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UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O Scouting em Futebol Importância atribuída pelos treinadores à forma e ao
conteúdo da observação ao adversário
Ricardo Manuel de Oliveira Lopes
Porto, Dezembro de 2005
UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O Scouting em Futebol Importância atribuída pelos treinadores à forma e ao
conteúdo da observação ao adversário
Trabalho monográfico realizado no âmbito da disciplina de Seminário, Opção de Futebol, ministrada no 5º Ano de Licenciatura em Desporto e Educação Física da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto
Orientador: Prof. Doutor Júlio Garganta
Ricardo Manuel de Oliveira Lopes
Porto, Dezembro de 2005
“Se conheces o teu adversário como a ti não receies uma centena de batalhas.
Se te conheces, mas não conheces o adversário, por cada vitória sofrerás uma derrota.
Se não te conheces nem conheces o adversário, sucumbirás em cada batalha.”
Sun Tsu (s/d)
Agradecimentos
Agradecimentos
II
Agradecimentos “Não é contra tudo e contra todos que se
alcançarão os bons resultados – muito pelo contrário, será recebendo influências de todos os lados”
José Curado (2002)
Ao Doutor Júlio Garganta, pela disponibilidade desde a primeira hora
demonstrada para a orientação do trabalho, pelos ensinamentos e pelo
conceito cientifico-cultural que me induziu desde o primeiro contacto.
A todos os treinadores e observadores pela preciosa colaboração na
concretização deste estudo.
Aos amigos Rui, Chico, Abílio, Bruno, Miguel, Daniel, Estêvão, António,
Paulo Simão, Rui, Sandra, Liliana, Ana Nogueira, Cláudia, Márcia, Brigite,
Renata, Paulinho, Ferraz e “Lousada”, por tudo o que é a vida académica,
amizade, estudo, farra…
A todos e tantos que não nomeei mas que de alguma forma estiveram
presentes neste trabalho.
Aos meus avós, por tudo…
Um agradecimento muito especial à minha mãe. Costuma dizer-se que
por trás de um grande homem está uma grande mulher, se eu um dia for um
grande homem, metade do caminho está percorrido porque a grande mulher já
lá está. Obrigado por tudo.
Last but not the least, à Patrícia, por tudo o que representa para mim…por
tudo o que passámos, por ter estado sempre lá e pela força que sempre me
inspirou.
Índice
Índice
IV
Índice Página
Agradecimentos I
Índice III
Índice de Quadros VI
Índice de Figuras VII
Resumo X
1 Introdução 1
1.1 Justificação do tema 1
1.2 Pertinência do estudo 2
1.3 Objectivos do estudo 3
1.4 Estrutura do estudo 3
2 Revisão da Literatura 4
2.1 A observação nos Jogos Desportivos Colectivos 5
2.1.1 A observação do jogo de Futebol 6
2.1.2 Objectivos da observação no jogo de Futebol 9
2.2 O Scouting 11
2.2.1 O que é o Scouting? 11
2.2.2 O que se pretende com o Scouting? 12
2.2.3 Alcance e limites do Scouting 16
2.3. Procedimentos do Scouting 17
2.3.1 Antes da Observação 19
2.3.2 Durante a observação 23
2.3.3 Após a Observação 24
2.4 Como é realizado o Scouting? 28
2.4.1 Quem observa? 28
2.4.2 Como observa? 31
2.4.3 O que se observa? 40
3 Metodologia 53
3.1 Tema 54
3.2 Problema 54
3.3 Objectivos 54
Índice
V
Índice (Continuação) Página
3.4 Material e Métodos 55
3.4.1 Caracterização da amostra 55
3.4.2 Metodologia de Investigação 55
3.4.2.1 Instrumento e Validação 55
3.4.3 Recolha de Dados 58
3.4.4 Tratamento Estatístico 58
4 Apresentação e Discussão de Resultados 59
4.1 Importância do Scouting 59
4.2 Utilização do Scouting 61
4.3 Quantidade de jogos a observar 63
4.4 Onde observam? 65
4.5 Período de realização do Scouting 67
4.6 Como observa? 67
4.7 Quem realiza o Scouting ? 73
4.8 O que se observa? 78
4.8.1 O que se observa ao nível da equipa? 78
4.8.2 O que se observa ao nível de jogador? 90
4.8.3 Outros elementos observados 95
4.9 Tratamento dado à informação proveniente do Scouting 96
4.10 Importância do Scouting no desfecho competitivo 100
5 Conclusões 101
6 Propostas para novos estudos 107
7 Bibliografia 108
8 Anexos 119
Índice
VI
Índice de Quadros
PáginaQuadro 1: Alguns estudos de análise de jogo, realizados no Futebol. 6 Quadro 2: Treinadores da escola americana mencionam a relevância do
Scouting. 17 Quadro 3: Categorias e subcategorias de informação 45 Quadro 4: Quadro resumo de conteúdos de observação agrupados por
categorias de informação apresentadas pelos diversos autores. 46 Quadro 5: Número e percentagem dos especialistas inquiridos. 55 Quadro 6: Exemplo de pergunta com resposta de Sim ou Não. 56 Quadro 7: Exemplo de pergunta com diversas respostas assinaláveis. 57 Quadro 8: Exemplo de pergunta com resposta em escala de Likert . 57 Quadro 9: Exemplo de pergunta com resposta de escolha múltipla. 57 Quadro 10: Importância conferida ao Scouting. 61 Quadro 11: Utilização do Scouting. 61 Quadro 12: Porque é realizado o Scouting. 62 Quadro 13: Quantidade de jogos observados pelos inquiridos 63 Quadro 14: Quantidade de jogos que os especialistas inquiridos pensam serem
necessários observar, para obter a mínima informação relevante sobre o adversário.
64
Quadro 15: Quantidade de jogos que os especialistas inquiridos pensam serem necessários observar, para obter informação óptima sobre o adversário.
65
Quadro 16: Período durante o qual é realizado o Scouting. 67 Quadro 17: Forma de utilização dos meios e métodos na observação do
adversário. 71
Quadro 18: Utilização dos mesmos meios e métodos em todas as observações. 72 Quadro 19: Quantidade de pessoas que os especialistas inquiridos indicaram
estar envolvidas na observação do adversário. 74
Quadro 20: Importância conferida às qualidades de um observador. 76 Quadro 21: Quantidade de horas dispendidas na observação do adversário,
desde a visualização até à entrega final. 77
Quadro 22: Quantidade de tempo antes do jogo que o treinador recebe o relatório final. 78
Quadro 23: Importância conferida às principais características da equipa. 79 Quadro 24: Importância conferida às características de ataque da equipa
observada. 81
Quadro 25: Importância conferida às características da defesa da equipa observada. 82
Índice
VII
Índice de Quadros (cont.)
PáginaQuadro 26: Importância conferida às características de transição ataque-defesa
da equipa observada. 84 Quadro 27: Importância conferida às características de transição defesa-ataque
da equipa observada. 86 Quadro 28: Importância conferida às características de das bolas paradas. 88 Quadro 29: Importância conferida às características individuais dos jogadores. 90 Quadro 30: Importância conferida às características táctico-técnicas dos
jogadores. 91 Quadro 31: Importância conferida às características psicológicas dos jogadores. 95 Quadro 32: Tratamento da informação proveniente da observação do
adversário. 96 Quadro 33: Importância conferida ao Scouting no desfecho competitivo. 100
Índice
VIII
Índice de Figuras Página
Figura 1: Local de realização da observação do adversário, quando o confronta como visitado. 65
Figura 2: Local de realização da observação do adversário, quando o confronta como visitante. 66
Figura 3: Métodos utilizados na observação do adversário. 68 Figura 4: Meios de recolha de informação utilizados na observação do
adversário. 69 Figura 5: Meios de registo de informação utilizados na observação do
adversário. 71 Figura 6: Quem realiza a observação do adversário? 74 Figura 7: Médias e Desvio-Padrão das qualidades de um observador. 75 Figura 8: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às principais
características da equipa. 79 Figura 9: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características
do ataque. 80 Figura 10: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características
da defesa. 83 Figura 11: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características
do da transição ataque-defesa. 85 Figura 12: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características
do da transição ataque-defesa. 87 Figura 13: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características
das bolas paradas. 89 Figura 14: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características
táctico-técnicas ofensivas dos jogadores. 92 Figura 15: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características
táctico-técnicas ofensivas dos jogadores. 94 Figura 16: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida a outras
características observadas. 96 Figura 17: Palestras sobre os adversários. 98 Figura 18: Quem realiza as palestras sobre os adversários? 99
Resumo
Resumo
IX
Resumo Para além do conhecimento da própria equipa, conhecer o adversário
parece ser um factor decisivo para enfrentar cada jogo com eficácia. O Scouting em Futebol, entendido como a observação da equipa
adversária, tem actualmente uma elevada importância na preparação das equipas para a competição. Neste sentido, tem vindo a ser um instrumento utilizado por grande parte dos treinadores na preparação das competições, dotando-os de informações precisas que os capacitam para a orientação estratégico-táctica do jogo.
No entanto, a definição da forma e do conteúdo do Scouting em Futebol não se mostra clara, carecendo de informação. É intenção do presente estudo perceber a importância atribuída pelos treinadores à forma e ao conteúdo da observação do adversário. Pretende-se conhecer os meios e os métodos utilizados no Scouting bem como os conteúdos observados pelos treinadores no conhecimento do adversário.
A amostra integra dez treinadores e dois observadores. Foi construído, validado e aplicado um questionário para aferir a importância e características relevantes de observar na aplicação do Scouting.
A partir dos resultados obtidos e da literatura consultada conclui-se que o Scouting se tornou um instrumento estratégico essencial para preparar os jogos de Futebol e é consensual nos treinadores o respectivo uso e relevância nomeadamente para definir a estratégia a utilizar em jogo 83,3% e caracterizar o jogo do adversário (75,0%).
As características a que os inquiridos dão maior importância no Scouting são: as Principais características da equipa (Sistema táctico; Pontos fortes e fracos da equipa); Características do ataque (Rotinas e Método de jogo); Características da transição ataque-defesa (Velocidade de transição; Movimentações nas transições); Características da defesa (Tipo de defesa utilizado; Pontos fortes e fracos); Características da transição defesa-ataque (forma como se processa); Características das bolas paradas (livres e cantos) e Características táctico/técnicas dos jogadores.
Os inquiridos referem, em média, observar dois jogos de cada adversário. A maioria dos inquiridos (91,7%) procura observar o adversário fora
quando se joga em casa e (83,3%) em casa quando se joga fora. Os inquiridos utilizam maioritariamente, na aplicação do Scouting o
método misto. Referem utilizar o Scouting de forma sistemática, através de fichas de observação e Check Lists bem definidas (83,3%), utilizando meios audiovisuais, observações e análises anteriores como meios preferenciais de recolha de informação produzida na análise de jogo e registando os dados observados através de registos de vídeo e Notação Manual.
Os dados recolhidos na análise de jogo são transformados e utilizados na forma de informação aos jogadores e apresentados nas palestras em vídeo e Powerpoint pelo treinador principal e na forma de exercícios de treino. Palavras-chave: Futebol / Observação / Scouting / Análise de jogo
Introdução
Introdução
1
1. Introdução “El fútbol plantea mas preguntas que respuestas. Será su secreto?!”
(Valdano, 2001)
O estudo do jogo a partir da observação do comportamento dos jogadores
e das equipas não é recente, tendo imergido a par dos imperativos da
especialização, no âmbito da prestação desportiva.
O Desporto de Rendimento é uma área em que a competição atinge
níveis de especialização muito elevados e por isso as equipas técnicas têm
necessidade de alargar as suas tarefas a outras áreas com influência na
preparação dos jogadores e das equipas, que não só a realização do treino,
contando para isso com equipas multidisciplinares (Cunha, 2003).
1.1 Justificação do tema Pese embora a sua maior ou menor subjectividade a observação foi e
continua a ser um meio privilegiado a que o ser humano tem recorrido para
aceder ao conhecimento, bem como um importante guia para a acção
(Garganta, 1997).
Segundo Moutinho (1991), a análise e observação do jogo é referida
unanimemente pela literatura especializada como importante e decisiva no
processo de preparação desportiva nos Jogos desportivos Colectivos.
A análise do jogo de Futebol, entendida como o estudo do jogo a partir da
observação da actividade dos jogadores e das equipas, tem vindo ao longo dos
tempos, a constituir um argumento de crescente importância nos processos de
preparação desportiva (Garganta, 1996).
Dispondo hoje em dia de uma vasta gama de meios e métodos,
aperfeiçoados ao longo dos anos, os treinadores procuram aceder à
informação veiculada através da análise de jogo e nela procuram benefícios
para aumentarem os conhecimentos acerca do jogo e melhorarem a qualidade
de prestação das equipas (Garganta, 2000).
Para além do conhecimento da própria equipa, conhecer o adversário é
um factor decisivo para enfrentar cada jogo sem apreensão. Neste contexto
como refere Castelo (1996), o Scouting entendido como a observação da
Introdução
2
equipa adversária é necessário para uma melhor preparação do jogo, dotando
o treinador de informações precisas sobre o adversário, que o capacitam para
a orientação estratégico-táctico do jogo, tirando partido das informações
recolhidas.
De acordo com Gouveia (1995), a observação à equipa adversária tornou-
se para alguns treinadores como uma prioridade, pois através do Scouting
podem preparar cuidadosamente cada jogo. Na mesma linha de entendimento,
Comas (1991) menciona que hoje em dia em alta competição, é quase
impensável uma equipa participar num jogo sem conhecer bem o seu
adversário.
É importante salientar que a análise sistemática do jogo é apenas viável
se os propósitos da observação estiverem definidos (Grosgeorge et al. 1991). A
informação a recolher terá de ser seleccionada, ou seja, deve-se concentrar a
atenção nos aspectos determinantes do jogo, e assim possibilitar a intervenção
dos técnicos de forma útil (Fidalgo, 2003).
É nosso objectivo constatar a importância atribuída pelos treinadores à
forma e ao conteúdo da observação ao adversário.
1.2 Pertinência do estudo Garganta (2000) menciona que o Scouting tem um grande peso na
preparação das equipas para a competição e tem vindo também a ser uma
“arma” utilizada por grande parte dos treinadores na preparação das
competições em que os seus clubes estejam envolvidos, tais como
campeonatos, taças, etc.
As notícias referentes à realização do Scouting são uma realidade,
informando-se que determinado clube enviou um elemento da sua equipa
técnica com a missão de observar um adversário. Nos meandros do Futebol
por diversas vezes são referenciados entre treinadores e equipas técnicas o
conhecimento de uma ou outra equipa e o facto de se observar jogos dos
adversários. Confrontando o que seria pertinente observar no adversário, e
qual a melhor forma de o fazer, as interrogações sobre o Scouting e tudo o que
este envolve, são inúmeras.
Introdução
3
Após alguma pesquisa, constata-se a falta de bibliografia e informações
sobre este tema.
Perante as interrogações surgidas e a constatação de falta de informação,
torna-se na nossa óptica bastante pertinente a elaboração deste trabalho
relativo ao Scouting em Futebol, tentando perceber a importância atribuída
pelos treinadores à forma e ao conteúdo da observação do adversário.
1.3 Objectivos do Estudo
O presente trabalho tem como objectivo central perceber a importância
atribuída pelos treinadores à forma e ao conteúdo da observação do
adversário. Pretende-se conhecer que meios e métodos são utilizados no
Scouting e que conteúdos são observados pelos treinadores no conhecimento
do adversário.
1.4 Estrutura do Estudo
Este trabalho divide-se em duas partes. Uma primeira parte teórica
sustentada numa pesquisa bibliográfica e documental, de forma a filtrar a
informação que melhor se enquadrava na problemática seleccionada, através
da análise de conteúdo.
Uma segunda parte, exploratória em que se procedeu à distribuição,
recolha e tratamentos dos questionários.
São também apresentados e discutidos os resultados, terminando-se com
a exposição das conclusões finais.
Revisão Bibliográfica
Revisão da Literatura
5
2.1 A observação nos Jogos Desportivos Colectivos “Nos desportos colectivos cada vez
tem mais importância a observação do jogo” (Contreras e Pino Ortega, 2000)
A observação sendo considerada a forma mais antiga de aquisição de
conhecimento (D’Antola, 1976; Anguera, 1985), pese embora a sua maior ou
menor subjectividade, foi e continua a ser um meio privilegiado a que o ser
humano tem recorrido para aceder ao conhecimento, bem como um importante
guia para a acção (Garganta, 1997).
É através do processo de observação que o Homem recolhe os mais
variados tipos de informação e estímulos que lhe possibilitam a constante
interacção com o meio envolvente (Sarmento, 2005).
Na revisão da literatura encontramos variadas definições de observação.
Ketele (1980) compreende que a observação é um processo que inclui a
atenção voluntária e a inteligência, orientada por um objectivo terminal ou
organizador e dirigido sobre um objecto para dele recolher informações.
Para Damas e Ketele (1985), observar não é mais do que um processo
que supõe um objectivo organizador, uma selecção entre os estímulos
recebidos, uma recolha de informações seleccionadas e a sua codificação.
Doutra forma Paula Brito (1994:22), refere-se à observação como “um
olhar dirigido com mais atenção, com intuito de examinar para estudo”, sendo o
observador “(…) aquele que segue com atenção, que observa os fenómenos,
os acontecimentos.”.
Moutinho (1991) refere que a análise e observação do jogo, é referida
unanimemente pela literatura especializada como importante e decisiva no
processo de preparação desportiva nos Jogos desportivos Colectivos.
O estudo dos comportamentos dos jogadores e das equipas no universo
dos Jogos Desportivos Colectivos tem sido um dos campos de investigação em
ciências do desporto. De acordo com (MacGarry & Franks, 1996) procura-se
optimizar os comportamentos dos jogadores e das equipas na competição, a
partir da análise de informações importantes acerca do jogo.
Revisão da Literatura
6
2.1.1 A observação do jogo de Futebol “O espírito do sábio encontra-se sempre, de algum modo,
colocado entre duas observações: uma que serve de ponto de partida ao raciocínio e outra que lhe serve de conclusão”
(Claude Bernard, in Monteiro e Santos, 1995)
Em todas as áreas do saber, o conhecimento é adquirido recorrendo a
uma simbiose entre a teoria e a prática. A teoria constrói-se, observando a
realidade envolvente e a prática edifica-se agindo sobre esta.
O Futebol enquanto actividade desportiva apresenta um conjunto de
indivíduos em interacção mútua com relações e interpelações coerentes e
consequentes, com objectivos convencionados e funções específicas definidas.
Salientam-se como principais características deste desporto a existência de um
objecto de jogo (bola), a disputa complexa (individual/colectiva), as regras do
jogo, a duração do jogo (tempo), as dimensões do terreno de jogo (campo/s)
bem como as técnicas e tácticas específicas (Garganta, 1998).
Foi nos anos trinta que se iniciou o recurso à observação e análise de
jogos. No futebol, apenas nos anos cinquentas esta preocupação se afirmou,
com Walter Winterbottom a desenvolver um método para a determinação das
distâncias percorridas pelos jogadores de futebol. Mais tarde surgem outros
estudos tais como: Krestownikov (1952), Tchaidze (1955); Wade (1962) e os
identificados no Quadro 1. Quadro 1: Alguns estudos de análise de jogo, realizados no Futebol.
Data Autor Data Autor 1968 Reep & Benjamin 1989 Dufour & Gréhaigne 1973 Saltin 1993 Rebelo 1976 Reilly & Thomas 1995 Bacconi & Marella 1980 Gayoso 1997 Garganta 1982 Withers et al. 1999 Neves da Silva 1986 Church & Hughes 2000 MaErlean et al.
Adaptado de Garganta (2001)
A direcção das linhas de investigação foi evoluindo para a denominada
análise do tempo – movimento, através da qual se procura identificar, de forma
detalhada, o número, tipo e frequência das tarefas motoras realizadas pelos
jogadores ao longo do jogo (Garganta, 2000).
Revisão da Literatura
7
Nos anos oitenta procurou-se identificar os padrões de jogo patenteados
pelas equipas. Surgem estudos vocacionados para a actividade do futebolista
com base em indicadores tácticos e técnicos.
A caracterização da estrutura da actividade e a análise do conteúdo do
jogo de futebol têm vindo a revelar uma importância e influência crescentes na
estruturação e na organização do treino da modalidade (Korcek, 1981; citado
por Garganta, 2000), revelando importância para os investigadores e
treinadores, na medida que ambos estão interessados em perceber o tipo de
acções que se associam à eficácia das equipas: um, com o intuito de aumentar
os conhecimentos acerca do conteúdo do jogo e da lógica; o outro, com o
objectivo de modelar as situações de treino na procura da eficácia competitiva
(Garganta, 2000).
A maioria dos autores referenciados menciona três dimensões (física,
técnica e táctica), como dimensões de observação. Moutinho (1993) mostra-
nos uma visão substancialmente mais completa, manifestando quatro
dimensões (táctica, energética, motora e psicológica). A dimensão psicológica
é um aspecto considerado fundamental e que é completamente negligenciado
pelos autores que apresentam somente três dimensões. Assim são dimensões
a ser observadas:
Dimensão Energética O objectivo principal é descrever, caracterizar e avaliar o perfil energético-
funcional (frequência cardíaca; VO2 máx; concentração lactato; Consumo de
O2) do jogador (indicadores internos de carga) ou da função que desempenha
no jogo.
Dimensão Motora Nesta dimensão estão englobados os indicadores das características de
jogo e os elementos da técnica.
Os meios de recolha e tratamento de dados são extremamente
sofisticados recorrendo-se amiúde à informática, sendo observados:
A) Indicadores externos de carga (distância percorrida; duração,
frequência, tipo e intensidade de deslocamento produzido)
B) Avaliação de procedimentos técnicos
Revisão da Literatura
8
Dimensão Psicológica Tem como objectivo descrever e caracterizar o perfil psicológico dos
jogadores de uma equipa em situação de jogo. As intervenções realizadas
nesta dimensão deverão ser desenvolvidas por especialistas, em virtude do
seu carácter clínico.
Dimensão Táctica À noção de táctica está associado todo um conjunto de raciocínios e
operações mentais lógicas, que permitem interpretar correctamente as
situações de jogo e escolher as soluções mais adequadas (Alves, 1995).
Na medida em que as acções de jogo se realizam num contexto de
oposição/cooperação, que guia as equipas na disputa de um objectivo comum
(vencer), a dimensão táctica assume uma importância capital (Gréhaigne,
1989).
No domínio da dimensão táctica, os investigadores tem conduzido a
análise de jogo na procura da relevância contextual do comportamento
específico dos jogadores e das equipas (Franks & Mcgarry, 1996).
O jogo enquanto confronto entre duas equipas, entidades antagónicas,
emerge do entrelaçamento das acções desenvolvidas por jogadores, equipas.
A maior ou menor adequação de uma determinada acção decorre do contexto
que a suscita, decorre de lógicas intimamente ligadas à forma como os
jogadores apreendem as linhas de força de jogo e ao nível de conhecimento
táctico que os mesmos denotam (Garganta, 2000).
Para além das dimensões referidas, Garganta (2000) descreve-nos que
actualmente os investigadores procuram analisar os jogos em três eixos:
Análise centrada no jogador: esta modalidade de análise tem sido
utilizada, quer para elaborar perfis, decorrentes de estudos de caso
(Luhtanen & Valovirta, 1996; Safont-Tria et al., 1996; citado por
Garganta, 2000), quer para comparar perfis de jogadores com
atribuições tácticas semelhantes ou distintas (Winker, 1984;
Gréhaigne, 1988; Gerish & Reichelt, 1993; Godik & Popov, 1993;
Kawai et al. 1994, Bezerra, 1995).
Revisão da Literatura
9
Análise centrada nas acções ofensivas: este tipo de análise tem
incidido, sobretudo, na dimensão quantitativa dos comportamentos,
no quadro das acções que conduzem à obtenção de golos (Jinshan
et al., 1993), nomeadamente, ao nível de remate (Gayosos, 1980,
1982; Van Meerbeek et al., 1983; Puignare e Rey, 1990), dos
contactos com a bola (Morris, 1981), dos passes (Church & Huhes,
1986; Calligaris et al., 1990) e dos cruzamentos (Franks &
Nagelkerke, 1998; Partridge & Franks, 1989).
Análise centrada no jogo: esta análise tem possibilitado o estudo
dos designados padrões de jogo, a partir de regularidade
comportamentais evidenciados pelos jogadores, no quadro das
acções colectivas. Neste âmbito, os analistas têm procurado coligir e
confrontar dados relativos às sequências ofensivas de jogo, no
sentido de tipificarem as acções que mais se associam à eficácia
dos jogadores e das equipas (Garganta, 1996).
2.1.2 Objectivos da Observação no jogo de Futebol “O treinador e o investigador procuram aumentar
os conhecimentos acerca do jogo, melhorar a qualidade de prestação desportiva dos jogadores e da equipa,
ou seja, elevar o rendimento, elevar a eficácia, elevar a competência.” (Garganta, 2000)
A análise de jogo é um importante meio para aceder ao conhecimento do
jogo (Worthington, 1974; Mombaerts, 1991), quer no que concerne às
exigências físicas (Reilly & Thomas, 1976; Van Gool et al., 1988; Bangsbo, et
al., 1991; Rebelo, 1993; citado por Garganta, 2000), quer no que respeita à
expressão táctica e técnica dos comportamentos (Reep & Benjamim, 1968;
Pollard et al., 1988; Castelo, 1992; citados por Garganta (2000).
Como componente pedagógica a observação, tem a sua maior função na
correcção de erros, detectando erros críticos quer na equipa quer no jogador
de modo a efectuar posteriormente, correcções oportunas e eficazes
(Mesquita, 1997).
Revisão da Literatura
10
As informações obtidas através da análise do jogo, podem ser relativas
(Garganta, 1998): às exigências e particularidades da modalidade; ao
desempenho da nossa equipa; e às características do adversário (Scouting).
Garganta (2000) menciona que há cada vez menos tempo para treinar
devido à extensão das competições, portanto é importante saber o que fazer,
como fazer, onde fazer e quando fazer, de modo a que o treino tenha maior
qualidade. Para tal analisar o jogo e o treino permite-nos segundo (Garganta,
2000):
Identificar os principais problemas;
Interpretar a organização das equipas e das acções que
concorrem para a qualidade do jogo (Gréhaigne, 1989);
Planificar, configurar e organizar o treino, tornando mais
específicos os seus conteúdos (Luhtanen, 1989; Larsen et al.,
1996). Por exemplo, os jogadores de Futebol tem diferentes
funções a desempenhar no jogo. Este facto, faz com que as
características dos seus esforços sejam, também diferentes,
dai o treino deve ter como referência os requisitos específicos
do jogo.
Estabelecer planos tácticos adequados em função do
adversário a defrontar (Grosgeorge, 1996; Cabezón &
Fernàndez, 1996);
Regular a aprendizagem e o treino (Alderson et al., 1990;
Riera, 1995a).
Aferir a eficácia de intervenção.
Revisão da Literatura
11
2.2 O Scouting 2.2.1 O que é o Scouting?
“A informação é a alma da direcção… a direcção é impossível sem informação”
(Proença, 1992)
A caracterização da estrutura da actividade e a análise do conteúdo do
jogo de futebol têm vindo a revelar uma importância e influência crescente na
estruturação e na organização do treino da modalidade (Korcek, 1981; citado
por Garganta, 2000).
Há cada vez menos tempo para treinar e as equipas técnicas tem a
necessidade de alargar as suas tarefas a outras áreas com influência na
preparação dos jogadores e das equipas, que não só a realização do treino,
contando para isso com equipas multidisciplinares (Cunha, 2003).
Os treinadores procuram aceder à informação veiculada através da
análise de jogo e nela procuram benefícios para aumentarem os
conhecimentos acerca do jogo e melhorarem a qualidade de prestação das
equipas. Com uma vasta gama de meios e métodos, aperfeiçoado ao longo
dos anos existe uma natural evolução da observação.
Tendo de encontrar estratégias, meios e instrumentos, para que nenhum
aspecto que possa intervir na competição seja descurado, Garganta (1998)
refere que num âmbito mais restrito, mas não menos importante, a planificação
das partidas tem implicado o estudo da estrutura básica do adversário e tem-se
recorrido a uma modalidade particular de observação-análise denominada
Scouting, que consiste na detecção das características da equipa adversária.
O termo Scouting significa acto de ir em reconhecimento ou exploração, e
observação (Dicionário de inglês/português, 1998).
Esta designação, que era inicialmente uso exclusivo dos autores anglo-
saxónicos (Moutinho, 1991) difundiu-se sendo actualmente empregue por todos
os que tratam e se interessam pelo tema (Cunha, 1995).
O termo “científico” correspondente em português, ao Scouting é
observação. Na língua portuguesa, tem o significado de “acto ou efeito de
observar; consiste na consideração atenta de um facto para o conhecer
melhor.” (Costa e Melo, 1918: 1012) citado por Moutinho (1993).
Revisão da Literatura
12
São numerosas as definições, sendo comuns as que consideram o
Scouting como a observação, registo e conhecimento das características
colectivas e individuais do adversário, nas vertentes técnica, táctica, física e
psicológica (Ramsay, 1977; Oramas et al., 1984; Vergés, 1986; Hutchinson,
1989; Gomelski, 1990; Comas, 1991; Maclendon Jr., 1991; Pepe Dias, 1992).
Alves (1995) refere no entanto, que esta noção embora correcta, se
apresenta incompleta, já que há outros factores e elementos que deveremos
observar, como o meio onde a competição se vai desenrolar, de forma a
familiarizar os atletas com as condições existentes,
A definição de Scouting, não significa somente a observação da equipa
adversária, mas também um processo que abrange a própria equipa. Para
Wooden (1988) o Scouting significa muito mais do que obter informação sobre
o estilo de jogo do adversário. É também uma análise da informação em
relação ao efeito que terá na sua própria equipa.
Assim, o Scouting é um instrumento de trabalho que permite aos
treinadores retirarem informações sobre os aspectos que acharem mais
relevantes para o estudo que pretendam (Rocha, 1996).
Porque estamos convictos que o Scouting apesar de toda a sua
relatividade, com maior ou menor subjectividade, realizado em contextos
institucionais ou sociais, simples ou complexos, recorrendo a instrumentos
(material) elementares ou sofisticados, envolvendo técnicas primárias ou
elaboradas, foi e continua sendo o meio de ignorar menos e conhecer mais
(Proença, 1982).
2.2.2 O que se pretende com o Scouting?
“Mourinho dava-nos informações que depois se passavam exactamente dessa forma no jogo”
(Deco, ex-jogador do FC Porto, 2005)
O Scouting tem uma elevada importância na preparação das equipas de
competição. Assim, as equipas, quer de clubes, quer de países investem
consideráveis recursos económicos com o objectivo de adquirirem informação
que facilite a sua preparação (Oramas et col., 1984).
Revisão da Literatura
13
O objectivo é alcançar, se possível, o êxito em todos os jogos e através do
Scouting, pode-se preparar cuidadosamente cada jogo (Ramsay, 1977).
O Scouting tem como objectivo principal, recolher informação para
posterior análise. É um instrumento de estudo utilizado por grande parte dos
treinadores para terem um conhecimento mais profundo das equipas
adversárias (Gouveia, 1995).
Green (2000), numa conferência dada à NSCAA, após a pergunta à
assistência do porquê da realização do Scouting seleccionou as seguintes
respostas: Poder preparar o jogo; Aceder a pontos fortes e fracos; Seleccionar
tendências e padrões; Observar Sistemas; Incutir confiança na preparação;
Recolher dados detalhados e organizados; Criar situações de treino e; não ser
forçado a fazer ajustamentos.
Jorge Araújo (1994) dá-nos outra perspectiva do Scouting optando por
faze-lo evoluir em duas direcções: o da formação/competição e o da
competição/profissionalização. Com os jovens, a observação, o registo, a
análise e aplicação dos dados recolhidos deverão ter como objectivo contribuir
para a formação integral do atleta, ou seja, o Scouting deve visar através de
recomendações pedagógicas (a nível do “quando” e do “como”) o
enriquecimento individual e colectivo do jovens em termos técnicos, tácticos e
condicionais.
O objectivo é a melhoria da sua capacidade de adaptação às situações de
jogo, em detrimento das vitórias e derrotas. É, de facto aqui, que se assiste ao
divórcio entre estes dois pontos de vista: o primeiro pensa no futuro a médio
prazo, enquanto o outro privilegia o futuro imediato, ou seja o próximo jogo.
Gomelski (1984) informa-nos das etapas e objectivos que deseja ver
cumpridos na execução do Scouting:
i. Tentar chegar ao máximo de conhecimentos sobre os
adversários (observação atenta);
ii. Definir a forma de utilizar a debilidade dos adversários (reunião
de preparação)
iii. Efectuar o plano de jogo (rectificações tácticas, substituições,
ritmo de jogo)
Revisão da Literatura
14
Martins (2000) revela-nos os objectivos específicos do Scouting os quais
passamos a enumerar:
Caracterizar o jogo do Adversário
Apoiar o treino
Avaliar o trabalho desenvolvido
Avaliar o rendimento da equipa
Falemos um pouco de cada uma delas:
Caracterizar o jogo do adversário Considerado o objectivo primordial do Scouting, a caracterização do jogo
do adversário propõe-se a conhecer ao máximo a equipa adversária: nas suas
manobras colectivas ofensivas e defensivas, e os aspectos individuais nas
vertentes técnica, táctica, física e psicológica (Ramsay, 1977; Gomelski, 1990).
Ramos & Festas (2004) referem que se procura conhecer os oponentes,
as suas fraquezas e pontos fortes, quer individual quer colectivamente, de
forma a minimizar as surpresas tácticas e estratégicas.
Através do Scouting são estudados, entre outros, o sistema táctico, os
métodos de jogo, os esquemas tácticos e as particularidades dos jogadores
das equipas adversárias, cujos dados serão posteriormente utilizados na
construção do plano de jogo
Apoiar o treino Na medida em que o Scouting caracteriza o jogo, ele fornece elementos
que permitem organizar o treino de modo a melhorar os jogadores e a equipa
para o confronto com o adversário.
A observação e análise do jogo e do treino permite-nos (i)- identificar os
principais problemas e seleccionar os objectivos para os resolver; (iii)-
configurar os exercícios de treino; (iv)- escolher os meios mais adequados; (v)-
aferir a eficácia de intervenção (Garganta, 2000).
Assim, o treino será organizado definindo e consolidando estratégias que
sobreponham os nossos “pontos fortes” aos “pontos fracos” do adversário, e
que evitem que os “pontos fortes” do adversário se sobreponham aos nossos
“pontos fracos” (Wooden, 1988; Golmelski, 1990 e Castelo, 1996).
Revisão da Literatura
15
Avaliar o trabalho desenvolvido A avaliação do resultado final não é suficiente para o treinador sendo
também imprescindível a avaliação do processo que conduziu a esse resultado
final Proença (1982).
Lima (2001) refere que muitas vezes ficamos com a ideia de que as
equipas e os jogadores não treinam as acções que mais aparecem no jogo, já
que treinar implica uma enorme dose de repetições que reproduzam o cenário
de jogo. O treino deve então corresponder ao que se fica a saber depois da
autópsia feita ao jogo real.
Nesta perspectiva entendemos que os comportamentos desenvolvidos
pelos jogadores durante o jogo deverão ser os resultados das acções
desenvolvidas no treino. Assim, é cada vez mais necessário acreditar naquilo
que se treina, pois quem treinar bem vai com certeza ter possibilidades de vir a
jogar melhor.
Avaliar o rendimento da equipa O objectivo principal do treinador é preparar, de modo eficaz a sua equipa.
Para tal, é importante procurar situações de transferência de competição do
treino para a competição, e vice-versa, facilitando a obtenção de boas
performances (Araújo, 1998).
A observação e análise de jogos adquirem grande importância para os
treinadores, na medida de perceber o tipo de acções que se associam à
eficácia das equipas (Garganta, 2000).
A eficácia de qualquer comportamento fica então determinada pelo grau
de identificação entre o objectivo traçado e o resultado obtido Proença (1982).
Esta é a forma de se obter uma avaliação isenta e fundamentada.
Citando Castelo (1996), globalmente podemos considerar que o Scouting
encerra o objectivo de dotar o treinador de informações precisas sobre o
adversário, que o capacitem para o desenvolvimento estratégico-táctico de um
jogo, ou seja, preparar a equipa para todas as ocorrências e com essa
preparação desenhar soluções estratégicas que permitam resolver de uma
forma cada vez mais eficaz os problemas de jogo.
Revisão da Literatura
16
2.2.3 Alcance e limites do Scouting
“O Scouting tem vindo a assumir uma importância crescente sendo considerado como um meio
essencial a que o treinador deverá recorrer na preparação da equipa para a competição.”
(Pacheco, 2005).
A importância da observação e análise dos jogos é assumida e
consensual pelos investigadores, (Cousy, 1970; Roach, 1970; Lehane, 1981;
Dean, 1985; Wooden, 1988; Harris e Reilly, 1988; Hutchinson, 1989; Dufour,
1989; Gréhaigne, 1989; Gomelski, 1990; Krause, 1991; Grosgeorge, 1991;
Wootten, 1992; Moutinho 1993; Summitt e Jennings, 1996; Castelo, 1996;
Franks e Mcgarry, 1996; Olsen, E. e Larsen, O. 1997; Contreras e Pino Ortega,
2000; Garganta, 2000; Mombaerts, 2001).
O Scouting como modalidade da observação-análise do jogo, tem vindo a
ser uma “arma” utilizada por grande parte dos treinadores na preparação das
competições em que os seus clubes estejam envolvidos, tais como
campeonatos, taças, etc.
Como refere Fidalgo (2003), a observação e análise, tem-nos mostrado a
real importância que o Scouting tem, para a obtenção de cada vez melhores
resultados da própria equipa. Fidalgo (2000) cita que no voleibol de
rendimento, o tempo gasto pelos treinadores a observar adversários deverá ser
tanto como o tempo gasto a treinar a própria equipa, contactando no entanto
que esta correlação poderá eventualmente, ser algo exagerada.
Corroborando este pensamento Comas (1991:131), refere que
“actualmente, em alta competição, em virtude do elevado nível e maturidade
que as equipas patenteiam, é quase impossível uma equipa participar num jogo
sem conhecer bem o seu adversário”.
Dufour (1990) acredita que o Scouting é uma parte importante do jogo. É
uma parte pertinente e valiosa de preparação da sua equipa para o jogo tendo
um grande peso na preparação das equipas de competição. Assim, as equipas
quer de clubes, quer de países, investem consideráveis recursos económicos
com o objectivo de adquirirem informação que facilite a sua preparação
(Oramas et al., 1984).
Revisão da Literatura
17
São vários os treinadores de Basquetebol a reconhecerem a importância
do Scouting, considerando-o um aspecto de relevo para o sucesso do seu
trabalho (Cousy, 1970; Dean, 1985; Wooden, 1988; Hutchinson, 1989;
Gomelski, 1990; Krause, 1991; Wootten, 1992; Summitt e Jennings, 1996).
Quadro 2: Treinadores da escola americana mencionam a relevância do Scouting.
Jill Hutchison “A preparação dos jogos não é só a exercitação nos treinos mas também a observação dos opositores. Esta informação poderá ser importante para se estabelecer uma estratégia para o jogo e para se a poder desenvolver durante o treino”
Morgan
Wootten
O Scouting é uma parte importante da preparação da nossa equipa para o jogo contra o nosso oponente. Reparem bem que dizemos uma coisa importante e não a coisa mais importante. A ênfase que se deve ter na preparação de um jogo é sempre nos nossos pontos fortes, trabalhando cada vez com mais afinco e fazendo cada vez melhor o que fazemos melhor.
John
McLendon Jr.
O Scouting é um aspecto importante do jogo. Através da observação conhecemos os jogadores, a equipa técnica, o que eles mais gostam de fazer (em termos ofensivos e defensivos), quais os seus pontos fortes e fracos e outras informações pertinentes.
Adaptado de Martins (2000)
O Scouting tem vindo a assumir uma importância crescente sendo
considerado como um meio essencial a que o treinador deverá recorrer na
preparação da equipa para a competição (Pacheco, 2005).
Daí que Castelo (2000) refira que a elaboração do plano estratégico-
táctico para o jogo, passa pelo conhecimento aprofundado da equipa
adversária; isto é, um conhecimento correcto das potencialidades (pontos
fortes), para as minimizar, e das vulnerabilidades (pontos fracos), para tirar
partido destas.
Esta crescente importância é também visível nos meios de comunicação
social que vulgarmente fazem referência a este facto, como comprovam as
referências abaixo: O DIÁRIO DO DÍNAMO ZAGREB Baric "espia" encarnados Otto Baric, director desportivo do Dínamo de Zagreb, vai observar, domingo, o Benfica-Rio Ave. O Benfica também vai "espiar" o próximo adversário na Europa. Ainda não está definido (Álvaro Magalhães (Treinador Adjunto) ou Peres Bandeira, (observador) quem terá essa missão.
Edição On-line; Quinta-Feira, 18 de Novembro de 2004
MIDDLESBROUGH NO RESTELO
Inglês desconfia deste leão Donald McKey, chefe do departamento de prospecção do Middlesbrough, adversário do Sporting na Taça UEFA, esteve ontem a espiar os leões no Restelo.
Adaptado de: Edição On-line, Segunda-Feira, 7 de Março de 2005
Revisão da Literatura
18
Sporting, Manchester e Villarreal Adversários assistem O primeiro jogo do Campeão Benfica em casa foi acompanhado pelos próximos adversários. Sporting, Lille, Manchester United e Vilarreal, estiveram na bancada a tirar notas.
Adaptado de: Edição On-line, Domingo, 28 de Agosto 2005
NO CAMPEONATO FRANCÊS, COM O METZ Bruins Slot espia Lille Bruins Slot, adjunto de Ronald Koeman, vai espiar o Lille, primeiro adversário do Benfica na Liga dos Campeões. Este é o único confronto da formação gaulesa que a equipa técnica dos encarnados pode observar, devido à paragem dos campeonatos.
Adaptado de: Edição On-line, Segunda-Feira, 5 de Setembro de 2005
Para enfatizar a importância da observação-análise do jogo e do Scouting,
Cook (2001) refere ainda a necessidade de criar nos clubes um rigoroso
sistema de observação e de análise de jogo, como forma de facilitar a tomada
de decisões, tais como a táctica a utilizar no confronto com os adversários.
No entanto, Pacheco (2005) refere que há treinadores que não se
preocupam em analisar os adversários, por entenderem ser muito mais
importante focalizarem a atenção na forma de jogar da sua própria equipa
Actualmente assiste-se ainda a alguma resistência à observação e análise
de jogo por parte de alguns treinadores, na crença de que os treinadores mais
experientes podem observar sem qualquer apoio à observação, e que retêm
com precisão os elementos críticos do jogo (Garganta 1997).
Porém, mesmo os treinadores experientes apenas conseguem reter uma
parte restrita dos detalhes que ocorrem num jogo (Bangsbo, 1993; Reilly,
1994), já que é difícil aos mesmos memorizarem de forma precisa de um
grande número de acções de jogo que ocorrem durante um longo período de
tempo. Actualmente, há estudos que provam que o treinador através da
observação tradicional apenas consegue reter cerca de 10% da totalidade dos
acontecimentos ocorridos durante um jogo.
Também Boloni (2002) refere que a memória não chega para tudo e
entende que se deve ser o mais exacto possível, e essa fidelidade só se
consegue com o recurso ao registo fidedigno das ocorrências de jogo.
Para Cook (2001), poderá ser aceitável que os treinadores pertencentes a
equipas de nível superior, e possuidores de jogadores mais maduros e
experientes tenham este tipo de posição. No entanto, é sempre mais seguro ter
informações sobre os adversários, de forma a evitar ser surpreendido.
Revisão da Literatura
19
2.3 Procedimentos do Scouting “O homem vulgar julga conhecer bem o que é a observação,
ao contrário do homem das ciências que sabe quanto este processo, tão fundamental é na verdade bem complexo.”
(Damas e Ketele, 1985)
Os grandes resultados desportivos de hoje só se alcançam se os
responsáveis, ou seja, a equipa técnica e os dirigentes possuírem uma grande
capacidade organizativa (Alves, 1995).
Apesar de diferentes autores e diferentes treinadores, divergirem nas
formas de procedimento de execução do Scouting, para podermos clarificar os
procedimentos a ter em conta na realização do Scouting achamos benéfico
dividir os procedimentos em três fases: antes da observação, durante a
observação e após a observação.
Nota: incidiremos esta fase de pesquisa nos procedimentos a ter por um
observador quando realiza uma observação “in loco”, já que assumimos que
numa equipa de alto rendimento e perante uma informação óptima sobre o
adversário, o observador utiliza os meios mais sofisticados ao seu dispor,
utilizando programas informáticos e visualização em vídeo, mas assume
sempre a necessidade de pelo menos uma observação directa, como refere
Boloni (2002) na observação das equipas adversárias, sempre que possível,
tenta observar os jogos em directo.
2.3.1 Antes da Observação O objectivo principal do planeamento é conseguir que as situações
acidentais sejam eliminadas (Curado, 1982).
Para Comas (1991) as virtudes máximas que um plano pode ter são: uma
grande flexibilidade e capacidade de adaptação às circunstâncias que se nos
vão deparando. Organizados sim, mas preparados também para todas as
eventualidades.
Este é o passo em que se têm de limitar as condicionantes inerentes à
observação que se irá realizar. É aqui que tudo se define. É a etapa da pré-
observação, Proença (1982).
Revisão da Literatura
20
Segundo a literatura diversos treinadores tem diferentes concepções
acerca de como e quando deve ser realizada a observação do adversário,
entendendo que qualquer jogo tem de ser direccionado por um plano táctico
que respeite por um lado a filosofia de jogo da própria equipa e por outro se
enquadre de forma a contrariar as características do adversário.
Apesar da importância assumida com a realização do Scouting, Pacheco
(2005) menciona haver treinadores que só recorrem ao Scouting em
determinados jogos demonstrando diferentes preocupações consoante a
importância do jogo.
Cunha (1995) diz-nos que o Scouting varia de jogo para jogo e de
adversário para adversário. Já Hercher (1983) menciona que cada competição
tem as suas características particulares e Boloni (2002) refere ser importante
em jogos de um nível superior de dificuldade, proceder à análise individual dos
jogadores da equipa adversária, tentando referenciar exaustivamente as
características de cada um, transmitindo-as posteriormente aos seus
jogadores.
Ramsay (1977) refere que o Scouting deverá ser feito o mais próximo
possível do jogo. As informações só terão validade se forem registadas seis a
sete dias antes do jogo, não devendo nunca ultrapassar os dez dias. Não é
muito racional observar um oponente em Janeiro e só jogar contra ele alguns
meses depois. É provável que a equipa observada tenha alterado a sua forma
de jogar por: lesão de algum jogador influente; inclusão de um novo jogador;
inclusão de um novo treinador; a equipa apresentar um moral muito elevado
por ocupar uma posição cimeira na classificação geral, etc. (Vergés, 1986). O
Scouting não deverá ser feito num prazo inferior ao referido anteriormente, já
que temos que dar tempo suficiente para que os nossos atletas assimilem e
tornem realidade a estratégia montada (Comas, 1991).
A recolha de informação deve ter em conta que quantas mais
oportunidades de observar um jogador ou uma equipa, maior será a
consistência da informação (Rocha, 1996).
Devido à escassez de tempo, e por vezes meios, os treinadores realizam
apenas uma observação da equipa adversária (Comas, 1991).
Revisão da Literatura
21
André Vilas-Boas (2005), técnico de análise de jogo do Chelsea, refere
que para análise de um adversário, necessita de quatro ou cinco jogos de
observação, para perceber se aquilo que acontece é por acaso ou se se trata
de movimentos padrão.
Na Final da Taça de Portugal (Leixões – Sporting), edição 2001/2002;
Miguel Leal (2003), observador da equipa do Leixões procurou, através da
análise de 10 jogos, os padrões qualitativos da equipa do Sporting para montar
a melhor equipa e a melhor estratégia.
Na observação das equipas adversárias, é necessário ter em
consideração que muitas vezes estas utilizam sistemas, métodos e acções
estratégico-tácticas totalmente distintas, consoante os jogos se disputem no
seu próprio terreno ou no terreno das equipas adversárias (Bauer e Ueberle,
1988), razão pela qual um melhor conhecimento das particularidades da equipa
adversária deverá pressupor a observação naquelas situações.
Corroborando, Majerus (1991) refere que escolhe realizar o Scouting em
sua casa a uma equipa com quem jogue em casa e realiza-lo fora quando joga
com esta na condição de visitante.
Depois de definidos os objectivos que irão direccionar a observação como
e quando esta será efectuada, será a vez de escolher os instrumentos a
utilizar. Sabe-se que é impossível reter toda a informação decorrente de uma
partida. Sendo assim, torna-se conveniente a existência de uma grelha, com os
aspectos que se entendem mais importantes a observar, de forma a conseguir
um conhecimento mais exacto das características da equipa adversária. Muitos
treinadores e observadores possuem já fichas de observação, check lists, e
outros instrumentos pré-definidos, o que facilita esta fase do processo.
Deveremos ter em conta que se a observação do jogo for realizada por
um outro elemento que não o treinador principal, deverá existir identificação do
que se pretende observar com o que o treinador pretende que seja observado,
por isso, Martins (2000) afirma que se for um observador e não o treinador a
observar o jogo, deverá haver uma reunião de definição do que se pretende
observar.
Revisão da Literatura
22
Antes da observação propriamente dita, deve proceder-se à recolha de
informação. Castelo (1996: 396) define a recolha de dados como “a primeira
etapa da planificação estratégica através da qual o treinador compila as
informações necessárias para conhecer e caracterizar a equipa adversária bem
como os elementos que a constituem.”.
Teodorescu (1984) e Castelo (1994 e 1996) referem as seguintes fontes
de informação:
i. Observação indirecta: análise em vídeo e registo das principais
particularidades da equipa adversária (quando possível);
ii. Comentários da imprensa desportiva;
iii. Registos do próprio treinador, sobre o desempenho das
equipas adversárias em jogos anteriores (jogo transmitido pela
televisão, jogo da primeira volta, jogo da época anterior, etc.).
iv. Recolha de informações (troca de vídeos) com treinadores que
já defrontaram a equipa que interessa analisar, e;
v. Recolha de informações através de jogadores da própria
equipa que já tenham jogado ou que residam na área
geográfica da equipa a observar.
vi. Organizar observações directas por parte do treinador,
adjuntos ou observador.
Com o desenvolvimento da tecnologia poderemos recorrer ainda a
diferentes fontes de informação como programas computorizados (AMISCO,
CASMAS, MEMOBSER, SAGE, FARM) e a Internet. Mourinho citado por
Pacheco (2005), refere que os jornais não veiculam informações muito
pormenorizadas relativamente às características das equipas adversárias,
razão pela qual recorre à Internet, ao sitio da equipa com quem vai jogar, no
sentido de recolher informação mais precisa, como por exemplo quem são os
jogadores que estão lesionados, o tempo de utilização dos jogadores, etc.
Revisão da Literatura
23
2.3.2 Durante a Observação Há diversas formas de se observar um jogo, mas estas são sugestões que
podem ser úteis para quem exerce esta função ou pretende adquirir
conhecimentos específicos deste assunto. Cada profissional poderá adaptar
essas sugestões de acordo com as suas necessidades ou possibilidades.
Vários autores como Cousy, (1970); Tarrant, (1991); Gaspar, (2000);
Silva, (2004); Ramos & Festas, (2004) sugerem procedimentos a respeitar para
anteriores ao início do jogo, que nos permitirão a realização do Scouting de
forma mais eficiente:
Chegar com bastante antecedência ao estádio;
Sentar-se num local alto, que permita ver todo o relvado,
Colocar-se distante dos adeptos adversários ou de pessoas
que possam desviar a atenção do jogo, sentando-se sozinho
ou com o observador ajudante
Levar gravador, bloco de anotações, máquina fotográfica e, se
possível, uma máquina de filmar, caso seja permitido;
Ter um cronómetro e prancheta;
Consultar o programa de jogo se houver. Observar o nome e
número de jogadores, peso, altura e posições onde jogam.
Observar cuidadosamente a rotina de aquecimento.
Anotar qual o tipo de bola que é usado na competição;
Nunca valorizar demais a equipa observada;
Ser objectivo; fazer anotações sucintas;
Estar atento, para perceber o comportamento dos jogadores;
Tomar notas antes de sair do campo;
Rocha (1996: 28), corrobora estes procedimentos dizendo que “o
observador deve chegar cedo ao local do jogo e recolher as primeiras
informações. Posteriormente deverá arranjar um bom lugar, num ponto elevado
em relação ao relvado, que lhe garanta uma boa perspectiva do que se passa
em todo o campo. Deve assegurar-se que o material está em condições de ser
utilizado.”.
Revisão da Literatura
24
Durante o aquecimento o observador deve familiarizar-se com os seus
oponentes. Este é um bom período para também retirar informações sobre o
meio envolvente, espaço de jogo, público, tempo, arbitro e ver a brochura do
jogo quando distribuída (Silva, 2004).
Seguidamente o observador começa a sua função propriamente dita,
prosseguindo com a observação durante o jogo. Cunha (1995) citando Newell e
Benington (s/d) é da opinião que os primeiros 10 minutos são essenciais para a
detecção de movimentos tácticos.
Rocha (1996) menciona que ao longo do jogo, devem recolher-se as
informações necessárias sobre as características da equipa e características
individuais dos jogadores. O mesmo autor refere que o intervalo é a altura ideal
para escrever um pequeno resumo sobre o que aconteceu na primeira parte.
Sarmento (1991) menciona que após o final do jogo o observador deve
permanecer no seu lugar e passar em revista todo o jogo verificando se nada
foi esquecido, indicando tudo o que se observou. Nada deve ficar só na
memória. Tarrant (1991) aconselha a que se revejam as notas, percorrendo o
jogo mentalmente e se inicie a preparação de um relatório.
2.3.3 Após a Observação Após a observação, o observador ou treinador terá de analisar a
informação que recolheu.
Cianio (1986) indica alguns procedimentos na etapa da pós-observação,
deverão ser realizadas análise dos dados:
Comparando as forças / fraquezas adversárias com os nossos
jogadores
Incorporando as nossas conclusões no plano de treino
Divulgando aos jogadores as partes que achar importantes no
processo
Comas (1991) refere que nas equipas profissionais, em que há uma
divisão de tarefas entre os diferentes colaboradores das equipas técnicas, a
observação das equipas adversárias é normalmente uma tarefa de um dos
Revisão da Literatura
25
treinadores adjuntos, havendo várias estratégias na forma como processar a
sua apresentação (adaptado de Comas, 1991):
Há treinadores que preferem receber, na segunda-feira anterior ao
jogo, uma grelha com as informações elaboradas a partir do vídeo
feitas por um dos treinadores adjuntos.
Outros treinadores, preferem que um dos seus treinadores adjuntos
prepare uma montagem em vídeo com os principais movimentos
ofensivos e defensivos, com as transições defesa-ataque e ataque-
defesa, com os jogadores em maior evidencia e com os esquemas
tácticos da equipa adversária.
Mourinho citado por Tadeia (2004) refere gostar de planificar a semana
antes do seu início podendo dedicar-se entre 4 a 20 horas por dia ao futebol.
Refere ainda gostar de fazer a planificação da semana antes de ela começar;
analisa o adversário seguinte nos primeiros dias da semana e trabalha mais
nesses dias e menos nos dias próximos dos jogos.
Hoje em dia com a sofisticação de meios, para além do usual relatório, os
treinadores pretendem também que a informação seja passada aos seus
jogadores através de meios visuais que captam melhor a atenção e permitem
uma maior assimilação por parte do atleta.
Boloni (2002) refere que na observação das equipas adversárias, sempre
que possível tenta observar os jogos em directo, efectuando simultaneamente
a sua gravação em vídeo, para uma posterior e detalhada análise da equipa
adversária. Actualmente, o vídeo é o meio mais utilizado pelos treinadores
(Comas, 1991) de Futebol, já que este lhes permite a elaboração de uma
estratégia competitiva baseada num conhecimento mais preciso das
características do jogo da equipa adversária (Mombaerts, 2000).
Ramos & Festas (2004) afirmam que para além dos relatórios, a
informação pode também ser tratada para vídeo, DVD ou através de
programas informáticos, permitindo aos treinadores ter acesso a uma panóplia
de instrumentos que lhe permitem conhecer e mostrar aos atletas a informação
sobre o adversário.
Revisão da Literatura
26
Os mesmos autores, referem que devemos elaborar de forma sucinta um
relatório focando toda a informação relevante para apresentar ao treinador. É
absolutamente necessário que o relatório final seja claro e objectivo. Este
relatório deve ser adido de imagens em DVD ou outro formato que apoiem a
informação que é transmitida no relatório.
Desde apresentação escrita em relatórios ou dossiers colectivos ou
individuais, visualização de vídeos/DVD, apresentações em Powerpoint,
reuniões, palestras no treino e/ou antes do jogo e planeamento de treino com
base na informação recebida da equipa adversária, tudo é utilizado para que a
equipa consiga aumentar a qualidade de prestação desportiva dos jogadores e
da equipa, ou seja, elevar o rendimento, elevar a eficácia, elevar a
competência, nomeadamente na função de contrariar o oponente.
Mourinho em citação abaixo refere-nos as preocupações na análise dos
adversários:
Preocupações de Mourinho na análise dos adversários: Visionamento de um DVD e elaboração de um dossier individual
José Mourinho enquanto treinador do FC Porto, dava grande ênfase à forma como
preparava os jogos da sua equipa tendo em conta o conhecimento e o valor dos seus
adversários. Tinha por hábito, antes de cada jogo, elaborar um DVD compactado, em
que revelava acções ofensivas, as acções defensivas, as transições ataque defesa e
defesa ataque, assim como todas as situações de bola parada (esquemas tácticos)
do adversário. Após visionamento e análise por parte da equipa técnica, o mesmo era
posteriormente analisado na presença dos jogadores.
Para além disto, Mourinho, e toda a sua equipa técnica, tinham o cuidado de elaborar
e fornecer a cada um dos jogadores que entravam em, estágio um dossier (relatório)
sobre os mais pequenos detalhes relativamente aos adversários, desde as qualidades
táctico-técnicas (como corriam, como fintavam, como cruzavam, como rematavam;)
até à personalidade de cada um ou como reagiam à adversidade, etc.
Retirado de Pacheco (2005)
Com a análise dos dados é possível descortinar e realçar as fraquezas ou
debilidades da equipa adversária. O plano estratégico ou táctico elaborado
deve então aproveitar as limitações do adversário e atingi-lo nas zonas onde
lhes provoque mais danos. Deve-se também tentar contrariar as suas virtudes
Revisão da Literatura
27
ou habilidades. O plano de jogo deverá ser aplicado nos treinos, no método de
modelação que posteriormente será referido, as estratégias serão aplicadas
nos treinos contra situações idênticas às dos jogos, analisando a sua eficácia e
remodelando sempre que os resultados não forem os esperados. (Gomelski,
1990 e Comas, 1991).
Nas equipas profissionais, há mais tempo durante a semana para falar
sobre o adversário, o que deverá ser feito nos dias precedentes ao jogo. No
entanto, é importante no dia do jogo relembrar as particularidades da equipa
adversária e a forma como eventualmente irá jogar (Pacheco, 2005).
De acordo com Comas (1991), é habitual estas equipas realizarem
estágios antes dos jogos, sendo este um tempo óptimo, para os jogadores se
concentrarem no jogo que vão realizar. Por isso muitos treinadores aproveitam
para passar um vídeo da equipa adversária, na véspera ou mesmo na manhã
antes da competição.
A caracterização da equipa adversária é um dos temas a ser abordado
pelo treinador na reunião de preparação da equipa para a competição
(Teocuresco, 1984; Lima, 1993 e Castelo, 2000). No decurso desta, o treinador
deverá fazer a síntese estratégico-táctica a ser posta em prática pela equipa.
Embora a direcção da reunião de preparação para a competição seja uma
atribuição do treinador principal, compete em muitos casos a um dos
treinadores adjuntos a tarefa de observação e análise das equipas adversárias,
e por vezes estes realizam também a exposição perante os jogadores e a
equipa no decurso da referida reunião.
Diamantino em entrevista concedida a Pacheco (2005), refere que Eriksson
(ex-treinador do SL Benfica) não se preocupava muito com a equipa
adversária, delegando em Toni (treinador-adjunto) esse tipo de preocupações.
Nas palestras, Eriksson destinava dois a três minutos para que Toni
falasse em relação à equipa adversária, sobre as suas características
individuais e colectivas, destinando a parte final a alguns aspectos relativos à
motivação para o jogo.
Revisão da Literatura
28
2.4 A realização do Scouting “O nosso caminho não é desenhado por estrelas
nem indicado por planetas, mas tão só pelas decisões que tomamos ou deixamos de tomar”
(Gwen-Hael Denington, 2004)
Depois de definidos os procedimentos, o Scouting é colocado em prática.
Neste capítulo tentaremos responder às questões de quem, como e o que se
observa.
2.4.1 Quem observa? “A observação não é um dom natural, mas uma actividade
altamente qualificada para a qual é necessário não só um grande conhecimento e uma compreensão de fundo,
como também a capacidade de desenvolver raciocínios originais e a habilidade para identificar acontecimentos significativos.”
(Bell, 1997)
A capacidade de observar não é inata. É algo que pode ser
continuamente aperfeiçoado. A rapidez com que conseguimos assinalar as
particularidades de uma acção depende de vários factores, entre os quais, os
conhecimentos que possuímos sobre o objecto, a experiência prévia e o modo
como organizamos a observação em termos de clarificação dos métodos a
utilizar, as exigências a obedecer e as tarefas a realizar (Garcia, 1989).
É opinião unânime de que o Scouting deverá ser realizado pessoalmente
pelo treinador principal (Ramsay, 1977; Verges, 1986; Comas, 1991).
Actualmente e dada a abundância de jogos é difícil ao treinador principal
conciliar as actividades de Scouting com as outras actividades de direcção de
equipa. Assim este tem que delegar estas tarefas ao treinador adjunto ou a
outro elemento da equipa técnica (Verges, 1986 e Comas, 1991).
Nas equipas profissionais, em que há uma divisão de tarefas entre os
diferentes colaboradores das equipas técnicas, a observação das equipas
adversárias Scouting é normalmente uma tarefa de um dos treinadores
adjuntos (Comas, 1991).
No entanto, e devido à especialização que cada vez mais se verifica no
futebol, e com a importância atribuída à observação e análise de jogo, as
equipas de topo começam a requisitar especialistas nesta área para proceder à
Revisão da Literatura
29
observação da equipa adversária e elaborar relatórios minuciosos sobre as
equipas adversárias.
Para aperfeiçoar ainda mais o trabalho de observação e análise é comum
uma equipa enviar um observador para acompanhar os futuros adversários.
Este profissional precisa reunir capacidade suficiente para executar um
trabalho deste tipo, pois as suas informações servirão de base para o treinador
escalar a equipa e definir a táctica que será utilizada (Silva, 2004).
O termo “Scout” significa em termo lato, batedor, observador, sentinela
avançada, o explorar, o ir à descoberta (Dicionário de inglês/português, 1998)
e/ou pessoa que procura informações sobre algo ou alguém.
Recorrendo novamente ao dicionário Inglês-Português, pode constatar-se
como sinónimo de “Scout”: espião. Esta é uma palavra que retrata fielmente a
acção deste sujeito: recolhe informações sobre o adversário com o intuito de
lhe limitar as capacidades e desempenhos.
O conhecimento das características das equipas adversárias passa pela
qualidade da informação recolhida pelo treinador. Para poder desenvolver as
qualidades de observação necessárias para uma análise de jogo eficaz, o
treinador deverá investir tempo a ver de forma metódica muitas competições,
analisando o jogo e os jogadores (Mombaerts, 2000), o mesmo se aplicando
para o observador. Evidentemente, quanto maior a especialização do
observador neste âmbito, melhor.
As características ou qualidades que os autores consideram importantes
para desempenhar esse papel são-nos infra citadas por três autores:
Proença (1982) cita a disponibilidade (em tempo e atitude), dado ser
necessário haver vontade e tempo para executar esta operação; A
Informação/Formação, pois é indispensável dominar o objecto, o contexto, os
instrumentos e as técnicas e; a Independência e isenção, de modo a garantir
um estado emocional que permita uma observação clara e objectiva, como
qualidades essenciais num observador
Green (2000) menciona como qualidades para ser um bom observador:
Conhecimento do jogo; Predisposição para observar; Ter mente aberta,
descrever factos e não opinar; Comunicação; Simplicidade; Efectividade na
Revisão da Literatura
30
recolha dos dados; Ser perfeccionista; Saber o que é realmente importante e;
Ultimamente saber o nível de performance dos jogadores.
Também Dan Gaspar (2000) define o conhecimento, a objectividade, a
capacidade para ver e perceber, a habilidade para simplificar e a capacidade
para comunicar como qualidades para um observador.
Para observar, é necessário estar em condições que permitam seguir o
desenrolar da competição sem se deixar absorver pelas emoções. Daí que o
“olhar” do treinador deva ser diferente do “olhar” do espectador comum. Assim,
ao treinador é exigida uma boa interpretação do jogo e uma elevada
capacidade de memorização, sem se deixar influenciar por condicionamentos
prévios (Mombaerts, 2001).
É ponto assente que o relacionamento entre treinadores e observadores
deve ser diário, dialogando sobre questões tácticas dos adversários, quando se
analisam os vídeos da própria equipa e dos adversários (Comas, 1991).
2.4.2 Como observa? “Quando observamos o jogo de futebol existem várias
formas de o fazer e diferentes opções a seguir, dependentes de uma diversidade de factores.”
(Garganta, 1998).
“A necessidade de registar todos os factos que ocorrem durante o jogo,
levou investigadores e treinadores a desenvolver sistemas de observação”
Oliveira (1994: 31).
Os sistemas de observação do jogo constituem para os treinadores e
jogadores, utensílios de máximo valor para a compreensão do jogo. Eles
permitem conhecer o jogo no geral, bem como as particularidades que as
melhores equipas apresentam ou patenteiam (Grosgeorge, 1990).
Através da utilização destes sistemas, o processo de Scouting é facilitado:
os aspectos decisivos para o êxito no jogo já estão perfeitamente definidos,
bastando somente assinalar e posteriormente avaliar a eficácia que os nossos
futuros adversários apresentam nesses aspectos (Rocha, 1996).
Os meios utilizados na observação e análise das equipas adversárias têm
registado uma crescente evolução, tendo-se passado da simples notação
Revisão da Literatura
31
manual através de grelhas de observação, à utilização de câmaras de vídeo,
até ao recurso de programas informáticos (Garganta, 2000).
Nos primórdios as observações realizavam-se ao vivo, eram
assistemáticas e subjectivas, impressionistas (Garganta, 2000).
Progressivamente, os métodos de observação directa foram substituídos por
poderosos sistemas informáticos capazes de recolher e tratar os dados em
tempo real. Embora mantendo-se a técnica de registo, a observação passou a
ter um cariz sistemático, planeado, à qual está ligado a utilização de um meio
auxiliar que se viria a revelar precioso, o videogravador.
Dufour (1990) fala-nos do Scouting assistido por computador, referindo
que a nova tecnologia computorizada oferece novas possibilidades na recolha
e tratamento de dados num largo número de parâmetros.
O avanço rápido da tecnologia em micro computadores permite-nos
entrada de informação de forma mais rápida permitindo que uma grande
quantidade de dados seja processada (Hughes e Yamanaka, 1990).
Actualmente existem consolas portáteis que permitem ao observador recolher
dados ao vivo, e posteriormente introduzi-los em computadores que processam
e analisam os dados transformando-os em informação (Hughes, 1996).
Segundo Garganta (2000) a cronologia relativamente aos meios de
observação resume-se do seguinte modo:
Sistema de notação manual (hand notation) com recurso à
designada técnica de papel e lápis (Reep & Benjamim, 1968);
Combinação da notação manual com o relato oral para ditafone
(Reilly & Thomas, 1976);
Utilização do computador a posteriori da observação, para
regista, armazenamento e tratamento de dados (Malveiro,
1983; Ali, 1988);
Utilização do computador para registo simultâneo dos dados, à
medida que se realiza a observação, em directo ou em diferido.
O teclado convencional é substituído por outro, onde figuram
as categorias – concept Keyborad - e por uma mesa de
Revisão da Literatura
32
digitalização – digital painel - na qual se assinala a
especialização das acções.
A introdução de dados no computador através da voz (voice-
over) é um sistema que está já a ser desenvolvido (Taylor &
Hughes, 1988) e que, no futuro, poderá facilitar a recolha de
dados, mesmo a não especialistas (Hughes, 1993). A utilização
do CD-Rom, para aumentar a capacidade de memória para
armazenamento dos dados, é outra das possibilidades a
explorar (Hughes, 1996).
Damas (1980) e Proença (1982) consideram a existência de dois métodos
de observação: directo e diferido. Sarmento (1994) acrescenta-lhe o método
misto.
Observação em directo Reconhecida também como observação “in loco”, implica a presença
física do observador, levando a que este se desloque de modo a observar o
jogo ao vivo. É normalmente realizada pelo treinador, treinador adjunto, e agora
cada vez mais em alta competição por especialistas nessa área, os
observadores (Alves, 1995).
Pipa (1995) refere-nos que este tipo de observação é imprescindível
sempre que os treinadores pretendem, não só o conhecimento intrínseco da
forma de actuar da equipa mas também conhecimento detalhado sobre
características logísticas e meio envolvente.
Observação em diferido Não implica a presença física de quem efectua a observação. Esta
operação é feita para visualização e/ou audição posterior a esse jogo.
Este método de observação exige a utilização de outros meios,
avançados tecnologicamente, tais como, vídeos, DVD’s e computadores.
Pipa (1995) diz-nos que estes meios conferem uma análise sistemática
mais detalhada, fundamentalmente dos sistemas tácticos ofensivos e
defensivos e das características individuais dos jogadores.
Revisão da Literatura
33
Este tipo de observação é bastante utilizado quando os treinadores
necessitam de fazer a apresentação em palestras e alertar os seus jogadores
para algumas rotinas do adversário, como aconteceu no jogo referido na notícia
abaixo transcrita:
Lille amanhã em Lisboa
Hoje, a equipa francesa irá efectuar, de manhã, um treino e, à tarde, os jogadores irão observar um DVD das últimas partidas do Benfica, mais concretamente os jogos contra o Gil Vicente e o Sporting. Claude Puel, treinador da turma gaulesa, terá oportunidade de alertar os jogadores da equipa gaulesa para os pontos fortes do adversário. O Lille pretende começar bem a competição maior do calendário europeu e o Benfica será "dissecado" à lupa nas próximas horas.
Edição On-line: Segunda-feira, 12 Setembro de 2005 Observação mista
Este método consiste na utilização conjugada dos dois métodos já
referidos. Por um lado obriga à observação “ao vivo”; por outro, à utilização de
material tecnológico que permita a observação posterior do mesmo fenómeno.
O método misto acaba por ser o mais rigoroso e aquele que permite uma
melhor identificação das características do adversário (Rocha, 1996).
Boloni (2002) refere que na observação das equipas adversárias, sempre
que possível tenta observar os jogos em directo, efectuando simultaneamente
a sua gravação em vídeo, para uma posterior e detalhada análise da equipa
adversária.
Hercher (1983) e Maia (1987) diferenciam quatro métodos de registo de
informação.
Observação com registo livre O registo, através de observação livre, é um modo de observação casual
ou assistemático. O observador apenas regista o que sensibiliza. Não há
definição antecipada de parâmetros a observar (Proença 1982).
Neste tipo de observação, o observador limita-se a memorizar as
informações recolhidas ao longo do jogo. É um método de registo caracterizado
por Maia (1987) como método impressionista e sem validade objectiva.
Martins (2000) afirma-nos no entanto que se bem que este tipo de registo
não seja o mais eficaz, ele não deixa de ter a sua importância.
Revisão da Literatura
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Observação com registo escrito Tipo de observação sistemático onde, à priori, se definem os parâmetros a
observar e que permite uma eficaz compreensão e análise da situação em
questão (Proença 1982).
Este tipo de registo utiliza uma simbologia pré-definida e retrata aspectos
particulares do jogo. É um sistema de categorias de observação pré-definidas,
possibilitando um fácil e rápido tratamento dos dados recolhidos (Damas, 1980;
Everton e Green, 1986; Hutchinson, 1989; Oliveira, 1994).
O registo dos comportamentos dos atletas e das equipas são realizados a
partir da técnica designada por “papel e lápis”, com recurso à notação manual
fichas de observação ou Chek lists1 (Garganta, 1997) ou recorre-se a
computadores.
Podemos afirmar que o registo escrito, ao obrigar à definição antecipada
daquilo que se vai observar, facilita e direcciona a observação como permite
uma posterior avaliação das informações recolhidas.
A maior evolução neste sistema surge também com a ajuda da
computorização. Hughes (1987) desenvolveu um sistema de notação
computorizada para a análise de jogos de futebol usando um keyboard
específico. Usou um pad sensível ao toque programável para aceitar input,
posteriormente transformáveis em dados por um computador.
Observação com registo acústico Contreras e Pino Ortega (2000) dizem-nos que as análises de interacção
verbal podem ser recolhidos mediante um aparelho de áudio e logo com a folha
de registos, para registrar os dados relevantes.
Maia (1987) considera a utilização deste tipo de registo muito significativa,
na medida em que permite a continuidade na observação, possibilitando ao
observador manter-se permanentemente atento ao jogo e, simultaneamente,
ditar ao gravador os detalhes que observa e julga importantes sobre os vários
aspectos de jogo.
1 Listas de verificação com itens definidos em que o observador regista com sim ou não, ou realiza ou não realiza, os comportamentos que observa ou não.
Revisão da Literatura
35
Nos primeiros jogos que dirigiu no Benfica, Giovanni Trapattoni, foi noticia
pela utilização de um microgravador onde fazia o registo dos seus
pensamentos, com o intuito de ter um conhecimento mais fidedigno das acções
do seus jogadores, sem ter a necessidade de retirar os olhos do relvado.
Observação de registo óptico No registo óptico utilizam-se instrumentos como o vídeo, o DVD, e o
computador, havendo já empresas especializadas em fazer estes registos e até
a análise dos registos
O registo óptico torna todo o processo de observação mais rigoroso, dado
permitir manipular a imagem e facilmente identificar os parâmetros
anteriormente definidos como objectivos de observação (Proença, 1982).
Assegura uma reprodução autentica daquilo que acontece no jogo e
Damas (1980) e Maia (1987) são de opinião que o registo óptico é a melhor
forma de conhecer e caracterizar a filosofia de jogo do adversário,
nomeadamente ao nível dos moimentos ofensivos e defensivos, características
dos jogadores, tácticas e técnicas utilizadas.
Bezerra (1995) refere que actualmente a utilização do vídeo está
generalizada, pois o mesmo é considerado um meio indispensável, pelo facto
de facultar a visualização e revisualização em velocidade acelerada ou
reduzida, permitindo uma maior fidelidade na recolha de dados.
O vídeo é uma importante ferramenta para a análise. Equipamento vídeo
de alta qualidade e a suas imagens permitem uma análise mais
pormenorizada. O Vídeo dá-nos a possibilidade de gravar, observar, reflectir e
averiguar os níveis de performance (Hughes & Franks, 1997).
O recurso ao videogravador permite:
A visualização repetida e pormenorizada das acções e
sequências de jogo, tantas vezes quanto desejadas;
Diminui a possibilidade de ocorrência de erro;
Apenas permite a maior parte das vezes, observar os
jogadores que se encontram num raio relativamente próximo
da bola (Rico, 1994; citado por Garganta, 2000), sendo
portanto uma limitação (há perda de informação).
Revisão da Literatura
36
O Computer-Controlled Dual Video Systema (CCDVS) foi inventado com
objectivo eliminar esta limitação, uma vez que, permite a cobertura da
totalidade da superfície de jogo, possibilitando visualizar os movimentos dos
jogadores de ambas as equipas. Ou seja, é um sistema que permite observar e
analisar as acções de cada jogador e analisar sequências de jogo, de acordo
com os critérios específicos (erro táctico, situações padronizadas, combinações
tácticas, etc...). Para além disso, permite analisar dados quantitativos e analisar
a actividade físicas dos jogadores. Este sistema implica filmagem in loco,
sendo portanto um meio muito dispendioso e pouco versátil (Garganta, 2000).
Uma das mais excitantes e significantes inovações do potencial da análise
computorizada foi a recente interacção entre o computador e o vídeo. A
capacidade de através do computador controlar a imagem, tornou possível a
análise de procedimentos analíticos e específicos do desporto (Dufour, 1990 e
Franks e Hughes, 1997).
Dufour (1990) expressa que hoje em dia os computadores e os vídeos nos
permitem a observação da actividade física, de elementos técnicos e de
elementos tácticos.
Os computadores só recentemente imergiram no conceito de análise. A
informação de ganhou imenso com a análise computorizada. Derivado deste
tipo de computorização surgiram vantagens como feedbacks imediatos e
desenvolvimento de uma base de dados extensa. Os computadores tornam-se
cada vez mais poderosos, e ao mesmo tempo mais acessíveis. Todo o
processo de recolha e tratamento de dados passou a ser dominado pelos
meios informáticos (Franks e Hughes, 1997).
Os softwares de aplicativos acompanharam esta evolução,
consubstanciada em packages estatísticos cada vez mais rápidos e
sofisticados (Dufour, 1990).
Actualmente, vive-se um processo de transformação gradual. De facto, as
facilidades que surgiram com os progressos tecnológicos na Informática aliado
aos sistemas electrónicos de aquisição de dados facilitaram o aparecimento
natural de grandes bases de dados
Revisão da Literatura
37
Eis alguns dos programas informáticos que permitem retirar todo um
conjunto de informações relativamente ao jogo:
AMISCO (analisateur mobilizateur informátique des sports colectifs).
Este programa foi concebido por uma empresa de Nice, baseia-se
em seguir as movimentações dos jogadores no terreno de jogo.
Representa os 22 jogadores em 22 pontos. Há a utilização de 4 a 6
câmaras de forma que todo o espaço de jogo esteja a ser filmado.
No início da partida, o operador aponta cada jogador manualmente
no monitor de videotape de controlo. Deste modo são identificadas
as posições dos jogadores. O operador também registra o árbitro e a
bola. É uma operação de inicialização do procedimento. Com
capacidade de filmar 10 imagens por segundo, o operador capta
facilmente todas as movimentações dos jogadores. A distinção da
cor do equipamento por parte das filmagens permite que não haja
qualquer problema quando os jogadores estão muito próximos uns
dos outros. CASMAS (Computer Assisted Scouting-Match Analysis System)
traduzem a dimensão técnica do comportamento dos jogadores,
quer de ponto visto quantitativo como qualitativo;
MEMOBSER (Doucet, 1986) permite registar a ocupação do espaço
de jogo; a circulação da bola; recuperação ou perdas de bola;
SAGE (Sport Analysis and Game Evolution). Este sistema
informático desenvolvido por Luhtanen (1996), não traz nenhuma
inovação relativamente aos anteriores;
FARM (Football Atlhetics Results Manager) desenvolvido pela
federação italiana, permite em tempo real, catalogar, cruzar e
elaborar informação técnica e táctica. Neste sistema a acção de jogo
é a unidade basilar da análise, caracterizada pela análise: (i)- da
acção do jogador em posse de bola; (ii)- da acção do jogador sem
posse de bola quando a equipa tem a aposse de bola; (iii)- da acção
do jogador em situação defensiva.
Revisão da Literatura
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Franks e Hughes (1997) deixam-nos ainda algumas referências sobre as
vantagens e desvantagens da notação manual e da notação computorizada.
Notação Manual Vantagens
Menores custos.
São facilmente transportáveis.
Têm maior precisão.
Desvantagens
Quanto mais sofisticado o sistema, maior o tempo de aprendizagem
na recolha de dados.
Quanto mais sofisticado o sistema, maior o número de informação
recolhida e consequentemente maior tempo deverá ser gasto no
processamento e análise de informação.
Sistemas de notação computorizadas Vantagens
Rápido processamento e análise de dados, logo após a recolha.
O desenvolvimento do hardware permite melhores sistemas de
recolha tornando-a mais fácil e rápida.
O desenvolvimento da qualidade gráfica permite melhor
apresentação dos dados e uma mais fácil interpretação.
A interface de computadores com vídeo, reduz o tempo gasto na
análise.
Desvantagens
Material relativamente caro.
Embora cada vez mais pequenos por vezes não são tão portáteis
quanto o necessário.
A entrada de dados no computador produz fontes de erro maiores, o
que não acontece no sistema manual.
Revisão da Literatura
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Os métodos tecnológicos trazem consigo despesas por vezes não
sustentáveis para os clubes, o que leva a que o registo manual seja ainda
muito utilizado por parte dos treinadores. Face às vantagens e desvantagens
enumeradas, o ideal, como nos referem Garcia (1989); Dufour (1990) e Franks
& Hughes (1997), será uma combinação e cooperação entre a observação
computorizada, a representação gráfica e o registo em vídeo.
Todos os dias são conhecidas novas formas de observação, fruto da
evolução e da necessidade de ganhar, Pacheco (2005) enumera algumas:
A observação e a análise do jogo a partir de uma posição estratégica com recurso ao telemóvel. Mourinho iniciou tarefas de
observador de equipas adversárias do Barcelona na altura treinado
por Van Gall, elaborando daí relatórios pormenorizados para o seu
treinador. Mourinho observava os jogos da bancada VIP, com uma
vista panorâmica de todo o terreno de jogo, a partir do qual
elaborava os seus registos e conversava por telemóvel com o seu
chefe de equipa.
Empresa especializada na observação de jogos que desenvolve a análise dos adversários e do nosso próprio comportamento em campo. Observámos no computador da empresa que trabalha
connosco (Prozone) na análise dos adversários e na do nosso
próprio comportamento em campo. Analisamos as trajectórias de
cada jogador adversário nos cantos e livres laterais. Definimos as
marcações individuais e os responsáveis por determinados espaços.
Falhámos… (Mourinho 2004).
Recolher informações a partir das instruções transmitidas pelo treinador adversário no decurso do jogo No decurso dos jogos a
missão de um dos treinadores assistentes não é propriamente
observar o jogo, mas sim estar atento às instruções do treinador da
equipa adversária, transmitindo-as depois a José Mourinho, no
sentido de este ficar na posse de toda a informação por forma a
evitar ser surpreendido e poder contrariar a equipa adversaria.
Revisão da Literatura
40
2.4.3 O que se observa? “O que se observa pode ser fruto daquilo que somos capazes de aprender, ou dos
objectivos que pretendemos atingir.” (Garganta, 1998)
Na recolha bibliográfica efectuada, e como já descrito no capítulo 2.1.1, as
observações são efectuadas sobre as dimensões energéticas, motora, psicológica e táctica, tendo como eixos a análise centrada no jogador, a análise centrada nas acções ofensivas e a análise centrada no jogo.
Sendo o Scouting, uma modalidade da observação (Garganta, 2000),
decerto as categorias a observar incidirão sobre estas dimensões e eixos de
análise. Mas qual será a informação que concentram a informação
determinante do jogo, e que trará informação útil aos treinadores? É o que
tentaremos identificar neste capítulo
Garganta (1997) refere que habitualmente para se procurar algo há que
procurá-lo, no contexto da observação e análise de jogo, a lógica parece
inversa, ou seja, primeiro encontra-se (configura-se) as categorias e os
indicadores e só depois se procura as suas formas de expressão no jogo.
É importante salientar que a análise sistemática do jogo é apenas viável
se os propósitos da observação estiverem definidos (Grosgeorge et al. 1991). A
informação a recolher terá de ser seleccionada, ou seja, deve-se concentrar a
atenção nos aspectos determinantes do jogo, e assim possibilitar a intervenção
dos técnicos de forma útil (Fidalgo, 2003).
Olsen & Larsen (1997) defendem que o produto final da análise
dependerá das variáveis que são escolhidas para análise.
Quando escolhemos os parâmetros deveremos ter em mente o tipo de
sistema de análise como ferramenta critica e o padrão de jogo.
Moutinho (1993) considera que no âmbito da Observação de jogo devem
ser observados todos os factores de rendimento2 manifestados na competição.
No entanto este processo é uma tarefa complexa, devido à própria
complexidade do fenómeno observado (o jogo). Para além dos movimentos
2 Um factor é uma condição necessária para o funcionamento de um efector, isto é, de algo que produz um efeito (Laborit, 1973).
Revisão da Literatura
41
colectivos ofensivos e defensivos e suas estruturas fundamentais de jogo, os
Jogos Desportivos Colectivos apresentam em maior ou menor escala um
carácter aleatório, o que dificulta o estabelecimento de correlação entre certas
acções de jogo e o seu resultado.
Hughes & Franks (1997) referem a existência de muitas facetas da
performance da equipa que poderão ser analisadas quer a nível colectivo quer
a nível individual e apontam a observação como o processo de avaliação de
padrões de jogo, de equipa e de jogador, ou seja, a caracterização e avaliação
dos parâmetros observáveis da prestação competitiva colectiva e individual.
Rocha (1996) menciona que ao longo do jogo, devem recolher-se as
informações necessárias sobre as características da equipa e características
individuais dos jogadores.
No resumo da bibliografia parece-nos que o desempenho táctico,
enquanto condição da observação directa, representa uma instância funcional
que se reveste de grande significado para o estudo do comportamento dos
jogadores e das equipas. Neste sentido o jogo enquanto produto da actividade
dos jogadores constitui o nosso objecto de observação (Garganta, 1997).
Boloni (2002) refere ser também importante proceder à análise individual
dos jogadores adversários, tentando referenciar exaustivamente as
características de cada um, transmitindo-as posteriormente aos seus
jogadores.
Pepe Dias (1992) menciona ainda a necessidade de observar todo o meio
onde a competição se vai desenrolar, de forma a familiarizar os atletas com as
condições existentes. O objectivo é conseguir uma perfeita adaptação,
orgânica, funcional e psíquica à realidade.
Ramsay (1981), Wooden (1988), Hutshison (1989) e Gomelski (1990),
consideram como parâmetros a observar para a caracterização do jogo:
Filosofia de jogo
Defesa utilizada
Movimentos ofensivos
Transição defesa-ataque e ataque-defesa
Características particulares dos jogadores
Revisão da Literatura
42
Castelo (1996) confere que os meios gerais a ter em atenção para a
conceptualização de uma planificação estratégica, passam por três vertentes
fundamentais:
O conhecimento aprofundado da equipa adversária. Ter um
conhecimento correcto das potencialidades (pontos fortes), e
das vulnerabilidades (pontos fracos) da equipa adversária. A
natureza da recolha desta informação só será possível e eficaz,
através da observação/análise (directa ou indirecta), fazendo
uma investigação analítica do adversário que conduza ao seu
conhecimento exacto, que incidirá entre outros aspectos:
Na colocação de base dos jogadores no terreno de jogo
Forma geral de organização tanto do ataque como da
defesa (o método de jogo ofensivo e o método de jogo).
As diferentes acções táctico-técnicas individuais e
colectivas;
A “filosofia” de jogo da equipa;
Os jogadores que são fundamentais na organização da
equipa, nas fases ofensivas e defensivas;
As soluções de bola parada;
Comportamentos sócio-psicológicos dos jogadores e da
equipa no seu conjunto em situações de adversidade.
O terreno de jogo essencialmente no que respeita a:
Jogar em casa ou fora;
Dimensões (largura e profundidade);
Condições: relvado, pelado, seco, molhado.
Às circunstâncias em que se vai desenrolar o jogo, que
passa pelos seguintes aspectos:
A classificação das duas equipas em confronto;
Condições climatéricas;
O árbitro;
O público;
Nível de rivalidade entre as equipas, etc.
Revisão da Literatura
43
Especificamente para o primeiro ponto, o conhecimento da aprofundado
da equipa adversária, Castelo (1996) considera que a observação deve incidir
sobre indicadores que nos permitam explorar os pontos fracos e contrariar os
pontos fortes da equipa adversária, sendo importante analisar:
Sistema de jogo: Qual o dispositivo táctico de base mais utilizado pela equipa;
Racionalização do espaço de jogo: A dinâmica da utilização dos espaços de jogo a partir dos
jogadores com ou sem a posse de bola durante o processo
ofensivo e defensivo;
Maior ou menor utilização de determinadas zonas do campo;
O método de jogo ofensivo: Identificar e classificar o método de jogo ofensivo mais utilizado
pela equipa;
Velocidade, forma e zonas de transição das atitudes e
comportamentos técnico-tácticos individuais e colectivos de
fase ofensiva para a fase defensiva;
O método de jogo defensivo: Identificar e classificar o método de jogo defensivo mais
utilizado pela equipa;
Como, onde e de que forma é efectuada a pressão;
Velocidade, forma e zonas de transição das atitudes e
comportamentos técnico-tácticos individuais e colectivos de
fase defensiva para a fase ofensiva;
O ritmo e tempo de jogo:
Variações contínuas da sequência das acções individuais e
colectivas da equipa em processo ofensivo;
O ritmo específico do jogo;
Revisão da Literatura
44
Esquemas tácticos ofensivos: O esquema táctico é realizado segundo um dispositivo fixo ou
existem variações;
Colocou-se os jogadores em espaços e com funções que
maximizem as suas potencialidades individuais, criando-se as
condições mais favoráveis para a sua exteriorização;
Esquemas tácticos defensivos: O esquema táctico defensivo foi organizado de forma a colocar
os atacantes adversários em condições desfavoráveis;
Logo após a execução do esquema táctico ofensivo, a equipa
em fase defensiva estava preparada para resolver
eficientemente a situação que daí advenha;
As particularidades dos outros factores de treino: Analisar as condições físicas e psíquicas da equipa adversária;
A qualidade dos jogadores adversários: “Analisar os jogadores que formam a equipa de base adversária, o valor
dos jogadores considerados suplentes e o estudo da acção dos coordenadores
de jogo, são dados os importantes para a formulação de uma planificação
estratégica eficaz” (Castelo, 1996: 395).
Esta análise permite que o treinador tome certas medidas especiais
durante o jogo para anular os chamados jogadores chaves. Ou seja, é
importante determinar e analisar em que medida se torna importante
desenvolver e distribuir missões específicas, de forma a diminuir a eficácia
destes jogadores, e provocar a diminuição do rendimento da equipa adversária.
A qualidade do treinador adversário: As informações referentes às qualidades do treinador adversário são
igualmente importantes, tanto na concretização eficaz de uma planificação
Revisão da Literatura
45
estratégica da nossa equipa, como também, na sua aplicação na planificação
táctica, isto é, durante o decorrer da competição- jogo.
O conhecimento da filosofia de base dos treinadores permite-nos saber
se o treinador vai ou não provocar alterações à funcionalidade geral e
especifica da equipa face ao adversário, permitindo adoptar eficientemente a
expressão táctica da equipa adversária.
Tendo em perspectiva a bibliografia consultada, mormente através de
fichas de observação do adversário, foram encontrados vários elementos,
considerados fundamentais na observação pelos respectivos autores e
treinadores. Para uma melhor e mais clara compreensão da matéria, esses
elementos foram agrupados em categorias de informação e divididos nas
respectivas subcategorias, partindo depois para a particularidade de cada
categoria de informação, facilitando também uma posterior leitura na
apresentação e discussão dos resultados
O quadro seguinte representa essas categorias e subcategorias. Quadro 3: Categorias e subcategorias de informação.
Categorias Características da equipa
Características individuais dos jogadores
Outras Características
Principais características da equipa
Dados Biográficos Informações gerais
Características do ataque
Características Antropométricas
Outros
Características da transição ataque/defesa
Características Físicas
Sugestões do
Observador
Características da defesa
Características táctico/técnicas
Características da transição ataque/defesa
Características Psicológicas
Subcategorias
Características das bolas paradas
Revisão da Literatura
46
Quadro 4: Quadro resumo de conteúdos de observação agrupados por categorias de
informação apresentadas pelos diversos autores.
Autor Castelo (1996) Diehl (1997) Categorias de informação
Características de equipa
Principais características da equipa
Colocação base da equipa; (compensações, combinações tácticas, coerência de movimentações, etc.); Caracterização do ritmo de jogo A “filosofia” de jogo da equipa
Estrutura da equipa
Características do ataque
Identificar e classificar o método de jogo ofensivo mais utilizado pela equipa; Criou vantagens em termos de espaço, tempo e número
Tendências de Ataque
Características da defesa
Os sectores de terreno de jogo utilizados; Características fundamentais da equipa no sector defensivo, meio-campo e ofensivo;
Tendências da Defesa
Transição defesa-ataque
Velocidade de transição; Como é realizada;
Transição ataque-defesa
Velocidade de transição Como é realizada
Bolas Paradas As soluções de bola parada (esquemas tácticos)
Reinícios e golos
Outros factores a observar
Analisar as condições físicas e psíquicas da equipa adversária
Características individuais
Dados biográficos
Nome Número
Características antropometricas
Características fisicas
Características táctico-técnicas
Analisar os jogadores individualmente e as suas características
Características individuais
Características psicológicas
Outras informações
Informações gerais sobre o jogo
Condições logísticas; Condições climatéricas; O árbitro; O público;
Sumário de Jogo/Análise Informação Geral
Outros Filosofia de base dos treinadores A classificação das duas equipas; Nível de rivalidade entre as equipas
Sugestões Observador
Como nos afectam pontos fortes e fracos no ataque e defesa
Revisão da Literatura
47
Quadro 4: (cont.). Quadro resumo de conteúdos de observação agrupados por categorias de
informação apresentadas pelos diversos autores.
Autor Cárdenas (1998) Mourinho (1999) Categorias de informação
Características de equipa
Principais características da equipa
Dados gerais Ritmo
Constituição das equipas e suplentes e substituições. O sistema de jogo das equipas e observações. Sistema gráfico com o sistema de jogo da equipa e descrição escrita dos métodos defensivos e ofensivos. Descrição das alterações do sistema de jogo, e das substituições.
Características do ataque
Estilo Dinâmica de grupo Comportamento
Comportamento em posse de bola, pontos fortes e fracos.
Características da defesa
Tipo de marcação Dinâmica de grupo Onde? Como? Zonas de pressão
Sem posse de bola, ideia colectiva e numero de jogadores, onde pressionam e quando pressionam, com pontos fortes e fracos.
Transição defesa-ataque
Descrição do momento de ganhar a posse de bola, onde a ganham e o que fazem quando a ganham.
Transição ataque-defesa
Momento de perder a posse de bola, onde a perdem e reacção.
Bolas Paradas Descrição escrita e gráfica. No final descrição de pontos fortes e fracos.
Outros factores a observar
Características individuais
Dados biográficos
Nome, Número, Idade, Nacionalidade
Características antropometricas
Altura,
Características fisicas
Impressão Física; Físico, Velocidade,
Características táctico-técnicas
Capacidade técnica; Especialização
Posição, lateralidade, características mais importantes
Características psicológicas
Aspectos psicológicos
Mentalidade,
Outras informações
Informações gerais sobre o jogo
Rival, terreno, hora e dia, climatologia
Equipas, Tipo de competição, Jornada, Data, Hora, Campo, Público, Bola, Terreno e clima, Arbitro e seu distrito, Cartões, expulsões, golos e observações.
Outros Expulsões, lesões, condicionantes tácticos.
Pontos fortes e fracos
Sugestões Observador
Conclusão e opinião de como jogará contra nós, com sugestões.
Revisão da Literatura
48
Quadro 4: (cont.). Quadro resumo de conteúdos de observação agrupados por categorias de
informação apresentadas pelos diversos autores.
Autor Real Federação Holandesa Futebol in Kormelink e Seeverens (1999)
Rue (2000)
Categorias de informação
Características de equipa
Principais características da equipa
Sistema de jogo da formação quando da posse de bola.
Estrutura da equipa
Características do ataque
Organização – ataque; Jogadores envolvidos
Tendências de Ataque; Finalizador;
Características da defesa
Cooperação entre os diversos sectores; Sector do campo
Tendências da Defesa
Transição defesa-ataque
Transição ataque-defesa
Bolas Paradas Como é executado o reinício de jogo Reinícios Outros factores a observar
Características físicas, técnicas, tácticas e mentais de ambas as equipas
Factores psicológicos Forma da equipa
Características individuais
Dados biográficos
Características antropometricas
Características fisicas
Características táctico-técnicas
Funções individuais
Características psicológicas
Outras informações
Informações gerais sobre o jogo
Informações básicas e resumo; Tipo de clima; Estado do relvado; Tipo de jogo;
Outros Número de espectadores Sugestões Observador
Recomendação da forma de preparar a sua equipa para enfrentar esse adversário.
Revisão da Literatura
49
Quadro 4: (cont.). Quadro resumo de conteúdos de observação agrupados por categorias de
informação apresentadas pelos diversos autores.
Autor Boavista FC, SAD. Futebol de Formação. Ficha de caracterização de jogador (2000)
Albert Ruiz (2003)
Categorias de informação
Características de equipa
Principais características da equipa
Valoração de pontos fortes e debilidades
Características do ataque
Criador de Jogo; Padrões de corrida; Directo / Indirecto
Características da defesa
Tarefas defensivas Pressão; Tipos de Marcação
Transição defesa-ataque
Transição ataque-defesa
Bolas Paradas Descrição de bolas paradas Outros factores a observar
Características individuais
Dados biográficos
Nome e Idade: Nome
Características antropometricas
Altura e Peso
Características fisicas
Velocidade de reacção; Velocidade de resistência; Resistência específica; Impulsão; Flexibilidade; Força MI; Força MS
Descrição das características dos jogadores
Características táctico-técnicas
Posição; lateralidade. Acções ofensivas Leitura de jogo; Recepção; Passe; Condução; Remate; Cruzamento; Jogo de cabeça; Desmarcação; Mobilidade Ofensiva; Velocidade de execução; 1x1; Participação dos esquemas tácticos ofensivos Acções defensivas Marcação; Desarme; Dobras; Cobertura; 1x1; Participação em pressing; Mobilidade Defensiva; Participação em esquemas tácticos defensivos.
Descrição das características dos jogadores
Características psicológicas
Motivação; Carácter; Empenhamento; Agressividade e Concentração
Outras informações
Informações gerais
Informação Geral
Outros Sugestões Observador
Recomendação a respeito da forma de preparar a sua própria equipa para enfrentar esse adversário.
Revisão da Literatura
50
Quadro 4: (cont.). Quadro resumo de conteúdos de observação agrupados por categorias de
informação apresentadas pelos diversos autores.
Autor Ramos (2004) Federação Portuguesa de Futebol (2004)
Categorias de informação
Características de equipa
Principais características da equipa
Colocação da equipa em campo; Organização táctica Estilo de jogo; Ritmos de jogo Que tipo e mudança de ritmo tem?
Sistemas utilizados Modelo de jogo Dispositivos sectoriais
Características do ataque
Caracterização de movimentos de rotina de ataque; Profundidade e Amplitude; Executam jogadas estratégicas/movimentações tipo; Contra ataque ou ataque organizado
Características da defesa
Como e onde se posiciona para defender Comunicação geral e entre linhas
Transição defesa-ataque
Velocidade de transição; Que movimentações/direcções
Transição ataque-defesa
Velocidade de transição Onde pressionam.
Bolas Paradas Desenhos gráficos de situações de bola parada
Outros factores a observar
Predominante da actuação das selecções: Técnico-táctica, capacidade física, estratégia, atitude.
Características individuais
Quais os melhores jogadores e sua influência nos resultados.
Dados biográficos
Características individuais, jogadores dominantes
Características antropometricas
Características individuais, jogadores dominantes;
Características fisicas
Características individuais, jogadores dominantes;
Características táctico-técnicas
Características individuais, jogadores dominantes; Informações GR
Características psicológicas
São jogadores agressivos, alterados ou violentos
Outras informações
Informações gerais sobre o jogo
Outros Gráficos de fácil leitura; Informações de dados estratégicos.
Comportamento disciplinar Comportamento do treinador no banco (maneira de estar, maneira de conduzir a equipa)
Sugestões Observador
Revisão da Literatura
51
Quadro 4: (cont.). Quadro resumo de conteúdos de observação agrupados por categorias de
informação apresentadas pelos diversos autores.
Autor Silva (2004) Ramos & Festas (2004) Categorias de informação
Características de equipa
Principais características da equipa
Escalonamento da equipa; Variações do sistema
Constituição das equipas e suplentes e substituições. O sistema de jogo das equipas e observações. Sistema gráfico com o sistema de jogo da equipa e descrição escrita dos métodos defensivos e ofensivos. Descrição das alterações do sistema de jogo, e das substituições.
Características do ataque
Movimentação do Ponta de lança
Comportamento em posse de bola, pontos fortes e fracos.
Características da defesa
Posicionamento da defesa;
Sem posse de bola, ideia colectiva e numero de jogadores, onde pressionam e quando pressionam, com pontos fortes e fracos.
Transição defesa-ataque
Descrição do momento de ganhar a posse de bola, onde a ganham e o que fazem quando a ganham.
Transição ataque-defesa
Momento de perder a posse de bola, onde a perdem e reacção.
Bolas Paradas Jogadas ensaiadas (faltas, cantos)
Descrição escrita e gráfica. No final descrição de pontos fortes e fracos.
Outros factores a observar
Aspectos físicos e emocionais dos futuros adversários
Características individuais
Dados biográficos
Nome, Numero, Idade, Nacionalidade,
Características antropometricas
Altura,
Características fisicas
Físico, Velocidade,
Características táctico-técnicas
Análise individual dos atletas, forma de actuar;
Posição, lateralidade, características mais importantes
Características psicológicas
Mentalidade,
Outras informações
Informações gerais sobre o jogo
Categoria Tipo de jogo
Equipas, Tipo de competição, Jornada, Data, Hora, Campo, Público, Bola, Terreno e clima, Arbitro e seu distrito, Cartões, expulsões, golos e observações.
Outros Relação de cartões Pontos fortes e fracos Sugestões Observador
Conclusão e opinião de como jogará contra nós, com sugestões.
Revisão da Literatura
52
Resumindo o que se pretende com a observação e análise da equipa
adversária, é identificar e simplificar a organização do jogo, ou seja, o
desmontar do modelo de jogo do adversário, eliminando aspectos de ordem
casuística e analisando os factores que derivam claramente de uma ordem
organizacional, que estabelecem as bases fundamentais do jogo dessa equipa
observando as seguintes categorias de informação: sistema de jogo, os
métodos de jogo, o ritmo e o tempo de jogo, os esquemas tácticos, as
transições, as particularidades dos outros factores de treino, a qualidade dos
jogadores adversários e, por último, a qualidade do treinador adversário,
condições logísticas e meios envolventes (Castelo, 1996).
Metodologia
Metodologia
54
3. Metodologia
3.1 Tema O tema de trabalho versa o Scouting em Futebol.
3.2 Problema O Scouting em Futebol, qual a importância atribuída pelos treinadores à
forma e ao conteúdo da observação ao adversário.
3.3 Objectivos O presente trabalho tem como objectivo central perceber a importância
atribuída pelos treinadores à forma e ao conteúdo da observação do
adversário. Pretende-se conhecer que meios e métodos são utilizados no
Scouting e que conteúdos são observados pelos treinadores no conhecimento
do adversário.
Como Objectivos específicos para o presente trabalho temos:
Enquadrar conceptualmente o Scouting no Futebol de
rendimento e alta competição;
Indagar a importância que os treinadores atribuem ao Scouting;
Identificar as categorias e subcategorias a que os treinadores
dão maior relevância nas observações;
Conhecer de que forma se processa a recolha de dados;
Identificar as forma como são usados esses dados.
Metodologia
55
3.4 Material e Métodos
3.4.1 Caracterização da Amostra
A amostra é constituída por doze inquiridos, dez treinadores e dois
observadores. Dos treinadores, sete exercem a função em clubes da 1ª Liga
Portuguesa, dois na 2ª Liga Portuguesa e um na 1ª Divisão Nacional de
Juniores A. Quanto aos observadores, desempenham ambos a função de
observadores em clubes da 1ª Liga Portuguesa. Quadro 5: Número e percentagem dos especialistas inquiridos.
Amostra (n=12) Número % Treinadores 10 83,3%
1ª Liga 7
2ª Liga 2
1ª Divisão Nacional Juniores A 1
Observadores 2 16,7%
Total 12 100,00%
3.4.2 Metodologia de investigação A parte teórica do presente trabalho sustentou-se numa pesquisa
bibliográfica e documental, de forma a filtrar a informação que melhor se
enquadrava na respectiva problemática.
A parte exploratória consistiu na aplicação de um questionário3 cuja
validação foi efectuada por peritagem (ver capitulo 3.4.2.1).
3.4.2.1 Instrumento e validação Para a elaboração do questionário, realizou-se uma ponderação sobre a
informação a recolher, a partir de uma listagem dos assuntos a tratar (Bell,
1997).
3 Ver Anexo 1
Metodologia
56
No sentido de caracterizar o Scouting e as categorias de informação a
observar realizamos uma pesquisa documental e bibliográfica neste âmbito.
A partir desta pesquisa foram seleccionados pontos através dos quais foi
construído um questionário, cujo objectivo central visava conhecer a
importância atribuída pelos treinadores à forma e conteúdo da observação do
adversário.
Construído o questionário, foi realizada a sua validação, efectuada por
peritagem e envolveu as seguintes fases.
1. Foram seleccionados os conteúdos relativos às questões que de acordo
com os objectivos delineados, pretendíamos ver respondidos.
2. Elaborou-se o questionário e submeteu-se o mesmo a um painel de
peritos;
3. Foram eliminadas as perguntas consideradas não adequadas e as que
suscitavam dúvidas.
4. Após a reformulação, elaborou-se a versão final do questionário.
A validação do questionário foi realizada por sete peritos, que reuniam
todos os requisitos seguintes:
Formação académica na área de Desporto e Educação Física com
grau mínimo de licenciatura
Ter curso de treinador / ou ligação à pratica
Ter ligação à área da observação e/ou Scouting
Estruturalmente o questionário é composto por dez questões constituídas
por diversas alíneas, de resposta fechada nas quais se pretendeu a utilização
de uma linguagem simples e clara, e que o conteúdo das mesmas se centrasse
especificamente no assunto a tratar.
Correspondem as respostas a:
Quatro de resposta Sim ou Não, (ver Quadro 6). Quadro 6: Exemplo de pergunta com resposta de Sim ou Não. 2 – Costuma realizar observações do adversário?
Sim Não
Metodologia
57
Onze com diversas respostas assinaláveis, (ver Quadro 7) Quadro 7: Exemplo de pergunta com diversas respostas assinaláveis. 2.1 – Se Sim, porque razão o faz? 2.1.1 Definir a estratégia a utilizar no jogo
2.1.2 Comparar as forças / fraquezas adversárias com os nossos jogadores
2.1.3 Caracterizar o jogo do adversário
2.1.4 Apoiar o treino
2.1.5 Outra, Qual?
Dez com resposta em escala de Likert., (ver Quadro 8) Quadro 8: Exemplo de pergunta com resposta em escala de Likert . 6.2 - Que qualidades julga importantes num observador?
6.2.1 Conhecimentos tácticos/técnicos 1 2 3 4
6.2.2 Disponibilidade 1 2 3 4
6.2.3 Conhecimentos informáticos e de meios audiovisuais 1 2 3 4
6.2.4 Identificação com modelo de jogo do treinador 1 2 3 4
6.2.5 Outra, Qual? 1 2 3 4
Oito de resposta de escolha múltipla, (ver Quadro 9) Quadro 9: Exemplo de pergunta com resposta de escolha múltipla. 6.4 – Quanto tempo antes da realização do jogo com o adversário, recebe o relatório de observação?
1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias 1 semana 2 semanas 3 semanas
A pergunta 1 refere-se à importância atribuída à observação do
adversário.
A pergunta 2 reporta-se ao costume ou não da realização de observações
do adversário e das razões da sua utilização.
O grupo 3 é composto por 4 alíneas. A primeira pergunta questiona o
número de jogos observados de cada adversário. Posteriormente questiona-se
onde são realizadas essas observações quando joga em casa e fora. As
alíneas seguintes reportam-se à quantidade de jogos que se necessita para ter
uma informação mínima e óptima sobre o adversário.
A pergunta 4 orienta-se no sentido de saber se a recolha de informação
sobre o adversário acontece ao longo de toda a época ou só em alguns jogos.
Metodologia
58
O grupo 5 e as suas alíneas vão no sentido de conhecer os meios e
métodos utilizados na obtenção de informação sobre a equipa adversária,
nomeadamente, métodos, meios de recolha de informação e meios de registo.
O grupo 6 e as suas alíneas visam conhecer quem faz a observação,
quantas pessoas estão envolvidas na observação (6.1), as qualidades que os
treinadores julgam importantes no observador (6.2) e quantas horas efectivas
de trabalho demora a observação do adversário desde a visualização até à
entrega final (6.3).
O grupo 7 reporta-se às categorias e subcategorias de elementos a
observar e a verificação da sua importância.
O grupo 8 e alíneas respectivas tem como objectivo conhecer o
tratamento dado à informação proveniente da observação do adversário.
A questão 9 questiona os treinadores sobre a importância do Scouting
para o desfecho competitivo.
3.4.3 Recolha de dados A recolha de dados ocorreu de 1 a 15 de Novembro de 2005. Os
questionários foram entregues aos inquiridos e foram explicados os objectivos
e o âmbito do trabalho. Posteriormente, os questionários foram recolhidos.
3.4.4 Tratamento estatístico Para o tratamento dos dados foi utilizada a frequência de distribuição.
Foi utilizada a média e desvio padrão para as cotações atribuídas pelos
especialistas nas respostas de escala ordinal, de 1 a 4.
Relativamente às respostas de escala nominal recorreu-se à
Percentagem, Média, Desvio-Padrão e Amplitude de Variação.
O tratamento dos dados foi realizado num sistema informático composto
por:
Um computador Pentium M 760 2GHZ
Um programa estatístico SPSS, versão 13.0
Programa Microsoft Office Excel 2003.
Apresentação e Discussão dos
Resultados
Apresentação e Discussão dos Resultados
60
4. Apresentação e Discussão dos Resultados “A ciência é feita de dados,
como uma casa é feita de pedras. Mas um conjunto de dados não é ciência,
tal como um conjunto de pedras não é casa”. (Poincaré, s/d)
Com os resultados do presente estudo não se pretende teorizar sobre o
Scouting nem tão pouco definir processologias válidas para a observação do
adversário. Apenas se procura contribuir para a apresentação de um conjunto
de referenciais que ajudem a perceber a importância atribuída pelos
treinadores à forma e ao conteúdo na observação do adversário.
Embora a observação e análise de jogo sejam frequentemente
referenciadas pela bibliografia, estudos sobre a temática particular do Scouting
existem em número ínfimo em outros desportos mas são no Futebol
desconhecidos. Este facto limita a comparação e interpretação dos resultados
obtidos. Assim iremos apresentar opiniões emanadas pelos treinadores de
Futebol e, sempre que possível interpretá-las em função da literatura
disponível.
A sequência dos resultados é apresentada segundo a ordem das
questões formuladas no questionário.
4.1 Importância atribuída ao Scouting
Num total de doze inquiridos, dois (16,7%) consideram Importante a
observação ao adversário, seis (50,0%) consideram Muito Importante e quatro
(33,3%) consideram-na Imprescindível. É de realçar que as cotações Pouco Importante e Nada importante não foram referidas o que certifica a
importância que a observação do adversário vêm adquirindo, como constatado
na literatura (Cousy, 1970; Roach, 1970; Lehane, 1981; Dean, 1985; Wooden,
1988; Harris e Reilly, 1988; Hutchinson, 1989; Dufour, 1989 e 1990; Gréhaigne,
1989; Gomelski, 1990; Krause, 1991; Grosgeorge, 1991; Wootten, 1992;
Moutinho, 1993; Summitt e Jennings, 1996; Castelo, 1996 e 2000; Franks e
Mcgarry, 1996; Olsen, e Larsen, 1997; Contreras e Pino Ortega, 2000; Fidalgo
2000 e 2003; Garganta, 2000; Mombaerts, 2001; Pacheco, 2005).
Apresentação e Discussão dos Resultados
61
Como afirma Dufour (1990) o Scouting é uma parte importante do jogo e
poderemos assumir que esta posição é consensual nos treinadores da amostra
que tem vindo a assumir uma relevância e importância fulcral no Futebol, como
se verifica no Quadro 10.
Quadro 10: Importância conferida ao Scouting.
Que importância atribui ao Scouting? Frequência Percentagem Média ± dp
Nada importante 0 0,0%
Pouco importante 0 0,0%
Importante 2 16,7%
Muito Importante 6 50,0%
Imprescindível 4 33,3%
4,20 ±0,72
Total 12 100,0%
4.2 Utilização do Scouting
A totalidade dos inquiridos refere que realiza observações do adversário.
Apesar de ser assumido por alguns autores que há treinadores que não se
preocupam com a análise aos adversários (Garganta, 1997; Cook, 2001;
Pacheco, 2005) os resultados (ver Quadro 11) revelam que o Scouting como
modalidade da observação-análise do jogo (Garganta, 2000), tem vindo a ser
um recurso utilizado por grande parte dos treinadores na preparação das
competições em que os seus clubes estejam envolvidos.
Quadro 11: Utilização do Scouting.
Costuma realizar o Scouting? Frequência Percentagem
Não 0 0,0%
Sim 12 100,0%
Total 12 100,0%
Como refere Cunha (2003) há cada vez menos tempo para treinar e as
equipas técnicas têm a necessidade de alargar as suas tarefas a outras áreas
com influência na preparação dos jogadores e das equipas.
Apresentação e Discussão dos Resultados
62
Dufour (1990) acredita que o Scouting é uma parte pertinente e valiosa de
preparação da sua equipa para o jogo tendo um grande peso na preparação
das equipas de competição. Aliás como referem Oramas et col. (1984) as
equipas investem consideráveis recursos económicos com o objectivo de
adquirirem informação que facilite a respectiva preparação.
Ao analisarmos o Quadro 12 verificamos que nas respostas relativas às
razões de realização do Scouting, apenas uma tem uma percentagem de
concordância significativa, que é a definição da estratégia a utilizar no jogo com
oito respostas, uma concordância de 83,3%.
Quadro 12: Porque é realizado o Scouting. Se realiza o Scouting, porque razão o faz?
Frequência Percentagem de concordância
Definir estratégia a utilizar no jogo 10 83,3% Apoiar o treino 7 58,3%
Comparar as forças / fraquezas adversárias com os nossos jogadores 3 25,0%
Caracterizar o jogo do adversário 9 75,0%
A segunda mais citada é a “caracterização do jogo do adversário” com
nove respostas significando 75,0% de concordância, seguida do “apoio ao
treino” com sete citações constituindo 58,3% de concordância e por último a
“comparação de forças e fraquezas dos adversários com os nossos jogadores”
com apenas três referências, concordância de 25,0%. A revisão da literatura
aponta-nos diversas razões para a realização do Scouting, entre as quais
destacamos as citadas por Green (2000), Martins (2000) e Ramos & Festas
(2004) em que o Scouting é utilizado para caracterizar o jogo do adversário,
conhecer as suas fraquezas e pontos fortes, efectuar o plano de jogo, apoiar o
treino, avaliar o trabalho desenvolvido e avaliar o rendimento da equipa.
Castelo (1996) afirma que globalmente o Scouting encerra o objectivo de
dotar o treinador de informações precisas sobre o adversário, que o capacitem
para o desenvolvimento estratégico-táctico de um jogo, ou seja, preparar a
equipa para todas as ocorrências e com essa preparação desenhar soluções
estratégicas que permitam resolver de uma forma cada vez mais eficaz os
problemas de jogo. Os resultados do estudo corroboram esta situação na
Apresentação e Discussão dos Resultados
63
virtude dos inquiridos conferirem como principais razões a definição de
estratégia a utilizar no jogo e a caracterização do adversário.
4.3 Quantidade de jogos a observar
O Quadro 13 apresenta os resultados do número de jogos que os
inquiridos observam.
Quadro 13: Quantidade de jogos observados pelos inquiridos Quantos jogos observa de cada adversário?
Frequência Percentagem Média±dp Mínimo Máximo Um 2 16,7% Dois 6 50,0% Três 1 8,3% Quatro 1 8,3% Cinco 1 8,3%
2,4 ±1,2 1 5
Total 11 91,7%
A questão não foi respondida por um dos inquiridos pelo que somente
91,7% o fez, dividindo-se entre a observação de “um jogo” e “cinco jogos”
sendo estes o mínimo e máximo respectivamente. Os resultados evidenciados
pelo estudo são díspares, assim (16,7%) afirma observar apenas um jogo,
(8,3%) observa três jogos, 8,3% da amostra observa quatro jogos e (8,3%
observa cinco jogos.
A pesquisa efectuada faz referência a que devido à escassez de tempo, e
por vezes meios, os treinadores realizem apenas uma observação da equipa
adversária (Comas, 1991), no entanto os resultados observados mostram-nos
que a maioria das equipas (seis respostas, 50% da amostra) observa dois
jogos do adversário.
Relativamente ao número de jogos necessários para obter a informação
mínima, as respostas situam-se entre “um jogo” e “quatro jogos”. “Dois jogos”
foi a resposta mais frequente com cinco (41,7%) das respostas. “Três jogos” e
“um jogo” obtiveram o mesmo número de citações com três cada,
correspondentes a 25,0% da amostra. “Quatro jogos” foi a resposta menos
Apresentação e Discussão dos Resultados
64
citada com apenas uma (8,7%) citação, como apresentado no Quadro 14. Os
resultados obtidos são díspares, com “dois jogos” a ser a resposta com maior
frequência. Apesar disso não nos é possível obter nenhuma conclusão
inequívoca, embora a média nos dê uma perspectiva que deveremos observar
dois jogos para obtenção de informação mínima relevante sobre o adversário.
Na pesquisa efectuada não foi encontrada nenhuma referência a este tema,
pelo que não é possível a confrontação dos resultados obtidos no estudo.
Quadro 14: Quantidade de jogos que os especialistas inquiridos pensam serem necessários observar, para obter a mínima informação relevante sobre o adversário.
Quantos jogos pensa serem necessários observar para obter a mínima informação relevante sobre adversário?
Frequência Percentagem Média±dp Mínimo Máximo Um 3 25,0% Dois 5 41,7% Três 3 25,0% Quatro 1 8,3% Cinco 0 0,0%
2,2 ±0,9 1 4
Total 12 100%
Quanto ao número de jogos que os inquiridos acham serem necessários
observar para obter informação óptima, os resultados são muito variados, com
uma amplitude de “dois jogos” como mínimo e um máximo de “seis jogos”.
“Três jogos” e “quatro jogos” (33,0%) foram os mais citados. “Dois jogos”
obteve a preferência de 16,7% da amostra e “cinco jogos” e “seis jogos” foram
apontados por 8,7% dos inquiridos.
Como afirma Rocha (1996) quantas mais oportunidades de observar um
jogador ou uma equipa, maior será a consistência da informação.
André Vilas-Boas (2005), refere que para análise de um adversário,
necessita de quatro ou cinco jogos de observação, para perceber se aquilo que
acontece é por acaso ou se se trata de movimentos padrão.
Talvez por isso André Vilas-Boas (2005), refira que para análise de um
adversário, necessita de quatro ou cinco jogos de observação, para perceber
se aquilo que acontece se deve ao acaso ou se se trata de movimentos
padrão, já Leal (2003) refere ter observado dez jogos analisando os padrões
Apresentação e Discussão dos Resultados
65
qualitativos da equipa do Sporting para montar a melhor equipa e a melhor
estratégia para Final da Taça de Portugal 01/02 (Leixões – Sporting).
Os resultados constantes do Quadro 15 permitem-nos dizer que os
inquiridos acham que a informação óptima será obtida através da observação
de três ou quatro jogos do adversário.
Quadro 15: Quantidade de jogos que os especialistas inquiridos pensam serem necessários observar, para obter informação óptima sobre o adversário. Quantos jogos pensa serem necessários observar para obter informação óptima
sobre adversário? Frequência Percentagem Média±dp Mínimo Máximo
Um 0 0,0% Dois 2 16,7% Três 4 33,3% Quatro 4 33,3% Cinco 1 8,3% Seis 1 8,3%
3,6 ±1,1 2 6
Total 12 100,0%
4.4 Onde observam? Quando a confrontação com o adversário se verifica no seu próprio
terreno onze (91,7%) de concordância dos inquiridos, observa o adversário
quando este joga fora. Seis (50,0%) dos inquiridos concordam com a
observação em casa do adversário, conforme observado na Figura 1.
Figura 1: Local de realização da observação do adversário, quando o confronta como visitado. Se joga em casa, onde observa os jogos do adversário?
6 50,0% 11
91,7%
0
20
40
60
80
100
Frequência 6 11
Percentagem deConcordância
50,0 91,7
casa fora
Apresentação e Discussão dos Resultados
66
Já quando a confrontação com o adversário se verifica no terreno deste, a
observação é realizada quando o adversário joga em casa por dez dos
inquiridos, uma concordância de 83,3% e é realizada fora por sete inquiridos,
uma concordância de 58,3%, como consta na Figura 2.
Figura 2: Local de realização da observação do adversário, quando o confronta como visitante.
Se joga fora, observa os jogos do adversário
10
83,3%
758,3%
0
20
40
60
80
100
Frequência 10 7
Percentagem deConcordância
83,3 58,3
casa fora
Verificando os resultados obtidos, poderemos dizer que os inquiridos
quando jogam em casa procuram observar os adversários fora e quando jogam
fora procuram observar jogos em que o adversário seja visitado, pois a sua
percentagem de concordância é significativa. Os resultados obtidos são
concordantes com a literatura que nos diz que na observação das equipas
adversárias, é necessário ter em consideração que muitas vezes estas utilizam
sistemas, métodos e acções estratégico-tácticas totalmente distintas,
consoante os jogos se disputem no seu próprio terreno ou no terreno das
equipas adversárias (Bauer e Ueberle, 1988), razão pela qual um melhor
conhecimento das particularidades da equipa adversária deverá pressupor a
observação naquelas situações (Pacheco, 2005). Verifica-se no entanto uma
concordância elevada em ambas as situações, o que poderá ser explicado pelo
facto do número de observações realizadas pela maioria dos inquiridos ser
maior que duas e como nos diz a literatura o Scouting deverá ser feito o mais
próximo do jogo com a nossa equipa (Ramsay, 1977). Como os campeonatos
Apresentação e Discussão dos Resultados
67
normalmente alternam jogos em casa e fora e as equipas observam mais que
um jogo, será necessário observar em casa e fora para uma recolha de dados
o mais próximo do jogo possível.
4.5 Períodos de realização do Scouting
A resposta à pergunta 4 do questionário é inequívoca, conforme exposto
no Quadro 16, pois todos os inquiridos (100,0%) responderam que realizam
observação do adversário durante toda a época, o que se enquadra na
perspectiva encontrada na literatura. Embora, como nos menciona Pacheco
(2005) alguns treinadores só recorram ao Scouting em determinados jogos, o
Scouting tem actualmente um grande peso na preparação das equipas (Dufour
1990). Comas (1991:131) narra que “actualmente, em alta competição, em
virtude do elevado nível e maturidade que as equipas patenteiam, é quase
impossível uma equipa participar num jogo sem conhecer bem o seu
adversário”
Quadro 16: Período durante o qual é realizado o Scouting. O Scouting acontece ao longo de toda a época, ou só em determinados jogos?
Frequência Percentagem Durante toda a época 12 100,0% Alguns jogos 0 0,0%
Ramsay (1977) menciona que o objectivo é alcançar, se possível, o êxito
em todos os jogos e através do Scouting, pode-se preparar cuidadosamente
cada jogo, pactuando com os autores anteriores e resultado obtido.
4.6 Como observa?
A observação mista com sete (58,3%) das respostas da amostra é o
método de observação mais utilizado pelos treinadores para observar o
adversário, sendo que três (32,7%) dos treinadores só utilizam a observação
em directo e nenhum utiliza somente a observação em diferido. Confrontando
os resultados com a literatura podemos verificar a sua harmonia, já que o
método misto, composto pelo método directo e indirecto, acaba por ser o mais
Apresentação e Discussão dos Resultados
68
rigoroso e aquele que permite uma melhor identificação das características do
adversário pois por um lado obriga à observação “ao vivo” e por outro, à
utilização de material tecnológico (Rocha, 1996) que permita uma posterior e
detalhada análise da equipa adversária (Boloni, 2002).
Apesar de não implicar a presença física de quem efectua a observação,
Pipa (1995) refere-nos que a observação em diferido não permite o
conhecimento detalhado sobre características logísticas e meio envolvente e
como este é um dos pressupostos para a definição estratégico-táctica
concebida por Castelo (1996), esta será a razão dos treinadores não utilizarem
somente a observação em diferido, como consta da Figura 3.
Figura 3: Métodos utilizados na observação do adversário. Que métodos utiliza?
7
58,3%
532,7%
12
100,0%
0
20
40
60
80
100
Frequência 7 5 0 12
Percentagem % 58,3 32,7 0,0 100,0
Observação Mista
Observação “in loco” ou
Observação em diferido Total
Os meios utilizados na observação e análise das equipas adversárias têm
registado uma crescente evolução (Garganta, 2000) e os treinadores procuram
através de todos os meios o máximo de informação sobre o adversário
utilizando desde a simples análise de imprensa a programas informáticos.
Sem dúvida que os meios audiovisuais, hoje em dia uma constante, são
um meio privilegiado e económico de aceder à informação o que leva à sua
grande utilização, aparecendo sob o mesmo ponto de vista de facilidade de
acesso a análise de imprensa.
Apresentação e Discussão dos Resultados
69
A recolha de dados através de observações e análises anteriores é
também uma forma de fácil acesso aos treinadores, no entanto gostaríamos de
ressalvar a utilização deste método uma vez que poderá trazer informação
desactualizada e por isso imprecisa e falaciosa. Os programas informáticos
talvez devido aos elevados custos que ainda ostentam são apenas utilizados
por 25,0% dos treinadores. A Internet afirma-se um meio ainda pouco
explorado pelos treinadores na busca de informação, embora na literatura esta
seja uma vertente de recolha de informação mencionada, na amostra do
presente estudo apenas um treinador referiu utilizá-la.
Os meios de recolha de informação mais utilizados pelos treinadores
inquiridos são os meios audiovisuais com nove respostas significando uma
concordância de 75,0% da amostra, seguido de observações e análises
anteriores com 66,7% de concordância na sua utilização; as análises de
imprensa são utilizadas por 41,7% da amostra e os programas informáticos são
apenas utilizados por 25,0% da amostra. Por último surge-nos os sites da
Internet com apenas uma citação, conforme se pode visualizar na Figura 4.
Podemos assim concluir que a utilização de meios audiovisuais é bastante
usual entre a amostra, bem como as observações e análises anteriores.
Figura 4: Meios de recolha de informação utilizados na observação do adversário. Que meios de recolha de informação utiliza?
9
75,0%
8
66,7%
5
41,7%
3 25,0% 18,3%
01020304050607080
Frequência 9 8 5 3 1
Percentagem de Concordância 75,0 66,7 41,7 25,0 8,3
Meios audiovisuais
Observações e análise anteriores
Análise de imprensa
Programas informáticos
Sites da Internet
Apresentação e Discussão dos Resultados
70
Apesar de na literatura ser descrito como registo óptico decidimos dividir
esta forma de registo em registo vídeo e registo informático para melhor
entendimento dos treinadores e para tentar perceber a diferença existente
entre a utilização dos dois. O registo de vídeo é o meio de registo mais utilizado
pelos treinadores e observadores inquiridos com (83,3%) da percentagem de
concordância. Bezerra (1995) refere que actualmente a utilização do vídeo está
generalizada e Hughes & Franks (1997) afirmam que o vídeo é uma importante
ferramenta para a análise pelo facto de facultar a visualização e revisualização
em velocidade acelerada ou reduzida, permitindo uma maior fidelidade na
recolha de dados permitindo gravar, observar, reflectir e averiguar os níveis de
performance, o que nos permite perceber a sua elevada utilização por parte
dos treinadores.
Já a Notação Manual é a segunda mais utilizada com 58,3% da
concordância de utilização, o registo manual é ainda muito utilizado por parte
dos treinadores. Esta notação tem o recurso a fichas de observação ou Chek
lists (Garganta, 1997). As fichas de observação e Chek lists são um sistema de
categorias de observação pré-definidas e possibilitam um fácil e rápido
tratamento dos dados recolhidos (Damas, 1980; Everton e Green, 1986;
Hutchinson, 1989; Oliveira, 1993), sendo também de fácil transporte e com
menores custos (Franks & Hughes, 1997), o que poderá sustentar a utilização
por parte da amostra.
Apesar de Maia (1987) considerar a utilização do Registo Acústico muito
significativa, na medida em que permite a continuidade na observação,
possibilitando ao observador manter-se permanentemente atento ao jogo e,
simultaneamente, ditar ao gravador os detalhes que observa e julga
importantes sobre os vários aspectos de jogo, este método apenas é utilizado
por um dos inquiridos.
Os registos Informáticos apesar de todas as potencialidades citadas por
Franks & Hughes (1997), só recentemente imergiram no conceito de análise, e
embora os softwares de aplicativos acompanhem a evolução, consubstanciada
em packages estatísticos cada vez mais rápidos e sofisticados (Dufour, 1990),
são ainda meios bastante dispendiosos, o que provoca alguma resistência de
Apresentação e Discussão dos Resultados
71
utilização por parte dos clubes, resultado demonstrado pelo estudo com
apenas quatro citações, correspondentes a uma concordância de 33,3% de
utilização conforme Figura 5.
Figura 5: Meios de registo de informação utilizados na observação do adversário. Que meios de registo de informação utiliza?
10
83,3%
7
58,3%
4 33,3%1
8,3%
0
20
40
60
80
100
Frequências 10 7 4 1
Percentagem de concordância 83,3 58,3 33,3 8,3
Registos de vídeo
Notação Manual
Registos Informáticos
Registos Acústicos
Referente à pergunta de como são utilizados os meios e métodos, se de
forma aleatória ou através de fichas de observação definidas obteve-se uma
percentagem de 83,3% de treinadores que utilizam fichas de observação e
Check Lists bem definidas e só um (8,3%) utiliza estes meios de forma
casuística, conforme Quadro 17.
Quadro 17: Forma de utilização dos meios e métodos na observação do adversário. Como são utilizados esses meios e métodos?
Frequência Percentagem De forma casuistica/aleatória 1 8,3% Através de Check Lists ou fichas de observação
definidas 10 83,3%
Outro, qual? 1 8,3% Total 12 100,0%
Sabe-se que é impossível reter toda a informação decorrente de uma
partida (Garganta, 1997; Boloni 2002), e há estudos que provam que o
treinador através da observação tradicional apenas consegue reter cerca de
Apresentação e Discussão dos Resultados
72
10% da totalidade dos acontecimentos ocorridos durante um jogo (Bangsbo,
1993; Reilly, 1994).
Para Cook (2001) poderá ser aceitável que os treinadores pertencentes a
equipas de nível superior, e possuidores de jogadores mais maduros e
experientes tenham este tipo de posição. No entanto, é sempre mais seguro ter
informações sobre os adversários, de forma a evitar ser surpreendido.
Garganta (1997) refere que habitualmente para se encontrar algo há que
procurá-lo, no contexto da observação e análise de jogo, a lógica parece
inversa, ou seja, primeiro encontra-se (configura-se) as categorias e os
indicadores e só depois se procura as suas formas de expressão no jogo.
Sendo assim e em convergência com o resultado apresentado, torna-se
conveniente a existência de uma grelha, com os aspectos que se entendem
serem mais importantes observar, de forma a conseguir um conhecimento mais
exacto das características da equipa adversária. Muitos treinadores e
observadores possuem já fichas de observação, Check lists, e outros
instrumentos pré-definidos, o que facilita este processo.
Referência ainda a um treinador que nos diz que utiliza os meios e
métodos “em função do que previamente define observar”.
Com o planeamento e definição prévia dos meios e métodos a utilizar,
eliminam-se as situações acidentais (Curado, 1982) e acautelam-se todas as
eventualidades (Comas, 1991).
Quisemos saber se eram utilizados os mesmos meios e métodos em
todas as observações por parte dos treinadores inquiridos. Conforme Quadro
18, nove inquiridos, 75,0% da amostra referiram utilizar os mesmos meios e
métodos em todas as observações e três (25%) diferentes meios e métodos
em diferentes observações.
Quadro 18 Utilização dos mesmos meios e métodos em todas as observações. São utilizados os mesmos meios e métodos em todas as observações?
Frequência Percentagem Não 3 25,0% Sim 9 75,0%
Total 12 100,0%
Apresentação e Discussão dos Resultados
73
Segundo a literatura, e apesar da importância assumida com a realização
do Scouting, alguns treinadores têm diferentes preocupações consoante a
importância do jogo. Cunha (1995) diz-nos que o Scouting varia de jogo para
jogo e de adversário para adversário e Hercher (1983) menciona que cada
competição tem as suas características particulares, o que poderá justificar a
utilização de diferentes meios e métodos em diferentes observações por parte
de três treinadores inquiridos. 4.7 Quem realiza o Scouting?
Apesar da opinião unânime de que o Scouting deverá ser realizado
pessoalmente pelo treinador principal (Ramsay, 1977; Vergés, 1986; Comas,
1991), actualmente e dada a abundância de jogos é difícil ao treinador principal
conciliar as actividades de Scouting com as outras actividades de direcção de
equipa. Assim, este tem que delegar estas tarefas ao treinador adjunto ou a
outro elemento da equipa técnica (Vergés, 1986 e Comas, 1991).
Devido à especialização que cada vez mais se verifica no futebol, e com a
importância atribuída à observação e análise de jogo, as equipas de topo
começam a requisitar especialistas nesta área.
Silva (2004) menciona que para aperfeiçoar ainda mais o trabalho de
observação e análise é comum uma equipa enviar um observador para
acompanhar os futuros adversários.
Os resultados encontrados levam-nos ao encontro do acima exposto.
Conforme Figura 6 são o observador e o treinador adjunto quem mormente
realiza a observação do adversário com uma percentagem acumulada de
75,0% e 66,7% respectivamente.
Assumindo o referido por Ramsay, 1977; Vergés, 1986; Comas, 1991 que
o Scouting deverá ser realizado pessoalmente pelo treinador principal, os
inquiridos o treinador principal foi mencionado em cinco (41,7%) das respostas
como realizando a observação do adversário.
Ainda referência a uma resposta que indica que é toda a equipa técnica
que realiza a observação.
Apresentação e Discussão dos Resultados
74
Figura 6: Quem realiza a observação do adversário? Quem faz a observação do adversário?
5
41,7%8
66,7%
9
75,0%
18,3%
01020304050607080
Frequência 5 8 9 1
Percentagem de Concordância 41,7 66,7 75,0 8,3
Treinador Principal
Treinador adjunto Observador Outro, Quem?
Existem variadas respostas com semelhantes frequências relativamente
ao número de pessoas envolvidas no Scouting, indo a amplitude de variação
das respostas de um mínimo de “uma pessoa” a um máximo de “cinco
pessoas” envolvidas na tarefa de observação do adversário. “Duas pessoas” foi
o número de pessoas envolvidas na observação que maior frequência obteve
com cinco respostas referentes a 41,7% da amostra. “Três”, “Quatro” e “Cinco
pessoas” obtiveram duas respostas cada e “uma pessoa” foi assinalada por
apenas um treinador, como constante do Quadro 19.
Quadro 19: Quantidade de pessoas que os especialistas inquiridos indicaram estar envolvidas na observação do adversário.
Quantas pessoas estão envolvidas na observação do adversário? Frequência Percentagem Média±dp Mínimo Máximo
Uma pessoa 1 8,3% Duas pessoas 5 41,7% Três pessoas 2 16,7% Quatro pessoas 2 16,7% Cinco pessoas 2 16,7%
2,90 ±1,31 1,0 5,0
Total 12 100,0% A importância da observação-análise do jogo e do Scouting, segundo
Cook (2001) poderá requerer a criação nos clubes de um rigoroso sistema de
observação e de análise de jogo, como forma de facilitar a tomada de decisões,
Apresentação e Discussão dos Resultados
75
tais como a táctica a utilizar no confronto com os adversários. Este sistema
poderá requerer um aumento no número de pessoas envolvidas na
observação. Parece-nos que os resultados mostram que se poderá estar a
evoluir nesse sentido, sendo que 88,3% dos inquiridos envolve duas ou mais
pessoas na observação do adversário, até por na pergunta anterior a
observação ser realizada na maioria das vezes por um observador
especializado.
Muitas equipas recorrem a um observador para recolherem informações
sobre os adversários. Ao fazerem a escolha deste elemento que qualidades
têm em consideração?
A literatura aponta diversas qualidades consideradas importantes para
desempenhar esse papel (Proença, 1982; Dan Gaspar, 2000; Green, 2000;
Mombaerts, 2001): Disponibilidade (em tempo e atitude);
Informação/Formação, pois é indispensável dominar o objecto, o contexto, os
instrumentos e as técnicas, o conhecimento, Conhecimento do jogo;
Predisposição para observar; descrever factos e não opinar; Comunicação e
Saber o que é realmente importante são algumas dessas características.
Os resultados do estudo mostram-nos que a qualidade que os treinadores
mais apreciam num observador são os conhecimentos táctico/técnicos
(X=3,9±0,3) seguido da identificação com o modelo de jogo do treinador
(X=3,59±0,67), a disponibilidade (X=3,4±0,70) e por fim o domínio dos
instrumentos e técnicas, conhecimentos informáticos e meios audiovisuais
(X=3.2±0,42), conforme nos mostra a Figura 7.
Figura 7: Médias e Desvio-Padrão das qualidades de um observador.
Média±Desvio-Padrão
3,93,4 3,2
3,59
00,5
11,5
22,5
33,5
44,5
Conhecimentostácticos/técnicos
Disponibilidade Conhecimentosinformáticos e de
meios audiovisuais
Identificação commodelo de jogo do
treinador
Apresentação e Discussão dos Resultados
76
Apesar dos meios informáticos e audiovisuais requererem conhecimentos
nesta área para o domínio dos mesmos, verificamos que esta é uma qualidade
que apesar de importante é a menos importante para os treinadores. Comas
(1991) refere que o conhecimento das características das equipas adversárias
passa pela qualidade da informação recolhida e a escolha dos treinadores
inquiridos parece apontar essa qualidade com o reconhecimento dos
conhecimentos táctico-técnicos como a maior qualidade para poder observar o
jogo e obter informação concisa e útil ao treinador, pois como refere Silva
(2004) as suas informações servirão de base para o treinador escalar a equipa
e definir a táctica que será utilizada.
Podemos ainda observar que todas as qualidades descritas são Importantes ou Muito Importantes para a totalidade da amostra, havendo
somente um treinador que qualifica de Pouco Importante a disponibilidade e a
identificação com o modelo de jogo do treinador.
Referência ainda para três outras respostas, um treinador referiu a
experiência na tarefa como Importante e dois referiram a congruência do que
observar como Muito Importante. Como exposto através do Quadro 20.
Quadro 20: Importância conferida às qualidades de um observador. Que qualidades julga importantes num observador?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Conhecimentos
tácticos/técnicos 0 0 1 (8,3%) 10 (83,3%) 3,90 ±0,30
Disponibilidade 0 1 (8,3%) 4 (33,3%) 5 (41,7%) 3,40 ±0,70Conhecimentos informáticos e
de meios audiovisuais 0 0 8 (66,7%) 2 (16,7%) 3,20 ±0,42
Identificação com modelo de
jogo do treinador 0 1 (8,3%) 3 (25,0%) 8 (66,7%) 3,59 ±0,67
Outra, qual? 0 0 1 (11,1%) 2 (16,5%) 3,67 ±0,58
Os resultados apresentados no Quadro 21 são bastante diversos e com
grande amplitude de variação, variando as respostas entre um mínimo de
“cinco horas” e um máximo de “dezoito horas”.
Apresentação e Discussão dos Resultados
77
Quadro 21: Quantidade de horas dispendidas na observação do adversário, desde a visualização até à entrega final. Quantas horas efectivas de trabalho demora a observação do adversário, desde
a visualização até à entrega final? Frequência Percentagem Média±dp Mínimo Máximo
Cinco horas 1 8,3% Seis horas 3 25,0% Oito horas 2 16,7% Dez horas 1 8,3% Dezoito horas 1 8,3% Missing 4 33,3%
8,3 ±4,2 5 18
Total 12 100,0%
O número de horas mais vezes respondido pelos treinadores como gastas
na missão de observação foi “seis horas” com uma frequência de três
respostas, seguida de “oito horas” com duas respostas. “Cinco horas”, “dez
horas” e “dezoito horas” foram citadas uma vez cada. Constata-se ainda que
em média são dedicadas cerca de oitos horas na tarefa de execução do
Scouting.
Referência ainda para o facto de quatro treinadores não terem respondido
a esta questão.
A bibliografia pesquisada não faz referência específica a esta questão, no
entanto, achámos pertinente conhecer o número de horas dedicado à
observação do adversário na elaboração do estudo.
Parece-nos no entanto, pelos dados acumulados na pesquisa que as
diferentes horas dispendidas terão diversos factores que poderão explicá-las,
como o número de jogos observados, o maior ou menor tempo gasto na
recolha de informação antes do jogo, os meios e métodos utilizados, a
minuciosidade e forma de tratamento dos dados, a capacidade do observador e
mesmo a importância dedicada à observação do adversário.
Os treinadores recebem o relatório final uma “semana” antes do jogo, a
resposta com maior número de citações, nove (75,0%) dos inquiridos. Dos
treinadores questionados 8,3% recebe o relatório “cinco dias” antes. Também
Apresentação e Discussão dos Resultados
78
8,3% foi a percentagem de respostas para “dois dias” e “três dias”, conforme o
Quadro 22. Quadro 22: Quantidade de tempo antes do jogo que o treinador recebe o relatório final.
Quanto tempo antes da realização do jogo com o adversário recebe o relatório de observação?
Frequência Percentagem Média±dp Mínimo Máximo Dois dias 1 8,3% Três dias 1 8,3% Cinco dias 1 8,3% Uma semana 9 75,0%
5,3 ±1,3 2 7
Total 12 100,0%
Assumimos para esta resposta que o jogo se disputa de domingo a
domingo. A literatura, nomeadamente (Comas, 1991 e Mourinho, 2004)
reconhecem o início da semana, como a altura indicada para receber o
relatório, pois permite um planeamento semanal já com o conhecimento do
adversário que será enfrentado, sendo este o momento de definição da
estratégia a utilizar perante determinado adversário. Podendo incidir os
exercícios neste sentido, fazendo com que os jogadores possam experimentar
as situações que irão encontrar em jogo, estando preparados de modo a evitar
ser surpreendidos. 4.8 O que se observa?
4.8.1 O que se observa ao nível da equipa?
Na análise aos dados das principais características da equipa verificamos
que a classificação de Nada Importante não é citada pelos treinadores e
somente cinco características são citadas por um (8,3%) treinador como Pouco Importantes de observar, as restantes características são citadas pelos
treinadores como Importantes ou Muito Importantes.
O “Sistema Táctico”, os “pontos fortes” e “pontos fracos” da equipa e a
“organização defensiva” e “organização ofensiva” são referidos por nove
(75,0%) dos inquiridos como Muito Importantes, sendo as que têm maior
citação como Muito Importante, como poderemos verificar no Quadro 23.
Apresentação e Discussão dos Resultados
79
Quadro 23: Importância conferida às principais características da equipa. Quais as principais características da equipa são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Principais características da equipa 0 0 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,80 ±0,40
Sistema táctico 0 0 3 (25,0%) 9 (75,0%) 3,75 ±0,45Variações do sistema 0 0 7 (58,3%) 5 (41,7%) 3,41 ±0,51Pontos fortes da equipa 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,67 ±0,65Pontos fracos da equipa 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,67 ±0,65Jogadores mais importantes 0 1 (8,3%) 4 (33,3%) 7 (58,3%) 3,50 ±0,67Organização defensiva 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,67 ±0,65Organização ofensiva 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,67 ±0,65Método de jogo 0 0 5 (41,7%) 7 (58,3%) 3,58 ±0,51Espaço de jogo utilizado 0 0 7 (58,3%) 5 (41,7%) 3,42 ±0,51Outra, qual? 0 0 0 1 (8,3%) 4,00 ±0,00
Somente duas características apresentam médias inferiores a 3,5 de
cotação, sendo elas as “Variações do Sistema” (X=3,41 ±0,51) e o “Espaço de
jogo utilizado” (X=3,42 ±0,51). Todas as outras apresentam valores superiores
a 3,5 destacando-se o “Sistema Táctico” (X=3,75 ±0,45), os “pontos fracos”
(X=3,67 ±0,65), os “pontos fortes” (X=3,67 ±0,65), a “organização defensiva”
(X=3,67 ±0,65), e a “organização defensiva” como constante da Figura 8.
Média±Desvio-padrão
3,423,583,673,673,53,673,673,413,753,8
00,5
11,5
22,5
33,5
44,5
5
Prin
cipa
isca
ract
erís
ticas
da e
quip
a
Sist
ema
táct
ico
Varia
ções
do
sist
ema
Pon
tos
forte
sda
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ipa
Pon
tos
fraco
sda
equ
ipa
Joga
dore
sm
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impo
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defe
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a
Org
aniz
ação
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siva
Mét
odo
de jo
go
Espa
ço d
ejo
go u
tiliz
ado
Figura 8: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às principais características da equipa.
Castelo (1996) refere que através do Scouting são estudados, entre
outros, o sistema táctico, os métodos de jogo, os esquemas tácticos, os pontos
forte, os pontos fracos e as particularidades dos jogadores das equipas
Apresentação e Discussão dos Resultados
80
adversárias, cujos dados serão posteriormente utilizados na construção do
plano de jogo, o que parece ser pactuado pelos resultados do estudo.
O desempenho táctico, enquanto condição da observação directa,
representa uma instância funcional que se reveste de grande significado para o
estudo do comportamento dos jogadores e das equipas. Gréhaigne (1989)
refere que na medida em que as acções de jogo se realizam num contexto de
oposição/cooperação, que guia as equipas na disputa de um objectivo comum
(vencer), a dimensão táctica assume uma importância capital e os resultados
obtidos permitem-nos apurar que os treinadores inquiridos assumem a
importância dos factores tácticos nas características a observar no adversário.
Os “pontos fortes do ataque” (X=3,83±0,38) são aqueles que apresentam
melhor média, sendo considerados pelos inquiridos como os mais importantes
de observar. Os “pontos fracos” (X=3,67±0,49), os “movimentos mais
utilizados” (X=3,67±0,49) e os “métodos de jogo” (X=3,67±0,49), são as
características seguintes mais importantes de observar para os treinadores,
tendo uma também a mesma variabilidade de respostas.
Seguem-se “a opinião de como poderão afectar a organização da equipa”
(X=3,58±0,51) e “Estilo de jogo” (X=3,5±0,52). As médias obtidas conferem
como as características menos importantes de observar os “tipos de passe em
cada sector” (X=3,0±0,60) e os “tipos de finalização preferidos” (X=3,25±0,75),
embora a variabilidade de resposta da segunda característica seja maior que a
da primeira característica como consta da Figura 9.
Média ± Desvio-Padrão
3,583,173,413,083,253,003,273,503,673,673,673,83
0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,50
Pontos fortes Pontos fracos Movimentos +utilizados/rotinas
Método dejogo
Estilo de Jogo(Directo /Indirecto)
Há um criadorde jogo
Tipos depasse (em
cada sector)
Tipos definalizaçãopreferidos
Zonas epercursos decada jogador
Zonas definalização
Ritmo de jogo Como podemafectar a
nossaorganização
Figura 9: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características do ataque.
Apresentação e Discussão dos Resultados
81
Nas características de ataque destaca-se que nenhuma foi classificada
como Nada Importante e somente quatro características, “existência de um
criador de jogo”, “tipos de passe em cada sector”, “tipos de finalização
preferidos” e “zonas e percursos de cada jogador” foram classificadas como
Pouco Importantes, e somente por dois (16.7%) dos inquiridos.
Das características apresentadas a mais citada como Muito Importante
foi os “Pontos Fortes”, com dez (83,3%) citações, seguido de “Pontos fracos”,
“Métodos de jogo” e “Movimentos mais utilizados” classificados como Muito Importante por oito (66,7%) dos inquiridos, conforme visível no Quadro 24.
Quadro 24: Importância conferida às características de ataque da equipa observada. Que características de ataque são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média e dp
Características do ataque 0 0 1 (8,3%) 9 (75,0%) 3,9 ±0,32
Pontos fortes 0 0 2 (16,7%) 10 (83,3%) 3,83 ±0,38
Pontos fracos 0 0 4 (33,3%) 8 (66,7%) 3,67 ±0,49
Movimentos + utilizados /rotinas 0 0 4 (33,3%) 8 (66,7%) 3,67 ±0,49
Método de jogo 0 0 4 (33,3%) 8 (66,7%) 3,67 ±0,49
Estilo de Jogo (Directo / Indirecto) 0 0 6 (50,0%) 6 (50,0%) 3,50 ±0,52
Há um criador de jogo 0 2 (16,7%) 4 (33,3%) 5 (41,7%) 3,27 ±0,78
Tipos de passe (em cada sector) 0 2 (16,7%) 8 (66,7%) 2 (16,7%) 3,00 ±0,60
Tipos de finalização preferidos 2 (16,7%) 5 (41,7%) 5 (41,7%) 3,25 ±0,75
Zonas e percursos de cada jogador 0 1 (8,3%) 8 (66,7%) 3 (25,0%) 3,08 ±0,79
Zonas de finalização 0 0 7 (58,3%) 5 (41,7%) 3,41 ±0,51
Ritmo de jogo 0 0 10 (83,3%) 2 (16,7%) 3,17 ±0,39
Como podem afectar a nossa organização 0 0 5 (41,7%) 7 (58,3%) 3,58 ±0,51
Os tipos de passe em cada sector e os tipos de finalização serão os
considerados menos importantes de observar pelos treinadores, porque serão
os mais difíceis de observar se não se possuir o material adequado,
nomeadamente os meios informáticos que, como já constatamos (ver Capítulo
2.4.2), possuem benefícios ao nível do tratamento dos dados.
Apresentação e Discussão dos Resultados
82
Todas as características mencionadas no questionário tiveram uma
citação (8,3%) como sendo Pouco Importante de observar, com excepção do
“número de jogadores que defendem atrás da bola” que não teve nenhuma
citação como Pouco Importante. Nenhum dos inquiridos considerou nenhuma
das características como Nada Importante de observar, como se descreve no
Quadro 25.
Quadro 25: Importância conferida às características da defesa da equipa observada. Que características da defesa são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Características da defesa 0 1 (8,3%) 1 (8,3%) 7 (58,3%) 3,90 ±0,71
Tipo de defesa utilizado 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,67 ±0,65
Agressividade 0 1 (8,3%) 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,33 ±0,65
Zona do campo onde defende 0 1 (8,3%) 5 (41,7%) 5 (41,7%) 3,37 ±0,67
Pontos fortes 0 1 (8,3%) 4 (33,3%) 7 (58,3%) 3,50 ±0,67
Pontos fracos 0 1 (8,3%) 3 (25,0%) 8 (66,7%) 3,58 ±0,67
Zonas de pressão 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,67 ±0,65
Número de jogadores que defendem atrás da linha da bola 0 0 6 (50,0%) 6 (50,0%) 3,50 ±0,52
A defesa utiliza o fora de jogo? 0 1 (8,3%) 7 (58,3%) 4 (33,3%) 3,25 ±0,62
Há profundidade defensiva – utilização de um libero 0 1 (8,3%) 7 (58,3%) 4 (33,3%) 3,25 ±0,62
Há adaptações relacionais relativamente à equipa contrária 0 1 (8,3%) 5 (41,7%) 6 (50,0%) 3,41 ±0,67
Mudanças de tipo de defesa durante o jogo 0 1 (8,3%) 5 (41,7%) 5 (41,7%) 3,36 ±0,67
Amplitude / profundidade da equipa no momento defensivo 0 1 (8,3%) 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,33 ±0,65
Outra, qual? 0 0 0 1 (8,3%) 4,00 ±0,00
As características mais citadas como Muito Importantes foram o “tipo de
defesa utilizado” e “zonas de pressão” com nove (75,0%) menções seguidos de
“pontos fracos” com oito (66,7%) respostas e “pontos fortes” com sete (58,3%)
respostas. “Se a defesa utiliza o fora de jogo” e se “há profundidade defensiva”
apesar de terem sete citações como Importantes foram as que recolheram
menos citações, quatro (33,3%) como Muito Importantes.
Apresentação e Discussão dos Resultados
83
Podemos verificar na que as características consideradas mais
importantes de observar da defesa do adversário pelos inquiridos foram o “tipo
de defesa utilizado” (X=3,67±0,65), a zona de pressão (X=3,67±0,65), os
“pontos fracos” (X=3,58±0,67), os “pontos fortes” (X=3,5±0,67) e “número de
jogadores atrás da linha da bola” (X=3,50±0,52). As respostas dos treinadores
são consensuais na opinião expressa sobre as características a observar como
podemos observar pelos valores de desvio-padrão referenciados da Figura 10.
As consideradas menos importantes pelos treinadores foram “se a defesa
utiliza o fora de jogo” (X=3,25±0,62) e “se há profundidade defensiva”
(X=3,25±0,62).
Média ± Desvio-Padrão
3,583,5 3,33 3,67 3,42 3,25 3,33 3,25 3,33
11,5
22,5
33,5
4
De que forma seprocessa
Existe mudançarápida de atitude
As 1ªs linhas depasse são
pressionadas
A equiparegressa ao seumeio campo ou
pressionamimediatamente nazona de perda de
bola.
Zonas depressão
Quem pressionaprimeiro
A equipa actuaem bloco
Como reagem osavançados
Distância entrelinhas
Figura 10: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características da defesa.
Os pontos fracos e fortes são referenciados em quase os documentos
encontrados na literatura (verificar Quadro 5).
Na elaboração do plano estratégico táctico os treinadores mostram atentar
sobre o tipo de defesa utilizado e as zonas em que a defesa faz pressão para
que evitem que os atacantes levem a bola para essas zonas e o que
favorecerá a sua recuperação por parte da equipa adversária.
Compreende-se o facto de os pontos fracos serem considerados mais
importantes porque serão os pontos a explorar e aqueles a que os treinadores
darão maior significado na elaboração do plano estratégico táctico.
Existe actualmente uma nova divisão no subsistema metodológico do jogo
relativamente às suas fases. Alguns especialistas passaram da terminologia
das fases (ofensiva e defensiva) para a designação de momentos,
Apresentação e Discussão dos Resultados
84
determinando quatro momentos (Ofensivo, Defensivo, Transição Defesa-
Ataque e Transição Ataque-Defesa). Achamos pertinente também conhecer as
características que seriam importantes de observar nestes dois últimos
conceitos.
Relativamente às características da transição ataque-defesa, “quem
pressiona primeiro” e se “a equipa actua em bloco na pressão” foram citadas
por dois treinadores como Pouco Importantes e todas as outras foram citadas
por um treinador (8,3%) como Pouco Importante. As características “forma
como se processa a transição” e “se a equipa regressa ao seu meio campo ou
pressiona imediatamente na zona de perda de bola” foram as mais citadas
como Muito Importantes com oito (66,7%) e nove (75,0%) citações
respectivamente.
Podemos ver no Quadro 26 que das alternativas apresentadas nenhuma
foi considerada como Nada Importante.
Quadro 26: importância conferida às características de transição ataque-defesa da equipa observada.
Que características de transição ataque-defesa são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Características de transição ataque-defesa 0 1 (8,3%) 1 (8,3%) 8 (66,7%) 3,70 ±0,67
De que forma se processa 0 1 (8,3%) 3 (25,0%) 8 (66,7%) 3,58 ±0,67
Existe mudança rápida de atitude 0 1 (8,3%) 4 (33,3%) 7 (58,3%) 3,50 ±0,67
As 1ªs linhas de passe são pressionadas 0 1 (8,3%) 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,33 ±0,65
A equipa regressa ao seu meio campo ou pressionam imediatamente na zona de perda de bola.
0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 9 (75,0%) 3,67 ±0,65
Zonas de pressão 0 1 (8,3%) 5 (41,7%) 6 (50,0%) 3,42 ±0,67
Quem pressiona primeiro 0 2 (16,7%) 5 (41,7%) 5 (41,7%) 3,25 ±0,75
A equipa actua em bloco 0 2 (16,7%) 4 (33,3%) 6 (50,0%) 3,33 ±0,78
Como reagem os avançados 0 1 (8,3%) 7 (58,3%) 4 (33,3%) 3,25 ±0,62
Distância entre linhas 0 1 (8,3%) 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,33 ±0,62Outra, qual? 0 0 0 0 0,00 ±0,00
Apresentação e Discussão dos Resultados
85
Da literatura revista foram encontradas várias características a observar.
Se atentarmos ao Quadro 5 (Capítulo 2.4.3) verificamos que diversas vezes
são referenciadas como características a observar a velocidade de transição,
como se processa e a descrição do momento de perda de bola o que estará
em conformidade com os resultados obtidos.
A “forma como a transição se processa” (X=3,58±0,67), “se a equipa
regressa ao seu meio campo ou pressionam imediatamente na zona de perda
de bola” (X=3,67±0,65) e a “existência de mudança rápida de atitude”
(X=3,5±0,67) são as características consideradas mais importantes pelos
treinadores que responderam ao inquérito. “Quem pressiona primeiro”
(X=3,25±0,75) e “como reagem os avançados” (X=3,25±0,62) são as
consideradas menos Importantes pelos inquiridos, no entanto a primeira
característica apresenta menor consenso na sua importância de observação
que a segunda, apresentando maior variabilidade nas respostas como consta
da Figura 11.
Média ± Desvio-Padrão
3,333,363,413,253,253,53,673,583,53,373,333,67
11,5
22,5
33,5
4
Tipo de defesautilizado
Agressividade Zona do campoonde defende
Pontos fortes Pontos fracos Zonas depressão
Número dejogadores quedefendem atrásda linha da bola
A defesa utilizao fora de jogo?
Háprofundidadedefensiva –
utilização deum libero
Há adaptaçõesrelacionais
relativamente àequipa
contrária
Mudanças detipo de defesadurante o jogo
Amplitude /profundidade da
equipa nomomentodefensivo
Figura 11: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características do da transição ataque-defesa.
Mais uma vez nenhuma das características foi cotada como Nada Importante. Com três (25,0 %) citações, as “zonas que a bola percorre” é a
característica com maior cotação de Pouco Importante.
A “frequência de utilização do contra-ataque e do jogo apoiado” obtém
nove (75,0%) respostas como Importante e as “áreas de recepção do primeiro
passe” sete (58,3%) respostas como sendo Importante.
As características que os treinadores consideram como Muito Importantes são “Amplitude / profundidade da equipa no momento da
transição” e “Movimentações dos jogadores nas transições” com oito (66,7%)
Apresentação e Discussão dos Resultados
86
citações cada e a “Velocidade de transição da equipa” com 58,3% como
podemos ver no Quadro 27.
Verificamos que os treinadores pretendem, como referenciado na
literatura (Castelo, 1996; Mourinho, 1999; Ramos, 2004; Ramos & Festas,
2004), conhecer sobretudo a forma como se processa a transição através das
movimentações da equipa e dos jogadores e a velocidade de transição, bem
como a frequência de utilização de contra-ataque ou ataque apoiado e o
momento de recuperação de bola, conhecendo o local para onde é dirigido o
primeiro passe. Quadro 27: Importância conferida às características de transição defesa-ataque da equipa observada.
Que características de transição defesa-ataque são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média e Dp
Características de transição defesa-ataque 0 0 2 (16,7%) 7 (58,3%) 3,77 ±0,44
Áreas de recepção do primeiro passe 0 1 (8,3%) 7 (58,3%) 4 (33,3%) 3,25 ±0,62
Frequência de utilização do contra ataque 0 1 (8,3%) 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,33 ±0,65
Frequência de utilização de ataque rápido / jogo apoiado 0 0 9 (75,0%) 3 (25,0%) 3,25 ±0,45
Velocidade de transição da equipa 0 0 5 (41,7%) 7 (58,3%) 3,58 ±0,51
Movimentações dos jogadores nas transições 0 0 3 (25,0%) 8 (66,7%) 3,72 ±0,47
Zonas que a bola percorre 0 3 (25,0%) 6 (50,0%) 3 (25,0%) 3,00 ±0,73
Amplitude / profundidade da equipa no momento da transição
0 2 (16,7%) 3 (25,0%) 8 (66,7%) 3,58 ±0,67
Asseguraram-se os equilíbrios defensivos 0 1 (8,3%) 5 (41,7%) 5 (41,7%) 3,36 ±0,67
Quem finaliza 0 2 (16,7%) 6 (50,0%) 4 (33,3%) 3,17 ±0,71Outra, qual? 0 0 1 (8,3%)0 2 (16,7%) 3,67 ±0,58
Poderemos através das médias obtidas confirmar o que foi descrito acima.
Nas transições defesa-ataque as características que os treinadores mais
querem conhecer são as “Movimentações dos jogadores nas transições”
(X=3,72±0,47), a “Amplitude / profundidade da equipa no momento da
Apresentação e Discussão dos Resultados
87
transição” (X=3,58±0,51) e a “Velocidade de transição da equipa”
(X=3,58±0,51).
As características da transição defesa-ataque às quais os treinadores
reconhecem menos importância na observação são as “Zonas que a bola
percorre” (X=3,00±0,73) e “Quem finaliza a acção” (X=3,17±0,71), como nos
mostra a Figura 12.
Média ± Desvio-Padrão
3,173,363,583,003,723,58
3,253,333,25
0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,50
Áreas derecepção do
primeiro passe
Frequência deutilização docontra ataque
Frequência deutilização de
ataque rápido /jogo apoiado
Velocidade detransição da
equipa
Movimentaçõesdos jogadoresnas transições
Zonas que abola percorre
Amplitude /profundidade da
equipa nomomento da
transição
Asseguraram-seos equilíbriosdefensivos
Quem finaliza
Figura 12: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características do da transição ataque-defesa.
As zonas percorridas pela bola são de difícil observação “in loco”,
demorando muito tempo a observar. Será necessário material adequado como
Meios audiovisuais ou programas informáticos para a realização desta
observação. Se os primeiros são bastante utilizados pelos treinadores, os
segundos e que promovem um rápido tratamento de dados, como referido na
Figura 4, não têm ainda muita utilização por parte dos treinadores o que torna
difícil a observação desta característica.
Sabendo que as bolas paradas são mencionadas como lances decisivos
no jogo de Futebol, foi nossa intenção saber quais desses lances são mais
importantes de observar. Na literatura quase todos os autores mencionados
indicam como características a observar as bolas paradas (Castelo, 1996;
Diehl, 1997; Kormelink e Seeverens, 1999; Mourinho, 1999; Rue, 2000; Albert
Ruiz, 2003; Ramos, 2004; Federação Portuguesa de Futebol, 2004; Silva, 2004
e Ramos & Festas, 2004).
Apresentação e Discussão dos Resultados
88
As “movimentações em cantos e livres” são consideradas por nove
(75,0%) inquiridos como Muito Importante, destacando-se das demais. As
“movimentações de bolas de saída” e “pontapés de baliza” são consideradas
Muito Importantes por dois (16,7%) treinadores e Importantes por sete
(58,3%) dos treinadores. No entanto dois (16,7%) consideram-nas Pouco Importantes e um (8,3%) considera-as Nada Importantes de observar.
As movimentações defensivas em bolas paradas são ambas consideradas
como Muito Importante e Importante de observar por seis (50,0%) dos
treinadores cada.
São díspares as considerações acerca das marcações das Grandes
Penalidades com um (8,3%) treinador a considera-las como Nada Importante,
dois (16,7%) dos treinadores a considera-las como Pouco Importante, cinco
(41,7%) como Importantes e quatro (33,3%) como Muito Importante, como
referenciado no Quadro 28.
Quadro 28: Importância conferida às características de das bolas paradas. Que características de bolas paradas são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Características de bolas paradas
0 1 (8,3%) 0 8 (66,7%) 3,77 ±0,67
dMovimentações em bolas de saída 1 (8,3%) 2 (16,7%) 7 (58,3%) 2 (16,7%) 2,83 ±0,83
Movimentações pontapés de baliza 1 (8,3%) 2 (16,7%) 7 (58,3%) 2 (16,7%) 2,83 ±0,83
Movimentações cantos e livres 0 0 3 (25,0%) 9 (75,0%) 3,75 ±0,45
Movimentações lançamento linha lateral 0 2 (16,7%) 5 (41,7%) 5 (41,7%) 3,25 ±0,75
Marcação de grandes penalidades 1 (8,3%) 2 (16,7%) 5 (41,7%) 4 (33,3%) 3,00 ±0,95
Movimentações defensivas em bolas paradas 0 0 6 (50,0%) 6 (50,0%) 3,50 ±0,52
Outra, qual? 0 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 3,50 ±0,70
As Movimentações em cantos e livres são as consideradas pelos
treinadores como as mais importantes de observar (X=3,75±0,45). Estes são
lances decisivos nos jogos de futebol e os técnicos tentam conhecer o modo
como as equipas realizam estes lances de modo a contraria-los durante o jogo.
Apresentação e Discussão dos Resultados
89
Para que se note a importância destes lances, corroborados pelos
resultados do estudo, Mourinho (1999), Ramos (2004) e Ramos & Festas
(2004), referem quere-los representados graficamente nos relatórios. Mourinho
citado por Pacheco (2005) refere também utilizar uma montagem vídeo com os
cantos e as faltas laterais e o computador na análise dos adversários e das as
trajectórias de cada jogador adversário nessas situações.
Seguem-se as movimentações defensivas em situações de bolas parada
(X=3,50±0,70) onde os treinadores tentam conhecer o modo como defende a
equipa adversária este tipo de lances procurando os pontos fracos para na
elaboração da estratégia preparar este tipo de lances.
Curiosamente e apesar de ser citado por Diehl (1997), Kormelink e
Seeverens (1999) e Rue (2000) como características a observar, os reinícios
de jogo nomeadamente os “pontapés de saída” (X=2,83±0,83) e os “pontapés
de baliza” (X=2,83±0,83) são os considerados menos importantes de observar
pelos treinadores, nas características de bolas paradas como mostra a Figura
13. Esta situação poderá dever-se ao facto de a primeira situação acontecer
poucas vezes durante o jogo (início, reinício e golos) e a segunda na sua
maioria das vezes não ser um movimento que traga perigo imediato à baliza
adversária e os treinadores centrarem a sua atenção em situações
potencialmente mais perigosas.
Média ± Desvio-Padrão
2,83 2,83 3,75 3,25 3,00 3,50
012345
Bolas de saída Pontapés debaliza
Cantos e Livres Lançamentolinha lateral
Grandespenalidades
Movimentaçõesdefensivas embolas paradas
Figura 13: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características das bolas paradas.
Apresentação e Discussão dos Resultados
90
4.8.2 O que se observa ao nível de jogador?
Na realização do Scouting os treinadores inquiridos reconhecem ser
importante observar as características individuais dos jogadores (X=3,42±0,67)
sendo que seis (50,0%) reconhecem ser Muito Importante, dois (16,7%)
Importante e um (8,3%) apenas Pouco Importante.
No Quadro 29 verificamos que as características físicas (X=3,33±0,49)
são reconhecidas como as mais Importantes de observar. A “velocidade” é
referida por oito (66,7%) dos inquiridos como Importante de observar e quatro
consideram-na Muito Importante. Quadro 29: Importância conferida às características individuais dos jogadores.
Quais as características individuais do jogador são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Características individuais dos jogadores 0 1 (8,3%) 2 (16,7%) 6 (50,0%) 3,42 ±0,67
Dados Biográficos 1 (8,3%) 6 (50,0%) 5 (41,7%) 0 2,33 ±0,65
Nome e número de camisola 2 (16,7%) 3 (25,0%) 4 (33,3%) 2 (16,7%) 2,54 ±1,04
Idade 2 (16,7%) 9 (75,0%) 0 1 (8,3%) 2,00 ±0,74
Características antropométricas 0 0 9 (75,0%) 1 (8,3%) 2,91 ±0,51
Características físicas 0 0 8 (66,7%) 4 (33,3%) 3,33 ±0,49
Velocidade 0 0 8 (66,7%) 4 (33,3%) 3,33 ±0,49
Os treinadores apontam ainda os “dados biográficos” (X=2,33±0,65) como
Pouco Importantes de observar. A idade é mesmo considerada Pouco Importante por nove (75,0%) dos inquiridos e Nada Importante por dois
(16,7%) dos inquiridos.
Boloni (2002) refere ser importante proceder à análise individual dos
jogadores adversários, tentando referenciar exaustivamente as características
de cada um.
Hutshison (1989), Wooden (1988), Ramsay (1981), Gomelski (1990),
Castelo (1996) Rocha (1996) e Hughes & Franks (1997) são unânimes em
considerar as características particulares do jogadores como parâmetros a
observar para a caracterização do jogo.
Apresentação e Discussão dos Resultados
91
Apesar de um modo global ser considerado importante observar pelos
treinadores os parâmetros apresentados são aqueles que os resultados do
estudo mostraram ter menor importância na observação do adversário.
Pacheco (2005) cita que José Mourinho enquanto treinador do FC Porto, e
toda a sua equipa técnica, tinham o cuidado de elaborar e fornecer a cada um
dos jogadores um dossier (relatório) sobre os mais pequenos detalhes
relativamente aos adversários, desde as qualidades táctico-técnicas (como
corriam, como fintavam, como cruzavam, como rematavam;) até à
personalidade de cada um ou como reagiam à adversidade, etc.
Os resultados mostram-nos essa preocupação, sendo que nove (75,0%)
dos inquiridos consideram Muito Importante a observação das características
táctico-técnicas. Curiosamente as “acções defensivas” (X=4,00±0,0) são
consideradas mais importantes pelos inquiridos que as “acções ofensivas”
(X=3,42±0,90). No entanto esta diferença terá de ser relativizada devido a só
seis inquiridos terem respondido à primeira questão, embora tenha sido
unanimemente considerada Muito Importante como vemos no Quadro 30. Quadro 30: Importância conferida às características táctico-técnicas dos jogadores. Que características táctico-técnicas individuais dos jogadores são importantes
observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Características táctico/técnicas 0 1 (8,3%) 1 (8,3%) 9 (75,0%) 3,72 ±0,64
Acções ofensivas 1 (8,3%) 0 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,42 ±0,90
Leitura de jogo (boa/má) 1 (8,3%) 0 4 (33,3%) 7 (58,3%) 3,25 ±0,87
Passe (curto/longo) 1 (8,3%) 1 (8,3%) 7 (58,3%) 3 (25,0%) 3,00 ±0,85
Remate (locais/forte/colocado) 0 1 (8,3%) 6 (50%) 5 (41,7%) 3,33 ±0,85
Cruzamento (curto/longo/de onde/tenso/lob) 0 1 (8,3%) 7 (58,3%) 4 (33,3%) 3,25 ±0,62
Jogo de cabeça (bom/mau) 0 0 7 (58,3%) 5 (41,7%) 3,41 ±0,51
Desmarcação (rápidas/diagonais/apoio) 0 0 6 (50,0%) 6 (50,0%) 3,50 ±0,52
Mobilidade Ofensiva (por onde/quando) 0 0 6 (50,0%) 6 (50,0%) 3,50± 0,52
Velocidade de execução 0 1 (8,3%) 4 (33,3%) 7 (58,3%) 3,50± 0,67
(1x1) (forte/fraco) 0 1 (8,3%) 3 (25,0%) 6 (50,0%) 3,42 ±0,67
Apresentação e Discussão dos Resultados
92
Quadro 30: (Cont.) Importância conferida às características táctico-técnicas dos jogadores.
Acções defensivas 0 0 0 6 (50,0%) 4,00 ±0,00
Marcação (forte/homem/zona) 0 0 7 (58,3%) 5 (41,7%) 3,41 ±0,51
Desarme (qualidade) 0 3 (25,0%) 7 (58,3%) 2 (16,7) 2,92 ±0,67
Dobras (se faz/lê/ ou não) 1 (8,3%) 0 5 (41,7%) 6 (50,0%) 3,33 ±0,88
Coberturas 1 (8,3%) 0 5 (41,7%) 6 (50,0%) 3,33 ±0,88
(1x1) (forte/fraco) 0 1 (8,3%) 7 (58,3%) 4 (33,3%) 3,25 ±0,62
Participação em pressing (sim/não/activa/passiva) 0 2 (16,7) 6 (50,0%) 4 (33,3%) 3,17 ±0,71
Mobilidade Defensiva (como) 0 1 (8,3%) 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,33± 0,65
Nas acções táctico-técnicas ofensivas os treinadores elegem como as
mais importantes de observar a “desmarcação” (X=3,5±0,52), a “mobilidade
ofensiva” (X=3,5±0,52) e a “velocidade de execução” (X=3,5±0,67). A
“velocidade de execução” apesar de ser cotada com a mesma média apresenta
uma maior variabilidade de respostas que a “desmarcação” e a “mobilidade
ofensiva”, havendo menos consenso na atribuição de importância a esta
característica.
As características cotadas pelos inquiridos como menos importantes de
observar nas acções táctico-técnicas ofensivas do jogador são o “passe”
(X=3,0±0,85), seguido da “leitura de jogo” (X=3,25±0,87) e “cruzamento”
(X=3,25±0,62) como observável na Figura 14.
Média±Desvio-Padrão
3,423,53,53,53,413,253,333,003,253,42
11,5
22,5
33,5
4
Acç
ões
ofen
siva
s
Leitu
ra d
ejo
go
Pas
se
Rem
ate
Cruz
amen
to
Jogo
de
cabe
ça
Des
mar
caçã
o
Mob
ilida
deO
fens
iva
Vel
ocid
ade
de e
xecu
ção
(1x1
)
Figura 14: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características táctico-técnicas ofensivas dos jogadores.
Garganta (2000) menciona que o eixo de análise centrada nas acções
ofensivas tem incidido, sobretudo, na dimensão quantitativa dos
comportamentos, no quadro das acções que conduzem à obtenção de golos
Apresentação e Discussão dos Resultados
93
nomeadamente, ao nível de remate, dos contactos com a bola, dos passes e
dos cruzamentos.
O mesmo autor refere que a maior ou menor adequação de uma
determinada acção decorre do contexto que a suscita, decorre de lógicas
intimamente ligadas à forma como os jogadores apreendem as linhas de força
de jogo e ao nível de conhecimento táctico que os mesmos denotam.
Os treinadores, no Scouting, demonstram conceder menor importância a
características como o remate, o cruzamento, o passe, o jogo de cabeça, de
maior índole técnica que às características relacionadas com a estratégia e a
forma de jogar da equipa, mais de índole táctica como a desmarcação, a
mobilidade ofensiva o que é justificado por Garganta (1998) quando menciona
que o Futebol enquanto actividade desportiva apresenta um conjunto de
indivíduos em interacção mútua com relações e interpelações coerentes e
consequentes, com objectivos convencionados e funções específicas definidas
e por Franks & Mcgarry (1996) que referem que os investigadores tem
conduzido a análise de jogo na procura da relevância contextual do
comportamento específico dos jogadores e das equipas.
Parece-nos que nas acções táctico-técnicas ofensivas os treinadores,
como refere Garganta (1996) procuram dados relativos às sequências
ofensivas de jogo, no sentido de tipificarem as acções que mais se associam à
eficácia dos jogadores e das equipas.
No que concerne às acções defensivas a “marcação” (X=3,41±0,51) é
aquela à qual maior importância é dada pelos treinadores. O “desarme”
(X=2,92±0,67) aquela à qual menor importância é dispensada pelos treinadores
na observação.
À forma como os jogadores executam as “dobras” (X=3,33±0,65), as
“coberturas” (X=3,33±0,88) e a “Mobilidade” (X=3,33±0,88) é atribuída a
mesma importância embora a variabilidade de respostas seja maior nas
“dobras” e “coberturas” que na “mobilidade defensiva” como se pode verificar
na Figura 15.
Apresentação e Discussão dos Resultados
94
Média ± Desvio-Padrão4,00
3,41 2,92 3,33 3,33 3,25 3,173,33
0,000,501,001,502,002,503,003,504,00
Acç
ões
defe
nsiv
as
Mar
caçã
o
Des
arm
e
Dob
ras
Cob
ertu
ras
(1x1
)
Par
ticip
ação
em p
ress
ing
Mob
ilidad
eD
efen
siva
Figura 15: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida às características táctico-técnicas ofensivas dos jogadores.
Apesar de na pergunta específica serem encontrados resultados mais
elevados nas acções táctico-técnicas defensivas, embora com a devida
relevância devido ao facto já descrito, constata-se que os valores médios
obtidos nas características táctico-técnicas ofensivas são mais elevados
podendo inferir-se que os treinadores dão maior importância na observação
das características ofensivas do jogador.
No que concerne às características psicológicas, todas as características
são citadas por um treinador como Nada Importantes de observar.
A “concentração” foi a característica que os treinadores inquiridos citaram
maior número de vezes como sendo Muito Importante, com sete (58,3%)
citações, seguidas da Capacidade de liderança e a Tenacidade com cinco
treinadores a citá-las. A “tenacidade” e a “comunicação” foram as que menos
respostas obtiveram como Muito Importantes, três (25,0%) da amostra.
A “concentração” (X=3,42±0,90) é mesmo a característica a que os
treinadores concedem maior importância de observar nas características
psicológicas.
Seguem-se a “competitividade” (X=3,25±0,86), a “capacidade de
liderança” (X=3,17±0,94) como características importantes de observar num
jogador.
Apresentação e Discussão dos Resultados
95
Os treinadores consideram ainda como menos importante de observar a
capacidade de “comunicação” (X=2,90±0,90) e a “tenacidade” (X=3,00±0,85)
como se pode observar no Quadro 31.
Quadro 31: Importância conferida às características psicológicas dos jogadores. Que características psicológicas dos jogadores são importantes observar?
Nada Importante
Pouco importante
Importante Muito Importante Média±dp
Características Psicológicas 1 (8,3%) 0 4 (33,3%) 6 (50,0%) 3,36 ±0,92
Capacidade liderança 1 (8,3%) 1 (8,3%) 5 (41,7%) 5 (41,7%) 3,17 ±0,94
Concentração 1 (8,3%) 0 4 (33,3%) 7 (58,3%) 3,42 ±0,90
Tenacidade 1 (8,3%) 1 (8,3%) 7 (58,3%) 3 (25,0%) 3,00 ±0,85
Competitividade 1 (8,3%) 0 6 (50,0%) 5 (41,7%) 3,25 ±0,86
Confiança 1 (8,3%) 1 (8,3%) 6 (50,0%) 4 (33,3%) 3,08 ±0,90
Comunicação 1 (8,3%) 1 (16,7%) 6 (50,0%) 3 (25,0%) 2,90 ±0,90
4.8.3 Outros elementos observados
Pepe Dias (1992) menciona a necessidade de observar todo o meio onde
a competição se vai desenrolar, de forma a familiarizar os atletas com as
condições existentes. O objectivo é conseguir uma perfeita adaptação,
orgânica, funcional e psíquica à realidade.
Castelo (1996) refere mesmo o conhecimento da equipa adversária, o
conhecimento das condições do terreno e as circunstâncias em que se vai
desenrolar o jogo são os meios gerais a ter em atenção na definição da
elaboração do plano estratégico-táctico.
Neste sentido as outras características que os treinadores consideram
mais importantes de observar são as “dimensões do campo” (X=3,08±0,67),
seguido pelo “tipo de jogo” (X=2,75±0,75) e o “estado do piso” (X=2,75±0,75),
talvez aquelas que mais contribuirão para a elaboração do plano estratégico
táctico indo ao encontro do referenciado na literatura.
Nestas características as que os inquiridos referem ser menos importantes
de observar são as relacionadas com o “comportamento do público”
(X=2,33±0,78) e o “ número de espectadores” (X=2,41±0,67) aspectos que não
Apresentação e Discussão dos Resultados
96
condicionarão o resultado final do jogo de forma tão influente como as
características que anteriormente referimos.
Os resultados supra referidos podem ser observados na Figura 16.
Média ± Desvio-Padrão
3,002,332,41
3,082,672,672,752,752,88
00,5
11,5
22,5
33,5
4
Outrascaracterísticas
Tipo de jogo Tipo derelvado/estado
Estádio(características)
Clima Dimensões docampo
Número deespectadores;
Comportamentodo público
Opinião doobservador
Figura 16: Médias e Desvio-Padrão da importância conferida a outras características observadas. 4.9 Tratamento dado à informação proveniente do Scouting
As respostas sobre o tratamento dado à informação proveniente da
observação do adversário são bastante convergentes. Dos inquiridos onze
(91,7%) fornecem essa informação aos jogadores e apresentam os dados nas
palestras aos jogadores, dez (83,3%) faz apresentações em vídeo e
Powerpoint e nove (75,0%) transformam-na em exercícios ministrados nos
treinos, como possível observar na Quadro 32.
Quadro 32: Tratamento da informação proveniente da observação do adversário. Qual o tratamento dado à informação proveniente da observação do
adversário?
Frequência Percentagem de concordância
Transformação da informação em exercícios de treino 9 75,0%
Fornecimento aos jogadores de dados sobre os adversários 11 91,7%
Apresentação de situações em Vídeo / Powerpoint 10 83,3% Apresentação de situações em palestras 11 91,7% Outra, Qual? 1 8,3%
Os resultados obtidos confirmam o que nos é descrito na literatura, em
que com a sofisticação de meios, para além do usual relatório, os treinadores
pretendem também que a informação seja passada aos seus jogadores através
Apresentação e Discussão dos Resultados
97
de meios visuais que captam melhor a atenção e permitem uma maior
assimilação por parte do atleta.
Ramos & Festas (2004) afirmam que para além dos relatórios, a
informação pode também ser tratada para vídeo, DVD ou através de
programas informáticos (Powerpoint), permitindo aos treinadores ter acesso a
uma panóplia de instrumentos que lhe permitem conhecer e mostrar aos atletas
a informação sobre o adversário.
Cianio (1986), Gomelski (1990) e Comas (1991) referem ainda que o
plano de jogo deverá ser aplicado nos treinos, no método de modelação que
posteriormente será referido, as estratégias serão aplicadas nos treinos contra
situações idênticas às dos jogos, analisando a sua eficácia e remodelando
sempre que os resultados não forem os esperados
Desde apresentação escrita em relatórios ou dossiers colectivos ou
individuais, visualização de vídeos/DVD, apresentações em Powerpoint,
reuniões, palestras no treino e/ou antes do jogo e planeamento de treino com
base na informação recebida da equipa adversária, tudo é utilizado para que a
equipa consiga aumentar a qualidade de prestação desportiva dos jogadores e
da equipa, ou seja, elevar o rendimento, elevar a eficácia, elevar a
competência, nomeadamente na função de contrariar o oponente.
Teoduresco (1984), Lima (1993), Castelo (2000) e Pacheco (2005) a
caracterização da equipa adversária é um dos temas a ser abordado pelo
treinador na reunião de preparação da equipa para a competição.
Pacheco (2005) refere que nas equipas profissionais, há mais tempo
durante a semana para falar sobre o adversário, o que deverá ser feito nos dias
precedentes ao jogo. No entanto, refere também ser importante no dia do jogo
relembrar as particularidades da equipa adversária e a forma como
eventualmente irá jogar.
Simão, Jogador do SL Benfica em entrevista concedida a Pacheco
(2005:58) descreve que “Normalmente Camacho fazia duas palestras antes
dos jogos. Uma na véspera do jogo onde visionávamos um vídeo compactado
sobre as principais características da equipa adversária, e as estratégias que
Apresentação e Discussão dos Resultados
98
deveríamos utilizar para o podermos contrariar (embora já durante o trabalho
semanal executássemos nos treinos algumas dessas situações, daí que os
treinos fossem todos um pouco diferentes) …”.
De acordo com Comas (1991), é habitual as equipas profissionais
realizarem estágios antes dos jogos, sendo este um tempo óptimo, para os
jogadores se concentrarem no jogo que vão realizar. Por isso muitos
treinadores aproveitam para passar um vídeo da equipa adversária, na véspera
ou mesmo na manhã antes da competição.
A Figura 17 mostra-nos os resultados obtidos referentes a quando são
realizadas as palestras sobre as informações recolhidas sobre o adversário. Figura 17: Palestras sobre os adversários.
Quando são realizadas as palestras sobre os adversários?
9
75,0%
9
75,0%
10
83,3%
216,7%
0
20
40
60
80
100
Frequência 9 9 10 2
Percentagem de concordância 75,0 75,0 83,3 16,7
No treino Antes do treino
Antes dos jogos
Outra, Qual?
Dos treinadores inquiridos dez (83,3%) referem realizar as palestras
referentes ao adversário antes dos jogos. Igual número, nove refere realiza-las
antes e durante o treino. A esta frequência de respostas também não será
indiferente o número de treinadores que referiram utilizar a informação em
situações de treino (Ver Quadro 34).
Poderemos então inferir que mesmo fazendo a palestra antes e durante o
treino os treinadores reúnem consenso na necessidade de relembrar aos seus
jogadores a informação sobre o adversário na palestra antes do jogo.
Apresentação e Discussão dos Resultados
99
Pacheco (2005) refere que embora a direcção da reunião de preparação
para a competição seja uma atribuição do treinador principal, compete em
muitos casos a um dos treinadores adjuntos a tarefa de observação e análise
das equipas adversárias, e por vezes estes realizam também a exposição
perante os jogadores e a equipa no decurso da referida reunião.
Como refere Diamantino, Ex-jogador do SL Benfica, citado por Pacheco
(2005) Eriksson (ex-treinador do SL Benfica), nas palestras destinava dois a
três minutos para que Toni (treinador-adjunto) falasse em relação à equipa
adversária, sobre as suas características individuais e colectivas.
As referências obtidas na literatura fazem menção da realização por parte
do observador da palestra em relação ao adversário no entanto nos resultados
obtidos com o estudo, nenhum treinador referiu que somente o observador
realizasse a palestra sobre o adversário.
Somente dois (16,7%) referiram que o observador realizava a palestra
mas conjuntamente com o treinador. A maioria, nove (75,0%) referiu serem
somente os treinadores principais a realizarem a palestra sobre os adversários
como inferido da Figura 18. Figura 18: Quem realiza as palestras sobre os adversários?
Quem realiza as palestras sobre os adversários?
2 16,7%9
75,0%
0
20
40
60
80
Frequência 2 9 0 0
Percentagem 16,7 75,0 0,0 0,0
Treinador e observador
Treinador Observador Outro, Qual?
Apresentação e Discussão dos Resultados
100
4.10 Importância do Scouting no desfecho competitivo.
Atendendo ao Quadro 33, podemos observar que Nenhum treinador
referiu o Scouting como Nada Importante ou Pouco Importante para o
desfecho competitivo.
Quadro 33: Importância conferida ao Scouting no desfecho competitivo. Considera o Scouting uma operação importante para o desfecho competitivo?
Frequência Percentagem Média ± dp Nada importante 0 0,0%
Pouco importante 0 0,0%
Importante 2 16,7%
Muito Importante 5 41,7%
Imprescindível 5 41,7%
4,20 ±0,75
Total 12 100,0%
Dois (16,7%) treinadores consideram o Scouting como Importante no
desfecho competitivo e cinco (41,7%) encaram-no como Muito Importante.
Também cinco (41,7%) referem-no como Imprescindível. Os treinadores procuram aceder à informação veiculada através da
análise de jogo e nela procuram benefícios para aumentarem os
conhecimentos acerca do jogo e melhorarem a qualidade de prestação bem
como a eficácia das equipas (Garganta, 2000.
Dufour (1990) acredita que o Scouting é uma parte importante do jogo. É
uma parte pertinente e valiosa de preparação da sua equipa para o jogo tendo
um grande peso na preparação das equipas de competição.
Segundo Ramos & Festas (2004) o Scouting minimiza as surpresas
tácticas e estratégicas e permitem segundo Castelo (2000) a elaboração do
plano estratégico-táctico para o jogo, que passa pelo conhecimento
aprofundado da equipa adversária, providenciando um conhecimento correcto
das potencialidades (pontos fortes), para as minimizar, e das vulnerabilidades
(pontos fracos), para tirar partido destas
Pensamos que o supra citado permite perceber a necessidade do
Scouting para alcançar o êxito em cada jogo, e perceber a importância
concedida pelos treinadores inquiridos ao Scouting no desfecho competitivo.
Conclusões
Conclusões
102
5. Conclusões “No futebol, como na vida,
as verdades essenciais são simples” Valdano (2001)
Em virtude da extensão dos dados, devido à extensão do questionário, na
nossa opinião será mais relevante e de mais fácil compreensão se as
conclusões forem apresentadas numa síntese em função dos pontos tratados.
Relativamente aos objectivos definidos no início do estudo e após a
apresentação e discussão dos resultados, no que se refere às conclusões
finais deste trabalho, admitimos estar em condições de afirmar que:
O Scouting é uma modalidade particular de observação-análise que
visa o objectivo de dotar o treinador de informações precisas sobre o
adversário, que os capacitam para o desenvolvimento estratégico-
táctico de um jogo, tirando partido das informações recolhidas, ou
seja, preparar a equipa para todas as ocorrências e com essa
preparação desenhar soluções estratégicas que permitam resolver
de uma forma cada vez mais eficaz os problemas de jogo.
O Scouting é um instrumento estratégico essencial para preparar os
jogos de Futebol e é consensual nos treinadores o seu uso,
relevância e importância crescentes e considerado influente no
desfecho competitivo
Importância atribuída ao Scouting
O Scouting assume actualmente uma grande importância na
preparação das equipas de rendimento e alta competição, sendo
considerado como um meio essencial a que o treinador deverá
recorrer na preparação da equipa para a competição.
Conclusões
103
Utilização do Scouting
A realização do Scouting é unânime nos inquiridos.
A maioria dos treinadores refere utilizar o Scouting com o propósito
de caracterizar o jogo do adversário e definir a estratégia a utilizar no jogo.
Quantidade de jogos a observar
A opinião diverge relativamente ao número de jogos observado. Seis
(50%) dos inquiridos refere observar dois jogos de cada adversário.
Os inquiridos referem que para a obtenção de informação mínima
relevante sobre o adversário, deveremos observar dois jogos
(X=2,20) e a informação óptima sobre o adversário será obtida
através da observação de quatro jogos (X=3,60).
Onde observam?
Os inquiridos em consonância com a literatura referem observar os
adversários fora quando se jogam em casa (91,7%) e procuram e
procuram observar em que o adversário seja visitado quando jogam
fora.
Períodos de Realização do Scouting È unânime a realização do Scouting durante toda a época por
treinadores e observadores.
Como observa?
A observação mista (58,3%) é o método de observação mais
utilizado pela amostra para observar o adversário, sendo também
utilizada somente a observação em directo (32,7%).
Conclusões
104
Os meios audiovisuais (75,0%) e observações e análises anteriores (66,7%)nsão os meios de recolha de informação
observada no jogo, mais utilizados pelos treinadores e observadores
inquiridos.
O registo de vídeo (83,3%)e a Notação Manual (58,3%) são os
meios de registo mais utilizados pelos treinadores e observadores.
A maioria da amostra (83,3%) refere utilizar meios e métodos
sistematicamente através de fichas de observação e Check Lists bem definidas.
Os mesmos meios e métodos são utilizados em todas as
observações por 75% dos inquiridos.
Quem realiza o Scouting?
O observador (75,0%) e o treinador-adjunto (66,7%) são
referenciados pelos inquiridos como quem realiza o Scouting.
As qualidades que os treinadores mais apreciam num observador
são os conhecimentos táctico/técnicos (X=3,9±0,3) e a
identificação com o modelo de jogo do treinador (X=3,59±0,59).
Duas pessoas foi o número de pessoas maioritariamente
referenciadas como estando envolvidas na realização do Scouting.
Os resultados obtidos são bastante diversos quanto ao número de
horas dispendidas na observação, variando as respostas entre um
mínimo de cinco horas e um máximo de dezoito horas.
A maioria do inquiridos (75,0%) referem receber o relatório final uma semana antes do jogo.
Conclusões
105
O que se observa? Nota: Devido à extensão das características consideram-se como
Importantes de observar todas as características que tenham uma média
superior a 3,5.
As principais características da equipa a observar: Sistema táctico; Pontos fortes da equipa; Pontos fracos da equipa;
Jogadores mais importantes; Organização defensiva; Organização
ofensiva e Método de jogo.
Características do ataque a observar: Pontos fortes; Pontos fracos; Movimentos + utilizados /rotinas;
Método de jogo; Estilo de Jogo (Directo / Indirecto) e a forma como
podem afectar a nossa organização.
Características da defesa a observar: Tipo de defesa utilizado; Pontos fortes; Pontos fracos; Zonas de
pressão e Número de jogadores que defendem atrás da linha da
bola.
Características da transição ataque-defesa a observar: De que forma se processa; Existência de mudança rápida de atitude
e se a equipa regressa ao seu meio campo ou pressionam
imediatamente na zona de perda de bola.
Características da transição defesa-ataque a observar: Velocidade de transição da equipa; Movimentações dos jogadores
nas transições e Amplitude / profundidade da equipa no momento da
transição.
Conclusões
106
Características das bolas paradas a observar: Movimentações cantos e livres e Movimentações defensivas em
bolas paradas.
Características táctico/técnicas individuais a observar. Desmarcação (rápidas/diagonais/apoio); Mobilidade Ofensiva (por
onde/quando) e a Velocidade de execução.
Tratamento da informação recolhida no Scouting
Os inquiridos referem que a informação recolhida na análise do jogo
é transformada e utilizada sob a forma de informação aos jogadores (91,7%) sendo os dados apresentados aos jogadores em palestras (91,7%), através de apresentações em vídeo e Powerpoint (83,3%) e sob a forma de exercícios ministrados nos treinos (75,0%).
Constatamos que os treinadores realizam palestras sobre o
adversário antes do jogo, antes e durante o treino.
As palestras sobre os adversários são realizadas pelos treinadores
principais (83,3%).
Importância do Scouting no desfecho competitivo. Os inquiridos consideram a importância do Scouting no
desfecho competitivo como Muito Importante e Imprescindível.
Propostas para novos estudos
Propostas para novos estudos
108
6. Propostas para novos estudos.
“A vontade de aprender conduz à sabedoria. Apesar de falta de experiência, progressos e sucessos
serão encontrados ao longo do caminho” (Meng, (s/d))
Qualquer estudo, se bem estruturado e reflectido encontrará no seu
percurso desvios que em vez de respostas trarão novas perguntas.
Na elaboração deste trabalho foram surgindo novas interrogações, as
quais se poderão tornar em novos estudos.
Como propostas para novos estudos temos:
Identificação das categorias e subcategorias de informação que
os técnicos consideram mais importantes para a construção de
uma ficha de observação “in loco”.
Comparação da importância atribuída à forma e ao conteúdo
do Scouting em diferentes escalões etários.
Indagar acerca do alcance e limites da observação do
adversário através de programas informáticos.
Verificar a congruência do que é observado e a sua realização
no jogo.
Bibliografia
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Record – Edição On-line: Segunda-Feira, 5 de Setembro de 2005
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ABola – Edição On-line: Segunda-feira, 5 de Setembro de 2005
OJogo – Edição On-line: Segunda-feira, 12 Setembro de 2005
Anexos
Anexos
I
8. Anexos Anexo 1 - Questionário
UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Questionário
O Scouting em Futebol Importância atribuída pelos treinadores à forma e ao
conteúdo da observação ao adversário.
Ricardo Manuel de Oliveira Lopes
Porto, Novembro 2005
Exmo. Sr.
No âmbito da disciplina de Seminário, Opção de Futebol, ministrada no 5º Ano de
Licenciatura em Desporto e Educação Física, da FCDEF-UP, pretenderemos a realizar
um estudo subordinado ao tema O Scouting em Futebol.
O Scouting é considerado um processo de recolha de informações acerca dos pontos
fracos e fortes das equipas adversárias. As informações assim obtidas e depois de
devidamente analisadas, constituem-se como um meio importante na preparação das
equipas para as competições.
No âmbito do Futebol, há já diversos estudos que se debruçam sobre a observação e
análise do jogo. Contudo, poucos deles versam a temática da observação da equipa
adversária. É nossa intenção realizar um estudo que averigúe a importância que os
treinadores conferem ao Scouting e às formas de o operacionalizar.
Neste sentido pedimos-lhe que dedique alguns minutos ao preenchimento do
documento em anexo. A sua participação torna-se imprescindível para alcançarmos os
objectivos propostos.
Agradecendo antecipadamente, estamos ao dispor para qualquer esclarecimento
adicional.
O orientador O orientando
(Ricardo Lopes)
e-mail: [email protected]
Informações
Este questionário é composto por diversas questões, às quais lhe pedimos
para responder da seguinte forma:
Respostas com várias opções em que deverá colocar um círculo ( )
rodeando a resposta pretendida, caso da pergunta 1.
Resposta de (Sim ou Não) com colocação de um círculo ( )
rodeando a resposta escolhida, caso da pergunta 2.
Preenchimento com um da quadrícula que corresponde à sua
opção, como é o caso da pergunta 2.1.
Resposta em escala de Lickert numerada de 1 a 4, em que deverá
colocar um círculo ( ) rodeando a resposta escolhida.
A correspondência na escala de Lickert será:
1 – Nada Importante
2 – Pouco Importante
3 – Importante
4 – Muito importante
Obrigado pela sua colaboração!
Questionário
1
Questionário
Nome Função Clube em 04/05 Clube actual
1 – Que importância atribui ao Scouting?
Nada importante Pouco importante Importante Muito importante Imprescindível
2 – Costuma realizar o Scouting?
Sim Não
2.1 – Se Sim, porque razão o faz?
2.1.1 Definir a estratégia a utilizar no jogo
2.1.2 Comparar as forças / fraquezas adversárias com os nossos jogadores
2.1.3 Caracterizar o jogo do adversário
2.1.4 Apoiar o treino
2.1.5 Outra, Qual?
2.2 – Se Não, porque razão não o faz?
2.2.1 Não necessita de conhecimentos sobre os adversários
2.2.2 Tem uma concepção de jogo que não é alterada em função do adversário
2.2.3 A sua estratégia é unicamente delineada em função do seu modelo de jogo
2.2.4 Outra, Qual?
Em caso de resposta afirmativa à pergunta numero 2, responda por favor, às questões
que se seguem. Caso contrário o questionário termina aqui.
Questionário
2
3 – Quantos jogos observa de cada adversário?
Um Dois Três Quatro Cinco Seis Sete Oito Nove Dez
3.1 – Se joga em casa, observa os jogos do adversário:
3.1.1 Em casa
3.1.2 Fora
3.2 – Se joga fora, observa os jogos do adversário:
3.2.1 Em casa
3.2.2 Fora
3.3 – Quantos jogos pensa serem necessários observar, para obter a mínima informação relevante sobre o adversário?
Um Dois Três Quatro Cinco Seis Sete Oito Nove Dez
3.4 – Quantos jogos pensa serem necessários observar, para obter óptima informação sobre o adversário?
Um Dois Três Quatro Cinco Seis Sete Oito Nove Dez
4 –O Scouting acontece ao longo de toda a época, ou só em determinados jogos? Toda época Alguns jogos
4.1 – Se respondeu alguns jogos, quais são eles?
4.1.1 Jogos do Período Preparatório
4.1.2 Jogos do Período Competitivo
4.1.3 Jogos com adversários teoricamente mais fortes
4.1.4 Jogos com adversários teoricamente mais fracos
4.1.5 Jogos com adversários teoricamente de valor semelhante
4.1.6 Jogos decisivos
4.1.7 Jogo Específico Qual?
Questionário
3
5 – Obtenção da informação sobre a equipa adversária.
5.1 – Que métodos utiliza? 5.1.1 Observação Mista (directo e diferido)
5.1.2 Observação em diferido
5.1.3 Observação “in loco” ou em directo
5.2 – Que meios de recolha de informação utiliza?
5.2.1 Análise de imprensa
5.2.2 Sites da Internet
5.2.3 Meios Audiovisuais
5.2.4 Programas informáticos
5.2.5 Observações e analises anteriores
5.2.6 Outro, Qual?
5.3 – Que meios de registo utiliza?
5.3.1 Notação Manual (papel e lápis)
5.3.3 Registos vídeo
5.3.4 Registos Acústicos
5.3.5 Registos informáticos
5.3.6 Outro, Qual?
5.4 – Como são utilizados estes meios e métodos?
5.4.1 De forma casuística/aleatória
5.4.2 Através de “check lists” ou fichas de observação definidas
5.4.3 Outros Quais?
5.5 – São utilizados os mesmos meios e métodos em todas as observações?
5.5.1 Sim
5.5.2 Não
Questionário
1 – Nada Importante; 2 – Pouco Importante; 3 – Importante; 4 – Muito importante
4
6 - Quem faz a observação do adversário?
Treinador
Treinador adjunto
Observador
Outro Quem?
6.1 – Quantas pessoas estão envolvidas na observação do adversário?
Um Dois Três Quatro Cinco Seis Sete Oito Nove Dez
6.2 - Que qualidades julga importantes num observador?
6.2.1 Conhecimentos tácticos/técnicos 1 2 3 4
6.2.2 Disponibilidade 1 2 3 4
6.2.3 Conhecimentos informáticos e de meios audiovisuais 1 2 3 4
6.2.4 Identificação com modelo de jogo do treinador 1 2 3 4
6.2.5 Outra, Qual?
1 2 3 4
6.3 – Quantas horas efectivas de trabalho demora a observação do adversário, desde a visualização até à entrega do relatório final?
7 – Categorias e subcategorias a observar
Nível equipa
7.1 Características da equipa
7.1.1 Principais características da equipa 1 2 3 4
7.1.1.1 Sistema táctico 1 2 3 4
7.1.1.2 Variações do sistema 1 2 3 4
7.1.1.3 Pontos fortes da equipa 1 2 3 4
7.1.1.4 Pontos fracos da equipa 1 2 3 4
7.1.1.5 Jogadores mais importantes 1 2 3 4
7.1.1.6 Organização defensiva 1 2 3 4
7.1.1.7 Organização ofensiva 1 2 3 4
7.1.1.8 Método de jogo 1 2 3 4
7.1.1.9 Espaço de jogo utilizado 1 2 3 4
7.1.1.10 Outra, 1 2 3 4
Questionário
1 – Nada Importante; 2 – Pouco Importante; 3 – Importante; 4 – Muito importante
5
Qual?
7.1.2 Características do ataque 1 2 3 4
7.1.2.1 Pontos fortes 1 2 3 4
7.1.2.2 Pontos fracos 1 2 3 4
7.1.2.3 Movimentos + utilizados /rotinas 1 2 3 4
7.1.2.4 Método de jogo 1 2 3 4
7.1.2.5 Estilo de Jogo (Directo / Indirecto) 1 2 3 4
7.1.2.6 Há um criador de jogo 1 2 3 4
7.1.2.7 Tipos de passe (em cada sector) 1 2 3 4
7.1.2.8 Tipos de finalização preferidos 1 2 3 4
7.1.2.9 Zonas e percursos de cada jogador 1 2 3 4
7.1.2.10 Zonas de finalização 1 2 3 4
7.1.2.11 Ritmo de jogo 1 2 3 4
7.1.2.12 Como podem afectar a nossa organização 1 2 3 4
7.1.2.13 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.1.3 Características da transição defesa/ataque 1 2 3 4
7.1.3.1 Áreas de recepção do primeiro passe 1 2 3 4
7.1.3.2 Frequência de utilização do contra ataque 1 2 3 4
7.1.3.3 Frequência de utilização de ataque rápido / jogo apoiado 1 2 3 4
7.1.3.4 Velocidade de transição da equipa 1 2 3 4
7.1.3.5 Movimentações dos jogadores nas transições 1 2 3 4
7.1.3.6 Zonas que a bola percorre 1 2 3 4
7.1.3.7 Amplitude / profundidade da equipa no momento da transição 1 2 3 4
7.1.3.8 Quem são os jogadores mais pressionantes 1 2 3 4
7.1.3.9 Asseguraram-se os equilíbrios defensivos 1 2 3 4
7.1.3.10 Quem finaliza 1 2 3 4
7.1.3.11 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.1.4 Características da defesa 1 2 3 4
7.1.4.1 Tipo de defesa utilizado 1 2 3 4
7.1.4.2 Agressividade 1 2 3 4
7.1.4.3 Zona do campo onde defende 1 2 3 4
Questionário
1 – Nada Importante; 2 – Pouco Importante; 3 – Importante; 4 – Muito importante
6
7.1.4.4 Pontos fortes 1 2 3 4
7.1.4.5 Pontos fracos 1 2 3 4
7.1.4.6 Zonas de pressão 1 2 3 4
7.1.4.7 Número de jogadores que defendem atrás da linha da bola 1 2 3 4
7.1.4.8 A defesa utiliza o fora de jogo? 1 2 3 4
7.1.4.9 Há profundidade defensiva – utilização de um libero 1 2 3 4
7.1.4.10 Há adaptações relacionais relativamente à equipa contrária 1 2 3 4
7.1.4.11 Mudanças de tipo de defesa durante o jogo 1 2 3 4
7.1.4.12 Amplitude / profundidade da equipa no momento defensivo 1 2 3 4
7.1.4.13 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.1.5 Características da transição ataque/defesa 1 2 3 4
7.1.5.1 De que forma se processa 1 2 3 4
7.1.5.2 Existe mudança rápida de atitude 1 2 3 4
7.1.5.3 As 1ªs linhas de passe são pressionadas 1 2 3 4
7.1.5.4 A equipa regressa ao seu meio campo ou pressionam imediatamente na zona de perda de bola. 1 2 3 4
7.1.5.5 Zonas de pressão 1 2 3 4
7.1.5.6 Quem pressiona primeiro 1 2 3 4
7.1.5.7 A equipa actua em bloco 1 2 3 4
7.1.5.8 Como reagem os avançados 1 2 3 4
7.1.5.9 Distância entre linhas 1 2 3 4
7.1.5.10 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.1.6 Características das bolas paradas 1 2 3 4
7.1.6.1 Movimentações em bolas de saída 1 2 3 4
7.1.6.2 Movimentações pontapés de baliza 1 2 3 4
7.1.6.3 Movimentações cantos e livres 1 2 3 4
7.1.6.4 Movimentações lançamento linha lateral 1 2 3 4
7.1.6.5 Marcação de grandes penalidades 1 2 3 4
7.1.6.6 Movimentações defensivas em bolas paradas 1 2 3 4
7.1.6.7 Outras? Quais
1 2 3 4
Questionário
1 – Nada Importante; 2 – Pouco Importante; 3 – Importante; 4 – Muito importante
7
Nível Jogador
7.2 – Características individuais dos jogadores 1 2 3 4
7.2.1 Dados Biográficos 1 2 3 4
7.2.1.1 Nome e número de camisola 1 2 3 4
7.2.1.2 Idade 1 2 3 4
7.2.1.3 Outro Qual?
1 2 3 4
7.2.2 Características Antropométricas 1 2 3 4 7.2.2.1 Altura 1 2 3 4
7.2.2.2 Outra Qual?
1 2 3 4
7.2.3 Características Físicas 1 2 3 4
7.2.3.1 Velocidade 1 2 3 4
7.2.3.2 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.2.4 Características táctico/técnicas 1 2 3 4
7.2.4.1 Acções ofensivas 1 2 3 4
7.2.4.1.1 Leitura de jogo (boa/má) 1 2 3 4
7.2.4.1.2 Passe (curto/longo) 1 2 3 4
7.2.4.1.3 Remate (locais/forte/colocado) 1 2 3 4
7.2.4.1.4 Cruzamento (curto/longo/de onde/tenso/lob) 1 2 3 4
7.2.4.1.5 Jogo de cabeça (bom/mau) 1 2 3 4
7.2.4.1.6 Desmarcação (rápidas/diagonais/apoio) 1 2 3 4
7.2.4.1.7 Mobilidade Ofensiva (por onde/quando) 1 2 3 4
7.2.4.1.8 Velocidade de execução 1 2 3 4
7.2.4.1.9 (1x1) (forte/fraco) 1 2 3 4
7.2.4.1.10 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.2.4.2. Acções defensivas 1 2 3 4
7.2.4.2.1 Marcação (forte/homem/zona) 1 2 3 4
7.2.4.2.2 Desarme (qualidade) 1 2 3 4
7.2.4.2.3 Dobras (se faz/lê/ ou não) 1 2 3 4
7.2.4.2.4 Coberturas 1 2 3 4
Questionário
1 – Nada Importante; 2 – Pouco Importante; 3 – Importante; 4 – Muito importante
8
7.2.4.2.5 (1x1) (forte/fraco) 1 2 3 4
7.2.4.2.6 Participação em pressing (sim/não/activa/passiva) 1 2 3 4
7.2.4.2.7 Mobilidade Defensiva (como) 1 2 3 4
7.2.4.2.8 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.2.5 Características Psicológicas 1 2 3 4
7.2.5.1 Capacidade liderança 1 2 3 4
7.2.5.2 Concentração 1 2 3 4
7.2.5.3 Tenacidade 1 2 3 4
7.2.5.4 Competitividade 1 2 3 4
7.2.5.5 Coesão 1 2 3 4
7.2.5.6 Confiança 1 2 3 4
7.2.5.7 Comunicação 1 2 3 4
7.2.5.8 Outra, Qual?
1 2 3 4
7.3 – Outras Características
7.3.1 Tipo de jogo (campeonato/taça…) 1 2 3 4
7.3.2 Tipo de relvado/estado 1 2 3 4
7.3.3 Estádio (características) 1 2 3 4
7.3.4 Clima 1 2 3 4
7.3.5 Dimensões do campo 1 2 3 4
7.3.6 Número de espectadores; 1 2 3 4
7.3.7 Comportamento do público 1 2 3 4
7.3.8 Opinião do observador sobre a forma de contrariar estas características 1 2 3 4
7.3.9 Outra, Qual?
1 2 3 4
8 - Qual o tratamento dado à informação proveniente da observação do adversário? 8.a Transformação da informação em exercícios de treino
8.b Fornecimento aos jogadores de dados sobre os adversários
8.c Obtenção de dados que permitam ao treinador não ser surpreendido
8.d Apresentação de situações em vídeo/Powerpoint
Questionário
1 – Nada Importante; 2 – Pouco Importante; 3 – Importante; 4 – Muito importante
9
8.e Apresentação de situações em palestras
8.f Outra, Qual?
8.1 – Quando são realizadas as palestras sobre os adversários?
8.1.1 No Treino
8.1.2 Antes do treino
8.1.3 Antes dos jogos
8.1.4 Outra, Qual?
8.2 – Quem realiza essas palestras?
8.2.1 Treinador
8.2.2 Observador
8.2.3 Treinador e observador
8.2.4 Outro, Qual?
9 - Considera o Scouting uma operação importante para o desfecho competitivo?
Nada importante Alguma importância Importante Muito importante Imprescindível
Se utilizar, seria possível facultar-nos uma ficha de observação do adversário?