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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A CRIATIVIDADE E O USO DE MATERIAIS DIVERSOS NA CONSTRUÇÃO DE PEQUENOS ESPAÇOS Por: Bárbara de Oliveira Henrique Orientador Profª. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A CRIATIVIDADE E O USO DE MATERIAIS DIVERSOS NA

CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Por Baacuterbara de Oliveira Henrique

Orientador

Profordf Fabiane Muniz

Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A CRIATIVIDADE E O USO DE MATERIAIS DIVERSOS NA

CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do grau de especialista em Arteterapia na

Educaccedilatildeo e Sauacutede

Por Baacuterbara de Oliveira Henrique

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros

agradecimentos a minha

matildee amiga de todas as

horas a meu pai a Juacutenior

meu filho meu melhor

amigo e a Murilo o homem

que se fez importante em

minha vida A todos o meu

muito obrigado pela forccedila

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DEDICATOacuteRIA

Dedico a presente monografia a minha

matildee grande amiga a meu paiao meu

filho e melhor amigo e ao meu amor

Murilo como forma de agradecimento

pela forccedila que me deram e pela

paciecircncia que tiveram comigo

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RESUMO

A presente monografia explora o lado praacutetico do

pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e

como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees

derivadas apenas de papel madeira objetos

reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem

ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia

e na psicologia

Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de

materiais os quais aguccedilam a criatividade na

construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos

sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo

da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem

como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo

construiacutedos com materiais que quase sempre

achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma

caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam

feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela

tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora

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eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos

com plantas banquetas etc aquele cooler de

computador que aparentemente natildeo serve mais

certamente se transforma em uma televisatildeo ou um

ventilador dentre muitos outros materiais que soacute

olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que

meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos

que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e

por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit

assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na

escultura de mini doces e outros adereccedilos que

compotildeem o espaccedilo a ser criado

A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda

realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute

presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca

desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito

A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma

grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais

sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas

impossibilidades bem como qualquer bloqueio em

suas vidas

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em

livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em

oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente

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SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

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Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

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enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

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cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A CRIATIVIDADE E O USO DE MATERIAIS DIVERSOS NA

CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do grau de especialista em Arteterapia na

Educaccedilatildeo e Sauacutede

Por Baacuterbara de Oliveira Henrique

3

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros

agradecimentos a minha

matildee amiga de todas as

horas a meu pai a Juacutenior

meu filho meu melhor

amigo e a Murilo o homem

que se fez importante em

minha vida A todos o meu

muito obrigado pela forccedila

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico a presente monografia a minha

matildee grande amiga a meu paiao meu

filho e melhor amigo e ao meu amor

Murilo como forma de agradecimento

pela forccedila que me deram e pela

paciecircncia que tiveram comigo

5

RESUMO

A presente monografia explora o lado praacutetico do

pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e

como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees

derivadas apenas de papel madeira objetos

reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem

ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia

e na psicologia

Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de

materiais os quais aguccedilam a criatividade na

construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos

sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo

da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem

como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo

construiacutedos com materiais que quase sempre

achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma

caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam

feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela

tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora

6

eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos

com plantas banquetas etc aquele cooler de

computador que aparentemente natildeo serve mais

certamente se transforma em uma televisatildeo ou um

ventilador dentre muitos outros materiais que soacute

olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que

meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos

que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e

por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit

assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na

escultura de mini doces e outros adereccedilos que

compotildeem o espaccedilo a ser criado

A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda

realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute

presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca

desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito

A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma

grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais

sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas

impossibilidades bem como qualquer bloqueio em

suas vidas

7

METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em

livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em

oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

3

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros

agradecimentos a minha

matildee amiga de todas as

horas a meu pai a Juacutenior

meu filho meu melhor

amigo e a Murilo o homem

que se fez importante em

minha vida A todos o meu

muito obrigado pela forccedila

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico a presente monografia a minha

matildee grande amiga a meu paiao meu

filho e melhor amigo e ao meu amor

Murilo como forma de agradecimento

pela forccedila que me deram e pela

paciecircncia que tiveram comigo

5

RESUMO

A presente monografia explora o lado praacutetico do

pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e

como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees

derivadas apenas de papel madeira objetos

reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem

ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia

e na psicologia

Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de

materiais os quais aguccedilam a criatividade na

construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos

sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo

da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem

como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo

construiacutedos com materiais que quase sempre

achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma

caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam

feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela

tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora

6

eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos

com plantas banquetas etc aquele cooler de

computador que aparentemente natildeo serve mais

certamente se transforma em uma televisatildeo ou um

ventilador dentre muitos outros materiais que soacute

olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que

meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos

que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e

por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit

assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na

escultura de mini doces e outros adereccedilos que

compotildeem o espaccedilo a ser criado

A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda

realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute

presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca

desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito

A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma

grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais

sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas

impossibilidades bem como qualquer bloqueio em

suas vidas

7

METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em

livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em

oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico a presente monografia a minha

matildee grande amiga a meu paiao meu

filho e melhor amigo e ao meu amor

Murilo como forma de agradecimento

pela forccedila que me deram e pela

paciecircncia que tiveram comigo

5

RESUMO

A presente monografia explora o lado praacutetico do

pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e

como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees

derivadas apenas de papel madeira objetos

reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem

ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia

e na psicologia

Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de

materiais os quais aguccedilam a criatividade na

construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos

sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo

da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem

como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo

construiacutedos com materiais que quase sempre

achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma

caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam

feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela

tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora

6

eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos

com plantas banquetas etc aquele cooler de

computador que aparentemente natildeo serve mais

certamente se transforma em uma televisatildeo ou um

ventilador dentre muitos outros materiais que soacute

olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que

meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos

que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e

por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit

assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na

escultura de mini doces e outros adereccedilos que

compotildeem o espaccedilo a ser criado

A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda

realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute

presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca

desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito

A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma

grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais

sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas

impossibilidades bem como qualquer bloqueio em

suas vidas

7

METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em

livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em

oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

5

RESUMO

A presente monografia explora o lado praacutetico do

pensamento plaacutestico dentro do processo criativo e

como este se forma a partir de pequenas criaccedilotildees

derivadas apenas de papel madeira objetos

reaproveitaacuteveis e diversos outros materiais Tem

ainda como embasamento na educaccedilatildeo na filosofia

e na psicologia

Eacute feito um traccedilado da utilizaccedilatildeo de diversos tipos de

materiais os quais aguccedilam a criatividade na

construccedilatildeo de pequenos espaccedilos que seriam nossos

sonhos mais iacutentimos que define desde a construccedilatildeo

da ideacuteia a qual passaraacute pela criaccedilatildeo do espaccedilo bem

como os moacuteveis e acessoacuterios os quais satildeo

construiacutedos com materiais que quase sempre

achamos natildeo ter nenhuma serventia tal qual uma

caixa de sapatos a qual eacute utilizada para que sejam

feitas pequenas mobiacutelias bem como aquela

tampinha de perfume que naturalmente eacute jogada fora

6

eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos

com plantas banquetas etc aquele cooler de

computador que aparentemente natildeo serve mais

certamente se transforma em uma televisatildeo ou um

ventilador dentre muitos outros materiais que soacute

olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que

meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos

que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e

por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit

assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na

escultura de mini doces e outros adereccedilos que

compotildeem o espaccedilo a ser criado

A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda

realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute

presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca

desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito

A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma

grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais

sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas

impossibilidades bem como qualquer bloqueio em

suas vidas

7

METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em

livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em

oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

6

eacute perfeitamente reaproveitada em forma de vasinhos

com plantas banquetas etc aquele cooler de

computador que aparentemente natildeo serve mais

certamente se transforma em uma televisatildeo ou um

ventilador dentre muitos outros materiais que soacute

olhos criativos permitem que sejam uacuteteis claro que

meramente decorativos dentro de pequenos espaccedilos

que nos fazem trazer a tona nossos mais iacutentimos e

por vezes impossiacuteveis sonhos A massa de biscuit

assim como a argila tambeacutem eacute muito utilizada na

escultura de mini doces e outros adereccedilos que

compotildeem o espaccedilo a ser criado

A cada criaccedilatildeo deste tipo existe uma profunda

realizaccedilatildeo pessoal do construir o espaccedilo que eacute

presente na mente de todos noacutes afinal quem nunca

desejou ter um espaccedilo soacute seu do seu jeito

A criatividade como foco na criaccedilatildeo eacute uma

grande alavanca na formaccedilatildeo de indiviacuteduos mais

sensiacuteveis e criativos logo capazes de superar suas

impossibilidades bem como qualquer bloqueio em

suas vidas

7

METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em

livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em

oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

7

METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realizaccedilatildeo da presente monografia foi baseada em

livros estes citados na bibliografia mas a base mais forte foi a experiecircncia em

oficinas de ateliecirc as quais deram suporte a presente

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

8

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO I -

O que eacute criatividade 12

I- Fases da criatividade 14

CAPIacuteTULO II -

O significado da Construccedilatildeo dos pequenos espaccedilos 17

I- O uso dos siacutembolos na construccedilatildeo 17

II- O tamanho da construccedilatildeo 18

III- Observaccedilatildeo das etapas da construccedilatildeo materiais e 18

propriedades em Arteterapia

IV- A visatildeo de Gaston Bachelard sobre o universo da miniatura 20

CAPIacuteTULO III-

O Simbolismo das cores 22

I ndash Conhecimento e uso da simbologia da cor 23

II ndash A percepccedilatildeo das cores e o inconsciente 24

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

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enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

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I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

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cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

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O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

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O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

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objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

9

III ndash Caracteriacutesticas das cores 26

IV ndash Os significados das cores 27

V ndash Sistema Cromaacutetico 29

CONCLUSAtildeO 31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

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enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

10

INTRODUCcedilAtildeO

O processo criativo envolve muitas descobertas e etapas que surgem na medida

em que emerge a superfiacutecie o ato criador trazendo agrave tona e materializando

ideacuteias pensamentos e accedilotildees A surpresa da descoberta da liberdade expressa

em forma de arte A grata sensaccedilatildeo de natildeo saber como vai ficar mas ter a

certeza de que o objetivo seraacute alcanccedilado

Aos poucos vai se entendendo e descobrindo a importacircncia do resultado final

pois os olhos assim como a alma se alimentaratildeo dele para a construccedilatildeo de um

novo processo de criaccedilatildeo Mas o mais importante eacute o percurso do processo

criativo que nos leva a um resultado final

Norteada por este princiacutepio eacute a criaccedilatildeo de pequenos espaccedilos baseada nas

teacutecnicas de criaccedilatildeo de moldes construccedilatildeo e reaproveitamento de objetos que

natildeo mais satildeo uacuteteis a outras pessoas mais de muita valia a quem produz tal feito

seguindo este caminho eacute que se chega aos tatildeo delicados espaccedilos como ldquoO

Quarto de Van Goghirdquo ldquoA Confeitariardquo ldquoO quarto de coraccedilatildeordquo ldquoO Quarto de

motelrdquo entre tantos outros mini espaccedilos que natildeo soacute serve nos fazer sonhar

mas tambeacutem para iluminar um canto de algum lugar

O mergulho ao imaginaacuterio criativo ocorre quando a realidade traz a tona o

potencial da criaccedilatildeo e muitas vezes da recriaccedilatildeo

De um modo geral o trabalho se processa lentamente a observaccedilatildeo um

sentido que passa a ficar mais aguccedilado vai trazendo as ideacuteias que ao surgirem

vatildeo sendo trabalhadas com os materiais necessaacuterios e aos poucos criando

formas ou espaccedilos onde viajamos num mundo mais ameno e menos caoacutetico

que como consequumlecircncia nos levam a uma sutil transformaccedilatildeo

O tema escolhido foi baseado em trabalhos de oficina de ateliecirc bem como

associado agraves bibliografias referentes agrave educaccedilatildeo arte terapia filosofia e

psicologia entre outras que deram suporte para mostrar a presente monografia

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

12

CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

11

Defendendo a importacircncia da criatividade que gera a criaccedilatildeo na vida do ser

humano para a formaccedilatildeo de um olhar artiacutestico e o desenvolvimento das

potencialidades criativas que existe em cada um de noacutes

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CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

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2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

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noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

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plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

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Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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CAPIacuteTULO I

O QUE Eacute CRIATIVIDADE

Eacute a capacidade que a pessoa tem de expressar por diversos meios ideacuteias

novas que solucionam de forma satisfatoacuteria os desafios da vida em qualquer

aacuterea Eacute o poder de transformar objetos comuns em obras de arte ou dar-lhes

novas utilidades (CARNEIRO 2008 Psique ndash revista nordm 30 ano III p 59) Em

seu artigo Carneiro a compara a energia eleacutetrica e suas formas de utilizaccedilatildeo

desde a cachoeira ateacute a lacircmpada de poucos volts e Vygotsky (1987p77) a

referencia atraveacutes de uma analogia entre criatividade e eletricidade descrita da

seguinte forma

Percebemos que a eletricidade estaacute presente em eventos de diferentes

magnitudes Existe em grande quantidade nas grandes tempestades com seus

raios e trovotildees mas ocorre tambeacutem na pequena lacircmpada quando ligamos o

interruptor A eletricidade eacute a mesma o fenocircmeno eacute o mesmo soacute que expresso

com intensidades diferentes A criatividade se processa da mesma forma Todos

somos portadores dessa energia criativa Alguns vatildeo apresentaacute-la de forma

magnacircnima gigantesca outros vatildeo irradiar a mesma energia soacute que de

maneira suave discreta A energia eacute a mesma a

capacidade tambeacutem apenas distribuiacuteda de forma diferenciada ( p 60)

Criatividade e loucura costumam ser associadas por parte de alguns leigos no

assunto

No entanto alguns cientistas discordam de tal correspondecircncia e entendem que

tal associaccedilatildeo pode ser explicada de outra maneira natildeo ocorrendo tal ligaccedilatildeo

direta

Do ponto de vista cientiacutefico tal ligaccedilatildeo permanece sem respostas ainda que

dentro da Neurobiologia alguns pesquisadores internacionais tentam explicar

13

uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

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O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

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objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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uma possiacutevel parceria entre problemas mentais e criaccedilatildeo O que encontramos eacute

a valorizaccedilatildeo da arte por parte de alguns profissionais no sentido terapecircutico

uma vez que como instrumento de expressatildeo constatou-se que ela ajudaria a

ldquodesvendar as afliccedilotildees e os sofrimentos da menterdquo

Segundo Lula Wanderley terapeuta do Espaccedilo Aberto ao Tempo (EAT) do

Instituto Municipal Nise da Silveira no Rio de Janeiro toda manifestaccedilatildeo criativa

promove o exerciacutecio de liberdade condiccedilatildeo que seria imprescindiacutevel aos que

tiveram algum tipo de sofrimento intenso na vida ldquoQualquer sofrimento

representa um corte na comunicaccedilatildeo e faz com que as pessoas precisem criar

novas linguagens novos coacutedigos e a criatividade eacute um instrumento de trabalho

importante nesse tipo de tratamentordquoRollo May nos diz que a coragem eacute

necessaacuteria para que o homem possa ser e vir a ser ldquoSe a coragem moral eacute a

correccedilatildeo do que estaacute errado a coragem criativa eacute a descoberta de novas

formas novos siacutembolos novos padrotildees segundo os quais uma nova sociedade

pode ser construiacutedardquo

Os artistas apresentam direta e imediatamente as novas formas e siacutembolos

Apesar de acreditar que estava descobrindo e pintando uma nova forma de

espaccedilo que influenciaria radicalmente a arte do futuro Paul Ceacutezanne era

atormentado por duacutevidas dolorosas e permanentes

Pelo o que se observa e de acordo com May para que a capacidade de criar

torne-se patrimocircnio comum de todos faz-se necessaacuterio coragem e liberdade

Osho em seu livro (Criatividade Liberando sua forccedila interior Ed Cultrix 1999

prefaacutecio) disserta sobre a essecircncia da liberdade com respaldo na criatividade

ldquoA criatividade eacute a maior forma de rebeldia da existecircncia Se deseja criar vocecirc

tem que se livrar de todos os condicionamentos do contraacuterio sua criatividade

natildeo passaraacute de mera imitaccedilatildeo seraacute apenas uma simples coacutepia de algordquo

Aristoacuteteles afirmava que o objetivo da arte era representar o significado interno

das coisas Hoje essa forma de expressatildeo eacute reconhecida como uma via com

fins terapecircuticos

14

A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

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noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

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plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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A mais alta forma de criatividade eacute a que quebra os moldes estabelecidos

estendendo as possibilidades de pensamento e percepccedilatildeo A pessoa criativa eacute

inteligente segura confiante liacuteder ativa e sempre manifesta interesse e alto

niacutevel de atenccedilatildeo observaccedilatildeo e muita concentraccedilatildeo

Acredita-se que o desenvolvimento do potencial criativo humano tenha iniacutecio na

infacircncia Quando as crianccedilas tecircm suas iniciativas criativas elogiadas e

incentivadas pelos pais tendem a ser adultos ousados propensos a agir de

forma inovadora pois sabendo que as suas accedilotildees seratildeo valorizadas tendem a

criar mais O medo do novo o apego aos paradigmas satildeo formas de consolidar

o status quo Quando sentem que natildeo estatildeo sob ameaccedila como exemplo a de

perder o emprego ou de cair no ridiacuteculo as pessoas perdem o medo de inovar e

revelam suas habilidades criativas

Criar nada mais eacute que remanejar o que jaacute existe todos noacutes somos criativos No processo de criaccedilatildeo passamos por cinco fase as quais satildeo necessaacuterias agrave

organizaccedilatildeo mental para que desta forma seja concretizada a forma desejada

I - FASES DA CRIATIVIDADE

1Apreensatildeo

Eacute quando se tem o desejo de criar algo seja uma pintura um desenho uma

escultura um conto uma obra como todo ser humano ainda que tendencie a

uma uacutenica criaccedilatildeo muitas ideacuteias vem a cabeccedila gerando um certo torpor e

comeccedila uma busca incessante pelo objetivo como a seguir eacute esclarecido

No caso de uma pinturauma escultura um conto ou qualquer outro tipo de

criaccedilatildeo passamos por diversos temas o que por vezes dificulta a escolha de

um uacutenico motivo gerando desta forma a apreensatildeo

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

15

2Preparaccedilatildeo

Eacute quando se sintetizou a escolha e se parte na busca definitiva sobre mais

informaccedilotildees de conteuacutedo preparando-se mentalmente e materialmente na

escolha dos materiais a serem utilizados

3 Incubaccedilatildeo

Eacute o inconsciente trabalhando com todos os dados anteriormente coletado

fazendo a devida separaccedilatildeo e coordenando-os para futura materializaccedilatildeo da

obra

4 Iluminaccedilatildeo

Ainda que o inconsciente trabalhando com todos os dados coletados eacute

possiacutevel que apareccedila uma nova ideacuteia provida de todo o conhecimento anterior

quando entatildeo buscamos um ambiente propiacutecio para o iniacutecio da obra

5 Certificaccedilatildeo

Eacute quando depois de passarmos por todo o processo interno-criativo colocamos

em praacutetica o objetivo

As cinco fases supra mencionadas nos fazem ter a certeza que todos noacutes

somos criativos e capazes tambeacutem de recriar desde que deixemos solto esse

poder Ou seja natildeo permitindo que pensamentos como o de que soacute artistas

criam esse pensamento eacute fruto de uma cultura fragmentada tendo em vista

que o artista desde os mais remotos tempos eacute visto como o cidadatildeo que nada

faz o que eacute um pensamento lastimaacutevel em nossa sociedade pois o artista eacute

aquele que muita das vezes por viver da sua arte dedica seu tempo com

unacircnime disponibilidade para criar O que natildeo quer dizer que qualquer um de

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

16

noacutes natildeo possamos dedicar ainda que um pouco de nosso tempo para explorar

o que de mais feacutertil haacute no ser humano que eacute o poder da criatividade este

presente em todos noacutes

O mundo da arte e da cultura eacute fundamentalmente um mundo da criatividade

porque o artista natildeo estaacute diretamente ligado agraves convenccedilotildees dogmas e

instituiccedilotildees da sociedade O artista tem uma expressatildeo criativa que eacute o

resultado direto de sua liberdade

17

CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

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enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

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I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

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III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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34

  • AGRADECIMENTOS
Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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CAPIacuteTULO II

O SIGNIFICADO DA CONSTRUCcedilAtildeO DE PEQUENOS ESPACcedilOS

Construccedilatildeo vem do verbo ldquoconstruirrdquo que significa segundo Ferreira (1986) dar

estrutura a edificar fabricar organizar dispor arquitetar formar conceber e

elaborar

A construccedilatildeo aparece na Histoacuteria da Arte Contemporacircnea como o ldquomovimento

construtivistardquo o qual foi marcado por um estilo natildeo figurativo que se

desenvolveu nos meados do seacuteculo XX entre os artistas sovieacuteticos

caracterizando-se pela disposiccedilatildeo formal do espaccedilo das massas dos volumes

e pela utilizaccedilatildeo de materiais e teacutecnicas industriais modernas ( o vidro o plaacutestico

etc)

A Construccedilatildeo de pequenos espaccedilos trabalha com a montagem desmontagem

equiliacutebrio o reaproveitamento de peccedilas que seriam meras sucatas e

desenvolvimento da coordenaccedilatildeo visual e motora de quem a faz Possibilitando

desta forma trabalhar a percepccedilatildeo os valores interiores bem como a liberaccedilatildeo

de diversas situaccedilotildees que nunca antes haviam sido exteriorizadas

Todo o processo da construccedilatildeo eacute de suma importacircncia pela liberaccedilatildeo de

sentimentos ocultos poreacutem a sua esteacutetica final eacute a principal identificaccedilatildeo com o

seu siacutembolo central

IO USO DOS SIacuteMBOLOS NAS CONSTRUCcedilOtildeES

Usar o siacutembolo para expressar ideacuteias possibilita uma compreensatildeo de todos os

significados nele expliacutecitos e impliacutecitos O siacutembolo eacute um caminho circular total

abrangente e dinacircmico diferente da palavra que achata os significados a um

18

plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

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O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

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objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

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BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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  • AGRADECIMENTOS
Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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plano linear e redutivo ou dos conceitos concretos excludentes e estaacuteticos que

reduzem as possibilidades de se transcender agrave compreensatildeo na direccedilatildeo de algo

maior

Segundo o filoacutesofo hindu Ananda K Coomaraswamy simbolismo eacute a arte de

pensar usando imagens Em alematildeo siacutembolo ndash sinbild ndash quer dizer literalmente

imagem do sentido O siacutembolo natildeo pode ser compreendido apenas pela razatildeo

Haacute em cada siacutembolo um conteuacutedo profundo que soacute pode ser apreendido por

meio da intuiccedilatildeo A compreensatildeo do siacutembolo pode gerar um insight e um salto

evolutivo na vida psiacutequica do indiviacuteduo

IIDO TAMANHO DAS CONSTRUCcedilOtildeES NOS PEQUENOS ESPACcedilOS

Em relaccedilatildeo ao tamanho temos as variaacuteveis de comprimento largura

profundidade e volume A observaccedilatildeo da predominacircncia da verticalidade ou da

horizontalidade eacute de suma importacircncia no acompanhamento da criaccedilatildeo

III OBSERVACcedilAtildeO DAS ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO MATERIAIS E

PROPRIEDADES TEacuteCNICA EM ARTETERAPIA

Nos trabalhos de construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute necessaacuterio que seja

observado todo o processo realizado mostrando onde o paciente iniciou o

trabalho qual foi a forma

que ele fez a junccedilatildeo das partes bem como o equiliacutebrio e a organizaccedilatildeo na

estrutura e se durante a execuccedilatildeo desfez alguma parte do processo

A quantidade de materiais que possibilitam a realizaccedilatildeo da criaccedilatildeo de pequenos

espaccedilos em arteterapia satildeo muitas entre elas satildeo citados materiais como

madeira papel arame

sucata rolha tecido tintas entre outros usados em artes plaacutesticas Pillar

(1990) descreve a seguir teacutecnicas e suas propriedades

19

- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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- Construccedilatildeo em Madeira

Possibilita ao paciente criar objetos com caracteriacutesticas bem definidas quanto a

espessura agrave forma ao tamanho agrave cor e a resistecircncia

Estas caracteriacutesticas variam de acordo com o pedaccedilo e o tipo de madeira o que

leva o paciente a classificar seriar e ordenar o material antes de selecionar o

que necessita para construir o objeto

-Construccedilatildeo com Sucata

Eacute uma outra possibilidade de transformaccedilatildeo da mateacuteria pois propicia explorar

diferentes propriedades de cada tipo de material

-Construccedilatildeo com arame

A estrutura em arame ndash material frio e resistente que pode ser amassado

dobrado e cortado ndash traz o trabalho com acircngulos e o reconhecimento dos

limites O arame se flexibiliza mas com bastante dificuldade

Modelagem em argila

A argila eacute um suporte a nossos afetos (PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e

teacutecnica da arte-terapia a compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas

1996)

As imagens criadas comunicam uma dimensatildeo nova da pessoa Quanto maior

for sendo o contato com a argila maior seratildeo as possibilidades de percepccedilatildeo

melhor seraacute o auto-conhecimento e consequumlentemente sua relaccedilatildeo com o

mundo propiciando que a pessoa viva de forma mais criativa e integrada

Na construccedilatildeo de pequenos espaccedilos eacute muito utilizada para serem feitos os

acessoacuterio de um cocircmodo como por exemplo jarros molduras etc

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Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

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enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

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CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

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I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

20

Pintura

A forma estaacute ligada ao movimento enquanto a cor eacute somente sensaccedilatildeo A forma

apela agrave abstraccedilatildeo ao reconhecimento do objeto enquanto a cor provoca a

sensibilidade e a intuiccedilatildeo A forma evoca o gesto a cor traduz a emoccedilatildeo

(PAIumlN Sara JARREAU Gladys Teoria e teacutecnica da arte-terapia a

compreensatildeo do sujeito Porto Alegre Artes Meacutedicas 1996)

IV- A VISAtildeO DE GASTAtildeO BACHELARD SOBRE A POEacuteTICA DO ESPACcedilO

Em A Poeacutetica do Espaccedilo Bachelard aconselha a consulta ao aacutelbum Le Moyen

Age Fantastique de Jurgis Baltrusaitis em que aparecem reproduccedilotildees de

gemas antigas em que os animais mais inesperados uma lebre um cervo um

paacutessaro um catildeo saem de uma concha como de uma casa de prestigiador e

completa quem aceita os pequenos espantos prepara-se para imaginar os

grandes Na ordem imaginaacuteria torna-se normal que o elefante animal imenso

saia de uma concha de caracol Seraacute fora do comum que lhe peccedilamos

entretanto no estilo da imaginaccedilatildeo que entre (ib p 426) Para Bachelard o

instante criativo supotildee alta tensatildeo para ir aleacutem do mesmo aiacute sou inteiramente

sujeito do instante natildeo estou no campo da memoacuteria estou como que mais

proacuteximo de mim no sabor de mim no instante solitaacuterio e criador quando saio

da repeticcedilatildeo e inauguro um momento poeacutetico Ainda para Bachelard o

inconsciente eacute localizado Noacutes nos conhecemos mais no espaccedilo que no tempo

nos espaccedilos de estabilidade do ser de um ser que natildeo quer passar no tempo

Ao querermos suspender o vocirco do tempo servimo-nos do espaccedilo Em seus

mil alveacuteolos o espaccedilo reteacutem o tempo comprimido o espaccedilo serve para isso (A

Poeacutetica do Espaccedilo p 362)

A casa toma as energias fiacutesicas e morais do corpo humano [] Tal casa

chama o homem a um heroiacutesmo do cosmos Eacute um instrumento que serve para

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

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I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

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II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

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III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

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o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

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O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

21

enfrentar o cosmos [] Contra tudo a casa nos ajuda a dizer serei um

habitante do mundo

ldquoO problema natildeo eacute somente um problema do ser eacute tambeacutem um problema de

energia e consequumlentemente da contra energiardquo (A Poeacutetica do Espaccedilo p 385)

A obra monumental de Bachelard e as descriccedilotildees dos fenomenologistas

demonstraram-nos que natildeo habitamos um espaccedilo homogecircneo e vazio mas

bem pelo contraacuterio um espaccedilo que estaacute totalmente imerso em quantidades e eacute

ao mesmo tempo fantasmaacutetico O espaccedilo da nossa percepccedilatildeo primaacuteriardquo o

espaccedilo dos nossos sonhos e o espaccedilo das nossas paixotildees encerram em si

proacuteprios qualidades agrave primeira vista intriacutensecas haacute um espaccedilo luminoso eteacutereo

e transparente ou um espaccedilo tenebroso imperfeito e que inibe os movimentos

um espaccedilo do cimo dos piacutencaros e um espaccedilo do baixo da lama haacute ainda um

espaccedilo flutuante como aacutegua espargindo e um espaccedilo que eacute fixo como uma

pedra congelado como cristal No entanto todas estas anaacutelises ainda que

fundamentais para uma certa reflexatildeo do nosso tempo dizem respeito logo agrave

partida ao espaccedilo interno ldquoEu preferiria debruccedilar-me sobre o espaccedilo externordquo

Eacute significativo que a uacuteltima obra de Bachelard La Flamme drsquoune Chandelle por

ele designada como um pequeno livro de um devaneio simples ofereccedila a

convergecircncia dos seus temas mais pessoais

O devaneio reconcilia o mundo com o sujeito presente e passado solidatildeo e

comunicaccedilatildeo

Haacute apenas uma exigecircncia que se busque a expressatildeo escrita seja atraveacutes da

criaccedilatildeo original ou do encontro com um poema jaacute existente

Esta distinccedilatildeo importante faz de Bachelard natildeo apenas um mestre espiritual

mas tambeacutem um filoacutesofo que abre amplas perspectivas no campo de

observaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

22

CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

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BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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  • AGRADECIMENTOS
Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

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CAPIacuteTULO III

O SIMBOLISMO DAS CORES

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

Segundo J Chevalier e A Gheerbrant ldquoa compreensatildeo dos siacutembolos depende

menos das disciplinas racionais do que de uma percepccedilatildeo direta atraveacutes da

consciecircnciardquo Eles afirmam que ldquopesquisas histoacutericas comparaccedilotildees

interculturais o estudo das interpretaccedilotildees dadas pelas tradiccedilotildees orais e escritas

as prospecccedilotildees da psicanaacutelise contribuem certamente para tornar essa

compreensatildeo menos arriscada Tenderia poreacutem a imobilizar-lhe a significaccedilatildeo

se natildeo se insistisse sobre a natureza global relativa moacutevel e individualizante do

conhecimento simboacutelico Este extravasa sempre os esquemas mecanismos

conceitos e representaccedilotildees que lhe servem de sustentaccedilatildeo Jamais eacute adquirido

para sempre nem eacute idecircntico para todosrdquo

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I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

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II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

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III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

23

I - O CONHECIMENTO E O USO DA SIMBOLOGIA DA COR

ldquoO siacutembolo nada encerra nada explica ndash remete para aleacutem de si proacuteprio em

direccedilatildeo a um significado tambeacutem nesse aleacutem inatingiacutevel obscuramente

pressentido e que nenhum vocaacutebulo da linguagem que noacutes falamos poderia

expressar de maneira satisfatoacuteriardquo (C G Jung)

O conhecimento e o uso da simbologia das cores pelo arteterapeuta seraacute

sempre um instrumento adicional que poderaacute indicar natildeo soacute a importacircncia dos

aspectos psicoloacutegicos como tambeacutem de fatores somaacuteticos muitas vezes

presentes e difiacuteceis de interpretar pois a atitude do indiviacuteduo frente agrave cor se

modifica por influecircncia cultural psicoloacutegica fisioloacutegica e climatoloacutegica entre

outros Elementos como idade maturidade vivecircncia e experiecircncias sofridas

durante a vida contribuem para que uma pessoa escolha certo grupo de cores e

natildeo outro para conviver e se expressar M Farina considera que ldquocada um capta

os detalhes do mundo exterior conforme a estrutura de seus sentidos que

apesar de serem os mesmos em todos os seres humanos possuem sempre

uma diferenciaccedilatildeo bioloacutegica entre todos aleacutem da cultural que leva a certos

graus de sensibilidade bastante desiguais e consequumlentemente a efeito de

sentidos distintosrdquo Esses seriam portanto pontos relevantes a se considerar na

anaacutelise das cores de uma produccedilatildeo

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

24

II- A PERCEPCcedilAtildeO DAS CORES E O INCONSCIENTE

A percepccedilatildeo da cor eacute a mais emocional dos elementos da linguagem visual Ao

analisarmos uma produccedilatildeo nosso olhar eacute imediatamente atraiacutedo para as cores

dominantes ou de destaque que chamam logo a atenccedilatildeo Outros aspectos como

ausecircncia de cores fraca coloraccedilatildeo cor no lugar ldquoerradordquo que causam

estranhamento cores escondidas entre outros detalhes devem ser observados

pois servem como indicadores de uma trilha que sempre vale agrave pena seguir

A propoacutesito das mensagens do inconsciente nas produccedilotildees artiacutesticas Suzanne

F Fincher afirma que ldquoo eu consciente ou ego passa a conhecer o simbolismo

inconsciente expresso nas cores Essa experiecircncia traz informaccedilotildees de niacuteveis

inconscientes para niacuteveis conscientes da personalidaderdquo Ela sustenta que a

comunicaccedilatildeo ocorre mesmo quando natildeo se penetra no significado das cores

bastando apenas observar

Embora natildeo concordem entre si com relaccedilatildeo aos significados e coacutedigos

atribuiacutedos agraves cores os teoacutericos concordam que elas podem simbolizar sim

alguns sentimentos Devemos a Goethe a iniciativa de introduzir a cor no

campo dos valores simboacutelicos O professor van Kolck afirma que ldquoa partir

desses estudos a psicologia passa a se ocupar das relaccedilotildees entre a

personalidade e a cor como estiacutemulo afetivordquo A presenccedila de determinada cor

sua intensidade e posicionamento no plano podem sugerir equiliacutebrio ou

desequiliacutebrio bom ou mau humor mudanccedila ou estagnaccedilatildeo agressividade ou

passividade entre outras atitudes psicoloacutegicas que derivam de haacutebitos sociais

estabelecidos ao longo da vida e que conduzem inconscientemente as

inclinaccedilotildees pessoais

A atitude dos indiviacuteduos na relaccedilatildeo eu - mundo C G Jung classificou em duas

funccedilotildees baacutesicas extroversatildeo introversatildeo e em outras quatro funccedilotildees de

julgamento ndash pensamento sentimento intuiccedilatildeo sensaccedilatildeo Ele observou que as

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

25

cores predominantes nos desenhos e mandalas de seus pacientes refletiam

essas funccedilotildees associadas agraves cores

AzulPensamento

Vermelho Sentimento

AmareloIntuiccedilatildeo

Verde Sensaccedilatildeo

(o simbolismo das outras cores se encontram no dicionaacuterio de siacutembolos de

Chevalier)

Para Jung essa relaccedilatildeo daria pistas quanto ao direcionamento psiacutequico de

cada funccedilatildeo mas com a ressalva de que rdquoa correspondecircncia das cores com as

respectivas funccedilotildees variariam de acordo com as diferentes culturas e grupos e

mesmo das pessoasrdquo (J Jacobi1990 p45)

Haacute tambeacutem uma pesquisa importante feita por Bamz (1980) aliando a

preferecircncia pelas cores agrave idade dos indiviacuteduos Embora esse tipo de estudo seja

muito aproveitado pelo campo mercadoloacutegico nos orienta tambeacutem na etapa de

amplificaccedilatildeo dos siacutembolos cromaacuteticos pois a idade eacute fator preponderante nos

estaacutegios de desenvolvimento

Outros estudos na aacuterea da Psicologia Experimental usam as cores como

principal instrumento de transmissatildeo das inclinaccedilotildees dos sujeitos a exemplo do

conhecido teste das piracircmides coloridas de Max Pfister O teste avalia

preferecircncias e aspectos psicoloacutegicos atraveacutes da combinaccedilatildeo das cores

apresentadas em piracircmide

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

26

III - CARACTERIacuteSTICAS DAS CORES

As cores classificam-se em primaacuterias (azul vermelho amarelo) misturadas

duas a duas datildeo origem agraves cores secundaacuterias (violeta laranja terciaacuterias

(amarelo-ouro salmatildeo puacuterpura limatildeo turquesa anil) Podemos continuar

indefinidamente misturando as cores entre si e sempre obteremos cores novas

Podemos ainda acrescentar branco para clarear cinza para neutralizar ou preto

para escurecer uma cor Essas trecircs tonalidades satildeo neutras e constituem

valores de luminosidade

Quanto agrave temperatura as cores podem transmitir sensaccedilatildeo de calor (amarelos e

todas que conteacutem vermelho) sensaccedilatildeo de frieza (todas que conteacutem azul

proporcionalmente)

As cores quentes (vermelho laranja amarelo) transmitem alegria energia

excitaccedilatildeo extroversatildeo ameaccedila e agressividade Parecem ocupar maior aacuterea se

expandindo no espaccedilo O amarelo se destaca como a mais quente e expansiva

das cores Eacute importante observarmos o contexto das figuras coloridas para

obtermos uma melhor compreensatildeo da mensagem Em alguns casos as cores

correspondem a processos de assimilaccedilatildeo intensidade ansiedade

As cores frias (azul verde escuro violeta) expressam introspecccedilatildeo calma

reflexatildeo distacircncia retirada esmorecimento entre outros e datildeo a impressatildeo de

ocupar menos espaccedilo Deve-se ter cautela ao analisar o conteuacutedo do desenho

por que agraves vezes pode estar indicando um processo de passividade e

contraccedilatildeo Azul eacute a mais fria e profunda das cores

Quanto agrave tonalidade (se referindo agrave gradaccedilatildeo) quanto mais claras mais leves

as cores denotando um tocircnus afetivo menos carregado de emoccedilatildeo quanto mais

escura ou intensa estaacute uma cor mais carregada de emoccedilatildeo e sentimento

Os principais contrastes se formam entre cores complementares opostas no

disco cromaacutetico Uma primaacuteria tem como complemento uma secundaacuteria e vice-

versa As terciaacuterias se opotildeem e se complementam

Haacute sempre algo relativo na preferecircncia pelas cores e no que elas representam

para cada um Sempre se encontra tambeacutem o efeito da accedilatildeo fiacutesica da cor sobre

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

27

o organismo humano condicionado pelas reminiscecircncias do seu uso individual e

social

Eacute no processo criativo onde o indiviacuteduo espelha sua alma e sua histoacuteria nas

imagens que produz fazendo um incessante diaacutelogo interno entre a luz e as

cores que traduzem na exata proporccedilatildeo seus sentimentos e emoccedilotildees

No que se refere aos contrastes as cores tendem a se modificar quando

colocadas ao lado de outras Toda cor tem aspectos positivos e negativos Uma

cor pode ter aparecircncia de negatividade numa produccedilatildeo e reaparecer

positivamente em outra observando as cores vizinhas podemos notar as

diferenccedilas e redefinir seu significado

IV- O SIGNIFICADO DE CADA COR

As cores tecircm uma grande influecircncia psicoloacutegica sobre o ser humano Existem

cores que se apresentam como estimulantes alegres otimistas outras serenas

e tranquumlilas entre outros

Assim quando o Homem tomou consciecircncia desta realidade aprendeu a usar

as cores como estiacutemulos para encontrar determinadas respostas e a cor que

durante muito tempo soacute teve finalidades esteacuteticas passou a ter tambeacutem

finalidades e funcionalidades praacuteticas

Eacute possiacutevel pois compreender a simbologia das cores e atraveacutes delas dar e

receber informaccedilotildees

O preto estaacute associado agrave ideacuteia de morte luto ou terror no entanto tambeacutem se

liga ao misteacuterio e agrave fantasia sendo hoje em dia uma cor com valor de uma certa

sofisticaccedilatildeo e luxo Significa tambeacutem dignidade

O branco associa-se agrave ideacuteia de paz de calma de pureza Tambeacutem estaacute

associado ao frio e agrave limpeza Significa inocecircncia e pureza

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

31

CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

33

34

  • AGRADECIMENTOS
Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · filho e melhor amigo e ao meu amor Murilo como forma de agradecimento pela força que me deram e pela paciência que tiveram

28

O cinzento pode simbolizar o medo ou a depressatildeo mas eacute tambeacutem uma cor

que transmite estabilidade sucesso e qualidade

O Bege eacute uma cor que transmite calma e passividade Estaacute associada agrave

melancolia e ao claacutessico

O Vermelho eacute a cor da paixatildeo e do sentimento Simboliza o amor o desejo

mas tambeacutem simboliza o orgulho a violecircncia a agressividade ou o poder

O Vermelho escuro significa elegacircncia requinte e lideranccedila

O Verde significa vigor juventude frescor esperanccedila e calma

O Amarelo transmite calor luz e descontraccedilatildeo Simbolicamente estaacute

associado agrave prosperidade Eacute tambeacutem uma cor energeacutetica ativa que transmite

otimismo Estaacute associada ao Veratildeo

O Laranja eacute uma cor quente tal como o amarelo e o vermelho Eacute pois uma cor

ativa que significa movimento e espontaneidade

0 Azul-escuro eacute considerada uma cor romacircntica talvez porque lembre a cor

do mar no entanto eacute uma cor que se associa a uma certa falta de coragem ou

monotonia

O Azul claro significa tranquumlilidade compreensatildeo e frescor

O Castanho eacute a cor da Terra Esta cor significa maturidade consciecircncia e

responsabilidade Estaacute ainda associada ao conforto estabilidade resistecircncia e

simplicidade

O Roxo transmite a sensaccedilatildeo de tristeza Significa prosperidade nobreza e

respeito

O Lilaacutes significa espiritualidade e intuiccedilatildeo

29

O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

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objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

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BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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  • AGRADECIMENTOS
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O Rosa significa beleza sauacutede sensualidade e tambeacutem romantismo

O Rosa claro estaacute associado ao feminino Remete para algo amoroso

carinhoso terno suave e ao mesmo tempo para uma certa fragilidade e

delicadeza Estaacute ainda associado agrave compaixatildeo

O Salmatildeo estaacute associado agrave felicidade e agrave harmonia

O Prateado ou cor prata eacute uma cor associada ao moderno agraves novas

tecnologias agrave novidade agrave inovaccedilatildeo

O Dourado ou cor de ouro estaacute simbolicamente associado ao ouro e agrave

riqueza a algo majestoso

V - O SISTEMA CROMAacuteTICO

Vaacuterios cientistas e artistas do seacuteculo passado se dedicaram agrave procura da harmonia cromaacutetica Desta forma surgiram os primeiros sistemas (teorias da cor) de Goethe e Newton Os seus sistemas compunham-se por figuras bidimensionais (circulares ou poligonais) e formavam-se atraveacutes de cores puras e suas misturas

Mais tarde chegaram agrave conclusatildeo que a representaccedilatildeo das cores deveria ser tridimensional

Assim surge o Sistema de Chevreul onde para aleacutem das cores puras e suas matrizes tambeacutem se aplica a utilizaccedilatildeo de um eixo vertical que indica o brilho e a saturaccedilatildeo da cor Este sistema eacute constituiacutedo por um hemisfeacuterio que estaacute rodeado pelas cores puras e as que resultam das suas misturas e estas vatildeo clareando ateacute ao branco que se situa no centro do mesmo

Estes satildeo alguns exemplos de teorias desenvolvidas sobre a cor e a forma como a organizaccedilatildeo da mesma poderia ser racionalizada no entanto existem muitas obras de arte que surgiram sem se comandarem por elas Esta postura de vaacuterios artistas vem contradizer o principio destes sistemas pois claramente indica que a harmonia entre as cores natildeo tem que ser necessariamente

30

objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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  • AGRADECIMENTOS
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objetiva e que elementos subjetivos de quem estaacute a criar como a sensibilidade a memoacuteria cromaacutetica do indiviacuteduo entre outros condiciona igualmente a harmonia entre as cores

A cor ou tom eacute resultado da existecircncia da luz ou seja se a luz natildeo existisse natildeo existiriam cores agrave exceccedilatildeo do preto que eacute exatamente a ausecircncia de luz O preto eacute resultado de algo que absorve toda a luz e natildeo reflete o branco resulta de algo que reflete toda a luz logo eacute a existecircncia de luz

Assim poderiacuteamos dizer que o branco e o preto natildeo satildeo exatamente cores mas antes caracteriacutesticas da luz

Isaac Newton em 1666 fez uma experiecircncia onde verificou que a luz do Sol tinha grande influecircncia na existecircncia das cores nomeadamente as cores do arco-iacuteris

A cor-pigmento eacute a substacircncia usada para imitar os fenocircmenos da cor-luz Cores que podem ser extraiacutedas da natureza como materiais de origem vegetal animal ou mineral e que da sua mistura atraveacutes de processos industriais surge o pigmento

A cor-luz se baseia na luz solar e pode ser vista atraveacutes dos raios luminosos A cor-luz representa a proacutepria luz capaz de se decompor em vaacuterias cores

Eacute inevitaacutevel associar a cor ao mundo das sensaccedilotildees logo ao ser humano A cor eacute pois assimilada pelo ser humano atraveacutes da visatildeo e por consequecircncia atraveacutes dos olhos ou seja o olho humano No entanto natildeo nos podemos esquecer do ceacuterebro assim os olhos seratildeo os sensores e o ceacuterebro o processador

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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

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BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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  • AGRADECIMENTOS
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CONCLUSAtildeO

Da presente monografia conclui-se a existecircncia de uma conexatildeo direta da

criatividade com o bem estar humano uma vez que as Vivecircncias Artiacutestico-

Expressivas podem potencializar o desenvolvimento das pessoas que com elas

se envolvem possibilitando a ampliaccedilatildeo do autoconhecimento e da

autoconsciecircncia pessoal bem como o exerciacutecio e o desenvolvimento da

imaginaccedilatildeo e da criatividade por via de uma atividade produtiva cujo significado

estaacute centrado na produccedilatildeo cultural e na dimensatildeo esteacutetica da humanidade

32

BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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  • AGRADECIMENTOS
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BIBLIOGRAFIA

1 CHEVALIER J GHEERBRANT A - Dicionaacuterio de siacutembolos Mitos

sonhos costumes gestos formas figuras cores nuacutemeros 10 ed Rio de

Janeiro Joseacute Olympio 1996

2 PHILIPPINI A - Arteterapia um caminho In Imagens de

Transformaccedilatildeo v1 n 1 p 04-07 out 1994

3 PILLAR A D - Fazendo artes na alfabetizaccedilatildeo Artes plaacutesticas e

alfabetizaccedilatildeo 4 ed Porto Alegre Kuarup 1990

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  • AGRADECIMENTOS
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  • AGRADECIMENTOS
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  • AGRADECIMENTOS