Upload
trandiep
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO NAS PRIMEIRAS
SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Por: VÂNIA LÚCIA BONFIM DE LIMA MENDES
Orientador: LUIZ CLAUDIO LOPES ALVES D.SC.
Rio de Janeiro
FEVEREIRO DE 2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO NAS PRIMEIRAS
SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: Vânia Lúcia Bonfim de Lima Mendes.
3
AGRADECIMENTOS
À Deus em primeiro lugar, por me dar
forças para que conseguisse chegar
onde cheguei, à minha família pelo
apoio recebido durante esse ano de
estudo, a todos os professores que
colaboraram para que esse trabalho
fosse concluído e aos amigos que me
apoiaram nos momentos em que
necessitei.
4
DEDICATÓRIA
À meus pais Ângela e Genúbio, meu
esposo Marcos Antônio, minha filha
Andressa e meu filho Gustavo.
5
RESUMO
Nesse trabalho apresenta-se alguns questionamentos sobre as formas
tradicionais de avaliação utilizadas em duas escolas onde foram observadas
turmas de 1ª série do ensino fundamental de uma escola particular e 3° ano do
ciclo final de uma escola municipal. Nesses espaços observou-se diferentes
formas de avaliar os alunos. Tanto na escola particular quanto na municipal é
recorrente o entendimento da avaliação com a função diagnóstica.
6
METODOLOGIA
Como suporte teórico utilizou-se bem Freire( 1996 ), Hoffman ( 2003 ),
Lima ( 2002), Luckesi ( 2002 ), Perrenoud ( 1997 ), e Romão ( 1998 ), bem
como alguns pressupostos presentes nas pesquisas mais recentes sobre
formas alternativas de avaliação. A opção bibliográfica é justamente porque
esses são os autores que historicamente,tem guiado o pensamento
educacional no que diz respeito às formas legitimadas de avaliação. O estudo
se justifica por ser uma pesquisa sobre as práticas ainda presentes no
cotidiano escolar e por apontar a necessidade de novas investigações que se
inserem nos estudos etnográficos sobre o cotidiano escolar e a prática docente.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO - 8
CAPÍTULO I - Perspectivas atuais de práticas pedagógicas e avaliação - 11 1.1. O Sistema de ciclos de formação na rede municipal de ensino - 13
CAPÍTULO II - Concepções e práticas de avaliação
utilizadas nas escolas observadas: uma análise. - 16
2.1. Trabalhos, testes e provas realizados pelos alunos - 24
2.2. Entrevistas realizadas com professoras do ensino
fundamental - 25
CAPÍTULO III – Considerações Finais.- 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA - 29
ÍNDICE- 30
8
INTRODUÇÃO
Observei durante minha prática de sala de aula em turmas de Educação
Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, dificuldades apresentadas
tanto pelas professoras quanto pelos alunos em relação as avaliações
realizadas nessas escolas.
A avaliação do tipo tradicional, com testes e provas onde eram cobrados
dos alunos o conhecimento necessário dos conteúdos estudados
bimestralmente foi uma das questões mais instigantes observadas no estágio
realizado.
Essas avaliações por vezes continham questões objetivas e longas onde
os alunos teriam que obter anota necessária para uma possível aprovação ou
caso não conseguissem atingir uma determinada média eram reprovados no
final do ano. Neste caminho, apostei na idéia de aproveitar os estágios
realizados em turmas de 1ª série do Ensino Fundamental de uma escola
particular e Ciclo Final do município para conhecer um pouco mais a respeito
do trabalho de avaliação que vinha sendo desenvolvido nessas escolas.
De acordo com os documentos da escola particular, O Ensino
fundamental visa à formação integral da criança, respeitando os graus de
desenvolvimento biológico, cognitivo, emocional, relacional, espiritual e
também o ritmo de aprendizagem dos alunos.
Acreditando que o conhecimento é construído de forma interativa e
tendo o professor como mediador privilegiado, o Ensino Fundamental busca a
interdisciplinaridade, evitando a fragmentação de objetivos, permitindo que os
alunos se apropriem verdadeiramente dos conhecimentos. A avaliação é
apresentada como uma forma de diagnosticar o que o aluno aprendeu ou
deixou de aprender. Porém existem diferentes métodos de avaliação que seus
professores e outros profissionais podem escolher a fim de melhor atender às
necessidades de seus alunos.
A Escola Municipal, utiliza a avaliação, trabalhando através da função
diagnóstica, onde só se está focando o que ainda não foi construído pelo aluno.
9No decorrer da avaliação são utilizados diferentes instrumentos, tais como:
observação diária dos alunos, sua participação durante as aulas, cuidado com
o material além de teste,prova, trabalhos realizados em casa e na sala de aula
onde o professor soma os valores correspondentes. Já na Escola Municipal
são dados os conceitos O ( ótimo ), MB ( muito bom ), B ( bom ), R ( regular ), e
I ( insuficiente ), esse último citado é o único que pode reprovar o aluno,
somente quando chega ao ciclo final.Até aí podemos constatar que a
aprovação é automática. A avaliação é contínua, sistemática e compatível com
o Núcleo Curricular Básico Multieducação centrado na construção do
conhecimento.
A Escola Particular utiliza a avaliação classificatória onde só é valorizado
o que o aluno aprendeu, tendo em vista cumprir objetivos e chegar a um
resultado. Ali, o aluno ganhará uma nota que poderá ser de 0 ( zero ) a 100 (
cem ). Nesse sentido,buscou-se com esses estudo verificar as práticas de
avaliação usadas nessas escolas, assim, busco investigar: Quais são os
pontos de aproximação e distanciamento entre as concepções e práticas
tradicionais de avaliação e distanciamento entre as concepções e as práticas
tradicionais de avaliação usadas nas escolas observadas ? A questão da
avaliação é abordada por diversos profissionais da área de educação, tais
como: Freire ( 1996 ), Hoffman (2003 ), Lima ( 2002 ), Luckesi ( 2002 ),
Perrenoud ( 1997 ) e Romão ( 1998 ). Pode-se tirar proveito dos pontos
positivos da avaliação e trabalhá-la obtendo muitas vezes resultados
favoráveis.
Freire ( 1996 ), acredita que devemos valorizar o aluno no ponto de vista
social,cultural, sabendo diferenciá-lo dos outros, pois cada um tem seu ritmo de
aprendizado e a avaliação deve estar baseada nesta constatação. O professor
deve estar preparado para notar essas diferenças, auxiliando seu aluno a
desenvolver sua capacidade crítica, e atender às necessidades, capacitando-
se e aprimorando seus conhecimentos para assim poder transpor suas idéias.
Luckesi ( 2002 ) acredita que a avaliação da aprendizagem escolar deva
auxiliar o educador a ajudar cada educando para que faça a busca e que seja
10construído o seu conhecimento. Avaliar implica acolher o aluno como ser
humano. Segundo Luckesi,
Com a função classificatória, a avaliação constitui-se num instrumento estático e frenador no processo de crescimento com a função diagnóstica, ao contrário, ela constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação, do crescimento para a autonomia, do crescimento para a competência etc. ( LUCKESI, 2002, P.35 ).
Luckesi, acredita que se classificarmos o aluno como inferior,estaremos
freando sua possibilidade de alcançar seus objetivos, e isso ocorre quando
utilizamos a função diagnóstica, porque esse aluno poderá atingi-los sem
encontrar tantas dificuldades.
Enquanto Romão ( 1998 ),por sua vez acredita na avaliação como um
tipo de investigação sendo também um processo de conscientização sobre a
cultura do educando. Suas potencialidades, seus limites,seus traços e ritmos
específicos devem ser valorizados ajudando o educador para que repense
seus procedimentos fazendo questionamentos a respeito de sua postura para
que verifique onde está ocorrendo o erro para que venha a ser consertado.
Esta monografia é uma pesquisa bibliográfica envolvendo também um
trabalho de campo. Minha pesquisa bibliográfica está baseada em : Freire (
1996 ) , Hoffman ( 2003 ), Lima ( 2002 ) , Luckesi ( 2002 ) , Perrenoud ( 1997 )
e Romão ( 1998 ).
Este trabalho de campo teve seu início em uma escola particular,
especificamente na turma de 1ª série do Ensino Fundamental, com crianças de
7 anos. Observei diretamente as crianças e o trabalho que é desenvolvido pela
professora na sala de aula. Fiz entrevistas com 5 ( cinco ) professoras no
intuito de examinar as influências teóricas que sofrem antes da construção do
seu planejamento e quais os critérios de avaliação que são usados na escola.
Outro espaço importante foi uma Escola Municipal onde pude
acompanhar o trabalho que é realizado por uma professora da turma do ciclo
final, com crianças de 8/9 anos.Lá, também realizei a mesma entrevista com 5
( cinco ) professoras.
11
CAPÍTULO 1
PERSPECTIVAS ATUAIS DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
E AVALIAÇÃO
Segundo Santos ( 2003 ),em sua pesquisa sobre prática docente e
avaliação formativa na construção de uma pedagogia plural e diferenciada, a
avaliação pode ser interpretada como uma atividade contínua, progressiva e
sistemática. Observemos o seguinte fragmento: “ ao orientar o olhar para as
pedagogias diferenciadas como propõe Perrenoud ( 2003 ), esse processo
provoca no aluno e no professor, uma outra construção de sentido”. ( Santos ,
2003 ).
Conforme podemos observar Perrenoud ( ibidem ) tem sido um
referencial importante para quem pretende entender as formas avaliativas
atuais do desenvolvimento de ensino aprendizagem e deste modo importa
destacar suas argumentações acerca do que tem entendido sobre práticas
pedagógicas e transposição didática, por exemplo: ( IBIDEM , 2003 )
A gênese dos saberes doutos ou das práticas sociais está um pouco relacionada com seu modo de apropriação no contexto escolar: a aprendizagem é interceptada pela prática e por necessidades reais, e realiza-se mais a partir de situações de aprendizagem do que da resolução de verdadeiros problemas; a avaliação é mais externa do que centrada no êxito ou no fracasso da ação; a maestria teórica e o respeito pelas regras impõe-se à eficácia prática; a competição e a obrigação alteram as relações sociais. Sobretudo, importa assinalar que o saber, para ser ensinado, adquirido e avaliado sofre transformações: segmentação, cortes, progressão, simplificação, tradução em lições,aulas e exercícios, organização a partir de materiais pré-construídos ( manuais, brochuras, fichas ). Além disso, deve inscrever-se num contrato didático viável, que fixa o estatuto do saber, da ignorância, do erro, do esforço, da atenção, da originalidade, das perguntas e respostas. A transposição didática dos saberes e a epistemologia que sustenta o contrato didático
12baseiam-se em muitos outros aspectos para além do domínio acadêmico dos saberes. ( PERRENOUD , 1997:p.24 )
Podemos entender que no processo de transposição didática os objetos
culturais envolvidos no contrato didático sustenta uma lógica que está
relacionada com as formas impostas de avaliação e comprovação da aquisição
dos objetos bem como dos valores fixados no estatuto do saber o qual o autor
aponta sendo verdade que o saber para ser avaliado sofre transformações, e é
possível supor que a avaliação como ferramenta é resultado do conjunto das
normas e regras nas quais o sistema de ensino se baseia. Para Perrenoud,
O controlo dos saberes adquiridos depende do contrato didáctico, mas a sua importância na prática pedagógica justifica uma análise separada. Ao passo que, no dia a dia, a construção dos saberes se regula principalmente através da acção ( trata-se, portanto, de uma forma de auto-avaliação), na sala de aula , o saber deve ser manifestado, a maior parte das vezes, em situações artificiais, na ausência de necessidades, projetos ou problemas reais, e em formas padronizadas que autorizam a atribuição de notas ou outro tipo qualquer de classificação. ( PERRENOUD, 1997: p.27 ).
Entendendo a importância de avaliar não somente através de testes e
provas, podemos ir muito além desses instrumentos, aproveitando para avaliar
o dia-a-dia em classe.
Segundo Luckesi ( 2000 ), há a necessidade de acolher a criança. A
disposição de acolher está no professor e não no instrumento avaliativo, não é
possível avaliar um objeto, pessoa ou ação. É importante que haja acolhimento
como ponto de partida para qualquer tipo de avaliação.
O professor juntamente com seus alunos, podem criar regras,
negociações sobre o que será avaliado e como essa avaliação ocorrerá. Isso
pode ocorrer durante as aulas de forma natural e criativa.
Segundo Hoffman ( 2003, p. 52-53 ) a avaliação deve significar
justamente a relação entre dois sujeitos cognoscentes que percebem o mundo
através de suas próprias individualidades, subjetivamente. Acredita que
devemos valorizar os erros dos alunos, tirando proveito para posteriormente
acertá-los. Fazendo com que os alunos se sintam estimulados a tentarem
outras vezes e não a desistirem ao cometerem o primeiro erro.
13 Para Luckesi ( 200 ), a avaliação só é completa quando tem por objetivo
mostrar o caminho para a ação que está em curso. O ato de avaliar não implica
somente em aprovar ou reprovar, mas nas orientações constantes para o
desenvolvimento. A avaliação deve ser inclusiva e democrática.
Essas argumentações são parte do debate sobre as práticas presentes e
as limitações que sofremos como docentes. Os erros são resultado de uma
perspectiva que nos aprisiona nas formas tradicionais de pensar a transmissão
cultural. E avaliar não é um processo bem resolvido no bojo de nossas
percepções. Partindo desse pressuposto importa identificarmos as possíveis
saídas para formas alternativas de interpretação da avaliação da
aprendizagem.
1.1. O SISTEMA DE CICLOS DE FORMAÇÃO NA REDE
MUNICIPAL DE ENSINO
A organização da escola por ciclos, visa proporcionar ao aluno a
possibilidade de alcançar seus objetivos de acordo com sua necessidade. Não
necessariamente devemos seguir o desenvolvimento cronológico, pois cada
ser humano tem um processo que muitas vezes não se compara a outros da
mesma idade.
Quem estabelece o organização em ciclos nessas escolas é a LDB.
Devido a isso, Wallon ( 2001 ), em seus estudos acreditava que:
a educação deve ser adaptada ao Homem, e não aos
interesses particulares ou transitórios da economia, da política
nacional ou internacional, das ideologias arraigadas em
preconceitos, nacionalidades ou culturas. ( WALLON, apud
LIMA, 2001, p.12 ).
A idéia de Ciclo de Formação, parte de uma visão integrada da escola
na vida da comunidade e na organização social. O Calendário Escolar é
pautado em anos letivos perfazendo um total de 200 dias letivos. Dependendo
14de cada região dopais, respeita-se o período de plantio e colheita onde é
revista a época de aula e das férias. Sabe-se que o processo de
desenvolvimento do ser humano é variável, que nem todos da mesma idade
cronológica tem o mesmo desenvolvimento cultural, logo, estabelecer conceitos
culturais para eles em determinado ano de escolaridade torna-se um dilema.
Wallon ( 1964 ), ao propor a divisão em ciclos tem uma visão diferente
no processo da aprendizagem. Ele crê que o sistema de ciclos possibilitaria a
formação o ser humano tanto cultural, como social, pois os ciclos respeitam
cada período de formação do educando sem antecipar as etapas das
atividades ali propostas.
O Ciclo de Formação é conseqüência da reconceituação escolar, como
espaço de formação e não só de aprendizagem. Não inclui as aprendizagens
de várias áreas simultâneas,mas o conhecimento como parte integrante da
formação humana. Não é uma novidade pedagógica e nem devemos
considerá-lo como uma proposta voltada àqueles que não aprendem ou que
fracassam. Seu papel predominante não é o de dar mais tempo para os mais
fracos, mas sim, dar o tempo adequando a todos. O trabalho abrange o
conhecimento formal ao lado do desenvolvimento de sistemas expressivos
( movimento, mímica, desenho, grafismo e outros ) e simbólicos ( linguagem
matemática, escrita e linguagens específicas das áreas de conhecimento ).
Nesse sistema, o professor participa de centros de estudo, que podem
ser cursos, seminários e palestras realizados dentro ou fora do espaço escolar.
O município do Rio de Janeiro recebe verbas para a realização desses cursos,
mas nem sempre podem custear todas as despesas. Dificultando assim a
participação daqueles que necessitam trabalhar em mais de uma escola para
poder obter seu sustento e de sua família. Ali, acontece a capacitação do
profissional que poderá aprender como utilizar novas estratégias em suas
aulas, visando melhorar a participação de seus alunos através de aulas
dinâmicas e criativas.
O modelo seletivo da escola seriada é considerado um entrave nesse
processo, e o sistema de ciclos é assim definido :
15Experimentando com sucesso em algumas redes públicas, o sistema é uma forma continuada e prolongada de aprendizagem, sem que haja,tempo determinado para a fixação dos conteúdos. Nesse novo modelo, o ritmo da aprendizagem dos alunos passa a ser respeitado. Se o estudante apresenta dificuldades para a aprendizagem de conteúdos específicos, haverá oportunidades para a sua recuperação durante o processo. ( SECRETARIA MUNICIPAL DE CURITIBA ,1999, P.06 ).
Nesse sentido, a avaliação é considerada essencial para apontar ações
na prática do professor a fim de fazer superar possíveis dificuldades
apresentadas pelos alunos. A proposta sugere então, uma forma de avaliação
diagnóstica e formativa. Assim, o professor avaliará seus alunos sem a
preocupação de reprová-los, como ocorria em outros tempos.
É no Ciclo Final que o professor decidirá se o aluno está apto a passar
para a 3ª série do ensino fundamental ou se irá para a turma de progressão
( onde ficam os alunos que não atingiram o grau de aprendizagem suficiente
para acompanhar a 3ª série ). Entende-se que esses alunos não concluíram a
alfabetização,portanto não estariam aptos a caminhar em igualdade com
crianças da mesma faixa etária.
16
CAPÍTULO 2
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO
UTILIZADAS NAS ESCOLAS OBSERVADAS : UMA
ANÁLISE.
Com base na observação das práticas desenvolvidas por professores
das escolas nas quais realizei o estágio, pude perceber que não é utilizada
somente uma forma de avaliação. Do mesmo modo que os testes e provas são
criticados pelos docentes, ocorre necessidade de que eles sejam colocados
em prática, mesmo porque existe a cobrança vindo tanto da direção da escola
quanto da família do aluno que freqüenta a escola particular. Os pais acreditam
que se o aluno conseguir uma nota superior à média que é 7 ( sete ) no
conceito final, isso quer dizer que ele aprendeu o conteúdo que foi ensinado
pelo professor.
Um exemplo a ser observado é quando o aluno está aprendendo a
tabuada,onde esta é decorada, até ser realmente interiorizada pelo aluno,se
tornando conhecimento, para que isto venha a acontecer, se faz necessário
que o aluno tenha o hábito de estudar sempre. O aluno também pode
apresentar uma certa dificuldade na hora de realizar os testes e provas
escolares, no aspecto psicológico tais como: nervosismo, tensão, apresentando
náuseas e até mesmo dores de barriga, na véspera ou no dia de realizá-los.
Isso implica que existe um desafio a ser enfrentado por nós docentes. A
conseqüência é que este tipo de avaliação acarreta danos aos alunos.
Para o aluno da 1ª série, nas primeiras avaliações realizadas, o
professor teve que preparar sua turma e também a família,que muitas vezes
ficava com interrogações a respeito do que seria pedido. O que aconteceu de
uma maneira natural onde a família e o aluno tiveram confiança no professor
facilitando o início da avaliação. Ali, o professor preparou seus alunos,
17conversando e explicando o que seria pedido no momento do exame. Isso
muitas vezes, facilita o entendimento do aluno, não deixando que ele fique
abalado. Numa publicação da SME ( Secretaria Municipal de Educação ) do
Rio de Janeiro encontramos a seguinte indicação:
De acordo com resolução SME número 776 de 08/04/03, a avaliação do aproveitamento escolar será feita através da atribuição dos conceitos O ( ótimo ), MB ( muito bom ), B ( bom ), R ( regular ) e I ( insatisfatório ), não havendo retenção durante o ciclo e durante os blocos do PEJ ( Educação de jovens e adultos ). Ao final do 1° Ciclo de Formação, da Progressão I, Progressão II os alunos que ainda não atingiram os objetivos propostos, caracterizando o conceito I ( insatisfatório ) ,serão avaliados pela equipe técnico pedagógica da Unidade Escolar e da E/CRE ( Conselho Regional de Educação ), visando a enturmação que lhes permita a continuidade no processo de aprendizagem ( SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO, 2003 ).
Tal fragmento nos indica que alguns conceitos estão legitimados a partir
das indicações presentes nos documentos oficiais.
Na Escola Municipal, muitas vezes, a professora pede a presença da
família através de circular ou no próprio caderno do aluno e não obtém
resposta a respeito. Os pais são muitas vezes chamados à escola e são
poucos os que comparecem para saber a respeito do aluno.
A avaliação utilizada no último ano do ciclo na rede municipal observada
é do tipo verificação da aprendizagem. O que é igualmente notado na escola
particular.
Na pesquisa de campo realizada na escola particular, situada no bairro
da tijuca, onde observou-se uma turma de 1ª série do ensino fundamental,
estavam matriculados 24 alunos, e a maioria participava ativamente das aulas,
mostrando-se interessados no que estava acontecendo. Apenas durante uma
aula os alunos não apresentavam interesse, que era a de Educação Ambiental.
Nesta, os alunos participavam dos cuidados com a horta da escola, escutavam
histórias relacionadas à natureza e faziam desenhos de acordo com o tema
sugerido pela professora. Essa disciplina foi colocada no currículo da escola há
18alguns anos e depois da publicação dos PCNs ( Parâmetros Curriculares
Nacionais ) incorpora questões a respeito do Meio Ambiente que constitui um
tema transversal onde mostra a importância do aluno aprender a respeito dos
elementos da natureza, estando interligado a outras áreas de ensino como
apoio a Matemática, Português, Educação Física e Artes. Essa professora
acompanha todas as turmas desde a educação infantil à 4ª série do ensino
fundamental. Nela a avaliação é feita no conjunto das informações que a
professora apreende durante as aulas. Além da professora de Educação
Ambiental, atuam outros professores de aulas extras tais como : Educação
Física, Educação Religiosa, Música e Artes.
Nas aulas de Educação Física os alunos tem um programa a seguir,e o
professor analisa as necessidades de acordo com a faixa etária e acompanha
seus alunos durante as atividades. As aulas eram realizadas no
ginásio,quadra,pátio ou piscina. Durante o estágio pode-se verificar que essa
turma fez um trabalho com atividades ligadas a psicomotricidade, e o professor
procurou trabalhar o corpo com seus alunos. Usava atividades que envolviam
muitas vezes ginástica, arremesso com bolas, corrida, futebol e outras. O
professor de Educação Física é muito presente em todas as festividades
realizadas pela escola. Posso citar uma de grande importância que foram as
Olimpíadas. Toda a escola ficou envolvida durante uma semana com
atividades ligadas ao esporte,sendo elas divididas por faixa etária. Acontecem
competições como: Jogos ( futebol, handebol, basquete e natação ). Os alunos
da Educação Infantil também participam com atividades organizadas para eles.
Participaram do futebol e cesta infantil além de atividades de corrida com
obstáculos, em equipes. No final dessa semana, todos os alunos ganharam
medalhas e puderam comemorar com os amigos na escola e, também em casa
com seus familiares. Quanto a avaliação dessa área, foi feita durante a
observação das aulas e o professor juntamente com seu estagiário, avaliam a
capacidade dos alunos, registrando em seu caderno. Diante das dificuldades
com a disciplina dos alunos, o professor comunica a professora regente da
turma que deverá transmitir o recado à coordenação a fim de que sejam
tomadas as devidas providências. Comunicando às famílias e caso seja
19necessário encaminhando para algum profissional que poderá atender melhor
a esses alunos depois de verificar cada caso.
As aulas de Educação Religiosa, são realizadas para transmitir aos
alunos um pouco do conhecimento que muitas vezes não tem até mesmo
dentro da própria casa. A professora utiliza recursos tais como: vídeo,
fantoches, instrumentos musicais e faz dramatizações com os alunos das
histórias contadas por ela. A cada início de aula, procura conversar com os
alunos para saber como estão e se a resposta for negativa, tenta levar a
criança a pensar que aquilo pode mudar. A avaliação estava baseada na
participação não incluindo exames escritos.
Nas aulas de Música, os alunos puderam manusear instrumentos
musicais do tamanho natural, onde a professora a cada aula explica como
funciona cada um dele. Todas as crianças possuem uma flauta doce, que é
através dela que se dá a iniciação musical. Muitas vezes fica complicado para
a professora avaliar cada aluno, pois as turmas são de 25 alunos em média e
ela não tem ajuda extra para dividir o trabalho. Ali, algumas crianças se
mostram tão interessadas que podemos achar escondido dentro delas um
brilhante futuro na área musical.
Nas aulas de Artes, os alunos aproveitam qualquer oportunidade de
fazer muitas vezes o que não é permitido pelos responsáveis ser feito em casa.
A cada aula é uma surpresa: podiam pintar com as mãos, com pincéis,
utilizavam materiais variados inclusive não esquecendo das sucatas. Através
delas, faziam obras de arte que eram expostas, para que as famílias pudessem
presenciar o trabalho realizado por eles. A professora dessa disciplina planejou
suas aulas de acordo com as datas comemorativas, aproveitando para
confeccionar objetos que puderam ser usados posteriormente na decoração da
própria casa.
A cada início de ano, todas as professoras da escola eram chamadas, para que
juntas planejassem suas atividades do ano, colocando ali as necessidades de
acordo com a cada turma. A professora regente de cada turma tem que
cumprir todo o calendário estipulado pela direção escolar, onde ali eram
colocadas, datas das festividades, trabalhos e provas a serem realizados. A
20professora também participava de reuniões semanais com a supervisora
pedagógica onde resolviam em conjunto com outras professoras a respeito do
trabalho a ser desenvolvido.
Através dos trabalhos, testes e provas, que os alunos são avaliados.
Essas avaliações são elaboradas pelas professoras juntamente com a equipe
pedagógica, onde procuram verificar se o conteúdo passado foi realmente
aprendido. A turma é posicionada em mesas e cadeiras individuais em 6 fileiras
com 4 alunos cada uma. Destaca-se o caso de um aluno que não conseguiu
sequer realizar a prova, por conta de seu estado emocional. Procuramos
retirá-lo imediatamente da sala de aula, para não assustar os outros alunos que
já estavam com a expressão de choro nos rostos. Depois de algum tempo
passado, soubemos que o aluno ficou e m casa sendo pressionado pela sua
mãe que não cansava de falar: “_ Vamos estudar, meu filho. Amanhã tem
prova e você terá que acertar tudo.” Para uma criança recém saída de uma
Classe de Alfabetização, pode-se perceber que a cobrança era grande. Após
conversar com o aluno, incluindo sua professora, seus pais e a supervisora foi
possível verificar que não passou de um susto e ele conseguiu superar essa
transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental contudo isso só foi
possível depois de muita conversa principalmente com os pais do aluno,
mostrando que não devemos pressionar e sim mostrar-lhes o caminho para
seguir em frente e “aprender a levantar a cabeça depois das quedas sofridas
na vida.”
A partir daí, a professora passou a discutir os problemas impostos por
esses aspectos ligados a individualidade dos seus alunos. Isso implica em
termos mais material para avaliar, condições de observar os alunos
individualmente e a turma como um todo.
Como essa escola trabalha com turmas até o 3° ano do Ensino Médio,
não é possível retirar provas como forma de avaliar as necessidades dos
alunos e tentar colocar dentro do planejamento da escola aquilo que será
utilizado por eles não somente naquela hora e sim que fique guardado na sua
memória para sempre.
21 No estágio realizado na Escola Municipal, também situada no bairro da
Tijuca, observou-se o trabalho realizado numa turma do Ciclo Final com
aproximadamente 30 alunos matriculados. A maior parte deles é moradora de
comunidade carente onde apresentam dificuldades até inclusive de comparecer
às aulas na escola.
A professora tem autonomia em escolher como e o que irá conduzir seu
trabalho. Todo o corpo docente é convidado a participar de centros de estudos
onde ali podem estar sempre atualizando seus conhecimentos no que diz
respeito à arte de ensinar aos alunos.
Voltando a falar diretamente de como ocorre a avaliação dos alunos
dentro dessa escola, a partir da observação feita durante o estágio na turma de
Ciclo Final do Ensino Fundamental, pode-se perceber que os alunos além das
aulas de Português, Matemática, Estudos Sociais e Ciências, também
freqüentam aulas de Educação Física e de Sala de Leitura, que são
ministradas Poe outras duas professoras, fora da sala de aula habitualmente
utilizada por eles.
Nas aulas de Educação Física, a professora prepara no início de cada
ano, um planejamento onde coloca as atividades de acordo com a faixa etária
dos alunos. Também faz uma lista contendo todo material que será utilizado
nas aulas, que deverá ser pedido através da diretora ao órgão responsável e
posteriormente a ser entregue na escola. A professora procura trabalhar de um
modo a levar seus alunos a conhecer seu próprio corpo, as funções de cada
parte do corpo e também mostrar aos alunos as limitações de cada um. Com
isso ela está valorizando o que de melhor o aluno sabe fazer. As aulas são
realizadas na quadra descoberta da escola, onde a professora utiliza materiais
como: bolas, cones, bastões, cordas, garrafas descartáveis, giz, bambolês e
outros. Dentre as atividades posso citar a corrida de obstáculos, onde um aluno
de cada vez teria que correr,pular e rodar em torno de cones colocados
distantes um dos outros. Os alunos participam dessa aula com muita
empolgação. Alguns alunos não usam o uniforme próprio para a aula, podendo
ser adaptado por uma vestimenta que deixe o aluno a vontade para praticar
esportes. Essas aulas são realizadas num dia específico durante a semana
22com duração de 50 minutos. A avaliação é com base em todas as aulas, onde
a professora observa e depois registra o desenvolvimento dos alunos no seu
caderno. A professora regente da turma não precisa acompanhar essas aulas,
e aproveita esse intervalo para realizar trabalhos como digitar testes, provas e
pesquisas que deverão ser realizadas pelos alunos.
As aulas de leitura são realizadas por uma professora extra, que a tende
todas as turmas numa sala apropriada e nessa atividade observamos mesas e
cadeiras ocupando uma boa parte do espaço cabendo pelo menos 40 crianças,
estantes com diversos livros de leitura para todas as idades, murais contendo
figuras onde informam a importância de ler, uma televisão colorida e um vídeo,
que são utilizados conforme a necessidade da professora. Também é realizado
um planejamento contendo os objetivos que deverão ser atingidos por cada
turma ali assistida. Acontecem empréstimos de livros, onde todos os alunos
escolhem o que querem levar emprestado, sendo posteriormente registrado em
fichas catalogadas, contendo o nome do aluno e do livro emprestado. Muitas
vezes, a professora tenta conversar anteriormente com a turma e se possível
for faz um trabalho, contando histórias com temas relacionados ao trabalho
realizado em sala de aula. Essas aulas acontecem um dia a cada semana, com
a duração de 50 minutos.
O trabalho de avaliação realizado pela professora regente nessa turma
da do Ciclo Final é minuciosos já que adicionam os resultados de trabalhos,
pesquisas,testes, provas, participação nas aulas, cuidado com o
material,colaborando assim, para que seu aluno obtenha um bom resultado o
que muitas vezes não acontece. A professora afirmou que só são realizados
testes e provas nas disciplinas de Matemática e Português, ficando assim os
trabalhos valendo para outras disciplinas como Estudos Sociais e Ciências.
Ela explicou que os professores da escola chegaram a um consenso e
que não utilizariam testes ou provas, aos conteúdos relacionados à essas
disciplinas, pois deveriam valorizar as matérias específicas. Essas disciplinas
são trabalhadas com os alunos durante as aulas diárias, só que não avaliam
seus conhecimentos através de testes ou provas. E sim através de algum
trabalho realizado em sala de aula. Durante os testes realizados, percebeu-se
23que alguns alunos apresentavam mais dificuldades na aprendizagem e não
conseguiam sequer interpretar as questões pedidas.
Sendo assim, perguntavam respostas uns aos outros e ficavam com a
expressão triste no rosto devido não conseguirem realizar a tarefa pedida.
Quando a professora verifica o conceito dos alunos anota o resultado
obtido por ele. Caso o resultado seja regular ou insuficiente, esses alunos são
convidados a participarem das aulas de recuperação onde a professora os
atenderá com mais atenção, tentando explicar o que ficou duvidoso. Praticando
com exercícios onde foram encontrados os erros mais freqüentes. Só que essa
recuperação não servirá para modificar o conceito desse aluno, que manterá o
anterior.
Após a correção dos trabalhos, testes e provas, aqueles alunos que não
atingiram os objetivos propostos, ficando com o conceito insuficiente, eles são
analisados através de uma ficha que é preenchida pela professora regente.
Relacionado os conteúdos transmitidos aos resultados obtidos. A professora
mensalmente faz os registros na ficha, colocando a data da avaliação, o valor
de referência ( quanto valia o trabalho, teste ou prova ) e obtido ( qual foi o
conceito final alcançado pelo aluno ), a descrição da atividade, o desempenho
do aluno ao fazer a atividade e por último é realizada uma auto-avaliação
( onde o próprio aluno explica o motivo pelo qual obteve esses conceito ). Essa
ficha permanece guardada na escola e quando necessário é apresentada aos
responsáveis do aluno, para poderem participar do processo. Caso esse aluno
chegue ao final do ano sem apresentar melhora no rendimento escolar, será
encaminhado para a turma de progressão ( alunos que durante o 1° Ciclo não
conseguiram atingir os objetivos propostos e que terão uma nova chance de
retornar aos conteúdos anteriormente estudados ).
A cada bimestre é realizado o Conselho de Classe, onde cada
professora relata qual foi o desempenho de seus alunos, colocando
observações a respeito daqueles que apresentaram um conceito abaixo do
esperado e alguns casos de alunos com dificuldades de relacionamento com
seus colegas de turma. Esses casos são analisados pela coordenadora
juntamente com as professoras que procuram encontrar a melhor saída para a
24situação vivenciada. Em casos mais extremos, são chamados os responsáveis
pelo aluno onde será exposto o problema ocorrido. E posteriormente se for o
caso, encaminhar para profissionais especializados ao assunto.
2.1. TRABALHOS, TESTES E PROVAS REALIZADOS PELOS
ALUNOS.
Os trabalhos realizados pela turma da Rede Municipal de Ensino eram
na sua maior parte feitos em grupos de 4 a 6 alunos. A professora
orientava explicando as etapas que deveriam ser seguidas, para que
pudessem conseguir atingir o objetivo final. Os alunos usavam materiais
como: sucatas, revistas, jornais, cola, tesoura, lápis cera e tintas. A
professora acompanhava o desenvolvimento do trabalho na medida em
que era realizado. O resultado final poderia ser visto na escola durante a
exposição dos trabalhos, onde os familiares também eram convidados a
comparecer na escola, aproximando assim a casa da escola. Pode-se
presenciar esse tipo de trabalho tanto na escola particular quanto na
municipal.
A respeito dos testes e provas realizados nas duas escolas, pode-
se notar que em ambas foram apresentadas questões diversificadas,
onde aparecem textos e interpretações a respeito dele, figuras que
chamam a atenção dos alunos para desenvolver o raciocínio, muitas
perguntas que acabam por confundir o aluno, podendo prejudicá-lo ao
invés de apenas avaliá-lo, questões onde o aluno deve fazer a
correspondência dos fatos acontecidos ao que está sendo pedido. O
aluno era avisado com um certo período de antecedência, onde haveria
possibilidades de preparar-se, estudando, revisando e assim realizava
suas avaliações de um modo mais tranqüilo.
O professor sabendo da importância que uma boa avaliação de
seus alunos, não é apenas quando apresentam conceitos elevados, pois
somente a nota não dirá se o aluno adquiriu a aprendizagem esperada.
252.2. ENTREVISTAS REALIZADAS COM PROFESSORAS DO
ENSINO FUNDAMENTAL.
Questionário apresentado a 10 (dez ) professoras, sendo divididas
igualmente pelas escolas observadas.
Responda as perguntas a seguir utilizando os termos sim ou não.
A – Existe um tipo de avaliação eficaz,que pode acrescentar toda sua
perspectiva ?
B – Você se baseia em autores para trabalhar avaliação com sua turma ?
C – Utiliza-se de algum critério para a avaliação com sua turma ?
D – Você tem dificuldades em realizar a avaliação na sua turma?
E – Você usa a prova para avaliar seus alunos ?
F – Você tem autoridade para decidir o tipo de avaliação que será utilizado com
seus alunos ?
Na primeira pergunta apresentada 6 ( seis ) professoras disseram existir
um tipo de avaliação eficaz que possa preencher toda sua perspectiva no
trabalho com a avaliação, comentando que preferem utilizar a avaliação global.
As outras 4 (quatro ) professoras disseram não existir somente um tipo de
avaliação eficaz e fazem o uso de variadas, para avaliar seus alunos.
Valorizando a aprendizagem diária, ou seja a avaliação contínua onde pode-se
acompanhar o desenvolvimento do aluno, passo a passo, registrando e
posteriormente analisando.
A segunda pergunta todas as professoras responderam que utilizavam
algum autor para trabalhar a avaliação com a turma. Pode-se verificar então
que as professoras acreditam ser de suma importância relacionarmos as idéias
que alguns autores conhecidos como: Freire e Hoffman. Onde as professoras
retiram o que é de grande importância que poderá ser utilizado naquele
momento.
Já na terceira pergunta,100% das professoras responderam que utilizam
de algum critério para avaliar sua turma. Alguns critérios já foram inclusive
26citados quando analisou-se as escolas observadas. Elas procuram aproveitar
tudo o que o aluno produz, mesmo parecendo ser de pouca importância. Como
exemplo pode-se colocar a participação desse aluno durante as atividades
realizadas em sala de aula, sua freqüência à escola, o capricho com seu
material e o comportamento durante as aulas. Deixando um pouco de lado, op
fantasma que é a nota da prova.
Quando perguntou-se a respeito de dificuldades em realizar a avaliação
com sua turma, 7 professoras responderam afirmativamente. Alegaram o
grande número de alunos existente na sala de aula e as diferenças no nível de
aprendizagem que dificultam o trabalho da professora em fazer suas
observações individuais.
No item sobre a utilização de provas na avaliação dos alunos, 6 ( seis )
professoras afirmaram usá-las,só que esse não seria o único instrumento de
avaliação, onde poderiam agrupá-la com o resultado obtido através de outros
meios usados na avaliação,como: testes, pesquisas e trabalhos em grupo.
Preferiu-se fazer esse agrupamento, visando uma possível melhora no
resultado final, pois para alguns alunos, somente a avaliação através da prova
traria um ponto negativo, pesando no estado emocional do aluno. Acabando
por prejudicá-lo. Para o professor, seria mais prático corrigir provas e
apresentar notas, só que seus alunos ficariam privados somente aquele
modelo de avaliação. Será mais trabalhoso para o professor, avaliá-los através
de vários recursos, porém aumentará seu trabalho e ao mesmo tempo as
possibilidades de seus alunos em conseguirem obter um melhor resultado.
Na pergunta feita sobre a autoridade do professor em escolher o tipo de
avaliação que utilizará com seus alunos, fica claro que através das respostas
onde metade possuem essa livre escolha, onde a escola aceita o
posicionamento dela. O que não acontece na escola na escola particular, já
que os professores têm que seguir os critérios de avaliação estipulados por
esse estabelecimento.
Conclui-se que apesar dos professores acharem as provas um método
ultrapassado, continuam usando-as para avaliar seus alunos na grande
maioria. A grade diferença está em diversificar a avaliação utilizada com outros
27recursos já existentes e que há pouco tempo atrás não eram utilizados nas
escolas devido ao preconceito e um certo receio por parte das professoras em
arriscar apostando no desconhecido.
CAPÍTULO 3
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram apresentados os pensamentos de alguns autores que
relacionaram a avaliação de diferentes maneiras.
Acredito que não exista uma receita para o processo avaliativo correto e
sim, diferentes formas de se trabalhar e pensar a “utilidade” da avaliação,
levando em consideração alguns aspectos essenciais como: O que
pretendemos avaliar no nosso aluno ? Será que simplesmente podemos
verificar se a aprendizagem ocorreu de forma positiva aplicando uma prova ?
Para a primeira pergunta, podemos fazer um levantamento do que gostaríamos
de obter na verificação do aluno, o que é mais importante para ele, aprender
sobre assuntos que estão relacionados a sua realidade, ou outros de menor
importância. Já para a segunda pergunta, após esta pesquisa, conclui-se que
existem outras formas de avaliar além de testes e provas, podendo aproveitar
tudo o que o aluno aprendeu, avaliando através de trabalhos, pesquisas
individuais ou em grupos e inclusive avaliar a participação do aluno durante as
aulas.
O dilema que vivemos na Educação é também alimentado pelas dúvidas
recorrentes,sobre qual é o sentido da avaliação e quais os interesses implícitos
nesta forma de medir,se assim pudermos considerar a aprendizagem de
nossos alunos.
A leitura sobre a avaliação envolveu diferentes argumentos sobre o
sentido do processo de ensino aprendizagem e as formas tradicionais de
transposição didática. Está no centro deste caminhar a problematização das
28nossas práticas docentes e as possibilidades de reinventarmos a escola.
Caberia, com esse propósito, desenvolvermos outras pesquisas que
facilitassem a visão mais ampla das teorias sobre avaliação da aprendizagem
escolar. O interesse por este tema está vinculado, com a prática em sala de
aula. Neste sentido, acreditamos que se constitui como uma 1ª tentativa de
revisão das formas tradicionais de pensar a aprendizagem.
29
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CURITIBA, Secretaria Municipal de Educação. Currículo Básico: compromisso permanente para a melhoria da qualidade do ensino na escola pública. Curitiba: SME. 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. GOMES, Suzana dos Santos. Prática Docente e de avaliação formativa: A construção de uma pedagogia plural e diferenciada. 26ª Reunião anual da anped. Belo Horizonte: FAE/UFMG,2004. HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora : uma prática em construção da pré-escola à universidade. 22ª edição. Porto Alegre. Mediação,1993. HOFFMANN, Jussara. Avaliação : mito e desafio : uma perspectiva construtivista. 34ª edição. Porto Alegre. Mediação, 2004. HOFFMANN, Jussara. Pontos e Contrapontos : do pensar ao agir em avaliação. 7ª edição. Porto Alegre. Mediação, 2003. KNOBLAUCH, Adriane. Ciclos de aprendizagem e avaliação de alunos : Novas práticas de registro,velhas intenções. 25ª Reunião anual da anped – EHPS – PUCSP GT : Didática n°04, 2004. LIMA, Elvira Souza. Avaliação na escola. São Paulo : Sobradinho 107, 2002. LIMA, Elvira Souza. Ciclos de Formação: uma reorganização do tempo escolar. São Paulo :Sobradinho 107, 2001. LUCKESI, C.C. Avaliação da Aprendizagem Escolar : 14ª edição. São Paulo : Cortez,2002. NOVA ESCOLA . Parâmetros Curriculares Nacionais de 1ª a 4ª série : Fáceis de entender. Edicção especial. São Paulo.: Abril, 2004. ____________. Revista Pátio. Ano 3, número 12, fevereiro/abril 2000. PERRENOUD, P. Práticas Pedagógicas, profissão docente e formação. Perspectivas sociológicas. Lisboa – Portugal: Nova Enciclopédia, 1997. ROMÃO,José Eustáquio. Avaliação Dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo. Cortez,1998.
30
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULOI.Perspectivas atuais de práticas pedagógicas e
avaliação. 11
1.1. O sistema de ciclos de formação na rede municipal de
ensino. 13
CAPÍTULO II. Concepções e práticas de avaliação
utilizadas nas escolas observadas: uma análise . 16
2.1. Trabalhos, testes e provas realizados pelos alunos. 24
2.2. Entrevistas realizadas com professoras do ensino
fundamental . 25
CAPÍTULO III. Considerações Finais. 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA. 29
31