se a

caracterização das empresas de pequeno porte no Brasil, voltando as

definições para as micro e pequenas empresas, bem como as empresas

familiares. E, no terceiro e último capítulo, a pesquisa se volta à importância do

treinamento para as empresas de pequeno porte, e, para tanto: conceituando

‘treinamento’; verificando o processo de treinamento como estratégia;

observando o diagnóstico (levantamento das necessidades de treinamento);

examinando o desenho do programa de treinamento (planejamento); avaliando

a condução do programa de treinamento (implementação); e, finalmente,

avaliando o programa de treinamento, resultado de tudo o que foi apresentado.

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METODOLOGIA

Para a elaboração desse trabalho escolheu-se como metodologia a

exploratória através da pesquisa bibliográfica, pois é um modo de se

compreender melhor o universo estudado, aproximando-se ao objetivo central

do estudo. Conforme Larosa e Ayres (2008, p.35), “as pesquisas explorativas

permitem ao pesquisador absorver mais conhecimento para a solução pela

aproximação ao assunto”.

Assim, esta monografia teve início com a revisão literária sobre o tema

treinamento em empresas de pequeno porte e suas características, em que

foram consideradas abordagens teóricas de alguns estudiosos através das

leituras de suas obras, como: Drucker (1999); Chiavenato (2002; 2005); e,

também, de trabalhos e artigos da internet que enfatizavam a aplicação do

tema em contextos de empresas familiares.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09

CAPÍTULO I - AS TRANSFORMAÇÕES DOS SISTEMAS DE GESTÃO E A

NOVA CONCEPÇÃO DO RH ........................................................................... 12

CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

BRASILEIRAS .................................................................................................. 18

CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO PARA AS EMPRESAS

DE PEQUENO PORTE .................................................................................... 24

CONCLUSÃO ................................................................................................... 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 35

ÍNDICE ............................................................................................................. 37

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INTRODUÇÃO

A ideia da realização desta monografia surgiu a partir da vontade de

colocar em prática tudo aquilo que aprendi na minha vida profissional,

sobretudo, em minhas experiências dentro dos negócios da família. Isso

porque tenho observado nesta trajetória o grande número de problemas que se

apresentam no cotidiano das pequenas empresas familiares. E isso se agrava

mais ainda quando as necessidades do mercado nos impõem encarar as

resistências de uma cultura familiar estabelecida há tempos. É evidente que

uma empresa construída sob gerações que vão de pai para filho se assusta e

se preocupa com qualquer mudança, ou melhor dizendo, preocupa-se em

conviver com o novo.

Assim, ao administrar meu próprio negócio, constatei que a Era da

“Informatização”, ou da “Globalização”, exigiu de uma empresa de pequeno

porte - e ainda com raízes familiares - que pretendesse aumentar sua

participação no mercado, a busca da melhoria em diversas áreas. E parte

dessa melhoria se relacionava diretamente ao funcionário e sua satisfação no

exercício de suas tarefas. Percebi que a maioria das dificuldades estão

associadas a faltas no trabalho e maus hábitos de alguns funcionários que

poderiam estar prejudicando o andamento do trabalho coletivo.

Mesmo não havendo um setor de Recursos Humanos específicos na

maioria das pequenas empresas, ficando esta função para o próprio dono e

gestor, o foco desta pesquisa é a verificação de estratégias que possibilitem

um treinamento eficiente, com vistas à melhoria da visão dos funcionários das

empresas de pequeno porte familiares. E isso inclui noções de comportamento,

vestuário, atendimento a clientes etc, aspectos em que eram percebidos traços

de hábitos adquiridos em uma longa gestão familiar, advindos de uma cultura

própria, ou mesmo cultura patriarcal, que reforça os preceitos e tende a ser

10

resistente às demandas externas. Isso significa dizer que a empresa familiar

quase sempre parece estar mais empenhada na preservação dos seus valores

do que em abertura e renovação.

Cabe lembrar que o processo gerencial se concentra em

desenvolver e manter um ajuste viável entre os objetivos, experiências e

recursos de uma empresa e suas respectivas oportunidades ao mercado, pois

elas são mutantes. E o objetivo deve ser o de moldar e remodelar os negócios

visando o crescimento e o lucro. Portanto, as estratégias têm a função de fazer

com que a empresa de pequeno porte familiar se mantenha no mercado,

muitas vezes, até mesmo alcançando a liderança. Isto é, inteirar este tipo de

empresa ao meio ambiente: buscando evidenciar seus pontos fortes,

eliminando os fracos e superando os concorrentes.

No entanto, deve-se levar em consideração que tudo isso solicita

imediatamente ações que estimulem a motivação e o comprometimento por

parte dos funcionários. Com o atual mercado cercado por uma competição

acirrada, tradicionais modelos de gestão estão sendo substituídos por modelos

contemporâneos, com o intuito de suscitar valor agregado aos produtos e

serviços, como também, de oferecer maior realização pessoal e profissional

aos colaboradores.

Portanto, o foco desta monografia é o estudo sobre as estratégias de

treinamento para a melhoria dos resultados das empresas de pequeno porte,

sugerindo o seguinte problema: Como o RH poderá utilizar o treinamento para

contribuir com o desenvolvimento dos empregados e dos negócios em

pequenas empresas familiares?

Para responder esta questão, o primeiro capítulo trata das

transformações dos sistemas de gestão e a nova concepção do RH, com o

enfoque na valorização das pessoas que é o atual modelo estratégico de

gestão de RH.

11

No segundo capítulo, aborda-se a caracterização das empresas de

pequeno porte no Brasil, voltando as definições para as micro e pequenas

empresas, bem como as empresas familiares. E, no terceiro e último capítulo, a

pesquisa se volta à importância do treinamento para as empresas de pequeno

porte, e, para tanto: conceituando ‘treinamento’; verificando o processo de

treinamento como estratégia; observando o diagnóstico (levantamento das

necessidades de treinamento); examinando o desenho do programa de

treinamento (planejamento); avaliando a condução do programa de treinamento

(implementação); e, finalmente, avaliando o programa de treinamento,

resultado de tudo o que foi apresentado.

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CAPÍTULO I

AS TRANSFORMAÇÕES DOS SISTEMAS DE GESTÃO E

A NOVA CONCEPÇÃO DO RH

Ao longo da história, as organizações foram modificando os seus

conceitos e alterando as práticas gerenciais. Hoje em dia, o que se percebe é

que as empresas “em vez de investirem diretamente nos produtos e serviços,

elas estão investindo nas pessoas que os entendem e que sabem como criá-

los, desenvolvê-los, produzi-los e melhorá-los” (CHIAVENATO, 2005, p.4).

Vale lembrar que as pessoas passam boa parte da vida no ambiente

laboral, por isso é fundamental que o trabalho se paute sobre um

relacionamento de parceria. Esse relacionamento deve se estabelecer no

comportamento das pessoas em relação à organização, como também, da

organização em relação às pessoas.

Portanto, o pensamento administrativo atual enfatiza que o principal

elemento da organização são as pessoas que a compõem. Uma organização

só pode existir quando as pessoas interagem para realizar funções essenciais

que como objetivo de alcançar metas comuns. A maneira como essas pessoas

agem na organização que vai determinar o alcance dessas metas (DIAS, 2004,

p.10).

13

1.1.: O Novo Pensamento: a Valorização das Pessoas

A eficácia de uma organização é, em última instância, afetada pelos

padrões de comportamento que se desenvolvem e emergem com o tempo. E o

modo como as pessoas e grupos se comportam tem um impacto significativo e

profundo sobre o quanto a organização consegue atingir seus objetivos e ser

bem-sucedida.

No ambiente interno da organização um novo paradigma se destaca:

o colaborador, o “instrumento” que começa a ser considerado o seu capital

mais importante. De certo modo, esta valorização seja fruto do que Drucker

(1999, p.21) designou de sociedade pós-capitalista, considerando o

conhecimento como o capital mais valioso, que não se encontra nas máquinas,

porém, nos sujeitos que o apreendem e o repassam para a empresa, passando

a ser um recurso competitivo para as relações comerciais.

O interesse a respeito da variável pessoa e da influência de seus

comportamentos no trabalho foi despertado por Frederick Taylor, no início do

século. Pode-se dizer ainda que mesmo que suas idéias estivessem ligadas

essencialmente à eficiência técnica na execução das tarefas, Taylor destacou a

importância de um recurso negligenciado até então: o humano. É a valorização

do elemento humano dentro das empresas, estas que são formadas por

pessoas, existem e são mantidas para pessoas (clientes internos e externos).

O fato de uma empresa possuir a tecnologia mais moderna e excelentes

instalações perde sua importância na ausência de uma equipe motivada para

alcançar os objetivos da mesma (DRUCKER, 1999, p.21).

Quando se reflete sobre as transformações ocorridas resultando na

atual importância do RH nas organizações é interessante repensar o seu

caminho histórico, os seus principais conceitos, além da compreensão do

contexto no qual a organização está inserida, seus processos e as pessoas.

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“As três eras ao longo do século XX - Industrialização Clássica e

Neoclássica e a era da Informação - trouxeram diferentes abordagens sobre

como lidar com pessoas dentro das organizações”. (CHIAVENATO, 2005,

p.41). No decorrer dessas das três eras, a área de RH percorreu três etapas

distintas: Relações Industriais, Recursos Humanos e Gestão de Pessoas. Cada

abordagem foi ajustada aos padrões de sua época, à mentalidade

predominante e às necessidades das organizações.

Para Gil (2001, p.17), a Gestão de Pessoas é percebida como “a

função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas

organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto

individuais”. A rigor, isso constitui uma evolução das áreas designadas no

passado como Administração de Pessoal, Relações Industriais e Administração

de RH.

Gestão de Pessoas é uma expressão que aparece no final do século

XX e guarda similaridade com outras que também vêm popularizando-se, tais

como Gestão de Talentos, Gestão de Parceiros e Gestão do Capital Humano.

15

1.2. O Atual Modelo Estratégico de Gestão de RH

O objetivo fundamental do RH deve ser o de conscientizar e

desenvolver o nível gerencial, tendo como ponto de partida suas habilidades

técnicas, priorizando a gestão de pessoas, definindo objetivos claros e

transparentes, promovendo uma gestão mais participativa, compartilhando

decisões e defendendo interesses e necessidades tanto da organização como

dos indivíduos.

“A área de RH deve focalizar não apenas as atividades ou o trabalho

a ser feito, mas as metas e resultados para, a partir daí, estabelecer os papéis

e atividades dos parceiros da organização”. (CHIAVENATO, 2005, p.46).

Os profissionais de RH para se criar valor e obter resultados

precisam começar pela definição das metas, as quais garantem os resultados

de seu trabalho e não pelo foco nas atividades. Metas estabelecidas podem

estimular os papéis dos gestores de RH. Assim, os profissionais precisam

aprender a ser, simultaneamente, estratégicos e operacionais, concentrando-se

no longo e no curto prazo. E as atividades se estendem da administração de

processos (ferramentas e sistemas de RH) até a administração de pessoal.

Esses dois eixos delineiam quatro papéis principais de RH: administração de

estratégias de recursos humanos; administração da infra-estrutura da empresa;

administração da transformação e da mudança (ULRICH, 1998, p.41).

Na administração estratégica de RH as estratégias e práticas devem

ser ajustadas à estratégia empresarial. Desse modo, o gestor de RH quando

desempenha este papel torna-se um parceiro estratégico, auxiliando na

garantia do sucesso e do aumento da capacidade de suas empresas atingirem

seus propósitos. E isso exige que esses profissionais concebam e

desenvolvam processos eficientes para contratar, treinar, avaliar, premiar,

promover e, além disso, gerir o fluxo de funcionários na organização. O objetivo

16

deles seve ser assegurar que esses processos organizacionais sejam

concebidos e desenvolvidos com eficiência. Ainda que esse papel tenha sido

minimizado e até repudiado com a passagem para um foco estratégico, sua

realização bem sucedida continua a adicionar valor para a empresa.

Par Gil (2001, p.19), os desafios enfrentados pelos gestores de RH

são classificados em: ambientais, organizacionais e individuais. Os desafios

ambientais são forças externas às organizações que influenciam seu

desempenho, merecendo destaque o desafio da responsabilidade social; no

que tange aos desafios organizacionais, estes são resultantes dos problemas

internos das organizações, podendo ser considerados subprodutos das forças

ambientais, pois nenhuma empresa opera no vácuo. Estão relacionados aos

avanços tecnológicos, competitividade, downsizing, auto-gerenciamento de

equipes, cultura organizacional dentre outros. E, por fim, os desafios individuais

estão relacionados às posturas adotadas pelas empresas em relação aos seus

colaboradores. São diretamente associados aos desafios organizacionais, e,

muitas vezes, constituindo-se em reflexos do que ocorre com a empresa

inteira.

O modo como a empresa trata seus empregados pode afetar o

impacto dos desafios organizacionais. Tais desafios são relevantes para que

uma empresa possa identificar seu estágio de gestão de pessoas, e os mais

evidentes são: identificação dos funcionários com a empresa, ética,

produtividade, segurança no emprego, empowerment, qualidade de vida e

evasão de talentos (GIL, 2001, p.19).

Um desafio que também deve ser ressaltado, de muita importância

para os gestores de RH na contemporaneidade, se refere à motivação no

ambiente de trabalho, que, na verdade, constitui a base para o

desenvolvimento de qualquer operação. A questão da motivação realmente

passou a pauta das empresas, não somente com o intuito de convencer o

funcionário a cumprir tarefas e deveres, mas, principalmente, para mantê-lo

17

atraído e reconhecido, sendo esses sentimentos inerentes ao bem-estar das

relações humanas.

É fato que o nível de satisfação dos colaboradores influi na

qualidade da produção. E, nesse ponto, o gestor que favorece a participação

de todos no processo, valorizando cada contribuição, através de um modelo de

gerenciamento participativo, gera maior motivação e, conseqüentemente,

aumento de produtividade. O reconhecimento contínuo, por parte do gestor,

das habilidades da equipe serve como balizador da motivação e estímulo às

relações humanas saudáveis.

Sendo assim, é desafio fundamental do gestor a prática da

motivação de seu pessoal. Ele, independente de outros fatores, deve incutir em

seus colaboradores um espírito mais participativo e se utilizar deste artifício,

contudo sem mesquinhez, sem manipulação, sem visar a interesses próprios

ou impor sua própria vontade. (CHIAVENATO, 2004, p. 341).

A gestão motivacional precisa ser feita de forma a impulsionar,

incentivar e alavancar, ao invés de restringir, limitar, impedir ou sufocar os

subordinados. E está diretamente associada ao potencial de desenvolvimento e

à capacidade de assumir responsabilidades, de dirigir o comportamento para

os objetivos da organização, fatores presentes na maioria das pessoas. É, por

conseguinte, da responsabilidade da administração proporcionar condições

favoráveis para que as pessoas reconheçam e desenvolvam por si próprias

essas características.

18

CAPÍTULO II

CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE PEQUENO

PORTE BRASILEIRAS

“O que fará o Brasil crescer serão as forças como

pequenos e médios empresários, e também jovens

empreendedores que abrem franquias nos mais diferentes

pontos do país. O importante não é mais uma grande e

abrangente política econômica, e sim a eficiência

gerencial de milhares de pequenas e médias empresas.

Se estas falharem no seu trabalho, aí sim o Brasil não irá

mais para frente”. (KANITZ, 1995, p. 68).

Quando se fala em empresas de pequeno porte, há dezenas de

critérios para se estabelecer sua definição. Há muitos parâmetros para se

definir as pequenas empresas, muitas vezes dentro de um mesmo país. De

qualquer forma, para formular o conceito, algumas variáveis são

tradicionalmente utilizadas, tais como mão-de-obra empregada, capital

registrado, faturamento, quantidade produzida, etc. Vale lembrar que a

classificação baseada em mão-de-obra tem sido a mais usada, apesar da falta

de consenso.

19

2.1. As Micro e Pequenas Empresas

O papel desempenhado pelas microempresas ou empresas de

pequeno porte no Brasil, apresenta atualmente uma participação de 92% no

total de empresas do país. Conforme dados do IBGE (2009, p.1), existem 6

milhões de micro e pequenas empresas formais - e mais de 10 milhões

informais -, sendo que a maioria teve seu início motivado por uma questão de

oportunidade, ou mesmo de sobrevivência. Essa classe é responsável por 55%

dos empregos formais, por 20% do PIB nacional e 24% do faturamento total

das empresas brasileiras.

O desempenho dessas pequenas empresas é relevante no plano

político, econômico e social, constituindo-se na base para uma economia

descentralizada, absorvendo mão-de-obra, produzindo bens e serviços e,

consequentemente, contribuindo no produto interno bruto.

Aumentando gradativamente sua participação em todos os setores,

essas empresas apresentam um percentual maior no setor comercial - tanto

em nível nacional, como estadual ou regional. Tem-se em segundo lugar a

prestação de serviços, principalmente no campo de hotelaria e alimentação, e

depois o setor industrial, que, por ser um ramo que geralmente necessita de

um investimento maior, apresenta menor interesse por parte dos

microempresários (IBGE, 2009, p1).

O crescimento das empresas de pequeno porte aconteceu mais

intensamente nas empresas comerciais, refletindo a maior viabilidade do

pequeno investidor em se estabelecer nessa atividade, fruto da exigência de

menor volume de investimento e de requisitos de qualificação profissional mais

baixos. Todavia, este segmento empresarial, organizado na forma de

mercearias, quitandas, pequenos mercados, sapatarias, lojas de roupas, entre

outros, atende à demanda de necessidades básicas do consumidor,

20

estabelecendo-se, normalmente, próximo ao local de moradia, o que implica

maior dispersão no Território Nacional.

Quanto aos critérios para qualificar estas empresas, diversos têm

sido utilizados para qualificá-las quanto ao porte, dependendo do objeto de

segmentação, patrimônio líquido, número de empregados e faturamento.

Porém, fatores ambientais, de mercado e de tecnologia podem interferir na

padronização (OLIVEIRA et al, 2002, p.41).

Conforme Pereira et al (2009, p.2), a caracterização das micro e

pequenas empresas, mesmo em meio acadêmico, é sempre contraditória. Para

classificá-las devem ser considerados dois aspectos: quantitativos e

qualitativos. No primeiro, o critério utilizado é o número de funcionários

empregados. Mas, neste critério pode incorrer em distorções.

O Estatuto da microempresa e da empresa de pequeno porte foi

aprovado pela Lei Federal nº. 9.841, de 5 de outubro de 1999, e considera

microempresa a pessoa jurídica e a firma mercantil que tiver receita bruta anual

igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais).

Empresas de pequeno porte são aquelas que obtêm renda bruta anual superior

a R$ 244.000,00 e inferior a 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

Estes valores são corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços). Esta

classificação não leva em conta o número de funcionários empregados pela

firma (PEREIRA, 2009, p.2).

Já nos citados aspectos qualitativos são identificadas as seguintes

características comuns às micro e pequenas empresas (PEREIRA et al, 2009,

p.3):

Ø Utilizam trabalho próprio ou de familiares.

Ø Não possuem administração especializada.

Ø Não pertencem a grupos financeiros e econômicos.

21

Ø Não possuem produção em escala.

Ø Utilizam de organizações rudimentares.

Ø Funcionam como campo de treinamento de mão-de-obra

especializada e formação de empresários.

Ø Estreita relação pessoal do proprietário com empregados, clientes

e fornecedores.

Ø Falta de acesso ao capital através de um mercado de capital

organizado.

Ø Falta de poder de barganha nas negociações de compra e venda.

Ø Dependência de mercados e de fontes de suprimento próximas.

Ø Baixa relação de investimento/mão-de-obra empregada,

decorrente de menor complexidade do equipamento produtivo.

Ø Papel complementar às atividades industriais mais complexas.

Um grande problema das empresas de pequeno porte está na sua

própria sobrevivência, que é dificultada não só por fatores como carência

tecnológica, capacitação gerencial e isolamento diante das grandes empresas.

Há também a existência de leis complexas e muito exigentes para os

empreendedores iniciantes, pressões oligopólicas das grandes empresas e

elevadas taxas de juro, acima do que pagam as grandes empresas, que em

teoria, oferecem maior “segurança” aos emprestadores (PEREIRA et al, 2009,

p.3).

22

2.2. Empresas Familiares

Em relação à empresa familiar, vários conceitos são apresentados,

gerando diversas interpretações. O controle acionário é um dos principais

fatores que caracterizam a empresa familiar. Esse conceito se baseia na idéia

de propriedade, que é o que permite a uma família decidir os destinos dos

negócios. No entanto, acredita-se que o controle acionário não é suficiente

para caracterizar a empresa familiar.

“A propriedade não é suficiente para definir empresa familiar, sendo

necessária, também, a existência de estrutura gerencial na qual a maioria dos

cargos-chave é preenchida por membros da família proprietária”. (MACEDO,

2008, p.49).

A empresa familiar pode ser definida como aquela cuja posse e

administração estão nas mãos de um ou mais membros da família. Fica

evidenciado, então, que além do controle acionário, também se considerou a

gestão familiar como outra característica básica da empresa familiar (ULRICH

2005 apud MACEDO, 2008, p.49).

“Empresa familiar é aquela em que a consideração da

sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e

onde os valores institucionais da firma identificam-se com

um sobrenome de família de um fundador (...) o conceito

de empresa familiar nasce geralmente com a segunda

geração de dirigentes. Na geração do fundador a firma é

muito pessoal e não familiar”. (MACEDO, 2008, p.50).

Um negócio também se constituiu como empresa familiar quando

passa de uma geração para a outra. Em algumas empresas, os membros da

família podem trabalhar em tempo integral ou parcial.

23

No processo de sucessão deve-se avaliar o talento disponível entre

os familiares, porém, esta representa uma questão crítica e delicada. Sabe-se

que com experiência, os indivíduos podem aprimorar suas habilidades.

Portanto, os jovens não podem ser julgados de forma rigorosa, cedo de mais.

Além do mais, os sucessores em potencial se retraem diante da relutância de

um pai-proprietário em delegar-lhes realmente o poder.

A seguir, um esquema proposto por Nonaka (apud LEMOS, 2005,

p.6) que demonstra a configuração cultural da empresa familiar:

Ø Padrões de negócios: paternalista; Laissez-faire; participativo e

profissional.

Ø Padrões de condução da empresa: conselho burocrático;

conselho de aprovação; conselho consultivo e conselho supervisor.

Ø Padrões familiares: patriarcal; colaborador e conflitante.

De qualquer modo, à medida que o negócio de família cresce,

requer uma medida maior de experiência profissional. Assim, a empresa

familiar é pressionada a romper com o molde paternalista que dava prioridade

à autoridade familiar e menos atenção às habilidades profissionais.

24

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO PARA AS

EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

No atual cenário econômico, as empresas buscam desenvolver um

diferencial competitivo frente à concorrência, e, para tanto, é necessário que

seus funcionários tenham competência: possuam conhecimentos, habilidades e

aptidões para lidar com novos sistemas e processos.

“Modernamente, o treinamento é considerado um meio de

desenvolver competência nas pessoas para que se

tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de

contribuir melhor para os objetivos organizacionais e se

tornarem cada vez mais valiosas”. (CHIAVENATO, 2005,

p.339).

A área de Treinamento e Desenvolvimento, chamada de T&D, surgiu

dentro das organizações com o objetivo de capacitar esses funcionários a

ocupar determinados cargos e ou desenvolver-se dentro do cargo ocupado.

Entretanto, observa-se que o conceito de treinamento tem ido além da

capacitação para o desempenho excelente das tarefas específicas do cargo.

Portanto, agora o treinamento pode ser considerado um meio para

que as pessoas desenvolvam suas competências para contribuir com os

objetivos organizacionais.

25

3.1. Conceito de Treinamento

O conceito de treinamento pode apresentar diversos significados.

Antigamente, alguns especialistas de RH o consideravam como uma maneira

para adequar cada pessoa a seu cargo e desenvolver a força de trabalho da

empresa a partir de cargos ocupados. Contudo, o conceito se ampliou, e o

treinamento começou a ser percebido como o processo pelo qual o indivíduo é

preparado para desempenhar de maneira excelente as tarefas específicas do

cargo que deve ocupar.

Para facilitar, então, o entendimento do que se constituiu este

processo, Chiavenato (2005, p.339) relatou algumas definições sobre o

treinamento:

Ø É o processo de desenvolver qualidade nos recursos humanos

para habitá-los a serem mais produtivos e contribuir melhor para o alcance dos

objetivos organizacionais. O propósito do treinamento é aumentar a

produtividade dos indivíduos em seus cargos influenciando seus

comportamentos.

Ø É o processo de ensinar aos novos empregados as habilidades

básicas que eles necessitam para desempenhar seus cargos.

Ø É o processo sistemático de alterar o comportamento dos

empregado na direção do alcance dos objetivos organizacionais. O treinamento

está relacionado com as atuais habilidades e capacidades exigidas pelo cargo.

Sua orientação é ajudar os empregados a utilizar suas principais habilidades e

capacidades para serem bem-sucedidos.

Ø É a experiência aprendida que produz uma mudança

relativamente permanente em um indivíduo e que melhora a sua capacidade de

desempenhar um cargo. O treinamento pode envolver uma mudança de

26

habilidades, conhecimento, atitudes ou comportamento. Isso significa mudar

aquilo que os empregados conhecem, como eles trabalham, suas atitudes

perante o seu trabalho ou suas interações com os colegas ou supervisor.

Ø É o processo educacional de curto prazo e aplicado de maneira

sistematizada e organizada, por meio das quais as pessoas aprendem

conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos.

É importante dizer que há uma diferença entre treinamento e

desenvolvimento das pessoas, ainda que seus métodos sejam similares para

afetar a aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. Entende-se

que o treinamento: tem a finalidade de melhorar as habilidades do profissional

no desempenho de suas funções. Já o desenvolvimento de pessoas: tem o

foco voltado a novos cargos a serem abertos na organização com novas

capacidades e habilidades a serem aprendidas pelo empregado.

“O treinamento é orientado para o presente, focalizando o

cargo atual e buscando melhorar aquelas habilidades e

capacidades relacionadas com o desempenho imediato

do cargo. O desenvolvimento de pessoas para cargos a

serem ocupados futuramente na organização e novas

habilidades e capacidades que serão requeridas”.

(CHIAVENATO, 2005, p. 339).

De qualquer modo, tanto o treinamento quanto o desenvolvimento

constituem processos de aprendizagem. E essa aprendizagem diz respeito a

uma transformação no comportamento do funcionário por meio da incorporação

de novos hábitos, atitudes, conhecimentos etc.

27

Chiavenato (2005) argumenta que será através do treinamento que

o funcionário poderá assimilar melhor as informações, desenvolvendo suas

habilidades, atitudes e comportamentos diferentes e conceitos abstratos. A

figura a seguir demonstra esses quatros tipos de mudanças de comportamento

através do treinamento.

Fonte: CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas

organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, p.340.

O treinamento se realiza de uma maneira em que de um lado está o

instrutor e do outro o aprendiz. Os instrutores são as pessoas de qualquer nível

hierárquico da empresa, podendo ser aqueles experientes ou especializados

em alguma atividade ou trabalho, transmitindo seus conhecimentos de forma

organizada e clara para os aprendizes. E os aprendizes são os empregados de

qualquer nível hierárquico dessa empresa que precisem aprender, ou melhorar

seus conhecimentos sobre alguma atividade de trabalho. Então, os instrutores

e os aprendizes podem ser os auxiliares, os chefes, os encarregados, gerentes

de treinamento ou até mesmo os gerentes da empresa.

28

3.2. Processo de Treinamento como Estratégia

A principal estratégia para a realização do treinamento é a estrutura

preparada e desenvolvida pela empresa, já que este processo deve estar

equilibrado em uma linha de realizações. Para Chiavenato (2005, p.342), o

treinamento pode ser considerado um processo cíclico e contínuo composto de

quatro etapas: (1) diagnóstico, (2) desenho, (3) implementação e (4) avaliação.

“As quatros etapas do treinamento envolvem o

diagnóstico da situação, a decisão quanto à estratégica

para a solução, a implementação da ação e da avaliação

e o controle dos resultados das ações de treinamento. O

treinamento não deve ser confundido com uma simples

questão de realizar cursos e proporcionar informação. Vai

mais longe. Significa atingir o nível de desempenho

almejado pela organização através do desenvolvimento

contínuo das pessoas que nela trabalham”.

(CHIAVENATO, 2005, p.343).

Portanto, o desenvolvimento de um bom programa de treinamento

precisa: estar baseado em questões que possam avaliar e retratar as

necessidades das organizações; apresentar um desenho do programa a ser

implantado; definir os sujeitos que necessitem de treinamento e por quem será

treinado e, principalmente, ter uma avaliação contínua daquilo que foi aplicado,

através do monitoramento dos resultados obtidos.

29

3.2.1. Diagnóstico (Levantamento das Necessidades de Treinamento)

Quando se pretende realizar um treinamento, deve-se tratar com

muita atenção o levantamento das suas necessidades para que ele não seja

desviado da sua finalidade. Por isso, informações relevantes devem ser

buscadas, além de se ter uma percepção dos problemas provocados pela

carência de treinamento.

“A primeira etapa do treinamento é o levantamento das

necessidades de treinamento que a organização

apresenta. Essas necessidades nem sempre são claras e

precisam ser diagnosticadas a partir de certos

levantamentos (...). Necessidades de treinamento são as

carências de preparo profissional das pessoas, ou seja, a

diferença entre o que uma pessoa deveria saber e fazer e

aquilo o que ela realmente faz”. (CHIAVENATO, 2005, p.

344).

A seguir uma adaptação de um trecho do questionário sugerido para

as empresas por Felippe (2006, p.17) que tem o intuito de realizar um

levantamento das necessidades de treinamento:

1. Quais as mudanças ou inovações a serem introduzidas e em que

prazo?

a) Melhoria ou criação de produto?

b) Otimização ou criação de processo?

c) Ambiente e relacionamento?

2. Os funcionários são inovadores? Estão preparados? Apresentam

idéias?

3) Quais os resultados esperados com as mudanças, com as

inovações?

30

4) Quais os conhecimentos a serem compreendidos?

5) Quais as atitudes a serem adotadas?

6) Quais as habilidades interpessoais a serem praticadas?

7) Quais as habilidades técnicas a serem desenvolvidas?

8) Definir a ordem de prioridade das necessidades.

O treinamento dos funcionários deve ser uma atividade contínua,

ininterrupta. Na medida em que o treinamento focaliza as reais necessidades

na empresa de pequeno porte e as elimina, este processo se torna benéfico

para todos para que não represente um desperdício ou perda de tempo.

3.2.2. Desenho do Programa de Treinamento (Planejamento)

Ainda conforme as idéias de Chiavenato (2005, p.345) segunda

etapa do processo de treinamento consta do desenho de um programa

integrado e coeso a ser estabelecido. E, assim, seis ingredientes básicos

precisam ser pensados a fim de atingir os objetivos do treinamento: (1) Quem

deve ser treinado? (2) Como deve ser treinado? (3) Em que? (4) Por quem? (5)

Onde? (6) Quando?

Para realização do treinamento há a necessidade de verificação das

prioridades e das ações necessárias a serem realizadas. Todo o processo deve

ser realizado após definição dos meios a serem utilizados. Busca-se definir os

recursos necessários para a aplicação do treinamento, por exemplo, a

utilização de materiais, como: vídeos, apostilas, entre outros.

Deve-se lembrar que comprar pacotes de treinamento, ou seja,

programas prontos e vendidos como “produtos enlatados” nem sempre

soluciona as necessidades das empresas de pequeno porte.

31

3.2.3. Condução do Programa de Treinamento (Implementação)

Esta terceira etapa é a realização do treinamento, que acontece

após todo o processo de levantamento e planejamento.

“A maneira de conciliar o investimento com o retorno é o

chamado treinamento voltado para resultados, por mais

difícil que seja defini-los e aferi-los. Estabelecer

resultados para o treinamento e compará-los

posteriormente é indispensável”. (CHIAVENATO, 2005,

p.347).

Há várias técnicas para se transmitir as informações necessárias e

desenvolver as habilidades requeridas no programa de treinamento. O desenho

de programa de treinamento deve estar associado às necessidades estratégias

da organização. Envolve identificar o que fazer (metas); como (estratégias) e

por que fazer (objetivos).

Os treinamentos podem ser realizados no próprio cargo, quando o

objetivo é ministrar informação, experiência e conhecimento relacionados às

atividades, ou em classe, quando utiliza a sala de aula. Há variados recursos

pedagógicos, didáticos e instrumentais que podem ser utilizados como apoio

ao treinamento. Destacam-se os recursos audiovisuais: CD-ROM, DVD, slides;

teleconferências; comunicações eletrônicas; e-mail; tecnologia de multimídia e

treinamento a distância: e-learning. (CHIAVENATO, 2005, p.345).

A seleção de estratégias instrucionais pode ser associada às

técnicas individuais e grupais, dependendo da situação em questão. Dentre

algumas técnicas, podem se utilizadas: seminários; workshops; técnicas de

simulação; jogos; dinâmicas de grupo etc.

32

3.2.4. Avaliação do Programa de Treinamento

De acordo com etapas propostas por Chiavenato (2005, p.353), a

última etapa consiste da avaliação do programa de treinamento para verificar

sua eficácia, ou seja, se as necessidades da empresa foram atendidas,

aferindo os resultados conseguidos comparativamente.

As perguntas a seguir podem auxiliar na hora de se determinar a

eficácia do treinamento realizado. “O importante é fixar os objetivos propostos

para o treinamento e, em função deles, avaliar seus resultados. A avaliação do

retorno do investimento (ROI) em treinamento requer definição prévia de

indicadores e mensuradores objetivos.” (CHIAVENATO, 2005, p. 353).

Ø As rejeições e refugos foram eliminados?

Ø As barreiras foram removidas?

Ø Os custos de trabalho por unidade diminuíram?

Ø As pessoas se tornaram mais produtivas e felizes?

Ø A empresa alcançou seus objetivos estratégicos e táticos?

Se as respostas sejam positivas, o programa de treinamento foi bem

sucedido. Caso contrário, ele não atingiu seus objetivos, demonstrando que o

esforço ficou inválido e sem efeito. (CHIAVENATO, 2005, p.353):

É importante dizer que para que essa etapa consiga cumprir a sua

finalidade, todo módulo de treinamento deve ser previamente planejado e

programado para que, ao seu término, haja a possibilidade de mensurar os

resultados conseguidos.

Em algumas ocasiões, o treinamento pode se constituir um

investimento de longo prazo, sem nenhuma possibilidade imediata de computar

33

resultados diretos sobre o trabalho. Isso acontece principalmente quando se

resolve trabalhar questões relacionadas ao comportamento humano, com

respostas que envolvem mudanças que podem ser de médio e longo prazos.

Assim sendo, é o que devem fazer todas as empresas de pequeno

porte ao planejar ações de treinamento e desenvolvimento: resguardar seus

investimentos com planejamentos e programas rigorosamente bem-elaborados.

Não se pode deixar de lembrar que os programas de treinamento representam

um investimento em custo, os quais incluem materiais, tempo do instrutor e

perdas de produção, pois enquanto os indivíduos estão sendo treinados não

estão desempenhando seus cargos. Por isso, é evidente que se requer um

retorno razoável desse investimento.

34

CONCLUSÃO

Os brasileiros são considerados empreendedores natos. Um

exemplo dessa assertiva é o caso de pequenos empreendimentos em diversos

segmentos abertos a cada dia no país, e que, na sua maioria, apresenta

estrutura societária caracterizada pela administração familiar. Isso ocorre

devido à fácil aderência ao mercado, bem como ao baixo investimento inicial.

Todavia, em virtude da falta de preparo e do conhecimento do ambiente desses

novos empreendedores, geralmente o que se constata são índices muito

elevados de informalidade ou de mortalidade de tais negócios.

E em resposta à problemática lançada no início deste trabalho,

objetivando a melhoria dos resultados das empresas de pequeno porte,

sobretudo, as empresas familiares, conclui-se que a estratégia da gestão de

RH de se utilizar o treinamento como ferramenta não poderá ser, de modo

algum, confundida com uma simples questão de realizar cursos e proporcionar

informação para os funcionários. Nesse caso, o treinamento deverá ser visto

como um meio de se atingir o nível esperado de desenvolvimento contínuo das

pessoas que trabalham nessas pequenas organizações.

Por isso, é imperativo criar uma nova cultura nas empresas de

pequeno porte que possibilite o aprendizado e comprometimento de todas as

pessoas com as mudanças que possam ocorrer. Mas, não se pode esquecer

que isso deve vir após um estudo efetivo, que consiga priorizar as reais

necessidades e carências dessa empresa para saber como o treinamento

deverá ser realizado, já que, na maioria das vezes, este segmento não dispõe

de muitos recursos para este tipo de processo.

35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: e o novo papel dos recursos

humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

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empresa. Monografia de Administração. Centro Universitário Adventista de

São Paulo. Engenheiro Coelho - São Paulo, 2004.

DRUCKER, Peter F. Administrando em novos tempos de grandes

mudanças. São Paulo: Pioneira, 1999.

FELIPPE, Maria Inês. Identificação das necessidades de treinamento por

competência. In: BOOG, Gustavo; BOOG Magdalena (org). Manual de

treinamento e desenvolvimento: processos e operações. São Paulo:

Pearson Prentice Hall, 2006.

GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,

2001.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas sobre o

comércio e serviços. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 10 dez.

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KANITZ, S. O Brasil que dá certo: o novo ciclo de crescimento 1995-2005.

São Paulo: Makron Books, 1995.

LAROSA, Marcos A.; AYRES, Fernando A. Como produzir uma monografia.

Rio de Janeiro: Wak, 2008.

36

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Disponível em: www.biblioteca.claretiano.edu.br. Acesso em: 8 dez. 2009.

MACEDO, José F. Ciclo de vida das organizações e transição de liderança

na empresa familiar. Tese. Engenharia de Produção. Universidade Federal de

Santa Catarina. Florianópolis, 2008.

OLIVEIRA, Luis M. et al. Manual de contabilidade tributária. São Paulo:

Atlas, 2002.

PEREIRA, Sérgio R. et al. Micro e Pequenas Empresas Fornecedoras de

Mão-de-Obra da Construção Civil: Caracterização, Organização e

Estratégias. Disponível em: www.abepro.org.br. Acesso em: 8 dez. 2009.

ULRICH, Dave. Os Campeões de Recursos Humanos: inovando para obter

os melhores resultados. São Paulo: Futura, 1998.

37

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO .......................................................................................... 02

AGRADECIMENTO .......................................................................................... 03

DEDICATÓRIA ................................................................................................. 04

RESUMO .......................................................................................................... 06

METODOLOGIA ............................................................................................... 07

SUMÁRIO ......................................................................................................... 08

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09

CAPÍTULO I - AS TRANSFORMAÇÕES DOS SISTEMAS DE GESTÃO E A

NOVA CONCEPÇÃO DO RH ........................................................................... 12

1.1. O Novo Pensamento: a Valorização das Pessoas .................................... 13

1.2. O Atual Modelo Estratégico de Gestão de RH .......................................... 15

CAPÍTULO II -- CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

BRASILEIRAS .................................................................................................. 18

2.1. As Micro e Pequenas Empresas ............................................................... 19

2.2. Empresas Familiares ................................................................................. 22

CAPÍTULO III - A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO PARA AS EMPRESAS

DE PEQUENO PORTE .................................................................................... 24

3.1. Conceito de Treinamento .......................................................................... 25

3.2. Processo de Treinamento como Estratégia ............................................... 28

3.2.1. Diagnóstico (Levantamento das Necessidades de Treinamento) .......... 29

3.2.2. Desenho do Programa de Treinamento (Planejamento) ........................ 30

3.2.3. Condução do Programa de Treinamento (Implementação) .................... 31

38

3.2.4. Avaliação do Programa de Treinamento. ............................................... 32

CONCLUSÃO ................................................................................................... 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 35

ÍNDICE ............................................................................................................. 37