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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM RESPONSABILIDADE SOCIAL NA GESTÃO AMBIENTAL Por: Carlos Alexandre Ramos Barbosa Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Niterói 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · conjunto de condições favoráveis para tal. Conciliar a produção, bem como o desenvolvimento com a conservação e

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

RESPONSABILIDADE SOCIAL NA GESTÃO AMBIENTAL

Por: Carlos Alexandre Ramos Barbosa

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Niterói

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

RESPONSABILIDADE SOCIAL NA GESTÃO EMBIENTAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Projetos

Por: Carlos Alexandre Ramos Barbosa

3

AGRADECIMENTOS

Aos amigos e parentes, clientes, que

me incentivaram a acreditar sempre em

um objetivo.

4

DEDICATÓRIA

A minha esposa e filhos pela paciência

durante o período de estudos.

5

RESUMO

Nas últimas décadas, as empresas tem se adaptado à novas exigências

de mercado e dos públicos com os quais se relaciona. A competição exige das

corporações modelos estratégicos e práticas gerenciais que tornem seu

negócio cada vez mais sustentável em longo prazo.

A contabilidade ambiental vem se tornando uma aliada das

organizações que buscam manter seus processos e impactos ambientais sob

controle. Tem por objetivo a mensuração da situação patrimonial e sua

evolução e também demonstra, aos usuários e interessados em seus

relatórios, de que forma a empresa está interagindo com o ambiente em que

está inserida.

A incorporação do tema ambiental e o tratamento contábil, e mais

especificamente a área de custos não deve ser tratada como uma

conseqüência desta tendência mundial que surge, necessariamente, como um

resultado da aplicação de critérios como a "Qualidade Total" que se

incorporaram, paulatinamente, as empresas na década passada. Uma gestão

de recursos que garanta a vida sustentável e o bem-estar das futuras gerações

obriga a chegar a acordos e compromissos que incorporem legislação

ambiental e os custos ambientais a modelos econômicos.

As despesas e os investimentos na área ambiental constituem itens que

não podem faltar no rol da gestão econômica das organizações, bem como os

custos da qualidade ambiental, ferramenta pela qual as mesmas estão

usufruindo para atingir as metas do desafio do crescimento econômico, da

administração dos passivos ambientais, da análise do ciclo de vida e da

contribuição para o desenvolvimento sustentável.

6

METODOLOGIA

Em relação à metodologia apresentada, cabe ressaltar que foi utilizado

o método de revisão bibliográfica, sendo a coleta de informações através das

seguintes fontes: livros, monografias, teses, jornais e sites de institutos de

pesquisas e órgãos de referencia no tema.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - MEIO AMBIENTE 09

CAPÍTULO II - AMBIENTE E EMPRESA 17

CAPÍTULO III – RSPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 20

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

BIBLIOGRAFIA CITADA 42

ÍNDICE 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO 46

8

INTRODUÇÃO

Inúmeras atividades humanas tem provocado alterações no meio

ambiente, resultando na poluição. Estas mudanças nas características

ambientais, decorrentes dos processos antrópicos, se refletem de formas

diferentes, podendo ser mais ou menos prejudiciais, dependendo do

conjunto de condições favoráveis para tal.

Conciliar a produção, bem como o desenvolvimento com a conservação

e a qualidade ambiental é um desafio que deve ser buscado a partir de

esforços conjuntos, governo e sociedade. A busca pela sustentabilidade tem

levado as empresas a refletir sobre a sua interação com o meio ambiente

(Hjeresen et al, 2002).

A crescente preocupação com a qualidade ambiental tem levado as

Indústrias a buscarem alternativas tecnológicas mais limpas e matérias-

primas menos tóxica, a fim de reduzir o impacto e a degradação ambiental.

A conscientização da sociedade e a legislação ambiental vêm induzindo as

empresas a uma relação mais sustentável com o meio ambiente.

Não há mais lugar para lucros exorbitantes, obtidos à custa do

comprometimento do meio ambiente. Diante disso, a indústria tem sido

forçada a investir em modificações de processo, aperfeiçoamento de mão-

de-obra, substituição de insumos, redução de geração de resíduos e

racionalização de consumo de recursos naturais (Tocchetto e Pereira,

2004b).

O meio ambiente é um bom negócio, e não são apenas ambientalistas e

simpatizantes que fazem a afirmação. Diminuir os custos com eliminação

de desperdícios, desenvolver alternativas tecnológicas limpas e baratas,

reciclar insumos não são apenas princípios de gestão ambiental, mas

condição de sobrevivência. Mais do que economia e vantagem competitiva,

a preservação

9

CAPÍTULO I

MEIO AMBIENTE

...’’ Em todas as coisas da natureza existe algo de maravilhoso.’’

Aristóteles.

1.1 - A Questão Ambiental

Em conseqüência da imensa degradação sofrida pelo meio ambiente

nos últimos anos, a sociedade vem forçando as empresas a adotarem políticas

de preservação e recuperação das áreas já afetadas.

O crescimento da consciência ambiental, ao modificar os padrões de

consumo, constitui uma das mais importantes armas em defesa do meio

ambiente. Quando a empresa busca capturar oportunidades através do

crescimento contingente de consumidores responsáveis através de ações

legítimas e verdadeiras, essas ações tendem a reforçar ainda mais a

consciência ambiental, criando um círculo virtuoso, na qual as atuações

mercadológicas, marketing verde, como querem alguns tornam-se um

instrumento de educação ambiental”. BARBIERI (1997, p. 199).

As empresas estão tentando atingir este objetivo através da

implementação da gestão ambiental com a qual esperam controlar os impactos

de suas atividades produtivas sobre o meio ambiente.

Para garantir a eficácia do processo no gerenciamento ambiental é

necessário: a colaboração de diversos departamentos de uma empresa, a

interação entre administração e produção.

Pode-se expressar sucintamente o comprometimento com o meio ambiente

como sendo a contínua intencionalidade e prática em considerar a proteção

ambiental nas decisões gerencias e operacionais cotidianas. Tal modo de

comprometimento, para ser considerada abrangente dentro das organizações,

10

deve ser adotada por todos os seus níveis e funções, desde a alta

administração até o nível operacional. EPELBAUM (1997, p. 235).

Atualmente as empresas se vêem forçadas a produzir sem agressão a

natureza, isto se deve a globalização da economia, pois, a conscientização da

sociedade leva as empresas a adotar uma postura responsável perante o meio

ambiente.

1.2. Ações Antrópicas e Conseqüências Ambientais

Entre os vários acidentes ambientais, descritos na literatura, alguns se

apresentam com maior relevância, não apenas pelas catástrofes ocasionadas,

mas também pelos efeitos que até hoje são sentidos pelas populações

envolvidas, tais como:

· 1956 - São registrados casos de disfunções neurológicas em famílias

de pescadores, em gatos e aves que se alimentavam de peixes da baía de

Minamata, no Japão. A contaminação teve início em 1939, quando uma

indústria química instalou-se nas margens da baía e, por diversos anos,

passou a despejar catalisadores esgotados nessa área. Foram constatadas

altas concentrações de mercúrio em peixes e em moradores, que morreram

devido à chamada "Doença de Minamata". Desastres similares foram

observados em vários outros locais, como: Mitsui, Niigata e Yokkaichi. Como

resultados desses incidentes mais de 450 campanhas antipoluição foram

lançados no Japão até 1971.

· 1984 - No dia 2 de dezembro, um vazamento de 25 toneladas de

Isocianato de Metila, ocorrida em Bhopal (Índia), causou a morte de 3000

pessoas e a intoxicação de mais de 200.000. O acidente foi causado pelo

vazamento de gás da Fábrica Union Carbide.

· 1989 - No dia 23 de março, o navio Exxon Valdez, depois de uma

colisão em rochas submersas que causou o rasgo no fundo do petroleiro,

derramou, na baía do Príncipe Willian, Alasca, 40.000 m3 de óleo. No acidente

morreram milhares de animais. Até hoje são estudadas as conseqüências

deste acidente sobre a fauna e a flora marinha da região. Até março de 1990,

11

as indenizações e os gastos com a limpeza acumulavam mais de 2 bilhões de

dólares, com várias outras ações judiciais ainda não julgadas.

· 1993 - Em janeiro, o petroleiro Braer, durante uma tempestade com

fortes ventos, se chocou contra rochas na Costa das Ilhas de Shetland, no

Reino Unido. Na época, o Primeiro Ministro do Reino Unido, John Major,

definiu o derramamento de óleo como "o pior desastre ambiental britânico".

Quando o petroleiro Braer se quebrou em dois foram derramados

aproximadamente 80.000.000 galões de óleo, duas vezes mais que o

derramado pelo Exxon Valdez.

· 2003 – Em 27 de março, o vazamento de um reservatório de produtos

tóxicos da Fábrica Cataguases de Papel, em Cataguases (MG), causou uma

poluição sem precedentes no Rio Pomba, num trecho de 100 quilômetros até a

foz. O acidente deixou sem água centenas de milhares de moradores das

cidades próximas, além dos efeitos catastróficos para os vários ecossistemas e

meio ambiente, em geral.

Corbett e Pan (2002) salientam que os custos da poluição têm se

elevado dramaticamente nas últimas décadas, como mostrados nos grandes

acidentes, cujos custos totais ultrapassam vários bilhões de dólares. Os

mesmos autores enfatizam ainda que pequenos acidentes também afetam a

comunidade, principalmente a local, e claramente ocasionam custos para as

empresas, sobretudo se estes ocorrem freqüentemente. Mesmo emissões

relativamente pequenas, em excesso, podem ter custos bastante grandes para

as empresas, decorrentes de taxas e multas aplicadas.

1.3. Contabilidade Ambiental

A preocupação com a riqueza das empresas em relação ao meio

ambiente cresce a nível mundial. Tal fato se verifica pela criação da

Contabilidade Ambiental chamada também de Contabilidade dos Recursos ou

Contabilidade Econômica e ambiental Integrada.

A contabilidade Ambiental tem por objetivo registrar e controlar, toda e

qualquer atividade, desenvolvida ou em desenvolvimento, ocorrida ou a

incorrer, não importando se em maior ou menor relevância, desde que,

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mensurável em moeda, que cause ou possa vir a causar qualquer tipo de dano

ao meio ambiente bem como, toda e qualquer ação destinada a amenizar e/ou

extinguir tais danos, devendo ser registrada contabilmente em contas

contábeis especificadas, na data de sua ocorrência, em consonância com o

disposto nos Princípios Fundamentais da Contabilidade-Resolução 750/93 do

CFC.

Na avaliação MARTINS e DE LUCA (1994, p. 25), “As informações a

serem divulgadas pela contabilidade vão desde os investimentos realizados,

seja em nível de aquisição de bens permanentes de proteção a danos

ecológicos, de despesas de manutenção, ou correção de efeitos ambientais do

exercício em curso, de obrigações contraídas em prol do meio ambiente, e até

de medidas físicas, quantitativas e qualitativas, empreendidas para sua

recuperação e preservação”.

A contabilidade Ambiental encontra vários fatores que dificultam sua

implementação. BERGAMINI JÚNIOR (1999, p. 4) enumera alguns deles:

Ausência de definição clara de custos ambiental efetivo.

Dificuldade em calcular um passivo ambiental efetivo.

Problema em determinar a existência de uma obrigação no futuro por

conta de custos passados.

Falta de clareza no tratamento a ser dado aos “ativos de vida longa”

como, por exemplo, no caso de uma usina nuclear.

Reduzida transparência com relação aos danos provocados pela

empresa em seus ativos próprios, dentre outros.

1.4. Custos Ambientais

Conforme JOHNSON E KAPLAN (1987), desde o início do século XIX

as informações de custos auxiliavam as empresas na avaliação dos seus

processos. Atualmente, estas informações não são apenas de custos, mas da

sua abrangência em várias áreas como no meio ambiente. Os custos

ambientais estão se tornando um assunto de alta prioridade em todos os

setores de atividades, este aumento de interesse se deve pelo aumento de

penalidades de multas e a percepção de que a prevenção da poluição torna-se

13

menos oneroso. De acordo com KAPLAN E COOPER (1998), a redução de

custos é um importante objetivo gerencial.

Neste sentido, os custos ambientais são todos os esforços despendidos,

bem como o registro da utilização (depreciação/amortização) dos

investimentos na proteção do meio ambiente e complementa que receita

ambiental é o ganho de mercado que a empresa passa a auferir a partir do

momento em que a opinião pública reconhece sua política preservacionista e

der preferência aos seus produtos.

Para um melhor entendimento dos conceitos dos custos ambientais e da

padronização dos mesmos, GEMI, Global Environmental Management

Initiative, entidade voltada para a proteção ambiental e a EPA, Environmental

Protection Agency (1995) atribuíram quatro categorias de custos da qualidade

ambiental e sugerem a seguinte classificação:

• Custos Convencionais: Incluem os custos que, na maior parte das

vezes, recebem atenção especial na contabilidade gerencial, tais como:

investimentos em equipamentos, matériaprima, mão-de-obra e materiais

indiretos. Dessa forma, incluem todos aqueles custos associados aos aspectos

ambientais tangíveis de tais processos e atividades. Seu controle conduz ao

aumento da eficiência produtiva, por eliminar o desperdício.

• Custos Potencialmente Ocultos: São aqueles ligados a todas as

atividades necessárias para que a empresa se mantenha em conformidade

com as leis e outras políticas ambientais inerentes à própria organização.

• Custos com Contingências: Envolvem todos os gastos que podem

ou não ocorrer devido a futuros custos de regulamentações, multas e

penalidades, gastos com recuperação de recursos naturais danificados.

• Custos de Imagem e Relacionamento: Envolvem a percepção e o

relacionamento que os acionistas, comunidade e governo desenvolvem com a

companhia. Apesar de difícil quantificação, o desempenho ambiental pode

melhorar ou prejudicar o relacionamento da empresa com terceiros, e os

impactos gerados podem ter custos e/ou implicações financeiras.

RIBEIRO (1999, p. 69) define que “os custos da qualidade ambiental

devem compreender todos aqueles relacionados, direta ou indiretamente, com

14

a proteção do meio ambiente, como: todas as formas de amortização

(depreciação, amortização e exaustão) dos valores relativos aos ativos de

natureza ambiental possuídos pela companhia; aquisição de insumos próprios

para controle/redução/eliminação de poluentes; tratamento de resíduos dos

produtos; disposição dos resíduos poluentes; tratamentos de recuperação,

restauração de áreas contaminadas; e mão-de-obra utilizada nas atividades de

controle, preservação e recuperação do meio ambiente”.

Os autores HANSEN E MOWEN (2000) apresentam as categorias de

custos ambientais da seguinte forma:

• Custos de prevenção ambiental: São os custos das atividades que

visam evitar problemas ambientais no processo industrial, no projeto, no

desenvolvimento, no início do ciclo de vida do produto, bem como em todas as

fases do ciclo de vida.

• Custos de detecção ambiental: São os custos dispendidos para

manter os níveis de qualidade ambiental da empresa, por meio de trabalhos de

laboratórios e avaliações formais do sistema de gestão ambiental ou sistema

gerencial que se ocupe de garantir um bom desempenho ambiental da

empresa, englobando os custos de inspeções, testes, auditorias da qualidade

ambiental e despesas similares.

• Custos de falhas ambientais internas: São os primeiros a ocorrer em

decorrência da falta de controle, resultando de ações internas na empresa, tais

como correções de problemas ambientais e recuperação de áreas internas

degradadas, desperdícios de material, de energia, de água e outros recursos

naturais, além de tempos parados de máquinas, como resultado de problemas

ambientais causados e retrabalhos em processos causados por não

conformidades ambientais.

• Custos de falhas ambientais externas: Compreendem os custos da

qualidade ambiental insatisfatória e não conformidades fora dos limites da

empresa, resultantes de uma gestão ambiental inadequada, englobando os

custos decorrentes de queixas ambientais de consumidores, levando à

existência de despesas com correção e recuperação de áreas externas

degradadas ou contaminadas pela atividade da empresa, pagamento de

15

multas aplicadas por órgãos ambientais de controle, indenizações decorrentes

de ações ilegais resultantes de disposição inadequada de resíduos, acidentes

no transporte de produtos tóxicos, inflamáveis e corrosivos, dentre outros.

1.5. Ativo e Passivo Ambiental

Podemos definir o ativo ambiental como o conjunto de bens e direitos

destinados ou provenientes da atividade de gerenciamento ambiental, pode

estar na forma de ANTUNES (2001) conceitua ativo ambiental como: “Os

ativos ambientais representam os estoques dos insumos, peças, acessórios,

etc. utilizados no processo de eliminação ou redução dos níveis de poluição; os

investimentos em máquinas, equipamentos instalações etc., adquiridos e/ou

produzidos com intenção de amenizar os impactos causados ao meio

ambiente: os gastos com pesquisas visando o desenvolvimento de tecnologias

modernas, de médio e longos prazos, desde que constituam benefícios ou

ações que irão refletir nos exercícios seguintes.

Complementando este conceito, o IBRACON (1996, p. 4) considera que,

“(...) são componentes dos ativos ambientais o Imobilizado, no que se refere

aos equipamentos adquiridos visando a eliminação ou redução de agentes

poluentes, com vida útil superior a um; gastos com pesquisas e

desenvolvimento de tecnologias a médio e longo prazo, constituindo, a vigor

valores integrantes do ativo diferido, se envolverem benefícios e ação que se

reflita por exercícios futuros, e os estoques, quando relacionados com insumos

de processos de eliminação dos níveis de poluição.”

Na opinião do IBRACON (1996, p. 5), “O passivo ambiental pode ser

conceituado como toda agressão que se praticou (pratica contra o meio

ambiente e consiste no valor de investimentos necessários para reabitá-los,

bem como multas e indenizações em potencial”.

Podemos dizer que o passivo ambiental é formado pelo conjunto de

dívidas reais ou potenciais que a empresa possui com relação à natureza por

estar em conformidade com a legislação.

Segundo FERREIRA (2000, p. 115), para o reconhecimento de um

passivo ambiental deve-se atender os seguintes requisitos:

16

“O primeiro deles é que a entidade tem uma obrigação presente legal ou

implícita como conseqüência de um evento passado, que é o uso do meio

ambiente (água, solo, ar) ou a geração de resíduos tóxicos.

O segundo requisito é o de que é provável que recursos sejam exigidos

para se liquidar o passivo ambiental, ou seja, a chance de ocorrer a saída de

recursos, o que depende de um ou mais eventos futuros, é maior do que a de

não ocorrer.

“O terceiro requisito é o de que o montante do passivo ambiental

envolvido possa ser estimado com suficiente segurança”.

Cada ser humano deve fazer uma análise ou um balanço para verificar

se contribui para o passivo ambiental mundial. Esta análise ou balanço pode

ser feito perguntando-se jogou algum vasilhame de plástico ou vidro em local

inadequado. No caso da resposta afirmativa seu débito para com a natureza

ultrapassará cem anos, pois é o tempo que demorará em decompor tais

elementos.

Conforme LISBOA e RIBEIRO (2001) os danos ambientais associaram-

se ao termo ‘’passivos ambientais’’, sendo utilizados em muitos casos como

sinônimos. Contudo, assim como as obrigações de outras naturezas, os

passivos ambientais nem sempre têm as penalidades por agressão ao meio

ambiente como origem. Há muitos casos em que a responsabilidade social da

companhia gera a execução de medidas preventivas para evitar impactos ao

meio ambiente sendo que os conseqüentes efeitos econômico-financeiros

dessas medidas é que geram o passivo ambiental.

17

CAPÍTULO II

AMBIENTE E EMPRESA

2.1. Teorias Relacionadas a Organização e Ambiente

As Teorias Administrativas no início do processo industrial

apresentavam uma visão fechada (ambiente externo) do papel das

organizações, desconsiderando a sua interação com o ambiente em que

estava inserida. Foi somente a partir do enfoque estruturalista que as

organizações passaram então, a analisar suas inter-relações. Nesta

abordagem, as organizações dispensam particular ênfase na sua estrutura

interna e na sua interação com as outras organizações. A concepção de

ambiente é denominada de “ambiente operacional ou de tarefa”, que é

constituído por clientes, fornecedores, concorrentes e grupos

regulamentadores, posicionando-se a organização no centro destas relações.

A Teoria Estruturalista marca no estudo das organizações, o

desenvolvimento da interação organização-ambiente com a concepção da

organização na condição própria de sistema aberto, sendo estas idéias

aprofundadas na Teoria de Sistemas que trabalha a relação entre sistemas e

ambientes, onde a abordagem sistêmica deve considerar dois conceitos de

natureza operacional e comportamental, indistintamente, concebendo-se: O

conceito de propósito (ou objetivo) e o de globalismo (ou totalidade). Esta

abordagem enfatiza, de modo abrangente o envolvimento sistêmico da relação

organizaçãoambiente,

Atualmente a ênfase da gestão se encontra fundamentada no ambiente

e nas demandas ambientais que atuam sobre a dinâmica organizacional, que

envolve e influencia difusamente as organizações em sua totalidade, ou seja,

as suas características operacionais e produtivas. No entanto, pós-filosofia do

Market-in, as organizações também se vêem inseridas em um cenário

competitivo que necessariamente passa pelas necessidades dos mercados,

que devem ser internalizadas e direcionam as operações de produção.

Necessariamente conduz para o entendimento da gestão às condições da

18

Abordagem Contingencial e Abordagem Moderna. Mediante o entendimento

orientado da gestão, em conjunto com a visão sistêmica da atividade

operacional produtiva, o ambiente organizacional passa então a ser analisado

dentro de uma visão holística, cujos parâmetros interrelacionados em

conjugação com suas características e particularidades intrínsecas, demarcam

o macro ambiente.

No contexto da abordagem ambiental, existem vários estudiosos

preocupados em contribuir para o equilíbrio da relação organização-ambiente,

entre estes se destacam Hannan e Freemann in: CUNHA (1993 ) que

desenvolveram uma Teoria Ecológica que adota as seguintes concepções em

síntese:

· Uma perspectiva dinâmica e contextualizada do ciclo de vida das

organizações;

· Resistência à mudanças decorrentes da inércia estrutural de origem

interna e externa;

· Conceituação da mudança e da variabilidade organizacional derivados

de um processo competitivo baseada no Darwinismo.

Uma outra Teoria que contribui efetivamente para a abordagem

relacional organização-ambiente é a Perspectiva da Dependência de recursos

de Pfeffeer e Salancik, in: CUNHA (1993 ) que postula os seguintes princípios

para a sua sobrevivência:

· Necessitam de recursos de natureza variada;

· São dependentes dos detentores dos recursos e têm que interagir com

as organizações que permitem o acesso aos recursos.

Estes princípios levam à concluir que a sobrevivência das organizações

é conseqüência de sua capacidade para adquirir recursos vitais, de negociação

e relacionamento interorganizacional. Nestas abordagens se destaca o fato de

cada uma delas procurar dentro de seus limites analisar a complexidade da

relação organizaçãoambiente, assim como tantas outras existentes e que

ainda irão surgir.

Na verdade, o importante não é se acreditar fielmente em uma teoria,

mas sim, procurar entendê-las de forma a poder usá-las para perceber a Visão

19

Empresarial concebida pela Cultura; Estrutura; Organização e Estilo de

Gestão. Tal ação impulsiona o processo evolutivo das organizações,

adequando-as às pressões e necessidades sociais, sem, contudo, esvaziar as

necessidades organizacionais, sempre adequadas as regulamentações

ambientais.

2.2. Entendimento Sobre a Gestão Ambiental

O gerenciamento ambiental pode ser concebido pelas organizações de

várias formas, dependendo da sua Visão Empresarial. Desta forma, questões

como controle da poluição, conflitos sociais, qualidade de vida, consumidores,

aspectos legais, etc., serão tratados em sua estratégia de acordo com o seu

nível de entendimento. Para se avaliar o nível de comprometimento de uma

empresa com os fatores de natureza ambiental, é preciso compreender os

requisitos que fundamentam os seus objetivos a alcançar através do

desdobramento estratégico, de acordo com a seguinte relação:

1) Estratégia ® Consciência Interna

2) Recursos Necessários ® Consistência com o ambiente

3) Tecnologias Necessárias ® Adequação aos recursos disponíveis

4) Estrutura Organizacional Adequada ® Graus satisfatórios de risco

5) Direção das Operações ® Horizonte de Tempo adequado

6) Avaliação dos resultados ® Operacionalização da estratégia.

No momento em que, a alta administração de uma organização assume

o verdadeiro compromisso com atividades operacionais capazes de minimizar

a produção e reprodução de impactos ambientais negativos ao meio ambiente;

pode ser percebido que esta gerência atua de forma consciente. E este

desempenho consciente ao qual se refere diz respeito à atenção especial

dispensada aos níveis de riscos de agressão que seus produtos, insumos, e

resíduos podem causar ao ecossistema, e passa a utilizar de mecanismos

capazes de minimizar tais impactos.

Desta maneira, obrigatoriamente a organização deve incluir em sua

política de gestão, estratégias que envolvam todos os níveis da organização

20

através de seu desdobramento em planos estratégicos, táticos e operacionais,

contemplando sobremaneira os preceitos da conservação no meio ambiente

no qual se encontra inserida. Mas para tal é necessário realizar um diagnóstico

sobre o desempenho organizacional, mediante mensuração de indicadores

que realmente possam estabelecer níveis de atuação dentro dos quais se

deseja redirecionar as estratégias.

A Gestão Ambiental segundo VALLE (1995) deve estar constituída de

um planejamento ambiental que apresente diretrizes que não estejam somente

preocupados com os aspectos legais, mais sim com práticas de melhorias

ambientais, que viabilizem inclusive uma postura no mercado constituído por

empresas sérias e capazes de atuar mediante a filosofia inovadora de

atividades produtivas. Para isto é preciso se desenvolver um Sistema de

Gestão Ambiental que integre o controle da poluição industrial e a de higiene e

segurança do trabalho.

A Qualidade Ambiental Total, é uma filosofia que as empresas sentirão

necessidade de absorver seus conhecimentos para que desenvolvam, pelo

menos, os elementos qualificadores que necessitam as organizações no

cenário mercadológico contemporâneo. Esta filosofia já se faz presente em

algumas empresas, onde a questão ambiental é evidenciada na estratégia

empresarial como uma política ambiental de responsabilidade centralizada em

nível institucional.

Entretanto, uma grande parte das empresas ainda não compreendeu a

verdadeira necessidade de uma nova cultura empresarial. Por isso,

consideram o gerenciamento ambiental, como uma atividade inerente a fatores

de produção, sem considerar o nível de complexidade da variável ambiental.

2.3 Influência e Pressão do Ambiente

É notória e cada vez mais presente a pressão e a influência do ambiente

externo na vida das organizações. Um mercado cada vez mais exigente e

competitivo faz com que as empresas dêem atenção às exigências sociais e

trabalhistas, fatores que influenciam diretamente em sua força de trabalho.

21

Segundo Lucena (1999, p.24), as empresas já incorporam em sua

filosofia empresarial os princípios, valores, as políticas e estratégias

adequadas para atuarem em um ambiente em constante mutação. Para isso,

certamente elas devem ser inovadoras e flexíveis, estando abertas às

mudanças qualitativas e quantitativas da sociedade, da economia, do mercado

e de seu público interno. É necessário ter cada vez mais uma visão de futuro e

não um olhar em resultados e medidas passadas.

Por isso, cada vez mais tem se deixado de lado paradigmas tradicionais

de mensuração de desempenho e modelos de gestão focados apenas em

resultados financeiros. Um novo modelo vem sendo cada vez mais praticado

pelas organizações, no qual ativos intangíveis, valores e questões mais

qualitativas são valorizados e levados em conta na estratégia empresarial.

Os indicadores tradicionais de desempenho financeiro funcionaram de

forma muito eficiente na era industrial, como citam Kaplan e Norton (2004, p.7),

mas estão cada vez mais em descompasso com as habilidades e

competências que as empresas tentam dominar hoje.

Verifica-se uma forte tendência, conforme cita Gil (2001, p.37), de que

as empresas devam assumir valores éticos, respeitar seus funcionários,

proteger o meio ambiente e comprometer-se com as comunidades.A

construção desse novo modelo certamente influencia as práticas de RH e a

estratégia organizacional como um todo, fazendo com que vários autores e

pensadores também façam suas críticas a respeito.

2.4. Ética nas Organizações

A ética, dentro de uma reflexão científica e filosófica, estuda os

costumes e normas do comportamento. O que se pretende ilustrar nesse

trabalho é a ética no contexto corporativo, assim como as razões que

promoveram a mesma. Dentre elas, destacam-se os altos gastos com

escândalos nas empresas, multas elevadas, desmotivação dos empregados e

a perda de credibilidade no mercado. Além disso, estudos apontam que a ética

é um fator importante na garantia da competitividade das empresas. “Ter

22

padrões éticos significa ter bons negócios em longo prazo” (Tansey apud

Formentini e Oliveira, 2003).

A ética vem mobilizando um número cada vez maior de organizações,

fato que deve servir de reflexão para o sucesso e sustentabilidade empresarial,

além da construção de uma sociedade mais próspera e justa. A resposta para

essa questão está na análise do cenário atual das empresas:

‘“A sociedade cobra das empresas uma atuação

responsável e o consumidor tem consciência da efetividade

de seus direitos. Portanto, exige-se das empresas uma

nova postura que explique suas preocupações com

questões sociais (responsabilidade social) e com a ética”.

Formentini e Oliveira (2003)

A empresa é compreendida como tendo um papel importante na

renovação social, e todas as organizações, e os que nela trabalham, devem

buscar apreender a ética em suas ações e processos, para que possam

sobreviver, desenvolver-se, superar-se, evitando os erros anteriores e

propondo constantemente novos caminhos para o alcance de suas metas

(Duarte e Torres, 2005, p. 28).

Para se pensar em ética organizacional é necessário, prioritariamente,

que a empresa discuta com critério sua própria missão, visão e valores,

determinando o fim específico da atividade organizacional que será

responsável por sua legitimação social.

2.5. Planejamento Estratégico

A conceituação e abrangência do tema estratégia nas organizações vêm

sendo constantemente discutida entre estudiosos, formadores de opinião e

gestores. O termo estratégia tem origem no meio militar, no planejamento e

execução de movimentos e operações de tropas para alcançar ou manter

posições relativas favoráveis a futuras ações táticas (Ferreira, 1977, p.204).

23

Outros autores que são referência sobre o tema estratégia e seu planejamento

trazem as seguintes conceituações:

“Estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas,

políticas e seqüência de ações de uma organização em um todo

coerente. Uma estratégia bem formulada ajuda a ordenar e alocar

os recursos de uma organização para uma postura singular e

viável, com base em suas competências e deficiências internas

relativas, mudanças no ambiente antecipadas e providências

contingentes realizadas por oponentes inteligentes”.

(Minstzberg e Quinn, 2001, p.20)

“A estratégia pode ser visualizada como a construção de defesas

contra forças competitivas ou a descoberta de posições no setor

onde as forças sejam mais fracas.O conhecimento das

capacitações da empresa e das causas das forças competitivas

acentuará as áreas onde a empresa deve confrontar a

competição e onde deve evitá-las”.

(Montgomery e Porter, 1998, p.23)

Tais colocações evidenciam que no ambiente de negócios de hoje,

mutável e freqüentemente desconcertante, os sistemas formais de

planejamento estratégico tornaram-se uma das principais ferramentas da alta

gerência para avaliar e enfrentar as incertezas. É necessário assegurar à

empresa estratégias adequadas e que estas sejam testadas em relação

a resultados reais. Embora a dinâmica das organizações e a sofisticação do

processo de planejamento estratégico variem no mercado, o processo quase

sempre está voltado para a projeção financeira, deixando de lado, muitas

vezes, outras importantes perspectivas.

A gestão estratégica pressupõe a necessidade de um processo

decisório no presente, a partir de estudos e análises do ambiente interno e

externo, que irão proporcionar melhores decisões futuras. Pode-se distinguir

24

três grandes níveis hierárquicos, quando se fala em gestão ou planejamento

estratégico: uma gestão estratégica corporativa; gestão estratégica de

unidades de negócio; e a gestão estratégica de áreas ou processos funcionais.

É imprescindível que todos estes níveis estejam alinhados, garantindo assim

ações coerentes em cada área para o atingimento e entendimento dos

objetivos de forma sistêmica.

Se todas as unidades de negócios e as áreas devem estar envolvidas, a

área de Recursos Humanos tem papel fundamental no alinhamento,

disseminação e acompanhamento deste planejamento junto aos gestores de

todas as outras áreas.

2.6. Planejamento Ambiental

Consiste num processo contínuo que envolve decisões ou escolhas

acerca de um determinado sistema, atividade ou necessidade, determinando

um conjunto de intervenções e outras ações a serem empreendidas para

alcançar as metas definidas. As decisões no processo classificam-se de

acordo com os critérios

· Natureza das metas (água, resíduos, substâncias tóxicas, ETE, etc);

· Âmbito (saúde, recursos naturais, industrial,etc);

· Escala (processo, departamento, unidade, global);

· Nível operacional (integrado, setorial, projeto, programa).

O planejamento ambiental é composto pelas seguintes etapas ·

definição do âmbito e finalidade da decisão;

· Definição de objetivos;

· Organização;

Estrutura organizacional (recurso, tempo, equipe de

planejamento);

Elaboração do plano de trabalho (estratégia metodológica,

cronograma temporal, delimitação da área de estudo, escalas);

Modelo geral (definição de fatores e parâmetros indicadores e

suas interações).

25

· Diagnóstico;

Levantamento de dados primários e secundários;

Análise e avaliação do pool de informações;

Diagnóstico integrado;

· Proposição e avaliação de alternativas;

· Seleção e escolha de alternativas (tomada de decisão);

· Instrumentação da gestão;

Sistema de gestão

Definição da estratégia;

Elaboração de planos, política, programas, projetos e

cronograma.

· Implementação, monitoramento e controle (avaliação contínua).

A construção de um Sistema de Gestão consiste na integração dos

processos de planejamento ambiental, de análise e de diagnóstico.

2.7. Avaliação Ambiental

A avaliação ambiental torna-se cada vez mais valiosa e importante, pois

fornece bases para a formulação de políticas, planos e projetos que permitem

o manejo dos riscos e impactos das atividades produtivas. O diagnóstico da

situação ambiental consiste em uma análise profunda de todos os impactos

dos processos, serviços e produtos. A identificação dos impactos significativos

fornece informações que permitem modular a atividade produtiva, sem reduzir

a qualidade ambiental, aumentando a ecoeficiência da organização.

Um maior conhecimento a respeito da atividade produtiva desenvolvida

e do impacto ambiental permite o estabelecimento de indicadores que podem

ser usados para modular as intervenções no processo, bem como para a

efetivação de mudanças que possibilite a melhoria contínua de desempenho

ambiental (Tocchetto e Pereira, 2004a). A dificuldade para o estabelecimento

de indicadores de desempenho é um problema das indústrias, ao nível

mundial. A subjetividade deste processo é aumentada pelas dificuldades

existentes na determinação dos impactos significativos e devido ao

26

monitoramento precário ou inexistente, ocasionado pela falta de conhecimento

do processo, produtos e serviços, como um todo.

Segundo Corbett e Pan (2002), há dificuldade, por parte das empresas,

em trabalhar com os dados de monitoramento. Muitas vezes, mesmo tendo

detalhado os dados de performance de processos, não sabem usá-los para o

controle ou estabelecem metodologias inadequadas para a avaliação. O

monitoramento da eficiência dos tratamentos implantados, sejam

convencionais ou alternativos, permite o planejamento de ações que visa um

melhor desempenho.

O processo de avaliação do desempenho ambiental é cercado de

grande subjetividade, devido à ausência de padronização para a definição de

parâmetros. A escolha dos indicadores de desempenho está relacionada com

a percepção ambiental das empresas a respeito do impacto das atividades

desenvolvidas, dos produtos e serviços. Whitelaw apud Zobel e Burman (2003)

explica que esta dificuldade é devido à não existência de uma medida universal

para avaliar comparativamente os diferentes aspectos ambientais.

Indicadores são medidas diretas ou indiretas de qualidade ambiental. Os

indicadores servem tanto para medida de programas específicos de gestão,

quanto para subsidiar discussões na sociedade sobre uma dada situação do

meio ambiente (Environmental indicators, 2003). Verschoor e Reijnders (2001)

afirmam que a avaliação de desempenho deve compreender a medida da

performance do processo e a qualidade dos produtos, além dos custos e

também os riscos: de processo, de produto e resultantes das decisões de

substituição.

Os indicadores ambientais são ferramentas de gerenciamento,

monitoramento e de comunicação entre ambientes e pessoas. Eles devem

refletir a respeito de alterações, no que se refere à produtividade, à resiliência,

à estabilidade e à eqüidade (Marques et al, 2003). A escolha dos indicadores é

importante para a elaboração de diagnósticos e também para o monitoramento

de processo ao longo do tempo, auxiliando a tomada de decisão nas

intervenções quando requeridas.

27

Não existem indicadores universais. Cada sistema, considerando seus

elementos, terá seu conjunto específico que deve ser eficiente e não-

exaustivo.

Eficiente no sentido de cumprir as condições descritas, sensíveis e com

boa base estatística, principalmente quando utilizados para monitoramento em

longo prazo. Não exaustivo porque o número de indicadores deve ser o menor

possível, porém que represente de forma mais completa o que se quer

mensurar (Marques et al, 2003).

A seleção de indicadores serve para verificar a eficiência das ações

implementadas e ainda permite compará-las com as empresas concorrentes. A

avaliação ambiental se tornou mais valiosa e importante do que nunca: esse

instrumento oferece as bases para a formulação de políticas e planos que

levam em consideração os potenciais e restrições naturais, permitindo o

manejo dos riscos e impactos de atividades, e projetos de desenvolvimento

(Rodrigues, 1998). O uso de indicadores de desempenho em indústrias de

atividade de alto impacto ambiental, como a galvânica, apesar de não existir

um conjunto universalmente aceito para o setor, possibilita a identificação de

oportunidades para reduzir a poluição e a implantação de estratégias

preventivas, conduzindo à melhoria contínua do sistema de gestão e da

performance ambiental.

28

CAPÍTULO III

RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

3.1. Responsabilidade Social Empresarial

O fenômeno da globalização e os avanços tecnológicos apresentam

grandes desafios aos empresários. Desafios estes que dizem respeito à

conquista de níveis cada vez maiores de competitividade e produtividade, além

da preocupação crescente com a legitimidade social

de sua atuação:

“o atual ambiente empresarial aponta para dois pontos extremos:

o aumento da produtividade, em função das tecnologias e da

difusão de novos conhecimentos, que leva as empresas a

investirem mais em novos processos de gestão, buscando a

competitividade. Ao mesmo tempo temos um aumento nas

disparidades e desigualdades da nossa sociedade que obrigam a

repensar os sistemas econômicos, sociais e ambientais.”

Formentini e Oliveira (2003)

As primeiras manifestações da temática surgiram no início do século,

em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck

(1916), mas foram vistas como de cunho socialista. Já em 1953, nos EUA, o

livro Social Responsabilities of the Businessman, de Howard Bowen, gerou

discussão sobre o tema. Na década de 70, surgem associações de

profissionais interessados em estudar o tema: American Accouting Association

e American Institute of Certified Public Accountants. É a partir daí que a

responsabilidade social deixa de ser simples curiosidade e se transforma em

um novo campo de estudo.

De acordo com Grajew (2003, p.1-2), RSE trata-se “da relação ética, da

relação socialmente responsável da empresa em todas as suas ações, em

29

todas as suas políticas, em todas as suas práticas, em todas as suas

relações”, sejam elas com o seu público interno ou externo.

Durante muito tempo, as empresas foram pressionadas a se preocupar

somente com a qualidade dos produtos, com o preço competitivo e a

maximização do lucro. Nos tempos atuais, uma nova visão do mundo

organizacional alerta para questões como a subjetividade, a ética, a

transparência, a diversidade de aspectos sócio-culturais, econômicos e um

maior respeito e garantia aos direitos humanos, como sendo indispensáveis na

atuação responsável. A Responsabilidade Social surge como uma atividade

que não está dissociada do negócio da empresa. É uma nova forma de gestão

empresarial. Gestão esta, que, segundo Grajew (2003, p.1-2), envolve uma

atitude estratégica focada na ética, na qualidade das relações com os

stakeholders e na geração de valor. Como conseqüência, teremos a

“valorização da imagem institucional e da marca, maior lealdade de todos os

públicos, principalmente dos consumidores, maior capacidade de recrutar e

reter talentos, flexibilidade e capacidade de adaptação e longevidade”.

A RSE surge como resgate da função social da empresa, cujo objetivo

principal é promover o desenvolvimento humano sustentável, que atualmente,

transcende o aspecto ambiental e se estende por outras áreas (social, cultural,

econômica, política), e tentar superar a distância entre o social e o econômico,

obrigando as empresas a repensarem seu papel e a forma de conduzir seus

negócios. No cenário atual, a concepção que se tem é de que a

responsabilidade empresarial está muito além de manter o lucro de seus

acionistas e dirigentes. Ela passou a ser responsável pelo desenvolvimento da

sociedade onde está inserida, adotando ações que influenciem o bem-estar

comum.

O conceito de RSE foi lançado no Conselho Empresarial Mundial para o

Desenvolvimento Sustentável em 1998, na Holanda. Já no Brasil o movimento

surgiu tendo como base uma série de iniciativas de movimentos empresariais.

No início da década de 60, um grupo de empresários fundou em São Paulo a

Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) que através dos

ensinamentos cristãos tinha como objetivo estudar as atividades econômicas e

30

sociais do meio empresarial. Nas décadas seguintes, de 70 e 80, outros

movimentos e instituições surgiram: a Fundação Instituto de Desenvolvimento

Empresarial e Social (FIDES) e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

Econômicas (IBASE) da qual participou o sociólogo Herbert de Souza, o

Betinho. O IBASE surgiu com a proposta inicial de democratizar a informação,

mas acabou indo além e contribuiu para a mobilização da sociedade e das

empresas em torno de campanhas como a Ação da Cidadania contra a

Miséria e pela Vida, em 1993. Esta campanha recebeu o apoio do Pensamento

Nacional das Bases Empresariais (PNBE) e foi o marco da aproximação dos

empresários com as questões sociais.

Na década de 90, outras iniciativas importantes fortaleceram ainda mais

o movimento: o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), fundado

em 1995, foi o primeiro instituto a transformar o interesse empresarial em

investimento social privado. Em 1997, Betinho lançou um modelo de balanço

social, e junto com a Gazeta Mercantil, criou selo o Balanço Social, com o

intuito de estimular as empresas a divulgarem suas ações sociais.

Todos esses fatos foram importantíssimos para o crescimento do movimento

de RSE no Brasil, mas foi com a criação, em 1998, do Instituto Ethos de

Empresas e Responsabilidade Social que o movimento ganhou outro perfil,

semelhante ao já existente no exterior, baseado na ética, na cidadania, na

transparência e na qualidade nas relações das empresas (Saraiva, 2001).

A responsabilidade social vem se mostrando um fator decisivo para o

desenvolvimento e crescimento das empresas. Cresce a conscientização, por

parte da sociedade, do papel imprescindível que as grandes organizações têm

frente às questões sociais, assim como a cobrança por uma atuação

responsável e uma postura que explicite a preocupação com tais questões.

Hoje o consumidor prefere produtos de empresas que não têm envolvimento

em corrupção, que são transparentes nos seus negócios, que respeitam o

meio ambiente e a comunidade. Além disso, os profissionais mais qualificados

preferem trabalhar em empresas que valorizem a qualidade de vida de seus

funcionários e respeitem seus direitos.

31

A enorme desigualdade social do país ressalta ainda mais o tema,

fazendo com que a responsabilidade social surja como uma nova forma de

pensar o social, transformando as empresas em agentes de uma nova cultura

e unindo diferentes atores sociais em torno de uma única questão – o bem-

estar social dentro e fora das organizações empresariais.

3.2. Sustentabilidade

Mudança de mentalidade. Esta tem sido a realidade encontrada por

empresas e cidadãos para reverter o cenário ameaçador de disfunções que

abrangem natureza, saúde, educação e economia. Progresso e

desenvolvimento não podem ser interpretados somente como aumento de

produção, consumo e finanças, mas também como manutenção da integridade

e da sustentabilidade em longo prazo.

O conceito de sustentabilidade abrange o resultado final da boa prática

do desenvolvimento sustentável, conduzindo à idéia de uma sociedade em que

a produção de bens não conflita com a auto-realização humana, e na qual

exista o comprometimento de todos com as gerações futuras (Uniethos, 2005,

p.26).

O conceito de desenvolvimento sustentável, também amplamente

discutido atualmente, deve ser explicitado para melhor entendimento:

“(...) processo político-participativo que integra as

sustentabilidade econômica, ambiental e cultural, coletivas

e individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da

qualidade de vida, seja nos momentos de disponibilização

de recursos, seja em períodos de escassez, tendo como

perspectivas a cooperação e a solidariedade, entre povos e

as gerações”.

Disponível: www.sustentabilidade.org.br/conceitos.htm.

Acesso em: maio/2005.

32

Trazendo para a realidade empresarial, o termo sustentabilidade refere-

se à contribuição do setor privado para o desenvolvimento sustentável,

significando assegurar o sucesso do negócio em longo prazo, contribuindo

simultaneamente para o desenvolvimento econômico, social e para o equilíbrio

entre meio ambiente e sociedade.

Historicamente, percebe-se por parte das empresas uma visão voltada

para a valorização da gestão financeira, expressa pela busca do lucro, muitas

vezes deixando de lado a preocupação com a forma de utilização dos recursos

naturais e humanos, gerando depredação do meio-ambiente e exploração de

mão-de-obra. Alguns autores chamam esta visão de “miopia do Single Bottom

Line”, por atuar apenas em uma única linha de resultados, focados em dados

exclusivamente econômicos.

Uma série de ameaças naturais, e tratados entre países vêm alterando

o rumo histórico da posição de empresas e chefes de Estado, exigindo uma

participação responsável destes atores sociais. Um destes exemplos é o

Protocolo de Kioto, um instrumento para implementar a Convenção das

Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Seu objetivo é que os países

industrializados (com a exceção dos EUA que se recusam a participar do

Acordo) reduzam e controlem até 2008-2012 as emissões de gases que

causem o efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados

em 1990. É importante ressaltar, no entanto, que os países assumiram

diferentes metas percentuais dentro da meta global combinada. Percebe-se,

então, como indústrias e legislações, principalmente de países industrializados

– responsáveis pelas maiores quantidades de emissões que causam o

aquecimento global – estão ligados à responsabilidade social de suas

atividades, devendo ser os primeiros a tomar medidas para controlar suas

emissões.

Pode-se dizer, então, que o modelo do Single Bottom Line atualmente

está em crise, pois, caminha na contramão de conceitos como

desenvolvimento sustentável, ética, sustentabilidade e responsabilidade social

empresarial.

33

Esta mudança de consciência da classe empresarial, muitas vezes

começa por uma preocupação com a imagem de sua marca no mercado, mas

tem evoluído, muitas vezes, para uma percepção de que atualmente esta é

uma questão de sobrevivência organizacional.

Desta forma, o mercado tem demonstrado que esta visão única deixa de

lado os três pilares nos quais se apóiam o conceito de sustentabilidade: o

planeta, as pessoas e o crescimento econômico. Surge, então, a necessidade

das empresas trabalharem como agentes do desenvolvimento sustentável,

apoiando-se não apenas em resultados financeiros, mas pensando também

em estratégias voltadas para os aspectos sociais e ambientais. Daí resume-se

o conceito de Triple Bottom Line.

Pode-se dizer que a adoção do conceito do Triple Bottom Line, em si,

representa a incorporação dos princípios do desenvolvimento sustentável pela

gestão empresarial. Desta forma, a empresa sintetiza seus propósitos e ações

aos mecanismos de resposta social com relação a todos os interessados em

seus negócios – acionistas, clientes, parceiros, governos, comunidades locais

e clientes – agregando valor econômico a valores sociais e ambientais para os

quais esta organização contribui – ou ajuda a destruir, conforme sua ética.

O International Finance Corporation (IFC), organização do Banco

Mundial, em parceria com o Instituto Ethos e a empresa Sustentability (que

lançou o conceito Triple Bottom Line), realizaram uma pesquisa em 2002

intitulada Criando Valor – primeiro estudo em larga escala a analisar histórias

de sucesso para a sustentabilidade em mercados emergentes. Percebeu-se na

pesquisa que as empresas tem identificado oportunidades de geração de lucro

a partir da sustentabilidade, buscando em sua motivação comercial esta nova

visão. Além disso, já está claro que empresas exportadoras precisam adotar

padrões e sistemas de gestão com foco em sustentabilidade para ter acesso a

outros mercados. No mercado brasileiro, um indicador desta nova ordem

mundial que alia economia e sustentabilidade já é realidade: 60% dos

consumidores brasileiros já punem empresas que não são socialmente

responsáveis (Uniethos, 2005, p.51).

34

Outra forma das empresas serem valorizadas quanto á sua atuação

socialmente responsável são as certificações, que também valorizam seu

nome no mercado nacional e internacional.

Algumas delas são ISO 14.000 (ênfase em ações ambientais), AA1000

(ênfase na relação da empresa com seus stakeholders), SA8000 (enfatiza as

relações trabalhistas, garantindo a não existência de ações anti-sociais, como

trabalho infantil, escravo ou discriminação) e a NBR 16001(requisitos relativos

a um sistema de gestão da RSE, permitindo à organização formular e

implementar política e objetivos que levem em conta os requisitos legais,

compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania,

desenvolvimento sustentável e a transparência das suas atividades (4).

Esta visão da ética como essencial nos negócios, já começa a ser

discutida pelos autores como uma quarta vertente da teoria de sustentabilidade

empresarial, pois já se sabe da importância no mercado em se adotar

princípios e valores sólidos na condução dos negócios para assegurar o

sucesso empresarial em longo prazo, intercedendo de forma positiva no

desenvolvimento econômico e social da comunidade.

3.3. Desempenho Financeiro

Há muita discussão se o desempenho das empresas melhora com

investimentos feitos em sustentabilidade e, se os investimentos feitos em

prevenção de poluição podem beneficiar o resultado financeiro.

Repetto e Austin (2001) destacam que, atualmente, o desempenho

financeiro dos negócios é significadamente afetado pelos custos e

oportunidades apresentados por problemas ambientais. Regulamentação,

materiais, preço de energia, demandas dos consumidores e o desenvolvimento

de novos mercados podem influenciar os resultados financeiros das

companhias.

A combinação de tecnologias ambientais (cujo objetivo é minimizar os

impactos causados ao meio-ambiente) com novas tecnologias de produção

trazem grande potencial de vantagem competitiva e de desempenho superior

para as empresas. Por exemplo, esforços para reduzir emissões poluidoras,

35

por meio da prevenção, refletem-se, positivamente, no resultado de uma

empresa.

Há, ainda, a influência positiva da estratégia de sustentabilidade

ambiental sobre o custo de capital. Hart e Ahuja (1996) confirmam a existência

de uma relação entre a redução de emissões com o custo de capital e a

reputação da empresa. Se a empresa tem perfil ambiental favorável, terá

menor exposição a processos judiciais, melhor reputação e maior valor de

mercado. Desempenho pobre no quesito ambiental pode afetar o custo de

capital da empresa, aumentando-o, e o custo de capital afeta, diretamente, o

desempenho financeiro.

3.4. Reputação Empresarial

As demandas mundiais estão caminhando rapidamente, na direção da

valorização dos produtos de melhor desempenho energético e de baixos níveis

de poluição, sem mencionar aqueles produtos que possuem alto valor de

revenda e possibilidade de reciclagem. Muitas empresas estão usando a

inovação ambiental para conseguir preços maiores por seus produtos

ecologicamente orientados, e aumentar sua reputação perante os clientes.

A reputação social e o temor causado por perdas nos acidentes

ambientais podem ser os motivos que levam algumas empresas de capital

aberto a superar as normas de regulação ambiental. As grandes corporações,

voluntariamente, adotam práticas acima das exigências legais e lançam uma

imagem de serem ambientalmente preocupadas. Estas empresas são

recompensadas no mercado por tomarem estas ações, principalmente por

meio da redução de seu custo de capital.

Buscando valorizar as ações destas empresas é que foram criados

diversos índices de sustentabilidade em diversos países e que serão vistos

posteriormente.

36

3.5. Estratégias de Sustentabilidade e Vantagem Competitiva

O centro da estratégia do desenvolvimento sustentável é a necessidade

de incluir considerações econômicas e ecológicas no processo de tomada de

decisões. Como a economia, ecologia e sociedade estão integradas nas

atividades do mundo real, será preciso mudar as atitudes e os objetivos, para

posteriormente, se chegar a novas disposições institucionais em todos os

níveis, garantindo-se assim, a sustentabilidade.

Segundo Ricart, Rodrigues e Sánchez (2005), vertentes da literatura

demonstram como as firmas podem ganhar vantagem competitiva por meio de

estratégias de sustentabilidade: aumento dos ganhos com eficiência nos

custos, aquisição de recursos estratégicos e capacidades, desenvolvimento da

aprendizagem e das capacidades dinâmicas.

Scharf (2004) descreve que, as organizações sustentáveis devem

possuir características em diversas dimensões diferentes, garantindo a sua

continuidade, sendo que, as principais são:

• Manutenção de uma perspectiva de rentabilidade econômica no médio

e longo prazo;

• Operações dentro da lei, não gerando passivos e prejuízos

inesperados;

• Minimização da dependência de recursos esgotáveis ou sujeitos à

escassez;

• Desenvolvimento de produtos e ou serviços que, contribuam para o

que é percebido pela sociedade como um benefício social ou ambiental;

• Estabelecimento de uma relação de respeito e minimização do conflito

com os stakeholders, ou seja, qualquer pessoa ou entidade que afeta ou é

afetada pelas atividades de uma empresa;

• Cultivo da eficiência no uso dos recursos renováveis e não-renováveis,

por meio de investimento em tecnologia avançada e soluções de longo prazo;

• Redução de resíduos e reciclagem dos materiais que descarta;

• Prática da transparência na gestão, promovendo a confiança entre os

vários grupos de stakeholders;

37

• Não utilização de propagandas que induzam o público a confundir a

verdadeira atuação da empresa;

• Relacionamento com as demandas de ordem global (como

aquecimento do planeta) e local (a comunidade que sua atuação afeta),

simultaneamente.

Segundo Faucheux, Nicolai e O´Connor (1998) a colocação em prática

de estratégias ambientais pode ser resultado de pressões externas ou de

motivações de aquisição de vantagem competitiva. Desta forma, os autores

dividem as empresas em três categorias:

• As empresas que procuram uma estratégia defensiva com respeito aos

problemas ambientais, PIS, enxergam que estas estratégias trarão custos

extras e, portanto, devem ser mantidos no menor nível possível;

• As empresas que optam por colocar pró-ativamente em prática uma

estratégia ambiental, e são as que buscam se antecipar às novas

regulamentações e transformar este assunto em vantagem competitiva;

• As empresas que estão entre os dois extremos, que são chamadas de

seguidoras, por se movimentarem somente quando estiver definida a melhor

posição.

Em síntese, a implementação de uma estratégia ambiental pode, para

algumas empresas representar custos adicionais e, para outras vantagens

competitivas.

3.6. Função Social da Empresa e o Meio Ambiente.

A conciliação das duas eficácias, a eficácia do fenômeno patrimonial e a

eficácia do fenômeno ambiental natural são uma nova ótica para os

contadores que até então não havia sido considerada, mas importantíssimo

para o desenvolvimento da Contabilidade Ambiental.

Toda a empresa tem sua função social e em obrigação de não poluir o

ambiente natural em sua volta, pois, poluindo estará prejudicando tanto a

natureza quanto a comunidade.

De acordo com COELHO, DUTRA e CARDOSO (2001), hoje a

sociedade está mais conscientizada dos problemas sociais e ambientais e

38

naturalmente optará pelo consumo de produtos não só ecologicamente

elaborados, mas também daqueles oriundos de empresas que desenvolvam e

patrocinam programas sociais, com objetivo de proporcionar uma vida, social e

ambientalmente saudáveis.

3.7. Meio Ambiente e o Lucro.

O principal objetivo da empresa é o lucro. O capital da empresa é

utilizado para obtenção desta finalidade que varia por efeito de sua

movimentação em decorrência da atividade desenvolvida para a utilização do

mesmo.

Observando um balanço patrimonial que apresenta elevados resultados

não quer dizer que se fazendo uma comparação com o seu balanço social este

não demonstre atitude negativas, isto é, a indústria pode ter lucro contábil

através de uma produção altamente prejudicial ao meio ambiente. Assim como

outra indústria pode estar operando com um percentual de menor e ter um

excelente desempenho social, investindo em qualidade de vida de seus

funcionários, na capacitação funcional, na contribuição de instituições não

lucrativas que beneficiam a comunidade e principalmente na preservação do

meio ambiente natural.

E não se pode tirar o objetivo de lucro das empresas, mas, é preciso

que dela se exija o exercício de uma consciência voltada para o meio ambiente

que permite a existência das atividades lucrativas. A empresa deve contribuir

investindo em preservação ambiental e também se faz necessário incentivo e

compreensão desta tendência pelos Poderes Públicos.

39

CONCLUSÃO

A incorporação da responsabilidade social no planejamento estratégico

das empresas visa à melhoria do desempenho ambiental das organizações,

permitindo-lhes a sobrevivência no mercado hoje em dia. Pois este, não aceita

o descaso no tratamento inadequado do meio ambiente; os consumidores

exigentes cada vez mais por produtos limpos; a exigência da legislação impõe

sanções aos infratores, obrigando as organizações a lidar com seriedade e

responsabilidade a variável ambiental em sua estratégia operacional. As

corporações sabem que em tempos difíceis, não é tão fácil ser responsável

socialmente, mas também afirmam que os investimentos feitos revertem em

retornos seja eles competitivos ou em rentabilidade, pois melhorar a qualidade

de vida de seus colaboradores, através de benefícios apresenta maior

produtividade, conseqüentemente maiores lucros.

A competitividade da organização na maioria das vezes aumenta após a

implantação da ISO 14000 com adoção de medidas visando melhores taxas de

conversão de matérias primas, menores custos com energias e com uma força

de trabalho consciente, capacitada e motivada.

Portanto, a Contabilidade Ambiental pode ser usada para demonstrar a

responsabilidade ambiental da empresa, através da utilização dos relatórios

contábeis onde deverão ser evidenciados, de forma transparente e fidedigna,

os gastos com o controle ambiental.

No Brasil, as organizações, principalmente as indústrias, por imposições

de normas legais vigentes, estão adotando cada vez mais processos de

controle e de gestão ambiental em suas atividades produtivas. Constatou-se

que as empresas analisadas estão preocupadas com a responsabilidade social

e ambiental e com esta última, muito mais, pois descuidos que possam vir

acontecer, podem ocasionar gastos futuros não esperados.

Como se pode perceber, Responsabilidade Social não é somente

função politicamente correta, mas, também uma ação para que haja retorno

financeiro em um mundo cada vez mais competitivo.

40

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44

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

MEIO AMBIENTE 09

1.1 – A Questão Ambiental 09

1.2 – Ações Antrópicas e Conseqüências Ambientais 10

1.3 – Contabilidade Ambiental 11

1.4 - Custos Ambientais 12

1.5 – Ativo e Passivo Ambiental 15

CAPÍTLO II

AMBIENTE E EMPRESA 17

2.1 – Teorias Relacionadas à Organização e Ambiente 17

2.2 – Entendimento Sobre a Gestão Ambiental 19

2.3 - Influência e Pressões do Ambiente 20

2.4 – Ética nas Organizações 21

2.5 - Planejamento Estratégico 22

2.6 – Planejamento Ambiental 24

2.7 – Avaliação Ambiental 25

CAPÍTULO III

RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 28

3.1 – Responsabilidade Social Empresarial 28

3.2 – Sustentabilidade 31

45

3.3 – Desempenho Financeiro 34

3.4 – Reputação Empresarial 35

3.5 – Estratégia de Sustentabilidade e Vantagem Competitiva 36

3.6 – Função Social da Empresa e o Meio Ambiente 37

3.7 – Meio Ambiente e o Lucro 38

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

BIBLIOGRAFIA CITADA 43

ÍNDICE 44

46

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

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Avaliado por: Conceito: