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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
UM ESTUDO SOBRE A EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES QUE
FORAM EDUCADOS NA INFÂNCIA PELOS AVÓS E NA
ADOLESCÊNCIA PELOS PAIS.
JOSIELY FRANCYS BERTOLLO
Itajaí, (SC) 2007
JOSIELY FRANCYS BERTOLLO
UM ESTUDO SOBRE A EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES QUE
FORAM EDUCADOS NA INFÂNCIA PELOS AVÓS E NA
ADOLESCENCIA PELOS PAIS.
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí.
Orientadora: Prof° MSc Márcia Aparecida Miranda de Oliveira.
Itajaí (SC), 2007
AGRADECIMENTOS
Com o passar deste trabalho pude contar com o apoio de muitas pessoas que com certeza foram muito importantes para mim. Por isso gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para a realização do meu trabalho, mas com certeza tiveram algumas que tiveram um papel fundamental para eu poder realizar este trabalho, as quais eu gostaria de deixar registrado aqui o meu agradecimento:
Minha Professora e Orientadora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira, por compartilhar comigo seus conhecimentos, por me ajudar nas horas mais difíceis do meu trabalho, por conseguir me dar tranqüilidade nas horas de pura preocupação.
Para as professoras que aceitaram o meu convite para participarem da minha banca, Josiane Prado e Lísia Michels, assim compartilhando seus conhecimentos juntamente comigo.
As famílias que carinhosamente aceitaram a participarem da minha pesquisa, compartilhando suas histórias e confiando em mim.
Para meu pai, que por todo este tempo me ofereceu o maior carinho do mundo me apoiando e me incentivando a cada momento que passei. Por me dar a oportunidade de realizar o curso de psicologia.
Para minha mãe e minha irmã que me ouviram muitas vezes, escutaram meu choro, que me apoiaram e me compreenderam e sempre me ajudando a alcançar meu objetivo.
Para meu namorado Charles, que esteve ao meu lado em todos os momentos, me apoiando, me ajudando, me mostrando o lado bom das coisas.
Para minhas amigas Isabela e Suzana que muitas e muitas vezes me escutaram reclamar, chorar. Obrigada por estarem ao meu lado nessa hora que tanto precisava.
.
OBRIGADA!
SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................... 05
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 06
2 EMBASAMENTO TEÓRICO ......................................................................... 09
2.1 A Família .................................. ................................................................. 09
2.2 Afetividade na Família ............................................................................... 10
2.3 A Família frente às transformações ........................................................... 13
2.4 Educação de filhos da infância a adolescência ......................................... 17
2.5 Influência dos avós na educação ............................................................... 21
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 25
3.1 Participantes da pesquisa ......................................................................... .25
3.2 Instrumentos .............................................................................................. 27
3.3 Coleta de Dados ........................................................................................ 28
3.4 Análise dos dados ...................................................................................... 29
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 31
4.1 Motivos pelos quais os avós educaram o neto na infância, segundo a
percepção dos avós.......................................................................................... 32
4.2 Motivos pelos quais a mãe não educou seu filho na infância, segundo a
percepção da mãe ........................................................................................... 34
4.3 Relacionamento Familiar ........................................................................... 35
4.4 Relacionamento entre avós e o neto na infância, segundo a percepção dos
avós ................................................................................................................. 37
4.4.1 Afetividade na relação avós e neto na infância ...................................... 38
4.4.2 Regras na relação avós e netos na infância .......................................... 38
4
4.5 Relacionamento atual entre avós e o neto adolescente, segundo a
percepção dos avós ......................................................................................... 40
4.6 Relacionamento atual entre os avós e o neto adolescente, segundo a
percepção do adolescente ............................................................................... 42
4.7 Relacionamento atual entre mãe e o filho adolescente, segundo a
percepção do adolescente ............................................................................... 43
4.8 Relacionamento atual entre mãe e o filho adolescente, segundo a
percepção da mãe ........................................................................................... 45
4.8.1 Afetividade na relação mãe e filho adolescente ......................................46
4.8.2 Regras na relação mãe e filho adolescente ........................................... 47
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 50
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 56
7 ANEXOS ..................................................................................................... 60
7.1 Apêndice A – Ficha de Identificação ....................................................... 61
7.2 Apêndice B – Entrevistas ........................................................................ 62
7.3 Apêndice C – Termo de consentimento livre e esclarecido .................... 65
Um estudo sobre a Educação de adolescentes que foram educados na infância pelos avós e na adolescência pelos pais.
Orientadora: MSc. Professora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira. Defesa: junho de 2007.
Resumo: Com o passar dos tempos, a família tem sofrido modificações, tais como o divórcio, trabalho, estudos dentre outros fazem com que pais entreguem seus filhos aos avós maternos ou paternos, para que estes possam assumir as responsabilidades relacionadas à criação do neto, pois com essas mudanças os pais não estão podendo cumprir essa demanda que é de responsabilidade deles. Sendo assim, esta pesquisa aborda o tema: diferenças na educação de adolescentes que foram educados pelos avós na infância e por algum motivo na fase da adolescência voltam a morar com os pais. Tendo como objetivo analisar se houve mudanças na educação de adolescentes que foram educados pelos avós na infância e na fase da adolescência são educados pelos pais, tanto do ponto de vista dos pais, filhos e avós. Esta é uma pesquisa de abordagem qualitativa, na qual foi utilizada uma entrevista semi-estruturada para a coleta de dados, a qual foi aplicada separadamente a cada membro das três famílias entrevistadas, mãe, avó ou avô e o adolescente com idade entre 17 e 21 anos. Os dados desta pesquisa foram analisados através da Análise de Conteúdo segundo Bardin (1977). Através da análise dos dados identificou-se que apenas na Família 2 os avós, a mãe e o adolescente conversam sobre limites, fazendo com que nem as regras dos avós nem as impostas pela mãe prevaleçam e sim, uma junção das duas através de uma boa conversa. Os jovens fazem uma comparação entre as regras estabelecidas pelos avós das estabelecidas pelas mães, salientando que os avós dão mais liberdade enquanto que as mães são mais rígidas, o que é percebido nas Famílias 1 e 3. Observa-se que não houve mudanças na educação desses adolescentes que foram educados pelos avós.
Palavras-chaves: adolescente; família; educação.
1 INTRODUÇÃO
Observa-se que muitas pessoas estão tendo seus filhos muito cedo,
tendo como conseqüência recorrerem aos avós maternos ou paternos para
ajudá-los a educar e cuidar de seus filhos. Essas crianças então, passam a ter
influência da educação dos avós desde a fase inicial da infância e por motivos
mais diversos quando mais velhos ou no início da adolescência passam a ter
mais influência dos próprios pais.
Por isso, um dos objetivos deste trabalho é conhecer os motivos pelos
quais os avós educaram o neto na fase da infância.
Seguindo esta proposta, esta pesquisa visa investigar as mudanças da
educação de adolescentes que na sua infância foram educados pelos avós e
hoje são educados pelos pais, segundo a percepção da mãe, do filho e dos
avós.
A passagem da infância para a adolescência é uma fase na qual os
adolescentes sofrem com as mudanças tanto físicas como psíquicas, o corpo
se transforma, ocorrem mudanças de humor freqüentemente. E geralmente é
uma fase identificada como sendo de conflitos, conturbações, dúvidas, um
período difícil, de brigas e conflitos com seus pais.
Essas características não são atitudes ou condutas injustificáveis, pois
afinal, o indivíduo está deixando para trás um corpo e identidade de criança,
fazendo parte agora do mundo dos adultos, é normal assim, a dificuldade de
adaptação.
Sendo assim, cada adolescente deverá viver essa transformação de
acordo com suas possibilidades e recursos internos, com o seu contexto e
7
dinâmica familiar e pode contar também com a ajuda ou a inibição dos pais na
elaboração e superação dessa fase.
Sendo assim, é necessário neste trabalho verificar se existem diferentes
estratégias na educação estabelecida pelos avós das estabelecidas pela mãe.
Os pais têm como dever impor limites, ter autoridade sobre seus filhos,
sendo esta a função da família, que é a de educar seus filhos. A família deverá
transformar seus filhos imaturos em filhos capazes de ingressar na sociedade
em que vivem. Ela é a principal responsável pelo desenvolvimento e
socialização dos filhos.
Percebendo esta responsabilidade da família sobre seus filhos, outro
aspecto a ser verificado, é de como se dá agora o relacionamento do
adolescente com sua mãe segundo a percepção da mãe e do filho.
Assim, torna-se importante o estudo sobre a educação de filhos que na
fase da infância foram educados pelos avós e na adolescência passam a ter
maior convivência com seus pais, para que, por meio deste, encontram-se
alternativas que possam ajudar ou a orientar os pais que vão estar com seus
filhos na fase em que é identificada como a fase dos conflitos.
Partindo de uma monografia já concluída, cujo titulo é: Investigação
sobre as mudanças na educação dos filhos na fase da adolescência,
segundo a percepção dos pais e dos filhos, realizada pela acadêmica
Caroline Andréa Pottker (2005), sob a orientação da professora Márcia
Aparecida Miranda de Oliveira, este assunto surge com o interesse de
conhecer se houve mudança na educação dos adolescentes que na infância
foram educados pelos avós e posteriormente, na fase da adolescência passam
a ser educados pelos pais.
8
Este trabalho tem como proposta analisar as mudanças na educação
dos filhos, na fase da adolescência de acordo com o ponto de vista dos pais,
filhos e avós. Com o objetivo de fornecer aos psicólogos, informações a
respeito das experiências de algumas famílias, as quais estão passando pelas
adaptações nas mudanças na educação dos filhos adolescentes, bem como
podem fazer uso desses recursos com famílias que são incapazes de lidar com
essas mudanças, necessitando assim de apoio. Este apoio pode ser realizado
através de psicoterapia familiar na busca de solução dos conflitos para uma
melhor comunicação entre os membros.
Este trabalho também poderá ajudar na ampliação dos conhecimentos
de alunos e professores que trabalham com famílias na Clínica – Escola, do
Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí, bem como para
profissionais da saúde e profissionais que trabalham com adolescentes.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 A Família
A família é um sistema que se move através dos tempos, onde os
membros passam por estágios ao longo do ciclo de vida familiar, o qual sofre
mudanças em seus padrões (CARVALHO, 2004).
O conceito de família é de difícil elaboração, pois esta se modifica no
tempo e no espaço, de acordo com as funções na sociedade em que está
inserida.
Segundo Ferreira (1986), família é aquela que se constitui de pessoas
aparentadas, que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe
e os filhos, pessoas do mesmo sangue.
Seguindo esse pensamento, Ackerman (1986, p. 29) em seus estudos
afirma que a família:
É a mesma em qualquer lugar; contudo nunca permaneceu a mesma. A constante transformação da família através do tempo é o produto de um processo incessante de evolução; a forma da família molda-se às condições da vida que predominam em um certo tempo e lugar. Na cena contemporânea, a família esta mudando seus padrões em um ritmo extraordinariamente rápido.
Por sua vez, cada família tem uma identidade própria, ou seja, uma
história e idealizações, portanto não existe um “modelo de família” e sim vários
modelos familiares, que possuem traços em comuns (OUTEIRAL, 1997 apud
SOUZA, 2004).
10
A família também tem como função ser a principal peça na educação
dos filhos, sendo assim responsável pelo desenvolvimento e socialização dos
filhos.
Férez-Carneiro (1999, p. 84 - 85) destaca ainda algumas funções para a
família nuclear: 1) com vistas à procriação, canalizar e disciplinar a
sexualidade; 2) responder as exigências naturais de seus membros, provendo-
lhes o máximo de bem estar; 3) possibilitar o desenvolvimento da
personalidade da criança, através do sentimento de pertença e da estruturação
das identidades pessoal, sexual e social; 4) assegura a transmissão da cultura,
a transmissão de valores simbólicos, costumes, ritos e tradições do grupo,
assegurando também a aprendizagem da disciplina, preparação para a vida
adulta contribuindo para a formação da cidadania e da civilidade.
Ainda no que se refere às atribuições da família, Eizirik (2001) afirma
que as pesquisas sobre família nos últimos anos salientam que a organização
e a dinâmica familiar são fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo.
Com o desenvolvimento de cada indivíduo na família, a estrutura familiar
modifica-se, pois as crianças crescem, os adultos ficam velhos então o ciclo
familiar se modifica para adaptar-se às mudanças que ocorrem no ciclo familiar
(EIZIRIK, 2001).
2.2 Afetividade na Família
Desde o momento em que o bebê está no ventre de sua mãe, há um ato
de afetividade entre os dois. A mãe conversa com seu filho antes mesmo de
estar ao mundo, são palavras de carinho e amor que ela transmite a ele.
11
Estudos comprovam que recém-nascidos preferem a voz da mãe acima de
qualquer outra (BASSOFF, 1996).
A voz materna exerce um grande poder sobre as crianças, pois para
elas suas mães sempre dizem a verdade, sendo assim, as palavras suaves, as
histórias contadas acompanham a criança por muitos anos definindo seu auto-
conceito (BASSOFF, 1996).
Segundo a autora já citada, as palavras de uma mãe têm o poder de ser
duradouro, sendo assim, o que ouvimos dela quando bebês levamos conosco
até a morte.
Mesmo nas piores situações as mães passam coragem e confiança a
seus filhos. Com suas histórias, fazem com que seus filhos voltem-se para o
mundo dos sentimentos, aumentando a compreensão que os filhos têm da
experiência humana (BASSOFF, 1996).
Na família contemporânea isso não é tão presente. Infelizmente
atualmente as mães não estão tendo muito tempo para exercerem mais esta
atividade, pois em função da sua inserção no trabalho e outros fatores como o
divórcio, faz com que seu tempo diminua e seu filho acabe sofrendo as
conseqüências.
Em vista disto, mães colocam seus filhos mais cedo em creches e
escolinhas, na frente da televisão ou ainda necessitam da ajuda de parentes,
como os avós, para cuidarem de seus filhos para poderem trabalhar, assim
nem sempre podendo dispor de muito tempo para estarem presentes na
educação de seus filhos, não tendo este contato tão importante (BASSOFF,
1996).
12
Por sua vez, tendo em vista o contexto familiar, no que se refere as
relações sociais, mulheres e homens exercem funções diferentes, assim
estabelecidas: homem como sendo autoritário, que impõe disciplina e
responsável pelo sustento familiar. Já a mulher cabia ao exercício da
maternidade, cuidados de casa e o apoio afetivo. Mas esta função modificou-
se, pois a mulher teve grandes transformações em seu papel na sociedade.
Mas apesar dessa transformação feminina, cabe ainda a mulher o dever
doméstico e os cuidados dos filhos (WAGNER, 2002).
Assim, segundo Kaloustian (1998, apud Wagner 2002), afirma que a
família é o espaço privilegiado da socialização, do desenvolvimento e da
proteção do filho, independentemente das várias modificações que esta vem
sofrendo ou de como ela vem se estruturando em nosso país.
Em vista disso, a mãe é vista como um ideal de amor e afeição, ser
dotada de atributos, os quais satisfazem à idéia da mãe perfeita (WAGNER,
2002).
A afetividade segundo Capelato (2002, p.09), “é a dinâmica mais
profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Inicia-se a partir do
momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor – sentimento único que
traz no seu núcleo um outro, também complexo e profundo: o medo da perda”.
O afeto na relação mãe e filho inclui o apoio e a compreensão, com isso
a criança aprende a confiar no mundo. Os pais têm a missão de construir um
ambiente de amor, uma boa estrutura familiar para que assim seu filho se
realize (SHINYASHIKI, 1992).
13
Segundo Maldonado (1998), um dos principais objetivos da afetividade
na relação mãe e filho, é ajudar e apoiar o filho a crescer e ser um adulto
responsável, capaz de tomar suas decisões e fazer escolhas.
Shinyashiki (1992), afirma que sem o afeto o filho concebe a vida como
um peso. Com isso ele não aprenderá a compartilhar alegrias e tristezas, não
terá intimidade com outras pessoas. Recebendo o afeto e a estrutura familiar
que as crianças necessitam, elas tornam-se adolescentes e adultos amados e
confiantes em si mesmo e na vida.
Com o passar do tempo à criança cresce e vira adolescente, e a
autonomia vem junto, e os pais sentem esta autonomia de duas formas,
segundo Maldonado (1998), por um lado ficam contentes e radiantes em verem
seus filhos crescendo e conquistando a autonomia; mas por outro lado sofrem
com a separação do filho, vendo este crescimento do filho como uma perda.
Em vista disso, podemos perceber que a afetividade da mãe para o filho
quando criança agora vai ter uma pequena mudança, pois o filho adolescente
poderá afastar-se em vista da fase que ele está passando.
Com isso, os pais sentem-se rejeitados quando são menos solicitados.
Sentem medo de serem inúteis e de perderem o papel de pais (MALDONADO,
1998).
2.3 A família frente às transformações.
Na família além de sua evolução, ocorrem também algumas
transformações, as quais podem modificar toda a estrutura familiar. Algumas
14
destas transformações podemos salientar a gravidez na adolescência, o
divórcio e o recasamento.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, este indica
como levantamento estatístico mais atual sobre a gravidez na adolescência, os
dados de 1996, o qual revela que 45,9% das jovens sexualmente ativas não
utilizam nenhum método anticoncepcional.
De acordo com os estudos de Godinho (2000, p.2), ele aponta que
dentre as dificuldades encontradas pelas adolescentes grávidas, refere que:
Entre as de baixa renda, há famílias que acolhem melhor com apoio essencial, podendo as adolescentes continuar os estudos e/ou trabalhar. Por outro lado, os pais podem rejeitá-las e/ou abandoná-las, restando a elas, muitas vezes, a prostituição. Já em classes sociais de renda mais alta a adolescente tem, geralmente, como alternativas o casamento ou o aborto. Independentemente da classe, porém, o sentimento de culpa da gestante acarreta conflitos inconscientes, gerados pela desobediência das leis sociais, com reflexo na aceitação do filho. Após o parto, a adolescente questiona o significado da criança em sua vida e defronta-se com a falta de condições econômicas para criá-las.
O apoio da família é muito importante para a adolescente grávida, pois
elas contam com a ajuda que a família pode oferecer neste momento. O
diálogo é importante nas famílias, por que a gravidez na adolescência traz
efeitos negativos para as adolescentes, como o abandono da escola, assim
perdendo oportunidades no futuro (GODINHO, 2000).
Nesta fase em que a adolescente passa, observa-se que o envolvimento
dos avós tem crescido, ou seja, principalmente os pais da adolescente, em
muitos casos assumem o papel de educar os netos, dando uma outra imagem
15
ao papel dos avós. Onde antes a imagem deles era vista como limitada à
família e amigos, e agora são vistos como avós ativos e responsáveis pelos
netos, tornando-se assim os pais substitutos; substituindo os pais na criação
seja temporariamente ou definitivamente (FÉREZ-CARNEIRO, 1999).
Ainda no que se refere às mudanças na família, destaca-se também o
divórcio que é uma transformação da atualidade. Como afirma Carter e
McGoldrick (2001), o divórcio é uma ruptura no sistema familiar, que resulta em
uma série de mudanças na estrutura familiar básica e em todos os seus
relacionamentos.
A decisão do divórcio afeta todos os membros da família, provocando
uma crise para todos os membros. Esta separação interrompe o ciclo de vida
que a família mantia, refletindo principalmente na relação dos filhos com seus
pais.
Segundo dados do IBGE (2004), no ano de 2002, o índice de mães que
possuem a guarda do filho em um divórcio é de 89,70%. Analisando este dado,
observa-se que em uma separação, é a mãe que geralmente fica com a guarda
do filho, e o pai freqüentemente verá o filho nos finais de semana. Mas isso se
modifica com o passar do tempo, pois depois da separação também é
freqüente que o pai vá se afastando de seus filhos, deixando de manter
contato.
Por outro lado, após algum tempo da separação de um casal, pode
ocorrer o recasamento, o qual segundo Carvalho (2004), as famílias do
recasamento surgem por um casamento ou união de fato de duas pessoas, em
que um ou ambos os cônjuges foram previamente casados e se divorciaram ou
16
enviuvaram. Estas famílias recasadas são semelhantes em muitos aspectos às
famílias tradicionais, uma vez que têm as mesmas funções.
Seguindo esta proposta de recasamento, Eizirik (2001, p.69) salienta
ainda, que no primeiro casamento,
[...] existe um importante período inicial durante o qual o casal sem filhos passa por um processo intenso, mútuo, de adaptação emocional. Isso não acontece no recasamento, e como cada vez mais crianças estão vivendo nessas famílias, a tentativa de solução simultânea das dificuldades maritais e familiares propicia um envolvimento excessivo dos filhos no conflito conjugal. Essa é a principal razão de 60% dos segundos casamentos terminarem em divórcio em menos de cinco anos.
Frente a este envolvimento dos filhos no conflito conjugal e tendo como
conseqüência a separação dos pais, muitas vezes a mãe para manter o seu
segundo casamento, utiliza-se como recurso passar os cuidados e criação de
seu filho para seus próprios pais.
É notória a ausência de literatura sobre este tema, mas uma pesquisa
feita por Gladstone (1999, apud FÉREZ-CARNEIRO, 1999), com 110 pares de
avós e netos após o divórcio e o recasamento do (a) filho (a), observou-se que
este é um intermédio na relação avós e netos.
Ainda seguindo os estudos de Gladstone (1991, apud FÉREZ-
CARNEIRO, 1999), chegou-se à conclusão que quanto maior for o
envolvimento do novo genro/nora com os avós, menos contato haverá entre os
avós e netos do primeiro casamento, e quanto maior o envolvimento dos avós
com filhos e netos do segundo casamento, maior será o convívio com os netos.
17
No recasamento tem que se ter claro que as famílias são diferentes uma
das outras. Deve-se estimular a comunicação, sincera e direta entre os
membros; os padrastos e as madrastas devem participar da organização
disciplinar da casa, esclarecendo para as crianças que apesar de não serem
seus pais eles moram juntos na mesma casa e exigem respeito (EIZIRIK,
2001).
A partir destas transformações citadas, podemos perceber que a
estrutura de uma família pode se modificar, trazendo assim muitas mudanças
para o ciclo familiar que antes de uma transformação era percebida de uma
maneira. São os novos fenômenos que com o tempo tem aparecido nas vidas
familiares.
2.4 Educação de filhos da infância a adolescência.
A educação é definida como a influência exercida pelos adultos sobre as
crianças para torná-las aptas à vida social numa determinada sociedade
(FERNANDES, 1999).
Sendo os pais responsáveis pela educação, esta é exercida já desde os
primeiros meses de vida de uma criança, onde a qual exige muito cuidado e
atenção.
A família, assim, sendo responsável pela educação de seus filhos, passa
por um desenvolvimento ao longo do tempo o qual geralmente modifica a
estrutura familiar, tendo em vista que os filhos vão crescendo e sofrem as
mudanças do ambiente externo. Quando os filhos são bebês eles necessitam
de cuidados e muita atenção, já quando estes bebês tornam-se crianças
18
maiores precisam de orientação e controle, e quando são adolescentes
precisam de independência e responsabilidade (NICHOLS E SCHWARTZ,
1998).
Em relação aos cuidados e atenções necessárias ao filho, o pai em uma
experiência não aceitável em relação a filhos pequenos, faz com que o papel
crucial da criação fique com a mãe. Mesmo com o passar do tempo, o pai cria
um laço mais ativo na relação com seus filhos, mas é a mãe quem fica com a
maior parte das responsabilidades para atender as suas necessidades
(CARTER, 1995).
Com base nessas responsabilidades que a mãe tem sobre seu filho
Lewis (1984) apud CARTER (1995, p.43), salienta que:
A literatura e a mídia continuam a focar a mãe como o componente crucial do desenvolvimento sadio da criança. Os pais ainda são representados como adjuntos periféricos (normalmente para proporcionar um pouquinho de apoio extra para a mãe), particularmente até que a criança seja verbal ou não use mais fraldas.
Esta responsabilidade maior que a mãe tem sobre seus filhos pequenos,
muitas vezes é entrelaçada com o seu trabalho, suas funções fora de casa.
Então como afirma Férez-Carneiro (1999), com menos disponibilidades para a
função de educar, os pais tendem a passar esta tarefa a outras instituições,
como a escola.
Nesta situação, é comum que os pais tornem-se vulneráveis as idéias
difundidas sobre novas alternativas de educação. Isso muitas vezes os leva a
procurarem alternativas atuais para a educação dos filhos, o que pode ser
negativo para a família, pois é comum os pais não saberem julgar o certo e o
19
errado, ou saber permitir ou proibir, podendo assim criar grandes dilemas
parentais (FÉREZ-CARNEIRO, 1999).
Essas novas alternativas de educar que os pais procuram e
conseqüentemente podem gerar os dilemas, que surgem na fase da
adolescência, a qual é um período de transição entre a infância e a fase adulta,
é uma transformação saudável e natural, em que ocorrem mudanças físicas e
psicológicas que preparam o adolescente para se tornar adulto. Essas
transformações do adolescente é que levam os pais a terem dificuldades, pois
a psique do filho muda e conseqüentemente suas idéias e opiniões também se
modificam (CARTER & MCGOLDRICK, 1995).
Segundo as autoras já citadas, nesta passagem de fase da infância a
adolescência, o jovem passa por adaptações às quais muitas vezes não
ocorrem sem conflitos no âmbito familiar, pois há uma mudança brusca de seu
humor, tornando-se assim rebeldes e desafiadores. Essas características não
são atitudes ou condutas injustificáveis, pois afinal, o indivíduo está deixando
para trás um corpo e identidade de criança.
Por sua vez, com essas mudanças ocorridas com o adolescente, Eizirik
(2001) salienta que, as famílias que não tiverem a maleabilidade de se
adaptarem a esta nova configuração familiar e forma de relacionamento com os
filhos estarão fadadas a conflitos tormentosos nesse momento da vida.
Seguindo ainda o pensamento do autor anteriormente citado, a falta de
compreensão que ocorre entre pais e filhos, muitas vezes é a base para as
discussões destes, fazendo com que assim o adolescente almeje cada vez
mais sua liberdade, o que pode ser retraído pelos pais, os quais entendem esta
atitude como um aumento da segurança do jovem.
20
Referindo-se ainda a aspectos de conflitos entre adolescentes e pais,
Eizirik (2001, p.66) salienta ainda que:
O adolescente reivindica os privilégios do adulto, que vem junto com as responsabilidades. Para isso, o adolescente necessita sentir que controla aspectos importantes da sua vida: aparência física, escolha de amigos, horários e dinheiro. Esses são temas típicos de conflitos com os pais, que precisam de muita flexibilidade e bom senso para responder ao adolescente. Eles os confundem, pois ora porta-se como criança, ora como adulto. Os pais em geral sentem-se sem parâmetros sobre como agir.
Segundo Zagury (2001), há algumas tarefas que os pais dos
adolescentes devem seguir para que haja um melhor convívio familiar, dentre
elas: os pais devem dar sempre oportunidade para que os filhos expressem
suas opiniões e troquem idéias; devem tolerar os momentos de mau humor ou
mudez absoluta; devem ouvi-los, desde que ele queira falar; devem aceitar e
estimular a necessidade de expressarem independência; devem fazer com que
seu filho conheça e respeite as normas vigentes na família; devem sempre que
puder conversar com seu filho.
Como afirma Maldonado (1996), a arte de conversar é a busca do
equilíbrio entre falar e ouvir, onde saber ouvir não é se limitar apenas a escutar,
mas conseguir entender corretamente o significado do que a pessoa está
dizendo.
O ato de educar exige muita sabedoria do lado dos pais, pois eles não
devem mostrar-se os donos da verdade, mas sim pessoas prontas para
mudanças e novidades.
21
2.5 Influência dos avós na educação
Esta temática por se tratar de uma situação bastante atual não foi
possível encontrar maior diversidade de publicações a respeito, mas um artigo
que foi utilizado para escrever este trabalho foi o de Féres-Carneiro (1999), que
tem como título, “Os avós: uma revisão da literatura nas três últimas décadas”,
este artigo tem como objetivo identificar as principais variáveis relacionadas ao
papel dos avós.
Historicamente os avós foram representados de duas maneiras distintas:
como figura central da família ou, por outro lado, como pessoas velhas
“deixadas de lado” (FISCHER, 1983, apud FÉRES-CARNEIRO, 1999).
Pesquisas realizadas por Langer (1990, apud FÉRES-CARNEIRO,
1999) com avós, mostram que eles sentem conforto, satisfação e prazer com o
papel que eles realizam, sentindo-se responsáveis pelos netos, e assim
demonstrando ênfase nos aspectos emocionais (dar e receber afeto, conselho)
do que nos aspectos instrumentais (fazer ou receber coisas como trabalhos
domésticos, ajuda pessoal). A relação que ocorre entre os avós e netos é uma
relação de amor, enquanto que a relação entre pais e filhos é caracterizada por
educação e responsabilidade.
A afeição que entrelaça avós e netos é grande. Muitas crianças amam
seus avós e são educadas em relação ao respeito pelos idosos, tendo
sentimentos calorosos sobre seus avós (OLIVEIRA, 1999).
Na relação com os netos surge a linguagem do afeto criando uma
convivência entre as gerações, assim permitindo que ambos desfrutem do
carinho, da liberdade de expressão e brincadeiras (BARROS, 2003).
22
Essa relação de amor e respeito faz com que os idosos sintam-se
menos pesados dentro de casa, a vida mais do que nunca parece valer a pena,
o semblante muda (OLIVEIRA, 1999).
Há uma disposição em ambas as partes em acolher, abrigar, dar carinho
um ao outro. Eles tendem a buscar uma relação igualitária, ou seja, uma não
sobreposição de uma geração a outra, mesmo sabendo que existem
diferenças. Mas essas diferenças são bem vindas em relações que se pautam
pela democratização, pela aceitação do outro e pelo respeito que este faz por
merecer como pessoa (OLIVEIRA, 1999).
Assim percebemos que a conversa entre avós e neto é sem dúvida de
muita importância para esta relação, pois através dela que se preserva a
oralidade, estreitando laços entre ambos (OLIVEIRA, 1999).
Em vista disto, à percepção dos netos sobre os avós, é de uma
percepção favorável, onde eles afirmam que o papel dos avós é fundamental
para o desenvolvimento. Os netos percebem os avós como pessoas dispostas
a ajudarem, a dar apoio quando necessário, e ainda salientam algumas
características como: pessoas amorosas, bondosas, compreensivas e
disponíveis (FÉRES -CARNEIRO, 1999).
Um outro fator que influencia na disponibilidade das avós para com seus
netos, segundo a autora já citada, é o fato delas serem ou não casadas. E no
caso de serem casadas, muitas vezes não precisarem trabalhar fora de casa,
apresentem maior disponibilidade para com os netos. Já as avós descasadas,
geralmente trabalham ou estão envolvidas com a sua rotina, ou então não
possuem muita disponibilidade para estarem com seus netos.
23
Com as grandes transformações que estão ocorrendo na família, os
avós estão se tornando “pais” dos netos, assumindo a educação deles,
tornando-se cada vez de maior importância (OLIVEIRA, 1999).
Segundo Lopes (2005), existem dois modelos distintos que englobam
avós e netos na situação de cuidados. O primeiro modelo é onde temos os
lares compostos por três gerações, que teve considerável aumento a partir da
década de 80, onde ambos os pais ou um deles residem com avós e netos. Já
o segundo modelo, os pais estão ausentes no lar e os netos ficam aos
cuidados dos avós, sendo mais comum a partir da década de 90.
Nos estudos de Féres-Carneiro (1999), os avós desempenham um papel
significativo nas relações familiares, atuam como pais substitutos ou
mediadores de ansiedade em situações indesejáveis, sendo assim um dos
principais agentes socializadores da criança após os pais.
Os ensinamentos passados de avós para netos não são ensinados na
escola, muito menos no dia-a-dia corrido da família. As lembranças e
experiências de vida e afeto fazem com que os avós mostrem, sem
cronômetro, a cultura oral, a qual produz muita sabedoria fazendo com que
quem esteja ouvindo (netos) veja o lado épico da verdade (OLIVEIRA, 1999).
Pesquisas realizadas por Blackweber e Passman (1986, apud FÉRES-
CARNEIRO, 1999), com 24 famílias, focalizando a punição e recompensas de
mãe e avós em relação aos filhos, foi constatada uma similaridade de
comportamento entre mães e avós, foi percebido que as avós tendem a ser
mais flexíveis e menos punitivas que as mães das crianças.
Segundo Oliveira (1999), os avós conversam com seus netos de igual
para igual, debatendo sobre assuntos do cotidiano. Essa igualdade é
24
importante para ambos, pois assim não é construída uma discriminação dessas
figuras, na qual os avós são vistos como figura sem fundamento.
Assim percebemos que a influência dos avós na educação dos netos é
gratificante, por que eles se sentem protegidos e amados, assim tendo uma
interação entre as gerações.
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
A abordagem utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi do tipo
qualitativa.
Conforme Richardson (1999) nos trás, que a pesquisa qualitativa é a
tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características
situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de
medidas quantitativas de características ou comportamentos.
Segundo Oliveira (1997), a abordagem qualitativa possui a facilidade de
poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese, analisar a
interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos
experimentos por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de
mudanças, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir,
em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos
comportamentos ou atitudes dos indivíduos.
3.1 Participantes da Pesquisa
A pesquisa contou com a participação de três famílias, onde foi
entrevistado, o avô e/ou avó, a mãe e o filho (a) adolescente com idade entre
17 e 21 anos.
Os adolescentes que estão nesta faixa etária de 17 á 21 anos começam
a fazer suas acomodações que são necessárias, estabelece uma nova
identidade, na qual passam da identidade de criança para uma identidade mais
adulta, novos padrões relacionados ao seu relacionamento social, novos
26
objetivos e papéis. Nesta fase acontece o grande impulso para a
independência, e outras séries inteiramente novas de exigências e habilidade a
serem aprendidas (BEE, 1996).
O final da adolescência é onde acontecem mudanças muito importantes
e é atingido um novo equilíbrio. Alterações físicas praticamente completas,
sistema familiar mudou para a permissão de mais independência e liberdade e
os fundamentos da nova identidade estão criados. Mas neste período há suas
tensões. Alguns jovens só conseguem uma identidade clara após o ingresso na
universidade, de modo que este processo de identidade continua. Outra tarefa
do final da adolescência é o estabelecimento de parceiros sexuais.
Este número de sujeitos foi o suficiente para a coleta dos dados, pois se
trata de uma pesquisa qualitativa, que visou à qualidade dos fenômenos que
foram coletados. Assim, esta abordagem prioriza o sujeito e não a quantidade
de dados.
Família
Membro
Nomes Idade Profissão Estado Civil
Escolaridade
F1 Avó I. 66 Aposentada
Casada 2º grau completo
F1 Mãe J. 42 Micro empresária
Solteira 2º grau incompleto
F1 Filho M. 20 Estudante Solteiro Superior incompleto
F2 Avô J. 58 Taxista Casado 1º grau completo
F2 Mãe S. 37 Funcionária Pública
Solteira 2º grau incompleto
F2 Filho J. 16 Estudante Solteiro 2º grau incompleto
F3 Avô A. 72 Agricultor Casado 1º grau incompleto
F3 Mãe D. 36 Dona de casa
Casada 2º grau completo
F3 Filho M. 17 Estudante Solteira SEJA
Fonte: Ficha de Identificação (Apêndice A)
27
Hoje em dia as mães das Famílias 1 e 2 são solteiras, na Família 3 a
mãe tem novo parceiro. Na infância dos filhos, a mãe da Família 1 era casada
com o pai de M., após 4 anos de convívio houve a separação, já as mães das
Famílias 2 e 3, na fase do namoro engravidaram dos seus parceiros mas
ambas não assumiram a relação conjugal.
3.2 Instrumentos
Foi utilizada uma ficha de identificação (Apêndice A) para cada família
entrevistada, com a proposta de coletar os dados pessoais dos entrevistados.
O instrumento utilizado foi uma entrevista semi-estruturada, a qual foi
elaborada para investigar os seguintes temas: educação, relação avós e netos
na infância e na adolescência e a relação pais e filhos na infância e na
adolescência.
Foram construídas três entrevistas (Apêndice B), uma direcionada a (o)
avó e/ou avô, outra direcionada a mãe e uma terceira ao adolescente.
Sendo assim, a entrevista semi-estruturada de acordo com Triviños
(1987) é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em
teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa e que, em seguida, oferecem
amplo campo de interrogativas, junto de novas hipóteses que vão surgindo à
medida que recebem as respostas do informante. Desta maneira o informante,
seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de sua experiência
dentro do foco principal colocado pelo investigador, começou a participar na
elaboração do conteúdo da pesquisa.
28
3.3 Coleta de Dados
A escolha dos sujeitos que participaram da entrevista foi feita através de
indicações de pessoas conhecidas, sendo que os sujeitos não tinham
envolvimento algum nem contato com a pesquisadora. Todos assinaram o
Termo de Consentimento (Apêndice C), autorizando a realização da entrevista.
O contato inicial ocorreu por ligação telefônica, falando diretamente com
as famílias. Neste primeiro contato foram feitas as apresentações e explicações
do objetivo da pesquisa. Foi combinado o dia, a hora, o local e a duração
(aproximadamente 1 hora) da entrevista. As entrevistas foram realizadas
separadamente com cada membro da família, não tendo uma seqüência de
entrevistas.
As entrevistas ocorreram da seguinte forma: na Família 1, o filho foi
entrevistado na casa da namorada, a mãe foi entrevistada na sua loja e a avó
foi entrevistada na residência da sua filha, sendo que a mãe e a avó foram
entrevistadas no mesmo dia. Na Família 2, a mãe e o filho foram entrevistados
na sua residência e o avô na residência dele, todas entrevistas foram
realizadas no mesmo dia. E na Família 3, a mãe e filha foram entrevistadas
na casa delas e o avô foi entrevistado em sua residência, e também todas as
entrevistas ocorreram no mesmo dia.
Foi utilizado para a coleta dos dados, um gravador, mediante a
autorização dos entrevistados, Termo de Consentimento (Apêndice C), pois
assim este método permitiu mais fidedignidade à obtenção e transcrição dos
dados.
29
3.4 Análise de dados
Os dados coletados foram transcritos a partir dos registros de
informações gravadas, para que fossem analisados com a maior precisão
possível, e não deixados de lado todos os detalhes. Para a análise de dados
coletados, foi feito uso da técnica de Análise de Conteúdo.
Para esta pesquisa, concebem-se cinco etapas para análise dos dados,
que segundo Moraes (1999), são:
1) Preparação das informações: processo de identificação e iniciação
da codificação dos dados coletados;
2) Transformação dos dados em unidades: serão definidas as unidades
de análise onde, posteriormente vão ser identificadas no material coletado.
Cada unidade será isolada, a fim de que as informações sejam compreendidas
foram do contexto original.
3) Categorização: os dados serão agrupados, levando em consideração
a parte comum entre eles, de acordo com o critério adotado.
4) Descrição: as categorias elaboradas serão descritas em forma de
texto síntese, composto pelos significados presentes nas diversas unidades de
análise.
5) Interpretação: busca a compreensão dos dados. Nesta pesquisa a
fundamentação teórica será claramente explicita a priori, onde a exploração
dos significados das categorias serão contrapostos com essa fundamentação.
Segundo Franco (1994), a criação de categorias, é o ponto crucial da
análise de conteúdo, é um processo longo e desafiante. Implicam idas e vindas
30
da teoria ao material da análise, assim as categorias vão sendo lapidadas e
enriquecidas para dar origem à versão final.
Respeitando os princípios éticos de sigilo e anonimato, os pais e filhos
participantes foram referenciados com a abreviatura de seus nomes.
31
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Diante dos objetivos propostos nesta pesquisa, pretende-se analisar se
houveram mudanças na educação de adolescentes que na fase da infância
foram educados pelos avós e posteriormente na fase da adolescência são
educados pelos pais, segundo a percepção dos pais, do filho e dos avós que
participaram desta, justificando de acordo com bases teóricas sobre o assunto.
Para a escolha das categorias foram em primeiro lugar escolhidas as
categorias sobre os Motivos que os avós educaram os netos e os Motivos que
os pais não educaram seus filhos, categorias sobre o relacionamento do
adolescente com seus avós na infância e na adolescência e a relação do
adolescente com seus pais na infância e na adolescência. Categorias sobre
Regras foram escolhidas com o objetivo de verificar como foi e como é
estabelecida a educação, e categoria sobre Afetividade para analisar a
dinâmica familiar.
As entrevistas foram analisadas como está descrito acima, originando as
seguintes categorias:
4.1 Motivos pelos quais os avós educaram o neto na infância, segundo a
percepção dos avós;
4.2 Motivos pelos quais a mãe não educou seu filho na infância, segundo a
percepção da mãe;
4.3 Relacionamento Família;
4.4 Relacionamento entre avó/avô e o neto na infância, segundo a percepção
dos avós;
4.4.1 Afetividade na relação avós e neto na infância;
32
4.4.2 Regras na relação avós e neto na infância;
4.5 Relacionamento atual entre avó/avô e o neto adolescente, segundo a
percepção dos avós;
4.6 Relacionamento atual entre avó/avô e o neto adolescente, segundo a
percepção do adolescente;
4.7 Relacionamento atual entre a mãe e o filho adolescente, segundo a
percepção do adolescente;
4.8 Relacionamento atual entre a mãe e o filho adolescente, segundo a
percepção da mãe;
4.8.1 Afetividade na relação mãe e filho adolescente;
4.8.2 Regras na relação mãe e filho adolescente;
4.1. Motivos pelos quais os avós educaram o neto na infância, segundo a
percepção dos avós
Tornar-se avô ou avó é um fato significativo na vida dos idosos, que por
sua vez assumem uma posição importante na vida dos netos. Contudo, o
número de indivíduos de meia-idade e idosos que deixam de ser simplesmente
avós para assumir papéis de pais diante de seus netos tem aumentado nas
últimas décadas (LOPES, 2005).
Em relação às causas que conduzem os avós a assumirem essa
responsabilidade, a literatura gerontológica aponta os principais fatores, os
quais, infelizmente, são situações que têm aumentado em número e algumas
vezes são cercadas por conflitos e sofrimentos. As causas mais comuns
relacionam-se a alterações nos valores da sociedade e por conseqüência no
modo de vida moderno. Exemplificando:
33
- Inserção das mulheres no mercado de trabalho dificultando-lhes o
cuidar integral dos filhos;
- Dificuldades econômicas como desemprego dos pais e necessidade de
ajuda financeira por parte dos avós;
- Divórcio do casal com retorno para casa dos pais juntamente com os
netos;
- Novo casamento de pais separados e, não aceitação das crianças por
parte do cônjuge (LOPES, 2005).
Através das respostas das famílias entrevistadas pode-se constatar
essas causas:
Família 1: “Pela separação dos pais, daí ele foi morar comigo (...)”.
Família 2: “(...) é que a mãe dele estudava (...)”.
Família 3: “A mãe dela não tinha condições de criar a filha, então
nós ajudamos ela a criar (...)”.
Percebemos na Família 1 que a separação dos pais da criança fizeram
com que a mãe e o filho voltassem para a casa da avó, a qual se enquadra em
uma das causas estabelecidas por Lopes (2005). Na Família 2 os estudos da
mãe prevaleceram fazendo com que assim os avós tomassem conta do neto
por um tempo no qual a mãe estava estudando, como segundo o autor citado,
refere-se a preparação da mulher para sua inserção no mercado de trabalho.
Na Família 3 o avô relata que a mãe da criança não tinha condições financeiras
de criar a filha e percebendo essa dificuldade ajudaram a criar a neta por
alguns anos, sendo tal situação, associada também ao estudo do autor citado,
no que se refere as dificuldades financeiras.
34
4.2. Motivos pelos qual a mãe não educou seu filho na infância, segundo a
percepção da mãe
No que diz respeito ao papel da mãe, pesquisas indicam que, apesar da
mulher ter ingressado no mercado de trabalho, aumentado seu número de
atividades fora do lar e seu poder econômico, o dever doméstico e,
principalmente, o cuidado e educação dos filhos ainda são funções
desempenhadas principalmente por ela. Dentro desta perspectiva, pode-se
verificar que, independentemente das transformações que a família vem
sofrendo as funções e papéis tradicionais, baseados nos estereótipos de
gênero, permanecem vinculados à mulher, cabendo principalmente a ela a
função de cuidadora do lar e dos filhos (WAGNER, 2002).
Este fator com certeza não prevaleceu nas famílias entrevistadas.
Percebemos que fatores como trabalho e separação dos pais fizeram com que
as avós cuidassem de seus netos e as mães tiveram que abandonar este dever
de cuidados, o que pode-se perceber nos relatos das mães entrevistadas:
Família 1: “(...) morei com o pai do meu filho acho que uns quatro anos, e
não deu certo, e a gente se separou (...)”.
Família 2: “(...) a gente precisava trabalhar (...)”.
Família 3: “(...) eu vim trabalhar na cidade e pra mim era difícil pagar uma
babá, então eles ficaram cuidando dela”.
Mas são os mesmo fatores apontados nos estudos de Lopes (2005),
onde a inserção da mulher no mercado de trabalho tem dificultado a relação
mãe e filho, assim fazendo com que os avós cuidem dos netos, pois a mãe tem
que trabalhar e não dispõe de tempo suficiente para estar realizando a tarefa
de educar seu filho, ou a separação dos pais, o qual leva mãe e filho a voltarem
35
residir na casa dos avós, para que a mãe pudesse continuar a trabalhar e o
neto ficar aos cuidados dos avós.
4.3. Relacionamento Familiar
A família é um sistema complexo de relações, onde os membros desta
compartilham um mesmo contexto social. A família é o lugar onde temos as
primeiras trocas afetivo-emocionais, a construção da nossa identidade, onde
temos relacionamento com cada membro, é o lugar do aprendizado
(CASTILHO, 2003).
Seguindo esta proposta, este mesmo autor, salienta que a família é “um
sistema em constante transformação, por fatores internos à sua história e ciclo
de vida em interação com as mudanças sociais. Sua história percorre a
dialética continuidade/ mudança, entre vínculos de pertencimento e
necessidade de individuação. É no cenário familiar que aprendemos a nos
definir como diferentes e enfrentar os conflitos de crescimento” (p. 1)
A família é composta por sujeitos que estabelecem uma relação entre si,
compartilham a mesma cultura, crenças, onde cada sujeito exerce sua função
onde que cada função é distinta e complementar (CASTILHO, 2003).
Por sua vez, Forte (1996), afirma que a sociedade oferece um modelo
de família, a família pensada. Mas cada família vai estabelecendo um modo
cotidiano de viver, que é a família vivida. Dois conceitos os quais o autor
enfatiza, é que a família pensada é o modelo direcionado as escolhas e
decisões das pessoas quanto ao que fazer da vida, quanto às expectativas em
relação aos membros da família, quanto aos sentimentos em relação aos
outros, e quanto à imagem de si mesmo. E a família vivida refere-se aos modos
36
de agir habitualmente dos membros de uma família. É a família que aparece no
agir concreto do cotidiano, que poderá ou não estar de acordo com a família
pensada.
Mas a família vem se modificando com o passar dos tempos, onde antes
ela era organizada em torno do poder do patriarca, agora toma lugar uma
família onde este poder é dividido de forma igualitária entre homem e mulher.
Onde o divórcio, a emancipação feminina, mulheres sozinhas cuidando de seus
filhos mudaram o jeito de estar em família.
Segundo Castilho (2003), a família está mudada. Ela conquista mais
autonomia enriquecendo mais os relacionamentos. Nesta nova família,
convivem irmãos e pais que vêm de outros casamentos, e, portanto com outra
cultura; mulheres sozinhas criam seus filhos, famílias monoparentais. Enfim, se
pudermos olhar para o novo sem a idéia do que já passou, nos deparamos com
melhores situações em que não existirão medos e fantasias que antes
bloqueavam o diálogo e o relacionamento entre as gerações.
Percebendo essas mudanças na família contemporânea, vemos também
a influência que os avós estão tendo na interação familiar. Antes os avós
cuidavam de seus netos de forma casual, hoje em dia eles ajudam os filhos a
cuidarem e educarem as crianças, assim em muitos casos ocupando o papel
de pais.
Esta mudança no arranjo familiar, nos valores sociais, influenciou o tipo
de cuidados que os avós atribuíam a seus netos. Antes os avós
desempenhavam papéis permissivos agora passam a impor limites e regras
(LOPES, 2005).
37
Ainda, de acordo com o mesmo autor, nem sempre os avós puderam
acompanhar o desenvolvimento de seus netos. Devido ao aumento da
longevidade e da melhoria da qualidade de vida, na atualidade os avós podem
acompanhar a vida de seu neto até idade adulta.
Atualmente os avós acompanham seus netos, criam seus netos,
substituem os pais, transformam seus papéis de avós para papéis de pais
substitutos.
4.4 Relacionamento entre avó/avô e o neto na infância, segundo a
percepção dos avós
Barros (1987 apud DIAS e SILVA, 1999) afirma que a relação dos avós
com seus netos é essencial para o desenvolvimento da subjetividade desses
netos, que não têm como única referência os pais. Os avós são particularmente
importantes na vida do neto, mesmo havendo algumas situações de conflitos
de gerações, diferentes opiniões.
Analisando as respostas dos três avós quando investigados a respeito
do relacionamento entre eles e o neto na infância, podemos perceber que a
relação entre eles era satisfatória, fato este percebido nas seguintes falas:
Família 1: “excelente, era ótimo. Ele foi um menino assim, bastante
respeitador, acatava tudo o que a gente conversava com ele (...)”.
Família 2: “(...) sempre foi gente boa, nunca foi arteiro (...)”.
Família 3: “(...) era bem maior que com os próprios filhos (...)”
Os laços entre os avós e os netos sempre tiveram o papel de transmitir
experiências de vida, valores, educação e cultura, com todo o enriquecimento
38
pessoal e o crescimento que isto envolve. Os avós, desta forma, continuam
impregnando esta educação, e um amor feito de escuta e compreensão
(Missão Jovem, 2005).
4.4.1Afetividade na relação avós e neto na infância
Nas relações entre avós e netos surge o afeto criando-se uma relação
de cumplicidade entre as duas gerações.
Shore (1991 apud COSTA; DIAS E RANGEL, 2005), afirmam que os
avós que criam os netos exercem suas funções dentre as quais, algumas
medidas de funcionamento psicológico se destacam, como o bem-estar ou
satisfação com o papel, significado do papel e relacionamento com os netos.
Percebe-se nas três famílias, a satisfação que os avós tiveram em
educar os netos, em estar perto deles, através das seguintes falas:
Família 1: “(...) ele acatava tudo o que a gente conversava com ele,
dar conselhos, ele perguntava bastante, ele tinha bastante diálogo”.
Família 2: “Ainda hoje a gente pega no colo, abraça aperta ele (...)”.
Família 3: “(...) eles vinham com brincadeiras então pediam para os
avós jogarem, e a gente ajudava com muita satisfação e com gosto”.
Apesar dos mimos, os avós têm que estarem cientes de que eles são
importantes para o desenvolvimento das crianças. Eles influenciam no
desenvolvimento emocional, cognitivo e social, além de ajudarem na formação
de valores dos netos (SAMPAIO, 2006).
4.4.2 Regras na relação avós e neto na infância
39
A disciplina é necessária e importante como no que se refere às
refeições da família, quando os horários devem ser predeterminados; avisos de
onde vai com quem vai, que horas voltam devem ser acertados; a organização
das tarefas de casa (quando não se tem quem faça); regras de como usar os
bens comuns; essas são algumas formas de se organizar (ROSSET, 2003).
Pode-se perceber que na Família 1, mesmo a avó tendo as
responsabilidades e cuidados do neto, a mãe tem envolvimento no
estabelecimento de regras, como os horários, percebemos isso na seguinte
fala da avó: “(...) eu e a mãe dele, a gente sempre foi em comum acordo
um com o outro, então a gente resolvia para estabelecer horário, pra
estabelecer tudo, com relação a ele, o comportamento dele, as saídas às
chegadas em casa, onde ia brincar onde ia passear”.
Na Família 2 o avô deixa claro que o neto acatava tudo o que era
solicitado, tendo respeito as regras impostas pelos avós e respeitando-os,
percebemos isso na seguinte fala: “Ele sempre obedecia, ele nunca foi
assim um guri teimoso, arteiro, nunca foi, sempre foi calmo, e a gente
quer muito bem ele”.
Já na Família 3, observamos que os avós não faziam determinação nos
horários da neta, sendo assim percebe-se que as atividades realizadas em
casa não tinham horários, somente fora deste espaço familiar, na seguinte fala:
“(...) os horários praticamente só mesmo o que foi da escola”.
A relação entre avós e netos gera uma troca maravilhosa onde ambos
ganham muito. Enquanto os avós ensinam o que sabem da sua experiência de
vida e da história da família, os netos os levam a reviver o passado (SAMPAIO,
2006).
40
Os idosos tratam as crianças como um igual e o ritmo é outro, baseado
na conversa, onde se preserva a sabedoria, transformando o cotidiano numa
aventura ( COSTA, DIAS E RANGEL, 2005).
4.5 Relacionamento atual entre avó/avô e o neto adolescente, segundo a
percepção dos avós;
Bawin-Legros e Gauthier (1992, apud CUNHA, PERDIGÃO E
VITORINO, 2004) destacam em particular o caso de fortes relações afetivas
entre netos e avós maternas. Estas autoras desenvolveram uma pesquisa
envolvendo 100 indivíduos, em que partem de uma tipologia dos avós com
duas categorias principais: os “avós substitutos educativos” e os “avós
transmissores” para uma interrogação acerca da produção social da
permanência ou da ruptura intergeracional.
Os “avós substitutos educativos” encontram-se nos meios mais
desfavorecidos e caracterizam-se pela tendência para substituírem os pais na
responsabilidade de educar. Este tipo de relacionamento é marcado por um
ritmo de contatos intensos.
Já os “avós especialistas” são aqueles que se caracterizam por
pertencer com mais freqüência a classes médias. O termo especialista é
aplicado, pois estes avós tendem a se auto-atribuírem uma responsabilidade
mais limitada e, portanto específica. O seu relacionamento baseia-se numa
atitude de companheirismo.
Analisando as repostas, percebemos que na Família 2, o avô enfatiza o
relacionamento e companheirismo com os familiares que estão em outras
41
cidades incluindo seu neto que participa, percebemos isso na seguinte fala:
“(...) se tem qualquer coisa que vem o pessoal lá de Chapecó os irmãos, a
gente dá um toquinho no telefone, daí já vem a S. e o J., graças a Deus a
gente é uma beleza mesmo”.
Carter e McGoldrick (1995), dizem que no relacionamento entre avós e
netos, ambos podem usufruir de uma relação que não é interferida pelas
responsabilidades e obrigações que existem na relação pais e filhos.
Em pesquisas realizadas com avós, analisou-se a importância que os
netos têm na vida delas, mostrando como resultados, que os netos têm grande
significado a elas, onde estas avós afirmam que os netos são pessoas que lhe
dão alegria para viver (DIAS e SILVA, 1999).
Percebemos na fala da avó da Família 1, que a relação dela com o neto
na infância e a relação atual na fase da adolescência não teve alteração, que a
alegria de estarem juntos continua, percebemos isso na seguinte fala: “(...) a
mesma coisa, continua a mesma coisa. (...) continuamos sempre juntos”.
Já na Família 3, percebemos que o avô sente a diferença da relação com sua
neta na fase da infância para a fase atual, na seguinte fala: “É que agora ela
ficou mais adulta, então ela enxerga as coisas como é que tem que ser,
então nessa parte mudou bastante”.
Os avós podem exercer dois tipos de influências na vida de seus netos,
uma influência é positiva e outra é negativa. A influência negativa refere-se aos
estragos que os avós causam aos seus netos, como por exemplos os mimos. A
influência positiva esta ligada aos avós como defensores dos netos, podendo
ser utilizados como uma espécie de defesa contra sentimentos dirigidos aos
pais, companheiros dos netos (DIAS, 2004).
42
Em pesquisas realizadas por Dias (2004), mostram resultados com
relação à auto-percepção dos avós, os quais enfatizam a felicidade de ser
pai/mãe duas vezes, a diferença entre ser pai/mãe e avô/avó, atividades
realizadas com os netos (telefonema), a expectativa em relação ao neto em
tratar-lhes bem, com carinho.
4.6 Relacionamento atual entre avó/avô e o neto adolescente, segundo a
percepção do adolescente;
Pesquisas realizadas no Brasil demonstram alguns fatores sobre a
percepção que os adolescentes têm sobre seus avós e do relacionamento com
os mesmos. Os fatores são: 1) o significado dos avós relaciona-se a pessoas
sábias e dignas de respeito, bem como segundos pais; 2) a freqüência de
contato com os avós é diária ou semanal; 3) as atividades realizadas com os
avós são dar carinho, telefonar, prestar ajuda e dar presentes; 4) a preferência
recaiu sobre a avó materna, o que confirma resultados de pesquisas realizadas
no exterior, e pode ser explicado pela maior proximidade entre mãe e filha; 5) a
contribuição que os avós dão à família também refere-se ao apoio emocional e
a ajuda na criação; 6) acerca das expectativas que têm em relação aos avós,
os netos não esperam nada, pois eles já fazem tudo; 7) em relação à
mediação dos pais, estes facilitam o relacionamento; 8) quanto às
características dos avós ideais foram elencadas carinho e disponibilidade; 9)
para a maioria, a relação com os avós não sofreu mudanças através dos anos
(Silva, Dias & Dias, 1999 apud DIAS, 2004).
43
Estes fatores podem ser percebidos nas falas dos netos entrevistados:
Família 1: “(...) sempre tô ligando pra ela (...)”. Família 2 onde o adolescente
diz que a relação é “(...) muito boa até”. Família 3: “É boa também”.
As atividades realizadas são os meios pelos quais os avós e os netos
fazem e mantêm conexões. Elas servem como veículo de expressão e de
afetividade, agindo de uma forma em que cada um toma conhecimento sobre o
outro (Kennedy, 1992 apud DIAS E SILVA, 2001).
4.7 Relacionamento atual entre mãe e o filho adolescente, segundo a
percepção do adolescente;
O papel da família de educar para a vida, permanece forte e reconhecida
pelos adolescentes, pois a percepção deles sobre a qualidade da relação
familiar está carregada de componentes afetivo e valorativo. Ela simboliza
segurança para o adolescente, onde existe união, amor, harmonia, amizade,
paciência (SALES, 2005).
Analisando a resposta da Família 1, podemos perceber a harmonia do
filho com sua mãe, na seguinte fala: “(...) é normal (...) eu vejo discussões
que eu não tenho com a minha mãe. É difícil, por que a gente viveu eu e
ela. É muito difícil eu arrumar discussões forte assim”.
Maldonado (1996), afirma que a arte de conversar é a busca do
equilíbrio entre falar e ouvir, onde saber ouvir não é se limitar apenas a escutar,
mas conseguir entender corretamente o significado do que a pessoa está
dizendo.
44
Observando a resposta do filho da Família 2, percebemos que sua mãe
está presente sempre que possível nas atividades que ele realiza no dia-a-dia,
sendo muito significativo para o ele a presença da mãe nas suas atividades, na
seguinte fala: “Quando ela pode, por exemplo, em um treino até não digo,
mas se tem algum amistoso, vai ver, no colégio alguma coisa, ela tá
presente”.
O estudo, o trabalho, a vida familiar e a de grupo, as relações com
outras pessoas e as atividades de lazer, são valorizados pelos adolescentes
(PILON, 1986).
Na família 3 podemos perceber na resposta da filha, que ela não sente
diferença no seu relacionamento com sua mãe, com o de outras famílias, e
ainda, percebendo na sua fala, que família normal para ela é igual a sua
família, segue a fala: “É bom assim, normal como todos os pais e filhos.
Não tem diferença”.
A interação entre pais e filhos tem sido um dos objetos de estudo mais
investigados pela ciência do desenvolvimento humano, desde a primeira
metade do século 20 (JÚNIOR, 2005).
Pesquisas relatam que um bom relacionamento entre pais e filhos deve
ter como base um diálogo aberto e de confiança entre ambos. No âmbito
familiar é preciso que esteja presente o diálogo para que eles sintam-se pertos
um dos outros assim formando uma convivência boa entre eles, pois o
relacionamento entre eles tende a ser conflituoso pela fase de dúvidas que o
adolescente passa (FERREIRA, 1995).
Segundo Ivair (2007) no âmbito familiar, na relação estabelecida entre
pais e filhos, cada geração tem uma função. Os pais têm a função de orientar e
45
educar seus filhos, não somente no que diz respeito aos direitos deles mas
também quanto aos seus deveres. E a função dos filhos é de se
disponibilizarem a aprender com os acertos e erros dos pais.
Pais e adolescentes sofrem com as mudanças que ocorrem nesta fase
do desenvolvimento humano, as dificuldades são ainda maiores, mas
exatamente por ser um período de grandes mudanças é que ele se torna um
período muito fértil e criativo tanto para os pais como para os filhos, o que pode
resultar em um relacionamento muito bom entre eles, mas para isso, ambos
têm de enfrentar o problema juntos, encarando as dificuldades e respeitando
uns aos outros, se comunicando abertamente, sem medo e sem julgamentos
de um para outro, apenas, honestas tentativas de ajudar (ABRANCHES, 2003).
4.8 Relacionamento atual entre mãe e o filho adolescente, segundo a
percepção da mãe;
Rosset (2003), diz que a função materna é a função de vincular, de ser
continente e alimentador; faz a relação afetiva, o cuidado, mantém o sistema,
dá contato e realidade.
Todas essas funções são importantes, e também o diálogo com os
filhos. É preciso falar-lhes desde a mais tenra idade, expressar o que está indo
bem ou mal, assim eles vão aprendendo a digerir as emoções e os sentimentos
e terão naturalidade em expressá-los sejam eles o que forem (ROSSET, 2003).
Analisando as respostas das mães quando perguntado sobre seu
relacionamento com seu filho na fase atual, podemos perceber que o diálogo
prevalece nas relações. Vemos isso nas seguintes falas:
46
Família 1: “Qualquer problema que ele tenha, ele sempre vem conversar
comigo. Ele fala do trabalho dele, eu falo do meu, das coisas que não
estão dando certo aqui na loja ou ele lá no serviço dele. Na Família 2
também fica aparente este fato: “(...) tudo no diálogo (...)”. Na Família 3 a
mãe apresenta o carinho que a filha dá a ela no relacionamento entre as duas:
“Ela não fica longe, por qualquer coisinha, se às vezes ela acha que tô
triste ela me enche de dengo, em vez de eu dar pra ela, ela me dá dengo”.
Segundo Carr-Gregg e Shale (2004), o adolescente que consegue se
comunicar abertamente com seus pais, são muito mais felizes e mais seguros
de si, e eles precisam sentir confiança dos adultos para com eles para assim
poderem ser dignos da confiança depositada neles.
Os autores já citados citam algumas estratégias para poder ter uma boa
comunicação: evitar gozação, ir com calma na hora da conversa, se no
momento estiver com raiva, afasta-se e escolha outra hora, escute e depois
fale, não faça acusações, preocupe-se com assuntos sérios e evitar ultimatos.
Segundo Maldonado (1996), uma forma de comunicação facilitadora
entre mãe e filho, é a reflexão de sentimentos, que consiste em entrar em
sintonia com o mundo interior da pessoa e, dessa forma transmitir aceitação e
compreensão. Nesta comunicação é explicitamente demonstrado ao outro os
sentimentos subjacentes que foram captados nas mensagens que foram
envidas. Isso é linguagem emocional, que lida com os sentimentos do
indivíduo, na tentativa de entender o que se passa com ele.
4.8.1 Afetividade na relação mãe e o filho adolescente;
47
A importância da relação de afetividade entre mãe e filho tem sido muito
estudada. A capacidade de amar do ser humano começa a se desenvolver a
partir da relação que o bebê estabelece com a figura materna. Desde o
primeiro ano de vida, a criança se vê cercada pelos cuidados e atenção da
família (FÉRRES-CARNEIRO, 2003).
Com o passar dos tempos este bebê cresce e torna-se adolescente. Os
pais ficam felizes em ver seu filho crescer e desprender-se gradualmente. Mas
existe outro lado, o lado da tristeza onde os pais vêem esse desprender como
uma perda. Talvez essa seja uma das maiores dificuldades que pais e mães
passam em deixar seus filhos afastarem-se para depois se aproximarem outra
vez num vínculo mais adulto (MALDONADO, 1994).
Analisando as respostas das mães das três famílias, percebemos que a
amizade é fundamental para ambas. Percebemos que o relacionamento mãe e
filho nessas famílias são de muita amizade. Vemos isto nas seguintes falas:
Família 1: “Meu filho é muito meu amigo, sou mais amiga dele do que
mãe”.
Família 2: “(...) a gente tem uma relação assim, de amizade (...)”.
Família 3: “(...) nenhuma fica longe uma da outra”.
4.8.2 Regras na relação mãe e o filho adolescente;
A chegada da adolescência do filho é um indício claro de que o tempo
está passando, os pais envelhecendo, os filhos crescendo. Neste momento a
família necessita passar por uma transformação, pois o filho que antes era uma
criança agora é um adolescente, o qual não precisa mais dos mesmos
48
cuidados e também não aceita mais as regras impostas ou arbitrariedade
(KROTH, 2007).
Na família é necessário haver certa hierarquia, mas não de força, mas
sim de papéis. Pois pais e mães têm que saber dizer NÃO com firmeza.
Existem decisões que somente os pais podem decidir, mesmo sabendo que
correm o risco de estarem errando. Os pais têm que fazer cumprir uma ordem:
estabelecer limites, distribuir e assumir responsabilidade (GOLDESTEIN, 1995
apud CARDOSO, 2006).
Analisando as respostas, podemos observar que na Família 1 e na
Família 3 a mãe tinha que enfatizar que as regras impostas na fase
adolescente eram impostas por ela, e as que a avó impôs na infância não
prevaleceram, percebemos isso nas seguintes falas:
Família 1: “Ele obedece sim, às vezes sim ele, ele dizia assim: Mas
se a avó iria deixar. Mas ai eu digo: Mas a avó não esta aqui, tem que
obedecer a mim”.
Família 3: “As vezes ela dizia: Ah, por que a avó fazia, dava na mão
mais as coisas. Daí eu dizia: Mas isso era a avó, a mãe já não faz assim.
Já na Família 2, a comunicação é que prevalece, vendo isto na fala da
mãe: “(...) a gente desde pequeno sempre teve bastante diálogo e acho
que não teve este problema. A gente sempre foi de sentar e conversar
(...)”.
Usando adequadamente a autoridade, os pais conseguem definir regras
e limites, e assim organizar a vida dos filhos. Com isso possibilita que o filho
consiga fazer escolhas, a se auto-regular, a se responsabilizar. Com o passar
49
do tempo, os filhos vão crescendo e os pais podem ir diminuindo o controle e
assim os filhos vão aumentando sua autonomia (ROSSET, 2003).
Rosset (2003) ainda afirma que, sem organização e disciplina os filhos
correm riscos reais. Os pais só vão poder treinar seus filhos se lhes ensinar a
discriminar situações, a ter responsabilidades pelos seus atos, avaliar antes de
fazer, confiar na sua intuição, mas sem perder o contato com a realidade.
Maldonado (1998) enfatiza que sermões, conselhos são dados ao filho
com a intuição de educar, transmitir princípios morais, fazendo assim com que
os filhos aprendam a conviver com as dificuldades do dia a dia.
Na imposição de limites é impossível não mobilizar reações de
desagrado. Faz parte das regras do jogo: cabe aos jovens tentar chegar mais
longe possível, cabe aos adultos tentar mantê-los o mais perto possível
(ARATANGY, 1998).
Percebemos que os jovens fazem um comparativo sobre as regras
impostas pelos avós sobre as impostas pela mãe, referindo-se a mais liberdade
e menos exigências nas regras dos avós. A diferença das regras da mãe é que
não tem os mimos e conforto que eles tinham antes com os avós.
Analisando as entrevistas, percebemos que a relação entre avós e netos
é regida por carinho e compreensão, já a relação mãe e filho apesar da
afetividade entre os dois, ocorrem mais exigências, a mãe é mais rígida, não
dando tudo na mão como os avós são acostumados a fazerem.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O relacionamento entre pais e filhos deve ser um relacionamento de
amor e diálogo, os quais são recursos indispensáveis para uma boa relação
entre essas duas gerações. O amor deve ser cultivado entre esses, pois assim
haverá uma relação boa em que pais e filhos tornam-se pessoas
compreensivas, tolerantes para as imperfeições dos outros (FERREIRA, 1995).
Na adolescência, segundo o autor já citado, essa relação de amor e
diálogo é muito importante, pois nesta fase o adolescente está muito instável e
inseguro, sendo assim, os pais devem lidar com a situação com muita
tolerância, pois eles têm mais condições de compreendê-los, assim tornando a
relação mais amigável.
A relação entre avós e neto, é uma relação regida por muito afeto e
compreensão, onde cada um aprende com o outro. Avós transmitem suas
experiências e histórias de vida para seus netos, e os netos fazem com que os
avós voltem às experiências de pais que passaram algum tempo, assim
revivendo a emoção do passado. Sendo assim, os avós ajudam no
desenvolvimento emocional, cognitivo e social, além de ajudarem na formação
dos valores de seus netos (SAMPAIO, 2006).
Em busca de investigar se houve mudanças na educação de
adolescentes que na fase da infância foram educados pelos avós e mais tarde,
na fase da adolescência, voltam a ser educados pelos pais, segundo a
percepção dos pais, dos filhos e dos avós, verificou-se que na Família 1 e na
51
Família 3, os filhos fazem uma comparação entre as regras impostas pelos
avós na infância das regras impostas pela mãe agora na adolescência. Já na
Família 2, o filho não faz comparação, pois há diálogo entre a mãe e os avós
para estabelecerem regras.
As regras e limites estabelecidos organizam a vida dos filhos. Com o
estabelecimento desses limites aos filhos, eles aprendem a viver no mundo, a
tomar decisões e se auto-regular. Com isso, os pais podem ir deixando seus
filhos tomarem conta de si mesmo, assim aumentado à autonomia e liberdade
deles (ROSSET, 2003).
Seguindo o pensamento do autor já citado, se isto não acontecer, os
filhos podem passar por problemas no seu dia-a-dia, pois a vida moderna exige
que as pessoas saibam lidar com situações que podem trazer maus benefícios
para suas vidas, como as más companhias e más influências. Impondo limites
aos filhos, eles terão a responsabilidade pelos seus atos e estarão prontos para
enfrentarem a vida fora do âmbito familiar.
Outro fato analisado foram os motivos pelos quais os avós educaram
seus netos, surgindo alguns fatores responsáveis por esta situação, como o
divórcio dos pais da criança na Família 1, os estudos da mãe da criança na
Família 2 e as condições financeiras não favoráveis por parte da mãe da
Família 3. Fatores estes que influenciaram as mães a deixarem as
responsabilidades dos filhos para seus próprios pais.
No relacionamento estabelecido entre os avós e o neto na infância,
segundo a percepção dos avós, observa-se que nas três famílias a relação
entre eles era satisfatória, mas percebemos que com o passar dos anos, na
fase da adolescência há uma modificação no relacionamento dos avós com a
52
neta da Família 3, onde o avô ressalta que a neta cresceu e não precisa mais
da atenção deles porque ela consegue ter independência nos seus atos e
decisões, prevalecendo sua autonomia que antes era regida pelos avós. Nas
Famílias 1 e 2 a relação continua a mesma coisa, com muita união. Já na
percepção do adolescente, em relação ao relacionamento atual com seus avós,
nada foi alterada. Não houve mudança para eles da infância até agora na fase
da adolescência.
Na Família 1, a mãe, o filho e a avó moravam juntos em uma cidade do
Rio Grande do Sul, a mãe trabalhava enquanto a avó ficava com o neto. A mãe
e o filho vieram morar em Santa Catarina para poderem ter uma vida melhor
para os dois. Na Família 2, o filho que morava com os avós no sítio, voltou a
residir com a mãe na cidade após o período em que ela trabalhou para poder
estabelecer melhor sua vida e comprar sua própria casa. E na Família 3,
ocorreu a mesma situação com a mãe e filha.
Na relação mãe e filho adolescente, segundo a percepção do
adolescente, o diálogo e a presença da mãe nas atividades do filho prevalece o
relacionamento para com eles, como ressalta o filho da Família 2, ao falar que
sua mãe o acompanha nas competições que ele participa, tornando assim a
relação mais amigável. Já nas Famílias 1 e 3, o diálogo é o fundamental da
relação mãe e filho. Percebemos que os filhos vêem a relação com suas mães
com muita satisfação e com isso prevalecem o bom relacionamento entre eles.
Na percepção da mãe sobre o relacionamento atual dela com seu filho, o
diálogo e a afetividade entre eles prevalecem, as mães sentem os filhos
próximos, em função do diálogo estabelecido e pelo afeto transmitido um para
o outro.
53
Sendo assim pode-se perceber que a comunicação e a afetividade são
fatores cruciais para o bom relacionamento entre mãe e filho, onde cada um
pode se sentir a vontade para expor o que sente e transmitir seus sentimentos
através de carinhos.
Outro fator analisado se refere ao que os avós e mães enfatizam que é a
relação de afetividade com o adolescente. Na relação entre avós e netos na
infância, segundo a percepção dos avós, era satisfatório por ser regido por
conversas, carinhos e a participação deles nas atividades. Na Família 2, o avô
ressalta que o carinho estabelecido entre eles na infância ainda está presente
atualmente, e mesmo o neto não mais residindo com eles e sim com a mãe,
mas independentemente disso, a afetividade entre eles persiste. Nas Famílias
1 e 3, as conversas e brincadeiras faziam parte do relacionamento afetivo entre
eles.
Atualmente avós e netos das famílias entrevistas não moram mais
juntos, mas apenas a Família 2, mãe e filho moram juntos e os avós moram na
mesma cidade, já as Famílias 1 e 3, os avós residem em cidades diferentes
dos netos. Mas este fator não interfere na relação segundo os adolescentes,
pois o contato ainda é contínuo através de ligações ou visitas.
No que se refere às estratégias de educação dos avós na infância dos
netos e das mães na fase da adolescência, observou-se que nas Famílias 1 e
2, as mães não utilizaram outras estratégias que não fossem as utilizadas
pelos avós na infância do filho. Mas já na Família 3, o avô diz que agora existe
algumas diferenças, não considerável, mas que muda em relação as
estratégias que ele utilizou com sua neta na infância.
54
Nas três famílias percebe-se diferença em relação às regras
estabelecidas pelos avós, cada família tinha um método diferente de
estabelecer os limites.
Na Família 1 a mãe teve envolvimento no estabelecimento das regras na
fase da infância de seu filho, mesmo ela não estando presente diariamente na
educação do filho. Ao contrário da Família 2, em que o avô mostra a
flexibilidade no estabelecimento das regras quando afirma que o neto as
aceitava, que nunca foi resistente as mesmas. Por outro lado, na Família 3, as
regras praticamente não existiam por parte dos avós, pois o avô relata que as
cobranças e compromissos, eram somente as que a escola estabelecia.
Assim podemos analisar que à relação entre os avós e netos não têm
toda a rigidez que normalmente existe em uma relação mãe e filho, uma vez
que as regras estabelecidas por eles são de pouca exigência, tendo assim um
convívio sem brigas e com poucas ordens.
Em contrapartida, as regras estabelecidas pelas mães são mais rígidas.
Percebe-se que os limites estabelecidos pelas mães, os filhos fazem um
comparativo do que os avós os deixavam fazer. Eles comparam o que os avós
davam ou faziam a eles, mas as mães deixam claro que o que foi dito pelos
avós na infância já passou e que agora o que vale é o que ela está impondo.
Nas Famílias 1 e 3 os filhos fazem este comparativo entre a mãe e os avós, já
na Família 2 não existe isso, pois mãe e filho conversam e vêem o que é
melhor para eles.
Através desses resultados, percebe-se que não houve mudanças na
educação desses adolescentes que foram educados pelos avós. Analisando as
respostas percebemos que na Família 1, o adolescente faz o comparativo entre
55
as regras que a avó estabeleceu na infância das regras que a mãe estabelece
hoje, e deixa claro que hoje em dia, o que prevalece é o que a avó lhe ensinou
na sua infância, que as regras impostas pela mãe não fazem com que sua
educação modifique, pois prevalece a educação dos avós. Na Família 2, o que
prevalece é o diálogo entre mãe e filho, o que resolve os limites do adolescente
hoje em dia, que tanto as regras da infância como as de agora são acatadas
mas com uma boa conversa entre mãe e filho para resolverem o melhor. Na
Família 3, a filha também faz o comparativo das regras da mãe e dos avós,
mas deixa claro que hoje quem faz as regras é a mãe e que não vê diferença
das regras impostas pelos avós das regras que a mãe impôs hoje.
Através desses resultados, no que se refere às regras impostas pela
mãe na fase da adolescência, apenas as Famílias 1 e 3 os filhos comparam os
limites estabelecidos na sua infância pelos avós dos limites estabelecidos pela
mãe agora na fase da adolescência, já na Família 2 o adolescente não faz esse
comparativo.
Em contrapartida deste estudo, percebendo a importância de uma nova
pesquisa sobre este tema e temas afins, sugiro um trabalho sobre a educação
de filhos de mães solteiras. Investigar a percepção da mãe e do filho, na fase
da adolescência para fazer um comparativo, da infância para a adolescência,
sobre o manejo, estratégias e dificuldades desta mãe frente à educação do seu
filho sem o pai. Saber como é esta relação entre os dois sem a imagem da
figura paterna para o filho.
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7 ANEXOS
APÊNDICE A – Ficha de Identificação.
APÊNDICE B – Entrevistas.
APÊNDICE C – Termo de Consentimento.
61
7.1 APÊNDICE A
Ficha de identificação
Família ____________.
1) Nomes:
Avó e/ ou avô ________________________.
Mãe e/ou pai: ________________________.
Filho: ________________________.
2) Idades:
Avô e/ou Avó: ________________________.
Mãe e/ou pai: ________________________.
Filho: ________________________.
3) Profissão:
Avô e/ou Avó: ________________________.
Mãe e/ou pai: ________________________.
4) Escolaridade:
Avô e/ou Avó: ________________________.
Mãe e/ou pai: ________________________.
Filho: ________________________.
62
7.2 APÊNDICE B
Entrevista para a mãe e/ou pai:
1) Qual foi o motivo dos avós terem assumido os cuidados de seu filho (a)
na infância?
2) Você utiliza as mesmas estratégias de educação que os avós utilizaram
na educação de seu filho na infância, agora na adolescência?
3) Seu filho obedece suas ordens? Já houve alguma situação em que ele
comparou o seu jeito de dar ordens com o jeito dos avós?
4) Você acha que a educação que os avós deram para seu filho na fase da
infância coincide com a educação que você lhe dá?
5) Existe alguma diferença do jeito de você educar seu filho (a) em relação
ao jeito dos avós o terem educado? Explique.
6) Se o seu filho apresenta hoje alguma dificuldade, como é resolvida?
7) Hoje quem acompanha as atividades que seu filho participa (escola,
cursos, esportes)?
8) Você conhece os amigos de seu filho?
9) Descreva como é sua relação com seu filho. Como você vê a relação
dele para com você?
10) Como é hoje o relacionamento de vocês com seus pais?
11) Como é um final de semana de vocês?
12) Descreva o momento de uma refeição.
63
Entrevista para o (a) adolescente:
1) Quando você precisa de ajuda para resolver algo difícil, a quem você
procura para pedir ajuda?
2) Se surgirem dúvidas sobre qualquer assunto, a quem você pergunta
sobre? E como é este diálogo?
3) Hoje quem costuma dar ordens a você?
4) Você obedece às ordens que sua mãe/pai estabelece (m)? Elas têm
alguma diferença das estabelecidas pelos avós?
5) Existe alguma diferença na educação que seu avô/ avó deu para você
da educação que sua mãe/pai lhe dão hoje?
6) Explique como é a comunicação entre você e sua mãe e/ou pai:
7) Explique como é a comunicação entre você e seu avô e/ou avó:
8) Descreva como é o seu relacionamento com sua mãe/pai. Como você
vê o relacionamento dela (e) para com você?
9) Você apresenta seus amigos para sua (eu) mãe/pai?
10) Como é um final de semana de vocês?
11) Quem acompanhava suas atividades diárias (escola, cursos, esportes)?
E hoje?
11) Existia determinação de horários para suas atividades (estudo,
brincadeiras, sono, refeição), pelos avós? E há pelos pais?
13) Descreva o momento de uma refeição.
64
Entrevista para o avó e/ou avô:
1) Qual foi o motivo de vocês terem assumido os cuidados do neto (a) de
vocês na infância?
2) Foi por vontade própria essa decisão?
3) As estratégias utilizadas para educá-lo, foram às mesmas que utilizou
para educar seu /sua filho (a) quando criança?
4) Existe alguma diferença do jeito de você ter educado seu neto em
relação ao jeito que o pai/ mãe estão educando? Explique.
5) Seu neto obedecia suas ordens?
6) Seu relacionamento com seu neto era satisfatório na infância? Descreva
como era esse relacionamento.
7) Havia determinação de horários para as atividades (estudo,
brincadeiras, sono, refeição)?
8) Como era o final de semana de vocês? E hoje?
9) Quem acompanhava as atividades diárias dele (escola, cursos,
esportes)?
10)Hoje quem costuma lhe dar ordens? A quem ele obedece?
12) Como é hoje sua relação com seu neto adolescente? Houve alguma
mudança? Explique.
13) Descreva como era o momento da refeição.
65
7.3 APÊNDICE C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
APRESETAÇÃO
Gostaria de convidá-los a participar de uma pesquisa cujo objetivo é
analisar se houveram mudanças na educação de filhos adolescentes que não
infância foram educados pelos avós e posteriormente passam a ser educados
pelos pais na fase da adolescência.
Sua tarefa consistirá na participação de uma entrevista semi-
estruturada, para analisar através dos relatos verbais e não verbais que serão
gravados, se houveram mudanças na educação de filhos adolescentes que na
infância foram educados pelos avós e posteriormente passam a ser educados
pelos pais na fase da adolescência. A entrevista será realizada com cada
participante separadamente.
Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:
a) Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido o
seu anonimato;
b) Os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com
finalidade acadêmica podendo ver a ser publicado em revistas
especializadas, porém, como explicitado no item (A) seus dados
serão mantidos em anonimato;
c) Não há respostas erradas ou certas, o que importa é a sua opinião;
d) A aceitação não implica que você estará obrigado a participar,
podendo interromper sua participação a qualquer momento, mesmo
66
que já tenha iniciado, bastando, para tanto, comunicar aos
pesquisadores;
e) Sua participação é voluntária, portanto você não terá direito a
remuneração;
f) Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção
imediata, ainda que tenha intenção de investigar as estratégias
educativas utilizadas pelos pais com seus filhos adolescentes no
processo de comunicação estabelecido entre eles;
g) Durante a participação, se tiver alguma reclamação do ponto de vista
ético, você poderá contatar com a professora Márcia Aparecida
Miranda de Oliveira, responsável pela mesma, através da
coordenação do curso de psicologia pelo telefone: (047) 33417542.
Caso aceite participar, por favor, preencha os dados a seguir.
IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO
Eu,__________________________________________________
__________________________________________________________
______, declaro estar ciente dos propósitos da pesquisa, da maneira
como será realizada e no que consiste minha participação. Diante
dessas informações aceito participar da pesquisa.
Data de nascimento: ________________________________________.
Assinatura:
_____________________________________________________.
67
Eu,_______________________________________________________
__ autorizo meu
filho,________________________________________________ a
participar desta pesquisa.
Assinatura:
______________________________________________________.
Pesquisadora: Josiely Francys Bertollo.
E-mail: [email protected]
Telefone: (047) 96021411
Assinatura: -
_________________________________________________.
Pesquisadora responsável: Professora Márcia Aparecida Miranda de
Oliveira.
E-mail: [email protected]
Telefone: (047) 99839854
Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS
R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 202.
Assinatura: ______________________________________________.