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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO NO CODITIANO ESCOLAR
POR: RITA NOGAROL DE ANDRADE SOBRAL
ORIENTADOR
PROFa: MARY SUE DE CARVALHO PEREIRA
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Orientação Educacional. Por: Rita
Nogarol de Andrade Sobral.
3
RESUMO
Este trabalho analisa a existência de algumas formas de discriminação que
ainda estão presentes em nossa sociedade e no cotidiano escolar, enfatizando as
diversas heranças culturais que convivem na população brasileira.
É fato que a escola se encontra marcada por práticas cultural
historicamente arraigadas de discriminação e preconceito, bem como por teorias
que deslocam a responsabilidade da escola para o aluno, além de currículos e
formação de professores insuficientes.
O assunto estudado tem gerado uma discussão polêmica na atualidade e
por se revelar de maneira muito intensa no cotidiano escolar, o tema influencia
toda a educação e deve ser sistematicamente estudado pelos profissionais da
educação.
Neste trabalho, educadores e estudantes poderão conhecer de forma
sucinta a diferença entre preconceito e discriminação, refletir sobre as principais
relações destes fenômenos sociais com o campo educacional.
Espero que este trabalho colabore com uma educação que busque
combater o surgimento de atitudes discriminatorias e preconceituosas no cotidiano
escolar bem como dê pistas de ação para uma educação que valorize a tolerância
e o respeito às diferenças.
Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar
os diferentes grupos e culturas que a constituem. Sabe-se que as regiões
brasileiras têm características culturais bastante diversas e a convivência entre
grupos diferenciados nos planos sociais e cultural muitas vezes é marcada pelos
preconceitos e pela discriminação.
4
METODOLOGIA
Quanto à metodologia, para este trabalho foi realizado um
levantamento bibliográfico, no qual busquei identificar este processo de
produção e reprodução dos preconceitos e discriminações no cotidiano
escolar.
Este estudo organiza-se em três capítulos. O primeiro destinado a
conceituar o preconceito, a discriminação e o estereótipo, suas diferenças e
como ocorrem e ocorreram essas atitudes. O segundo capítulo apresenta
os principais temas presentes na literatura sobre preconceito e
discriminação na escola. No terceiro capítulo, serão apresentados relatos
de casos por mim vivenciados sobre o preconceito no cotidiano escolar.
Ao final, apresento algumas considerações, sabendo da importância
de discutir este tema e de construir ações que possam levar à reflexão
sobre o preconceito e a discriminação, além de enfatizar que a educação
deve ser um dos instrumentos que a sociedade precisa utilizar para garantir
a tolerância das diferenças entre os seres humanos.
A pesquisa pode ser de interesse para gestores, professores e
alunos do ensino fundamental e médio, além de estudantes de Pedagogia e
Sociologia que se preocupam em promover uma educação não-
discriminatória.
Espero que se compreenda que o preconceito e a discriminação
estão presentes no interior das escolas de diversas formas, evidenciando
que a cultura escolar do “aqui somos todos iguais” é falsa e deve ser
5
trabalhada visando mudanças neste quadro. Para tanto, minha pesquisa
pretende ampliar as discussões nas escolas sobre o preconceito e a
discriminação.
A mensagem que quero transmitir é de conscientização, para que o
espaço escolar seja de tolerância, no qual o outro possa ser respeitado em
sua especificidade e as diferenças sirvam para construir uma educação de
troca, construindo a unidade na diversidade.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - Tratando de conceitos e definições 10 CAPÍTULO II - Educação e preconceito 17
CAPÍTULO III – Falando de preconceito no cotidiano escolar 28
CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA CITADA 42
ATIVIDADES CULTURAIS 44 ÍNDICE 46 FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
7
INTRODUÇÃO
“ Há muito se diz que o Brasil é um país rico em
diversidade étnica e cultural, plural em sua identidade (...)
Contudo ao longo de nossa história, têm existido
preconceitos, relações de discriminação e exclusão social
que impedem muitos brasileiros de ter uma vivência plena de
sua cidadania (...).” (PCNs, 1997, p.15)
Este trabalho visa refletir o tema preconceito e discriminação no cotidiano
escolar a partir de uma abordagem sobre seus diversos tipos, que se revelam no
cotidiano de uma escola pública.
A questão chave deste trabalho consiste em: como se revelam e são
tratadas as questões do preconceito e discriminação no cotidiano escolar?
O tema selecionado para estudo tem sido abordado de várias maneiras na
literatura e muitas vezes em pesquisas no campo da educação .
Embora o tema esteja sendo debatido e questionado em busca de
soluções para minimizar o problema, as mudanças acontecem a passos
vagarosos. Apesar dos intensos debates teóricos, na prática observa-se uma certa
lentidão no que diz respeito à tolerância das diferenças no cotidiano das escolas e
na prática pedagógica. O preconceito ainda está fortemente enraizado na
formação da comunidade escolar
8
Negros, índios, homossexuais, nordestinos, pardos, portadores de
necessidades especiais ou qualquer um que seja diferente do padrão estabelecido
como normal são tratados com preconceito e discriminação na sua vida escolar,
muitas vezes “só por brincadeira” e outras por não serem realmente aceitos entre
os estudantes e, o mais grave, também entre educadores.
Quando observamos o conhecimento produzido existente sobre
preconceito e discriminação no cotidiano escolar, notamos um grande número de
autores preocupados com a temática.
Um fato que chama a atenção, em relação a esta tema, é que o
preconceito e a discriminação no cotidiano escolar faz-se de várias formas,
envolvendo assim vários conceitos tais, como: “identidade, preconceito, diferença,
estereótipo, discriminação, etnocentrismo, racismo”, como constata Candau (2003
p.15). Mas essa não é apenas uma questão de nomenclatura e sim de
intolerância, ou seja, a não aceitação das diferenças.
Segundo Candau (2003, p.41-43), o preconceito e a discriminação são
mais evidentes no Brasil contra os negros e as mulheres. No entanto, no espaço
escolar existem outros tipos de preconceitos também bastante evidentes, como
contra os homossexuais, os nordestinos, os portadores de deficiência físicas e
mentais, as minorias religiosas, bem como contra aos educandos que tiram boas
notas ou os que tiram notas baixas e muitos outros casos.
De certa forma, a discriminação dentro da escola é o espelho das
discriminações que existem na sociedade, onde existem conceitos vindos de uma
classe dominante que discrimina as classes subalternas desde o início da
formação da sociedade brasileira.
9
Tendo em vista o problema apresentados, propõe-se como objetivos
gerais de estudo:
• Conceituar preconceito, discriminação e estereótipo, suas
diferenças e como ocorreram e ocorrem esses processos na
humanidade.
• Apresentar os principais temas presentes na literatura sobre
preconceito e discriminação na escola.
• Identificar os tipos de preconceito e discriminação que ocorrem com
maior freqüência na escola X.
Com essas breves considerações, longe de querer esgotar o assunto e
emitir uma opinião definitiva sobre o preconceito e a discriminação no cotidiano
escolar, este estudo justifica-se como uma necessidade de realizar um estudo de
como estes fenômenos sociais são tratados na escola.
As questões de estudo desse trabalho são:
• O que é preconceito, discriminação e estereótipo? Quais as suas
diferenças?
• O que alguns autores apresentam sobre preconceito e
discriminação no cotidiano escolar?
• Quais os tipos de preconceito e discriminação mais evidentes no
cotidiano da escola X? Como ocorrem? Quando ocorrem?
10
CAPÍTULO I
TRATANDO DE CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Grupos, famílias e comunidades são formados pela necessidade humana
de sociabilidade. O ser humano não vive só. Essa convivência é necessária para
sua sobrevivência e continuação da espécie humana, mas viver em sociedade
exige uma série de normas de boa conduta e nem sempre a vida em sociedade é
pacífica.
O ser humano neste processo de sociabilidade, geralmente, carrega uma
grande dificuldade em aceitar o outro como ele é. Dentro dessa dificuldade em
aceitar seu semelhante surge a discriminação, que é definida no dicionário Aurélio
como o “ato de distinguir, estabelecer diferença, separar”.
“Discriminação” é quando uma pessoa é tratada pelas outras de uma
forma diferente por causa de suas características próprias, como exemplo, ser
criança ou velho, homem ou mulher, negro ou branco, entre outras coisas. E daí,
podemos nos perguntar. Pois as pessoas não são mesmos diferentes?
O problema é quando essa diferença começa a ser interpretada pelas
outras pessoas como um sinal de inferioridade. Isto é, passamos a tratar pessoas
como inferiores por causa de sua pele, pelo fato serem homens ou mulheres, por
causa da sua idade, por ter uma deficiência física, origens diferentes, e muitas
outras coisas.
O problema fica ainda maior quando a sociedade acredita que essas
pessoas não podem ter os mesmos direitos que as outras. A discriminação
impede ou dificulta o acesso aos direitos iguais de cidadania.
11
Neste caso, a discriminação leva a uma situação de desigualdade social e
até de desigualdade de direitos. De acordo com os PCNs:
“ Pela educação pode-se combater, no plano das
atitudes, a discriminação manifestada em gestos,
comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos
sociais (...). Assim, cabe à escola buscar construir relações
de confiança para que a criança possa perceber-se e viver,
antes de mais nada, como um ser em formação, e para que a
manifestação de características culturais que partilhe com
seu grupo de origem possa ser trabalhada como parte de
suas circunstâncias de vida, que seja impeditiva do
desenvolvimento de suas potencialidades pessoais.“ (PCNs,
1997, p.52)
Vários são os motivos que levam um ser humano a discriminar o outro,
dentre eles o preconceito, que é definido também no dicionário Aurélio como
“conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou
conhecimento dos fatos; idéia preconcebida”.
Sant′Ana (2001,p.54), “relaciona preconceito com o fenômeno social,
porém o coloca também na esfera dos fenômenos psicológicos”, a autora
considera que o preconceito está baseado em julgamento de pessoas sobre
outras pessoas, ou seja, encontra-se na esfera da consciência dos indivíduos,
porque ninguém é obrigado a gostar de alguém, mas, é obrigado a respeitar os
seus direitos. Quem cultiva preconceitos nem sempre fere os direitos do outro,
porque preconceito é tão somente uma idéia. O preconceito é também definido
como indisposição, julgamento prévio/negativo, que se faz de pessoas
estigmatizadas por estereótipos.
12
Mesmo que o preconceito, muitas vezes, não fira ou atinja os direitos do
outro, isso não significa que tal tipo de pensamento não possa vir a se tornar
prejudicial, pois, o preconceito é o primeiro passo para uma atitude discriminatória.
E discriminar , como já vimos, significa separar, estabelecer diferenças, distinguir.
As conseqüências disso, muitas vezes, são traduzidas em violência, agressão e
exclusão, o que certamente fere os direitos do outro.
Estamos partindo do pressuposto de que a discriminação é a
materialização do preconceito. Ou seja, quando se pensa que um ser humano é
inferior ao outro por ser de uma raça diferente, pratica-se o preconceito, mas
quando se evidência isto através de palavras ofensivas, dando a entender que ele
está sendo tratado assim porque é de outra raça, está se praticando a
discriminação.
Outra forma de contribuir com a discriminação é o estereótipo, que é
definido como “um conjunto de traços que supostamente caracterizam a um grupo
em seu aspecto físico, mental e em seu comportamento”. Os estereótipos são
manifestados em sentimentos de medo, nojo e hostilidade que temos em relação a
grupos diferentes a nós. Como temos critérios, estabelecidos como certo e errado
pela nossa moral ou passados pelo meio social no qual vivemos, certas atitudes
nos agridem, assustam-nos ou nos enojam.
Os estereótipos camuflam a realidade e eles podem ser positivos ou
negativos. Sua classificação como positivo ou negativo vai depender do ponto de
vista do julgador, que escolhe sua classificação, seguindo critérios de gênero,
etnia, cultura, nacionalidade, religião e muitos outros, como por exemplo, as
mulheres, os judeus. Uma forma de classificar os estereótipos é a maneira como
se vê as manifestações de um determinado grupo, se quem os observa gosta das
atitudes, classificará de forma positiva, caso sinta-se incomodado o classificará
como negativo, por exemplo, as mulheres são sensíveis, os judeus são avarentos.
13
A classificação não importa, o que importa é saber que os estereótipos são falsos,
pois distorcem a realidade.
Embora muitas vezes quem utiliza os estereótipos pense que está fazendo
apenas uma descrição, na verdade está pregando algo pré-fixado como verdade
incontestável, seja uma verdade de comportamento, de virtudes ou defeitos,
criando rótulos. Geralmente, para estes estereótipos não existem variações, não
há “negro sem preguiça” nem “português inteligente”.
Em linhas gerais, o preconceito e os estereótipos são sinônimos da
discriminação, que leva a intolerância, gerando crimes de desrespeito ao próximo.
1.1 - Por que o ser humano discrimina ?
E da natureza humana discriminar o outro. Talvez isto tenha sido herdado
do instinto animal, pois entre os irracionais, o instinto faz a seleção pela força, as
fêmeas de diversas espécies somente cruzam com os machos mais fortes, que
geralmente lutam com o mais fraco derrotando-o . Isto parece não ser aceitável de
alguém racional, pois este vive em comunidade e teoricamente, aceitando o outro
como ele é. Aceitar o outro, tolerá-lo não significa ignorar nossas dificuldades de
convivência, nem ser indiferente com o que os outros são ou pensam, nem tão
pouco concordar em tudo com todos, nem aceitar todas as atitudes do outro, pois
existem atitudes reprováveis que devem ser censuradas, mas sim reconhecer o
direito dos outros de serem como são e de pensarem como pensão, mesmo não
compartilhando com sua maneira de pensar, agir, ser e viver.
Algumas culturas são supervalorizadas em detrimento de outras quando
se descrimina. Dessa forma, dá-se a um grupo supostamente superior a idéia de
que ele é melhor e a um outro o sentimento de menor valor. Neste sentido, a
sociedade fica dividida sob duas óticas: a do discriminador que manda e se
14
considera mais culto, o melhor e estabelece as regras do jogo que mais lhe
interessam e a do discriminado que precisa lutar para elevar sua auto estima e
construir uma identidade positiva acerca de suas origens e posição na sociedade.
Inúmeras são as formas de discriminar, inúmeros são os fatos que
observamos no nosso cotidiano ou acompanhamos através da mídia que nos
revelam esta forma. Embora exista uma certa pressão em querer mudar o retrato
atual do preconceito e da discriminação, ainda não existe a política de tradições
criadas pela sociedade dominante que foram tradicionalmente instituídas e são
aceitas socialmente.
1.2 - Preconceito e discriminação: passado e presente
A humanidade é marcada por vários exemplos de discriminação. A
começar pelo “tempo das cavernas”, onde eram discriminados aqueles que não
pertenciam a um determinado grupo. Depois os grupos dominantes escravizavam
os conquistados. Na Roma Antiga, havia os patrícios (classe social mais alta entre
os gregos), gentios e os escravos (plebeus), os patrícios se autodenominavam
“civilização” e todos que não eram romanos eram “bárbaros”. Também na Igreja
encontramos vários exemplos de discriminação. No princípio, era considerado o
Cristianismo a religião divina, quem não era cristão não possuía fé, era herege,
era um pecador que devia ser queimado na fogueira para redimir-se do pecado de
não ser cristão.
A discriminação e o preconceito até os dias de hoje - passando pelas
cruzadas, expansão européia, escravidão sem falar na “raça pura” do nazismo,
onde a idéia do “eu e meus iguais somos melhores que o resto” era propaganda –
ocorre de forma aberta ou velada. Não bastou o nazismo ser derrotado para que
essa idéia de “raça pura” fosse enterrada, ainda hoje, na obscuridade, alguns
grupos cultuam isso. Diante disso, percebemos que a discriminação e o
15
preconceito são resistentes. Algumas culturas nos dias de atuais discriminam a
mulher, fazendo com que ela pareça um ser de segunda categoria, longe do
convívio social masculino, cuidando da procriação, sem voz, sem atuação na
sociedade, sem direitos. Enfim, o preconceito e a discriminação custaram e
custam às gerações muita dor, sofrimento e morte.
Com um discurso de igualdade das pessoas, a humanidade procura
desenvolver atitudes que possam minimizar as diferenças que o próprio ser
humano criou. Assim sendo, foi criada a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que afirma no seu 1° artigo “que todos somos iguais independente de
raça, sexo, idade, opção religiosa, nacionalidade e outros”. Esta declaração é
adotada por quase toda a comunidade internacional, mesmo assim em muitos
lugares do mundo a realidade existente ainda é de preconceito, discriminação e
intolerância.
Segundo a Constituição Federal de 1988, no artigo 5, “todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade.” Mesmo proibidos pela lei e
condenados pela sociedade, preconceito e discriminação existem e são pregados
e praticados com maior freqüência que o imaginado.
Embora seja vergonhoso admitir, a discriminação e o preconceito existem,
ocorrendo de maneira encoberta, disfarçada e dissimulada, mas, no entanto,
existe. Segundo Carneiro (2002), “no Brasil se discrimina desde gordo até o idoso,
do religioso a origem regional, por exemplo: quem nasce fora das regiões Sul e
Sudeste do Brasil. é chamado muitas vezes de paraíba”.
Em nossa sociedade, até mesmo o cabelo dos negros serve para separar,
distinguir, agrupar. Para Gomes (2002), o cabelos “tem sido usado como um dos
16
elementos definidores do lugar do sujeito dentro do sistema de classificação”. A
valorização do cabelo liso na sociedade não é uma expressão de vaidade, o
cabelo ainda é usado como critério para classificar padrões de beleza. Muitas
mulheres .negras que assumem sua origem afrodescendente são colocadas numa
posição de inferioridade, determinada por padrões de beleza estabelecidos como
mais adequado.
O povo brasileiro é fruto de várias raças numa miscigenação total, um
povo todo mestiço, colonizado por portugueses que se relacionavam sexualmente
com os índios. Depois ocorre nova mistura com a chegada dos escravos do
continente africano. Posteriormente diversos imigrantes completaram esta mistura.
A formação do povo brasileiro vai do índio ao japonês, espanhol, italiano, árabe e
muitos outros, e mesmo com toda essa mistura o preconceito e a discriminação
encontram espaço.
17
CAPITULO 2
EDUCAÇÃO E PRECONCEITO
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais “o cotidiano da
escola permite viver algo da beleza da criação cultural humana em sua
diversidade e multiplicidade”. O simples fato de os alunos pertencerem a
diferentes famílias, diferentes origens, assim como cada professor ter, ele próprio,
uma origem pessoal, e os outros auxiliares do trabalho escolar terem também,
cada qual, diferentes histórias, permite desenvolver uma experiência de interação
entre diferentes, na qual cada um aprende e cada um ensina. Sendo assim, e em
conformidade com os PCNs:
“ Considerar a diversidade não significa negar a
existência de características comuns, nem a possibilidade de
construirmos uma nação, ou mesmo a existência de uma
dimensão universal do ser humano. Pluralidade cultural quer
dizer a afirmação da diversidade como traço fundamental na
construção de uma identidade nacional que se põe e repõe
permanentemente, e o fato de que a humanidade de todos
se manifesta em formas concretas e diversas de ser
humano.” (PCNs, 1997, p.19)
Considerar a diversidade significa, antes de mais nada buscar elementos
para a compreensão, respeito e valorização das diferenças étnicas e culturais.
Dentre as funções da educação, uma das principais é a formação para o exercício
da cidadania. E uma das características do ser cidadão é o exercício da tolerância
ao diferente, sem preconceitos, estereótipos e discriminações. Para tanto, é
preciso que no campo da educação exista uma sintonia entre fator%s que
18
subsidiarão tal atitude, tais como: o papel da escola, o cotidiano da escola, a
formação do docente, o currículo e também a avaliação.
2.1 - O papel da escola
Grande parte de nossas dificuldades atuais, no campo das relações entre
os povos, está relacionada com a cultura, isto é, existe uma série de valores e
estereótipos que estão internalizados em cada cultura e que precisam ser
compreendidos. A educação diante da globalização deve preparar as futuras
gerações para uma sociedade multicultural. E o espaço escolar é o local exato
para esse início.
Candau (2003) afirma que “o espaço escolar é o palco de manifestações
de preconceito e discriminações de diversos tipos”. O discurso homogeneizado da
escola coloca todos os seus educandos em um mesmo patamar, isto se dá porque
a escola prevê o aprendizado coletivo, com um único objetivo a todos. Cada
membro da instituição escolar possui um papel pré-fixado a desempenhar, como
se o espaço escolar fosse formado por uma igualdade de potencialidades,
pensamentos, atitudes e comportamentos.
Segundo Agnes Heller (1989):
“ A maioria dos preconceitos, embora nem todos, são
produtos das classes dominantes (...) a classe burguesa
produz preconceitos em muito maior medida que todas as
classes sociais conhecidas até hoje. Isso não é apenas
conseqüência de suas maiores possibilidades técnicas, mas
também de seus esforços ideológicos hegemônicos: a classe
burguesa aspira a universalizar sua ideologia (...) tornou-se-
lhe absolutamente necessário o preconceito no mundo da
19
igualdade e da liberdade formais, precisamente porque agora
passavam a existir essas noções formais.“
A partir desse cenário, Aquino (1998) diz que “é no espaço escolar que as
diferenças se anunciam, mas não são reconhecidas”. A escola não respeita os
diferentes ritmos dos educandos, ela segue em suas propostas e cria a separação
dos grupos, tudo isso em nome do bem coletivo, como se aqueles que não
conseguem acompanhar o ritmo padrão impresso pelo coletivo, não fizessem
parte deste.
O problema do preconceito tem base em um sistema educacional
reprodutor de uma sociedade dividida em classes econômicas, em estruturas de
poder e privilégios estabelecidos por questões raciais e de gênero. A escola, às
vezes, reforça isso, ao mesmo tempo que em certos momentos seus
procedimentos pedagógico rompem com esse estigma. Não se pode negar,
porém, que a escola pode valorizar o preconceito. Desde os primórdios da
educação ela tem caráter seletivo e diferencial, tendo em vista que é considerado
normal o exame para ingresso em certas instituições, através de avaliação
classificatória.
Há colégios que exigem uma boa nota no exame de seleção para ingresso
em uma de suas classes, levando os educandos a verdadeiras batalhas para
conseguir uma vaga. Aquele que tiver mais preparado segundo os critérios da
instituição conseguirá. Acontece que os grupos excluídos, na maioria das vezes,
não possuem as mesmas oportunidades de preparação, isso é refletido nos dados
quantitativos que demonstram a quantidade minoritária das classes excluídas
presentes nestas instituições escolares consideradas de “excelência acadêmica”.
E isto é reflexo da prática escolar seletiva. A escola pode estar selecionando e
discriminando.
20
Gonçalves (1999) reafirma que “é no espaço escolar, nas práticas
pedagógicas cotidianas, que é sustentado o preconceito, a discriminação e o
estereótipo, principalmente através da omissão da escola, ou seja, pelo simples
ato de ignorar o problema”. Muitas vezes, o espaço escolar é reprodutor das
desigualdades, preconceitos e discriminações presentes na sociedade. Algumas
vezes, mesmo que inconscientemente, o espaço escolar produz essas e novas
desigualdades.
2.2 - O cotidiano escolar
O cotidiano escolar revela preconceito?
Se perguntássemos isso a estudantes de qualquer classe social, gênero,
cor, freqüentadores das mais diferentes instituições públicas ou privadas, com
certeza teríamos um grande número de respostas “não”.
Os educadores desde as séries iniciais ouvem o discurso da igualdade
humana, da igualdade na escola, na comunidade, ouvem o discurso da
cumplicidade e do companheirismo em sala de aula, além do respeito e
compreensão. Ouvem. Internalizam. Mas não vivenciam na prática, não percebem
o princípio internalizado, pois na convivência experimentam a discriminação. E é
por isso, que alguns talvez respondam “sim”.
Na escola, mais precisamente na sala de aula é ensinado o respeito ao
próximo. O professor ensina que os “homens são iguais perante a lei”. No entanto,
essa mesma escola se omite diante de problemas corriqueiros como apelidos
pejorativos ou até mesmo na separação para realização de trabalhos escolares,
na qual a divisão dos grupos se revela mais facilmente. Muitas vezes, esta divisão
“natural” dos educandos para realizar tarefas escolares são baseadas em
preconceito existente entre eles.
21
Neste sentido, Aquino (1998) ressalta que “na sala de aula o ser humano
desenvolve suas potencialidades de conhecimento, julgamento e escolha para
viver em sociedade”. Isso implica que o processo educacional contribui tanto para
conservar quanto para mudar valores, crenças, mentalidades, costumes e
práticas, sem, no entanto, observar se tais ensinamentos são praticados ali, no
espaço de convivência diária. Na verdade, não há uma política de
acompanhamento da escola em relação a seus educandos. A preocupação vai do
ensino aos resultados intelectuais e não aos resultados morais.
Neste contexto, a escola revela comportamentos preconceituosos e
discriminatórios, reafirmando a contradição entre teoria e prática. Podemos citar
infinitas situações vivenciadas no interior da escola, como por exemplo, a
linguagem pejorativa. Expressões como “pessoa de cor”, “preto de alma branca”
são utilizadas no cotidiano escolar freqüentemente. Outro exemplo é a aparência.
As pessoas gordas são tratadas como “rolha de poço”, “bola sete”, como se não
tivessem um nome.
Esse tratamento desigual, revestido, às vezes, por aspecto lúdico deixa
marcas negativas que negros, gordos, homossexuais e muitos outros carregarão
por muito tempo. Psicologicamente as pessoas que são alvo de práticas
discriminatórias terão sua auto-estima prejudicada, achando-se inferiores aos
demais.
Candau (2003) alerta sobre a importância de falar sobre o tema,
rompendo a lógica do silêncio predominante nas escolas, que só reforça o
preconceito e a discriminação. Segundo a autora, “romper com a omissão,
reconhecer o problema e juntar o coletivo em busca de soluções é o primeiro
passo para a superação das práticas discriminatórias no cotidiano escolar.”
22
2.3 - Formação docente
Em relação ao papel do professor diante do preconceito e discriminação
no cotidiano escolar, Trindade (1999) propõe “um professor com visão crítica, com
uma postura emancipatória, com atitudes inquietantes diante das diferenças
explícitas no mundo escolar”. Para a autora, o docente deve buscar trabalhar uma
educação inclusiva e transformadora, num mundo marcado por desigualdades e
injustiças sociais, étnicas e culturais.
O professor, embora marcado pelas visões de mundo, deve despir-se dos
valores padronizados, incorporados ao longo da sua existência das idéias e ideais
construídos ou apreendidos, das concepções a respeito da vida e do mundo ao
deparar-se diante de uma sala de aula onde divergem opiniões, comportamentos
e atitudes. Deve perceber a existência da diferença como valor, como expansão
da riqueza humana e não como um demérito. No entanto, a autora chama a
atenção para a questão dos limites do trabalho com as diferenças: “qualquer
concepção teórica ou prática de trabalhar com as diferenças na sala de aula, no
cotidiano escolar é passível de críticas, de análise, de necessidades, de acertos,
ajustes”. (Trindade, 1999, p.11).
São poucos os professores que discutem o preconceito didaticamente,
mostrando criticamente as diferenciações de raça, gênero e classe social.
Em alguns Estados do Brasil, existe uma proposta de combate ao
preconceito, porém, a implementação de políticas públicas educacionais em uma
perspectiva multicultural sob responsabilidade do Estado, consequentemente,
ainda não constitui uma realidade entre nós. Reconhecer o caráter multicultural é
muito pouco, é necessário que se respeite os direitos (sempre negados) dos
23
discriminados, além de respeitar a cultura e transformar as relações de
dominação.
2.4 - Pluralidade cultural no âmbito escolar
A reflexão sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais
de caráter multicultural é recente e crescente. Vivemos numa época em que a
consciência de que o mundo passa por transformações profundas é cada dia mais
forte. Essa constatação provoca reações contraditórias, ao mesmo tempo de
insegurança e medo, potenciadores de apatia e esperança, mobilizadores das
melhores energias e criatividade para a construção de um mundo diferente, mais
humano e solidário.
Para Jordán (1996), esta perspectiva surge não somente por razões
pedagógicas, mas principalmente por motivos sociais, políticos, ideológicos e
culturais.
Candau (2000), nos diz que:
“ A perspectiva intercultural em educação não pode
ser dissociada da problemática social e política presente em
cada contexto. Relações culturais e étnicas estão permeadas
por relações de poder. Daí seu caráter muitas vezes
contestador, conflitivo e mesmo socialmente explosivo.“
(p.49)
Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve preocupar-se
necessariamente com as diversidades existentes na sociedade, uma das bases
concretas em que se praticam os preconceitos.
24
O Brasil tem como característica uma população formada por diversos
grupos étnicos: o índio, morador mais antigo; os brancos colonizadores; os negros
que para cá vieram como escravos; os imigrantes, que encontraram aqui espaço
para construir vida nova. Cada um deles com seus costumes, seus ritos e suas
crenças. Mas será que essa diversidade sempre foi valorizada de verdade, tanto
pela sociedade como pela escola?
Sabemos que o Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do país
consigo mesmo, é comum prevalecerem vários estereótipos, tanto regionais
quanto em relação a grupos étnicos, sociais e culturais.
A heterogeneidade deve ser reconhecida como um acervo a ser
preservado. Segundo Mindlin (1998):
“ Somos um país com 44% de população negra, com
cerca de 200 línguas e povos indígenas, temos imigrantes de
todas as partes do planeta, os grupos religiosos são diversos
– budistas, muçulmanos, católicos, protestantes, entre outros
, possuímos uma enorme massa de brasileiros sem-terra ou
desterrados pela seca. Esses segmentos populacionais
“minoritários” são a representação de nossa brasilidade.“
(p.12)
Segundo o autor, “descobrir o Brasil como ele é significa formar cidadãos
orgulhosos de suas múltiplas raízes, atentos para os direitos humanos, os direitos
dos povos, o direito à diferença”. Para nos orgulharmos, precisamos nos
reconhecer, redescobrir o que é ser brasileiro, tornando-nos capazes de
estabelecer relações entre o equilíbrio democrático, a consolidação do pleno
cumprimento de direitos, a coexistência de diferentes grupos e a nossa própria
vida.
25
Em sua história, o Brasil passou por várias ondas de nacionalismo,
principalmente nos períodos de regime político autoritário. A necessidade de
manter unido o povo em torno de um poder centralizador, abafando reivindicações
e necessidades “divergentes”, criou mitos como o do “Brasil sem preconceitos”,
onde todos seriam tratados igualmente.
Segundo os PCNs:
“ Historicamente, registra-se dificuldade para se lidar
com a temática do preconceito e da discriminação
racial/étnica. O País evitou o tema por muito tempo, sendo
marcado por “mitos” que veicularam uma imagem de um
Brasil homogêneo, sem diferenças, ou, em hipótese,
promotor de uma suposta democracia racial. “ (p22)
Essas falsas verdades repercutiram-se também na educação. Os livros
didáticos excluíam ou mostravam de forma caricata negros, índios e migrantes. O
sistema educativo, por sua vez, determinava a aplicação de um currículo único,
sob o pretexto de oferecer uma educação igual para todos. A escola não se
preocupava se em suas carteiras sentavam-se descendentes de iorubás ou de
italianos, se os alunos viviam de uma comunidade de pescadores ou em grandes
centros urbanos. Com isso, as características singulares de cada grupo ficaram
escondidas durante décadas.
Um importante passo, na direção de tornar parte do dia-a-dia escolar a
discussão sobre assuntos relativos à pluralidade cultural, foi dado pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais, que a incluíram como tema transversal.
26
Os conteúdos de Pluralidade Cultural podem ser resumidos na busca pela
cidadania dentro de uma sociedade multiétnica e pluricultural, características do
Brasil.
Os principais objetivos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) para desenvolver o tema são:
• Conhecer a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro,
cultivando atitudes de respeito reconhecendo a variedade cultural;
• Valorizar diversas culturas presentes no país, reconhecendo sua
contribuição no processo de constituição da identidade brasileira;
• Reconhecer as qualidades da própria cultura, valorizando-a
criticamente e enriquecendo, dessa forma, a vivência de cidadania;
• Desenvolver atitude de solidariedade em relação às pessoas vítimas
de discriminação;
• Exigir respeito para si e para o outro, denunciando atitudes de
discriminação ou qualquer violação dos direitos da criança e do
cidadão;
• Repudiar toda e qualquer forma de discriminação baseada em
diferenças de raça, etnia, classe social, crença religiosa, sexo e outras
características individuais ou sociais;
• Valorizar o convívio pacífico e criativo dos diferentes componentes da
diversidade cultural;
27
• Compreender a desigualdade social como um problema de todos e
como uma realidade que pode ser transformada; e
• Analisar atitudes e situações que podem resultar em discriminação e
injustiça social.
O documento de Pluralidade Cultural trata dessas questões, enfatizando
as diversas heranças culturais que convivem na população brasileira, oferecendo
informações que contribuam para a formação de novas mentalidades, voltadas
para a superação de todas as formas de discriminação e exclusão.
28
CAPITULO 3
FALANDO DE PRECONCEITO NO COTIDIANO
ESCOLAR
O cotidiano escolar é permeado de preconceitos e juízos prévios sobre os
alunos e suas famílias, que independem e não são abalados por qualquer
evidência empírica que os refute racionalmente.
A explicação para o fracasso escolar recai sempre sobre o aluno e os
seus pais: crianças não aprendem porque são pobres, porque são negras, porque
são nordestinas, ou provenientes de zona rural; são imaturas, são preguiçosas;
não aprendem porque seus pais são analfabetos, são alcoólatras, as mães
trabalham fora, não ensinam aos filhos...
“ Pelo discurso dos professores e diretores, a
sensação é de que estamos diante de um sistema
educacional perfeito, desde que as crianças vivam uma vida
artificial, sem nenhum tipo de problemas, enfim, crianças que
provavelmente não precisariam da escola para aprender.
Para a criança concreta, que vive neste mundo real, os
professores parecem considerar muito difícil, se não
impossível, ensinar. “ (Collares & Moysés, 1996, p.26)
São muitas as maneiras através das quais a discriminação social pode
estar presente no dia a dia na escola. É importante dizer que essa discriminação
pode ser feita às claras ou então pode ser disfarçada. Às vezes, os educadores
discriminam sem ter uma idéia clara sobre o alcance de suas ações. Podem
29
discriminar ativamente, no seu relacionamento com as crianças, mas também
podem fazer isso através da indiferença ou ignorando as necessidades das
crianças.
Os casos que serão relatados a seguir são frutos de algumas observações
feitas por mim nos discursos e práticas de parte dos profissionais de educação, a
respeito da discriminação existente dentro de uma escola municipal. Vou focalizar
situações em que a criança é discriminada por ser mais pobre do que outras, pela
cor de sua pele, pelo fato de ser menina ou menino, e serão abordadas também
algumas formas de preconceitos que surgem na escola, realizando um paralelo
com a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural.
3.1 - As crianças mais pobres entre as pobres
Apesar de, em sua maioria, as crianças da rede pública pertencerem a
famílias pobres, existem diferenças de poder aquisitivo entre elas. Existem
aquelas que possuem seus uniformes gastos, que tiveram uma alimentação pior
em casa, que tem pouco ou nada para contar sobre brinquedos que ganharam ou
passeios que fizeram.
Certa vez, vivenciei uma situação onde uma aluna era discriminada devido
a sua aparência. Angélica tinha sete anos, e ia para a escola mal cheirosa, cheia
de piolho, com a cara toda remelada. Era fato que as outras crianças não queriam
brincar com ela. E para mim, confesso que também era muito difícil lidar com essa
situação. Falar com a mãe não adiantava, pois esta era alcoólatra e precisava de
tratamento. Diálogo e carinho ajudam muito. Às vezes, porém, é preciso coragem
e envolver outros setores da sociedade para ajudar ao aluno em situações como
esta. Então, com o apoio da direção fizemos a denúncia ao Conselho Tutelar. Esta
mãe teve que mudar de atitude. Fez tratamento e conseguiu superar sua baixa
30
estima. Parou de beber e hoje em dia, na medida do possível, cuida melhor de si e
de seus filhos.
Sem a intenção de estar discriminando, e usando como exemplo o caso
da Angélica, nós professores podemos ver estas crianças como “menos
interessantes”, “e fadadas ao fracasso”. Quanto mais precárias as suas condições
de vida, mais a criança se distancia daquele “modelo ideal” de criança bonita e
engraçadinha que os meios de comunicação nos trazem.
“ É bastante comum que em relação ao aluno
proveniente das camadas economicamente menos
favorecidas se desenvolva uma expectativa de desempenho
baixo. (...) A desigualdade traduzida na situação de pobreza,
(...) lamentavelmente tem sido um estigma para muitas
crianças na escola. (...). Algumas doutrinas pedagógicas
concorreram para acentuar atitudes equivocadas por parte
dos educadores na escola. Teorias que afirmam a carência
cultural, ainda que rejeitadas atualmente, deixaram marcas
na prática pedagógica, traduzidas pela explicação do
fracasso escolar única e exclusivamente pela falta de
condições dos alunos. O simplismo dessa abordagem
esconde, na prática, a desvalorização dos alunos e os
preconceitos sobre suas capacidades e de seus grupos de
origem. ” (PCNs, 1997, p.32)
Collares & Moisés (1996), fazem uma reflexão interessante a respeito
deste assunto:
“ Neste espaço pleno de preconceitos, o professor
lida com a criança que existe em seu imaginário, não com a
31
criança real. Pois, esta, ele geralmente não consegue ver. E
a que habita suas fantasias é feia, sem vida, quase sem alma
(...). Desta criança, não se pode gostar. Rejeitá-la, com tudo
o que ela traz de semelhança com a condição real do
professor, pode ser um passo inicial para destiná-la ao
fracasso. Inconscientemente. E como é muito difícil assumir
que se rejeita um aluno, em processo de transferência, o
professor se sente rejeitado pela criança. O professor se
nega a ser professor de um aluno, mas faz uma leitura em
que o aluno se recusa a aprender. Só para agredi-lo.“
(p.148)
A fala das autoras nos remete a uma reflexão com relação à expectativa
dos professores e ao desempenho dos alunos, devido a sua condição social e
familiar.
Nesse sentido, é importante que a escola se comprometa de fato com
uma proposta pedagógica voltada para a cidadania, atenta às diversidades
existentes, sejam elas culturais, étnicas ou sociais. É preciso que a escola
promova iniciativas que visem a superação do preconceito e da discriminação,
conforme sugere os PCNs:
“ A contribuição da escola na construção da
democracia é a de promover princípios éticos de dignidade,
respeito mútuo, justiça e eqüidade, solidariedade, diálogo no
cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o princípio
constitucional de igualdade, o que exige sensibilidade para a
questão da diversidade cultural e ações decididas em relação
aos problemas gerados pela injustiça social. ” (p.36)
32
3.2 - Cores e raças – o mito da igualdade
No Brasil, existe uma discriminação racial que leva a um tratamento
diferenciado para as crianças negras e crianças com características da raça
negra. Essa discriminação costuma ser escondida debaixo de uma aparência de
que o preconceito não existe.
O Brasil em sua história, passou por várias ondas de nacionalismo
exacerbado, principalmente nos períodos de regime político autoritário. A
necessidade de manter unido o povo em torno de um poder centralizador,
abafando reivindicações e necessidades divergentes, criou mitos como o do Brasil
sem preconceitos, onde todos seriam tratados igualmente. Infelizmente, essas
falsas verdades repercutiram também na educação. Os livros didáticos excluíam
ou mostravam de forma caricata negros, índios e imigrantes.
Se na escola, a criança acredita que tem menos valor do que outras, vai
acreditar que terá também uma vida inferior. O preconceito racial passa através de
formas muito variadas, no cotidiano da relação com a criança. Não é apenas
quando dizemos que uma criança negra é “feia” que discriminamos. O preconceito
está presente disfarçado em atitudes falsamente não preconceituosas. Existe
quando se diz que essa criança negra “é bonita também” (com aquele tom de voz
de quem faz uma concessão) ou que ela “é bonita apesar de ser negra”, ou
quando desconhecemos a beleza de seus traços de raça negra para elogiarmos
apenas características tais como “cabelinho escorrido”, ou outras coisas assim.
As crianças percebem que os elogios sempre vêm para os “olhos claros”,
“cabelinho louro”, “cabelo liso”, “pele clara”, entre outras coisas. Para exemplificar
posso citar como exemplo, alguns casos de discriminação que podem ocorrer no
cotidiano escolar:
33
• Quando a professora acredita que aquela criança não vai ter um
bom futuro, pelo fato de ser negra. É muito difícil que isto seja
falado às claras. É mais freqüente ser “pensado” ou “sentido” de
maneira a transparecer na atitude das professoras;
• Quando em festinha da escola, a criança não pode assumir
tarefas ou papéis importantes pelo fato de ser negra. Por
exemplo, em teatrinho da escola onde crianças negras não
podem fazer o papel de anjos; e
• Quando outras crianças discriminam os coleguinhas negros e aí,
professores, talvez porque não sabem o que fazer, fazem de
conta que não percebem nada.
O preconceito racial é muito forte em nossa sociedade, sendo assim,
ações que valorizem as diferentes etnias e culturas devem fazer parte do dia-a-dia
escolar. Saber discutir Pluralidade Cultural a partir das diferenças dos próprios
alunos é um modo de conduzir o tema de forma mais próxima da realidade. Mas
isso não é tudo.
É preciso que os alunos aprendam a repudiar todo e qualquer tipo de
discriminação, seja ela baseada em diferenças de cultura, raça, classe social,
nacionalidade e sexo.
3.3 - Menina-mulher e menino-homem: que mulheres e homens
queremos educar?
Às vezes as pessoas argumentam que homens e mulheres são do jeito
que são, hoje, porque esta é a sua “natureza”. Será que o jeito como a gente trata
34
meninas e meninos não influencia o que eles virão a ser, no futuro? Será que a
educação que damos às crianças não importa nada na formação das pessoas de
amanhã?
Muitas vezes, não percebemos as formas de discriminação na educação
de meninos e meninas em nosso dia a dia. Educadores influenciam meninos e
meninas quando têm diferentes expectativas de como eles devem se comportar,
pelo fato de serem meninos ou meninas. Influenciam, também, quando estimulam
ou criticam a participação das crianças em jogos ou brincadeiras.
Por exemplo, ainda existem educadores que acreditam que meninas não
são boas em matemática. Outros acreditam que meninas são mais “quietinhas” e
meninos são mais “levados”. Esses conceitos, tão comuns em nosso cotidiano,
expressam na verdade, estereótipos sobre masculinidade e feminilidade. São
heranças culturais transmitidas pela sociedade (família, amigos, professores).
A natureza não determina que as meninas devem lavar a louça e os
meninos, o carro. Nem que elas têm o direito de chorar em público e eles não. E
na escola? Só as garotas podem manter os cadernos arrumados, com a letra
impecável? Idéias assim não passam de estereótipos. Tratá-las como verdades
imutáveis, ainda mais num local onde jovens personalidades estão começando a
se formar, pode ser um erro com uma conseqüência nefasta: a difusão de
preconceitos.
Uma educação para a igualdade não distorce a sexualidade das crianças.
Pelo contrário, procura ensinar a elas que meninos e meninas podem ser
companheiros e solidários, aprendendo, brincando e trabalhando juntos.
Uma educação para a igualdade objetiva preparar a todos, sejam quais
forem suas características individuais, a ter acesso igual à cidadania, aos direitos
35
sociais e políticos, direito à educação, saúde, trabalho, aos direitos humanos, ao
respeito próprio, à possibilidade de amar, trabalhar e criar, conforme sugere os
Parâmetros Curriculares Nacionais.
3.4 – Quando as crianças discriminam
Certa vez, as crianças da minha turma não queriam brincar com um
menino que tinha a pele muito negra. Então, coloquei o menino no meu colo, de
um jeito carinhoso, e chamei as outras crianças em volta. Comecei a contar
histórias. Durante alguns dias esse aluno foi meu ajudante, sempre elogiava seus
cadernos e maneira como se comportava. Em pouco tempo, as crianças
começaram a se aproximar dele e, atualmente, todos brincam juntos.
Com paciência e respeito, é preciso mostrar à criança que ela está errada
quando discrimina outra, pois o preconceito machuca e, ao longo do tempo, pode
causar danos profundos na maneira de ser da criança.
Nem sempre é fácil mudar idéias que foram aprendidas desde a mais
tenra infância. Nós educadores devemos ensinar o valor da igualdade através da
conversa e do respeito. Desenvolvendo no dia a dia e na prática atitudes de
respeito para si e para o outro, denunciando conforme sugere os PCNs atitudes de
discriminação ou qualquer violação dos direitos da criança ou do cidadão,
repudiando toda e qualquer forma de discriminação baseada em diferenças de
raça, etnia, classe social, crença religiosa, sexo e outras características individuais
ou sociais.
3.5 – Quando as famílias são discriminadas
Uma outra forma de discriminação muito comum nas escolas é em relação
as famílias. Existe ainda a idéia falsa de que somente as crianças que possuem
36
pai e mãe vivendo juntos é que podem se desenvolver e ter um futuro. Mas será
esta a realidade da maioria das crianças?
Segundo Collares & Moysés (1996):
“ A imagem que diretoras e professoras têm em
mente ao se referirem às famílias de seus alunos revela,
acima de tudo, seu aprisionamento a uma concepção
idealizada de família. A família que aparentam ter como
padrão é abstrata, fruto de construções ideológicas das quais
não têm nem consciência. ” (p.175)
De acordo com as autoras a imagem que diretoras e professoras têm da
família, revelam seu desconhecimento sobre a vida concreta das pessoas com as
quais lidam, direta ou indiretamente.
Um trabalho muito interessante foi realizado numa instituição que trabalhei
alguns anos atrás. Devido a muitos conflitos nas relações educador e família, a
diretora resolveu colocar a “mão na massa”, e com a ajuda de especialistas fez um
trabalho com a equipe de educadores.
Foram feitos vários encontros que tinham por finalidade fazer com que nós
educadores pensássemos em importantes relações sociais, tais como: a relação
entre as famílias e os educadores; entre as famílias e suas crianças; entre as
próprias educadoras, e entre educadoras e crianças.
Desses encontros surgiram vários questionamentos do tipo: o que temos a
dizer dessas relações? O que pensamos sobre as crianças e suas famílias? O que
chamamos de família?
37
Foi feito todo um trabalho, e num primeiro momento olhamos para nossas
próprias famílias. Desse olhar, surgiram falas mais ou menos assim: “a minha
família não é certinha”; “Lá em casa nos somos todos largados”; “Minha família
não é assim normal...”
A partir desse trabalho de descrever nossas famílias, foi que percebemos
que cada um tinha um entendimento pessoal do que considerava família e que era
muito forte o conceito de uma família convencional, formada por pai, mãe e
filhos...
Este trabalho possibilitou a discussão sobre a questão da família atual e
de nossos preconceitos com relação as famílias das crianças.
Contribuiu também para ampliar o nosso conceito de família e ajudou a
diminuir os preconceitos em relação às famílias das crianças. Passamos a
compreender que essas famílias são de tipos diferentes. Mas nem por isso são
menos importantes para as crianças.
Pode ser que a criança viva com seu pai e mãe ou que viva só com a mãe
e com os irmãos. Pode ser também que viva apenas com a avó, ou com a mãe e a
avó, ou com o pai e uma nova companheira. Pode ser ainda que viva com a mãe e
o novo companheiro ... São muitas as formas que as famílias possuem
atualmente. Todavia, não se pode dizer que a criança vai ter problemas somente
porque a sua família é composta desta ou daquela maneira. Muito mais importante
do que o tipo de família, é o tipo de amor e compreensão que a criança encontra
dentro de casa.
Sendo assim, e em conformidade com os PCNs, não compete a escola,
julgar como certa ou errada a família que cada criança possui. Cabe a escola,
38
trabalhar o respeito às diferenças, a partir da sua própria atitude de respeitar as
diferenças expressas pelas famílias.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem uma série de situações que
podem ser trabalhadas de forma a resgatar a discussão das diferenças das
famílias, como:
• Ciclos de vida: infância, puberdade, juventude, vida adulta,
velhice;
• Hábitos familiares e comunitários em diferentes etnias e
diferentes regiões do Brasil;
• Tipos de família: nuclear, monoparental, reestruturada, extensa,
comunitária, lembrando que há múltiplas formas de
estruturação de vínculos afetivos, com a finalidade de
constituição de família ou convivência comunitária; e
• Participação do homem e da mulher na vida doméstica, o papel
das crianças, o cuidado com os idosos, o sustento, com ênfase
no apoio mútuo e solidariedade que se constrói no cotidiano,
com a divisão das responsabilidades familiares.
39
CONCLUSÃO
As discriminações sociais são efeitos de valores e crenças existentes na
sociedade e na cultura. Existem na família, na escola, nos meios de comunicação,
e nas várias instituições. Muitas vezes, as próprias pessoas que são discriminadas
ajudam a manter as discriminações, porque aprenderam a se ver como inferiores.
Em uma sociedade como a nossa, em que a população é, na sua maioria
pobre, onde existe uma grande variação de cores e raças, onde as mulheres lutam
pela vida tanto quanto os homens, as discriminações sociais são uma forma de
reprodução das injustiças existentes. Quando essa população reproduz as
discriminações, em seu cotidiano, está estigmatizando a si mesma.
O papel dos educadores nas escolas é muito importante para indicar às
novas gerações que as pessoas, mesmo tendo a sua individualidade, mesmo
sendo diferentes, podem ser iguais diante da sociedade.
Assumindo uma educação para a igualdade, as escolas constróem novos
valores para as crianças.
Segundo Patto (1990), “o cotidiano escolar é o espaço onde se concretiza
a produção do fracasso escolar”. A cultura dominante nas salas de aula é a que
corresponde à visão de determinados grupos sociais: nos conteúdos escolares e
nos textos aparecem poucas vezes a cultura popular, as subculturas dos jovens,
as contribuições das mulheres à sociedade, as formas de vida rurais e dos povos
desfavorecidos (exceto os elementos de exotismo), o problema da fome, do
desemprego ou dos maus tratos, o racismo e a xenofobia, as conseqüências do
consumismo e muitos outros temas problemas que aparecem “incômodos”.
40
Consciente e inconscientemente, se produz um primeiro velamento que afeta os
conflitos sociais que nos rodeiam quotidianamente.
Para Candau (2000):
“ A análise do cotidiano escolar de diferentes escolas
tem evidenciado claramente a pertinência destas afirmações.
Segundo a autora: A cultura escolar predominante nas
nossas escolas se revela como “engessada”, pouco
permeável ao contexto em que se insere, aos universos
culturais das crianças e jovens a que se dirige. “ (p.53).
A tomada de consciência desta realidade, em geral, é motivada por fatos
concretos que explicitam diferentes interesses, discriminações e preconceitos
presentes no tecido social. Uma situação até então considerada normal e natural
se revela como permeada por relações de poder, historicamente construídas e
marcadas por desigualdades e esteriótipos raciais e culturais. Os outros, os
diferentes, se revelam em toda a sua concretude. Para muitas pessoas e grupos
sociais, esta descoberta é altamente ameaçadora. Surgem, então,
comportamentos e dinâmicas sociais que constróem muros. Evita-se o contato
físico, afetivo e ideológico, e criam-se mundos próprios, sem relação com os
diferentes. Fenômenos desta natureza provocam na sociedade apartheids sociais
e culturais. Somente por meio de rupturas nessa muralha de preconceitos, será
possível construir uma escola comprometida com a classe trabalhadora.
Sendo assim, e em conformidade com os Parâmetros Curriculares
Nacionais, o grande desafio da escola é investir na superação da discriminação e
dar a conhecer a riqueza representada pela diversidade etnocultural que compõe
o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos
que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo, de
41
aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes
formas de expressão cultural.
42
BIBLIOGRAFIA CITADA
1. AQUINO, Júlio. Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e
práticas. São Paulo: Summus,1998.
2. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997.
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educação em direitos humanos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
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7. Constituição da República Federativa do Brasil. Serie Legislação Brasileira,
Editora Saraiva, 1988.
8. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI: O
minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
9. GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares/corpo negro e cabelo crespo:
reprodução de estereótipos e/ou ressignificação cultural?. Trabalho
apresentado na 25a Reunião Anual da ANPED. Caxambu, MG,2002.
43
10. GONÇALVES, Maria Alice Resende ( org. ). Educação e Cultura: pensando em
cidadania. Rio de Janeiro: Quartet, 1999.
11. HELLER, A. O cotidiano e a história. 3. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989.
12. JORDÁN, J.A. Propuestas de Educación Intercultural. Barcelona, CEAC 1996.
13. MINDLIN, B. A verdadeira descoberta. Pátio, Porto Alegre: ano 2, n°6, p.12 –
15, agosto/out. 1998.
14. PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e
rebeldia. São Paulo, T. A. Queiroz, 1990.
15. SANT’ANA, Antônio Olímpio. História e conceitos básicos sobre racismo e
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escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Fundamental, 2001.
16. TRINDADE, Azoilda e Santos, Rafael (orgs.) Multiculturalismo: mil e uma faces
da escola. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
RESUMO 3
METODOLOGIA 4
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
TRATANDO DE CONCEITOS E DEFINIÇÔES 10
1.1 – Por que o ser humano discrimina? 13
1.2 – Preconceito e discriminação: passado e presente 14
CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO E PRECONCEITO 17
2.1 – O papel da escola 18
2.2 – O cotidiano escolar 20
2.3 – Formação docente 22
2.4 – Pluralidade cultural no âmbito escolar cotidiano escolar 23
CAPÍTULO III
FALANDO DE PRECONCEITO NO COTIDIANO ESCOLAR 28
3.1 – As crianças mais pobres entre as pobres 29
3.2 – Cores e raças – o mito da igualdade 32
3.3 – Menina-mulher e menino-homem: que mulheres e homens queremos
educar? 33
3.4 – Quando as crianças são discriminadas 35
3.5 – Quando as famílias são discriminadas 35
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CITADA 42
ATIVIDADES CULTURAIS 44
ÍNDICE 46