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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Erli Gonçalves Magalhães Junior
DESENVOLVIMENTO DAS ATITUDES IMPLÍCITAS – IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PRECONCEITO
São Paulo 2011
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ERLI GONÇALVES MAGALHÃES JUNIOR
DESENVOLVIMENTO DAS ATITUDES IMPLÍCITAS – IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PRECONCEITO
Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Biológicas apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas.
Orientador: Professor Paulo Sérgio Boggio
São Paulo 2011
“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”.
(Albert Einstein)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a execução desse trabalho ao Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao Programa
Universidade para Todos (PROUNI). Ao Professor Doutor Paulo Sérgio Boggio pela
suas orientações e amizade. Aos professores Adriano Monteiro de Castro, Magda
Medhat Pechliye e Rosana de Campos Jordão, pelo aprendizado que nos foi
oferecido, e que sem eles esse trabalho jamais teria se concluído. Agradeço também
aos componentes da minha banca examinadora Magda Medhat Pechliye e Camila
Campanhã.
Também gostaria de agradecer a minha família: minha mãe Izabel C.
Magalhães por todo o amor e por todo o apoio, ao meu Pai Erli Gonçalves
Magalhães pelos conselhos e pela força. Aos meus irmãos Ewerton Magalhães e
Mariane Magalhães pelos bons momentos de carinho. Ao meu primo e amigo
Leandro Dionizio Pagés pela amizade e parceria durante a minha vinda para São
Paulo. Agradeço também aos meus tios Paulo Pagés e Maria Helena Pagés pelo
apoio e pela confiança.
Agradeço a turma do sexto semestre de ciências biológicas da UPM, com
quem dividi as boas e as más horas da elaboração desse trabalho, em especial a
duas pessoas que se mostraram prontas a me ajudar independente de qualquer
situação – ao Tripé.
Por fim, agradeço ao Diretório Acadêmico Abraão de Moraes e a todos os
professores da UPM que de alguma forma contribuíram para que esse trabalho se
concluísse.
RESUMO
Nas últimas décadas, muitos estudos passaram a investigar os mecanismos de
desenvolvimento das atitudes implícitas em função de seu impacto no
desencadeamento de atitudes preconceituosas. A compreensão da natureza das
atitudes implícitas pode levar a intervenções efetivas para reduzir ou eliminar os
seus efeitos catastróficos que se manifestam em forma de preconceitos. Assim, o
presente trabalho teve como objetivo verificar na literatura se há um consenso entre
os autores sobre os mecanismos de desenvolvimento do preconceito implícito. Na
busca desses objetivos foram selecionados 16 artigos científicos, através da base de
dados da Scopus (www.scopus.com), os quais foram analisados as discussões
sobre o desenvolvimento das atitudes implícitas e suas implicações no preconceito.
Cinco variáveis em comum nos artigos foram encontradas: Formação precoce das
atitudes, no qual forma-se a partir dos 3 anos de idde; a extinção do preconceito
explícito durante a idade adulta, o que é influenciado por outra variável, as normas
sociais; os grupos internos e externos, no qual os grupos menos favorecidos
preferem americanos brancos em relação aos americanos negros e a afetividade, no
qual os indivíduos se baseiam para aumentar ou diminuir o preconceito em relação
aos grupos discriminados.
Palavras-chave: Atitudes implícitas, preconceito, estereótipos.
ABSTRACT
In recent decades, many studies have started to investigate the mechanisms of
development of implicit attitudes in terms of its impact in the development of
prejudiced attitudes. Understanding the nature of implicit attitudes can lead to
effective interventions to reduce or eliminate its catastrophic effects that manifest in
the form of prejudice. Thus, this study aimed to check the literature if there is a
consensus among authors about the mechanisms of development of implicit
prejudice. In pursuing these objectives, we selected 16 papers, through the database
Scopus (www.scopus.com), which were analyzed in the discussions on the
development of implicit attitudes and their implications for prejudice. Five variables in
common were found in Articles: Early formation of attitudes, which is formed from
three years of idde; the extinction of the explicit bias into adulthood, which is
influenced by other variables, social norms, internal and external groups, which
groups disadvantaged Americans prefer white compared to black Americans and
affection, in which individuals rely to increase or decrease the bias towards
discriminated groups.
Keywords: Implicit attitude, prejudice, stereotypes
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 7
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 8
2.1. Atitudes .................................................................................................... 8
2.2. Atitudes implícitas e explícitas, preconceitos e estereótipos ............. 16
2.3. TAI (teste de associação implícita) ...................................................... 22
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................. 26
4. RESULTADOS ............................................................................................ 27
5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 32
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 38
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 39
7
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos houve uma extensa publicação de trabalhos sobre a
natureza e a avaliação das atitudes implícitas e dos estereótipos. Algumas
pesquisas têm buscado compreender a relação entre os mecanismos de
desenvolvimento das atitudes implícitas e o desencadeamento de atitudes
preconceituosas. A compreensão da natureza das atitudes implícitas pode levar a
intervenções efetivas para reduzir ou eliminar os seus efeitos negativos que se
manifestam em forma de preconceitos em diferentes contextos.
Assim, em busca de compreendermos melhor os mecanismos que
desencadeiam e constroem as atitudes implícitas e os preconceitos, seguiremos
essa pesquisa descrevendo as principais características das atitudes e as principais
idéias dos autores que vêm pesquisando a sua natureza desde o início do século
passado. Descreveremos também um pouco sobre a estrutura das atitudes, seus
mecanismos de construção, suas características e sua forma de expressão nos
indivíduos. Em seguida foram feitas algumas considerações sobre as atitudes
implícitas, as atitudes explícitas, os preconceitos e os estereótipos. Abordaremos as
principais diferenças entre atitudes implícitas e explícitas, como essas atitudes
podem caracterizar os estereótipos, assim como determinar o que é um estereótipo
e relacionar ao preconceito existente em nossa sociedade. Por fim, abordaremos um
dos principais mecanismos de medição das atitudes, o Teste de Associação
Implícita. Colocaremos algumas idéias desse teste, suas formas de aplicação e
questões relativas à validade do teste.
Em suma, o objetivo do presente trabalho é verificar na literatura se há um
consenso entre os autores sobre os mecanismos de desenvolvimento do preconceito
implícito.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Atitudes
Quando nos encontramos em face de uma determinada situação concreta,
uma série de traços de sentimentos nos condiciona e nos leva a atuar de uma
determinada maneira perante ela. Todas as atitudes possuem uma intensidade,
podendo fazer com que uma mesma situação para uma pessoa seja muito positiva,
enquanto que para outra seja negativa e desfavorável. Isto porque a construção
individual das atitudes se dão graças a experiências pessoais vividas e/ou por
influência de pessoas importantes ou grupos nas quais essas pessoas estão
inseridas. Os seres humanos respondem aos estímulos do meio em uma forma de
avaliação. Eles amam e protegem seus pares e se esforçam para manter uma
avaliação positiva de si mesmo, bem como aqueles que o rodeiam. Tais ações
muitas vezes envolvem julgamentos sobre os objetos, eventos e principalmente
pessoas, assim, tendemos a caracterizá-los como sendo favoráveis, desfavoráveis,
simpáticos, antipáticos, bons ou ruins (ALBARRACÍN et al., 2005).
Pesquisas sobre tais atitudes buscam compreender os fatores envolvidos
nestas avaliações, como eles são formados, alterados, representados na memória e
transformados em cognições, motivações e ações. Cada um desses fenômenos
individuais é fundamental para as forças dinâmicas que formam e transformam
atitudes. Da mesma forma, as atitudes têm um impacto recíproco nos afetos,
crenças e comportamentos (ALBARRACÍN et al., 2005).
Segundo Cavazza (2005) existem mais de dezessete definições para atitude
em psicologia social. A definição mais contemporânea foi descrita por Eagle e
Chaiken em 1993 que definem as atitudes como tendências psicológicas que se
expressam por meio da avaliação de uma entidade particular com algum grau de
favor ou desfavor.
Antes de Eagle e Chaiken, uma das primeiras definições foi descrita pelos
pesquisadores alemães Thomas e Znaniecki em 1918. Eles publicaram em cinco
volumes os resultados de sua pesquisa sobre os camponeses poloneses emigrados
em massa para diversos países europeus e para os Estados Unidos. A colocação
dos autores a respeito das atitudes é de que há uma relação de dependência
recíproca entre a cultura e os indivíduos e que essa relação é feita mediante a
relação de valores sociais e atitudes. Os valores seriam qualquer objeto que possui
um significado em conexão com determinadas ações do indivíduo e as atitudes
seriam processos de consciência individual que determinam a ação. De forma geral,
o que se vê é um estado de motivação que causa o comportamento, como por
exemplo, um indivíduo com fome que se vê estimulado a buscar comida (CAVAZZA,
2005).
Allport (1935 apud Cavazza 2005) definiu atitude como um estado mental e
nervoso de disposição, adquirido através da experiência, que exerce uma influência
diretiva ou dinâmica sobre as respostas do indivíduo e toda classe de objetos e
situações com os quais relaciona. Por estado mental, Allport queria especificar os
estados emocionais dos indivíduos, enquanto que por estado nervoso, ele se referiu
a toda dinâmica corporal, ativada pela função neurofisiológica.
Em descrições mais recentes, como Cavazza (2005), a importância das
atitudes para a construção da subjetividade parece estar ligada a pensamentos,
sentimentos e ações. Esta hipótese levanta a questão de como as atitudes estão
estruturadas na mente humana, e salienta a importância de se compreender a
estrutura mental de atitudes, que para a autora é potencialmente tão importante
quanto à investigação da estrutura do DNA para a pesquisa biológica – descobrir
sua estrutura interna poderá facilitar a compreensão de como formá-la, fortalecê-la e
mudá-la.
As atitudes apresentam uma estrutura de grande complexidade, constituída
por diversos componentes cuja inter-relação tem sido estudada por diferentes
modelos teóricos. Existem atualmente três modelos principais, utilizados na maioria
das investigações (OLSON e MAIO, 2006).
Esses modelos compreendem o Modelo Tripartido Clássico, descrito por
Rosenberg e Hovland em 1960, o Modelo Unidimensional Clássico, descrito por
Fishbein e Ajzen em 1975 e o Modelo Tripartido Revisto de Atitude, descrito por
Zanna e Rempel em 1988 (LEBRES, 2010).
O Modelo Tripartido Clássico compreende as dimensões cognitivas, afetivas e
comportamentais (figura 1). O componente cognitivo consiste nas crenças e
conhecimentos do indivíduo acerca do objeto. Para a maioria das atitudes face aos
objetos temos diversas crenças. Por exemplo, podemos acreditar que a coca-cola
diet quase não tem calorias, contém cafeína, tem um preço competitivo e é
produzida por uma grande empresa. Cada uma destas crenças reflete o
conhecimento acerca de um atributo desta marca. A configuração total de crenças
acerca desta marca de refresco representa o comportamento cognitivo da atitude
face à coca-cola diet. É importante ter em mente que as crenças não são
necessariamente corretas ou certas, simplesmente existem (LEBRES, 2010).
O componente afetivo consiste em acreditar que coca-cola diet, por exemplo,
tem cafeína e que a cafeína o manterá desperto. Estas crenças podem causar uma
resposta afetiva positiva quando o indivíduo necessita se manter desperto a fim de
estudar para um exame ou uma resposta negativa quando quer tomar alguma coisa
à noite que não influencie o seu sono. Devido a motivações e personalidades
específicas, experiências passadas, grupos de referência e condições físicas, os
indivíduos podem avaliar a mesma crença de maneira diferente. Apesar das
variações individuais, a maioria das pessoas dentro de uma dada cultura reagem de
uma maneira similar às crenças, as quais estão, por sua vez, fortemente associadas
com os valores culturais (LEBRES, 2010).
Ainda, segundo esse autor, há ainda o componente comportamental da
atitude, que é a soma das nossas tendências para responder de certa forma face a
um objeto ou atividade. Uma série de decisões para comprar ou não comprar coca-
cola diet ou para recomendar este refresco ou outras marcas a amigos reflete o
componente de comportamento de uma atitude. O componente de comportamento
proporciona tendências de resposta ou intenções de comportamento. Os nossos
comportamentos reais refletem estas intenções conforme são modificados pela
situação em que ocorre o comportamento.
Figura 1: Modelo Tripartido Clássico
Fonte: Lebres, 2010
O Modelo Unidimensional Clássico é defendido pela ligação entre atitude e
comportamento, no qual a atitude é sinônimo de sentimento, como simpatia,
antipatia, aproximação, etc. Em suma, existe um objeto de atitude que influencia o
caráter afetivo das atitudes que culminam com a emição de um comportamento
(OLIVEIRA, 2007).
Por fim, o Modelo Tripartido Revisto de Atitude (figura 2) vê a atitude com
uma dimensão avaliatva, no qual o objeto de atitude influencia os caracteres
cognitivos, afetivos e comportamentais gerando uma atitude, essa atitude por sua
vez pode ser positiva ou negativa e desencadeiam respostas verbais, fisiológicas e
comportamentais (OLIVEIRA, 2007).
Figura 2: Modelo Tripartido Revisto de Atitude
Fonte: Lebres, 2010
Dessa forma, partindo-se do princípio de que a estrutura das atitudes é
composta por bases cognitivas, afetivas e comportamentais, discutiremos então
como as atitudes são formadas e quais são as variáves que influenciam no seu
processo de estruturação .
Para Baum (2006) existem duas formas de aprendizagem que desenvolvem e
servem de base para a constituição das atitudes: o condicionamento clássico e o
operante.
O condiciomento clássico foi elucidado pelo pesquisador Ivan Petrovich
Pavlov na década de 20, ao estudar o mecanismo de salivação em cães. Seu
experimento se resumia na idéia de que quando um estímulo elicia uma resposta
emocional, o mesmo é acompanhado de um estímulo neutro, que não provocou uma
resposta emocional. Se os estímulos continuam, em seguida, eventualmente, o
estímulo neutro será capaz de provocar a reação emocional, sem a necessidade do
estímulo original. Por exemplo, quando eramos crianças sempre iamos para o
campo, no qual sentíamos o cheiro de rosas, então, é bem provável que o cheiro
das rosas nos fará recordar do campo e do tempo de criança. Pavlov cunhou essa
idéia observado o hábito de salivar dos cães, e definiu que sempre que alimentava
seu cão ele salivava, então Pavlov adicionou um estímulo neutro, no momento em
que o cão alimentava ele colocava uma música, e concluiu que, agora, sem o
estímulo da comida, apenas com o estímulo da música o cão também salivava
(BAUM, 2006).
No condicionamento operante, a formação das atitudes é baseada em
reforços seguidos de recompensa. Mediante a ação de um estímulo o indivíduo
emite uma resposta, que pode ser reforçada positiva ou negativamente. Se o reforço
for positivo, ele o é pelo fato da resposta aumentar de frequência, e é negativo
quando a resposta não é mais emitida. Por exemplo, o bebê está chorando e a mãe
dá o colo para ele, no mesmo momento ele para de chorar, assim, sempre que ele
chorar vai ter colo, caracterizando um reforço positivo. O reforço negativo pode ser
explicado quando estamos com dor de cabeça, assim, tomamos um remédio e a dor
desaparece (BAUM, 2006).
Alguns teóricos tem sugerido, que não há de fato, apenas uma única atitude
armazenada na memória de alguém, em vez disto, esses estudiosos argumentam
que as atitudes são construções dinâmicas, que podem ser substituídas ao longo do
tempo, começando nas primeiras fases do desenvolvimento da criança (SIMONSON
e MAUSHAK, 2001).
As atitudes não são inatas, isto é, não nascem conosco. São adquiridas no
processo de integração do indivíduo à sociedade em situações como convívio em
comunidade, em família, e em outros meios sociais. É geralmente na infância que as
atitudes são moldadas com base nas crenças dos seus familiares, principalmente os
pais. Verifica-se na maior parte dos casos que em crianças há uma tendência de
partilha dos mesmos ideais, relativamente a política e a religião. No decorrer da
evolução intelectual do indivíduo, as influências familiares vão diminuindo. Na
adolescência o indivíduo vai assumindo as suas atitudes, consonante os seus
próprios ideais. Ao longo do desenvolvimento das atitudes o sujeito vai adquirindo
uma educação formal e informal, uma vez que esta é aprendida na instituição
escolar, sendo esse um fator constante e decisivo para o seu desenvolvimento
(SIMONSON e MAUSHAK, 2001).
Segundo Aboud (1998) as crianças brancas norte-americanas começam a
relatar atitudes negativas em relação aos membros do grupo com três anos de
idade, tais atitudes começam a declinar aos sete anos e desaparecem em torno dos
doze anos. Baron e Banaji (2006) em uma pesquisa sobre atitudes implícitas
relataram que 84 % das crianças de seis anos, pesquisadas no experimento,
apresentam preconceito implícito e explicíto em relação aos negros. Em crianças de
dez anos 68 % apresentaram preconceito implícito e em adultos 46 %. Um fator
interessante foi a redução do preconceito explícito de adultos quando comparado a
crianças e adolescentes, indicando fortes influências biológicas, culturais e sociais.
Os psicólogos sociais geralmente assumem que as preferências de muitos
derivam de diferentes partes do mundo social, a partir das palavras e
comportamentos dos outros seres e dos acontecimentos que desdobram-se em todo
mundo. Os indivíduos se apoderam das atitudes alheias, por exemplo, meu amigo
me convida para ver um filme de pós-guerra, um tipo de filme no qual não estou
habituado a ver, no entanto, a necessidade de me tornar igual aos integrantes do
meu grupo, o filme para mim passa a ser importante e em um determinado momento
esse tipo de filme se torna o meu estilo preferido. As fontes de atitudes podem ser
agentes de proximidade, como amigos, família e professores ou pessoas distantes
que se comunicam tecnologicamente, como a televisão e internet (OLSON et al.,
2001).
Olson et al., (2001) também colocam a importância da influência de
componentes biológicos das atitudes, que são transmitidos hereditariamente aos
descendentes. Os indivíduos já são dotados de predisposições genéticas que os
deixam a mercê das atitudes. Essas características são influenciadas pelo meio e
podem ser alteradas. Em uma pesquisa com gêmeos monozigóticos afirmaram que
os seres humanos nascem sem atitudes pré-determinadas, exceto talvez a alguns
estímulos relacionados à sobrevivência (como aversão a luz, a dor, ao frio, atrações
pelo leite materno e ao rosto humano). Ao invés disso, as avaliações dos múltiplos
estímulos em nosso ambiente são formadas ao longo dos anos, com base em
experiências pessoais e alheias. Porém, através de seus experimentos concluíram
que algumas diferenças entre respondentes em muitas de suas atitudes expressas
foram parcialmente determinados por fatores genéticos. Gêmeos idênticos muitas
vezes partem da mesma atitude perante um objeto, enquanto que gêmeos
dizigóticos diferem nas opiniões.
Ainda, segundo os autores, os fatores hereditários são influenciados pelo
ambiente, quando atitudes variam em gêmeos monozigóticos em um ambiente
constante, eles caracterizam como sendo algum efeito genético, e quando há
variação semelhante em gêmeos que vivem no mesmo local, atribuiu-se à influência
de variáveis ambientais.
Porém, apesar de aprendidas e estruturadas cognitivamente, as atitudes não
se estabelecem e mantêm-se estáticas, elas podem mudar por uma série de razões.
Atitudes mais comumente mudam em resposta à influência social. O que outras
pessoas fazem ou dizem pode ter um efeito enorme em nossas próprias cognições.
E existem certas condições que devem existir para atitude de uma pessoa mudar
(SPAULDING, 2009).
O efeito dessas pessoas em nossas atitudes pode dar-se através da
capacidade de persuasão. Na história Bíblica, Adão e Eva caíram aos argumentos
da serpente, que os convenceu a comer da árvore do conhecimento, do bem e do
mal. Os políticos modernos persuadem os eleitores a apoiá-los. Os anunciantes do
mercado de massa convencem os compradores a levar seus produtos. Na ciência,
os estudiosos convencem pelos seus artigos científicos, para induzir a aceitação dos
seus dados comunicados sobre o assunto (SPAULDING, 2009)
Estes exemplos apenas tocam a superfície da mudança de atitude. É
importante notar que o fenômeno da “mudança de atitude” não é exclusivamente dos
seres humanos, aparece em diferentes níveis de sofisticação entre outras espécies,
mas especialmente naqueles que são de natureza social. Os grandes símios
persuadem através de gestos e vocalizações. Mesmo as abelhas se comunicam e
induzem a mudança de comportamento em outras abelhas. Entretanto, em
humanos, as mensagens podem reunir-se com respostas que vão desde o apoio
entusiástico à resistência veemente. Mesmo quando as pessoas não estão cientes
de mudar suas atitudes, as comunicações dos outros pode induzir mudanças sutis
nas suas cognições (SPAULDING, 2009).
O que gera essa inconsistência no comportamento do indivíduo em relação as
atitudes pode ser explicada pela teoria desenvolvida por Leon Festinger,
denominada Teoria da Dissonância Cognitiva. Essa teoria se baseia no princípio de
que as pessoas preferem suas cognições ou crenças, para ser coerente com os
outros e com seu próprio comportamento. Existe uma tendência nos indivíduos de
procurar uma coerência entre suas cognições (convicções, opiniões). Quando existe
uma incoerência entre atitudes ou comportamentos (dissonância), algo precisa
mudar para eliminar a dissonância. No caso de uma discrepância entre atitudes e
comportamento, é mais provável que a atitude vai mudar para acomodar o
comportamento (FESTINGER, 1957).
Dois fatores afetam a força da dissonância: o número de convicções
dissonantes e a importância atribuída a cada convicção. Existem três maneiras de
eliminar a dissonância: (1) reduzir a importância das convicções dissonantes, (2)
acrescentar convicções mais consoantes que se sobreponham às convicções
dissonantes ou (3) mudar as convicções dissonantes para que elas não sejam mais
incoerentes. A dissonância ocorre mais freqüentemente em situações onde um
indivíduo precisa escolher entre duas convicções ou ações incompatíveis. A maior
dissonância é criada quando as duas alternativas são igualmente atraentes. Além
disso, a mudança de atitude está mais provavelmente na direção de menos
estímulo, já que isto resulta em menor dissonância. Neste aspecto, a teoria da
dissonância é contraditória em relação à maioria das teorias comportamentais que
predizem uma maior mudança de atitude com estímulo aumentado (FESTINGER,
1957).
Por exemplo, imagine que você está em uma entrevista de emprego para o
seu emprego dos sonhos e seu candidato a chefe faz uma observação sobre o
quanto ele gosta de café. Você sempre odiou café, e se recusa a tomar um copo
quando ele oferece. O chefe parecendo desapontado diz: "O quê, você não gosta de
café?". Você sente medo de que talvez essa coisa de café seja mais importante do
que você pensou que seria, e realmente quer começar este trabalho. Você não quer
ser um mentiroso, mas você também não quer que o chefe tenha uma imagem
negativa de você, então você diz: "Ah, não, eu amo café, eu é que já havia tomado
bastante café hoje. Assim, em um momento de dissonância, você mudou sua atitude
sobre o café para se encaixar e fazer uma boa impressão. O fato que você mentiu
para se dar bem com o seu patrão oferece suficiente justificação externa para a sua
mudança de atitude. Dessa forma, você terá que partir do comportamento de tomar
café para reforçar sua atitude perante o chefe (SPAULDING, 2009).
Dentro da psicologia social, compreender a mudança de atitudes é a chave
para entender o desenvolvimento do preconceito e entender como as associações
feitas pelas crianças servem de base para a formação de suas atitudes. As teorias
do desenvolvimento humano em psicologia estão principalmente preocupadas com a
aquisição de mudança intraindividual do indivíduo, de habilidades e conhecimentos
gerais da adaptação ao meio ambiente (CORSARO e FIRGENSON, 2005).
Corsaro e Firgenson (2005) descrevendo sobre o desenvolvimento infantil,
procuram em Piaget e Vygotsky algumas explicações que possam auxiliar na
compreensão da construção da aprendizagem da criança, e nesse contexo,
podemos estabelecer uma relação com o desenvolvimento das atitudes implícitas.
Os autores discutem que a teoria cognitiva de Jean Piaget busca explicar o
desenvolvimento biológico da criança e que o aprendizado vêm de acordo com as
necessidades do indivíduo que se dão ao longo de sua construção cognitiva, ou
seja, nessa fase se uma atitude é assimilada e acomodada (termos utilizados por
Piaget) a criança pode passar a emitir essa atitude. Corroborando-se talvez com
essas idéias, os autores também descrevem sobre a obra de Lev Vygotsky que fala
sobre a Teoria Sociocultural, no qual a criança, inserida em um meio social é
influenciada pelas pessoas da qual estão próximas, ou seja, a família, a escola, os
amigos, etc. E que essas influências também podem ser desenvolvidas pelas
crianças que passam também a emitir determinadas atitudes.
Dessa forma, sabendo que as atitudes são sistemas relativamente estáveis
de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou
evento particular e que para cada atitude há um conceito racional e cognitivo -
crenças e idéias, valores afetivos associados de sentimentos e emoções que por sua
vez levam a uma série de tendências comportamentais – predisposições, sabemos
que determinadas atitudes podem ser implícitas ou explícitas e podem caracterizar
formas de preconceitos e estereótipos.
2.2. Atitudes implícitas e explícitas, preconceitos e estereótipos
Como discutido anteriormente, as atitudes fornecem avaliações de síntese
que auxiliam nas decisões sobre como interagir com o mundo. Uma atitude é uma
associação entre um conceito e uma avaliação – positiva ou negativa, favorável ou
desfavorável, ou desejável e indesejável. Atitudes ajudam a guiar o nosso
julgamento e comportamento. Devo estudar pelo livro completo ou pelo resumo? Eu
gosto dos membros desse grupo? Em suma, isto é bom ou ruim?
Essas perguntas, muitas vezes podem ser respondidas e suas respostas
contextualizadas; em outras ocasiões, talvez não seja fácil ter acesso a elas. Uma
maneira de mensurar as atitudes é pedir às pessoas para relatarem seus
sentimentos. Por exemplo, para descobrir a atitude de alguém em relação à sua
preferência por sorvete, poderíamos perguntar-lhe a taxa de sua atitude em uma
escala de resposta variando de 1 (muito pouco) a 8 (gosto muito). Essa forma de
abordagem caracteriza as suas atitudes explícitas, ou seja, posso dar a resposta
retomando-a deliberadamente em minha memória em um processo de introspecção
avaliativa (GREENWALD e BANAJI, 2005).
Em outros momentos, no entanto, os psicólogos não conseguem acessar
algumas informações perguntando simplesmente às pessoas para os relatarem.
Pode acontecer que as pessoas não queiram relatar o que pensam e sentem. Ou
então, até mais provavelmente, as pessoas podem não estar conscientes de tudo o
que pensam e sentem. Assim, caracterizamos esse tipo de atitude como atitudes
implícitas, ou seja, aquelas que podem ser provocadas sem um ato de introspecção.
As medidas implícitas necessitam de meios indiretos de avaliação, apresentam
reações automáticas afetivas e reações afetivas imediatas (NOSEK, 2007).
Medidas de cognição implícitas incluem um conjunto heterogêneo de métodos
e procedimentos que diferem das medidas de cognição. As avaliações reveladas por
medidas implícitas e explícitas podem não ter nada em comum, caso em que eles
avaliam construções particulares. No extremo oposto, as medidas de atitude
implícita e explícita poderiam avaliar uma única construção, apesar das diferenças
processuais. Todas as diferenças entre as medidas, nesse caso, seria imputável a
influências externas que são irrelevantes para as atitudes. Uma possibilidade
intermediária é que as medidas implícitas e explícitas avaliam construtos que são
relacionados, mas distintos. Especificamente, as medidas implícitas e explícitas
poderiam ter algo em comum que justificam a sua interpretação compartilhada como
avaliações de atitude, e algo único que justifique a distinção implícita/explícita
(NOSEK, 2007).
Uma explicação plausível para esse mecanismo de comparação foi descrito
por Baron e Banaji (2006) no qual permite-se fazer uma relação entre os
componentes implícito/explícito. Os resultados mostraram que em crianças o
preconceito implícito foi consonado ao explícito, demonstrando significativamente a
mesma taxa percentual, o mesmo ocorreu em adolescentes. Nos adultos, porém,
houve discrepâncias entre implícito/explícito, sendo o preconceito explícito quase
inexistente. O preconceito implícito se manteve em todas as faixas etárias, sendo um
pouco menos frequente nos adultos. Essas diferenças devem estimular os teóricos a
explicar as influências comuns e distintas na formação de atitudes implícitas e
explícitas, assim como os mecanismos de sua ativação.
Fazio (1986) descreve através de seus experimentos que alguns tipos de
atitudes podem ser ativados automaticamente a partir da memória ou apenas
através da observação de um objeto de atitude. Nosso cérebro é constituído de
redes semânticas que são influenciadas pelo meio, são através delas que
percebemos e emitimos respostas. Essa rede semântica segundo o autor é afetada
pelos estímulos ativadores das atitudes implícitas, e é mais intensa quando há uma
associação mais forte entre a rede e o objeto de atitude. Ele salienta ainda que esse
mecanismo seja específico de cada indivíduo e depende das relações que o sujeito
tem com o meio.
Gawronski et al., (2006) descreve algumas hipóteses de como as atitudes
implícitas podem se comportar no cérebro de uma pessoa. Um indivíduo pode ou
não estar consciente da origem causal de uma determinada atitude, sendo chamada
de consciência de origem. Em segundo lugar, um indivíduo pode ou não estar
consciente da atitude em si, o que corresponde à consciência de conteúdo. Em
terceiro lugar, um indivíduo pode ou não estar consciente da influência que uma
determinada atitude tem sobre os outros processos psíquicos, denominada
consciência do impacto. No que diz respeito à consciência de origem, pesquisas,
anteriores já demonstraram que as pessoas muitas vezes não têm consciência das
causas de suas atitudes. No que diz respeito à consciência de conteúdo, vários
pesquisadores argumentaram que as pessoas às vezes apresentam reações
positivas ou negativas para um objeto sem ser consciente de suas respostas
avaliativas. E por fim, em relação à consciência de impacto, as pessoas muitas
vezes desconhecem as influências de uma determinada atitude sobre outros
processos psicológicos.
O efeito de consciência de conteúdo pode ser semelhante ao que os
psicólogos sociais chamam de estereótipos. Um estereótipo é um conjunto
socialmente compartilhado de crenças sobre os traços que são característicos de um
determinado grupo. Por exemplo, o estereótipo em relação aos membros de um
determinado grupo (podemos citar as top models), a elas são incluídas as
características de ser fisicamente magras, que se assumem como elogios, mas
também são caracterizadas como ignorantes. Ou seja, foi atribuído ao mesmo grupo
aspectos positivos e negativos (GREENWALD e BANAJI, 1995).
Uma das formas que os psicólogos sociais encontraram para definir como se
desenvolve esses mecanismos de formação de consciência, de construção de
atitudes e dos processos psicológicos no geral, foi compreender e identificar os
processos cognitivos que podem estabelecer ou manter o preconceito. Esta
perspectiva cognitiva não implica que o preconceito é aceitável, mas sugere que o
preconceito é o subproduto de processos do pensamento humano, que de certa
forma são normais. E o elemento-chave na perspectiva cognitiva do preconceito é o
estereótipo (MELO, 2004).
Souza (2009) aponta que assim como as atitudes em geral, o preconceito tem
três componentes: crenças; sentimentos e tendências comportamentais. Crenças
preconceituosas são sempre estereótipos negativos.
Segundo Allport (1954 apud Souza 2009) o preconceito é o resultado das
frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar
em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas
freqüentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou
adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais
“baixo” na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação.
O preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as
pessoas fazem para se conformar (conformidade social). Se nos relacionamos com
pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos do que
resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque
as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas
muito antes de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A
pressão dos colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de
determinadas visões tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de
outros grupos sociais (SOUZA, 2008).
Esses grupos sociais são taxados e sofrem ação do preconceito devido a
construções durante o desenvolvimento social. Como descrito anteriormente, o
elemento-chave na perspectiva cognitiva do preconceito é o estereótipo.
Etimologicamente, o termo estereótipo deriva de duas palavras gregas: stereos (que
significa “rígido”) e túpos (“traço”). Na impressão, o estereótipo pode ter como
analogia um molde de metal, utilizado para fazer imagens repetidas e idênticas de
um caráter em um pedaço de papel. Assim, o termo foi usado por analogia,
referindo-se ao modo pelo qual as pessoas aplicam o mesmo caráter à impressão
que têm de determinados grupos de indivíduos. O estereótipo pode ser entendido
como um processo funcional e adaptativo, no qual utilizamos para poupar gastos
desnecessários de tempo e energias cognitivas (MELO, 2004).
Em nosso cotidiano, a todo o momento, nos confrontamos com a diversidade,
com pessoas diferentes de nós tanto nos traços psicológicos como nos traços
físicos. Como vivemos sobrecarregados de informações utilizamos dos estereótipos
para rotular as pessoas e assim nos sentirmos socialmente seguros. No entanto,
essa nossa forma de “julgar” é delimitada por pontos corretos, incorretos, positivos e
negativos, e esses pontos negativos, está nas generalizações incorretas que rotulam
as pessoas e não permitem que estas sejam aceitas como indivíduos singulares com
características próprias, negando-lhes direitos morais e legais. Alguns estudos
demonstraram que associações étnicas e raciais produzem facilitação estereotípica.
Alguns testes de associação implícita demonstram que há uma associação mais
forte quando se emparelham as palavras Ruim/Negro em relação a Branco/Bom.
Esse fator evidencia que esse grupo, principalmente, são estereotipados e
constantemente sujeitos ao preconceito (LIMA et al., 2006).
O processo histórico dos negros na sociedade é marcado pelo preconceito e
pelos estereótipos. Esse princípio afirma-se pelos estudos de Devine (1989), no qual
separou indivíduos com alto nível de preconceito e baixo nível de preconceito, que
foram avaliados através da Escala de Racismo Moderna. Esses sujeitos foram
submetidos a testes de associação, no qual palavras como pobre, agressivo,
criminoso, atleta, hostil, etc, foram consonadas a palavra negro, descrita em
algumas frases e em seguida eles deveriam descrever um texto sobre suas
percepções sobre negros, assim, suas produções avaliadas como congruentes ou
incongruentes em relação aos negros. A autora concluiu que o uso da pré-ativação
ativa automaticamente o estereótipo cultural, ou seja, a partir do teste verificou-se
que negros foram associados fortemente as palavras pobre, agressivo e criminoso.
Durante o teste o que ocorreu foi que houve uma ativação do link entre negros e
hostis e criminosos por exemplo, fato que se deve a todo um processo histórico que
desencadeou a formação de redes semânticas no cérebro das pessoas permitindo
que as mesmas fizessem relações negativas em detrimento a grupos étnicos
diferentes.
Banaji e Hartin (1996) assumem que os estereótipos podem ocorrer de forma
implícita assim como outros processos cognitivos e que também consistem em
componentes explícitos. E quanto ao processo de desenvolvimento, os estereótipos
não são necessariamente baseados em uma única representação homogênea na
memória, mas são baseadas em memórias múltiplas, diversificadas e
potencialmente conflitante.
Como nos aponta Devine (1989), tanto indivíduos preconceituosos como
aqueles que não o são estão amplamente familiarizados com os estereótipos
utilizados para rotular determinados grupos sociais. Desta forma, esta autora
distinguiu entre o que ela cunhou de ativação automática e ativação controlada de
estereótipos. A ativação automática ocorreria da seguinte maneira: visto que alguns
estereótipos são amplamente disseminados na nossa cultura, estes sobrevêm à
nossa mente assim que nos deparamos com certas pessoas. Após este processo
automático, no entanto, um indivíduo não-preconceituoso pode conscientemente
refletir sobre o que acabou de pensar sobre aquela pessoa e reavaliar sua primeira
impressão. Neste caso, o indivíduo teria entrado na ativação controlada do
estereótipo, impedindo que este prossiga adiante e se transforme em discriminação.
Deve ficar claro, no entanto, que mesmo após o controle do estereótipo é possível
que este apareça (muitas vezes com força redobrada) através de comportamentos
não-verbais tais como expressões, postura, contato visual e a distância física que
colocamos entre nós mesmos e certos indivíduos.
No entanto, para os devidos fins, estereótipos não se enquadram na mesma
função de preconceito, ou seja, não são sinônimos. O que ocorre é uma relação
estreita entra ambos, no qual estereótipo é um componente cognitivo do preconceito
e permite a sua racionalização. Essa ligação é fruto de um processo de
desenvolvimento social, no qual atitudes e estereótipos são heranças da sociedade
e que todos estão sujeitos à aprendizagem das atitudes predominantes e os
estereótipos atribuídos aos grandes grupos étnicos e que a ativação automática do
estereótipo é forte e inescapável para todo e qualquer indivíduo. Assim, para
evidenciar o caráter e a força de associação das atitudes, preconceitos implícitos e
explícitos, faz-se necessário a utilização de testes que permitam avaliar e descrever
a intensidade dessas associações, o que pode ser medido pelo teste de associação
implícita (TAI).
2.3. TAI (teste de associação implícita)
Sabemos que as atitudes implícitas são aquelas das quais não podemos
retomar deliberadamente em nossa memória, por ser ela uma atitude inconsciente. E
como as atitudes implícitas são reconhecidas como tento uma importância ímpar no
estudo da psicologia social, desenvolver técnicas de investigação dessas atitudes é
crucial. Dessa forma, foi desenvolvido o Teste de Associação Implícita (TAI) como
uma ferramenta de acesso a essas informações atreladas ao inconsciente
(GREENWALD et al., 1998).
O TAI fornece uma medida das forças de associação automáticas. Estas
medidas são calculadas a partir das velocidades de desempenho em duas tarefas
de classificação na qual a intensidade das associações determina a eficácia do
desempenho no teste. O efeito TAI baseia-se na latência de duas tarefas que
diferem no grau de associação, de acordo com instruções utilizadas em quatro
categorias de estímulos (GREENWALD et al, 2003).
O TAI inicia-se com a apresentação de um conjunto de palavras ou imagens
para serem classificadas em grupos (figura 3). Esta tarefa requer que o sujeito
classifique os itens o mais rápido que puder, fazendo o menor número de erros
possíveis. Se ele for extremamente lento ou fizer muitos erros os resultados não
podem ser interpretados adequadamente. Esta parte do estudo leva cerca de cinco
minutos. Segue uma lista de rótulos de categorias e os itens que pertencem a cada
uma dessas categorias.
Figura 3: Lista de rótulos de categorias
Fonte: https://implicit.harvard.edu/implicit/Study
Os dedos indicadores devem ser mantidos 'e' e 'i' para que a resposta seja
rápida. Dois rótulos no topo indicarão que palavras ou imagens correspondem a
cada uma das teclas. Cada palavra ou imagem possui uma classificação correta. A
maioria é fácil.
O teste propriamente dito inicia-se com a abertura da primeira tela, aqui
usaremos como exemplo o TAI cor de pele (quadro 1), com orientações ao sujeito
para elaboração do teste. Em seguida pressionando a barra de espaço inicia-se a
experimentação. A primeira tela mostra imagens de pessoas de pele clara (lado
esquerdo da tela) e imagem de pessoas de pele escura (lado direito da tela). No
centro da tela imagens de pessoas de pele clara e escura vão se alternando
aleatoriamente e o sujeito de pesquisa deve pressionar a tecla 'e' quando a imagem
corresponder à figura do lado esquerdo e a tecla 'i' quando a imagem corresponder a
figura do lado direito.
A segunda tela apresenta no alto da janela categorias diferentes da anterior,
nesse momento aparecem às palavras Mau (lado esquerdo) e Bom (lado direito), e
seguem o mesmo princípio, tecla ‘e’ e ‘i’ para direita e esquerda, respectivamente de
acordo com as palavras que vão aparecendo no centro da tela (horrível, agonia,
falha, maravilhoso, feliz, alegria, etc).
A terceira tela mostra no alto da janela quatro categorias, sendo a imagem de
uma pessoa de pele escura associada à palavra Mau do lado esquerdo (Imagem OU
Mau), e no lado direito a foto de uma pessoa de pele clara associada a palavra Bom
(Imagem OU Bom). As palavras Mau e Bom são marcadas com a cor verde para
ajudar na identificação. No centro da tela aparecem palavras como (horrível, agonia,
falha, maravilhoso, feliz, alegria, etc.) e imagem de pessoas de pelo clara e escura, e
da mesma forma, tanto as imagens quanto as palavras devem ser associadas ao
lado direito e esquerdo superior da tela com auxílio teclas ‘e’ e ‘i’.
Na quarta tela o procedimento da terceira tela é repetido novamente. Nesse
momento, calcula-se a diferença entre as medidas de tendência central obtida a
partir dos dois blocos de testes (o bloco quatro e o bloco sete) (GREENWALD et al.,
2003).
Quadro 1: Sequência do Teste de Associação Implícita - cor de pele Bloco/Telas Ensaios Função Esquerda Direita
1 20 Prática IPC* IPE*
2 20 Prática PA* PD*
3 20 Prática PA ÷ IPC PD ÷ IPE
4 40 Teste PA ÷ IPC PD ÷ IPE
5 20 Prática IPE IPD
6 20 Prática PA ÷ IPE PA ÷ IPC
7 40 Teste PA ÷ IPE PA ÷ IPC
*IPC= Imagem de pessoas claras; IPE= imagem de pessoas claras; PA= palavras agradáveis; PD= palavras desagradáveis.
Na quinta tela as imagens no alto da tela se invertem, com a imagem de uma
pessoa de pele branca do lado esquerdo e a imagem da pessoa de pele escura do
lado direito. No centro da tela imagens semelhantes vão aparecendo e devem ser
relacionadas como anteriormente. Na sexta tela, aparecem as mesmas imagens e
palavras da terceira tela, porém, nesse momento, estão com os lados esquerdos e
direito invertidos. Na sétima e última tela o procedimento da sexta tela é repetido.
A mensuração do Teste de Associação Implícita se dá pelo calculo da latência
das respostas, ou seja, o tempo de reação das respostas. Quanto menor o tempo de
reação do sujeito a esses conceitos ou itens, mais esses conceitos estarão
fortemente associados; ao contrário, quanto maior o tempo de reação, menos esses
conceitos ficarão associados em relação a outros conceitos cuja associação não é
tão forte assim. Numa tarefa de tempo de reação, como são os Testes de
Associação Implícita, os participantes devem responder o mais rápido possível, pois
a atividade que está envolvida nessa associação de conceitos deve ser uma
atividade que fuja a qualquer processo de autocontrole. Portanto, o que pretende
medir um teste desse tipo e a atividade não-consciente (NOSEK, 2007).
Os cálculos do teste são feitos por análises estatísticas, que compreendem a
elaboração de correlações, médias, medianas, logaritmo e desvio padrão
(GREENWALD et al., 2003).
O princípio básico envolve o cálculo da diferença de latência média de
resposta entre as duas condições de classificação e dividindo pelo desvio padrão de
todas as latências para ambas as tarefas de classificação. Assim, a pontuação IAT
(denominadas D) é uma variação do Teste de Cohen d que calcula o tamanho do
efeito de respostas de um indivíduo em uma tarefa (NOSEK et al., 2008).
O TAI é uma medida prontamente disponível e fácil de usar, além de
confiável e com efeitos fortes. O teste “contorna” a avaliação do preconceito
“driblando” as questões sociais, avaliando implicitamente (DEVINE, 2001).
Devine (2001) ainda afirma que normalmente, qualquer medida só é útil
quando validamente mede aquilo que pretende medir. Embora muitos tenham
aceitado sem questionar o TAI como uma medida de preconceito implícito ou
estereótipos, outros têm uma opinião diferente. Embora o TAI ofereça um grande
potencial para ligar com a natureza e o funcionamento de preconceitos implícitos, o
uso generalizado naturalmente leva a um questionamento sobre a validade e o
significado das respostas sobre a medida.
Para tanto, atualmente o TAI se apresenta com uma ferramenta de importante
medida para reconhecer a força de associação entre variáveis. Dessa forma, é
amplamente utilizado desde sua construção em 1998.
Partindo-se da idéia de que as atitudes implícitas podem se manifestar em
forma de preconceito, o presente trabalho buscando na literatura se há um consenso
entre os autores sobre os mecanismos de desenvolvimento do preconceito implícito
a utilização do TAI nos permite conhecer as raízes do preconceito e dos
estereótipos.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para verificarmos a pesquisa de artigos para análise foi feita através da base de
dados da Scopus (disponível em www.scopus.com), em um computador desktop da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Consolação, Rua da Consolação,
930 - Cep 01302-907, São Paulo - SP – Brasil.
No espaço de procura, utilizou-se Implicit Attitude como palavras chaves
pareadas com Development. A pesquisa foi delimitada para encontrar artigos
referentes aos últimos 10 anos, pois a pesquisa baseou-se, principalmente, nos
Testes de Associação Implícita que foi criado no ano de 1998. Outros processos de
“filtragem” dos artigos ocorreram na delimitação das áreas de pesquisa que foram
abordadas, assim, a busca limitou-se as áreas de psicologia, ciências sociais e
neurociência. Ao término desse procedimento restaram 55 artigos, a partir da leitura
dos resumos foram excluídos 25 artigos, pois os mesmos não adotaram o Teste de
Associação Implícita como mecanismo de avaliação das atitudes ou não discutiam
sobre o desenvolvimento das atitudes implícitas. Assim, restaram 20 artigos para
serem analisados, no entanto, durante a leitura mais profunda dos artigos outros 4
foram excluídos, pois não apresentaram discussões diretamente relacionadas ao
objetivo do presente trabalho.
Após a definição dos artigos, que totalizaram 16 publicações, foi feito o
Download dos mesmos pela página do próprio site da Scopus. Eles foram
encontrados em 15 diferentes meios de publicação, sendo elas: Journal of
Experimental Child Psychology, Journal of Applied Social Psychology, Journal of
Personality and Social Psychology, Journal of Experimental Social Psychology,
Trends in Cognitive Science, Current Research In Social Psychology, Social
Cognition, Internacional Journal of Behavioral Development, Self na Identity,
Psychological Science, Child Development, Advances in Experimental Social
Psychology, Personality and Social Psychology Bulletin, Journal of Experimental
Child Psychology e Psychological Review. Após a seleção dos artigos, eles foram
categorizdos em um quadro, que serviu como resumo para as discussões. Foi
retirado dos artigos somente as discussões e os resultados que se referiam a
questões a cerca do desenvolvimento das atitudes implícitas e do preconceito.
4. RESULTADOS
As principais idéias dos autores apresentaram cinco principais abordagens
para discussão (quadro 2): Descrevem as características afetivas das atitudes
implícitas, a influência da família e do meio social, sobre a preferência das pessoas
pelos indivíduos dos seus próprios grupos, que o preconceito explícito diminui na
idade adulta e que o preconceito implícito surge cedo no desenvolvimento da
criança.
Quadro 2: Variáveis que influenciam no desenvolvimento das atitudes implícitas segundo sua frequência nos artigos analisados.
Afetividade Preferência por
grupo Interno
PE* reduz na
fase adulta
PI* surge cedo
na criança Normas sociais
1, 2, 3, 4, 8, 12 3, 5, 7, 12,15 3, 5, 10, 13, 14 3, 6, 12, 13 1, 2, 4, 10, 13, 14
*PE= preconceito explícito; *PI= preconceito implícito.
Das abordagens descritas no quadro 2, as mais comuns foram representadas
pelas discussões sobre afetividade e pelas preferências do grupo interno em relação
a um grupo externo (figura 2). Dos 16 artigos 6 discutiram sobre a influência das
questões afetivas no desenvolvimento das atitudes implícitas, 5 artigos sobre a
preferência das pessoas por seu próprio grupo ou grupo interno, 5 artigos sobre a
redução do preconceito explícito na idade adulta, 4 artigos sobre o surgimento
precoce das atitudes implícitas e 6 artigos que discutiram, dentre outras coisas, a
influência da família e/ou do meio social no desenvolvimento das atitudes implícitas.
Figura 4: Variáveis discutidas nos artigos analisados segundo sua frequência.
As discussões gerais apresentadas pelos autores são representadas (quadro
3), abordando todas as idéias relevantes dos autores sobre o desenvolvimento das
atitudes implícitas e suas implicações na formação do preconceito. Dentre as
abordagens mais comuns descritas anteriormente também encontramos outras
descrições que serão abordadas durante as discussões, como algumas teorias do
desenvolvimento ou da formação das atitudes implícitas e do preconceito.
Quadro 3: Principais idéias dos autores encontradas nos artigos de pesquisa.
N° Autor/ano Principais idéias dos autores
1 Cvencek et al.,
(2011)
• A partir da pré-escola as crianças já são capazes de ter preferências, sofrerem influências e de reconhecer gênero;
• A mãe influencia positivamente em relação às filhas e positivamente em relação aos filhos, na questão do gênero.
• Meninas são menos preconceituosas em relação ao gênero feminino do que os meninos.
• Há preferência pelo próprio gênero, e é mais forte nas meninas.
2 Andrews et al.,
(2010)
• Atitudes de familiares influenciam nas atitudes das crianças; • Atividades de combate ao preconceito, tabagismo, doenças,
etc., são importantes na redução das atitudes implícitas; • Sentimentos frustrantes estimulam o desenvolvimento de
atitudes preconceituosas; • Imagens sociais são pontos marcantes que facilitam a ação de
atitudes preconceituosas; • A capacidade de se espelhar a seus semelhantes estimula a
ação das atitudes preconceituosas.
3 Degner e
Wentura (2010)
• Crianças que convivem com atitudes preconceituosas acabam adquirindo automaticamente essas atitudes, que passam a fazer parte de sua estrutura neural;
• Adultos apresentam menos preconceito explícito; • As pessoas preferem indivíduos do seu próprio grupo
(alemães preferem alemães em relação aos turcos); • No geral, o preconceito diminui com a idade; • Crianças adquirem a consciência de raça e etnia e as
respectivas avaliações sociais muito cedo – entre 3-6 anos de idade;
• Experiências negativas ficam armazenadas na memória de curto prazo;
• Efeitos negativos em experiências passadas podem influenciar nas atitudes futuras;
• Teoria do desenvolvimento do preconceito.
4 Castelli et al.,
(2010)
• As atitudes se desenvolvem nas crianças e são influenciadas pelo meio durante o desenvolvimento para a idade adulta;
• Experiências recentes influenciam avaliações implícitas e explícitas de forma independente;
• As atitudes das crianças são influenciadas pela pressão dos pais;
• As experiências passadas são mais significativas que as atuais
(quando semelhantes); • As atitudes dependem da natureza cognitiva dos indivíduos; • As informações afetivas são as mais marcantes; • Afeições desatrelam atitudes implícitas de explícitas; • Vínculos afetivos diminuem o preconceito implícito; • As pessoas estão presas a ações passadas e mais susceptíveis
as questões do presente.
5 Dunham et al.,
(2008)
• Grupos mais favorecidos socialmente tendem a aceitar as pessoas de seu grupo e a se auto-aceitar;
• Grupos menos favorecidos tendem a não aceitar seu grupo, pelo menos implicitamente e tendem a caracterizar positivamente os grupos mais favorecidos na busca pela aceitação e auto-estima, assim, estimulam a caracterização negativa do seu grupo;
• Grupos menos favorecidos preferem grupos mais favorecidos; • Grupos menos favorecidos dão atribuições negativas a grupos
inferiores a eles (preferem americanos brancos em relação ao afro-americanos);
• Crianças preferem seu grupo interno em relação ao grupo externo (explicitamente) e grupo externo (implicitamente), os adultos preferem grupos internos explicitamente e internos implicitamente;
• O nível implícito não variou com a idade, porém o explícito se extingue nos adultos;
• Há internalização antecipada de informações de status social em crianças;
• Em crianças mais velhas há os aspectos sociais podem tornar-se mais proeminentes;
• Teoria da Identidade Social para explicar essas relações;
6 Thomas et al.,
(2007)
• Pessoas magras são associadas com bom e pessoas gordas são associadas com ruim;
• A partir de três anos de idade as crianças já apresentam preconceito implícito;
• O preconceito implícito diminui com a idade; • O estereótipo de beleza, de auto-estima e de aceitação social
surgem em crianças de 3 anos.
7 De Houwer et al.,
(2007)
• Se um determinado grupo de pessoas for informado sobre objetos novos e desconhecidos, como por exemplo, Pokémons que ninguém conheça, e a eles forem atribuídos caracteres positivos e negativos, ao realizar um TAI é dado preferência aos indivíduos caracterizados como positivos;
• Atitudes implícitas podem ser formadas por simples apresentação de informações;
• Experiências anteriores influenciar na formação das atitudes; • Preferências por grupos sociais podem influenciar no
desenvolvimento das atitudes.
8 Fazio (2007)
• A atitude pode ser resultado de reações emocionais que o objeto evoca, como no caso de respostas emocionais condicionadas. Ele pode ser baseado em seus comportamentos e experiências passadas com o objeto;
• A atitude pode ser o resultado de um processo de aprendizagem associativa e não passiva;
• Os processos pelos quais a atitude foi formada e sua base de
informação pode ter implicações para a força resultante da avaliação e associação de objeto e, portanto, a acessibilidade da atitude da memória;
• A atitude é definida como a avaliação sumária, destituído de qualquer presunção sobre a consistência do comportamento;
• Atitude é simplesmente uma forma de conhecimento - um conhecimento valorativo, mais precisamente - e são representados na memória.
9 Davis et al.,
(2007)
• Antes dos 2-3 anos: pistas raciais e étnicas não são importantes para essas crianças assim há pouca compreensão dos outros em relação aos aspectos étnicos e raciais.
• 3 anos: Começa a surgir pistas raciais e étnicas e começa-se a distinguir membros dos outros grupos. Ocorre a auto-identificção com o seu grupo, sendo esse um momento precursos para a definição dos princípios étnicos e raciais.
• 4 anos: Preferência por seu grupo em relação aos grupos externos, mas não de forma negativa, mas simplesmente pelo fato dos aspectos afetivos do seu grupo, e por ser seu meio de convivência. Assim, evidencia-se que somente a partir dos sete anos de idade é que o preconceito assume sua forma atuante, passando a ser representado sobre o grupo externo
10 Dunham et al.,
(2006)
• Preconceito pode ser gerado tanto por características sociais quanto características evolutivas;
• Os jovens têm maior preferência por seu grupo do que os adultos têm (preferência explícita);
• O status social de grupos menos favorecidos em detrimento a outro grupo pode diminuir o preconceito implícito (japoneses possuem alto status social e são vistos por grupos externos com menos estereótipos negativos);
• O preconceito implícito manteve estável durante o desenvolvimento, enquanto o preconceito explícito diminui com a idade;
• Menos status em um grupo gera maiores índices de preconceito implícito;
• Estabilidade em desenvolvimento: preconceito implícito é estável;
• Estabilidade cultural: Maior ou menos grau de contato com um grupo atribui maior ou menos intensidade de preconceito;
• As primeiras atitudes implícitas são categorizações automáticas.
11 Rydell et al.,
(2006)
• Há um processo lento de formação das atitudes; • Há um processo rápido de formação das atitudes; • Atitudes implícitas e explícitas possuem formas de evocação
diferentes, sendo a implícita mais lerda e a explícita mais rápida, estando relacionadas com processos cognitivos mais ou menos elaborados.
12 Dunham et al.,
(2006)
• Compreender o processo de construção das atitudes é um ponto chave para decifrar o preconceito;
• A veiculação da mídia acelera e aumenta o preconceito; • Atitudes implícitas surgem cedo no desenvolvimento da
criança; • São influenciadas pelas normas sociais e pela família; • Grupos menos favorecidos tendem a ter preferência por
grupos externos mais favorecidos; • Crianças de 3 anos já apresentam preferência intergrupal; • Influência da hierarquia social; • Questões afetivas influenciam no desenvolvimento das
atitudes implícitas; • Curvas de aprendizagem são influenciadas pelo convívio
social.
13 Baron e Banaji
(2006)
• As atitudes implícitas sociais e não-sociais surgem cedo no desenvolvimento da crianças;
• Em crianças não há dissociação implícito/explícito; • O preconceito implícito surge cedo no desenvolvimento das
crianças; • O preconceito implícito é estável e se mantém desde crianças
novas até adultos; • O preconceito explícito existe nas crianças e adolescentes e se
extingue nos adultos; • Normas sociais influenciam no desenvolvimento das atitudes
explícitas.
14 Rutland et al.,
(2005)
• Normas sociais prescrevem atitudes adequadas, valores e comportamentos;
• Normas sociais são transmitidas através da mídia, legislação nacional, etc;
• O preconceito implícito intergrupal torna-se menos evidente ao decorrer da idade;
• O preconceito explícito submetido a altas normas sociais é menos intenso;
• Sobre baixas normas sociais o preconceito explícito é mais intenso;
• Crianças mais novas já apresentam preconceito implícito, o explícito diminui na idade adulta e depende das normas sociais;
• As normas sociais podem ser mascaradas.
15 Brown e Bigler
(2002)
• O tamanho relativo do grupo afeta o desenvolvimento da atitude das crianças;
• Os indivíduos que servem como modelos para as crianças dentro do seu grupo estimulam as crianças a elaborarem atitudes semelhantes, mas se essas atitudes não forem agradáveis, da mesma forma, as crianças desviam suas atitudes desse foco;
• As crianças observam as diferenças existentes em seu grupo, e em grupos externos e criam hipóteses sobre essas diferenças, influenciando no desenvolvimento das atitudes;
• As crianças dão preferência a seu próprio grupo;
16 Devine et al.,
(2002)
• O convívio com diversidade e a iniciativa própria podem superar preconceitos;
• Pessoas que dizem não ser preconceituosas podem apresentar preconceito implícito;
• Preconceitos são influenciados por fatores externos normativos;
• Há indivíduos com motivação interna contra o preconceito e indivíduos com motivação externa contra o preconceito – MICP e MECP;
• Pessoas com MICP alta e MECP alta possuem menos
preconceito, sendo o inverso verdadeiro; • Esses indivíduos conseguem controlar melhor sua estrutura
cognitiva, e isso podem influenciar na regulação do preconceito implícito e explícito;
• Idéia da autodeterminação.
5. DISCUSSÃO
Partindo do objetivo do presente trabalho, que consiste em verificar se há um
consenso entre os autores pesquisados na literatura sobre as variáveis que
influenciam no desenvolvimento das atitudes implícitas e do preconceito,
discutiremos de acordo com os autores descritos no quadro 2 e de acordo com a
fundamentação teórica apresentada no início do estudo.
A partir das discussões encontradas nos artigos analisados, podemos
observar a existência de cinco principais abordagens descritas: Afetividade,
surgimento precoce do preconceito, desaparecimento na idade adulta, normas
sociais e preferência pelo grupo interno. Iniciaremos a discussão falando sobre os
mecanismos afetivos de construção das atitudes, ou seja, como as questões afetivas
influenciam no desenvolvimento das atitudes implícitas e do preconceito.
Para Lebres (2010) em relação às questões afetivas, o contato mais próximo
com os indivíduos estigmatizados, como por exemplo, alunos com necessidades
educacionais especiais, os professores que tiveram um contato mais próximo com
esses alunos demonstraram uma redução do preconceito. Essa redução deve ser
conquistada de forma a abandonar sentimentos de preconceito e suposições
negativas para que desenvolvam espíritos mais abertos e responsáveis em face
desta problemática.
Pode-se encontrar em autores como Andrews et al., (2010) que sentimentos
frustrantes estimulam o desenvolvimento de atitudes preconceituosas, como por
exemplo, o contato de uma pessoa com um indivíduo estigmatizado, como um turco
residente na Alemanha, ou seja, alemães que tiveram alguma relação negativa com
um turco agem com preconceito em relação a esse grupo. Corroborando-se com
esses autores Degner e Wentura (2010) acreditam que experiências negativas ficam
armazenadas na memória de curto prazo e podem influenciar em experiências
futuras, estando sujeitas a caracterizar um grupo negativamente. Castelli et al.,
também afirmam que as informações afetivas são mais marcantes, eles defendem a
idéia de que as primeiras atitudes formadas pelos indivíduos são atitudes
provenientes de construções afetivas, assim, as construções mais recentes
adquiridas podem ser incapazes de substituir as associações afetivas criadas por
experiências precoces. Sob essa perspectiva seria difícil atitudes preconceituosas
desse indivíduo ser superada.
Albarracín et al., (2005) discutem que as atitudes são compostas além de um
componente cognitivo e comportamental, de um componente afetivo extremamente
importante para o desenvolvimento das atitudes implícitas. E esse componente
afetivo está relacionado às crenças dos indivíduos que se constroem nas relações e
podem ser caracterizadas positiva ou negativamente dependendo das associações
que serão feitas.
Fazio (2007) diz que as atitudes também podem ser resultado de reações
emocionais que o objeto evoca, como no caso de respostas emocionais
condicionadas, ou seja, pode ser baseado em seus comportamentos e experiências
passadas com o objeto. Oliveira (2007) descreve que atitudes são sinônimos de
sentimento, como simpatia, aproximação, etc., e a partir daí emite-se um
comportamento.
Outra variável abordada refere-se a preferência dos indivíduos por pessoas
do seu próprio grupo. Degner e Wentura (2010) descrevem novamente a respeito de
alemães e turcos, sendo que os alemães preferem alemães em relação aos turcos.
Dunham et al. (2006) e (2008) discutem sobre essa preferência apresentando que
indivíduos de grupos menos favorecidos associam positivamente aos grupos mais
favorecidos, por exemplo, grupos de hispano-americanos preferem os americanos
brancos em detrimento ao seu próprio grupo, no entanto, em relação aos afro-
americanos dão preferência ao seu grupo interno.
Essas características determinam, por exemplo, a auto-estima, o auto-
conceito e o preconceito, pois os indivíduos menos favorecidos tendem a se
espelhar no grupo mais favorecido para se auto-afirmar e elevar sua auto-estima,
dessa forma, cria estereótipos e geram preconceitos quando aos componentes de
seu grupo e os componentes dos grupos mais estigmatizados que o seu. No
entanto, tendemos a dar favoritismo intergrupal como uma tendência para
favorecer o nosso próprio grupo. Tanto pode conduzir a que gostemos do nosso
grupo, como a que não gostemos do grupo de comparação, como a ambos estes
efeitos. No entanto, isso vai depender da forma com que nosso grupo é visto.
Por outro lado, a nossa identidade define-se também pelas comparações que
fazemos com os outros. Quando definimos o que somos (a partir de critérios como
raça, religião, sexo, inteligência, classe social, etc.) e assim definimos também as
nossas pertenças (ou identificações) a grupos específicos, estamos obviamente a
definir o que não somos e a excluir do nosso círculo de pertença determinadas
pessoas e determinados grupos. Ou seja, ao definir o “nós” e o “eles” estamos a
incluir uns e a excluir outros. A estas categorias sociais que definem a nossa
identidade social chama-se endogrupo (o grupo de pertença) e exogrupo (o grupo
de comparação). Nas comparações com os outros procuramos obter um saldo
positivo a nosso favor. Para isso, muitas vezes tendemos a atribuir características
mais negativas aos grupos com que não nos identificamos do que àqueles com
quem temos afinidades (BROWN E BIGLER, 2002).
Assim, a preferência por grupos desempenham um papel fundamental no
processo de formação de estereótipos e preconceitos, mas isso não quer dizer que
este fenômeno seja individual. Na realidade, quando falamos de grupos sociais,
trata-se muito mais de um fenômeno coletivo do que individual. Muitos dos nossos
estereótipos e preconceitos sobre grupos sociais, culturais, étnicos e religiosos não
estão diretamente relacionados com a experiência individual, sendo antes ideias
coletivas partilhadas no interior do nosso grupo de pertença (endogrupos) em
relação aos grupos de comparação (exogrupos). Estas ideias ou crenças são
transmitidas culturalmente e resultam da história de relação entre os grupos ao longo
dos tempos (BROWN E BIGLER, 2002).
Partiremos agora para uma discussão sobre a influência da família e do meio
social (ou normas sociais). Cvencek et al, (2011) e Andrews et al, (2010) descrevem
sobre a importância da família no desenvolvimento das atitudes implícitas. E essa
discussão está extremamente atrelada às questões afetivas.
Baron e Banaji (2006) abordam as idéias de normas sociais para explicarem a
força do preconceito e das atitudes implícitas. Um indivíduo que está sobre a ação
de normas sociais bem estabelecidas e rigorosas, como por exemplo, uma
sociedade religiosa, os indivíduos apresentam preconceito explícito menor, enquanto
diante de uma norma social menos estabelecida os indivíduos apresentam um grau
mais elevado de preconceito explícito.
Vários estudos têm verificado que são as normas da igualdade e do
humanitarismo as responsáveis pela redução do preconceito endogrupal num
paradigma mínimo, pela redução do preconceito e pela inibição dos estereótipos ou
da despersonalização de alvos minoritários em tarefas de formação de impressão.
Com efeito, o simples fato de levar as pessoas a pensarem sobre a igualdade e
produzirem argumentos sobre este tema diminui a discriminação e aumenta o
comportamento pró-social (LIMA et al., 2006).
Podemos observar, como nos estudos de Rutland et al., (2005), que as
normas sociais prescrevem atitudes adequadas, valores e comportamentos em
determinada situação. Uma norma social nas sociedade ocidentais é uma forma de
evitar a expressão de atitudes discriminatórias ou comportamentos preconceituosos
em relação a indivíduos com base em sua etnia. Essa norma social, como muitos
outros, é transmitida através da mídia, de legislações de igualdade ou programas de
educação multicultural, que promovem a tolerância de valorização da diversidade.
No entanto, esses autores observaram que há uma diminuição somente no
preconceito explícito, que pode ser conscientemente controlado, no entanto, o
preconceito implícito permanece na mesma intensidade, ou seja, ainda existe. Estes
achados determinam que as normas sociais são extremamente importantes na
diminuição do preconceito, porém, está atuando somente sobre as questões
comportamentais evitando a expressão do preconceito, mas ele ainda existe
fortemente associado a pessoa.
A partir dessa discussão podemos fazer uma relação com as outras
abordagens, que correspondem as descrições de que o preconceito implícito diminui
com o desenvolvimento do indivíduo até a sua idade adulta.
Segundo Greenwald et al., (1998, 2003), as atitudes explícitas são aquelas
que podem ser retomadas deliberadamente em nossa memória, ou seja, podemos
acessá-las conscientemente ou estarmos ciente daquilo que dizemos, através de um
auto relato essas atitudes podem ser medidas. Da mesma forma, podemos
expressá-las ou não, ou seja, mesmo possuindo preconceito implícito nosso relato
por acusar a não existência de preconceito.
Assim, relacionando esse princípio aos outros autores vemos que o que
ocorre é a pressão exercida pelas normas sociais sobre o indivíduo, o que o faz o
indivíduo “mascarar” seu preconceito durante um auto-relato.
Como descrito por Baron e Banaji (2006), Davis et al., (2007), Degner e
Wentura (2010) e Dunham et al., (2006) o preconceito explícito diminui na idade
adulta, e na infância existe em proporções significativamente semelhantes ao
preconceito implícito. Esses autores supõem que ao decorrer do desenvolvimento do
indivíduo ele vai se tornando mais consciente das normas sociais e mais
pressionado pela sociedade quanto ao preconceito, ou seja, ser preconceituoso é
uma característica negativa, dessa forma, reduz-se o preconceito explícito para ser
socialmente correto.
Por fim, podemos observar que o preconceito implícito surge cedo no
desenvolvimento da criança e é estável, se mantendo durante todo o
desenvolvimento do indivíduo, pelo menos na grande maioria.
Como descrito por muitos autores (BARON E BANAJI, 2006; DAVIS et al.,
2007; DEGNER E WENTURA, 2010; DUNHAM et al., 2006; THOMAS et al., 2007), o
preconceito implícito surge cedo no desenvolvimento infantil, alguns desses autores
discutem que a partir dos três anos de idade o preconceito implícito já é evidente.
No entanto, as atitudes não são inatas, isto é, não nascem conosco. São
adquiridas no processo de integração do indivíduo à sociedade em situações como
convívio em comunidade, em família, e em outros meios sociais. É geralmente na
infância que as atitudes são moldadas com base nas crenças dos seus familiares,
principalmente os pais. Verifica-se na maior parte dos casos nas crianças uma
tendência de partilha dos mesmos ideais, relativamente a política e a religião. No
decorrer das evolução intelectual do indivíduo, as influências familiares vão
diminuindo. Na adolescência o indivíduo vai assumindo as suas atitudes,
consonante os seus próprios ideais. Ao longo do desenvolvimento das atitudes o
sujeito vai adquirindo uma educação formal e informal, uma vez que esta é
aprendida na instituição escolar, sendo esse um fator constante e decisivo para o
seu desenvolvimento (SIMONSON e MAUSHAK, 2001).
De fato, as atitudes preconceituosas vão se reduzindo, Devine et al., (2002)
propõe que uma redução do preconceito implícito pode ocorrer segundo a motivação
do indivíduo, que novamente, pode ser influenciado por questões afetivas e por
questões sociais. As questões afetivas podem influenciar de acordo com a interação
do indivíduo com as pessoas ou com os grupos estigmatizados, e as questões
sociais pela influência das normas sociais. Há indivíduos com motivação interna
contra o preconceito e indivíduos com motivação externa contra o preconceito –
MICP e MECP, respectivamente. Pessoas com MICP alta e MECP alta possuem
menos preconceito, sendo o inverso verdadeiro. Esses indivíduos conseguem
controlar melhor sua estrutura cognitiva, e isso podem influenciar na regulação do
preconceito implícito e explícito. E nesse aspecto, encontra-se também uma
explicação para a redução das atitudes preconceituosas explícitas nos indivíduos
Para Spaulding (2009) as atitudes não se estabelecem e se mantêm
estáticas, elas podem mudar por uma série de razões. É um interesse fundamental
dos psicólogos e publicitários, entenderem o que faz as pessoas mudarem suas
crenças e opiniões. Atitudes mais comumente mudam em resposta à influência
social. O que outras pessoas fazem ou dizem pode ter um efeito enorme em nossas
próprias cognições.
Em relação às atitudes preconceituosas implícitas a sua estabilidade é ditada
pela inconsciência, ou seja, como não temos acesso às atitudes implícitas
dificilmente conseguiram controlá-la, e por mais que o indivíduo se coloque como
não preconceituoso, ainda há traços fortes de preconceitos inseridos na sua mente.
Assim, a criança tendo suas preferências continua formando suas atitudes implícitas
que se tornam preconceitos e esses preconceitos vão sendo mantidos durante o seu
desenvolvimento até a idade adulta.
Dessa forma, podemos pressupor que o desenvolvimento das atitudes
implícitas durante a transformação do indivíduo social pode atuar no
desenvolvimento do preconceito, sendo essa uma idéia encontrada em quase todos
os artigos analisados (figura 4), pois observamos que as variáveis discutidas são
frequentes entre os autores em suas principais discussões.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento das atitudes implícitas é uma questão amplamente
estudada na psicologia social e de extrema importância para elucidarmos quais são
as bases do preconceito. Recentemente inúmeras publicações buscam identificar
quais as variáveis que influenciam na construção das atitudes e quais são as bases
das atitudes implícitas e do preconceito. De fato, a maioria dessas publicações
aborda questões similares e os estudos buscam se complementar na tentativa de
buscar explicações que caracterizem a construção de meios para amenizar o
preconceito. Mas não se baseando na criação de normas sociais que controlem o
comportamento dos indivíduos, e sim, mecanismos eficazes de aceitar a
diversidade, de conviver em grupos e de auto-aceitação, para que dessa forma
possamos eliminar o preconceito implícito que está inserido em quase todos os
cidadãos.
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