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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE GENÉTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM GENÉTICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS NOS GENES DC-SIGN E L-SIGN COM A PROTEÇÃO E SUSCEPTIBILIDADE A TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV-1 E AO DESENVOLVIMENTO DE TUBERCULOSE ATIVA NA POPULAÇÃO PERNAMBUCANA RONALDO CELERINO DA SILVA RECIFE - PE 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE GENÉTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUACÃO EM GENÉTICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS NOS GENES DC-SIGN

E L-SIGN COM A PROTEÇÃO E SUSCEPTIBILIDADE A

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV-1 E AO

DESENVOLVIMENTO DE TUBERCULOSE ATIVA NA

POPULAÇÃO PERNAMBUCANA

RONALDO CELERINO DA SILVA

RECIFE - PE 2011

Page 2: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

RONALDO CELERINO DA SILVA

ASSOCIAÇÃO DE POLIMORFISMOS NOS GENES DC-SIGN

E L-SIGN COM A PROTEÇÃO E SUSCEPTIBILIDADE A

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV-1 E AO

DESENVOLVIMENTO DE TUBERCULOSE ATIVA NA

POPULAÇÃO PERNAMBUCANA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Genética do Centro de Ciências

Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco

como parte dos requisitos exigidos para obtenção do

título de Mestre em Genética.

Orientador: Prof. Dr. Sergio Crovella

Recife, PE

2011

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ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA

Parecer da comissão examinadora da dissertação de:

RONALDO CELERINO DA SILVA

Intitulada:

Associação de Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN com a Proteção e

Susceptibilidade a Transmissão Vertical do HIV-1 e ao Desenvolvimento de

Tuberculose Ativa na População Pernambucana.

A comissão examinadora considera o presente trabalho

APROVADO

Portanto, cumpridas todas as exigências regimentais, Ronaldo Celerino da Silva

faz jus ao título de Mestre em Genética pela UFPE. Recife, 22 de fevereiro de 2011.

RECIFE, 2011.

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iii

A Deus, pai e autor da vida.

À minha família, meu refúgio e fortaleza.

Aos meus amigos e companheiros de jornada.

E a todos aqueles que fizeram de suas dificuldades

pontes para a realização de seus sonhos...

Dedico.

Page 6: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

iv

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a DEUS, por sempre me carregar nos braços,

conduzindo-me pelos caminhos da luz. Por me dar forças, para vencer as

dificuldades e contornar os obstáculos da jornada rumo ao dia de hoje: “Te ter é a

maior diferença em mim”.

Aos meus pais, Fernando e Leni, as minhas irmãs, Silvana e Juliana, e a

minha sobrinha, Amanda, por estarem comigo, proporcionando-me um amor

incondicional, dotando-me de força e coragem para persistir em meus ideais.

As minhas avós, Júlia e Maria, e ao meu avô José, pelo amor sem limites,

bem como, ao meu querido avô, Severino (in memoriam), que apesar de sua

ausência física, continua ao meu lado e vivo em meu coração.

À minha querida prima e madrinha Márcia, a minha querida Tia Lurdes, e

aos meus primos, Filipe e Betinho, pelo carinho, abrigo em seu lar e por acreditarem

que o sonho seria possível.

A todas as minhas tias (os) e primas (os), pelo carinho e por vibrarem

comigo a cada nova vitória.

Ao grande amigo e orientador, Prof. Dr. Sergio Crovella, pelo incentivo, pelos

ensinamentos, pela oportunidade de trabalhar ao seu lado, e principalmente, por

fazer dos meus sonhos, seus sonhos.

Aos queridos companheiros do setor de Virologia do LIKA: Andréia, Antonio

(Galego), Anselmo (Japa), Catarina, Fernanda, Fabrício, Jaqueline, Jean, Karina,

Lucas, Márcia, Nathália, Priscila, Rafael, Sterfanny e Sérgio Santos, pela ajuda

incondicional, pela amizade e companherismo de sempre. E de forma toda especial,

a Heide Lacerda e a Drª Paula Sandrin, por sua inestimável colaboração no

aprendizado das técnicas e por suas amizades.

Aos colegas de mestrado: Adriana, Amanda, André, Bruna, Cézar,

Fernanda, Isabelle, Marcus, Rochane, Rômulo e Santelmo, pelo companherismo,

pelos momentos de descontração e pelas palavras amigas nas dificuldades.

A minha eterna família científica e amigos do Departamento de Biofísica e

Radiobiologia, Dr. Francisco Fernandes Amâncio e Drª Ana M. Mendonça de

Page 7: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

v

Albuquerque Melo, pelo incentivo e por serem essenciais no início de minha vida

acadêmica. Minha conquista, também pertence a vocês.

A todos os amigos da graduação pela torcida e incentivo, em especial

Luanna Ribeiro e Clarissa Sá, pelo amor sem limites, pela cumplicidade, pelas

trapalhadas e por serem elos transformadores de minha existência.

A todos os meus amigos, em especial: Ana Patrícia (Madrinha), Felipe

Paulino, Givago Almeida, Hugo Morais, pela amizade incondicional, pelo

companherismo, conselhos e momentos alegres vividos.

A Drª Haiana Schindler e a Drª Lilian Montenegro, bem como a todos que

fazem o Laboratório de Imunoepidemiologia do CpqAM, pela disponibilização do

banco de DNA de Tuberculose.

Ao Dr. Édson Kido e a Drª Valesca Pandolfi, pela colaboração e ajuda no

processo de sequenciamento.

A Drª Ludovica Segat, pelos ensinamentos, pelas sugestões e por sua

inestimável ajuda durante a execurção deste trabalho, bem como a Valentina Zanin.

A Coordenação do Programa de Pós-graduação em Genética, bem como

todos seus docentes, pelos ensinamentos e suporte científico.

Ao LIKA (Setores de Virologia e Biologia Molecular) e ao CpqAM

(Laboratório de Imunoepidemiologia e Núcleo de Integração Tecnológica), pelo

suporte físico e logístico.

Aos membros da banca examinadora: Drª Neide Santos, Drª Paula Sandrin,

Dr. Paulo Souza, Dr. Valdir Balbino e Dr. José Eduardo Garcia, por suas valorosas

contribuições e sugestões na melhoria deste trabalho.

Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para concepção,

execurção e conclusão deste trabalho, deixo minha eterna e sincera gratidão.

Muito obrigado a todos!

Page 8: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

vi

“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve... A vida é muito para ser insignificante”.

(Charles Chaplin)

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vii

RESUMO

Doenças infecciosas são consideradas as principais causas de morbidade e mortalidade entre as sociedades humanas. AIDS e Tuberculose (TB) têm recebido particular interesse em decorrência do grande contingente de pessoas afetadas, e por serem consideradas bons modelos para estudos de susceptibilidade genética, em genes relacionados à imunidade, como DC-SIGN e L-SIGN, que detêm a capacidade de se ligar ao HIV-1 e ao Mycobacterium tuberculosis. Neste sentido, foi avaliado o papel de polimorfismos genéticos em DC-SIGN e L-SIGN em crianças expostas ao HIV-1 via transmissão vertical (TV), em pacientes com TB ativa e controles saudáveis, a fim de identificar marcadores genéticos de proteção e susceptibilidade na população pernambucana. Para isso, foram utilizadas 250 crianças expostas ao HIV-1 (58 HIV- e 192 HIV+) e 96 crianças controles, bem como, 160 pacientes com TB ativa (116 TB pulmonar e 44 TB extrapulmonar) e 170 controles saudáveis. Todos os grupos foram genotipados para SNPs contidos no promotor de DC-SIGN (através de PCR em tempo real com sondas alelo-específicas e/ou sequenciamento) e para o éxon 4 de DC-SIGN e L-SIGN (através de PCR convencional e eletroforese em gel de agarose). Os resultados foram diferenciados através dos testes do X2 e do exato de Fisher, sendo consideradas associações significativas com p<0,05. Entre os indivíduos expostos ao HIV-1 via TV, cinco SNPs do promotor de DC-SIGN, foram avaliados, sendo que três foram associados à proteção (-201T, -201 G/T e -336 G/G) e um a susceptibilidade (- 871 G/G). Para o éxon 4 de DC-SIGN não foram verificadas diferenças significativas entre expostos e controles, já para L-SIGN, variantes foram associadas a proteção (genótipos heterozigotos) e a suscetibilidade (genótipo 5/5) a TV. Entre pacientes TB, quatros SNPs foram avaliados para o promotor de DC-SIGN, obtendo-se cinco associações, sendo três com a proteção (-336 G/A, -871 G e -871 G/A) e duas com a susceptibilidade (-871 A e -871 A/A). Também não foram observadas diferenças significativas para o éxon 4 de DC-SIGN, porém para L-SIGN, foram encontradas quatro associações com a proteção (alelos com 4, 5 e 6 repetições e genótipo 6/5) e duas com a susceptibilidade (alelo com 9 repetições e genótipo 9/9).Este trabalho foi o primeiro a associar os variantes -201 T, -201 G/T, -336 G/G e -871 G/G de DC-SIGN com a TV do HIV-1, e de polimorfismos no éxon 4 de L-SIGN ao desenvolvimento de TB em uma população brasileira, sugerindo que polimorfismos, nesses genes, podem influenciar na proteção e susceptibilidade a infecções promovidas por vírus e bactérias. Palavras-chave: Polimorfismos, DC-SIGN, L-SIGN, transmissão vertical do HIV-1, tuberculose.

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viii

ABSTRACT

Infectious diseases are considered the main causes of morbidity and mortality among human societies. AIDS and Tuberculosis (TB) have received particular interest due to the large number of people affected and because they are considered good models for studies of genetic susceptibility in genes related to immunity, such as DC-SIGN and L-SIGN, which have the ability to bind to HIV-1 and Mycobacterium tuberculosis. In this sense, we evaluated the role of genetic polymorphisms in DC-SIGN and L-SIGN in children exposed to HIV-1 via vertical transmission (VT), in patients with active TB and healthy controls in order to identify genetic markers of protection and susceptibility in the population from Pernambuco. For this, we used 250 children exposed to HIV-1 (58HIV- and 192 HIV+) and 96 control children, as well as 160 patients with active TB (116 pulmonary TB and 44 extrapulmonary TB) and 170 healthy controls. All groups were genotyped for SNPs of the DC-SIGN promoter (by real-time PCR with allele-specific probes and/or sequencing) and the DC-SIGN and L-SIGN exon 4 (by PCR and agarose gel electrophoresis). Results were differentiated by means of the X2 test and Fisher exact test, considering significant associations with p <0.05. Among individuals exposed to HIV-1 via TV, five SNPs of DC-SIGN promoter, were evaluated, three were associated with protection (-201T, -201 G/T and -336 G/G) and one with susceptibility (-871 G/G). For DC-SIGN exon 4 polymorphisms did not demonstrate significant differences between exposed and controls, however, for L-SIGN, variants were associated with protection (heterozygotes genotypes) and susceptibility (genotype 5/5) to TV. Among TB patients, four SNPs were analyzed for DC-SIGN promoter, resulting in five associations, three with protection (-336 G/A, -871G and -871 G/A) and two with susceptibility (-871A and -871 A/A). There were also no significant differences for DC-SIGN exon 4 polymorphisms, but for L-SIGN, we found four associations with protection (alleles with 4, 5 and 6 repeat and genotype 6/5) and two with susceptibility (allele with nine repeat and genotype 9/9). This study is the first to associate the variants -201T, -201 G/T, -336 G/G and -871 G/G in DC-SIGN with HIV-1 TV, and polymorphisms of L-SIGN exon 4 with TB development, in a Brazilian population, suggesting that polymorphisms in these genes, may influence the protection and susceptibility to infections caused by viruses and bacteria.

Key words: Polymorphisms, DC-SIGN, L-SIGN, vertical transmission of HIV-1, tuberculosis.

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ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Em destaque as duas fitas de RNA, a enzima transcriptase reversa, a membrana lipídica, a matriz protéica, e as glicoproteínas do envelope viral (gp120 e gp41).

08

Figura 2. Ciclo Viral. Inicialmente os vírus entram na célula (1), em seguida a enzima trascriptase reversa produz a dupla fita de DNA viral (2), a partir do RNA genômico. A dupla fita de DNA move-se para dentro do núcleo, e se insere no DNA do hospedeiro tornando-se um provírus (3). A molécula de DNA hospedeiro com o DNA viral integrado é transcrita (4) e traduzida (5). As proteínas virais se unem ao RNA viral formando novos vírus (6), os quais deixam a célula hospedeira (7).

10

Figura 3. Incidência global da tuberculose para o ano de 2009.

17

Figura 4. Micrografia eletrônica do bacilo Mycobacterium tuberculosis.

18

Figura 5. Estrutura dos receptores DC-SIGN e L-SIGN.

26

Figura 6. Formas de transmissão do vírus HIV-1. A – Infecção in trans; B – Infecção in cis.

32

Figure 7. Estrutura esquemática da placenta e características envolvidas na transmissão transplacental do HIV-1. Existe uma íntima relação entre tecidos fetais e maternos na placenta. Populações de leucócitos residentes em ambos os lados são indicados. DC-SIGN é expresso em células Hofbauer fetalmente derivado em vilos coriônicos e em macrófagos da decídua materna. Essas populações de células estão muito próximas. L-SIGN é expresso no endotélio de capilares da placenta.

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x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estimativa Mundial da Epidemia da AIDS em 2009, segundo o Relatório Anual do UNAIDS 2010.

06

Tabela 2. Indicadores Epidemiológicos da Epidemia de HIV/AIDS no Brasil.

07

Tabela 3. Polimorfismos da região promotora do gene DC-SIGN e associações com a susceptibilidade e proteção a infecções.

42

Tabela 4. Polimorfismos no número de repetições do éxon 4 de DC-SIGN e L-SIGN e associações com a susceptibilidade e proteção a infecções.

43

Tabela 5. Frequências alélicas e genotípicas dos SNPs (-139, -201, -336) da região promotora do gene DC-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis.

56

Tabela 6. Frequências alélicas e genotípicas dos SNPs (-871 e -939) da região promotora do gene DC-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis.

57

Tabela 7. Frequências alélicas e genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene DC-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis.

59

Tabela 8. Frequências alélicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis.

59

Tabela 9. Frequências genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis.

60

Tabela 10. Principais resultados obtidos para os genes DC-SIGN e L-SIGN na população pernambucana exposta ao HIV-1, via transmissão vertical.

61

Tabela 11. Frequências alélicas e genotípicas de SNPs (-139 e -336) da região promotora do gene DC-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e controles saudáveis pernambucanos.

63

Tabela 12. Frequências alélicas e genotípicas de SNPs (-871 e -939) da região promotora do gene DC-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e controles saudáveis pernambucanos.

65

Page 13: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

xi

Tabela 13. Frequências alélicas e genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene DC-SIGN em pacientes com tuberculose e em controles saudáveis pernambucanos.

66

Tabela 14. Frequências alélicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e em controles saudáveis pernambucanos.

67

Tabela 15. Frequências genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e em controles saudáveis pernambucanos.

69

Tabela 16. Principais resultados obtidos para os genes DC-SIGN e L-SIGN na população pernambucana com tuberculose ativa.

70

Tabela 17. Associações dos genes DC-SIGN e L-SIGN a infecção pelo HIV-1: diferentes populações mundiais x população pernambucana.

78

Tabela 18. Estudos de Associação do gene DC-SIGN (éxon 4) e tuberculose em diferentes populações mundiais.

80

Tabela 19. Associações dos genes DC-SIGN e L-SIGN a infecção pelo M. tuberculosis: diferentes populações mundiais x população pernambucana.

76

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

A Adenina a.C. Antes de Cristo AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Asn Asparagina BCG Bacilo Calmette-Guérin C Citocina Ca2+ Íon de Cálcio CCR5 Receptor C-C quemoquina tipo 5 CLR Receptores de ligadores de cálcio CRD Domínio de reconhecimento de carboidratos CXCR4 Receptor C-X-C quemoquina tipo 4 Da Daltons DCs Células dendríticas DC-SIGN Dendritic Cell-Specific Intercellular adhesion molecule-

Grabbing Non-integrin ddNTPs Dideoxinucleotídeos trifosfato DNA Ácido Desoxiribonucléico dNTPs Desoxinucleotídeos EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético G Guanina Glu Glutamato Gp Glicoproteína HAART Terapia anti-retroviral altamente ativa HIV- Vírus da imunodeficiência humana negativo HIV+ Vírus da imunodeficiência humana positivo HIV-1 Vírus da imunodeficiência humana tipo 1 HIV-2 Vírus da imunodeficiência humana tipo 2 HTLV-1 Vírus T linfotrópico humano tipo 1 H-W Equilíbrio de Hardy-Weimberg IC95% Intervalo de confiança de 95% ICAM Molecula de adesão intercelular IFN-γ Interferon gama IL Interleucina Kb Quilo bases KCl Cloreto de Potássio LSECs Células endoteliais dos sinusóides hepáticos L-SIGN Liver/lymph node-specific intercellular adhesion molecule-

grabbing non integrin M. bovis Mycobacterium bovis M. tuberculosis Mycobacterium tuberculosis ManLAM Manosilato de liporabinomanana MgCl2 Cloreto de Magnésio MHC Complexo principal de histocompatibilidade mM/μL Milimolar por microlitro Mtb Mycobacterium tuberculosis

Page 15: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

xiii

Nm Nanômetros OH Hidroxila OMS Organização Mundial de Saúde OR Razão de chances (do inglês “odds ratio”) ORF Quadro aberto de leitura P p-value PAMPs Padrões moleculares associados a patógenos Pb Pares de base PCR Reação em Cadeia da Polimerase pH Potencial hidrogeniônico pmol/Μl Picomol por microlitro PRRs Receptores de reconhecimento de patógenos RNA Ácido Ribonucléico (do inglês: “Ribonucleic acid”) SARS-CoV SARS coronavírus SNP Polimorfismo de base única SP Estado de São Paulo T Timina T CD4+ Células T CD4 positivas TB Tuberculose TBE Tuberculose extrapulmonar TBP Tuberculose pulmonar Th1 Células T helper tipo 1 Th2 Células T helper tipo 2 TLR Receptores Toll-like TV Transmissão vertical UNAIDS Programa da Junta das Nações Unidas sobre HIV/AIDS USA Estados Unidos da América UTR Região Não-Traduzida V Volts X2 Teste qui-quadrado Μl Microlitro % Símbolo de percentual ºC Grau Celsius

Page 16: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

xiv

SUMÁRIO

RESUMO vii

ABSTRACT viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ix

LISTA DE TABELAS x

LISTAS DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Xii

1 INTRODUÇÃO

01

2 REVISÃO DA LITERATURA 03

2.1 Doenças Infecciosas 03

2.1.1 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) 04

2.1.1.1 Histórico 04

2.1.1.2 Epidemiologia 06

2.1.1.3 Agente Etiológico – Vírus da Imunodeficiência Humana 08

2.1.1.3.1 Estrutura do HIV-1 08

2.1.1.3.2 Ciclo Viral 09

2.1.1.3.3 Curso da Infecção pelo HIV-1 11

2.1.1.3.4 Transmissão do HIV-1 13

2.1.2 Tuberculose (TB) 14

2.1.2.1 Histórico 14

2.1.2.2 Epidemiologia 16

2.1.2.3 Agente Etiológico – Mycobacterium tuberculosis 17

2.1.2.3.1 Transmissão 19

2.1.2.4 Aspectos Imunopatológicos 20

2.2 Mecanismos Imunológicos Envolvidos na Resposta Hospedeira a Patógenos

23

2.2.1 Receptores DC-SIGN e L-SIGN 24

2.2.1.1 Papel dos Receptores DC-SIGN e L-SIGN na Infecção pelo HIV-1 31

2.2.1.1.1 Papel dos Receptores e L-SIGN na Transmissão Vertical do HIV-1

35

Page 17: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

xv

2.2.1.2 Papel dos Receptores DC-SIGN e L-SIGN na Infecção pelo M. tuberculosis

38

2.3 Variabilidade Genética Humana 40

2.3.1 Polimorfismos nos Genes Codificadores de DC-SIGN e L-SIGN Relacionados com Infecções

41

2.4 Metodologias para Estudo de Variações Genéticas 43

2.4.1 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) 43

2.4.1.1 PCR em Tempo Real 44

2.4.2 Sequenciamento de DNA

45

3 OBJETIVOS 47

3.1 Objetivo Geral 47

3.2 Objetivos Específicos

47

4 MATERIAL E MÉTODOS 48

4.1 Local e Desenho Experimental do Estudo 48

4.2 Considerações Éticas 48

4.3 Populações Estudadas 49

4.3.1 População Exposta ao HIV-1 via Transmissão Vertical 49

4.3.2 População de Pacientes com Tuberculose Ativa 49

4.3.3 População de Controles Saudáveis 50

4.4 Extração de DNA Genômico Humano 50

4.5 Genotipagem de Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN 51

4.5.1 Polimorfismos de Base Única (SNPs) da Região Promotora do Gene DC-SIGN

51

4.5.1.1 Genotipagem Utilizando Sondas Alelo-específicas (TaqMan®) 51

4.5.1.2 Genotipagem Utilizando Sequenciamento Direto 51

4.5.2 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene DC-SIGN

52

4.5.3 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene L-SIGN

53

4.6 Análises Estatísticas

54

Page 18: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

xvi

5 RESULTADOS 55

5.1 Distribuição de Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN em Crianças Expostas ao Vírus HIV-1 (HIV+ e HIV-) via Transmissão Vertical e em Controles Saudáveis Pernambucanos

55

5.1.1 Polimorfismos da Região Promotora do Gene DC-SIGN 55

5.1.2 Polimorfismos no Número de Repetições no Éxon 4 do Gene DC-SIGN

58

5.1.3 Polimorfismos no Número de Repetições no Éxon 4 do Gene L-SIGN

59

5.2 Distribuição de Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN em Pacientes com Tuberculose Ativa e em Controles Saudáveis Pernambucanos

62

5.2.1 Polimorfismos da Região Promotora do Gene DC-SIGN 62

5.2.2 Polimorfismos no Número de Repetições no Éxon 4 do Gene DC-SIGN

66

5.2.3 Polimorfismos no Número de Repetições no Éxon 4 do Gene L-SIGN

67

6 DISCUSSÃO 71

6.1 Papéis dos Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN na Transmissão Vertical do HIV-1

71

6.2 Papéis dos Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN no Desenvolvimento da Tuberculose Ativa

78

7 CONCLUSÕES

83

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

84

9 ANEXO

ANEXO A – Manuscrito Publicado no Periódico Internacional Human Immunology - 2011

97

97

10 MEMORIAL 105

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1

1 INTRODUÇÃO

As doenças infecciosas têm despertado particular atenção das autoridades

mundiais de saúde, visto que são as principais causas de morbidade e mortalidade

entre as sociedades humanas. Doenças, como a Síndrome da imunodeficiência

adquirida (AIDS), ocasionada pelo vírus HIV, e Tuberculose (TB), ocasionada pelo

bacilo Mycobacterium tuberculosis, são apontadas como as principais causas de

morte e morbidez por doenças infecciosas.

A interação entre o hospedeiro humano e microrganismos é crucial para a

construção de uma resposta imune e para eliminação de patógenos invasores.

Assim, o sistema imune inato atua como a primeira linha de defesa hospedeira em

resposta à patógenos, envolvendo o reconhecimento inicial e o englobamento de

microrganismos por fagócitos profissionais, que agem durante construção da

imunidade e na patogênese da doença.

A susceptibilidade e a resistência a doenças humanas são atribuídas a uma

complexa interação entre fatores ambientais e fatores genéticos do hospedeiro. No

contexto da AIDS e da TB, muitos genes relacionados à imunidade podem contribuir

para susceptibilidade e/ou proteção à doença.

Nos últimos anos, especial interesse tem sido demandado para dois

receptores celulares, envolvidos com a imunidade, os receptores DC-SIGN e L-

SIGN, codificados, respectivamente, pelos genes CD209 e CD209L. Esses

receptores detêm a capacidade de ligação a padrões moleculares associados à

patógenos (PAMPs), presentes no HIV-1 (gp120) e no M. tuberculosis (ManLAN), e

estão envolvidos na promoção da resposta imune. Estudos apontam que

polimorfismos nestes genes podem influenciar na capacidade de ligação a

patógenos e na promoção da resposta imune, fazendo com que indivíduos

portadores do HIV-1 e do M. tuberculosis, apresentem resistência e/ou

susceptibilidade, dependendo da população estudada.

Neste sentido, o presente trabalho visou avaliar o papel de polimorfismos

genéticos nos genes codificadores de DC-SIGN e L-SIGN em crianças expostas ao

vírus do HIV-1 (HIV+ e HIV-), via transmissão vertical, em pacientes com tuberculose

Page 20: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

2

ativa e em controles saudáveis pernambucanos, a fim de identificar marcadores

genéticos associados à proteção e/ou susceptibilidade a essas doenças.

Page 21: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

3

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Doenças Infecciosas

As doenças infecciosas são consideradas, atualmente, como as principais

causas de morbidade e mortalidade entre as sociedades humanas. Aliado a esse

fato, ao longo do processo evolutivo essas doenças têm exercido consideráveis

pressões seletivas sobre genes humanos, principalmente os envolvidos na resposta

imune, garantindo vantagens evolutivas através de respostas imunológicas

diferenciadas, com o intuito de alcançar uma variada gama de patógenos

(BURGNER et al., 2006).

Neste cenário, duas doenças infecciosas têm despertado a atenção da

comunidade científica: a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS),

ocasionada pelo vírus HIV, e a Tuberculose (TB), causada pelo bacilo M.

tuberculosis, devido ao fato de se destacarem entre as doenças infecciosas como as

principais causas dos elevados índices de morbidade e mortalidade mundiais

(BARREIRO et al., 2005; SELVARAJ et al., 2009).

Alguns estudos relatam que tanto pacientes com AIDS, quanto pacientes com

TB, apresentam perfis distintos quanto à susceptibilidade e/ou resistência a infecção

e/ou desenvolvimento da doença (BELLAMY, 1998; LAMA; PLANELLES, 2007;

BORGGREN et al., 2008; SELVARAJ et al., 2009).

A susceptibilidade e/ou resistência para essas infecções e muitas outras

enfermidades humanas é atribuída a uma complexa interação entre fatores

ambientais e fatores genéticos do hospedeiro, onde algumas regiões do genoma

humano são consideradas como pontos quentes para susceptibilidade a doenças

infecciosas (BELLAMY, 1998; BURGNER et al., 2006).

Neste sentido, tais enfermidades vêm sendo utilizadas como modelos de

estudos genéticos para várias regiões do genoma humano, visando entender o

papel de polimorfismos genéticos, em genes da imunidade, na susceptibilidade e

resistência/proteção contra agentes invasores, tais como vírus e bactérias

(BELLAMY, 1998; LAMA; PLANELLES, 2007; KOIZUMI et al., 2007; BORGGREN et

al., 2008; VANNBERG et al., 2008; SELVARAJ et al., 2009).

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4

2.1.1 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)

A AIDS é uma doença infecciosa, caracterizada pela perda progressiva de

linfócitos T helper CD4+, que conduz a uma severa deficiência imune, doença

constitucional (sinais e sintomas com período de duração maior que um mês: febre,

diarréia e perda de peso), infecções oportunistas, agravos neurológicos e neoplasias

que normalmente não ocorrem em pessoas imunocompetentes (HUTCHINSON,

2001; WEISS, 2008).

2.1.1.1 Histórico

Os primeiros seres humanos a entrarem em contato com o vírus,

provavelmente viviam em florestas, praticando atividades silvícolas, como a caça, e

na maioria das vezes morriam sem nunca entrar em contato com outras pessoas. No

entanto, a disseminação viral para os centros urbanos, teve início, após a Segunda

Guerra Mundial, impulsionada pelo aumento do êxodo rural, e coincidentemente,

com o crescimento da prostituição e do uso de drogas injetáveis (GALLO, 2006).

Os primeiros registros oficiais de indivíduos com AIDS datam de 1981,

quando jovens homossexuais de Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles (USA)

foram diagnosticado com pneumonia ocasionada por Pneumocystis carinii e

sarcoma de Kapose, apresentando uma forte depleção de células T helper CD4+.

No entanto, não se tinha conhecimento das causas dessa deficiência imune (WEISS,

2008).

Em 1982, a doença passou a ser denominada de Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e ficou clara a existência de um agente infeccioso

capaz de induzir a doença, visto que a mesma se fazia presente, entre usuários de

drogas e em indivíduos submetidos a transfusões sanguíneas. Com a manifestação

da doença em pacientes com Hemofilia, especulou-se que a AIDS era ocasionada

por algum tipo de vírus, sendo identificado o primeiro grupo de risco a infecção,

denominado de “Os quatro Hs” (hemofílicos, viciados em heroína, homossexuais e

haitianos) (GALLO, 2006; WEISS, 2008).

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5

Em 23 de maio de 1983, Françoise Barré-Sinoussi e colaboradores,

conduzidos por Luc Montagnier, no Instituto Pasteur em Paris, publicaram a

descrição de um tipo viral desconhecido em pacientes com linfadenopatia,

denominado de LAV (Vírus associado à Linfadenopatia). No mesmo ano, Robert

Gallo e Max Essex, nos Estados Unidos, descreveram o outro tipo viral, o HTLV-III

(Vírus Linfotrópico Humano tipo III), como possível causa da AIDS (GALLO, 2006;

WEISS, 2008).

A partir de então, outros trabalhos foram publicados associando o HIV com a

AIDS, no entanto, com nomenclaturas diferentes. Após clonagem e sequenciamento

do material genético viral, percebeu-se que todos os vírus descritos se tratavam de

uma única espécie. Assim em 1986, um comitê internacional, liderado por Harold

Varmus recomendou o termo “Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV” (WEISS,

2008).

Em 1984, os primeiros testes sorológicos anti-HIV se tornaram disponíveis

para o mundo, ajudando a esclarecer que a AIDS era ocasionada pelo vírus HIV e

que não estava restrita a países ocidentais (WEISS, 2008).

Em 1986, a primeira droga anti-retroviral, a azidotimidina, foi submetida a

ensaios clínicos, não obtendo resultados satisfatórios. Depois dessa, várias outras

drogas foram desenvolvidas e testadas, obtendo bons resultados. No entanto, em

1996, entrou em cena, a terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART), um coquetel

de drogas anti-HIV, que promoveu uma verdadeira revolução no tratamento,

reduzindo em até 70%, as taxas de mortalidades pela doença (WEISS, 2008).

Em 1999, Gao e colaboradores, obtiveram evidências concretas que o

hospedeiro natural do vírus HIV era uma espécie de chimpanzé, Pan troglodytes

troglodytes (GAO et al., 1999).

Atualmente, dois tipos de vírus HIV são responsáveis pela promoção da

infecção, o HIV-1 e o HIV-2. O HIV-1 foi identificado em 1983, e acomete a maior

parte do mundo. Enquanto o que o HIV-2, isolado em 1986 pelo grupo de

Montagnier, foi primariamente detectado na África Ocidental, sendo

significativamente mais prevalentes nessa região e também em países como

Portugal e na Índia, com raros casos em países ocidentais, Coréia e Filipinas

(ARVIEUX, 2005; WEISS, 2008).

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6

2.1.1.2 Epidemiologia

A AIDS é considerada a principal causa de morte por doenças infecciosas no

mundo. Desde o início da epidemia até os dias atuais, mais de 60 milhões de

pessoas foram infectadas e cerca de 30 milhões vieram a óbito em decorrência da

infecção pelo vírus HIV (UNAIDS, 2010).

Segundo o Relatório Anual do Programa da Junta das Nações Unidas para

HIV-AIDS (UNAIDS) divulgado em 2010, com base em dados do ano de 2009,

estima-se que em média 33,3 milhões de pessoas se encontram vivendo com

HIV/AIDS. Adicionalmente, foram estimadas 2,6 milhões de novas infecções e 1,8

milhões de óbitos em todo mundo (Tabela 1) (UNAIDS, 2010).

Tabela 1: Estimativa Mundial da Epidemia da AIDS em 2009, segundo o Relatório Anual do UNAIDS 2010.

Número de Pessoas que Convivem com o HIV em

2009

Total 33.3 milhões (31.4 – 35.3)

Adultos 30.8 milhões (29.2 – 32.6)

Mulheres 15.9 milhões (14.8 – 17.2)

Crianças < 15 anos 2,5 milhões (1.6 – 3.4)

Pessoas infectadas com HIV

Total 2.6 milhões (2.3 – 2.8)

Adultos 2.2 milhões (2.0 – 2.4)

Crianças < 15 anos 370 mil (230 – 510 mil)

Mortos em 2009

Total 1.8 milhões (1.6 – 2.1)

Adultos 1.6 milhões (1.4 – 1.8)

Crianças < 15 anos 250 mil (150 – 360 mil)

Fonte: UNAIDS (2010).

Apesar do grande contingente de indivíduos adultos convivendo com a

doença, um expressivo número de crianças reforçam os indicadores

epidemiológicos. Somente em 2009, 370 mil crianças nasceram portando o vírus

HIV, aumentando para 2,5 milhões o número total de crianças com menos de 15

anos vivendo com o vírus em todo mundo (Tabela 1) (UNAIDS, 2010).

No Brasil, estima-se que aproximadamente 630 mil pessoas vivam com o HIV,

representando um terço de todas as pessoas infectadas nas Américas Central e do

Sul. Desde o início da epidemia em 1980 até 30 de junho de 2010, foram

diagnosticados 559.914 casos e registradas 229.222 mortes em decorrência da

doença (Tabela 2). Adicionalmente, já foram notificados 13.061 casos de crianças

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7

brasileiras que adquiriam o vírus HIV, via transmissão vertical (MINISTÉRIO DA

SAÚDE/BRASIL, 2010; UNAIDS, 2010;).

Dentre as regiões do país mais afetadas, a região Sudeste apresenta o maior

percentual de notificações (61,5%), com 323.069 registros da doença, seguida pelas

regiões Sul (20,6%) e Nordeste (13,3%). As regiões Centro-Oeste e Norte

concentram 6,1% e 4,4% dos casos, respectivamente. Dos 5.564 municípios

brasileiros, 87,5% (4.867) registram pelo menos um caso da doença (MINISTÉRIO

DA SAÚDE/BRASIL, 2010).

Tabela 2. Indicadores Epidemiológicos da Epidemia de HIV/AIDS no Brasil.

Indicadores Epidemiológicos

Brasil

Indicadores por Região do País

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul Centro-Oeste

Casos diagnosticados 559.914 24.745 74.364 344.150 115.598 34.057 Incidência** 20,1 20,1 13,9 20,4 32,4 18,0

Óbitos* 229.222 7.218 24.086 149.298 37.772 10.848 Mortalidade** 6,2 5,7 4,1 6,7 8,8 4,8

Fonte: Ministério da Saúde * Registros de 1980 até 30/06/2010; ** A cada 100.000 habitantes - ano base de 2009

De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS 2010, em uma versão

preliminar, o estado de Pernambuco apresentou, no período de 11 anos (1998 a

2009), um crescimento de 113% no número de casos de AIDS. Apenas em 2009, em

Pernambuco, foram confirmados 1.651 casos de AIDS, alcançando o 2º lugar em

número de casos no Nordeste, bem como, o 1º e 12º lugar em incidência entre os

estados nordestinos e no Brasil, respectivamente, com 18,7 pessoas infectadas a

cada 100 mil habitantes. No acumulado da epidemia, o estado ocupa o 1º lugar no

Nordeste, em número de casos (18.019) e em número de óbitos (6.928) e o 2º lugar

em número de crianças infectadas menores que 5 anos de idade (405 casos), com

uma incidência de 2,7 casos a cada 100 mil habitantes (MINISTÉRIO DA

SAÚDE/BRASIL, 2010).

A cidade do Recife se destaca como a 4ª capital brasileira com maior taxa de

incidência da doença, com 58,4 indivíduos infectados para cada 100 mil habitantes,

segundo estimativas para 2009 (MINISTÉRIO DA SAÚDE/BRASIL, 2010).

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8

2.1.1.3 Agente Etiológico – Vírus da Imunodeficiência Humana

2.1.1.3.1 Estrutura do HIV-1

O vírus da imunodeficiência humana (HIV), pertence à família Retroviridae,

sub-família Lentivirinae e ao gênero dos Lentívirus, o qual é responsável por uma

infecção crônica que, gradualmente danifica o sistema imunológico do hospedeiro

(BEER et al., 1999; HAHN et al., 2000; HUTCHINSON, 2001).

O HIV possui uma forma esférica, com cerca de 100 nm de diâmetro, estando

envolvido por uma bicamada lipídica, originária da célula hospedeira, e incrustadas

na membrana se encontram duas glicoproteínas: uma transmembranar (gp41) e

outra de superfície (gp120), as quais atuam na fusão da membrana e na ligação a

receptores celulares, respectivamente. Adicionalmente, outras proteínas de

membrana, originárias da célula hospedeira, também fazem parte da constituição da

membrana viral (Figura 1) (HAHN et al., 2000; HUTCHINSON, 2001) .

Figura 1. Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Em destaque as duas fitas de RNA, a enzima transcriptase reversa, a membrana lipídica, a matriz protéica, e as glicoproteínas do envelope viral (gp120 e gp41). Fonte: www.stanford.edu/gruop/virus/retro/2005gongishmail/HIV.html

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9

Sob a membrana viral, encontra-se uma matriz estrutural, constituída pela

associação de proteínas de matriz (p17), as quais são, igualmente, necessárias para

incorporação do complexo gp120-gp41 na formação de novos vírus (YU et al., 1992;

HUTCHINSON, 2001).

O RNA viral está localizado no centro da estrutura viral, inserido em um

capsídeo de forma cônica, formado por várias unidades da proteína p24. O genoma

viral é composto por duas moléculas de RNA de fita simples, com aproximadamente

9200 nucleotídeos (STINE, 2000; HUTCHINSON, 2001).

Além do RNA, o capsídeo viral, também possui nucleoproteínas

estabilizadoras de RNA (p7), enzimas virais e proteínas acessórias. As enzimas

virais como: a transcriptase reversa, proteases e integrases, relacionam-se com a

transcrição viral, processamento de proteínas virais e integração do material

genético viral ao genoma hospedeiro, respectivamente. Já as proteínas acessórias

como: Nef (p27), Rev (p19), Tat (p14), Vif (p23), Vpr (p18) e Vpu (p15), estão

relacionadas, respectivamente, com a estimulação da replicação, regulação da

repressão do mRNA viral, a transativação, infectividade viral, auxílio na replicação

viral e processamento de proteínas (LEVY, 1993; EMERMAN; MALIM, 1998;

TURNER; SUMMERS, 1999; HUTCHINSON, 2001).

Considerando que o HIV pertence à família do retrovírus, detém a capacidade

de reverter à direção usual da informação genética dentro da célula hospedeira,

visando produzir suas proteínas e promovendo a transcrição reversa do RNA viral,

através da enzima transcriptase reversa (TURNER; SUMMERS, 1999; STINE, 2000;

HUTCHINSON, 2001).

2.1.1.3.2 Ciclo Viral

O ciclo viral tem início com a ligação do HIV-1 a receptores CD4 e co-

receptores, como: CCR5 e CXCR4, resultando na fusão do envelope viral com a

membrana da célula hospedeira. À medida que ocorre a fusão entre membranas, o

material genético viral é liberado para o citoplasma, entrando em ação a

transcriptase reversa, que percorre a fita de RNA produzindo uma fita de DNA

complementar. Depois de construída a primeira fita de DNA, a transcriptase reversa,

dará início à formação da segunda fita de DNA, usando a primeira como molde

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10

(GREENE, 1993; STINE, 2000; HUTCHINSON, 2001; FREED, 2001, GRINGHUIS et

al., 2010) (Figura 2).

A dupla fita de DNA viral recém-formada, é direcionada para o interior do

núcleo celular, onde através da ação da integrase, é inserida no genoma

hospedeiro, tornando-se um provírus, promovendo a infecção celular permanente. O

provírus pode permanecer em latência ou pode induzir a expressão de genes virais

pela maquinaria de transcrição da célula hospedeira (GREENE, 1993; EMERMAN;

MALIM, 1998; STINE, 2000; HUTCHINSON, 2001; FREED, 2001; GRINGHUIS et

al., 2010) (Figura 2).

Figura 2. Ciclo Viral. Inicialmente os vírus entram na célula (1), em seguida a enzima trascriptase reversa produz a dupla fita de DNA viral (2), a partir do RNA genômico. A dupla fita de DNA move-se para dentro do núcleo, e se insere no DNA do hospedeiro tornando-se um provírus (3). A molécula de DNA hospedeiro com o DNA viral integrado é transcrita (4) e traduzida (5). As proteínas virais se unem ao RNA viral formando novos vírus (6), os quais deixam a célula hospedeira (7). Fonte: http://www.ctv.es/USERS/fpardo/virus.htm

Após infecção da célula hospedeira, o HIV pode induzir a transcrição em duas

fases distintas. Na primeira fase, com duração aproximada de 24 horas, o vírus

induz a maquinaria da célula hospedeira a transcrever o DNA proviral em cópias

complementares de RNA, as quais passam por mecanismos de splicing, para

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11

retirada de regiões não codificantes, gerando um RNA mensageiro maduro, que

posteriormente, será traduzido em proteínas regulatórias essenciais para produção

de novos vírus. Após a tradução, tais proteínas, são encaminhadas para o

citoplasma (EMERMAN; MALIM, 1998; STINE, 2000; HUTCHINSON, 2001; FREED,

2001; GRINGHUIS et al., 2010).

Na segunda fase de transcrição, o transcrito de RNA sem sofrer splicing,

torna-se uma nova fita viral, migrando para o citoplasma, onde duas novas classes

de RNA, com tamanhos diferenciados, são produzidas. As fitas longas, com

aproximadamente 9749 bases e sem processamento por splicing, constitui o

genoma viral. Por outro lado, os transcritos de comprimento médio de 4500 bases,

submetidos ao splicing, chamados de virions, serão responsáveis pela codificação

de proteínas estruturais e enzimáticas do vírus. Todo esse material, é encerrado no

interior de proteína do núcleo viral e formado, assim, novos vírus, posteriormente

direcionados para o exterior da célula (GREENE, 1993; STINE, 2000;

HUTCHINSON, 2001; FREED, 2001; GRINGHUIS et al., 2010).

Os principais alvos do HIV-1 são linfócitos T CD4+, macrófagos e células

dendríticas (DCs). A depleção de células T CD4+ pode ser ocasionada por danos

oriundos da infecção viral, que conduzem a morte celular programada ou a

processos apoptóticos, visto que o HIV detém a capacidade de burlar o sistema

imune. O sistema imune passa a atacar o próprio sistema imune, e também podem

formar sincícios, que são células saudáveis dispostas ao redor de uma célula T CD4

infectada com o vírus, conduzindo a perda da função imune (PANTALEO et al.,

1993; STINE, 2000; HUTCHINSON, 2001; FREED, 2001).

2.1.1.3.3 Curso da Infecção pelo HIV

A infecção primária pelo vírus HIV resulta em altos níveis de viremia (vírus no

sangue), podendo ser acompanhada por alguns sintomas, como: febre, diarréia e

linfadenopatia. Esta fase se caracteriza por altos níveis de replicação viral e alta

carga viral (HUTCHINSON, 2001; WEISS, 2008).

Na infecção aguda, a sintomatologia se assemelha a uma gripe, com febre e

dores musculares, que duram poucas semanas (STINE, 2000; HUTCHINSON, 2001;

WEISS, 2008).

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12

Depois de 6 a 18 semanas da infecção primária, os anticorpos gerados contra

o vírus, começam ser detectados, aparecendo no soro sanguíneo, caracterizando a

soroconversão. A partir desse ponto, o isolamento do vírus do soro sanguíneo,

torna-se muito difícil (HUTCHINSON, 2001; WEISS, 2008).

O período assintomático é caracterizado por baixos níveis de replicação viral,

intercalados com períodos de elevação na viremia e pelo lento, porém, constante

decréscimo do número de células CD4+ (HUTCHINSON, 2001; WEISS, 2008).

O período de incubação (aproximadamente 10 anos) entre a infecção e o

desenvolvimento da AIDS é considerando longo e variável, estando intimamente

relacionado com o estado de latência da infecção, a qual pode ser ocasionada por

redução da quantidade de proteínas e RNA virais sob regulação de genes virais

(HUTCHINSON, 2001; SIVAPALASINGAM et al., 2005).

A latência pode estar relacionada, também, com a dicotomia existente entre

os níveis virais e a replicação viral em órgãos linfóides versus sangue periférico.

Estudos relatam a presença do HIV em tecidos linfóides durante a fase de latência

clínica, mesmo quando a atividade viral no sangue é mínima (PANTALEO et al.,

1993; HUTCHINSON, 2001).

Adicionalmente, DCs foliculares, em gânglios linfáticos, estão em contato com

o HIV desde o início da infecção, o que pode possibilitar a interação entre proteínas

do envelope viral e o sistema imune. Inicialmente, os linfonodos podem atuar na

contenção do vírus, no entanto, o vírus pode sofrer alterações que permitam sua

evasão da resposta imune, ocasionando a fase latente da doença (HUTCHINSON,

2001).

A AIDS caracteriza-se por ser o estágio final de um processo patogênico

progressivo e contínuo, envolvendo imunodeficiência profunda, infecções

oportunistas e neoplasias (HUTCHINSON, 2001; WEISS, 2008).

Durante a fase crônica, observa-se uma lenta e constante redução do número

de linfócitos T CD4+ ou de seus indutores, em indivíduos que desenvolveram AIDS.

O número de linfócitos T CD4 no sangue passa de 1000 por milímetro cúbico para

menos de 100 (GREENE, 1993; HUTCHINSON, 2001; WEISS, 2008).

Embora a patogênese do HIV seja semelhante em pacientes com HIV-1 e

HIV-2, a deficiência imunológica é menos grave, e a progressão da doença é mais

lenta em pacientes HIV-2 (HUTCHINSON, 2001; WEISS, 2008).

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13

2.1.1.3.4 Transmissão do HIV-1

A transmissão do vírus HIV-1 ocorre por meio do contanto entre fluídos

corporais, oriundos de indivíduos infectados (sangue e sêmen), com regiões de

mucosas ou com ferimentos, através da exposição sexual (homossexual e

heterossexual), da exposição intravenosa entre usuários de drogas

(compartilhamentos de objetos pontiagudos e perfurantes) e durante procedimentos

de transfusões sanguíneas, ou mesmo, através da exposição vertical (transmissão

de mãe para filho) (SHWARTZ; NAIR, 1999; HUTCHINSON, 2001; NAARDING et

al., 2005).

Outras secreções corporais como: secreções vaginais e leite materno, são

mais efetivas em transmitir o vírus que fluídos deficientes em células, como: saliva,

urina e lágrima (SHWARTZ;NAIR, 1999; HUTCHINSON, 2001).

A transmissão de mãe para filho, também conhecida como transmissão

vertical, é responsável por mais de 40% de todas as infecções pelo HIV-1 em

crianças e pode ocorrer durante (SMITH et al., 2003; LUZURIAGA et al., 2007):

a gravidez (transmissão transplacentária ou intra-uterina), através da

placenta;

o parto (transmissão intraparto), através de líquidos amnióticos, sangue

contaminado e secreções do colo uterino;

a amamentação (transmissão pós-parto), através do leite materno.

Alguns fatores independentes têm sido associados com a transmissão vertical

do HIV-1, como: elevada carga viral materna, baixa quantidade de células T CD4+,

parto normal e baixa idade gestacional (NAARDIND et al., 2005; BOILY-LAROUCHE

et al., 2009).

Estimativas mundiais indicam que, sem intervenção medicamentosa

específica, a taxa de transmissão do HIV-1 de mãe para filho é de 15 a 45%

(LUZURIAGA et al., 2007), mas, o uso de terapias anti-retrovirais, reduz esse

percentual para 2%. Entretanto, o acesso limitado ao diagnóstico e a medicamentos

em países pobres, reduz o impacto potecial dessa estratégia (BOILY-LAROUCHE et

al., 2009).

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14

2.1.2 Tuberculose (TB)

A Tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada por um bacilo álcool-

ácido resistente, que inicialmente se localiza nos alvéolos pulmonares, e depois de

englobados por macrófagos, são transportados para linfonodos. Após a

multiplicação intracelular, desencadeia-se o processo de imunidade celular,

resultando em alterações inflamatórias com surgimento de lesão primária, que

envolve vasos linfáticos e linfonodos, formando granuloma de aspecto característico

(complexo de Gohn) que pode ser reconhecido radiologicamente (MÖLLER; HOAL,

2010).

2.1.2.1 Histórico

Inicialmente, pensava-se que o contato entre o bacilo e a espécie humana,

tinha ocorrido durante o processo de domesticação do gado, por volta de 8.000 a

4.000 a.C., onde a exposição do homem ao Mycobacterium bovis (bacilo que

também causa TB), através da ingestão de carne e leite, teria levado o agente

infeccioso a desenvolver estratégias de adaptação ao hospedeiro, evoluindo para

uma nova espécie, o M. tuberculosis (HASS; HASS, 1996). No entanto, evidências

moleculares demonstraram justamente o contrário, M. tuberculosis parece fazer

parte de um grupo relativamente diverso de bacilos, mais relacionados com uma

linhagem fundadora que ao M. bovis, demonstrando que ambas as espécies

evoluíram paralelamente de um ancestral comum, dotado da capacidade de infectar

tanto o homem quanto o gado (BROSCH et al., 2002; GUTIERREZ et al., 2005).

A baixa variabilidade genética apresentada pelo M. tuberculosis sugere que a

população pode ter resultado de uma expansão clonal, seguida de um efeito de

gargalo de garrafa, ocorrido entre 15.000 e 35.000 anos (BROSCH et al., 2002;

GUTIERREZ et al., 2005; ARNOLD, 2007). Neste sentido, nos pulmões humanos, o

M. tuberculosis, encontrou um micro-ecossistema favorável para sua sobrevivência,

adotando um nicho intracelular especializado em macrófagos e células fagocitárias

do sistema imunológico (DANIEL, 1997).

Page 33: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

15

Um dos primeiros relatos da doença no mundo foi para a tuberculose

pulmonar, em textos indianos bastante antigos, conhecidos desde a época de

Hipócrates (BLOOM; MURRAY, 1992). Adicionalmente, traços da doença, como

deformidades ósseas, foram encontrados em esqueletos humanos datados de 8.000

a 5.000 a.C. em diversos países europeus, e em múmias egípcias (3.500 a 4.000

a.C.) (COBERLY; CHAISSON, 2001) e peruanas (Período Pré-Colombiano)

(BROSH et al., 2002).

Expecula-se que as viagens expansionistas européias atuaram de forma

significativa para a dispersão do bacilo pelo mundo. Aliado a esse fato, a revolução

industrial, alterou a dispersão da população, que deixou a vida no campo para

habitar as grandes cidades, onde as aglomerações humanas, as precárias medidas

sanitárias e o péssimo estágio nutricional da população, contribuíram para o

aumento da dispersão e da susceptibilidade a doença, conduzindo milhares de

pessoas à morte (CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003).

No Brasil, a TB provavelmente foi introduzida pelos portugueses e

missionários jesuítas, a partir do ano de 1500 (RUFFINO-NETO, 2002).

A primeira demonstração formal que a TB, era uma enfermidade contagiosa,

foi realizada em 1865 por Jean-Antoine Villemin, o qual executou sucessivas

transferências de pus e fluídos provenientes de lesões humanas e bovinas para

coelhos saudáveis, que, posteriormente, desenvolveram a doença (BLOOM;

MURRAY, 1992).

Em 1882, Robert Koch surpreendeu o mundo, com o isolamento e o cultivo do

M. tuberculosis, obtidos de macerados de tubérculos. Seus experimentos foram

responsáveis pela identificação da bactéria como agente etiológico da TB.

Adicionalmente, em 1890, Koch anuncia a descoberta da tuberculina, um estrato

purificado de proteínas do bacilo, que se tornou uma das principais ferramentas de

diagnóstico (BLOOM;MURRAY, 1992; BELLAMY, 1998; DUCATI et al., 2006).

Além destas importantes descobertas, Koch também desenvolveu

importantes métodos de coloração utilizados na identificação do bacilo, os quais

foram, subsequentemente, melhorados pelo bacteriologista Paul Ehrlich, dando

origem à coloração de Ziehl-Nielsen, empregada no diagnóstico de TB ativa

(DUCATI et al., 2006). As descobertas de Koch abriram caminho para o

desenvolvimento de terapias mais eficientes no tratamento da TB.

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Em 1916, Albert Calmatte e Camille Guérin, conseguiram isolar uma linhagem

avirulenta de M. bovis, que após sucessivas repicagens foi inoculada em uma

criança cuja mãe havia morrido no parto por TB, criando assim, a vacina BCG

(Bacilo de Calmette-Guérin), a qual é amplamente utilizada no combate à TB de

maneira profilática em crianças até os dias atuais (BLOOM; MURRAY, 1992;

DUCATI et al., 2006).

No final dos anos 40, a introdução dos primeiros antibióticos como: a

estreptomicina (1947), a isoniazida e o ácido p-amino-salicílico, foi responsável por

uma considerável revolução nos tratamentos quimioterápicos para TB, promovendo

significativa redução das taxas de mortalidade pela doença no mundo

(BLOOM;MURRAY, 1992).

Com o decorrer dos anos, outros importantes fármacos foram desenvolvidos e

introduzidos no tratamento, como o etambutol e a rifampicina, no entanto, fatores

como: tempo de tratamento (seis meses), efeitos colaterais das drogas e a presença

de bacilos multirresistentes, têm dificultado a luta contra o bacilo (PETRINI;

HOFFNER, 1999).

2.1.2.2 Epidemiologia

A TB, apesar de ser uma doença milenar e de profilaxia com eficiência

considerável, é responsável pela infecção de um terço da população mundial,

destacando-se como a segunda causa de morte por doenças infecciosas no planeta

(WHO, 2010).

Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, em 2009 foram

registrados cerca de 9,4 milhões de novos casos de TB, correspondendo a

incidência de 137 casos a cada 100 mil indivíduos (Figura 3), e uma mortalidade de

aproximadamente 1,3 milhões de mortes, equivalendo a 20 mortes a cada 100 mil

indivíduos. Em termos absolutos, 14 milhões de pessoas se encontram com a

doença, correspondendo a prevalência de 200 casos para cada 100 mil indivíduos

do planeta (WHO, 2010).

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Figura 3. Incidência global da tuberculose para o ano de 2009. Fonte: World Health Organization, 2010.

O Brasil, apesar de avanços consideráveis no combate a doença, ainda

ocupa a 19ª posição entre as 22 nações que concentram 80% dos casos de TB no

mundo (WHO, 2010).

Apenas para o ano de 2009, foram estimados 87 (72-100) mil novos casos,

correspondendo a 45 casos a cada 100 mil indivíduos. Em termos absolutos, foram

estimados 96 (36 – 160) mil casos, equivalendo a uma prevalência de 50 casos a

cada 100 mil indivíduos. Quanto a mortalidade, 4 (2-7,5) mil óbitos foram registrados,

correspondendo a uma taxa de aproximadamente 2,1 mortes a cada 100.000

indivíduos, excluindo pacientes com co-infecção HIV/TB (WHO, 2010).

O estado de Pernambuco se destaca no cenário nacional, como a terceira

maior incidência, com 47,6 casos de TB a cada 100 mil habitantes, ficando atrás

apenas de estados como Rio de Janeiro (68,64 casos por 100 mil habitantes) e

Amazonas (67,88 por 100 mil habitantes). Apenas em 2010, foram confirmados mais

2.449 casos da doença em solo pernambucano (MINISTÉRIO DA SAÚDE/BRASIL,

2010).

2.1.2.3 Agente Etiológico – Mycobacterium tuberculosis

Atualmente são conhecidas mais de 120 diferentes espécies de

micobactérias, incluídas no gênero Mycobacterium. Este gênero taxonomicamente,

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18

pertence à família Mycobacteriaceae e a ordem Actinomycetales (FRONTHINGHAM,

1995, TORTOLI, 2006).

O gênero Mycobacterium compreende espécies saprófitas de solo e uma

minoria de espécies patogênicas a espécie humana, causando enfermidades como:

a TB (M. tuberculosis, M. bovis e M. africannum) e lepra (M. lepra). Sua

nomenclatura foi inspirada nas características das culturas, que apresentam colônias

filamentosas semelhantes a culturas fúngicas. Ao microscópio, as micobactérias

formam bacilos típicos (TORTORA et al., 2005) (Figura 4).

Figura 4. Micrografia eletrônica do bacilo Mycobacterium tuberculosis.

Fonte: http://medicineworld.org/news/news-archives/infectiou-disease-news/March-9.2008.html

O M. tuberculosis é considerado uma forma de transição entre eubactérias e

os actinomicetos, medindo de 1 a 4 μm de comprimento por 0,3 a 0,6 μm de largura

e apresentado um complexo envelope celular e grande homogeneidade genética.

São bacilos imóveis, que não detêm a capacidade de produção de esporos e nem

de toxinas, sendo aeróbios estritos e possuindo como único reservatório, a espécie

humana. Por ser um parasita intracelular facultativo, pode sobreviver no interior de

células fagocitárias, estabelecendo sua infecção preferencialmente em pulmões,

onde em 90% dos casos se mantêm em estado de latência e sobre o controle do

sistema imunológico hospedeiro (KRITSKI et al., 2000).

As culturas micobacterianas são de coloração álcool-ácido resistentes, de

crescimento lento, com tempo de geração de 18 a 48 horas em meios artificiais e

modelos animais, com dependência de oxigênio, de nutrientes e do pH do meio

(KRITSKI et al., 2000; DUCATI et al., 2000).

A coloração álcool-ácido resistente, a resistência a drogas, a patogenicidade

e as taxas de crescimento lento das micobactérias, encontram-se relacionadas com

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19

a estrutura lipídica de sua parede celular, a qual é constituída por uma porção

externa de ácido micólico que garante a formação de uma camada cérea,

hidrofóbica (TORTORA et al., 2005).

2.1.2.3.1 Transmissão

No transcurso da história, é clara a tendência humana em se reunir em

grupos populacionais, possibilitando uma associação direta com a transmissão do

bacilo M. tuberculosis (COBERLY; CHAISSON, 2001). Em condições naturais, é

transmitido pela expulsão de gotículas nasais de um indivíduo infectado para não

infectado, através das vias aéreas (KAUFINANN; SCHAIBLE, 2003; CLARK-

CURTISS; HAYDEL, 2003; HERNANDEZ-PANDO et al., 2009).

Pacientes com TB ativa apresentam um quadro típico de tosse, em

decorrência de uma inflamação crônica pulmonar, constituindo o principal

mecanismo de disseminação do bacilo para novos hospedeiros (COBERLY;

CHAISSON, 2001).

Ao tossir, espirrar ou falar, bacilos contidos na secreção pulmonar são

atomizados em gotículas microscópicas, que sofrem evaporação e permanecem em

suspensão no ar, sob a forma de um núcleo infeccioso compostos por um ou dois

bacilos. Este pequeno núcleo, medindo aproximadamente 2 a 10 μm de diâmetro,

pode ser aspirado e ultrapassar os mecanismos de defesa inespecíficos da árvore

respiratória, alcançando os alvéolos pulmonares, se instalando e dando início ao

processo patológico (BLOOM; MURRAY, 1992; CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003).

Embora os tecidos pulmonares representem a principal porta de entrada e um

importante local para instalação e manifestação da doença, a TB pode se manifestar

em diferentes tecidos, instalando uma lesão progressiva diretamente proporcional ao

número de bacilos inalados e a sua virulência, e inversamente proporcionais à

resistência natural e adquirida do hospedeiro (CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003;

HERRMANN; LAGRANGE, 2005; HERNANDEZ-PANDO et al., 2009).

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20

2.1.2.4 Aspectos Imunopatológicos

Por se trata de uma doença crônica que essencialmente afeta os pulmões, a

TB ao longo de seu curso produz profundas alterações no sistema imunológico. Os

mecanismos imunológicos e patológicos atuam por meio de três tipos celulares:

células epiteliais, macrófagos e células dendríticas (DCs) (TAILLEUX et al., 2005;

NEYROLLES et al., 2006; HERNANDEZ-PANDO et al., 2009).

As células epiteliais alveolares se apresentam como fortes candidatas ao

posto de primeiro grupo celular a interagir com o patógeno, permitindo a replicação

do bacilo através da promoção de um ambiente pró-inflamatório, possibilitado pela

secreção da citocina interleucina-8 (IL-8) e pela produção de óxido nítrico

(HERNANDEZ-PANDO et al., 2009).

No entanto, a maioria dos estudos aponta os macrófagos alveolares como os

primeiros alvos para o M. tuberculosis (CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003;

HERRMANN; LAGRANGE, 2005; TAILLEUX et al., 2005; NEYROLLES et al., 2006).

Os macrófagos são responsáveis pelo englobamento de gotículas contendo o

bacilo. Uma vez internalizado em fagossomos, o M. tuberculosis promove a

liberação de fatores, bloqueiando a maturação dos fagossomos, impedindo o

processo de acidificação e a fusão com lisossomos, interferindo assim, na resposta

hospedeira (CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003; HERRMANN; LAGRANGE, 2005;

JÓZEFOWSKI et al., 2008).

O constante embate entre o bacilo, que tenta a todo custo sobreviver e se

multiplicar, e o sistema imune do hospedeiro, que visa conter e destruir o bacilo,

resulta em uma mudança constitucional do tecido no sítio da infecção, promovendo a

formação de tubérculos, que apresentam tecidos de característica sólida, com

inúmeros sítios de necrose, onde o bacilo pode se alojar e sobreviver, porém sem

prosperar (BLOOM; MURRAY, 1992; CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003).

Os macrófagos ativados promovem a destruição do bacilo, através do

recrutamento de células T, no limite externo do tubérculo. Se o tubérculo sofrer

necrose próximo a vasos sanguíneos, o bacilo pode adquirir a capacidade de se

disseminar para outras regiões do hospedeiro, continuando o ciclo de fagocitoses e

multiplicação em macrófagos. Mas, se o tubérculo necrosar na região dos

bronquíolos, o bacilo pode, potencialmente, ser transmitido para outros indivíduos

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21

através das vias aéreas (BLOOM; MURRAY, 1992; CLARK-CURTISS; HAYDEL,

2003).

A dispersão do bacilo do sítio inicial de infecção nos pulmões para outros

órgãos como: pleura, órgãos linfáticos, ossos, sistema urogenital, meninges,

peritônio e pele, ocorre através de vasos linfáticos e sanguíneos, sendo a principal

rota para manifestação de TB extra-pulmonar, responsável por 15% dos casos de

TB (BLOOM; MURRAY, 1992).

O sucesso da infecção pelo M. tuberculosis depende, entre outros fatores, da

capacidade do bacilo sobreviver a diferentes mudanças ambientais e da capacidade

de subverter a função natural dos macrófagos pela inibição da maturação dos

mesmos e da fusão de fagossomos e lisossomos (CLARK-CURTISS; HAYDEL,

2003; JÓZEFOWSKI et al., 2008).

Alguns indivíduos infectados possuem a capacidade de controlar o

crescimento micobacteriano, através do recrutamento de grandes quantidades de

macrófagos ativados e de células T citotóxicas para região do tubérculo, visando à

reposição funcional dos macrófagos inativos. No entanto, alguns infectados

perderam essa capacidade, resultando em um ineficaz controle bacteriano, que

permite o crescimento do bacilo e uma reação hospedeira inespecífica em tecidos

pulmonares, conduzindo à fase progressiva e destrutiva da doença (CLARK-

CURTISS;HAYDEL, 2003).

Os processos patológicos e inflamatórios são responsáveis pela manifestação

dos principais sintomas da doença, como: fraqueza, febre, dor no peito, tosse e

erosão de vasos sanguíneos (BLOOM; MURRAY, 1992).

A partir desse ponto do ciclo, os indivíduos infectados e imunocompetentes

podem detectar a presença do patógeno e dar início a geração de uma resposta

imune, a qual, inicialmente, caracteriza-se por ser uma resposta inflamatória

inespecífica, promovida por componentes da imunidade natural do hospedeiro, que

visam à destruição de macrófagos infectados pelo bacilo e células vizinhas não

infectadas. Na medida em que os macrófagos sofrem lise, os bacilos, contidos em

seu interior, são processados e apresentados ao sistema imune, conduzindo a uma

resposta imune humoral e celular específicas contra o M. tuberculosis (CLARK-

CURTISS; HAYDEL, 2003).

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22

A proteção a TB é efetuada, principalmente, através de dois mecanismos: a

ativação de macrófagos através de moléculas de interferon gama (IFN-γ) e da

interleucina 12 (IL-12), e da ativação da resposta celular através de células T helper

tipo 1 (Th1). Ademais, a destruição de M. tuberculosis por células T citotóxicas libera

uma combinação letal de perforinas e granulisinas, que podem contribuir para

proteção (KAUFINANN; SCHAIBLE, 2003; TAILLEUX et al., 2003; HERNANDEZ-

PANDO et al., 2009).

Juntamente com as células epiteliais e os macrófagos alveolares, as DCs têm

demonstrado desempenhar importante papel no contexto da TB (TAILLEUX et al.,

2005). Após a fase reativa inicial, onde a resposta imune inata é predominante e

direcionada a macrófagos ativados, entra em cena a resposta imune celular, a qual é

executada por DCs, visando restringir a infecção, conduzindo a uma fase crônica e

latente (GEIJTENBEEK et al., 2003; KOPPEL et al., 2004).

As DCs imaturas são observadas ao longo dos tecidos periféricos e na

mucosa do trato respiratório, atuando como sentinelas contra patógenos. A interação

entre o M. tuberculosis e as DCs imaturas, faz com que estas sofram maturação,

dando início assim, as suas primordiais funções: na captura, no processamento e na

apresentação de antígenos aos linfócitos T, por meio das proteínas do complexo

principal de histocompatibilidade (MHC) de classe II e outras moléculas não

clássicas de MHC (KAUFINANN; SCHAIBLE, 2003; GEIJTENBEEK et al., 2003;

TAILLEUX et al., 2005; HERNANDEZ-PRADO et al., 2009).

Além desses importantes papéis, as DCs ainda possuem a capacidade de

migração do sítio inicial da infecção, juntamente com o patógeno capturado, para

órgãos linfóides periféricos, onde ativam células T naïve e iniciam a resposta imune

adaptativa (TAILLEUX et al., 2003; TAILLEUX et al., 2005; ARENTZ; HAWN, 2007;

HERNANDEZ-PRADO et al., 2009).

Assim, torna-se clara a existência de um balanço dinâmico entre a

persistência do bacilo e o desenvolvimento das defesas hospedeiras, implicando,

diretamente, no risco de desenvolvimento da forma ativa da doença, o qual é

estimado entre 1 a 10% durante toda vida, porém, episódios imunossupressivos

(como: co-infecção com HIV-1, processos quimioterápicos, estresse, desnutrição,

diabetes, etc) exacerba esse risco, para uma taxa anual de 1 a 10% no primeiro ano

após imunossupressão (CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003; HERRMANN;

LAGRANGE, 2005; HERNANDEZ-PANDO et al., 2009).

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23

Enfim, o bacilo M. tuberculosis pode fazer uso de uma via supressiva,

desbalanceando a via pró-inflamatória (protetora), em favor de uma resposta anti-

inflamatória (supressiva), conduzindo o escape do patógeno a resposta imune

(KAUFINANN; SCHAIBLE, 2003).

2.2 Mecanismos Imunológicos Envolvidos na Resposta Hospedeira a

Patógenos

Ao longo do processo evolutivo, o organismo humano esteve

permanentemente exposto a uma grande diversidade de microrganismos, muitos

com características patogênicas. Essa exposição possibilitou o desenvolvimento de

um sistema de defesa dotado da capacidade de reconhecimento e combate a

agentes infecciosos, o sistema imunológico (MEDZHITOV; JANEWAY, 2002).

O sistema imunológico tem como função primordial, o reconhecimento e a

eliminação de agentes estranhos ao hospedeiro, seja pela remoção de células

mortas e/ou danificadas, e/ou pela destruição de células mutantes e cancerosas

(SIERRA et al., 2005; MAGNADÓTTIR, 2006).

O sistema imune humano, didaticamente, encontra-se subdividido em dois

ramos principais: a imunidade inata e a imunidade adquirida, ambas envolvidas em

respostas diferenciadas frente à patógenos, graças aos sistemas de

reconhecimento, tipos celulares e mecanismos de ação diferenciados, formando um

complexo sistema de interações e respostas com maior eficiência no controle e/ou

eliminação de patógenos (KIMBRELL; BEUTLER, 2001).

O sistema imune inato atua na primeira linha de defesa hospedeira, estando

envolvido no reconhecimento inicial e no englobamento de patógenos por células

fagocitárias profissionais tais como: DCs e macrófagos, através de receptores da

linhagem germinativa, conhecidos como receptores de reconhecimento padrões

(PRRs). Essas proteínas, presentes na superfície de células fagocitárias, ligam-se a

componentes microbianos conservados expressos por patógenos, denominados de

padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), desencadeando a resposta

imune (KIMBRELL; BEUTLER, 2001; SU et al., 2003).

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24

Os PRRs se encontram envolvidos no processo de fagocitose e na

apresentação de antígenos, bem como, na sinalização intracelular e na secreção se

citocinas (KIMBRELL; BEUTLER, 2001).

A eficiência no reconhecimento inicial do patógeno pelo sistema imune inato,

é primordial para o desencadeamento de sinais endógenos que promovem a

indução da resposta imune adaptativa. Essa integração entre a resposta imune inata

e adaptativa pode resultar em importantes consequências na patogênese de

doenças infecciosas (KIMBRELL; BEUTLER, 2001; BEM-ALI et al., 2007).

Diversos trabalhos têm sugerido que alguns patógenos, como o vírus HIV-1 e

o bacilo M. tuberculosis, podem fazer uso de alguns PRRs para escapar da resposta

imunológica. Dentre os PRRs, destacam-se os receptores DC-SIGN (“Dendritic cell-

specific intercellular adhesion molecule-grabbing non-integrin”) e L-SIGN

(“Liver/lymph node-specific intercellular adhesion molecule-grabbing non integrin”),

os quais possuem a capacidade de ligação a ambos patógenos e atuam como uma

ponte entre a imunidade inata e adaptativa (KAUFMANN; SCHAIBLE, 2002; van

KOOYK; GEIJTENBEEK, 2003; van KOOYK, 2008).

2.2.1 Receptores DC-SIGN e L-SIGN

Os receptores DC-SIGN e L-SIGN descritos, respectivamente, por Curtis et al.

(1992) e Yokoyama-Kobayashi et al. (1999), são longas proteínas integrais trans-

membranas do tipo II, com pesos moleculares de aproximadamente 45.774 Da (DC-

SIGN) e 45.350 Da (L-SIGN), caracterizadas com lectinas tipo C, com forte

dependência de íons de cálcio e com alta afinidade de ligação em componentes

contendo carboidratos (STEINMAN, 2000; SOILLEUX, 2002; CHAUDHARY et al.,

2008; KHOO et al., 2008 A; WANG; PANG, 2008).

DC-SIGN e L-SIGN humanas são codificadas por genes pertencentes à

família CD209 (CD209 e CD209L, respectivamente), que juntamente com o gene

CD23, formam um agrupamento gênico, originado, provavelmente, de eventos de

duplicação gênica (SOILLEUX et al., 2000; MUMMIDI et al., 2001; BARREIRO et al.,

2005; ORTIZ et al., 2009).

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25

Os genes CD209 e CD209L estão localizados no cromossomo 19p13.2-3 e

devido a sua grande proximidade física (~15 kb), encontram-se em equilíbrio de

ligação (SOILLEUX et al., 2000; BASHIROVA et al., 2001). Compartilham uma

mesma distribuição de introns e éxons (5 introns e 7 éxons) e apresentam,

aproximadamente, 77% de identidade entre suas sequências de aminoácidos

(BASHIROVA et al., 2001; PÖHLMANN et al., 2001; GEIJTENBEEK et al., 2001;

SOILLEUX, 2003; KHOO et al., 2008 A).

A principal diferença entre DC-SIGN e L-SIGN está em sua expressão em

diferentes tipos celulares (SOILLEUX et al., 2002; SOILLEUX, 2003).

DC-SIGN é altamente expresso em monócitos, em DCs derivadas de

monócitos, subconjuntos de DCs imaturas e maturas, e macrófagos; em vários

tecidos, como: derme, mucosa, baço, placenta (macrófagos especializados da

decídua e células de Hofbauer nos vilos coriônicos) e pulmões (macrófagos

especializados dos alvéolos pulmonares) (GEIJTENBEEK et al., 2000; SOILLEUX et

al., 2002; GUO et al., 2004; LIU et al., 2005; WU; KEWALRAMANI, 2006; van

KOOYK, 2008).

Em contraste, L-SIGN não é expresso em DCs in vivo, e/ou DCs derivadas de

monócitos in vitro. Sua expressão está limitada a células endoteliais presente em

tecidos como: linfonodos (células endoteliais no sinus subcapsular), fígado (células

endoteliais sinosoidais), placenta (células endoteliais de capilares), pulmão (células

alveolares e endoteliais) e intestino (capilares da lâmina própria e em placas de

Peyer) (SOILLEUX et al., 2000; BASHIROVA et al., 2001; PÖHLMANN et al., 2001;

SOILLEUX et al., 2002; SOILLEUX, 2003; GUO et al., 2004).

Estruturalmente, encontram-se organizados em três regiões distintas: um

domínio citoplasmático, um domínio transmembranar e um domínio extracelular

(GEIJTENBEEK et al., 2000; BASHIROVA et al., 2001; PÖHLMANN et al., 2001;

FIGDOR et al., 2003; KHOO et al., 2008 A) (Figura 5).

O domínio citoplasmático ou intracelular, codificado pelos éxons 1 e 2,

representa a parte N-terminal da proteína, a qual é composta por aproximadamente

40 aminoácidos, possuindo diversos motivos, como: motivos de di-leucina (LL),

YKSL e um grupamento triacídico (EEA), envolvidos no processo de internalização

de ligantes e transdução de sinais (GEIJTENBEEK et al., 2000; BASHIROVA et al.,

2001; PÖHLMANN et al., 2001; FIGDOR et al., 2003; van KOOYK; GEIJTENBEEK,

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26

2003; ZHOU et al., 2006; KHOO et al., 2008 A). É nessa região também, que se

evidencia a maior divergência entre moléculas de DC-SIGN e LSIGN (BASHIROVA

et al., 2001).

Figura 5. Estrutura dos receptores DC-SIGN e L-SIGN

O domínio transmembranar, codificado pelo éxon 3, promove a interface entre

os domínios intra e extracelulares, sendo constituída por aproximadamente 18

aminoácidos (DC-SIGN) e 22 aminoácidos (L-SIGN) (SOILLEUX et al., 2000).

Após essa região, segue-se uma pequena sequência de aminoácidos N-

glicosilados, e posteriormente, o domínio extracelular, formado por uma região

repetida, correspondente ao pescoço da proteína (“neck”), e uma região de

reconhecimento de carboidratos (CRD) (GEIJTENBEEK et al., 2000; SOILLEUX et

al., 2000; BASHIROVA et al., 2001; PÖHLMANN et al., 2001; FIGDOR et al., 2003;

KHOO et al., 2008 A).

A região do pescoço ou “neck” da proteína, codificada pelo éxon 4, consiste

em uma estrutura em alfa-hélice, formada por sete repetições completa e uma

incompleta, organizadas em tandem, correspondentes a sucessão de 23

aminoácidos altamente conservados. Esta região, apresenta-se altamente

polimórfica no receptor L-SIGN, com o número de repetições variando de 4 a 10. Por

outro lado, no receptor DC-SIGN, o éxon 4 se apresenta menos polimórfico, com a

predominância de 7 repetições (FIGDOR, 2003; CHAUDHARY et al., 2008; KHOO et

al., 2008 A).

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27

Estudos evolutivos sugerem que o gene codificador de DC-SIGN, encontra-se

sob forte pressão seletiva, que previne a acumulação de mudanças em aminoácidos.

Em contraponto, os polimorfismos em L-SIGN são atribuídos a uma seleção

balanceada. A região repetida do “neck” é considerada como alvo funcional dessas

forças seletivas, fazendo com que DC-SIGN apresente um número de repetições

constante na população mundial, e L-SIGN, um excesso de repetições em

populações não africanas (BARREIRO et al., 2005; ORTIZ et al., 2009).

A variação no número de repetições, entre as populações humanas, está

relacionada à ausência de repetições específicas no interior desta região, visto que

repetições próximas a região C e N terminal da proteína são altamente conservadas

(FEINBERG et al., 2005).

As regiões repetidas de DC-SIGN e L-SIGN desempenham um papel crucial

na afinidade de ligação de patógenos ao CRD, visto que, estão envolvidas na

orientação e na flexibilidade dos CRDs, e também, na estabilização das proteínas

em tetrâmeros (FEINBERG et al., 2005; SNYDER et al., 2005; GRANBERG et al.,

2006; BEM-ALI et al., 2007; KHOO et al., 2008 A; ORTIZ et al., 2009).

Proteínas com menos de 7 repetições resultam em uma dissociação parcial

do tetrâmero, enquanto proteínas com menos que 5 repetições apresentam uma

dramática redução na estabilidade total. Estas diferenças de estabilidade,

provavelmente, refletem em diferenças no empacotamento das 4 subunidades do

receptor, afetando a disposição dos CRDs e alterando a interação entre

componentes presentes na superfície de patógenos e os receptores (BARREIRO et

al., 2007; SNYDER et al., 2005; FEINBERG et al., 2005; YU et al., 2009).

Adicionalmente, as regiões repetidas de DC-SIGN e L-SIGN compartilham

altos níveis de identidade entre suas sequências, sugerindo a formação de homo-

tetrâmeros e hetero-tetrâmeros, os quais podem apresentar consequências

funcionais e alterações nos níveis de expressão da proteína, principalmente em L-

SIGN, em indivíduos heterozigotos para essa região (BASHIROVA et al., 2001;

SOILLEUX et al., 2002; SOILLEUX, 2003).

Na superfície das células, esses receptores se reúnem em tetrâmeros e essa

configuração parece ser necessária para interação de glicoproteínas com o CRD

(CHUNG et al., 2010).

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28

O domínio de reconhecimento de carboidrato (CRD), codificado pelos éxons

5, 6 e 7, em ambos os receptores, corresponde a porção C-terminal da proteína.

Encontra-se, flexivelmente, conectado a região repetida, formando uma estrutura

globular, constituída por 2 alfa-hélices, 12 cadeias beta e 3 pontes disulfito. Um

“loop” protrai da superfície da estrutura, permitindo a formação de sítios de ligação

para dois íons de Ca2+, os quais interagem com 4 aminoácidos (Glu347, Asn349,

Glu354 e Asn365) e garante o reconhecimento específico de carboidratos presentes

na superfície de patógenos (MUMMIDI et al., 2001; van KOOYK; GEIJTENBEEK,

2003; WU; KEWALRAMANI, 2006; ZHOU et al., 2006). Adicionalmente, o CRD

possui um motivo EPN, responsável pela alta afinidade de ligação de

oligossacarídeos, contendo manose (DC/L-SIGN) e/ou fucose (DC-SIGN)

(APPELMELK et al., 2003; GUO et al., 2004; GEIJTENBEEK et al., 2009).

Graças à capacidade de reconhecimento de oligossacarídeos, esses

receptores se encontram envolvidos no reconhecimento de uma vasta quantidade de

microrganismos de grande importância para saúde pública (KHOO et al., 2008).

O receptor DC-SIGN pode capturar vírus, como: o vírus do Ebola (ALVAREZ

et al., 2002), vírus da Hepatite C (HCV) (PÖHLMANN et al., 2003), vírus da Dengue

(TASSANEETRITHEP et al., 2003), Citomegalovírus (HALARY et al., 2002), SARS

Coronavírus (SARS-Cov) (JEFFERS et al., 2004; YANG et al., 2004); bactérias,

como: M. tuberculosis (TAILLEUX et al., 2003) e Helicobacter pylori (BERGMAN et

al., 2004); e parasitas como: Leishmania pifanoi (CAPARROS et al., 2005).

Já o receptor L-SIGN também, está envolvido na captura de vírus, como:

vírus de Ebola (ALVAREZ et al., 2002), vírus da Hepatite C (HCV) (PÖHLMANN et

al., 2003) e SARS Coronavírus (SARS-CoV) (JEFFERS et al., 2004), bem como,

bactérias, M. tuberculosis (KOPPEL et al., 2004) e parasitas, Leishmania infantum

(CAPARROS et al., 2005).

Também são atribuídos, aos receptores DC-SIGN e L-SIGN, o

reconhecimento e captura do vírus da imunodeficiência humana 1 (HIV-1), através

da interação desses receptores com a glicoproteína do envelope viral (gp120)

(GEIJTENBEEK et al., 2000; BASHIROVA et al., 2001; FEINBERG et al., 2001;

PÖHLMANN et al., 2001; SOILLEUX et al., 2002).

Uma característica central de patógenos que interagem com os receptores

DC-SIGN e L-SIGN é a capacidade de ocasionarem infecções crônicas que pode se

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29

estender durante a vida do hospedeiro, e a manipulação do balanço entre células T

helper 1 e 2, cruciais para persistência do patógeno (van KOOYK; GEIJTENBEEK,

2003).

Além de componentes microbianos, DC-SIGN e L-SIGN detêm a capacidade

de reconhecer moléculas expressas em outros tipos celulares do hospedeiro como:

ICAM-2 e ICAM-3, capacitando-os a desempenhar inúmeras funções celulares de

extrema importância na resposta imune como: adesão, migração, sinalização celular,

ativação de células T, processamento e apresentação de antígenos, etc (ZHOU et

al., 2006).

A interação entre receptores DC-SIGN e moléculas de ICAM-2, expressa no

endotélio de vasos sanguíneos e linfáticos, permite o acoplamento e, posterior,

deslocamento do complexo ao longo do endotélio, atribuindo ao receptor

importantes papéis na adesão e deslocamento ao longo do endotélio, bem como na

migração celular (diapedese) do interior de vasos sanguíneos e linfáticos, para sítios

inflamatórios (BLEIJS et al., 2001; GEIJTENBEEK et al., 2002; SOILLEUX et al.,

2002; FIGDOR et al. 2003; GEIJTENBEEK; van KOOYK, 2003; SU et al., 2003;

SVAJGER et al., 2010).

Adicionalmente, o receptor DC-SIGN, também se encontra envolvido em

processos de internalização e processamento de antígenos. Após ligação de

moléculas solúveis oriundas do patógeno, procede-se a internalização, executada

por motivos presentes no domínio intracelular do receptor. A rápida internalização é

mediada por motivos de di-leucina, enquanto que motivos tri-acídicos marcam o

complexo ligado ao receptor e os encaminha para compartimentos lisossomais, onde

ocorre o processamento de antígenos, para posterior apresentação por moléculas

de MHC de classe II a células T (GEIJTENBEEK et al., 2002; GEIJTENBEEK; van

KOOYK, 2003; SVAJGER et al., 2010).

A eficiência destas lectinas, no reconhecimento e no, subsequente,

processamento, pode acarretar em importantes consequências na qualidade da

resposta imune hospedeira e no controle e/ou expulsão do patógeno (BARREIRO et

al., 2007).

O contato inicial entre DCs e células T também, é possibilitado por DC-SIGN,

através da ligação de alta afinidade com moléculas de ICAM-3. Essa interação

permite a estabilização do contato entre os dois tipos celulares, bem como, a

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30

interação de células apresentadoras de antígenos com um vasto número de células

T em repouso, promovendo a ativação de receptores presentes nestas células, e

disparando a resposta imune (GEIJTENBEEK et al., 2000 A-B; BLEIJS et al., 2001;

SOILLEUX et al., 2002; FIGDOR et al., 2003; SU et al., 2003; van KOOYK;

GEIJTENBEEK, 2003; SVAJGER et al., 2010).

Vários patógenos que interagem com o receptor DC-SIGN parece explorar

vias de sinalização intracelular, visando subverter as funções naturais da célula, pela

inibição do processo de apresentação de antígenos ou pela alteração de vias de

sinalização mediadas por receptores “toll like” (TLRs), resultando em modificações

da resposta mediada por células T, conduzindo a sua ativação e/ou depressão

imune (ZHOU et al., 2006; SVAJGER et al., 2010).

As alterações na sinalização mediada por receptores TLRs, ocasionadas por

DC-SIGN, conduzem a ativação da serina/treonina cinase Raf-1, que dispara a

acetilação da subunidade p65 do fator de transcrição NF-kB, aumentando sua

atividade transcricional e a produção de interleucina-10 (IL-10), modulando a

resposta imune (ZHOU et al., 2006; den DUNNEN et al., 2009; GEIJTENBEEK et al.,

2009; GRINGHUIS et al., 2009).

A ligação de DC-SIGN a patógenos pode conduzir a inibição ou a promoção

da polarização de células T helper tipo 1 (Th1), da resposta por células Th2 e/ou da

indução da diferenciação de células T regulatórias (SVAJGER et al., 2010),

resultando, respectivamente, na ativação ou inibição da imunidade mediada por

célula contra patógenos intracelulares, da imunidade humoral contra patógenos

extracelulares e na supressão da resposta imune (GEIJTENBEEK et al., 2009).

No que se refere ao receptor L-SIGN, sua localização tecidual e afinidade de

ligação a patógenos, implicam em um papel fisiológico como receptor para limpeza e

eliminação de antígenos, bem como, de receptor de adesão entre células endoteliais

sinusoidais do fígado (L-SEC) e leucócitos (BASHIROVA et al., 2001;

GEIJTENBEEK et al., 2002).

Os altos níveis de expressão de L-SIGN no fígado podem possibilitar a

infecção de células hepáticas por determinados tipos virais (HIV-1), atuando como

reservatório para novos vírus e possibilitando o direcionamento destes para células

T, através de sinosóides hepáticos. Sua expressão em linfonodos, também sugere o

envolvimento na patogênese de algumas doenças, pela promoção da infecção de

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células T nesse órgão, e um provável envolvimento na persistência de infecções

crônicas (FIGDOR et al., 2003; GEIJTENBEEK; VAN KOOYK, 2003).

A caracterização funcional aliada aos padrões de expressão em diferentes

tipos celulares sugere o envolvimento dos receptores DC-SIGN e L-SIGN no disparo

da resposta imune e em processo de escape imunológico por determinados

patógenos (GEIJTENBEEK et al., 2002; ZHOU et al., 2006; den DUNNEN et al.,

2009).

2.2.1.1 Papel dos Receptores DC-SIGN e L-SIGN na Infecção pelo HIV-1

DC-SIGN e L-SIGN são consideradas as primeiras lectinas associadas à

membrana com capacidade de aumentar a infecção pelo HIV-1. Embora não

considerados como receptores de entrada viral, trabalham eficazmente na captura

do HIV-1 da periferia, ajudando no transporte até órgãos linfóides secundários ricos

em células T, onde possibilitam a infecção de células T CD4+, atuando como pontes

entre a imunidade inata e a adaptativa (GEIJTENBEEK et al., 2000A;

GEIJTENBEEK et al., 2002; FIGDOR et al. 2003; SOILLEUX, 2003; van KOOYK et

al., 2003; WANG; PANG, 2008).

A interação de receptores DC-SIGN e L-SIGN com o vírus HIV-1 ocorre

através da conexão entre o CRD e a glicoproteína do envelope viral (gp120),

provavelmente através de sítios específicos para N-glicana, localizados no epitopo

2G12 (SOILLEUX, 2003; JI et al., 2006; HONG et al., 2007; KHOO et al., 2008;

WANG; PANG, 2008).

Essa ligação pode induzir mudanças conformacionais na proteína gp120,

capacitando uma interação mais eficiente com receptores CD4 e/ou chemocina, e

uma subsequente fusão de membrana com células T (GEIJTENBEEK; VAN KOOYK,

2003; van KOOYK et al., 2003; ZHOU et al., 2006).

A habilidade dos receptores DC-SIGN e L-SIGN em capturar e transmitir o

vírus HIV-1 para células T depende, em grande parte, da sua organização na

membrana e/ou capacidade de multimerização (GEIJTENBEEK et al., 2002).

Adicionalmente, eventos de splicings alternativos podem ocorrer em ambos os

genes, conduzindo a produção de um vasto repertório de isoformas solúveis e

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associadas à membrana, afetando o progresso da transmissão do HIV-1 (MUMMIDI

et al., 2001; GEIJTENBEEK; VAN KOOYK, 2003; KHOO et al., 2008 A; BOILY-

LAROUCHE et al., 2009).

A afinidade de ligação da glicoproteína gp120 com receptores DC-SIGN e L-

SIGN, encontra-se diretamente associada ao estado de oligomerização e ao

comprimento da região repetida do “neck” em ambos receptores (SNYDER et al.,

2005). Receptores organizados em tetrâmeros apresentam maior afinidade de

ligação a gp120 que receptores organizados em monômeros (WU; KEWALRAMANI,

2006).

O vírus HIV-1 infecta células através de dois processos distintos: a infecção in

trans e a infecção in cis (Figura 6).

A infecção in trans ocorre quando o receptor DC-SIGN ou L-SIGN é expresso

em uma célula separada da que será infectada (BASHIROVA et al., 2001;

SOILLEUX, 2003; de WITTE et al., 2007). Por outro lado a infecção in cis acontece

quando receptores DC-SIGN são co-expressos com receptores CD4 e co-receptores

(CCR5 e CXCR4) em tipos celulares permissivos (LEE et al., 2001; SOILLEUX,

2003; van KOOYK et al., 2003; WU; KEWALRAMANI, 2006; de WITTE et al., 2007;

CHUNG et al., 2010).

Figura 6. Formas de transmissão do vírus HIV-1. A – Infecção in trans; B – Infecção in cis.

A co-expressão de receptores CD4, CCR5 e CXCR4, juntamente com DC-

SIGN, ocasiona aumento na eficiência da infecção promovida pelo HIV-1, sugerindo

seu envolvimento na transmissão viral in cis (LEE et al., 2001).

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A infecção pelo HIV-1 in trans é compartilhada tanto por receptores DC-SIGN,

quanto por receptores L-SIGN. No entanto, a infecção in cis, até o momento, só foi

evidenciada para o receptor DC-SIGN (PÖHLMANN et al., 2001).

DC-SIGN, como receptor de adesão específico de DCs, está envolvido em

várias etapas da infecção pelo HIV-1. Sua expressão em DCs imaturas, em tecidos

periféricos, permite a rápida captura viral, processamento em antígenos e migração

para tecidos linfóides, onde ocorre a maturação deste tipo celular, permitindo a

apresentação eficiente de antígenos a células T CD4, as quais, sofrem ativação e

diferenciação, promovendo a resposta imune (van KOOYK et al., 2003).

O contato entre DCs e células T, mediado por receptores DC-SIGN, expresso

em DCs, e moléculas de ICAM-3, expressos em linfócitos T, possibilita também a

interação de partículas virais ligadas a receptores DC-SIGN com receptores de

entrada viral (CD4, CCR5) presentes na membrana dos linfócitos, permitindo uma

eficiente transmissão viral (STEINMAN, 2000; BARIBAUD et al., 2001;

GEIJTENBEEK; VAN KOOYK, 2003).

Após a ligação ao receptor DC-SIGN, o vírus pode seguir três rotas distintas.

Na primeira rota, o HIV-1 pode ser internalizado pela célula em compartimentos não

lisossômicos, onde fica protegido do processamento de antígenos e retém sua

infectividade por prolongados períodos. Posteriormente, podem ser reciclados para a

superfície celular, onde pode interagir e infectar linfócitos T CD4+ (GEIJTENBEEK et

al., 2000; BASHIROVA et al., 2001; GEIJTENBEEK et al., 2002; SOILLEUX et al.,

2002; GEIJTENBEEK; van KOOYK, 2003; van KOOYK et al., 2003; ZHOU et al.,

2006; SVAJGER et al., 2010).

Na segunda rota, uma produtiva infecção pelo HIV-1 pode ser estabelecida

em DCs e os vírus produzidos podem infectar células susceptíveis nos arredores,

como células T CD4+. Esse mecanismo é possibilitado pela redução na

internalização de DC-SIGN, que aumenta a adesão célula-célula e a infecção in

trans de células T CD4+ (GEIJTENBEEK et al., 2002; van KOOYK et al., 2003;

GARG et al., 2007).

Na terceira e última rota, o HIV-1 pode ser internalizado por DCs, sofrendo

processamento de antígenos pela maquinaria endossomal e/ou lisossômica, para

depois ser apresentado a células efetoras, via moléculas de MHC de classe I e II. No

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entanto, o tráfego intracelular do vírus ligado a DC-SIGN, depende do status de

maturação das DCs (van KOOYK et al., 2003; GARG et al., 2007).

Receptores DC-SIGN também podem aumentar a infecção de células T, em

baixas concentrações virais, sugerindo este receptor como crucial para rápida e

eficiente infecção de células T em baixos níveis de HIV-1, como no início da infecção

in vivo (GEIJTENBEEK et al., 2000; GEIJTENBEEK et al., 2002; van KOOYK et al.,

2003; CHUNG et al., 2010).

Além das propriedades de adesão e reconhecimento de patógenos, DC-SIGN

pode ativar vias de transdução de sinais, conduzindo a modulação da resposta

imune através de receptores TLRs, resultando no aumento da produção de IL-10 e

na supressão da função estimulatória de células T, acarretando na supressão da

resposta imune adaptativa (GRINGHUIS et al., 2009; GRINGHUIS et al., 2010;

SVAJGER et al., 2010).

Similarmente ao DC-SIGN, L-SIGN atua na captura do HIV-1 através da

ligação de alta afinidade com a glicoproteína viral gp120, promovendo o aumento da

infecção de células T in trans (PÖHLMANN et al., 2001; KHOO et al., 2008). No

entanto, L-SIGN pode promover a internalização e a degradação viral, através de

mecanismos dependente de proteossomos, garantindo uma conotação diferenciada

quanto ao papel deste receptor, bem como no resultado da infecção pelo HIV-1

(BOILY-LAROUCHE et al., 2009). Sua atuação na infecção pelo HIV-1, pode ocorrer

mais tardiamente, provavelmente, após a entrada viral (SOILLEUX et al., 2002).

L-SIGN funciona como um receptor de ligação universal para lentivírus de

primatas e sua presença pode influenciar na transmissão vertical do HIV-1 e no

aumento da infecção de células alvos nos linfonodos (PÖHLMANN et al., 2001).

A expressão de L-SIGN nos linfonodos, em células endoteliais de sinosóides,

representa um mecanismo óbvio utilizado por vírus livres para infectar T CD4+. Este

tipo celular detém a capacidade de apresentação de antígenos a células T,

possibilitando que vírus livres interajam com receptores L-SIGN, e posteriormente,

seja apresentado a células T, mecanismo também compartilhado por células

endoteliais dos sinusóides hepáticos (LSECs) (BARIBAUD et al., 2001; PÖHLMANN

et al., 2001; SOILLEUX et al., 2002; FIGDOR et al., 2003).

No fígado, a expressão de receptores L-SIGN em LSECs, sugere o contínuo

contato destas células com leucócitos, possibilitando a captura do HIV-1 diretamente

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do sangue, para posterior infecção de células T in trans. No entanto, estudos têm

indicado que LSECs, por si só, são susceptíveis a infecção pelo HIV-1, possibilitando

ao L-SIGN promover a infecção dessas células, estabelecendo assim um

reservatório para produção de novos vírus que podem ser direcionados a linfócitos T

através de sinosóides hepáticos (BASHIROVA et al., 2001; GEIJTENBEEK et al.,

2002).

Tecidos placentários e hepáticos abrigam células endoteliais, expressando L-

SIGN, nas proximidades de outros tipos celulares, expressando receptores de

entrada viral (CD4 e CCR5), permitindo a infecção dessas células in trans

(BARIBAUD et al., 2001; SOILLEUX et al., 2002; FIGDOR et al., 2003). Ademais,

tem sido atribuído aos receptores L-SIGN a função fisiológica de liberação de

antígenos virais, que pode garantir um papel protetor pela retirada do vírus da

circulação (BASHIROVA et al., 2001).

Alguns estudos sugerem que DC-SIGN e L-SIGN, efetivamente, bloqueiam o

brotamento do HIV-1 em células infectadas. Ensaios de co-transfecção

apresentaram uma redução na produção viral em células hospedeiras em torno de

99,5%, bem como, uma inibição de 90-95% na geração de HIV a partir de células

infectadas. Adicionalmente, DC-SIGN mostrou-se responsável pela redução na

quantidade de gp120 na membrana, e uma completa eliminação desta molécula em

vírus produzidos nas células hospedeiras, sugerindo que o bloqueio no brotamento

do HIV-1 ocorreu, provavelmente, pela internalização da gp120 induzida por DC-

SIGN (WANG; PANG, 2008).

2.2.1.1.1 Papel dos Receptores DC-SIGN e L-SIGN na Transmissão Vertical do

HIV-1

A placenta humana é responsável por uma justaposição fechada entre o

sangue fetal e o sangue materno. Essa aparente barreira se mostrar permeável ao

vírus HIV-1, possibilitando a exposição fetal a partículas virais (VELILLA et al.,

2008).

Alguns tipos celulares são apontados como prováveis alvos para o

espalhamento viral como: macrófagos da decídua e macrófagos especializados da

placenta, denominados células de Hofbauer. Tanto os macrófagos deciduais, quanto

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as células de Hofbauer, desempenham importantes papéis na fisiologia placental,

promovendo o desenvolvimento e o controle do fluxo sanguíneo (macrófagos

deciduais) e agindo na defesa contra agentes infecciosos (células de Hofbauer)

(SOILLEUX et al., 2001).

As células de Hofbauer detêm a capacidade de suporte da infecção pelo HIV-

1, em ensaios in vitro e in vivo. Essa capacidade, provavelmente, encontra-se

associada à expressão de receptores celulares relacionados aos linfócitos T como:

CD4, CCR5 e CXCR4. Adicionalmente, outros receptores celulares, particularmente

DC-SIGN e L-SIGN, também parecem está envolvidos nesse processo (SOILLEUX;

COLEMAN, 2003).

A co-expressão de receptores CD4, CCR5 e CXCR4 com receptores DC-

SIGN, tem sido apontada como responsável pelo aumento na eficiência da infecção

pelo HIV-1 in cis, sugerindo a participação de DC-SIGN na transmissão viral em

circunstâncias onde os níveis de expressão de receptores para entrada do vírus são

baixos ou limitantes. Além de aumentar a eficiência da infecção in cis, DC-SIGN

também participa como mediador da infecção de linfócitos T CD4+ in trans

(SOILLEUX et al., 2001; SOILLEUX; COLEMAN, 2003).

Durante a gravidez, há um aumento da expressão de receptores DC-SIGN em

células Hofbauer nos vilos coriônicos, podendo refletir em aumento nas taxas de

transmissão viral de mãe para filho. DC-SIGN pode promover a interação entre HIV-

1 e células Hafbauer proporcionando um mecanismo eficaz pelo qual o vírus pode

ser transmitido para outros receptores virais in trans (SOILLEUX et al., 2001).

A principal barreira física entre as células Hofbauer e os fluídos maternos,

encontra-se na parede formada por células trofoblásticas. Esse tipo celular expressa

receptores de entrada para o HIV-1 que permitem a infecção. Além disso, brechas

na parede de trofoblastos, ocasionadas por processos espontâneos ou em

consequência de infecções (corioamniotite) e hábitos sociais (tabagismo e consumo

de drogas), possibilitam o contato direto entre células Hofbauer fetais (DC-SIGN+

CD4+ CCR5+ CXCR4+) com partículas virais adsorvidas a macrófagos da decídua

materna ou DCs (DC-SIGN+) presentes no sangue materno, possibilitando uma

eficiente disseminação viral em células fetais expressando receptores de ligação e

entrada ao HIV-1 (MOUSSA et al., 1999; SOILLEUX et al., 2001;

SOILLEUX;COLEMAN, 2003; NEWELL, 2006) (Figura 7).

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Figure 7. Estrutura esquemática da placenta e características envolvidas na transmissão transplacental do HIV-1. Existe uma intima relação entre tecidos fetais e maternos na placenta. Populações de leucócitos residentes em ambos os lados são indicados. DC-SIGN é expresso em celulas Hofbauer fetalmente derivado em vilos coriônicos e em macrófagos da decídua materna. Essas populações de células estão muito próximas. L-SIGN é expresso no endotélio de capilares da placenta. Fonte: SILVA et al., 2011.

Estudos têm sugerido que o mecanismo de associação entre o HIV-1 e

células permissíveis ao vírus opera eficazmente em gestações onde a viremia

permanece baixa, devido à administração de terapias anti-retrovirais (SOILLEUX et

al., 2001). A ligação de partículas virais ao DC-SIGN permite concentrar essas

partículas na superfície das DCs, aumentando a probabilidade de entrada via ligação

a receptores CD4 e co-receptores em células-alvo. Adicionalmente, o vírus aderido a

DC-SIGN, pode permanecer viável por vários dias, possibilitando uma transferência

mais eficiente para células T, quando comparada a transferência executada por vírus

não associados à célula (BARIBAUD et al., 2001; GEIJTENBEEK; van KOOYK,

2002; SOILLEUX, 2003).

Três mecanismos foram propostos para explicar a transmissão trans-placental

do HIV-1 (SOILLEUX et al., 2001; SOILLEUX, 2003; SOILLEUX; COLEMAN, 2003):

O primeiro, sugere que as células Hofbauer infectadas pelo HIV-1 ou com o vírus

adsorvidos a receptores DC-SIGN, podem entrar no feto através da veia

umbilical;

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O segundo, sugere que células Hofbauer infectadas pelo HIV-1 ou com o vírus

adsorvidos a receptores, permanece in situ nos vilos coriônicos, promovendo a

apresentação de antígenos e, posterior, infecção de linfócitos T. No entanto, este

mecanismo parece improvável, uma vez que os linfócitos T são imperceptíveis

nos vilos coriônicos;

O terceiro, sustenta que as células Hofbauer podem ser infectadas pelo HIV-1 e

liberarem partículas virais infecciosas, que podem ser adsorvidas aos receptores

L-SIGN expressos em células endotéliais, imediatamente adjacentes a capilares

placentários. O endotélio, por sua vez, pode mediar a infecção pelo HIV-1 em

linfócitos T receptores positivos circulantes no sangue. Os linfócitos T e/ou

células Hofbauer infectadas ou com vírus adsorvido em sua superficie pode se

deslocar entre a placenta e o feto através do sangue umbilical.

2.2.1.2 Papel dos Receptores DC-SIGN e L-SIGN na Infecção pelo M.

tuberculosis

O M. tuberculosis detém a capacidade de se ligar a diversos receptores

celulares e opsoninas, aumentando o contato entre as células hospedeiras

permissíveis a infecção (NEYROLLES et al., 2006). A ligação de PAMPs, como o

lipoarabinomanose (ManLAM) presente na parede celular do M. tuberculosis, aos

receptores ligadores de cálcio (CLRs) (DC-SIGN), presentes em macrófagos e em

DCs, garante o reconhecimento, a entrada e a regência da resposta inflamatória

(JÓZEFOWSKI et al., 2008).

O receptor DC-SIGN media a entrada do M. tuberculosis em DCs in vivo,

apresentando provável papel na persistência do patógeno e na imunidade

hospedeira. A interação entre DCs e o bacilo ou componentes de sua parede celular,

como ManLAM, é tida como chave para a atividade anti-microbiana da imunidade

(GEIJTENBEEK et al., 2003; KOPPEL et al., 2004).

A ligação do bacilo aos receptores DC-SIGN inibi a função imuno-

estimulatória das DCs, prevenindo a maturação e induzindo a produção da citocina

imune supressiva IL-10, resultando na sobrevivência e na persistência do bacilo no

hospedeiro (MAEDA et al., 2003; KOPPEL et al., 2004; HERRMANN; LAGRANGE,

2005; TAILLEUX et al., 2005), visto que a eficiência na apresentação de antígenos e

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39

a construção da resposta imune são comprometidas (ARENTZ; HAWN, 2007;

TORRELES et al., 2008)

A defesa hospedeira a infecção por M. tuberculosis, através de DCs, envolve

a sinalização intracelular por meio de receptores TLR2 e TLR4, os quais afetam o

balanço entre células Th1 e células Th2, assegurando o disparo de diferentes vias

de sinalização em células apresentadoras de antígenos (GEIJTENBEEK et al., 2003;

JO, 2008; JÓZEFOWSKI et al., 2008; HERNANDEZ-PANDO et al., 2009).

A cooperação entre diferentes vias de sinalização inata induzida por PRRs,

em DCs, é crucial para construção da imunidade adaptativa ao patógeno. O receptor

DC-SIGN induz a resposta imune específica através da montagem de um

sinalossomo diferencial, após o reconhecimento específico de carboidratos

constituintes de patógenos (GRINGHUIS et al., 2009).

A estimulação de receptores DC-SIGN por ManLAM micobacteriano, faz com

que o complexo sinalossômico, formado por proteínas de arcabouço (LSP1, KSR1,

CNK), recrute proteínas efetoras da proteína serina-treonina quinase Raf-1, como

LARG e RhoA, formando o sinalossomo e ativando Raf-1, que por sua vez acetila a

subunidade p65 do fator NF-kB, prolongando a atividade transcricional e aumenta a

taxa de expressão de IL-10, IL-12 e IL16 (GRINGHUIS et al., 2009).

A regulação dinâmica da composição do sinalossomo de DC-SIGN,

provavelmente, trata-se da base molecular para a plasticidade que tal receptor

apresenta na formação da imunidade (GRINGHUIS et al., 2009). Assim, torna-se

clara a existência de um balanço dinâmico entre a persistência do bacilo e o

desenvolvimento das defesas hospedeiras, implicando diretamente no risco de

desenvolvimento da doença.

Alguns estudos, também sugerem o envolvimento do receptor L-SIGN no

escape da vigilância imunológica e na patogênese da TB, visto que possui a

capacidade de se ligar a ManLAM e rapidamente internalizar o bacilo em organelas

lisossômicas. Assim, L-SIGN pode estar envolvido na eliminação do bacilo, desde

que se encontra expresso em outros tecidos como: linfonodos e fígado, locais de

captura de antígenos e eliminação. Entretanto, também existe a possibilidade de

bacilo alvejar L-SIGN para invadir esses tecidos e estabelecer a doença (KOPPEL et

al., 2004).

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40

2.3 Variabilidade Genética Humana

Fatores genéticos do hospedeiro desempenham um importante papel na

susceptibilidade e na proteção a infecção pelo HIV-1, bem como, no

desenvolvimento da TB. Embora vários genes tenham sido relacionados à

resistência e à susceptibilidade a essas infecções, o papel de variações genéticas

nestes genes, ainda permanece por ser desvendado (BELLAMY, 1998; BURGNER

et al., 2006; LAMA; PLANELLES, 2007; MÖLLER; HOAL, 2010).

O Projeto Genoma Humano, permitiu a descoberta de milhares de variações

genéticas, sendo o tipo mais comum, denominado de polimorfismos de base única,

ou simplesmente, SNP (do inglês: “single nucleotide polymorphism”). Estima-se que

a cada 1000 ou 2000 pares de base, exista um SNP (SACHIDANANDAM et al.,

2001).

Conceitualmente, SNPs são variações (substituição/supressão ou

deleção/inserção) de um único par de bases de um nucleotídeo em um loci

específico, normalmente, constituídos por dois alelos. São pontuais, estáveis e

distribuídos por todo genoma, bem como representam a maior fonte de variação

inter-individuais (GRAY et al., 2000; BRAY et al., 2001; FRAZER et al., 2009;

KUBISTOVA et al., 2009).

Normalmente, encontram-se associados à diversidade populacional, a

individualidade, susceptibilidade a doenças e resposta individual a medicamentos,

mostrando-se como uma extraordinária ferramenta na análise de marcadores

genéticos devido a sua abundância (SCHWRTZ et al., 1999).

Dentro de uma população, a frequência de um alelo pode ser atribuída à

relação entre os SNPs que a população carrega, estando o variante mais comum em

maior frequência na população, em relação aos variantes raros. Nas populações

humanas, existem acentuadas diferenças em relação à distribuição desses variantes

(GRAY et al., 2000).

Os SNPs mais comuns são os de transição (substituição de uma base púrica

por outra púrica) e os de transversão (substituição de uma base púrica por uma

pirimídica, ou vice-versa), apresentando papéis diferenciados de acordo com a

localização no genoma (WENZ, 1999).

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41

SNPs localizados nas porções 5’-UTR e/ou 3’UTR (regiões não traduzidas) de

um gene podem ser responsáveis por alterações substanciais na síntese protéica,

interferindo na afinidade de ligação de fatores de transcrição, podendo ocasionar

aumento ou diminuição na quantidade de proteínas produzidas (NOWOTNY et al.,

2001; SACHIDANANDAM et al., 2001).

Por outro lado, SNPs localizados na ORF (quadro aberto de leitura) do gene,

podem induzir alterações na composição de aminoácidos da sequência protéica,

afetando o enovelamento da proteína ou, mesmo, aumentando, diminuindo ou

anulando a atividade protéica (NOWOTNY et al., 2001).

Os SNPs ganharam considerável espaço, junto aos geneticistas moleculares

na década de 90, principalmente, devido ao interesse em saber o papel dessas

variações em doenças multifatoriais, como câncer e diabetes. No entanto, a

importância de SNPs em genes envolvidos em infecções tem demandado amplo

interesse de diversos grupos de pesquisa em todo mundo (GREY et al., 2000).

Nesses experimentos, perfis genéticos de populações acometidas por

determinadas doenças são comparados com perfis de populações saudáveis,

visando associar as variações com a susceptibilidade e/ou proteção à doença, por

meio de ferramentas estatísticas (KLOTMAN; CHANG, 2006).

Assim, genes relacionados à codificação de proteínas do sistema imune inato

e adaptativo têm ganhado destaque na maioria dos estudos, devido a seus

consideráveis papéis na defesa hospedeira contra diversas infecções virais, fúngicas

e bacterianas (KLOTMAN; CHANG, 2006).

2.3.1 Polimorfismos nos Genes Codificadores de DC-SIGN e L-SIGN

relacionados com Infecções

Vários polimorfismos têm sido descritos para os genes codificadores de DC-

SIGN e L-SIGN, merecendo destaque: os polimorfismos de base única (SNPs) e

polimorfismos no número de repetições, muitos dos quais, associados com a

susceptibilidade e resistência a diversas doenças humanas.

Para o gene DC-SIGN, SNPs contidos na região promotora podem promover

alterações significativas nos processos transcricionais, visto que estão próximos a

Page 60: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

42

sítios de ligação para fatores de transcrição (SAKUNTABHAI et al., 2005). Na tabela

3, encontram-se descritos os principais polimorfismos para essa região e suas

prováveis associações.

Tabela 3. Polimorfismos da região promotora do gene DC-SIGN e associações com a susceptibilidade e proteção a infecções.

SNPs Variante Infecção Associação Referência

- 139 (G/A)

-139 G HIV-1 Aceleração da doença Koizumi et al., 2007 -139 G Citomegavirus Reativação Viral Menzer et al., 2008 -139 A HTLV-1 Proteção Kashima et al., 2009

- 336 (A/G)

-336G HIV-1 Susceptibilidade ao HIV-1 Martin et al. 2004 -336G

Dengue

Proteção a forma clássica e

susceptibilidade a forma hemorrágica Sakuntabhai et al.,

2005

-336A Tuberculose Proteção Barreiro et al., 2006 -336G e -336GG

Tuberculose Proteção Vannberg et al., 2008

-336GG HIV-1/TB Proteção (HIV-1) e susceptibilidade (TB) Selvaraj et al., 2009 -336A HTLV-1 Susceptibilidade Kaschima et al., 2009

- 871 (A/G) -871G Tuberculose Proteção Barreiiro et al., 2006 - 939 (G/A) -939G Citomegalovírus Reativação viral e com a doença Menzer et al., 2008

Além da região promotora, SNPs foram identificados em regiões intrônicas

(In2+11) e na região 3’UTR de DC-SIGN, atuando de forma decisiva na expressão

gênica, através de uma variada gama de mecanismos envolvendo ligação diferencial

de fatores de transcrição, alterações no processamento, na estabilidade e na

transcrição em mRNA (SELVARAJ et al., 2009).

Tabela 4. Polimorfismos no número de repetições do éxon 4 de DC-SIGN e L-SIGN e associações com a susceptibilidade e proteção a infecções.

Gene Variante Infecção Associação Referência

DC-SIGN (Éxon 4)

Alelos < 5 HIV-1 Proteção Liu et al., 2004

Éxon4 Tuberculose Não associado Gómez et al. 2006 Éxon4 Tuberculose Não associado Barreiro et al., 2007 Éxon4 Tuberculose Não associado Bem-Ali et al., 2007

Genótipos Heterozigotos HIV-1 Proteção Wichurkchinda et al., 2007

Éxon4 HIV-1 Não associado Zhang et al., 2008 Éxon4 HIV-1-TB Não associado Alagarasu et al., 2009

L-SIGN (Éxon 4)

Genótipo Homozigoto SARS-CoV Proteção Chan et al., 2006 Genótipo 7/7 HI-1 Susceptibilidade Liu et al., 2006

Genótipo 7/5 Proteção Genótipos 9/5 e 7/5 HIV-1 Proteção Wichurkchinda et al.,

2007 Genótipo Homozigoto SARS-CoV Proteção Khoo et al., 2008

Genótipo 5/5 HIV-1 Proteção Rathore et al., 2008 Alelo 9 HIV-1 Susceptibilidade Xu et al., 2010

Adicionalmente, outros estudos associaram polimorfismos no número de

repetições do éxon 4 de DC-SIGN e L-SIGN com a susceptibilidade e resistência a

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43

diversas enfermidades (GRAMBERG et al., 2006; WICHUKCHINDA et al., 2007;

CHAUDHARY et al., 2008; RATHORE et al., 2008; ZHANG et al., 2008), conforme a

tabela 4. Observa-se uma variada gama de efeitos das variações de DC-SIGN e L-

SIGN dentro de uma mesma doença, o que pode ser atribuído a diferenças na

distribuição de genótipos e alelos em diferentes populações.

2.4 Metodologias para Estudo de Variações Genéticas

2.4.1 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

A tecnologia da PCR, desenvolvida por Kary Mullis nos anos 80, tornou-se

uma das principais ferramentas da biologia molecular e permitiu um enorme avanço

no sequenciamento do genoma humano, na expressão de genes recombinantes, na

determinação rápida e eficiente dos testes de paternidade e de doenças de cunho

genética e/ou infeccioso (NOVAIS et al., 2005).

A técnica de PCR consiste na amplificação de uma determinada região

genômica in vitro, estando baseada no princípio de complementariedade de bases

da molécula de DNA. Sabe-se que o DNA é formado por duas longas fitas de

nucleotídeos complementares, que através do estabelecimento de pontes de

hidrogênio permite a formação da dupla hélice, onde bases nitrogenadas adenina

(A) se pareiam com timina (T) e guanina (G) com citosina (C). Essa

complementariedade possibilita a replicação semiconservativa do DNA, onde uma

fita serve de molde para que a outra fita possa ser copiada através de enzimas,

como DNA polimerase (WILHELM; PINGOUD, 2003).

De forma similar, a PCR é composta por oligonucleotídeos (primers)

complementares a fitas de DNA, enzima DNA polimerase termoestável,

deoxinucleotídeos e outros fatores que atuam no curso da reação. Os

oligonucleotídeos sintéticos ou primers, permitem a demarcação da região de

interesse do material genético estudado, possibilitando a DNA polimerase promover

a cópia da região de interesse (MULLIS, 1990; WILHELM; PINGOUD, 2003).

Basicamente consiste, nas seguintes etapas:

Page 62: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

44

Desnaturação, onde a dupla fita de DNA da amostra é aquecida a 95ºC,

permitindo a separação das fitas (desnaturação);

Anelamento, fase na qual, ocorre o pareamento dos oligonucleotídeos sintéticos

(primers) nas extremidades da região de interesse, requerendo a diminuição da

temperatura de reação para a faixa de 50 a 60ºC

Extensão, etapa onde sob temperatura ótima de 70-78ºC, a DNA polimerase se

acopla a fita, promovendo a cópia da região desejada.

Essas etapas são repetidas entre 35-40 vezes, sendo que o produto

resultante de cada ciclo pode ser usado como molde para o próximo, visto que a

DNA polimerase é termoestável e continua funcional, dobrando a quantidade de

DNA a cada ciclo. Ao fim da reação, a região estudada terá sido amplificada

milhares de vezes, facilitando a verificação da presença de variantes genéticas,

através de eletroforese em gel ou, mesmo, sequenciamento (MULLIS, 1990;

WILHELM; PINGOUD, 2003).

2.4.1.1 PCR em Tempo Real

Primeiramente descrita por Higuchi et al. (1992), a PCR em tempo real é uma

variante da PCR convencional utilizada para análises qualitativas (detecção de

polimorfismos) e quantitativas (quantificação de material genético, expressão, etc),

com a vantagem de não serem necessárias manipulações pós-reação, evitando

contaminações e/ou perdas de amostras (HIGUCHI et al., 1992; PONCHEL et al.,

2003; WILHELM; PINGOUD, 2003; NOVAIS et al., 2005).

Essa técnica baseia-se na detecção de moléculas fluorescentes, as quais

aumentam a emissão de fluorescência quando o produto da PCR se acumula em

cada ciclo da amplificação. A emissão da fluorescência é gravada durante cada ciclo

e representa a quantidade do produto amplificado. A plataforma da PCR em tempo

real requer um sistema ótico para excitação da fluorescência e outro para a

recepção da emissão. As informações adquiridas são transmitidas para softwares

que analisam e calculam os dados finais da reação (PONCHEL et al., 2003;

WILHELM; PINGOUD, 2003; NOVAIS et al., 2005; DUSSAULT et al., 2006).

Page 63: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

45

A fluorescência emitida é produzida por fluoróforos específicos para DNA de

dupla fita (Sybr Green®) ou por fluoróforos sequência-específicos (TaqMan®)

(WILHELM; PINGOUD, 2003).

Fluoróforos específicos para DNA dupla fita (Sybr Green®) são moléculas

fluorescentes que se intercalam entre as fendas da dupla fita de DNA, permitindo um

aumento da fluorescência a cada ciclo de PCR, de maneira proporcional a

quantidade de produto gerado, permitindo a quantificação do material genético. Por

se ligar a dupla fita, pode gerar sinais inespecíficos (PONCHEL et al., 2003;

WILHELM; PINGOUD, 2003).

Diferentemente, fluoróforos alelo-específicos (TaqMan®) se ligam a um único

alvo, sendo amplamente utilizadas para detecção de SNPs. Consiste de um par de

primers e pelo menos um par de sondas. Cada sonda possui duas moléculas

acopladas em suas regiões 5’ e 3’: uma fluorescente (“reporter”) e outra que absorve

a fluorescência da primeira (“quencher”) (PONCHEL et al., 2003; WILHELM;

PINGOUD, 2003).

Durante a PCR, esta sonda se hibridiza na região do polimorfismo de

interesse, permitindo que os primers se anelem nas regiões vizinhas. A DNA

polimerase promove a extensão da cadeia até encontrar o local onde a sonda está

hibridizada, promovendo a hidrólise da sonda. Com o “reporter” livre do “quencher”,

há emissão de fluorescência específica para o alelo encontrado naquela região,

permitindo a genotipagem de acordo com a fluorescência emitida (HOLLAND et al.,

1991; PONCHEL et al., 2003; WILHELM; PINGOUD, 2003).

2.4.2 Sequenciamento de DNA

Descrita inicialmente por Sanger et al. (1977), consiste em uma reação muito

semelhante à PCR, constituída por um primer e uma mistura de dideoxinucleotídeos

(ddNTPs) e deoxinucleotídeos (dNTPs), em um proporção 1/100. Os ddNTPs são

análogos aos nucleotídeos, porém não possui 3’-OH, impedindo a extensão da fita

quando incorporados.

Durante a reação, a DNA polimerase promove a inserção, aleatória, de

ddNTPs na cadeia crescente, gerando fragmentos de DNA de tamanhos

Page 64: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

46

diferenciados, cada um interrompido por um determinado nucleotídeo da sequência.

O acoplamento de ddNTPs a moléculas fluorescentes diferentes, permite a cada

fragmento, a geração de um sinal de fluorescência, que posteriormente, será

detectado por um sistema óptico do sequenciador (PROBER et al., 1987; DARNEL

et al.,1990).

Os fragmentos da reação são submetidos a uma eletroforese, através de

capilares de vidro contendo um polímero, permitindo a migração de acordo com o

tamanho. À medida que a fluorescência é captada, o sequenciador gera

eletroforetogramas correspondentes a sequência original da região amplificada por

PCR. A comparação com sequências consensos permite a identificação de

polimorfismos (PROBER et al., 1987; DARNEL et al.,1990).

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47

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar o papel de polimorfismos nos genes codificadores de DC-SIGN e L-

SIGN em crianças expostas ao vírus HIV-1 (HIV+ e HIV-) via transmissão vertical,

em pacientes com tuberculose ativa e em controles saudáveis pernambucanos, a fim

de identificar marcadores genéticos associados à proteção e/ou susceptibilidade a

doenças infecciosas.

3.2 Objetivos Específicos

Verificar a distribuição de polimorfismos de base única (SNPs) na região

promotora do gene codificador de DC-SIGN em crianças expostas ao vírus HIV-

1 (HIV+ e HIV-) via transmissão vertical, em pacientes com tuberculose ativa e

em controles saudáveis através de sondas alelo-específicas (TaqMan) e

sequenciamento direto.

Verificar a distribuição de polimorfismos no número de repetições do éxon 4 dos

genes DC-SIGN e L-SIGN, em crianças expostas ao vírus do HIV-1 (HIV+ e

HIV-) via transmissão vertical, em pacientes com tuberculose ativa e em

controles saudáveis através de PCR convencional e eletroforese em gel de

agarose.

Identificar marcadores genéticos de proteção e susceptibilidade, nos genes

codificadores DC-SIGN e L-SIGN em crianças expostas ao vírus do HIV-1 (HIV+

e HIV-) via transmissão vertical, em pacientes com tuberculose ativa e em

controles saudáveis pernambucanos.

Associar as variantes genéticas em genes codificadores de DC-SIGN e L-SIGN

com a infecção pelo HIV-1 em crianças pernambucanas expostas ao vírus, via

transmissão vertical, e com as formas clínicas apresentadas pelos pacientes

com tuberculose ativa, através de ferramentas estatísticas.

Page 66: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

48

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local e Desenho Experimental do Estudo

O presente estudo foi desenvolvido no setor de Virologia do Laboratório de

Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) da Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE) em colaboração com o Laboratório de Imunoepidemiologia do Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM) da Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ-PE) e

o setor de Genética do Hospital Materno Infantil Burlo Garofalo (Trieste – Itália).

Consistiu em um estudo de caráter analítico, de corte transversal com

comparação de grupos, direcionado a identificar variáveis genéticas dos genes DC-

SIGN e L-SIGN envolvidos na susceptibilidade e/ou proteção a infecções

promovidas pelo vírus HIV-1 (via transmissão vertical) e pelo bacilo M. tuberculosis

(tuberculose ativa) na população pernambucana.

Os experimentos, foram executados a partir de amostras de DNA,

previamente armazenadas no Laboratório de Imunoepidemiologia do CPqAM e no

Setor de Virologia do LIKA.

4.2 Considerações Éticas

Os procedimentos metodológicos utilizados, neste estudo, foram apreciados

pela Comissão de Ética (CEP) do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM-

FIOCRUZ) com o protocolo nº 55/02 e pela Comissão Nacional de Ética em

Pesquisa (CONEP) com protocolo nº 3127 e processo nº 25.000.127120/2001-73,

sendo considerados condizentes com a conduta ética norteadora de pesquisas

envolvendo seres humanos.

Page 67: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

49

4.3 Populações Estudadas

4.3.1 População Expostas ao HIV-1 via Transmissão Vertical

A população de estudo foi constituída por 250 crianças pernambucanas,

sendo 58 expostas e não infectadas pelo HIV-1 e 192 expostas e infectadas pelo

HIV-1, oriundas de mães HIV-1 positivas, não submetidas a tratamentos anti-

retrovirais, e nascidas através de parto normal, atendidas no Hospital-Dia do Serviço

de Imunologia Clínica (SIC) do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira

(IMIP), sendo as amostas de DNA, gentilmente cedidas pelo setor de Virologia do

LIKA.

O grupo de crianças HIV-1 negativas foi formado por 28 meninos e 30

meninas, com uma média de idade de 5,8 ± 3,7 anos. Já o grupo de crianças HIV-1

positivas foi composto por 94 meninos e 98 meninas, com média de idade de 6,6 ±

4,4 anos.

4.3.2 População de Pacientes com Tuberculose Ativa

A população de estudo foi composta por aproximadamente 160 pacientes

pernambucanos com tuberculose ativa, selecionados nos principais centros

hospitalares da cidade do Recife, com base nos seguintes critérios: evidência clínica

e/ou radiológica de tuberculose; história de contato com portador de tuberculose

confirmada laboratorialmente; teste tuberculínico positivo; diagnóstico confirmativo

de tuberculose ativa, através de baciloscopia e cultura; pacientes que iniciaram o

tratamento para tuberculose.

Todas as amostras de DNA foram, gentilmente, disponibilizadas pelo

Laboratório de Imunoepidemiologia do CPqAM, sendo estratificadas quanto a forma

de apresentação da patologia em pacientes com TB pulmonar e pacientes com TB

extrapulmonar.

O subgrupo de pacientes com TB pulmonar foi composto por 116 indivíduos,

sendo 70 do sexo masculino e 46 do sexo feminino, com idade média aproximada

de 25 anos. Já o subgrupo de pacientes com TB extrapulmonar foi formado por 44

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50

indivíduos, sendo 25 do sexo masculino e 19 do sexo feminino, com idade média

aproximada de 30 anos.

4.3.3 População de Controles Saudáveis

Foram utilizadas duas populações controles saudáveis: uma população de

crianças e uma população de adultos, ambas pernambucanas, disponibilizadas pelo

setor de Virologia do LIKA.

A população de crianças saudáveis foi composta por 96 indivíduos, sendo 49

do sexo masculino e 47 do sexo feminino, com idade média de 7,1 ± 4,8 anos,

oriundas do estado de Pernambuco, HIV-1 negativas e sem histórico de contato com

o vírus. Esse grupo serviu como controle nos ensaios relacionados à transmissão

vertical do HIV-1.

A população de adultos saudáveis foi formada por aproximadamente 170

indivíduos pernambucanos, com idade média de 25 anos, de ambos os sexos, HIV-1

negativos, sem histórico prévio de tuberculose, sem parentesco com pessoas

acometidas pela doença e não usuários de medicação imunossupressora; servindo

como controle nos ensaios relacionados à TB ativa.

4.4 Extração de DNA Genômico Humano

A extração do DNA genômico foi executada a partir de amostras de sangue

periférico humano anti-coagulado com EDTA, através do kit comercial “Genomic

Prep Blood DNA Isolation kit®” (Promega), conforme especificações metodológicas

do fabricante.

Page 69: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

51

4.4 Genotipagem de Polimorfismos nos Genes Codificadores de DC-SIGN e

L-SIGN humanos

4.5.1 Polimorfismos de Base Única (SNPs) da Região Promotora do Gene DC-

SIGN

4.5.1.1 Genotipagem Utilizando Sondas Alelo-específicas (TaqMan®)

A genotipagem através de sondas alelo-específícas (TaqMan®) foi

direcionada aos seguintes SNPs da região promotora: -139 A/G (rs2287886), -336

A/G (rs4804803), -871 A/G (rs735239) e -939 A/G (rs735240), selecionados de

acordo com a literatura, na população com tuberculose ativa e controles adultos.

As reações foram preparadas em um volume final de 5 e/ou 10μl, utilizando

alíquotas de DNA na concentração de 25 pg/μl, e sondas para cada polimorfismo na

concentração de 20x. Após preparo, as reações foram amplificadas através do

seguinte protocolo: 1 ciclo a 95ºC durante 10 minutos, seguido por 40 ciclos de 92º

C por 15 segundos e 60º C por 1 minuto; utilizando plataformas de PCR em tempo

real como: Rotor Gene® 3000 (Uniscience-Cobert Researsh) e ABI® 7000 (Applied

Biosystems), disponibilizadas pelo Setor de Virologia do LIKA e pelo Núcleo de

Integração Tecnológica (NIT) do CPqAM-PE. A análise dos resultados foi executada

com o auxílio de softwares específicos acoplados as plataformas de PCR em tempo

real e, posteriormente, validados por sequenciamento direto.

4.5.1.2 Genotipagem utilizando Sequenciamento Direto

Os SNPs da região promotora do gene DC-SIGN, nos ensaios relacionados à

transmissão vertical do HIV-1, foram detectados por meio de sequenciamento direto.

Previamente, foram executas amplificações através de PCR convencional. As

reações foram preparadas para um volume final de 25 µl, sendo estas, constituídas

por 10x Taq Buffer com KCl (Fermentas – Life Sciences), Mix de dNTPs (0,08 mM/µl

de cada dNTP), um par de primers 5’-CAAAAATGAGGACAGCAGCA-3’ (forward)

Page 70: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

52

(0,4 pmol/µl) e 5’-CTCCAAGGAACCAAGACTGC-3’ (reverse) (0,4 pmol/µl), MgCl2

(1,0 mM/µl), Taq DNA Polimerase (Fermentas – Life Sciences) (0,08 U/µl), água

Miliq e DNA (4 pg/µl).

Após preparo, as reações foram submetidas às seguintes condições térmicas:

desnaturação inicial a 95ºC por 5 minutos, seguida por 40 ciclos de desnaturação a

95º por 30 segundos, anelamento a 60ºC por 30 segundos e extensão a 72ºC por 1

minuto, e uma extensão final a 72ºC por 7 minutos, resultando em um amplicon de

aproximadamente 1117 pares de base (pb).

Ao final da PCR, retirava-se uma alíquota de 5 μl do volume final (25 μl) de

cada reação, procedia-se a purificação através de ExoSAP-IT®, segundo as

condições do fabricante (USB Corporation) e por fim, os amplicons purificados eram

submetidos ao sequenciamento direto, utilizando o kit Big Dye Terminator 3.1

(Applied Biosystems) através do sequenciador automático ABI 3130 Genetic

Analyzer (Applied Biosystems), em colaboração com o Serviço de Genética do

Hospital Burlo Garofalo (Trieste – Itália).

Os eletroforetogramas gerados, foram analisados com o auxílio do software

CodonCode Aligner (CodonCode Corporation), permitindo a identificação dos

polimorfismos.

4.5.2 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene DC-SIGN

Para identificação dos polimorfismos existentes no número de repetições do

éxon 4 do gene DC-SIGN, foi utilizada a metodologia descrita por Rathore et al.

(2008), com algumas modificações.

As reações foram preparadas para um volume final de 25 µl, sendo estas,

constituídas por 10x Taq Buffer com KCl (Fermentas – Life Sciences), Mix de dNTPs

(0,08 mM/µl de cada dNTP), um par de primers 5’-CCACTTTAGGGCAGGAC-3’

(forward) (0,6 pmol/µl) e 5’-AGCAAACTCACACCACACAA-3’ (reverse) (0,6 pmol/µl),

MgCl2 (1,3 mM/µl), Taq DNA Polimerase (Fermentas – Life Sciences) (0,06 U/µl),

água Miliq e DNA (8 pg/µl).

Após preparo, as reações foram amplificadas seguindo as seguintes

condições térmicas: desnaturação inicial a 94ºC por 5 minutos, seguido por 35 ciclos

Page 71: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

53

de desnaturação 95ºC por 15 segundos, anelamento a 58ºC por 7 segundos, e

extensão a 72ºC por 30 segundos, seguido por um ciclo de extensão final a 72ºC por

7 minutos.

Terminada a fase de amplificação, retirava-se uma alíquota de 5 µl de cada

reação, misturava-se ao intercalante de DNA (Gel Red - Uniscience) e aplicava-se

em gel de agarose na concentração de 2%, procedendo a corrida eletroforética, por

aproximadamente 40 minutos a uma voltagem de 100 V. O tamanho esperado para

os amplicons foram: 854 pb (7 repetições) e 785 pb (6 repetições).

Após a corrida, os géis eram analisados com auxílio de transiluminador

acoplado a um fotodocumentador, sendo os fragmentos identificados e

diferenciados, baseando-se no padrão de peso molecular de 100 pb (Fermentas –

Life Sciences), com auxílio do software Phoretix 1D-Pro. Posteriormente, os

resultados foram validados por sequenciamento direto.

4.5.3 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene L-SIGN

A identificação dos polimorfismos existentes no número de repetições do éxon

4 do gene L-SIGN, foi executada, semelhantemente a utilizada para o gene DC-

SIGN, baseada na metodologia descrita por Rathore et al. (2008), com algumas

modificações.

As reações foram preparadas para um volume final de 25 µl, sendo estas,

constituídas por 10x Taq Buffer com KCl (Fermentas – Life Sciences), Mix de dNTPs

(0,08 mM/µl de cada dNTP), um par de primers 5’-TGTCCAAGGTCCCCAGCTCCC-

3’ (forward) (0,4 pmol/µl) e 5’-GAACTCACCAAATGCAGTCTTCAAATC-3’ (reverse)

(0,4 pmol/µl), MgCl2 (0,7 mM/µl), Taq DNA Polimerase (Fermentas – Life Sciences)

(0,04 U/µl), água Miliq e DNA (8 pg/µl).

Após preparo das reações, procederam-se as amplificações de acordo com

as seguintes condições térmicas: desnaturação inicial a 94ºC por 5 minutos, seguida

por 35 ciclos de desnaturação 94ºC por 5 segundos, anelamento a 62ºC por 7

segundos, e extensão a 72ºC por 60 segundos, seguido por um ciclo de extensão

final a 72ºC por 7 minutos.

Page 72: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

54

Terminada a fase de amplificação, retirava-se uma alíquota de 5 µl de cada

reação, misturava-se ao intercalante de DNA (Gel Red - Uniscience) e aplicava-se

em gel de agarose na concentração de 2%, procedendo a corrida eletroforética, por

aproximadamente 40 minutos a uma voltagem de 100 V. O tamanho esperado para

os amplicons, foram: 785 pb (10 repetições), 716 pb (9 repetições), 614 pb (8

repetições), 578 pb (7 repetições), 509 pb (6 repetições), 440 pb (5 repetições) e

371pb (4 repetições).

Após a corrida, os géis foram analisados com auxílio de transiluminador

acoplado a um fotodocumentador, sendo os fragmentos identificados e

diferenciados, baseando-se no padrão de peso molecular de 50pb e 100 pb

(Fermentas – Life Sciences), com auxílio do software Phoretix 1D-Pro.

Posteriormente, os resultados foram validados por sequenciamento direto.

4.6 Análises Estatísticas

As frequências alélicas e genotípicas foram calculadas a partir da contagem

direta e comparadas entre os grupos estudados. Posteriormente, foram tratadas pela

óptica estatística através do Teste Qui-quadrado (X2) e do Teste Exato de Fisher,

utilizando o programa R versão 2.11.1 (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2010).

As diferenças entre os grupos e a aderência ao equilíbrio de Hardy-Weinberg

(H-W), foram executadas através do Teste Qui-quadrado (X2), utilizando programas,

como: o Genotype transposer versão 1.0 e o R versão 2.11.1 (R DEVELOPMENT

CORE TEAM, 2010). A associação das variantes gênicas a susceptibilidade e/ou

proteção as infecções promovidas pelo HIV-1 e pelo M. tuberculosis, foram

executadas através do Teste Exato de Fisher, utilizando o programa R versão 2.11.1

(R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2010).

Page 73: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

55

5 RESULTADOS

5.1 Distribuição de Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN em Crianças

Expostas ao Vírus HIV-1 (HIV+ e HIV-) via Transmissão Vertical, e em Controles

Saudáveis Pernambucanos

5.1.1 Polimorfismos da Região Promotora do Gene DC-SIGN

Após sequenciamento da região promotora de DC-SIGN, foram estudados 5

SNPs, estando todos de acordo com o equílibrio de H-W, com exceção das

frequecias apresentadas para o SNP -336 em crianças HIV (+ e -), e as referentes

aos SNPs -871 e -939 em crianças HIV (+). As frequências alélicas e genotípicas

para cada SNP, encontram-se apresentadas nas tabelas 5 e 6.

O SNP (rs2287886), uma variação de guanina para adenina na posição –

139, apresentou o alelo G como mais frequente entre os grupos estudados,

principalmente em crianças HIV- (84,1%), enquanto o alelo A foi mais frequente em

controles (28,1%). Quanto aos genótipos, G/G foi mais frequente em todos os

grupos, especialmente, em crianças HIV- (73,2%). Os genótipos G/A e A/A, foram

mais frequentes nos controles e em crianças HIV+, respectivamente. Não foram

observadas diferenças significativas nas distribuições alélica e genotípica (Tabela 5).

Para o SNP (rs11465366), uma mudança de guanina para timina na posição -

201, o alelo G foi predominante nos grupos estudados, principalmente em crianças

HIV+ (98,2%). O alelo T foi mais frequente em crianças HIV- (12,2%), apresentado

diferenças estatísticas em relação aos controles (p=0,008; OR= 4,8; IC95%= 1,3-22)

e as crianças HIV+ (p=0,0002; OR=0,1; IC95%=0,04-0,4), sugerindo associação com

a proteção a TV do HIV-1. Quanto à distribuição genotípica, o genótipo G/G

predominou em todos os grupos, especialmente, entre crianças HIV+ (96,5%),

enquanto o G/T foi predominante em crianças HIV- (24,4%), apresentado diferenças

estatísticas em relação aos controles (5,0%; p= 0,007; OR= 4,8; IC95%= 1,3-22) e

as crianças HIV+ (3,5%; p=0,0004; OR= 0,1; IC95%= 0,04-0,4), sugerindo um efeito

protetor contra o vírus. Adicionalmente, na população em estudo não foi verificada a

presença do genótipo mutante T/T (Tabela 5).

Page 74: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

56

Tabela 5. Frequências alélicas e genotípicas dos SNPs (-139, -201, -336) da região promotora do gene DC-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis

SN

Ps

Variantes

Crianças Expostas ao HIV-1

Controles Saudáveis

Comparação entre os grupos #

HIV (-)

HIV (+) HIV(-) vs

Controles HIV(+) vs Controles

HIV(+) vs

HIV(-)

n(%) n(%) n(%) p-value OR (IC-95%)

“-1

39 G

/A” (

rs2

28

788

6)

Alelos

G 69 (84,1) 241 (73,0) 115 (71,9) 0,475

1,2 (0,8-1,8)

0,941

1,0 (0,7-1,4)

0,460

0,9 (0,6-1,3)

A 13 (15,9) 89 (27,0) 45 (28,1) 0,116

0,6 (0,3-1,1)

0,836

1,0 (0,6-1,5)

0,117

1,7 (0,9-3,5)

n = 82 330 160

Genótipos

G/G 30 (73,2) 85 (51,5) 39 (48,8) 0,214

1,5 (0,8-2,9)

0,906

1,1 (0,6-1,7)

0,209

0,7 (0,3-1,2)

G/A 9 (22,0) 71 (43,0) 37 (46,2) 0,089

0,5 (0,2-1,1)

0,807

0,9 (0,6-1,5)

0,117

2,0 (0,9-4,8)

A/A 2 (4,9) 9 (5,5) 4 (5,0) 1,000

1,0 (0,1-7,1)

1,000

1,1 (0,3-5,0)

1,000

1,1 (0,2-11)

n = 41 165 80

“-2

01 G

/T” (

rs1

146

536

6)

Alelos

G 72 (87,8) 334 (98,2) 156 (97,5) 0,624

0,9 (0,6-1,3)

1,000

1,0 (0,8-1,3)

0,533

1,1 (0,8-1,6)

T 10 (12,2) 6 (1,8) 4 (2,5) 0,008*

4,8 (1,3-22)

0,734

0,7 (0,2-3,4)

0,0002*

0,1 (0,04-0,4)

n = 82 340 160

Genótipos

G/G 31 (75,6) 164 (96,5) 76 (95,0) 0,476

0,8 (0,4-1,4)

1,000

1,0 (0,7-1,5)

0,366

1,3 (0,7-2,2)

G/T 10 (24,4) 6 (3,5) 4 (5,0) 0,007*

4,8 (1,3-22)

0,732

0,7 (0,2-3,5)

0,0004*

0,1 (0,04-0,4)

T/T 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) NA

NA NA

n = 41 170 80

“-3

36 A

/G” (

rs4

80

480

3)

Alelos

A 47 (58,8) 215 (68,0) 107 (68,6) 0,509

0,9 (0,5-1,3)

1,000

1,0 (0,7-1,3)

0,482

1,2 (0,8-1,8)

G 33 (41,3) 101 (32,0) 49 (31,4) 0,349

1,3 (0,7-2,3)

1,000

1,0 (0,7-1,5)

0,275

0,8 (0,5-1,3)

n = 80 316 156

Genótipos § §

A/A 18 (45,0) 65 (41,1) 36 (46,1) 1,000

1,0 (0,5-2,0)

0,706

0,9 (0,5-1,5)

0,872

0,9 (0,5-1,8)

G/A 11 (27,5) 85 (53,8) 35 (44,9) 0,262

0,6 (0,2-1,4)

0,473

1,2 (0,7-2,0)

0,072

1,9 (0,9-4,4)

G/G 11 (27,5) 8 (5,1) 7 (9,0) 0,036*

3,0 (1,0-10)

0,277

0,6 (0,2-1,9)

0,0007*

0,2 (0,1-0,5)

n = 40 158 78 *p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; §= População fora do equilíbrio de H-W; NA= não analisada

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57

Para o SNP (rs4804803), uma troca de adenina por guanina na posição -336,

foi observada a predominância do alelo A em todos dos grupos estudados,

principalmente entre os controles (68,6%). Já o alelo G foi mais frequente em

crianças HIV- (41,3%). Entre os genótipos, G/A apresentou maior frequência em

crianças HIV+ (53,8%), enquanto que A/A foi mais frequente em controles (46,1%) e

em crianças HIV- (45%). O genótipo G/G esteve presente em 27,5% das crianças

HIV-, diferindo estatisticamente dos controles (9,0%; p=0,036; OR= 3,0; IC95%= 1,0-

10) e das crianças HIV+ (5,1%; p= 0,0007; OR= 2,0; IC95%= 0,1-0,5), sugerindo um

efeito protetor contra o vírus, na população pernambucana (Tabela 5).

Tabela 6. Frequências alélicas e genotípicas dos SNPs (-871 e -939) da região promotora do gene DC-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis

SN

Ps

Variantes

Crianças Expostas ao HIV-1

Controles Saudáveis

Comparação entre os grupos #

HIV (-)

HIV (+) HIV(-) vs

Controles HIV(+) vs Controles

HIV(+) vs

HIV(-)

n(%) n(%) n(%) p-value OR (IC-95%)

“-8

71 A

/G” (

rs7

35

239)

Alelos

A 62 (72,1) 197 (62,7) 131 (71,2) 1,000

1,0 (0,7-1,5)

0,421

0,9 (0,6-1,2)

0,502

0,9 (0,6-1,3)

G 24 (27,9) 117 (37,3) 53 (28,8) 1,000

1,0 (0,5-1,7)

0,194

1,3 (0,9-1,9)

0,276

1,3 (0,8-2,3)

n = 86 314 184

Genótipos §

A/A 22 (51,2) 71 (45,2) 47 (51,1) 1,000

1,0 (0,5-1,9)

0,645

0,9 (0,5-1,4)

0,763

0,9 (0,5-1,7)

G/A 18 (41,9) 55 (35,0) 37 (40,2) 1,000

1,0 (0,5-2,1)

0,616

0,9 (0,5-1,5)

0,623

0,8 (0,4-1,7)

G/G 3 (7,0) 31 (19,8) 8 (8,7) 1,000

0,8 (0,1-3,6)

0,048*

2,3 (1,0-6,0)

0,104

2,8 (0,8-15)

n = 43 157 92

“-9

39 G

/A” (

rs7

35

240)

Alelos

G 63 (64,3) 214 (57,5) 114 (60,0) 0,764

1,1 (0,7-1,6)

0,770

1,0 (0,7-1,3)

0,581

0,9 (0,6-1,3)

A 35 (35,7) 158 (42,5) 76 (40,0) 0,722

0,9 (0,5-1,5)

0,742

1,1 (0,7-1,5)

0,456

1,2 (0,8-1,9)

n = 98 372 190

Genótipos §

G/G 22 (44,9) 71 (38,2) 31 (32,6) 0,403

1,4 (0,7-2,7)

0,623

1,2 (0,7-2,0)

0,656

0,9 (0,5-1,6)

G/A 19 (38,8) 72 (38,7) 52 (54,8) 0,350

0,7 (0,4-1,4)

0,119

0,7 (0,4-1,1)

1,000

1,1 (0,5-1,9)

A/A 8 (16,4) 43 (23,1) 12 (12,6) 0,622

1,3 (0,4-3,7)

0,084

1,8 (0,9-4,0)

0,447

1,4 (0,6-3,7)

n = 49 186 95 *p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; § = População fora do equilíbrio de H-W; NA = Não analisado.

Page 76: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

58

Para o SNP (rs735239), uma variação de adenina para guanina na posição -

871, observou-se o alelo A como predominante em todos os grupos, especialmente

entre crianças HIV- (72,1%). Diferentemente, o alelo G obteve maior frequência

entre crianças HIV+ (37,3%). Quanto à distribuição genotípica, o genótipo A/A

predominou entre os grupos, especialmente em crianças HIV- (51,2%), enquanto os

genótipos G/A e G/G, foram predominantes em crianças HIV- (41,9%) e HIV+

(19,8%). Não foram evidencias diferenças estatísticas em relação à distribuição

alélica, no entanto, o genótipo G/A, apresentou-se mais frequente em crianças HIV+

(19,8%) em comparação aos controles (8,7%; p= 0,048; OR= 2,3; IC95%= 1,0-6,0),

sendo associado a susceptibilidade a TV do HIV-1 (Tabela 6).

Para o SNP (rs735240), uma troca de guanina por adenina na posição -939, o

alelo G predominou entre os grupos, principalmente entre crianças HIV- (64,3%),

enquanto o alelo A foi mais frequente em crianças HIV+ (42,5%). Na distribuição

genotípica, o genótipo G/G foi mais frequente em crianças HIV- (44,9%), enquanto

G/A e A/A foram os mais frequentes em controles (54,8%) e crianças HIV+ (23,1%),

respectivamente. Não foram observadas diferenças estatísticas em relação à

distribuição alélica e genotípica entre os grupos (Tabela 6).

5.1.2 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene DC-SIGN

Após a genotipagem por eletroforese em gel de agarose e validação por

sequenciamento direto, constatou-se que todas as frequências estavam condizentes

com o equilíbrio de H-W. Os resultados obtidos se encontram apresentados na

Tabela 7.

Os resultados revelaram baixa variabilidade gênica para essa região na

população em estudo. Dois alelos foram observados, os alelos com 6 e 7 repetições.

O alelo 7 foi predominante em todos os grupos, com frequências superiores a 98%.

Quanto à distribuição genotípica, apenas dois genótipos foram identificados: 7/6 e

7/7. O genótipo 7/7 foi mais frequente, estando presente em aproximadamente 97%

dos indivíduos dos diferentes grupos, enquanto que o genótipo 7/6 esteve presente

em aproximadamente 2,5% dos controles, estando ausente em crianças HIV-

(Tabela 7).

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59

Tabela 7. Frequências alélicas e genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene DC-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV negativas e HIV positivas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis.

Variantes

Crianças Expostas ao HIV-1

Controles Saudáveis

Comparação entre os grupos #

HIV (-)

HIV (+) HIV(-) vs

Controles HIV(+) vs Controles

HIV(+) vs HIV(-)

n(%) n(%) n(%) p-value OR (IC-95%)

Alelos

6 0 (0,0) 4 (1,2) 2 (0,8) NA 1,000

1,3 (0,2-15)

NA

7 72 (100,0) 186 (98,8) 126 (99,2) 1,000

1,0 (0,7-1,6)

1,000

1,0 (0,7-1,4)

0,922

1,0 (0,6-1,5)

n = 72 190 128

Genótipos

“7/6” 0 (0,0) 2 (2,1) 1 (1,6) NA 1,000

1,3 (0,1-81)

NA

“7/7” 36 (100,0) 93 (97,9) 63 (98,4) 1,000

1,0 (0,5-1,9)

1,000

1,0 (0,6-1,6)

1,000

1,0 (0,6-1,8)

n = 36 95 64

*p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; § = População fora do equilíbrio de H-W; NA = Não analisado.

5.1.3 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene L-SIGN

Diferentemente dos resultados apresentados para o éxon 4 do gene DC-

SIGN, o éxon 4 do gene L-SIGN apresentou considerável variabilidade em todos os

grupos estudados, conforme Tabelas 8 e 9.

Tabela 8. Frequências alélicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis

Alelos

Crianças Expostas ao HIV-1

Controles Saudáveis

Comparação entre os grupos #

HIV (-)

HIV (+) HIV(-) vs

Controles HIV(+) vs Controles

HIV(+) vs HIV(-)

n(%) n(%) n(%) p-value OR (IC-95%)

4 2 (2,2) 5 (1,7) 3 (1,7) 1,000

1,3 (0,1-12)

1,000

1,0 (0,2-6,6)

0,674

0,8 (0,1-8,3)

5 28 (31,1) 88 (30,6) 54 (30,6) 1,000

1,0 (0,6-1,8)

1,000

0,1 (0,7-1,5)

1,000

1,0 (0,6-1,7)

6 21 (23,3) 74 (25,7) 45 (25,7) 0,884

0,9 (0,5-1,7)

1,000

1,0 (0,7-1,6)

0,788

1,1 (0,6-2,0)

7 39 (43,3) 120 (41,7) 73 (41,7) 0,906

1,0 (0,6-1,7)

1,000

1,0 (0,7-1,6)

0,912

1,0 (0,6-1,5)

8 0 (0,0) 1 (0,3) 1 (0,3) NA 1,000

0,6 (0,01-48)

NA

n =

90

288

176

*p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; § = População fora do equilíbrio de H-W; NA = Não analisado.

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60

Inicialmente, todas as frequências foram analisadas quanto à aderência ao

princípio de H-W, não sendo observados desvios.

Quanto a distribuição alélica, foram identificados 5 alelos, diferenciados de

acordo com o número de repetições, que variaram de 4 a 8 entre os controles

saudáveis e as crianças HIV+, e de 4 a 7 entre as crianças HIV-. O alelo com 7

repetições predominou em todos os grupos, especialmente entre crianças HIV-

(43,3%), enquanto o alelo com 8 repetições, apresentou a menor frequência entre os

grupos, estando presente em 0,3% das crianças HIV+ e controles, e ausente em

crianças HIV-. Apesar de diferenças percentuais, estas, não se confirmaram

estatisticamente (Tabela 8).

Tabela 9. Frequências genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao vírus HIV-1 (HIV positivas e HIV negativas) via transmissão vertical, e em controles saudáveis.

Variantes

Crianças Expostas ao HIV-1

Controles Saudáveis

Comparação entre os grupos #

HIV (-)

HIV (+) HIV(-) vs

Controles HIV(+) vs Controles

HIV(+) vs HIV(-)

n(%) n(%) n(%) p-value OR (IC-95%)

“4/4” 0 (0,0) 2 (1,4) 1 (1,1) NA 1,000

1,2 (0,1-73)

NA

“5/4” 2 (4,4) 0 (0,0) 0 (0,0) NA NA NA

“5/5” 7 (15,5) 33 (22,9) 6 (6,8) 0,223

2,3 (0,6-8,7)

0,006*

3,3 (1,3-10)

0,533

1,5 (0,6-4,2)

“5/6” 6 (13,3) 7 (4,9) 8 (9,1) 0,560

1,5 (0,4-5,1)

0,278

0,5 (0,2-1,8)

0,097

0,4 (0,1-1,4)

“6/4” 0 (0,0) 1 (0,7) 4 (4,5) NA 0,076

0,1 (0,01-1,6)

NA

“6/6” 2 (4,4) 14 (9,7) 0 (0,0) NA NA 0,535

2,2 (0,5-20)

“7/5” 6 (13,3) 15 (10,4) 16 (18,2) 0,631

0,7 (0,2-2,1)

0,172

0,6 (0,3-1,3)

0,599

0,8 (0,3-2,6)

“7/6” 11 (24,4) 38 (26,4) 24 (27,3) 0,843

0,9 (0,4-2,1)

1,000

1,0 (0,5-1,8)

1,000

1,1 (0,5-2,5)

“7/7” 11 (24,4) 33 (22,9) 29 (32,9) 0,564

0,7 (0,3-1,7)

0,243

0,7 (0,4-1,3)

0,847

0,9 (0,4-2,2)

“7/8” 0 (0,0) 1 (0,7) 0 (0,0) NA NA NA

Homozigotos 20 (44,4) 82 (56,9) 36 (40,9) 0,867

1,1 (0,5-2,2)

0,194

1,4 (0,8-2,3)

0,463

1,3 (0,7-2,5)

Heterozigotos 35 (55,6) 62 (43,1) 52 (59,1) 0,390

1,3 (0,7-2,4)

0,200

0,7 (0,5-12)

0,037*

0,5 (0,3-1,0)

n =

43

157

92

*p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; § = População fora do equilíbrio de H-W; NA = Não analisado.

Page 79: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

61

Quanto à distribuição genotípica, foram identificados 10 variantes, sendo o

genótipo 7/7, predominante em todos os grupos, principalmente em controles

(32,9%). Também foram identificados genótipos raros (4/4, 5/4, 6/4 e 7/8), com

frequências inferiores a 5% e ausentes em alguns grupos. De todos os genótipos

identificados, apenas o genótipo 5/5, mostrou-se estatisticamente significante, na

comparação entre crianças HIV+ (22,9%) e os controles saudáveis (6,8%; p=0,006;

OR=3,4; IC95%=1,3-10), sugerindo uma associação com a susceptibilidade a TV do

HIV-1 (Tabela 9).

A análise quanto à presença de genótipos homozigotos e heterozigotos,

constatou que genótipos heterozigotos foram mais frequentes entre controles

(59,1%) e crianças HIV- (55,6%), enquanto, os homozigotos foram predominantes

entre os indivíduos HIV+ (56,9%). Diferenças significativas foram observadas entre

crianças HIV- e HIV+ (p=0,037; OR=0,5; IC95%= 0,3-1,0), sugerindo um efeito

protetor a TV do HIV-1 em crianças com genótipos heterozigotos (Tabela 9).

Na tabela 10, observam-se os principais resultados obtidos para os genes

DC-SIGN e L-SIGN em crianças pernambucanas expostas ao HIV-1, via transmissão

vertical.

Tabela 10. Principais resultados obtidos para os genes DC-SIGN e L-SIGN na população pernambucana exposta ao HIV-1, via transmissão vertical

Gene/Região Variante Associado Associação

DC-SIGN

Promotor

-201 T Proteção

-201 G/T Proteção

-336 G/G Proteção

-871 G/G Susceptibilidade

DC-SIGN

Éxon 4

Região com baixa variabilidade, não sendo evidenciadas diferenças

significativas entre os grupos

L-SIGN

Éxon 4

5/5

Susceptibilidade

Heterozigoto

Proteção

Page 80: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

62

5.2 Distribuição de Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN em Pacientes

com Tuberculose Ativa e em Controles Saudáveis Pernambucanos

5.2.1 Polimorfismos da Região Promotora do Gene DC-SIGN

Na população com TB ativa, as genotipagens para região promotora de DC-

SIGN, foram executadas através de sondas alelo-específicas (TaqMan), visando

identificar 4 SNPs (-139, -336, -871 e -939). Os resultados estão dispostos na Tabela

11 e 12.

Inicialmente, todas as frequências foram verificadas quanto ao equilíbrio de H-

W, estando todas condizentes com tal princípio, exceto as referentes aos SNPs -336

e -871 em pacientes com TB pulmonar.

Para o SNP-139 (rs2287886), constatou-se a predominância do alelo G em

todos os grupos, especialmente em controles (69,6%), enquanto, o alelo A

apresentou maior frequência entre pacientes TB (35,3%). Quanto à distribuição

genotípica, o genótipo G/G foi mais frequente entre controles (49,7%), enquanto que

G/A e A/A foram mais frequentes entre pacientes TB (48,4% e 11,1%,

respectivamente). Não foram observadas diferenças significativas quanto às

distribuições alélica e genotípica (Tabela 11).

Já para SNP-336 (rs48044803), o alelo A foi o mais frequente em todos os

grupos, especialmente em pacientes (84,2%), enquanto que o alelo G em controles

(24,5%). Entre os pacientes, o alelo A predominou nas formas extrapulmonares de

TB (84,4%), enquanto o alelo G, na forma pulmonar (18,2%) (Tabela 11).

Quanto à distribuição genotípica, o genótipo A/A predominou em todos os

grupos, principalmente, entre pacientes (78,3%). Por outro lado, os genótipos G/A e

A/A apresentaram maiores frequências nos controles (34,7%) e nos pacientes

(10,0%), respectivamente. Entre os pacientes, percebeu-se a predominância de

genótipos A/A (77,3%) e G/G (13,6%) na forma pulmonar de TB, e do genótipo G/A

nas formas extrapulmonares (31,3%). Adicionalmente, foram verificadas diferenças

significativas, entre pacientes TB totais (11,7%; p=0,015; OR= 0,3; IC95%= 0,1-0,8)

e TB pulmonar (9,1% p=0,012; OR= 0,3; IC95%= 0,06-0,8) com relação aos

Page 81: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

63

controles (34,7%), quanto ao genótipo G/A, sugerindo um efeito protetor contra o

desenvolvimento da TB, especialmente na forma pulmonar da doença (Tabela 11).

Tabela 11. Frequências alélicas e genotípicas de SNPs (-139 e -336) da região promotora do gene DC-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e controles saudáveis pernambucanos.

S

NP

s

Variantes

Pacientes com Tuberculose

Controles

Comparação entre Grupos#

Total

TBp

TBe Total vs

Controles TBp vs

Controles TBe vs

Controles

n (%) n (%) n (%) n (%) p-value OR (IC95%)

“-1

39 G

/A” (

rs2

28

788

6)

Alelos

G 163 (64,7) 111 (62,4) 52 (70,3) 227 (69,6) 0,597

0,9 (0,7-1,2)

0,505

0,9 (0,7-1,2)

1,000

1,0 (0,7-1,5)

A 89 (35,3) 67 (37,6) 22 (29,7) 99 (30,4) 0,398

1,2 (0,8-1,6)

0,265

1,2 (0,8-1,8)

1,000

1,0 (0,5-1,70

n = 252 178 74 326

Genótipos

G/G 51 (40,5) 34 (38,2) 17 (46,0) 81 (49,7) 0,395

0,8 (0,5-1,3)

0,287

0,8 (0,5-1,3)

0,874

0,9 (0,5-1,8)

G/A 61 (48,4) 43 (48,3) 18 (48,6) 65 (39,9) 0,391

1,2 (0,8-1,9)

0,474

1,2 (0,7-2,0)

0,621

1,2 (0,5-2,4)

A/A 14 (11,1) 12 (13,5) 2 (5,4) 17 (10,4) 1,000

1,1 (0,5-2,4)

0,544

1,3 (0,5-3,0)

0,538

0,5 (0,05-2,3)

n = 126 89 37 163

“-3

36 A

/G” (

rs 4

80

480

3)

Alelos

A 101 (84,2) 72 (81,8) 27 (84,4) 148 (75,5) 0,544

1,1 (0,8-1,6)

0,700

1,1 (0,7-1,6)

0,776

1,1 (0,6-2,0)

G 19 (15,8) 16 (18,2) 5 (15,6) 48 (24,5) 0,162

0,65 (0,3-1,2)

0,369

0,74 (0,4-1,4)

0,450

0,64 (0,2-1,8)

n = 120 88 32 196

Genótipos §

A/A 47 (78,3) 34 (77,3) 11 (68,7) 57 (58,2) 0,251

1,3 (0,8-2,3)

0,323

1,3 (0,7-2,4)

0,830

1,2 (0,5-2,9)

G/A 7 (11,7) 4 (9,1) 5 (31,3) 34 (34,7) 0,015*

0,3 (0,1-0,8)

0,012*

0,3 (0,06-0,8)

1,000

0,9 (0,2-2,8)

G/G 6 (10,0) 6 (13,6) 0 (0,0) 7 (7,1) 0,567

1,4 (0,4-5,1)

0,352

1,9 (0,5-7,0)

NA

n = 60 44 16 98

*p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; §= População fora do equilíbrio de H-W; NA= não analisado; TBp= Tuberculose pulmonar; TBe= Tuberculose extrapulmonar.

Com relação ao SNP-871 (rs735239), observou-se a predominância do alelo

A em ambos os grupos, especialmente em pacientes (76,0%; p= 0,031; OR= 1,4;

Page 82: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

64

IC95%= 1,0-1,9), diferindo significativamente dos controles (55,1%). Por outro lado,

o alelo G foi mais frequente em controles (44,9%), diferindo significativamente dos

pacientes (24,0%; p= 0,001; OR= 0,5; IC95%= 0,3-0,8). Entre os pacientes, o alelo A

foi mais frequente nas formas extrapulmonares de TB, enquanto que G predominou

na forma pulmonar. Ambos os pacientes pulmonar (25,0%; p= 0,004; OR= 0,5;

IC95%= 0,3-0,8) e extrapulmonar (19,6%; p= 0,026; OR= 0,4; IC95%= 0,2-0,9),

apresentaram diferenças significativas em relação aos controles (44,9%) quanto ao

alelo G. Os resultados sugerem a associação do alelo A com a susceptibilidade ao

desenvolvimento de TB e do alelo G com a proteção contra TB em suas formas

pulmonar e extrapulmonar (Tabela 12).

Quanto à distribuição genotípica, o genótipo A/A foi mais frequente em

pacientes (62,0%), enquanto que G/A e G/G foram predominantes em controles

(52,7% e 19,0%, respectivamente). Entre os pacientes, os genótipos A/A e G/A

foram mais frequentes nas formas extrapulmonares de TB (65,% e 30,4%,

respectivamente), enquanto genótipo G/G alcançou à maior frequência em pacientes

TB pulmonar (11,1%).

Adicionalmente, foram observadas diferenças significativas entre pacientes

TB totais (p= 0,001; OR= 2,2; IC95%= 1,3-3,7), com TB pulmonar (p= 0,003; OR=

2,2; IC95%= 1,3-3,7) e com TB extrapulmonar (p= 0,037; OR= 2,3; IC95%= 0,9-2,4)

em relação ao grupo controle quanto os genótipos A/A, sugerindo associações com

a susceptibilidade a TB na população pernambucana. Por outro lado, diferenças

significativas foram observadas entre pacientes TB totais (p= 0,014; OR= 0,5;

IC95%= 0,3-0,9) e com TB pulmonar (p= 0,023; OR= 0,5; IC95%= 0,3-0,9), em

relação ao grupo de controles quanto ao genótipo G/A, sugerindo um efeito protetor

contra o desenvolvimento da TB, especialmente TB pulmonar (Tabela 12).

Para o SNP-939 (rs735240), observou-se a predominância do alelo G em

todos os grupos, especialmente em controles (63,4%), enquanto, o alelo A se

mostrou mais frequente em pacientes (41,6%). Entre os pacientes, o alelo G

predominou na forma pulmonar (61,5%), enquanto, o alelo A nas formas

extrapulmonares (50,0%) (Tabela 12).

Quanto à distribuição genotípica, percebeu-se um predomínio de genótipos

G/A em pacientes (46,6%), enquanto G/G e A/A foram predominantes em controles

(45,2% e 19,1%, respectivamente). Entre os pacientes, o genótipo G/G predominou

na forma pulmonar (38,6%) e os genótipos G/A e A/A nas formas extrapulmonares

Page 83: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

65

(48,5% e 25,7%, respectivamente). Adicionalmente, não foram observadas

diferenças significativas quanto às distribuições alélica e genotípica (Tabela 12).

Tabela 12. Frequências alélicas e genotípicas de SNPs (-871 e -939) da região promotora do gene DC-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e controles saudáveis pernambucanos.

S

NP

s

Variantes

Pacientes com Tuberculose

Controles

Comparação entre Grupos#

Total

TBp

TBe Total vs

Controles TBp vs

Controles TBe vs

Controles

n (%) n (%) n (%) n (%) p-value OR (IC95%)

“-8

71 A

/G” (

rs7

35

239)

Alelos

A 159 (76,0) 122 (75,0) 37 (80,4) 140 (55,1) 0,031*

1,4 (1,0-1,9)

0,055

1,4 (1,0-1,9)

0,134

1,5 (0,9-2,4)

G 49 (24,0) 40 (25,0) 9 (19,6) 144 (44,9) 0,001*

0,5 (0,3-0,8)

0,004*

0,5 (0,3-0.8)

0,026

0,4 (0,2-0,9)

n = 208 162 46 254

Genótipos §

A/A 65 (62,0) 50 (61,7) 15 (65,2) 36 (28,3) 0,001*

2,2 (1,3-3,7)

0,003*

2,2 (1,3-3,7)

0,037*

2,3 (1,0-5,1)

G/A 29 (28,0) 22 (27,2) 7 (30,4) 67 (52,7) 0,014*

0,5 (0,3-0,9)

0,023*

0,5 (0,3-0,9)

0,298

0,6 (0,2-1,5)

G/G 10 (10,0) 9 (11,1) 1 (4,4) 24 (19,0) 0,097

0,5 (0,2-1,2)

0,246

0,6 (0,2-1,4)

0,208

0,2 (0,01-1,6)

n = 104 81 23 127

“-9

39 A

/G” (

rs7

35

240)

Alelos

G 153 (58,4) 118 (61,5) 35 (50,0) 199 (63,4) 0,586

0,9 (0,7-1,2)

0,882

1,0 (0,7-1,3)

0,321

0,8 (0,5-1,3)

A 109 (41,6) 74 (38,5) 35 (50,0) 115 (36,6) 0,431

1,2 (0,8-1,6)

0,793

1,0 (0,7-1,5)

0,185

1,4 (0,8-2,2)

n = 262 192 70 314

Genótipos

G/G 46 (35,1) 37 (38,6) 9 (25,7) 71 (45,2) 0,271

0,8 (0,5-1,2)

0,552

0,8 (0,5-1,4)

0,205

0,6 (0,2-1,3)

G/A 61 (46,6) 44 (45,8) 17 (48,6) 56 (35,7) 0,229

1,3 (0,8-2,1)

0,334

1,3 (0,8-2,1)

0,388

1,4 (0,7-2,7)

A/A 24 (18,3) 15 (15,6) 9 (25,7) 30 (19,1) 1,000

1,0 (0,5-1,8)

0,618

0,8 (0,4-1,7)

0,504

1,3 (0,5-3,2)

n = 131 96 35 157

*p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; §= População fora do equilíbrio de H-W; NA= não analisado; TBp= Tuberculose pulmonar; TBe= Tuberculose extrapulmonar.

Page 84: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

66

5.2.2 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene DC-SIGN

Assim como observado no grupo de crianças expostas ao vírus HIV-1, a

população acometida pela TB, também apresentou ausência de variação para a

região repetida do éxon 4 de DC-SIGN. Os resultados se encontram apresentados

na Tabela 13.

Tabela 13. Frequências alélicas e genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene DC-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e em controles saudáveis pernambucanos.

Variantes

Pacientes com Tuberculose

Controles

Comparação entre Grupos#

Total

TBp

TBe Total vs

Controles TBp vs

Controles TBe vs

Controles

n (%) n (%) n (%) n (%) p-value OR (IC95%)

Alelos 6 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 8 (2,4)

NA NA NA

7 208 (100,0) 158 (100,0) 50 (100,0) 332 (97,6)

1,000

1,0 (0,8-1,3)

1,000

1,0 (0,8-1,3)

1,000

1,0 (0,6-1,6)

n = 208 158 50 340

Genótipos 7/6 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 4 (2,4) NA NA NA

7/7 104 (100,0) 79 (100,0) 25 (100,0) 166 (97,6)

1,000

1,0 (0,7-1,4)

1,000

1,0 (0,7-1,5)

1,000

1,0 (0,5-1,9)

n = 126 89 37 163

*p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; §= População fora do equilíbrio de H-W; NA= não analisado; TBp= tuberculose pulmonar; TBe= tuberculose extrapulmonar.

O alelo com 7 repetições foi predominante em pacientes (100%) e controles

(97,6%), enquanto o alelo com 6 repetições, foi observado apenas em controles,

com frequência de 2,4%.

Quanto à distribuição genotípica, foram identificados dois genótipos: 7/6 e 7/7.

Como esperado, o genótipo 7/7 foi mais frequente em pacientes (100%) e controles

(97,6%) (Tabela 12). Adicionalmente, não foram observadas diferenças estatísticas

entre os grupos quanto às distribuições alélica e genotípica, e nem desvios do

equilíbrio de H-W.

Page 85: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

67

5.2.3 Polimorfismos no Número de Repetições do Éxon 4 do Gene L-SIGN

Nos pacientes com TB ativa, a região repetida (éxon 4) do gene L-SIGN,

mostrou-se altamente variável, apresentando frequências em conformidade com o

princípio de H-W. Os resultados podem ser observados nas Tabelas 14 e 15.

Tabela 14. Frequências alélicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e em controles saudáveis pernambucanos.

Alelos

Pacientes com Tuberculose

Controles

Comparação entre Grupos#

Total

TBp

TBe Total vs

Controles TBp vs

Controles TBe vs

Controles

n (%) n (%) n (%) n (%) p-value OR (IC95%)

4

1 (0,4)

0 (0,0)

1 (1,5)

8 (2,9)

0,042*

0,1 (0,003-1,0)

NA

1,000

0,5 (0,01-4,0)

5

17 (6,9)

7 (3,9)

10 (14,7)

38 (13,6)

0,031*

0,5 (0,3-1,0)

0,002*

0,3 (0,1-0,7)

0,847

1,1 (0,5-2,4)

6

33 (13,4)

25 (14,0)

8 (11,8)

67 (23,9)

0,011*

0,6 (0,3-0,9)

0,034*

0,6 (0,3-1,0)

0,096

0,5 (0,2-1,1)

7

76 (30,9)

58 (32,6)

18 (26,5)

84 (30,0)

0,928

1,0 (0,7-1,5)

0,695

1,0 (0,7-1,6)

0,775

0,9 (0,5-1,6)

8

60 (24,4)

45 (25,3)

15 (22,1)

64 (22,9)

0,765

1,1 (0,7-1,6)

0,663

1,1 (0,7-1,7)

1,000

1,0 (0,5-1,8)

9

58 (23,6)

42 (23,6)

16 (23,5)

15 (5,4)

9,183e

-08*

4,4 (2,4-8,6)

7,129e

-07*

4,4 (2,3-8,8)

0,0002*

4,4 (1,9-10)

10

1 (0,4)

1 (0,6)

0 (0,0)

4 (1,4)

0,379

0,3 (0,01-2,9)

0,653

0,4 (0,01-4,0)

NA

n =

126

89

37

163

*p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; NA= não analisado; TBp= tuberculose pulmonar; TBe= tuberculose extrapulmonar.

Entre pacientes e controles, foram identificados 7 alelos, com número de

repetições, variando entre 4 a 10. O alelo com 7 repetições foi predominante em

ambos os grupos, com frequência igual e/ou superior a 30%. Por outro lado, alelos

com 10 e 4 repetições, foram observados com frequências inferiores a 3%, em

ambos os grupos (Tabela 14).

Page 86: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

68

Adicionalmente, diferenças significativas foram observadas entre os grupos. O

alelo 4 apresentou maior frequência em controles (2,9%) em relação aos pacientes

TB (0,4%; p=0,042; OR=0,1; IC95%=0,003-1,0). Diferenças significativas, também,

foram observadas para o alelo 5, entre controles (13,6%) e pacientes TB no total

(6,9%; p=0,031; OR=0,5; IC95%= 0,3-1,0) e na forma pulmonar (3,9%; p=0,002;

OR= 0,3; IC95%=0,1-0,7). Semelhantemente, frequências para o alelo 6 nos

pacientes TB no total (13,4%; p=0,011; OR= 0,6; IC95%= 0,3-0,9) e na forma

pulmonar (14,0%; p=0,034; OR= 0,6; IC95%= 0,3-1,0) foram estatisticamente

inferiores as frequências apresentadas pelos controles (23,9%). Por outro lado, o

alelo 9, em pacientes TB no total (23,6%; p=9,183e-08; OR= 4,4; IC95%= 2,4-8,6) e

nas formas pulmonar (23,6%; p=7.129e-07; OR= 4,4; IC95%= 2,3-8,8) e

extrapulmonar (23,5%; p=0,0002; OR= 4,4; IC95%= 1,9-10), apresentou frequências

superiores as presentes em controles (5,4%) (Tabela 14).

Esses resultados revelam que os alelos 4, 5 e 6, provavelmente estão

associados a proteção contra o desenvolvimento da TB, e especialmente, com a TB

pulmonar, como observado para os alelos 5 e 6. Por outro lado, o alelo 9 foi

associado com a susceptibilidade ao desenvolvimento da TB, especialmente em

suas formas pulmonar e extrapulmonar.

Quanto à distribuição genotípica, foram identificados 21 diferentes genótipos,

sendo em sua maioria heterozigotos. O genótipo 7/7 foi predominante em pacientes

(17,1%) e controles (12,1%), enquanto outros genótipos (10/8, 10/7, 10/6, 10/5, 9/5,

7/4 e 6/4) foram raros, com frequências inferiores a 5 % (Tabela 15).

Diferenças significativas foram evidenciadas entre pacientes e controles para

os genótipos 6/5 e 9/9. A frequência para o genótipo 6/5 em pacientes TB (0,8%;

p=0,014; OR=0,1; IC95%= 0,002-0,8) foi significativamente inferior a apresentada

pelo grupo controle (7,1%). Contrariamente, a frequência apresentada para genótipo

9/9 no grupo controle (1,4%) foi inferior a apresentada pelos pacientes com TB geral

(13,0%; p=0,0004; OR= 9,0; IC95%= 2,1-83), tanto na forma pulmonar (13,5%;

p=0,001; OR= 9,3; IC95%= 2,0-88) quanto na extrapulmonar (11,8%; p=0,019; OR=

8,1; IC95%= 1,1-93) (Tabela 15).

Os resultados apresentados para população pernambucana sugerem que o

genótipo 6/5, possivelmente, esteja associado à proteção contra o desenvolvimento

da TB, enquanto que o genótipo 9/9, associa-se com a susceptibilidade a doença em

sua forma pulmonar e extrapulmonar.

Page 87: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

69

Tabela 15. Frequências genotípicas de polimorfismos no número de repetições contidas no éxon 4 do gene L-SIGN em pacientes com tuberculose ativa e em controles saudáveis pernambucanos.

Genótipos

Pacientes com Tuberculose

Controles

Comparação entre Grupos#

Total

TBp

TBe Total vs

Controles TBp vs

Controles TBe vs

Controles

n (%) n (%) n (%) n (%) p-value OR (IC95%)

“5/5” 2 (1,6) 0 (0,0) 2 (5,9) 5 (3,6) 0,456

0,5 (0,04-2,8)

NA 0,627

1,6 (0,2-11)

“6/4” 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 3 (2,1) NA NA NA

“6/5” 1 (0,8) 0 (0,0) 1 (2,9) 10 (7,1) 0,014*

0,1 (0,002-0,8)

NA 0,693

0,4 (0,01-3,1)

“6/6” 4 (3,3) 3 (3,4) 1 (2,9) 13 (9,3) 0,079

0,3 (0,1-1,2)

0,180

0,4 (0,06-1,4)

0,474

0,3 (0,01-2,3)

“7/4” 1 (0,8) 0 (0,0) 1 (2,9) 5 (3,6) 0,222

0,2 (0,01-2,1)

NA

1,000

0,8 (0,02-7,7)

“7/5” 4 (3,3) 2 (2,2) 2 (5,9) 13 (9,3) 0,079

0,3 (0,1-1,2)

0,055

0,2 (0,03-1,1)

0,740

0,6 (0,06-3,0)

“7/6” 11 (8,9) 7 (7,9) 4 (11,8) 14 (10,0) 0,836

0,9 (0,4-2,2)

0,815

0,8 (0,3-2,2)

0,760

1,2 (0,3-4,1)

“7/7” 21 (17,1) 18 (20,2) 3 (8,8) 17 (12,1) 0,386

1,4 (0,7-3,0)

0,196

1,7 (0,8-2,6)

0,771

0,7 (0,1-2,7)

“8/5” 6 (4,9) 4 (4,5) 2 (5,9) 4 (2,9) 0,524

1,7 (0,4-8,4)

0,715

1,6 (0,3-8,7)

0,345

2,0 (0,2-15)

“8/6” 8 (6,5) 8 (9,0) 0 (0,0) 11 (7,9) 0,813

0,8 (0,3-2,3)

0,810

1,1 (0,4-3,3)

NA

“8/7” 13 (10,6) 10 (11,2) 3 (8,8) 14 (10,0) 1,000

1,1 (0,4-2,5)

0,828

1,1 (0,4-2,9)

1,000

0,9 (0,2-3,4)

“8/8” 9 (7,3) 6 (6,7) 3 (8,8) 14 (10,0) 0,520

0,7 (0,3-1,9)

0,4823

0,7 (0,2-2,0)

1,000

0,9 (0,2-3,4)

“9/5” 2 (1,6) 1 (1,1) 1 (2,9) 0 (0,0) NA NA NA

“9/6” 5 (4,1) 4 (4,5) 1 (2,9) 2 (1,4) 0,262

2,8 (0,5-30)

0,217

3,1 (0,4-35)

1,000

1,4 (0,02-18)

“9/7” 5 (4,1) 3 (3,4) 2 (5,9) 3 (2,1) 0,482

1,9 (0,4-12)

0,681

1,6 (0,2-12)

0,264

2,7 (0,2-25)

“9/8” 14 (11,4) 10 (11,2) 4 (11,8) 6 (4,3) 0,062

2,6 (0,9-8,7)

0,070

2,6 (0,8-9,1)

0,219

2,7 (0,5-12)

“9/9” 16 (13,0) 12 (13,5) 4 (11,8) 2 (1,4) 0,0004*

9,0 (2,1-83)

0,001*

9,3 (2,0-88)

0,019*

8,1 (1,1-93)

“10/5” 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (0,7) NA NA NA

“10/6” 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (0,7) NA NA NA

“10/7” 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (0,7) NA NA NA

“10/8” 1 (0,8) 1 (1,1) 0 (0,0) 1 (0,7) 1,000

1,1 (0,01-90)

1,000

1,6 (0,01-124)

NA

Homozigotos 52 (42,3) 39 (43,8) 13 (38,2) 51 (36,4) 0,561

1,2 (0,7-1,9)

0,526

1,2 (0,7-2,0)

1,000

1,0 (0,5-2,2)

Heterozigotos 71 (57,7) 50 (56,2) 21 (61,8) 89 (63,6) 0,687

0,9 (0,6-1,4)

0,657

0,9 (0,6-1,4)

1,000

1,0 (0,5-1,8)

n = 123 89 34 140 *p-value <0,05; # Teste Exato de Fisher; OR= Odds ratio; IC95%= Intervalo de Confiança de 95%; NA= não analisado; TBp= tuberculose pulmonar; TBe= tuberculose extrapulmonar.

Page 88: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

70

Adicionalmente, os genótipos foram analisados quanto à presença de

homozigotos e heterozigotos. Genótipos heterozigotos foram predominantes em

todos os grupos, especialmente entre os controles (63,6%). Não foram observadas

diferenças significativas entre homozigotos e heterozigotos.

Na tabela 16, pode-se observar os principais resultados evidenciados para os

genes DC-SIGN e L-SIGN, na população pernambucana com TB ativa.

Tabela 16. Principais resultados obtidos para os genes DC-SIGN e L-SIGN na população pernambucana com tuberculose ativa

Gene Variante Associado

Associação

DC-SIGN Promotor

-336 G/A Proteção geral e para forma pulmonar -871 A Susceptibilidade geral e para forma pulmonar -871 G Proteção geral e para formas pulmonar e extrapulmonar

-871 A/A Susceptibilidade geral e para formas pulmonar e extrapulmonar -871 G/A Proteção geral e para formas pulmonar e extrapulmonar

DC-SIGN Éxon 4

Não foram evidenciadas diferenças significativas entre os grupos, devido à

pequena quantidade de polimorfismos.

L-SIGN Éxon 4

Alelo 4 Proteção geral Alelo 5 Proteção geral e na forma pulmonar Alelo 6 Proteção geral e na forma pulmonar Alelo 9 Susceptibilidade geral e na forma pulmonar e extrapulmonar

6/5 Proteção geral 9/9 Susceptibilidade geral e para formas pulmonar e extrapulmonar

Page 89: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

71

6 DISCUSSÃO

A interação do hospedeiro humano com diferentes patógenos tem sido

acompanhada por adaptações genéticas e flutuações espaciais e temporais nas

pressões seletivas impostas por agentes infecciosos. Estudos têm sugerido a

presença de marcas genéticas da seleção natural, impostas por agentes infecciosos,

em genes humanos envolvidos na resposta imune e/ou interação hospedeiro-

patógeno (BARREIRO et al., 2005).

Adicionalmente, têm sido crescentes as evidências que fatores genéticos do

hospedeiro determinam as diferenças na susceptibilidade e/ou proteção a infecções

ocasionadas por agentes patogênicos, bem como, nos padrões clínicos de certas

doenças (BARREIRO et al., 2006).

Estudos da variabilidade de genes envolvidos na imunidade inata e

adaptativa, bem como na interação hospedeiro-patógeno, mostram-se

extremamente importantes. Neste sentido, o presente trabalho foi conduzido sob

duas diferentes ópticas, com o intuito de entender o papel de variações genéticas

nos genes DC-SIGN e L-SIGN, na susceptibilidade e/ou proteção a transmissão

vertical do HIV-1, e ao desenvolvimento de TB ativa na população de Pernambuco.

6.1 Papéis dos Polimorfismos nos Genes DC-SIGN e L-SIGN na Transmissão

Vertical do HIV-1

A transmissão vertical do HIV é responsável por mais de 40% de todas as

infecções em crianças, ocorrendo durante a gravidez, o parto e a amamentação

(SMITH et al., 2003; LUZURIAGA et al., 2007).

Alguns estudos têm sugerido que certos tipos celulares como: macrófagos da

decídua e células de Hofbauer, podem estar relacionados ao processo de

transmissão vertical (SOILLEUX et al., 2001; VELILLA et al., 2008).

Células de Hofbauer possuem a capacidade de suportar a infecção pelo HIV-

1, em decorrência da expressão de receptores celulares relacionados aos linfócitos

T (CD4, CCR5 e CXCR4) e de outros receptores, particularmente, DC-SIGN e L-

Page 90: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

72

SIGN (SOILLEUX; COLEMAN, 2003), implicando a participação na transmissão

viral.

Os receptores DC-SIGN e L-SIGN, são conhecidos por promoverem o

reconhecimento e captura do HIV-1, através da interação com a proteína gp120 viral

(GEITENBEEK et al., 2000). Diferentes trabalhos têm demonstrado que

polimorfismos nesses genes podem conduzir a susceptibilidade e/ou proteção a

infecção pelo HIV-1, bem como outros patógenos.

A região promotora de DC-SIGN possui diversos sítios de ligação para fatores

transcricionais (AP-1, Sp-1, Ets-1 e NF-kb). A presença de polimorfismos nas

proximidades desses sítios, podem diretamente promover aumento e/ou diminuição

dos níveis transcricionais, influenciando na quantidade de proteína expressa na

célula (LIU et al., 2003).

O aumento na quantidade de receptores DC-SIGN, em DCs e macrófagos,

pode conduzir a uma maior interação entre a gp120 do HIV-1 e o CRD do receptor,

possibilitando a ligação de alta afinidade entre o vírus e o receptor, bem como, a

interação do vírus com células T, promovendo a transmissão in trans.

Adicionalmente, uma grande quantidade de DC-SIGN, também, poderia concentrar o

vírus, aumentando sua infectividade em situações onde a viremia é baixa, como na

transmissão vertical (GEIJTENBEEK et al., 2000; BASHIROVA et al., 2001;

GEIJTENBEEK et al., 2002; SOILLEUX et al., 2002).

Por outro lado, a diminuição da quantidade de receptores DC-SIGN, poderia

ser associada à diminuição da interação vírus-receptor, reduzindo a transferência in

trans e conduzindo a diminuição da susceptibilidade ao vírus (GEIJTENBEEK et al.,

2002; van KOOYK et al., 2003).

Na população pernambucana, SNPs presentes na região promotora do gene

DC-SIGN apresentaram importantes contribuições para a proteção (-201T; -201G/T;

-336 G/G) e susceptibilidade (-871G/G) a transmissão vertical do HIV-1.

Variantes no SNP (rs11465366), alelo -201T e o genótipo -201G/T,

mostraram-se associados a proteção contra a transmissão do vírus HIV-1, via TV.

Essa associação foi considerada inédita, sendo a primeira associação de uma

variante do SNP-201 a transmissão de um agente infeccioso, corroborando os

insipientes achados da literatura.

Page 91: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

73

Kashima et al. (2009), evidenciaram em uma população de portadores e não

portadores do vírus HTLV-1, oriunda do Estado de São Paulo-Brasil, a ausência de

relação deste variente com a transmissão viral. Martin et al. (2004), estudando uma

população norte-americana (USA) exposta ao HIV-1, também chegaram a mesma

conclusão.

Pouco se sabe sobre o efeito desse polimorfismo na susceptibilidade e/ou

proteção a infecções. Estudos in silico, utilizando a ferramenta “Transfac Database

Search”, permitiram a identificação de sítios de ligação para o fator de transcrição c-

Myc, na presença do variante -201T, porém não se sabe o real significado biológico

deste sítio, na transcrição de DC-SIGN, requerendo investigações posteriores

(BOLIY-LAROUCHE et al., 2007).

Outra importante associação foi observada para o genótipo -336 G/G do

SNP(rs4804803) com a proteção a TV do HIV-1, corroborando os achados de Martin

et al. (2004), que estudando americanos (USA) com risco de aquisição do HIV-1, via

parenteral e através da mucosa, constataram a associação do alelo -336G com o

risco de aquisição parenteral. Selvaraj et al. (2009) estudando indivíduos HIV+TB-,

HIV+TB+, HIV-TB+ e controles saudáveis, oriundos do Sul da Índia, evidenciaram a

presença do genótipo -336 G/G com a proteção a infecção pelo HIV-1.

Adicionalmente, Sakuntabhai et al. (2005) estudando pacientes infectados e não-

infectados pelo vírus Dengue, oriundos da Tailândia, sugeriram o alelo -336G como

fator de proteção contra a dengue não-hemorrágica, e como fator de risco para

dengue hemorrágica.

Conforme exposto acima, as associações para essa região são diversas,

refletindo em diferenças entre as populações estudadas e alterações no padrão de

expressão do gene. O variante -336G, localiza-se a 214 pb do principal sítio de

transcrição da região promotora de DC-SIGN, afetando a ligação do fator de

transcrição Sp1 e modulando a atividade transcricional, pelo decréscimo de sua

expressão in vitro (SAKUNTABHAI et al., 2005).

A redução da expressão de DC-SIGN em células de Hofbauer e DCs, pode

ser usada em benefício do patógeno, visto que a capacidade de apresentação de

antígenos dessas células podem ser comprometidas (BOLIY-LAROUCHE et al.,

2007). No entanto, a diminuição da expressão, pode ser prejudicial ao patógeno,

pela diminuição dos alvos de escape (LEKKERKERKER et al.,2006; SOILLEUX et

al., 2000), e benéfica para o hospedeiro, visto que a quantidade de vírus ligado ao

Page 92: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

74

receptor interagindo com células T in trans pode ser diminuída, sugerindo uma

explicação para os resultados evidenciados.

Também foi constatada a associação de variantes do promotor a

susceptibilidade a transmissão do vírus HIV-1 via TV, o genótipo -871 G/G.

Semelhantemente, aos variantes do SNP-201, este foi o primeiro trabalho a associar

variantes no SNP-871 com a infecção promovida pelo HIV-1 via transmissão vertical,

corroborando os achados de Barreiro et al. (2006), que sugeriram o alelo -871G e os

genótipos -871G/A e -871G/G, como fatores de proteção a TB em uma população

Sul africana. Variações nessa região, provavelmente, também atuam na modulação

da transcrição gênica, aumentando e/ou diminuinodo o nível de expressão do

receptor (SELVARAJ et al., 2009).

Adicionalmente, foram observados desvios do princípio de H-W, os quais

podem ser explicados devido à falta de poder estatístico, erros de genotipagem,

tamanho da população estudada e a reais associações, que podem atuar como

forças evolutivas promovendo desequilíbrio nas frequências gênicas (SELVARAJ et

al., 2009).

Outras regiões do gene DC-SIGN, como a região repetida do éxon 4, também

tem apresentado importantes papéis na susceptibilidade e proteção a infecções em

diferentes populações (LIU et al., 2004; BARREIRO et al., 2007; CHAUDHARY et al.,

2008; ZHANG et al., 2008). Na transmissão do HIV-1, ainda não existe um consenso

quanto o real papel de polimorfismos nesta região, na promoção da suscetibilidade

e/ou proteção contra o vírus (BOILY-LAROUCHE et al., 2007).

Estudos conduzidos entre indivíduos exposto ao HIV-1 e controles em

populações dos Estados Unidos (LIU et al., 2004), da Índia (CHAUDHARY et al.,

2008) e da China (ZHANG et al., 2008) apresentaram resultados semelhantes

quanto a baixa variabilidade de éxon 4 de DC-SIGN e discordaram quanto os efeitos

de polimorfismos nessa região. Na população americana, verificou-se a associação

de genótipos heterozigotos a uma baixa susceptibilidade a infecção pelo HIV-1 (LIU

et al., 2004), enquanto que entre os chineses, alelos com menos de 5 repetições

foram associados a proteção contra o vírus (ZHANG et al., 2008). Diferentemente,

na população indiana não foi observado envolvimento desta região com a

transmissão viral (CHAUDHARY et al., 2008), corroborando os resultados obtidos

entre pernambucanos.

Page 93: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

75

Na população pernambucana, foi observada uma baixa variabilidade para o

éxon 4 de DC-SIGN, com predomínio de alelos com 7 repetições e genótipos

homozigotos 7/7, não sendo evidenciada participação na transmissão do HIV-1 via

TV.

O baixo nível de variação, observado nas populações mundiais e na

população pernambucana, deve-se a fortes pressões seletivas impostas ao gene

DC-SIGN, que previne o surgimento de variabilidade. Ao que parece, o éxon 4 deste

gene, tem sido o principal alvo dessas pressões, visto que possui um tamanho

constante em diferentes populações (BARREIRO et al., 2005; BOILY-LAROUCHE et

al., 2007; ORTIZ et al., 2009).

Diferentemente, o éxon 4 de L-SIGN, apresentou consideráveis níveis de

variabilidade na população pernambucana, corroborando com dados existentes na

literatura. Enquanto DC-SIGN se encontra sob forte pressão seletiva, L-SIGN está

sob a ação de uma seleção balanceada em populações não-africanas, garantindo

variabilidade. Essas forças evolutivas, parecem ser direcionadas a região do éxon 4

de L-SIGN, garantindo um excesso de variações (BARREIRO et al., 2006; ORTIZ et

al., 2009).

Alguns estudos sugerem que a grande variabilidade desta região gênica,

encontra-se relacionada com a susceptibilidade e a proteção a infecções (RATHORE

et al., 2008; SOILLEUX et al., 2000; LIU et al., 2006), corroborando os resultados

apresentados para a população pernambucana, onde polimorfismos foram

associados a susceptibilidade (genótipo 5/5) e a proteção (genótipos heterozigotos)

a transmissão vertical do HIV-1.

Rathore et al. (2008), através de estudo com indivíduos expostos ao HIV-1

(positivos e negativos), oriundos do Norte da Índia, constataram uma grande

variabilidade para o gene L-SIGN (éxon4), identificando 13 diferentes genótipos, dos

quais, o genótipo 5/5 foi considerado com fator de proteção a infecção pelo HIV-1,

discordando dos resultados apresentados no presente trabalho, onde genótipos 5/5

foram associados a susceptibilidade ao vírus.

Outros estudos sugerem que receptores L-SIGN com grande número de

repetições, garantem maior estabilidade ao tetrâmero, direcionando-os para longe

de glicanos e glicoproteínas da própria membrana celular, proporcionando um

contato eficiente com a superfície do patógeno (SOILLEUX et al., 2000), explicando,

Page 94: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

76

em parte, o reduzido risco da infecção pelo HIV-1 do genótipo 5/5, apresentado por

Rathore et al. (2008). No entanto, outros autores sugerem que receptores L-SIGN

com 5 e 6 repetições, detêm a capacidade de formação de complexos com

glicoproteínas virais, aumentando a infecção pelo HIV-1 in cis e in trans, em ensaios

in vitro (GRAMBERG et al., 2006), explicando, em parte, a susceptibilidade viral

observada em indivíduos com genótipo 5/5, apresentada neste trabalho.

Adicionalmente, essa discrepância pode estar relacionada a diferenças

étnicas entre as populações estudadas, ao número de indivíduos analisados e aos

níveis de expressão dos receptores L-SIGN. Gramberg et al. (2006) sugerem que

células com reduzida expressão de L-SIGN pode ser menos competentes no

aumento da infectividade, podendo conferir alguma proteção contra a infecção por

vírus que utilizam esse receptor, sendo a recíproca verdadeira.

Genótipos heterozigotos para o gene L-SIGN (éxon 4) na população

pernambucana, mostraram-se também associados com proteção a transmissão do

HIV-1 de mãe para filho, corroborando os trabalhos de Liu et al. (2006) e

Wichukchinda et al. (2007).

Liu et al. (2006), estudando indivíduos americanos expostos ao HIV-1 (+ e -),

sugeriram a associação de genótipos homozigotos (7/7) e heterozigotos (7/5) com a

susceptibilidade e resistência a infecção pelo vírus, respectivamente. Similarmente,

Wichukchinda et al. (2007), estudando indivíduos expostos ao HIV-1 (+ e -) e

controles, oriundos da Tailândia, verificaram a presença de genótipos heterozigotos

(9/5 e 7/5) como fatores de proteção a infecção viral.

A heterozigosidade do éxon 4 de L-SIGN pode resultar na redução na

afinidade de ligação receptor-patógeno, podendo conferir proteção ao hospedeiro

(BASHIROVA et al., 2001; SOILLEUX et al., 2000; MITCHELL et al., 2001). Ensaios

in vitro, utilizando células de ovário de Hamister chinês transfectadas com L-SIGN,

mostraram que homozigotos para 7 repetições apresentavam alta capacidade de

ligação a patógenos, quando comparadas a heterozigotos 7/5 (CHAN et al., 2006),

corroborando os resultados aqui apresentados.

Adicionalmente, alguns trabalhos relatam que a susceptibilidade a infecções

virais, não se encontra relacionada com o número de repetições, mas sim com a

quantidade de receptores L-SIGN na célula. Zuo et al. (2010), através de

experimentos in vitro, visando verificar a transferência viral entre células Raji e

Page 95: UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UFPE

77

células MT4, verificaram que o número de vírus transferidos foi proporcional ao

número de moléculas de L-SIGN, implicando que genótipos polimórficos não estão

diretamente envolvidos com a eficiência da infecção in trans, mas que podem afetar

a quantidade de moléculas L-SIGN na superfície da célula, atuando na estabilização

do tetrâmero (ZHO et al., 2010).

Segundo Boily-Larouche et al. (2009), a presença de L-SIGN na superfície de

células endoteliais da placenta, garante a proteção contra a infecção pelo HIV-1,

pela captura do vírus e promoção de sua degradação e/ou apresentação de

antígenos. No entanto, em placentas com baixos níveis de L-SIGN, o HIV-1 interage

preferencialmente com receptores CCR5, em células endoteliais, resultando na

perca da integridade da barreira placentária, aumentando a passagem de células

infectadas pelo HIV-1 da mãe para circulação fetal, conduzindo a transmissão.

Na tabela 17, podem-se evidenciar as principais contribuições deste trabalho,

no contexto da transmissão do vírus HIV-1.

Tabela 17. Associações dos genes DC-SIGN e L-SIGN a infecção pelo HIV-1: diferentes populações mundiais x população pernambucana.

DADOS DA LITERATURA PARA DIFERENTES POPULAÇÕES

Gene Infecção Variante População Associação Referência

DC

-SIG

N

Pro

mo

tor

HIV-1

-139 G

Japonesa

Susceptibilidade

Koizume et al., 2007

HIV-1 -336 G Euro-Americana Susceptibilidade Martin et al., 2004

TB-HIV -336 G/G Sul Indiana Proteção para HIV-1 Selvaraj et al., 2009

TB-HIV -336 G/G Sul Indiana Susceptibilidade HIV-TB Selvaraj et al., 2009

L-S

IGN

Éxo

n 4

HIV-1

5/5

Norte Indiana

Proteção

Rathore et al., 2008

HIV-1 7/5 Americana Proteção Liu et al., 2006

HIV-1 7/5 Tailandesa Susceptibilidade Wichukchinda et al., 2007

HIV-1 7/7 Americana Susceptibilidade Liu et al., 2006

HIV-1 9/5 Tailandesa Susceptibilidade Wichukchinda et al., 2007

HIV-1 Alelo 9 Chinesa Susceptibilidade Xu et al., 2010

CONTRIBUIÇÕES DO PRESENTE TRABALHO

Gene Infecção Variante População Associação Referência

DC

-SIG

N

Pro

mo

tor

HIV-1

-201 T

Pernambucana

Proteção

Presente trabalho

HIV-1 -201 G/T Pernambucana Proteção Presente trabalho

HIV-1 -336 G/G Pernambucana Proteção Presente trabalho

HIV-1 -871 G/G Pernambucana Susceptibilidade Presente trabalho

L-S

IGN

Éxo

n 4

HIV-1

5/5

Pernambucana

Susceptibilidade

Presente trabalho

HIV-1 Heterozigoto Pernambucana Proteção Presente trabalho

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Análise da influência de polimorfismos presentes nos genes DC-SIGN e L-

SIGN sobre a transmissão vertical do HIV-1 em crianças pernambucanas, apresenta

uma abordagem inovadora, sendo um dos primeiros trabalhos realizados no Brasil e

no mundo a sugerir a associação dos polimorfismos -201T, -201 G/T e -871 G/G

presentes no gene DC-SIGN, bem como de genótipos heterozigotos e homozigotos

(5/5), para o exón 4 do gene L-SIGN com a proteção e a susceptibilidade,

respectivamente, a transmissão de mãe para filho do HIV-1, contribuindo

significativamente para o entendimento do papel de polimorfismos nestes genes em

infecções ocasionadas por vírus.

6.2 Papéis dos Polimorfismos nos genes DC-SIGN e L-SIGN no

Desenvolvimento de Tuberculose Ativa

A TB, apesar de existir a milênios e de possuir tratamento eficiente, ainda é

considerada como a segunda causa de morte por doenças infecciosas, só perdendo

para a AIDS. Trata-se de uma doença infecto-contagiosa crônica, ocasionada pelo

bacilo M. tuberculosis, que essencialmente atinge os pulmões, promovendo

profundas alterações no sistema imunológico (TAILLEUX et al., 2005; NEYROLLES

et al., 2006; HERNANDEZ-PANDO et al., 2009).

O M. tuberculosis detém a capacidade de se ligar a diversos receptores

celulares, conduzindo a infecção de células permissíveis (NEYROLLES et al., 2006).

Receptores DC-SIGN e L-SIGN podem se ligar ao bacilo através de componentes de

sua parede celular (ManLAM), podendo desempenhar importantes papéis na

entrada, na persistência e na resposta hospedeira ao patógeno (GEIJTENBEEK et

al., 2003; KOPPEL et al., 2004). Além de fatores imunológicos, fatores genéticos do

hospedeiro podem exercer influência sobre a susceptibilidade e proteção ao

desenvolvimento da doença (MARQUET; SCHURR, 2001).

SNPs presentes na região promotora do gene DC-SIGN e polimorfismos no

número de repetições do éxon 4 de DC-SIGN e L-SIGN, têm sido associados a TB,

conduzindo respostas diferenciadas entre pacientes e controles.

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A susceptibilidade e/ou proteção a TB exercida por DC-SIGN, parece ser

dependente dos níveis de expressão desse receptor em células alvos. Polimorfismos

exercem influência direta na expressão da proteína. Variantes, como o genótipo -336

G/G, conduzem a baixos níveis de expressão de DC-SIGN (SAKUNTABHAI et al.,

2005), influenciado no sucesso de infecção de células alvos, corroborando os

resultados evidenciados aqui apresentados.

Na população pernambucana, o genótipo G/A foi associado à proteção contra

o desenvolvimento da TB, especialmente na forma pulmonar, corroborando os

trabalhos de Barreiro et al. (2006), Vannberg et al. (2008) e Selvaraj et al. (2009).

Barreiro et al. (2006), em estudo realizado entre pacientes TB e controles sul

africanos, associaram o alelo -336 A com a proteção a doença. Vannberg et al.

(2008), estudando pacientes TB e controles oriundos da África Sub-Saara (Gâmbia,

República da Guiné e Malawi), associaram o alelo -336 G e o genótipo -336 G/G

com reduzido risco de desenvolvimento de TB pulmonar. O genótipo -336 G/G,

também foi associado à susceptibilidade a co-infecção HIV-TB em pacientes do sul

da Índia (SELVARAJ et al., 2009). Por outro lado, estudos realizados com pacientes

TB e controles, na Colômbia (GÓMEZ et al.,2006), na Tunísia (BEM-ALI et al.,

2007), e na China (ZHENG et al., 2010), não observaram associações com a

doença.

Considerando que o alelo G, relaciona-se a uma baixa expressão gênica,

para genótipos -336 G/A, espera-se uma expressão equilibrada de DC-SIGN, em

macrófagos e DCs, permitindo a apresentação de antígenos a células T, resultando

na resposta imune direcionada a eliminação do patógeno (GEIJTENBEEK et al.,

2003).

Além de variantes do SNP-336, variantes na posição -871, também se

apresentaram associados ao desenvolvimento da TB, na forma pulmonar e

extrapulmonar, exercendo papéis na proteção (-871G e -871G/A) e na

susceptibilidade (-871A e -871 A/A), corroborando os achados de Barreiro et al.

(2006), que sugeriram o alelo -871G e os genótipos -871G/A e -871G/G, como

fatores de proteção a TB. Por outros lado, Zheng et al. (2010) estudando uma

população da China com TB, não verificaram associação do SNP-871 a doença.

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80

Variações no SNP-871, provavelmente, atuam na modulação da transcrição

gênica, aumentando e/ou diminuindo o nível de expressão do receptor (SELVARAJ

et al., 2009).

Além da região promotora, outras regiões do gene DC-SIGN, particularmente

o éxon 4, têm sido pesquisadas no contexto da TB. No entanto, diversos trabalhos

sugerem a inexistência de diferenças entre pacientes TB e controles (Tabela 18),

corroborando os resultados aqui apresentados. A maioria dos estudos, relatam a

baixa variabilidade do éxon 4 de DC-SIGN e confirmam a predominância do alelo

com 7 repetições e de genótipos 7/7, descartando o envolvimento com a doença

(BARREIRO et al., 2007; BEM-ALI et al., 2007; ALAGARASU et al., 2009).

Tabela 18. Estudos de Associação do gene DC-SIGN (éxon 4) e tuberculose em diferentes populações mundiais

Origem da População

Infecção Número de Envolvidos Resultado Referência

Casos Controles

Colômbia TB 110 TB 299 Não associado Gómez et al., 2006 Africa do Sul TB 351 TB 360 Não associado Barreiro et al., 2007

Tunísia TB 138 TB 140 Não associado Bem-Ali et al., 2007

Índia

HIV-TB

81 HIV+TBP+ 61 HIV+TBE+ 150 HIV-TBP+

206

Não associado

Alagarasu et al., 2009

TB – Tuberculose HIV+TBP+ – Indivíduos soropositivos com tuberculose pulmonar HIV+TBE+ - Indivíduos soropositvos com tuberculose extrapulmonar HIV-TBP+ - Indivíduos soronegativos com tuberculose pulmonar

Diferentemente, o éxon 4 do gene L-SIGN na população pernambucana,

apresentou-se associado a proteção (alelos 4, 5 e 6 e genótipo 6/5) e a

susceptibilidade (alelo 9 e genótipo 9/9) ao desenvolvimento da TB, corroborando o

trabalho de Barreiro et al. (2006), que evidenciaram a presença de elevadas

frequências dos alelos 6 e 7, e dos genótipos 7/7 e 7/6 em pacientes TB sul

africanos, porém, sem associações com a doença.

Associações significativas foram evidenciadas para outras infecções. Xu et al.

(2010), estudando pacientes HIV+ e controles chineses, sugeriram a associação do

alelo 9 a susceptibilidade viral e aos elevados níveis de RNA viral, em comparação

aos alelos com 5 repetições, corroborando os dados evidenciados na população

pernambucana com TB. Por outro lado, Nattermann et al. (2006), analisando

portadores europeus do vírus da hepatite C (HCV), constataram a associação dos

alelos 5, 6 e 7 com aumento da carga de RNA viral, comparados aos alelos 4 e 9,

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81

sugerindo que alelos com número de repetições igual ou inferior a 7, podem ser

relacionados a susceptibilidade ao HCV.

O aumento da região do “neck” de L-SIGN, garante a estabilidade dos

receptores, permitindo uma interação hospedeiro-patógeno mais eficiente

(SOILLEUX et al., 2000), possibilitando a entrada do bacilo na célula hospedeira,

onde o bacilo pode escapar da ação de enzimas lisossômicas, multiplicando-se e

afetando novas células, estabelecendo a TB (CLARK-CURTISS; HAYDEL, 2003).

No entanto, estudos in vitro, demonstram que L-SIGN com número de

repetições igual ou inferior a 5, em homozigose ou heterozigose, podem apresentar

instabilidade, promovendo mudanças na afinidade de ligação do receptor ao bacilo

(GUO et al., 2006), esclarecendo, em parte, a susceptibilidade a TB observadas para

os alelos 4, 5 e 6 e do genótipo 6/5 na população pernambucana.

Adicionalmente, Gramberg et al. (2006) sugeriram que alelos com 5 e 6

repetições são eficientemente expressos, promovendo o aumento da infecção, de

forma similar aos alelos selvagens (7 repetições), enquanto que Zhu et al. (2010),

sugerem que genótipos polimórficos de L-SIGN podem afetar a eficiência da

infecção, devido ao aumento na quantidade de receptores na superfície celular, que

afetam diretamente a avidez de ligação receptor-patógeno.

Assim, a expressão de L-SIGN em células endoteliais alveolares, com alta

afinidade por ManLAM presente no bacilo, permite a rápida internalização do

patógeno em lisossomos, conduzindo-os a eliminação (BASHIROVA et al., 2001;

PÖHLMANN et al., 2001; SOILLEUX et al., 2002; SOILLEUX, 2003). Adicionalmente,

L-SIGN também pode ser expresso em linfonodos e células LSECs do fígado, locais

sugestivos para captura e eliminação de antígenos microbianos (KOOPEL et al.,

2004).

Na tabela 19, pode-se evidenciar as principais contribuições dos genes DC-

SIGN e L-SIGN no desenvolvimento da TB ativa em diferentes populações.

A abordagem dos genes DC-SIGN e L-SIGN, no contexto da TB, mostrou-se

relevante para o esclarecimento dos papéis de polimorfismos genéticos, no

desenvolvimento da doença. Apesar de SNPs na região promotora já serem

associados a TB, em outras populações mundiais, esse foi o primeiro trabalho a

associar SNPs, nesta região, a TB em uma população brasileira. Similarmente, trata-

se da primeira descrição de variações do éxon 4 de L-SIGN associados a

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susceptibilidade e a proteção a TB, em uma população mundial, conferido um

caráter inédito e contribuindo para o conhecimento acerca da influência de fatores

genéticos em infecções promovidas por bactérias.

Tabela 19. Associações dos genes DC-SIGN e L-SIGN a infecção pelo M. tuberculosis: diferentes populações mundiais x população pernambucana.

DADOS DA LITERATURA PARA DIFERENTES POPULAÇÕES

Gene Infecção Variante População Associação Referência

DC

-SIG

N

Pro

mo

tor

TB -336 A Sul Africana Proteção Barreiro et al., 2006

TB -336 G

-336 G/G

Sub- Saariana

Proteção

Vannberg et al., 2008

TB-HIV

-336 G/G

Sul Indiana Proteção para HIV-1

Selvaraj et al., 2009 Susceptibilidade HIV-TB

TB

-871 G -871 G/G -871 G/A

Sul Africana

Proteção

Barreiro et al., 2006

L-S

IGN

Éxo

n 4

Nenhum trabalho associando essa região com tuberculose

CONTRIBUIÇÕES DO PRESENTE TRABALHO

Gene Infecção Variante População Associação Referência

DC

-SIG

N

Pro

mo

tor

TB -336 G/A Pernambucana Proteção Geral e Pulmonar Presente trabalho TB -871 A Pernambucana Susceptibilidade Presente trabalho

TB

-871 G

Pernambucana Proteção Geral, Pulmonar

e Extrapulmonar

Presente trabalho

TB

-871 A/A

Pernambucana Susceptibilidade Geral,

Pulmonar e Extrapulmonar

Presente trabalho

TB

-871 G/A

Pernambucana Proteção Geral, Pulmonar

e Extrapulmonar

Presente trabalho

L-S

IGN

Éxo

n 4

TB Alelo 4 Pernambucana Proteção Proteção Presente trabalho TB Alelo 5 Pernambucana Proteção Presente trabalho TB Alelo 6 Pernambucana Proteção Presente trabalho

TB

Alelo 9

Pernambucana Susceptibilidade Geral e

Pulmonar

Presente trabalho

TB 6/5 Pernambucana Proteção Presente trabalho

TB

9/9

Pernambucana Susceptibilidade Geral,

Pulmonar e Extrapulmonar

Presente trabalho

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7 CONCLUSÕES

O estudo dos papéis de polimorfismos genéticos em genes codificadores de

DC-SIGN e L-SIGN na população pernambucana, utilizando como modelos crianças

expostas ao HIV-1 via transmissão vertical (TV) e pacientes com tuberculose (TB)

ativa, apresentou um caráter inovador, identificando marcadores genéticos de

proteção e susceptibilidade à infecção pelo HIV-1 via TV e ao desenvolvimento da

TB ativa, inéditos em populações mundiais.

1. Polimorfismos de base única (SNPs) na região promotora de DC-SIGN,

provavelmente, atuaram na modulação dos níveis de expressão do receptor,

conduzindo:

À proteção (-201T, -201G/T e -336 G/G) e a susceptibilidade (-871G/G) à TV

do HIV-1 na população pernambucana, sendo as associações das variantes

(-201T, -201 G/T e -871 G/G) à infecção, inétidas em populações mundiais.

À proteção (-336 G/A, -871 G, -871 G/A) e a susceptibilidade (-871 A e -871

A/A) ao desenvolvimento de TB ativa, nas formas pulmonar (-336 G/A, -871

A, -871 G, -871 A/A e -871 G/A) e extrapulmonar (-871 A e -871 A/A) na

população pernambucana.

2. Polimorfismos no número de repetições do éxon 4 de DC-SIGN, provavelmente,

não atuaram na TV do HIV-1 e nem no desenvolvimento de TB ativa na

população pernambucana.

3. Polimorfismos no número de repetições do éxon 4 de L-SIGN, provavelmente,

atuaram na afinidade de ligação receptor-patógeno, conduzindo:

À proteção (genótipos heterozigotos) e a susceptibilidade (genótipo 5/5) a

TV do HIV-1, na população pernambucana.

À proteção (alelos com 4, 5 e 6 repetições e genótipo 6/5) e a

susceptibilidade (alelo com 9 repetições e genótipo (9/9) ao

desenvolvimento de TB ativa, nas formas pulmonar (alelos com 5, 6 e 9

repetições e genótipo 9/9) e extrapulmonar (alelo com 9 repetições e

genótipo 9/9), na população pernambucana, sendo essas associações

descritas pela primeira vez em uma população acometida por TB.

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84

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9 ANEXOS

ANEXO A - Manuscrito Publicado no Periódico Internacioanal Human

Immunology (2011)

Fator de Impacto (JCR®published by Thomson Reuters - 2010) – 2.550

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10 MEMORIAL

Nome: Ronaldo Celerino da Silva

Data de Nascimento: 14 de abril de 1984.

E-mail: [email protected]

Formação Acadêmica: Bacharelado em Ciências Biológicas – Universidade Federal

de Pernambuco (UFPE) – 2004 a 2008.

Ronaldo Celerino nasceu na cidade de Limoeiro - PE, mas vive, desde então,

na cidade de Passira–PE, a qual considera sua terra natal. Desde os primeiros anos

escolares até o último ano do Ensino Médio, frequentou escolas públicas de Passira,

demostrando grande aptição e profundo interesse pelas ciências da vida.

Em 2004, ingressa Universidade Federal de Pernambuco no Curso de

Bacharelado em Ciências Biológicas, dando os primeiros passos em sua carreira

acadêmica. Nesse período, foi monitor da disciplina Análise Bacteriológica da Água,

e aluno de Iniciação Científica (PIBIC-UFPE) do Departamento de Biofísica e

Radiobiologia, desenvolvendo, por três anos consecutivos, trabalhos na área de

Mutagênese Ambiental, sob orientação da Profª Drª Ana Maria de Albuquerque

Melo.

Em 2008, conclui a graduação, apresentado a monografia intitulada: “Ação

Genotoxicológica do Herbicida Oxifluorfen sobre Células Germinativas e

Embrionárias do Molusco Biomphalaria glabrata”, recebendo nota máxima de todos

os componentes da banca examinadora, publicando seu primeiro artigo científico

intitulado: “Efeitos do Oxifluorfen na Fecundidade e no Teor de Proteínas do

Caramujo Biomphalaria glabrata”.

Em 2009, seu profundo interesse em pesquisa na área genética, possibilitou o

ingresso no Programa de Pós-graduação em Genética (Mestrado) sob a orientação

do Prof. Dr. Sergio Crovella, onde passa a desenvolver trabalhos na área de

imunogenética humana. Durante o mestrado publica o artigo de revisão intitulado

“The Role of DC-SIGN and L-SIGN Receptors in HIV-1 Vertical Transmission”, no

periódico Human Immunology e participou de importantes eventos científicos, como:

56º Congresso Brasileiro de Genética.

Ao chegar ao término de mais um ciclo em sua formação, o desejo em

expandir seus conhecimentos na área genética, ainda é imenso, e será dando

continuidade através do seu Doutorado em Genética, a partir de março de 2011.