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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PS-GRADUA˙ˆO EM ADMINISTRA˙ˆO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRA˙ˆO PRISCILA VOIGT COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR INFANTIL: CARACTER˝STICAS E DECISES DE COMPRA FLORIANPOLIS 2007

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

PRISCILA VOIGT

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR INFANTIL: CARACTERÍSTICAS E DECISÕES DE COMPRA

FLORIANÓPOLIS

2007

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PRISCILA VOIGT

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR INFANTIL: CARACTERÍSTICAS E DECISÕES DE COMPRA

Dissertação apresentada como requisito à obtenção do grau de Mestre em Administração, Curso de Mestrado Profissional em Administração, Área de Concentração: Gestão Estratégica das Organizações, Linha de Pesquisa: Gestão de Inovações e Tecnologias Organizacionais.

Orientadora: Profª. Jane Iara Pereira da Costa, Drª.

FLORIANÓPOLIS 2007

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PRISCILA VOIGT

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR INFANTIL: CARACTERÍSTICAS E DECISÕES DE COMPRA

Dissertação apresentada como requisito à obtenção do grau de Mestre em Administração, Curso de Mestrado Profissional em Administração, Área de Concentração: Gestão Estratégia das Organizações, Linha de Pesquisa: Gestão de Inovações e Tecnologias Organizacionais.

Profº Mário César Barreto Moraes, Dr. Coordenador do Mestrado

A ser apresentada à Comissão Examinadora, integrada pelos professores:

Profª Jane Iara Pereira da Costa, Drª. Orientadora

Profª Marli Dias de Souza Pinto, Drª. Membro Externo ñ UNICA/SOCIESC

Profº Mário César Barreto Moraes, Dr. Membro

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À Deus, ao meu grande amor,

e aos meus pais.

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AGRADECIMENTOS

Desde o início do mestrado, ao término desta pesquisa, eu tive meu caminho

cercado por pessoas que me ajudaram, seja por gestos ou palavras de incentivo.

Aos meus pais por me possibilitarem o acesso a educação e ao

conhecimento, o maior presente que alguém pode receber na vida.

Ao meu amor, por acreditar em mim e sempre me incentivar.

À minha orientadora, que mesmo com minhas ausências, sempre estava

disposta a me ajudar.

Às minhas amigas Schanna e Bethania, por estarem ao meu lado.

E, principalmente a Deus, por me dar a oportunidade de viver.

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�Hoje desaprendo o que tinha aprendido até ontem e que amanhã

recomeçarei a aprender�.

Cecília Meireles

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VOIGT, Priscila. Comportamento do consumidor infantil: características e decisões de compra. Florianópolis, 2007. 487 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) ñ Programa de Pós-Graduação em Administração. Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.

RESUMO

O comportamento do consumidor é um tema amplamente estudado, e as descobertas neste campo direcionam o planejamento de muitas empresas, englobando desde o desenvolvimento à comunicação de um produto. O consumidor infantil, especificamente, vem gradativamente ganhando destaque desde a década de sessenta, sendo legitimado como elemento importante no mundo dos negócios. No Brasil, porém, este é um campo ainda incipiente, com poucas publicações científicas a respeito. Com base em sua importância mercadológica contraposta aos estudos escassos, esta pesquisa busca descrever o comportamento da criança consumidora na decisão de compra. Por meio de pesquisa qualitativa, com entrevistas em profundidade com crianças entre sete e 8 anos, e suas respectivas mães, o estudo capta o perfil de consumo deste público, assim como seu comportamento na tomada de decisões de compra. Ainda, confronta a percepção das crianças com a de suas respectivas mães sobre estas questões. Como variável, tem-se a ocupação da mãe, caracterizada em três perfis: mães com alta ocupação (MAO), mães com baixa ocupação (MBO) e mães sem ocupação (MSO), com uma proposta de identificar diferenças no perfil de consumo das crianças, de acordo com a presença física das mães. Embasada na teoria da tomada de decisão de Blackwell, Miniard e Engel (2005), tanto o instrumento de coleta de dados, assim como as análises dos mesmos, contemplaram todos os passos do modelo proposto pelos autores, sendo possível delinear o comportamento da criança consumidora em cada etapa do processo decisório. Os resultados apontam que a criança tem um processo de decisão de consumo muito incipiente, suas compras são acompanhadas de um adulto e a influência nas compras familiares é mínima. A criança sofre influência de diversos meios, sendo que a ocupação da mãe também interfere no processo de consumo.

PALAVRAS-CHAVE: comportamento do consumidor, tomada de decisão, consumidor infantil.

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VOIGT, Priscila. Comportamento do consumidor infantil: características e decisões de compra. Florianópolis, 2007. 487 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) ñ Programa de Pós-Graduação em Administração. Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.

ABSTRACT

The consumerís behavior is a largely studied theme and the findings in said field guide the planning of many companies, comprising from the development to the communication of a product. The infant consumer has, more specifically, gained evidence since the sixties, being legitimately considered as an important element in the world of business. In Brazil, nonetheless, that is still an incipient field, with very little scientific literature published on same. Based on the importance of said market, opposed to mentioned scarce studies, present research aims at describing the childís behavior as a consumer deciding about the purchase. Through a qualitative research, with in-depth interviews with children aged 7 and 8 and their respective mothers, the study depicts the consumerís profile of that public, as well as its behavior in the purchase decision making process. It also displays the difference of perception between mothers and children on those issues. As a variable, there is the motherís occupation, characterized under three profiles: highly occupied mothers (HOM), mothers with a low level of occupation (LOM) and mothers with no occupation (NOM), as a proposal to identify differences in the consumption profile of the children, according to the physical presence of their mothers. Based on the decision making process theory of Blackwell, Miniard and Engel (2005), both the instrument of data collecting and the analyses of same, covered all the steps of the model proposed by the authors, thus making the outline of the consumer child possible in every stage of the deciding process. The results show up that children have a incipient consumer decision process. Children go shopping with an adult, the influence in family consumer is low, and mother occupation interferes in consumer process.

KEYWORDS: consumerís behavior, decision making process, infant consumer.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - A crescente influência do consumidor nos negócios..............................

Figura 2 - Níveis de necessidades na hierarquia de Maslow ................................

Figura 3 - Como consumidores tomam decisões para bens e serviços ................

Figura 4 - Modelo de tomada de decisão completo ...............................................

Figura 5 - Modelo de socialização do consumidor .................................................

Figura 6 - Mercado multidimensional do consumidor infantil .................................

Figura 7 - Escala motivacional das crianças ..........................................................

Figura 8 - Influência das crianças: aprovação dos pais .........................................

Figura 9 - Influência das crianças: comunicação simultânea ................................

Figura 10 - Influência das crianças: comunicação direta para a criança ...............

Figura 11 - Relacionamento com o consumidor infantil .........................................

Figura 12 - Modelo para uma comunicação com sinergia .....................................

Figura 13 - A matriz de poder do produto ..............................................................

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Características das crianças, com idade entre o nascimento e os 02

anos ..................................................................................................

Quadro 2 - Características das crianças, com idade entre 02 e 07 anos ............

Quadro 3 - Características das crianças, com idade entre 07 e 11 anos ............

Quadro 4 - Relação das crianças com as marcas ...............................................

Quadro 5 - O medo das crianças, em relação à faixa etária ................................

Quadro 6 - Personagem do tipo aventureiro versus personagem do tipo social .

Quadro 7 - Efeitos do uso de personagens associados às marcas .....................

Quadro 8 - Freqüência que as crianças vão a ambientes de consumo................

Quadro 9 - Influência do personagem na aceitação de um produto ....................

Quadro 10 - Soluções para a busca de um presente ..........................................

Quadro 11 - Soluções para a compra do carro da família ...................................

Quadro 12 - Prioridades de consumo infantil, de acordo com o perfil das mães . Quadro 13 - Perfil das mães entrevistadas ..........................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Segmentação do público infantil ...........................................................

Tabela 2 - Produtos comprados pelas crianças com dinheiro próprio em 1989,

no Estados Unidos ...............................................................................

Tabela 3 - Lista dos desejos de meninos e meninas entre 8 e 12 anos de idade .

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Gastos médios, em bilhões de dólares, de crianças entre 4 e 12 anos, nos Estados Unidos, entre os anos de 1968 e 1997 ................

Gráfico 2 - Influência, em bilhões de dólares, das crianças americanas sobre as

compras dos pais ............................................................................... Gráfico 3 - Investimentos publicitários, em bilhões de dólares, nos Estados

Unidos, entre os anos de 1980 e 1998 .............................................. Gráfico 4 - Taxa de fecundidade total no Brasil, entre os anos de 1960 e 2000 ... Gráfico 5 - Idade média dos cônjuges na data do casamento, no Brasil, entre os

anos de 1995 e 2005 ......................................................................... Gráfico 6 - Número de separações judiciais e divórcios, no Brasil, entre os anos

de 1995 e 2005 .................................................................................. Gráfico 7 - Proporção de casamentos entre solteiros no Brasil, entre 1995 e

2005 ................................................................................................... Gráfico 8 - Fontes de recursos de crianças entre 04 e 12 anos ............................ Gráfico 9 - Sensibilidade da criança perante o relacionamento com o

personagem ....................................................................................... Gráfico 10 - Curva de influência do consumidor infantil sobre a compra dos pais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................

1.1 TEMA E PROBLEMA ......................................................................................

1.2 JUSTIFICATIVAS ............................................................................................

1.3 OBJETIVOS .................................................................................................... 1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................. 1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................

1.4 DELIMITAÇÕES ..............................................................................................

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ..................................................................

2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................

2.1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ...................................................... 2.1.2 Motivação ..................................................................................................... 2.1.3 Necessidades ...............................................................................................2.1.4 Conflitos motivacionais .................................................................................2.1.5 Classificação das necessidades do consumidor ..........................................

2.2 PROCESSO DE DECISÃO DO CONSUMIDOR ............................................

2.3 RETROSPECTIVA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR INFANTIL 2.3.1 A infância ....................................................................................................2.3.2 Marketing infantil ........................................................................................

2.4 A FORÇA DO CONSUMIDOR INFANTIL ATUALMENTE ............................. 2.4.1 Os gastos das crianças ................................................................................ 2.4.2 Influência das crianças nas compras dos pais .............................................2.4.3 Investimentos publicitários para atingir o consumidor infantil.......................

2.5 O CONTEXTO SOCIAL COMO FATOR DA ASCENSÃO DO CONSUMIDOR INFANTIL .............................................................................

2.6 SOCIALIZAÇÃO DO CONSUMIDOR INFANTIL ............................................ 2.6.1 Desenvolvimento cognitivo: como a criança forma sua visão do mundo .....2.6.1.1 Período sensório motor: do nascimento aos 2 anos ................................ 2.6.1.2 Período pré-operacional: dos dois aos sete anos ..................................... 2.6.1.3 Período das operações concretas: dos sete aos doze anos ....................

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2.6.1.4 Período das operações formais: a partir dos doze anos ...........................

2.7 COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR INFANTIL ............2.7.1 Desenvolvimento cognitivo na socialização do consumidor infantil .............2.7.2 O dinheiro das crianças ................................................................................2.7.3 Relacionamento do consumidor infantil com as marcas ..............................2.7.4 Habilidades de compra .................................................................................

2.8 PSICOLOGIA DO CONSUMIDOR INFANTIL ...............................................2.8.1 Motivação .................................................................................................. 2.8.2 Necessidades do consumidor infantil ........................................................ 2.8.2.1 Necessidades dos meninos ......................................................................2.8.2.2 Necessidades das meninas ......................................................................2.8.2.3 Necessidades comuns aos meninos e meninas .......................................2.8.3 Os medos e fantasias das crianças .............................................................2.8.4 Influências sofridas pelo consumidor infantil .............................................. 2.8.4.1 Propaganda ...............................................................................................2.8.4.2 Promoção ..................................................................................................2.8.4.3 Personagens .............................................................................................2.8.4.4 Papel do mercado .....................................................................................2.8.4.5 Linguagem .................................................................................................2.8.4.6 Televisão....................................................................................................2.8.4.7 Ponto de venda .........................................................................................2.8.4.8 Pais ...........................................................................................................2.8.4.9 Amigos ......................................................................................................2.8.4.10 Sexo: ser menino x ser menina ...............................................................

2.9 ESTRATÉGIAS DE TOMADA DE DECISÃO ..................................................

2.10 CRIANÇA COMO INFLUENCIADORA .........................................................2.10.1 Como o mercado percebe a influência das crianças nas compras dos

pais ...........................................................................................................

2.11 CRIANÇA COMO FUTURA CONSUMIDORA ..............................................

2.12 O MERCADO E O CONSUMIDOR INFANTIL ..............................................2.12.1 A propaganda para o consumidor infantil .................................................. 2.12.2 A memória das crianças para a publicidade ............................................. 2.12.3 Os efeitos da publicidade .......................................................................... 2.12.4 O desenvolvimento de produtos para o consumidor infantil .....................

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ......................................................................

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ..............................................................

3.2 ENTREVISTADOS NESTE ESTUDO .............................................................

3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS .............................................................

3.4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...........................................................

4.1 SINTESE DAS ENTREVISTAS .......................................................................

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4.1.4 Mãe e filho número 04...................................................................................4.1.5 Mãe e filho número 05...................................................................................4.1.6 Mãe e filho número 06...................................................................................4.1.7 Mãe e filho número 07...................................................................................4.1.8 Mãe e filho número 08...................................................................................4.1.9 Mãe e filho número 09...................................................................................4.1.10 Mãe e filho número 10.................................................................................4.1.11 Mãe e filho número 11.................................................................................4.1.12 Mãe e filho número 12.................................................................................

4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS.........................................4.2.1 Diferenças Individuais ..................................................................................4.2.1.1 Recursos do consumidor ...........................................................................4.2.1.2 Motivação e envolvimento .........................................................................4.2.1.3 Conhecimento ...........................................................................................4.2.1.4 Atitudes .....................................................................................................4.2.1.5 Personalidade, valores e estilo de vida .....................................................4.2.2 Influências ambientais ..................................................................................4.2.2.1 Cultura .......................................................................................................4.2.2.2 Classe social .............................................................................................4.2.2.3 Influências pessoais ..................................................................................4.2.2.4 Família .......................................................................................................4.2.2.5 Situação ....................................................................................................4.2.3 Processos psicológicos ................................................................................4.2.3.1 Processamento da informação ..................................................................4.2.3.2 Aprendizagem ...........................................................................................4.2.3.3 Mudança de comportamento e atitude ......................................................4.2.4 Influência nas compras dos pais ..................................................................4.2.5 A influência do personagem na aceitação de um produto ...........................4.2.6 Simulação de compra ...................................................................................4.2.6.1 Caso 01: busca de um presente ...............................................................4.2.6.2 Caso 02: a compra do carro da família .....................................................4.2.7 Prioridades do consumo infantil ...................................................................

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................................

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS ............................................

REFERÊNCIAS .....................................................................................................GLOSSÁRIO .........................................................................................................

APÊNDICE ............................................................................................................APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicado às crianças ......APÊNDICE B - Questionário para analisar as prioridade de consumo infantil......APÊNDICE C - Roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicado às mães...........APÊNDICE D - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelas

meninas: busca de um presente....................................................APÊNDICE E - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelas

meninas: compra do carro da família.............................................APÊNDICE F - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelos meninos: busca de um presente......................................

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APÊNDICE G - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelos meninos: compra do carro da família.............................................

APÊNDICE H - Caixa de chocolates com o personagem Hello Kitty.....................APÊNDICE I - Caixa de chocolates com os personagens do filme Carros............APÊNDICE J - Transcrição das entrevistas...........................................................

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1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro capítulo serão tratados os elementos iniciais desta

dissertação, destacando os seguintes tópicos: apresentação do tema e problema;

justificativa para a escolha do tema; definição dos objetivos; delimitações da

pesquisa e a estrutura de apresentação da dissertação.

1.1 TEMA E PROBLEMA

ìComportamento do consumidor é tudo, e tudo é comportamento do

consumidorî. É com esta expressão que Blackwell, Miniard e Engel (2005, p.vii)

iniciam o livro Comportamento do Consumidor. Com isso, os autores enfatizam que

estudar e compreender o comportamento do consumidor é um pré-requisito para o

sucesso das empresas. Schiffman e Kanuk (1997) complementam que os benefícios

desses estudos são inúmeros, pois, ao buscar entender o comportamento do

consumidor, é possível prever algumas atitudes e realizar planejamentos de

marketing mais assertivos, aumentando a vantagem competitiva no mercado. Os

autores destacam também que, além de beneficiar as empresas, as pesquisas neste

campo são relevantes também para os próprios consumidores, que se beneficiam de

percepções acerca de suas próprias decisões, tornando-os consumidores melhores

e mais sábios.

No entanto, apesar de haverem muitos estudos nesta área, ainda são

necessários aprofundamentos constantes, justificando novas pesquisas sobre o

assunto. Isto porque o campo do comportamento do consumidor é extremamente

amplo e mutável, visto que interagem com ele o ambiente social, a cultura, os

movimentos no mercado, a estrutura familiar e diversos outros fatores

(SCHIFFMANN; KANUK, 1997).

Este estudo busca focar em um segmento dos grupos de consumo: o

consumidor criança, que constitui uma aposta estratégica para as marcas pelo peso

econômico que representa, pelo papel de influenciador que exerce junto de sua

família, e, sobretudo, por seu comportamento como futuro adulto (McNEAL, 1992;

MONTIGNEAUX, 2003). Apesar disto, Ward iniciou seu artigo ìConsumer

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Socialization�, de 1974, explanando que o mercado e os pesquisadores pouco se

interessavam pelo comportamento de consumo das crianças naquela época. Isto

porque encontravam justificativas no baixo poder aquisitivo e na quase inexistência

de ações para este público. Porém, seu argumento, que enaltecia a importância dos

estudos sobre o consumo infantil, possuía uma visão contrária: é na infância que

ocorre o aprendizado sobre o consumo, é nesta fase que ìo jovem consumidor

adquire habilidades, conhecimento e atitudes relevantes para a sua atuação como

consumidores no mercadoî (WARD, 1974, p.2, tradução livre da autora). Esta

explanação define o termo socialização do consumidor, que marcou uma revolução

nos estudos sobre o comportamento de consumo e, principalmente no que tange ao

consumidor infantil (JOHN, 1999).

Montigneaux (2003) diz que nos últimos 30 anos, os conhecimentos sobre a

infância se multiplicaram, muitas vezes, graças aos estudos realizados por

psiquiatras e psicólogos. Esse saber foi difundido entre o grande público e deu à

criança a legitimidade de ser reconhecida como é, com suas necessidades e

desejos. As crianças de hoje estão crescendo em um mundo de consumo e, pelos

três ou quatro anos já têm algumas marcas de preferência (WOLFMAN, 2005),

sendo não mais observadores passivos, mas participantes ativos no processo de

consumo (WIMALASIRI, 2004). Com todos esses fatores, o consumidor infantil

atualmente apresenta-se em destaque não apenas em pesquisas acadêmicas. Ele

movimenta um valor financeiro considerável, compra com seu próprio dinheiro, influi

nas compras familiares e exige meios e linguagens de comunicação próprias para

atingi-lo (McNEAL, 1992). Baseado na pesquisa The Kids Market para os Estados

Unidos, Waldman (2006) calcula que o poder de compra das crianças só tende a

crescer. Estima-se que, em 2010, elas movimentarão cerca de 21 bilhões de dólares

anuais em compras e seus pais gastarão em torno de 143 bilhões com seus

cuidados. Ou seja, as crianças estão mais ricas e mais bem informadas, possuem

voz ativa dentro do contexto familiar e consomem mais do que qualquer geração

passada, na mesma faixa-etária, jamais consumiu (GUNTER; FURNHAM, 2001).

Contudo, com tantos dados que esclarecem as mudanças que a sociedade

passou, o aumento do poder de consumo, as novas estruturas familiares e o avanço

da mídia de forma geral, ainda há muito que compreender do universo de consumo

infantil. As crianças vivem em um contexto diferente do adulto, sendo que um

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produto considerado tradicional para uma pessoa acima de dezoito anos, pode ser

algo inovador para elas, à medida que o utilizam pela primeira vez (HANSEN;

HANSEN, 2005). Com estas mudanças acentuadas, percebeu-se a importância

deste público que está se tornando prioridade para muitas marcas. Segundo Del

Vecchio (2002, p. 20), ìclaramente, crianças são lobistas poderosas, votando com

seus próprios dólares e com os dólares de seus pais, os resultados que irão

determinar as marcas que irão viver e as marcas que irão morrerî (tradução livre da

autora). Confirmando as palavras de Del Vecchio, Montigneaux (2003, p. 18) diz que

ìtrata-se de uma população fortemente influenciadora, participante das decisões de

compra de produtos e serviços que lhe dizem respeito diretamente ou que fazem

parte do conjunto familiarî. Quanto ao modo de uma criança perceber uma marca,

Montigneaux (2003, p. 93) afirma que ìpara que a criança se sinta atraída pela

marca, esta deverá desenvolver com a criança um verdadeiro e durável

relacionamentoî. Afirma ainda que ìpara ser eficaz, esse relacionamento deverá

apoiar-se em três princípios: personalização, pertinência, permanência das

mensagensî (MONTIGNEAUX, 2003, p.94). A personalização permite considerar

cada criança como um ser único. A pertinência permite responder de maneira eficaz

às expectativas da criança e, a permanência da mensagem, se traduz pela

constância no tempo.

Por isso, o tema deste trabalho é dinâmico e atual: ele projeta uma pesquisa

que aborda o universo infantil no processo de consumo, com foco na tomada de

decisão, visando contribuir para os estudos sobre a criança, que focam o

desenvolvimentos e socialização, e para o sucesso de marcas e produtos que a

percebem como público-alvo ou como influenciadora de compra. É um estudo

pertinente à área empresarial e social, e abrange assuntos como comportamento do

consumidor, marketing, pesquisa de mercado e opinião e psicologia.

Neste sentido o estudo se propõe a responder o seguinte problema de pesquisa:

Como se caracteriza o comportamento da criança consumidora com

idade entre 07 e 08 anos, moradora da cidade de Blumenau, com base em suas próprias percepções e na de suas mães, na decisão de compra?

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1.2 JUSTIFICATIVAS

Esta dissertação vai ao encontro do meu objetivo como acadêmica e

pesquisadora, que busca compreender a criança na sua dimensão como

consumidora. Iniciei as pesquisas nesta temática com meu trabalho de conclusão de

curso de Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, e dei

continuidade nas pesquisas ao longo do curso de mestrado, estudando a percepção

que a criança tem do valor do dinheiro e o seu processo de tomada de decisão de

compra, objetivo do presente estudo.

O interesse em compreender o comportamento do consumidor infantil deve-

se ao fato que, atualmente, este público apresenta-se em destaque em diversos

meios: acadêmico, social e nas relações de consumo. A criança movimenta um valor

financeiro considerável, compra com seu próprio dinheiro, influi nas compras

familiares e exige meios e linguagens de comunicação próprias para atingí-la

(McNEAL, 1992). Com isso, ressalta-se a importância econômica deste público e

enfatiza-se que esta pesquisa traz novos dados ao estudo do consumidor infantil,

principalmente ao que diz respeito à decisão de compra, assim como poderá

constituir-se como mais uma referência de pesquisa acerca desse tema.

Para Bahn (1986), as pesquisas sobre o consumidor infantil são necessárias

porque elas proporcionam informações sobre o processo de socialização do

consumidor, que podem trazer entendimentos sobre o consumidor criança

especificamente, assim como revelações sobre o comportamento do consumidor de

forma geral. O que Bahn (1986) expõe é que, quando se estuda o comportamento

do consumidor infantil, estuda-se a socialização do consumidor, a iniciação no

universo do consumo, que norteia os demais papéis desse consumidor no futuro.

Ward (1974) apresentou esta questão, e justificou que a socialização do consumidor

é um aspecto importante no estudo da tomada de decisão do consumidor infantil.

Para John (1999), o artigo de Ward deu um novo foco ao assunto, orientou uma

nova geração de pesquisadores e emergiu o campo de estudos sobre o consumidor

infantil.

Outro ponto que justifica este estudo é a quase inexistência de pesquisas que

buscam verificar os motivos para o consumo, sendo que este tipo de abordagem,

principalmente com crianças entre 07 e 11 anos é importante para se compreender o

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processo de socialização do consumo (JOHN, 1999). Em seu artigo com perspectiva

histórica sobre o estudo do consumidor infantil, John (1999) salienta que nesta área

faltam pesquisas com crianças entre 06 e 11 anos, pois muitas abordam os pré-

escolares ou os pré-adolescentes e adolescentes.

O estudo sobre o comportamento do consumidor infantil justifica-se pelo

também aumento na influência na decisão de compra familiar e poder de compra da

criança (SHOHAM; DALAKAS, 2005), como pela atuação deste segmento em si.

Segundo Galvão (2006), as crianças influenciam gastos da ordem de US$ 1 trilhão

por ano em todo o mundo, sendo que no Brasil a quantia é estimada em R$ 90

bilhões. Nos Estados Unidos, os gastos com crianças entre 04 e 12 anos

aumentaram 400% entre 1989 e 2002, e um americano de 12 anos gasta, em média,

US$ 101 por semana (GALVÃO, 2006). Dados apresentados por McDougall e

Chantrey (2004) revelam que as compras feitas diretamente por crianças entre 04 e

12 anos representaram, nos Estados Unidos, em 2002, US$ 40 bilhões.

McNeal (1992) vai além e apresenta o consumidor infantil enquadrado

também como um futuro consumidor. Isto porque as marcas que conseguirem criar

um relacionamento neste estágio da vida dos consumidores terão mais chances de

desenvolverem uma fidelidade futura (McNEAL, 1992).

Todos esses fatores embasam a importância dos estudos sobre o

comportamento do consumidor infantil, que se resume em um segmento ávido em

aprender o processo de consumo, com poder aquisitivo em ascensão, forte

influência sob os pais e com todo um futuro a ser vivido no mercado de consumo

(McNEAL, 1992).

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Descrever o comportamento da criança consumidora, com idade entre 07 e

08 anos, moradora da cidade de Blumenau, com base em suas próprias percepções

e na de suas mães, na decisão de compra.

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1.3.2 Objetivos específicos

• Identificar o perfil da criança consumidora, foco da pesquisa.

• Identificar o perfil da mãe, com base em: idade, escolaridade, ocupação e

faixa de renda.

• Identificar o processo de tomada de decisão de compras para uso pessoal e

familiar.

• Apontar as principais influências que afetam a criança em suas decisões de

escolha e compra de produtos e serviços.

• Levantar as reações da criança, frente à comunicação a ela dirigida, em

relação a produtos e serviços.

• Identificar a lembrança de marca de produtos e serviços por parte da criança

consumidora.

• Confrontar as percepções das crianças e das mães.

1.4 DELIMITAÇÕES

Esta dissertação retratou a realidade de somente um pequeno grupo de

consumidores infantis, não sendo possível realizar generalizações sobre o tema.

Segundo Richardson et al (1999, p.99) ì(...) é improvável que um ponto de vista

compartilhado pela maioria dos entrevistados possa ser considerado representativo

dos pontos de vista de uma população mais abrangenteî, por tratar-se de uma

amostra não-probabilística.

Outro fator que delimita a abrangência da abordagem é a concentração em

somente uma classe social e em um determinado tipo de família, não sendo possível

realizar comparações entre as diversas camadas sociais e nem observar a influência

dos arranjos familiares na tomada de decisão infantil.

A pesquisa também não possui o caráter de apresentar uma proposta de

tomada de decisão entre o público infantil, e sim compreender os diversos fatores

que intervém neste processo.

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O último capítulo, de número cinco, apresenta uma síntese dos argumentos

utilizados, assim como a abordagem de cada objetivo, verificando se os mesmos

foram alcançados. Sendo o capítulo de fechamento do estudo, apresenta-se

também a conclusão, assim como as recomendações para novos estudos frente aos

resultados da pesquisa realizada.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Apresenta-se neste capítulo a fundamentação teórica relacionada ao tema em

questão, destacando os seguintes tópicos: comportamento e processo de decisão

do consumidor; retrospectiva do comportamento do consumidor infantil; socialização

do consumidor infantil; comportamento de compra e de tomada de decisão do

consumidor infantil e a criança como futura consumidora.

2.1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Para estudar e compreender o processo de tomada de decisão do

consumidor infantil é necessário antes, embasar teoricamente o que é o

comportamento do consumidor.

O comportamento do consumidor, nas palavras de Schiffman e Kanuk (2000,

p.5) ìé o estudo de como os indivíduos tomam decisões de gastar seus recursos

disponíveis (tempo, dinheiro, esforço) em itens relacionados ao consumoî. Sendo

assim, esse comportamento engloba o que os consumidores compram, por que eles

compram, quando compram, onde compram, com que freqüência essa compra é

efetuada e com que freqüência eles usam o que compram.

Solomon (2002), corrobora com os autores citados anteriormente e completa

que o estudo do comportamento do consumidor envolve as etapas acima, porém

para satisfazer as necessidades e desejos do consumidor. Sheth, Mittal e Newman

(2001) preferem a denominação de comportamento do cliente, justificada por eles

como uma abordagem mais ampla, que vai além daquele que consome o produto.

Eles destacam que o cliente pode desempenhar três papéis: o de comprador, aquele

que efetivamente busca o produto no mercado; o papel de pagante, financiando a

compra e como usuário, aquele que consome ou utiliza o produto ou recebe os

benefícios do serviço.

Como o campo de comportamento do consumidor é amplo, outras definições

ainda podem ser apresentadas, como a de Blackwell, Miniard e Engel (2005, p.06)

que definem o comportamento do consumidor como ìatividades com que as pessoas

se ocupam quando obtêm, consomem e dispõem de produtos e serviçosî. No

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entanto, a amplitude desse assunto pode ser justificada porque o consumidor é peça

fundamental no processo de compra e atualmente exerce grande influência sobre os

produtos lançados. Dentro da cadeia de fornecimento ao varejo, que inclui os

produtores, os atacadistas, os varejistas e os consumidores, estes últimos tiveram

seu poder de influência aumentado no decorrer dos anos (BLACKWEEL; MINIARD;

ENGEL, 2005), conforme apresentado na figura 1.

Figura 1: A crescente influência do consumidor nos negócios Fonte: BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005, p.16.

Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005) demonstram na figura 1, do final

do século XIX até a primeira metade do século XX, os produtores detinham o poder

de decisão dos produtos a serem feitos, assim como o estilo da embalagem, o tipo

de propaganda e em quais pontos do varejo eles seriam distribuídos.

Após a Segunda Guerra Mundial, surgiram os grandes varejistas e o poder

começou a trocar de mãos. Comprando muito e estando próximos dos

consumidores, eles passaram a impor sua opinião sobre os produtos a serem

fabricados, assim com suas embalagens, forma de venda e preço para o consumidor

final.

Na passagem do século XX para o século XXI, mais uma vez esse poder

troca de mãos e é transferido para o consumidor, estimulado pelo aumento da

concorrência entre fabricantes. Este poder de influência coloca o estudo do

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comportamento do consumidor como ponto chave nas estratégias de marketing,

sendo crucial para apoiar o sucesso de uma marca.

ìUma das premissas fundamentais do moderno campo do comportamento do

consumidor é a de que as pessoas muitas vezes compram produtos não pelo que

eles fazem, mas sim pelo que eles significamî (SOLOMON, 2002, p.29). Com isso,

entende-se que o papel que um produto representa vai além da tarefa que ele

desempenha. Isto reflete que o campo do comportamento do consumidor é

complexo e há uma série de fatores que permeiam e influenciam esta área de

estudo.

A seguir são apresentados os principais tópicos referentes ao estudo do

comportamento do consumidor, assim como são abordadas as diferentes teorias que

norteiam pesquisas neste campo.

2.1.2 Motivação

É um processo que faz com que uma pessoa se engaje em direção a um

objetivo (GADE, 1980). A descoberta de uma necessidade deixa o indivíduo em

situação de desconforto, e isso gera uma motivação para ele procurar algo que

satisfaça essa necessidade (KARSAKLIAN, 2004; SOLOMON, 2002). Resumindo,

Sheth, Mittal e Newman (2001, p.326) dizem que ìa motivação é o que move as

pessoas ñ a força motriz de todo comportamento humanoî.

2.1.3 Necessidades

Todo indivíduo tem necessidades, sendo que algumas podem ser inatas e

outras adquiridas. As inatas ou biogênicas são aquelas indispensáveis para a

sustentação da vida, como alimento, água, ar e abrigo e as adquiridas, também

chamadas de necessidades psicogênicas, surgem no processo de se tornar membro

de uma cultura. Dentre essas incluem a necessidade de auto-estima, prestígio,

afeto, poder, etc. (SCHIFFMAN, KANUK, 2000; SOLOMOM, 2005).

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2.1.4 Conflitos motivacionais

Muitos dos serviços que o ser humano deseja podem apresentar

conseqüências negativas, fazendo com que se sinta culpado por comer algo que

não devia ou ostentoso, ao adquirir um produto caro demais, por exemplo. Existe

também o conflito ao escolher entre dois produtos muito similares, sendo que ao

escolher um produto e não o outro obtêm-se as más qualidades do produto

escolhido e perde-se as boas do produto rechaçado. (SOLOMON, 2002). E por fim,

há o conflito entre duas alternativas indesejáveis como, por exemplo, gastar mais

dinheiro com um carro velho ou comprar um novo.

2.1.5 Classificação das necessidades do consumidor

Uma das teorias mais aceitas sobre a classificação das necessidades é a

proposta por Abraham Maslow. Nesta abordagem há uma hierarquia de

necessidades biogênicas e psicogênicas, sendo que um certo nível deve ser

alcançado antes que o próximo nível superior seja ativado (SOLOMON, 2002).

O ponto inicial desta hierarquia (FIGURA 2) é que o ser humano precisa

primeiro satisfazer suas necessidades básicas antes de avançar um degrau.

Figura 2: Níveis de necessidades na hierarquia de Maslow Fonte: SOLOMON, 2002, p.100.

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a) Necessidades Fisiológicas: são as necessidades básicas para a

sobrevivência, e constituem a base de nossos desejos (GADE, 1980). Somente com

estas necessidades satisfeitas o ser humano pode perceber outros estímulos e se

preocupar com assuntos secundários e supérfluos.

b) Necessidades de Segurança: estas necessidades vão além de uma

segurança física e incluem ordem, estabilidade, rotina, controle sobre a vida, etc.

(SCHIFFMAN, KANUK, 2000).

c) Necessidades de Associação ou Sociais: é o terceiro nível da hierarquia de

Maslow e inclui a necessidade de sentimentos afetivos e emocionais de amor e

pertinência às pessoas com as quais nos relacionamos intimamente. (GADE, 1980).

d) Necessidades do Ego ou de Status: este nível trata das necessidades

egoístas, que podem ter uma orientação para dentro, para fora, ou ambas. As

necessidades do ego orientadas para dentro refletem as necessidades de auto-

aceitação, de sucesso, independência e satisfação pessoal. As orientadas para fora

incluem as necessidades de prestígio, reputação, status e de reconhecimento pelos

outros. (SCHIFFMAN, KANUK, 2000).

e) Necessidades de realização: é o desejo de desenvolver as potencialidades

que o indivíduo sente quando já está com os outros níveis satisfeitos. Para Gade

(1980, p.26), ìé a procura do conhecimento de si próprio, agora não mais ligado à

sobrevivência, ao afeto ou ao prestígio, mas ao crescimento do homem como talî.

2.2 PROCESSO DE DECISÃO DO CONSUMIDOR

John Dewey apresentou em 1910 os cinco estágios da reflexão, que

nortearam as teorias da tomada de decisão do comportamento de consumo

(BRUNER, POMAZAL, 1988). Dewey (1953) apresenta a evolução do pensamento e

da reflexão em direção a uma ação, dividida em cinco estágios: 1) uma dificuldade

encontrada; 2) definição da dificuldade; 3) sugestão de uma solução possível; 4)

elaboração racional de uma idéia e, 5) verificação da idéia.

A primeira etapa se caracteriza por um problema a ser resolvido, enquanto a

segunda representa a busca por informação para resolver este problema. Para

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Dewey (1953) estas etapas fundem-se com freqüência a uma só. No entanto,

diferenciadas ou unidas, essas duas fases levam à reflexão. O terceiro estágio é a

sugestão, no qual acontece a avaliação de várias alternativas. No quarto estágio,

acontece a elaboração racional da idéia. ìAssim como uma idéia é deduzida de

fatos, o raciocínio, por sua vez, deriva de uma idéiaî (DEWEY, 1953, p.83). O quinto

e último estágio representa a verificação da idéia, ou seja, o resultado do processo.

ìO raciocínio demonstra que, adotada que seja a idéia, se produzirão certas

conseqüênciasî (DEWEY, 1953, p.83).

São vários os modelos que descrevem o processo de tomada de decisão do

consumidor, porém todos possuem como premissa os estágios apresentados por

Dewey (1953). O modelo utilizado neste estudo (FIGURA 3) é o apresentado por

Blackweel, Miniard e Engel (2005). Como citam esses autores ninguém realiza uma

compra sem que haja um problema, uma necessidade ou um desejo e como as

pessoas solucionam esses problemas que levam à compra é o que busca entender

o estudo do processo de decisão do consumidor. Eles apresentam o PDC, modelo

de Processo de Decisão do Consumidor desenvolvido pelos professores Engel,

Kollat e Blackwell. Este modelo representa um mapa da mente dos consumidores e

é útil para analisar como eles ordenam os fatos e as influências para tomar decisões.

Figura 3: Como consumidores tomam decisões para bens e serviços Fonte: BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005, p.73.

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Conforme apresentado no modelo, e representado pela figura 3, os

consumidores normalmente passam por sete estágios de tomada de decisão:

reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativas

pré-compra, compra, consumo, avaliação pós-consumo e descarte.

No entanto em cada etapa, o consumidor sofre influências externas e internas

que afetam o processo. A seguir, expõe-se a definição de cada etapa, com a

posterior apresentação do modelo completo, com todas as influências que afetam a

tomada de decisão.

a) Primeiro Estágio: Reconhecimento da necessidade:

ìOs consumidores compram coisas quando acreditam que a habilidade do

produto em solucionar problemas vale mais que o custo de comprá-lo"

(BLACKWEEL, MINIARD, ENGEL, 2005, p.74). Isso faz com que o reconhecimento

de uma necessidade não satisfeita seja o primeiro passo da venda de um produto.

Solomon (2002), que apresenta um modelo muito semelhante, denomina esta

primeira etapa como reconhecimento do problema, e coloca que ìembora o

reconhecimento de um problema possa ocorrer e realmente ocorre de um modo

natural, o processo muitas vezes é acionado pelos esforços de marketingî

(SOLOMOM, 2005, p.212).

Bruner e Pomazal (1988) destacam que o reconhecimento do problema é o

ponto crucial do processo de tomada de decisão, sendo a base da interação de dois

componentes importantes: o estado de desejo e o estado atual. O primeiro refere-se

ao modo que uma pessoa gostaria que uma necessidade fosse sanada, enquanto o

segundo representa o grau que uma necessidade percebida é realmente satisfeita.

b) Segundo estágio: busca de informações

Quando o consumidor reconhece uma necessidade, ele começa a buscar

informações para atendê-la. Esta busca pode ser interna, recuperando um

conhecimento na memória, ou externa, coletando informações com amigos,

familiares e o próprio mercado (BLACKWEEL, MINIARD; ENGEL, 2005; SOLOMON,

2002).

Para Schiffman e Kanuk (2000) o consumidor geralmente busca na memória

antes de procurar fontes externas de informações, mas, muitas decisões de

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consumo baseiam-se na combinação de uma experiência anterior (fonte interna)

com informações de marketing e informações não-comerciais (fonte externa). Para

Sheth, Mittal e Newman (2001) três elementos caracterizam este estágio: 1) fontes

de informação; 2) estratégias de busca e 3) quantidade de busca.

As fontes de informação podem vir da própria empresa, por meio da

propaganda, e também por canais que independem do controle da empresa. A

escolha das fontes de informação dependem, em parte, da estratégia de busca do

cliente, que ìé o padrão de aquisição de informação que os clientes utilizam para

resolver seus problemas decisóriosî (SHETH, MITTAL, NEWMAN, 2000, p.491).

Shiffman e Kanuk (1997, p.398) destacam que ìquando o consumidor toma uma

decisão de compra com base puramente emocional, enfatiza-se menos a busca de

informação de pré-compraî. Porém, os autores destacam que isto não significa que

as decisões emocionais não sejam racionais, pois comprar produtos que dêem

satisfação emocional é uma decisão racional.

c) Terceiro estágio: avaliação de alternativas pré-compra

Nesta etapa, o consumidor avalia suas alternativas de compra, analisando

também onde irá comprar o produto desejado. Sheth, Mittal e Newman (2000)

argumentam que existem duas amplas categorias de modelos de escolha: os

compensatórios e os não compensatórios. ìNo modelo compensatório, o cliente

chega a uma escolha considerando todos os atributos de um produto (ou benefícios

de um serviço) e compensando mentalmente os pontos fracos em um ou mais

atributos com os pontos fortes de outros atributosî, afirmam Sheth, Mittal e Newman

(2000, p.500).

Nos modelos não-compensatórios, os autores reúnem quatro tipos mais

comuns, sendo o conjuntivo, no qual o consumidor determina limites mínimos de

todos os atributos importantes; o disjuntivo, que implica compensações entre

aspectos das alternativas de escolha; o lexicográfico, no qual os atributos são

classificados em termos de importância; e o modelo de eliminação por aspectos, no

qual além de classificar por ordem de importância, o consumidor define valores de

limitação. Nos modelos não-compensatórios o consumidor não consegue equilibrar

uma avaliação positiva de uma marca em um atributo com uma avaliação negativa

em algum outro atributo (SCHIFFMAN; KANUK, 2000).

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d) Quarto estágio: compra

Segundo Schiffman e Kanuk (2000), os consumidores fazem três tipos de

compras: compras experimentais, compras repetidas e compras de

comprometimento de longo prazo. A compra experimental ocorre quando o

consumidor compra um produto pela primeira vez ou também quando ele adquire um

produto por meio de um incentivo, como amostra grátis. ìQuando uma nova marca

em uma categoria de produto estabelecida (...) é identificada, a partir da

experimentação, como mais satisfatória ou melhor que as outras, os consumidores

tendem a repetir a compraî (SCHIFFMAN; KANUK, 2000, p.412).

A compra repetida reflete uma aprovação do consumidor, e compra de

comprometimento de longo prazo é a compra de produtos que serão utilizados por

um longo período, como uma máquina de lavar roupas. Neste estágio, podem

ocorrer mudanças na tomada de decisão do consumidor, pois ele pode se decidir por

outro produto no momento da compra ao ver outro ao lado na prateleira, por

exemplo.

e) Quinto estágio: consumo

O consumo é a utilização do produto, sendo que ele pode ocorrer por meio da

pessoa que realizou a compra ou também por um terceiro.

f) Sexto estágio: avaliação pós-consumo

É a fase em que o consumidor vivencia a satisfação ou insatisfação em

relação ao produto. A satisfação acontece quando o consumidor tem suas

expectativas atendidas e a insatisfação ocorre quando essas expectativas são

frustradas (BLACKWEEL, MINIARD, ENGEL, 2005). A avaliação pós-consumo

possui um grau de importância elevado no processo de consumo porque essas

avaliações ficarão guardadas na memória do consumidor e serão utilizadas em

decisões futuras.

g) Sétimo estágio: descarte

É o último estágio no modelo apresentado de tomada de decisão. Nesta fase,

o consumidor pode optar pelo descarte completo do produto, reciclagem ou revenda.

Para Gade (1980), não é possível trabalhar a tomada de decisão sem levar

em conta os fatores emocionais e sociais, sendo que a decisão não se dá apenas

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em termos de perdas e ganhos e sim em função do que o consumidor acredita que

os outros dirão ou sofrerão por causa dela, desencadeando um complexo fator de

retroalimentação.

Corroborando com Gade (1980), Blackwell, Miniard e Engel (2005)

apresentam um modelo de tomada de decisão com o acréscimo desses fatores,

conforme apresentado na figura 4.

Figura 4: Modelo de tomada de decisão completo Fonte: BLACKWEEL, MINIARD, ENGEL, 2005, p.86.

A tomada de decisão do consumidor é influenciada e moldada por diversos

fatores e determinantes que se encaixam em três categorias: (a) diferenças

individuais, (b) influências ambientais e (c) processos psicológicos. (BLACKWEEL,

MINIARD, ENGEL, 2005).

a) Diferenças individuais: constituídas por cinco grupos de categorias:

- Recursos do consumidor: envolvem tempo, dinheiro, recepção de

informação e capacidade de processamento, sendo que geralmente existem limites

distintos na disponibilidade de cada recurso (BLACKWEEL, MINIARD; ENGEL,

2005).

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- Motivação e envolvimento: já apresentada anteriormente, a motivação

representa as necessidades individuais do ser humano

- Conhecimento: é a informação guardada na memória, sendo que no

processo de consumo a propaganda é geralmente fonte para isso.

- Atitudes: o comportamento também é influenciado por atitudes sobre uma

dada marca ou produto, sendo que uma atitude é a avaliação geral que, uma fez

formada, é difícil de mudar (BLACKWEEL, MINIARD; ENGEL, 2005, p.88). ìAssim

como as atitudes, os valores representam as crenças dos consumidores sobre a vida

e os comportamentos aceitáveisî (BLACKWEEL, MINIARD; ENGEL, 2005, p.223).

- Personalidade, valores e estilo de vida: Blackweel, Miniard e Engel (2005)

expõem que a forma como as pessoas diferem entre si, afeta o processo de decisão

de compra. Como complementa Gade (1980), são os fatores individuais que

influenciam a percepção do consumidor, que é o processo pelo o qual ele recebe

estímulos através dos seus vários sentidos e os interpreta.

b) Influências Ambientais: em adição às variáveis individuais, têm seu

comportamento de tomada de decisão influenciado por fatores ambientais como:

cultura, classe social, família, influências pessoais e situação.

- Cultura: refere-se aos valores, idéias e símbolos que situam o indivíduo

como membro de uma determinada sociedade.

- A classe social: é uma divisão dentro da sociedade que agrupa indivíduos

que compartilham valores, interesses e comportamentos similares.

- Influências pessoais: são pressões recebidas para que haja um

comportamento que se enquadre nas normas e expectativas de terceiros

- Família: é vista como a unidade de decisão primária, com padrão complexo

e variável de papéis e funções.

- Situação: implica que assim como as situações se alteram, o comportamento

também pode vir a sofrer alteração (BLACKWEEL, MINIARD; ENGEL, 2005).

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c) Processos psicológicos influenciando o comportamento do consumidor:

segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005) o comportamento do consumidor passa

por três processos psicológicos básicos: processamento da informação,

aprendizagem e mudança de comportamento e de atitude.

- Processamento da informação: consiste em como uma informação é

transformada, reduzida, elaborada, armazenada, redescoberta e recuperada por

cada pessoa. Este processo é diferente para cada ser humano, pois tem a ver como

cada um percebe as coisas ao seu redor. Segundo GADE (1980, p.47), ìcada

indivíduo tem sua própria imagem do mundo, pois esta deriva do somatório de

variáveis próprias e exclusivas do indivíduo, como sua história passada, seu meio

ambiente físico e social, sua personalidade e sua estrutura fisiológica e psicológicaî

Sendo que estas variáveis integradas resultam na estrutura cognitiva que permite

que o ser humano interprete as coisas.

- Aprendizagem: lembrar de um produto ou uma marca é um item

fundamental no processo de tomada de decisão, porém antes do consumidor se

lembrar de algo, ele precisa aprender sobre aquilo, sendo este o processo da

aprendizagem.

Gade (1980) se atenta a duas teorias distintas do processo de aprendizagem,

a teoria estímulo-resposta, que diz que se determinado estímulo for seguido de

determinada resposta, aumentará a probabilidade de este estímulo conseguir esta

resposta. Ou seja, pode haver um reforço positivo, um elogio a uma determinada

roupa pode levar àquela pessoa a comprar mais roupas daquele estilo ou marca,

como também pode acontecer um reforço negativo, que pode ocasionar, no caso do

comportamento de consumo, na suspensão de determinada compra. Outra teoria é a

cognitiva que acredita que o aprendizado se realiza através do discernimento e o

produto de consumo é adquirido se percebido como satisfatório para as

necessidades do consumidor de acordo com o que este compreendeu a respeito

(GADE, 1980).

- Mudança de comportamento e de atitude: prevê mudanças no

comportamento evocadas por influências psicológicas, sendo um dos grandes

objetivos das estratégias de marketing.

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Howard e Sheth (1969) dividem a tomada de decisão em três tipos:

problemas extensivos, problemas limitados e comportamento de resposta padrão. O

tipo caracterizado por problemas extensivos refere-se aos primeiros estágios de

compra, quando o consumidor ainda não desenvolveu critérios de seleção. O

segundo tipo representa um estágio à frente no comportamento de consumo, no

qual o consumidor já possui critérios de seleção definidos, porém ainda se encontra

incapaz de decidir qual a melhor marca para si. No entanto o comportamento de

resposta padrão representa o último estágio, quando o consumidor não somente tem

definido seus critérios de escolha, como também já desenvolveu uma pré-disposição

em relação a alguma marca. ìNeste estágio, embora o consumidor possa considerar

diversas marcas como alternativas possíveis, ele tem, de fato, somente uma ou duas

marcas em mente como as escolhas mais prováveisî (HOWARD, SHETH, 1969,

p.27, tradução livre da autora).

Com uma abordagem muito similar, Blackwell, Miniard e Engel (2005) também

apresentam três níveis de complexidade no processo de consumo. Quando esse

processo é complexo, recebe o nome de solução estendida de problema (SEP).

Nesse estágio encontram-se geralmente as compras feitas pela primeira vez e/ou

quando o processo de decisão é detalhado e rigoroso, sendo que todos os estágios

do processo deverão ser seguidos. Quando o processo é simples, é a solução

limitada de problema (SLP), no qual há pouca busca de informação e avaliação

antes da compra. E há também a solução intermediária de problema (SIP), quando a

complexidade se encontra entre os dois limites. Há, porém, um fator com grau de

complexidade ainda mais baixo, denominado de tomada de decisão habitual, sendo

uma solução utilizada para compras que se repetem ao longo do tempo.

Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005, p.95) ìa extensão do processo de

solução de problemas que os consumidores experimentam em diferentes situações

de compra depende de três fatores distintosî, conforme segue:

- Grau de envolvimento: é o nível de importância pessoal, sendo determinado

por quão importante os consumidores percebem o produto ou serviço. Este grau

tende a ser maior quando o resultado da decisão afeta a pessoa diretamente

- Grau de diferenciação entre alternativas: ocorre com maior propabilidade

quando as alternativas para as escolhas são diferenciadas. Blackwell, Miniard e

Engel (2005, p.97) dizem que ìquando mais similares as escolhas são percebidas,

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contudo, maior a chance de os consumidores gastarem menos tempo na solução do

problemaî.

- Disponibilidade de tempo para deliberação: trata de quando tempo o

consumidor se dedica à solução de um problema e quão rapidamente a solução

deve ser tomada.

Blackwell, Miniard e Engel (2005) também discorrem sobre a compra por

impulso, uma ação não-planejada e estimulada pela ocasião. É a forma menos

complexa da solução limitada de problemas, mas segundo os autores, difere desta

em alguns aspectos importantes:

1. Desejo repentino e espontâneo de agir, acompanhado por urgência.

2. Estado de desequilíbrio psicológico no qual a pessoa pode se sentir

temporariamente fora de controle.

3. Princípio de um conflito e luta que é resolvido por uma ação imediata.

4. Existência mínima de avaliação objetiva ñ domínio das considerações

emocionais.

5. Ausência de preocupação com as conseqüências.

2.3 RETROSPECTIVA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR INFANTIL

2.3.1 A infância

Em relação à história dos jovens, pode-se perceber que ela já ultrapassou

diversas fases. Criança, nem sempre foi considerada criança. Até poucos séculos

atrás, incluindo a Idade Média, as crianças eram vistas como adultos em miniatura e

não havia distinção entre elas e a fase adulta (POSTMAN, 1999). Elas começavam a

trabalhar cedo e raramente desenvolvia-se uma relação afetiva com seus pais.

Postman (1999) aborda que este fato é reforçado por não haver algo realmente

marcante, além do aspecto físico, para distinguir a idade dos seres humanos. Até

mesmo a capacidade intelectual, visto que o acesso à alfabetização era restrito a

poucos, não apresentava uma sensível diferença no decorrer da vida da pessoa.

Na Idade Média, a falta de distinção entre crianças e adultos era tão grande

que as crianças participavam integralmente do mundo dos adultos: acompanhavam-

nos em tabernas e assistiam livremente às manifestações amorosas dos adultos.

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Postman (1999) julga que esta ìfalta de vergonhaî, afinal as crianças viam de tudo,

era determinante para a não existência da infância. Para o autor, não havia

necessidade da idéia de infância, porque todos compartilhavam o mesmo ambiente

social e intelectual.

O passo significativo na história foi a invenção da prensa tipográfica, que

popularizou a palavra e facilitou o acesso aos livros e impressos. A partir desta

época, a base mais forte para transformar uma criança em adulto era a capacidade

de leitura, pois se pregava que, em um mundo letrado, haveria a necessidade de a

distinguir do adulto, apesar de a alfabetização ser a única diferença marcante entre

eles. A partir de então, segundo Postman (1999), a idade adulta tinha que ser

conquistada, isto porque era preciso se alfabetizar para tornar-se adulto. E como

para acontecer a alfabetização era necessária a educação, foi a partir desta época

que a criança foi sendo considerada diferente do adulto: ela precisava ser preparada

para enfrentar o mundo.

Com base nestes dados, formou-se um conceito simples: onde havia

evolução da infância, havia educação e, conseqüentemente, escolas. E, assim,

várias mudanças foram ocorrendo no cenário infantil. As crianças passaram a não

compartilhar mais da mesma vida social do adulto. Firmou-se o conceito de pudor, e

as crianças não poderiam mais saber de tudo. Mas, ainda, elas não haviam

conquistado todos os seus direitos. Na época da industrialização, muitas delas

trabalhavam nas fábricas e em minas, sendo que os grandes pensadores desta

época foram fundamentais para a criação de teorias e leis para a proteção da

infância.

A revolução tecnológica apresentou novos conceitos e o mundo mudava mais

uma vez. Entre 1850 e 1950 a humanidade foi bombardeada pelas grandes

invenções: a máquina fotográfica, o telefone, o fonógrafo, o cinema, o rádio e o mais

forte deles para as mudanças de comportamento, a televisão. Estes fatores

marcaram o acesso à informação, extinguindo novamente, mesmo que de modo

lento, o conceito de pudor (POSTMAN, 1999). Com a mídia eletrônica, cita o autor,

adultos e crianças estavam mais uma vez sujeitos ao mesmo conteúdo, sendo

impossível reter segredos e, sem segredos, não há infância.

Para Postman (1999), o mundo moderno volta ao passado e perde os

conceitos conquistados, e que antes eram tão bem definidos.

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2.3.2 Marketing infantil

A história do marketing para as crianças pode ser observada desde o início do

século passado, quando produtos alimentícios começaram a usar cartões, livros de

história e bonecas como uma forma de entretenimento e propaganda (PECORA,

1998).

Com a mesma opinião, Schor (2004) afirma que a criança tem uma longa

história como consumidora, sendo que por volta de 1870 os brinquedos começaram

a servir como símbolo de status. Até as décadas de 40 e 50 as crianças não eram

consideradas consumidores, sendo vistas apenas como uma extensão do poder de

compra dos pais (WIMALASIRI, 2004). Após este período a comunicação para a

criança começou a ser enfatizada, isso nos Estados Unidos (PECORA, 1998).

Este interesse no público jovem ganhou força com a televisão e pelas

mudanças sociais causadas pela Segunda Guerra Mundial, como o ìBaby Boomî

nos Estados Unidos, fenômeno marcado pelo alto índice de natalidade.

A década de 60 foi um importante período no marketing infantil. As famílias

cresciam em número e em renda, e surgiu a primeira agência especializada em

propaganda para crianças nos Estados Unidos (PECORA, 1998). A década de 70

legitimou a criança como consumidora, que também se tornou foco de muitas

pesquisas acadêmicas.

Na década de 80 era perceptível a atuação da criança como consumidora

primária, principalmente de guloseimas e brinquedos, assim como influenciadora na

decisão de compras de roupas e cereais. A criança como consumidora passa a ser

mais bem informada e assim mais atuante também (PECORA, 1998). Segundo a

autora, há uma diferença significativa entre as crianças da década de 30 e as da

década de 80, ambas eram disciplinadas em adquirir dinheiro e se guiavam por um

objetivo, mas as da década de trinta guardavam para um futuro melhor e as da

década de 80 para ter tudo imediatamente.

Analisando as publicações científicas sobre o comportamento do consumidor

infantil, percebe-se um aumento de mais de 500% no volume de artigos publicados

entre 1930 e 1983 (PECORA, 1998). No entanto, foi na década de 50 que o assunto

começou a despontar, com o estudo de alguns tópicos isolados sobre a lealdade às

marcas (JOHN, 1999) e aspectos da socialização do consumidor (WARD, 1974). Os

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sociólogos Riesman e Roseborought (1993) especularam em seu artigo publicado no

ano de 1955, que as crianças aprendem as necessidades de consumo com os seus

pais e a afetividade com o consumo, como o estilo e modo de consumir, com seus

pares.

Logo depois, na década de 60, os artigos nesta área se intensificaram com os

estudos de vários pesquisadores, entre eles Wells, Berey, Pollay e McNeal, sendo

este último referência no assunto até os dias de hoje. As abordagens focavam a

influência das crianças nas compras familiares e as crianças como consumidoras

diretas de produtos de baixo custo.

Os estudos de Berey e Pollay (1968), e McNeal (1965) valorizaram a posição

da criança como consumidora. Eles separaram o mercado infantil em três nichos

distintos, diferindo entre eles apenas na nomenclatura. Berey e Pollay (1968)

iniciaram o artigo ìThe influencing role of the child in family decision makingî

explanando que havia ao menos três razões para estudar o papel da criança no

mercado, (1) o tamanho do mercado infantil que crescia rapidamente; (2) a influência

visível da criança na tomada de decisão familiar e (3) que o comportamento do

consumidor adulto é diretamente antecipado pelo comportamento do consumidor

infantil. McNeal (1965) conceitua o mercado como multidimensional, que percebe a

criança como consumidora potencial, influenciadora e futura consumidora, conceito

que permanece em voga até hoje.

Na década de 70 os estudos neste campo ganharam maior visibilidade,

baseados em políticas públicas, e focando assuntos como propaganda para crianças

(JOHN, 1999). Nesta época, veio à tona a idéia de que as crianças eram moldadas

por seus pais no processo de socialização do consumo (SCHOR, 2004),

principalmente por Scott Ward, em 1974, ter apresentado uma reviravolta na área

com a publicação do artigo ìConsumer Socializationî. Neste artigo, Ward (1974, p.2)

buscou estudar as crianças e sua socialização como consumidores, definindo a

socialização do consumidor como ìum processo no qual cada jovem consumidor

adquire habilidades, conhecimento e atitudes relevantes para a sua atuação como

consumidores no mercadoî (tradução livre da autora). Segundo John (1999) esta

definição norteou uma nova geração de pesquisadores e um campo emergente para

estudos da criança como consumidora.

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Desde então se acumulam pesquisas sobre a socialização do consumidor

infantil, que exploram os mais variados temas como o conhecimento infantil sobre

produtos, marcas, propagandas, estratégias de decisão e influência dos pais (JOHN,

1999).

2.4 A FORÇA DO CONSUMIDOR INFANTIL ATUALMENTE

O mercado que visa atingir o público infantil e adolescente despontou nas

últimas décadas. Hoje, com tanto poder de decisão, elas movimentam quantias

consideráveis, mundialmente. (GUNTER, FURNHAM, 1998).

2.4.1 Os gastos das crianças

De acordo com uma pesquisa publicada na revista Meio & Mensagem

(EVOLUÇÃO, 2001), os gastos das crianças praticamente dobraram entre os anos

de 1968 e 1984, tendo triplicado na década de 90. O gráfico 1 acompanha esta

evolução.

2,24,2

17,1

23,4

0

5

10

15

20

25

1968 1984 1994 1997 Anos

Bilh

ões

de d

ólar

es

Gráfico 1: Gastos médios, em bilhões de dólares, de crianças entre 4 e 12 anos, nos Estados Unidos, entre os anos de 1968 e 1997 Fonte: EVOLUÇÃO, 2001, p.38.

McDougall e Chantrey (2004) complementam que em 2002, as compras feitas

diretamente por crianças entre 4 e 12 anos representaram, nos E.U.A, US$ 40

bilhões, ou seja, um índice que praticamente dobrou em cinco anos.

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2.4.2 Influência das crianças nas compras dos pais

As crianças movimentam o mercado também por meio de sua influência nas

compras dos pais. De acordo com a Meio & Mensagem (EVOLUÇÃO, 2001) houve

um excepcional aumento de 260% na influência dos filhos sobre as compras dos

pais entre 1984 e 1997, conforme pode ser visualizado no gráfico 2.

5

50

188

020406080

100120140160180200

1960 1984 1997 Anos

Bilh

ões

de d

ólar

es

Gráfico 2: Influência, em bilhões de dólares, das crianças americanas sobre as compras dos pais Fonte: EVOLUÇÃO, 2001, p.38.

Para Galvão (2006), as crianças influenciam gastos da ordem de US$ 1

trilhão em todo o mundo, sendo que no Brasil a quantia é estimada em R$ 90

bilhões. Por meio de uma pesquisa da TNS InterScience, apresentada por Galvão

(2006), constata-se que 82% dos filhos influenciam fortemente no orçamento. Ainda

segundo o levantamento, 33% das crianças decidem sobre eletrônicos, 31% opinam

na compra de brinquedos e 33% têm palpites decisivos nos gastos com lazer. No

entanto, o setor em que elas têm maior poder é o de alimentos, com 42%.

2.4.3 Investimentos publicitários para atingir o consumidor infantil

É possível acompanhar o crescimento deste setor por meio da análise dos

investimentos publicitários. O gráfico 3 apresenta um aumento de quase 100% dos

investimentos no mercado norte-americano, entre as décadas de oitenta e noventa.

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105,67

161,50

200,00

0

50

100

150

200

250

1980 1990 1998 Anos

Bilh

ões

de d

ólar

es

Gráfico 3: Investimentos publicitários dirigidos ao consumidor infantil, em bilhões de dólares, nos Estados Unidos, entre os anos de 1980 e 1998 Fonte: (EVOLUÇÃO, 2001, p.38. ) (MEIO & MENSAGEM, 2001, p.38)

Para Gibbs (2001), a publicidade hoje foca no público infantil como nunca. O

mercado americano possui um investimento de mais de 3 bilhões de dólares por ano

na propaganda focada na criança, vinte vezes mais que uma década atrás.

2.5 O CONTEXTO SOCIAL COMO FATOR DA ASCENSÃO DO CONSUMIDOR

INFANTIL

A unidade familiar apresentou inúmeras modificações nas últimas décadas,

sendo que Guber e Berry (1993) apontam essas mudanças na sociedade como uma

das causas do fortalecimento do consumidor infantil. Isso porque, como cita Del

Vecchio (2002), a unidade familiar é vital para uma criança, sendo o centro de todas

as coisas. As principais mudanças são: menos filhos por casal, casamentos mais

tarde, aumento no número de separações e mães no mercado de trabalho

(McNEAL, 1992; DEL VECCHIO, 2002; GUBER, BERRY, 1993).

E essa realidade é perceptível na sociedade brasileira, que passou por

profundas transformações demográficas, socioeconômicas e culturais nestes últimos

20 anos, e que repercutiram intensamente nas diferentes esferas da vida familiar. As

tendências que mais se destacaram quanto às formas de organização doméstica

foram a redução do tamanho das famílias, e o crescimento da proporção das

famílias cujas pessoas responsáveis são mulheres (IBGE, 2000). Com tudo isso, as

crianças crescem com mais independência e maior controle sobre suas vidas,

complementam Guber e Berry (1993).

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A realidade americana, exposta por McNeal (1992) como uma das causas da

valorização do consumidor infantil, aponta a diminuição no número de filhos por

casal. Este mesma realidade por ser observada no Brasil, segundo o último censo

do IBGE ñ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que detalha esse fato e

apresenta que a taxa de fecundidade no Brasil reduziu em mais de 60% ao longo

dos últimos quarenta anos (IBGE, 2005). Em 1960 era observada uma média de 6,3

filhos por mulher no Brasil e em 2000 este índice caiu para 2,4 filhos, conforme pode

apresentado no gráfico 4.

6,35,8

4,4

2,92,4

01234567

1960 1970 1980 1991 2000

Fecu

ndid

ade

Gráfico 4: Taxa de fecundidade total no Brasil, entre os anos de 1960 e 2000 Fonte: IBGE, 2005.

Esta diminuição no número de filhos gerou e continua gerando o aumento das

expectativas dos pais em relação aos seus filhos, e o aumento de recursos para

prover suas necessidades e gastar com supérfluos (McNeal, 1992). Para

Montigneaux (2003, p.15) ìquanto menos numerosas são as crianças, mais aumenta

seu peso econômicoî, ou seja, quanto menos filhos as famílias têm, há mais

disposição para se gastar com eles. No entanto, outro ponto, é que além de terem

menos filhos, os casais esperam mais tempo para serem pais, o que reflete

diretamente na socialização do consumo de seus filhos (McNEAL, 1992).

No Brasil, pode-se perceber este fator pelo aumento da idade para o primeiro

casamento, como exposto no gráfico 5. Em 1995, a idade média do homem ao se

casar era de aproximadamente 28 anos, e atualmente ocorre pelos 30 anos. Na

mulher passou dos 24,4 anos para 26,8.

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27,9 30,224,4

26,8

05

101520253035

1995 2005Homens Mulheres

Gráfico 5: Idade média dos cônjuges na data do casamento, no Brasil, entre os anos de 1995 e 2005 Fonte: IBGE, 2005.

Uma outra tendência que tem sido verificada na composição das famílias

brasileiras é a diversificação do modelo de família nuclear, isto é, aquela constituída

apenas pelo casal com seus filhos. O crescimento do modelo monoparental, cuja

pessoa responsável é mulher tem se evidenciado nas pesquisas do IBGE,

especialmente no estágio inicial da trajetória familiar, quando as crianças estão

ainda na primeira infância. Em 2000, no conjunto das crianças brasileiras de zero a

06 anos de idade, 18% viviam em domicílios cujos responsáveis eram mulheres. No

Distrito Federal, a proporção atinge a 27%. Nos municípios de Salvador, Recife e

Belém, quase um terço das crianças na primeira infância vivem em domicílios com

mulheres responsáveis.

Ahuja, Capella e Taylor (1998) constataram que as crianças que vivem

apenas com a mãe são responsáveis por 7,3% das compras de mercearia, enquanto

as crianças que vivem com ambos os pais realizam apenas 2,8% do total dessas

compras. ìAs mães solteiras gastam menos no supermercado, compram com mais

freqüência acompanhada dos filhos, e suas crianças fazem compras familiares

sozinhas com maior freqüência que as crianças que vivem com ambos os paisî

(AHUJA, CAPELLA, TAYLO, 1998, p.57).

Complementando, McNeal (1992) aponta que em famílias monoparentais a

criança geralmente assume uma posição com maiores responsabilidades,

participando também com mais intensidade das atividades de consumo. O modelo

monoparental é também um reflexo do índice de separações judiciais e de divórcios

que ocorrem no país, como também da diminuição do casamento entre solteiros.

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Entre os anos de 1995 e 2005, constatou-se um significativo aumento nesses

índices, como pode ser observado nos gráficos 6 e 7.

020000400006000080000

100000120000140000160000

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Separação Judicial Divórcio

Gráfico 6: Número de separações judiciais e divórcios, no Brasil, entre os anos de 1995 e 2005 Fonte: IBGE, 2005.

85,9

90,190,991,2

89,789,4

88,287,7

86,7 86,986,4

83848586878889909192

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 7: Proporção de casamentos entre solteiros no Brasil, entre 1995 e 2005 Fonte: IBGE, 2005.

Outro fator que marca a mudança da estrutura familiar é o aumento do nível

de educação dos pais e, principalmente o das mães (GUBER e BERRY, 1993).

Segundo o IBGE (2006a), o nível de instrução da mulher brasileira aumentou,

fato com relação direta com o aumento de sua participação no mercado de trabalho.

Lee e Beatty (2002), apontam que as mulheres hoje contribuem para a renda familiar

e são motivadas a terem sucesso em suas carreiras. Para as autoras, essas

mudanças alteram também a forma de gerir o lar, o processo de consumo da família,

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e o agente de tomada de decisão de compra, agora uma função compartilhada pelo

casal.

Décadas atrás, quando o marido tinha a função de sustentar a casa sozinho,

ficava para ele a tarefa de definir as normas do processo de decisão de consumo, e

nos dias atuais, com a mulher contribuindo na renda, ela recebe o direito de tomar

decisões também. Lee e Beatty (2002) concluem que a ocupação da esposa tem um

efeito direto na tomada de decisão de compra de uma família. Para as autoras, mães

que trabalham fora exercem uma influência maior do que aquelas que não possuem

ocupação fora do lar. E entre as que trabalham, as que têm uma carreira bem

sucedida possuem mais poder de decisão que aquelas com um emprego com

menos status.

Wallis (2004) aponta que entre as mães com filhos menores de 18 anos, 72%

trabalham, um pulo de 25% comparado ao ano de 1975. Com dados um pouco

diferentes, porém aproximados uma pesquisa realizada pela Nick Jr. Magazine e

divulgada por meio do ìMRI Measured and Releasedî (2006) apresenta que 51%

das mães americanas com filhos menores de um ano e 69% das com filhos menores

de dezoito estão empregadas.

E no Brasil essa é uma mudança iniciada com mais evidência na década de

70, sendo hoje uma realidade muito forte. Uma entrevista feita com mulheres

casadas até 49 anos, entre 1979 e 1980, já trazia estas tendências. Segundo os

resultados publicados no artigo ìA mulher de verdadeî (MULHER, 1980), as

mulheres brasileiras daquela geração foram educadas para serem donas-de-casa,

mas estavam educando as suas filhas para o mercado de trabalho. A maioria

absoluta das entrevistadas aprovava o trabalho feminino, embora apenas 25% o

praticasse. Atualmente, segundo o IBGE (2006b), as mulheres representam 43,9%

da população ocupada, o que mostra a presença feminina no mercado de trabalho.

2.6 SOCIALIZAÇÃO DO CONSUMIDOR INFANTIL

A socialização do consumidor, segundo Geuens, Pelsmacker e Mast (2003) é

um aspecto importante do estudo da tomada de decisão, e do comportamento do

consumidor infantil. Ward (1974, p.2) apresenta uma das melhores definições da

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socialização do consumo (Moschis, Churchill, 1978; Bahn, 1986; John, 1999),

dizendo que ìé um processo no qual cada jovem consumidor adquire habilidades,

conhecimento e atitudes relevantes para a sua atuação como consumidores no

mercadoî. Para John (1999), esta definição deu um norte a uma nova geração de

pesquisadores que estavam surgindo no campo do consumidor infantil.

Moschis e Churchill (1978, p.599) definem a socialização do consumidor como

sendo ìo processo pelo qual os jovens desenvolvem habilidades, conhecimento e

atitudes referentes ao consumoî. Os autores, assim como Gunter e Furnham (1998),

defendem que, para se compreender a socialização do consumidor é necessário se

atentar a dois modelos de aprendizagem: o modelo de desenvolvimento cognitivo e

o de desenvolvimento social. O primeiro tenta explicar a socialização como uma

função das influências ambientais aplicadas ao ser humano, enquanto o segundo

busca explicações para a formação do conhecimento e do comportamento baseado

em mudanças qualitativas na organização cognitiva, que decorre entre a infância e a

vida adulta (MOSCHIS; CHURCHILL, 1978; GUNTER, FURNHAM, 1998).

Com estas informações, Moschis e Churchill (1978), apresentam um modelo

de socialização do consumidor no qual reúnem a variação do desenvolvimento

cognitivo e do ambiente social no processo em si, demonstrado na figura 5.

Figura 5: Modelo de socialização do consumidor Fonte: MOSCHIS, CHURCHILL, 1978, p.600, (tradução livre da autora).

A área correspondente aos antecedentes reúne as variáveis sociais e a idade,

que podem afetar os resultados do processo de socialização direta ou indiretamente,

por meio da força do seu impacto. As variáveis sociais representam o ambiente em

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que o aprendiz, neste caso a pessoa que está passando pelo processo de

socialização, está inserido. Elas representam classificações como classe social,

sexo e estrutura familiar. A idade refere-se ao desenvolvimento cognitivo do

aprendiz, que será mais bem abordado em um tópico especial para este tema, visto

sua importância na socialização do consumidor infantil.

No campo que representa o processo de socialização, o aprendiz se relaciona

com um agente de socialização, que o transmite normas, atitudes, motivações e

modelos de comportamento. Esse agente pode ser qualquer pessoa ou até mesmo

organização, desde que diretamente envolvida com o aprendiz. Este aprendizado

ocorre por meio de três processos: modelagem, reforço e interação social.

Modelagem é a imitação do comportamento do agente. O reforço envolve

recompensa ou punição, sendo assim um reforço positivo ou negativo. E a interação

social corresponde ao tipo de aprendizagem envolvida, podendo ser uma

combinação da modelagem com o reforço.

Os resultados indicam o aprendizado do comportamento de consumo e sua

interação de inúmeras variáveis, que geram as habilidades de consumo.

John (1999) corrobora com a argumentação de Moschis e Churchill (1978),

que exploram o ambiente social e o desenvolvimento cognitivo como influenciadores

no processo de consumo. Para a autora, as variáveis ambientais como família,

amigos e mídia afetam a aquisição do conhecimento sobre consumo, e os fatores

cognitivos afetam o modo como a criança interpreta e organiza as experiência de

consumo e a informação recebida. John (1999) enfatiza também que na socialização

do consumidor, os pais exercem um papel muito importante, influenciando no

processo de aprendizado sobre consumo por meio do tipo, quantidade e qualidade

das experiências de consumo vividas, e como eles dividem isso com as crianças

Corroborando com John, Palan (1998) aborda a questão da comunicação

familiar, importante aspecto da socialização do consumidor. Geuens, Pelsmacker e

Mast (2003) citam que as crianças ouvem seus pais falarem as prioridades de

consumo e vêem que produtos eles compram e usam. Desta maneira, os pais atuam

como modelos para as crianças, estabelecendo uma ligação pai-filho sobre

consumo.

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McNeal (1992) concorda com o papel dos pais, porém enfatiza também a

participação do mercado neste processo. Para o autor, os pais são considerados os

agentes primários da socialização do consumo, que introduzem e doutrinam as

crianças para este papel. No entanto é o mercado que figura como um ator

importante na socialização do consumidor infantil, pois sua influência tende somente

a crescer, enquanto a dos pais tende a diminuir.

2.6.1 Desenvolvimento cognitivo: como a criança forma sua visão do mundo

O desenvolvimento cognitivo representa o processo de conhecer, ìo termo é

usado por psicólogos para atividades mentais, como usar a linguagem, pensar,

raciocinar, resolver problemas, conceituar, lembrar, imaginar e aprender matérias

complexasî (DAVIDOFF, 1983, p.713).

A criança, durante o seu desenvolvimento, assimila o mundo exterior

conforme a estrutura que já possui, e a adapta a si mesma. Ela está atenta a tudo e

se espelha no que vê para se desenvolver. Para Piaget (1996), o desenvolvimento

mental é como uma adaptação progressiva ao meio exterior, no qual interferem os

mecanismos de assimilação e adaptação. No entanto este processo, para atingir o

equilíbrio, difere de idade para idade. Segundo Piaget (1996) podem identificar-se

em quatro etapas.

2.6.1.1 Período sensório motor: do nascimento aos 2 anos

Montigneaux (2003) diz que após o nascimento não existe a dissociação

imediata entre a mãe e seu bebê, e é pela mãe que todas as necessidades do bebê

são satisfeitas. Com alguns meses ele entra no processo de individualização,

permitindo o reconhecimento do seu eu (o interior) e do seu não-eu (o exterior),

tornando-o capaz de dissociar a sua própria pessoa. A partir dos cinco ou 06 meses,

o bebê torna-se mais ativo, aprendendo a se comunicar com os que estão à sua

volta, e entre os seis aos 12 meses ele melhora sua percepção visual, reconhecendo

os rostos de seus entes mais chegados.

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Piaget (1996) define esta fase como período sensório-motor, o que significa

que o desenvolvimento intelectual do bebê está estreitamente ligado às atividades

sensoriais e motoras. Montigneaux (2003) complementa que a inteligência da

criança nessa idade é qualificada como a ìinteligência da açãoî, sendo que sua

atividade mental, nesse sentido, é baseada na experimentação. ìAssim, durante os

dois primeiros anos de sua vida, o bebê passa progressivamente de uma atividade

centrada sobre si mesmo a uma atividade dirigida para os objetos, ensaiando de

certa forma uma caminhada do interior para o exteriorî Montigneaux (2003, p.31).

Dentro do imaginário infantil, esta fase é vista como o ìUniverso das

Observaçõesî, sendo ìo momento das crianças que, acompanhadas pelos pais,

descobrem o mundo novo das compras, mas ainda são meras observadoras de

tudoî, (SANTOS, 2000, p.63). Apesar de serem observadoras, elas já possuem

vontades e desejos, e usam recursos intencionais para atingir seus objetivos,

recursos esses que geralmente são fonte de encantamento para os adultos.

No quadro 1 é possível visualizar os principais tópicos do desenvolvimento

cognitivo, psicológico e da socialização da criança nesta idade, desenvolvido por

Montigneaux (2003).

Desenvolvimento

Cognitivo

Desenvolvimento

Psicológico

Socialização

0

2-3

anos

Pensamento e ação estão próximos Capacidade limitada de raciocínio ìInteligência da açãoî A criança trata as informações no modo perceptivo (ver) e sensorial (tocar) Início do acesso à representação simbólica dos objetos

Relação simbólica com a mãe Processo de separação-individualização em relação à mãe (consciência da sua própria existência) A criança diferencia o mundo interior (o eu) do exterior (o não-eu)

A criança se isola em si mesma Dificuldade de comunicação Primeiros passos em direção à autonomia pelo controle do corpo (controle da evacuação) ou pela oposição (ìnãoî) Os pais constituem o principal agente da socialização

Quadro 1: Características das crianças, com idade entre o nascimento e os 02 anos Fonte: MONTIGNEAUX, 2003, p.32.

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2.6.1.2 Período pré-operacional: dos dois aos sete anos

Montigneaux (2003) diz que este período é fundamental para a

individualização e personalização da criança, onde ela constrói sua identidade e

desenvolve sua autonomia. Até os três anos, a criança fica pouco sensível a

diferença ente os sexos e após esta idade, mais para os quatros anos, quando ela

começa a reconhecer essa diferença, ela sente que esse é um passo doloroso.

ìCom efeito, é forçada a admitir, então todas as diferenças, os limites de seu próprio

poder e aceitar a sua própria identidade sexualî (MONTIGNEAUX, 2003, p.33).

Durante os primeiros anos de vida a criança é egocêntrica, ou seja, não

consegue levar em conta o mundo lá fora. As interações sociais entre os 02 e 05

anos acontecem com mais freqüência, mas a criança ainda depende de seus pais

para o estabelecimento de novos contatos com outras crianças.

É neste período que a criança desenvolve sua função simbólica, sendo que o

universo da ação que marcou a fase anterior, se junta ao universo da representação,

integrando a noção de tempo e de espaço. Quanto ao pensamento da criança

Montigneaux (2003) diz que ela possui uma visão subjetiva do mundo. Ela raciocina

de maneira analógica, baseando-se nas semelhanças constatadas entre as coisas

ou os acontecimentos, ou seja, ela compara o que descobre com aquilo que

conhece.

A comunicação pode ver esta fase como o ìUniverso das Indagaçõesî e a

fase do ìeu queroî. As crianças, acompanhando seus pais às compras, começam a

pedir tudo que vêem pela frente, sendo o período em que começam a manifestar

seus desejos de compra e fazer suas próprias solicitações (SANTOS, 2000). Como

elas focam um só aspecto de uma situação e omitem os outros, os anúncios para

crianças desta idade são reduzidos a uma única mensagem, para que elas possam

assimilar. Seu pensamento segue uma lógica própria para relacionar nomes e

tamanhos. Um exemplo prático é pedir para uma crianças associar as palavras

ìleãoî e ìborboletaî aos seus respectivos desenhos. Provavelmente ela irá associar a

palavra leão ao desenho da borboleta, porque os dois são pequenos e a palavra

borboleta ao desenho do leão porque os dois são grandes (SANTOS, 2000).

O quadro 2 apresenta as particularidades do desenvolvimento cognitivo,

psicológicos e aspectos da socialização da criança em período pré-operacional.

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Desenvolvimento

Cognitivo

Desenvolvimento

Psicológico

Socialização

2-3 anos

7 anos

As ações são interiorizadas A criança é capaz de se projetar no tempo e no espaço O desenvolvimento da função simbólica lhe permite representar mentalmente os objetos concretos Desenvolvimento da linguagem O raciocínio se apóia somente sobre a percepção das coisas Representação do mundo fortemente personalizada

Construção de uma imagem mental da mãe Desenvolvimento da atividade fantasmagórica (sonho, imaginário e realidade se misturam) Desenvolvimento da sua personalidade e aquisição de sua identidade sexual

Desenvolvimento da atividade social por imitação dos adultos Na hora do recreio na escola, a criança brinca na presença de outras crianças (desenvolvimento de atividades lúdicas cada vez mais cooperativas) Abertura social da criança continua dependente dos pais

Quadro 2: Características das crianças, com idade entre 02 e 07 anos Fonte: MONTIGNEAUX, 2003, p.47.

2.6.1.3 Período das operações concretas: dos sete aos doze anos

Nesta fase a criança se liberta de dependência emocional perante seus pais,

adquirindo progressivamente mais autonomia. Ela busca o meio extrafamiliar, onde

começa a construir relações de amizade e diminui o tempo passado com a família.

Assim, os pares, ou semelhantes, constituem um fator importante no

desenvolvimento da personalidade da criança, sendo também um grupo influente

através de sinais de aprovação explícitos ou implícitos que ele envia

à criança (MONTIGNEAUX, 2003).

Piaget (1996) qualifica essa fase como o período de operações concretas, no

qual a criança consegue realizar mentalmente as ligações entre as ações. Ela

começa a apresentar formas de raciocínio mais elaboradas, sendo capaz de

organizar em categorias e de dissociar as partes do todo.

Ela também perde um pouco do seu egocentrismo, sendo capaz de distinguir

seu próprio ponto de vista do dos outros. O raciocínio desta fase é o da dedução,

onde a criança torna-se capaz de encontrar soluções não mais somente olhando à

sua volta, mas também utilizando suas idéias.

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As características desta etapa do desenvolvimento infantil estão expostas no

quadro 3.

Desenvolvimento Cognitivo

Desenvolvimento Psicológico

Socialização

De 7 anos

a 11 anos

A criança é capaz de realizar mentalmente os laços que unem as ações e os objetos concretos A criança adquire os diferentes agrupamentos de operações de lógica e de aritmética (seriação, classificação, número...) e espaço-temporais (volume, duração, superfície...) Domínio da escrita

Construção e afirmação da personalidade da criança Baixa progressiva de seu egocentrismo Aquisição de valores morais

A criança se abre em relação aos outros e ao mundo (curiosidade) Influência dos grupos de parceiros e descoberta dos nomes que regem o grupo (pressão social, cooperação, competição...)

Quadro 3: Características das crianças, com idade entre 07 a 11 anos Fonte: MONTIGNEAUX, 2003, p.54.

2.6.1.4 Período das operações formais: a partir dos doze anos

Neste período a criança passa a lidar com o abstrato e deduz as conclusões a

partir de hipóteses, dispensando as observações e as experiências para comprovar

um fato. Para Piaget (1996), esses estágios são contínuos e cada um deles é

elaborado a partir do anterior. Ele acredita que nenhuma criança possa omitir um

estágio, dado que cada um empresta do anterior seus feitos e realizações.

Explorar como as crianças enfrentam diferentes situações e seus problemas

que surgem, e catalogar como isso é feito parece ser o melhor caminho para entrar

no mundo de consumo das crianças (YOUNG, 2004, p. 24).

2.7 COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR INFANTIL

McNeal (1992) aborda que a criança vista como consumidora é um grande

fenômeno. Porém, muitos executivos, principalmente os com idade acima dos

cinqüenta anos, possuem dificuldades de tratar o assunto. Segundo o autor, é como

se a criança consumidora ainda remetesse, para esse determinado grupo, a imagem

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de uma criança colada com o rosto no vidro de uma loja de doce, o que hoje, é irreal.

Elas possuem não só a vitrine, mas toda uma loja para circularem livremente.

Para McNeal (1992), esse fenômeno iniciou quando elas começaram a serem

ouvidas e terem seu próprio dinheiro para gastar. Uma das grandes contribuições

dos estudos de McNeal (1964, 1992, 1993, 1998), foi o estabelecimento do

consumidor infantil dentro de três mercados: consumidor primário, consumidor

influenciador e futuro consumidor. Ou seja, o consumidor infantil forma um mercado

multidimensional, sendo que para o autor, para cada mercado deve-se considerar as

características demográficas desse consumidor, como demonstrado na figura 6.

Figura 6: Mercado multidimensional do consumidor infantil Fonte: McNEAL, 1992, p.14, tradução livre da autora.

O consumidor primário é a criança como consumidora na forma de pagante e

usuária. Consideram-se as necessidades deste grupo consumidor, desejos e

autoridade para gastar de seus próprios recursos (McNEAL, 1992).

A segunda classificação, como consumidor influenciador, McNeal (1992)

destaca a forte influência que as crianças exercem nas compras dos pais. Isto pode

ser observado principalmente em produtos infantis, mas também em produtos e

serviços destinados a toda família.

E a criança classificada como um futuro consumidor é vista como o

consumidor potencial na sua vida adulta. Ao se relacionar com uma marca na

infância, há maiores chances dessa marca tornar-se preferência na vida adulta

(Montigneaux, 2003).

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dos quatros anos, as crianças começam a circular com mais liberdade pelas lojas e

supermercados. Elas já reconhecem muitas marcas, principalmente as de alimentos

e bebidas, encontradas em supermercados. Neste estágio, a criança também já

possui algumas preferências definidas, embora isso possa mudar com freqüência

(McNeal, 1992).

4) Acompanhando os pais e fazendo compras independentes: por volta dos

cinco anos. Para McNeal (1992) este é um estágio importante no ciclo do consumo:

o estágio em que as crianças começam a efetuar suas primeiras compras sozinhas,

com o seu dinheiro. É uma etapa complexa, pois ainda não há o total entendimento

do processo e do valor do dinheiro.

5) Indo às compras sozinho e fazendo compras independentes: após os seis

anos. A última etapa do processo socialização do consumidor infantil acontece,

segundo McNeal (1992) por volta dos seis ou sete anos de idade. Neste estágio a

criança visita as lojas sem a companhia de um adulto e realiza alguma compra com

o seu próprio dinheiro. Apesar dessas compras acontecerem geralmente perto de

casa, em uma padaria ou conveniência, ela representa um passo importante no

processo de consumo.

No entanto, John (1999) propõem que o processo de socialização se dá

desde a tenra infância, porém se estende até a adolescência, captando as

importantes mudanças que ocorrem no modo de pensar das crianças, assim como

no seu conhecimento e na maneira de se expressarem como consumidoras. A

autora identificou três estágios, condizentes com o desenvolvimento cognitivo e

social da criança.

1) Estágio perceptivo ñ entre os 03 aos 07 anos

É caracterizado pelo imediatismo. O conhecimento sobre consumo é baseado

por uma única dimensão ou atributo, sendo representado pela observação. A criança

sente-se à vontade no ambiente de compra, assim como com marcas e produtos,

porém, seu entendimento desse meio ainda é superficial. Enfatiza que essas

características também se fazem evidentes na tomada de decisão, sendo que a

orientação pode ser descrita como simples e egocêntrica. As decisões são feitas

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numa base de informações limitada, baseadas em uma única característica, como o

tamanho, por exemplo.

2) Estágio analítico ñ entre os 07 aos 11 anos

Muitas mudanças acontecem quando a criança passa do estágio perceptivo

ao analítico, sendo o período que acontece o maior desenvolvimento em termos de

aprendizado sobre comportamento e habilidades de consumo.

Há um conhecimento mais sofisticado sobre as atividades do mercado,

marcas e propaganda. A criança é apta também a analisar diversos aspectos ou

atributos de uma marca ou produto, como também fazer generalizações de acordo

com uma experiência vivenciada. Com isso a tomada de decisão torna-se mais

aprimorada, com estratégias que analisam um conjunto maior de informações. As

crianças desse estágio são também mais flexíveis, porém a habilidade de se adaptar

e de considerar o ponto-de-vista de terceiros, permitem que sejam mais astutas em

negociar seus desejos de consumo.

3) Estágio Reflexivo ñ entre os 11 aos 16 anos.

Este estágio é caracterizado pelo desenvolvimento mais intenso em diversas

dimensões do desenvolvimento social e cognitivo. O conhecimento sobre o mercado

é mais profundo e a estratégia de decisão envolve inúmeras perspectivas, uma

habilidade de raciocínio mais apurada e reflexiva e maior capacidade de adaptação.

2.7.2 O dinheiro das crianças

Os gastos das crianças praticamente triplicaram nas últimas três décadas,

sendo esta uma geração muito rica e com habilidades de persuasão muito

desenvolvidas (LINDSTROM, 2004).

Segundo McNeal (1992), as crianças americanas entre 04 e 12 anos

obtiveram um aumento de 46% no seu poder de compra pessoal entre os anos de

1984 e 1989, recendo um total de 229 dólares por ano em 1989. Considerando a

população infantil dos Estados Unidos, pode-se dizer que, ano final dos anos

oitentas esse grupo consumidor movimentava a quantia de quase nove milhões de

dólares, sendo 6 bilhões em compras. Relata o autor, que as crianças americanas

recebem em média de cinco dólares por semana, sendo que este valor varia para

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mais ou para menos de acordo com a idade. Para as crianças americanas, uma

parte deste valor, cerca de 15% está relacionada a algum trabalho doméstico, sendo

que nem sempre esta relação é feita de forma explícita, pois os pais esperam

receber alguma ajuda ao dar dinheiro aos filhos. Outros 15% provém de presente

familiares, 5% de presente de outras pessoas, 12% de algum trabalho extra e a

grande parte, 53%, corresponde a um valor fixo, como a mesada (MCNEAL, 1992).

Esta distribuição pode ser observada no gráfico 8.

Presentes de parentes

15%

Gratificação por tarefas

domésticas15%

Trabalho12%

Presentes de outras pessoas

5%

Mesada53%

Gráfico 8: Fontes de recursos de crianças entre 4 e 12 anos Fonte: McNEAL, 1992, p.27, tradução livre da autora.

As crianças guardam uma parte do dinheiro que recebem. Segundo McNeal

(1992) cerca de 2,6 bilhões de dólares são poupados pelas crianças, do total dos 8,6

bilhões de dólares que elas recebem. Com isso, percebe-se que elas gastam um

total de 6,0 bilhões de dólares por ano, somente do dinheiro próprio. Porém o autor

não esclarece se esta economia é para uma poupança, que não tem a intenção de

ser usada em curto prazo, ou apenas uma economia para comprar algo de maior

valor.

Em seu comportamento de compra, Karsaklian (2004) aborda que a criança

necessita arbitrar as despesas a serem realizadas, e repartir o seu dinheiro em três

tipos de despesas: em curto prazo, em longo prazo e economias.

Segundo ela, esta capacidade dependerá do incentivo dos pais, pois as

crianças entendem que só há duas coisas a fazer com o dinheiro: ou gasta-se tudo

de uma vez, ou guarda-se o dinheiro que tem.

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ìAs crianças não conseguem ver a economia como forma de investimento para uma compra futura. Somente a partir dos nove anos elas começam a economizar objetivando uma compra num futuro próximo, e passam a ter um comportamento mais estável com relação ao gasto do dinheiroî. (KARSAKLIAN, 2004, p.255).

Permeando a mesma linha de pensamento, Marshall e Magruder (1960) citam

que as crianças, ao começarem a lidar com o dinheiro, primeiro o gastam sem

pensar. Com o amadurecimento e por meio de experiências de consumo, elas

passam então a ter atitudes mais racionais e, quanto mais elas crescem, maior a

disposição para economizar, a fim de um objetivo futuro.

Aprofundando seus estudos, McNeal (1992) apresentou também o que as

crianças compram com o dinheiro próprio, sendo que os resultados, que englobam

guloseimas brinquedos, roupas e atividades destinadas ao lazer, podem ser

visualizados na tabela 2.

Produtos / Serviços Gastos (bilhões de dólares) Percentual Salgadinhos e doces 2.076.852.544,00 34,6

Brinquedos 1.878.771.232,00 31,3

Roupas 690.283.360,00 11,5

Cinema e jogos esportivos 606.248.864,00 10,1

Aluguel de filmes 486.199.584,00 8,1

Outros 264.108.416,00 4,4 Tabela 2: Produtos comprados pelas crianças com dinheiro próprio em 1989, nos E.U.A. Fonte: McNEAL, 1992, p.40.

Percebe-se que o foco das crianças concentra-se em produtos tipicamente

infantis como guloseimas e brinquedos. No entanto, é relevante comentar que 11,5%

do dinheiro deste público costuma ser destinado às roupas.

Para McNeal (1992) este é um fator importante pois, em uma pesquisa

realizada alguns anos antes, em 1984, não havia sido detectado nenhum gasto com

roupas. O autor ainda expõe que as crianças estão encontrado na roupa uma forma

de se expressar e, o aumento do poder de compra e do número de marcas para este

público, certamente contribui para este fator.

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2.7.3 Relacionamento do consumidor infantil com as marcas

O consumidor criança exige produtos que satisfaçam principalmente suas

necessidades imediatas, tais como doces. (GUNTER; FURNHAM, 1998). Para

McNeal (1992) os hábitos de compra precoces podem revelar pouca consistência

em termos de preferência de produtos ou de lealdade a marcas.

Para Gunter e Furnham (1998), à medida que as crianças começam a

compreender termos como ìmeuî e ìteuî, começam também a considerar os seus

pertences como instrumentos de controle e de poder social. Seria como, para os

autores, uma citação distorcida de Descartes: ìeu compro, logo existoî.

Assim, quando as crianças atingem os 9 ou 10 anos, possuem um

entendimento simples dos processos de mercado, sendo que se tornam mais

seletivas e discriminatórias em suas visitas às lojas. ìA novidade do consumismo

começa a desaparecer nesta idade, porque a maior parte das crianças desenvolveu

já um sentimento de confiança e de competência nas compras considerável.

Contudo, o entusiasmo de comprar continua, geralmente, a crescerî (GUNTER;

FURNHAM, 1998, p. 64).

Em relação ao entendimento das marcas, Montigneaux (2003) reforça que

este é um fator que depende fortemente da idade da criança. Corroborando com

Kurnit (2004), ele diz que não se pode agrupar as crianças como um público de zero

a 12 anos, sendo necessário tratá-lo de forma segmentada. Para o autor, o

desenvolvimento cognitivo da criança enriquece seus conhecimentos em relação às

marcas.

Entre 0 e 2 anos:

- Não consegue representar objetos sob diferentes ângulos;

- O produto é entendido a partir das experiências sensoriais

Entre 2 a 7 anos

- Os produtos são entendidos por suas formas, cores e textura;

- Considera apenas um critério por vez ao comparar produtos;

- Focaliza detalhes e não a representação global do produto;

- Identificam o nome da marca por meio dos seus elementos figurados, como a

logomarca;

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Entre 7 a 12 anos

- Consegue hierarquizar, sintetizar e conceitualizar;

- Analisa o produto não somente por sua aparência externa;

Níveis de idade Prescritor Relação marca-produto

Entendimento Marca-produto

Recém-nascidos e lactentes

0-24 meses Pais Forte sensibilidade dos pais às marcas de qualidade

Experiência sensorial e motriz do produto

Crianças na tenra

infância

2-4 anos Pais > Crianças Forte sensibilidade da criança ao produto

Aprendizado sensorial: percepção global e comparação com um critério

Crianças na idade pré-

escolar

4-6 anos Pais = Crianças Início da identificação do nome da marca. Tomada em conta de atributos-produtos superficiais

Juniores 6-9 anos Crianças > Pais

Forte sensibilidade ao produto e à marca através de personagens imaginários

Pré-adolescentes

9-11 anos Pré-adolescentes Forte sensibilidade à marca (valor estatutário, referência), fraca sensibilidade ao produto

Tratamento analítico do produto. Comparação na base de vários critérios. Entendimento marca-produto e marca-garantia

Quadro 4: Relação das crianças com as marcas Fonte: MONTIGNEAUX, 2003, p. 85.

Dammler e Motz (2002) lembram que geralmente as crianças menores não

conseguem ler e usam a forma da escrita da marca e o símbolo como um atributo de

escolha. Entretanto, uma pesquisa apresentada pelo site Invertia (LOGO, 2006)

relatou que 70% das crianças inglesas de três anos reconhecem o logo do

McDonald´s, mas apenas 50% sabem o próprio sobrenome.

Outro fator que chama a atenção desta parcela do público infantil é o uso de

personagens licenciados, que são facilmente identificados. As crianças

compreendem a marca por suas representações visuais e, segundo Dammler e Motz

(2002), não há como esperar que elas entendam valores abstratos ou a imagem da

marca, como no público adulto. Os autores dizem que, no mundo das crianças, ou é

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oito ou é oitenta. Ou elas gostam muito de uma marca ou a ignoram profundamente,

no entanto, elas têm um grande interesse em descobrir novos produtos.

Um exemplo dado por Del Vecchio (2002) de uma marca que consegue

sempre se manter atual é a boneca Barbie. Por meio deste brinquedo, as meninas

podem sonhar com glamour, romance, aventura, maternidade ou qualquer outra

coisa que a criança projete como algo interessante para sua vida. E a boneca

acompanha as aspirações infantis, se renovando a todo o momento.

Há três cenários-chave que impedem que uma marca chegue a longevidade:

1) Satisfazer uma necessidade emocional da criança, porém sem a

possibilidade de se atualizar com as novas tendências. Um exemplo é o boneco dos

anos oitenta ìHe-Manî. Ele preencheu as necessidades que os meninos têm por

poder, porém foi incapaz de se reinventar para aparecer sempre novo (DEL

VECCHIO, 2002).

2) Se espelhar em uma moda passageira sem uma boa base que satisfaça

alguma necessidade emocional. Del Vecchio (2002) fornece como exemplo os vários

produtos que surgem a cada lançamento da indústria do cinema. Muitas marcar

associam seu produto a personagens de filmes que acabam não tendo continuidade

na mídia.

3) O último cenário representa marcas que, muitas vezes, nem conseguem

chegar ao mercado. Elas, ao mesmo tempo, não conseguem satisfazer nenhuma

necessidade e nem estão associadas a um modismo.

2.7.4 Habilidades de compra

Para fazer os pais lhe comprarem coisas, as crianças utilizam algumas

técnicas de pedidos, que McNeal (1992, p.73) dividiu em seis categorias:

- Educação: ìVocê quer que eu aprenda, não quer?î

- Saúde: ìVocê não quer que eu seja saudável?î

- Tempo: ìIsto fará você economizar tempo.î

- Economia: ìIsto fará você economizar muito dinheiro.î

- Felicidade: Você quer que eu seja feliz, não quer?î

- Segurança: ìvocê não quer que eu me machuque, quer?î

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- Compreensivos: como cita o nome, são crianças que não são tão

consumistas, entretanto são também as mesmas que já costumam ganhar muito

sem pedir, numa tentativa dos pais em materializar o afeto.

Há também de se considerar que a palavra final é a dos pais, principalmente

a mãe, que realiza a maioria das compras e exerce um papel importante na

socialização do consumidor infantil (LACKMAN, LANASA, 1993).

Focando apenas a interação mãe-filhos, Berey e Polay (1968) detectaram que

mães mais centradas nas crianças tendem a atender com menor freqüência o

pedido dos filhos, no que tange à compra de cereais matinais, que as mães menos

centradas nas crianças. Ou seja, mães que se dedicam exclusivamente aos filhos

estão menos propensas a atender os desejos das crianças que a mães que não

possuem a criação dos filhos como atividade exclusiva. Para Berey e Polay (1968),

uma explicação seria que a mãe mais centrada na criança teria como foco principal a

saúde dos filhos, o que a faria evitar cereais açucarados, enquanto a mãe menos

centrada tem como foco, geralmente, apenas agradar a criança.

Ward e Wackman (1972) observam que, conforme as crianças ficam mais

velhas, as mães tendem a aceitar mais facilmente seus pedidos, provavelmente por

acreditarem que a maturidade traga aos filhos uma melhor capacidade em fazer

julgamentos sobre compras.

Geralmente há algum tipo de resposta dos pais ao pedido dos filhos. Para

McNeal (1992) e Gunter e Furnham (1998) essas respostas têm muito a revelar

sobre o comportamento de consumo. Segundo os autores, há geralmente quatro

tipos de resposta predominante: 1) fazer a compra; 2) substituir por outra compra; 3)

adiar a compra; 4) ignorar ou recusar o pedido.

McNeal (1992) entende que, por regra, a primeira resposta, fazer a compra, é

a que mais ocorre, pois os pais costumam aceitar o pedido dos filhos. Para ele, a

maior parte dos pais quer satisfazer todos os pedidos dos filhos, porém por aspectos

econômicos não o fazem tanto.

Outro ponto a ser considerado é que é mais provável que os pais satisfaçam

os pedidos de compra feitos no espaço comercial do que os feitos em casa,

principalmente para evitar que a criança protagonize alguma cena constrangedora

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em público. Quanto à segunda resposta, Gunter e Furnham (1998) dizem que os

pais substituem o pedido por outra compra principalmente quando o produto

escolhido é muito caro, de má qualidade ou inapropriado para a criança.

No que tange a adiar a compra, Gunter e Furnham (1998) concordam com

McNeal (1992) ao citarem que os pedidos feitos em casa têm maiores chances de

receberem a terceira resposta. Há também a esperança de que a criança esqueça

do pedido ou de utilizarem esta compra em momentos mais oportunos, como Natal

ou aniversário. Sobre a última resposta, que seria a recusa do pedido, McNeal

(1992) comenta que esta é uma reação comum de pais que acreditam que o poder

de decisão não compreende a participação da criança. E, apesar da segunda,

terceira e quarta resposta resultarem no mesmo final, ou seja, a não-aquisição do

produto desejado, é a última resposta que desencadeia maiores conflitos entre pais

e filhos.

Como observação final sobre a resposta dos pais, McNeal (1992) diz que este

comportamento depende de seu estilo de vida, que vai além das condições

econômicas e permeia também o modo de pensar e o estilo de como eles educam

os filhos.

2.8 PSICOLOGIA DO CONSUMIDOR INFANTIL

2.8.1 Motivação

Segundo o canal CARTOON NETWORK (2000), que procurou entender o

universo infantil, as crianças apresentam suas necessidades baseadas em uma

escala própria, com tópicos diferentes ao proposto por Maslow. Isto porque este é

um público com características singulares, e suas necessidades se encontram em

sintonia com seu desenvolvimento cognitivo e social. Esta escala, com cinco níveis,

abrange as necessidades de segurança, socialização, identidade, poder/controle e

diversão, conforme demonstrado na figura 7.

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Figura 7: Escala motivacional das crianças Fonte: CARTOON NETWORK, slide 3 (adaptado pela autora).

a) Segurança: significa, antes de tudo, proteção para a criança. Ela obtém

essa segurança em três meios: na família; dentro de sua casa, mais precisamente

no seu quarto; e com o dinheiro, que representa o poder de compra e garante uma

vida de conforto. A família representa, para a criança, a união e a proteção para ela

não ficar só. Segundo a pesquisa, a família é vista como base para o seu equilíbrio

emocional. E, como geralmente é o primeiro contato social da criança, ela exerce um

forte poder de influência, o que pode ser definitivo em um processo de compra.

Ainda segundo a pesquisa, 98% das crianças ouvem os conselhos dos pais e 89%

os dos avós, outro grupo formador de opinião perante o universo infantil.

b) Socialização: a socialização é um valor que cresce em importância, à

medida que a criança vai crescendo. Dentro desse processo, ela convive com

amigos e professores e introduz no seu universo as gírias e a busca pela

popularidade.

c) Identidade: um dos maiores desafios da criança é estabelecer sua

identidade. Gostam de ser crianças para poder brincar, mas não querem ser tratados

como crianças. Querem ter mais liberdade e não gostam de ter que obedecer.

Perguntadas pela Cartoon Network (2000), se gostariam de ser mais velhas, 54%

dos meninos e 47% das meninas responderam que sim. Dentro da criação da

identidade, 86% das crianças acham importante ter boa aparência.

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d) Poder/Controle: as crianças parecem estar dando cada vez mais

importância à posse, não só de brinquedos e roupas, mas de tecnologia e tudo o

que o dinheiro possa comprar. (CARTOON NETWORK, 2000). Essa é a

necessidade de estima, abordada no primeiro capítulo.

e) Diversão: brincar e se divertir é a lei máxima. É o mecanismo pelo qual elas

expressam suas emoções, se relacionam, aprendem a se adaptar às regras e

também sobre os comportamentos próprios de cada sexo, Cartoon Network (2000).

Dentre as atividades mais populares entre as crianças, a tevê está com 54%. Entre

os esportes, encontram-se andar de bicicleta e jogar futebol, com 42% e 40%

respectivamente, ibid.

Nota-se que na escala de necessidades do consumidor infantil não se

encontram as necessidades fisiológicas. Isto porque, uma grande parcela das

crianças que responderam a pesquisa, não precisa se preocupar em buscar a

alimentação, sendo que as refeições e o alerta para fazê-las, são geralmente

controlados pelos pais e responsáveis.

2.8.2 Necessidades do consumidor infantil

Del Vecchio (2002) expõe que as crianças têm também as necessidades

básicas de amor, aceitação, amizade. Elas desejam preencher o ego e serem

respeitadas. Quando pequenas, essas necessidades precisam ser supridas

principalmente por outras pessoas, e então surge o esforço para se tornar mais

independente e com maior controle da situação. Com isso, surgem também os

sonhos e as fantasias, importantes para o desenvolvido de toda a criança.

No entanto, intuito de compreender melhor o universo infantil Del Vecchio

(2002), apresenta as necessidades fundamentais das crianças, e separa os meninos

das meninas, considerando as inúmeras diferenças entre eles.

2.8.2.1 Necessidades dos meninos

Os meninos têm necessidades diferentes das meninas. O fato é que eles se

comportam diferente, agem diferente e pensam diferente (DEL VECCHIO, 2002).

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Poder: Del Vecchio (2002, p.37) define o poder como ìa habilidade ou

capacidade de agir ou encenar de maneira realî (tradução livre da autora). Os

meninos estão constantemente a procura de ícones que representam poder, sendo

que isso é uma parte da natureza deles e os ajuda a definir sua personalidade. O

poder associado a uma marca pode ser representado com uma bebida que dá

energia, por uma roupa que represente atitude, ou por um brinquedo que transmita

força, coragem e ação.

Bom versus mal: a luta entre o bem e o mal é uma constante nas histórias

infantis, e transmite um senso de certo e errado, e o que o bem pode fazer para

derrotar o mal. E nessa luta pode-se incluir poder, força, inteligência, agilidade,

rapidez e outros atributos que mexem com os sonhos dos meninos.

Grotesco: representa o mundo que as meninas classificariam como ìcoisas

nojentasî. O autor afirma que o adjetivo grotesco vende muitos produtos. São as

geléias que representam muco nasal, balões com sons estranhos, doces e

salgadinhos com formas inusitadas.

Bobeira: representa a frivolidade. Quanto mais bobo e ultrajante a

traquinagem, brincadeira ou expressão facial que o produto proporciona, mais se

pode observar este lado da mente dos meninos. Não que as meninas não se

divirtam com esse tipo de produto, no entanto elas riem por alguns minutos,

enquanto os meninos irão lembrar das cenas causadas inúmeras vezes e rolarão de

rir a cada vez.

Bravura: representa a posse de coragem. O autor expõe que os meninos

gostam de testar os seus limites e de se superarem. Eles podem tentar subir numa

árvore muito alta, pular de bicicleta, fazer piruetas, tudo para provarem o quão

corajosos eles são. Uma marca não precisa estimular a criança a se jogar de um

lugar alto, basta apenas lhe passar um desafio. Um exemplo é uma bala com a

inscrição: ìCuidado: sabor muito intenso! Agüente firme!î, ou um carro de controle

remoto com um slogan dizendo que esta aventura não é para qualquer um.

Sucesso: representa alcançar o resultado desejado. Muitos desses

sentimentos considerados como necessidades-chave estão conectados. Eles

representam o desejo dos meninos de serem os melhores de se sentirem

competentes.

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Amor: é a afeição intensa. Pelos quatro anos de idade um garoto costuma

demonstrar muito amor pelos pais, seja por meio de palavras ou de gestos. No

entanto, pelos seis anos, a situação muda, pois ele leva em consideração a atitude

dos colegas e, ganhar um beijo da mãe na frente deles, certamente não o fará

popular. Nesta idade, eles querem poder, ou seja, ìderrotarî os outros em suas

competições. No entanto, os meninos acima dessa idade continuam com a

necessidade de dar e receber afeto, porém não do mesmo modo. O autor sugere

que eles demonstrem afeto de modos menos diretos, como: guardar um pouco de

pipoca para a mãe, dar um forte, mas rápido abraço (quando ninguém está olhando),

dar um tapinha nas costas do pai, etc. E uma marca pode explorar essa necessidade

de afeto também, desde que considere o modo que os meninos o demonstram.

2.8.2.2 Necessidades das meninas

Beleza: desde cedo observando suas mães, as meninas aprendem que ser

bonita é uma arte. Assim como a mãe busca ser bonita, a filha buscará ser igual a

sua heroína: sua mãe (DEL VECCHIO, 2002). E elas buscam a beleza em todas as

suas formas: roupas, penteado, sapatos, cosméticos, etc. E elas almejam essa

beleza assim como os meninos buscam o poder. As marcas, conforme o autor,

exploram muito bem isso, seja nas histórias dos filmes e desenhos animados, nas

bonecas ou por meio de brindes como braceletes, anéis, etc., em produtos diversos.

Glamour: caminha junto com a beleza, mas é mais profundo, representa o

charme, o romance, uma vida excitante. Del Vecchio (2002) cita como exemplo a

boneca Barbie que se trata de uma boneca bonita, mas no fundo ela realmente

aborda o glamour. Ela pode ser qualquer coisa: desde uma princesa a uma

aeromoça, tocando em muitos aspectos da alma feminina infantil.

Maternidade: Del Vecchio (2002) diz que no fundo da alma de uma menina

existe uma base emocional que necessita expressar seu lado mãe. Muito disso é

inato, mas muito também é adquirido quando uma menina observa sua própria mãe

e outras mães cuidando de crianças. ìÉ uma necessidade de ser necessáriaî (DEL

VECCHIO, 2002, p. 54). Segundo o autor, as meninas adoram brincar de ser mãe,

sendo que elas podem fazer isso com crianças menores, com bonecas e até com

seus animais de estimação. Afirma ainda que quanto mais perto a estratégia de

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também atraem o público infantil. Brinquedos que permitem à criança decidir o final

da história ou que permitem a criança montar, desenhar, colorir conforme a sua

vontade, também permitem o exercício do controle.

2.8.3 Os medos e fantasias das crianças

Para compreender melhor o universo do qual a criança faz parte, é preciso

saber a que estímulos elas reagem positiva e negativamente. Durante a infância a

criança tem muitos medos e desejos, que vão sofrendo alterações durante o seu

desenvolvimento. Trazendo isto para a comunicação, cabe ao profissional, não

explorar, mas sim ajudar as crianças a ultrapassar esses medos. E, conhecendo os

medos das crianças é possível realizar uma comunicação mais adequada, pois

muitas vezes a criança pode apresentar uma reação totalmente oposta à idealizada.

(DEL VECCHIO, 2002). O quadro 5 apresenta uma listagem dos medos mais

freqüentes das crianças, de acordo com a faixa-etária.

0 � 5 anos 6 � 9 anos 10 � 12 anos

- Separação - Perda de um parente - Divórcio - Ruídos - Animais - Monstros

- Rejeição social - Críticas - Situações novas - Roubos - Injúrias - Divórcio - Situações perigosas - Guerra - Animais - Monstros

- Seqüestro - Divórcio - Situações perigosas - Guerra - Ficar sozinho no escuro

Quadro 5: O medo das crianças, com relação a faixa etária FONTE: DEL VECCHIO, 2002, p.65, tradução da autora.

As crianças desejam experimentar o medo em pequenas doses para se

divertir, porém não o medo de assuntos pessoais, como divórcio ou crime. Esses

medos atacam a segurança, uma necessidade que a criança precisa satisfazer. O

autor aborda que ao enfrentar o medo, a criança se sente mais independente, livre,

adulta, madura e até corajosa.

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Del Vecchio (2002) aborda também que o mercado tem ajudado a resolver o

medo das crianças por meio de produtos. Assim, se a criança tem medo de dormir

sozinha, existe um ursinho para confortá-la, um abajur com uma luz que protege e

assim por diante. No entanto o medo pode ser entretenimento também. Muitos livros

e filmes exploram essa faceta, como o longa-metragem ìEsqueceram de Mimî, que

conta a história de um menino que fica sozinho em casa e precisa protegê-la.

Outra forte característica da criança, segundo o autor, é o seu mundo de

fantasia, que representa a imaginação e os sonhos. Como a criança não pode

controlar tudo ao seu redor, ela busca na fantasia a possibilidade de fazer isso.

Sendo assim, ela transforma essas fantasias em desejos, conforme pode ser

visualizado na tabela 3. Afirma ainda que o produto que entender e abraçar as

fantasias infantis irá sobreviver por anos.

Meninos Meninas Ser rico 57% 53% Ser um esportista profissional 23% - Ter poderes (ser mais velho, ser mais forte, poder voar) 18% 12% Dirigir 16% 7% Ter produtos de entretenimento (videogame) 10% - Ter sucesso (fama) 9% 8% Conhecer uma celebridade - 10% Viver um romance 9% 9% Proteção à família (saúde, união) - 15% Resolver problemas mundiais 6% 12% Ser melhor na escola (ser mais esperto) 4% - Ter uma aparência melhor - 6% Ter um animal de estimação 3% 10% Viajar 3% 8% Tabela 3: Lista dos desejos de meninos e meninas entre 8 e 12 anos de idade Fonte: Del Vecchio (2002, p.84), apud Zandl Report (1995) (tradução livre da autora).

A lista de desejos apresentada por Del Vecchio (2002, apud Zandl Report,

1995) aponta as principais aspirações infantis. O desejo de ser rico, ser grande, ser

famoso, de mudar a aparência, etc., mexe com o imaginário da criança. Segundo

ele, o mercado sabe explorar essas fantasias, tanto em histórias e filmes, como em

produtos e saber fazer isso bem é um ponto a mais na luta para conquistar esse

público.

Del Vecchio (2002) também expõem que os adultos esquecem como é

maravilhoso vivenciar uma primeira experiência: a primeira risada de uma criança, o

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2.8.4.1 Propaganda

Churchill e Moschis (1979) estabeleceram uma relação entre a televisão e a

socialização do consumo do adolescente, ensinando aos jovens elementos

expressivos do consumo. Porém, outras investigações como as de Caron e Ward

(1975) já abordavam o papel da televisão na socialização das crianças.

A realidade norte-americana, apresentada por Sabino (2002), mostra que, até

duas décadas atrás, a exposição do público infantil a algum tipo de mídia se

restringia apenas aos desenhos exibidos nos sábados pela manhã. Atualmente as

crianças têm acesso à revista específica, rádio, internet e a tevê, esta última sendo

praticamente uma exposição diária. ìAs crianças hoje estão expostas a mais

informações que qualquer outra geração anteriorî, completa Sabino (2002, p.10).

Atualmente elas assistem entre 20 e 40 mil comerciais por ano e passam 60% a

mais de tempo vendo televisão do que na escola (LINDSTROM, 2004).

Para as crianças entre sete e onze anos, a propaganda tem a função de

informar, apresentar novos produtos e dar detalhes sobre eles (Duff, 2004; MOORE,

LUTZ, 2000). Enquanto os pré-adolescentes não esperam serem informados pelas

mídias tradicionais, sendo que o propósito da televisão, que era de comunicar os

detalhes do produto, hoje simplesmente visa inspirar. As marcas necessitam ser

interativas e acessíveis em diversos canais para atingir este público (LINDSTROM,

2004). No entanto, Duff (2004) confirma que as crianças também sabem que a

intenção da propaganda é vender esses produtos. No geral, as crianças têm uma

atitude positiva com relação à propaganda, sendo também considerada uma forma

de entretenimento. A confiança que uma criança tem em relação a uma propaganda,

segundo Duff (2004) varia de acordo com a categoria do produto e a relação que a

criança tem com a marca. Esta confiança também pode ser abalada por uma má

experiência ou decepção.

Gunter e Furnham (1998) explicitam que a atenção que a criança dará a

publicidade dependerá de fatores pessoais, como a motivação, as atitudes em

relação ao anúncio, as influências sofridas e o produto publicado. McNeal (1992)

considera três tipos de comportamento de consumo causados pela publicidade:

comportamentos aquisitivos em si mesmos, comportamento de pedido de compra e

comportamento anti-social, como o conflito entre pais e filhos por causa das

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compras. ìA televisão pode também iniciar as conversas acerca da compra de certos

itens com outros (...) todavia é difícil determinar se o fato de ver televisão é a causa

ou conseqüência dos desejos do consumidor ou do comportamento aquisitivo realî

(GUNTER, FURNHAM, 1998, p.160).

2.8.4.2 Promoção

Lawrence (2004) aborda que as promoções, principalmente as que dão algum

tipo de brinde para as crianças, costumam ter um forte efeito nas vendas. O autor

cita que os brinquedos que acompanham os cereais matinais, por exemplo, se

tornou praticamente obrigatório, pois as crianças já esperam por ele. Para Lawrence

(2004), as crianças entre sete e oito anos de idade possuem uma grande atração

por promoções deste tipo, sendo que a presença do brinde pode influenciar

diretamente na escolha do produto.

Para uma promoção mais eficaz Attwood e Elton (2003) sugerem que ela seja

com as crianças, ao invés de para as crianças, isto porque essa metodologia

respeita e valoriza a criança. Attwood e Elton (2003) enfatizam que é necessário que

a promoção deve ser interessante para a criança, porém deve-se considerar também

que o aval virá da mãe.

Há também os clubes infantis que muitas marcas promovem e que, segundo

McNeal (1992), possibilitam que toda a comunicação seja enviada por um único

canal. E, apesar do conceito existir desde os últimos cinqüenta anos, eles hoje

possuem mais força, com resultados reconhecidos pelas empresas. ìNeste tempo de

marketing de relacionamento, os clubes estão recebendo consideração especial dos

negócios orientados para as crianças porque eles provêm continuidade ñ um

relacionamento duradouro ñ com as criançasî (McNeal, 1992. p.174). Outro fator

positivo é que os clubes possibilitam a criação e manutenção de um banco de dados

com riqueza de informações, que poderão ser utilizadas no futuro.

2.8.4.3 Personagens

O uso de personagens, geralmente licenciados, assim como o de

celebridades, aumentam os efeitos da propaganda nas crianças (Gunter, Furnham,

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1998; McNeal, 1992; Montigneaux, 2003). Pesquisas de Gunter e Furnham (1998)

verificaram que o uso da aprovação de uma celebridade nos anúncios de brinquedos

influenciava as respostas cognitivas e afetivas das crianças. Sendo que esta

influência é maior entre crianças mais novas, visto que lhes faltam as competências

cognitivas necessárias para desenvolverem defesas contra esta situação.

Para Montigneaux (2003), os personagens podem ser divididos basicamente

em dois tipos, conforme exposto no quadro 6.

Personagem ìaventureiroî Personagem ìsocialî Motivos de escolha da criança (personagem escolhido como modelo)

Que ousa, Que é bem sucedido,

Justiceiro

Sorridente, Bom exemplo,

Bom ator, Célebre,

Feliz

Corajoso, Astuto,

Audacioso, Eficiente, Exótico

Ama os seus, Artista

Atributos de personalidade do herói, importantes para a criança

Inteligente, Forte, Ágil,

Sem defeitos

Gentil, Bom, Sábio, Belo

Síntese Esse personagem tem um projeto e é na ação que ele se realiza aos olhos da criança. Ele possui atributos adultos e, sobretudo, masculinos. Os atributos físicos do personagem são pouco descritos e o corpo é reproduzido pela criança ìna sua função instrumental de ferramenta bem adaptada à açãoî.

Esse personagem atrai as crianças por que é (engraçado, sorridente, etc.) ou porque tem (felicidade, por exemplo). Ele possui atributos infantis e, sobretudo, femininos. O corpo do personagem é apreciado pela criança do ponto de vista estético e como ìmeio de expressão e suporte de valorî.

Quadro 6: Personagem do tipo aventureiro versus personagem do tipo social Fonte: MONTIGNEAUX, 2003, p.109.

O autor destaca que o personagem adotado como símbolo de uma marca, ou

personagem imaginário como exposto pelo autor, é uma parte do universo das

crianças. Elas costumam o descrever como uma pessoa real, se sentindo parte de

seu cotidiano, através de uma relação próxima e amigável. Complementando,

Montigneaux (2003, p.24) diz que

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ìcomo parte integrante da marca, esse personagem é também um representante, um mediador entre a criança, fortemente marcada por sua visão de mundo, e a marca que encontra nisso um meio muito eficaz de exprimir as diversas facetas de sua identidadeî.

Sobre as vantagens de associar um personagem a uma marca, Montigneaux

(2003) diz que a marca se torna mais acessível, compreensível e viva para a

criança. É a tradução da marca em um registro imaginário, que torna possível a

cumplicidade entre o produto e o consumidor. O personagem permite então que a

criança identifique mais facilmente a marca e o produto, sendo que o autor reforça

que a criança nota melhor aquilo que ela já conhece. O quadro 7 expõe os efeitos do

uso dos personagens associados à marcas e produtos.

Efeitos a curto prazo Conseqüências sobre a marca, o produto ou o serviço

Comunica os atributos ou características dos produtos

Melhor percepção e compreensão da vantagem sobre a concorrência

Facilita a memorização e o reconhecimento da marca e do produto

Aumenta a notoriedade Melhora a prescrição e a compra linear Gera preferência/concorrente Suscita uma forte atração da parte da criança Permite um preço de venda unitário > concorrente

Dá uma legitimidade e uma credibilidade à marca Suscita o interesse da criança Quadro 7: Efeitos do uso de personagens associados às marcas Fonte: MONTIGNEAUX, 2003, p. 239.

Outro fator a ser considerado do personagem é que ele pode ser uma criação

da própria marca, e representa integralmente um produto ou uma gama de produtos,

ou pode ser um personagem licenciado, apenas associado a determinado tipo de

produto.

Montigneaux (2003) afirma que os personagens licenciados se beneficiam de

uma notoriedade anteriormente conquistada. Eles atingem um grande sucesso junto

às crianças, principalmente às entre 04 e 10 anos, sendo que os pré-adolescentes

voltam-se preferencialmente para os produtos derivados do universo esportivo, da

música ou da moda. Entre as vantagens de se utilizar um personagem sob licença, o

autor cita que:

- A utilização da licença permite aumentar rapidamente o valor atribuído ao

produto e reforçar a performance diante da concorrência;

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- Assegura o reconhecimento imediato pela criança, garantindo indiretamente

ao produto uma acessibilidade muito forte;

- Permite acentuar o posicionamento da marca;

- Pode suscitar de maneira pontual as compras por impulso, pelo atrativo que o

personagem provoca;

- Pode fornecer uma dimensão lúdica e afetiva, cuja intensidade varia de

função do personagem licenciado.

O mercado de licenciamento hoje movimenta cerca de 113 bilhões de dólares

por ano no mundo inteiro, sendo que a América do Norte é responsável por 63%

deste valor. (MONTIGNEAUX, 2003). Os personagens sob licença são utilizados de

duas formas; licenciamento puro, no qual a marca do fabricante não aparece em

benefício do personagem licenciado, sendo uma forma muito utilizada no setor de

vestuário, e co-branding, no qual a marca do fabricante e o personagem coexistem

no produto. Este último é mais utilizado no setor de alimentos.

No entanto o relacionamento que o personagem cria entre a criança e o

produto varia também conforme a idade da criança. O período que a criança fica

mais sensível a este relacionamento é entre os quatro e 11 anos de idade, sendo

que após este período há uma queda no apelo do personagem, conforme gráfico 9.

-10

0

10

20

30

40

50

x 1 ano 3 anos 6-7 anos 9-10 anos x

Sens

ibili

dade

Gráfico 9: Sensibilidade da criança perante o relacionamento com o personagem Fonte: MONTIGNEAUX, 2003, p. 144.

2.8.4.4 Papel do mercado

McNeal (1992) aponta o mercado como o principal agente no processo de

socialização do consumidor infantil. Segundo o autor, é o mercado que fornece um

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mix de produtos, os descreve na forma de propaganda, embala-os, precifica e os

expõem. É o mercado quem dita o consumo e como ele acontece.

Destaca ainda que o mercado infantil traz uma importante contribuição para o

sistema econômico, assim como para as crianças e seus pais. Ele estabelece, ao

mesmo tempo, uma aliança que pode durar toda uma vida, com esses novos

consumidores.

2.8.4.5 Linguagem

As crianças, porém, em especial os pré-adolescentes, têm sua própria

linguagem, chamada pelo mercado de ìtweenspeakî. É uma forma singular de

comunicação escrita, usada principalmente na internet e nas mensagens de celular.

Esta linguagem, segundo Lindstrom e Seybold (2003), é uma adaptação para ser

usada em novas tecnologias, misturada com a impaciência deste público. Os autores

confirmam, através de pesquisas, que cerca de 64% dos pré-adolescentes urbanos

usam essa forma abreviada de comunicação quando escrevem.

Também argumentam que há três razões principais que explicam porque esta

substituição da linguagem é tão difundido entre os pré-adolescentes:

1) Todo pré-adolescente ìfalaî o ìtweenspeakî e, se não fala, ele terá que

aprender rápido se quiser participar de uma conversa.

2) Há uma enorme quantidade de siglas que se tornam palavras;

3) E há também o efeito dominó, que faz com que essa linguagem não se

restrinja aos chats ou celulares. Ela avança na vida cotidiana como em

anúncios, revistas, músicas e conversas dos pré-adolescentes.

Para Lindstrom (2004), a linguagem que usamos agora está prestes a mudar

para sempre, sendo introduzida uma nova linguagem global, entendida pela maioria

das futuras gerações. E hoje, cerca de 50% dos pré-adolescentes acham fora-de-

moda utilizar a gramática corretamente. Ao invés disso, eles preferem diminuir as

frases e utilizar ícones para transmitir reações e chamar a atenção.

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81

2.8.4.6 Televisão

Guber e Berry (1993) relatam que quando uma criança está assistindo

televisão ela não procura apenas entretenimento. Ela também está estudando seu

universo, os astros do esporte, a moda e a linguagem utilizada. Elas utilizam todo

este aprendizado para construir sua própria identidade. Porém, apesar da mídia tevê

continuar sendo o principal meio de se atingir o público infantil, Sabino (2002) diz

que ela não pode mais ser utilizada como única estratégia, como até anos atrás.

Para se comunicar com as crianças, hoje, é necessária uma estratégia integrada,

que congregue várias mídias, como revistas e Internet.

A televisão atinge também a criança no papel de influenciadora e futura

consumidora. Este fator é perceptível nos anunciantes do canal fechado Cartoon

Network - Brasil, que transmite desenhos animados 24 horas por dia. Apesar dos

brinquedos representarem 27% dos anúncios, há a entrada de outros segmentos,

como alimentos e bebidas, com 26% e moda, uma preocupação cada vez mais forte

entre esse público, somando 16% da receita (VITURINO, 2005).

Já o canal Nickelodeon ñ EUA, assinou um contrato de três anos com a Ford

Motor Company. A empresa baseou sua ação em pesquisas que indicaram que 75%

das crianças estão envolvidas no processo de decisão da compra do carro de sua

família (LONG, 2000).

2.8.4.7 Ponto de venda

Uma criança norte-americana de 10 anos, segundo Gunter e Furnham (1998),

pode realizar visitas às lojas cerca de 250 vezes por ano, e cada loja pode expor a

criança a centenas de informações acerca de produtos e marcas.

Sendo assim, o próprio espaço de consumo age como um influenciador de

compra e, comerciantes que se atém a isso costumam mudar a distribuição de seus

produtos visando este público como: baixar prateleiras ao nível dos olhos das

crianças ou criar áreas especiais para elas (GUNTER; FURNHAM, 1998).

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2.8.4.8 Pais

A família exerce uma influência importante na socialização do consumidor

infantil (GUNTER; FURNHAM, 1998). Os pais ensinam os aspectos racionais do

consumo (REISMAN; ROSEBOROUGH, 1955), como também a relação entre preço

e qualidade (WARD; WACKMAN, 1972). Para Spiro (1983), a família é vista como a

unidade de consumo mais importante de uma sociedade, sendo que seus membros

representam um influente grupo de referência. McNeal (1992) corrobora e

acrescenta que como os pais ensinam aos filhos grande parte do comportamento do

consumidor, existe o fato que pais que são consumidores ineficazes ensinarão aos

filhos comportamento de consumidores ineficazes.

Segundo Bahn (1986), as mães podem instruir os filhos acerca das suas

próprias escolhas de marcas. São geralmente elas que os levam as compras desde

bebês, resultando assim num modelo de comportamento de compra. Quando elas

atingem os nove anos de idade, já adquiriram orientações de consumo bastante

sofisticadas, embora isso possa variar de acordo com o sexo e a classe (GUNTER;

FURNHAM, 1998).

No entanto, a classe social é um fator importante na socialização do

consumidor. Pesquisas de Moschis et al (1977) demonstraram que os adolescentes

de classe média obtém menos independência nas compras de bens à medida que

crescem, em comparação a adolescentes de classes sociais inferiores e superiores.

Concluindo com as palavras de Gunter e Furnham (1998, p.34), ìos pais

podem e desempenham um papel importante no que diz respeito às atitudes e

valores ligados ao consumo dos filhosî, e ìesta influência sente-se em toda a

experiência de vida da criançaî.

2.8.4.9 Amigos

Conforme Young (2004), as crianças tendem a escolher amigos parecidos,

em diversas formas, consigo mesmas. Segundo McDougall e Chantrey (2004), 80%

das crianças sentem a necessidade de fazer parte de um grupo, e o que vale é a

opinião deste grupo, sendo que, no Brasil, este índice sobe para 89%. Para os

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autores, as crianças querem pertencer a algo, e não é surpresa que as marcas

possam ajudá-las a fazer isso.

Lindstrom (2004) cita o fenômeno chamado de ìtween fish� que significa que

não é um, mais sim vários tweens2 interligados que decidem a direção. Ou seja, não

há lealdade individual à uma marca e sim uma lealdade do grupo.

Faz parte do universo da criança desenvolver sua identidade e

relacionamentos com seus pares, sendo que as amizades representam um aspecto

vital para este grupo.

ìQuase tudo ñ incluindo as roupas que eles vestem, as brincadeiras que eles jogam, os programas de tevê que assistem, e a comida que levam de lanche ñ pode ser um meio de comunicação de como eles percebem a si mesmos e se relacionam com o demaisî (GUBER, BERRY, 1993, p.25, tradução livre).

Del Vecchio (2002) descreve a pressão exercida pelo grupo de amigos como

uma constante avaliação dos atos infantis. A criança pode ser excluída ou ter seus

atos desaprovados pelos amigos a qualquer momento.

ìOs amigos são o mais próximo ponto de referência das crianças. Eles são aqueles

que dividem interesses e atitudes comuns, por isso eles gostam de estar próximos

uns dos outros. Um amigo é conforto. Um amigo ajuda a desenvolver a identidade.î

(DEL VECCHIO, 2002, p.117, tradução livre da autora).

ìA expressão máxima que caracteriza a criança a partir dos 7 a 8 anos se

traduz em uma preocupação essencial: não ser diferente dos outros e ser bem-

sucedido em sua integração na sociedadeî Montigneaux (2003, p.50). Para isso, a

criança imita os outros, inclusive, em seus desejos.

Elliot e Leonard (2004) explicam que as crianças preferem conversar com

alguém usando um tênis de marca ao invés de um de marca branca. Sendo que as

crianças também preferem calçar tênis que seus amigos calçam, em parte para fazer

amigos e entrar em um grupo e em parte porque usar um tênis de marca branca

pode relacioná-los a uma família de baixo poder aquisitivo.

2 Tweens representa o segmento que vive entre a infância e adolescência, são os pré-adolescentes, com idades entre 9 e 12 anos (KURNIT, 2004).

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2.8.4.10 Sexo: ser menino x ser menina

Com as diversas mudanças na sociedade, ser uma menina hoje é diferente

de décadas passadas. Elas possuem maiores oportunidades e perspectivas futuras,

com ideais que vão além de se tornar uma mãe de família. Esses fatores aproximam

meninos e meninas para um mesmo grupo, no entanto Guber e Berry (1993)

enfatizam que ainda há grandes diferenças entre eles, os quais alguns valores

considerados tradicionais se fazem presente. Para os autores, as meninas ainda

tendem a serem mais delicadas e expressivas, enquanto os meninos são mais

competitivos. As diferenças entre os sexos costumam ser mais evidentes na fase

pré-escolar, quando as crianças começam a separar seu grupo de amigos. Com

isso, há muitas diferenças entre os produtos direcionados para meninos e para

meninas.

Os meninos não mudaram tanto quanto as meninas nos últimos anos, mas

mudaram em dois pontos-chaves: eles estão mais dando mais atenção à sua

aparência, e estão mais envolvidos na escolha de sua alimentação e tarefas

domésticas. Isto significa que eles conhecem marcas de roupas e escolhem suas

preferidas, assim como se relacionam também com marcas ligadas à higiene

pessoal e estética. Quanto à realização de tarefas domésticas, isso representa um

outro aspecto da vida dos meninos quase não desenvolvido por gerações anteriores,

o que também reflete em mudanças de comportamento e pensamento desta

geração. (GUBER, BERRY, 1993).

2.9 ESTRATÉGIAS DE TOMADA DE DECISÃO

A criança assume o papel de tomadora de decisão sobre consumo muito cedo. Por

volta dos dois anos ela é apta a selecionar guloseimas no supermercado,

expressar desejos e indicar preferências por brinquedos. E assim que ela

cresce, reforça John (1999), desenvolve essas habilidades de modo mais

sofisticado, tornando-se mais cientes das diferentes fontes de informação, da

escolha baseada em mais de um atributo e da possibilidade de adaptar a

estratégia de decisão, frente a mudanças.

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ìCom a idade, a criança não somente desenvolve um repertório de estratégias, mas também aprende como usar esse repertório de modo flexível e efetivo. Talvez o desenvolvimento mais importante seja a habilidade de adaptar as estratégias às demandas do ambiente de decisãoî (JOHN, 1999, p.199, tradução livre da autora).

Dentre os consumidores infantis, a busca por um produto pode variar de um

nível baixo, como observar diferentes sabores de doce antes de escolher por um, a

um nível mais alto, como ir a várias lojas procurar as diferentes versões de um tipo

de brinquedo (GREGAN-PAXTON, JOHN, 1995). E essas estratégias, segundo os

autores, variam conforme a idade da criança, tornando a tomada de decisão

intimamente ligada ao desenvolvimento cognitivo. As diferenças entre as crianças se

destacam na busca de informação, perante mudanças no mercado, principalmente

em aquisições de baixo custo, e na habilidade de adaptação entre custo versus

benefícios. Moore e Lutz (2000) destacam que as crianças têm pouco entendimento

sobre os preços, uma consideração primária na tomada de decisão dos adultos.

Todavia Howard e Sheth (1969) enfatizam ainda, que a criança tem pouca

experiência de consumo e poucos critérios de escolha.

Estes fatores, porém, não eliminam algumas evidências que sugerem que as

crianças mais novas estão aptas a modificar sua estratégia de busca, considerando

os benefícios, em situações específicas. Gregan-Paxton e John (1995) fazem uma

ressalva ao considerar que as crianças menores podem modificar a estratégia de

busca, porém de forma limitada, em situações que envolvem baixo custo. Na mesma

linha de pensamento, Davidson e Hudson (1988) destacam que até as crianças pré-

escolares podem levar mais tempo escolhendo entre uma gama de alternativas

quando alguém as explica que esta é uma decisão irreversível.

Para Mininni (2005), as crianças que se desenvolvem emocionalmente com

alguma marca são mais propensas a se manter leais a elas, sendo este um fator

decisivo na tomada de decisão. Corroborando com Del Vecchio (2002), Mininni

(2005) afirma que satisfazer as necessidades emocionais da criança é mais

importante que qualquer outro atributo da marca.

Para o mercado é importante saber que muitos dos produtos disponibilizados,

mesmo que eles não sejam uma novidade, podem ser inovadores para as crianças,

à medida que elas o utilizam pela primeira vez. Ou seja, para todas as crianças,

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produto, a compra em questão e o estágio em que o processo de decisão se

encontra (BEREY e POLLAY, 1968). E elas influem tanto nas compras de itens

infantis, como também de itens para a casa de maneira geral, sendo que McNeal

(1992) estima que o poder desta influência ultrapasse o valor de 131 bilhões de

dólares anuais. Corroborando com McNeal (1992), Easterling, Miller e Weinberger

(1995) consideram que a criança exerce um poder considerável sobre as compras

dos pais. E isto é justificado por inúmeros fatores como, o aumento do poder

aquisitivo das famílias, alto nível de socialização do consumidor infantil e o aumento

da indecência infantil, ocasionada pelas altas taxas de divórcio (LACKMAN;

LANASA, 1993). E esta influência atinge agora itens mais caros, como

eletrodomésticos para casa, que passou de 9% para 40% de influência entre 1991 e

2005 (SMITH, 2003).

Para Del Vecchio (2002), as crianças conversam com seus pais sobre suas

preferências, e escolhem os produtos que querem e os que não querem consumir. O

autor expõe que o nível de influência que a criança exerce aumenta com a idade,

chegando a quase 80% aos 10 anos de idade, como demonstrado no gráfico 10.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Idade

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fluên

cia

Gráfico 10: Curva de influência do consumidor infantil sobre a compra dos pais Fonte: Del Vecchio, 2002, p.23, tradução da autora.

A influência que a criança exerce no consumo doméstico ultrapassa os itens

dirigidos ao público infantil. Elas expressam sua opinião em uma variedade de

produtos de uso familiar, e os pais a encorajam a fazê-lo, estimulando a participação

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dos filhos na tomada de decisão (SABINO, 2002). ìO processo de tomada de

decisão familiar é geralmente dinâmico e complicadoî (SPIRO, 1983, p.393). Apesar

das pesquisas reconhecerem a influência da criança na tomada de decisão familiar

desde a década de 50, somente há duas décadas esse tópico ficou mais evidente

(WIMALASIRI, 2004). Como exemplo, cita-se Spiro (1983) que não considerava o

papel dos filhos no processo de decisão familiar. ìEnquanto as crianças podem

exercer alguma influência em categorias como alimentos e brinquedos, elas não são

muito influentes na compra de bens duráveisî diz Spiro (1893, p.393).

Gunter e Furnham (1998) dizem que a influência das crianças é mais forte

para qualidades estéticas, como o estilo, a cor e modelo do produto, e mais fraca no

que diz respeito a quando e onde fazer as compras e quanto despender.

A influência sobre os pais ocorre sempre que a criança tenta mudar um

sentimento, pensamento ou comportamento deles. A persuasão é um tipo especial

de influência no qual a criança usa deliberadamente a comunicação para tentar

mudar a atitude dos pais (WIMALASIRI, 2004). Para Shoham e Dalakas (2005),

diversas variáveis são sugeridas para explicar a influência da criança na tomada de

decisão de compra da família: variáveis relacionadas à família, como a idade da

criança, atitudes dos pais frente à propaganda, tipo familiar (moderna ou

conservadora), variáveis relacionadas aos produtos para as crianças como cor do

produto e nome da marca.

Thomson (2003) enfatiza também que o nível de formalidade adotada pelos

pais na comunicação com os filhos tem uma relação direta com o nível de influência

que as crianças exercem na tomada de decisão.

As discussões formais, as quais a reunião acontece para discutir um assunto

específico, tendem a incluir todos os membros da família. Geralmente esse tipo de

comunicação é mais democrático, possuindo também mais igualdade entre cada

participante. ìDiscussões formais costumam ser vistas pelos pais como uma forma

de ensinar aos seus filhos habilidades de consumo; eles querem que as crianças

vivam experiências reais de tomada de decisão de compras e que se sintam

incluídas no processoî (THOMSON, 2003, p.26).

Por outro lado, as discussões informais são menos estruturadas e planejadas,

não incluindo necessariamente todos os membros da família. São tomadas de

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decisão mais rápidas e utilizadas quando nem todos da família estão interessados

em se envolver em determinado assunto (THOMSON, 2003).

O autor também aborda a direção da comunicação, que pode ser de duas

vias, onde as idéias são trocadas de pais para filhos e vice-versa, e de uma via

somente, onde o diálogo é dos pais para as crianças, sem troca de informações.

Sendo assim, no diálogo de uma via não há a participação da criança na

tomada de decisão, sendo que este modelo ocorre geralmente quando não há

interesse por parte dela, ou quando os pais não percebem algum benefício em

incluí-la. Isto porque as crianças tendem a se interessar por diferentes aspectos de

uma compra, que seus pais podem considerar como aspectos menores dentro de

uma gama de fatores.

Carlson e Grossbart (1988) consideram também que o tipo familiar influencia

a participação das crianças na tomada de decisão. Eles sugerem quatro tipos de

família, no qual em cada tipo a influência dos filhos é diferente.

a) Autoritária: os pais exercem um alto nível de controle e esperam

obediência por parte das crianças. Para Wimalasiri (2004), os pais autoritários

determinam unilateralmente o que é bom e o que é ruim para os filhos.

b) Negligente: os pais são distantes das crianças e não exercem um controle

muito grande sobre elas.

c) Democrática: os pais fazem um balanço entre os direitos deles e dos filhos,

encorajam as crianças para se expressarem e esperam um comportamento maduro.

Este tipo de família recomenda algumas direções para as crianças, porém deixa a

decisão para elas (WIMALASIRI, 2004).

d) Permissivos: os pais não reprimem as crianças e as encorajam,

acreditando que as crianças têm os direitos dos adultos, mas pouca

responsabilidade.

Para Carlson e Grossbart (1988), as crianças possuem um controle direto das

compras em grande parte das famílias negligentes e permissivas, exercem influência

em grande parte das compras familiares das famílias democráticas e permissivas e

exercem baixo controle e influência em famílias autoritárias.

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2.10.1 Como o mercado percebe a influência das crianças nas compras dos pais.

McNeal (1992) expõe que há ao menos quatro diferentes pontos de vista sobre a

influência das crianças nas compras dos pais.

1) Não há nada que se possa fazer sobre isso.

Algumas marcas ainda acreditam que não há nada que se possa fazer para

atingir as crianças no intuito delas influenciarem seus pais.

2) Influenciar os pais para que eles influenciem as crianças, no intuito de

novamente, influenciar os pais.

Baseia-se na interação pai/filho, e assume que são os pais que determinam o

que as crianças pensam e como elas agem. Neste modelo, os pedidos de compras

das crianças repercutem o pensamento dos pais sobre os filhos. Ou seja, as

crianças pedem somente o que elas acham que os pais vão gostar e/ou aprovar.

Para McNeal (1992), este é um modelo que não está muito em voga desde a década

de oitenta pois atualmente, como os novos modelos familiares e estilo de vida, é

mais difícil atingir os pais para somente depois a mensagem voltar para as crianças.

Figura 8: Influência das crianças: aprovação dos pais Fonte: McNEAL, 1992, p.82, tradução da autora.

3) Influenciar os pais e filhos simultaneamente

Este modelo assume que os filhos exercem uma influência considerável nas

compras dos pais, no entanto enfoca que são os pais que tomam a decisão final de

compra, exigindo que a mensagem seja direcionada também para eles. O modelo

também considera que pais e filhos realizam muitas compras em conjunto, por isso é

válido ambos terem a mesma informação. McNeal (1992) expõe que muitas marcas

utilizam esta estratégia, que tem como fator negativo o alto custo para atingir dois

públicos. Esta estratégia pode ser visualizada na figura 9.

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Figura 9: Influência das crianças: comunicação simultânea Fonte: McNEAL, 1992, p.83, tradução da autora.

4) Influenciar a criança que irá influenciar os pais.

Este é o modelo mais utilizado atualmente e considera que a publicidade

pode influenciar os desejos das crianças e esta solicitará os pais na forma de

pedidos de compra, como demonstrado na figura 10.

Figura 10: Influência das crianças: comunicação direta para a criança Fonte: McNEAL, 1992, p.84, tradução da autora.

2.11 A CRIANÇA COMO FUTURA CONSUMIDORA

A criança faz parte de um mercado multidimensional, no qual exerce um papel

como futura consumidora (McNeal, 1992), sendo que este fato pode ser justificado

por inúmeros fatores. Segundo McDougall e Chantrey (2004), 58% das crianças e

pré-adolescentes buscam o mesmo que seus pais quando o assunto é carros, ou

mesmo, são eles que falam aos pais o que deveriam comprar.

As crianças costumam desde cedo a fazer projeções de compra para quando

atingirem a idade adulta. Elas costumam desenvolver preferências por marcas ainda

no jardim de infância, e não somente de produtos destinado ao consumo próprio

como também de itens para adultos. E se a criança aprende a gostar de uma

determinada marca, é muito provável que esta preferência se mantenha no futuro

(McNEAL, 1992).

Para obter um consumidor adulto leal à alguma marca, McNeal (1992) propõe

um modelo que visa construir este relacionamento desde a infância. Segundo ele há

quatro princípios a serem seguidos, conforme figura 11.

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Figura 11: Relacionamento com o consumidor infantil Fonte: McNEAL, 1992, p.95.

Este modelo sugere que antes de uma ação no futuro, o consumidor infantil

precisa estar atento a uma marca, manter certo nível de interesse para com esta

marca e estar convicto que ela poderá suprir suas necessidades e trazer satisfação.

2.12 O MERCADO E O CONSUMIDOR INFANTIL

2.12.1 A propaganda para o consumidor infantil

Para Sabino (2002), um dos grandes erros das equipes responsáveis pelo

marketing de produtos direcionado ao público infantil é terem em mente o

pensamento de quando eram crianças, e se basearem nessa experiência. Para ela,

esse foco representa uma má estratégia, pois as crianças de hoje estão crescendo

em um mundo totalmente diferente.

Outro fator a ser considerado é que a publicidade atualmente sofre de falta de

credibilidade entre as crianças, sendo que por volta dos oito anos, poucas acreditam

que os anúncios da televisão dizem a verdade (RIECKEN, YAVAS, 1990).

Corroborando com os autores citados, Collins (1990), em um estudo específico na

Irlanda do Norte, verificou que 65% das crianças entre 9 e 10 anos acreditavam que

os anúncios diziam a verdade em apenas algumas ocasiões.

No entanto, para Gunter e Furnham (1998), a publicidade televisiva sofre a

influência de inúmeras variáveis como: características demográficas dos

espectadores e o tempo de exposição ao anúncio e grau de atenção. Os autores

ainda reforçam o último fator, pois a atenção permite ao ser humano selecionar,

dentre uma grande quantidade de informação, qual será processada.

Para Young (2004), ao pesquisar o público infantil, é necessário também

estudar os conceitos que os psicólogos observam sobre as capacidades e limitações

das crianças. Spencer (2004) diz que, quando se fala de comunicação para a

criança, é preciso compreender cientificamente o desenvolvimento cognitivo e social

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dela, e esse desenvolvimento acontece de forma espantosa entre o nascimento e os

oitos anos de idade. Ainda segundo Spencer (2004, p.21), o ìdesenvolvimento

psicológico pode ajudar em separar o que a criança observa e o que ela presta

atenção, como ela separa as marcas em categorias e quais os tipos de produtos e

propagandas ela melhor se recordaî (tradução livre da autora).

Perceber o mundo em nossa volta parece ser algo muito simples de se fazer,

porém quando se trata de crianças a visão que elas têm do mundo depende de dois

fatores: a idade delas e o que elas querem ver (SPENCER, 2004). Isto porque o

mundo, para a criança, é repleto de estímulos visuais e elas possuem dificuldade de

focar em algo, sendo também facilmente distraídas. Outro ponto abordado pela

autora, é que quando as crianças menores prestam atenção em algum objeto, elas

nem sempre focam nos detalhes mais relevantes. A atenção depende da habilidade

de ignorar os estímulos de distração e somente pelos seis anos de idade que uma

criança consegue aprender como fazer isso. Levando-se em conta esses fatores

para a comunicação infantil, Spencer (2004) confirma que é necessário para uma

marca entender que a criança tem atenção seletiva, e nem sempre vai focar em um

detalhe que a marca deseja enfatizar, sendo ideal evitar muitos detalhes para evitar

a distração deste público.

Nesta mesma linha de pensamento, Montigneaux (2003) diz que a adaptação

do discurso da marca de acordo com a idade da criança trata-se de uma medida

necessária, pois considera as mudanças das capacidades intelectuais e emocionais

das crianças e, ao mesmo tempo, o papel dos pais. Assim ele apresenta o

relacionamento das marcas com as crianças, de acordo com a faixa etária.

De 0 a 24 meses: a criança tem uma autonomia fraca, sendo que os pais que

tomam as decisões. Para Montigneaux (2003), a marca deve enviar aos pais uma

imagem ideal da infância e uma representação valorizada de seu bebê,

desempenhando também um papel pedagógico.

Até 2 a 3 anos: o autor diz que a mensagem ainda é dirigida aos pais,

montando uma representação que corresponda à sua própria percepção do mundo

da infância, como por exemplo, um universo doce e protegido.

De 2 a 4 anos: a marca deverá determinar se orienta seu discurso para a mãe

ou para a criança. Se for para a criança, a mensagem precisa ser simples, clara e

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direta, sendo o discurso demonstrativo, tendo como âncora a realidade do produto,

ou seja, como ele será usado.

De 4 a 9 anos: é a época que a marca fortifica seu relacionamento com a

criança, que sai pouco a pouco do contexto familiar e se abre para o mundo. Nesta

fase, o imaginário infantil está em pleno desenvolvimento e a marca pode trabalhar

com propostas de aventuras, de descobertas e com a magia. É também a idade que

a criança gosta de fazer coleções, que permitem as primeiras trocas entre as

crianças (MONTIGNEAUX, 2003).

De 9 a 11 anos: nesta fase a criança começa a se afirmar, se integrando nos

grupos de amigos, que assumem uma importância cada vez maior. Ela também

deixa um pouco o imaginário para começar a perceber as representações reais do

mundo. É também nesta fase que a criança começa a definir suas marcas de

preferência, principalmente no que tange o vestuário.

A partir dos 11 anos: acontece a rejeição aos símbolos infantis, sendo que

pré-adolescente não quer ser mais tratado como criança, embora também não quer

ser encarado como adulto. A partir dessa idade, a marca como tal torna-se

importante, sendo que a criança adota modas e códigos do grupo.

Para Gunter e Furnham (1998), os anúncios que mais prendem a atenção das

crianças são os que possuem um grande número de mudanças visuais, ritmo rápido

e música animada. O humor também se encontra como um item relevante,

conduzindo a respostas que aumentam a atenção da criança. Sendo assim, os

anúncios que são mais inovadores, complexos e imprevisíveis para as crianças

obterão níveis mais elevados de atenção.

ìPor outro lado, todavia, se o conteúdo de um anúncio for demasiado complexo, original ou imprevisível, isto conduzirá certamente a uma grande falta de inteligibilidade. Se um anúncio for demasiado difícil de apreender, o nível de atenção de uma criança será novamente baixoî (GUNTER, FURNHAM, p.169, 1998).

Em um meio termo, Rolandelli (1989) conclui que o ideal é um anúncio com

conteúdo moderadamente inovador e de complexidade intermediária, mas com

algumas características familiares e reconhecíveis.

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Outro fator destacado por Gunter e Furnham (1998) é que as crianças

afastam-se freqüentemente da tevê ou envolvem-se em outras atividades enquanto

a assistem. Sendo assim, quando dois ou mais anúncios são exibidos em seqüência,

se o primeiro não chamou a atenção da criança e esta desviou a atenção, os demais

dependerão totalmente do apelo auditivo para prender a atenção da criança

novamente.

Ainda como característica relevante, os autores enfatizam que a idade da

criança é um fator crítico na avaliação do nível de atenção. Para os autores, quanto

mais velhas as crianças e, conseqüentemente mais maduras, elas se tornam menos

susceptíveis aos traços de produção especiais e se cansam mais rapidamente dos

comerciais.

Para Del Vecchio (2002), a publicidade tem uma função especial dentro do

marketing mix, pois é ela que traz à tona a principal essência de uma marca. E para

ele, as crianças se entretêm com a propaganda, funcionando como um alerta das

novidades do mercado. Propõem ainda que a comunicação tenha uma sinergia, que

congregue os elementos-chave personificados na propaganda, transmitindo a

mensagem do diferencial da marca.

Ele apresenta um modelo, demonstrado na figura 12, que mostra como atingir

essa sinergia. Para Del Vecchio (2002), a comunicação começa transmitindo as

características únicas e mais relevantes da marca, que resulta nos benefícios

emocionais da marca, expressa por meio de um nome significativo, cujo tudo isso

vem à tona através da execução da propaganda. ìQuando a ligação de todos esses

componentes é forte, a propaganda tem maiores chances de ser efetivaî (DEL

VECCHIO, 2002, p.205, tradução livre da autora).

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Figura 12: Modelo para uma comunicação com sinergia Fonte: DEL VECCHIO, 2002, p.206, tradução livre da autora.

2.12.2 Memória das crianças para a publicidade

O estudo da memória das crianças para com os anúncios é importante,

segundo Gunter e Furnham (1998), porque é a memória, com informações extraídas

e armazenadas durante a observação e a audição, que serão utilizadas depois, na

formação dos conhecimentos, das atitudes ou valores acerca dos produtos e em

futuros pedidos de compra. ìConseqüentemente, espera-se que os anúncios que

são lembrados e memorizados pela criança tenham uma maior influência do que

aqueles que não são recordadosî (GUNTER, FURNHAM, 1998, p.198).

No entanto, eles afirmam que este é um tópico muito complicado. Isso porque

as marcas não existem isoladas nas mentes delas, mas estão reunidas em grupos

de produtos de características similares. Deste modo, um anúncio de brinquedos

não só aumentaria as chances de resposta para esta marca, como também traria à

tona lembranças de outras marcas pertencentes à mesma classe.

2.12.3 Efeitos da publicidade

Segundo Gunter e Furnham (1998) há muita discordância entre os vários

pesquisadores do consumo infantil, sobre os efeitos da publicidade nas crianças.

Enquanto uns acreditam que a publicidade televisiva exerce um efeito muito forte

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neste público, outros reconhecem apenas efeitos fracos. Há ainda os que abordam

que os efeitos são complexos, operando em apenas determinados níveis. No

entanto, é importante distinguir entre diferentes tipos de efeitos ao estabelecer o

poder da influência da publicidade. ìA publicidade pode operar de forma a aumentar

a consciência dos produtos do jovem consumidor, as atitudes em relação a um

produto, a inclinação para a compra, ou comportamento de pedido ou aquisição (aos

pais)î (GUNTER, FURNHAM, 1998, p.207). Sendo assim, os autores afirmam que a

publicidade pode ter um efeito não somente no comportamento de compra, mas

pode influenciar os conhecimentos, atitudes e valores de consumo.

2.12.4 O desenvolvimento de produtos para o consumidor infantil

Para Montigneaux (2003, p.93-94), a marca é um ente de relação e ìpara que

a criança se sinta atraída pela marca, esta deverá desenvolver com a criança um

verdadeiro e durável relacionamentoî. Sendo que, para ele, este relacionamento

deve-se apoiar em três princípios: personalização, pertinência, permanência das

mensagens. A personalização considera cada criança um ser único, com seus

próprios desejos e hábitos. A pertinência significa responder de maneira eficaz às

expectativas da criança. Nesse quesito Montigneaux (2003, p.95) diz que ìpara

qualquer criança, o discurso da marca faz sentido se a marca adota sua visão das

coisas e se leva em conta suas preocupações pessoaisî. E a permanência das

mensagens traduz-se pela constância no tempo, das mensagens da marca nos seus

diferentes suportes. ìA marca deverá manter, portanto, um relacionamento tão

freqüente quanto possível, como faria qualquer criança com seus amigos,

convidando-os, telefonando ou escrevendo para elesî (MONTIGNEAUX, 2003, p.95).

Como outra forma de abordar esse tema, Acuff (1997), apresenta um modelo,

denominado ìa matriz de poder do produtoî que funciona como uma ferramenta para

verificar onde está, ou não está, o poder de um produto a ser concebido para o

público infantil. Este modelo auxilia na integração de todos os aspectos de um

produto, conforme apresentado na figura 13.

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Figura 13: A matriz de poder do produto Fonte: ACUFF, 1997, p.7 (tradução livre da autora).

No topo da Matriz, Acuff (1997) apresenta alguns tópicos considerados

essenciais para o desenvolvimento do produto.

- Essência: é a idéia central do produto, que norteará seu desenvolvimento.

Acuff (1997) cita como exemplo a essência do personagem de desenho animado

Pernalongaî, definido por ele como ìcoelho espertoî.

- Ponto de diferença: é uma característica única, que diferencia um produto

dos demais. Para Acuff (1997), é importante analisar se este ponto representa

realmente uma diferença também na percepção do consumidor.

- Poder suposto versus poder real: representa as categorias que preenchem

as necessidades que se supõem que o consumidor tenha, versus as reais

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necessidades deste consumidor. Para esta questão, Acuff (1997) sugere que se faça

um teste piloto do produto para analisar se o suposto é real.

- Promessa: representa os benefícios que o produto promete ter e como

esses benefícios serão recebidos pelo consumidor.

- Competição: sugere que se faça uma busca e análise dos produtos já

existentes para averiguar o grau de inovação do produto em desenvolvimento.

- Posicionamento: refere-se ao posicionamento do mercado, que tipo de

produto é, com quais outros produtos ele irá concorrer e que tipo de consumidor irá

atingir.

O círculo maior refere-se às características do produto.

- Categoria: determina o que é o produto, como por exemplo: um livro, um

programa de tevê, um brinquedo, etc.

- Conceito: representa a idéia principal do produto.

- Ponto de vista: determina a orientação psicológica ou filosófica do produto,

ou seja, a mensagem do produto.

- Conteúdo: refere-se aos aspectos visuais ou verbais do produto que o

tornam diferentes dos demais produtos de uma mesma categoria.

- Contexto: refere-se aos aspectos geográficos que respondam a que tempo

pertence o produto e o ambiente social em que ele está inserido. O desenho

animado ìOs Jetsonsî por exemplo, representam o futuro.

- Processo: determina como o produto funciona e como a criança irá interagir

com ele.

- Personalidade: refere-se as características físicas e psicológicas do

personagem vinculado ao produto, isso quando houver um.

- Atitude: refere-se ao estilo do produto e aos adjetivos que possam descrevê-

lo como; moderno, inovador, futurista, etc.

A parte central foca nos aspectos do consumidor, neste caso a criança que irá

usufruir o produto:

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- Idade: refere-se à idade do consumidor que o produto deseja atingir. Neste

ponto é interessante levar em consideração que as crianças podem apresentar

características muito distintas em apenas dois ou três anos de diferença.

- Sexo: responde se o produto se destina aos meninos, meninas ou a ambos.

- Estágio: refere-se ao estágio de desenvolvimento infantil.

- Estrutura: refere-se ao estágio de desenvolvimento cognitivo da criança,

baseado nas divisões de Piaget.

- Dimensão: refere-se à dimensão em que o produto irá atingir o consumidor:

emocional, social, etc.

- Estilo: refere-se ao estilo de aprendizado da criança, ou seja, como ela

absorve as informações.

- Experiências passadas: considera as experiências de consumo já vividas

pelo consumidor, principalmente as experiências com produtos similares.

Este modelo desenvolvido por Acuff (1997) tem o objetivo de agrupar numa

imagem única todos os itens importantes, que devem ser analisados e considerados,

ao desejar desenvolver um novo produto para o consumidor infantil. O círculo maior

foca nas características do produto em si, o topo considera os concorrentes e os

desejos reais do consumidor, e o centro tenta agrupar todas as informações e

confrontá-las com as características destes consumidores. Acuff (1997, p.15)

complementa dizendo que ìprodutos e programas de sucesso são aqueles que

satisfazem as necessidades e desejos a curto prazo (impulso) e em longo prazoî

(tradução livre da autora).

O sucesso de um produto depende também, em grande parte, da escolha do

seu nome e da embalagem. Um nome estimulante e visual intrigante pode informar

para as crianças o que há dentro da embalagem e dar algumas dicas do que elas

irão experimentar comprando o produto. E ainda, aguçar a curiosidade das crianças

o suficiente para fazê-las retirar o produto da prateleira, comprá-lo (se tiverem

dinheiro) ou lembrar dele ao fazer uma lista de pedidos de itens de supermercado ou

de presentes de Natal (GUBER; BERRY, 1993).

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A escolha do nome de um produto é um processo difícil, fruto de pesquisas e

vários testes. No entanto Guber e Berry (1993) destacam que criar nomes para

produtos infantis possui a vantagem (ou a desvantagem para nomes já

estabelecidos) de que a linguagem das crianças muda constantemente e palavras

podem ser transformadas do dia para noite de algo sem graça para a gíria do

momento. Os autores destacam que há dois tipos de nomes para crianças: aquele

que descreve o produto sucintamente, e aquele sem um significado específico. O

primeiro tipo funciona muito bem com as crianças pequenas. Um exemplo são os

bonecos ìLittle Peopleî, cuja tradução ao pé letra é ìpessoas pequenasî, sendo

exatamente o que o brinquedo é. O segundo tipo procura geralmente trabalhar com

a pronúncia das palavras e o som que ela provoca, ganhando destaque entre as

crianças maiores.

Para Guber e Berry (1993), uma das características principais do mercado

infantil é que as crianças são voláteis, ou seja, formam um grupo de consumidores

imprevisíveis. Um produto de incrível sucesso hoje pode despencar as vendas

amanhã, sem qualquer sinal de que isto poderia acontecer. No entanto, os autores

sugerem que muitas dessas reviravoltas foram causadas, em parte, pelas próprias

empresas que não se preocuparam em pesquisar seus consumidores, e buscaram

entender as crianças pela infância vivida por seus executivos, em um contexto social

e econômico totalmente diferente. Contudo, na última década, isto mudou muito.

ìComo uma sociedade, nos estamos lentamente entendendo que as crianças são

complexas, inteligentes e perspicazesî (GUBER, BERRY, 1993, p.85).

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta pesquisa visou compreender os aspectos da tomada de decisão de

compra do consumidor infantil. No entanto, segundo McNeal (1992) as crianças,

principalmente as com idade inferior a oito anos, possuem dificuldade em se

expressar e também em fazer estimativas, sendo que muitas dessas informações

são mais confiáveis se vindas dos pais. Por outro lado, os pais podem distorcer a

realidade, idealizando um comportamento diferente daquele que a criança realmente

exerce (McNEAL, 1992). Assim, as informações mais específicas e, principalmente

aquelas relacionada à tomada de decisão de compra familiar foram obtidas junto a

mãe, enquanto as influências e razões de compra de uso infantil, com a criança. Ao

final, todas as informações serão confrontadas, de modo a obter conhecimento do

tema, próximo do real.

As técnicas de pesquisa, assim como os tópicos abordados na coleta de

dados, foram baseados no modelo de tomada de decisão adotado (BLACKWEEL,

MINIARD, ENGEL, 2005), assim como em autores com experiência na pesquisa

com o consumidor infantil, como McNeal (1992), John (1999), Guber e Berry, (1993),

entre outros.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta é uma pesquisa exploratória-descritiva, de caráter qualitativo. O estudo

exploratório, segundo Gil (1999), envolve levantamento bibliográfico e documental,

entrevistas não-padronizadas e estudos de caso. Para Samara e Barros (1997) ìos

estudos exploratórios têm como principal característica a informalidade, a

flexibilidade, e neles procura-se obter um primeiro contato com a situação a ser

pesquisada ou um melhor conhecimento sobre o objeto em estudo levantado e

pressupostos a serem confirmadosî. Conforme Vergara (1997, p.45), ìa investigação

exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e

sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que,

todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisaî.

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Assume também característica de pesquisa descritiva, por observar, registrar,

analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los (SAMARA; BARROS,

1997). As pesquisas deste tipo ìtêm como objetivo primordial a descrição das

características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de

relações entre variáveisî (GIL, 1999, p.44).

O caráter qualitativo, segundo Malhotra (2006), proporciona melhor visão e

compreensão do contexto do problema. Para Richardson et al (1999) este tipo de

pesquisa busca compreender os significados e características do material

apresentado pelos entrevistados. Para Sheth, Mittal e Newman (2001, p.439) ìa

característica básica é que métodos qualitativos não solicitam que o cliente limite

suas respostas a categorias pré-atribuídas. As respostas são verbais e não

numéricas, e pede-se que o entrevistado as faça com suas próprias palavrasî.

Focando ainda mais na pesquisa sobre comportamento do consumidor, tem-se que

ìessa abordagem permite que os pesquisadores ëdescubramí os valores de consumo

das pessoas, bem como seus motivos, atitudes, opiniões, percepções, preferências,

experiências, ações e intenções futurasî (SHETH, MITTAL, NEWMAN, 2001, p.440).

A caracterização como pesquisa qualitativa é baseada, neste estudo, na

coleta de dados que foi realizada por meio de entrevista em profundidade.

3.2 ENTREVISTADOS NESTE ESTUDO

Os entrevistados neste estudo foram crianças com idades entre sete e 8

anos, e suas respectivas mães, pertencentes a famílias do tipo nuclear, residentes

na cidade de Blumenau, Estado de Santa Catarina.

Segundo a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, que rege o Estatuto da

Criança e do Adolescente, no Brasil é considerada criança toda pessoa até 12 anos

de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e 18 anos de idade. No

entanto, sob a ótica do mercado, o consumidor criança é segmentado, visando

atingir as peculiaridades do desenvolvimento infantil. A segmentação adotada neste

estudo é a proposta por Kurnit (2004), que criou subdivisões dentro destas duas

grandes faixas, crianças e adolescentes. Para ele o mercado hoje é dividido em

bebês, do nascimento aos dois anos; pré-escolares, entre três e cinco anos;

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crianças, entre seis e oito anos; pré-adolescentes ou tweens, entre nove e doze

anos; jovens adolescentes ou young teens, com idades entre treze e quinze anos; e

adolescentes ou teens, dos dezesseis aos dezoito anos.

Seguindo esta definição, portanto, a faixa denominada crianças, engloba a

faixa etária de 06 aos 08 anos. No entanto, este estudo segue concomitante à

classificação de Kurnit (2004), a Teoria do Estágio de Piaget. Segundo Piaget (1996)

o desenvolvimento cognitivo do ser humano é dividido em quatro estágios: sensório-

motor, do nascimento aos dois anos; pré-operacional, dos dois ao sete anos; de

operações concretas, dos sete aos onze anos; e de operações formais, dos onze

aos quinze anos. Baseando-se neste dois critérios foram pesquisadas crianças entre

07 e 08 anos que se enquadram no segmento denominado de operações concretas.

Outro critério utilizado para a definição dos respondentes alvo deste estudo foi

o tipo de unidade familiar a que as crianças pertencem. Embora atualmente existam

diversos tipos de núcleos familiares, como pais solteiros com filhos, uniões onde um

dos pais agrega filhos de um casamento anterior, pais separados com custódia

compartilhada e assim por diante, esta pesquisa está focada em famílias nucleares,

ou seja, aquelas formadas por marido, esposa e filhos (THOMPSON; VAN HOUTEN,

1975). Este tipo, também chamado de família clássica, ainda é maioria no Brasil,

sendo que no ano 2002 era representado por 55,4% das famílias (IBGE, 2002).

Este critério foi elaborado para diminuir o número de variáveis e pelo fato das

famílias clássicas ainda serem maioria, principalmente com crianças dessa faixa-

etária (IBGE, 2002).

Aspecto considerado também foi a classe social das famílias, cujo foco da

pesquisa são as com crianças matriculadas em escolas particulares da cidade de

Blumenau. A determinação da escola do tipo particular se deve ao fato que a classe

social não é uma variável independente, e sim foco da investigação, definida pelo

seu acesso ao universo do consumo.

Como variável independente, cuja característica é aquela que pode ser

manipulada pelo pesquisador (MALHOTRA, 2006) relaciona-se o grau de ocupação

da mãe, visto que são elas as principais influenciadoras no processo de socialização

do consumo infantil. (NEELEY; COFFEY, 2004).

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Muitas pesquisas sobre o comportamento de compra familiar que utilizam

esta variável apresentam duas classificações: mães que trabalham e mães que não

trabalham fora do lar (STROBER; WEINBERG, 1977). A proposta desta pesquisa

tem por base o estudo de Schaninger e Allen (1981), que propõe um modelo com

três níveis de ocupação da esposa, neste caso, de ocupação da mãe: mãe que não

trabalha, ou seja, sem ocupação fora do lar (MSO), mãe que trabalha meio período,

com baixa ocupação (MBO) e mãe que trabalha o dia inteiro, com alta ocupação

(MAO). Este modelo é defendido pelos autores por considerar o tempo disponível

para com a família e a pressão ocasionada pelo trabalho. A mãe também é

considerada como variável.

Sendo assim, para o desenvolvimento desta pesquisa, foi selecionada uma

amostra não-probabilística formada por 12 crianças estudantes de escolas

particulares, entre 07 e 08 anos e suas respectivas mães, sendo 04 crianças com

mães sem ocupação fora do lar (MSO), 04 crianças com mães que possuem uma

baixa ocupação, trabalhando parcialmente fora do lar (MBO), e 04 crianças com

mães que possuem uma alta ocupação, trabalhando em tempo integral (MAO). As

mães fazem parte de famílias do tipo nuclear, com as crianças matriculadas numa

amostra de quatro escolas particulares da cidade de Blumenau, Santa Catarina.

Esta escolha portanto, segundo Richardson (1999), caracteriza uma amostra

não-probabilística, na qual os sujeitos são escolhidos por determinados critérios

anteriormente definidos. Malhotra (2006) também argumenta que este tipo de

amostra pode oferecer uma boa estimativa das características da população, mas

não permite uma avaliação objetiva da precisão dos resultados. A amostra também

se caracteriza como não-probabilística por conveniência, que segundo o autor,

procura por elementos convenientes, com seleção a cargo do entrevistador. Faz-se

importante ressaltar que este tipo de amostragem não é representativo de uma

população, logo não é possível fazer generalizações (MALHOTRA, 2006).

3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita por meio de busca de dados secundários e da

obtenção de dados primários. Os dados secundários são considerados como as

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informações disponíveis e geralmente de fácil acesso, relativamente pouco

dispendiosos e de obtenção rápida, comparando-os aos dados primários

(MALHOTRA, 2006).

Os dados secundários foram coletados por meio de pesquisas bibliográficas,

tais como livros, artigos de periódicos e sites relacionadas ao tema consumo infantil.

Os dados primários, gerados pelo pesquisador, foram obtidos por meio de

entrevista semi-estruturada, com crianças entre 07 e 08 anos e suas respectivas

mães, conforme descrito no detalhamento da amostra. Cada entrevista foi gravada

para uma posterior análise. Os roteiros de entrevista, APÊNDICES A e C, e a

transcrição das respostas gravadas, APÊNDICE J, são apresentadas ao final deste

documento.

A entrevista não estruturada, também chamada entrevista em profundidade, em vez de responder à pergunta por meio de diversas alternativas pré-formuladas, visa obter do entrevistado o que ele considera os aspectos mais relevantes de determinado problema: as suas descrições de uma situação em estudo. Por meio de uma conversação guiada, pretende-se obter informações detalhadas que possam ser utilizadas em uma análise qualitativa (RICHARDSON et al, 199, p.208).

A forma não estruturada, de acordo com Flick (2004), além de ser uma crítica

às situações de entrevistas padronizadas, permite uma interação e expressividade

maior do entrevistado.

É importante ressaltar que pesquisas com crianças sugerem técnicas

diferentes das aplicadas aos adultos, e necessita também de fatores inovadores,

para não se tornar enfadonha (McNeal, 1992; GUBER; BERRY, 1993). Atendendo a

essas peculiaridades foram aplicados, além da entrevista em profundidade com

roteiro pré-estruturado, outras técnicas de pesquisa, como:

1) Questionário de análise das prioridades de consumo infantil: foi solicitado a

cada criança que escolhesse entre duas alternativas apresentadas a que lhe era

mais importante, sendo que a resposta deveria ser rápida. Apresentou-se nove itens

de escolha.

2) Técnica de pesquisa baseadas em cartões para simular situações de

compra: foram apresentados dois cartões para cada criança, com uma determinada

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situação de consumo a ser resolvida. Para auxiliar a criança a se colocar no lugar de

outra pessoa, às meninas foram apresentados cartões com menina e aos meninos,

com menino.

3) Brincadeira interativa para verificar a influência do personagem na

aceitação de um produto. Consistiu em apresentar as crianças duas caixas de

chocolate, praticamente iguais, no entanto uma decorada com um personagem

voltado ao público feminino e outra ao público masculino. Os chocolates dentro de

cada caixa eram iguais, mas foi solicitado as crianças que os experimentassem e

escolhessem o melhor.

Na elaboração do roteiro de entrevista semi-estruturada e das outras técnicas

descritas, buscou-se focalizar em campos diretamente ligados ao processo de

tomada de decisão de compra, objetivo do presente estudo. O modelo de tomada de

decisão adotado como base da pesquisa é o apresentado por Blackweel, Miniard e

Engel (2005). Este modelo baseia-se nas cinco premissas básicas elaboradas por

Dewey (1953) em 1910, que norteou este campo de estudos, porém com o

acréscimo de influências externas no início do processo. Estas influências incluem

os esforços de marketing com foco no produto, promoção, preço e canais de

distribuição; e o ambiente sociocultural, como a família, fontes informais, classe

social e cultura.

Tauber (1972), todavia, expõe alguns motivos que buscam explicar por que as

pessoas compram e, uma dessas razões é o impulso, baseado no fácil acesso que

as pessoas têm as lojas e shoppings. Buscou-se assim, conhecer a freqüência com

que as crianças vão a ambientes de consumo, como shopping e supermercados e,

se já foram atraídas a comprar algo por impulso.

Outro ponto estudado foi a aprovação dos pais para certos produtos

consumidos pelas crianças, com o intuito de analisar a formação reativa, uma

resposta em direção oposta ao desejado pelos pais, como influência na tomada de

decisão.

Foi considerado importante também explorar a relação com a seleção da

marca, considerada por si só um atributo de escolha (BAHN 1986).

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3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise dos dados coletados utilizou-se a técnica de análise de

conteúdo de documentos e entrevistas. De acordo com Flick (2004, p.201), ìa

análise de conteúdo é um dos procedimentos clássicos para analisar o material

textual (...)î. Para Vergara (2005), esta técnica visa identificar o que está sendo dito

a respeito de determinado assunto.

Segundo Flick (2004) a análise do conteúdo inclui basicamente três técnicas:

abreviação da análise do conteúdo, análise explicativa do conteúdo e análise

estruturadora do conteúdo. Na análise explicativa, o material é parafraseado, e

paráfrases semelhantes são condensadas e resumidas. A análise explicativa

ìtrabalha na direção oposta, esclarecendo trechos difusos, ambíguos ou

contraditórios, envolvendo material de contexto na análiseî (FLICK, 2004, p.203). E a

análise estruturadora busca tipos ou estruturas formais no material. ìA formalização

do procedimento gera um esquema uniforme de categorias, o qual facilita a

comparação dos diferentes casos através dos quais ele se aplicaî (FLICK, 2004,

p.204).

Sendo assim, após a coleta de dados o material foi transcrito, pontuado os

tópicos mais importantes e condizentes com o processo de consumo e categorizado

conforme os tópicos estabelecidos como determinantes no processo de tomada de

decisão, respaldado pelo modelo de Blackwell, Miniard e Engel (2005). A análise foi

baseada em cada uma das três categorias que influem o processo de decisão, sob a

ótica do modelo utilizado, assim como no processo simples de tomada de decisão.

Deste modo foi possível observar como a criança consumidora se comporta no

ambiente de consumo e em cada etapa do processo de decisão.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo apresentam-se as sínteses de cada entrevista realizada, assim

como a análise e discussão dos dados obtidos.

4.1 SÍNTESE DAS ENTREVISTAS

Nesta etapa é apresentada a apresentação do resultado de cada entrevista. A

estrutura foi organizada na forma de tópicos, que apresentam as principais

informações correspondentes ao perfil de consumo das crianças alvo do estudo. A

organização, apesar de extensa, contempla apenas os tópicos relevantes sobre o

perfil de consumo infantil.

4.1.1 Mãe e filho número 01

A criança 01 é um menino de sete anos e três meses. A mãe possui 36 anos

e trabalha em período integral, nunca estando um período em casa desde que o filho

nasceu. A criança estuda no período da manhã e de tarde fica em casa com a meia-

irmã de 16 anos, fruto do primeiro casamento de seu pai. Neste período assiste

muita televisão. De noite a família fica junta.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai ao mercado com os pais.

- Conhece o nome dos supermercados que freqüenta.

- Pede coisas no supermercado, sendo mais interessado por carrinhos.

- Quanto a guloseimas, a mãe pergunta se ele quer levar algo.

- No shopping, gosta de ir à loja de brinquedos, mas não lembra o nome.

- Diz que não conhece marca, no entanto, pode não conhecer a palavra

ìmarcaî.

- Não se recorda dos nomes e/ou marcas dos produtos que consome, nem o

nome da bolacha que come praticamente todas às manhãs.

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- Quanto ao vestuário, a mãe que escolhe e compra as roupas sozinha.

- Se for para ele escolher, ele prefere roupas com desenho, como as do Hot

Wheels.

- Sobre o calçado, também é a mãe que escolhe. Para ele o que importa é o

tamanho, ou seja, se vai servir. Ainda não pediu tênis de marca de uso adulto.

- Seu personagem preferido é o Relâmpago McQueen, do filme Carros.

- Ele tem o carrinho Relâmpago McQueen, do filme Carros.

- Seu material escolar é com os carrinhos da linha Hot Wheels.

- Diz que não olha a embalagem, mas se tiver carrinho, chama a atenção.

- Ganha dinheiro do pai e da mãe, e o gasta com brinquedo.

- Considera barato de cinco reais para baixo e caro de dez reais para cima.

- Pede, mas sabe que os pais analisam o preço.

- Não sabe o que é ser popular e não sente influência dos amigos.

- Ao desejar alguma coisa, iria primeiro buscar informações na tevê. Mais

provavelmente no canal Cartoon Network.

- Assiste tevê todo dia.

- Não sabe o que é propaganda, ou não reconhece essa palavra. Diz que os

produtos aparecem no desenho.

- A mãe trabalha fora e, à tarde, após a escola, ele fica com a irmã mais velha.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Vai ao mercado, gosta de ir e pede bastante. Pede mais brinquedos e

guloseimas e sempre ganha alguma coisa.

- Sem ela no mercado, a compra diminui.

- Sobre salgadinho e refrigerante a família consome determinadas marcas e

não muda. Ele nunca pediu nada diferente.

- É difícil ele experimentar coisas novas. Fica mais no que já conhece.

- Vai em média uma vez por semana ao shopping e, neste ambiente, costuma

fazer alguns pedidos.

- Sem ser acompanhado dos pais, já foi ao shopping com os avós e com a

escola.

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- A loja preferida dele é a Meninos e Meninas. Ele sabe onde fica e sabe como

chegar lá sozinho.

- Já foi para comprar determinado produto e chegando lá mudou de opinião e

escolheu outro. Para a mãe, a troca se faz por algo de momento. No entanto,

em outra oportunidade, ele pede aquilo que ele deixou de comprar.

- O pedido pela marca de um produto só acontece ao que tange brinquedos,

sendo Hot Wheels o mais pedido.

- Não dá para enganar comprando um brinquedo similar.

- Não conhece marca de roupa, sendo que se interessa pelo modelo, e não

pelo nome.

- Não pede por roupa e, normalmente, não vai junto para comprar.

- A mãe acha que nessa idade o estilo de vestir é ditado pelas mães.

- Não pede pelas marcas de tênis adulto.

- Sobre produtos de higiene pessoal, usa os que a mãe compra.

- Para sair para comer ele prefere o shopping, sendo a lanchonete preferida o

McDonald´s, e fora do shopping, lugares que tenham playground.

- A mãe acha que a embalagem influencia, sendo as cores, desenho e o uso

de personagem os atrativos principais. No entanto há uma ressalva: o filho

não quis levar um biscoito com o personagem Relâmpago McQueen, ficando

com o seu habitual, Trakinas.

- A propaganda de tevê influencia muito o processo de compra.

- Para a mãe, os personagens preferidos dele são: Power Rangers, Bob

Esponja e, atualmente, os personagens do filme Carros.

- É influenciado por promoção, tipo juntar coisas e trocar por prêmios.

- Pede por produtos que venham com brinde. A mãe compra se percebe que

ele vai comer o produto também, e não ficar apenas com o brinde.

- Trocaria de marca por um brinde.

- Não ganha mesada e nenhum tipo de dinheiro dos pais. Eventualmente ele

ganha dinheiro do avô.

- Não tem noção do dinheiro. Ele pode até ter noção do valor, mas não de

economizar. Ele pergunta se o dinheiro dá.

- Não tem noção do que é caro ou barato.

- No mercado ele não olha o preço dos produtos.

- Comenta sobre os produtos que ele quer pedindo diretamente aos pais.

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- Chama para olhar propaganda.

- Sobre os amigos, ele comenta o que o amigo tem e, às vezes, chega a pedir.

- Fica um pouco mais amável depois que ganha o que pediu, sendo isso até

passar a empolgação que o produto novo proporciona.

- Assiste tevê todos os dias, praticamente a tarde inteira.

- Possui tevê no quarto, porém apenas para jogar videogame.

- Os pais só discutem uma propaganda se a criança questionar.

- A opinião da criança não prevalece em uma compra para a casa.

Confronto das informações.

Não há muitas discrepâncias entre o que a criança pensa sobre o consumo e

como a mãe percebe esse processo. Os únicos pontos são que a criança acha que

eles não vão muito ao shopping, sendo que a mãe respondeu que vão toda semana.

Porém isto pode identificar que, para a criança, essa ida semanal não é suficiente.

Outro fator é que a criança disse receber dinheiro dos pais e a mãe falou que

ele não recebe dinheiro, apenas do avô. No entanto em ìoffî a mãe comentou que

ele pega as moedas de troco, configurando então, em um recebimento de dinheiro.

4.1.2 Mãe e filho número 02

A criança 02 é uma menina de sete anos e três meses e possui um irmão de

dois anos. A mãe tem 35 anos e trabalha em período integral, nunca estando um

período em casa desde que a filha nasceu.

A criança estuda no período da tarde em de manhã fica em casa com uma

pessoa que cuida dela.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai ao mercado com os pais e gosta de ir junto.

- Sabe o nome do mercado que freqüenta.

- Pede por caderno, figurinhas e guloseimas. A mãe não compra sempre.

- Vai de vez em quando ao shopping e gosta de ir.

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- No shopping pede para ir ao McDonald´s e escolhe o McLanche Feliz. Pede

pelo Bob´s também.

- Ainda no shopping, gosta de ir ao cantinho das crianças da Livraria Época

(não lembrou no nome) e na loja de brinquedos Meninos e Meninas. Não

conhece outra loja de brinquedo no shopping.

- Ao ir numa loja comprar algo, pode mudar de idéia se encontrar algo mais

legal.

- Não conhece a palavra ìmarcaî.

- Relativo a brinquedos, pede por Barbie e Polly.

- Quanto à higiene pessoal, falou em xampu Crescidinhos e pasta de dente

Colgate e Barbie.

- Pede pela bolacha recheada Cartoon.

- O chiclete é Trident, mas a mãe compra esse por não ter açúcar. Ela gosta do

chiclete da Rebelde.

- Consome bastante salgadinho e é aberta a novos sabores. Possuía duas

embalagens abertas na geladeira, porque não come tudo de uma vez.

- Pede por macarrão instantâneo, mas este ela não olha a marca e sim o sabor.

- Tem o tênis da Sandy que viu com a prima. Tinha que ser o da Sandy.

- Também queria o tênis da Barbie, que viu na tevê.

- Nem sempre vai com a mãe comprar roupa.

- Roupa legal tem que ter desenho e tem que ter brinde.

- Seus personagens preferidos são a Barbie, Polly e Rebeldes.

- A mochila da escola é Rebeldes, a algumas bolsas são da Barbie.

- Entende o conceito de promoção.

- Ganha dinheiro dos pais e dá avó.

- Coloca o dinheiro no cofrinho para gastar na praia, em itens de R$1,99 e

picolé. Mas também gasta antes, principalmente nas lojas de preço único de

R$ 1,99.

- Considera barato um brinquinho ou um colar, e coisas que custem entre um

ou dois reais. Considera caro uma televisão, som, fogão e guarda-roupa.

- Diz que olha o preço ao pedir um brinquedo.

- Chama a mãe para ver propaganda.

- Tem bastante filmes em casa.

- Assiste muita tevê. Comentou apenas dos canais fechados.

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- Sabe o que é propaganda e acha que nem sempre ela fala a verdade.

- Aceita variações nos brinquedos pedidos. Pediu uma boneca chamada

Princesa Grace, porém, ganhou uma boneca semelhante chama Princesa

Natasha. Ela então chama a boneca que ganhou de Princesa Grace.

- Conheceu a boneca Princesa Grace porque passou na tevê, ela não tinha

visto na loja.

- Pediu um Jump Ball da Rebelde. Tem que ser da Rebelde.

- Ela praticamente não assiste a novela Rebelde.

- Tem celular.

- Não expressou um desejo de querer que a mãe fique em casa.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- A mãe evita levar a filha ao supermercado, porém sabe que ela gosta de ir.

- Com a criança junto no supermercado, a compra é maior.

- Ela pede muitas coisas, como caderno, coisas de maquiagem e guloseimas.

- Tudo que ela vê, ela quer. A mãe a considera uma consumidora compulsiva.

- A mãe diz que a criança só pode escolher uma coisa, no entanto às vezes a

filha a convence a levar mais de um item.

- Vai poucas vezes ao shopping, em média uma vez por mês.

- Gosta de ir ao shopping, mas se contenta com um lanche do McDonald´s e

um sorvete.

- Sem ser com os pais, somente foi ao shopping com outros adultos da família,

como avó e tios.

- Gosta de ir à loja de brinquedos Meninos e Meninas.

- Faz pedidos na loja de brinquedos, mas a mãe explica quando fica fora do

orçamento.

- Está começando a entender quando a mãe fala que está caro.

- Pede por marca só o que se refere a brinquedo.

- Gosta de escolher a roupa para sair e, às vezes, há conflitos com a mãe.

- Às vezes, até para brinquedo, não precisa ser exatamente o que ela pediu. A

mãe cita o caso da boneca Princesa Grace, comentado pela criança. Houve

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também um caso que ela pediu o computador da Xuxa e a mãe deu o da

Barbie porque era monetariamente mais econômico. A criança gostou.

- A mãe geralmente é quem escolhe os itens de higiene pessoal, mas às vezes

ela deixa a filha escolher.

- Em casa, não pode faltar bolacha waffer e macarrão instantâneo. Ela olha o

sabor, e não a marca. No caso waffer de chocolate e macarrão sabor galinha

caipira.

- Conhece o biscoito Trakinas e fica feliz quando a mãe o compra.

- Não toma refrigerante.

- Gosta muito de salgadinho e de pipoca feita em casa.

- A mãe acha que a filha é influenciada pela embalagem, sendo que os critérios

são: marca que ela conhece, que passa na propaganda e que os amiguinhos

falam.

- O personagem também chama a atenção na embalagem.

- A mãe diz que o personagem preferido é a Polly, mas que já foi Hello Kitty.

- Ela também gosta da Rebeldes, mas nem sempre assiste. Ela fica mais nos

canais de desenho.

- Da Rebeldes, ela tem: camiseta, sandália, bolsinha e pulseira.

- É influenciada por promoção, pedindo produtos que venham com brinde.

- A mãe nem sempre atende os pedidos feitos para produtos que venham com

brinde, sendo que avalia a necessidade de comprar o produto, e o brinde em

questão.

- Chegaria a trocar de marca por causa de uma promoção.

- Não ganha mesada, mas ganha moedas e dinheiro de parentes, como avó e

padrinho.

- Olha mais o preço quando o dinheiro é dela.

- Faz muito pedidos, com uma grande freqüência.

- Existe a comparação com as amigas.

- A forma de expressar os desejos de consumo melhorou com a idade. Parece

que agora há mais entendimento.

- Utiliza chantagem emocional para pedir as coisas e também faz muitas

promessas, que segundo a mãe, não são cumpridas. Às vezes faz escândalo

e bate o pé.

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- Assiste teve todos os dias, uma media de seis horas por dia. Isso quando tem

aula, porque nas férias esse período pode aumentar.

- Assiste os comerciais que interessa, como brinquedos.

- Pede vários produtos de propaganda. A mãe diz para a filha se decidir por um

deles, que ela verá se e possível dar.

- A mãe considera a tevê como o fator de maior influência no consumo.

- Não participa das compras da casa.

- A mãe acha que sua ocupação fora do lar não influencia no processo de

consumo da filha, mas influencia no seu modo de agir com ela.

Confronto das informações.

Neste caso quase não há disparidades entre o que a criança e a mãe

relataram. A mãe parece conhecer o processo de consumo da filha, como também

se comporta como o agente que a iniciou neste processo, com o intuito de transmitir

valores e comportamentos de compra.

4.1.3 Mãe e filho número 03

A criança 03 é um menino de oito anos e onze meses. A mãe possui 34 anos

e ele é o único filho. A mãe trabalha meio-período e passa bastante tempo com o

filho, sendo que o pai é um pouco ausente por causa do trabalho. A criança estuda

de manhã e de tarde tem uma rotina variada entre ficar na casa da avó, e ficar em

casa com a mãe.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai sempre ao supermercado com a mãe e gosta de ir junto.

- Ajuda a mãe a fazer as compras.

- Às vezes pede um carrinho.

- Não é sempre que a mãe atende o pedido.

- A mãe o leva na seção de bolacha para ele escolher uma de lanche para a

escola.

- Escolhe geralmente a bolacha de iogurte e mel.

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- Escolhe pelo sabor.

- Dificilmente come salgadinho.

- Vai ao shopping e gosta. Porém não vai com muita freqüência.

- Nem sempre pede alguma coisa no shopping.

- Gosta de ir à loja de brinquedo. Diz que a preferida é a nova que abriu, a

Game Land, mas logo depois se contradiz e diz que ainda prefere mais a

Meninos e Meninas.

- Procura por roupa nas lojas Renner.

- A mãe vai mostrando as roupas que ela acha legal, e daí ele vai vendo se

gosta ou não.

- Ao comprar tênis não olha a marca, escolhe pela cor.

- Ao ir comprar algo pré-definido, poderia mudar de idéia se o outro produto

fosse mais interessante.

- Diz que não presta atenção nas marcas

- Seus brinquedos preferidos são bichos de pelúcia, sendo que tem um

preferido que carrega para todo lugar, e carrinhos da Hot Wheels.

- Seu xampu é o Crescidinhos, da Johnson´s. Diz que não usa muito para não

gastar, ìporque é caroî, e entende que a embalagem já é própria para não

gastar e para não escorregar.

- Sobre brindes, diz que depende do brinde. Avalia o preço do produto e o

brinde em questão.

- Gosta dos brindes do McDonald´s e teve uma série que fez toda a coleção.

- Diz que não liga muito para a embalagem. Se for comida, escolhe pelo sabor.

- Tem muita imaginação e habilidade para desenho. Distrai-se muito com esse

tipo de atividade.

- Considera barato os produtos de um real, e caro, de vinte reais para cima.

Depois pensa mais um pouco e acha que caro seria acima de quarenta reais.

- Ganha mesada, mas faz tempo que a mãe não deu mais. Ganha cinco ou 10

reais por mês.

- Também ganha dinheiro da avó, mais quando é uma data e ela não sabe o

que comprar. Ela já chegou a dar cem reais, que ele gastou com brinquedo.

- Tem cofrinho e economiza para comprar algo mais caro.

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- Comprou um jogo para o computador e gastou quase todo o dinheiro do cofre.

Diz que valeu a pena. Porém, logo depois, diz que o jogo do Harry Potter teria

valido mais a pena, porque tava mais barato.

- Diz que não sabe direito o que é promoção, só sabe que baixa o preço e, que

assim, gasta menos dinheiro.

- Seu desenho preferido é o Padrinhos Mágicos, que assiste no canal Jetix.

Não possui produtos licenciados dos Padrinhos Mágicos porque esses

personagens não são muito conhecidos. Porém se houvessem produtos

deles, ele os queria.

- Assiste bastante tevê.

- Assiste os comerciais. Não troca para não perder o que estava vendo.

- Tem o caderno do Batman, mas não gosta muito do Batman. A mãe que

comprou porque, na época ele tinha a mochila do Harry Potter e, como a loja

não tinha o caderno do Harry Potter, o do Batman era o que combinava mais

porque era preto.

- Atualmente tem a mochila do Carros.

- Diz que não dá bola para o que os amigos têm e que não liga para o que eles

dizem, mas no jogo rápido disse que a opinião dos amigos é mais importante

que a dos pais e que a dele próprio.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Acompanha a mãe ao mercado, porém na compra do mês, que é uma compra

maior, ela prefere ir sozinha.

- Não pede muita coisa no mercado. Ele ajuda a mãe, que tenta integrá-lo na

hora de fazer compras. Ela está ensinando-o a olhar o preço.

- A mãe acha gostoso ir no mercado com ele.

- Ele já foi de pedir mais coisa. Agora ele não pede muito. Mas a revista

Recreio é uma tentação pra ele.

- A mãe diz que ir ao mercado para ele é praticamente comprar a revista

Recreio, mas que está comprando a revista com menos freqüência porque ela

vem com muitas atividades dentro, que ele não consegue fazer em uma

semana.

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- A mãe tentou vincular um prêmio semanal em troca de uma pequena redação

sob um tema a determinar. Não deu muito certo porque ele prefere desenhar

à escrever.

- Ele pede produtos com brindes, e alguns produtos chamam a atenção dele

por causa do personagem.

- Quando se trata de cereal com brinde, a mãe compra, mas depois ela cobra

que ele coma o produto.

- A criança tem um jeito todo especial de pedir alguma coisa no supermercado.

- Ele consegue se orientar bem no supermercado

- Já fez uma compra sozinho, mas com a mãe olhando de longe.

- Na escola, participou de um trabalho de empreendedorismo, no qual a turma

tinha que criar e vender um produto. A mãe acha que foi uma boa experiência

sobre consumo.

- A mãe não fala muito ìnãoî no mercado, porque é o lugar que ele menos

pede. Ele prefere entrar numa loja de brinquedo, numa loja de R$1,99 e no

camelô.

- Ele já passou por uma fase em que pedia de tudo, chorava e fazia cena. Isso

foi por volta dos seis anos. - Já aconteceu da mãe comprar um brinquedo que era para dar só no Natal,

mas o filho ficou tão ansioso, que ela ficou com pena e deu antes.

- Vai ao shopping, mas não com tanta freqüência. A mãe diz que ele é ansioso

e, como ela também é, ela acha que deve ser difícil para ele ver as coisas e

não poder comprar. A oferta é muito grande.

- No shopping ele não pede em quantidade, mas ele não consegue entrar

numa loja sem pedir uma coisa. Ele sempre tem um foco, um produto pré-

definido. Ele já sabe o que quer.

- No shopping ele sempre tem que ganhar algo, nem que seja um item bem

barato.

- A mãe fala que existe a compensação do pai, que viaja muito. E, mesmo

quando ele está em casa, fica trabalhando. Então ele libera mais, ao que diz

respeito ao consumo. Assim, a criança ganha presentes sem motivos.

- Já foi ao shopping sem os pais, mas com outros adultos: amigos da família,

madrinha ou avó.

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- Nessas situações, no shopping com outras pessoas, ele não pede

diretamente, mas insinua, fala que é interessante. Até porque muitas vezes

essas pessoas querem comprar algo para ele, de aniversário, Natal ou outra

data, e não sabem o que dar.

- Produto de marca específica, só em relação a brinquedo, como o Hot Wheels.

- Ele sabe identificar se o brinquedo é verdadeiro ou falsificado.

- Roupa e calçado ele não pede por marca.

- Escolhe o tênis dele, mas a mãe diz que ele vai pelo conforto e pela cor.

Sendo que, às vezes, mesmo se ele gostou do modelo, ele não leva se ele

não achou confortável.

- A mãe dá uma opinião, mas a decisão final é dele, principalmente de calçado.

Sobre roupa, a mãe influi um pouco mais.

- Roupa ele escolhe pelo conforto.

- Não escolhe muitas roupas com estampa de personagem.

- Brinca menos de carrinho do que com outros brinquedos, mas ele gosta de

Hot Wheels. A mãe gosta de carrinho e incentiva o filho.

- No dia das crianças ele ganhou um Cd-room com o jogo do Harry Potter. No

entanto a mãe deu também uma cesta cheia de guloseimas e um carrinho Hot

Wheels. Ela estava mais eufórica que a criança.

- A mãe compra carrinho da Hot Wheels fora de hora.

- A mãe quem escolhe os produtos de higiene pessoal. O xampu que ele usa, o

Crescidinhos, ele viu na propaganda depois que a mãe havia comprado e

associou que era esse que ele usava. A mãe acha que ele valorizou mais o

xampu depois que ele viu na propaganda.

- Não pode faltar chocolate, mas ele não pede por nenhum especifico.

- É muito difícil ele comer salgadinho. Tanto que se ele, por acaso, pede no

mercado, a mãe deixa comprar porque é raro ele comer. Neste caso ele

sempre escolhe da mesma marca, mas a mãe acha que é porque o acesso é

melhor. Principalmente quando se encontram ao lado do caixa.

- Bolacha ele também quase não come e quando come, prefere a integral que

a mãe consome.

- Não toma refrigerante.

- Ele toma suco, sendo que para esse item ele pede da marca Ades.

- Ele é aberto a experimentar novos produtos.

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- A mãe acha que ele não é influenciado pela embalagem, porque ele vai

exatamente no que ele sabe que vai ser bom.

- A mãe é quem fica apaixonada pelas bolachinhas infantis, mas ele diz ìnão

gosto, não queroî.

- Quando a mãe pediu para ele então escolher dois biscoitos para levar de

lanche, ele escolheu dois da marca Bauducco, que não eram infantis. Ele

selecionou pelo sabor.

- Ele analisa mais antes de comprar algo com brinde, por causa de uma

experiência decepcionante na lanchonete Bob´s. Ele queria o brinde, mas não

gostou do lanche.

- Porém se o brinde que acompanha o McLanche Feliz do McDonald´s

interessa, ele escolhe esse lanche. Se não interessa ele pede outra opção.

- A mãe acha que o personagem preferido é o Harry Potter.

- Sobre o desenho que ele mais gosta, ele passou por uma febre do Pokemón.

O preferido atualmente a mãe não sabe responder.

- Quando ele comprou a mochila do Harry Potter ele escolheu pela estampa do

personagem. Mas a mochila tinha que ser confortável também.

- Ganha mesada, mas não é algo regular.

- Não dá valor para o dinheiro, ou, só dá valor para o dinheiro quando ele quer

muito alguma coisa.

- Se ele quer comprar algo, usa o dinheiro do cofre, não se importando se ficar

sem nada.

- Está começando a olhar mais os preços.

- Certa vez, quando pediu por algo numa loja e a mãe retrucou dizendo que

não tinha dinheiro, ele falou para usar o cartão.

- Quando ele quer alguma coisa ele começa pedindo em casa. A mãe acha que

geralmente é influência da tevê.

- A mãe acha que os amigos influenciam um pouco, mas considera o filho

autêntico.

- Quando um amigo tem algo que ele quer, ele não pede diretamente. Diz que

achou legal o brinquedo novo do amigo. Porém a mãe entende que seria, não

porque o amigo tem e ele quer imitar, mas porque o brinquedo em si é legal.

- Às vezes, para conseguir ganhar algo, faz promessas que nem sempre

cumpre.

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- A mãe às vezes se decepciona quando o filho pede muito por algo e depois

deixa o produto de lado. Mas diz que está aprendendo a lidar com isso.

- Quando ele sabe que vão ao shopping, fica mais maleável. No entanto esse

comportamento é até entrar no estabelecimento. Depois disso pede para ir à

loja que ele quer.

- Assiste tevê todos os dias, muitas horas seguidas, mesmo quando está

fazendo outra atividade. Possui tevê e aparelho de DVD no quarto.

- Até pouco tempo a mãe selecionava o que ele assistia, agora não, ele assiste

o que ele quer, exceto o que é impróprio para ele.

- Se interessa pelos comerciais, principalmente pelos de brinquedo. Mas evita

assistir as propagandas de brinquedos de meninas.

- Chama a mãe para ver o comercial, mas não insiste muito.

- Não pede ao assistir o comercial pela primeira vez. Assiste algumas vezes

ante de pedir.

- Pede com mais ênfase no momento em que se depara com o produto na loja.

- Não influencia nas compras da casa.

- Os pais fizeram um quarto novo para ele, mas ele não quis participar muito. A

mãe esperava uma reação maior.

- A mãe, por ter um tempo com ele, acha que ele conhece mais os ambientes

de consumo por causa disso, porque eles saem mais.

Confronto das informações.

Neste caso também quase não há disparidades entre o que a criança e a mãe

relataram. Porém foi encontrada uma contradição no relato da criança que afirmou

não se importar com que os amigos pensam, e depois respondeu que a opinião dos

amigos é mais importante que a dos seus pais e que a sua.

A mãe mostrou-se muito animada com algumas atividades relacionadas ao

consumo, como: levar ao filho ao supermercado e lhe trazer algumas surpresas.

4.1.4 Mãe e filho número 04

A criança 04 é um menino de sete anos e dois meses. A mãe possui 30 anos

e tem mais um filho, de 3 anos. Ela não trabalha fora do lar. Esta família viveu

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alguns anos no Canadá, sendo que o filho mais novo nasceu naquele país. Ao

retornarem ao Brasil a mãe começou a trabalhar em período integral. Após um

consenso familiar, está se dedicando integralmente aos filhos. As duas crianças

estudam de manhã e ficam em casa de tarde.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai ao mercado com os pais, mas só algumas vezes.

- Pede por produtos no mercado, nas palavras dele, pede por ìporcariaî, como

chiclete, bala, e salgadinho.

- Não é sempre que ganha.

- Pede um salgadinho que vem com brinquedo dentro. Não sabe se iria

continuar pedindo se o brinquedo não vier mais.

- Vai ao shopping, mas com pouca freqüência.

- Pede coisas no shopping. Gosta de ir à loja de brinquedo que tem os

carrinhos da Hot Wheels, mas não lembra o nome da loja.

- Gosta de ficar olhando as novidades na loja de brinquedo.

- Às vezes ganha alguma coisa quando vai ao shopping.

- Nunca foi ao shopping sem ser com o pai ou com a mãe e não tem vontade

de ir sem um adulto junto.

- Não sabe o que é marca.

- Não pede pelo nome do produto. Na hora da compra ele aponta o que ele

gosta na loja.

- Nem sempre vai junto com a mãe para comprar roupas.

- Quando foi junto com a mãe para comprar roupas, foram na Renner. Ele

gosta de ir lá.

- Gosta de brincar de carrinhos da Hot Wheels e com o Max Steel.

- Às vezes escolhe os produtos de higiene pessoal, mas ao que parece isso só

foi uma vez. Ele escolheu uma pasta de dente infantil e a mãe não voltou a

comprar.

- Pede bolacha com recheio, mas não lembra do nome. Escolhe olhando a

embalagem.

- Uma vez comprou uma bolacha porque ficou curioso com a embalagem.

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- Acompanha a mãe no supermercado, porém em poucas ocasiões.

- A mãe acha que o filho gosta de ir e está numa idade que entende e ajuda

mais.

- Sempre pede alguma coisa no supermercado ou pede para a mãe trazer algo

quando ela avisa que vai.

- A mãe não leva as duas crianças juntas ao mercado. Ou vai quando os dois

estão na escola, ou quando um pode ficar em casa com o pai.

- Pede salgadinho, bala Tic Tac, chicletes e bolacha.

- A revista Recreio geralmente também faz parte da lista de pedidos.

- A mãe diz que ele pode escolher uma coisa só.

- Às vezes ele pede para levar duas coisas e, às vezes ele se conforma em

escolher só um produto e não fala nada.

- A mãe nem sempre compra as guloseimas da mesma marca. O que ela

trouxer está bom.

- Vai ao shopping, porém não com muita freqüência,

- No shopping, gosta de ir nos brinquedos, de olhar as novidades na loja

Meninos e Meninas e de ir no espaço infantil da Livraria Época.

- No shopping, geralmente pede alguma coisa, mas entende quando a mãe

explica que já tem suficiente em casa.

- Nunca foi ao shopping sem ser com os pais. Não porque a mãe não deixaria,

mas porque não teve oportunidade.

- Pedir por alguma marca especifica, só relativo a brinquedos, como Hot

Wheels e Max Steel.

- Não conhece marca de roupa e nem de tênis.

- A mãe, como professora, acha que é a da quinta série em diante que as

crianças começam a usar tênis de marca.

- Ele não tem muita exigência ao comprar tênis, nem do estilo. Gosta que tenha

conforto.

- A mãe diz que ele é mais conforto do que aparência.

- Dá para enganar comprando carrinhos similares.

- A mãe que escolhe produtos de higiene pessoal, mas caso ele se interesse

por um produto diferente, ela dá.

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- Tratando-se de um lugar para comer, ele gosta do McDonald´s. A família não

vai com muita freqüência. Deixam para uma ocasião mais especial ou a título

de prêmio, quando ele tira uma nota boa.

- Gosta de doce de leite da Frimesa, porém ele entende que o nome do

produto é Frimesa, e não a marca. A mãe comprou doce de leite de outra

marca e ele chama aquilo de Frimesa.

- A mãe está reduzindo aos poucos o consumo de bolacha recheada. Ela acha

que ele sentiu falta, mas não chegou a pedir.

- Quando ele pode comprar salgadinho, ele escolhe sempre o mesmo.

- A mãe acha que ele é influenciado pela embalagem: cores e desenhos.

- Ele olha quando tem o personagem na embalagem.

- Para a mãe, seus personagens preferidos são o Batman e o Homem Aranha.

Ele gosta de super-herói.

- Tem uma camiseta dos personagens que gosta, e sempre quer colocá-la para

sair.

- Pede produtos que venham brindes.

- A mãe atende os pedidos de produtos com brindes se o mesmo estiver na

lista de compra, ou se há necessidade.

- Trocaria de marca por outro produto com brinde.

- Ganha dinheiro esporadicamente. A mãe combinou que ele vai ganhar em

troca de ajudar nas tarefas da casa.

- Guarda o dinheiro que ganha.

- Está começando a ter noção do que é caro e do que é barato.

- Já fez compras na padaria sozinho, com a mãe esperando no carro. Ele

compra só o que ela pede.

- Expressa os pedidos com ìeu gostariaî ou ìeu queria muitoî, mas não exige.

- Quando eles estão vendo tevê, algumas vezes ele comenta se o produto é

legal.

- Comenta sobre os produtos que os amigos têm.

- Assiste em torno de uma hora e meia de tevê por dia. A mãe tenta fazer o

filho descansar depois do almoço, brincar um pouco, e fazer a tarefa. Depois

disso ele pode assistir.

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- Os pais se sentiram obrigados a fazer assinatura de tevê à cabo. A tevê

aberta não tinha uma programação adequada e eles estavam gastando muito

com aluguel de DVD.

- A mãe controla a programação que eles assistem.

- Assiste os comerciais, mas foram poucas às vezes que pediu algo no

momento da propaganda. Nesse caso a mãe fala para colocar na listinha.

- A mãe não compra presente sem motivo, mas caso ele tire uma nota 10, ela

compra algo que ele gostaria.

- Não participa das compras da casa. A mãe acha que ele não poderia ajudar.

Poderia até atrapalhar.

- Não tem acesso a Internet.

- A mãe sente que quando ela trabalhava fora do lar, o consumo era maior.

Nessa época ela comprava mais produtos para eles e presentes fora de hora.

Confronto das informações.

Neste caso também quase não há disparidades entre o que a criança e a mãe

relataram. A criança comentou que sempre pede ìporcariaî para a mãe trazer do

mercado e que assiste muita tevê, adjetivos que podem ser manifestados pela mãe

e repetido pela criança.

Quanto ao processo de compra, mãe e filho parecem concordar em quase

todos os aspectos.

4.1.5 Mãe e filho número 05

A criança 05 é uma menina de sete anos e três meses. A mãe possui 28

anos, está grávida do segundo filho e trabalha meio período na loja da família. A

filha fica em casa de manhã com a mãe, e estuda à tarde. No próximo ano irá para

uma escola municipal.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

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- Vai ao supermercado com os pais.

- Gosta de ver os brinquedos, e pede por eles.

- Na última vez que foi, pediu a bola da Rebeldes, mas não ganhou. No entanto

pediu por um bombom e ganhou.

- No supermercado pede salgadinho, ou é a própria mãe que pega.

- Se ela escolhe por um salgadinho, não pode pegar sorvete, outro produto que

gosta de pedir.

- Pede ìpor favorî quando quer alguma coisa.

- Vai ao shopping e gosta de ir.

- Uma vez, quando foi à loja Meninos e Meninas, o pai mostrou algumas

bonecas Barbie e falou para ela escolher uma. Ela escolheu e ele comprou.

- Compra suas roupas junto com a mãe. Vai à Renner, C&A e Havan.

- Já foi ao shopping sem ser com os pais: com a avó, primas, tia e tio.

- Gosta do grupo Rebeldes e tem bastante produtos da banda, como: três

bolsas, penal, fotos e a boneca de uma das integrantes.

- A boneca Rebelde ela ganhou fora de uma data específica.

- Os pais compram presente sem motivo.

- Sabe o que é a marca de um produto.

- Conhece marcas de tênis de linha infantil, como Klin e Patotinha.

- Gosta de usar perfume e tem um da Emília, do Sítio do Pica-pau Amarelo.

- Usa uma pasta de dente recomendada pela dentista.

- Gosta de sabonete do Mickey e do da Turma do Sítio.

- Vai com a mãe escolher tênis. É importante ver o tamanho.

- Gosta do chocolate Kinder Ovo. Compraria mesmo se não viesse com

brinquedo.

- Gosta do desenho W.I.T.C.H.. Tem pasta e cadernos com os personagens.

- Diz que sabe o que é promoção, porém não consegue explicar o que é.

- Ganha moedas dos pais.

- Queria uma boneca no valor de R$ 299,00 de Natal, mas trocou por uma de

R$ 109,00, por orientação da mãe. A de R$ 109,00 ela não considera cara.

- Acha que barato é algo de um ou dois reais e, caro seria um computador ou

notebook. Diz que a câmera do computador custa cento e nove mil reais.

- A opinião dos amigos é importante.

- Quando um amigo tem algo diferente que ela gostou, ela pede para a mãe.

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- Diz que quando recebe um não dos pais só pede uma vez. Porém não falou

com firmeza.

- Está ansiosa porque vai mudar de escola e vai perder as amigas.

- Assiste tevê todos os dias. Seus canais preferidos são: Cartoon Network,

Discovery Kids, Jetix e Disney (Disney Channel), sendo que este último ela só

assiste na casa da prima porque ela não tem esse canal em casa.

- Assiste os comerciais e narrou um comercial dos bonecos Téo e Téia, que ela

pediu para o Natal.

- Acha que a propaganda sempre fala a verdade, porque ela viu esses bonecos

na casa da amiga e eles eram iguais ao que a propaganda mostrava.

- Lembrou de outras propagandas.

- Quando ela vê uma propaganda e gosta do produto, pede para a mãe ou a

chama para ver o comercial.

- Queria uma boneca que vem com fraldas para trocar. A boneca come

bolachas e suja a fralda. Mas se for para escolher, prefere e Boneca Téia.

- No Dia das Crianças o pai ia dar uma boneca, mas ela preferiu um brinquedo

que imita um caixa de supermercado.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Vai junto ao supermercado com a mãe.

- Pede para ir e gosta muito.

- No supermercado Angeloni ela fica algumas vezes no Cantinho das Crianças.

Se ela fica lá, ou até mesmo não vai junto ao mercado, a mãe compra alguma

coisa do mesmo jeito, pois sabe que ela gosta.

- Só sai do mercado com alguma coisa para ela.

- No supermercado ela pede chocolate Kinder Ovo, salgadinho e pote de

sorvete.

- Salgadinho ela experimenta de vários sabores, mas todos da Elma Chips.

Sorvete é da Kibon e se comprar de outra marca, ela não consome.

- Refrigerante só toma Coca-Cola e Guaraná Antarctica. Porém ela viu na

escola a Pepsi e agora só pede Pepsi.

- Ela gosta de ir a lojas de R$ 1,99 para comprar alguma coisa.

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- Quando a mãe diz não, ela mantém a palavra. O pai costuma ceder.

- Ela queria uma boneca de R$ 299,00, mas foi conversado para trocar por

uma R$ 109,00.

- No dia das crianças a mãe queria dar um tocador MP3 para a filha, para ela

escutar as músicas dela. Ela não quis e preferiu um outro brinquedo que

acabou ficando jogado. Porém, de Natal, ela pediu um aparelho MP4.

- Pediu muito por um celular que ganhou e não usa.

- Quando quer alguma coisa fica, prestativa e faz tudo que a mãe pede, isso

até ganhar o produto.

-

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bastante do pai, com tom de saudade. Possuem orgulho da Alemanha e valorizam

os produtos de lá.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança, sob

opinião da mesma:

- Não vai muito ao supermercado com a mãe, mas gosta de ir junto.

- Quando ela vai, traz alguma coisa.

- Quando ele vai, pede algo, como chiclete Trident, salgadinho, bolacha e

chocolate. Explicou como é o chocolate que gosta, mas não lembrou do

nome.

- Vai ao shopping e gosta, porém não vai muito.

- Pede para ir ao cinema e para comprar sorvete.

- Gosta de ir à loja Meninos e Meninas.

- Tem uma relação bem especial com a marca Adidas. O pai trará diversos

produtos da marca para presenteá-lo, como: boné, camiseta, tênis, luva e

meia. É a sua marca preferida.

- Considera barato algo na faixa dos cem reais e, caro, acima de duzentos.

- Poucas vezes vai ver roupa junto com mãe. Se for no shopping vão na

Renner, mas não lembrou o nome da loja sozinho.

- Não escolhe roupa por marca e sim por modelo, sendo que rejeita alguns

estilos.

- Gosta de roupas da Adidas e com desenhos diferentes.

- Sabe o que é marca e conhece várias ligadas ao vestuário esportivo como:

Adidas, Nike, Puma e Penalty, de calçado infantil, como Klin e de pasta de

dente, como Colgate.

- Entre um tênis da Nike e da Adidas, fica com o da Adidas porque é uma

marca boa, que não gasta.

- Não gosta do tênis da Klin e não compraria mais dessa marca. Diz que

estraga logo, apesar do seu tênis não ter estragado. Porém se viesse com um

boneco do Avatar, seu personagem favorito, ele compraria o da Klin.

- Não lembra da marca de refrigerante

- Ganha dinheiro da avó e de presente de familiares em datas especiais.

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- Quando está na Alemanha e ganha dinheiro lá, coloca no banco. No Brasil o

valor é dividido: metade ele gasta e outra metade dá para a mãe colocar no

banco.

- Gasta com bala.

- Olha o preço só algumas vezes.

- Quando sai com a mãe e ela nega algum pedido, ele pede emprestado para

pagar em casa.

- Quando recebe um ìnãoî, não insiste.

- Diz que não liga quando um amigo aparece com algo novo.

- Conhece novos produtos por meio das lojas e com os amigos.

- Já deu dinheiro para um amigo comprar um álbum de figurinha e trazer para

ele, porque não sabia onde comprar.

- Assiste tevê, mas não muita.

- Gosta de assistir Cartoon Network e Discovery Kids.

- Seu programa preferido é a Turma do Barney.

- Assiste propaganda, mas não deixou claro se gosta.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Não vai sempre ao supermercado, mas gosta de ir.

- Quando a mãe leva os três filhos ao supermercado, deixa os dois menores no

Cantinho das Crianças, que gostam de ficar lá, mas ao mesmo tempo

gostariam de fazer as compras junto.

- Pede muito, quase tudo que vê.

- Pede Sucrilhos e doces. O cereal é sempre da mesma marca (kellog´s), mas

o sabor é variado.

- A mãe acha que a marca do Sucrilhos é mais chamativa.

- Às vezes atende os pedidos, às vezes não.

- Quando o pedido é negado cada um reage de um jeito. O mais velho aceita

mais e o entrevistado choraminga. Para a mãe, o mais fácil seria dizer para

levar, mas não é isso que acontece.

- Se ela aceita em levar o produto, é um produto para os três, e não um para

cada um.

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- Vai ao shopping.

- Quando vai ao cinema, também quer ir ao parque infantil, que fica ao lado.

- Nem tudo o que ele pede é negado por causa do valor, e sim para colocar

limites.

- Sua loja preferida é a Meninos e Meninas, porque é maior e tem mais opções.

- Às vezes, mesmo dizendo para não entrar na loja, ele entra.

- Por via de regra ele não olha o preço dos produtos que pede, mas a mãe está

direcionando para começar a olhar.

- Os três juntos têm muito brinquedo em casa.

- Quando o mais velho era pequeno, a mãe comprava mais brinquedos fora de

hora. Quando se acumularam muitos brinquedos, ela parou de comprar.

- No aniversário ele ganhou muitos brinquedos dos convidados. A mãe acha

que ele ganhou também brinquedos que não fazem sentido, que não são

educativos e que ela não compraria.

- A mãe ressalta que na casa dela é complicado, porque as idades são

variadas.

- O pai compra bastante coisa, mesmo que a mãe diga que não precisa.

- Eles pedem roupa e calçado da Adidas, marca também utilizada pelo pai.

- Pedem muitos brinquedos, e a mãe acha que nos canais infantis há muita

propaganda desse tipo de produto.

- O brinquedo favorito é Lego, aprovado pela mãe porque desenvolve a

criança.

- Na Alemanha, os canais de televisão para crianças têm bem menos

propaganda.

- A mãe é quem escolhe as roupas dele.

- Tratando-se de vestuário, ele está começando a ficar mais exigente.

- Não quer mais os tênis da Klin porque acha que é para bebê.

- A mãe acha que, por ela ter vivenciado a realidade de outro país, ela tem uma

visão diferente na educação dos filhos. Acha que a grande maioria dos pais

cede mais do que ela.

- Na Alemanha é normal a mulher ficar em casa com a criança, pelo menos até

os três anos de idade do filho.

- A mãe acha que se trabalhasse fora colocaria menos limites. Porque é

cômodo, e pela perda que sentiria.

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- Se estivesse ainda na Alemanha, a mãe seria mais rígida no que diz respeito

ao consumo.

- A mãe acha a Alemanha é um país mais consciente e mais preocupado com

a educação.

- É influenciado por brindes, sendo que a mãe analisa o tipo de brinde antes de

atender o pedido.

- A mãe é contra mesada, mas ele acaba ganhando um dinheiro indiretamente,

porque uma vez por semana ele pode escolher uma guloseima no mercado e

é possível pegar o valor daquele produto em dinheiro.

- O filho mais velho guarda, o entrevistado gasta, não segura dinheiro na mão.

- Já questionou se poderia utilizar o dinheiro do banco.

- Ele não olha o preço dos produtos, só o mais velho.

- Em uma situação em que ele comprou um determinado produto, a mãe

explicou que estava caro e que ele poderia comprar esse produto em outro

lugar por um preço menor. Ele não quis esperar e comprou do mesmo modo.

- Ele praticamente não chama a mãe para ver algum comercial.

- Quando ele quer alguma coisa, ele tenta conversar, e até chorar e espernear.

Ele vai mais pela emoção, enquanto o mais velho é mais racional.

- Assiste tevê todos os dias. Cerca de uma hora nos dias de semana e um

pouco mais nos fins de semana.

- Não interfere nas compras familiares.

- A mãe possivelmente começará a trabalhar o dia inteiro e eles ficarão na

escola em período integral.

Confronto das informações.

A mãe está muito presente na socialização de consumo do filho e, por isso,

sabe identificar seu perfil de compra e, inclusive detectar características distintas

entre os filhos.

4.1.7 Mãe e filho número 07

A criança 07 é uma menina de sete anos e três meses que não possui irmãos.

É muito ligada à mãe, de 36 anos, que não trabalha fora desde que a filha nasceu.

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Estuda de manhã em uma escola tradicional e de tarde divide seu tempo entre as

brincadeiras em casa, passeios com a mãe a algumas atividades extracurriculares,

como balé, ginástica e aula de inglês.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai sempre no mercado junto com os pais. Gosta de ir e de ajudá-los com as

compras.

- Quando está com vontade de comer alguma coisa, pede algo, que eles

podem negar dependendo do preço.

- Pede frutas para fazer suco, e iogurte.

- Não pede salgadinho.

- Não toma muito refrigerante em casa.

- Gosta da bolacha Passatempo. Comprou para experimentar e vai ver com a

mãe se vão comprar de novo.

- Gosta de ir ao shopping.

- Não tem nenhuma loja favorita, gosta de todas.

- Olha os preços para ver se é caro ou barato.

- Diz que queria muito uma boneca, mas que não pode ter por causa do preço.

Já tem uma de valor elevado e não pode comprar outra porque é o mesmo

preço.

- Não soube explicar muito bem o que é caro e o que é barato. A mãe interferiu

e ela se perdeu.

- Já foi no shopping com outros adultos, mas não sozinha. Acha mais legal ir

com os pais.

- Sabe o que é marca e sabe diferenciar o nome do produto com o da

fabricante, no caso Nescau e Nestlé.

- Não lembrou de nenhuma marca de roupa ou tênis. Pensando um pouco

disse que tem um tênis com um determinado símbolo que ela desenhou no

papel. Era o símbolo da Nike.

- Tem várias bonecas Polly e Barbie.

- Sobre itens de higiene pessoal, a mãe geralmente mostra três opções de

xampu e/ou sabonetes, e ela escolhe um entre eles.

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Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Vai sempre vai ao supermercado com os pais. A mãe considera a ida ao

mercado um passeio familiar.

- Gosta de ir junto e pede muito pouco.

- Até os quatro ou cinco anos ficava no cantinho das crianças, e depois disso,

passou a querer ficar junto com eles.

- Quando pede para comprar algo, não diz exatamente o que. A mãe dá

algumas opções.

- Não come muito doce.

- Os pedidos dela estão crescendo por causa da convivência com os amigos.

- Nunca fez nenhuma cena em uma loja para a mãe comprar algo.

- Quando ela não acompanha os pais no supermercado, os pais tendem a

trazer mais coisas que possam agradá-la.

- Os pais a incentivam a escolher uma fruta ou suco.

- Vão bastante ao shopping, duas vezes por semana no mínimo.

- Há vezes que ela não quer ir, que prefere ficar na casa de uma amiga.

- No shopping, ela gosta de ir ao parque, ao cinema e na loja Meninos e

Meninas para ver as novidades. Ela mostra o que ela gosta e pergunta se,

quem sabe, poderia ganhar no aniversário ou no Natal.

- Não pede para levar na hora.

- Para o Natal ela pediu um MP4 de natal. Ela viu o aparelho na televisão e

com a prima de 15 anos.

- Tem um celular para poder se comunicar com os pais, mas foi ela quem

pediu. Possui duas ou três amigas que tem celular.

- A mãe acha que ela pediu mais pelos joguinhos que acompanham o

aparelho.

- Às vezes no shopping ela pede um McLanche Feliz, mas é mais pelo

brinquedo. No entanto há vezes que ela vai a outras lanchonetes.

- Para ver roupas, ela gosta de ir à loja Lilica Ripilica, na Malharia Cristina e na

Renner, que vende roupas da Polly.

- Ela e a mãe escolhem as roupas juntas.

- Ela dá valor a produtos simples, tanto quando a produtos caros.

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- Os pais dão somente um presente no aniversário.

- Ganha alguns presentes fora de hora, tanto dos pais quando da avó. Porém a

mãe considera esse presente algo como uma locação de um filme, um

brinquedo de uma loja de R$ 1,99, enfim, algo de baixo custo.

- No último Dia das Crianças os pais deram uma caderneta de poupança. Foi

algo que ela não pediu, mas gostou bastante. Disse que com isso poderá ir a

Disney um dia. Não recebeu outro presente.

- A mãe acessa a conta bancária dela pela Internet, e já a levou ao banco.

- Ela pede algumas coisas pela marca, como roupa da Barbie, por causa da

estampa, e alguns brinquedos.

- Ela viu a sandália da Xuxa na tevê, que vinha com um cachorrinho junto.

Achou legal e pediu para os pais. Só que quando ela viu a sandália

pessoalmente, não gostou. Acabou escolhendo outra que não tinha brinde e

custava três vezes menos. A sandália tinha salto e ela não gosta por causa do

balé. Tem medo de torcer o pé e não poder dançar.

- Ela pediu um skate tenis, tênis que vem com duas rodinhas na parte de trás

do pé. A mãe achava que não era legal, mas a levou para provar. Ela provou

e não gostou,

- Na escola, todas as amiguinhas compram cadernos de personagens, que são

mais caros. A mãe comprou então somente um caderno com personagem e

decorou os demais com miçangas e strass. O caderno fez sucesso.

- Tem uma amiga da sala de aula que ganha produtos considerados novidades

e também viaja bastante, e ela às vezes comenta sobre isso. A mãe

argumenta que ela desfruta de outras coisas, como um passeio no parque, a

companhia da mãe, e outras coisas do gênero.

- Em uma ocasião ela queria uma capa de chuva da Barbie, porque viu com a

prima. A mãe não achou interessante porque era do tipo parca, que não tinha

lugar para as mãos, mas mesmo assim ela queria. A mãe deu para ela ver

que ela tinha razão, e a criança usou a capa apenas duas vezes.

- Teve um Natal que toda a família se juntou para dar um Playstation para ela.

Esse foi o único presente que ela ganhou naquela data.

- Há a presença da fantasia, como o Papai Noel a Fada do Dente.

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- Sobre os itens de higiene pessoal, normalmente são os pais que escolhem,

porém algumas vezes eles falam para ela escolher. Ela não pega sempre o

mesmo, e olha o preço. Possui alguma noção dos valores.

- Escolhe o xampu pelo cheiro e pela embalagem.

- Como muitas vezes é o frasco que interessa, os pais repõem o produto que

acabou com xampu de outra marca. Ela sabe que é outro, mas não há

problema.

- Já efetuou compras sozinha, com a mãe observando de longe.

- Certa vez ela quis pagar do dinheiro dela o estacionamento do shopping.

- Seus personagens favoritos são os do programa Lazytown e o desenho Billy e

Mandy.

- O canal de tevê que mais assiste é o Discovery Kids.

- Não assiste muita tevê, prefere brincar.

- É difícil pedir muitos produtos de personagem, com exceção do vestuário.

- É influenciada por algumas promoções que dão brinde, principalmente pelo

McDonald´s.

- A mãe diz que é muito raro a filha pedir por alguma guloseima e, quando ela

pede, eles dão. O pai saiu de casa e foi até o mercado para comprar um

Kinder Ovo que ela estava com vontade de comer.

- Ela gosta da banda RBD (Rebeldes).

- Tem um par de brincos com um colar da Rebeldes e o CD.

- Pediu a roupa da Rebeldes, mas a mãe achou que era muito caro para o tipo

de roupa. Explicou para ela, e não comprou.

- Ganhou um quarto novo, com cama auxiliar para poder receber as amigas,

como havia pedido.

- Certa vez pediu uma bota de chuva da Xuxa, mas no momento da compra

trocou por outra mais confortável.

- Não ganha mesada, mas ganha dinheiro por meio de trocas. Por exemplo, se

ela trocar o McLanche Feliz, que custa R$ 10,00 por uma refeição mais

saudável, e que custe R$ 6,00, os quatro reais de diferença são dela.

- Ela guarda dinheiro, e não gasta antes de perguntar para a mãe.

- A mãe mandou entregar um lanche na escola, de surpresa para ela, e ela não

aceitou porque ela não conhecia a pessoa e, que se a mãe fosse mandar

lanche, iria avisá-la.

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- Teve um aniversário que ela pediu um presente mais caro, a boneca Miracle

Baby. Ela chamou o pai e a mãe e falou que queria a boneca, mas que

poderia ser só isso, de aniversario, Dia das Crianças e Natal. Ela ganhou a

boneca no aniversário e no Dia das Crianças não ganhou nada. No Natal os

pais deram uma bola de R$ 5,00.

- Ela compara o tênis dela com os das amigas. Ela usa Bibi, Pampili, Barbie e

tem um da Nike.

- A mãe compensa enfeitando o tênis com um cadarço diferente, um band-aid

decorado, etc.

- Às vezes ela escolhe o tênis junto com a mãe, e às vezes a mãe compra

sozinha.

- Já chegou a pedir tênis da Adidas. A mãe a levou para provar, mas ela não

gostou. Se tivesse gostado, ela iria ganhar. Ela viu o tênis da Adidas com um

menino da escola.

- Assiste as propagandas. Uma vez chamou a mãe para ver o comercial da

Polly World. Depois ela viu na loja, olhou o preço e achou caro, porque a mãe

ensinou que quando tem três números e uma virgula, é caro.

- Ainda não chegou a influenciar em compras familiares, mas os pais irão

comprar um sofá novo e a mãe disse que ela pode opinar.

- Ela ajuda a escolher as férias da família.

Confronto das informações.

A mãe é muito influente no processo de consumo da filha, sendo que não há

discrepâncias nas informações justamente por isso, a opinião da filha é um reflexo

da opinião da mãe. Porém a filha é muito firme em algumas decisões de consumo, e

nem sempre a mãe consegue convencê-la que determinado produto não é bom.

4.1.8 Mãe e filho número 08

A criança 08 é um menino de sete anos e um mês que não possui irmãos. A

mãe possui 38 anos e se dedica exclusivamente à ele. Moram em uma casa ampla,

onde ele tem um quarto somente para os brinquedos.

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Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai ao supermercado com a mãe. Gosta de ir junto e de ajudá-la com as

compras.

- Pede brinquedos e guloseimas.

- Pede o cereal Sucrilhos, que vem com uma asa delta.

- Pede o suco com tatuagem do Pernalonga. Pega o suco sozinho, subindo no

carrinho para alcançar a prateleira.

- Gosta de ir ao shopping para ir ao cinema.

- Vai ao shopping muitas vezes com o amigo e a babá deste.

- Gosta de ir à Havan por causa do parquinho.

- Gosta de ir ao McDonald´s e dos brindes que vem com o McLanche Feliz.

- Conhece vários nomes e marcas de carro, como: Picasso, Chevrolet, Opala e

Golf.

- Sabe várias marcas das roupas que usa, como: Tigor (Tigor T. Tigre), Tommy

(Tommy Hilfiger), e Half Loren, que ele tem uma blusa com desenho de

escorpião.

- Dentre as roupas, a marca preferida é Tigor. Ele acha que é a mais legal.

Gosta de ir à loja desta marca.

- Conhece também varias marcas de tênis, como: Puma, que ele chama de

pata da Puma, por causa do símbolo, Hot Wheels e Nike. Diz que o da Hot

Wheels é o mais legal.

- Se o da Puma viesse com um dinossauro junto, ele talvez trocaria. Mas como

ele gosta do Hot Wheels, teria que ver como é o brinde.

- Tem também a sandália da Hot Wheels e o chinelo do Carros. Esse último

todos os amigos têm.

- Quer pedir de Natal uma bicicleta da Tigor.

- Tem um skate da Hot Wheels.

- Os itens de higiene pessoal são todos de personagem e é ele quem escolhe.

A escova de dentes é da Hot Wheels, o xampu é o Crescidinhos da

Johnson´s e a pasta de dente é do Pernalonga.

- Gosta de tudo que é da Hot Wheels.

- Toma o refrigerante Coca-Cola e prefere só esse.

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- Gosta de brinquedos da Hot Wheels e do Carros.

- Queria ter o carro do Tigor, mas ele não viu esse carro na loja, ele nunca viu o

carro. Ele queria um carro que fosse do Tigor.

- Seus personagens preferidos são o Relâmpago McQueen e o Hot Wheels.

- Gosta quando vem brinde no produto.

- Se o Sucrilhos não viesse com brinde, ele pegaria outro cereal com brinde.

- Ganha dinheiro do avô e moedas da mãe.

- Está guardando para comprar um capacete para andar de skate.

- Assiste tevê. Seus programas favoritos são Jim no Mundo da Lua e o

desenho Backyardigangs.

- Assiste as propagandas, mas não sabe direito o que é propaganda, no

entanto, parece que ele não reconhece a palavra propaganda.

- Chama a mãe para ver quando passa alguma coisa que ele quer.

- Assistiu a propaganda do xampu Crescidinhos.

- Tem uma coleção de bonecos de montar que acompanham a Revista

Recreio.

- Possui vários brinquedos.

- Coleciona miniaturas de avião e sabe o nome de todas as aeronaves, assim

como para que são utilizadas: carga, passageiros, etc.

- Gosta de brinquedos ligados a dinossauros. Pediu de Natal uma pista do

Tiranossaro Rex que viu no shopping.

- Tem um boneco Max Steel e vários carrinhos da Hot Wheels.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Acompanha a mãe ao supermercado em algumas vezes, e gosta de ajudar.

- Quando pede, não é de fazer cena.

- Não é muito de pedir, mas a mãe compra bastante coisas para ele.

- A mãe não compra salgadinho, prefere comprar bolacha salgada.

- Escolhe os produtos dele pelo desenho, mais pelo personagem.

- Compra o Sucrilhos por causa do brinde e, quando não tem nenhum brinde

no Sucrilho, ele não pede.

- Gosta do Kinder Ovo, que vem com brinquedo.

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- A mãe não sente diferença no valor total das compras quando faz sozinha ou

acompanhada dele. Isso porque ela sempre compra os itens que ele gosta.

- A mãe compra itens de papelaria no mercado, para ele fazer atividades em

casa.

- Ele vai muito ao shopping, mas com o amiguinho da mesma idade,

acompanhado da babá. Vai mais com o amigo do que com a mãe.

- Gosta de ir à loja Meninos e Meninas e na Havan.

- Na loja Meninos e Meninas ele aponta os brinquedos que ele acha legal. Se a

mãe tem vontade de comprar na hora, e vê que ele está se comportando, ela

dá o brinquedo.

- Antes a mãe dava mais presentes fora de hora, agora ela está cortando isso

aos poucos.

- A mãe compra semanalmente a revista Recreio, porque é educativa e tem

várias brincadeiras.

- A mãe compra a maioria das roupas dele na Tigor e alguma malha na

Malharia Cristina.

- Ele nunca vai junto na loja da Tigor. É a mãe quem escolhe.

- Pede pela marca Hot Wheels, tanto os brinquedos como outros produtos

associados à marca.

- Tem vários produtos licenciados da Hot Wheels, como: mochila, caderno,

blusa, skate, pijama, sandália, etc.

- Chama a mãe para ver as propagandas.

- Pediu a bolacha do Relâmpago McQueen porque ele viu na tevê e com um

amigo. Ele foi ao mercado com a intenção de procurar essa bolacha, e a mãe

comprou.

-

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- Pega sempre uma pasta de dente diferente.

- Está começando a olhar os preços. Pergunta para a mãe se é caro ou barato.

Mas não pergunta se as pistas de Hot Wheels são caras.

- A mãe acha que ele trocaria de marca por causa de um brinde.

- Pediu um salgadinho Elma Chips por causa do brinde. Na verdade vinha com

tickets para trocar por um chaveiro. Ela comprou, mas ele não comeu o

salgdinho, só pegou os tickets.

- Não ganha mesada, mas ganha as moedas de troco para colocar no cofrinho.

- Já comprou um brinquedo com o dinheiro dele.

- O pai não cede tão fácil aos pedidos.

- Quando ele quer algo, pede para a mãe.

- Repara nas coisas que os amigos têm, e pede igual.

- Quis o chinelo do Relâmpago McQueen e não podia ser outro porque todos

tinham aquele. Ele ganhou, mas antes ficou duas semanas pedindo.

- Assiste tevê. Os canais preferidos são Discovery Kids e atualmente, Disney.

- Alguma bastante filmes em DVD.

- Quando os pais trocaram a tevê da sala, o levaram junto. No princípio ele não

estava muito animado, mas após uma conversa, ele acabou gostando.

- Quando a mãe trocou de carro, ele ajudou a escolher a cor.

- A mãe se dedica totalmente a ele, e vê vantagens nisso. Diz que é necessário

para uma boa relação com o filho e para ele crescer com bons valores.

- A mãe do melhor amigo dele trabalha fora e ela vê muitas diferenças no jeito

que o amigo trata a mãe.

Confronto das informações.

A mãe compreende o universo de consumo do filho e, em muito, reforça seu

comportamento. Atende muitos dos seus desejos e guia boa parte de suas

preferências, principalmente no que diz respeito ao vestuário.

4.1.9 Mãe e filho número 09

A criança 09 é um menino de oito anos e quatro meses, e possui um irmão

menor, de seis anos. Estuda no período da tarde e, de manhã, fica em casa com o

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irmão e a auxiliar da casa. A mãe trabalha fora em período integral, porém,

geralmente possui às terças e quintas de manhã livres. Mesmo com esse período

mais livre, ela é considerada uma mãe de alta ocupação porque, se tiver

compromissos no trabalho, ela não utiliza esse tempo.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai ao supermercado com a mãe e gosta bastante.

- O irmão vai junto em algumas vezes.

- Geralmente pede balas e chicletes Babaloo.

- Algumas vezes a mãe nega os pedidos.

- Não pede salgadinho.

- Pede suco de laranja da marca Santal.

- Refrigerante só em dia de festa.

- Gosta do chocolate Willy Onka, do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate.

- Vai ao shopping, sendo algumas vezes com o pai e algumas vezes com a

família toda.

- O lugar preferido é o cinema, e a loja que mais gosta é a Meninos e Meninas,

que freqüenta para conhecer os brinquedos.

- A mãe é quem compra as suas roupas. Algumas vezes ele vai junto escolher.

- Sabe o que é marca. Diz que Santal é a marca do suco de laranja.

- De roupas, ele lembra que tem na Renner.

- Ele tem uma chuteira da Umbro que foi ele que escolheu.

- Alguns amigos têm a chuteira da Nike. Ele acha mais legal a da Nike, mas

não ganhou porque era muito cara.

- Ele considera um produto caro um tênis da Nike ou da Adidas, e um produto

barato um tênis parecido com o que estava usando.

- Brinquedo ele pede pela marca, como Lego e Hot Wheels.

- Não conhece marca de produtos eletrônicos.

- Sobre itens de higiene pessoal, conhece a marca Colgate, que usa. A escova

de dente também é da Colgate e o xampu é o Johnson´s Crescidinhos, que a

mãe comprou.

- Viu a propaganda do xampu na tevê.

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- O tênis de uso diário, que não é chuteira, não é de uma marca conhecida. Ele

foi junto comprar e escolheu pela cor.

- Considera uma roupa legal a roupa do time de futebol São Paulo. Viu essa

roupa numa loja na cidade de Florianópolis, mas a loja estava fechada.

- Diz que não olha a embalagem.

- Seu personagem preferido é o Relâmpago McQueen, do filme Carros. Ele tem

uma camiseta e um shorts desse personagem, que ganhou de presente de

aniversário.

- Gosta também do Nemo, que ele tem o DVD.

- Gosta quando aparece o personagem.

- A mochila de aula é de uma marca de surf, que ganhou de aniversário.

- Diz que promoção é uma nova invenção.

- Gosta quando um produto vem brinde.

- Já comprou um cereal que vinha com um boneco junto.

- Não pede mais o Nescau Cereal, só quando vem com brinde.

- Ganha R$ 3,00 do pai, por semana.

- Está juntando para comprar um lego e tem R$ 8,00.

- Algumas vezes compra carrinho de Hot Wheels que custa R$ 5,00.

- Já comprou com a mesada um Lego que custou R$ 32,00. Juntou a mesada

com a do irmão.

- Olha o preço quando vai comprar.

- Quando é mais caro, pede para alguma data, como aniversário ou Natal.

- Algumas vezes ganha um presente fora de hora.

- Quando quer alguma coisa fala com o pai e com a mãe.

- Repara nos amigos e algumas vezes pede algo que eles têm.

- A opinião dos amigos é importante, igual a dos pais.

- Assiste tevê todos os dias. Agora os pais iriam mudar isso, assistir dia sim,

dia não, mas ainda não começou.

- Gosta de assistir o canal Nickolodeon.

- Algumas vezes assiste às propagandas e algumas vezes muda de canal. Não

gosta de todas as propagandas.

- Propaganda legal é de um brinquedo novo que foi lançado, ou de um filme

novo.

- Chama a mãe para ver uma propaganda que acha interessante.

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- Acha que a propaganda sempre diz a verdade.

- Não participa das compras da casa.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Vai ao supermercado com a mãe e algumas vezes fica no Cantinho das

Crianças. Entretanto, nem sempre ele quer ir junto no supermercado, prefere

ficar em casa brincando.

- Quando ele vai junto, a compra é mais demorada porque ele pára muito. Mas

não faz tantos pedidos. Comida não é uma coisa que o atrai muito.

- O que mais chama a atenção dele no mercado são balas e chicletes.

- Às vezes ele pede uma bolinha que vem brinquedo dentro, que fica numa

máquina que precisa de ficha.

- Salgadinho não é todo dia que pode. Uma vez por semana ele pode comer

um Pingo d´Ouro.

- A mãe trocou o chiclete Babaloo por Trident, que é sem açúcar.

- Ele pede para ir junto na padaria depois da aula.

- Ele vai muito pelo sabor e tem muitas coisas que ele não come.

- Agora está numa fase de comer sushi.

- Suco ele só toma Santal. A mãe já tentou comprar outros, mas ele gosta do

sabor do suco Santal.

- Gosta do chocotone da Bauducco. A mãe fez um teste e comprou um

chocotone de outra marca e deu para ele como se fosse o da Bauducco. Ele

comeu, mas a mãe acha que esse caso foi uma exceção.

- O filho mais novo não é tão seletivo. Ele até tem as marcas preferidas, mas

não se importa muito com isso.

- A mãe diz que ele está numa fase de rejeitar tudo quando é coisa de menina.

- Não vai com muita freqüência ao shopping. Quando vai, é mais no fim de

semana.

- Algumas vezes em que vai ao shopping, a mãe já determina os limites antes

de sair de casa.

- Até pouco tempo ele fazia mais manha nas lojas para convencer a mãe a

comprar. Agora isso está mudando.

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- Na época da Copa do Mundo de Futebol ele queria o uniforme oficial do

Brasil. A mãe alegou que era muito caro e comprou um não oficial. Ele ficou

feliz do mesmo jeito, mas sabia que não era a oficial.

- Não escolhe roupa junto com a mãe.

- Não olha marca de roupa, mas pediu a roupa da Nike por causa da Copa do

Mundo de Futebol.

- Teve uma compra de tênis que ele estava junto, e fez a escolha baseada no

modelo, que parecia uma chuteira, e porque era confortável.

- Pediu o tênis da Nike, por causa da Copa do Mundo de Futebol.

- Ganhou uma mochila da Surkids, mas não reconheceu como uma mochila de

marca. Na escola os outros amigos reconheceram e ele achou legal. - A mãe diz que ele começou a reparar nas marcas de tênis atualmente.

- De brinquedos, ele gosta da Lego e Hot Wheels.

- A mãe não compra os produtos similares a esses brinquedos porque acha

que a qualidade dos carrinhos Hot Wheels é muito boa, e não vale a pena

comprar um não original.

- Pediu uma pista da Hot Wheels que era mais cara, mas a mãe não deu. Ele

então, ganhou da avó, que costuma dar presentes fora de hora.

- Quando se trata de embalagem, ele repara nos personagens.

- Seus personagens preferidos são o Nemo e o Homem-Aranha.

- Ele está ficando mais atento aos preços, e isso foi depois que começou a

ganhar mesada, há seis meses.

- Certa vez, perguntou para a mãe quanto dinheiro ela tinha na bolsa.

- Quando ele quer alguma coisa e a mãe fala que não tem dinheiro, ele diz que

ela pode dar um cheque.

- Ele já fez uma compra sozinho, de chicletes numa lanchonete. A mãe

observou de longe.

- Juntou a mesada dele com a do irmão para comprar um brinquedo da Lego.

Foram juntos com a mãe comprar e levaram 32 reais em moedas para a loja.

- Quando quer alguma coisa, pede tanto para a mãe como para o pai. Quem

estiver por perto primeiro. Às vezes ele pede para um e depois para o outro.

- Tem acesso ao computador, mas não à Internet.

- No final de semana a televisão é um pouco mais liberada.

- Não interfere nas compras familiares.

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- Há uns dois anos e meio a mãe conseguiu as terças e quintas de manhã de

folga. Nesses dias ela leva os filhos para a aula de futebol e fica mais com

eles. Com isso a mãe percebeu uma mudança significativa nos filhos. Eles

ficaram mais calmos e, segundo ela, dinheiro nenhum paga isso.

Confronto das informações.

Não houve muitas divergências entre os comentários da mãe e do filho. A criança

está começando a desenvolver suas próprias preferências de consumo e levando

em maior consideração a opinião dos amigos, no entanto a mãe parece perceber

estas mudanças.

4.1.10 Mãe e filho número 10

A criança 10 é uma menina de sete anos e seis meses e possui um irmão de

11 anos. A mãe tem 45 anos e se dedica parcialmente à área de moda. Moram em

uma casa com quintal e a mãe incentiva as brincadeiras ao ar livre.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai somente às vezes ao mercado com os pais. Não gosta muito de ir junto

porque tem que ficar ajudando e nem sempre a mãe a deixa ficar no Cantinho

das Crianças.

- Quando vai junto pede alguma coisa como: bolacha, bombom, fruta e

salgadinho.

- Gosta mais da bolacha Trakinas, mas pode ser outra também.

- Pede o salgadinho Doritos, mas se tiver outro salgadinho com brinde dentro,

ela troca.

- Se não gostou do produto que vem com brinde, não pede mais, porém

hesitou um pouco na hora de dizer que não repetiria a compra.

- Quando a mãe nega a compra, algumas vezes ela pede de novo.

- Raramente vai ao shopping, mas gosta de ir. Vai com a mãe ou com a família

toda.

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- Considera-se parecida com a amiga e, quando esta tem algo diferente, ela

pede também.

- Veste-se igual à amiga.

- Conversa com a amiga sobre os brinquedos que quer comprar, ou sobre

alguma outra novidade.

- A última conversa que teve com a amiga foi sobre o brinquedo Gira-trança.

Ela viu na tevê, só que o brinquedo não funciona.

- Considera a opinião dos pais mais importante que a dos amigos.

- Acha que ser popular é ir para a escola com o cabelo diferente, ou com um

acessório diferente. Depois se contradiz e diz que os amigos não reparam

nessas coisas.

- Assiste tevê todos os dias e gosta dos canais Cartoon Network, Discovery

Kids e o Jetix.

- Assiste os comerciais, mas não gosta. Depois diz que gosta de alguns e que

um comercial legal é quando ele é comprido.

- Gosta do comercial da Hello Kitty que é exibido no canal Cartoon Network.

- A mãe lembrou de um comercial que ela acompanhava cantando. Ela

confirmou: era a propaganda da marca de roupa Brandili.

- Ouve a rádio Atlântida.

- Diz que a propaganda nem sempre fala a verdade, por causa do brinquedo

gira-trança, que não funciona como a propaganda mostrou.

- Se a mãe trabalhasse fora o dia inteiro seria pior.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Raramente vai ao mercado com a mãe, não gosta muito e acha cansativo. Se

vai, geralmente pode escolher um produto só.

- Não vai muito ao shopping.

- Tanto ela quanto o irmão mais velho não gostam de sair muito. Quando saem

é para ir ao clube, ao parque ou à casa de um amigo.

- A mãe se dedica muitos aos filhos, mas acha que o nível social da família é

diferente ao dos amigos dos filhos. A filha sente muito isso.

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- Pede por produtos de marca, principalmente brinquedos como Polly e Barbie.

Pede bastante e alguma vezes a mãe cede, porém pedidos de brinquedos

muito caros não são atendidos.

- Está começando a ter noção dos valores, mas muitas vezes vai pelo número.

Por exemplo, dez reais; acha barato porque é dez. Não consegue associar o

valor ao tipo de produto.

- Roupa ela pede da Hello Kitty.

- A mãe compra muita roupa na Hering, mas procura nos saldos, que vende

roupas de coleções anteriores a um baixo custo. Ela reclamou que a mãe

nunca compra na parte da loja que tem as novidades. Chegando em casa o

pai contradisse a mãe falando que ela deveria comprar na loja uma vez.

- O pai se aposentou recentemente e fica em casa. Com isso ela adquiriu um

comportamento mais manhoso, e pede mais coisas para o pai. Antes ela não

era tão próxima dele.

- Se as crianças vão ao mercado com o pai, ganham três ou quatro coisas.

- Quando a família vai ao shopping é quase como passar o dia: almoçar, ir ao

cinema, passear nas lojas, lanchar. A mãe preferiria ir mais vezes e fazer uma

coisa de cada vez, mas o pai prefere assim.

- Não é possível dar brinquedos similares, até certa idade dava, agora não

mais.

- A mãe escolhe os itens de higiene pessoal.

- Ela não é de experimentar coisas novas.

- A mãe trouxe para ela um salgadinho da Hello Kitty que vinha com um

chaveiro.

- Não toma refrigerante.

- Antes da aposentadoria do pai a família não mantinha refrigerante em casa,

somente aos finais de semana. Agora o pai abre um refrigerante todo dia.

- É influenciada pela embalagem: cor e desenhos. O personagem chama muito

a atenção.

- Adora a banda RBD (Rebeldes), mas não assiste a novela e até esquece do

horário.

- Tem uma camiseta e alguma coisa de material escolar da Rebeldes.

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- O personagem preferido é a Hello Kitty e ela tem muitos produtos com esse

desenho. Mas a maioria dos produtos ela ganhou de aniversário, de outras

pessoas.

- É influenciada por promoção, mas não por um produto estar com o preço

menor, e sim por promoção que dá brinde. A mãe analisa se o brinde vale a

pena.

- Ganha mesada, cinco reais por mês e, atualmente, a mãe acha que é pouco.

Negociou em dobrar, de cinco para dez reais mensais, e em troca ela ajudaria

em algumas tarefas domésticas.

- Não olha muito o preço dos produtos que pede.

- Quando o dinheiro é dela, pensa mais antes de comprar.

- Chama a mãe para ver um comercial que acha interessante.

- Assiste os comerciais e a mãe acha que eles chamam muito a atenção.

- Pede mais para o pai, porque é mais fácil o pai dizer sim.

- A mãe acha que a influencia dos amigos está mais forte nessa idade.

- Ela repara muito no que as amigas têm.

- Escolhe a roupa para vestir diariamente.

- Assiste tevê todos os dias. Não há um horário específico e não assiste por

muitas horas seguidas.

- Usa o computador, mas não tem acesso a Internet.

Confronto das informações.

Neste caso, como no da criança 03, houve mais discrepâncias nas respostas

da filha, que pareceu confusa em alguns assuntos. A mãe entende o processo do

consumo da filha e mostra estar acompanhando algumas mudanças nesta área.

4.1.11 Mãe e filho número 11

A criança 11 é uma menina de sete anos e seis meses, sem irmãos. A mãe

possui 40 anos e sempre trabalhou fora do lar, na área de publicidade. Há pouco

mais de seis meses dedica-se a um empreendimento próprio, e possui mais tempo

livre.

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Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai ao supermercado com os pais e gosta de ir.

- Pede Sucrilhos, sorvete, biscoitos e picolé.

- Os pais compram, ao menos que ela não se comporte.

- Gosta do Sucrilhos do tigre que ganha prêmio, ou seja, vem com brinde.

- Quando os pais dizem não, ela não insiste.

- Vai muito ao shopping, praticamente todos os dias, porque os pais possuem

loja.

- Gosta de ir nos jogos eletrônicos.

- Gosta de ir à loja Meninos e Meninas porque sempre tem uma novidade.

- De tanto que freqüenta a loja Meninos e Meninas, já ganhou brinquedos como

presente.

- Trabalha na loja da mãe, diz que é analista de mercado.

- Sabe o que é marca.

- Não estava muito concentrada para dizer o nome de marcas. Perguntou se

podia ser uma marca de produto de limpeza, e citou o Easy of Bang, que vê

muito na tevê, mas precisou de ajuda para dizer o nome. Não tem esse

produto em casa.

- Gosta de roupa da Barbie.

- Gosta das bonecas Princesas Disney.

- Sobre itens de higiene pessoal citou o xampu Crescidinhos, que ela viu na

tevê, mas não usa.

- A mãe é quem compra os itens de higiene pessoal, mas às vezes ela ajuda.

Quando ela escolhe, vai pelo personagem.

- Usa a pasta de dente do Bob Esponja, que é ela quem escolhe.

- Experimentou a pasta de dente da Barbie e não gostou. Não vai mais usar - A mãe escolhe as roupas e traz para casa, e daí ela decide quais peças ela

quer.

- Às vezes ela vai junto na loja e acha melhor, porque daí não precisa devolver.

- Há muitas lojas que ela gosta de ver roupa: a C&A, Renner e uma que ela

não sabe dizer o nome e mãe ajudou, Serendipity.

- Uma roupa legal não pode espetar.

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- Gosta de roupas com desenhos de personagens.

- Uma embalagem chama atenção quando tem desenhos, ou se é da Barbie e

Hello Kitty.

- Gostou de uma bolsinha da Hello Kitty que vinha com chocolate dentro, mas

como é alérgica ao leite não pôde comprar. Se viesse com outra coisa dentro

teria pedido.

- Quando pede por algum brinquedo a mãe fala para ela colocar na data, ou

seja, pedir de aniversário, Natal ou Dia das Crianças.

- Chama a mãe para ver alguma propaganda que gosta.

- Assiste muita tevê, todos os dias.

- Sempre assiste os comerciais.

- Acha que a propaganda nem sempre fala a verdade, mas não soube explicar

porque.

- Ganha mesada da mãe. Coloca em um cofrinho em casa e numa conta no

banco. Gasta com algumas coisas também.

- No momento da entrevista, perguntou para a mãe se podia tirar o dinheiro da

conta para comprar um brinquedo, mas não sabia qual brinquedo. Queria

apenas comprar alguma coisa.

- Considera que os produtos caros são os produtos mais legais.

- O McLanche Feliz não é tão barato, é um pouco caro.

- Quando vai à loja Meninos e Meninas não olha o preço dos produtos.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mãe:

- Acompanha a mãe ao supermercado e leva seu próprio carrinho, com uma

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- Vai muito ao shopping, mas nunca circula sozinha. Sempre com um adulto

junto.

- Gosta muito da loja Meninos e Meninas, mas também freqüenta a Game

Land, uma outra loja de brinquedo.

- Ganhou de natal um presente da loja Meninos e Meninas, porque ela

freqüenta bastante a loja.

- Vai bastante ao cinema e ao parquinho.

- Pede brinquedos pela marca: Polly, Barbie, Max Steel e Hot Wheels. Gosta

de brinquedos de meninos também.

- Não tem videogame, joga somente jogos educativos no computador.

- Roupa ela gosta da Renner, que tem a marca Polly e na C&A, mas só pede

roupa quando ela vê na loja.

- A mãe compra algumas roupas na Malharia Cristina. Geralmente compra

peças lisas e uma ou outra da Hello Kitty.

- Se a roupa ìpinicaî ela não usa, não importa de que personagem seja.

- Tem também algumas peças da Lilila Ripilica, mas algumas vezes na loja, ela

não quer experimentar roupas. A mãe acha que é por causa do ambiente, que

tem outros atrativos e ela prefere ficar brincando. Gosta de acessar o site da

Lilica.

- Ganhou várias roupas de Natal e demorou mais de duas semanas para

provar todas. Prova quando tem vontade.

- É influenciada pela embalagem: cor e pelo personagem.

- O personagem chama muito a atenção. A mãe diz que em 70% das vezes

que ela vê um produto com personagem ela pede, e praticamente sempre ela

se dirige até o produto e pega na mão para ver.

- Tem vários personagens favoritos, sendo que depende do segmento. Roupa

pede da Barbie e Polly e higiene é Bob Esponja, por exemplo.

- Pede para participar dos concursos que os canais de tevê promovem, os

quais necessitam que a criança acesse o site para participar. A mãe deixa

somente quando não precisa colocar os dados da criança.

- Promoção do tipo ìdois produtos pelo preço de umî não chamam a atenção,

apenas promoção de dar algum brinde.

- Trocaria de marca por causa do brinde, mas tem que ser um brinde atrativo

para ela, como um brinquedo.

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- Não sabe ver os preços dos produtos sozinha, a mãe orienta.

- Ganha R$ 15,00 por semana, sendo cinco reais para colocar no banco, cinco

reais para o cofrinho de casa e cinco reais para gastar de imediato.

- Às vezes a avó dá R$ 50,00. Como é presente, geralmente ela gasta todo

esse dinheiro.

- Não tem muita noção do que é caro ou barato. Associa o tamanho do pacote

ao preço, e não entende por que uma boneca pequena pode custar tanto.

- Quando compra com o dinheiro próprio pergunta para a mãe se o dinheiro dá.

- Quando quer algum produto chama a mãe para ver na tevê, ou mostra na

loja.

- Quando uma amiga tem algum produto novo, ela comenta, mas não formaliza

como um pedido.

- Comentou que a amiga tinha a boneca Ananda e a mãe perguntou se ela

queria, mas ela disse que não porque já tinha a Miracle Baby.

- Não se veste do mesmo jeito que as amigas.

- Não tem preferência por marca de tênis.

- Quando quer alguma coisa, repete muitas vezes, mas a mãe complementa

que em tudo ela costuma repetir.

- Ao final da entrevista com a mãe, ela pede para ir ao shopping. Repete

inúmeras vezes a palavra shopping.

- Assiste somente aos canais infantis, menos o Cartoon Network porque tem

um horário que passa desenho adulto. Não assiste aos canais abertos.

- Gosta de ver as propagandas.

- Gosta da música da Rebeldes, mas não dos produtos porque acha que são

feios.

- Não ajuda na decisão de compras familiares. Mas pediu um computador e os

pais estão pensando no assunto.

- Gostaria de um DVD no carro, e a mãe está vendo.

- A mãe, apesar deste momento estar com uma ocupação em horário flexível,

sempre trabalhou fora desde que ela nasceu e sempre teve a ajuda de uma

babá.

- A mãe acha que a sua vida profissional não teve influência no processo de

consumo da filha. Sente que é uma necessidade mais dela do que da filha, e

acha que isso interfere no seu ceder.

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- Desde que possui horário flexível, a poucos meses, a mãe acha que

melhorou, mas melhorou para ela porque se sente mais tranqüila e acha bom

poder passar mais tempo com a filha.

Confronto das informações.

Mãe e filha parecem compartilhar hábitos de consumo similares, e a mãe atua

como um agente muito importante na socialização de consumo da filha. A mãe a

estimula a compreender esse processo, seja por orientações no ponto de venda ou

na forma de lidar com o dinheiro. No entanto, às vezes a filha se mostra muito

imediatista.

4.1.12 Mãe e filho número 12

A criança 12 é uma menina de sete anos e quatro meses, que possui um

irmão de 20 e uma irmã de 23 anos, ambos somente por parte de pai. A mãe possui

um escritório de pesquisa em casa, e trabalha nele no período da manhã, sendo que

a noite leciona em uma faculdade. No período da tarde dá mais atenção à filha, mas

acaba trabalhando um pouco também.

Dentre as atividades relativas ao universo do consumo tem-se que a criança,

sob opinião da mesma:

- Vai ao supermercado com os pais e gosta de ir junto.

- Às vezes compra alguma coisa.

- Gosta de olhar os brinquedos.

- Gosta de olhar as pastas de dente, e às vezes a mãe compra uma.

- Gosta de escova de dente de personagem e pasta de dente da tandy.

- Pede chocolate: M&M ou Milka.

- Gosta de salgadinho e mãe compra quando ela pede.

- Gosta também do salgadinho da Hello Kitty que vem com um chaveiro.

- Vai bastante ao shopping. Gosta de ir à Renner olhar sapatos, nas Lojas

Americanas, na loja Meninos e Meninas, ao cinema e fazer um lanche.

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- Gosta das roupas da Hello Kitty e tem também das Meninas Superpoderosas

e da Barbie.

- Na Meninos e Meninas não pede o brinquedo na hora, mas pede para

alguma data comemorativa.

- Sabe o que é marca.

- Conhece marcas de alimentos, como: Ades, Kapo, Trakinas, Neston, cereal

Fruitloops da kellog´s, iougurte Parmalat, Guaraná e Coca-Cola.

- Sabe reconhecer a marca do brinquedo, e não apenas o nome de um

produto, ou seja, sabe que a boneca Polly e Barbie são da marca Mattel.

- Olhou a casa da Barbie em uma loja e achou legal, mas não vai pedir. Disse

que era muito caro.

- Acredita em fantasia, como Papai Noel e Fada do Dente.

- De Natal ganhou uma escova elétrica da Colgate. Pediu porque tinha visto em

uma farmácia.

- Usa o xampu Seda.

- Usa o tênis All Star, e conheceu a marca em uma loja.

- Gosta de produtos que venham com brinde.

- O personagem preferido é a Polly, mas gosta também do Carros. Tem o jogo

de Playstation e um brinquedo que veio no McLanche Feliz do McDonald´s.

- Gosta do desenho Pink Dinky Doo, exibido pela Discovery Kids.

- Sempre que vai ao McDonald´s pede o McLanche Feliz, que vem com brinde.

Ao menos que seja um brinde repetido.

- Diz que promoção é quando está mais barato.

- Não ganha mesada, mas ganha dinheiro de vez em quando do pai, mãe, avó

ou bisavó.

- Quando ganha dinheiro compra alguma coisa ou, se não acha nada legal,

guarda para comprar mais tarde.

- Já fez uma compra sozinha, com a mãe olhando de longe. Geralmente pede

ajuda para a vendedora para ver se o dinheiro dá e não confere o troco.

- Considera um produto caro uma calça, blusa ou brinquedo e um produto

barato um item de R$ 1,99.

- Às vezes, quando gosta de algo, pede para uma data, mas depois não quer

mais e escolhe outra coisa.

- Quando quer algo, pede primeiro para a mãe.

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- Na fila do caixa a mãe geralmente compra alguma coisa que fica nas

gôndolas entre as filas. É a filha que pega na mão primeiro e a mãe pergunta

se ela quer levar.

- Vai ao shopping com freqüência, aproximadamente três vezes por mês.

- Gosta de ir à loja Meninos e Meninas, Renner e C&A. Adora provar sapatos

na Renner.

- Gosta de produtos da Polly.

- Gosta de ir ao McDonald´s.

- Enquando a família está fazendo um lanche, ela vai na banca comprar

alguma coisa. Gosta da Revista Recreio, da revista da Mônica e daquelas que

vem com CD para jogar no computador. Compra figurinhas também.

- Conhece as lojas que freqüenta, e sabe onde ficam os produtos que gosta.

- Sempre que vai ao shopping, ganha alguma coisa.

- Olha os preços e está começando a entender os valores.

- Já foi ao shopping sem ser com os pais, mas foi com outros adultos.

- Pede algumas coisas sobre marcas, mas é mais relacionado ao personagem,

como a mochila da Polly.

- A mãe compra muita roupa nos saldos da loja da Hering. Às vezes já compra

para a próxima estação.

- Escolhe as roupas que irá vestir.

- Às vezes vai junto escolher roupa e às vezes a mãe vai sozinha.

- Pede os brinquedo pela marca e sabe o nome do fabricante do brinquedo.

- Quando ela era menor era possível comprar um brinquedo similar, mas a mãe

acha que não vale a pena, pela qualidade inferior do brinquedo.

- Escolhe os produtos de higiene pessoal, sendo que a mãe somente avalia o

preço. Escolhe esse tipo de produto pela embalagem.

- Acumula escovas de dente, porque todas são de personagens.

- A mãe acha que ela tem um carinho por certas marcas de alimento, como

Nestlé e Sadia.

- Olha o prazo de validade nas embalagens.

- Olha o preço dos produtos e agora está começando a ter noção do valor que

os preços representam.

- Presta atenção nos produtos e em propagandas, até porque os pais

trabalham com pesquisa e marketing.

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- Certa vez ela escolheu um cereal que estava em degustação no

supermercado, era um cereal da Nestlé. Mas depois, ela viu que tinha um

cereal da Kellog´s que dava de brinde um pratinho, e ela trocou.

- Ganha dinheiro de vez em quando, mas não é fixo, não é uma mesada.

- A bisavó negocia um abraço por um real.

- Gasta o dinheiro com figurinhas, gibi ou em lojas de R$ 1,99.

- Junta moedas no cofrinho para gastar nas férias.

- Quando pede brinquedos de maior valor, programa para alguma data festiva.

Geralmente os pedidos são atendidos.

- Chama a mãe para ver uma propaganda de algo que quer ou também mostra

na loja.

- Acessa na Internet os sites da Polly, Barbie, Discovery Kids, Cartoon Network

e outros. Conhece muitos brinquedos pela Internet.

- O site da Polly é americano, então mostra brinquedos que ainda não foram

lançados no Brasil. Em maio de 2006 ela viu um brinquedo no site que

chegou ao Brasil no segundo semestre. Quando chegou a mãe já comprou

para garantir, e também porque iria parcelar o valor, que era de R$ 300,00.

- Há alguma influência das amigas, mas isso é mais forte em brinquedos.

- A mãe compra muitas roupas para a filha,

- Observa a irmã mais velha, de 23 anos. A mãe acha que a irmã é como um

modelo para ela.

- Opina nas roupas que a mãe usa.

- Comenta sobre os produtos que os amigos têm e pede para a mãe comprar.

Geralmente esses pedidos são atendidos.

- Não usa sapato com salto.

- Assite tevê, mas não é muito.

- Assiste Cartoon Network, Discovery Kids e Nickolodeon.

- Gosta de assistir propaganda.

- Influencia na compra de aparelhos eletrônicos para uso dela, como tevê e

videogame.

- Não influencia na compra de produtos para a casa.

- Quando a mãe alterou sua rotina de trabalho percebeu que a filha ficou mais

tranqüila, mais comunicativa e mais fácil de lidar.

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- A mãe compra alguns presentes de menor valor fora de hora. Gosta de trazer

surpresas para a filha.

- Ela acabou de ganhar um quarto novo que ajudou a escolher e tem muitos

brinquedos.

Confronto das informações.

A mãe parece conhecer o perfil de consumo da filha, sendo que a única

discrepância do o fato dela relatar a compra de um cereal com brinde, no qual ela

justificou a compra porque a filha iria realmente consumir o produto. No entanto a

filha retrucou dizendo que não comeu o cereal.

4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS

A análise dos resultados contempla as etapas envolvidas no processo de

decisão do consumidor, com base no modelo de Blackweel, Miniard e Engel, 2005.

Como abordado no referencial teórico, a tomada de decisão do consumidor é

influenciada por diversos fatores, que se encaixam em três categorias: (1) diferenças

individuais, (2) influências ambientais e (3) processos psicológicos. (BLACKWEEL,

MINIARD, ENGEL, 2005).

4.2.1 Diferenças individuais

4.2.1.1 Recursos do consumidor

Como já abordado no referencial teórico, os recursos do consumidor

envolvem tempo, dinheiro, recepção de informação e capacidade de processamento.

Neste tópico são analisados os seguintes itens: o tempo que as crianças possuem

para a compra, e o dinheiro que dispõem para gastos pessoais.

Freqüência nos ambientes de consumo

As crianças freqüentam os ambientes de consumo com certa regularidade:

praticamente todos acompanham os pais às compras ao menos algumas vezes, e

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vão ao shopping. Para obter uma melhor visualização dessas informações, o quadro

8 apresenta a relação das crianças nesses dois ambientes.

Crianças Supermercado Shopping

Menino 1 Vai, e sabe o nome dos supermercados que freqüenta. Vai uma vez por semana.

Menina 2 Vai, mas a mãe evita levar. Vai pouco, cerca de uma vez por mês.

Menino 3 Vai, e gosta de ajudar. Vai, mas a mãe não considera uma ida freqüenta.

Menino 4 Não vai muito. Vai e gosta. Menina 5 Vai praticamente sempre, com os pais. Vai bastante. Menino 6 Não vai sempre, mas gosta de ir. Não considera uma ida freqüente. Menina 7 Vai sempre, com os pais. Vai muitas vezes.

Menino 8 Vai sempre, com a mãe. Vai bastante, sendo mais comum ir com um amigo e sua babá.

Menino 9 Não vai com tanta freqüência. Vai, a mãe acha o suficiente, ele diz que não é muito.

Menina 10 Não, porque não gosta muito de ir. Não vai muito. Menina 11 Vai sempre. Vai praticamente todos os dias. Menina 12 Vai bastante. Vai bastante.

Quadro 8: Freqüência que as crianças vão a ambientes de consumo Fonte: Dados primários, 2007.

Com exceção da menina 10, todas as outras crianças gostam de acompanhar

os pais ao supermercado. É o momento dos pedidos, de conhecer produtos e

também a oportunidade de ganhar algumas guloseimas.

As crianças conhecem os ambientes de consumo, sabem circular por eles e

encontrar suas gôndolas favoritas no supermercado, ou a loja que mais lhe

agradam, no shopping.

Como observação, tem-se que nenhuma criança foi ao shopping sozinha, ou

com amigos da mesma idade, e nenhuma efetuou uma compra sem a supervisão

dos pais. McNeal (1992), no seu conceito de socialização do consumo infantil,

apresenta que por volta dos seis ou sete anos de idade, a criança visita às lojas sem

a companhia de um adulto, e que isso acontece geralmente perto de casa. No

entanto nenhuma das crianças foi a um ambiente de consumo sozinha. O que

algumas relataram foram pequenas compras feitas que, mesmo com o pai ou a mãe

apenas acompanhando de longe, tinham a supervisão dos mesmos. As mães nem

cogitam deixar seus filhos circularem sozinho. ìA gente já tem uma preocupação, tá

louco!î, cita a mãe 05. Porém, isso não significa que as crianças não efetuam suas

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próprias compras, que escolham um produto, levem ao caixa e façam o pagamento,

apenas mostra que elas realizam esse processo acompanhadas.

Recursos financeiros

Nem todas as crianças recebem mesada, mas praticamente todas recebem

algum dinheiro de vez em quando, seja um presente de algum familiar, ou as

moedas que os pais recebem de troco. A mãe 05 comentou que a filha adora juntar

moedas, ìela cata, aonde ela vê moedas ela vai juntandoî.

O menino 04 recebe por ajudar nas tarefas domésticas, mas não é um valor

fixo. A menina 10 recebe R$ 5,00 por mês, sendo que a mãe iria aumentar para

R$ 10,00, com a contrapartida que ela ajudasse em algumas tarefas em casa. O

menino 03 lembrou que faz tempo que não recebe sua mesada, que varia entre

cinco ou dez reais por mês.

Entre as crianças que não recebem mesada, a menina 07 diz que gostaria de

ganhar: ìporque aí eu gostaria de passear com a minha mãe e ir no 1,99 comprar

coisinhasî, complementa ela. A mãe acha que mais tarde ela vai dar mesada, mas

agora ainda é cedo. Por sua vez, a mãe da menina 05 diz que a filha não ganha,

mas por outro lado ìela tem tudo que ela querî.

A criança com o maior rendimento é a menina 11, que recebe R$ 15,00 por

semana. A mãe contou que dá à filha três notas de R$ 5,00, para que ela possa

visualizar o dinheiro e repartir em três partes iguais. Deste modo, R$ 5,00 vão para a

poupança no banco, R$ 5,00 vão para o cofrinho e R$ 5,00 são destinados aos

gastos imediatos. O fato mais inusitado foi o comentado pela mãe 12 que, além da

forma tradicional das crianças conseguirem dinheiro, ela conta que a bisavó da filha

ìnegocia um abraço por um realî.

No entanto, nota-se que algumas crianças seguem uma orientação financeira

dos pais, como guardar uma parte do valor recebido. O menino 04 segue esse

direcionamento e costuma guardar dinheiro. Ele relatou que quer comprar um

helicóptero, fato que nem a mãe sabia. Ela até comentou que perguntou se ele não

queria comprar alguma coisa, com o dinheiro que já tinha, e ele simplesmente

respondeu que ìainda nãoî. No entanto ao ser indagado se olha o preço dos

produtos quando vai a uma loja, ele respondeu: ìnem tanto. Eu só olho a coisa e

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acho legal. Daí o preço eu não olhoî. Apesar de compreender que guardar o dinheiro

é uma possibilidade para comprar algo de maior valor, ele não realiza uma etapa

básica da compra, que é a aferição do preço. A menina 07 avalia o valor, e segundo

ela: ìse é moeda eu ponho no cofrinho. Se é nota eu vou comprar alguma coisa no

R$ 1,99î. E, caso ela não encontre nada para comprar, disse assim: ìeu espero

alguns dias prá ir lá de novo comprar alguma coisaî. Comportamento também

observado na menina 12, que disse: ìàs vezes eu já compro alguma coisa assim, às

vezes quando eu olho e não tem nada assim legal, aí eu não comproî.

E há também os mais imediatistas. A mãe 06 diz que o filho ìvia de regra não

segura dinheiro na mão. Ele vê balinha, chiclete, qualquer coisa, ele tá gastandoî. A

mãe 02 comenta que a filha não sabe lidar com o dinheiro, e tem tendência a gastá-

lo. ìSe eu dou R$ 5,00 prá ela ir no colégio comprar o lanche que dá R$ 3,00 ela

volta sem nadaî, diz ela. Gasta com o que encontrar, assim como o menino 08 que,

ao ser indagado sobre o que ele faz com o dinheiro, respondeu: ìeu comproî. E

compra o quê, questiona-se: ìcomprasî, simplesmente assim.

4.2.1.2 Motivação e envolvimento

Representa as necessidades individuais do ser humano, sendo então

apresentada uma análise sobre as necessidades do consumidor infantil.

As diferenças nas necessidades das crianças podem ser separadas em

necessidades dos meninos, e necessidades das meninas, como abordado no

referencial teórico.

Os brinquedos, não são os mesmos entre eles, apesar de duas meninas

gostarem de brincar com o carrinho Hot Wheels. Eles procuram brincadeiras

distintas, e houve algumas diferenças até na programação de tevê, sendo que

atualmente há desenhos animados considerados mais femininos e outros mais

masculinos.

Encontraram-se diferenças também no que tange o vestuário. A mãe do

menino 03 diz que o filho ìjamais ele fez uma exigência de roupa, de loja, de roupa,

de calçado até hoje, não. Nossa, por enquanto tá ótimo issoî. Na mesma linha, o

menino 01 disse que o que importa para ele na hora de escolher o tênis é o

tamanho.

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Eles se direcionam muito pelo conforto, não que as meninas não analisem o

conforto, mas elas olham mais o modelo e cores, sendo mais vaidosas. Elas são

mais participativas nessas escolhas e possuem uma opinião formada de suas

preferências. Porém nenhuma das meninas usaria algo desconfortável apenas para

ficar bonita. Cita-se como exemplo o caso da menina 07 que foi a uma loja,

determinada para comprar uma bota de chuva da Xuxa, mas achou a bota muito

desconfortável e acabou comprando uma comum, sem marca, mesmo achando a da

Xuxa mais bonita. ìUma era a bota de chuva que mostrava na televisão, a menina

com capa de chuva, a botinha transparente da Xuxa, tudo, maravilhoso! Ela preferiu

a outra, porque era muito mais confortávelî, resume a mãe. No entanto, a

observação relevante, é que ela foi atraída até a loja para provar o produto.

Outra fato observado pela mãe 07, foi o pedido da filha por um celular. Ela

comprou avaliando a facilidade de comunicação com a filha, mas entende que o

prestígio de ter um celular pode ter à motivado a pedir.

E ainda, entende-se que no item necessidade, engloba-se também os desejos

do consumidor, que entre as crianças pode ser bem exagerado, como comprova o

comentário do menino 06 que disse para a mãe: ìeu queria que tu fosse rica prá

comprar uma loja de brinquedo só prá mimî.

4.2.1.3 Conhecimento

É a informação guardada na memória de cada indivíduo e, nesse caso avalia-

se o conhecimento das crianças quanto ao valor do dinheiro, etapa importante no

processo de decisão.

A noção do que é caro e o que é barato varia muito de criança para criança e,

geralmente, parece ser um conceito que elas repetem dos pais, e não algo que

concluem por si só.

Para o menino 09, caro é ìum tênis de marca da Nike, Adidas. São os mais

caros do mundoî. E barato seria, na honestidade infantil, ìum tênis parecido com

esseî (ao que estava usando).

A menina 12 considera roupa um produto caro, e um gibi ou um item de R$

1,99 um produto barato. Algumas crianças relacionaram itens da casa como

produtos caros. Assim foi com a menina 02, que citou televisão, som e fogão, e com

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o menino 04, que mencionou um sofá. Já a menina 11 comentou que os produtos

mais legais são os mais caros.

No entanto, às vezes a noção de valor não condiz com a realidade, como o

preço de cento e nove mil reais que a menina 05 atribuiu a um notebook.

A mãe 09 apresenta uma situação interessante sobre como as crianças

podem relacionar o dinheiro:

ìDaí outro dia eu fui no supermercado e assim, também eles nunca se deram conta de quanto que eu pago, às vezes no final. Eles não se ligam. Aí um dia eu disse: olha, vocês sabem quanto que eu gastei em compras prá casa, de comida? Daí: ëNossa!í Daí eles acharam assim, meu Deus, que caro! Eles disseram: ëNossa, que caro! Você tinha tudo isso dentro da sua bolsa!íî.

No entanto, o que a mãe queria transmitir era um exemplo de quando custa a

compra de mercado, e ele captou outro fato: que a mãe possuía aquela quantidade

de dinheiro consigo. Isso também reflete que as crianças desta idade, no geral, não

compreendem o processo financeiro de uma compra. É difícil elas terem noção de

preço, e de como lidar com o dinheiro.

A mãe da menina 11 fez o seguinte comentário em relação à filha: ìela tem

noção do tamanho do volume do pacote. E aí, por exemplo, tem coisas da Polly,

mesmo que não é um pacote tão grande, mas é caro. Aí é difícil. Às vezes uma

caixinha pequena é R$ 52,00, R$ 60,00 ou R$ 49,00î. Outro fato é que quando a

filha tem dinheiro, ela apenas pergunta se o que ela tem vai dar, e não se interessa

em saber se vai sobrar ou quanto vai sobrar.

Sobre a rotina de compra, quase nenhuma criança sabe lidar com o dinheiro.

A menina 12 observa o preço, fato confirmado pela mãe, e pede ajuda para a

vendedora quando tem dúvida, mas não confere o troco. Porém, apesar de não

conferir o troco, ela conhece seus direitos como consumidora. A mãe fez o seguinte

relato: ìela foi com a minha mãe e viu um conjuntinho de caneta hidrocor, aí tava R$

15,90 no catálogo, e lá na loja tava marcado na etiqueta R$ 19,90. Aí ela foi com

aquilo na mão e pediu para a avó chamar a atendenteî.

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4.2.1.4 Atitudes

Neste tópico é apresentado a relação das crianças com as marcas, e com o

ambiente de consumo.

Todas as crianças possuem uma relação muito especial com as marcas ou

nome de produtos, relativos à brinquedos. Porém, de forma, geral, tiveram muitas

dificuldades em lembrar marcas de outros produtos, mesmo que os utilizem.

Ressalta-se que esta dificuldade foi para dizer a marca de modo espontâneo, sendo

que não foi analisado o reconhecimento de marca de modo demonstrativo.

No que diz respeito à marcas de roupas, os meninos se mostraram mais

desligados das marcas, do que as meninas. ìPor mim, se a roupa é bonita e eu

gosto, prá mim já tá tudo bem, eu não ligo direito prá marcaî, cita o menino 03. A

mãe concorda e gosta dessa fase, ìgraças a Deus ele não descobriu Nike, não

descobriu nadaî. Na mesma situação, a mãe 01 comenta que o filho tem a chuteira

da Nike, ìe acho que se perguntar pra ele qual é a marca da chuteira dele, acho que

ele não vai saber dizerî, cita ela. A mãe do menino 04, professora do ensino

fundamental, acrescenta que, por meio de sua observação, as crianças começam a

usar um tênis de marca adulta a partir da quinta-série, e geralmente todos usam da

mesma marca.

Porém, há exceções. O menino 08 mostrou que conhece muitas marcas de

roupas, todas compradas pela mãe. Ele citou diversas marcas, como: Tigor, Tommy

Hilfiger, Ralph Loren, Nike, Puma, entre outras. Percebe-se também que, pelo valor

dos produtos dessas marcas, que ele é uma criança que vive uma situação de

consumo bem diferente das demais entrevistadas. Ele gosta tanto da Tigor que

queria um carro da marca, mesmo que ela não tenha esse tipo de produto. Ele disse

ìeu não tenho carro da Tigor, eu queria terî, e ao ser indagado onde ele viu esse

carro, responde: ìeu nunca vi nada, eu só queria terî. Ele também tem uma

receptividade extremamente positiva para com a marca Hot Wheels, e possui

diversos produtos licenciados, ou seja, como o nome Hot Wheels. E isso inclui

material escolar, roupa, tênis, entre outros produtos.

O menino 06 tem uma relação muito especial com a marca Adidas. Para ele

ìela é uma marca boa que não, que não gasta, que não rasga, que ela é boaî. Esta

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preferência também é justificada por ser uma marca alemã, sendo que ele gosta de

tudo relacionado à Alemanha, país no qual morou por alguns anos.

Há casos em que a preferência por uma marca é subjetiva. A mãe 05

comentou que a filha bebe somente guaraná Antarctica, recusando qualquer outra

marca. Porém, em uma determinada situação na casa da tia, esta colocou uma

garrafa de guaraná Kuat dentro de um saco de pão e serviu à menina, que não

visualizou a embalagem do refrigerante. Ela bebeu e não sentiu a diferença no

gosto. Em outro, a atitude para com uma marca pode não ter uma explicação lógica,

como a preferência da menina 10 pelo biscoito Trakinas. Para ela a Trakinas ìé igual

as outras, só que é mais gostosaî.

As crianças também sabem reconhecer se o produto é original da marca, ou

se é uma imitação. Indagada se é possível dar uma boneca similar à filha, a mãe 05

respondeu: ìacho que não porque ela ganhou, acho que era uma Polly, e veio me

dizer que era do Paraguaiî. Para a mãe, esse brinquedo ficará na caixa dos

rejeitados.

Porém, nem sempre a criança entende o que é marca, como o caso do

menino 04 que rotula todo e qualquer doce de leite por Frimesa, marca consumida

por sua família.

A mãe do menino 09, no entanto, reforça que ele desenvolve uma preferência

por marcas de alimentos baseado no seu paladar, e assim, é muito difícil ele trocar

de produto. ìEle gosta daquilo, ele realmente, ele escolhe ou ele lembra, associa o

paladar àquela marca e tem que ser aquela, não pode ser outraî, cita a mãe. Um

exemplo é a preferência dele pelo suco de laranja da marca Santal. A mãe já

experimentou comprar de outras marcas e ele percebe a diferença de sabor.

No geral as crianças apresentaram um bom entendimento do que é marca. A

menina 07 mostrou um conhecimento mais apurado sobre marca ao diferenciar

Nescau e Nestlé. A menina 12, no entanto, foi a única que soube realmente a marca

dos seus brinquedos favoritos. Sobre marca de brinquedo fez o seguinte comentário:

ìda Polly eu gosto, que é da Mattelî. Sua mãe confirmou com a seguinte observação:

ìEla faz essa ligação: îolha lá aquela coisa da Mattel!î. Quando ela viu aquela Miracle Baby, ela disse: ëolha, mãe, é da Mattel!í. Aí da Mattel tem a Polly, tem a Barbie, que são os brinquedos que ela mais gosta. Gira em

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torno disso, os brinquedos dela, né? Ah, e aí a Hot Wheels também. Ela gosta de coisas da Hot Wheels, e ela também viu que era da Mattelî.

Sobre a mesma criança, ainda foi possível perceber que ela também sabe a

marca do seu cereal. Afirmou que gosta do cereal Froot Loops e, ao ser indagada se

este nome é a marca, respondeu que: ìnão assim, a marca é a Kellog´sî.

Dentre os brinquedos, Barbie e Polly são as bonecas campeãs nas

preferências das meninas, sendo as marcas mais conhecidas do universo delas.

Entre os meninos, cita-se os personagens do filme Carros e a linha de produto Hot

Wheels.

Percebe-se, todavia, que as meninas possuem mais conhecimento de marcas

de produtos de higiene pessoal do que os meninos, apresentando uma opinião

formada sobre esses produtos.

Dentro do item atitude, também é incluída a atitude das crianças para com os

ambientes de consumo. A loja Meninos e Meninas foi tida como uma das preferidas

pelas crianças ou, quando estas não se recordaram do nome, foi mencionada pelas

mães. Assim, onze, dentre os doze pares de mãe e filhos entrevistados, citaram a

loja. A preferência de ambiente de alimentação foi o McDonald´s, visivelmente

lembrando pelo McLanche Feliz, combinação de lanche e brinde surpresa.

4.2.1.5 Personalidade, valores e estilo de vida

Como diz Gade (1980) as pessoas são diferentes entre si, e essas diferenças

afetam o processo de decisão. Neste tópico são apresentadas algumas

peculiaridades encontradas nas crianças, na sua atuação como consumidoras.

Como as crianças se comportam no ambiente de consumo

Uma definição simples e direta, porém muito verdadeira, do que é comprar, foi

dada pelo menino 01: ìgastar dinheiroî, ou seja, ele compreende que para adquirir

algo é necessária uma contrapartida. Este processo é compreendido por todas as

crianças entrevistadas, no entanto o fator ìcomo comprarî, difere um pouco entre

elas.

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A mãe 02 citou que a filha ìé consumidora compulsiva. Ela compra, compra,

compra, chega em casa ela larga num canto e depois não usa maisî. É o prazer em

adquirir algo novo, tanto que esta criança respondeu que prefere comprar algo novo

à brincar com os amigos.

Um fato bem visível no perfil das crianças entrevistadas é a compra por

impulso. O ponto de venda, a embalagem e a associação com algum personagem

podem ser determinantes para um produto receber a atenção da criança e o

conseqüente pedido de compra aos pais. A mãe da menina 05 relatou que a maioria

das vezes, quando elas vão passear, a filha não vai com a intenção de comprar

nada, mas no ambiente de consumo ì(...) ela quer tudoî.

A mãe 12 relata uma situação vivenciada com a filha, em uma loja de

departamento.

ìAconteceu uma coisa quando ela era pequena, muito engraçada. Ela tinha uns 4 prá 5 anos. Aí ela, tava a Renner meio vazia, né, aí ela gritou lá do setor de sapato, eu tava em outro setor: ëô, mãe, já ganhasse o teu salário da Asselvi?í Ai, meu Deus! Eu já fui olhando assim, porque filha? ëPorque tem essa sandália da Wanessa Camargo e eu queriaí, ela respondeuî. (...) Ela sabe que quando vinha o salário, as compras podiam acontecer! Aí eu peguei assim: filha, vamos sair da loja, e ela: ënão aperta o meu braçoí, bem altoî.

Um ponto interessante é como a diferença de idade interfere no entendimento

sobre consumo. O menino 03, a criança mais velha que foi entrevistada, mostrou

saber analisar diversos aspectos de um produto no momento de compra. Por meio

do relato da mãe, é possível ter uma breve idéia do tipo de consumidor que ele é:

ìcomo ele preza muito assim, principalmente o conforto, a praticidade, aquele

negócio todo. Acho que ele vai ser um consumidor bem exigenteî.

O perfil do menino 04 mostra um consumidor com poucas habilidades. Ele

não pede pelo nome do produto. Na hora da compra ele aponta o que ele gosta na

loja. ìeu só assim ó, esse daqui, ó...(apontando, para exemplificar como pede na

loja).î Já o menino 08 é mais decidido quando quer algo. Para pegar algum produto

desejado ele fica em pé dentro do carrinho de compras do supermercado. ìEu pego

sozinho. Às vezes eu vou jogando lá prá baixoî, diz ele.

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É interessante que algumas crianças memorizam o conceito do produto, como

a menina 05, que fez o seguinte comentário: ìsabonete eu gosto do Mickey, o que

protege a pele, e o do Sítioî. Ela também escolhe muitas roupas sozinha, porém vive

uma situação distinta, a tia vende roupas, e ela escolhe quando vai na casa da avó.

A criança 07 toma uma decisão observando vários produtos do mesmo

segmento. Nas palavras dela: ìquando eu quero uma boneca eu olho prá ver como

as bonecas são. Eu olho prá ver como elas são e depois eu decido qual eu queroî.

Em algumas situações as crianças saem de casa sabendo exatamente o que

querem. Como comenta a mãe 08, o filho viu um produto na tevê e com o amigo, e

quando eles foram ao mercado, ele procurou o produto. No entanto ìele já foi com

essa intenção, saiu de casa já com essa: eu quero ir junto, e foi diretoî.

As crianças e o vestuário

As meninas dão mais atenção às roupas que os meninos. Enquanto a

maioria deles veste o que a mãe compra, questionando apenas alguns modelos por

causa do estilo, as meninas gostam de ir junto escolher.

A menina 12 gosta de ir à loja Renner e, nas palavras dela ìaí eu fico olhando

da Hello Kittyî. E às vezes, conseguem comprar até modelos que a mãe não aprova

muito. ìSó que assim, às vezes, ela adora tomara que caia. Prá ela que é muito

sequinha, fica escorregando, é horrível. Mas ela adora, néî, cita a mãe da menina

05, que compra esse modelo de roupa porque a filha gosta. A menina 07 gosta de

escolher vestido e, quase sempre acompanha a mãe às compras. Já a mãe 11 diz

que a filha não exige por marca, mas só veste os modelos que gosta. Tanto que,

quando a mãe compra sem a sua presença, ela pede para trocar caso não goste.

Como a criança diz, ìàs vezes ela vai sem mim, às vezes eu vou com ela, porque aí

eu escolho. Aí eu não preciso devolver nenhumaî.

Os meninos vão mais pelo conforto. A mãe 03 diz que, se dependesse do

filho, andaria só de pijama. Os únicos que realmente pediram por uma roupa foram o

menino 09, que queria um uniforme da Seleção Brasileira de Futebol, que a mãe

comprou, porém o modelo não oficial. E o menino 06, que queria determinada

camiseta que achava ìmaneiroî. Em suas palavras, a justificativa para tal aquisição

foi a seguinte: ìporque eu gosto, todo mundo gostaî, fato que apresenta a influencia

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comentário: ìprá ela assim, isso existe ainda. Tanto que a gente fez docinho, que

estão aqui, que não podem ser comidos, porque esses docinhos vão ser colocados

na mesa na noite de Natal com um copo de leite que o Papai Noel vem pegarî. A

menina 12 relatou a crença na Fada-do-Dente, observada no seguinte comentário:

ìaí caiu meu dente e aí a fadinha do dente trouxe assim, o quebra-cabeça, né, do

Peter Pan, e aí ela disse que a Sininho era amiga delaî. E o menino 06 comentou de

um presente que iria pedir para o Papai Noel.

Habilidades de compra individuais

Cada criança tem o seu jeito de pedir algo para os pais. Algumas somente

verbalizam um desejo, outras utilizam recursos emocionais, e outras ainda fazem

promessas em troca de um pedido atendido. São características particulares de

cada criança.

A menina 07 aborda a mãe do seguinte modo: ìdaí, daí eu falo assim: ô, mãe,

olha lá que legal! Se não passou do Natal e se já passou o meu aniversário eu falo

assim: ô mãe, olha lá que legal! Posso ganhar no Natal?î. Já o menino 03 apenas

comenta em casa com a mãe, porém ìa hora que ele depara com o produto, aí

desaba o mundoî, diz a mãe, que complementa: ìdaí ele fica ali, o olho dele enche

de lágrima, ele fica trêmulo, ëmãe, por favor, mãe! Por favor!í fica de joelhos (...) ele

faz um drama!î. A mãe 02 diz que a filha, quando quer alguma coisa, faz muitas

promessas. ìPromessas todas elas infundadas que não, que nunca serão

cumpridasî, cita ela.

Dentre as crianças que se direcionam para o apelo emocional, cita-se

também o menino 06, que segundo sua mãe, ìele chora, esperneia, gritaî. E a mãe

percebe uma sensível diferença entre ele e o filho mais velho, que age de forma

mais racional. A mãe 02 complementa que a filha se descontrola ao querer algo: ìé

chantagem, escândalo, que aí a gente já evita de fazer que começa a chorar e aí

tudo o maisî. Já a menina 05 pede várias vezes e ìàs vezes quando a gente sai e

diz não ela bate o pé, ela choraî, complementa a mãe.

E as crianças geralmente apresentam uma solução ao terem um pedido

negado. Certa vez, quando o filho pediu por algo numa loja, conta a mãe 03, e ela

retrucou dizendo que não tinha dinheiro, ele falou para usar o cartão.

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A mãe 04 diz que o filho é mais compreensivo, e que ele falou o seguinte,

depois que os pais explicaram que não poderiam comprar o que ele queria: ìah,

então não precisa trazer nada, não precisa trazer nada esse ano se não podeî. A

mãe diz que o filho somente fala que ìgostaria deî, mas não exige nada.

A mãe 07 relatou como a filha fez o pedido de um brinquedo mais caro e

como eles atenderam esse pedido, que começou com a menina chamando os pais

para conversarem.

ìEla diz assim: ësenta aqui na cama vocês dois, que eu quero conversar com vocêsí. Aí ela pede. Ano passado, por exemplo, tinha uma propaganda da Miracle Baby, aquela boneca com expressão facial e tal, que custa R$ 300,00. E aí ela chegou e ela disse: ëeu queria pedir um negócio, mas eu só quero isso, se vocês me deremí, ela assim. ëEu não quero mais nada. Nem de Natalí, porque afinal ela faz dia 30 de setembro e depois vem o Dia das Crianças, vem logo o Natal, né? Então ela disse assim: ëNão, eu queria só isso. Daí eu não quero nada no Dia das Crianças nem no Natal. Eu queria essa boneca talí, ela disse assim, porque ela chora, ela ri, ela faz xixi, tudo, né? (...) Se tiver condições a gente compra prá você. Vamos ver se tem, se vale a pena mesmo, e tal. Se der a gente vai ver se dá prá comprar prá você. Tudo bem, aí ela, ela torce os dedos: ëai, eu vou torcer prá que dêí. Aí ela saiu, foi brincar, depois nós conversamos sozinhosî.

A mãe 09 cita que o filho faz ì(...) de tudo prá dobrar a gente, mas a gente

tenta ser firmeî. E isso inclui birra, manhas e choros. No entanto esse

comportamento vem se alterando com a idade.

Quanto à quem fazer o pedido, quase todas as crianças recorrem primeiro à

mãe. A exceção foi a menina 10, que mudou de tática após o pai se aposentar. Com

a presença mais constante dele em casa, ela o procura antes da mãe.

Estilo de vida

Um fator interessante é que muitas crianças afirmaram não tomar refrigerante,

ou porque não gostam do sabor, ou porque, como a mãe restringe, acabam

simplesmente não pedindo.

A menina 10 até conhece diversos nomes de refrigerantes, mas não toma

porque não gosta. O curioso é que o pai dela, que se aposentou e passa o dia em

casa, até força ela para experimentar, mesmo à contragosto da mãe. Para essa

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mãe, que antes tinha a compra do produto restrita aos fins de semana, a nova

condição do marido faz com ele abra uma garrafa por dia, e estimule a filha à

consumir. ìMas ele tenta, ele força ela para tomarî. Eu nunca disse: experimenta!î.

E dentre as crianças que consomem refrigerante, a marca já está definida,

como o caso do menino 08 que disse ìsó a coca prá mimî, ao ser indagado se

compra de diversas marcas.

4.2.2 Influências ambientais

4.2.2.1 Cultura

A cultura representa os valores dos indivíduos e, neste item, são

apresentadas as questões mais relevantes que as mães tentam transmitir aos seus

filhos, no que tange o comportamento de consumo.

Algumas mães, mesmo a contragosto, confirmaram que compram algum

presente fora de hora, e as crianças fizeram relatos que comprovam o fato.

A menina 05, ao ser indagada quando ganhou determinada boneca,

simplesmente respondeu: ìfoi um dia que não foi de nadaî. A mãe tinha feito uma

surpresa. A mãe confirmou que costuma dar presentes fora de hora, sendo, segundo

ela ìtudo coisas, besteiras que ela gosta. Aí, tipo roupa, brinquedo. Quando a gente

vê uma coisa legal aí a gente compraî. A mãe acha que foi ela e o marido que

acostumaram a filha assim, tanto é que quando eles não compram nada a filha diz

ìai, eu não ganhei nada hojeî. A mãe 12 também costuma comprar presentes fora de

hora: ìaí, coisas pequenas que eu trago: um lapisinho, uma borrachinha, uma

revistinha, é um lacinho ou roupaî. Segundo ela isso é freqüente, e ela gosta de

comprar roupas para a filha, tanto que as mães das amigas comentam a quantidade

de roupas que ela tem.

Algumas mães também relataram que, ou elas compravam mais itens fora de

hora quando a criança era menor, ou isso acontecia mais com o primeiro filho, como

o caso da mãe 06.

E, por outro lado, há os pais que costumam não comprar muitos presentes

nas datas festivas, como o caso da mãe 07, que geralmente dá um presente

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somente. Em um aniversário, a filha pediu um produto mais caro, e disse que

poderia ficar sem presente no Dia das Crianças e no Natal. Os pais deram o

presente e não compraram nada do Dia das Crianças. No Natal ela ganhou apenas

uma bola de cinco reais.

E os hábitos familiares incluem também a forma de interagir com um

ambiente de consumo. A família da menina 10 tem um costume não observado nas

demais famílias. Eles tendem a ir poucas vezes ao shopping, porém quando vão,

ficam quase o dia todo. ìÉ, mas assim, que nem ontem. A gente foi no shopping

ontem desde de manhã: a gente almoçou lá, depois a gente foi no cinema, depois do

cinema a gente ainda fez mais um lanche, e daí a gente viria embora, e eles ainda

alugaram uma fitaî, relata a mãe 10. A mãe 11 expõe que um hábito nas compras de

supermercado é a filha levar seu próprio carrinho, no qual ela coloca os itens de

interesse dela.

Outro ponto é a bagagem de experiências vividas pelos pais. A família 04

viveu alguns anos no Canadá, país onde nasceu o segundo filho, e a família 06

viveu um longo período na Alemanha. Nesse caso especificamente a mãe percebe

inúmeras diferenças relacionadas ao consumo, entre os dois países e que, se

continuasse a morar lá, seria muito mais rígida como os filhos.

4.2.2.2 Classe social

Neste ponto expõem-se o arranjo familiar e o estilo de vida das famílias

entrevistadas.

Como objeto de delimitação do estudo, somente foram entrevistadas famílias

do tipo nuclear, com crianças estudando em uma escola particular. Este fator agrupa

as famílias em um certo nível social, porém ainda foi possível visualizar sutis

diferenças entre os entrevistados. Isto porque, para algumas famílias, a mensalidade

da escola é um custo que não interfere tanto no orçamento, enquanto para outras,

ao menos sob a observação da entrevistadora, a escola é paga com um grande

esforço.

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A mãe 07 comenta que há uma certa diferença social entre a filha e suas

amigas, mas que tenta contornar a situação de modo criativo, como demonstra seu

comentário:

ìEntão, começa o ano, todo mundo com caderno da Barbie, caderno da Hello Kitty, caderno disso, caderno daquilo. Eu disse tudo bem, a gente vai fazer assim, ó: vamos comprar um caderno prá você da Hello Kitty e um outro simples e eu vou arrumar prá você o seu caderno. Eu, como eu trabalho muito com artesanato, eu tirei o espiral e nós colocamos tudo miçangas e strass no espiral do caderno. Ninguém tinha o caderno igual ao delaî.

E, com isso, o caderno fez sucesso. ìEntão eu mostro assim, que existe

outras formas de se fazer parte do grupinhoî, complementa a mãe.

4.2.2.3 Influências pessoais.

São as pressões recebidas por terceiros, sendo então, expostos à influência

dos amigos no consumo infantil.

A opinião dos amigos parece importar, como demonstra o comentário da

menina 02 ao dizer que queria o novo tênis da Barbie: ìé, porque daí é um novo

tênis, né, e daí ninguém tem até agoraî. Para a criança, é mais legal quando

ninguém tem. Só que é mais legal quando ninguém tem, desde que seja

considerado um item atrativo, neste caso, a assinatura da Barbie cumpre esse papel.

No entanto foram poucas as crianças que sobrepuseram a opinião dos

amigos à dos pais. O menino 04, por exemplo, acha importante a opinião dos

amigos, mas não mais importante que a dos pais porque, como ele disse ìos pais eu

acho mais verdadeiroî.

Mas os amigos são responsáveis sim, por muito dos pedidos de compra. Eles

podem estimular um modismo, ou mesmo apresentar um brinquedo que desperte o

interesse. A mãe do menino 04 citou que comprou o boneco Max Steel porque o

filho ì(...) viu o Max Steel com os amigos da escola, ele comentava em casa que os

amigos tinham. Ele comentou que ele queria muito e, então, ganhou de Natalî.

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No entanto, o comentário mais pertinente para o processo de consumo das

crianças, foi dito pela mãe 01: ìeu acho até que a opinião de um amigo influencia,

mas não influencia a nósî. Ou seja, um amigo pode despertar um desejo nas

crianças, mas não gera necessariamente uma aquisição de um produto, que

depende do aval dos pais.

4.2.2.4 Família

É vista como a unidade de decisão primária e, neste caso, será exposta a

atuação da mãe no processo de decisão de consumo do filho e algumas

interferências dos pais.

A ocupação da mãe parece ter um peso muito forte do desenvolvimento das

regras de consumo familiar, porém não mostrou uma interferência determinante no

processo de consumo da própria criança, e sim na forma em que a mãe lida com

esse assunto. Conforme a mãe da criança 02 relatou, o fato dela trabalhar não

influencia muito o consumo da filha, mas ìinfluencia muito no nosso cederî. Isso

porque, fazer pedidos, toda a criança faz. O que difere é se os pais irão ou não

atendê-los. E existem também os presentes fora de hora, como relatado pela mãe

da criança 04. ìQuando a gente trabalha vem mais dinheiro, e o consumo é maiorî,

Sendo que também há a carência ou culpa sentida pela mãe ao estar longe dos

filhos.

A mãe da criança 11 aponta a mesma direção: ìEu acho que tem a ver

comigo, não com ela, em termos, assim, do excesso que tu tem na dataî. Ou seja, a

mãe sente que o ato de comprar é uma necessidade mais dela do que da filha, e

costuma dar muitos presentes em datas comemorativas. ìTanto que agora ela

ganhou as Princesas Disney, ela tem quatro caixas ainda prá abrir. Abriu o pacote,

mas não tirou a boneca da caixa aindaî, cita a mãe, referindo-se ao último Natal no

qual, um mês depois, a filha ainda tem quatro bonecas para serem tiradas da caixa.

A mãe 04 relatou que, quando trabalhava em período integral os filhos

ganhavam mais presentes fora de hora. Ela não sentiu diferença no consumo deles,

mas em como ela lida com esse consumo, porque antes ela comprava para justificar

um ato dela, conforme diz ìsuprir essa falta, talvezî. No entanto as maiores

mudanças acontecerem no comportamento dos filhos, que ficaram mais calmos com

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a presença da mãe. A mãe 12 também relatou mudanças no comportamento da

filha, que ficou mais tranqüila e comunicativa.

Há também a interferência dos pais nos aquisições dos filhos. A mãe 03

comenta que o marido viaja muito, e ela sente que existe uma compensação

material por causa disso, com a compra de presentes fora de hora. O pai da menina

10, também menos repressivo no que diz respeito ao consumo, sem ela pedir falou

para ela escolher uma boneca Barbie na loja de brinquedos. Já com a família do

menino 08 é ao contrário, a mãe tende a mimar mais o filho, enquanto o pai não

cede tão fácil.

Uma observação relevante é que as crianças cujas mães se dedicam às elas,

não querem que elas trabalhem, e aquelas cujas mães trabalham, não pedem

necessariamente pela sua presença.

A menina 07 prefere que a mãe continue em casa e, quando indagada o que

seria mais legal: a mãe trabalhar e comprar mais coisas, ou ficar em casa, a

resposta foi rápida: ìela ficar em casaî.

No entanto, percebe-se que a mãe é realmente um importante agente no

processo de socialização dos filhos, que acabam desenvolvendo comportamentos

de consumo parecidos e muitas vezes até preferências similares.

Mãe e filha de número 07 concordam entre si quando o assunto é vestuário. A

mãe diz que, sobre roupas ìàs vezes ela escolhe, mas, seu eu disser assim que eu

não gostei muito e tal, ela muda de idéia, ela aceitaî. Em outros assuntos a mãe

argumenta quando não aprova algum produto, não costuma apenas negar, sem

justificativa. Um exemplo é o ìskate tênisî que a filha havia pedido e ela tinha

algumas restrições sobre isso. Nesse caso, a mãe levou a filha até a loja para que

ela pudesse provar e tirar suas próprias conclusões. A mãe, repetindo as palavras

da filha disse: ìé mãe, não gostei (...) talvez quando eu for mais velha eu me adapto

(...) mas agora eu não gostei mais, não é aquiloî.

4.2.2.5 Situação

As crianças, mesmo que determinadas a comprar algum produto, podem

mudar de idéia, tentadas por outra novidade. A menina 12 pede produtos para datas

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festivas e, caso ache outro produto mais interessante, troca o pedido. Para a mãe 01

a troca pode acontecer caso o filho encontre outro produto mais interessante, mas

geralmente "no outro dia ele pede de novo aquilo que não comprou aquele diaî, diz

ela. O menino 03 acha que já mudou de idéia na loja. Segundo ele, para a troca

acontecer ì(...) a coisa tem que ser bem mais interessanteî.

O ponto de venda também influencia na decisão de compra, sendo que as

crianças conhecem muitos dos seus objetos de desejo neste espaço. A menina 12

conta que viu na loja o tênis All Star e pediu para a mãe, sendo que atualmente, se

fosse comprar outro tênis, compraria novamente dessa marca.

O próprio supermercado pode alavancar vendas que vão além das

guloseimas. A mãe 12 conta que a filha adora ficar no espaço dos brinquedos e,

quando a ela termina as compras, geralmente vai lá ver algo que ela gostou. Neste

tipo de situação alguns pedidos já foram atendidos, ou seja, uma compra feita por

impulso, motivada pela exposição do objeto no ponto-de-venda.

Porém uma situação que induza ao consumo pode surgir ao acaso, como

ocorrido com a menina 11. Ao ser indagada sobre suas economias, no momento da

entrevista, ela lembrou que tinha dinheiro guardado e perguntou para a mãe se

poderia pegar para comprar algo, ìuma coisinhaî, segundo ela. A mãe respondeu

que não era dia de comprar e ela retrucou: ìmãe, por favor, com a minha poupança

sim!î. Com outra negativa da mãe, ela respondeu: ìmãe, é só uma coisinha e é com

o meu dinheiro!î. Novamente a mãe nega e diz que no dia anterior ela ganhou um

brinquedo do McDonald´s. Foi o que bastou para a criança lembrar do McDonald´s e

dizer: ìum Mc, mais um Mcî. A mãe então liberou a compra somente do brinquedo,

vendido separadamente. ìEu vou pegar, eu vou ganhar, eu vou pegar o Mc!î, disse a

menina, motivada pela situação.

4.2.3 Processos Psicológicos

4.2.3.1 Processamento da informação

Neste estágio apresenta-se a relação da criança com a propaganda, um fator

de forte influência no processo de tomada de decisão.

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As crianças assistem os comerciais e, geralmente, eles representam uma

fonte de informação para novos produtos. A mãe 02 citou que ìse eu tô em casa à

noite, e ela vê uma propaganda, ela me chama umas 10 vezes porque o que tá em

cada propaganda ela quer ganharî. Este comportamento é repetido por quase todas

as crianças, que costumam chamar a mãe para olhar algum comercial.

O menino 03 assiste os comerciais porque tem medo de perder parte do

programa que está vendo se mudar de canal. Ele fez o seguinte comentário: ìolha,

eu vejo os comerciais, mas já meu pai, ele troca, deixa em outro canal, mesmo se eu

tô assistindo com ele e eu queira ver aquela propaganda, né.î

O menino 04 também assiste os comerciais, mas acha que eles são um

pouco chatos. Entretanto gosta dos comerciais de brinquedos. ìAcho um pouquinho

chato, mas (...) de brinquedo, aí eu gostoî. Ele assiste o comercial algumas vezes

antes de pedir pelo produto. ìNão, assim ó: eu vejo e depois eu quero, mas daí,

passa um dia ou dois dias e daí eu queroî, complementa a criança.

A menina 07 costuma mudar de canal ao iniciar a propaganda. ìSe tem algum

desenho que eu gosto, né, eu paro ali prá ver. Se tem nos dois canais quando dá

ëplim plimí em um, o outro fica rodando. Quando dá ëplim plimí no outro, o outro fica

rodandoî, descreve a menina. Porém, se é uma propaganda interessante, ela

assiste, sendo que interessante, ao ser ver, é o produto em si, preferencialmente um

brinquedo.

Às vezes, a exposição a determinado comercial é tão extensa, que estimula

nas crianças necessidades um tanto descabidas. A mãe 09 conta que o filho pediu

uma mangueira de jardim exibida em um programete da Polishop, porém o fato

relevante, é que eles moram em um apartamento. Para a mãe, o Polishop faz uma

propaganda muito repetitiva, e acaba induzindo a criança.

As crianças, no geral, responderam que o que faz uma propaganda ser

atrativa é, muitas vezes, o produto em si. Porém, nem todas acreditam que a

propaganda fala a verdade, fato que pode ser conseqüência do amadurecimento

delas. E há aquelas que não compreendem bem esse processo, como é o caso do

menino 01 que disse que os produtos passam nos desenhos.

Outra consideração importante é que os comerciais funcionam como fonte de

informação para as crianças e, com isso, seria interessante que as empresas

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realizassem campanhas que congregassem várias mídias, permitindo que elas

façam uma associação da marca e produto.

4.2.3.2 Aprendizagem

Aborda os fatores que possam ter reforçado ou interrompido alguma relação

da criança com determinado produto ou serviço.

A menina 10 acha que a propaganda nem sempre fala a verdade, pois se

decepcionou com um brinquedo. No comercial o aparelho era mostrado fazendo

tranças no cabelo, no entanto, não cumpria o prometido. Para a menina, a descrição

do brinquedo é simples ìé que, é prá fazer trança, só que não fazî.

Outra decepção viveu o menino 03. A mãe conta que ele pediu um lanche do

Bob´s atraído pelo brinde. Para ela isso é um conto-de-fadas que não adianta mais.

Ele não gostou do lanche e achou que o pão era seco. Segundo ela, ìagora ele não

quer nem saber a promoção que tem no Bob´s. Ele vai no Mcî.

A decepção com alguma propaganda ou produto poderia ser configurada

como um amadurecimento no consumo, pois as crianças que passaram por esta

experiência percebem esses fatores de modo diferente.

4.2.3.3 Mudança de comportamento e atitude

Nesse item são abordadas as mudanças de comportamento provocadas

pelos esforços de marketing.

As empresas criam diversas estratégias de marketing para alcançarem e, se

possível, fidelizarem o público infantil. Algumas começam logo nos primeiros passos

da criança, como uma ação dos brinquedos Lego, realizada na Alemanha, e

comentada pela mãe 06. Ela diz que as mães recebem alguns brinquedos de

presente da Lego quando os filhos são bebês e, segundo suas palavras ìeles

contaminam os futuros consumidores já desde pequenosî.

No entanto as estratégias são muitas, e serão abordadas uma a uma, para

analisar como a criança se comporta em cada situação.

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Internet

O uso da Internet foi comentado por somente uma criança que, no entanto

utiliza o sistema para, entre coisas, atuar como consumidora. Ela procura novidades

no site da Polly e, às vezes, pede algum produto para a mãe.

Embalagem

A única criança que parece não ser atraída pela embalagem é o menino 03.

ìEu simplesmente compro, assim, os que eu acho que são mais gostosos prá

experimentar, e daí se eu gosto a minha mãe compra às vezes. A embalagem prá

quê que ela serve? Ela só serve prá embalar o produtoî. Porém as demais crianças

são motivadas por uma embalagem atrativa, nem que seja apenas para se dirigir até

o produto e pegá-lo na mão. A mãe 05 diz que o critério da filha ao escolher um

xampu é simples, ìé o que tiver o desenho mais bonitoî.

Promoção

As crianças não compreendem muito a palavra promoção, entretanto,

algumas delas apresentaram definições interessantes. A menina 02 disse que ìé do

aniversário, aí tem uns preços mais altos, aí depois que é mais baixoî. O menino 03

entende que a promoção representa uma vantagem para ele, ìeu gasto menos

dinheiro. É melhor pra mimî, isso porque os preços ficam mais baixos. O menino 04

diz que não entende muito o que é, mas acha que fica mais barato, assim como as

meninas 10 e 12.

Porém, várias mães ressaltaram que promoção com foco para o preço não

atrai as crianças. A mãe 10 comenta que não é o fato de estar barato, no entanto é a

presença de brindes que configura como uma promoção atrativa. E esse fato foi

confirmado por todas as mães, os brindes influem, em muito, a tomada de decisão

infantil. Sendo que, às vezes, não precisa nem sequer ser um bom brinde. A mãe 02

cita que a filha leva o produto com brinde ìporque ela vai ganhar mais uma coisa e

não pela utilidadeî.

E quando se trata de brinde, até mesmo a marca favorita pode ser

descartada. O menino 06 tem verdadeira adoração pela marca Adidas, e por outro

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lado, rejeita completamente a marca Klin. A mãe diz que a rejeição é porque ele

acha que é para bebê. No entanto, instigado se ele compraria um tênis da marca

Klin se esse viesse com brinde, ele ficou com a decisão abalada. E trocaria sendo

um brinde do personagem que ele gosta. Perguntado então, se ele compraria o da

Klin se esse viesse com o Avatar, a resposta foi rápida ìsim, daí simî. A menina 10

também troca de produto, mesmo que estava decidida a comprar de determinada

marca, se um outro vem com brinde. ìEu troco!î, respondeu prontamente.

O menino 03 pareceu o único que avalia o produto antes de comprar.

ìDepende do brinde, se for mais uma coisinha que não me interessa, mas só que a

roupa me interessa, daí tudo bem. Mas se nenhum dos dois me interessar, daí eu

nem dou bolaî.

Os cereais com brindes estão entre um dos produtos mais comentados pelas

crianças. O menino 08 adora os brindes do cereal Sucrilhos, tanto que a mãe relata

que é raro ele pedir o Sucrilhos quando não tem brinde. A menina 12 responde que

ìquando vem com brindeî, ela se sente atraída para pegar o produto. A mãe

confirma essa atitude, dizendo ìtudo o que tem brinde, ela chama, mostra prá mimî,

e costuma atender esse tipo de pedido. Ela fez o seguinte relato sobre a compra de

cereal:

ìUma vez aconteceu o seguinte: a gente provou um da Nestlé, né. A moça tava fazendo demonstração no supermercado, a gente provou, ela gostou. Aí eu disse: ëah, vamos levar esse?í, tinha botado já no carrinho, aí ela viu, né, quando a gente foi prá prateleira, tinha um da Kellog´s que vinha um pratinho prá comer junto. Aí ela levou o da Kellog´s, daí eu falei prá moça: ëé impossível competir com issoí, né, porque vem o pratinhoî. (...) Mas ìela gostava, e eu sabia que não ia ficar no armárioî. Nisso a filha se intromete e diz: ìé, mas ficou!î.

No entanto a grande atração das crianças é pelo brinde do McLanche Feliz,

que muda freqüentemente o tema da promoção. As crianças avisam os pais sobre

os novos brindes, e gostam de colecionar os brinquedos. O apelo é tão forte, que

elas relutam um pouco em experimentar outros lanches, mesmo outros sabores do

próprio McDonald´s, salvo quando o brinde é algo que elas já tenham. Nas palavras

da menina 12 ìàs vezes quando tem brinde repetido, aí eu pego outro lancheî, mas

se for brinde novo, daí eu pegoî (o McLanche Feliz).

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Personagem

A presença de um personagem em um produto pode ser determinante para

atrair a atenção da criança. As crianças gostam de produtos que tenham a estampa

de seu personagem preferido, e quando não há produtos, eles queriam que

tivessem, como a explanação da criança 03, que não possui nenhum produto do seu

desenho preferido, Padrinhos Mágicos: ìnão, não existe muita coisa, eles não são

muito conhecidos (...) se tivesse eu já teria quase tudoî.

O uso de personagens licenciados é muito comum em itens de higiene

pessoal. O menino 08 e a menina 12 só utilizam escova de dente de personagem,

sendo que até fazem coleção. Ele adora a escova da Hot Wheels, e não usaria uma

comum.

As crianças, quando elegem um personagem favorito, procuram adquirir

vários produtos em que ele aparece, o que inclui vestuário, material escolar e

alimentos. No entanto, o menino 01, que não tem tendência a experimentar novos

produtos, recusou uma bolacha com o personagem Relâmpago McQueen, do filme

Carros. ìEu ofereci prá ele, tinha uma bolacha recheada do Carros, aí eu disse: filho,

é diferente, queres levar? E ele disse não, não queroî, conta a mãe 01.

Um ponto observado pelas mães é como as crianças logo mudam de

personagem preferido. A mãe 02 avalia que a filha é muito sazonal. No entanto,

parece que não é a criança que é sazonal, e sim a presença dos personagens na

mídia. Principalmente quando eles são personagens de um filme ou de novela, fato

observado pela mãe 09, que disse que os personagens são bem mutáveis.

Televisão

Um fato muito interessante é que nenhuma criança comentou os canais de

tevê aberta, como Globo, SBT, Rede Record, Rede TV ou Bandeirantes.

No caso especificamente da mãe da menina 11, esses canais são bloqueados

ao acesso infantil, principalmente por causa das cenas das novelas.

No entanto, até as meninas que citaram a Rebelde, uma novela mexicana

exibida pelo SBT, não comentaram assistir o programa. Uma das mães acrescentou

que a filha pede coisas da Rebelde, mas não assiste a novela e nem lembra do

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horário. Isso mostra que o grupo musical RBD, que saiu da trama da novela para

virar uma banda, repercute mais que a própria novela. Outra mãe comentou que a

filha escuta muito a música carro-chefe do Cd e outra pensa que a mídia em torno

do assunto, os produtos com a marca e, principalmente os amigos, influenciam a

criança. A mãe da menina 11 ainda comentou que os desenhos dos integrantes do

grupo são horríveis, ressaltando que muitas vezes não é um produto bonito, e sim

um produto da moda que influencia na decisão da criança.

Entretanto, é fato que todas as crianças assistem tevê. Algumas mais, outras

menos, mas é na tevê que elas se entretém e que cumprem uma importante etapa

do processo de consumo: conhecer e selecionar produtos. Os canais mais citados,

foram praticamente todos os infantis de tevê fechada: Cartoon Network, Discovery

Kids, Jetix, Nickolodeon e Disney Channel.

As crianças assistem à televisão praticamente todos os dias, sendo que o

tempo de exposição varia. Algumas assistem mais de seis horas por dia, enquanto

outras assistem em torno de uma hora e meia. Observou-se uma relação

proporcional entre o tempo em que a mãe fica longe dos filhos, com as horas em

que as crianças passam em frente à tevê. As crianças que mais assistem televisão

são as que possuem mães de alta ocupação (MAO), e as que menos assistem

possuem mãe sem ocupação fora do lar (MSO).

Muitos dos brinquedos e produtos diversos que as crianças comentam ou

pedem para os pais, elas conhecem por meio da televisão, mas precisamente pela

propaganda, tópico já abordado.

Entretanto a grande característica da televisão é lançar os modismos, ou seja,

os novos personagens que irão dominar as preferências infantis. Isso porque grande

parte do consumo infantil gira em torno de produtos comum, que recebem a estampa

de um personagem do momento. E feito isso, a criança não pede por uma mochila,

ela pede pela mochila do Carros, ela não pede por uma sandália, ela pede

especificamente pela sandália da Hi Hi, como feito pela menina 07. Ou seja, a

televisão lança a tendência, e o mercado utiliza todas as estratégias para estimular o

consumo e fazer o personagem render o máximo que puder, antes que surja outro

para ocupar aquele espaço.

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4.2.4 Influência nas compras dos pais

A influência que o consumidor infantil exerce sobre a opinião ou ação de seus

pais, não é contemplada na tomada de decisão da criança, visto que este é um

processo pessoal. Porém é de grande importância, porque afeta a aquisição e o

consecutivo consumo de certo produto por parte da criança. Deste modo esse

assunto é abordado, devido a sua relevância, porém separadamente dos itens do

processo decisório, pois não é contemplado no mesmo.

As crianças exercem grande influência em produtos relacionados ao consumo

próprio. A mãe 02 diz que a filha gosta tanto de ir junto ao mercado que a faz

aumentar o tamanho da compra. E outras mães afirmaram trazer produtos para os

filhos, pois sabem que eles vão gostar.

Porém não exercem influência em produtos de consumo familiar, como um

eletrodoméstico, produtos eletrônicos, decoração e itens afim. A mãe 03 conta que

quando é uma aquisição maior que envolve ele, ela tenta integrá-lo, mas nem

sempre ele se interessa. O quarto dele foi refeito e nem assim ele se animou muito.

Segundo a mãe, ìele acha legal, mas ele não ficou assim, naquela empolgaçãoî. A

mãe 07 também tentaria integrar a filha e, para ela, "não é porque é criança que a

gente não dá valorî, no entanto essa participação em uma compra ainda não

ocorreu.

4.2.5 A influência do personagem na aceitação de um produto

Foi realizada uma ação com as crianças entrevistadas, no qual foi pedido à

elas que experimentassem dois chocolates: um que estava em uma caixa com a

personagem Hello Kitty, e outro que tinha os personagens do filme Carros. As

caixas, APÊNDICES H e I, tinham o mesmo formato e os desenhos cobriam os

mesmos espaços. O chocolate dentro de cada caixa era da mesma marca e sabor,

sendo então iguais. No quadro 9 são apresentadas as respostas de cada criança.

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Crianças Reação das crianças Menino 1 Carros. Menina 2 Preferiu o da Hello Kitty: ìo sabor é igual, mas o da Hello Kitty é mais gostosoî. Menino 3 Achou que os dois têm o mesmo sabor. Menino 4 Carros. Menina 5 Hello Kitty. Menino 6 Hello Kitty. Menina 7 Não quis experimentar. Menino 8 Carros Menino 9 Os dois são iguais Menina 10 Hello Kitty Menina 11 Possui alergia ao leite e não pôde comer. Gostou, pela a embalagem, da Hello Kitty. Menina 12 Hello Kitty.

Quadro 9: Influência do personagem na aceitação de um produto Fonte: Dados primários, 2007.

Esta ação com as crianças demonstrou a influência do personagem na

aceitação de um produto. Dois meninos, 03 e 06, acharam que os dois tinham o

mesmo sabor, e isso foi de acordo com o relato deles. O menino 03 diz que não olha

para embalagem e, quando escolhe biscoitos, por exemplo, não compra os infantis.

Escolhe pelo sabor do produto. E a mãe do menino 09 já havia frisado que ele tem

um paladar muito sensível, sendo que ele mesmo relatou que escolhe pelo sabor.

Por outro lado, o menino 08 apenas ao olhar a caixa da Hello Kitty, falou: ìah,

esse é o piorî, e ficou todo entusiasmado com a caixa do Carros. O menino 06 foi a

única criança que escolheu o personagem direcionado ao sexo oposto. Porém,

como no momento dessa interação o irmão mais velho e o menor entraram na sala,

e foi impossível lhes negarem um chocolate, eles experimentaram também. E o

irmão mais velho disse antes que o do Carros era mais gostoso. Como existe uma

certa competição entre eles, pode ser que ele escolheu uma resposta que

contrariasse a do irmão.

Analisando as meninas, com um desfalque de duas delas, as que

responderam foram unânimes em dizer que a Hello Kitty é melhor, mesmo sem uma

justificativa plausível, como a menina 02: ìo sabor é igual, mas o da Hello Kitty é

mais gostosoî. Ou como a menina 05 disse ao ser indagada em que o chocolate era

diferente, ìassim ó, é mais gostosoî.

4.2.6 Simulação de compra

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Para cada criança foram apresentados dois cartões com uma situação de

consumo a ser solucionada. O objetivo foi analisar o comportamento de decisão da

criança em cada problema.

4.2.6.1 Caso 01: busca de um presente

O caso 01 era o de uma criança, a Nina para as meninas e o Tom para os

meninos, APÊNDICES D e F, que estava fazendo aniversário de oito anos e poderia

escolher um presente. A pergunta feita às crianças era: se você fosse a Nina/o Tom,

o que você faria? O quadro 10 retrata as soluções apresentadas pelas crianças.

Crianças Solução para o caso 01 Menino 1 ìEu ia pra tevê primeiroî. A solução deste menino era procurar algo na televisão e

depois buscar o produto nas lojas. Ia comprar brinquedo, mas não sabe qual, teria que olhar.

Menina 2 Esta criança teve uma resposta rápida, ìdaí eu comprava o diário da Barbieî. Ela compraria o brinquedo na loja Meninos e Meninas, só que o detalhe é que o diário da Barbie é uma espécie de brinde, que vem com a boneca. ìNão, é que vende a Barbie e vem o diário de brinde (...) daí ganha uma pulseira mágica, bota a pulseira prá abrir o diárioî. Ou seja, o diário interessa mais que a própria boneca.

Menino 3 Primeiro ele respondeu que ì(...) pediria um pouquinho de dinheiro prá comprar alguma coisa e quando eu soubesse o que eu gostaria de comprar, eu compraria com aquele dinheiro. Depois foi dito a ele que o Tom já tem o dinheiro, que ele pode escolher um presente, então ele disse que iria comprar mais um cachorro.

Menino 4 ìEu ia dar um brinquedo que custa caro, e é um brinquedo que vai prá trás e volta sozinho prá frenteî, ao ser perguntado que brinquedo é esse, a resposta não poderia ter sido mais direta ìé um carro, oraî.

Menina 5 ìEu já sabia o que eu queria (...) daí era assim, uma boneca, uma Barbieî. A criança iria comprar o brinquedo na loja Meninos e Meninas ou na loja Sulamericana.

Menino 6 A resposta dessa criança demonstrou a imaginação infantil. ìAh, eu compro aquela coisa que minha mãe não iria deixar, sabe o quê? O mundo inteiro, o mundo inteiroî. Mas se fosse para realmente escolher um produto, ele compraria um castelo da Lego, que viu na loja Meninos e Meninas.

Menina 7 ìAh, eu pediria prá mãe dela sair com ela prá olhar nas lojas ou ela... ela escolheria, se ela sabe assim. Ah, eu gosto da Miracle Baby, não sei, eu tenho. Daí ela podia pedir prá mãe esse brinquedo que ela conhece. Ou olhar na televisão, quando ela ver o que tá passando na propaganda pra ver o que ela gostou maisî.

Menino 8 A criança teve um pouco de dificuldade em desenvolver uma solução. Primeiro ele respondeu que não sabia e, depois, que iria na loja Meninos e Meninas comprar um gorila.

Menino 9 Apresentou uma resposta direta, dizendo ìah, eu iria no shopping escolher alguma coisaî. Ao ser indagado em que lugar do shopping ele iria, respondeu ìna Meninos e Meninas, e ia comprar um Legoî.

Menina 10 Também apresentou uma solução clara do que iria fazer: ìeu ia no shopping, na loja da Havan e escolheria uma Barbieî.

Menina 11 Esta criança, nas palavras dela ìiria comprar... espera... eu ia comprar um brinquedo (...) na Meninos e Meninasî. Ao ser perguntada qual brinquedo compraria, ela respondeu que seria ì(...) uma coisa bem legalî, ou seja ìuma boneca, um boneco, ou o Max Steelî.

Menina 12 Compraria uma Polly na loja Sulamericana. Quadro 10: Soluções para a busca de um presente Fonte: Dados primários, 2007.

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Parece que as crianças têm um pouco de dificuldade de se colocarem no

lugar de uma terceira pessoa. Como aborda John (1999), é no estágio analítico que

isso acontece, entre os sete e 11 anos e, como a maioria delas tinha um pouco mais

de sete anos, elas estão vivenciado esse período de transição, que pode ainda não

estar todo completo. O menino 04 e a menina 07 foram os que mais conseguiram

pensar no caso como uma pessoa à parte, tanto que eles comprariam um brinquedo

que já possuem e aprovam.

Algumas crianças responderam que iriam procurar algo na televisão, o que

reflete o poder de influência deste meio. Metade das crianças responderam que

comprariam algum produto na loja Meninos e Meninas, o que mostra como a criança

desenvolve um relacionamento com um ponto de venda atrativo. E esse fator está

diretamente ligado ao ponto mais expressivo das respostas. Onze crianças

comprariam o produto mais presente no universo de consumo delas: brinquedo. E a

maioria já sabia qual brinquedo comprar.

4.2.6.2 Caso 02: a compra do carro da família

Esse caso é o de uma criança, a Ana para as meninas e o Rafael para os

meninos, APÊNCIDES E e G, cuja família estava trocando de carro e gostaria da

ajuda da criança para escolher. A pergunta feita às crianças entrevistadas era: se

você fosse a Ana/o Rafael, como você ajudaria a sua família a escolher um outro

carro?

As respostas são apresentadas no quadro 11, na próxima página.

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Crianças Solução para o caso 02 Menino 1 Não soube encontrar uma solução. Menina 2 Compreendeu que deveria ajudar, no sentido de se unir à Ana para encontrar uma

solução. Segunda ela ìeu podia dar mil reais prá Ana. Daí ela juntava o dinheiro dela prá dar mil e não sei o quêî. Uma experiência nesse tipo de compra, ela teve ao acompanhar o pai quando compraram um Picasso, que depois foi trocado por um Clio. Segunda ela, o Picasso é melhor, ìporque o Picasso tem aquela mesinha que dá de botar prato e copoî.

Menino 3 ìEu escolheria um... um Peugeotî, porque esse é o carro da família. Complementou a resposta dizendo que escolheria um carro grande.

Menino 4 Como a criança 02, ajudaria financeiramente o Rafael, criança do caso. ìEu ia pegar o meu dinheiro e... e daí, dava prá comprar o carroî. Mas não sabe onde compraria.

Menina 5 ìEu ia ajudar eles a juntar dinheiroî. Porém ela sabia qual carro comprar, o Cross Fox, que conheceu na rua. ìAchei bem lindo ele, amarelo assimî, disse ela sobre o carro.

Menino 6 Como no caso anterior, a imaginação foi mais forte, ele compraria uma Ferrari. Menina 7 Iria sair com os pais para olhar os carros, para ver qual é melhor e mais barato. ìEu

ia, eu sairia com os meus pais prá olhar os carros e ver qual é o mais, o que pode ser o melhor, o que é realmente mais barato, e o melhorî, mas não tem nenhum carro preferido.

Menino 8 Disse que não sabia o que fazer, porém com um pouco de estímulo respondeu que compraria uma Sportage.

Menino 9 Foi bem direto, ìeu ia comprar um carro grande, ia escolher um carro grandeî. Menina 10 Iria na loja da Fiat. Menina 11 Respondeu ìum carro com tevê. Um carro com tevêî. Ela viu esse carro na televisão

e com a prima. Menina 12 Iria ajudar a escolher um carro, talvez uma Dobló, que é o carro da família.

Quadro 11: Soluções para a compra do carro da família Fonte: Dados primários, 2007.

Talvez pela presença da palavra ajuda na composição da pergunta, algumas

crianças associaram a uma ajuda financeira. Elas mostraram não conhecer muito

desse mercado e não fazem parte desse tipo de decisão familiar. A menina 11

gostaria de ìum carro com tevêî, algo que ela já havia pedido à mãe e que viu na

televisão. Mas ela não pediu pelo nome do carro e nem pela marca, apenas pelo

atributo que lhe interessou. A menina 05 apresentou uma opinião formada pelo carro

Cross Fox, o que reflete que ela chegou a se interessar por esse tipo de produto e

memorizou o nome. No entanto a única criança que apresentou uma solução mais

contextualizada foi a menina 07 que iria sair para olhar os carros e analisar qual é o

melhor, com o melhor preço. Um fato interessante é que, desbancando o sendo

comum de que é carro é assunto de menino, as meninas mostraram conhecer

melhor esse mercado. Porém, como análise de influência familiar, é uma área muito

fraca, praticamente sem expressão das crianças. Parafraseando a mãe 09: ìpode

dar palpite, mas não interferir. Demora, né? Sete anos escolher o carro, não! Só

quando ele puder comprar o dele, e não o nossoî.

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Este questionário refletiu o que algumas mães pontuaram: que a ocupação

influi mais no ceder delas, do que no processo pessoal de consumo do filho. As

crianças não apresentaram diferenças de opinião muito significativas entre si, que

viessem a demonstrar a interferência da presença ou ausência da mãe.

Uma parcela iguais de crianças, três para cada perfil de mãe, assinalaram

que preço é mais importante que beleza. Apesar da palavra beleza talvez não

significar muito em seu vocabulário, o fato é que praticamente nenhuma criança

verifica o preço antes de comprar. Parece que esse é um reflexo da opinião dos

pais, que exaustivamente justificam a maioria das negações de pedidos pelo fator

preço.

Outro item interessante é a escolha entre a opinião dos amigos e a opinião

dos pais, sendo que os pais são considerados mais importantes proporcionalmente à

presença da mãe no lar. Duas crianças, entre as com mães de alta ocupação acham

mais importante a opinião dos pais, três crianças com mães de baixa ocupação

pensam do mesmo modo, e todas as crianças com mães sem ocupação assinalaram

que a opinião dos pais é mais relevante. É como se a influência dos amigos fosse

mais forte à medida em que a presença física da mãe fosse mais fraca.

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5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

O capítulo final desta pesquisa visa responder aos objetivos específicos

propostos, que automaticamente, respondem ao objetivo geral: descrever o

comportamento da criança consumidora, com idade entre 07 e 08 anos, moradora

da cidade de Blumenau, com base em suas próprias percepções e na de suas mães,

na decisão de compra.

a) Perfil da criança consumidora, foco da pesquisa.

A criança com idade entre sete e 8 anos, foco da pesquisa, possui um

comportamento de compra muito incipiente. Ela está iniciando no processo de

consumo, e começa também a trilhar um caminho confuso, que confronta as

expectativas dos pais e as influências externas.

Ela é geralmente imediatista, pedindo algo assim que o vê e, se tem o pedido

negado, pode tanto ter uma reação fortemente emocional para tentar persuadir os

pais, como pode também vir a esquecer do produto.

As compras sozinhas ainda são para um objetivo futuro, o máximo que faz é

uma pequena compra, sob os olhos atentos das mães. A preocupação com o preço

é praticamente inexistente. Mesmo com a rotulação de caro e barato, esses

conceitos parecem repetições da opinião da mãe, e não algo compreensível para

elas. A noção de valor resume-se muito à quantias pequenas, que ela saiba lidar.

Pode-se dizer que tem noção que é possível acumular dinheiro para comprar um

objeto mais caro, mas não consegue comparar preços como critério de tomada de

decisão.

No ambiente de consumo, o ponto forte é o visual e os atrativos. Os brindes

são vistos como um presente a mais, e fazem toda a diferença em um processo de

decisão. Mesmo um produto com compra planejada, pode ser substituído por algo

mais vantajoso, aos olhos dessa criança.

A tevê, como diz uma expressão que já virou senso comum, é realmente a

grande janela para o mundo. É por meio dela que a criança conhece os produtos e

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planeja seus pedidos. É um meio forte, sendo que as propagandas são vistas como

uma possibilidade de conhecer as novidades.

Outro forte influente no processo de consumo são os personagens:

animações de filmes e desenhos são os mais fortes, seguidos de artistas e famosos.

São geralmente personagens carismáticos, e com o público-alvo, meninos ou

meninas, muito bem definidos. Por mais que haja os personagens neutros, que

agradam os dois, os que possuem um direcionamento foram os mais citados.

A situação de compra possivelmente pode ser descrita do seguinte modo: vai

às compras acompanhada dos pais, não circula pelos ambientes de consumo sem a

supervisão dos mesmos, sabe mais ou menos o que quer, é facilmente influenciada

no ponto de venda, não possui muito dinheiro consigo e depende da aprovação dos

pais para adquirir um produto.

Percebeu-se também que essa criança exerce uma influência mínima, quase

inexistente, nas compras familiares. Parece que criança cuida o que é de criança,

sendo no máximo, informada das aquisições familiares.

A mãe possui um papel muito forte em sua socialização, e na conseqüente

formação do seu perfil de consumo. Ela fornece diretrizes, estabelece algumas

normas, influi na formação dos gostos pessoais, isso até que a criança encontra o

mundo e este a encontra. Algumas mães relataram mudanças em seus filhos com o

início da vida escolar, no primeiro ano do ensino fundamental. A influência dos

amigos fica mais forte, ela começa a perceber algumas marcas, e os modismos

ficam mais evidentes.

Analisando a variável da pesquisa, a ocupação das mães, na formação do

perfil da criança consumidora e na sua tomada de decisão, tem-se que esta não

mostrou ser um item relevante. O maior impacto dessa variável é sobre as próprias

mães, que possuem comportamentos diferentes em relação ao universo de consumo

dos filhos. Mães com alta ocupação tendem a compensar mais às crianças com

presentes fora de hora, do que as mães sem ocupação. Mães com baixa ocupação,

entretanto, apresentaram um comportamento mais similar às mães de alta

ocupação. Este fato pode ser justificado pelo fato que duas delas, até pouco tempo,

tinham alta ocupação, e ainda se comportam como tal.

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As mães sem ocupação fora do lar foram as que mais se mostraram

preocupadas com o consumo dos filhos, e tentam policiar mais as ações que

fomentem um comportamento consumista.

b) Perfil da mãe, com base em: idade, escolaridade, ocupação e faixa de renda.

Apesar de todas as famílias possuírem filhos estudando em escolas

particulares, uma delimitação deste estudo é o fato de existirem diferenças

econômicas entre elas. Não foi perguntado diretamente a renda mensal das famílias

entrevistadas, sendo essas diferenças percebidas de forma sutil: pela estrutura do

lar e dos bens que possuem.

O quadro 13, apresentado na página seguinte, apresenta o perfil de cada mãe

entrevistada.

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Mãe Ocupação Idade Escolaridade Nível de Renda Filho entrevistado

Outros filhos

Mãe 01

MAO 36 Pós-graduação Médio, vivem em um apartamento com

boa infra-estrutura.

Menino de sete anos e três

meses.

Não.

Mãe 02

MAO 35 Superior completo

Médio. Moram em uma casa simples, mas construindo

outra.

Menina de sete anos e três

meses.

Sim, um menino de dois anos.

Mãe 03

MBO 34 2o. grau completo Apartamento em área nobre

Menino, oito anos e 11

meses.

Não

Mãe 04

MSO 30 Pós-graduação Apartamento simples, porém

estão construindo uma casa.

Menino de sete anos e dois

meses.

Sim, um menino de

3 anos.

Mãe 05

MBO 28 2o. grau completo Médio. A família tem um pequena loja de

computadores.

Menina de sete anos e três

meses.

Está grávida.

Mãe 06

MSO 41 Pós-graduação Alto. Moram em uma boa casa. O marido está na Alemanha prospectando um

novo negócio.

Menino de sete anos e três

meses.

Sim, dois meninos, de quatro e 9 anos.

Mãe 07

MSO 36 2o. grau completo Médio. Vivem em uma casa de médio

padrão.

Menina de sete anos e três

meses.

Não.

Mãe 08

MSO 38 2o. grau completo Alto. Ela provém de uma família de

posses e vivem em uma bela casa numa

região nobre.

Menino de sete anos e um mês

Não.

Mãe 09

MAO 42 Pós-graduação Bom, tanto ela quanto o marido são

médicos.

Menino de oito anos e quatro

meses.

Sim, um menino de

6 anos. Mãe 10

MBO 45 Superior completo

Médio, o marido é aposentado de um Banco. Moram em

casa alugada e estão acabando de construir a própria.

Menina de sete anos e seis

meses.

Sim, um menino de 11 anos.

Mãe 11

MBO 40 Superior completo

Médio alto. São empresários do ramo

de alimentação.

Menina de sete anos e seis

meses.

Não.

Mãe 12

MAO 33 Pós-graduação Médio alto. Possuem uma empresa de pesquisa e ela dá

aulas em uma faculdade.

Meninas de sete anos e

quatro meses.

Não

Quadro 13: Perfil das mães entrevistadas Fonte: Dados primários, 2007.

As mães possuem entre 28 e 45 anos de idade, sendo que oito delas

possuem graduação de nível superior ou pós-graduação, e quatro delas têm o

segundo grau completo.

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A tendência por menos filhos se fez presente; a metade das mães

entrevistada possui um único filho, cinco possuem dois filhos e somente uma mãe

têm três filhos.

c) Processo de tomada de decisão de compras para uso pessoal e familiar.

O processo de tomada de decisão é praticamente não planejado, e tem

diretamente a ver com a identificação formada entre a criança e o produto. Não

percebe-se a presença de uma forma estruturada de análise que prevê o uso do

produto e a viabilidade entre custo versus benefício.

Analisa-se a tomada de decisão por meio do modelo simples de Blackweel,

Miniard e Engel (2005), que envolve sete etapas básicas, conforme apresentado no

referencial teórico.

Na primeira etapa, que corresponde ao reconhecimento das necessidades de

consumo, não se percebe a ocorrência de um processo racional puro, porém há

evidências de forte viés emocional. Um brinquedo atrativo que passou na tevê, o

comentário de um amigo ou a embalagem de um produto no ponto-de-venda, podem

ser suficientes para despertar uma necessidade e um posterior pedido de compra.

Outro fato é que a criança dificilmente analisa como ela vai consumir o produto, se

ela realmente vai utilizá-lo ou se o brinde que o acompanha justifica o preço.

A busca de informações, segunda etapa do processo de tomada de decição,

pode ser feita de forma racional quando a criança se depara com uma data especial,

na qual ganhará presente. Conforme exercício de simulação de compra, a criança

geralmente busca saber das novidades pela televisão. No entanto, a criança não

tem uma forma de análise bem desenvolvida, na qual compara as qualidades de

diferentes produtos. O preço, quase não funciona como critério, sendo apenas um

limitador, quando necessário o aval dos pais.

Na terceira etapa, denominada de avaliação de alternativas pré-compra, é

vivenciada quando as crianças têm um pedido negado e precisam recorrer a outro

produto. É o caso da menina 05 que teve o pedido de uma boneca que custava

R$ 299,00 negado pela mãe, que pediu uma outra alternativa de compra. Ela então

escolheu uma boneca de R$ 109,00.

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No entanto, como as crianças são muito imediatistas e, por via de regra, não

se interessam por esta etapa.

A etapa da compra, correspondente ao quarto passo, é geralmente uma fonte

de prazer para a criança, sendo algo que ela gosta de vivenciar. Nem que seja para

ìcomprar uma coisinhaî, como citou a menina 11. E a compra mais especial parece

ser a de brinquedos, pois a criança gosta de ir à esse tipo de loja, observar as

novidades e escolher alguma coisa.

Conforme relatam algumas nem sempre ocorre de forma esperada. ìMas, até

muitas vezes a gente se decepciona porque, queria tanto e de repente tudo aquilo

fica de lado e tem outra coisa que chama a atençãoî, cita a mãe 03. E isso acontece

porque, ou o produto não faz o prometido, ou porque o entusiasmo provocado pela

aquisição é passageiro. Em outros casos ainda, o consumo não ocorre por falta de

oportunidade, como é o caso da menina 11. Ela tem bonecas que ganhou de

presente guardadas na caixa, por causa do volume de outros brinquedos que

possui.

A sexta etapa, avaliação pós-consumo, representa a identificação que a

criança desenvolve com o produto em questão. Se ela gosta e se identifica com o

produto, ela volta a solicitá-lo, ou a pedir outros itens da marca. Por outro lado,

quando se decepciona, o elimina da sua lista, e provavelmente não volta a consumir.

Outra consideração, é que não se pode esperar lealdade desse consumidor.

Como a maioria das crianças mostrou se interessar por novidades, e de se sentirem

atraídas por promoção, até a marca preferida pode ser deixada de lado.

A última etapa do processo de tomada de decisão, o descarte, parece ser

menos relevante no universo infantil. Se for um brinquedo, observou-se que as

crianças não têm interesse em se desfazer. Gostam de deixar guardado para, em

algum momento, voltar a utilizá-lo. Porém, se for uma roupa ou calçado, elas podem

até solicitar um novo, no entanto, nessa idade, geralmente são as mães que

observam essa necessidade.

Analisando de forma geral, a tomada de decisão do consumidor infantil não

parece ser muito elaborada, com análise de diversos aspectos.

Os meninos tomam muitas decisões, no que tange à roupas e calçados,

analisando o conforto. As meninas analisam o conforto, porém se sente atraídas por

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certas marcas e modelos. O preço não é um critério de tomada de decisão, assim

como promoção que enfoque formas de pagamento, aumento da quantidade ou

outros ganhos financeiros. Elas se interessam por brindes, resumidamente.

Quando o assunto é higiene pessoal, as meninas analisam a embalagem e a

presença de personagem. Poucas analisam um terceiro item que é o conteúdo,

como o cheiro de um xampu, por exemplo.

d) Principais influências que afetam a criança em suas decisões de escolha e

compra de produtos e serviços.

A criança sofre a influência de diversos meios: família, amigos, televisão,

propaganda, promoção, etc. Os pais, como é apresentado no referencial teórico, são

os agentes primários, sendo que a mãe tem um papel maior nesse processo. As

crianças aprendem a freqüentar o ambiente de consumo por meio da mãe, e tendem

a analisar os produtos com informações transmitidas por ela. Porém, percebe-se

que, nessa idade das crianças, a atuação da mãe diminui e entram em cena os

amigos, que aos poucos, exercem uma influência maior. Os pares, com

similaridades de gosto, estilo e modo de agir, se identificam entre si, e logo

começam a analisar as ofertas com a visão do grupo.

As estratégias de marketing, que incluem propaganda, promoção e ponto-de-

venda, também exercem uma pressão poderosa sobre as crianças.

A tevê apresenta tendências, principalmente os modismo que se referem a

personagens e filmes. As propagandas mostram as novidades e são

estrategicamente veiculadas nos canais infantis. Promoções e uso de personagens,

no entanto, mostram-se decisivos no momento da escolha e, entre uma marca

conhecida que oferece apenas o produto, e uma marca desconhecida que oferece

um brinde, a maioria das crianças escolhem àquela com brinde.

e) Reações da criança com frente à comunicação a ela dirigida, sobre produtos

e serviços.

As crianças assistem os comerciais, e geralmente gostam. Mas parece que se

interessam mais pelo produto em si, do que pela originalidade do mesmo.

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Nesta fase também ocorre o desenvolvimento do senso critico, sendo que

algumas crianças afirmaram que nem sempre a propaganda diz a verdade. Uma

experiência negativa vivida com uma marca pode influenciar todo um

comportamento futuro, inclusive as reações frente à comunicação.

f) Lembrança de marca de produtos e serviços por parte da criança

consumidora.

A lembrança de marcas é mais forte dentre os produtos do universo infantil,

como brinquedos e produtos com personagens licenciados. Sobre outros produtos,

mesmo que utilizados pela criança, a lembrança de marca é fraca.

No entanto, ressalta-se que a lembrança espontânea que não é forte. Isso

não quer dizer que a criança não reconheceria a marca no ponto de venda ou em

uma comunicação.

g) Confronto das percepções das crianças e das mães.

Mães e filhos pensam praticamente do mesmo modo. Elas têm uma presença

muito atuante no processo de consumo deles, apesar de saberem que os amigos

começam a ficar mais fortes.

Não ocorreram discrepâncias significantes entre o relato das mães e o relato

dos filhos, o que significa honestidade nas respostas dadas, como também que as

mães conhecem o perfil de consumo de seus filhos.

5.3 RECOMENDAÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS

Para aprofundar o conhecimento neste tema, recomenda-se:

- A realização de um estudo, na mesma linha deste, com crianças de nove e 10

anos, e de onze e 12, englobando o segmento que Kurnit (2004) define como

de pré-adolescentes. O novo estudo, confrontado com este, possibilitaria

detectar o período no qual as mudanças significativas acontecem, e o

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momento no qual os pais perdem muito do seu poder de influência para os

pares.

- Analisar o perfil de consumo infantil, na mesma faixa etária, porém em outra

cidade. Blumenau é considerada uma cidade do interior e, talvez um estudo

em uma capital demonstrasse crianças da mesma idade em um estágio de

consumo diferente.

- A realização de um estudo quantitativo, utilizando essa pesquisa qualitativa

como base. Buscar-se-ia os pontos chaves detectados para serem aplicados

a uma amostra significativa de crianças, por meio de questionário. Deste

modo os resultados poderiam ser generalizados à uma população, fato que

por meio desta pesquisa, não é possível.

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WARD, Scott. Consumer Socialization. Journal of Consumer Research, vol. 1, nº2, set.1974. WARD, Scott; WACKMAN, Daniel B. Children´s purchase influence attempts and parental yielding. Journal of Marketing Research, vol. IX, p. 316-319, ago. 1972. WIMALASIRI, Jayantha S. A cross-national study on children´s purchasing behavior and parental response. Journal of Consumer Marketing, v.21, n.4, p.274-284, 2004. WOLFMAN, Anuska. Kids research meets reality tv. Young Consumers, quadrimestre 1, p.60-62, 2005. YOUNG, Brian. The growing consumer. Young Consumer, quadrimestre 4, p.22-29, 2004.

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GLOSSÁRIO

Ades: sucos de frutas à base de soja, produzido pela Unilever. Adidas: marca esportiva de roupas e acessórios diversos. Ananda (Boneca Amazing Ananda): com a mais alta tecnologia, Amazing Ananda é uma boneca que surpreende pelos seus mecanismos interativos. Ela reconhece a voz da verdadeira mãe (a criança que estiver brincando com ela naquele momento), expressa seus sentimentos demonstrando alegria ou tristeza em seu rosto, responde a palavras-chave e fala mais de 800 frases. Com um relógio interno, ela tem horário programado para acordar e da mesma forma ir dormir. Além disso, Amazing Ananda reconhece datas especiais como Páscoa, Dia da Mães, Dias dos Namorados, Natal e Reveillon. Avatar: um desenho tão místico quanto o significado de seu nome. Ele conta a história de Avatar, um garoto que é o mestre dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Mesmo sem ficar muito feliz com isso, ele precisa usar seus poderes para impedir que a Nação do Fogo conquiste o mundo. Exibido pelo canal Nickeolodeon. Backyardigans: a série é uma animação em 3D que conta a história de cinco amigos em idade pré-escolar. Reunidos no quintal de suas casas, eles embarcam em grandes aventuras. Apresentado no canal Discovery Kids Brasil desde 2006. Baconzitos: salgadinho de milho da marca Elma Chips. Barão (do Rio Branco): escola particular localizada em Blumenau/SC. Barbie: criada há 40 anos, é a boneca mais famosa e mais vendida do mundo. Acompanhou todas as mudanças dessas últimas quatro décadas, é rica, bonita, famosa, inteligente e está sempre na moda. O mundo Barbie é cor-de-rosa, feito de sonhos e fantasia, onde tudo é possível. Batman: super-herói em quadrinhos publicado pela editora norte-americana DC Comics, cuja primeira aparição foi em desenhos de Frank Foster em 1932, e que foi publicado posteriormente na revista Detective Comics, em Maio de 1939. Mais tarde, juntamente a Superman e Homem-Aranha (da Marvel Comics), Batman seria um dos mais conhecidos super-heróis do mundo.

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Bauducco: fabricante de gêneros alimentícios. Billy e Mandy (As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy): desenho animado exibido no canal Cartoon Network. A história toda se inicia quando Billy e Mandy vencem um desafio no Reino do Limbo contra o representante da morte, Puro Osso. O preço que Puro Osso deve pagar por sua derrota é o de ser o melhor amigo das duas crianças. Então, o desenho trata de acontecimentos, como que diários, da relação de Puro-Osso (criatura mágica e imortal) e Billy e Mandy (crianças normais). Bob Esponja: personagem criado em forma de esponja. Ele mora num abacaxi com seu bichinho de estimação, o caracol Gary, adora seu trabalho como cozinheiro no restaurante Siri Cascudo e tem uma insuspeita habilidade para se meter em todos os tipos de confusão sem querer. Bob´s: rede nacional de franquias que comercializa lanches. Seu carro chefe para o público infantil é o Trikids, que sempre vem acompanhado de um brinde diferente. Brandili: marca de confecção infantil. Bratz: desenho animado que mostra a aventura das ìdivas Bratzî no mundo da moda, onde realizam reportagens para sua revista. C&A: loja de departamentos com diversas unidades no Brasil. Cartoon Network: canal por assinatura que se consolidou como o maior canal de desenhos animados do mundo, atingindo um público de todas as idades. É uma rede da Turner Broadcasting System que oferece 24 horas de animações. Lançado na América Latina em 30 de abril de 1993, o Cartoon Network é transmitido em português, espanhol e inglês. Cheetos: salgadinho de milho da marca Elma Chips. Citroën: fabricante de veículos. Crescidinhos: nome de um shampoo da marca Johnson´s, voltada ao público infantil. Danone: fabricante de gêneros alimentícios. Danoninho: iogurte com queijo petit suisse com polpa de fruta formulado para fazer parte de uma alimentação equilibrada de crianças pré-escolares, da marca Danone. Discovery Kids: lançado em novembro de 1996, o Discovery Kids na América Latina é um canal de tevê por assinatura que oferece às crianças de todas as idades, de uma forma divertida e alegre, a chance de satisfazer todas as suas curiosidades naturais, com uma programação imaginativa, estimulante e inovadora, através dos seus programas educativos e de blocos comerciais interativos, uma característica do canal. O Discovery Kids é um canal ágil, inteligente e interativo, que conecta as crianças a outras do mundo inteiro.

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Disney Channel: canal por assinatura que apresenta, 24 horas por dia, uma variada programação própria e adquirida, com o melhor da Disney. A programação do canal é dividida em blocos que divertem todas as faixas etárias, como Playhouse Disney, para crianças mais novas em idade pré-escolar durante a manhã; Zapping Zone, para o público adolescente; e Art Attack de Disney, para crianças na fase de aprendizagem. Os blocos da programação foram especificamente criados para satisfazer os gostos das famílias latino-americanas, levando-se em conta crianças, pré-adolescentes , adolescentes e adultos. Também compõem a programação do canal desenhos animados, séries, filmes, os sucessos de animação da Disney, shows exclusivos e programas especiais. Doce Beijo: loja de chocolates com 05 unidades nos estados de Santa Catarina e Paraná. Dzarm: marca de confecções para o público jovem pertencente à Indústria Hering. Elma Chips: fabricante de gêneros alimentícios, especificamente biscoitos salgados. Fandangos: salgadinho de milho da marca Elma Chips. Fiat: fabricante de veículos. Freinet (Escola Celestin Freinet): escola particular localizada em Blumenau/SC. Froot Loops: cereal da marca Kellogg´s. Galinho Chicken Little: filme de animação da Walt Disney Feature Animation, gerado por computador (CGI), e lançado pela Walt Disney Pictures e Buena Vista em 4 de Novembro de 2005. Game Land: loja de brinquedos localizada no Shopping Neumarkt, em Blumenau/SC. Gift Box: loja de presentes localizada em Blumenau/SC Gira Trança: brinquedo composto por 60 contas que permitem criar penteados e tranças modernas. Funciona com pilhas. Harry Potter (personagem): Personagem de filmes que surgiu através de uma série de romances criados pela escritora britânica J. K. Rowling. Desde o lançamento do primeiro volume, Harry Potter e a Pedra Filosofal, em 1997, os livros ganharam grande popularidade e sucesso comercial no mundo todo, e deram origem a filmes, vídeo games e muitos outros itens. Hello Kitty: é uma gatinha branca mundialmente conhecida, que tomou formas em desenhos animados. Hering: indústria e lojas de confecções e acessórios.

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Hi Hi Puffy Ami Yumi: desenho animado de duas meninas roqueiras, Ami e Yumi. Yumi é irônica, durona e guitarrista. Ami já é mais otimista e animada. Elas são muito amigas e juntas produzem grandes aventuras. Exibido pelo canal Cartoon Network. Hot Wheels: carrinhos de brinquedo criados, em 1968, pela indústria Matchbox e depois comprados pela Mattel. Seus brinquedos evoluíram e compõem uma gama muito grande de pistas e modelos de carrinhos. Jetix: canal de tevê por assinatura, que faz parte da Walt Disney Company Latin America, oferecendo desenhos e seriados para crianças, incluindo os gêneros de ação e aventura, mistério, comédia e anime. O canal infantil Jetix foi lançado em substituição à Fox Kids, após a rede infantil ter sido adquirida pela Walt Disney Company em todo o mundo. Jim no mundo da lua: é uma série em animação que transporta as crianças para um excitante mundo de descobertas. Jim, o protagonista, e seus amigos formam um grupo de astronautas audaciosos que vivem na pequena vila Moonaluna. Exibido no canal Discovery Kids Brasil. Jump Ball: brinquedo que foi criado para auxiliar a criança a desenvolver atividades físicas, coordenação motora e equilíbrio. É composto por uma bola e um cabo no meio, devendo a criança colocar os dois pés na base (em cima da bola) e segurar o cabo com as duas mãos. Kapo: bebida a base de suco natural de frutas, produzido pela Coca-Cola Company. Kapo: suco em caixinhas de 200ml, focado no público infantil. É produzido pela Coca-Cola. Kellogg´s: fabricante de cereais. Kibon: fabricante de gêneros alimentícios, especificamente sorvetes e picolés. Klin: indústria de confecções e calçados infantis. Lacta: fabricante de gêneros alimentícios, especificamente chocolates. Lazytown: programa de tevê exibido pelo Discovery Kids, que conta a missão de Sportacus, o herói da série que busca tirar as crianças do sedentarismo. Há também a presença do vilão Robbie Rotten que passa o dia numa poltrona e estimula as crianças a comer porcarias. O programa comprovadamente ajudou o consumo de vegetais a ter um aumento de 22% na Islândia, país de origem da série. Lego: brinquedo cujo conceito se baseia em partes que se encaixam permitindo inúmeras combinações. É fabricado em escala industrial em plástico injetado desde meados da década de 1950, popularizando-se em todo o mundo desde então. Lilica Ripilica: marca de confecção feminina infantil da Indústria Marisol, cujo personagem da marca é a ratinha Lilica.

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Litlle People: linha diversificada de brinquedos cujos principais produtos são bonecos educativos. Fabricado pela Fisher Price e distribuído pela Mattel no Brasil. Lojas Americanas: loja de departamentos com filiais em todo o Brasil. M&M´s: Pequenos pedaços de chocolate ao leite, populares em vários países. Produzidos pela Mars. Inc., a marca possui ìconfetes falantesî que aparecem em sua comunicação. Malharia Cristina: malharia com lojas próprias, fabricante de confecções licenciadas. Marisol: indústria do setor de vestuário. Mattel: fabricante de brinquedos. Max Steel: boneco que tem por objetivo ser um super-agente ousado, radical e atlético, que defende o planeta contra as forças do mal, especialmente o perigoso vilão Elementor. McDonald´s: rede mundial de franquias que comercializa lanches. Seu carro chefe para o público infantil é o McLanche Feliz, que sempre vem acompanhado de um brinde diferente. Meninas Superpoderosas, As: quando o perigo ronda Townsville, só existe uma solução: Florzinha, Lindinha e Docinho - as Meninas Super-Poderosas. Sob o olhar atento de seu mentor, o Professor, as três meninas voam pelos céus da cidade,salvando os moradores dos vilões que ameaçam a todos. É exibido no canal Cartoon Network. Meninos e Meninas: loja de brinquedos localizada no centro e no shopping center Neumarkt, na cidade de Blumenau/SC. Milka: chocolate produzido pela Lacta. Miracle Baby: boneca com peso e pele semelhante ao de um bebê de verdade, além de fazer movimentos, como: beber água, fazer xixi, chupar o dedo, espirra, etc. Mônica: personagem criada por Maurício de Sousa em 1963. Suas principais características são: é dentuça; usa sempre um vestido vermelho; possui superforça e enfrenta qualquer um, mesmo adulto, com extrema facilidade; e tem um coelho de pelúcia chamado Sansão. Inicialmente aparecia nas tiras de jornais do Cebolinha, mas em 1970 ganhou sua própria revista. Os personagens de Maurício passaram então a ser conhecidos como Turma da Mônica e ela passou a ser a principal personagem. Nemo: personagem da animação computadorizada, Nemo é um filhote de peixe-palhaço habitante da Grande Barreira de Coral, único sobrevivente de sua ninhada atacada por um predador, que também matou a sua mãe. O peixinho tem uma deficiência em uma das nadadeiras e é super-protegido por seu pai.

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Nescau Cereal: marca de cereal da Nestlé. Nescau: marca de alimento achocolatado em pó fabricado pela Nestlé. Nestlé: fabricante de gêneros alimentícios. Nickelodeon: canal de tevê por assinatura que oferece uma programação variada, que inclui séries e curtas produzidos exclusivamente para o público infantil. Sediado em Miami, o canal funciona 24 horas e é transmitido com opções de áudio em espanhol, português e inglês para 9,5 milhões de lares em toda a América Latina. Nike: marca esportiva de roupas e acessórios diversos. Padrinhos mágicos: desenho animado criado em 1998 para o programa Oh Yeah! Cartoons. Ganhou série própria em 2001, que também é exibida no Brasil pelos canais Jetix, Disney Channel e Globo. No desenho, o menino Timmy Turner tem dois padrinhos muito especiais: Cosmo e Wanda, os Padrinhos Mágicos. Os dois vieram do Mundo das Fadas para atender os desejos de Timmy, o que sempre causa muita confusão, seja envolvendo os pais do garoto ou a terrível babá Vicky. Repleto de referências à cultura pop o desenho também agrada às crianças mais velhas. Parmalat: fabricante de gêneros alimentícios. Parmalatinho: iogurte com queijo petit suisse da marca Parmalat. Personagem licenciado: ìPersonagem fictício ou real (famoso) que se associa a uma marca ou a uma classe de produtos por contrapartida do pagamento de royalties. A empresa espera, assim, valorizar suas marcas, produtos ou serviços, transferindo através de uma embalagem, de uma operação promocional ou de uma campanha publicitária as dimensões mais marcantes dos personagensî (MONTIGNEAUX, 2003, p.248). Peugeot: fabricante de veículos. Pindo d´ouro: salgadinho de milho da marca Elma Chips. Pink Dinky Doo: série que conta a história da família Dinky Doo e suas aventuras em uma cidade grande, tendo como protagonistas Pinky Dinky Doo, uma menina de 7 anos, seu irmão Tyler e um porquinho-da-índia de estimação. Oferece aos pequenos telespectadores a oportunidade de explorar os conceitos básicos no mundo da leitura, por meio de historinhas e brincadeiras interativas. Pista de Hot: acessórios da linha de carrinhos Hot Wheels, fabricado pela Mattel. Pokemón: o Pokemón tem se transformado, desde 1994, em um dos fenômenos mais importantes no gênero de videogames e animação. Surgiu como mais um jogo do console Game Boy da Nintendo e virou desenho animado.

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Polishop: site de comércio eletrônico via internet, como programates em alguns canais pagos. Polly (personagem): A 2ª boneca mais famosa do mundo é também personagem de desenhos animados. Suas aventuras são exibidas no canal Discovery Kids. Polly: é a segunda boneca mais vendida no mundo, perdendo apenas para Barbie. Seu universo compreende estilos de personagens, roupas, acessórios. Os criadores também já a transformaram em livro e filme. Puma: marca esportiva de roupas e acessórios diversos Ralph Lauren: marca de vestuário e acessórios adulto e infantil, focada na classe A. Rebelde: novela infanto-juvenil, exibida pelo canal SBT. Na trama seis amigos que estudam juntos formam uma banda, RBD. A banda saiu da ficção para se apresentar formalmente, e atrai multidões de crianças e adolescentes para seus shows. Recreio: revista voltada ao público infantil, com histórias e diversas atividades. Relâmpago McQueen (Filme Carros): personagem principal do filme Carros, criado pela Pixar e distribuído no Brasil pela Walt Disney, em 2006. Renner: loja de departamentos com diversas lojas no Brasil. Santal: marca de sucos de frutas de diversos sabores fabricados pela empresa Parmalat. Serendipity: loja de artigos infantis, localizada no Shopping Center Neumarkt. Shopping Neumarkt: shopping center localizado na cidade de Blumenau/SC. Shrek: personagem do filme homônimo, Shrek é um ogro que vivia sozinho em um pantâno em uma terra chamada Duloc, que vê a sua solidão ameaçada quando o governante de Duloc decide expulsar todas as criaturas mágicas para floresta. Shrek fica muito irritado e faz um acordo como ele: iria buscar a mulher dos sonhos do governante, a princesa Fiona que estava adormecida num castelo guardada por um dragão, e ele, em troca, tiraria todas as criaturas mágicas da floresta. O que acontece é que Shrek acompanhado de um burro mágico ao qual ele tinha salvo a vida, consegue salvar a princesa, mas, quando a conhece melhor apaixona-se por ela e tenta impedi-la de casar. Sítio do Picapau Amarelo: criação de Monteiro Lobato, é um seriado de TV que retrata um universo mágico repleto de fantasias. Exibido desde 2003, no canal Globo. Skate Tênis/Skatênis: é um tênis com rodinhas de skate acopladas na sola. Para usar só como tênis, a criança retira as rodinhas, coloca um tampão no lugar e pode caminhar normalmente. Desenvolvido por diversos fabricantes de calçados.

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Sucrilhos: cereal da marca Kellogg´s. Seu personagem é o tigre Tony. Observa-se que a marca Sucrilhos é muito usada para definir qualquer cereal. Sulamericana: loja de departamentos localizada no centro da cidade de Blumenau/SC. Super-homem (Superman): personagem fictícia cujas histórias em quadrinhos são publicadas pela editora norte-americana DC Comics, uma empresa subsidiária do grupo Time Warner, embora várias versões diferentes já tenham sido adaptadas para o cinema, o rádio, a televisão e a literatura. Tigor T. Tigre: marca de confecção masculino infantil da Indústria Marisol, cujo personagem da marca é o tigre Tigor. Tok & Stok: loja de presentes e móveis com diversas lojas no Brasil. Tommy Hilfiger: marca de vestuário e acessórios adulto e infantil, focada na classe A. Trakinas: biscoito recheado com diversos sabores voltado ao público infantil. Sua fabricante, Kraft Foods, investe constantemente em comunicação para o público alvo. Turma do Barney: série que apresenta Barney (um dinossauro roxo com 2 metros de altura) e seus amigos Baby Bop, BJ e um grupo de crianças. Juntos eles dançam, cantam e estimulam a imaginação das crianças. Especialistas em desenvolvimento infantil supervisionam cada episódio, garantindo que o conteúdo seja transmitido de acordo com a necessidade de aprendizado dos pequenos. Exibido no canal Discovery Kids Brasil. TV Cultura: Canal de televisão nacional que pertence à Fundação Padre Anchieta. Sua programação divide-se em infantil, juvenil e adulto, é muito diversificada e muito qualificada. Umbro: Marca esportiva fabricante de roupas e acessórios diversos. Unilever: fabricante de diversos produtos alimentícios, de higiene e limpeza. W.I.T.C.H.: desenho de ação no qual, de um dia para o outro, cinco adolescentes se vêem envolvidas em uma grande aventura. Will, Irmã, Terrance, Cornélia e hay-Lyn descobrem que podem se transformar em magníficas e poderosas bruxinhas, que têm a habilidade de controlar a água, o ar, a terra e o fogo. Willy Wonka: personagem do filme ìA fantástica fábrica de chocolatesî, ele é dono da maior fábrica de doces do mundo. Na história Willy Wonka faz um concurso mundial para que cinco crianças visitem sua fábrica e descubram as magias que suas portas escondem. Mal sabem elas que essa aventura avaliará também seu caráter.

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Xuxa: Personagem das décadas de 80, 90 e ainda dos tempos atuais, conhecida como a ìrainha dos baixinhosî, que comanda programas de entretenimento infantil, exibidos pela Rede Globo. Yakult: alimento a base de leite fermentado que leva o nome de sua fabricante.

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APÊNDICE

APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicado às crianças. APÊNDICE B - Questionário para analisar as prioridade de consumo infantil. APÊNDICE C - Roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicado às mães. APÊNDICE D - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelas meninas:

busca de um presente. APÊNDICE E - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelas meninas:

compra do carro da família. APÊNDICE F - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelos meninos:

busca de um presente. APÊNDICE G - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelos meninos:

compra do carro da família. APÊNDICE H - Caixa de chocolates com o personagem Hello Kitty. APÊNDICE I - Caixa de chocolates com os personagens do filme Carros. APÊNDICE J - Transcrição das entrevistas.

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APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicado às crianças

Roteiro de entrevista semi-estruturada para ser aplicado com crianças entre 07 e 08 anos

Eu estou fazendo uma pesquisa e eu gostaria da sua ajuda. O que nós vamos fazer aqui hoje é conversar sobre o universo das compras. Tudo o que a gente falar aqui vai ficar entre nós. Eu vou escrever sobre essa conversa no meu trabalho, mas em nenhum momento eu vou citar o seu nome, então ninguém vai saber que foi você quem falou. É uma conversa longa, mas nós vamos fazer alguma brincadeira também para ficar mais divertido. Se você se cansar e quiser parar um pouco, tudo bem. Ao final, como uma forma de lhe agradecer, você vai ganhar um pequeno presente. Podemos conversar? Número da entrevista: Nome do entrevistado: Idade: Sexo: Nome da mãe: Ocupação da mãe: ( ) MSO ( ) MBO ( ) MAO Escolaridade: Escola onde estuda: Lugar da entrevista: Local de nascimento: Possui irmãos? ( ) Sim ( ) Não Idade e sexo:

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O que eu vou conversar com você hoje é sobre o universo das compras.

--- Entrando no universo das compras --- Você costuma ir ao supermercado com os seus pais?

SIM NÃO E você gosta? Por que não? Você pede muita coisa quando você vai junto? O quê?

Mas você pede para sua mãe trazer algo para você? O quê?

E eles compram? E no shopping, você vai ao shopping?

SIM NÃO E você gosta? Por que não? Você vai toda semana? Tem alguma coisa que você não gosta

lá? Com quem você vai? Você costuma pedir coisas quando você vai ao shopping?

Você já foi ao shopping sozinho ou com amigos, sem um adulto?

SIM NÃO Você foi com quem? E você tem vontade de ir sem um

adulto? E o que você fez? Você acha que seria diferente? Você comprou alguma coisa? O que? E o que você iria fazer? O que é mais importante, a loja onde você está comprando ou o quê você está comprando? O que uma loja legal deve ter? E já aconteceu de você ir ao shopping ou ao supermercado decidido a comprar alguma coisa, e chegando lá você mudou de opinião e comprou outra coisa, ou até desistiu de comprar? Para você, o que é comprar?

--- Produto --- Agora nos vamos falar um pouquinho sobre as marcas. O que é marca para você? Interação: Dar quatro folhas de papel e pedir para a criança listar o maior número possível de marcas dentro de quatro categorias, uma em cada folha: roupas e tênis, alimentos e bebidas, brinquedos e eletrônicos e produtos de higiene pessoal. A criança tem quatro minutos para a tarefa, um minuto para cada categoria. Qual dessas marcas (descritas pela criança), em cada item (dentro de cada categoria) é mais importante para você? O que você vê de bom nessas marcas?

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Entre dois tênis sem marca e um da marca (a considerada importante), qual você preferiria? E agora vamos dizer que você ganhe um tênis dessa sua marca favorita e logo na primeira semana que você usa ele, ele arrebenta. Você acha que voltaria comprar dessa marca? O que é uma marca legal para você? Esse item aqui fala de roupas (apontar para a folha com as marcas de roupas). Quem escolhe as suas roupas? Você vai junto comprar suas roupas? O que uma roupa legal para você deve ter? Já aconteceu de você gostar de uma roupa e sua mãe não?

SIM NÃO E o que você fez? E se acontecesse de você adorar

determinada roupa e sua mãe falar que esse tipo de roupa você não usa, o que você faria?

Aqui também fala de eletrônicos e brinquedos. Você tem produtos dessas marcas? E há diferenças entre essas marcas? E tem essa lista de higiene pessoal. Você usa algum desses produtos? Quem escolhe, seus pais ou você? Você usa perfume?

SIM NÃO Você acha importante? E já pensou em ter um? Como você escolheu esse perfume? Onde você compraria um perfume? E temos também uma lista de comidas e bebidas, tem algum tipo de comida ou bebida que não pode faltar para você? E quando você sai, tem algum lugar que é o seu preferido para ir comer? Por que? Você gosta de salgadinho, bolacha e refrigerante? De algum tipo ou sabor preferido? E quando tem na prateleira do mercado salgadinhos de outras marcas e outros sabores, você experimenta? Seus pais compram sempre?

--- Embalagem ---

Agora falando um pouquinho da embalagem desses produtos, você presta atenção na embalagem?

SIM NÃO O que chama sua atenção numa embalagem?

Nem quando vem com um personagem que você gosta?

Interação: Apresentar duas caixas de chocolate (com o mesmo chocolate) para a criança experimentar. Porém um com a estampa do filme ìCarrosî da Disney, e outro com a Hello Kity. Avaliar se a criança é levada pelo design masculino ou feminino.

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E já que a gente está falando de personagens...

--- Influência dos Licenciados --- Qual é o seu personagem de desenho animado ou filme preferido? E você tem algum produto do (personagem preferido)? Tem diferença para você se o (personagem preferido) está no produto?

--- Promoção --- E promoção. Você sabe o que é promoção? Você acha que tem vantagem para você quando uma empresa anuncia uma promoção? Você costuma pedir coisas que venham com brinde? E você trocaria de marca por causa de uma promoção? (Se na pergunta do tênis a criança tivesse respondido que preferiria um de marca). E se aqueles dois tênis sem marca que você não quis, viessem um com um óculos e outro com uma mochila, você trocaria pelo tênis de marca?

--- Preço --- Você ganha mesada?

SIM NÃO Quanto? Mas você ganha algum dinheiro de vez

em quando? E você gasta com o que? Você observa os preços dos produtos quando você está comprando? O que é caro para você? O que é barato? Você olha mais para o preço quando o que você vai comprar é com o seu dinheiro?

--- Família: influenciando na criança --- Você conversa com seus pais sobre os produtos que você quer? E quando vocês estão vendo tevê e aparece a propaganda de um produto que você gostou, você conversa com eles? A opinião dos seus pais é importante quando se trata de comprar alguma coisa? E você tem alguma coisa, pode ser roupa, brinquedo, eletrônico, comida, etc., que você usa que seus pais não gostam? Tem alguma guloseima que eles não deixam você comer? E você come?

--- Amigos --- Você se veste do mesmo jeito que os seus amigos? E quanto um amigo seu tem alguma coisa legal, um brinquedo ou roupa nova que você não tem, como você se sente? Quando se trata de um tênis ou uma roupa, por exemplo, o que é mais importante: a opinião de um amigo ou a opinião de seus pais? A opinião dos seus amigos é importante para você?

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Você fala com seus amigos sobre produtos que você quer comprar? Você compra as mesmas marcas que os seus amigos? O que é ser popular para você? Vamos dizer que você tem uma certa quantia em dinheiro para comprar o que você quiser. Você escolheria esse produto como: conversando com seus pais, com seus amigos, vendo tv, acessando a internet...como?

--- Barganhar --- Como você faz para convencer os seus pais a comprar alguma coisa para você? E quando você está no shopping ou no mercado com eles e você vê algo que você quer, você tem alguma tática que funciona?

--- Mídia --- Você assiste tevê?

SIM NÃO Todos os dias? Porque seus pais não deixam ou porque

você não gosta? Muitas horas por dia? Mas você assiste um pouco? E você assiste aos comerciais? O que você acha dos comercias? Você acha que eles falam a verdade? Você tem alguma propaganda favorita? O que uma propaganda legal, para você, deve ter? Já aconteceu de você ver um comercial com algum produto novo e você pensar ìah, eu quero um desse pra mimî?

--- Compras familiares: criança influenciando --- Tem algum produto da sua casa que todo mundo usa e foi você quem escolheu? Quando seus pais compram algo para a casa eles pedem a sua opinião? No que você acha que mais poderia ajudar eles, quando o assunto é uma compra? Se você tivesse que ir ao supermercado fazer compras para a sua casa, o que você compraria? (se falar produto, perguntar qual marca).

---- Variável: ocupação da mãe --- A sua mãe (trabalha fora / fica bastante em casa / trabalha fora e cuida da família). Você sente alguma diferença entre você e os seus amigos por causa disso.

--- Finalizando: Simulação de compra ---

A gente está quase acabando, mas antes eu gostaria que você me ajudasse a resolver dois problemas:

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1) Analisar o comportamento de compra para uso pessoal. Mostrar uma figura de um menino ou menina (depende da criança entrevistada), com a seguinte inscrição. Menino: Esse é o Tom, e hoje ele faz oito anos. Ele pode escolher um presente, mas ele não sabe o que comprar. O que você faria se fosse o Tom? Menina: Essa é a Nina, e hoje ela faz oito anos. Ela pode escolher um presente, mas ela não sabe o que comprar. O que você faria se fosse a Nina? 2) Analisar o comportamento de compra para uso familiar. Mostrar uma figura de um menino ou menina (depende da criança entrevistada), com a seguinte inscrição. Menino: Esse é o Rafael e sua família. A família dele vai comprar um carro novo e o Rafael vai ajudar a escolher. O que você faria no lugar do Rafael? Menina: Esse é o Ana e sua família. A família dela vai comprar um carro novo e a Ana vai ajudar a escolher. O que você faria no lugar da Ana? Obrigada por sua participação!

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APÊNDICE B - Roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicado às crianças

Jogo Rápido Esse é um ìJogo Rápidoî. Você tem que escolher, sem pensar e de modo muito rápido, entre duas opções: O que é mais importante para você?

1. Conforto ou aparência 2. Beleza ou preço 3. Opinião de um amigo ou opinião dos pais 4. A sua opinião ou a opinião do grupo de amigos 5. Diversão ou aprendizado 6. Amigos ou brinquedos 7. Shopping ou praia 8. Brincar com os amigos ou comprar algo novo 9. Ter um estilo próprio ou ser igual aos amigos

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APÊNDICE C - Roteiro de entrevista semi-estruturada, aplicado às mães

Roteiro de entrevista semi-estruturada para ser aplicado com mães de crianças entre 07 e 08 anos

Primeiro eu gostaria de agradecer a sua colaboração e o seu tempo para que a realização desta pesquisa. Esta é uma pesquisa sobre o comportamento do consumidor infantil, e nesta abordagem a entrevista com a mãe é fundamental. Eu enfatizo que em nenhum momento o seu nome será revelado, sendo todos os dados descritos de forma anônima. Você pode se sentir livre para interromper a entrevista a qualquer momento, para perguntar e até para fazer alguma crítica. Eu também gostaria da sua autorização para gravar, pois desta maneira é possível que eu analise a entrevista posteriormente. Número da entrevista: Nome do entrevistado: Idade: Sexo: Nome do filho entrevistado: Ocupação: ( ) MSO ( ) MBO ( ) MAO Profissão: Escolaridade: Lugar da entrevista: Possui outros filhos além do entrevistado: ( ) Sim ( ) Não Caso positivo, qual idade e sexo das crianças:

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O que eu gostaria de conservar com você é sobre o universo das compras de seu (sua) filho (a).

--- Entrando no universo das compras --- Seu (sua) filho (a) costuma ir ao supermercado com você?

SIM NÃO E você acha que ele gosta? Por que não? E ele pede muita coisa quando vai junto?

Mas ele pede para você trazer algo? O quê?

E você compra? Você atende o pedido? Você acha que compra mais quando ele vai junto ou não há diferença?

E no shopping, você leva ele (a) ao shopping?

SIM NÃO E ele gosta? Por que não? Você vai toda semana? Ele (a) costuma pedir coisas quando vai ao shopping?

Ele (a) já foi ao shopping sozinho ou com amigos, sem um adulto?

SIM NÃO Ele foi com quem? E você o (a) deixaria ir sem um adulto? Você sabe o que ele (a) fez lá? Ele (a) tem algumas lojas preferidas? E já aconteceu dele (dela) ir ao shopping ou ao supermercado decidido (a) a comprar alguma coisa, e chegando lá ele (a) mudou de opinião e comprou outra coisa, ou até desistiu de comprar?

--- Produto --- Agora nos vamos falar um pouquinho sobre as marcas. Ele (a) costuma pedir coisas pelo nome da marca? Você acha que ele (a) conhece as marcas? Ele (a) costuma pedir as mesmas marcas que você e seu marido usam? Quando o assunto é roupa, ele (a) tem algumas exigências? Quem compra as roupas dele (a)? E ele (a) escolhe junto? Ele (a) deixa você escolher as roupas que ele (a) vai usar? O que você acha que ele (a) considera uma roupa legal? Já aconteceu dele (a) escolher uma roupa para comprar e você não gostar?

SIM NÃO E o que você fez? E se acontecesse dele (a) adorar

determinada roupa e você não, o que você faria?

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Com relação a brinquedos, ele tem preferência de marcas? Dá para ìenganarî, comprar um carrinho de outra marca, por exemplo, e falar que é tudo igual? E produtos de higiene pessoal que ele (a) usa, quem escolhe? E comidas e bebidas, ele (a) tem algum tipo de comida ou bebida que não pode faltar? E quando vocês saem, tem algum lugar que é preferido dele (a) para ir comer? Por que? E salgadinho, bolacha e refrigerante, você compra? De algum tipo ou sabor preferido? E quando tem na prateleira do mercado salgadinhos de outras marcas e outros sabores, você compra para experimentar? Agora falando um pouquinho da embalagem desses produtos, você acha que ele (a) é influenciado pela embalagem?

SIM NÃO O que você acha que chama a atenção dele (a)?

Nem quando vem com um personagem que ele (a) gosta?

E já que a gente está falando de personagens...

--- Influência dos Licenciados --- Você saberia dizer qual é o seu personagem de desenho animado ou filme preferido do seu (sua) filho (a)? E ele (a) tem algum produto do (personagem preferido)? Tem diferença para ele (a) se o (personagem preferido) está no produto?

--- Promoção --- E promoção. Você acha que ele (a) é influenciado por promoção? Ele (a) costuma pedir coisas que venham com brinde?

SIM NÃO E você atende esses pedidos? Nem quando é do personagem preferido

dele (a)? Você acha que ele (a) trocaria de marca por causa de uma promoção?

--- Preço --- Ele (a) ganha mesada?

SIM NÃO Quanto? Mas você dá algum dinheiro para ele (a)

de vez em quando? E ele (a) gasta com o que? Você acha que ele (a) observa os preços dos produtos quando compra? Você acha que ele (a) tem noção do que é caro ou barato? Você acha que ele (a) olha mais para o preço quando o que ele (a) vai comprar é com o próprio dinheiro?

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O que você acha que ele (a) compraria se tivesse que ir ao supermercado fazer compras para a casa? Será que ele se atentaria aos produtos básicos? .

---- Variável: ocupação da mãe --- Você (trabalha fora, fica bastante em casa, trabalha fora e cuida da família). Você sente que isso influi em alguma coisa no processo de consumo do seu (sua) filho (a)? Obrigada por sua participação!

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APÊNDICE D - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelas meninas: busca de um presente

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APÊNDICE E - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelas meninas: compra do carro da família

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APÊNDICE F - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelos meninos: busca de um presente

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APÊNDICE G - Cartão com situação de consumo a ser resolvida pelos meninos: compra do carro da família

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APÊNDICE H - Caixa de chocolates com o personagem Hello Kitty

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APÊNDICE I - Caixa de chocolates com os personagens do filme Carros

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APÊNDICE J - Transcrição das entrevistas

Entrevista Criança 01 - Menino

Entrevistadora3: Eu queria perguntar para você sobre compras. Pode ser? Você costuma ir ao supermercado junto com a sua mãe e com o seu pai? Criança 14: Hum, hum (afirmativo). E: E qual supermercado que vocês costumam ir? C1: Hummmm (pensativo) Shopping. E: No shopping? E Mercado assim, de comprar de comida? Você vai também? C1: Sim. E: E qual que é? Sabes o nome ou não? C1: Angeloni. E: No Angeloni? Sempre é nesse? C1: Não. E: Muda? Às vezes é em outro mercado? C1: Big. E: Ah, no Big também? E você gosta de ir junto? C1: Sim. E: É? E você pede alguma coisa quando vai? C1: Hum, hum (afirmativo). E: O que é que você costuma pedir? C1: Brinquedo. E: Brinquedo? Que tipo de brinquedo? C1: Carrinho. E: Sempre carrinho? E pede alguma coisa prá comer também? C1: Só crepe. E: Crepe? E quando tá lá fazendo compra? Pede, assim, bolacha, salgadinho, essas coisas? C1: A mãe que pergunta. E: Ah, é a tua mãe que pergunta? Se ela não perguntar, tu nem lembra? C1: Hum, hum (afirmativo). E: Daí tu nem pede? C1: Hum, hum (negativo). E: E no shopping, você gosta de ir? Vocês vão assim toda semana? C1: Não. E: Não? E você pede alguma coisa quando vai lá? C1: Hum, hum (negativo). E: E tem alguma loja que você gosta que você gosta de ir? Lá no shopping? C1: Sim. E: E qual que é? C1: Loja de brinquedo. E: De brinquedo? E tem algum nome a loja? C1: Não lembro. E: Não lembra? E você já foi no shopping assim, sem ser com o pai ou com a mãe, com outra pessoa? C1: Não. E: Nunca? Sempre com o pai ou com a mãe? C1: Hum, hum (afirmativo). E: O que é que você acha mais importante quando vai lá no shopping, a loja, assim, você gosta de ir naquela loja ou pode ser em qualquer uma? Tem uma loja preferida assim? C1: Tenho uma loja preferida. E: Gosta de ir naquela sempre? O que é que você acha que uma loja legal prá você deve ter? C1: Brinquedo. E: Brinquedo? Isso é o mais importante? C1: Hum, hum (afirmativo).

3 Entrevistadora, identificada na transcrição pela letra E. 4 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C1, sendo seu nome também substituído por esta denominação.

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E: É? O que você acha que é comprar? O que é comprar prá você? C1: Gastar dinheiro. E: Gastar dinheiro? Legal. Você sabe o que é marca? C1: Não. E: Não? Então eu agora vou fazer uma brincadeira com você. Vamos ver se você vai conseguir fazer. Eu queria que você escrevesse o nome dos brinquedos ou o nome dos produtos que você gosta aqui nessas fichas. Pode ser? (A criança começa a escrever) C1: Hummm (sinalizando para um erro). E: Quer a borracha? Continua aí que eu vou lá pegar prá você. E: E brinquedo? Algum outro brinquedo preferido tem um pelo nome assim que você gosta ou não? (em conversa sobre a interação com as fichas) C1: Não. E: Não? Então tá. E alguma comida, assim, especial que você gosta? De bolacha, salgadinho assim, só que pelo nome, assim: bolacha tal. C1: Hummmm. Não sei. E: Não sabe? Qual bolacha você come de manhã? Tem alguma bolacha, aquela preferida assim? C1: Eu como qualquer uma. E: Qualquer uma? Não tem nenhum nome, assim? E refrigerante, também tanto faz? C1: A gente só toma no sábado e domingo. E: Só sábado e domingo? Então ta. Vamos continuar aqui. E tênis? É você que escolhe o tênis que você usa? C1: Hum Hum, (negativa) não. E: É a sua mãe? C1: Han Han (afirmativa). E: E tanto faz, qualquer um que ela comprar tá bom? C1: Não. E: O quê que seria bom prá você? C1: O tamanho. E: O tamanho? É isso que importa? E a cor importa? C1: Não. E: Não? Tanto faz? E roupa? Você que escolhe? C1: Não. E: É a mãe também? C1: Só nos dias que, que não é obrigado a levar roupa do Bom Jesus (referindo-se ao colégio). No sábado é eu que escolho. E: Você que escolhe? O quê que é uma roupa legal prá você? C1: Hummm (pensativo), com desenho na frente. E: Desenho? Qual tipo de desenho que você gosta que tenha na roupa? C1: Hot. E: Hot Wheels? C1: Han Han (afirmativa) E: Aí você gosta? C1: Hum, hum (afirmativa) E: E, por exemplo, assim, da Hot Wheels tem outra coisa que você gosta também, assim, caderno do Hot Wheels, essas coisas assim? C1: Sim. E: Você gosta que tenha tudo a marca deles? C1: Han Han (afirmativa). E: E se não tiver, também tá bom? C1: Hum, hum (afirmativa). Eu gosto de lápis e caderno do Hot também. E: Você gosta que tenha a marca? C1: Hum, hum (afirmativa). E: E quanto a embalagem de um produto, da embalagem do salgadinho, o pacotinho, né, o quê que chama a tua atenção? C1: Nada. E: Nada? A cor nada? E se tiver o Hot Wheels na embalagem? C1: Hum, hum (negativa). E: Não? C1: Só se for carrinho.

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E: Só se for carrinho? Ah é? E você tem algum personagem de desenho, assim, ou filme preferido? C1: Sim. E: Quem que é? Qual? C1: O filme Carros. E: O filme Carros é o teu preferido? E você tem algum produto desse filme? C1: Ah, sim. E: O quê? C1: Os carrinhos dele. E: Só os carrinhos? E tem alguma outra coisa? C1: Sim. E: Tem brinquedo, é...camiseta dos carros, coisas assim também, não? C1: Hummmm, não (em dúvida)... E: Tem os carrinhos? C1: Hum, hum (afirmativa). E: E é mais legal, assim, quando tem os personagens que você gosta no produto? Pode ser sem? Assim: você vai comprar, por exemplo, uma bermuda. Aí tem bermuda azulzinha e bermuda azulzinha com os carrinhos. É mais legal ou não? C1: Mesma coisa. E: É a mesma coisa? C1: A mesma coisa as duas. E: Deixa-me ver outra coisa aqui. (Criança levanta para buscar um brinquedo). Foi buscar um brinquedo? Que brinquedo que é esse? C1: Um carrinho. E: Você gosta de alguma coisa que tem assim, brinde junto? C1: Sim. E: Gosta? Isso chama a atenção prá ti? C1: Hum, hum (afirmativa). E: Ah, é? E você ganha algum dinheiro de alguém? C1: Sim. E: Quem te dá dinheiro? C1: Pai e mãe. E: É? Ganha assim todo dia, toda semana? C1: Não. E: É, só de vez em quando? E o quê que você faz com esse dinheiro? C1: Gasto com brinquedo. E: Gasta tudo com brinquedo? E você olha o preço nas etiquetas? C1: Hum, hum (afirmativa). E: E você acha assim, quando uma coisa é caro ou barato? C1: (silêncio). E: E o quê que seria barato prá você? C1: (silêncio). E: Que valor assim, que seria barato? C1: De 5 prá baixo. E: E caro? C1: Hummm (pensativo). 10. E: De 10 prá cima já começa a ficar caro? C1: Hum, hum (afirmativa). E: E quando tem um produto que tu achas... um produto que você quer, né? Você pede para os seus pais comprarem, você conversa com eles? C1: Hum, hum (afirmativa). E: O que você faz quando quer alguma coisa? Como é que você pede prá eles? C1: Pedindo. E: E eles compram, assim? C1: Às vezes sim, às vezes não. Às vezes é muito caro, às vezes é barato. E: Ah, depende do preço, então? C1: Hum, hum (afirmativa). E: Tem alguma coisa, alguma roupa, assim, que você gosta, um brinquedo que você gosta, assim, que eles não gostam muito? C1: Sim. E: O quê?

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C1: Pista E: Pista? Do Hot Wheels? Eles não gostam muito quando você pede? C1: É porque às vezes eu perco umas peças. E: Ah, é por causa disso? E de comida? Tem alguma coisa que você gosta de comer, um salgadinho, uma coisa assim que eles não gostam que você coma? C1: Hummm (pensativo). Não. E: Não? Agora eu vou perguntar um pouquinho sobre os seus amiguinhos. Lá no colégio, você tem bastante amigos? C1: (silêncio) E: Tem uma turminha, assim? C1: Não. E: Não? Não tem muitos? Mas algum coleguinha você tem, né? E quando esse coleguinha que você tem chega com uma roupa nova ou um brinquedo legal, assim, que você não tem. Como é que você se sente? C1: (silêncio) Igual como eu tava antes. E: Você quer ter também? Pede pro seu pai aquele brinquedo que ele trouxe lá no colégio que você não tem? C1: Tanto faz. E: É? C1: Hum, hum (afirmativa). E: Você chega a conversar lá com os seus amiguinhos sobre um brinquedo novo que apareceu na tevê? C1: Hummmm (pensativo). Não. E: Não? Nem do Hot Wheels? Vocês não conversam? C1: (silêncio). E: Você sabe o que é ser popular na escola? C1: Não. E: Não? C1: Não. E: Então tá. Eu vou fazer outra brincadeira aqui. Vamos dizer que você tem alguma outra quantia em dinheiro prá gastar, né? Como que você escolheria esse produto? Eu te dei algum dinheiro e você pode gastar com o que você quiser. E aí o quê que você ia fazer primeiro, como é que tua ia fazer pra gastar esse dinheiro? C1: Eu ia ver tevê primeiro. E: Primeiro ver tevê? C1: Prá ver se tem algum produto na tevê. E: Em que canal você iria procurar? Tem algum canal que você gosta? C1: Hummm... 7 E: 7? C1: Não, não. Cartoon, Cartoon. E: E você assiste tevê todo dia? C1: Não. E: Não é todo dia? C1: Às vezes quanto eu tô na escola... na escola eu não posso ver tevê. E: Ahnnn!!! E você assiste comercial, então? C1: Não. E: Propaganda de tevê? C1: Não. E: Mas, você falou que pra gastar o dinheiro você ia ver tevê, né? O que é que você ia ver na tevê, então? Não é a propaganda? C1: Não. E: O quê que você ia procurar lá? C1: É quando tem desenho. No desenho aparece. E: Dentro do desenho aparece? Ahnnn!!!! E os intervalos comerciais você não gosta muito? C1: Não. E: Não assiste? Mas tem algum comercial favorito? C1: Humm (pensativo). Não. E: Não tem? C1: (silêncio). E: A sua mãe, né? A sua mãe trabalha fora? Ou fica em casa com você?

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C1: Trabalha fora. E: Trabalha fora? E como é que você fica? Você fica em casa sozinho? C1: Não. Fico com a irmã. E: Com a tua irmã? C1: Hum, hum (afirmativa). E: E você tem algum amiguinho que a mãe não trabalha fora? C1: Não. E: Todas as mamães trabalham fora? C1: Hum, hum (afirmativa). E: Vem cá, a gente já ta quase acabando, né, mas eu queria que você me ajudasse a resolver um problema aqui, olha só. Eu tenho esse menino aqui, esse menino se chama Tom. Tá vendo? C1: Hum, hum (afirmativa). E: Ele tá fazendo aniversário agora. De 8 anos. C1: Hum Hum. (afirmativa). E: Ele pode escolher um presente, mas ele não sabe o quê que ele vai comprar. Se você fosse o Tom, né? O quê que você faria no lugar dele? C1: Hum... (pensativo). Eu ia pra tevê primeiro. E: Ia pra tevê? C1: Aí depois eu ia lá comprar o brinquedo que eu queria. E: Aonde? C1: Nas lojas. E: Nas lojas? E aí você ia escolher lá? C1: Hum, hum (afirmativa). E: E você ia gastar esse dinheiro então com o quê? Com roupa? C1: Brinquedo. E: Brinquedo? Tudo brinquedo? Comprar roupa não é legal? Tudo brinquedo? C1: Hum, hum (afirmativa). E: E você acha que já teria algum brinquedo assim, que você ia querer escolher? C1: Não. E: Primeiro tem que olhar? C1: É. E: Ah!! Então tá. Agora deixa eu pegar um outro problema aqui. Tem mais um menino pra você ajudar, ó. Esse aqui é o Rafael, essa aqui é a irmã do Rafael, o pai e a mãe. É a família dele. A família do Rafael vai comprar um carro, vai comprar um carro novo. Aí, o Rafael vai ajudar a escolher. O quê que você faria no lugar do Rafael? C1: Hummm (pensativo). Não sei. E: Esse é um problema que tu não consegue ajudar o Rafael? C1 Hum, hum (negativa). E: Não? É muito difícil esse problema? C1: Hum, hum (afirmativo). E: Então ta ótimo. Agora para terminar, tem mais uma brincadeira. Eu vou falar sempre duas opções, e você tem que escolher qual é a mais importante para você. Assim, eu digo duas palavras, e você me diz qual você acha mais importante. Pode ser? C1: Hum Hum (afirmativo). E: Então tá: Confortou ou aparência? C1: Conforto. E: Beleza ou preço? C1: Preço. E: A opinião de um amigo seu, ou a opinião dos seus pais? C1: Dos meus pais. E: A sua opinião, ou a opinião dos seus amigos? C1: A minha. E: Aprender ou se divertir? C1: Aprender. E: Amigos ou brinquedos? C1: Amigos. E: Ir para o shopping ou ir para a praia? C1: Ir para a praia. E: Brincar com os amigos, ou comprar alguma coisa nova? C1: Brincar com os amigos.

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E: Ter um estilo próprio, um jeito só seu, ou ser igual aos seus amigos? C1: Um jeito só meu. E: Para você, ser criança é... C1: Humm... legal! E: E para terminar, tem uma brincadeira bem gostosa. Eu trouxe dois chocolates para você experimentar, e eu queria que você me dissesse qual é o mais gostoso, pode ser? C1: Hum, hum (afirmativo). E: Tem esse chocolate aqui, que é da Hello Kitty, e tem esse aqui, que é do Carros. C1: Eu achei o do Carros. E: Então é isso. Obrigada, você deu uma ótima entrevista!

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Entrevista Mãe 01

Entrevistadora: Vamos começar com o supermercado. O seu filho costuma ir ao supermercado com você? Mãe 13: Sim. E: Ele vai? M1: Vai. E: Acompanha? M1: Acompanha. Ajuda. E: O que é que ele faz? M1: Ah, ele gosta de pegar os itens que são do interesse dele, né? E tem coisas que ele gosta assim. ìAi, mãe, o que é que tu queres?î. Ele vai lá e busca e tal. E: E ele pede muita coisa? M1: Pede. E: E passa, assim, do limite? M1: Passa. E: Ele vai pedindo até que... M1: Vai pedindo. Vai pedindo até que eu digo não. Eu digo agora não dá mais, já tem dois, já tem três. E daí deu, né? E: Mas alguma coisa ele ganha? M1: Sim, sempre. E: E que é que ele mais pede, assim... M1: Alimentos. Brinquedos e alimentos. E: E coisinhas para comer, também? Tipo guloseimas? M1: É. E: Mas você já chegou a ir ao mercado sem ele? M1: Sim. E: E nota alguma diferença com as compras? M1: Sim (risos). E: Diminui ou não? M1: Diminui. Diminui. Porque vêm menos besteirinhas. E: Mas mesmo assim vem alguma coisa pra ele? M1: Sempre vem alguma coisinha prá ele. E: E no shopping? Ele vai junto? M1: Vai. E: Vocês freqüentam bastante? M1: É. Uma média de uma vez por semana. E: Uma vez por semana. E ele costuma também pedir coisas? M1: Pede. E: Mas, entra em lojas específicas prá ele ou não? Ele vai andando, vai na vitrine? M1: Depende pra quê que a gente vai no shopping né. Por exemplo, se a gente for só almoçar é só o almoço. De repente a gente passa na banca, dá uma olhadinha em alguma coisa, mas, nem sempre a gente entra nas lojas que é de interesse dele. E: Que ele quer? M1: Exato. E: Mas ele chega sempre a pedir alguma coisinha? Ou não? M1: Não. Tem dia que ele até não pede nada não. (risos) Tem dia que ele tá estranho (risos). E: E ele já chegou a ir ao shopping sozinho ou com os amigos, mas sem a presença de um adulto? M1: Não, ainda não. E: Ele ainda não chegou a fazer isso? E com outros adultos? M1: Hum, hum (negativo). E: E com vocês e com outros adultos, assim, algum tio, vó... M1: Sim, com os avós, com a escola... E: Com a escola? M1: Com a irmã, a minha irmã, né? (risos) E: Mas a escola fez algum passeio, assim? M1: É passeio. Passeio da escola...

3 Mãe da criança 1, identificada na transcrição pela denominação M1.

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E: No shopping? M1: Hã Hã. Assistir filme né, eles vão ao cinema. E: E ele tem alguma loja preferida? M1: De brinquedos. E: Você sabe? M1: A Meninos e Meninas. A preferida dele! Ele sabe onde fica, ele sabe chegar lá sozinho. (risos). E: Ele já chegou ir ao shopping determinado a comprar uma coisa X e chegou lá mudou de idéia e levou o produto Y? M1: Hum, hum (afirmativo). Sim, acontece muito. A hora que vê as outras coisas muda de opinião. E: O quê que você acha que faz ele mudar de uma coisa prá outra? M1: Uma diferença do momento, nada assim especial. E: Mesmo que ele tenha saído decidido, na hora ele pode mudar? M1: Chega na hora ele vê outra coisa e aí ele se interessa mais por aquilo. E: Aí pede prá trocar? M1: Aí ele troca. Aí no outro dia ele pede de novo aquilo que não comprou aquele dia. E: Então tá. Então vamos falar um pouquinho sobre as marcas, então. Ele costuma pedir alguma coisa pelo nome da marca especificamente? M1: As marcas que ele vê na televisão né: Hot Wheels, é, qual a outra? (pensativa). Marcas de brinquedo que ele conhece assim, através da tevê, né? E: Geralmente é brinquedo? M1: Geralmente é brinquedo. E: Ele pede alguma marca de roupa? M1: Não. Não conhece. Não tem essa noção ainda. E: Então você acha que ele conhece, mais especificamente à brinquedos? M1: À brinquedos. E: Ele costuma pedir alguma marca que você e seu marido usam? Por exemplo, marcas de uso comum para toda a família? Ele chega a reconhecer isso também? Algum objeto que vocês utilizam em casa, de um eletrônico, de um produto de limpeza, alguma coisa assim. M1: Não, não. E: E quando o assunto é roupa? Ele tem alguma exigência? M1: Ele tem preferência. Ele não gosta de jeans e ele não gosta de camisa de botão. Então, quando... Claro que ele tem esse tipo de roupa, então quando eu boto nele, assim, ele reclama que ele não gosta (risos). E: Mas usa? M1: Usa. Meio forçado, mas usa. E: Mas, assim, a exigência é sempre mais pelo tipo da roupa e não pela marca, por exemplo? M1: É E: Pelo modelo da roupa? M1: Pelo modelo da roupa, marca não. E: E ele pede pra comprar em algum lugar específico? M1: Não, ele não pede roupa. E: E, mas quem compra? M1: Eu. E: Ele vai junto? M1: Normalmente não. E: Você compra, escolhe? M1: Eu compro, escolho e pronto. E: E o que você acha que ele considera uma roupa legal? M1: Short e uma camiseta (risos). É o que ele gosta! E: Então é como você falou, né, você já chegou a escolher uma roupa que ele não gosta muito como jeans? M1: Sim. E: Mas na verdade ele usa? M1: Ele usa. Ele acaba usando. E: Um pouco a contra-gosto, só? M1: Sim. E: E quanto a brinquedo a gente já comentou, por preferência de marcas, né? M1: Hum, hum (afirmativamente) E: Como o Hot whells, alguma coisa assim... M1: Hum, hum (afirmativamente)

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E: E dá pra enganar? Comprar um carrinho de outra marca? M1: Não, não dá. Ele distingue bem. Em termos de brinquedo ele sabe bem o quê que ele é e o quê que ele não é. E o quê que ele quer. E: Não adianta compensar? M1: Não, não tem troca. E: E produtos de higiene pessoal, assim, tipo o xampu que ele usa, sabonete? M1: Não. Ele usa o que a gente põe pra ele usar. E: O que tiver ali? M1: O que tiver. Não, ele não pede. E: E comida e bebida? Esses comidas guloseimas, tem alguma coisa que não pode faltar? M1: Que não pode faltar prá ele? Bolacha e Nescau. E: Pela marca daí? Não poder um Toddy, algum outro? M1: Aí sim, aí tem que ser pela marca, é verdade. O achocolatado é Nescau. E: É Nescau, não pode ser outro? M1: Não pode ser o Toddynho, não pode ser. E: E falando também de comida. Quando vocês saem, tem algum lugar que ele gosta mais de comer, algum lugar preferido? M1: É, shopping em primeiro lugar. E em segundo lugar restaurantes que tenham playground, que ele possa estar brincando, que fique mais solto, né. E: É isso que ele gosta? M1: É. E: No shopping tem alguma lanchonete específica? M1: McDonald´s, sempre (risos). E: Bom, de vez em quando o assunto volta porque a gente vai conversando... M1: Sim. E: Salgadinho, bolacha e refrigerante, você compra? M1: Compro. E: Também por marca ou pode ser qualquer refrigerante, pode ser qualquer salgadinho? M1: Não. A gente tem o hábito já de comprar determinadas marcas e a gente não sai daquilo, né. E: E é isso que ele consome? M1: Isso. E: Ele já chegou a pedir outra coisa que vocês não costumam comprar? M1: Não, ele nunca pediu diferente. E: Nunca pediu? M1: Não. E: Alguma coisa que ele viu na escola, coisa assim? M1: Não. E: E quando ele vê na prateleira do supermercado algum salgadinho de outra marca e de outro sabor? Você chega a comprar para experimentar? M1: Quando ele está eu pergunto, mas ele não é muito de experimentar coisas novas. Ele prefere ficar mais no que ele já conhece. É difícil, é difícil trazer uma coisa diferente. Já com medo também de que ele não vá gostar, mais ou menos baseado no gosto dele, né? Aí eu procuro não arriscar muito não. E: Me fala um pouquinho da embalagem. Você acha que ele é influenciável pela embalagem desses produtos? M1: Eu acho que a embalagem influencia sim. E: Chama a atenção? M1: Sim. E: O que você acha que chama a atenção dele? M1: As cores, os desenhos, a própria propaganda que é feita na televisão da embalagem do produto em si, né? Eu acho que influencia bastante. E: Chama a atenção? M1: É. E: Os personagens que aparecem de vez em quando nas embalagens, né? M1: Sim, personagens... E: Você sabe me dizer qual é o personagem de desenho animado preferido dele? M1: Personagem preferido dele? É (pensativa) Power Rangers, Bob Esponja, os que passam na televisão. E: Ele tem algum produto desses personagens? M1: Tem, tem, tem...

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E: O que é que ele tem? M1: Tem os bonecos do Power Rangers, ele tem todos (risos). Desse filme ìCarrosî, ele tem todos os carros do filme. E: Tudo influencia, ele pede? M1: Pede. E: Por exemplo, assim, ele tem um personagem ìCarrosî, eles fazem biscoito dos carros, camiseta dos carros, ele pede outras coisas da linha que aparece o personagem ou não? M1: Não. Inclusive ontem eu ofereci prá ele, tinha uma bolacha recheada do Carros, aí eu disse: filho, é diferente, queres levar? E ele disse não, não quero. E: Não chamou a atenção dele? M1: Não, não chamou a atenção dele. E: Ele levou outra bolacha ou não? M1: Levou a dele, a de sempre. E: Qual que seria? M1: É a Trakinas. E: Levou aquela? Não chegou a chamar a atenção dele? M1: Não, ele não trocou. E: Então, na verdade, não teve diferença o personagem pelo produto? M1: Nesse caso não. E: Em alguns casos tem? Você sente isso? M1: Sim, eu acho que acaba influenciando porque é como se fosse um brinquedo, né? Tá ali, muitas vezes ele comprou e não gostou, não quis mais. Mas comprou porque tava na embalagem E: E promoção? Você acha que ele chega a ser influenciado por algum tipo de promoção? M1: Quando ele ouve na tevê ele é influenciado. Por exemplo, tome tantas Coca-Colas, junte as tampinhas e troque por alguma outra coisa... ele sempre quer fazer. E: A tevê seria o principal modo dele saber das promoções? M1: Sim. E: Do mercado, alguma promoção da hora? M1: Não, daí acho que ele não toma conhecimento. E: E ele costuma pedir muita coisa que vem com brindes? M1: Sim, sim, pede, pede. E: Você percebe que tem alguma influência? M1: Sim, tem alguma influência. E: E você atende? Tá vendo que ele ta olhando aquele biscoito, mas tá mais olhando para o brinde do que para o biscoito, por exemplo? M1: Se eu percebo que ele vai comer o biscoito eu até trago, mas se for um produto que eu sei que ele não vai comer, aí daí não. E: Mesmo ele pedindo? M1: Mesmo ele pedindo. E: E você acha que ele trocaria de marca por alguma promoção? M1: Talvez sim E: Poderia chegar... M1: É, poderia chegar a trocar. Nunca houve essa situação, né, mas talvez sim. E: Mudando para preço. Ele ganha mesada? M1: Não. E: E ele ganha alguma forma de ter dinheiro de vez em quando? M1: Não. Ele não ganha dinheiro. E: Ele não mexe com dinheiro? M1: Não. E: E avô, tio? M1: Ele ganha do avô, às vezes, e... é, quer dizer, eventualmente a gente dá moedinhas pra pôr no cofrinho dele, mas não é mesada, não é nenhum valor fixo e não tem, assim, um período determinado. É eventualmente, né? E: Ele ganha alguma coisa? M1: É. E: E quando ele ganha, ele gasta com o que? Ele guarda ou ele gasta? M1: Ele gasta. Ele gasta com um brinquedinho, com besteira, chocolate, bala. E: Você acha que ele alguma noção, assim, do valor do dinheiro ou não? M1: Eu penso... que ele não tem noção. E: Ele ganha e pergunta o que dá pra comprar com aquele dinheiro?

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M1: Ah, sim, pergunta. Eu acho que ele não tem noção, assim, do carro é barato, eu vou gastar todo o meu dinheiro com isso porque vai acabar logo... Essa noção ele não tem mas, de valor ele tem sim. E: Então, você acha que ele chega a observar o preço do produto quando ele compra alguma coisa? M1: Observa. Observa pra ver se dá, se o dinheiro dele dá. Ontem aconteceu isso. Ele tinha R$ 10,00 prá gastar e ele trouxe dois produtos de R$ 4,99. Então ele sabia que o dinheiro dele dava. E: Mas ele perguntou? Do tipo, mãe, dá pra comprar esses dois ou ele conseguiu entender sozinho que ele podia comprar... M1: Ele entendeu. E: Ele entendeu pra que dava pra comprar com o dinheiro? M1: Hum, hum (afirmativo) E: Mas, assim, a noção do caro e barato? M1: Não, isso eu acho que ele não tem. E: E ele chega a olhar o preço do produto também quando é o seu dinheiro? M1: Às vezes ele me fala, ó, isso custa X, né? Mas, só. Eu não lembro dele ter dito: Nossa, mãe, que caro isso. Pode ter acontecido dele ter inventado: isso é caro ou barato, mas ele concluir por si só, eu acho que não. E: E no mercado, assim, se ele ta olhando a Traquinas que ele gosta, ele chega a olhar preço? M1: Não. Ele não sabe quanto custa um pacote de Traquinas (risos). E: O brinquedo é a mesma coisa quando ele pede quando olha o preço do Hot Wheels, por exemplo? M1: É, ultimamente a gente tem feito ele olhar o preço, tá. Porque, por exemplo, a última vez que a gente saiu pra fazer compra de brinquedos foi no Dia das Crianças. Então ele tinha um limite prá gastar. Então ele teve que olhar brinquedo por brinquedo, se ele podia ou não, e dentre os que ele podia ele escolheu o dele. Então ele aí já entendeu. E: Ele entendeu esse processo, que ele não podia gastar além daquele valor que você estipulou? M1: Sim, perfeitamente. E: Então, ele agora com a família. Ele conversa com vocês sobre os produtos que ele quer? M1: Conversa. Ele comenta. E: Mas sempre no tom de pedir ou assim, conversar o que vocês acham, que lançaram um produto novo disso... M1: Não. Geralmente é pedindo, - ah, mãe, tu compra prá mim tal coisa? Já é pedindo, já. E: E quando vocês estão vendo tevê e aparece a propaganda de um produto que ele gosta, né? Ele chega a conversar com você? M1: Ele chama a gente prá olhar (risos). E: E você acha que a opinião de vocês é importante quando se trata de comprar alguma coisa? Ele leva em consideração, assim, o que vocês falam? M1: Sim, eu acho que ele um pouco em consideração... E: Faz ele pensar assim um pouquinho, eu acho que não é legal prá você, você já tem esse modelo... M1: É, ou... não vai aproveitar porque já é pra criança menor A gente tenta influenciar ele, né? Eu acho que ele leva em consideração sim? E: E ele tem alguma coisa que, pode ser também roupa, brinquedo, qualquer coisa, comida, que ele usa e que vocês não gostam? M1: Claro, eu preferia que ele não comesse bolacha recheada, mas ele come todos os dias, né, no café da manhã e sobre os brinquedos dele não. Tá tudo dentro assim, nada que a gente não goste. E: Nada que ele tenha, que ele goste de brincar que vocês não concordem muito? M1: Não. Não tem. E: E tem alguma guloseima que ele não pode comer? M1: Que ele não possa comer, não. E: Ou que vocês não deixam, que ele quer? M1: Não. E: Sobre os amigos dele. Você acha que ele se veste do mesmo jeito dos amigos? M1: Eu acho que sim. E: Uma coisa meio igual, assim, a mesma linha? M1: Eu acho que na idade deles vai muito da mãe ainda porque, tipo, o meu filho, ele não escolhe a roupa dele, ele não tem ainda essa vaidade. Então, pelo que eu percebo não tem assim, muita diferença, não. Mas também não é aquela coisa já padronizada, né? E: Não chega a ser uma turminha tudo igual, por exemplo? M1: É, ainda não.

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E: E quando um amigo dele tem uma coisa legal, um brinquedo, uma roupa nova que ele não tem? Que tipo de reação você percebe? M1: Ele comenta, por exemplo, fulano tem um tênis, ah, o fulano tem um tênis que faz isso, ele comenta. E: Chega a pedir também? M1: Às vezes pede, às vezes ele só comenta. É bem variável assim, mas com essas coisas ele é meio desligado. E: O que você acha, sobre esse assunto, que é mais importante prá ele: a opinião de um amigo ou a opinião de vocês? M1: Eu não sei o quê que ele pensa com relação a isso porque eu compro tênis pra ele. E: Isso também é você que escolhe? M1: É E: Ele não escolhe? M1: Não. Eu penso assim, ah, eu acho que ele vai achar legal esse tênis com esse detalhe. Aí ele chega em casa falando, né. Aí, o fulano tem um tênis que faz outra coisa, mas só, fica nisso. Eu acho até que a opinião de um amigo influencia, mas não influencia a nós. E: Porque é você que compra e ele não chega a refletir na compra? M1: Exatamente, exatamente. E: E compra sempre de uma marca específica? M1: Eu particularmente gosto dos tênis da Bibi prá ele, então eu procuro sempre comprar Bibi. E: E ele ainda não chegou a mudar de marca? Porque a Bibi é de característica um pouco mais infantil, né? M1: É. E: Ele não chegou a pedir Nike ou outra marca? M1: Nunca. Totalmente desligado de marca do tênis (risos). Apesar de conhecer a marca Bibi. Mas ele tem a chuteira da Nike e acho que se perguntar pra ele qual é a marca da chuteira dele, acho que ele não vai saber dizer. E: Ele já pediu a chuteira pela marca ou você que comprou? M1: Eu é que comprei. E: Você é que achou legal e comprou? M1: É, eu que achei bonita e comprei. Uma coisa que ele associou que ele viu na época da Copa o Ronaldinho fazendo propaganda da Nike, né? Então, pra ele, é capaz dele dizer que a chuteira dele é a chuteira do Ronaldinho, no máximo. E: Mas aí não foi ele que pediu a chuteira do Ronaldinho? Coincidiu? M1: Não, não. Coincidiu que ele já tinha. E: Em termos de barganhar, quando ele quer alguma coisa, né? O que é que ele faz para convencer prá comprar alguma coisa? M1: O quê que ele faz pra convencer? (pensativa) E: Quando ele quer realmente alguma coisa. Se ele já tem dois pacotinhos de salgadinho, ele vê mais um, ele quer aquele salgadinho, ele faz algum pedido especial? Ou algum drama até? M1: Não. Uma coisa que ele faz, ele sugere a troca, né? Ah, eu quero esse, então eu tiro esse do carrinho e boto esse. E: Ele sugere a troca? M1: Isso porque a gente já acostumou ele nesse sistema, né? Por exemplo, se ele pega duas besteiras e vem com a terceira, tá bom, qual que você quer? Então ele próprio, já diz

- ah, se eu tirar esse posso ficar com o outro? E: Por exemplo, quando ele faz aniversário e tem um brinquedo de um valor muito alto e ele quer, o que é que ele faz? M1: Não, não, não. Quando, por exemplo, se ele pediu um brinquedo assim, fora do valor estipulado pra aquela data a gente fala não, quem sabe no Natal, e tal. A gente vai tentando explicar pra ele e ele entende. E: E sem muito drama? M1: Sem drama. E: Ele costuma ter um comportamento mais atencioso ou prestativo antes de pedir alguma coisa? M1: Não (risos), não tenho percebido, não. E: Ele não fica mais, querendo ajudar? M1: Não, eu acho que ele fica mais depois que ganha. E: Ele muda um pouco? M1: É, ele fica mais amável. E: Até acabar o brinquedo?

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M1: Até passar a empolgação, mas antes ainda não. E: Sobre mídia. Tevê, ele assiste? M1: Assiste. E: Todo dia? M1: Todo dia. Muito. E: Muito tempo? M1: Sim. A tarde inteira. E: A tarde inteira? M1: Praticamente a tarde inteira. E: Que programação ele vê? M1: Como ele fica sozinho em casa com a minha enteada, né, então, eu não posso te responder porque eu não sei. Mais é cartoon, esses canais que tem desenho. E: Mais é tevê fechada? M1: Não entendi. E: Desses canais pagos? M1: É E: São esses canais que ele fica assistindo o tempo todo? M1: É, daí ele assiste, pára, brinca, volta a assistir de novo, mas conforme a vontade dele. E: Não tem algum controle da tevê? M1: Não tinha até... engraçado, até a semana passada a gente estipulou assim, que só poderia ser ligada a televisão depois das 3 horas da tarde, então agora é que tem um horário. E: Até às 3 horas tem que fazer outra coisa? M1: Tem que fazer outra coisa: brincar ou fazer as atividades dele e ver tevê só depois, porque realmente tava assim... demais! E: Não tem como controlar? M1: A gente vai tentar através da minha enteada que tá em casa, no caso, né? E: Ela é mais velha? M1: Ela tem 16. Se ele ligar antes ela vai contar prá gente. E: E de noite ele assiste também? M1: De noite ele assiste, mas um pouco menos porque a gente tá em casa, a gente assiste o jornal, a gente pára prá conversar, prá brincar com ele, então a tevê não é a coisa mais importante no momento, né? E: Ele tem tevê no quarto ou não? M1: Não. Só prá videogames, não tem acesso aos canais. Não tem canal nenhum na verdade. Só prá conectar ao videogame. É exclusivo para o videogame. E: E comerciais, né? Você acha que ele se interessa pelos comerciais? M1: De brinquedo e os outros não. E: Como que você lida com as propagandas que ele vê? E o consumo, né, em geral? Chega a conversar bastante? M1: É, a gente conversa quando pinta assim um assunto, né? Mas, dificilmente a gente entra em alguma discussão sobre aquilo. Só se ele faz algum questionamento. E: Só se ele iniciar a conversa? M1: É, Hum, hum (afirmativo). E: E tem algum produto aqui da sua casa, produto geral, que foi ele que escolheu? Produto de uso geral? M1: De uso geral que ele tenha escolhido? (pensativa). Não, não que eu me lembre. E: E quando vocês vão comprar alguma coisa prá casa, uma tevê nova ou até mesmo uma cozinha nova, ele chega a ir junto, a escolher também, ou ele não se interessa? M1: Não. Talvez quando ele vai junto ele pode até dar a opinião dele, mas geralmente não é a opinião dele que vai prevalecer na compra. Vai ser o nosso critério de preço. E: Vocês que vão... M1: Que vamos determinar a compra. E: E no que você acha no que ele mais poderia ajudar quando o assunto é uma compra familiar? M1: No que ele poderia ajudar? (pensativa). Com a idade dele eu não sei se ele poderia ajudar (risos) em muita coisa (risos). E: Até um produto familiar de uso geral que é o carro, né? Vocês têm carro? M1: Sim. E: E ele teve alguma influência na compra desse carro? M1: Não, nenhuma. Uma vez coincidiu que a gente tinha um carro vermelho e ele, antes da gente comprar ele disse pro pai dele: ai, o próximo carro compra um carro vermelho. Mas coincidiu.

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E: Coincidiu? M1: Aí nós fizemos uma média com ele e dissemos: ah, nós compramos o carro vermelho porque você pediu (risos). E: O que você acha que ele compraria se tivesse que ir ao supermercado fazer compras para a casa? Tem alguma idéia do que ele poderia imaginar? M1: Refrigerante, Chips, que mais que ele compraria? (pensativa). E: Você acha que ele compraria alguns produtos básicos? M1: Eu acho que ele não lembraria. E: Focaria nos produtos dele? M1: Dele, eu acho que sim. E: Não chegaria a pensar um pouco na casa? M1: Eu acho que não. E: Ta quase acabando. E na questão da sua ocupação? Você falou que trabalha o dia inteiro. Você vê ele então, em quais períodos do dia? M1: Eu vejo ele de manhã, ao meio-dia porque a gente almoça junto e daí à noite. E: Ele vai prá aula de manhã? M1: Eu levo ele de manhã prá aula. E: Você leva, busca? M1: Ele volta comigo ou de táxi, depende do dia e daí eu faço o almoço, a gente almoça, eu volto a trabalhar e no fim da tarde eu volto prá casa. E: Tem alguma atividade que vocês fazem, assim, juntos? Uma hora de lazer com ele, brinca com ele? M1: No final de semana? E: E de noite, assim, tem alguma rotina? M1: À noite a gente quase que se dedica totalmente à ele, né? Porque ele quer atenção, ele tem as coisas da escola, tem que tá olhando, então a gente ta junto o tempo inteiro à noite. À noite, na verdade, ele tá grudado na gente. E: Vocês chegam em casa à noite, mais ou menos a que horas? M1: 6 e meia, 7 horas. E: Às 7 horas? E ele tem algum horário específico prá ir dormir? M1: 10 e meia no máximo. Nesse horário. E: Então, das 7 às 10 e meia é o período... M1: Que a gente tem uma convivência bem estreita com ele. E: Você trabalha aos finais de semana também, não? M1: Não. E: E desde que ele nasceu que você trabalha o dia inteiro? M1: Sim, desde que ele nasceu. E: Ele não chegou a ter um período com você em casa? M1: Não, nunca teve, nunca teve. E: Então, é isso (risos).Obrigada por sua participação.

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Entrevista Criança 02 - Menina

Entrevistadora: Isso aqui tá gravando e depois eu posso escutar em casa o que a gente falou. Pode ser? Se não eu vou esquecer tudo que você vai me falar. Então é assim, eu vou falar um pouquinho com você sobre compras. Você costuma ir ao supermercado com seus pais? Criança5: Hum, hum (afirmativo). E: Em qual supermercado que vocês vão? C2: A gente vai na Cooper. E: Na Cooper? E você gosta de ir junto? C2: Gosto. E: É? Sempre pede prá ir junto? E eles te levam? E você pede alguma coisa quando vai no mercado com eles? C2: Hum, hum (afirmativa). E: O quê que tu pedes? C2: Eu peço caderno prá desenhar, um monte de lápis de cor, um monte de figurinha... E: Ah, é? E comida também, essas coisas, não? C2: Hum, hum (negativo). E: Isso não? Bolacha, refrigerante? C2: Hum, hum (negativo). E: Sempre coisa para você brincar? E eles compram? C2: Compram. E: Sempre que tu pedes? C2: Às vezes não, às vezes sim. E: As vezes tu dá sorte e eles compram? C2: É. E: E no shopping, tu vai também? C2: Hum, hum (afirmativa). E: E gosta? C2: Hum, hum (afirmativa). E: Vai sempre com o pai e com a mãe? C2: Hum, hum (afirmativa). E: Vai muito, assim, toda semana ou só de vez em quando? C2: De vez em quando. E: É? E daí você também pede coisas quando vai lá? C2: Hum, hum (afirmativa) E: Pede alguma coisa? O que é que você pede no shopping? C2: Eu peço um monte de coisa. Eu peço Mc Lanche Feliz... E: Ah! O McDonald´s, que mais? C2: Bob´s. E: O Bob´s também? Que mais assim? C2: É que mãe deixa eu ver livrinho de história E: Onde? C2: Naquela livraria que tem. E: Lá debaixo ou em cima? (referindo-se ao primeiro e ao segundo andar do Shopping Neumarkt, em Blumenau). C2: Lá em cima onde tem o McDonald´s. E: Ah, a que tem os sorvetes na frente, né? C2: É. E: E tu ficas lá dentro e gosta de ficar lendo livrinhos, pedindo? C2: Ahã (afirmativa). E: É, e eles compram também? C2: Às vezes compram... E: Às vezes tu ganhas? E já fosses alguma vez no shopping, assim, sem o pai e a mãe, com outra pessoa? C2: Hum, hum (afirmativa).

5 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C2, sendo seu nome também substituído por esta denominação.

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E: Com quem? C2: Com, a minha oma6 e com a minha tia. E com a minha priminha. E: Você saiu com todo mundo, assim? C2: É, daí, mas o irmão da minha prima, ele foi pro escoteiro e o pai dele também foi. Daí só foi a gente pro shopping. E: Só vocês? C2: E daí o meu pai e a minha mãe tinham ido trabalhar. E: Ah! E você gostou? De ir sem pai e mãe, assim? C2: Sim. E: E daí fosse com a avó, é isso? E ela comprou coisa prá ti? C2: Só Mc (lanche do McDonald´s).Ah, também eu tomei sorvete. E: Sorvete também? Bastante coisa, né? C2: Hum, hum (afirmativa). E: E quando você vai lá, assim, lá no shopping, tem alguma loja preferida além dessa de livros? Uma outra que você gosta? C2: Eu gosto de ir ao cinema e na Meninos e Meninas (loja de brinquedo). E: Ah, a Meninos e Meninas, de brinquedos, né? E, mas tem mais uma loja de brinquedos lá, né? Lá embaixo, conhece? C2: Hum, hum (negativo). E: Não? É a Meninos e Meninas que você gosta? E lá na Meninos e Meninas, o quê que você acha que uma loja de brinquedos assim, bem legal, tem que ter? C2: Ah!, eu queria que tinha o navio da Polly, a casa da Barbie, o diário da Barbie E: Da Barbie e Polly, são essas bonecas que você gosta? O mundinho assim, da Barbie e Polly? C2: É. E: Aí tua ia gostar? Bastante coisa de brinquedo, né? E já aconteceu assim, por exemplo, de você ir lá no shopping, ir lá na Meninos e Meninas ou ir lá na livraria, né, pensando assim: vou comprar uma bonequinha tal hoje. Aí você chega lá, achou outra mais legal e não comprou a bonequinha, comprou outra coisa. Isso acontece de vez em quando assim? C2: De vez em quando sim. E: E porque que você não muda sempre? C2: É porque daí tem uma coisa legal, depois tem outra, depois tem outra... E: Chamou a atenção e daí você muda de idéia? C2: Hum, hum(afirmativa). E: E assim, vamos falar um pouquinho de marcas, né? Você sabe o quê que é uma marca? C2: Hum, hum(negativa). E: O quê que é assim, marca tu não conhece? C2: Hum, hum(negativa). E: Eu vou fazer uma brincadeira contigo. C2: Tá. E: É pra você escrever. C2: Tá. E: Esses dois cartõezinhos aqui. Aqui tem vários cartõezinhos, né? Já ta preenchido. Vamos começar com brinquedo, que é o que você gosta, né? Então é prá você escrever, assim, alguns brinquedos que você acha legal. E pode ser também eletrônico. Eletrônico assim ó, é tevê, é videogame assim, sabe? Esses são eletrônicos e brinquedos. É pra você escrever o que vem, assim, na tua cabeça quando você pensa em brinquedo. C2: Tá. Eu gosto de boneca... E: Pode ir escrevendo, aí você escreve aquilo que você achar legal. Que letra linda! C2: Boneca Polly, Barbie. E: Barbie. C2: Deixa eu ver, o quê que mais eu vou escrever... eu gosto de brinquedo também, eu gosto de brinquedo assim de videogame. E: De videogame? Tem algum jogo que você gosta? Então pode escrever o nome do jogo, escrever o nome do videogame, qual que é o videgame? C2: Do jogo é o bingo. E: Então pode escrever. E o videogame, tu sabes qual que é? O nome do videogame? C2: Deixa ir eu lá pegar o meu. C2: Não achei.

6 Oma é uma forma que as famílias de origem alemã se referem a avó.

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E: Ah, não faz mal. Vamos escrever outras coisas... C2: Vou pegar a caneta. E: Produto de higiene pessoal. O que é? É pasta de dente, escova de dente, xampu, essas coisas? Você usa algum assim, que você gosta mais, que é pelo nome? Assim: a pasta de dente da ... C2: Colgate, da Barbie. E: Pode escrever então, Colgate. E xampu? C2: Deixa eu ver, eu gosto daquele de grande... Crescidinhos (uma linha infantil da Johnsons) E: Mais uma categoria. Alimentos e bebidas. Primeiro você escreve assim, é... biscoito que você gosta. Se você gosta, né? Salgadinho, refrigerante, assim. C2: Eu só gosto de água e de laranjinha. E: Laranjinha? Ah! Então escreve laranjinha. C2: Laranjinha, água (escrevendo). E: Bolacha Recheada? Tem alguma favorita? Qual? C2: É a Cartoon. E: Cartoon? É recheada também, né? Mais alguma coisa? C2: Chips C2: Danoninho eu gosto. E: Ah! Danoninho? C2: Quer ver o quê que eu fiz prá aula? (querendo mostrar uma atividade com embalagens de Danoninho). E: Hum. Deixa eu ver? Parece aquelas Fofolete? C2: E a caixinha disso daqui eu tenho que entregar tudo hoje. E: Bem legal! C2: Esse é o diário. E: O diário da aula? E: Pode ver aqui dentro? C2: Pode. Eu escrevo sempre. E: Pôxa! Que legal, tudo colorido. Vamos continuar nos cartões então. C2: Deixa eu ver, Miojo. E: Miojo? C2: Mas de galinha caipira eu gosto. E: De galinha caipira? Tem o sabor que você gosta, né? C2: (Em voz alta) Miojo. Galinha caipira (levantou e buscou o produto no armário) E: O quê que e isso? Chiclete? C2: É. E: E tem algum preferido? Qual chiclete? C2: Trident. E: Hummm...Mas você que escolhe isso, ou é a mamãe que compra? C2: É a minha mãe que compra. Eu gosto daquele verde. Eu também gosto do chiclete da Rebelde7 E: Rebelde? C2: Tem todo tipo de chiclete agora. E: Então tá. Agora só tem mais uma agora. Roupa e tênis. Eu não sei se você tem alguma roupa favorita, assim, tem? Qual? C2: Eu tenho vestido (pensando). Esse daqui... (buscou correndo um vestido no quarto). E: Esse você comprou junto com a sua mãe? Ou ela comprou prá você? C2: Não, eu ganhei do Dia das Crianças. Esse daqui eu ganhei de aniversário. E: Bem bonito. Da Moranguinho!!? E você gosta quando tem um desenho? C2: Gosto. E: É? C2: Eu também tenho outro. Esse aqui eu ganhei da minha amiga Karina. E: Bem legal também. Um monte de vestido, né? Vestidos então. C2: Eu gosto dessa calça. E: Bem colorida!! E tênis, você usa tênis? Quem que compra prá você? É você que escolhe ou a sua mãe que compra? C2: Minha mãe que compra. Esse é da Oktober. E: Ah, você vai na Oktober? C2: Tem também o tênis da Sandy. E: Ah, deixa eu ver, é da Sandy? Foi você que escolheu?

7 Conjunto musical mexicano, originado na novela de mesmo nome, exibida no canal SBT.

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C2: É. E: Então tá. Então marca tudo isso (risos). Então você escreve assim: tenho da Sandy. C2: Como é que escreve? E: (Soletrando) S, A, N, D, Y. Então tá. Mas, assim, se a tua mãe comprasse um outro tênis que não fosse da Sandy, também tava bom? Ou não? Tinha que ser da Sandy? C2: Não. Depende. Esse daqui tá todo estragado. E: E você usa do mesmo jeito? C2: Uso prá ficar em casa. E: Ahn!!!... C2: Pra sair não. E: Pra sair não? Pra sair é esse? E quando você foi comprar esse daqui, né? Você foi junto ou a sua mãe comprou e trouxe prá casa? C2: Não, eu fui junto. E: Você escolheu? C2: Hum, hum (afirmativa). E: Daí você escolheu e comprou o da Sandy, mas você já queria esse ou você chegou lá na loja, viu que era legal e comprou esse? C2: Não, é que eu queria porque a minha prima, que ela também tinha, mas aqui ao redor era tudo cinza. E: E aí você escolheu um todo branquinho? C2: Han, han, pra não ser muito igual? E: Hã, hã, mas ele tinha que ser da Sandy? C2: Hã, hã. Eu também gosto daquele tênis da Barbie que passa na tevê. E: Esse você não tem? C2: Hum, hum (no sentido de não tem). E: Esse você quer? C2: É, porque daí é um novo tênis, né, e daí ninguém tem até agora. E: É mais legal quando ninguém tem? C2: É. E: Aí você é a única que teria no colégio? C2: No colégio até que não tem ninguém. E: Não tem? Daí seria bem legal, né? E ele vem com um presentinho? C2: Eu não sei se vem. Mas, daí eu também gosto daquela sandália da Barbie, que vem com borboleta em cima. E: A sandália da Barbie? Mas você quer a sandalinha da Barbie, né, que vem com borboleta, e aí a sua mãe fala assim: ah, ta bom, a gente vai lá comprar a sandalinha da Barbie com borboleta pra você. Aí chega lá, tem a sandalinha da Barbie toda bonitinha e tem uma outra lá, toda branquinha, não tem desenho de ninguém, mas aí vem com colarzinho e brinco, por exemplo. Aí você fica na dúvida ou leva a da Barbie? C2: Da Barbie. E: É? Mesmo se a outra vem com presente? C2: É. E: Não importa? C2: Porque daí eu também posso comprar um brinquedinho prá fingir que eu ganhei junto assim. E: Ahn!! É claro, né? Dá pra fazer isso! E essa sua sandália aqui, veio com presente?. C2: É porque a minha mãe não deixou comprar outra com presente, ela só deixou esse dali. E: E porque que ela não deixou comprar o outro? C2: Porque é que eu fiquei enchendo o saco, eu pedi prá ela comprar esse. Daí... Daí depois quando eu vi na loja outro, daí que queria aquele, daí a minha mãe falou prá mim que eu só enchi o saco. Daí, daí ela só comprou esse. E: E qual que era o outro? Tu lembras? O outro presente que veio junto? C2: Não veio nenhum presente, mas era bem bonitinho. E: Não veio nada? Só era bonito? Mas aí a tua mãe comprou o da Sandy? C2: É. E: Que tu tinha pedido, né? Então tá. Vamos falar mais sobre roupas. E quando a tua mãe compra roupa tu vai junto? Ou ela compra também sozinha e traz? C2: Às vezes eu vou junto, às vezes não. E: Você gosta de ir junto prá comprar roupa? C2: Hum, hum (afirmativa). E: Você gosta de escolher?

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C2: Gosto. E: Tem alguma loja preferida? C2: Tem a Loja Roberta que é perto do meu colégio. Tem um monte de loja que eu gosto. E: E lá no shopping tem alguma que você gosta? De roupa? C2: Eu não sei qual que tem, porque tem bastante assim que eu gosto. E: É, né? E assim, pra você, o que é que uma roupa legal tem que ter? C2: Ai, tem que ter... tem que ter um desenho. E: Que mais? C2: Ah, tem que ter brinde também. E: Ah, é? Tem roupa que dá brinde? Que roupa, eu não conheço! C2: Essa daqui veio brinde. E: Veio o quê? C2: Veio com um colarzinho assim, de coração. E: Daí é mais legal? Daí vem alguma coisa junto, né? E já aconteceu de você escolher uma roupa assim, e a sua mãe não gostar, e daí ela não levou? C2: Já. E: E você sabe porque que ela não gostou da roupa? C2: Ahn... (dúvida). E: O quê que tinha na roupa assim que ela não gostou, não? C2: É que de Dia das Crianças eu pedi o vestido da Hello (Hello Kity) e daí ela não deu e agora eu to pedindo de Natal. E: Ah, o vestido da Hello Kitty? C2: É. E: E onde tem? C2: Tem lá no CIC (Centro Comercial). E: Com o desenho da Hello Kity assim? C2: Hã, hã (afirmativa). E: Humm, então talvez tu vai ganhar de Natal, então? Agora vamos falar sobre lugares para comer. Quando vocês saem, tem algum lugar que é preferido seu prá ir comer? Tinhas comentado já, né? Tu falaste do McDonald´s. C2: Ahã, eu gosto de restaurante também. E: De restaurante? C2: Eu gosto do Madrugadão, do Chega Mais (lanchonetes). E: Ah, é? C2: Eu também gosto de pizza. E: De pizza? Que legal. Agora deixa eu ver o seu cartão de alimentos. Você marcou Chips né? Qual que é o que você gosta? C2: Tem dois na geladeira. Esse que eu posso te dar um. E: Ah, você come um pouquinho e guarda? Ah, o Chips da lanchonete (uma linha da Elma chips). C2: Vou te dar um. E: E se não for dessa marca assim, se não for da Chips, se for um outro pacote que você não conhece? Você compra também? C2: Compro. E: É? E você gosta de experimentar sabores novos? C2: Esse daqui ó, eu nunca comprei, daí eu comprei prá experimentar. Daí eu gostei. E: É? E o quê que chamou a atenção pra você escolher esse aqui? Você gostou do desenho, assim, ou o quê? C2: Não, eu gostei assim porque pode passar maionese essas coisas. E: E vem maionese dentro? C2: Não, mas aí dá de passar se tem em casa assim. E: E daí, você passou? C2: Até agora não. E: Mas não é legal por causa do desenho assim, né? C2: Hã, hã. E: Ah! Bem legal. E assim, já que a gente tá pegando os pacotes que tem desenhos diferentes, o quê que você acha que chama a atenção numa embalagem? Assim, num pacote? C2: Mas também o pacote é diferente, mas a ursinha é igual. E: A ursinha é igual, é. C2: Aqui em quase todos os Chips vem a ursinha.

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E: Ah, então já que a gente ta falando de embalagem, eu vou fazer uma outra brincadeira. Você pode comer chocolate? Gosta? Eu vou fazer uma outra coisa com você. Tenho dois chocolates diferentes: um com o ìCarrosî e outro com a ìHello Kittyî. Aí eu queria que você me dissesse qual desses dois aqui é mais gostoso. Eu não conheço eles. Aí você pode dar uma mordidinha num desse e num desse. C2: Eu posso comer. E: Queres? Então, ó, vou pegar um da ìHello Kittyî prá ver se você gosta. É bom? Aí depois você come o do ìCarrosî C2: A marca é igual. E: É, viu como você conhece marca? Isso é marca (está escrito Nestlé no chololate). C2: Também é bom. E: Também é bom? Tem um que é mais gostoso, não? É a mesma coisa, o que é que você acha? C2: É quase a mesma coisa, mas esse agora é diferente. E: O sabor é diferente? C2: É porque tem chocolate por cima e chocolate por cima e esse tem chocolate por dentro e chocolate por dentro. E: Mas se o sabor é diferente, qual que é o mais gostoso? C2: O sabor é igual, mas o da Hello Kitty é mais gostoso. O do ìCarrosî tem mais chocolate, assim. E: Mas e daí qual que você prefere, então? C2: Eu gostei da ìHello Kittyî. E: ìHello Kittyî? C2: É. E: Esse é um pouquinho mais gostoso então? C2: É. E: Um poquinho diferente? Agora que a gente falou da Hello Kitty assim, né? Quais são os desenhos assim, que você mais gosta? De personagens, assim? C2: Tem um monte de desenho... E: A Barbie (a criança estava mostrando um fita VHS da Barbie). C2: O da Hello Kitty... E: Ah, a Hello Kitty!! C2: E aqui tem todos. E: Ahn!! C2: Eu vou pegar essa fita que eu que escolhi, né? Daí eu tava lá na casa da... da minha avó, daí, daí eu tava de férias assim, daí né? Aí a minha mãe tinha que voltar que é pra trabalhar. Daí eles voltaram e quando eu fui prá praia aí o meu pai levou essa fita. E: Desses aqui, qual que é mais legal? C2: Assim de todos? E: É? Ou não tem o seu preferido? C2: Hum, hum (negativa). E: Não? E quando você vê, assim, por exemplo, né, um... que nem você falou, a roupinha da Hello Kitty, um sapato, alguma coisa, você tem preferência assim se a Hello Kitty tá nele assim, na bolsa. Deixa eu ver a tua bolsa da escola, o quê que é? Ah, Rebelde! Tem diferença se tem o desenho ou não tem o desenho? C2: É porque eu tenho um monte, né? Eu tenho dois da Barbie. E: Bolsa? C2: Ahã. (afirmativa). Mas, não é de alcinha, é que eu só tinha mochila assim de costa, né? Eu tenho essa aqui que eu ganhei de aniversário. E: E se não tiver o desenho do Rebeldes e aí? Você ia usar também, se fosse só assim, sem o desenho? C2: Hum, hum (afirmativa). E: E assim, promoção? Você sabe o quê que é promoção? Tem idéia? O quê que é que você acha que é uma promoção? C2: É do aniversário, aí tem uns preços mais altos, aí depois que é mais baixo. E: É isso aí. Vamos agora falar de dinheiro. Você ganha mesada? C2: Hum, hum (negativa). E: Não ganha? Mas de vez em quando alguém te um dinheirinho, vô ou vó, assim? C2: Hum, hum (afirmativa). E: É? C2: De vez em quando da minha oma que mora lá, né. Ela é bem velhinha e daí no meu aniversário ela me deu R$ 20,00.

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E: R$ 20,00? E o quê que você fez? C2: Eu botei no meu porquinho, olha aí como ela ta (mostrando o cofrinho). E: (risos). Que porção! Não é nem um porquinho isso aqui, é um porcão. Tá cheio. Botasse tudo o dinheiro aqui dentro? C2: Hã, hã. E: Legal! Tá bem cheio! Quando você ganha dinheiro você nunca gasta, você bota aqui? C2: Hã, hã (afirmativa). Prá quando eu quebrar na praia, aí eu vou ter um monte de dinheiro. E: Ahn!! Tu vai quebrar na praia? C2: É porque daí dá pra comprar um monte de picolé, um monte de R$ 1,99... E: Então tá guardando prá chegar lá no verão na praia e gastar tudo? C2: Hum, hum (afirmativa). E: E você sabe o quê que é caro, o quê que é barato? Assim, você olha o preço das coisas quando você vai comprar alguma coisa? C2: Hum, hum (afirmativa). E: O quê que seria barato? C2: Barato? Um brinquinho assim, que vem com um colar. Tem também que é barato Tem esse daqui que é R$ 2,00 ou R$ 1,00. E: E caro, o quê que é? C2: Uma tevê, um som. E: Isso é bem caro? Vai muito dinheiro? C2: Um fogão, um guarda-roupa, essas coisas. E: E quando você vai comprar um brinquedo lá na Meninos e Meninas, que você falou que gosta, quando você tá escolhendo um brinquedo, você? Escolhe e pede prá mãe? C2: Né, daí primeiro eu olho o preço se não... se eu achar caro eu digo: o mãe, isso aqui eu não vou comprar, é muito caro. Mãe, isso aqui eu posso comprar porque é muito baratinho? E: Daí ela conversa contigo sobre preço assim, e vocês vão discutindo até comprar? E quando você quer alguma coisa diferente, assim, né? Você conversa com a sua mãe? C2: É, daí às vezes eu nunca converso, às vezes eu converso. E: É? E quando tá passando alguma coisa na tevê que você gosta, ali tem a propaganda, né? Aí você chama ela prá ver também o que você gosta? C2: Eu chamo, prá ela dar de Natal, de Dia das Crianças, Páscoa... E: Pra ela ver o quê que você quer, né? C2: É. E: E, a gente já falou de tevê, né? Você vê todo dia? C2: Vem cá ver o tanto de fita que eu tenho. E: Hã. (ela mostra uma coleção de fitas de filmes e desenhos infantis). C2: O meu pai comprou esse. E: Comprou e agora tu podes assistir sempre que tu quiser, né? C2: É e agora eu não preciso sair e ir lá pegar esse daí prá escolher. Aí agora eu vou lá escolher outro (referindo-se a locadora de vídeos). E: Esse aqui tu já tem, né? C2: Daí olha aqui, a caixinha aonde tem bastante. E: Han (espanto). Quanto filme? (risos). C2: Nessa parte aqui do Rei Leão eu até choro um pouquinho. E: Ah, eu também choro no Rei Leão. Eu chorei quando eu assisti. Quanto filme! Então tu fica assistindo filme também, de vez em quando antes de ir prá aula, então é isso? E tem bastante! Bom esse filme! Mas e quando tu tá assistindo tevê assim, tu assiste a propaganda também, não? C2: Também aí eu mudo de canal também. E: Muda? É? Não é legal? C2: Tem o 24, tem o 25, tem o 37, tem um monte de canal que eu gosto. (referindo-se aos canais de tevê fechada). E: E tu fica mudando? C2: Aí eu gosto desse, eu gosto do 24, do 25 e do 37. Só esses. E: É o Cartoon... C2: É. E: Discovery e o Jetix. E passa propaganda nesses canais também, não? C2: Passa. E: E daí tu assiste também, não? Ou fica mudando, daí? C2: Ah, a propaganda daí, daí eu fico mudando. Mas as outras propagandas é tudo de desenho, assim, prá cortar, assim...

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E: Aí tu assiste? C2: Ahã (afirmativa). E: E tu achas que a propaganda assim, ela fala a verdade ou não? C2: Às vezes sim, às vezes não. E: É? C2: É, essa daí no 24 que tem um desenho novo que é o, que é o... Piuí, que é bem legal e também tem aquele Scooby Doo que aparece a cara de verdade, a cara de verdade e não fica só boneco assim. Tem bastante coisa ainda? E: Não, ta quase acabando. Ah, vamos falar um pouquinho dos teus amiguinhos. Tens bastantes amigos lá no colégio? C2: Sim. E: Tem? E você acha assim que você, quando um amigo seu tem uma coisa bem legal, né, um brinquedo novo que ele levou lá pro colégio, uma roupa nova, alguma coisa assim, que você não tem, você quer? C2: Mas aí tem alguns amiguinhos da escola que querem a minha boneca nova. E: Ah, é? C2: Princesa Grace. E: Princesa Grace? C2: É a Princesa Natasha, mas daí eu coloquei o nome de Princesa Grace. E: Ah, que legal, legal! C2: Tem esse aí que eu ganhei de aniversário do meu pai e da minha mãe. E: Foi você que escolheu? C2: É, eu sempre quis um desse (referindo-se ao brinquedo). E: É? Mas porquê? Onde é que você viu assim, primeiro, prá querer um desse? C2: Não, é que passou na tevê. Na loja eu nunca vi um desse. E: Sei. C2: Só passando na tevê. E: Na tevê? C2: É, e agora de Natal eu quero aquela bolinha, né, que segura, a gente senta e vai pulando. E: Ah! C2: Aquele da Rebelde agora, é novo. E: E tem que ser da Rebelde ou pode ser assim... C2: Não, tem que ser da Rebelde. E: Tudo da Rebelde? C2: Sim. E: (Risos) Ah! Porquê? C2: Ah, porque eu gosto mais da Rebelde. E: E você Rebelde todo dia? C2: Hum, mais ou menos. E: Tá bom! Esses aqui os teus amigos querem, eles não têm, todo mundo viu, tu levaste o boneco prá aula? Não? C2: É que não tem mais Dia das Crianças. E: Ah, tá... C2: No Dia das Crianças é... E: Dia de brinquedo? C2: É. Só no Castelinho. Tem o Colégio Castelinho e o Colégio Castelão. E: E é legal ter um brinquedo assim que os amigos ainda não têm? C2: Hum, hum(afirmativa). E: É? C2: Ah, às vezes é chato porque, porque ás vezes eu levo e a Paola fica pedindo:

- Ah, eu posso brincar, depois eu posso brincar? E: Saí todo mundo quer brincar com o teu brinquedo, né? C2: A minha melhor amiga tá na minha agenda. Essa aqui é a minha amiga do Colégio Castelo. E: Que agenda grande! C2: O nome dela tá aqui? E: Tá. C2: Essa daí tem sempre um bilhetinho, assim. Cadê o começo? Aqui é o começo! Daí lá tem cantina Castelo, né? Daí preço único, R$ 1,50 é o que tem tudo que tem lá. E: E você come lanche lá do colégio? C2: Hã, hã (afirmativa).

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E: Ou você leva... C2: Não, às vezes eu como lá, às vezes eu levo de casa. C2: Cadê a minha melhor amiga? Essas aqui são as figurinhas que têm na apostila. E: Ah, é um caderno de aula? Ta chegando no fim já, né? C2: É. E: Ah, tem as figuras e daí tu vai colocando na agenda? C2: Hum, hum (afirmativa) E: Que legal! C2: Esse daqui até que não pode usar porque esse daqui tem que colar que eu nem lembro. Eu escrevo em inglês também. E: Hã... C2: É do Scooby Doo esse aí. Ah, esse daqui a gente também arrancou daquela página. E: Ahn... prá colagem. Nem parece que ta colado de tão bonitinha que ficou. C2: (risos) E daí tem esse daqui, tem o de Ciências, né? Que aqui a gente já acabou E: Já? C2: Aqui é a assinatura da professora. E: Ahã. C2: Aqui é o nome da escola, aqui é o meu nome, aqui é a cidade, a data... E: A data... C2: Daí, esse daqui também era pra fazer em frente assim, não era do lado... E: Você que desenhou? Que lindo! C2: Esse aqui a gente tinha da Páscoa E: Hã, hã.. (afirmativa) C2: O coelhinho. Pode ler. E: (risos) Que bonito. É a professora que fala aqui? C2: Hã, hã (afirmativa). E a gente não escolhe, ela que cola. E: Hã, hã. C2: Ó, presente para a mamãe. Porque agora é de Dia das Mães, olha o que eu dei prá ela. A gente faz um colar. E: Daí só o papai podia ver esse aviso, né? C2: Olha o que a mãe desenhou prá tarefa que eu não pude conseguir desenhar assim. C2: Cadê? O da minha melhor amiga? Esse daqui era da minha amiga também. E: (Lê alguma coisa) C2: É do meu sétimo aniversário. E: Foi da Moranguinho. C2: Essa é a minha melhor amiga E: Ah, é? É parecida também, é loirinha. (risos) C2: Mas ela tem o cabelo grande, né? E: É comprido C2: É, mas é só um pouquinho. E: Foi em junho... hum hum... que você foi, né? C2: Eu nunca fui. E: Por que? C2: porque a minha mãe, quase nunca deixa eu ir. (nos aniversários das amiguinhas). C2: O meu foi no dia 20 de agosto C2: Daí eu ganhei esse que tá escrito aqui (mostrando outro convite de aniversário colado na agenda) E: Esse você também não foi? C2: Aqui, ó, Daí a minha mãe botou que eu podia ir, depois eu não podia. E: Ah!!! (risos) C2: Olha aqui (mostrando um folheto da feira de ciências do colégio) E: Você foi na feira? C2: Não, é que, daí eu tinha que trabalhar prá vender chocolate, bala, tudo... E: Ah!! Você trabalhou? E vendeu? C2: A minha prima não tinha né, e aí o meu primo, né, que é alto, ele vai na 3ª série no colégio, daí ele vendeu o Castelo 100% natural. C2: Olha só! (mostrando um pingente de celular) E: O que quê é? Um celular? C2: Esse aqui eu comprei. E: Esse aí é um celular? Você tem celular?

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Entrevista Mãe 02

Entrevistadora: Não vai ser muito demorado, tá. Na verdade é uma conversa sobre o universo das compras da sua filha. Mãe8: Sim. E: Se ela entende o quê que é compra, como é que é o processo, né? Até porque eu vou falar do consumidor infantil. M2: Sim. E: A sua filha costuma ir ao supermercado com você? M2: Não. Eu evito levar. E: Evita? Mas assim, você acha que ela gosta? M2: Ela gosta tanto que me faz aumentar o tamanho da compra, entende? Então eu evito e não levo. E: Existe uma diferença? M2: É. Existe uma diferença entre ela gostar de fazer as compras, ir lá e fazer as compras prá ela. E: E quando ela não vai? Ela fica chateada? M2: Primeiramente, a gente não comunica, ou se não comunica diz: olha, não deu hoje prá você ir, você vai outro dia. E: Vai direto do trabalho? M2: É, vai direto do trabalho, mas geralmente ela não fica assim, muito chateada. E: E quando ela vai junto, ela pede muita coisa? M2: Ah, tudo que ela vê ela quer. Ela é uma consumidora compulsiva. (risos) E: O quê que ela mais pede? M2: Caderno. Desde que ela era pequenininha o negócio dela era caderno, caderno, caderno, lápis, batom, esmalte. E: Coisas de maquiagem? M2: É, maquiagem, essas coisas, e... baboseirinha assim tipo Chips. E: Guloseimas? M2: Isso, guloseimas em geral, né? E: E há alguma restrição? M2: Sim, ela tem direito a escolher uma coisa só. E: Uma coisa no mercado? M2: É. No mercado ela vai e se ela tem que escolher uma, ela tem que escolher o quê que ela acha que é mais importante prá ela, né. E: Ela consegue escolher bem? M2: Não (risos). E: Ela convence a levar mais um? M2: Às vezes sim. Às vezes ela leva mais um. E: Quais são as táticas assim, que ela usa? M2: É chantagem, escândalo, que aí a gente já evita de fazer que começa a chorar e aí tudo o mais. Aí consegue mais uma e aí também não tem um limite, né? E: Ela consegue mais, assim, pelo lado emocional? M2: Vai, pelo lado emocional. E: Até conseguir? M2: Até conseguir. E: E no shopping? Ela vai também? M2: No shopping, sim. Ela vai, mas, assim, desde que eu leve ela pra comer um Big Mc e pronto. Um Big Mc e um sorvete já tá de bom tamanho. Não precisa sair prá mais nada. Apesar dela querer, é claro, né? E: E o que é que ela gosta de fazer assim, além do Big Mc, alguma loja em especial? M2: Ah, ela gosta sim de ir nas lojas, de verificar as coisas na loja, os brinquedos, não é? Ela gosta muito de ir naquela Meninos e Meninas, mas, às vezes fica fora totalmente do orçamento, então ela só passa e só olha ali. Eu digo, olha tá caro, e ela já tem uma distinção agora. Ela olha, diz, não, tá caro mesmo, tal, tal. E: Do caro e do barato? M2: Do caro e do barato. E: E, mas você costumam, assim, ir muito? M2: Muito pouco, uma vez por mês, uma vez a cada dois meses, muito pouco.

8 Mãe da criança 2, identificada na transcrição pela denominação M2.

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E: E ela ainda não chegou a ir no shopping assim, sozinha, sem a companhia de um adulto? M2: Não. E: Sempre com adulto? M2: Sempre com adulto. E: Nem com amiguinhas da sua idade? M2: Não. E: Sempre com adulto? E você deixaria ela ir sem um adulto da sua idade? M2: Não. Não. E: E com adulto, ela vai com quem? M2: Com a minha sogra, né, a avó dela, com a Cíntia (tia), com os tios, mas, sempre com alguém mais responsável. E: Sempre com alguém mais velho? E já aconteceu assim, dela ir para o shopping fazer as compras, especificamente prá ir lá comprar alguma coisa pra ela, que ela pediu? M2: Não. Já aconteceu de nós irmos lá prá ela comer um Big Mc, mas isso... E: Mas, de ir lá, sei lá prá buscar um brinquedo, ou algo assim. M2: Não, isso não. E: Essas coisas assim, não? M2: Não. E: E sobre marcas? Ela costuma pedir coisas pelo nome de marca? M2: Não. E: Não tem muita distinção? M2: Não. Pra ela não. Claro, a Barbie é a Barbie, né? É a única coisa, mas assim, se eu chegar lá... E: Roupa, tênis... M2: Não assim. Se ela vai ganhar um tênis, não precisa ter a marca do objeto pra que ela use. Desde que seja bonitinho, que ela goste e ela use. Ela já tem uma definição prévia do que ela gosta de roupa, mas não de marca de roupa. E: Hum, hum. E quando o assunto é roupa, quais exigências dela quanto à roupa? M2: Saia, blusinha, mini-blusa e tal, ela gosta muito de blusa de manga, não gosta de manga comprida, não gosta de coisas que cobrem muito. E: Exigência do estilo? M2: Do estilo. E: Da loja tal, não? M2: Não. E: Ela sabe do quê que ela gosta? M2: Sabe E: E já chegou de ela escolher uma roupa que você não gostou e ela queria tanto, que você acabou comprando? M2: Não. E: Não comprou? M2: Não comprou. E: Não cede? M2: Não, eu não cedo não. Que eu sei que depois ela não vai usar. Como eu digo: ela é consumidora compulsiva. Ela compra, compra, compra, chega em casa ela larga num canto e depois não usa mais. E: Não usa mais? M2: Não. E: E se vocês querem sair, ela quer colocar aquela roupa e você acha que não pode ser aquela hoje, tem alguma briga? M2: Tem uma briga e eu é que agüento (risos). E: (risos). Com relação a brinquedos, ela tem preferência de marca? M2: Também não. Não assim, ela gosta assim da Barbie, mas assim, se eu chegasse hoje, na época em que eu tinha comprado, por exemplo, um computador Ela queria o da Xuxa, mas eu dei o da Barbie porque monetariamente era mais econômico. Em pouco tempo ela esqueceu o da Xuxa e ficou com o da Barbie, entende? E: O outro era computador também? M2: É, exatamente. É o objeto em si que serve prá ela, entendeste? Ela queria, como é que é, no Natal passado a Princesa Greice. A Princesa Greice que é uma boneca grande que se puxar pela mão ela vem andando e tal. E na hora eu fui ver o preço da Princesa Greice e era um absurtdo. Aí fui na outra loja e encontrei uma boneca que era bem parecida, mas tinha outro nome. .. E: É a Princesa Natasha?

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M2: É, uma coisa assim, uma grande... E: É, ela mostrou uma boneca grande. M2: É. E... E: Que ela deu o nome de Princesa Greice? M2: É, pra ela é a Princesa Greice. Se contentou com aquilo, ela ficou feliz da vida com aquela boneca e pronto. Entendesse? O que eles pedem porque aparece na tevê, aparece na propaganda, mas, se você der um similar, tá tudo bem. E: E produtos de higiene pessoal dela? Xampu, condicionador, sabonete, quem que escolhe? M2: Geralmente eu, às vezes eu peço pra ela vir escolher, mas geralmente sou eu quem escolho. E: Ela não tem muita preferência também em relação à isso? O que colocar lá ta bom? M2: O que colocar lá ela usa. E: E também pasta de dente? M2: Também. Uma que ela não gostava desde que ela era criança do gosto das pastas infantis. Ela já se acostumou com as que a gente usa. E: Não pede as outras? M2: Não, até porque ela não gostava e então, ela já não gostava do sabor de fruta e nada. Como ela não come fruta ela não queria nada com sabor de fruta. Ela queria do nosso. E: E comida, bebida, assim, né, tem alguma guloseima que não pode faltar? M2: Ah, tem! Waffer. Que mais que não pode faltar? (pensativa) O Miojo, que é a comida dela. E: E, por exemplo, assim, o waffer tem que ser que apareça bichinho? M2: Não. Chocolate. E: Qualquer um? Miojo não precisa ser o da Mônica, daquele ou daquele... M2: Não. Tem que ser só sabor galinha o Miojo e o waffer...tudo o que é doçura que ela come tem que ser de chocolate. Ela não come nada que não seja. E: Não importa a marca? M2: Não. Não importa a marca, mas é óbvio que eles gostam que chegue em casa em diga: oh, eu trouxe prá você o Traquinas. Aí pronto, ela fica feliz da vida. Mas se eu tiver que levar do outro similar ao Traquinas, tudo bem. E: Também se satisfaz? M2: É. E: E salgadinho, bolacha, refrigerante, você compra? M2: Refrigerante pra ela eu não compro. Não toma, nunca tomou, ela não gosta. E: Não gosta? M2: Ela não toma café, não toma suco, não toma nada, só água. Café da manhã meio-dia e de noite é água. A única coisa que eu consigo empurrar nela é um Toddy. E: Não é muito fã? M2: Não, também não é fã. Só água, água, água, água. E... o que mais você pediu ali? E: É... salgadinho... M2: Salgadinho, geralmente ela é tarada por salgadinho. Ela já pede de manhã. Pipoca também não pode faltar lá em casa... pipoca de estourar, né? E: De microondas? M2: Não, é de panela. E: De panela? M2: É, de panela, tem que fazer toda noite, toda noite, toda noite. Até perguntei pro médico se podia, ele disse que não tem problema nenhum E: E falando um pouquinho da embalagem, né? Você acha que ela chega a ser influenciada pela embalagem? M2: Às vezes sim. Se ela vai escolher ela opta por aquilo que ela conhece, de marca, que passa na propaganda. Ou o que os amiguinhos falam, ou o que né? E: O que você acha que chama a atenção dela na embalagem? M2: Tu sabes que isso eu nunca percebi. Eu, prá mim, o que chamava a atenção nela é o nome, né? Assim, ah!!! O Traquinas tem lá Traquinas. Vamos ver, um docinho que era lá do...do Shrek. Então, o que chamou a atenção na embalagem foi o Shrek. Entendesse? E: O personagem? M2: O personagem. É, o personagem do bichinho, né? E: Então quanto ao personagem, né? Tu saberias qual é o personagem preferido dela? M2: Ai, deve ser a Polly porque ela quer ver tevê 50 vezes por dia (risos). E: E ela tem algum produto da Polly? M2: Tem a boneca da Polly, a mochilinha da Polly, né? Vários apetrechos lá da Polly.

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E: E outros produtos com o nome da Polly estampado? M2: Na verdade na verdade, o que ela mais tá fã agora é as Rebeldes. Rebelde daqui, rebelde de lá, ela tem camiseta da Rebelde, sandalinha da Rebelde, bolsinha da Rebelde, né? Tudo Rebelde. Tem a pulseira da Rebelde. É porque ela, com ela tudo é sazonal, né? Então ela primeiro começou com a Barbie, era tudo Barbie, depois tudo Polly. Depois tudo... o quê que era que era o outro? E: Hello Kitty? M2: Hello Kitty. Agora tá com as Rebeldes. Mas agora eu acho que ela é mais... entre Polly e Rebelde as duas assim... E: E ela assiste Rebelde? M2: Às vezes ela assiste, mas, geralmente ela assiste o 25 até o 37 (referindo aos canais infanis). E: Fica mais nos desenhos mesmo? M2: É. E: E promoção? Você acha que ela é influenciada por promoção? M2: Sim. E: Você acha que ela sabe o que é promoção? M2: Ah, mãe, tá na promoção, tá barato, vamos lá. Mas às vezes tem coisa que não precisa, mas ela pede. E: Ela costuma pedir coisa que vem com brinde? M2: Sim. E: Tem diferença prá ela? M2: Não. Só porque vem um brinde. Assim, aí, eu to comprando isso e tá vindo isso de graça, né. Então ela leva porque ela vai ganhar mais uma coisa e não pela utilidade. E: Prá sair ganhando? M2: É. E: E você atende esses pedidos? M2: Não. Se há necessidade, né, tipo assim, como no mercado tinha um Mucilon que vinha com um bichinho em cima, obviamente que eu tinha que comprar o Mucilon. Como o preço era igual eu levei aquele que tinha um bichinho. Mas se não fosse igual eu não teria levado o bichinho. E: Se fosse um pouquinho mais caro... M2: Eu não levo, Hum, hum (negativa).Ou levaria só um e não levaria dois, como eu levei dois, né? Mas como o preço era o mesmo eu trouxe, né, com bichinho. E: E você acha que ela chegaria a trocar de marca por causa da promoção? M2: Ah, sim, com certeza. E: Influenciada pelo bichinho, pelo brinde que vem junto? M2: Sim. E: Vamos falar um pouquinho de dinheiro, né? Ela ganha mesada? M2: Não. Por enquanto ainda não, mas ela tem o porquinho dela, ela sabe que no final do ano ela vai quebrar o porquinho e o que tiver lá dentro é dela, né? E: Ela ganha dinheiro de quem? M2: No aniversário ela ganha das omas, do padrinho. O meu marido chega sempre com umas moedas, ela sempre vai lá no carro, pega as moedas e bota no porquinho, né. E assim, mas tudo pro final do ano, né? Mas assim, eu não dou dinheiro prá ela porque ela, ela não sabe gastar corretamente. Então, não sei se vale a pena eu dar o dinheiro. Posso dar o dinheiro e ela gastar tudo num dia só que ela faz isso. Se eu dou dinheiro prá ela, se eu dou R$ 5,00 prá ela ir no colégio comprar o lanche que dá R$ 3,00, ela volta sem nada. E: Não sobra troco? M2: Não volta com nada. Ou ela traz 1,99, ou ela traz chiclete, ou ela traz... E: Ela gasta? M2: Ela gasta. Ela não pode ter dinheiro consigo. E: E você acha que ela olha mais o preço quando ela vai comprar com o dinheiro dela? M2: Ah, sim. E: Ela fica mais atenta? M2: Fica mais atenta. Ela fica olhando, mas eu já levei ela algumas vezes no R$ 1,99 que ela olha, e tem algumas coisas por R$ 3,99. Daí ela diz: ìR$ 3,99 tá caro, né?î Ela tá numa loja de R$ 1,99, então ela associa que tudo que tá lá é R$ 1,99. E: Por um pouco mais que isso ela vai poder comprar menos coisas? M2: Exato, é isso, é. Mas, por exemplo, no sábado que eu dei dinheiro prá ela... eu dei R$ 5,00 prá ela comprar uns brinquedinhos na feira do colégio dela. Ela foi lá e gastou R$ 4,00 num joga-joga (brincadeira de argolas) que ela não ganhou nada. E: E ela entendeu isso?

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M2: Daí eu expliquei prá ela, mas, eu não sei se ela vai numa próxima seguir os meus conselhos, entende? Mas eu disse: filha, você gastou o seu dinheiro, não vai ganhar nada, pelo simples prazer de jogar e não consegue jogar direito. Poderia ter ido na lojinha lá de bijuteria que você adora e ter pego alguma coisa de bijuteria com esses R$ 4,00 ou ter pego R$ 2,00 e R$ 2,00 que era tudo assim, mais em conta, que era uma feirinha do colégio, né? E: E ela ganhou mais dinheiro? M2: Não. E: Depois de gastar isso... M2: Claro, é...(risos) ela ganhou mais R$ 2,00. Ela ganhou mais R$ 2,00 porque ela queria um caderno e pra ela não ir embora sem nada, daí eu fui lá e dei mais R$ 2,00. Mas não é o correto, não deveria ter sido, né? E: Ficou com o caderno, daí? M2: Porque eu já indo embora e ela olhou os R$ 2,00 a mais e ela trouxe o caderno e daí... E: Ah, dá um jeito de convencer, né? M2: É, dá. Mas eu não deveria ter dado, mas depois eu expliquei pra ela que o fato de jogar não é o fato de ganhar, né? E tem que estar acostumado a isso. E: Então pode perder tudo? M2: Exato. E: E quando ela quer alguma coisa, assim, antes até de chegar na loja, em casa, ela conversa com vocês sobre os produtos que ela quer? M2: Sim, sim. Assim, o que ela quer nem sempre é o que a gente vai dar, então, às vezes ela pede e... depende, ela ganha, mas, assim, a gente tem tentado evitar dar tudo o que ela pede. E: Por que ela pede muita coisa? M2: Muito, muito. Tudo, tudo, tudo. E: Com que freqüência que ela faz pedidos, assim? M2: Direto, direto. Se eu tô em casa à noite, e ela vê uma propaganda, ela me chama umas 10 vezes porque o que tá em cada propaganda ela quer ganhar. E: Pra mostrar tudo. M2: Pra mostrar tudo que ela quer ganhar (risos). E: E você acha que a opinião de vocês é importante quando se trata de comprar alguma coisa? Ela considera bastante, assim, as orientações? M2: Às vezes. Às vezes sim, às vezes ela tem uma opinião formada que é motivo de dissuadi-la, entende? Então, a gente ganha mais pela força. Dizer não e não, e ir prá casa chorando e... E: Não se conforma? M2: Exatamente. E: E tem alguma coisa, pode ser qualquer coisa, de roupa, brinquedo, comida, assim, que ela usa que vocês não gostam? Que ela consome que vocês não gostam? M2: Sal. Ela adora comer sal em demasia. A única coisa. E: Tem alguma guloseima específica que ela não pode comer? M2: Nenhuma. E: Não? M2: Não. E: Falar um pouco de amigos, né? Você nota assim, que ela se veste do mesmo jeito que as amiguinhas? M2: Sim. E: Existe alguma coisa parecida no grupinho, assim? M2: Sim, ah! A minha amiga foi com tal coisa, hoje eu vou com tal coisa. Mas isso existe. E: E quando um amigo dela tem uma coisa legal, um brinquedo, uma roupa nova que ela não tem, ela tem algum tipo de reação? Você percebe? M2: Assim, ahn... (pensativa)... ah, a fulana de tal ganhou não sei o quê da mãe dela. E eu disse, ìah, a mãe dela deve poder dar, e eu não vou poderî. E: É esse tipo de abordagem dela. M2: É. No início era mais difícil, agora ela já tem mais... entendimento, né. No início: ai, eu quero, eu quero, eu quero. Aí depois das constantes respostas iguais que eu tive que dar prá ela, ela desistiu. E: E assim, por exemplo, tênis, alguma coisa assim, pra ela escolher: ela leva em consideração o que os amigos estão usando ou o que vocês compram tá bom? M2: Hum... (pensativa). Geralmente o que eu compro tá bom, né? Mas assim... Gostaria... gostaria, com certeza, de ganhar o que os amigos usam, né? Às vezes a gente dá, às vezes não. Depende da necessidade, entendesse?

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E: E sobre barganhar... Você falou que ela faz um pouquinho prá convencer, né? Quais são as táticas assim, que ela usa assim? M2: ìAh, é só esseî, ìeu não peço mais nada essa semanaî, essas coisas. E: Promessas? M2: ìEu faço tudo que vocês queremî ... promessas todas elas infundadas que não, que nunca serão cumpridas. E: Ela não cumpre? E ela desenvolve um comportamento assim, um pouco mais atencioso, mais prestativo, né, antes de pedir alguma coisa? M2: Não. Não. O negócio dela é chegar e dizer ìeu quero, eu quero, eu quero, eu quero e prontoî. Mas ela não vem: ìai, mãezinha querida, faz issoî, desse jeito não. E: Mídia, né? Ela assiste tevê? M2: Sim. E: Todo dia? M2: Sim. E: Sabe dizer quantas horas assim, não? M2: Das 8 às 11h, isso são 3 (horas) de manhã e mais 3 (horas) à noite. E: Umas seis horas por dia de tevê? M2: Enquanto ela tem aula, né? Quando ela não tem aula aí eu já não faço nem idéia. E: Se deixar? M2: Se deixar, fica. E: Fica o dia inteiro? E comerciais, você acha que ela assiste? M2: Só o que interessa assim, né? O que interessa ela assiste. Quando tem coisa de brinquedo ela assiste. E: E como é que você lida com essas propagandas que ela vê, e o consumo? M2: Eu digo sim, viro as costas e saio...(risos). É, tipo assim, em casa a gente vê e ela diz assim: ìah, eu quero esse, eu quero aquele, eu quero aquele outroî, e eu digo: ìolha, minha filha, tu te decide de um porque todos tu não vais ganhar. Então tu te decides de qual tu gostarias que eu vou ver se é possível te darî. Não que ela vá ganhar, mas eu vou ver se é possível dar. E: Das influências que ela recebe pra comprar alguma coisa, tu achas que seria mais forte o quê? Tipo amigo, propaganda? O quê que ganharia? M2: Propaganda. Propaganda. E: Especificamente de tevê? M2: No caso dela a propaganda. E: E compras familiares agora, compra geral da casa... Tem algum produto, compra da casa mesmo, que todo mundo usa, que foi ela que escolheu? Um eletrônico, uma tevê, uma coisa assim que ela tenha influenciado na compra? M2: Não. E: Ela participa das compras da casa? M2: Não. E: Se vocês vão ter que comprar um microondas novo, por exemplo... M2: Não, não, ela não participa. E: Não participa. E, por exemplo, um item mais caro, o carro, ela chega a participar, ou não? M2: Não. E: Ela é só comunicada que vocês vão comprar? M2: É. Porque, ai, vamos lá ver o carro que o pai vai comprar. Pronto, só. E: Você acha que ela poderia contribuir em alguma coisa? Ajudar quando o assunto é uma compra para todos? M2: Hum, hum (negativa). E: E o que você acha que ela compraria se tivesse que ir ao supermercado fazer compras para casa? Você acha que ela se atentaria aos produtos básicos? M2: Eu acredito que ainda não. Porque uma e outra coisa, talvez, ela traria, né? Doce é uma, queijo, um presunto, até porque ela consome, entendesse? Mas, não... E: Ficaria mais nela mesma? M2: Ah! Ficaria no que é prá ela, encheria o carrinho com besteira e iria embora. E: Agora um pouco sobre a sua ocupação, né? Você falou que sempre trabalhou fora. M2: Hum, hum (afirmativa). E: O dia inteiro? Desde que ela nasceu? Você acha que isso influencia alguma coisa no processo de consumo dela? M2: Não, mas eu acho que, influencia muito no nosso ceder. E: Você acha que é alguma compensação, ou não?

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M2: Não, não tem compensação nenhuma assim, né No mais, assim, eu vejo muito pelo marido assim, que eu, eu já sou um pouco mais... (gagueja)... é, brecada nesse sentido, mas ele, ele quando ele viaja, ele volta e traz coisas. Então, né... é... é porque a minha infância já foi um pouco diferente da, da dele e, e da dela, com certeza, totalmente diferente. Porque a gente só tinha, só ganhava presente no Natal ou em, na Páscoa. Era só. Não tinha durante o ano. Roupa era Natal e numa festa de igreja. Então, e nem por isso a gente deixou de ser bem criado, como eu te falei... Então, eu tento assim, dar um pouco de breque na minha filha porque, eu não sei como é que é amanhã, eu não sei como que vai ser, de que forma que o mercado vai se comportar. É uma enxurrada de informação e de promoção todos os dias. A tecnologia muda, a cada três meses tá mudando e até a cada dois. Tu compra hoje, amanhã tu não sabe nem se vai estar funcionando. O DVD que lançaram agora já está sendo substituído por outro. É complicado, então assim, eu tento não passar prá ela que ela vai ganhar tudo que ela quer na vida. E ela tem que começar desde já. Eu tento passar um pouco disso, mas é óbvio que ela tem mais do que eu gostaria de dar. Ela ganha mais do que eu acharia que ela deveria ganhar. E: Do que deveria ganha? M2: Exato. Porque hoje tu dá isso (sic), tu dá aquilo. Se eu começo a ceder a tudo quanto é coisa que ela quiser, quando ela chegar com 10 anos ela vai querer ter um carro!!! E: Porque não se satisfez? M2: Porque nunca se satisfez, é. E: E assim, quando você sai que ela não está junto, você também costuma comprar coisas pensando nela? Depois pode até se arrepender, mas acaba comprando coisa? M2: É, se houver necessidade. E: Mas de comprar porque achou, assim? M2: Não. Não, eu tento não fazê-lo. Né, tipo assim, se eu vou sair, se eu vou comprar alguma coisa prá mim, se eu encontrar alguma coisa prá ela que ela realmente tá precisando eu levo. Mas não que eu leve uma coisinha por somente levar. E: Uma lembrancinha prá ela, alguma coisa? M2: Não. Não. Porque, eu não sei se você observou bem o quarto dela, tem coisa em cima, dentro do guarda-roupa... E: Ela me mostrou... M2: Os brinquedos né. Fora o que eu já doei esse ano, senão, você não faz idéia do que já dei, ensaquei e mandei sem ela ver. E: Ela percebeu depois? M2: Não. E: E não sentiu falta? M2: Não. Entende? Então ela tem, realmente, excessivamente. Claro que eu não dou aquilo que ela pega diariamente, mas aquilo que... E: Ficou parado há muito tempo... M2: Muito tempo, esses dias ela até perguntou onde é que tava a motoquinha de quando ela tinha nascido. A motoquinha eu dei! Né, o Erik tem a dele e a dela é cor-de-rosa, ela não anda mais naquilo e eu dei. E: E ele não iria usar... M2: Ela não ia usar, então eu passei adiante. Então ela vem: ìah, mãe, cadê a minha motoquinha?î. Dei prá quem precisava. Né? Daí ela entendeu. Então é assim: eu vou lá, eu faço uma limpa e passo adiante porque não tem condições, não. Lá atrás na escrivaninha, que ela tem uma escrivaninha, aquele cesto era até o gogó, as gavetas era entupidas. E: De brinquedo? M2: Só brinquedo. Então assim: ao invés de ficar ali, apodrecendo, encarunchando, a gente já deu, mandei adiante. Mas, ela não sentiu falta de nada aquilo que eu dei. A não ser a motoca. A única coisa que ela sentiu falta. Todas as roupas que eu tiro do armário, que eu não faço a limpeza quando ela tá junto, eu separo quando ela não está, senão, se ela tiver lá, nada sai. Eu dou tudo o que tá assim, o que eu acho que, né, ela pode passar prá alguém, que ela tem em demasia, que ela já usou duas, três vezes. Às vezes ela ganha muito e, não ganha só de mim, né? Ganha dos avós, ganha dos tios, dos padrinhos, e assim, vai embora. Eu pego, faço uma sacada e passo adiante. E ela nunca questionou nem uma roupa, nem um calçado, nada. Tirei uma idéia de que não adianta levar mais uma coisa pra casa porque ela vai gostar hoje e amanhã, se eu... E: Se sumir com isso? M2: Não vai se dar conta que aquilo tava lá entendesse? E: E da questão roupa e brinquedo. Brinquedo ainda ganha da roupa?

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M2: No caso das preferências dela? E: É. M2: Eu ainda acho que tá mais pro brinquedo do que prá roupa, né? E: Hum, hum ... M2: Entre um brinquedo e uma roupa ela ficaria com o brinquedo. E: Brinquedo? M2: Eu tento colocar muito isso nela, né? Brinquedo, brinca bastante, a tua infância é melhor né, o resto vem depois, né? Eu senti que teve uma fase que ela já tava querendo mais andar numa turminha que não era dela. A gente puxa ela de volta, né? E: Não deixar... M2: Não, prá não deixar criar asas antes do tempo. E: (risos) Então é isso. Obrigada pela conversa!

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Entrevista Criança 03 - Menino

Entrevistadora: Tu conheces todos os nomes das pedras? (A criança estava mostrando sua coleção de pedras). Criança 39: Só de umas, principalmente o quartzo. O que eu tô fazendo é estudo, e sobre o quê? É sobre como, por exemplo, as crianças fazem compras. Sobre o que elas entendem de compras. Então, eu queria conversar com você coisas assim de... supermercado, shopping, essas coisas assim. Você costuma ir ao supermercado com seus pais? C3: Sim. E: É? C3: É, sempre. Eu ajudo a minha mãe a escolher as coisas! E: E você gosta? C3: Gosto, é legal. E: E, você pede alguma coisa? C3: Às vezes eu peço um carrinho da Hot Wheels, mas isso só às vezes. Na maioria das vezes é a minha mãe que... que ela me faz surpresa e compra alguns prá mim. E: Ah, é? C3: Hum, hum. E: De vez em quando ela chega em casa e traz algum presente? C3: Hum, hum. E: Legal! E lá no supermercado, às vezes, tu pedes alguma coisa prá comer, biscoito, essas coisas assim? C3: Ela me leva naquela... naquela seção de bolacha pra eu escolher de lanche pra escola. E: E aí você escolhe qual que você quer? C3: Hum, hum. E: E qual que tu escolhe? C3: Eu escolho... E: Senta mais perto, vem prá cá. C3: Eu não me lembro qual é o nome, só sei que é uma que é de chocolate, né? E outra de iogurte, mel e leite. E: Iogurte? C3: Hum, hum. E: Aí pelo nome, tu vai pelo sabor então e não pelo nome, assim? C3: Eu vou sempre pelo sabor. E: É? E salgadinho compra também? C3: Salgadinho nem sempre eu como, é difícil de eu comer salgadinho. E: É? C3: Hum, hum E: E... e sempre que tu pede alguma coisa lá a tua mãe compra? No supermercado... ou não é sempre que ela compra? C3: Nem sempre. E: É? C3: Nem sempre, depende a coisa, se for muito caro daí depende, né, se dá prá comprar ou não. E: Daí ela conversa contigo e fala que não vai levar? C3: É, daí ela fala se dá ou se não dá. E: E no shopping, você vai também? C3: Vou. E: Gosta também? C3: Gosto. E: Vai muito assim, ou... C3: Todo mês, faz tempo.... faz muito tempo que eu não vou. E: É? C3: Hum, hum. E: E com quem que você vai? C3: Às vezes com a minha vó, depois que a minha mãe faz a unha. Depois que a minha mãe termina eu vou com a minha vó.

9 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C3, sendo seu nome também substituído por esta denominação.

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E: E de lá tu também pede alguma coisa? C3: Às vezes, nem sempre. E: O quê que tu gostas no shopping? C3: De lojas de brinquedo. E: Tem alguma assim? C3: A minha preferida é uma nova que abriu, a Game Land. E: Ah, eu ouvi falar. E ela é legal? C3: Hum, hum (afirmativo) E: É melhor que a Meninos e Meninas? C3: Não sei, eu ainda prefiro a Meninos e Meninas, né, que eu gosto mais de lá. E: Aí depois que abriu essa nova tu fosse lá ver? C3: Aí eu fui lá. E: E assim, alguma outra loja? C3: Eu gosto sempre de ir nas duas, né? Mas quando a minha mãe precisa ir na Makenji eu vou com ela. E: E lá tu gosta de ficar lá na Makenji? C3: Mais ou menos, né? Lá não tem muita coisa prá mim fazer. E: É. C3: Se der eu fico sempre arrumando alguma coisa prá mim fazer. E: Ah, enquanto a tua mãe prova as roupas tu fica lá esperando? C3: Hum, hum. E: E loja de roupa, tu também vai prá ti? C3: Prá mim sim. E: Qual que é a loja de roupa prá ti? C3: Às vezes... a maioria das vezes é Renner. E: É? C3: Hum, hum. E: Aí é tu que escolhes? C3: Aí ela vai me mostrando os que ela acha legal e daí eu vou vendo se eu gosto ou não. Daí eu também vou olhando algumas coisas, né? E: E já aconteceu de você gostar de alguma roupa e a tua mãe não gostar? C3: Eu acho que já, não lembro direito. E: Ah, e tu lembra se compraram ou não? C3: Não. E: Deixa eu ver... E, por exemplo, já aconteceu de você ir lá no shopping, por exemplo, prá ir na loja de brinquedo prá comprar alguma coisa que tinha decidido em casa. Ah, eu vou lá no shopping buscar o brinquedo tal hoje. C3: Hum, hum E: Vocês decidiram, a tua mãe deixou... e aí tu chegou lá, tu olhou outra coisa na prateleira e comprou outro. Já aconteceu assim de tu trocar, de mudar de idéia assim, quando tu chega na loja? C3: Eu não lembro direito, mas eu acho que já aconteceu uma vez. E: O quê que faria tu mudar de idéia, assim? O quê que tu acha que... tu chegaria numa loja e mudaria de idéia por outra coisa? C3: Depende, a coisa tem que ser bem mais interessante. E: Bem mais legal? C3: Hum, hum. E: Aí... vamos falar um pouquinho assim, sobre produtos, né? C3: Hum, hum. E: O quê que é uma marca prá você? Marca. C3: Hum... assim... eu não presto muito atenção nas marcas. Por mim, se a roupa é bonita e eu gosto... prá mim já tá tudo bem, eu não ligo direito prá marca. E: Ah, é? Então vamos fazer uma brincadeira? C3: Hum, hum. E: Pode ser marca ou pode ser... não precisa ser necessariamente marca, mas é prá dizer, por exemplo assim, ó: alimentos e bebidas. As coisas que você gosta de comer. C3: Hum, hum. E: Por exemplo, se você sabe a marca você coloca a marca: o biscoito tal. Senão você coloca só biscoito. C3: Hum, hum.

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E: Nesse cartão é a mesma coisa. Um brinquedo: ah, brinquedo prá mim tem que ser um carrinho tal. Mas se pode ser qualquer carrinho, aí tu escreve carrinho só. C3: Hum, hum. E: Pode escrever? Quer um negócio prá apoiar? C3: Pode ser. São quantas coisas? E: Quantas você quiser. Não precisa ser muito, não. Umas quatro coisas assim. C3: Bem de perto e bem de longe. E: Tu gosta de mexer com fotos? C3: Hum, hum. E eu também bati fotos de um montão de flores que qualquer pessoa podia passar e nem sabia que ela tava ali. E: Que legal isso! E outras coisas assim? C3: Já, eu peguei uma flor assim, eu não sei qual era o tipo, e eu bati bem de perto do miolo, assim, dela uma foto. E: E você imprime essas fotos? C3: Não, eu deixo na câmera e o meu pai passa pro computador. E: Passa pro computador? Legal! C3: Hum, hum. E: Eu também sou bom no desenho. C3: Desenho? E: Depois tu me mostras teus desenhos? C3: Hum, hum. E: Eu tô curiosa prá ver teus desenhos! C3: Eu tenho um prá te dar. Eu tava fazendo agora prá mim te dar! E: Ah, é? C3: Eu tô copiando de uma capa de joaninha. E: Que legal! C3: É o meu preferido, um dragão de olhos azuis. E: Dragão branco de olhos azuis? De onde é que é isso? C3: Da carta de Yug Ho. É uma carta preferida que eu tenho. E: Você joga bastante isso? C3: Não, eu só coleciono cartas. Agora é que eu tô começando a me interessar porque antes eu tinha, só que ficava lá guardado, né? Só que agora eu tô começando a gostar! E: É prá trocar e prá jogar com outros assim, né? Eu nunca joguei também, mas eu já vi um monte de gente jogando. Deixa eu botar aqui... E esse brinquedo (marcado na carta) é bicho de pelúcia? C3: É, eu adoro. Eu tinha uma caixa cheinha, mas ali já tava ficando cheia demais e na feira lá do meu colégio eu comprei um baldão assim, eu enchi tudo. E: Colocasse tudo dentro de um balde assim? C3: Hum, hum. Só que ainda sobrou bicho dentro da caixa. Ainda sobraram um 2, 3 4 lá. De tanto que eu tenho. E o meu preferido que eu nunca guardo é o Ed por causa que eu levo ele prá todo o canto. É o meu preferido. E: Que bicho que ele é? C3: É um gambá pré-histórico também conhecido... menos conhecido como mega-mastrodonte, e eles viveram no período triássico. E: (risos) Meu, como você é inteligente! Eu tô impressionada contigo! C3: Eu li num livro. E: Mas você grava, eu tô impressionada! C3: Eu li umas cinco vezes e gravei. Ah, o carrinho, esqueci de... é que eu não sei escrever Hot Wheels. E: Ah, Hot Wheels.... C3: Não, peraíÖ (procura um carrinho)... E: Deu? Obrigada! Tem mais... roupa ou tênis... tênis tu também não olha a marca? C3: Não, não olho a marca de nada. Prá mim qualquer um serve. E: Mas como é que tu escolhes tênis prá ti? C3: Ah, eu vou lá, dou uma olhada nas cores de tênis que eu prefiro... é preto misturado com prata assim... dois num tênis só ou azul com preto. E: Aí tu olha a cor? C3: Hum, hum E: Viu a cor, então... C3: A cor é tudo prá roupa e tênis prá mim... E: E onde é que tu compra tênis?

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C3: Tênis é... às vezes na Pittol Calçados e às vezes na Renner, naquela seção de calçados. E: Vai pela cor? E roupa tem um estilo de roupa que tu gosta mais? C3: Prá mim.... eu gosto de manga comprida, manga curta assim... eu nunca me decido. Prá mim quando tá calor, por mim é a manga bem curta. Por isso que eu levo casaco prá escola, por causa do ar condicionado, que fica muito frio, né? E: Ah, é! C3: Por causa que lá na escola todo mundo vai de manga curta, daí tá tão quente que a professora liga o ar condicionado. E: E aí passa frio... C3: E eu sempre levo casaco... sempre levo casaco prá mim não passar frio. O meu amigo... meu amigo que senta do meu lado fica pedindo prá mim emprestar o casaco. E: E daí não dá, né! E assim ó: higiene pessoal, que é xampu, sabonete assim, tu usa o que a tua mãe compra ou tu escolhes? C3: Não, eu uso o que a minha compra só que ela... a minha marca preferida de xampu é... é da Jonhson´s que a minha mãe comprou novo. Dos Crescidinhos. E: Crescidinhos? Então coloca aí Crescidinhos que eu sei qual que é. C3: Você já viu a propaganda? E: Hum, hum. Aí então xampu tu preferes esse? C3: Hum, hum. Aquele lá é o xampu e o condicionador que eu mais uso. A minha vó diz que é prá passar sempre duas vezes xampu, então eu passo uma vez, enxáguo... claro, primeiro eu esfrego bastante, daí eu enxáguo, daí depois eu boto mais um pouquinho, mas não é muita coisa prá não gastar porque é caro. E: Ah! C3: E também a embalagem, já é própria prá não gastar, né? E: Ah é? Sai pouquinho? C3: A embalagem parece um feijão. É assim: ó... (mostra). E: É prá segurar também nesse espaço, né? C3: É mais fácil prá não escorregar. E daí depois eu só enxáguo, coloco o condicionador. Antes eu colocava aquele creme lá e não adiantava de nada no meu cabelo. E: Dá nó no teu cabelo? C3: É, ele dava bastante nó, principalmente quando ele tava comprido, né? Eu deixei, aqui atrás ele tava até aqui assim... E: Ah, é? C3: Eu amava aquele cabelo, mas só que a minha mãe deu um jeito de me convencer de cortar! E eu ainda não aceitei assim... eu quero que ele cresça de novo. E: Tu não querias cortar? Mas não teve jeito de convencer ela a deixar comprido? C3: Eu não, ela ia querer cortar de um jeito ou de outro porque ela... ela dizia que... tava muito comprido, tava começando a ficar feio... (imita a mãe). Tá com um cabelão, não sabe se tá ficando bonito ou não. Por mim eu gostava, metade da minha sala tem cabelo comprido. E por que agora eu não posso ter? E: É...Agora tu vai deixar crescer de novo então? C3: Hum, hum. Eu acho... só que eu acho que a minha mãe vai fazer eu cortar de novo. Mas eu já combinei com o meu pai que eu vou cortar só duas vezes por ano: uma vez no meio e uma vez no final. E: Duas vezes só? Mas aí vai crescer bastante. C3: Eu gosto do meu cabelo, eu sinto falta no inverno. E: Ah, é... C3: No inverno eu sinto muita falta do meu cabelo. E: Por que é frio, fica frio no pescoço, né? C3: Daí no inverno aquilo lá era ótimo prá mim, o cabelo tampava o pescoço todo aqui atrás e eu jogava ele aqui assim, prá frente um pouco, daí ele vinha aqui assim, né? Daí tava bom. E: Quem sabe no inverno deixa crescer de novo? C3: Hum, hum E: Cortar só no verão... Deixa eu ver, aqui as outras coisas aqui. E quando você vê assim, alguma roupa ou brinquedo ou tênis, alguma coisa que tem um brinde, você dá uma olhada ali também? C3: Depende do brinde, se for mais uma coisinha que não me interessa, mas só que a roupa me interessa, daí tudo bem. Mas se nenhum dos dois me interessar, daí eu nem dou bola. E: Não? C3: Hum, hum (negativa) E: E se tem dois bem parecidos, um tem um brinde, outro não? Aí tu vai pelo brinde?

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C3: Aí depende do brinde, se for uma coisa que vale a pena eu... aí também depende do preço. E: Se for um mais caro que o outro? C3: E... se o que não tem brinde for muito mais caro do que o que tem eu prefiro o que tem, mesmo eu não gostando do brinde, né? Porque pelo menos é mais barato. E: E que brinde que é legal prá ti? C3: Eu gosto se o brinde for... eu mais assim não gosto muito de coisa que tem brinde, não. E: Não? C3: Não, porque normalmente com o tênis vem aquele brindezinho assim, uma coisinha que eles dizem que é legal assim nas propagandas e quando tu compra é só uma coisinha de nada. Então eu não gosto muito, não. E: Vai ficar jogado, não vai nem usar? C3: Hum, hum. Só os do McDonald´s assim, os que, mas eu não vou muito no McDonald´s ganhar brinde, não. E: Não? C3: Já faz um bom tempo que eu não vou lá. E: Antes tu gostavas mais, agora não... C3: Antes eu gostava do... é que vinha bichinho de pelúcia, agora não tem mais, então eu não me interesso. E: Ah, tá! É porque muda sempre, né? C3: Hum, hum. Daí quando vinha aqueles cachorrinhos, tudo eu comprava. Eu tenho a coleção inteira daqueles cachorrinhos. E: É? C3: Eu ganhava um tanto da vó, um tanto da mãe e eu ganhei o último que faltava da minha dinda. E: Ah... e agora completasse a coleção? C3: Hum, hum ... quando vinha aqueles bichinhos com pezinho de corda, com o Homem-Aranha prá brincar na minha piscina desfiou as pernas tudo. E: (risos) C3: Destruiu um negócio dela lá, ficou legal daquele jeito. E: Ah, é? Mas daí tu, prá ganhar esses brindes lá do McDonald´s tu comesse o lanche só prá ganhar o brinde? C3: Não, é que a minha mãe... é que eu gosto mesmo do lanche, é gostoso. E: E vão bastante? Vão de vez em quando... C3: No Mc... de vez em quando, nem sempre, porque a minha mãe, ela faz Mc igual aqui em casa. E: Ah, é? C3: A minha mãe compra hambúrguer, compra daquele pãozinho assim, compra alface, compra coisa que eles botam junto e daí ela faz... É assim, às vezes ela compra porque assim, já faz um bom tempo, né, que eu não como. E: E ela faz igualzinho em casa também? Agora a gente vai falar um pouquinho da embalagem dos produtos, assim. Você presta atenção na embalagem dos produtos? C3: Também a embalagem assim, é... eu não ligo muito prá embalagem. Só se for assim, uma embalagem assim... que eu acho legal prá guardar as minhas coisas, mas o produto também tem que me interessar senão eu também nem compro. E: Por exemplo, os biscoitos que tu gostas, tu olha um pouco a embalagem prá ver qual que chama mais a atenção? C3: Não, nem ligo prá qual que chama mais a atenção. Eu simplesmente compro, assim, os que eu acho que são mais gostosos prá experimentar, e daí se eu gosto a minha mãe compra às vezes. E: Mas não importa se é colorido, se não é, se tem desenho, se não tem? C3: A embalagem prá quê que ela serve? Ela só serve prá embalar o produto.E depois, o máximo que tu vai fazer é jogar no lixo reciclável. Se guardar, depende da embalagem. Por mim, eu só guardo se for uma caixa. E: E aí tu guarda? C3: Ou daqueles roletezinhos que sobra de papel higiênico. Eu preciso de um montão, que eu quero fazer uma torre. E: Ah, você tá fazendo um trabalho com isso? C3: É, eu tive a idéia de fazer e eu vou fazer, né? Por enquanto eu ainda não tenho o suficiente. Eu preciso de uns... eu acho que 20 e alguma coisa. E: Como é que é essa tua torre? C3: Vai ser assim, ó: aqui em baixo uns quatro ou cinco... uns... é quatro aqui, quatro aqui, quatro aqui e quatro aqui. E: Hum, hum

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C3: Depois eu ponto três aqui, três aqui, três aqui, dois aqui, dois aqui e um em cima. E: Hã tá... C3: Daí demora. E: Tem que juntar tudo, né? C3: Mas eu acho que eu já tenho os suficientes prá fazer o de baixo. Tem que ver, seu eu tiver eu já colo tudo. E: Mas tu vai montando depois aos poucos? C3: E eu também gosto de guardar caixa de perfume assim, quando eu acho elas bonitas. A minha mãe me deu um perfume bem cheiroso que ela tinha aqui, que tem assim, uma estrela desenhada e... e na luz ele brilha bastante. Se quiser que eu vou lá buscar... ou não precisa? E: Pode ser, se quiser me mostrar! C3: Eu tenho embalagem... eu também guardo embalagem de creme quando é assim, né, que eu guardei que a minha vó me deu. E: De creme? C3: É, de creme. C3: É essa (a criança foi buscar a embalagem). E: Ai que legal! Que caixa bonita, né? C3: Hã Hã. Eu... eu chamo ela de caixa da estrela... E: Ela brilha bastante! Tá vazia. Não guarda nada dentro? C3: Eu vou, só que eu não sei o quê. E: Ah! C3: Esse aqui ó, que eu fiz prá ti (A criança trouxe um desenho). E: ó... mas tu só olhou? C3: É, eu só olhei e copiei. E: Meu! Que lindo! C3: Eu fiz prá ti. E: Obrigada! Parabéns, ficou lindo o desenho! Obrigada! C3: Eu trouxe uns desenhos meus que os nomes são em inglês. E: Ah, é? Tu falas inglês? C3: Eu sei alguns nomes em inglês. É que a minha mãe já trabalhou com uma escola de inglês, mas que daí ela trabalhou como secretária, né? Daí que ela agora já sabe bastante e daí eu vou lá perguntar prá ela. Esse daqui é que saiu errado, é que daí prá mim não precisar rabiscar a folha eu só coloquei que é um oponente. Esse aqui é o meu preferido de todos. Ele é o Ice, que é gelo em inglês. E: Que legal! C3: Esse daqui é o Zumbi e o Ed, é um zumbi. E: Hum, hum . Bonitos os teus desenhos. C3: Esse é o Fire, que é fogo. O Rock, que é pedra em inglês. C3: São os nomes deles, só que não são todos os mesmos, né? Daí quando eu brinco fica cada um enterrado, daí só aparece essa marca do olho quando eles são... são... é... é... ativados. Daí só aparece a marca do olho brilhante. E: Esses são os poderes deles, né, só aparece... C3: Esses são os poderes. Todos eles têm o Supergrito. O de gelo ele ficou branco em forma de gelo assim porque eu fiz tudo dele assim, né? Prá dar a impressão que é aquelas partes assim, do gelo. O vento... o vento ele... foi difícil de pensar nele por causa que o vento, como é que eu vou fazer vento, Meu Deus? Eu ainda quero desenhar umas asas nele. E: Mas esse aqui? Esse aqui tu não copiou de nenhum lugar. Tu que desenhou? C3: É, eu que inventei. E: Esses aqui são todos os teus inventos? C3: É, não todos. E ainda tem... E: Mas esse aqui tu inventou? C3: É. Esse daí eu inventei. E: Ah...Eu pensei que esse aqui tu também tavas copiando... isso aqui é invento seu? C3: Hum, hum E: Meu! Esse é o teu próprio desenho! C3: Eu peguei a idéia do Pokemon porque tinha os elementos né. E esse aqui é uma mistura de todos eles juntos. É... é assim, começa assim... esse é ele parado, depois vem o de gelo, né? E se quebra e se monta no de... no de... no dele, né? Daí aparece o de... o zumbi e sai a marca e gruda aqui. E daí o Mug já... que ele é uma meleca... tem o Mug e a lama, ele simplesmente gruda. O de fogo ele... ele derrete, né? E daí só sobra esse canhãozinho e daí ele bota o... o elétrico explode e

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daí ele pega o martelo, o de planta deixa cair uns tentáculos de... de cipó e ele pega. O de terra deixa uma... um fragmento de terra cair e daí ele pegou e ficou com essa perna. O...o de vento deixou esse bracinho cair, o de água pingou um pingo bem nele. E ele pegou e ficou assim. E: Ah, que legal! Esse é prá virar desenho animado, né? C3: Ah, quando eu crescer eu quero ser cartunista. E: Esse aqui ia virar um desenho bem legal! Esse é muito legal! Adorei. Deixa eu voltar aqui. C3: Que a gente conversou tanto que a gente nem continuou fazendo, né? E: É. Mas adorei esses ali, adorei mesmo. Ah, eu tava falando da embalagem contigo, né? C3: Tava falando da embalagem. E: Tu... tu come chocolate? C3: Como. E: Gosta? C3: Adoro. E: Então eu vou fazer uma brincadeira sobre embalagem. Tem dois chocolates aqui. C3: Hum, hum. E: Não precisa comer inteiro assim, se não tá com vontade, pode dar só uma mordida assim, né? Se tu quiser, prá mim não tem problema. Tem esse aqui da ìHello Kittyî e dos ìCarrosî. E aí eu queria que tu me dissesses se tem diferença de sabor entre eles. C3: É... é bom. E: É bom? C3: Hum, hum. E: Não é tão bom? C3: Hum, hum (negativa). Os dois tem o mesmo sabor. E: É a mesma coisa? C3: Hum, hum (afirmativa). E: Tu acha que é igual? Deixa eu ver... então, prá ti é igual? C3: Tem uma amiga minha que eu conheço há três anos, desde os cinco, né? Não, é três. E: Três? C3: É filha da amiga da minha mãe e ela... ela comprou um chocolate só por que vinha dentro de uma maleta da Hello Kitty. Só por isso. E: Eu vi essa maleta. C3: E era quanto mesmo? E: R$ 19,00 eu acho. C3: É, 19, e ela queria só por causa da maleta. E: Vem só um pouquinho assim, de chocolate dentro. C3: Vem só um pouco. E daí ela comeu tudo só na hora de ir... de voltar prá casa. E: Mas ela queria a maleta, né? C3: Ela queria a maleta, ela não tava nem aí pro chocolate. Eu nem ligo prá embalagem, desde que seja... desde que seja da mesma marca, prá mim tá bom. Então prá mim tanto faz. E: Ah, é? Ótimo isso. C3: Eu não sei o que eu vou fazer com a embalagem depois. E: Não vai fazer nada, né? C3: É. Mas o que eu posso fazer é guardar alguma coisa dentro, mas isso é facinho de eu arranjar uma caixa. E: É. Que nem você arranjou pros bichinhos? C3: Hã Hã. Pros bichinhos graças à feira do meu colégio, né? Comprei da feira... da feira da Segunda série A. E o meu amigo tava na 2ª C. Eu não comprei dele por causa que era brinquedo usado e eu não vi nenhum brinquedo... E: ... legal? C3: ... que me chamasse atenção. Então eu comprei um igual a um latão. E: Eu entrevistei uma menina também do teu colégio e ela também falou que comprou umas coisinhas nessa feira aí. Comprou caderno... Ela foi lá na feira também e jogou nas argolas também que tinha lá. C3: Eu não precisei jogar, eu simplesmente peguei e comprei. É pór causa que era na 2ª A e lá tinha que jogar prá poder ganhar o brinquedo. Eu nem joguei por causa que lá tinha boneco de meia. Eu tenho um boneco de meia velho ali que eu posso fazer o boneco! E: É... eu acho que ela jogou porque ela queria prá jogar... prá brincar... C3: Eu não, se for prá mim jogar alguma coisa eu pego e vou ali no parquinho de baixo e jogo ali. Porque se for prá jogar bola aqui dentro de casa eu... eu... a minha poodle lá na loja onde a gente compra os brinquedos prá ela a minha mãe já comprou duas bolinhas lá. E comprou... do... é... duas

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prá mim e uma prá minha... prá Safira, né? E... eu brinco bastante com aquelas bolinhas. A Safira só fica com as minhas, eu não sei porque ela não brinca com a dela! Eu brinco bastante com a dela. E: E você brinca aqui? C3: Eu brinco sempre aqui. A gente fica jogando e eu brinco de ficar passando por baixo das cadeiras. E: Ah! C3: Uma vez eu joguei e quase que caiu uma lá. Falou prá jogar prá cá, só que... E: E aí ela pulou? C3: Ela bateu ali naquele vidro. E: no vidro... e é alto aqui, né? C3: No vidro não, foi bem naquele negocinho preto de cima. E: Ai... quase caindo! C3: Quase, eu levei um baita susto, ela é a minha preferida, que era a laranja. E não pode jogar coisa daqui de baixo, era capaz de cair no telhado da casinha debaixo do guarda, daí eu queria só ver eu pegar de lá atrás. E: Hã!!! (risos). E aí ele iria brigar ainda? C3: Daí era facinho, é só comprar outra. É R$ 1,00 ou R$ 0,25. E: Ah, não é muito, né? Esse preço não é muito ou é muito? C3: Não... prá mim muito mesmo é prá cima de R$ 20,00. E: Prá cima de R$ 20,00 começa a ficar caro? C3: Hum, hum. Se bem que R$ 30,00 prá mim não é tanta coisa assim, né? Prá mim já é mais prá R$ 40,00... E: Mas assim, tu ganha mesada, alguma coisa? C3: Ganho, eu ganho mesada. Já faz um tempo que eu não ganho a minha mesada, né? Mas que a minha mãe não pode me dar. E: E quanto é que tu ganhas? C3: E ganho às vezes R$ 5,00 ou R$ 10,00. E: Por semana, assim, não? C3: Não, por mês. E: Por mês? R$ 5,00 ou R$ 10,00 por mês. C3: É. E: E daí você ganha dinheiro fora disso também, não? C3: Não (hesita). E: Da vó, do vô. C3: A minha vó me dá assim, às vezes, prá mim comprar algum brinquedo, mas só quando é alguma época e ela quem sabe me... quem sabe me dá. Principalmente a minha dinda. Porque chega uma época... chega, por exemplo, o Natal... ela não sabe o que me dar, ela vai lá e me dá R$ 100,00 prá mim gastar. É R$ 100,00 ou R$ 50,00, alguma coisa assim que ela sempre me dá. E: E dá prá comprar bastante coisa? C3: Dá. E: Daí tu vai... vai em que loja comprar? Onde é que tu gastas isso? C3: É... da última vez não existia a Gane Land e daí eu tive que comprar na Meninos e Meninas. E: Aí tu chegasse a ir lá, tu pedisse ajuda prá tua mãe assim ou não? Tu já sabe quanto que dá prá gastar... C3: Eu escolhi... eu era pequeninho, já faz um tempão isso. Nem ano passado não chegou a ser E: Ahn...!!!! C3: Bem antes, eu tinha uns seis anos e daí eu não sabia direito.. os números. Daí eu não consegui comprar, daí o meu pai me ajudou. Hoje em dia aquele boneco lá eu nem dou mais bola. E: Já faz tempo? C3: Ah, já faz tempo, ele já... as peças dele já tão tudo quebrada. Tá bem... E: Já brincasse muito com ele? C3: É. Depende muito do boneco, né, porque o Ed eu nunca vou me livrar dele. O Ed é o meu preferido. O Ed e o meu robô que eu ganhei... esses dias. E: E o Ed tu leva prá aula também? C3: O Ed eu levo prá aula. E: É? C3: Hum, hum E: Sempre? C3: Sempre. Todo dia. E: Leva na mochila... e pode levar?

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C3: Pode, a professora nunca briga. Desde que eu não fique brincando com ele na sala de aula! E: Onde tu deixas, na mochila? C3: Não, eu deixo debaixo da mesa. E: Ah, é? C3: Tem a gradezinha ali debaixo. Ali não tem porque guardar caderno, só cabe a mochila e a mochila fica do meu lado mesmo! E: E aí tu bota ali? C3: Hum, hum. É bem mais simples do que eu botar debaixo da mesa. Eu vou ter que pegar, me abaixar, puxar prá debaixo da mesa prá achar qual é o caderno certo, né? E: (risos) C3: Daí também não dá, daí eu simplesmente guardo o Ed ali e daí dentro da minha mochila eu só vou passando os cadernos prá mim ver a capa, que eu já sei qual a capa de cada um. E: Ah, é? É mais fácil assim? C3: E se a capa é igual eu sei qual é a mais grossa e qual é a mais fina por causa que Ciências e de Português têm a capa igual, só que o de Ciências é mais curto. E: Mais ou curto ou mais fino? C3: Mais curto assim, ele tem menos páginas. E: Bem legal! Que mais que tem prá falar contigo? Ah, a gente falou dos preços, do quê que vai comprar, tudo. C3: Hum, hum. E: E promoção, tu sabe o quê que é promoção? Quê que é assim? C3: Prá mim promoção eu não... não.... não sei direito o quê que é promoção. Não sei prá.. só sei... eu sei que baixa o preço, né? Eu acho que prá mim promoção tanto faz ou não. E: É? C3: Se eles não tem promoção, se eles não botaram promoção é porque eles não tem. Tudo bem, né? E: E você acha que tem alguma vantagem comprar coisas em promoção? Alguma vantagem prá ti? C3: Sim, eu gasto menos dinheiro. É melhor pra mim! E: É, né? C3: Que a minha mãe gasta pouquinho! Por causa que o último dinheiro que eu gastei, gastei um montão e daí o meu cofrinho inteiro tinha um montão de dinheiro lá. Eu gastei... eu... e daí agora o meu pai pagou o meu jogo, só que agora eu tinha... eu tive que dar todo o dinheiro do meu cofre. Daí eu fiquei só com R$ 15,00 que sobraram. E: Tirasse todo o dinheiro do cofre? E valeu a pena? C3: Foi prá comprar o meu jogo. Valeu. E: É? C3: Meu, aquele jogo lá é ótimo. Mas só que o problema ele não tem fim, porque é assim, tu controla a vida da pessoa... daí tu manda ela fazer. E: E aí vai jogando, jogando... tu joga sempre? C3: Não, não sempre. Eu costumo jogar mais ììHarry Potterîî. E: Ah, é? C3: Por mim ììHarry Potterîî tinha valido mais a pena porque tava mais barato. E: Ah, é? C3: ììHarry Potterîî tava R$ 38,00. E: Esse é jogo de computador, é né? C3: É. E: Tu tem videogame, não? C3: Não tenho videogame. E: Joga tudo no computador? C3: Mesmo seu eu tivesse eu não ia jogar porque eu prefiro o computador mesmo, é melhor. E: É? C3: Se tiver um problema no meu mouse daí não dá prá mim jogar ìHarry Potterî porque prá mim lançar feitiço e pular é ali. E agora... E: Como é que tu faz? C3: E agora nem prá colocar no jogo não dá porque nem no computador normal não funciona mouse. Deu um troço nele. Só faltam duas figurinhas de carta prá mim conseguir a última carta prá abrir a passagem secreta. E: Isso dá vida, coisas assim, não? C3: Não, isso... prá mim ganhar vida tem que pegar chocolate ou pegar os ingredientes prá fazer uma poção.

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E: Essa poção eu ainda não conheço. C3: Também não aparece no filme, mesmo. E: Não? Ah! C3: Só tem no jogo por causa que jogo tem muita coisa que nem aparece no filme. E: Ah, então tá. O filme eu vi... o filme eu não vi todos. Visse todos os filmes? C3: Todos. E: Você gostou? C3: Todos que já existem, né? Porque ainda tem os novos. E: Você... e os livros, também leu, não? C3: Os livros não. Eu tenho o livro Manual do Bruxo que fala tudo sobre o mundo mágico de ìHarry Potterî. E lá eu vejo tudo, né? Lá a única coisa que não explica é: contato de fogo e lesma gigante que tem no meu jogo não explica. E: E tu tivesses que aprender no jogo? C3: É, só que agora eu já sei, eles são chatos prá caramba! E: (risos) C3: Principalmente aquelas lesmas porque no comecinho são lerdinhas, nas primeiras vezes que eu encontro elas, depois no penúltimo desafio elas são rápidas prá caramba. Elas nem parecem lesmas! E: E daí elas vão atrás de ti? C3: Hã Hã. Só que daí eu fico atrás da basezinha aonde elas têm que pisar, daí elas vão e caem na basezinha, bem feito! Elas são burras, em vez delas passar ao redor da basezinha, né? E: (risos) C3: Mas deixa... é melhor prá mim, né? E: É melhor prá ti. C3: Também abre umas passagens... coisa assim. E: Deixa eu voltar aqui então. Qual que é o teu desenho animado ou filme preferido? C3: Eu não sei, eu gosto de tanto desenho! Só que o Pokemon já faz um tempão que eu não assisto. Já vi também todos os episódios mesmo. Todos os episódios novos também já faz um tempão que não passa mesmo... Então nem adianta. Eu gosto de Os Padrinhos Mágicos... tu já viu? E: Não, que canal que é? C3: É... passa na Jetix e tinha algum canal lá... na Globo...no... sei lá... eu sempre assisti o Jets, porque eu já sei direitinho o horário... E: É de noite? C3: Passa tanto de manhã como de noite. Passa todas as horas assim...meu desenho preferido. E: E tu costumas ver tevê? C3: Hã? E: Tu assistes bastante tevê? C3: Bastante, né... E: Você vai prá aula de manhã, né? Tu assistes de tarde tevê? C3: Hã Hã... E: Onde é que você fica de tarde? Você volta aqui prá casa? C3: É... quando a minha vó tá viajando a minha mãe tira um tempinho e eu volto prá cá, eu fico aqui em casa, mas quando a minha mãe tá de carro ele fica trabalhando e daí quanto... como a minha vó, daí eu fico com ela... Que é assim... é a primeira vez que ela vai viajar. E: Ah, é? Hummm... C3: Que isso não é sempre, é a primeira vez que ela vai viajar, tirar umas feriazinhas. E: Ah, é? C3: Ela nunca vai, ela só quer saber de trabalhar, né? Ela mal deixa eu lavar a louça, eu amo lavar a louça e ela não deixa. E: Você gosta de lavar louça? C3: Eu amo lavar a louça, só que a minha vó não deixa eu lavar! E: (risos) Tu ama lavar a louça? C3: Eu gosto. È bem legal, eu gosto de deixar a minha mão molhada. E: Ah, é? Você ajuda aqui na tua casa? C3: Eu ajudo, só que já faz um bom tempo que eu não ajudo muito. Eu queria ajudar agora. E: E assim, arrumar o teu quarto, essas coisas assim também? C3: Ah, o meu quarto é tudo... é a única coisa assim que eu, que eu tenho prá arrumar. E: É? C3: Na casa é. E: Arrumar a cama, essas coisas assim? C3: Cama não.

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E: Não? C3: A minha mãe sempre que arruma. E: É? C3: Que eu não sei arrumar direito a cama! E: É mais difícil, né? C3: Hã Hã. Um pouco... quando a minha mãe me ajuda, daí eu faço junto com ela. E: Daí você ajuda ela... C3: Hum, hum E: Daí vocês fazem juntos? C3: Quando eu lavo a louça, ela seca, ou e ela lava e eu seco. Só que eu lavo só quando fica lá no trabalho dela... daí, só quando ela vai trabalhar e eu vou junto e não tem mais ninguém que é prá recuperar o que ela perdeu. Daí eu vou junto daí, depois do almoço é só lá que eu posso lavar. E: E aí lá você lava? C3: É, porque aqui em casa a gente não lava não. E: Não? C3: Normalmente eu seco, né? E: É? C3: Eu acho bem legal secar também. E: Ah, que bom que tu ajuda, né? Tu ajudas em tudo! Bacana assim. Deixa eu voltar aqui... Ah, e aí lá do desenho era Pokemon... não era... C3: Os Padrinhos Mágicos. E: Você tem alguma coisa desses padrinhos assim, caderno, assim... C3: Não, não existe muita coisa, eles não são muito conhecidos. E: Não? C3: Se tivesse eu já teria quase tudo. E: Ah, e você gosta de ver essas coisas? C3: Depende, né? Se for daqueles bonequinhos assim, que tem aquelas bolotinhas assim, prá dobrar, abrir e fechar, essas coisas, né, daí eu não gosto. Eu gosto se for de pelúcia, né? E: Ah... C3: Que dá prá ti movimentar e não tem aqueles preguinhos. E: Tu gostas de... de bichinho de pelúcia? C3: Hã Hã. E: Mas assim, às vezes de outros filmes que sai assim, tu tens outras coisas tipo assim, ai... caderno, camiseta... C3: Não, eu não ligo muito prá isso. Agora eu tenho o caderno do ìBatmanî, mas só que eu não gosto muito do ìBatmanî... E: E por que que tu tens o caderno do ìBatmanî, então? C3: Porque a minha mãe comprou que daí eu ganhava a mochila do ìHarry Potterî, daí não tinha o caderno do ìHarry Potterî, eu adoro o ìHarry Potterî, daí a minha comprou aquele que era preto. Só que agora eu já to com uma mochila do Carros. E: Ah, é? O ìCarrosî é um filme de agora, né? C3: O ìCarrosî eu tive que comprar do ìCarrosî porque aquela lá já tava toda rasgada. Não dava mais prá usar. E: Daí tu que escolheu a do Carros? C3: A do Carros eu já tinha ganhado antes no Dia das Crianças. Era... era prá... era prá ser pro ano que vem só que eu tenho que cuidar dela prá ela servir de novo pro ano que vem. Só que eu não agüento mais no verão com a mochila. Essas mochilas aí são muito pesadas, os meus braços ficam cansados depois na aula eu não consigo escrever... daí eu não consigo... E: Tem muito material daí... C3: É porque aquela minha mochila, ela é pesada prá caramba! Quando eu bati com ela na... na parede, por causa que eu tava só com uma mão carregando as minhas... o Ed, que a outra eu tava usando, só porque eu bati com a minha mochila na parede a professora falou: ìÔ, Jorge, em vez de tu carregar mil coisas na mão vê se bota no chão, né?î Eu tava com alguma coisa na mão e depois eu tava botando... pega aquela mochila na mão prá tu ver se também tu não vai se irritar... E: É muito pesada, né? E você não carrega aqui nas costas? C3: Eu carrego, mas eu tava de costas! E aí, aquela professora lá, parece que ela nunca pegou uma mochila na mão! E: E a de todo mundo é assim pesada? C3: Olha, por mim eu acho que a minha é mais pesada. E: É, e será que você não ta levando muita coisa?

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C3: Não, eu não levo coisa assim, é que eu nunca sei que aula vai precisar de... de um dicionário ou não e o dicionário é o que traz mais peso. Não sei que aula eu vou precisar ou não porque a professora não diz: ìamanhã nós vamos usar o dicionárioî. E: Aí você leva todo dia? C3: Daí eu tenho que levar todo dia, né, daí aquilo lá é o que mais aumenta o peso. Eu tenho que levar o... eu nunca tiro as minhas apostilas senão eu tenho que ficar trocando de apostila prá apostila, cada dia muda uma coisa ou muda outra. E daí eu levo as duas. Porque senão eu tenho que ficar só trocando. Não sabia... e também daí eu não sei em que aula eu tenho que usar a apostila... em que aula... a professora não vai querer usar naquela aula E: Daí é melhor levar, né, do que chegar lá e não ter prá usar? Deixa eu voltar aqui... Hum... e os seus amigos lá na escola assim... quando o teu amigo leva assim... uma roupa legal ou leva um brinquedo diferente prá aula assim, né? Como é que você se sente assim? C3: Olha, a maioria das pessoas fica... ìó, tu tem? Quer trocar essa carta comigo?î Olha, eu não tô nem aí se ele tem um carro ou se não tem e daí se ele trocar comigo ou se não trocar ele tem e pronto. Se não quiser trocar, ele não quer trocar, deu. E: È? C3: E se eu não gosto daquela carta rasga, fica esfregando na minha cara, eu só fico quieto, na minha e pronto. E quando eu não agüento mais eu pego e falo: ìE daí, se tu tem essa carta? Vai falar isso prá outra pessoa! Ó,. Eu não tô nem prá essas tuas cartas.î Daí eles ficam quietos num canto. E: É? C3: Mas já tem um amigo meu que ele é o meu melhor amigo, mas eu não gosto que ele faça assim, fica me irritando. Porque acaba a aula, eu tô irritado por causa desse calor, por causa que esse calor me deixa louco... E: (risos). C3: E ainda mais na sala de aula, e nem sempre a professora liga o ar condicionado. Daí... e daí ainda por cima esse meu amigo vem me torrar a paciência que ele fica me cutucando. Eu só... se... um dia que a minha paciência se esgotar, aí ele vai ver. Se a professora vim brigar comigo por causa que eu fiz alguma coisa com ele... ninguém manda ele me irritar, ele me irrita... ele me irrita porque ele quer isso. E: É que chama a tua atenção, né? C3: Porque senão ele não faria isso. E: Ele quer chamar a atenção! E prá você, o que é ser popular? C3: Hum... eu não sei. Ninguém da sala assim é popular, popular, popular... E: Não? Todo mundo é igual? C3: Todo mundo lá é igual, só que assim prá escolher as pessoas assim, né? Hoje a professora me escolheu, né, prá botar no meio da frase, não sei porque... Eu fico assim, quieto lá, né? Não sei... E: Ela escolheu? C3: Mas só que o Cleverson... ele é o pior da sala... Por mim ele vivia assim, ele devia ter reprovado desde a 1ª. Não dá prá agüentar ele. Ele é muito chato. Ele fica, incomoda um e depois ele já vai e incomoda outro. Quanto mais a professora troca de lugar, mais ele incomoda. E: Ele conversa com todo mundo? C3: Ele fica conversando, incomodando, principalmente a Ana, agora se a professora tá do lado da Ana é um terror! E: Tadinha, né? C3: Ah, mas também não é grande coisa, não, ela é má. E: Ela é má? E porque que ela é má? C3: Ah, uma vez ela me incomodou, eu nem lembro direito... direito, né? Mas que... ela me incomodou. E: Que coisa, hein? C3: E no jiu-jitsu o professor me escolhe prá usar os golpes de queda por causa que eu sou leve... mais leve e mais alto prá ele me usar. Daí tem a Letícia, meu, ela... ela me transforma em panqueca, E: Como é que é panqueca? C3: Panqueca é... fui eu que inventei isso E: Ah, é? C3: E tem o golpe pastel também, porque não dá prá transformar ela em panqueca, ela é muito gorda. E... e também tem o golpe da... do estrangulamento. Pega aqui assim e crachhch. E: E tu faz isso também? C3: Eu tento... uma vez... só uma vez eu consegui. É que ela é gorda prá carambá. E: Ela é maior? Mais velha?

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C3: Não sei se ela é mais velha ou não. Tem também o Gabrielzinho da minha sala, que só porque eu levo a minha medalha de jiu-jitsu, aquela minha medalha da sorte prá me dar sorte, por isso ele fica falando: ìah, eu tenho medalha de ouro de futsal, blá, blá, blá, eu tenho troféu de ouro de futsalî... daí, eu não perguntei nada prá ele, eu simplesmente saí de perto. E: E você leva a sua medalha? C3: Eu levo e aí eu seguro na mão assim, ou eu embrulho a fita nela assim e guardo no bolso. E: Só prá dar sorte? C3: Hum, hum E: E dá sorte? C3: Não sei, eu só sei que eu gosto tanto dela que eu levo. E daí o gabrielzinho fica falando isso só por causa que eu levo, e ele fica falando que... que ele ganhou mais que uma medalha de segundo lugar e... e ele não leva. Não tô nem aí se ele leva ou não leva. A medalha minha eu levo se eu quero. E depois ele ainda vem pedir prá mim: ìÔ desenha uma coisa prá mim?î E: Ah, eles pedem prá você desenhar coisas? C3: Ele pede... E olha que ele é bom. É bom no desenho. Ele não desenha porque ele é preguiçoso mesmo. E: E as outras crianças da tua sala também pedem? C3: Tem um que sim. Daí eu falo que sim prá mim não falar com ele, se eu falar que não ele fica me incomodando o resto da minha vida. E: E depois ele te cobra o desenho? C3: Ele nem dá bola, ele esquece. Ele tem uma cabeça de cotonete que não dá prá ele se lembrar. É porque é verdade, né, um cotonete, por causa que ele é o mais alto da sala, é magricelo e a cabeça dele é enorme. Daí parece um cotonete. E: Você chama ele assim? C3: Não, eu só dei esse apelido prá ele porque ele é muito chato. E: Só fala prá ti mesmo assim, e não prá ele? C3: Só falo prá quem mora aqui no... prás pessoas aqui de casa, eu não falo prá ninguém da escola porque lá na minha escola que não dá prá confiar em ninguém. E: Aí tu fala pra ninguém lá? C3: Eu só falei pro João, por causa que o João deu um jeito de descobrir quem é que eu gosto da minha sala. Por causa que eu contei pro Amarildo que o Amarildo é bem confiável, só que ele... agora eu não confio mais nele. Ele contou pro João. E: Ele contou? C3: Agora eu não confio mais nele. Eu contei prá Hanna por causa que a Hanna é bem... E: É bem mais amiga? C3: Não é que ela é bem minha amiga, mas é que ela é bem guardadora de segredo. Só que ela contou justamente prá quem eu gostava. E: E aí? O que que a menina fez? C3: Nada. E: (risos) C3: Nem deu bola. E: Não deu bola? C3: Porque eu acho que ela gosta de mim porque eu não posso passar do lado dela porque ela quase arranca as minhas bochechas fora. E: Ah..., então deve ser! C3: E a mesma coisa quando o João tá perto, que quando o João tá perto ela quase que arranca o nariz do João. Mas eu, ela quase que arranca as bochechas. Eu acho que ela me usa, ela não gosta da Fernanda. E: Fernanda é a outra? C3: Hum, hum. Bem legal. Eu gosto da Juliana, ele não gosta da Juliana. Ele não gosta, mas eu acho que... não sei de quem que a Juliana gosta. E: (risos) C3: Eu gosto dela. E: Deixa eu voltar mais numas perguntinhas prá ti aqui... C3: Que legal ficar fazendo isso... E: É? C3: Outro dia tu faz de novo? E: (risos). Será que eu vou ter mais perguntas prá fazer? C3: Não sei. Inventa algumas.

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E: Ah,é? Deixa ver, o quê que eu posso falar agora? Ah, vamos voltar prá tevê. Você me falou que assiste tevê, tudo, né? Todo dia. C3: Hum, hum. E: É? C3: É todo dia, né, só que hoje eu mal pude assistir direito por causa que eu passei a tarde sendo modelo prá massagem, lá... E: Modelo prá massagem? C3: É, lá... lá onde a minha mãe faz massagem. Que ela tá aprendendo a massagem relaxante. E: Ah, daí ela tava treinando em ti? C3: Hum, hum. Digamos que... que eu cansei por causa que foi a tarde inteira isso. O meu braço já tava cansado de tanta massagem. A minha perna precisava ser dobrada porque ele ficou esticada a tarde inteira. E: Então hoje você não assistiu muito tevê, mas quando você assiste assim, você assiste os comerciais também? C3: Olha, eu vejo os comerciais, mas já meu pai, ele troca, deixa em outro canal, mesmo se eu tô assistindo com ele e eu queira ver aquela propaganda, né? E: Aí ele muda também? C3: Ele fica mudando o tempo todo quando tem propaganda, eu não, eu vejo a propaganda. Até porque no outros canais não tem nada mais assistir, e eu quero assistir aquilo lá e eu não tenho como saber quando é que volta, porque, vai que volta e eu to ainda no outro canal. E: E tu tens alguma propaganda favorita assim? C3: Ih, eu nem ligo prá propaganda! E: Não? Não dá muita bola? C3: Eu só dou prá aquele produto que eu ganhei, né? Mãe: Ta tudo bem? E: A gente tá conversando bastante aqui. C3: É legal, eu pedi prá ela fazer outra vez num outro dia. E: (risos) C3: Eu acho que tu vai gostar, mãe. Olha, mãe, o desenho que eu dei. Mãe: Ah, que lindo. É aquele que tu tavas fazendo, né? C3: Não, a sra. não vai mexer ali! (falando para a cachorrinha que veio na sala). Mãe: Ela é curiosa... C3: Ah é, ela é curiosa mesmo! Tu sabia que ela é tão esperta que ela até separa a ração? E: Separa? C3: Separa porque quando a minha vó botava os dois, que tem uma que ela não gostava tanto que ela enjoou porque ela comeu demais e tem outra que ela gosta mais porque é mais nova. E: Daí ela separa e come só a que... C3: Daí ela separa e aí come só a que ela gosta, só que agora a vó não tá mais botando porque aquela lá sobra e a vó tem que jogar no lixo. Daí ela não bota, ela só bota... e daí nem adianta botar o remédio de vermes junto porque ela tira o remédio de vermes dela. Joga... joga pro alto a poodle, né? E: É? Deixa eu perguntar só mais uma coisinha assim... A sua mãe trabalha fora? C3: Sim, ela trabalha lá na Itoupava Central. E: Longe! C3: Hum, hum E: O dia inteiro? C3: Tem vez que é o dia inteiro, mas só que tem vez que ela volta de tarde prá mim, prá ficar comigo. E: Ah, é? C3: É. Eu gosto de ficar aqui por causa que lá na minha avó não pega o canal que passa os ìPadrinhos Mágicosî que eu gosto e daí eu não posso assistir. E... e também aqui tem o computador, daí eu gosto de viver aqui. Mas que eu gosto também de ficar lá. E: Aí fica sempre um, pouquinho aqui um pouquinho lá. C3: Mas só que quando a minha mãe não tá eu fico sempre lá, né? Daí eu fico a tarde inteira lá. E: O quê que você faz lá? C3: Faço... lá eu brinco com os meus bonequinhos aqui no chão e assisto tevê, né? E faço as minhas tarefas. E: Você chama amigos prá ir lá também? C3: Amigo... só até agora lá só foi um que é o Ama... que é o Amarildo. Mas só que raramente vai amigo lá em casa. Aqui em casa. E: É? C3: Aqui já veio assim, esses dias o João, só que já faz um tempinho...

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E: Aí quando não, você brinca sozinho? C3: Hum, hum. Aí eu sempre quis ter um irmão, mas que o meu pai não queria, quando o meu pai... quando a minha mãe resolveu ter... me dar um irmão, mas só que daí a minha mãe não engravidou. E: Ah, que pena, né? C3: Até o ano que vem a minha mãe pode tentar ter... E: E aí você vai ajudar a cuidar? C3: Hum, hum. Como eu sei cuidar da Safira (cachorrinha), como é que eu não vou saber de um neném? E: Você acha que vai dar conta? C3: Quase, só que ela é mais sensível que um bebê. E: Você acha que ela é mais sensível? C3: Ela é, na verdade, ela é mais sensível. Ela já tá com... 10 meses e continua sendo mais sensível que um bebê. E: É? C3: Um bebê se cair no chão assim, ele... não é que ele... um bebê de 10 meses que nem a Safira cair no chão assim ele não... quebra nada, né? A Safira, se ela cair no chão quebra os ossos dela quase todos. Daí tem que tomar muito cuidado, ela morre muito fácil. Então tem que tomar o máximo de cuidado possível. E: Daí tem que cuidar senão ela vai morrer? C3: Hum, hum. C3: Hum, hum. E: E, eu queria fazer um jogo rápido com você. Eu vou te dar sempre duas opções, e você tem que escolher uma só, mas sem pensar muito. Bem rápido! JJ: Hã Hã. E: E é sempre assim: aquela que é mais importante prá você. Tá? Daí é assim: não é prá explicar nada, é só prá responder rapidinho. Conforto ou aparência? C3: Conforto. E: Beleza ou preço? C3: (pensa) Preço. E: Opinião de um amigo ou opinião dos seus pais? C3: De um amigo. E: A sua opinião ou a opinião do grupo de amigos? C3: Opinião de amigos. E: Diversão ou aprendizado? C3: Diversão. E: Amigos ou brinquedos? C3: Amigos. E: Shopping ou praia? C3: Praia. E: Brincar com os amigos ou comprar alguma coisa nova? C3: Brincar com os amigos. E: Ter um estilo próprio ou ser igual aos seus amigos? C3: Ter um estilo próprio. E: Ser criança é... C3: É... é legal! E: Comprar é... C3: Divertido. E: Ta, tem que voltar um negocinho aqui. Queria falar dos amigos, a opinião dos seus amigos, né? Quando se trata de uma roupa: o mais importante prá você é a opinião dos seus amigos ou a opinião dos seus pais? C3: (pensa). Ah, daí eu não sei... talvez a opinião de um... dos... de um amigo meu. Eu gostaria de ter sempre a opinião dos meus pais que eu sempre... pelo menos uma vez eu gostaria de ter a... a opinião de um amigo meu. E: De um amigo? Prá acabar eu vou te mostrar dois desenhos aqui. C3: Hum, hum. E: É como se fosse prá ajudar o exemplo que tá aqui, né? Esse aqui é o Tom... C3: Hum, hum E: O Tom tá fazendo aniversário de 8 anos. Aí, ele pode escolher um presente, mas ele não sabe o que ele vai comprar. O que você faria se você fosse o Tom?

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C3: Eu...(pensa). Eu pediria um pouquinho de dinheiro prá comprar alguma coisa e quando eu soubesse o que eu gostaria de comprar, eu compraria com aquele dinheiro. E: Mas assim, ó, ele já pode comprar um presente, ela já tem dinheiro, ele pode escolher qualquer coisa prá ele. C3: Qualquer coisa? E: É, assim... escolher alguma coisa prá ele... o quê que você faria assim, ah... ah..., então eu pegaria e iria no shopping ou iria no mercado ou iria ver na tevê ou ia... como é que tu ia fazer... C3: Eu ia comprar um... mais um cachorro. E: Mais um cachorro? C3: Mais um, além da Safira eu gostaria de ter mais um. Eu gostaria um montão, quantos eu pudesse ter, melhor. E: Aí você compraria um cachorro? C3: Hum, hum. E: Tem mais um desenho aqui. Esse aqui é o Rafael... C3: Hum, hum E: Essa aqui é a família do Rafael. A família do Rafael tá trocando de carro e o Rafael vai ajudar a família a escolher outro carro. C3: Hum, hum. E: Como é que... o quê você faria se fosse o Rafael? C3: Eu escolheria um... um Peugeot. E: Um Peugeot? Vocês tem Peugeot? C3: Não, espera. Não é Peugeot. Qual era o nome? Eu acho que é o Peugeot que a gente tem. E: É? C3: Eu não me lembro direito do nome. Eu falei tanto que eu já nem me lembro! Só sei que é... é... alguma coisa eu acho que é Peugeot então... por mim, por enquanto é Peugeot, que eu acho que é, né? Perua, porque o nosso é alguma coisa perua. E: É? É um carro grande? C3: Hã? E: É um carro grande? C3: É, bem grande. E: Tu gosta, assim? C3: Eu adoro ele. E: É? Então se você fosse ele, você escolheria um Peugeot grande? C3: É, um Peugeot... E: Então ta ótimo, muito obrigada!

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Entrevista Mãe 03

Entrevistadora: Então, na verdade, sobre o quê que é essa conversa? Sobre o universo das compras do seu filho. Mãe10: Hã Hã. E: Desse ambiente, assim. Então, são várias perguntas, mas sempre relacionado a isso. M3: Que interessante! E: Ele costuma ir ao supermercado com vocês? M3: Vai. E: Quem é que faz as compras? É você e seu marido ou só você? M3: Não, só eu. E: E ele vai junto? M3: Vai junto, quase sempre. Tem uma compra maior, que eu faço assim pro mês que eu prefiro ir sozinha prá me concentrar. Ele fica com a avó, né? Mas ele vai muito no supermercado. Quase que semanalmente comigo. E: E ele pede muita coisa? M3: Não. Não. No mercado não. E: Não? M3: Não. E: Ele ajuda assim, só... M3: É, eu tô integrando ele cada vez mais no que eu posso, tipo ele gosta muito de levar a listinha, tá sempre com a listinha, né? Eu tô ensinando ele assim, a olhar preço, ele já se preocupa: ìNossa, mãeî, tanto que ele fala ìAqui é muito caro!î (risos). E: Qual mercado? M3: O Big é muito caro. É mentira, eu não sei como é que ele sabe se eu só compro no Angeloni. Talvez ele associe que lá seja mais barato. Mas assim, eu sempre faço com que ele veja sempre a diferença de preço. ìPuxa cheiro, mas, olha só que diferença? Será que a mamãe vai gostar desse também?î Mas é bem gostoso ir no mercado com ele, sabe? E: Não é chato, ele não pede as coisas? M3: Não. Ele... já foi. Já foi, mas assim mais é com brinquedo. Ah, revista, a Revista Recreio é a tentação prá ele assim... E: Ah, ele não mencionou a revista. M3: Não? Tipo, ir no mercado com ele é quase como comprar a Revista Recreio. Diminuiu um pouco, mudou um pouco de um tempo prá cá porque a gente começou a negociar um pouco isso, né? E: E agora vocês mesmo, continuam comprando ou não? M3: Sim, só que com menos freqüência. Porque eu tô cobrando um pouco mais que ele leia, faça os exercícios que vêm dentro, né? Os testes, porque às vezes é semanal e ele não dá conta, né, de terminar de fazer tudo e ler e se interar daquilo ali, e já tá querendo a outra. E como, ele não pede só isso, vira e mexe tem outra coisa, ele tem outras necessidades, o meu marido teve uma idéia, só que não funcionou, mas ano que vem talvez funcione. Mas é tudo, é pro bem dele. Prá você ter uma idéia, teve um amigo da faculdade dele, ele tentou implantar aqui, mas não funcionou ainda. Dele fazer uma troca, sabe, tipo: ìah, tu escolhe se na semana se tu quer uma revista Recreio, se tu quer um Mc, se tu quer um Hot Wheels, né?î E: Teria um prêmio na semana? M3: Isso. Mas em troca ele deveria desenvolver em cima de um título que ora a gente desse prá ele, ora ele poderia também opinar, né? Desse um assunto e ele escrevesse, discorresse alguma coisa a respeito. Ah, sei lá, natureza,.... E: E estudasse um pouco sobre isso? M3: Isso. Assim, só pesquisasse, fizesse um texto dele, ele taria treinando bastante isso, muita coisa, né? Mas ele é fascinado por desenho, então às vezes ele prefere às vezes desenhar. E: Desenhar? M3: Prefere desenhar do que escrever. Então a gente achou melhor não forçar muito, tá? Tentamos alguma coisa, não desenvolveu assim, muito... quem sabe pro futuro seja até uma boa justamente talvez porque ele não é bom, muito bom nisso prá... prá melhorar mesmo. E: Hum, hum M3: Mais, assim, ter uma idéia.

10 Mãe da criança 3, identificada na transcrição pela denominação M3.

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Agora assim, assim de ir no mercado, pedir, fazer birra. Ele diz assim: ìolha qui o cereal, tu compra aquele cereal assim, assim prá mim?î Mas não é tanto pelo cereal, é pela figurinha que vem dentro, sabe? E: Hum, hum M3: Ele é mais assim. E: Prá mim ele respondeu que ele não olha a figurinha, não olha assim a embalagem... M3: Ah, não? (risos). Não, ele vai assim, passa, via o que tem do Shrek, sabe? Tem um bichinho lá dentro, um personagem, o meu amiguinho já tem esse, esse aqui... E: Ah... M3: Aí ele chega lá, se lembra daquele cereal e aí... é esse, né? É esse que tu queria? ìÉî. Ele tem um jeitinho todo especial pra pedir. Mas depois eu cobro dele, ìó: tu pediuî (sic). Nossa, tem caixa de cereal que tu paga R$ 7,00, né? Daí eu disse, olha, é prá comer, então. Faço... sabe, com um leitinho, um lanchinho antes de dormir. M3as não tem só por causa do bichinho, sabe? Eu cobro bastante isso dele. E... ele tá... ele sabe bastante os lugares, no caixa se eu esqueci alguma coisa eu digo, olha assim, lá perto do pão, então tá, busca alguma coisa prá mãe, tal. E: Ele consegue se orientar bem? M3: Se orientar bem? Às vezes ele precisa ir ao banheiro, eu digo vai, olha o número do caixa que a mãe tá, prá ti voltar, sabe? É... nessa semana. o quê que foi que ele pediu? Eu fiz ele comprar alguma coisa sozinho. Ah, no Angeloni também. Ele tava com fome e ele queria um pastel de queijo. Eu disse: tá, eu te dou o dinheiro, tô perto, mas tu vai lá no caixa, pega o ticket. Como funciona eu expliquei. Aí ele hesitou um pouco, né? Eu disse: tu tem que ir, imagina, tu é super-simpático, vai ali e pede, né E: Hum, hum M3: E ele pediu direitinho, comprou, pegou o troco, sabe? Ele sentou, comeu, fez tudo assim. E: Hã Hã. Ele já fez um compra sozinho? M3: Já, já fez. Hã Hã. Eu deixo bastante ele, o colégio ajuda muito, né? Eles têm um sistema de empreendedorismo esse ano agora lá. E: E ele já participou? M3: Participou o primeiro ano agora, né? Então, eles seguem a apostila à parte, né? E: Hum, hum. M3: Do empreendedor, e fizeram a primeira feira deles na semana passada, aí a turminha dele fez sanduíches, era Castelo 100% natural. E: Hum, hum. M3: Sabe? E interagiram mesmo, botando a mão na massa: luvinha, touquinha, prepararam os sanduíches, venderam, sabe? Fizeram... E: Todo o processo do sanduíche. M3: Todo o processo. Fizeram todo o rodízio ali dentro. Trabalhou no caixa, no atendimento... E: E ele foi, trabalhou legal? M3: Nossa! Nossa! Muito bom. E aí a gente, né, levou mais gente, compramos, né? Aí visitamos os outros estandes, ficamos por ali, ele ficou. Tipo, cada criança ficava mais ou menos uma hora, né? E: Hum, hum. M3: E foi bem legal assim, uma experiência bem 10, ele ficou bem contente: ìah, o sanduíche que eu fiz ficou bomî, sabe? Fizeram essa experiência. E: Experiência legal, né? M3: Experiência bem legal. Eles trabalharam bastante o ano inteiro nisso, tipo, o ano que vem eles continuam, daí vem uma nova apostila. E: Um outro produto... M3: Exatamente. Provavelmente eles vão trabalhar com... eu acho que 4ª série trabalha com reciclagem... vai indo, sabe? E: Sempre desenvolvendo esse espírito... empreendedor. M3: Empreendedor, é bem legal. Lógico, eles fizeram uma reunião antes, viram se havia interesse, né? Mas eu acredito que todos os pais colaboraram, né? E: E as crianças se interessaram por isso? M3: Hã Hã. Alguns fizeram banner, tudo... um marketing em cima disso assim, sabe? E: Hã, hã M3: Mandaram convites prá casa, eles mesmos confeccionaram. Foi legal. E: Bem legal isso no colégio, essa aí é uma atitude bem interessante. M3: Hã, hã, bem legal. E: Vamos voltar aqui então. No mercado tem algumas coisas que ele pede? Você falou cereal... M3: É uma coisa assim, é.

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E: E tem muito ìnãoî? Você fala muito não prá ele? M3: No mercado? Não, acho que no mercado é o lugar que eu menos falo não. E: É? É o lugar que ele menos pede? M3: Que ele menos pede. Ele prefere entrar numa loja de brinquedo, no R$ 1,99... deixa eu ver que mais... ah, não, no camelô então, nem se fala! Mas assim, teve uma época que era bem complicado. E: Ele passou por essa fase de pedir tudo? M3: De pedir, sim, hã hã, sabe, de chorar, de fazer bico... E: Qual que era a idade assim, mais... M3: Ai (pensa) tinha uns 6 anos por ali. Eu acredito que foi mais crítica, né? É que não... ele nunca foi uma criança de pedir tudo, mas quando ele inventa uma coisa, ninguém tira da cabeça. Tipo: eu quero um robô tal. Aonde ele vai que ele vê aquele robô... ìMas, filho, tu não pediu de presente de Natal? Vamos esperar o Natal... E: Daí você cede? M3: Às vezes, já aconteceu assim, da gente combinar de comprar, e ele não ganhar e esperar pelo Natal. Mas ele sabia que tinha pedido, que não ia esgotar na loja, sabe? Que ia ficar debaixo do pinheirinho, que o Papai Noel na época, né...Assim, que o Papai Noel vai trazer, aquele negócio todo. A última vez, não, acho que a primeira vez... minto. A primeira vez que aconteceu eu fiquei com tanta dó porque... eu cheguei a passar mal assim, sabe? Porque... tu vê que criança assim, até... E: Fica ansiosa demais? M3: É. Então é melhor que fique lá na loja de uma vez e que ele aprenda a ter que esperar porque agora não dá, sabe? E: Você comprou dessa vez prá guardar, e teve que dar? M3: Comprei para guardar e tive que dar. Acabei dando prá não me incomodar assim mesmo, sabe? Se não me falha a memória uma vez eu consegui segurar, mas aconteceu mais uma vez isso. Ah... definitivamente eu desisti, sabe? Disse assim, não... não funciona. E eu acredito que daqui prá frente vá ficar um pouco mais fácil da gente negociar, dele entender.... ele entende um pouco mais o que é esperar, né? E: Hum, hum M3: Ele é meio ansioso assim, sabe? E: E no shopping, ele também vai bastante? M3: Vai... Vamos menos no shopping, não gosto muito de passear no shopping assim de pequenininho. E: Não? M3: Eu também sou meio ansiosa, gosto de ver as coisas, gosto de comprar, né? (risos).. então eu evito ver. E: (risos) É melhor não ficar olhando? M3: Ai, na hora dá uma tristeza, né? E: É, eu também. M3: Nossa! Tu olha assim... esses dias eu ainda fiquei assim: como deve ser difícil prá criança! Prá gente é bem difícil, né? E: É. A oferta é muito grande, né? M3: É muito grande, sabe! Aí tu olha, enche os olhos, depois tu vê assim que isso é uma doce ilusão porque tu vem prá casa, não tá te faltando nenhuma sandália, tem uma... roupa legal... Não é que tá faltando: mas é que tu chega lá, enche os olhos e dá vontade! Então, prá criança é a mesma coisa: tem um monte de brinquedo? Tem. E: Mas ela quer o que é diferente? M3: É. Então é... é... é tentador. E: E ele pede muita coisa daí, no shopping ele pede mais, ou não? M3: Não... é como eu te falei: ele não pede em quantidade, sabe? M3as assim, ele não consegue entrar numa loja sem dizer assim: não, mãe, eu quero aquilo. Sabe? Geralmente ele foca, tem um foco. E: Hum, hum M3: Muitas vezes até ele já tem pré-definido, sabe? Televisão, amiguinho, sei lá, revista, né? Então, ele já sabe mais ou menos. Quando ele vê um... ìMãe, isso aqui mãe, que eu te falei! Esse aqui que o fulano já temî, sei lá, ìnî citações, mas assim, ele não é: ìah, eu quero isso, agora eu quero um sorvete, eu quero...î sabe? E: Hum, hum M3: Não. E: Ele pede uma coisa e...

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M3: Tranqüilo. Se a gente parar naquele ìQuiosque Mágicoî (loja) e ele ganhar uma ametista, uma pedra, sei lá, uma piramidezinha... tudo bem, tá feliz da vida. E: Ele fica contente? M3: É, só que assim tem essa dificuldade, parece-me que ele sempre tem que ganhar alguma coisa, sabe? Olha, hoje a gente vai sair e não vai ter nada, eu não vou te comprar nada. Vou sair lá prá comprar um presente de casamento tipo... sabe? Mas isso é complicado. E: Sempre que você vai ao shopping com ele, alguma coisinha você vai acabar comprando? M3: Exatamente, Hum, hum... E: Por mínimo que seja? M3: Por mínimo que seja. Não tá acontecendo sempre isso, mas já foi uma época que aconteceu bastante, depois também tem assim... a compensação do pai, que o pai viaja muito. Então às vezes eu seguro, seguro, seguro e o pai... Nossa! E: Ele sai muito? M3: Muito ausente, muito ausente. E: E ele meio que ele compensa com... M3: Isso, até mesmo quando ele tá em casa eu percebo que ele é meio ausente também porque ele tá sempre trabalhando. Às vezes ele tá aqui, mas a mesa dele tá cheia, de computador, de projeto e coisa. Tá fora. Então a gente assim... eu puxo muito, sabe. Ah, vamos sair com o (nome do filho), vamos isso, vamos aquilo, a gente conversa bastante. E: Hã Hã M3: E só que eu sinto que de repente ele tenta compensar nisso. E: Hum, hum M3: Sabe? E: E ele acaba ganhando alguns presentes mais caros, até, outras coisas. M3: Isso, sem motivo. E: Presente assim sem motivo nenhum, assim, né? M3: Muito. Muito, ganha bastante assim. E: E, no shopping, ele já chegou a ir sozinho assim, com um adulto ou só com amigos? M3: Não, ainda não. E: E com outros adultos, sem vocês? M3: Sim. E: Mas isso ele vai? M3: Sim, ele é acostumado, vai com os amigos nossos, com a madrinha, com a vó... E: É? M3: Hã Hã E: Na boa? Ele pede coisas para eles, também? M3: Não, eu acho que ele é bem mais... mas ele canta, sabe? Eu já percebi isso com a madrinha: ah, pois é! E a madrinha ainda dá uma cordinha, né? Quer saber o quê que ele quer, alguma coisa assim. Geralmente ele volta, ele conquista muito, né? Aí, um dia ele chega com o livro da Narnya... acho que é... E: Crônicas de Narnya? M3: Já chegou em DVD, sabe? Mas assim, eu já sondei, ele não pede. Ele diz assim, ó mãe, eu não pedi, tá? Só que.... E: Só fala que é interessante... (risos) M3: Que é interessante, se mostrou interessado, daí... os tios, as tias, né, caçula... se derretem (risos) e ele sai beneficiado com isso. E: Você acha que ele faz assim, consciente assim? M3: Talvez não sempre, mas muitas vezes eu acredito que faça! E: Sabendo onde ele quer chegar? M3: É. Não sei assim, se com tanta malícia quanto a gente teria, mas eu acredito que muitas vezes ele acaba... mesmo porque eles dão essa oportunidade prá ele. Às vezes até querem uma opção prá dar um presente prá ele, um agrado. E: É, e sobre produtos, falar agora um pouquinho agora sobre marca. Ele já chegou a pedir alguma coisa pelo nome da marca? M3: Só brinquedo. Brinquedo é mais pelo nome? E: Quais seriam? M3: Tipo assim, ele já sabe o quê que é falsificado, o que não é, né? Então essas cartas do Yug Ho que ele fala, eu percebo que ele já sabe onde tem prá comprar, ele sabe que do camelô é falsificado, que o amigo tem a carta falsificada, que não tem problema porque é a mesma força, mas que eles percebem...

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E: E ele aceita comprar falsificada? M3: Ah... ele não... não faz muita questão. Mas eu já tô indo... tô ensinando ele que não tem muita diferença então, que... hoje ele comentou comigo que o amigo tinha umas cartas falsificadas, e eu disse: ìah, e o qual é o problema disso?î Ele disse: ìah, nenhumî. Mas, não sei se tem... se seria prá ele também, pro amigo não. E: Hã Hã. M3: Né? E... eles trocam muito, sabe? Então assim, brinquedo ele... ele define marca, né? É Hot Wheels, é... olha, eu não sei direito essas marcas. Mas, no mais, Hum, hum (negativa). E: E assim... M3: Roupa, calçado... E: É, essas coisas assim, não? M3: Não. Graças a Deus ele não descobriu Nike, não descobriu nada. E: (risos) M3: Eu vou lá, o tênis que mais é confortável prá ele... ele escolhe sim, o produto dele. Tênis foi desde pequenininho. E: Ele falou que vai pela cor. M3: Isso... e pelo conforto. E: Ele prova e escolhe... M3: Hã Hã. Às vezes pode ter uma cor que ele gosta... sabe, ele é muito assim, né? Mas se não é confortável... eu acho que um dos primeiros calçados que ele já caminhava sempre ele que escolheu. Eu dou a minha opinião:îa mãe acha que esse aqui tem uma qualidade melhor, que esse aqui fica melhor prá ir prá escola, combina como uniforme, esse aqui, sei lá... é mais neutro prá tuas roupas prá sairî. Eu dou a minha opinião e... E: A decisão... M3: A decisão final é dele. E: É dele? M3: É dele. Calçado principalmente. Roupa daí eu tenho que insistir um pouco mais senão, ele andaria só de pijama. E: (risos) Ele pede pelo conforto uma roupa, então? M3: Conforto. Conforto. Até pouco tempo atrás era um trabalho, quando a gente saía prá fazer compras... ele chorava prá botar um jeans. E: Ah, é? M3: Chorava. Camisa ele não usa até hoje... E: Tudo... é malha, então? M3: Malha. Botão prá ele, é um negócio, sabe? Camisa, gola, botão, Hum, hum (negativa). E: E ele escolhe também pelo desenho que ele gosta, estampado, coisas assim ou não? M3: Não, não, não, muito não. Tanto que agora eu fiz uma compra recente prá ele, sabe, tem umas coisas bem coloridas... eu senti assim que... eu nunca tinha vestido ele com vermelho, nunca...não, mas assim... nos últimos tempos não tinha uma camiseta vermelha, por exemplo, né? Eu comprei umas vermelhas, comprei umas coloridas assim prá ele, ele ficou encantado! Ele amou aquela camisa vermelha! Sabe, eu fiquei feliz... E: E foi você que escolheu? M3: Eu que escolhi. É, ele tava junto, aí foi provando, tal, bem solto, olha que legal com essa... com essa.... essa bermuda, esse chinelo... E: Foi vendo as combinações... M3: Isso, então assim, porque ele não se preocupa com combinação nenhuma, só conforto. Só conforto. E: E a loja também não importa muito? M3: Nada, Hum, hum (negativa), jamais ele fez uma exigência de roupa, de loja, de roupa, de calçado até hoje, não. Nossa, por enquanto tá ótimo isso. E: E já aconteceu dele escolher uma roupa prá comprar e você não gostar? M3: Não. E: Não? M3: Não. E: E já chegou de ele querer usar uma roupa em determinada ocasião, você queria que ele usasse aquela roupa? Roupa que ele já tem daí, né? M3: Já... já. Assim, mas foi bem... tipo... ah, no aniversário do João eu vou com essa roupa. Eu disse, não filho tu anda em casa com essa roupa, sabe? Mas foi mais aquela fase de ter que induzir ele um pouco a usar uma sarja, jeans pelo menos, prá não usar só malha, entende? Porque bebê tu veste com um conjuntinho de malha, fica mais confortável, aí começa a crescer... e daí naquela fase era um

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pouco difícil porque ele queria sair com a roupa que ele se sentia mais à vontade. Passando, sabe, essa fase ali, daí foi beleza. E: Agora tá tranqüilo? M3: Tranqüilo. Eu digo, olha filho, vamos vestir uma roupa diferente, vê se tu gosta, né? Bota aquele tênis tal que combina com aquela meia tal, que combina.. Eu não quero deixar tudo na mão prá ele. Ele começa a perceber quando tá combinando ou não. E: Hum, hum M3: Eu dou um toque. Daqui a pouco ele se veste sozinho... E: Hum, hum M3: É o mínimo, porque esses dias o pai dele vestiu uma bermuda verde e uma camisa vermelha, quase que eu morri. Eu disse: ìonde é que tu vai assim?î E: Vestiu nele ou? M3: Nele mesmo (risos). E: (risos) M3: Prá ir no mercado, shopping, não sei, prá dar uma volta assim. Eu disse: ìah, não. Você tá louco! Verde limão com vermelho?î Aí ele foi lá, tirou a camiseta vermelha e botou outra verde e aí ele ficou todo de verde! E: Ah... ficou sem saber o quê que era pior? M3: O pior era a vermelha com verde. Ah, eu acho que isso é do homem, mas de não todos, porque têm os vaidosos também. Eu sou uma mulher que faz um pouco isso, mas eu desisti. Desisti completamente... larguei de mão porque era uma briga cada vez, né? E: Ele que escolheu daí? M3: Não adianta, o meu gosto não bate com o dele.. então, sei lá. (risos) E: (risos) Pelo menos o seu filho é para ser diferente... (risos). M3: Tô tentando moldar, né? (risos) E: (risos) Cada vez que ele brinca, tu falasses, ele tem umas preferências, né? E carrinho, também tem algum que ele tem preferência de marca? M3: Carrinho, a única coisa... E: Ele não brinca muito? M3: Ele brinca bem menos com carrinho, mas ele... ele gosta muito da Hot Wheels, né? Então, eu comecei a incentivar ele a... que eu amo carrinho desde pequena... pequena! E: Hum, hum M3: Eu brincava de carrinho. Eu gostava do carrinho dos vizinhos. Largava a boneca prá brincar de carrinho. É que essa paixão que eu tenho por carro é... eu comecei, sabe, nele. O primeiro jogo de carrinho que ele ganhou foi da prima dele, sabe? Ele acabou com todos. E... ele sempre foi assim. Eu não sei se era... porque eu botava ele na frente do documentário, prá assistir o documentário desde pequeninho de... de animais, de flora e fauna, tudo. Que ele tem uma adoração por animais, por..., sei lá... ele segue um.... então, sei lá..., ele perdeu um pouco essa... E: com esse tipo de brinquedo? M3: Isso. Mas assim, mudou bastante de novo. Agora ele tá... esses dias eu fiquei até contente, sabe, porque não sei se é pelo fato de eu gostar, né? Ele fez pista com os DVD dele tudo no quarto, sabe para os carrinhos. Amei, quase assim que eu fui brincar com ele... eu adoro carrinho! Brincar de corredor, tudo, né? Mas eu não posso mais. Quando ele era bem pequeno eu meio que forçava ele, parece que tinha que brincar de carrinho... E: Hã Hã M3: Sabe? Tolice assim, pura tolice. Então, o único carrinho que ele tem, que ele brinca ali são os da Hot Wheels. E: E ele gosta? M3: Gosta. Hoje em dia ele pede. Nossa! Eu faço surpresa prá ele, ele escolhe, sabe? Então tem... ele gosta bastante. E: Surpresa também de trazer alguma coisa... trazer um carrinho, assim? M3: Ah, é, isso... é uma delícia, eu gosto assim bastante de fazer isso! No Dia das Crianças ele tinha ganho (sic) um presente adiantado. Ele tinha escolhido um jogo de computador, que ele deve ter falado, né? Que ele já chegou até o fim. E: Mas ele disse que teve que estourar o porquinho prá pagar. C3: (entrando na conversa). Eu trouxe os carrinhos prá ti ver. Esses aqui são os meus preferidos, tá? Eu vou botar aqui. E: É tudo Hot Wheels? C3: É tudo da Hot Wheels. Esses daí são só os meus preferidos. Eu tenho mais dois ou três só.

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E: Muito legal esse aqui, hein? C3: Esse aqui é um os meus preferidos, esse que eu ganhei novo de ti. E: Ah, é? Já virou preferido? C3: E esse aqui eu ganhei da minha mãe no Dia das Crianças, lembra? M3: Isso. Mais uma surpresinha. E: Esse aqui foi surpresa? M3: Ah, pois é, ele já tinha ganho (sic) um presente. Qual que tu ganhou (sic) no Dia das Crianças? Foi o do Simpsons ou foi o Harry Potter? C3: Foi o Harry Potter. M3: Harry Potter. Aí o quê que a mãe fez no Da das Crianças prá ti? C3: Fez uma cesta com um montão de doce. E com carrinho. M3: Nossa, bem legal, né? E: Um monte de guloseima? O quê que era tudo? M3: Tinha Bis, tinha.... deixa eu ver... tinha Amanditas, tipo uns amendoinzinhos com chocolate dentro. M3: Tinha Calipso. C3: É. Chocolate, uma barra. E: Legal, né, ganhar uma cesta de doces? Isso é diferente. M3: Eu tava igual a uma criança, porque eu tava escolhendo o carrinho prá colocar e eu tava com quatro na mão. Eu botei os 4, né? Daí eu pensei, eu não posso levar quatro carrinhos! Tem moto agora também... a moto a mão não comprou, né? C3: Não. Eu não tenho nenhuma moto. Tem uma moto dourada bem linda aqui, ó! Esse aqui eu ganhei esses dias, que a minha mãe tinha colocado esse carrinho na mão. E era prá mim escolher entre esquera e direita. Eu escolhi esquerda, tava esse carrinho aqui. M3: Tu ganhou da tia Lu também, né? C3: É, da tia Lu eu ganhei esse aqui. E: Mas é muito carrinho! M3: Ah, eu sou apaixonada! (risos) E: (risos) M3: Sou mais apaixonada do que ele! E: A mãe incentiva, né? M3: Ah, eu adoro! E: Podia ser o pai, né? (risos) M3: (risos) E: Vamos continuar aqui, e produtos de higiene pessoal? Dele, né? Xampu, pasta de dente, escova de dente, sabonete? Quem é que escolhe? M3: Tudo eu. Eu faço o mercado, né? E: E ele pede por alguma coisa, não? Ou tá ali, ele usa? M3: Ele usa o que tiver, é... eu que sempre procuro deixar ele a par, né? Olha, entrou agora, o ìCrescidinhosî, legal! Ele já associou que ele viu na propaganda. Agora ele vê, e diz: ìó, mãe, igual ao meu!î E: Hum, hum M3: Sabe? E: Depois que ele tinha ele pediu? Você comprou primeiro? M3: Não, ele não viu no mercado ou viu na propaganda, ìAh, eu quero daquele ali, o Loreal Kidsî, não! Eu sempre comprei e daí depois ele acabou usando. E: E daí será que ele valorizou mais depois que ele viu na propaganda? M3: A impressão que dá é que sim. E: Ele reconheceu. M3: Ele reconheceu, viu que era bom. Quem sabe os outros produtosn que ele tava usando e que nunca tinha visto (na propaganda), passou despercebido, né? E: Hum, hum... e na hora esse produto foi reforçado? M3: Isso. E: E comida, bebida, tipo né, salgadinho, biscoito, bolachas, refrigerante, essas coisas assim. Ele tem alguma coisa que não pode faltar prá ele? M3: Chocolate. E: Chocolate? Algum específico ou chocolate é chocolate? M3: Chocolate é chocolate prá ele. Ama chocolate. E: Não tem preferência por marca.

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M3: Não. Ah, lógico, assim: se tu colocar uma barra e um bombom ele vai preferir a barra. Ele gosta de chocolate... substância (risos) E: Não só um negocinho? (risos) M3: Não, não. Recheio, essas coisas não. Ele olha o chocolate puro mesmo, sabe? E: E, você sempre compra, evita... M3: Ele come chocolate diariamente. Assim, dosado... E: Hum, hum. M3: Como sobremesa... E: Hum, hum M3: Ah, eu corto em tabletes, boto num potinho e aí ele pode comer assim, até uns 3 pedaços daquele de sobremesa... Beleza, já deu, uma vez por dia. E não é sempre, só que agora... agora não, faz muito tempo... que ele tem esse hábito, né? Tem dias que normalmente ele não quer. E: Ele pede? M3: E... já deu prá substituir por fruta, que é complicado! Então, o quê que eu tô fazendo? Eu deixo o chocolate e daí a outra vez eu faço uma vitamina, ou um lanche à tarde com uma bananinha com cereal, né? E: Mais outra coisa. E salgadinho, bolacha, daí ele pede, não? M3: Ele não come salgadinho, é muito difícil. Às vezes ele gosta assim, no mercado... Ah, mãe, há quanto tempo que tu não compra um Doritos! E: Hum. M3: Pode pegar, é tão raro. Ele não gosta de comer muito... mas, daí sim, sempre vai por uma marca que é mais conhecida. Pela que tá, também... acho que a que tá num acesso melhor, também... E: Hã Hã M3: Perto dos caixas tem ali um chips, né? E: Hã Hã. M3: Mas assim não... não é chegado. Bolachinha, essas coisas ele não come. Porque às vezes eu compro integral prá mim, mas ele gosta de não integral. E: Ele come... M3: Ele come integral comigo. E: E refrigerante também, não? M3: Não toma. Refrigerante, não gosta de refrigerante. E: Não toma? M3: Hum, hum (negativa) Ele toma refrigerante assim, em último caso, se tá morrendo de sede, se não tem o que tomar... E: Aí ele toma? M3: Aí ele toma. E: Se não é o quê? Suco? M3: Suco. Esse suco é... ah, marca, falando de marca. Ades, né? O suco Ades prá ele tá bem, é uma coisa que não pode faltar. E o chocolate. Principalmente a limonada suíça. Então eu vou sempre atrás, apesar do pediatra discordar, acha que não é muito bom porque tem muito açúcar, né? E: O suco Ades é de soja, né? M3: É, mas ele acha assim que na formulação tem pouca soja, mais água e açúcar, né? E: e açúcar... M3: Então... agora quando eu tenho tempo em casa eu compro laranja e faço suco de laranja... E: que é mais natural? M3: Natural. Mas eu também não cortei o Ades dele. E: E se comprar outro suco ele aceita? M3: Não é muito, não. Até o Ades é os sabores que ele mais gosta. E: Ele é aberto a experimentar coisas novas, assim? M3: Sim, ele experimenta sim. Experimenta bastante. Mas quando ele não gosta, não gosta né? E: Não adianta nem tentar. M3: Não. E: Não é não. M3: Não adianta, mas assim, ele tem experimentado muita coisa. A minha mãe tá fazendo um trabalho muito bom assim, com ele. Cada vez que eu chego em casa, eu vejo que ele comeu uma coisa diferente, né? Um prato diferente. E: Coisas novas? M3: Hã Hã E: Que legal isso, né? M3: Até então ele dizia que não gostava, de repente ele vê que é bom, sabe?

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E: Hum, hum. E Isso começou a mudar agora que ele tá crescendo, por exemplo? M3: Isso. Eu acredito que sim, que tá abrindo mais os horizontes dele, né? E: Hum, hum. E, voltando assim, lá no mercado: você acha que ele chega a ser influenciado pelas embalagens de um produto ou não? Você acha que isso pode ter alguma influência nele? M3: Eu acho que nele não, sabe por quê? Ele vai exatamente no que ele sabe que vai ser bom, que ele gosta. Porque, eu fico apaixonada por esses biscoito, adoro, e eu não posso, e ele pode por ser criança. Bolachinha recheada, umas coisinhas assim, e sabe, eu me empolgo porque eu olho assim a embalagem, com recheio, dá água na boca, né? E: Ele gosta? M3: Ele diz: ìnão gosto, não queroî. Eu vou lá e, por favor filho, um biscoitinho prá tu levar de lanche! Porque sabe, eu não sei mais o que mandar de lanche, é sanduichinho, tal. E: Hã Hã M3: Aí ele olha, olha, e escolheu dois da Bauducco E: E escolheu... M3: Escolheu assim, é, eu acho que essa aqui é bom. Aí, aveia e mel, esse aqui. Ele não vai muito pela embalagem, não. Pelo menos, assim... E: Hum... M3: Prá isso não! O pão também: ele vai lá, ele sabe o pão que ele gosta, pão de aveia, sabe? Da ìTrigaliî, aí ele vai lá, é esse daqui que eu gosto. Lógico que se eu comprar outro ele come também. E: Hum, hum M3: Mas ele sabe que é aquilo que ele gosta... E: O sabor, né? M3: É pelo sabor, vai muito pelo sabor. E: E, por exemplo, quando esse produto vem com algum personagem na embalagem? M3: Daí ele já caiu nesse conto-de-fadas e já viu que não adianta. Ele foi uma vez no Bob´s por causa do personagem e até hoje ele não se conforma. Como é que o Bob´s, sabe. ìPorque eu não gosto do Bob´s, porque o pão é muito grosso, porque o pão vem secoî... sabe? E: Hum, hum M3: Igual ao Mc não tem, né? Mas assim, ele precisou ir prá conhecer... E: Prá provar? M3: É... então, agora ele não quer nem saber a promoção que tem no Bob´s. Ele vai no Mc. Então, mais uma vez eu cheguei à conclusão que é pelo sabor que ele escolhe. E: Hã Hã. M3: Ele tomou Shake que era do Bob´s e ele disse: ah, pelo menos alguma coisa eles fazem de bom (risos). E: Ele já marcou como uma coisa ruim. M3: É, ele não gostou do lanche. Foi uma coisa bem... sabe? E: Hum, hum. Já que eu perguntei dos bichinhos assim, né, tu saberias me dizer qual que é o personagem de desenho animado ou filme, que é o preferido dele? M3: Olha, de filme assim, que ele ama de paixão é o Harry Potter, tá. E de desenho.... desenho não, aliás, jogos, vídeo assim... E: Hum, hum. M3: Ah, de desenho... tem bastante, sabe? Eu acho que cada um mostra uma coisa interessante prá ele. Ele tava na febre do Pokemon. E: Hum, hum. M3: Agora ele tá na febre do Yug Ho... aí tem uns que eu não sei te dizer o quê que é... (risos) E: (risos) M3: Sabe? E: É tão estranho! M3: É, ele fala o tempo todo, são tantos nomes diferentes, assim, que... é complicado, né? Esse robô que ele comprou, eu fui ver, é da Lego até... só que eu acho que tem alguma coisa, algum desenho... E: é ligado a algum desenho? M3: Eu acho que sim, talvez. E: Que faça parte de alguma outra... M3: Eu perdi já o fio da meada... E: Hum, hum M3: Já acompanhei melhor. E: Hum, hum. Você acha que tem alguma diferença de quando essa personagem, Harry Potter, tá num produto que ele vai comprar, uma camiseta, uma mochila, um caderno, alguma coisa assim.

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M3: É, eu acho que chama a atenção, tipo assim, ah, ele andou o ano inteiro com a mochila do Harry Potter e agora acabou, não deu mais prá usar, temos que trocar, né? E: Hum, hum. M3: E eu me lembro que ele foi, ele gostou justamente dela. E: Da estampa? M3: É. Só que, tem esse detalhe, um mínimo de conforto, né? Tem que ser tudo... ele tem que pegar, olhar, ver se vai caber o material, botar nas costas, ele tem que gostar dela no todo, sabe? E: Não é só o desenho que vai fazer ele comprar? M3: Não, não. Porque essa história do Bob´s ali é um dos exemplos. Já aconteceu alguma coisa assim com ele, ele já marcou que não adianta. E: Hum, hum. M3: E como ele preza muito assim, principalmente o conforto, a praticidade, aquele negócio todo... ele dá, ele dá muito valor a isso. E: Que ele olha tudo? M3: Olha tudo. Acho que ele vai ser um consumidor bem exigente. E: Parece ser, né? M3: É. E: E promoção? Você acha que ele é influenciado por alguma promoção? M3: Não, não. Promoções assim, tipo junte e troque por tampinhas... de trocar por tampinhas assim? E: É... juntar coisa, vir coisa de brinde, comprar dois pagar um... M3: Não muito, sabe, depende. Se é uma coisa que tá interessando ele... E: Hum, hum M3: Eu não envolvo ele muito nisso. Às vezes ele fala, ìó mãe, se junta dois não sei o quê tu troca láî, eu disse: Ô filho, mas prá quê sabe? Como assim, o Mc. Ele adora lanche do Mc., mas ele gosta muito dos brindes também. E: Hum, hum. M3: Então é assim: quando é um brinde que interessa ele pede o Mc Feliz que vem um brinde. E: Hum, hum. M3: Senão ele dispensa. E: Ele pega outro número, outra coisa... M3: Outro normal porque ele dispensa. Muitas vezes eu digo prá ele: Meu Deus, tu já tens toda a coleção do Mc, né? Os cachorrinhos, os gatinhos, até ficou legal. E: Hum, hum M3: Aí ele, tá... pensa, repensa... então, justamente essa fase dele estar mudando agora, ele tem outra... outros interesses, né? E: Hum, hum. M3: Então agora ele passou a experimentar quando, vem prá cá, experimentar outros lanches. E: Ele experimentou outras coisas? M3: Ele experimentou, Nossa! Esse quarteirão que delícia, esse outro Mc, que delícia, sabe? Então... tá bem legal, assim. E: Começou a se abrir já pras outras coisas, né? M3: Isso, Hum, hum. E: E sobre... entrando já na questão de preço, assim. Ele ganha mesada? M3: Não regularmente, assim, só que ele não dá valor pro dinheiro. Ele amassa e bota dentro da carteira, bota dentro do cofrinho, sabe. Ele só dá valor ao dinheiro quando ele quer muito uma coisa... a gente diz, ìah, usa teu dinheiroî. Aí ele pega, se ele tem R$ 10,00 e a revista custa R$ 10,00 ele pega os R$ 10,00 e vai lá e compra aquela revista. E: Hã, hã. M3: Então assim, não... eu acho que não é a hora ainda. E: Hum, hum. M3: Sabe, de chegar e dar R$ 20,00, olha, prá tu comprar lanche. Ele esquece, ele guarda lá, ele esquece, ai sai, cadê teu dinheiro? ìAi, tá em casaî. Ele não é muito ligado assim... E: E se tiver ele gasta, ou não? M3: Ele guarda. Só se ele quiser muito uma coisa. E se ele quiser e ele precisa pegar o dinheiro, ele pode. E: Ele pega? Ele não chega a pensar em guardar prá uma coisa maior, por exemplo, assim? M3: Não, não. Não porque era isso que ele tanto queria... E: Então vai lá e... M3: É. E: Você acha que ele observa o preço dos produtos quando compra?

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M3: Tá começando a observar. Tá começando. E: E você acha que tem alguma relação assim, que ele olha mais o preço quando o dinheiro é dele? M3: Ele não teve essa oportunidade ainda porque o pouco que aconteceu, ele ficou tão satisfeito com o que ele comprou que não importava ficar sem os R$ 10,00, entende? E quando a gente compra então, ele não tem noção do quê que é. O que ele faz idéia agora, que ele tá começando a ter é quando é comparativo. Sabe, duas coisas similares de preços diferentes. Puxa! E: E aí ele começa a olhar? M3: Sabe o quê que chamou a atenção dele? Os preços dos Panetones em oferta. R$ 10,00? Como é que esse aqui custa R$ 4,00? E: Hã Hã. M3: Sabe, por quê ele adora Chocotone e aí nós estávamos olhando e eu disse: ìfilho, é um absurdo!î Quase R$ 10,00 um Chocotone. Aí procurando tem os que o próprio Angeloni fabrica, é uma delícia! E: Mas comparado... M3: R$ 3,00, R$ 4,00... R$ 3,60 mais ou menos. E: Daí ele aceita? M3: Nossa, ele ficou indignado com o preço, sabe? Então assim, eu tô começando a perceber que ele tá se abrindo mais, que ele tá começando a comparar... ele ainda não sabe o valor do dinheiro que... por mais que a gente senta, conversa, explique, que é uma vez por mês que a gente ganha, que tem que pagar todas as contas, fazer um milagre prá ele, né... ter que esperar... E: o mês inteiro... M3: Que a gente trabalha muito com o dinheiro, trabalha com cartão e cheque mais ou menos, né? E: Hum, hum M3: Prá ter uma noção. Então assim, a gente é muito certo nas contas e já tá passando isso prá ele. E: Hum, hum. M3: Sabe, não adianta tu ter se tu não pode pagar? E: E ele tá pegando? M3: Ele tá pegando. Ele tá pegando essa consciência: não adianta ìeu queroî. Eu olho na carteira, não tenho dinheiro agora. ìAh, usa o cartãoî... E: Ele dá alternativa? M3: Passa cheque..., né? Tem cheque, tem tudo... não, acabou. Esse mês a conta deu. O que eu tenho de dinheiro, se eu tenho, eu digo: ó, isso aqui é prá tu pagar o teu lanche, a Topic, né? Sabe? Prá ti comprar um tênis novo prá ti, sei lá. E: E ele aceita? M3: Aceita, um pouco a contragosto, mas aceita, né? E: Não compra dois de uma vez, mas... mas vai. M3: É. E: E... ele na família, né? Ele conversa com vocês sobre os produtos que ele quer? Ou ele só chega na loja e fala... sabe, do produto lá no ambiente de consumo, assim, ou em casa ele começa a conversar assim? M3: Não, ele começa em casa. Nesse negócio do robô ali, ele tava falando em casa. Geralmente é televisão, né, que traz isso. E: Ele chama prá ver o comercial? M3: Chama. Chama prá ver, só que se não insiste muito. Aí a hora que ele depara com o produto, aí desaba o mundo! E: Aí ele, ele pega.... M3: Nossa, daí ele fica ali, o olho dele enche de lágrima, ele fica trêmulo, ìmãe, por favor, mãe! Por favor!î fica de joelhos. Nós combinamos entrar na loja só prá olhar. Ver o preço, eu digo. E: E aí na loja ele pede. M3: Ele faz um drama! Nossa! Daí ele... hoje em dia ele não chora mais assim, não faz aquelas ìreinasî maiores, né? E: E prá dizer não nessa hora? M3: Não, mas é horrível, a gente diz o não, só que daí sai naquela situação... é bem complicado... E: E os amigos assim, né? Você nota assim, que ele se veste do mesmo jeito dos amigos, ele se comporta do mesmo jeito dos amigos ou... M3: Eu acho que ele é bem autêntico, sabe? Tem certas coisas que influencia, tipo... ah, deixar o cabelo crescer porque os amigos deixam o cabelo crescer. E: Hum, hum. M3: Aí a gente cortou o cabelo dele e ele ficou revoltado... né? Nossa, foi assim! Só que tava... não é que eu não queria deixar o cabelo crescer... não estava mais bem. Então... feio realmente, né? Sabe,

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é difícil fazer ele entender. Mais agora que é calor, né? E... na questão de se vestir eu nunca percebi não, sabe? E: E se o amigo tem uma coisa, uma coisa nova, um brinquedo novo que ele ainda não tem? M3: Daí sim... não que ele diga, ah, quero um porque o meu amigo tem, mas ele fala muito que o amigo tem. E: Hum, hum. M3: Ele diz, ìnossa, ele tem, que legal, tal e talî... né? Quem sabe um dia, daí tu mostra prá mãe, então passa... sabe, assim... E daí tem certas coisas que ele realmente quer que aí ele vai a fundo. Daí ele fala que ele quer como presente. E: Hum, hum M3: Mas não tudo, sabe... assim... E: E... quando se trata, até, por exemplo assim... deixa eu ver aqui.... vamos falar do tênis, que ele não olha muito a marca, né? Mas se um amigo tem, você já chegou a perceber que ele compra um modelo por causa de um amigo? M3: Roupa, tênis, não.. talvez brinquedo... não porque um amigo tem, mas porque é legal, sabe. E: Ele achou um brinquedo... M3: Viu na tevê, vamos supor... ou porque é uma coisa muito nova, diferente... E: Mas é o produto mesmo, não é o amigo que... M3: Não, não, não é o amigo, é o produto mesmo que ele se interessa, né? Agora roupa, calçado... E: Ele não dá bola prá isso? M3: Não, não. E: E... vamos valar um pouquinho sobre barganhar, né? O que ele faz prá convencer você, por exemplo, a comprar alguma coisa? As técnicas assim, que ele usa, assim? M3: Ai, ai, ai...olha, ele não faz assim muitas promessas, é lógico, né? A gente é que dá isso prá ele. Eu digo olha, se tu prometer isso, isso é aquilo, aí ele promete céu e terra, né? E: Cumpre? M3: Nem sempre, né? Nem sempre... talvez na primeira semana e olhe lá, né? Mas... até muitas vezes a gente se decepciona porque... ah, queria tanto e de repente tudo aquilo fica de lado.. e tem outra coisa que chama a atenção. A gente vai aprendendo a lidar com isso até que não dá prá dar tudo que realmente que quer porque... às vezes é só uma febre, né? Que passa logo, algumas coisas até... tudo bem, mas tudo não posso. Ele é mais de exigir assim mesmo, sabe? Ele diz ah, por quê não? É só dessa vez... E: Ele vem emburrado, chega emburrado e fica emburrado em casa? M3: Continua. Fica no cantinho dele, depois vai indo, a gente chama prá conversar. C3: (criança entrando na conversa) Esse aqui a espada que eu te falei. E: É? Ah, deixa eu ver. Que legal! Do quê que é ela? C3: É de Ninja. E: De Ninja? C3: É daí a gente faz assim, e aí essa coisinha aqui sai. E: Ó, mocinho, tu vai deitar porque amanhã de manhã como é que eu vou te tirar da cama às 6h horas, hein! E: Ela disse que ela ia fazer mais uns negocinho comigo! M3: Ah, tu vai fazer hoje ainda? E: Não, eu já conversei com ele bastante. M3: Então vai lá deitar na caminha da mãe! Tá bom? E: E, até uma outra assim, né? Falando das táticas dele, né? Ele chega a desenvolver um comportamento assim, um pouco mais prestativo, atencioso, antes de pedir alguma coisa? Ou não tem assim, uma relação assim... M3: Ele se chega um pouco mais tipo, se ele sabe que nós estamos indo no shopping, que existe a possibilidade dele entrar na loja de brinquedo... então ele fica mais maleável, concorda com tudo, assim, sabe? E: Até chegar lá na loja? M3: E aí ele diz: ìmãe, tu não disse que a gente ia lá na loja?î, sabe.... daí ele fica meio impaciente. Passa lá como combinado prá olhar alguma coisa que ele mostrasse lá, né? Enfim, ele, ele... tem essa tática sim um pouco. Eu creio que não seja assim muito exagerado, mas tem. E: Hã Hã. E mídia assim, né? Ele assiste muita tevê? M3: Direto. E: Todo dia? M3: Todo dia. E: Sabe me dizer quantas horas, assim, não?

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M3: Muitas horas seguidas, porque assim, ó... ele tá fazendo tarefa, a televisão tá ligada porque ele sempre precisava de um barulhinho. Ele tá ligado. Ele estuda, ele faz tarefa, ele tá no computador e tá com a televisão ligada. Já não posso fazer mais nada porque ele herdou isso do pai dele porque ele chega e já vai direto na televisão. E: Hã Hã. M3: Mas assim, ele sente a necessidade. Eu até acredito que ele pegou isso um pouco assim de uma fase que ele tinha um pouco de medo de ficar sozinho... e a televisão era uma companhia.no quarto, prá brincar, prá estudar, né? E: Deixa ela ligada... M3: Porque sozinho ele nunca ficou... isso... E desde bebê também ele sempre assistia. Tipo assim, a tal da babá eletrônica, né? Aí não, se tu quer fazer uma comida daí tu bota ali na frente da televisão... Só tomei cuidado prá selecionar muito o que ele assistia... E: O que ele quer? M3: É... sabe. Até quando eu pude, né? Porque agora... não dá mais isso... E: Agora ele assiste o que ele quer? M3: Ele assiste o que ele quer, é lógico. Exceto o que seria impróprio prá ele. E: Hã Hã M3: Mas assim, tipo os desenhos, ele tem preferência, ele sabe. Se ele tá a fim de assistir um documentário, se tá a fim de assistir um desenho que eu não gosto que ele assista, então... não tem mais muito... E: Não tem mais muito como controlar? M3: Não. Agora já passou. E: É... você acha que ele se interessa pelos comerciais M3: Ele se interessa sim... principalmente esses canais infantis que as propagandas são de brinquedos. Mas ele evita muito as propagandas de brinquedos das meninas... E: Ah é... M3: Ele acha irritante: ìah, não sei porque, porque... E: Ah, ele comenta? M3: Comenta. E: Ele chega a comentar? M3: Comenta. E fica imitando as meninas...sabe? Daí quando vêm as propagandas de menino... daí ele... E: Presta atenção? M3: É. E: Ele chega a ver um comercial assim, e já logo pedir? M3: Olha, ele assiste acho que várias vezes e quando ele tem a oportunidade que eu tô por perto ele me chama prá ver. E: Ele chama prá ver e pede? Prá ver, prá comprar? M3: É. E ele tem até aquele lance de... ìah, mãe, é na Americanas que temî. E tem coisas que não tem em lojas daqui. E: Ele sabe até a loja que tem? M3: Sabe. Sabe porque ele tá sempre.... ele assiste o comercial. E daí eu digo: ìpor quê que só tem em São Pauloî E: Ah, é? M3: Assim aquele negócio... Ah, porque o pai de fulano trouxe de São Paulo... aí... E: É mais complicado ainda, né? M3: É mais complicado. E: Nem aqui tem, né? M3: É. E: E nas compras assim, prá casa, né? Tem algum produto da casa quer todo mundo usa, um produto maior assim, que ele ajudou a escolher? M3: Não. Hum, hum (negativamente). E: Assim ele não influencia? M3: Não. Não. E: E se vocês tiverem que comprar uma coisa nova, uma tevê nova, um DVD, alguma coisa assim. Vocês chegam a perguntar prá ele? M3: Não, também não. Se a gente vê que envolve ele a gente diz, ó que legal aquela tevê... geralmente se troca por uma coisa melhor, né? E: Hum, hum.

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M3: Ele até fica um pouco empolgado, mas ele não se liga muito, não. O mundo dele tando bem, ali, tipo, eu trouxe um DVD prá ele e ficou super-feliz, sabe? Tinha prá comprar... E: Ele pediu, não? M3: Ganhou prá assistir filme, mas daí ele ia no nosso quarto, ele via aqui na sala... aí a gente fez o quarto dele esse ano... deu de presente de aniversário prá ele... aí ele ganhou tevê nova, ganhou cama nova também e eu acabei... E: E o DVD.... M3: O DVD tava no nosso quarto, né? Ficou melhor, tinha mais espaço prá ele e ele utiliza bastante... E: E o quarto novo ele ajudou a escolher? M3: Assim, eu tentava chamar ele prá participar porque eu desenhei o quarto pro marceneiro fazer... aí eu expliquei prá ele que a gente tava vendo até se a gente ia comprar um ar condicionado também...acabamos comprando. E sabe, assim, foi tudo... a cama como ele sempre gostou daquela box, assim, então a mãe vai comprar a cama box, vai fazer de madeira. Mas ele... ele tá tão preocupado com os desenhos dele que... sabe, às vezes ele não se animava muito. Ele acha legal, mas ele não ficou assim, naquela empolgação, sabe? E: Hum, hum M3: Aí quando os amigos vêm: ah, que quarto legal, né? Eles acham que legal, pôxa, o meu quarto não é assim. Aí eu dou uns toques: puxa vida, tá vendo? A gente... realmente, ele não dá muito valor assim, sabe? Às vezes eu até brigo com ele porque ele não cuida muito bem, sabe? E: Hum, hum. M3: Quer subir nos puxadores... então prá ele, se ele não tivesse... E: Se não tivesse não seria tão... M3: Não, não é tão importante...O mundo dele ainda hoje é assim, muito brincadeira, sabe? Ele sentiu mais falta do tapete que eu troquei e pus um novo, que é um pouco menor, tá? Que era a ilha dos brinquedos dele...então, ele não quis saber que o tapete era novo... E: Porque era... tinha a função, né... M3: Exatamente. E: O quarto prá ele assim, aquilo lá tinha uma função. M3: Não que ele não goste assim, de como tá, tá super-bem. Ele ainda no começo: ìah, como é bonito, é bonito, tudo novinho, né? O outro era velhinho e tal... É legal, só que assim, eu acho que de repente a gente queria uma empolgação diferente... eu digo, eu, sabe? E: Hã Hã. M3: Então, mas... tudo bem... E: Ele dá valor prá outras coisas, né? O negócio dele é outro... M3: O negócio dele é outro... isso, é... E: E, o quê...o quê você acha que ele compraria se ele tivesse que ir no mercado fazer algumas compras prá casa? Você acha que ele se atentaria a alguns produtos básicos? M3: Não tenho a mínima idéia! Nunca experimentei uma coisa assim... (risos) E: Nunca imaginou, né? M3: Essa é boa. E: Hã Hã M3: Não imaginei. Até poderia imaginar que ele fosse lembrar assim do básico, que eu digo que é pão, leite... tem coisas que ele costuma ter mais contato... E: Hã Hã. M3: Ele já faz um sanduíche. Agora eu não se ele lembraria, tipo, produtos de higiene, de limpeza, ou... sei lá... outras coisas que a gente considera básico. De repente, prá ele básico pode ser chocolate... E: Hum, hum. O quê que seria o básico prá ele, né? M3: É. Então assim, sinceramente, é uma experiência. E: Agora tem uma pergunta que é mais sobre a sua ocupação, né? Você falou que trabalha fora, mas... que chega a passar algumas tardes assim, com ele, né? M3: Hum, hum. E: É... Você pensa que isso influi alguma coisa no processo de consumo dele? Talvez assim, se você trabalhasse o dia inteiro ele podia ser diferente, ou se você não trabalhasse em nenhum momento, que poderia ser outra coisa? M3: Olha... E: Já chegou a pensar assim? Você falou que seu marido chega até a compensar algumas coisas, né? Você também já chegou a compensar? M3: Não. Não porque eu tenho bem assim bem equilibrado, sabe? Eu acho que eu não compenso não.

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E: Hã Hã. M3: Porque final de semana... E: Você fica com ele também? M3: Fico com ele, sento com ele, faço a tarefa com ele, entende? Então assim... Lógico, às vezes você diz: vamos até o shopping? Vamos fazer uma coisa legal? Sabe? A gente faz essas coisas, mas, bem menos, nada prá compensar. Eu acho que sim, que seu trabalhasse direto fora tanto quanto o meu marido, ele tando mais com a vó, né? Ele ficaria um pouco mais restrito, tipo assim, sairia menos porque acaba assim, né... transporte coletivo, o que não é tão prático... teria ido menos ao centro, teria menos acesso... E: Hum, hum M3: Eu acredito, posso até estar errada. Então, como eu tenho essa disponibilidade, nossa! A gente tá, sai muito, né? E: Hum, hum. M3: Quando ele chega na Havan fica meio louco. Vai direto pros brinquedos. E: Vocês... a ocupação de vocês assim, de tarde assim, é mais sair, assim? Seria sair pro centro, seria sair prá esses lugares? M3: É sim, à tarde tem coisas...Porque assim, ó, as minhas tardes prá mim não são nada divertidas porque eu tenho que fazer muita coisa. Tipo é... ali eu tenho que ter... sei lá, eu sempre tenho que ir no pediatra, tem semana que eu preciso ir a um médico, se eu preciso fazer compras, se eu preciso ir no banco, se eu preciso pagar uma conta... E: Hum, hum. M3: Agora como eu tô fazendo cursos, então... não sobra muito tempo prá mais nada. É bem... bem complicadinho assim. Mas.... é... tipo assim ó... eu sei que a mãe gosta muito de ir no shopping, então eu vou com ela. Aí não agrada muito ele porque ele não gosta de ficar andando de um lado pro outro no shopping. Ele gosta de ir no que interessa. E: Hã Hã M3: Então, tem que balancear um pouco. E: Não ir nas lojas de vocês? M3: Isso, daí tem que ir nas lojas que ele gosta. Uma coisa que ele gosta, que a vó gosta e que eu consigo fazer junto, ah, é tomar um café na ìDona Hildaî. E: Hum, hum. M3: Legal ali, ele já sabe... até nos lugares ele já sabe o que ele gosta. Eu acho que ali, o quê que é que ele disse que é muito bom? (pensando) Folhado, eu acho que é. Croissant... eu acho que é o croissant. Então ele já sabe...Aqui tem um croissant bom, tem isso, tem aquilo, por isso que eu gosto. Ele tem as preferências assim, né? Ele não vai na cachaçaria porque ele não gosta da cacharia. Não gosta da comida, não gosta de nada, sabe? Ah, vamos lá só comer um carreteiro com a mãe e com o pai, daí ele prefere ficar com a vó em casa... E: E aí vocês vão? M3: É. Nós vamos, ele fica... aí tambémn a gente não se priva muito porque aí... leva ele aonde ele quer também... E: Hã Hã M3: A gente diz, ah, vai, não quer ir junto, a gente volta... E: E aos finais de semana? O quê que seria mais de lazer? A opção de lazer de vocês? M3: Finais de semana: ah, a gente dá lá uma volta prá praia, existe muito aquele negócio de fazer os planos e...geralmente muda, né? É, tipo... a gente recebe muita visita, isso prende um pouco. E: Hum, hum. M3: E ele não gosta. Não que ele não gosta da visita. Só que ele fica isolado, nem todos tem criança. Então, ou ele fica no mundo dele ou ele quer chamar a atenção! Daí ele traz todos os brinquedos... os desenhos dele e a visita olha, nem todos se interessam, então eu sinto que muitas vezes a gente tem visita, tem casais amigos e ele fica meio que isolado... tenta aproximar ele, mas ele não... a menos que seja assim, tem pessoas que sabem se relacionar com criança, conversa, sabe? E: Hã Hã M3: E se não ele fica no mundinho dele, jogando, lá no computador, alguma coisa assim... Como isso geralmente se dá à noite, então ele já brinca ali, toma um banho, dorme... E: Hã Hã M3: Sabe? Tranqüilo. E: E outras coisas, vocês fazem, mais, assim durante o dia? M3: É pouco, é pouco. Piscina, só que a gente é muito caseiro... E: Hã Hã

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M3: Ele também é caseiro. Sabe, é muito difícil sair de casa. Tem que ser uma coisa... um atrativo... uma coisa muito.. sabe? E: Prá fazer ele sair? M3: Prá fazer ele sair. Porque aquilo ali prá ele...a brincadeira... E: E ele brinca por aqui com muitos amigos, ou a brincadeira dele é mais isolada. M3: Não, ele gosta de brincar quando os amigos procuram... uma vez ele disse, ah! Posso ligar prá... sabe, pros daquele prédio? Na boa, ele... E: Aqui tem bastante criança? M3: Tem, ele assim... ele recebe muito do colégio também. Muitos amigos vem dormir aqui! E: Hã Hã. M3: Eles vêm mais aqui do que ele vai até...tá? É... E ele também não tem restrição: convidou ele tá indo! Nossa, ele adora! E: E não tem problema? M3: Não. Ele é tranqüilo, ele se adapta bem, sabe? Fica. dorme fora... Nossa! Desde pequeno assim, ele é bem... E: Que legal isso! M3: É bem gostoso! E: Então, ele tem uma boa convivência com todo mundo? M3: Tem, geral, tanto é que daqui eu pouco eu vou arrumar as malinhas dele depois que ele dormir prá deixar prontinho que amanhã ele vai prá Brusque. E: Ah, é? M3: Vai prá casa da madrinha, eu vou num casamento, né? E: E ele vai ficar lá? M3: Ele vai ficar lá, a madrinha convidou e aí vai ficar lá. E: Muito legal, então era isso. Obrigada!

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Entrevista Criança 04 - Menino

Entrevistadora: Então, sabe o quê que eu queria conversar com você? É assim sobre compras. Sobre ida ao mercado, shopping, essas coisas assim. Então eu vou começar assim: você costuma ir ao supermercado junto com os seus pais? Criança 411: Sim. E: É? E você gosta? Vai muito assim, toda semana ou pouquinho? C4: Algumas vezes. E: É? E você pede alguma coisa quando vai lá? C4: Sim. E: O quê que você costuma pedir? C4: Porcaria. E: Porcaria? (risos) Que tipo de porcaria? C4: Chicletes, suco, ahn... Tic Tac. E: Tic Tac? E ganha? C4: Hum, hum. Algumas vezes. E: Algumas vezes você ganha o que pede? Outras não? C4: Hum, hum. Se der. E: Se der? E que tipo de salgadinho você pede? C4: Aquele que vem com... que monta, aquele cara elástico e... aquele cara vermelho assim de moto... E: E vem um boneco dentro? É isso? C4: É... daí tem que montar E: Ah, vem prá montar? É isso aí... esse é o salgadinho? C4: É um quadrado assim, daí, aí tu pega e bota... faz assim, daí cai. E: E sempre veio com esse brinquedinho dentro? Esse salgadinho sempre vem? C4: Sim E: E se parar de vir, tu vai querer também esse salgadinho ou vai mudar? C4: Não sei... E: Ele é bom? E você experimenta outros, também? C4: Sim. E: Que vem sem nada dentro? C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E no shopping, você vai também? C4: Sim E: Gosta? E vai assim, toda semana, não? C4: Um pouquinho. E: Vai menos? É? E você costuma pedir coisas também quando vai no shopping? C4: Um pouquinho... assim... E: Tem alguma loja preferida, lá? C4: Aquele que tem carrinho da ìHot Wheelsî. E: Carrinhos da ìHot Wheelsî? É? Sabe o nome da loja ou não? C4: Não lembro. E: Não? E gosta de ficar nessa loja, olhando? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E ganha alguma coisa quando você vai lá? A mãe compra? C4: Algumas vezes eu ganho. E: Ah, é? C4: Hum, hum E: E você já foi no shopping assim, sem ser com a mãe e com o pai? C4: Não. E: Com outra pessoa? Não? E você tem vontade de ir assim, sem um adulto junto? C4: Eu não. E: Não? E assim, vamos falar sobre outra... sobre esses outros produtos agora. Você sabe o quê que é marca de um produto? C4: Marca?

11 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C4, sendo seu nome também substituído por esta denominação.

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E: É. C4: Não. E: Não? É... assim, o nome do produto. Por exemplo, assim, ah, a sua roupa, o tênis que você gosta de usar é do nome tal. Ou você não pede, assim, pelo nome? C4: Eu só assim ó, esse daqui, ó...(apontando, para exemplificar como pede na loja). E: Ah, você escolhe lá na loja assim? É? E, por exemplo, quem é que compra as suas roupas? Você vai junto? C4: Outro dia eu fui junto prá comprar esse short com a minha mãe. E: É? E outras vezes ela compra e traz prá ti? C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E onde é que você compra? C4: Na Renner. E: É? Gosta de comprar lá? C4: Sim. E: É? E tênis também, compra lá? C4: Ó... mas só uma vez a minha mãe comprou. E: Só uma vez? E que outro lugar que ela compra? Lembra? C4: Não. E: Não? Então deixa eu ver aqui! E brinquedos, assim? Tem algum preferido? C4: Ah, tem... E: Do que você costuma brincar? C4: De carrinho com o meu primo quando ele brinca aqui, aí eu vou lá alguma vez com o meu irmão. E: Sempre de carrinho? C4: Não, começa de... eu brinco sozinho assim, em casa e de... bonequinho, aquele ìSteelî (Max Steel)... aí ficou assim eu abaixei essa perna aqui... ficou assim... e aí sempre o helicóptero assim... E: Bonecos? Eles tem nome esses bonecos, não? Você lembra? C4: Não. A caixa tem o nome. E: Não? E assim, produtos assim... de higiene pessoal, que é assim: xampu, pasta de dente, escova de dente... você escolhe algum desses produtos ou é a mãe que compra? C4: Às vezes eu escolho. E: É? Qual que você escolhe? C4: O Tubarão, mas... o meu irmão gostava tanto que levou prá escola, daí. E: Qual que era o tubarão? C4: Ele era... assim, ele tava sorrindo assim, não tem? Na capa. E: Na capa? Mas que produto que ele era? Tu lembras? C4: Assim, pasta de dente. E: Uma pasta de dente? Aí depois tu não ganhasses mais essa pasta de dente? C4: Não, daí o meu... é... o meu irmão daí chegou da escola e daí ele levou a pasta de dente lá na escola. E: E agora tu não usa mais essa? Usa outra? C4: É. E: E você escolheu essa que você usa agora? C4: Não. Eu pego do outro... da do meu pai e da minha mãe, daí. E: É? E vamos voltar aqui para as coisas que você falou que você pede lá no mercado. É... bolacha? Você também pede? C4: Sim. E: Tem alguma preferida? C4: Aquela com recheio, e daí tem aquela que tem... eles botam assim, aquela coisa assim e um chocolate bem pequeninho assim, daí eles tampam. E: É? E você escolhe assim, lá na hora? Que o nome você não lembra? C4: Não. E: Escolhe lá. Escolhe pela embalagem? C4: Hum, hum E: É? O quê que chama a atenção prá você na embalagem? C4: O... o marrom, uma vez a mamãe comprou tava ali e comprou, e eu fiquei curioso. E: Ficasse curioso? A embalagem... C4: E daí quando eu abri tava alguns negócios... E: É? C4: Hum, hum (afirmativa).

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E: E você gosta, assim, quando tem na embalagem assim, um desenho que... por exemplo, que você... por exemplo, assim, ah! O desenho do ìCarrosî, o desenho do ìBatmanî, alguma coisa assim na embalagem? Daí chama mais a atenção? Daí você pede? C4: Hum, hum (afirmativa). E: Se tivesse um salgadinho assim... é... com um desenho que você não conhece e um salgadinho com o desenho do Batman... Você acha que você... que vai ajudar você a escolher? C4: Acho que sim. E: É? Chama a atenção, então? E quando você quer essas coisas assim, né? Como é que você faz prá convencer seus pais prá comprar? O quê que você fala prá eles? C4: Eu falo assim, ó: é... ìô pai, podemos comprar chicletes?î Daí às vezes dá, daí. E: É? E se fala não, tudo bem? C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E quando você quer um brinquedo, assim, diferente, que até é mais caro, assim? Como é que você faz prá pedir? C4: Acho... daí o meu irmão pede... algumas vezes, é...îô pai, pode comprar um carrinho, um carrinho?î. E: (risos) Mas se ele fala não, vocês não fazem mais nada? C4: É.. daí nós vamos juntos e voltamos. E: Vão junto e o quê? C4: Daí nós voltamos sem. E: (risos) E volta sem? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E tevê? Você assiste tevê? C4: Sim, muito. E: É? Todo dia? C4: Todo dia... eu acho que sim. Todo dia. E: É? O quê que você assiste? C4: É... desenho, Discovery Kids. E: Discovery Kids? Você gosta desse canal? C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E gosta de outros também? Quais os outros? C4: O outro... aquele gato e aquele ratinho fugindo E: Gato e rato? C4: É. E: É um desenho? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E você assiste também aos comerciais que passa na tevê? C4: Bem poucos. E: É? Você gosta deles? C4: Acho um pouquinho chato, mas... E: E quando são aqueles de brinquedo? C4: De brinquedo, aí eu gosto. E: Aí tu gosta? É? E o quê que você acha assim, quando mostra lá na tevê assim, com a propaganda, ela sempre fala a verdade? C4: Ah, eu acho que sim. E: É? E quando passa uma propaganda na tevê, assim, aí, assim que você, dá vontade de ter, assim? Aí você pede? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E chama a mãe prá ver também, não? C4: Não, assim ó: eu vejo e depois eu quero, mas daí, passa um dia ou dois dias e daí eu quero. E: Ah, quando passa algumas vezes assim... você olha e , algumas vezes e daí pede prá sua mãe? C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E chama... você chega a chamar ela prá ver como é que é o comercial da tevê também? Prá mostrar qual que é ou não? C4: Um pouquinho... hum (pensativo)... não. E: Não? E, outra coisa, você vai prá aula de manhã, né? E o quê que você faz de tarde? C4: De tarde eu faço as minhas tarefas e brinco um pouquinho. E: Fica assim, sempre em casa ou tem... ou sai de tarde? C4: Algumas vezes eu tenho futebol... E: Ah, faz futebol?

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C4: É... daí algumas vezes eu saio do futebol. A gente sai quase de manhãzinha... E: Sai cedo? Logo depois do almoço, assim, é isso? C4: É, e quando eu chego a... às vezes tá escuro já, ás vezes ainda é um pouquinho dia. E: Ah, é que você fica bastante tempo fora! C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E a sua mãe, fica em casa com você? C4: Às vezes... às vezes ela saí prá.. é... é.... comprar... vai comprar coisas de almoçar, aí o pai fica cuidando de nós. E: Ah! Algumas vezes você fica com o pai em casa? C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E assim, você falou de alguns desenhos que você assiste, né? Você tem algum personagem de desenho animado assim, ou de filme assim, preferido? C4: É o... ìBatman ìe o... e o ìRobinî. E: ìBatmanî e ìRobinî? É? E você tem alguma coisa do ìBatmanî e ìRobinî, assim, é... boneco, camiseta, mochila, alguma coisa assim? C4: Eu tenho uma capa do ìHarry Potterî, e eu finjo que eu sou o ìBatmanî. E: Ah, e daí tu usa prá outra coisa? É? Legal isso. E você gosta quando ganha alguma coisa que tem ìBatmanî desenhado? C4: Eu sim. E: Como é que é a sua mochila de aula? Tem algum desenho, não? C4: Eu tenho a do ìHomem Aranhaî. E: Ah, do ìHomem Aranhaî você gosta também? C4: Hum, hum (afirmativa). E: É? E os cadernos? C4: Caderno eu... de caligrafia é um gato, assim. E: É? E você que escolheu tudo isso? C4: Não, daí é a minha mãe que comprou. E: E a mochila também a mamãe que comprou ou você que escolheu? C4: É, a mochila foi lá no Canadá. E: Ah, é de lá? Legal, né? É bem diferente, deve ser, então? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E quando você vai assim, no shopping, vai comprar alguma coisa assim, né? Aí tem lá assim: promoção. Você sabe o quê que é isso? Quê que você entende? C4: Eu, eu não entendo muito, mas eu só acho que... que... tá... que tá barato. E: Ah, é? Que é um preço diferente. Daí? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E você costuma pedir alguma coisa quando tá escrito promoção? C4: Não. E: Não? É indiferente? C4: Hum, hum (afirmativa). Eu sei que é caro, né? E: Que é caro ou que é barato? C4: É que quando eu vejo tem tevê, sofá e eu sei que é caro. E: Ah, são coisas mais caras que você vê em promoção? Mas o quê que é caro prá você? C4: O sofá e a tevê e ... eu me esqueci, mas só... é... a tevê e o sofá. E: E o quê que é barato? C4: Os carrinhos da ìHot Wheelsî. E: Isso é barato? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E pistas da ìHot Wheelsî você tem também? C4: Sim. E: E a pista é cara ou é barata? C4: É caro, mas uma vez eu... hum... um tio meu e ele tinha uma mulher e daí quando ela,... ela visitou o meu terreno (que estão construindo uma casa) assim, ela, ela disse: quê que vocês querem? Daí eu disse: um carrinho preto. Daí quando, quando ela voltou assim, ó... ela trouxe uma pista e um outro carrinho e um carrinho preto. E: É? Ganhasse o carrinho preto? E tem daí, outro carrinho? C4: É. E: Um monte de coisa? C4: É. Eu ganhei o carrinho que veio com a pista, aí ficou com dois, daí. E: E... já que a gente tá falando de preço, assim... de dinheiro, né? Você ganha mesada?

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C4: Algumas vezes eu trabalho com a minha mãe. E: Ah e daí você ganha, ela te deu dinheiro? É? E o quê que você fez com esse dinheiro? C4: Eu to guardando prá... prá... conseguir um... aquele helicóptero de controle remoto. E: Ah, você tá guardando tudo? Ai, que legal! Então você, assim, quando ganha dinheiro não gasta, assim? Não? Fica guardando? C4: Hum, hum (afirmativa). E: E coisas assim de banca, assim, revista? Essas coisas assim, você também pede? C4: Às vezes não, mas... algumas vezes eu pego, algumas vezes eu vejo uma revista que daí, vem com... aquele... aquele robozinho prá montar. E: Ahn! Daí você gosta? C4: A revista do... é... Recreio. E: A revista Recreio? Essa é legal? Daí você pede de vez em quando? C4: Hum, hum (afirmativa). E: Agora falar um pouquinho assim, dos seus amigos, né? C4: Hum, hum (afirmativa). E: Você acha assim, que vocês se vestem assim, você vê seus amiguinhos... vocês se vestem quase do mesmo jeito, assim? C4: Um amigo meu ele... ele foi em vários países e ele ... vestido de Harry Potter. E eu sabia que, que eu tinha um igual. E: Ah, é? Que legal isso! E quando um amigo seu tem alguma coisa bem legal, assim, que ele ganhou. Um brinquedo diferente, uma roupa diferente assim, né? Aí você não tem... C4: Daí... daí...os que não tem daí, vai lá no círculo. Daí, todo mundo brinca junto... com aquele brinquedo. E: Ah, ele leva o brinquedo e vocês brincam juntos? C4: É. E: É isso? C4: Não, se for muito legal daí, daí eles fazem uma roda e... e uma vez eu também.., eu também trouxe um brinquedo que já tinha, e era do meu pai e... levei lá, daí eles estão, é... daí quase todo mundo ficou ali comigo e brincou junto. E: Ah, vocês dividiram, daí? C4: Hum, hum (afirmativa) E: E a opinião assim, dos seus amigos? É importante prá você o que os seus amigos falam? C4: Prá mim é. E: É? Você acha assim que é mais importante do que os pais falam? C4: Não, os pais eu acho mais verdadeiro. E: Ah, é? Mais verdadeiro? Então tá. Eu vou te pedir uma ajuda agora, tá vendo? Eu trouxe dois desenhos aqui. São prá você ajudar eles, né? Esse aqui é um desenho, né? Esse aqui é o Tom, aí ele tá fazendo aniversário de 8 anos e ele pode escolher alguma coisa prá ele como presente. O quê que você faria se fosse o Tom? C4: Eu ia dar um brinquedo que custa caro, e é um brinquedo que vai prá trás e volta sozinho prá frente. E: O quê, que brinquedo que é esse? C4: É um carro, ora. E: É um carro? E onde é que você viu esse brinquedo? C4: Assim, o meu pai comprou e... tá lá na estante, daí eu... E: Ah, é um brinquedo que você tem e que você acha legal? C4: Hum, hum (afirmativa) E: É isso? Hummm. Olha, aqui tem uma outra pessoa. Ó, esse aqui é o Rafael, essa aqui é a família do Rafael, né: a mãe, a irmã e o pai. A família do Rafael tá indo, tá saindo prá comprar um carro e eles querem a ajuda do Rafael. Se você fosse ele, o quê que você faria? C4: Eu ia pegar o meu dinheiro e... e daí, dava prá comprar o carro. E: É, mas o quê que você faria? Onde é que você iria prá comprar o carro? Ou como é que você escolheria assim, sabe? C4: Não. E: Não? Que carro que você... vocês tem carro? C4: Hum, hum (afirmativa) E: Que carro que é? Sabe me dizer? C4: Uno.

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E: Uno? Deixa eu fazer uma última pergunta prá ti. Jogo rápido. É assim, ó: eu vou dizer sempre duas palavras e você tem que dizer qual que é mais importante prá você. Sem pensar muito, bem rápido assim. Conforto ou aparência? C4: Aparência. E: Beleza ou preço? C4: Preço. E: Opinião de um amigo ou opinião de seus pais? C4: Opinião do meu... dos meus pais. E: A sua opinião ou a opinião dos seus amigos? C4: A minha opinião. E: Diversão ou aprendizado? C4: Aprendizado. E: Amigos ou brinquedos. C4: Amigos. E: Shopping ou praia? C4: Praia. E: Brincar com os amigos ou comprar alguma coisa nova? C4: Brincar com os meus amigos. E: ter um estilo próprio, um jeito só seu ou ser igual aos seus amigos? C4: Ser igual aos meus amigos. E: Ser criança prá você é: P: É legal. E: É legal? C4: Hum, hum (afirmativa). E: Então, tá. Aqui você falou que entre beleza ou preço você falou preço. C4: Hum, hum (afirmativa). E: Deixa eu perguntar mais uma coisa. Você olha o preço das coisas quando vai numa loja? C4: Nem tanto. Eu só olho a coisa e acho legal. Daí o preço eu não olho. E: Não olha? Nem... você falou que gosta da Revista Recreio. Você acha que essa revista ela é cara ou ela é barata? C4: Eu acho que ela é um pouquinho cara E: Então, só para terminar, agora tem uma brincadeira bem gostosa. É assim, eu tenho aqui dois chocolates, mas eu não sei qual é mais gostoso. Então eu gostaria que você experimentasse os dois e me dissesse qual é o melhor, pode ser? C4: Pode. E: Esse aqui é o da Hello Kity, e esse é do Carros. C4: É parecido, mas o do Carros acho que é melhor. E: Então é isso. Muito obrigada pela sua entrevista!

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Entrevista Mãe 04

Entrevistadora: Então, essas perguntas são sobre o universo das compras do seu filho. Ele costuma ir ao supermercado com você? Mãe 412: Poucas vezes. E: É? Faz muitas compras sem ele? Sem vocês estarem junto? M4: Isso. Hum, hum. E: É... mas quando ele vai, você acha que ele gosta? M4: Gosta. Agora ele já tá numa idade que... entende mais, né? Ajuda mais. Então, agora ele está voltando a ir mais comigo. E: E ele pede coisas? M4: Pede. Sempre pede. E: Que tipo de coisas, assim? M4: Hãn... (pensativa). Mais é Chips, Tic Tac e chicletes. Sempre um chicletinho. Ou então ele pode, eu dou uma opção prá ele: ou tu escolhe uma coisa... ou o chiclete ou Chips. Ou então, é... se ele quer muito uma revista, a revista Recreio que ela é mais cara. Ou tu escolhes esse mês a Revista Recreio. E: Ele fica com uma opção só? M4: É. E: E ele tenta fazer alguma coisa prá convencer? Prá levar as duas? M4: Às vezes sim, mas geralmente ele se conforma. E: Se conforma, assim? E, mas quando você não leva ele, ele sabe que você tá indo? M4: Sabe. E: Avisa e... M4: Ele já fala: mãe, traz uma porcaria? E: (risos). Porcaria ele já entende o quê que é? Ele já... Ah, e uma das coisas que ele gosta você traz? M4: Isso. E: E costuma trazer da mesma marca que ele consome, ou às vezes o salgadinho muda? M4: Eu mudo. E: É? E ele sente a diferença? M4: Não, eles não são muito de... de ter muita preferência por uma coisa só. E: E o que você traz tá bom? M4: Hã, hã (afirmativa). E: Então, geralmente ele tem de pedir? M4: Hã, hã (afirmativa). E: E no shopping, você leva ele? M4: Levo. E: E ele gosta, daí? M4: Gosta. Gosta de ir nos brinquedos principalmente e sempre passar na frente da loja Meninos e Meninas. E: E entra? M4: E entra. Eu deixo ele entrar e dar uma olhada nos brinquedos, eles olham as novidades, ìah: eu quero issoî. Daí eu converso, né? O ìMax Steelî, eles estão pedindo agora no final do ano de Natal. Só que eu falei: ìolha, é muito caro, a mamãe e papai, acho que esse ano, não têm condições de comprar isso. Que o papai e mamãe estão construindo, arrumando uma casa e, tá?î E eles entendem. E: Hum, hum. M4: Até o Pedro falou assim: ìah, então não precisa trazer nada, não precisa trazer nada esse ano se não podeî. E: Hã, hã, ele se conforma, assim? M4: Hã, hã (afirmativa). E: Ele entende? M4: Hum, hum. E: E... ele costuma entrar só nessa loja ou em outras também?

12 Mãe da criança 4, identificada na transcrição pela denominação M4.

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M4: Eles preferem as lojas que são do interesse deles. Por exemplo, essa... que mais? Livraria Época, muitas vezes a gente vai porque tem um espaço prá... ver os livros. Eles adoram ir. Que mais? E: E sempre que entram numa dessas lojas, brincam com as coisas da loja e pedem alguma coisa, não? Ou só brincam com as coisas da loja? M4: Brinca ali, se satisfaz ali e vem prá casa. É porque eles têm muito em casa, né? Livros, brinquedos, então, é mais fácil de convencer ìa... tem tanto em casa, prá quê trazer mais um?î Aí eles entendem. E: Eles entendem... E sempre com o menor junto? M4: Eu revezo. E: Ah!! M4: Eu revezo porque eu já tive a experiência de levá-los, os dois, levar os dois... e aí é um tumulto. Então eu tento sempre conciliar, assim, supermercado quando o meu marido tá em casa ou quando eles estão na escola. E: Hã, hã. Daí leva um ou outro. M4: É. E: O menor vai prá escola também? M4: Também. E: Daí aproveita quando eles estão ocupados prá fazer essas coisas? M4: Hum, hum (Fala com o filho: Dudu, tu tá atrapalhando a entrevista, ela tá gravando). E: E ele já chegou a ir no shopping sozinho? M4: Não. E: Assim, sem adultos? M4: Não. E: Ou com outro adulto que não seja vocês? M4: Não. E: Sempre com vocês? E se... eu não sei como é que é, vó, vô... ele tem próximos? M4: Hã, hã (afirmativa). E: E assim, se outra quiser levar, você deixaria? M4: Deixo. E: Ele é que não teve oportunidade? M4: É. E: E, já chegou de vocês irem para o shopping, para o supermercado prá comprar determinada coisa. Ah, vocês, sei lá, prometeram ou falaram que ele iria ganhar, né, que ele tanto pediu e aí chegou lá e acabou desistindo dessa compra por uma outra peça? Por outro produto que ele viu? Já chegou assim de acontecer isso? M4: Não. E: Já chegou de acontecer de vocês irem prá comprar alguma que prometeram ou alguma coisa assim, não? M4: A gente já fez. E: De ir lá prá buscar aquele produto, assim? M4: Hã, hã (afirmativa). E: E... um pouquinho sobre marcas, né? Ele pede alguma coisa pelo nome? Do produto? M4: Hum, hum (afirmativa). E: O quê que seria? M4: Esses brinquedos, né? ìHot Wheelsî ou esse ìMax Steelî. Roupas eles não são de... de ter exigência. E: De conhecer a marca, né? M4: É. E: Nem tênis? M4: Nem tênis. E: E na escolinha, eu não sei se você conhece as outras crianças? Elas se vestem, as outras crianças usam tênis de marca, não? M4: Ainda não, nessa idade ainda não. Eu já percebi que, é, como eu fui professora também, em outro colégio particular, a partir da... 4ª ou 5ª série... E: Eles ficam ligados nas marcas?

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M4: É... 5ª série já é, é , é batata assim. Todas as meninas andam com o mesmo tênis, e os meninos é... mais ou menos, no caso do Sagrada13 era Adidas. Todas as meninas andavam de Adidas, e os meninos era Nike. E: Não chegou ainda nisso, assim? M4: Não, não. E: E também roupa, ele tem alguma exigência? Já que ele não pede pela marca tem alguma exigência do estilo? M4: Não, Hum, hum (negativa). O que ele mais gosta é que assim, não que.. assim, eu posso até comprar alguma coisa mais fashion, tal, tal, mas ele prefere as roupas da Hering. E: Ah, é? M4: Pelo conforto. E: Hã, hã... M4: Essas bermudas de... de moletinho, assim, né? Que seja confortável nele, aquelas melhor do que o jeans ou tal, ele sempre vai lá no guarda-roupa e pega aquelas que... E: a mais folgadinha, assim? M4: A mais folgadinha, a mais confortável. E: Eu acho que aqui, ele marcou aparência em vez de conforto. Tu achas que, não seria? M4: O Pedro? Não. O Pedro é mais o conforto. E: É? M4: Hum, hum (afirmativa). E: E...já aconteceu dele escolher alguma roupa prá comprar e você não gostar? M4: Não. E: Nunca teve esse problema, assim? M4: Não, não. E: E com relação a brinquedos? Você falou que ele tem esse ìHot Wheelsî, esse ìMaxî... M4: ìMax Steelî. E: Dá prá enganar? Comprar outro carrinho? De outra marca? Comprar outro carrinho mais barato, assim? M4: Hã, hã (afirmativa) E: É? M4: Ainda dá (risos). E: E produtos de higiene pessoal que ele usa, né? Quem é que escolhe? M4: Eu. E: Ele já chegou a pedir? M4: Sim. E eu dou. E: É? M4: Tipo assim, uma vez ele tava junto. Levei ele no supermercado e ele queria o... a pasta de dente do ìBuzz Lightyear14î. E aí eu disse, ah! Já que hoje tu estás junto, tal, tal... era bem mais cara e bem naquele dia eu comprei. E: Repetiu essa compra, não? M4: Não. E: Acabou? M4: Acabou é... nunca mais quis. E: Nunca mais pediu? M4: Não. E: E quando vocês saem, tem algum lugar dele que é preferido, para ir, por exemplo, para ir comer? M4: McDonald´s. E: Ele pede? M4: Às vezes assim, mas não é uma coisa assim: ai, tem que ir lá. A gente vai muito pouco. Mas assim, a gente promete numa ocasião especial, por exemplo, ah, se ele tirar uma nota acima de 9, aí... E: Aí ele pode ir lá? É tipo uma troca assim, seria? M4: Hã, hã (afirmativa). E: E comida, bebida preferida, assim, que não pode faltar prá ele? M4: Comida? Esse aqui não é de comer... E: Não seria? É?

13 Colégio Sagrada Família. 14 Personagem do filme ìToy Storeî

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M4: Hum, hum (afirmativa). E: Eles têm algum produto com esses personagens? M4: Têm a mochila de escola, têm umas camisetas... daí quando quer sair quer sempre botar aquela camiseta... E: Hã, hã... prá sair ele chega a escolher a roupa, então? M4: É, aí prá sair, sim. E: E aí ele quer mostrar o desenho? M4: Hum, hum (afirmativa). E: Chega a ter diferença prá eles se o personagem tá na roupa? M4: É tipo assim... parece que é uma idade ainda que eles imaginam o super-herói. Então, se colocar essa camisa vai afirmar ainda que ele é um super-herói. Entendesse? E: Você acha que essa influência ainda? M4: Ainda existe, né? E: E promoção? Você acha que ele costuma ser influenciado por promoção? Por alguma coisa que vem com brinde, alguma coisa assim? M4: Hum, hum (negativa). E: É... mesmo assim, sei lá...Salgadinho com brinquedo... M4: Ah, aí sim... E: Cereal com caneca junto? M4: Hã, hã (afirmativa). E: (risos) Você acha que essa parte influencia? M4: Hã, hã (afirmativa). E: E você atende esses pedidos? Quando vem alguma coisa? M4: Dependendo do que for. Se for alguma coisa que está na nossa lista, que há necessidade, tal, aí claro, porque não olhar promoção, aí, né? E: Hum, hum (afirmativa). E, você acha que ele chegaria a trocar de marca, por exemplo, salgadinho ele sempre pega o Stick´s, né? M4: Hum, hum E: E tem outro lá que daí vem um outro com uma caneca... M4: Ah, sim, trocaria. Trocaria. E: Direto na caneca? M4: É novidade, é coisa diferente. E: Que vem com alguma coisa junto, né? M4: Hã, hã (afirmativa). E: E mesada. Vamos falar de preços. Mesada, ele ganha? M4: Não, ah, por mês, assim, não. Uma vez, ah, às vezes ele pede o trocado da padaria, aí eu dou prá ele. Ou então se é uma semana assim, ah!, perdão... essa semana eu já combinei com ele que ele tem as tarefas dele prá ele fazer, tal, prá ajudar, né? Recolher o lixo, arrumar a caminha, às vezes secar a louça, aí eu dou R$ 0,50, tal. Então, ele tá com todo o dinheiro dele guardadinho. Eu disse prá ele outro dia: tu não queres comprar uma coisa? ìNão, ainda nãoî. E: Ele tá guardando.. M4: É. E: Esse produto que ele quer é muito caro? M4: Agora é que me falou o quê que era porque até outro dia ainda não sabia o quê que queria comprar. E: Ah! Ele tá guardando e tá pensando? M4: É, e eu disse: vai pensando em alguma coisa. Eu tinha sugerido... que a gente tinha um peixinho, o peixinho morreu, não sei o quê... quem sabe comprar um outro aquariozinho, com peixinho... ìNãoî, daí ele falou que ia pensar. Agora ele veio com um papo de helicóptero de controle remoto. Isso aí, eu nem tenho idéia de quanto custa isso aí. Isso deve ser uma fortuna! Isso é coisa que o pai dele anda falando prá ele. E: (risos) Acha que vai demorar um pouco mais? M4: Vai, vai. Demorar uns 2, 3 anos de... e olhe lá! E: (risos) É... e você acha que quando ele vai comprar ele observa os preços dos produtos? M4: Ele tem noção agora, como ele aprendeu a contar o dinheiro, né? Na primeira série, agora ele já tem noção do que é caro, do quê que não. E: O quê que você acha que é caro prá ele? M4: Ele pergunta: ìahn, isso aqui dá prá comprar uma Ferrari, mãe?î, né? Ele ainda não tem aquela noção de uma Ferrari custa muito dinheiro e ele ainda não tem aquela noção, né? Mas assim, ele sabe o que é R$ 10,00.

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E: Ele tem uma noção, talvez, com o dinheiro que ele lida o quê que ele pode comprar? M4: É. E: E... bom, ele não chegou a gastar, ele já chegou a fazer alguma compra ele? M4: Sim, eu estimulei ele a ir na padaria sozinho, assim, estou no carro, eu deixo ele ir, eu digo mais ou menos o quê que é prá comprar prá ele saber contar, fazer as continhas. E: E ele pega outra coisa prá ele na padaria? M4: Não. E: Ele compra aquilo que você pede? M4: Hã, hã(afirmativa). E: E ele já chegou a ter... você falou que ele tá guardando dinheiro... tá guardando dinheiro, né... mas o dinheiro que ele ganhou e comprou com o dinheiro dele alguma coisa? M4: Ah, outro dia, outro dia eu que peguei da carteira dele prá comprar um caderno de caligrafia. Prá ele. E: Hã, hã. M4: Aí ele não se incomodou. E: Não? M4: Ele sabia que era dele. Que era prá ele. E: Que era prá ele? Mesmo que era uma coisa que ele não tava... M4: Querendo (risos). E: E ele conversa com você sobre os produtos que ele quer? M4: Hã, hã E: Como é que é esse tipo de conversa? Como é que ele faz? M4: Ah, ele só fala que: ìó, mãe, eu gostaria de ter, comprar aquilo láî, ou ìah, eu queria muito aquele tênisî ou... mas vamos dizer assim, não é aquela.. ainda não é aquela exigência assim... ah!, eu gostaria, tal, mas se não der tudo bem. E: Ele não insiste muito? M4: Não. E: E quando vocês estão vendo tevê e aparece algum produto que ele quer? Ele chega a argumentar, a falar alguma coisa? M4: Ai, ele só fala: ìolha que legal, mãe, esse eu gostariaî tal, mas não passa disso. E: Hã, hã. E de amigos assim? A gente até... a gente já tinha até falado um pouquinho, assim, né? Você acha que eles ainda se vestem mais ou menos igual ou cada um é diferente do outro, assim, os amiguinhos dele? M4: Mais ou menos igual. E: E, já chegou a ter alguma reação, assim, quando um amigo dele veio com uma roupa diferente, um brinquedo novo que ele não tem. Ele teve alguma reação com isso? De pedir também, ou de falar que ele quer igual ao do amigo? M4: Ele falou do ìMax Steelî, quando ele não tinha o ìMax Steelî os amiguinhos iam com o ìMax Steelî prá escola. Ô Pedro, vai lá e pega o ìMax Steelî e mostra prá Priscila o quê que é ìMax Steelîprá ela saber o quê que é. Pedro! É um boneco tipo Barbie, de menino, né? E, tem o que faz aventuras radicais, o que anda de bicicleta, o que faz escalada, né? Escalada... como é que é? O nome daquele esporte? Rapel, essas coisas. Então, prá eles é o máximo, né? Então um dia ele pediu: ìMamy, eu queria muitoî, tal, e daí no Natal passado ele ganhou. E: Só que ele não pediu fora de hora, então? M4: Não. Fora de hora, não. E: Ele teve que esperar até uma ocasião prá ganhar? M4: Sim. Hã, hã(afirmativa) E ainda coincidentemente o aniversário dele, dos dois na mesma semana, na semana do Dia das Crianças. Então ele leva um pouco de azar nisso aí eu acho, que... E: Só dá um presente melhor pros dois? M4: É. É uma data, ele dia 11 de outubro, né? E: Nossa! M4: Daí tem os acessórios, ele tem capacete, daí tem a... E: É o ìKenî15 mais musculoso, né? M4: É o ìKenî, né? Na verdade! E tem filminho já, na verdade, né? E: Ah, e tem desenho disso? M4: Tem! E: E ele assiste? M4: Hã, hã, muitas vezes assiste.

15 Boneco que faz par com a Barbie

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E: Tem até maleta? M4: Vem com essa maleta e os acessórios de proteção. E: Ahn!!! Muito legal isso aí. E esse é do Natal? M4: Do Natal do ano passado. Mas eu acho que ele não brincou muito esse ano. Quem brincou mais foi o irmão. Tem 3 anos. Mas ele tá pedindo de novo mais um. O pior não é só o boneco: o boneco sozinho assim tem por R$ 19,00, R$ 20,00. Mas esse que vem com maleta, esse aí na época era R$ 80,00. E: Ah, e aí vem acessórios, né? M4: Aí agora tem ìMax Steelî de R$ 150,00, ele quer de R$ 150,00 prá cima agora... No Natal não dá. O irmão também quer agora. Daí dois de R$ 150,00 dá R$ 300,00. Para dois Bonecos?!? E: É, prá dois bonecos, né? M4: Né, então, não dá! E: E, falando um pouco de mídia, né? Ele assiste tevê? M4: Hã, hã(afirmativa) E: Todo dia? M4: Todo dia, mais ou menos uma hora por dia, eu não deixo muito, eu tento. .É assim, eu gosto desse momento dele tentar descansar, brincar um pouquinho sozinho enquanto o irmão tá dormindo, fazer um lanchinho. Daí depois de fazer tarefa. Às vezes ele vê Discovery Kids, a gente teve que, a gente se sentiu obrigados a fazer a assinatura de tevê a cabo porque eles estudam de manhã, à tarde quase não tem nenhum desenho. E aí a gente ficou defasado, o tempo todo indo em... em... locadora E: Pegar filme... M4: Pegar filme, tal. Então a gente fez o plano básico que tem a Discovery Kids, daí já pega a tevê Cultura, que também tem desenhos. E: Hã, hã M4: Tem outro canal também. Futura também acho que tem alguns programas também. E: Educativos, assim? M4: É educativos, e daí eles assistem desenhos. Porque eu senti assim, e até de manhã, eu vi outro dia da Globo, os desenhos da Globo, é muita violência, aqueles desenhos japoneses, né? E: Hã, hã. M4: Muita violência, muita agressividade... E: Você chega então a olhar os programas que ele assiste? M4: Hum, hum. E: Você chega a desligar, sei lá mudar o canal? M4: É. E: Você controla? M4: É. E: E, por exemplo, assim, todos os canais têm comercial, né? Ele assiste, você troca o canal? Deixa assistir? M4: Sim. E: Não tem problema? E, já chegou dele ver e já pedir alguma coisa que passa no comercial? M4: Poucas vezes. E: Ficar interessado assim, né? E como é que você lida, então com a propaganda que ele quer? M4: Ah, daí eu converso, ah, se é uma coisa muito legal, tal, e daí é conversado, combinado prá tal data: ìbota na tua listinha, né?î É sempre assim, não que vai ganhar fora de hora. E: Você chega a sair e comprar alguma coisa prá ele? Trazer prá casa, assim? Sem ter motivo? M4: Não. E: Ou isso não acontece? M4: Não acontece. E: Só aniversário? M4: É. Ou no Dia da Criança. Assim, também, vai que tira um 10 esporadicamente, tal, como um incentivo vou lá e compro uma coisa que ele gostaria, né? E: Hum, hum M4: Né? E: Uma recompensa por alguma coisa que ele fez? M4: Sim. Hã, hã. E: E tem algum produto prá sua casa, tevê, som, alguma coisa assim, que ele ajudou na compra? M4: Ahã (negativamente). E: Dessas coisas ele não participa, ainda? M4: Não, ainda não.

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E: E, o que você acha que ele poderia ajudar quando o assunto é uma compra dessa? Será que ele poderia ajudar? M4: Não sei. (risos). Eu não sei se ele poderia ajudar. Eu acho que talvez atrapalharia! (risos). E: Ele tem acesso a computador? Internet? M4: Internet não.Mas o computador, alguns jogos, sim. E: Mas é prá jogar, então? Assim, Internet ele ainda não mexeu? M4: Hum, hum (negativamente). E: Mas você fica mais em casa com eles, né? M4: Hum, hum (afirmativa) E: Você acha que isso influi alguma coisa no processo de consumo deles? Seria diferente se você trabalhasse em tempo integral? M4: Hum, hum (afirmativa). Percebi bem nítido isso. E: É, qual que foi a diferença? M4: Quando a gente trabalha vem mais dinheiro, e o consumo é maior. E: Hum, hum. M4: E estando em casa a gente começa a ver que tem coisas que não há necessidade. Que é puro consumismo. Ah, coisas do momento assim. É, como é que se diz? Tem uma palavra prá isso. Bate vontade vai lá e compra, tem dinheiro, agora eu posso comprar, entende? É bem diferente. E: Eles sentiram a diferença? M4: Não, na parte de consumo, eu acho que não. Não. E: Eles deixaram de ganhar alguma coisa? Você acha que comprava mais coisas prá ele antes? M4: Ahã (afirmativa). E: Prá eles? M4: Hum, hum E: E antes tinha presente fora de hora? M4: De vez em quando. E: É? M4: Hã, hã(afirmativa). E: Com ele no shopping, um brinquedo, uma coisa assim? M4: Hã, hã(afirmativa). E: E isso parou? Ficou em casa e cortou isso? M4: Hã, hã(afirmativa). E: Mas isso você comprava por que tinha o dinheiro, por que tinha vontade, ou porque tinha assim... vou ficar menos com eles, então eu vou comprar alguma coisa? M4: Acho que é por aí, prá poder... ahn... suprir essa falta, talvez. E: Você chegava em casa que horas? M4: Eu chegava às 7 da noite e saía 7 da manhã, saía 15 prás 7 da manhã e voltava 7 da noite. E: Ficava bem menos tempo com eles? M4: Hã, hã (afirmativa). E: E ficando mais tempo com eles, você sentiu diferença neles? M4: Hã, hã(afirmativa). E: O quê que mudou, assim? M4: Eles estão mais calmos. Ah, tá havendo mais compreensão. A parte de valores, tá mudando muito. Eu tô sentindo assim que, antes eu tava praticamente pagando prá trabalhar fora e perdendo um tempo muito precioso da infância deles que não volta mais E: Ahn Ahn. M4: E eu sempre fui uma pessoa de trabalhar fora, sempre fui bem independente, então, foi bem difícil no começo prá mim ficar em casa. Fazem 6 meses que eu tô em casa. Ah, eu fiquei bem, fiquei bem deprimida assim porque ficar em casa prá mim era o fim, né? E: E muda a rotina, muda tudo. M4: Tudo. É outra vida. Agora, aos poucos é que eu to começando a... a ver a diferença neles, que isso é precioso prá eles. E: E voltaria agora a trabalhar? M4: Eu voltaria, se eu voltar. Ano que vem é que eu não volto. Eu acho. E se eu voltar, vai ser só meio período. O período que eles estiverem na escola. E: Que estiverem na escola? A dedicação agora é para eles? M4: É. E: Então, é isso. Muito obrigada por sua participação.

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Entrevista Criança 05 - Menina

Entrevistadora: Então, você tem irmãos? Criança 516: Não. E: Não? C5: Vai nascer ainda. E: Ah, é? Quando que vai nascer? C5: Minha mãe tá grávida. E: Ah, é? Então, ano que vem! Sabe o quê que é? C5: Vai ser menino. Pode ser, porque a minha mãe ainda não sabe. E: Ah, não sabe? E o quê que você quer: menino ou menina? C5: Eu quero menino que nem meu pai. E: Seu pai também quer menino? C5: Hum, hum. E: Legal né! Então é assim, eu vim aqui conversar com você sobre compras. Sobre se você vai junto no mercado, se você vai ao shopping, o quê que você gosta de comprar, todas essas coisas assim. Vamos começar falando do supermercado.Você vai junto no supermercado com os seus pais? C5: Hum, hum (afirmativa) E: Você gosta? C5: Hum, hum (afirmativa) De ver os brinquedos. E: Ah, é? Você fica lá nos brinquedos, eles ficam fazendo as compras? C5: Hum, hum (afirmativa) E: É? E você pede alguma coisa quando tá lá no supermercado? C5: Hum, hum (afirmativa) E: É? Pede o quê? C5: O que eu quero: aquele jogo do palitinho. E: Que jogo do palitinho? C5: Aquele dos palitos, e o palito não pode assim, mexer, né, o outro de baixo. E aí tem que tirar ele... e quando nós tirar nós tem que mexer com qualquer um (sic). E: Ah, e isso é um jogo, então? E você joga isso aonde? C5: Eu jogava com a minha vó... na minha escola. E: Aí você pediu um desse? C5: Hum, hum (afirmativa) E: Ganhou? E você ganhou ou não? C5: Não. E: E você pede outra coisa quando vai no mercado? Que mais? C5: A bala da Rebelde. E: Bala? C5: Bola. E: Ah, e ganhou a bola, não? C5: Ainda não. E: E pediu algumas vezes, já? C5: Eu pedi também mais um bombom, daí ele me deu. E: O bombom você ganhou? C5: E salgadinho assim, tu pede? E: Peço. C5: Tais comendo né, um salgadinho. Do quê que é? Cebolitos? E: Hum, hum (afirmativa) C5: É? E: Foi você que escolheu? C5: Não, foi a minha mãe. E: E daí, qual que você gosta mais? Dos salgadinhos? C5: O pingo de ouro. E: Hum... e quando vai no mercado pede essas coisas também? C5: Daí a minha mãe também pega. E: Ah, às vezes tu não precisa nem pedir que ela já pega?

16 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C5, sendo seu nome também substituído por esta denominação.

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C5: Hum, hum (afirmativa). Daí eu também já pego. E: E ela sempre deixa você comprar? C5: Quase sempre. Daí ela não deixa eu comprar sorvete. E: Ah, ou é um ou é outro? É isso? C5: Hum, hum (afirmativa) E: E que sorvete que você gosta? C5: Do... do... aqueles assim branco com preto, aqueles de três sabor, que é morango assim, creme e chocolate. E daí tem outro que é assim branco, bem branco com umas pintinhas assim, preta, de chocolate. E: Ahn? De flocos? E daí você gosta? C5: É... E: E como que você fala prá pegar aquele que você quer? C5: Eu peço por favor. E: E daí de vez em quando ela compra? C5: Hum, hum (afirmativa) E: Tá bom! E no shopping? Você vai ao shopping? C5: Vou. E: É? Gosta de ir? C5: Hum, hum (afirmativa) E: Mas assim, vai muito, assim? Toda semana ou vai só de vez em quando? C5: De vez em quando. E: E lá você também pede alguma coisa? C5: Peço. Quer dizer, na verdade, quando eu vou na Meninos e Meninas no shopping, né? Daí assim, que é assim, uma caixa assim cheia de Barbie. Daí o meu pai pegou e comprou. Eu tenho que escolher, assim, daí eu escolhi. E: Mas você que pediu ou ele que viu e pediu prá você escolher? C5: Ele que viu. E: Ele que viu? C5: E ele disse prá mim se eu quero e eu disse que sim, daí eu escolhi. E: Ah! E essa loja, você gosta de ir? Tem alguma outra lá que você gosta? C5: Na Sulamericana, e numa nova que abriu lá no shopping. E: É? Sempre assim de brinquedos? E roupa? Você vai em alguma loja de roupa? C5: Vou. E: Qual? C5: A Renner, a C&A, a Havan, que também tem. E: Hã Hã. Mas você escolhe alguma coisa? C5: Eu, eu peço brinquedo quando a minha mãe vai. E às vezes eu fico olhando assim as roupas, e também peço. E: É? E também compra, assim ou é difícil? C5: Ahn... não compra. E: Não compra? E você já foi no shopping, assim, sem ser com o pai e com a mãe? Com outra pessoa? C5: Com outra pessoa sim. E: Com quem você foi? C5: Com a minha. Com a minha avó, com as minhas primas, com a minha tia, com o meu tio, só. E: E quando você foi com eles, você pediu alguma coisa? C5: Não, é que, é que a minha prima inventou prá ir lá em cima, lá, jogar ursinho naqueles brinquedos que têm assim, umas coisas... E: No boliche? C5: No boliche. Daí assim, a gente fica jogando aquele joguinho de bolinha, né? Daí nós ganha assim, umas coisas... daí eu ganhei bala, mas eu não posso comer bala, né? Daí a minha tia pegou, comprou assim cartelinha de figurinhas da Rebelde que eu não pedi. Daí comprou um, comprou dois prá minha prima e prá minha outra prima. E daí, nós trocamos assim quando chegou na casa dela. E: Ah, é? Todas ganharam figurinha? C5: Hum, hum (afirmativa) E: E daí você falou no ìRebeldesî também na bola e agora nas figurinhas. Você gosta do ìRebeldesî? Tem bastante coisa deles? C5: Sim. E: O quê que você tem deles? C5: Eu tenho bolsa, bolsa, bolsa, penal, papel, fotos. Só

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E: Tudo isso deles? Você gosta bastante, então? C5: Hum, hum (afirmativa) E a boneca. E: A boneca também? A boneca você ganhou quando? C5: Eu ganhei, não lembro bem quando. E: Foi no Dia das Crianças, será, não? C5: Não, foi um dia que não foi de nada. E: Não foi de nada e você ganhou? C5: Hã Hã (afirmativa). E: De quem que você ganhou? C5: Da minha mãe. E: Você tinha pedido prá ela? C5: Tinha. E: Daí ela comprou, assim? C5: Hum, hum (afirmativa). E: Ganhasse sem motivo? Você ganha bastante presente assim, sem ser de aniversário, Dia da Criança? C5: É. E: É? É a mãe que compra? Ela traz prá você? C5: Do papai também. E: Os dois trazem presente? Sempre coisa que você quer? C5: Hum, hum (afirmativa). E: É? Então, vamos mudar um pouquinho aqui e falar um pouco sobre produtos, assim. Você sabe o quê que é uma marca? Quê que você acha que é marca? C5: Assim, é a marca de um produto, assim. Daí, assim tá escrito tipo Coca-Cola. E: Ah, é isso aí! Você conhece então marca? C5: Hum, hum (afirmativa). E: Vou fazer uma brincadeira. Uma brincadeira assim, só prá ver se você conhece alguma coisa. Por exemplo assim, eu vou te mostrar uma cartelinha chamada roupas e tênis. Né? Eu quero ver se você consegue marcar alguns nomes de marcas de roupas e de tênis. Consegue lembrar um? C5: Marca de roupa e de tênis? E: É. Ou de roupa ou de tênis ou dos dois. C5: Tem da C&A que eu tenho da Alemanha E: Da Alemanha? É? Então, escreve C&A, é uma marca. Tem mais alguma marca que você lembra? C5: Eu vou colocar aqui. E: Hum, hum. E tênis? Conheces alguma, algum nome de tênis? C5: Tem a Klin. E: Hã Hã. É isso aí. E você usa esse tênis? C5: Eu tenho um. E: Um da Klin? C5: É, eu acho que é esse aqui. É esse, não, esse é de outro. E: Ah, é! C5: Também tenho. Patotinha eu também tenho. E: Hã Hã. Bem legal! Agora vou fazer de outras cartelinhas. C5: Esse aqui eu tenho assim, que vem assim, uma bolsinha que eu tenho, que eu tô usando, um do peixinho que é bem cheiroso, e só. E: E isso você compra no mercado? C5: Comprei... eu comprei lá no shopping. E: No shopping? Você escolheu lá? C5: Eu comprei lá no shopping. E: Aonde? Lembra? C5: Ali na Sulamericana. E: Na Sulamericana? Tem no shopping? C5: Tem. É naquela.... E: Americana, então? C5: É naquela lá. E: Daí você foi lá e comprou? C5: Hum, hum (afirmativa) Isso é perfume, né? (referindo-s ao desenho da cartela). E: Hum, hum C5: Eu gosto. E: Gosta? Tem algum?

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C5: Hum, hum (afirmativa). E: Lembra o nome, não? C5: Lembro. E: Qual que é? C5: É da Emília. E: Ah, da Emília? C5: Do Sítio do Pica Pau Amarelo. E: Ah, então só escreve Sítio que eu vou saber. C5: Aqui eu só faço a flechinha, né? E: Hum, hum. Pode ser. E: S I T I O. Sítio Isso, depois vamos fazer a flechinha aqui. Hum, hum, agora eu sei qual que é. Hum... pasta de dente? É você que escolhe? C5: A minha dentista diz ... E: Qual que é prá comprar? C5: É. E: Hãn... C5: Mas aí tem outra assim que ela é assim, que pode tomar café. Ela é uma assim, que tem assim que é muito caro, assim.... a flechinha assim, é rosa assim. A minha dentista, ela mandou prá nós, né? Porque é prá eles (para os pais) mas eu tô usando, eu tô usando o mesmo. E: É? C5: Por causa que eu tô com um dente aqui, ó, estragado. E: Ahn...Então tem que arrumar. C5: Eu fui prá dentista outro dia. E: É? C5: Isso é o quê? E: Sabonete. C5: Que bonito! Sabonete eu gosto do Mickey, o que protege a pele, e o do Sítio. E: Do Mickey também? Daí faz uma outra flecha ou escreve o do Mickey. C5: Vou colocar do Sítio também. E: Tá. E onde é que você compra esse do Sítio? C5: O do Mickey eu ganhei, do Sítio o meu pai tem um cliente assim que vende, assim, xampu, essas coisas assim. E: Ah, é? Daí é o teu pai que compra prá você? C5: É. E: Hum...Bem legal! Então tá. Tá bom, tá ótimo. C5: Sabia que um dia eu fui lá no xadrez e eu nem ganhei medalha? E: Você não ganhou? C5: Assim, daí eles colocaram assim, uma banqueta. Deixa eu te mostrar: assim, né? Aqui é o palco, aqui são as mesas. E: Hum, hum. C5: E daí tem o tabuleiro, as pecinhas, né? Daí assim o palco tem assim uma coisa assim, que daí assim é grudado, né? E assim nesse, aqui em cima, e esse aqui embaixo. Daí aqui é o 3, aqui é o dois e aqui é o 1. (desenhando um podium). E: Hã Hã, Hã Hã C5: E aqui o 1 ele é assim, ó. É que ele é amarelo, amarelo o 1... E: Hã Hã C5: O do 3 é azul... E: Hã Hã C5: Né? E o... o do 2 é verde. E os outros, é as medalhas assim, que também ganharam, os dos outros, né? Tinha da 10ª, 8ª assim. Daí, assim ganhou medalha azul. E: É? C5: Nenhum do meu colégio não ganhou. E: Ah! Que pena, né? C5: Só os meninos ontem. E: Ah, mas tem outras, né? Outros jogos prá ganhar medalha. C5: Amanhã é, tem também. Bem que eu queria ir. E: Mas dá prá ir lá ver, não pode? C5: Pode. E: Então. Quando tiver outro jogo, daí pode ser que você ganhe! É assim, né?

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C5: Mas a gente tem que acabar a aula, acabar a aula do xadrez. E daí lá na competição eu comi picolé, comi pipoca... o professor... o professor João, né? Que é o de xadrez, e daí ele viu que eu só tava comendo um monte, assim, né? É que eu tava com tanta fome assim, que eu cheguei lá com uma fome! Daí quase que eu comi no ônibus, mas a professora não deixa, né? Aí nós come.... eu e a minha amiga na volta. Nós compramos chicletes. E: Chiclete? (risos) E matou a fome, não, né? C5: Não. E: Deixa eu falar outra coisa aqui. Ah, você escreveu aqui o tênis da Klin, né? C5: Hã Hã E: Quem é que escolhe o seu tênis? Você ou a sua mãe? C5: A minha mãe também, às vezes. E: É? E, mas você vai na loja prá escolher também de vez em quando? E o quê que é importante quando você vai escolher um tênis? O quê que ele tem que ser? C5: Ahn, assim, do meu tamanho! E: É? É isso que você olha? Se vai servir e tudo? C5: Hum, hum (afirmativa). E: Deixa eu falar agora.... Ah, da embalagem dos produtos, que nem esse aqui. É uma embalagem, né? (apontando para o salgadinho que a criança estava comendo). C5: Hum, hum. E: O quê que chama a sua atenção numa embalagem? C5: Assim: Kinder Ovo... E: O quê que tem no Kinder Ovo que você gosta na embalagem? C5: Que é igual um ovo assim. É assim: um ovo, né? E: Hum, hum. C5: Daí tem um negócio aqui, que chegou novo. Daí nós abre, né? E: Hum, hum. C5: Daí vai ter um pacotinho aqui em cima, e aqui vai tá as bolinhas de chocolate ou de creminho, né? E: Hum, hum. C5: E na outra tampa aqui, né? Tem outro brinquedinho assim. E: E você gosta desse chocolate? C5: Também quando eu comi assim, um brinquedinho assim que deixa recado assim, abre a boca e coloca e deixa recadinho. E: Mas você gosta desse chocolate por causa do chocolate ou por causa do brinquedo? C5: Chocolate. E: É, e se ele viesse sem brinquedo? C5: Daí também sim. E: Ia comprar também? C5: O quê? E: Você ia comprar também se viesse sem brinquedo? C5: Hum, hum (afirmativa) E: É? Você tá comendo isso aqui, mas eu trouxe um chocolate prá ti provar. Queres provar? C5: Um da ìHello Kittyî e um do ìCarrosî. E: É isso aí. Daí eu queria que tu me dissesses qual que é mais gostoso. C5: Hum... E: Qual que tu acha mais gostoso? C5: Esse aqui é gostoso. E: Esse é o do carros, né? C5: O da ìHelloî. E: É mais gostoso? É? Tem diferença, assim? Por quê que ele é mais gostoso? C5: Assim ó, é mais gostoso. E: É? C5: O da Hello Kitty. E: Da Hello Kitty. Vou escrever aqui. Já aqui a gente tá falando da Hello Kitty, que é um personagem assim, né? Qual que é o seu personagem de desenho animado ou de filme preferido? C5: Hum... E: Desenho animado, ou filme, ou novela ou pode ser qualquer coisa. Quais são os personagens que você mais gosta? C5: De desenho o W.I.T.C.H. E: W.I.T.C.H.?

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E: E outros, assim? Você lembra de algum? C5: Hum... E: E esses outros assim, agora vamos falar um outro assim pra ver qual que você tem. Até a Hello Kitty pode ser, é Barbie, Minnie. C5: Barbie eu tenho também, tem um assim. E: Desses personagens, mas qual que você gosta mais, então, assim de todos? C5: Todos. Mais de todos? O W.I.T.C.H. E: O W.I.T.C.H.? É um desenho, né? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E você tem alguma coisa com o desenho dele? C5: Assim, elas ajudam as pessoas, lutam contra o mal. E: Hum.... E você tem alguma coisa assim, tipo caderno, camiseta, mochila, alguma coisa com esse desenho? É? O quê que você tem? C5: Uma pasta. E: Uma pasta? C5: Cadernos... E: Tem bastante coisa! C5: Hum, hum (afirmativa) E: Foi você que escolheu? C5: Hum, hum (afirmativa) E: É? E você gosta assim, quando tem esse desenho? C5: Hum, hum (afirmativa). Mas no Machado de Assis eu não vou poder, assim, poder pegar da W.I.T.C.H. , assim. Mas a minha pasta vai ser, vai ser a mesma. E: A pasta... ah, você vai mudar de escola? C5: Hã Hã (afirmativa) E: Ah, é? E tá animada? C5: Hum, hum (afirmativa). Mas eu tava torcendo prá eu ir quanto mais cedo. Mas o Machado de Assis que é da minha amiga, né? Ganhou! E: Ah, no jogo lá? Hum, o Machado de Assis ganhou? Ah, então a sua amiga ganhou também, né? C5: Ganhou uma medalha, mas essa medalha ela tinha uma coruja aqui assim, né? Uma coruja, e aqui assim perto é o chapéu dela, né? E aqui tava assim, uma coisa escrita. Daí assim a correntinha. E: Hum, hum, essa era a medalha? C5: Hã Hã, muito bonita. E: Parece ser bem legal! C5: Sobrou assim um monte e eles não podiam dar aquelas outras que não ganhou. Tinha só menina lá, só tinha um menino. E: Pois é, né? E agora vou falar de outra coisa assim. Promoção, você sabe o quê que é promoção? C5: Sei. E: O quê que é? C5: É assim, o que tá novo, assim, essas coisas. E: O que tá novo? C5: Hã Hã (afirmativa). E: E o que mais assim? O que você acha quando entra numa loja e olha promoção. C5: Hã Hã... tem também aquela prá ver se tá em promoção, promoção assim, prá ver. E: Mas quando tá em promoção você acha que tem alguma vantagem assim, prá você comprar ou não? Ou é tudo a mesma coisa? C5: Mas o meu pai não deixa assim, eu quero, mas o meu pai não deixa. E: Não deixa? C5: Hum, hum (afirmativa) E: E... vamos falar de preço assim, também. Você ganha mesada? C5: Só tenho moedinhas. E: Moeda? Quem é que dá? C5: Meu pai e minha mãe. E: É? E o quê que você faz... C5: Às vezes quando a minha mãe tira assim, eu acho moeda no chão e dou prá ela que nós tamos juntando até R$ 109,00. E: Prá quê R$ 109,00? C5: Pra o meu presente de Natal, prá eu decidir... E: Escolheu? Ou você não escolheu ainda? O quê que é? C5: É a Téia que chegou novo.

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E: Téia? C5: É, a irmã do Teo. E: E é uma boneca? C5: Sim, grandona! E a outra assim é uma pequenininha assim, desse tamanho assim. (mostrando com as mãos). E: Hã Hã. C5: Da... Ela é assim, é uma boneca assim... E: Hã Hã. C5: Ela tá R$ 299,00 E: E... C5: Nós abaixamos, nós baixamos é... R$ 109,00. E: Quem baixou? C5: Eu... é que minha mãe... nós queria assim a Téia, que é uma caixa e daí assim, aqui está escrito Téia. E: Hum, hum C5: E uma menininha assim em cima. E: Essa boneca custa R$ 109,00 é isso? E antes ela custava R$ 299,00? C5: Não, uma outra. E: Ah, uma outra... e tu escolhesse essa de 109. E tu acha que é muito caro? C5: Meu pai e minha mãe também não acham, eu também não. E: Não é? Não? E você tá guardando dinheiro prá essa boneca, é isso? C5: Hum, hum (afirmativo). E: Todo dinheirinho que você ganha você guarda? C5: Hum, hum (afirmativo). E: É? E quando você vai comprar assim, alguma coisa, você olha o preço das coisas? C5: (pensativa). Hum, hum (afirmativo). E: O quê que é uma coisa barata prá você? C5: Brinquedo de R$ 1,00, de R$ 2,00... E: Isso é que é barato? C5: De R$ 3,00. Quando eu tive o meu amigo secreto eu botei mais de 3 porque eu não acho nada por R$ 3,00. E: E eles falaram que era prá gastar R$ 3,00? C5: Hã Hã. E a minha prof. disse que pode sim. E: E, o quê que é caro prá você? C5: Como? E: O quê que é caro? O quê que é uma coisa cara? C5: Assim, tipo assim, é um computador, que nem um notebook. Quem nem essa câmera aqui (em cima do notebook), custou cento e nove mil reais, e daí ta muito caro para mim. E: Cento e nove mil? É isso? C5: É! E: E daí tá muito caro? C5: Ta! E: E quando você quer alguma coisa que você quer comprar. Quando você quer uma roupa ou um brinquedo que você quer né, você conversa com seus pais sobre isso? C5: Hum, hum (afirmativo). E: É? Conversa só quando chega na loja, ou conversa em casa? C5: Converso também quando chego na loja, converso em casa. Na escola, que daí eu posso ligar de um telefone que tem lá, um orelhão assim. E: Mas assim, você vê algum amiguinho com alguma coisa e daí você liga para a sua mãe, é isso? C5: Hum, hum (afirmativo). Também eu não liguei, eu esperei chegar aqui na loja, daí falei para a minha mãe que eles estavam vendendo rifa por um real daí eu falei, só que já acabou agora. Só falta eles fazer assim, pra ver quem ganhou. E: E quando você conversa com seus pais, sobre alguma coisa, a opinião deles é importante para você? Você escuta eles? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E os seus amigos, o que os seus amigos falam, também é importante para você? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E você tem bastante amiguinhos lá na escola? C5: Hum, hum (afirmativo).

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E: E quando um amiguinho seu leva assim, algum brinquedo diferente, que você não tem. Como é que você se sente? C5: Eu peço para brincar assim. E: Eles dividem? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E já chegou de um amiguinho levar alguma coisa diferente e você querer também e pedir para a sua mãe? C5: Humm... já. E: É? E você ganhou, ou não? C5: Não. E: Não? Também nem sempre dá para ganhar né. C5: Também que eu ganhei, eu pedi assim e a minha tia me deu o namorado da Polly, quer dizer, da Barbie. E: Ah, você ganhou um presente da Barbie? C5: Hum, hum (afirmativo). E também uma mala cheia de roupa. E eu só pedi o boneco e veio um monte de roupa. E: Roupa para o boneco ou para você? C5: Para as bonecas. E: E você gostou então? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E quando você quer muito alguma coisa, o que você faz para convencer seus pais para comprar? C5: Assim eu peço, eles falam que não E: E aí, você pede de novo? C5: Eu esqueço daí. E: Só pede uma vez. C5: Hum, hum (hesitante). E: Não fica insistindo, nem com aquela boneca? C5: Hummm... eu só to louca para chegar o Natal, e eu tô curiosa. É que acabava minha aula dia 15, e agora vão acabai dia sete. E: As férias vão começar mais cedo então? Que bom, né! C5: E eu to muito triste assim, porque eu não queria assim, mudar de escola. E eu vou perder todas as minhas amigas. É que a minha escola é assim, cara, pede muitas coisas que nós não temos. E: Ah, mais daí você faz outras amiguinhas. E você vai ter as amiguinhas da escola antiga e da escola nova. Você vai ter o dobro de amiguinhas!. C5: Daí eu vou visitar assim, as de agora. E: Isso! Agora vamos falar de tevê. Você assiste tevê? C5: Hum, hum (afirmativo). E: Todo dia? C5: Hum, hum (afirmativo). E: É, o que você gosta de assistir? C5: Cartoon Network, Discovery kids, Jetix, Disney, quando eu vou na minha prima. E: E você assiste os comerciais que passam? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E você gosta? C5: Tem um do Téo e aparece a Teia assim. Daí tem assim: cadê a Téia? Cadê o Téo? E: Aí você gosta? C5: Daí o apelido do meu pai é Téo né, daí eu vou assim no ouvido dele: cadê o Téo? E: Igual do comercial. E você acha que, quando aparece a propaganda na tevê, a propaganda sempre fala a verdade? C5: Hã, hã, porque eu vi assim na caixa, daí eu vi na boneca da minha amiga. E: Ah, você viu que era igual ao que eles mostravam? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E o que uma propaganda legal para você deve ter? C5: A do Téo, a do Pirata. É assim: (fazendo um desenho) aqui ta o sofá, aqui ta o pai, e aqui ta o filho (pai e filho no sofá). E: Ah, lembrei. Tem o filho com a espada né? E você gosta desse? C5: Só que eu não gosto quando ele briga com o menino, assim, na frente da tevê não pode assim. ìNão, não pode nãoî, aquela lá. E: E aí você não gostou quando ele disse isso? C5: Hum, hum (afirmativo). Daí eu gosto mais a do Téo.

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E: Mais a do Téo, é mais legal? C5: Hum, hum (afirmativo). E: Já aconteceu de você ver um comercial e pensar assim, vamos dizer que é de um brinquedo novo, pensar assim: ìah, eu quero um desse para mimî ? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E daí o que você faz? Pede para a mãe, chama ela? C5: Eu peço para a minha mãe, ou às vezes eu chamo ela para vim ver o comercial. E: É, e ele vem ver? C5: Hum, hum (afirmativo). E eu também gosto da boneca que é assim né: (desenhando) aqui é um prato, assim, da boneca. Aqui é o piniquinho da boneca. E aqui é um pacote de bolacha, que daí dá para tirar as bolachas, um monte de coisa né... E: Hum, hum. C5: Daí ela fala para fazer cocô, e aí nós pega ela (sic), coloca aqui, e aí vem fraldas também, daí nós coloca a fralda depois e limpa com papel higiênico. E: Igual a um bebê de verdade? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E você quer essa boneca? C5: Eu queria, mas agora eu to agarrada na Teia. E: E não dá para ter as duas né? C5: Hum, hum (afirmativo). Também no Dia das Crianças o meu pai ia me dar uma boneca né, que eu sempre queria, e aí, não tinha. E eu fiquei muito triste. Daí eu peguei, tipo assim, uma maquininha assim, de passar as compras. Nós compra as coisas e depois ela é para passar os preços. E: Igual de supermercado? C5: Hum, hum (afirmativo). E: Agora eu queria falar de outra coisa. Você vai para a aula de tarde, é isso? E o que você faz de manhã? C5: De manhã eu brinco, eu faço casinha de Barbie, brinco de Polly. E: E você fica aonde, fica em casa? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E quem é que fica com você? C5: Minha mãe! E: A sua mãe fica com você de manhã? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E ela trabalha de tarde, então? C5: Hã, hã. A minha madrinha fica aqui de manhã. E: Então ta, a gente ta quase acabando, mas eu queria que você me ajudasse a resolver dois probleminhas. Deixa eu te mostrar. Essa aqui é a Nina! A Nina ta fazendo aniversário de oito anos, e ela pode escolher um presente. A mãe dela falou que ela pode escolher um presente para ela, de aniversário. Se você fosse a Nina, o que você iria fazer? Você iria para algum lugar comprar, ou você já sabe o que você quer? Como é que você faria? C5: Eu já sabia o que eu queria. E: E o que é? C5: Daí era assim, uma boneca, uma Barbie. E: É? É isso que você iria escolher? C5: Hum, hum (afirmativo). E: E onde você iria comprar isso? C5: Na Meninas e Meninos ou na Sulamericana. E: E agora tem outra brincadeira. Essa aqui é a Ana. Esse aqui é o irmão da Ana, o pai, a mãe e o cachorro. Essa é a família da Ana. E a família da Ana vai comprar um carro novo, e eles pediram para a Ana ajudar. Se você fosse a Ana, como é que você iria ajudar os seus pais a comprarem um carro novo? C5: Eu ia ajudar eles a juntar dinheiro. E: E você sabe que carro você iria querer? C5: O Cross Fox. E: Onde você conheceu esse carro? C5: É que eu conheci na rua. E: E você gostou? C5: Ahã, achei bem lindo ele, amarelo assim. E: E você escolheria um desse, então, para a família? C5: Hum, hum (afirmativo).

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E: Bem legal. Agora só tem mais um joguinho, que é um jogo rápido. É assim, eu vou te dar duas opções e você tem que escolher qual que é mais importante para você. C5: Hum, hum (afirmativo). E: Mas sem pensar muito. Tem que ser bem rápido. Vamos lá, o que é mais importante: conforto ou aparência? C5: Conforto! E: Beleza ou preço? C5: Preço. E: A opinião de um amigo, ou a opinião dos seus pais? C5: A opinião dos meus pais. E: A sua opinião ou a opinião de um grupo de amigos? C5: (pensativa). Ah, é muito difícil. Hum.. opinião de mim. E: Se divertir ou aprender? C5: Aprender. E: Amigos ou brinquedos? C5: Amigos. E: Shopping ou praia? C5: Shopping. E: Brincar com os amigos, ou comprar alguma coisa nova? C5: Comprar alguma coisa nova. E: Ter um estilo próprio, ou ser igual aos seus amigos? C5: Hum... ser igual aos meus amigos. E: Ser criança para você é... C5: É legal! E: Bem legal! È isso aí. Muito obrigada!

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Entrevista Mãe 05

Entrevistadora: As perguntas são sobre o universo das compras, assim. Mãe17: Hum, hum (afirmativa). E: Da família e mais dela, né? Prá ver assim, o quê que ela acha e o quê que acontece. M5: Hum, hum (afirmativa). E: Por isso a opinião das duas, né, prá confrontar? Então, vamos começar falando assim, de mercado, né? Você leva ela prá fazer compras de supermercado com você? M5: Levo. E: Sempre? Ou faz alguma compra sem ela? M5: Às vezes sem ela. Depende né, se ela não tiver comigo, mas se ela estiver em casa ela sempre quer ir junto. E: E ela pede muita coisa? M5: Ela pede, adora ir no Angeloni. E: Ah, é? M5: Daí ela quer ficar na escolinha ou então no mercado. Mas se eu vou em outro mercado, assim, comprar uma coisa rapidinho, ela só sai do mercado se sai com alguma coisa. E: E no Angeloni, ela gosta de ficar lá dentro brincando do que... M5: Lá dentro brincando. E: ... fazendo as compras? M5: É. Brincando. E: E ela pede alguma coisa do Angeloni, também, daí? Ela fica ali, mas pede alguma coisa? M5: Não, se quando eu saio, assim, prá comprar alguma coisa prá mim? E: Ah, ela só pergunta então? M5: Mas daí eu sempre compro, né? A gente sabe que ela gosta. E: E o quê que ela pede assim, quando ela vai nos outros? M5: Ah, chocolate, né? Kinder Ovo que ela gosta, um absurdo né, ... é, salgadinho. Pote de sorvete, mas tem que ser daquele grande prá levar prá casa e comer toda hora em casa... E: E ela tem algumas marcas preferidas, assim? M5: É o Elma Chips, sorvete tem que ser Kibon, refrigerante só toma Coca e Guaraná da Antarctica... E: E se comprar um outro sorvete, assim? M5: Ela é difícil. E: Ela não come? Ela chega a não comer? M5: Ela chega a não comer. Uma vez ela foi almoçar na casa da minha cunhada, a minha cunhada sabia que ela não gostava de qualquer refrigerante, e aí ela comprou um Kuat, botou numa embalagem de pão, um saco de pão, não tem? E: Hã Hã M5: E prá servir na mesa botou guaraná prá ela e ela tomou e não descobriu o quê que era. E: Ah, não era da Antarctica? Ela não sentiu a diferença no gosto? M5: Não. E: É o nome mesmo. O Guaraná e a Coca. M5: Guaraná e Coca. E: Ela pede pelo nome? M5: Ela geralmente quer Coca. E: Ela conhece bem os nomes? M5: É aí ela conheceu a Pepsi agora. Agora é mais a Pepsi. E: Trocou? M5: É, daí ela... o meu marido sempre compra garrafinha para ela levar para aula. Compra o Guaraná da Antarctica. Agora não, tem que ser latinha de Pepsi. E: E como é que foi essa troca, assim? Ela experimentou em outro lugar? M5: É, porque ela não... ela não gosta de experimentar as coisas. Tu força ela. Tu tem que forçar. Aí quando ela experimenta e ela vê que ela gosta, daí ela sempre quer. A Pepsi acho que ela viu com alguém da escola. E: Já chegou, já chegou a trocar de marca, né? Prá Pepsi? M5: É, da Coca prá Pepsi. E: E, quando ela não vai no mercado? Você sente alguma diferença nas compras? M5: Ah, assim quando eu vou, eu compro uma coisinha prá ela, né?

17 Mãe da criança 5, identificada na transcrição pela denominação M5.

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E: Do mesmo jeito. M5: É, mas não tanto quanto ela. Ela sai de casa, vamos supor, onde a gente mora tem um monte de loja, tem um monte de coisa. A gente sai e ela já vai no caminho, que tem loja de R$ 1,99. Ai eu digo, pô, no R$ 1,99 não tem nada, estraga tudo. Mas ela quer ir no R$ 1,99, nem que ela saia de lá só com um lápis de cor. E: Ela tem que ir prá lá tem que comprar? M5: Tem que comprar alguma coisa. E: E no shopping? Ela vai também bastante ou? M5: Vai, quando, quando ela vai pro shopping ela quer ir no parquinho, ou comer Mc. E: Ou um sorvete? Ele pede Mc Donald´s? M5: É. E: Ela chegou a experimentar outro? M5: Bob´s. E: Gostou ou.... M5: Gostou, aí foi várias vezes repetindo o Bob´s, né? Só que a preferência dela ainda é o Mc. E: E tem alguma outra loja favorita lá? M5: No shopping? Ah, o próprio caso daquele brinquedo que tem lá que ela pode ir no escorregador, essas coisas assim, né? Senão ela não se interessa. E: Senão ela não é muito assim, de ficar olhando preferência? E, ela já foi ao shopping com outras pessoas? Com outro adulto? M5: Já. Só que aí ela não pede nada. E: Ah, é? E sem um adulto ela já chegou a ir? Só com da idade dela? Amiga? M5: Não, não. E: Você deixaria? M5: Não. A gente já tem uma preocupação, tá louco! Ela foi pro Sesi com um professor homem. Né? Foi a turma toda, mas quando já chegamos no colégio já viram que ela era a menor da turma, né? E eu pensei: taí de metida ainda, porque não sabe jogar xadrez, né? E daí ela me disse que ganhou três partidas ainda! E: Ela ganhou três! M5: Isso foi o que ela falou. E: E, marcas assim, né? Ela costuma pedir alguma coisa pelo nome da marca? M5: Hum... (suspiro) Não, pelo nome da marca não. E: É mais difícil? Você acha que ela... Criança 5 interfere: Pelo xampu, mãe. M5: Não! A mãe é que tá respondendo, não é você que responde. E: Você acha que ela conhece as marcas? M5: Acho que não. Só assim, não, não a marca. Tem a marca e tem o outro o modelo, o nome, né? Assim, sim, mas por marca não. E: Por marca ainda não? M5: Não. E: E, por exemplo, assim, quando assim o assunto é roupa? Ela também não pede por nome, ela pede por modelo, como é que ela faz? M5: É. É, tipo marca não, mas, gostou de uma roupa, ela prova e se ficar bom a gente traz, só assim, mas não, não... E: E ela tem escolhe junto ou não? M5: Escolhe junto. E: E já aconteceu dela escolher alguma roupa, assim, que você não, não gostar daquele modelo? M5: Ô, várias vezes. E: E daí? Como é que é a negociação? M5: A minha tia ela vende roupa, né? E também bastante modinha infantil. Aí ela vai prá casa da minha mãe, e ela volta com uma sacola cheia de roupa. Ela comprou e botou, tipo na minha conta. E: Ahn... M5: Eu vou ter que pagar. Só que assim, às vezes, ela adora tomara que caia. Prá ela que é muito sequinha, fica escorregando, é horrível. Mas ela adora, né? E: E daí? Ela usa ou não? M5: Ela usa, mas fica toda hora, né? E: Puxando. E, com relação aos brinquedos? Ela tem alguma preferência? M5: Polly, Barbie... E: E dá prá enganar, comprar Barbie que não é Barbie, Polly que não é Polly?

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M5: Eu acho que não. Acho que não porque ela ganhou, acho que era uma Polly, e veio me dizer que era do Paraguai. Aí então, se tu der no lugar da Barbie, porque Barbie tu vai no Camelô e tem um monte de modelinho. Bárbara, e não sei o quê. Só que se tu comprar uma coisa assim, não é a Barbie, né? E: Ela rejeita? M5: É. Vai ficar na caixa dos brinquedos rejeitado. E: E produtos de higiene pessoal? Quem que escolhe? Xampu, pasta de dente, essas coisas assim? M5: Eu e ela, né? E: Ela escolhe junto? M5: Ela escolhe o xampu dela. E: Que xampu que é? M5: É o que tiver o desenho mais bonito, né? E: Vai no mercado e escolhe mais pela embalagem, você acha? M5: É, mais pela embalagem. Sabonete ela usa o mesmo que a gente e, o creme dental é, ela tem que usar um mais forte porque os dentes são fraquinhos, né? Tem que ser tipo Sensodyne. Criança 5 interfere: Mas um dia ela abriu o meu sabonete. M5: É, ela ganhou um sabonete do Mickey. Só que acabou o nosso sabonete e eu esqueci de comprar, aí tive de abrir o do Mickey dela. E daí esses tempos quando ela entrou no banho ela deu uma gargalhada bem alta. Aí eu descobri o quê que era: era que o pai tinha tomado banho com o sabonete dela. E: Ela percebeu, né? M5: É. E: E xampu, ela escolhe sempre o mesmo? Ou muda? M5: Muda. Toda vez que acaba o frasco ela vai lá e compra um diferente. E: Sempre no mercado? M5: É. Raramente, tipo, eu gosto daquele da Natura, daquele de neném, né? Só que não conheço ninguém que vende. Daí tu tens que pedir. Aí tem que ser no mercado, mesmo. E: E, comida e bebida, né? Tem algum de comidinhas assim, do universo da criança: salgadinho, bolacha, essas coisas assim que não pode faltar prá ela? M5: Tem que ter Danoninho todo dia. Se deixar ela come três por dia de uma vez só. Sorvete ela adora, miojo. E: Isso são coisas que ela escolhe? M5: Que ela escolhe. E: Danoninho dá prá trocar, pode ser do mesmo tipo, mas de outra marca? M5: Não, eu sempre compro Batavinho porque é o mais gostoso, não sei, tem o gosto mais natural, né? Aí eu compro Batavinho e, ás vezes, Danoninho. E: Ela sente diferença? M5: Olha, ela nunca me falou nada. E: Come o que você comprar? E, quando está no mercado e tem salgadinhos de outras marcas, ela chega a experimentar? M5: Assim, ela chega a pegar aquele de isopor assim, aqueles ìpacotãoî ruim. Esses dias ela ainda fez isso, aí eu disse prá ela: tua vai comer isso aí, ele é ruim, eu falei prá ela. Tu vais comer um ou dois e vais deixar de lado. Aí ela foi e pegou da Elma Chips. E: E ela muda os sabores da Elma Chips ou não? Ela prova vários, assim? M5: Ela prova de todos, mas ela prefere Ruffles. E: A Ruffles vem de diversos sabores, né? M5: É, mas o tradicional. E: O tradicional é que ela mais gosta? E quanto à embalagem, né? A gente já tinha comentado, assim. Ela chega a ser influenciada pela embalagem? M5: Chega sim. E: É. O quê que você acha que chama a atenção dela? M5: Ah, se tiver uma bonequinha desenhada, uma coisa assim, um personagem de desenho... E: Ela troca? M5: Você sabe me dizer qual que é o personagem de desenho dela preferido? E: Tem vários. Ela gosta da Bratz, que é um desenho do Cartoon, uma meninas, né? M5: É, Shrek ela gosta. Tem vários, ela fica a manhã inteira na frente da tevê. E: Ela tem alguns produtos desses personagens, assim? Outro produto, né, tipo camiseta, caderno, mochilas, assim? M5: Tem. As coisas do Rebelde, né? Tem um pouco de tudo. E: Ela procura essas coisas de personagem, assim?

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M5: Procura, procura. E: E tem bastante? M5: Tem. Tu sai na Rua XV e toda loja tu acha um pouquinho. E: E promoção? Você acha que ela tem noção do que é promoção? M5: Não. E: Ela chega a ser influenciada por isso? M5: Não. Ela passa por uma coisa: R$ 20,00, ìó, mãe, é só R$ 20,00!î. Aí eu digo prá ela: ìvai, vai trabalhar prá ganhar R$ 20,00. Não é assim fácil se tu não tensî E: A noção de preço dela ainda não é muito boa, você acha? M5: Não. E: De caro e barato assim? M5: Não. Ela fez esse ano no colégio, eles tiveram um projeto do aluno empreendedor, né? É para a criança aprender a mexer com o dinheiro, coisas assim. Só que ela não aprende. E: Ainda não pegou essa parte dos valores, assim? M5: Não. E: E, falando de outros valores, assim: ela ganha mesada? M5: Não, mas ela tem tudo que ela quer, né? E: Ela ganha... ela pede e ganha muito fácil? M5: É. Ela junta só as moedas, né? Ela cata aonde ela vê moedas ela vai juntando. E: E ela gasta isso? M5: Gasta, quando ela vai pro centro comigo. Eu já evito sair porque ela quer tudo, né? E: Hum, hum. M5: E aí quando ela vai, ela gasta as moedinhas dela. E: E o que ela compra? M5: Ah, besteira. Besteira, de criança, né? E: De momento assim? Ela não vai pro Centro programada para comprar alguma coisa? M5: Não. E: Ela vê... M5: Ela tem agora um... na escola eles têm um... ai, como é que é? Um albinho (álbum pequeno), alguma coisa com ìstickî, que tu tiras as figurinhas da... ela compra um monte de figurinha. Ela tira e cola naquele albinho. E: Hã Hã. M5: E depois ela troca entre amigas, né? E ela adora comprar figurinha. E: Ela gasta com essas coisas supérfluas? M5: É, só porcaria. E: Prá trocar depois? M5: É. E: E, mas vocês compram coisas prá ela também fora de hora? Algum presente? M5: Hum, hum (afirmativo). E: O quê que são essas coisas, assim? M5: Ah, é tudo coisas, besteiras que ela gosta, né? Aí, tipo roupa, brinquedo. Quando a gente vê uma coisa legal aí a gente compra. No dia que a gente não compra ela vira prá gente e diz: ìai, eu não ganhei nada hojeî. A gente tem que dizer: ah, mas se a situação não tá muito legal, né? Aí tem que dizer, né? Aí tem que dizer: não é todo dia que se ganha presente. A gente já conversou com ela que não é todo dia que se ganha presente, que é só no Natal, no aniversário, no Dia das Crianças. Só que ela não entende, ela quer todo dia. Acho que a gente acostumou ela desde pequeninha assim. E: Vocês chegam a comprar alguma coisa assim... M5: Se a gente acha alguma coisa interessante tipo, não vai achar de novo, né? Quando a gente foi pra Balneário Camboriú esses dias, ela não tava junto. A gente tava passeando no camelô e tinha uma boneca do Rebelde, tipo Barbie, nova, né? E: Hã Hã. M5: Eu queria comprar uma prá ela, eu achei que ela ia gostar, né? Ela não foi passear nada, queria ficar com as primas dela. Aí pensei, vou comprar. E aí andei por todo o camelô, e não tinha o que ela queria. Só que não me arrependi, porque eu pensei: eu vou chegar e ela não vai gostar, né? Eu cheguei falei com ela e ela disse: ìai, feia aquela bonecaî. Ainda bem que eu não comprei! E: Se tivesse comprado ela não ia... M5: Não ia gostar, né? E: E produtos assim, que vem um brinde? Ela gosta? M5: Ah, ela adora esses, ela adora.

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E: Chega, por exemplo, assim, vai comprar um tênis novo. E tem um tênis que te um colarzinho e outro que não tem. Ela é influenciada? M5: É. Agora tem uma sandália da Klin que vem com, ela disse que é um MP3, mas eu acho que não é um MP3. Criança 5 interfere: É sim. M5: Não ia ser pelo preço de uma sandália. Daí a gente vai procurar, prá ver se é um MP3, ver quanto custa pra dar para ela. E: Mas, ela viu esse MP3 na propaganda? M5: Não, na... Criança interfere: Vi. M5: Não sei aonde é que ela viu. Ela viu num catálogo, né? Daí tem a sandália, tem um fone que passa por cima da cabeça e tem um negocinho rosinha. Deve ser um walkman, um walkman, acho que é uma coisa assim, né? E: Mas a sandália é bonita? Criança 5 inerfere: É. E: E se a sandália vier, não tiver mais a sandália com radinho. Tiver só a sandália, tu vai querer também? Criança 5 interfere: Hum... hum.... (pensativa). E: Ela conversa muito com você sobre os produtos que ela quer? M5: Ah, sim. Ela tá com a tevê ligada, ah, mãe, vem cá ver. Mãe, vou querer um desse! E: Pede bastante? M5: Pede bastante. E: E, deixa eu ver. Vamos falar de amigos, assim. Você acha assim que, elas e os amiguinhos dela têm mais ou menos as mesmas coisas? Se vestem mais ou menos do mesmo jeito? M5: Tem. Tem mais ou menos as mesmas coisas. E: Eles gostam de, que nem a sandalinha assim, é meio modinha entre as meninas ou, elas não têm muito isso? M5: Não, muita coisa que a minha filha tem as amigas não têm assim, não é bem parecido. Agora, as primas, elas têm as mesmas coisas. Uma fala que a outra é invejosa, mas é os pais que compram, né? Não tem nada a ver. E: Ela é mais parecida com as primas, então? M5: Ela gosta de imitar a prima mais velha dela. E: Ela tem um modelo assim, né? M5: É. E: O que essa outra prima tiver alguma coisa ela pede, ela chega a pedir? M5: Chega, só que a gente gostaria de comprar alguma coisa, tipo ela vê que, tipo se eu comprar uma Polly. Essa daqui a Ju tem, então eu não quero essa, eu quero outra. Parece que ela tá pegando um pouco de, assim, de não ter as coisas igual à da prima. E: De não ter igual? M5: É. E: E o quê que ela faz prá convencer vocês a comprarem alguma coisa? M5: Ah, ela tem o jeitinho dela, né! E: Ela pede várias vezes, ou pede uma vez e, se ganhou um ìnãoî ela esquece? M5: Ela pede várias vezes, às vezes quando a gente sai e diz não ela bate o pé, ela chora. E: Ela falou que só pede uma vez. M5: Ah, não. Ela é terrível. E: Ela chega a fazer bico, assim, na loja? M5: Faz um monte, chora um monte na frente dos outros, não quer nem saber. E: E daí se for não mesmo ela vai prá casa. M5: Se eu digo não eu vou com a minha palavra até o fim, mas o pai dela muitas vezes cede. Ele diz que sou eu cedo, mas eu não cedo. Se eu digo não, eu digo não até o fim. Se ele diz não, e eu vejo que tem condições de comprar essa coisa, aí eu converso com ele meio que por trás. E: Mas ela chega a pedir prá um e, se receber um não, ela vai para o outro? M5: Sim. Ontem a gente tava levando ela, não sei onde é que foi, ali, ela tava no carro. Aí eu falei ele assim: será que o MP3 já baixou de preço? E ele, ìé, acho que baixouî, porque ela quer um MP3, né. E: Hum, hum. M5: Só que eu conversei com ele assim, meio que na frente e ela tava virada prá trás. E aí ele disse, mas por que? E eu disse assim: porque fora o brinquedo que ela vai ganhar de Natal eu queria dar um MP3 prá ela, que ela já tá enchendo o saco já faz muito tempo. Aí ela pegou e se meteu e disse assim, ìó, eu quero um MP4 com vídeoî. Aí eu fiquei quieta, né?

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E: Ela tava ligada na conversa? M5: Tava. Ela fica super ligada. E: Hã Hã. M5: Mas é que a gente vende isso, então, se for mais barato eu até tento comprar um prá ela, só que essas coisinhas são caras, né? Já a boneca que ela ia ganhar de Natal a gente já conseguiu reduzir, né? E: Hã Hã. M5: Ela queria uma ìMiracleî que era R$ 299,00. E: Ela comentou: aí escolheu uma de R$ 109,00 M5: R$ 109,00. Aí é a Teia. Só que se o dinheiro tiver bom ela falou que podia comprar a Teia e o Téo, e é R$ 109,00 cada um, R$ 218,00 os dois. Aí eu disse que depende como estiver a condição no Natal, né? Eu to grávida, daqui a pouco vm o neném e eu já disse para ela: ìquero ver você começar a repartir as coisas.î. E: Será que ela tá entendendo? M5: Às vezes sim, às vezes não eu acho. E: E esse MP4, de onde é que você acha que ela tirou isso? M5: A gente queria dar prá ela no Dia das Crianças um MP3 e ela não queria. E: Mas ela já conhecia ou vocês que queriam dar? M5: A gente queria dar. E: Hum, hum, ela não tinha pedido ainda? M5: Não, ela tá muito ligada nos Rebeldes, ela adora dançar, coisas assim, adora ficar com o som alto dançando. E isso, tem hora que eu não agüento mais ouvir aquelas músicas: ìEu sou rebeldeî, é, aí, né? Aí eu pensei, eu vou dar isso prá ela, ela só ouve, ela dança, ela faz o que ela quiser, a gente não é obrigado a ouvir. E: Hã Hã. M5: Aí ela não quis. Ela quis outra coisa, eu acho que uma caixa de mercado que deve tá lá no brinquedo jogado, que ela nem dá bola. Aí a gente não comprou o MP3, agora ela quer um MP4. E: E onde ela viu um MP4? M5: Não sei, eu acho, a gente vendeu um esses dias prá um guri. E: Ah, e daí ela viu? M5: Só que eu não sei se ela viu. Ó, o CD dela taí, o celular dela tá desligado sem bateria. Ela não tá nem aí prá ele, e enchia o saco que queria. Criança 5 interfere: Mas eu tô mexendo nele. M5: Tá ali há dias já. E: E ela chega, assim, quando ela quer alguma coisa, chega a ficar um pouco até, mais prestativa, assim? M5: Sim, ela faz tudo que tu pedir. E: Até ganhar? M5: Até ganhar. E: E depois? M5: Ah, depois volta ao comportamento malcriado dela. E: E, falar um pouco de mídia, da tevê. Ela assiste todo dia? M5: Todo dia. E: Quantas horas, assim? M5: Ela chega da aula, chega em casa, ela vai prá tevê, né? Fica vendo os desenhos lá, dela. Aí no outro dia de manhã quando ela fica comigo de manhã em casa a gente vê um pouquinho de tarefa, aí o restante do tempo ela fica na tevê. Senão é no computador é na tevê. E: Ela assiste bastante assim, então? M5: É. E: E como você lida com as propagandas que passam na tevê, e que ela assiste? M5: Ah, as propagandas são na maioria mostrando brinquedo, coisa, né, Cartoon (Canal Cartoon Network). Coisas que toda criança quer, né? Elas vêem tudo. E: Vocês conversam sobre isso? M5: Ah, a gente só fala que, acha que não devia, que esse canal não deveria mostrar essas coisas assim, por causa das crianças, né? E: Passa bastante então? M5: É. Eles pedem tudo, né? Brinquedo novo do Mc (McDonaldís). Mãe, chegou um brinquedo novo, vamos lá, não sei o quê. Já teve dias que a gente foi no Mc, né, e ela já ficou com alguns brinquedos repetidos porque são 4 brinquedos prá menina e 4 prá menino; ela já pegou os 4 da menina e mais repetidos ainda dos meninos.

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E: Então quando ela vai lá ela pede o McLanche, é isso? M5: É, daí a gente tá tentando convencer ela a pegar o McDuplo, que ela experimentou uma vez, e é duas vezes mais barato e não vem o brinquedo. Mas daí não precisa pegar repetido né. E: E ela não troca? M5: Às vezes troca. Às vezes, mas raramente. Ela quer muito pelo brinquedo. E: Pelo brinquedo? Chega a ser mais influenciada? M5: É. E: E nas compras da casa? Tem algum produto que é da casa que ela chegou a ajudar a escolher? Algum eletrodoméstico, alguma coisa maior? Ela teve alguma participação? M5: Não. E: Não? M5: Isso aí é o pai dela que compra. E: E você acha que ela poderia ajudar em alguma coisa nesse sentido? M5: Não. E: Então é, finalizando falando assim sobre a sua ocupação. Então de manhã você fica com ela, né? E tá, o resto dia você trabalha. Você acha que teria alguma diferença assim se você trabalhasse o dia inteiro? M5: Tem. E: O quê que seria? M5: Antes ela ficava aqui comigo de manhã. E: Ah, antes você trabalhava e ela vinha prá cá junto? M5: É. Ela ficava aqui comigo de manhã. Só que no decorrer da manhã, ela mal chegava: ìmãe, to com fomeî. A gente mal chegava e ela queria ir na lanchonete. E: Lanchonete? M5: Ela queria comprar alguma coisa prá ela. Daqui a pouco ela: ìmãe, eu tô com fomeî. Ela tinha que ir tudo de novo, podia ter um monte de coisa para comer aqui, que ela não queria. Aí ao meio-dia a gente almoçava. Eu e ela. Ela ia, a gente almoçava, e ela sempre pegava chocolate, as besteiradas dela. E: E isso agora? M5: Agora eu não venho mais de manhã, ela fica a manhã toda comigo, eu não gasto esse dinheiro, ela almoça comigo em casa e de tarde eu venho prá cá. De tarde eu mando lanche prá ela, ela não quer nem mais comprar o lanche na aula, eu acho que ela enjoou da fila mesmo né? E: Mas antes ela comprava? M5: Ela comprava todo dia. Ela levava R$ 3,00 pro lanche. R$ 3,00 ou R$ 4,50. E: Todo dia isso? M5: Todo dia. Daí agora não. Agora ela leva um pão com queijo, presunto, ou senão leva, leva um refrigerante, iogurte, alguma coisa assim E: Leva o lanche de casa? E as amiguinhas? Geralmente o pessoal tudo compra lá? M5: Não. Eles levam. Daí ela era uma das únicas que comprava todo dia, só que assim: ìah, mãe, a minha amiguinha não trouxe lanche, eu comprei um lanche prá elaî. Aí a gente fala, ó, elas nunca compraram prá ti, elas nunca te deram. Então, não é certo ela ficar sustentando as outras crianças. E: Hã Hã. M5: Eu acho que cada mãe tem que se preocupar, né? Não sei. Eu sempre faço um lanche aqui à tarde na cafeteria, e eu sempre volto com um salgadinho, com alguma coisa que eu sei que ela gosta. Prá quando ela chegar às seis horas, que eu sei que ela chega com fome até nós ir embora ela come isso daí, né? E: Hã Hã, então vocês ficam um tempo aqui? M5: É. E: E ela fica? M5: Ela chega umas seis horas com a Topic e a gente vai embora umas sete horas, só que o lanche dela é às três horas no colégio. E: Hã Hã. Daí é muito tempo? M5: Ela chega com fome, né? Ela come o salgadinho e passa, né? E: Tem que ter alguma coisinha esperando ela? M5: É. E: Bem, as perguntas eram essas. Muito obrigada!

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Entrevista Criança 06 - Menino

Entrevistadora: Vou fazer perguntas sobre compras. Irmão menor da criança pergunta18: Tu vem mais vezes aqui? E: Não. Irmão maior da criança19: Então porque tu veio aqui hoje? E: Prá fazer perguntas prá ele. Eu vim só prá entrevistar ele, olha só. Que importante! 7 anos? É? Ime: Mas é um gravador? E: Hum, hum. Tá gravando. Que dia que você faz aniversário? Criança 0620: Não sei. E: Tu sabes que dia que ele faz aniversário? Irmão maior da criança: Eu vou lá pedir prá ela (mãe). Eu sei que eu faço dia 5 de janeiro. E: 5 de janeiro? Tá chegando já, né? C6: Dia 19 de setembro. E: E tu vai fazer quantos? C6: Ah, 10. E: Tem um irmão de 9. C6: E de 4! E: E um irmão de 4, é isso? Você é o do meio. Então, vamos falar sobre um monte de coisa que tem a ver com compras. Vamos começar com supermercado. Você vai junto no supermercado com seus pais? Fazer compras? C6: Às vezes. E: É? Não vai muito? C6: Eu não sei, às vezes eu to na escola e aí a minha mãe vai. E quando ela volta daí a gente vai lá, daí ela traz uma coisinha prá gente. E: E quando você vai junto, você gosta? C6: Gosto. E: Você gosta de ir junto? C6: Gosto. E: E você pede muita coisa? C6: Hum... E: Não pede nada assim? C6: É só, é só um Trident, é gostosinho, assim. E: É? Salgadinho também? Ima: Salgadinho ele pede. E: Salgadinho ele pede? C6: Cheetos às vezes. E: E bolacha? Ime: A bolacha, é a bolacha do papai. C6: Tem bolacha que eu gosto. E: E qual que você gosta? C6: Aquela bolachinha, assim meio marronzinha, que tem umas nozinhas (sic). E: Que tem o quê? C6: Umas nozinhas no meio (sic). E: Ah, nozes no meio? C6: É. E: E no shopping? Você vai ao shopping? C6: A gente vai hoje. E: Vocês vão hoje? Ima: Às 4 da tarde. E: É? E vocês gostam de ir? Ima: Eu gosto. C6: Hã, hã (afirmativo). E: Tu também gostas? Ah, é? Vocês vão assim, muito, ou só de vez em quando? C6: Só de vez em quando. É, mais ou menos.

18 Irmão menor da criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação Ime. 19 Irmão maior da criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação Ima. 20 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C6.

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E: E vocês pedem alguma coisa? C6: A gente toma sorvete. Às vezes um cinema. E: É? C6: Cinema, tomar sorvete! E: E tem alguma loja lá que você gosta de ir? Ime: Tu tem pai? E: Eu tenho. C6: Na Meninos e Meninas Ime: Eu também tenho, só que o meu pai tá na Alemanha. E: Tá na Alemanha? C6: Tá. E: E vocês também já moraram lá, né? C6: Já. Cinco anos. Ele vai trazer uma coisa de, um brinquedo de Natal, boné da Adidas, luva da Adidas. E: E quem é que pediu o boné da Adidas? Ima: Ele pediu o boné da Adidas. E: Mas tem que ser da Adidas, não pode ser de outra? C6: Pode. E: É? C6: Só que é nossa marca predileta e o meu pai sabe. Aí eu vou ganhar uma luva de goleiro da Adidas e três meias da Adidas. C6: E também chocolate e um monte de balinhas. Crianças falam ao mesmo tempo. E: Ele vai mandar tudo prá vocês? Ima: É, e ele vai ganhar um boné, e o papai não contou o resto. E: Ele vai fazer surpresa? Ima: Eu vou ganhar chocolate com nozes. Ime: E ele vai ganhar presente. Ima: Eu vou ganhar 3 meias da Adidas também. E: Meias da Adidas? Tudo da Adidas? C6: É. Só não comida da Adidas. E: (risos) C6: Se fosse... E: É. Tá, mas deixa eu voltar lá. Você falou antes, que você gosta de ir na Meninas e Meninos, é isso? E por quê que é bom, lá? C6: Ah, tem um monte de brinquedo que eu posso ver, pro Natal pode ver lá nas lojas. E: Dá pra escolher? C6: E dá E: Mas e aí, quando vocês estão lá, vocês pedem alguma coisa prá levar prá casa ou não? Só escolhem pro Natal? C6: É, mas a mãe não deixa. E: Não deixa? C6: É, porque ela acha muito caro. E: Ah, é? C6: Eu vou pedir um negócio que custa cento e poucos reais, do Papai Noel. E: E cento e poucos reais prá você é caro ou é barato? C6: Barato. E: É? E o quê que é caro prá ti? C6: Que custa mais de R$ 200,00. Daí é caro prá todo mundo. E: E vocês vão em alguma loja de roupa lá no shopping? C6: Hum, hum. Algumas vezes a minha mãe vai lá prá ver as roupas. E: Aonde? C6: Mãe, qual é a loja que tu gosta de ir lá prá ver roupas? Qual que é o nome? Mãe: No shopping? C6: É. M: Bom, eu normalmente vou na Renner. E: Prá eles? Mãe: Não, prá eles eu normalmente compro na Malharia Cristina. E: Daí no é no Centro, e eles vão junto? Mãe: Normalmente não. Normalmente é eu que escolho.

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E: Ah, normalmente é que escolhe e traz... Mãe: Mais isso depende da idade, né? Tipo assim, ele (referindo-se ao filho mais velho) já começa a ser um pouco chato, já começa a não querer tudo que a gente traz, a escolher, ìah, eu isso eu quero, isso eu não queroî. E: Hã, hã. Mãe: Até uma idade vai, depois começa a ficar mais difícil, né? E: E no caso dele (da criança entrevistada) ele opina nessas escolhas? Mãe: Tem umas coisas que ele não quer, tipo, aquelas calças assim, tipo jardineira. Aí se ele não quer usar. C6: Eu tenho isso. E: E você não gosta? C6: Não. Mãe: Ele aceita mais, mas tem coisas que ele não usa de jeito algum, né? E: Que roupas você gosta? C6: É, umas roupas da Adidas, com desenhos... E: Que tipo de desenho? C6: De uma águia. E: Uma águia? C6: É, uma águia assim. Eu gostei da blusa que você usa. E: É? C6: Mas eu gosto de uma coisa que a minha mãe não deixa, né? E: O quê que é? C6: É uma blusa com uma caveira aqui na frente com dois braços cruzados. E: E porque que você gosta dessa blusa? C6: Porque sim, porque é maneiro e eu gosto. E: Porque é o quê? C6: É maneiro e eu gosto. E: É maneiro? C6: Eu gosto dessas coisas. E: E seus amiguinhos também se vestem assim com essas blusas assim? C6: É, eles gostam também. E: É? Porque você acha manero? C6: Porque eu gosto, todo mundo gosta. E: Porque todo mundo gosta? Mãe: Porque todos os teus amiguinhos usam, né? Por isso é maneiro. E: Todo mundo gosta, né? Aqui eu vou perguntar outra coisa. O quê que é uma marca prá você? Sabe o quê que é marca? C6: Sei. E: O quê que é? C6: É umas marca de sapato, de blusa, tem um monte de marca. E: É. C6: Adidas é uma marca. E: Adidas é uma marca. Então, eu vou fazer um negócio contigo. Ima: Ah, tem várias marcas, tem Adidas, Penalty... Puma, Nike, Klin. C6: Puma... Ima: ... Puma, Nike, Klin. E: Então eu vou fazer uma brincadeira contigo. C6: Ah, eu gosto. E: Eu trouxe um cartão para você escrever. Esse aqui é para escrever marcas. Marcas de roupas e tênis, marcas de brinquedo. Eu quero ver se você conhece marcas. C6: É prá escrever o nome? E: Isso, para escrever o nome. Ima: Ah, escova eu sei. C6: Colgate. E: Ah, é isso aí. Marcas de roupas e tênis. C6: Vamos ver, aqui é Adidas. E: Isso, é só prá escrever. Ima: Colgate. Ima: Ô, de vinho eu não sei, marca de vinho. E: Não, é de comida e bebida. Marca de comida e bebida.

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C6: Aqui é... E: Dessas coisas de comer. D: Como se escreve Adidas. E: Adidas: A D I D A S (soletra) C6: E Colgate? E: C O L G A T E (soletra) C6: Eu esqueci o xampu. E: Você esqueceu? Você escreveu Colgate. E aqui? Cadê aquelas roupas tudo que você falou? Ima: Ó tem da Nike, Puma, Penalty... eu sou bom nisso. E: E aqui, brinquedos. Você conhece marcas de brinquedo? C6: Eu não conheço. E: Não conhece, de brinquedo? Se não sabe não precisa pôr, se não lembra. C6: Isso aqui é o quê? E: Sabonete. Se não lembra não precisa. Tem de comida e bebida: o quê que vocês tomam? C6: Eu gosto de refrigerante. E: Aí, marca de refrigerante. C6: Não sei. E: Ah, tá, se não sabe não precisa. C6: Isso aqui é tevê ou... E: Tevê, videogame, essas coisas assim. Ima: É Nike é com K? E: Hum, hum. N I K E Irmão: K E? E: Hum, hum Qual que é o teu brinquedo preferido? C6: É, tem Playstation, videogame, computador, um monte de coisa. Como escreve Playstation? E: P L A Y S TA T I O N C6: Ah, tem também Olympikus. O meu eu já sei. E: É isso aí. Aqui tá bom, já tá bom. Aqui tem a Colgate. Lembrou alguma comida ou não? Bebida? C6: Bebida? E: Tu me falasse antes que pegava chicletes. Qual era aquele chiclete lá? C6: É Trident. E: Então, isso é uma marca. C6: Peraí. T... Ah deu. E: Tá ótimo. Ah, mas isso é roupa e tênis, né? Tens alguma de roupa? Quer botar? E: Então tá, tem bastante já. Então, qual dessa marca aqui você acha mais importante? Vamos ver, vamos ver todas aqui: Olympikus, Klin, Penalty, Puma, Umbro, Adidas. Qual que é mais legal? C6: Adidas Ima: Ah, eu gosto mais da Adidas. E: Da Adidas? E o quê que ela tem de legal, essa marca? C6: Ela é uma marca boa que não, que não gasta, que não rasga, entende? Que ela é boa. E: É? Ima: E também é uma marca da Alemanha. Eu adoro a Alemanha. E: É por isso que essa marca é mais legal, assim? Ima: É porque ela foi inventada na Alemanha. E: E agora vamos pegar assim: entre um tênis da Adidas e um tênis da Nike você preferem Adidas? É? E seu eu tiver dois tênis aqui, né? Assim, né? Um tênis, esse aqui é Adidas, esse aqui é Nike e o da Nike vem com carrinho junto. Vai ficar continuando com a Adidas? C6: Eu sim. E: Nem se vier com outra coisa, assim junto da Nike? Você não muda? C6: Eu não. E: É? Vamos dizer que você comprou um tênis Adidas, que você falou que você gosta justamente porque ele dura, assim, né? Aí você ganha um tênis Adidas e o primeiro chute que você foi dar, prá caminhar, chutasse uma bolinha e ele arrebentou. Aí tu ia continuar comprando essa marca? C6: Daí não. E: Mas nunca aconteceu isso contigo? C6: Não. Ima: Ó, já tá velho (o irmão mais velho foi buscar vários tênis da Adidas). E: Esse tá inteiro ali. Dá prá usar. Chuteira também? Você joga futebol? C6: Jogo. Ime: E o meu também tá velho. Mas eu uso prá ir prá escola.

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E: (risos) Até tu tem um Adidas? C6: O meu pai comprava prá gente. E: Tá bonito o teu. Bem legal. E os seus amigos também usam Adidas? C6: Ai, alguns. Ima: O meu amigo tem Adidas. E: Ah, é? Tá bom, tá bom. As crianças buscam mais tênis. E: Muito legal!, Mas vocês têm muito tênis, né? C6: Só que esse daqui, esse daqui é só para quando a gente tiver adulto. E: Esse é maior, né? C6: Quer ver o tamanho? E: Tem que crescer muito ainda! C6: É. Tu acha que eu não sei? E: Tá, vamos voltar. Você tinha escrito isso aqui, né? Escreveu as marcas, as roupas, falou bastante da Adidas, tudo. Deixa eu ver aqui mais o que a gente pode conversar. Você tem alguma roupa, ou um tênis, alguma roupa das outras marcas aqui? C6: Eu tenho uma roupa Adidas. E: E tem alguma outra que tá qui? Você tem da Nike? C6: Nike, acho que não. E: Klin. C6: Eu tenho. E: Tem tênis da Klin? Gosta de usar? C6: Mais ou menos. E: Mais ou menos? Por quê? C6: Ela estraga logo. Eu tô muito gordo, se ficar usando, usando muitos dias, tipos uns 10 dias a fio, ela já deve tá quebrado. E: Mas o teu tênis da Klin estragou? C6: Não. Porque eu só uso alguns dias. E: Mas não estragou, então? C6: Não. Não estragou. E: E se for prá comprar um novo, tu comprarias da Klin? C6: Outra marca. E: Outra marca? D: Compraria Nike, outra marca. E: Mas e o se o da Klin vier com o Homem Aranha? D: Eu não gosto do Homem-Aranha. E: Mas qual que você gosta? Que personagem que você gosta? C6: É. Avatar. E: Como é que é? Avatar? Isso é um desenho? D: É. Sabe o quê que eu gostaria que viesse no tênis da Klin? O Avatar, assim. E: E se o tênis da Klin viesse então com o Avatar, e o da Adidas não viesse, você ia comprar o da Klin? C6: Sim, daí sim. E: Daí sim. Aí você troca e compra da Klin? C6: É o meu predileto (falando do desenho). E: Ah, e tu tens alguma coisa desse desenho? Caderno, mochila, essas coisas assim? C6: Não. E: Não? Vamos falar das embalagens dos produtos, assim. As embalagens de salgadinho, embalagem de bolacha. Você presta atenção na embalagem? Você olha ou não? Não presta atenção? C6: (Pensarivo). E: Daí eu queria fazer outra brincadeira, mas eu tenho que perguntar prá sua mãe... Você come chocolate? C6: Eu como. E: Você gosta? Será que você pode comer? Que eu trouxe um chocolate prá você experimentar e eu queria que você me dissesse se é gostoso ou não? Quer experimentar? Se não quer não precisa. C6: Pode ser. E: Mas pergunta prá tua mãe se você pode experimentar, né? Eu não sei se você pode comer chocolate.

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C6: (falando com a mãe). Mãe, eu posso experimentar um chocolate prá dizer prá ela se é bom ou ruim? C6: A minha mãe deixou. E: É? Então tá, eu quero que você me diga só se esse aqui é bom ou é ruim? Tenho dois chocolates aqui e eu não sei qual que é o melhor, ó? Esse chocolate aqui, que é do Carros, né, e tem esse aqui da Hello Kitty. C6: Nunca provei. E: Nunca provou? C6: Não. E: Então você pode me dizer qual que é o melhor. Você pode experimentar também (falando para o irmão) Tem esse aqui do Carros e tem esse aqui da Hello Kitty. Qual que é mais gostoso? Tem que provar os dois, né, prá saber qual que é mais gostoso. E: Quer provar também? (perguntando para o irmão menor). Ime: É de comer? E: É da Hello Kitty e do Carros. C6: Vai fazer meleca. E: Tem que dar um mordidão, assim, senão vai melecar muito. Esse é bom? Ima: Eu gosto mais do Carros. E: É mais gostoso? Ima: Hum, hum E: E você (para a criança entrevistada) C6: Hello Kitty. E: Hello Kitty é mais gostoso? C6: Hum, hum (afirmativo). Ime: Eu vi o filme desse... (falando do filme do Carros). E: Você viu esse filme? Então tá, um achou que é do Carros, outro que é da Hello Kitty. Cada um tem um ponto. Vamos ver quem vai ganhar. Você vai decidir quem que vai ganhar (para o irmão menor). C6: A Hello Kitty por causa que é doce de leite, né? E: É? C6: Doce de leite. E: E aí, qual que tu acha mais gostoso? Ime: Os dois. E: Os dois? Empatou! (risos). E: Agora eu quero saber como é que você lida com dinheiro? C6: Ah, de aniversário, às vezes eu ganho R$ 50,00. Ah, mas não é assim, um dia eu fui na casa da minha vó, daí eu ganhei...cada um ganhou R$ 28. E: E daí, o quê que você fez? C6: Daí eu dei prá minha mãe, e a minha mãe deu pro meu pai, e o meu pai colocou lá na banca da Alemanha. E: Tá guardado? C6: Tá. E: E quando vocês ganham dinheiro aqui no Brasil? C6: Uma metade eu gasto e a outra metade eu dou prá minha mãe botar lá na banca. E: E você gasta no quê? C6: Bala... Ime: Mais um (pedindo mais um chocolate) E: Quer mais um? C6: Hello Kitty é o melhor, né? Não sei porque. E: E você olha os preços dos produtos quando você compra? C6: Algumas vezes. E: É? O quê que é barato prá você? Uma coisa barata, assim? C6: É chicletes, Baballo... E: Isso tudo á barato? C6: Pensa ... E: São coisas mais baratas? E agora deixa eu ver outra coisa aqui, quando você quer comprar alguma coisa, daí, que é mais caro, que você não tem dinheiro, né? Que você tem que pedir prá sua mãe, como é que você faz prá pedir prá ela? C6: Ó, seu eu tenho dinheiro e eu não posso, daí eu digo assim prá minha mãe: Ô mãe, tu pode... daí eu tenho R$ 50,00 lá, daí eu digo: mãe, tu pode me emprestar R$ 50,00, que quando eu chegar em casa eu te dou de volta? Daí ela me dá e quando eu chegar em casa eu dou prá ela.

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E: É? Assim que funciona? C6: É, às vezes, a gente vai trocando quando eu esqueço. E: E quando você não tem dinheiro nenhum, e você quer um brinquedo novo? Alguma coisa? Como é que você pede? C6: Se for muito caro, não dá. Ima: se o papai não deixar ele começa a chorar. E: E quando você tá no mercado? E quando tá mercado, assim, você já comprou um salgadinho e você quer mais um, assim, e ela fala que não, só pode um. Como é que você assim pra, você pede? C6: Aí eu deixo quieto, não faço mais nada. E: Deixa quieto? C6: Deixo. E: E quando um amigo seu aparece com um brinquedo novo ou com uma roupa nova que você não tem, assim? Você quer também? C6: Eu não dou bola! E: Não, nem com um tênis bem diferente, assim? Um brinquedo bem legal, novo? C6: Não. E: Como é que você fica conhecendo esses brinquedos que você pega, então? Na loja assim, que você vê pela primeira vez e você fica conhecendo? C6: É. E: E em outros lugares também? C6: Na loja, meus amigos me mostram, daí eu peço prá eles se eles me digam quanto que custa, quanto que é, daí eu vou lá, pego o meu dinheiro, peço prá minha mãe me levar até lá e daí eu... ou se a mamãe não deixa eu encontro com o meu amigo, dou o dinheiro prá ele e ele vai lá e compra prá mim. E: Já fizesse isso? C6: Já. E: É? C6: Eu dei R$ 2,00 pro Gabi, o meu amigo, né? Ele foi lá e comprou um álbum do Carros prá mim. E: Trouxe o que você queria? C6: Hum, hum (afirmativo). E: E a figurinha? Tem que botar figurinha? Quem é que compra as figurinhas? C6: Quando a gente sai eu compro lá uns 3, 2 ou 1, não sei quantos. Não me lembro. E: Daí você sempre ganha? C6: Eu compro, porque eu tenho dinheiro. E: Compra com seu dinheiro, né? E tevê? Você assiste tevê? C6: Sim. E: Todo dia? C6: Quase sempre. E: É? O quê que você gosta de assistir? C6: Turma do Barney... E: E na tevê que você assiste, aparece propaganda? C6: Sim. E: E você assiste? Gosta ou não gosta? C6: Silêncio. E: Tem alguma que você gosta? C6: Propaganda não. E: Não? Nenhuma? Nem de brinquedo? C6: (pensativo). E: Que canal que você gosta de assistir? C6: Eu não sei qual que é... é 46. E: 46? C6: Ou 44. E: Qual que é? Qual que é o 44? C6: Cartoon Cartoon. E: Cartoon Cartoon? Então, olha só, tem mais um joguinho aqui que eu queria que você me ajudasse. Tá vendo esse menino aqui? C6: Hum, hum. E: Como é que é o nome dele? C6: Tom.

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E: Isso, ele é o Tom. Ele está fazendo aniversário de 8 anos, e ele pode escolher um presente prá ele. A mãe dele deixou ele escolher qualquer coisa, assim, um presente prá ele. Se você fosse o Tom, o quê que você ia fazer? C6: Ah, eu compro aquela coisa que minha mãe não iria deixar, sabe o quê? E: O quê? C6: O mundo inteiro, o mundo inteiro. E: O mundo inteiro? C6: Hã, hã, se ela deixar comprar qualquer coisa. E: Hã, tem que escolher um presente! Como é que você vai escolher o mundo inteiro? Não dá. Tem muito presente dentro do mundo inteiro. C6: Eu acho que, uma caixa de... não sei o nome, só que é um... é um lego assim, bem massa que tem... é, um castelos que tem rei. E: Um castelo do Lego? C6: É. E: E onde é que você viu esse castelo? C6: É, lá no Meninos e Meninas. E: Você viu lá? C6: Eu vi lá. E: E é legal? E é caro ou é barato? C6: É, custava cento e pouco. Era bem grandão assim, sabe? E: Bem grande? Agora tem mais uma brincadeira só. Ó, esse aqui é o Rafael e essa aqui é a família do Rafael. A mãe, a irmã... Ima: um cachorro? E: O cachorro, todo mundo. A família do Rafael vai trocar de carro.Vai comprar um carro novo e eles pediram, a ajuda do Rafael. Se você fosse ele, o quê que você ia fazer? C6: Comprava uma Ferrari. E: Uma Ferrari? Você já viu uma Ferrari? Mas a Ferrari é muito caro, tem que ser um carro assim que dá prá usar aqui, assim... C6: Um Porsche. E onde é que você viu um Porsche? C6: Lá na loja de carro, lá onde que tem um monte de carro, prá ver os carros E: Ah, você viu um desse e esse é um carro legal prá ti? C6: Hum, hum (afirmativa). E: Agora, só para terminar tem um jogo rápido. Você tem que escolher uma opção, entre duas que eu vou dar. Não pode pensar muito. C6: Hum, hum (afirmativa). E: O que é mais importante para você, conforto ou aparência? C6: Conforto. E: Beleza ou preço? C6: Preço. E: A opinião de um amigo, ou a opinião dos seus pais? C6: A opinião dos meus pais. E: A sua opinião ou a opinião dos seus amigos? C6: A opinião dos meus amigos. E: Se divertir ou aprender? C6: Se divertir. E: Amigos ou brinquedos? C6: Amigos. E: Shopping ou praia? C6: Praia. E: Brincar com os amigos, ou comprar alguma coisa nova? C6: Brincar com os amigos. E: Ter um estilo próprio, ou ser igual aos seus amigos? C6: Ter um estilo próprio. E: Ser criança para você é... C6: É legal! E: Então tá. É isso. Você me ajudou bastante.

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Entrevista Mãe 06

Entrevistadora: O foco da conversa seria sobre o seu filho do meio, então eu gostaria que você pensasse mais no universo dele ao responder. As perguntas são relativas ao consumo. Vou começar por supermercado. Ele vai ao supermercado com você? Mãe21: Às vezes sim, às vezes não. Não sempre. E: E quando ele vai, você sente que ele gosta? M6: Eles gostam. E: Você leva os três juntos, daí? M6: Normalmente eu levo os três e às vezes eu deixo os dois menores na, lá no Angeloni tem uma área prá criança, só que é até, não sei se é 7 ou 8. O maior já não pode ficar, que ele é muito grande. E: Mas eles não gostam? M6: Quer dizer, eles gostam de ficar lá, mas ao mesmo tempo querem, preferem, gostariam de estar junto no supermercado. Só que é muita confusão assim, os três juntos. E: Eles pedem muita coisa? M6: Daí é assim: ficam pedindo coisa, correm de um lado, correm pro outro, vê isso e olha aquilo. E: O quê que ele mais pede, assim? M6: Ah, tudo que eles vêem, que eles acham interessante desde, tudo. Assim, tudo que... E: Passou por um negócio, pede... Mas sempre tem um pedido que não pode faltar, assim? M6: Ah, eles costumam pedir assim: ah, eles vêem sucrilhos, daí eles querem sucrilhos, né? Ah, na sessão de doces, também, né? E: E, por exemplo, sucrilhos. Eles sempre pedem da mesma marca? M6: Sempre da marca sucrilhos. E: Eles não fazem uma variação assim? M6: Não, eles não assim. E: E o mesmo sabor também ou experimentam de outras marcas? M6: Não, eles também experimentam outros sabores. E: Outros sabores sim, mas não muda a marca? M6: Não, a marca é sempre a mesma. E: E mesmo que tiver um outro sabor lá, com um brinde, alguma coisa, eles não... Ima: É, tem sucrilho que vem uma bolinha, vem um robô. M6: É que na verdade assim, a marca mais chamativa mesmo na prateleira é a Sucrilhos, né? E a marca que geralmente mais cresce, de brinde, é essa mesma. E: E você acostuma atender aos pedidos deles? M6: Às vezes sim, às vezes não. Às vezes eu falo tudo bem, às vezes eu falo: dessa vez não. E: Eles entendem? M6: Não, aí é que tá. Eles não querem aceitar, aí brigam. E: Fazem algum tipo de birra? M6: Cada um tem o seu jeito, né? Um aceita mais, outro menos. Um briga, quer dizer, não é que todos gritam e choram. Sempre tem aquele que, aquele choramingo, aquele incômodo assim, né? Então, prá mim seria, prá mim será mais fácil dizer: ah, leva, leva, leva e fica quieto e não incomoda, né? E: Hã, hã. M6: Mas, eu não faço isso. E: Sempre deixa alguma coisa e outra coisa... M6: É, às vezes eu falo, não, tudo bem, leva, mas é um só pros 3, eles querem um para cada um, né? E assim então, eu procuro um meio termo, né? E: Hum, hum. Não tem um controle assim, dos três? M6: Não, essa a estratégia é deixar os 2 menores na frente, na área de crianças, e levar só um, né? E: E no shopping, eles vão? M6: No shopping também. Ima: A gente vai hoje. M6: Aí eles querem... Ime: Sorvete! M6: Sorvete? Por exemplo, eu gosto de subir prá ver o que tá passando no cinema. Quando passa na frente do, da área de brinquedos aí é uma briga, né? Porque eles querem e eles vão... às vezes sim, às vezes não. E aí assim, ó: quando eu levo os 3 no cinema prá assistir um filme infantil, né? E

21 Mãe da criança 6, identificada na transcrição pela denominação M6.

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aí eles passam também na frente desses brinquedos, daí eles também querem e não... não é o suficiente o cinema. E: Não se contentam só com o cinema? M6: Eles querem o cinema, mas depois eles ainda querem os brinquedos. Eles não têm limites, assim, né? E: Querem... M6: O que eles vêem eles querem, né? Então, cabe aos pais pôr limites e dizer: não, hoje nós vamos ao cinema e então hoje é só cinema. E: Hum, hum. M6: Né? E: E no cinema eles pedem muita coisa também? M6: Pedem, claro, criança sempre pede. Tudo o que ela vê, tudo o que eles vêem eles pedem. E: Depende de dizer não e ir levando? M6: É. Dizer não e impor limites porque senão, você sai por aí gastando verdadeiras fortunas, né? C6: Eu queria que tu fosse rica prá comprar uma loja de brinquedo só prá mim! (grita) M6: E não é só assim, na minha opinião, né? Não é só questão assim, de você ter esse dinheiro disponível prá gastar ou não, é questão da própria educação, né? E: Hum, hum. M6: No sentido de, aquilo que você acredita, como é que você vai estar educando um ser pro dia de amanhã. Fica consumista, sem limites, quer dizer, mesmo que você tenha tanto dinheiro, tipo, eu não saio por aí comprando tudo, eu acho que não é uma boa educação. E: Você conversa sobre isso com eles? M6: Eu explico, né. C6: Ô mãe, hoje a gente vai no brinquedo tudo junto né, mãe? M6: Não, eu não falei. Eu disse que nós vamos com a omã, você me perguntou se pode tomar um sorvete, eu disse que sim. E como vocês não me perguntaram mais nada, eu não respondi nada. (risos) C6: Eu perguntei se pode ir no brinquedo e tu respondeu que eu posso ir no brinquedo quando a oma tiver junto. M6: Nós vamos conversar com a oma e, se a oma deixar, tudo bem. C6: tá. E: E loja, ele tem alguma preferida? M6: Tem a loja do Meninos e Meninas lá, de brinquedos, no shopping que eles já conhecem, né? Que é maior, tem mais opções. E: Você deixa eles entrarem? M6: Depende, agora sim, às vezes sim, às vezes não. Às vezes mesmo dizendo que não eles entram. E: Hum, hum M6: E, a última vez que nós estivemos lá, eles olharam porque eles disseram que queriam escolher um presente de Natal. E: Aí você deixou, todo mundo escolheu todos os presentes? M6: Não, aí eles... possivelmente hoje vamos dar mais uma olhadinha, né? E: Eles escolhem, daí? Quando eles escolhem, eles chegam a olhar o preço dos produtos? M6: Sim, porque eu já os direcionei prá isso. Via de regra, não. Por eles, não. Mas via de regra, quando eu já mostrei prá eles eu disse: olha, isso aqui custa tanto, esse aqui custa tanto, aquele ali custa tanto. Tu olha só, esse aqui é muito caro, é muito dinheiro, né? Prá gastar com brinquedo. E: Eles começam a olhar. M6: Daí brinca uma semana e deixa jogado, né? É porque é o que realmente acontece. Tem um quarto lá em cima cheio de brinquedos, porque se eu deixar o brinquedo pela casa inteira você não anda aqui. E: Tem muito brinquedo? M6: Tem muito brinquedo. É, e assim. Não cuidam, não valorizam, deixam estragar. E: Hum, hum. M6: Na minha época, como eu tinha pouco, eu cuidava e valorizava, né? Isso eu também acho um ponto negativo da educação. E:

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M6: Quando ele era pequeno eu comprava brinquedos porque eu achava importante. Eu acho importante a criança ter brinquedos até um determinado ponto. E: Hum, hum. M6: Né? Depois uma época eles tinham, começaram a ter tantos brinquedos que eu parei de comprar porque eu achei demais. E: Hum, hum. M6: Só que outras pessoas continuam dando, né? E: A família? M6: Eu festejei o aniversário deles, eles ganharam um monte de brinquedos. Agora coisas assim, que eu acho uma porcaria! Porcaria porque assim, dar um brinquedo educativo tudo bem, agora, tem coisas que não têm sentido, tem brinquedos que não fazem sentido. E: E daí, você deixa ou você troca? M6: Não tem como trocar. Mas sabe, ninguém deu a opção assim, ìó eu comprei esse aqui, se você quiser vai lá na loja trocarî. Eu não sei nem onde compraram! Não sei quando compraram! E: Se dependesse de você, não teria comprado? M6: Não. E: Você escolhe bem assim que tipo de brinquedo. Analisa o quê que esse brinquedo vai trazer? M6: Eu acho que, primeiro: tem certos brinquedos que faz mal, não é bom prá educação da criança, e segundo: o tipo de brinquedo. E: E que tipo de brinquedo seria esse? M6: Tem brinquedos mais educativos e também menos educativos. Tem brinquedos que também dependem da idade, né? Não adianta você deixar uma criança, apesar de que aqui é complicado, porque se ele ganha, ele também quer brincar (apontando para o filho mais velho e para o mais novo). E quer dizer, aí no final tá tudo aí misturado. São várias faixas etárias diferentes, né? Então, é assim... E: Mistura tudo? M6: É. E: Mas você também compra assim, presentes fora de hora, que não é aniversário, Páscoa, essas coisas assim? M6: Não, não. E: Não? M6: Não. Uma época eu fazia isso. Quando ele era pequeno, eu fazia (apontando para o filho mais velho). E: Porque ele é o primeiro? M6: Porque ele era o primeiro. E: Ganhava mais? Depois com o segundo parou? M6: É que começou a ficar tanto, e tanta coisa, entendeu? Quando era o primeiro que não tinha quase nada, eu ainda comprava fora de hora, comprava, ele pedia eu comprava. Mas, depois a coisa começou a tomar um vulto assim, que... E: E ele não ficou acostumado dessa maneira? M6: É que na época ele ainda era muito pequeno, entendes? E: Não chegou a... M6: Não chegou a viciar, né? Então, eu fui cortando assim. Fui cortando. E: Já tirando o lentamente, assim? M6: É. E: E eles comentaram que o pai mora na Alemanha, é isso? M6: Hum, hum. E: E ele manda presentes, assim, ou só também manda só pro Natal, nessas datas? M6: Ele, ele, ele compra bastante coisa, assim. Mesmo que eu diga, ai, não adianta, eles já têm tanto, né? Ele compra. E: E manda? M6: Manda. Ima: É, ele é bem legal! E: E sobre marca? Eles costumam pedir coisas pelo nome da marca? M6: Hum, hum (afirmativo). E: O quê que eles mais pedem assim pelo nome? Ima: Adidas. M6: De brinquedos, você quer saber? E: De tudo. Tipos de coisas que eles consomem, né? Coisas prá eles assim.

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M6: Ah, eles, hã... eles já... eles é... pedem Adidas na questão de marca de roupa e de tênis. Mas, o que influencia muito é a escola, né? Vê todo mundo usando. E o pai também quando trouxe, e o pai mesmo usa essa marcas, trouxe prá eles, né, então... E: Eles usam prá imitar o pai, você acha, não? M6: Também os amigos, né? E, na questão de brinquedos, assim, como eles assistem tevê a cabo, tem muita propaganda de brinquedo. E: Hum, hum. M6: Então, eles acabam conhecendo, gravando, né? Marcas assim que, muito tempo, por exemplo, eu sempre fui a favor do Lego porque é um brinquedo que desenvolve a criança, né? Desenvolve a criatividade, enfim. E: De montar né. M6: Então, é uma marca que eles conhecem bem, mas porque eu, também sempre falei, né? Vi, desde que eles eram bem pequenos eles já, já brincavam com essas peças aqui. Essa aqui é prá um ano de idade. (mostrando as peças). E: Prá bebê, né? Peças maiores. M6: Tem algumas que é prá bebê mesmo. Essa aqui ó. Isso aqui, na época eu morava na Alemanha. Você recebe isso aqui de presente da Lego. Então é assim: eles contaminam os futuros consumidores já desde pequenos. Mas é uma excelente estratégia da Lego, né? E: Mas lá, assim em termos de, a propaganda prá criança lá é diferente, né? Você percebeu isso? M6: A propaganda é diferente??!! (pensa) E: Eles são mais rígidos, né, nas normas, né? M6: Nas normas eles são mais rígidos, são. E: Eu acho que existem umas regras assim, né? Você percebeu alguma diferença? M6: Eu sei que as normas lá são mais rígidas com relação a propaganda, mas, algumas coisas me chamaram a atenção, mas poucas. Algumas propagandas que são feitas aqui, logo que eu voltei prá cá, algumas coisas eu achei meio absurdas, assim. E: Como o quê? M6: Ah, por exemplo, coisas que foi proibido aqui no Brasil também de usar bonequinhos de cor que chama a atenção de crianças prá bebidas, prá carros. E: Prá outros produtos que... M6: Prá produtos que são, na verdade, prá adultos, né? E: Hã, hã. M6: Então, eles também se sentem estimulados, mas isso parece que também foi proibido aqui no Brasil. Tanto que cancelaram algumas dessas propagandas. E: Algumas coisas só né. Não é que foi proibido, foi recomendado. A lei assim, ainda não pune aqui. M6: Hum, hum. E: A lei lá talvez seja mais punitiva, né? M6: Hum, hum E: Mas lá, como aqui também, tem os canais para crianças né. Na Alemanha também tem uns canais infantis como aqui também, não é? M6: Tem, tem. E: E lá tem comercial? Você lembra disso? M6: Menos, bem menos, bem menos. E tem alguns canais assim, que praticamente não têm propagandas infantis. E os pais valorizam muito isso. E aqui você praticamente não encontra isso, mesmo tevê a cabo que você paga, e mesmo assim você é obrigado a engolir a propaganda. Mesmo pagando. E: Hum, hum. E você acha que tem demais? M6: Claro! Né? Porque teoricamente eu tô pagando prá ter acesso àquele canal e, não necessariamente deveria existir a propaganda, né? E: Hã, hã. M6: E lá não acontece isso. Lá você tem esse, esse tevê a cabo também, né? E: Hum, hum M6: E tem canais infantis onde basicamente você não tem propaganda. E: Só a programação... M6: A programação infantil. E: É, essas são as diferenças assim, né? Vamos voltar assim só pra, prá marcas, assim, né? É, roupas, bom, você tinha comentado assim que ele, que o quê você traz ele usa, né? Mas ele chega a recusar, não um modelo, mas recusar a marca? M6: Não. Ainda não. E: Isso ainda não?

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C6: Sim, eu não gosto da Klin. M6: É, ele por exemplo, não gosta de sapatos da Klin, né? Porque ele acha que é... E: Ele usava até agora, não? M6: Usava até pouco tempo. Porque ele acha que é, é prá bebê. E: E não usa? Não tem jeito? M6: Não (riso meio sem graça). E: E eles usam? C6: Eu não uso mais. E: E você tinha até falado da roupa que ele queria, de caveira. Você chegou a comprar isso prá ele? E eu queria saber assim, como é que é quando ele escolhe uma roupa que você não aceita, né? Não tem, você não cede, daí? Nessa parte? M6: Não, quando eu tô convencida realmente de que não é a coisa certa eu não cedo. E: Hã, hã. M6: Mas assim, eu acho, eu sou uma exceção, entendesse? Como eu morei muito tempo fora, eu tenho uma visão diferenciada das coisas. E: Hum, hum. M6: Porque eu vivi a realidade de lá, né? Então, eu sei que a maioria dos pais não age como eu. Eu faço parte de uma minoria dentro da tua pesquisa. E: Como é que você acha que seriam as outras mães? M6: Eu acho que a grande maioria das mães e pais, cedem muito mais que eu. E: Hã, hã M6: Né? E: Nos pedidos deles? M6: Em tudo. Em termos de marca, em termos de quantidade, em termos de... porque é mais fácil você ceder, né? E: Você acha que tem alguma diferença, não sei como é que são as outras, mas, tem muita gente da idade dele que é até filho único. Tem alguma diferença em você ter três? M6: Ah, com certeza. Com filho único você tem a tendência de deixar muito mais e, na questão assim, no momento eu não tô trabalhando. Quer dizer, desde que eu tive os meus filhos eu fiz assim, eu estudei, né? Fiz talvez bicos, mas não assim, trabalhei a semana inteira. E: Hã, hã. M6: Como é normal aqui. E: Desde o primeiro? M6: É, e não é normal na Alemanha. Lá é normal a mulher ficar em casa com a criança. Sim, talvez, 5% das mulheres que têm filhos trabalham. Crianças pequenas, tá? Crianças pequenas, né? Aqui é o contrário, talvez 5% das mulheres com crianças pequenas fiquem em casa. E: Sim, é difícil encontrar mães que não trabalhem. M6: É? Então assim, eu sei que se eu trabalhasse a semana inteira, eu teria uma tendência muito maior de impor menos limites e deixar mais. E: Hum, hum. M6: Um, porque é cômodo, e dois, pela perda que a mãe sente. E: De se ausentar, né? M6: Hum, hum. Né, eu vejo isso nos outros e eu sei que também que não sou diferente de ninguém, mas assim, no sentido de, acabaria entrando no esquema, né? E: É, é um ritmo que... M6: É, assim, querendo ou não quando eu falo em ìentrando no esquemaî eu ainda estaria dando uma educação diferente prá eles lá na Alemanha do que aqui. Que aqui, querendo ou não, eu também acabei entrando no esquema. E: Aqui você segue mais do que lá? M6: Lá eu estaria sendo mais rígida em termos de não permitir determinadas coisas. Que nem, entrando na educação, não permitir determinados jogos, brinquedos, videogames. Nossa, porque... entendeu? Lá as pessoas são muito mais rígidas. E: É outra infância? Culturas diferentes, dois países diferentes. M6: Eu diria que não são nem culturas diferentes, eu diria que eles estão numa fase, de um estar de desenvolvimento mais avançado. E: E lá a taxa de natalidade é menor, não é? Pode ter um pouco mais de protecionismo à infância? Porque tem menos crianças? M6: Eles estão mais preocupados com a qualidade da educação. Mais conscientes e mais preocupados e mais conseqüentes. Existe também toda uma, não é uma pessoa que pensa assim que é uma exceção. Existe toda uma comunidade, todo um conjunto que pensa assim. Toda uma

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cultura. Então, se você está nesse meio e você cresce nesse meio, você automaticamente se integra, aceita e, como no meu caso, eu via, conhecia as diferenças de cultura, né? E: De ver os dois lados, né?. M6: E eu acho que lá é muito melhor. Prás crianças, né? E: Pras crianças.... M6: Por isso que eu falo que eles estão em um estágio mais desenvolvido. E: Hum, hum. É porque é, o condicionamento é outro, né? M6: Assim, eu sei que os jovens na Alemanha também são muito consumistas. Também eu se que tem pais lá que trabalham e então eles dão uma boa mesada pros filhos que não tem a companhia dos pais, mas que passeiam com os amigos prá fazer compras. Sempre vai ter esses casos também, né? E: Ainda mais quando começa a ficar mais adolescente e começa a ficar mais parecido com o resto do mundo, né? M6: É, eu acredito que sim, mas a fase que eu passei lá é justamente assim, crianças pequenas, as mães em casa com as crianças. Mas agora essa parte de adolescente, que provavelmente os pais voltaram a trabalhar foi assim: a maioria, eles ficam em casa três anos, aí quando a criança começa a entrar no Jardim, a maioria começa a trabalhar meio período, que é o período do Jardim, né? E: Hum, hum. Depois... M6: Ou assim, eles têm depois mais um (filho), quando o primeiro tá completando três anos, tem mais um lá, e eles ficam mais três anos, ou seja, eles ficam 6 anos em casa. Então o primeiro ficou seis anos em casa com a mãe. Ah, claro, outros não. Outros pais ficam mais tempo com as crianças em casa, mas assim, via de regra... E: É ter um filho e a mãe ficar um tempo em casa? M6: E quando eles têm 10, 12, e estão começando a entrar na adolescência, a grande maioria dos pais já retornou para o trabalho. Então é outra, já é outro esquema, é outra realidade. E esse momento eu desconheço. Eu não passei por essa experiência, eu conheço assim: o que eu vi por reportagens a respeito. Mas não por que eu mesma vivi, por ter eu mesma vivenciado isso, né? E: Sim. Eu vou voltar aqui assim, é, com relação a brinquedos? Tem diferença de marcas? Você falou algumas assim, né? M6: Assim, que eles conhecem, conhecem, gostam e falam é a Lego, né? C6: E também tem a Chicco! M6: Ah, a Chicco também, mas é uma marca que não existe, é uma marca alemã que não existe no Brasil. E: Hum, hum. Só quando alguém traz de lá? C6: O nosso pai traz de lá. E: Só quando ele traz porque tu não tem como comprar, né? E, algum outro tipo de carrinho assim, não? M6: É, na verdade ele dá importância prá marca dele. Eles têm três marcas de brinquedos da Alemanha prá cá: a Chicco, a Brüden, a Bruden é esse (mostrando um brinquedo da marca). E: É esse carrinho maior? M6: E aí os carrinhos maiores ainda, que são aqueles que você senta em cima assim... E: Hum, hum C6: É outra marca. E: São marcas que vocês conhecem e que gostam? M6: São marcas conhecidas na Alemanha pela qualidade, né? E, claro, desconhecidas aqui no Brasil, né? E: Hum, hum. Ime: Eu tenho um barco! E: Que legal o teu barco! E: E produtos de higiene pessoal, quem é que escolhe prá ele? M6: Eu. E: Ele já chegou a pedir xampu, essas coisas? M6: É, você já chegou a pedir coisa diferente? (perguntando ao filho que foi entrevistado). M6: De xampu, sabonete, pasta de dente, escova de dente, alguma coisa assim? C6: Pasta de dente eu comprei Colgate. E: Mas não que ele chega a pedir? E comida e bebida, tem algum item que não pode faltar prá ele? M6: Comida e bebida? Crianças juntas: suco, Coca-Cola. M6: Eles conhecem a marca Nescau. E: E tem sempre?

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M6: Quase sempre tem. Não é que assim, ai, não deixo faltar de jeito nenhum, mas quase sempre tem. E: E pode ser um outro achocolatado? M6: Olha, eu já experimentei o Toddy, mas eu não achei bom. Na minha época de infância eu achava bom, hoje eu não acho mais bom eu não sei porque! Eu não se mudou a fórmula. E: Hã, hã. M6: Ou os outros melhoraram com relação a Toddy, não sei. E das opções que eu vi assim, na prateleira do mercado, em relação a custo x benefício, eu não achei que valesse a pena trocar o... E: a marca Nescau... M6: entendeu? E: Salgadinho, bolacha, eles pedem também, não? M6: Salgadinho e bolacha, eu acho que não, né? Não sei. Ah, pedir pedem, mas não assim. E: E você compra, assim, evita comprar? M6: Eu evito comprar, mas, salgadinho, assim, via de regra é o Elma Chips, né, que eles vêem... Ime: É o meu preferido. M6: Quando eles vêem, eles pegam Elma Chips. Não que eu compre com freqüência. Bom, primeiro eu não compro com freqüência, e aí eu acabo comprando Elma Chips mesmo, quando eu compro. E: Hum, hum. Já conhece? E, vamos falar assim, um pouco da embalagem, né? Você acha que eles chegam a ser influenciados pela embalagem dos produtos quando eles vão ao mercado? M6: Hum... (pensativa). E: Tem alguma coisa que você acha que chama a atenção deles? Tem algum item que você percebeu assim que, algum item como a cor, ou alguma coisa que você sabe que chama a atenção deles, ou não? M6: Que eu sei, eu não sei. Eu só imagino. E: Hã, hã. O quê que você percebe, né? M6: Como, como mãe. E: Como mãe! M6: Como mãe, como consumidora e como quem também estuda isso, né? Eu sei que as cores chamam a atenção de adultos e de crianças; que no caso os brinquedos infantis são direcionados às crianças, não é? Com desenhos infantis ... E: Tem algum desenho assim que você conhece que... M6: Eles conhecem, eles conhecem o tigre do sucrilhos, né? Elma Chips também tem uma carinha, não sei o quê, isso eles também reconhecem. E: Hã, hã. M6: Né? E: E algum desenho assim, que eles gostam, por exemplo assim, com os personagens licenciados assim, né? Chama a atenção deles? Tem um produto lá que nunca aparece e aí de repente apareceu o chocolate da, sei lá, do Batman, alguma coisa assim. Eles chegam a pedir algumas coisas também de personagens? M6: Sim, a coisa do Homem Aranha, do Batman, são personagens conhecidos que eles gostam, atraem. Então, qualquer coisa que tenha esses personagens... E: Hum, hum M6: ...chama a atenção deles! E: No mercado você percebe que eles já pediram alguma coisa assim desses personagens? M6: É, eu não lembro exatamente o quê, mas eu sei que eles já chegaram assim, ìah, o não sei o quê do Batman, ah, não sei o quê do Homem-Aranha... Mãe, olha isso aqui, é do não sei o quêî. E: Esses pedidos você costuma atender também, ou depende do dia? M6: Via de regra não. E: Por causa disso, ou por uma razão de não querer levar os produtos? M6: Via de regra é assim, às vezes é um produto que eu acho absolutamente desnecessário. É assim, às vezes até de uma qualidade inferior... E: Hum, hum M6: ... que tem até lá um desenhinho do Batman e... E: Prá chamar a atenção? M6: Prá chamar a atenção da criança e a criança quer por causa disso. Mas eu como mãe, eu vejo que o produto não tem nada a ver, a qualidade não tem nada a ver, então eu não compro e pronto. E: A embalagem não justifica? E você sabe me dizer qual que é o personagem preferido dele? M6: Como? E: Qual o personagem preferido do seu filho? M6: Uma época foi o Homem-Aranha, mas hoje eu não sei, tem que perguntar prá ele mesmo.

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E: Não, é que depois eu vejo, depois eu pergunto prá ele, e depois eu comparo prá ver se vocês falam a mesma coisa. E, ele tem muita coisa do Homem-Aranha? M6: Ele tinha uma mochila do Homem-Aranha, fantasia do Batman, né? E: E ele pede roupas também com o desenho, ou não chega a fazer isso? M6: Também, esse daqui ele pediu pro pai uma blusinha vermelha que tem um homem assim, um personagem de desenho, eu nem sei o nome. Tem vários homens feios assim, cheio de coisa. E: Ele viu em algum lugar essa blusa? M6: Ele viu e quis e aí ele quer usar aquela outra blusa, e o desenho ficou feito para as costas. Ele quer que coloque, que vire a blusa pro desenho ficar prá frente. E: Usar de trás para frente. E esse pedido vai ser atendido? M6: Quem comprou a blusa foi o pai, né? E: Ah, já comprou? M6: E aí agora quando ele quer a blusa prá frente eu deixo, né? E: Hã, hã. E isso não implica, essas coisas de mudança de roupa que eles pedem, as combinações assim? M6: Depende (risos). E: E promoção? Você acha que ele chega a ser influenciado por promoção? Ele conhece o quê que é isso? M6: Acho que não. E: Não percebe, assim? C6: Eu conheço. M6: Ah, mas peraí. Promoção no sentido de, aquela coisa assim? Leve aquela coisa que inclui um brinquedinho? Isso sim. E: É, pode ser de vários tipos, é! M6: Isso sim, com certeza! O que eu tava pensando é na promoção assim, ah... E: De compras... M6: Liquidação de inverno, 30% de desconto, e aí isso suponho que aí que não. E: Hã, hã. Essa promoção de brindes... M6: Sim, sim, com certeza. E: Se tiver dois produtos assim, um com um brinde e um sem brinde, eles vão pelo brinde? Se for da marca que ele não conhece, por exemplo, ele sempre usa a marca X, mas aí vem a marca Y com brinde. Vocês acham que ele iria trocar? M6: Não sei. Aí tu tens que perguntar prá eles. E: E quando vem brinde, você chega a atender esses pedidos? M6: Às vezes sim, às vezes não. E: Analisa se vale a pena ou... M6: É assim, se eu ceder a tudo que eles querem, sabe? Então eu procuro um meio-termo. E: Hum, hum. M6: Não nego tudo: ah, não compro nada, assim não. E: Hã, hã. Mas também não diz sim prá tudo? M6: É. Aí não. E: E, já indo prá preço assim. Ele ganha mesada? M6: Eu sou contra mesada. Mas na verdade assim, eu sou contra mesada, mas eles acabam ganhando uma mesada indiretamente. E: Um dinheirinho pro lanche, essas coisas assim? M6: Não pro lanche porque é, graças a Deus na escola não tem esse esquema, e eu sou a favor disso. E: É a Freinet né? M6: Hum, hum (afirmativo). Então é assim, ó. Eu vou no supermercado: ah, eles querem balinha, chicletes e não sei o quê. Daí tem um esquema assim, eles podem escolher alguma coisa no valor de até tanto. Eu vou uma vez por semana no supermercado e aí eles uma vez por semana ganham uma balinha, um chicletes, alguma coisa no valor de até tanto que tá combinado! E: Hum, hum. M6: Tá bom! Daí chega um assim e fala: ìah, mãe, mas eu não quero, me dá dinheiro?î E: Daí você troca? E dá em dinheiro? M6: Sim. E: Então eles têm a oportunidade de ganhar algum dinheiro durante a semana? M6: Isso que eu chamo de mesada indireta. Na verdade é uma opção deles, né? E: Hã, hã. De pegar alguma coisa no supermercado ou ter dinheiro. Quando dá em dinheiro, ele gasta logo ou guarda?

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M6: Ele guarda (apontando para o filho mais velho), ele gasta (apontando para o filho do meio, que é a criança entrevistada). E: E ele gasta com o quê? M6: Ah, ele via de regra não segura dinheiro na mão. Ele vê balinha, chiclete, qualquer coisa, ele tá gastando. E: Essas coisas assim. E eles ganham dinheiro assim, de outras pessoas? Tia, avó, essas coisas assim? M6: Tipo aniversário, né? Ima: A gente ganha R$ 50,00. M6: Daí, o quê que eu fiz? Eu incentivo já, eu sempre incentivei. Que lá na Alemanha eles têm uma poupança e aqui eles têm uma poupança. E então quando eles ganham dinheiro lá na Alemanha, de primo, de tio, etc. E: Vai prá poupança? M6: Vai, via de regra, prá poupança. Aqui idem. E: Hum, hum. Quando é um dinheiro maior, nem vai para a mão deles? M6: Não, vai... E: Eles é que escolhem? M6: E daí eu converso com eles. E: Eles já pediram prá não colocar, prá gastar? M6: É, ele independente de guardar mais, ele tem a tendência de gastar mais. Mas assim, digamos, na Alemanha então, o pai ele falava assim: ah, então vamos fazer o seguinte: metade vocês gastam, metade vocês guardam. Então vocês assim, escolhem alguma coisa E: E aqui também? M6: E aqui, assim... C6: Mãe, na verdade aqui não é bem assim. E daí a gente compra uma coisa que não é, assim do coisa, e daí sobra mais ou menos uns R$ 5,00 e a gente compra coisas. M6: É, não é exatamente 50%, mas assim, né? E, prá que tenha então mais ou menos um equilíbrio entre tá guardando alguma coisa e tá gastando alguma coisa. E: E gastar intensamente assim? M6: E assim, aqui, como tem, como tem pessoas assim que dão presente e não dão dinheiro e outras pessoas que dão dinheiro... Então, via de regra eu tento fazer. E como eles já tem um monte de brinquedo e eles acabam comprando mais brinquedo... E: E eles chegam a perguntar quanto tem na poupança? M6: Quanto que já rendeu. E assim, eu já, eu já expliquei tudo prá eles, né? O quê que significa guardar dinheiro no banco, o quê que acontece assim, com relação a juros, né? E: E eles já pediram assim, por exemplo, prá usar esse dinheiro? M6: Já. E: Prá uma coisa mais cara, assim? Mãe, aquele dinheiro do banco... ou não? M6: Não assim, já pensaram nisso, mas nunca realmente fizeram, né? E: Mas, pediram já, então? M6: Não diretamente assim, já questionaram. E: Deram uma cantada? M6: É mais, mais por questionamento assim, ìah, como é que fica, seráî, né? E: Todos os três têm? M6: Cada um tem a sua. E: E, você falou que ele gasta mais, né? Ele olha mais o preço quando o dinheiro é dele? M6: Ele sim. Ele não. E: Ele gasta aquilo que... chega ali e compra? M6: E eu explico: olha, você tá querendo comprar chicletes? Aqui é mais caro, lá é mais barato. Quê que significa isso? Que com esse mesmo dinheiro você vai poder comprar um chicletes a mais. E: E ele compreende? M6: Ele, ele entende. E: Mas, espera prá comprar em outro lugar ou... M6: Ai, eu deixo. A opção é dele. E: Hã, hã. E geralmente ele escolhe o quê. M6: Ele geralmente não, eles pedem mesmo e não querem nem saber. E: E ele já olha mais? E ele conversa sobre os produtos que ele quer? Que viu na tevê, viu alguém. Ele conversa muito sobre os pedidos dele? Ou chega na loja e pede na hora? Tem uma conversa assim, antecipada... M6: Não, via de regra, não.

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E: Depois disso eles têm outras rotinas? M6: Às 8 horas eles, eles vão dormir, né? Então tem um programa, o Jimmy Nêutron (desenho animado) que vai até às 7 e meia. E: Hum, hum. Daí eles assistem esse e se já se preparam prá dormir? M6: É. E: Então vamos falar mais sobre as compras familiares. Tem algum produto da casa que todo mundo usa, tipo uma tevê, alguma coisa assim, um produto de uso seria mais adulto e familiar, né, que eles ajudaram a escolher? M6: Acho que não. E: Eles não chegam a interferir nessas compras assim? M6: Acho que ainda não. Eu acho que a partir de agora começaria. Até agora... E: Até agora não? E, por exemplo assim, férias familiares? Eles ajudam a escolher? É uma decisão geralmente tua... não, a gente vai prá lá, depois comunica e pronto? M6: Não é uma, não é impositiva. É, existe um diálogo a respeito, mas nem por isso eles decidem. Digamos que é uma decisão em conjunto. E: Hum, hum. E: E você falou sobre a sua ocupação, que você fica em casa desde que eles nasceram, né? E, você vai alterar essa rotina? M6: Possivelmente. E: Trabalhar meio período, o dia inteiro? M6: O dia inteiro. E: O dia inteiro? Prá ano que vem? E como será a rotina deles? M6: Período integral na escola. E: Lá tem o período integral? M6: Sim. De manhã normalmente é a aula, né, e daí à tarde tem atividades extras, que são atividades alternativas. E isso inclui música, teatro, eles freqüentam coral, essas coisas. E: Hum, hum. Tem atividade prá todas as idades. Na escola eles podem ficar o dia inteiro? M6: Ah, não, no caso, ele (o mais novo) que tá no jardim à tarde só tem é, recreação. Ou seja, eles almoçam, dormem, fazem um lanchinho e ficam brincando no parquinho. E: Hum, hum. M6: Eles têm assistência, né? Uma pessoa cuidando e tal. E os outros dois, ou seja, a partir da 1ª série tem essas atividades que eu falei. E: Hum, hum. M6: Né? Sendo que nas terças e quintas têm as atividades mais concentradas e nos outros três dias, que são os dias em que eles têm tarefa, à tarde tem o auxílio a tarefa. E: Reforço daí em cima da aula? M6: É, na verdade não é um reforço de aula, é assim: como eles têm muita tarefa nas 2ªs, 4ªs e 6ªs então, na tarde, prá quem fica, tem o auxílio à tarefa, ou seja, a criança, a criança tem aquele tempo prá fazer tarefa, tem a professora que tá cuidando. E: Hum, hum M6: Né? E se a pessoa tem, se a criança tem necessidade de perguntar alguma coisa... E: Tem alguém. M6: Tem alguém que pode ajudar, que pode, enfim, né? E: Ajudar? M6: E, não tem muito mais atividade do que isso, ou seja, eles têm daí, nesses três dias à tarde tem ajuda à tarefa, tem recreação, tem horário de lanche, tem, às vezes eles assistem um vídeo depois do almoço. E: Hum, hum. M6: O almoço também é na escola. E: Tem bastante atividades, né? M6: Tem atividades... E: E você já conversou com eles sobre isso? M6: Não, como não tá nada definido ainda. Eu não gosto de colocar a carroça na frente dos bois. E: Hã, hã M6: Né? E quando tiver uma coisa definida, daí sim. E: Então é isso. Muito obrigada!

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Entrevista Criança 07 - Menina

Entrevistadora: Então é assim, eu queria conversar com sobre compras: o quê que você gosta de comprar, o quê que você gosta de usar, o quê que você pede. Então assim, eu vou falar de supermercado. Você costuma ir fazer compra com os seus pais no supermercado junto com eles? Criança 722: Hum, hum(afirmativo). E: É? Gosta de ir com eles? C7: Gosto. E: O quê que você mais gosta de lá no mercado? C7: (pensando) Mãe23: Tu vais ter que falar, né filha, senão não dá! C7: Calma, tô pensando. M7: Ah, tá bom! E: Gosta de ficar fazendo as compras com eles, de ajudar, de brincar lá no cantinho das crianças? C7: Eu gosto de, assim, quando eu tô gripada a minha mãe me deixa fora do frio. Então, eles pegam lá e ficam cuidando do carrinho e eu fico olhando as coisas. E, eu gosto de ajudar eles. E: É? E você quando tá andando lá no supermercado você pede alguma coisa? Prá eles comprarem? C7: É, quando eu tô com vontade de comer alguma coisa, assim, eu peço. Daí se tá muito caro eles não compram. E: E o quê que você pede geralmente? C7: Pensando. E: Pede biscoito, salgadinho, pede fruta, pede suco? C7: É, quando não tem fruta em casa, eu adoro suco natural, daí eu prá comprar fruta. E: Frutas? É? Aí eles compram? C7: Sim. E: E tem outra coisa que você gosta, assim, iogurte... C7: É, iogurte eu também peço. E: É? Qual que é o seu preferido? C7: O chocolate. E: O chocolate? E esse a tua mãe compra? Ou só de vez em quando, assim? C7: É. De vez em quando. E: Ah, é? Salgadinho você pede também? C7: Hum, hum(negativo). E: Não gosta muito? E refrigerante? C7: É, quando tem alguma festa eu gosto bastante. Quando não tem, eu gosto um pouquinho. E: Em casa assim, não toma muito? C7: Não. E: Não? E biscoito, bolachinha, você pede? Tem alguma preferida? C7: Não. E: Não? Você escolhe lá na hora? C7: Ah, eu sei qual é. É uma do passatempo que é um biscoitinho e o enchimento é recheado de chocolate. E: Essa você gosta? C7: Num dia só eu comi ele todo. E: Ah, é? Tudo de uma vez? E a sua mãe compra quando você pede? C7: É, um dia a gente queria descobrir como é que era, se era bom ou se era ruim. A mãe comprou porque a gente ia experimentar. Daí eu nem sei quando é que a gente vai comprar de novo. E: Ah, você não pediu de novo ainda? C7: Não. E: E, no shopping? Você vai no shopping? C7: Sim. E: Gosta de ir? Vai bastante assim? C7: Mais ou menos, agora a gente vai pouco porque ela fez uma cirurgia no olho. E: Ah, daí não pode sair tanto? C7: Não pode ir no shopping. Ela pode sair. Mas não pode ir no shopping, né?

22 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C6. 23 Mãe da criança 7, identificada na transcrição pela denominação M7.

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E: Hum, não pode ir no shopping. Mas quando você vai lá no shopping, quando você ia assim, né? Tem algum lugar preferido que você gosta de ir lá? C7: Não, eu gosto de todas. E: Não, não tem nenhuma loja preferida? C7: Hum, hum(negativo). E: Não? Fica passeando no shopping todo assim? E lá você pede alguma coisa prá sua mãe comprar? C7: Eu vou olhando e daí eu vejo as coisas que são caras e baratas. E: E o quê que é caro prá você? C7: Prá mim... eu queria muito, mas só que não pode. E: O quê que não pode? C7: Né, que é o mesmo preço da boneca. Eu tenho a Miracle Baby, e eu queria outra boneca, mas não pode comprar porque é o mesmo preço! E: É o mesmo preço da boneca? Daí isso é caro? É? C7: Hum, hum(afirmativa). E: E o quê, o quê que você acha que é barato? Como é que você vê que é barato? M7: R$ 10,00 tu acha caro ou barato? C7: Não sei. M7: A Miracle é cara porque custou quanto? C7: R$ 300,00. M7: R$ 300,00 reais, né? E: R$ 300,00 é caro? E R$ 100,00? Seria caro? C7: É, mais ou menos. E: É? M7: Depende do quê que é, né? E: E você já foi no shopping sem ser com o pai e com a mãe? Com outra pessoa? C7: Sim. E: Com quem? C7: Com a minha tia. E aí eu tava com a minha tia, com a minha prima e com a minha bisa. E: E foi divertido? Mas é mais legal ir com elas e com o pai e com a mãe? C7: Com o pai e com a mãe. E: É? E, vamos falar sobre alguns produtos, assim. Você sabe o quê que é uma marca? A marca de um de algum produto? C7: Hum, hum(afirmativo). E: O quê que é? C7: É, uma coisa assim, por exemplo. O chocolate eles põem Nestlé e vários, e vários tipos assim. Mas daí, o Nescau não tem marca, tem o Nescau mesmo na frente. E: E o Nescau é a marca ou não é? C7: Não. E: Não é? E o que é a marca? C7: Nestlé. E: E roupa? Sabe me dizer alguma marca de roupa? C7: (pensando). E: E marca de tênis, você conhece? C7: Deixa eu ver. E: Fala uma prá mim, então. C7: Deixa eu lembrar (pensando muito). E: Difícil de se lembrar? Qual tênis que você usa? C7: (Pensando). E: Não sabe? C7: Sei. Eu tenho, ah, lembrei! Eu tenho um tênis que não é um tênis, é uma bota. Mas eu tenho um outro tênis que, que o símbolo dele eu me esqueci o nome, mas eu sei que é assim (ela desenha o símbolo da Nike). E: E você tem esse tênis? C7: É? E foi você que pediu? M7: Aquele rosinha ìtaisî falando? C7: Aquele rosa que eu usei. Foi eu que pedi? M7: Eu não me lembro. É da Nike. É Nike, né? E: Hã, hã. É da Nike. Você tem um desse? C7: Sim.

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E: E, marca de brinquedo? Você sabe? C7: (pensando). E: Não? Mas tem alguns brinquedos preferidos assim, pelo nome? C7: Silêncio. E: Quando você pede uma boneca, você pede: boneca tal assim, ou qualquer boneca? C7: Eu, quando eu quero uma boneca eu olho prá ver como as bonecas são. Eu olho prá ver como elas são e depois eu decido qual eu quero. E: E você tem boneca Barbie? C7: Tenho várias. E: É? E Polly? C7: Tenho umas, tenho 3. Tem uma que é da minha amiguinha, que ela esqueceu. E: Essas você tem? Barbie, Polly. É? C7: É. E: Tudo isso é a marca da boneca. E, coisas que você usa assim, de higiene pessoal. É xampu, sabonete, pasta de dente, escova de dente. Você chega a pedir pelo nome prá sua mãe? C7: (pensando) E: Como é que você escolhe as suas coisas? C7: Não, eu não peço pelo nome. A gente assim: se tem 3 xampus, por exemplo, baratos. Eu decido qual eu quero. Se tem 3 sabonetes eu também decido. E: E como é que você escolhe? O quê que é importante prá você escolher entre um e outro? C7: Pra mim.... eu acho que... E: Como é que você escolhe quando tem 3 xampus assim, um do lado do outro? Você escolhe como? Pelo cheiro, pela embalagem? C7: Pelo cheiro. E: Você abre e cheira? C7: Hum, hum(afirmativo). E: É? E se for uma embalagem assim, bem simplesinha, pode ser também? Se for um cheiro mais gostoso? C7: Pode. E: Você não dá bola assim, prá embalagem? E: E as suas roupas, quem é que escolhe quando você vai comprar roupa? E: Você, a sua mãe? C7: Eu e a minha mãe. E: É? Mas você escolhe também? Você pede alguma roupa? Como é o tipo de roupa que você gosta? C7: (pensando). E: Como é que tem que ser uma roupa bem legal prá você? É o quê? C7: Eu gosto de vestido. E: Vestido? Você gosta de escolher vestidos assim, então, prá comprar? C7: Gosto. E: É? E você gosta de ir em alguma loja, assim em especial? Ou pode ser qualquer loja? C7: Eu gosto de todas as lojas. E: É? E que personagens assim, de desenhos, assim? Você tem algum personagem preferido? Desenho animado preferido? M7: Tem. C7: Qual? M7: Tu não gosta do Lazytown? E: É. M7: Billy Mandy? C7: Eu gosto do Billy Mandy. E: Gosta? É um desenho isso? M7: É desenho. E: É? E você tem alguma coisa do Billy Mandy? Tem assim, um caderno, mochila, um boneco. Você tem alguma coisa dele? C7: Não. Eu também gosto da Hi Hi. Eu tenho 2 bonequinhas. E: Como é que é o nome? C7: Hi Hi Puffy Ami Yumi. M7: São duas roqueiras. E: Roqueiras? C7: E dois ìHiî é que elas dizem ìoiî uma prá outra.

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M7: Pode responder o que vier na tua cabecinha, não faz mal. Outras crianças da tua idade também vão responder. Por quê que tu acha que é legal ou não, assim, ganhar mesada? Tu achava legal toda semana tu ganhar um dinheiro prá ti? C7: Sim. E: É? E por quê? C7: Porque aí eu gostaria de passear com a minha mãe e ir no 1,99 comprar coisinhas. E: Comprar coisas prá você? É isso? Mas, você ganha algum dinheirinho de vez em quando? Ganha um dinheirinho prá você? C7: Hum, hum(afirmativo). E: E o quê que você faz com esse dinheiro? C7: Se é moeda eu ponho no cofrinho. E: E se é nota? C7: Se é nota eu vou comprar alguma coisa no R$ 1,99. E: No R$ 1,99? Você gosta de ir lá comprar coisa? M7: Mas também entra e sai sem comprar nada às vezes. E: E você guarda dinheiro também, ou não? C7: Sim. E: E esse dinheirinho assim de R$ 1,00 que você foi no R$ 1,99 e lá não comprou nada? Aí o quê que você faz com esse dinheiro? Você guarda em algum lugar ou deixa na carteira prá comprar outra coisa outro dia? C7: Eu, às vezes peço prá mãe botar na poupança ou eu vou... eu espero alguns dias prá ir lá de novo comprar alguma coisa. E: É? E quando você quer alguma coisa, que nem essa boneca que você falou que você ganhou? Essa boneca que você falou que era cara, né? Como é que você faz prá pedir pros seus pais? C7: Na verdade eu não pedi, eu ganhei de aniversário. E: A boneca? Mas você não tinha pedido prá ganhar? C7: Não, mas eu gostava muito dela. E: Ah, você falou que gostava muito dessa boneca? Aí você ganhou? C7: Hum, hum(afirmativo). E: E quando tem alguma outra coisa que você vê, que você acha legal, como é que você faz prá pedir? Ou você não pede nada? C7: Eu peço às vezes, né? Daí, daí eu falo assim: ô, mãe, olha lá que legal!. Se não passou do Natal e se já passou o meu aniversário eu falo assim: Ô mãe, olha lá que legal! Posso ganhar no Natal?. E: Ah, você pede pro Natal, não pede prá comprar na hora? C7: Pro Natal... não! Pro Natal eu peço às vezes quando já passou o meu aniversário. Quando não passou o meu aniversário eu peço pro aniversário! E: E prá esse Natal? Você já pediu alguma coisa? C7: Não, quero surpresa! E: Queres surpresa esse ano? C7: Mas eu queria uma sandália da Hi Hi Puffy Ami Yumi. E: É? Você já viu essa sandália? Você viu aonde? C7: Na tevê. E: Na tevê? Você já provou ela? Já viu na loja de perto, não? C7: Hum, hum(negativo). E: E você já pediu prá sua mãe? Não sabe o que você vai ganhar? C7: Hum... E: E de Dia da Criança? O quê que você pediu? C7: Eu não pedi nada, né? (para a mãe). Eu não pedi nada. E: E o quê que você ganhou? M7:

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C7: Não. E: Não? Ganhou de surpresa? M7: Nem tinha visto eu acho, né filha? C7: Sim. M7: Tinha? E: Aonde é que você tinha visto? C7: Na tevê e no mercado. E: Ah, é? M7: Ah, é verdade! Lá no Angeloni a gente viu, né? E: E quando as suas amigas, assim, aparecem com um brinquedo novo, assim, e uma roupa nova, você pede também? Quando você vê alguma coisa com as suas amigas? C7: É difícil. E: É? E tem alguma delas que tem um brinquedo que você queira? C7: É quando eu gosto de um brinquedo eu peço, assim. E: É, quando você vê com elas? C7: É. E: E o quê os seus amigos falam é importante prá você? O que as suas amiguinhas falam, a opinião delas é importante? C7: Hum, hum(afirmativo). E: É mais importante que a opinião da sua mãe? C7: Não. E: Não? Da mãe é mais importante? C7: Sim. E: E na escola, né? Tem assim, alguma menina ou menino assim, que é popular? O quê que você acha que é ser popular? C7: Hum (pensando). E: Se você acha que não sabe, você responde que não sabe. C7: Não sei. E: Não? Tem alguém que chama muito a atenção na sala de aula? C7: Chama. E: Chama atenção porque? C7: A Luiza. A Luiza sabe falar tudo o que a professora pergunta. Daí ela fala e se exibe depois. E: Se exibe? E você é amiguinha dela? Ou mais ou menos, assim? C7: É, tem dia que eu sou amiga e tem dia que eu não sou. Tem dia que eu sou, tem dia que eu não sou. E: Você não fala muito com ela? C7: Não. E: E tevê? Você assiste tevê? C7: Sim. E: Todo dia? C7: É, todo dia quando eu quero. Se eu não tenho nada prá fazer eu vejo tevê. Ou eu brinco com a minha cachorrinha. E: Com a tua cachorrinha? Você gosta? É mais divertido que ver tevê? C7: Hum, hum(afirmativo). E: É? E quando você assiste tevê você assiste o quê? C7: Depende, eu gosto do Cartoon Network e do Discovery Kids. Daí se tem algum desenho que eu gosto, né, eu paro ali prá ver. Se tem nos dois canais quando dá ìplim plimî em um, o outro fica rodando. Quando dá ìplim plimî no outro, o outro fica rodando. E: E aí você fica mudando de canal? C7: Eu vejo os dois. E: E aí você fica trocando? Aí você não vê propaganda? Sabe, né, dá o ìplim plimî entre um programa e outro, fica passando as propagandas, assim. Você gosta de assistir isso? C7: Hummm... E: Não gosta muito? E quando aparece uma de brinquedo? Você assiste? C7: Não, quando eu acho interessante eu assisto. E: E o quê que chama atua atenção? O quê que é interessante? C7: O que é o brinquedo, eu acho interessante. E: Quando eles mostram o brinquedo? Explicam o brinquedo? Se você acha o brinquedo legal você assiste? C7: Hum, hum(afirmativo).

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E: E quando passa um brinquedo que você nunca tinha visto antes? Você viu a primeira vez ali e você tá assistindo o comercial. Você chega a pedir esse brinquedo? C7: Às vezes. E: É? Chama a sua mãe prá ver? Pede prá ela? Como é que você faz? C7: Eu... M7: Escreve no papel (interrompendo). C7: É, eu escrevo no papel às vezes. Ou, quando acaba a propaganda eu falo prá minha mãe. E: Ah, é? E daí? Como é que ela fala geralmente? O quê que vocês conversam? C7: Ah... M7: Que a gente vai ver, né? Ver se tem em Blumenau. (interrompendo). C7: Aí a gente vai ver. A gente conversa assim: ah, daí ela fala assim prá mim que a gente tinha que ver se que o que tem é aqui em Blumenau, e depende do preço. E: Depende do preço? É? E nas compras assim, que a sua mãe faz prá casa. Quando ela vai comprar alguma coisa prá casa assim, sei lá. Um móvel novo, ou uma tevê ou uma coisa assim, você ajuda a escolher isso? C7: (pensando). E: Não? Ah, eu me esqueci de te fazer uma pergunta da propaganda ali, quando você assiste. Você acha que a propaganda sempre diz a verdade prá você? C7: Acho! E: É? E agora sobre a sua rotina. Você vai prá aula de manhã, é isso? E de tarde o que é que você faz geralmente? C7: Eu brinco. Terça e quinta eu faço balé; terça de noite eu fico na minha vó porque a minha mãe e o meu pai vão jogar bolão. E aí... M7: Quarta.... C7: Quarta e segunda... segunda às vezes eu faço ginástica. E quarta eu faço ginástica e inglês. E: Ginástica e inglês? E daí segunda e sexta você fica em casa? C7: É. E: Geralmente? E a sua mãe fica bastante com você? C7: Fica. E: É? E tem alguma amiguinha sua que a mãe não fica em casa? Que a mãe fica trabalhando? C7: Várias! E: É? Você conversa sobre isso com as suas amigas? C7: Não. E: Difícil? C7: É. E: E você acha assim que existe diferença, assim, entre você e as suas amigas porque a mãe delas trabalha? C7: Não. E: É igual? Mas o quê que você prefere? C7: Eu prefiro quando a mãe tá em casa. E: É? É mais legal? E se a mãe pudesse ficar trabalhando e pudesse comprar mais coisas? Quê que seria mais legal? C7: Ela ficar em casa. E: É? Então deixa eu fazer uma brincadeira bem rapidinho assim, ó. Eu vou falar algumas coisas, mas você tem que escolher entre uma palavra e outra, mas não pode pensar muito. Tem que responder bem rápido. Quê que você acha mais importante? Sempre vou dar duas palavras. Conforto ou aparência? C7: Hum, essa é difícil, eu não conheço aparência. E: Aparência é como se parece assim, a roupa é como ela aparece, o sapato como ele é, sele é bonito ou feio, assim. Tu queres um sapato bonito ou um sapato confortável? C7: Confortável. E: Beleza ou preço? C7: Preço. E: A opinião de um amigo seu ou a opinião dos seus pais? C7: Dos meus pais. E: A sua opinião ou a opinião dos seus amigos? C7: A minha. E: Se divertir ou aprender? C7: Aprender. E: Amigos ou brinquedos?

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C7: Amigos. E: Ir ao shopping ou ir ao sítio? C7: Sítio. E: Brincar com os amigos ou comprar alguma coisa nova? C7: Brincar com os amigos. E: Ter um estilo próprio, um jeito seu, ou ser igual aos seus amigos? C7: Ter um estilo próprio. E: O quê que é ser criança prá você? C7: Criança eu acho que... criança é quando brinca muito, é pequeno. Prá mim dos 9 anos prá frente é mais velho. E: Mais velho? C7: 9 anos prá trás é mais novo. Daí criança prá mim, eu acho que é quem é brincalhão, quem gosta de brincar bastante, quem gosta de várias coisas. Isso prá mim é criança. E: É criança? E quando você fizer 9 anos, você acha que vai mudar alguma coisa? C7: Não. E: Não? Ah, só tem uma coisinha, uma brincadeirazinha. Eu preciso só da sua ajuda. É assim, ó. Essa menina aqui, aqui aparece o nome dela, né? É a Nina, ela tá fazendo aniversário de 8 anos e ela pode escolher um presente prá ela. A mãe dela deixou ela escolher um presente. Se você fosse a Nina, o quê que você iria fazer? C7: Ah, eu pediria prá mãe dela sair com ela prá olhar nas lojas ou ela... ela escolheria, se ela sabe assim. Ah, eu gosto da Miracle Baby, não sei, eu tenho. Daí ela podia pedir prá mãe esse brinquedo que ela conhece. Ou olhar na televisão, quando ela ver o que tá passando na propaganda pra ver o que ela gostou mais. E: Hum hum. Legal. Bem legal. Tem mais uma aqui. Essa aqui é a Ana e essa aqui é a família da Ana. A mãe, o pai, o irmão, o cachorro. A família da Ana vai trocar de carro. Vai comprar um outro carro e pediram a ajuda da Ana, né? Se você fosse ela, o quê que você iria fazer? C7: Eu ia, eu sairia com os meus pais prá olhar os carros e ver qual é o mais, o que pode ser o melhor, o que é realmente mais barato, e o melhor. E: O mais barato e o melhor? É isso? Você tem algum carro preferido? C7: Não. E: Não? Então é isso. Essas eram as perguntas que eu tinha prá fazer prá você. Muito obrigada!

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Entrevista Mãe 07

Entrevistadora: Então, essa conversa é sobre o universo das compras da sua filha. Mãe: Tá. E: Como que ela se comporta em várias situações de consumo. M7: Ambientes. E: É. Então, falar um pouco de supermercado. Você leva ela no supermercado? M7: Sempre. E: Sempre você que faz as compras da família? M7: Eu e meu marido. E: Ah, vocês dois juntos? M7: Juntos. E: E ela vai junto? M7: Quando eu preciso eu vou sozinha, senão, é... às vezes a gente gosta de ir junto também. Se torna uma, como é que a gente diz? Um passeio familiar também. E: E ela vai em todas as situações com você e com os dois? M7: Vai. Vai. Aí ela tem a opção de escolha: se ela quer ir ou não. E: Ela tem ou não tem? M7: Não, ela tem a opção de escolha. Se ela não quer ir eu deixo ela na vó dela, né? Se ela quer ir ela vai junto. E: E ela gosta de ir junto? M7: Gosta. E: E ela pede, assim, alguma coisa? M7: Muito pouco. E: É? Ela passeia, assim, fica junto com vocês ou fica no cantinho das crianças, como é que é? M7: Até os 4, 5 anos ela ficava no cantinho das crianças. Gostava de brincar lá, né? Depois aí ela já começou a querer ir junto com a gente. E: Hum, hum. M7: Perdeu o interesse, o cantinho é toda vida a mesma coisa, toda vida a mesma coisa. Perdeu o interesse prá ela, né? E: E daí ela circula junto, mas raramente pede alguma coisa? Mas vocês compram alguma coisa... M7: Ela pediu, ela tinha 3 anos ela pediu alguma coisa que a gente não quis dar. Né, mas aí foi conversado com ela numa boa... nunca, né? E: Nem assim, salgadinho, bolacha, essas coisas? M7: Não, ela pede assim ó: ìcompra alguma coisa prá mimî. Aí eu digo ó, o quê que você quer: um chocolate, um chips ou um Nescau ou um não sei o quê? E aí ela escolhe alguma coisa, mas é assim, dificilmente ela escolhe chocolate, ela não é de chocolate. E: Hum, hum. M7: Tanto que tá cheio de doçura aqui e ela não come, mas às vezes ela, ela prefere um chips, mas mais pelo brinde que tem dentro. E: Ah, tá, mas daí é ela que escolhe? M7: É ela que escolhe o que ela quer, daí. E: Então... M7: Existe um limite, também não vou, tipo assim ó: chips que custa R$ 2,00 e tem um chips lá que é porque é uma promoção curta da Hello Kitty ou da Xuxa, mas custa R$ 10,00, entendeu? Não, aí a gente conversa com ela: olha, o que tem dentro é o mesmo que vai ter no outro. E: E ela entende? M7: Entende. Isso ela entende. E: Então os pedidos não são, não são tantos assim? M7: Não. Tá crescendo com a escola, vamos dizer. Vamos ser bem sinceros. A freqüência de pedido, né, tá crescendo com a convivência dela com os amigos. E: Ah, tá tendo alguma influência? M7: Tá. E: Ela fez, ela tá em que série? M7: Vai prá segunda agora já. E: Tá freqüentando o primeiro então esse ano. E ela fez o jardim e o pré? M7: Fez, ela vai na escola desde o primeiro aninho, desde 1 ano. E: Desde um ano ela freqüenta a escola? M7: Sim.

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E: E agora que os amigos estão... M7: É, agora ela tá assim. Influencia, mas ela nunca, assim, ela nunca fez assim a gente passar alguma vergonha ou aquela coisa de chorar porque queria alguma coisa. E: Uma birra, alguma coisa assim? M7: Não, não (risos). E: você acha que, quando você vai fazer compras sozinha, no dia que ela prefere não ir, tem diferença no volume das compras? M7: Tem, porque a gente tende a trazer mais coisas assim, que possam vir a agradar à ela. E: Quando ela não tá? M7: Quando ela está junto. E: Ah, tá. M7: A gente quer que ela vá escolher uma fruta, a gente quer que ela escolhe até um Nescau, que ela escolha um suco de soja que ela gosta, né? Coisas assim. E: Mas você que pede prá ela escolher? M7: A gente que pede prá ela.... até porque tu vai ver, ela é magrinha e a gente tenta incentivar ela prá ela comer. Ela não come muito. Né? Mas assim, eu não tenho problemas. Ela passa o mercado inteiro sem pedir nada tranqüilamente. E: Hum, hum. E no shopping, ela vai? M7: Vai. E: Vocês vão bastante, de vez em quando? M7: Bastante. Eu sou bastante estradeira. Duas vezes por semana, no mínimo. E: É? E ela gosta de ir? M7: Às vezes não quer ir. E: Às vezes ela não quer? M7: Hum, hum (negativa). Prefere ficar na casa de uma amiga. Não quer ir junto. E: E quando ela vai junto, ela pede alguma coisa, ela tem alguma loja preferida? M7: Ela tem assim, ó: ela gosta de ir no parque, cinema, e ela gosta de ir na Meninos e Meninas ver o quê que tem de novidade. Mas ela chega lá e pede, assim. ìÔ mãe, quem sabe esse aqui, assim, no meu aniversário, no Natalî. De repente dê prá gente comprar. E: Hum, hum. M7: Sabe? E: Ela não pede na hora? Prá levar na hora? M7: Não. E: Ela só fica lá observando? M7: Sim, tanto que ela me pediu um MP4 de Natal. E: E vai ganhar? M7: Acho que vai. E: É? Ela viu lá na Meninos e Meninas? M7: Não, não. Isso é uma coisa que ela já viu na televisão, uma outra sobrinha minha de 15 anos tem, entende? Mas até lá a gente crê que ainda mude essa opção. Porque primeiro ela tem o celular, porque ela tem bastante atividade extracurricular, né? Ela faz aula de ginástica rítmica, ela faz inglês à tarde, né? E: Ela é bem ocupada? M7: Bem ocupada. Daí a gente conversou com ela que ela iria ganhar um até por comunicação que às vezes eu deixo ela e a professora falta. E: Hã, hã. Aí ela tem até como te avisar, né? M7: Tem como me avisar e não ficar lá esperando até dar 1 hora, 1 hora e meia e eu aparecer. E: Hum, hum. M7: Não é? Porque às vezes eu fico com ela, mas, como é no Barão24, eu deixo ela sozinha. Né, então ela usa lá a biblioteca, ela fica por lá, mas só que ela fica sozinha, e ela não gosta. E: Hum, hum. M7: Ela é bem família, assim também, ela gosta. E: De vir prá casa? M7: Gosta, tem crianças que não vêem a hora de fugir dos pais. Ela já gosta de ir, mas, se é prá ela ficar sozinha, ter que procurar alguém lá ela não... E: Não gosta muito? M7: Não gosta muito não, ela gosta que a gente fique junto. E: E a questão do celular: foi ela que falou primeiro ou foi vocês?

24 Escola Barão do Rio Branco.

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M7: Não, foi ela. E: Ela que falou primeiro? M7: Foi ela. Foi ela que falou primeiro porque ela já tem duas ou três amiguinhas em sala de aula que têm celular. E: Hum, hum, daí ela observa. M7: Mas, mais é pelos joguinhos que têm no celular. E: Ah. M7: Ela é bem criança assim, né? Bem videogame, não é aquela coisa de ligar prá um, ligar prá outro, né? Mas, mais é aquela coisa de... ou às vezes até o prestígio de ter o celular. E: Hum, hum. M7: Né, não é nada disso. Que nem, nós fomos viajar agora dia 1º de novembro, ficamos 5 dias fora, eu deixei o meu celular com ela. Foi a primeira vez que a gente foi viajar tanto tempo longe dela, né? E: Ela não foi? M7: Ela não foi. Aí eu deixei meu celular com ela. E: Hã, hã. M7: A gente não imaginava: ela já sabe mandar mensagem, sabe? Ela já fez ligação prá nós sozinha. Nós mandamos mensagem e quando a gente viu ela mandou mensagem de volta prá nós sozinha. E: Hã, hã. E vocês não tinham ensinado isso prá ela? M7: Não, então o mundozinho eletrônico deles corre muito rápido, né? E: Hum, hum, já tá aprendendo muito rápido, é. M7: No shopping assim, é que nem lanche assim, ó, ela pede às vezes um Mc Lanche Feliz, mas é mais pelo brinquedinho que vem lá, uma coleção de bonequinhos, coisa assim. E: Ela sempre pede o Mc Lanche, ou ela pede outros lanches também? M7: Não, ela adora a macaronada do Tartuffo´s, por exemplo. E: Ah, ela troca? M7: Troca, troca. Troca bastante assim. E: E... M7: Cachorro quente, peixe, frutos do mar ela adora. Ela troca bastante. E: Ela foi no Bob´s também? Que é a mesma linha do McDonald´s ou... M7: Ela gosta do cachorro-quente o Bob´s. E: Ela experimenta várias coisas, então? M7: Várias coisas. E: Ela não fica ligada só num... M7: Não, não. E: E tem alguma loja de roupa que ela freqüenta? M7: Ela gosta de ir, quando a gente vai, na Lilica Ripilica. E: No centro... M7: No centro, e na Malharia Cristina. Essas duas assim que a gente vai mais. Gosta de ir na Renner também, porque tem bastante variedade. E: Hã, hã. M7: Da Polly, né? Que ela gosta de ver. E: Roupa é ela que escolhe, ou não? M7: Escolhe, às vezes ela escolhe, mas, seu eu disser assim que eu não gostei muito e tal, ela muda de idéia, ela aceita. A gente conversa também. Quando eu vejo que é legal, eu também converso com ela. E: E com relação à Lilica, ela pede especificamente pela roupa da Lilica ou não? M7: Não, não que tenha que ser da Lilica. Às vezes é um modelinho, uma batinha, né? Uma blusinha, uma bermudinha, um chinelinho que ficou legal. E: Se achar esse modelo de outra marca, também... M7: Ela troca. E: Ela troca? M7: É. Barbie também, aquela coisa de, é que nem eu digo: Barbie de R$ 100,00 prá minha filha e de R$ 1,99 prá ela tem o mesmo valor, no coração dela é o mesmo valor. E: Prá ela não... M7: Não, ela não estraga nenhuma das duas, e ela dá o mesmo valor emocional assim, pras duas coisas. Ela não tem assim, a gente não criou ela com essa, com esse estereótipo de marcas, né? E: De olhar o nome? M7: De olhar o nome, e não o produto, né? Então ela, ela é bem relax assim. Tanto que ela dá valor a umas coisinhas assim às vezes que a gente fica meio de bobeira assim com ela, né? Coisa de centavos assim, que prá ela vale tudo assim, né? Ela troca prêmios de presentes maiores por

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presentinhos pequenininhos. Tanto que é assim, ó: nós queríamos dar, por exemplo, uma Barbie dessas das bailarinas, que saiu agora, né? Ela não queria, ela queria uma pistinha da Hot Wheels, com carrinho prá brincar. E: Hã, hã. M7: Entende? Na cabeça dela era aquilo que ela queria, que ia fazer ela mais feliz. Então não adiantava a gente chegar com uma boneca de R$ 200,00, R$ 300,00... E: Se não era isso que ela queria. M7: Não era bem isso que ela queria, então... E: Ela ganhou a pista? M7: Ganhou a pistinha dela. E: Ganhou só isso? M7: Só isso, no dia do aniversário dela. E: É só isso? Faz pouco tempo? M7: 30 de setembro. E é assim, ó: ah, pediu a pista da Hot Wheels, ganhou a pista da Hot Wheels. E mais nada. E: Mais nada? M7: Não tem aquela coisa de dar a boneca e a pista, entendeu? E: Ela pediu um presente, ganhou um presente? M7: Um presente, é. E: E ela ganha presente fora de hora, também? M7: Ganha, bastante. Mimos, eu digo assim. E: Quem é que dá? M7: Eu e o pai. (risos) Eu, o pai, a tia, a avó (risos). Até porque é assim, ó: ela é a segunda neta e a segunda bisneta. Então, tem ela e a outra que tem a mesma idade, então seis meses de diferença. Então elas são bastante mimadas, assim, né? E: Hã, hã. M7: Isso. Mas é assim, ó. Não é assim, num dia de semana qualquer, eu chego em casa com alguma coisa prá ela. O mimo às vezes é só a locação de um DVD, um filme que ela queira ver. E: Hum, hum. M7: Entendesse? Ou é um brinquinho, não é? Ou é um ventiladorzinho do R$ 1,99 quer ela viu uma menininha brincando, ela achou aquilo o máximo, tal. Traz alguma coisinha. E: São esses os presentinhos que ela ganha? M7: É, é, e agora no Dia das Crianças, por exemplo, nós conversamos com ela que a gente queria dar uma poupança de presente prá ela, e ela ganhou uma poupança de presente, e não ganhou presente nenhum no Dia das Crianças. Então... E: Não abriu um pacote, por exemplo, né? M7: Não, não teve aquela coisa de ter que desembrulhar um presente. E: Hã, hã. M7: Ela ganhou uma carteirinha do banco dentro do envelopinho, tal, expliquei prá ela. A gente mostra na Internet o nosso ìhome bankî, a gente vai lá na Caixa (Caixa Econômica Federal), mostra prá ela, tal. Ela tem cofrinho, ela economiza. E: E ela gostou do presente? M7: Ela adorou. Ela falou que aquilo ali vai ser o futuro dela prá ela ir prá Disneylândia. E: Hum, hum, ela tem noção que ela economizando ela pode ter outras coisas? M7: Ela pode adquirir coisas melhores, pode viajar, pode uma série de coisas. E: Hã, hã . Legal isso. Aí, eu to seguindo aqui, algumas coisas a gente pode até repetir, assim, né? M7: Sim, sem problema. E: É, de marca, não é? Ela costuma pedir alguma coisa pelo nome da marca? M7: Sim. E: O que seria? M7: Às vezes assim, uma blusinha da Barbie. E: Hum, hum... M7: Mas, mais porque tem uma estampa da Barbie. E: Hum, hum, pelo desenho? M7: Barbie, né? Isso, Barbie desenho, coisa assim. É que nem a Hot Wheels, é que nem... E: Hum, hum M7: Mesmo porquê assim, ó: é, bonecas bailarina da Barbie. Só tem da Barbie. E: Hum, hum, não tem de outras. M7: Não tem outras comparativas prá ela ficar dizendo: ìnão, mas pode ser aquela outraî, pode ser aquela...

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E: Hum, hum, só tem aquela da Barbie. M7: Isso, ela pede a marca, é? Que nem agora a Xuxa lançou um tamanquinho que tem um cachorrinho junto, não sei se você já viu? E: Não vi o cachorrinho. M7: É um cachorrinho pequeninho que tu puxa assim o rabinho e ele sai correndo, assim. E: É um brinquedinho? M7: É um brinquedinho. Na televisão ela achou o máximo. E: Hum, hum. M7: Aí o meu marido disse assim: ìtá, como ela precisa de uma sandalinha de verão, vamos ver assim e de repente dar prá ela a sandalinha, não faz mal, ela vai precisar de um sapato mesmo, dá. Ela queria tal, só que ela não gostou quando ela viu pessoalmente. E: Ela não gostou do bichinho ou da sandália? M7: Da sandália. Daí já não quis mais nem um nem outro. E: Não quis mais? M7: Não quis. E: Você deu outra, não? M7: Escolheu outra que custava três vezes menos que aquela, entende? E: E é de algum nome? M7: Não, nada, nada. Não é ligado a nada, marca assim. E: Não tinha brinde, nada? M7: Não tinha brinde, não tinha nada. E: Ela foi pelo modelo? M7: Pelo modelinho, né? Antes ela foi pela propaganda, quer dizer, a propaganda compra muito a criança, né? Na televisão, né? E: Hum, hum M7: Mostra um cachorrinho que fala na televisão, a criança vê aquilo e diz: ah, que a menina pega a sandália, adora a sandália e o cachorrinho diz: ìah, ela esqueceu de mim, ela nem deu bola prá mimî, né? E a criança se ilude com aquilo. E: Hã, hã. M7: Ah, ela chega na loja é um cachorrinho desse tamanhinho com um cabeção de todo tamanho, não tem nada a ver, né? E: Não fala? M7: Não fala realmente como falou na televisão. E ela daí, desencantou com aquilo. E: Ela não gostou? M7: Muito alto também ela achou. ela disse não. E: Tem salto? M7: Tem salto, ela não gosta porque ela faz balé, e ela tem medo de torcer o pé. E: Hum, hum. M7: Né? Eu sempre explico prá ela, ó, os teus tornozelos, as tuas mãos prá ginástica rítmica são tudo. Se tu realmente queres ser bailarina, queres ter futuro em ginástica rítmica, tu tens que cuidar muito. Então tu não pode ficar usando... E: Ela é preocupada com isso? M7: É, assim, talvez um pouco de culpa minha, né? E: Há Hã. M7: Porque eu não deixo ela simplesmente se machucar, prá depois eu ter que dizer prá ela que ela não pode mais fazer porque machucou, né? Então eu explico prá ela. E: Avisa antes? M7: No futuro, se ela acontecer isso... e como essa minha sobrinha, ela fazia ginástica rítmica, caiu de bicicleta e quebrou o pulso e não pôde mais fazer ginástica rítmica. Então foi uma coisa que aconteceu próxima da gente que ela acompanhou. Né, e ela tinha 10 anos, e ela era um futuro assim, prá ginástica rítmica do Barão, né? E: E teve que parar? M7: E teve que parar tudo. E: Ela viu isso? M7: E ela viu isso e ela pensa assim, então quando ela quer um tamanco. Que nem tinha aqueles tênis com rodinha embaixo, né? Eu disse prá ela: vamos fazer o seguinte, ela pediu e eu disse assim: vamos fazer o seguinte, eu vou te levar na loja, você vai colocar no seu pé e vou... a gente vai dar uma andada dentro da loja prá ti ver como é que é. Eu digo: não é assim, não é fácil assim. E não é aconselhado pela ortopedia, pela pediatria, né? Porque realmente, a posição da criança ficar com a

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ponta do pé levantado, força os tendões, tal, o tornozelo, dá dor nas pernas. Então, não é legal, né? Tem só 7 anos de idade, ela é pequeninha, ela tem só 22 quilos, né, e... E: Pode cair... M7: Pode cair, pode ficar com a perna torta, uma série de coisas. Levei, colocou: ìé mãe, não gosteiî, ela assim. ìTalvez quando eu for mais velha eu me adaptoî, ela assim, ìmas agora eu não gostei mais, não é aquiloî ela falou. E: Trocou? M7: Trocou, não gostou. A prima usa a mesma coisa, então às vezes ela quer também. A prima ganhou um roller25 aí ela pediu um roller também, tal. E aí eu disse não, então vamos fazer o seguinte: tu vai colocar o da prima no pé... E: Hum, hum, deixa ela provar... M7: Primeiro tu vai ver se tu gosta mesmo, daí a gente vê. E: Hã, hã. M7: É, porque ele pesa, sei lá, 3 quilos e pouco, né? Ela não conseguia nem ficar direito em pé com aquilo. E: Não deu certo? M7: Não deu certo. Aí eu digo assim ó: quando tu for mais velha, se tu realmente tu quiser... porque eu acho um barato andar de roller, né? Andar de bicicleta, andar de roller, eu não me incomodo disso, desde que dê o determinado valor às coisas, né? E daí, daí ela desiste, ela... numa boa. E: Hã, hã. Mas ela chega a querer, a pedir né? M7: A pedir por uma coisa. Sim. E: Ela vê os outros... M7: É. É a influência, né, muitas vezes, ela chega a pedir sim. Mas, eu sou muito de., não só dizer não, de mostrar o porque do não às vezes. E: Prá ela entender tudo? M7: Prá ela entender porque não. E: Hum, hum. M7: É que nem caderno de escola, as amigas dela: Barão. Quem estuda no Barão são gente muito... né? É quem tem posses, é quem tem condições de comprar isso e aquilo e aquilo. Então, começa o ano, todo mundo com caderno da Barbie, caderno da Hello Kitty, caderno disso, caderno daquilo.Eu disse tudo bem, a gente vai fazer assim, ó: vamos comprar um caderno prá você da Helo Kitty e um outro simples e eu vou arrumar prá você o seu caderno. Eu, como eu trabalho muito com artesanato, eu tirei o espiral e nós colocamos tudo miçangas e strass no espiral do caderno. Ninguém tinha o caderno igual ao dela. E: Hã, hã, bem diferente? M7: Bem diferente! Então ela aceita numa boa essas trocas. E: E ela comentou que alguém olhou o caderno dela? M7: Sim. E inclusive a gente fez mais dois cadernos de presente prá amiguinha dela. Eu disse, não: diz prá amiguinha trazer o caderno que eu dou as missanguinhas de presente. E: Hã, hã. E acabou fazendo mais sucesso do que... M7: É... então eu mostro assim, que existe outras formas de se fazer parte do grupinho, né? Porque se às vezes se tu não tem o caderno da Barbie ou da Hello Kitty, tu não faz parte daquele grupinho, né? E: Hum, hum. Ela já chegou a reclamar de alguma... M7: É, tem uma menina que ela reclama, mas essa menina ela é mais velha da sala de aula, ela já tem 8 anos completos na 1ª série. E é uma menina que é assim, ó... ela tem Ipod, ela tem MP4, ela tem celular. Só que é assim, ó, como é que eu vou dizer? Os pais usam esse artifício de babá eletrônica, como não podem estar junto. E: Hum, hum. M7: Então eles dão tudo esse tipo de coisa prá menina, né? E: Prá compensar? M7: É, só que aí nessas horas, o quê que eu converso com ela: quantas vezes a mãe dela levou ela prá ir no Ramiro Ruediger26, brincar no parque? Quantas vezes ela tomou banho de chuva? Ela tem cachorrinho? Ela pode andar na rua? Ela vai no cinema? Né, eu digo assim: ó, tu tens uma vida maravilhosa que ela pode, né, andar na rua, tal. A menina fica em casa o dia inteiro. E: Com babá ou alguma coisa assim?

25 Patins tipo ìin-lineî com as rodas alinhas uma atrás da outra. 26 Parque com pista de caminhada, quadras de vôlei e futebol, e pistas para bicicleta.

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M7: Isso. Passou, nasceu com babá e tem 8 anos e tá com babá. Quer dizer, aí então não tem a convivência de pais, né? E: Hum, hum. M7: Quando chega aos 14 anos de idade não conversa mais, né, com a mãe e o pai. E: Ela consegue entender bem isso? M7: Ela consegue daí, né, entender assim. Então essa menina o que que é, essa menina um dia chegou prá ela e falou: ìah, porque eu fui pro Cirque du Soléil em São Paulo e vou de novo, tal. Não sei o quêî. A minha filha disse, ìnão, tudo bemî, ela assim. ìQuando eu for maior, que eu puder ir também, eu vou e vai ser diferenteî. Ela assim. E: Deu resposta? M7: É, eu sempre digo prá ela: tudo acontece no seu determinado tempo. Né, a gente não precisa, que nem: ah, porque ela já andou de avião 4 ou 5 vezes, eu disse: filha, eu fui voar a primeira vez quando tinha 21 anos de idade. Tu tem só 7, tu já foi 3 vezes de avião. E: Hum, hum. M7: Então, não tem necessidade de porque tem 7 anos tem que tá viajando de avião, eu digo prá ela. Não é assim, têm outras coisas na vida que são mais importantes, né. A gente conversa bastante esse lado assim, que não precisa ser tudo com dinheiro, dinheiro, né? E: Hum, hum. E vai levando. E, até na questão de roupa, ela chegou a escolher alguma roupa, assim, que ela chegou a comprar e você não achou legal? Mesmo assim vocês levaram, não? M7: Não. Teve uma vez que ela queria uma capa de chuva da Barbie, que a minha sobrinha ganhou e ela queria porque queria aquela capa de chuva. É uma capa de chuva que tinha a touca e a capa era uma parca assim, né? E não tinha local para as mãos. E: Ah, tá, só uma capa. M7: Uma capa assim, né. E ela queria e a gente disse assim: olha, não vai ser legal. Porque você não tem lugar prá pôr os seus braços, você vai entrar no carro molhada, você vai ter que tirar ela, vai ser mais difícil. Mas aí o meu marido disse não: ìvamos dar prá ela aprender que quando a gente às vezes quer explicar uma coisa não é pro mal dela. É prá ela entender que pode ser outra mais simples, não precisa ser aquelaî. Além de tudo não era confortável. E: Hã, hã. M7: Ela ganhou. Ela não usou duas vezes eu acho que a capa. E: Saiu um dia na chuva, viu que não era tão fácil. M7: Não era, então a gente às vezes realmente deixa ela fazer as coisas erradas prá também saber assim que, não é que a gente quer ser chato, né? E: Hum, hum. M7: Talvez é, que é assim, ó: nós dois, eu tenho 36, quase 37. Então eu já fui mãe com 30 anos de idade, né? Então, eu não tenho cabeça de 20, 21, 22 anos de idade. A gente já tem uma cabeça mais madura, né? Eu e o meu marido. Ele tem só 38, né? Dois a mais. Mas a gente tem um pensamento mais maduro também. Não é tão mão aberta assim. A gente não briga, né? A gente é muito de conversar, e a gente vê casal novo que briga muito fácil: o pai fala uma coisa, a mãe fala uma outra coisa na frente da criança. E não, ali você vai perdendo toda tua responsabilidade, toda a tua educação, né? O respeito da criança tu perde ali, quando você discute na frente dela. E: Aqui não tem isso? M7: Não, aqui não tem isso. E: E ela respeita muito vocês dois? M7: Respeita. Ela respeita e ela funciona assim, a parte emocional. Se eu digo prá ela que eu fiquei triste com alguma coisa, ela ìmorreî de chorar assim, ela fica acabada com isso, né? Eu fiz uma cirurgia quinta-feira, aí sexta-feira à noite o meu marido disse assim, ó: ìvamos no shopping e vamos comprar um óculos prá tiî, que eu precisava usar óculos de sol prá proteção até. E: Prá sair, né? M7: Ela não queria ir. Não, a mãe não pode ir porque o médico falou que ela não pode ir pro shopping, não pode ir prá pizzaria porque tem muito pó, tem muita gente, ela pode pegar uma bactéria. É, ela se preocupa assim, com a gente também, sabe? É mas, fazer o quê, né? É só ela. Se a gente não cuidar dela, vai cuidar de quem, né? E: Hã, hã. E, com relação a brinquedos? Você falou a preferência de marcas, que era a Barbie, o Hot Wheels, né? M7: É. E: Mas assim... você tinha até comentado da Barbie, que se dá uma mais simples ela brinca com as duas, assim...

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M7: É, até pelo fato assim: ela pediu uma Barbie bailarina que gira, né? Que tem um suporte, tem uma caixa em cima, né. Ela pediu, ela disse assim, ìse desse prá eu ganhar essa no Natalî, ela assim, né? Ela assim: ìpodia ser só essa de todo mundoî, ela assim. E: Todo mundo se juntar... M7: Todo mundo se juntar prá dar aquela Barbie prá ela. E: E já aconteceu isso, dela pedir um único presente? M7: Já! E: E depois ela ficou realmente esperando outra coisa ou... M7: Não. Foi com o Playstation. E: Todo mundo se juntou prá dar o Playstation. M7: É, tipo assim: a vó, a bisa e nós, né? Demos o Playstation prá ela com uma fita de jogos. E: E ela ganhou outra coisa? M7: Não. A gente proíbe a vó e a bisa de dar daí, né, senão elas dão (risos). E: E ela ficou esperando outra coisa, daí? M7: Não. E: Ela ficou contente com... M7: Ficou contente com aquilo. É, ficou contente com aquilo e até hoje ela não... Uma coisa que a gente tenta deixar assim ainda fluir na cabeça dela é a fantasia. Do Papai Noel, do Coelho da Páscoa, da Fada do Dente... E: Hã, hã. M7: Então quando ela perdia um dente ela... a gente tirava o dentinho dela debaixo do travesseiro, botava uma moedinha. Muitas vezes eu não deixava a moeda em dinheiro. Eu deixava uma moeda daquela de chocolate. E: Ah! Hã, hã. M7: Deixava uma moeda de R$ 1,00 daquela de chocolate. Então, prá ela assim, isso existe ainda. Tanto que a gente fez docinho, que estão aqui, que não podem ser comidos, porque esses docinhos vão ser colocados na mesa na noite de Natal com um copo de leite que o Papai Noel vem pegar. E: Vocês dão presente quando? M7: Na virada do Natal mesmo. E: Dia 24 prá 25, meia noite ali? M7: É. E: Mas daí o biscoito vai quando? M7: Nessa noite o meu marido acorda, come o biscoito e toma o leite. E: Ah, tá, vocês já fizeram a ceia e foram dormir? M7: Isso. E daí coloca o presente na árvore. E: Ela abre dia 25 então? M7: Ela acorda daí de manhã, e vai procurar o presente dela. E: Ah! Hã, hã. M7: Tem a outra parte que é da família, que daí é feito lá, né? Mas, aqui em casa a gente cultiva ainda isso, assim. E: Hã, hã. M7: Dia de São Nicolau, de botar o sapatinho... E: É agora, né? M7: É agora dia 6! Né? De colocar o sapatinho na janela, sabe? De distribuir balas. A gente cultiva essas coisinhas assim ainda devagar. A gente não é católico fervoroso assim, mas essas fantasias a gente cultiva ainda com ela. E: E, legal isso. M7: É! E: E produtos de higiene pessoal, quem é que escolhe? Xampu que ela usa, pasta de dente, escova de dente, sabonete? M7: Normalmente nós escolhemos, mas às vezes a gente chega e diz prá ela assim, ó: vai lá e escolhe um creme dental prá você, né? Ou vai lá e escolhe um xampu prá você. Aí, uma vez ou outra assim... uma vez a cada seis meses a gente chega e diz prá ela assim ó: vai lá e escolhe um xampu que você quer. E: Hum, hum. M7: Daí ela vai lá e escolhe um xampu que ela quer. E: Ela pega sempre o mesmo ou ela muda? M7: Ela muda. Muda, mas ela cuida no preço. E: Ela olha o preço? M7: Ela olha o preço.

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E: Você acha que ela tem noção? M7: Tem. Ela já tem noção de que 10 é muito mais do que 7, por exemplo. E: Hum, hum. M7: Ela já tem essa noção, eu já trabalhei com o monetário com ela também, né? Então eu faço ela, eu faço ela às vezes, na lanchonete do Barão comprar alguma coisinha, ter que pagar, esperar o troco. E: Hum, hum. Já prá ter noção daquilo. M7: Isso! Até mesmo no shopping, pagar o estacionamento, a gente dá uma nota de 5 o estacionamento saiu 3, tem troco. E: Hum, hum. M7: Sabe, tudo isso assim. Ela tem a carteirinha dela, ela mesma, sabe? Esses dias ela quis pagar o estacionamento prá nós. A gente deixou. ìNão, daqui o cartão que eu vou pagarî. Ela pegou a carteirinha dela e foi pagar o estacionamento sozinha. E: Hum, hum. M7: A gente ficou olhando, assim, sabe? A gente deixa ela fazer essas coisas prá não ser passada prá trás, assim. E: Hum, hum. M7: Prá aprender a mexer com dinheiro, né? E: E desses produtos assim, você acha que ela escolhe como? Qual que é o critério dela? M7: Cheiro, cor. E: Ela abre? M7: Colorido, desenhos... E: Ela abre, cheira? M7: É, assim, por exemplo, xampu, tem das princesas, tem da Barbie, coisas assim. Mas ela gosta de um chamado Acqua, que é uns bonecos, uns bichinhos assim. Que tem cheirinho de fruta, né? De melancia, de morango, de pêssego. E: Tem uns bonequinhos dessa marca, né? M7: Isso! É, ela escolhe esses assim, por exemplo, né? Mais porque tem cheirinho de frutinha, essas coisas assim. E: E quando acaba esse vocês colocam outro, que não é infantil? M7: Sim, um normal. E: Então, tá. M7: Também, como muitas vezes é o frasco que interessa, o quê que a gente faz? Eu coloco um outro xampu dentro e pronto, fica tudo igual prá ela? E: Não percebe? M7: Não, ela sabe que tem outro dentro. E: Ah ela sabe que? M7: Sabe, mas na cabeça dela tá tudo bem também. Sem problemas. E: A embalagem é que... M7: A embalagem é prá ela se divertir, às vezes, coisas assim, né? Ela tomou banho de banheira até o ano passado. Nós tínhamos um banheirão gigante, assim, que ela gostava, não é? E: Era a hora divertida dela? M7: Era a hora divertida. Ela aprendeu a ler na banheira, com livros aquáticos. E: Hum, hum. M7: É, com cinco anos ela lia. E: Legal isso. M7: É, então ela já tá alfabetizada desde o começo desse ano. E: Ela já entrou... M7: ... alfabetizada na primeira série. E: Por causa de casa? M7: De casa. Também, né? O pré ajudou, mas, se a gente não mantém em casa, é, um pouco do auxílio, um incentivo, né? Ela desde pequenininha ela tem o alfabeto no quarto dela, ela tinha os números, ela tinha musiquinhas que cantavam os números, musiquinhas que cantavam o alfabeto, prá ir já se acostumando com isso assim, né? E: Mas é só porque você tava em casa e poderia fazer isso prá ela? M7: Isso é. É que nem o meu marido fala. A gente tem essa oportunidade de poder acompanhar ela. A gente conhece amiguinhas da idade dela que fizeram o pré junto com ela e tão terminando a 1ª série, e lêem muito difícil, escrevem muito difícil. Mas é porque os pais trabalham fora. E: Não têm tempo. M7: Chega final de semana tem essas coisas de casa, tem que sair, tem que isso, tem que aquilo...

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E: Isso dá muita diferença assim? M7: Sim, muita diferença, né! E: E, deixa eu falar um pouquinho dos personagens. Assim, qual que é o personagem de desenho animado, de filme, de qualquer coisa assim, preferido dela? M7: Ai, como é que é aquele um? É, na, acho que é na Discovery Kids que tem aquela menininha que tem o cabelo rosa? Como é que é o nome deles? E: Lazytown? M7: Lazytown! Ela adora, adora mesmo. Também gosta do Billly... Billy e Mandy. E: Não conheço esse, mas... M7: Tem o Billy e a Mandy, é um esqueleto. E: Eu não conheço esse. M7: Ela adora esses personagens! E: É Discovery? M7: Tudo. É Discovery assim, né? A maior parte é Discovery. Mas, ela, às vezes, se tá passando assim, e passa uma missa legal ela pára prá escutar. Se tá passando alguma reportagem sobre algum animal da Amazônia ela pára prá escutar. E: Hum, hum. Não necessariamente ela só assiste desenho? M7: Não. E não necessariamente que ela tá lá vendo desenho toda hora. Tá? Ela é bem assim de, que ela agora ela tem cachorrinho, ela larga tudo, ela vai brincar só com a cachorra. Vai na casinha dela brincar aqui atrás (atrás de casa). E: Ela tem casinha de boneca? M7: Tem casinha de boneca. Aí tem gramado aqui atrás, tem as coisas de Natal que nós estamos montando. Ela tem a piscininha dela de verão que a gente monta, né? E: Hum, hum. E ela faz muitas atividades, então, fora assim? M7: Fora, fora de casa. É, eu não sou muito de ficar presa dentro de casa na televisão. E: Ela acompanha, né? M7: Ah, é. Deixo bem, bem assim à vontade prá ela também. Dar liberdade de, sei lá, poder ver as outras coisas da vida... E: Hã, hã. E ela tem algum produto dos personagens que ela gosta? M7: Ela só tem, o quê que ela tem? É o jogo do Playstation do ìGalinho Chicken Littleî, que é uma coisa que é de personagens. E: Que ela gosta? M7: Que ela gosta. E: Ela tem também a mochila do Chicken Little, ou... M7: Não, não. Tanto que essa mochila aqui ela tem, já desde que ela ia no pré. E: Não é de personagens? M7: É das ìmeninas superpoderosasî. E: Mas eu não to vendo o desenho. M7: Não, tem só o PPG (Power Puff Girls) ali. Prá tu ter uma idéia não tem nenhuma menina superpoderosa, tu entende? Só uma mochila rosa, não é, na verdade? Mas ela tem essa mochila já, nós estamos em 2006... desde 2004, 2003. E: Não pediu prá trocar? M7: Não pediu prá trocar. Ela vai, ela tá usando uma, ó: essa aqui é uma maleta que ela ganhou da minha irmã, não tem nada a ver, é uma maleta horrível. Sério mesmo, assim prá menina, não tem a ver, olha só? E: Bob Esponja. M7: Não tem nada a ver com menina, mas ela adora carregar essa maleta pro inglês! E: É o material de inglês dela que fica separado? M7: Tá, tá separado. Aqui tá o caderno dela que a gente fez em casa! E: Ah! Hã, hã. M7: É, então aqui ela bota o materialzinho dela de inglês que ela faz extracurricular. E: Ela faz onde? M7: No Barão, com um professor particular. E: Ah. M7: Não é? E, ela leva aqui dentro dessa maleta. Tinha uma outra tão bonitinha e.... E: Alguma coisa chamou a atenção dela. M7: Ela quer aquilo, pronto! Então ela leva aqui. Prá ela é bem assim, sabe? Ela é bem desencanada. Não tem que, não tem que tá toda de cabelinho amarradinho, toda de rosinha, de bolsinha rosinha, nada disso. Então, se ela gostou dessa aqui ela vai levar essa aqui essa semana, a semana que vem se ela quiser ela leva numa sacola plástica, ela é bem...

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E: Ela inventa as coisas dela? M7: Ela inventa as ìmodaî dela assim, também. É muito engraçado. Tipo, brinquedo assim, acessórios, peças assim que tenha relação a algum personagem, muito pouco. E: É difícil ela pedir, ou é difícil vocês darem? M7: Não, é difícil ela pedir! E: Hum, hum. M7: É difícil ela pedir assim mesmo, sabe? Ela realmente, se ela gosta de uma coisa, ela não necessariamente tá ligada a algum personagem assim. E: O personagem não chama a atenção dela? M7: Tanto que nem assim, ó: teve festinha de Halloween, né? Olha o sapato que ela inventou! Eu montei prá ela do jeito que ela queria, né? Uma havaiana preta, passado um cordão preto, e trançado nas pernas! Isso foi o sapato dela de Halloween! E: Ela que inventou? M7: Ela que inventou. E: E você só montou? M7: Eu só ajudei ela a montar do jeito que ela queria. E: Mas ela foi como? M7: Eu que fiz a fantasia dela. E: De quê que era? M7: De bruxinha, é de bruxa assim. Mas, tudo feito em casa. Olha aqui, ó: tudo feito em casa. Ó cabelo dela, olha aqui ó, tudo eu que fiz em casa com ela (mostrando fotos). E: Essa saia é de quê? M7: É uma saia de tule com morceguinho preto. E: Aí você fez, comprou tule, fez a saia? M7: Hum, hum. Só com elástico na cintura, o colãzinho também, a teia de aranha também, ela é pregada aqui na frente. E: Hum, hum. M7: Fez as luvinhas de mão, amarrou só umas cordinhas pretas no cabelo. E: Mas tá bem legal, né? M7: Bem, assim, sabe? Não tive que ir lá, comprar uma fantasia de Halloween prá ela. Nada disso assim, sabe? Aqui assim dá prá, mais ou menos, ver a sandália dela. E: Ah, tá! Amarradinha! M7: É, uma trançada nas pernas, um cordão de malha, assim, amarrado nas pernas e pronto, mais nada. E prá ela tava feito assim, a festa dela tava feita. Só havaiana assim, amarrada no pé. Então ela não é... Já, essa é minha sobrinha. Repara as roupas que ela tem! Barbie, Barbie, Barbie. E: Hum, hum. M7: Essa é Barbie, porque pede. E: Pede? Consome? M7: Pede. E: Elas estudam juntas, não? M7: Não. Não, as avós queriam, eu disse não. Não é bem assim. E: Ela estuda aonde? M7: Na Freinet, né? Ah, se ela quer pôr na Freinet, bota na Freinet. A gente vai colocar na Barão porque o meu marido estudou lá a vida inteira, sempre foi legal! É um colégio mais realidade. Lá na Freinet ela tem 7 ou 8 amigos estudando com ela, mas vai até o ano que vem. Quando ela cair numa realidade, o quê que vai ser dela? E: Ela vai até a 4ª série provavelmente? M7: Eu não sei? Tem quarta série na Freinet? Eu não sei. E: Agora eles aumentaram, né? M7: É, não, eu nem sei direito, né? É, só que é assim, o meu marido acha que... a prima é toda Patricinha assim, né? Toda marca, tal. Quando ela tá fazendo tarefa ninguém pode falar nada. Né, então ela é bem diferente da minha. A minha faz a tarefa, conversa contigo, capta as coisas do mesmo jeito! Eu brinco com ela de matemática, numa boa, ela brinca, tranqüila. Aceita, né? Que mais pessoas falem com ela, tudo, tal! A outra não. A outra, e a outra não usa se não é de marca também! E: Daí não usa? M7: É, a minha bem relax nesse ponto assim. E: Nem a convivência com a prima faz ela mudar? M7: Não. Essa aqui é que faz a outra mudar. E: Ah, é? M7: É. A minha faz a outra mudar um pouco, assim, sabe? Ficar mais relaxadinha assim, mais calma.

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E: Hã, hã. M7: Quando ela vem prá cá mesmo, eu deixo elas bem à vontade. Eu não sou de ficar atrás delas, vão brincar, né? E: Hum, hum M7: Eu só, eu sou meio ìcaxiasî, né? Brincou no quarto, não querem mais brincar no quarto: arruma as coisas. E: Hum, hum M7: Querem brincar na casinha? Vão brincar na casinha. Pode brincar. Não quer mais brincar? Arruma as coisas. E: Ela tá acostumada a isso? A arrumar... M7: Essa é a rotina dela. E: E a prima? M7: Não. Então aqui ela faz! E: Faz espontaneamente? M7: Ela faz. Não me questiona. Aqui ela faz. Mas, em casa e na vó, ela não faz! E: Não arruma? M7: Não arruma. Porque ela sabe que lá ela tem essa liberdade dos outros fazerem prá ela. E: Hum, hum. M7: Né? E: Você percebe a diferença das duas assim? M7: É. Eu sou mais rígida um pouco, né? Só que a minha filha disse que a prima dela não tem luz no olhar. E: Ela que falou isso? Ela escutou isso? M7: Não, ela falou. Que a prima não tem luz. E: Ela que falou prá você? M7: Ela que falou. É que a prima não expressa sentimentos, na cabeça dela. A minha sobrinha chega aqui, ela não te dá um oi direito, ela não te beija, ela não te abraça, ela quase não conversa. E a minha já é: abraça, beija, fala. Ela faz inglês e então ela fala inglês errado mesmo, ela não quer nem saber. Sabe? E: Ela não é preocupada com os outros? M7: É,e a prima não. Ela faz inglês na Teddy Bear, mas ela nunca falou o ABC em inglês, ela nunca falou da ginástica dela, ela nunca falou do balé dela. Já a minha conta tudo, prá todo mundo ela vai falando, sabe? Ela é bem, bem espontânea assim. Então, a minha sobrinha é muito introvertida, a minha filha é extrovertida. E: Hum, hum. M7: E a prima gosta de ficar aqui porque ela relaxa um pouco mais quando tá junto com a minha, daí. Fica mais solta, né? E: Você vê, que diferença, né? M7: Hum, hum. E ela tem toda a coleção da Polly, né? O Polly World que saiu agora! Ela já ganhou! E: Hã, hã, ela ganha bastante brinquedo? M7: Bastante, e assim, ó: a relação de valores é bem diferente, sabe? A minha ganha bastante coisa, mas somando o que a minha ganha não chega a uma do que às vezes a outra ganha. E: Hum, hum M7: Mas também os dois trabalham. É uma compensação de valores, por se manterem ocupados. E: Hum, hum. M7: Daí eles deixam, dão o que ela quer. E: É outra rotina, né? M7: É. E: É diferente? Outra estrutura, né? M7: É. E: Hum, deixa eu continuar assim. Promoção? Ela chega a ser influenciada por promoção? Você sente isso? Promoção prá ela pode ser no sentido de preço, pode ser no sentido de brinde que vem junto, pode ser de um concurso. M7: Sim. Isso ela, quando vê na televisão promoção tipo do Mc Lanche Feliz, por exemplo, que vem um... agora vai começar aquela coleção de bonequinhas da Weetchies, por exemplo, não é? ìAh, agora eu queria ir lá no McDonald´s comer um Mc Lanche Feliz prá ganhar uma bonequinha daquela!î. E: Prá ganhar? M7: É, tanto que ela nunca come um lanche inteiro daquele. Eu sempre acabo comendo, né? E: Hã, hã.

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M7: Mas, mais é pela bonequinha, né? Ou senão essa Polly Words. Que é a bonequinha, que vem todo um castelo, ela sai com roupa, tudo e tal. Compra a boneca e ganha um DVD da Polly, tal, né? Ela é influenciada. Não necessariamente ela vai ganhar. Mas entende. E: Ela é influenciada, ela pede, mas pode não ganhar? M7: A gente conversa, ó, se tiver condições, não é? Se der, se der certo, mas... E: Por exemplo, aquela compra momentânea, assim: passou no shopping, passou no supermercado, o sucrilhos que vem com... M7: Não, ela ontem, por exemplo, uma coisa que a minha filha, meu, dificilmente ela pede: é um chocolate. Dificilmente ela pede chocolate! E ontem ela de repente deu vontade dela comer um Kinder Ovo! E: Hum, hum. M7: A gente foi na padaria, não tinha. O meu marido foi até o Angeloni prá comprar um Kinder Ovo prá ela! E: Mas só porque é raro? M7: Porque é raro, porque ela pediu o Kinder Ovo, assim. Então é raro mesmo ela pedir. E: E ela comeu primeiro ou brincou primeiro? M7: Não, ela comeu todo o Kinder Ovo e depois foi brincar. Foi montar. E: Era a vontade do chocolate mesmo? M7: Era a vontade de comer aquele chocolatinho assim. Então tinha brinquedo. E: E tinha que ser o Kinder Ovo? M7: E tinha que ser o Kinder Ovo. Tanto que o brinquedo tá por aqui, ó. Eu acho, nem sei. Ela não dá assim, importância em si, se é o brinquedo, sabe? E: Hum, hum. M7: Que nem esse aqui, ó. Esse aqui é um CD que a professora dela de canto fez no Barão. E: Ela faz música na Barão, então? M7: É. E, ela tava com o dinheiro prá comprar uma Geleka, que eles mesmos produziram no Barão também, no Barão em Ação e tal, né? A Geleka custava R$ 5,00 e esse CD custava R$ 12,00. E a Geleka, não vinha, não vinha, não vinha e ela pegou o dinheiro de volta. E: Ah, ela já tinha deixado o dinheiro? M7: Já, e ela conversou com a gente, se a gente não dava mais R$ 7,00 prá ela comprar o CD de música da professora de canto dela? E: E daí vocês deram? M7: Nós demos, demos os R$ 7,00. Ela foi atrás da professora e comprou o CD de canto dela. E: E ficou sem a Geleka? M7: Ficou sem a Geleka numa boa. Ganhou a receita da Geleka, na verdade. Uma Geleka feita em casa, né? Então, quer dizer assim, ela é maleável E: E esse é o CD da professora? M7: É, essa é a professora dela (mostrando o CD). E: Hum hum. M7: Né? Foi a professora de canto. Daí, eu acho que as filhas cantam junto, tal. Musiquinha assim de igreja, assim, né? De Natal. E: Prá criança? M7: Prá criança, mas ela adora, ela gosta de música, ela vai prá aula de música, prá escola de música ano que vem. E: Agora ela faz só da grade curricular? M7: Só o da grade curricular, é. Mas ela acompanha, ela gosta. E no ano que vem ela vai prá aula, é porque esse ano não tinha mais tempo, né? (risos). E: E ela escuta muita música? M7: Muita. E: Ela tem algumas bandas que ela prefere? M7: Ela adora Rebeldes atualmente. E: Ela tem coisas do Rebeldes, daí? M7: Ai meu, um parzinho de brinco com colarzinho. E: Só isso também? M7: Só. E: E o CD? M7: Ah, não. E o CD da Rebeldes que ela ganhou. E: Ela escuta bastante? M7: Escuta bastante. Bastante mesmo. E pediu a roupa da Rebelde. A gente foi ver a roupa da Rebelde, aí eu olhei e disse: filha: R$ 40,00 a roupa da Rebelde!

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E: Que era o conjuntinho todo, assim? M7: É, a sainha com a blusinha, gravatinha e o suspensório. Aí eu disse assim: pensa bem, você vai andar na rua com essa roupinha todo dia? Aonde é que você vai usar essa roupinha? E: E daí? M7: Ah, ela: ìah, então deixa, eu não quero mais nãoî, ela assim. E: Desistiu? M7: Desistiu. Ta, então ela comprou um parzinho de brinquinho do R$ 1,99 prá ela... E: Hum, hum. M7: E já se satisfez, prá ela tá bom. Então quando ela pode... música, ela até tem o aparelho de sonzinho dela, no quarto dela. E: Hum, hum. M7: Mas porque ela leva junto prá escola prá ouvir com os amigos E: Hum, hum. M7: Né, ela é muito assim dos amigos. Participar com os amigos, assim. Né, ela gosta... E: Compartilhar? M7: Compartilhar, é. Tanto que nós tivemos que, esse aqui é o resto do quarto dela que ainda não foi prá cima (mostrando um armário). A gente montou um quarto novo prá ela, com cama auxiliar e tudo porque ela sempre brigava com a gente porque não tinha um lugar prá um amigo dormir. E: Hum, humE agora tem? M7: Então a gente montou o quarto com uma cama auxiliar. E: E agora tem? M7: Tem, ela não pára em casa. Ela brinca, ela sai bastante fora, ela dorme na casa do amiguinho, na casa da prima, na casa da minha irmã. E: Ela não tem problema assim, de ficar com outras pessoas? M7: Nada, nada, assim. E: E nessa questão de promoção, ainda né? Você acha que ela chega a trocar de marca porque uma outra tem uma promoção? Já teve algum caso, ou é esse mais difícil de avaliar, assim né? M7: É. Mas é, eu já sugeri prá ela. O quê que ela queria uma vez? (pensa) Ah, botinha de chuva, por exemplo. A Xuxa uma época lançou uma botinha de cristal assim, de chuva, né? Transparente assim... E: De plástico transparente? M7: Isso. Dura que era um horror prá usar no pé! E a Sete Léguas tem uma botinha cor de rosa bem simples igual à bota mesmo, de chuva que custava uma mixaria. E: Bem mais barato? M7: Bem mais barato. Eu levei ela prá provar as duas. E: Hum, hum. M7: Uma era a da chuva que mostrava na televisão, a menina com capa de chuva, a botinha transparente, tudo, maravilhoso! Ela preferiu a outra, porque era muito mais confortável. E: Olhou o conforto? M7: Olhou o conforto, é! Na preferência dela. E: E a outra que era transparente era mais bonita, ou... M7: Era muito mais bonita, só que era dura, era seca. E: Hum, hum. Trocou? Não deu? M7: Não deu certo, não gostou, partiu prá outra que era mais molinha. Ela disse assim: ìah, essa daqui é muito mais gostosa de andarî. E: Hã, hã M7: Né? E: Ela foi mais pelo conforto do que pela beleza? M7: Ela foi mais pelo conforto que ela foi. Nesse caso, ela foi mais pelo conforto assim. Naquela época ela não tinha idéia de valores ainda, né? E: Ela olhou o conforto? M7: É. E: E ela ganha mesada? M7: Não. E: Mas ela ganha dinheiro de alguém? M7: Não, assim ó, como ela tem. Ela já tem todos os documentos dela, identidade, CPF, né? Menos título de eleitor, essas coisas assim. Mas ela tem identidade, CPF, carteira de saúde. Ela tem conta, né, uma conta poupança. Mas, mesada a gente combinou que ela ainda não vai ganhar. E: Hum, hum.

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M7: Mais tarde, provavelmente ela vai ganhar. Ela ganha assim, ó: a gente foi, comprou alguma coisa, como ela fez uma troca, por exemplo assim... o Mc Lanche Feliz custa R$ 10,00, né? E uma refeição assim, saudável, com legumes e salada e coisa, custa R$ 5,00, R$ 6,00. Esse restante é dado prá ela. E: Ah, é dela? M7: Esse ela guarda. E: E ela ganha mais também de vó, assim? M7: Não, muito pouco. Muito pouco mesmo. E: Ela ganha mais dessas trocas? M7: Mais dessas trocas assim, de... E: O quê que ela faz com esse dinheiro? M7: Ela guarda, vive guardando (risos). E: É difícil gastar o dinheiro dela? M7: É difícil ela gastar. Ela não gasta sem perguntar para alguém. E: Ah, tá. Ela não leva prá aula e compra alguma coisa? M7: Ela leva prá escola, mas não vai comprar nada sozinha. E: Ela pergunta primeiro? M7: Ela pergunta. E: Mesmo que o dinheiro é dela? M7: Mesmo que o dinheiro é dela. Tanto que teve um dia que foi engraçado, que eu fui fazer uma surpresa prá ela. Eu encomendei um lanchinho e mandei entregar na escola prá ela. E o rapaz foi entregar o lanche e ela não pegou. Não pegou. E: Por que ela não sabia de quem que era? M7: Não. O rapaz falou: ìnão, mas é a tua mãe que mandou. É prá ti, de presenteî. Não. ìA minha mãe, se ela me compra um lanche ela me avisa. Ela não vai me dar de surpresaî. Ela não pegou. E: Também ela não tinha que pagar? M7: Não, não tinha que pagar nada. Era só receber o lanche. E ela não pegou. Então, assim, né? Olha a cabeça dela, né? ìJá que a minha mãe não me falou nada que ia me dar um lanche, eu não vou pegar o lanche de alguém estranhoî. E: Comer um negócio de um estranho? M7: Mesmo ele sabendo o meu nome, sabendo o nome dela, tudo. Ela não aceitou, o rapaz me ligou: ìela não quer pegar o teu lanche. O quê que eu faço?î E: E aí você falou com ela? M7: Daí eu falei com a diretora, daí a diretora falou com ela e ela pegou o lanche (risos). E: Que trabalho (risos). M7: Aí depois, aí ela chorava depois. Ela chorou! Porque eu fui fazer uma surpresa prá ela e daí eu disse: ìnão, parabéns pelo que você fez. Tá certo o que você fezî, eu disse prá ela. ìNão tá errado o que você fezî, né? De não aceitar mesmo dizendo que era da tua mãe, tal, sabendo o teu nome. E: Que era um presente, né? M7: Então eu disse prá ela: ìnão foi errado o que você fez. Na sua cabeça tá certo!î. E: Hum, hum. M7: Não é porque alguém chega dizendo: ìah, o nome da tua mãe é tal, o teu nome é tal que você vai aceitar as coisas. Tá certo. O que você fez tá certo!î, eu digo prá ela, né? E: Hum, hum. M7: E ela chorava... E: Que surpresa mais trabalhosa, hein? M7: É, tadinha! E: E, quando ela realmente quer uma coisa mais cara, algum brinquedo ou roupa, assim, ela conversa com vocês dois, só contigo, como é que é? M7: Com os dois. E: Sempre com os dois? M7: Ela diz assim: ìsenta aqui na cama vocês dois, que eu quero conversar com vocêsî. E: E daí ela pede? M7: Aí ela pede. Ano passado, por exemplo, tinha uma propaganda da Miracle Baby, aquela boneca com expressão facial e tal, que custa R$ 300,00. E aí ela chegou e ela disse: ìeu queria pedir um negócio, mas eu só quero isso, se vocês me deremî, ela assim. ìEu não quero mais nada. Nem de Natalî, porque afinal ela faz dia 30 de setembro e depois vem o Dia das Crianças, vem logo o Natal, né? Então ela disse assim: ìNão, eu queria só isso. Daí eu não quero nada no Dia das Crianças nem no Natalî. Né? ìEu queria essa boneca talî, ela disse assim, porque ela chora, ela ri, ela faz xixi, tudo, né?

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E: Hã, hã. M7: E aí a gente disse: tá, a gente vai ver. E a aí a gente conversou e disse ìvamos ver, né?î Se tiver condições a gente compra prá vocêî. Vamos ver se tem, se vale a pena mesmo, e tal. ìSe der a gente vai ver se dá prá comprar prá vocêî. Tudo bem, aí ela, ela torce os dedos: ìai, eu vou torcer prá que dêî. Aí ela saiu, foi brincar, depois nós conversamos sozinhos. Daí, o meu marido é muito assim, como ela é uma criança muito querida, muito educada, nunca falou palavrão, sabe? Ela é estudiosa, né? Assim, ela faz por merecer as coisinhas dela, né? Aí ele disse: ìolha, vamos dar a boneca prá elaî. E vamos dizer que provavelmente vai ser só isso mesmo até o final do ano. E: Hum, hum. M7: Que daí se a vó ou as tias derem presente é outra coisa, mas que do pai e da mãe, essa vai ser o presente dela. Aí no dia do aniversário dela, de manhã cedo a gente acordou ela com uma bonequinha da Hello Kitty desse tamanhinho (bem pequena). E: Hum, hum. M7: Ela amou. Amou a boneca, ficou super encantada com a boneca, tal. Depois o meu marido veio, daí, com a boneca grande prá ela já, falando e tal, assim. Ela chora quando a gente faz essas surpresas, assim prá ela. Ela fica emocionada. E: Hã, hã. M7: Chorou, adorou a boneca. Aí então, mas daí deixamos. Daí no Dia das Crianças ela não ganhou nada. A gente só saiu prá dar uma volta com ela. E: Ela não ganhou nada? M7: Não. A gente conversa, a gente combina realmente e se não é prá dar eu não dou e ele também não dá, né? E: Hum, hum. M7: Vamos sair prá tomar sorvete: saímos prá tomar sorvete no Dia das Crianças, pronto. E fomos brincar com ela. Deixamos ela escolher com o que queria brincar, onde ela queria tomar um sorvete, mas sem presente. E: Hum, hum. M7: Não é? Daí Natal, e daí Natal ela ganhou. Ela ganhou uma coisa simbólica, assim. E: Não ganhou o Playstation nesse Natal? M7: Não, o play ela ganhou agora que a gente foi viajar. E: Ah, tá! M7: No Dia das Crianças ela ganhou, né? E: Que vai valer prá esse Natal agora? M7: Provavelmente, vai valer prá esse Natal. Que esse Natal nós vamos pro sítio, então prá ela o presente é o sítio, que ela vai pro sítio, né? E: Hã, hã. M7: E daí a gente combinou que não ia dar mais nada prá ela esse ano. E: E daí foi no Natal passado que ela não ganhou nenhum presente muito caro? M7: Não. Ela ganhou... uma bola de vôlei colorida de R$ 5,00. E: Só isso? M7: Só isso. E: Interessante que ela se conforma com... M7: Se conforma. E: E vocês também conseguem segurar e não comprar mais nada? M7: É não. Eu e o meu marido a gente tem assim, desde que a gente namora, casamos. Levamos três anos depois de casados prá ter ela, tal, combinamos que se um diz que não o outro aceita o não. Que depois, se realmente houver assim, ìah, eu não acho que devia de serî, tipo assim, é só o meu marido e eu. Na frente dela a gente não discorda. Depois a gente vai conversar o porquê. E: Hum, hum. M7: Né? E: Prá ninguém perder a autoridade? M7: Não perder a autoridade... E: Muito legal! M7: Quando ela faz alguma coisa errada, desde pequenininha, eu acostumei ela, se ela fez alguma coisa errada, olha: o pai chegou em casa você vai contar prá ele. E: E daí ela conta? M7: Ela conta, ela chora que se mata, mas ela conta prá ele. É, ela, eu digo assim, sabe como é que é: fez, quando o pai chegar em casa tu vai contar, senão eu vou contar. E: Hum, hum. M7: Aí então ela.

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E: Primeiro ela conta, né? M7: É, daí ela pede licença prá mim, e ela conta prá ele (risos). E: Bem interessante. M7: É. Ah, não, é muito engraçado! Até daqui a pouco ela deve descer. Eu vou chamar ela daqui a pouquinho. E: Tá. M7: Quando tu quiser eu chamo ela... E: Tá, ainda tem coisinhas aqui, mas já tá quase acabando. M7: Tá. E: É, sobre amigos. Muita coisa a gente já conversou e acaba se repetindo assim, não é? Tênis, por exemplo, ela usa qual? Ela escolhe? M7: Ela usa tanto Bibi, quanto Pampili, quanto Barbie. Mas eu não sou adepta à moda, tá? Que, porque saiu um lançamento da Barbie, tem que ser aquele, não, né? Eu procuro promoções, ela aceita isso numa boa porque, eles mudam... o giro de tênis é muito rápido numa criança da idade dela. E: Hum, hum. M7: Dura três ou quatro meses no máximo, tá? Então, você gastar de repente R$150,00 num tênis agora e daqui a dois meses, principalmente na época do final do ano, tá? Não adianta você comprar um tênis e achar que vai servir quando ela voltar prá aula. E: Não dá? M7: Não serve. Ela chega a desenvolver 2cm no final do ano, o pé. E: Hum, hum, aí não dá... M7: Não dá. Não é um investimento legal, mas ela agora, ela aceita isso numa boa. E: Ela compara o tênis das amiguinhas. É diferente? M7: Compara. Compara. É, existe essa comparação. E: Os das amiguinhas são diferentes? M7: São. É, mas daí, daí vai da criatividade: comprar um cadarço diferente... E: Hum, hum. M7: Pôr um band-aid em cima de um tênis, para dizer que ta machucado. E: Hum, hum. M7: Entendesse? Brincar com um tênis que tá machucado e botar um band-aid da Hello Kitty, por exemplo. E: E isso você faz daí? M7: Hã, hã. Eu faço. Então prá ela isso é o máximo, né? E ela aceita numa boa, assim. E: Ela vai junto prá escolher ou você traz prá casa? M7: Ela escolhe, ela escolhe, às vezes eu compro sozinha. E: Mas daí é o tênis que você acha? M7: É, sempre há um paliativo assim. Às vezes a gente compra uma coisa de marquinha, uma sandalinha de marquinha, né? Mas não é aquela coisa que saiu e tem que ir lá comprar, não é isso. E: E essas marcas mais de adulto que nem Nike, Puma, ela conhece? M7: Conhece. E: Ela já chegou a pedir alguma dessas marcas? M7: Adidas. E: Ela pediu? M7: Pediu, mas provou e não gostou. E: E ela iria ganhar? M7: Ela iria ganhar até o tênis da Adidas, mas não fez bem pro formato do pé dela. O formato da Adidas. É que nem a All Star, ela não pode usar All Star porque ela tem o pé muito gordinho em cima. E os tênis da All Star são prá pessoas que têm o pé extremamente fino e comprido. E: Hum, hum M7: Então ela provou... E: Não gostou? M7: Não gostou, né? Quando eu sinto assim que vai ser alguma coisa que vai um investimento errado, eu sempre levo ela junto prá ela ver. E: Hum, hum M7: Não é? Prá ela saber assim. E: Da onde que ela tirou Adidas, você sabe? M7: Adidas... foi um menino que tinha um tênis da Adidas muito legal branco e azul, e ela queria um tênis branco e azul igual ao do menino da Adidas. (risos) E: Chegou a ver....

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M7: É. Que nem tênis de luzinha, essas coisas assim, né? Ela tem o seu tenizinho de luzinha também, entende? Mas não necessariamente o tênis que custa, sei lá... R$ 150,00. Ela tem, um tênis que custa 30, 40. E: Hum, hum. M7: Mas tem a luzinha. Então, prá ela já tá legal. E: Hã, hã. Não necessariamente Barbie, né? M7: Não necessariamente tem que ser da Barbie. Nem sei que marca que é aquele tênis. E: E, portanto assim, como é que é? Ela chegou a pedir esse tênis, né, o da Adidas, por exemplo, né? Como é que ela faz prá pedir? M7: Ela pede diretamente mesmo. Ela chega e diz assim, que gostaria de ganhar ñgostaria - de ganhar. E: Gostaria? E quando ela recebe um não, ela tenta convencer ou não, ela pára. M7: Não, ela já tentou convencer, assim, né? Mas, daí... E: Como no caso daquela capa de chuva, né, por exemplo, que você até cedeu. M7: Isso... E: Ela pediu algumas vezes? M7: É, a gente cedeu, né? É que nem ontem: nós estávamos na casa de um amigo nosso, e ela queria porque queria tomar banho de piscina. E: Hum, hum. M7: E eu disse, filha, não vai ser legal. Você acabou de sair de uma infecção de ouvido, tomou injeção e tudo. Não vai ser legal! Mas, queres ir, vai. Só que depois, à noite, quando for a hora de tomar remédio, chá, coisa que você não gosta, não pode haver reclamação. Ela foi, de noite tossiu, fiz chá e: toma chá. E: E aí teve que ficar quieta? M7: Toma e não reclama, daí também! (risos) E: Ela sabia que... M7: Mas ela foi e fez o que ela queria fazer. Entende? E: Hum, hum. M7: Mas ela aceitou as conseqüências depois, também, né? E: Hã, hã. E ela chega, por exemplo, assim, quando ela quer realmente, né? É, alguma coisa, algum produto, alguma coisa assim. Ela só pede ou ela fica assim mais atenciosa... M7: Não, tu sabe que, uma coisa que ela implora, às vezes, prá gente assim, é em relação a sair. Caminhar na rua, passear, pai e mãe junto com ela. Ela ajoelha no chão e ìai, vamos, vamos, vamosî. Ela implora assim, sabe? Mas prá esse tipo de coisa. Prá consumo, não. E: Só a questão do ìnão peço mais, não peço mais no Natalî, só assim? É a tática dela? M7: É a tática dela. Ela sabe, né? Que ela vai ganhar outros presentes da vó, da tia, tal, não sei o quê, entende? Nosso... E: Mas de vocês não? M7: Nosso, a gente sempre diz? Se ganhar vai ser uma coisa que, não vai ser nada grande. A gente sempre diz prá ela: vai ser algum menor, daí, então, né? Mas ela aceita numa boa. E: E tevê, ela assiste todo dia? M7: Não. E: Ela chega a passar o dia sem ver tevê? M7: Chega. Chega a passar o dia sem ver tevê, chega a passar seis meses sem ligar o computador dela. Né, isso, tranqüilo assim. Ela não gosta de dormir com televisão ligada, por exemplo. Ela gosta de dormir no quarto escuro, sem tevê ligada. Deitar e dormir. Tem criança que gosta de ligar a televisão prá dormir, ela não, ela deita e dorme. E: Hum, hum. M7: Né? Ela... às vezes eu tô aqui fazendo as coisas e em vez dela ficar lá na sala ou no quarto dela vendo televisão, ela tá brincando aqui ao redor de mim, ela tá cantando, ela se maquia, ela faz sessão de produção fotográfica... E: Hum, hum. M7: Ela fica se maquiando, trocando de roupa. Ela tem algumas fantasias, ela troca de fantasia, né? E: As brincadeiras dela são mais... M7: É, é bem diversificado, assim. Bem bagunçado. Pede prá fazer experiência. Então ela começa a me pedir trigo, açúcar, fermento prá fazer um pote de água com aquilo dentro, né. Então, televisão assim... E: Não tanto? M7: Não. E: Mas ela assiste um pouco, né?

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M7: Assiste! E: E a questão das propagandas? Ela assiste, ela muda de canal? M7: Assiste. E: E ela pede coisas da propaganda? M7: Não, passa batido nela, assim. E: Ela já chegou a te chamar prá ver na propaganda uma coisa que ela quer? M7: Já, mas não porque ela queria, prá gente ver assim. O que ela... ah, da Polly Words ela chamou a gente prá ver. E: Hã, hã. M7: Só que daí nós passamos na loja, ela viu o preço e ela já sabe que quando tem três números e uma vírgula é caro. E: Passou de cem, daí? M7: Passou de cem. A gente considera caro prá ela. E: Hã, hã. M7: Então ela viu que aquilo é caro, sabe. Então aí, ela diz assim, ó: ìah, se não fosse tão caro, talvez eu ganhava, mas tudo bemî, ela assim também, ìnão faz malî. E: E quando ela pede um brinquedo que realmente, assim, é mais caro, é, tá bom vou dar, ela realmente brinca muito tempo ou ela fica... M7: Brinca. Quando ela realmente pede alguma coisa que ela ganha, ela brinca. Porque se ela chega a pedir aquilo vai ter valor prá ela. Por isso que às vezes não adianta a gente dar uma coisa que a gente quer dar, né? E ela pediu, por exemplo, ela pediu uma pista da Hot Wheels. Nós não queríamos dar a pista da Hot Weehls prá ela. E: Hum, hum. M7: Nós queríamos dar uma boneca ou qualquer coisa mais feminina, né? Mas ela queria a pista da Hot Wheels. E: E brincou? M7: Tá lá montada no quarto dela, ela brinca de vez em quando com aquilo. E: Hum, hum. M7: Então, quando ela pede realmente, ela dá valor. Mas ela tem tudo! Ela é uma criança que não destrói as coisas. Ela tem tudo que ela ganhou desde pequena. E: Ela cuida? M7: Cuida. Cuida, cuida. Ela desmonta as bonecas, às vezes tudo, faz um braço marrom, um braço branco, uma cabeça marrom, né? Mas depois ela quer arrumar tudo de volta. E: E compras familiares, que seriam as compras para a casa. Tem algum produto que é prá casa, de uso geral que ela ajudou a escolher? M7: O quarto dela. E: Isso ela escolheu? M7: Ela ajudou a escolher, é. Do jeito que ela queria assim, né? E: Hã, hã. M7: Mas se tu ver não tem nada a ver. Móveis assim até em cima, não tem nada assim, de bibelozinho, uma prateleira que vai acumular pó, não tem nada disso. Parede fechada assim, até em cima. E: E uma tevê, alguma coisa assim? Ela não chega a participar? M7: Não. Não chegou a participar ainda não. E: E, quando eu entrei você falou que iria trocar o sofá. Vocês compraram um outro, é isso? M7: Não, não, a gente vai comprar só no ano que vem. Eu dei o meu para uma família pobre, mais carente assim. A gente queria trocar, eles passariam aí, eu disse: não, eu te dou, agora dá um jeito de levar embora, né? E: Mas o novo, ela vai ajudar a escolher? M7: E aí ela vai ajudar a escolher. E: E a opinião dela é relevante ou... M7: É, às vezes é. A gente chega a considerar alguma hipótese, alguma idéia dela assim, também sabe? Porque, não é porque é criança que a gente não dá valor. E: Hum, hum. M7: Né? Aí, às vezes, que nem assim: eu quero um lugar prá mim poder me encostar, o meu marido quer um lugar prá poder ele deitar, aí ela também quer um cantinho prá ela, entende? E ela faz parte da família, então ela tem direito a ter um cantinho prá ela também. E: E isso ela ajuda? M7: E isso ela ajuda.

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E: Férias da família? Ela ajuda a escolher o destino, alguma coisa assim, um passeio que vocês vão fazer? M7: Ajuda, por exemplo assim, ó, esse final de ano nós tínhamos a opção de praia e sítio. Não é? Nós queríamos ir prá praia, mas ela quer ir pro sítio. E: E aí prevaleceu... M7: Prevaleceu o sítio em si, até porque vai as minhas outras irmãs também prá lá e coisa. Então vamos prá lá e pronto. Vamos fazer uma coisa diferente esse ano. Já que ela quer ir prá lá. E: Hum, hum. A opinião dela é que foi mais interessante? M7: A opinião dela, então, como ela queria ir mais pro sítio, ela não queria praia esse ano, né? Que ela, não gosta assim, não é uma coisa que ela morra de amores, praia, né? E: Hum, hum. M7: Ah, então vamos pro sítio esse final de ano. E: Daí, ela ajuda, né? M7: Ajuda, ajuda. E: E, quase finalizando, agora é uma pergunta que a gente já falou bastante desde o começo, que seria a sua ocupação. M7: Eu sou do lar. E: Você quase não sai. M7: É. E: Se você trabalhasse o dia inteiro, você imagina como é que seria? M7: Hum, não. Eu acho que ia ser bem difícil. Eu acho que seria bem difícil até porque eu tenho as duas irmãs, e uma tem um filho de 15 anos, e ela trabalhou fora a vida inteira, então ele é assim, a gente sabe a diferença de criação, não é? E agora ela tem uma menina de 8 meses, né? E: E ela continua trabalhando? M7: Ela continua trabalhando e ela mesmo diz: não vai ser fácil. Porque há 15 anos atrás trabalhar o dia inteiro e cuidar de uma criança era diferente. Agora ela tem 41 anos e trabalha o dia inteiro e tem um bebê de 8 meses. E: Hum, hum. M7: Então, não é? Não vai ser fácil. Vai ser mais difícil, né? E: Ela não vai largar? M7: Não, não vai largar porque é um trabalho legal, não vale a pena, né? Eu realmente eu larguei porque eu queria. Nós dois conversamos. O meu marido é bem família, a gente de gosta de chegar final de semana e não ter nada prá fazer e dizer assim ó: ah, eu quero dar uma volta, vamos dar uma volta; eu quero ir no mercado, vamos no mercado; ah, vamos prá praia, vamos prá praia e eu não ter que tá amarrada a alguma atividade doméstica. Por ter trabalhado a semana inteira e chegar o final de semana eu ter que fazer aquilo. E: Hum, hum. M7: Entende? Mesmo que você tenha, nós tínhamos uma empregada, mas chegava final de semana sempre tinha o que fazer. Não adiantava: eu trabalhava das 7 da manhã às 7 da noite; chegava sábado e domingo trabalhava um monte de novo. Em casa daí, né? E: Hum, hum. M7: E aí, como a gente assim, é, gosta de curtir esse lado família, de sair, de passear, de caminhar, de curtir cachorro, essas coisas assim... E: Isso se perdia? M7: É isso se acabava assim, se perdendo, né? E aí quando for prá ter bebê, e aí, né? Como que vai ser, né? Daí mesmo que vai chegar final de semana e não tem mais mulher prá marido nenhum, né? Porque com criança pequena ainda dentro de casa. E: Hum, hum. M7: Acabou, né? Daí ele: ìqueres parar de trabalhar, depois se tu quiser voltar, volta, né?î E eu parei. E: Hum, hum M7: Cuido dela, não me arrependo. Né? Eu trabalhava fora desde os 16 anos antes né? Parei com 20, 21, não, 29. Quando fiquei grávida dela. Mas assim, não me arrependo. E: Foi decisão em conjunto? M7: Foi, aqui em casa tudo é em conjunto. Tudo a gente decide em conjunto. E: Então ta ótimo. Foi muito boa a nossa conversa. Obrigada!

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Entrevista Criança 08 - Menino

Antes da entrevista com o questionário semi-estruturado, foi realizada uma conversa informal com a criança, que queria mostrar os seus brinquedos.

Entrevistadora: Ele tem bastante bonecos, né? Mãe27: É, ó, aqui são os totens, né? Filho, vem explicar prá Priscila, sobre os seus totens, os símbolos. Criança 828: Esse daqui ó, esse é o dragão que eu quebrei aqui, tá? Dragão base, do mal. E: Do mal? C8: É. E: E esse aqui, o que é que é? Power Rangers? C8: Não, é o toten E: Toten? M8: Quais são os totens? E: Os totens são da revista? Sempre vem um na Recreio, é isso? C8: É. Sempre na Recreio. E: É a tua revista preferida? C8: É. Aqui, o meu... dia E: Ah, ele fica fechadinho... C8: Eu vou te mostrar eles, assim, montados. Esse é o do bem. E: Do bem? C8: É. É o ìDiaî. E: Ah, ele fica todo assim? C8: São rosados. M8: o que são totens, filho? Explica prá moça. C8: Ó, o dia ó. Eu gosto de colecionar. E: Você gosta de colecionar coisas? C8: É. E esses todos. M8: Esse aqui é o ìDiaî. E esse aqui, qual é esse aqui? C8: ìÁguaî. Ó eu já ganhei esse, ó. É o ìGuardião do Diaî. E: O ìGuardião do Diaî ? E esse é o ìsolî. C8: Esse é o ìSolî também. E: Quanta coisa, né? C8: Ó, só que esse lá, eu ainda não tenho (mostrando na revista) E: Não tem? E você vai conseguir na próxima revista? C8: Ainda não tem o próximo. Ó tem esse, esse, esse, esse e esse. E: Tens bastante, né? M8: Ó, as bolachas aqui ó, ìRelâmpagoî (mostrando um anúncio na revista). E aí tem os 7 erros que ele gosta de fazer. E: Hã, hã. C8: Tem que achar os erros M8: E ele acha! C8: Eu acho muito bem os erros. Tem que achar os erros. Ó, por exemplo, aqui tem um. E: Difícil, né? M8: Jogos, ele adora jogos. E: Que tipos de jogos assim? M8: O banco imobiliário C8: E a Copa Pistão M8: A Copa Pistão, que é corrida do ìCarrosî, né? É o banco imobiliário é ótimo. Ele gosta de combate. Ele gosta de jogar. Joga eu e ele. E o quebra-cabeça do ìCarrosî. C8: É ìÁguaî. E: Ah! C8: O totem ìÁguaî. Esse daqui, ó. ìDiaî, ìÁguaî e ìFogoî. E: ìÁguaî e ìfogoî? C8: Esses daqui são os do bem. 27 Mãe da criança 8, identificada na transcrição pela denominação M8. 28 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C8.

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E: E esse aqui é do mal? C8: Esses aqui são tudo do Mal. E: E esse é do mal? C8: É, eu já colecionei. Eu já tenho esse, esse... E: E qual que você prefere? Os do Bem ou os do Mal? C8: Eu gosto do Bem e do Mal. E: Os dois? C8: É. M8: É, esse é o ìÁguaî. Os elementos, né, água, fogo, ar e... C8: Água, fogo, ar, dia e noite. Terra. Olha aqui ó. E: Esses suquinhos aqui ele pede também (com relação a um suco em embalagem infantil que a criança estava tomando). Mãe: Ele pede. Mas, mas ele adora isso aí. Ele pega, e sozinho. E: É? M8: É. Ele sobe na prateleira e vai botando. Na verdade ele entra no carrinho, ele sobe no carrinho... E: Pra dar um jeito de pegar o que ele quer? M8: É. Mas é o suco. O suco é que ele se concentra em pegar. E: Ele gosta de tomar, do gosto? Não é só porque... M8: Não. C8: Olha só, que cara arrepiante! (mostrando um dinossauro). M8: Esse é legal, né? E: Ele mexe? C8: É. M8: E o quê que você pediu pro Papai Noel? C8: A pista do tiro do Tiranossauro Rex. E: E onde você viu isso? C8: Lá no shopping. Olha, esse é o ìGuardião da Noiteî. Os que são os mais grandes. E: Você já tem bastante, né? Vai fazer a coleção toda? C8: Esse aqui é o ìMax Steelî, ó? E: Você assiste o desenho do ìMax Steelî? C8: Eu nunca vi. E: E como é que você tem o ìMax Steelî? Quem te deu? C8: O meu amigo me deu, o Gabriel J. P. E: Ele te deu? Mas ele que teu ou você pediu prá tua mãe? C8: Eu pedi prá minha mãe. E: Ahn!!! C8: Eu tenho um ninja, olha aqui! E: Esse aqui é que o ninja? C8: É. Esse aqui pode mudar de cabeça, ó! M8: Mostra os teus aviões prá Priscila. C8: Olha ali. M8: Diz o nome deles. E: Você sabe o nome dos aviões? C8: Olha só, helicóptero. Olha esse avião, ele pousa na água. Ele não afunda na água. E: É o quê esse avião tem? C8: É porque ele tem hidro, daí á água. Olha esse, ele apaga o fogo por aqui. E: Ah, é pra combater o fogo? C8: É. Ele apaga o fogo. Um Concorde. E: Concorde? C8: Ele quebra a velocidade do som. Esse é um Dirigível, ele pousa no céu! E: Ah é, ele fica parado lá? C8: É, e olha só esse, que massa! Olha só o avião da Hot E: Avião de quem? C8: Da ìHot Wheelsî. E: Esse é o avião da ìHot Wheelsî? C8: É. Quer ver mais um melhor? Um caça, e esse é um Jumbo, eu pintei. E: Você que pintou? C8: É. Sozinho. E: Que legal! C8: Ó o Boing. Boing. E cadê aquele ìAir Busî pintado?

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E: Esse você pintou também? C8: É. Esse é o B11. Olha, dois planadores. Um biplano: um biplano doido. Esse era de guerra, é o caça mais rápido que existe no mundo. E: Mais rápido? C8: Olha é o nome da marca. Hércules, ele transporta carga. E: Que coisa! C8: Ó, sabe porque tem uma, duas, três, quatro hélices? Porque ele é muito pesado com a carga, ó? E: Hã! C8: Esse é o Beluga, transporta carga, olha só o tamanho do corpo. E: Você conhece todos, né? Conhece todos os tipos. C8: É. Esse é o jatinho. Um Tucano. Tucano, ó, Tucano. Ou ainda, olha esse, que massa! E: O quê que é esse? C8: Cadê a turbina, cadê a turbina? Devia ter quatro e não três. M8: Ele se apega em detalhes. Ele é bem detalhista. C8: Ah, não! Cadê a turbina? É prá ele voar. Se não ele cai, ele tem dois lugares. Após esse começo, se inicia a entrevista. E: Eu vou conversar com você. Falar algumas coisas assim, sobre compras, tá? Assim, supermercado, por exemplo: você vai junto com a sua mãe no supermercado? C8: Sim. E: Você gosta? O quê que você gosta de fazer lá no mercado? C8: Eu gosto de ajudar ela. E: Como é que você ajuda? C8: Com as compras. E: Com as compras? É? De passear, de colocar as coisas no carrinho? Esse tipo de coisa? Mas, e você pede alguma coisa quando está lá no mercado? Pede prá sua mãe comprar? C8: Eu vou pedir a ìPista do Tiranossauroî e, de Natal, do Nicolau, eu vou pedir a pista do Triceratops. E: Mas quando você vai no mercado com a sua mãe, passando lá nas prateleiras, você pede alguma coisa prá você? O quê que você costuma pedir? C8: Pelas prateleiras dos brinquedos. E: Dos brinquedos? É? C8: Mas a minha mãe não dá! Né, mãe? E: Não deixa? Mas mesmo assim você continua pedindo? C8: (pensativo). E: E prá comer, você pede alguma coisa? O quê que você pede? C8: Rosquinha. Rosquinha e bolo. E: Bolo? Gosta de bolo? E bolacha você pede? C8: Hum, hum (afirmativo). E: Qual o tipo? Qual que você gosta? C8: Dessas. E: Ah, dessas salgadas aqui? E sucrilhos você pede? É gostoso? C8: Meus preferidos. E: Preferido? E tem sempre várias caixas lá no mercado. Você pega sempre a mesma? Qual que é? C8: Eu gosto de sucrilhos com embalagens do piloto. E: Do piloto? E vem alguma coisa dentro? C8: Vem um tigre do sucrilhos e uma asa delta. E aí é só encaixar e a gente joga ele. Joga a asa delta. E: É? Que legal! Mas você come o sucrilho também? É gostoso? C8: Hum, hum (afirmativo). E: E que mais você pede? Iogurte, você pede? C8: Hum, hum (negativo). E: Tem certeza? C8: Tenho. M8: Aquele de tomar. O iogurte de tomar. C8: É, o Yakult. E: Ah, esse você gosta? C8: O meu preferido. Eu vou lá pegar um pra eu tomar, tô com sede. E: Ah! Então vai lá.

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C8: Todos. E: Nossa, experimenta todos? Tem algum especial? C8: Tem. O hambúrguer. E: Ah, o hambúrguer? C8: O hambúrguer e a batata frita. E: E você gosta dos presentes que vêm com o McDonald´s? O Mc Lanche Feliz, você pede? C8: Sabe qual é o que eu ganhei? (mostrando um brinquedinho). E: Esse é do McDonald´s? C8: É, mas o meu, mas o Gabriel, ele pegou esse, ó. E: E porquê que tá com você? C8: O quê? E: Por que tá com você? Ele te deu? C8: Não, ele comprou. Esse é o meu. E: Ahnnnn! C8: Olha, eu trouxe o meu material todinho, agora eu posso usar o da Tigor. E: Da Tigor? Você gosta da Tigor? C8: Meu preferido. E: Teu preferido? C8: É. E: E da Lilica? C8: Eu gosto do menino. E: Ahhhh!! A Lilica não é legal? C8: Eu não gosto de rosa. E: Ah!! Você vai gostar de coisa rosa, né? Não, né? Deixa eu falar um pouquinho de marca, você sabe o quê que é uma marca? C8: Hã, hã (afirmativo). E: Quê que é? C8: As marcas do carro, né? E: Marcas de carro? E: O quê que isso quer dizer, as marcas do carro? C8: É as marcas da lojas, né? E: Marca da loja? Me diz então o nome de uma marca. C8: Picasso, é o carro da minha mãe, Chevrolet é o Opala do meu pai, Golf é o carro do meu também. Meu pai tem dois carros. E: Você conhece todos os carros? C8: É. Chevrolet. E: Então, vem cá, deixa eu fazer um negócio contigo.Vamos ver se a gente consegue preencher isso aqui. Eu vou preenchendo, você vai me dizendo e eu vou preenchendo. Roupa: você sabe me dizer alguma marca de roupa? C8: Eu não sei nenhuma. E: Nenhuma, mas você falou uma marca... C8: Tommy. (Tommy Hillfiger) E: Ah, Tommy. É a que você gosta? Tem bastante coisa da Tommy? C8: Hã, hã (afirmativo). E: Quem é que compra prá você? C8: Minha mãe, né? E: Onde é que ela compra da Tommy? C8: Só na Alemanha. E: Ah, não comprou aqui? C8: Copa do Mundo E: Copa do Mundo... C8: Eu tenho uma. E: É? C8: Meu pai também. E: Que mais? Que você gosta? Das marcas? C8: Da Tigor. Eu tenho uma camisa da Tigor. Um shorts. E: Ah, Tigor. C8: Tigor, tá escrito. Começa tudo com T. E: Com T, é isso aí. Botei com T. Que mais, que outras marcas você conhece? C8: Eu só conheço essas.

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E: É? Mais nenhuma? M8: Escuta, escuta, tu tem uma blusa que tem um escorpião na frente que é o teu signo. C8: Escorpião... E: E é escorpião o nome da marca? C8: Só que essa é Tigor. Agora é do escorpião. E: E é? E Escorpião é o nome? C8: A da Half Loren, né o Escorpião. E: Ah, da Ralh Loren? C8: Do Escorpião. M8: Que roupa mais que tu tem? C8: Escorpião. Só dessas eu tenho. E: E tênis? C8: Ah, tênis de corrida. E: Mas e tênis? Tênis que você usa, que você gosta? C8: Eu só vou de corrida. E: De corrida? C8: É. E: Tem nome? C8: Ah, eu não conheço. Eu só conheço da pata, da Puma, que é de correr e daí da Hot Wheels. E: Da Hot Weehls? Qual que é mais legal, a Puma ou Hot Wheels... C8: Ou da pata do Puma né? E: E qual que é mais legal? C8: Hot Wheels. E: É mais legal o Puma? Porque que é mais legal o Puma? C8: Não, o da Hot Weehls. E: Então, o da Hot Wheels é mais legal? C8: Mais legal de todos. E a sandália também. E: Ah, a sandália também? E também é Hot Wheels a sandália? C8: Que fica ìluzinhaî quando eu boto no escuro. E: Hum. C8: Ele também é Hot. E: E esse chinelo ali é do quê? C8: É do McQueen, do ìCarrosî. E: Do Carros? Você que escolheu? C8: Não, a minha mãe que comprou. E: Mas você pediu? C8: Hã, hã (afirmativo). E: É? E onde é que você viu? C8: O meu amigo tem todos! E: Ah, o seu amigo tem? C8: O Luiz Henrique tem. O Gabriel não tem nenhum desses. E: Você viu ele usando e você pediu um? E, vamos ver aqui. C8: Veículos! E: De veículos? Eu vou escrever aqui. Pode me dizer, então. C8: Bicicleta do Tubarão. E: Ah, bicicleta do Tubarão. Você tem? C8: É o meu preferido. E: Que mais? C8: Da Tigor que eu vou pedir. E: Você vai pedir? C8: Da Tigor. E: Ah, é? A sua mãe sabe que você vai pedir isso? C8: Com sininho e freio. E: Ah, aonde é que você viu isso? C8: Eu que pedi. Eu vi na loja de bicicletas. E: Você viu lá? C8: Eu já tenho skate da Hot Wheels. E: Ah, então prá combinar? Vamos preencher mais uma folha. É, escova de dente. Qual que você usa, assim? Tem que ser de desenho ou pode ser qualquer uma? C8: Da Hot Wheels.

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E: Tem que ser da Hot Wheels? C8: Eu gosto de tudo da Hot. E: E xampu? C8: Eu uso da Crescidinhos. E: Ah, Crescidinhos. E pasta de dente? C8: Pernalonga. E: Pernalonga? Você que escolheu? C8: Hã, hã (afirmativo). E: É? E coisas de comer. C8: Champignon, a pizza de champignon. E: Pizza? Você gosta de pizza? Onde é que você gosta de comer pizza? C8: Na pizzaria e na Pizzaria La Lanterna. E: Ah, na La Lanterna? Gosta de comer lá? Pede prá ir lá quando vocês vão sair? C8: Hã, hã (afirmativo). E: É? E onde é que você mais gosta de ir quando vai sair prá comer? C8: Da pizzaria La Lanterna e da pizzaria. E: Qual que é a outra? C8: Deixa eu ver, é só essas. M8: A do Castelo. C8: Castelo. Eu já entrei num Castelo. E: Ah, é? C8: Só que só podia ir fora. Eu já fui em dois, daí não achamos o caminho, mas eu achei, era só dar uma curva. E: Era só dar a volta? C8: Era na Alemanha. E: Coisas de tomar o que você gosta? C8: Suco de uva e de morango. E: Qualquer um? C8: Só esses dois. E: É? Você toma refrigerante? C8: Hã, hã (afirmativo). E: Toma? Qual? C8: A Coca-Cola. E: Gosta? Da Coca? E da Pepsi? Qual? Você gosta de Coca? C8: Só a Coca prá mim. E: É? E, agora vai ser um bem chato prá ti. Brinquedo! C8: Só da Hot Wheels e escavadeiras e policiais e carros antigos e carretas e carros de corrida. E: É muito de brinquedo, né? C8: E camionete. E: Camionete? Carro, camionete. C8: E carros de monstros! E: E esses brinquedos têm marca, ou pode ser qualquer um? C8: É McQueen, McQueen. E: Ah, o Relâmpago! C8: E ônibus. E: E ônibus? C8: Ó, esse, ó, tinha um caminhão...(procura alguma coisa). Esse aqui é muito rápido. Carro do Batman. E: Ah, do Batman! Ah, deixa eu colocar o Batman também. Então tá. Você falou que tem um monte de marca de roupa, né? Tommy, Tigor, Ralph Loren, qual que é mais legal? C8: Tigor. E: Tigor é mais legal? C8: Mais legal de todas. E: Por quê que é mais legal, o quê que você acha legal no Tigor? C8: É que eu gosto! E: É? E seus amiguinhos tem Tigor também? C8: (pensativo). Depois ti lê esse livro aqui? E: Leio. Depois eu leio. C8: Eu tenho um monte. Eu tenho todos. Vem com um CD prá jogar. E: É?

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C8: São coisas bem difíceis.... Esse aí você já anotou. E: É? Eu já anotei que você gosta do Tigor, mas você não falou direito porque que ele é mais legal. O quê que você acha legal no Tigor? Você gosta de ir na loja do Tigor? Você vai lá ou não? C8: Hã, hã (afirmativo). E: O quê que é legal lá na loja? C8: Tudo. E: É? Tudo é legal? E você tem outras coisas do Tigor ou só a roupa que você tem? Caderno do Tigor? Penal do Tigor? C8: Penal do Tigor na minha mochila. E: Você tem? C8: E a mochila é da Tigor também. E: É? C8: Eu não tenho carro da Tigor, eu queria ter. E: Você quer ter? C8: É. E: Você viu isso? Você viu lá na loja? C8: Não. Eu nunca vi nada, eu só queria ter. E: E quando você vai lá no mercado com a sua mãe, você falou que escolhe o xampu da Johnson, né? Que você escolhe a escova de dentes da Hot Wheels, né? E para escolher o xampu você escolhe como, assim? Você abre prá cheirar, assim, qual que é o xampu mais cheiroso ou você olha os desenhos, assim? No xampu, prá escolher? C8: Os desenhos também. E: O desenho? O quê que tem que ter no desenho? O quê que tem que ter na embalagem, assim, prá chamar a tua atenção? C8: Eu gosto de... as coisas que eu tenho. E: É? Agora eu vou fazer uma outra brincadeira. Você gosta de chocolate? E pode comer chocolate? Eu trouxe dois chocolates e eu não sei qual que é mais gostoso. Eu queria saber, queria que você me dissesse. Pode ser? Olha, você tem que experimentar. C8: É. E: Vou te mostrar. Eu não sei, eu não consigo saber qual que é mais gostoso. Tem esse aqui, que é da Hello Kitty... C8: Ah, esse é o pior. E: (risos) e esse aqui ... C8: É o McQueen! E: Isso, e esse que é do ìCarrosî. Você prova os dois, então? M8: Um de cada um. E: Aí você vai me dizer qual que é o mais gostoso porque eu não sei dizer qual que é mais gostoso. Esse é da Hello Kitty. C8: Hum (experimentando). Depois do ìCarrosî, né? E: Depois você prova esse. Esse é bom? C8: Hum, hum (negativo). E: Não? Experimenta esse agora. E aí, esse é bom? C8: É. E: É? Ah, então esse aqui é mais gostoso? C8: Hum, hum (afirmativo). E: Você quer? (para a mãe). M8: Eu quero o da Hello Kitty, que eu acho que tá mais gostoso que o outro. Ou não é bom? C8: É bom, mas... você que sabe. E: Então tá. Tá, você viu aqui o Relâmpago, né? Então qual que é assim, o seu personagem preferido? Qual que você gosta mais? C8: Desses? E: Não sei, você tem que me dizer. Você pode me dizer um entre vários, assim. Você tem Hot Wheels, você tem Batman, você tem Relâmpago. Qual que é o mais legal de todos? C8: (aponta para a caixa de chocolate do ìCarrosî. E: Carros? O Relâmpago é mais legal? C8: É, O Mc. (Relâmpago McQueen é o nome completo do personagem do filme ìCarrosî. E: O Mc é mais legal que o Hot Wheels? C8: E o Hot também é muito legal. E: O quê que é esse aí? (a criança pegou uma caixa de brinquedo na mão). C8: É o quebra-cabeça.

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E: Humm... C8: Abre aqui, ó, quer ver? E: Você ganhou de quem? C8: O... de aniversário. E: De aniversário? C8: Quer ver eu montar? E: Mas eu vou perguntar outra coisa prá você enquanto você tá montando, tá? Você gosta, quando você vai comprar alguma coisa assim, sei lá, um sapato, um tênis... você gosta quando vem com alguma coisa junto, com algum brinde junto? Você olha isso quando você tá comprando? C8: Nunca olhei. E: Nunca olhou? Nem o sucrilhos? Como o que você falou que vem um avião, é isso? Um planador? C8: É uma asa delta. E: Ah, uma asa delta. Aí você gosta? Quando vem um negócio junto? C8: Hum, hum (afirmativo). E: É? E se tiver dois, assim: um que vem com um negócio: o do sucrilhos, que você conhece, que não vem nenhum brinde junto e de um outro lá, um cereal que você nunca viu, mas que tem um avião dentro. Qual que você vai querer? C8: Eu gostei do... eu gosto do que tem um aviãozinho. E: Que tem um avião? É? Agora eu vou te explicar isso aqui. Deixa eu pegar aqui o tênis. Você falou que tem o Puma e tem Hot Wheels, né? Qual que é mais legal: o Puma ou o Hot Weehls? C8: Hot Wheels. E: E se você vai comprar um tênis novo, lá, e tem o Puma e tem o Hot Wheels, só que o Hot Wheels não vem nada e o Puma veio com um dinossauro junto. Qual que você vai querer? C8: (pensativo). E: Vem com um boneco de dinossauro junto no Puma. Aí você troca pelo Hot Wheels? C8: Hot Wheels eu gosto. E: Hot Wheels? Mesmo se não vem brinquedo dentro? O Puma vem com um brinquedo junto, o Hot Wheels não vem. Qual que você vai querer? C8: É de comer? E: Não, é de brincar. C8: Hum, eu não sei,. Eu vou ter que ver. E: Você tem que primeiro olhar, né? C8: Eu já tenho do Puma e da Hot Wheels, de tênis. E: Hum, e, eu vou te falar outra coisa: você ganha dinheiro de alguém, ganha mesada, ganha moeda de alguém? C8: Ah, eu ganho do vô. E: Teu vô dá dinheiro? É? C8: É, só que ele não dá mais. E: Não dá mais, porquê? C8: Porque não. C8: O meu vô é, o meu vô é o opa. Só que ele já tá lá no céu, ele morreu. E: Ahnn! C8: Por isso é que eu to assim mãe... M8: Por quê? C8: Porque o opa morreu. M8: E o quê que isso tem a ver? C8: É porque eu tô magoado. Só porque ele morreu. E: Faz pouco tempo? Mãe: Ele não tinha nascido ainda. E: Você não conheceu ele? M8: Foi uma transição: o avô dele morreu e ele nasceu. E: E moedas, você ganha de alguém? C8: Só do vô. E: E a sua mãe não dá moeda? C8: Ela? Dá. E: E o quê que você faz com esse dinheiro? C8: Eu compro. E: Compra o quê? C8: Compras! Com o dinheiro do opa eu vou comprar o capacete. E: Capacete?

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C8: É, prá não cair do meu skate. E: E com o dinheiro que você ganha, dá prá comprar o capacete? Ou vai faltar? C8: Ah, vai dar. E: Hum, deixa eu falar outras coisas rapidinho com você. Você assiste tevê? C8: Hum, hum (afirmativo). E: É? O quê que você gosta de assistir na tevê? C8: Jim no mundo da lua e Backyardigangs. E: Só esses? C8: Só esses dois. E: E você assiste bastante tevê? Todo dia? C8: Hum, hum (afirmativo). Olha só como é o Megazorte. Ele anda assim, ó. Eu tenho mais um, só que eu quebrei o braço. E: Ahã. E deixa eu falar outra coisa, quando você assiste tevê e passa comercial, você gosta de assistir? C8: Só o Backyardigangs e o Jim no mundo da lua. E: E as propagandas? C8: Sim. E: E você gosta? O quê que você gosta? Qual que você mais gosta? C8: O Doc descobre29 E: Ah, e quando passa um comercial que tem uma propaganda de brinquedos, você assiste? C8: Não tem de brinquedo. E: Não tem? Nem nos outros canais que você assiste? E quando tem uma coisa legal você chama a sua mãe prá ver? Assim, prá pedir? C8: Chamo. Eu chamei ela para ver a pista de looping (Hot Wheels). E: Você chamou ela prá ver? C8: Hum, hum (afirmativo). E: E você já viu propaganda de xampu? C8: Ahn, só do Johnson´s E: E é legal essa propaganda? C8: Hum, hum (afirmativo). E: Ó, só tem mais uma pergunta, daí acabou. Vou te mostrar um desenho aqui, olha só. Esse aqui é o Tom, tá vendo? O Tom tá fazendo aniversário de 8 anos e a mãe dele falou que ele pode escolher um presente. Se você fosse o Tom, o quê que você ia fazer? C8: Não sei. E: E se a sua mãe falasse que você podia escolher um presente, o quê que você ia fazer? Como é que você iria comprar? O quê que você ia pedir? C8: Não sei. E: Não sabe? Nem o que você iria comprar? C8: Eu vou saber, né? E: Mas se fosse prá você, se você fosse comprar um presente pra você? C8: Eu saberia, né? É, eu gosto mais da loja de brinquedos do Meninos e Meninas. E: E você iria lá prá comprar? C8: Hum, hum (afirmativo). E: E tem uma outra aqui, que você vai gostar. Olha, esse aqui é o Rafael e essa aqui é a família do Rafael: a irmã dele, a mãe, o pai C8: O cachorro... E: O cachorro, todo mundo. A família dele vai comprar um carro novo, eles vão trocar de carro. Aí pediram ajuda pro Rafael. Se você fosse o Rafael, o quê que você iria fazer? C8: Não sei. E: Que carro que você ia pedir prá família comprar? C8: É a mesma coisa aqui, ó. É a mesma coisa que eu falei aqui: eu não sei. E: E se a sua mãe fosse trocar de carro. Qual carro que você queria que ela comprasse? C8: Picasso, eu já pedi prá ela, né? Quer dizer, uma Sportage. E: Ah, é Sportage. Então tá, então é isso. C8: E essa aqui? (perguntando sobre o cartão utilizado na entrevista com meninas). E: Essa aqui eu pergunto para meninas. Essa aqui é a Ana. M8: Ah, tu não ia pedir nada de presente de aniversário, se fosse tu? C8: Eu saberia, né?

29 Não é propaganda, é uma animação do próprio canal Discovery kids.

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M8: Se tu fosse na Loja Meninos e Meninas, o quê que tua ia falar, meu, isso aqui eu quero? C8: Eu queria o gorila E: Gorila? Porque? C8: O gorila. E: O quê que ele faz? C8: ÔOOOOOO (imita o Tarzan) E: Você já pediu isso? C8: Sim. E: Ah, mas tem uma brincadeira aqui. Eu vou te dizer duas palavras, e você vai me dizer o quê que é mais importante pra você. Sobre roupa. É mais importante se sentir confortável ou ficar bonito? C8: Se sentir confortável. E: Quando você vai comprar uma coisa, pode ser uma roupa também, ficar bonito ou olhar o preço? C8: Eu... ficar bonito. Ficar bonito! E: A opinião de um amigo, o que um amigo diz, ou o que a tua mãe diz? C8: O que a minha mãe diz. E: A opinião de um amigo, o que um amigo diz, ou a sua opinião? C8: Ah, eu não sei. M8: Quando tu compra uma roupa, tua acha mais legal quando tu acha bonito ou tu tem que esperar o teu amigo dizer que tá bonito também? O quê que é mais importante prá ti: tu gostar ou o teu amigo gostar? C8: O meu amigo. E: Se divertir ou aprender? C8: Ahn.... (pensativo) se divertir! E: Amigo ou brinquedo? C8: Ahn..... (pensativo). Brinquedo! E: Ir ao shopping ou ir prá praia? C8: Prá praia! E: Brincar com um amigo, ou sair prá comprar alguma coisa nova? C8: Prá comprar uma coisa nova! E: Ter um jeito só seu ou ser igual aos seus amigos? C8: Ser igual aos meus amigos. E: Ser criança para você é.... C8: Legal. E: Acabou! M8: Pôxa, meu menino deu uma entrevista! E: Muito legal a tua entrevista. Adorei. C8: Eu vou te mostrar o meu quarto. Mãe: Isso, vai lá mostrar o teu guarda-roupa prá Priscila. E: Ah, eu quer ver o teu guarda-roupa. Tu me mostras? Mãe: Aonde guarda as tuas roupinhas, lá no teu quarto C8: Ah, o baú! Mãe: Que baú rapaz? O armariozinho. C8: É Tigor. Olha aqui, ó. É da Tigor. E: Sandália da Tigor? Mãe: E o que mais tu tem? E: E esses casacos todos aí? C8: Esse daí é do inverno. E: É? C8: Esse daqui é prá inverno. Não cabe mais em mim. E: Não cabe mais? C8: É muito pequeno. Olha aqui! E: Ah, esse é o da Hot Wheels? E: Que tênis é esse? C8: É da Nike. E: Da Nike? Você gosta desse? C8: Odeio. E: Por quê? C8: Ó, esse é o da Pata. E: Hum, e esse é legal? E por quê que você não gosta desse? C8: Por que não, ele é muito chato. Olha só, esse é da Puma.

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E: E o da Puma é legal? C8: Esse é prá jogar. A chuteira. E: Bem legal. Gostei de tudo!

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Entrevista Mãe 08

Entrevistadora: O que eu quero conversar, na verdade, é sobre o universo das compras do seu filho. Como é que ele é, o processo de consumo dele. Como é que ele se comporta. Então assim, como é que a questão do supermercado, ele vai no supermercado com você? Mãe30: Vai. E: Você faz as compras da casa? Ou é, assim, só vocês dois? M8: Não, ou eu vou, às vezes ele vai junto. Quando ele vai junto, ele não é assim, de pegar na prateleira, né? Ele gosta, na verdade, de me ajudar. Ah, eu quero pegar maçã, por exemplo. Aí ele vai lá: ìdeixa que eu boto!î Então ele pega o saquinho, bota as maças e põe dentro do carrinho. É, se passar na fila dos brinquedos, por exemplo, ele olha e diz: ìAh! Mãe, eu quero esse daquiî. Eu disse, ah, agora não dá, esse não é o momento, acho que tem data prá isso, né? Mas ele entende perfeitamente. Aí ele entende perfeitamente, ele não é de bater perna e quero, quero, quero. Ele é uma pessoa, uma criança assim que, ele entende bem quando a gente fala prá ele. E: Mas ele chega a pedir tipo assim, salgadinho, biscoito, essas coisas assim? Ele pede também no mercado ou, é difícil? M8: Não, ele não é de pedir não. Ele gosta é de ajudar. Inclusive na hora de passar a compra no caixa ele mesmo bota a compra em cima do caixa e depois ele quer ajudar a amarrar os saquinhos prá depois colocar dentro do carrinho. Ele é uma criança assim, que gosta de ajudar. E não ficar pedindo. E: Mas ele ganha alguma coisa, você compra por iniciativa sua, sem ele pedir? M8: Compro. Mas, assim, o que ele mais gosta é ir nas frutas, que ele gosta muito. Ele gosta de iogurte, né? Yakult e coisas mais saudáveis assim, como eu sempre eduquei, né? Eu não eduquei ele a comer salgadinho, bolacha recheada. Bala ele odeia, chiclete ele odeia, então ele não vai nisso. E: Ele não pega? M8: Não. E: Você nunca compra salgadinho que é uma coisa que ele realmente não consome? M8: Tipo esse daí eu compro assim porque é uma coisa que realmente mal não faz nenhum (bolachinha salgada) E: Hã, hã, aquela bolachinha. M8: Aqui em casa a gente quase não tem esse tipo de coisa, mas é iogurte mesmo. E: Iogurte ele sempre pega Yakult ou pega outros? Ele faz uma variação das marcas. M8: Varia. Varia. E: Ele que escolhe na hora? M8: Ele que escolhe. Hum, hum (afirmativa). E: Então você acha que ele escolhe alguma coisa quando vem com algum desenho diferente em cima. M8: Sim. E: Ele pega? M8: É, esse tipo de coisa assim, quando tem um desenho, né. E: Personagens em cima. M8: Personagem. E: Algum brinde, ele pede algum coisa com brinde quando vem? Que chama atenção dele? M8: Tem, tem, o sucrilho. Isso ele gosta. Aí tem brinde ele. Ele sabe que tem por causa, através dos amiguinhos dele, né? E: Aí ele pede? M8: Aí ele pede. E: Aí tem que ser o sucrilhos? Não pode ser outro? Sem o brinde? M8: Não. Aí tem que ter o brinde, mas ele come o sucrilho, também. E: Ahã. Mas o sucrilho sempre vem brinde ou só algumas promoções variadas, assim, esporádicas? M8: Ah, é esporádico. Não é sempre não. E: E quando não vem, ele pede também? M8: Já aconteceu. E: Mas é mais raro? M8: É. E: É quando tem brinde? M8: É.

30 Mãe da criança 8, identificada na transcrição pela denominação M8.

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E: Ele é um pouco mais prá essa... M8: É. O que ele gosta muito também quando, que tem dentro é o Kinder Ovo. Ele pega porque ele tem aqueles bonequinhos dentro, os brinquedinhos dentro. Ele pega e olha o manualzinho lá dentro e monta tudo sozinho. E: Hã, hã, ele coleciona esses brinquedinhos? M8: É isto. E: Mas como o chocolate também? M8: Come. E: Não é só por causa do... M8: Mas ele gosta de montar. Quando ele pede prá mim ajudar eu já digo não, te vira. E: Hum, hum. M8: Porque se você quer, você tem que aprender a... E: Ele segue a instrução e monta sozinho? M8: Isso. Monta sozinho. E: E, quando você vai no mercado com ele e sem ele, tem alguma diferença nas compras? Compra mais quando ele está junto, compra mais quando ele não está? M8: Não. Porque eu sempre vou nas mesmas coisas que ele vai. É, foi por educação assim, né? Frutas, sucos, muito suco, ou suquinho prá ele. Aquele suco Ades, ele adora aquilo. Os iogurtes, então não muda, porque eu sempre pego a mesma coisa. Eu não vou nas bolachas recheadas, o meu marido também não come isso, né? E: Você falou que brinquedo, mesmo quando ele pede algum, ele chegou a ganhar algum brinquedo no mercado? M8: De mercado? E: Ele pediu, passou por um brinquedo e pediu. M8: É, mais assim pra ganhar numa data. Em mercado eu não lembro de ter comprado, não.Mas eu compro assim, quando eu tô numa loja, né? E: Hum, hum M8: Mas é isso é mais difícil também. Mercado não. E: Mercado não? M8: Não. E: Ele pede, assim... M8: Não, o que eu compro no mercado, assim, se for o caso é cartolina, papel em branco prá ele desenhar. E: Coisas de papelaria assim? Essas coisas de caderno? M8: Dentro de mercado, né? Mas, assim, pro dia-a-dia dele aqui em casa, daí, né? E: Hã, hã. E ele pede, ou você compra prá ele? M8: Não, nesse caso é: se ele usaria, e eu sei que ele usa, pra incentivar mesmo. E: E no shopping, ele vai? Vocês levam ele? M8: Vai. Ai, ele vai muito no shopping com o amiguinho dele. E: Amiguinho da mesma idade, mas com a mãe do amiguinho, com alguém... M8: É a moça que cuida da casa da mãe do amiguinho que fica com os dois, que leva eles no cinema, às vezes no Mc Donald´s, nas lojas prá conhecer os brinquedos, né? E: Ele gosta de passear com ela? M8: É. Comigo é mais difícil dele ir no shopping, mais... mais é com ela mesmo. E: Hã, hã. Mas, quando vai com você assim, ele tem alguma loja preferida prá ir? M8: Se eu vou no shopping com ele, o quê que ele gosta de fazer? Daí Meninos e Meninas, na Havan, né? Entrar e olhar, né? E: Na Meninos e Meninas ele olha e chega a pedir alguma coisa? M8: É, ele fica apontando, esse é legal, né? Esse eu gosto, assim ele é, ele não fica eu quero, eu quero, eu quero. Mas, se eu tenho vontade de comprar na hora, que eu vejo assim, ele tá se comportando melhor, aí eu dou. Mas não porque ele ìeu quero, eu quero, eu queroî, não. Dessa forma não funciona. E: Hã, hã, se ele achou legal, aí você analisa e, se vale a pena, você compra? M8: É. Isso. Mas também não é sempre. Também é esporádico, porque é assim: aqui em casa a gente não fica dando toda hora presente, né? Tem momentos, datas, porque senão, o quê que eu vou criar? Tá dando brinquedo a toda hora. E: É muito difícil ele ganhar coisas fora de hora? M8: Antes era mais, mas eu tô cortando isso pra ele aprender a lidar com isso, né? E: Mas quem que compra: é você, seu marido ou os dois? M8: Eu. Era eu.

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E: Dá uma volta e trazia um presente? M8: Era. O que eu hoje mais consumo com ele, semanalmente é a Revista Recreio, que vem aqueles bonequinhos robôs, totens... E: Ele gosta? M8: É, ele tem a coleção. E: Ele pede também? M8: É. Semanalmente a revista Recreio. E: Isso é uma coisa que não pode faltar prá ele? M8: Não, semanalmente aí eu leio à noite prá ele a historinha, aí tem os 7 erros que ele adora brincar de 7 erros. Tem o ìCadêî, que tu procuras umas coisas bem pequeninhas lá no meio, né? E os bonequinhos que ele monta. Que vem, né? Na revista, né? E: É bem educativa também, e tem prá brincar, né? M8: Depois até podes dar uma olhada no... E: Hã, hã. E no shopping vocês costumam comprar em alguma loja de roupa prá ele? M8: Eu, no shopping não compro roupa prá ele, eu compro roupa é, na Tigor, né? E às vezes uma malha ou outra na Malharia Cristina, assim. Mas, mais é na Tigor. E: É a marca preferida dele? M8: É. É a marca preferida dele por causa do tigre, né? E: Hã, hã. Ele gosta bastante de lá? M8: É. E: Ele que escolhe a roupa? Quem é que escolhe? M8: Não, nunca levei ele lá. É sempre eu. E: Ah, ele não vai junto na loja? M8: Não. E: Você vai lá, compra e traz prá ele? M8: Exatamente. Ele gosta. Que eu conheço o que ele gosta, né? Nem sei se tá correto isso. E: Ele não costuma ir junto? M8: Não. E: E, vamos falar um pouquinho sobre marcas, né? Ele costuma pedir alguma coisa que seja roupa, tênis, alguma coisa, brinquedo, pelo nome da marca? M8: Sim, a ìHot Wheelsî. E: É o brinquedo que ele mais gosta? M8: É, ìHot Wheelsî. E: E ele tem outras coisas da ìHot Wheelsî assim, tipo, mochila da ìHot Wheelsî, blusa da ìHot Wheelsî, caderno... M8: É, ele tem um skate, ele tem carrinhos, tem borracha, lápis, caderno, camiseta, pijama. E: Tudo com... M8: É. Tênis, sandália. E: E essas coisas, assim? Ele pediu, ou você viu e comprou? M8: Ele pedia, é. Aí agora é do ìRelâmpagoî, o filme dos Carros, né? E: Ele que pede? M8: É. E: Mas ele pede porque ele vê em algum lugar isso? M8: Tevê. Na mídia, né. E: Ele descobre essas coisas na tevê? M8: É em cada propaganda de um ele já... ele vem: mãe, mãe, e me chama. E: Chama prá ver? Na tevê? E essas coisas assim, de borracha, caderno assim, né? Ele viu na loja? M8: É. Aí eu levei ele prá comprar o material, né. E: Hã, hã. Aí ele que escolheu? M8: Isso. E: O material dele? M8: Exatamente. E: As coisas que ele usa? E ele costuma pedir, por exemplo, da ìHot Wheelsî, outras coisas assim, até de comer? Por exemplo, salgadinho, você falou que ele não come salgadinho, mas qualquer outra coisa assim, de comer, mas que venha com desenho da ìHot Wheelsî? M8: Comer? Não, da ìHot Wheelsî não tem, que eu saiba, nada. Mais é do relâmpago, que saiu bolacha, né? E: Daí ele chegou a pedir, nesse caso? M8: Exato. E: Porque ele viu no mercado ou ele viu alguém comendo?

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M8: Ele viu na tevê, viu o amiguinho, né? E também quando ele foi no mercado comigo ele saiu procurando porque viu na tevê. E: Ah, ele já foi com a intenção de procurar? M8: Exato. E: Daí, vocês compraram? Você comprou? M8: Sim, aí eu comprei. E: Ele já foi lá com a intenção de comprar? M8: Ele já foi com essa intenção. Exatamente, saiu de casa já com essa: ìeu quero ir juntoî, e foi direto. E: Hã, hã. Só prá comprar? E roupas, ele também pede com o nome de marca? Conhece as marcas de roupa que ele usa? M8: Não, o que ele pede é... Na verdade, ele não fica pedindo, né? Ele ganha porque eu acho assim, quando precisa eu vou lá e compro. E: Hum, hum. M8: E como eu compro da Tigor, que é o que ele gosta, né? E pronto. A ìHot Wheelsî é o que ele gosta também. Ele vai lá na gaveta e pega sozinho. E: Hã, hã M8: Né? E: E... M8: Ele não pede. E: E tênis, ele pede por alguma marca específica ou ele, qualquer tênis pra ele tá bom? M8: Olha, ele tem bastante tênis. Ele tem da Nike principalmente, né? Tem da marca Canguru, que eu trouxe de fora, não é daqui e tem da ìHot Wheelsî. Esse é o que ele mais gosta de usar. E: Da ìHot Wheelsî? M8: É, os outros... da Puma ele também diz: ìnão, esse aí ta ruim, é ruim, ele desamarraî. Ele inventa história. E: Pra usar o da ìHot Wheelsî? M8: Pra usar só o da Hot Weehls. E: E também nesse caso ele que pediu? M8: Sim. E: Bom, brinquedos, você falou, também da ìHot Wheelsî, não dá também prá enganar e dar um outro brinquedo, um outro carrinho, de outra marca, assim? Comprar outras coisas? M8: Ah, ele, tu vais ver depois, ele gosta de tudo que der prá ele. Mas, assim, o que ele realmente fica vidrado é ìHot Wheelsî. Ferrari, ele adora, né? Mas, ele brinca com todos os carrinhos, chega a fazer filas quilométricas... E: Hã, hã. M8: Mas o que ele mais vibra é ìHot Wheelsî e Ferrari agora? M8: É. E: Não consegue enganar ele, dizendo que é ìHot Wheelsî? M8: Não, não consigo porque ele olha direitinho. E: Ele conhece? M8: Ele olha embaixo do carro. E: Pra ver se é mesmo? M8: É. E: E sobre produtos de higiene pessoal dele, né? Escova de dente, pasta de dente, xampu. Quem é que escolhe? M8: É, normalmente sou eu que compro. Mas, se ele vai no mercado e a gente passar por ali é, ele vai escolher ìHot Wheelsî, que ele tem, escova, né? O xampu ele gosta do Crescidinho da Johnson. E: Ele que escolhe também na prateleira? M8: É. E: Como é que é o critério dele? Ele abre prá cheirar, prá poder comprar o mais cheiroso ou o critério dele é a embalagem? M8: A embalagem. E: É bem, por desenho? M8: Por desenho. E as escovas também, ele olha assim, também, Batman. Ele adora esse personagem. Ele olha os personagens. E: Ele não tem alguma escova que não seja de personagem, por exemplo? M8: Não. E: Nem adianta comprar? M8: Não. Não. Tem que ser de personagem.

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E: Pasta de dente também? M8: Também. E: Ele é que escolhe o dele? M8: É. Ele é que escolhe. E: Ele geralmente pede a mesma? Sempre a mesma marca tá bom, ou ele experimenta várias, assim? M8: Várias. Tem uma que ele trouxe de fora, da Alemanha que tinha brilho nos dentes do esquilo que tava na frente, né? Aí ele mostra prá mim depois que escova o dente que essa dá brilho. Então ele olhou isso daí, o brilho. E: Mas o efeito é o mesmo de qualquer outra pasta? M8: Isso. E: Prá ele é diferente? M8: É diferente E: Ele acha que é diferente? Na verdade, ele acredita no que é mostrado na embalagem desses produtos. E o quê que tu achas que chama a atenção pra ele escolher entre uma e outra, assim? O critério mais importante, você acha? Quando ele está olhando vários produtos, assim? M8: Ele olha o personagem, né? O que mais interessa à ele. Não, não tem tamanho. É o que ele gosta: o personagem. E: É o personagem? Aí seria o ìHot Wheelsî, o ìCarrosî, e quais outros assim? O Batman que você falou... M8: Tem o ìBob Esponjaî. E: ìBob Esponjaî? M8: Isso. E: Ele sempre tem várias coisas, ele tem várias coisas do personagem, assim? Ele procura sempre ter outras coisas daí, camiseta também, todas as coisinhas dele, assim, com personagens? M8: Nem tudo. Mais o ìHot Wheelsî que a gente se concentrou mais, né? É meia, tênis, roupa, né? E: Hum, hum. M8: O resto não. A gente não se concentrou tanto. Não porque, aí vira um consumo muito grande, né? E eu não quero dirigir a mente dele prá isso. E: Hum, hum. M8: Ele tem que... eu volto ele pra outras coisas tipo, fazer trabalhinhos ele adora, né? Ele adora filmes, histórias, montar, né? É, atividades. E: Hã, hã... M8: Então, eu não quero virar ele pro mundo do consumo. E: Hã, hã. Você segura ele com outras brincadeiras e com outras coisas pra ele se, se distrair assim? M8: Isso. E: Promoção. Você acha que ele entende o quê que é promoção? Promoção assim de desconto, de vir com um brinde, de vir com um prêmio-surpresa, de comprar um e ganhar mais um.Você acha que ele chega a entender quando tem algo desse tipo? M8: Eu não, não percebi muito isso nele assim, mas o que ele olha muito é nas caixas de sucrilho, né? Ele olha, ele observa. E: Prá ver se vem com alguma coisa? M8: É. Ele observa sozinho. E: Hã, hã. Mas a atenção dele prá promoção seria então, brinde? M8: É. Exato. E: O que chama a atenção dele? M8: O que eu incentivo ele é no caso assim, eu digo assim: ìah, não. Esse é muito caro. Então vamos esperar um pouquinho. A não ser que você queira comprar com o seu dinheiro, né? Do teu cofrinho?î ìAh!, jóia, mammy, então tá!î E daí ele começa a pensar. E: Hã, hã. M8: Eu faço isso. E: Você acha que ele tem noção de caro e barato? M8: Ele tá perguntando. Ele já começa a perguntar: ìisso é caro, mãe?î Então, eu tô trabalhando isso com ele. É pra ele não achar que é tudo de mão beijada, fácil. E: E você acha que ele chegaria a trocar de marca por uma promoção que ele sempre consome? Sucrilhos, mas se vier outro cereal, com um brinde que chama a atenção dele. Ele trocaria? M8: Não aconteceu, mas acredito assim, que se vir a ter uma outra coisa ele só vai querer o brinde. Tipo, por exemplo, o chips. Ele não come chips, mas tinha lá os cachorrinhos. Tu compra tantos pacotes pra ter o chaveirinho: ele só queria o chaveirinho porque o Chips ninguém comia. E: Não comeu?

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M8: Não comeu. Nem ele, nem eu, nem o meu marido. Daí tive que dar. E: Ele só queria o Chips pelo chaveiro? M8: Isso, os tickets pra depois trocar pelo chaveiro, só. Nada mais. Ele não consome esse tipo de coisa. E: Já indo mais pra questão do dinheiro, né? Ele ganha mesada? M8: Funciona assim: ele vê moedinhas. ìMãe, eu posso pegar essa moedinha e botar no meu cofrinho?î Pode. Essa é a mesadinha dele. E daí quando ele quer comprar alguma coisinha assim, simples, aí a gente vai lá e pega no cofrinho dele. E daí ele já sabe que é dali que ele vai comprando as coisinhas dele. E: Ele acumula ali? M8: Isso. Acumula ali. Por enquanto não é mensal. Ele vê moedinha, ele pergunta e bota lá. E: E guarda? M8: É. E: Bom, ele guarda por muito tempo ou ele chega a gastar logo? M8: Não, não. Fica lá. Porque o único consumo que ele tem, por enquanto, semanalmente, é a revista, né, a Revista Recreio. Então, a revista ele tem. Essa eu compro quando eu faço a compra, né? Então ele não fica comprando. E: E assim, o que ele já comprou com o dinheiro dele? M8: Ele comprou um trator, já. E foi, mais ou menos... né? Claro, não foi grande coisa. E: Ele comprou todinho com o dinheiro dele? M8: É. Assim, aquele bonequinho que vem no mercado dentro de uma bola de vidro que tu só tem que dar R$ 1,00. E: Ah, as maquininhas? M8: Isso, lá essas coisas assim, pequeninhas, não é? Agora ele tá querendo uma coisa também e eu vou tirar do cofrinho dele, então. É muito pouco, você vê... E: Hum, hum , ele entende que o dinheiro foi tirado do cofrinho, tudo? M8: Sim. Eu tô passando, né? O pai também passa muito prá ele essa coisa de valores. E: E ele chega quando ele pede, mesmo quando ele tá comprando ou quando ele pede para você, ele chega a olhar o preço das coisas? M8: Hummm (pensativa). Ele já ta entendendo números, mas ele nunca perguntou. O que ele fala, ele pergunta é: ìé caro?î ou ìposso?î E: E quando ele gosta das pistas de ìHot Wheelsî, isso ele também pergunta se é caro? M8: Não, isso ele não pergunta. E: Isso ele só pede mesmo? M8: É. E: E como ele é quando ele quer alguma coisa. Ele conversa sobre os produtos que ele quer ou ele só fala prá você na loja? Ou em casa ele também conversa? M8: Hum, hum... E: Eu queria ganhar isso...como é que ele faz essa conversa? É só com você? Com você e com o seu marido? M8: É mais comigo porque assim, ele tá mais tempo comigo, né? O meu marido, ele é mais trancado. Ele não... não cede fácil como eu. E: Hã, Hã. M8: Mas, eu tô tendo que ser mais cautelosa nisso devido ao meu marido, porque ele também me poda, né? Então, eu tenho que ir devagar com o meu filho. Quando ele vem conversar eu disse: ah! Que legal! Quem sabe a gente pede pro Dia das Crianças? Ou, né, quando é uma coisa mais cara, né? Ah!, quem sabe a gente pede pro Papai Noel ou de aniversário. ìÉ, jóia, mãeî. Então, ele concorda, né? É, ele comenta sobre o que ele deseja e então a gente combina. E: Ele nunca chegou a pedir alguma coisa pro pai? M8: Já pediu sim. Ele tenta, mas, mas é com a mãe, é comigo. E: Daí ele não ganhou lá, ele volta. M8: É, mas aí a mãe tem que entrar em acordo com o pai, né? Pra não chegar no... lá na frente e, no futuro e, ah! A minha mãe deixa. E: Hum, hum. M8: Então, nós estamos combinando isso. E: E amigos? Você acha assim que ele pede, ele consome, aí pede tipo assim os mesmos brinquedos que os amiguinhos? M8: O único amiguinho que ele tem que eles convivem mais juntos, ele, ele tem praticamente os mesmos estilos, assim, de roupa, de... são meio parecidos, são crianças mais tranqüilas. Brinquedos também, é o mesmo assunto: eles brincam de A Liga da Justiça: é um é superman, que ele é vidrado,

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e o outro é o Batman, que é o meu, também é vidrado. Então, tem as meninas que entram junto nisso, que aí são a Batgirl, a outra é a... E: Mulher Maravilha? M8: Isto. Então é a Liga da Justiça. E: Hã, hã. Isso é um grupo parecido? M8: É um grupo parecido. E: E ele pede, se apareceu um amiguinho com alguma coisa nova, um tênis novo, uma roupa, ele chega a falar: ìah, o meu amiguinhoî... M8: Isso. Ele repara, isso. E: Ele repara no que os amigos... M8: Exato. E: E pede? M8: Isso. Ah, ele comenta comigo. E se eu vejo que é necessário, tudo bem. E: O quê que seria necessário, assim? M8: No caso, assim, por exemplo agora no verão, o quê que apareceu? Agora veio o chinelo do ìCarrosî, do Relâmpago, né? Então, os meninos todos de ìRelâmpagoî no pé. Então ele, também tinha que ter o ìRelâmpagoî. Como tá calor e só tem tênis no guarda-roupa dele, então eu comprei um chinelo prá ele. E: Hã, hã. E tem que ser esse, né? M8: Tem que ser esse, daí? E: Não chegou nem a ver um que não é do ìRelâmpagoî? M8: Ah, não. Nem cogita. Não adianta ser preto, tem que ser aquele. E: E, por exemplo, assim, né. Você falou que ele pede alguma coisa, principalmente no Natal, uma coisa. Mas se o Natal tiver longe, né? Ele insiste? M8: Não, ele esquece. Ele esquece porque daí não se fala mais. E: Mas, por exemplo, no caso da sandália. Ele pediu algumas vezes, ele insistiu para ser essa? M8: Ah, ele ficou uma semana ou duas conversando. E eu: ìAh, vamos ver, vamos verî. Eu acho que foi umas duas semanas que eu fui levando assim, na conversa. E: Ele só conversa, ou ele chega, ele fica mais atencioso também, ele desenvolve algumas outras estratégias, assim ou não? Ele só fala? M8: Não, não, só fala. Não fica usando estratégia, não. Ele fica na dele. E: Ele se comporta? M8: É. Hum, hum (afirmativa). E: Só fica lembrando? M8: Ele não joga sujo comigo. Ele sabe que é conversando que se entende. Há um diálogo entre nós, né? E: Mas ele chega a pedir, tipo, todo dia? M8: É, ele lembra todo dia, é. Ele fica martelando. E: Até ele conseguir. M8: É. E: Falar um pouco de mídia, né? Ele assiste tevê? M8: Ele assiste já há muito tempo a Discovery Kids. Da Discovery Kids ele partiu prá Disney, que tem o Art Atack. O Art Atack é um programa em que eles desenvolvem trabalhos criativos. E: Eles mostram como fazer? M8: Como fazer. Então, de vez em quando.... ele me chama toda dia. E: Prá ver o programa? M8: Então, tem uma pessoa lá que faz esses trabalhos com calças, tênis, meias... ele usa tudo que tu imaginar, ele faz trabalhos no chão, nas paredes. O cara é criativo. Aí agora ele gostou de querer fazer o espaço sideral, né? Com lápis. E: Como é que é? M8: É. Cartolina preta, branca e prateada prá fazer as naves. Né? E a preta, então, vai ser o espaço e nós vamos fazer com a cartolina branca e pintar. E só recortes, cola, né? E: Isso ele gosta de assistir bastante e fazer? M8: Ele adora. E: E tem alguns outros programas que ele assiste? Desenhos? M8: Tem. O Bumerangue, né? DVD ele adora. Eu levo um volta outro. E: Aluga bastante? M8: Alugo. E: O tempo inteiro? M8: É, praticamente.

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E: Ele tem uma agenda cheia, assim? M8: É. E: Várias atividades? E qual o período de aula dele? M8: De tarde. Das 13H30min até às 17h30min. E: Agora acabou, então? M8: É. Então ficou assim: de manhã, tô aqui, o tempo todo com ele. Aí eu pego volto da... ele volta da aula, aí eu fico com ele de novo e se tiver alguma, algo a mais, sempre eu levo ele aonde for preciso. E: Hum, hum. M8: Né, tô sempre disponível. Porque prá mim é necessário a mãe estar junto. Eu vejo que hoje as mães não se dispõem mais disso, elas querem trabalhar, né? E, eu optei por cuidar da educação dele. E: Você vê alguma diferença entre você e mães dos amigos dele? Diferença na criança? M8: Bastante. E: O quê que seriam essas diferenças? M8: É. Comportamento. Muito. Muito assim, ele é uma criança assim, obediente, educado, que eu consegui passar pra ele, eu e o meu marido. Ele tem vontade de fazer as coisas. Ele é carinhoso, né? Dedicado. Ele tem vontade de fazer esporte. Porque assim, nós incentivamos as coisas prá ele, né? Essas coisas necessárias. E passamos valores prá ele. Acontece que hoje os pais não passam mais valores pros filhos, é tudo muito corrido, né? É trabalho, não tem mais tempo. É mais fácil deixar na babá eletrônica, né? Babá eu podia ter posto, não quis, porque a babá não oferece prá mim, nada de bom. E: Hum, hum. Você falou até que ele tem um amiguinho que tem uma babá, né? Que leva ele no shopping? É como se fosse uma babá? M8: Tudo. É. E: E como é que é a relação desse amiguinho com a mãe, você sabe? M8: É bem picante. Ele é carinhoso também, né? Não vou dizer que não! Mas é assim, ele agride, ele às vezes bate nela. Ele a trata como mandão porque ela é separada, também, né? Ele até amadureceu por estar sempre muito sozinho: só com a babá ou com adultos. E: Hum, hum. É uma outra cabeça? Chega a ser diferente do seu? M8: É. Esse aí ele tem muito carinho, né? Mas, é, como nós passamos valores prá ele, a gente se dedica mais à ele. E: Hum, hum. M8: Nós estamos mais presentes na vida dele. E: Ele seria diferente, você acha, se você estivesse fora o dia inteiro? M8: Eu acredito. Eu acredito. Eu vejo diferença em mais outras crianças. Né? Tem crianças que dá prá observar facilmente. Né?. E: Então seria isso. Muito obrigada!

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Entrevista Criança 09 - Menino

Entrevistadora: Tudo bom? Eu queria ter uma conversa com você, assim, sobre compras. Sobre o quê que você gosta de comprar. Vou fazer algumas perguntinhas prá você. Criança 931: É, eu gosto de comprar... de comprar sushi. E: Você gosta de comer sushi? C9: Gosto. E: Onde é que você vai comer sushi? C9: No Myoshi. Sabe o restaurante que abriu? E: Hã, hã. C9: É aquele. E: Você gosta daquele? você vai bastante? É? C9: Hum, hum (afirmativa) E: E deixa eu ver outra coisa, e supermercado? Você vai com a tua mãe? C9: Vou. E: E você gosta de ir? C9: Gosto. E: Teu irmão vai junto? C9: Algumas vezes. E: Senão você vai sozinho com a sua mãe? C9: É. E: E lá você pede alguma coisa prá ela comprar? C9: Peço... (pensativo). Nada. E: Não pede nada? C9: Não. Só algumas vezes eu peço uma coisa... que seja... E: O quê? C9: Bala. E: Bala você pede? C9: É. E: Que bala que você gosta? C9: Babaloo. E: Ah, é? E salgadinho, você pede? C9: Não. E: Não pede? Iorgurte? C9: Iogurte não, só o meu irmão. E: Ah, o teu irmão pede? Você não come nenhum dele depois quando chega em casa? C9: Não. E: E suco? C9: Suco? É de laranja, da marca Santal... E: Ah, é? C9: É. E de uva pro meu irmão. E: De uva pro teu irmão? Deixa eu ver que mais tem no mercado...brinquedo, tu pede? Lá? Ou é difícil assim tu chegar na prateleira do brinquedo? C9: Não. E: Não? Que mais, refrigerante? C9: Ah, também não. E: A tua mãe compra? C9: É assim, só quando é dia de festa daí, precisa trazer... ahn, essas coisas. E: É? C9: É. E: E que mais: seção de balas, assim, e chocolate você come? C9: Sim. E: Gosta? E qual que você pede? Qual que você pede? Que você gosta? C9: Uma barra de chocolate chamada Willy Onka. E: Escrito o quê? C9: Willy Onka. E: Willy Onka? Da Fantástica Fábrica de Chocolates?

31 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C9.

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C9: É. Mãe32: Hursheys. É Hursheys que ele gosta. E: Hã. M9: Com o nome de Willy Onkas. E: Esse é gostoso? C9: É. E: Você sempre pede esse? E você viu o filme? C9: Vi. E: Há... (risos) E quando você pede Babaloo, a sua mãe sempre compra? C9: De vez em quando. E: É? De vez em quando ela fala não? C9: É. E: Aí o quê que você faz? Pede de novo ou esquece? C9: Esqueço. E: E no shopping? Você vai ao shopping. C9: Vou. Algumas vezes. E: Com quem que você vai? C9: Ah, algumas vezes eu vou com o meu pai... algumas vezes eu vou com a família toda... E: Ah, é? E lá você tem algum lugar preferido? C9: Tenho. E: Qual que é? C9: O cinema. E: Você gosta de ir no cinema? Você vai bastante? C9: Vou. E: Todo mês, assim? C9: Não, todo mês não. Algumas vezes. E: É? E tem alguma loja preferida que você gosta de ir? C9: Meninos e Meninas. E: Sempre vai lá? C9: Sim. E: E quando você vai lá, é só prá conhecer os brinquedos ou você pede alguma coisa também? C9: É só prá conhecer os brinquedos e trocar os repetidos. E: Prá trocar repetido? E onde é que você ganha repetido? C9: De presente de aniversário. E: Hum, e quando você vai lá, você nunca pediu nada? C9: Hum, hum (negativo). E: É? Você escolhe só prá Natal, aniversário? Essas coisas? C9: É. E: E tem alguma loja de roupa que você vai? C9: Não. E: Quem é que compra as suas roupas? C9: (ele aponta para a mãe). E: Ela compra tudo ou você ajuda a escolher? C9: Eu vou junto escolher. E: Onde é que vocês vão? C9: Hã... mãe... M9: No shopping a gente não vai muito. C9: É, a gente não vai muito. M9: Comprar roupa. E: Não? Falar um pouquinho de marcas. Você sabe o quê que é uma marca? C9: Sei. E: O quê que é uma marca? C9: Marca é... a marca do suco de laranja do Santal. A marca é o nome do suco. E: Hum, hum. Então deixa eu fazer um negócio aqui. Eu tenho uma ficha aqui para preencher, se você não souber, você fala que não sabe. Você conhece alguma marca de roupa que você usa? C9: Conheço. Renner. E: Renner? E marca de algum tênis? C9: Umbro.

32 Mãe da criança 9, identificada na transcrição pela denominação M9.

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E: Umbro? Ah, é da tua chuteira? E quem é que escolheu essa chuteira? Você ou a sua mãe? C9: Eu. E: Você? Os seus amiguinhos também têm chuteira da Umbro? C9: Alguns têm... a maioria tem Umbro, outros têm da Nike. E: E qual que é a melhor? Qual que você acha que é a melhor? C9: Nike. E: Nike? E você pediu da Nike? C9: Sim. E: E não ganhou? Por quê? C9: Porque era muito cara. E: E o quê que tu acha caro? O quê que é caro prá ti? C9: Um tênis de marca da Nike, Adidas. São os mais caros do mundo. E: Mais caros? E o quê que é barato? C9: Um tênis parecido com esse. E: Ah, é? Deixa eu pegar aqui. Ah, de bebida tu já falou: Santal, né? E alguma coisa de comer? Conheces alguma marca? C9: Não. E: De brinquedo? C9: Brinquedo? Lego. Hot Wheels... hum... E: De eletrônico? Tevê, DVD? Conheces alguma marca de eletrônicos? C9: Não. E: E de produto de higiene pessoal? Xampu, pasta de dente... C9: Sim. E: Conhece? C9: Colgate. E: Colgate, e você usa Colgate? C9: Uso. E: Você que escolhe? C9: Hum, hum (afirmativo). E: É? C9: E a minha escova também é da Colgate. E: E xampu, quem é que escolhe prá você? Você ou a sua mãe? C9: A minha mãe, que é Crescidinhos. E: E você gosta dessa marca? C9: Gosto. Mas que nem algumas vezes... agora tem é... aqueles... E: Tem o quê? C9: Um xampu que é Crescidinhos, que é novo. E: Esse você viu na propaganda ou não? C9: É, vi. E: Onde é que você viu isso? C9: Na tevê, na propaganda da tevê. E: Deixa eu voltar lá tênis. Entre Umbro e Nike você falou que Nike era mais legal, era melhor, né? C9: É. E: Por quê que você acha que é mais legal? C9: Porque eu gosto prá combinar com a minha roupa do Brasil. E: Do quê, do uniforme do Brasil? C9: É. E: Você tem? C9: Hum, hum (afirmativa) E: Combinava legal? C9: Hum, hum (afirmativa) E: E tênis de ir prá aula que não é chuteira, qual que você usa? C9: Eu uso... ah, um tênis comum. E: Comum? C9: É, comum. E: O quê que é comum? É sem marca? C9: É. É uma marca, só que eu não lembro da marca. Tem que olhar de novo. E: E quem que escolheu esse? Foi você ou a sua mãe? Você foi junto? C9: Hum, hum (afirmativa) E: E como é que você escolheu ele? Pela cor, pelo modelo?

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C9: A cor. E: Pela cor? É? E pelo conforto também? Você provou? C9: Hum, hum (afirmativa) E: E quê que é uma roupa legal prá você? C9: É uma roupa do... M9: Do São Paulo. E: Do São Paulo? C9: Hum, hum (afirmativa) E: Você gosta? Roupas do São Paulo você tem? Coisas com a marca do São Paulo? C9: Hum, hum (afirmativa) E: E onde é que você viu essa roupa. C9: É numa loja lá em Florianópolis. E: E você chegou a pedir? C9: Não. Por que tava fechada. E: Tava fechada? Que pena, né? E a embalagem do produto, quando você tá olhando, assim lá no mercado ou numa loja. Você olha a embalagem? C9: Não. E: Nem do xampu, do pacote de bala, essas coisas? C9: Não. E: Não? Posso fazer uma brincadeira com você? Você pode comer chocolate? C9: Hum, hum (afirmativa) E: Eu tenho dois chocolates, eu não sei qual que é mais gostoso. Eu queria que você provasse prá me dizer qual que é mais gostoso, pode ser? C9: Pode. E: Esse aqui da Hello Kitty e tem esse aqui do Carros. Pode provar? C9: É bom. E: Bom? C9: O gosto é a mesma coisa. E: É igual? É? E: E ali tinha Hello Kitty e o Carros, né? Que são personagens! C9: Hum, hum (afirmativa) E: Qual que é o teu personagem preferido? C9: Carros. E: Carros? C9: O Relâmpago. E: O Relâmpago? E você tem alguma coisa do Relâmpago? Camiseta, caderno, mochila... C9: Eu tenho. E: O quê que você tem? C9: Uma camiseta. E: É? C9: E um short. E: É legal? C9: Hum, hum (afirmativa) E: E onde é que você comprou isso? Ou você ganhou? C9: Eu ganhei de presente. E: Ah, de presente de quem? C9: De aniversário. E: Um outro personagem que você gosta? C9: É, o Nemo. E: O Nemo? E você tem alguma coisa do Nemo? C9: O DVD. E: E tem alguma outra coisa? C9: Não. E: Não? Você gosta quando aparece o seu personagem numa camiseta prá você usar, no caderno? C9: Hum, hum (afirmativa) E: A sua mochila tem algum personagem? C9: É de uma marca de surf. E: Marca de surf? E você que escolheu? C9: Não. M9: De aniversário também, né?

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E: Ganhou de aniversário? E os seus cadernos? C9: Estes cadernos a gente tem aqui. E: Compra na escola? M9: São todos iguais. E: São todos iguais? E é legal? C9: É. E: Vou fazer outra pergunta. Você sabe o quê é promoção? C9: Sei. E: O quê que é? C9: Promoção é uma nova, uma nova invenção. E: Uma nova invenção? Você gosta quando você vê alguma promoção? C9: Hum, hum (afirmativa) E: E quando tem alguma coisa assim que vem com um.. que vem com um brinde junto? Você gosta? C9: Gosto. E: Você já comprou alguma coisa que tinha um presente junto? C9: Já, um cereal que vem um boneco bem pequenininho junto. E: Você sabe qual que é o nome desse cereal? C9: Nescau Cereal, também vem no sucrilhos. E: Ah, é? E você que pede esse cereal? C9: É, Nescau Cereal antes eu pedia bastante, só que eu não peço mais. E: Não? Por quê? Enjoou, não gosta mais? C9: Não gosto mais. E: Mas quando vêm os brindes, você pede daí? C9: Daí eu peço! E: É legal? C9: É. E: E lanche que vem com brinde, você pede? C9: É, também, algumas vezes. E: Algumas vezes? É? E deixa eu falar um pouco de preço. Você ganha mesada? Ganha algum dinheiro de alguém? C9: Ganho. E: Você ganha por semana, por mês? C9: Por dia. Um... todo sábado. E: Todo sábado? Fim de semana? Quem é que dá? C9: O meu pai, né? E: E quanto que é? C9: R$ 3,00. E: R$ 3,00? E o quê que você faz com esse dinheiro? C9: Ah, eu junto prá comprar uma coisa de Lego. E: De Lego? Você já tem bastante? C9: Ah, tenho R$ 8,00. E: É? Tá guardando então? Mas alguma coisa você gasta? C9: É. E: O quê que você compra? Quando você gasta logo assim? C9: Algumas vezes eu compro uns carrinhos da Hot Wheels, custa R$ 5,00. E: Ah! M9: E você comprou um...? C9: O Lego. Tava R$ 32,00. E: Com a sua mesada? M9: Juntou com a do irmão. E: Ah, que legal! E o seu irmão brinca junto? C9: Brinca. E: E quando você vai comprar alguma coisa, você olha o preço? C9: Olho. E: É? C9: Prá ver se é caro, barato. Se for barato dá prá comprar. E: E se for muito caro? Se é uma coisa muito cara? C9: Hum... E: Pede prá mãe dia de Natal, de presente? C9: Ah, bom, daí eu peço.

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E: Daí você pede? C9: Hum, hum (afirmativa) E: Geralmente você é atendido, assim? C9: Sim. E: Ah, é? E você ganha presentes também, assim, que não é de Natal assim, a tua mãe compra fora de hora também? C9: Ah, sim. Algumas vezes. E: Algumas vezes? De surpresa, assim? C9: É. E: Qual foi a última coisa que você ganhou de surpresa? C9: Surpresa foi um brinquedo que eu ganhei. Que é um lego. E: Quem é que te deu? C9: O Papai Noel. E: Ah, esse foi o Papai Noel? Mas assim fora de hora, assim, você não lembra? C9: Não, fora de hora eu não lembro. E: E quando você quer de Natal alguma coisa, como é que você faz prá pedir prá sua mãe? Você conversa com ela? Conversa com o pai também? C9: Com o pai também. E: Com os dois? C9: Hum, hum (afirmativa). E: E se algum fala não? Você pede pro outro ou você não pede mais? C9: Hum, hum... Pede pro outro. E: É? Eu vou falar um pouquinho de seus amiguinhos assim. Como é se um amiguinho daqui ou da escola, né, tem um brinquedo novo, uma roupa nova assim, você pede em casa também? C9: Peço. E: É? Tem alguma coisa que você pediu que você viu um amiguinho até agora, tu te lembra? C9: Hum, hum (afirmativa) Uma luva de goleiro que eu tô vendo agora (ele estava no intervalo da aula de futebol e olhou para o campo). E: Estás vendo agora? C9: É. É uma luva de goleiro da Nike. E: Você pediu já ou vai pedir? C9: Eu vou pedir. E: Ah, vai pedir, então? E a opinião dos seus amigos, o quê que eles falam sobre os seus brinquedos suas roupas, é importante prá você? C9: É. E: É? O quê que é mais importante? A opinião deles ou a opinião dos seus pais? C9: Eu... dos dois. E: Dos dois? E tevê você assiste? C9: Assisto. E: Todo dia? C9: É, era todo dia, mas agora vai ser assim... agora eu vou assistir toda segunda-feira e na quarta-feira e na sexta-feira. Depois na outra semana muda. Daí eu assisto na terça-feira, eu não assisto na quarta-feira, eu assisto na quinta-feira e sexta-feira eu não assisto. E: E isso já começou ou vai ser assim? C9: Vai ser assim agora. E: Ah, é? E o quê que você gosta de assistir? C9: É....Nicky. E: Nicky? Que canal que é? C9: Número 14. E: E o nome do canal? C9: Nickolodeon. E: E nesses canais que você assiste passa propaganda? C9: Passa. E: E você assiste ou você muda de canal? C9: Algumas vezes eu mudo, mas algumas vezes não. E: E você gosta das propagandas? C9: Algumas sim, algumas não. E: O quê que é uma propaganda legal? C9: É de uma ... um novo brinquedo que foi lançado ou um novo filme que foi lançado.

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E: E já aconteceu de você ver, assim, um brinquedo novo, e chamar a sua mãe prá assistir prá você mostrar prá ela? C9: Hum, hum (afirmativa). E: É? Bastante vezes? C9: Hum, hum (afirmativa) E: Você acha sempre que o que passa lá na propaganda sempre é verdade? É? C9: Eu acredito. E: Você tem algum produto na sua casa que todo mundo usa. Tem uma tevê, um DVD, um videogame, alguma coisa assim, que você ajudou a escolher? C9: É. Só tem o videogame do computador. E: O videogame do computador? C9: É. O videogame do computador. Tenho vários, eu não lembro quantos eu tenho, mas... e também tem... M9: A tevê pequenininha, sabe aquelas tevê pequenininha? E: Você tem? C9: Não, é do nosso pai. E: O pai? E quando a sua mãe comprou um carro, a sua mãe comprou um carro... você foi junto? C9: Fui. E: Prá escolher? C9: Não. Não fui. E: Não? Não foi junto? E, em que período você estuda? De manhã ou de tarde? C9: De tarde. E: Você está em férias? C9: Não. Amanhã. E: Amanhã? E o quê que você faz no período da manhã? C9: Eu brinco. E: Brinca em casa? É? E como é que é assim, a sua mãe fica em casa com você ou a sua mãe trabalha muito? C9: A minha mãe fica só terça e quinta comigo, porque eu tenho aula de futebol. E: É? C9: E na segunda, quarta e sexta não. E: E você tem algum amigo que a mãe fica em casa o dia inteiro? C9: Não. E: Não? C9: Só o meu irmão. M9: Não, ele não entendeu a pergunta. E: Você tem algum amiguinho assim, que a mãe desse amigo não trabalha e fica em casa o dia inteiro cuidando dele? Todas as mães dos seus amiguinhos trabalham fora? C9: Hum, hum (afirmativa). E: É? E você acha isso legal? C9: Mais ou menos. E: Mais ou menos? Por quê? C9: Porque... daí não pode... se... tem que dia que você não vê eles, tem dia que a gente fica indo de um lugar para o outro. E: Indo de um lugar pro outro? C9: É. E: Mas terça e quinta de manhã a sua mãe fica com você? C9: Terça e quinta sim. E: E isso é legal? C9: É! E: Você gosta? Eu vou fazer um jogo rápido com você. Eu vou dizer duas palavras e você vai me dizer qual que é mais importante. Pode ser? Eu vou te dar sempre duas opções, e você vai me dizer qual que é mais importante prá você. Vestir uma roupa confortável ou vestir uma roupa bonita? C9: Roupa confortável. E: Comprar uma coisa bem bonita ou uma coisa mais barata? C9: Mais barata. E: A opinião de um amigo seu ou a opinião da sua mãe e do seu pai? C9: Humm...amigo. E: Amigo? A sua opinião, o que você acha, ou o que os seus amigos acham? C9: A minha opinião.

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E: Se divertir ou aprender? C9: Se divertir. E: Amigos ou brinquedos? C9: Brinquedos. E: Ir no shopping ou ir prá praia? C9: Prá praia. E: Brincar com os amigos ou sair prá comprar alguma coisa nova? C9: Brincar com os amigos. E: Ter um estilo só seu, ou ser igual aos seus amigos? E: Ter só o meu estilo. C9: O quê que você acha que é ser criança? Criança pra você é ser o quê? E: É... ser... M9: Não sabe o que é ser criança? C9: Não. M9: O quê que significa prá você ser criança? C9: É, que tenho sorte! E: Oi? C9: Que eu tenho sorte. E: Você tem sorte de ser criança? E o quê que é comprar prá você? C9: Comprar? É, ah, umas coisas como... como... é....sushi. E: E agora eu preciso da tua ajuda para resolver dois probleminhas. O primeiro é esse aqui. Olha, esse é o Tom, e ele está fazendo aniversário de oito anos. A mãe dele falou que ele pode escolher um presente, por causa do aniversário. O que você iria fazer se você fosse o Tom C9: Ah, eu iria no shopping escolher alguma coisa. E: Em que lugar do shopping? C9: Na Meninos e Meninas, e ia comprar um Lego. E: E esse aqui é o Rafael, com toda a família dele. A mãe, a irmã, o pai e até o cachorro. A família do Rafael vai comprar um carro novo, e eles querem a ajuda do Rafael. Se você fosse ele, o quê que você faria? C9: Eu ia comprar um carro grande, ia escolher um carro grande. E: Então tá bom, era essas perguntas que eu tinha prá fazer prá você! Você foi muito bem!

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Entrevista Mãe 09

Entrevistadora: Então, essa conversa é sobre o universo de consumo do seu filho. M9: O consumo né, as marcas. E: Ele olha a marca da roupa? M9: Não, não. A roupa em si não, mas de esportes sim, mas por causa da Copa, por causa da logo, Nike, então... E: Por causa do ano da copa? M9: É, aí, aí a coisa pegou. Sempre me bate assim, o quê que é mais importante? É a marca ou o quê que tá dentro dela? E: Hã, hã. M9: Sempre isso, ah, porque é da Nike, tá todo mundo usando, por quê? Isso é uma coisa que a gente sempre tenta, né? Tá sempre batendo na mesma tecla. E: E tá funcionando? M9: Olha, eu ainda acho que tá funcionando. Ainda... claro que quanto maior vai ficando, né? A marca da mochila é uma coisa que ele ainda não se tocou assim. Ele ganhou uma mochila, mas ganhou de aniversário e até era uma grife mais assim. E daí ele nem se tocou, mas daí na escola quando ele começou a olhar as outras e, ah! A minha é da SurfKids, que é uma marca. E eu disse: o quê que importa isso? Não importa. O que importa é que você tem uma mochila, ela é boa, ela funciona e isso é que é importante. Não porque é da SurfKids, podia ser de outra coisa. E: Hã, hã. Mas agora olhando os amiguinhos... M9: Aí ele... aí eu enxergo mais essas coisas, coisas que no ano passado não era nem, ele não dava a mínima. E: Ele fez o pré aqui no Barão também? M9: Fez, fez no Barão. Só que ele repetiu o pré, assim. Não entrou em nenhuma outra escola porque ele ainda não estava maduro ainda para a 1ª série. E: Ele entrou com 7 anos completos, né? M9: Ele entrou com 7 e agora está com 8. A melhor coisa do mundo. O segundo vai fazer a mesma coisa também. Vai repetir, né. E: Bom, então é assim. Eu vou fazer perguntas para você, que são basicamente as mesmas que eu vou fazer para ele. Para dizer o quê que a mãe pensa e o quê que ele pensa. M9: Tá. E: Começa então com supermercado. Ele vai no supermercado com você? M9: Vai, mas não sempre, às vezes eles ficam na recreação lá, né? Ficam lá na salinha, eles ainda gostam de ficar lá e, não é sempre que vão junto. Às vezes eu pergunto: alguém quer ir no supermercado comigo? Não. Às vezes eles preferem ficar em casa brincando, fazendo uma outra coisa do que ir ao supermercado. E: Não é sempre um atrativo? M9: Não, não, normalmente eu vou ao fim de semana ou quando não vou, né, vou durante a semana e também é bem rápido e, eu até evito que eles andem juntos porque aí é mais devagar, né? E: Ah, eles param muito? M9: É, é. Param, eu quero isso, eu quero aquilo, mas não, também não é com tanta freqüência. Comida não é uma coisa que atrai muito eles, não. E: Não chama a atenção? M9: Não. E: O quê que chama a atenção deles no supermercado? M9: As balinhas. Balinhas, chicletinho. E às vezes eu já entro no supermercado: hoje não tem nada de extra. Né, eu já determino a regra antes de entrar. Não tem, .. tem umas bolinhas que tem brinquedinho dentro, uma coisinha assim, eu digo, hoje não tem isso, né? Ou às vezes eu observo: tá, no final quando passa no caixa, ìposso pegar um babaloo? Posso pegar um chiclete?î Quer dizer, sempre uma coisa que come também! Cheetos não porque não é todo dia que pode, aliás, se for é o Pingo D´ouro que é o menos... E: Sempre come um pouquinho? M9: É. Menos, menos, eu quero dizer assim, o menos prejudicial, o menos artificial até, eu acho assim. No sei, que não é tão gorduroso e... eles sabem, daí, que uma vez na semana que eles podem comer um Pingo d´ouro, é. E: Eles chegam a pedir dos outros tipos?

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M9: Até pedem. Eventualmente assim. Eu tento colocar umas coisas mais saudáveis, daí bala todo dia não. Não tem, não tem. O Babaloo que ele gosta, não. Agora tu tá usando aparelho. Não é o chiclete com açúcar, um Trident pode, não tem açúcar, né? Não é prejudicial pros dentes e tal! E: Hum, hum. M9: E o que tem também, assim, quando sai da escola do menor, tem uma padaria do lado. Então quase sempre eles pedem, todo dia: ìposso ir na padaria, posso ir na padaria?î Não, também não é todo dia. E: Não é sempre que é permitido? M9: Eu entro na padaria pode escolher. O quê: uma coisa saudável. Pode ser pão de queijo? Pode. Sorvete, agora esquentou finalmente, mas assim, chiclete todo dia não. Chocolate até eu libero porque nenhum deles é gordo. Esse então é uma dificuldade. Ele fala sushi porque agora realmente é uma coisa que ele adora comer é churrasco e sushi. Eu até vou ao supermercado prá comprar o sushi porque é assim: ele não toma iogurte, ele é muito seletivo na escolha. Ele tem um paladar que é assim: se eu colocar um suco de marcas diferentes ele vai saber direitinho qual é o suco da Santal. Por isso é que ele fala o suco da Santal, porque ele gosta. E: Ele memorizou muito? M9: Ele gosta daquilo, ele realmente, ele escolhe ou ele lembra, associa o paladar àquela marca e tem que ser aquela, não pode ser outra, né? E: Hum, hum M9: Mas é assim, pelo sabor. E: Pelo sabor. E ele chegou a experimentar outros? M9: Já, já. E: Experimentou? M9: Eu escolho, coloco sem ele ver, eu compro assim outras marcas. Às vezes não tem esse suco de laranja, tá em falta, eu substituo por outro, e não, é aquele sabor. Uma coisa que eu testei essa semana, e foi até o meu marido que comprou, eu disse assim: ah, não vai adiantar, ele adora Chocotone, esse é o que ele gosta, esse só pode ser da Panetone. Ele vai, né, aquele ele já conhece o sabor. Eu disse: não, eu comprei aquele do Angeloni. Faz uma experiência, não mostra prá ele a embalagem e vamos ver se ele vai comer. E ele comeu. Foi uma surpresa. E: Foi só não ver a embalagem, na verdade. M9: Essa foi uma surpresa, mas isso é uma uma exceção. Normalmente é pelo sabor. Ele tem realmente um paladar muito aguçado. E: Hum, hum. E o menor também é assim? M9: O menor não é tão seletivo. O menor pode ser de um pode ser do outro. Ele tem o preferido, mas ele não liga tanto prá essas coisas. E: Hum, hum. E até a questão do chocolate, o chocolate é o mesmo. (que a criança experimentou na entrevista). M9: É o mesmo. Ele sabe reconhece o sabor. E: É, é que algumas crianças não identificaram isso. M9: Hum, hum. Não esse aqui é de menina, não, não. E: É, teve isso. M9: É uma coisa assim, bem da fase que agora começa, né? De menina não é legal, só coisa de menino. E: Hã, hã. M9: Quando passa uma propaganda de Susy na televisão, de Barbie, eu escuto ele falar: Ui, essa fita deve ser muito chata. Eu digo, elas gostam. Assim como vocês gostam das coisas de meninos, elas gostam das coisas de menina. E: E no shopping, ele vai muito? M9: Não, não vai com muita freqüência assim. A gente vai mais no fim de semana e quando vai, vai pro cinema. E daí já viu: ìposso ir no brinquedo?î Daí depende, né? Hoje nós só vamos no cinema, não vamos mais em outro lugar. Aí, ou quando não vai, pode. ìQuantos brinquedos?î Dois ou três. ìAh, mas eu quero...î Mas a gente tenta sempre colocar um limite nas coisas, mas assim, antes de chegar no shopping. E: Já fala antes? M9: Já fala antes de chegar. E: E mesmo quando você já falou antes, ele chega a pedir? M9: Às vezes acontece. Lembra do que eu falei? E: Tem que recordar. M9: A gente sempre tenta, né. A regra é essa. E: Hum, hum.

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M9: É, às vezes eles tentam, né? Fazem de tudo prá dobrar a gente, mas a gente tenta ser firme... E: Ele chega a fazer alguma... ele chega a fazer tipo, alguma manha, alguma coisa assim? M9: Sim, sim. Tanto é que agora é assim ó: agora não mais, mas agora nós entramos normalmente em lojas de brinquedos, mas quando eles eram menores, até uma certa fase é assim, eu simplesmente não levava em loja. Prá comprar um presente prá um outro amigo, alguma coisa, porque eu sabia que ia ser um estresse. Eu dizia: eu vou comprar um presente... , e vinha birra. ìIh, eu também queroî. Cansou de pedir, cansou de falar. Hoje é assim: ìeu posso ir olhar na loja de brinquedo?î Ele já sabe, eu digo pode. É seu aniversário? Não. É dia de Natal? Não. É dia das crianças, é Páscoa? Não. Então: é dia de você ganhar brinquedos? Não. Não é. Agora ele fala: ìquando eu ganhei de aniversárioî, tudo ele fala assim: ìquando eu ganhai de...î. As exceções que tem quando ele ganha alguma coisa fora de aniversário. É, quando é alguma coisa assim, realmente é muito.... que é educativo, ou quando eles fizeram assim, tiveram uma semana legal ou fizeram alguma coisa que foi muito, né? Assim, significativa, que ganharam alguma coisa como mais ou menos como um presente, um prêmio. Mas isso é muito raro. Normalmente a gente não costuma ser assim, com brinquedo, tá? Ou quando se viaja, daí sim. Quando o pai ou a mãe viaja, sempre a gente traz alguma coisinha prá eles. E: Vocês viajam muito? M9: Normalmente viaja a família junta. Eventualmente assim: eu saio prá um congresso, o meu marido também é médico, ou ele sai prá um congresso. Aí ele trouxe a roupa do Brasil pros dois. Mas também pegou uma promoção e não pagou o absurdo que era antes da Copa, né? E: Hã, hã. M9: Na época ele disse: ìeu quero oficialî eu disse não ganha, imagina que eu vou pagar R$ 150,00 por um traje oficial prá vocês. Não, e ponto final. Ouvi até não poder mais. Fui numa loja de camelô, comprei duas camisetas do Brasil R$ 15,00 cada uma e ficaram felizes da vida. Viu ó, isso é justo. Tem coisas que não são justas. E: Usaram? M9: Usaram. E: Mas sabiam que não era a marca? M9: Sim, sabiam que não era a marca. E: E entediam que não era oficial? M9: Eu disse, ó: essa é cara. É igual. Ah, essa também, ou não perceberam assim aquela coisa, né, do detalhe. Tinha, era falsificada, era igual. (risos) Talvez ainda nessa idade a gente consiga, né? E: E você chega também tipo, ah vai sair, e fazer umas compras sozinha, vai no shopping sozinha e traz alguma coisa prá eles? M9: Prá eles? Não. Assim, trago de roupa, quando eu vou sair prá fazer isso, sim. Mas daí trago e normalmente eles até nem se ligam, né? E: Eles vão junto escolher roupa? M9: Não, não. Ainda não. Eventualmente. Outro dia ele falou, ah, um tênis. Comprou. Um tênis que ele não tira do pé, nem sabe a marca e nem eu sei. E: Foi comprado em loja... M9: Foi comprado em loja infantil porque tava também na época em promoção, né? Aí eu comprei já um, dois assim, né? E aí ó, tem esse, esse e aquele. Aquele eu dei opção de escolher por causa que estavam todos no mesmo preço... E: Nenhum era de marca conhecida? M9: Não. Não. E: Você deu três modelos e ele escolheu entre os três que você falou? M9: É. É. O que eu falei. E: E qual foi o critério de escolha dele? M9: Porque era uma chuteira, é um tênis que imita uma chuteirinha e realmente é muito confortável. Foi pelas duas coisas: pelo conforto e porque por fora ele parecia uma chuteira. E: Ele já chegou a provar um que era muito bonito, mas não era confortável? M9: Normalmente eu trago os tênis em casa, sabe. Já aconteceu de que é bonito e ele não, não quer usar é, porque não é dos times de futebol. Tem um sapatênis lá que eu também comprei, que normalmente quando tem promoção eu vou em loja e já vou comprar porque, nem sempre eles vão escolher. Isso é muito raro eles irem escolher tênis com a gente. Agora eu até comecei a escolher porque, às vezes eu compro uma coisa que, né, eu sei tem um sapatinho bonitinho prá usar, tem uma festinha, um negócio assim, mas que, ah, esse machuca aqui ou pega ali, então agora eu levo mais prá eles experimentarem prá ver: ó, gostou, ó, esse aqui, ou esses que eles acham que é confortável, que ele achou bonito pela cor e que é confortável, eu até encontrei uma outra cor e no mesmo tipo, eu comprei um numerozinho maior, né? Eu comprei porque eu sei que aquele ele vai usar. Mas na

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maioria das vezes assim, é, agora que começou essa coisa, ah, esse tênis machuca aqui ou esse sapatênis eu não gosto. Porque até então sempre eu que fui comprar e eles usavam o que eu comprava. E: E agora já chegou a pedir algum tênis de marca? M9: Nike, na Copa por causa de toda essa propaganda da Nike, né? E: E o pessoal da escola usa Nike? Você já reparou? M9: Não reparei. A uma, ah, ele veio esses tempos ele veio com essa história da Nike porque uma menina o pai trouxe de fora, viajou, né? Que o pai viaja bastante prá fora, pro exterior, e veio com um tênis da Nike. E veio falando, que também foram as duas coisas, um amiguinho e aí, sei lá, porquê? Porque, ah, a fulaninha tem um tênis da Nike, o pai dela comprou. E aí depois até, assim, ela... houve uma conversa, né, são três pessoas assim que a gente se dá. São pais dessa criança e mais um outro menino. Então ela comprou, o pai dela comprou porque comprou baratinho numa promoção lá. Assim, né? Tava baratinho ou era do Paraguai, alguma coisa assim que ela falou que era mais barato e aí, ah, tá. Por isso que ela comprou. E: Aí começa a entender... M9: É, É. E: Mas já começou a se ligar na marca, né? M9: Começou a se ligar na marca esse ano. E: E, você falou que você compra as roupas dele. Ele já se negou a usar alguma roupa que você comprou? M9: Ele não. O pequeno sim, porque às vezes eu compro alguma coisa que tem botão, ele não usa, e pronto. E: Não usa? (risos) M9: Mas ele não, ele não. E: E brinquedos? Ele tem preferência por marca? M9: Agora tá na fase da Lego e do Hot Wheels. E: Hum, hum. M9: Porque eles têm assim, têm mais opções assim, das coisas que eles acham mais interessantes. E: E o Hot Wheels? Tem como comprar outro carrinho? Se não é Hot Wheels, e ele brincar também? M9: Tem, tem. Um que é semelhante que é o carro da Match Box, né, que é semelhante à esse aqui... E: Eles são iguais? M9: São, são iguais. E: E quando tem um mais barato, ou pista do Hot Wheels, não é pista original do Hot Wheels, tem como enganar ou ele sabe? M9: Porque essas daí não tem tanto assim, não são semelhantes e outra coisa, nesse brinquedinho, inegavelmente, é a qualidade. Esses carrinhos aqui infelizmente, ou felizmente, né, eles duram muito. Eles são muito resistentes! E pras pistas lá que eles têm, né, as pistas também, têm um carrinhos específicos. Os outros carrinhos de R$ 1,99 são completamente descartáveis. Então, uma coisa e tenho que realmente admitir: não é só a marca, é a qualidade do brinquedo. E: Hã, hã, que é bom também? M9: Que é inegavelmente fantástico. E: Hum, hum. M9: Desses carrinhos aqui eles têm uma gaveta com bastante porque ganharam de aniversário, porque de vez em quando tem desconto. Mas é, é um, é um brinquedo que é super resistente. Que resiste a várias pancadas isso aí. E as pistas também, são de qualidade boa. E: Ele tem muitas pistas? M9: Ganharam algumas de aniversário, eles pedem às vezes as mais caras, eles não ganham em casa as mais caras, porque a gente sabe o que é justo e o que não é justo. E: Mas eles ganham de outras pessoas? M9: Ganham. Às vezes da vó ele... ele só tem uma vó que ele sabe que ele pode extorquir um pouquinho mais (risos). E: Ele já sabe que ali pode... M9: É, prá essa ele pede. E: E essa vó dá fora de hora também? M9: Dá. Essa dá, mas essa mora em Florianópolis. Então, quando a gente vai a Florianópolis que não é bem, né, com tanta freqüência, né, assim, uma vez por mês, eventualmente até um pouquinho mais, fica às vezes até dois meses sem ir, então, quando vai sempre tem um presentinho. E: Sempre tem um presentinho? M9: Sempre tem um presentinho.

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E: Ele já sabe? E na questão da embalagem, voltando ali no mercado, né? Você acha que ele é influenciado pela embalagem dos produtos? M9: Ele não se liga assim, em muitas coisas, pelo menos na parte de produtos gerais assim ele não chama.... Se vem um brinde ou tem alguma coisa que tenha o, por exemplo, o bolinho do Shrek, né? Se tem alguma coisa que envolve os desenhos que eles vêem... E: Os personagens? M9: Os personagens, aí sim. Fora isso... E: Eles pedem? M9: Daí eles ah, tem um negocinho, tem um prêmio que vem dentro! Daí, mas dependendo do que tem dentro eles pedem ou não. Porque, você vai comer o que tá dentro? Você gosta? Então? Então prá quê que eu vou levar? E: Hum, hum. M9: Prá quê que eu vou comprar uma coisa, só por causa do prêmio? E: Por exemplo, assim o sucrilho assim, ele já chegou a trocar de marca por causa de uma outra marca que ele não consumia e vinha brinde? M9: Não E: Você já viu que ele fez alguma troca... M9: Não, não. Olha que com o alimento ali, é difícil. E: É só por causa da comida mesmo, assim? M9: Porque é muito difícil ele comer. E: Ele já chegou a pedir um produto que não é prá ele, mas que vinha com um brinquedo, um brinde prá criança? M9: Não. E: Ou Omo que vem com brinde? M9: Não, não. E: Quer dizer que ele não chegou a pedir um produto que não seria diretamente prá ele, né? M9: Não. E: E qual que é o personagem preferido dele? Qual que você acha que é? M9: Tem vários, ele não tem um único assim. Ele falou do Nemo, né? E eu acho até que o Homem-Aranha, que agora... Se bem que tem coisas que são bem mutáveis, assim. Tem fases que são o Homem-Aranha, né? Mistura de Homem-Aranha. Tem outras que é o Harry Potter, que ele adora também, né? Mas agora ele não tá assim... E: Ele pede várias coisas do personagem, por exemplo, bonecos, cadernos, lápis.... M9: Já aconteceu de quando comprar, né, sempre quando vai comprar o material no começo do ano... Mas na Barão é tudo igual, os cadernos são todos iguais, é padronizado, não tem diferença, né? Mas tem um caderninho assim, às vezes, que é um caderninho que pode ser livre, daí. Aí às vezes ele pede o do personagem. E: E ele chega a... M9: É que ele chegou a ver, né? E daí viu, teve a opção de ver ali. Mas se tem outro, se é um liso, também ele não vai ficar... ele cola algumas figuras.. E: Ele modifica o caderno dele, os livros, com coisas prá ficar com a cara dele ou.... M9: Modifica, modifica. E: Como é que é, assim, o quê que ele coloca? M9: Ah, stickers, né? Coloca adesivos assim em geral. E: De coisas que ele gosta? M9: De coisas que ele gosta. E: De personagens assim? M9: É, de personagens também. Não nos cadernos que são padrão da escola, mas na agenda, por exemplo, que daí pode colar, mas os outros assim ele não modifica não. E: Não? M9: Não. E: Pode modificar, não? M9: Nem sei, não saberia te dizer, mas também como ele nunca tentou modificar, eu também nem... Aquilo ali ele não personalizou, mas a agenda personalizou e um outro caderno que é tipo um caderno-dicionário que ele usava esse ano, aí ele colou algumas coisas, mas os outros não. Os outros são padrão da escola e ele, esses ele deixou normal. E: E preço? Você acha que eles observam os preços das coisas quando ele pede? M9: Agora eles começaram a observar mais, depois da mesada também. É, nesses últimos seis meses que eles estão observando. Eles estão mais ìisso é caro?î, ìmãe, isso é muito caro?î. Mas

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assim, ainda é aquela coisa assim de muito caro, a gente fala em números, né, então assim. Agora é que eles estão começando a... E: Os números, é um pouco mais difícil deles entenderem? M9: É. Agora é que eles estão começando a ter a noção, então às vezes ele diz assim: ìquanto dinheiro você tem na bolsa?î Não te interessa quanto eu tenho na bolsa! Né, ou de dinheiro, ou cheque. ìNão, mas você pode dar um chequeî. Eu digo, não pára aí, mas prá eu dar o cheque eu tenho que ter dinheiro, eu tenho que ter no banco prá isso. Eu trabalho, mas eu não posso gastar mais do que eu tenho também. E: Hã, hã. M9: Daí outro dia eu fui no supermercado e assim, também eles nunca se deram conta de quanto que eu pago, às vezes no final. Eles não se ligam. Aí um dia eu disse: olha, vocês sabem quanto que eu gastei em compras prá casa, de comida? Daí: ìNossa!î Daí eles acharam assim, meu Deus, que caro! E: Associaram a algum brinquedo? Não associaram? M9: Não, não, não fizeram associação ao brinquedo. Eles disseram: ìNossa, que caro! Você tinha tudo isso dentro da sua bolsa!î Daí eu disse: não, não é bem assim. Né, então isso é prá vocês verem que o Planet Ball custa dinheiro, né? A escola de vocês custa dinheiro. Então assim, às vezes eles tentam associar, né? Com um brinquedo que eles, ah, um carrinho custa isso, tem outro brinquedo que custa 90, tem outro brinquedo que custa 100, 200, não. Passou, tem um Lego que eles viram lá que custa R$ 600,00. Aí eu disse assim: ah, que legal! ìÉ muito caro?î, é muito caro! Dá prá mãe ir três vezes, três semanas no supermercado com esse valor, é quase um mês. Então aí, agora é que eles estão começando a ter essa noção, mas ainda é um processo lento. E: E eles já fizeram alguma compra sozinhos, completamente sozinhos assim. Você poderia até estar olhando, mas que eles deram o dinheiro e receberam o troco? M9: Já, já. Então até esse negócio de troco, assim, né? Daí outro dia eu deixei, eles foram no teatro e a gente tava na fila e eles foram lá comprar um chiclete. E: Hum, hum. M9: Tinha uma fila grande, o teatro ainda tava fechado, eles foram no barzinho do teatro. Eu disse não, deixa né? Vão lá, os dois, vão os dois juntos. R$ 5,00 prá comprar dois Babaloo. Quanto que ele te deu de troco? R$ 4,00. Tem certeza que com 2 chicletinho... não voltou nem com dois Babaloo, foi com dois pequenininhos daqueles. R$ 4,00. R$ 4,00 ele ter deu de troco? Tem certeza? Cada um chiclete desses custou R$ 0,50? ìÉ, ele me deu R$ 4,00î. Eu olhei pro meu marido e disse assim: é, já enganou a criança pela primeira vez, a gente não tava perto. E: E ele ficou mesmo com R$ 4,00? M9: Daí eu perguntei assim, quanto que tem aí na tua carteira? E aí no final do espetáculo ele olhou: ìah, não foi R$ 4,50î. Ah, bom, tá certo então, foi cobrado certo. E: E ele te deu as moedas também? M9: É, ele não contou. Então, essa coisa aí é... Outro dia eu fui com ele, ele guardou, juntou o cofre com o irmão e aí queria comprar um Bionic, lá, é um Lego pequeno que custava R$ 32,00. Ele fez um acordo com o irmão, trocou, né? Juntaram as duas mesadas, e fui lá eu com as moedas, né? Eles contaram 32 reais em moedas lá na loja e levou o brinquedo dele e eu tava junto, assim. E: Foram os dois juntos? M9: Os dois juntos. E: E eles sentiram falta do cofrinho? M9: Não assim, das moedinhas não... E: Começaram tudo de novo? M9: É. E: Começaram a juntar de novo? E quando ele conversa com você sobre um comercial? M9: A propaganda assim, até tem aquela do Polishop. E: Hã hã. M9: Meu Deus, ele vê aquilo: ìmãe! Você tem que comprar uma mangueira daquela, olha!î, porque.... E: E nem é prá ele? M9: O Polishop é uma coisa assim que, eles fazem realmente uma propaganda tão, tão convidativa e tão repetitiva que tinha uma época que eles estavam assim... onde é que estás assistindo isso? É que passava nos intervalos às vezes, da... E: Da programação deles? M9: Da programação. Eu disse, meu Deus, ele sabia até do nome da mangueira. São coisas que não eram prá eles. E: Vocês moram numa casa? M9: Não, num apartamento.

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E: Como é que ele ia usar a mangueira num apartamento também? M9: Pois é, influência né, da televisão. Prá quê? ìAh, lá na praia, na casa da vó na praiaî, ele disse. Bom, então deixa a vó comprar. Eu não vou comprar uma mangueira dessa prá não usar. E: E ele pede sempre prá você primeiro, pro seu marido primeiro? M9: Não, é independente, quem tá na frente primeiro (risos). E: Quem tá na frente? M9: É, é. E: Ele chega a pedir primeiro prá um, depois prá outro? M9: Sim, sim. Eu disse, não, vamos ver, vamos ver, sempre a resposta. Daí a gente nunca assim... a gente lá em casa tem... o pai não fala uma coisa e a mãe outra. Falamos a mesma linguagem. Então, às vezes ìo pai falou...î. Ah, o pai falou, então tá bom, vamos ver, nós vamos conversar, nós vamos ver, vamos estudar a possibilidade de se cumprir. As coisas são assim de acordo. E: De vez em quando ele fica lembrando? M9: Sim, sim. Ele chama prá gente ver a propaganda de brinquedo novo, prá ver. E: Você vai? M9: Vou, ele chama eu vou. E: Aí conversa com ele? M9: É, vamos ver, ah, então pode pedir de Natal, né? Ah, então você pode pedir de aniversário, ah, você gostou? Custa quanto? Custa caro? Ah, não é só tanto! Mas aí é aonde? ìAh, na PB Kidsî. E tem PB Kids aqui? Não, não tem PB Kids, que é a loja que tem em Curitiba. ìÉ, então quando a gente for lá, quando a gente for, não sei o quê...î. E: É muito grande a freqüência de pedidos? M9: Depende. Agora, por exemplo, eles... E: Tem um pedido novo toda semana? M9: Não, não. Não é toda semana, não. Não é toda semana, não. Todo mês talvez, é, todo mês. Aí vem uma novidade e aí ele lembra. E: Ele chega a lembrar disso pro Natal? M9: Não, algumas coisas até assim... que daí vêm outras, né? Daí outras talvez são mais interessantes, daí. E: E quando ele quer alguma coisa realmente mais cara, por exemplo, esse Lego de R$ 600,00... M9: Ele não vai ganhar. Se for esse ele não vai ganhar E: Pediu de novo? M9: Não, eu disse não, esse é muito caro. Não. E: Esse ele não pediu mais? M9: Não, ele sabe que esse é caro e que ele não vai ter. E: Hum, hum. E sobre tevê. Ele falou que não é todo dia. M9: Não. É que às vezes porque ele andou uma duas semanas aprontando e ele ficou duas semanas sem ver televisão. Então assim, a televisão em casa é na sala, na sala, na sala grande. Não tem televisão no quarto dele. Tem uma outra televisão menor, mas só pega canais normais, não pega a tevê a cabo e, eventualmente quando é um jogo que eles querem assistir de futebol ou alguma coisa nesse sentido, mas é também uma tevê menor e quase não é muito usada. É eu tenho uma pequenininha, daquelas do Paraguai, de 1980, preto e branco no meu quarto porque também, assim, ligo prá ver o jornal de manhã na hora que eu tô me vestindo. E: Hã, hã. M9: E às vezes à noite um pedacinho do jornal também, na hora em que eu tô indo dormir. É, mas também a gente não, não assiste assim televisão. Novelas nós nunca assistimos e à noite eles têm a televisão prá assistir os canais de desenho. E aí ele tem que negociar com o irmão dele, né? Depois de terminar a tarefa, né, o quê que eles vão assistir, a ordem dos programas e o tempo que eles querem. E: De manhã ele assiste? M9: Não. Como o pequeno acorda mais cedo ainda do que ele, 15 prás sete o pequeno já tá acordado ele, às vezes nem passa pelo nosso quarto, ele vai lá e liga um pouquinho da tevê. Porque ele sabe que até a hora em que a gente tá se arrumando prá trabalhar, eu saio 7 e meia, né? Então, esse horariozinho, quando eu saio ele tá ainda na televisão. Mas daí a babá chega e antes mesmo do meu marido sair, um pouquinho mais tarde, 20 prás 8, daí antes desse horário ele pode assistir um pouquinho. Até umas 8 no máximo, depois é desligada a televisão. Então, de manhã eles não vêem televisão. E: E o quê que eles fazem?

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M9: Daí eles brincam, eles brincam em casa se tá chovendo. Eventualmente quando tá chovendo aí eles ligam ìah, posso assistir uma fita? Daí, tá. Na eventualidade de estar chovendo eles perguntam, perguntam, né? Mas... E: Daí realmente é mais controlado? M9: É, o computador também. Não pode, não tem acesso ao computador. Posso ligar o computador hoje? E: Eles têm acesso a Internet? Já fizeram uso da Internet? M9: Não. Não. Tem assim dos joguinhos, tá? Até no consultório do meu marido, daí ele vai, o mais velho, porque no final do expediente o meu marido é que pega e ele espera um pouquinho lá. Então, nesse lugar ele sabe que ele pode acessar, mas daí só com joguinhos. E: Com outra coisa eles ainda nem quiseram? M9: Não, nem quiseram. Nem quiseram. E aí a televisão é à noite e no fim de semana. Daí no fim de semana é um pouco mais liberado. De manhã eles brincam, descem, tem uma quadra de campo de areia, eles jogam futebol de manhã, tem uma piscina. Quando tá quente até vão na piscina também. É, um parquinho, gostam de brincar com crianças menores, né? E: Mais ao ar livre? M9: Mais, é. Todo dia eles têm que descer. Menos quando o tempo tá chuvoso. E: Tem algumas compras prá sua casa que eles ajudaram a escolher, mas um produto que todo mundo usa? Assim, uma tevê nova, um computador? M9: Não. A televisão já tenho desde que eles eram pequenos. E aí a gente que escolheu, o DVD foi eu que comprei. E: Nem o carro? M9: Não... E: Isso nunca nem... M9: Não, eu acho, o carro, ele pode até ter ido numa concessionária, eu acho que ele foi já junto com o meu marido numa concessionária, mas não na decisão, isso não. Ele disse ìesse carro é bonitoî, ele disse, é, esse também é. E: Nada além disso? M9: Pode dar palpite, mas não interferir. Demora, né? Sete anos escolher o carro, não! Só quando ele puder comprar o dele, e não o nosso. E: Aí, só finalizando sobre a sua ocupação. Você falou que se dedica às terças e quintas de manhã para eles. M9: A minha rotina começa... Eu não tenho essa terça e quinta desde que eles nasceram. Eu só consegui isso depois de um certo tempo de trabalho... E: Hum, hum. M9: Eu não, eu trabalho prá uma empresa, né? Eu trabalho numa clínica. Eu sou funcionária, eu não sou autônoma. E: Ah, tá. M9: Então, eu não faço os meus horários, se eu fizesse eu trabalharia de forma diferente. Mas na minha especialidade é um pouco complicado eu trabalhar sozinha, né? Eu dependo de equipamentos, eu sou radiologista, então eu trabalho na parte de imagem, onde também o investimento é alto e uma pessoa trabalhar só é meio complicado, né? Porque uma pessoa só... E: Comprar os equipamentos... M9: É, os equipamentos, e também não vai dominar todos os métodos, né? Hoje em dia é muito setorizado, raio X, radiografia, ultrassom, ressonância, então... muita, muita coisa prá uma pessoa só. Então, eu trabalho numa empresa, né? E há uns dois anos e meio, mais ou menos, que daí eu consegui essa... E: Esse horário? M9: Essa folga terças e quintas de manhã. E daí eles fazem música e daí eu faço alguma coisa de música junto. Depois eu venho prá cá. E assim, eu tento ficar o máximo aqui, eventualmente eu tenho que dar algumas corridas também porque têm coisas às vezes que eu preciso fazer. Ou volto... esse horário e eles sabem que eu levo, eu busco, ìpor quê que eu não vou de Topic? O meu sonho é ir de Topic!î. Os meninos que vão de Topic é porque o pai ou a mãe não podem levar, né? Então assim, eles dizem coisas assim... E: Prá aula eles vão como? M9: Nós levamos. Ou eu ou o meu marido levamos. Eles estão em escolas diferentes agora. Um leva e outro busca ou eventualmente. Nunca foram em outro horário, nunca foram com babá, nunca foram com Topic. Sempre o pai ou a mãe que levam. E: E depois que você pegou as terças e quintas, você percebeu alguma mudança na relação com eles?

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M9: Ui, muito, muito! E: O quê que mudou daí? M9: Muito melhor, muito melhor assim. O convívio da gente, né? Assim, eles ficaram mais calmos, né? Principalmente o mais velho. Dinheiro nenhum paga isso: a minha calma. Se eu pudesse trabalharia só meio período. Isso eu ainda pretendo fazer ainda um dia. E à noite também a gente tá em casa, né? Tem dois dias da semana que eu faço uma atividade física, mas vou assim, às 8h da noite, das 8 às 9, depois que eles já tomaram banho, depois que já comeram. E, meu marido também tem dias que tem, eu não tenho ninguém à noite em casa, empregada, babá, é só a gente. Eventualmente quando a gente precisa sair ou quando os dois têm alguma reunião, aí tem que chamar um socorro. Tem parentes aqui, né? Então, isso também, mas sempre foi assim, desde pequeno eu nunca tive babá que dormisse, eu comecei a trabalhar ainda bem cedo, com eles bebezinhos, assim, até os 4 meses, até onde deu, né? Aí até depois secou o leite acabou, não deu mais. Mas eu nunca tive babá que dormisse à noite. E: Muito tempo com vocês dois? M9: Sempre com a gente. O meu marido é muito participativo, ele ajuda demais, então às vezes assim... Olha ele é um pai... ele brinca com eles, é muito dedicado, então, assim... é bem...é bem legal assim passar... bem, bem família. A gente viaja sempre juntos, férias é junto, né? Desde pequeno assim, ah, o pai e a mãe vão viajar... no máximo assim, no aniversário de 10 anos de casamento foram 4 dias que aí a gente escapou, mas eles sempre iam juntos. Sempre vão junto, sempre vão junto em férias, a gente tem um descanso psicológico, né? Mas não tem um descanso, o descanso físico. O cansaço é outro tipo, é um cansaço físico porque prá acompanhar o ritmo deles o dia inteiro não é fácil! E: Hã, hã. Imagina, né? Daí eles estão com toda aquela euforia. Eles entram em férias amanhã, né? M9: Amanhã, é. E: Aí como é a rotina deles. Vão ficar o tempo todo em casa? Como é que é? M9: É. Aí é assim: nas férias eu tenho uma pessoa que me ajuda de manhã nos dias em que eu não tô em casa e nos dias em que eu também.... porque pegar uma pessoa prá trabalhar de segunda, quarta e sexta eu não consigo. Então tem uma babá que fica das 7 da manhã até às 2 horas da tarde. Mas, daí nos dias em que eu não... que eu não tô em casa eles têm intimidade com ela de brincar, né? E nas férias agora ela vai ficar à tarde com eles. Ela vai ficar... E: Até o final das férias? M9: Até o final das férias. E daí já sabe, né? Ah, tem um amiguinho ou vai prá casa de um amiguinho. A gente tem que administrar. E: Hum, hum. M9: No geral é... funciona assim. E: Então, é isso. Eram essas as perguntas, muito obrigada, foi muito legal essa conversa.

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Entrevista Criança 10 - Menina

Entrevistadora: E queria conversar com você sobre o universo das compras. Tudo que tem a ver com compras. Então eu vou começar assim, falando de supermercado. Você costuma ir ao supermercado com seus pais? Criança 1033: Às vezes. E: Às vezes? Você gosta de ir junto? C10: Mais ou menos. E: Não gosta muito? Por quê? C10: Ah, porque a gente tem que ficar ajudando lá, ficar um pouco parado. A minha mãe não deixa ficar num cantinho lá que tem prás crianças. E: Você não fica lá no cantinho? C10: Não. Mãe3: Às vezes ela fica lá num cantinho quando a compra é grande, né? Mas quando é rapidinho não tem porque tu deixar a criança lá, né? E daí ela já ajuda e eu acho que é legal também prá ela. Também prá aprender a escolher as coisas. Eu falo prá ela, né? Ajudar a escolher as frutas, as verduras, né? E: Depois a sua parte vai ter quase o mesmo tipo de pergunta. Aí eu vou confrontar as duas, é quase o mesmo roteiro assim, né? E quando você vai junto, você chega a pedir alguma coisa prá comprar? C10: Chego. E: O quê que você pede? C10: Ah, peço bolacha, peço bombom, peço maçã, banana. Peço laranja também, uva, salgadinho. E: E que bolacha você pede? C10: Peço Traquinas. E: Tem que ser Traquinas ou pode ser outra? C10: Pode ser outra. E: Mas, qual que você gosta mais? C10: Traquinas. E: Ah, é? O quê que ela tem de melhor que as outras? C10: Ah, é igual as outras, só que é mais gostosa! E: É mais gostosa? E salgadinho, qual o salgadinho que você pede? C10: Eu peço Doritos. E: Doritos? Você gosta? C10: Hum Hum (afirmativo). E: E você já chegou lá no mercado prá comprar um Doritos e daí tnha um outro salgadinho de outra marca, mas daí tinha um brinde, tinha uma outra coisinha. Daí você troca? C10: Eu troco! E: É? Você gosta quando vem brinde dentro? C10: Gosto! E: E daí você experimenta, e se você não gostar do sabor? Você compra de novo? C10: Não. E: Mesmo que continua vindo um outro brinquedo dentro? C10: Não, não compro (hesitante). E: E você falou bombom também. Qual que é o bombom que você gosta? C10: Eu gosto de Serenata. E: Serenata? É? E a sua mãe sempre compra prá você essas coisas? C10: Não. E: É difícil? C10: É. E: E quando você tá lá no mercado, o quê que você faz prá convencer ela a comprar? C10: Só digo que, se pode, depois ela diz que não. E: Se ela diz não, você não pede de novo? C10: Não. Às vezes. E: Às vezes? Ah, é? Mas já chegou assim, de pegar ir lá no mercado e falar que queria mesmo levar assim, implorar prá levar? C10: Não.

33 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C10. 3 Mãe da criança 10, identificada na transcrição pela denominação M10.

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E: Não? C10: Não. E: Se ela fala não, você aceita? C10: Silêncio. M10: Dá uma forçacinha, né, mas depois... E: Você chega assim, falar que vai ajudar em casa, prá ela levar, ou que vai fazer outra coisa prá ela levar? C10: Como assim? E: Assim: ah, se a mãe levar o salgadinho então eu vou fazer isso! Faz alguma troca com ela? C10: Não. E: É? E no shopping você vai? C10: Vou. E: Você gosta de ir? C10: Gosto. E: Vai assim, toda semana ou quase nunca? C10: Raramente. E: Raramente? E com quem que você vai? C10: Com a minha mãe. Às vezes com a minha mãe, às vezes com a família toda. E: Ah, é? E você já chegou a ir no shopping sem estar com a mãe junto? Com outras pessoas? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Com quem que você foi quando não era com a mãe? C10: Com a minha amiga. E: Só vocês duas? Ou tinha algum adulto? C10: Tinha a mãe dela. E: E quando você vai no shopping? Tem alguma loja preferida que você gosta de ir? C10: Não. E: Não? Tem algum lugar do shopping preferido assim? C10: Ah, aquele lugar que pode brincar. E: Lá nos brinquedos, perto do cinema? C10: É. E: É isso? C10: É. E: E quando você vai no shopping, a sua mãe deixa você ir nesses brinquedos? C10: Às vezes. E: Às vezes? Deixa eu falar um pouquinho sobre marcas e produtos assim, né? Você sabe o quê que é uma marca? C10: Hã, hã (afirmativo). E: O quê que é uma marca prá você? C10: É o nome... é o nome da fábrica que fez aquela comida, daquele livro... E: É o nome? C10: Hã, hã (afirmativo). E: Então eu vou fazer uma brincadeirinha rapidinho aqui contigo. Deixa eu achar aqui. Eu vou escrever. Você vai me dizer o nome de algumas marcas, se você lembrar, tá? M10: Mas é só de comida? E: Não, de vários. Aqui, por exemplo, vou começar com comida então. De comidas ou bebidas. Nomes que você lembra, marcas que você lembra. C10: Hum... E: Você falou antes a de biscoito? M10: Você falou aquele nome é uma marca, filha. C10: Traquinas? E: Traquinas. Mas alguma outra que você lembra? De comida ou de bebida? De refrigerante, de salgadinho... C10: Refrigerante tem Guaraná, Coca, Fanta... M10: Ela lembra do nome, mas não toma, tá? Nenhum deles. E: Você não toma refrigerante? C10: Não, não gosto. E: Não gosta? M10: O que você leva pro lanche? Tem nome aquilo. C10: É... É... Bauducco é, né? E: Hum Hum. O quê que você gosta da Bauducco?

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C10: Panetone. E: Tem que ser Bauducco? C10: Hum Hum (afirmativo). E: É? Você gosta? C10: Hum Hum (afirmativo). E: De bebida já tá bom. De roupa ou tênis, você lembra alguma? C10: Riffel. E: Você usa? M10: Não (risos). C10: Não (risos). E: Mas você queria ter? C10: É, se tivesse de menina, lá! E: Só tem de menino? C10: É. M10: Adulto. Masculino adulto. E: Outra que você lembra? C10: É... é da... Hering... E: Da Hering! C10: Dzarm E: Dzarm! Você usa Dzarm? C10: Não. E: E das que você usa, você lembra alguma? C10: Da Hering Kids. M10: Qual? C10: Da Hering Kids. M10: Que mais tu usa? Você ganhou agora do Natal? C10: Não sei. M10: O desenho que tem na frente? C10: Hello Kitty! E: Hah! Você gosta da Hello Kitty? C10: Gosto. M10: A fábrica, eu vou explicar prá ela, a fábrica é a Malharia Cristina, mas a marca é Hello Kitty. E: É Hello Kitty. E de tênis, você usa algum tênis assim, que você sabe o nome? M10? É só tênis? Só tênis? E: Sapato assim, né? M10: Tem coisas que ela gosta que eu estou atrás... faz quantos meses, que eu tô atrás de um negócio prá ti? (risos) C10: Ah, da Sandy! E: Da Sandy? C10: É, a sandália. E: E você tá querendo essa sandália? C10: Quero. Desde o Dia das Crianças. E: Desde o Dia das Crianças? E tem que ser da Sandy? C10: É eu gosto. M10: É da Grandene a marca. E: Mas é a sandalinha da Sandy, né? Vamos agora pra brinquedos. C10: Rosita. E: Rozita? C10: Rosita. É da Hello Kitty, é uma marca. M10: Que mais tu gosta? E: Alguma boneca preferida? Que tem nome? M10: Aquela boneca lá, minúscula que tu gosta? C10: Barbie. E: A Barbie. C10: Polly. E: Você tem bastante Barbie e Polly? C10: Barbie mais ou menos, Polly eu tenho bastante. E: Você gosta da Polly? C10: Gosto. M10: Que mais tu tem de brinquedo? O que você ganhou no Natal?

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C10: Bicicleta. E: Você ganhou bicicleta de Natal? C10: Hã, hã E: Você já tava pedindo há um tempo? C10: É. E: Agora é a última cartelinha. Produtos de higiene pessoal que você lembra só. É pasta de dente, escova de dente, xampu. C10: Condicionador. E: Você lembra o nome? Do condicionador que você usa? M10: Condicionador tem várias marcas. C10: Tem é.... Neutrox. E: Ah, esse você usa? C10: É. E: É? M10: E xampu? Aquele que a tua tia deu lá? C10: (Pensativa). M10: Aquele sabonete que a gente usa lá em casa? Sabe o nome? Daquela caixinha. C10: É Lux? M10: Também, também. E: Como é que é? C10: Lux. E: Lux. M10: Agora me deu um branco, até eu não lembro. E: Não, mas tá bom. Então tá, isso aqui são tudo marcas que a gente tava conversando, né? M10: E pasta de dente, tu não lembra o nome? C10: Não lembro. M10: Ai, ai, a gente comprou no mercado outro dia! Você que foi lá pegar, filha! E: Você que escolheu a pasta de dente? C10: A Colgate. E: E você sempre usa essa marca? C10: Hum, é. M10: Tem várias Colgate, né? E: Essa Colgate tinha algum desenho na frente? C10: Tem o Colgate Total 12, o Sensitive e Colgate Normal. E: Agora que a gente falou dessas marcas aqui, né? Aí você falou da sandália da Sandy, né? Mas aí tem uma outra sandália, já que você quer tanto a da Sandy, mas não tem a da Sandy, se tiver uma outra que daí eles colocam uma bolsinha? Uma sandália da Barbie com bolsinha. Você trocaria? C10: Hum Hum (afirmativo). E: É? Então não precisa ser assim, necessariamente da Sandy, né? Se aparece uma outra coisa mais legal... quem sabe dá prá trocar! M10: Tá difícil ultimamente prá trocar, né? (risos) E: Vamos falar um pouquinho de roupas, assim. Quem é que escolhe as suas roupas? C10: Minha mãe. Minha mãe e eu. E: É? Você ajuda a escolher? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Já chegou de você querer uma roupa e a sua mãe não querer comprar aquela? C10: Já. E: E daí, ela acabou comprando ou não comprou? C10: Não. E: Não? M10: Tem que explicar porque o não! E: O quê que tinha na roupa que ela não deixou comprar? C10: É... uma blusa. M10: Porque que eu não comprei aquela roupa. Ela não quer saber como é a blusa, né? Não, né? E: Porque a tua mãe não deixou comprar? C10: Hum, não sei. M10: Ah, Ah... C10: Ah, pelo dinheiro! E: Era muito caro? C10: É.

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E: Mas que blusa que era essa? De que loja, você lembra? C10: Era da Hering. E: Da Hering? E era muito cara? C10: Era. E: E onde é que geralmente você compra roupa? C10: Na Hering. E: Na Hering? E tem alguma outra loja que você gosta? C10: Da... Malharia Cristina. E: É? C10: Só tem coisa da Hello Kitty lá. E: Da Hello Kitty? E da Lilica, você também tem alguma coisa ou não gosta, não vai muito lá? C10: Tinha uma blusa dela. E: É? C10: Hum Hum (afirmativo). E: E você gosta de entrar naquela loja ou não? Ou também não vai muito lá? C10: Eu não vou muito. Fui só uma vez. E: Foi só uma vez? M10: Tens que explicar prá ela filha, o porque a gente não vai muito em loja. Porque que tu não vai muito em loja? C10: Porque não tem tempo. M10: Não! E: Você já tem bastante roupa? C10: Também. M10: É assim: eu costuro, né, e a gente tem bastante matéria-prima. E: Ah! M10: E a madrinha é dona da Matéria-Prima (marca de roupa). E: Então, você ganha muita roupa, é isso? É? Você gosta de roupas que vêm com personagens de desenho, de filme. Você tem bastante coisas dos personagens? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Qual que é a sua personagem preferida? C10: A Hello Kitty! E: A Hello Kitty. Deixa eu ver aqui. Vamos falar um pouquinho da embalagem, né? Você olha a embalagem dos produtos quando você vai comprar alguma coisa? Por exemplo, você vai lá escolher um xampu na prateleira do mercado. Você olha a embalagem ou pega sempre aquele que você costuma comprar? C10: Eu... a minha mãe fala de que marca e eu fico vendo lá. E: Ela fala, mas diz qual que você deve escolher é isso? C10: É. E: Você não chega a escolher sozinha? C10: Não. E: Não? É difícil? C10: É. M10: Ela faz isso no mercado, mas tu tá falando de uma forma geral, né? E: É, assim de brinquedo, também pode ser, ahn... de coisas de comer. M10: Quando a gente vai lá no shopping, se você observa a embalagem. E: Não? Não tem nada que chama a atenção assim? C10: Não, em casa eu vejo a validade. E: Ah, isso você olha na embalagem? Você presta atenção? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Legal isso. M10: A validade, né? E: Hum Hum. M10: Ah... você gostou de ter ganho a bolsinha? Ela ganhou agora uma roupa da Hello Kitty que vinha numa bolsinha linda. Tu gosta desse tipo de embalagem? É isso que ela tá querendo falar. A embalagem. C10: Hum Hum (afirmativo). E: É? E agora que eu lembrei: você falou de salgadinhos, né? Colocaram uns salgadinhos agora que tem um desenho animado na frente. Você já prestou atenção nessas coisas? Ou quando lança um chocolate: chocolate da Hello Kitty ou chocolate da Barbie. M10: O salgadinho da helo Kitty que eu dei prá ela agora. Tem um negocinho da Hello Kitty dentro.

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E: Salgadinho da Hello Kitty? M10: É. E: Tua mãe que encontrou ou você já tinha visto? C10: Eu. E: Você já tinha visto? Aí você pediu? C10: Não. E: Ela comprou? C10: É. E: E agora eu vou falar de outra coisa: promoção. Você sabe o quê que é uma promoção? C10: Sei. E: O quê que é? C10: Que é mais barato. E: É? E promoção também pode ser assim: quando vem um brinde dentro, ou quando você leva dois e paga um. Ou quando você concorre a alguma coisa. Você costuma prestar atenção nessas coisas? C10: Não. E: Não? Só nos brindes, que você tinha falado antes, né? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Quando vem um brinde dentro... C10: Hum Hum (afirmativo). E: ... da embalagem? Falar um pouco de dinheiro. Você ganha mesada? C10: Ganho. E: É. Quanto que você ganha? C10: É... R$ 5,00. E: Isso é por que? Por mês? C10: Hum Hum (afirmativo). E: R$ 5,00 por mês? E o quê que você faz com esse dinheiro? C10: Eu compro coisas, comida... E: O quê que você compra? C10: Compro comida, compro bala, compro salgadinho. E: E você gasta tudo ou guarda alguma coisa? C10: Eu guardo algumas coisas. E: Você tem dinheiro guardado da sua mesada hoje? C10: Hum Hum (afirmativo). E: É? M10: Ela é bem econômica. E: Tem bastante? E você tá guardando prá comprar alguma coisa ou só prá ter guardado? C10: Tô guardado prá comprar coisas. E: Você já sabe o quê que você vai comprar? Com o dinheiro que você tá guardando assim, tá juntando? Tem alguma coisa que você quer comprar assim, que custa mais caro e você quer comprar? C10: Não. E: Não? Mas tá guardando? C10: É. E: E quando você vai comprar alguma coisa com o dinheiro da sua mesada? Aí você olha assim o preço, vê se é caro, se é barato? C10: Hum... como assim? E: Quando você tá com o seu dinheiro, você vai comprar alguma coisa com o seu dinheiro, né? Como é que você faz? Você olha o preço, a sua mãe te ajuda, você compra sozinha? Como é que é quando você vai gastar o seu dinheiro? C10: Às vezes eu vou com o meu pai, às vezes eu vou com a minha mãe, daí ela me ajuda. E: É? C10: E às vezes eu vou sozinha. E: E você sabe olhar o preço, saber se a mesada vai dar? Se não vai dar? C10: Sim. E: É. O quê que você acha, que que é caro prá você? O quê que é uma coisa cara? C10: É... Polly. E: Polly é caro? E: E o quê que é uma coisa barata? C10: É... comida. E: Comida? Qual tipo de comida?

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C10: Pirulito. E: É? E McDonald´s? É caro ou é barato? C10: Mais ou menos. E: Mais ou menos? E você gosta? C10: Gosto. E: É? Vai sempre ou é muito difícil ir? C10: Muito difícil. E: Você pede? C10: Peço. E: E qual lanche que você pede quando você tá lá? C10: McLanche sem... sem... sem o tomate e a alface. E: Sem tomate e sem alface? M10: O Mc Lanche Feliz simples assim, só pão queijo e hambúrguer. E: E quando você quer alguma coisa que é mais cara, né? Que nem, você pediu a bicicleta de Natal ou coisa assim. Como é que você faz prá pedir? Como é que você conversa com os seus pais? C10: Eu converso assim se dá e se... tiver dinheiro! E: Você conversa primeiro com quem? Com o pai ou com a mãe? Ou com os dois juntos? C10: Primeiro converso com o pai, depois converso com a mãe. E: Primeiro com o pai? C10: Hum Hum (afirmativo). M10: De onde isso! E: E se um diz não? C10: Daí não dá. E: Se um diz não você tenta pedir pro outro ou já esquece? C10: Esqueço. E: Mesmo? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Você pediu prá sua mãe e ela falou não. Você não vai lá conversar com o seu pai prá tentar com ele? C10: Não. M10: Ah, ta bom. Parece! E: Ah! É, falar um pouquinho dos seus amigos. Você falou que estuda na Barão, né? Você acha assim que você se veste assim, tirando o uniforme da escola, né? Mas com as suas amiguinhas assim, você acha que vocês se vestem mais ou menos da mesma maneira, que vocês são mais ou menos parecidas, você e suas amigas? C10: Eu e a minha amiga somos, praticamente, irmãs gêmeas. E: E você gosta de ser parecida? C10: Gosto. E: E aí assim, quando essa sua amiga aparece, por exemplo, com um tênis novo, coisa assim, você pede prá sua mãe prá ter um igual? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Já aconteceu isso? C10: Já. E: É? E quando você quer alguma coisa, o quê que você acha mais importante assim? Uma roupa, é, uma mochila de aula, uma coisa prá botar no cabelo. O quê que você acha mais importante? É a opinião dessa sua amiga ou a opinião dos seus pais? C10: Dos meus pais. E: É? Mas a opinião dessa sua amiga é importante prá você? O quê que ela acha? C10: Hum...não. E: Não? Mas vocês não se vestem igual? C10: A gente não se veste iguais, a gente só gosta de se vestir igual. Só que a gente tem o mesmo gosto de se vestir. E: Ah, é por isso? Acaba coincidindo? C10: É. E: Acaba saindo a mesma coisa, mas não porque vocês querem? É porque vocês têm o mesmo gosto? C10: É. E: E você conversa com essa sua amiga sobre os brinquedos que você quer comprar, sobre alguma coisa que você quer? Você chegou a conversar? C10: Converso.

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E: É? Vocês conversam assim, passa uma coisa nova na televisão, um brinquedo novo. Vocês conversam assim, uma fala prá outra? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Ah, é? Você lembra de alguma conversa que vocês tiveram assim, sobre uma coisa que vocês queriam? C10: Sobre o Gira Trança. E: Gira Trança? É um brinquedo? C10: É. E: E você pediu isso em casa? C10: Pedi, só que não funciona. E: Não funciona? C10: Não. E: Você ganhou e não funciona? M10: Ela ganhou, só que não funciona. E: Não funcionou do jeito que você queria, é isso? C10: É que, é prá fazer trança, só que não faz. E: Ah! Sei, eu passei por essa experiência na sua idade. M10: É uma propaganda bem enganosa. E: Mas você achou que ia fazer a trança? C10: Hum Hum (afirmativo). E: E agora? C10: (risos) M10: Foi uma coisa que eu tentei, né, convencer ela de que não era legal ìnão, não, nãoî, mas tudo bem. E: Agora eu vou fazer uma pergunta sobre assim, sobre a escola, sobre os seus amigos, né? O quê que você acha que é ser popular? C10: Muitos amigos... vir com cabelo diferente... vir com coisas diferentes... eles falam muito da gente... eles falam muito da gente na escola... E: O quê que é vir com coisas diferentes? C10: É, o cabelo diferente, é um brinco diferente, um colar... E: Essas coisas? C10: É. E: Você acha que então, os seus amigos, o pessoal da sua sala repara nessas coisas? C10: Não. Eles não ligam! E: Mas, você não falou que ser popular é vir com coisas diferentes? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Então eles olham isso? C10: Às vezes. E: Então tá, eu vou falar agora de tevê. Você assiste tevê? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Todo dia? C10: Hum Hum (afirmativo). E: O quê que você assiste? C10: Assisto Cartoon, Discovery Kids, o 37 que eu não sei falar muito bem, o... E: Jetix? C10: Hum Hum (afirmativo). E: E quando você tá assistindo esses programas, você assiste os comerciais que passam? C10: Assisto. E: Você gosta? C10: Não. E: De nenhum? C10: Alguns. E: O quê que é um comercial interessante prá você? O que é que tem que ter? O quê que você acha legal? C10: Se é comprido. E: Se é comprido? C10: Hum Hum (afirmativo). E: É, tens algum? Você lembra de algum? C10: Tem de brinquedo, da Hello Kitty. E: Ah, onde é que você viu? Você lembra o canal?

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C10: Cartoon Network. E: É? E esse brinquedo aí você pediu? C10: Não. E: Desse não? M10: Tem um que você cantava muito na frente da tevê. E: Ah, não é um de patins? Não, de um tênis com rodinha? M10: Não, é de uma empresa aqui da região. Lembra? C10: Hãnnn!!! M10: O João fez fotos prá essa empresa, lembra? C10: Brandili. M10: É, tem uma propaganda bem legal! Tá lá na frente dançando... E: Você acompanha o comercial? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Hã!!!! M10: Ela decora os comerciais. O rádio também. E: Quando você acha interessante. Você escuta rádio também? C10: Hum Hum (afirmativo). E: É? Qual estação? C10: É, como assim estação? E: Qual que é a rádio que você gosta? C10: Atlântida. E: Atlântida? Tem músicas que você gosta. Essa é a melhor rádio prá você? C10: É. E: E voltando ali prá propaganda de tevê, né? Você acha que quando aparece um comercial na tevê ele sempre diz a verdade? C10: Não. E: Não? Por quê? C10: Porque o da Gira Trança não foi verdade. E: Não foi verdade? E: Tá quase acabando, só tem mais umas coisinhas aqui. Vou falar agora de compras que a sua mãe, os seus pais fazem prá casa, tá? Teve alguma compra que os seus pais fizeram, por exemplo, assim, um carro que eles trocaram, uma tevê que eles compraram, uma compra maior assim, que todo mundo da casa usa, que você ajudou em alguma coisa? Que você ajudou a escolher, você escolheu o modelo, a cor? C10: Tem o.... DVD. E: O DVD você ajudou a escolher? C10: Hum Hum. E: Você foi na loja junto? C10: Hum Hum (afirmativo). E: E eles compraram aquele que você pediu? Aquele que você escolheu? C10: Hum Hum (afirmativo). E: É? E o carro da sua família? Que carro que eles têm? Que seus pais têm? C10: Um Fiat. E: É? Você lembra quando eles compraram esse carro? C10: Ano passado. E: Ano passado? E você foi na loja escolher junto? C10: Não. E: Não? M10: Mas tu foi junto com a gente. C10: É, eu só fui ver. E: Você tinha algum preferido que você queria que eles comprassem? C10: Um Chevrolet, bem daqueles pequeninho. M10: Ah, era um Corsa (risos). E: E aí eles não seguiram, não foram atrás da tua idéia? C10: Não. M10: É porque o carro não era um carro novo, né? A gente também não tinha condições de comprar um carro novo, então, o carro não tava em boas condições. Ele era muito bonito visualmente, mas não tava bom. E: Hã, hã.

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E: E tá quase bem no final. A sua mãe tinha comentado que ela trabalha meio período e fica bastante tempo com vocês assim, né? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Ah, como é que é a mãe das suas amigas? Elas também ficam em casa? Elas trabalham fora? Você sabe como é que é que acontece com as outras crianças? C10: Só os pais trabalham fora, as mães não. E: De nenhuma amiga sua? C10: É (hesitante). E: É? E você acha que se a sua mãe trabalhasse fora o dia inteiro seria diferente prá você? C10: Sim. E: Melhor ou pior? C10: Pior (risos). E: Você gosta que ela fica com você? C10: Hum Hum (afirmativo). E: É? M10: É que eu sempre trabalhei na verdade em casa. E agora estou começando a trabalhar com costura, e eu comecei sair de casa, né? Ah!, chorou. E: Você sente falta? C10: Sim. E: Sente falta da sua mãe quando ela vai trabalhar? Quando ela tem que sair? C10: Não, às vezes não. M10: É porque coincidiu agora, eu comecei sai e o meu marido se aposentou. E: Ah, então sempre tem um em casa? C10: É. M10: Daí ela tem uma compensação. Mas ela chorou no primeiro dia que eu fui trabalhar, não queria que eu fosse. E: Pra acabar eu vou te mostrar duas figuras aqui, né? C10: Hum Hum (afirmativo). E: Essa aqui é a Nina. É um desenho, né? A Nina tá fazendo aniversário de 8 anos. Aí a mãe dela falou que ela podia escolher um presente. Se você fosse a Nina, como é que você faria prá escolher esse presente? Onde é que você iria comprar, o quê que você iria escolher? C10: Eu ia no shopping, na loja da Havan e escolheria uma Barbie. E: Uma Barbie? C10: Uma Barbie ou uma Polly. E: Uma das duas? C10: É. E: E essa aqui é a Ana, essa aqui é a família da Ana, a mãe, o pai, o irmão, o cachorro, todo mundo. Olha só! A família da Ana tá trocando de carro. Aí a Ana vai ajudar, né? Onde que você iria prá comprar o carro? C10: Iria na... na loja da Fiat. E: Na loja da Fiat? Bem legal! E agora, para terminar, tem uma parte gostosa. Eu tenho aqui dois chocolates, mas eu não sei qual é o mais gostoso. Você quer experimentar os dois para me dizer. C10: Pode ser. E: Então, tem o chocolate do ìCarrosî e o da ìHello Kittyî. C10: (prova). Hello Kitty.

E: É mais gostoso? C10: É. E: E agora, para finalizar, tem um jogo rápido. É assim, eu vou dar duas opções para você, e você me diz, bem rápido, qual das duas é a mais importante. Pode ser? C10: Pode. E: É assim, você prefere conforto ou aparência? C10: Conforto. E: Beleza ou preço? C10: Beleza. E: A opinião de um amigo, ou a opinião dos seus pais? C10: Opinião dos pais. E: A sua opinião ou a opinião de um grupo de amigos? C10: A minha. E: Se divertir, ou aprender? C10: Aprender.

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E: Amigos ou brinquedos? C10: Amigos. E: Shopping ou praia? C10: Praia. E: Brincar com os amigos, ou comprar algo novo? C10: Brincar com os amigos (com um pouco de hesitação). E: Ter um estilo próprio ou ser igual aos amigos? C10: Ter um estilo próprio. E: Para você, ser criança é... C10: É brincar e se divertir e aprender. E: Então é isso! Muito obrigada!

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Entrevista Mãe 10

Entrevistadora: Essa entrevista aborda o universo das compras, do consumo, da sua filha, Mãe34: Tá. E: Então, eu começo perguntando sobre supermercado. Ela costuma ir ao supermercado com você? M10: Raramente eles vão. Eles não gostam muito de ir ao mercado. Justamente porque eles acham cansativo. Eu também desde... desde cedo assim eu evitei de levá-los, né, e sempre a gente deixa uma coisa só: ou um salgadinho ou alguma coisa doce. Esses exageros que a gente vê assim, às vezes, isso nunca tem. Isso não. E: Eles já saem de casa com um limite? M10: É. A gente já fala o que vai ser, ou então hoje nada. Tá, ou então hoje, vai ser só uma coisa. Tá? Ou um salgadinho ou um chocolate E: Eles pedem o salgadinho e ainda pedem alguma outra coisa? Chega lá na hora eles fazem mais algum pedido? M10: Às vezes eles fazem uma troca. Olha, hoje eu não queria um salgadinho, mãe, eu queria então essa bolacha, ou esse chocolate, né? Mas eles são bem equilibrados assim. Acho que essa história de limite é bom colocar desde cedo, né? E: E quando eles não vão junto. É, eles pedem alguma coisa prá você trazer? M10: É bem raro assim, eles são meio desligados assim. Eles gostam mais de ficar em casa, eles não gostam muito de sair. Eles gostam de vir aqui (Parque), eles gostam de coisas assim. E: Hum Hum. M10: Mas ir onde tem muito movimento... o shopping também, a gente vai muito pouco. E: Não faz parte da rotina assim? M10: Não faz. Não é aquela coisa assim, semanalmente ir no shopping, 3, 4 vezes... E: Hã, hã. M10: É muito raro. E: É outra... M10: A gente gosta mais de ir na casa de amigos, na casa da minha outra irmã. E: Esse tipo de lazer de vocês assim, o que seria? M10: É mais de ir à piscina, que eles gostam muito, final de tarde, né, no verão, é um dos lugares que a gente vai. Que é no sindicato dos bancários, meu marido era bancário, né? E, então assim, essa história de ir em mercado, ir em feira, feira livre ou, aqui na Proeb quando tem alguma coisa eles não gostam de vir. Eles não gostam de ir assim... E: É muito cheio, né? M10: Eu adoro a Oktoberfest, né? Daí, ó, com eles a gente consegue ir 3 vezes, 4, no máximo assim (risos). E: Eles não gostam muito também? M10: É. Não, não gostam muito. E: Eles preferem... M10: Eles gostam muito de ficar em casa. Eles gostam de... a gente já optou por isso quando o primeiro nasceu, prá mudar prá um apartamento e eu tinha um atelier no centro. Então, aí como começou aquela correria, né, de ir e voltar, ir e voltar. Eu não quis pôr ele em creche, ele mamou até 1 ano e pouco, daí a gente optou em alugar uma casa maior onde pudesse estar com o ateliê junto prá ficar junto com eles. E: Hum, hum. M10: É, e prá criar eles numa casa, que apartamento sempre tinha que descer, tem horário de sol, aquela trabalheira assim terrível, né? O mais velho tinha 3 anos e meio quando a gente saiu do apartamento. E: Ele já ficou bastante tempo no apartamento. M10: Ah, bastante tempo, né? E isso também causou assim... quando tava na casa ele não saía prá fora da minha casa... E: Não sabia nem o quê que era, não tava nem acostumado? M10: Não tava acostumado, ele tinha dificuldade. Daí a gente comprou areia, a gente envolveu toda aquela história, compramos um jipinho assim, era um lugar muito bom. Uma casa bem cercada, a gente podia ficar tranqüilo assim, né? Brincando lá fora. Mas tinha que ter todo um trabalho prá ele ficar lá fora! E: Ele já estava acostumado a ficar dentro de casa?

34 Mãe da criança 10, identificada na transcrição pela denominação M10.

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M10: É. A criança fica muito acomodada no apartamento. E: Você notou diferença nele, assim, nas ações dele... M10: Muita, muita, muita. Ele desenvolveu depois bastante, ficou mais rápido, ficou mais ágil. Jogava bola, começou a jogar muita bola, antes ele ia, mas assim: final do dia quando chegava em casa, não é? De manhã... E: Hum Hum. Você trabalhava ainda? M10: Trabalhava meio dia. E: Ah, tá. M10: Mas mesmo assim, se tu fica em casa de manhã tem almoço prá fazer, tem pouco tempo prá ir lá embaixo com a criança. A criança dorme já um pouco mais tarde, né? Então, eu acho que criar filho numa casa... que a minha filha já nasceu numa casa. E: Já foi diferente? M10: Já foi bem diferente. E: Com ela você também trabalhava meio período e em casa? M10: Em casa, em casa é. E: Mas sempre tinha o tempo de dar atenção prá ela, podia parar assim, ou tinha uma rotina, um horário muito fixo? M10: Não, não não, sempre... é acabava não sendo assim, ah, agora vou trabalhar só à tarde, né? Se ela estava dormindo eu ia pro ateliê. E: Hum, Hum. M10: Se ela tava bem alimentada, se a moça, que eu sempre tive pessoas para me auxiliar dentro de casa... E: Hum, Hum. M10: Se ela estava bem disponível prá ficar olhando ela, então eu ia lá. Eu, na verdade, sempre gostei mais de trabalhar à noite e esse sempre foi um problema assim, né? Porque o meu marido chegava em casa, daí queria um pouco mais de atenção... E: Aí você ia começar a trabalhar nesse horário? M10: É, daí depois que as crianças iam dormir, lá por umas 9 e meia, 10 horas, eu tinha um pique assim, louco, hoje eu não tenho mais também. Aí eu gostava assim, de trabalhar até de madrugada! Mas daí eu trabalhei muito assim, quando eu desenvolvi para uma empresa por dois anos e meio, eu ia trabalhar até umas 3 e meia, 4 horas da manhã, desenvolvendo assim, que eu adoro ficar de madrugada trabalhando, depois.. aí no outro dia tinha que acordar cedo (risos). Aí não deu prá agüentar. E: Hã, hã. Mas daí tu trabalhava até o horário que as crianças estavam dormindo e elas não sentiam tanto esse... M10: Foi válido, eu acho que toda mãe que tiver condições... a gente teve que abrir mão de muitas coisas assim... financeiramente. E: Hã, Hã. M10: Essas idas, viagens, essas coisas assim, não tem mais... até no momento. Acho que depois de voltar para uma casa que é nossa, que a gente não paga mais aluguel, eu acho que a rotina vai voltar a normalizar, a gente poder programar algumas viagens, coisas assim que a gente tinha antes, né? E: Hum, Hum. M10: Mas, tudo isso valeu a pena porque a gente mora numa casa onde tem bastante terreno e eles aprenderam a andar de bicicleta ao redor de casa, tem bastante calçada, bastante grama... E: Uma área de lazer... M10: Muito boa. Tinha árvores, eles aprenderam a subir em árvores, saiu aquele... o meu filho tinha muito medo de árvore. Meu deus, ele não subia numa árvore. Com dois anos e meio se botasse ele em cima de uma árvore ele gritava. E: Hum, Hum, ele não tava nem acostumado com isso? M10: É. Como eu vejo hoje muitas crianças assim, né? Então lá, tem assim, ali em casa tem lagarto, que vem passear todo dia ali, tem tatu, tem aracuã, que todas as manhãs vem ali nas árvores... E: É uma outra realidade que eles estão vivendo? M10: É. E: Eu até fiz essa pergunta antes prá ela, se as outras mães, as mães das amiguinhas dela, tem esse essa mesma rotina, né? Da mãe não trabalhar fora. M10: Moram em apartamento, né? As mães das amiguinhas dela moram em apartamento, e não trabalham fora, têm um nível social bem diferenciado da gente, né? Eu explico tudo isso prá eles, porque eu acho que não adianta você bloquear essa amizade, que eles vão conviver com isso mais cedo ou mais tarde, né? Então eles têm que ver que, é, são valores diferentes.

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E: As mães das amiguinhas também não trabalham fora? Das que você conhece, daquelas que você tem mais contato assim? M10: Ah não, não trabalham. Tem uma que agora tem uma representação dentro de casa, que está junto com os filhos, tal. Mas a realidade assim, financeira, é bem diferente. Então, essa história de roupa, de mochila, de caderno... sabe, eu sinto muito... E: E ela sente alguma diferença? M10: Sim. E: Ela chega a reclamar, ela chega a falar. M10: Tem sim, alguma coisa sempre chega a reclamar: ah, mas o fulano tem e eu não tenho. Ah, a mãe da fulana comprou e a gente não.... Daí eu sempre faço, por exemplo, nesses bailes de fantasia eu sempre faço as fantasias prá ela. É bom porque tem sempre esse outro lado... daí a menina que ela assim, tem mais amizade... E: Hã, hã, a melhor amiga. M10: Daí a vó sempre compra nas lojas, assim, prá trazer prá ela, e ela diz assim: ìai, eu queria que comprasse lá na loja a fantasiaî, não sei o quê, não sei o quê. A amiga, a mãe fala: ìpôxa, eu fico chateada porque eu não sei fazer nada a e a Júlia fica pedindo prá mim, mãe, porque que você não faz? A mãe da minha amiga fazî (risos). E: Elas querem o que não têm, né? M10: O que não têm, sempre! Parece que aquilo que não têm!. Eu sempre trabalhei com corte e costura e, ah, adoro fazer uma fantasia prá minha filha, né? Passo assim, bordo né, rebordo tudo e...(faz cara de desanimada). E: Ela quer comprar? M10: É, ela diz que não gostou! E: Ela quer o que a outra tem? M10: E daí olha a da outra e: porque a loja faz assim, né? E: Hã, hã. M10: A minha é peça única, né? Com outras tantas que tem... Mas acho que isso já tá sendo absorvido agora, né. Porque as meninas gostariam que as mães fizessem. E: Hum, hum M10: Então, ela ta vendo que isso é bom. E: Tá valorizando isso agora, né? M10: Tá valorizando! Mas nessa história financeira, esses desníveis assim, é bem complicado, sabe? Porque eu, não dou muita bola assim, prá isso, sabe? Meu filho teve até mais contato assim, com uma família que eu levava as crianças, os três filhos dela, e ela cuidava do meu e trazia, né? E: Hum, hum M10: Mas eles tinham um poder aquisitivo bem alto, só que ela era uma pessoa simples. E: Hum, hum. M10: Bem mais fácil de se lidar, sabe? Não tinha toda essa história assim: tudo que saía ela comprava, não tinha essa, sabe? E: Hã, hã M10: E quando ele ia lá ele falava: ìai, mãe, mas eles não sei quantos carrosî. Ai que bom, meu filho, que bom, um dia tu também vais ter, mas nós não temos. Ah, e outras coisas assim, né? Mas ele não é tanto de reparar, mas ela... acho que o menina é mais... E: Ela repara mais, você acha? M10: Eu acho, a menina, ela é mais de detalhes, assim. Ela observa mais detalhes, já o menino não. E: E falando de marcas, né? Ela costuma pedir alguma coisa pelo nome da marca? M10: Ah, costuma! Eu acho que isso é uma... uma coisa terrível prá mãe, né, marca. E: O quê que ela pede? M10: Ela pede a Polly. Todas as Polly que saíram aí na televisão. Daí eles fazem aquele propaganda assim que a Polly se mexe, que a Polly toma banho, com uma fantasia assim, enorme, que não existe. E: Hã, hã M10: Na realidade não existe. E daí ela se frustra depois, como foi o caso dessa Gira Trança. Como não era uma coisa tão cara esse negócio da trança, do Gira Trança, da teimosia ser grade, de eu querer mostrar prá ela que, você tem que dar valor àquilo que eu falo porque eu sei o que estou falando, eu comprei. Porque tava bem difícil de aceitar, né? E essa amiga tinha. E a mãe já tinha me dito: ìolha, é difícil, eu não consigo mexer naquilo láî, né? Ela já tinha ido na casa da amiga, viu que não tava funcionando, mas queria. E: Mesmo dizendo que não tava funcionando?

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M10: É. Tentei, olha, você não quer trocar por tal coisa, que era maravilhosa? Era outra coisa! Depois ela se arrependeu. E acho que foi válido também. E: Passar por uma experiência dessa... M10: Passar por uma experiência dessa prá dar valor ao que a mãe fala... E: Hum, hum. M10: Que a mãe sabe porque não tá querendo dar, também, né? E: Hã, hã. M10: Tem coisas que não é por causa do valor, é porque não tem utilidade e não... não ... E: Não funciona. M10: Não é real aquilo que está sendo mostrado! E têm outras, que porque financeiramente não dá. Né? Tem uma Polly não sei das quantas lá, que ela quer já um século, que é 200 e poucos reais. Falei: não! Imagina que eu vou dar 200 e poucos reais por uma... a nossa ajudante trabalha todos os dias aqui em casa, todas as tardes aqui em casa prá ganhar um salário mínimo, né? Registrado em carteira e tudo mais. Eu faço ela ver quanto que é um salário-mínimo, e quanto que é a Polly. E: Ela tem alguma noção disso, ela consegue? M10: Tem. Daí ela, ela já tem noção de valor, vamos dizer assim, né? E: Hã, hã M10: De números, tá aprendendo matemática. E: Ela olha o preço das coisas assim, quando ela pede? M10: Olha, olha. Agora eu acho interessante quando tem alguma coisa assim, que é R$ 10,00, mas tu vê que é uma coisa ainda que tá cara prá... E: Prá aquilo... M10: Prá ser aquilo, né? Mas daí ela acha que não é muito caro porque é R$ 10,00, entende? E: Hã, hã. M10: Aí: minha filha, esse valor não tá correto, eu falo. Em outros lugares tem mais em conta, eu disse, né? Eu faço ela ver! E: Mas, eu ela, ela chega a ser imediatista? Por exemplo, ela viu um negócio, R$ 10,00, você viu esse mesmo negócio em outro lugar por R$ 6,00. Não, mas ela tá ali, ela já quer levar já na hora? M10: Não, não. E: Ela espera chegar em outro lugar? M10: Espera, espera. Ah, ontem eu já falei, é que eu acho assim: essas crianças fazem escândalo por coisas desse tipo, né? E: É, ou mesmo se o dinheiro é delas, sabe? Se é assim, ai, ganhou a mesadinha dela, então eu vou comprar porque eu não quero esperar, vou levar. Ela já chegou a fazer isso, não? M10: Não, com ela não aconteceu ainda, com o mais velho já aconteceu. Daí depois ele viu que era real, que realmente ele podia ter economizado aqueles R$ 4,00, R$ 5,00, como eu tinha falado. Daí ele ficou meio assim, né, ficou meio chateado com ele mesmo... E: Perdeu o dinheiro? M10: É, perdeu o dinheiro. Deu... eu percebi claro isso nele, né? Eu disse: ó, você tem que confiar, sabe? Eu sou tua mãe, eu quero o melhor prá você. Eu sempre falo isso prá eles, né? Porque, parece que eles tem assim: pai é contra tudo, né? Pai e mãe (risos). E: Prá fazer o que eles... M10: Principalmente a mãe, né? E: Ainda não? M10: É muito nova, é muito nova. E: E roupa? Ela pede alguma coisa pela marca de roupa? M10: Pede. E: Que marca que ela pede? M10: Ah, essa história da Hello Kitty, né? Mas, a história da Hering que ela falou ali antes, não sei se você quer contrapor, mas eu vou te explicar. É uma blusinha assim, bem simples, bem simples mesmo. Fácil, que eu posso fazer, e eram R$ 64,00. Meu, é caríssimo R$ 64,00 por uma blusinha de alça com dois babadinhos aqui soltinhos! Tipo uma... E: Uma bata... M10: Uma batinha. Malhinha, meia malha, que não tinha elastano, nada. Aí eu falei prá ela: filha, esse tipo de roupa a mãe pode fazer prá ti. Eu tenho lá o negocinho que dá prá colocar... E: Enfeitar... M10: Eu posso bordar, tudo. Daí que sai muito mais barato! É muito caro, filha! Você tem que entender que isso não é uma coisa assim. E: Ela ficou chateada?

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M10: Ela fala... (risos). Eu sempre compro na Hering porque eu compro lá nos saldos. Não é uma roupa de 2ª. E: Hã, hã. M10: É muito roupa de primeira, acho que tu deve conhecer, né? E: Hã, hã. O Outlet Center... M10: Daí naquele dia ela falou assim: ìprá mim você nunca comprou roupa aqui prá mim. Sempre lá nos atirados (seção de coleções passadas, vendidas por quilo). E: Sempre no quê? M10: Nos atirados. Atirados. E: Atirados? M10: Atirados. Porque a vizinha da frente fala: ìah, achasse alguma coisa lá nos atirados hoje?î (risos). Ela... E: E ela viu essa no shopping? M10: Não, ela viu lá na Hering também. E: Ah, tá. M10: Só que na parte frente! E: Ah, sim, porque tem uma distinção lá na loja. M10: Então, ela falou prá mim, né? Aí eu cheguei em casa e falei pro meu marido, prá você ver como ele é, ele disse: ìolha, mas você devia comprar uma hora alguma coisa ali na frente prá ela. E: E ela escutou?î M10: Eu fico o tempo inteiro atenta, mas ele não fica atento prá ver se ela tá escutando, se não tá escutando. Por isso é que ela tem essa manha com ele, ela está com essa manha com ele. Que antes ele não estava em casa, então ele não acompanhava! E: Ela mudou? Você acha que ela mudou muito? M10: Ela mudou muito, muito. É por isso que ela tá assim atrás dele o tempo inteiro... E: Você acha assim... não é bem essa palavra, mas vamos dizer assim, tipo regrediu assim... de ficar mais manhosa, de pedir mais assim? M10: Ah... E: De talvez, ficar mais confiada? M10: É, ela tá bem... ela tá bem na dele. Ela tá vendo que com ele ela tem mais chance, então... E: E antes ela não era assim, tão próxima, vamos dizer? M10: Não. E eu até tive que fazer um trabalho bem grande assim, porque ela não queria que o pai fosse elevar ela lá na... E: Na escola? M10: Na escola...sabe, tinha bastante dificuldade, ela tinha vergonha dele. Ela não queria que ele entrasse assim, porque ele era muito velho. Sabe, ela tinha vergonha porque ele era velho! E: E agora... M10: É, e também ele é assim muito desleixado, assim, né? Hoje ele tá diferente, tá com uma bermuda, mas ele não quer nem saber. Ele anda só de chinelo de dedo. Aí eu comecei a falar prá ele: olha, você tem que mudar um pouco o teu visual porque as crianças, né? E elas não querem ter um pai.... olha, aquele lá é meu pai! Eles ficam com vergonha! Né? Essa fase nossa, era na adolescência, eles já estão agora com 7 e 6 anos e têm vergonha, né? E: Hum, hum. M10: Daí ele começou... porque antes era ele quem levava assim... Não era ele que levava, mas eu comecei a pedir prá ele levar porque tava sendo muito difícil: eu estudava à noite... eu fiquei 4 anos estudando à noite e... daí ele começou a levar porque eu tinha que acordar cedo, eu sempre acordei arrumei eles, tudo. Só que daí eu não tinha como voltar a dormir se ele não fosse levar. Senão daí eu tinha que ir lá levar, voltar prá casa e ir dormir. E: Daí já tinha perdido... M10: Daí, daí não dava prá voltar. E chegava à noite eu não tava mais agüentando, sabe? Eu ia prá Indaial todos os dias e voltava. E: Ah, tu ia na Asselvi? M10: Foi na asselvi. É super corrido, assim, né? Eu comecei quando ela tinha 3 anos e meio, a faculdade. E: Quando ela era menor... M10: É, ela era pequena e ele, o meu marido, tinha uma afinidade maior com o menino. Então ele deixava ela, que era pequeninha, e ia deitar com ele. Várias vezes ela falou isso prá mim, né? Que ela estava chorando, que ele não tinha ido lá ver. Eu perguntei porque, daí ela disse que ela tava com medo, que o pai tava lá com o irmão. Então, eu tinha que fazer dois trabalhos assim: dele perceber que... ah, mas é que ela é independente também, ela sempre foi muito independente, começou a

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tomar banho sozinha, eu fui ensinando, mas ela foi bem mais cedo que ele. E, em várias coisas assim, ela é mais independente do que ele. E ele achava que ela era muito independente, que não precisava dele. E: Que não precisava de ajuda? M10: E ele ficava com mais velho, que é mais dengoso assim, ele é mais de vir, de abraçar, ficar junto, né? Então, ele não percebia essa outro lado ela, né? E: E agora eles já estão assim numa outra fase? Estão bem juntos assim? M10: Ah, porque daí agora ele joga o tempo inteiro com ela. Ele tem tempo prá isso. Se eu tô em casa de manhã eu tô fazendo almoço, eu tô arrumando, organizando a casa, que a moça fica meio expediente e tem que lavar roupa... E: E ele não, ele tem mais tempo para as crianças? M10: Claro, né? Ele tem todo o tempo do mundo com os filhos, né? E eu não, eu acabo... eu acabo ficando a megera porque: ìa minha mãe não deixa!î, né? E: Mas o pai.... M10: Mas o meu pai deixou. Que nem daí, ele combina com as crianças para vir aqui às 5 e meia... E: E depois você tem que trocar... M10: E eu tenho que fazer a troca, dizer que não dá porque é muito quente e tem tudo isso, sabe? E: E até na questão hora, na questão de consumo também. Ele compra alguma coisa, ele traz prá casa alguma coisa que você não... M10: Ah, traz. Quando eles vão no mercado com ele, eles ganham 3, 4 coisas. Comigo não, entende? Eles, ó, ganharam salgadinho, agora, digamos assim, se a gente vai no mercado 10 e meia, 11 horas,não. E: Não pode comer? M10: Não, o salgadinho é prá hoje à tarde, depois do lanche! E: Com ele é diferente? M10: Com ele já... E: E ele já foi no shopping com as crianças sem você? M10: Com ele sim, várias vezes. E: Trouxe um brinquedo, alguma coisa de maior valor assim? M10: Não. Não, isso não, isso não. E: Mas ele dá mais mimos aos pequenos, daí? M10: É, mas assim, que nem ontem. A gente foi no shopping ontem desde de manhã: a gente almoçou lá, depois a gente foi no cinema, depois do cinema a gente ainda fez mais um lanche, e daí a gente viria embora, e eles ainda alugaram uma fita. E lá eles ainda... aí o meu filho, falou ìah, mãe, o pai ia deixar eu ir no brinquedo lá em cima, mas ele achou melhor eu primeiro falar contigoî. Tá vendo? Sobrou prá mim, né? E: Hã, hã. M10: E eu, falo: não gente, agora deu! Né? Hoje vocês já almoçamos, nós já fomos no cinema, já compramos pipoca, já tomamos outro lanche, agora vamos alugar fita ainda e ir no brinquedo não! E: E daí fez cara feia? M10: Aí é... ìmas o meu paiî ... E: E aí o pai não levou? M10: Só que o teu pai quer fazer tudo de uma vez só! Aí eu falo prá eles: então, a gente pode assim: vir mais vezes. É isso que o meu marido faz entende? Ele é exagerado.Ah, vamos uma vez por mês só. E: E daí fica o dia inteiro! M10: E daí quer fazer tudo naquele dia. Eu não penso assim, eu acho que ele deveria... acho que eles até gostariam de vir mais vezes... E: Hum, hum. Um pouquinho de cada vez... M10: Um pouquinho de cada vez. Só que ele é assim. Então tem umas coisas assim, bem complicado. Pai velho é uma tristeza, né? (risos). Se ele escuta, ele me mata! (risos) E: (risos). M10: É que eu tenho 45 e ele tem 54. Tã bem assim a troca, né? É difícil, até porque ele nunca morou em casa, só até os 8 anos de idade. Depois foi para um colégio interno... E: É outra experiência que ele tem? M10: Muito. Ele também não conviveu assim, bem, com a família também. E: Hum hum. E com relação a brinquedos, ela pede pela marca? Por exemplo, você falou da Polly, né? Mais alguma? M10: Polly, tudo que tá muito em evidência assim. Eu acho que isso, no caso, que você trabalha com publicidade e propaganda e, nessa área agora de administração, né?

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E: Hum, hum. M10: Isso é muito forte pros pais que têm assim, mais consciência. Tenho alguns amigos, amigas que são pais, mães, que a gente acha, que essa coisa de iludir a criança é terrível, sabe? É difícil você convencer a criança que não vai funcionar, que aquilo não é legal, né? Esse tênis de rodinha é a pior coisa que tem. Eu vi uma reportagem terrível. E: Ela pediu? M10: Não. E: Não chegou a pedir? M10: Não chegou a pedir porque, eu já comentei antes, quando eu vi a reportagem eu falei assim:... E: Não deixou nem ela pedir. M10: É que é terrível. Ele dá problemas mais tarde aqui, tal né. Expliquei tudo. Então, como eu procuro ficar muito, assim atualizada... as informações, quanto mais informação, nesse caso é melhor, né? E trazer assim, sempre coisas mais interessantes. Eu tenho uma vantagem também que a vizinha da frente, ela foi professora muito tempo no ensino fundamental né, então assim, ela tem duas netinhas, uma tem a idade da minha e a outra é menor. E: Hum, hum. M10: Então, ela faz muita comparação assim, comigo e com a nora dela. E eles são muito shopping, muito shopping, muito restaurante, muita janta fora, as crianças não vivem dentro de casa. E: Hum, hum . M10: Eles vivem assim. E ela acha isso um horror, e ele acha assim, que o que a gente tá fazendo é legal, a gente ir lá no nosso terreno, eu tiro fotos, acompanho... acompanho todo andar da nossa casa prá eles verem, né? (a família está construindo uma casa) E: Hum, hum . M10: O mais velho até esses dias falou: ìmãe, sabe que eu tô preocupado! Será que tem condições mesmo de terminar essa casa?î. Então, tu vê que eles... E: Que ele ta preocupado. M10: É, então é legal fazer eles verem que você tá fazendo uma casa, prá nós, prá gente se dar melhor, prá gente ter um espaço melhor, tudo, né? E: Hum, hum . M10: Eu sempre falo prá eles agora que a partir do momento que a gente tiver a nossa casa, que vai estar um pouco melhor mobiliada, daí a nossa vida vai dar uma aliviada, que a gente vai poder sair um pouco mais, né? E: Hum, hum. Eles já estão esperando isso? M10: Tão esperando isso! Mas eu acho que é bom ter uma perspectiva assim de alguma coisa, né? E: Ter um objetivo, né? Eu falando assim dos brinquedos assim. Você falou que tem muita propaganda assim, muita coisa que eles ficam assistindo, né? M10: O que tá em evidência é o que eles pedem, né? E: E tem assim como, tipo meio que enganar: ela quer uma Polly, você dá uma outra, uma outra bonequinha parecida com a Polly? M10: Agora já não mais, mas já fiz isso muito! Em épocas de novinha, né? E: E agora não tem como? M10: Agora já estão... E: Já sabe, já conhece? M10: Já, já. E: E sobre produtos de higiene pessoal que ela usa, né? Quem é que escolhe? Xampu, sabonete, pasta de dente? M10: Ah, eu procuro ficar assim sempre dentro dos mais naturais possíveis assim... xampu mais natural, né? Ela tinha o cabelo bem crespo e agora já tá liso, que ela não gosta de cabelo crespo. Ela pega assim é... como é que é aquele... E: Escova? M10: Condicionador E: Mas ela chega a pedir algum? M10: Não, ela é bem desligada nisso. E: Não pede? M10: Não. E: Não olha muito? Pasta de dente, ela também não se encanta pelas de desenho? M10: Já foi assim. Eu passei o maior trabalho assim pra escovação de dente porque ela, tanto ele quanto ela, eles são muito sensível, né? Ao gosto, paladar e aos cheiros. Então perfumes, é sabonetes que têm muito perfume, nada disso eles gostam. Eu não uso porque eu também não gosto. Na gravidez dele eu passei horrores por causa dos cheiros, né?

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E: Hum, hum . M10: Então já fui passando isso. E: Ela não pedia muito dessas aí, então? M10: Não, não. Nada de perfume assim, ela não gosta, nunca pediu nada de perfume. E daí uma época teve então, eu acho que ela começou... ajudou bastante a escovação dela, foi quando tinha umas de frutinhas assim... E: Pasta de dente? M10: Pasta de dente. Daí ela usou mais, começou a usar essa aí. E: Ela não voltou a pedir? M10: Não. E: E comida ou bebida. Tem algum tipo que não pode faltar prá ela? M10: Não, ela toma muita água. Ela não gosta de refrigerante... E: Salgadinhos, de bolacha, de cereal? M10: Ai, ela come sucrilhos, mas mais é ele. Ele todo dia ele come sucrilhos, ela não é muito. Gostaria até que ela comesse mais, né? Porque ela é maior, é forte prá 7 anos, né? Ela tem bastante dificuldade de aceitar e experimentar. E: Experimentar coisas novas? M10: É. E: Mas experimentar guloseimas novas, isso ela experimenta? M10: Às vezes até não. E isso me surpreende porque, às vezes, até guloseimas ela não experimenta. Às vezes ela, que nem a história da pasta de dente, a gente mudou a pasta de dente dela, porque ela foi na casa da minha irmã... E: E ela viu? M10: Não ela foi sem a pasta. Ela foi com a escova, mas esqueceu a pasta. E daí lá a minha irmã fez ela experimentar essa outra pasta. Então, se ela está meio sob pressão, tá em outra casa, diferente... E: Então ela experimenta? M10: Ela se esforça digamos, para agradar. E: E esse salgadinho da Hello Kitty. Ela experimentou, abriu e experimentou? M10: Esse ela abriu experimentou. Eu nem sabia que ela tinha visto. Eu comprei porque eu vi, e vi que tinha um negocinho da Hello Kitty, foi nas Lojas Americanas.E eu sabia que ela ia gostar, e eu não compro muito chocolate... Tem gente que né, enche de chocolate né. Lá em casa não é assim, Agora, que tem essa história do meu marido né... E: Que ele vai comprando mais... M10: Ele é ìchocólatraî. Tudo que engorda, ele é muito de comer bolacha recheada. Essa Trakinas, e aí é assim, é uma vez ou outra que eu compro. A bolacha recheada eu evito lá em casa. Tudo por causa dela também, mais por causa dela. Eu sempre falo: filha um dia tu vais me agradecer, por a gente não ter tudo isso sempre em casa. Né? Que bem refrigerante lá em casa, é só final de semana que podia abrir refrigerante. Agora ele ta em casa e ele abre todo dia, toda hora ele ta abrindo um refrigerante. E: Todo dia? M10: Tá complicado. Não é bem o caso dela, porque ela não gosta muito né. Mas ele tenta, ele força ela para tomar. Eu nunca disse: experimenta! E: Ele é ao contrário. M10: Sabe, eu nunca disse: filha experimenta. Se é coisas de doçura, eu nunca falo para ela experimentar. O que eu quero é que ela experimente verdura, umas saladas, frutas, que é a maior dificuldade dela experimentar. Ela não experimenta. Ou então assim, uma comida mais leve, sabe, é a maior dificuldade. E: De mudar os hábitos dela. M10: Dá uma comida ali com bastante calorias, aí ela come, bastante massa. E: hum, hum. E, falando agora um pouquinho da embalagem desses produtos né, de guloseimas, de brinquedos, de roupas... você acha que ela olha a embalagem? M10: Eu acho que isso sempre conta. E: Você já percebeu no mercado que alguma coisa chamou a atenção dela por causa da embalagem? Por causa de uma cor, de um desenho que estava na embalagem? M10: Eu acho que sim, e depois ela não gostou. E: Ela pediu, e você comprou? M10: É, e daí ela viu que... e uma vez eu até falei para ela assim: filha, eu acho que você nem vai gostar, é porque você não gosta nada que é azedinho, e isso aí é azedinho. E: Você lembra o que era? M10: Agora eu não lembro, mais era um produto assim...

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E: Era uma guloseima? M10: Era, mas eu não lembro exatamente o que era. E: Ela pediu e não gostou? M10: Não gostou. Mas isso era porque ela já tinha visto propaganda disso. E: Ah, ta. Ela tinha visto antes, e daí viu no mercado. M10: É. E: E quando vem com um personagem? M10: Ah, eu acho que personagem sempre chama muito a atenção. E: Ela pede coisas de personagem? Aí pode ser qualquer coisa que apareça o personagem. Um caderno, caneta... M10: Mais é caderno. Mais é material escolar. E: De personagem, e ela tem? M10: Ela tem assim, da Hello Kitty, tem dá... ah, essas meninas aí... E: Das Meninas Superpoderosas? M10: Não, essa já passou. Ah, essa RB, como é? E: Ah, Rebelde? Ela tem? M10: Rebelde é. E: Ela assiste essa novela? M10: Não, não assiste. Graças a Deus, não assiste. Sempre ela esquece do horário e eu também não faço nada para lembrar ela. E: Hã, hã. Mas ela quer as coisas da Rebelde? M10: É, ela gosta. Mas eu sinto que é porque as meninas têm. Não é porque... ela não assiste a novela. Às vezes ela ta passando um canal, e ela vê que ta na novela, daí ela: ìah, a novela da Rebeldeî. Daí ela deixa um pouco lá. Mas se ela distrai e sai... E: Então ela não faz questão de assistir, ela não lembra do horário? M10: Ela não lembra do horário, nada disso. E eu não incentivo isso porque eu acho que ta muito fora da idade dela, né. E: Mas ela chegou a ter algo da Rebelde? M10: Ela tem uma camiseta da Rebelde e tem alguma coisa de material, mas eu não me lembro o que. E: E ela que pediu? M10: É. E: E você saberia me dizer qual que é o personagem preferido dela? M10: Eu acho que é a Hello Kitty. Porque ela gosta muito da Hello Kitty. E: Ela tem bastante coisa da Hello Kitty? M10: É. E: Que vai além das roupas? M10: Por coincidência, não é que eu compro. As pessoas acabam dando muita coisa no aniversário, né. E: Porque tá na moda... M10: Porque tá na moda, então as pessoas acabam dando. Bolsinhas... ela já ganhou acho que umas quatro ou cinco bolsinhas da Hello Kitty. Que não fui eu que dei. E: Hum, hum, outras pessoas que dão. M10: Outras pessoas é. E: E promoção, você acha que ela é influenciada por alguma promoção? M10: Pelo barato não. E: Por brindes... M10: Por brindes, essas coisas sim. Mas pela promoção do mais barato, não. E: Isso não? M10: Isso não. Isso eu acho que ela ainda não tem essa noção. E: Mas de brinde, ela pede coisas que venham com brinde? M10: Ah, isso sempre né. E: E você compra? M10: (riso hesitante). Raramente, depende do que for. Que nem o salgadinho. Eu até quando olhei o salgadinho eu fui fazer uma comparação de preços. Ah, mas não tá com tanta diferença. E: Mas era mais caro? M10: Era um pouquinho mais caro, mas era um brinde que vale a pena. É um brinde legal, não é aquele brinde de... de tatuagem. E: E era legal mesmo. Quando você abriu a embalagem, ele era legal?

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M10: Ele é bem legal mesmo. Ela até, hoje ela nem está com essa bolsinha, mas ela colocou nessa bolsinha da Hello Kitty que ela ganhou. Então é um brinde bem legal mesmo. E: Compensou a compra? M10: Compensou. Ele é um brinde grande assim, é um, como se diz, um chaveiro. Bem bonito, vasado né. E: Que valeu a pena? M10: É, bem legal. E: E sobre dinheiro, ela ganha mesada? M10: A mesada dela, é a seguinte, hoje eu até acho que a mesada dela é pouca né, mas acontece que o meu filho, que é mais velho, ganhou cinco reais até os oito anos. E: Por mês? M10: Por mês. E como ela também não sabe lidar muito com dinheiro assim. Ele agora que ele ta ganhando quinze reais, e ele tem onze anos. E: E ela já reclamou, porque ela ganha cinco reais, né? M10: Já! Agora ela já reclamou. E: Ela quer um aumento? M10: É, daí agora eu to dividindo as tarefas em casa: ele seca louça, leva o lixo todos os dias, leva a cachorra para passear, assim. E: E agora ela ta ajudando para ganhar um dinheirinho? M10: Agora ela ta ajudando. Porque nós falamos, nós vamos aumentar, mas a mesada do seu irmão, quando nós aumentamos, ele começou a ajudar. E agora nós vamos ter que dividir. E: Então ela vai ganhar algumas tarefas, para ganhar um aumento? M10: É. E: E ela aceitou? M10: Assim, tá meio resistente, né. Nós estamos numa fase de implantação da coisa (risos). E: De negociação... M10: É, agora os dois estão de férias então um dia ele seca a louça e ela leva a cachorra para passear e tira o lixo. No outro dia ele leva a cachorra e tira o lixo e ela seca a louça. E: E ela vai ganhar quanto? M10: Aí vai ter que passar para dez, né. E: Vai dobrar. M10: Mas foi exatamente o que ele ganhou nessa idade. Porque quando você tem dois filhos, você tem que sempre, infelizmente, estar atento às fotografias, à filmagem, à festinha de aniversário, pra ter assim, bem equilibrado porque senão a criança vai crescendo e vai cobrando. ìAh, mas para mim você não fez assimî. E: Hã, hã. Fazer sempre uma coisa parecida. M10: É. E: E voltando a falar do dinheiro, quando ela vai comprar alguma coisa, ela olha o preço? Quando ela tá em alguma loja, por exemplo, ela... ele quer uma camiseta. Ela olha o preço e depois pede, ou ela vê e pede? M10: Não. Até esse casso da blusa de R$ 64,00, ela não olhou o preço. E: Ela primeiro pediu? M10: Primeiro pediu. Daí ela até falou: ìolha mãe que linda essa blusa, eu gostei, eu queriaî. Aí eu fui olhar o preço. Daí eu falei: filha, olha... você ainda não sabe quanto que é esse valor, mas é muito caro. E: Hum, hum. M10: Sessenta e quatro reais é muito caro. Daí outro dia ela tava comigo e que eu queria comprar um sapato, uma sandalinha que era R$ 45,00. E eu falei, olha a mãe não comprou aquele dia aquela sandalinha que era R$ 45,00, a mãe podia até ter comprado. Mas eu penso sempre, nós estamos construindo, então agora nós temos que dar prioridade para isso. E: Hum, hum. M10: Agora a gente primeiro tem que pensar na construção. E eu não preciso da sandalinha porque eu tenho outras. Então como você também não precisa agora da blusinha. Entende? E: Hum, hum. M10: Então eu procuro sempre... E: Fazer uma comparação? M10: É. E: E quando o dinheiro é dela, ela olha o preço? M10: É lá na praia, porque a gente sempre fica em dezembro na praia né, daí ela tava com o dinheiro dela. Então tem uma sorveteria em frente ao nosso prédio, e aí ela falava: ìai mãe, posso ir hoje lá?î.

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E eu, ìai filha, você tem o teu dinheiro né, então você tem que dar uma organizada. Ver quando você temî. Então quando não era um horário que a gente iria tomar um sorvete e ela queria tomar um fora de hora, então pega do teu dinheiro. E: E ela foi? M10: Daí ela é mais econômica, sabe (risos). E: Daí ela pensa mais? M10: Daí ela pensa mais. ìAh, então eu vou lá comprar um picoléî. Daí ela ia lá comprar picolé, porque o picolé era R$1,50, mais barato que o sorvete. E: E como ela faz com os produtos que ela quer? Como é que ela faz? Quando ela quer um brinquedo novo, que custa um pouco mais, ela viu, passou na tevê, ela quer... como ela conversa com vocês? M10: Que ela gostaria de ter. Ela nunca foi de fazer chantagem... nenhum dos dois. E: Ela só comenta, então? E se passa na tevê, ela chama você para ver? M10: Chama, chama. Mostra. Aí que aparece essa história né, ìai filha, mas isso não vai fazer assim, tu sabes que não vai fazer assim, ou tu não sabes que não vai fazer assimî. Né, eu explico para ela. É, daí tem a Polly que cai dentro as piscina, mostra uma Polly de todo o tamanho, e ela na verdade é toda pequenininha. Agora então irmão fica ajudando, vê, mostra para ela, ìai, mais isso não vai dar certo, não vai fazer assimî. E: Hum, hum. M10: Mas com ele também acontecia né. Que era o tal do Hot Wheels. E: E ela chega a fazer assim, ela pedi para um, depois para o outro. M10: É, agora, é recente isso, mas tá nessa fase assim. E: E ela pede primeiro para ele? M10: Foi o que ela falou né. Mas sempre antes era mais comigo. O irmão não, ele sempre foi muito comigo, ele fala mais para mim. E: E se um dos dois fala não, ela vai falar com o outro? M10: No caso dela, está acontecendo isso. Ela só vai atrás dele, ela está indo sempre atrás dele, agora. E: Porque é mais fácil conseguir o sim? M10: O sim dele é mais fácil. Que nem eu falo para ele, ele está numa fase de ser ìo bonzinhoî, o maravilhoso. Continuar tendo essa imagem do bonzinho maravilhoso, porque ele sempre foi, né. O pai é o maravilhoso, o bonzinho, sai no final de semana. E: É porque a mãe, você, está em casa quase o dia inteiro, né. M10: É. E: E sobre amigos, que a gente até já conversou um pouco sobre isso. Você acha que ela pede as mesmas coisas que as amigas têm? M10: Eu acho que isso é, já começa bem cedo né. O amigo tem uma força muito grande assim, infelizmente, porque eu acho terrível isso. E: Tá ficando mais presente isso agora? M10: Tá. E: Você tá percebendo? M10: Tá, eu acho. Eu acho que no menino não é muito, sabe. Aliás, se for comparar os dois, ele vestindo as roupas, ele nem olhava o que ele tava vestindo. E: Ela repara? M10: Tudo! ìImagina, isso aqui eu não queroî. E: E não veste? M10: Não veste! Quando eu comecei a faculdade ela tinha três anos e meio e um dia quando eu cheguei em casa tinha uma pilha de roupa no chão. Um monte de roupa no chão. Porque ela não queria essa roupa, não queria aquela, nem aquela outra... para dormir! E o meu marido ia tirando. ìEntão qual, filha, então diz qualî. E: Para dormir? M10: Para dormir! Então tu imagina para sair. E: E tevê, ela assiste todo dia? M10: Assiste todo dia. E: Muitas horas? M10: São horas variadas. Eu sempre falo para eles, a gente já veio morar numa casa para você aproveitarem lá fora. Então eu gosto que eles brinquem lá fora, joguem bola. Ou mesmo que joguem um joguinho, que fiquem ali na varanda, para pegar um ar fresco. E: Mas eles assistem?

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M10: Assistem, assistem. Assistem de manhã, daí tem um horário para ficar no computador, no máximo uma hora e meia por dia. E: Ela também usa o computador? M10: Usa. E: Ela usa Internet também? M10: Humm... joguinhos né. E: Internet ainda não? M10: Não. Às vezes ela entra no meu MSN para falar com as primas, ou com as minhas irmãs, mas no meu. Ela ainda não tem. Tá querendo ter....porque a amiguinha tem, a fulana tem. E: Aí já começa a comparar. M10: É, aí já começa. E: E ela assiste os comercias? Você percebe que ela assiste, ou que ela se distrai e não vê, ou troca de canal? M10: Não, eu acho que o comercial chama muito a atenção. E: Ela tem algum que ela comenta? M10: Ah, tinha esse aí que eu prestei atenção que ela ficava dançando, que era da Brandili. Assim, da Hello Kitty sempre né, tem algum, da sandalinha da Sandy. E: E ela chega a assistir e já chamar para ver? M10: Não, depois ela comenta comigo e fala que viu na propaganda. Daí às vezes eu até falo: ìah tá, então a hora que passar você me chamaî. E: Para você saber o que é também? M10: É. E: A última pergunta seria sobre a sua ocupação, mas como nós começamos falando sobre isso. Então essas eram as perguntas. M10: É, agora eu tô lá na Hering. E: Agora você cumpre horário lá? M10: Eu não preciso cumprir horário, porque é um projeto. Na verdade é a segunda vez que eu tô participando desse projeto, ano passado também participei. Então eu não cumpro expediente lá. E: Adorei a nossa conversa. Muito obrigada pelo seu tempo.

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Entrevista Criança 11 - Menina

Entrevistadora: Então olha só, eu queria conversar com você sobre compras, tá? Sobre um monte de coisa relacionada a compras. Assim, vamos falar de supermercado. Você vai ao supermercado junto com a sua mãe? Criança 1135: Sim. E: Sempre? C11: Não, às vezes é com o meu pai. E: Ah, é? C11: É. E: E você gosta de ir? C11: Gosto. E: Porque que você gosta? Porque que é legal ir no mercado? C11: Por causa que eu fico no carrinho, e aí eu fico ajudando. E: Você ajuda? C11: Depois eu compro coisas gostosas. E: O quê que você compra? C11: Hã, assim como... sucrilhos, sorvete e biscoitos. E: Qual o biscoito que você gosta? C11: Ah, outros biscoitos. Ah, e picolé. E: Picolé também? C11: É. E: E a tua mãe ou o teu pai, eles sempre compram quando tu pede? C11: Hã? E: Eles sempre compram quando tu pedes essas coisas? C11: Às vezes, mas quando eu não me comporto, não. E: Ah, quando não se comporta não? Daí você não ganha? C11: É. E: Senão você ganha? C11: Hum, hum (afirmativo). E: E você falou sucrilhos, né? Qual sucrilhos que você gosta? C11: Sucrilhos de chocolate, sucrilho do tigre voador, que ganha prêmio. E: Ah, que ganha prêmio? C11: É. E, só. E: E você gosta do prêmio que vem dentro? C11: Sim, é um tigre com uma asinha, aí joga que ele voa. E: E se não vier o prêmio dentro, você pede também? C11: Não, sempre vem prêmio. E: Ah, sempre vem? C11: Prá mim sempre. E: Hum. C11: Espera aí. E: Vai buscar? C11: Não, eu só vou deixar aí. E: Ah, tá! C11: Mas eu tenho um prêmio aqui. A asa tá aqui. E: Ah, essa é a asa? E salgadinho, você pede também? C11: Sim, tem um novo com prêmio que eu que é grande, e que eu adoro. E: Que salgadinho que é? C11: Ah, de um... ah... eu não sei o nome, mas tem o desenho de um espantalho nos milhos. E: Ah, tem o desenho de um espantalho? Mãe36: Fandangos. C11: E diz que, diz que você tem que ter muita sorte prá ganhar um celular. E: Ah, é? C11: Eu não consegui pegar o prêmio. É muito difícil. E: É difícil, né?

35 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C11. 36 Mãe da criança 11, identificada na transcrição pela denominação M11.

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C11: Eu já peguei um prêmio... não, é só adesivo, mas eu queria o celular. E: Queria o celular. Você não tem celular? C11: Não, eu tenho só telefone! E: Ah, é você queria o celular? C11: A minha mãe me deu um celular, mas disse que eu só posso ter celular quando eu me crescer... quando eu crescer prá... prá... prá não acontecer alguma doença, por isso. E: Hum, daí você não tem? C11: É. E: Deixa eu voltar lá no supermercado. Quando você tá lá e você pede alguma coisa, e daí a sua mãe fala que não: você pede de novo até ela comprar? C11: Não, se eu faço isso eles me botam de castigo. E: Ah.... C11: Por causa que eles não gostam que eu faça isso. E: Então quando eles falam não é não? C11: É. Não é não. E: Não é não. E no shopping você vai? C11: Vou, eu adoro. Eu vou nos brinquedos eletrônicos e vou lá trocar ticket. Mas agora eu só troco ticket quando e.... depois que eu vou lá... lá quando eu tiver mais ticket. Por causa que se eu não tenho tanto ticket eu não vou ganhar aquela arminha. É assim: se tem mais tickets vai pegar... você pega as coisas mais legais, os prêmios. E: Ah, você tá esperando ter bastante ticket prá pegar um prêmio legal? C11: É. M11: No boliche, né? E tu botas fichinha, ela joga e aí conforme ela desempenha no jogo ela ganha... E: Ganha pontos. E aí ela tem que esperar prá trocar? Mãe: É, se quiser. E: E qual que é o seu lugar preferido lá no shopping? C11: Ah, é o .... os tickets! E: Os tickets é o que você mais gosta? C11: É. E: E você vai bastante lá? C11: Vou. E: Toda semana? C11: É, eu vou quando eu quero! E: Quando você quer? C11: Só que é no boliche, e eu tenho que ir sempre com adulto. E: Ah, tá! E daí, com quem que você vai? Com que adulto? C11: Com o meu pai, minha mãe e às vezes o meu pai. Às vezes e minha mãe às vezes ou com as minhas amigas às vezes. E: Com as suas amigas também você já foi? C11: E com a mãe delas eu vou junto. E: Hum... C11: Ou com a minha babá junto. E: Ah, tá. E, tem alguma loja que você gosta de ir no shopping? C11: A Meninos e Meninas. Sempre tem uma novidade. E: Ah, é? C11: Mas eu devo de ficar na loja da minha mãe, por causa que eu também trabalho na loja dela. E: Você trabalha lá? C11: Sou analista de mercado. E: Que chique! E o quê que você faz? C11: Ah, eu olho as coisas e eu boto as coisas às vezes. E, meus amigos também trabalham lá. O Gabriel e o André. São gêmeos. E: Eles trabalham? C11: É. E: Eles fazem o quê? C11: É, o Gabriel ele já tá na 1ª série e agora ele vai prá segunda e aí ele faz, às vezes.... ele vai tentar desenvolver uma coisa prá comer. M11: Desenvolvimento de produto. C11: Porque eu não sei falar isso. E: Ahn. C11: E o outro como é pequeno, é o André, ele é só provador. Todo mundo é provador. Só que...

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E: E você também é? C11: É. Só que o André é só provador. A gente é dois, eu e o Gabriel somos duas coisas. E: Duas coisas e ele só uma? C11: É, por causa que ele é pequeno. E: Ele é pequeno! Hum. E, lá da Meninos e Meninas, que você falou que você gosta de ir. Você sempre pede alguma coisa prá comprar? C11: É, mas às vezes eles, os da Meninos e Meninas me dão uma coisa assim sem dá dinheiro. E: Ah, é? C11: Um filme.... sempre me dá coisas. E: E você sempre ganha alguma coisa lá? C11: Às vezes. E: E a mamãe também compra alguma coisa? C11: Hã Hã (negativa) E: Não? C11: Só de vez em quando que eu vou lá prá comprar alguma coisa. E: Você vai lá prá comprar alguma coisa? C11: Às vezes quando é, tem aniversário assim... E: Ah, quando tem o aniversário de algum amigo? É isso? C11: O quê? E: Quando tem que ir no aniversário de algum amigo da escola, coisas assim? C11: É, coisa assim. E: Hum! C11: O da minha prima. E: Ah! C11: A minha prima gêmea. a minha prima gêmea. E: Prima gêmea? C11: Ah, é a Júlia. Todo mundo que... ela saiu com a minha mãe às vezes, acha que a gente é gêmeas. E: Ah, vocês são bem parecidas? C11: É. Posso falar uma coisa? E: Pode. C11: Antes de terminar eu posso ouvir o que eu falei? E: No final? C11: É. E: Pode. Eu deixo. Depois eu coloco prá você ouvir, tá? No final. Agora eu quero falar outra coisa com você. Sobre marca. Sabe o quê que é uma marca? C11: É assim: marca de coisa, assim, de comprar? E: É, o quê que você acha que é uma marca? O quê que você entende? C11: Marca é, é assim: a marca de uma água. Tem muitas águas, às vezes são duas mesmas, só que tem marcas diferentes. E: Ah! É isso aí, você conhece marca! Então eu vou fazer uma brincadeira. Eu vou te dizer algumas coisas e eu quero ver se você sabe o nome de marcas desses itens que tem aqui. Por exemplo, assim, coisas de comer e coisas de beber. Sabes me dizer o nome de alguma marca? Coisas de comer ou de beber? C11: Hum, eu acho de algumas. E: Você sabe me dizer alguns nomes? C11: Alguns. E: Então você fala alguns que eu vou escrevendo aqui. Se você lembra assim, de alguma marca, de algum nome de coisas de comer ou coisas de beber. C11: Pode ser alguma coisa assim, de limpar assim? E: De limpar é depois. C11: Tá bom. Então, hum... deixa eu pensar...hum... E: Sucos, refrigerante, coisas de comer... C11: Eu estou pensando! Eu sei mais coisa de limpar. E: De limpar? Então fala. C11: É assim: é Bes... ai, eu não falar aquilo... é Bes... ai, é muito difícil de falar! É um limpador é, que é assim: aí você bota aí deixa um pouco, aí depois não precisa espalhar. Não precisa deixar de molho, mas eu não sei como falar. A marca, qual é o nome dele. É muito difícil. E: Aquele Bang? C11: É, o Bang.

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E: Hum, então tá, esse é de limpar. E de comer ou beber, você lembrou de algum? C11: Hum, deixa eu pensar... E: Esse Bang, onde é que você viu esse aqui, essa marca? C11: Eu vi na tevê. Mas é que não se tem outras coisas igual. Assim, por causa que ele é muito diferente. E: Hum, você achou que ele é um produto bem diferente? C11: É. E: E vocês tem ele aqui em casa? C11: Não, não, não. E: Não? Então tá. Então, de comer e de beber você não lembrou de nada? C11: Não. E: Então tá. E nomes de marcas de roupa? C11: Ah, eu lembro ... M11: Da roupa, qual que é? C11: Ah, é assim, coisa de limpar a roupa. E: De limpar a roupa? C11: De limpar. É, é. É só que é um pó, só que eu não lembro. Ele deixa as roupas mais brancas ou as rosas. Pode botar tevê? Isso eu vi na tevê, a tevê me ajuda a lembrar. E: A tevê te ajuda? C11: É. E: Mas e as roupas que você usa, você não lembra o nome de algumas? C11: Hum, hum... me deixa pensar. M11: Que roupa tu botou ontem? C11: Ah, eu botei esse short aqui, uma blusa verde aqui e apertado. Ah não, não foi, não foi, não foi. Hum, era um short verde com desenho e a blusa eu não me lembro. M11: E o short era o quê? Da... C11: Barbie. E: Ahn!!!! Esse é o nome da roupa! C11: Mãe, liga a tevê? M11: Não sei tia Pri, o que tu acha? E: Eu não sei se tu vai conseguir responder vendo tevê! M11: Quem sabe experimentar responder, daí acaba logo e tu vê o programa. C11: Não mãe, eu vou conseguir! E: Vai prestar atenção? C11: Vou. E: Como? Como é que você vai prestar atenção lá e aqui? C11: Eu vou conseguir. M11: Eu não sei... E: Vamos tentar fazer assim prá tentar mais rápido? C11: Na, hum hum (negativa). Mãe: Só uma pergunta sem a tevê então, vai! Vamos ver. C11: Uma! E: Tá, me falasse de roupa. E de tênis? Conhece alguma? C11: Ah, eu sei: o tênis sobre rodas! E: Tênis sobre rodas? C11: É. M11: Aquele tia Pri. C11: Esse eu sei. E tenho. E: Ah, você tem? C11: Ah, e tem outro que é skate tênis. E: Skate e tênis? C11: É. E: Esse eu não conheço. E, vamos ver aqui: brinquedos. C11: Brinquedos? E: Ih, é só olhar pro lado aqui! C11: Hum, brinquedo. Tem o Go go Ball, que eu tenho. E: Go go Ball? C11: É. E: E o quê mais? M11: Go go Ball é o quê filha, é a bola que explode ou a bola de pular?

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C11: A bola de pular... da Barbie. E: Ah, da Barbie! C11: Eu tenho um, tá ali, ó. E: Ah, essa ali? M11: Jump Ball. C11: Ah, é jump ball, então. E: Que mais? O quê que você mais gosta? O que você mais brinca? Os seus brinquedos preferidos assim? C11: As minhas bonecas, que eu brinco bastante... E: Qual? C11: Boneca. E: Boneca? C11: É, boneca Disney. E: Ah, bonecas Disney! Que mais? C11: Ah, deixa eu pensar. Ah! De fantasia. E: De fantasia, você gosta? C11: É, fantasia. E: Esse castelo aqui, é de quem? C11: Meu. E: É? Mas é de alguma boneca também? C11: É, é da, da água dos cisnes, só que eu posso fazer de qual boneca eu quiser. E: Hum, e essas bonecas aqui, quem são? C11: Essa é a Aurora, que chamam de Bela Adormecida e a outra é A Bela e a Fera. E: São da Disney essas bonecas? C11: São. Ah, essa é outra A Bela e a Fera. E: Tudo da Disney. C11: É que ela ta de outra roupa. Ah, e eu tenho a da Branca de Neve, eu tenho a Branca de Neve Bailarina e a Aurora Bailarina. E: Bailarina? Tem duas bailarinas? C11: E a Ariel, duas Ariel: uma antiga e uma nova. E: Quanta boneca, né? C11: Eu sei. Ah, e a Cinderela... E: Ah, a Cinderela! C11: Que ela é morena. Ela é uma morena, ela tem um vestido que brilha com um sapato brilhando também. E: Tudo brilhando? C11: É. Que vem com uma varinha mágica. E: Ah, o quê que a varinha faz? C11: Ah, nada. E esse tem outra varinha que ela fala e faz, e faz jogos. E: Jogos? C11: É. E: Que jogos que ela faz? C11: Ah, não sei, isso eu não sei. E: E outras marcas agora, tá? De produtos assim, de higiene pessoal. O que é? Pasta de dente, xampu. C11: Os Cresci... Os Crescidinhos. E: Ah, você usa? C11: Não, eu vejo na tevê. E: Ah, você vê na tevê, mas você não usa? C11: Não, eu não tenho. E: Qual que você tem? C11: Hum... E: É a sua mãe que compra ou você que escolhe? C11: A minha mãe, por causa que ela sabe disso, mas às vezes eu ajudo. E: Às vezes você ajuda? C11: É. E: E como é que você escolhe? C11: Eu escolho... ah, isso... e tem também aquela coisa do Bob Esponja... de sabor de Chantilly. E: Hum Hum C11: E, como é mesmo?

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E: E pasta de dente, qual que você usa? C11: Ah, a pasta de dente que eu uso é do Bob Esponja. E: Ah, do Bob? Você que escolhe? C11: Sim. E: É? E se não for a do Bob, se for uma outra, pode ser também? C11: Pode, mas não da Barbie, a da Barbie arde. E: Ah, não a da Barbie? Você já experimentou e não gostou? C11: É. Mas e daí eu não vou usar mais. E: Hum, essa você não pede mais, né? E: Então eu vou continuar aqui. E de roupas? Quem, é que escolhe as suas roupas, você ou a sua mãe? C11: A minha mãe é que escolhe às vezes, eu falo se tá bom ou não, e depois eu falo: não! Sim! Não! Sim! E: Ah é? E prá comprar? C11: Prá comprar? E: Na loja? C11: Prá comprar? Às vezes ela vai sem mim, às vezes eu vou com ela, porque aí eu escolho. Aí eu não preciso devolver nenhuma. E: Ah, senão você devolve, se você não gostar? C11: É. E: E onde é que você gosta de ver roupa? Qual a loja? C11: Ah, tem muitas! Tem muitas! E: Me diz algumas assim... C11: Hum, a C&A, a como é mesmo? Não me lembro do nome, mas eu vou perguntar prá minha mãe. Mãe, lembra o nome daquele que é assim, ó? M11: A Renner? C11: É, a Renner. E: Você vai lá comprar roupa? C11: Sim. M11: E tem a da tua amiga, né? Hã? C11: Hum? M11: A loja da tua amiga. C11: É. E: Qual que é? M11: É impossível de pronunciar. C11: Ah, não sei. E: Serendipity? M11: Quando ela foi lançar a loja né? Meu Deus, nenhuma criança vai falar isso? E: Não vai falar esse nome, né? E o quê que uma roupa legal prá você tem que ter? C11: Hum, uma roupa legal? C11: Não pode espetar né? C11: Hã? M11: Não pode espetar e nem beliscar. C11: Mãe, porque que eu não entendi muito bem... C11: Porque quando aperta, belisca, tu diz: ìai, não vou usarî E: Ahn! Mas como é que ela tem que aparecer, como é que é a aparência dessa roupa legal assim? C11: Ai, isso é um pouco impossível, tem muitas roupas. E: Bastante roupa? C11: É. E: E, você gosta que venha desenhos na roupa? C11: Às vezes sim, às vezes não. E: Não? E se for assim, da Barbie, das Meninas Superpoderosas? C11: Aí sim, aí sim! E: É? E você tem bastante roupas assim, com esses desenhos assim? C11: Hum, mais é.... eu tenho bastante. E: Tem bastante? C11: É. Mas algumas de ficar de casa, é... é... algumas mais assim, é sem desenho. E: Sem desenho? E, a embalagem? Quando você tá lá no mercado assim, você olha a embalagem dos produtos? C11: Humm, sim.

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E: É? E o quê que chama a atenção prá você? C11: Se ela tem desenhos ou se ela é da Barbie. E: Ah, se ela é da Barbie? C11: Ou se tem Hello Kitty. E: Você gosta? C11: É, mas eu, porque um dia eu vi uma menina com uma bolsa que é da Hello Kitty, que ela ia comprar, só que tinha chocolate com leite. E: Ah, e você não pode comer? C11: É. E: Mas daí se não fosse o chocolate, se fosse outra coisa você ia querer a bolsinha? C11: Sim. E: É? E quando tem essas coisas no mercado assim, que aparece a Hello Kitty, a Barbie, as Meninas Superpoderosas, esses personagens que você gosta assim, a sua mãe compra? C11: Depende, se faz bem prá mim ela compra. E: Tem que fazer bem? C11: É. E: Já que a gente está falando desses personagens assim, né, qual que é o seu personagem preferido? De desenho, de filme, essas coisas. Qual que você mais gosta? C11: Ah, isso é difícil, tem bastante. E: Então fala alguns prá mim. C11: Tem a Lara Groft... E: O quê que é isso? C11: Ah, é de um filme. E: Nossa! Esse nome é complicado! M11: É um filme de ação. E: Que mais? C11: Hum, deixa eu pensar! Hum, eu acho que não vai dar prá falar, tem muitos filmes. E: E você falou antes ali a Hello Kitty, você gosta dela? C11: Sim. E: É? E você tem coisas assim, da Hello Kitty? C11: Mais ou menos. Ah, tem algumas. Ah, ali tem uma caixa da Hello Kitty com a cara da Hello Kitty. Uma das bonequinhas dela. E: E quando você quer alguma coisa, né? Como é que você faz prá pedir prá sua mãe? Quando você quer um brinquedo que passa na tevê, alguma coisa assim, como é que você faz prá pedir? C11: Eu vou pedir aí ela fala prá botar na data. E: Prá você escolher quando você quer ganhar? C11: É, prá botar na data e aí ela bota na data. E: Aí você ganha? C11: Às vezes eu ganho, às vezes não ganha, às vezes consegue na próxima. E: E quando vocês estão vendo tevê juntos e aparece alguma propaganda assim. Você mostra prá sua mãe, ou se ela não tá você chama ela prá ver? C11: Eu chamo ela prá ver assim: ìMamãe!î E: E ela vem? C11: Sim. E: É? E daí como é que é, você mostra e daí o quê que ela fala? C11: Hum? E: E daí você mostra o comercial prá ela e como é que ela fala? C11: Hum. E: Ela acha legal, ela comenta alguma coisa? C11: Aí ela fala: que legal. E fala prá botar na data. E: Já que a gente tava falando de tevê assim, né, você assiste muita tevê? C11: Muito, muito, muito. E: Todo dia? C11: É. Todo dia. E: É? E você assiste os comerciais que passa na tevê? C11: Os comerciais eu vejo... eu vejo sempre, mas o meu pai sempre que eu to com ele, ele quer botar no dele. E: Ah, no canal dele? C11: É. E eu também tenho um jornal. E: Jornal? Que jornal que você assiste?

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C11: Ah, o jornal de criança! E: Ah, é? C11: Tem na Net. E: E você assiste? C11: É, é bem legal! E: Em que canal que passa? C11: Na Nick. E: Na Nick? C11: Na hora do almoço. E: Hum, e essas propagandas que passam, que você falou que assiste, né? Qual que você mais gosta de ver? Você tem alguma preferida? C11: Hum... E: Não? E você acha que sempre que aparece uma propaganda, ela sempre fala a verdade prá você? C11: O quê? E: A propaganda, quando passa comercial que você tá assistindo assim, né? Eles sempre falam a verdade? C11: Não. Às vezes não, às vezes sim. E: É? Porque não? C11: Ah, eu não sei. E: Não sabe explicar? C11: Não sei. E: Hum. Agora deixa eu te mostrar esse desenho que você tinha perguntado antes. Olha só: essa aqui é a Nina. A Nina tá fazendo aniversário de 8 anos e a mãe dela falou que ela pode comprar alguma coisa prá ela. Se você fosse a Nina, o quê que você iria fazer? Onde você iria comprar, o quê você iria comprar? C11: Eu iria comprar, espera, eu ia comprar um brinquedo. E: Onde? C11: Na Meninos e Meninas. E: Qual brinquedo? C11: Ah, uma coisa bem legal. E: É? O quê que é bem legal prá você? C11: É uma boneca, um boneco, ou o Max Steel. E: O Max Steel? E você gosta? C11: Gosto! E: E você tem? C11: Só que o meu é velho, por causa que o meu primo deu. Por causa que o meu primo deu, por causa que ele não brincava mais. E: E ele deu o dele prá você? C11: É. E: E você brinca? C11: É. E: Então, você ia na Meninos e Meninas comprar um brinquedo? C11: É. E: Isso? C11: É. E o que a Nina comprou? E: A Nina? Ah, então, era uma brincadeira: você se coloca no lugar da Nina e diz como é que ela vai resolver o problema. Então a Nina vai lá na Meninos e Meninas comprar um brinquedo. Ela vai fazer aquilo que você sugeriu. É isso. Tá quase acabando, só tem mais uma coisa que eu não perguntei prá você, se você ganha mesada? C11: Tá bom. E: Ganha? C11: Sim. E: Quanto? C11: Hum? E: Quanto que você ganha? C11: Uma que eu já ganhei? E: É. C11: Ah, foi uma de ginástica olímpica. E: Ah, tu entendeu medalha...

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C11: Só que aí eu não fui mais. E: Hum, mas eu acho que eu me confundi na hora de falar: se você ganha mesada. Algum dinheirinho que a sua mãe dá assim, por semana ou todo mês... C11: Ah! Quando? E: Você ganha algum dinheirinho assim, da sua mãe ou do seu pai? C11: Sim. Ô manhê, alcança o meu cofrinho. M11: Tem que trazer um novo cofre. C11: Mas não trouxe o novo? M: O último que tu depositou lá, que tu abriu... o papai levou prá depositar terça-feira, tu lembra? C11: Não. M11: Tu não te lembra? Deu R$ 36,00. C11: Ah, eu quero tirar hoje também! M11: Tirar hoje! C11: É. Prá comprar uma coisinha. E: Que coisa? C11: Ah, uma coisinha, um brinquedo. E: Que brinquedo? Tem tanto brinquedo aqui! C11: Ah um brinquedo... um brinquedinho, um brinquedinho pequeno. Um brinquedinho da loja da tia Célia. E: Um brinquedo barato? C11: É, só que a loja da tia Célia é um pouco cara! E: O quê que é caro prá você? C11: Mas eu ia comprar uma coisa cara. E: Mas o quê que é caro? O que você acha que é caro? C11: Ah, as coisas mais legais são as coisas caras. E, pensando melhor, eu ia ir prá outra loja. E: Que loja? C11: Ah, a loja Meninos e Meninas. E: E lá tem coisa barata? C11: Não. Eu ia ser muito eu ia comprar alguma coisa. Mamãe? Pode tirar hoje, do banco? M11: Banco, prá quê que é o banco? C11: Para botar, e o dinheiro crescer. M11: É, e aí o quê que tu vai fazer quando o dinheiro crescer? Onde é que tu vai? C11: Vou lá comprar um presentinho! M11: Não era para você ir na terra do Mickey? C11: Mãe, um pouquinho! Um pouquinho, tá bom? Mãe: Um pouquinho tem que esperar o outro cofrinho daí. C11: Mãe, eu quero pegar o meu cofrinho, eu vou pegar a minha poupança prá eu comprar um brinquedinho. M11: Daqui a pouco tu vai ganhar o teu salário lá da loja, e aí com um pouquinho tu compra um brinquedo, e um pouquinho tu bota prá render na tua poupança. C11: Tá bom, mas eu vou comprar uma coisa caríssima! E: Porque que você quer uma coisa caríssima? C11: Porque as coisas mais caras são as mais legais! E: E você quer uma coisa bem legal? C11: É. M11: Olha, essa tua bóia não é legal? C11: É. M11: E essa não foi cara! E: Mas eu quero uma outra, mas eu quero uma coisa caríssima agora! C11: E você sabe o que você quer? E: Não, eu vou ver lá o que tem de legal. E: Hãnn!!!! C11: Hoje eu vou prá loja, mamãe? M11: Depois nós vamos. C11: Aí você pode me dar, prá eu comprar uma coisinha? M11: Eu não sei se hoje é dia de comprar, né? C11: Mãe, por favor, com a minha poupança sim! M11: Não, mas hoje não é dia de comprar, lembra? C11: Mãe, é só uma coisinha e é com o meu dinheiro! M11: Ontem tu já comprou um brinquedinho do Mac.

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E: Foi você que comprou? C11: Foi, mas eu quero uma coisinha, outra coisa! Um Mc, mais um Mc. Sabe como? M11: Só o brinquedo37. C11: É o brinquedo! Pode? Pode? Pode? Pode? M11: Só o brinquedo pode. C11: Oba! Eu vou pegar, eu vou ganhar, eu vou pegar o Mc! E: E o Mc, é caro ou é barato? C11: Não é tão barato, é um pouco caro. E: É um pouco caro? E quando você vai lá na Meninos e Meninas e você gosta das coisas, você olha o preço das coisas? C11: Hum, hum (negativo). E: Não? C11: Não. Por causa... E: E como é que você sabe se o seu dinheirinho vai dar? C11: Ah, eu pergunto. Só que daí eu fico triste às vezes. E: Porque fica triste? C11: Por causa que eu queria que depois eu supero. E: Você supera? C11: Depois eu paro. E: Deixa eu fazer um jogo bem rápido com você. É assim ó: eu vou dizer algumas palavras, eu vou sempre dar duas opções e você vai me dizer qual que é mais importante prá você, tá? C11: Tá bom. E: Eu dou duas opções. É assim: se sentir confortável ou se sentir bonita? C11: Se sentir confortável. E: Beleza ou preço? C11: Preço. E: A opinião de um amigo seu, de uma amiga sua, né, ou a opinião dos seus pais? C11: Dos pais. E: A sua opinião, ou a opinião das suas amigas? C11: Hum... essa daí vai ser difícil por causa que nós, nós todas, é a opinião de nós todas. E: De vocês todas? Se divertir ou aprender? C11: Hum... aprender. E: Amigos ou brinquedos? C11: Amigos. E: Ir no shopping ou ir prá praia? C11: Shopping. E: Brincar com os amigos ou sair para comprar alguma coisa nova? C11: Amigos. E: Ter um estilo próprio, um jeito só seu ou ser igual aos seus amigos? C11: Um estilo próprio. E: Quê que prá você é ser criança? C11: É... não entendi. E: O quê que prá você é ser criança? C11: Prá mim ser criança? É... hum... ser amada. E: Ser amada? C11: Mãe, vamos sair logo. Eu quero pegar o Mc! E: Ó, o último desenho, daí acabou. Essa aqui é a Ana e essa aqui é a família da Ana: o pai, a mãe, o irmão, a irmã e o cachorro. C11: E cadê a Ana? E: Essa aqui é a Ana. Essa aqui. C11: Não é aquela outra? E: Essa aqui é a Nina. C11: É, mas eu me confundi. E: É, mas essa aqui é a Ana. A família da Ana tá trocando de carro. Se você fosse a Ana, como é que você poderia ajudar essa família a trocar de carro? Aonde é que vocês acham que vocês poderiam ir? Ou que carro comprar? C11: Eu acho, hum. Um carro com tevê. Um carro com tevê!

37 O McDonald´s vende separadamente, sem a compra do lanche, o brinde que acompanha o McLanche Feliz.

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E: Um carro com tevê? E você já viu isso em algum lugar? C11: Já. Mostrou na tevê. E a minha prima tem. E: E aí você queria um desse? C11: Não, ela colocou. E: E você acha legal? C11: Sim. E: E aí eu posso assistir tevê. Lá dentro do carro. E: Então é isso ! Viu, nem demorou tanto, né? C11: Acabou? E: Acabou. Muito obrigada, você me ajudou bastante.

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Entrevista Mãe 11

Entrevistadora: Então é assim, são quase as mesmas perguntas dela, seguindo a mesma linha. M11: Hã, hã. E: Então com relação ao supermercado, você leva a sua filha junto? Pra fazer as compras? M11: Levo e inclusive ela leva o carrinho dela, né? E a gente às vezes tenta fazer uma lista com a própria letra dela. C11: A minha é letra não é cursiva. E: Mas essa lista é de coisas prá casa, ou de coisas só prá ela? M11: Hã...uma mistura. C11: Eu vou só para comprar. M11: E quando ela pára na frente da prateleira, né, eu assim, ah, vou comprar arroz: a gente tenta que ela veja os preços, prá ver qual é o mais barato, né? E: E ela consegue ver? M11: Mais ou menos. Ainda mais pelo mercado que é pequeno, né, e quando tá na prateleira é difícil. A visão dela é difícil também. E: Hum Hum. A altura... M11: É... E: ... prá chegar a ver esses produtos? M11: É. Mas assim, é mais pela questão do condicionamento, né, da conduta, né? E: E ele leva, tá, o carrinho dela, mas nesse carrinho é para colocar todas as coisas ou só as coisas dela? M11: Não, as coisas dela. E: As coisas dela. E o que é que ela compra? M11: Ela compra um Fandangos, hã..., daí ela pega mais bolachinha salgada, que ela tá habituada, né? Hã, outra que ela se interessa assim, é uma que parece docinha assim, mas não tem recheio, com um desenho... E: Passatempo? M11: Passatempo. E o, aí vai pro Sucrilhos, mais isso assim. E: Ela ganha bastante coisa? M11: Suco, Kapo, né? Mas daí a gente sempre negocia prá ficar um só, né? E aí agora ela sabe que ela só pode tomar suco de fruta e água senão dá celulite. E: Ela não toma refrigerante? M11: Agora a gente conversou prá não, né filha? C11: O quê M11: Nós conversamos prá não tomar mais refrigerante, né? C11: Sim. M11: Faz mal prá saúde. E: E quando você vai com ela no Mc, ela não pede um refrigerante? M11: É, agora tá mais fácil, né, porque eles desvincularam essa coisa do brinquedo, né? Não precisa mais comprar o lanche para ganhar o brinquedo. Você pode ir direto lá e comprar o brinquedinho. Então, a idéia da gente é realmente fazer aquela coisa assim, mais, salada, maçã, né? E o... E: Brinquedo? M11: Hoje em dia a gente já troca a batata pela cenoura. E ela gosta. E: Não pede mais? M11: Não pede mais batata. E: E no mercado, tu falasses em sucrilhos ali. Tem que ser sempre da mesma marca? M11: Não, ela gosta muito daquele Nescau Cereal e quando não tem daí tipo assim, brinde em outros, né? Senão é aquele básico com açúcar, né? O flocos com açúcar e o Neston Cereais. E: Mas ela, quando vê que tem uma outra embalagem com brinde dentro... M11: E aquele outro que é colorido, sabe? E: Floop, uma coisa assim. M11: Isso. E: E se ela vê um outro que tem um brinde dentro... M11: Daí ela quer. E: Aí tem que ser aquele? Aí você leva? M11: Não é que tem que ser, né? Se é muito caro a gente explica, tal, ela entende. E: Mas geralmente ela ganha?

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M11: Não, não, não sempre. Tinha um lá que tinha um brinde bem ruinzinho dentro, aí eu mostrei prá ela o preço, que eu poderia comprar o Nescau Cereal mais o outro que ela queria, né? Ou esse Floop que é caro, que não é sempre que a gente pega, né, que é bastante corante, né? E... E: Dá prá negociar? M11: Dá. Tranqüilo.Mas tem que dizer a razão. Né? Não... E: E, geralmente não diz não por não? M11: Não. Não por não até porque não é meu feitio. Né? Então, mas assim, se tu fala, explica, tranqüilo. Aceita... E: E quando ela não vai junto? Do mesmo jeito vocês trazem coisa prá ela? M11: É, eu sempre mantenho, até porque ela come pouco doce, né? Eu sempre mantenho essas coisas: o Nescau Cereal, essas... Sucrilhos... isso é o básico assim, né? E: Faz parte da... M11: É, muito mais do que o salgadinho, é eventualmente, mesmo quando ela tá junto, às vezes não. Normalmente não. M11: E o, e aí a bolacha também, ela não tem assim, bolacha doce, né? Aí então, que essas coisas assim tipo Maisena, Bolacha Maria... E: Não gosta? M11: Então... E: Bom, e a questão do shopping. Ela vai muito no shopping, né? M11: Vai porque a gente tem loja, né? Então, é legal ela conviver, eu acho, com as coisas que oferecem prá saber que às vezes, né? Às vezes pode, não é sempre que pode não, né? E: Mas ela está habituada a ir desde criança, desde pequenininha, né? M11: Bebê, desde bebê. E: Vai sempre? M11: Vai sempre. E: Ela já, ela já chegou a circular sozinha pelo shopping? M11: Não. E: Isso nunca, sempre com adulto? M11: Sempre com adulto porque inclusive o shopping não é um ambiente próprio prá criança, né? Eu diria que não é próprio nem pra, prá 12, 13 anos. É bem complicado o convívio no shopping. Fora que é muito perigoso, que quem conhece a estrutura do shopping com as docas, com tudo, é muito perigoso. E: Ela costuma ir sempre com alguém do lado? M11: Sempre com alguém. E: E quais são as atividades de lazer ou as lojas preferidas dela no shopping? M11: São as lojas de brinquedo, né? Tem a Meninos e Meninas, agora tem a Game Land embaixo. Então ela sempre pede prá ir numa e ir na outra, né? E basicamente é a Meninos e Meninas. Ela senta, brinca, às vezes eles têm coisas prá criança, tem aquela mesa com desenho, então eles dão atenção, né? Então eles realmente eles dão presente prá ela, né? Não é... aí eles... E: Hum Hum (afirmativo). M11: Né? Então é uma coisa assim que agora mesmo ela recebeu um brinquedo de Natal que é um de fazer roupas, de estilista, assim, né? E: E ela ganhou? M11: Ela ganhou deles. E: É que ela freqüenta bastante? M11: É, porque a gente tá sempre lá, né? Então... E: E ela mencionou também a parte de brinquedos, de eletrônicos. M11: Hum Hum (afirmativo). E: Ela vai com muita freqüência? M11: Hum, como assim? E: Ali a parte de jogos e na de fichas. M11: Ah, não. Ela começou a ir agora. E: Ela vai toda semana, não? M11: Antes era o parquinho, uma vez por semana, né. Ali o labirinto e o cinema, que ela gosta. Aí quando vai no cinema não vai no parquinho. E aí agora, a outra vez que a gente foi que tinha essas brincadeiras, né? Mas lá é muito cheiro de cigarro, um ambiente assim bem...(na aérea dos jogos com ficha). E: Não vai muito ali, então? M11: .. nocivo assim, né? E: E no parquinho ela continua indo?

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M11: No labirinto sim. E: E isso é toda semana assim? M11: Não. Não é uma obrigatoriedade assim. Às vezes passa um mês que não se vai. E: Hum Hum. M11: Né? Até porque ela gosta de ir com outras crianças junto assim. Então, se a gente chega lá e não tem... E: Aí ela não se interessa? M11: Não. E: É, falando um pouquinho das marcas, né? Que às vezes ela não lembra, mas ela costuma pedir alguma coisa pelo nome de marca? M11: Sim. Em termos de brinquedo? E: De brinquedo, de roupa, de tudo. M11: Sim. Polly, Barbie e esse Max Steel ela gosta bastante, Hot Wheels ela gosta bastante. Ela convive muito com menino, né? E: Hã Hã. M11: E videogame a gente conseguiu segurar, ainda não tem, né, então, é só Cd-room, que é diferente. E aí roupa ela identifica quando ela entra, por exemplo, na C&A é Barbie. Quando entra na Renner é Polly, né? E: A roupa da Polly? M11: Roupa da Polly. E: E ela pede? M11: Quando ela vê. Sim, né? Então, mas não, ela não é muito ligada em roupa. E: Mas se você comprar uma e ela não... M11: Não se importa. Tanto que eu vou... o básico mesmo dela é o quilo das Malharia Cristina. Aí lá tem a Hello Kitty, né? Aí assim de tipo, 10 peças, uma camiseta é da Hello. E: Da Hello Kitty? M11: Hã Hã. Assim. E: E se ela não gostar ela vai usar? M11: Não, mesmo que seja da Hello, da Barbie ou da Polly, se ela não gostar, se sentir alguma coisa que pinica ou é apertada, ela não bota. E: Ela escolhe, mas ela escolhe dentro daquilo que você mostra, então? M11: Hum, hum (afirmativa). E: E, por exemplo, a Lilica, ela tem alguma coisa? M11: Tem, mas não se chama assim. Ela gosta ali do site, né? E: Hum Hum M11: Mas assim, quando tá lá dentro ela gosta do ambiente e aí ela quer ficar rolando assim, brincando ali. E: Mas ela não pede pela roupa da Lilica? M11: E aí ás vezes até eu quero que ela experimente alguma coisa e ela não quer experimentar porque é um local assim, bem lúdico e ela não sente... ela não quer experimentar por causa que tá ali, entendeu? Ela é muito de levar e depois voltar... E: De experimentar em casa? M11: Mesmo experimentar em casa é difícil assim, ela demora. Agora mesmo ela ganhou bastante roupa de Natal, ela levou quase duas semanas, né... E: Prá provar todas as roupas? M11: Prá querer provar! Aí ela brincou, um dia deu vontade, ela experimentou, mas ainda ficou assim, umas quatro peças sem experimentar, né? E: Se não dá vontade, também não vai forçar? M11: Ela é muito assim. E: E na embalagem de produtos, né, você acha que ela é influenciada pela embalagem? Alguma coisa que chama a atenção dela? M11: Pelo colorido, pelo personagem. Né? E: É o personagem que chama a atenção? M11: É. Entre, assim, uma cor chapada, né, um laranja, pink, verde pistache, coisa assim, ou que tem o personagem, daí sim. E: Ela pede muitas coisas que aparece o personagem? M11: É, quando ela vê, sempre se interessa, né? Digamos que 70% das vezes ela pede. Mas ela aceita que ah, é muito caro ou, né? E: Mas chama a atenção dela. Ela vai até o produto? Ela manuseia o produto? M11: Sim, sim.

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E: Chama a atenção. Saberia me dizer qual é o personagem preferido dela? M11: Em termos de produto? Hã, depende né, porque é bem assim segmentado. Digamos, roupa, né? Barbie e Polly. Na parte de higiene é Bob Esponja, né? É, alimentação não é assim. E: Não prende muito? M11: Não. Não até porque talvez ela tenha que condicionar prá saber se pode ou não pode, né? (A criança tem intolerância a lactose). Então, não é quero, né? E: E promoção, né? Ela é influenciada por algum tipo de promoção? M11: Sim, desses concursos de ìresponda uma perguntaî, como tem na Discovery, né? A da Little People, né? E: Ela participa? M11: Hã Hã. Ela pede sempre para participar, né? E: Hum Hum. M11: Essas coisas que tem que botar nome, endereço, assim, CPF. Quando eu entro na Internet que tem que preencher tudo isso aí eu não preencho. E: Não? M11: Porque a gente... ela sabe que não pode pôr nome na Internet, né? Então... E: Ela já estaria quebrando a própria regra? M11: Hum Hum. A própria regra, né? Então a gente não entra. Então, é com promoção desse gênero, e ainda assim: promoções que permitam colocar só dados do pai, né? Ou da mãe, tudo bem, mas quando entra perguntando idade e coisas... E: Da criança, não? E uma promoção, mais em ponto de venda, né? Que vem com um brinde ou que ganha dois ou que tem alguma coisa? M11: Não que venha dois, de brinde. E: Brinde chama a atenção? Ela trocaria de marca por causa do brinde? Você acha? Uma marca até desconhecida dela? M11: Sim. E: Um chocolate desconhecido? M11: Sim, sim. E: Chama a atenção mesmo? M11: Se o brinde for um brinquedo, né? E: Tem que ser um brinde que seja atrativo prá ela? M11: É, um brinquedo. Senão... E: Se for uma pulseirinha, uma correntinha, nunca chama a atenção? M11: Talvez pela faixa etária e pelo estilo, né? Que é mais despojado assim, mas senão... E: Ela sempre pede brinquedo? M11: É. E: E falar um pouquinho de preço, né? A questão de mesada38, que a gente já tava até conversando antes, né? (em off). É, vamos aproveitar muito do que a gente já conversou. Ela sabe o preço dos produtos quando ela compra alguma coisa? M11: Não, eu que alerto ela, né? E: Mas ela sozinha... M11: Não. E: Você falou que ela ganhava R$ 15,00 por semana, né? E agora? M11: Agora não. E: Hum Hum. M11: Agora a gente quer voltar, tanto que ela nem fez o cofrinho ainda, né? E: Hum Hum. E ela ganha algum dinheiro assim de vô, de tio M11: Hum Hum (afirmativo). E: Ganha? M11: Só da vó. E: Muito? M11: R$ 50,00... E: Ela entende o valor desse dinheiro? O quê que ela faz com esse dinheiro?

38 Sobre a mesada: Em conversa sem gravador, quando a entrevistadora estava se dirigindo a casa da entrevistada, em companhia da mesma, foi conversado sobre a mesada da filha. A mãe dá R$ 15,00 por semana, dividido em três notas de R$ 5,00. Sendo assim, um terço é para a criança gastar como quiser, um terço para colocar no cofrinho para uma eventual compra futura, e um terço é destinado a caderneta de poupança. A criança também mantém um cofre para moedas que, quando encher, o dinheiro vai para o banco.

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M11: Hã, ela vai onde ela tem algo que interessa, né? Daí ela normalmente resolve comprar um lanche, gasta... E: Gasta tudo? Quando é dinheiro assim, gasta tudo? M11: É. Quando é da vó sim. Daí até eu não cerceio assim porque não, normalmente é uma nota só, né? Então tá, é um presente, um presente, deixa... E: Deixa gastar esse presente e pronto? M11: É. Hum Hum. E: E qual que é a periodicidade dela ganhar esse dinheiro assim? M11: Ah, não. Não tem. E: Depende, não? M11: Não tem, não tem. E: Vai ali, viu ela... M11: Não, é uma coisa muito esporádica. Que aconteça cinco vezes num ano, sabe? E: Hum Hum, mas a questão, veio visitar, alguma coisa e dá um... M11: Hum Hum (afirmativo). E: Você acha que ela tem noção do quê que é caro e do quê que é barato? M11: Ela tem noção do tamanho do volume do pacote. E aí, por exemplo, tem coisas da Polly, mesmo que não é um pacote tão grande, mas é caro. Aí é difícil. Às vezes uma caixinha pequena é R$ 52,00, R$ 60,00 ou R$ 49,00. E: Prá ela o mais caro seria o maior? M11: É. E: É essa a associação que ela ainda faz? M11: É. Tamanho. Volume, né? E: Quando o dinheiro é dela, esses R$ 50,00 coisa assim, ela olha o preço ou ela deixa você fazer a... M11: Não, ela vai comprando e ela me pergunta. E: Se dá o dinheiro? M11: É. E: Mas ela se interessa em saber quanto que vai sobrar ainda... M11: Hum, hum (negativo) E: Vai gastando... E como é que ela conversa com você sobre algum produto que ela quer? Como é que é a abordagem dela? M11: Ela normalmente chama quando vê a propaganda na tevê, ou ela mostra quando ela vê na loja. Mas não que a gente vá lá, que ela lembre de pedir prá ir na loja prá mostrar aquilo, né? Talvez pela freqüência com que a gente esteja por lá. E: Hum Hum. M11: Né? Mas normalmente é isso. Ou é tevê ou é mostrando na loja. E: Na loja mesmo? E, bom, questão de amigos, né? Ela chega a pedir a mesma coisa que os amigos tem? M11: Hã Hã (negativa). E: Isso assim, que ela viu com alguém, ela nunca comentou: ìa minha amiga tem...î. M11: É, comenta que a amiga tem, mas ela não formaliza, né? E: Nenhum pedido? M11: Tanto agora que tem essa tal da Ananda, né? Aí eu perguntei assim prá ela se ela queria e ela disse que não, que ela já tinha aquela, que ela ganhou no Natal passado, a Miracle Baby. E: Hum Hum. M11: Ela: ìnão, já tenho o meuî, tal, ìtá bom, não queroî. E: Mas essa Amanda, ela viu na loja ou com alguma amiga? M11: Uma amiga. E: Com uma amiga? M11: Depois ela viu na loja. E: E na questão de roupa? Ela não chega a pedir a mesma coisa das amigas? M11: Não. E: Nem tênis? M11: Ela diz até que a amiga se veste muito fru fru. E: Ela não é assim? M11: Não. Aí às vezes um tênis que ela acha legal, que acende uma luz. Mas assim, já passou um pouco essa fase, né? E: Hã Hã. Mas de ver na colega e pedir o mesmo, não? M11: Não.

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E: E tênis, ela tem preferência por marca? M11: Não. E: Ou ela escolhe o que tem na loja? M11: Ela olha o que ela acha, se tem assim. A não ser esse skate tênis, esse outro sobre rodas, né? Senão não. E: E ela faz alguma coisa prá convencer vocês a comprarem alguma coisa? M11: Não. C11: Agora mãe, eu queria ir no shopping! M11: Só pede, pede, pede! E: (risos) C11: Shopping!!!!!! E: Repete, repete. Ela repete muito? C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! M11: Repete muito tudo! C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! M11: Quando vai falar uma coisa... C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! M11: Quando vai contar uma história... C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! M11: Quando demonstra querer alguma coisa... C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! E: Então ela repete várias vezes? M11: Repete, repete, repete, repete... Sofia: Shopping!!!!!! Shopping!!!! E: Até cansar, até ganhar ou até... M11: Não, não, até cansar. Mas não até ganhar. C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! M11: ... eu até tenho conversado quando ela repete, eu já falei. C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! M11: Às vezes, até alguma coisa que eu compro, mas daí ela enche e, se pedir de novo, perde o direito, né filha? C11: Shopping!!!!!! Shopping!!!! E: Esse é o comportamento dela mesmo? M11: É. (Repreende a filha) Você já falou, agora espera, senão perde o direito, lembra? C11: Mas mãe! M11: Aí eu quero, eu quero, eu quero, eu quero!!! Por que!!! Porque!!! Eu quero!!! (imita a filha). Ah, ela acha muito ruim quando a gente faz isso com ela. E: (risos). E, sobre tevê, né? Como é que você lida com as propagandas que ela assiste? M11: Dois canais assim, sem ser Cartoon, é liberado. Porque o Cartoon tem um horário com desenhos adultos. E: Sem ser o Cartoon, ela pode assistir? M11: Tranqüilo. C11: Eu vou pular no teu colo! M11: Inclusive ela gosta de ver... Sofia: Eu vou pular no teu colo!! M11: Ó filha, tem coisa no meio do caminho! Ela gosta de ver e quando o meu marido vem prá trocar ela não quer, e ele: ìmas é propaganda!î, mas ela diz: ìeu gosto de ver propagandaî. Mas ela já sabe passar pelos canais. E: E ela já pegou canal aberto? M11: Não, ela só sabe os números dos canais dela. E: Tá, ela faz os números que ela sabe? M11: Hã Hã. E: Ela não vai por outros? M11: Não. O único que eu bloqueei mesmo foi aquele canal Brasil, que é um absurdo, né? É do lado da Disney e é uma barbaridade, né? E: Esse tá bloqueado? M11: É, porque assim, mas é eu, porque eu digo que vai que erra uma coisinha, aperta errado... E: E cai nesse canal... M11: No meio da tarde, qualquer horário da manhã tem pornô. E isso a gente explica prá ela também. Por exemplo, às vezes tem horários à noite que não tem quase desenho bom, que ela

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goste. Aí tem um horário na Cartoon que dá Tom e Jerry, tal, e, mas tem antes desse horário uma faixa de desenho adulto. Entendeu? E aí a gente explica prá ela que é adulto, que não pode, daí ela até identifica: ìah, esse é adulto, esse nãoî. E: E não assiste? M11: É. Aí tem coisa assim que nem as Rebeles, que a mamãe explicou prá ela, né, que era uma coisa assim que, de repente, eles inventavam, começavam a vender. Ela já, chama a atenção dela que tem um monte de coisa que as pessoas acham bonito, minhas colegas acham bonito, mas isso aqui é feio. Realmente, é feio. Sabe, a mochila da Rebelde é um negócio super-horroroso. E: Mas ela pediu prá ver a novela? M11: Não, não. E: E ela pediu por algum produto, da Rebelde, isso? M11: Não, não. C11: Eu só gosto da música!! M11: Ela só gosta da música. E: Ah, da música? M11: É. E também que a música dá, assim, sem que a gente, né? Ela até vê os clipes, essas coisas. E: Mas ela conheceu os produtos das Rebeldes com as amigas? Sofia: A propaganda é legal! A propaganda da boneca é legal! M11: Ela viu nas lojas, mas ela disse assim, como que gostam daquilo se é tão feio? E: Hum Hum. É a opinião é dela já? M11: Hum Hum, um senso crítico, né? E: E falando um pouquinho de compras familiares, né. Tem algum... M11: Mas eu acho que isso é uma coisa que a gente, né, por ter a formação da gente também, a gente puxa bastante por isso, né? Eu acho que... E: Consegue orientar? M11: É, eu não sei se é muito normal assim, os pais se preocuparem com essa coisa da oferta, né? E: Hum Hum. M11: De fazer um senso crítico e... Então até isso assim, às vezes ela quer uma balinha na Americanas, que é um porta-moeda que custa R$ 10,00 e que eu acho um absurdo. Só porque tem a cabeça de um personagem. E: Hum Hum. M11: Aí a gente vai nessa loja da Célia, que é a Gift Box, né? Tem um monte de coisinhas, e aí ela se dá conta que pelos mesmos R$ 10,00 tem coisas mais interessantes. Que não que a gente vá comprar! E: Hum Hum. M11: Mais que R$ 10,00 é dinheiro. E: Prá começar a ter noção do dinheiro? M11: É. Por isso que ela sabe que o Mc é caro: porque é mais de R$ 10,00, né? R$ 10,00 e alguma coisa, então ela sabe que é uma coisa cara! E: Nas compras da casa, né? Tem algum produto que é prá casa, de uso familiar assim, que ela ajudou a escolher? Ela chega a ter alguma influência nas compras de vocês? M11: De comida? E: De eletrodomésticos, de eletrônicos, de comida... M11: Computador, de ela querer mais um computador que agora a gente tá até olhando, né? Que ela, tipo assim... E: Ela tá pedindo? M11: Ela tá pedindo, né? E: Hum Hum. M11: Hã, essa questão do DVD no carro que eu andei olhando que ela me mencionou, né? E o DVD portátil, não que ela tenha pedido, mas, que em função dela, prá levar já, prá praia, prá cá e prá lá, né? E, mais essas coisas, né? Mas de resto... E: E prá finalizar, né, a última pergunta é sobre como é que fica a ocupação da mãe com o crescimento da filha, né? Você trabalha fora desde que ela nasceu? M11: Desde que ela nasceu. E: E como é que ela fica no período que você tá fora? M11: Hã, na escola e com a babá. E: Ela tem babá, então, ela tem babá desde... M11: Bebê. E: Desde bebê? M11: É. Desde bebê.

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E: E você acha que essa sua ausência assim, né, tem alguma influência no processo de consumo dela? M11: Não... E: Seria diferente se você ficasse em casa o dia inteiro? M11: Eu acho que tem a ver comigo, não com ela, em termos assim do excesso que tu tem na data. Talvez se eu não tivesse tanta ausência, né, eu não... eu não necessitasse, né. Eu sinto que é mais uma necessidade minha do que... E: Do que dela? M11: ... do que dela, né? Tanto que agora ela ganhou as Princesas Disney, ela tem quatro caixas ainda prá abrir. Abriu o pacote, mas não tirou a boneca da caixa ainda. Entendeu? Então assim, isso eu tenho consciência, acredito que agora venha a melhorar, não é? Porque agora apesar de ter bastante ocupação, vem, vai, né? E: Tem mais tempo com ela... M11: É. E: Já mudou alguma coisa? M11: Muito. E: O quê que mudou? M11: Hã, eu acho assim, mais em relação, como eu falei, prá mim. Né? Que eu me sinto mais tranqüila, que apesar de antes eu ficar o dia todo sem voltar, sem estar aqui à tarde, por exemplo, mas quando eu chegava era totalmente atenção dela até ela dormir... E: Hum Hum. M11: Né, então ela assim, acho que ela nunca. Até o contrário, quando eu passei a ficar mais em casa, ela teve um início que ela sentiu falta de brincar mais com a babá. E: Hum... M11: Que ale me pedia até. E: Você estava muito com ela? M11: É assim que, também queria brincar comigo né, mas, queria também brincar mais com a babá, né. E que nesse aspecto ela (a babá) é muito boa, né? Então, mais é essa sensação, né? Que eu acho que isso tem mais a ver com a mãe do que com a... E: com a filha? M11: Com a filha. Porque a criança em si, se ela tá bombardeada, tal ou não, é... se tu conversar a criança entende, né? Ela cede e entende. E eu acho que nada substitui essa coisa de tu ficar junto ou com um amigo, né, uma outra criança. Não tem brinquedo que tenha graça... E: E, agora a mamãe tá mais em casa com você? (para a criança). C11: Sim. E: E isso é legal? C11: É. E: E o quê que é melhor? Porque que é bom? C11: Por causa que eu brinco com ela E: Você brinca com ela? M11: E aí a gente passeia, né filha? E: Então é isso! Muito obrigada.

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Entrevista Criança 12 - Menina

Entrevistadora: Eu queria falar com você sobre o universo das compras. Vamos começar pelo supermercado. Você costuma ir ao supermercado com os seus pais? Criança 1239: Hum, hum (afirmativo). E: É? E você gosta de ir junto? C12: Gosto. E: Porque que você gosta? O quê que é legal lá? C12: Ah, porque às vezes... às vezes eu vou com a minha vó, às vezes... eu compro uma coisa, às vezes eu fico olhando algumas coisas. E: O quê que você olha? C12: Ah, eu olho os brinquedos, eu olho assim... eu fico com a minha mãe, eu olho assim as coisas, né, legais que eu acho. E às vezes eu chamo ela, ou às vezes eu fico olhando as pastas de dente. E: Você gosta dessas coisas? C12: Hum, hum(afirmativo). E: É? Ela sempre compra prá você? C12: Às vezes sim. E: Às vezes sim? Qual que você gosta? Que tipo de escova e de pasta de dente que você gosta? C12: Hum... eu gosto da escova assim, de personagem, né? E da pasta de dente eu gosto da Tandy. E: Tandy? E você experimenta outras também? C12: Hum, hum (afirmativa). E: É? Mas a Tandy é preferida? C12: É. E: E que mais que você pede lá no supermercado? Pede alguma coisa prá comer também, ou não? C12: Às vezes eu peço: às vezes eu peço um chocolate ou... é, um chocolate. E: Um chocolate? Qual chocolate que você gosta? C12: Às vezes eu gosto do M&M, às vezes eu peço Milka assim... E: Milka você gosta? C12: Hum, hum (afirmativa). E: É? Salgadinho? Você gosta? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Ela compra prá você quando você pede? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Qual que você gosta? C12: Ah, eu gosto do Fandangos ou também do Baconzitos E: Do Baconzitos? E aquele da Hello Kitty que a sua mãe falou? Que salgadinho que é esse? C12: É um salgadinho assim que é tem um X tem um ovo, sabe assim que tem... E: Tem um X e tem um ovo? C12: É? E: E é do mesmo que faz o Fandangos? C12: Hum, hum (afirmativa). E: É do mesmo? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E é gostoso? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Vem alguma coisa de brinde dentro? C12: Vem um chaveiro. E: Um chaveiro? E esse salgadinho é mais caro que o Fandangos ou é mais barato? C12: Eu acho que é o mesmo preço. E: Você acha que é o mesmo preço? E no shopping, você vai bastante? C12: Vou. E: É, e o quê que você gosta lá no shopping? C12: Ai, eu gosto às vezes de ir na Renner, ou às vezes de ir assim lá no cinema, quando eu e a minha mãe a gente vai, e também eu gosto assim de lanchar. E: De lanchar? C12: Hã Hã (afirmativo). E: E você falou a Renner, né? O quê que você gosta lá na Renner?

39 Criança entrevistada, identificada na transcrição pela denominação C11.

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C12: Ah, eu gosto assim às vezes quando a minha mãe tá olhando algumas coisas lá, aí eu falo prá ela se eu posso olhar os sapatos, daí eu vou lá olhar os sapatos lá. Se eu achar algum legal, às vezes não. E: Quando você acha algum legal assim, você mostra prá sua mãe? C12: Hum, hum . E: E ela compra? C12: Às vezes sim e às vezes não. E aí ela vai comigo lá olhar uma sandalinha assim. E: E quando ela fala não? O quê você faz? C12: Nada assim. E: Nada? Você pede mais uma vez, outro dia, ou esquece? C12: Não, eu esqueço às vezes. Às vezes quando eu tô precisando daí eu... eu vou assim, aí ela compra, às vezes não. E: E você escolhe roupa também lá na Renner? C12: Escolho. E: O quê que é uma roupa legal prá você? C12: É assim: a minha mãe sempre fica procurando vestido, né? Eu também fico olhando as roupas, essas coisas. Aí eu fico olhando da Hello Kitty. E: Você gosta da Hello Kitty na roupa? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Ah, é? E você tem outras roupas assim, com outras personagens também? C12: Hum, hum. Tenho das Meninas Superpoderosas, da Barbie, tem sem ser de personagem eu tenho. E: E que mais você pede lá no shopping? Você falou lanche, né? Que mais? Tem mais alguma loja assim que você gosta de ir, alguma coisa que você gosta de visitar lá dentro? C12: Às vezes eu gosto de ir lá nas Lojas Americanas... E: Hum... C12: Prá ver as coisas lá. E também eu gosto de ir na Meninos e Meninas E: Na Meninos e Meninas, você fica lá olhando os brinquedos? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E como é que você fica lá? Você fica muito tempo na loja assim, a sua mãe deixa? C12: Mais ou menos. E: E você chega a pedir alguma coisa lá? C12: Não. E: Só prá olhar? C12: É. E: É, mas já tem alguma coisa que você olha ali e já pede prá uma outra data? C12: Hã Hã, tem algumas coisas. E: Acontece assim de você olhar um brinquedo assim, aí, porque eu vou querer ele de aniversário. Você falou que faz em abril, né? Você já escolheu os presentes que você quer ganhar de aniversário? C12: Não. E: Ainda não decidiu? Falar um pouquinho assim sobre marcas, né? O quê que é uma marca prá você? O quê que você entende que é uma marca? C12: Ah, teve um dia assim que a gente comprou uma cola lá e a gente... quando a gente foi ver a marca era Trivella e a moça disse que era muito bom aí, essa cola. E quando a gente foi colar uma coisa não dava mais prá colar. Tu tinha que passar bem rápido e já colar porque ela já secava, e aí a gente nunca mais compra. E: Você não gostou? Daquela marca que a moça falou? C12: Hum, hum (negativo). E: Então agora eu vou falar de algumas coisas para ver se você lembra o nome de alguma marca. Comidas, coisas de comer e coisas de beber assim, né? Você sabe me dizer algumas marcas assim, de coisas de comer e coisas de beber? C12: De beber assim... de beber eu gosto do Ades e também do Kapo. E: Do Kapo. C12: E de comida às vezes eu gosto é, da Trakinas. E: A marca do seu cereal, você lembra? C12: Hum, hum. Às vezes eu gosto do Neston, né? A de barra de cereais, e também eu gosto do Froot Loops. E: E Froot Loops é a marca? C12: Não assim, a marca é a Kellog´s.

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E: E a marca do seu iogurte? Você lembra? C12: Do meu iogurte ... é da Parmalat. E: E refrigerante você toma? C12: Refrigerante, às vezes assim. E: Não toma muito? C12: Não. E: E qual que você gosta? C12: Gosto do Guaraná ou da Coca. E: Bastante marcas você sabe. E de brinquedo? Tem algumas marcas de brinquedo? C12: Hum... da Polly eu gosto, que é da Mattel. E às vezes eu também olho a casa da Barbie assim, que eu olhei ontem. E: Você olhou ontem? C12: Hã, hã (afirmativo). E: Você não tem? C12: Hã, hã (afirmativo). E: E tu pediu? C12: Não. E: E vai pedir? C12: Não. E: Não chamou tanto a atenção assim? Você, quando você olhou prá casa da Barbie, o quê que você achou legal nessa casa? C12: Hum, eu achei legal assim que tem tipo uma casinha ali em cima. E: Mas ela não é tão legal prá você pedir? C12: Hum, hum (negativo). E: E você olhou o preço desse brinquedo? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E era caro? C12: Era. E: Era? Muito caro? C12: Muito! E: Mais algum brinquedo que você lembra? C12: Hum... E: Seu videogame... C12: Eu me lembro de assim, que eu e a minha mãe, a gente queria montar um quebra-cabeça assim bem grande, né? De 500 peças. Aí caiu meu dente e aí a fadinha do dente trouxe assim, o quebra-cabeça, né, do Peter Pan, e aí ela disse que a Sininho era amiga dela. E: E ela deixou prá você? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E você montou? C12: Montei. É o mais difícil. Eu tenho 4: tenho da Hello Kitty, do Pooh, um monte lá. E: E você montou a com a sua mãe? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E produtos de higiene pessoal, será que você lembra de alguma marca? Pode ser xampu, pode ser pasta de dente, pode ser sabonete. C12: Da escova de dente, que eu ganhei de Natal, é uma escova elétrica, né? E é da Colgate. E: Da Colgate? Você pediu essa escova ou você ganhou sem pedir. C12: Não, eu tinha pedido assim de aniversário. Aí o Papai Noel disse lá que eu ganhei lá do Rio de Janeiro. E: E onde é que você viu essa escova antes de pedir? C12: Hum... na farmácia. E: Na farmácia? E você achou legal? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Daí pediu? E o que mais, você lembra mais de alguma? Qual o xampu que você usa? C12: Hum... E: Você lembra? C12: É o Seda que eu uso. E: Ah, o Seda? Mais uma fichinha: de roupas e sapatos. Você usa alguma coisa, alguma marca que você gosta ou você prefere comprar nessas lojas que você já me falou? C12: Nas lojas. E: Sapato? Tem algum sapato preferido assim, que você gosta?

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C12: Não. E: Você lembra o nome da marca? O tênis, você lembra o nome da marca? C12: All Star, que eu tô usando agora. E: Ah, All Star! Você que pediu, né? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E onde é que você viu esse tênis? C12: Na Renner assim, na Havan. E: E você viu primeiro na tevê, com alguma amiga ou você viu primeiro na loja? C12: Primeiro na loja. E: Na loja? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E o quê que esse tênis tem de diferente, que o tênis que você tem em casa não tem? C12: Ah, é que eu não tenho, é diferente. E: Ele não é parecido com os que você tem? C12: Não. E: Não? E os que você tem, são legais? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Você tá precisando de mais um ou porque você quer? C12: Hum, hum . Tô precisando. E: Tá precisando? E agora se você for na loja prá comprar um tênis, você vai comprar All Star? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E se você chegar lá e tiver um de outra marca que você gosta, assim, um da Hello Kitty. Você acha que você vai mudar de idéia? C12: Não sei. Acho que não. E: Não? E se tiver uma bonequinha Hello Kitty de brinde? C12: Não. E: Você chegaria a provar? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Ah, falando de embalagens, assim. O quê que você acha quando você vai fazer compras com a sua mãe no supermercado, daí você vê salgadinho, você vê a bolacha, chocolate, essas coisas. O quê que chama a atenção de você nos pacotes, assim, na embalagem? C12: Hum... às vezes, é... às vezes é com brinde ou às vezes é que precisa ou às vezes a minha mãe esquece. E: Como assim, esquece? C12: Ela tá fazendo outras coisas e aí ela, tá quase indo pro caixa e aí ela ainda não comprou... Mãe40: Ah, tá! Isso é quando eu tô no caixa e eu digo: filha, vai lá que eu esqueci de comprar o requeijão. Ela tá perguntando quando você tá na frente da prateleira do supermercado, o quê que chama a atenção numa embalagem, assim, prá você ter vontade de pegar e levar? C12: Hum... depende quando vem com brinde... E: Com brinde você gosta? E aí você pede prá sua mãe? C12: Às vezes sim, às vezes não. E: Não? Tem vezes que não? Já que você falou assim do personagem, né, qual que é o seu personagem preferido? C12: É a Polly. E: A Polly? E dessas outras assim de desenho animado, por exemplo, qual que é? C12: Hum... é na Discovery Kids tem uma que se chama Pink Dinky Doo. E: E você gosta? E você tem alguma coisa desse personagem? C12: Hum, hum (negativo) E: Não? E antes a tua mãe tinha falado do Carros. Esse você gosta também? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Você tem alguma coisa do Carros? C12: Tenho. Eu tenho o jogo de, assim, de playstation, né? E também assim eu tenho o brinquedo que eu ganhei no McDonald´s. E: Do Mc? Sempre que você vai no Mc você pega aquele que vem com brinde? C12: Hum, hum. Às vezes quando tem brinde repetido, aí eu pego outro lanche. E: Aí você pega outro. Mas só se for repetido? Se for brinde novo? C12: É, se for brinde novo, daí eu pego.

40 Mãe da criança 12, identificada na transcrição pela denominação M12.

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E: E promoção assim? Você sabe o que é uma promoção? C12: Hum... E: O quê que você acha que é? C12: (Pensa) E: Tem alguma idéia? Não? M12: É. Pode responder o que você acha. Mesmo que você acha que tá errado, que você não sabe, pode responder. E: Quando uma loja fala assim: promoção. O quê que você acha que tem nessa loja? Quê que tem diferente nessa loja? C12: Hum, .. que tá mais barato? E: Tu acha que é mais barato? Deixa eu falar agora de mesada. Você ganha mesada? C12: Não, assim. E: Não ganha? Mas ganha algum dinheiro de vez em quando? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Quem é que dá? C12: Às vezes é a minha vó ou, às vezes é a bisa, às vezes é o meu pai, a minha mãe. E: E quanto é que você ganha? C12: Às vezes quando eles vão viajar eles me dão um dinheiro, ou às vezes assim, a minha vó dá assim por nada. E: E quanto que ela, quando ela dá por nada assim? C12: Um monte assim. E: Bastante? O quê que você acha que é bastante? C12: Um dia eu fiquei com... onze reais que ela me deu lá. E: Onze? C12: Ela a minha prima ficou com R$ 10,00. E: Quem ficou com R$ 10,00? Mãe: A prima. E: Hãh!!! Deu um pouquinho prá cada uma? E R$ 10,00 prá você é bastante? C12: Hum, hum (afirmativa). E: O quê que dá prá comprar tudo com R$ 10,00? C12: Às vezes um... um...carrinho, ou às vezes um negócio de material escolar, lápis... E: Quando você ganha esse dinheirinho de alguém, né? Você, o quê que você faz? Você já gasta, já compra alguma coisa? C12: É, às vezes eu já compro alguma coisa assim, às vezes quando eu olho e não tem nada assim legal, aí eu não compro. E: Mas você guarda? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Mas guarda assim, prá deixar prá comprar uma outra coisa depois assim, ou guarda assim pra comprar alguma coisa logo, assim? Ou você bota lá no cofrinho? C12: Prá comprar uma coisa assim... é depois assim, outro dia. E: E você já chegou a fazer alguma compra sozinha? Sem estar com a mãe ou com outra pessoa do lado? De ir na loja sozinha, de dar o dinheiro sozinha? C12: Assim, às vezes eu vou lá e compro um chocolate. E: E aí como é que você faz? Você olha o chocolate, pergunta o preço? Ou você pega e passa direto no caixa? Como é que você faz? C12: Eu... às vezes a minha mãe dá o dinheiro e daí, eu pego, vou lá e aí eu vejo o preço. E: Você vê o preço antes? E daí você sabe se dá prá comprar com o seu dinheiro, ou você pede ajuda prá vendedora também? C12: Prá vendedora. E: É? E se ela fala assim que não dá? Você escolhe outro, como é que é? C12: Ela diz assim o preço, né? Ah, esse dá prá comprar... E: E você olha o troco? Quando você dá o dinheiro e você recebe alguma coisa de volta? C12: É, eu recebo o troco... E: E você confere esse troco, você conta? C12: Não. E: Não? O quê que é uma coisa cara prá você? O quê que você acha que é uma coisa cara? C12: Ah, uma calça, uma blusa, um brinquedo. E: E o quê que é barato? C12: Uma coisa de R$ 1,99, um gibi.

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E: Quando você está comprando, quando você acha que é uma coisa muito cara assim, você pede também ou como é que você faz? Se você acha que é muito caro você já não pede, ou você fala com a sua mãe... C12: Às vezes eu peço de Natal, às vezes eu peço e depois eu não quero mais, quero trocar por outra coisa. E: Como é que você faz assim, quando você quer alguma coisa, como é que você pede para os seus pais? Como é que você conversa com eles? C12: Hum... Um dia eu pedi a Miracle Baby e eu não quis mais, né. Aí outro dia eu pedi de novo e não quis. Aí... também, às vezes, eu falo assim prá minha mãe se dá ou não dá prá comprar. E: Você conversa primeiro com a sua mãe ou primeiro com o seu pai? C12: Primeiro com a minha mãe. E: E se a sua mãe fala não? C12: Aí, aí eu escolho outra coisa! E: Ah, é? Você não pede lá pro seu pai? C12: Não. E: Você sempre conversa mais com a sua mãe sobre as coisas que você quer comprar? C12: Hum, hum . E: Ah, é? E dos seus amigos assim, como é que você faz quando você vai na casa de uma amiguinha assim, e ela tem alguma coisa diferente que você não tem? C12: Às vezes eu peço prá minha mãe, às vezes a gente olha pela internet assim. Aí um dia eu vi um negócio lá de imã de um cachorrinho lá da Polly, e aí a gente foi ver no site e aí tava esgotado, não tinha mais assim, o negócio do cachorrinho. E: E aí você procurou outro lugar? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E não achou? C12: Hum, hum (negativo). E: Isso você viu na casa de uma amiguinha? C12: Hum, hum (afirmativa). E: E tevê, você assiste tevê? C12: Às vezes sim, às vezes quando eu não tô com nada prá brincar, às vezes quando eu tô cansada, aí eu pego e vejo tevê. E: E o quê que você gosta de assistir? C12: Eu gosto de assistir Discovery Kids, Nick, Cartoon Network. E: E quando você tá vendo a tevê assim, você vê os comerciais que passam? Você gosta? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Quê que é um comercial legal prá você? O quê que você acha que tem que ter? C12: Às vezes assim, quando passa uma propaganda assim, aí, às vezes eu não gosto assim, da propaganda e do brinquedo. Às vezes eu gosto. E: Quando você não gosta, o quê que tem que você não gosta? C12: Na tevê tinha um bichinho de pelúcia, um boneco. E: Aí é o brinquedo que não é legal? C12: É. E: E a propaganda que você gosta, o quê que ela tem assim, que chama a sua atenção assim? Você gosta quando tem música, você não gosta quando tem música? C12: Eu gosto é assim, quando não tem música assim... E: Não tem música? M12: Tem uma propaganda que você gostou, diz prá ela. Ajuda? E: Hum, hum . Tem alguma que você acha bem legal? C12: Hum, hum . Eu vi uma propaganda lá que tem um que é da Barbie e aí o cachorro da Barbie, aí... aí tu coloca assim a ração e daí depois tu aperta o rabo dele e aí... é... e aí ele faz cocô, e também tem um gato que faz xixi. E: Você achou esse brinquedo legal? C12: Hum, hum(afirmativa). E: E você já viu em alguma loja? C12: Já. E: Já? Você comentou com a sua mãe sobre esse brinquedo? C12: Hum, hum (afirmativa). E: Chegou a pedir prá ela, ou só prá ver só? C12: É pedi, e não quis mais. E: Você pediu e depois não quis mais?

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C12: Hum, hum (afirmativa). E: Ela não comprou? C12: Hum, hum (negativa). E: E você acha que, quando você ta vendo uma propaganda, como essa do brinquedo, essas propagandas que você vê, elas sempre falam a verdade? C12: Hum...hum, hum (afirmativo). E: Eu quero te mostrar dois desenhos, para você me ajudar. Essa aqui é a Ana, né? Essa aqui é a família da Ana: a mãe da Ana, o pai, o irmão, o cachorro. A família da Ana tá trocando de carro, quer comprar um carro novo. Se você fosse a Ana, né, como é que você ia ajudar a sua família? C12: Hum... eu ia ajudar a escolher o carro. E: Onde é que você iria? Em que loja, você sabe? C12: Hum, hum (negativo). E: E que carro que você acha que poderia sugerir? Tem algum que você gosta? C12: Hum.... E: Não? C12: Ah, um carro... do nosso carro, né? E: Que carro que é? C12: É... uma Doblô. E: Uma Doblô? Você gosta desse tipo de carro? C12: Hum, hum (afirmativo). E: E a outra personagem é a Nina. A Nina tá fazendo aniversário de 8 anos e a mãe dela falou que ela pode escolher um presente. Se você fosse a Nina, né. O quê que você escolheria? O quê que você iria, aonde que você iria comprar? C12: Hum... acho que lá na Sulamericana. E: Na Sulamericana? Você iria prá lá escolher um presente? C12: Hum, hum (afirmativo). E: Esse presente seria o quê? Uma roupa, um sapato, um brinquedo, um livro? O quê que seria? C12: Um brinquedo. E: Um brinquedo? E qual brinquedo? Você tem idéia? C12: Hum... Uma Polly. E: Polly? Aí tá acabando essa perguntinha, né? É, como é que é com a sua mãe em casa, assim? A sua mãe trabalha fora o dia inteiro ou fica com você? C12: Às vezes tem dia que ela não fica comigo, aí eu fico brincando. Mas tem dia que ela fica comigo. Às vezes eu pego uma comida lá, e às vezes ela pega. Ela pinta comigo... E: Ela brinca muito com você em casa? E como é que é a sua rotina assim? O quê que é que você faz quando você não tá de férias, você vai prá aula de manhã, é isso? C12: É. Eu vou prá aula de manhã, aí depois eu almoço e daí eu brinco bastante, aí eu como... aí depois eu levo a minha mãe e... e depois eu durmo. E: Ah, é? E de tarde você fica em casa? C12: Hum, hum (afirmativo). É, não. Às vezes quinta eu faço balé e... e inglês. E: Balé e inglês? As duas coisas? E nos outros dias você fica em casa? C12: Hum, hum (afirmativo). E: É isso? E a sua mãe fica em casa de tarde também? C12: Hum, hum . Às vezes ela vai no supermercado. E: Aí você vai junto? C12: Às vezes não, quando eu tô assim no inglês, aí ela vai no supermercado. E: Hãh! Ah, tá! Aí depois quando acaba ela te busca? C12: Hum, hum (afirmativo). E: É isso? E a sua mãe sempre ficava assim com você ou ela trabalhava fora o dia inteiro? C12: Ficava comigo. E: Sempre desde que você nasceu? C12: Hum, hum . Sempre. Às vezes eu ficava na casa da minha vó, às vezes eu ficava com a minha prima. E: É? Mas desde que você nasceu assim, a sua mãe fica em casa? Ela nunca foi trabalhar fora de casa? C12: Ah, ela tem que 2 vezes trabalhar fora de casa. E: Duas vezes por semana? C12: Todo dia assim. E: Todo dia? E você gosta que ela vai trabalhar? C12: Às vezes sim, às vezes não.

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E: Não?Às vezes não? Por quê? C12: Porque às vezes quando ela vai viajar assim. E: Ela tem que viajar bastante? C12: Não. E: Não muito? Não viaja muito? C12: Hum, hum (afirmativo). E: E, tem mais uma pergunta bem rapidinho que é assim, ó: eu vou falar sempre duas palavras para você e você vai me dizer qual que é mais importante prá você, de duas opções que eu vou te dar, tá? Então você escolhe a mais importante. Conforto ou aparência? C12: Hum... Conforto. E: Beleza, né, se é bonito, ou preço? C12: Hum... E: Uma coisa bonita ou uma coisa barata? C12: Uma coisa barata. E: A opinião de uma amiga sua ou a opinião dos seus pais? C12: Hum... a opinião dos pais. E: A sua opinião ou a opinião das suas amigas? C12: A minha. E: Se divertir ou aprender? C12: Aprender. E: Amigos ou brinquedos? C12: Amigos. E: Ir pro shopping ou ir prá praia? C12: Ir prá praia. E: Brincar com os amigos ou sair para comprar alguma coisa nova? C12: Brincar com os amigos. E: Ter um estilo próprio, um jeito só seu, ou ser igual às suas amigas? C12: Hum... um estilo próprio. E: Prá você, o quê que é ser criança? C12: Hum... brincar! E: E agora, para acabar, tem uma brincadeira gostosa. É assim, eu tenho aqui dois chocolates, um da Hello Kitty e um do Carros, e eu queria que você me dissesse qual é o mais gostoso. C12: Tá. Eu acho que o da Hello Kitty. E: É isso. Muito obrigada!

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Entrevista Mãe 12

Entrevistadora: Então, sobre o quê que é a pesquisa? É sobre o universo das compras da sua filha. M12: Hum, hum E: E tudo que envolve ela, né? As perguntas são mais ou menos as mesmas que eu vou fazer, só que daí agora eu vou saber como você vê e depois eu vou saber como ela vê. M12: Certo. E: Prá ver se vocês vêem da mesma forma até, né? M12: Hum, hum. E: Então, vou começar sobre as idas ao supermercado. Ela vai junto no supermercado fazer compras? M12: Vai. E: Com muita freqüência? M12: Olha, eu diria que em 75% das vezes ela vai junto. E: E ela gosta? Você acha que ela gosta? M12: Não, ela gosta! E: É? M12: Gosta. Eu acho que ela gosta. E: E quando ela vai junto, ela pede alguma coisa? M12: Muito poucas vezes ela pede alguma coisa. Porque eu já sei o que ela gosta. E: Você já compra sem ela pedir? M12: É. Já compro sem ela pedir. E: E o que você compra? M12: Ah, nos alimentos, né: o Danoninho, a bisnaguinha, o suco que ela gosta, a fruta que ela gosta, que é goiaba, uva, maça. As verduras: tomate, então, eu sempre tenho certeza que o que eu vou levar vai agradar ela. E: Já tentou trocar? Danoninho, levar outro iogurte. Você sempre leva o mesmo? M12: Já tentei trocar, já tentei trocar! E: E a reação dela? M12: Ou levar uma coisa nova, não trocar. Levar aquele, mais um outro, né? Ela sempre prova. Ela é bem entusiasmada assim, com os produtos, provar, ela mesmo vê: ìai, mãe lançaram tal coisa, a Nestlé lançou, tal empresa lançou!î. Então, sempre procura provar, mas se ela não gosta, não tem jeito. Mas eu tenho bastante liberdade de levar uma coisa nova prá ela provar. E: E se ela tá junto e ela vê alguma coisa nova, ela pede? M12: Aí pede. E: O quê que chamaria a atenção? O quê que seria uma coisa que chamaria a atenção dela? M12: Ah, sempre que tem alguma coisa com personagem, né? Aconteceu com o salgadinho da Hello Kitty, né? Aí ela viu, aí assim, o pedir dela é olhar prá mim, né? E aí eu sei que ela queria, né? Mas ela não fica: ìai, mãe, leva, leva, leva, leva, leva!î E: E você costuma atender? M12: Costumo atender. E: É? M12: Quando ela leva, assim, quando ela vê que eu peguei, eu vejo que ela fica muito feliz daí, que eu levei. Ou uma outra parte do supermercado, fora alimentos assim, que daí ela fica bastante tempo, que acontece que é muito comum, enquanto eu vou fazendo as outras compras ela fica na parte de brinquedos do Angeloni, que é o supermercado que a gente mais vai, né? E: Hum, hum. M12: Aí ela fica ali, aí ela me chama prá ver, depois de eu ter feito as compras... ìô mãe, vem aqui verî, daí ela descreve brinquedo por brinquedo que ela viu que é novo, que é diferente. E: Você já chegou a comprar algum brinquedo no Angeloni? M12: Já, já. Já comprei. E: Que ela pediu ali na hora? M12: Já. Um quebra-cabeça que eu lembro. E: Que ela pediu na hora? M12: Um ferrinho de passar. E: Não que ela tenha decidido antes de comprar isso no supermercado? Ela viu e gostou? M12: Viu e gostou. Foi o impulso que levou ela a comprar. E: Hum, hum. Só de olhar! E, quando você não vai junto, tem alguma diferença na compra? Quando ela não vai junto?

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M12: Só torna a compra mais rápida. (risos) Mais ágil. E: Mas em questão de produto? M12: De produtos? Tem. Tem. Quando ela tá junto assim eu, sempre penso em ela levar alguma que ela, que ela gosta prá tornar agradável. Então, a gente tá na hora do caixa, daí eu vejo o Nescau Cereal Chocolatinho, a bolinha, né? Aí, você quer levar? Aí ela: ìqueroî. Se ela não tá junto eu acabo não levando, né? Então, às vezes já... gibi, já aconteceu de comprar porque tá naquela hora do caixa ali. E: E foi você que pegou e não ela? M12: Não, ela pega primeiro. E: Ela pega primeiro. M12: Ela pega primeiro aí eu vejo que ela fica vendo, lendo, aí eu pergunto: você quer levar? ìAh, queroî, às vezes até não, diz ìnão, não queroî. E: Hum, hum. M12: Né? E: Acaba não levando? M12: Acaba não levando. Então, algumas coisas eu acabo levando a mais porque ela tá junto. E: Hum, Hum. Tem uma diferença? M12: Tem uma diferença. E: E no shopping? Ela vai com freqüência? M12: Vai. A gente vai... como é que eu posso te dizer a freqüência? E: Chega a ser toda semana ou... M12: Não, não chega a ser toda semana. Já foi mais, agora é menos, né? Olha, num mês vai umas duas, três vezes, assim que a gente vai ao shopping. E: E ela tem alguma loja, algum lugar preferido no shopping? M12: Tem. A Meninos e Meninas, essa loja de brinquedos. A gente vai ao shopping, ela adora ir lá ver. A Renner, ela gosta muito de ir na Renner. A C&A, ela gosta também. Ela vai olhar as roupas, os sapatos dela, né? Na Renner, assim, ela entra, aí ela adora provar sapatos. Adora! (risos) E ver as coisas da Polly, né? E: Da Polly? M12: Que é outra personagem que ela gosta. Então, ela adora ir lá ver mochila, bolsa, calcinha, tudo, tudo, tudo da Polly ela fica doidinha assim, querendo mostrar prá mim, né. E: Hum, hum M12: E onde ela gosta de ir é no McDonald´s, né, no shopping, onde a gente vai lanchar. Aí, enquanto a gente tá lanchando, se vai eu, ela, o meu marido, a minha mãe, a minha vó que é, a maioria das vezes que a gente vai, vai nesse grupinho, né? Mas, enquanto a gente tá lanchando, ela termina primeiro de lanchar sempre, né? No McDonald´s, geralmente é o McDonald´s, aí enquanto a gente tá almoçando, geralmente, ela vai na banca, que fica ali do lado e fica passando o tempo dela ali. E: Hum, hum. M12: Aí, muitas vezes, daí meu marido vai lá e compra uma revista prá ela. E: Que revista que ela gosta? M12: A Revista Recreio, da Mônica, ou aquelas revistas que vem CD prá jogos junto. E: Hum, hum. M12: Não é? E: Prá computador? M12: Prá computador! É, figurinha, ela compra pro álbum. E: Ela faz coleção? M12: Faz álbum. Ela sempre tá fazendo algum, né. É, outra revista que ela gosta? Se tem algum filme, né? É revista de filmes, às vezes tem a revista do Carros, a revista do filme o Galinho Chicken Little. E: É o que chama a atenção? M12: É, o que chama a atenção. E: E nas lojas assim, ela já sabe a área onde fica as coisas prá ela, na Rener, na C&A, ela já conhece? M12: Já. Já conhece. Já conhece. E: E geralmente, nessas idas ao shopping, ela ganha alguma coisa? M12: Ganha. Sempre ganha. E: E aí é o quê? Uma roupa, um brinquedo... M12: Uma roupa, brinquedo não é tão comum, né? Mas a revista... Outra coisa que ela ganha é o chocolate, né? Ela vai na Doce Beijo, que também fica ali embaixo enquanto a gente tá comendo ela

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vai ali e daí eu dou um dinheiro prá ela, R$ 3,00 ou R$ 5,00, ela vai lá, dá o dinheiro e a moça diz o que tem naquele valor. Daí ela compra o chocolate. E: Ela compra sozinha? M12: Ela compra sozinha. Assim, a gente supervisionando, né? E: Sim, mas ela vai até a loja sozinha? M12: Vai até na loja sozinha. Isso a gente faz prá entreter ela prá gente poder almoçar tranqüilo. E: Hã Hã. M12: Né? Ela, por exemplo, não sei se eu já vou adiantando, né? Em loja como a Renner, em loja como a C&A, ela tá aprendendo a consumir assim. Ela sabe os preços, ela sabe avaliar. Aconteceu uma coisa quando ela era pequena, muito engraçada. Ela tinha uns 4 prá 5 anos. Aí ela, tava a Renner meio vazia, né, aí ela gritou lá do setor de sapato, eu tava em outro setor: ìô, mãe, já ganhasse o teu salário da Asselvi?î (risos) Ai, Meu Deus! Eu já fui olhando assim, porque filha? ìPorque tem essa sandália da Wanessa Camargo e eu queriaî, ela respondeu (risos). E: Ela já relacionou o salário à compra? (risos) M12: Assim, né, ela sabe que quando vinha o salário as compras podiam acontecer! Aí eu peguei assim: filha, vamos sair da loja, ela: ìnão aperta o meu braço!î, bem alto(risos). E eu saí da loja com ela. E: Sem a sandália? M12: Sem a sandália. E: Não deu certo? M12: Não deu certo. Mas aí ela, ela assim, sabe preços, ela pergunta se é caro ou se é barato. Ela diz: ìque absurdo isso aqui, tanto!î Ela tá sabendo bem, ou ela pega o catálogo, vai com preço, isso aconteceu aqui na Havan: ela foi com a minha mãe e viu um conjuntinho de caneta hidrocor, aí tava R$ 15,90 no catálogo, e lá na loja tava marcado na etiqueta R$ 19,90. Aí ela foi com aquilo na mão e pediu para a avó chamar a atendente. C12: Não, primeiro a gente viu o código, viu ali o código e daí a colocou ali e aí a gente foi olhar o preço certo. Depois a gente foi falar com o moço. M12: Porque tava diferente o preço, né? E: Hum, hum. M12: Daí o moço explicou que era o mais barato que tava no catálogo mesmo, que quando passasse no caixa ia dar o desconto. E: Ia dar o desconto? M12: É. Aí a minha mãe voltou assim, ó, ela tá sabendo comprar! E: Saber avaliar, comparar? M12: Saber avaliar, olhar, comparar... E: E, bom, ela já chegou a ir no shopping sem ser vocês, com outra pessoa ou outro adulto, ou até mesmo sem adulto? M12: Sem adulto... ah, não, eu ia dizer foi com o pessoal da escola, mas aí tinha professora de adulto, né? Mas, com outros adultos já. Geralmente, se ela foi, foi com a minha cunhada. E: Hum, hum. M12: Né? Aí foi com ela pro shopping. Isso já aconteceu muitas vezes. Vão ao cinema e aí aproveitam e vão ver os brinquedos. E: E quando ela vai com outras pessoas, ela ganha algum dinheiro prá ir, como é que é? M12: Ganha. Ganha o dinheiro prá ir. Prá pagar o cinema e para um lanche depois que vão fazer. E: E ela é que cuida desse valor? Ou fica com um adulto, ou fica com ela? M12: Não. Fica com ela, numa bolsinha que ela leva. Aí às vezes a minha cunhada usa aquele dinheiro ou não, né? E: Hum, hum. M12: Aí a minha cunhada vê se ela usa ou não. Daí ela decide, né? Se ela vai dar de presente a ida ao cinema, ou sei lá. mas é o dinheirinho que ela tem. Ela sempre tem um dinheiro na carteira. Hoje ela usou o último, ficou com R$ 0,70, R$ 0,60. Ela sempre tem R$ 10,00, R$ 11,00, né? Ela sempre tem com ela na carteira. E: Hum, hum , alguma coisa. Eu até vou perguntar sobre isso. M12: Ah, tá! E: E, já aconteceu dela ir pro shopping assim, decidida a comprar alguma coisa e vocês foram especificamente prá aquilo que ela queria? Comprar o sapato tal ou o brinquedo tal assim, né? M12: Hum, hum . E: E vocês chegando lá ela viu outro e mudou de idéia. M12: Hum, hum . Já, já foi. De sapato: a gente foi prá comprar um e ela acabou levando outro, né? E: O quê que levou ela a trocar de...

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M12: Achar esse outro mais bonito. Ou não ter o número! E: Hum, hum. M12: Né? Sapato prá ela eu, geralmente, compro na Renner. Então, ali tem algumas dificuldades de número, né? Mas, foi isso que aconteceu. E: Falar um pouquinho sobre marcas, né? M12: Hum, hum. E: Ela costuma pedir as coisas pelo nome da marca? M12: Hum, hum . Algumas coisas sim. E: O quê que ela pede? M12: Por exemplo, agora ela quer um tênis All Star, né? Ela sabe bastante as marcas assim. Ela pede, que mais ela pede de marca? Aí tá relacionado ao personagem, né? Aí, ai, eu quero a mochila da Polly, eu quero... então, a marca é o personagem prá ela, né? E: Hum, hum. M12: Alguma outra coisa de marca? É.... Não, não lembro. Alguma coisa do McDonald´s, aí ela quer o lanche do McDonald´s, acho que é isso assim, de marca que ela quer. E: E, quando o assunto é roupa, ela tem alguma exigência? Também por marca, roupa, loja, alguma coisa assim? M12: Roupa acontece uma coisa engraçada com a gente. Ali na Hering tem aquele setor em quilo na Hering, alguma mãe já deve ter falado daquilo, né? M12: Então acontece que eu vou algumas vezes ali e acabo encontrando coisas pro inverno que vem. Por exemplo, eu fui ali ontem, né? Tava em Blumenau, fui ontem ali, e comprei uma bota que ela vai usar só no inverno, né? Mas a bota tava em promoção. E: Hum, hum. M12: Então, as roupas dela acabam girando em torno daquilo, né? Se ela tem algum aniversário, alguma ocasião especial ou a festa de Natal, aí a gente vai comprar alguma outra roupa. E: Hum, hum. M12: Mas ela, assim, é porque os nossos gostos são parecidos, né? Ela tem... assim...ah, combinar então o que eu levo acaba gostando, mas ela tem uma personalidade com relação à roupa. Ela vai, por exemplo, no escolher do guarda-roupa: ah, eu quero ir com um top e quero ir com uma saia. Adora top, né? E bota. Uma vez aconteceu uma coisa, foi no começo do ano: era calor, perto do aniversário dela. Ela queria sair com uma bota preta até o joelho. Muito quente, né? Aí eu disse não, filha, ela chorou, esperneou, não, não, não, não, não, não... aí até meu marido falou assim, depois de tanta negociação, né. O meu marido falou assim: ìas pessoas vão te achar ridícula com essa botaî. Aí ela até respondeu: ìô pai, a gente não deve se importar com que os outros pensamî, e foi até engraçado (risos). E: (risos) M12: Mas eu sei que ela acabou não indo com a bota. E: Não foi? M12: Mas daí no dia do aniversário dela daí ela botou a bota. Sabe, daí foi liberado. Tava tão quente quanto, mas daí ela botou a bota. E: Não passou calor? M12: Hã? Passou, mas daí (risos). Mas daí ela foi com uma fantasia de bailarina, que era bem fresca assim, né? E com a bota preta. E: E com a bota! (risos). E quando vocês duas vão comprar roupa prá ela, ela chega a ir junto prá escolher as roupas, ou você compra sozinha? M12: Muitas vezes eu levo, vamos dizer, metade-metade, né? Mas aí ela vai... E: E quando ela vai junto ela olha bem, ela escolhe sozinha assim, como é que é o processo? M12: Escolhe, escolhe o que ela gosta, o que ela não gosta. Até, por exemplo, na Hering, quando eu tô com ela, então, tem coisas que são bonitas e baratas, que eu acho. Mas eu pergunto: você gostou? ìAh, gostei!î Se ela não gostou. Tinha uma sandália que ela achou que parecia prá menino e ela não quis levar. E: E você não força? M12: Não, não. Se ela não gosta, eu respeito a opinião dela, né? E: E com relação a brinquedo? Ela tem preferência por marca? M12: Tem. Ela sabe, por exemplo, ver que as coisas da Polly e da Barbie são da Mattel, né? Então, ela vê que, ah, a Mattel lançou tal coisa. Ela sabe. E: Ela faz essa ligação? M12: Ela faz essa ligação: ìolha lá aquela coisa da Mattel!î Quando ela viu aquela Miracle Baby, ela disse: ìOlha, mãe, é da Mattel!î. Aí da Mattel tem a Polly, tem a Barbie, que são os brinquedos que

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ela mais gosta. Gira em torno disso, os brinquedos dela, né? Ah, e aí a Hot Wheels também. Ela gosta de coisas da Hot Wheels, e ela também viu que era da Mattel. E: Hum, hum , ela fez toda a ligação? M12: Fez toda a ligação. E: E tem como, assim, meio que enganar? Comprar uma Polly que não é Polly, alguma coisa desse tipo? M12: Não, ela sabe direitinho. E: Mas já teve uma época que dava? M12: Já. E: Já tentou? M12: Já teve uma época que dava. E aí, mas o que aconteceu? Eu vi, por exemplo, a Polly: Polly é o brinquedo dela, né? Então, eu vi, comprei uma Polly do camelô e aí a Polly se desfaz, né? Aí eu vi que, ela foi ficando nervosa, ela ia brincar a boneca se soltava, caía a perna, caía a cabeça, daí ah começou a chorar, começou a chorar, daí eu disse: nunca mais. Aí ela sabe. Aí a minha cunhada trouxe do Paraguai uma Polly. Aí ela já foi vendo que era falsificada, sabe? Ah, mãe, o silicone não é colorido, ah, mãe, o olho dela não é assim, tal. E a Polly já foi se desfazendo. Então, ela sabe avaliar direitinho. Ela tinha falado assim: Ô mãe, tem uma loja no camelô, aqui de Balneário Camboriú, que a Polly é original, não é falsificada. Então, ela sabe direitinho. E: Hum, hum. Sabe prestar atenção nos detalhes? M12: Hum, hum. E: E produtos de higiene pessoal, né? Como é que é com xampu, pasta de dente, essas coisas? Quem é que escolhe? M12: É ela. E: Ela que escolhe tudo? M12: Ela que escolhe. Eu só avalio o preço, né? Tem coisas que são muito caras. Geralmente é mais caro que o normal, né? Tem coisas, por exemplo, um xampu R$ 12,00 eu não, não aceitaria. Então lá, no máximo, tinha um xampu da Hello Kitty, desse tamanho assim, né? Era R$ 7,00, daí eu levei. Porque ela gostava da Hello Kitty, gostei do cheiro, tudo. Daí levei. E: E ela escolheu pela embalagem? Ou ela abriu e cheirou? M12: Não, ela escolheu pela embalagem. Ela já tinha escolhido antes, eu não tinha levado quando ela tinha escolhido, daí um outro dia quando eu fui na farmácia eu vi e levei. E: Hum, hum. Ela não tava junto? M12: Ela não tava junto. E: Deu de surpresa prá ela? M12: Surpresa prá ela! Foi um presente, né? E: E, pasta de dente, escova de dente, tudo, ela que escolhe? M12: Ela que escolhe. Ela escolhe. Ela vai, sempre com personagem. Ela vai, a última que ela comprou foi do Carros. Aí ela viu, né? Levou, eu olhei preço, ah, pode ser. C12: É, não, daí tu disse assim: aí tu tentou tirar da Hello Kitty, aí eu disse: não, então eu tiro duas. M12: Tira duas, ah, que você já tinha, né? C12: É. M12: É, tinha que trocar por uma outra. Eu disse: ah, então a gente vai jogar fora uma velha, prá não ficar com 500 escovas de dente, né? E: Ah! M12: Aí ela aceitou. Então, uma a gente vai descartar prá botar essa no lugar! E: E comida e bebida tem alguma coisa que não pode faltar? Mas, assim mais essas comidas assim, como é que eu vou falar, petisco, salgadinho assim, né, guloseimas. M12: Hum, hum. Guloseimas. E: Tem alguma coisa que não pode faltar? M12: Tem. tem o Frutloops, que é aqueles sucrilhos coloridos, aquelas coisas coloridas da Kellog´s, né? Que tá faltando hoje, até eu fico agoniada assim, né? Porque eu sei que ela come, ela gosta. O Danoninho, né? Ela pede. É, o suco Ades de abacaxi com hortelã, ela gosta. É muito difícil de encontrar e ela gosta. É, chocolate Milka, ela gosta sempre depois do almoço comer um pouquinho. É, mortadela da Mônica... E: Já comprou outra mortadela? M12: Já. E: E? M12: Não deu certo. Não deu certo. Já comprei da Sadia, eu pensei: da Sadia, né? Nossa! E: E prá você o sabor era o mesmo? M12: Não.

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E: Chegou a experimentar? M12: Não, eu vi que não era. E: Não é? Tem diferença? M12: Eu vi que não era, que tem diferença. O que, por exemplo, o Danoninho: já tem Danoninho, Chambinho e Parmalatinho. Nós já tentamos o batavinho e o Vigorzinho. Não teve jeito, ela não gostou, não quis. Ah, tem bolinha ela disse, né? Aí então, tando dentro desses 3 aqui eu posso comprar. E: Hum, hum. M12: Que às vezes nem sempre tem desses no supermercado. Eu acabo sempre comprando Parmalatinho porque é o mais barato dos 3, e ela gosta! E: Hum, hum. M12: Né? E outra coisa: leite condensado. Eu faço, às vezes, brigadeiro prá ela. E: Hum, hum. M12: Aí ela sabe que quando não é o Leite Moça, da Nestlé, fica bolinha no brigadeiro. Aí ela já... esses dias eu tinha aqui o outro leite condensado, aí ela: ìAh, faz um brigadeiroî. Mas esse vai dar bolinha. ìNão faz mal, eu enguloî (risos). E: E tem diferença? M12: Tem. Tem diferença. Dá bolinha, dá bolinha mesmo. Fica assim aqueles cristalizados, né? Que é a bolinha que ela fala. E: Hum, hum. M12: Aí ela não gosta. E: Tem que ser da Moça? M12: Tem que ser da Moça. E: Então, até você já tinha comentado assim, mas falando um pouquinho da embalagem, né? O quê que chama a atenção numa embalagem prá ela? O que você acha, né, que chama a atenção dela? M12: Eu acho que é o personagem, né? Assim, não precisa ser só um personagem conhecido, mas tendo algum bonequinho assim, já é o começo. E: Hum, hum. M12: Prá chamar a atenção dela, né? Alguma coisa de algumas marcas conhecidas, por exemplo, a Nestlé, é uma marca que ela tem carinho, a Sadia. E: Ela reconhece a marca? M12: Reconhece a marca. E: E como é que chama a atenção? Como é que ela faz? Ela só olha o produto ou ela pega na mão? M12: Pega. E: E aí... M12: Pega na mão. Pega na mão, olha, olha aqui, olha ali. Lê... é prazo de validade, também se prende muito a isso. Vou conta só uma história engraçada: uma vez eu tinha combinado ñ talvez ela não lembre, mas eu lembro ñ eu combinei com a minha cunhada, que a gente tinha combinado um piquenique na semana seguinte, né? E aí eu tinha dito, por exemplo, o piquenique ia ser sábado que vem e aí hoje é quinta ou sexta, e eu tinha dito assim: o quê que vai acontecer semana que vem? Eu disse prá ela, e ela disse assim: vai vencer aquela barra de Nutri que tem lá no armário (risos). Pó, que mau! Eu achei que ela ia responder o piquenique, né? Mas ela tava tão ligada na validade que... E: Ela olhou de certo o armário antes... M12: Antes, né? E o quê que vai acontecer? Vai vencer aquela barra de Nutri. (risos) E: (risos). M12: Ah, ela é ligada em tudo. Todas as validades. E: E assim, a relação que ela tem com o produto, né? Ela olha o preço também? M12: Olha. Direitinho, ela sabe R$ 1,89, R$ 4,59. Então assim, agora ela já sabe o quanto representa R$ 1,89, né? Mas antes ela perguntava: ìé caro, mãe?î ela perguntava. Daí eu disse: ah, é caro prá isso. E: Hum, hum. M12: Né? Prá esse produto isso é caro. Aí ela já... E: Aí ela começa, a olhar o preço... M12: Ela faz a relação de preço, que ela sabe o quanto ela tem, né, ela não sabe se pode aquilo ou não. E: Hum, hum. M12: Tá? E: E promoção? Ela chega a ser influenciada por algum tipo de promoção? Pode ser daí levar dois produtos ou um brinde, né?

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M12: Muito, muito! Tudo o que tem brinde, ela chama, mostra prá mim, né? Assim ó, ela tem uma relação com o produto porque eu também sou entusiasmada com os produtos, né? Então eu e o meu marido, a gente trabalha com marketing, a gente faz um comentário: olha só, que danado, eles fizeram isso e tal, e daí ela também às vezes fala: ìmãe, que danados, quiseram enganar a gente! Fizeram tal coisaî. Hoje mesmo ela comentou uma coisa, que fizeram errado. ìOlha só mãe, que espertos!î Ah, era uma coisa do catálogo. C12: Da Faber. M12: É, da Faber Castell, né? É outra marca que ela tem uma relação assim... E: E o quê que era essa... M12: Era... C12: Era uma caixa de lápis de cor que era, que tava escrito com outro nome. M12: Ah, é. Ela perece de outra marca e tava com o nome da Faber Castell no catálogo. E: Hum, hum. M12: E aí ela falou: ìolha só, mãe, que espertos! Eles põem Faber Castell prá gente achar que é e não é. E: E não era? M12: É. Eu não sei se é uma marca que a Faber Castell deu um outro nome, uma submarca! E: Mas ela não reconheceu como Faber Castell? M12: Não. E: Hum, hum . E, bom, essa questão dos brindes. Você costuma atender os pedidos? M12: Atendo. Eu atendo. Sempre tem os sucrilhos que tem o brinde do personagem né? Eu avalio o brinde também, né? Se é um brinde de qualidade, se não é. E: Você falou que ela gosta daquele Froot Loops da Nestlé, né? M12: Isso. E: E se tá na prateleira, mas tem um outro, pode ser até de outro sabor, ou até de outra marca que tem um brinde. M12: Hum, hum. E: Ela pede outro? Se o produto não tem brinde... M12: Hã Hã. C12: Às vezes não. M12: Às vezes não, é só se, por exemplo, uma marca que ela confia. Uma vez aconteceu o seguinte: a gente provou um da Nestlé. A moça tava fazendo demonstração no supermercado, a gente provou, ela gostou. Aí eu disse: ìah, vamos levar esse?î, tinha botado já no carrinho, aí ela viu, né, quando a gente foi prá prateleira, tinha um da Kellog´s que vinha um pratinho prá comer junto. E: Ah! M12: Aí ela levou o da Kellog´s, daí eu falei prá moça: ìé impossível competir com issoî, né, porque vem o pratinho. E: Não teve jeito? M12: Não teve jeito. C12: Era que vinha dois sucrilhos e um potinho. M12: Dois sucrilhos, é, agora eu tô me lembrando: dois, levei um a mais, só porque vinha o potinho. É, e ela gosta bastante do da Nestlé, que era Nescau cereal. E: Hum, hum. C12: Não, era o Snow Flakes. M12: Ah, era o Snow Flakes. E: E o outro que ela ganhou o pratinho, era o sabor que ela comia? M12: Ela comia. E: Hum, hum. Não era o preferido assim, ou era.... C12: Não era. M12: Não era o preferido. E: Mas o pratinho foi o... M12: É, ela gostava, e eu sabia que não ia ficar no armário, né? C12: É, mas ficou! M12: Ficou, né? (risos). Ficou! (risos) Lembra mais do que eu, viu? O Froot Loops, o sucrilhos, eu não sei se isso vem ao caso, mas eu acabo comprando na loja de cereais. Que como ela consome muito, aí eu compro em quilo, fora da embalagem, que é 3 vezes mais barato. E também acontece que, leva isso e o irmão dela, porque o meu marido tem 2 filhos do primeiro casamento... E: Ah, tem um irmão mais velho?

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M12: Tem um irmão mais velho de 19 anos que trabalha com a gente. O nosso escritório é em casa e ele trabalha com a gente. Então, ele também adora aquele sucrilhos. Então eu, tive um tempo, que eu fazia um pote prá ele e um pote prá ela. C12: É, e depois não. M12: Depois não, e aí ele acaba comendo. Então eu compro em quilo aquilo. E: De tanto que se consome? M12: De tanto que se consome. E: E falar um pouquinho de mesada. Ela ganha mesada? M12: Não é como uma... E: Não é fixo? M12: Não é fixo. Não é? Então, o quê que acontece? Às vezes eu vou deixar ela lá na casa da minha mãe. Vamos dizer: ah, vamos sair! Daí o meu marido diz: dá um dinheirinho prá ela, prá ela ir na loja de R$ 1,99 com a minha mãe escolher uma coisa. Ou comprar figurinha. E: Hum, hum. M12: Aí a minha avó, às vezes vai negociar um abraço com ela, dá R$ 1,00. (risos). Aí então, alguma coisa assim que o dinheiro entra prá ela. E: Ela ganha um dinheirinho assim, esporadicamente? M12: Esporadicamente. Mesada não. E: E, o quê que ela faz com esse dinheiro? M12: Ela compra figurinha, ela compra alguma coisa no R$ 1,99. C12: É, às vezes um gibi. M12: Um gibi, né? Que tem uma banca perto da casa da minha mãe, ela acaba gastando mais ali perto da casa da minha mãe. E: Ela não guarda? M12: Ela guarda. E: Alguma coisa? M12: Guarda. O que ela tá guardando são moedas agora. E: Só moedas? M12: É, que a gente junta moedas, daí a gente vai, geralmente uma vez ao ano pro Rio de Janeiro, que a família do meu marido é de lá. E: Hum, hum. M12: Ela junta moedas o ano inteiro prá gastar em alguma coisa lá no Rio de Janeiro: ir no Parque da Mônica, comprar algum brinquedo que ela viu diferente lá. E: Hum, hum. M12: Daí deu nesse ano uns R$ 60,00, R$ 70,00, que ela vai juntando. E: Que ela vai juntando o troco? M12: Ela conta de vez em quando, quanto dá. E: E assalta o crofrinho? M12: Hã? Ela? E: É. M12: Não muito. Não muito. Ela respeita bastante assim. C12: Às vezes eu pego. Um dia eu peguei assim e coloquei bastante moeda, aí depois eu peguei: não, eu vou tirar algumas, eu acho que daí tirei duas. M12: Ah, é? Hã! Então tá. (risos) E: É, como é que ela conversa com você sobre os produtos que ela quer? M12: Então, geralmente ela programa prá alguma coisa que vai acontecer: pro aniversário, pro Natal, pro Dia das Crianças. Isso eu vou querer no Dia das Crianças, isso vou querer no Natal, eu vou querer... E: Hum, hum. M12: Então, é quando ela ganha brinquedos. C12: Aí às vezes eu peço, mas depois eu não quero. M12: É, daí ela muda. E: Quando ela pede muito tempo antes? M12: É, aí ela muda, né? E: E vocês costumam atender todos os pedidos? M12: Sim. Geralmente é. E: E como é que ela faz assim, por exemplo, vocês estão vendo tevê e aparece a propaganda de algum produto que ela quer, né? Ela se manifesta?

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M12: Hum, hum, chama. Põe na Discovery Kids, na Cartoon Network e chama. Geralmente aparece e ela diz: ìmãe, mãe, mãe, olha aqui ó, olha aquela Barbie assim, assim, assim!î. Ou ela vai, adora ir na Lojas Sulamericana ver brinquedos, quando ela vai, ela explica tudo prá mim como é, né? E: Todo o funcionamento? M12: Todo o funcionamento do brinquedo, porque que é legal. Ou ela foi na casa de uma amiga, a amiga tem, aí ela mostra. ìAh, ai, aquela amiga tem esse mãe, assim, assim, assim, funciona assimî. E diz: ìai, eu vou querer pro meu aniversárioî. E: Ela vê primeiro na amiga, depois na tevê ou tem coisas que ela só vê na amiga, por exemplo? M12: Tem coisas que ela só vê na amiga. Ela me falou hoje de um jogo que ela jogou na casa da filha de um amigo nosso, aí ela disse que... C12: Não. M12: Da Fernanda. C12: Não, não é do Arthur, é da outra Fernanda. Da, lá Fernanda da escola, mãe. M12: Ah, foi dessa Fernanda? Ah, então faz tempo já que você jogou. O jogo do astronauta, que você disse? Como é que era o jogo? Você não falou: ìó, mãe, eu vi um jogo que a Fê tem, que tem um astronautaî. C12: Não, um alienígena. M12: Alienígena, é isso aí. É alguma coisa do espaço. Aí ela falou... E: Ela só falou hoje? M12: Falou hoje prá mim... E: Mas já viu faz tempo? M12: Viu faz bastante tempo. Já faz bastante tempo que ela não vai na casa dessa amiga. Até achei que era mais recente, que era uma outra Fernanda. E aí então eu já tô interessada. Eu disse: ó, a gente precisa saber. Eu falei prá ela: você vai reconhecer na loja, vendo pela embalagem? E: Hum, hum. M12: Como é que é, porque ela não sabia o nome. Ela disse sim, então eu já me interesso em comprar. Agora, prá ela tem que ser brinquedo. E: Hum, hum . Mas você ainda não sabe quanto que é? M12: Não. Eu vou verificar depois. E: Mas vai, ela pediu, você pelo menos vai na loja ver o quê que é. M12: Ver o quê que é, é isso. Outra coisa assim, eu não sei se é importante aqui agora, mas com relação a brinquedo: muito ela vê na internet. Né, daí então ela acessa esse site... E: Ela acessa a internet? M12: Acessa. Acessa os sites da Polly, da Barbie ou do Discovery Kids, do Cartoon Network. E: E ela chama vocês prá olhar o computador? M12: Chama. Muito. E aí ela vê um brinquedo novo, por exemplo, o site da Polly é americano. Então, é lançado lá primeiro, né? E: Depois aqui? M12: Depois de um tempo vai ser lançado aqui. Ela ganhou nesse Natal o Cruzeiro da Polly. A gente viu esse brinquedo em maio, por aí. Ela já ficou desde aquele período pensando no brinquedo. Em agosto eu já dei dinheiro pro Papai Noel e o Papai Noel comprou, porque era muito caro, né? Então, eu já comprei em mais vezes, era R$ 300,00. Ah, vou comprar em mais vezes... C12: É, e aí depois abaixou! M12: É, depois baixou, mas foi uma coisa negociada e é o ano inteiro, prá no final ela ganhar. Então é assim que funciona. E: Bom, e quando ela olha na internet ela fica sozinha? M12: Sim, a maioria das vezes ela fica sozinha na internet. Aí ela chama prá ver alguma coisa, ou jogar, ou explicar alguma coisa na internet. E: E sobre as amizades dela, né? M12: Hum, hum. E: Você nota que ela se comporta assim, se veste do mesmo jeito que as amigas assim? Tem as mesmas roupas, as mesmas coisas, ou não? Ainda não é muito parecida? M12: Os brinquedos sim. Brinquedos é muito parecido, né? As coisas de escola... ficou uma onda na escola, as amigas dela são as da escola, ou ainda a prima, né? Tem umas crianças no prédio que ela brinca, mas não influencia muito nas coisas que ela tem e eu compro, né? Mas, da escola então é, ah, começou uma onda de ter fichário, de trocar folha de fichário. Aí ficou: ìai, a tal tem fichário, a tal tem fichário talî e ficou todas influenciadas pelo fichário uma da outra. E: Ela usa, ao invés do caderno, ela usa fichário?

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M12: Não, não. Não usava prá nada. Só prá trocar as folhas do fichário. Levar e trocar. Ela não escrevia nas folhas, nada, né? Ela estuda na Freinet, então, lá eles tem uma forma de folhas separadas, os cadernos separados, é uma forma diferente. E: Hum, hum. M12: E aí, as roupas não. Ela até tem assim. Ela é das amiguinhas do grupo a que mais tem roupas, e compra mais roupas, a mais consumista assim. As mães até dizem assim: ai, ela sempre tá com uma roupa nova, diferente, né? E: Hum, hum . M12: As amigas já são mais desligadas de roupa. E: Mas essas roupas novas que ela tem, é ela que pede ou você que compra? M12: Eu que compro. Eu gosto bastante de comprar roupa prá ela. E: Você que coloca esse estilo nela, assim? M12: Eu que coloco esse estilo nela. E: Hum, hum. M12: Fico empolgada. Chapeuzinho, por exemplo, ah nenhuma menina quase gosta de usar, que esquenta a cabeça, que tal. Aí ela sempre gostou desde pequena porque eu ia colocando. E ela tem a irmã mais velha. Né? A irmã de 23. E: Hum, hum. M12: Então, é o modelo dela. Como se vestir, o cabelo, como arrumar o cabelo, como se maquiar. E: Ela observa a irmã? M12: Muito. Ah, a minha irmã usa assim, então elas são bem parecidas. E aí ela, o que a irmã usa, né? É batata! E: É um espelho prá ela? M12: É um espelho prá ela, e o meu jeito de usar também, assim. Ela opina: ìmãe, o teu sapato tá bonito! Mãe, a tua...î Ela vê eu me vestindo prá dar aula, prá trabalhar. E: Hum, hum. M12: Né, daí ela observa. E: Quando ela não gosta, ela fala prá ti? M12: Sim (risos) Ai, não ficou esse colar assim, entende? Ela fala. E: Bem decidida assim. E quando um amigo dela vem com uma coisa legal, uma coisa nova que ele comprou, né? Como é que é a reação dela? M12: Ela já vem na hora falando. Né, na volta da escola ela vem: ìai, tal comprou tal coisa mãe, é muito legal. Ai, quando der, tu vê, se for barato tu compra prá mim?î E: Geralmente é atendida com os pedidos que os amigos têm? M12: Geralmente é atendido. Geralmente é atendido. E: E falar, por exemplo, de um tênis, né? M12: Hum, hum. E: O quê que você acha que seria mais importante, assim? A sua opinião ou a opinião dos amigos dela? Assim, o que os amigos têm, ou o que você acha lá na loja? M12: Não, o que eu acho lá na loja. Por exemplo, tem uma coisa, os amigos dela. Muitas das amigas dela têm essas sandálias da Grendene, de personagem, né? Ah, que ela falou da Wanessa Camargo, da Sandy ou da Cinderela. E tem um problema assim: eu me recuso, evito ao máximo comprar essas sandálias, que elas têm salto geralmente, né? Ela não, não usa, então, isso ela já acatou. A sandália de salto já não vamos comprar. Não vamos comprar. Então, ela já recusa. E: Hum, hum. M12: E o outro problema é que ela ainda não, não aceita muito é que aquilo risca, a criança usou uma vez e parece que a sandália tá suja. Eu que aprendi limpar depois com acetona, mas senão, ah, não, vou pagar R$ 30,00 por uma sandália que duas vezes usou e já parece que tá suja, estragada? Então, as amigas todas têm e ela não tem. Eu vou adiando. Aí teve um tênis da Hello Kitty com luzinha que foi adiando, adiando, adiando, e ela não teve. Todos tinham e ela não teve. Ficou sem. E: E ela ganhou outro tipo de tênis ou ela já tinha e não precisava? M12: Ela já tinha e não precisava e porque eu, me recusava a comprar. Né? E: Qual que era o motivo? M12: Por isso: porque ele riscava. Era um da Grendene, era de plástico... E: Ah, tá. Era também de plástico? M12: Ele riscava, era muito caro, era R$ 48,00, depois R$ 50,00 e pouco. Eu disse, ah, não, eu não vou comprar. E aí, às vezes eu dou uma outra coisa no lugar. E: Daí ela insiste? M12: Insiste, ela fala. Ela lamenta, né? Ela olha as outras que tem, mas não é o fim do mundo. E: Ela faz algum tipo de promessa assim, eu vou ajudar mais se eu ganhar ou eu vou...

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M12: Não. E: Ela não tenta conseguir de alguma maneira? M12: Não, não. Isso não. E: Ela só pede? M12: Só pede. Hum, hum. E eu sei que se eu atender ela vai ficar muito feliz! Mas aí eu vou adiando, até que passou (risos). E: E tevê, né, ela assiste muito? M12: Não é muito. Não é muito. Tem dias que ela passa o dia inteiro sem assistir. C12: Sempre de noite eu assisto. M12: É, sempre de noite. Quando eu vou prá Asselvi. C12: Às vezes eu brinco no computador. M12: É. Quando eu vou prá Asselvi e ela fica com o meu marido, aí ele acaba entretendo ela com a tevê ou com o computador. Ou então, senta na cama, lê gibi, ela faz muito isso. Lê muito, ela tem pilhas e pilhas de gibis. Aí ela lê prá ir o tempo passando, assim, né? Mas a tevê é bem pouco. E: E quando ela assiste, o quê que ela assiste? M12: Cartoon Network, Discovery Kids. C12: Nickelodeon. M12: Nickelodeon e só. Alguma coisa do canal Futura. E: Hum, hum. M12: Né? E: E canal aberto? M12: Cultura, aí quando ela tá na casa da minha mãe aí ela assiste a novela das 6 com a minha mãe e com a minha vó, só. Os Rebeldes ela não assiste. Nem, nem sabe, nem tem interesse, nem sabe o que é. E: Ah, é? Não pediu nada dos Rebeldes? M12: Nada. Nada. E: E como é que você lida com as propagandas que ela vê? Você conversa, ou... M12: Como? Como? E: Com as propagandas que ela vê? Você lida assim, de alguma maneira. Conversa com ela ou não? M12: Converso, converso. Eu não evito nenhuma, né? Eu converso e comento: ah, essa propaganda do lançamento. Ela gosta desse tipo de propaganda, ela comenta: ìah, uma propaganda engraçada. Aí o cara veio e fez isso e talî E: Ela não troca de canal na propaganda? M12: Não. Não. Ela gosta de assistir. E: E as compras familiares, né? Tem alguma coisa na casa assim, que é prá casa que ela opina? O que vocês compraram, alguma coisa especificamente: um eletrônico, alguma coisa assim que ela teve alguma influência? M12: Prá uso dela, só. E: Só prá uso dela? M12: Prá uso dela. O quarto dela, a tevê dela, o videogame dela... C12: O gravador. M12: O gravador, a roupa de cama, né? A gente vai na loja junto e se ela gosta. Ah, uma luminária, né? A luminária foi engraçado: a gente queria levar uma, queria levar uma, queria levar uma, queria levar uma, e ela tava assim, um pouco triste, aí então eu quero levar essa. E aí a gente acabou comprando também aquela uma que a gente gostava. Agora ela tem duas luminárias: a que ela gosta e a que a gente gosta (risos). Que ela também gostou, né? E: Hum, hum . M12: Entre as duas ela gostava mais daquela. E: Foi uma de cada? M12: É, foi uma de cada (risos). Primeiro a que ela gostava, depois a gente foi outra vez na loja... E: Trouxe as duas. E quando vocês compram alguma coisa, vocês estão decididos a comprar alguma coisa nova. Vocês pedem a opinião dela? Ou explicam que vão comprar alguma coisa... M12: A gente explica que vai comprar, né? E: Mas não chega a pedir a opinião? M12: Não. Acabamos não pedindo a opinião. A gente sabe que ela gosta do mesmo estilo que a gente, né? A gente fez a cozinha nova em casa, ela adorou a cozinha nova. Até foi engraçado, que ela falou: a gente comprou em Curitiba, né? Aí ela faltou à aula no dia que a gente foi, ela ficou na minha mãe e a minha mãe não tinha como levá-la prá escola. E: Hum, hum.

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M12: E aí ela falou prá professora que ela faltou à aula porque os pais foram comprar a cozinha em Curitiba (risos). Eu pensei: meu Deus, que coisa mais fútil, né, prá faltar à aula. Mas ela viu aquilo ali tão importante, né? Aquela compra foi tão importante prá todos nós. E: Hum, hum. M12: ìFoi tão importante que eu faltei à aulaî. E: Ela não ajudou a escolher, não... M12: Não, não ajudou a escolher. E: Só foi comunicada? E, só prá finalizar assim, falar um pouco sobre a sua ocupação, né? M12: Hum, hum. E: Você falou que fica de tarde com ela. M12: Fico de tarde com ela. E: Desde que ela nasceu? M12: Não. E: Como é que era antes? M12: Quando ela nasceu aí eu ficava trabalhando o dia inteiro, né? E aí almoçava com ela, que ela ficava na casa da avó. E: Hum, hum. M12: Ou na escola. Na escola, né? Meio período e outro período na casa da vó. Aí ficou depois daí um outro período, ela ficou um ano o dia inteiro na escola. C12: Aí eu ia pro balé e ficava muito cansada. M12: Cansada é. C12: E aí eu ficava chorando. M12: É, e ai esse tempo que ela ficou foi difícil, foi difícil prá ela e daí eu tomei a decisão de levar o escritório prá casa. Aí também desvencilhamos o escritório e eu falei pro meu marido: não, vamos montar o nosso escritório em casa. E daí a partir dali, então, ela vai de manhã prá escola, à tarde ela fica comigo, né? E: E você não fica trabalhando nesse período? M12: Fico, às vezes eu fico, né? Aí ela fica junto com a gente no escritório. Eu, o meu marido, os dois irmãos dela e ela. Então, ela fica desenhando, a gente dá papel prá ela recortar ou ela faz a tarefa ali mesmo. E: Todo mundo trabalha no escritório? M12: Todo mundo trabalha no escritório. E aí às vezes eu pego, saio do escritório, assim, né, da sala do escritório e vou ali fora ou no quarto dela e brinco um pouco com ela. Né? Fico só com ela a tarde toda. Então isso, isso às vezes acontece. Mas, a maior parte do tempo eu trabalho também, mas ela fica ali. E: Você notou alguma diferença enquanto você trabalhava fora o dia inteiro e quando você foi trabalhar em casa. M12: Muito. Muito. E: O quê que foi assim, essa diferença? M12: Ela mais tranqüila, né? Mais comunicativa, ela mais, é assim, mais fácil de lidar, né? Tava muito difícil quando ela ficava o dia inteiro na escola. E: Hum, hum . M12: Cansada, muito cansada. Então assim, eu ficar com ela, foi muito bom prá ela. E foi bom prá mim também porque eu fiquei também mais tranqüila, com o coração mais tranqüilo, porque eu tava angustiada, né? De ficar na escola e eu não tá ali junto com ela. Eu assim, foi, nossa! A melhor coisa que eu fiz. E: E de noite você sai, toda noite? M12: Toda noite eu dou aula. Toda noite eu dou aula. E aí ela fica com o meu marido à noite. Ou, se o meu marido está viajando ela fica na casa da minha mãe. E: Hum, hum . Então, nesse período, você nunca está junto dela? M12: Nunca tô junto com ela. Nunca tô junto com ela. Ela lamenta bastante. Assim, né, quando não tem aula, ìai, que bom, não tem Asselvi!î, (risos) ela fala assim. Ela sabe os dias que tem, que não tem... C12: Sábado e domingo. M12: É, sábado e domingo, daí nós ficamos juntas à noite. É que ela dorme muito cedo, isso é o bom. Às vezes o meu marido tá me levando ou precisa do carro, alguma coisa, ele tá me levando prá Asselvi, ela já dormiu no meio do caminho. Seis e meia ela já dormiu. Então, ela dorme muito cedo. E: Hum, hum. M12: Então assim, é uma coisa que também foi bom. Foi boa, porque eu sei que, não estaria com ela esse período, ela tá dormindo.

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E: Ela tá dormindo, né? M12: Ela tá dormindo. E: E, só uma coisinha que ficou ali. Como é que é você com ela assim? Você costuma assim, comprar muitas coisas assim, é fora de datas e trazer prá ela de surpresa? Como é que é a tua relação? C12: Teve aquele dia que tu trouxe lá aquele brinquedo. M12: É. Teve. Teve. É, mais no começo assim. Ela tinha 3, 4 anos, aí eu vi um brinquedo porque ela, hã, ficou um período assim, sem ganhar brinquedos quase, né. Ela não tinha muitos brinquedos. Aí eu disse: ah, vou começar a fazer um grupo de brinquedos prá ela. Vou começar a montar a coleção de brinquedos dela. Aí eu dei um fora de hora, tanto que ela se lembra. Mas senão, não. Aí, coisas pequenas que eu trago: um lapisinho, uma borrachinha, uma revistinha, é um lacinho ou roupa, né? E: Isso é freqüente? M12: Isso é freqüente. Aí sim. E ela gosta, às vezes, de roupa tanto quanto um brinquedo. E: Hum, hum. M12: Então eu sei que ela vai ficar feliz, né? É um presente prá ela, trazer aquela roupa ali. E: E como é que é o quarto dela? É que muitas vezes eu faço as perguntas na casa das pessoas, e aqui vocês não residem, né? M12: Não, não. E: Aqui é de verão, é de praia, né? É assim, eu vou lá, olhar o quarto, como é que é, e como eu não estou podendo fazer isso, eu queria que você me explicasse como é que é o mundo dela. M12: Hummm... tá. O quarto dela a gente, antes ela dormia com a gente. Tinha o quarto dela, tinha os brinquedos dela, mas ela dormia com a gente no mesmo quarto, né? C12: Num colchão. M12: Num colchão, exatamente. Não tinha cama, aí ela. C12: E cama de vocês também era num colchão. M12: Num colchão. Dormíamos nós, nós três num colchão. Aí ela no dela, e eu e meu marido no outro. E aí, daí depois a gente foi fazer o quarto dela. Foi todo um empenho, ela ajudou muito nessa escolha do quarto, né? E aí o quarto dela ficou muito legal. C12: É, primeiro a gente queria aquele lá que descia, né? Só que aí o homem disse que, que se a pessoa tivesse muito sonolento ia cair. Aí a gente disse, não vamos comprar, né? Aí depois a gente viu um outro mais barato e aí a gente comprou esse. M12: Isso mesmo. Então aí, o quarto dela o meu marido montou, a gente comprou de uma loja, né. A Tok Stok, né. E: Hum, hum. M12: Aí o marido montou e então é uma cama em cima, aí tem outra cama embaixo, aí desce por uma escadinha e tem uma escrivaninha, né? Então, ela dorme em cima, aí todas as crianças do prédio dormem no quarto dela, porque daí é lá em cima, parece uma casinha na árvore. C12: Aí um dia um amigo lá, meu, vizinho, ele pegou assim e ele não conseguia descer. M12: É (risos) Eles querem subir, mas não conseguem descer. Aí o quarto dela tem a parte das roupas, que fica do lado da cama, um módulo de duas portas. Aí o resto é todo brinquedos. Tudo brinquedos... E: Tem bastante brinquedo? M12: Tem. Bastante brinquedos. Então, até agora nesse Natal, como esse brinquedo que ela ganhou é esse barco da Polly, o cruzeiro da Polly é desse tamanho, né? Daí eu disse: ó, não vai ter espaço aqui prá gente colocar esse e outros que você tem. Então, vamos liberar de alguns. Aí ela escolheu os que ela queria doar, que ela não brincava mais e deu. Então, a maior parte do quarto é ocupada por brinquedo. Tem uma tevê daquela ali vermelha que ela gostou muito quando ganhou, que era vermelha e... C12: É, eu ganhei de presente, eu não sabia. M12: É. Foi uma surpresa. Aí veio... E: Foi em alguma data também, não? M12: Não, foi depois. Não foi em nenhuma data específica. E: Hum, hum. M12: Eu vi na internet, precisava de uma tevê, daí mandei entregar. Ela ia tá na casa da minha mãe naquela semana, mandei entregar de surpresa. Comprei pela internet, né? E: Hum, hum M12: E aí entregou, como presente, né? E daí tem o playstation dela e os materiais escolares. Tem uma escrivaninha prá ela fazer as tarefas, aí ela às vezes ela faz, às vezes não faz, então é assim, todo o mundo dela tá dentro daquele quarto ali.. E: Tem brinquedos também em outros cantos de casa?

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M12: Só a bicicleta, que não cabe ali. E: Hum, hum. M12: Não, tudo ali. E: Tudo ali? M12: Tudo é guardado ali. E: Hum, hum M12: E pra que ela sempre tenha acesso, né? É, ela decora o quarto com alguns bonequinhos do McDonald´s: o Nemo, as Hello Kitty´s... E: Hum, hum, ela que decora? Que colocou? M12: Não, eu que decorei. E: E ela mantém? M12: Ela mantém. Ela gosta. E: Então, é isso! M12: É isso? E: Muito obrigada! Adorei a nossa conversa!

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