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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PRÓ-REITORIA DE ENSINO CURSO DE PSICOLOGIA – BIGUAÇU PSICOMOTRICIDADE: PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO NA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM SÔNIA MARIA PEREIRA DIAS BIGUAÇU 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PRÓ-REITORIA DE ENSINO

CURSO DE PSICOLOGIA – BIGUAÇU

PSICOMOTRICIDADE: PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO NA DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM

SÔNIA MARIA PEREIRA DIAS

BIGUAÇU

2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PRÓ-REITORIA DE ENSINO

CURSO DE PSICOLOGIA – BIGUAÇU

PSICOMOTRICIDADE: PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO NA DIFICULDADE DE

APRENDIZAGEM

Monografia apresentada como requisito para a obtenção do grau Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí. Pró-Reitoria de Ensino - Centro de Ciências da Saúde. Curso de Psicologia- Biguaçu. Profº Orientador: MSc. Mauro José da Rosa.

BIGUAÇU

2008

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AGRADECIMENTOS

Ao Deus de todas as coisas que me proveu além do normal para seguir adiante em

busca de meus objetivos.

Em especial a memória de minha mãe que me fez compreender que a humildade é o

princípio da sabedoria, como também que a perseverança e o amor são a base do que se

almeja alcançar.

A minha família que me incentivou a continuar em face de dificuldades acreditando

que unidos poderíamos superá-las

Agradeço ao meu supervisor e professor Mauro José da Rosa pelas orientações,

partilhando seu conhecimento para que o trabalho de conclusão de curso se concretizasse.

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DIAS. Sônia Maria Pereira. Psicomotricidade: Prevenção e Intervenção na Dificuldade de Aprendizagem. Trabalho de Conclusão de Curso – TCC (Curso de psicologia – Graduação) Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2008.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo considerar nos estudos oriundos da psicomotricidade estratégias preventivas e interventivas para aplicação na dificuldade de aprendizagem. Além disso, promover a disseminação de informações entre profissionais que trabalham na educação de crianças: Pedagogos, psicopedagogos, Psicólogos entre outros com o intuito de redimensionar a ação dos profissionais através da aplicação de atividades psicomotoras na prevenção e intervenção diante da dificuldade de aprendizagem. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, deste modo inclui alguns clássicos como: Fonseca (1995; 1998; 2004), Bueno (1998), Le Boulch (1986), Rosa Neto (2002) entre outros. Os dados da pesquisa foram analisados de modo que na elucidação do assunto tornou-se possível perceber que os autores apontam como de suma importância a psicomotricidade para o desenvolvimento da criança, sendo considerada de base elementar do nascimento até a idade de oito anos. A psicomotricidade é reconhecida como a ciência que permite educar o movimento e desenvolver a inteligência do indivíduo. Palavras Chaves- Psicomotricidade; Dificuldade de Aprendizagem; Prevenção; Intervenção

Orientador: Msc Mauro José da Rosa

Membros da banca examinadora: Especialista Hebe Régis -; Msc. Ivânia Jann-

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IDENTIFICAÇÃO

ÁREA DE PESQUISA: Educação – Desenvolvimento Infantil

TEMA: Dificuldade de Aprendizagem

TÍTULO DO PROJETO: Psicomotricidade: Prevenção da Dificuldade de Aprendizagem

ALUNA / ACADÊMICA

Nome: Sônia Maria Pereira Dias

Centro IV – Biguaçu Curso: Psicologia Semestre: 7º

Orientador

Nome: Mauro José da Rosa

Categoria Profissional: Psicólogo e Educador Físico / Professor

Titulação: Mestre em Psicologia e graduação em Educação Física

Curso: Psicologia

Centro IV – Biguaçu

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................. 7

2. METODOLOGIA............................................................................. 11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................... 13

3.1 DIMENSÕES INTERDISCIPLINARES ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A

PEDAGOGIA...................................................................................................................

13

3.2 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM................................................................. 15

3.3 A FUNÇÃO INTEGRADORA DA PSICOMOTRICIDADE NA PRÁTICA

EDUCATIVA...................................................................................................................

18

3.4 PSICOMOTRICIDADE NA MODALIDADE INTERVENTIVA E

PREVENTIVA..................................................................................................................

21

4. DISCUSSÃO .................................................................................... 33

5. CONSIDERAÇOES FINAIS............................................................ 38

REFERÊNCIAS........................................................................................... 40

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1. INTRODUÇÃO

O objetivo desse trabalho é aprofundar o conhecimento em relação a

psicomotricidade na prevenção da dificuldade de aprendizagem através de uma perspectiva

interdisciplinar.

Diante disso, a revisão bibliográfica será permeada por vários estudos publicados

desde, artigos, livros, revistas especializadas e endereços eletrônicos de cunho científico, a

fim de elucidar a compreensão sobre o tema relacionado a psicomotricidade.

Atuar na área da Educação por vários anos, como também estagiar na área de

Psicologia Educacional permitiu que a acadêmica deste trabalho tivesse uma preocupação

especial com o processo de desenvolvimento da criança, ainda mais no que diz respeito a

formação de base indispensável para o desenvolvimento motor, afetivo e psicológico da

criança. Ao passo que considera de suma importância na prevenção de problemas de

aprendizagem.

Segundo Costa (2001) a Psicopedagogia e a Psicomotricidade são áreas do

conhecimento que se completam por sua similaridade. Portanto, apresentam ponto de

intersecção no atendimento aos problemas de aprendizagem.

A Psicomotricidade como processo de intervenção educativa, reeducativa e

terapêutica tem sido considerada, em inúmeros países, uma medida indispensável em

múltiplas estruturas de educação, reabilitação, saúde e segurança social, nomeadamente em

centros de saúde mental infantil, de medicina psiquiátrica, de medicina física e reabilitação,

centros médicos psicopedagógicos, de reeducação e apoio pedagógico, jardim de infância,

escolas pré-primárias, etc. (FONSECA, 2004).

A educação psicomotora trabalha a globalidade do indivíduo, integrando a

vivência corporal, o significado das palavras e a relação entre sujeito, objeto e meio na

realização de uma atividade. Desta forma, a psicomotricidade é um conhecimento científico

que permite educar o movimento e desenvolver a inteligência do indivíduo (BUENO,

1998).

Partindo desses pressupostos, a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como

meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o

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controle mental de sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades considerando

seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a aprendizagem das

crianças em várias atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física, mental

e no equilíbrio sócio-afetivo.

Conforme Fonseca (2004), O processo psíquico da criança é concreto e emerge da

experiência motora também concreta, só que socialmente contextualizada. Assim, qualquer

alteração global da criança, seja ela de natureza morfológica, neurológica ou cognitiva, é

resultante da sua atividade e motricidade socializadas, sendo este o contexto sócio-histórico

em que concretamente se garante à criança a sua evolução psicomotora harmoniosa, plena e

completa para se transformar num adulto ativo crítico e criativo.

A relevância acadêmica e social deste estudo é o de sistematizar o conhecimento

científico já publicado concernente a psicomotricidade e a inter-relação com a Pedagogia

no processo de aprendizagem (visando a prevenção da dificuldade de aprendizagem),

visando compreender as implicações de sua aplicação na prevenção de problemas de

aprendizagem.

Além disso, promover a disseminação de informações entre profissionais que

trabalham na educação de crianças: Pedagogos, Psicólogos entre outros com intuito de

instrumentalizar sua prática criando alternativas de ação levando-se em conta atividades

psicomotoras na prevenção de dificuldade de aprendizagem, como fator de equilíbrio na

vida das pessoas, expresso na interação entre espírito e o corpo, a afetividade e a energia, a

criança e o grupo, promovendo a totalidade do ser humano.

Nas décadas de 60 e 70 fez com que predominasse o modelo médico e fosse

instituído um diagnóstico padrão classificatório ao portador de distúrbios psicomotores e de

aprendizagem, (DCM) disfunção cerebral mínima e (DDA) distúrbio de déficit de atenção.

Os sintomas asseguram que tais dificuldades e, consequentemente, o fracasso escolar tinha

sua origem bem definida em uma lesão cerebral.

A criança era marcada pela diferença, com rótulo da incapacidade intelectual é

estigmatizada pela sociedade. De modo que Costa (2001) menciona a origem de um

problema social. Sendo o sujeito único, portanto diferente, o mais importante não seria ser

tratado devidamente para que consiga alcançar seu objetivo: aprender.

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Sassaki (2005) considera duas razões pelas quais o termo deficiência intelectual

torna-se apropriado na atualidade. A primeira razão por referir-se ao funcionamento do

intelecto e não da mente como um todo. E a segunda razão trata-se da distinção entre os

fenômenos: deficiência mental e doença mental.

Diante disso, cabe a psicomotricidade em parceria com a psicopedagogia resgatar

o desejo de aprender eliminando os possíveis obstáculos responsáveis pelo fracasso escolar.

Portanto, quais estratégias de intervenção podem ser aplicadas na aquisição das habilidades

psicomotoras como forma preventiva à dificuldade de aprendizagem?

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OBJETIVO GERAL

Pesquisar nos estudos oriundos da psicomotricidade educativa estratégias preventivas e de intervenção na dificuldade de aprendizagem em material bibliográfico disponível.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Descrever as perspectivas interdisciplinares entre a psicomotricidade e a

psicopedagogia;

• Estudar a função integradora da psicomotricidade na prática educativa;

• Contribuir, através desta pesquisa, para a divulgação do conhecimento

científico a respeito da psicomotricidade na prevenção da dificuldade de aprendizagem.

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2. METODOLOGIA

A pesquisa científica é uma investigação metódica acerca de um assunto

determinado com o objetivo de esclarecer aspectos do objeto em estudo. A finalidade das

pesquisas a nível de graduação é levar o estudante a refazer os caminhos já percorridos,

repensando o mundo (KELLER, 1998).

Nesse sentido o exame ou consulta de livros, como também documentação escrita

torna-se necessário sobre determinado assunto, de modo que a pesquisa bibliográfica

destina-se a coleta de dados através do exame de publicações de diversos autores, a respeito

de um tema em comum. O pesquisador procura conhecer as contribuições científicas sobre

o determinado assunto, de modo que seleciona, analisa e interpreta a partir das

contribuições teóricas existentes sobre o assunto considerado.

Os autores pesquisadores abordam o assunto de psicomotricidade e descrevem sua

função em nível de prevenção, como também de intervenção frente às dificuldades de

aprendizagem, e ainda consideram a correlação entre sua função integradora em nível

motor, social e afetivo.

A fundamentação da pesquisa bibliográfica inclui clássicos como Fonseca (2004),

Bueno (1998), Le Boulch (1986), bem como autores com recente publicação Torres (2003),

Rosa Neto (2002 ), entre outros disponíveis em endereços eletrônicos no período de 1996 a

2006.

Os dados da pesquisa serão analisados através da pesquisa qualitativa. De acordo

com CHIZZOTTI (1991), entre o mundo real/ objetivo e o sujeito há uma relação dinâmica

e indissociável, não podendo ser traduzida em números, envolvendo a interpretação dos

fenômenos e atribuição de significados, sem o uso de métodos e técnicas estatísticas. Deste

modo, não será apenas, uma mera explicação dos fatos acontecidos, pois para a pesquisa

qualitativa o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta

os fenômenos, dando-lhe significados. A fenomenologia assegura que o mergulho no

cotidiano e a familiaridade com os fatos se fazem necessário para desvendar, o que se faz

oculto, ultrapassando as aparências e alcançando a essência dos fenômenos. “A dialética

também reafirma a idéia da relação dinâmica entre sujeito e o objeto, no processo de

conhecimento, o pesquisador é um ativo descobridor do significado das ações e das

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relações que ocultam nas estruturas sociais, CHIZZOTTI (1991 p.80)”. Logo a finalidade

da pesquisa qualitativa é intervir em uma situação insatisfatória, mudar condições

percebidas como transformáveis, onde pesquisador e pesquisados assumem,

voluntariamente, uma posição reativa. CHIZZOTTI (1991, p.89).

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 DIMENSÕES INTERDISCIPLINARES ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A

PEDAGOGIA

Conforme os estudos de Torres (2003), o corpo é o eixo comum na prática da

Psicopedagogia e da Psicomotricidade, porta-voz dos sistemas e sede dos problemas de

aprendizagem e também psicomotores. É através do corpo que a criança interage com o

mundo.

A fase importante para trabalhar com todos os aspectos do desenvolvimento

(motor, intelectual e sócio-emocional) é na faixa etária que compreende o nascimento até

completar 8 anos. É nesse período que se instalam as principais dificuldades em todas as

áreas de relação com o meio ao qual está inserido e que, se não forem exploradas e

trabalhadas a tempo, certamente trarão prejuízos com dificuldades na escrita, na leitura, na

fala, na socialização, entre outros. (BUENO, 1998)

Na tentativa de redimensionar sua prática, ressignificar seu corpo teórico e

compreender melhor os problemas de aprendizagem na sua dimensão subjetiva, a

Psicomotricidade e a Psicopedagogia buscam subsídios na Neurologia Lingüística,

Psicologia, Sociologia e Psicanálise. Portanto, a prevenção e a clínica, abordam o sujeito

agente de aprendizagem em sua dimensão psicomotora, social, cognitiva e emocional.

(TORRES, 2003)

Para Bueno (1981 apud Lê Boulch 1998) “a educação psicomotora deve ser

considerada como uma educação de base na escola elementar, ponto de partida de todas as

aprendizagens pré-escolares e escolares”. Além disso, considera a reeducação psicomotora

como possibilidade de retomar as vivências anteriores da educação ultrapassadas

inadequadamente, e assim educar o que o indivíduo não assimilar adequadamente em

etapas anteriores. Essa modalidade está contida em várias áreas profissionais: pedagogia,

fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia, educadores, dentre outros.

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A psicomotricidade trabalha a globalidade do indivíduo, integrando a vivência

corporal, o significado das palavras e a relação entre sujeito, objeto e meio na realização de

uma atividade. Desta forma, a psicomotricidade é um conhecimento científico que permite

educar o movimento e desenvolver a inteligência do indivíduo. (BUENO, 1998)

Do ponto de vista educativo, Bueno (1998), o papel e lugar da educação

psicomotora na educação geral corresponderá, naturalmente, às diferentes etapas do

desenvolvimento da criança.

Somente numa ação interdisciplinar o psicopedagogo poderá mediar, de forma

eficaz, o sujeito aprendente. A atitude de busca de referenciais teóricos da pesquisa e da

reflexão válida e sustenta a prática psicopedagógica, sendo que a reflexão precede a ação,

por isso a exigência da formação continuada do psicopedagogo e do psicomotrista.

(TORRES, 2003)

Na importância do papel preventivo da psicomotricidade, Bueno (1996 apud

Danyalgil & Schier 1998) refere-se ao seguinte comentário:

Para todos nós, profissionais imbuídos nesse processo de relação de ajuda, fica um convite, o de tentar não mais trabalhar na sintomatologia, forçando a criança a adequar-se a uma proposta que não reconhece, e sim o de tentarmos substituir o desprazer pelo prazer (...) reativar e desenvolver competências e habilidades de negociação, de comunicação e de relação. Pág.56

Toda criança seja devidamente considerada para que alcance seu objetivo, salienta

Torres (2003). O biológico, o emocional, o social, o cognitivo e o motor estão presentes no

não-aprender, seja ele classificado por qualquer dos conceitos. Cabe ao psicopedagogo

resgatar o desejo de aprender do “sujeito”, eliminando os possíveis obstáculos. A

psicomotricidade, voltada para o corpo em movimento, tem a contribuição indispensável

nos processos de aprender, pois, do início ao fim, a aprendizagem passa pelo corpo.

(TORRES, 2003).

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3.2 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Em seus estudos, Beyer (1996) considera o importante trabalho reconhecido de

Reuven Feuerstein (1980) no que se refere ao campo dos distúrbios cognitivos por

assessorar professores e psicopedagogos no sentido tanto do diagnóstico mais preciso como

no planejamento da intervenção de apoio, visando a superação das dificuldades

identificadas.

Para Bayer (1996), torna-se um erro diagnosticar, em crianças com dificuldades

cognitivas, o baixo rendimento escolar como mera ausência de conhecimento ou como

simples reflexo de um baixo nível intelectual. Contudo, salienta a importância de averiguar

quais funções deficientes prejudicam a ação individual; pois pode-se resultar na falha em

localizar a fonte do erro da criança, afetando assim, seriamente a eficiência de qualquer

ação do professor ou do psicólogo.

Na elucidação dessa consideração a tarefa do psicopedagogo passa a ser, segundo

o autor, avaliar as funções cognitivas da criança para decidir que medida de apoio devem

ser conduzidas, de modo que o processo mental é entendido de maneira integrada e

dinâmica. Sendo diferente de um arranjo artificial baseado apenas em três momentos:

assimilação, elaboração e resposta.

Conforme Fonseca (1979), apud Feuerstein (2004), independentemente da

classificação da (DI) deficiência intelectual estar sujeita a inúmeras criticas, que encerram

freqüentes abordagens passivas à problemática de sua habilitação, a sua diferenciação

atípica em leve, moderada, severa ainda subsiste em vários contextos médicos e

psicopedagógicos, sendo fundamental que subentenda de preferência quais os tipos de

serviço de apoio que devem ser criados, visando a maximização do potencial adaptativo dos

indivíduos assim identificados.

Dessa forma, é importante estar citando, p. 16), que esta pode exprimir alguns

aspectos presentes na práxis educacional, tais como cognitivos, emocionais e sociais em

que o ser em transformação, é compreendido como agente ativo de sua própria experiência

e desenvolvimento, não apenas analisando por seu desempenho intelectual, já que os

aspectos emocionais e socioculturais também serão analisados.

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Em seus estudos, Vasconcellos (1995), considera a importância da Psicologia que

reconhece a práxis pedagógica como um espaço de interação social, no qual o indivíduo e a

sociedade se forma e se transformam simultaneamente, levando em conta as contribuições

das teorias de Vygotsky e Wallon, como também o construtivismo Piagetiano.

“A inteligência de uma criança não deve ser apenas avaliada com base na sua

capacidade intelectual registrada psicometricamente, mas, antes, através da capacidade

intelectual da aprendizagem por ela demonstrada” (BEYER, 1996, p. 23)

Segundo Fonseca (1995), as dificuldades de aprendizagem remetem não só a

problemas pedagógicos, mas também a problemas econômicos e sociais, de modo que a

escola atualmente desenvolve a noção de ‘aluno perfeito’ e de ‘gênio’ que constituem

aspirações de pais e professores.

Goleman (2001), em seu livro “Inteligência Emocional” cita que o modelo de

Gardner vai muito além do conceito padrão de QI como fator único e imutável. Reconhece

que os testes que nos tiranizaram quando passamos pela escola (...) se baseiam numa noção

limitada de inteligência, uma noção sem ligação com a verdadeira gama de talentos e

aptidões que são importantes para a vida, acima e além do QI (quociente de inteligência).

Gardner (1987) identificou inicialmente sete inteligências:

• a Lingüística, que envolve sensibilidade para a língua falada e escrita, habilidade de

aprender línguas e capacidade de usar a língua para atingir certos objetivos; é a capacidade

de lidar com as palavras de forma criativa;

• a Lógico-Matemática, envolvendo a capacidade de analisa r problemas com lógica,

realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente; está ligada ao

confronto com o mundo dos objetos;

• a Espacial, que tem o potencial de reconhecer e manipular os padrões do espaço, bem

como os padrões das áreas mais confinadas; é a habilidade de perceber e harmonizaras

formas;

• a Musical, que acarreta habilidades na atuação, na composição e apreciação de padrões

musicais; permite a percepção especial de organização de sons de forma harmoniosa e

criativa;

• a Corporal-Cinestésica, capacidade de usar o corpo para resolver problemas ou fabricar

produtos; é a habilidade de controlar os movimentos do próprio corpo;

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• a Interpessoal, que denota capacidades de entender as intenções ou motivações e os

desejos do próximo e, conseqüentemente, de trabalhar de modo eficiente com terceiros; é a

habilidade de motivar as pessoas e perceber seus temperamentos e de relacionar-se com

elas;

• a Intrapessoal, que envolve a capacidade de a pessoa se conhecer, de ter um modelo

individual de trabalho eficiente e de usar estas informações com eficiência para regulara

própria vida; é a habilidade de perceber os próprios sentimentos. Recentemente, mais duas

inteligências foram acrescentadas:

• a Naturalista, que alia uma descrição de habilidade no reconhecimento e classificação das

espécies da flora e da fauna do seu meio ambiente.

• a Existencial, que é a capacidade de se preocupar com aspectos da vida, da morte e do

universo.

Para Fonseca (2004, p. 112), os déficits no desempenho cognitivo dependem da

adaptabilidade dos contextos às características dos indivíduos, inclusive pessoas com DI,

(deficiência intelectual) dado que o seu baixo rendimento pode predizer ou não a falta de

adaptação.

Para os educadores, o baixo rendimento escolar, conforme considera Fávero &

Calsa (2003) é a manifestação mais evidente das dificuldades de aprendizagem, e pode

servir como indicativo de que criança apresenta ou pode vir a apresentar dificuldade,

principalmente no que diz respeito a preocupação dos alfabetizadores.

A disgrafia, uma das mais apontadas pelos professores como também chamada de

“letra feia”, segundo as autoras, ocorre em geral em decorrência da dificuldade de recordar

a grafia correta para representar um determinado som ouvido ou elaborado mentalmente. O

sujeito é capaz de ler e falar, mas não de escrever.

Sabe-se que alguns estudos, a causa dessas dificuldades são fatores sociais, outros

emocionais, e alguns, ainda a atrasos no desenvolvimento psicomotor.

A psicomotricidade não é a solução para todos os problemas de aprendizagem, e

nem tão pouco afirmar que um desenvolvimento psicomotor inadequado pode ser a causa

de todas as dificuldades escolares. (FAVERO & CALSA, 2003, p. 115)

Entretanto, na contribuição de seus estudos são considerados (LE BOULCH, 1992;

LAPIERRE, 1982) como sendo de fundamental importância para compreensão de que a

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psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo, na aprendizagem da leitura e da escrita e

na formação da inteligência.

Nesse sentido, em termos psicomotores, o rendimento pode ser modificado em

função das mudanças que possam ser introduzidas no enriquecimento dos programas, dos

equipamentos e dos materiais, o que sugere que o desenvolvimento psicomotor do

indivíduo pode ser modificado positivamente, dependendo em grande parte, da qualidade

dos sistemas ecológicos onde ele se estrutura.

3.3 A FUNÇÃO INTEGRADORA DA PSICOMOTRICIDADE NA PRÁTICA

EDUCATIVA

Segundo Torres (2003), o corpo foi visto sob a ótica filosófica até o fim do século

XVIII. A partir do século XIX, passou a ser considerado como objeto sujeito a estudos

sistemáticos e profundos no âmbito da experimentação. Passou a ser de interesse como

objeto de estudo em diferentes segmentos da ciência.

Na tentativa de compreender a estrutura e funcionamento cerebral, bem como suas

patologias, o estudo foi direcionado à Neuropsicologia e à Neurologia.

A partir do século XIX o corpo passou a ser estudado por neurologistas, por

necessidade de compreensão das estruturas cerebrais, e por psiquiatras, para classificação

de fatores patológicos. (BUENO, 1998)

Para compreender a evolução da inteligência e suas perturbações, passou a ser

estudado, também, pelos psicólogos e psiquiatras, tendo recebido a atenção a contribuição

da Psicologia genética, da Fenomenologia, da Psicanálise. (TORRES, 2003)

Segundo a autora, o psiquiatra Dupré (1909), motivado a buscar a relação entre o

sintoma e a localização cerebral após as dificuldades enfrentadas pela Neurologia para

explicar as perturbações; criou o termo Psicomotricidade, que significa relação entre o

movimento, o pensamento e a afetividade. Assim, concluiu que as perturbações

psicológicas tinham estreitas relações com as perturbações motoras.

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A psicomotricidade, inicialmente encarada como prescrição da medicina

psiquiátrica (DUPRÉ, 1915), atingiu com H. Wallon (1925,1934,1947, etc.) e J.

Ajuriaguerra (1977,1988, etc.) uma dimensão teórica e prática sobre o desenvolvimento

humano deveras significativa, razão pela qual se torna, na atualidade, uma intervenção

preventiva, educativa, reeducativa e psicoterapêutica de transcendente originalidade.

(FONSECA, 2004)

Conforme o autor em psicomotricidade, o psíquico e o motor não são uma

conseqüência linear um do outro; são os dois componentes complementares, solidários e

dialéticos, da mesma totalidade sistêmica, encarando o corpo e a motricidade como

elementos essenciais da estrutura psicológica do Eu, pois é na ação que se toma consciência

de si próprio e do mundo.

Segundo Torres (2002 apud Rosa Neto 2003), o que é importante na ação corporal

não é o movimento nem a própria ação, e sim, a intenção e a realização que conduz a uma

organização cerebral.

Para Lê Boulch (1986) a educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de

tudo uma experiência ativa de confrontação com o meio. A ajuda educativa, proveniente

dos pais e do meio escolar, tem a finalidade não de ensinar à criança comportamentos

motores, mas sim de permitir-lhe, mediante o jogo, exercer sua função de ajustamento

igualmente ou com outras crianças.

No estágio escolar, a primeira prioridade constitui a atividade motora lúdica, fonte

de prazer, permitindo à criança prosseguir a organização de sua “imagem do corpo”.

Os teóricos Mendes, Lê Boulch, Vayer, Ajuriaguerra, Schilder e Piaget falam da

importância do desenvolvimento motor como precursor de todas as demais áreas. Para o

neuropsiquiatra infantil Ajuriaguerra, o esquema corporal é o resumo e a síntese de toda a

experiência corporal no mundo. É pelo esquema corporal que a criança vai conseguindo

realizar movimentos cada vez mais ajustados e criadores, através dos quais fica apta a

descobrir o mundo que a cerca e envolve. (TORRES, 2003, p. 43)

A Psicomotricidade como área de conhecimento segundo Torres (2003), vem

adquirindo uma relação teórico-prática que valoriza a unidade em detrimento da dualidade,

do reducionismo e do separatismo (...) faz parte um sistema representado pela tríade social,

psicológica e orgânica, enriquecida por conhecimentos de ordem emocional, lingüística e

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psicanalítica. Contudo a educação psicomotora, como proposta preventiva, visa trabalhar

qualquer criança, independentemente dela manifestar dificuldade psicomotora ou não.

Considerar a importância da corporeidade da criança é buscar resgatar a sua

condição de sujeito ativo na construção de seu desenvolvimento, é a possibilidade de sua

interação com o mundo. Recorrer à compreensão da Psicomotricidade em Psicopedagogia

se faz necessário para opormos à idéia de aprendizagem como ato puramente mental.

(TORRES, 2003)

Além disso, ressalta a necessidade aos profissionais alfabetizadores a importância

e a responsabilidade de que se reveste a sua atuação junto à criança na faixa etária entre 6 e

8 anos, uma vez que estas se encontram, à essa época, no ápice de desenvolvimento

psicomotor. E, ainda aponta como tarefa do bom professor observar, identificar e estimular

as habilidades e potencialidades de seus alunos, fazendo com que se constituam em

facilitadores no processo ensino-aprendizagem.

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3.4 PSICOMOTRICIDADE NA MODALIDADE INTERVENTIVA E PREVENTIVA

A revista neurociências ao considerar as dificuldades de aprendizagem decorrentes

de queixas escolares a partir de um diagnóstico por uma equipe multidisciplinar, entre

psicólogos e docentes constataram-se, (Sawaia 2001, apud Ricardo et .al 2006) , que as

intervenções nas dificuldades de aprendizagem são delineadas em consonância com as

concepções que os profissionais possuem das queixas e diagnósticos. Portanto, a análise do

fenômeno não da aprendizagem, como também o planejamento das intervenções devem

levar em conta a tríade criança, família e escola. Para tanto, é fundamental que o

diagnóstico a intervenção ocorram de forma interdisciplinar (psicologia, neuropsicologia,,

psicomotricidade, pedagogia, fonoaudiologia, neurologia, psiquiatria), de acordo com as

necessidades apresentadas pela criança.

A presença de queixas de diferentes naturezas aponta para a necessidade do

atendimento multi e interdisciplinar às dificuldades de aprendizagem da criança e do

adolescente. Deste modo, acreditamos que a avaliação e o diagnóstico não devem ser

realizados por um único especialista.

Na maior parte dos casos, o diagnóstico precoce constitui uma condição favorável

para uma intervenção mais eficaz com a criança, além de orientações para a família e para a

escola.

Nesse sentido a Educação Psicomotora pode ser aplicada como modalidade tanto preventiva como também interventiva, visto que “abrange todas as aprendizagens da criança, processando-se por etapas progressivas e específicas conforme o desenvolvimento geral de à cada indivíduo. Realiza-se em todos os momentos da vida por meio de percepções vivenciadas, com uma intervenção direta a nível cognitivo, motor e emocional, estruturando o individuo como um todo”. BUENO (1998 p. 84)

A educação, segundo o autor passa pela facilitação das condições naturais e também

pela prevenção de distúrbios corporais. Portanto refere-se à escola, a família e ao meio

social com a participação dos educadores, dos pais, inclusive aos professores em geral (de

natação, judô, balé e ginástica, etc.).

As pesquisas mais recentes desvendaram uma nova realidade e sugerem a

possibilidade de um conhecimento mais amplo e diferenciado sobre inteligências. De

acordo com Gardner (1987), diversos estudiosos do comportamento têm documentado que

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o sistema nervoso humano não é um órgão com propósito único, como também é

infinitamente plástico.

Segundo a Annual Review of Neuroscience (2005), traduzida por Pedro Lourenço

Gomes o conceito de plasticidade seria:

“Plástico” deriva do grego ó (plastos), que significa moldado. De acordo com o Oxford English Dictionary, ser plástico refere-se à habilidade de passar por mudanças de forma. “William James (1890), em The Principles of Psychology, foi o primeiro a introduzir o termo ‘plasticidade’ nas neurociências em referência à susceptibilidade do comportamento humano para modificação.” (p. vol.28: 377-401)

Dessa maneira, os estudos revelam que não deveríamos conceber o cérebro como

um objeto estacionário capaz de ativar uma torrente de mudanças que chamamos de

plasticidade, nem como um fluxo ordenado de eventos guiados pela plasticidade. Ao invés,

devemos pensar o sistema nervoso como uma estrutura continuamente em mudança, da

qual a plasticidade é uma propriedade integral e conseqüência obrigatória de cada input

sensorial, ato motor, associação, sinal de recompensa, plano de ação, ou percepção.

Nesta estrutura, noções tais como processos psicológicos enquanto distintos das

funções ou disfunções de base orgânica cessam de ser informativas. O comportamento

levará a modificações no sistema de circuitos do cérebro, assim como mudanças no sistema

de circuitos do cérebro levarão a modificações do comportamento.

O estudo dos processos corticais realizados por (Álvaro et .al 2005) , traz

informações de valor inestimável e revela importantes caminhos para o conhecimento do

sistema funcional complexo que é o cérebro. Segundo os autores o sistema nervoso,

concebido como um ordenador assegura a integração das informações que recebe do mundo

exterior e do próprio organismo, endereçando, finalmente, de forma coordenada, aos órgãos

efetores, as ordens necessárias à vida do indivíduo (motricidade voluntária, funções

psíquicas, respiração, digestão, circulação sanguínea e sobrevivência da espécie).

“O cérebro, com seus dois hemisférios, funciona como um todo, estruturando a conduta do indivíduo em seus aspectos cognitivo e afetivo. Ambos os hemisférios estão integrados pela presença das comissuras inter-hemisféricas, e o córtex cerebral está relacionado, através das vias de associação, às estruturas subcorticais: corpo estriado, tálamo óptico, tronco encefálico, medula e cerebelo” (p.01)

O cérebro mostra-se como um órgão estruturado de maneira bastante complexa.

Cada parte sua corresponde a uma área com funções específicas, mas que estão interligadas

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entre si. Sabe-se que existe uma divisão das estruturas cerebrais onde cada uma possui sua

função exclusiva, contudo trabalhando de forma integrada.

E, para cada uma dessas regiões se desenvolverem atingindo plenamente seus

potenciais é necessário que recebam estímulos adequados para aumentar sua capacidade de

plasticidade.

Uma maneira de estimular o surgimento e o crescimento de novas e mais complexas

conexões entre células, é através da psicomotricidade. Tanto que ela tem origem nos

estudos neurológicos que visavam a reabilitação de pacientes com debilidades mentais ou

que haviam sofrido acidentes, que deixaram seqüelas motoras e cognitivas. Só mais tarde

que ela tomou proporções de prevenção e estimulação do potencial em indivíduos típicos.

(FONSECA, 1995).

Para (Barreto et.al 2000), ao desenvolver estudos sobre “Organismo como

referência fundamental para a compreensão do desenvolvimento” refere-se a Piaget , com

relação ao modo como o autor descreve a inteligência como: estado de equilíbrio para o

qual tendem todas as estruturas cognitivas e não como uma faculdade. Em suas

considerações refere-se a dicotomia cartesiana pensamento versus corpo, como sendo

modos distintos em seu campo específico, um contínuo corpo-mente no qual se encontram

extremos que se tocam por uma indiferenciação gradativa.

Entretanto, a essas realidades salientam que não se justapõem, mas a primeira é

referência para a outra sem que a última a ela se reduza. Assim os autores apontam para um

processo contínuo é um prolongamento de formas adaptativas tanto quanto os sentidos que

desenvolvem e aperfeiçoam para aprimorar a ação.

A teoria cognitiva de Jean Piaget exerce relevante papel na atualidade em todas as

áreas da psicologia e nos campos aplicativos à educação e à psicoterapia. Abandonando a

idéia de avaliar o nível de inteligência de um indivíduo por meio de suas respostas a itens

de determinados testes, adotou um método clínico pelo qual procurou acompanhar o

processo do pensamento da criança, para então, chegar ao conceito de inteligência como

capacidade geral de adaptação do organismo.

A sua teoria descreve uma interação entre fatores biológicos e sociais, enfatizando

cinco conceitos fundamentais: (1) Esquema – padrões originais de pensamento que a

pessoas usa para lidar com situações específicas em seu ambiente (unidade estrutural do

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desenvolvimento cognitivo); (2) Acomodação- processo pelo qual o indivíduo ajusta seu

pensamento às condições ou situações existentes; (3) Assimilação- aquisição de novas

informações pelo uso das estruturas cognitivas já existentes, (4) Adaptação- ajuste de novas

informações, criando outras estruturas cognitivas; (5) Equilíbrio- harmonia entre o esquema

e a adaptação. (Taille et.al, 1992)

Para o autor, a criança dos sete anos aos dez anos se encontra na fase das operações

concretas. O termo operação se refere especificamente a esquemas internos eficazes,

quando a criança já possui a capacidade de reversibilidade, ou seja, que a criança pode

rever cadeia de pensamentos, não mais se limitando a uma conclusão errada inflexível

característica de estágios anteriores à evolução cognitiva. O caráter associativo de

pensamento significa que uma série de pensamentos ou elementos cognitivos podem ser

interpretados.

Essa capacidade permite evoluir na objetividade do pensamento, classificando,

seriando e enumerando os objetos e suas propriedades (peso e volume). Ela passa a ter

interesse por jogo com regras, interpretando-as e modificando-as de acordo com as

situações vivenciadas em aula. Ainda considera quatro períodos para o desenvolvimento

infantil: Primeira, sensório-motor- caracterizado pelas atividades reflexivas; Segunda, pré

operacional- em que a criança pode lidar simbolicamente com certos aspectos da realidade,

mas seu pensamento ainda se caracteriza pela irreversibilidade; Terceira operações

concretas- em que a criança adquire o esquema de conservação; A quarta e última,

operações formais- caracterizado pelo pensamento proposicional, representa o ideal da

evolução cognitiva do ser humano.

A intervenção pedagógica enfatizada por Vygotsky também merece ser considerada

nesse trabalho acadêmico ao passo que exerce um papel relevante na compreensão do

desenvolvimento da criança, pois através de sua teoria torna-se possível exercer a prática

educativa sob a luz de seus conceitos, tanto na modalidade preventiva como também de

interventiva no processo educacional. Visando assim, o indispensável e fundamental papel

que o professor exerce enquanto personagem que interfere diretamente na zona de

desenvolvimento proximal dos alunos.

Conforme Flores (2005) na concepção de Vygotsky, o funcionamento psicológico

parte do princípio de mediação, ou seja, o indivíduo ao estabelecer relações,

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necessariamente precisa contar com um elemento intermediário, e essa mediação entre o

sujeito e o objeto, pode sofrer a intervenção, logo, o que antes era apenas estímulo-resposta,

agora se tornar mais complexo com a presença do elemento mediador forma de atuar sobre

a zona de desenvolvimento proximal.

Para o autor a criança atravessa dois níveis de aprendizagem: o primeiro quando

necessita de auxilio, que Vygotsky denomina de Zona de Desenvolvimento Potencial, e

quando consegue realizar tarefas independentes de ajuda, a qual denominou de Zona de

Desenvolvimento Real.

Entre os dois níveis de desenvolvimento existe, um estágio de transição que

significa um momento em que o indivíduo está amadurecendo para alcançar o

desenvolvimento real, a este estágio, denominou de Zona de Desenvolvimento Proximal, e

é fundamental a interferência de outros indivíduos nesses períodos, porém, ressalta que essa

ação só terá efeito caso a criança já tenha desencadeado o processo de desenvolvimento de

determinada habilidade.

Para Vygotsky o cérebro é a base biológica, e suas peculiaridades definem limites e possibilidades para o desenvolvimento humano. Essas concepções fundamentam sua idéia de que as funções psicológicas superiores (por ex. linguagem, memória) são construídas ao longo da história social do homem, em sua relação com o mundo. Desse modo, as funções psicológicas superiores referem-se a processos voluntários, ações conscientes, mecanismos intencionais e dependem de processos de aprendizagem. (Ricardo 2006, pág.21)

Diante disso, a Vygotsky valoriza o trabalho coletivo, cooperativo, ao contrário de

Piaget, que considera a criança como construtora de seu conhecimento de forma individual.

Através da interação entre sujeitos, permeada pela linguagem humana e pela linguagem da

máquina, força o desempenho intelectual porque faz os sujeitos reconhecerem e

coordenarem os conflitos gerados por uma situação problema, construindo um

conhecimento novo a partir de seu nível de competência que se desenvolve sob a influência

de um determinado contexto sócio-histórico-cultural.

Nesse sentido, as contribuições de Bueno (1998) vêem ao encontro de dados

norteadores com relação ao desenvolvimento infantil levando em consideração a

capacidade e maturidade conforme a faixa etária e as possibilidades através da:

estimulação, educação e reeducação psicomotora:

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* Por volta de 3 a 4 anos a criança está com uma boa noção do espaço à sua volta e do seu

corpo em relação a esse espaço, de modo que as atividades recomendadas devem envolver

a noção de amplitude de movimentos.

* Aos 5 anos aproximadamente atividades que envolvam a coordenação global de

membros superiores e inferiores e inferiores podem sugeridas, e com 6 anos movimentos

dissociados podem ser incluídos.

*Aos 7 e 8 anos pode-se explorar o aperfeiçoamento das habilidades adquiridas

anteriormente, e até cerca de 9 anos desenvolver a mecanização dos movimentos habituais

e a aceleração natural dos movimentos. A criança já está em condições de controlar suas

ações, com freio inibitório adequado entre uma ação e outra.

* A partir dos 7 anos até o início da adolescência é o período em que se desenvolvem

valências físicas como força, velocidade, resistência , coordenação e habilidade. Toda

atividade nesse sentido deverá ser incentivada.

Bueno 1998 sugere algumas atividades de jogos e brincadeiras para

desenvolvimento psicomotor.

ATIVIDADES

Movimentos amplos do corpo: correr, andar, rolar, saltar, saltitar, engatinhar, etc.

*Andar com uma bola entre as pernas; na ponta dos pés, como o calcanhar; agachado; em

todos os sentidos; de quatro, de joelhos; sobre um banco.

* Saltar de diferentes formas: com um pé só; com dois pés; de cócoras; por cima dos

objetos; de um pó dois degraus da escada; de uma mesa; o mais longe possível, de arco em

arco.

Atirar bolas; petecas; sacos de areia em alvo determinado.

• Andar sobre plano elevado; parar de correr ao toque do apito; jogo de estátuas.

• Arrastar-se livremente no chão; passar por dentro dos túneis, pneus, caixas etc.

• Brincar de trem, dando as mãos, em fila indiana, segurando-se pelos ombros.

• Amarelinha: empurrar com o pé um saquinho, um pequeno ladrilho, pedrinha etc.

• Lançar uma bola contra a parede e apanhá-la quando retorna; lançar uma bola ao ar e

apanhá-la.

• Trepar no espaldar, alternando braços e pernas, subindo e descendo.

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Coordenação Motora Fina

Segundo o autor é a capacidade de controlar os pequenos músculos para exercícios

refinados como: recorte, perfuração, colagem, encaixe, etc. De modo que considera a

coordenação viso-motora como a capacidade de coordenar os movimentos em relação ao

alvo visual.

Atividades

*pentear-se; catar objetos no chão; colocar água do balde na garrafa.

* Jogo de pega-varetas;escravos de Jó; jogos de cinco Marias e bola de gude.

*Pintura com os dedos dos pés.

*Rosquear e desrosquear tampas de vasilhames.

Fazer um nó simples; um laço; dobraduras;abotoar;modelagem;apontar lápis;pintur a com

pincel ;bordado.

*Recortar;rasgar;colagem de pedaços de papel;perfurar papéis de texturas

diferentes;contorno;colorir nos limites. Bueno 1998

Equilíbrio

È a base de toda a coordenação dinâmica global. È a noção de distribuição do peso em

relação a um espaço a um tempo e em relação ao eixo da gravidade. O equilíbrio depende

do essencialmente do sistema labiríntico e do sistema plantar.

Para Ferreira (2000 p. 104) a manutenção do equilíbrio em uma posição durante um

tempo determinado. Pode ser estático, dinâmico ou recuperado. Como exemplo é possível

desenvolver atividades que possibilitem essa capacidade:

*Brincadeira de estátua, marcha nos calcanhares, permanência de pé numa perna só, andar

igual ao saci pererê, andar de bicicleta, andar por cima de uma corda,andar de perna de

pau,etc.

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Esquema Corporal

Segundo Fonseca (1995) a noção de corpo em psicomotricidade não se detém

apenas em avaliar as realizações motoras, mas procura também se centrar no estudo da sua

em avaliar as representação psicológica e lingüística e em suas relações inseparáveis com o

potencial de aprendizagem. Conforme o autor, a noção de corpo serve de base para o

ajustamento de outras habilidades psicomotoras como a estruturação espacial, a orientação

temporal e a lateralidade. O esquema corporal está entre às habilidades básicas elementares

à alfabetização.

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da

personalidade da criança, sendo seu núcleo central, pois reflete o equilíbrio entre as funções

psicomotoras e sua maturidade. A consciência do corpo é alcançada pela percepção do

mundo exterior, da mesma forma que a consciência do mundo exterior acontece por meio

do corpo. È o conhecimento intelectual das partes o corpo e de suas funções. (Bueno 1998)

Ao referir-se sobre a tomada de consciência corporal, Ferreira 2000 menciona que

nada tem a ver com elementos distintos, como um quebra-cabeça, ao qual iria pouco a

pouco encaixar-se uns nos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo

desmembrado. Conforme o autor o esquema corporal revela-se gradativamente à criança.

Para o desenvolvimento da percepção global do corpo deve-se criar um ambiente

que propicie a experimentação de diferentes possibilidades de movimentação e

deslocamento no espaço utilizando diferentes habilidades e capacidades motoras. Como

exemplo: o que é que vocês estão fazendo? As crianças fazem o barulho do som de um

motor ...Vocês estão dirigindo? È um carro? Para onde vocês estão levando o carro? Para lá

(apontando uma direção). Que parte do corpo você estão tocando no carro?

Lateralidade

Bueno (1998) define lateralidade como a capacidade motora de percepção

integradora dos dois lados do corpo: direito e esquerdo. Sendo o elemento fundamental

de relação e orientação com o mundo exterior. A lateralidade liga-se ao desenvolvimento

do esquema corporal. A predominância de um dos lados do corpo se faz em função do

hemisfério cerebral.

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Durante o crescimento, naturalmente se define uma dinâmica lateral na criança, ou

seja, será mais forte, mais ágil do lado esquerdo do seu corpo, e descobrimos avaliando do

ponto de vista da força (chutar a bola) e da precisão (desenhar) a nível dos membros

superiores ou inferiores, dos olhos e dos ouvidos. Pode-se observar: lateralidade

homogênea- dominância destra ou canhota; a lateralidade cruzada- destra da mão, canhota

do pé, do olho e do ouvido ou vice-versa e a ambidestra: é tão hábil tanto do lado esquerdo

como do direito.

No diz respeito a lateralidade na educação é ajudar a criança a lateralizar-se

claramente. Hoje em dia se pensa ser melhor que um lado predomine o outro. Pode-se

defini-la atendendo a:

*sua natureza: normal ou patológica; seu grau: mais ou menos forte; sua homogeneidade:

homogênea ou cruzada.

Prática

*Pular com ambos os pés dentro de um círculo, depois um pé, depois o outro; pular com o

pé direito depois o esquerdo; pular para frente, para trás, de lado, de outro.

* Percorrer espaços demarcados o chão com linhas, ora com um pé, ora com outro.

*Imitar posições feitas pelo educador, respeitando a lateralidade.

*Controlar uma bola com pés.

*Jogos para reconhecimento de direita-esquerda :colocar um elástico/fita no pulso direito

para ponto de referência e fazer movimentos segundo a ordem do educador.

*Jogo de amarelinha.

Relaxamento

È uma forma de atividade psicomotora na qual objetiva a redução das tensões

psíquicas levando à descontração muscular. Proporciona melhor conhecimento do esquema

corporal estruturação, melhor estruturação espacial-temporal e equilíbrio, contração e

descontração.

Sua finalidade básica é o afinamento, valorizando a integração conscientizada do

diferentes estados tensionais e promovendo progressivamente a unificação psicossomática.

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Pretende atingir um estado de repouso e de calma interior, proporcionando uma integração

da corporali dade.(BUENO 1998)

Prática

*Relaxamento global informal: pedir à pessoa que fique deitada e dura como um boneco de

gelo; em seguida pedir que fique mole, depois o gelo derreteu.

*Relaxamento dos membros inferiores, superiores, da cabeça e do pescoço, das mãos e dos

pés; fechar as mãos, abrir e soltar os braços, retesar as pernas, relaxar, estender todo o

corpo; ordenar : -Você vai ficar mole. Sem pensar em nada, apenas lembre-se que deve

relaxar ao máximo.

*Relaxamento segmentário (poderá ser associado a respiração):elevar os braços,

inspirando,e mantê-lo nesta posição por alguns instantes (em pé, sentada, deitada); elevar

os braços e pernas. Apoiar fortemente a cabeça no chão, soltar; elevar os braços, as pernas,

apertar as mãos e braços, apertar os pés e as pernas bem a cabeça no chão, permanecer por

alguns instantes , soltar todos os membros e lentamente fazê-los retornar à posição inicial.

Organização Espacial

Segundo Fonseca (1995) a estruturação espaço-temporal depende do grau de

integração e organização de habilidades psicomotoras anteriores. Ou seja, sem uma

lateralidade bem definida e um esquema corporal devidamente estabelecido, as elaborações

de suas capacidades não podem estabelecer uma adequada estruturação espaço-temporal.

Isso pode se refletir em vários aspectos da aprendizagem. Como por exemplo: a dislexia

(patologia relativa à dificuldade em identificar e compreender as palavras na leitura e a

disgrafia (patologia relativa a dificuldade no traçado das letras).

Ao tratar do assunto Educação Inclusiva a autora Andrada (2005) considera os

distúrbios da aprendizagem da seguinte forma: Dislexia - específico da linguagem,

caracterizada por dificuldade na decodificação de palavras. Insuficiência no processo

fonológico. Apresenta sintomas variados. É hereditária e não acompanha, em absoluto,

comprometimento da inteligência. Não é vista como doença e não apresenta

comprometimento neurológico. E ainda a Disgrafia - semelhante à dislexia, ocasionando

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dificuldades no desenvolvimento da escrita manual. Os portadores desse distúrbio podem

escrever perfeitamente bem com máquinas de escrever ou teclados de computador.

Em seus estudos esclarece que embora em situação, geralmente transitória, em que a

pessoas apresenta incapacidade (física, sensorial, mental), quando submetidas a terapias

especializadas: médicas, pedagógicas, psicológicas, psicopedagógicas, fonoaudiológicas,

entre outras , podem ser reversíveis.

È a tomada de consciência da situação das coisas entre si. É a possibilidade, para a

pessoa, de organizar-se perante o mundo que a cerca, de organizar as coisas entre si, de

colocá-las em um lugar, de movimentá-las. È a noção de direção (acima, abaixo, à frente,

atrás, ao lado), e de distância (longe, perto, curto, comprido) em integração.

“A carência espacial pode comprometer a aprendizagem da leitura (percepção óculo-

motora, lateralidade, motricidade, motricidade ocular e sucessão e progressão de letras

orientadas) BUENO 1998, p. 65.”

Prática

• Globalização de dobradura- de uma folha em duas, em quatro, o chapéu, o barco, avião

de papel, jogar e observar qual foi mais longe, mais perto.

• Comparações sobre a própria posição e dos demais colegas.

• Sala com obstáculos, percorrer determinado trajeto depois do professor; a seguir passar

para o papel o trajeto feito.

• Ditado de figura, por meio do posicionamento de linhas, sem nomear formas. Depois

confrontar o desenho original e o ditado.

• Crianças em círculo, uma delas saí da sala, a s outras mudam de lugar e acriança que

saiu deve reconhecer quem mudou e para onde.

Televisão e Jogos eletrônicos

Na atualidade é comum deparar-se com “a substituição das tradicionais atividades

familiares, pela imagem televisiva e os atraentes jogos eletrônicos, têm vindo a modificar

radicalmente os hábitos de ludismo das crianças. Gastam mais tempo em frente a televisão

do que qualquer outra atividade, exceto dormir.” NETO 1999, p. 132.

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Portanto, as crianças estão expostas aos mais diversos processos de “marketing”

neste negócio do século, relata o autor. Os super-heróis abundam em todos os lugares: na

publicidade, no vestuário, na alimentação, nos materiais escolares, nas ruas, nos transpores,

entre outros.

Dessa forma a criança adota estes super-heróis nos jogos de imitação, substituindo-

os em relação a uma diversidade de temas tradicionais sobre o jogo. Torna-se um problema

no fato de as idades em que a criança mais tem tempo passa nestas atividades estruturadas e

pouco interativas, em que necessitaria de expandir a sua imaginação e corporalidade de

forma ativa em situação de jogo livre: de aventura, com o meio natural, e em experiência

com os amigos.

Nesse sentido os pais devem ser informados sobre o assunto, sendo influenciados a

favorecer a possibilidade do jogo simbólico a criança através da atividade física e lúdica,

como uma necessidade urgente em nosso tempo.

A Dança

Barreto (2000) comenta que o esquema corporal é um real complexo que abrange a

integridade do organismo. A imagem do corpo é a condição necessária à adesão de um

sujeito a um corpo. Por isso é tão importante a inclusão da psicomotricidade na pré escola e

no ensino fundamental com o intuito de integrar a energia do indivíduo, utilizando para isto

o movimento como um meio e não como um fim em si mesmo. Ressaltamos, no entanto,

que as experiências cinestésicas que servem como estimulações devem ser feitas de

maneira lúdica.

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4. DISCUSSÃO

O intuito desse trabalho é promover uma reflexão, repensando a prática educativa

frente aos desafios que a profissão acarreta. A pesquisa sobre o terma: “Psicomotricidade:

Prevenção e Intervenção na Dificuldade de Aprendizagem” surgiu em decorrência de

experiências anteriores como educadora, tanto na Educação Infantil como no Ensino

Fundamental.

Durante essa trajetória, por mais de doze anos, tornou-se possível presenciar

resistência por parte de alguns educadores ao se depararem com crianças com deficiência

ou com dificuldade de aprendizagem. Repetidas vezes o impasse tomava lugar de uma

prática educativa efetiva.

Portanto, o ato ou efeito de educar, visando o desenvolvimento da capacidade física,

intelectuais, morais e também a melhor integração social da criança perdia-se na

justificativa de que havia um comprometimento responsável pelo seu o fracasso escolar.

Nesse sentido, refletir sobre o papel que a escola assume na representação de sua

responsabilidade torna-se imprescindível para o desenvolvimento pleno dos indivíduos;

considerando nesse processo ensino-aprendizagem também o papel o educador. É digno de

nota ressaltar que o educador é intermediário entre o aluno e o conhecimento.

Além disso, o reconhecimento dos conhecimentos prévios da criança é como

princípio norteador de seu trabalho, embora seja um informante valorizado não será

interpretado como senhor absoluto do saber. Assim, intervir no sentido de assegurar ao

aluno condições favoráveis de aprendizagem é um direito que cabe ser respeitado por todos

que estão envolvidos no processo educacional.

A psicomotricidade é uma área que vem ganhando importância nos últimos anos em

decorrência de estudos voltados a aprendizagem em sua dimensão psicomotora, social,

cognitiva e emocional, conforme considera Torres (2003). As suas contribuições são

relevantes, segundo Bueno (1998), no que se refere à reeducação psicomotora em

indivíduos que apresentam distúrbios psicomotores como também deficiência intelectual.

Mesmo que o sistema nervoso tenha grande importância no diagnóstico de

perturbações do movimento, não é capaz de se responsabilizar plenamente pela execução

de movimentos e por vários distúrbios psicomotores. Dessa maneira os estudos mostram

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que é possível utilizar a psicomotricidade ao reeducar indivíduos que não assimilaram

adequadamente etapas anteriores.

Conforme Le Boulch (1992) o sistema nervoso humano possui um grau de

plasticidade superior àquele observado a nível de outros órgãos. Dentro desse contexto,

verifica-se a extrema relevância que a psicomotricidade tem no desenvolvimento das

estruturas constituintes do cérebro, e, conseqüentemente, no processo de ensino

aprendizagem.

Diante disso, a psicomotricidade utiliza-se de atividades, jogos e brincadeiras com o

intuito de estimular e desenvolver na criança de modo integrado, não só aspecto motor, mas

cognitivo também.

Nesse sentido as contribuições de Gardner (1994) também oferecem subsídios para

repensar a prática educativa a partir de uma nova perspectiva, ou seja, para além do

quociente de inteligência. Assim cabe considerar as oito formas de inteligência

(Inteligência Múltiplas), que podem ser divididas em três amplas categorias: a primeira são

aquelas relacionadas ao objeto, capacidades controladas e moldadas pelos objetos que o

indivíduo encontra em seu ambiente; a segunda refere-se às isentas de objetos que não são

moldadas pelo meio físico, porém dependem da linguagem e dos sistemas musicais; e ainda

a terceira as que estão relacionadas as pessoas .

A primeira dessas categorias faz parte as seguintes inteligências: espacial, a qual

instiga a capacidade para pensar de maneira tridimensional com relação a informações

gráficas; lógico matemática, possibilita calcular, quantificar, considerar, proposições e

hipóteses e realizar operações matemáticas. Ainda a cinestésico-corporal, permite que as

pessoas manipulem objetos e sintonize habilidades físicas; naturalista, consiste em observar

padrões na natureza, identificando e classificando objetos e compreendendo os sistemas

naturais e aqueles criados pelo homem. A categoria posterior refere-se: lingüística, consiste

na capacidade de pensar com palavras e de usar a linguagem para expressar e avaliar

significados complexos; musical, consiste em possuir uma sensibilidade para a entoação,

melodia, ritmo e tom.

A terceira e última dessas categorias pertencem: a interpessoal, capacidade de

compreender as outras pessoas e interagir efetivamente com elas; intrapessoal, capacidade

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para construir uma percepção acurada de si mesmo e para usar esse conhecimento no

planejamento e direcionamento de sua vida.

A aplicação da modalidade de estudo no contexto escolar pode-se aplicar no sentido

promover o desenvolvimento de todas as crianças independentes das dificuldades

apresentadas. Os autores salientam a psicomotricidade como sendo uma educação de base

na escola elementar.

Uma revisão da literatura na área de Psicomotricidade é possível constatar os efeitos

deste estudo na abrangência das funções descritas pelos autores para uma educação de base

efetiva. No sentido figurativo a representação pode ser comparada a um alicerce de uma

obra em que ao ser solidificado com materiais apropriados e de boa qualidade susterá os

demais segmentos que posteriormente serão construídos posteriormente. Qualquer

comprometimento nesse processo dará margem para problemas futuros. Assim, podemos

reconhecer que as funções psicomotoras como: esquema corporal; tônus da postura,

capacidade física; motricidade fina; organização espacial e temporal entre outras estão

correlacionadas com o processo ensino-aprendizagem.

De acordo com FONSECA (1995) existem três unidades funcionais responsáveis

pela organização das informações no cérebro. A primeira unidade está localizada no tronco

cerebral, no diencéfalo e nas regiões médias do córtex, tem o objetivo de regular o tônus

cortical e a função de vigilância. Somente em condições mínimas de vigília e alerta pode-se

receber e integrar as informações intra e extra corporal. E, o nível tônico cortical é

indispensável a qualquer atividade mental.

A segunda unidade corresponde aquela localizada nas regiões posteriores e laterais

no neocórtex, na região occipital se projeta às funções do analisar visual, na temporal

superior se projeta às funções do analisador auditivo, e, na região pós-central parietal tem-

se a projeção do analisador tátil quinestésico. Essa unidade tem por objetivo obter, captar,

processar e armazenar a informação vinda do mundo exterior.

A terceira unidade pode-ser: localizada nas regiões anteriores do córtex, exatamente

à frente do sulco central, formando os lobos frontais. Tem por função programar, regular e

verificar a atividade mental. Apesar de cada uma das unidades exercerem uma função

específica, elas não trabalham isoladamente, mas sim em conjunto. Trata-se de um sistema

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de comunicação e de uma inter-relação em que a mudança ou organização de uma unidade

interfere com a mudança ou organização das outras unidades. (FONSECA, 1995).

Portanto, é possível perceber com isso que existe uma correlação nas áreas

cerebrais, normalmente, uma tarefa não depende inteiramente de uma única região do

cérebro. Toda informação tem um trajeto pelo qual percorre nele e cada etapa passa por

suas unidades que trabalham em conjunto, mas em sua localidade específica.

Desse modo, cabe ressaltar a importância de compreender o indivíduo em sua

globalidade, integrando a vivência corporal, o significado das palavras e a relação entre o

sujeito e o meio; dando-lhe um enfoque abrangente, não apenas o aspecto cognitivo.

O desenvolvimento humano deve ser sentido em sua globalidade a partir de quatro

aspectos básicos. O primeiro o aspecto físico-motor refere-se ao crescimento orgânico, à

maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do

corpo. Por sua vez o segundo aspecto, o cognitivo ou intelectual é a capacidade de

pensamento e raciocínio. O terceiro aspecto afetivo-emocional corresponde ao modo

particular de o indivíduo integrar as suas experiências (o sentir). O último o quarto aspecto

compreende-se a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras

pessoas. (BUENO, 1998)

Ao considerar que um bom desenvolvimento psicomotor permite ao aluno

desenvolver capacidades básicas, também é reconhecer que essa ciência educa o

movimento e desenvolve as funções de inteligência, permitindo que se possa alcanças o

êxito no processo ensino aprendizagem.

Por essa razão, a Psicologia é uma área de conhecimento que estuda o

desenvolvimento do ser humano sob estes aspectos: físico-motor, cognitivo, afetivo-

emocional e social. A Psicologia Educacional está reconfigurando sua atuação contribuindo

no contexto escolar através de um novo ângulo frente às dificuldades de aprendizagem ou

de comportamento.

A revista científica Psicologia Escolar (2005) considerou que na atualidade o papel

do psicólogo no contexto escolar ainda é compreendido como “aquele pode tratar alunos

problemas e devolvê-los a sala de aula bem ajustados”. Para elucidar essa questão ainda

distorcida, baseada numa intervenção clínica, destacou as possibilidades de atuação do

Psicólogo Escolar descritas pelo CFP na resolução nº 014/00, descrevendo-as: (1) aplicar

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conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao processo ensino-aprendizagem, em

análise e intervenções psicopedagógicas; referentes ao desenvolvimento humano, às

relações interpessoais e a integração família comunidade para promover o desenvolvimento

integral do ser; (2) analisar as relações entre os diversos segmentos do sistema de ensino e

sua repercussão no processo de ensino para auxiliar na elaboração de procedimentos

educacionais capazes de atender às necessidades individuais.

A partir de um trabalho em equipe promover a construção de estratégias pelo grupo,

desviando-as exclusivamente das responsabilidades centradas no aluno ou em sua família.

Ao associar o saber pedagógico ao saber psicológico, a Psicomotricidade estará

oportunizando ao espaço escolar condições de atender as necessidades das crianças, para

que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de maneira efetiva. E ainda que a prática

educativa possa dar ao lugar de impasse frente aos desafios uma modalidade de ensino

inovadora e criativa.

Portanto, caracterizam-se por uma educação em que se utiliza o movimento para

conquistar outras habilidades mais elaboradas, como as intelectuais. A integração dos

aspectos afetivos com os motores traduz a organização de toda a personalidade do

indivíduo e a organização das suas funções cognitivas. E, desde o início, o processo de

aprendizagem passa pelo corpo, que é o nosso ponto de referência, a base para o

desenvolvimento cognitivo, para a aprendizagem de conceitos importantes, inclusive para

uma boa alfabetização.

A relevância desses estudos diz respeito a importância da psicomotricidade no

desenvolvimento da criança, como sendo indispensável para o desenvolvimento global do

individuo. E ainda, torna-se uma alternativa possível para o alcance de etapas anteriores

insuficientes no processo ensino aprendizagem, pois a psicomotricidade educa os

movimentos e desenvolve a inteligência.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de promover a disseminação de informações entre os profissionais

que atuam com crianças no processo de ensino aprendizagem, por vezes em face de

desafios que a profissão acarreta ao enfrentamento das dificuldades de aprendizagem dos

alunos. Esse trabalho propõe redimensionar o trabalho numa modalidade preventiva e

também interventiva através dos estudos oriundos da Psicomotricidade.

Os estudos provenientes dos teóricos que embasam a pesquisa elucidam a respeito

dessa modalidade, referindo-se a sua possibilidade de integração, ao passo que integra

várias técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo, relacionando-o com a afetividade, o

pensamento e o nível de inteligência.

A Psicomotricidade enfoca a unidade da educação dos movimentos, ao mesmo

tempo em que interage com as funções intelectuais. As primeiras evidências de um

desenvolvimento mental normal são manifestações puramente motoras.

Dessa maneira as atividades motoras desempenham na vida da criança um papel

importantíssimo. À exemplo disso pode-se levar em consideração que quando a criança

brinca, pula-corda, está desenvolvendo a capacidade motora, tônus muscular ao mesmo

tempo em que integra ritmo e lateralidade, e ainda se houver acompanhamento de cantigas

e parlendas incluirá rima, seqüência numérica entre outras possibilidades.

Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela

percebe também os meios como quais fará grande parte dos seus contatos sociais.

Portanto, a educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência

ativa, onde a criança se confronta com o meio.

A integração e a socialização das crianças com o grupo, portanto propicia o

desenvolvimento tanto psíquico como motor. Os movimentos, as expressões, os gestos

corporais, bem como suas possibilidades de utilização (danças, jogos, esportes...), recebem

um destaque especial em nosso desenvolvimento fisiológico e psicológico.

Nesse sentido, a importância das atividades motoras na educação, contribuem para o

desenvolvimento global das crianças. Entretanto, as crianças passam por fases diferentes

uma das outras e cada fase exige atividades propícias para determinada faixa etária.

A psicomotricidade vem em contribuição ao trabalho do educador, pois promove o

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desenvolvimento motor e intelectual do aluno. As áreas do cérebro passam a ser

reconhecidas como elementos integrados no processo de desenvolvimento das crianças.

Assim, o processo de construção do conhecimento não poderá ser dissociado do corpo, pois

a todo o momento está vinculado a ele.

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