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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING DE RELACIONAMENTO PARA EMPRESAS DE CONSULTORIA EMPRESARIAL Por: Anderson Fernandes Santos Orientador Prof. Ms. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING DE RELACIONAMENTO

PARA EMPRESAS DE CONSULTORIA EMPRESARIAL

Por: Anderson Fernandes Santos

Orientador

Prof. Ms. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING DE RELACIONAMENTO

PARA EMPRESAS DE CONSULTORIA EMPRESARIAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Estratégica

Por: Anderson Fernandes Santos

3

AGRADECIMENTOS

....A minha família e a Deus.

4

DEDICATÓRIA

.... a todos os amigos que me auxiliaram

direta ou indiretamente nesta pesquisa.

5

RESUMO

O conteúdo aqui desenvolvido tem por finalidade debater os processos

de gerenciamento de relacionamento configurados na realidade de uma

empresa de consultoria especializada em gestão empresarial, bem como

identificar as melhores práticas para manter, conquistar e manter novos

clientes, sejam estes externos ou até mesmo internos.

Diversas empresas de serviços não obtêm o sucesso esperando no que

diz respeito ao relacionamento com seus clientes, bem como nas mecânicas

para estabelecer a fidelidade dos mesmos e, tão pouco, o desenvolvimento de

processos de pós-marketing. Tratando-se de serviços profissionais com as

empresas de consultoria, a retenção destes clientes torna-se prática ainda

mais rara e inconsistente.

Ao focarmos especialmente empresas de consultoria empresarial,

encontramos organizações que têm definidas em suas missões vender

melhores resultados a médio e longo prazo. Temos aí, consolidando-se, um

relacionamento muito estreito, e até extenso, entre empresa x cliente desde a

assinatura do contrato até a entrega do relatório final.

Neste sentido, faz-se necessário uma boa condução desta relação -

consistente, cuidadosa e que exige muita competência e capacitação dos

recursos empregados, que vai desde a captação de novos clientes até a

manutenção e retenção dos mesmos. Este último faz-se mais importante,

devido a ser a forma menos onerosa e mais vantajosa de se aumentar o

número de contratos.

6

METODOLOGIA

A Metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica de

caráter exploratório, absorvendo mais conhecimento pela aproximação ao

assunto, de forma a melhor compreender o universo estudado e “afinar” seu

relacionamento, com o problema proposto, obtendo um aprofundamento no

assunto, identificando os fatores históricos que o envolvem. (Larosa e Ayres

Arduini, 2005)

Juntamente com pesquisas de publicações referentes ao ramo de

consultoria, revistas, artigos e sites, pôde-se reunir informações suficientes

para uma proposta adequada ao tema, identificando problemas e deficiências,

bem como apontando soluções e avaliando as melhores práticas e conceitos já

levantados por diversos autores.

Observando as rotinas de uma empresa de consultoria empresarial, foi

possível identificar forças e franquezas em suas estratégias de marketing, bem

como ameaças e oportunidades no que diz respeito a sua cultura de

relacionamento com seus clientes internos e externos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

Capitulo I - O Marketing 10

Capitulo II - O Cliente 25

Capítulo III - A Consultoria Empresarial 34

Capítulo IV - O Mkt. de Relacionamento em uma Consult. Empresarial 61

CONCLUSÃO 80

BIBLIOGRAFIA 82

WEBGRAFIA 88

ANEXOS 89

ÍNDICE 90

FOLHA DE AVALIAÇÃO 93

8

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é identificar as melhores práticas,

ferramentas e estratégias as quais podem ser adotadas em uma empresa de

consultoria empresarial no que diz respeito ao seu marketing de

relacionamento, a fim de otimizar a fidelização de seus clientes.

A escola do Marketing sempre apresentou propostas diversas no

sentido de desenvolver produtos e serviços mais atrativos, diferenciais criativos

para destacar a empresa da concorrência, aprimorar o posicionamento dos

pontos de venda para ganhar a praça, divulgar e posicionar melhor uma marca

etc. No entanto, com as novas tecnologias e a facilidade da comunicação e da

informação impulsionando a nova economia e o mercado globalizado, houve

diversos nivelamentos em vários ramos, tornando muitos produtos e serviços

quase que equivalentes em grande parte de seus aspectos e características.

Mais uma vez, as organizações são forçadas a criar novas estratégias

para se diferenciar num mercado de mudanças quase que diárias, de

concorrência acirrada e de consumidores cada vez mais conscientes.

O marketing de relacionamento, assim, é notado como um dos meios

mais vantajosos de se diferenciar dos concorrentes. Tratar o cliente como se

fosse único, customizar ações e segmentá-lo foram idéias iniciais que se

desenvolvem a cada dia, com o objetivo de conquistar o cliente de forma

efetiva e a longo prazo, em todas as suas fazes: desde a promoção até o pós-

marketing.

Muitas empresas ainda não perceberam a importância do

relacionamento que estas devem cultivar com seus clientes, no sentido de criar

diferencial de mercado. Mesmo quando algumas corporações se atentam para

tal importância, não identificam as melhores mecânicas para a implantação da

cultura do bom atendimento.

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Exemplo claro é o atendimento ao cliente. Em diversas empresas,

SACs, 0800 etc. são processos que, na grande maioria, nem pertencem ao

setor de marketing e nem recebem a devida importância e prioridade. Call-

centers mal estruturados, telefonistas mal-treinadas, recepcionistas sem o

devido treinamento, são erros crassos, embora comuns, de organizações que

almejam a liderança de seus mercados.

Nas empresas de consultoria, delimitando nesta pesquisa, as de

gestão empresarial, diversas falhas também podem ser encontradas no que

diz respeito à cultura de relacionamento com clientes e suas melhores práticas

e processos. Embora esta seja a provedora de conhecimento para

organizações que enfrentam problemas ou estejam carentes de mão-de-obra

adequada, muitas consultorias pecam em seu marketing de relacionamento ou

simplesmente deixam de aproveitar oportunidades de ampliar seu quadro de

clientes e/ou fechar novos contratos com clientes já fidelizados.

Na presente pesquisa poderemos identificar medidas estratégicas no

sentido de fidelizar clientes, conquistando, conseqüentemente, posicionamento

satisfatório no mercado de consultoria; conhecer o funcionamento do

organismo de uma empresa de consultoria e da prestação de serviço

profissional. Delinear, táticas, ferramentas e práticas adotadas no mercado de

forma concisa e clara, sempre baseando-se nos conceitos e processos do

marketing relacional.

10

CAPÍTULO I

O MARKETING

“O Marketing é tudo e tudo é Marketing.”

Regis McKenna

Tudo inicia-se no cliente. Na era da informação e das novas

tecnologias, a concorrência é abundante e o mercado extremamente

diversificado e segmentado. Dentro deste turbilhão de idéia e ofertas, o

marketing de relacionamento tornou-se essencial ao desenvolvimento da

liderança no mercado, à rápida aceitação de novos produtos e serviços e à

consecução da fidelidade do consumidor.

Em setores de rápidas transformações, até mesmo relações de

parceria tornam-se cada vez mais importantes. Os esforços de colaboração e

formação de alianças estão se proliferando. Num mundo globalizado onde a

informação e as mudanças estão em alta velocidade, o relacionamento tornou-

se fator-chave de sobrevivência.

Neste capítulo iremos identificar a importância do marketing, tanto para

o relacionamento de uma empresa, quanto para o mercado de serviços

profissionais, – em especial, as empresas de consultoria – suas práticas,

conceitos, objetivos e estratégias principais.

1.1. – O Marketing

Do inglês market, que significa mercado. A palavra é utilizada para

expressar toda a ação voltada para o mercado. Assim compreende-se que a

empresa que pratica o marketing possui como almejo o mercado propriamente

dito.

11

No pós-guerra, na década de 50, exatamente quando o

desenvolvimento da industrialização no mundo acirrou a competitividade entre

as empresas, o entendimento moderno de marketing começou a surgir. O

poder de escolha do cliente aumentava, decidindo pelo produto ou serviço que

lhe melhor oferecia a vantagem custo e benefício. Assim, a disputa pelos

mercados trouxe novos desafios.

Pesquisas e análise de mercado, adequação de produtos,

comunicação dos benefícios dos produtos, promoções, propagandas, criação

de valores agregados, relacionamento. O poder de decisão final sobre a

compra estava nas mãos dos clientes, definitivamente.

Muitas organizações passam a fazer do marketing uma função em

seus organismos, a qual, continuamente, cria valor para o cliente e gera

vantagem competitiva para a empresa, por meio da gestão das seguintes

variáveis: produto, preço, promoção e distribuição.

A American Marketing Association resume-o em uma função

organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a

comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração

do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu

público interessado (2005).

Porém, já faz algum tempo que o marketing deixou de ser uma nova

campanha de publicidade, promoção do mês ou mais uma forma de fazer

negócios. O marketing tornou-se quase uma filosofia organizacional; tem de

ser uma tarefa difundida, parte do trabalho de todos, da recepção à diretoria

(Mckenna, 1992).

12

Apesar da American Marketing Association definir o marketing como

uma função organizacional, a maioria dos estudiosos, como McKenna define-o

de uma forma muitos mais ampla e abrangente:

“Marketing é tão básico que por isso não pode ser

considerado uma função separada na organização. É o

negócio total do ponto de vista de seu resultado final, isto

é, do ponto de vista do consumidor.” (Peter F. Drucker,

1995).

E é dessa forma, observando a organização como um todo e tendo o

mercado como principal fonte de orientação que muito autores definiram o

marketing como uma orientação da direção da empresa de modo a determinar

as necessidades, desejos e valores de um mercado consumidor alvo de forma

efetiva. (Levitt, 1974).

Assim, observamos que o marketing baseia-se nas necessidades,

desejos e exigência de um determinado grupo de clientes escolhidos,

manejado num conceito de troca (obtenção de algo desejado, que é fornecido

por alguém, oferecendo-se algo em troca). Tudo inserido em um processo

gerencial manifestado através de metodologias serenamente elaboradas e

planejadas:

“Marketing é um processo social e gerencial por meio do

qual os indivíduos e os grupos de pessoas obtêm aquilo

de que necessitam e o que desejam em razão da criação,

oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor

com outros..” (Kotler, 1992)

Neste caminho, levando em consideração o consumidor, é que o

marketing pode tomar sua forma significante. O cliente, bem como o benefício

gerado para conquistá-lo passa a ser o foco central para qualquer definição de

13

marketing. Um relacionamento de êxito para ambas as partes. A prática de tal

afirmação é alicerçada na premissa de que marketing nada mais é que a

entrega de satisfação para o cliente em forma de benefício. (Kotler e

Armstrong,1999).

1.1.1. – A Estratégia de Marketing

O processo de planejar e executar a concepção de um negócio, seus

preços, suas promoções e sua logística de distribuição é Marketing. Para

vender seu produto, idéias ou serviços, deve-se criar relações de troca que

satisfaçam seus clientes e atinjam os objetivos de sua empresa - isso é

estratégia de marketing.

1.1.1.1 – O que é Estratégia

Conceito representativo da lógica de funcionamento de uma empresa.

Determina os motivos da vantagem competitiva da empresa e suas

competências centrais. É identificável no conjunto de políticas que concretizam

os objetivos da empresa (FINEP, 2006).

Para o INDG, a maior organização de consultoria em gestão

empresarial do Brasil, estratégia é a ação de longo e médio prazo necessária

para se atingir a visão. Caminho a ser seguido pela empresa para garantir a

sua sobrevivência a longo prazo.

Para um jogador de xadrez, estratégia é o conjunto de princípios gerais

que regem a formulação de um plano de jogo - utilização de noções tais como

desenvolvimento harmônico, domínio central, estruturação, etc.

Entretanto, estratégia nada mais é que uma seqüência de

pensamentos e comportamentos para atingir um determinado objetivo

14

(conceito neurolinguístico). Da mais simples à mais complexa, todas as

definições se aplicam bem à estratégia de marketing.

1.1.1.2 – O Planejamento Estratégico

A palavra Planejamento lembra pensar, criar, moldar ou mesmo tentar

controlar o futuro da organização dentro um horizonte estratégico. Pode-se

dizer que planejamento é o processo formalizado para gerar resultados a partir

de um sistema integrado de decisões.

Portanto, planejamento difere de improvisar, enquanto o primeiro está

preocupado em elaborar um plano para fazer alguma coisa ou mesmo criar um

esquema para agir, o segundo prepara algo às pressas no momento em que

acontece ou às vezes age ao acaso. É justamente isso que o planejamento

formal não pressupõe, no entanto não se pode também criar um plano para a

organização que a engesse por ser extremamente rígido, é permitido a

criatividade, a inovação e a flexibilidade no momento de colocar o planejado

em ação.

Para Stoner & Freeman (1995, p.05) planejar “... significa que os

administradores pensam antecipadamente eu seus objetivos e ações, e que

seus atos são baseados em algum método, plano ou lógica, e não em palpite”.

Planejamento, portanto é a formulação sistemática de objetivos e

ações alternativas e a escolha da melhor ação no momento certo para a

empresa. Oliveira (2001) adverte que planejamento não deve ser confundido

com previsão, projeção, predição, resolução de problemas ou planos, pois são

coisas diferentes. Mesmo assim, vários autores ainda gostam de insinuar que

esses elementos podem ser interpretados como sendo sinônimos, muitas

vezes até chegam a desvalorizar o processo de planejamento ou de

Planejamento Estratégico.

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Por Planejamento Estratégico entende-se o processo que consiste na

análise sistemática dos pontos fortes e fracos da empresa, e das

oportunidades e ameaças do meio ambiente com o intuito de estabelecer

objetivos, estratégias e ações que possibilitam um aumento da competitividade

da empresa.

Planejamento Estratégico consiste também no desenvolvimento de

processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma

situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em

função de objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro,

de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz (Oliveira, 2001).

O planejamento estratégico, especialmente para empresas prestadoras

de serviço, se divide em três estágios. A análise do ambiente, tanto atual

quanto futuro, é o primeiro passo. Em seguida, a organização deve determinar

suas metas, seus objetivos e sua estratégia (mercados-alvo, mix de marketing

etc). E, por último, a elaboração e execução de seu plano de implementação

(Kotler, Hayes, Bloom, 2002).

1.1.1.3 – O Planejamento de Marketing.

A palavra planejamento lembra pensar, criar, moldar ou mesmo tentar

controlar o futuro da organização dentro um horizonte estratégico. Pode-se

dizer que planejamento é o processo formalizado para gerar resultados a partir

de um sistema integrado de decisões.

O planejamento de marketing é o meio de realização da

responsabilidade estratégica do gerente de marketing. É a etapa inicial de todo

o processo de administração de marketing, quando são definidos os objetivos

de mercado e tomadas as decisões estratégicas, incluindo a análise de

mercado, da concorrência, definição de cenários, avaliação de riscos e

oportunidades, seleção do mercado-alvo, decisão das estratégias do composto

16

de marketing, dos investimentos e orçamentos e dos meios de avaliação dos

resultados das ações (Kotler, 1999).

O planejamento traça as diretrizes da empresa, organiza objetivos e

metas a serem alcançadas no curto, médio e longo prazo. Tais decisões são

baseadas em análises detalhadas co contexto interno e externo da empresa. O

planejamento tem a ver com as implicações que as decisões presentes terão

no futuro, visando minimizar os riscos de determinadas ameaças acontecerem.

(Vieira, 2006)

O planejamento de Marketing é um produto estratégico. Sua confecção

constitui uma contribuição valiosa para a estratégia de marketing de uma

empresa. É por meio dele que diversos fatores são considerados e

sintetizados, alternativas são avaliadas e decisões são tomadas.

Um plano de marketing é um documento escrito que resume o que o

profissional de marketing sabe sobre o mercado e que indica como a empresa

planeja alcançar seus objetivos (Wood, 2003).

O plano de marketing é uma parte crucial do plano de negócios global

da empresa e fornece à diretoria planos mais específicos e detalhados, como

publicidade e compra de espaço em meios de comunicação. Objetivamente é

roteiro de ação, uma justificativa de investimento, e reúne todas as ferramentas

e princípios de marketing.

Segundo Kottler e Keller (2006), os planos de marketing estão se

tornando mais voltados para o cliente e os concorrentes. Além disso, estão

mais bem elaborados e mais realistas do que no passado. Desenvolvidos em

grupo, eles extraem mais informações dos profissionais em todas as funções.

O Planejamento está se tornando um processo contínuo para responder a

mudanças rápidas nas condições de mercado.

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1.2. – Finalidades do Marketing

Os principais objetivos do marketing de uma empresa estão voltados a

atrair, criar e manter clientes. Pereira da Costa (2003) relaciona algumas das

finalidades centrais que deve ser incorporada pelo profissional de marketing:

• Levar o consumidor a desejar o que a empresa tem e esta a ter

um consumidor satisfeito.

• Fazer com que a empresa aprenda a usar sua força de vendas

com eficiência (melhor uso dos meios e processos), eficácia

(atingir objetivos) e efetividade (velocidade na resposta).

• Buscar equilibrar as forças externas (ambientes) com as forças

internas da organização.

• Constituir-se nos olhos e ouvidos da empresa para o mundo,

que muda constantemente.

• Recomendar o que deve ser produzido para a venda.

• Procurar criatividade para enfrentar a concorrência.

O Marketing obriga a empresa a formular uma definição clara do

negócio em que está e que orientação deve seguir. Estimula em cada função

dentro da organização, especialmente nos níveis mais elevados, a reflexão

acerca do apropriado grau de mistura dos interesses do consumidor e da

empresa (Guerreiro, 1982).

O Marketing também integra o conjunto de funções desempenhadas

na empresa, como produção, finanças, logística, recursos humanos, pesquisa

tecnológica, sistemas de informação, entre outras, as quais gerenciam

recursos e geram resultados para agregar valor econômico ao processo

empresarial como um todo.

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1.3. A Administração de Marketing

A administração de marketing é o conceito que resume a função do

marketing e é entendida como o processo de planejamento, execução e

controle das estratégias e táticas de marketing, visando otimizar os resultados

para os clientes e os stakeholders da empresa.

A Administração de marketing pode ser desmembrada em duas

grandes áreas de responsabilidades: a estratégica e a operacional.

A) Responsabilidade Estratégica: o conjunto de decisões das

estratégias de marketing, que incluem a análise e a segmentação de mercado,

bem como a decisão de quais produtos/serviços oferecer, a que preço e por

quais canais e meios de comunicação,

B) Responsabilidade Operacional: compreende ações táticas e

operacionais de marketing, como a execução de vendas, desenho e produção

dos materiais de comunicação, desenvolvimento e controle dos canais de

venda, gerenciamento de estoques, implementações operacionais das ações

promocionais (descontos, distribuição de brindes etc.).

1.3.1. Composto de Marketing

O composto de marketing (ou mix de marketing) é o conjunto de

ferramentas de marketing que a empresa utiliza para perseguir seus objetivos

de marketing no mercado-alvo. Mc Carthy (1983), classificou essas

ferramentas em quatro grupos amplos que denominou os “4P´s” do marketing:

produto, preço, praça e promoção. Frey (1961), propôs que as quatro variáveis

de decisão de marketing fossem classificadas em dois fatores: a oferta

(produto, embalagem, marca, preço e serviço) e os métodos e ferramentas

(canais de distribuição, venda pessoal, propaganda, promoção de vendas e

publicidade). Lazer e Kelly (1962), propuseram uma classificação de três

19

fatores: composto de bens e serviços, composto de distribuição e composto de

comunicação. Cobra (1997), afirma que todos os elementos do composto de

marketing foram criados e estabelecidos para atender ao mercado-alvo, ou

seja, o consumidor. Kotler (2000), classificou os 4P’s como ferramentas que

representam a visão que a empresa vendedora tem das ferramentas de

marketing disponíveis para influenciar compradores. Do ponto de vista da

empresa compradora, cada ferramenta de marketing é projetada para oferecer

um benefício ao cliente.

Na visão de Kotler (2000), ao passo que a empresa se vê como

vendedora de um produto, os clientes se vêem como compradores de um valor

ou da solução de um problema. Os clientes percebem mais que preços;

percebem o custo total de obtenção, uso e descarte de um produto. A clientela

não deseja promoção; quer uma comunicação bidirecional. Kotler (2000,

pg.45) afirma que “os profissionais de marketing deveriam pensar primeiro em

atender aos 4 C´s do cliente e utilizá-los, em seguida, como uma plataforma

para o desenvolvimento dos 4 P´s”.

1.3.1.1. Produto

Segundo Kotler (2000), os produtos variam de acordo com o grau com

que podem ser diferenciados. O talento em marketing é posto à prova com

produtos do tipo commodity (produto à espera de diferenciação), como é o

caso dos alimentos orgânicos. Para o autor, estes podem ser diferenciados em

termos reais e psicológicos, como: o lugar de origem; o uso exclusivo do nome;

uma imagem vinculada; superioridade em desempenho; segurança.

1.3.1.2. Preço

O preço difere das três outras variáveis do mix de marketing no sentido

em que gera receita; as demais geram custos. Afirma Kotler (2000), que as

empresas em geral praticam a definição de preço baseado em valor (ou

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baseada no consumidor), estimando um valor máximo que o cliente pagaria

pelo produto ou serviço; não cobram este valor, pois o consumidor poderia

resistir à compra, mas um pouco menos – o preço de valor – para deixar o

cliente com uma “vantagem de consumidor”. Outras empresas acrescentam a

seus produtos benefícios adicionais e atribuem o preço à oferta como um todo,

criando diversos pacotes para ofertar ao cliente opções de escolha.

1.3.1.3. Praça

As empresas podem optar por oferecer seus produtos ao mercado-alvo

de duas formas: diretamente ou por meio de intermediários.

Kotler (2000) afirma que “os consumidores podem comprar, sem sair

de casa, roupas, aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e inúmeros

outros artigos cuja oferta chega até eles por qualquer um dos seguintes canais:

Catálogo; Mala Direta; Ofertas descritas em revistas, jornais, rádios ou TV;

Programas de compra pela TV; Telemarketing e Internet2.” . Quanto mais as

pessoas se vêem pressionadas pelo tempo, maior a tendência de aumentarem

as compras feitas de casa, em detrimento daquelas feitas nas lojas afirma o

autor. Desta forma conclui-se, que os varejistas tem um desafio cada vez maior

de trazer os consumidores de volta as suas lojas.

1.3.1.4. Promoção

Envolve todas as ferramentas relativas à comunicação que fazem

chegar as mensagens a respeito do produto ao público-alvo. Kotler (2000)

classifica-as em cinco categorias: Propaganda, Promoção de vendas;

Relações públicas, Força de vendas e Marketing direto.

As atividades de promoção são necessárias para comunicar as

características e os benefícios de um produto a seu mercado-alvo pretendido.

O papel da propaganda, da promoção de vendas, da venda pessoal e das

21

relações públicas (composto promocional) em uma estratégia de marketing

específica variará, dependendo da natureza do produto. Varia também em

função do estágio do processo de compra do produto. Os elementos de

comunicação de massa, como a propaganda e a publicidade, tendem a ser

mais usados para estimular a conscientização e o interesse devido a sua

eficiência por contato no mercado-alvo.

Para Las Casas (1997) promoção significa comunicação. O

administrador de marketing deve se preocupar com as várias formas, que

sejam eficientes, para informar aos consumidores a respeito dos seus

produtos, serviços ou formação da própria imagem da empresa.

1.4. A Comunicação de Marketing

A comunicação integrada de marketing, ou composto de comunicação,

é uma das quatro áreas integrantes do composto de marketing, o “P” de

promoção, e abrange o conjunto de ações integradas de comunicação e

promoção, que têm como objetivos: fixar o produto na mente do consumidor;

criar uma mensagem única, consistente, compreensível e crível sobre o

produto; construir uma imagem da marca diferenciada e sustentável, oferecer

incentivos para o consumidor adquirir o produto ou serviço, entre outras.

1.4.1. O Processo de Comunicação

A palavra comunicar vem do latim com a significação de “pôr em

comum”. A comunicação é a mensagem emitida, transmitida, recebida e

percebida. O sinal, o signo, a informação emitida é a mensagem da

comunicação.

Assim, comunicação é o processo de transmitir uma mensagem a

outros e requer seis elementos: uma fonte, uma mensagem, um canal de

22

comunicação, um receptor e os processos de codificação e decodificação

(Berkowitz, 2003).

A comunicação humana é o intercâmbio compreensivo de

significações, através de símbolos, porque ela transcende o mundo das

palavras e penetra no universo da linguagem (Berlo, 1991).

Em síntese, comunicação pode ser entendida como um processo de

estabelecer um sentido comum ou uma unidade de pensamento entre um

emissor e um receptor (Shimp, 2002).

1.4.2. O Composto da Comunicação de Marketing

O composto da comunicação de marketing ou mix de comunicação

compreende diversas atividades, as quais, devem ser implementadas de forma

integrada, emparelhado a um posicionamento (“aquilo que você coloca na

mente do cliente” - Trout, 1981) pré-definido do produto a ser oferecido.

A imagem da marca, de igual forma, é de fundamental importância nos

processos de execução da comunicação de marketing. Definimos a imagem da

marca como o conjunto de percepções, crenças, idéias e associações

cognitivas ou afetivas de um indivíduo têm sobre um produto (Aaker, 1996).

De acordo com Aaker (1996) uma imagem forte e bem posicionada no

mercado está diretamente relacionada à comunicação de marketing e seus

respectivos elementos:

A) Propaganda – Toda forma paga de comunicação com um

patrocinador identificado, dirigida a um público definido e veiculada por mídia

de massa, segmentada ou dirigida, visando criar imagem para a marca com

base em seu posicionamento, e estimular a aquisição do produto.

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B) Venda Pessoal – apresentações pessoais realizadas pelos

representantes da empresa, que tem a finalidade de vender e desenvolver

relacionamento com os clientes.

C) Relações Públicas – ampliação do bom relacionamento com os

diversos públicos da empresa por meio da publicidade favorável, do

desenvolvimento de uma boa imagem corporativa e da abordagem correta aos

humores, história e acontecimentos desfavoráveis.

D) Publicidade – Informações sobre as atividades da empresa e seus

produtos, divulgadas por meio da imprensa, sem custo adicional.

E) Assessoria de imprensa – Relacionamento com órgão e

representantes da imprensa, que são formadores de opinião, visando criar

atitude favorável em relação à marca do produto e à empresa.

F) Promoção de Eventos – Realização ou patrocínio de feiras,

exposições, congressos, seminários, palestras, espetáculos, concursos,

torneios culturais ou esportivos, visando divulgar e criar imagem.

G) Merchandising – Exposição do produto no ponto de venda, como

cartazes, folhetos e displays, que visam chamar a atenção, facilitar o acesso

do consumidor ao produto e estimular as vendas imediatas. Assim também é

chamado quando um produto/marca é inserido no contexto de um programa de

qualquer meio de comunicação.

H) Embalagem – Além de seu significado primário, também é um meio

de comunicação de suas características e de seus benefícios, contribuindo

para a formação de imagem.

I) Comunicação pela Internet – O conjunto de atividades de

comunicação interativa aplicada via Web. Banners, emails, sites etc.

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Entretanto, dois elementos da comunicação integrada merecem

destaque nesta descrição, visto integrarem de forma irrelevante o Marketing de

Relacionamento, área que iremos estudar logo adiante.

J) Marketing Direto – Comunicação direta com clientes individuais

selecionados por determinados critérios, tendo como objetivo a resposta

imediata. Correio, telefone, fax e e-mail são alguns dos instrumentos usados.

k) Atendimento ao Cliente – Comunicação interativa, iniciada, em geral,

pelo cliente, com o propósito de responder dúvidas e perguntas, esclarecer

sobre a maneira de consumir e resolver problemas decorrentes do uso do

produto.

25

CAPÍTULO II

O CLIENTE

“Todos são feitos da mesma farinha, mas nem todo mundo

é assado no mesmo forno.”

Provébio Iídiche

Ao tratarmos de marketing de relacionamento, fidelização etc,

seja em que área de negócio pretenda-se atuar, esbarraremos sempre na

palavra “cliente”. No entanto, é importante que nos preocupamos em entender

tal palavra e seu significado.

1.1. – Tipos de Cliente

Antes era bastante comum, confundir cliente com consumidor. É

preciso, ainda, deixar claro a diferença entre ambos. Naturalmente, muitos

autores entram em consenso ao definir cliente com qualquer pessoa física ou

jurídica que compra um produto ou um serviço de outra.

Na verdade, esta seria uma definição que se ajustaria mais ao

consumidor. Mesmo assim, Nelson Pereira da Costa (2003), por exemplo,

define o consumidor como um agente que, não só compra produtos, mas sim,

os benefícios que este espera deles.

Cliente pode ser definido como todo o organismo que se relaciona com

a empresa, seja ele funcionário, consumidor, fornecedor, credor, agentes

governamentais, parceiros etc.

26

No universo que compreende o cliente, pode-se classificá-los

basicamente da seguinte forma: cliente potencial, cliente externo, cliente

interno e cliente da concorrência.

2.1.1. Cliente Potencial

Quando tratamos de cliente, o entendemos como o organismo que já

se relaciona com a empresa, efetua compras, consultas, etc. No entanto, deve-

se igualmente levar em consideração clientes potenciais, não somente os

atuais. Podemos afirmar que o cliente potencial é o primeiro estágio de

relacionamento da organização com seu consumidor.

Para Kossen (1982), o relacionamento de uma pessoa ou empresa se

inicia muito antes do acionamento da força de vendas. De acordo com o

volume de informações, Stan kossen definiu o potencial de compra e a

predisposição do cliente à compra. Dessa forma temos: suspects, prospects e

prospects qualificado.

• Suspects: considerados possíveis compradores do produto ou

serviço. O perfil do suspect é determinado no momento da

segmentação do mercado.

• Prospects: os que podem se beneficiar do produto ou serviço e

têm potencial financeiro e poder de decisão para tal. Um

suspect pode ser considerado um prospect quando se tem um

conjunto de informações devidamente qualificadas sobre o

mesmo.

• Prospect Qualificado: pode surgir quando se inicia o processo

de relacionamento com o prospect e este manifesta algum tipo

de interesse na empresa. A importância dessa tipologia é a

possibilidade de desenvolver um prospect ao aumentar o

27

conhecimento deste sobre o produto e/ou alterando sua

percepção com o uso de comunicação.

2.1.2. Cliente Externo

O cliente externo sofre o impacto dos produtos e serviços oferecidos

pela empresa sem fazer parte da organização. Geralmente é aquele que paga

pelos produtos e serviços sem qualquer participação nos processos de

produção e desenvolvimento dos mesmos.

O cliente externo é o componente mais importante em qualquer tipo de

negócio. Este não significa apenas vendas e entrada em caixa, mas sim, antes

de tudo, um ser humano e precisa ser tratado com respeito e consideração.

Fábio Marques (1997) define o cliente externo como “a pessoa que

compra produtos das empresas para consumo próprio ou distribuição dos

mesmos” e ainda afirma que o cliente não interrompe o trabalho da empresa,

ele é a razão deste trabalho, ele não depende da organização, mas sim a

organização é que depende dele.

O cliente externo é o tipo de cliente que vem à mente de todos

naturalmente no momento em que se discute negócio. Por muito tempo, este

era o único cliente citado em publicações de administração de negócios. À

medida que a qualidade em serviços passou a ganhar mais importância,

passou-se a estudar o conceito com mais profundidade. Há outros tipos de

clientes que merecem atenção dentro do contexto do estudo do marketing de

relacionamento e fidelização.

2.1.3. Cliente Interno

Muitos autores concordam que o cliente interno é fator-chave para a

qualidade total em serviços. É, sobretudo, o componente que faz parte da

28

organização e influencia diretamente nos processos, desenvolvimentos e

fornecimentos de produtos e serviços.

A perfeita compreensão do conceito de cliente interno pode ser muito

útil a empresa, garantindo um clima organizacional adequado, com maior

produtividade e mais união da equipe. Isso reflete no cliente externo, gerando

maior satisfação e até mesmo atraindo clientes da concorrência.

Vavra (1993) afirma que o “Marketing de relacionamento começa na

empresa”, uma referência clara e direta ao cliente interno e à sua importância

no processo de fidelização do cliente externo.

2.1.4. Cliente da Concorrência

É o cliente externo que não consome os produtos ou serviços da

empresa em questão. Este é cliente das empresas concorrente. Os cliente

externos somados aos clientes da concorrência forma o universo de clientes

ativos que compreendem o mercado atual.

O montante de clientes externos que se tëm, relacionados ao mercado

atual, determina a participação da empresa em um determinado território

definido.

É de extrema importância a análise desse tipo de cliente para

entender-se por que os outros clientes compram do concorrente, no sentido de

traçar novas estratégias e planejamentos específicos no sentido de se

conquistar novas fatias de mercado.

2.2. – Comunicação com o Cliente

Como foi visto no capitulo anterior a comunicação efetiva se dá

somente quando a mensagem do emissor é plenamente compreendida pelo

29

receptor. Neste capítulo, compreenderemos cliente e empresa como receptor e

emissor, numa interatividade contínua em busca da troca que o marketing

propõem e do bom relacionamento.

Uma organização precisa se comunicar de modo eficaz com seus

mercados e clientes. É importante que a empresa informe suas metas,

atividades e ofertas aos consumidores e demais interessados, motivando-os a

se interessar pelos produtos e serviços que oferece.

Por outro lado, ouvir o cliente é essencial. De nada valerá qualquer

esforço, em qualquer setor de uma empresa, se seus clientes não forem

atingidos, de forma formal ou informal. É necessário perceber suas

necessidades e desejos para satisfazê-lo, atendendo e ultrapassando suas

expectativas.

2.2.1. A Comunicação da Organização com o Cliente

A comunicação assume muitas formas. Segundo Kotler (2002) a

maioria das empresas, principalmente as de serviços, encara a comunicação

como um meio composto por folhetos e boletins que descrevem as

organizações e seus programas. No entanto, estas precisam entender que

comunicação é tudo o que ela diz e informa. A tarefa verdadeira é garantir que

todas assuas atividades comuniquem a mesma coisa.

Kotler ainda afirma que as empresas precisam ter uma idéia clara das

tarefas de comunicação, bem como recomenda que sigam diretrizes básicas

para o desenvolvimento de uma comunicação efetiva com o cliente.

As tarefas mais características são: manter ou melhorar a imagem da

empresa; conquistar a fidelidade e apoio dos clientes, bem como atrair novos;

fornecer informações sobre as ofertas da empresa; corrigir informações

30

errôneas ou incompletas sobre a organização; atender às necessidades de

informação dos seus clientes internos e do público em geral.

Kotler especifica abaixo algumas diretrizes gerais para o

desenvolvimento da comunicação, principalmente ao que diz respeito aos

produtos e serviços prestados pela empresa. Tais diretrizes auxiliam o

comunicador ou gestor a evitar insucessos na mensagem almejada:

• Prometer o que é possível: as empresas são avaliadas em

razão da sua confiabilidade.

• Concretizar o que é intangível: os clientes têm dificuldade para

compreender o conceito dos serviços dad a sua intangibilidade.

Como conseqüência, procurarão outras indicações que possam

atestar a qualidade do produto ou serviço.

• Reduzir o receio quanto à variabilidade: A variabilidade dos

serviços pode gerar ansiedade no cliente antes e até mesmo

depois de o serviço ter sido executado. O comunicador pode

oferecer informações que suavizem essa ansiedade,

apresentando registros sobre o desempenho anterior da

empresa, por exemplo.

• Entender que o cliente também faz parte dos serviços

prestados: Dado que a percepção da qualidade está relacionada

à avaliação da qualidade em cada etapa do processo, cada vez

que o cliente entra em contato com a empresa ele recebe dados

para esa avaliação. Ciente disso, o comunicador pode infromar

como a organização trabalha valendo-se da perspectiva do

cliente, podendo inclusive identificar e salientar os pontos fortes

da empresa em cada área.

31

A Comunicação é tudo o que a empresa é e afirma ser. Dessa forma,

para que o relacionamento com o cliente se dê de forma efetiva e proveitosa, é

fundamental que a organização torne sua comunicação eficaz e com o mínimo

de falhas possível.

2.2.2. A Comunicação do Cliente com a Organização

Segundo Vavra (1996), o pós-marketing sugere que o cliente deve

sempre ser o foco da empresa, mesmo que estabeleça novas metas e

modifique seus planos estratégicos. Ao contrário do marketing convencional,

adota uma postura antiquada em relação às atividades dirigidas aos que já são

clientes, o pós-marketing identifica várias atividades que auxiliam a empresa a

aumentar o grau de satisfação dos clientes atuais.

A grande parte dos feedbacks que as empresas recebem têm seu

início nos clientes. Porém, a realidade do mercado é bem diferente. A

comunicação do cliente com a empresa é, sem dúvida, uma fonte rica de

soluções quanto a atividade que a empresa desempenha. No entanto, diversos

departamentos que respondem por interações com o cliente, nem mesmo

estão organizacionalmente dentro da área de marketing, nem mesmo tem um

contato mínimo com ela.

É preciso inteligência e visão para que uma organização compreenda a

dimensão da lucratividade que esta pode obter quando institui um processo

adequado para receber, analisar, reconhecer e agir em vista das informações

voluntariamente fornecidas pelo cliente. Esta interação pode render ótimos

frutos, por um custo muito baixo.

Estabelecer meios para que o cliente possa ter fácil acesso à empresa,

permanecendo esta em contato direto com ele, é uma das mais assertivas

maneiras de construir relacionamentos duradouros com quem consome seu

produto/serviço.

32

Um fator imprescindível para o desenvolvimento da comunicação do

cliente com a empresa é a pesquisa de satisfação. O cliente gosta, quer e

precisa ser ouvido. Não porque é uma obrigação da empresa, mas porque são

das informações dele é que se poderá entender melhor se algo está

acontecendo e de que forma se pode corrigir.

É através de uma pesquisa de satisfação ou de qualquer outro meio

receptivo (email, 0800 etc) é que a organização poderá obter idéias para novos

produtos e serviços; perceber novas maneiras de apresentar os produtos

atuais e tornar o cliente potencial mais interessado e menos aborrecido ou

frustrado.

Outro ponto importante de um canal de comunicação efetivo do cliente

para com a empresa é a confiança. Esta faz torna o cliente leal e

comprometido a sempre fazer negócios com a empresa, sem contar com o

forte apoio que é gerado para a propaganda e para a comunicação integrada

de marketing da organização.

"Saber o que passa na mente do cliente é a coisa mais

importante que podemos fazer para enfrentar a

concorrência. O contato direto com clientes é uma das

melhores maneiras de construir relacionamentos

duradouros com eles." (Terry G. Vavra, 1996).

2.3. As Reclamações do Cliente

Lidar com as reclamações não é um processo fácil, mas necessário.

As organizações têm que se conscientizar de que ouvindo a voz do cliente

encontrarão as estratégias eficientes no processo de fidelização. Basta ter

vontade e pensar na maneira mais prática de facilitar o canal de comunicação

entre cliente e organização. Todavia, apenas incentivar os clientes a reclamar

33

não é suficiente; é preciso saber lidar com a reclamação e buscar soluções

globais; não individuais.

Um exemplo que se pode citar é o Serviço de Atendimento ao

Consumidor – SAC, que em muitos dos casos procura resolver o problema

levantado com algum agrado ao cliente, mas sem apresentar uma solução

definitiva e real para o problema em si.

Em muitos casos esse tipo de serviço não chega a ter a consciência de

que o problema ocorrido poderá ocorrer de novo com outro cliente ou com o

mesmo. Se isso acontecer, o grau de irritabilidade do cliente pode se elevar e

acarretar resultados muito negativos.

Cada vez que um cliente faz uma reclamação, ele dá a oportunidade

de a empresa converter um comprador insatisfeito em satisfeito, além de poder

coletar informações valiosas que vão ajudar a corrigir os rumos da empresa e a

utilizar melhor as estratégias focadas no cliente. A empresa que fizer isso

poderá resolver problemas ainda não percebidos por outros clientes e evitar

mais reclamações.

34

CAPÍTULO III

A CONSULTORIA EMPRESARIAL

“Alguns homens são bem-sucedidos pelo que sabem;

outros pelo que fazem e uns poucos pelo que são.”

Elbert Hubbard

Em um cenário de elevada competitividade e aumento do grau de

exigência do cliente,quanto à qualidade, preço e atendimento, o empresário vê-

se obrigado a estar em constante aprimoramento para manter sua posição no

mercado e se possível aumentá-la, com o conseqüente reflexo no faturamento

e na lucratividade.

A concorrência, que até pouco tempo era limitada aos atores locais,

passa a ser global, com as grandes redes utilizando-se de parcerias para

atender com rapidez e eficiência as demandas locais.

Para manter a atividade e agregar novos conhecimentos necessários,

pode o empresário optar por vários caminhos, sendo que cada um tem seu

tempo de maturação, suas vantagens e desvantagens. No entanto, indiferente

do caminho a ser seguido, suas opções são: encontrar a solução para os

novos desafios internamente, ou buscar apoio externo, para que agregando à

cultura organizacional os conhecimentos de um consultor externo, melhore as

condições de competitividade da empresa.

A consultoria, segundo Lins (1999): “é vista como um dos meios que os

empresários podem utilizar para obterem a melhoria dos processos, a

diminuição dos custos e as alternativas de otimização dos recursos materiais e

humanos”.

35

Há muito tempo, a consultoria empresarial ou organizacional, foi

reconhecida como uma das profissões de grande utilidade, no sentido de

auxiliar gestores a identificar e definir os principais problemas que afetam sua

organização, alcançando seus propósitos fundamentais, os objetivos

emanados da missão, assim, analisando as causas que o provocam.

Sobretudo, analisam as falhas e projetam e implementam ações para o

aperfeiçoamento almejado.

A figura do consultor como um agente de mudanças, implica a

transferência de conhecimento e a avaliação dos recursos humanos envolvidos

na empresa, de forma direta ou indireta. Ele apóia intensa e temporariamente

às organizações a realizar projetos e não executá-lo por si só, de forma que os

gestores e profissionais envolvidos adquiram conhecimento e habilidades que

o transforme em um verdadeiro consultor interno. agente endógeno de

mudança, levando ao processo de melhora contínua dos processos.

A importância dos serviços de consultoria para o mundo corporativo

atual é inquestionável, assim como a relevância das empresas que atual neste

setor. No entanto, apesar da importância do tema, não existe muita literatura

acadêmica sobre esse setor, sendo que entra as pesquisas existentes, a

maioria delas possui foco no mercado norte-americano, nesse sentido, é

necessário que os acadêmicos busquem desenvolver pesquisas aos moldes

da realidade nacional, visto que as grandes empresas de consultoria no mundo

já instalaram escritórios em nosso país.

3.1. A História da Consultoria

A consultoria no sentido mais amplo pode ser considerada uma das

mais antigas do mundo, se considerarmos a origem da palavra, que vem do

latim – consultare – que significa: dar ou receber conselhos, aconselhar e

também ser aconselhado. (Pereira, 1999)

36

Nesta linha, afirma a autora que já na antiguidade, baseados na

“observação sistemática e inteligente dos fenômenos naturais” desenvolviam

os primitivos consultores a base de seu saber, citando como exemplo os

Magos Chineses (1999). Cita ainda o Oráculo de Delfos como possivelmente o

primeiro consultor, digno deste nome e faz uma citação de diversas outras

personagens históricas que adotaram esta postura.

Divagações históricas à parte, a consultoria, embora praticada desde

sempre, se a considerarmos como um processo de ajudar as pessoas a

resolver problemas que as impedem de atingir seus objetivos, apenas no início

deste século, com o desenvolvimento da administração científica, pode ser

sistematizada.

Salienta a autora que com a fundação, nos Estados Unidos, do

movimento do Desenvolvimento Organizacional, a partir da década de 1960,

sob forte influência de um grupo de psicólogos sociais, a consultoria de

empresas ganhou destaque.

No cenário brasileiro, Quintella (1994) identifica que D. João VI,

quando implantou a corte do império mundial luso no Rio de Janeiro,

disparando o desenvolvimento da nova capital, contratou inúmeros

consultores. D. Pedro II, também amigo do desenvolvimento, contratou com

freqüência consultores nacionais e estrangeiros para inúmeros projetos. No

século XX, a consultoria no Brasil permaneceu concentrada no Rio de Janeiro,

expandindo-se apenas a partir da década de 1960, notadamente em São

Paulo, Brasília, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. (Quintella,

1994).

Nos dias de hoje, a atividade de consultoria torna-se cada vez mais

constante e promissora, pois, para adaptar-se ao ambiente de incertezas e

mudanças, as organizações necessitam de uma grande variedade de

informações e habilidades. A alternativa de manter no quadro de pessoal

37

tantos especialistas quanto for necessário é, não só onerosa, como limitante.

Onerosa porque este profissional especialista não seria necessário em tempo

integral, e fatalmente seria desviado para atividades de menor grau de

especialização, que um empregado que receba menor remuneração poderia

exercer. Limitante porque deixa de trazer para a empresa experiências que o

profissional pode trazer e que serão benéficas para facilitar o processo de

mudança que se faça necessário.

3.1.1. Surgimento e Evolução da Consultoria

A história do setor de consultoria se confunde com a história de

pessoas e seus conhecimento. As empresas que atualmente dominam o

mercado mundial possuem o nome ou sobrenome de seus fundadores e

nasceram a partir da visão destas pessoas de que existiam oportunidades para

a prestação de serviços para outras empresas, e modo que o determinado

conhecimento fosse transmitido para a empresa contratante dos serviços.

Dois países destacam-se nesse momento, como locais de origem das

empresas de consultoria na segunda metade do século XIX - Inglaterra e

Estados Unidos - período em que surgem as primeiras empresas a atuarem

em tal setor. No final deste século, as empresas industriais estavam em franca

expansão e começaram a necessitar de auxílio externo no que dizia respeito a

contabilidade, direito e engenharia, para que seus negócios continuassem a

prosperar. Já no séc. XX isso ocorreu com maior intensidade, principalmente

nas primeiras décadas, a medida que novos regulamentações e impostos

aumentavam a complexidade das operações nas empresas industriais

(Donadone, 2001).

Logo, os auditores que anteriormente eram utilizados para atestar a

legitimidade dos balanços e operações financeiras, naquele momento se viam

orientando seus clientes sobre o funcionamento das leis referentes aos

impostos, produtividade de ativos, natureza e causas de custos e despesas

38

etc. Tal fato possibilitou que a categoria dos auditores obtivesse posições

dominantes no nascente mercado de consultoria e teve influencia marcante

nas formas de constituição e atuação das empresas de consultoria no decorrer

de toda a sua história até os dias atuais (Donadone, 2001)

A escassez de alguns conhecimentos por parte do quadro de

funcionários das empresas industriais não seria a única causa do crescimento

do setor de consultoria. Segundo McKenna (2003), tal crescimento deveu-se

largamente ao "vácuo comercial e regulatório" existente principalmente no

mercado americano. A consultoria de gestão não cresceu gradualmente, mas

sim, devido ao fim de um equilíbrio competitivo, provocado pelas mudanças

regulatórias dos anos 30. O autor se refere ao Glass Steagall Banking Act, que

dividia em categorias opostas os bancos de investimento e os que trabalhavam

com depósitos e conta corrente.

A parir daí, os bancos comerciais não poderia mais atuar em atividades

como seguros, ramos imobiliários ou atividades de consultoria, sendo forçados

a contratarem ajuda externa para algumas questões, tais como análise de

falência. Por sua vez, os bancos de investimento, viram-se obrigados a

contratar agentes externos para validarem seus empréstimos ou nas

avaliações de empresas (Donadone, 2001).

Se nos anos 20 as consultorias independentes viviam a sombra dos

contadores e engenheiros, nos anos 30 grandes corporações passavam a

contratá-los para analisar problemas relacionados a estratégia, novas formas

de estrutura organizacional e performance financeira.

Por tanto, com o Glass Steagall Banking Act houve uma inflexão na

demanda por serviços de consultoria, todavia, esta não foi a única mola-mestra

para o crescimento do setor no anos 30: a depressão econômica seguinte a

quebra da bolsa de 29 também trouxe novos elemento influenciadores. Dessa

39

forma, de 100 empresas de consultoria existentes em 1930, 400 instituíram-se

em 1940 (Donadone, 2001)

Outros fatores históricos também contribuíram para o setor de

consultoria. Um dos mais importantes foi a segunda guerra mundial. Durante o

conflito, o governo norte-americano contratou, em larga escala, consultores

para reorganizar as formas de gerenciamento das áreas militares, racionalizar

a produção civil e dar suporte à crescente expansão da administração federal

em virtude do esforço de guerra. No período pós-guerra, destacamos o

momento da expansão internacional das empresas que haviam se consolidado

no mercado americano (McKenna, 2003)

A partir dos anos 80, importantes transformações surgiram no mercado

de consultoria. As empresas passaram a atuar em escala global e a

liberalização dos mercados desenvolvidos foi utilizada como trampolim para

que as consultoria ganhassem destaque no meio corporativo, bem como

transformações no setor de tecnologia da informação. Ao longo dos anos 90,

as consultorias empresariais ganham destaque na mídia e nos meios

empresariais, tornando-se o ramo de atividade de maior crescimento em todo o

mundo. Surgem inúmeras novas técnicas gerenciais, ampliando enormemente

seu portifólio de produtos oferecidos. Com a intensificação da globalização, se

tornam de grande porte, com milhares de consultores espalhados por quase

todos os países.

3. 2. O Serviço de Consultoria

Como vimos anteriormente, Se entende por consultoria empresarial o

apoio externo de um grupo de profissionais a um empreendedor ou gestor, o

qual deseja mudar ou melhorar o rumo de um organismo ou de determinado

setor deste, através de uma visão ampla. Sempre partindo de um estudo de

base de um ambiente interno e externo, apartir do qual se possa desenvolver

40

um planejamento estratégico e, dentro de um período razoável, melhorar a

situação atual e maximizando benefícios.

Em poucas palavras, é a atividade profissional de diagnóstico e

conseqüente formulação de soluções acerca de um assunto ou especialidade.

A seguir, poder-se-á observar a estrutura do serviço de consultoria, conceituá-

lo, bem como abordar os objetivos, as etapas e os tipos existentes segundo

alguns autores.

Neste ponto é importante salientar que para o presente trabalho,

sempre que for mencionado o processo de consultoria, estará sendo

analisando o processo de consultoria externa.

3.2.1. Conceitos de Consultoria

Dentre as muitas características relacionadas ao processo de

consultoria que se pode encontrar na bibliografia existente, cita-se como

principais e mais observadas a colaboração, independência, imparcialidade,

profissionalismo, caráter investigativo, orientação e acompanhamento.

A consultoria é um processo colaborativo, realizado a quatro mãos,

onde empresário e consultor unem esforços em busca da melhoria da

organização foco da consultoria. A responsabilidade técnica de organizar

informações e, a partir delas, estabelecer um plano de trabalho capaz de

solucionar ou minimizar os problemas é papel do consultor. Cabe ao

empresário envidar esforços no sentido de tornar viável ao consultor buscar

todos os elementos para a proposição de um trabalho, e na seqüência, deverá

o empresário disponibilizar os recursos necessários para o sucesso de sua

implantação.

Para melhor entender o conceito de consultoria, pode-se começar

avaliando a definição de Block (2001): “A consultoria em sua melhor forma é

41

um ato de amor: o desejo de ser genuinamente útil a outros. Usar o que

sabemos, ou sentimos, ou sofremos no caminho para diminuir a carga dos

outros”.

A partir desta definição ampla e holística percebe-se o caráter

relacional que envolve o trabalho de consultoria. Em todas as etapas do

processo de consultoria, faz-se necessário ao consultor utilizar, não só o

conhecimento técnico de especialista e a capacidade de exploração e

compreensão contextual de um generalista, como também manter um clima de

cooperação e interação entre os diversos atores envolvidos no processo.

Neste sentido, assume relevante importância a intencionalidade no

processo relacional que envolve a consultoria. A consultoria como “a arte de

influenciar as pessoas que nos pedem para fazê-lo” (WEINBERG, 1990), é

solicitada quando as pessoas desejam algum tipo de mudança.

Partindo destas definições, identificamos que o processo tem pelo

menos dois agentes, o consultor que irá ajudar e a empresa-cliente que

receberá ajuda.

Definindo a consultoria como “o ato de um cliente fornecer, dar e

solicitar, pedir pareceres, opiniões, estudos, a um especialista contratado para

que este auxílio apóie, oriente o trabalho administrativo”, Parreira (1997)

propõe uma categorização na qual evidência alguns aspectos da consultoria: é

uma troca; é um serviço especializado; não é um serviço caro; é um serviço

ético; é conduzir, não filosofar; é um serviço de orientação.

Para estar habilitado a ajudar, deve o consultor apresentar

conhecimentos e habilidades úteis à empresa-cliente, ao passo que a empresa

deverá estar aberta a colaboração para que as contribuições possam gerar as

mudanças necessárias.

42

Dentro desta ótica, Oliveira (2001) define consultoria empresarial

como: “[...] um processo interativo de um agente de mudança externo à

empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e

profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo,

entretanto, o controle direto da situação.”

Observamos aqui uma importante questão: o trabalho de consultoria é

um trabalho de diagnóstico, aconselhamento e orientação para a implantação

de soluções sem, no entanto, ocorrer um envolvimento na execução, pois a

partir do momento que o consultor passa a ter controle direto da situação ela

deixa de ser consultor e passa a ser um executivo da empresa-cliente.

Entretanto, salienta Oliveira (2001) mesmo não tendo o controle direto

da situação, o consultor não deve colocar-se como quem não tem

responsabilidade pelos resultados da implementação do projeto que idealizou,

estruturou e desenvolveu.

Na busca do conselho correto, a especialização é ressaltada por

Orlickas (1998) ao afirmar que consultoria “[...] de uma forma ampla, é o

fornecimento de determinada prestação de serviço, em geral por meio de

profissional muito qualificado e conhecedor do tema, provido de remuneração

por hora ou projeto, para um determinado cliente”.

Os limites de ação do consultor aparecem como questão relevante nas

definições de outros escritores.

Para Greiner e Metzger (1982, apud Quintella, 1994)

“A consultoria gerencial é um serviço de aconselhamento

contratado por organizações junto a pessoas qualificadas

e especialmente treinadas para darlhes de uma forma

objetiva e independente, a possibilidade de identificar

43

problemas gerenciais, analisar esses problemas,

encontrar e seguir soluções recomendadas pela

consultoria e, por fim, eventualmente conseguir ajuda

para implementação dessas soluções”.

A consultoria tem um caráter especialista e de apoio externo à função

executiva, visando proteger a organização da deterioração. Entende-se como

consultoria: “a venda de benefícios dos conhecimentos de um indivíduo ou de

uma firma para auxiliar o cliente a identificar necessidades, recomendar

soluções e acompanhar a implementação dessas soluções”.(Quintella, 1994).

3.2.2. Objetivos da Consultoria

Os objetivos de uma consultoria podem ser analisados sob a ótica do

consultor ou da empresa-cliente.

Em linhas gerais, pode-se afirmar que o objetivo do consultor é efetuar

um trabalho de qualidade, ajudando a empresa-cliente na solução dos

problemas enfrentados, pois esta é sua missão de vida profissional e sua

forma de sustento e manutenção no mercado. Esta simplificação faz-se

necessária para não se estender o debate em torno de outras questões

relacionadas ao consultor, pois o foco do presente trabalho é a compreensão

do processo sob a ótica da empresa-cliente.

Turner (apud Quintella, 1994) apresenta os objetivos da consultoria de

forma hierarquizada, dividindo-os em objetivos tradicionais e objetivos

adicionais. Apresenta-os em ordem crescente de relevância (objetivos

tradicionais e adicionais):

• Objetivos tradicionais: prover informações; dar a solução de um

problema; fornecer diagnóstico capaz de redefinir a

problemática; recomendar ou prescrever e Acompanhar a

implementação.

44

• Objetivos adicionais: criar acordo, suporte, consenso,

compromisso; facilitar a aprendizagem e melhorar a eficácia.

Importante salientar a abordagem qualitativa que faz Parreira (1997) ao

indicar que a consultoria tem por objetivo ser não apenas eficiente, como

também eficaz. Nesta âmbito, utiliza-se da comparação elaborada por W. J.

Reddin moldando-a para o tema:

Eficácia em Consultoria Eficiência em Consultoria

Fazer as coisas certas além de fazer de modo certo.

Produzir alternativas criativas além de resolver problemas.

Otimizar o uso de recursos além de poupar recursos.

Compreender os objetivos além de cumprir deveres.

Aumentar o lucro do cliente além de baixar os custos.

Para atender estes objetivos, deve o profissional da consultoria estar

bem preparado tanto no sentido técnico quanto no sentido de relacionamentos.

Esta preparação será objeto de considerações no decorrer do presente

trabalho.

3.2.3. Etapas da Consultoria

Na pesquisa sobre as etapas da consultoria, observa-se, que de

acordo com a formação do consultor, maior ênfase será dada à determinada

etapa ou ferramenta a utilizar no planejamento e execução do processo de

consultoria. No entanto em linhas gerais, as descrições das etapas

assemelham-se muito. A seguir, identificaremos estudos de dois autores.

45

Para Oliveira (2001), a intervenção do consultor empresarial na

empresa-cliente deve ser feita de maneira planejada, respeitando as seguintes

etapas:

• Identificação: sondagem e reconhecimento da situação da

empresa-cliente pelo consultor;

• Entrada: elaboração do contrato de trabalho; estabelecimento

das expectativas e compromissos mútuos; identificação do

sistema-alvo a trabalhar; clima e cultura organizacional, etc;

• Auditoria de posição: entrevistas e levantamentos; análise;

definição da situação e de mudanças; identificação e

equacionalização dos problemas; análise das causas

alternativas, custos, resistências, acomodações; avaliação do

potencial de mudança e identificação dos pontos fortes e fracos

do sistema-alvo;

• Planejamento: definição de estratégias e suas políticas de

sustentação; definição dos participantes e de suas

responsabilidades; detalhamento do projeto com suas

atividades, seqüências, tempo, recursos, etc;

• Ação: operacionalização do plano de trabalho estabelecido;

treinamento das pessoas envolvidas; institucionalizar a

mudança, por meio de atitudes e métodos de solução de

problemas;

• Acompanhamento e avaliação: controle de resultados; auto-

avaliação pelos usuários; avaliação pelo agente de mudança

(consultor empresarial) e estudo das necessidades de nova

auditoria de posição;

46

• Conclusão: desligamento do processo, pelo menos

temporariamente.

Quintella (1994) salienta que somente depois de discutida e aceita a

proposta e assinado o contrato pelo cliente é que o projeto de consultoria pode

ser considerado como em andamento. Em linhas gerais, divide este projeto em

três grandes fases:

• Início: primeiros contatos com o cliente; pesquisa secundária;

diagnóstico preliminar; entrevistas preliminares; planejamento

da ação e preparação da proposta; apresentação da proposta e

da equipe ao cliente; follow-up;

• Execução: diagnóstico; plano de ação (desenvolvimento de

soluções, alternativas propostas ao cliente e planos de

implementação), implementação (acompanhamento de

implementação, reajuste das propostas, treinamento);

• Fechamento: avaliação; apresentação de relatório final; acerto

dos compromissos; planos de continuidade e paralisação; saída.

3.2.4. Tipos de Consultoria

Ao analisar os tipos de consultoria, faz-se necessária uma definição

metodológica para guiar o presente trabalho. O foco do presente trabalho é a

consultoria externa, portanto, tudo que for apresentado sobre consultores e

consultoria deve-se entender como processos externos à empresa-cliente.

Na tipificação da consultoria, as abordagens variam conforme o

enfoque que o autor pretende explorar. Os diversos enfoques consideram: a

natureza do serviço a ser executado, analisado como um conjunto de

47

diferentes etapas e métodos; o modelo de intervenção a ser adotado; a forma

como o profissional atua; a estrutura e amplitude da consultoria; etc.

Nesta pesquisa iremos citar apenas duas classificações: quanto à

natureza do serviço e quanto à estrutura.

Como exemplo de uma classificação levando em consideração a

natureza do serviço a ser executado, Kurb (1986) propõe os seguintes

serviços:

• Diagnóstico empresarial: O consultor pesquisa os recursos da

organização, seus resultados, as políticas e padrões de

administração, para definir suas forças e fraquezas e identificar

problemas-chave que impactam no desempenho do negócio;

• Pesquisas e estudos especiais: O consultor atua focado em

assunto de importância para a organização cliente, sendo que

ao encerrar o trabalho, submete um relatório final, discutindo-o

com o cliente;

• Elaboração de soluções para problemas específicos: Neste

serviço, o cliente necessita mais que um diagnóstico, precisa de

soluções para problemas específicos. O trabalho estará

concluído quando o cliente entender que recebeu uma solução

adequada para seu problema;

• Assistência na implementação: após o diagnóstico e a

elaboração da solução, a empresa-cliente pode precisar de

apoio na implantação. Pode envolver seleção e treinamento de

pessoal, ajudando o administrador a mobilizar as pessoas em

direção aos resultados esperados;

48

• Aconselhamento: o consultor atua no sentido estrito da palavra:

respondendo a perguntas quando solicitando. Deve cuidar, no

entanto, para não passar para o papel de árbitro. A decisão

caberá ao cliente.

Justificando a complexidade da definição dos diferentes tipos de

consultoria, devido à proliferação de empresas de consultoria, bem como a

elevada amplitude de atuação e serviços oferecidos, Oliveira (2001), apresenta

sua tipificação da consultoria, dividida quanto à estrutura e amplitude.

Quanto à estrutura:

• Consultoria de pacote: é realizada às empresas-cliente por meio

da transferência de fortes estruturas de metodologias e de

técnicas administrativas, sem preocupação da otimizada

adequação à realidade da empresa-cliente;

• Consultoria artesanal: procura atender às necessidades da

empresa-cliente por meio de um projeto baseado em

metodologias e técnicas administrativas especificamente

estruturadas para a referida empresa-cliente, tendo, entretanto

sustentação de outras abordagens e modelos aplicados em

outras empresas.

Quanto à amplitude:

• Consultoria especializada: é a que atua em um ou poucos

assuntos dentro de uma área de conhecimento;

• Consultoria total: é a que atua praticamente em todas as

atividades da empresa-cliente. O autor chama a atenção para a

utilização de uma consultoria total integrada, pois esta variante

49

atua, de forma integrada e interativa, em praticamente todas as

atividades da empresa-cliente. É uma forma de tornar a

consultoria total mais eficaz, pois proporciona sinergia entre os

diversos trabalhos de consultoria, bem como, os diversos

sistemas da empresa-cliente;

• Consultoria global ou globalizada: é a que consolida serviços em

empresas globalizadas e que atua em diferentes países.

3.2.5. O Consultor

Oliveira (2001) define o consultor empresarial como “o agente de

mudanças externo à empresa-cliente que assume a responsabilidade de

auxiliar seus executivos e profissionais no processo decisório, não tendo,

entretanto, o controle direto da situação”.

Ao avaliar a questão da vocação do consultor, considerando a vocação

como escolha, tendência, inclinação e predileção, mas também pendor e

talento, propõe que a sustentação da vocação de consultor deve ser efetuada

por um tripé:

• A integridade que o profissional para atuar como consultor;

• O valor que o profissional da consultoria proporciona para a

empresa-cliente;

• A felicidade que o consultor tem e expressa por sua atuação

profissional.

Vale aqui uma advertência quanto à figura do contratante dos serviços

do consultor. Tão importante quanto a competência de quem dá a consultoria,

ou aconselhamento, é a condição de quem contrata os serviços. Oliveira

(2001) traz uma provocação ao citar o pensamento de Nicolau Maquiavel no

50

célebre livro O príncipe, obra escrita há quase cinco séculos: “Aqui está uma

regra infalível: um príncipe que não tem sabedoria não pode ser sabiamente

aconselhado. Um bom conselho depende da astúcia do príncipe que o procura,

e não é a astúcia do príncipe que depende de bons conselhos.”.

Outra questão relevante neste momento da análise, é lembrada por

Block (2001) ao propor distinções entre o consultor e o gerente:

“[...] o consultor é uma pessoa que está em posição de

exercer alguma influência sobre um indivíduo, grupo ou

organização, mas não tem poder direto para produzir

mudanças ou programas de implementação. O gerente é

alguém que tem controle direto sobre a ação. No

momento em que você assume o controle direto, está

agindo como gerente.”

O autor chama a atenção para o fato de que muito da imagem

desfavorável associada à figura do consultor vem da atitude de alguns

profissionais, que se apresentam como consultores, agindo, no entanto, como

gerentes.

Por outro lado, dentro da organização há diversas pessoas que tem

funções de staff e que atuam como verdadeiros consultores, planejando,

recomendando, assistindo ou aconselhando os gestores sobre os mais

diversos assuntos.

Conforme já definido, para o presente trabalho, ao mencionar-se a

consultoria está considerando-se o processo de aconselhamento de um agente

externo, habilitado e com atuação por tempo determinado.

51

Sintetizando as características de um consultor, podemos relacionar,

segundo Kinard, (1994 apud Barcus & Wilkinson, 1994) as seguintes

classificações:

• Possuem uma grande variedade de habilidades e qualidades,

sendo que a aquisição destas requer uma extensiva educação,

treinamento e/ou experiência;

• Fornecem serviços baseados em pró-eficiência técnica, as

quais, por sua vez, estão concentradas em um corpo de

conhecimento apropriado;

• São suportados por um código de ética e padrões na prática de

serviços aos seus clientes e nas relações com o público e

concorrência;

• Estabelecem honorários que são fixos de acordo com a

quantidade e tipo de trabalho a ser realizado.

Complementando a lista acima, é importante ressaltar que alguns

profissionais que são empregados das grandes empresas de auditoria devem

possuir certificações ou ser afiliados a conselhos regulados pelo governo.

Para melhor entender o papel do consultor, apresenta-se a visão de

Pereira (1999) sobre o que vem a ser “papel” numa ciência comportamental: “O

conceito de papel, nas ciências comportamentais, expressa o desempenho de

alguém relacionado a uma determinada posição, considerando sob o ponto de

vista de terceiros.”

Analisado sob a ótica de quem contrata a consultoria, deve o

profissional contratado apresentar uma habilidade de interagir em diferentes

52

situações, sendo que para cada uma delas, poderá ser necessário assumir um

papel diferenciado.

Lembrando que a idéia de um comportamento ideal na atuação do

consultor está atualmente descartada, pois seu estilo de atuação é

emergencial e depende do contexto, Pereira (1999) afirma que o consultor

pode atuar orientado para a tarefa ou para o processo, para o produto ou para

as pessoas, ter uma atuação mais diretiva ou democrática, dependendo de

vários fatores: natureza do problema; modelo de intervenção adotado; tempo;

recursos disponíveis; grau de motivação e competência das pessoas

envolvidas e também da personalidade do consultor. Sintetiza a autora,

dizendo que o consultor funciona principalmente como um recurso técnico da

tarefa, ou como um facilitador.

Kuczmarski (apud Quintella,1994) numa abordagem próxima da

psicologia, define as funções da consultoria como:

1. Ajudar as pessoas a resolver problemas que as impeçam de

atingir objetivos;

2. Conseguir que as pessoas façam as coisas acontecer;

3. Dar às pessoas novas perspectivas ou enfoques a seus

problemas;

4. Criar as condições para que ocorram mudanças;

5. Auxiliar as pessoas a se ajudarem.

Este entendimento é fundamental para que o consultor possa decidir

se determinado trabalho pode ser aceito, pois os papéis que lhes serão

exigidos devem ser considerados a priori para saber se terá condições de

53

desenvolver a consultoria de forma satisfatória. Sem uma identificação a priori

com o objetivo da consultoria, dificilmente poderá chegar a um bom trabalho,

pois durante o processo, muitas variáveis aparecerão e forçarão o consultor a

usar de toda sua capacidade de assumir estes diversos papéis.

3.2.5.1. Consultor Interno x Consultor Externo

Como já observado, a consultoria pode ser prestada em qualquer área

de conhecimento por pessoa ou pessoas detentoras desse conhecimento. As

consultorias mais comuns são as decorrentes de profissões regulamentadas,

tais como jurídicas, empresariais, econômicas, mas não exclusivamente, já que

outras atividades têm revelado especialistas em assuntos não vinculados a

profissões regulamentadas.

O profissional consultor pode estar ou não vinculado a uma

organização específica. O consultor que se dedica totalmente a uma

organização é chamado Consultor Interno (normalmente empregado desta), e

aquele que presta serviços ocasionais é chamado Consultor Externo (ou

Autônomo).

Até agora, apenas o Consultor externo foi considerado nesta pesquisa.

O consultor externo é autônomo. Geralmente trabalha em equipe com outros

consultores de outras especialidades em uma empresa de consultoria com

denominação "Consultores Associados". O consultor externo possui maior

experiência prática que o interno, por estar sempre em atividade em empresas

diferentes, com problemas diferentes. Por esse mesmo motivo, o consultor

externo pode trabalhar com maior imparcialidade, tendo dos altos escalões da

empresa uma maior confiança. O consultor externo, ao contrário do interno,

pode correr maiores riscos. (Wikipédia, 2007)

Mas também existem desvantagens: o consultor externo possui menor

conhecimento dos atalhos organizacionais, pois normalmente não está

54

presente diariamente na empresa-cliente. Tem menor acesso a pessoas e

grupos de interesse, além de possuir somente um relativo "poder formal".

Muitas vezes as empresas possuem ambos os tipos de consultoria

operando ao mesmo tempo. O consultor interno não vem em substituição ao

externo, mas sim em complementação. O consultor interno servirá como apoio

e ponto focal dos projetos de consultoria, inclusive para minimizar as

desvantagens das duas condições isoladamente.

O consultor externo é autônomo. Geralmente trabalha em equipe com

outros consultores de outras especialidades em uma empresa de consultoria

com denominação "Consultores Associados". O consultor externo possui maior

experiência prática que o interno, por estar sempre em atividade em empresas

diferentes, com problemas diferentes. Por esse mesmo motivo, o consultor

externo pode trabalhar com maior imparcialidade, tendo dos altos escalões da

empresa uma maior confiança. O consultor externo, ao contrário do interno,

pode correr maiores riscos.

Mas também existem desvantagens: o consultor externo possui menor

conhecimento dos atalhos organizacionais, pois normalmente não está

presente diariamente na empresa-cliente. Tem menor acesso a pessoas e

grupos de interesse, além de possuir somente um relativo "poder formal".

Muitas vezes as empresas possuem ambos os tipos de consultoria

operando ao mesmo tempo. O consultor interno não vem em substituição ao

externo, mas sim em complementação. O consultor interno servirá como apoio

e ponto focal dos projetos de consultoria, inclusive para minimizar as

desvantagens das duas condições isoladamente.

Já o consultor interno normalmente é um funcionário da empresa-

cliente. Faz parte da estrutura organizacional e está inserido em sua cultura e

valores. Possui vantagens por estar diariamente em contato com os

55

procedimentos internos, possuir maior conhecimento dos aspectos informais

(os chamados atalhos organizacionais), possuir maior acesso a pessoas e

grupos de interesse, além de participar da avaliação e do controle do processo

inerente ao trabalho. Por último, o consultor interno possui um certo poder

informal que pode facilitar seu trabalho.

Por outro lado, o consultor interno carece de atualização prática. Seus

conhecimentos são adquiridos de maneira teórica, por este não ter

oportunidade de aplicar esses novos conhecimentos em diferentes casos e

empresas. Por esse mesmo motivo, o consultor interno geralmente possui

menos experiência que o consultor autônomo. Dentro da empresa, suas idéias

geralmente tem menor aceitação nos altos escalões da empresa ("santo de

casa não faz milagre") e, por normalmente ter vínculo empregatício com o

cliente, possuem menor liberdade para dizer e fazer as coisas. (Wikipédia,

2007)

Orlickas (1998), levando em consideração a forma como o profissional

da consultoria estrutura sua própria empresa e apresenta sua proposta de

trabalho, sugere mais tipos de consultores além dos supracitados:

• Consultor organizacional: segundo o Código de Ética do

Consultor de Organização, “entende-se por Consultor de

Organização (CO) a atividade que visa a investigação,

identificação, estudo e solução de problemas gerais ou parciais,

atinentes à estrutura, ao funcionamento e à administração de

empresas e entidades privadas ou estatais”.

• Consultor associado: vários profissionais da consultoria formam

parcerias para poder atuar em diversas áreas, nas quais não

tem necessariamente experiência. É chamado especificamente

para atuar no projeto e ao término dele o contrato está

automaticamente desfeito;

56

• Consultor exclusivo/particular: para atuar neste segmento,

exige-se uma grande experiência, de forma a proporcionar a

segurança a quem está contratando seus serviços. Este

profissional normalmente é oriundo de grandes organizações,

com larga experiência profissional.

3.3. A Empresa de Consultoria Empresarial

Para compreender o que são as empresas de consultoria empresarial

(ou de gestão), é fundamental que o termo consultoria seja definido em um

escopo mais amplo, no sentido de se fazer a dissecação necessária e delimitar

a atuação de consultores empresariais, assim como analisado no presente

trabalho.

Assim, existem diversas definições sobre as empresas de consultoria e

sobre o papel dos consultores. Kurpius & Fuqua (1993), acadêmicos da área

de psicologia que estudam o papel do aconselhamento no desenvolvimento de

pessoas e organizações, realizaram um estudo com outros especialistas de

diversas áreas para definir o termo. Apesar dos diferentes backgrounds dos

entrevistados, as respostas foram bem similares, enfatizando que as empresas

consultoras auxiliam seus aconselhados a pensarem nos seus problemas

imediatos como sendo parte de um sistema maior e não somente a entender

como os problemas são resolvidos, mas também como eles se desenvolveram,

se mantiveram ou como foram evitados.

Os resultados da pesquisa demonstram, portanto, uma grande

complexidade na atividade de consultoria. A atuação das empresas de

consultoria empresarial deve, assim, ser adaptada à situação do cliente. Dessa

forma, a conclusão a que se chega é a de que os próprios consultores definem

suas atividades de acordo com seus objetivos, experiências passadas,

57

antecedentes educacionais e modelos conceituais de que se utilizam (Kurpius

& Fuqua, 1993)

Rebolças de Oliveira (2004) oferece uma definição bem completa

sobre o conceito de consultoria empresarial. Segundo o autor, trata-se de um

processo interativo de um agente de mudanças externo à empresa, o qual

assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais da referida

empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o controle direto da

situação.

Para facilitar a compreensão do conceito supracitado, detalhemos

cada uma de suas partes:

• processo interativo: é o conjunto de atividades seqüenciais que

desenvolvem ações recíprocas, lógicas e evolutivas, visando

atender e, preferencialmente, suplantar as expectativas e

necessidades dos clientes;

• agente de mudanças externo: é o profissional capaz de

desenvolver comportamentos, atitudes e processos que

possibilitem à empresa transacionar de maneira pró-ativa e

interativa com os diversos fatores do ambiente empresarial. Por

ser externo, ele não só está fora do sistema considerado, mas

também da empresa como um todo, sendo contratado por um

período pré-determinado, para consolidar um projeto ou auxiliar

a empresa na resolução de um problema ou na mudança de

uma situação;

• responsabilidade de auxiliar as pessoas: o consultor de atuar

como parceiro dos executivos e profissionais da empresa,

proporcionando metodologias, técnicas e processos que

determinem a sustentação para os executivos tomarem suas

58

decisões com qualidade. Nesse sentido, não é esperado que o

consultor conheça o negócio da empresa em sua plenitude, pois

isto, é uma prerrogativa dos executivos contratantes;

• tomada de decisões: os consultores devem, trabalhando ao

longo de todo o processo decisório, auxiliar os executivos a

fazerem as escolhas corretas entre os vários caminhos

alternativos que levam a determinado resultado. Porém, são os

executivos quem possuem a palavra final, sendo que não cabe

aos consultores tomar as decisões, mas apenas fazer análises

que suportem tais escolhas.

• não tem controle direto da situação: no momento em que o

consultor passa a ter o controle direto da situação

correlacionada ao problema que gerou a necessidade da

contratação da consultoria, ele deixa de ser um consultor e

passa a ser um executivo da empresa-cliente. No

desenvolvimento de um projeto de consultoria, a empresa de

consultoria empresarial é responsável por sua totalidade, pois a

mesmo está baseado em metodologias e tácnicas, para as

quais foi contratada. No entanto, na implementação de um

projeto de consultoria, o executivo da empresa-cliente é

responsável por sua totalidade, sendo que, neste caso, esta

totalidade corresponde aos resultados efetivos apresentados

pelo projeto de consultoria realizado pelo consultor externo.

Nesse sentido, embora o consultor não tenha o controle direto

da situação, ele não deve colocar-se como profissionais que não

tem responsabilidade pelos resultados da implementação do

projeto idealizado, estruturado e desenvolvido sob sua

responsabilidade.

59

De maneira sucinta e genérica, portanto, consultores podem ser

definidos como sendo pessoas contratadas para ajudar a empresa-cliente a

reduzir a diferença entre a situação atual e a situação desejada.

3.4. Consultoria no Brasil

O Brasil é um importante centro para as empresas de consultoria de

gestão. A grande maioria das principais consultorias do mundo possui

escritórios no país, sendo que muitos deles são responsáveis não apenas pelo

país, como também por toda a região da América do Sul.

Embora existam algumas publicações sobre este setor e da sua

importância para a economia brasileira, não existem estatísticas oficiais do

governo e, como afirma Rocha (apud. Curnow & Reuvid, 2003), a maioria dos

dados disponíveis não são totalmente confiáveis. A coleta de informações

sobre esse setor e as empresas que o compõem é extremamente difícil, fato

que aumenta ainda mais a relevância de qualquer estudo dobre o tema.

Donadone (2001) buscou identificar os principais núcleos e influências

do setor para construir uma cartografia do espaço de consultoria brasileiro.

Nesse estudo, o autor identificou três grande pólos em que as consultorias

atuantes no mercado brasileiro podem ser divididas: multinacionais, brasileiras

e universitárias.

Kuntz (2004) afirma que, no Brasil, os clientes também estão mais

conscientes e seletivos, sendo consultores ruins não estão conseguindo

vender seus serviços. Assim, apesar de existirem milhares de consultores

autônomos e empresas pequenas atuando no mercado local, pode-se afirmar

que o mercado não está saturado e que ainda existe lugar para profissionais

qualificados. O grande problema de existência de pessoas não apropriadas

exercendo a função é que leva boa parte do mercado a nivelar por baixo os

60

preços dos serviços. Segundo a autora, esta concorrência desleal emperra o

desenvolvimento do setor de consultoria no Brasil.

Segundo Rocha (apud. Curnow & Reuvid, 2003), durante os últimos

anos da década de 90, o setor de consultoria empresarial obteve expressivo

crescimento, atingindo a taxa de 17% entre 1999 e 2000. Três fatores explicam

o crescimento: a tendência de terceirização; a necessidade de melhorar a

performance das atividades para se adequar à nova realidade competitiva do

ambiente globalizado; o processo de privatização de empresas públicas, o qual

trouxe novas consultorias, na maioria européias, para atuarem no Brasil.

Um último ponto de destaque para a atuação de consultoria

empresarial no Brasil é relativo às especificidades da legislação e da cultura

dos negócios. Enquanto nos mercados centrais, as consultorias possuem um

mix pequeno de serviços que atende à demanda de grande parte das

empresas, no Brasil, e na América Latina como um todo, existem grandes

variações de leis e impostos (nos diferentes níveis do governo) que requerem

um mix muito mais completo e específico de habilidades, conhecimentos e

experiências passadas para capacitar as empresas a atender corretamente as

necessidades dos clientes (Management Consultant International, 2003). Um

exemplo disso é a desistência da Cap Gemini, uma das grandes empresas do

setor em termos globais, de adquirir a prática de consultoria da Ernest & Young

do Brasil, assim como fez no restante do mundo, por não se adaptar à

legislação e cultura de negócios do Brasil.

61

CAPÍTULO IV

O MARKETING DE RELACIONAMENTO EM UMA

EMPRESA DE CONSULTORIA EMPRESARIAL

"O paradigma mudou. Produtos vêm e vão.

A unidade de valores, hoje, é o relacionamento com o cliente."

Bob Wayland

Os autores estudados, de uma maneira geral, entendem que, num

mundo onde a concorrência é intensa, ter uma estratégia é a única forma de

garantir uma posição diferenciada, a qual permitirá enfrentar o mercado com

certo nivelamento.

Qualquer empresa sem estratégia corre o risco de se perder e ficar

sem rumo, de forma a seguir somente os caprichos de seus clientes, perdendo

assim a oportunidade de firmar-se de forma sólida e diferenciada perante os

concorrentes.

O marketing de relacionamento surge como uma alternativa para

sustentar e/ou melhorar a vantagem competitiva, pois permeia e monitora cada

elo da cadeia de valor, transformando a maneira como cada atividade é

desenvolvida e alterando a própria natureza da conexão entre cada uma das

atividades e entre cada uma das outras cadeias.

Principalmente no que diz respeito ao mercado das empresas de

consultoria empresarial, onde o contato entre profissional-empresa é intenso e

constante, considera-se viável criar valor para o cliente, diferenciando-se da

concorrência e estabelecendo vantagem competitiva sustentável, ao se

estabelecer uma filosofia de administração que esteja fundamentada em um

62

relacionamento profundo e duradouro com os clientes atuais, os clientes em

potencial, fornecedores e todos os intermediários.

4.1. – O Marketing de Relacionamento

Marketing de Relacionamento é como a empresa encontra, conhece,

mantém e garante ao seu cliente, que ele obtenha o que deseja e que lhe foi

prometido em todos os aspectos do negócio (Bretzke, 2000, p. 29).

Nos mercados industriais, a maior parte do relacionamento entre as

empresas e seus clientes desenvolve-se por etapas, durante as quais os

clientes experimentam amostras ou testam diferentes produtos e muitas vezes

alternam entre um e outro fornecedor ou compram de várias empresas.

Com a ampliação do uso da tecnologia, mesmo as empresas com boa

orientação para o marketing, a utilizavam mais para obtenção da economia de

escala e redução de custos. Passaram a utilizá-la também para melhorar o

relacionamento a um custo menor e para aumentar a rentabilidade

proporcionada pelos clientes individualmente. A tecnologia da informação

compreende a coleta, processamento, armazenamento, apresentação e

transmissão da informação através de computadores, telecomunicações, redes

de informações, Internet, fax, telefone celular e outras formas de comunicação

pessoal e de massa.

Mas como a tecnologia por si só não traz soluções que atendam e

mantenham clientes, cabe à empresa industrial desenvolver uma estratégia de

relacionamento que efetivamente satisfaça aos clientes e traga lucratividade. A

integração entre marketing e tecnologia da informação mudou a forma das

empresas industriais fazerem negócios, passando a orientar a estratégia

administrativa para um processo decisório centrado no cliente.

63

4.1.2. A Evolução dos Conceitos de Marketing de Relacionamento

Seria impossível recapitular o que foi apresentado no marketing de

relacionamento nas publicações cada vez mais numerosas e nos websites. É

especialmente difícil separar o joio do trigo, ao analisar materiais elaborados

por consultores de CRM, resultados de pesquisas apresentadas em

conferências acadêmicas, histórias de sucesso e de fracasso de empresas e

notícias na mídia.

Um dos primeiros autores a escrever algo, apontando as preocupações

com o pós-venda e a necessidade de administrar os relacionamentos com

clientes foi Theodore Levitt, em 1983, na Harvard Business Review. Para o

autor, o conceito de marketing inclui planejar e fornecer produtos ampliados,

tendo em mente todas as necessidades, desejos e atitudes dos compradores.

Berry (1983), no âmbito do marketing de serviços, explica que sua

preocupação é a retenção de clientes, a alocação de recursos para mantê-los

e fortalecer os relacionamentos, e não somente atrair novos clientes.

A definição de Jackson (1985) envolve cliente BtoB e contas

individuais, visando levar o fornecedor do BtoB a escolher melhor a estratégia

para cada cliente individual em cada situação específica de relacionamento ou

de transação.

Vavra (1993) criou o conceito de pós-marketing, ou aftermarketing,

com o objetivo de construir relacionamentos duradouros com os clientes. O

autor considera necessária uma evolução da função de marketing, definindo o

marketing de relacionamento como um processo de proporcionar satisfação

contínua e reforço aos individuais ou organizações-clientes.

Já Peppers e Rpgers (1993) propões o conceito de marketing

individual, ou marketing one-to-one, como uma nova forma de pensar em

64

marketing, não mais voltada para a massa, mas apontando a importância da

construção de relacionamentos individuais com cada cliente.

Porter (1993) apud Gummmesson (2005), inclui a importância da

recompensa para ambas as partes. Seguindo a mesma linha, McKenna (1993)

inclui aspectos de longo prazo.

Morgan e Hunt (1994) discutem a questão da troca mútua e promessas

cumpridas. Sheth e Parcatiyar (1995) resgatam as origens de relacionamento e

sua aplicação.

A empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers (1999) destaca a

importância dos processos e sistemas para a construção de relacionamentos

de longo prazo.

Grönroos (2000) entende que o marketing de relacionamento é mais

adequado como uma teoria de marketing geral do que o gerenciamento

tradicional feito pelo composto de marketing. Sua definição engloba os

relacionamentos com muitos stakeholders e não exclui o governo e os setores

voluntários sem fins lucrativos.

A própria AMA reviu a definição de marketing, em agosto de 2004,

incluindo a criação, comunicação e entrega de valor para os clientes, bem

como o gerenciamento das relações com os clientes e os públicos de

interesse, mostrando a consolidação da importância do marketing de

relacionamento.

Quanto ao CRM, Gummesson (2005) enfatiza-o como uma aplicação

prática do marketing de Relacionamento. Para os consultores da

PricewaterhouseCoopers, o CRM é sustentado por processos e sistemas. O

CRM incorpora o papel da Internet.

65

Podemos concluir que o Marketing de Relacionamento é um

instrumento de gestão, baseado na orientação para o mercado, que busca

estabelecer um relacionamento profundo e duradouro com os públicos de

interesse, como forma de obter vantagem competitiva sustentável.

Tal definição reúne vários aspectos apontados pelos autores, como a

criação de relacionamento profundo e duradouro com os clientes, além de ser

mais completa, por envolver além dos clientes, colaboradores, acionistas,

fornecedores, intermediários e todos os públicos de interesse para obter

vantagem competitiva sustentável. Assim, será nossa referência conceitual

neste estudo.

4.1.3. Objetivos e Estratégias

Para Lindgreen (2001), a literatura sobre marketing de relacionamento

é ampla e continua em expansão. O autor ressalta que as publicações na área

se preocupam mais com a implantação do que com a mudança filosófica e

cultural que o marketing representa. Com o objetivo de promover pesquisas

empíricas, ele desenvolveu um modelo analítico, com base em extensa revisão

teórica, que busca facilitar as disciplinas relativas ao marketing de

relacionamento.

O modelo compreende os objetivos, as dimensões e os instrumentos

do marketing de relacionamento:

• Objetivos: satisfação dos clientes, prazer dos clientes,

participação no cliente, retenção de clientes e lealdade.

• Definição das dimensões: confiança, comprometimento,

cooperação, interdependência, valores compartilhados, gestão

de conflitos, poder.

66

• Instrumentos: marketing direto, database, gerência de

qualidade, marketing de serviços, parcerias com clientes,

diversas disciplinas de marketing.z

O marketing de relacionamento tem buscado alcançar maior satisfação

dos clientes e aumentar o prazer dos mesmos. Aumentar a participação no

volume que os clientes compram dos produtos da empresa, bem como sua

retenção e lealdade.

O foco está na construção de relações e laços entre a organização e

seus clientes, no sentido de melhorar o nível de feedback e,

conseqüentemente, elevar o nível de lealdade e fidelidade.

A retenção de clientes é, essencialmente uma medida da repetição de

um comportamento de compra. Existem muitos motivos pelos quais os clientes

retornam. Mesmo quando a empresa deixa de proporcionar um alto nível de

satisfação, os clientes podem não ter escolha ou opção melhor. Reichheld e

Sasser (1990) mostram que os clientes se tornam mais lucrativos com o tempo

e o valor ganho por empresas, que operam em diferentes mercados, ao

diminuir sua perda de clientes em 5%, pode chegar a 85%.

A lealdade do cliente está associada ao modo como se sente em

relação à empresa. A Lancôme Cosméticos criou um cartão de fidelidade

exclusivo "Rendez-vous" e descobriu que, após o programa, os clientes gastam

13,5% a mais do que antes de serem membros. (Hooley, 2005)

Para mostrar como os cliente evoluem em relação a sua lealdade com

a empresa, Gordon (1999) apresenta uma escala na qual os clientes começam

como prospects (potenciais) e evoluem para experimentadores, compradores,

clientes eventuais, clientes regulares e, finalmente, se tornam defensores. Em

paralelo a essa escala, avalia-se a evolução do cliente no processo de compra:

67

Consciência, interesse, avaliação, adoção e, finalmente, compromisso (cliente

defensor).

Uma importante vertente do planejamento de marketing tem como

base o conceito de marketing de relacionamento. É a tentativa da organização

de desenvolver ligações a longo prazo com seus clientes, que sejam efetivas

em termos de custos, com vistas à consecução de benefícios mútuos.

Boas relações com os clientes podem ser armas estratégicas vitais

para a empresa. Identificando seus clientes atuais e mantendo com eles

relações estreitas, é possível concentrar a atenção nos melhores. Tecnologias

de informação, como banco de dados informatizado, podem tornar efetivo o

marketing de relacionamento.

Os gerentes de marketing podem manter bancos de dados sobre o

perfil de seus clientes atuais com informações sobre suas preferências, estilo

de vida e poder aquisitivo, por meio das quais poderão obter outros nomes e

informações sobre novas perspectivas de negócios (Borgman, 2000).

4.1.4. O CRM (Customer Relationship Management)

O desenvolvimento do foco em clientes, pouco a pouco, vem

crescendo nas empresas brasileiras, contribuindo para que o CRM seja

classificado como uma tendência para o mercado nacional (TRONCHIN,

2002). Segundo Cardoso, Filho e Gonçalves (2003), o CRM é fruto de um

complexo desenvolvimento, que envolve diversas áreas de uma empresa, as

quais se relacionam fortemente tornando-se mutuamente dependentes. O

desenvolvimento da Tecnologia da Informação tem exercido influência

impulsionadora no processo de implantação do CRM. Entretanto, não apenas

a Tecnologia da Informação tem contribuído, mas também o Marketing:

68

"[...] exerce um papel importante, pois encontra-se em

posição estratégica atuando em um orbital que

compreende a Tecnologia da Informação, as

Organizações, e a Sociedade, consolidando experiências

(2003, p.1)."

Dessa forma, Bretzke (2000, p.29) afirma que CRM representa “a

integração entre o marketing de relacionamento e a tecnologia da informação”.

Para Pedron e Damacena (2004), o CRM está baseado no Marketing de

Relacionamento, que contribuí como visão conceitual e filosófica, e na

Tecnologia da Informação, que provê recursos viabilizadores para a estratégia

adotada.

Serra (2002) afirma que CRM, de uma forma mais ampla, engloba

conceitos, métricas, processos, soluções, gestão de canais, estratégias e

ferramentas das áreas de marketing, vendas e serviços. Para o autor, a

integração e padronização desse ferramental contribuirão para que os clientes

se tornem leais à marca, serviço e/ou produto oferecido pela empresa. Para

Martinelli (2003), CRM pode ser conceituado como a filosofia estratégica de

relacionamento com os clientes, sendo composta da integração do Marketing

de Relacionamento e da Tecnologia da Informação.

4.1.4.1. CRM X Tecnologia da Informação

O CRM é uma estratégia de negócio voltada ao atendimento e à

antecipação das necessidades dos clientes atuais e potenciais. Ainda de

acordo com essa definição, do ponto de vista tecnológico, o CRM envolve a

captura dos dados dos clientes ao longo de toda a empresa, a consolidação

em um banco de dados central, a análise e distribuição dos resultados da

análise para todos os pontos de contato, utilizando as informações ao interagir

com os clientes por meio de qualquer ponto de contato com a empresa.

(Martinelli, 2003)

69

Segundo Kalakota e Robinson apud Cardoso, Filho e Gonçalves

(2003), CRM é constituído de uma combinação de processos de negócio e de

tecnologia, visando entender os clientes por meio de várias perspectivas, tais

como: quem são eles, o que eles fazem, do que eles gostam. Para Tronchin

(2000), o CRM tem como objetivo atender o maior número de necessidades de

um grupo de clientes, dito de maior valor e maior potencial. Portanto, para que

isso possa ser atingido, Peppers and Rogers (2004) descrevem que à toda

iniciativa de CRM quatro elementos básicos devem estar presentes: Identificar

os clientes, Diferenciar os de maior valor e maior potencial, Interagir para

conhecer suas necessidades e Personalizar produtos e serviços buscando a

fidelidade deles.

Serra (2002) afirma que os principais objetivos das empresas que

optam pelo CRM são: adquirir, reter e aumentar a lucratividade por cliente. O

autor descreve que esses objetivos só poderão ser atingidos se a empresa

identificar seus clientes, reunindo informações adequadas para prever seu

comportamento; diferenciar, separando quais clientes podem ser bons para um

produto e quais podem ser bons para outro produto; personalizar e

automatizar, de forma que o cliente saiba como e quando utilizar os produtos e

serviços da empresa, tornando mais fácil a fidelização deles.

Segundo Peppers and Rogers (2004), a maioria das empresas

progride incrementalmente em relação ao cliente, iniciando com projetos que

podem ser categorizados como pertencentes a um ou a mais entre os quatro

elementos descritos anteriormente. Projetos esses, que segundo Martinelli

(2003), definem a abrangência do CRM. Para o autor, essa abrangência está

compreendida nas seguintes operações:

• Suporte à vendas: com recursos de integração de canais de

vendas, configuradores de pedidos e gerenciador de

oportunidades;

70

• Suporte ao serviço pós-vendas a clientes: com recursos de Call

Center e Serviço de Atendimento a Clientes (SAC);

• Suporte ao marketing: com recursos de gerenciamento de

campanhas, segmentação e posicionamento de clientes,

avaliação de valor do cliente, satisfação de clientes e banco de

dados detalhado de informações de clientes.

Assim, para que a empresa mantenha seus esforços focados no

relacionamento saudável com seus clientes, o CRM não pode existir sem a

integração, entre estratégia de negócio e entre tecnologia. Portanto, o CRM

pode ser visto como uma estratégia de gestão empresarial, pois tem foco no

cliente, enquanto outra estratégia poderia focar-se no produto. Mas, devido a

demanda de armazenamento de informações, análise sobre esses dados e

melhoria nos pontos de contato com clientes, a Tecnologia da Informação

encontra espaço no CRM, provendo ferramentas que permitem viabilizar a

estratégia.

4.1.4.2. O Banco de Dados

Um banco de dados é uma coleção lógica e coerente de dados

relacionados e que possuem um significado implícito. Ele é projetado,

construído e preenchido para um propósito específico, sendo direcionado para

um grupo definido de usuários que, por sua vez, possui um conjunto

preestabelecido de aplicações para os dados em questão.

Um Banco de Dados (ou data warehouse) é um sistema de

computação utilizado para armazenar informações relativas às atividades de

uma organização em bancos de dados, de forma consolidada. O desenho da

base de dados favorece os relatórios, a análise de grandes volumes de dados

71

e a obtenção de informações estratégicas que podem facilitar a tomada de

decisão.

O Banco de Dados possibilita a análise de grandes volumes de dados,

coletados dos sistemas transacionais. São as chamadas séries históricas que

possibilitam uma melhor análise de eventos passados, oferecendo suporte às

tomadas de decisões presentes e a previsão de eventos futuros. Por definição,

os dados em um data warehouse não são voláteis, ou seja, eles não mudam,

salvo quando é necessário fazer correções de dados previamente carregados.

Os dados estão disponíveis somente para leitura e não podem ser alterados.

Segundo Terry Vavra (1996), o banco de dados de clientes é o

segundo fator mais importante para a prestação da maioria dos serviços

financeiros. O autor afirma ainda que, apesar de estarem familiarizadas com

esta tecnologia, poucas empresas de serviços financeiros têm explorado

verdadeiramente o potencial de marketing de um banco de dados de clientes

em seus negócios. Também, no setor de bens de consumo ainda são poucas

as empresas que não têm, pelo menos, considerado a possibilidade de instituir

um banco de dados de clientes.

Em um mercado em que informações caminham tão rapidamente,

principalmente agora, nesta mudança de século, o sucesso das empresas não

dependerá apenas da extensão pela qual elas coletam informações sobre seus

clientes atuais, mas também da forma que usam as informações coletadas.

Vavra identifica um grande potencial no banco de dados de clientes.

Os concorrentes podem aumentar os gastos em propaganda, reduzir os preços

e intensificar a distribuição, mas se uma empresa estabeleceu forte

relacionamento com seus clientes atuais com base em um banco de dados, é

improvável que ela se torne vulnerável a curto prazo.

72

"Reputação é um ativo que o concorrente não pode minar

ou destruir." (Marshall, apud Vavra, 1990).

Vavra defende que "a maioria das empresas tem numerosas

oportunidades à mão para coletar informações de seus clientes sem instituir

estudos especiais e sem comprar bancos de dados caros. Qualquer interação

com seus clientes pode ser uma oportunidade para coletar informações. A

organização típica de marketing tem incontáveis oportunidades para responder

às perguntas de seus clientes".

O database marketing, ou marketing fundamentado em banco de

dados, tem como ferramenta essencial um conjunto organizado de dados

abrangentes sobre clientes ativos, potenciais ou prováveis. Esse conjunto é

atual, acessível e acionável para propósitos de marketing, como geração e

qualificação de interessados, venda de um produto ou serviço ou manutenção

de relacionamento.

O marketing com banco de dados usa tecnologia específica e técnicas

analíticas sofisticadas, combinadas com métodos de marketing direto. Muitas

empresas ainda confundem uma lista de clientes com um banco de dados de

marketing. Uma lista de clientes é simplesmente um conjunto de nomes,

endereços e números de telefone; um banco de dados, como o nome já diz,

contém dados demográficos, psicográficos, hábitos de mídia e registro sobre

compras anteriores com informações sobre rentabilidade, freqüência, valor

monetário e outros dados relevantes.

Podemos concluir que um Banco de Dados atualizado e bem

estruturado é a chave para o estabelecimento de um marketing de

relacionamento efetivo.

73

4.3. Atuais Clientes x Novos Clientes

Uma questão amplamente abordada pela literatura de marketing e

difundida entre os profissionais da área é que é infinitamente mais vantajoso,

não só para as empresas de consultoria, como para qualquer organização,

reter do que atrair novos clientes.

A literatura de serviços está repleta de teorias e postulados que

expressam concordância quanto aos atributos que conferem diferenciação

entre organizações prestadoras de serviços e sua contrapartida manufatureira.

A retenção de clientes recebe de Pepper e Rogers (2001) uma

abordagem inédita, por considerarem-na garantida, através de uma relação de

aprendizado.

Segundo os autores, o termo relação de aprendizado significa a

relação estabelecida que motiva os clientes a ensinar a organização a

personalizar os serviços que lhe presta, de acordo com as preferências de

cada um. Uma vez aprendido este ensinamento, torna-se conveniente para o

cliente manter-se fiel a ela. Para que uma relação de aprendizado possa ser

desenvolvida, são necessárias mudanças ativas e contínuas, assim como a

intensiva utilização de recursos de tecnologia da informação.

A seguir entender-se-á a importância de manter e fidelizar clientes,

através de ferramentas adequadas, para uma empresa prestadora de serviços,

bem como o estabelecimento da cultura de pós-marketing dentro de uma

organização.

4.3.1. A Fidelização do Cliente

Segundo o dicionário Houaiss, o verbete fidelização significa

"conquista da constância do cliente com relação ao uso dos produtos de

determinada marca, serviço, loja ou rede de pontos de venda etc". Pode-se,

74

assim, entendê-la como um dos processos do marketing de relacionamento,

através do qual, um conjunto de ações ou estratégias, busca fazer com que o

cliente se torne fiel.

A fidelização do cliente integra o processo filosófico do marketing de

relacionamento. Desde a preocupação com o cliente interno (quadro funcional

da empresa), passando pela qualidade total do serviço, até o pós-marketing,

atuando como fator importante para a conquista da fidelidade do cliente

externo.

Apesar da profusão de estratégias empregadas pelas organizações

visando a melhoria do nível de qualidade do atendimento aos clientes,

Reichheld (1996) pondera que poucas organizações “[...] conseguiram

significativas e mensuráveis melhorias quanto à lealdade dos clientes [...]”.

A construção de uma base de clientes altamente fiéis tem de,

obrigatoriamente, integrar uma estratégia de negócios da organização, não

sendo possível viabilizá-la como um programa isolado, conduzido apenas por

uma área (Reichheld, 1996).

Já o processo de manutenção da fidelidade dos clientes, no entender

de McKenna (1993), requer que a organização construa relações sólidas com a

sua clientela, baseadas na confiança, receptividade e qualidade.

Transformar um comprador eventual em freqüente, de modo a criar um

relacionamento de longo prazo, é a base do sucesso para as empresas, além

de ser um grande desafio. Uma empresa pode obter lealdade apenas através

de uma marca forte ou por diferenciais que atraiam os clientes.

É importante destacar que o processo de fidelização, por envolvimento

do cliente, não depende somente de pré-venda e da venda em si, mas também

dos momentos de pós-venda.

75

A captação de informações essenciais a respeito do cliente é

importante para manter um relacionamento empresa-cliente. Através desse

conhecimento mútuo, a empresa tira vantagens competitivas, tendo assim uma

base de dados do cliente para, posteriormente, enviar-lhes mensagens

direcionadas. O relacionamento caminha para uma comunicação direta com o

cliente, onde a empresa, através de uma base de dados, envia mensagens

direcionadas.

4.3.2. O Pós-Marketing

Como já definido anteriormente, o ramo das empresas de consultoria

empresarial é um dos que mais cresce. Com a intensificação da concorrência e

o desenvolvimento de diferenciais, prevalece a prestação de serviços mais

customizada, o atendimento ao cliente mais personalizado, bom como o

cuidado em conhecer bem o perfil de quem adquire o que a empresa vende.

Sintetizando: na decisão de compra vai prevalecer a fidelidade à empresa, que

não só atendeu, mas ultrapassou suas necessidades.

Tradicionalmente, o marketing tem negligenciado os serviços pós-

venda. Sua preocupação sempre foi com as atividades de antecedem a venda

de um bem e com a venda propriamente dita. Hoje, essa visão está mudando.

Ganha destaque o marketing de relacionamento, centrado nos serviços que

podem ser oferecidos ao consumidor depois de efetuada a compra. Mas o

conceito e a importância do serviço pós-venda ainda não foram devidamente

internalizados pela maioria das organizações brasileiras. Ainda está longe o

entendimento entre vendedores e compradores, depois de consumada a

venda.

McKenna afirma que o pós-marketing/atendimento pós-venda obriga a

organização a conhecer melhor o cliente, antecipando sua expectativa e

superando-a com o objetivo de fidelizar o cliente e criar um relacionamento

76

duradouro nos negócios. Nesse sentido, Traçar uma nova relação entre cliente

e empresa, é de fundamental importância para o profissional de marketing que

deseja ser eficaz como integrador, trazendo o cliente para dentro da empresa e

como participante ativo do desenvolvimento desses serviços.

Terry Vavra em seu livro After Marketing (Pós-Marketing) define o pós-

marketing como “o processo de proporcionar satisfação contínua e reforço aos

indivíduos ou organizações que são clientes atuais ou que já foram clientes”.

Os clientes devem ser identificados, reconhecidos, comunicados, auditados em

relação à satisfação e atendidos. O objetivo do pós-marketing é construir

relacionamentos duradouros com todos os clientes.

Vavra alerta sobre o perigo de uma empresa pressupor que seus

clientes atuais estão satisfeitos com os produtos e serviços oferecidos. Elas

falham em não se apressar ou mostrar um real interesse em responder à

pergunta: “Como estamos fazendo as coisas?” Pressupor que os clientes estão

satisfeitos, que eles descobriram a qualidade e o valor dos produtos de uma

empresa é ter uma visão míope, não relativa apenas ao marketing, mas em

relação ao cliente.

Segundo Vavra, o primeiro objetivo do marketing focado no cliente é

obter um valor pleno de duração de cada cliente. O segundo objetivo é

aumentar o valor de duração de cada cliente e manter essa duração crescente

ano após ano. O terceiro objetivo é usar os lucros excedentes do sucesso nos

dois primeiros objetivos para custear a conquista de novos clientes a um custo

mais baixo. O objetivo a longo prazo é a sobrevivência e o crescimento

rentável.

Portanto, pode-se afirmar que as atividades do pós-marketing tornam-

se componentes críticos de qualquer projeto de retenção do cliente porque, por

meio do oferecimento de informações e do relacionamento, é possível fazer

com que os clientes percebam qualidade no produto ou serviço comprado.

77

Aplicando-se a uma empresa de consultoria empresarial, o pós-

marketing pode iniciar-se após a entrega do relatório final de resolução dos

problemas da empresa-cliente. É fundamental que a consultoria volte a ter

contato com o cliente, no sentido de acompanhar os resultados obtidos,

mensurar melhorias, coletar boas práticas e até mesmo construir um case de

sucesso para seu portifólio.

O Pós-marketing aplicado a empresas de consultoria empresaria exige

um custo muito baixo e pode gerar até mesmo novos contratos do mesmo

cliente fiel. Fato raro na área e que pode trazer ótimo posicionamento no

mercado.

4.4. Estratégias de retenção e relacionamento

Uma das principais atividades dos componentes de uma empresa de

consultoria deve ser a de alimentar a sua rede de relacionamento para

aumentar as chances de novas demandas por serviços surgirem. A fonte

primária e de maior probabilidade de demandar novos serviços é a base atual

de clientes. Caso os serviços que estão sendo prestados sejam de boa

qualidade e agreguem valor às atividades dos clientes, provavelmente estes

últimos contratarão os serviços novamente quando houver a necessidade.

Kotler (2002) aponta seis razões para explicar porque a manutenção

de clientes mais satisfeitos por mais tempo resulta em lucros maiores para as

empresas de consultoria:

• Clientes já conquistados representam maior propabilidade de

serem clientes em potencial;

• Custo da satisfação dos clientes já existentes é menor que o da

atração de novos clientes;

78

• Depois que confiarem na capacidade da empresa, os clientes

estarão mais propensos a valer-se dela para outros serviços;

• Aumento da eficácia interna da empresa de consultoria (na

medida que aumenta conhecimento sobre a empresa-cliente, a

utilização de empregados menos experientes e mais baratos

torna-se mais propícia);

• Clientes percebem um valor maior em decorrência do

relacionamento;

• Clientes satisfeitos são mais propensos a indicar novos clientes.

No entanto, percebe-se que as empresas de consultoria não

conseguem se concentrar nos seus clientes atuais a ponto de extrair todos os

lucros possíveis destes. Maister (1993) identificou quatro razões para este fato:

• Embora seja mais custoso, consultorias acham a conquista de

novos clientes mais interessantes do que a manutenção dos

atuais;

• Remuneração pela conquista de novos clientes é, normalmente,

maior do que a reconpensa por novos projetos em clientes

atuais;

• Busca de mais negócios, a partir dos clientes atuais, exige

atividades de marketing diferentes, pois pressupõe envolvimento

pessoal entre as partes que já se conhecem;

79

• Marketing é reativo em muitas empresas de consultoria, sendo

que o tempo gasto respondendo solicitações de propostas é

muito grande.

Embora existam as razões acima que parecem tirar as consultorias do

foco nos clientes atuais, diversas razões para que isso fosse feito já foram

explicitadas. Além dos benefícios de um relacionamento de longo prazo para

as consultorias, as empresas-cliente também se beneficiam da construção de

um relacionamento de longo prazo com uma prestadora de serviços. Kotler

(2002) afirma que o desenvolvimento de relações deste tipo reduz o estresse

que os clientes sentem ao buscar serviços profissionais.

Segundo este autor, existem quatro alicerces que sustentam esses

relacionamentos entre clientes e consultores e a construção destes exige

empenho, tempo e dedicação. São eles: 1) Confiança; 2) Conhecimento

mútuo; 3) acessibilidade para os clientes e 4) Tecnologia. Ainda assim, é

importante ressaltar que não são todos os clientes que merecem o

desenvolvimento de relacionamentos mais consistentes. Caso a consultoria

desenvolva relacionamentos com clientes cujas necessidades não gerem

lucros ou absorvam recursos demais, ela não estará maximizando seu

potencial como organização. Nesse sentido, a empresa conseguirá mais

resultados focando em um número menos de clientes, mas com

relacionamentos mais consistentes e lucrativos.

80

CONCLUSÃO

O Cliente é ele o fator determinante da decisão de compra. Entender

seu perfil, seus costumes, sua forma de pensar e agir. Entender quem ele é,

onde ele está e porque ele compra determinado produto ou serviço. O

marketing de relacionamento leva às organizações a respeitá-lo e a

compreender o tamanho da importância de quem consome seus produtos e

serviços e, principalmente, a convencer-se de que, se esta não estabelecer

uma postura de relacionamento adequada ao seu cliente, a concorrência o

fará.

Como se pôde observar nesta pesquisa, a maioria das empresas de

consultoria empresarial, focam seus esforços de marketing em adquirir novos

contratos. Entrentato está comprovado, através de diversos estudos aqui

apresentados, que é muito mais vantajoso, não só em termos de custo, mas

também de posicionamento de mercado, investir nos clientes atuais.

Numa empresa de consultoria, seja ela de que segmento for, é dos

clientes atuais que se pode conquistar novos contratos, novas parcerias,

indicações para outras empresas-cliente e até mesmo fechar outros contratos

de consultoria em diferentes departamentos em uma mesma organização.

A cultura de manter um relacionamento premium com um cliente já

conquistado gera marketing boca-a-boca, o que pode ser fundamental na

conquista do mercado e do bom posicionamento da marca, já que neste ramo

de consultoria empresarial, o menor deslize pode significar uma mancha

enorme na reputação do consultor ou da própria consultoria prestadora de

serviço.

Complementando, a prática do pós-marketing nas grandes empresas

de consultoria já é realidade e rende fantásticos frutos à consultoria que o

adota. O prestador de serviço que, após a entrega do relatório final,

81

implementação dos serviços sugeridos etc, o qual não entra mais em contato

após determinado período de tempo, para verificações periódicas, perde

grandes oportunidades de fechar novos contratos (o que no meio da

consultoria chama-se “cliente recorrente” ou “recorrência de serviços”).

É fundamental que as empresas de consultoria entrem em contato

periodicamente com seus clientes para verificar se as ações

sugeridas/implementadas geraram resultados substancias, se os números

melhoraram, se os processos foram devidamente otimizados como idealizado.

Checar se o cliente realmente ficou satisfeito com o serviço prestado é fator-

chave para a cultura do bom relacionamento que a consultoria tem com o

mercado.

Pode-se concluir que as consultorias que não aproveitam o fato de que

passam muito tempo com o cliente; realizam trabalhos de equipe juntos e

desenvolvem um relacionamento bastante estreito, visando aumentar as

chances de fechar novos negócios, tendem a perder terreno. Após um serviço

entregue, a consultoria que prestou serviço já estará bem familiarizada com a

missão e o negócio da empresa-cliente para próximos projetos a serem

desenvolvidos.

Consultoria é puro relacionamento. Investir e empregar grandes

esforços em marketing de relacionamento é primordial. Relacionar-se bem com

todos os tipos de clientes deve ser o mandamento número I para toda e

qualquer empresa de consultoria empresarial que deseja ser líder ou manter-se

como tal no mercado.

82

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2004

89

ANEXO 1

EVENTOS CULTURAIS

90

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O MARKETING 10

1.1. O Marketing 10

1.1.1. A Estratégia de Marketing 13

1.1.1.1. O que é Estratégia 13

1.1.1.2. O Planejamento Estratégico 14

1.1.1.3. O Planejamento de Marketing 15

1.2. Finalidades do Marketing 17

1.3. A Administração de Marketing 18

1.3.1. O Composto de Marketing 18

1.3.1.1. Produto 19

1.3.1.2. Preço 19

1.3.1.3. Praça 20

1.3.1.4. Promoção 20

1.4. A Comunicação de Marketing 21

91

1.4.1. O Processo de Comunicação 21

1.4.2. O Composto da Comunicação de Marketing 22

CAPÍTULO II - O CLIENTE 25

2.1. Tipos de Cliente 25

2.1.1. Cliente Potencial 26

2.1.2. Cliente Externo 27

2.1.3. Cliente Interno 27

2.1.4. Cliente da Concorrência 28

2.2. Comunicação com o Cliente 28

2.2.1. A Comunicação da Organização com o Cliente 29

2.2.2. A Comunicação do Cliente com a Organização 31

2.3. As Reclamações do Cliente 32

CAPÍTULO III - A CONSULTORIA EMPRESARIAL 34

3.1. A História da Consultoria 35

3.1.1. Surgimento e Evolução da Consultoria 37

3.2. O Serviço de Consultoria 39

3.2.1. Conceitos de Consultoria 40

3.2.2. Objetivos da Consultoria 43

3.2.3. Etapas da Consultoria 44

3.2.4. Tipos de Consultoria 46

3.2.5. O Consultor 49

3.2.5.1. Consultor Interno x Consultor Externo 53

3.3. A Empresa de Consultoria Empresarial 56

3.4. Consultoria no Brasil 59

CAPÍTULO IV - O MARKETING DE RELACIONAMENTO EM UMA

CONSULTORIA EMPRESARIAL 61

4.1. O Marketing de Relacionamento 62

4.1.2. A Evolução dos Conceitos de Marketing de Relacionamento 63

4.1.3. Objetivos e Estratégias 65

92

4.1.4. O CRM (Customer Relationship Management) 67

4.1.4.1. CRM X Tecnologia da Informação 68

4.1.4.2. O Banco de Dados 70

4.3. Atuais Clientes x Novos Clientes 73

4.3.1. A Fidelização do Cliente 73

4.3.2. O Pós-Marketing 75

4.4. Estratégias de retenção e relacionamento 77

CONCLUSÃO 80

BIBLIOGRAFIA 82

WEBGRAFIA 88

ANEXOS 89

ÍNDICE 90

FOLHA DE AVALIAÇÃO 93

93

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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