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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
CINDY GONÇALVES NEIS
MICHELLE ANDREZA SANTANA TEIXEIRA
A IMPORTÂNCIA DO EXAME CITOPATOLÓGICO CÉRVICO-VAGINAL
DURANTE A GESTAÇÃO
Duque de Caxias
2018
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
CINDY GONÇALVES NEIS
MICHELLE ANDREZA SANTANA TEIXEIRA
A IMPORTÂNCIA DO EXAME CITOPATOLÓGICO
CÉRVICO-VAGINAL DURANTE A GESTAÇÃO
Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso II como um dos requisitos para a conclusão do Curso de
Medicina.
Orientador: Professor Marcos Vianna Lacerda de Almeida
Duque de Caxias
2018
N416i Neis, Cindy Gonçalves.
A importância do exame citopatológico cérvico-vaginal durante a gestação /
Cindy Gonçalves Neis, Michelle Andreza Santana Teixeira - Duque de Caxias,
2018.
26 f.: il. ;30 cm.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Medicina) – Universidade do
Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, Escola de Ciências da Saúde, 2018.
“Orientador: Prof° Marcus Vianna”.
Bibliografia: f. 12-26.
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
CINDY GONÇALVES NEIS
MICHELLE ANDREZA SANTANA TEIXEIRA
A IMPORTÂNCIA DO EXAME CITOPATOLÓGICO CÉRVICO-VAGINAL
DURANTE A GESTAÇÃO
Aprovado pela banca:
Prof.__________________________________
Prof.__________________________________
Em_________de_________________2018
Duque de Caxias
2018
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe e a minha prima que acreditaram no
meu sonho e o tornaram realidade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, que me deu força e energia nesses 6 anos.
A doutora Fernanda Miranda Dias de Almeida por ter me dado muito apoio e ajuda neste
TCC.
A minha mãe, Celma, que viveu esse sonho e me ajudou (e muito) a realiza-lo.
Ao meu pai, Ademar, e a minha ‘‘boadrasta’’, Soraya, agradeço por terem me ajudado nesses
anos difíceis.
Ao Felipe, que me ajudou me apoiando emocionalmente e me incentivando a sempre ser
alguém melhor.
A minha prima, Paula, que, sem ela, nada disso seria possível.
A minha irmã, Joyce, e minhas afilhadas, Paola e Maitê, ao meu enteado Bernardo, por
tornarem as coisas mais fáceis ao ver o sorriso de vocês.
Aos meus amigos, por terem feito meus dias melhores e mais divertidos. Em especial, a
doutora Ana Carolina Bargas Rega por ter me mostrado a profissional que quero ser.
Agradeço, por fim, a minha avó Sebastiana por todo carinho.
EPÍGRAFE
Quando você cuida de alguém que realmente está precisando, você
vira um herói. Porque o arquétipo de herói é a pessoa que, se precisar,
enfrenta a escuridão e segue com amor e coragem porque acredita
que algo pode ser mudado para melhor.
Patch Adams
A Mente precisa de livros assim como uma espada precisa de uma pedra
para amolar.
Tyrion Lannister
Continue a nadar, continue a nadar.
Dory, procurando nemo
Ao infinito e além.
Buzzlightear
Metade de mim agora é assim: de um lado a poesia, o verbo e a saudade
e do outro a luta, força e coragem pra chegar no fim. E o fim é belo,
incerto, depende de como você vê. Um novo credo, a fé você deposita em
você e só.
O anjo mais velho, O Teatro Mágico
Ohana quer dizer família. Família quer dizer nunca abandonar.
Stich
RESUMO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: CÂNCER DE COLO DE ÚTERO
Segundo o INCA, o câncer de colo do útero ou cervical, em termos de prevalência, só está
atrás do câncer de mama e do colorretal, sendo o terceiro tumor mais frequente nas mulheres e
a quarta causa de morte da população feminina por câncer no Brasil, sendo estimados 16.370
novos casos neste ano de 20188.
O exame citopatológico é usado de maneira periódica para identificar lesões precursoras de
câncer de colo de útero sendo, portanto, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde para
rastreamento de mulheres na faixa etária entre 25 a 59 anos sexualmente ativas, devendo ser
realizado uma vez por ano e, após dois exames consecutivos negativos, deve ser feito a cada
três anos.
As gestantes também têm indicação de realizar o rastreamento durante seu pré-natal, mas o
que percebemos é uma baixa adesão das mulheres e dos profissionais de saúde na captação
dessas gestantes no rastreio.
O objetivo deste estudo é avaliar, por meio de uma revisão bibliográfica, qual o impacto para
a mulher gestante e seu bebê e da não realização de rastreio para o câncer cervical ao longo do
pré-natal.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer de colo do útero; Gestantes; Rastreamento; Papanicolau; Pré-
Natal.
ABSTRACT
LITERATURE REVIEW: CERVICAL CANCER
According to INCA, cervical or cervical cancer, in terms of pravidity, is only behind breast
and colorectal cancer, being the third most frequent tumor in women and the fourth cause of
death of the female population due to cancer in Brazil, with an estimated 16,370 new cases in
20188.
The cytopathological examination is used periodically to identify precursor lesions of cervical
cancer and, therefore, is the strategy adopted by the Ministry of Health to screen women in
the age group between 25 and 59 years of sexual activity and must be performed once per
year and, after two consecutive negative tests, should be done every three years.
The pregnant women are also indicated to perform the screening during their prenatal care,
but what we perceive is a low adhesion of women and health professionals in the capture of
these pregnant women in the screening.
The objective of this study is to evaluate, through a bibliographic review, what is the impact
for the pregnant woman and her baby and the non-screening for cervical cancer during the
prenatal period.
KEY WORDS: Cervical cancer; Pregnant women; Tracking; Papanicolau; Prenatal.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACIP Comitê Consultivo em Práticas de Imunizações
ACOG Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas
ACS Sociedade Americana de Câncer
AIS Adenocarcinoma in situ
ASCCP Sociedade Americana de Colposcopia e Patologia Cervical
HPV Papilomavírus Humano
HSIL Lesão Intra-Escamosa de Alto Grau
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
NIC Neoplasia Intra-Epitelial Cervical
USPSTF U.S. Preventive Services Task Force
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
2- REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 2
3- OBJETIVOS................................................................................................................. 6
4- MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................7
5- RESULTADOS............................................................................................................. 8
6- DISCUSSÃO ............................................................................................................... 9
7- CONCLUSÃO ........................................................................................................... 10
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 12
1
1 – INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero teve aproximadamente 530 mil novos casos por ano no
mundo, tendo levado cerca de 266 mil mortes por câncer de colo do útero em 2014 em países
de baixa e média renda, sendo uma das maiores ameaças à vida das mulheres (WHO, 2014).
No Brasil, o câncer de colo do útero é o mais incidente na Região Norte, tendo 24 casos a
cada 100.000 mulheres. Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste está na segunda posição, tendo
18/100.000 e 28/100.000, respectivamente, é o terceiro na Região Sudeste (15/100.000) e o
quarto na Região Sul (14/100.000) (BRASIL, 2013). A maioria das mulheres que vivem em
países onde ainda há uma alta mortalidade por câncer de colo de útero que desenvolveu esta
neoplasia ou foi devida a inadequada periodicidade, ou porque não realizaram o Papanicolau,
sendo observado, ainda, coleta e análise inadequadas do material (GONÇALVES et al.).
O câncer do colo do útero ou cervical é causado pela persistente infecção do
Papilomavírus Humano (HPV) de tipos oncogênicos. Na maioria das vezes, a infecção genital
por esse vírus não causa doença, mas, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares
que cursam com o câncer, as quais são descobertas com o Papanicolau (exame preventivo),
sendo curáveis na quase totalidade dos casos. Daí a importância da realização periódica deste
exame (INCA, 2018).
Toda mulher que já teve vida sexual ou que tem e estão na faixa etária entre 25-64
anos de idade deve ser submetida ao Papanicolau. Nas gestantes, a incidência é de 15 casos a
cada 10.000 gestações (BOND, 2009) e a coleta adequada não parece aumentar o risco sobre a
gestação (HUNTER; MONK; TEWARI, 2008). Assim, o rastreamento entre as gestantes deve
ser realizado seguindo as recomendações de faixa etária e periodicidade como para as demais
mulheres, sendo o pré-natal uma oportunidade a ser considerada para o rastreio.
Assim, o objetivo deste trabalho é revisar a literatura quanto ao impacto para a
gestante e seu bebê da não realização do rastreio de câncer cervical ao longo do pré-natal.
2
2 – REFERENCIAL TEÓRICO
Os serviços de saúde são organizados para gerar a integralidade na saúde da mulher
(SOARES, 2007), de modo ‘‘a criar vínculo, acolhimento e autonomia’’ (OLIVEIRA;
PEREIRA, 2013). Se em algum momento da vida da mulher ela procurar os serviços de
saúde, seja para atendimento de seus amigos, familiares ou para os seus próprios problemas,
elas devem receber devida orientação quanto à detecção precoce ou prevenção de agravo. O
atendimento integral à saúde da mulher consiste na articulação de promoção de saúde,
diagnóstico precoce, prevenção do agravo, reabilitação de saúde e trabalho oportuno, olhando
para a mulher em todas as fases de sua vida, não somente no momento da doença (SOARES,
2007). É bem propício rastrear neoplasias cervicais nas gestantes, pois, há uma maior
frequência de neoplasia intraepitelial em gestantes que têm 18 a 35 anos (FEBRASGO, 2010),
além disso, por terem maior periodicidade de exames vaginais que as não gestantes, as
gestantes apresentam chance três vezes maior de serem diagnosticadas precocemente
(GONÇALVES, et al., 2001).
Toda mulher que já teve ou que tem vida sexual e que encontra-se na faixa etária entre
25 e 64 anos de idade, deve fazer o Papanicolau, pois, detecta a infecção pelo HPV e de lesões
precursoras do câncer de colo do útero. Como o câncer de colo de útero é uma doença de
evolução longa, o exame pode ser realizado a cada três anos. A fim de garantir maior
segurança do diagnóstico, os dois primeiros exames devem ser realizados anualmente. Caso
estejam normais, só haverá repetição do exame após três anos. Se o resultado mostrar
infecção pelo vírus HPV ou com lesão de baixo grau, o exame deverá ser repetido em seis
meses; se for de alto grau, o médico pode vir a solicitar outros exames como a colposcopia a
fim de decidir a melhor conduta para a paciente. Por fim, caso a amostra seja insatifatória, ou
seja, ou não deu para realizar o exame com a quantidade de material colhido ou mais de 75%
do esfregaço foi contaminado por piócitos ou sangue, por exemplo, deve-se repetir o exame
(INCA, 2011).
Na atual sociedade a qual vivemos, cada vez mais mulheres postergam a gestação,
assim como as evidências de câncer de colo de útero em mulheres jovens, o que sugere um
aumento da incidência de câncer durante a gestação (LIMA et al., 2009). As gestantes
apresentam o mesmo risco que as não gestantes de apresentarem o câncer de colo do útero e
3
as taxas de anormalidades citológicas encontradas no Papanicolau não difere muito entre estas
populações de mulheres (HOFFMAN et. al, 2016) e é a neoplasia maligna que mais
frequentemente se associa com a gravidez (YASSOYAMA; SALOMÃO; VICENTINI,
2005). Com o aparecimento das lesões durante a gravidez, deve-se fazer o rastreio durante o
pré-natal (INCA 2011) a fim de manter a longitudinalidade, mesmo que haja interrupções na
continuidade da atenção (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013), pois a realização dos exames
vaginais periodicamente durante o pré-natal aumenta a chance de serem diagnosticadas em
estágio inicial do câncer de colo (CALSTEREN, V.; VERGOTE, I.; AMANT, F., 2005;).
O Comitê Consultivo em Práticas de Imunizações (ACIP), a Sociedade Americana de
Colposcopia e Patologia Cervical (ASCCP), o Colégio Americano de Obstetras e
Ginecologistas (ACOG), a Sociedade Americana de Câncer (ACS) e USPSTF em 2012
recomendaram que os intervalos de rastreamento de mulheres grávidas devem ser os mesmos
que as não grávidas e na consulta pré-natal inicial é recomendado um teste de Papanicolau
para todas as gestantes com idade superior a 21 anos. Para a coleta do Papanicolau na
população de mulheres grávidas, pode-se fazer uso de um cotonete, cytobrush ou espátula de
Ayre. O exame pode ser feito em qualquer período da gestação, preferencialmente até o
sétimo mês, porém a coleta deve ser feita com a escova de coleta independente da idade
gestacional (YASSOYAMA, 2005). Caso os testes de rastreio sejam anormais (HSIL,
adenocarcinoma in situ – AIS ou suspeita de malignidade), estas devem ser encaminhadas
para um especialista para a realização de biópsia dirigida pela colposcopia, já que não se deve
realizar a curetagem endocervical, pois há risco de ruptura do saco amniônico. Se a biópsia
guiada pela colposcopia não confirmar malignidade ou se o teste de Papanicolau indicar
células malignas, pode ser necessária a conização diagnóstica. Muitos especialistas
recomendam que a conização diagnóstica deva ser retardado até o segundo semestre devido
ao risco de abortamento; entretanto, a perda sanguínea durante processos axcisionais aumenta
conforme a gravidez avança, em especial no terceiro trimestre (HOFFMAN et al., 2016).
A neoplasia intraepitelial cervical (NIC) progride de forma lenta, tendo baixo risco de
progredir para câncer invasivo durante a gestação (aproximadamente 0,4%) e cerca de 36 a
70% das lesões de baixo grau regridem espontaneamente. Caso a gravidez seja desejada e a
doença estiver em estágio inicial, é seguro adiar o tratamento em até seis semanas após o
parto, independente da idade gestacional. Entretanto, caso haja suspeita de doença invasiva e
a gestante estiver entre 16 e 20 semanas, deve-se realizar conização com biópsia para fins
4
diagnósticos, o que pode cursar com intenso sangramento, pois há um aumento da vasculatura
no colo do útero, aumentando o risco em 2 a 3 vezes de ruptura prematura de membranas e
parto prematuro (KASPER et al., 2014).
O carcinoma in situ é observado em 1 a cada 750 gestações e aproximadamente 1%
das mulheres com o diagnóstico de câncer de colo do útero, no momento do diagnóstico, estão
grávidas. Os primeiros sinais são inespecíficos e, dentre eles, destacam-se dor e sangramento
pós-coital, manchas ou corrimento vaginal, que podem ser confundidos com ectrópio (epitélio
colunar do colo do útero) ou decidualização cervical devido à gestação. É recomendada
triagem na primeira consulta pré-natal e seis semanas pós-parto (HOFFMAN et al., 2016).
A sensibilidade do Papanicolau difere pouco das não gestantes. Essa diferença ocorre
devido à presença de células deciduais que podem ser confundidas com atipias (reação de
Arias-Stella) e pela frequente inflamação que podem alterar a análise da citologia cervical na
gravidez. Entretanto, se os devidos cuidados forem tomados, a taxa de erro é minimizada.
Vale ressaltar que a precisão do teste demonstrou ser equivalente na gestante e na não
gestante (HUNTER; MONK; TEWARI, 2008).
Muitos médicos se preocupam com o sangramento excessivo de uma gestante durante
a realização de uma biópsia, embora não haja relato dessas complicações associadas a esse
procedimento. Mesmo o sangramento sendo menor no primeiro trimestre, alguns autores
sugerem esperar até o segundo trimestre, a fim de evitar a associação de um aborto
espontâneo com o procedimento que, provavelmente não está relacionado ao aborto. Outros
autores defendem o uso de uma escova espiral com cerdas espessadas a fim de ser menos
invasivo. Mesmo a gravidez causando alterações visuais e danos fisiológicos no colo do útero,
pode ser erroneamente interpretada pelo citologista como displasia dando um resultado
falsamente positivo (DUNN; GINSBURG; WOLF, 2003). Caso faltem células endocervicais
no Papanicolau durante a gravidez, deve-se realizar novamente este exame. Mesmo não
havendo diferenças significativas entre grávidas e não grávidas para o tempo e as indicações
para o rastreio, encontra-se divergência no manejo de anormalidades citológicas encontradas.
Isso se deve ao fato da maioria dos médicos relutarem na realização tanto de um diagnóstico
adequado quanto para o tratamento de neoplasia cervical (HUNTER; MONK; TEWARI,
2008).
5
Mesmo com o câncer de colo do útero na gestação sendo uma realidade nos serviços
de saúde, há pouca colaboração no Brasil sobre o caso, o que dificulta uma assistência
eficiente de qualidade voltada especialmente para esses casos (CESAR et al., 2012). Há a
necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre a realização do Papanicolau nas gestantes
pelo profissional de saúde e gerar uma reflexão sobre a importância de uma assistência correta
e adequada no pré-natal, objetivando a realização do exame de acordo com o protocolo e
consequentemente a busca da menor incidência do câncer de colo de útero e infecções por
inúmeros agentes infecciosos. (INCA, 2010). Por ser um problema de saúde pública, há uma
intensa associação desta neoplasia com o fato de muitas mulheres viverem em países com
baixo IDH, em situação precária, difícil acesso aos serviços de sáude e fragilidade ou ausência
de promoção e prevenção de saúde (VASCONCELOS; PINHEIRO; CASTELO; COSTA;
OLIVEIRA, 2011). Muitas gestantes não receberam a devida orientação sobre o Papanicolau
na gestação, o que as fazem optar pela realização do Papanicolau enquanto gestantes
(NÓBREGA; NÓBREGA; CALDAS; NOBRE, 2016).
Seria importante aumentar o número de estudos que investigassem as práticas básicas
do pré-natal que, apesar de fazerem parte da rotina, parecem que nem sempre são executadas,
pois muitas vezes o profissional de saúde deixa de aproveitar o momento da consulta pré-natal
para realizar a coleta do exame citopatólogico, perdendo essa oportunidade, talvez única, de
realizar a prevenção do câncer de colo uterino na mulher (INCA, 2010).
Assim, já que os serviços de saúde da Atenção Primária através da Estratégia Saúde da
Família ‘‘prioriza ações de promoção, proteção e recuperação de saúde, de forma integral e
continuada’’ (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013), proponho que as gestantes devem ser
estimuladas a realizar o Papanicolau a partir da primeira consulta do pré-natal a fim de
diagnosticar precocemente o câncer de colo de útero, reduzindo, assim, a mortalidade dessa
população pela quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
6
3 – OBJETIVOS
Avaliar, por meio de uma revisão bibliográfica, qual o impacto para a mulher gestante e seu
bebê e da não realização de rastreio para o câncer cervical ao longo do pré-natal.
7
4 – MATERIAIS E MÉTODOS
Esta revisão bibliográfica foi realizada através de uma busca na base de dados do
Google Acadêmico, Access Medicine, DynaMed e Scielo, utilizando as palavras-chave:
Câncer de colo do útero; Gestantes; Rastreamento; Papanicolau; Pré-Natal, onde surgiram
tantos artigos. Como critérios de inclusão iniciais foram artigos, manuais, periódicos, livros e
dissertações entre os anos de 1993 a 2016, disponíveis eletronicamente e gratuitamente, com
idiomas em português e inglês, que retratam as dificuldades e dúvidas quanto à realização do
Papanicolau em gestantes. Como critérios de exclusão foram adotados a duplicidade presente
em publicações e a fuga do tema principal, que é a gestante.
Este trabalho foi realizado a partir de um caso visto na CAP 3.1 que, no meio de tantos
outros, nos levou a refletir se estamos realizando o devido rastreamento de um câncer que,
apesar de ter uma evolução lenta, ainda está entre os que causam um aumento significativo na
mortalidade das brasileiras.
8
5 – RESULTADOS
As buscas nos bancos de dados eletrônicos identificaram um total de 2640 artigos no
Google Acadêmico, Access Medicine, DynaMed e Scielo e 68 livros didáticos disponíveis no
Access Medicine. A revisão dos títulos e resumos resultou na exclusão de 260 artigos e de 57
livros. A revisão dos títulos rendeu 2380 artigos e 9 livros remanescentes, alguns foram ainda
excluídos pelos seguintes motivos: duplicidade em um mesmo artigo; citações; Papanicolau
em não-gestantes; os que mostram uma prática em desuso; critérios de inclusão/exclusão que
fizeram com que o estado não fosse representativo da população.
9
6 – DISCUSSÃO
O câncer de colo de útero, por ser o terceiro câncer que mais afeta as brasileiras e o
quarto câncer que mais mata as mulheres no Brasil, deve ter o seu rastreamento de maneira
adequada, não somente nas pacientes do sexo feminino que não estão grávidas, mas também
nas gestantes.
O acompanhamento dos cuidados da mãe e do filho durante o pré-natal não deve ser
sobreposto ao cuidado com a saúde da mulher, e sim somados, já que os dois são de muita
relevância e a saúde desta paciente deve ser cuidada de forma integral. Para isso, há a
necessidade de traçar metas junto com a quipe da Unidade Básica de Saúde a fim de
aproveitar o primeiro contato da gestante na unidade e definir estratégias que visem motivar
essas mulheres a realizar o Papanicolau.
Atualmente um dos grandes desafios para a saúde pública é o câncer de colo de útero,
sendo necessária a realização da coleta do exame citopatológico de forma articulada através
de uma rede de comunicação com a mulher: os Agentes Comunitários de Saúde, na realização
de busca ativa das mulheres, e os profissionais de saúde, de forma particular, os enfermeiros e
médicos junto às mulheres através do acolhimento e cuidado da saúde da mulher de maneira
integral, podendo ser realizado através de palestras e grupos e, ainda, visitas domiciliares,
motivando as mulheres a cuidarem de sua saúde, a fim de que este autocuidado transcorra de
maneira eficiente e segura.
Deve-se entender, ainda, que o papel dos profissionais de saúde nas Clínicas da
Família é, não somente acompanhar, diagnosticar e tratar os pacientes, mas, também, de
educar a população, o que reduzirá a incidência do câncer de colo de útero, já que muitos
casos seriam evitados se a comunidade recebesse a devida orientação sobre a importância da
realização do Papanicolau para o diagnóstico precoce.
Deve-se salientar que além dos problemas supracitados, ainda temos o fato de muitas
mulheres só procurarem o médico quando sentem ou notam algo fora do comum e a má
adesão aos tratamentos. Assim, devemos entender que o pré-natal pode ser o primeiro contato
da gestante com a Clínica da Família e, por isso, a mulher deve ser vista com
longitudinalidade.
10
7 – CONCLUSÃO
Para que a atenção da saúde da mulher gestante seja trabalhada de forma integral, é
necessário acolher e levar informações às gestantes de modo a sensibilizá-las da importância
do Papanicolau no rastreamento do câncer de colo de útero, o que pode ser feito através de
uma consulta de pré-natal ou do grupo de gestantes ou de palestras, a fim de que haja a
captação e prevenção secundária do câncer de colo de útero nas gestantes, o que pode ser
realizado tanto pelo médico quanto pelo enfermeiro através da coleta do exame
citopatológico.
Deve-se oportunizar o fortalecimento do vínculo da gestante com o profissional e
abordar estas mulheres em diversas ocasiões, a fim de promover a saúde dessas gestantes,
sendo importante destacar a devida orientação que as mesmas devem receber sobre a
finalidade do exame ao ser realizado durante a gestação. Vale ressaltar que isso apenas se
torna possível quando todos os seguimentos da atenção básica trabalham em conjunto, de
forma articulada, a fim de estabelecer uma contínua relação com as famílias que são
acompanhadas.
Apesar do Ministério da Saúde delimitar o Papanicolau entre 25 e 59 anos, muitas
gestantes têm menos de 25 anos e já estiveram expostas ao vírus HPV e estas acabam por ter
maior risco de detecção tardia do câncer de colo de útero. Além disso, inúmeras gestantes
menores que 25 anos de idade têm perfis relacionados com os fatores de risco para o câncer
de colo do útero, tais como tabagismo, multiparidade, baixo nível socioeconômico, iniciação
sexual precoce e baixo grau de escolaridade, tornando-as mulheres vulneráveis à doença.
Não oferecemos preventivos às mulheres não gestantes da mesma forma que as
gestantes; como a mulher deve ser vista de forma integral, devemos evitar esse tempo
desnecessário em diagnosticar e tratar, visto que tanto o tratamento quimioterápico quanto o
cirúrgico após o primeiro trimestre parecem ser seguros para o feto.
Espera-se que este estudo possa vir a contribuir com as equipes das Clínicas da
Família através da mostra do impacto da não realização do Papanicolau nas mulheres
gestantes ser o mesmo das não gestantes, fornecendo devida orientação sobre o procedimento
e seus riscos e o que podemos melhorar na captação dessas gestantes a fim de reduzir os
indicadores de saúde associados a esta patologia.
Assim sendo, acreditamos que este estudo contribuirá para alertar sobre a importância
desta temática, estimando que estas ações viabilizem a precoce detecção do câncer de colo de
11
útero em gestante, o que, consequentemente, diminuirá a morbimortalidade destas mulheres.
12
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Organização Mundial da Saúde. Comprehensive cervical cancer control: a guide to
essential practice – 2. ed. Geneva: WHO; 2014.
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Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n.13)
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DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO
Eu, Cindy Gonçalves Neis, portador (a) da Carteira de Identidade nº 24.459.144-2
emitida pelo Departamento Geral da Polícia Civil, inscrito (a) no CPF sob nº 119.402.877-23,
residente e domiciliada na Rua Lopes da Cunha nº 145 bloco 1 apartamento 204 – Fonseca,
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Jardim 25 de Agosto, Duque de Caxias, declaramos, para os devidos fins e sob pena da lei,
que o Trabalho de Conclusão de Curso: A IMPORTÂNCIA DO EXAME
CITOPATOLÓGICO CÉRVICO VAGINAL DURANTE A GESTAÇÃO é de nossa
exclusiva autoria.
Autorizamos a UNIGRANRIO a disponibilização do texto integral deste trabalho na
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Cindy Gonçalves Neis
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Michelle Andreza Santana Teixeira
Duque de Caxias, 25 de junho de 2018.