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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ VANESSA DUARTE CLAUDINO ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIPARASITÁRIO E ANTITUMORAL DO EXTRATO CLOROFÓRMICO E DE MOLÉCULAS BIOATIVAS DE Drimys brasiliensis Miers (Winteraceae) Itajaí, 2011

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ VANESSA DUARTE …siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Duarte Claudino.pdf · 2011. 12. 6. · 7 ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIPARASITÁRIO

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

VANESSA DUARTE CLAUDINO

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL

ANTIPARASITÁRIO E ANTITUMORAL DO EXTRATO

CLOROFÓRMICO E DE MOLÉCULAS BIOATIVAS DE Drimys

brasiliensis Miers (Winteraceae)

Itajaí, 2011

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

VANESSA DUARTE CLAUDINO

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL

ANTIPARASITÁRIO E ANTITUMORAL DO EXTRATO

CLOROFÓRMICO E DE MOLÉCULAS BIOATIVAS DE Drimys

brasiliensis Miers (Winteraceae)

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Profª. Dra. Angela Malheiros Co-orientador: Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho

Itajaí, Julho de 2011.

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIPARASITÁRIO E ANTITUMORAL DO EXTRATO

CLOROFÓRMICO E DE MOLÉCULAS BIOATIVAS DE Drimys brasiliensis Miers (Winteraceae)

VANESSA DUARTE CLAUDINO “Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.”

____________________________________ Angela Malheiros, Dra.

Orientadora

____________________________________

Valdir Cechinel Filho, Dr. Co-Orientador

__________________________________________________________ Tânia Mari Bellé Bresolin, Dra.

Coordenadora do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas

Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

______________________________________ Profa. Dra. Angela Malheiros (UNIVALI)

Presidente e Orientadora

______________________________________ Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho (UNIVALI)

Co-orientador

______________________________________ Prof. Dr. Rivaldo Niero (UNIVALI)

Membro Interno

______________________________________ Prof. Dra. Rosi Zanoni da Silva (UEPG)

Membro Externo

Itajaí (SC), Julho de 2011

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Dedico este trabalho aos meus pais que são o meu apoio e meu alicerce. À minha avó querida Malvina Filomena Duarte (in memorium) minha grande amiga e confidente.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por estar sempre presente e nas horas mais

difíceis ter me ajudado a escolher o caminho certo.

Agradeço aos meus familiares, em especial minha mãe Yvelise,

meu pai José por serem à base de meus princípios e de minha

formação. Um agradecimento em especial a minha avó Malvina (in

memorium) pelo apoio, dedicação, amizade, carinho, compreensão.

Aos orientadores, Profa. Dra. Angela Malheiros e Prof. Dr.

Valdir Cechinel Filho, agradeço pelo apoio, incentivo e pela

orientação científica, sem eles este trabalho não poderia ser

realizado.

Aos professores da pré-banca, Prof. Dr. Clóvis Antônio

Rodrigues e Prof. Dr. Rivaldo Niero, agradeço pelo apoio, incentivo e

pelas dicas para a melhoria desta pesquisa científica, tornando-a

melhor e mais elaborada.

Aos professores do PMCF da UNIVALI pelo conhecimento

passado até nós e pela amizade cultivada no decorrer do mestrado.

Ao Prof Dr. Franco Delle Monache do Centro Chimica

Recettori, Consiglio Nazionale delle Ricerche, Roma – Itália pelo

auxílio na identificação das substâncias isoladas.

Ao Dr. Alberto Giménez, Dr. Efraín Salamanca, Dra. Graice

Ruiz, do Instituto de Investigaciones Fármaco Bioquímicas –

IIFB/UMSA/La Paz – Bolívia pelos ensaios com Leishmannia e

Plasmodium.

Ao Gilberto Carlos Franchi Júnior e Alexandre Eduardo Nowill

do Centro Integrado de Pesquisas Oncohematológicas da Infância –

CIPOI/UNICAMP/SP pelos ensaios de atividade antitumoral.

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Aos colaboradores que auxiliaram de forma direta ou

indiretamente neste trabalho, em especial os colegas do Laboratório

de Fitoquímica, dos Laboratórios de Farmacologia in vitro e in vivo,

aos Pedros por terem ajudado nas análises e aos amigos cultivados ao

longo dessa jornada: Joel, Maggie, Sheila, Ingrid, Bruna, Mariana,

Simone, Marcelo, Kelly, Jéssica, Sabrina, Paola, Mariel, Mirela,

Zhelmy, Marta, Lígia, Delair, e muitos outros.

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“Não tenho um dom especial – Sou apenas apaixonadamente curioso.”

(Albert Einstein 1879 - 1955)

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ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL

ANTIPARASITÁRIO E ANTITUMORAL DO EXTRATO CLOROFÓRMICO E

DE SUBSTANCIAS ISOLADAS DE Drimys brasiliensis Miers

(Winteraceae)

VANESSA DUARTE CLAUDINO

Julho / 2011

Orientadora: Angela Malheiros, Dra. Co-orientador: Valdir Cechinel Filho, Dr. Área de Concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas. Número de Páginas: 132 Há uma crescente necessidade de estudos com plantas medicinais para o tratamento de diversas doenças. Estudos realizados com a Drimys brasiliensis descrevem-na como possuidora de diversas propriedades medicinais, entre elas no tratamento do câncer. Este trabalho avaliou as ações citotóxicas e antiparasitárias dos diferentes extratos das cascas, caules e folhas bem como as substâncias isoladas das cascas de D. brasiliensis. O extrato foi fracionado por meio de cromatografia em coluna, utilizando como fase estacionária sílica gel e fase móvel hexano, acetato de etila e metanol. Foram isolados os sesquiterpenos drimanos poligodial, 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol, 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol, 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, drimanial, 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial, o aromadendrano espatulenol, a lignana (-) hinoquinina, e outra em fase de identificação, além de ácidos graxos insaturados e um glicerídeo. As substâncias foram identificadas por ressonância magnética nuclear de 1H e 13C e suas estruturas foram confirmadas por comparação com dados de literatura. Os extratos das cascas, caules e folhas bem como as substâncias isoladas foram avaliadas em células tumorogênicas de leucemia mielóide (K562), linfóide aguda B (Nalm6), adenocarcinoma mamário humano (MCF-7) e melanoma murino (B16F10) “in vitro” nas concentrações entre 0,0001 e 1000 µg/mL. O extrato clorofórmico das cascas foi o mais ativo para todos os modelos celulares testados, com CI50 entre 4 e 22 µg/mL. Nos mesmos modelos celulares foram testados quatro drimanos e um aromadendrano. Os drimanos foram seletivos para algumas células, com destaque para o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial que foi o mais ativo para todas as linhagens testadas. Os extratos e as substâncias isoladas foram avaliados em duas formas promastigotas de Leishmania e uma forma trofozoíta de Plasmodium. O extrato também foi o mais ativo. Os drimanos apresentaram resultados bastante satisfatórios com CI50 entre 1 a 42 µM e dentre eles, o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial foi o mais ativo, com CI50 entre 1 a 6 µM. Os resultados indicam que os drimanos presentes nas cascas são os responsáveis pelas atividades atribuídas a D. brasiliensis, confirmando seu uso popular no tratamento de diversas patologias que acometem o homem e gerando perspectivas de futuros aprimoramentos como medicamento para o tratamento das patologias relacionadas. Palavras-chave: Drimys brasiliensis, sesquiterpenos drimanos, atividade citotóxica, atividade antiparasitária.

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ABSTRACT

PHYTOCHEMICAL ANALISYS AND EVALUATION OF THE

ANTIPARASITIC AND ANTITUMOR POTENTIAL OF CHLOROFORM

EXTRACT AND COMPOUNDS ISOLATED FROM Drimys brasiliensis

MIERS (Winteraceae)

Vanessa Duarte Claudino (Tese)

July / 2011

Supervisor: Angela Malheiros, Dra. Co-supervisor: Valdir Cechinel Filho, Dr. Area of Concentration: Natural products and synthetic bioactive substances. Number of Pages: 132 There is a growing need for studies involving medicinal plants for the treatment of various diseases. Studies conducted with Drimys brasiliensis describe it as having various medicinal properties, making it potentially useful in the treatment of cancer. The study presented here evaluates the cytotoxicity and antiparasitic activities of different extracts of stem bark, branches and leaves, as well as compounds isolated from the stem bark of D. brasiliensis. The extract was fractionated by column chromatography using silica gel as stationary phase and hexane, ethyl acetate and methanol as mobile phase. The sesquiterpene drimanes polygodial, 1-β-O-p-methoxy-E-cinnamoyl-isodrimeninol, 1-β-O-p-methoxy-E-cinnamoyl-5α-hydroxy-isodrimeninol, 1-β-(p-methoxycinnamoyl)-polygodial, drimanial and 1-β-(p-coumaroiloxy)-polygodial, the aromadendrane spathulenol, the lignan (-) hinokinin, and another still being identified, were isolated, as well as unsaturated fatty acids and a glyceride. The substances were identified by nuclear magnetic resonance of 1H and 13C, and their structures were confirmed by comparison with the data in the literature. The extracts of the stem bark, branches and leaves, as well as the isolated compounds, were evaluated in vitro in tumorigenic cells of myeloid leukemia (K562), acute lymphoblastic B (Nalm6), mammary adenocarcinome (MCF-7) and murine melanome (B16F10) at concentrations of between 0.0001 and 1.000 µg/mL. The chloroform extract of the stem bark was the most active for all the cell models tested, with IC50 of between 4 and 22 µg/mL. In the same cell models, four drimanes and one aromadendrane were also tested. The drimanes were selective for some cells, especially 1-β-(p-methoxycinnamyl)-poligodial, which was the most active for all strains tested. The extracts and isolated compounds were evaluated in two promastigote forms of Leishmmania and a trophozoite form of Plasmodium. The drimanes showed satisfactory results, with IC50 of between 1 and 42 µM and of these, 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial was the most active, with IC50 of between 1 and 6 µM. The results indicate that the drimanes present in the stem bark are responsible for the activities attributed to D. brasiliensis, confirming its popular use in the treatment of various diseases affecting humans, and generating prospects for future improvements as a medicine for the treatment of related pathologies. Key words: Drimys brasiliensis, sesquiterpenes drimanes, cytotoxicity activity, antiparasitary activity.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Gênese das células sanguíneas e linfócitos. (Adaptado de: INCA, 2010). .......................................................................................................................... 28

Figura 2: Leishmania, (A) forma flagelada ou promastigota; (B) forma aflagelada ou amastigota (Adaptado de: BRASIL, 2007). ........................................................ 30

Figura 3: Ciclo biológico de Leishmania no vetor e no vertebrado. (Adaptado de: BRASIL, 2007)................................................................................................... 31

Figura 4: Ciclo de vida da malária no vetor e no vertebrado (Adaptado de: BRASIL, 2005). ................................................................................................................ 33

Figura 5: Drimys brasiliensis: aspecto geral da planta adulta. (Fonte: Autora). ....... 35 Figura 6: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico

das cascas de D. brasiliensis. ........................................................................... 52 Figura 7: Metabolização do MTT em sais de formazan em células viáveis. ............ 53 Figura 8: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico

de D. brasiliensis mostrando o isolamento do Espatulenol. .............................. 62 Figura 9: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70. ....................... 63 Figura 10: Ampliações do espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70:

a) de 7,5 a 3,5 ppm; b) de 2,5 a 1,5 ppm; c) de 1,4 a 0,4 ppm. ......................... 64 Figura 11: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70. ...................... 65 Figura 12: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70. .................... 65 Figura 13: Esquema para obtenção dos principais grupos de sesquiterpenos

gerados a partir do precursor farnesil pirofosfato (Adaptado de: DEWICK, 2009). ................................................................................................................ 67

Figura 14: Provável rota biossintética do sesquiterpeno Espatulenol. (Adaptado de CHAVES, et al., 2003). ...................................................................................... 68

Figura 15: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico de D. brasiliensis mostrando o isolamento do Ácido Graxo Insaturado e do Glicerídeo. ......................................................................................................... 69

Figura 16: Ampliação do espectro de RMN de 1H do DBJ-100 (300 MHz, CDCl3/TMS) de 5,5 até 0,5 ppm. ....................................................................... 70

Figura 17: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-100. .................... 71 Figura 18: a) Espectro de RMN 1H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBF-1; b) expansões

de 6,0 a 3,5 ppm; c) expansões de 2,4 a 0 ppm. ............................................. 72 Figura 19: a) Expansão do espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBF-1

de 120 a 14 ppm................................................................................................ 73 Figura 20: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBF-1. ..................... 73 Figura 21: Biossíntese dos lipídeos através do precursor acetil CoA (Adaptado de:

HORNSTRA, 2002; LENINGER; NELSON; COX, 2002). .................................. 75 Figura 22: Representação estrutural dos ácidos graxos ω-6 e ω-3 (Adaptado de:

HORNSTRA, 2002; LENINGER; NELSON; COX, 2002). .................................. 76 Figura 23: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico

de D. brasiliensis mostrando o isolamento da (-) Hinoquinina e da lignana DBX-09. ..................................................................................................................... 78

Figura 24: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-29. ..................... 79 Figura 25: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-29. ..................... 80 Figura 26: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-29. ................... 80 Figura 27: Biossíntese dos lignóides (Adaptado de: SIMÕES, et al., 2004). ........... 83 Figura 28: Rota biossintética provável da hinoquinina (Fonte: DEWICK, 2002). ..... 84 Figura 29: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBX-09. ..................... 85

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Figura 30: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBX-09. ..................... 86 Figura 31: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBX-09. ................... 86 Figura 32: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico

de D. brasiliensis mostrando o isolamento dos sesquiterpenos drimanos Poligodial, 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol, 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol, 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, drimanial e 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial, e o que está em fase de identificação o DBK-17. ........ 87

Figura 33: Espectro de RMN 1H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBI-11. ...................... 89 Figura 34: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBI-11. ....................... 89 Figura 35: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBI-11...................... 90 Figura 36: Rota biossintética provável do poligodial (Adaptado de: JANSEN e

GROOT, 2004). ................................................................................................. 92 Figura 37: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-17. ..................... 93 Figura 37: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-44. ..................... 94 Figura 38: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-44. ..................... 94 Figura 39: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-44. ................... 95 Figura 40: Rota biossintética provável do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial

(Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004). ........................................................ 96 Figura 41: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-11. ..................... 98 Figura 42: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-11. ..................... 98 Figura 43: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-11. ................... 99 Figura 43: Rota biossintética provável do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol.

(Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004). ........................................................ 99 Figura 44: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-25. ................... 101 Figura 45: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-25. ................... 102 Figura 46: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-25. ................. 102 Figura 47: Rota biossintética provável do drimanial. (Adaptado de: JANSEN e

GROOT, 2004). ............................................................................................... 103 Figura 48: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-21. ................... 105 Figura 49: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-21. ................... 106 Figura 50: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-21. ................. 106 Figura 51: Rota biossintética provável do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-

isodrimeninol. (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004; ALOUCHE, et al., 2009). .............................................................................................................. 108

Figura 52: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-50. ................... 109 Figura 53: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-50. ................... 109 Figura 54: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-50. ................. 110 Figura 55: Rota biossintética provável do 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (Adaptado

de: JANSEN e GROOT, 2004). ....................................................................... 111 Figura 56: Biossíntese do pirofosfato de dimetilalila a partir do precursor ácido

mevalônico (Adaptado de: GEISSMAN; CROUT, 1969; MAGRI, 1999).......... 113 Figura 57: Biossíntese dos sesquiterpenos pela formação do núcleo germacreno

(Adaptado de: GEISSMAN; CROUT, 1969; MAGRI, 1999). ............................ 113 Figura 58: Rearranjo drimano do precursor germacreno (Adaptado de: JANSEN e

GROOT, 1991). ............................................................................................... 114

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Rendimentos das cascas, caules e folhas de D. brasiliensis Miers dos extratos CHCl3 e CH3OH em relação ao material vegetal utilizado. ............. 57

Tabela 2: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBJ-70 comparando com dados da literatura para o Espatulenol. ........................... 66

Tabela 3: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBK-29 comparando com os dados de literaturas para a Hinoquinina e para a (-) Hinoquinina. ................................................................................................. 81

Tabela 4: Valores de deslocamentos químicos () de RMN 1H e 13C para DBI-11 e dados da literatura para o Poligodial. ........................................................ 91

Tabela 5: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBP-44 comparando com dados da literatura para o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial. ..................................................................................................................... 96

Tabela 6: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBP-11 comparando com dados da literatura para o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial e o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol. ............................. 100

Tabela 7: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBV-25 comparando com dados da literatura para o Drimanial. ............................. 103

Tabela 8: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBP-21 comparando com dados da literatura para o drimanial e o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol. ................................................................ 107

Tabela 9: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBV-50 e dados da literatura para o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial. ....................... 111

Tabela 10: Avaliação da viabilidade celular de K562, Nalm6, MCF-7 e B16F10 em extratos brutos. ..................................................................................... 115

Tabela 11: Avaliação da viabilidade celular de K562, Nalm6, MCF-7 e B16F10 das substâncias isoladas. ........................................................................... 117

Tabela 12: Atividade leishmanicida dos extratos de Drimys brasiliensis in vitro nas formas promastigotas de Leishmania amazonensis e L. brasiliensis. . 119

Tabela 13: Atividade leishmanicida das substâncias isoladas das cascas de Drimys brasiliensis in vitro nas formas promastigotas de Leishmania amazonensis e L. brasiliensis. .................................................................... 120

Tabela 14: Atividade plasmodicida dos extratos, substâncias isoladas das cascas de Drimys brasiliensis in vitro nas formas trofozoítas de Plasmodium falciparum. .................................................................................................. 122

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA – Ácido Araquidônico.

AcOEt – Acetato de Etila.

ACP – Proteína Carreadora de Acila.

AITC – Alil Isotiocianato.

ALA – Ácido Alfa-Linolênico.

AO – Ácido Oléico.

AS – Anisaldeído Sulfúrico.

ATP – Trifosfato de Adenosina.

ATPase – Enzima que hidrolisa o ATP.

α-TOH – α-Tocoferol.

BCRJ – Banco de Células da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

BK – Bradicinina.

B16F10 – Melanoma Murino.

CC – Cromatografia em Coluna.

CCD – Cromatografia em Camada Delgada.

CCDP – Cromatografia em Camada Delgada Preparativa.

CF – Cromatografia Flash.

CG – Cromatografia Gasosa.

CGAR – Cromatografia Gasosa de Alta Resolução.

CG/MS – Cromatografia Gasosa Acoplada a Espectroscopia de Massas.

CHO – Célula Ovariana de Hamster.

CIM – Concentração Inibitória Mínima.

CIPOI – Centro Integrado de Pesquisa Oncológica da Infância.

CI50 – Concentração citotóxica ou inibitória da viabilidade em 50% das células.

CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência.

CLC – Cromatografia Líquida Clássica.

δ – Deslocamento Químico.

DBF-1 – Drimys brasiliensis Coluna F (coluna do extrato bruto) fração 9-21)

identificada como Glicerídeo.

DBI-11 – Drimys brasiliensis Coluna I (junção da coluna 4-8 da coluna G (26-30)

fração 11-18) identificada como Poligodial.

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DBJ-70 - Drimys brasiliensis Coluna J (fração 26-33 da coluna H (4-21 da coluna

do extrato bruto) fração 70-71) identificada como Espatulenol.

DBJ-100 - Drimys brasiliensis Coluna J (fração 26-33 da coluna H (4-21 da coluna

do extrato bruto) fração 100-105) identificada como Ácido Graxo Insaturado.

DBK-11 – Drimys brasiliensis Coluna K (fração 31-38 da coluna do extrato bruto)

fração 8-11) identificada como Poligodial.

DBK-17 - Drimys brasiliensis Coluna K (fração 31-38 da coluna do extrato bruto)

fração 17-21) substância não identificada.

DBK-29 - Drimys brasiliensis Coluna K (fração 31-38 da coluna do extrato bruto)

fração 29-43) identificada como (-) Hinoquinina.

DBP-11 - Drimys brasiliensis Coluna P (fração 48-55 da coluna do extrato bruto)

fração 11-20) identificada como 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol.

DBP-21 - Drimys brasiliensis Coluna P (fração 48-55 da coluna do extrato bruto)

fração 21-30) identificada como 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol.

DBP-44 - Drimys brasiliensis Coluna P (fração 48-55 da coluna do extrato bruto)

fração 44-47) identificada como 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial.

DBV-25 - Drimys brasiliensis Coluna V (fração 56-59 da coluna do extrato bruto)

fração 25-46) identificada como Drimanial.

DBV-50 - Drimys brasiliensis Coluna V (fração 56-59 da coluna do extrato bruto)

fração 50-55) identificada como 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial.

DBX-04 - Drimys brasiliensis Coluna X (fração 24-33 da coluna O (39-45 da coluna

do extrato bruto) fração 4-5) identificada como (-) Hinoquinina.

DBX-09 - Drimys brasiliensis Coluna X (fração 24-33 da coluna O (39-45 da coluna

do extrato bruto) fração 9) substância não identificada.

DCM – Diclorometano.

d – Dubleto.

dd – Duplo Dupleto.

ddd – Dupleto de Dupleto de Dupleto.

dddd – Dupleto de Dupleto de Dupleto de Dupleto.

DEPT – Distorção por transferência de polarização.

DMC – Distúrbios Mieloproliferativos Crônicos.

DMEM – Dulbecco’s Modified Eagle’s Minimum Essential Medium.

DMSO – Dimetilsulfóxido.

DNA – Ácido Desoxirribonucléico.

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EC50 – Concentração efetiva que causa 50% de inibição em relação ao controle.

ED50 – Concentração efetiva que causa 50% de inibição em relação ao fármaco.

EtOH – Etanol.

GRI – Glóbulos Vermelhos Infectados.

GRL – Glóbulos Vermelhos não-Infectados.

HBR – Herbário Barbosa Rodrigues.

HEK293 – Células Humanas Embrionárias de Rim.

HELA – Adenocarcinoma Epitelial de Cérvix Humano.

Hex – Hexano.

EM – Espectrometria de Massas.

HPV – Vírus Papiloma Humano.

INCA – Instituto Nacional de Câncer.

IP – Inositol Fosfato.

J – Constante de Acoplamento.

K562 – Leucemia Mielóide Crônica Humana.

LA – Ácido Linoléico.

LMA – Leucemia Mielóide Aguda.

LTA – Leishmaniose Tegumentar Americana.

L929 – Fibroblasto Murino.

m – Multipleto.

mAChR – Receptores Muscarínicos Agonistas de Acetilcolina Ativados.

MCF-7 – Michigan Cancer Fondation – 7; Adenocarcinoma Mamário Humano.

MTT – Sal de brometo de 3-(4,5 dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-2H-tetrazolium.

M2903 – Leishmania brasiliensis.

NA – Ácido Nervônico.

NADPH – Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Phosfato.

Nalm6 – Leucemia Linfóide Aguda B.

NIQFAR – Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas da Universidade do

Vale do Itajaí.

NO – Óxido Nítrico.

OMS – Organização Mundial de Saúde.

PAF – Fator de Agregação Plaquetária.

PE – Fosfatidiletanolamina.

PH8 – Leishmania amazonensis.

15

PLC – Fosfolipase C.

PPI – Fosfatidil Inositídeo.

PS – Fosfatidilserina.

PTX – Toxina Pertussis.

q – Quarteto.

Rf – Fator de Retenção.

RMN – Ressonância Magnética Nuclear.

RMN de 1H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio.

RMN de 13C – Ressonância Magnética Nuclear de Carbono Treze.

ROS – Espécies Reativas de Oxigênio.

RPMI – Instituto Roswell Park Memorial.

s – Simpleto.

sl – Simpleto Largo.

SFB – Soro Fetal Bovino.

SH-SY5Y – Células de Neuroblastoma Humano.

SM – Síndrome Mielodisplásica.

SP – Substância P.

t – Tripleto.

TMS – Tetrametilsilano.

TRPA1 – Receptores Potenciais Vanilóides Transitórios 1.

TRPV1 – Receptores Potenciais Vanilóides 1.

Фi – Diâmetro Interno.

%Inh. – Percentual de Inibição.

53 RP75 – Leishmania donovani.

16

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 18

2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 20

2.1 Objetivo geral: ........................................................................................ 20

2.2 Objetivos específicos: ........................................................................... 20

3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 21

3.1 Aspectos gerais sobre plantas medicinais ......................................... 21

3.2 Aspectos gerais sobre neoplasias....................................................... 23

3.3 Aspectos sobre doenças parasitárias ................................................. 29

3.3.1 Leishmaniose................................................................................................ 29

3.3.2 Malária ........................................................................................................... 32

3.4 Aspectos botânicos do gênero Drimys ............................................... 34

3.5 Aspectos químicos e farmacológicos do gênero Drimys ................. 36

3.6 Técnicas de fracionamento, isolamento e identificação de produtos

naturais ......................................................................................................... 45

4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 48

4.1 Coleta do material vegetal .................................................................... 48

4.2 Materiais e reagentes ............................................................................ 48

4.3 Equipamentos ........................................................................................ 49

4.4 Obtenção dos extratos de D. brasiliensis ........................................... 49

4.5 Fracionamento do extrato CHCl3 das cascas de D. brasiliensis ...... 50

4.6 Atividade biológica ................................................................................ 53

4.6.1 Avaliação da citotoxicidade ........................................................................ 53

4.6.2 Avaliação da atividade leishmanicida ........................................................ 54

4.6.3 Avaliação da atividade plasmodicida ......................................................... 55

4.7 Análise estatística ................................................................................. 56

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 57

5.1 Extração .................................................................................................. 57

5.2 Fracionamento do extrato CHCl3 das cascas de Drimys brasiliensis58

5.3 Identificação das substâncias isoladas de D. brasiliensis ................ 59

17

5.3.1 Identificação do Espatulenol ....................................................................... 61

5.3.2 Identificação do Ácido Graxo Insaturado ................................................... 69

5.3.3 Identificação do Glicerídeo .......................................................................... 71

5.3.4 Identificação da (-) Hinoquinina .................................................................. 77

5.3.5 Identificação do DBX-09 .............................................................................. 84

5.3.6 Identificação dos Sesquiterpenos Drimanos ............................................. 87

5.3.6.1 Identificação do Poligodial ....................................................................... 88

5.3.6.2 Identificação do DBK-17 ........................................................................... 92

5.3.6.3 Identificação do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial .................................. 93

5.3.6.4 Identificação do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol ..................... 97

5,3.6.5 Identificação do Drimanial ...................................................................... 100

5.3.6.6 Identificação do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol. 104

5.3.6.7 Identificação do 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial .................................... 108

5.4 Atividade biológica .............................................................................. 115

5.4.1 Avaliação da citotoxicidade ...................................................................... 115

5.4.2 Avaliação da atividade leishmanicida ...................................................... 119

5.4.3 Avaliação da atividade plasmodicida ....................................................... 121

6 CONCLUSÕES .................................................................................................. 123

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 124

18

1 INTRODUÇÃO

A utilização de plantas medicinais, para tratamento, cura e prevenção de

doenças, é uma das antigas formas de prática medicinal da humanidade. As

observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais contribuem

de forma relevante para a divulgação das propriedades terapêuticas (BUTLER,

2008; KINGSTON, 2011).

Muitas pessoas utilizam plantas para o tratamento de várias doenças,

inclusive para o tratamento do câncer. Embora muitas das suposições quanto à

eficácia possam ser vistas com certo ceticismo, devido ao fato de o câncer, por ser

uma doença específica, muitos extratos ou substâncias isoladas de plantas vêm

sendo testados a fim de confirmar as suposições atribuídas às plantas como

possuidoras de atividades biológicas comprovando assim o seu uso (CRAGG;

NEWMAN, 2009). Para tanto se podemos citar os alcalóides Vincristina e

Vimblastina obtidos de Catharantus roseus, para linfomas e leucemia infantil, o

diterpeno taxol de Taxus brevifolia, para o câncer ovariano, mamário e pulmonar, a

camptotecina de Camptotheca acuminata, que atua no controle da proliferação

celular, entre outros que ainda se encontram em fase experimental (GURIB-FAKIM,

2006).

A busca por antiparasitários inovadores constitui outra área onde os

produtos naturais podem contribuir, pois existem poucos medicamentos no

mercado para o tratamento de diferentes doenças parasitárias (KYSER,

KIDERLEN, CROFT, 2003). Como exemplos de agentes antimaláricos pode-se

citar o sesquiterpeno lactona artemisinina de Artemisina annua e o alcalóide

quinina isolado de Chinchona succirubra. A anfotericina B e ivermectina são

antiparasitários importante isoladas de microorganismos como Streptomyces

(CRAGG; NEWMANN, 2007; WAGNER, 2009; BARREIRO; BOLZANI, 2009).

Considerando a necessidade presente em se descobrir novos e efetivos

agentes medicinais o gênero Drimys surge como uma fonte de princípios ativos.

Entre as indicações da medicina popular pode-se citar a sua utilização no

tratamento do câncer (FORSBY; WALUM, 1996; FORSBY, et al., 1998; SILVA,

2009). Esta planta vem sendo estudada há alguns anos por pesquisadores do

Núcleo de Investigações Químico Farmacêuticas da Universidade o Vale do Itajaí

19

(NIQFAR/UNIVALI) em colaboração com outros Grupos de Pesquisa. O potencial

terapêutico tem sido comprovado em diversos modelos experimentais e vários

artigos científicos foram publicados (MENDES, et al., 1998; 2000; CECHINEL-

FILHO, 1998; ANDRE, et al., 1999; MALHEIROS, 2001; CUNHA, et al., 2001;

SCHEIDT, et al., 2002; ANDRE, et al., 2004; MALHEIROS, et al., 2005; ANDRE, et

al., 2006; MUNÕZ-CONCHA, et al., 2007). Porém o que motivou a escolha da D.

brasiliensis foi á constatação em estudos preliminares da atividade em células

tumorogênicas Hela do extrato das cascas e dos sesquiterpenos drimanos,

drimanial e 1-β-(p-metoxiciamil)-poligodial (SILVA, 2009). Devido aos resultados

promissores, o nosso trabalho propõe dar continuidade para esclarecer qual ou

quais são os metabólitos responsáveis pelos efeitos apresentados, especialmente

em relação à possível atividade antileucêmica, bem como avaliar o potencial

antiparasitário desta espécie vegetal.

20

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral:

Estudar fitoquimicamente o extrato clorofórmico das cascas de D.

brasiliensis e as substâncias isoladas sobre linhagens de células tumorais K562,

Nalm6, MCF-7 e B16F10, bem como as suas atividades antiparasitárias sobre as

linhagens de Leishmania amazonensis, Leishmania brasiliensis e Plasmodium

falciparum.

2.2 Objetivos específicos:

Isolar e identificar as substâncias majoritárias presentes no extrato

clorofórmico das cascas;

Definir a concentração inibitória mínima 50 (CI50) dos extratos clorofórmico e

metanólico de cascas, caules e folhas e as substâncias isoladas em

modelos celulares de leucemias mielóide (K562) e linfóide aguda B (Nalm6),

adenocarcinoma mamário humano (MCF-7) e melanoma murino (B16F10);

Determinar a concentração inibitória mínima 50 (CI50) dos extratos e

substâncias sobre a atividade leishmanicida e antimalárica in vitro nas

formas promastigotas de L. amazonensis e L. brasiliensis e as formas

trofozoítas de P. falciparum.

21

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Aspectos gerais sobre plantas medicinais

O uso das plantas medicinais vem crescendo gradativamente ao longo dos

últimos anos. Apesar da grande evolução da medicina alopática a partir da

segunda metade do século XX, ainda existe obstáculos na utilização pelas

populações carentes, que vão desde o acesso aos centros de atendimento

hospitalar, à obtenção de exames e medicamentos. Estes motivos associados à

fácil obtenção e a grande tradição do uso de plantas medicinais contribuem para a

sua utilização pelas populações dos países em desenvolvimento (VERLI;

BARREIRO, 2005).

Para definir futuras pesquisas de plantas medicinais, deve-se enfatizar que,

das cerca de 2000 doenças agudas e crônicas registradas, somente 30 a 40% são

curáveis nos dias de hoje. O restante pode ser tratado somente sintomaticamente,

com maior ou menor efeito, e algumas doenças ainda não tem tratamento.

Portanto, existe uma grande necessidade de novos tratamentos, altamente

eficientes e orientados, para os quais se espera que a fitoterapia contribua

(WAGNER, 2009).

É expressivo o número de medicamentos disponíveis na terapêutica

moderna desenvolvida a partir de plantas medicinais. Os produtos naturais têm

exercido um importante papel ao longo dos anos para a descoberta de novos

fármacos, muitos deles são utilizados de forma pura ou associados a outras

substâncias naturais ou sintéticas, servindo com ponto de partida para novas

moléculas mais ativas e eficazes a partir de sua otimização estrutural (YUNES,

CECHINEL FILHO, 2007; 2009).

O diterpeno taxol ou Paclitaxel (Taxol®) (1) isolado da Taxus brevifolia vem

sendo utilizado para o tratamento de câncer ovariano, mamário, pulmonar, e

também tem demonstrado eficácia contra sarcoma de Kaposi. Além de ser utilizado

para o tratamento de esclerose múltipla, psoríase e artrite reumatóide. Um derivado

semissintético do taxol, denominado Docetaxol (Taxotere®) (2), é solúvel em água

e cerca de duas vezes mais potente que a substância natural (MILLER, et al.,

2008).

22

O

O

O

NHO

OH

O

OH

OH

OH O

O

HO

O

O

O

O

NHO

OH

O

O

OH

OH

OH O

O

HO

O

Taxol® (1) Taxotere® (2)

Outro importante agente anticâncer natural é a Camptotecina (3), da

Camptotheca acuminata. Essa substância atua ao nível do ácido

desoxirribonucléico (DNA) causando-lhe danos irreversíveis na estabilidade da fita

dupla. O topotecan é utilizado para o tratamento do câncer de ovário e de pulmão,

enquanto o Irinotecan (4) é utilizado para o tratamento de câncer de cólon-retal

(LENINGER; NELSON; COX, 2002; NIERO, et al., 2003; 2009; CRAGG;

NEWMAN, 2007; 2009).

N

N

O

OH

O

N

N

O

OH

OO

O

N

N

Camptotecina (3) Irinotecan (4)

De Podophyllum peltatum tem-se a Podofilotoxina (5). A partir de sua

estrutura foram obtidos os derivados semi-sintéticos Etoposídeo (Veperide®) (6) e

Teniposídeo (Vumon®). Eles atuam também ao nível do DNA, impedindo o crossing

over, portanto um mecanismo que atua diretamente na replicação do DNA

(LENINGER; NELSON; COX, 2002; CRAGG; NEWMAN, 2009).

23

O

OO

O

OH

OH

OMeMeO

O

OO

O

O

OH

OMeMeO

OO

O

OHOH

Podofilotoxina (5) Veperide® (6)

O alvo dos alcalóides da vinca (Catharanthus roseus) é o aparelho mitótico,

em particular, os microtúbulos. São agentes específicos do ciclo celular e

bloqueiam a mitose celular. Alguns desses fármacos são a Vimblastina, e a

Vincristina (7). Estes se ligam a tubulina, impedindo a sua polimerização, havendo

assim um rompimento temporário dos microtúbulos do fuso matando

preferencialmente muitas células que se dividem de forma anormal (YUNES,

CECHINEL FILHO, 2007).

N

N OH

H3CO2C

MeO N

R

N

CO2CH3

OHOCOCH3

H

H

H

Vimblastina (R=CHO) e Vincristina (R=H) (7)

3.2 Aspectos gerais sobre neoplasias

O câncer é uma doença caracterizada pela multiplicação e propagação

descontrolada no corpo de formas anormais das próprias células corporais. É uma

das principais causas de morte nos países desenvolvidos e os dados dos últimos

100 anos mostram que há um aumento da incidência nesses países, mas é preciso

se levar em consideração o fato de o câncer ser, em grande parte, uma doença

que afeta os grupos etários mais avançados. Os termos “câncer”, “neoplasia

maligna” e “tumor maligno” são sinônimos e distinguem-se dos tumores benignos

pelas suas propriedades de desdiferenciação, poder de invasão e capacidade de

24

metastatizar-se (isto é, disseminar-se para outras partes do corpo) (ROBBINS, et

al., 2008).

As neoplasias são caracterizadas como um aumento descontrolado da

proliferação celular. As neoplasias em geral ocorrem paralelamente ao aumento do

crescimento e perda de diferenciação celular. Assim as células neoplásicas perdem

as suas características originais de diferenciação e se tornam atípicas. Células em

condições normais dependem de atuação coordenada de vários pontos

regulatórios determinados por genes que orientam a resposta aos estímulos

internos e externos. Já a célula neoplásica sofre alteração justamente nestes

pontos que regulam a sua função, e dessa forma, adquirem autonomia de

crescimento se tornando independente dos estímulos externos (BOGLIOLO;

BRASILEIRO FILHO, 2004).

Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer) foram esperados para 2010

489.270 casos; em mulheres 192.590 (51,3%) e entre os homens 182.830 (48,7%).

O mais incidente deve ser o câncer de pele não melanoma, com 113.850 casos.

Em seguida estão os tumores de próstata com 52.350; mama feminina com 49.240;

cólon e reto com 28.110 e pulmão com 27.630 casos (INCA, 2010).

O Adenocarcinoma Epitelial de Cérvix Humano (Hela) mais conhecido como

câncer do colo do útero, é uma doença de crescimento lento e silencioso. A

detecção precoce do câncer do colo do útero ou de lesões precursoras é

plenamente justificável, pois a cura pode chegar a 100% e em grande número de

vezes, a resolução ocorrerá em nível ambulatorial. Alimentação saudável, sexo

seguro e diminuição da exposição ao tabaco contribuem para se evitar o

aparecimento da doença. A principal forma de detecção é através do exame

preventivo (Papanicolau), com o objetivo de identificar aquelas que possam

apresentar a doença em fase muito inicial, quando o tratamento pode ser mais

eficaz. A detecção precoce, associada ao tratamento em estágios iniciais, tem

resultado em uma diminuição de até 90% dos casos de câncer invasivo (INCA,

2010).

Em muitos casos uma infecção decorrente do vírus papiloma humana (HPV)

desencadeia o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Existem 13 tipos de

HPV reconhecidos como oncogênicos pela Agência internacional de pesquisa

Sobre o Câncer. Destes os mais comuns são o HPV16 e o HPV18 (WHO, 2008;

INCA, 2010). Ele está presente em mais de 90% dos casos de câncer cervical.

25

Esse contágio acontece pela falta de uso de preservativos, início precoce da

atividade sexual e múltiplos parceiros. Além disso, outros fatores também podem

desencadear o desenvolvimento deste câncer, como tabagismo e o uso prolongado

de pílulas anticoncepcionais. É o segundo tipo de neoplasia mais freqüente entre

mulheres, com aproximadamente 500 mil novos casos por ano no mundo, sendo

responsável pelo óbito de aproximadamente 230 mil mulheres por ano (ROBBINS,

et al., 2008).

Dados mostram que a incidência de câncer do colo do útero já é evidenciada

na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco aumenta rapidamente até o seu pico

máximo que está entre 45 a 49 anos. Segundo o INCA (2010), o número de novos

casos de câncer do colo do útero esperado para o Brasil no ano de 2010 foi de

18.430, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres.

Para o tratamento do câncer do colo do útero, os mais comuns são a cirurgia

e a radioterapia, salvo que, dependendo do estágio da doença, tamanho do tumor,

idade e desejo de ter filhos por parte da paciente, irá determinar qual o melhor

procedimento a ser realizado (ROBBINS, et al., 2008).

O Adenocarcinoma Mamário Humano (MCF-7), mais conhecido como

câncer de mama, é uma doença maligna onde há uma proliferação acelerada,

desordenada e sem controle das células dos tecidos da glândula mamária. O tumor

invade os tecidos vizinhos metastatizando para os órgãos distantes no corpo.

Como outros tumores malignos, o câncer de mama é conseqüência de alterações

na estrutura e função dos genes (ROBBINS, et al., 2008). Como principais

sintomas têm-se abaulamentos e retrações inclusive dos mamilos, aspecto

semelhante à casca de laranja, secreções no mamilo. O sintoma do câncer

palpável é o nódulo ou caroço no seio acompanhado ou não de dor mamária.

Também pode haver nódulos nas axilas (INCA, 2010).

Os cânceres de pele podem ser definidos como um crescimento anormal e

descontrolado das células que fazem parte da pele, podendo ser classificados em

câncer de pele não melanoma (carcinoma basocelular e epidermóide) e melanoma

(DE VITA; HELLMANN; ROSENBERG, 2005; FAURI, et al., 2010).

O câncer de pele não melanoma é o câncer mais frequente no Brasil

correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores malignos registrados no país.

O número de casos novos estimados no Brasil no ano de 2010 para este tipo de

câncer foi de 53.410 entre homens e de 60.440 nas mulheres. De acordo com

26

estes dados o risco estimado foi de 56 novos casos a cada 100 mil homens e de 61

para cada 100 mil mulheres (INCA, 2010).

O câncer de pele conhecido como Melanoma Murino (B16F10) é a forma

mais agressiva de câncer de pele e que se expande mais rapidamente em termos

de incidência mundial. O melanoma é um tumor de origem neuroectodérmica

resultante da transformação dos melanócitos epidérmicos. Estes por sua vez, são

células encontradas ao longo da camada basal da epiderme cuja principal função é

a produção do pigmento melanina, importante para fotoproteção natural (DE VITA;

HELLMANN; ROSENBERG, 2005).

Apesar de o melanoma cutâneo representar apenas 4% de todos os tipos de

câncer de pele, este possui um grande potencial de metastatização, mesmo no

início de sua manifestação, razão pela qual se constitui numa das neoplasias mais

agressivas dentre as lesões cutâneas oriundas de processo tumoral, com elevado

índice de mortalidade, principalmente em casos de detecção tardia (INCA, 2010).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que anualmente ocorram

cerca de 132 mil novos casos deste câncer no mundo. Este aumento vem se

tornando expressivo nos últimos 40 anos, em principalmente, populações de pele

clara que apresentam uma maior susceptibilidade a este tipo de tumor. Quando

detectado no início é potencialmente curável, embora dados mostrem que quando

detectado tardiamente apresente letalidade elevada. A média mundial de sobrevida

é de 69% (WHO, 2008). Geralmente este tipo de tumor apresenta duas fases

distintas; na primeira a lesão se apresenta como um crescimento radial, plana e

pequena, e seu comportamento é bem menos agressivo. Na segunda fase, o

crescimento da lesão passa ser vertical, onde as células malignas se localizam

mais internamente na derme reticular podendo, inclusive invadir a camada de

tecido subcutâneo, apresentando um processo lesivo mais grave. Sua

agressividade é proporcional à sua capacidade de se infiltrar na derme na transição

de crescimento radial para crescimento vertical (ANGER, 2008).

A leucemia se caracteriza por uma proliferação neoplásica generalizada ou

acúmulo de células hematopoiéticas, com ou sem envolvimento periférico. Na

maioria dos casos, as células leucêmicas extravasam para o sangue, onde podem

ser vistas em grande número, podendo infiltrar-se no fígado, baço, linfonodos e

outros tecidos. A leucemia pode ser classificada de acordo com o grau de

27

maturidade das células afetadas; leucemia mielóide aguda e crônica e leucemia

linfóide aguda e crônica (HAMERSCHLAK, 2010).

A Leucemia Mielóide (K562), começa pela produção cancerosa de células

mielóides jovens na medula óssea e, a seguir, dissemina-se por todo o corpo, de

modo que os leucócitos são produzidos em muitos órgãos extra-medulares,

sobretudo nos linfonodos, no baço e no fígado (GUYTON; HALL, 2001).

O processo canceroso, algumas vezes, produz células parcialmente

diferenciadas, resultando em formas que poderiam ser denominadas leucemia

neutrofílica, eusinofílica, basofílica ou monocítica. Em geral, quanto mais

indiferenciada a célula mais aguda a leucemia, levando, freqüentemente, à morte

dentro de poucos meses se não for tratada. Com algumas das células mais

diferenciadas, o processo pode ser crônico, desenvolvendo-se algumas vezes,

lentamente no decorrer de 10 a 20 anos. As células leucêmicas, particularmente as

muito indiferenciadas, não costumam ser funcionais para proporcionar a proteção

habitual associada aos leucócitos contra infecção (RANG, et al., 2007).

Os tumores mielóides são tumores principalmente de adultos que se dividem

em três grupos: Leucemias Mielóides Agudas (LMA), Distúrbios Mieloproliferativos

Crônicos (DMC) e Síndrome Mielodisplásica (SM). Na LMA as células contém

diversas lesões genéticas que freqüentemente levam a expressão de fatores de

transcrição anormais que bloqueiam a diferenciação da célula mielóide.

Compreendem em células imaturas de linhagem mielóide (mieloblastos), que

substituem a medula óssea e suprimem a hematopoese normal (figura 1). No DMC

os tumores são indolentes nos quais a produção de células está inicialmente

aumentada, levando a contagens elevadas no sangue e hematopoese

extramedular. Na SM os grupos de tumores mielóides caracterizados por

hematopoese desordenada e ineficaz. A maior parte dos pacientes apresenta

pancitopenia, e muitos progridem para um estado da doença que é idêntico a LMA

(ROBBINS, et al., 2008).

As Leucemias Linfóides Agudas B (Nalm6) são causadas pela produção

cancerosa de células linfóides, que surgem, em geral, na medula ou nos blastos

linfóides chamados de linfonodos, ou outro tecido linfóide e, a seguir, disseminam-

se para outras áreas do corpo (GUYTON; HALL, 2001).

Já as neoplasias linfóides são classificadas com base na célula de origem e

no estágio de diferenciação. Os tipos mais comuns nas crianças são as leucemias

28

linfoblásticas agudas e os linfomas, que são derivados de precursores das células

B e T (figura 1). São tumores altamente agressivos que se apresentam com

sintomas de falência da medula óssea, ou como massas de crescimento rápido. As

células tumorais contêm lesões genéticas que bloqueiam a diferenciação, levando

ao acúmulo de blastos imaturos que não podem atuar como células imunes. Os

tipos mais comuns nos adultos são os linfomas não - Hodgkin, derivados das

células B dos centros germinativos. Podem ser indolentes, como no caso do

linfoma folicular, ou agressivo como no caso do linfoma difuso das grandes células

B. Algumas vezes, interferem no sistema imune, desregulando a função normal das

células B e T (ROBBINS, et al., 2008).

Figura 1: Gênese das células sanguíneas e linfócitos. (Adaptado de: INCA, 2010).

29

3.3 Aspectos sobre doenças parasitárias

As parasitoses continuam sendo responsáveis por elevadas taxas de

mortalidade no Brasil e em diversos países latino-americanos. Embora

consideráveis esforços destinados à pesquisa e desenvolvimento de vacinas

tenham ocorrido na última década, ainda não houve uma implantação de uma

imunoprofilaxia eficaz contra protozoários e parasitas. Além disso, programas de

erradicação de doenças vetoriais, baseados em combate ao inseto vetor,

freqüentemente são fadados ao fracasso devido ao elevado custo e resistência aos

inseticidas utilizados (BRESOLIN, CECHINEL FILHO, 2010).

As doenças parasitárias são consideradas como um problema de saúde

pública, pois disponíveis para o tratamento há um limitado número de fármacos, e

mesmo assim os que existem, apresentam significativos efeitos colaterais. Para

tanto, faz-se necessário uma busca de novos agentes antiparasitários a partir de

substâncias naturais que sejam menos nocivos ao organismo sadio e mais efetivo

no tratamento da parasitose. Embora muitas substâncias naturais apresentem

promissora atividade antiparasitária, o desenvolvimento de um novo medicamento

aprovado em todos os testes clínicos ainda é uma realidade distante. Um

levantamento realizado sobre os novos fármacos desenvolvidos entre 1975 e 1996

revelou que de 1.223 novos fármacos, somente 1% (11 novas substâncias e 2

formulações) foram destinados para o tratamento de doenças tropicais (BRASIL,

2007).

3.3.1 Leishmaniose

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) tem ampla distribuição

mundial e no continente Americano onde há registros de casos desde o extremo

Sul dos Estados Unidos até o Norte da Argentina, com exceção do Chile e do

Uruguai. Ela é um problema de saúde pública em 88 países distribuídos em quatro

continentes (Américas, Europa, África e Ásia), com registro anual de 1 a 1,5

milhões de casos. É considerada pela OMS, como uma das seis mais importantes

doenças infecciosas, pelo alto coeficiente de detecção e capacidade de produzir

deformidades. No Brasil a LTA é uma doença com uma diversidade de agentes, de

reservatórios e de vetores que apresenta diferentes padrões de transmissão e um

30

conhecimento ainda limitado sobre alguns aspectos, o que a torna de difícil controle

(BRASIL, 2007).

A LTA é uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por diferentes

espécies de protozoários do gênero Leishmania, que acomete pele e mucosas.

Primariamente é uma doença de infecção zoonótica, afetando outros animais, e

posteriormente vindo a afetar o ser humano. A Leishmania é um protozoário

pertencente à família Trypanosomatidae, sendo um parasita obrigatório das células

fagocíticas mononuclear, com duas formas principais: uma flagelada ou

promastigota (figura 2 A), encontrada no tubo digestivo do inseto vetor, e outra

aflagelada ou amastigota (figura 2 B), observada nos tecidos dos hospedeiros

vertebrados (BRASIL, 2007).

Figura 2: Leishmania, (A) forma flagelada ou promastigota; (B) forma aflagelada ou amastigota (Adaptado de: BRASIL, 2007).

Nas Américas são conhecidas onze espécies de Leishmania causadoras da

doença humana, e oito descritas apenas em animais. No entanto, no Brasil já foram

identificadas sete espécies, sendo seis do subgênero Viannia e uma do subgênero

Leishmania. Os vetores da LTA são insetos denominados flebotomíneos,

pertencentes ao Gênero Lutzomyia, conhecidos como mosquito palha, tatuquira

birigui entre outros. Como reservatórios silvestres algumas espécies de roedores,

marsupiais, edentados e canídeos silvestres. Nos animais domésticos, os registros

são numerosos, mas podem ser considerados hospedeiros acidentais da doença.

As manifestações da LTA nesses animais são semelhantes as da doença humana,

onde o parasitismo ocorre preferencialmente em mucosas das vias aerodigestivas

superiores. O modo de transmissão (figura 3) é pela picada do inseto transmissor

infectado. Não há transmissão de pessoa para pessoa. O período de incubação

31

varia em média de dois a três meses, podendo variar de duas semanas a dois anos

(BRASIL, 2007).

Figura 3: Ciclo biológico de Leishmania no vetor e no vertebrado. (Adaptado de: BRASIL, 2007).

O tratamento das leishmanioses baseia-se em dois antimoniais

pentavalentes, o estibogluconato de sódio (Pentostan®) (8) e o antimoniato de

meglumina (Glucantime®) (9). Alternativamente, o antimicrobiano Anfotericina B

(10) e a diamina aromática Pentamidina (11) são utilizados clinicamente no

tratamento das formas mucocultâneas graves ou em casos não responsivos ao

tratamento de antimoniais (McMURRY, et al., 2005).

O

O

NH2O

OH

O

O

NH2

O

OH

O OH

NH2

NH2OH

OH

OH

NH2

OH

O

OSb

2-O

OSb

2-

O OH

OHH

O

OH

COOH

O

OH

COOH

OHH

Pentostan® (8) Glucantime® (9)

32

H

OH

O

HO OH OH OH OH O

OH

O

OHH

OO H

OH

NH2

OH

OHOH

Anfotericina B (10)

NH2

O O

NH

NH2

NH

Pentamidina (11)

3.3.2 Malária

A malária é mundialmente um dos casos mais sérios de problemas de saúde

pública, causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida ao homem

por fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, produzindo febre, além de outros

sintomas. É considerada como uma importante doença parasitária conhecida por

séculos em muitas partes do mundo, como impaludismo, febre palustre, maleita e

sezão (figura 4). Dados da OMS mostram que o seu impacto sobre as populações

humanas continua aumentando: ocorre em mais de 90 países, pondo em risco

cerca de 40% da população mundial. No Brasil, o maior número de casos é

registrado na região Amazônica, cujas condições ambientais e socioculturais

favorecem a expansão de sua transmissão. Tradicionalmente o diagnóstico da

doença é feito por visualização microscópica do plasmódio em exame da gota

espessa de sangue, corada pela técnica de Giemsa ou de Walker. No Brasil devido

à grande extensão geográfica da área endêmica e as condições climáticas,

favorecem o desenvolvimento dos transmissores e agentes causais da malária

(BRASIL, 2005).

33

Figura 4: Ciclo de vida da malária no vetor e no vertebrado (Adaptado de: BRASIL, 2005).

Como tratamento para a malária tem-se fármacos que visam impedir às

recidivas da infecção e eliminar os gametócitos, afetando deste modo a cadeia de

transmissão da parasitose. Entre eles tem-se o alcalóide quinina (12) e o

sesquiterpeno lactona artemisina (13) extraídas da Chinchona succirubra e

Artemisia annua. Devido à resistência a estes fármacos foi necessário o

desenvolvimento de novos análogos sintetizados, como é o caso da cloroquina (14)

e da mefloquina (15) (McMURRY, et al., 2005).

N

OHH

N

H

H3CO

O

O

O

O

O

H H

H

Quinina (12) Artemisina (13)

34

N

NHN

Cl

N

OHNH

CF3

CF3

Cloroquina (14) Mefloquina (15)

3.4 Aspectos botânicos do gênero Drimys

A família Winteraceae consiste de árvores e arbustos que são encontrados

em toda a América Central e do Sul. Ela contém aproximadamente cem espécies

com seis ou sete gêneros (WILLIANS; HARVEY, 1982).

A Drimys seção wintera é nativa do sul do Brasil e de alguns outros países

da América do Sul. Ela é conhecida como cataia, casca-d’-anta, caá-pororoca,

canela-amarga, capororoca-picante, carne-d’-anta, melambo, melambó, para-tudo,

pau-pra-tudo. A denominação winter é devido ao capitão Winter que utilizou as

cascas da Drimys para tratar a sua tripulação de escorbuto. A casca das espécies

de Drimys era comercializada como “Casca de Winter” ou “Cortex Winteranus”

(TRINTA; SANTOS, 1997). Pio Correa (1931) relata que o nome vernáculo casca-

da-anta provém do folclore dos aborígenes Araucanos onde estes relatam que

quando a anta (Tapirus americanus) se vê doente recorre a cascas desta espécie.

A Drimys brasiliensis também conhecida como casca-da-anta é muito

utilizada como substituto da pimenta do reino na culinária, além de ser utilizada na

medicina tradicional como carminativa e estomáquica. Ela também é altamente

recomendada para problemas gástricos e intestinais, incluindo dispepsia,

disenteria, náuseas, dores intestinais e cólicas bem como febre e anemia. Ainda

pode-se citar atividade antiespasmódica, aromática, contra hemorragia uterina e,

algumas vezes no tratamento do câncer (ANDRÉ, et al., 1999; 2003; 2004;

FORSBY; WALUM, 1996; FORSBY, et al., 1998; SILVA, 2009).

A planta apresenta-se como uma árvore com 4 a 8 metros de altura, dotada

de uma copa globosa e densa. O tronco é geralmente tortuoso, de 30 a 40 cm de

diâmetro, com casca rugosa de cor cinza. Folhas simples, glabras, de coloração

verde mais clara na face inferior, com 8 a 12 cm de largura. Inflorescências em

panículas terminais, com flores brancas. Fruto do tipo baga subglobosa, contendo 2

35

a 5 sementes pretas. A sua ocorrência é em todo o Brasil, em várias formações

florestais, porém principalmente em matas ciliares e na floresta semidecídua de

altitude. Planta perenifólia, heliófita, seletiva e higrófita. Dependendo do local de

ocorrência pode variar em porte avaliando-se de norte a sul do país, indo de 7 a 9

metros de altura (figura 5). Pode florescer até duas vezes por ano, porém com

maior intensidade em julho a agosto. E os frutos amadurecem em outubro a

novembro (LORENZI, 2002).

O gênero Drimys em Santa Catarina ocorre duas espécies, D. winteri e D.

brasiliensis, as quais são utilizadas na região do Planalto Catarinense como

condimento para carnes, transformando-se suas cascas em pó e utilizando-o como

substituto da pimenta-do-reino (SIMÕES, et al., 1986).

Figura 5: Drimys brasiliensis: aspecto geral da planta adulta. (Fonte: Autora).

36

A Drimys possui a seguinte classificação taxonômica (BARROSO, 1991):

Filo: Magnoliophyta (Angiosperma),

Classe I: Magnolitae (Dicotiledônea),

Subclasse: Magnoliidae,

Ordem: Magnoliales,

Família: Winteraceae,

Gênero: Drimys,

Espécie: Drimys brasiliensis.

3.5 Aspectos químicos e farmacológicos do gênero Drimys

O gênero Drimys destaca-se por apresentar metabólitos secundários

responsáveis por diversos efeitos farmacológicos comprovados cientificamente,

incluindo atividades antiinflamatória, antibacteriana, antifúngica, citotóxica,

moluscicida, piscicida, antihelmíntica e reguladora do crescimento de plantas. Entre

as principais classes de substâncias encontradas são os sesquiterpenos drimanos,

flavonóides e aromadendranos (MORTON, 1981; SIMÕES, et al., 1986; ANDRÉ, et

al., 1999; 2003; 2004; JANSEN e GROOT, 2004).

Mendes e colaboradores (1998), utilizando o extrato hidroalcoólico de

cascas de D. winteri e o sesquiterpeno isolado poligodial (16), investigaram as

propriedades antiiperalgésicas em modelo de contorções abdominais induzidas por

três agentes químicos irritantes: ácido acético, zimosan e kaolin e o modelo de

edema de pata causado por formalina e capsaicina. O extrato não exibiu efeito nos

modelos analisados, mas o poligodial (16) produziu uma inibição dose-dependente

das contorções abdominais provocadas pelos agentes químicos.

O extrato das cascas e o poligodial (16) também foram avaliados em

modelos experimentais afim de verificar as atividades antiinflamatórias e

antialérgicas: o modelo de edema de pata induzido por agentes químicos

(prostaglandina E2, bradicinina (BK), substância P (SP), dextrano, fator de ativação

plaquetária (PAF) e carragenina); o modelo de pleuresia (SP, BK, des-Arg9-BK,

histamina, carragenina e PAF); e o modelo de edema de orelha (ácido

araquidônico, capsaicina e óleo de cróton), em camundongos. Nos três modelos o

poligodial (16) exibiu resultados satisfatórios. Ele protegeu o tecido tratado com os

agentes flogísticos evitando a extensão da lesão tanto no edema de orelha quanto

37

de pata. também evitou o choque anafilático provocado pela ovoalbumina no

método de edema de pata. Para a pleuresia houve inibição significativa

comprovada pela diminuição da exudação e influxo celular para a área lesionada

do parênquima pulmonar e a resposta inflamatória foi reduzida, comprovando seu

efeito antiinflamatório e antialérgico (CUNHA, et al., 2001).

Cechinel Filho e colaboradores (1998) estudaram as frações diclorometano e

acetato de etila obtidas do extrato metanólico das cascas de D. winteri. Neste

estudo, verificou-se que o poligodial (16), o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial (17), a

taxifolina (18) e a astilbina (19) estavam presentes nas frações obtidas. As

substâncias foram avaliadas em modelos de contorções induzidas por ácido

acético. O poligodial (16) e o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial (17) foram

responsáveis pela ação antinociceptiva, sendo mais potentes que a aspirina e o

paracetamol, utilizados como fármacos de referência. Em trabalho similar, André e

colaboradores (2004), utilizando o poligodial (16) e o drimanial (20) em ratos

neonatos, observaram uma pronunciada inibição da nocicepção e da hiperalgesia

térmica quando adultos utilizando o modelo de indução por capsaicina.

CHO

CHO

H

O

O

MeO

CHO

CHO

Poligodial (16) 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial (17)

OOH

OH O

OH

OH

OH

OOH

OH O

ORamnose

OH

OH

Taxifolina (18) Astilbina (19)

Considerando os resultados promissores obtidos para o poligodial (16), foi

investigado o seu potencial de inibição de receptores muscarínicos agonistas de

acetilcolina ativados (mAChR) na transdução de sinal em células de neuroblastoma

humano SH-SY5Y. Este provocou uma inibição de carbacol e a produção de

38

inositol fosfato em 79 e 84%, respectivamente. Quando foi avaliada a sua ação

comparando com a toxina pertussis (PTX), utilizada como modelo padrão de

inibição, ele foi aproximadamente 50% mais potente que a toxina, em termos de

diminuição do carbacol induzido por afluxo de Ca2+. Dessa forma conclui-se que o

poligodial inibiu a transdução de sinal de mAChR em células SH-SY5Y e que o

local de ação inibitória não está localizado na mAChR, mas no nível da proteína-G

ou a jusante da via de transdução de sinal (FORSBY, et al., 1998).

A ação vasorrelaxante do poligodial (16) foi avaliada sobre a ação mediada

pela liberação de óxido nítrico (NO) ou por uma substância relacionada no

endotélio vascular. Ele produz também relaxamento nos anéis da artéria pulmonar

do coelho e na artéria pulmonar torácica da aorta e no endotélio da cobaia. Os

resultados sugerem que os canais de Ca2+ e K+ não estão envolvidos na ação

vasorelaxante na artéria pulmonar nem na artéria torácica da aorta. Mas, no

endotélio da cobaia os canais sensíveis ao trifosfato de adenosina (ATP) podem

ser ativados, e dessa forma, pode-se explicar em parte a sua ação vasorelaxante

(ANDRÉ, et al., 1999; 2004). Também foi testado a ação vasorrelaxante in vitro do

poligodial (16) sobre a veia porta de ratos. Constatou-se que houve uma

significativa diminuição das contrações sugerindo que houve um relaxamento

muscular provavelmente associada ao influxo de cálcio dos canais sensíveis a

voltagem e a interação dos mecanismos da proteína quinase-Ca dependente (EL

SAYAH, et al., 2000). Também foi observada a ação sobre a enzima que hidrolisa

o ATP (ATPase) mitocondrial do poligodial (16). Ele inibiu fortemente a síntese de

ATP acoplado a oxidação de partículas de succinato submitocondriais do coração.

Sendo assim, ele é um potente inibidor da síntese de ATP mitocondrial. Apesar

dele não aumentar a permeabilidade da membrana mitocondrial interna aos

prótons, o mais provável mecanismo de ação seria um desacoplamento na síntese

de ATP na cadeia transportadora de elétrons, onde pode ser verificado e explicado

pela mudança das propriedades elétricas da membrana, ou seja, há uma

despolarização quando na presença da substância e, consequentemente, o

colapso do potencial de membrana. Com isso há um desequilíbrio no pH interno

com o pH transmembrana causando assim, a ruptura da célula (CASTELLI, et al.,

2005).

Outro drimano que merece destaque é o drimanial (20) isolado das cascas

de D. winteri. Este apresentou ação antinociceptiva nos modelos de dor induzida

39

por ácido acético, formalina, capsaicina e glutamato. Comprovou-se sua ação em

ratos ao nível local, periférico, espinhal e supra-espinhal, além de haver uma

interação com os receptores de glutamato metabotrópicos, contribuindo assim para

os mecanismos de ação antinociceptiva. O drimanial (20) e poligodial (16) inibiram

a captação de glutamato pelos astrócitos, analisados em cortes histológicos do

córtex, hipocampo e corpo estriado. Foi observado um aumento da liberação de

glutamato por sinaptossomas. Estes efeitos simultâneos predispõem a um aumento

da concentração do glutamato extracelular, levando a possíveis efeitos

neurotóxicos (excitotoxicidade) destas substâncias. Por isso a necessidade de

alguma cautela na sua aplicação terapêutica (MALHEIROS, et al., 2001; SCHEIDT,

et al., 2002; MARTINI, et al., 2007).

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

Drimanial (20)

Em preparações de membrana de córtex de camundongos o drimanial (20)

inibiu o “binding” de [3H]Glutamato. Nos experimentos de nocicepção induzida por

formalina, hiperalgesia térmica e edema de pata, hiperalgesia termal e

extravasamento plasmático induzido por capsaicina e tratamento neonatal também

foi verificado o efeito antiinflamatório e antinociceptivo desta substância (ANDRE,

et al., 2004).

Os sesquiterpenos drimanos, o drimanial (20) e poligodial (16) também

foram avaliados sobre os receptores potenciais vanilóides transitórios 1 (TRPV1)

em bexiga urinária isolada de ratos. Ambos produziram uma contração mediada

por taquicinina que foi inibida pela combinação dos receptores antagonistas. Estas

substâncias em conjunto com a capsaicina promoveram um aumento da captação

de Ca2+ em sinaptossomas de medula espinhal, e em níveis intracelulares em

culturas de neurônios trigêmeos de ratos. Em resumo, os resultados sugerem que

estes drimanos parecem ser parcialmente mediados pela ativação direta e/ou

indireta de TRPV1 (ANDRE, et al., 2006).

40

Witaicenis e colaboradores (2007) comprovaram a atividade antiulcerogênica

de extratos etanólicos de cascas e folhas de D. angustifolia. Os extratos das

cascas e folhas na dose de 250 mg/kg, apresentaram atividade antiulcerogênica no

modelo de etanol/HCl. Eles inibiram a lesão em 81,42% e 76,50%,

respectivamente, sendo maior que o fármaco de referência a carbenoxolona.

Possivelmente a atividade antiulcerogênica pode estar relacionada com a presença

dos sesquiterpenos drimanos. Em um estudo biodirecionado em plantas do gênero

Tasmannia utilizando o extrato metanólico das folhas de T. lanceolata, Matsuda e

colaboradores (2002), avaliaram o potencial inibitório contra úlcera gástrica

induzida por etanol em ratos. Foram isoladas quatro substâncias: o poligodial (16),

poligodial 12α-acetal (21), poligodial 12β-acetal (22) e metil isodrimeninol (23).

Entre eles, o poligodial (16) se mostrou muito potente sobre o efeito gastroprotetor

(ED50= 28 µg/kg, via oral). O trabalho sugere que a ação gastroprotetora do

poligodial (16) é particularmente mediada pelas interações com neurônios

sensoriais via receptores vanilóides.

H

O

OMe

MeO

H

O

OMe

MeO

H

OMeO

12α-acetal (21) Poligodial 12α-acetal (22) Metil isodrimeninol (23)

A atividade antifúngica também é relatada no gênero Drimys. Malheiros e

colaboradores (2005), realizaram um fracionamento biomonitorado do extrato

clorofórmico das cascas. Foram isolados os sesquiterpenos poligodial (16), 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial (17), drimanial (20) e 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (24),

que foram seletivamente ativos contra os dermatófitos Epidermophyton floccosum e

Tricophyton rubrum. O poligodial (16) inibiu ativamente E. floccosum com valores

de concentração inibitória mínima (CIM) de 3 µg/mL. O 1-β-(p-metoxicinamil)-

poligodial (17), o drimanial (20) e o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (24), inibiram

esses fungos em concentrações superiores ao poligodial (16), em torno de 25

µg/mL. Assim demonstrou-se que as três substâncias contribuem para a atividade

atifúngica observada nas cascas.

41

O

O

OH

CHO

CHO

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (24)

Investigando a depleção de glutationa em Saccharomyces cerevisiae,

Machida e colaboradores (1999), utilizando a substância isolado poligodial (16),

verificaram houve uma forte atividade fermentativa, e detectaram a produção de

espécies reativas de oxigênio (ROS) em um nível mais significativo podendo ser

identificados com uma sonda fluorescente. A produção de ROS em células tratadas

com poligodial (16) foi confirmado pela sua eliminação e o acompanhado pelo

processo protetor contra os efeitos fermentativos na presença de antioxidantes tais

como ascorbato e α-tocoferol. Poligodial (16) poderia acelerar a produção de ROS

apenas em células da linhagem Grande do tipo selvagem, mas não nas mutantes

deficientes de respiração, indicando o seu papel interferente na cadeia mitocondrial

de transporte de elétrons na produção de ROS. Diferentemente do caso com uma

antimicina que acelera a produção de ROS por atacar diretamente o fluxo de

elétrons mitocondriais, o poligodial (16) causa a depleção de glutationa

citoplasmática e mitocondrial, que funciona em eliminar ROS inevitavelmente

gerados durante o crescimento aeróbio. O esgotamento do poligodial (16) mediada

pela glutationa intracelular pode, possivelmente, ser dependente de uma interação

direta entre a sua porção enal e o grupo sulfidrila da cisteína em glutationa.

Tentando descobrir como o poligodial (16) age como agente antifúngico,

Fujita e Kubo (2005), realizaram um ensaio de atividade antifúngica com

Saccharomyces cerevisiae. O poligodial (16) num primeiro momento atua como um

agente de superfície (surfactante) e, em seguida, torna-se envolvido em processos

bioquímicos. A capacidade de formar um derivado pirrol com um grupo de amina

primária de fosfatidiletanolamina (PE) e fosfatidilserina (PS) na monocamada

externa da membrana plasmática é provável que, em parte, seja um passo inicial

para a ação antifúngica do poligodial (16). A ação primária fungicida do poligodial

(16) vem de sua capacidade de agir como um surfactante que inespecíficamente

interrompe a interface de proteínas, lipídios, proteínas integrais, desnaturando a

42

sua conformação funcional. Depois o poligodial (16) entra no citoplasma,

destruindo a barreira de membrana, reagindo com L-cisteína contida no material

citoplasmático, com uma pequena molécula de glutationa, e com a enzima álcool

desidrogenase, para potencializar a ação antifúngica.

Em estudo mais recente realizado por Silveira (2011), foi estudada a

atividade antibacteriana, de diferentes extratos brutos, frações e substâncias de D.

brasiliensis ultilizando a metodologia de diluição de ágar. Neste mesmo estudo foi

avaliado o potencial citotóxico dos extratos brutos utilizando-se o microcrustáceo

Artemia salina. Nos ensaios de bioautografia das frações, verificou-se as frações

que continham as substâncias de interesses e que exerciam atividade biológica,

guiando assim a parte fitoquímica para o isolamento. O extrato clorofórmico de

cascas de D. brasiliensis e as substâncias isoladas espatulenol, poligodial e 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial apresentaram promissora atividade inibitória contra as

bactérias Gram positivas com CIM entre 31,25 e 250 µg/mL, mas se mostraram

inativos contra as Gram-negativas. O poligodial apresentou melhor atividade contra

Helicobacter pylori, com CIM de 250 µg/mL. Tanto o extrato clorofórmico quanto as

frações apresentaram elevada toxicidade sobre a Artemia salina, evidenciando que

possam ter substâncias citotóxicas no extrato.

Existem alguns estudos avaliando o potencial antitumoral de sesquiterpenos

drimanos. A respeito da indução de inositol fosfato em linhagens de células de

neuroblatoma humano (SH-SY5Y), Forsby e Walum (1996), investigaram o efeito

do isoveleral (25), poligodial (16) e epipoligodial (26) sobre a formação de inositol

fosfato (IP) supondo que poderia haver uma correlação entre a liberação de Ca2+

intracelular e pungência das substâncias. Verificou-se que poligodial (16) induz a

mobilização de IP de uma forma dependente da concentração, enquanto isoveleral

(25) não teve efeito sobre a formação IP nas células SH-SY5Y. O volume de

fosfoinositídeo (PPI) foi ativada por epipoligodial (26), mas apenas em

concentrações 40 vezes superiores ao poligodial (16). Isto enfatiza a importância

da correta esteriometria na configuração dialdeído para a atividade biológica do

poligodial (16). A formação induzida do IP por poligodial (16) foi reduzida em 71%

sob condições extracelulares livres de cálcio, o que sugere interações entre a

formação IP e o aumento da [Ca2+]i para esclarecer uma ativação periódica da

fosfolipase C (PLC).

43

Num estudo mais recente realizado por Silva (2009), foi avaliada a ação

citotóxica dos extratos clorofórmicos das cascas, caules e folhas da D. brasiliensis

e os sesquiterpenos drimanos drimanial (20) e 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial (17),

isolados do extrato clorofórmico das cascas, em células tumorais Hela

(Adenocarcinoma Epitelial de Cérvix Humano) e não tumorogênica L929

(Fibroblasto Murino). Os resultados obtidos mostram que os extratos clorofórmicos

das folhas e do caule não apresentam elevado grau de citotoxicidade nos modelos

avaliados. O extrato clorofórmico das cascas apresentou um efeito tóxico em

células não tumorogênicas de fibroblasto L929 somente em altas concentrações

como a de 100,0 µg/mL com CI50 > 100,0 µg/mL sugerindo baixa citotoxicidade nos

tempos de 24 e 48 horas de incubação. Nas células tumorais Hela observou-se um

aumento na potência citotóxica com CI50 de 61,2 e 18,0 µg/mL para os tempos de

24 e 48 horas, respectivamente. O drimanial (20) apresentou grau de citotoxicidade

em células L929 com IC50 26,4 µg/mL e Hela 10,0 µg/mL para 24 horas de

incubação. Houve um aumento na potência citotóxica com o tempo de 48 horas de

incubação para células L929 e Hela com CI50 de 16,7 e 8,8 µg/mL,

respectivamente. O 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial (17) apresentou citotoxicidade

em células L929 e Hela após 48 horas de contato com CI50 de 10,1 e 7,7 µg/mL,

respectivamente, sugerindo um potencial citotóxico para ambos os drimanos

avaliados.

CHO

CHO

CHO

CHO

H

Isoveleral (25) Epipoligodial (26)

Investigando a possível atividade antialimentar, Zapata e colaboradores

(2009) investigaram os extratos da casca e do caule (hexano, acetona e

metanol:água [80:20]) e os drimanos isolados drimendiol (27), isodrimenol (28),

isotadeonal (29) e poligodial (16) isolados de D. winteri contra larvas e lagartas de

Spodoptera littoralis (Noctuidae). O extrato hexano (5000 ppm) e o poligodial (16)

(1000 ppm) apresentaram atividade antialimentar comprovada no crescimento e

desenvolvimento das larvas. Já para o teste de toxicidade as substâncias isoladas

44

poligodial (16) e isodrimenol (28) apresentam efeitos tóxicos a níveis fisiológicos,

sendo que o poligodial (16) foi o mais potente inibidor de crescimento de S.

littoralis: CI50 = 708 ppm e EC50 = 198 ppm, respectivamente.

H

OH

OH

H

OOH

CHO

CHO

H

Drimendiol (27) Isodrimenol (28) Isotadeonal (29)

Também vale destacar no Gênero Drimys a presença de óleo essencial.

Comparando o óleo essencial das folhas, cascas e frutos de D. brasiliensis Miers e

D. angustifolia Miers por cromatrografia gasosa (CG) e cromatrografia gasosa

acoplada a espectroscopia de massas (CG/MS), Limberger e colaboradores (2007),

mostraram que há uma predominância de monoterpenos nas folhas, e que nas

cascas, há predominância dos sesquiterpenos drimanos. Entre as substâncias

majoritárias o biciclogermacreno (30) (20,0% nas folhas e 25,4% na casca do

caule) e drimenol (31) (1,4% nas folhas e 26,2% na casca do caule) foram os mais

abundantes na D. angustifolia, e ciclocolorenona (32) (de 16,0% para 32,3% em

folhas frescas e secas e quase 50% na casca do caule) em D. brasiliensis. O óleo

de frutos de D. brasiliensis também foi analisado e apresentou 31,0% de

ciclocolorenona (32). A predominância deste sesquiterpeno incomum do tipo

aromadendrano nos óleos essenciais de D. brasiliensis pode ser usado como um

marcador quimiossistemático. Isto se deve ao fato de que este sesquiterpeno

aparece apenas no gênero Drimys, tornando-se um diferencial químico das demais

plantas. Apenas a sua concentração varia de espécie para espécie, servindo assim

como um elemento de referência para a distinção dentro do gênero.

H

OH

O

Biciclogermacreno (30) Drimenol (31) Ciclocolorenona (32)

45

3.6 Técnicas de fracionamento, isolamento e identificação de produtos

naturais

Quando se destina a obtenção de substâncias bioativas numa planta, deve

se priorizar a preservação de sua integridade química e farmacológica, garantindo

a constância de sua ação biológica e a segurança de sua utilização, além de

valorizar o seu potencial terapêutico (PETROVICK, et al., 2007).

A preparação dos extratos brutos das plantas deve ser a etapa mais

importante e a que precisa ter mais cuidado para se realizar. A escolha do solvente

também é de grande importância para que a extração ocorra de forma a separar as

substâncias presentes no extrato. (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004).

Na investigação de constituintes presentes no extrato de uma planta, pode-

se recorrer a um fracionamento do extrato total a fim de se separar as diferentes

classes de substâncias presentes por meio de solventes que podem separar por

diferença de polaridade. A separação e a purificação dos constituintes químicos

são realizadas por técnicas cromatográficas, nas quais duas ou mais substâncias

em uma mistura podem ser separados fisicamente por diferença de polaridade e as

suas distribuições se dão entre duas fases: uma fase estacionária, que pode ser

um líquido ou um sólido ou um líquido suportado num sólido e uma fase móvel, um

gás ou um líquido, que flui continuamente pela fase estacionária (DI STASI, 1996).

Na cromatografia líquida clássica (CLC), a fase móvel é arrastada através da

coluna apenas por força da gravidade, enquanto que na cromatografia líquida de

alta eficiência (CLAE) e na cromatografia flash (CF) se utilizam fases estacionárias

de partículas menores, sendo necessário o uso de uma bomba de alta pressão

para eluição da fase móvel. As separações também podem ser realizados por

cromatografia gasosa simples (CG) e por cromatografia gasosa de alta resolução

(CGAR). A diferença entre as duas reside nos tipos de colunas utilizadas. Enquanto

na CGAR são utilizadas colunas capilares, nas quais a fase estacionária é um filme

depositado na coluna, a outra tem uma fase estacionária formada por sílica. Já o

cromatotron é uma cromatografia em camada delgada preparativa (CCDP) e

acelerada centrifugamente. É composto por um sistema com uma placa circular de

cromatografia em camada delgada inclinada, o que permite mais eficácia na coleta

das substâncias ou frações. A cromatografia em camada delgada (CCD) é uma

46

técnica de adsorção líquido/sólido. Nesse caso, a separação dos componentes da

mistura ocorre em função da migração diferencial sobre uma camada delgada de

adsorvente, fixo numa superfície plana, por meio de uma fase móvel (um líquido ou

misturas de líquidos) (AQUINO NETO, 2003).

Entre as técnicas de identificação, a espectroscopia de infravermelho, é

utilizada para identificação e comparação de substâncias orgânicas, verificação do

grau de pureza e acompanhamento de reações (SILVERSTEIN; BASSLER;

MORRIL, 1994; PAVIA, et al., 2010). É a técnica que abrange a faixa 4000 e 400

cm-1 no espectro eletromagnético, fornecendo informações sobre as características

da molécula como um todo, de seus grupamentos funcionais, originando bandas

que ocorrem na mesma frequência, independente da estrutura da molécula

(SILVERSTEIN; BASSLER; MORRIL, 1994; NIERO et al., 2003; PAVIA, et al.,

2010).

O método destina-se tanto à análise qualitativa quanto à quantitativa, de

sólidos, líquidos ou gases. A quantidade de analito usada é muito pequena, da

ordem de miligramas e a amostra não é destruída no ensaio podendo ser

recuperada após a medida do espectro. A interpretação do estado de absorção no

infravermelho é uma ferramenta essencial para caracterizar grupamentos

funcionais (COSTA NETO, 2004).

A Ressonância Magnética Nuclear (RMN) ocorre com átomos quando as

seguintes condições são atendidas: o átomo possuir um valor de spin nuclear maior

do que zero; o átomo, na molécula, estar sujeito a um campo magnético externo; o

sistema ser irradiado com radiação eletromagnética; ter relação entre valores do

spin nuclear, campo magnético externo e frequência de irradiação (SILVERSTEIN;

BASSLER; MORRIL, 1994; PAVIA, et al., 2010).

Na Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio RMN de 1H, cada

hidrogênio eletronicamente distinto em uma molécula normalmente possui sua

própria absorção. Um dos usos da RMN de 1H é encontrar quantos tipos de

hidrogênios não equivalentes estão presentes (McMURRY, 2005; PAVIA, et al.,

2010). Três são as informações mais relevantes que o espectro de RMN de 1H

fornece para fins de caracterização de cadeias hidrocarbônicas: o deslocamento

químico, o desdobramento e a intensidade dos picos (COSTA NETO, 2004; PAVIA,

et al., 2010). Os dados obtidos com esse método espectroscópico são muito

47

importantes para a elucidação estrutural de praticamente todas as classes de

produtos naturais, incluindo metabólitos secundários vegetais.

Na Ressonância Magnética Nuclear de Carbono RMN de 13C é possível

observar o número de diferentes átomos de carbono em uma molécula de estrutura

desconhecida. O deslocamento químico de cada ressonância de carbono 13

depende do ambiente eletrônico do carbono na molécula (McMURRY, 2005).

Os espectros de RMN de hidrogênio e carbono 13 são os mais utilizados e

sua interpretação permite caracterizar o número e o tipo de átomos de hidrogênio e

carbono, em função da localização e do desdobramento dos sinais

correspondentes a absorção de energia eletromagnética (FALKENBERG;

SANTOS; SIMÕES, 2004; PAVIA, et al., 2010).

Outra técnica de identificação é a Espectrometria de Massas (EM). Ela

fornece a massa molecular de uma molécula. Além disso, frequentemente é

possível a informação estrutural a respeito de uma molécula, pela medida das

massas dos fragmentos produzidos quando as moléculas são fragmentadas

(McMURRY, 2005). A massa molecular permite estabelecer a fórmula molecular da

substância, enquanto o padrão de fragmentação pode ajudar a caracterizar a

presença, bem como a localização de certos grupos funcionais e de cadeias

laterais (FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004). Ele pode ser acoplado ao

aparelho de cromatografia gasosa (CG/MS), que permite tanto a identificação como

a quantificação de componentes de baixo peso molecular, mesmo com misturas

complexas. É uma técnica muito utilizada para a análise de óleos voláteis

(FALKENBERG; SANTOS; SIMÕES, 2004; PAVIA, et al., 2010).

A espectroscopia de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C

complementa a espectrometria de massas e a espectroscopia na região do

infravermelho, fornecendo um “mapa” do esqueleto carbono-hidrogênio de uma

molécula orgânica. Juntas, as três técnicas possibilitam a determinação das

estruturas de moléculas muito complexas (McMURRY, 2005).

48

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Coleta do material vegetal

Drimys brasiliensis foi coletada em Rancho Queimado, localizado no estado

de Santa Catarina em Maio de 2008. A identificação foi realizada anteriormente

pelos botânicos Jasper José Zanco (UNISUL) e Prof. Dr. Ademir Reis (UFSC) e

teve como resultado a espécie Drimys brasiliensis Miers subsp. sylvatica (Saint

Hilaire) Ehrendofer L. Gott sb. Uma exsicata está depositada no Herbário Barbosa

Rodrigues (HBR, Itajaí – SC) sob número HBR-2031.

4.2 Materiais e reagentes

O perfil cromatográfico por CCD dos extratos e substâncias puras obtidas foi

realizado utilizando-se placas de sílica gel 60 GF254, de 20 µm de espessura

preparada sobre folhas de alumínio da Merck. Diferentes sistemas de eluentes

foram utilizados dependendo da polaridade das amostras. Após a eluição as

cromatoplacas foram visualizadas sob luz ultravioleta antes da revelação destrutiva

da amostra. Como revelador na CCD foi utilizado o anisaldeído sulfúrico (AS)

(identificação de terpenos e esteróides). As cromatoplacas foram vaporizadas com

AS e, em seguida, aquecidas à temperatura de 105°C.

Nos procedimentos de cromatografia em coluna, foi utilizada como fase

estacionária, sílica gel 60 (Merck) de granulometria 70-230 mesh ( = 0,063 – 0,20

mm). O diâmetro e altura das colunas foram selecionados de acordo com a

quantidade do material a ser cromatografado. A eluição foi realizada com solventes

orgânicos em ordem crescente de polaridade. Os solventes utilizados foram

hexano (Hex), acetato de etila (AcOEt) e metanol (CH3OH) provenientes dos

Laboratórios Dinâmica, Quimex ou Vetec. As frações coletadas foram reunidas

conforme as semelhanças de fator de retenção (Rf) identificadas na CCD.

Para análise de RMN de 1H e RMN de 13C foram utilizados solventes

deuterados (acetona, clorofórmio e metanol), provenientes da Cambridge Isotope

Laboratories Inc.

49

Além dos reagentes citados acima, foram utilizados acetona, clorofórmio,

éter, metanol (CH3OH), diclorometano (DCM) e sulfato de sódio, provenientes

comercialmente dos Laboratórios Dinâmica, Quimex e Vetec.

4.3 Equipamentos

Para visualização da fluorescência das substâncias rastreadas por CCD, foi

utilizada radiação ultravioleta Minerallight ( = 254 e 366 nm) em câmara de UV-

DIST.

Os espectros de RMN de 1H e RMN de 13C foram realizados em

espectrômetro BRUKER AC-300F em 300 MHz; tendo como referência interna o

tetrametilsilano (TMS) ou o próprio solvente. Os deslocamentos químicos foram

registrados em valores adimensionais (ppm).

Os extratos foram concentrados em rotavapor TECNAL TE-2II com controle

de temperatura, e pesados em balança analítica SHIMADZU LIBROR-AEG-220 e

SHIMADZU LIBROR EB-33OD.

4.4 Obtenção dos extratos de D. brasiliensis

As cascas de D. brasiliensis (774,33 g) foram secas em estufa a 40ºC por

cinco dias, pulverizadas em um triturador, e posteriormente extraídas por

maceração com clorofórmio (CHCl3) e metanol (CH3OH) a temperatura ambiente

por 10 dias cada. Optou-se por este tipo de extração, pois o particionamento não

consegue separar as substâncias de interesse farmacológico presentes no material

vegetal. Já quando se utiliza como solventes primeiramente o CHCl3 e após ele o

CH3OH a separação é bem mais satisfatória. Os sesquiterpenos drimanos,

principal classe de compostos presentes na casca e objeto de estudo de nosso

trabalho, é extraído mais facilmente no extrato clorofórmico. Os extratos foram

concentrados em rotavapor com pressão reduzida para eliminação do solvente,

obtendo-se 31,2 e 62,6 g dos respectivos extratos.

Os caules (cerca de 700 g), foram processados da mesma forma obtendo-se

17,6 e 14,8 g de extrato de CHCl3 e CH3OH, respectivamente.

50

De 250 g de folhas foram obtidos similarmente rendendo 24,5 e 10,6 g de

extrato de CHCl3 e CH3OH, respectivamente.

4.5 Fracionamento do extrato CHCl3 das cascas de D. brasiliensis

Na figura 6 está apresentado o fluxograma dos procedimentos

cromatográficos realizados com o extrato clorofórmico das cascas de D. brasiliensis

Miers. Este extrato compreende a fração mais rica de substâncias que possuem

atividades biológicas comprovadas em estudos anteriores. O extrato e as frações

que foram submetidas ao processo cromatográfico foram eluídas com hexano

(Hex) 100%, posteriormente misturas de Hex e AcOEt aumentando gradativamente

a polaridade e finalizando com EtOH 100%. As frações de cada coluna foram

reunidas de acordo com a semelhança observada por CCD e reveladas por

anisaldeído sulfúrico (AS) sob aquecimento a 105°C.

O extrato CHCl3 das cascas (24,73 g) foi submetido à coluna cromatográfica

(CC) utilizando como fase estacionária sílica gel (238,62 g, int 5,4 cm). Esta coluna

foi denominada coluna 1. Foram coletadas 70 frações. O volume de cada fração

variou de 100 a 20 mL. Da fração 9-21 uma substância denominada de DBF-1

(100,80 mg) foi isolada.

Com o sobrenadante da fração 4-21 (1,47 g) da coluna 1 foi realizado nova

CC de sílica gel (86,61 g, int 3,5 cm), denominada coluna 2. Foram coletadas 105

frações com aproximadamente 15 mL cada. A coluna 3 foi realizada com a fração

26-35 (650,00 mg) proveniente da coluna 2. A coluna foi empacotada com sílica

gel (20,00 g, int 2,5 cm). Foram coletadas 111 frações com aproximadamente 15

mL cada. Da fração 70-71 foi obtida uma substância denominada DBJ-70 (360,00

mg). Da fração 100-105 foi obtida uma substância denominada DBJ-100 (15,40

mg).

A coluna 4 foi realizada com a fração 26-30 (1,29 g) da coluna 1, com sílica

gel (33,72 g, int 3,0 cm). Foram coletadas 61 frações com aproximadamente 15 mL

cada. A coluna 5 foi realizada com a fração 4-8 (690,30 mg) proveniente da

coluna 4, com sílica gel (25,90 g, int 2,5 cm). Foram coletadas 48 frações com

aproximadamente 15 mL cada. Da fração 11-18 foi obtida uma substância

denominada DBI-11 (52,75 mg).

51

A coluna 6 foi realizada com a fração 31-38 (1,59 g) da coluna 1. A coluna

foi empacotada com sílica gel (20,22 g, int 2,0 cm). Foram coletadas 135 frações

com aproximadamente 15 mL cada. Foi obtida da fração 8-11 uma substância

denominada DBK-11 (205,30 mg). Da fração 17-21 foi obtida uma substância

denominada DBK-17 (48,10 mg). Da fração 29-43 foi obtida uma substância

denominada DBK-29 (189,60 mg).

A coluna 7 foi realizada com a fração 39-45 (1,75 g) da coluna 1. Como

fase estacionária utilizou-se sílica gel (79,17 g, int 3,5 cm). Foram coletadas 70

frações com aproximadamente 15 mL cada. A coluna 8 foi realizada com a fração

24-33 (595,20 mg) da coluna 7, utilizando com fase estacionária sílica gel (54,19 g,

int 2,5 cm). Foram coletadas 30 frações com aproximadamente 15 mL cada. Foi

obtido da fração 04-05 uma substância denominada DBX-04 (39,30 mg) e da

fração 09 uma substância denominada DBX-09 (41,40 mg).

A coluna 9 foi realizada com a fração 48-55 (3,74 g) proveniente da coluna

1. Utilizou-se sílica gel (75,89 g, int 3,5 cm) para o empacotamento. Foram

coletadas 91 frações com aproximadamente 15 mL cada. Foi obtido da fração 11-

20 uma substância denominada DBP-11 (204,00 mg), da fração 21-30 uma

substância denominada DBP-21 (128,30 mg) e da fração 44-47 uma substância

denominada DBP-44 (1,61 g).

A coluna 10 foi realizada com a fração 56-59 (3,60 g) da coluna 1. Como

fase estacionária utilizou-se sílica gel (138,70 g, int 5,4 cm). Foram coletadas 60

frações com aproximadamente 15 mL cada. Foi obtida da fração 25-46 uma

substância denominada DBV-25 (2,00 g) e da fração 50-55 um substância

denominada DBV-50 (175,34 mg).

As substâncias isoladas nos diversos procedimentos foram analisadas por

RMN para elucidação de sua estrutura. Outras colunas foram realizadas na

tentativa do isolamento das substâncias de interesse farmacológico. No entanto,

foram omitidas no presente trabalho por não ser possível obter nenhuma

substância, com elevado grau de pureza.

52

Figura 6: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico das cascas de D. brasiliensis.

53

4.6 Atividade biológica

4.6.1 Avaliação da citotoxicidade

A citotoxicidade dos extratos e substâncias isoladas foram avaliadas nas

células K562 (Leucemia mielóide / eritroleucemia Ph+), Nalm6 (Leucemia Linfóide

Aguda B), MCF-7 (adenocarcinoma de mama humano (Homo sapiens) (BCRJ

CR119)) e B16F10 (melanoma murino (Mus musculus C57BL/6J)). Utilizou-se o

ensaio de redução do azul de tetrazólio ou 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-

difeniltetrazólio brometo (MTT) (Sigma) que permite avaliar a viabilidade celular

daquelas que crescem aderidas à superfície das placas. Na figura 7 tem-se um

esquema de redução do MTT, que em meio biológico, ocorre pela enzima

mitocondrial succinato desidrogenase.

N+

N

N

N

N

S

N

NH

N

N

N

SBr-

Figura 7: Metabolização do MTT em sais de formazan em células viáveis.

Os testes de citotoxicidade das células K562, Nalm6, MCF-7 e B16F10 foram

realizados tanto no Centro Integrado de Pesquisa Oncológica da Infância (CIPOI),

UNICAMP sob a colaboração de Alexandre Nowill e Gilberto Carlos Franchi Júnior,

como também foram realizado no Laboratório de Cultivo Celular Animal da UNIVALI

sob a colaboração do Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas.

Neste teste, o sal de tetrazólio (MTT), sofre uma redução pela enzima

desidrogenase nas mitocôndrias das células vivas, sendo convertido em sal de

formazan, onde há formação de cristais de cor azulada, que após diluição por

dimetilsulfóxido (DMSO), permite-se a quantificação da viabilidade celular em leitor

de microplacas. A atividade enzimática mitocondrial e a viabilidade celular são

54

proporcionais a intensidade da cor, quanto mais cor mais atividade é gerada

(MOSMANN, 1983).

As células foram plaqueadas, em placas de 96 poços, a 2 x 104 células/poço e

incubadas com 300 µL de meio Dulbecco’s Modified Eagle’s Minimum Essential

Médium (DMEM) suplementado com soro fetal bovino (SFB) a 10% (SFB), 1% de

aminoácidos não essenciais e 2 mM de L-glutamina, por 24h a 37ºC em 5% CO2. A

fim de manter todas as células em um mesmo estágio da divisão celular (Go), o meio

DMEM com SFB foi substituído por 180 μL de meio DMEM sem SFB e incubado por

1h a 37ºC em 5% CO2. Posteriormente, foram adicionadas 20 μL das substâncias

testes nas diferentes concentrações (0,01; 0,1; 1,00; 10, 100 e 1000 μg/mL), do

controle positivo DMSO e do controle negativo (meio DMEM sem SFB) e incubadas

por 48h a 37ºC em 5% CO2.

Após este tempo foi retirado o meio e adicionado 270 L de DMEM sem SFB

e 30 µl de MTT (5 mg/mL) e incubadas por 4h a 37ºC em 5% CO2. O meio

juntamente com o MTT foi retirado, e os cristais de formazan insolúveis foram

dissolvidos em 100 µL de DMSO. A determinação da absorbância foi realizada em

leitor de microplaca a 570 nm (MOSMANN, 1983). A viabilidade relativa das células

relacionadas ao controle sem as substâncias testes foi calculada conforme equação

1.

A utilização de fármacos antitumorais na avaliação da viabilidade celular foi

realizada para fins comparativos em relação aos extratos e substâncias isoladas. A

Vincristina e o Paclitaxel foram testados em apenas células K562, Nalm6 e B16F10.

O DMSO foi utilizado como controle interno positivo, enquanto o meio de cultura

DMEM sem SFB foi utilizado como controle negativo, com viabilidade celular igual a

100%.

Viabilidade relativa = Absorbância da amostra teste x 100 Equação 1

Absorbância do controle

4.6.2 Avaliação da atividade leishmanicida

Os testes de atividade leishmanicida em culturas in vitro das linhagens das

formas promastigotas de L. amazonensis (PH8), L. brasiliensis (M2903) e L.

donovani (PP75) foram realizados no Instituto de Investigaciones Fármaco

55

Bioquímicas (IIFB/UMSA), La Paz, Bolívia sob a colaboração da equipe do Dr.

Alberto Giménez, Dr. Efraín Salamanca e Dra. Graice Ruiz.

As culturas in vitro dos parasitas foram cultivadas em 26ºC em meio

Schineider suplementado com 5% de inativos (56ºC x 30 min) em SFB. Parasitas na

fase logarítmica de crescimento, na concentração de 1 x 106 parasitas/mL, foram

distribuídas em placas de 96 poços em diferentes concentrações das substâncias

(100, 50 e 25 μg/mL) foram adicionados. Pentamidina e a Glucantime (50-100

μg/mL) foram utilizadas como fármacos de referência durante as avaliações que

foram feitas em triplicata. A concentração inibitória CI50 das substâncias ativas foi

determinado pela interpolação linear da curva típica obtida plotando o logaritmo da

concentração versus o percentual de inibição, usando como programas de

informática para o Logit, o Probit e análise da regressão polinomial.

4.6.3 Avaliação da atividade plasmodicida

Os testes de atividade plasmodicida em culturas in vitro das linhagens das

formas trofozoítas de Plasmodium falciparum (F32-Tanzânia, linhagem sensível a

Cloroquina, gentilmente cedido pelo Dr. Fandeur T., do Instituto Pasteur, Kênia)

foram realizados no Instituto de Investigaciones Fármaco Bioquímicas (IIFB/UMSA),

La Paz, Bolívia sob a colaboração da equipe do Dr. Alberto Giménez, Dr. Efraín

Salamanca e Dra. Graice Ruiz.

Os parasitas foram cultivados em meio Instituto Roswell Park Memorial

(RPMI) 1640 suplementado com 10% de soro humano e 4% de hematócrito (sangue

do grupo O, RH+) a 37ºC em meio anaeróbico (TRAGER; JENSEN, 1976). Os

parasitas foram sincronizados até 1% de parasistemia e 2% de hematócrito e foram

distribuídos no volume de 100 μL em placas de 96 poços em duplicata. 100 μL de

cada diluição da substância (em DMSO, com no máximo 0,1% na concentração

final) foram adicionados nos poços. Em seguida os parasitas foram encubados a

37ºC por 48 horas. Um esfregaço foi fixado em CH3OH e corado com Giemsa. A

atividade antiplasmodial foi determinada pela observação no microscópio expressos

em percentual de inibição (% Inh.) de acordo com a equação 2:

56

% Inh. = (GRL - GRI) X 100 Equação 2

GRL

GRL = glóbulos vermelhos não-infectados;

GRI = células infectadas.

A concentração de inibição de 50% em maturação esquizonte (CI50) foi

realizada através do método gráfico usando o programa CRIKET GRAPH 1.3, sobre

os ativos que apresentavam um CI50 < 10 μg/mL.

4.7 Análise estatística

A CI50 foi determinada pelo método de linearização de PROBITOS das

viabilidades celulares em função da concentração ou aproximada através da

regressão sigmoidal utilizando o software Origin 5.0, para o experimento com

células, utilizando-se em função do log das concentrações aplicadas.

57

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Extração

A extração dos metabólitos secundários das cascas, caules e folhas da D.

brasiliensis, foi realizada por maceração, utilizando o clorofórmio como solvente para

extrair as substâncias menos polares e, posteriormente, cada uma das partes foi

submetida à nova extração com metanol. Neste procedimento foram extraídas as

substâncias mais polares. Os rendimentos obtidos neste processo se encontram na

tabela 1.

Utilizou-se a maceração por utilizar solvente a frio, o que impede a

decomposição dos metabólitos secundários extraídos. Outro cuidado importante foi à

utilização do rotavapor com uma temperatura controlada (> 400C) e pressão

reduzida evitando a formação de possíveis artefatos ou decomposição das

substâncias comprometendo assim nos resultados obtidos no trabalho.

Tabela 1: Rendimentos das cascas, caules e folhas de D. brasiliensis Miers dos extratos CHCl3 e CH3OH em relação ao material vegetal utilizado.

Parte da

Planta

Quantidade de

Material (g)

Extrato Bruto (g)

Rendimento (%)

Rendimento Total (%) CHCl3 CH3OH CHCl3 CH3OH

Cascas 774,33 31,20 62,60 4,02 8,08 12,10 Caules 700,00 17,60 14,80 2,51 2,11 4,62 Folhas 250,00 24,50 10,60 9,80 4,24 14,04

As cascas e as folhas apresentaram rendimentos semelhantes, porém nas

cascas o maior rendimento foi de substâncias polares enquanto que nas folhas foi

de substâncias apolares. Nos caules observou-se rendimentos similares entre

substâncias apolares e polares. A porcentagem total de massa extraída nos caules

foi de aproximadamente 1/3 das outras partes, em relação aos outros órgãos

vegetais.

Um dos fatores que pode ser considerado para justificar as diferenças de

massa entre as partes analisadas é a rigidez dos tecidos que compõem cada órgão

vegetal, facilitando ou não a penetração do solvente. As cascas são constituídas por

tecido vegetal morto chamado felogênio que é constituído por substâncias de origem

do desenvolvimento secundário das plantas. Estes substâncias atuam na proteção

58

da planta contra doenças e pragas bem como em processos alelopáticos. Os caules

são os responsáveis pela passagem da seiva bruta e elaborada das raízes para as

folhas, além de sustentação da árvore e produção de folhas. Tem como principal

função o transporte dos nutrientes. Já as folhas são as responsáveis em captar a

energia solar e utilizá-la na fotossíntese para a produção das mais variadas

substâncias de que a planta precise. Desempenham importantes papéis

antialimentares e alelopáticos (GLORIA e GUERREIRO, 2003).

Quanto maior a fragmentação do material vegetal, maior será a superfície de

contato e consequentemente maior será o poder de penetração do solvente para a

dissolução dos princípios ativos vegetais, consequentemente maior será o

rendimento do processo extrativo.

5.2 Fracionamento do extrato CHCl3 das cascas de Drimys brasiliensis

Os extratos brutos das cascas, caules e folhas foram avaliados por CCD para

a verificação dos seus respectivos perfis cromatográficos. Foi observado que o perfil

cromatográfico dos extratos eram bem distintos entre si. Com base em estudos

anteriores utilizando o extrato das cascas, foi detectada a presença dos

sesquiterpenos drimanos, a principal classe de interesse, devido aos efeitos

farmacológicos promissores (MORTON, 1981; SIMÕES, et al., 1986; CECHINEL

FILHO, et al., 1998; MENDES, et al., 1998; CUNHA, et al., 2001; MALHEIROS,

2001; ANDRÉ, et al., 2004; JANSEN e GROOT, 2004; MALHEIROS, et al., 2005).

Neste aspecto, o extrato CHCl3 das cascas foi o selecionado para os processos

cromatográficos. Este então foi submetido a sucessivas colunas cromatográficas, e

as substâncias puras foram analisadas em RMN 1H e RMN 13C.

Para um melhor entendimento nos processos cromatográficos realizados,

optou-se apresentar um breve resumo das colunas, bem como as substâncias

isoladas, separando-as apenas por diferença de polaridade e classe estrutural.

Nas figuras 8, 15, 23 e 32 nas páginas 61, 68, 77 e 87, respectivamente,

estão demonstrados os procedimentos cromatográficos que foram realizados para o

isolamento das moléculas bioativas pertencentes a diferentes classes de metabólitos

secundários.

59

5.3 Identificação das substâncias isoladas de D. brasiliensis

Os processos cromatográficos realizados com as cascas de D. brasiliensis

levaram ao isolamento do aromadendrano DBJ-70 espatulenol (33), do ácido graxo

insaturado DBJ-100 (34) e do glicerídeo DBF-1 (35) ambos ainda sem identificação,

das lignanas DBK-29 e DBX-04 (-) hinoquinina (37) e DBX-09, não identificado (38),

e os sesquiterpenos drimanos DBI-11 e DBK-11 poligodial (16), DBK-17, não

identificado (36), DBP-11 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol (39), DBP-21 1-β-

O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol (40), DBP-44 1-β-(p-metoxicinamil)-

poligodial (17), DBV-25 drimanial (20), DBV-50 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (24).

H

HHH

OH

Espatulenol (33)

Dos compostos isolados, o espatulenol (33), é encontrado em apenas D.

brasiliensis, que segundo Limberger e colaboradores (2007), a presença deste

sesquiterpeno incomum da classe dos aromadendranos o transforma num

biomarcador.

n n

MeCOOH

n nMe

OO

H2

ROO

H

ROO

H2

Ácido graxo Insaturado (34) Glicerídeo (35)

O DBJ-100 (34) e o DBF-1 (35) ambos pertencentes à classe dos ácidos

graxos insaturados são relatados nas folhas e caules (BROWN, 1994).

60

OOO

O

O O

HH

(-) Hinoquinina (37)

A (-) hinoquinina (37) está sendo reportada na D. brasiliensis pela primeira

vez. Tanto na família Winteraceae quanto no gênero Drimys, foram isoladas a

mistura de α e β-cubebina (BROWN, 1994; MALHEIROS, et al., 2001; NAKANO, et

al., 1999). O DBX-09 (38), que também pertence à classe das lignanas, ainda está

em fase de identificação.

CHO

CHO

H

123

45

67

89

11

12

10

13 14

15

Poligodial (16)

O

O

MeO

OOH

H

H

O

O

MeO

OH

OOH

H

H

5

1-β-O-p-metoxi-E-cinamil- 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-

isodrimeninol (39) hidroxi-isodrimeninol (40)

61

O

O

MeO

CHO

CHO

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial (17) Drimanial (20)

O

O

OH

CHO

CHO

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (24)

Dos sesquiterpenos drimanos isolados, o poligodial (16), o 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial (17), o drimanial (20) e o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (24)

já haviam sido isolados das cascas de D. angustifolia e D. brasiliensis (CORTÉS;

OYARZÚN, 1981; SIERRA, et al., 1986; BROWN, 1994; CECHINEL FILHO, et al.,

1998; MALHEIROS, 2001). O DBK-17 (36) ainda não foi identificado. Os 1-β-O-p-

metoxi-E-cinamil-isodrimeninol (39) e o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-

isodrimeninol (40) estão sendo relatados pela primeira vez na literatura.

5.3.1 Identificação do Espatulenol

A substância DBJ-70 foi isolada da fração 70-71 da coluna 3, de D.

brasiliensis, como um óleo fixo. Foi obtido 603,50 mg, com um rendimento

equivalendo a 2,44% em relação ao extrato bruto. Este composto foi solúvel em

clorofórmio e acetona. O fluxograma de obtenção do espatulenol está na figura 8. A

sua estrutura foi confirmada através das análises espectroscópicas de RMN 1H e 13C

como Espatulenol (Figuras 9 a 12).

62

Figura 8: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico de D. brasiliensis mostrando o isolamento do Espatulenol.

O espectro de RMN 1H (Figura 9 e 10) mostra sinais característicos de anel

ciclopropânico em δH 0,46 (dd, J = 11,3 e 9,6 Hz) referente ao H-6 e em δH 0,72 (m)

referente ao H-7. Estes sinais são indicativos de esqueleto aromadendrano. Os

sinais apresentam em regiões baixas devido ao efeito de blindagem exercido pelo

anel ciclopropânico. O sinal em δH 4,68 (d, J = 7,2 Hz) é referente ao hidrogênio da

dupla ligação ligado ao anel cicloheptânico H-14. Os hidrogênios ligados a uma

ligação dupla (hidrogênio vinila) são desblindados pela anisotropia da ligação dupla

adjacente. Os hidrogênios das metilas H-12, H-13 e H-15 estão em δH 1,25, 1,28 e

1,05, respectivamente. Os hidrogênios metilênicos encontram-se de δH 2,50 a 1,50.

Estes se encontram desblindados devido à proximidade com o oxigênio e a dupla

63

ligação. Sinais do grupamento metila, em geral, são separados de outros tipos de

hidrogênios, sendo encontrados em deslocamentos químicos mais baixos. Contudo,

mesmo quando os hidrogênios metila estão dentro de um aglomerado não resolvido

de sinais, os sinais referentes às metilas podem frequentemente ser reconhecidos

como picos isolados agudos, dupletos ou tripletos que, com certeza, emergem das

absorções de outros tipos de hidrogênios.

No espectro de RMN 13C com auxílio do DEPT 135 que diferencia carbonos

ligados a 1, 2 ou 3 hidrogênios, (Figuras 11 e 12) foram detectados em δC 29,7 e

27,4 relativos aos carbonos do anel ciclopropânico C-6 e C7, respectivamente. Em

δC 153,5 e em 106,3 atribuído aos carbonos oleifínicos C-10 e C-14,

respectivamente. O C-10 é um carbono sem hidrogênio, por isso no espectro de

DEPT o seu sinal não aparece. Em δC 28,6, 16,3 e 26,0 estão os sinais das metilas

C-12, C-13 e C-15, respectivamente. Há também o sinal do carbono carbinólico em

δC 81,1, atribuído a C-4. Este carbono possui um grupamento hidroxila que não pôde

ser detectado no espectro de 1H, pois provavelmente houve a troca deste H por

deutério do solvente. Na tabela 2 estão apresentados os dados de RMN para a

substância isolada e a comparação com dados da literatura para o espatulenol

(LAGO; ROQUE, 2009).

Figura 9: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70.

H

HHH

OH1

2

3

4 5

6 7

8

910

11

1213

14

15

64

Figura 10: Ampliações do espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70: a) de 7,5 a 3,5 ppm; b) de 2,5 a 1,5 ppm; c) de 1,4 a 0,4 ppm.

a)

b)

c)

H

HHH

OH1

2

3

4 5

6 7

8

910

11

1213

14

15

65

Figura 11: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70.

Figura 12: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-70.

H

HHH

OH1

2

3

4 5

6 7

8

910

11

1213

14

15

66

Tabela 2: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBJ-70 comparando com dados da literatura para o Espatulenol.

H

HHH

OH1

2

3

4 5

6 7

8

910

11

1213

14

Posição

DBJ-70 1H (ppm) mult. J (Hz)

Espatulenol* 1H (ppm) mult. J (Hz)

DBJ-70 13

C / DEPT

Espatulenol* 13

C / DEPT

1 2,42, dd, (J= 14,1; 6,6) 2,39, dd, (J= 14,1; 6,3) 53,4 / CH 53,4 / CH

2 26,7 / CH2 26,7 / CH2

3 41,7 / CH2 41,8 / CH2

4 81,1 / C 81,0 / C

5 54,3 / CH 54,4 / CH

6 0,46, dd, (J = 11,3; 9,6) 0,46, dd, (J = 11,2; 9,5) 29,9 / CH 29,9 / CH

7 0,70, m 0,72, ddd, (J = 11,2; 9,5;

6,1)

27,5 / CH 27,5 / CH

8 24,8 / CH2 24,8 / CH2

9 38,9 / CH2 38,9 / CH2

10 153,5 / C 153,5 / C

11 20,3 / C 20,3 / C

12 1,25, s 1,25, s 28,7 / CH3 28,7 / CH3

13 1,28, s 1,28, s 16,3 / CH3 16,3 / CH3

14 4,69 / 4,68, d, (J = 7,2) 4,69 / 4,66, s 106,3 / CH2 106,3 / CH2

15 1,05, d, (J = 5,1) 1,06, s 26,1 / CH3 26,1 / CH3

Solvente CDCl3

300 MHz

CDCl3

200 MHz

CDCl3

75 MHz

CDCl3

50 MHz

*(LAGO; ROQUE, 2009).

Os aromadendranos derivam dos terpenóides. O precursor farnesil pirofosfato

pode formar tanto sesquiterpenos lineares quanto cíclicos devido ao aumento da sua

cadeia e das ligações duplas adicionais que realiza, permitindo assim um aumento

na flexibilidade da cadeia e a formação de um maior número de esqueletos. Estas

ciclizações podem dar origem a estruturas mono, di, ou tricíclicas. Também pode

haver mudança na estereoquímica da dupla ligação, podendo esta adotar a

configuração E (como no farnesil pirofosfato) ou Z por via da ionização como no

caso do geranil/neril pirofosfato (DEWICK, 2009).

Deste precursor diversos grupos são formados, de acordo com o tipo de

ciclização dos anéis (figura 13).

67

OPP

OPP

+

+

+

+

+

+

OPP

+

+

+

2

3

1

56

78

910

11

12

13

14

15

4

E

E

E

Z

Grupo

Germacrano

Grupo

Humulano

Grupo

Cariofilano

Grupo

Cadinano

Grupo

Bisabolano

Grupo

Carotano

Grupo

Drimano

Figura 13: Esquema para obtenção dos principais grupos de sesquiterpenos gerados a partir do precursor farnesil pirofosfato (Adaptado de: DEWICK, 2009).

A estrutura do espatulenol foi confirmada pela presença do esqueleto

hidroazulênico fundido ao anel ciclopropânico, peculiar de aromadendranos, com

uma insaturação. O biciclogermacreno é um metabólito intermediário dos

aromadendranos que ao ser oxidado transforma-se em espatulenol (Figura 14).

68

H

H

OH

H

HHH

OH

H

HOH

H

H

Germacreno-D Biciclogermacreno Macrocarp-11(15)-en-8-ol

Espatulenol

Figura 14: Provável rota biossintética do sesquiterpeno Espatulenol. (Adaptado de CHAVES, et al., 2003).

Os aromadendranos apresentam diversas atividades biológicas como:

antifúngica, antibacteriana e toxicidade (LIMA; BEATRIZ; RAMOS, 1997; MOREIRA,

et al., 2003), antitripanocida, antiviral, regulação no crescimento de plantas e

citotóxica (ATAWODI; ALAFIATAYO, 2007). Perez-Hernandez e colaboradores

(2008) avaliaram o efeito espasmódico em útero de ratas e demonstraram que o

espatulenol foi o terpeno mais potente. Ele possui um efeito relaxante direto sobre a

contração tônica induzida por soluções despolarizantes da musculatura lisa do útero

de forma dependente, impedindo a contração causada pelo acúmulo de Ca2+. O

efeito espasmolítico do espatulenol não depende de NO e/ou receptores

adrenérgicos, pois ele atua diretamente nos canais de cálcio sensíveis a voltagem-

dependente.

Tanto na família Winteraceae quanto no gênero Drimys são relatados

substâncias contendo o esqueleto aromadendrano. O biciclogermacreno e a

ciclocolorenona estão presentes no óleo essencial das folhas frescas e das cascas

de D. angustifolia (LIMBERGER et al., 2007), no óleo essencial de cascas de D.

winteri (CICCIÓ, 1997; BARRERO, et al., 2000) e no óleo das folhas e dos frutos de

D. granadensis (CICCIÓ, 1997). O óleo das folhas de D. brasiliensis mostrou-se rico

em ciclocolorenona, um sesquiterpeno incomum da classe dos aromadendranos

(SCHMIDT, et al., 1999). A presença do espatulenol apenas na D. brasiliensis o

transforma num candidato a biomarcador para o controle de matéria prima vegetal,

69

tendo em vista o alto rendimento em relação ao extrato bruto e sua excelente

atividade farmacológica.

5.3.2 Identificação do Ácido Graxo Insaturado

A substância DBJ-100 foi isolada da fração 100-105 da coluna 3, de D.

brasiliensis, como um óleo fixo. Foi obtido aproximadamente 15,40 mg, com um

rendimento equivalendo a 0,06% em relação ao extrato bruto. Este foi solúvel em

diclorometano e acetona. O fluxograma de obtenção do ácido graxo está na figura

15. A estrutura foi identificada como um derivado de ácido graxo insaturado (Figuras

16 e 17).

Figura 15: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico de D. brasiliensis mostrando o isolamento do Ácido Graxo Insaturado e do Glicerídeo.

70

No espectro de RMN 1H (Figura 16) foi observado o hidrogênio da metila

terminal do ácido graxo em δH 0,86 (m), os hidrogênios dos grupos metilenos estão

entre δH 1,20 e 1,50. Em alcanos alifáticos ou hidrocarbonetos saturados, todas as

absorções de CH são tipicamente encontradas em aproximadamente 0,7-1,7 ppm, e

os hidrogênios olefínicos em δH 5,34 (d, J = 5,10 Hz).

No espectro de RMN 13C (figura 17) observam-se os sinais dos carbonos

metílicos em δC 14,1, os carbonos metilênicos entre δC 22,0 e 34,0. Entre δC 128,0 a

130,2 encontram-se cinco sinais característicos dos carbonos insaturados. Isto

indica que pode ser uma mistura de ácidos mono ou poliinsaturados. O sinal

característico do carbono da carboxila aparece em δC 179,0.

Figura 16: Ampliação do espectro de RMN de 1H do DBJ-100 (300 MHz, CDCl3/TMS) de 5,5 até 0,5 ppm.

n n

MeCOOH

71

Figura 17: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBJ-100.

5.3.3 Identificação do Glicerídeo

A substância DBF-1 foi isolada da primeira coluna do extrato bruto

clorofórmico, de D. brasiliensis, como um sólido branco amorfo. Foi obtido

aproximadamente 100,80 mg, com um rendimento equivalendo a 0,40% em relação

ao extrato bruto, solúvel em clorofórmio e acetona. O fluxograma de obtenção do

glicerídeo está na figura 15. Os valores dos deslocamentos químicos de RMN

(Figuras 18 a 20) indicam que a substância DBF-1 é um glicerídeo derivado de ácido

graxo insaturado.

No espectro de RMN 1H (Figura 18), observam-se os hidrogênios dos grupos

metilas terminais dos ácidos graxos em δH 0,89 (t, J = 6,60 Hz), os hidrogênios dos

grupos metilenos em δH 1,25 (s), bem como os multipletos em δH 1,60, 2,05 e 2,34.

Os hidrogênios externos do glicerol estão entre δH 4,10 e 4,66; o hidrogênio interno

do glicerol em δH 5,34 (m) e os hidrogênios ligados aos carbonos insaturados em δH

5,56 (m).

n n

MeCOOH

72

No espectro de 13C e DEPT 135 (Figura 19 e 20), observam-se os sinais dos

carbonos metílicos em δC 14,1; os carbonos metilênicos entre δC 22,7 e 34,1. Entre

δC 60,0 e 70,0 encontram-se os sinais característicos do glicerol. Os sinais dos

carbonos das carboxilas aparecem entre δC 174,0 e 179,0.

Tanto na família Winteraceae quanto no gênero Drimys não são relatados os

glicerídeos.

Figura 18: a) Espectro de RMN 1H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBF-1; b) expansões de 6,0 a 3,5 ppm; c) expansões de 2,4 a 0 ppm.

n nMe

OO

H2

ROO

H

ROO

H2

a)

b)

c)

73

Figura 19: a) Expansão do espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBF-1 de 120 a 14 ppm.

Figura 20: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBF-1.

n nMe

OO

H2

ROO

H

ROO

H2

74

Os lipídeos (óleos fixos, gorduras e ceras) são ésteres de ácidos graxos e

alcoóis de cadeia longa, ou derivados afins. A principal diferença entre estas

substâncias é o tipo de álcool; nos óleos fixos e nas gorduras, o glicerol combina-se

com os ácidos graxos, já nas ceras o álcool tem um peso molecular diferente,

influenciando no comportamento da molécula (HORNSTRA, 2002).

Ambos são muito importantes, sendo utilizados principalmente para fins

farmacológicos, industriais e nutricionais. Diferem apenas no ponto de fusão; os que,

em temperatura ambiente são líquidos, recebem o nome de óleos fixos; os que são

sólidos ou semi-sólidos recebem o nome de gorduras. Os óleos e as gorduras

vegetais podem ocorrer em várias partes da planta, mas em vias de regras, as

sementes contêm quantidades maiores de gorduras e óleos que outras partes da

planta (LENINGER; NELSON; COX, 2002).

Os óleos fixos e as gorduras são compostos predominantemente por

triacilgliceróis, que tem ácidos graxos diferentes ou idênticos nas três posições

hidroxila da molécula de glicerol. O nome ácido graxo designa qualquer um dos

ácidos monocarboxílicos alifáticos que podem ser liberados por hidrólise de gorduras

e óleos naturais. Os principais ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados,

com uma cadeia de carbono não ramificada de número par. Em geral, os

triacilgliceróis dos ácidos graxos insaturados são líquidos, já os saturados com

comprimento de cadeia suficiente são sólidos. A predominância de um tipo ou de

outro num óleo determina se a mistura é líquida ou sólida. Além dos triglicerídeos,

também existem em menores quantidades os monoacilgliceróis e os diacilgliceróis.

Estes são intermediários na síntese dos triacilgliceróis (VALENZUELA; NIETO, 2001;

2003; GONZÁLES, 2002; HORNSTRA, 2002; SILVA, et al., 2007).

Na biossíntese dos lipídeos (figura 21), as partes de ácido graxo são

formadas a partir de Acetil-CoA e de Malonil-CoA através de várias reações, onde

enzimas individuais catalisam a formação de ácidos graxos nos cloroplastos. Os

intermediários da síntese são ligados covalentemente aos grupos sulfidrila de uma

proteína carreadora de acila (ACP), que carreia todos os intermediários durante a

síntese. A cadeia de ácidos graxos em crescimento é alongada pela adição

consecutiva de duas unidades de carbono, derivadas da acetil-CoA, mas o doador

ativado dessas unidades é a malonil-ACP. A energia que ativa o processo de

alongamento está conjugada a carboxilação da acetil-CoA, dependente de ATP,

75

para formar malonil-CoA e a subseqüente descarboxilação do grupo malonil na

reação de condensação (LENINGER; NELSON; COX, 2002).

CoA

O O

-O

O

CoA

CoA

O

CO2

ATP

+

Acetil-CoA Acetil-ACP

Acetil-CoA Malonil-CoA Malonil-ACP

S

O

ACP

S

O

-O

O

ACP

S

OO

ACP Acetoacetil-ACP

CO2

NADPH

S

O

ACPOH

H

-3 hidroxibutiril-ACP

S

O

ACP

H

H

H2O

NADPH

S

O

ACP

Crotonil-ACP

Butiril-ACP

Palmitoil-ACP

6 Ciclos

Ácido Palmítico

Figura 21: Biossíntese dos lipídeos através do precursor acetil CoA (Adaptado de: HORNSTRA, 2002; LENINGER; NELSON; COX, 2002).

Nesta reação, forma-se uma unidade de quatro carbonos, acetoacetil-ACP, a

partir de uma unidade de dois carbonos, acetil-ACP, e uma unidade de três

carbonos, malonil-ACP, com liberação de CO2. Nas etapas seguintes ocorre uma

redução, uma desidratação e uma segunda redução para converter o grupo ceto do

76

C-3 do acetoacetil-ACP num grupo metileno que produz butiril-ACP, que completa o

primeiro ciclo de alongamento. Os ciclos de alongamento continuam até formar o

palmitoil-ACP. Este intermediário não é o substrato para a enzima condensadora,

por isso ele é hidrolisado para produzir o ácido palmítico e ACP. O ácido palmítico é

o precursor dos ácidos graxos saturados e insaturados de cadeia mais longa,

através de elongases e dessaturases. Esta ocorre pela inserção de sucessivas

moléculas de malonil-CoA com acil-CoA. As reações são seguidas por reduções

associadas ao Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Phosfato (NADPH) (VANZUELA;

NIETO, 2001; 2003; GONZÁLES, 2002).

Os ácidos graxos na sua grande maioria são os constituintes estruturais das

membranas celulares, cumprindo com as funções energéticas de reservas

metabólicas. Vários estudos apontam que sua utilização traz benefícios para a

saúde humana, prevenindo enfermidades cardiovasculares, câncer de cólon,

doenças imunológicas e favorecendo o desenvolvimento cerebral e da retina.

(VALENZUELA; NIETO, 2001; 2003; GONZÁLES, 2002; HORNSTRA, 2002; SILVA,

et al., 2007). O ω-6 e o ω-3 (Figura 22) são considerados precursores dos ácidos

graxos poliinsaturados de cadeia longa: ácido araquidônico, ácido

eicosapentaenóico, e ácido docosahexaenóico (HORNSTRA, 2002). O ácido

araquidônico (série ω-6) tem grande importância nos primeiros meses de vida,

sendo constituinte de estruturas celulares e precursores de mediadores inflamatórios

(GONZÁLES, 2002). Como agentes terapêuticos, utilizam-se essas substâncias que,

por estarem frequentemente deficientes na dieta, podem atuar em diversos

desequilíbrios metabólicos.

Figura 22: Representação estrutural dos ácidos graxos ω-6 e ω-3 (Adaptado de: HORNSTRA, 2002; LENINGER; NELSON; COX, 2002).

77

Alguns dos ácidos graxos essenciais com importância fisiológica são:

Série ω-3: Ácido Alfa-Linolênico, Ácido Eicosapentaenóico e Ácido

Docosahexaenóico.

Série ω-6: Ácido Linoléico, Ácido Gama - Linolênico e Ácido Araquidônico.

Série ω-9: Ácido Oléico e Ácido Nervônico.

Os glicerídeos são definidos como produtos da reação de uma molécula de

glicerol com até três moléculas de ácido graxo. Através da reação de esterificação,

os ácidos graxos são incorporados à molécula de glicerol. A reação inversa é a

reação de hidrólise, que provoca o desmembramento das moléculas de ácido graxo

do glicerol. Os monoglicerídeos apresentam uma molécula de ácido graxo

incorporado à molécula de glicerol. Di e triglicerídeos apresentam duas e três

moléculas de ácido graxo incorporados ao glicerol, respectivamente Os glicerídeos

insaturados convertem-se em maior ou menor grau em glicerídeos saturados, que

são estáveis e se solidificam em temperatura ambiente (LENINGER; NELSON; COX,

2002).

5.3.4 Identificação da (-) Hinoquinina

A (-) hinoquinina foi isolada da fração 29-43 (DBK-29) proveniente da coluna

6 e da fração 24-33 (DBX-04) da coluna 8, de D. brasiliensis, como um sólido

amorfo. Foi obtido 228,90 mg, com um rendimento equivalendo a 0,92% em relação

ao extrato bruto. Esta substância foi solúvel em acetona, clorofórmio, e metanol. O

fluxograma de obtenção das (-) hinoquininas está na figura 23. A estrutura foi

confirmada através das análises espectroscópicas de RMN 1H e 13C como a lignana

(-) hinoquinina (3,4-bis-(1,3-benzodioxol-5-ilmetill)-oxolan-2-ona) (Figuras 24 a 26).

78

Figura 23: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico de D. brasiliensis mostrando o isolamento da (-) Hinoquinina e da lignana DBX-09.

Os valores de deslocamentos químicos de RMN 1H e 13C/DEPT 135 estão

apresentados na tabela 3, e foram comparados com os dados da literatura para

hinoquinina e (-) hinoquinina. No espectro de RMN 1H (Figura 24) em δH 6,46

encontra-se o sinal referente aos hidrogênios aromáticos H-2 e H-2’. Estes

apresentam o acoplamento em meta com os H-6 e H-6’, porém o sinal apresenta-se

como um simpleto largo. Os H-6 e H-6’ encontram-se em δH 6,70. Este sinal aparece

como um tripleto devido à sobreposição dos sinais de H-6 e H-6’; aqui se observa

um acoplamento em orto-meta, porém só é possível distinguir a constante de

acoplamento de J = 8,0 Hz referente ao sistema orto. Em δH 6,58 está o sinal

referente aos H-5 e H-5’. Devido à sobreposição não foi possível distinguir o

desdobramento referente aos sistemas orto. Em δH 5,92 (s) aparecem sinais dos H-

79

10 e H-10’ do anel dioxaciclopentano. Entre δH 2,00 a 3,00 aparecem sinais

referentes aos hidrogênios metilênicos H-7, H-7’ e metinos H-8 e H-8’. Em δH 3,74

(m) observa-se o sinal referente ao H-9.

No espectro de RMN 13C e DEPT 135 (Figuras 25 e 26) na região de δC 108,0

a 148,0 observam-se os carbonos aromáticos. Em δC 34,7 aparece o sinal do C-7’ e

em δC 38,2 referente ao C-7. Em δC 41,1 e 46,4 aparecem sinais dos H-8’ e H-8,

respectivamente. Em δC 71,1 aparece o sinal do C-9. Já o sinal de C-9’ aparece no

espectro em δC 178,5 numa região característica de carboxila. Em δC 101,0

observam-se os sinais sobrepostos de C-10 e C-10’, respectivamente, compondo o

anel dioxaciclopentano. Os valores para os carbonos foram atribuídos de acordo

com o DEPT 135.

Os valores de RMN para a substância DBK-29 estão mais próximos ao da (-)

hinoquinina consultada na literatura (MEDOLA, et al., 2007), portanto sugere-se que

a substância isolada no presente trabalho seja a (-) hinoquinina.

Nos espectros, também aparecem sinais referentes a ácido graxo. Apesar de

a substância não se encontrar totalmente pura sua identificação não foi

comprometida podendo-se assim chegar à possível estrutura molecular.

Figura 24: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-29.

OOO

O

O O

HH1 1'

2 2'3 3'

4 4'

5 5'

6 6'

7 7'

8 8'

9 9'

10 10'

80

Figura 25: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-29.

Figura 26: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-29.

OOO

O

O O

HH1 1'

2 2'3 3'

4 4'

5 5'

6 6'

7 7'

8 8'

9 9'

10 10'

81

Em trabalhos de Medola e colaboradores (2007) a hinoquinina é relatada

como tendo promissoras atividades tripanocidas, cogitando-se assim um potencial

fármaco antichagásico. Tanto no gênero Drimys quanto na família Winteraceae entre

as lignanas isoladas estão a α e β-cubebina (MALHEIROS, et al., 2001, NAKANO, et

al., 1999). Por outro lado, a (-) hinoquinina é a primeira vez que está sendo

reportada nesta espécie.

Tabela 3: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBK-29 comparando com os dados de literaturas para a Hinoquinina e para a (-) Hinoquinina.

OOO

O

O O

HH1 1'

2 2'3 3'

4 4'

5 5'

6 6'

7 7'

8 8'

9 9'

10 10'

Posição

DBK-29

(ppm) mult. J (Hz)

Hinoquinina*

(ppm) mult. J (Hz)

(-) Hinoquinina**

(ppm) mult. J (Hz)

DBK-29 13

C / DEPT

Hinoquinina*

13C / mult.

(-) Hinoquinina**

13C / mult.

1 131,2 / C 132,2 / C 131,4 / C 2 6,46, sl 6,24, d, (J = 1,9) 109,3 / CH 109,2 / CH 108,7 / CH 3 146,3 / C 146,9 / C 146,4 / C 4 147,7 / C 148,3 / C 147,9 / C 5 6,62, d, (J =

7,2) 6,54, d, (J = 7,9) 108,1 / CH 108,4 / CH 109,4 / CH

6 6,70, d, (J = 8,1)

6,08, dd, (J = 7,9; 1,9)

121,4 / CH 121,7 / CH 122,1 / CH

7 2,53, m; 1,76, m

2,05, dd, (J = 13,4; 5,8); 1,74, dd, (J = 13,4; 8,2)

2,45, m 38,2 / CH2 38,1 / CH2 38,4 / CH2

8 2,10, m 1,92, ddddd, (J= 14,2; 8,2; 8,0; 7,5 e 5,8)

3,00, dd, (J = 14,2; 5,1)

41,1 / CH 41,3 / CH 41,3 / CH

9 3,74, m 3,53, dd, (J = 9,0; 7,5)

3,85, dd, (J = 9,1; 7,1)

71,1 / CH2 70,5 / CH2 71,0 / CH2

10 5,93, sl 5,30, d, (J = 1,2) 5,90, sl 100,9 / CH2 100,9 / CH2 100,9 / CH2 1’ 131,5 / C 132,3 / C 131,5 / C 2’ 6,46, sl 6,56, d, (J = 1,9) 108,7 / CH 108,4 / CH 108,7 / CH 3’ 146,2 / C 146,7 / C 146,4 / C 4’ 147,7 / C 148,3 / C 147,9 / C 5’ 6, 62, d, (J =

7,2) 6,57, d, (J = 7,9) 108,2 / CH 109,9 / CH 109,4 / CH

6’ 6,70, d, (J = 8,1)

6,39, dd, (J = 7,9; 1,9)

121,1 / CH 122,6 / CH 122,5 / CH

7’ 2,96, dd, (J = 14,1; 4,8); 2,84, dd, (J = 13,8; 6,9)

2,76, dd, (J = 13,9; 5,0); 2,56, dd, (J = 13,9; 7,1)

2,85, dd, (J = 14,2; 7,3); 2,55, m

34,7 / CH2 34,9 / CH2 34,9 / CH2

8’ 2,44, m 1,96, ddd, (J = 14,2; 7,1; 5,0)

2,40, m 46,3 / CH 46,4 /CH 46,5 / CH

9’ 178,5 / C 177,5 / C 178,8 / C 10’ 5,93,sl 5,34, d, (J = 1,4) 100,9 / CH2 100,9 / CH2 100,9 / CH2

Solvente CDCl3 300 MHz

CDCl3 200 MHz

CDCl3 400 MHz

CDCl3 75 MHz

CDCl3 50 MHz

CDCl3 100 MHz

*HELENO, et al., 2006. **MEDOLA, et al., 2007.

82

As lignanas e as neolignanas costumam ser encontradas como derivados

fenilpropanoídicos, formados por duas unidades destes ligados através do carbono

β. São provenientes da via do ácido chiquímico, passando pela fenilalanina que

sofre desaminação enzimática pela fenilalanina-amonialiase ao ácido cinâmico

correspondente. O ácido p-hidroxicinâmico formado é o principal precursor de todos

os fenilpropanóides, inclusive as lignanas, ligninas, neolignanas e fenilpropenos. As

lignanas e as neolignanas são formadas pela dimerização oxidativa das unidades de

álcool coniferílico. Duas dessas unidades são unidas através de uma variedade de

possíveis ligações covalentes dos átomos de carbono e de oxigênio presentes na

cadeia lateral C-3. Reações subseqüentes levam a substituição dos anéis

aromáticos e a produção de compostos policíclicos (HELENO, et al., 2006).

Uma condição estrutural necessária para o acoplamento oxidativo resulta nos

diferentes tipos de lignóides é a presença de uma hidroxila livre na posição para das

unidades monoméricas. Outras oxigenações adicionais ocorrem freqüentemente nas

posições C-3 e C-5 dos anéis aromáticos, e os substituintes em geral são do tipo

hidroxi, metoxi e metilenodioxílico. A oxigenação do anel C ocorre após o

acoplamento das unidades monoméricas (Figura 27). Devido às variações de níveis

de oxidação, seu grau de substituições do anel, e sua complexidade estrutural a

transforma numa classe de substâncias de origem natural com uma grande

variedade estrutural (SIMÕES, et al., 2004).

Formam uma classe de produtos naturais que incluem um grande número de

estruturas conhecidas, mostrando uma grande variedade de atividades biológicas.

São relatadas atividades tripanocida, antitumoral, anti-HIV, anticonvulsionante,

antiespasmódica, sobre o fator de agregação plaquetária, antialérgica e

antiinflamatória (HELENO, et al., 2006, SIMÕES, et al., 2004).

83

Figura 27: Biossíntese dos lignóides (Adaptado de: SIMÕES, et al., 2004).

Gottlieb (1982) mostrou que um dos indicativos evolutivos em angiospermas

são os lignóides desempenhando num importante papel na adaptação ecológica.

Segundo ele, esta classe de substâncias pode estar relacionada com interações das

plantas com fungos, insetos e com outras plantas. Como fonte de medicamentos

tem-se a lignana podofilotoxina, extraída de Podophyllum.

De acordo com a rota biossintética dos lignóides, pode-se sugerir a provável

modificação para dar origem à hinoquinina (figura 28). Os lignóides são originados

da via do ácido chiquímico e seu principal precursor é o ácido p-hidroxicinâmico.

Este sofre uma oxidação no carbono 4 e se transforma no ácido caféico. O ácido

caféico por sua vez é metilado na hidroxila do carbono 4, dando origem ao ácido

ferúlico. Este por sua vez após uma série de modificações se transforma no ácido

coniferílico. Na porção oxigenada ligada ao anel aromático ocorre a ciclização

formando um anel metilenodioxifenil. Pela dimerização destas unidades formadas

podemos propor que esta seja a rota de formação da hinoquinina.

84

OH

O

OH

OH

O

OH

OH

OH

O

OH

OMe

S

O

OH

OMe

CoAOH

O

OHOH

OO

OH

OO

OH

OO

+

OOO

O

O O

HH

OH- Me

SCoA-

OSCoA-H+

Ácido p-hidroxicinâmico Ácido Caféico Ácido Ferúlico

Feriloil-CoAÁcido Coniferílico

Hinoquinina

OO O

O

OHOH

OO O

O

OHOH

-

H+

Figura 28: Rota biossintética provável da hinoquinina (Fonte: DEWICK, 2002).

5.3.5 Identificação do DBX-09

A substância DBX-09 foi isolada da fração 24-33 da coluna 8, de D.

brasiliensis, como um sólido amorfo. Foi obtido 41,40 mg, com um rendimento

equivalendo a 0,16% em relação ao extrato bruto. Esta substância foi solúvel em

acetona, clorofórmio e metanol. A substância está em fase de purificação.

No espectro de RMN 1H (figura 29) na região de δH 6,40 a 7,50 é possível

observar os sinais dos hidrogênios aromáticos. Em δH 5,91 o simpleto é

85

característico de grupamento metilenodioxi. O simpleto em δH 3,84 (s) sugere um

grupamento metoxi.

Os resultados preliminares através de análises de espectro de RMN 13C e

com confirmação através do espectro de DEPT 135 (Figuras 30 a 31), podemos

afirmar a presença de dois grupamentos piperonils (3,4-metilenodioxifenil). Os

carbonos aromáticos estão em δC 134,0 (C-1 e C-1’), 109,2 e 108,8 (C-2 e C-2’),

147,5 (C-3 e C-3’), 145,7 (C-4 e C-4’), 108,1 e 108,0 (C-5 e C-5’); 121,7 e 121,4 (C-6

e C-6’) e em δC 100,8 está presente o sinal característico do carbono do grupamento

metilenodioxi. Nos espectros, aparecem outros sinais que podem ser atribuídos a

impurezas de ácidos graxos.

Figura 29: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBX-09.

R

OO

1

2

3

4

5

6

86

Figura 30: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBX-09.

Figura 31: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBX-09.

R

OO

1

2

3

4

5

6

87

5.3.6 Identificação dos Sesquiterpenos Drimanos

Figura 32: Fluxograma dos procedimentos cromatográficos do extrato clorofórmico de D. brasiliensis mostrando o isolamento dos sesquiterpenos drimanos Poligodial, 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol, 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol, 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, drimanial e 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial, e o que está em fase de identificação o DBK-17.

88

5.3.6.1 Identificação do Poligodial

O poligodial (16) (9--drim-7-en-11,12-dial) foi isolado das frações 11-18 da

coluna 5 e da fração 8-11 da coluna 6. Eles foram identificados com os códigos DBI-

11 e o DBK-11, respectivamente. Foi obtido 73,28 mg, com um rendimento

equivalendo a 2,96% em relação ao extrato bruto. Este foi solúvel em acetona,

clorofórmio, diclorometano e etanol. A sua estrutura foi confirmada através das

análises espectroscópicas de RMN 1H e 13C/DEPT 135 (Figuras 33 a 35). Esta

substância foi isolada anteriormente por Malheiros (2001) da D. brasiliensis e D.

angustifolia. A tabela 4 mostra os valores de deslocamentos químicos de RMN 1H e

13C para o poligodial, comparados com os valores obtidos para o DBI-11.

No espectro de RMN 1H (figura 33), observa-se os hidrogênios referentes aos

grupamentos aldeídicos. Em δH 9,54 está um dupleto (J = 4,5 Hz) referente ao H-12.

Próximo a ele, está um simpleto em δH 9,46, referente ao segundo grupamento

aldeídico do poligodial o H-11.

Em δH 7,13 há um multipleto, referente ao hidrogênio oleofínico H-7. O

hidrogênio no carbono adjacente ao grupo aldeído δH 2,83 é desblindado por causa

do grupo carbonila, mas por estar mais distante o efeito sobre ele é menor. Já entre

δH 2,48 e 2,36 aparece um multipleto referente ao H-6. Os sinais referentes aos

carbonos das três metilas estão em δH 0,92, 0,95 e 0,96.

No espectro de 13C/DEPT 135 (Figuras 34 e 35), os carbonos referentes aos

grupamentos aldeídicos estão em δC 202,0 (CH) para o C-11 e δC 193,2 (CH) para o

C-12. Em δC 154,3 está o C-7 (CH) e em δC 138,3 está o C-8 (C) referentes aos

carbonos olefínicos. O carbono C-9 adjacente ao grupo aldeídico está em δC 60,3

(CH). Entre 15 e 50 ppm estão às metilas, metilenos e metinos, com destaque

especial para as três metilas estão em δc 33,2 (C-13), 22,0 (C-14) e 15,2 (C-15).

89

Figura 33: Espectro de RMN 1H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBI-11.

Figura 34: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBI-11.

CHO

CHO

H

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

15

90

Figura 35: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBI-11.

No gênero Drimys é relatado em D. angustifolia e D. brasiliensis (MALHEIROS,

2001). Esta substância já havia sido isolada anteriormente de várias plantas dentre

elas Polygonum, Drimys, Walburgia e Porella (JANSEN e GROOT, 2004;

JACOBSSON; MUDDATHIR, 1992; MASHIMBYE; MAUMELA; DREWES, 1999;

BASTOS; KAPLAN; GOTTLIEB, 1999). Ele não se restringe apenas ao reino Plantae,

mas também está presente em outras espécies de organismos como fungos,

moluscos e esponjas (JANSEN e GROOT, 2004).

Há relatos na literatura de importantes atividades biológicas para o poligodial

entre elas: atividade antihiperalgésica em modelos de contorções abdominais

(MENDES, et al., 1998; 2000; CECHINEL-FILHO, et al., 1998); antiinflamatórias e

antialérgicas no modelo de edema de pata (CUNHA, et al., 2001); nocicepção em

ratos neonatos (ANDRÉ, et al., 2004); ação vasorrelaxante em artéria pulmonar de

cobaias e coelhos (ANDRÉ, et al., 1999; 2004) e veia porta de ratos (EL SAYAH, et

al., 2000); inibição da síntese de ATP (CASTELLI, et al., 2005); inibição da captação

de glutamato pelos astrócitos (SCHEIDT, et al., 2002; MARTINI, et al., 2007); ação

gastroprotetora via receptores vanilóides (MATSUDA, et al., 2002); atividade

antifúngica para dermatófitos e leveduras (MALHEIROS, et al., 2005; FUJITA; KUBO,

CHO

CHO

H

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

15

91

2005); antitumoral em linhagens SH-SY5Y, Hela e L929 (FORSBY, et al., 1998;

FORSBY; WALUM, 1996; SILVA, 2009); antialimentar de lagartas (ZAPATA, 2009).

Tabela 4: Valores de deslocamentos químicos () de RMN 1H e 13C para DBI-11 e dados da literatura para o Poligodial.

CHO

CHO

H

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

15

Posição

DBI-11

(ppm) mult. J (Hz)

Poligodial*

(ppm) mult. J (Hz)

DBI-11 13

C / DEPT

Poligodial*

13C / mult.

1 39,5 / CH2 39,8 / t

2 18,0 / CH2 18,0 / t

3 41,7 / CH2 42,0 / t

4 33,1 / C 33,0 / s

5 1,49, m 48,9 / CH 49,0 / d

6 2,48; 2.36, m 25,2 / CH2 25,3 / t

7 7,13, m 7,15, m 154,3 / CH2 152,2 / d

8 138,3 / C 138,0 / d

9 2,83, sl 2,85, m 60,3 / CH 60,0 / d

10 36,8 / C 37,0 / s

11 9,54, d, (J= 4,5) 9,55, d, (J= 4,4) 202,0 / CH 202,0 / d

12 9,46, s 9,45, s 193,2 / CH 194,0 / d

13 0,92, s 0,8, s 33,1 / CH3 33,0 / q

14 0,94, s 0,9, s 21,9 / CH3 22,0 / q

15 0,96, s 1,0, s 15,2 / CH3 15,0 / q

Solvente CDCl3

300 MHz

CDCl3

200 MHz

CDCl3

75 MHz

CDCl3

50 MHz

*(MALHEIROS, 2001).

De acordo com a rota biossintética dos drimanos, pode-se sugerir a provável

modificação estrutural do esqueleto drimano para dar origem ao poligodial (figura 36).

A metila do carbono 3 é retirada e posteriormente a dupla ligação do carbono 4 é

rompida para estabilização do anel. Após isso, a estrutura sofre uma oxidação na

metila do carbono 11 transformando-se em aldeído. Novamente ocorre uma segunda

oxidação na metila do carbono 12 transformando-se em aldeído.

92

CHO

+H2O +H2O

CHO

CHO

H

Poligodial

Figura 36: Rota biossintética provável do poligodial (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004).

5.3.6.2 Identificação do DBK-17

A substância DBK-17 foi isolada da fração 17-21 da coluna 6, de D.

brasiliensis, como um sólido cristalino branco. Foi obtido 48,10 mg, com um

rendimento equivalendo a 0,19% em relação ao extrato bruto, solúvel em clorofórmio

e acetona. A substância está em fase de purificação.

No espectro de RMN 1H (Figura 37) são encontrados dois simpletos em δH 9,72

e 9,41, referentes aos hidrogênios aldeídicos, demonstrando assim a presença de

outro grupamento em C-9. Em 6,84 observa-se um sinal referente a hidrogênio

oleifínico e o simpleto em δH 5,95 indica outra função oxigenada na molécula. Em δH

3,84 um simpleto é visível relativo a mais um grupamento oxigenado, talvez uma

metoxila. Abaixo de 3,00 observam-se sinais referentes a metilas, metilenos e

metinos. Esses sugerem que a substância DBK-17 pertence à classe dos drimanos.

Porém fazem-se necessárias outras análises para a correta identificação, assim como

a sua purificação.

93

Figura 37: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBK-17.

5.3.6.3 Identificação do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial

A substância DBP-44 foi isolada da fração 44-47 da coluna 10, de D.

brasiliensis, após cromatografia em coluna, como um sólido amorfo amarelo claro. Foi

obtido 1,61 g, com um rendimento equivalendo a 6,52% em relação ao extrato bruto.

Este foi solúvel em acetona, acetato e etanol. Sua estrutura foi determinada pelas

análises espectrométricas de RMN 1H, 13C e DEPT. Esta substância foi identificada

como 1-β-(p-metoxicinamil)-9-β-drim-7-en-11,12-dial, (1-β-(p-metoxicinamil)-

poligodial). Ele foi isolado anteriormente por Malheiros (2001) das cascas de D.

winteri (D. angustifolia).

Os valores de deslocamentos químicos de RMN 1H, 13C e DEPT 135 (figuras

37 a 39) indicam que a substância possui sinais que podem ser atribuídos a dois

grupos aldeídos em δH 9,80 (d, J = 2,7), δC 200,4 e δH 9,32 (s), δC 192,3. Os

hidrogênios aromáticos e oleifínicos estão entre δH 6,00 a 8,00 e δC 113,0 a 166,0. Os

CHO

CHO

H

R1

R2

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

15

94

três simpletos em δH 1,06, 1,00 e 0,96 e δC 32,4, 22,0 e 10,4 indicam os três grupos

metilas. Em δH 3,83 encontra-se um simpleto referente ao grupo oximetínico. As

comparações com a literatura estão dispostas na tabela 5.

Figura 37: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-44.

Figura 38: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-44.

O

O

MeO

CHO

CHO1

2

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

O

O

MeO

CHO

CHO1

2

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

95

Figura 39: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-44.

O 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial é relatado em cascas de D. winteri e D.

brasiliensis (MALHEIROS, 2001). Poucos trabalhos referenciam sua atividade

biológica com destaque a: atividade antihiperalgésica em modelos de contorções

abdominais induzidas por ácido acético (CECHINEL-FILHO, et al., 1998); atividade

antifúngica contra os dermatófitos Epidermophyton floccosum e Tricophyton rubrum

(MALHEIROS, et al., 2005) e antibacteriana contra bactérias Gram positivas

(SILVEIRA, 2011).

Partindo do anel conhecido, o poligodial, pode-se deduzir como ocorre a

formação do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial. O poligodial sofre uma ligação no

carbono 1 ao grupamento p-metoxicinâmico (figura 40). Este grupamento é originado

da via do ácido chiquímico e é um derivado do ácido p-cumárico. Este ácido é

metilado na posição para. O p-metoxicinâmico formado perde H+ na porção ácida e o

carbono β se liga ao carbono 1 em orto.

96

CHO

CHO

H

OH

O

OH

OH

O

MeO

-CH3

O

MeO

OH-

+

O

O

MeO

CHO

CHO

p-hidroxicinâmico p-metoxicinâmico

H+

p-metoxicinamil

Poligodial1--(p-metoxicinamil)-poligodial

Figura 40: Rota biossintética provável do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004).

Tabela 5: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBP-44 comparando com dados da literatura para o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial.

O

O

MeO

CHO

CHO1

2

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

Posição

DBP-44 1H (ppm)

mult. J (Hz)

1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial* 1H (ppm) mult. J

(Hz)

DBP-44 13

C / DEPT

1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial* 13

C / DEPT

1 4,85, m 4,90, dd, (J= 11,0; 4,0) 81,3 / CH 81,4 / CH 2 1,90; 1,70, m 1,90; 1,70, m 24,4 / CH2 24,5 / CH2

3 1,55, m 1,58, m 39,1 / CH2 39,2 / CH2 4 32,6 / C 32,7 / C 5 1,39, dd, (J = 10,5;

6,5) 1,40, dd, (J= 10,0; 6,2) 48,7 / CH 48,8 / CH

6 2,45, m 2,45, m 24,0 / CH2 24,1 / CH2 7 7,07, sl 7,08, sl 152,0 / CH 152,0 / CH 8 140,2 / C 140,3 / C 9 3,32, sl 3,32, sl 59,1 / CH 59,2 / CH

10 42,2 / C 42,3 / C 11 9,80, d, (J = 2,7) 9,79, d, (J = 3,0) 200,4 / CH 200,5 / CH 12 9,32, s 9,33, s 192,3 / CH 192,3 / CH 13 1,06, s 1,06, s 32,5 / CH3 32,6 / CH3 14 1,00, s 1,01, s 22,0 / CH3 22,2 / CH3 15 0,96, s 0,96, s 10,5 / CH3 10,6 / CH3 1’ 166,3 / C 166,4 / C 2’ 6,29, d, (J = 16,0) 6,26, d, (J = 16,0) 115,1 / CH 115,2 / CH 3’ 7,58, d, (J = 16,0) 7,54, d, (J = 16,0) 145,3 / CH 145,3 / CH 4’ 126,8 / C 126,9 / C

5’, 9’ 7,47, d, (J = 8,7) 7,47, d, (J = 8,9) 129,9 / CH 130,0 / CH 6’, 8’ 6,91, d, (J = 8,7) 6,90, d, (J = 8,9) 114,2 / CH 114,3 / CH

7’ 161,4 / C 161,5 / C OMe 3,83, s 3,83, s 55,2 / CH3 55,4 / CH3

Solvente CDCl3 300 MHz

CDCl3 200 MHz

CDCl3 75 MHz

CDCl3 50 MHz

*(MALHEIROS, 2001).

97

5.3.6.4 Identificação do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol

A substância DBP-11 foi isolada da fração 11-20 da coluna 9, de D.

brasiliensis, como um sólido amorfo. Foi obtido 204,00 mg, com um rendimento

equivalendo a 0,82% em relação ao extrato bruto. Este foi solúvel em acetona,

clorofórmio, acetato de etila e metanol. Pode-se sugerir que seja da classe dos

sesquiterpenos drimanos sem a presença dos grupamentos aldeídicos, pois não

foram detectados sinais entre 9,00 a 10,00 ppm no espectro de RMN 1H e entre 190,0

a 203,0 ppm no espectro de RMN 13C. A estrutura foi comparada através de análises

espectroscópicas de RMN 1H e 13C com o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, 1-β-O-E-

cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol e 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol

(MALHEIROS, 2001; ALOUCHE, et al., 2009).

Os valores de deslocamentos químicos de RMN 1H e 13C/DEPT 135 (Figuras

41 a 43), indicam que o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol possui similaridade

dos deslocamentos dos hidrogênios e carbonos do esqueleto drimano e o grupamento

p-metoxicinamil com o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, onde observam-se os

hidrogênios e carbonos aromáticos e olefínicos entre δH 6,00 a 8,00 e δC 114,0 a

168,0, respectivamente. Os três simpletos em δH 1,24, 1,17 e 0,98 e δC 32,8, 24,5 e

9,7, indicam os três grupos metilas. Em δH 3,81 encontra-se um simpleto referente ao

grupo oximetínico.

A ausência dos aldeídos nos carbonos 11 e 12 são as principais diferenças

encontradas. Também destaca-se a mudança do sinal do carbono 1 para 81,3 ppm

indicando a presença de outro substituinte no carbono 9. Utilizou-se uma série de

substâncias relatadas na literatura que apresentavam ausência dos grupamentos

aldeídos nos carbonos 11 e 12 e formação de um anel furano. Desta série de

compostos analisados dois se destacaram o 1-β-O-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol

e o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol. O anel furano pode ser

confirmado no DBP-11 pelos sinais dos hidrogênios 11 e 12 em δH 6,10, m e 4,54, s e

carbonos δC 99,6 e 68,1, respectivamente.

Na tabela 6 encontram-se os valores de deslocamentos químicos comparando

o DBP-11 com o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, e 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-

hidroxi-isodrimeninol.

Alguns sinais de impurezas de ácidos graxos também podem ser observados.

Neste aspecto, será realizada a sua purificação e posteriormente a obtenção do

98

espectro de HETCOR para a confirmação da correta atribuição dos carbonos e seus

respectivos hidrogênios.

Está é a primeira vez que esta substância está sendo reportada na literatura.

Figura 41: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-11.

Figura 42: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-11.

O

O

MeO

OOH

12

34

56

7

89

10

11

12

13

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

14

99

Figura 43: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-11.

Partindo do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, pode-se deduzir como ocorre a

formação do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol. A porção drimano do 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial sofre uma perda de H+ na porção do aldeído do carbono 11

(figura 43). Posteriormente, a dupla ligação do oxigênio do carbono 12 é rompida e

ocorre a ciclização do anel furano.

O

O

MeO

CHO

CHO

1--(p-metoxicinamil)-poligodial

H+

O

O

MeO

O

O

+

O

O

MeO H

OHOH

+ -O

O

MeO

OOH

1--O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol

+

Figura 43: Rota biossintética provável do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol. (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004).

O

O

MeO

OOH

12

34

56

7

89

10

11

12

13

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

14

100

Tabela 6: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBP-11 comparando com dados da literatura para o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial e o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol.

O

O

MeO

OOH

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

Posição

DBP-11 1H (ppm)

mult. J (Hz)

1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial* 1H (ppm) mult.

J (Hz)

1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol** 1H (ppm) mult. J

(Hz)

DBP-11 13

C / DEPT

1-β-(p-metoxi cinamil)-poligodial* 13

C / DEPT

1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-iso Drimeninol** 13

C / DEPT 1 4,78,dd (J= 11,1;

4,2) 4,90, dd, (J= 11,0; 4,0)

4,83, dd (J= 11,4,2) 81,3 / CH 81,4 / CH 80,3 / CH

2 1,87, m 1,90; 1,70, m 1,69 / 1,86, m 24,7 / CH2 24,5 / CH2 24,6 / CH2 3 1,44; 1,71, m 1,58, m 1,45 / 1,62, m 39,1 / CH2 39,2 / CH2 40,6 / CH2 4 32,8 / C 32,7 / C 33,2 / C 5 1,40, dd, (J= 10,0;

6,2) 57,8 / C 48,8 / CH 57,7 / C

6 2,40, m 2,45, m 4,40, dd (J= 8,7) 29,1/ CH2 24,1 / CH2 68,2 / CH2 7 6,86, m 7,08, sl 5,61, m 135,1/ CH 152,0 / CH 120,0 / CH 8 128,1/ C 140,3 / C 139,9 / C 9 3,82, sl 3,32, sl 2,46, sl 55,3 / CH 59,2 / CH 60,2 / CH

10 48,7 / C 42,3 / C 42,0 / C 11 6,10, m 9,80, d, (J= 2,7) 5,57, m 97,7 / CH 200,5 / CH 99,6 / CH 12 4,54, s 9,33, s 4,46 / 4,20, d (J= 11,8) 60,1 / CH 192,3 / CH 68,1 / CH2 13 1,24, s 1,06, s 1,19, s 32,8 / CH3 32,6 / CH3 35,2 / CH3 14 1,17, s 1,01, s 1,12, s 24,5 / CH3 22,2 / CH3 22,3 / CH3 15 0,98, s 0,96, s 1,06, s 9,7 / CH3 10,6 / CH3 10,8 / CH3 1’ 167,8 / C 166,4 / C 166,4 / C 2’ 6,32, d, (J= 16,2) 6,26, d, (J= 16,0) 6,30, d (J= 15,9) 115,9 / CH 115,2 / CH 115,9 / CH 3’ 7,60, d, (J= 16,0) 7,54, d, (J= 16,0) 7,62, d (J= 15,9) 145,4 / CH 145,3 / CH 144,1 / CH 4’ 135,8 / C 126,9 / C 127,0 / C

5’, 9’ 7,48, d, (J= 8,4) 7,47, d, (J= 8,9) 7,48, d (J= 8,6) 129,8 / CH 130,0 / CH 129,7 / CH 6’, 8’ 6,89, d, (J= 8,7) 6,90, d, (J= 8,9) 6,92, d (J= 8,6) 114,2 / CH 114,3 / CH 114,3 / CH

7’ 161,3 / C 161,5 / C 161,4 / C OMe 3,81, s 3,83, s 3,85, s 55,3 / CH3 55,4 / CH3 55,3 / CH3 6-OH 1,97, m 11-OH 2,63, m

Solvente CDCl3 300 MHz

CDCl3 200 MHz

CDCl3 600 MHz

CDCl3 75 MHz

CDCl3

50 MHz CDCl3 150 MHz

*(MALHEIROS, 2001; **ALOUCHE, et al., 2009)

5,3.6.5 Identificação do Drimanial

A substância DBV-25 foi isolada da fração 25-46 da coluna 11, de D.

brasiliensis, como um sólido amorfo amarelo claro. Foi obtido 2,00 g, com um

rendimento equivalendo a 4,82% em relação ao extrato bruto. Ele foi solúvel em

acetona, clorofórmio e metanol. Sua estrutura foi determinada pelas análises

espectrométricas de RMN 1H, 13C e DEPT. Esta substância foi denominada drimanial

(1-β-(p-metoxicinamil)-5-ol-9-β-drim-7-en-11,12-dial).

As atribuições de RMN 1H e 13C/DEPT 135 (Figuras 44 a 46), e as

comparações com a literatura estão dispostas na tabela 7. Ele foi isolado

101

anteriormente por Malheiros (2001). A substância possui sinais que podem ser

atribuídos a dois grupos aldeídos em δH 9,84 (d, J = 2,7), δC 201,4 e δH 9,35 (s), δC

192,2. Os hidrogênios aromáticos e oleifínicos estão entre δH 6,00 a 8,00 e δC 115,0 a

170,0. Os três simpletos em δH 1,23, 1,03 e 0,96 e δC 25,0, 27,2 e 13,6 indicam os

três grupos metilas. Em 3,83 ppm encontra-se um simpleto referente ao grupo

oximetínico. A principal diferença estrutural entre o drimanial e o 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial é a presença da hidroxila adicional no C-5. Esta pode ser

observada pelo aparecimento do sinal em δC 77,2.

Figura 44: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-25.

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

102

Figura 45: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-25.

Figura 46: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-25.

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

103

Partindo do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, pode-se supor como ocorre a

formação do drimanial. A porção drimano do 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial sofre

uma hidroxilação no carbono 5 (figura 47).

O

O

MeO

CHO

CHO

1--(p-metoxicinamil)-poligodial

OH-

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

Drimanial

Figura 47: Rota biossintética provável do drimanial. (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004).

Tabela 7: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBV-25 comparando com dados da literatura para o Drimanial.

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

Posição

DBV-25 1H (ppm) mult

J (Hz)

Drimanial* 1H (ppm) mult J

(Hz)

DBV-25 13

C multi

Drimanial* 13

C mult

1 5,30, m 5,49, dd, (J= 10,9, 4,0) 77,0 / CH 77,1 / CH 2 1,80; 1,70, m 24,0 / CH2 24,0 / CH2 3 2,04, m 1,90, m 34,4 / CH2 34,4 / CH2 4 38,0 / C 38,1 / C 5 78,1 / C 78,1 / C 6 2,80, 2,40, m 32,1 / CH2 32,1 / CH2 7 6,88, q 6,88 148,2 / CH 148,2 / CH 8 141,3 / C 141,3 / C 9 3,83, q 3,84 77,0 / CH 77,1 / CH

10 46,6 / C 46,6 / C 11 9,84, d, (J= 2,7) 9,84, d, (J= 2,5) 201,4 / CH 201,4 / CH 12 9,35, s 9,36, s 192,2 / CH 192,2 / CH 13 1,03, s 1,03, s 27,2 / CH3 27,2 / CH3 14 1,23, s 1,14, s 25,0 / CH3 24,1 / CH3 15 0,96, s 0,98, s 13,6 / CH3 13,6 / CH3 1’ 166,4 / C 166,4 / C 2’ 6,27, d, (J= 16,0) 6,24, d, (J= 16,0) 115,2 / CH 115,7 / CH 3’ 7,63, d, (J= 16,0) 7,60, d, (J= 16,0) 145,4 / CH 145,4 / CH 4’ 126,9 / C 126,9 / C

5’, 9’ 7,49, d, (J= 8,7) 7,48, d, (J= 8,7) 130,0 / CH 129,9 / CH 6’, 8’ 6,91, d, (J= 8,7) 6,89, d, (J= 8,7) 114,3 / CH 114,2 / CH

7’ 161,5 / C 161,5 / C OMe 3,83, s 3,84, s 55,3 / CH3 55,3 / CH3 OH 3,83 3,84

Solvente CDCl3 300 MHz

CDCl3 200 MHz

CDCl3 75 MHz

CDCl3 50 MHz

*(MALHEIROS, 2001).

104

O drimanial foi isolado anteriormente por Malheiros e colaboradores (2001), e

várias atividades biológicas foram atribuídas a sua estrutura como: atividade

antihiperalgésica em modelos de contorções abdominais (CECHINEL-FILHO, et al.,

1998); antiinflamatórias e antialérgicas (CUNHA, et al., 2001); nocicepção em ratos

neonatos (ANDRÉ, et al., 2004); inibição da captação de glutamato pelos astrócitos

(SCHEIDT, et, al., 2002; MARTINI, et al., 2007); ação gastroprotetora via receptores

vanilóides (MATSUDA, et al., 2002); mediador de receptores TRPV1 (ANDRÉ, et al.,

2006); atividade antifúngica (MALHEIROS, et al., 2005) e antitumoral em linhagens de

Hela e L929 (SILVA, et al., 2009).

5.3.6.6 Identificação do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol

A substância DBP-21 foi isolada da fração 21-30 da coluna 9, de D.

brasiliensis, como um sólido amorfo. Foi obtido 128,30 mg, com um rendimento

equivalendo a 0,52% em relação ao extrato bruto. Este foi solúvel em acetona,

clorofórmio, acetato de etila e metanol. Pode-se sugerir que seja da classe dos

sesquiterpenos drimanos sem a presença dos grupamentos aldeídicos, pois não

foram detectados sinais entre 9,00 a 10,00 ppm no espectro de RMN 1H e entre 192,2

a 201,4 ppm no espectro de RMN 13C. A estrutura foi comparada através de análises

espectroscópicas de RMN 1H e 13C com o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, 1-β-O-E-

cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol e 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol

(MALHEIROS, 2001; ALOUCHE, et al., 2009).

Os valores de deslocamentos químicos de RMN 1H e 13C/DEPT 135 (Figuras

48 a 50), indicam que o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol possui similaridade

dos deslocamentos dos hidrogênios e carbonos do esqueleto drimano e o grupamento

p-metoxicinamil com o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, onde observam-se os

hidrogênios e carbonos aromáticos e olefínicos entre δH 6,00 a 8,00 e δC 114,0 a

166,5, respectivamente. Os três simpletos em δH 1,21, 1,15 e 0,98 e δC 32,2, 24,4 e

9,4, indicam os três grupos metilas. Em δH 3,83 encontra-se um simpleto referente ao

grupo oximetínico.

A ausência dos aldeídos nos carbonos 11 e 12 são as principais diferenças

encontradas. Também destaca-se a mudança do sinal do carbono 1 para 81,0 ppm

105

indicando a presença de outro substituinte no carbono 9. Utilizou-se uma série de

substâncias relatadas na literatura que apresentavam ausência dos grupamentos

aldeídos nos carbonos 11 e 12 e formação de um anel furano. Desta série de

compostos analisados dois se destacaram o 1-β-O-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol

e o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol. O anel furano pode ser

confirmado no DBP-21 pelos sinais dos hidrogênios 11 e 12 em δH 6,10, m e 4,54, s e

carbonos δC 99,6 e 68,1, respectivamente.

Na tabela 8 encontram-se os valores de deslocamentos químicos comparando

o DBP-21 com o Drimanial, e 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol.

Alguns sinais de impurezas de ácidos graxos também podem ser observados.

Neste aspecto, será realizada a sua purificação e posteriormente a obtenção do

espectro de HETCOR para a confirmação da correta atribuição dos carbonos e seus

respectivos hidrogênios.

Está é a primeira vez que esta substância está sendo reportada na literatura.

Figura 48: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-21.

O

O

MeO

OH

OOH

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

106

Figura 49: Espectro de RMN ¹3C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-21.

Figura 50: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBP-21.

O

O

MeO

OH

OOH

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

107

Tabela 8: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBP-21 comparando com dados da literatura para o drimanial e o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol.

O

O

MeO

OH

OOH

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

Posição

DBP-21 1H (ppm) mult.

J (Hz)

Drimanial* 1H (ppm) mult.

J (Hz)

1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-isodrimeninol** 1H (ppm) mult. J

(Hz)

DBP-21 13

C / DEPT

Drimanial* 13

C / DEPT

1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-6α-hidroxi-iso Drimeninol** 13

C / DEPT 1 4,84,dd (J= 13,8;

4,5) 5,49, dd, (J= 10,9; 4,0)

4,83, dd (J= 11,4,2) 81,0 / CH 77,1 / CH 80,3 / CH

2 1,67 / 1,82, m 1,80; 1,70, m 1,69 / 1,86, m 24,6 / CH2 24,0 / CH2 24,6 / CH2 3 1,47; 1,67, m 1,90, m 1,45 / 1,62, m 39,5 / CH2 34,4 / CH2 40,6 / CH2 4 32,6 / C 31,1/ C 33,2 / C 5 83,6 / C 78,1 / CH 57,7 / C 6 4,31, m 2,80 / 2,40, m 4,40, dd (J= 8,7) 67,2 / CH2 32,1 / CH2 68,2 / CH2 7 6,87, m 6,88, 5,61, m 148,8 / CH 148,2 / CH 120,0 / CH 8 134,2 / C 141,3 / C 139,9 / C 9 3,82, sl 3,84, 2,46, sl 55,2 / CH 55,1 / CH 60,2 / CH

10 48,8 / C 46,6 / C 42,0 / C 11 5,80, m 9,34, d, (J= 2,5) 5,57, m 106,1 / CH 201,4 / CH 99,6 / CH 12 4,81, s 9,36, s 4,46 / 4,20, d (J=

11,8) 71,7 / CH 192,2 / CH 68,1 / CH2

13 1,21, s 1,03, s 1,19, s 32,2 / CH3 27,2 / CH3 35,2 / CH3 14 1,15, s 1,14, s 1,12, s 24,4 / CH3 24,1 / CH3 22,3 / CH3 15 0,98, s 0,96, s 1,06, s 9,4 / CH3 13,6 / CH3 10,8 / CH3 1’ 166,5 / C 166,4 / C 166,4 / C 2’ 6,40, d, (J= 15,9) 6,24, d, (J= 16,0) 6,30, d (J= 15,9) 117,4 / CH 115,7 / CH 115,9 / CH 3’ 7,59, d, (J= 16,0) 7,60, d, (J= 16,0) 7,62, d (J= 15,9) 143,2 / CH 145,4 / CH 144,1 / CH 4’ 132,2 / C 126,9 / C 127,0 / C

5’, 9’ 7,48, d, (J= 8,4) 7,48, d, (J= 8,7) 7,48, d (J= 8,6) 129,5 / CH 129,9 / CH 129,7 / CH 6’, 8’ 6,89, d, (J= 8,4) 6,89, d, (J= 8,7) 6,92, d (J= 8,6) 114,1 / CH 114,2 / CH 114,3 / CH

7’ 161,0 / C 161,5 / C 161,4 / C OMe 3,83, s 3,84, s 3,85, s 55,2 / CH3 55,3 / CH3 55,3 / CH3 5-OH 3,82, 3,84, 6-OH 1,97, m 11-OH 4,62, m 2,63, m

Solvente CDCl3 300 MHz

CDCl3 200 MHz

CDCl3 600 MHz

CDCl3 75 MHz

CDCl3

50 MHz CDCl3 150 MHz

*(MALHEIROS, 2001; **ALOUCHE, et al., 2009).

Partindo do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol, pode-se deduzir como

ocorre a formação do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol. A porção

drimano do 1--β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol sofre uma hidroxilação no

carbono 5 (figura 51).

108

O

O

MeO

OOH

1--O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol

O

O

MeO

OOH

OH1--O-p-metoxi-E-cinamil-5-hidroxi-isodrimeninol

OH-

Figura 51: Rota biossintética provável do 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol. (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004; ALOUCHE, et al., 2009).

5.3.6.7 Identificação do 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial

A substância DBV-50 foi isolada da fração 50-56 da coluna 11, de D.

brasiliensis. Foi obtido aproximadamente, 175,34 mg, com um rendimento

equivalendo a 0,71% em relação ao extrato bruto. Este foi solúvel em clorofórmio,

acetato de etila, metanol e acetona. Sua estrutura foi confirmada como sendo 1-β-(p-

cumaroiloxi)-poligodial (1-β-(p-cumaroiloxi)-9-β-drim-7-en-11,12-dial). Ele havia sido

isolado anteriormente das cascas de Drimys brasiliensis, e D. angustifolia

(MALHEIROS, 2001).

Os valores dos deslocamentos químicos de ¹H e ¹³C e DEPT 135 (Figuras 52 a

54) indicam que a substância DBV-50 é um sesquiterpeno drimano semelhante ao 1-

β-(p-metoxicinamil)-poligodial. Observam-se sinais para os dois grupos aldeídicos em

δ 9,75 (d, J = 3,0) e 9,32 (s). O sinal para o metino adjacente ao aldeído é verificado

em δ 3,29 (sl) e o próton oleofínico em δ 7,16 (sl). Porém não é observado no

espectro de RMN ¹H o singleto em δ 3,83, o que caracteriza o grupamento OH em C-

7’. A tabela 9 mostra os valores e deslocamentos químicos de RMN de ¹H e ¹³C

suportados pelo DEPT 135 para o DBV-50 e dados da literatura para 1-β-(p-

cumaroiloxi)-poligodial.

109

Figura 52: Espectro de RMN ¹H (300 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-50.

Figura 53: Espectro de RMN 13C (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-50.

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

O

O

OH

CHO

CHO

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

O

O

OH

CHO

CHO

110

Figura 54: Espectro de DEPT 135 (75 MHz, CDCl3/TMS) do DBV-50.

Há relatos na literatura de importantes atividades biológicas para o 1-β-(p-

cumaroiloxi)-poligodial entre elas: atividade antihiperalgésica em modelos de

contorções abdominais (CECHINEL-FILHO, et al., 1998); nocicepção em ratos

neonatos (ANDRÉ, et al., 2004); atividade antifúngica em dermatófitos, leveduras e

bactérias Gram-negativas (MALHEIROS, et al., 2005; SILVEIRA, 2011); antitumoral

para as linhagens Hela e L929 (SILVA, 2009).

Partindo do anel conhecido, o poligodial, pode-se deduzir como ocorre a

formação do 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial. O poligodial sofre uma ligação no carbono

1 ao grupamento p-hidroxicinâmico (figura 55). Este grupamento é originado da via do

ácido chiquímico. O p-hidroxicinâmico formado perde H+ na porção ácida ligando o

carbono β ao carbono 1 em posição orto.

111

CHO

CHO

H

OH

O

OH

O

OH

OH-

+

O

O

OH

CHO

CHO

p-hidroxicinâmico

H+

p-hidroxicinamil

Poligodial1--(p-cumaroiloxi)-poligodial

Figura 55: Rota biossintética provável do 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 2004).

Tabela 9: Valores de deslocamentos químicos (δ) de RMN 1H e 13C para DBV-50 e dados da literatura para o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial.

12

34

56

7

89

10

11

12

1314

151'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

9'

O

O

OH

CHO

CHO

Posição

DBV-50 1H δ (ppm) mult. J

(Hz)

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial)* 1H δ (ppm) mult. J

(Hz)

DBV-50 13

C δ (ppm)

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial)* 13

C δ (ppm)

1 4,88, dd, (J= 9,0; 3,0) 4,89, dd, (J= 10,5, 4,6)

81,5 / CH 81,9 / CH

2 1,86; 1,85, m 1,82; 1,71, m 23,3 / CH2 24,6 / CH2 3 1,57, m 1,58, m 39,9 / CH2 39,6 / CH2 4 33,4 / C 33,2 / C 5 1,43, dd, (J= 12,0, 6,0) 1,44, dd, (J= 11,0,

6,0) 48,8 / CH 49,2 / CH

6 2,49, m 2,48, m 24,9 / CH2 25,2 / CH2 7 7,16, sl 7,09, sl 153,3 / CH 154,0 / CH 8 140,9 / C 140,3 / C 9 3,29, sl 3,34, sl 58,9 / CH 59,8 / CH

10 42,3 / C 42,8 / C 11 9,75, d, (J= 3,0) 9,82, d, (J= 2,8) 200,1 / CH 201,9 / CH 12 9,32, s 9,35, s 193,2 / CH 193,5 / CH 13 1,09, s 1,09, s 32,7 / CH3 32,8 / CH3 14 1,03, s 1,03, s 22,2 / CH3 22,3 / CH3 15 0,98, s 0,98, s 10,9 / CH3 10,9 / CH3 1’ 166,6 / C 167,5 / C 2’ 6,26, d, (J= 16,0) 6,23, d, (J= 16,0) 115,9 / CH 114,6 / CH 3’ 7,62, d, (J= 16,0) 7,69, d, (J= 16,0) 145,6 / CH 148,5 / CH 4’ 127,0 / C 126,3 / C

5’, 9’ 6,85, d, (J= 8,7) 6,87, d, (J= 8,8) 131,0 / CH 130,7 / CH 6’, 8’ 7,42, d, (J= 8,7) 7,39, d, (J= 8,8) 116,6 / CH 116,3 / CH

7’ 160,6 / C 160,2 / C Solvente

CDCl3/ MeOD 75 MHz

CDCl3 200 MHz

CDCl3/ MeOD 300 MHz

CDCl3 50 MHz

*(MALHEIROS, 2001).

112

Os sesquiterpenos drimanos derivam dos terpenóides. Esta classe de

substâncias é conhecida por suas importantes funções biológicas e fisiológicas, fato

este que justifica o seu uso na área farmacêutica. Acreditava-se que os terpenóides

em plantas superiores eram sintetizados a partir da via do acetato-mevalonato a partir

da conjugação de unidades do isopreno ligando-se orientados no sentido inverso

(cabeça-cauda). Mais recentemente, com a descoberta da via do não mevalonato, o

conceito de biossíntese passou por algumas modificações; a via principal, via do

acetato-mevalonato, age ao nível citoplasmático, mais precisamente nas mitocôndrias

sintetizando preferencialmente esteróides e sesquiterpenos. Já a via secundária, via

do não mevalonato age nos plastídios sintetizando todas as outras classes de

terpenos, incluindo os carotenóides e as clorofilas (DEWICK, 2009; DE LAS HERAS,

et al., 2009).

Até o momento são conhecidos cerca de 30.000 terpenos, que são

classificados de acordo com o número de unidades isoprênicas: hemiterpenóides (C5),

monoterpenóides (C10), sesquiterpenóides (C15), diterpenóides (C20), triterpenóides

(C30) e tetraterpenóides (C40) (DUBEY, et al., 2009).

Nos vegetais eles apresentam diversas funções: os monoterpenos são os

principais constituintes dos óleos voláteis, atuando na atração dos polinizadores; os

sesquiterpenos atuam nos sistemas de defesa das plantas contra fungos, bactérias e

insetos, com características deterrentes; e os diterpenóides originam os hormônios

vegetais importantes para as mais variadas funções dentro da planta. Os triterpenos e

os derivados esteroidais também atuam na proteção contra herbivoria, podendo

alguns serem antimitóticos, influenciando na germinação de sementes e na inibição

do crescimento da raíz, ou seja, possuem características alelopáticas (VICKERY;

VICKERY, 1981; HARBONE; BAXTER, 1995; VERPOORTE, 2009; MAHMOUD;

CROTEAU, 2009; GERSHENZON; DUDAREVA, 2009).

A unidade isoprênica é produzida naturalmente, a partir do ácido mevalônico.

Este é duplamente fosforilado por ATP levando ao ácido 5-pirofosfato-mevalônico.

Sua desidratação e descarboxilação produzem o pirofosfato de isopentenila, que sofre

isomerização ao pirofosfato de dimetilalila (figura 56) (GEISSMAN; CROUT, 1969;

MAGRI, 1999).

113

OH OH

O OHATP

OH OPP

O OH

OPPOPP

ATP -CO2

Ácido Mevalônico 5-pirofosfato-mevalônico

Pirofosfato de Dimetilalila Pirofosfato de Isopentenila

Figura 56: Biossíntese do pirofosfato de dimetilalila a partir do precursor ácido mevalônico (Adaptado de: GEISSMAN; CROUT, 1969; MAGRI, 1999).

O pirofosfato de dimetilalila reage com uma molécula de pirofosfato de

isopentenila, gerando o pirofosfato de trans-geranila. Este por sua vez, reage

novamente com uma molécula de pirofosfato de isopentenila levando ao pirofosfato

de trans, trans-farnesila, precursor dos sesquiterpenos.

O pirofosfato de trans, trans-farnesila sofre ciclização seguida de perda de H+

levando ao germacreno (figura 57).

OPP OPP+ OPP

Pirofosfato de dimetilalila Pirofosfato de Isopentenila trans-geranila

OPPOPP

OPP

+

Pirofosfato de trans, trans-farnesila

trans-geranila Pirofosfato de Isopentenila

OPP

+

Pirofosfato de trans, trans-farnesila Germacreno

-OPP -H+

Figura 57: Biossíntese dos sesquiterpenos pela formação do núcleo germacreno (Adaptado de: GEISSMAN; CROUT, 1969; MAGRI, 1999).

114

O germacreno pode levar a formação de todos os outros esqueletos

sesquiterpênicos por transformações diversas, com ciclização, rompimento do anel,

rearranjo e migração do grupo metila (GEISSMAN; CROUT, 1969; MAGRI, 1999).

O esqueleto drimano (figura 58) é formado pelo fechamento do anel do

precursor germacreno. Logo após ocorre um rearranjo estrutural com a migração do

grupamento metila do carbono C-4 para o C-3 e a ligação da dupla exocíclica

permanece no C-4 (JANSEN e GROOT, 1991).

Germacreno

Rearranjo Drimano

Figura 58: Rearranjo drimano do precursor germacreno (Adaptado de: JANSEN e GROOT, 1991).

Os drimanos estão presentes em diversas famílias, dentre elas a Winteraceae,

principalmente no gênero Drimys. Mas a ocorrência dos drimanos não está limitada

apenas as plantas, pois, já foram encontradas também em outros organismos como

os fungos, moluscos e esponjas (JANSEN e GROOT, 2004).

Esta classe de substâncias vem sendo extensivamente estudadas para o

tratamento de diversas doenças, inclusive o câncer (FORSBY; WALUM, 1996;

FORSBY, et al., 1998; SILVA, 2009). Na literatura outras atividades biológicas

comprovadas cientificamente são relatadas, incluindo atividades antiinflamatórias

(MENDES, et al., 1998; CECHINEL FILHO, et al., 1998; EL SAYAH, et al., 2000;

CUNHA, et al., 2001; MALHEIROS, et al., 2001; MATSUDA, et al., 2002; SCHEIDT, et

al., 2002; ANDRÉ, et al., 1999; 2004; CASTELLI, et al., 2005; MARTINI, et al., 2007;

WAITAINCENIS, et al., 2007), antibacterianas (MACHIDA, et al., 1999; FUJITA e

KUBO, 2005; MALHEIROS, et al., 2005; SILVEIRA, 2011), molusculicida, piscicida,

antihelmíntico e reguladora do crescimento (MORTON, 1981; SIMÕES, et al., 1986;

JANSEN e GROOT, 2004).

115

5.4 Atividade biológica

5.4.1 Avaliação da citotoxicidade

A ação citotóxica do extrato clorofórmico das cascas, caules e folhas da D.

brasiliensis, bem como algumas substâncias isoladas, foram avaliados nas linhagens

tumorais de células de leucemia mielóide (K562), de linfóide aguda B (Nalm6), de

adenocarcinoma mamário humano (MCF-7) e de melanoma murino (B16F10). Na

tabela 10 e 11 estão apresentados os resultados obtidos.

Tabela 10: Avaliação da viabilidade celular de K562, Nalm6, MCF-7 e B16F10 em extratos brutos.

Amostra Drimys brasiliensis

K562 Nalm6 MCF-7 B16F10

CI50 (µg/mL) CI50 (µg/mL) CI50 (µg/mL) CI50 (µg/mL)

DBCHCl3 Cascas 21,36 ± 0,81 4,23 ± 0,20 23,60 ± 1,50 9,35 ± 4,95 DBCHCl3 Caules 41,03 ± 1,56 16,04 ± 1,10 --------- -------- DBCHCl3 Folhas 67,66 ± 2,30 19,11 ± 0,95 --------- --------

Vincristina 2,97 ± 0,66 0,123 ± 0,001 --------- --------

Paclitaxel --------- --------- 0,98 ± 0,4 0,31 +0,032

Todos os extratos avaliados apresentaram resultados promissores para a

linhagens de células leucêmicas Nalm6 com CI50 entre 4 e 20 µg/mL e para K562

entre 20 e 70 µg/mL. Entre eles, o extrato clorofórmico das cascas apresentou os

melhores resultados com CI50 de 4,23 µg/mL para Nalm6 e 21,36 µg/mL para K562.

Os extratos foram menos ativos que o controle positivo, porém tratando-se de

extratos, os resultados podem ser considerados bons a moderados.

Segundo Cañedo (2005) a linhagem celular K562 é utilizada em experimentos

que envolvem o mecanismo de diferenciação do câncer, ou seja, uma forma de

avaliar o tratamento de células neoplásicas através de agentes indutores da

diferenciação celular. Esta linhagem celular em especial apresenta defeitos nas vias

de ativação das caspases, havendo um aumento nos níveis dos inibidores de

caspase-8 (FLIP) e uma baixa nos níveis da APAF-1, quando comparadas com

outras linhagens celulares, como, por exemplo, a Jurkat. Também é observado que

esta linhagem também é sensível aos inibidores da COX-2, com ativação de células

G0/G1 e da caspase-8 (PENG, et al., 2008).

Devido os resultados obtidos para o extrato clorofórmico das cascas, estes

foram avaliados para as linhagens de adenocarcinoma mamário humano (MCF-7) e

116

de melanoma murino (B16F10). Este também apresentou resultados significativos

para estas células com valores de CI50 de 23,60 e 9,35 µg/mL, respectivamente. O

câncer de pele melanoma cutâneo é resultante da modificação dos melanócitos que

compõem a pele, cuja principal função é a produção de melanina, um pigmento

natural muito importante para a fotoproteção da pele (DE VITA; HELLMANN;

ROSENBERG, 2005). No geral é o tipo de câncer que apresenta grande potencial

metastático, mesmo em fases iniciais de sua origem, fato este que constitui numa

das patologias mais agressivas dentre todas as lesões de pele, incluindo um alto

índice de mortalidade, quando diagnosticado tardiamente (INCA, 2010).

A prevenção segundo o INCA (2010) inclui ações primárias, como proteção

contra a luz solar, que são efetivas e de baixo custo. O auto-exame também é

essencial para o diagnóstico precoce da patologia. No caso do portador o tratamento

consiste em excisão cirúrgica, quimioterapia, imunoterapia, e uso de medicamentos,

como por exemplo, vincristina, vimblastina, paclitaxel e docetaxol, que no geral são

bastante agressivos e com efeitos adversos. Seu uso em longo prazo pode acarretar

em danos ao sistema fisiológico (GOLDMANN; AUSIELLO, 2005).

As substâncias isoladas, exceto as lignanas, foram testadas nas mesmas

linhagens tumorais e sob as mesmas condições dos extratos. Todos apresentaram

bons resultados frente às células testadas. Dentre as substâncias testadas o 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial apresentou os melhores resultados com CI50 de 2,80; 0,22;

10,10 e 7,70 µM para as linhagens K562, Nalm6, MCF-7 e B16F10,

respectivamente.

Dentre os drimanos avaliados, quando a atividade é comparada entre o 1-β-

(p-metoxicinamil)-poligodial e o drimanial, verificou-se que a introdução do

grupamento OH no carbono C-5 de drimanial, a atividade diminuiu ligeiramente. Já o

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial possui um grupamento OH no carbono C-7’ e com a

introdução deste grupamento tornou-se menos efetivo que os demais. É possível

que o grupamento OH tanto na posição C-7’ quanto na posição C-5 afete na ligação

da molécula ao receptor da célula e que o grupamento metoxi na posição C-7’

favoreça a ligação no receptor, e com isso, o efeito citotóxico se apresenta.

117

Tabela 11: Avaliação da viabilidade celular de K562, Nalm6, MCF-7 e B16F10 das substâncias isoladas.

Amostra

K562 Nalm6 MCF-7 B16F10

CI50 (µM) CI50 (µM) CI50 (µM) CI50 (µM)

1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial

O

O

MeO

CHO

CHO

2,70 ± 1,70

0,22 ± 0,073

10,08 ± 0,07

7,69 ± 0,0009

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial

O

O

OH

CHO

CHO

4,57 ± 2,37

1,14 ± 0,42

40,68 ± 3,98

70,95 ± 4,69

Drimanial

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

7,81 ± 1,43

4,62 ± 1,008

63,11 ± 3,98

96,00 ± 6,09

Poligodial CHO

CHO

H

0,30 ± 0,08

34,78 ± 1,74

------- --------

Espatulenol

H

HHH

OH

0,41 ± 0,06

205,58 ± 36,89

------- --------

Vincristina 3,22 ± 0,71 0,01 ± 0,001 --------- --------

Paclitaxel --------- --------- 1,15 ± 0,6 0,37 ± 0,04

Existem na literatura alguns ensaios com células tumorais para drimanos. O

poligodial inibiu receptores muscarínicos agonistas de acetilcolina ativados (mAChR)

na transdução de sinais em células de neuroblastoma humano. O mecanismo pelo

qual ele atua está localizado no mAChR e também ao nível da proteína-G ou na

proximidade da via de transdução de sinal (FORSBY, et al.; 1998).

Em outro trabalho, Forsby e Walum (1996) investigaram o efeito de alguns

drimanos (isovaleral, poligodial e epipoligodial) sobre a formação do inositol fosfato

(IP) em células de neuroblastoma humano (SH-SY5Y) tentando estabelecer uma

correlação com a liberação de Ca2+ intracelular e a ação das substâncias. Como

resultados obtiveram que o poligodial realmente induz a mobilização do IP, mas de

forma dependente da concentração do Ca2+ na linhagem testada. Mais

118

recentemente, Silva (2009), avaliou a ação citotóxica dos extratos clorofórmicos das

cascas, caules e folhas, além dos sesquiterpenos drimanos drimanial, 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial, isolados do extrato clorofórmico das cascas, em células

tumorais Hela (Adenocarcinoma Epitelial de Cérvix Humano) e não tumorogênica

L929 (fibroblasto murino). O extrato clorofórmico das cascas e os compostos

isolados mostraram-se citotóxicos para a linhagem tumoral.

Além dos drimanos, neste trabalho, também foram isoladas do extrato

clorofórmico das cascas aromadendranos e lignanas. Estes têm apresentado

potencial citotóxico (ATAWODI; ALAFIATAYO, 2007; HELENO, et al., 2006). Para

estas classes, destacam-se ainda atividades, antifúngica, antibacteriana (LIMA;

BEATRIZ; RAMOS, 1997; MOREIRA, et al., 2003), antitripanocida, antiviral,

antialérgica e antiinflamatória (ATAWODI; ALAFIATAYO, 2007; HELENO, et al.,

2006; SIMÕES, et al., 2004).

A partir do exposto, pode-se sugerir que os drimanos contribuam com os

efeitos citotóxicos apresentados pelo extrato clorofórmico das cascas. Porém pode

haver um sinergismo, pois de maneira geral o extrato foi mais efetivo do que os

compostos isolados. As substâncias isoladas apresentam por vezes apenas um alvo

molecular e são na grande maioria mais eficazes quando estão combinados, como

por exemplo, no extrato bruto. Elas podem atuar em vários alvos simultaneamente, e

dessa forma aumentam o potencial terapêutico. Fármacos monoalvos segundo Keith

e Zimmermann (2004) não são capazes de combater de forma eficiente condições

patológicas como o câncer e doenças infecciosas. Estratégias multialvo podem ser

aplicadas no tratamento do câncer, por ele ser multigênico. O sinergismo com alvos

múltiplos pode potencializar o efeito terapêutico.

As substâncias testadas no presente estudo, isolados de D. brasiliensis, ainda

não foram plenamente investigados para a atividade biológica antitumoral em outras

linhagens de câncer, desta forma necessitando de maiores investigações a respeito

disso. Alguns testes estão sendo realizados para sanar esta lacuna, com outras

linhagens tumorais. Visto que os alvos celulares podem ser diferentes dependendo

das células avaliadas, alguns resultados que podem ser representativos para

algumas linhagens podem não ser tão significativos para outras e o inverso também

é verdadeiro. Dessa forma faz-se necessário a continuidade destes estudos com

diversas linhagens celulares para a verificação da especificidade e do grau de ação.

119

5.4.2 Avaliação da atividade leishmanicida

Na busca por novos agentes antiparasitários os extratos clorofórmicos e

metanólicos das cascas, caules e folhas, bem como os compostos isolados das

cascas forma avaliados em linhagens celulares de Leishmania amazonensis e L.

brasiliensis, comparando com padrões de referência e viabilidade celular foi

determinada pelo método XTT. Os resultados de concentração inibitória mínima

obtida estão na tabela 12 e 13.

Tabela 12: Atividade leishmanicida dos extratos de Drimys brasiliensis in vitro nas formas promastigotas de Leishmania amazonensis e L. brasiliensis.

Espécies

Amostra L. amazonensis Lma

L. brasiliensis M2903

CI50 (µg/mL) CI50 (µg/mL)

Drimys brasiliensis DBCH3OH Cascas 83,8 ± 4,03 >100 DBCHCl3 Cascas 39,0 ± 0,28 40,6 ± 1,40 DBCH3OH Caules 85,0 ± 1,90 78,0 ± 10,0 DBCHCl3 Caules 99,0 ± 6,90 81,9 ± 9,40 DBCH3OH Folhas >100 >100 DBCHCl3 Folhas >100 >100

Extrato de Catharantus roseus 25,8 ± 0,04 27,8 ± 0,04

Dentre os extratos analisados no presente estudo, o extrato clorofórmico das

cascas foi o mais ativo. Novamente sugerindo o fato de este extrato possuir

atividade devido à presença de sua principal classe de substâncias, os

sesquiterpenos drimanos; classe esta que possui inúmeros efeitos farmacológicos

confirmado na literatura. Comparando-se com os resultados apresentados, o extrato

clorofórmico das cascas foi similar ao extrato de Catharantus, usado como controle.

120

Tabela 13: Atividade leishmanicida das substâncias isoladas das cascas de Drimys brasiliensis in vitro nas formas promastigotas de Leishmania amazonensis e L. brasiliensis.

L. amazonensis Lma

L. brasiliensis M2903

CI50 (µM) CI50 (µM)

Substâncias 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial

O

O

MeO

CHO

CHO

15,85 ± 0,41 17,80 ± 0,68

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial

O

O

OH

CHO

CHO

5,55 ± 0,98 2,52 ± 0,78

Drimanial

O

O

MeO

CHO

CHO

OH

20,42 ± 1,31 12,67 ± 1,15

Poligodial CHO

CHO

H

41,45 ± 1,79 25,64 ± 1,12

Espatulenol

H

HHH

OH

81,82 ± 0,63 89,10 ± 0,90

Anfotericina-B 0,21 ± 0,04 1,20 ± 0,04

Todos os drimanos apresentaram uma alta seletividade contra as formas

promastigotas, porém todos apresentaram CI50 bem superiores ao fármaco de

referência anfotericina B. Entre os compostos, o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial

apresentou a melhor atividade com CI50 = 5,55 e 2,52 µM, respectivamente, contra

as formas de Leishmania amazonensis e L. brasiliensis. Comparando a atividade de

ésteres cinamílicos 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial, 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial e

o drimanial, nota-se que a mudança de um grupo metoxila em 1-β-(p-metoxicinamil)-

poligodial e drimanial por um grupo hidroxila no anel aromático em 1-β-(p-

cumaroiloxi)-poligodial, provocou um aumento da atividade leishmanicida contra as

duas formas de Leishmania analisadas. O poligodial é um drimano sem o

grupamento cinamílico e os resultados são semelhantes aos do drimanial. Esses

121

resultados indicam a importância do grupo p-hidroxicinamil à atividade leishmanicida

dos drimanos analisados.

5.4.3 Avaliação da atividade plasmodicida

Os extratos e os compostos 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial e o 1-β-(p-

cumaroiloxi)-poligodial também foram avaliados quanto à sua atividade antimalárica.

Para a atividade plasmodicida foram realizados por incubação de uma suspensão de

parasitas nas formas da cultura de trofozoítas de cepa de Plasmodium falciparum

F32-Tanzânia (cepa cloroquina-sensível). A triagem inicial dos extratos mostrou

atividade plasmodicida apenas para o extrato clorofórmico das cascas, com CI50 =

3,0 µg/mL e inibição de 97% (Tabela 14).

Os compostos revelaram promissora atividade plasmodicida, com 100% de

inibição e CI50 de 1,01 e 4,88 µM para o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial e 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial, respectivamente. A diferença estrutural entre os dois

consiste na mudança do grupamento presente em C-7’. Enquanto em 1-β-(p-

cumaroiloxi)-poligodial o grupamento ligado é OH, no 1-β-(p-metoxicinamil)-

poligodial o grupamento metoxi está ligado. A presença do grupamento OH pode

estar influenciando na alteração das atividades físico-químicas da molécula como

hidrofilicidade, entre outras causando uma mudança na reatividade química.

Em Drimys angustifolia Miers predominam os drimanos poligodial, 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial e o drimanial. Estes compostos apresentam potencial

antifúngico (CASTELLI, et al., 2005; MALHEIROS, et al., 2005), antinociceptivo (EL

SAYAH, et al., 1998; 2000), antiinflamatório (CECHINEL-FILHO, et al., 1998;

MALHEIROS, et al., 2001; CUNHA, et al., 2001) e antihiperalgésico (MENDES, et

al., 1998; MENDES, et al., 2000; MARTINI, et al., 2007). Estudos recentes indicaram

que o extrato bruto hexânico de Drimys brasiliensis e o poligodial mostraram

atividade contra Leishmania spp. na faixa entre 22 e 62 µg/mL (265 µM). O poligodial

também apresentou uma excelente atividade alta seletividade parasitária para

tripomastigotas de Trypanosoma cruzi (2 µg/mL; 8,5 µM) (CORREA, et al., 2011).

122

Tabela 14: Atividade plasmodicida dos extratos, substâncias isoladas das cascas de Drimys brasiliensis in vitro nas formas trofozoítas de Plasmodium falciparum.

Amostra % Inibição

CI50*

P. falciparum

FcR3

Drimys brasiliensis DBCHCl3 Cascas 97 ± 3,0 3,00 ± 0,4 ATIVO DBCH3OH Cascas 0 > 10 INATIVO DBCHCl3 Caules 0 > 10 INATIVO DBCH3OH Caules 0 > 10 INATIVO DBCHCl3 Folhas 40±6,0 > 10 INATIVO DBCH3OH Folhas 0 > 10 INATIVO

Substâncias

1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial

O

O

MeO

CHO

CHO

100 4,88 ± 0,97 ATIVO

1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial

O

O

OH

CHO

CHO

100 1,01 ± 0,10 ATIVO

Cloroquina 100 0,1 ± 0,01 ATIVO * Os valores dos extratos estão em extratos estão em µg/mL. Já os valores das substâncias estão em µM.

Nossos resultados, juntamente com os da literatura, sugerem que os

drimanos podem ser agentes promissores contra as doenças causadas por

protozoários. No entanto, outros estudos (in vitro e in vivo) devem ser realizados a

fim de compreender os mecanismos de ação, bem como avaliar a toxicidade,

visando seu uso como fármaco.

123

6 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos no presente trabalho mostram que o extrato

clorofórmico das cascas de D. brasiliensis é uma importante fonte de sesquiterpenos

drimanos e lignanas. Deste extrato foi possível isolar os drimanos poligodial, 1-β-(p-

metoxicinamil)-poligodial, drimanial e 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial. Outro drimano

está em fase de identificação. Destes o 1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-isodrimeninol e o

1-β-O-p-metoxi-E-cinamil-5α-hidroxi-isodrimeninol estão sendo relatados pela

primeira vez na literatura. Da classe das lignanas, foi isolada a (-) hinoquinina, que

está sendo relatada pela primeira vez para o gênero Drimys. Outra lignana está em

fase de identificação. Além destes, foi isolado um aromadendrano denominado

espatulenol e também foram isolados um ácido graxo e um glicerídeo. Todas as

substâncias foram identificadas por comparações de dados de ressonância

magnética nuclear com valores da literatura.

A ação citotóxica dos extratos clorofórmicos de cascas, caules e folhas e

substâncias isoladas foi verificada em modelos celulares de leucemia mielóide

(K562) e linfóide aguda B (Nalm6), adenocarcinoma mamário (MCF-7) e melanoma

murino (B16F10). O extrato clorofórmico das cascas foi o mais ativo para todos os

modelos celulares testados, e dentre os drimanos o 1-β-(p-metoxicinamil)-poligodial

que foi o mais ativo para todas as linhagens testadas.

Os extratos e as substâncias isoladas também foram avaliados em duas

formas promastigotas de Leishmania e uma forma trofozoíta de Plasmodium. O

extrato clorofórmico das cascas também foi o mais ativo. Os drimanos apresentaram

resultados bastante satisfatórios dentre eles, o 1-β-(p-cumaroiloxi)-poligodial foi o

mais ativo.

Os resultados do presente trabalho mostram a importância química e

medicinal da Drimys brasiliensis devido à presença dos sesquiterpenos drimanos

nas cascas que contribuem para sua atividade, confirmando seu uso popular no

tratamento de diversas patologias que acometem o homem.

124

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