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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A AUSÊNCIA DO SUJEITO NO DISCURSO E NA IMAGEM POLISSÊMICA Por: Hércules José Silva Dias Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · subliminares na perspectiva educacional e seus efeitos. Com ... como o da mensagem subliminar, e sua resultante, ... nos limites

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A AUSÊNCIA DO SUJEITO NO DISCURSO E NA

IMAGEM POLISSÊMICA

Por: Hércules José Silva Dias

Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A AUSÊNCIA DO SUJEITO NO DISCURSO E NA

IMAGEM POLISSÊMICA

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Docência do Ensino Superior.

Por: Hércules José Silva Dias

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a todos os meus

familiares: Simone de Araújo Silva,

Adriano José de Araújo Silva, Judite

Maria dos Reis Silva e Hyram Nei de

Araújo Silva (in memoriam), na

qualidade de meus tios e amigos, em

especial à minha esposa, Letícia

Damasceno Barreto, e aos meus

mestres espirituais e amigos.

Com destaque aos Professores Ms.

Frank Wilson Roberto e Katya Souza

Gualter, além da Prof.ª Denise Maria

Quelha de Sá.

Aos amigos: Mestrando Victor Hugo

Neves de Oliveria e a Drª. Regina

Moraes.

E aos Tutores: Prof.ª Ms. Fernanda Sansão e Leonardo Silva da Costa

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia aos Educadores

Anísio Teixeira e Paulo Freire, por sua

abnegação e acima de tudo consciência

sobre o processo educativo e todas as

responsabilidades implicadas ao mesmo.

“Por que o olho vê com maior precisão o

objeto dos seus sonhos, com a

imaginação, quando está acordado?”

Ao Gênio Leonardo da Vinci

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RESUMO

Essa monografia procura estabelecer um pensar crítico entre comunicação e

comunicabilidade nos materiais audiovisuais, suas interfaces, no campo da

imagem-movimento, e suas implicações no tocante as mensagens

subliminares. Utilizo para tanto, um vídeo concebido e produzido por um grupo

de estudos em cinema e dança – PECDAN – da UFRJ; que objetiva a

reapropriação de um mito afrodescendente, no tocante a sua leitura, sua

poética e sua relevância no mundo midiático globalizado, onde é detectada em

alguns frames, tais mensagens, procuram assim estabelecer, os limites

subjetivos entre as discussões sobre a inadequação dos discursos

subliminares na perspectiva educacional e seus efeitos. Com essa

iniciativa, penso estar contribuíndo para melhor elucidar a ausência do sujeito

no discurso e na imagem polissêmica assim como os seus recortes.

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METODOLOGIA

Pretendo por meio discursivo/analógico, pontuar em um vídeo de autoria

coletiva voltado para o procedimento educacional, a saber: produção existente

no universo das aulas que utilizam o ferramental audiovisual; e que sinalizem

para possíveis comprometimentos na compreensão, absorção e re-significação

dos conteúdos propostos e que possam ser amplamente assimilados pelos

discentes, servindo-lhes como multiplicadores para e no processo pedagógico.

A mensuração desses estudos, poderá ser realizada através de um

breve questionário aplicado, ao final da explanação, com futura análise

comparativa, que possa delinear parâmetros e apontar caminhos, no debater

crítico-democrático, sobre as questões da imagem/memória, a qual entendo

como elemento facilitador para que se amplie e objetive uma ação mais

contundente e participativa, sempre e cada vez mais efetiva e afetiva para com

– o sujeito – objetivo final à que se propõe o vídeo educacional, ferramenta em

questão.

Para tanto, pretendo utilizar o vídeo acima citado, como produto

exemplificador das hipóteses que aponto como objeto de estudo, referenciado,

como objeto de pesquisa, sendo de foro autoral, qualificado como um curta-

metragem, concebido por um Grupo de Pesquisa em Cinema e Dança da

EEFD/DAC/UFRJ, do qual sou integrante, atuando como pesquisador e

profissional da área de comunicação. Esse vídeo foi realizado no ano de 2008,

observando que ao discorrer sobre essa escolha, fica evidenciado à colocação

em questão de um material aberto ao visionamento público, portanto, livre de

quaisquer questões de cunho ético, uma vez que o mesmo já foi diversas

vezes visionado.

Se houver um questionamento no âmbito da conceituação e concepção,

ideológica e/ou filosófica do assunto em pauta, que o mesmo seja feito em um

material onde não suscite questões inerentes à terceiros, ao menos no tocante

a esse assunto tão imbricado no campo da leitura e releitura de imagens-

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movimento, como o da mensagem subliminar, e sua resultante, levantado

como questão de maior perseverança, e principal cerne dessa discorer

monográfico que pretendo abordar, consciente de que ao apontar

possibilidades, estamos nos sujeitando aos trâmites inerentes à pesquisa, logo,

a mesma, pode nos ser bastante corroborativa, aprofundando o viés adotado,

como pode também nos emparedar, nos limites dos atuais conceitos e

ferramentais disponíveis em tal sentido.

Não nos negamos às críticas que por ventura possam constar do

processo como um todo. Sabemos de antemão que: toda e qualquer suspeita

e/ou questão, inexorávelmente passa pelas limitações culturais e temporais do

assunto que se quer confrontar. Nossa maior espectativa, não permeia a idéia

de que possamos estar “descobrindo a roda”, mas sim ajudando a percebê-la

enquanto metáfora em nossa linguagem do cotidiano e comumente

reconhecida em cada angústia que possa elencar nosso transito por essa

ciência que tanto nos fascina que é a comunicação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO DA INTRODUÇÃO......................................................... 10

CAPÍTULO I – A AUSÊNCIA DO SUJEITO NO DISCURSO E NA IMAGEM POLISSÊMICA................................. 16

CAPÍTULO II – O apaziguamento entre o tempo de Kairós e Khronus – Sujeito e Subjetividade e a Essência do Ser..................................................................... 22

CAPÍTULO III – Haikai – tentativa de transcender a limitação imposta pela linguagem usual e o pensamento linear e científico.................................................... 27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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BIBLIOGRAFIA 35

WEBGRAFIA 36

ANEXOS 37

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INTRODUÇÃO

A relevância desse estudo e dessa Monografia dentro dos ditâmes que

norteiam a Educação e o seu ambiente institucional como um todo, se dá pela

persistência na árdua luta desenvolvida por educadores do fim do século XIX e

início do século XX, que nos agraciaram com suas percepções mais

esmiuçadas e procedentes ao assunto em voga. Assunto esse que tanto nos

inebria e nos convida à transceder todas as dificuldades, tendo como objetivo

principal – o mergulho – nas águas nem sempre límpidas desse oceano que

compõe a didática e a docência na Educação.

O tema selecionado para exposição e que pretende suscitar discussão,

é o que perpassa a imagem movimento, em uma de seus embricamenos de

maior enfase na Docência do Ensino Superior, quando da constatação e da

convivência em seu material didático, de mensagens subliminares, tanto do

cunho objetivo/subjetivo, quanto no âmbito “consciente/inconsciente”, do qual

todo e qualquer trabalho de autoria, está sujeito.

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DA INTRODUÇÃO

O que desencadeou tal questionamento, está diretamente relacionado à

possibilidade da existência de mensagens subliminares, permearem o universo

– mais específicamente – do(s) vídeo(s) educativo(s). A investigação da

produção audiovisual no campo da TI e da Educação através desse potente

componente ativo/pedagógico que é a imagem. Podemos constatar que um

dos eficientes ferramentais capitalísticos de transformação do pensamento em

produto, para o qual, pretendo focar minha pesquisa, dentro dos métodos

comunicacionais institucionalizados; operacionaliza-se na mensagem

subliminar, onde a maquiagem; seja na imagem, no cenário, no drama, no

apelo emocional, no contexto, no subtexto ou no hipertexto, ratifica discursos

hegemônicos, legitimadores e perpetuadores da dominação.

Nesses processos, que vão desde a alteração técnica da velocidade e

do modo de exposição de frames por segundo, que burlam nosso senso crítico,

penetrando de forma inevitável em nosso inconsciente. Exemplificando: é

quando metaforicamente corremos o risco de sermos representados pela

‘imagem’ da “velhinha de Taubaté”1, de Luiz Fernando Veríssimo, que de uma

forma um tanto quanto ‘ingênua’ em tudo acredita, em se tratando do que vê e

ouve, e que faleceu em 2005 – afirmam – de desgosto.

Há que se observar que os “ruídos” da comunicação e da informação

resultam na inadequação entre o objetivo e o objeto do discurso, como

podemos atestar em Foucault:

“Desde o século XVII, esta função não cessou de se

enfraquecer, no discurso científico: o autor só funciona

para dar um nome a um teorema, um efeito, um

exemplo, uma síndrome. Em contrapartida, na ordem do

discurso literário, e a partir da mesma época, a função

do autor não cessou de se reforçar: todas as narrativas,

todos os poemas, todos os dramas ou comédias que se

1 http://literal.terra.com.br/verissimo/biobiblio/sobreele/sobreele_imprensa.shtml?biobiblio5

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deixava circular na Idade Média no anonimato ao menos

relativo, eis que, agora, se lhes pergunta (e exigem que

respondam) de onde vêm, quem os escreveu; pede-se

que o autor preste contas da unidade de texto posta sob

seu nome; pede-se-lhe que revele, ou ao menos

sustente, o sentido oculto que os atravessa, pede-se-lhe

que os articule com sua vida pessoal e suas

experiências vividas, com a história real que os viu

nascer. O autor é aquele que dá a inquietante linguagem

da ficção suas unidades, seus nós de coerência, sua

inserção no real”. (FOUCAULT, 1971, p. 27-28)

A revolução industrial do século XVIII / XIX, ao se expandir pelo mundo,

trouxe tantas questões de cunho sócio-filosófico, muitas delas, até hoje,

tentamos assimilar em nosso cotidiano já que nos sentimos impotentes em

conhecer-lhes os meandros. Entre elas a obtenção quantitativa e qualitativa

dos processos de registro (audiovisuais) e todos os seus aspectos possíveis, a

manutenção e reflexão na utilização dessa linguagem, desde os irmãos

Lumière, fundadores da Sétima Arte, é que se suscitam questões que discutem

essa possibilidade de tradução por tantas formas de expressão, como

processos que possibilitem reter pelas imagens a memória/imagética da

epopéia humana nos últimos três séculos pelo menos.

Tempos Modernos de Charles Chaplin, em sua crítica a produção

capitalista, desqualifica a condição humana, nos apresenta uma poesia ácida

que corrói as narrativas e os alicerces da sociedade da produção em série, a

que pasteuriza e, portanto, produz e distribui uma linguagem homogenizadora,

acéfala em suas propostas comunicacionais, tão atual quanto os discursos

contemporâneos.

Discurso este que institue e é instituinte dos motivos de tantos desvios

nas imensas possibilidades de recuperação e de apropriação do tempo que

necessita a arte em sua pulsão criativa. Na verdade ficamos perplexos ao

presenciar essa corrente que vai se transmutando no que é possível ver, já que

somos socialmente reconhecidos pelo ter e no imediatismo – facilmente

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consumido, digerido e comumente “reproduzido” nas relações sociais,

velozmente macerado ao senso comum, onde toda e quaisquer tentativas do

indivíduo na recomposição de si, diante da ‘sistêmica massificação - se

mortifica’.

A cultura e a capacidade de compreensão dos processos evolutivos e

suas subjetividades sempre foram os pilares e o alicerce da sociedade humana

nos últimos três séculos. A contemporaneidade, propiciou aos incautos, débeis

conceitos do ‘novo’, como se esses, fossem a melhor maneira para justificar e

fundamentar o consumismo do “modelo” e do “novo”, como única forma de

expressão do homem para saciar suas necessidades subjetivas. Assim,

ratificamos a exploração do homem pelo “homem”; do mercado pelo ‘produto’ e

do meio e método de realização e pertecimento – sem vivência – apenas e

simplesmente se reproduzindo em cerceamento da nossa qualidade de vida.

Sobre essa égide, tudo se tornou permitido, tudo em nome do produzir

para consumir o mais rápido possível e retro-alimentar uma cadeia produtiva

voraz que depaupera o ser e o seu habitat, colocando em risco todas as

espécies vivas, cauterizando o interior criativo de nosso ser – o devir. Restando

apenas o que lidamos até então, e que pode ser facilmente traduzido no

impagável preço que não quantificamos, nesse labirinto do devaneio, que é a

sociedade do imediato, da imagem, do consumo e da negação do indivíduo,

pela qual, nos deixamos submeter e seduzir.

Desconsiderar a possibilidade das mensagens subliminares, ferramental

tão poderoso de dominação, perpetuação e recuperação do seu discurso

legitimador, é no mínimo colocar-se ingenuamente no ambiente dos interesses

dominantes menores e dos processos ‘microfísicos’ que tanto Foucault nos

aponta e adverte, que é o da imagem construída como discurso, principalmente

se for no campo da informação, da formação e da educação como processo,

possibilitador do perpetuar infinitamente essa dominação.

A banalização da miséria e da violência, diariamente transformadas em

um discurso vazio nos inúmeros materiais audiovisuais que circulam e

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proliferam, pelas redes tecno-informacionais, perpetua esse ‘microondas’

mental que pode apenas e simplesmente mais uma vez reafirmar o discurso

dominante no nosso cotidiano, ampliando-o nas relações sociais, acabando

por promover esse andar em ‘círculos’ que é muito bem utilizado pelos

processos de dominação na compreensão e manutenção do poder e na

sedução quase ilimitada que a imagem na sociedade contemporânea exerce

em sua apologia ao medo.

Alberto Villani em seu texto nos faz refletir quando questiona: “Será que

a história não documentou suficientemente que os avanços da ciência são

utilizados principalmente pelos grupos hegemônicos para terem mais poder, e

somente como efeito secundário e ilusório para melhorar a vida de todos?”

(VILLANI, 2001, 178) Esse questionamento, deve ser referencial na questão

subliminar que por ventura possa existir na imagem, principalmente no tocante

a vídeos de teor educacional.

Pretendo com o desenvolvimento dessa pesquisa, refletir sobre essas

questões acima citadas, e tentar detectar na aparente ‘passividade’ e na

deformação das identidades culturais que possam ser redutoras, na formação

de meros espectadores, para poder discutir esses suportes pelo prisma da

educação como é o caso dos recursos audiovisuais que apontem para

reflexões e avaliações qualitativas, que respeitem as particularidades e os

saberes das populações periféricas na formação de uma opinião que valore

sua imagem/identidade.

Hebe Roig, nos assiná-la também, sobre as Tecnologias Educacionais,

as quais, não se deva abdicar da técnica; mas sim do tecnicismo, a saber:

valoração do fazer/conhecer técnico, única e simplesmente como reverberador

da criação, construção e difusão da educação, como forma de produção que

pode nos deslocar do registro, do acontecimento, do ‘real’ para a sedução do

virtualismo, limitando-nos enquanto sujeitos responsáveis por nossas ações,

como se fossemos arrebatados de nossa subjetividade enquanto formadora da

independência e da compreensão do mundo e da cultura que estamos

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inseridos, sem com essa afirmação, pretender negar as profundas

transformações e desafios que o século XXI nos apresenta em sua rede global.

É com essa inquietude de tentar visionar o real e não simplesmente

aceitá-lo sem procurar dissecá-lo, é que podemos estar lidando como a palavra

latina ‘quid pro quo’ (ver Webgrafia), quando: tomar uma coisa por outra, pode

ser um tanto quanto deturpador e nocivo à reflexão do discente em seu

processo de introspecção do aprendizado, além de se intervir no tempo

necessário e relativo à esse processo, que no meu entender, passa

diretamente pelo tempo da subjetividade.

Ao contrário do poder “excluso” que exerce a subliminariedade nos

tempos remotos e tão utilizados com acuidade na contemporaneidade;

retirando-o de dentro da “aculturação” mas não apenas pelo recorte

(decupagem), é que talvez se identifiquue o caminho que possa promover a

discussão entre o limite do pensamento da imagem, no campo de sua

construção filosófica ou da necessidade de re-significar sua compreensão,

como desafio, sem tentar dispossuí-la de autoria seja pelo simples exercício da

“disciplina e do controle”, seja o que seria apenas reforçar o produto e o

subproduto para a recuperação ‘displicente’ que nos propõe a midiática na

ativação e reativação do consumo em seu modus operandi.

Segundo Martine Joly, bem nos define em seu cap. 2 – “A Análise da

Imagem: Desafios e Métodos. Premissas da análise – A recusa da análise.”

Propor “Propor a análise ou a ”explicação” de imagens

parece suspeito na maioria das vezes e provoca

reticências sob vários aspectos:

– O que há de dizer de uma mensagem que,

precisamente, em virtude da semelhança, parece

“naturalmente” legível?

– Uma outra atitude contesta a riqueza de uma

mensagem visual através de um repetitivo e

inevitável: “O autor quis tudo isso?”

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– Uma terceira reticência refere-se à imagem

considerada “artística”, que seria desnaturada pela

análise porque a arte não seria da ordem do

intelecto, mas do afetivo do emotivo.”

Continuando em sua reflexão:

“[...] Porém, se persistirmos em nos proibir de interpretar

uma obra sob o pretexto de que não se tem certeza de

que aquilo que compreendemos corresponde às

intenções do autor, é melhor parar de ler ou contemplar

qualquer imagem de imediato. Ninguém tem a menor

idéia do que o autor quis dizer; o próprio autor não

domina toda a significação da imagem que produz.

Tampouco ele é o outro, viveu na mesma época ou no

mesmo país, ou tem as mesmas expectativas...

Interpretar uma mensagem, analisá-la, não consiste

certamente em tentar encontrar ao máximo uma

mensagem preexistente, mas em compreender o que

essa mensagem, nessas circunstâncias, provoca de

significações aqui e agora, ao mesmo tempo que se

tenta separar o que é pessoal do que é coletivo.” (JOLY,

1998, p. 44)

Penso ser possível, e que se faça urgente e necessário o mergulhar

nessas questões, de forma comprometida, para melhor discutir essas

possibilidades e para tentar responder essas indagações que vivenciamos

como sendo do senso comum ou como a figura de linguagem, da retórica, mas

que nos parece muito se assemelhar ao “elo perdido” que tanto aflige a

sociedade contemporânea.

Nosso discurso de espontaneidade, fica cada vez mais contido, e

transita caminhos perigosos no trato da comunicação, da imagem e da riqueza

que se pretende passar às futuras gerações – de forma menos engessada –

mas sem perder de vista os princípios que regem a convivência e o

aprendizado mútuo entre a poesis e a tekhnikas. Uma não pode abdicar da

outra.

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CAPÍTULO I

A AUSÊNCIA DO SUJEITO NO DISCURSO E NA

IMAGEM POLISSÊMICA

Problematização

O quê se pretende em termos educacionais, quando se afirma a imagem

como polissêmica, e ao mesmo tempo, se desloca para a periferia o sujeito e

objeto do estudo dessa ação? Nosso maior desafio, se norteia em procurar

uma sutileza no trato desta tão intrigante questão, buscando os possíveis

distanciamentos, ou até mesmo um maior visionamento colaborativo, na

tentativa de: que: sobrepondo-o ao Hai-Kai*, utilizando-o; quando possível, sua

metodologia, no sentido de interferir o menos possível no processo de reflexão

do aluno em seu trilhar pela introspecção/assimilação do conteúdo que se

propõe seja apreendido, pelo viés da compreensão e assimilação intelectual.

Por quê tais lacunas informacionais, proporcionam o constante retorno

ao binômio de apropriação e recuperação? Sendo uma possível resposta: - O

que é sabido até os nossos dias, quanto aos objetivos finais do capital, que

podem ser resumidos e justificados no lucro. Portanto, não pretendo me

aventurar nas estruturas formadoras desse pensamento, que sabemos ser de

rápida recuperação, produzindo tais meios e métodos que se retroalimentam

em uma cadeia muita bem estruturada e sucessiva de dominação. O que

pretendo, é o verificar a incidência ou a existência de mensagens subliminares,

utilizado como princípio ativo, que é tão participativo, eficiente e que bem nos

poderá alertar para o discurso simplesmente vazio, mas recheado de

imagens/memórias e das representatividades simbólicas que as acompanha, e

que quase que o tempo todo pode ratificá-los, enquanto discursos validadores,

para tanto, valendo-se de um rigor científico, como bem nos exemplifica

Bergson do capitulo II Do reconhecimento das imagens. A memória e o

cérebro:

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“[...] Mas, à medida que essas lembranças se aproximam

mais do movimento e por isso da percepção exterior, a

operação da memória adquire uma importância prática

maior. As imagens passadas, reproduzidas tais e quais

com todos os seus detalhes, e inclusive com sua

coloração afetiva, são as imagens do devaneio ou do

sonho; o que chamamos agir é precisamente fazer com

que essa memória se contraia ou, antes, se aguce cada

vez mais, até apresentar apenas o fio de sua lâmina à

experiência onde irá penetrar. No fundo, é por haver

distinguido aqui o elemento motor da memória que ora

se desconheceu, ora se exagerou o que há de

automático na evocação das lembranças [...].”

(BERGSON, 1999, p. 121)

Bergson nos proporciona com essa afirmação, elementos, que

esclarecem sobre a necessidade de estarmos atentos à percepção da imagem

como um produto, em um sistema produtor do imediatismo. Pois, é ela que nos

obstrui e congela a possível identificação do ruído no que se está ouvindo ou

vendo. Outro ponto assinalado por Bergson quando nos adverte em Matéria e

Memória: “IV – Mas essa teoria da “percepção pura” precisava ser atenuada e

completada ao mesmo tempo em dois pontos.” (BERGSON, 1999, p. 272).

Penso que o que ele esteja se referindo, seja a relação de troca que se

estabelece entre a mensagem e o seu meio e talvez seja aí que possa se dar à

inserção desses possíveis ruídos.

Alguns, da própria natureza da comunicação, outros, da intenção, e da

intervenção do emissor em controlar e tentar direcionar o seu conteúdo,

ignorando em sua ação a polissemia inerente ao meio, ao outro e ao seu

discurso.

Pretendo discutir se o que retro-alimenta e nos imobiliza perversamente

nos induzindo ao limbo da impotência social, possa ser o que nos compele a

uma não compreensão do que possa estar ocorrendo, independentemente de

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nossa vontade, nos transpassa, negando-nos a possibilidade de percepção e

do distanciamento necessário, daquilo que se experimenta nos

acontecimentos, impedindo-nos de vivenciar com mais consciência, dignidade

e maior isenção as nossas escolhas.

Como bem nos aponta Virginia Schall em:

“Um processo dessa natureza requer também

adequação curricular que integre aspectos afetivos e

cognitivos, contemplando valores e atitudes relevantes

para a informação do aluno ao planejar os conteúdos

das disciplinas escolares, requerendo maior

complexidade, multirreferencialidade e a consideração

da subjetividade em seu planejamento [...].” (SCHALL,

2005, p. 53),

tais palavras, corroboram e direcionam o ‘foco’ para as questões da

imagem, enquanto instrumento educacional.

Para tanto, utilizo os conceitos de Flávio Calazans sobre: “A Teoria

Subliminar que por sua vez remonta ao filósofo grego Demócrito (400 a.C.) e é

descrita por Aristóteles, Montaigne, pelo físico brasileiro Mário Schenberg, pelo

filósofo da linguagem Vilem Flusser e por vários outros.”

“Por definição, subliminares são as mensagens que nos

são enviadas dissimuladamente, ocultas, abaixo dos

limites da nossa percepção consciente (medidos pela

Ergonomia) e que vão influenciar nossas escolhas,

atitudes, motivar a tomada de decisões posteriores.”

(CALAZANS, ver Webgrafia)

Investigar, especificamente, no caso do(s) vídeo(s) educativo(s), com um

olhar para a maneira como se gerencia esses sets de filmagem, sem ignorar

que ao se fazer um trabalho de cunho educativo, nem por isso, se está isento

do traço e da autoria. Para então poder salientar, tanto quanto possível(is),

algum(uns) exemplo(s) relevante(s) e consensual(is) ao assunto em questão.

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A educação do olhar é importante veículo para investigação científica, e

pode nos possibilitar o desenho de novos contornos, novos campos de

abordagem e observação. Mas, principalmente sugerir possibilidades se nos

permitirmos impregnar pela subjetividade que a imagem conduz em si. Não

simplesmente ao recorte do ‘olho que se permite tudo ver’.

A imagem sempre permeou o imaginário do homem, desde tempos

remotos e nem sempre é o significado ou o significante dos seus anseios e

potências. A necessidade de re-significar (nossa) ‘imagem’ nos parece

decorrente da nossa condição humana, para que possamos compreender

nosso pertencimento social, poder provocar uma possibilidade de pensar o

objeto desse estudo que é o sujeito, compreendendo-o como capaz de produzir

sua própria subjetividade, o que é por vezes, facilmente preenchido pelos

meios e ferramentas de comunicação, que se deslocam no vazio deixado pela

não checagem e não observância desses vácuos; na sombra de uma,

‘pseudopedagogia’, que podemos sem nos perceber, definir hegemonicamente

como: “vender nas entrelinhas”. (Anexo 4)

A formação de um ou mais conceitos, que tentem determinar linhas de

comportamento, esquadrinhar formas de conduta e modos de ser, valendo-se

da superposição existente para os incautos e “futuros consumidores”, anulando

o sentido principal que é o outrar-se, para melhor poder refletir sobre esses

apelos da imagem, ordenando, avaliando e sistematizando, com o teor crítico

inerente ao seu próprio engendramento ao processo.

O cineasta dinamarquês Lars Von Trier (1956), em sua produção

herdada do movimento Dogma 95 (ver Webgrafia), quando da comemoração

dos cem anos de seu nascimento em 95, podemos por exemplo destacar:

“como o fato de o som jamais ser produzido separadamente da imagem ou

vice-versa; São proibidos os truque fotográficos e filtros.” Podemos então

perceber que esse sentimento, se traduz de forma contundente nos artistas da

sétima arte (CANUDO, Ricciotto, manifesto das Sete Artes de 1911, publicado

em 1923), que produzem e pensam a imagem-movimento, desde o seu

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nascedouro. Inegávelmente, todos nos apontam para um maior cuidado e

atenção, quando o que está em jogo, é o ambiente educacional, pedagógico e

didático, como é o caso da Docência Superior, mas não só nela, penso eu, mas

em todo o ambiente de proposta educacional.

O filme Dogville (ver Webgrafia), lançado em 2003, dirigido pelo cineasta

em epígrafe, faz uma abordagem interessantíssima sobre a proposta de o

tempo todo o espectador ser convidado a perceber que está vivendo uma

representação imagética da realidade, com isso, o esquadrinhamento do chão,

demarcando a planta baixa das casas e de seus cômodos, a diminuta presença

de móveis, a mudança do tempo de dia para noite, totalmente produzida pelo

jogo e o efeito de iluminação, são as únicas informações que proporcionam na

narrativa a indicação de tempo linear, com essa abordagem, o autor produz a

inserção do sujeito na discussão polissêmica, pois a representatividade do real,

está sendo de certa forma desnuda aos seus olhos.

Esse convite em nenhum momento, de forma alguma invalida a

narrativa, apenas produz no espectador, que ele seja um propositor na troca da

mensagem, deixando de ser com isso um sujeito passivo, diante do que lhe é

exposto, como bem podemos observar no caso da teledramaturgia, em que por

muitas e muitas vezes, os juízos pré-formatados de uma moral dominante é

ampla e conceitualmente difundida, levando a uma máxima da discussão nas

salas de tvs de “estranhos à nossa realidade”, mas que acabamos por nos

identificar, por essa sobreposição e pelo reconhecimento do semelhante na

tela, como se fosse o que devem almejar todos os expectadores na vida.

Padrões de comportamento, juízos de valor, o enaltecimento de

personalidades em celebridades ou até mesmo de meros desconhecidos à

notáveis, dentro da invisibilidade social que é submetida grande parte da

sociedade que a absorve como verdadeiras, todos esses arremedos de vida

real, como é o caso do BBB, que já está em sua décima versão.

Não vai aqui nenhum juízo de valor quanto ao entretenimento como

liberdade de escolha, dentro dos parâmetros de que “gosto não se discute, mas

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sim quanto a subliminariedade da mensagem que tal proposição contém: a de

que é possível se atingir o ápice da pirâmide social, desde que pelo melhor

caminho, que nem sempre é o “mais fácil.” É nesse sentido que a pedagogia e

a didática podem ser ferramentas importantemente críticas na interpretação e

nas subjetividades nelas contidas.

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CAPÍTULO II

O APAZIGUAMENTO ENTRE O TEMPO DE KAIRÓS E

KHRONUS – SUJEITO E SUBJETIVIDADE E A

ESSÊNCIA DO SER

“O maior dos erros é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a

oportunidade.” (Sabedoria Árabe).

Kairós, é desse tempo que possivelmente se necessita, é desse tempo

de reflexão que se urge para que se possa digerir e assimilar a condição de

melhor decantar na imagem o seu constante devir. E é importante que esse

instante se interiorize sem um tempo pré-determinado, como bem vivenciamos

no tempo cronológico, construindo o amadurecimento da percepção, numa

contínua dialogia entre o emissor – a mensagem – o meio e o seu interlocutor

em processos de geração e registros em meios áudios visuais e/ou fílmicos;

sem se ter à pretensão do controle ou da retórica da afirmação de que a

mensagem, por si só, é “limpa” de qualquer ruído e desprovida de

intencionalidade.

Esse pensamento e essa linha pedagógica, talvez, nos referencie outros

caminhos através do exercício cada vez mais imanente à observância e da

prática do polissêmico, do retorno daquilo que nos é próprio – nosso

pertencimento e reconhecimento dedutivo – do que a pura sensação de torpor

diante da sedução da imagem. Para que então vislumbremos na circularidade e

no coletivismo, propostas que apontem para um evitar se confundir com ‘aquilo

que é do campo pessoal, mas não do pertencimento e da pessoa’. Um

exemplo disso é a construção de um personagem, de uma idolatria, de uma

celebridade meramente.

A tentativa de re-significar o que é do humano pode não nos ‘traduzir’,

muito menos nos isentar da relação ad aeternum na convivência com a

polissemia que pode estar no outro. Essa experimentação, é que pode ratificar

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ou não – todo o processo. Por outro lado, também nos permitir o experimentar

do iniciante nesse mundo não “tão novo da tecno-informação”; daquele que

não ignora seu envolvimento e desconhecimento diante de tantas

possibilidades, permitindo-se então, indagações como: ouvir a imagem vendo o

som e não somente o ruído que dela provém? Como bem nos norteia Bergson:

“Mas, se fossem reunidos todos os estados de

consciência passados, presentes e possíveis, de todos

os seres conscientes, só se abrangeria com isso, a

nosso ver, uma parte muito pequena da realidade

material, porque as imagens ultrapassam a percepção

por todos os lados.” (BERGSON, 1999, p. 268)

Esse pode ser um componente facilitador para uma possibilidade ou

possibilidades, no rumo da consideração sobre aquele que nada vê por mais

que o tempo todo esteja olhando, onde não está o que necessita ser visto. A

construção coletiva de uma maior “condição”, talvez mesmo de um extracampo

ou de uma possível metodologia que se mostre viável; partindo-se de uma

sensação de déjà vu como experimentação, e que possa permitir a construção

de vertentes múltiplas de leituras; que não abdiquem da re-leitura como

elemento mensurador, e até mesmo que possam apontar para “enes” possíveis

leituras acertivas para o melhor entendimento dessa linguagem do campo do

cognitivo, do subjetivo/projetivo como nos assinala Bergson:

"É portanto a percepção pura, isto é, a imagem, que

devemos nos dar em primeiro lugar. E as sensações,

longe de serem os materiais com que a imagem é

fabricada, aparecerão como a impureza que nela se

mistura, sendo aquilo que projetamos de nosso corpo

em todos os outros. [...]" (BERGSON, 1999, p. 274)

Assim acredito, podermos pesquisar de maneira a aprofundar os

estudos sobre possíveis mensagens subliminares nos vídeos educacionais,

nos permitindo apropriar e discutir ‘isentamente’ para a construção de um

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pensar que aponte ou até mesmo revolucione, não mais com a perplexidade

dos que se aventuram, mas sim com a ‘ingenuidade dos sentidos’ desse

evento tão inebriante que se apresenta o tempo todo para nossas retinas que é

o de produzir e partilhar imagens. Esse “nos dar” de que fala Bergson, pode

nos oferecer pistas que não devemos deixar de prestar atenção. Penso que

talvez assim possamos “hibridizar” o nosso ao conhecimento do outro,

projetando um pensar mais voltado para o homem e para uma utopia que

transite por caminhos possíveis.

É nesse pensar a construção do vídeo de cunho educacional que retomo

a frase: “O maior dos erros é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a

oportunidade.” Ela não só nos faz refletir sobre a questão de tempo e de um

outro tempo, mas e principalmente, nos alerta para que não nos atenhamos

simplesmente à reprodução de um tempo que não nos pertence, mas que pode

nos transformar em meros espectadores das nossas vidas, diante de um fluxo

cada vez mais constatado no meio acadêmico, onde o processo, facilmente

justificável na “eficiência”, acaba por empurrar toda uma geração, que se

percebe, em muitos dos casos, despreparada, para o abismo do cientificismo

estéril.

Hoje, e cada vez mais é amalgamada aos preceitos mercadológicos,

uma formação “continuada” que arremessa o discente da formação superior ao

mestrado, doutorado e pós-doutoramento, queimando-se etapas tão

importantes na consolidação das relações profissionais e sociais, dentro das

necessidades que os desafios do mundo contemporâneo, cada vez mais e

mais nos suscitam.

Podemos facilmente nos tornar-mos frágeis presas desse

bombardeamento imagético, ao qual somos submetidos, seja no nosso

transitar pelas grandes metrópolis, seja no nosso lar, pelos apelos idiotizantes

que a mídia nos impõe no nosso dia a dia, no qual o discurso da reposição, é

sempre o do consumo, onde somos drásticamente reduzidos à sermos o que

possuímos. Portanto, meros objetos de um ciclo perverso e que tenta se

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infinitizar através de sua rápida recuperação, onde passamos de consumidores

de produtos – à produtos, facilmente consumidos.

Segundo Goetthe, “de que vale olhar e não ver?” (1749 a 1832). É com

essa perspectiva que devemos agir com sutil relevância que o assunto propõe,

procurando minimizar os efeitos da ratificação de discursos hegemônicos, que

de uma certa maneira, acabam por promover a ausência do sujeito no

discurso e na imagem polissêmica. Negando-lhe assim o exercício

consciente, atuante e participativo como cidadão.

Na sociedade contemporânea e mesmo a partir do início do século XX, a

sociedade de controle, se sobrepõe a sociedade disciplinar, que tanto é objeto

de estudo do filósofos, Foucault e Deleuze. Essa mudança, faz com que o

controle seja diluído e facilmente recuperado, nesse ciclo infindável de

manutenção e ratificação do discurso dominante, campo vasto e naturalmente

fértil para a manutenção do poder, que encontra nos discursos subliminares um

ferramental de amplitude máxima, principalmente em se tratando na formação

(ambiente educacional), na multiplicação em série (ambiente midático) e na sua

manutenção pelos aparelhos de entretenimento sociais.

E nesse contexto que: a construção de possíveis discussões sobre a

inadequação dos discursos subliminares na perspectiva educacional e

seus efeitos, pode e deve ser entendida como uma possibilidade de

resistência ativa, que também possa apontar para o exercício da observação,

não como o intuíto de despossuir de autoria toda e qualquer peça ou produto

audiovisual nesse território, mas perceber, analisar e debater o quanto a

desteritorialização de argumentos diluídos em ambiente dissimulado podem

contribuir para a massificação da sociedade como um todo.

A luz desses argumentos, é que podemos nos ater ao tempo de Kairós

como um contraponto ao de Khronus, no que diz respeito a aceitação do tempo

do outro, como via de mão dupla, no quesito educação, onde o sujeito e a

subjetividade é a complexidade do Ser.

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Bertold Brecht (1898 a 1956), dramaturgo, poeta e encenador alemão do

século XX. O Gestus brechtiano antecede em sua teoria um trabalho de cena

que rompe com as estratificações produzidas pelo hábito arrancando devires

de cada pequeno gesto individual e de cada grande situação, mesmo as

grandes situações históricas.

São esse devires da cena que nos podem proporcionar o vivenciar e a

subjetividade de cada Ser, de cada diferença, de cada semelhança, que

diametralmente nos eleva a condição de importância, de unicidade, sem que

necessáriamente nos vejamos como seres especiais. É esse tempo da ‘cena’ e

do ‘cenário’ que precisamos enquanto pesquisadores, educadores e eternos

alunos dessa atividade humana que nos acompanha desde os primórdios da

humanidade, que é o estudo da imagem-movimento.

Desde Platão, com o mito da caverna, até o pensamento Aristotélico, e a

dicotomia entre mente e corpo, como formador do pensamento ocidental,

vivemos essa necessidade de desconstruir o corpo enquanto máquina de

reprodução e/ou meramente reprodutiva, simplesmente de conceitos e de

atitudes coletivas de “deformar” sem saber “formar”, repetindo assim as elites

hegemônicas como elemento validador do status quo, que nada tem de

respeito ao Ser enquanto corpo e sua potência criativa.

"Há homens que lutam um dia, e são bons;

há os que lutam muitos dias e são muito bons;

há os que lutam um ano, e são melhores;

Porém, há os que lutam toda a vida

- Estes são os imprescindíveis."

Bertold Brecht

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CAPÍTULO III

HAIKAI2 – TENTATIVA DE TRANSCENDER A

LIMITAÇÃO IMPOSTA PELA LINGUAGEM USUAL E O

PENSAMENTO LINEAR E CIENTÍFICO

Apropriando-me do discurso dos pensadores da imagem, é que talvez

possamos elucidar essas questões enquanto poder, memória e subjetividade e

seus conteúdos, é que pretendo ao me debruçar, ao apontar para caminhos

audiovisuais que possam facilitar e talvez produzir elementos que interessem

na formação educacional superior. Para tanto, utilizo, como suporte teórico,

Henri Bergson em Matéria e Memória; Evolução Criadora, na qual, o possível

aprofundamento e o mergulho no campo da memória, entendida como

possibilidade de ampliação da percepção e da leitura de imagens, indicam o

sensibilizar e o interpretar mais independentes, podendo vir a ser o elemento

de suporte entre a imaterialidade (do discurso) e a construção de uma

percepção com ‘menos ruídos’ na realidade e na ação.

Michel Foucault, em suas obras: Microfísica do Poder, Vigiar e Punir e A

Ordem do Discurso, analisa essas relações do poder, mergulhando nos

discursos abertos e velados, dentro da perspectiva, da educação, da disciplina,

do controle, da ordem do discurso, na construção da ‘acessibilidade’

procurando pontos de intercessão e dialogia entre educação e mercado,

apontando-as no transcorrer da investigação, com a maior observação e

isenção possível: mensagens, que possam ratificar ou não essa questão da

subliminariedade, mas que também possam projetar um pensamento à futuro,

o mais holístico possível, tanto quanto amplamente compartilhado em sua

abrangência nas questões que implicam ou não a utilização da imagem como

ciência educacional.

2 http://www.insite.com.br/rodrigo/poet/o_zen_e_a_arte_do_haikai.html

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É por esse viés, que também procuro me respaldar nos pensamentos de

Marshall Macluhan, criador da idéia de “aldeia global” que trouxe para a

educação novo enfoque, baseado em suas teorias sobre a educação, como por

exemplo: “Uma rede mundial de ordenadores tornará acessível, em alguns

minutos, todo tipo de informação aos estudantes do mundo inteiro”.

(MCLUHAN, 1969)

Que hoje, pode nos parecer tão óbvia e totalmente inserida em nosso

cotidiano em termos de Internet, mas que há 25 anos atrás, parecia extraída de

um livro de ficção. Assim como, também hoje, podemos nos perceber

transpassados por mensagens, quase que o tempo todo, mensagens essas

que refletem em sua grande maioria, mensagens que nos reforçam enquanto

produto, por uma sociedade cada vez mais “ordenadora”.

É nesse caminho não utópico, mas possível, que consigo fazer uma

analogia, com todas as possibilidades e diretamente procurar a associação

com o Haikai, ao pensar nessa possível “métrica”, quando da sua linguagem

extremamente concisa de poesia (imagem poética), que sutilmente nortea-se

em uma série bem definida de regras, sem que necessáriamente sejam

engessadas, podendo serem adaptadas para as diversas circunstâncias.

Assim como o “punctum”3 na fotografia, deve registrar e ou indicar um

momento, sensação, impressão ou drama de um fato específico da natureza.

Servimo-nos desse ferramental, como um flash ou resultado de um insight

(visualização/iluminação), revestido de pureza, simplicidade e sinceridade.

Entendo também que essa relação com essa poesia, (o Haikai) surgida no

século XVI, nos moldes orientais, de três linhas e dezessete sílabas,

normalmente distribuídas na forma de cinco, sete e cinco sílabas,

respectivamente em cada linha, apesar de se traduzir em imagem/texto, deverá

servir como um elemento de balizamento entre o que comumente

3 A única maneira do indivíduo se colocar fora do enquadramento fotográfico é através do punctum. Barthes chama de punctum o “extra campo sutil, como se a imagem lançasse o desejo para além daquilo que ela dá a ver” (1984:89), é o detalhe que atrai nossa atenção e nos traz questionamentos. (PUC – Rio – Certificação Digital Nº 0510557/CA, pg. 40 - http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0510557_07_cap_02.pdf )

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denominamos na comunicação como: emissor, meio e mensagem, e como

ferramental didático/comparativo.

Para tanto, utilizo no Anexo I e II, respectivamente frames capturados

nesse curta do ano de 2008, de nome “Maré_Marê”, com duração de 14

minutos em miniDV, para o qual, participei, tanto na concepção do argumento,

roteiro e programação visual de todas as peças gráficas, concebido pelo grupo

PECDAN – PEsquisa em Cinema e Dança, da EEFD/DAC/UFRJ. Utilizando a

tecla “printscreen”, onde procuro exemplificar em termos de congelamento da

imagem-movimento, em sua menor partícula, como um vídeo, peça artística e

educativa sobre um dos Orixás de origem Africana – Oxumaré, que possui em

seu bojo entre tantos outros referenciais míticos, o fato de ser a representação

da dualidade, do feminino e do masculino (yin e yang) e ao mesmo tempo de

sua complementariedade, no simbolismo da unidade e do uno; do início e do

fim em si mesmo, representado em uma só entidade, alfa e ômega (o início e o

fim), iconograficamente traduzido em uma cobra que engole o próprio rabo e

em sua representatividade, com o símbolo de infinito ( ) na imagem do arco-

íris, de fácil identificação

Pretendo com essa breve recorte, conseguir exemplificar em um

trabalho de autoria coletiva, portanto amplamente negociado. Onde no meu

entender, nessas duas capturas fílmicas na linha do tempo, possam servir de

argumentação necessária, no sentido de corroborar a máxima de que “uma

imagem fala mais do que mil palavras,” e que possa ser elucidativa,

demonstrando o que foi por mim, percebido e pontuado na época, mas não no

set de filmagem e sim na fase de edição, como elementos que estavam

carregados de um apelo iconográfico forte, nas imagens em questão, como por

exemplo o símbolo do yin e do yang, acima citado, em uma delas.

E na outra o sinal gráfico de “positivo” (ok!), quando da proximidade do

final do vídeo, de forma; até certo ponto ‘inconsciente’, mas que, em um

segundo momento, é introspectado e assumido como parte de uma mensagem

subliminar, atribuída ao inconsciente coletivo de que nos aponta MORAES: “O

caminho meu amigo, não se espante,/É uma obra de Ariadne, em tênue fio/

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Toda vida, tudo neste mundo/Está coeso, num mistério tão profundo,/Que

entender este desenho é um desafio. [...]” (MORAES, Regina, 2006, p. 45), e

portanto, também de comum acordo, mesmo diagnosticada como não nociva

e/ou muito menos lesiva a proposta de mensagem que o material finalizado

pretendia – ratifica como discurso – sobre essa leitura autoral coletiva, o menos

maniqueísta possível do Orixá, que somente se revela ao final da exibição,

procurando evitar a condução do olhar, pura e simplesmente religioso,

pretendendo com isso uma maior pluralidade visual em sua interpretação.

É nesse sentido que a “métrica” do Haikai, proposto como um dos tantos

outros ferramentais que em sua aparente economia informacional, procura

estabelecer uma relação mais horizontal com o seu leitor que vejo essa

aplicabilidade no ambiente e no vídeo de cunho educativo. Acredito mesmo

que menos pode e deve ser mais, principalmente quando nos atemos ao que

de fato importa na troca e na instantaneidade que a imagem por si só nos

oferece.

O século XXI, caracteriza-se pela pressa descontinuada e impelida goela

a dentro de todas as relações humanas com seu semelhante, seu ambiente e

entorno. O mecanicismo que vivenciamos hoje, está no nosso cotidiano quase

que como se estivéssemos submetidos “aos deuses da informação”, e de certa

forma, de uma maneira encadeada e constante – o estamos. O pensamento

linear e científico, se sobrepõe ao natural, ao humano, como força coercitiva,

nada indugente, para com nossos erros e nossas limitações, mas apenas e

unicamente com o que possa ser no afã do imediatismo, comumente

reconhecido, ou falsamente confundido como potência, quando na verdade é

apenas e simplesmente parte de nossas potencialidades, assim como os erros

o são.

Assim como o insight, parte integrante do punctum que Barthes

genialmente nos aponta para “[...] o desejo para além daquilo que ela dá a ver.”

É e está diametralmente linkada à imagem-memória de Bergson e seu

aprofundamento no campo da imagem-movimento, que é em si essa

virtualidade tempo-espaço que nossa retina consegue capturar em décimos de

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segundo, mas que nossa percepção necessita de um maior tempo de

absorção, introjeção e reflexão como no exemplo exposto no vídeo em

questão.

Os ferramentais psicológicos citados no Anexo V, não necessariamente

precisam ser os ferramentais da psicologização, de que fala Deleuze em “um

corpo sem órgãos” (1995, p. 12), ou seja: não submetido aos órgãos, e por

esse motivo, também não vivenciados como máquinas e portanto meros

reprodutores de processos anacrônicos de ver, ler e interpretar imagens, mas

sim como componentes ativos que possam somar forças ao universo da

pesquisa e o da interpretação de imagens, de tamanho e forças quase que

inesgotáveis aos limites físicos que anseiam esse projeto monográfico o mais

“dialeticamente” possível.

Que o desejo seja um atributo da mimesis, não seja uma cisão entre

verdade e realidade. Se pensarmos que Galileu, abjurou a verdade científica,

com a maior facilidade, quando da percepção do perigo que lhe impunha essa

verdade a manutenção da sua vida. Podemos entender que a maior das

genialidades, talvez esteja em transcender a limitação imposta pela linguagem

usual e o pensamento linear e científico, que apenas sirva como suporte e

elemento ratificador e que se autoregenere em validação tão e simplesmente

com e no processo.

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já

tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam

sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos

fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

Fernando Pessoa

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao problematizar o ruído nas produções audiovisuais, como nos sugere

Bergson: “a percepção pura, isto é, a imagem, que devemos nos dar em

primeiro lugar”. Para tanto, a sociedade contemporânea, tenta re-contextualizar

a “sociedade do espetáculo e da imagética”, não pelo campo da disciplina e do

controle como nos adverte Foucault, ao conceituar que: controle é poder,

principalmente na extratificação social, que se reflete bem nessa comparação,

engenhosamente inteligente e inteligível:

“A didática sem a épica gera a informação estéril e

degenera em consciência passiva nas massas e em boa

consciência nos intelectuais. É Inofensiva. A épica sem

didática gera o romantismo moralista e degenera em

demagogia histérica.” (Glauber Rocha, 1939 - 1981)

Pensar cognitivamente, diferenciando o privado do coletivo pode orientar

esse discutir a imagem/memória é o que nos instiga cada vez mais à

averiguação que a virtualidade e a inconsistência do registro pelo ‘simples’

registro pode suscitar. Esse é o nosso motivo da busca pela abrangência e na

circularidade do pensamento como renovação e não como institucionalização

de processos que corremos o risco de tão somente ratificar.

As experimentações que recorrem a processos indutivos e dedutivos, ao

tentar transformar imagem em “discurso” pura e simplesmente, podem não ser

o caminho que desejamos para suprir as necessidades dos educadores do

século XXI.

Apontar para a construção hipotética de verificação de incidências,

assim como um desenho de possibilidades e propostas, que possam ser

validadas, confirmando ou não essas suspeitas, mas que também apontem

e/ou sugiram alternativas. Observa-se, que são meros resquícios de

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reprodução ‘inconsciente’ de processos midiáticos de validação de um discurso

hegemônico. (ver Anexo III)

É sobre essa égide que vivemos hoje o apelo da velocidade em

constante e ininterrupta aceleração, onde somos apenas convidados a

participar como meros espectadores, impotentes diante do presente e do futuro

que se apresenta como um estado imutável e constante da alienação

perpetualizada.

Desde a tão propalada “revolução industrial” os jovens são quase que

impelidos para a eficiência e a multiplicidade como “formatos” que enclausuram

toda e qualquer possibilidade de resistência, diante de tão frenética e voraz

velocidade no adquirir, no consumo e no seu descarte imediato.

Se por um lado as TI – Tecnologias da Informação, conseguem em um

espaço/tempo fora do tempo real, desconstruir o espaço geográfico, além de

promover a disseminação, cada vez mais instantânea e coesa da notícia. Por

outro, essa banalização em termos globais, nos reporta à (um) “olho do

furação”, onde, em (uma) quase não reação, se transmuta em (um torpor

coletivo), e nos vemos diante de desastres globais, catástrofes e tragédias

climáticas anunciadas. Para as quais, enquanto coletivo, nos percebemos

inertes e amorfos.

E é nesse emaranhado, nesse “processo” labiríntico que Kafka, tanto

nos adverte no sentido de que deixemos de ser apenas mais um número,

servindo apenas e unicamente como elemento alimentador de estatísticas. É

que se faz tão presente o pensamento de Paulo Freire: “o homem precisa

aprender a aprender; aprender a conviver; aprender a compreender; aprender

a ser e aprender o por quê?”

Como tantos outros pensadores dessa cyberinfovia, como LÉVY (2003),

MORAES (2006), entre tantos outros pensadores da revolução informacional,

nos apontam para uma reflexão necessária e urgente, no sentido de nos

reconectermos às nossas raízes, principalmente no que diz respeito a

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formação e o encaminhamento cada vez mais preeminente às exigências do

mundo moderno e sua experiência virtual, onde o texto, o hipertexto, hoje.

Estão para além da conectividade do homem com o mundo que o ‘visível’ lhe

oferta.

Penso que a principal questão apontada nessa monografia, foi em parte

respondida quando da sinalização e visualização dos Anexos I e II, onde

mesmo não havendo o comprometimento do conceito ou da reinterpretação do

vídeo em sua abordagem mais contemporânea do mito, procura fugir ao

maniqueísmo religioso, para propiciar uma exegese mais abrangente dessa

peça artística de concepção e audiovisual como ferramenta.

Objetivando dar continuidade à pesquisa, utilizando o questionário

hipotético, constante no Anexo V, como um possível embrião para um maior

aprofundamento desse estudo de campo, específicamente em outros vídeos

que tenham por objetivo o vídeo educacional ou que possam ser utilizados

como tais.

Aponto nas páginas páginas 41, 42, 44, 45 e 47, demarcando alguns

frames do material videográfico em questão, onde se evidencia a sutileza das

mensagens subliminares, que se dão em alguns casos no próprio set de

filmagem, assim como podem estar contidas na própria movimentação e

disposição corpórea dos personagens, a saber: nem sempre conscientemente

constantes em seu roteiro, narrativa e/ou decupagem original.

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BIBLIOGRAFIA

BERGSON, H. Matéria e Memória. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

CALAZANS, Flávio Mário de Alcântara, Propaganda Subliminar Multimídia. 6.ª

edição, São Paulo: Summus Editorial, 1992.

DELEUZE, G. & GUATTARI F., Mil Platôs, Capitalismo e Esquisofrenia, Vol. 1,

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FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 2004.

______________. Vigiar e punir. Rio de Janeiro: Vozes, 1983.

______________. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1970.

JOLY, Martine. Introdução à Análise da Imagem. Rio de Janeiro: Papirus, 1998.

KAFKA, Franz, O Processo. Martin Claret, 2002.

LEANDRO, Anita. Da imagem pedagógica à pedagogia da imagem.

Comunicação & Educação, São Paulo: Artigo Nacional, 2001.

LÉVY, Pierre. A Inteligência Coletiva: por uma Antropologia do Cyberespaço,

2003.

________________. As Tecnologias da Inteligência – o futuro do pensamento na

era da informática, 2000

______________. A conexão planetária : o mercado, o ciberespaço, a

consciência. São Paulo: Editora 34, 2001

MCLUHAN, Marshall. O meio é mensagem. Rio de Janeiro: Record, 1969.

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MORAES, Regina. 32 tipos de inteligência – Os caminhos da Árvore Viva pelo

inconsciente coletivo, Nova Era, 2006.

SCHALL, Virgínia Torres. Educação em Foco. Educação em saúde no contexto

brasileiro – influências sócio-históricas e tendências atuais. v. 1, n. 1, Belo

Horizonte: ULTRAMIG – Fundação de Educação para o Trabalho de Minas

Gerais, 2005.

VILLANI, Alberto. Filosofia da Ciência e Ensino de Ciência: Uma Analogia. Ciência & Educação, v. 7, n. 2, p. 169 – 181, São Paulo, 2001

WEBGRAFIA CALAZANS, Flávio Mário de Alcântara, texto retirado da internet – Mensagem

Subliminar: http://www.calazans.ppg.br/miolo02.htm

Wikipédia – A enciclopédia livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dogville

________________. http://pt.wikipedia.org/wiki/Quid_pro_quo

Youtube – Dogville: http://www.youtube.com/watch?v=4OGRQlcx77A

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Yin e Yang;

Anexo 2 >> Ícone de “positivo”

Anexo 3 >> Capa da Veja – Exemplo na Mídia

Anexo 4 >> Página do Yahoo

Anexo 5 >> Questionário Hipotético

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ANEXO 1

Plano aberto plongeé com a reflexão sobre os personagens e os opostos –

homem-mulher, em uma duna (set de filmagem), onde se pode perceber

claramente, no contraste em sombra e luz (claro e escuro) a projeção na areia

do símbolo: Yin e Yang, tradução oriental do equilíbrio, da dualidade e

complementariedade como a semente de um no outro.

No set de filmagem, o plano aberto, é começo da narrativa e da investigação

em questão.

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A troca de posição no sentido anti-horário, deslocamento do yin e do yang.

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Essa movimentação se dá em torno de um obstáculo (portal) entre ambos.

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A mensagem subliminar grafada em vermelho, do símbolo yin e yang, cada um

contendo sua semente do oposto complementar, transita pela obviedade, até

porque o portal não está disposto no centro geométrico do desenho.

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A partir desse momento da percepção, a teoria da Gestalt, onde: “o todo é mais

do que a soma das partes que o constituem.” Quando da inversão da imagem

na ilha de edição, não precisamos mais do todo para que se perceba a força

subliminar no enquadramento visual (plano mais fechado), que reforça a

mensagem.

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Da mesma forma que o símbolo de infinito ( ), vertical, somente poderá ser

observado nessa mesma perspectiva, nesse plano diferente no nível do solo e

do olhar do observador, na educação do olhar.

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A linha divisora dos planos, mesmo na mudança do mesmo, para um mais

fechado ainda, já é agora por nós introjetada como parte da mensagem e do

todo.

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A sinuosidade profocada pela alternância dos atores (entre o portal),

verticalmente, nos falam indubitávelmente do símbolo de infinito anteriormente

citado, nas páginas 41 e 42, como alternância entre o yin e o yang, no contexto

do mito.

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ANEXO 2

Plano médio com a flexão corporal em decúbito dorsal, onde o personagem,

coloca a planta dos pés na cabeça, desenhando com igual teor simbólico, o

sinal de “positivo”, de “ok!”, no vão que se forma com a contra luz (sombra

chinesa), interessantemente, próximo ao encerramento do vídeo, procurando

materializar a cobra do mito afrodescendente que engole o próprio rabo.

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Ao completar o movimento poderá ser percebido nitidamente o símbolo de “ok!”

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Formado pela concepção subliminar de uma mão fechada com a extensão

vertical e superior do polegar.

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ANEXO 3

Exemplo na Mídia - A revista Cláudia de fevereiro, traz na capa a foto de

Letícia Spiller que num primeiro momento, passa a impressão de estar

fumando um ‘baseado’ de maconha.

É possível observar que a haste direita do óculos foi retocada com

Photoshop, tornando-a semelhante a um ‘baseado’ de maconha.

Revista Cláudia, Fevereiro de 2008.

(http://www.mensagemsubliminar.org.br/site/index.php?option=com_content&vi

ew=article&id=122:subliminar-na-capa-da-revista-

claudia&catid=51:midia&Itemid=64) Ver matéria.

“A polêmica sobre a discriminalização da maconha.

No que isso afeta nossos filhos” (Tópico de capa)

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ANEXO 4

Página do Yahoo (http://br.yahoo.com/?p=us), hoje, 20 de maio, às 12:29h. É

nítido o desejo que transpassa a imagem, literalmente: “emparedando”;

observar que a mesma é feita de concreto, e não de tijolos, no caso da

denúncia de: “Intimidação na escola, rende indenização - Estudante de Belo

Horizonte é condenado a pagar R$ 8 mil a colega por prática de 'bullying'”

Por dedução podemos perceber o incentivo da denúncia como ferramenta

coercitiva.

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ANEXO 5

QUESTIONÁRIO HIPOTÉTICO:

Pedimos a gentileza da participação, no intuíto meramente detectador e

orientador dos caminhos que possamos vir a optar nessa construção coletiva.

1) A partir do que foi discorrido e demonstrado, é possível se perceber como

um forte argumento, a subliminaridade, corroborativa, existente nesses dois

recortes?

Sim ( ) Não ( ) Por quê?___________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

2) Diante da resposta afirmativa, podemos considerar, para o caso de uma

possível Direção de Imagem, um maior aprofundamento na construção de

materiais audio visuais de cunho pedagógico?

Sim ( ) Não ( ) Por quê?___________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

3) A hipótese de se estabelecer um paralelismo com a metodologia e a

metricidade do Haikai, pode ser um ferramental à ser considerado na

construção e na educação dessa nova maneira de se poder olhar e ver?

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Sim ( ) Não ( ) Por quê?___________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

4) Qual, entre tantos outros componentes psicológicos, poderíamos; enquanto

educadores, estabelecer, como possibilidades de construção

conceituais/reflexivas que pudessem nos ajudar a nortear e aprofundar esse

estudo, no intuíto de transcender e resistir ao “repetir pelo repetir”, tão

presente nos ditâmes da atual sociedade de consumo como fórmulas de

bolo? Poderíamos considerar ferramentais como: a Gestalt4, o Wartegg5,

entre outros no aprendizado dessa percepção dessa educação do olhar?

Sim ( ) Não ( ) Por quê?___________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

4 A Psicologia da forma, Psicologia da Gestalt, Gestaltismo ou simplesmente Gestalt é uma teoria da psicologia que considera os fenômenos psicológicos como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua configuração, organização e lei interna. A teoria foi criada pelos psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940), nos princípios do século XX. Funda-se na idéia de que o todo é mais do que a simples soma de suas partes.

5 Teste de Wartegg, WZT, Teste de Complemento de Desenhos ou ainda Wartegg-Zeichen-Test é um teste psicológico muito utilizado em recrutamento pessoal, realizado por psicólogos em empresas de diversos ramos.[1] Pesquisa de Tomazia e Pereira (1998), revelaram que este teste é o segundo mais utilizado na seleção de pessoal.[2] Tem como princípio a complementação de um desenho já iniciado. O teste WZT foi inicialmente apresentado no 15° Congresso de Psicologia de Jena, em 1937, por Ehrig Wartegg.[1]