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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia. Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar – UNIVALI – Itajaí, SC Volume I Fábio Vaccaro de Carvalho Orientador: José Matarezi, Esp. Co-orientadora: Yára Christina Cesário Pereira, Dra. Itajaí, julho/2013

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UN IV E RS I D ADE DO V ALE DO I TA J AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia.

Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar –

UNIVALI – Itajaí, SC

Volume I

Fábio Vaccaro de Carvalho

Orientador: José Matarezi, Esp.

Co-orientadora: Yára Christina Cesário Pereira, Dra.

Itajaí, julho/2013

UN IV E RS I D ADE DO V ALE DO I TA J AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia.

Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar –

UNIVALI – Itajaí, SC. – Volume I

Fábio Vaccaro de Carvalho

Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Itajaí, julho/2013

i

ii

DEDICATÓRIA

MEU PAI – SÉRGIO JOSÉ DE CARVALHO (MEMÓRIA E EM ESPÍRITO)

O dever de todo revolucionário é transformar a utopia em lógica

"O que havemos de por dentro do Estado devemos por, antes, dentro da escola" Humboldt

iii

AGRADECIMENTOS

ENERGIA CÓSMICA – DEUS – KRISHNA – PACHAMAMA – MESTRES ESPIRITUAIS ..

FAMÍLIA – A todos aqueles que participaram de alguma forma, neste processo de

aprendizagem, em especial ao meu pai - Sérgio, minha mãe - Sônia e maninha - Carla..

COMPANHEIRA – Nathália, meu amor..

MESTRES – Alexandre Oqsomos, Dalva, Diego TT, Hermes, Jomar, Maidana, Ricardo..

AMIGOS ORIENTADORES – José Matarezi e Yára Cesário..

BANCA – Maria Gloria Dittrich e Sônia Portalupi..

AMIGOS – OS DISTANTES – OS DE PERTO – OS FORMADOS..

Em especial aos de xanxa, à república biblioteca, deutschland girls, colegas e meus exs-

caroneiros..

AOS GRANDES AMIGOS DO CPA, LEA, LGVR..

AOS NOVOS AMIGOS DO SUSTENTA-HABILIDADE, em nome do Ricardo Stanziola

AOS AMIGOS QUE ACOMPANHARAM A PESQUISA:

ENTREVISTADOS ANÔNIMOS..

EQUIPE TÉCNICA, TRANSCRITORES – Alexandre, Anna, BemBem, Camila,

Denize, Diego, Emerson, Gio, Jéssica,

Kaue, Lara, Letícia, Lud, Nath, Rafa,

Mildred, Rubens..

AOS AMIGOS DO PROJETO MEROS DO BRASIL, ONG IDEIA, ONG TETO VERDE

FORMAÇÃO “PERMACULTURAL”

ANIMA, ARCA VERDE, CPA, ÇARAKURA, CASA COLMEIA, YVY PORÃ

PROFESSORES/EDUCADORES – Pela minha formação acadêmica

iv

RESUMO

CARVALHO, Fábio Vaccaro de. Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia: Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar – UNIVALI – Itajaí, SC. 2013. Monografia (Graduação) - Curso de Engenharia Ambiental, Univali - Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí - SC, 2013. 178 p.

Este estudo nos remeterá a uma reflexão epistemológico-teórico-metodológica de identificar

possíveis diálogos entre o Curso de graduação de Engenharia Ambiental da Universidade do Vale

do Itajaí (SC) – UNIVALI com a Permacultura, no processo formativo do engenheir@ ambiental,

representadas pelas Estações Permaculturais: Casa Colméia, Instituto Anima, Instituto Çarakura,

Yvy Porã e pelo coletivo de pesquisadores da Comissão de Permacultura e Agroecologia – CPA. A

partir de uma pré-categorização ancorada nos dez principais campos de projeção transdisciplinar e

ecoformação (Decálogo de Barcelona – ES), os princípios da permacultura e os cinco pilares que

promovem a sustentabilidade educadora (Laboratório de Educação e Política Ambiental – OCA); foi

convergido em cinco indicadores – transdisciplinar, ecoformação, ecossistêmico, criatividade, ética.

Destes, foi realizada uma análise documental do Projeto Pedagógico e dos Planos de Ensino da

Matriz Curricular do Curso de Engenharia Ambiental. Contemplou-se ainda uma compreensão dos

Perfis, Atuação e Vocação dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia do

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da instituição em referência. O

caminho metodológico abrangeu também uma vivência dos pressupostos básicos do Curso de

Permacultura em Design - PDC (Permaculture Design Course), esta foi transposta em um diário de

campo. Além disso, foram realizadas entrevistas semi estruturadas diretas e com grupos focais, no

contexto da Academia, como no contexto da Permacultura. Destas surgiram novas categorias para

discussão: O “Despertar”; Educação; Teoria e Prática; Sobre o PP/Formação; Lacuna na formação

acadêmica; Crítico; Perfil; Percepção sobre a palavra “Ambiental”; Permacultura: Como conheceu a

Permacultura; Concepção de Permacultura; Princípios e Flor da Permacultura; Deve dialogar com a

academia; Imersão; Habilidades do Educador e do Educando e Atitudes pessoais e coletivas. A

análise dos dados norteou indicativos para a utilização de um instrumento auxiliar no planejamento

ambiental para ecoformação de educadores e educandos. Visa-se a uma avaliação de mudanças

no campo educacional formal quanto a processos transformadores, conectivos e intuitivos mediante

indicadores qualitativos e de percepção ambiental quanto à Permacultura nos cursos de graduação.

E destes, devem ser apropriados pelos educadores-acadêmicos-estrutura da universidade, através

de pelo menos um Grupo de Pesquisa em Complexidade e Transdisciplinaridade.

Palavras-chaves:

Currículo, Ecoformação, Engenharia Ambiental, Permacultura, Transdisciplinar

ABSTRACT

v

This study will refer us to an epistemological-theoretical-methodological to identify possible

dialogues between the Environmental Engineering graduation course at the University of Itajaí

Valley (SC) – UNIVALI with the Permaculture in the formative process of the Environmental

Engineer, represented by the Permaculture Stations: Colmeia House, Anima Institute, Çarakura

Institute, Yvy-Pora and by the Commission of Permaculture and Agroecology – CPA

researchers. From a pre-categorization anchored in ten main fields of transdisciplinar projection

and ecoformation (Barcelona Decalogue – ES), the Permaculture principles and the five pillars

that promote sustainability educator (Environmental Policy and Education Laboratory – OCA)

was converged in five indicators - transdisciplinary, ecoformation, ecosystem, creativity, and

ethic. Of these indicators, it was conducted a desk review of the Pedagogical Project and

Teaching Plans in the Matrix Curriculum Environmental Engineering Course. It also included an

understanding of the Profiles, Performance and Vocation of Biological Sciences, Civil

Engineering and Oceanography courses in the Earth and Sea Technological Science Center

(CTTMar) of the institution in question. The methodological approach also included an

experience of the basic assumptions in the Permaculture Design Course – PDC, this was

transposed in a field diary. In addition, direct semi-structured interviews were conducted with

focus groups, in the context of the Academy, and in the context of Permaculture. Of these

interwies, new categories arose for discussion: The "Awakening", Education, Theory and

Practice; About PP / Graduate formation; Gap in academic formation; Critic; Profile; the

Perception of the word "Environmental"; Permaculture: How you knew the Permaculture;

Permaculture Conception, Permaculture Principles and Flower; It must dialogue with academy?;

Immersion; Educator and Student Skills and personal and collective attitudes. The data analysis

guided indicatives for the use of a tool to assist in environmental planning for the ecoformation

of educators and students. It aims at changes evaluation in the formal educational field as

transforming processes, connective and intuitive by qualitative indicators and the environmental

perception about the Permaculture in graduations course. And of these indicators, must be

appropriated by the educators-academics-university structure, through at least one

Transdisciplinarity and Complexity Research Group.

Keywords: Curriculum, Ecoformation, Environmental Engineering, Permaculture, Transdisciplinary

vi

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ......................................................................................................................... ii

Sumário ................................................................................................................................... vi

Lista de Figuras ..................................................................................................................... viii

Lista de Tabelas ...................................................................................................................... ix

Lista de Apêndices – VOLUME II .............................................................................................. x

Lista de Anexos – VOLUME II ................................................................................................. xi

Lista de Abreviaturas .............................................................................................................. xii

1 Introdução..........................................................................................................................1

1.1 Justificativa .................................................................................................................4

1.2 Objetivos.....................................................................................................................6

1.2.1 Geral....................................................................................................................6

1.2.2 Específicos ..........................................................................................................6

2 Fundamentação Teórica ....................................................................................................7

2.1 Percepção Ambiental ..................................................................................................7

2.2 Projeto Pedagógico ....................................................................................................8

2.2.1 Apresentando o PP do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI .................10

2.2.2 Apresentando o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNIVALI .........17

2.2.3 Apresentando o Curso de Ciências Biológicas da UNIVALI ...............................18

2.2.4 Apresentando o Curso de Engenharia Civil da UNIVALI ....................................19

2.2.5 Apresentando o Curso de Oceanografia da UNIVALI ........................................21

2.3 Espaços e Estruturas Educadoras: conceitos, significados e complementaridades. .22

2.3.1 Educador Ambiental ..........................................................................................23

2.3.2 Espaço Educador ..............................................................................................24

2.3.3 Cidades Educadoras .........................................................................................25

2.3.4 Sustentabilidade Educadora ..............................................................................26

2.4 Permacultura ............................................................................................................30

2.4.1 O Termo “Permacultura” ....................................................................................30

2.4.2 A Flor da Permacultura ......................................................................................31

2.4.3 Princípios ...........................................................................................................32

2.4.4 Padrões Naturais ...............................................................................................37

2.4.5 Curso de Design em Permacultura - PDC..........................................................38

2.4.6 Permacultura no Brasil ......................................................................................39

2.4.7 Permacultura nas Universidades .......................................................................40

2.4.8 Permacultura em Santa Catarina .......................................................................41

2.5 Transdisciplinaridade e Ecoformação .......................................................................45

vii

2.5.1 Decálogo sobre a Transdiciplinaridade e Ecoformação: ....................................57

3 Metodologia .....................................................................................................................58

3.1 Tipo de pesquisa ......................................................................................................58

3.2 Áreas de Estudo .......................................................................................................59

3.3 Comitê de Ética ........................................................................................................64

3.4 Coleta de Dados e Instrumentos ...............................................................................65

3.4.1 ETAPA 1 – A Pesquisa documental e Participação PDC ...................................65

3.4.2 ETAPA 2 – Definição dos indicadores ...............................................................66

3.4.3 ETAPA 3 – Entrevistas e Ouvidoria ...................................................................67

3.4.4 ETAPA 4 - Análise dos dados ............................................................................71

4 Resultados e Discussão ..................................................................................................72

4.1 Processos cognitivos ....................................................................................................72

4.2 Diário de Campo ..........................................................................................................73

4.3 Indicadores ..................................................................................................................74

4.3.1 Releitura do Projeto Pedagógico - Engenharia Ambiental .........................................77

4.3.2 Planos de Ensino ......................................................................................................90

4.4 Entrevistas ...................................................................................................................94

4.4.1 Cronograma das Entrevistas.....................................................................................95

4.4.2 Os Equipamentos .....................................................................................................96

4.4.3 Roteiro Semi-Estruturado .........................................................................................97

4.4.4 Indicadores ...............................................................................................................97

• Transdisciplinar................................................................................................................98

• Ecoformação ................................................................................................................. 102

• Ecossistêmico ................................................................................................................ 105

• Criativo .......................................................................................................................... 107

• Ético .............................................................................................................................. 110

4.4.5 Categorias Emergidas ............................................................................................ 113

4.4.6 Permacultura .......................................................................................................... 123

4.4.7 Ouvidoria ................................................................................................................ 138

4.4.8 Outras propostas de aprendizado ........................................................................... 139

5 Considerações Finais .................................................................................................... 146

6 Referências ................................................................................................................... 156

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Inter-relação dos eixos temáticos do curso de Engenharia Ambiental ...................... 14

Figura 2 - Flor da Permacultura ................................................................................................ 32

Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura......................................................... 37

Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura .................................................................. 43

Figura 5 - Mapa Conceitual Transdiciplinaridade e Ecoformação Sustentável .......................... 47

Figura 6 - Trans, Inter, Multi, Intra...Disciplinaridade ................................................................. 49

Figura 7 - Dimensão Ontológica................................................................................................ 51

Figura 8 - Níveis de Realidade .................................................................................................. 52

Figura 9 - Sujeito Interdisciplinar ............................................................................................... 53

Figura 10 - Sujeito Transdisciplinar ........................................................................................... 54

Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia ....................................................... 71

Figura 12 - Projeto Pedagógico Institucional - PPI .................................................................... 83

Figura 13 - Disciplinas dos Curriculos 2 e 3 .............................................................................. 90

Figura 14 - Enquadramento das Disciplinas .............................................................................. 91

Figura 15 - Motivos de Evasão do Curso de Engenharia Ambiental ........................................ 120

Figura 16 - Litros de água Produzir 1kg de alimento ............................................................... 136

Figura 17 - Ouvidoria - Permaculture Global ........................................................................... 138

Figura 18 - Ouvidoria - PSB - Nacional ................................................................................... 139

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Indicadores .............................................................................................................. 75

Tabela 2 - Compilações: Perfil, Campo de Atuação, Vocação .................................................. 86

Tabela 3 - Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso .................................. 92

Tabela 4 - Cronograma das Entrevistas .................................................................................... 95

Tabela 5 - Período das Entrevistas ........................................................................................... 96

Tabela 6 - Compilações Transdisciplinar .................................................................................. 98

Tabela 7 - Compilações Ecoformação .................................................................................... 103

Tabela 8 - Compilações Ecossistêmico................................................................................... 105

Tabela 9 - Compilações Criativo ............................................................................................. 107

Tabela 10 - Compilações Ético ............................................................................................... 110

Tabela 11 - Compilações "Despertar" ..................................................................................... 114

Tabela 12 - Compilações Educação ....................................................................................... 115

Tabela 13 - Compilações Teoria/Prática ................................................................................. 116

Tabela 14 - Compilações PP/Formação .................................................................................. 118

Tabela 15 - Compilações Lacunas na Formação Acadêmica .................................................. 121

Tabela 16 - Compilações Como conheceu a Permacultura ..................................................... 123

Tabela 17 - Compilações Concepção de Permacultura .......................................................... 124

Tabela 18 - Compilações Princípios e Flor da Permacultura ................................................... 128

Tabela 19 - Compilações Diálogo com a Academia ................................................................ 131

Tabela 20 - Compilações Imersão na academia ..................................................................... 133

Tabela 21 - Compilações Atitudes .......................................................................................... 134

x

LISTA DE APÊNDICES – VOLUME II

Apêndice A - Mapa Conceitual TICT

Apêndice B - Diário de Bordo

Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Apêndice D - Roteiro Semi Estruturado

Apêndice E - Outras Categorias resultantes das Entrevistas

Apêndice F - Atividades Complementares (Exemplos)

Apêndice G - Banner Animais CPA

Apêndice H - Banner Sustentabilidade CPA

xi

LISTA DE ANEXOS – VOLUME II

Anexo A - Parecer Consubstanciado do CEP – Comitê de Ética

Anexo B - Plano de Ensino da Disciplina de Introdução à Permacultura na UFSC

Anexo C - Manifesto da Academia

Anexo D - Perfil do Curso, Campo de Atuação Profissional e Vocação (Alterado)

xii

LISTA DE ABREVIATURAS

CPA – Comissão de Permacultura e Agroecologia

CTTMar – Centro Tecnológico da Terra e do Mar

EA – Educação Ambiental

ENEEA – Executiva Nacional de Engenharia Ambiental

IES – Instituição de Ensino Superior

IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado

IPEMA – Instituto de Permacultura da Mata Atlântica

IPEP – Instituto de Permacultura

IPOEMA – Instituto de Permacultura Organização, Ecovilas e Meio Ambiente

LEA – Laboratório de Educação Ambiental

LGVR – Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos

MMA – Ministério do Meio Ambiente

OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental

PDC – Permaculture Design Course – Curso de Design em Permacultura

PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional

PPC – Projeto Pedagógico do Curso

PPI – Projeto Pedagógico Institucional

PP – Projeto Pedagógico

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí - SC

1

1 INTRODUÇÃO

“Certamente a mente, mente,

tanto mente que não sente,

a semente que plantou”

Confraria da Costa

Ao perceber as conexões que o Universo nos propõe, busca-se na essência dos elementos;

a compreensão de como esta grande rede interage visando alcançar esta sensibilidade,

alterar o estado de consciência para fazer parte deste equilíbrio energético. Um emaranhado

de fios dessa rede é a problemática socioambiental – uma das grandes preocupações

planetárias. Acredita-se que o caminho para alterar esse quadro, seja o repensar dos

hábitos e prioridades incorporadas por diversas sociedades humanas ao longo da nossa

historia. Isso porque é preciso assumir uma nova postura frente às questões

socioambientais para harmonizar as inter-relações na perspectiva da sustentabilidade que

incluem a dimensão da ética, social, ambiental, cultural, espacial, legal, espiritual e

econômico.

Atualmente interagimos em diferentes níveis com determinados produtos sem

necessariamente refletir a origem e a composição destes elementos. Como escreve o

alemão Wolfgang Sachs “a era da esperança em um desenvolvimento infinito já passou,

cedendo espaço à era na qual a finitude do desenvolvimento se torna uma verdade aceita”

(SACHS, 1997). Através desta reflexão busca-se um novo olhar prático sobre este

envolvimento sustentável onde não só através de uma reengenharia que permita uma

eficiência energética “ecológica”, mas também à felicidade das pessoas que nela se

encontram (LOBOS, 1994).

A consciência que o homem vem adquirindo de suas reais necessidades e das suas

possibilidades é um dos elementos novos neste processo de mudança como afirma Miguel

Arraes numa frase lembrada por João Francisco de Souza em seu livro Pedagogia da

Revolução: Subsídios. Com estes processos de reflexão superar a dicotomia de formação

intelectual e técnica para uma revolução interior na forma de interagir com a vida social e

das diversas redes existentes. A ênfase desta revolução é produzir um conhecimento

unificado na cultura popular através da organização e construção da hegemonia proletária

(SOUZA, 2004).

A aprendizagem transformadora no contexto socioambiental nos remete a uma revisão de

princípios e valores que podem assegurar um futuro digno e sustentável como afirma a

Carta da Terra. Neste contexto atual da humanidade a Teoria de “GAIA” de Loverlock (2002)

2

sendo a terra como um organismo vivo ou a mãe Terra, Pachamama dos quéchuas e

aymarás, Tekohá dos Guaranies deve estar intrínsecas nas atitudes do cotidiano (VIEZZER,

2005).

Neste contexto a Educação Ambiental (EA) torna-se cada vez mais emergente no exercício

desse importante papel, visto a necessidade emergente de mudanças comportamentais

significativas e a construção de uma nova identidade ecológica em prol do meio ambiente e

da vida no planeta (BERNARDELLI, 2008).

Na Conferência de Tbilisi (1977), a EA deve ser um:

“processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos”.

Tais pressupostos incluem a complexidade, a diversidade, a inclusão, a não predação e a

sustentabilidade. Portanto, aceitar a condição de ser/estar num mundo complexo implica

educar o olhar para que se possam ultrapassar os condicionantes econômicos e sociais que

impedem a aceitação das diferenças inerentes à condição da multiplicidade de formas e

vidas que habitam o planeta. Pensamento este, contemplado no Programa Município

Educador Sustentável (MMA, 2005c) do Ministério do Meio Ambiente, que cita os espaços

educadores como aqueles capazes de demonstrar alternativas viáveis para a

sustentabilidade, estimulando as pessoas a desejarem realizar ações conjuntas em prol da

coletividade e reconhecerem a necessidade de se educarem neste sentido.

Na esperança de que os espaços e/ou estruturas, com as quais coexistimos e interagimos

cotidianamente, sejam dotados de características educadoras e emancipatórias, que

contenham em si o potencial de provocar descobertas e reflexões, individuais e coletivas

simultaneamente, comparando a uma obra de arte e sua transformação de horizontes

(MATAREZI, 2005).

As categorizações da EA têm sido agrupadas de diversas maneiras, tanto política, popular,

crítica, comunitária, formal, não-formal, para o desenvolvimento sustentável,

conservacionista, socioambiental, ao ar livre, para solução de problemas entre tantas outras

(CARVALHO, 2004a).

Quanto aos Centros de Educação Ambiental (CEA´s) estes englobam todas aquelas

iniciativas que, contando com instalações próprias ou cedidas e equipes pedagógicas

especializadas, desenvolvem programas específicos de educação ambiental relacionados

com o entorno onde se localizam (DEBONI, 2004 apud ANDALUZA, 2003).

3

Considera-se que a EA para a sustentabilidade global caracteriza-se por um processo de

ensino-aprendizagem permanente, centrado no respeito a todas as formas de vida,

reafirmando valores, atitudes e ações que contribuam para a transformação humana e social

e para a preservação e conservação ecológica. Tal processo acontece em diversos níveis,

inclusive na educação acadêmica.

No contexto da academia (héka = distante + demos = povo) encontramos cursos voltados

especificamente para a pesquisa e compartilhamento de conhecimento sobre o meio

ambiente, dentre eles o estudado nesta monografia: engenharia ambiental. O Projeto

Pedagógico deste curso visa formar profissionais com capacitação técnico-científica para

atuar de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas

ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental (UNIVALI,

2012).

A questão da transdisciplinaridade na prática de pesquisa supõe a capacidade de ir além,

transcender as disciplinas. Esse voo remonta aos sábios da Biblioteca de Alexandria,

quando propugnavam que a formação ideal do ser humano teria que juntar a Matemática (as

ciências exatas), a Filosofia (que então ocupava o papel do conhecimento do homem e da

sociedade) e as Artes. Era a ideia do múltiplo e do uno, ou do múltiplo no uno, tantas vezes

tentada seja na concepção das universidades, seja por investigadores individuais, seja em

grupos de pesquisa (ALEKSANDROWICZ, 2000).

A perspectiva transdisciplinar também tem sido adotada por instituições educadoras não

formais, tanto em comunidades urbanas e rurais, por meio de Organizações Não

Governamentais (ONGs) entre outras derivações, como em ecovilas e estações

permaculturais. A escolhida da presente pesquisa é a Permacultura - uma área do

conhecimento que busca resgatar e sistematizar as tecnologias sustentáveis desenvolvidas

em diferentes culturas ao longo dos tempos, envolvendo a produção de alimentos,

bioconstruções, saneamento ambientais, bem estar físico/espiritual e outras temáticas, é

uma grande referência para a busca de tecnologias que sejam aplicáveis aos diferentes

contextos sendo uma alternativa interessante para o planejamento das intervenções

relacionadas à implantação de tecnologias sociais (PEAMSS, 2009).

A Permacultura ou cultura permanente, para Mollison (1990),

“é o design consciente de ecossistemas de produção agrícola e de conservação energética, estabelecidos com resistência, estabilidade, dinâmica e diversidade de sistemas naturais, como florestas ou pastagens. Tais sistemas provêm para necessidade própria, não poluem ou exploram e desta forma são sustentáveis.”

4

Através de uma reflexão e sentimento de uma visão ecossistêmica e interdisciplinar, tanto

do conhecimento cientifico, como da vida profissional e vital. A mundialização não só se

reflete nos valores econômicos, a mal entendida globalização, mas também em novos

valores sociais, humanos, educativos, transpessoais e transcendentes que afloram nos mais

distintos segmentos planetários. Uma ciência sem valores é um conhecimento cego, que

caminha sem direção. Somos cidadãos planetários. Mas esta nova cidadania não nos é

dada; é preciso construí-la entre todos (TORRE, 2008).

Para fazer uma “sociedade” melhor é preciso preparar os homens que vão fundá-la, para

torná-la eficaz, é preciso que a utopia ou o projeto integre uma formação permanente,

aberta, completa. De todos os pedagogos, os libertários, costumam serem os mais

consequentes, pois há a necessidade de adaptar os meios ao fim, assim, ao utilizar-se

meios libertários busca-se a utopedagogia (ANTONY, 2011).

Entretanto será que este processo de percepção e formação dos acadêmicos estão tendo

esta oportunidade de se (re)conhecerem dentro da instituição como parte de um todo? Seus

valores estão alinhados com a sua prática? Porque a formação em Permacultura é

impactante? Qual é o diálogo possível e necessário entre as formações em Permacultura e

em Engenharia Ambiental?

1.1 JUSTIFICATIVA

A necessidade da “reforma do pensamento” como possibilidade de mudança de paradigma

que viabilize outra forma de relacionamento do ser humano com o planeta gerou a

inquietação que norteou este trabalho de pesquisa: Analisar estruturas educadoras voltadas

para transformação profissional do Engenheiro Ambiental e promoção de práticas

sustentáveis.

Na trajetória acadêmica, tive a oportunidade de vivenciar o primeiro módulo do curso

introdução à permacultura organizado pela Comissão de Permacultura e Agroecologia

(CPA) em 2008. Esta (re)descoberta transformou os olhares e conduziu para esta pesquisa,

pois a caminhada possibilitou a percepção de lacunas teórico-práticas no Projeto

Pedagógico (PP) do Curso de Engenharia Ambiental quanto ao caráter formativo do perfil

profissional, para que o egresso atue no mercado de trabalho solucionando as causas dos

problemas e não maquiando-as, agindo apenas na consequência dos mesmos.

A ética com o planeta e com as pessoas é algo que está fragmentado. Desta, Freire (1996)

discorre bastante sobre a importância durante todo o processo de educação. A diferença

entre sermos seres condicionados e não determinados a fazer algo. Nesta busca por uma

5

consciência crítica, perceber que nossos atos são políticos, desde consumir, comprar e

trabalhar. Notam-se também as diferenças de formar e treinar as pessoas.

Fato este que Sachs1 (2008) fala sobre as soluções das essências das metas do milênio,

que incluem a conversão de todo o sistema global de energia para uma energia renovável,

custaria menos de 1% da renda mundial anual. A adoção de uma política populacional

corajosa, para reduzir o crescimento demográfico, custaria menos de um décimo de 1% da

renda anual dos países ricos. O fim da miséria também demandaria menos de 1% desta

mesma renda dos países ricos. Cita que não é pela ausência de soluções e sim pela falta de

cooperação global.

De um modo em geral os PPs dos cursos da área ambiental não contemplam temas

importantíssimos de caráter formativo (formação geral) para que o profissional que atuará no

mercado de trabalho possa solucionar as causas dos problemas socioambientais e não

maquiá-las agindo apenas na consequência dos mesmos. Com a emergência das questões

socioambientais, têm surgido novos cursos de graduação para atender a este mercado de

trabalho em expansão. Ao mesmo tempo pouco se têm de estudos sobre os currículos dos

mesmos e sua adequação as reais demandas na área socioambiental.

Para Goergen (2010, p.31), a universidade precisa ensinar aos seus jovens alunos que é

impossível a exploração infinita num mundo de recursos finitos. Os futuros cidadãos

precisam ser os protagonistas de um grande tratado de paz, com o planeta. E, a principal

transformação para que essa paz seja possível é a mudança de atitude.

“Uma atitude que nasce do indivíduo e que se amplia para uma verdadeira cultura crítica. Não é preciso dizer que a educação tem um papel fundamental na geração dessa nova mentalidade. Do ponto de vista da instituição de educação superior, a sustentabilidade deve orientar-se numa dupla dimensão de totalidade. Primeiro, a totalidade da própria universidade cujas atividades de investigação, docência, prestação de serviços e atividades culturais devem formar um conjunto orgânico e integrado e, segundo, a totalidade do desenvolvimento econômico, social, ético, ecológico e cultural [...] abrindo espaço para uma nova concepção de educação superior que supera os limites do ensino e incorpora a dimensão da formação” (BERGHAM BOOKS/UNESCO PUBLISHING, 2008 apud GOERGEN, 2010, p. 31).

O campo de estudo criado há mais de 30 anos por Bill Mollison e David Holmgren inova de

forma radical com as perspectivas de formação e aprendizagem, inicialmente fora das

1Este livro aborda medidas teórico-práticas para neutralizar e co-construir uma visão ampla sobre a

economia. SACHS, J. A riqueza de todos – a construção de uma economia sustentável em um planeta superpovoado, poluído e pobre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, v. Tradução de Sergio Lamarão, 2008.

6

universidades. Recentemente temos visto uma maior abertura do meio acadêmico e das

universidades na apropriação dos princípios e éticas permaculturais. Na maioria das vezes

ocorrendo de forma periférica aos currículos formais e/ou nos espaços alternativos e de

extensão universitária.

Exemplo deste processo é a existência em Itajaí (SC) da Comissão de Permacultura e

Agroecologia, que desde 2007 atua com cursos e formações. Também iniciou um ciclo de

Feiras Orgânicas em Itajaí, que atualmente ampliou-se para outras cidades, na época era

um grupo dentro da ONG – Organização Não Governamental – Voluntários pela Verdade

Ambiental (V-Ambiental) de Itajaí (SC). Este coletivo foi reativado após o “Curso de

Permacultura: Por uma Vida Sustentável”, uma introdução sobre a permacultura, realizado

nos dias quatro e cinco de julho de dois mil e onze, no Laboratório de Gestão e Valoração

de Resíduos - LGVR junto aos parceiros da Sala Verde e do Laboratório de Educação

Ambiental – LEA, dentre outros parceiros locais.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Identificar possíveis diálogos entre o currículo de formação do Engenheir@ Ambiental da

UNIVALI e a formação no Curso de Design em Permacultura (PDC).

1.2.2 Específicos

a) Conhecer o Projeto Político Pedagógico do Curso de Engenharia Ambiental, do

CTTMar da UNIVALI, Itajaí – SC;

b) Apresentar o Perfil do Curso, o Campo de Atuação Profissional e a Vocação dos

Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia, do CTTMar da

UNIVALI, Itajaí – SC;

c) Compreender a matriz curricular do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI, Itajaí

– SC;

d) Identificar as principais lacunas no processo de formação acadêmica frente à

ecoformação e permacultura;

e) Apontar caminhos que viabilizem diálogos entre a permacultura no currículo

acadêmico dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental, Engenharia

Civil e Oceanografia, do CTTMar da UNIVALI, Itajaí – SC na perspectiva da

ecoformação;

f) Disseminar novas atitudes e práticas cotidianas (pessoais e coletivas) por meio da

apropriação de conhecimentos sobre a permacultura.

7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 PERCEPÇÃO AMBIENTAL

“Nunca estivemos desconectados, mas sim, distraídos."

Fabio Ibrahim El Khoury

Nossas ideias ou conceitos organizam o mundo, tornando-o inteligível e familiar. São como

lentes que nos fazem ver isso e não aquilo e nos guiam em meio à enorme complexidade e

imprevisibilidade da vida. Acontece que, quando usamos óculos por muito tempo, a lente

acaba fazendo parte de nossa visão a ponto de esquecermos que ela continua lá, entre nós

e o que vemos, entre os olhos e a paisagem. Nossos conceitos são assim, como lentes em

nossa visão da realidade (CARVALHO, 2004b).

O estudo dos processos mentais relativos à percepção ambiental é fundamental para

compreender esta relação do homem com o meio ambiente. Diversas ações e intervenções

humanas são provocadas sem a real percepção de impacto e muitas vezes geram-se

consequências que ignorávamos por completo, as quais afetam a qualidade de vida de

várias gerações (Del RIO et al, 1996).

A percepção ambiental pode ser definida como uma tomada de consciência do ambiente

pelo homem, o ato de observar-se e sentir-se inserido no meio. Cada indivíduo percebe,

reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou

manifestações daí decorrentes são resultado das percepções (individuais e coletivas), dos

processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa (FAGGIONATO)2.

Biossimiótica é a ideia baseada que a vida é semiótica, em sinais e códigos. Esta foi

fortemente sugerida pela descoberta do código genético, mas tão longe fez pequeno

impacto no mundo científico e foi em grande parte considerado uma filosofia em lugar de

uma ciência. A razão principal para isto é que a biologia moderna assume que os sinais e

significados não existem ao nível molecular e que o código genético não foi seguido por

qualquer outro código orgânico durante quase quatro bilhões de anos, insinuam que era

uma exceção totalmente isolada na história de vida. Este termo pode ser compreendido

como estudos dos sinais em sistemas vivos (BARBIERI, 2008).

2FAGGIONATO SANDRA. Percepção Ambiental. UFSCar. Disponível em:

<http://www.cdcc.sc.usp.br/bio/mat_percepcaoamb.htm>. Acesso em: 08 nov. 2012.

8

A falta de compromisso das pessoas com as questões ambientais pode ser de certa forma

devido à maneira como elas veem o meio ambiente e interagem com a mesma. Carvalho

(2004b), diz que essa visão “naturalizada” tende a ver a natureza como o mundo da ordem

biológica, essencialmente boa, pacificada, equilibrada, estável em suas interações

ecossistêmicas, o qual segue vivendo como autônomo e independente da interação com o

mundo cultural humano. Esta percepção distancia do verdadeiro equilíbrio energético da

natureza com os seus elementos bióticos e abióticos.

A visão socioambiental orienta-se por uma racionalidade complexa e pensa o meio ambiente

não como sinônimo de natureza intocada, mas como um campo de interações entre a

cultura, a sociedade e a base física e biológica dos processos vitais, no qual todos os

termos dessa relação se modificam dinâmica e mutuamente em algum nível (CARVALHO,

2004b).

2.2 PROJETO PEDAGÓGICO

“Acreditar não significa conhecimento, o homem só sabe aquilo que experiencia”

Gnose

Compreender a educação como um sistema aberto, dinâmico e complexo, implica na

existência de processos transformadores que decorrem da experiência cotidiana, algo

inerente a cada ser humano e que depende da ação, da interação e da transação entre

sujeito que aprende e objeto a ser conhecido. Significa, também, que tudo está em

movimento, algo que não tem fim, ou ainda, início e fim não são predeterminados. Cada final

significa um novo começo, um recomeço, crescimento em espiral. Exige movimento

contínuo, requer diálogos, interações, nada é linear e está sempre em processo de vir a ser,

“do que ainda não é”. Neste contexto, o currículo é entendido como processo de diálogos

entre educadores, educandos e instâncias administrativas. É datado, situado num

determinado tempo e espaço, portanto, flexível, aberto ao imprevisto, ao inesperado, ao

criativo, ao novo. Um currículo como campo de discussão e de contradição só será possível

com a construção de uma política educacional que contemple as necessidades

emancipatórias traduzidas na conquista da cidadania, na construção de sujeitos históricos

(PEREIRA, 2004, p.106).

Nesse sentindo, um Projeto Pedagógico - PP consiste na elaboração de uma proposta

educacional para determinado espaço, grupo ou processo; desde seus referenciais

conceituais, filosóficos e políticos até a forma como será operacionalizado. Não somente

9

como um documento que reúne os elementos relativos ao processo educacional, mas

também como um processo de gestão contínua e democrática, que deve envolver todos os

indivíduos, grupos e instituições com os quais o determinado grupo dialoga e se relaciona

(CIDADANIA, 2008). É, portanto um documento identitário, no qual os sujeitos se veem e

atuam sobre as suas demandas e planos, que serão periodicamente revistos e

sistematicamente reconstruídos (MMA, 2005b).

De fato, a construção de um Projeto Político Pedagógico - PPP configura-se num processo

específico de cada instituição, idiossincrático. Embora encontremos caminhos comuns,

eixos conceituais e elementos orientadores que fornecem concepções comuns de um PPP,

o seu processo de construção é único e particular e não generalizável. Se este processo

construtivo é mutável, nota-se que a instituição segue a mesma tendência (DEBONI, 2004).

Articular, elaborar, construir projeto pedagógico próprio, implementá-lo e aperfeiçoá-lo

constantemente, envolvendo de forma criativa e prazerosa os vários segmentos

constitutivos da comunidade que está inserida, com suas respectivas competências, num

processo coletivo, é um grande desafio. E o é em razão da necessidade de se atualizar e

das expectativas pela melhoria da qualidade dos serviços educacionais e dos resultados

desses serviços (BUSSMANN, 1999).

No âmbito das políticas públicas, para o Ensino Superior algumas categorias têm sido

referências para a organização curricular. Entre elas podemos citar: a flexibilidade curricular

e pedagógica, o desenvolvimento de competências e habilidades e a autonomia,

apresentados em documentos tais como: LDB - Lei 9.394/96; ForGRAD (1999) PNG;

Proposta de Diretrizes para a formação inicial de professores da Educação Básica em

Cursos de Nível Superior.

Na Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação que

proclama as missões e funções da Educação Superior: Formando uma nova visão da

Educação Superior e da visão à ação - Conferência Mundial sobre Educação Superior

realizada em Paris na Sede da UNESCO em outubro de 1998, encontramos o seguinte

pronunciamento:

“[...] as missões e valores fundamentais da educação superior, em particular a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o melhoramento da sociedade como um todo deve ser preservado, reforçado e expandido ainda mais, a fim de: educar e formar pessoas altamente qualificadas [...]; educar para a cidadania e a participação plena na sociedade [...]; promover, gerar e difundir conhecimentos por meio da pesquisa, [...]. A inovação, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade devem ser fomentadas [...] Reafirma o direito de todas as pessoas à

10

educação e o direito de acesso à educação superior com base nos méritos e capacidades individuais” (p. 20-31).

Segundo Pereira (2004), esse movimento é um “convite ao pensamento”, que nos leva a

compreender o paradoxal papel da universidade: ela tem ao mesmo tempo, um caráter

conservador, regenerador e gerador dos saberes, ideias e valores culturais. Sendo uma

síntese da cultura, a universidade concilia aparentes contradições desta, englobando

dialeticamente, os opostos em que se extrema o processo cultural. Tem de aliar o passado e

o presente, o particular e o geral, o especulativo e o prático, a rotina e a criação, o científico

e o senso comum, o individual e o coletivo. [...] É necessário que na universidade haja lugar

para todos e que neste espaço se trate de todos os problemas; que se aproximem diversos

conhecimentos e pessoas diferentes, para que se tornem semelhantes sem terem de

renunciar às suas especificidades e peculiaridades. Desta forma, ela é entendida como

espaço e tempo, tanto do saber quanto do ser humano, pois se os diversos conhecimentos

podem tornar diferentes os seres humanos, nada concorreria tanto para unir as pessoas

quanto a aproximação de suas culturas (op. cit., p.114).

Um PPP ou PP, aqui citado pela Universidade sem o político (P do meio), somente Projeto

Pedagógico, em linhas gerais, é constituído de três Eixos Centrais, o Conceitual, o

Situacional e o Operacional. O eixo Conceitual contém a idealização, o sonho de futuro, os

princípios e valores, a ética, a concepção de sociedade e do ser humano partilhada pelo

grupo.O eixo Situacional refere-se às características presentes do contexto, um diagnóstico

da realidade sócio-educacional local. Um diagnóstico que deve ser pensado nos aspectos

tanto no sentido "curativo", mas também no "preventivo". O eixo Operacional deve ser o

planejamento objetivo das estratégias e ações a serem desenvolvidas, decorre de uma

análise que contempla os outros dois eixos, mas melhor pautada se orientada através do

Conceitual (MMA, 2005b)

2.2.1 Apresentando o PP do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI

Segundo o PP do curso de Engenharia Ambiental da Univali (2012, p.7), busca-se manter

um relacionamento estreito com a sociedade e o mercado de trabalho na região. Esta

parceria tem ocorrido, no âmbito acadêmico, por meio das atividades de estágio não-

obrigatório, pesquisa, extensão e prestação de serviços, desenvolvidas por professores e

alunos do curso.

A matriz curricular (Ibidem, p.7), está estruturada de forma a atender os requisitos

necessários (disciplinas, ementas e carga horária) dos campos de atuação profissional.

Algumas estratégias são elaboradas pelos decentes, desde saídas de campo, pesquisas,

11

estudos de caso e/ou projetos com obtenção de dados reais, sendo assim articula-se com

os acadêmicos a oportunidade com o mercado formal. Outro contato importante e que já

virou tradição são os Trotes Ambientais, a Série Seminários em Engenharia Ambiental e o

UNIVALI Limpando o Mundo que, além de serem abertos ao público, contam com a parceria

de entidades, órgãos ambientais e ONGs da região, durante a sua organização e execução.

O panorama do Mercado de Trabalho para os engenheiros ambientais é muito amplo, um

mercado em crescimento. Segundo diversas matérias como a Folha de São Paulo, Jornal

Hoje da rede globo, revista VEJA, jornal o Estado de São Paulo e Diário Catarinense, Jornal

Nacional, entre outras reforçam a situação planetária e a grande importância da profissão

(UNIVALI, 2012, p. 9-10).

Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN)3 feita em 402

indústrias de todo o Brasil revela quais são as profissões do futuro. São nove áreas que

terão grande oferta de vagas até 2020. Todas têm relação com engenharia, automação e

conhecimentos de informática. Uma delas é o engenheiro ambiental e sanitário; Nome o

qual, está para ser alterado pelo CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.

Vale ressaltar que esta alteração de nome não invalida a referente pesquisa.

O Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI:É o documento que orienta e articula as

diversas ações da Univali. Segue a definição da missão da Instituição e das estratégias para

atingir seus objetivos, o PDI detalha metas, ações, metodologia de implementação dos

objetivos e cronogramas (2012 p.15).

O Projeto Pedagógico Institucional – PPI: Caracteriza-se como um plano de referência para

a ação educativa, que constitui a base organizadora do Projeto Pedagógico do Curso – PPC

de cada um dos cursos da Univali. O PPC é o instrumento de gestão acadêmico-

administrativa que evidencia o curso em movimento, cuja elaboração e execução resultam

da ação conjunta da coordenação, de professores e alunos em direção à concretização dos

objetivos do curso (Ibidem, p.15).

Planejamento Estratégico: De acordo com o projeto político (Ibidem, p.16) o

desenvolvimento deste planejamento da Instituição percorre-se diversas fases, entre as

quais se tem o resgate da sua história, definição do público alvo (pessoas e organizações),

negócio, missão, visão, princípios e fatores que servem de base para a construção de

competências necessárias. Como diagnóstico estratégico ocorre à identificação das

3FIRJAN.Perspectivas Estruturais do Mercado de Trabalho na Industria Brasileira - 2020.

Disponivel em: <http://www.firjan.org.br/data/pages/402880811F3D2512011F7FE00DA433D9.htm>. Acesso em: 10 Maio 2012.

12

características internas (forças e fraquezas) e os fatores externos (ameaças e

oportunidades) oriundas do macro ambiente, que poderão impactar no seu desempenho.

Para completar, se procura conhecer as tendências em curso e que poderão afetar a

educação, permitindo, então, uma análise prospectiva. Agora, com profundo conhecimento

da realidade que afeta a Instituição, estabelecem-se perspectivas, objetivos, metas,

indicadores e ações que resultarão no Planejamento Estratégico Corporativo e dos seus

vários segmentos, compreendendo, portanto, mantenedora e mantida. Assim, diretrizes são

estabelecidas, as quais norteiam a formulação do PDI, PPI e PPC, que precisam estar

rigorosamente alinhados entre si e também com o Planejamento Estratégico.

• Atribuições do Engenheiro Ambiental4

São estabelecidas pelo CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia. De acordo com a Resolução N. 447, de 22 de setembro de 2.000, que “Dispõe

sobre o registro profissional do Engenheiro Ambiental e discrimina suas atividades

profissionais”, compete ao Engenheiro Ambiental o desempenho das atividades 1 a 14 e 18

do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, referentes à administração, gestão

e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus

serviços afins e correlatos. Neste sentido, são atribuições do Engenheiro Ambiental:

1. Supervisão, coordenação e orientação técnica;

2. Estudo, planejamento, projeto e especificação;

3. Estudo de viabilidade técnico-econômica;

4. Assistência, assessoria e consultoria;

5. Direção de obra e serviço técnico;

6. Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico;

7. Desempenho de cargo e função técnica;

8. Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica;

extensão;

9. Elaboração de orçamento;

10. Padronização, mensuração e controle de qualidade;

11. Execução de obra e serviço técnico;

12. Fiscalização de obra e serviço técnico;

13. Produção técnica e especializada;

14. Condução de trabalho técnico;

4 Atualmente o que deve valer é a Resolução 1010 – que regulamenta a atribuição de títulos

profissionais, atividades, competências e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais inseridos no Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional. Disponivel em: http://www2.ifal.edu.br/sites/default/files/Resolu%C3%A7%C3%A3o%201010_1.pdf

13

18. Execução de desenho técnico.

• Objetivo do Curso

Formar profissionais com capacitação técnico-científica para atuar em nível local, regional e

nacional, de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas

ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental (UNIVALI,

2012, p.15).

• Perfil do Egresso e Competências a serem desenvolvidas durante a formação

O perfil do acadêmico de Engenheiro Ambiental formado na Univali deverá ser “direcionado

à prevenção e/ou resolução de problemas ambientais que afetam a qualidade ambiental e

de vida da sociedade, com habilidades e capacitação técnico-científica para atuar numa

visão transdisciplinar, de modo ético, crítico e criativo, na gestão ambiental de empresas,

indústrias e instituições públicas e privadas” (Ibidem, p.19).

As competências delineadas no PP do referido curso (Ibidem, p.19), apontam que o

engenheiro ambiental deve ser capaz de:

• Coletar, processar e analisar dados ambientais;

• Trabalhar em equipe multidisciplinar, transitando com facilidade entre as diversas

áreas envolvidas;

• Apresentar atitude empreendedora e de liderança;

• Elaborar e administrar planos de gestão, considerando as variáveis técnico-

científicas, sociais, econômicas e legais;

• Demonstrar capacidade de síntese na elaboração de relatórios e pareceres;

• Analisar criticamente projetos frente a potenciais impactos ambientais, reconhecendo

suas implicações sociais e econômicas;

• Conhecer, aplicar e desenvolver recursos tecnológicos para prevenção e resolução

de problemas ambientais.

• Estrutura Curricular

A estrutura curricular do curso de Engenharia Ambiental está focada na Gestão Ambiental,

com vistas a atender o perfil profissiográfico. Para tanto, três grandes eixos compõem o

currículo do curso, conforme pode ser visualizado na “figura 1” abaixo:

14

Figura 1 - Inter-relação dos eixos temáticos do curso de Engenharia Ambiental

Fonte: Coordenação do Curso, 2012

Planejamento Ambiental (PA), Qualidade e Tecnologia Ambiental (QTA) e Tecnologia da

Informação (TI), cujos objetivos são assim descritos:

• Planejamento Ambiental: construir planos orientados à manutenção da qualidade

ambiental e de vida da sociedade de modo a orientar o desenvolvimento em nível

regional e local;

• Qualidade e Tecnologia Ambiental: aplicar recursos tecnológicos para avaliar, manter

e/ou melhorar a qualidade ambiental dando suporte aos procedimentos de Gestão

Ambiental;

• Tecnologia da Informação: aplicar os recursos da Tecnologia da Informação para dar

suporte à Gestão Ambiental através da organização e processamento de dados e

informações, monitoramento, modelagem e previsão de fenômenos.

• Metodologia

O PPI leva em conta a “[...] realidade histórico-social, a formação de valores que dignificam

o homem e a apropriação de princípios científicos de produção do conhecimento e sua

consequente extensão à sociedade” (UNIVALI, 2012, p.50).

Sendo assim, o processo educacional na Univali:

“Sustenta-se em uma ação pedagógica dinâmica que pressupõe uma postura investigativa do professor e do aluno frente ao conhecimento e ao domínio dos modos de sua produção. Trata-se da proposição de um ensino que conduza o aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos, a produzi-los e avaliá-los com rigor, precisão, correção, clareza, e que permitam a elaboração do pensamento de forma mais refinada do que o senso-comum. “Esse processo se implementa com base na missão de educar, formar e realizar pesquisas sob a égide da ética, da cidadania e da responsabilidade social” (UNIVALI, 2005, p. 15).

15

Chama a atenção o posicionamento do colegiado de curso explicitado no PP que transcrevo

a seguir:

“[...] o curso de Engenharia Ambiental da Univali busca a superação da excessiva racionalidade técnica tradicionalmente presente nos cursos de formação superior que, fundamentados numa lógica de distribuição e fragmentação dos conteúdos, conduzem à desarticulação entre a teoria e a prática, bem como ao distanciamento entre os domínios genérico e específico das atividades profissionais. São conhecidos os inúmeros prejuízos que a compartimentação dos saberes e a incapacidade de articulá-los uns aos outros causam à formação do profissional, especialmente no contexto histórico-social contemporâneo, cujos desafios da globalidade e da complexidade se apresentam com mais intensidade. Diante disso, a concepção de educação, na atualidade, tem procurado integrar conceitos, até então, dissonantes e utópicos. Pedagogos, filósofos e diversos cientistas sociais estão procurando sistematizar e integrar as mais diferentes concepções sobre educação. Hoje, estão sendo retomados conceitos, que durante muitos anos foram proscritos como hereges ou contrários às normas vigentes e ao status quo das sociedades estabelecidas.” (UNIVALI, 2012, p. 50).

A certeza das incertezas do mundo contemporâneo está abrindo caminho para uma

concepção de educação mais ampla, reunindo o que ficou separado e disperso durante

séculos: o sujeito do objeto, a alma do corpo, e a existência da essência. Percebe-se que é

fundamental unir a sabedoria antiga sobre a noção de unicidade do ser, com as reflexões

ocidentais sobre a complexidade do ser. Compreender o todo a partir das partes, eis aí o

paradigma da educação: pensar a complexidade atual e para o futuro.

O grupo de professores que elaborou o PP ancora-se no pensamento de Morin (2000), que

resgata as aspirações educacionais consideradas idealistas, ao acrescentar a sua

cosmovisão à educação do futuro, que precisa introduzir e desenvolver o estudo das

características cerebrais, mentais, culturais, dos conhecimentos humanos, de seus

processos e modalidades [...] prioriza os métodos que permitam estabelecer as relações

mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo. [...]

Não se pode esquecer que o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural,

social, histórico, e possui um destino em comum para enfrentar as incertezas da nossa época,

com uma vocação para a paz e para compreensão mútua entre os seres humanos (UNIVALI,

2012, p. 51).

Nesse sentido, a LDB, nº. 9.394/96, que trata da educação superior, no artigo 43, alínea I e

II reitera que:

“A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar na sua formação contínua”.

16

Esta lei deixa claro que entre todas as aspirações dos cursos superiores, aquelas dedicadas

à formação do acadêmico como ser humano integral, reflexivo, solidário e dotado de espírito

científico e inovador deverão ser priorizados pelos cursos de graduação (UNIVALI, 2012,

p.51).

A construção do projeto pedagógico de cada curso deve privilegiar, em primeiro lugar, o

processo coletivo de reflexão que a instituição deseja oferecer aos seus estudantes sobre

qual é o tipo de educação superior. Segundo esta premissa, e tendo por base as Diretrizes

Curriculares cunhadas pelo MEC para os cursos de graduação, o curso de Engenharia

Ambiental da Univali, vem trabalhando no sentido de buscar integrar os fundamentos

filosóficos e políticos da instituição às exigências da LDB, descritas no parágrafo anterior

(op. cit. 2012, p.51).

• Diretrizes Curriculares

De acordo com o explicitado no PP, os cursos de graduação, em qualquer área do

conhecimento, devem atender a três objetivos fundamentais: a) flexibilizar a estruturação

dos cursos, não mais submetidos à exigência de um currículo mínimo obrigatório, buscando

a diversificação de experiências de formação para atender a variedades de circunstâncias

geográficas, político-sociais e acadêmicas, para ajustar-se ao dinamismo da área e para

viabilizar o surgimento de propostas pedagógicas inovadoras e eficientes; b) recomendar

procedimentos e perspectivas essenciais, de modo a funcionar como um padrão de

referência para todas as instâncias que, buscando a qualidade, objetivem uma sintonia com

posições majoritariamente defendidas pelas instituições e entidades representativas da

área; c) estabelecer critérios mínimos de exigência, no que se refere a formulação e à

qualidade da formação, que possam funcionar como parâmetro básico de adequação e

pertinência para os cursos da área (op. cit., p.51):

“O atendimento a estes objetivos permite que o perfil do egresso na área da Engenharia Ambiental transpareça as competências e as habilidades adquiridas; demonstre a capacidade de adequação à complexidade do mundo contemporâneo; propicie uma visão integradora e ao mesmo tempo, especializada do seu campo de trabalho e favoreça a consciência crítica quanto ao uso do instrumental teórico e prático do seu curso e inspire uma atitude, ética, inovadora e solidária em todas as suas ações” (op. cit. 2012, p.51).

Diante desta percepção de educação para o ensino superior, o ato pedagógico se

estabelece como uma condição teórico-didática pela qual se materializa o processo

educativo. Esta materialização abstrai de uma orientação teórico-metodológica capaz de

proporcionar a construção de conhecimentos por meio de múltiplas estratégias de ensino e

avaliação. Assim, a ação pedagógica que orienta os processos de ensino e de

17

aprendizagem se caracteriza como um processo dinâmico, dialógico, que tem como

premissa básica mediar a relação entre sujeito/objeto, conhecido/desconhecido, saberes

teóricos/práticos, professores/alunos, além de organizar e sistematizar os saberes

necessários à vida e a profissão:

“Pensar o caminho metodológico do curso é pensar: o processo de ação-reflexão-ação e a indissociabilidade do ensino/pesquisa e extensão num movimento circular que transcende a linearidade do conteúdo/forma desenvolvido. Assim, o desafio do curso no eixo da ação docente, do ensinar para os processos que levem ao aprender e assumir a função de fornecer aos acadêmicos referenciais teórico-metodológicos consistentes que o capacitem a interagir ativamente com o conhecimento acumulado, com o modo de construir conhecimento que é próprio da ciência e com as formas diferenciadas de estabelecer interlocução com a sociedade, no sentido de socializar o conhecimento produzido” (UNIVALI, 2012, p.52).

Isso significa que, na Educação formal e não formal, não basta integrar conhecimentos entre

as diferentes áreas; é preciso construir com base nesses conhecimentos, mas não somente

deles, pois uma visão sistêmica de mundo vai além da esfera do conhecimento - inclui

relações dos seres humanos entre si e destes com o mundo. Pressuposto que nos leva a

compreensão de que dialogar com outros saberes, com o saber do outro, implica no

reconhecimento do outro como legítimo outro. Implica ainda em reconhecer a riqueza das

relações entre o saber sábio e o saber vivido, em conexão entre o individual e o coletivo,

entre o ensinar e o aprender em comunhão com o cosmos.

A seguir, vamos apresentar o Perfil dos Cursos, os Campos de Atuação Profissional e a

Vocação dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia do CTTMar

da UNIVALI, Itajaí (SC).

2.2.2 Apresentando o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNIVALI

• Perfil do Curso

O Engenheiro Ambiental e Sanitarista formado na Univali terá um perfil direcionado à

prevenção, resolução e gestão de problemas ambientais e de ordem sanitária que afetam a

qualidade de vida da sociedade, para atuar numa visão transdisciplinar de modo ético,

crítico e inovador.

• Campo de atuação do profissional

O Engenheiro Ambiental e Sanitarista atua na prevenção, resolução e gestão ambiental em

empresas e instituições de tecnologia, pesquisa científica e saneamento, públicas e

18

privadas, atuando também de forma autônoma, na elaboração projetos e prestação

consultoria.

2.2.3 Apresentando o Curso de Ciências Biológicas da UNIVALI

O Curso de Ciências Biológicas5 possui duas linhas temáticas, Biotecnologia e Biologia da

Conservação; sua titulação é em bacharelado, foi implantado no início de 1998 e possui

uma carga horária de 3600 horas com duração de 8 semestres divididos em vespertino e

noturno. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu campo de atuação e a vocação:

• Perfil do Curso

O curso de Ciências Biológicas forma profissionais capacitados para observar, questionar,

investigar e analisar problemas biológicos e ambientais e suas possíveis soluções de

maneira inter e multidisciplinar. Neste contexto, tanto a Biotecnologia como a Biologia da

Conservação, buscam meios de utilizar os recursos vivos de forma comprometida com o

desenvolvimento do meio ambiente e sua utilização sustentável.

• Campo de Atuação Profissional

Os biólogos, bacharéis em Ciências Biológicas, podem atuar em instituições, organizações,

indústrias e empresas que estejam ligadas aos diversos aspectos das ciências biológicas.

Podem atuar como pesquisadores em institutos de pesquisa privados e estatais, fundações

e indústrias. Além disso, podem atuar em planejamento e consultoria, tanto no setor

produtivo como em prestação de serviços, para entidades governamentais e não-

governamentais.

• Vocação

O bacharel em Ciências Biológicas é um profissional com formação técnico-científica,

altamente qualificado, com conhecimentos amplos nas áreas de zoologia, botânica,

ecologia, e biologia celular e molecular. Está apto a desenvolver trabalhos de pesquisa em

diferentes áreas das Ciências Biológicas e de formular hipóteses, analisar dados

experimentais, sintetizar conhecimentos e divulgar resultados. O profissional também é

capaz de desenvolver e aprimorar produtos de origem biológica, assim como coordenar seu

aproveitamento de modo sustentável.

A formação do profissional compreende disciplinas de zoologia, botânica, ecologia e

biotecnologia, integrando os conteúdos das diversas áreas. Há ênfase na aplicação dos

5 UNIVALI. Curso de Ciências Biológicas. Disponível em: <http://univali.br/biologia>. Acesso em: 08

nov 2012c.

19

conhecimentos, com mais de 50% do curso sendo de aulas e atividades práticas, incluindo

laboratórios e saídas de campo.

2.2.4 Apresentando o Curso de Engenharia Civil da UNIVALI

O Curso de Engenharia Civil6 possui bacharel e titulação de Engenheiro Civil, foi implantado

em 1997 no segundo semestre e possui uma carga horária de 3915 horas com duração de

10 semestres divididos em vespertino/noturno. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu

campo de atuação, seu mercado de trabalho e a vocação:

• Perfil do Curso

Formar o profissional generalista com qualificação técnica, científica, humanística, ética e

cidadã, para atuar nas diversas subáreas da Engenharia Civil, envolvendo projeto e

execução de obras, consultoria e extensão, atividades de planejamento e administração de

empreendimentos do setor e avaliação de impactos ambientais, decorrentes de sua atuação

profissional, usando da informática e das novas tecnologias como instrumentais para o

exercício da engenharia.

• Campo de Atuação Profissional

O profissional de engenharia tem seu exercício profissional regulado pela Lei no 5.194/66.

Quanto às atividades que pode desempenhar para efeito de fiscalização do exercício

profissional, estão estabelecidas pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia - CONFEA, pela Resolução no 218/1973-1, e são as apresentadas a seguir:

Atividade 01 - Gestão, supervisão, coordenação, orientação técnica; Atividade 02 - Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto, especificação; Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econômica e ambiental; Atividade 04 - Assistência, assessoria, consultoria; Atividade 05 - Direção de obra ou serviço técnico; Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria, arbitragem; Atividade 07 - Desempenho de cargo ou função técnica; Atividade 08 - Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, divulgação técnica, extensão; Atividade 09 - Elaboração de orçamento; Atividade 10 - Padronização, mensuração, controle de qualidade; Atividade 11 - Execução de obra ou serviço técnico; Atividade 12 - Fiscalização de obra ou serviço técnico; Atividade 13 - Produção técnica e especializada; Atividade 14 - Condução de serviço técnico; Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;

6 UNIVALI. Curso de Engenharia Civil. Disponível em: <http://univali.br/civil>. Acesso em: 08 nov

2012b.

20

Atividade 16 - Execução de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 17 – Operação, manutenção de equipamento ou instalação; e Atividade 18 - Execução de desenho técnico.

Tais atividades, conforme estabelecido na Resolução no 1.010/2005, são aplicadas aos

diversos campos de atuação profissional da modalidade de Engenharia Civil, conforme

descritos a seguir:

(i) Construção Civil; (ii) Sistemas Estruturais; (iii) Transporte; (iv) Geotécnica; (v) Hidrotecnia; (vi) Saneamento

Assim, O Engenheiro Civil atua nessas áreas, em empresas públicas, mistas e privadas,

exercendo suas funções em cargos técnicos, administrativos e gerenciais. Essas funções

exigem do Engenheiro Civil capacidade de propor soluções a problemas teóricos e práticos,

aplicando as teorias e os conceitos aprendidos em situações do dia-a-dia, bem como a

capacidade de liderança para a coordenação de equipes e projetos.

• O curso e o mercado de trabalho

A inserção do egresso no mercado de trabalho tem sido um diferencial do curso de

engenharia Civil da Univali. Pesquisa recente realizada com os egressos apontou que 100%

deles estão exercendo a profissão.

Para isso são realizadas, semestralmente semanas acadêmicas, visitas técnicas, palestras

de formação profissional, atendimento à comunidade, via escritório escola, por meio de

parcerias e convênios com a Associação regional de Engenheiros e Arquitetos – AREA

Itajaí, Mutua - Caixa de Assistência e CREA SC. Tudo isso para que o aluno esteja

atualizado com os rumos do mercado de trabalho e áreas de atuação do Engenheiro Civil.

Outro destaque é a atuação do aluno, desde cedo, em pesquisas e consultorias, via

escritório escola e entidades conveniadas à instituição. Já envolvido pelo curso e sempre

em parceria com um professor engenheiro, o aluno se vê atraído pela possibilidade de

atuação remunerada na pratica da engenharia civil, pesquisando e resolvendo problemas

reais, em tempo real, resultando na prestação de serviços à comunidade.

Existe ainda o estímulo à prática do estágio no período matutino, desde o início do curso, já

que não são realizadas aulas no período da manhã. Este é um fator que contribui para a

permanência do aluno na instituição e amplia as possibilidades para aqueles alunos que

pretendem ingressar no curso, mas precisam desenvolver alguma atividade remunerada

21

para que isso seja possível. Em 2010, 50% dos alunos do curso realizaram estágio

profissionalizante remunerado (obrigatório ou não). Após essa experiência, os alunos são

muito bem recebidos no mercado de trabalho.

• Vocação

O engenheiro civil é o profissional responsável pelos estudos, projetos e execução das mais

importantes obras de infraestrutura, das quais destacam-se a construção civil, rodovias,

portos, aeroportos, saneamento e barragens. No canteiro de obras, chefia as equipes,

supervisionando prazos, custos e padrões de segurança. Cabe a ele garantir a segurança

da edificação, calculando os efeitos dos eventos e das mudanças de temperatura na

resistência dos materiais. Disciplinas como cálculo, física, construção civil, projetos de

engenharia, pavimentação e topografia são o forte do currículo. Portanto, prepare-se para

exercitar suas habilidades em cálculos e desenho. No curso de Engenharia Civil você terá

muitas aulas práticas, visitas a obras, práticas de laboratórios, sem falar nas matérias das

áreas de administração e economia, que ensinam técnicas e métodos de gerenciamento de

projetos e equipes.

2.2.5 Apresentando o Curso de Oceanografia da UNIVALI

O Curso de Oceanografia7 possui sua titulação de oceanógrafo, foi implantado em 1992 no

segundo semestre e possui uma carga horária de 3925 horas com duração de 9 semestres

e somente matutino a partir de 2013. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu campo de

atuação e a vocação:

• Perfil do Curso

O curso de Oceanografia enfatiza a formação de um profissional crítico e criativo, capaz de

identificar e resolver problemas, de atuar de modo empreendedor e ético. A formação

técnico-científica está direcionada ao conhecimento e à previsão do comportamento dos

oceanos e ambientes transicionais sob todos os seus aspectos, com vistas a capacitar o

profissional a atuar de forma transdisciplinar nas atividades de uso e exploração racional de

recursos marinhos e costeiros, renováveis e não renováveis.

• Campo de Atuação Profissional

O oceanógrafo está apto a atuar, em Universidades e centros de pesquisa, nas atividades

de ensino, pesquisa e/ou extensão. No setor público pode atuar em órgãos federais,

estaduais e municipais como secretarias de Meio-Ambiente, secretarias de Agricultura e 7 UNIVALI. Curso de Oceanografia. Disponível em: <http://univali.br/oceano>. Acesso em: 08 nov

2012a.

22

Pesca; secretarias de Obras e de Saneamento e em diversas divisões do Ministério da

Marinha. No setor privado, está apto a trabalhar em cooperativas de produtores, setores de

segurança e meio ambiente de indústrias químicas e gestão ambiental de portos, indústrias

do setor de controle de efluentes e da poluição ambiental, empresas de consultoria

ambiental, empresas de engenharia ligada à zona costeira, empresas de prospecção

sísmica, empresas de exploração, produção e distribuição mineral (de petróleo e gás e

derivados), empresas de extensão pesqueira e aquícola.

• Vocação

O oceanógrafo estuda, no meio marinho e costeiro, os organismos, seu ambiente e todos os

processos físicos, químicos e geológicos que interagem nele. Coleta e interpreta

informações sobre as condições físicas, químicas, biológicas, e geológicas dos ambientes

aquáticos. Analisa a composição da água de rios, lagunas e estuários e atua em projetos de

saneamento de áreas costeiras, monitorando e gerenciando obras e instalações para

garantir a preservação ambiental. Desenvolve técnicas de exploração dos recursos naturais

dos mares e avalia os efeitos da atividade humana sobre os ecossistemas marinhos e

costeiros, buscando preservá-los, a exemplo do controle ambiental em áreas de cultivo de

organismos aquáticos. O profissional atua em empresas, órgãos públicos e ONGs voltadas

para a exploração, preservação e/ou análise de impacto nos meios naturais. Prepare-se

para estudar matemática, física, química, biologia e geologia, além de disciplinas que

abordam o manejo de recursos vivos, poluição marinha, pesca e gerenciamento de sistemas

marinhos e costeiros.

A seguir, vamos ampliar nossos olhares sobre as estruturas educadoras e o vocabulário

intrínseco a esta temática.

2.3 ESPAÇOS E ESTRUTURAS EDUCADORAS: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E

COMPLEMENTARIDADES.

"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas.

Pessoas transformam o mundo" Paulo Freire

Nesse item, serão abordados os principais conceitos e significados de alguns termos

frequentemente citados nas áreas de estudo e que merecem maior aprofundamento.

23

Começamos abordando os termos “estruturas” e “espaços educadores” que são recentes e

surgem para abarcar algumas das dimensões pertinentes à Educação Ambiental crítica,

popular, transformadora e emancipatória8. Podem ser definidas e descritas por diferentes

autores em seus contextos, como visto abaixo, mas é de extrema importância saber um

pouco sobre o Educador Ambiental:

2.3.1 Educador Ambiental

A noção do sujeito ecológico, segundo Carvalho (2004b):

“indica os efeitos do encontro social dos indivíduos e grupos com um mundo que os desafia, inquieta-os e despoja-os de suas maneiras habituais de ver e agir. Esse sujeito é o tipo ideal, portador do ideário ecológico, com suas novas formas de ser e compreender o mundo e a experiência humana. Sintetiza assim a s virtudes de uma existência ecologicamente orientada, que busca responder aos dilemas sociais, éticos e estéticos configurados pela crise socioambiental, apontando para a possibilidade de um mundo socialmente justo e ambientalmente sustentável.”

“Apesar de a complexidade ambiental envolver múltiplas dimensões, verifica-se,

atualmente, que muitos modos de pensar e fazer Educação Ambiental enfatizam ou

absolutizam a dimensão ecológica da crise ambiental”, como se os problemas ambientais

fossem naturalizados, originados independentemente das práticas sociais, urbanas e

culturais (LAYRARGUES, 2006 apud MMA, 2008, p.81)

Destas práticas que evidenciamos a importância do educador, que traz consigo sua

“trajetória de vida”, suas credibilidades ao “compartilhar os sonhos”, bem como seu

“posicionamento ético, contestador, anunciador das verdades”, da boa nova. Sempre em

sintonia com a “humildade da busca”. Se posicionar numa relação de “construção com o

outro”. Fazer com “emoção”, com “intencionalidade”, através do caminho do amor, da

compaixão (MATAREZI, 2005a)

Segundo Matarezi (2005b, p.162-163) devemos democratizar a educação ambiental.

Expressar as utopias coletivas, politicamente, visando uma mudança de comportamento

para um mundo igualmente sustentável, em paz e solidariamente mais feliz. Sorrentino

(2005) afirma que todos somos educadores e educandos. Carvalho e Grun (2005, p.180)

que o “educador ambiental seria um intérprete dos nexos que produzem os diferentes

sentidos do ambiental em nossa sociedade”; um intérprete das interpretações (homem-

natureza) socialmente construídas na contemporaneidade.

8 Uma referência a esta perspectiva segundo Matarezi (2005b) sobre a Educação Ambiental é o livro

“Identidades da Educação Ambiental Brasileira” editado pelo MMA/Brasília, 2004.

24

Leray e Pacheco (2005, p.136) dando voz ao pensamento freiriano no que se refere ao

processo educativo para a libertação – “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta a si

mesmo: os homens se libertam em comunhão”. [...] “Ninguém educa ninguém – ninguém se

educa a si mesmo – os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Assim, o

educador ambiental se coloca numa atitude despojada, de aprendiz da democracia, de

caminhante, de artesão.

No sentido da construção coletiva, Santos (2007) nos traz a perspectiva das comunidades

interpretativas, que seriam baseadas num novo senso comum ético para a construção de

um novo paradigma: a solidariedade como forma de saber. Estas seriam a experimentação

de sociabilidades alternativas, onde há espaços para campos de argumentação em direção

à vontade emancipatória, funcionando como uma construção micro utópica de acrescentar

força no poder argumentativo dos grupos que pretendem realizá-lo.

A EA será apresentada como mediação importante na construção social de uma prática

político-pedagógica portadora de nova sensibilidade e postura ética, sintonizada com o

projeto de uma cidadania ampliada pela dimensão ambiental. (CARVALHO, 2004b)

2.3.2 Espaço Educador

Brandão (2005a) apud KUNIEDA (2010, p.20), define o espaço como um lugar de educação

que principia no aqui, unindo o lugar onde moramos ao lugar onde vivemos, sucessivamente

até abraçar o planeta como um todo. Estabelece inter-relações entre os seres viventes,

processos de exploração, conservação, valores culturais tradicionais, o urbano e rural,

participação e solidariedade nos lugares onde ensinamos e aprendemos

concomitantemente. Diz ainda:

“[...] estruturas criadas nos municípios, nas quais ou apartir das quais acontecem ações ou projetos voltados para sustentabilidade que devem ter por objetivo não só a transformação da qualidade de vida do município, mas também a definição e implementação do seu papel educador" (BRANDÃO, 2005a, p.166).

Todos os espaços podem ser estruturas educadoras, pois trazem em si características para

o aprendizado, entretanto para ser considerado uma, devem possuir a intencionalidade de

propiciar conscientização aos interlocutores, assumir os espaços com objetivos

pedagógicos, esta intenção adquire a qualidade, a exemplo de uma “obra de arte” que

instiga, provoca reflexões, descobertas numa vivência dos sentidos, levando a possibilidade

de transformação (MATAREZI, 2005b, p.164). Como a trilha da vida9, metodologia esta que

9TRILHA DA VIDA: (re)descobrindo a natureza com os sentidos. Revista de Educação Ambiental

da FURG. Ambiente & Educação, v. 5/6, p. 55-67, 2000/2001. Rio Grande, FURG.

25

apoiei na co-construção no VII FBEA - Fórum Brasileiro de Educação Ambiental em

Salvador-BA, onde e quando, pude perceber os “Espaços de Fluxos”, esta “sociedade em

rede” que o autor Castells (1999) escreve sobre a transformação sob o efeito combinado do

paradigma da tecnologia da informação e das formas e processos sociais induzidos pelo

atual processo de transformação histórica (VIEIRA, 2008, p. 22).

Programa de Formação em Educação Ambiental – ProFEA apresenta “estruturas

educadoras” como modelo de parcerias que vem a serem aquelas instituições possuidoras

de estruturas e projetos ambientais que os colocam a disposição para processos de

formação e intervenção socioambiental (DIRETORIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL/MMA,

2005 apud KUNIEDA, 2010, p.21):

“Possibilitam a vivência cotidiana junto às estruturas que demonstrem ser alternativas viáveis frente ao modelo hegemônico. Além de exemplares as estruturas devem induzir ações e reflexões em prol da qualidade ambiental e de vida comuns. São capazes de reunir pessoas que desejam realizações conjuntas em prol da coletividade e que ao mesmo tempo, querem rever valores, métodos e objetivos de ações, pois almejam a sustentabilidade e reconhecem as necessidades e educarem nesta direção; aqueles que educam pelo simples fato de possibilitarem a demonstração de que alternativas ao modelo hegemônico são viáveis e podem propiciar a sustentabilidade socioambiental e a felicidade em seu sentido mais amplo” (DIRETORIA DE EDUCAÇO AMBIENTAL/MINISTÉRIODO MEIO AMBIENTE, 2005).

Destes espaços, destaca-se a grande carência de Programas de Pós Graduação em

Educação Ambiental no Brasil, e paradoxalmente é na própria academia onde se encontra a

grande resistência a práticas educacionais inovadoras. Entretanto percebe-se que após

capacitações via Ministério da Educação em 1988, configurando-se num momento

importante para os Educadores Ambientais que atuam nas universidades, na definição de

formas de integração intra e interinstitucionais e de estratégias comuns para a inserção da

EA no ambiente universitário (MATAREZI et al., 2010, p. 107-109).

2.3.3 Cidades Educadoras

As cidades, grandes ou pequenas, dispõem de inúmeras possibilidades pedagógicas, de

conexões educadoras práticas. Possui em si mesma, elementos importantes para uma

formação integradora e permanente. Desde lixômetros e impostômetros que contabilizam a

quantidade de resíduos e impostos até a valorização do uso de bicicletas e segregação dos

resíduos.

A cidade educadora é uma cidade com uma personalidade própria, integrada no país onde

se situa. A sua identidade, portanto, é deste modo interdependente da do território de que

faz parte. É também uma cidade que não está fechada sobre si mesma, mas que mantém

26

relações com o que a rodeiam, com o objetivo de aprender, trocar experiências e, portanto,

enriquecer a vida dos seus habitantes. Pela primeira vez ocorreu o 1º Congresso

Internacional das Cidades Educadoras, que teve lugar em Barcelona em Novembro de

1990, reuniram na Carta inicial, os princípios essenciais ao impulso educador da cidade.

Esta Carta foi revista no II e III Congresso Internacional (Bolonha, 1994) e no de Génova

(2004), a fim de adaptar as suas abordagens aos novos desafios e necessidades sociais (III

CONGRESSO INTERNACIONAL DAS CIDADES EDUCADORAS, 2004)

A “Página da Educação” 10 afirma que a cidade educadora é um sistema complexo em

constante evolução e pode exprimir-se de diferentes formas, mas dará sempre prioridade

absoluta ao investimento cultural e à formação permanente da sua população. Ela será

quando reconhecer, exercer e desenvolver, para além das suas funções tradicionais

(econômica, social, política e de prestação de serviços), uma função educadora, isto é,

quando assuma uma intencionalidade e responsabilidade, cujo objetivo seja a formação,

promoção e desenvolvimento de todos os seus habitantes, a começar pelas crianças e pelos

jovens.

2.3.4 Sustentabilidade Educadora

Baseado no texto: “Em busca da sustentabilidade educadora ambientalista” (ALVES et al.

2010) do Laboratório de Educação e Política Ambiental (OCA) da ESALQ - USP integrou-se

em cinco principais nós (Comunidade, Identidade, Diálogo, Potência de ação e Felicidade)

que visa manter uma rede, um coletivo educador, uma ideia, sendo um convite à ação, ao

apoderar-se individual e coletivamente destas ferramentas conceituais para agir.

• Comunidade

O conceito de comunidade nasceu na Sociologia e a chave para sua compreensão vem da

oposição ao conceito de sociedade. De acordo com Alves et al. (2010, p.9), a comunidade

era o lugar das relações naturais, não-racionais, baseadas em sentimentos, como a

amizade ou a vizinhança. Já a sociedade era fruto de associações deliberadas para fins

racionais, baseadas em interesses, como os contratos econômicos ou os partidos políticos.

Almeida (2007 apud ALVES et al., 2010, p.10), fala sobre o que realmente interessa são as

autodenominações, como os indivíduos veem a si e ao próximo e constroem uma identidade

coletiva.

10

A PÁGINA DA EDUCAÇÃO. Cidade é sítio onde se aprende. Disponível em: <http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=94&doc=8162&mid=2>. Acesso em: 8 nov. 2012.

27

• Identidade

Hoje, com a globalização e toda a massa representante da mídia, que induz e limita as

diferentes personalidades e impõe um sistema de crenças e valores específicos. Em função

desta “diversidade”, existe certa dificuldade em expressar e “identificar qual a identidade”, o

papel que representamos. “Principalmente devido às múltiplas influências que a sociedade

contemporânea está exposta” (ALVES et al., 2010, p. 15).

A questão da identidade cultural, citado por Freire (1996), das quais fazem parte a dimensão

individual e a de classe dos educandos, é dita fundamental na prática educativa

progressista. Tem que ver diretamente com a assunção11 de nós por nós mesmos. É isto

que geralmente não é incentivado pelos professores, perdendo-se e perdendo-o na estreita

e pragmática visão do processo.

É de consenso, segundo a metodologia de análise crítica de discurso que o sujeito interpreta

o mundo sobre o prisma da sua fala, moldada por ideologias e relações de poder, as quais

interferem nas identidades e relações sócias, principalmente nos sistemas de conhecimento

e crenças de uma determinada sociedade (VITORINO, 2008, p. 51).

• Diálogo

Freire (1996, p.50) diz que ensinar exige disponibilidade para o diálogo! Rompendo com a

“educação bancária” tão bem explicitada por Freire (Op. Cit.), a educação libertária traz

como primeiro princípio em seu documento de referência, no Tratado de Educação

Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global12, o seguinte termo: “A

educação é um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores” (ALVES et al.,

2010, p. 19).

No blog13 o pensador selvagem, o “Dr. Marcos Bidart de Novaes” expressa à importância do

diálogo:

“A velha e boa dialética propunha que as coisas nascem, crescem e morrem no embate de ideias que caminham em direções diferentes. Isto só ocorre se partimos de uma ontologia

14 realista e de uma epistemologia

15 objetivista

11

Ato ou efeito de assumir. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.) 12

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em: <http://tratadodeea.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08 Nov. 2012 13 NOVAES, M. B. D. Liberdade e Utopia. O pensador selvagem. Diálogos entre Paradigmas. Disponível em: <http://opensadorselvagem.org/utopia/dialogos-entre-paradigmas/>. Acesso em: 14 Out. 2012. 14

Parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, i. e., do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.)

28

para discutir as coisas e as pessoas do mundo. Se, no entanto, partirmos da ideia de que realidades não existem e sim são construídas no nosso interior e que as maneiras de compreender as realidades são nossas, próprias e intransferíveis, precisamos dialogar. É do diálogo que surgem novas realidades comuns. É da superação da antinomia concordo-discordo que surgem ideias criativas e mobilizadoras” (NOVAES, 2012).

A ''Comunicação Não Violenta'' – CNV (ROSENBERG, 1960) é um processo de pesquisa

continua desenvolvido por Marshall Rosenberg16 e uma equipe internacional de colegas, que

apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina

comunicação eficaz e com empatia. Ela é baseada em princípios de não violência, estado

natural de compaixão dos seres vivos. Enfatiza a importância de determinar ações a base

de valores comuns. Quando usada como guia na co-construção de acordos a CNV pode

tomar a forma de uma série de distinções, entre as quais:

• distinção entre observações e juízos de valor

• distinção entre sentimentos e opiniões

• distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias

• distinção entre pedidos e exigências/ameaças

• Potência de ação

Para Espinosa (2007) apud Alves et al. (2010, p.25), a “participação é imanente/constituinte

e inseparável à condição humana”, por exemplo, participar dos lucros da empresa, das

decisões familiares, dos movimentos socioambientais, da política governamental, do centro

acadêmico, coletivo educador, entre outros.

Segundo Sawaia (2001, p.119):

“As formas de participação variam de intensidade, desde simples adesão até a absorção do indivíduo; de espacialidade, participação ‘face a face’, anônima, virtual, local, global; de motivo, por obrigação, por interesse, por imposição, por afeto; de temporalidade, longa duração, imediata. [...] a função social da participação: excludente (voltada ao ‘status quo’) ou integrativa (visando a revolução)”.

Existem duas dimensões da potência de ação: uma individual (que visa o

autoconhecimento, a percepção de si) e outra coletiva (assente na composição dos sujeitos,

que exige o conhecimento das regras que regem a sociedade política e aponta para a

necessidade de abertura para o aprendizado a partir do conhecimento e da prática do

15 Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou linguísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.) 16

WIKIPEDIA. Marshall Rosenberg. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_Rosenberg> Acesso em: 08 nov. 2012.

29

outro). Mas, como afirma Sawaia (2001), “potência de ação é da ordem do encontro, pois

remete ao outro, incondicionalmente”.

Potência de ação é a capacidade de ser afetado pelo outro, num processo de possibilidades

infinitas de criação e de entrelaçamento nos bons e maus encontros. É quando me torno

causa de meus afetos e senhor de minha percepção (op. cit.). Participar, portanto, mobiliza

os sujeitos para, dentre outras coisas, o encontro consigo próprio e com o outro.

A ampliação da potência de agir reside na tomada de consciência da causa primeira de

nossos afetos ou sentimentos, pois para Espinosa (ALVES et al., 2010), sentir é uma

maneira de pensar, por mais confusa que possa ser. É através da reflexão/meditação a

respeito do que sentimos pelas coisas é que podemos formar delas ideias mais claras e

distintas.

• Felicidade

Apesar da temática da “felicidade” estar presente nas discussões e reflexões da

racionalidade ocidental desde a Grécia antiga, e principalmente por estar relacionada

diretamente com os anseios da psique, “até os dias atuais não foi construído um consenso

acadêmico sobre o seu significado” (ALVES et al., 2010, p. 29).

Segundo Giannetti (2002) apud Alves et al. (op.cit.), a ideia de felicidade engloba pelo

menos três condições relevantes:

• ser consequência de um fato concreto que aumentou o nível de satisfação de uma

pessoa por um determinado tempo;

• a satisfação ocorrente em um determinado espaço de tempo e sem a ocorrência de

fatos conscientes que levem alguém a isso;

• e o resultado de uma avaliação global sobre as condições de vida de uma

determinada pessoa.

Dentre estas supracitadas, as duas primeiras condizem com o se sentir feliz, em um

determinado tempo/espaço, já a ultima condiz com o “ser feliz”.

Evitamos o sofrimento e a dor, sem realmente perceber que o “ser humano sofre”, “somos

ignorantes” em um determinado tempo/espaço e em algum nível. Por isso a questão da

felicidade é “saber apreciar a dor e a alegria”. Deixar a “vida dinâmica e fluída”, pois a

“felicidade não é o que as pessoas têm, mas o que elas fazem com isso”. É uma

“experiência ligada à sabedoria”. O “saber aproveitar as oportunidades para evoluir”,

aprender e co-criar uma nova realidade (SHINYASHIKI, 1997, pp.33-38).

30

2.4 PERMACULTURA

“A ética é a estética de dentro” Pierre Reverdi

Nesse item é abordado o termo Permacultura, trazendo suas definições e tentando

relacioná-lo com o Curso de Engenharia Ambiental e ao conhecimento gerado no mesmo.

Morrow (1993) apud Hoffmann (2008) considera que não importa se pessoas produzem ou

somente consumem alimentos, afirma que o futuro da humanidade está relacionado com as

suas origens. Ao invés de aceitarmos o declínio da fertilidade dos solos, expansões de

desertos, a utilização de produtos químicos, entre outros problemas ambientais. A

permacultura focaliza em soluções positivas, para o planejamento de habitações

sustentáveis, tanto em ambientes urbanos como em ambientes rurais. Segundo a autora, a

permacultura utiliza os ambientes naturais como modelos para o desenvolvimento de

ambientes sustentáveis, que possam satisfazer as necessidades das pessoas, bem como

infra-estrutura para auxiliar aspectos econômicos e sociais.

Permacultura é uma das metodologias mais holísticas e com sistemas integrados de análise

e design encontrados no mundo. Pode ser aplicado em ecossistemas produtivos do ponto

de vista de utilização humana para recuperar a saúde e a vida biótica. Incorpora práticas

agrícolas orgânicas, agroecológicas. Sendo uma ponte entre as culturas tradicionais e

emergentes, potencializam-se as relações simbióticas e sinérgicas entre os componentes.

(DIVER, 2010).

2.4.1 O Termo “Permacultura”

De acordo com Mollison (1983), um dos criadores do termo Permacultura, fala que esta

pode ser compreendida como ”Um sistema de design ambiental para a criação de

ambientes humanos sustentáveis, unindo os componentes conceituais, materiais e

estratégicos em um padrão que opera para beneficiar a vida em todas as formas”

Uma definição mais atual de permacultura, de acordo com Holmgren (2013, p.3) pode ser

compreendida como: ”Paisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrões e

relações encontradas na natureza e que, ao mesmo tempo, produzem alimentos, fibras e

energia em abundância e suficientes para prover as necessidades locais”. As pessoas, suas

moradias e a forma como se organizam são questões centrais para a permacultura.

31

Deste sentido mais limitado e reducionista, Holmgren (2007) refere-se a esta metodologia

como o uso do pensamento sistêmico e de princípios de design que proporcionam a

estrutura conceitual para implementação desta visão. Não se pode resumir à paisagem, a

agricultura orgânica, a comunidades alternativas, construções e produções sustentáveis;

mas ela pode ser usada para projetar, criar, administrar e aprimorar esses e todos outros

esforços feitos por pessoas, famílias e comunidades em busca de um futuro sustentável.

2.4.2 A Flor da Permacultura

A Flor do Sistema de Design da Permacultura mostra as áreas chave que requerem

transformação para a criação de uma cultura sustentável. Historicamente, este movimento

tem focalizado o manejo da Natureza e da Terra não apenas como uma fonte, mas também

como uma aplicação de princípios éticos e de design. Os quais estão sendo aplicados agora

em outras esferas de ação, voltadas a recursos físicos e energéticos, assim como a

organizações humanas (frequentemente chamadas de estruturas invisíveis nos seus

ensinamentos). O caminho evolutivo em espiral, iniciando com ética e princípios, como

“carro chefe”, sugere o entrelaçamento desses domínios inicialmente no nível pessoal e

local, evoluindo posteriormente para o nível coletivo e global. A estrutura em forma de teia

de aranha dessa espiral sugere a natureza incerta e variável desse processo de integração

(HOLMGREN, 2007).

A seguir, na “Figura 2“, faz referência ao design da Flor da Permacultura e algumas palavras

que cada pétala busca agregar em sua formação:

32

Figura 2 - Flor da Permacultura

Fonte: HOLMGREN, 2007.

2.4.3 Princípios

A ideia por trás dos princípios da permacultura é que “podem ser derivados do estudo do

mundo natural e das sociedades sustentáveis da era pré-industrial”. Estes princípios serão

aplicáveis em dois níveis: éticos e de design, de modo a apressar o (des)envolvimento do

“uso sustentável da terra e dos recursos, seja num contexto de abundância ecológica e

material ou em um contexto de escassez” (HOLMGREN, 2007, p.7).

33

• Éticos

Todas as pessoas na Terra tem suas próprias percepções resultantes da natureza, da

cosmogonia (origem ou formação do mundo, do universo conhecido) desenvolvido ao longo

da evolução e ética estabelecidos entre os componentes das sociedades humanas. Essas

percepções levaram a uma sistemática sobre os elementos básicos que compõem a

natureza e relações funcionais, que foram marcadas pela ambivalência entre o respeito pelo

desconhecido e o desejo de domínio que atenda às necessidades e ambições. Substratos

através da cultura antiga (ROMERO, 2002).

Segundo clássicos dicionários de filologia (estudos da lingua em toda sua amplitude),

denominam a palavra cuidado, de origem no latim “cura”. Expressar a a atitude de cuidado,

de preocupação e inquietação pela pessoa amada ou por um objeto de estimação. O

cuidado somente surge quando a existencia de alguém/algo tem importância para o mesmo

(BOFF, 1999).

A ética atua como freio aos instintos de sobrevivência e a outras ações pessoais e sociais

em benefício próprio, que tendem a direcionar o comportamento humano em qualquer

sociedade. Os princípios éticos são mecanismos que evoluíram culturalmente de modo a

promover interesses pessoais menos egoístas, uma visão mais inclusiva de todos

(HOLMGREN, 2007).

Sendo que a referência bibliográfica sobre permacultura divide em três princípios, como

Krzyzanowski (2005) descreve:

• Cuidar da Terra, significa cuidar de todas as coisas vivas ou não; como solos, seres

vivos, atmosfera, florestas, água [...]; todas as ações empreendidas devem ser de tal

forma que os ecossistemas se mantenham substancialmente intactos e capazes de

funcionar saudavelmente.

• Cuidar das pessoas, objetiva assegurar que todos tenham acesso ao que se

necessita para viver dignamente, com saúde e segurança. Promove a auto-

suficiência, atenção consigo e responsabilidade comunitária.

• Limitar o consumo, à população local e compartilhar os recursos e capacidades. Ao

assegurarmos que todos os produtos e excedentes estejam dirigidos aos objetivos

anteriores e que seus excedentes sejam redistribuidos, poderá assim, se vivenciar

uma cultura verdadeiramente sustentável e permanente.

34

• Design

Fukuoka (1978) apud Mollison (1990) sintetiza muito bem a filosofia básica da Permacultura:

“trabalhar com a natureza e não contra ela”. Para isto, deve ser observado cuidadosa e

profundamente como a natureza trabalha, antes de se intervir. Segundo Mollison (1983), os

princípios de um projeto permacultural devem considerar a ecologia, a conservação de

energia, o paisagismo e a ciência ambiental.

Na permacultura a parte de planejamento visa a diferenciação entre diferentes zonas,

posicionando cada elemento em seu devido espaço, ao observar os padrões da natureza e

a sua economia de energia, energia esta em todo o sistema, incluindo o “trabalho” das

pessoas (HENDERSON, 2012). Visualiza-se o tempo/espaço, sua quantidade ou frequencia

de uso. Elas são classificadas normalmente em seis diferentes zonas abaixo (MENDES,

2010), entretanto a bióloga Karoline Fendel17 em seu blog, formada pela UNIVALI,

acrescenta a sétima “zona” e a primeira, pois tudo começa com o bem estar

físico/psíquico/espiritual de cada ser que denomina-se “Zona-1”:

Zona-1: Esta zona interior é a busca por um propósito maior e também pelo

autoconhecimento. Internamente é onde a verdadeira mudança efetivamente começa. Sem

a Zona -1, não há nada concreto, há apenas ação sem reflexão.

Zona 0 – Deverá ser o centro da atividade, geralmente é o local onde está a casa. Seu

planejamento deve ser feito de forma que a utilização de espaços seja eficiente, ajustando-

se a necessidade de seus ocupantes e que tenha recursos para controle de temperatura, se

adequando assim a região.

Zona 1 – Será a região próxima a casa. Nela pode se colocar os elementos que sejam de

mais utilidade e, ou necessitem de maior cuidado e controle. Exemplos de elementos que

podem ficar nessa área, pequenos animais, área para secagem de grãos, varal para roupas,

pequenos arbustos, além de jardim, estufa e viveiro e canteiros.

Zona 2 – Mesmo que um pouco distante da casa, esta é uma região mantida com certa

intensidade. Pode apresentar um plantio denso, isto é, pomar, arbustos maiores, e quebra-

ventos – plantio em linha para como diz o próprio nome, barrar o vento. A zona dois pode

ainda abrigar tanque ou açudes, animais de pequeno e médio porte.

17

FENDEL Karoline Lisanne. Recuperação de mata ciliar com sistema agroflorestal. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS) - Universidade do Vale do Itajaí. FENDEL, K. Zona Menos Um. Disponível em: <http://zonamenosum.wordpress.com/o-que-e-a-zona-1/>. Acesso em: 31 out. 2012.

35

Zona 3 – Distante da casa, essa zona pode apresentar criação de animais de médio e

grande porte, pomar que não necessite de poda, pastagens para os animais ou para

forragem.

Zona 4 – Esta é uma zona semi-manejada, de pouca visitação. Nela ficam as árvores de

grande porte, que podem ser manejadas. Pode ser possível a implantação de sistemas

agroflorestais – produção consorciada de plantas (policultivo).

Zona 5 - Nessa parte do terreno não haverá nenhuma interferência. A única coisa a ser feita

é observar e aprender como o ecossistema funciona por si só. A floresta, a verdadeira

mestra.

Mollison (1991) e John Quinney18 definem pela primeira vez os 12 princípios que são:

Multifuncionalidade (uma coisa, muitos usos); Diversidade; Usar elevações e pendentes;

Localização relativa; Usar e apoiar a successão natural; Utilizar padrões naturais; Criar e

usar produtivamente as bordas e as orelhas; Design considerando os setores; Design com

as zonas; Usar recursos biológicos; Múltiplos Elementos; Ciclagem dos nutrientes e

materiais.

Holmgren (2013) fornece uma evolução do conceito de permacultura, atual e

adaptada aos desafios do novo milênio. Propõe a permacultura como uma ferramenta para

uma transição produtiva de uma sociedade industrial para a energia intensiva de

uma cultura sustentável, para desenvolver uma visão para uma adaptação criativa e

interativa. Para cada um desses 12 princípios de design abaixo dedicou-se um capítulo

inteiro no livro “Permaculture- priciples & pathways beyound sustenability, 2002“19

(HIERONIMI, 2008). Entretanto o autor faz um breve resumo, ao utilizar simbolos e frases

para explicar cada um dos princípios, em seu “e-book - Fundamentos da Permacultura”20,

traduzido em 7 diferentes línguas. Maringoni (2008), extraiu destes princípios uma lenda ou

mito e publicou em “Lendas do Saber - Permacultura e histórias: Cuidando da Terra e das

pessoas” atividades para se vivenciar junto às crianças, jovens e adultos.

1. OBSERVE E INTERAJA. ‘A beleza está nos olhos do observador’ – Lenda da

Bela e a Fera;

18

Quinney, John, "Designing Sustainable Small Farms And Homesteads" in MOTHER EARTH NEWS, July/August 1984, p. 54. 19 Sua tradução é a referência: HOLMGREN, David. Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade. Tradução Luzia Araújo. – Porto Alegre: Via Sapiens, 2013. 416p.: il 18x24cm. Título em inglês: Permaculture: Principles & Pathways Beyond Sustainability. 2002 20

HOLMGREN, D. Os fundamentos da Permacultura. David Holmgren, 2007. Disponível em: <http://www.holmgren.com.au/DLFiles/PDFs/Fundamentos_PC_Brasil_eBook.pdf>. Acesso em: 31 Out. 2012.

36

2. CAPTE E ARMAZENE ENERGIA.‘Produza feno enquanto faz sol’ – Lenda do

Saci Pererê;

3. OBTENHA RENDIMENTO.‘Você não pode trabalhar de estômago vazio’ –

Lenda da Cigarra e da Formiga

4. PRATIQUE A AUTO-REGULAÇÃOE ACEITE FEED BACK. ‘Os pecados dos pais

recaem sobre os filhos até a sétima geração’ – Lenda da Caixa de Pandora e a

Criação do Homem;

5. USE E VALORIZE OS SERVIÇOS E RECURSOS RENOVÁVEIS. ‘Deixe a natureza

seguir seu curso’ – Lenda da Gralha Azul;

6. NÃO PRODUZA DESPERDÍCIOS. ‘Não desperdice para que não lhe falte’ ‘Um

ponto na hora certa economiza nove’ – Lenda do Curupira, o duende “ecológico”;

7. DESIGN PARTINDO DE PADRÕES PARA CHEGAR AOS DETALHES. ‘Às vezes as

árvores nos impedem de ver a floresta’ – Lenda da Origem do Cosmos (Wishókar);

8. INTEGRAR AO INVÉS DE SEGREGAR. ‘Muitos braços tornam o fardo mais leve’ –

Lenda Grega de Orfeu;

9. USE SOLUÇÕES PEQUENAS E LENTAS. ‘Quanto maior, pior a queda’ ‘Devagar e

sempre ganha a corrida’ – Lenda da Lebre e da Tartaruga;

10. USE E VALORIZE A DIVERSIDADE. ‘Não coloque todos seus ovos numa única

cesta’ – Lenda do Primeiro Homem;

11. USE AS BORDAS E VALORIZE OS ELEMENTOS MARGINAIS. ‘Não pense que

está no caminho certo somente porque ele é o mais batido’ – Lenda do Mito dos

Argonautas;

12. USE CRIATIVAMENTE E RESPONDA ÀS MUDANÇAS. ‘A verdadeira visão não é

enxergar as coisas como elas são hoje, mas como serão no futuro’ – Lenda da

Origem da Mandioca

A “Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura resume a integração

entre os princípios éticos e de design, unindo a arte com a ciência, que é uma das

propostas intrínsecas ao movimento permacultural:

37

Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura

Fonte: <http://www.permacultureprinciples.com/pt/pc_principles_poster_pt.pdf>.

2.4.4 Padrões Naturais

São os desenhos feitos pela natureza. De acordo com Mollison, imitar estes padrões

naturais é fundamental para um bom planejamento permacultural. A forma de certos

elementos, como o caramujo, em sua forma espiralada, produz uma harmonia interativa

entre os elementos de uma horta, por exemplo. Assim promove-se a biodiversidade com

diferentes micro-climas (HENDERSON, 2012).

Segundo Soares (2008) apud Podborschiet al. (2005), Lodato, (2005); Reed, (2004) a

Biônica ou Biomimetismo é a ciência que estuda os princípios básicos da natureza

(construtivos, tecnológicos, de formas, etc.) e a aplicação destes princípios e processo na

procura de soluções para os problemas que a humanidade encontra. Uma vez que a Biônica

lida com a aplicação das estruturas, procedimentos e princípios de sistemas biológicos

converteram-se num campo interdisciplinar que combina a biologia com a engenharia,

arquitetura, matemática, entre outras.

38

2.4.5 Curso de Design em Permacultura - PDC

A maioria das pessoas envolvidas nessa rede completou um Curso de Design em

Permacultura (PDC), que por quase 30 anos tem sido mundialmente o principal veículo de

inspiração e treinamento. Um currículo foi estruturado em 1984, mas divergências evolutivas

quanto à forma e ao conteúdo desses cursos, apresentados por diferentes facilitadores,

produziram experiências e entendimentos da permacultura muito variados e localizados.

Este aspecto da inspiração proporcionada pelo PDC atuou como uma “cola social” unindo

participantes de tal modo que a rede mundial pode ser descrita como um movimento social

(HOLMGREN, 2007).

Todos os PDCs devem abranger o currículo com instrução de 72 horas de contatos

seguidos (14 dias de duração no exterior; no Brasil geralmente 9/10 dias) previsto pelo

conteúdo do trabalho de base no assunto - Permacultura - Manual de Design por Bill

Mollison21 - e devem incluir muita prática com uma equipe capacitada em projetos de design

em permacultura. Além do currículo, outros temas de interesse podem ser acrescentados,

mas com certeza que o currículo inclua uma aplicação dos princípios da Permacultura para

o design de sistemas além daqueles de casa e jardim. O curso deve integrar com a

comunidade e seu contexto de economia (PERMACULTURE)22.

Os protocolos do curso foram estabelecidos pela primeira vez por Mollison no Instituto de

Permacultura de New South Wales, na Austrália. O curso PDC centra-se na construção de

assentamentos humanos, os princípios de design da permacultura, o estudo de sistemas

modelo (incluindo exemplos tradicionais e indígenas) e mão na massa de trabalho para

implementar projetos de permaculturano local. O curso23 inclui componentes teóricos,

criativo e prático, embora o equilíbrio desses elementos depende de quem está facilitando o

curso. “A maioria dos cursos de PDC, irá introduzir questões de layout da fazenda/espaço,

manejo do solo, materiais de construção, energia alternativa, e as necessidades humanas,

tais como ar puro e água limpa, saneamento, comida e abrigo” (SCOTT, 2010).

21

MOLLISON, B. Permaculture: A Designer’s Manual. Tyalgum, Tagari Publications, 1988 22

PERMACULTURE, Institute.Sustainable Living, Practical Learning. Disponível em: <http://www.permaculture.org/nm/index.php/site/professional_practise_pages>. Acesso em: 08 nov. 2012. 23

No item 4.2 está o relato do PDC realizado pelo Fábio Vaccaro de Carvalho, autor

39

2.4.6 Permacultura no Brasil

De acordo com a Mendes (2010), a “Permacultura no Brasil”24 pode ser dividia em três

diferentes ondas:

A primeira onda foi quando o primeiro curso de PDC do Brasil foi realizado, isto em 1992.

Trazido pelo proprietário Wilson Newton Alano do sítio Pé na Terra, ministrado por Bill

Mollison e Scott Pittman. Nesta onda fizeram parte: Marsha Hanzi, Claudio Sanchotene,

entre outros. É importante dizer que Claudio foi co-fundador do primeiro instituto de

Permacultura do país, o Instituto de Permacultura do Rio Grande do Sul – IPERS. E Marsha

co-fundou o Instituto de Permacultura da Bahia

A segunda onda da Permacultura veio principalmente com Ali Sharif que co-criou a

Permacultura America Latina (PAL) e que depois, junto do Carlos Miller fundou-se o Instituto

Permacultura da Amazônia (IPA), em 1998. O Instituto de Permacultura do Cerrado (IPEC) é

um dos centros de referência no Brasil, junto de André Soares e Lucy Legan, que foram os

seus idealizadores em 1998. Em 1999, o Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata

Atlântica - IPEMA, sediada no município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo foi criada.

João Rockett fundou o IPEP – Instituto de Permacultura e Ecovilas dos Pampas em 2000.

Sergio Pamplona aliou-se unido ao Instituto de Permacultura da Bahia (IPB). Jorge

Timmermmann fez seu PDC com Geoff Lawton em Manaus, após algum tempo, fundou o

IPAB – Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro que não possuía sede específica, pois

seu objetivo era difundir entre as comunidades; entretanto virou uma rede de permacultores,

não de instituições como era antigamente. Esta rede foi denominada Permear. Atualmente

possuem uma estação de permacultura denominada “Yvy Porã” junto de Suzana Maringoni.

Outro instituto de referência é o “OPA”25 – Organização de Permacultura e Arte, na Bahia,

que aliou os fundamentos da permacultura com uma forma de expressar mais bela e

“fluída”.

A terceira onda pode ser vista com a criação do IPOEMA – Instituto Permacultura

Organização, Ecovilas e Meio Ambiente em 2005 pelo facilitador Cláudio Jacintho. Já em

2010 criaram-se os Institutos IPC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Ceará e do

IPEPA – Instituto de Permacultura do Paraná junto ao João Paulo Santana. Fazem parte

desta onda as estações permaculturais de Santa Catarina o Instituto Çarakura que em 2007

se consolidou como ONG, em Florianópolis, representados por Percy Ney Silva, o “Ney” e a

24

REDE PERMEAR. Permacultura no Brasil. Disponível em: <http://www.permacultura.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 25

OPA. Organização de Permacultura e Arte. Disponível em: <http://opabrasil.blogspot.com.br>. Acesso em: 07 jul. 2013.

40

Andrea de Oliveira, pedagoga. Outra estação denominada litorânea é a Casa Colméia, uma

estação de permacultura comandada por Juliano Riciardi desde 2009, localizada na Praia da

Garopaba do Sul.

2.4.7 Permacultura nas Universidades

A permacultura em si foi concebida na academia (HOLMGREN, 2013, p. 37). Apartir do

crescimento do movimento permacultural, a própria permacultura se tornou objeto de estudo

acadêmico26, com ênfase variando dos aspectos sociológicos, políticos, educacionais até o

ecológico e agrícola. Alguns professores universitários usam textos de permacultura e

outros recursos; em 1992, uma unidade inteira sobre permacultura, escrita por Holmgren

(op. cit.), foi incluída no primeiro curso de pós-graduação em agricultura sustentável da

Austrália. Abaixo cito, duas universidades das quais implementaram formalmente a

disciplina e seus conteúdos no Currículo Acadêmico.

• UnB – Universidade de Brasília27

O oferecimento da disciplina é fruto de um esforço realizado por Cláudio Jacintho,

Permacultor desde 1999, gestor do IPOEMA, Engenheiro Florestal, Mestre em

Desenvolvimento Sustentável pelo CDS/Universidade de Brasília-UnB e professor da

disciplina Introdução à Permaculturana Universidade de Brasília-UnB no Curso de

Engenharia Florestal. Desde sua época de estudante e ativismo estudantil no Centro

Acadêmico de Engenharia Florestal já colocava a permacultura em pauta. A ementa da

disciplina foi elaborada por Jacintho, embasada pelo conteúdo básico do Curso de

Permacultura. Criada desde 2003 a disciplina passou estes 5 anos adormecida por falta de

interesse dos gestores do Departamento de Florestal, que agora desperta para a

importância da disciplina.

• UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina28

Na UFSC o curso de agronomia oferece a disciplina optativa – “ENR5002 - Agricultura

Orgânica, Permacultura e Agricultura Urbana de 3 créditos. Que busca capacitar os

26

Por exemplo, Caroline Smith: The getting of hope: personal empowerment throught learning permaculture, Tese de PhD, Faculdade de Educação, Universidade de Melbourne, 2000; Adam Nelson: Permaculture: Against the New Orthodoxy of Sustainable Development, Tese de BA (Hons), School of Sciense and Technology Studies, Universidade de Nova Gales do Sul, 1994; Mona Loofs: Permaculture, Ecology and Agriculture: na investigation into permaculture theory and practice using two case studies in northern New South Wales, Tese Bsc (Hons), Programa de Ecologia Humana, Departamento de Geografia, Universidade Nacional da Austrália. Além dos exemplos brasileiros citados nas considerações finais. 27

UNB. Departamento de Engenharia Florestal. Disponível em: <http://www.efl.unb.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012 28

UFSC. Permacultura. Disponível em: http://www.permacultura.ufsc.br/.Acesso em: 08 nov. 2012

41

participantes a projetar e implantar sistemas de produção de alimentos em comunidades de

forma participativa, considerando elementos permaculturais, de agricultura orgânica e

urbana, com utilização de fontes de fertilidade a partir de resíduos orgânicos e de água por

meio de captação de chuva.

Além desta disciplina a UFSC oferece outras que referenciam à mesma -FIT5401 –

Agroecologia; PGA 1020-000 – Agroecologia; PGA 410017 – Análises integrativas de

funções e serviços ecossistêmicos; FIT 5026 – Sistemas Agroflorestais; PGA 3122-001 -

Sistemas Agroflorestais. Inclusive com um link6 específico sobre a Permacultura.

Entretanto o grande “carro chefe” da Permacultura na academia, fica com a disciplina GCN

7938 – Introdução à Permacultura; no currículo da Geografia. Sendo uma disciplina ofertada

pelo Departamento de Geociências29 para todos acadêmicos, com opção para comunidade.

2.4.8 Permacultura em Santa Catarina

Abaixo segue as principais estações de permacultura e suas próprias biografias na região

de Santa Catarina, incluindo coletivos que buscam esta integração:

Ajubaí30 – “Está situada na região serrana de Santa Catarina, na grande Florianópolis, a

13,5 Km do centro de Alfredo Wagner em um sítio acima de 600 metros de altitude. A

vizinhança é tranquila e acolhedora, formada por pequenos agricultores. É um lugar para

plantarmos e colhermos alimentos orgânicos, cuidando das pessoas, respeitando a natureza

seguindo os preceitos da Permacultura, “bio”construindo utilizando recursos locais ou

reciclados e buscando formas de viver autossustentavelmente. Um dos principais objetivos

da Ajubaí é criar um local de “troca” de informações e conhecimentos, priorizando a

educação integral e a cultura de respeito ao planeta e às pessoas.”

Casa colméia – Áreas de Estudo na página nº 59

Comissão de Permacultura e Agroecologia31 – Áreas de Estudo na página nº 59

Curupira32 – “O lar em Santo Amaro da Imperatriz (SC) é extremamente simples e

otimizado, é composto por sala/cozinha, um quarto, banheiro, lavanderia, garagem e galpão

para ferramentas. Foi todo construído com madeira de reflorestamento (eucalipto), inclusive

29 UFSC. Departamento Geociências.. Disponível em http://gcn.cfh.ufsc.br/. Acesso em: 27 mar 2013 30AJUBAÍ. Disponível em http://ajubaieco.wordpress.com/. Acesso em: 08 nov. 2012 31

CPA. Comissão de Permacultura e Agroecologia. Disponível em:<https://sites.google.com/site/cpasustentavel/>. Acesso em: 08 nov. 2012 32

CURUPIRA. Sitio Curupira. Disponível em: <http://sitiocurupira.wordpress.com/permacultura/>. Acesso em: 08 nov. 2012

42

aberturas e forro. Toda água que cai no telhado segue direto para o açude. A água que

consumimos vem direto de uma nascente, as águas cinzas vão para o círculo de bananeiras

e as águas negras seguem para a fossa/sumidouro. O portal na internet possui artigos

referentes a permacultura.”

Instituto Çarakura33 – Áreas de Estudo na página nº 59

Instituto Anima34 – Áreas de Estudo na página nº 59

IPAB35 – “Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro – Desde 1998, as pessoas que faziam

o IPAB, vinham atuando de uma forma diferente dos outros institutos de permacultura,

principalmente pelo fato de não terem uma sede própria ou um centro de demonstração das

técnicas permaculturais de design e de bio-construção. Desde 2004 assumiram-se

publicamente em um tipo de organização que espelhe melhor as nossas relações como

membros desse grupo. Uma rede de pessoas. Então... deixa de existir o IPAB e surge a

Rede Permear de Permacultores36. Parece um novo rumo nas ações das pessoas que

faziam o IPAB, mas na realidade, o rumo continua o mesmo: Na direção da sustentabilidade

e autonomia das pessoas.”

Espaço Ecológico Macacos – Foi um dos espaços articuladores desta vivência

permacultural, sua proprietária Dayse Kerla, mora e vive a permacultura faz cinco anos em

sua propriedade de um hectare. Nesta área localizada em SC – Comburiu – Estrada Geral

dos Macacos, 8 km do Centro - ao lado da Cascata do Encanto; foi realizada o segundo

curso de introdução a permacultura, denominado “Permacultura – Por uma Vida

Sustentável” que abordou os temas:

• Introdução ao conceito e histórico da Permacultura

• Auto-sustentabilidade: Consciência Espiritual, Consciência Corporal e Alimentação

• Sustentabilidade Ecológica:Permacultura Urbana, Consumo Sustentável, Sistema

Sanitário e Banheiro Seco, Bioconstrução, Agroecologia, Energia, Ética

No cartaz abaixo “Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura, o coletivo Comissão

de Permacultura e Agroecologia anuncia o segundo módulo do curso:

33 ÇARAKURA. Instituto ÇaraKura. Disponível em:<http://www.institutocarakura.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012 34

ANIMA. Insituto Anima. Disponível em:HTTP://www.institutoanima.org. Acesso em: 5 abr 2013 35

IPAB. Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro. Disponível em: <http://www.permacultura.org.br/ipab/>. Acesso em: 08 nov. 2012 36

REDE PERMEAR. Disponível em: <http://www.permear.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012

43

Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura

FONTE: Comissão de Permacultura e Agroecologia, 2012

Igatu37 – ”Uma família buscando levar a vida de forma mais simples e em harmonia com a

natureza.Para tal, estamos no meio do caminho entre a cidade e campo, mas em direção ao

campo. Estamos em pleno processo de êxodo urbano ou como chamam, somos pessoas

neorurais. Escolhemos uma pequena cidade e uma pequena propriedade para viver e

desenvolver técnicas de permacultura para melhor conviver com o ambiente. Assim,

chegamos a um pequeno vale entranhado entre os morros da serra do leste catarinense,

entre o planalto e o litoral”.

Nova Oikos38 – “É um projeto em permanente construção. Trata-se de um sonho, uma

utopia a caminho da realidade! Atuamos em uma espécie de “slow management”… afinal

não é um trabalho, mas um projeto de vida e de sociedade!”

“Fisicamente, é um sítio em processo de transformação para uma Estação Ecológica em

Permacultura. É ainda um sítio familiar, e como toda família, com algumas “pendências”.

Entretanto, o objetivo de todos é que o local se torne um disseminador de práticas

ecológicas em prol de uma sociedade pós-capitalista. Situa-se em Comburiú, em Santa

Catarina, entre uma “refloresta” de pinus e eucaliptus e uma mata secundaria em

regeneração desde 1980 contando com uma forte nascente e muita água! Visamos proteger

esse local da barbárie desenvolvimentista da região!”

37 SITIO IGATU. Sitio da família de Arthur Nanni. Disponível em: <http://sitioigatu.wordpress.com/>. Acesso em: 09 maio 2013. 38

NOVA OIKOS. Projeto Nova Oikos (Mildred). Disponível em: <http://novaoikos.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov. 2012.

44

Raízes39 – “Esta é a estação de permacultura do Pedro Marcos Ortiz, Elusa Wigers Ortiz e

Elena Ortiz, no planalto serrano de Santa Catarina em São José do Cerrito.”

Sete Lombas40 – “é um sítio com 23 ha no costão da Serra Geral Catarinense, na localidade

de Rio Jordão Médio, município de Siderópolis (SC). Os objetivos do sítio consistem em: Ser

o lar sustentável da Família Vieira; Ser um espaço de preservação ambiental; Ser um centro

de educação e referência em permacultura para a região; e Produzir alimentos, sementes,

mudas, artesanatos e partilhar os excedentes com a família, amigos e vizinhos.”

Vagalume41 – “Pequena propriedade na serra catarinense, Rancho Queimado (SC), onde

está sendo implantado design permacultural com o objetivo de compartilhar soluções

replicáveis de vida sustentável. O foco da estação é a plantação de árvores, a produção de

alimentos, o cultivo e uso do bambu e construções ecológicas, sempre com uso de recursos

locais renováveis e custo mínimo.”

Vale do Encano – “No dia 07/07/2007 como um sonho, adquirimos a propriedade que

batizamos de Base Ecológica Vale Do Encano, que esta localizada na Rua: Rio Amazonas

Bairro: Rio Pequeno na cidades de Comburiú com 50.000 [m²] de área; utilizadas para o

cultivo na forma de mono-cultura e extrativismo, tornando o solo ácido e improdutivo. Após

um ano trabalhando na terra com muitos problemas sem solução chegou ao nosso

conhecimento a PERMACULTURA apresentada pelo CPA a convite de um dos

colaboradores da propriedade e integrante do grupo.”

“Passamos então a desenvolver o trabalho de agroecologia que em pouco tempo mostrou

resultados positivos. Este foi o fator que nos encorajou a permanecer na terra, pois sendo,

nós uma família urbana não tínhamos experiência e conhecimento necessário para nos

mantermos ali. Tornamos pioneiros na produção de banana chips na região e passamos a

comercializar na feira agroecológica de Itajaí e na feira livre de Itapema agregando outros

produtos como: banana, banana desidratada, geléias, patês, leite de soja, polpa de juçara,

jerivá, plantas alimentícias não convencionais e pão. Hoje a Base Ecológica Vale Do Encano

tornou-se um local para a socialização e prática em PERMACULTURA, aberto a todos os

grupos e pessoa que queiram, não só aprender. Mas também ensinar e formar novos

educadores”.

39

RAÍZES. Sítio Raízes. Disponível em: <http://sitioraizes.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov. 2012 40

SETE LOMBAS. Disponível em: <http://www.setelombas.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012 41 VAGALUME. Sítio Vagalume. Disponível em: <http://www.sitiovagalume.com>. Acesso em: 08 nov 2012.

45

Yvy Porã42 – Áreas de Estudo na página nº 59

2.5 TRANSDISCIPLINARIDADE E ECOFORMAÇÃO

“A Transdisciplinaridade é uma nova abordagem científica, cultural, espiritual e social. “

Basarab Nicolescu

Os conceitos de transdisciplinaridade (TransD) e ecoformação não são somente dois termos

a mais que nos abrem novas portas. São constelações conceituais e é preciso situá-las

dentro do paradigma ecossistêmico descrito por Moraes (1997) apud TORRE, (2008, p.127).

A “palavra é o veículo da mente”, uma ferramenta poderosa que usamos para nos

comunicar, para chegar ao mundo interior das pessoas, para se apropriar do seu entorno,

para expressar seu potencial criativo (TORRE, 2008, p. 113). Wittgenstein43 em sua frase de

efeito seduz ao dizer: “Podemos chegar a conhecer a estrutura do mundo se conhecermos a

estrutura da linguagem”

Do termo transdiciplinar emergem três campos conceituais principais (Torre, 2008 pp. 23-24;

128-129):

a) O campo científico, epistemológico e metodológico de construção do

conhecimento, com seus três níveis de realidade, a teoria da complexidade e o

terceiro incluído da lógica não aristotélica. Esses níveis de realidade, variável no

plano do sensível, material próprio do macrocosmos. No plano da energia mental,

energia sutil, energia etérica, entidades, arquétipos de Jung ou consciência

coletiva. No plano da consciência cósmica, campo Psi, campo akásico, vazio

quântico, inteligência suprema, divindade superior para os crentes. Deste modo,

o campo de investigação se abre a fenômenos excluídos pela metodologia

clássica. A trans busca a articulação dos saberes provenientes das ciências, das

artes, da filosofia, da sabedoria tradicional, da experiência, para nos dar,

permanentemente, novos modos de perceber e descrever a realidade, as

relações entre as realidades em sentido amplo e “o real” ou intangível. O tumor é

tão real quanto à percepção psicossomática dele mesmo;

42 YVY PORÃ.Estação de Permacultura. Disponível em: <http://www.yvypora.wordpress.com>. Acesso em: 08 nov 2012. 43

CAVASSANE, Ricardo Peraça. A crítica de wittgenstein ao seu "tractatus" nas "investifações filosóficas". Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/viewFile/337/374>. Acesso em: 08 nov 2012.

46

b) O campo de ação ecologizada, que se manifesta na formação integral do ser

humano através da sua relação com o mundo (ecoformação), com os outros

(coformação, heteroformação), consigo mesmo (autoformação) e com a

consciência do próprio ser (ontoformação), que acontece tanto no âmbito formal

quanto não formal. O entorno, o meio ambiente é o cenário propício para essa

formação integradora, porque revela os vínculos entre a pessoa, a sociedade, a

natureza e o cosmos. Por isso, a visão ecoformadora deve ser essencialmente

planetária, como defendem Morin, Pineau, Moraes, Gutierrez.

c) O campo da atitude transdisciplinar ou de vida que busca a compreensão e a

complementaridade do que ocorre na vida e no universo. Tenta compreender a

complexidade das relações entre os sujeitos (alteridades), dos sujeitos consigo

mesmos na busca pelo sentido e finalidade (autotélica), e dos sujeitos com os

objetos que os rodeiam (atitudes planetárias). A atitude transD busca a

transformação do ser humano em sua totalidade, ao se relacionar com os outros

e com “o outro”. Adota como ponto de referência os valores humanos, o

desenvolvimento da consciência, da criatividade, a defesa do meio ambiente, a

solidadariedade e o desenvolvimento sustentável, a convivência em harmonia de

culturas, raças e crenças distintas. Uma atitude transdisciplinar está aberta ao

novo, não confundindo as diferentes manifestações da realidade com “o real”.

Abaixo Torre (2008) apresenta um mapa conceitual para compreender e visualizar os

caminhos que uma atitude TRANSD e de INVESTIGAÇÃO que complementam os princípios

cósmicos: Harmonia, Evolução e Vibração e os princípios didáticos: Referentes de Valor,

Interação e vínculo com a consciência. Sua linguagem envolve alguns termos e conceitos

como: ecopedagogia, ecodidática, sinergia, sentipensar, cenários, redes, campos de

aprendizagem, aprendizagem integrada, empreendedorismo, criatividade, inovação,

cidadania, interculturalidade, transcultural, energia mental, clima ou ambiente.

47

Figura 5 - Mapa Conceitual Transdiciplinaridade e Ecoformação Sustentável

Fonte: TORRE, 2008, p.130.

Enquanto o pensamento lógico/dedutivo é mais analítico e linear, a linguagem metafórica é

mais holística, compreensiva e relacional, permitindo uma compreensão global e coerente

dos fenômenos estudados.

Estas discussões entre as ligações e estas “trocas simbólicas” com a natureza, possuem

premissas teóricas que “religam o mundo”. Esta “materialidade e a imaterialidade” inscritas

na relação homem/natureza, esta “reciprocidade” ao aprender ensinar. Distorcer esta visão

e “função utilitarista” (SILVA, 2008, p.97). Pineau (2006 apud SILVA, ibidem) “leva em conta

as relações de interdependência entre o organismo e o ambiente material que se

desenvolvem no coração dos gestos cotidianos”.

48

Reich44 (1955) trata da relação entre o corpo e a psique ao buscar uma teoria que lide com a

lógica interna da unidualidade psicossomática, Reich estava superando a cisão entre o

psicológico e o biológico, pois sua pesquisa relaciona a estrutura de caráter “personalidade”

com o corpo. Ele percebeu que esta neurose, formada na estrutura de caráter, estava

diretamente ligada ao corpo, evidenciada pelo o que ele denominou de couraça muscular

que influenciava as relações com homem, sociedade e ambiente através da bioenergia

orgone (JOÃO, 2002).

A base sugere a teoria dos três mestres de Jean-Jacques Rousseau (1996) apud Silva

(2008, p.98) – o homem (natureza), os outros (a sociedade) e as coisas (o ambiente) –

correlacionando-a com a trindade humana indivíduo/espécie/sociedade proposta por Morin

(2000).

Segundo Goswami (1998) nos afastamos da realidade vital da consciência, dos valores, que

está sendo corroída pelo materialismo científico. Entretanto em seu livro “O Universo

Autoconsciente” ele comenta sobre a integração entre a ciência e a espiritualidade ao

apontar a física quântica e os seus princípios (objetividade forte, determinismo causal,

localidade, materialismo e epifenomenalismo). Estes preceitos estabelecem relações com a

eco-espiritualidade45, pois o ser humano tem características existenciais de finitude e

infinitude que impulsionam para experiências “místicas” que emergem do encontro natureza-

cultura-transcendência.

Um relatório recente e exaustivo foi elaborado pela comissão internacional para a educação

no século 21, vinculada à UNESCO e presidida por Jacques Delors. O Relatório Delors põe

em grande destaque os quatro pilares de um novo tipo de educação: Aprender a conhecer,

aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser (NICOLESCU, 1999).

Ainda Nicolescu (1999) afirma que nas instituições de ensino, não há nenhuma necessidade

de se criarem novos departamentos nem novas cadeiras, o que seria contrário ao espírito

transdisciplinar: a transdisciplinaridade não é uma nova disciplina e os pesquisadores

transdisciplinares não são novos especialistas. A solução consiste em gerar, dentro de cada

instituição de ensino, uma oficina de pesquisa transdisciplinar, cuja constituição deverá

variar ao longo do tempo, reagrupando docentes e discentes da instituição.

44 REICH, Wilhelm. La Función Del Orgasmo. 1955. Disponível em: <http://terapiapsicocorporalgdl.files.wordpress.com/2012/07/funcion-orgasmo-1.pdf>. Acesso em: 08 nov 2012. 45

I Encontro internacional de ciências eco-espirituais: transdisciplinaridade, ecoformação e saúde. [recurso eletrônico] : [Anais] / UNIVALI – Balneário Camboriú : Universidade do Vale do Itajaí, 2010

49

Nesta perspectiva, existe uma relação direta e incontornável entre paz e transD. O

pensamento fragmentado é incompatível com a busca de paz sobre a Terra. A emergência

de uma cultura e de uma educação para a paz exige uma evolução transdisciplinar da

educação e, muito particularmente, da Universidade.

A penetração do pensamento complexo e transD nas estruturas, nos programas e na área

de irradiação da influência da Universidade permitirão sua evolução rumo a sua missão,

hoje um pouco esquecida: o estudo do universal. A Universidade poderá assim vir a ser um

local de aprendizagem da atitude transcultural e transreligiosa, e do diálogo entre a arte e a

ciência, eixo da reunificação entre a cultura científica e a cultura artística. A Universidade

remodelada será o lar de um novo tipo de humanismo. (NICOLESCU, 1999)

Figura 6 - Trans, Inter, Multi, Intra...Disciplinaridade

Fonte: Peralta-Castell (2003).

Na classificação acima, realizada pela pesquisadora em arte educação, Cleusa H.G.

Peralta-Castell46 (2003) a partir dos fundamentos de Erich Jantsch podemos seguir uma

linha que tanto pode ir da base para o topo quanto do topo para a base. “Começando pela 46

Material Didático do colóquio transdisciplinar de reforma curricular da FURG. Comissão de apoio pedagógico – PROGRAD, Pró-reitoria de Graduação, 1999.

50

base, ela é construída a partir dos conteúdos isolados, conteúdos mínimos essenciais que

formarão as disciplinas. As disciplinas são feixes de conteúdos, os quais se repetem em

diferentes disciplinas. Estas disciplinas, isoladamente, possuem disciplinas em comum. A

esta REPETIÇÃO de conteúdos similares em diferentes disciplinas dá-se o nome de

INTRAdisciplinaridade”.

“Passando para a próxima instância, ou degrau, segundo a tabela, a

MULTIdisciplinaridade, confundida por muitos autores com INTERdisciplinaridade, é

caracterizada pela presença de uma disciplina líder a qual abrange ou reúne outras

disciplinas subordinadas. Há uma hegemonia da disciplina dominante sobre as outras, os

conteúdos estão justapostos sem nenhum tipo de integração”.

“Pode-se citar um exemplo comum que gera confusão quanto aos conceitos de MULTI e

INTERdisciplinaridade: Num seminário, ou num congresso, são chamados profissionais de

diferentes áreas do conhecimento para discutir sobre o mesmo tema. Não haverá integração

total, visto que cada profissional possuirá um ponto de vista sobre o assunto de acordo com

a sua especialidade, portanto não haverá a construção de um método ou teoria comum. A

integração é apenas temática, sem a intenção de construir algo novo a partir da fusão de

diferentes áreas do conhecimento”.

“Muitas escolas também trabalham a MULTIdisciplinaridade pensando ser

INTERdisciplinaridade. Propõe-se um tema e todos os professores trabalharão nele,

porém cada um na sua sala de aula. Isto não é INTERdisciplinaridade”.

“O método interdisciplinar visa uma integração verdadeira a qual surgirá a partir do

trabalho comum, feito corpo a corpo com profissionais de diferentes áreas com a finalidade

de construir o conteúdo junto aos educandos, no campo ou na sala de aula. A

interdisciplinaridade pressupõe a construção de um método e de uma teoria comum, os

quais são obtidos em experimentos educacionais num outro nível, denominado

TRANSdisciplinar, onde se gerará um elemento comum possibilitando a construção de um

conceito de integração a partir do qual serão formulados os conteúdos e as disciplinas de

maneira integrada”.

“A INTERdisciplinaridade é caracterizada pela igualdade entre as disciplinas, não há

hierarquização entre elas. Para isso precisa ocorrer uma equalização ao nível de carga

horária e de importância, caso contrário, sempre haverá uma disciplina líder e outras

subalternas”.

51

• Transdisciplinariedade (TransD)

Para o físico Nicolescu (1999), um dos cientistas mais importantes que atuam nesta área de

pesquisa, afirma que a transD não é uma nova disciplina ou uma hiperdisciplina, mesmo que

se alimente delas. Para ele, a inter e a trans, são flechas de um mesmo arco, que é o do

conhecimento. Cuja materialização depende das relações entre os três pilares: os níveis de

realidade, a lógica do terceiro incluído e a própria complexidade.

Figura 7 - Dimensão Ontológica

Fonte: TORRE, 2008.

Os diferentes níveis de realidade se referem á existência de um mundo macrofísico e de um

microfísico, regidos por leis diferentes, uma linear, outra circular. Para Nicolescu (1999),

atualmente existem um terceiro nível, a realidade virtual. Além destes níveis, utilizando

nossas intuições, percepções e o imaginário, entramos no mundo dos símbolos, dos mitos,

do sagrado, indo assim a outro nível de realidade. O passo de um nível para outro ocorre a

partir do terceiro incluído.

52

Figura 8 - Níveis de Realidade

Fonte: TORRE, 2008.

Morin (2000) afirma que "a Transdisciplinaridade é complementar da aproximação

disciplinar; ela faz emergir da confrontação das disciplinas novas dados que as articulam

entre si e que nos dão uma nova visão da natureza e da realidade."

Para Moraes (2010), a transdisciplinaridade “pode ser compreendida como um princípio

epistemológico que se apresenta em uma dinâmica processual que tenta superar as

fronteiras do conhecimento mediante a integração de conceitos e metodologias”.

Em relações à TransD, Sommerman (2003), divide em atitude, pesquisa e ação. A Atitude

Transdisciplinar busca a compreensão da complexidade do nosso universo, da

complexidade das relações entre sujeitos, dos sujeitos consigo mesmos e com os objetos

que os circundam, a fim de recuperar os sentidos da relação enigmática do ser humano com

a Realidade – aquilo que pode ser concebido pela consciência humana – e o Real – como

referência absoluta e sempre velada. Para isso, propõe a articulação dos saberes das

ciências, das artes, da filosofia, das tradições sapienciais e da experiência, que são

diferentes modos de percepção e descrição da Realidade e da relação entre a Realidade e o

Real.

A Pesquisa Transdisciplinar pressupõe uma pluralidade epistemológica. Requer a

integração de processos dialéticos e dialógicos que emergem da pesquisa e mantém o

conhecimento com o sistema aberto;

A Ação Transdisciplinar propõe a articulação da formação do ser humano na sua relação

com o mundo (ecoformação), com os outros (hetero e co-formação), consigo mesmo

(autoformação), com o ser (ontoformação), e, também, com o conhecimento formal e o não

53

formal. Procura uma mediação dos conflitos que emergem no contexto local e global,

visando à paz e a colaboração entre as pessoas e entre as culturas, mas sem desconsiderar

os contraditórios e a valorização de sua expressão (SOMMERMAN, 2003).

Ainda sobre a transD, Pineau (2006), demonstra que ocorre uma transD sociointerativa

entre especialistas das disciplinas e também entre atores sociais, uma reflexiva, na

interrogação dos quadros de pensamento e uma “transD paradigmática” com intenção de

construir um novo paradigma unificador.

Paul (2001, pp. 381-406) estabelece então uma relação entre esses quatro termos e três

etapas da formação do homem global:

“(N2 e N3) a relação entre eco e heteroformação correspondendo ao “trajeto psico-genético”, à estruturação psico-físico-social do sujeito; (N1) a relação entre hetero e autoformação correspondendo ao “trajeto imaginal”, à estruturação da imaginação criadora diurna e à hermenêutica (à interpretação) da linguagem da imaginação noturna dos sonhos; (N0) a relação entre auto e ontoformação correspondendo ao “trajeto teofânico”, às contemplações (supra-racionais) sucessivas que o sujeito transcendental pode ter do sujeito absoluto, do Ser transcendental e do Ser Absoluto , bem como das primeiras formas que deles emanam” (SOMMERMAN, 2003, p. 69).

Abaixo, as imagens demonstram as interações entre as propostas das formações (eco,

hetero, auto, onto) relacionando-a com a interdisciplinaridade e com a transD.

Figura 9 - Sujeito Interdisciplinar

Fonte: Sommerman (2003)

54

Figura 10 - Sujeito Transdisciplinar

Fonte: Sommerman (2003)

• Ecoformação

O termo ecoformação é a dimensão formativa do meio ambiente material, que é mais

discreta e silenciosa do que as outras duas (auto e hetero). Pineau acrescenta a

“coformação”. Tendo em vista a construção de práticas que visam à sustentabilidade

planetária e o paradigma ecossistêmico, Torre et al (2008) descrevem a importância da

ecoformação, já que esta oferece uma visão ampla sobre o natural e o social, podendo

contribuir de maneira significativa para a formação do sujeito:

“Entendemos a ecoformação como uma maneira sistêmica, integradora e sustentável de atender a ação formativa,sempre na relação com o sujeito, a sociedade e a natureza [...] A ecoformação é uma maneira de buscar o crescimento interior a partir da interação multissensorial com o meio humano e natural, deforma harmônica, integradora e axiológica. Buscando ir além do individualismo, do cognitivismo e utilitarismo do conhecimento. Partindo do respeito à natureza (ecologia), levando os outros em consideração (alteridade) e transcendendo a realidade sensível.” (TORRE et. Al., 2008, p. 43).

Já para a definição de ecoformação, a proposta de Cottereau (2001) de uma divisão em

“três tempos”, que ela chama de “valsa em três tempos para a formação ecológica”:

55

• O primeiro tempo seria a aprendizagem de saberes relativos ao meio ambiente,

saberes complexos provenientes das ciências da natureza e das ciências do homem

que instruem a razão e o conhecimento.

• O segundo tempo seria experimental e experiencial, enriquecendo o primeiro tempo

com a experiência prática do mundo, pois neste segundo tempo, a participação ativa

nas correntes de ar, nos fluxos dos olhares, nas corredeiras dos sons e das vozes,

nas imobilidades que perderam presença, nas cores das coisas, nas lições pacientes

das primaveras, nos caminhos que sobem e nas ruelas que descem na mole

pradaria e na planície rochosa... A escuta vigilante de tudo o que se passa, se

desenrola, em silêncio ou barulho... Estar apenas ali, atento ou contemplativo, poros

abertos, espírito desperto, de maneira repetida, nos ensinaria a escuta sensível, a

intuição do outro, a mais fina percepção do menor dos sinais da matéria e do vivo [...]

(COTTEREAU, 2001, p. 64).

• O terceiro tempo seria a apreensão da experiência, da escuta sensível, a reflexão

sobre os gestos normalmente automáticos do cotidiano, pois toda tomada de

consciência implica uma retroação sobre uma ação autônoma e quase automática.

Para sairmos “de nossas inconsciências ecológicas” precisamos passar por esse

trabalho de tomada de consciência das nossas dependências do meio ambiente,

precisamos explorar nossas histórias que “falam sobre a nossa maneira de habitar o

mundo, das nossas relações com o espaço, com as paisagens, com os objetos, os

materiais, com a natureza, com as estações, com os momentos do dia”

(COTTEREAU, 2001, p. 65). E, para isso, precisamos de uma “gramática da intuição,

da escuta, do sensível”, que se “ensina bem longe dos quadros negros, dos livros de

leis e das cátedras universitárias” (ibid., p. 66).

Um olhar multireferencial e multidimensional sobre a ecoformação, Sommerman (2003) fala

das preocupações com o meio ambiente, que são cada vez maiores nas últimas três

décadas, devido à gravidade e à complexidade crescentes dos problemas ambientais, as

reflexões e práticas ecoformativas ainda são marginais nos ambientes formais de

ensino. Por isto abaixo se demonstra abordagens para as mesmas:

1. Uma abordagem reflexiva, que requer que cada um clarifique suas concepções de

base relativas à educação, ao meio ambiente, à educação para o meio ambiente e

tome uma certa distância de sua prática, em busca de aprimorá-la e de melhorar a si

mesmo. Como instrumentos principais dessa abordagem, cita o jornal de bordo, a

análise de incidentes críticos, a entrevista individual e a discussão de grupo.

56

2. Uma abordagem experiencial, que consiste em experimentar abordagens e

estratégias com os participantes, explorando ou descobrindo com eles as realidades

do meio ambiente em que vivem a escola, o quarteirão, a cidade, a usina , nas

demandas de solução de problemas ou na implementação de projetos.

3. Uma abordagem crítica das realidades sociais, ambientais, educacionais e

pedagógicas, que visa identificar os aspectos positivos, os negativos, os limites, as

faltas, as rupturas, as incoerências, os jogos de poder, com a finalidade de

transformar a realidade.

4. Uma abordagem práxica, que associa a reflexão à ação e que integra as três

abordagens anteriores: reflexiva, experiencial e crítica. Como uma prática consciente

de si mesma, numa dialética entre a teoria e a prática, produz soluções criativas e

pode aumentar a eficácia, a pertinência e o sentido da ação.

5. Uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar, que implica [a interdisciplinar]

na abertura para os diferentes campos do saber para enriquecer a compreensão e a

análise das realidades complexas do meio ambiente, desenvolvendo uma visão

sistêmica e global das realidades e reconhece [a transdisciplinar] o interesse e o

valor de outros tipos de saber: os saberes da experiência, os saberes tradicionais, os

saberes de senso comum, etc.

6. Uma abordagem colaborativa, que vê o meio ambiente como um objeto

essencialmente partilhado, que deve ser abordado em conjunto, com o

entrecruzamento dos diferentes olhares, das diferentes esperanças e dos diferentes

talentos de cada um. A estratégia privilegiada aqui é a da comunidade de

aprendizagem, que reúne um grupo de pessoas ao redor de um problema ou de um

projeto comum que tem um significado e uma pertinência em vista de suas próprias

preocupações e das características de seu contexto cultural e sócio-ambiental.

• Complexidade:

Este conceito está presente em quase todos os artigos do “universo inter” e do “universo

trans”, segundo JOHNSON (2009), apud SOMMERMAN (2012 p. 196):

“Muito da Física tradicional foi se dedicar a tentar entender os detalhes microscópicos no interior daquilo que vemos. Isso levou os físicos a romperem átomos para olhar as partículas dentro deles – eventual mente descendo até os quarks. Isso é sem dúvida complicado – mas essa abordagem reducionista é num certo sentido o oposto daquela da Complexidade. Em vez de romper as coisas para encontrar de que seus componentes são feitos, a Complexidade enfoca os novos fenômenos que podem emergir de uma série de componentes relativamente simples. Em outras palavras, a Complexidade olha para as coisas complicadas e surpreendentes que podem emergir da interação de uma série de objetos

57

que eles mesmos podem ser até simples.(...) Indo mais longe,a filosofia subjacente por trás da busca de uma teoria quantitativa da Complexidade é de que não precisamos de uma compreensão plena dos objetos constituintes para compreender o que uma série deles pode fazer. Partículas simples interagindo de maneira simples podem conduzir a uma rica variedade de resultados reais – e isso é a essência da Complexidade.” (JOHNSON, 2009, p. 17).

Assim, a essência da transdisciplinaridade vem desta “nova” forma de aprendizagem e

resolução dos problemas envolvendo a cooperação de diferentes partes da sociedade e da

academia, a fim de enfrentar os desafios complexos da sociedade. Segundo o KVARDA

(2006)47 deve:

• Estabelecer uma abordagem interdisciplinar (disciplinas)

• Consideração holística de diferentes sistemas

• Complementaridade entre os modos intuitivos e analíticos

• Diferentes interesses das partes interessadas (stakeholders)

Abaixo se apresenta o decálogo elaborado em Barcelona, num congresso ocorrido em

março de 2007, contribuições como as de Edgar Morin, Raul Motta, Gaston Pineau, Emilio

Ciurana, Joan Mallart, Ivani Fazenda e outros. Esse nos remete a necessidade de pesquisa

em dez campos principais de projeção transdisciplinar e ecoformação.

2.5.1 Decálogo sobre a Transdiciplinaridade e Ecoformação:

1. Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar;

2. Projeção tecnocientífica: o campo da religação dos saberes;

3. Projeção ecossistêmica e de meio ambiente: Relação ecológica sustentável;

4. Projeção social: Consequências de uma cidadania planetária;

5. Convivência e desenvolvimento humano sustentável: Visão axiológica e de valores

humanos;

6. Projeção das políticas trabalhistas e sociais: Satisfação das necessidades humanas;

7. Projeção no âmbito da saúde e da qualidade de vida: Em busca da felicidade;

8. Projeção nas reformas educativas: Formar cidadãos na sociedade do conhecimento;

9. Projeção da educação: Responder a uma formação integradora, sustentável e feliz;

10. Projeção das organizações no estado de bem-estar: Auto-organização e dimensões

ética e social.

47 KVARDA, Werner. Permakultur - Zertifikatskurs. Universität Fürbodenkultur. Nov. 2006. Disponível em: <http://www.academia-danubiana.net>. Acesso em: 25 out. 2012.

58

Educar implica, a partir de um olhar transdisciplinar e ecoformador, valorizar, reconhecer,

respeitar e outorgar confiança e credibilidade aos outros (TORRE, 2008). No próximo

capítulo apresenta-se a metodologia realizada na pesquisa.

3 METODOLOGIA

A metodologia foi dividida pelo tipo de pesquisa, as áreas que indiretamente ou diretamente

fizeram parte do estudo, o Comitê de Ética, pois envolve seres humanos na pesquisa,

finalizando com as diferentes etapas e Instrumentos específicos de Coleta e Análise de

Dados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso na perspectiva da pesquisa

participativa por considerarmos que envolve o estudo de uma realidade específica, com

características peculiares – assume a pesquisa como investigação teórico-prática do tipo

participativa - baseada na participação acadêmica – ao envolver um coletivo de

coordenadores, professores e acadêmicos (as) da instituição; e da participação dos gestores

das estações de permacultura, facilitadores e permacultores.

Conforme Lüdke e André (1986, p.18-23), o estudo de caso visa à descoberta e ainda que

fundada em pressupostos iniciais, enfatiza a interpretação em contexto, o que deve levar a

uma apreensão mais completa do objeto; viabiliza generalizações naturalísticas para

possibilitar a associação de dados da investigação com os da experiência própria do

pesquisador; procura representar os diferentes e conflitantes pontos de vista decorrentes da

situação-problema utilizando uma linguagem e uma forma mais acessível do que outros

relatórios de pesquisa.

Para Rizziniet al (1999, p.29), o estudo de caso é sempre bem delimitado e singular, o que

reduz a possibilidade de generalizações dos resultados para outras situações. O interesse

no caso é justamente naquilo que ele possui de particular e único, mesmo que

posteriormente apresente certas semelhanças com outros casos.

A literatura traz uma série de termos relativos à pesquisa baseada na participação e

envolvimento do pesquisador (pesquisa-ação/participativa/participante-ação participativa) e

que podem ser utilizados como sinônimos, denotando um esforço de diferenciação que pode

ser teórica ou metodológica. Neste estudo, adotamos o termo pesquisa participativa (PP)

compactuando com Demo (1995, p.30-89) que a considera uma “proposta metodológica

fundamental e necessária para mudar a realidade”.

59

O autor aponta alguns êxitos deste tipo de pesquisa: a união de teoria e prática, por

entender que a prática é necessidade da teoria e, também, produtora de conhecimento; a

conjugação de saber e mudar, por valorizar o engajamento de pesquisadores e professores,

consorciando o saber popular com outros saberes, de modo a criar bases mais realistas de

processos emancipatórios; a crítica ao atrelamento da ciência ao poder, por questionar o

elitismo da ciência e à propalada neutralidade desta para acobertar intencionalidades

obscuras; a percepção pelo “aprender a aprender”, por enaltecer o aspecto construtivo.

A partir desta ótica, as instituições escolarizadas não são concebidas como um mero espaço

ou local de aplicação de propostas e de coletas de dados, mas segundo Campos (1984,

p.65) como “possibilidade de modificar a prática concretamente seguida por elas”, uma vez

que os professores ao participarem da pesquisa ampliam suas condições de continuar o tipo

de trabalho realizado. “A proposta, é gerar um novo tipo de saber, a ser continuamente

construído por todos os envolvidos em sua prática, um saber democrático não só na sua

construção, mas também na difusão e utilização” (RIZZINI, 1999, p.40).

Pesquisadores Acadêmicos e Pesquisadores Comunitários tornam-se, então, parceiros de

investigação da realidade e da realização da ação educativa sobre ela, compartilham

conhecimentos que trazem de suas diferentes experiências sócio-históricas com o objetivo

de promover pela ação-relexão-ação as transformações na realidade socioambiental que

investigam (BRANDÃO, 2005, p.260-266).

A ação desencadeada pelo processo de pesquisa-ação, conforme já mencionado, pode ser

de caráter prático, educativo, comunicativo, político, cultural etc., e ser originada e

desenvolvida no decorrer do processo de pesquisa, em função das necessidades

encontradas, e não ao seu término, como ocorre usualmente em outros tipos de pesquisa.

Esta pesquisa-ação pode ser definida como colaborativa definida por Toledo et al (2013):

“A compreensão de todo o processo desta pesquisa-ação de natureza colaborativa se baseia nas relações entre cada um dos participantes, isto é, (professora-pesquisadora, alunos, professores coordenadores, direção) em que o conceito de “colaboração” baseia-se na igualdade de oportunidades dos participantes da interação em colocar em discussão sentidos/significados, valores e conceitos que vêm embasando suas ações, escolhas, dúvidas e discordâncias” (DIAS, 2003, p. 54).

3.2 ÁREAS DE ESTUDO

Ao todo a pesquisa envolveu uma Instituição de Ensino Superior, a UNIVALI, com foco

investigativo no curso de Engenharia Ambiental associado a algumas análises sobre os

60

cursos de Oceanografia, Ciências Biológicas, Engenharia Civil; e cinco estações ou

coletivos de formação em Permacultura conforme descritos a seguir:

• UNIVALI – Curso Engenharia Ambiental

A instalação da Universidade do Vale do Itajaí, em 21 de março de 1989, foi, na verdade,

sequência natural da trajetória da Educação Superior em Itajaí (SC) e na região. Esta

história iniciou em 1964. De 16 de setembro deste ano data o registro do primeiro

documento oficial da “Sociedade Itajaiense de Ensino Superior.”48 No dia 22 de setembro de

1964 a Sociedade deixa de ser iniciativa privada para tornar-se, via Lei Municipal, uma

instituição pública. (UNIVALI)

Pelas demandas de mercado, com a qualidade e a competência que lhe são peculiares, a

Univali lançou, em agosto de 1998, o curso de Engenharia Ambiental. Já o de Ciências

Biológicas foi implementado no primeiro semestre de 1998, o de Engenharia Civil em 1997

no segundo semestre e o de Oceanografia, o mais antigo, em 1992 também no segundo

semestre; todos vinculado ao CTTMar - Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar.

Desde então, os cursos tem se preocupado em oferecer aos seus acadêmicos uma

formação que, além de apresentar solidez teórica e metodológica, também esteja atenta às

realidades contemporâneas.

A inclusão dos cursos de Engenharia Civil, Ciências Biológicas e Oceanografia na pesquisa,

se deram em razão de: os cursos pertencem ao mesmo centro – CTTMar; há uma

aproximação teórico-metodológica pela inserção de docentes que trabalham nos cursos em

questão e participam das discussões dos PP no processo de formação continuada; alguns

dos entrevistados são egressos da UNIVALI em algum desses cursos e estão envolvidos

com as técnicas e metodologias da Permacultura, com a ecologia em si e com a

bioconstrução. Outro fator importante é a aposta teórica de que a visão transdisciplinar pode

extrapolar o curso de Engenharia Ambiental e envolver outros cursos de formação inicial,

potencializando a interação e o fortalecimento da ecoformação.

• Çarakura

O Instituto ÇaraKura é uma organização não governamental (ONG), fundada em 11 de

março de 2007, qualificada como utilidade Pública Municipal. É formado por estudantes e

profissionais das áreas da pedagogia, medicina, engenharias, direito, arquitetura, geografia,

48

“A Sociedade Itajaiense de Ensino Superior – SIES –, originou-se em 5 de novembro de 1962, Dia da Cultura, a partir de uma mudança estatutária na Sociedade Professor Flávio Ferrari – SPFF, que havia sido fundada em 8 de maio de 1950.” UNIVALI. Site Univali. Disponível em: <http://univali.br>. Acesso em: 08 nov. 2012.

61

biologia, sistemas de informação, nutrição, artes plásticas e cênicas e outros, contando

atualmente com 20 associados efetivos e 15 associados colaboradores.

O Instituto ÇaraKura tem por finalidade desenvolver projetos de Educação Ambiental e

ações referentes à pesquisa científica e tecnológica que facilitem a aplicação de tecnologias

sociais, ou seja, simples, eficientes, de baixo custo e baixo impacto ambiental, aplicáveis

principalmente na construção de habitações ecológicas, utilização de energias renováveis,

recuperação de áreas degradadas, manejo e uso do bambu, agricultura ecológica, sistemas

alternativos de saneamento básico e outras iniciativas que possam fomentar o

desenvolvimento sócio-ambiental sustentável, bem como a valorização e resgate dos

conhecimentos ancestrais.

Sua sede localiza-se no Sítio ÇaraKura, futura Reserva do Patrimônio Natureza, (RPPN),

situado no Canto do Moreira, distrito de Ratones, no início do Caminho Histórico

Ratones/Costa da Lagoa. O Caminho Histórico Ratones/Costa da Lagoa foi tombado como

Patrimônio Histórico Municipal em janeiro de 2002 e liga as duas maiores bacias

hidrográficas de Florianópolis (SC): O Rio Ratones a Lagoa da Conceição.

Os projetos e práticas pedagógicas desenvolvidos pelos membros do Instituto ÇaraKura já

beneficiaram mais de cinco mil crianças e jovens. As atividades propostas buscam

desenvolver o aprimoramento das habilidades humanas, associadas à recuperação e

proteção dos ambientes naturais; tendo por objetivo a experimentação de sistemas

sustentáveis, que permitam uma relação harmônica dos seres humanos com a natureza,

promovendo a sensibilização e principalmente a participação ativa das crianças, jovens e

adultos em atividades éticas ligadas ao uso sustentável dos recursos naturais.

• Colmeia

O Projeto da Casa Colmeia foi iniciado em fevereiro de 2009 pela família de artistas e

designers de permacultura Juliano Riciardi, Teresa Dominot e seu filho Tiê, que a

idealizaram e a construíram com as próprias mãos, no litoral sul Catarinense. Ela está

localizada na Praia da Garopaba do Sul, uma região esplêndida por natureza a 150 km ao

sul de Florianópolis (SC), no município de Jaguaruna (SC), próximo ao Cabo do Farol de

Santa Marta.

No principio a ideia era simples, bioconstruir uma moradia ecológica em um espaço de 600

[m²] utilizando-se dos princípios da Permacultura, para acolhê-los, e que ela provesse todas

as necessidades básicas da família: abrigo, alimentos, energia, cultura, recursos, saúde e

bem estar.

62

Neste pequeno espaço construíram hortas mandalas e canteiros medicinais, agrofloresta,

banheiros secos, fornos, secadores e aquecedores solares, cozinha caipira com fogão a

lenha, cercas vivas, bioconstruções com tetos vivos, alojamento para voluntários, biblioteca

e videoteca, oficina de arte-reciclagem, composteiras, minhocário, filtros biológicos,

captação de água, viveiro de mudas e área de lazer.

Hoje passados apenas 3 anos a família conseguiu alcançar ainda mais que o sonho

pretendido em seu inicio. A casa se transformou em uma casa auto-sustentável. Isso quer

dizer que a casa gera para a família e as pessoas que nela convivem, atividades, energias,

alimentos, recursos diversos e um rico ambiente de aprendizado que se irradia cada vez

mais, inspirando outras pessoas interessadas em viver um estilo de vida semelhante e

sustentável.

• Instituto Anima49

O que é o Instituto Anima de Cultura Sustentável? Anima significa animar, ativar, em Latim:

alma, astral, o jeito claro das coisas, o lado sensível da vida, o feminino no masculino, a

intuição, uma música do Milton Nascimento cantada também pelo Uakti e a Leila Pinheiro.

O Instituto Anima tem sua sede no “Sitio Cristal Dourado - Espaço Terapêutico Pulsar” com

estágios, atendimentos terapêuticos, chás, produção de alimentos orgânicos, música,

artesanato, yoga, neo-xamanismo, cursos, palestras, consultorias, redes da net, ecofeiras,

entre outras riquezas e preciosidades

“Na Esfera Agrícola e Ambiental: Formamos projetos de reciclagem de resíduos e de

paisagismo não somente estético, mas permacultural, que alimente e proteja os ambientes e

residências, e incentivando a formação de hortas e pomares orgânicos. Também atuamos

na construção de fogões e lareiras ecológicas, telhados verdes, bioconstrução com bambu,

pau-a-pique, costaneira, eucalipto, adobe e tijolo. Podemos estruturar ações de recuperação

de áreas degradadas e programas em educação ambiental e de melhoria da qualidade em

recursos humanos e serviços em escolas, associações, políticas públicas e empresas.

Estamos também impulsionando a viabilidade de várias ecovilas no Brasil. Para isso

fornecemos assistência técnica em fazendas, sítios, empresas e cursos diversos.

49

SCHORR, Mauro. Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável. Sitio Cristal Dourado e Espaço Terapêutico Pulsar. Disponível em: <www.institutoanima.org>. Acesso em: 06 maio 2013.

63

Na Esfera Terapêutica e Nutricional: Temos uma equipe que atua na abordagem holística na

área da saúde, sobretudo utilizando abordagens avançadas como estudo dos chacras e do

campo energético, iridologia, massagem e terapia corporal com shiatzu, ayurvédica,

bioenergética, renascimento, cura prânica e quântica, com prescrição de dietas balanceadas

e alimentos nutritivos naturais, incluindo a fitoterapia, hidroterapia, aromaterapia, uso de

pedras, cristais e florais de bach, entre outros”.

Mauro Schorr e Maristela Regina Ogliari Schorr

Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável

Sitio Cristal Dourado e Espaço Terapêutico Pulsar

Prêmio Fritz Müller 2009 - Governo do Estado de SC

Sites: www.institutoanima.org e www.permaculturabr.ning.com

Produtos: http://permaculturabr.ning.com/group/InstitutoAnima/forum/topics/cooperativa-do-

instituto-anima

• Comissão de Permacultura e Agroecologia

A Comissão de Permacultura e Agroecologia de Itajaí-SC que teve tão importância em 2007

com alguns cursos e iniciando um ciclo de Feiras Orgânicas em Itajaí, que na época era um

grupo dentro da ONG – Voluntários pela Verdade Ambiental (V Ambiental), uma

organização não-governamental. Este coletivo foi reativado após o “Curso de Permacultura:

Por uma Vida Sustentável”, uma introdução sobre a permacultura, realizado nos dias quatro

e cinco de julho de dois mil e onze, junto a UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí (SC) no

Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos – LGVR, junto aos parceiros da Sala Verde

e do Laboratório de Educação Ambiental – LEA; e outros parceiros locais.

O grupo se reúne periodicamente buscando organizar mutirões de divulgações das práticas

permaculturais. Para juntos fortalecer este contato com a essência transformadora que

estas vivências proporcionam à vida cotidiana de cada ser pensante, lidando de maneira

sustentável e consciente.

Atualmente está ligado diretamente e indiretamente com os sítios Vale do Encano, Espaço

Ecológico Macacos, Espaço Rural Clarear50 e Estância Harmonia. E conectados com o

Laboratório de Educação Ambiental; Sala Verde Itajaí51 - Observatório de Educação, Saúde,

Cidadania e Justiça Socioambiental do Vale do Itajaí – SC; Laboratório de Gestão e

50

ESPAÇO RURAL CLAREAR. Disponível em:<http://www.espacoruralclarear.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 51

SALA VERDE ITAJAÍ. Disponível em:<http://www.salaverdeitajai.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012.

64

Valorização de Resíduos; Triambakam52 - Arte, Ciência e Espiritualidade; e com o projeto “O

Q Somos”53; ONG IDEIA54; e o Centro Público de Economia Solidária de Itajaí (SC).55

• Yvy Porã

“Yvy Porã, como espaço coletivo, nasceu em agosto de 2003, depois de muitos meses de

conversas, formando um grupo, buscando a terra, etc. São 7 pessoas que iniciaram o

processo, todos permacultores. Até o final de 2006 basicamente estivemos convivendo e

partilhando o espaço coletivo, fizemos um design amplo, contemplando os locais para as

possíveis zonas 1 de cada família- tanto das nossas que iniciamos o projeto, como de outras

que poderão vir. Nestes anos observamos, interagimos com o mínimo impacto, plantamos

muitas árvores, vivenciamos estações, regularidades, etc. Compartilhamos nossas vidas.

Jorge Timmermann e Suzana Maringoni formam um casal de permacultores. Ele é biólogo,

permacultor diplomado por Bill Mollison como Permaculture Teacher, e vem dando cursos

no Brasil desde 1998. Foi um dos fundadores do Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro

(IPAB), que depois se transformou na Rede Permear. Ela é educadora, permacultora,

trabalha com educação fundamental na escola Autonomia de Florianópolis (SC)56, e também

com Educação de jovens e adultos no campo (PRONERA -UFSC, Saberes da Terra) e

ainda na formação de educadores, tanto na rede Permear, na Autonomia e no I Terra (RS).

Numa área de 82 hectares, sendo 10 ha de pastagens e 72 ha de mata atlântica em

recuperação passamos agora a ter um espaço para esta convivência. Os participantes de

Yvy Porã são: Antonio Carlos Mariani; Bárbara Giese; Edla Maria Faust Ramos; Jorge

Roberto Timmermann; José Carlos Ramos; Suzana Martins Maringoni”.

3.3 COMITÊ DE ÉTICA

Segundo site57 da universidade: “O Comitê de Ética em Pesquisa da Univali (CEP/Univali) é

um colegiado interdisciplinar e independente, criado para defender os interesses e direitos

dos sujeitos de pesquisa em sua integridade e dignidade. É um órgão que contribui para o

desenvolvimento de pesquisa científica dentro de padrões éticos. Foi instalado através da

Portaria nº. 110/97. Em 1999, a Resolução 109 do Consepe aprovou o regulamento do

Comitê e ampliou seu alcance. Assim, hoje, o CEP/Univali julga, acompanha e avalia

52TRIAMBAKAM. Disponível em:<http://www.triambakam.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012. 53OQSOMOS. Disponível em:<http://www.oqsomos.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 54

ONG IDEIA. Disponível em:<http://ideiasc.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 55

CEPESI. Disponível em:<http://www.cepesi.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 56

ESCOLA AUTONOMIA. Escola Autonomia de Florianópolis (SC). Disponível em: <www.autonomia.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012. 57

UNIVALI. Comitê de Ética em Pesquisa da Univali. Disponível em: <http://www.univali.br/etica>. Acesso em: 08 nov. 2012.

65

propostas de pesquisa que envolva seres humanos, animais ou aspectos de

biossegurança”.

Em função das proporções da pesquisa, as quais ultrapassam o protocolo (ERASMUS,

2012) e principalmente por envolver seres humanos. Foi preenchido o cadastro e

encaminhado o trabalho de conclusão de curso para a Plataforma Brasil – que é uma base

nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o

sistema CEP/Cone. “Ela permite que as pesquisas sejam acompanhadas em seus

diferentes estágios - desde sua submissão até a aprovação final pelo CEP e pela Conep,

quando necessário - possibilitando inclusive o acompanhamento da fase de campo, o envio

de relatórios parciais e dos relatórios finais das pesquisas quando concluídas”.58

3.4 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTOS

A caminhada metodológica foi composta de 04 etapas interdependentes e complementares,

apresentadas a seguir:

3.4.1 ETAPA 1 – A Pesquisa documental e Participação PDC

A pesquisa documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja

complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos

de um tema ou problema (LUDKE e ANDRÉ, 1986). Esta etapa consistiu em realizar:

• Revisão da literatura disponível sobre o tema;

• Análise documental

o Projeto Pedagógico (PP): na Engenharia Ambiental da Univali;

o Referências: Curso de Design em Permacultura (PDC);

o Dos Perfis, Campos de Atuações e Vocações: dos Cursos de Ciências

Biológicas, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil e Oceanografia do

CTTMar da Univali em Itajaí-SC;

o Matriz Curricular: Compreensão das ementas dos Planos de ensino dos

docentes das disciplinas que compõe a Matriz Curricular do curso de

Engenharia Ambiental do CTTMar da Univali em Itajaí-SC.

Foi realizado um Curso de Design em Permacultura. Neste vivenciei e descrevo os

principais pontos e reflexões; ao utilizar as técnicas de observação participante, pois se

realiza por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter

58

MS, Ministério da Saúde. Plataforma Brasil. Disponível em: <http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf>. Acesso em: 05 nov. 2012.

66

informações sobre a realidade do contexto onde está inserido, estabelece uma relação face

a face. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo

contexto. A importância desta ferramenta reside no fato de podermos captar uma variedade

de situações ou fenômenos não obtidos por meio de questionários e entrevistas. (MINAYO,

2003, p.59)

Segundo Martins (2001 pp.47-58) o mérito principal de uma descrição:

“não é sempre a sua exatidão ou seus pormenores, mas a capacidade que ela possa ter de criar uma reprodução tão clara quanto possível para o leitor da descrição. Poderá haver tantas descrições de uma mesma coisa quantas sejam as pessoas especialistas que vejam essa mesma coisa.”

• Diário de Campo

Em seu contexto histórico, segundo as Muller e Marques (2008) o diário de campo pode ser

descrito nos seguintes itens:

• Registros muito antigos, práticas cotidianas, viagens e experimentos.

Cronologicamente falando, o diário de campo é o primeiro instrumento da metodologia de

investigação-ação (FALKEMBACH, 1998 apud PINTO, 1989). Como Método de Pesquisa

Científica:

• Um Diário no sentido estrito do termo.

• Diário de Campo – Uso em pesquisa

Também chamado como Diário de Bordo, Notas de Campo; Nada mais é, que um

Instrumento de Anotações, um caderno com espaço suficiente para anotações, comentários

e reflexão, para uso individual do investigador no seu dia-a-dia. Nele se anotam todas as

observações de fatos concretos, fenômenos sociais, acontecimentos, relações verificadas,

experiências pessoais do investigador, suas reflexões e comentários. Ele facilita criar o

hábito de escrever e observar com atenção, descrever com precisão e refletir sobre os

acontecimentos.

3.4.2 ETAPA 2 – Definição dos indicadores

Nessa etapa fez-se o uso dos dez principios da ecoformação segundo Torre (2008, p. 19-

20), os cinco pilares sobre a sustentabilidade educadora citada pelo Alves et al. (2010) e os

princípios da permacultura (HOLMGREN, 2007) como categorias de análise para avaliar os

possíveis diálogos entre a formação curricular de um Engenheiro Ambiental e da

Permacultura. Citados abaixo:

67

Decálogo sobre Transdisciplinariedade e Ecoformação (Torre, 2008, p. 19-20):

1. Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar;

2. Projeção tecnocientífica: o campo da religação dos saberes;

3. Projeção ecossistêmica e de meio ambiente: Relação ecológica sustentável;

4. Projeção social: Consequências de ma cidadania planetária;

5. Convivência e desenvolvimento humano sustentável: Visão axiológica e de valores

humanos;

6. Projeção das políticas trabalhistas e sociais: Satisfação das necessidades humanas;

7. Projeção no âmbito da saúde e da qualidade de vida: Em busca da felicidade;

8. Projeção nas reformas educativas: Formar cidadãos na sociedade do conhecimento;

9. Projeção da educação: Responder a uma formação integradora, sustentável e feliz;

10. Projeção das organizações no estado de bem-estar: Auto-organização e dimensões

ética e social.

Sustentabilidade Educadora (ALVES et al., 2010):

1. Comunidade

2. Identidade

3. Diálogo

4. Potência de ação

5. Felicidade

Princípios da Permacultura (HOLMGREN, 2007):

Éticos: Cuidar da Terra, das Pessoas e Limitar o consumo e compartilhar os recursos e

capacidades

Design: 1.Observe e interaja. 2.Capte e armazene energia. 3.Obtenha rendimento.

4.Pratique a auto-regulaçãoe aceite feed back. 5.Use e valorize os serviços e recursos

renováveis. 6.Não produza desperdícios. 7.Design partindo de padrões para chegar aos

detalhes. 8.Integrar ao invés de segregar. 9.Use soluções pequenas e lentas. 10.Use e

valorize a diversidade. 11.Use as bordas e valorize os elementos marginais. 12.Use

criativamente e responda às mudanças.

3.4.3 ETAPA 3 – Entrevistas e Ouvidoria

Geralmente a entrevista é indicada para buscar informações sobre opinião, concepções,

expectativas, percepções sobre objetos ou fatos; ou ainda para complementar as

68

informações sobre fatos ocorridos que não puderam ser observados pelo pesquisador, como

acontecimentos históricos ou em pesquisa sobre história de vida. (MANZINI, 2012)59

Foram realizadas entrevistas semi estruturadas, perguntas de acordo com a pesquisa

documental “etapa 1”, com coordenadores dos cursos envolvidos, professores das

disciplinas selecionadas na “etapa 2”, acadêmicos da Univali (grupo focal), egressos dos

diferentes cursos, gestores das estações permaculturais, facilitadores e permacultores

(grupo focal), com o objetivo de identificar as percepções dos sujeitos da pesquisa sobre as

possibilidades dos diálogos propostos nos objetivos da presente pesquisa.

O grupo focal segundo Borges e Santos (2005), é uma dentre as várias modalidades

disponíveis de entrevista grupal e/ou grupo de discussão. Os participantes dialogam sobre

um tema particular, ao receberem estímulos apropriados para o debate (RESSEL et. al.,

2008). Para Perosa e Pedro (2009), é uma forma de coleta de dados diretamente por meio

da fala de um grupo, que relata suas experiências e percepções em torno de um tema.

Assim, o grupo focal é uma técnica para a exploração de um tema pouco conhecido,

visando o delineamento de pesquisas futuras e a produção de sentido e significados sobre

determinado tema, pois sua orientação está voltada para a geração de hipóteses, e

desenvolvimento de modelos e teorias.

De acordo com Thompson (1992), a preparação para uma boa entrevista segue alguns

passos, corroborados com o relato da experiência pessoal do Niebuhr60:

As principais regras de ouro: “escutar e não impor suas idéias”. Preparar as informações

básicas, um pesquisador desinformado, e mal preparado, causa desconforto ao

entrevistado, pois não consegue estabelecer relação entre o presente e o passado,

construindo pontes para o fluir da memória; As perguntas devem ser bem específicas e bem

fundamentadas; Conhecimento das práticas e terminologias locais; A entrevista deve fluir,

não controlá-la, mas orientá-la, cabe ao entrevistador, encaminhar a entrevista com

tranquilidade. Perguntas são necessárias, e apontam para uma direção, por isso a

importância do planejamento; Perguntas devem ser simples e cabe ao entrevistador

incentivar respostas; Realizar perguntas abertas, para proporcionar a livre expressão, aqui o

entrevistador, possibilita ao entrevistado ampliar sua resposta, criando possibilidades para

novas perguntas. Evite expressar suas opiniões.

59MANZINI, E.J. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiro. Disponível em: <http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/gt3/04.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012. 60

NIEBUHR, M,.Documento oral como pesquisar. Disponível em: <http://www.brusque.sc.gov.br/enciclopedia/index.php/Documento_oral_como_pesquisar> Acesso em: 05 nov. 2012.

69

O personagem é o entrevistado, o centro da atenção do pesquisador. A entrevista não é

uma conversa ou um “bate-papo”, comparando opiniões ou discordando de pontos de vista.

Busque perguntas que obriguem uma resposta e que desencadeiem lembranças. O

entrevistador pode levar consigo “auxílios” para a memória, como: fotografias, recortes de

jornais, documentos, etc.

O lugar da entrevista é negligenciado por muitos pesquisadores, e somente após a

entrevista, percebem as consequências deste ato. O lugar deve ser agradável ao

entrevistado, no entanto o pesquisador não pode deixar de estar atento aos ruídos como

transito intenso, que podem prejudicar a gravação, assim como o gorjear de um belo

canário, ou uma desleal concorrência com um rádio e televisão próxima ao local da

entrevista. Entrevistas coletivas exigem mais cuidados, neste caso, a entrevista pode

apresentar dificuldades para transcrição.

Informações ditas em confiança devem ser respeitadas, pois a ética do trabalho está em

primeiro lugar. Inclusive um roteiro semi estruturado com os principais temas foi

encaminhado para todos os entrevistados, sendo agendado um horário de acordo com

ambas as necessidades.

Outros instrumentos utilizados na coleta de dados, sendo que neste momento destaca-se:

Gravação Direta: É o processo de captura de dados ou tradução de informação para um

dispositivo de armazenamento, que pode ser tanto analógico como digital. Dentre as formas

mais recentes estão às pinturas rupestres, as runas61 e os ideogramas62. A tecnologia

continuamente fornece maneiras para que o ser humano represente, grave e expresse seus

pensamentos, sentimentos e experiências.

Para esta gravação em vídeo, foram utilizados duas câmeras digitais. Uma fixa, e outra

móvel, possibilitando outros ângulos e efeitos. Estas gravações tiveram permissão prévia,

inclusive com o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Além de uma terceira

câmera profissional, quando um amigo teve disponibilidade (40% das entrevistas).

Transcrição: Uma transcrição de documento, também conhecida como de gravação,

consiste no serviço de colocar no papel todo o conteúdo encontrado em áudio ou vídeo.

Neste caso será feita com todas as entrevistas uma transcrição integral, onde todo conteúdo 61As runas são um conjunto de alfabetos relacionados que usam letras características (também chamadas de runas) e eram usadas para escrever as línguas germânicas, principalmente na Escandinávia e nas ilhas Britânicas. WIKIPEDIA. Runas. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Runas>. Acesso em: 08 nov 2012. 62

É um símbolo gráfico utilizado para representar uma palavra ou conceito abstrato. WIKIPEDIA. Ideograma. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Ideograma>. Acesso em: 08 nov. 2012.

70

é transcrito, inclusive os erros cometidos e não corrigidos, repetições, hesitações, risadas,

pausas, assim como quaisquer outras coisas que normalmente são desconsideradas na

língua portuguesa. Após será encaminhado para os entrevistados para analisarem seu

próprio discurso e acrescentar pontos e vírgulas caso haja a necessidade.

Disponibilidade: apresentar publicamente, se permitido pelos entrevistados, as gravações e

transcrições. Assim possibilitam-se outras pesquisas e estudo. Neste caso, como um

software livre63. Por consequência no futuro co-criar com outros projetos e sonhos.

Após a gravação, transcrição e devolução (feedback) dos entrevistados foi realizada a

análise de conteúdo dos dados quantitativos relativos aos registros de cada etapa e das

atividades realizadas e os dados coletados por meio das observações, interpretações dos

resultados qualitativos e análise do processo.

A técnica de análise de conteúdo como prevê Trivinos (1987), foi desenvolvida em três

fases: primeiro, a pré-análise; depois a exploração do material; e, por último o tratamento

dos dados. O que se busca então através deste artifício, é o aprofundamento do tema da

pesquisa, desvelando a complexa rede de relações que envolvem a realidade social dos

sujeitos. Constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o

conteúdo de toda classe de documentos e textos conduzindo a descrições sistemáticas,

qualitativas ou quantitativas possibilitando a reinterpretação das mensagens para atingir

uma compreensão de seus significados num nível maior. Faz parte de uma busca teórica e

prática, com um significado especial no campo das investigações sociais. Constitui-se em

bem mais do que uma simples técnica de análise de dados, representando uma abordagem

metodológica com características e possibilidades próprias.

Fairclough (2008, p.27-28) apud Oliveira, (2009) destaca que as práticas discursivas além

de contribuírem para mudar o conhecimento, crenças e o senso comum, provocam

transformações também nas relações sociais e nas identidades sociais, alertando para o

fato de que “as relações entre a mudança discursiva, social e cultural não são transparentes

para as pessoas envolvidas”.

Ainda na terceira etapa, foi criado um espaço virtual para as redes sociais, estações de

permacultura e para as instituições de ensino superior, as quais o autor está conectado, por

representar na Executiva Nacional dos Estudantes de Engenharia Ambiental – ENEEA64, a

63 Software Livre, ou software aberto é qualquer programa de computador cujo código-fonte deve ser disponibilizado para permitir o uso, a cópia, o estudo e a redistribuição. FSF. Free Software Foundation. Disponívelem: <http://www.fsf.org/>. Acesso em: 08 nov. 2012 64

ENEEA. Executiva Nacional de Engenharia Ambiental. Disponível em: <http://eneeabrasil.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov. 2012.

71

Diretoria de Pesquisa e Extensão, gestão 2011-2013. Denominou-se Ouvidoria, por buscar

informalmente referências para este possível diálogo e a opinião entre acadêmicos,

profissionais e permacultores.

Abaixo imagem Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia, enviada junto

com uma explicação sobre o trabalho de conclusão de curso, unido aos objetivos propostos:

Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia

FONTE: autor, 2012

3.4.4 ETAPA 4 - Análise dos dados

Qualquer resultado em investigação é relativo a uma problemática, ao esquema teórico no

qual se baseia direta ou indiretamente e à metodologia através da qual foi obtida. Portanto

nesta etapa são interpretadas e conectadas as falas e discussões realizadas no decorrer da

pesquisa com as categorias de análise pré-definidas com base nos textos de referencia por

meio da observação e interpretação dos resultados apartir dos indicadores e das categorias

emergidas.

As diferentes etapas que compõem esta pesquisa podem ser assim representadas, pelo

“APÊNDICE A”, que compõe de um mapa conceitual.

72

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicio esta discussão ao apresentar os processos cognitivos, com intuito de trazer uma

reflexão sobre a continuação dos resultados e discussão. Após, introduzo o diário de campo,

relatando sobre minha experiência com o Curso de Design em Permacultura (PDC). Em

sequência apresento os indicadores, em seguida uma re-leitura no PP. Então, a parte das

entrevistas interconecta as discussões frente ao processo formativo.

4.1 PROCESSOS COGNITIVOS

Entender os processos históricos não é uma atividade simples e fácil. Conforme a “lente”

que utilizamos, visualizamos a realidade de uma determinada forma. Muitas pessoas,

principalmente na academia, insistem que existe uma linha clara que separa a ciência da

ideologia, dos interesses e das determinações econômicas, políticas e sociais. A ciência a

nós é colocada como o verdadeiro “lócus” da neutralidade.

Desta forma, trago a reflexão de três diferentes paradigmas de concepção de mundo: o

idealismo, o mecanicismo e o interacionismo (SCHAFF, 1978).

A construção mecanicista da teoria do reflexo, segunda esta concepção, o objeto do

conhecimento atua sobre o aparelho perceptivo do sujeito que é um agente passivo,

contemplativo e receptivo; o produto deste processo – o conhecimento – é o reflexo, a cópia

do objeto, reflexo cuja gênese está em relação com a ação mecânica do objeto sobre o

sujeito.

Desta forma, compreende-se que a relação cognitiva é o de registrar estímulos vindos do

exterior, papel semelhante ao de um espelho. As diferenças entre as imagens da realidade

percebida reduzem-se as diferenças individuais ou genéricas do aparelho perceptivo.

Historicamente, está principalmente associada com as diversas correntes do pensamento

materialista, pois pressupõe “necessariamente o reconhecimento da realidade do objeto do

conhecimento e interpretação sensualista e empírica da relação cognitiva” (ibidem).

Se, no primeiro modelo, passivo e contemplativo, a predominância na relação sujeito-objeto

volta ao objeto, é o contrário que se produz segundo o modelo idealista e ativista: a

predominância, se não a exclusividade, volta ao sujeito que conhece, que percebe o objeto

do conhecimento como sua produção. Advindo de diversas filosofias subjetivistas-idealistas

e cognitiva: “a atenção está centrada sobre o sujeito a quem se atribui o mesmo o papel de

criador da realidade. Certamente neste modelo, em contradição com a experiência sensível

73

do homem, o objeto do conhecimento desaparece, mas o papel do sujeito ganha mais

importância”.

No terceiro modelo, interacionista, contrariamente ao modelo mecanicista, é atribuído aqui

um papel ativo ao sujeito, submetido por outro lado a diversos condicionamentos, em

particular às determinações sociais, que introduzem no conhecimento uma visão da

realidade socialmente transmitida. Propondo uma relação cognitiva na qual tanto o sujeito

como o objeto mantém a sua existência objetiva e real, ao mesmo tempo em que atuam um

sobre o outro.

É evidente que a escolha de um destes três modelos implica consequências importantes

para o todo da nossa atitude científica, em particular para a nossa concepção da verdade.

Aqui esclareço que o meu olhar é do terceiro modelo, o interacionista, esta interação

produz-se alguém que aprende o objeto na – e pela – sua atividade.

4.2 DIÁRIO DE CAMPO

A metodologia do diário de campo foi adaptada para o Curso de Design em Permacultura

(PDC), realizado entre os dias 10 a 19 de dezembro de 2012 como instrumento de

metodologia, no primeiro dia de curso, foi comentado com os demais comPÃOnheiros65.

Este curso teve formato de imersão, pois dormiu-se durante toda a programação lá no

espaço da Casa Colmeia, em Jaguaruna – SC. O Diário de campo completo pode ser lido

no (APÊNDICE – B).

No primeiro dia, teve a entrega de um princípio para até o final do dia expressar com o

corpo. Esta relação com o corpo é muito utilizada também em outras dinâmicas. A parte

“engenhosa” com as tecnologias sociais apropriadas: secador de frutas, telhado verde,

banheiro compostável, captação de água da chuva, fogão solar, espiral de ervas. Também

foi destaque. A diversidade das áreas do pessoal gerou uma construção de conhecimento

de vida, importantíssimo para um processo de aprendizagem. Lá busquei aprofundar na

essência, nas coisas em comum e não nas diferenças. Ficou claro que a Permacultura era

uma ciência de DESIGN, primeiro geográfico e depois ecológica. Muito foi falado sobre a

valorização dos Nativos – endógeno.

Me identifiquei com o Taoísmo, no sentido de buscar não falar nada e deixar fluir. Surgiu

uma frase de efeito, que o “Conhecimento consiste em crenças e o Saber em

experiências”. O estudo sobre a teoria de GAIA (Loverlock), organismo vivo. Teoria

65

Termo utilizado em uma das oficinas, utilizando uma relação de criação do pão com os amigos, com os companheiros. Relatando a importância da relação com o alimento e da amizade.

74

Sistêmica. O que realmente engrandeceu foram os debates, as rodas de diálogos, as

conversas, filmes, documentários. E uma prática para consultorias (zoneamento, mapa de

declive, altímetro, radiestesia).

4.3 INDICADORES

Com o objetivo de se integrar os princípios, valores e conceitos chaves envolvidos nos

aportes teóricos da pesquisa, foi necessário definir alguns indicadores comuns a todos eles

e que tivessem abrangência suficiente para as analises categoriais pretendidas tanto no

campo da Permacultura como da Formação do Engenheiro Ambiental e demais profissionais

ambientais do CTTMar/UNIVALI.

A definição destes indicadores foi subsidiada através de uma re-leitura sobre os princípios

da permacultura, o decálogo sobre a transdisciplinaridade e ecoformação e a

sustentabilidade educadora, além de todas as referências bibliográficas, minha trajetória de

vida, vivências relacionadas à permacultura (PDC e outros cursos) e o Projeto Pedagógico

do Curso de Engenharia Ambiental. Na tabela abaixo sintetizo os elementos que compõe

cada indicador e que se tornaram categorias na pesquisa. Em relação ao PP – Projeto

Pedagógico, os itens assinalados, foram os que aparecem no perfil do acadêmico e/ou no

desenrolar do próprio documento.

Processo que resultou na escolha de cinco indicadores como fundamentais para uma

analise dos processos formativos em permacultura e em engenharia ambiental. Ressalta-se

que esta escolha leva em consideração, além dos referencias teóricos adotados, a vivencia

do pesquisador e sua percepção sobre os processos formativos aos quais participou tanto

no campo da Permacultura quanto da Engenharia Ambiental. Os indicadores definidos são

Transdisciplinaridade, Ecossistêmico, Ecoformação, Criatividade e Ética. A tabela a seguir

evidencia as relações possíveis entre os documentos básicos e os processos formativos.

75

Tabela 1 - Indicadores

Indicadores Bases

teóricas PP Permacultura

Decálogo

TransD e Ecoformação

Sustentabilidade

Educadora

Tra

ns

dis

cip

lin

ari

dad

e

Américo Sommerman

Erich Jantsch

Basarab Nicolescu

X

Pratique a auto-regulaçãoe aceite

feed back

Design partindo de padrões para

chegar aos detalhes

Integrar ao invés de Segregar

Use e valorize a diversidade

Use as bordas e valorize os elementos marginais.

Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar;

Projeção tecnocientífica: o

campo da religação dos saberes

Projeção da educação:

Responder a uma formação

integradora, sustentável e feliz

Diálogo

Potência de ação

Eco

form

açã

o Maria

Cândida Moraes

Saturnino

de La Torre

Observe e interaja

Projeção social: Consequências de

uma cidadania planetária

Projeção nas reformas

educativas: Formar cidadãos na sociedade do

conhecimento;

Identidade

Eco

ssis

têm

ico

Maria Cândida Moraes

Edgar Morin

Geraldo Milioli

Flor da Permacultura.

Pratique a auto-regulaçãoe aceite

feed backHolístico,

Não produza desperdícios

Pensamento e Teoria Sistêmica

Projeção ecossistêmica e de

meio ambiente: Relação ecológica

sustentável

Projeção das organizações no estado de bem-

estar: Auto-organização e

dimensões ética e social.

Comunidade

76

Cri

ati

vid

ad

e

Maria da Gloria Dittrich

X

Use criativamente e responda às

mudanças.

Expressão – (uso do corpo/mente)

Éti

co

Perma

Cultura X

Cuidado com a Terra, Cuidado

com as Pessoas, Limitar o

consumo e compartilhar os

recursos e capacidades

Convivência e desenvolvimento

humano sustentável: Visão

axiológica e de valores humanos

Projeção no âmbito da saúde e da

qualidade de vida: Em busca da

felicidade;

Felicidade

Fonte: Autor, 2013

De forma breve, foram apresentadas alguns pontos chaves que descrevem cada indicador

selecionado. Vale ressaltar, porém, que apesar de se constituírem em categorias individuais,

todas elas estão fortemente co-relacionadas, havendo vários pontos em comum entre uma

ou mais delas. Merece menção também o fato de que em cada uma delas, há um maior ou

menor grau de afinidade com cada referencial teórico adotado.

A Transdisciplinariedade e a Ecoformação foram descritas e comentadas no 2.5.

Ecossistêmico

O pensamento eco-sistêmico (MORAES, 2004) é um paradigma educacional, embasado na

ação do aprendiz sobre o mundo; na atuação sobre a realidade; no reconhecimento de sua

interação com o mundo e no desenvolvimento de diferentes diálogos que a pessoa

estabelece consigo mesma, com os outros, com a natureza e com o sagrado. Firma-se

sobre as dimensões construtivistas, interacionista, sociocultural, afetiva e transcendente.

Toda construção teórica (pensamento) traz consigo a história de quem a escreveu, a sua

maneira de pensar, de perceber a realidade, de interpretar e compreender os

acontecimentos da vida. Logo a maneira como nos relacionamos com a vida, é ÚNICA e

INTRASNFERÍVEL. Cada um constrói a realidade à sua imagem e semelhança.

Este pensamento ecológico-sistêmico é relacional (estabelece diálogo), interligado; indica

que tudo que existe co-existe e que nada existe fora das suas conexões e relações; vai além

da ecologia natural, mas engloba a cultura, a sociedade, a mente e o indivíduo. Mostra a

77

interdependência existente entre os diferentes domínios da natureza, a existência de

relações intersistêmicas que acontecem entre seres, indivíduos, contextos, educadores e

educandos.

A vida sistêmica prevê a interatividade e a interdependência existentes entre fenômenos

físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Assim entende-se a

multidimensionalidade do ser humano e o papel do corpo como instrumento de mediação

das relações do homem com o mundo. Com a construção do conhecimento numa evolução

espiritual.

Criatividade

O fenômeno da criatividade humana, segundo Dittrich apud Torre et al (2011) está de certa

forma, ligado à espiritualidade humana. Aponta-se para o fenômeno da vida como

processos vital-cognitivos que levam o corpo-criante a viver a expansão e confirmação de

seu ser e fazer no mundo. Quando legitima, toca as profundezas do humano e lhe desperta

uma maneira de ser que procura, na criação ou na relação com o outro, sentido de viver, e

isto é vivencia de profundidade espiritual. A criatividade precisa, antes de tudo, ser

entendida como processo na liberação de uma energia que é a emoção de amor criante

para o desenvolvimento da razão transdisciplinar nas relações eu-outro-natureza-

transcencência.

Ética

Sobre a ética da permacultura, foi citada no item 2.4.3, que consiste em (HOLMGREN,

2007, p.8):

• Cuidado com a terra (solos, florestas e água) • Cuidado com as pessoas (cuidar de si mesmo, parentes e comunidade) • Partilha justa (estabelecer limites para o consumo e reprodução, e redistribuir o

excedente).

Com estes indicadores, fez-se uma releitura no Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia

Ambiental e nos Planos de Ensino do respectivo curso. Para perceber as teorias e práticas

da mesma, e, também para selecionar um grupo de professores para as entrevistas.

4.3.1 RELEITURA DO PROJETO PEDAGÓGICO - ENGENHARIA AMBIENTAL

• Transdisciplinar

Em relação à visão transdisciplinar foi encontrado em dois diferentes contextos:

Panorama do Mercado de Trabalho, Perfil do Egresso (UNIVALI, 2012, p.10):

78

“atuar numa visão transdisciplinar, de modo ético, crítico e criativo, na gestão ambiental de empresas, indústrias e instituições públicas e privadas.”

Esta visão transdisciplinar está muito fragilizada em relação aos conteúdos, pois antes deve

ocorrer a interdisciplinaridade. A visão pode ocorrer pontualmente, entretanto não podemos

depender de uma disciplina para garantir esta visão. O ideal é ocorrer à atitude

transdisciplinar. Em relação à atuação, não cita ONGs. E este mercado de trabalho deve ser

alterado para sociedade. É citada visão transdisciplinar como sendo:

“Desta forma, entende-se que para atingir um perfil profissional que almeje uma capacitação técnico-científica com visão transdisciplinar, somente a inserção do aluno em atividades práticas do cotidiano profissional pode permitir que este integre adequadamente os diferentes conteúdos, abordagens e habilidades trabalhadas nas disciplinas do curso” (op. cit., 2012, p. 21).

Capacitação tecno-científica, não é nem um pouco a visão transdisciplinar. Pois este nível

de capacitação é reducionista e fragmentada atualmente.

Estas atividades práticas, não garantem uma formação ou visão transdisciplinar. Projetos

que visem à interdisciplinaridade e atuem de forma transdisciplinar pode ser. Nosso sistema

é multidisciplinar, fechado, tempo aula/hora. Foi citada criação dialógica:

“Há um entendimento de que o fortalecimento da ação pedagógica do ensino reside não só na comunicação e/ou transmissão do conhecimento, mas também na criação dialógica desse espaço investigativo em relação à prática exercida na academia, ampliando assim a tomada de consciência da comunidade acadêmica acerca da sua ação/intervenção no contexto e uso de diferentes estratégias. Buscam-se, também, novas formas de efetivar o ensino e a aprendizagem inseridas num contexto de desenvolvimento de habilidades e competências que envolvem o “aprender a aprender” (op. cit., 2012, p.53).

Como este espaço investigativo tem se apropriado deste diálogo?

Abaixo sobre formação multidisciplinar e outros conceitos que constam no PP:

“A valorização da teoria e da prática é traduzida no processo de ensino e aprendizagem pela parceria, troca de informações, confronto de pontos de vista divergentes e pelo desenvolvimento de valores da cooperação e negociação exercida nas diferentes atividades acadêmicas, para asseguraras múltiplas funções do Engenheiro Ambiental do CTTMar que serão exercidas na sociedade. Dentre elas, as principais vinculam-se ao prevenir e resolver problemas ambientais, recorrendo tanto à tecnologia, quanto a processos de gestão. Sua formação multidisciplinar habilita-o a estabelecer estreitos diálogos com profissionais de outras áreas de atuação, característica essa que lhe confere um importante papel na consideração transdisciplinar das questões ambientais, onde poderá atuar: no controle da qualidade ambiental (monitoramento); na gestão e tratamento de resíduos sólidos; na prevenção à poluição da água, ar e solo; em sistemas de saneamento; na análise de riscos ambientais; na avaliação de impactos ambientais; em auditorias ambientais; na análise de ciclo devida de produtos; design ecológico; regulamentação e normatização de produtos;

79

defesa do consumidor; economia ambiental; estudos em modelagem ambiental; energias renováveis e alternativas; gestão e planejamento ambiental; tecnologias limpas; valorização de resíduos; gestão de recursos hídricos; ordenamento do território; planejamento energético, entre outras atividades relacionadas ao meio ambiente” (UNIVALI, 2012, p.53).

Na academia, a prática é multidisciplinar, sendo assim, como irei garantir uma atitude ou

visão transdisciplinar? Se para isto ocorrer deve-se ter a interdisciplinaridade. As disciplinas

com mesma carga horária e com a mesma importância?

“Para concretização desse perfil de homem que atuará no mercado e na área social entende-se que conhecer não é um ato passivo do sujeito frente à realidade concreta, mas sim conscientização, intercomunicação, intersubjetividade, síntese, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade. Nessa perspectiva, a realização das atividades curriculares do curso de Engenharia Ambiental extrapola o espaço da sala de aula, sendo extensiva para outros espaços e projetos, atividades intercursos e projetos integrados. Como exemplos das atividades intercursos compartilhadas destacam-se: aulas práticas em laboratórios integrados; saídas de campo; visitas técnicas e estágios em laboratórios de pesquisa, semana acadêmica, série seminários, além da prestação de serviços.” (op. cit., 2012, p.54)

Esta frase possui um machismo em relação à questão de gênero, mesmo sendo da língua

portuguesa, pode ser evitada. E a conscientização deve ser acompanhada da “ação” com

consciência. Como está sendo realizada esta intercomunicação? Intersubjetividade? E onde

está a interdisciplinaridade? Há uma certa mistura generalizada sobre os termos multi, inter

e transD.

“Fomento à pesquisa interdisciplinar, transdisciplinar e trans-centros.” (op. cit. 2012, p.83)

Que tipo de fomento? Como? Valoriza-se o interesse mas junto de uma reflexão de como

tem sido esta experiência na prática. Nas considerações finais apresento algumas

alternativas. Aqui, sobre a formação continuada:

“Formação continuada - Política Institucional - PROPPEC - direitos fundamentais e transdisciplinaridade. Um professor envolvido” (UNIVALI, 2012, p. 150-157).

Somente um professor fez parte da formação continuada em relação aos direitos

fundamentais e a transdisciplinaridade. Não foi encontrado nada relacionado à

autoformação, heteroformação, coformação, ontoformação.

• Ecoformação

Apesar de citarem a transdisciplinaridade nenhuma palavra e/ou assunto foi encontrado. Por

se tratar também de um termo teoricamente novo. Esta pesquisa visa justamente contribuir

80

para que esta dimensão possa ser apropriada na formação dos profissionais das áreas

ambientais em termos de graduação.

• Ecossistêmico

Em relação ao ecossistêmico, não foi comentado sobre visão sistêmica. Como a academia

tem se relacionado com as ciências sociais, humanas?

• Criatividade

A criatividade aprece no Objetivo do Curso e no Panorama do Mercado de Trabalho,

Perfil do Egresso, ambas se referindo à capacitação técnica-científica:

“Formar profissionais com capacitação técnico-científica para atuar em nível local, regional e nacional, de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental” (op. cit. 2012, p.19).

Em outro momento se relaciona a criatividade de uma forma brilhante em relação estas

operações abstratas, ações ativas e reflexivas e o desenvolvimento das relações

interpessoais:

“Em uma visão multidimensional, a concepção de ensino integra diferentes dimensões metodológicas: o domínio das técnicas, as operações abstratas, as ações ativas e reflexivas, o desenvolvimento das relações interpessoais, as concepções individuais derivadas da diversidade intercultural do grupo e dos saberes em si. Cada uma dessas dimensões forma um conjunto que deve ser praticado e realizado pelas diferentes estratégias selecionadas pelos docentes para o ensino, por meio da flexibilidade e criatividade, favorecendo o desenvolvimento de um profissional versátil, objetivo e criativo que se encontra num processo de contínua aprendizagem. Dentre as mais significativas, estão: saídas de campo, objetivando propiciar contato com a prática profissional, bem como forma de estímulo aos alunos em seu percurso acadêmico; aulas práticas de laboratório: possibilitando aos acadêmicos a correlação teoria e prática; tópicos especiais: incluindo os temas atuais ou complementares à matriz; eventos e atividades extraclasse, organizados pela coordenação do curso, que possibilitam a interação dos acadêmicos com os profissionais – geralmente Engenheiros Ambientais - já atuantes no mercado de trabalho” (UNIVALI, 2012, p.54).

Qual a definição? Concepção? Contexto? Padrão de referência metodológica... Uma saída

de campo ou laboratório não garante esta criatividade para todos, cada um tem um tempo

de aprendizagem, não há garantias sem perceber que tudo é um processo de

conhecimento. Uma das disciplinas (op. cit. 2012, p.55):

“A disciplina Inovação em Tecnologia Ambiental foi oferecida no ano de 2010 como Tópicos Especiais II, ministrada pelo professor Cesar Laus Simas. Esta disciplina foi voltada para uma proposta insipiente de inovação, buscando dar uma nova dimensão à criatividade dos acadêmicos de Engenharia Ambiental.”

81

Neste contexto, pode-se produzir uma inovação, entretanto, as didáticas no geral na

academia, não explora estas operações abstratas e reflexivas citadas acima. Abaixo um

outro fragmento (op. cit. 2012, p.149):

“Desse modo, considerando que a apropriação do conhecimento é um processo subjetivo de construção que deve ser mediado por um conjunto de ações pedagógicas, a Gerência de Ensino e Avaliação busca assessorar a construção dos Planos de Ensino de forma integrada e interdisciplinar; acompanha a atuação dos docentes, efetuando o levantamento de suas necessidades didático-pedagógicas; orienta as questões de relacionamento professor/aluno, melhorando a qualidade do trabalho docente e do ambiente acadêmico; incentivando o fazer pedagógico dinâmico, criativo e dialógico”.

Busca, mas na prática a construção acaba sendo unilateral, não se tem subsídios para unir.

Em relação aos professores é o tempo e uma abertura para os acadêmicos na construção

do mesmo.

“De modo geral, o mercado busca profissionais criativos, atentos, com boa cultura humanista, habilidade em conviver em equipe, principalmente multidisciplinar e que tenham raciocínio rápido e, sobretudo, que apresentem competência técnica desejada” (op. cit. 2012, p. 11).

Como a academia tem feito para resgatar esta boa cultura humanista?

“Formação continuada – Cultura e Formação Geral – Processo Criativo. Nove professores envolvidos” (op. cit. 2012, p. 150-157).

Aqui se percebe o interesse grande na questão do processo criativo.

• Ético

Aparece também nos Objetivos e no Panorama do Mercado de Trabalho, Perfil do

Egresso. Mas na prática se vê pontualmente em uma disciplina. Abaixo se vê no estágio

curricular (irá depender do orientando e do profissional responsável), no projeto de

graduação e na formação continuada, relacionada aos docentes.

No Estágio Curricular:

II – posicionar-se como profissional e confrontar criticamente o que é ensinado com o que é praticado,

seja do ponto de vista técnico-científico, seja em termos éticos;

No Projeto de graduação:

Consolidar o comportamento ético na coleta, processamento de dados e apresentação de

informações;

Programa de formação continuada:

Sub-item: aprimorar a sensibilidade pessoal e profissional no exercício ético da docência

82

Metodologia:

“Nesse sentido, o processo educacional nessa universidade sustenta-se em uma ação pedagógica dinâmica que pressupõe uma postura investigativa do professor e do aluno frente ao conhecimento e ao domínio dos modos de sua produção. Trata-se da proposição de um ensino que conduza o aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos, a produzi-los e avaliá-los com rigor, precisão, correção, clareza, e que permitam a elaboração do pensamento de forma mais refinada do que o senso-comum. “Esse processo se implementa com base na missão de educar, formar e realizar pesquisas sob a égide da ética, da cidadania e da responsabilidade social” (UNIVALI, 2005, p. 15)”.

“Nesse contexto de complexidades, tem-se presente que a formação de Engenheiro Ambiental está alicerçada em um conjunto de competências e habilidades definidas no perfil profissiográfico direcionado ao “profissional cidadão”. Para se conseguir esta formação têm-se presente um profissional generalista, técnico, científico, humanístico e crítico social de processo. Além do mercado, que exige um profissional especializado, focaliza-se a qualificação profissional assumida com responsabilidade social de cidadão, compromissado e comprometido a tornar o mundo com mais qualidade ambiental, mais humano, solidário, justo, ético e significativo no tempo presente” (UNIVALI, 2012, p.53).

“Morin (2000) prioriza os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo” (UNIVALI, 2012, p.50).

“Para ele não se pode esquecer que o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico, e possui um destino em comum para enfrentar as incertezas da nossa época, com uma vocação para a paz e para compreensão mútua entre os seres humanos. Desta forma colabora com a defesa constante da ética e da cidadania” (op. cit., 2012, p.51).

“O atendimento a estes objetivos permite que o perfil do egresso na área da Engenharia Ambiental transpareça as competências e as habilidades adquiridas; demonstre a capacidade de adequação à complexidade do mundo contemporâneo; propicie uma visão integradora e ao mesmo tempo, especializada do seu campo de trabalho e favoreça a consciência crítica quanto ao uso do instrumental teórico e prático do seu curso e inspire uma atitude, ética, inovadora e solidária em todas as suas ações” (op. cit., 2012, p.51).

Acima diversos fragmentos de textos citando a ética, como comportamento, atitude e

termos. Aqui reafirmo que não é uma disciplina que irá “dar conta”, pois a ética deve ser

instigada, provocada a cada instante. Todos os educadores devem reforçar esta atitude

ética.

• Estrutura Curricular

“A estrutura curricular do curso de Engenharia Ambiental está focada na Gestão Ambiental, com vistas a atender o perfil profissiográfico“. (op. cit., 2012, p.20)

83

O Foco do curso é evidente que é a Gestão Ambiental, entretanto, ao refletir sobre meu

processo de formação, enquanto engenheiro ambiental, percebo que muitas vezes é

esquecido a dimensão humana e as ciências humanas não tem o devido espaço curricular.

E é justamente esta integração de áreas de conhecimento que podem fazer a diferença na

formação humanista, ética e criativa de um profissional nas áreas socioambientais..

• Metodologia (PPI) Em relação ao Projeto Pedagógico Institucional (PPI), aqui uma referência a ético-político:

Figura 12 - Projeto Pedagógico Institucional - PPI

Fonte: (UNIVALI, 2012, p. 18)

Abaixo, fragmentos que estão preocupados com esta fragmentação e tecnicismo (UNIVALI, 2012, p.50):

“Trata-se da proposição de um ensino que conduza o aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos”.

“Chama a atenção o posicionamento do colegiado de curso explicitado neste documento (op. cit. 2012, p. 50), texto que transcrevo a seguir: [...] o curso de Engenharia Ambiental da Univali busca a superação da excessiva racionalidade técnica tradicionalmente presente nos cursos de formação superior que, fundamentados numa lógica de distribuição e fragmentação dos conteúdos, conduzem à desarticulação entre a teoria e a prática, bem como ao distanciamento entre os domínios genérico e específico das atividades profissionais”.

Como esta superação de racionalidade técnica tradicional está sendo Repensada?

As diretrizes curriculares, segundo o PP (op. cit. 2012, p. 51):

“Diretrizes curriculares devem atender a três objetivos fundamentais a)flexibilizar a estruturação dos cursos; b) recomendar procedimentos e perspectivas essenciais c) estabelecer critérios mínimos de exigência, no que se refere à formulação e à qualidade da formação”.

Como tem sido na prática? Que tipo de flexibilização se vê atualmente?

84

• Plano De Ação do PP

Os planos de ação foram classificados somente nestas três dimensões abaixo, (op. cit.

2012, p.201-217):

- Dimensão Capital Social; Dimensão Processos Acadêmicos e Administrativos; e Dimensão Sustentabilidade Financeira.

E todos os planos de ação estavam direcionados somente para uma pessoa, no caso a

coordenadora. Acredito que isto deve ser reavaliado e reestruturado.

Na dimensão Capital Social, falou-se em consolidar e efetivar a atuação do NDE. Isto é

extremamente importante e estes encontros não estão ocorrendo.

Nos Processos Acadêmicos e Administrativos se destaca o de “Implementar propostas

pedagógicas, incluindo-se cursos e ou programas multidisciplinares, intercentros e ou inter-áreas.

Oferecer disciplinas inter áreas de conhecimento.” Este deve-se valorizar mais. Faço parte de um

projeto de extensão “Sustenta-Habilidade” do qual interage com o “Centro de Ciências

Jurídicas”. Outra situação é de divulgar, promover manifestações artísticas e culturais na

comunidade acadêmica que deve permear mais os espaços e cursos.

Na dimensão da Sustentabilidade Financeira, são 20 propostas, mas não se fala em

autonomia, em ações específicas concretas, somente em estimular, desenvolver, eleger,

articular. Somente uma das ações é implantar programas de boas práticas de Gestão

Ambiental. Sendo que já temos trabalhos feitos em ecoeficiência e diversas propostas que

poderiam ser aplicadas nas próprias disciplinas, mas ficamos a mercê de uma

burocratização e falta de articulação. E outras em capacitar, articular e

disseminar/incentivar, mas com pouca aplicação transformadora.

Das 89 proposições de planos de ação, por estarem concentradas em uma única pessoa,

pode ser um fator positivo quando se atua em modelos de gestão e tomadas de decisão

centralizadoras, mas se pretende inovar e praticar outros modelos de gestão, mais

participativos, este fator pode ser um limitante. Quanto à sustentabilidade financeira, é

sempre outra dimensão determinante para a efetivação das ações pretendidas. Na medida

em que mais ações são efetivadas, maior impacto se tem sobre a necessidade de recursos

financeiros. Cabe ressaltar que muitas ações, nem sempre demandam recursos materiais e

financeiros e são de outra ordem, onde predomina a criatividade e inventividade de seus

agentes executores. Aqui um dos itens fundamentais para uma gestão participativa, ou

mesmo uma co-gestão adaptativa são as parcerias e a inclusão do maior número possível

de atores no processo de diálogo e tomada de decisão. Neste sentido os princípios e as

praticas propostas e experimentadas no campo da Permacultura têm muito a contribuir com

85

os modelos de gestão e os processos de construção de conhecimento pertinente na

academia.

• Perfil Do Curso, Campo de Atuação Profissional e Vocação.

Abaixo a “tabela 2” compilando a relação de duração dos cursos, o tipo de formação;

quando não encontrado, utilizou-se “não se aplica”.

Nota-se que a duração varia com o curso, a Biologia possui a menor, com 3600 horas e a

Oceanografia com a maior 3925 horas. A Matriz do Curso de Eng. Ambiental possui 3720, e

a nova, Curso de Eng. Ambiental e Sanitária com 30 horas a mais. Devido à carga-horária

do TCC e disciplinas complementares de saneamento.

Quase todas se definem como formação tecno-científica, entretanto um destaque para a

Engenharia Civil que se diz, generalista. Não se aprofundou nesta questão, mas traz-se uma

grande responsabilidade ao utilizar este termo em uma sociedade que cada vez é mais

especialista.

No perfil, em relação a Eng. Ambiental somente alterou-se de crítico para inovador no novo

curso. Destaque para a biologia que dá ênfase ao observar e questionar. Outro destaque em

Civil, ao comentar sobre a liderança, muito pouco fomentada (capacitação) nos cursos de

Eng. Ambiental.

Engenharia Ambiental e sua sucessora se definem como multidisciplinar e transdisciplinar. A

Biologia fala de inter e multidisciplinar. A Eng. Civil não se posiciona no texto. E a oceano

somente Transdisciplinar. No campo de atuação destaque que nenhuma delas diz atuar com

Organizações Não-Governamentais. Somente na vocação de Oceanografia. Ao término das

análises a página inicial do curso de engenharia ambiental se encontrava alterado, vide

anexo ”D”. Fator este, que pode ser celebrado pela intenção em se buscar novas formas de

aproximação à nossa realidade e perceber estas interações.

86

Tabela 2 - Compilações: Perfil, Campo de Atuação, Vocação

Eng. Ambiental Eng. Ambiental e

Sanitária Biologia Engenharia Civil Oceanografia

Duração Curso [horas]

3.720 3750 3600 3915 3925

Formação técnico-científica técnico-científica técnico-científica generalista com qualificação

técnica, científica, humanística, ética e cidadã,

técnico-científica

Perfil

Capacitação

prevenção, resolução e gestão de problemas

ambientais e de ordem sanitária que afetam a qualidade de vida da sociedade, para atuar

numa visão transdisciplinar de modo ético, crítico e criativo.

prevenção, resolução e gestão de

problemas ambientais e de ordem sanitária

que afetam a qualidade de vida da sociedade, para atuar

numa visão transdisciplinar de

modo ético, crítico e inovador.

observar, questionar, investigar e analisar

problemas biológicos e ambientais e suas possíveis

soluções.

buscam meios de utilizar os recursos vivos de forma

comprometida com o desenvolvimento do meio ambiente e sua utilização

sustentável.

propor soluções a problemas teóricos e práticos, aplicando

as teorias e os conceitos aprendidos em situações do

dia-a-dia, bem como a capacidade de liderança para a coordenação de equipes e

projetos.

de um profissional crítico e criativo, capaz de

identificar e resolver problemas, de atuar de modo empreendedor e

ético.

conhecimento e à previsão do comportamento dos oceanos e ambientes

transicionais sob todos os seus aspectos, com vistas a capacitar o profissional a

atuar de forma transdisciplinar nas atividades de uso e

exploração racional de recursos marinhos e

costeiros, renováveis e não renováveis.

Método Multidisciplinar, transdisciplinar

Multidisciplinar, transdisciplinar

inter e multidisciplinar Não se aplica transdisciplinar

Campo de atuação

prevenção, resolução e gestão ambiental em

prevenção, resolução e gestão ambiental em

instituições, organizações, indústrias e empresas que

Relacionou as atividades conforme resolução

em Universidades e centros de pesquisa, nas

87

empresas e instituições de tecnologia, pesquisa científica e saneamento,

públicas e privadas, atuando também de forma autônoma, na

elaboração projetos e prestação consultoria.

empresas e instituições de

tecnologia, pesquisa científica e

saneamento, públicas e privadas, atuando também de forma

autônoma, na elaboração projetos e prestação consultoria.

estejam ligadas aos diversos aspectos das

ciências biológicas. Podem atuar como pesquisadores em institutos de pesquisa

privados e estatais, fundações e indústrias.

Além disso podem atuar em planejamento e consultoria,

tanto no setor produtivo como em prestação de

serviços, para entidades governamentais e não-

governamentais.

CREA/Confea e os campos de atuação:

(i) Construção Civil; (ii) Sistemas Estruturais;

(iii) Transporte; (iv) Geotécnica; (v) Hidrotecnia;

(vi) Saneamento

em empresas públicas, mistas e privadas, exercendo

suas funções em cargos técnicos, administrativos e

gerenciais

em pesquisas e consultorias, via escritório escola e

entidades conveniadas à instituição.

projeto e execução de obras, consultoria e extensão,

atividades de planejamento e administração de

empreendimentos do setor e avaliação de impactos

ambientais, decorrentes de sua atuação profissional,

usando da informática e das novas tecnologias como

instrumentais para o exercício da engenharia.

atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão. No setor público pode

atuar em órgãos federais, estaduais e municipais

como secretarias de Meio-Ambiente, secretarias de

Agricultura e Pesca; secretarias de Obras e de

Saneamento e em diversas divisões do Ministério da

Marinha. No setor privado, está apto a trabalhar em

cooperativas de produtores, setores de

segurança e meio ambiente de indústrias

químicas e gestão ambiental de portos, indústrias do setor de

controle de efluentes e da poluição ambiental,

empresas de consultoria ambiental, empresas de

engenharia ligada à zona costeira, empresas de prospecção sísmica,

empresas de exploração, produção e distribuição

mineral (de petróleo e gás e derivados), empresas de

extensão pesqueira e aquícola.

88

Vocação

atuar numa visão transdisciplinar, de

modo ético, crítico e criativo, na gestão

ambiental de empresas, indústrias e instituições públicas

e privadas

Não se aplica

conhecimentos amplos nas áreas de zoologia, botânica, ecologia, e biologia celular e

molecular.

apto a desenvolver trabalhos de pesquisa em

diferentes áreas das Ciências Biológicas e de

formular hipóteses, analisar dados experimentais,

sintetizar conhecimentos e divulgar resultados. O

profissional também é capaz de desenvolver e aprimorar

produtos de origem biológica, assim como

coordenar seu aproveitamento de modo

sustentável.

Com mais de 50% do curso sendo de aulas e atividades

práticas

profissional responsável pelos estudos, projetos e

execução das mais importantes obras de

infraestrutura, das quais destacam-se a construção

civil, rodovias, portos, aeroportos, saneamento e barragens. No canteiro de obras, chefia as equipes, supervisionando prazos,

custos e padrões de segurança. Cabe a ele garantir a segurança da

edificação, calculando os efeitos dos eventos e das

mudanças de temperatura na resistência dos materiais.

Coleta e interpreta informações sobre as

condições físicas, químicas, biológicas, e

geológicas dos ambientes aquáticos. Analisa a

composição da água de rios, lagunas e estuários e

atua em projetos de saneamento de áreas

costeiras, monitorando e gerenciando obras e

instalações para garantir a preservação ambiental. Desenvolve técnicas de exploração dos recursos

naturais dos mares e avalia os efeitos da atividade

humana sobre os ecossistemas marinhos e

costeiros, buscando preservá-los, a exemplo do

controle ambiental em áreas de cultivo de

organismos aquáticos.

atua em empresas, órgãos públicos e ONGs voltadas

para a exploração, preservação e/ou análise

de impacto nos meios naturais

Fonte: Autor, 2013

89

• CREA

Não foi comentado, questionado no Projeto Pedagógico do porque de um engenheiro

ambiental não responder às atividades:

“Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;

Atividade 16 - Execução de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;

Atividade 17 - Operação, manutenção de equipamento ou instalação;”

Nem da sua extensão destas atividades, segundo a Resolução Confea/CREA, de 22 de agosto de 2005.

“Da Extensão da Atribuição Inicial:

Art. 9º A extensão da atribuição inicial fica restrita ao âmbito da mesma categoria profissional.

Art. 10. A extensão da atribuição inicial de título profissional, atividades e competências na categoria profissional Engenharia, em qualquer dos respectivos níveis de formação profissional será concedida pelo CREA em que o profissional requereu a extensão, observadas as seguintes disposições:

I - no caso em que a extensão da atribuição inicial se mantiver na mesma modalidade profissional, o procedimento dar-se-á como estabelecido no caput deste artigo, e dependerá de decisão favorável da respectiva câmara especializada; e

II – no caso em que a extensão da atribuição inicial não se mantiver na mesma modalidade, o procedimento dar-se-á como estabelecido no caput deste artigo, e dependerá de decisão favorável das câmaras especializadas das modalidades envolvidas.

§ 1º A extensão da atribuição inicial decorrerá da análise dos perfis da formação profissional adicional obtida formalmente, mediante cursos comprovadamente regulares, cursados após a diplomação, devendo haver decisão favorável da(s) câmara(s) especializada(s) envolvida(s).

§ 2º No caso de não haver câmara especializada no âmbito do campo de atuação profissional do interessado, ou câmara inerente à extensão de atribuição pretendida, a decisão caberá ao Plenário do CREA.

§ 3º A extensão da atribuição inicial aos técnicos portadores de certificados de curso de especialização será considerada dentro dos mesmos critérios do caput deste artigo e seus incisos.

§ 4º A extensão da atribuição inicial aos portadores de certificados de formação profissional adicional obtida no nível de formação pós-graduada no senso lato, expedidos por curso regular registrado no Sistema Confea/CREA, será considerada dentro dos mesmos critérios do caput deste artigo e seus incisos.

§ 5º Nos casos previstos nos §§ 3º e 4º, será exigida a prévia comprovação do cumprimento das exigências estabelecidas pelo sistema educacional para a validade dos respectivos cursos”

• Referências

“VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000

90

ANASTASIOU, L. G. C. Educação superior e preparação pedagógica: elementos para um

começo de conversa. Saberes,v.2.,n.2,mai/ago. 2001.

PIMENTA, S. G.; ANASTASIOU, L. G. C. & CAVALLET, V. J. Docência no ensino superior:

construindo caminhos. Saberes,v.2.,n.2,mai/ago. 2001.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Projeto Pedagógico Institucional da UNIVALI: um

processo em construção. Documentos Institucionais. Itajaí: UNIVALI, 2005.”

Em relação às referências, Morin e Vygotsky foram adaptados em pequenos fragmentos

dentro de todo o documento do Projeto Pedagógico, sem suas premissas básicas de

educação e formação estarem apropriadas pelo Curso, pela instituição. Entretanto valoriza-

se pela audácia e interesse de se relacionar com estes conteúdos. Deve-se destacar que

esta orientação metodológica, epistemológica e filosófica indicada pela Universidade,

deveria estimular e legitimar cada vez mais iniciativas e atividades pedagógicas

fundamentadas na teoria da complexidade e da auto-atividade, cada vez mais abordadas no

Programa de Formação Continuada de Professores da UNIVALI.

4.3.2 PLANOS DE ENSINO

As disciplinas podem ser divididas, segundo o PP, em três eixos temáticos: Planejamento

Ambiental, Qualidade e Tecnologia Ambiental e Tecnologia de Informações.

Figura 13 - Disciplinas dos Curriculos 2 e 3

Fonte: (UNIVALI, 2012, p.35)

Também podem ser divididas em: básicas, profissionalizantes e específicas. Como

demonstrado na figura abaixo:

91

Figura 14 - Enquadramento das Disciplinas

Fonte: (UNIVALI, 2012, p.35)

Em relação aos indicadores nas ementas das referidas disciplinas a dimensão da ética e da

criatividade não estão embasadas em referências, metodologias, didáticas e dinâmicas.

Estes itens variam de cada professor, mas que nas ementas eles não aparecem orientando

como se deve agir e aplicar, fomentar estas dimensões, salvo exceções da disciplina isolada

sobre Inovação e Ética.

Só aparecer/constar de forma isolada numa disciplina certamente não é garantia, nem é

suficiente para uma boa formação. Estas dimensões deveriam permear a matriz e não

apenas uma ou duas disciplinas, periféricas, não são centrais. E também que a formação

ética não se faz apenas com conteúdos disciplinares isolados.

A TransD, interdisciplinaridade e a ética não chegam a ser citada em 5% das disciplinas. A

criatividade, quando citada entra como método de avaliação e não chega a 8% as

referências. A metodologia não define se as disciplinas debatem ou não a questão da ética,

92

da criatividade, pensamento sistêmico, entretanto não chega a 5% os que utilizaram alguma

referência nestes aspectos.

• Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso

Tabela 3 - Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso

NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE

COLEGIADO DE CURSO

O que é?

O NDE se constitui no conjunto de professores de elevada titulação e de regime de trabalho em

tempo integral ou parcial que responde diretamente pela formulação, implementação e

desenvolvimento do Projeto Pedagógico do Curso.

O Colegiado do Curso de Graduação é órgão consultivo

em matéria de ensino de graduação e pós-graduação

(lato sensu), pesquisa, extensão e cultura.

Como é formado?

– Ter como presidente o Coordenador de Curso;

– Ter, no mínimo, 05 professores pertencentes ao corpo docente do curso há pelo menos 02 anos;

– Ter pelo menos 60% de seus membros com titulação acadêmica obtida em programas de pós-graduação stricto sensu e destes 40% com título de doutor;

– Ter todos os membros em regime de trabalho de tempo parcial ou integral, dos quais pelo menos 20% em tempo integral;

– Ter cada um dos membros obtido, no mínimo, média 07 no programa de Avaliação Institucional, em cada um dos últimos dois anos anteriores ao exercício do mandato.

– Coordenador de Curso;

– 04 professores, escolhidos por seus pares;

– 02 acadêmicos, escolhidos por seus pares;

93

Fonte: Coordenadora, 2013

A composição do Núcleo Docente Estruturante (NDE) atende tanto o curso der Engenharia

Ambiental como o de Engenharia Ambiental e Sanitária, sendo a seguinte:

Profª Albertina Xavier da Rosa Correa, Prof. Antônio Carlos Beaumord, Profª

Cristina Ono Horita, Prof. Franklin Misael Pacheco Tena, Profª Efigênia

Soares Almeida, Profª Janete Feijó (presid.), Prof. José Matarezi, Prof. Márcio

da Silva Tamanaha, Prof. Paulo Ricardo Schwingel, Prof. Rafael Medeiros

Sperb, Profª Rosemeri Carvalho Marenzi

Os membros do NDE são indicados atendendo critérios estabelecidos em Resolução

específica. As reuniões são eventuais.

O Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental tem a seguinte composição:

Profª Albertina Xavier da Rosa Correa, Profª Janete Feijó (coord.), Prof.

Joaquim Olinto Branco, Prof. Paulo Ricardo Schwingel, Prof. Rafael Medeiros

Sperb, Acad. Gian Franco Werner, Acad. Wellinton Camboim.

Competências

– Formular, implementar e desenvolver o Projeto Pedagógico do Curso, definindo sua concepção, fundamentos e estratégias de execução, contribuindo para a consolidação do perfil profissional do egresso;

– Participar na atualização periódica do PPC;

– Participar nos trabalhos de reestruturação curricular para aprovação nos órgãos competentes, zelando pelo cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais;

– Auxiliar na supervisão dos processos de avaliação do curso e na análise dos seus resultados;

– Contribuir para a promoção da integração horizontal e vertical do curso, respeitando os eixos/núcleos estabelecidos pelo PPC;

– Participar na organização de estratégias de interação com estudantes egressos e entidades de classe, na busca de subsídios à avaliação permanente do curso;

– Contribuir para a articulação das atividades de ensino, pesquisa e extensão do Curso;

– Desenvolver atividades de pesquisa e/ou extensão, através de projetos de âmbito interno e externo;

– Contribuir para a produção científica do Curso;

– Representar o Curso em Organizações e/ou Conselhos Profissionais.

– Participar ativamente da administração acadêmica do curso;

– Auxiliar no planejamento, acompanhamento e avaliação do Projeto Pedagógico do Curso;

– Zelar pelo fiel cumprimento dos dispositivos estatuários, regimentais e demais regulamentos e normas da UNIVALI;

– Acompanhar, avaliar e deliberar sobre alterações curriculares.

94

Os representantes do curso de Engenharia Ambiental no Colegiado do Centro são os

seguintes:

Profª Janete Feijó (coord.), Profª Cristina Ono Horita (titular), Prof. Rafael

Medeiros Sperb (suplente), Acad. Gian Franco Werner (titular), Acad.

Wellinton Camboim (suplente)

Vale lembrar que os representantes dos Colegiados do Curso e do Centro são eleitos por

seus pares, sendo que a representação dos professores é por um período de dois anos e,

dos alunos, um ano. As reuniões são “eventuais” (geralmente quinzenais para o Colegiado

do Curso).

A proposta do NDE é mais recente na UNIVALI, mas sinaliza para um caminho

extremamente importante para a inter e transdisciplinaridade, assim como para a

ecoformação, uma vez que amplia a participação de professores de diversas áreas no

processo de discussão e qualificação da implementação do PP do curso. Apesar disto,

segundo o PP:

“Os membros integrantes do NDE do curso reuniram-se uma única vez, em 24 de maio de 2011, para discutirem as principais ações de motivação e incentivo visando à participação dos alunos no ENADE 2011.” (UNIVALI, 2012, p158).

Já o colegiado se encontra atualmente pelo menos uma vez por mês. E apesar de ter

somente um encontro do NDE, muitos fazem parte do colegiado. Entretanto o foco seria

outro. Não se pode ignorar o fato de que a proposta dos NDE´s na UNIVALI é mais recente

e ainda esta sendo efetivada nos cursos. Veio justamente para ampliar os espaços e tempos

de construção coletiva do PP de forma dinâmica e processual e que, justamente por isso é

que deve ser uma pratica cada vez mais frequente no âmbito da academia.

4.4 ENTREVISTAS

Após o Comitê de Ética aprovar com o Parecer Técnico (ANEXO A), apresento aqui o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C), o qual é uma exigência do

Comitê de Ética e foi assinado por todos os entrevistados, o Cronograma das Entrevistas, o

Roteiro Semi-Estruturado, bem como as discussões em relação aos indicadores, as novas

categorias que surgiram e inclusive as “entre-linhas” que foram relatos/conversas ocorridas

fora da entrevista.

95

4.4.1 CRONOGRAMA DAS ENTREVISTAS

Abaixo o cronograma das entrevistas com alguns dados importantes para a tabulação,

sendo que no eixo horizontal principal contém informações como: número de páginas da

transcrição específica, quantidade de palavras computadas, o tempo aproximado de áudio e

um indicador de quantas palavras foram ditas por minuto no diálogo. Variando com o

entrevistado (utilizou-se uma letra para cada um para diferenciá-los e deixá-los em

anonimato), correspondente a coluna no eixo vertical:

Tabela 4 - Cronograma das Entrevistas

Entrevistado Nº páginas Nº palavras Tempo Entrevistas [min] [palavras/min]

A 8 2746 43 64

B 21 11011 87 217

C 11,5 4877 52 94

D 17,5 8075 82 98

E 23,5 9827 67 147

F 9,5 4030 51 79

G 19,5 8896 92 97

H 11 5202 69 75

I 22,5 10545 116 91

J 11,5 5188 70 74

K 15 10792 71 152

L 27 12719 129 99

GFP

280

GFA

112

TOTAL 197,5 93908 1321

Fonte: Autor, 2013

No total foram em torno de 197 páginas transcritas, mais de 90 mil palavras observadas,

numa escuta atenciosa em 1321 minutos, em torno de 22 horas de áudio. Percebe-se que

as velocidades dos diálogos variaram mais ou menos 152 palavras por minuto até pessoas

mais calmas a 64 palavras por minuto, inclusive à entrevista “K” foi a única a não ser

finalizada, pois se conversou muito e saiu do foco da pergunta, entretanto os principais

argumentos foram conseguidos. A primeira foi à entrevista “A”, acabou sendo um teste, pois

as entrevistas foram tomando ritmo. O entrevistado “L” foi uma entrevista diferenciada,

ocorreu em movimento, enquanto fazíamos manejo da terra e não foi seguido fielmente o

96

roteiro. O GFP (Grupo Focal Permacultura) e GFA (Grupo Focal Academia) não foram

transcritos, nem tabulados, destas emergiram subsídios para as considerações finais.

Em relação aos períodos, ocorreu após a validação do Comitê de Ética, no mês de Maio de

2013. Abaixo segue a ordem dos entrevistados, que variou em função dos horários

disponíveis, tanto do entrevistado, como do entrevistador. Ênfase na primeira e segunda

semana, onde se realizou até três entrevistas no mesmo dia. E aproveitou-se o final de

semana. Preferiu-se separá-los em semanas, para de certa forma dificultar a identificação

dos diferentes entrevistados.

Tabela 5 - Período das Entrevistas

Períodos das Entrevistas

Primeira semana A,C, D, B, I

Segunda semana H, K, F, G, E

Terceira semana J, L, GFP

Quarta semana GFA

Fonte: Autor, 2013

Para estas entrevistas utilizaram-se alguns equipamentos para registrar estas informações.

4.4.2 OS EQUIPAMENTOS

Foram utilizadas diferentes câmeras para registrar as entrevistas, dependendo quantas

pessoas estavam me auxiliando, eram utilizadas três câmeras digitais para filmar,

geralmente duas em posição fixa em ângulos diferentes e uma móvel. A Sony Alpha foi

utilizada para registrar fotos. E o gravador de áudio, emprestado pelo projeto Meros do

Brasil sempre registrou as entrevistas. Participação especial da câmera Panasonic, através

de uma amiga em comum, Rafael Coelho acompanhou em algumas saídas de campo com

este equipamento e técnicas mais profissionais, ele é formando em Cinema, na UFSC.

• Câmera digital – SONY CYBER-SHOT DSC-H70 16.1mp

• Câmera digital – SONY CYBER-SHOT DSC-W90 8.1mp

• Câmera digital – JVCMINI DV GR-D30UB

• Câmera digital – SONY ALPHA A390

• Câmera digital – PANASONIC AG-AF100

• Gravador de áudio – TASCAM DR-100 MKII

• 2 tripés pequenos

97

4.4.3 ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO

O roteiro semi-estruturado (APÊNDICE D) foi dividido em dados pessoais, onde envolvia a

trajetória de vida relacionada com as problemáticas socioambientais e sua

identificação/admiração pela área. E em dados para os indicadores e para os objetivos de

pesquisa. No anexo, em vermelho, foi algo que às vezes foi acrescido caso fosse

necessário, para o melhor entendimento das questões.

Destes foi dividido em Projeto Pedagógico, onde o entrevistado falava sua experiência com

a educação, com a teoria/prática, se conhecia ou estava envolvido com o projeto

pedagógico e para explicar a concepção sobre: interdisciplinaridade, transdisciplinaridade,

ético, crítico, criativo. E sobre o perfil desejado para os profissionais das diferentes áreas. E

se havia alguma lacuna específica entre a formação/PP na prática.

Após foi falado sobre a Ecoformação, se o entrevistado sabia sobre este conceito. Quando

o mesmo assumia que não conhecia, explicava para o mesmo e perguntava como era na

prática e no currículo (tanto acadêmico como no PDC). Refletia sobre o significado do termo

“ambiental” e apresentava uma frase sobre ecossistema, provocando-o para comentar a

frase, principalmente no aspecto de sistema complexo e de auto-organização. Quando bem

apresentado, acrescentava sobre o pensamento sistêmico.

Em seguida sobre a Permacultura, se já havia tido contato com a Permacultura e sua

compreensão sobre isto. Conheciam-se os princípios e como eles são/seriam trabalhados

na academia. Logo apresentava a flor da permacultura e pedia para comparar com a

academia. E por último se deveria fazer parte da academia. Relacionava também com a

imersão, se era necessária ou não.

Nas Habilidades, quais as que compõem um perfil do Educador, do Educando. E como

despertar a criatividade, a ética, a crítica e o pensamento sistêmico nos educandos. Por

último se eles têm incorporado novas atitudes e práticas cotidianas (pessoais e coletivas)

relacionadas ao envolvimento sustentável. E por final se tinha algo a acrescentar no seu

relato.

4.4.4 INDICADORES

Os indicadores estão divididos em: transdisciplinar, ecoformação, ecossistêmico, criativo e

ético. Na coluna do eixo horizontal se encontram os entrevistados, divididos em letras para

manter o anonimato, e o “X” representa o item selecionado das diferentes respostas na

98

coluna na vertical. Para as compilações das falas, apresento: – (Indivíduo - Letra) – “frase”.

Entre parênteses aparece (comentários meus para complementar a frase).

A tabela abaixo comtempla uma categorização das respostas dos entrevistados sobre este

item especifico. A ordem dos entrevistados é aleatória e foi reagrupada para melhor

visualização das categorias convergentes e divergentes entre eles, indicando possíveis

grupos de perfis para os entrevistados, reforçando diferentes visões e concepções entre os

profissionais que atuam na academia e os que atuam na permacultura. Muitos deles atuam

em ambos os campos e áreas de saberes. Optou-se por manter o anonimato dos mesmo,

justamente para tentar uma analise mais objetiva, evitando a exposição dos entrevistados

de acordo com os preceitos éticos da pesquisa. Nem todas as tabelas manterão este

mesmo sequencia e agrupamento de entrevistados, dependendo da recorrência e

similaridade entre as entrevistas.

• TRANSDISCIPLINAR

O item transdisciplinar foi comentado por todos os entrevistados, entretanto percebe-se a

falta de compreensão/conceituação, pois não foi comentado sobre os três pilares, sobre

autoformação, heteroformação entre outras definições importantes para o termo.

Tabela 6 - Compilações Transdisciplinar

Entrevistados Respostas

B E F I G A J K D L H C

Burocracia X

Consciência de importância, mas...

X X

Causa e Efeito X

Academia fez o caminho inverso

X

Conhecimento fenomenológico foi deixado

X

Acaba barreira da disciplina X X

Através das, entre as disciplinas

X X

O “objeto de estudo” fala por si só, o todo

X

Queria praticar em seu projeto

X

Multidisciplinar X X X

Deficiência na graduação X

99

Não tem projeto transD na graduação

X

Consegue mais com saídas de campo

X

Visão Sistêmica X

Ideologia/Utopia X

Permacultura X

Desafio X X X

Ligada ao meio ambiente X X X

Interdisciplinar X

Educador aprendeu de forma fragmentada, esta é

uma dificuldade

X

Está em tudo X X

Não segregar X

Permeia todas as matérias X

Lembrou na Educação Ambiental

X

Fonte: Autor, 2013

Percebem-se nas falas que se buscavam nas teorias alguns conceitos, como multi, inter e

trans. Entretanto não extrapolava o cronograma, ficava preso ao planejamento inicial do

Professor dentro da sala de aula – A – ”na época se buscava essa multidisciplinaridade,

transdisciplinaridade, e dai tinha relação entre algumas matérias, mais nada muito realista, tipo a

carga horária, os temas que você tinha que cumprir naquele semestre se baseava mais naquele

cronograma”. E muito a questão da teoria – A –”só que mais conceitual, nada muito

prático”.Sobre este diálogo com a academia todos que foram perguntados sobre a

transdisciplinaridade, com exceção do entrevistado “E” afirmaram que D – “é uma dificuldade

na academia ainda esse dialogo”. O mesmo entrevistado acrescenta D –“eu acho que as áreas

mal se conversam, (mal)conseguem implementar algum projeto em conjunto e discutir os dados com

base nesses vários enfoques”.

Valoriza-se o uso ao utilizar conceitos tão importantes para este processo de aprendizagem

–F –”Eu vejo que essa trans e interdisciplinaridade, já existem uma consciência da importância, mas

que os próprios educadores, professores universitários, alguns não se empoderaram dessa

necessidade, talvez pelo fato da academia, ela funciona de forma bastante burocrática.”

Entretanto, quando a Universidade utiliza como referência, alguns termos conceituais,

metodológicos. Fica ao trabalho da mesma, elaborar uma estratégia, um método para se

alcançar – B – “acho que a proposta da academia quando se apropria de um termo desses é

100

assumir o real significado do termo, mas como a gente tem uma estrutura muito engessada não só

em termos de instituição, mas dos professores que estão chegando para poder fazer essa

transdisciplinaridade, nós temos que pensar em descongelar isso em um primeiro momento e eu não

estou vendo a academia conseguir fazer isso”. Sobre este gradeamento curricular, veio uma

reflexão da “grade”, que traz estes sinônimos da prisão, do sentir preso. Algumas

universidades em Portugal utilizam Arquitetura Curricular, além de outras iniciativas como

Teia Curricular.

Outro tema que surgiu foi à questão da hiper-especialização – I – “o que mais se nota se esta

na mesma área ou digamos na mesma faculdade dentro de uma mesma disciplina, dentro desta

disciplina, trabalhando talvez com a mesma ordem animal, mas com gêneros diferentes. Não

conseguem falar um com o outro porque estão tão na especialidade e tão com o foco fechado dentro

do que sua área de conhecimento que todos os outros, esqueceram, eles já não são biólogos, já não

são médicos. O médico do joelho direito não fala com o médico do joelho esquerdo.”

Em relação ao conceito da TransD, praticamente todos conheciam, entretanto não estava

muito bem enraizado os conceitos, pois além de não citarem os três pilares, por exemplo,

sobre a autoformação, heteroformação, ecoformação; e/ou contextualizarem com outros

conceitos, ocorria uma confusão com multidisciplinar e interdisciplinar e muitos comentavam

que era a mesma coisa. Apesar de muitos vivenciarem! Uma das entrevistadas expressou

melhor que a TransD – G – “começa a conversar a partir da “coisa” não a partir do nosso posto de

engenheiro ou de educador. A coisa por si só traz conhecimentos que ali, pode ter, e você não vai ta

preocupado com a engenharia nem eu com educação, nós vamos ta preocupado com o todo daquele

objeto”. Acrescenta ainda que o – G –”transdisciplinar acaba com nós dois, você como engenharia

e eu como educadora, é o projeto por si só começa a falar, acaba essa barreira da disciplina, ou seja,

o transdisciplinar é grande desejo, que eu acho que dentro das instituições (ensino infantil,

fundamental, médio, superior, pós) é o ultimo lugar que ele vai conseguir chegar.” Inclusive, na

transD a disciplina deve perder esta pseudo-importância e focar no aprendizado – I –”A

disciplina não tem valor nenhum, como status de poder, como ilha de poder. Claro você deve acabar

com esta ilha de poder, este status.(caso houver ainda)”

Comentaram em diversas falas sobre o desapego em relação à disciplina, que atualmente

não ocorre dentro da academia, pois geralmente muitos professores estão ali, pela

pesquisa, sendo que o passar das informações, acaba sendo uma obrigação. Pois há uma

carreira a ser zelada. Exemplo disso é do – G – “apego a cadeiras acadêmicas que é mortal. É

muito difícil abrir isso, os egos educacionais são muito grandes, seja "professorzinho" ou

"professorzão", (é a minha disciplina, é a minha cadeira).” Como diria o indivíduo – I –”São

jogos de poder no final da historia.”

101

O histórico está diretamente relacionado – H –“a dificuldade assim, cada um dos professores,

vieram com um histórico de ver a disciplina de uma forma não interdisciplinar, cada um aprendeu de

uma forma fragmentada”. Outro fator importante é a relação entre os docentes – H –

“interdisciplinaridade ela é muito bem trabalhada, quando a relação interpessoal entre professores se

dão muito bem, quando isso não acontece é muito difícil trabalhar mesmo sabendo da necessidade”.

Para uma postura/atitude profissional inter e transD, há que se trabalhar as relações

interpessoais e dar maior atenção aos processos intersubjetivos tanto na academia como na

permacultura. E os espaços curriculares nem sempre priorizam uma formação dentro desta

perspectiva.

Nas falas de alguns permacultores, demonstra-se o real interesse ao introduzir a

Permacultura – B – “oportunidade da permacultura para o aluno trilhar um caminho, seu rumo

profissional. A nossa idéia não é formar um profissional permacultor, mas sim capacitar o cara a ter

uma visão que consiga juntar as peças do quebra-cabeça que estão todas elas bem afetadas pela

academia e formar um cara que consiga congregar essas idéias e traduzi-las à sociedade”.

Em relação à disciplina Introdução à Permacultura, um dos entrevistados diz – “o currículo

dela, é esse currículo, foi pensado por 22 permacultores e segue o programa, a carga horária

prescrita pelo PDC, faz as atividades previstas pelo PDC. Faz as atividades previstas e trabalha todos

os conteúdos do PDC. Nós traduzimos para Curso de Planejamento de Permacultural. Já estamos

dando uma tradução para o termo design”, usando o termo planejamento. Esta disciplina

(ANEXO B) apresenta um projeto de extensão associado, que é o caminho para, se emitir o

certificado do PDC para quem não faz parte da universidade. Acrescenta ainda que – “é uma

disciplina plural dentro da universidade, uma pena que ela não possa acontecer isoladamente”

Na prática – G – “quando alguém que se forma em Eng. Amb. e vai fazer o manejo de uma floresta,

não tem qual cadeira é mais, na hora que você vai fazer uma leitura, mapeamento de uma floresta,

pense em quantas disciplinas que você teve, flora e fauna nativa, botânica 1, 2, 3, 4 e 5, e o que vale

mais, quando você esta numa floresta, é a botânica ou a fauna e flora nativa? É tudo transdisciplinar,

a tua atuação do mundo é transdisciplinar.”

Entretanto cabe aos educadores, o currículo, os espaços acadêmicos de se apropriarem e

de utilizarem destes conceitos, para que haja esta interdisciplinaridade, para esta busca de

um conhecimento comum, numa “visão transdisciplinar”. Pois dentro da academia há muitas

coisas no papel, inclusive até a burocracia não permite que professores de outros centros,

outros setores façam parte do corpo técnico/docente de um laboratório, projeto, por

exemplo.

102

Sob o enfoque metodológico, pode-se dizer que temos um exemplo interessante a ser

citado, o qual vivenciei na academia, a Trilha da Vida, que é um experimento educacional

transdisciplinar que se desenvolve enquanto metodologia de construção de conhecimento

pertinente numa perspectiva critica e emancipatória da Educação Ambiental. Nela, os

participantes deixam momentaneamente de utilizar a visão, passando a dar maior atenção

aos outros sentidos, enquanto interagem com um ambiente de Mata Atlântica, tanto nos

aspectos naturais como nos antropossociais (SCHMIDT, 2003). Uma das primeiras

dissertações sobre a metodologia da Trilha da Vida foi desenvolvida pela oceanógrafa

Angela Ferreira Schmidt (2003), sob orientação da Profª Dra. Maria Cândida Moraes, cuja

pesquisa comprovou que ela é considerada também como um Ambiente de Aprendizagem.

Além de saídas de campo com pernoite em Volta Velha, com um contato/vivência com um

indígena do Alto Xingu, ainda uma saída com visitas às estações de permacultura do litoral

sul de Santa Catarina, idealizadas e implementadas por egressos dos cursos de Engenharia

Ambiental e Ocenografia da UNIVALI. O que evidencia um campo real de atuação dos

egressos destes cursos, os quais tiveram que buscar formação especifica e complementar

fora da academia.

Entretanto foi afirmado que – “isso é uma fala bastante antiga do MEC de promover à

interdisciplinaridade, a transversalidade, a transdisciplinaridade nas disciplinas e a gente só consegue

isso com saída de campo. Projeto mesmo transdiciplinar, a gente não tem, são poucos os que

conseguem fazer alguma coisa”.

• ECOFORMAÇÃO

Referente à ecoformação, ninguém soube conceituar o porquê do conceito eco. Que vêm de

encontro com outras formações, a auto (você como laboratório), a hetero ou co (formação

com o próximo, outro indivíduo), a eco (a formação em relação ao meio). Estas podem ser

consideradas interdisciplinares. E no conceito da transdisciplinaridade, visualiza-se a

ontoformação (que seria a formação em relação ao ser, ao todo), a teoria de GAIA, a meu

ver se encaixa perfeitamente aqui, como um super organismo. A “realidade do ‘Onto’ revela

a especificidade, a medida verdadeira do ser individualizado” (PAUL, 2001, p. 427).

Entretanto este tema trouxe muitas reflexões, tanto em questão do Pré-Fixo: ECO às formas

de formação e aprendizagem. Exemplo daquele foi D – “hoje em dia é tudo ambiental

sustentável eco não sei o que”.

103

Tabela 7 - Compilações Ecoformação

Entrevistados

Respostas F G B I E J H K C L D A

Não existe um método exclusivo

X

Formação X

Toda formação X

Teoria de GAIA X

Necessário X

Relacionou com o tempo (ameaça do futuro)

X

Sustentabilidade X

Respeito X

Vai do educador, não sei se é trabalhado

X

Meio Ambiente X

Ecossistema, biomas X X

Preservação X

Consciência Ambiental X

Algumas disciplinas que tem este eixo

X

Formação em conceitos ecológicos

X X

Prática X X X X

Interação entre os seres X X X

Integrativa X

Fonte: Autor, 2013

Uma das reflexões intrigantes foi referente ao espaço/tempo da profissão do engenheiro

ambiental, que reflete nas áreas relacionadas com a ecologia – A – “eu acho que a profissão

de engenharia ambiental, muito se fala que é a profissão do futuro, mais acho que os profissionais, os

novos e os que estão na academia, têm que fazer ser a profissão do presente, porque muitos que

estão se formando, estão trabalhando com consultoria, e nada mais são do que despachantes

ambientais, então, a gente pode muito mais, tem que ta explorando um pouco do lado criativo, porque

nós, os profissionais, temos que demonstrar do que somos capazes, e não ficar só se adequando às

normas, porque se adequar à norma, qualquer profissional pode conseguir, que a norma ta ali, agora,

criar e fazer acontecer, é isso que vai fazer com que os engenheiros ambientais ganhem em

credibilidade.”. Esta frase, principalmente se referindo ao profissional que se restringe apenas

a seguir as normas, foi esclarecido por outro indivíduo, em outra pergunta – B – “Ele

104

simplesmente executou. Então esse cara não é um profissional, é um técnico, técnico é o cara que

segue normas e procedimentos executando-os. Olho isso por que no Brasil nós temos muitos cursos

superiores e poucos cursos técnicos, e no curso superior estamos formando profissionais de nível

técnico”

Acrescentou ainda que – B – “toda a profissão tinha que ter implícita uma ecoformação, (pois) é

parte da responsabilidade ética de cada profissão. Não há um profissional que vá safar os outros

(profissionais da sua falta de ética), eu preciso de um somatório de atitudes”. Ou seja, de

profissionais éticos. E ainda reflete sobre o papel deste profissional– B – “você tem que

lembrar que antes de você ser um profissional, você é você. É isso, simples assim! Por isso, acho que

a permacultura em uma proposta de vida dentro de uma situação de baixa energia, (é viável, pois)

você aproveita as baixas energias. O ser humano no sistema em que estamos inseridos não olha

para as baixas energias, ele só olha para as altas energias, onde se obtêm lucratividade”.

Sobre a Teoria de GAIA mencionada no início ela “entrou (no currículo de geologia) porque

ela passou de hipótese para teoria”, porque como hipótese, dificilmente apareceria nos

currículos acadêmicos, “mesmo assim, ela é super, super subordinada (no currículo) porque os

meus colegas acham que ela é um contra ponto da tectônica de placas, assim ela quer derrubar a

tectônica de placas... Não! ela é complementar”. Com isto, de pensar o Planeta Terra, como um

super organismo, vem à reflexão repassadas para os acadêmicos – E – “pense bem o que

você vai deixar para os próximos que virão depois de você”.

Em relação à metodologia, entre tantas diversas realidades que a mesma deveria trazer –

“Transformação profunda”, visão “Holística”, “Integrativa” e uma “Interação entre os seres”.

Uma relacionada a esta vivência, descoberta, é o de “desintoxicar este cara da cidade”. Com

uma fala amorosa o indivíduo “G” propõe que você, acadêmico, – G –“filho, durante pelo

menos um ano você sai da cidade e vai viver num sitio, numa fazenda (orgânica), vai viver numa

aldeia, pode escolher. Você vai sair do meio urbano. Na hora que a gente entra e qualquer dessas

coisas, aparece à vida como ela é. E não é uma ida de um fim de semana, é no mínimo, um ano.”

para “viver os ciclos da terra, vai viver o como é que essa relação do eco, viver um ano essa relação

de ciclos biológicos, de ciclo de matéria, de produção de alimento”.

Ao escutar isto, nas formulações destes possíveis caminhos, isto ficou mais claro. No final

do semestre passado, facilitei uma proposta de estágio interdisciplinar de vivência (EIV), a

qual proposta, se baseava em uma vivência com movimentos sociais em suas localidades.

Então a idéia veio mais clara como, estágio na natureza. O acadêmico pode escolher entre

vivenciar alguns conceitos com camponeses, indígenas, movimentos sociais (EIV), ecovilas,

estações de permacultura, entre outros relacionados.

105

Alguns indivíduos reforçaram I –“o que deveríamos fazer é educação”. Entretanto percebe-se

que educação ambiental, ecoeducação, educação profunda, ecoformação, entre outros

“apareceu porque é necessário”. E inclusive o indivíduo “L”, afirma que a educação ambiental

tem suas especialidades e todo seu universo. E deve ser levada a sério para além de

acadêmicos e mestres, as prefeituras, as empresas e as organizações não-governamentais.

• ECOSSISTÊMICO

Através da pergunta relacionado ao ecossistema e o pensamento sistêmico, extrai alguns

comentários referentes à auto-organização de um ecossistema e como isto reflete ao nosso

dia-a-dia, como parte deste sistema. Bem como pensar a respeito da complexidade destes

sistemas. E se possível refletir sobre o pensamento sistêmico.

Tabela 8 - Compilações Ecossistêmico

Entrevistados

Respostas A H C D B L E F G I J K

Sistema Complexo X X X X

Interações X X

Academia na área ambiental X

Física Quântica X

Varias funções X X

Resiliência X

Sistemas evoluem X

Auto-regeneração X

Não fragmentar X

Refletir com o todo X X

Múltiplos caminhos, soluções

X X

Vida X X

Proteção intrínseca X

Natureza nos ensina X X

Observação X X

Complexo ≠ Complicado X X

Feedback X

Fora do Ecossistema X

Auto-poiése X

Conhecer todas as relações entre elementos (vivos e

não-vivos) X

106

Teoria da relatividade, com diferentes pontos de vista

X

Quebramos pensamento sistêmico, socialmente

X

Simplesmente se DIZ, te negaram este saber

X

Aplica-se em qualquer sistema

X

Visão holística daquele ambiente

X

Macro e micro interações X

Mineral tem vida X

Sabedoria, Respeito X

Fonte: Autor, 2013

Já deixo claro que a complexidade não está diretamente relacionada com o complicado,

como dito pelo indivíduo “G”, entretanto um dos indivíduos pensou que me confundi

(expressei mal na pergunta), pois é o que geralmente acontece, acredito que utilizamos este

conceito em diferentes situações, mas ele pôde de certa forma explicar-me ao fazer

perguntas à mim – B – “então veja como toda a complexidade que você tem, com todos os

processos que estão acontecendo, e que são descritos pela ciências, que muitos ainda não são, mas

que serão um dia quem sabe, você consegue ter o equilíbrio pra falar de uma coisa que é externa a

você, sem problema, então veja, que você tem o domínio na verdade de uma relação de equilíbrio

dentro do seu próprio corpo que é super complexo, que é um mini ecossistema, só isso, então um

ecossistema não tem nada de complexo desde que a gente tire esse fantasma de complexo dele

pronto, só que de forma cartesiana isso é difícil, você tem que pensar de forma sistêmica”.

Ficou claro nas respostas dos entrevistados, de alguma forma que C –“A auto-organização é a

característica de todo sistema vivo de se auto-organizar e de encontrar uma forma de se adaptar a

situação que se apresenta”. E ainda se abriu/expressou que foi algo – C –“Tão misterioso tudo

isso que eu vejo que através (do seu curso) foi um dos meus maiores ganhos foi que eu conheci

deus, para mim ali ficou claro que existe uma energia maior que coordena o que está em tudo, é um

arquétipo de perfeição”.

O que geralmente acontece, com as diversas graduações, políticas, frases, pessoas...– G –

“é que a gente se coloca fora do ecossistema”. Então como prática, devemos refletir, alinhar e –

F –“Observar as plantas, observar o comportamento dos animais com as transformações externas, a

cada ciclo da lua, cada estação. Acho que é isso que nos falta, nós estarmos com nossos sentidos

mais atentos, do pequeno para o grande, nós poderíamos atender muito mais, se nós

conseguíssemos, pois não é uma prática que foi desenvolvida por nós dentro da nossa cultura.”

107

Através desta observação e interação vamos compreender esta teia, estas relações e – G –

“Então, entender que eu sou parte” deste Universo conectado.

Então, o acadêmico deve ter a – I –“Visão básica da ECOLOGIA”. Perceber que a – “ecologia

de verdade quer dizer conhecimento de minha casa, economia - administrar minha casa”. Vem do

grego Eko – casa, Logia – conhecimento, Nomia – administrar. A importância de – I –

“conhecer todas as relações entre os elementos que estão dentro sendo vivos ou não.” E o que

realmente interessa é perceber estas “conexões e relações entre os elementos”. E quando digo

acadêmico, volto a repetir, que a nossa profissão não vai salvar o mundo, são as pessoas.

As concepções das pessoas. Os acadêmicos têm que despertar este pensamento sistêmico

e cabe a Universidade que forma o cidadão para este meio.

Ao refletir sobre como despertar o pensamento sistêmico, um dos entrevistados trouxe uma

reflexão que este pensamento sistêmico não precisa ser “despertado” e sim ALERTADO,

REPASSADO, pois – I –“porque nós quebramos isso socialmente, se você vai para um aborígene

e fala disso – pensamento o que? – Sistêmico de que tudo esta ligado! (Espera um pouco) Quando

não esteve ligado? ele não precisa falar disso!”. Entretanto, atualmente necessita desta

sabedoria de fazer estas conexões, uma – J – “visão mais holística, mais sistêmica, você precisa

de conhecimento e sabedoria. Enquanto a gente está encarando a era das informações”.

Necessitamos de ter mais “RESPEITO” pelas coisas e compreender todo o ciclo energético

por detrás.

• CRIATIVO

Atualmente não temos tempo para a criatividade, hoje se compra tudo. O reparar e reutilizar,

que é a hierarquia da gestão dos resíduos acabam sendo ignorada. Conforme o indivíduo

“F” confirma que a – F – “criatividade é algo bastante abrangente, então, essa questão de

comprarmos tudo pronto, tudo acessível, ela nos rouba um pouco desse espaço de desenvolver a

nossa criatividade. Uma forma é tentar fazer o que você compra, é uma forma de redescobrir a nossa

criatividade, e ai a gente vai tendo surpresas”.

Tabela 9 - Compilações Criativo

Entrevistados

Respostas A B C D L E F G H I J K

Pouco trabalhado X

Poucos professores X

Bons Exemplos X

Relacionou ao Divino X

108

Potencial de Co-criação X

Sem vivência, sem criatividade

X X

Interpretação inconsciente X

Como pensar X

Sistemas Complexos X

Múltiplas interações X X

Não dar respostas prontas X X

Transversalidade X

Estimular com mais perguntas, do que com

respostas X

Engenharia = Criar coisas X

Paradigma X

Limites X

Inerente aos seres humanos X

Depende do educador X

Risco de ocultar X X

Dons X

Não fragmentada X

Praticar coisas cotidianas X

Se aprende X

Conexões X

Pensamentos “novos” X

Atividades desafiadoras X X

Desestabilizar X

Felicidade X

Liberdade, livre pensador X

PAZ X

Brincadeira, lúdico X X

Compromisso X

Inovação X

Bagagem diversificada X

Com coisas simples X

Fonte: Autor, 2013

Todos demonstraram que a criatividade é extremamente importante. E para ter esta

criatividade, deve-se ter – B – “vivencias em diferentes meios, por que agente sabe que o meio faz

a pessoa e a pessoa faz o meio, é uma troca. Eu acho que, por isso eu vejo com maus olhos essa

109

especialização do profissional, eu acho que a gente tinha que dar possibilidade do profissional ver, ter

varias visões para poder despontar a criatividade em vários ambientes”.

E ao vivenciar estes diferentes espaços, devemos ter cuidado para não direcionar os

objetivos, isto acaba sendo uma atividade formatada e o próprio espaço perde o sentido, e é

o que geralmente acontece nas saídas de campo – B –“esse contato com a natureza (ou

empresas) sempre tinha um viés de fazer determinada tarefa, e não deixava enxergar o resto, eu só

consegui enxergar o resto quando fui para o campo sem ter a obrigação de descrever determinado

processo cientifico, fenômeno que seja, então eu acho que a didática de ensino têm de mudar para

poder incentivar a criatividade”.

Esta didática tem que ser explorada e pouco se nota dentro das ementas esta relação com a

criatividade, com o lúdico, com a expressão do corpo. É necessário desconstruir estes

conceitos fixos sobre determinadas coisas, ao apresentar uma perspectiva nova sobre a

mesma realidade – G –“Já diria o seu Piaget, você propor atividades que se desestabilize e depois

da possibilidade do cara de se estabilizar de novo.” E aprender com isto.

A criatividade está muito ligada à paz de espírito da pessoa, a liberdade que o mesmo tem

consigo e com os próximos – C –“Acho que criar é estar exercendo as divindades. não poder fazer

isso, a reprimir um ser a não ser criativo, que é da nossa própria natureza, acho que você está

fazendo uma ruptura do que é ser humano”. E esta ruptura acaba ocorrendo sem percebermos,

pois é um paradoxo – E – “parece um paradoxo quando você dá limites, você está limitando“, por

exemplo – E – “eu quero que seja criativo, mas eu quero que vocês sejam criativos em 5 páginas”.

Então o próprio sistema educativo é – E – “limitado por tempo, por espaço, limitado até por essas

coisas que dizem que vão dar criatividade para pessoa. Quando a gente faz um desafio para um

aluno, antes dele pensar da cabeça dele, ele vai procurar no Google pra ver se tem algo parecido,

isso já é um limitador de criatividade, procurar no Google”. Pois então, devemos refletir junto

como potencializar a criatividade, refletindo sobre este sistema educativo.

Na criatividade – G –“todos os artistas falam que a coisa da criação é 10% inspiração e 90%

transpiração.” Desta forma, – F – “dentro da academia a gente corre um grande risco de ocultar

essa criatividade que é inerente de todo nos seres humanos. E isso depende de cada educador, eu

acho que é algo que tem que estar vivo, e caminhar junto com a ética, inclusive. Todos nos somos

criativos dotados de dons, e que nossa criatividade não caminha de forma separado aos nossos

padrões, conceitos, morais ou conceituais. Penso que a arte deve fazer parte de tudo.”

Isto vai do educador, como exemplo – G –“A gente trabalhou, uma coisa chamada Artvismo. É

um movimento de arte de intervenções sociais a partir da arte do bom humor.” Um dos

entrevistados traz a reflexão sobre o nosso trabalho – I –“O trabalho de adulto deve ser a

110

brincadeira da criança num nível de pensamento de adulto. Tudo que tiver de lúdico e de aprendizado

te traz isso. Tudo pra mim é uma brincadeira estou fazendo por prazer.”

Já existe a percepção da importância e da necessidade do acadêmico ser criativo, re-

estruturar o pensamento e a prática, inovar nas suas ações. O tecnicismo, o passo-a-passo,

tem o seu valor, mas como Engenheiros, precisamos reinventar as relações entre os

elementos e resgatar a sustentabilidade, que anos atrás já existia e não precisávamos deste

conceito, utilizado hoje com interesses mercadológicos nada práticos. Devemos nos unir e

cooperar para uma boa governança. Dentro do PP que – G – “propõe a universidade ser

criativa, é muito interessante. Em geral, o acadêmico é aquele cara que segue passos. Aprender ser

criativo em todas as áreas, ser criativo é fazer conexões.“ E necessitamos de fazer estas

conexões com a história, com a relação sociedade e meio ambiente. As pessoas estão se

distanciando do meio, estamos nos artificializando.

Entretanto ela não tem se apropriado de metodologias, de didáticas para expandir este

indicador. Cabe ressaltar que durante o processo de re-estruturação curricular do curso de

engenharia ambiental, que passou a ser engenharia ambiental e sanitária, houve uma sutil

mudança alterando o termo “Criativo” por “Inovação” no PP.

Podemos suscitar possíveis razoes mercadológicas para a inclusão do termo “Inovação”

invés do “Criativo”. Mas, mesmo que por razoes outras, deve-se ressaltar que não é

possível realizar inovação sem criatividade. Portanto, mesmo que tenha ocorrido tal

mudança, a necessidade de formação de profissionais criativos e éticos continua a ser um

grande desafio e meta do curso ao meu entendimento.

Necessitamos de uma – H – “bagagem diversificada... por isso a parte cultural é importante

assim como as vivências e as leituras, os eventos...”

• ÉTICO

A ética foi apresentada de diferentes formas, desde uma explicação, o que há influência e

maneiras de como construí-la. Abaixo algumas compilações, seguidas de frases e

comentários:

Tabela 10 - Compilações Ético

Entrevistados

Respostas A L B C D E F I G H J K

Bons exemplos X X X X

Conduta X

111

Como colocar em prática algum valor

X X

Valores X X X X

Construção X X

Visão ética X

Horizonte da permacultura para transmiti-la

X

Auto-Crítica X X

Despertar a consciência X

Conhecendo pessoas éticas X

Trazer a problemática X

Outras dimensões X

Para viver, tem que ter X

Base X

Igualdade X X

Tão abrangente é, difícil X X X

Busca X

Amorosidade X

Não tem uniformidade na academia

X

Coerente com o seu pensamento

X X

Integridade X

Valores de outros reinos X

Varia entre indivíduos X

Reflexivo X X

Se colocar no lugar do outro indivíduo

X

Não existe meio ético X X X X

Quem está pagando? Rabo preso

X X

Interesses X X

Valores cruzados X

Não se pratica X

Disponibilizar a informação/conhecimento

X

Cultural X

Invadir outras áreas/espaço/conhecimentos

X

Ambiental X

Desenvolvimento Sustentável X

112

Respeito ao próximo, aceitar as diferenças

X

Relação funcionário/professor/aluno

X

Ética profissional X

Discussões X

Fonte: Autor, 2013

Pensar a ética por si só, é complexo, de um lado não se têm meio ético, entretanto a cultura

influencia muito nela, – C – “a ética pra mim não é pro outro”. Uns dizem que se busca, outros

que simplesmente se é. Contudo – F – “A ética no meu ponto de vista é de fazer as coisas de

forma coerente, integra, não visando somente os valores humanos, mas os valores de outros reinos,

ela é muito abrangente. Têm muitas coisas que não são muito éticas, como, experimentos com

animais, que ai depende do olhar do observador, na verdade.” Reforçando o nível de expansão

que a ética pode chegar é – C – “quando desperta a nossa capacidade de se colocar no lugar do

outro. E quando falo do outro, não me refiro somente seres humanos. Do cachorro que esta ali na

rua, do pássaro que está na gaiola, de uma arvore que está sendo cortada. É uma grande

oportunidade de refletir sobre isso”. Além deste se colocar no lugar do outro, é o de praticar a

transparência, se é algo que você não tem vergonha de expressar e cuidar para não utilizar

sua posição, cargo na profissão por exemplo.

E a Permacultura já afirma, focando seus esforços nos princípios éticos que – I – “os

problemas ambientais não se resolvem pela biologia não se resolvem pela química ou física se

resolvem pela ética.” E a ética pode ser definida quando – I – “você faz alguma coisa

independente que alguém te olhe ou te avalie ou te julgue você esta atuando eticamente”. Alguns

relacionaram a ética com a moral – C – “A moral é uma coisa mais teórica, um sistema de valores

a ética eu vejo como mais pratico, não existe pessoa meio ética, ou ela é ou ela não é. Parte por ai”

Uma das disciplinas da Eng. Civil Deontologia66 – cujo termo foi introduzido em 1834, por

Jeremy Bentham, para referir-se ao ramo da ética cujo objeto de estudo são os fundamentos

do dever e as normas morais. Cabe aqui, uma reflexão sobre a questão moral67 - que é

normativa, ou seja, diz respeito aos costumes dos povos, ao conjunto de hábitos, regras,

normas, leis que regulam a conduta de um povo, nas diversas épocas. Ela é abrangente,

divergente e variante de cultura para cultura. Geralmente visa circunstâncias e

necessidades imediatas de um povo. Já a Ética é especulativa e possui um caráter crítico-

reflexivo. Ela procura o nexo entre os meios e os fins dos costumes, das condutas, das leis.

66

WIKIPEDIA. Deontologia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Deontologia>. Acesso em: 2 jun. 2013 67

ALICE NO PAÍS DA FILOSOFIA. Ética x Moral. Disponível em: <http://alicenopaisdafilosofia.blogspot.com.br/2012/01/etica-x-moral.html> Acesso em: 2 jun. 2013

113

É específica na medida em que busca avaliar a fundamentação de cada costume, de cada

prática cultural e assume um caráter universal (que independe das práticas culturais dos

povos) enquanto reflexão crítica.

Como se percebe atualmente – a G –“Faculdade de medicina é de medicina ou da doença?

Trata-se da medicina, saúde porque não se fala de comida orgânica, o quanto esses frangos cheios

de hormônios estão fazendo mal. Crianças com colesterol, com déficit de atenção, hiperatividade.”.

Logo – I –“os valores estão cruzados então você tem níveis de complexidade e níveis de percepção

diferentes. Pessoa que pensa que o valor fundamental é ser livre e ser feliz e outro que pensa que o

mais importante é ter dinheiro”. Lembramos sempre que – B –“a universidade não forma um

profissional, ela forma um cidadão melhor preparado pra atender as demandas da sociedade”. Com

este subsídio, reforça o papel da universidade – B –“Que não deveria formar para o mercado de

trabalho, porque geralmente, este não acompanha as reais necessidades locais e regionais. Ela entra

em um patamar que corresponde a uma ilusão, pois o que gera estas necessidades mercadológicas é

o próprio sistema, que não é sustentável.” Fazendo deste sistema uma analogia com o nosso

corpo humano: O sistema funcionaria em Marte, pois ele só possui o “sistema digestório”,

não importa de onde vem os recursos (natureza, ser humano, financeiro), no caso a boca. E

nem qual a destinação destes recursos, inclusive os resíduos (Sistema Excretor).

Algo importante a ser destacado, que foi debatido muito no Grupo Focal, foi que o despertar

dos diferentes níveis de ética, é quando se conhece, lê ou estuda pessoas que têm ética.

Grandes mestres, que influenciaram diversas pessoas e ao buscar na essência destas

pessoas, encontramos este caminho a ser trilhado.

4.4.5 CATEGORIAS EMERGIDAS

Das entrevistas, emergiram outras categorias, as principais descrevem-se abaixo e as

demais podem ser acessadas no “APÊNDICE E”, com as principais frases ditas pelos

entrevistados.

• O “Despertar”

O despertar para a temática foi geralmente este contato com a natureza, uma busca pela

compreensão do planeta terra e/ou a curiosidade. Alguns foram pegos de surpresa – E –“eu

fui pra verificar vazão de um rio e não tinha rio no lugar que eu tinha marcado, só tinha lixo e aí a

preocupação, aí falei: nossa, como a gente vai trabalhar, pensar em vazão de águas, se não tem, se

o rio não consegue nem sair daí, só lixo, lixo, lixo?”. Outros quatro ao encontrar a Permacultura

sentiram que I - “era a luva que me faltava, já se estava com todos os argumentos teóricos e

ideológicos para aceitar uma mudança que faltava, a ferramenta para mudança foi a permacultura”.

114

Outros três ao fazerem as conexões necessárias para – L –“a salvação da humanidade, pega o

seu lixo, o seu coco, o seu esgoto e reciclar, pra ajudar a produzir solo, e solo é vida. Solo vivo,

alimento vivo, medicina alternativa.”

Tabela 11 - Compilações "Despertar"

Entrevistados

Respostas A B H C D E F G I K L J

Estilo de Vida X

Contato com a Natureza/Terra

X X X X X X X

Esporte X

Intercâmbio Cultural X X

Compreender o Planeta Terra

X X

Visão Conservadora X

Respeito à Vida X

Curiosidade X X

Crise Econômica Européia X

Projetos que eu acredito X

Contato com crianças X X

Compartilhar um sonho X

Reflexão do tempo X X

Concepção X

Desenhar X

Disciplina X

Ao experimentar alimento orgânico

X

Trajetória cheia de curvas X

Memórias da infância: interior, animais, água, terra

X

Natureza cura X

Microuniverso X

Fonte: Autor, 2013

115

• Educação

Muitos relacionaram que é um – C – “Processo de aprendizagem. então a pergunta é: quando a

gente não está sendo educado? porque se você começar a perceber cada situação em sua vida se

você consegue levar para uma forma positiva você esta trazendo uma mensagem para um

aprendizado tanto as situações boas como as ruins”. Mas – B – “uma educação que não é a

educação que formata o cérebro, mas que lhe faz pensar, você tem condições de definir o caminho

que quer seguir” E reforço, que todos somos educadores! É uma troca constante, então o

educador deve construir o conhecimento junto ao acadêmico e lembrar-se deste processo

contínuo e permanente deve ser transversal ao meio em que se vive.

A educação é – F –“uma forma consciente de como nos vamos desenvolver nossas ações no

mundo”. Sendo assim ela está conectada diretamente com a nossa prática, nossa relação

com a sociedade, com o meio. E muitos reforçaram esta questão da prática que é – “a

melhor forma de educar ainda é fazendo, fazendo bem feito, então o educador tem que

estar muito certo, muito consciente daquilo que ele tem pra dar, pra ensinar, porque ele só

vai conseguir educar a partir do momento que ele realmente faça bem feito, faça certo“.

Tabela 12 - Compilações Educação

Entrevistados

Respostas A B C D E F G H I J K L

Educação Ambiental X

Poder de mudança, transformação

X X

Não precisa ter educação ambiental

X

Inclusiva X

Pluralidade Social X

Processo de Aprendizagem/Contínuo

X X X

Desconstrução X

Comovido X

Comprometido X X

Educador filtrar assuntos X

Humildade X X

Fazendo X

Conceito que muda X

Forma de Vida X

Atento aos nossos sentidos X

Conceito vivo X

116

Religação com a natureza X X

Humanidade melhor X X

Todos somos educadores X X X X

Crescimento X

Disciplina X

Mais prática, do que teoria X

Educação moderna está muito voltada para os

valores capitalistas X

Construção Conjunta/Compartilhada

X

Vários níveis X

Família, agrupamento familiar

X

Forma de viver, incorporar e aplicar

X

Fonte: Autor, 2013

• Teoria e Prática

Em relação à teoria e a prática, – C – “dizem que existe um abismo [...] Por exemplo, professores

que falam muito de ecologia, mas não colocam pratica na vida deles, ou falam de ética, de valores,

mas não colocam este pratica. e isto frustra, trás uma frustração interna, pode ser que fique no

inconsciente, mas trás uma frustração interna, porque você acaba tendo todo um potencial de sonho

e de poder de criatividade e você não vê as pessoas que alimentam estes sonhos realizando isto”.

Um dos entrevistados recorre as falas de Bill Mollison ressaltando que ele – G – “se dedicou

em observar pessoas que faziam, não o que as pessoas falavam (...) Eu acho que tudo que eu falo,

tem peso um, e tudo que eu faço, tem peso dez.”. Já diz um ditado chinês que G –“a teoria sem a

prática é vazia e prática sem teoria é muito perigosa”.

Tabela 13 - Compilações Teoria/Prática

Entrevistados

Respostas A B C D E F G H I J K L

Abismo X X

Ótimas teorias, mas... X X

Falta muita prática X X

Mestrado, pois graduandos não se sentem seguro

X

Estão caminhando em lados contrários

X

117

Pouca possibilidade para se aplicar

X

Não há diálogo X X

Atento ao que se faz e não se fala

X

Caminho do meio X

Certos assuntos não necessitam da prática outros não se aprendem se ficar só

na teoria.

X

As práticas para adquirir Habilidades

X

Começo de tudo é observar X

Fonte: Autor, 2013

Atualmente – H –“o aluno tem tanto acesso a informação, e tem muita coisa que dependendo da

curiosidade, sabe até muito mais do que o próprio professor, porque ele já investigou, já procurou, já

pesquisou, e então, não vale a pena ele guardar só pra ele, mais ele compartilhar na sala inteira e

discutir, cada um com seu conhecimento e suas experiências, uma construção conjunta”.E o

educador tem que saber provocar isto, com dinâmicas, com debates, grupos de discussão,

rodas de diálogo.

Como fica evidente no próprio principio de design, tudo se inicia pela contemplação do – J–

“que você esta fazendo, você precisa observar. Você começa a ver coisas diferentes, você se torna

mais curioso, leva a motivar a fazer alguma coisa, ir atrás do conhecimento. Acho que tudo passa

pela observação.”

Os entrevistados A, B e K foram contemplados com a relação da teoria e prática já na

categoria “Educação”.

• Sobre o PP/Formação

O Projeto Pedagógico deve ter uma relação com a sociedade, algo que deve ser debatido

com os acadêmicos e construído com os mesmos. Devemos cuidar com as receitas de bolo,

com os consultores de “PPP”. Os profissionais e educadores devem se encontrar com

freqüência para se articularem e aplicarem a dita interdisciplinaridade e construção deste

projeto pedagógico que não vem merecendo o devido valor acaba passando como um

relatório e/ou uma exigência do MEC.

118

Tabela 14 - Compilações PP/Formação

Entrevistados

Respostas A B C D E H F G I K L J

Não conheceu X

Lembra de alguma coisa, mas não sabe explicar

X X

Não era este termo X

Reflexo na mudança de comportamento

X X

Sugestão Currículo Generalista/ Mais enxuto

X

Não é tema debatido com alunos

X

Receita de bolo X

Legislação X

Relação/Devoluçao com a sociedade

X X x

Leitura/Manual/ Relatório/Retrato

X X X

Não me envolvi X

Dinâmico X X

Reconstruído X

Legislações top-down X

Consultor vende PPP X

Deveria ser apropriada pelos educadores

X X

Saber autoritário da academia

X

Quem financia os projetos X

Poder X

Apropriada pelos profissionais

X

Competência, habilidade, atribuição

X

Exigência do MEC X

Deveria ser feito em conjunto

X

PP realizado em fragmentos X

Pouco tempo/pessoas para se projetar o PP

X

Executar atividades básicas X

Mais que um relatório X

Problema com o tempo X

119

Dinâmicas para discussão entre os acadêmicos

X

Problemática já na educação básica

X

Fonte: Autor, 2013

Esta formação acadêmica está gerando profissionais “hiper-específicos” – B –“ele norteia

para uma ramificação, uma especialização e todas as outras são abandonadas de cara, um sujeito

vira um especialista. Ele acaba esquecendo a relação com todo, o leque de opções.” E isto foi

frequente em mais de uma fala – C – “É sempre se especializando. por exemplo: eu sou

especialista do rabo da lagartixa vermelha do oriente norte”.

Um dos indivíduos reforçou a estrutura estratégica e de gestão das universidades, que – B –

“hoje dentro da universidade você tem uma hierarquia de cargos e coisas, protocolos a repetir que é

muito similar a uma estrutura militar, largamente combatida pela universidade na ocasião da ditadura.

Então, vejo que se contrapôs um pensamento, mas se aplica ele também da mesma forma e dentro

dessa lógica”. E ainda temos o pensamento do passo a passo, – E –“se tiver uma receita pronta,

uma receita de bolo e tiver uma técnica e números e gráficos, pra ele está ótimo”.

E quase todos os entrevistados deixaram claro esta preocupação com as novas gerações –

J – “cada ano que passa a gente sente isso, que os alunos são menos observadores, menos

curiosos. Mais a fim de ver o que ta passando no facebook. É a questão da informação, o aluno ele

quer informação, ele não ta querendo gastar energia pensando, conectando as coisas [...] tá ficando

preocupante”. Realmente a era da informação nos deixa um pouco confusos, como cidadão,

universitário e sociedade.

• Lacuna na formação acadêmica

Em relação às lacunas tivemos diversas reflexões sobre, desde os engenheiros

“engenharem”, de vivenciar alinhando a teoria com a prática. Alguns reforçaram que o Brasil

necessita de profissionais generalistas! Que devemos utilizar do pensamento sistêmico, bem

como da arte e cultura. Falou-se da muita racionalidade, tecnicismo que a academia impõe,

sem fomentar o lado humanístico, psicológico, emocional. A sociologia e a filosofia deveriam

permear as disciplinas tal qual a educação ambiental! Atualmente na formação temos a – I –

“chave e não sabemos para que serve”.

Reforçaram que o currículo encontra-se muito engessado, que o educando fica a mercê de

uma visão fragmentada. Então a necessidade deste olhar holístico, sistêmico, como um

ecossistema, que se auto-organiza. E valorizar – G – “A questão do desenvolvimento endógeno.

A questão de entender que o agente do local é cara que é o grande ponto da transformação”

120

Falou se muito das conexões, da dificuldade de co-relacionar os conteúdos, – H – “muitas

lacunas, penso que uma delas é a conexão entre conteúdos básico e profissionalizantes, do conteúdo

profissionalizante para a necessidade do mercado de trabalho, o curso (de graduação) não pode

estar enclausurado na academia, mas ela tem que servir a sociedade, então essa conexão, esse

ponto é uma falha”.

Outro indicador importante de ser comentado, é que segundo alguns indicadores, o próprio

PP (p. 144) demonstra que 12 alunos desistiram ou trancaram o curso em cada semestre

nestes dois anos analisados por diferentes motivos, demonstradas na figura “14” abaixo.

Figura 15 - Motivos de Evasão do Curso de Engenharia Ambiental

Fonte: Projeto Pedagógico (UNIVALI, 2012, p. 146)

Este número de alunos que desistem é um fator preocupante, minha sala, em 2008 entrou

com quase 70 alunos, no primeiro ano, saíram uns 15/20. E nos meses seguintes o número

diminui e só os “fortes sobrevivem”, ou seriam os que têm paciência? Pois o primeiro ano

são as matérias convencionais, praticamente cursinho ou segundo grau. Estas matérias não

acabam sendo um “atrativo”, uma representação do curso e das diferentes áreas que ao

decorrer dos anos irão se aprofundar. Como alterar isto? Da mesma forma que seleciona os

que tem facilidade, limitam-se os possíveis aprendizados futuros. Como reverter esta

situação? No decorrer da discussão vou propor alguns caminhos, mas já afirma-se que no

primeiro semestre já deve iniciar as saídas de campo e sentir as diferentes áreas possíveis

dentro da formação de um engenheiro ambiental.

121

E temos que refletir quem dita as regras do jogo, agora com a Resolução 1010, isso ficará,

espero eu, mais neutro. Entretanto há uma forte pressão nos “órgãos” que regularizam isto.

Será que – B – “é o CREA que vai dizer o que nos temos que ensinar? Ou somos nós que vamos

ensinar para o CREA poder habilitar. Então, há uma inversão de valores, por que na verdade quando

negamos que um conhecimento não possa ser transmitido por determinado ramo do “mercado de

trabalho”, estamos cerceando a sua capacidade de desenvolver uma tecnologia, uma metodologia

científica capaz de resolver problemas”.

Abaixo a tabulação em relação às lacunas desta formação acadêmica.

Tabela 15 - Compilações Lacunas na Formação Acadêmica

Entrevistados

Respostas A B C D E F G H I J K L

Engenharem X X

Vivenciar X X

Alinhar teoria com prática X X

Não sai pronto X X

Generalização X X X

Psicológico X

Emocional X

Raciocinar X

Construção do conhecimento

X X

Rótulos X

Pensamento Sistêmico X X

Nível técnico X

Muito cartesiana X

Inversão de valores X X

Encontro dos professores (NDE)

X

Pensamento reducionista X

Diálogo com sociologia, filosofia

X

Currículo engessado X X X

Diálogo com outros temas X

Problema Real X

Sentir o terreno X

Debate entre acadêmicos X X

Cuidado com as pessoas, social

X X

122

Pouca leitura X

Não tem lacuna X

Mais tempo, mais disciplinas X

Fase adulta, conseqüência da infância

X

Sentimento X

Visão Integrada X X

Fragmentado X

Valorizar o desenvolvimento endógeno

X

Competência X X

Capacidade de transmitir os conhecimentos práticos

X X

Ética X X

Mais projetos X

Criatividade/ Inovação X

Perfil desejado X

Não ter atividade complementar

X

Espiritual X

Deformação X

Excesso racionalidade X

Precisa ter uma Visão Holística

X

Ativismo político prático da Universidade

X

Conexão conteúdos básicos e profissionalizantes

X

Diversidade X

Interdisciplinaridade X

Infraestrutura X

Mente aberta do aluno X

Compromisso consigo mesmo

X

Formação básica X

Compreensão dos textos, informação muito mastigada,

falta de leitura X

Fonte: Autor, 2013

123

4.4.6 PERMACULTURA

Teve um bloco específico nas entrevistas para investigar em relação à permacultura, como

conheceu, em relação a sua concepção, seus princípios e flor e se deve dialogar com a

academia. Outra fato levantado foi à questão da imersão, saídas de campo.

• Como conheceu a Permacultura

Como se percebe a maioria das pessoas conheceu a Permacultura através da Academia de

alguma forma, dentro dela, por acadêmicos ou em eventos. Inclusive conheci ela no

semestre de calouro, em 2008 – final do semestre. Através do CPA, onde alguns

acadêmicos faziam parte e divulgavam na universidade. Um dos indivíduos teve um contato

através de um estágio – C –“então, eu achava que não ia veneno nos alimentos, então descobrir

que os alimentos que comiamos eram envenenados, para mim, foi um grande impacto na minha visão

cor de rosa do planeta e das pessoas. Então fui fazer estagio em agricultura orgânica”.

Tabela 16 - Compilações Como conheceu a Permacultura

Entrevistados

Respostas B G I J L C A D E F H K

Alguém contou que eram permacultores

X

Companheiro(a)/amigos X

Folder X

Li em algum lugar X

Evento Acadêmico X

Estágio X

Saída de Campo – Educação Ambiental

X

Estudantes da Universidade X X X X X

Fonte: Autor, 2013

Destas vivências, surgiu o que senti e que diversos já retrataram – C –“Integrava tudo o que eu

sentia na verdade, tanto a questão em trabalhar em harmonia com a floresta como a questão da

agricultura orgânica e o conviver com as pessoas, então foi uma descoberta de uma paixão mesmo”

Em outra ocasião, foi a meu ver por intuição, pela visão sistêmica, através da agroecologia

que simplesmente uma das pessoas interessadas em adquirir terreno – B – “veio nos visitar

disse: “vocês são permacultores[...] “ela nos contou que em 92, na ocasião da Eco 92, vendeu um

carro para trazer o Bill Mollisson ao Brasil, para dar um curso de permacultura”.

124

Uma das entrevistadas diz que voltou – “super animada destes cursos que eu fiz em Bagé no

IPEP na época no RS, e voltei para a universidade com os amigos montamos a CPA, iniciamos um

processo de levar isto para dentro da universidade”. Da qual, através do Monitor do Laboratório

de Gestão e Valoração de Resíduos, na época eu – junto a diversos parceiros – reativamos

a CPA com um Curso de Introdução à Permacultura: Por uma vida + Sustentável.

• Concepção de Permacultura

Como dito pelo indivíduo – A – ”é difícil estar definindo a permacultura, conforme tu vai

vivenciando ela, a tua definição vai mudando”. Percebe-se que a concepção da mesma varia de

pessoa para pessoa. Compiladas 47 subcategorias, das quais alguns a consideram como

filosofia de vida e/ou como uma ferramenta potente. Pessoalmente, me encaixo neste grupo,

pois a própria lógica aristotélica nos leva a esta percepção! Buscar a harmonia, não deixar

se cristalizar, virar um dogma. Entretanto dar uma atenção, pois o “bloqueio” mais evidente

é a desinformação – B –”Qual é a barreira que a academia tem com a permacultura, o

desconhecimento, só! [...] “a permacultura é feita por pessoas, que saíram da academia”. Outra

evidente é o preconceito que surge da desinformação, também por que há uma estética

associada ao modo alternativo de vida dentro dos estereótipos da sociedade de consumo,

da sociedade urbanizada, o qual confunde estilo da pessoa com a ferramenta de design.

Tabela 17 - Compilações Concepção de Permacultura

Entrevistados

Respostas A B C D E F G H I J K L

Estilo/Filosofia de Vida X X X

Design da sua propriedade, onde se vive

X X

Relacionou ao Clima X

Setores X

Harmonia X

Difícil definir X

Muda ao vivenciar X

Acredito que não serão todas as pessoas que

vão/devem se identificar X

Relacionou com a espiritualidade

X X

Intuição X

É um tema transversal X

Perfil X

125

Holístico X X X

Forma Completa X

Livre X

Autonomia X X X

Criatividade X

Liberdade X

Despertar da consciência X

Visão de Mundo X X

Transformação X X

Ferramenta potente X X X X

Resgate X X

Relações X

Ecoformação X

Restrito X

Vida Natural X X

Dinâmica X

Carismática X

Não é cristalizada X

Tesouro X

Existe se for praticada X

Complexo X

Soluções para crises X

Religação X

Desaceleração X

Não é Permacultura Australiana, esta elitizada

X

Conectar X X

Ecologia Prática X

Ético X

“8 ou 80” X

Pré-conceito X

Crescimento por degraus X

Extra-curriculares, não obrigado, voluntários

X

Equilíbrio X

Iniciou com a Permacultura X

Respeito em relação ao meio e com o todo

X X

Viver em micro-sociedades, tribo

X

126

Surgiu na Austrália X

Fonte: Autor, 2013

O entrevistado “B” citou diversos exemplos de diferentes áreas, desde a medicina,

jornalistas até ecólogos e disse – B –”usar o termo permacultura pra reunir toda essas boas

coisas esses bons profissionais, técnicas que enxergam de uma forma completa e holística os

acontecimentos é uma coisa interessante, mas não precisa ser permacultura, poderíamos chamar de

outra coisa, mas o interessante é que se criou em cima da permacultura a possibilidade de dar uma

identidade pra esse perfil. Então eu acho assim, se nos temos um rótulo e a nossa sociedade só

reconhece alguém pelo rótulo, façamos uso deste rótulo nesse momento, mas a partir do momento

que a maior parte da sociedade, sei lá quando é que vem isso, pra mim é utópico, não importa, temos

que seguir. Um dia as pessoas vão olhar pra trás e vão dizer, mas porque a gente usava rótulos

mesmo? Nós não precisávamos deles.” No grupo focal que ocorreu com os interessados na

permacultura, surgiu que o objetivo da permacultura, era que a “permacultura” não

precisasse existir. Parafraseando o Greenpeace. Do qual se refletiu, se toda manhã eles

tinham acesso a este objetivo.

Muitos compararam com o movimento de agroecologia – D –”o que é permacultura, o que é

agroecologia, até onde começa a permacultura e começa a agroecologia, por que são conceito que

surgiram meio que paralelos em alguns momentos e alguns lugares, mas que totalmente se sobre

põem mas enfim acho que a idéia é buscar a sustentabilidade”.

Alguns conseguiram elencar os pilares pessoais em relação ao termo – C –”para mim

permacultura são três palavras: autonomia, criatividade, liberdade com você, com as pessoas que

estão ao teu redor, com a comunidade onde você estiver.” Possui inclusive uma conexão forte

com– B –“Esta relação com a espiritualidade, no sentido da fé, não sentido religioso [...] ela deixa

você tocar um pouco a intuição e a nossa academia ocidental não deixa”.

Muitos percebem este resgate, reflexão – D –”como um resgate mesmo de varias técnicas

ferramentas enfim de varias comunidades ao longo do mundo inteiro que trabalham que buscam

justamente aproveitar da melhor forma possível os recursos naturais da região para sua própria

autonomia, dai na questão de produção de alimentos, da moradia, da energia, das relações”

Outro indivíduo foi mais direto afirmando que – L – ”a permacultura nasceu com os índios, isso

ai nasceu com os caiacós, com os xavantes. A permacultura aqui no Brasil nasceu com os nossos

índios da Amazônia, cada tribo indígena tinha a sua permacultura. a permacultura da Austrália ela

nasceu com os aborígenes então. E digo a você, os tritões, os gauleses, germânicos todo mundo aí

no passado tinha sua permacultura também, então a permacultura não é de agora, quem ganhou um

premio Nobel alternativo, quem inventou isso aí, ele sintetizou um conhecimento. E outro indivíduo

127

ainda acrescentou num momento de reflexão – H – ”é que no fundo no fundo me parece que a

permacultura é, se for ver a historia da humanidade, ela começou na permacultura”.

Entretanto não necessitamos “viver na pré-história” como já ouvi falar de alguns.

Simplesmente refletir, pois –I –”ser permacultor é conectar o que está desconectado, porque toda

formação acadêmica que acaba sendo acadêmica e toda formação que você recebe nas escolas

sendo feitas ou dirigidas por acadêmicos em ultima instancia são universitários dando aulas, quebrou

isso, quebrou a conexão, enche a cabeça de dados e você não sabe para que serve um com outro”

Alguns relacionam com a vida natural – E –”assemelha à vida, vida natural, vida como base. São

experiências fantásticas, uma pena, o grande ressentimento é que poucas pessoas tenham contato

com isso”. Principalmente, pois ela – F –”é muito carismática, ela consegue envolver os jovens,

consegue preencher uma lacuna que a academia não preenche. A academia é muita voltada para o

conceitual e a permacultura para o experimental”.

Algumas reflexões sobre o conceito – F –”Tem que ter esse cuidado, a permacultura na teoria

não é permacultura, ela é permacultura se é praticada. O conceito que ela traz é bastante

interessante, mas, se ela não passou por nossas mãos, e não tivemos a oportunidade de aplicar, será

somente, mas um conceito bonito entre outros.” E principalmente a proposta é de– I –”Não criar

novos mitos, não ser dono da verdade nem ser dono do tema e a permacultura é um movimento

mundial que vai se re-criando todos os dias. E irá mudando com tempos, locais.”

Há certa marginalização, geralmente parte do acadêmico buscar informações. O indivíduo

“K” sugere que elas de início, sejam – K –“atividades voluntárias relacionado à Permacultura [...]

Extracurriculares, não-obrigatórias [...] crescimento por degraus, para que se torne institucionalizado”.

Pois possui certa “Resistência de gestores”.

Entretanto, esta percepção deve ser redesenhada. A temida reforma curricular acadêmica

deve ocorrer, pois a mesma academia virou um produto, com interesses. Então para – H –

”inserir num conceito holístico na academia que está fragmentada em disciplinas turmas, teoria,

pratica etc... então eu acho que de repente tenha que ter uma reestruturação ou uma quebra desses

paradigmas funcionais, mas partir destes conceitos de permacultura para trabalhar dentro do curso,

da maneira de como esta organizada”

O grande lance, é as diferentes formas de se chegar à Permacultura, suas diferentes

pétalas, suas diversas temáticas e caminhos, – B –“Uma vivência com a permacultura, pode

mostrar diversas áreas, sendo assim, para o aluno que está um pouco perdido em relação a qual

“carreira” seguir, uma formação ou esta introdução pode abrir um leque e descobrir suas

afinidades”.Inclusive – H –”sendo uma disciplina, pode ser uma semente plantada nos alunos, para

mostrar, o que é essa permacultura”.

128

Algo que foi levantando é que – H –“ta muito distante de ter uma atuação da permacultura, e

depois se for expandir isso, um profissional que sai daqui, que sai com essa visão da permacultura,

vai estar na contra mão, porque vai ter que brigar com uma sociedade toda, que não pensa dessa

forma, então é uma briga constante e eterna, que vai tentar implantar a permacultura na sociedade...“

Entretanto este pensamento mercadológico está desmoronando nas mais diferentes áreas,

através de doenças, do psique, da relação com o próximo. Então não acredito que a briga

seja com a sociedade, e sim, consigo mesmo. Pois quem constrói a sociedade somos nós.

O conceito que mais me identifiquei, foi dito pelo indivíduo “I” ao dizer que ela nada mais é,

do que a Ecologia Aplicada, pois tanto se dividiu os conteúdos que a Ecologia é integradora

e com ela maximiza-se as relações entre indivíduo e espaço.

• Princípios e Flor da Permacultura

Com certeza a base da permacultura é a ética e valores – C –“se a gente não tem isso muito

claro e não consegue aplicar na nossa vida a gente tem que ficar um tempo trabalhando em cima

disso a principio, mas se a gente já tem isso claro e consegue aplicar a permacultura é muito lógica

ela trabalha com a lógica, e o principio de trabalhar com a natureza e não contra, o que na maioria

das vezes a gente aprende na universidade, e a energia da cooperação que é uma energia contraria

ao movimento que o sistema capitalista quer fazer com a gente”.

Tabela 18 - Compilações Princípios e Flor da Permacultura

Entrevistados

Respostas A B C D E F G H I J K L

Conhecer X

Estar mais visível na academia

X X

Fazendo check-list X X

Repensar as ações X

Vai do professor X X X

Formação de cada professor/aluno

X X

Incentivar X

Gestão territorial mais humana

X X

Disciplina X

Já no ensino fundamental X

Através da Interdisciplinaridade

X

129

Abrir mais X

Ética e Valores! X

Lógica X

É trabalhado, mas X

Apresentar em algumas disciplinas já existentes

X X

Sim, não como um todo X

Formação de qualquer área

X

Flor – por onde chegar... X

Religação dos Saberes X

Na Ecologia X X

A própria academia deveria ser a flor por

completa. X

Parte de cada um, do professor do aluno

X

Relembrou da infância X

Compartilhar, aproveitamento, respeito

à natureza X

Grande maioria da flor se encontra na academia

X

Fonte: Autor, 2013

Além desta ética, ela parte de uma visão baseada em alguns princípios, que todos – G –“são

princípios de sustentabilidade, principio de respeito, principio de boas relações. Na verdade todos

eles são princípios de humanidade. Qualquer ação humana deveria respeitar esses princípios.

Deveria ser pensado sobre isso, deveria ser explicitado”.

Agora refletindo sobre o primeiro – “I –Mas se você vai analisando eles qual o primeiro principio?

Observar e interagir. Como começa o método cientifico? Observação. Tudo o que vem depois é

insistir na multiplicidade de ângulos de visão, é insistir na diversidade, na complexidade, é insistir em

tudo o que estamos falando. Em ultima instancia é insistir no ecossistema. Quando se fala em

agroflorestas, quando se fala em cultivo diversificado, monocultivo, tudo isso é ecologia.” Outro

indivíduo reforça que “J – Tudo passa pela observação e o respeito pela natureza.”

E isto, perpassa na formação de qualquer área, – G –“quando fala, observe e interaja, esse

principio da pra medico, pra engenheiro, arquiteto, pra biólogo, pra qualquer coisa. Quando você tem,

aceite o feedback, é pra qualquer um”. Mas vale lembrar que a C – “permacultura não é uma

130

especialização, é uma ciência de generalização. Então a gente já começa a entrar num campo mais

restrito, a universidade estimula a especialização”.

A principal reflexão que posso trazer é que utilizar os termos sem ter uma prática,

desencadeia um processo de insegurança, G –“os professores deveriam discutir e trabalhar cada

um dentro da sua cadeira, como que cada um desses princípios aparecem. Talvez possa ser uma

possibilidade.” Outra proposta é através de um check-list, interno a meu ver. O ideal é que –

G – “a academia poderia ser cada uma das pétalas. Tem o livro do Morin, que chama Religação dos

Saberes”. O qual subsidia este diálogo numa visão mais integradora entre as diferentes

áreas, deixando de ser um feudalismo universitário. Geralmente – H – são coisas tão simples

de serem resolvidas, e difíceis de serem aceitas...”

• Deve dialogar com a academia

Segundo (HOLMGREN, 2007), existem muitas razões pelas quais soluções ecológicas de

envolvimento que incorporam os princípios de design da permacultura não tiveram um

impacto maior nas últimas décadas.

Por exemplo:

• Uma cultura reducionista científica predominante que é cuidadosa, se não hostil, a

métodos holísticos de pesquisa.

• A cultura dominante do consumismo, impulsionada por medidas econômicas

equivocadas de bem-estar e progresso.

• Elites políticas, econômicas e sociais (globais e locais) que correm o risco de perder

influência e poder no caso de adoção de autonomia e autoconfiança locais.

Esses e outros impedimentos a eles relacionados se expressam de forma distinta conforme

as diferentes sociedades e contextos. Entretanto – F –”eu a vejo crescendo de forma crescente,

os educadores querem fazer, mas ainda não sabem como. Mas já existem esforços para permear

isso, não de uma forma integral. Você vê hoje um curso de arquitetura, que em, cinco anos atrás não

tinha o menor espaço para trabalhar a questão de bioconstrução, e hoje dentro dessa mesma

academia existem projetos de extensão, onde se constroem trinta casas de terra. Ou o curso de

agronomia, que algum tempo atrás preconizava somente o uso de herbicidas, grandes produções, e

hoje tem um mestrado em agroecologia, esta ganhando espaço. Eu acredito que o próximo passo,

são os educadores dessas redes se ligarem um pouco mais”.

Abaixo as compilações entre estes possíveis diálogos, a maioria afirma que deve ocorrer, o

indivíduo “I” comenta que tem que estar articulada, o “B” fala que este conhecimento deve

ser transmitido. Já o “G” afirma que deve ser como formação de indivíduo! O entrevistado

131

“K” não se expressou em função do tempo que se prolongou, entretanto se mostrou

interessado nesta relação da permacultura com a academia.

Tabela 19 - Compilações Diálogo com a Academia

Entrevistados

Respostas A B C D E F L G H I J K

Deve Estar X X X X X X X X

Mesmo que o aluno não se interesse

X

Processo de aprendizado é extremamente produtivo

X X

Transmitir o conhecimento X

Academia tem que ser mais social

X X

Sociedade se apropriar do conhecimento da academia

X

Reformulação geral X X

Meio que desacreditei, mas voltei

X

Desde a pré-escola X

Qualquer sistema de ensino X

Disciplina optativa X

Espaço/Tempo dentro da academia

X

Formação Pedagógica do professor

X

Andar junto, dentro X X

Diluído X X

Todo educador X

Toda profissão X

Não necessariamente com este nome

X

Necessidade X X

Como formação do indivíduo X X

Articulada X

Permacultura é livre X

Pensar no contexto, conceito, conteúdo

X

Fonte: Autor, 2013

Aqui uma reflexão, para a Academia mesmo que ela – B – “reconheça principalmente que quem

faz a permacultura, o grosso das pessoas aqui que eu conheço que praticam de fato a permacultura,

132

são pessoas formadas pela academia, que estão ali botando em prática os seus conhecimentos

cartesianos, mas ao mesmo tempo estão conectando ele a outras coisas muito interessantes, e

fazem acontecer!”

Muitos dos permacultores são oriundos da academia, a própria trajetórias dos seus

idealizadores confirmam essa relação. Ao mesmo tempo é um tipo de pesquisador que ousa

dialogar com outros saberes e conhecimentos além de suas áreas especificas, ou seja, tudo

indica que sejam pesquisadores que praticam uma atitude teórica mais inter e

transdisciplinar.

Hoje quem se encontra na academia com maior facilidade é – D – ”a agroecologia, é o que ta

dentro da academia”. Quem sabe este seja uma forma de introduzi-la, pois através o conceito

de Perma, carrega diversos significados. E o – C – ”Sistema universitário forma o individuo para

competir no mercado de trabalho e não para cooperar, [...] todo sistema de avaliação do aluno, a

relação professor-aluno, eu ensino, você aprende. Então teria que haver uma reformulação geral para

que pudéssemos dizer que a permacultura esta permeando o que se chamou universidade, ou senão

ela vai começar como algo do que é educação ambiental hoje em dia, segregado.”

G – “Eu morro de medo da academia se apropriar da permacultura. A tendência é de se colocar em

cima do trono, agora eu sei, e todos os permacultores do mundo, não sabem. A permacultura esta

dentro da academia como formação, como mais uma coisa, eu acho perfeito. Você, ter uma faculdade

de Permacultura Deus me livre. Não é isso. [...] A permacultura não vai virar academia nunca. Ela é

muito marginal, franco atirador anárquico para virar. Espero eu.”

Entretanto é realmente necessário introduzir os conceitos da Permacultura na Academia,

pois esta insustentabilidade tanto do ensino, como da sociedade atual, formata muito o

aluno, porém ela pode ser “trabalhada” de outras formas – F –”acho que seria bastante

interessante esse espaço pudesse crescer dentro das academias, talvez não necessariamente com o

nome permacultura. Hoje se fala em tecnologias sociais, que são simples, apropriadas, de baixo

impacto ambiental, não se usa o nome de permacultura”.

Pois necessitamos ter – F –”cuidado para que ela não se cristalize, se torne um conceito. Que de

repente o profissional fez o curso de permacultura, e nunca praticou nada, mas já utiliza em seu

currículo – eu sou sustentável, pois eu fiz o curso de permacultura, esta aqui em meu currículo.”

Reforçando a idéia minha e do indivíduo – I –”acho que o importante desta época é não promover

novo dogma, estamos cheios de dogmas”.

Concordo que H – ”esses princípios, ainda estão um pouco distante da sociedade, mas eu penso

que isso, mais ali na frente, a permacultura deva vir da família, trazer da família, ai quando chega na

educação na escola, já tenha essas ações [...] hoje deveria ser trabalhado mais nas escolas, porque

a escola é um formador de conhecimento”.

133

Entretanto como dito, necessitamos nos responsabilizar pela formação dos acadêmicos. E

não esperar que a Escola nos ensine, a Família nos encaminhe. Esta responsabilidade é

integral, permanente e contínua. Apesar de que muitos pensem que para se apropriar dos

conhecimentos da “Perma”, necessite de ser ecólogo, de se identificar com o meio. Na

prática pessoas que nunca tinham parado para se escutar, se relacionar, se transformam

sem nenhum pré-requisito.

O aprendizado se bem conduzido, transforma vidas em poucas horas, às vezes num

pequeno vídeo. Algo que foi levantado é que uma boa forma de se relacionar é vivenciar um

estágio na selva, umas pensam em uma semana – J –“Eu acho uma coisa que seria legal, que

a gente tivesse alguma uma dinâmica, ideal com as crianças (universitários), levar para o campo, e

deixar uma semana vivenciando isso, essa coisa mais próxima da natureza”. Outras, “G”, já

visualizam no mínimo um ano. Acredito no caminho do meio. Um semestre para o aluno

desprender-se do meio urbano e viver os ciclos da natureza, das mais diversas formas,

como foi falado no início da discussão dos resultados.

• Imersão

Ao longo das entrevistas percebemos que outras dimensões importantes para a concepção

sobre permacultura e a formação acadêmica eram frequentemente mencionadas pelos

entrevistados. Uma destas dimensões se refere aos processos formativos que envolvem a

“imersão” dos educandos em vivencias significativas dentro da unidade dialética entre teoria

e pratica. Processos de convivência em grupo por determinados períodos que permitem

uma práxis em permacultura mediante um PDC, por exemplo.

De início trago a reflexão do indivíduo – A –”imagina uma sala de aula ter uma imersão de todos

os alunos, tu vai conhecer muito melhor aquele teu colega, a relação vai melhorar com o teu

professor também, então esse processo é interessante...”. Reforçando que a – G –A revolução é

individual. E o individual acontece pelo olho no olho, pelo afeto, pelo cuidado das pessoas.”

Tabela 20 - Compilações Imersão na academia

Entrevistados

Respostas A B C D L E F G H J K I

Academia deveria ser mais flexível

X

Deve ter imersão X

Para quem está distante X

Pequenas imersões X

Muito válida X X

134

Contato com outras pessoas

X X

Desperta outros sentidos X X

Absorção maior X

Contexto X

A academia deveria ser sempre imersão

X

São escolhas X

Fonte: Autor, 2013

O Indivíduo “B” traz uma reflexão para os nãos conectados com a natureza – B – ”o curso em

imersão é muito importante para quem está distante (da natureza), aquele sujeito que está no décimo

quinto andar de um edifício e não sente mais o cheiro de terra molhada quando chove, para isso (a

imersão) é importante”. Desta forma, o curso, para os Engenheiros Ambientais, por exemplo,

não necessita de longas imersões. Apesar de ser importante no processo formativo de pelo

menos, nos finais de semana as pessoas trocarem experiências mais próximas.

Já o indivíduo, afirma que a – I –“academia devia ser sempre uma imersão, só que não é assim, o

curso imersão tem este charme especial que é você se isolar do meio em que está e fazer toda

discussão e critica de uma vez com grupo de pessoas. É muito interessante. (Pois às vezes) as

pessoas não tem a possibilidade de decidir no seu tempo pessoal.” Sendo assim ela considera

que é um – “grave problema”.

Os outros entrevistados não se manifestaram a respeito, conduziram o diálogo para a

questão do diálogo entre a permacultura e a academia.

• Atitudes

Bem, como diz o velho marketeiro com seu “green washing”, – “A – hoje em dia é tudo

sustentável, então a gente procura dar exemplos de atitudes”, E complementa “G - Na hora que

você tem ações concretas, isso diz muito mais que todos os discursos”

Tabela 21 - Compilações Atitudes

Entrevistados

Respostas A B C D E F G H I J K L

Compostagem X X X X

Sistema de Saneamento X X

Banheiro Compostável (Seco)

X X

Difícil, precisa de uma X

135

atenção

Auto-crítica X X

Pensamento Sistêmico X

Agroecológicos/Orgânicos X X X X

Consumo Consciente X X X

Auto-conhecimento X X

Reflexão X X X

Respostas profundas X

Positivar nas ações X

Já fui mais “radical” X

Plantar, sementes crioulas X

Manejo de florestas X X

Ervas medicinais X X

Captação da água de chuva X X

Não desperdiçar (matéria e energia)

X X X

Resíduos (reciclagem e energia)

X X

Mesmo carro X

Constante melhoria X X

Mostrar que as coisas são possíveis

X X X X

Não pode perder este objetivo

X

Atitudes desde criança X

Coisas simples, práticas X

Fonte: Autor, 2013

Alguns conseguem reaproveitar inclusive seu esgoto, uma forma descentralizada de se

tratar e beneficiar o que antes tinha um destino final “ambientalmente adequado” (odeio este

termo, por acreditar que ele é apropriado pelas instituições, principalmente quando se trata

da questão dos resíduos) – A –“Só que é muito gratificante, tu ver o teu dejeto depois de seis

meses, virando adubo, e que pode estar usando para as arvores...“

G –“No livro do David (HOLMGREN), ele faz um paralelo entre as zonas de design, zonas 0,1,2,

3,4,5. Ele faz um “esqueminha", que ele coloca, zona 0 é você, como civil. Zona 1 é você e a sua

família. Zona 2, é seu trabalho e sua comunidade. Zona 3, cidade, bairro. Zona 4 é a sua micro

região. Zona 5 e estado ou nação. E que, portanto, como um bom Permacultor a sua energia tem que

esta colocada na zona 0,1, 2. Que é o teu grau de abrangência.”. Por isto nos últimos meses

136

tenho buscado me focar na família, e vizinhança próxima, pois sempre busquei auto-

conhecimento e ainda continuo, sempre.

I –“se você está no caminho, perfeito. Importante não ficar estagnado, achando o que você deveria

fazer e não faz. Ai você está traindo sua visão de mundo, do que você quer, ai a coisa fica

complicada. Não se traia, se respeite, faça o que você puder [... ]Eu acho que não perder pique,

expectativa. Acho que uma vida sem utopia é uma vida vazia.” Esta última parafraseando Eduardo

Galeano

Para se comprometer melhor com o meio, devemos ter atitudes pró-ativas, organizar o seu

tempo e em algum determinado tempo/espaço reservar para apoio ao próximo. Melhor, se

for ao horário da novela, onde a mídia manipula com informações generalistas. Lembrar

sempre da questão da continuidade e insistência. Com foco e autocrítica. É um processo,

mas podemos iniciar com o cuidado na alimentação, por exemplo, ao relacionar o impacto

da indústria da carne.

Por exemplo, nos últimos 20 anos, a expansão da pecuária bovina na Amazônia foi

assustadora. Segundo o IBGE, nesse período duplicou-se o número de cabeças, que

passaram de 26 milhões em 1990 para 80 milhões em 2010, o que corresponde a 70

milhões de hectares desmatados para criação da carne bovina. De fato, 80% do

crescimento bovino no Brasil ocorreram na Amazônia, mas a pecuária vem destruindo

florestas em diversos estados brasileiros. De acordo com a ONU, a pecuária é responsável

por 18% das emissões de gases causadores do aquecimento global, sendo a maior

responsável, à frente de todos os meios de transporte juntos. Segundo Maurício Waldman o

que mais gera resíduos é o setor da pecuária, sendo responsável por 39% de todo o

montante produzido no mundo, em seguida 38% mineração, 19% agricultura, 4% indústria,

3% entulho e somente 2,5% os resíduos sólidos urbanos.Sem falar da questão relacionada

ao uso excessivo da água como podemos observar abaixo:

Figura 16 - Litros de água Produzir 1kg de alimento

Fonte: SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira

137

Atitudes que podem ser importantes neste processo de transformação é realizar a

compostagem e observar o alimento da terra, fechar este ciclo. Plantar sementes crioulas

(dê preferência), utilizar pequenas Hortas, Ervas medicinais em casa/apartamento. Vivenciar

o pensamento sistêmico ao utilizar o composto para a mesma.

Além de Sistemas de Saneamento com bananeira, reaproveitar as águas cinzas. Um

Banheiro Compostável (Seco). A compra de alimentos Agroecológicos/Orgânicos. Viver este

Consumo Consciente, refletir a origem dos produtos, dos elementos que compõe o mesmo,

se teve testes em animais. Captar a água da chuva. Não desperdiçar energia. Matéria, os

recursos. Reduzi-los e reutilizá-los.

Refletir com debate permanente em relação a como positivar as nossas ações, se apropriar

do auto-conhecimento para uma busca interior. Saber se posicionar e receber um feedback.

Nossa vivência na sociedade atual e antiga gerou muitos traumas que devemos neutralizar.

Inclusive Reich fala das couraças, a somaterapia também conduz os seus estudos nestes

véus entre o eu interior e a sociedade.

A mudança de consciência acontece quando você conhece, se identifica com uma pessoa e

esta pessoa vive/interage de uma forma diferente. Aos seus olhos e você se identifica de

alguma forma com aquilo e muda a sua percepção frente aquilo. Este contato com estas

pessoas, esta troca de energias, estes encontros; são motivadores, são reconhecimentos e

sempre esta troca ocorrer através da possibilidade da troca de diálogos, visualizar um ao

outro, como nas rodas de diálogo em círculos, gera-se um aprendizado, um despertar para

uma auto-reflexão.

Refletimos no grupo focal (GFP) sobre a mágoa - Má água. Onde todos em algum momento

relataram esta mágoa com o sistema do qual estamos inseridos, esta crise interna que

muitos passaram e passam. Esta desconstrução necessária, mas que devemos positivá-la,

pois se não a mudança não ocorrerá.

Concluo com um – I –“Fechamento da idéia geral de tudo que discutimos até agora passa pela

intenção da pessoa, passa pela coerência da intenção que é respeitar sua ética. Então, primeiro

vamos descobrir que filosofia temos e que ética temos. O resto é tudo coisa aprendida no caminho, o

que não se sabe se aprende, mas ética não se aprende, ética se descobre um dia e você tem que

fazer, ser coerente com você mesmo, respeitoso com você mesmo, isso você é ou não é, o resto vem

sozinho, é como a saúde depois você corre atrás.”

138

4.4.7 OUVIDORIA

Em relação esta ouvidoria, utilizou-se as redes sociais interconectadas pela internet ao redor

do mundo, atualmente, além do “Facebook” e do “Orkut”, têm-se outras redes específicas,

como neste caso em relação a PERMACULTURA. Uma delas é o Permaculture Global, em

nível “mundial” e outra é a rede brasileira NING, a Rede Permacultura Social Brasileira. Em

breve a rede de idéias altruístas “COOLMEIA” será uma das ferramentas importantes neste

“boom” tecnológico de inter-relações digitais.

Global

• Permaculture Global

Perfil - http://www.permacultureglobal.com/users/7831-fabio-carvalho

Fórum - http://forums.permaculturenews.org/

Em âmbito transnacional criou-se um perfil, com algumas trocas de mensagens entre

brasileiros, somente para agendar uma entrevista.

Figura 17 - Ouvidoria - Permaculture Global

Fonte: Autor, 2013

No fórum, foi feita uma apresentação, falando sobre minha pessoa e uma busca por um

grupo permanente de debate sobre permacultura e academia, foi sugerido um artigo do Rob

Scott, do qual referenciei, inclusive. Foi realizado uma troca e-mails com o responsável pelo

artigo, ele sugeriu ler e acompanhar os comentários na própria página dele. Não obtive

respostas nos e-mails encaminhados para Bill Mollisson e David Holmgren. Não sei se eles

receberam, inclusive.

139

Nacional

• Ning – Rede Permacultura Social Brasileira

Perfil – http://permaculturabr.ning.com/profile/fabinhovaccarocarvalho

Grupo- http://permaculturabr.ning.com/group/permacultura-e-academia-universidade

Foi dialogado com uns dos criadores, e ele sugeriu que abrisse um grupo para este debate

permanente e contínuo. Algumas pessoas entraram no grupo e inclusive falaram que tinham

o mesmo interesse e que estavam visualizando algo na área. Ocorreu uma troca de e-mails

com três pessoas. Quem sabe um possível encontro em MG.

Figura 18 - Ouvidoria - PSB - Nacional

Fonte: Autor, 2013

Ambos os grupos subsidiaram algumas pesquisas e textos.

4.4.8 OUTRAS PROPOSTAS DE APRENDIZADO

Nesta pesquisa, alguns outros caminhos foram evidenciados em pesquisa bibliográfica,

propostas transformadoras ao redor do mundo e algumas bem importantes no contexto

Brasileiro. Decidi por apresentá-los (ipsis literis) com a referência em nota de roda-pé, pois

serve de inspiração e direção utópica.

140

• Decrescimento68

“É a palavra que faz referência a um conjunto de mobilizações sócio-político-ecológicas que

criticam o crescimento econômico e os padrões de consumo nos países de capitalismo

avançado. Essas críticas assumem as formas mais diversas como que em oposição a uma

centralização do movimento. Um dos meios encontrados para nomear essa mobilização que

apesar de ter um nome é uma variedade de associações, coletivos e pontos de vista foi

considerar o decrescimento como uma “nebulosa”. Os livros escritos na França coma

finalidade de apresentar o decrescimento de maneira abrangente (e não apenas como as

teorias de Serge Latouche, por exemplo) usam a palavra “nebulosa” para explicar porque

precisam usar vários capítulos, alguns para as teorias e outros para os pequenos coletivos

espalhados na França (cf. BAYON, FLIPO; SCHNEIDER, 2010; DUVERGER, 2011). É

comum também que os próprios militantes evoquem a “nebulosa” ou “guarda-chuva” para

apresentar o movimento, como uma forma de dizer que existem alguns sentidos

compartilhados sem que haja algum (ou um grupo ou uma pessoa) que prevaleça sobre os

demais”.

• Escola dos Deuses

“No livro69, ao seguir as pegadas de um ensinamento desconhecido de um manuscrito

milenar — The School for Gods —, escrito pela singular figura do filósofo Lupelius, um

lendário monge-guerreiro, o protagonista reencontra a sí mesmo e recebe, do Dreamer, a

mais incrível tarefa: fundar uma nova Escola, uma universidade sem fronteiras. A Escola dos

Deuses é, também, a história do nascimento prodigioso e das idéias que norteiam a

European School of Economics (ESE) que, em poucos anos, abriu as suas sedes em

Londres, Nova York, Roma, Milão e Lucca, na Itália”.

• Flex School

É uma proposta de estruturar a sua grade, de forma livre você incorpora as disciplinas que

tem interesse em toda a universidade e é capacitado pelas diferentes disiciplinas, não sai

um profissional “X”, mas um cidadão melhor preparado para a sociedade.

68 BÁDUE, Ana Flávia P. L. The nebula of degrowth. A study on the contradictions of new forms of political action. 181p. Dissertação (Mestrado Antropologia Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, 2012. 69

SCRIBD. Escola dos Deuses. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/74678868/A-Escola-dos-Deuses>. Acesso em: 5 jun. 2013.

141

• Gaia Education70

“O Programa Educação Gaia – Design para a Sustentabilidade foi criado por um

consórcio de educadores denominado “GEESE” (Ecovillage Educators for a Sustainable

Earth), que têm se reunido desde 1998 em diversos países com o objetivo de formular um

currículo holístico e transdisciplinar de educação para a sustentabilidade. Suas raízes estão

nas experiências e lições aprendidas por ecovilas de várias partes do mundo que vem

desenvolvendo comunidades sustentáveis em áreas e rurais e urbanas”.

“Desde 2005, o programa é reconhecido como uma das contribuições oficiais à Década

Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (2004-2014),

com o endosso da UNITAR – Instituto para Treinamento e Pesquisa das Nações Unidas e

da UNESCO”.

“Atualmente, está presente nos 5 continentes, em 33 países, com mais de 135 programas.

No Brasil foi realizado o primeiro Gaia em São Paulo em 2006 e desde então, vem sendo

realizado também no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná,

Ceará, Brasília e Amazonas. Com lançamento em Florianópolis para o segundo semestre de

2013”.

‘O Programa foi organizado sistemicamente como uma mandala, com quatro dimensões que

consideramos intrínsecas à experiência humana, e cada uma delas contempla 5 módulos

temáticos”:

• SOCIAL

• ECONÔMICO

• ECOLÓGICO

• VISÃO DE MUNDO

• Gaia University71

“Universidade Gaia oferece um modelo único e flexível para aprender e desaprender com

base na auto-direção, percursos baseados em projetos. Com um mínimo de disciplinas

obrigatórias estabelecidas por nós, você dedica a maior parte de sua energia para a

concepção, implementação e documentação de projetos do mundo real. Nós fornecemos

uma teia de apoio multidimensional de conselheiros e mentores que ajudarão no

70

NHANDECY. Programa Educação GAIA. Disponível em: <http://institutonhandecy.wordpress.com/programa-educacao-gaia/>. Acesso em: 5 jun. 2013. 71

GAIA UNIVERSITY. Disponível em: <http://www.gaiauniversity.org/welcome-gaia-university> Acesso em: 5 jun. 2013.

142

desenvolvimento prático de seus projetos e incentivá-lo a desenvolver sua capacidade de

pensar criticamente sobre o seu trabalho e os processos internos”.

• UMAPAZ72

“A UMAPAZ, Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio

Ambiente (SVMA) da Prefeitura do Município de São Paulo, opera por meio de uma rede de

parcerias. Foi concebida em 2005 e iniciou suas atividades em janeiro de 2006. Em 2009, como

departamento, passou a coordenar também a Escola Municipal de Jardinagem, a Divisão de

Astronomia e Astrofísica e o Programa A3P”.

“O Prefeito aprovou a idéia de instituir, em São Paulo, a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da

Cultura de Paz - UMAPAZ - e designou, também, um prédio no Ibirapuera para sediar a UMAPAZ”.

“A proposta básica da UMAPAZ foi apresentada e aprovada no CADES - Conselho Municipal do Meio

Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente

de São Paulo, em 28 de julho de 2005”.

“A formulação da proposta da UMAPAZ considerou outras experiências de Universidades Abertas ou

Livres em vários países e no Brasil, que complementam ou suplementam as instituições de ensino

formal, como a Unilivre - Universidade Livre do Meio Ambiente, em Curitiba (PR); a Universidad Libre

del Ambiente, em Córdoba - Argentina; a U-Peace de Costa Rica; a Universidad Libre de Cataluña,

na Espanha e o Schumacher College, na Inglaterra.”

• UNIPAZ73

“A UNIPAZ – Universidade Internacional da Paz, unidade Santa Catarina em Florianópolis,

desenvolve projetos de Paz oferecendo o curso Eco Formação FHB – Formação Holística de Base,

atualmente na 12ª turma. A Universidade Internacional da Paz – UNIPAZ foi criada por Pierre Weil,

em Brasília, em 1987. Tem como missão disseminar uma Cultura de Paz no mundo e promover a

plenitude e inteireza do ser humano, alicerçada na visão holística transdisciplinar, de acordo com a

Declaração de Veneza da UNESCO (1986) e a Carta de Brasília, documento-síntese do I Congresso

Holístico Internacional (1987). Graças à sua expansão, a UNIPAZ constitui-se, hoje, numa Rede

Internacional com Unidades em vários Estados do Brasil e em outros países.”

72

UMAPAZ. Disponível em: < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz>. Acesso em: 5 jun. 2013. 73

UNIPAZ. Disponível em: <http://www.unipazsc.org.br/>. Acesso em: 5 jun. 2013

143

• Universidade dos pés descalços74

“Em Rajasthan, na Índia, uma escola extraordinária ensina mulheres e homens do meio rural - muitos

deles analfabetos - a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas

próprias aldeias. Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica

como funciona.”

• Universidade Libertária

Sobre o termo, descoberto em um Curso Online de introdução, autoformação e construção

da “VIA SOT” – Sistema Orgânico do Trabalho. Considera-se que uma das primeiras

experiências de “universidade libertária” no Brasil seria a Escola Nacional Florestan

Fernandes (ENFF). Não tanto pelo conteúdo ou tipos de cursos ofertados, mas, sobretudo,

por ser uma escola dos trabalhadores para os trabalhadores.

“A ENFF foi inteiramente construída com tijolos de solo cimento, uma técnica de

bioconstrução aprendida nos cursos de permacultura, fabricados na própria escola. Além de

esses tijolos serem mais resistentes, seu uso possibilita uma redução de 30% a 50% nas

quantidades de ferro, aço e cimento necessárias à execução da obra, comparativamente a

uma edificação convencional. Os tijolos são levados para secar ao ar livre, dispensando-se

portanto o uso de fornalhas e a queima de madeira. Esse tipo de manejo atende a um

princípio fundamental para o MST: preservar e utilizar racionalmente os recursos naturais.”

“Como um autêntico espaço de uma educação, em sentido amplo, para além do capital

(MÉSZÁROS, 2002), a instituição “universidade libertária” abrangeria, de forma não

dissociada e menos ainda hierárquica, as diferentes dimensões de produção e socialização

do conhecimento, não como instrumento para a valorização do capital ou legitimação das

ideologias dominantes, mas sim na perspectiva da emancipação plena dos humanos. Essa

perspectiva materializa se tanto no processo de inovações ou novas tecnologias sociais,

voltadas para uma adequação sócio-técnica dos eixos produtivos do SOT, viabilizando

assim uma efetiva produção de valores de uso, como também nas relações sociais mais

amplas, com a questão da cultura e da comunicação ou mesmo na tarefa histórica de

superação da divisão entre formas de trabalho manual e formas de trabalho intelectual.”

74

YOUTUBE. Universidade dos pés descalços. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=oC5FMJlD_EQ>Acesso em: 5 jun. 2013 .

144

“Dentre deste escopo, é possível pontuar algumas funções e propósitos que a universidade

libertária (ou o conjunto delas) viria a desempenhar:

• Adequação Sócio-Técnica do setor produtivo e do consumo;

• Política Científica e Tecnológica vinculada a Política de Investimentos do Sistema

Orgânico do Trabalho – SOT;

• Formação continuada, crítica, com autonomia plena (nova estrutura curricular que

supere o isolamento dos conhecimentos e a subordinação do conhecimento à lógica

de “profissões”);

• Espaço permanente e livre de trocas, debates, socialização de conhecimentos,

valores, práticas culturais, entre outros;

• Observatório da SOT (estudos analíticos, avaliações de desempenho sistêmico,

discussões, ponderações e autocrítica);

• Comunicação e Jornalismo independentes (rádio, TV, outras mídias, com autonomia

e liberdade de expressão).”

“Dessa forma, haveria vários espaços qualificados de trocas e diálogos, tanto de discussão,

ponderações, análises, como também espaços deliberativos, especialmente no setor de

investimentos e inovações técnicas e científicas, talvez na forma de um “conselho das

inovações”, diretamente integrado aos eixos produtivos, como uma espécie de órgão de

planificação, dos investimentos produtivos, de abrangência sistêmica.”

“Entretanto, numa lógica orgânica de superação da divisão hierárquica e social do trabalho,

seria ainda fundamental construir elos entre esses espaços (intercalando autonomia e

autogestão com elementos ou práticas de coparticipação), potencializando assim a

responsabilização e a prudência em cada esfera de atuação, bem como uma solidariedade

organicamente integrada, a partir do próprio espaço decisório determinante da política

científica e tecnológica de todo o SOT, dentro de uma efetiva governança autogestionária,

conforme veremos adiante.”

145

• Virtuais

Diversos são as formas de aprendizagem virtuais, entre elas a Academic Earht75, que

possui aulas onlines gratuitas e a Wikiuniversidade, “que é uma wiki onde pessoas e

grupos colaboram utilizando conhecimento livre no aprendizado e na pesquisa em todos os

níveis de complexidade. Convidamos estudantes e professores, autônomos e em

instituições, a utilizarem este ambiente para organizar seus estudos e anotações, promover

discussões e trocas de ideias, de forma que todos possam participar no processo educativo,

criando, aprimorando e aprendendo com seus conteúdos e comunidade”.

“A organização da Wikiversidade é muito simples: o módulo básico são as aulas, essas

podem estar reunidas em cursos, e ambos aparecem reunidos em portais. Frequentemente

uma aula figurará em mais de um curso, e uma aula ou um curso em mais de um portal. Os

portais podem reunir as atividades de um grupo de estudo, de uma pesquisa, dos

participantes de uma instituição, ou os conteúdos anteriores relativos a uma área do

conhecimento”.

Outra proposta é a Rede Coolmeia76 de Ideias Altruístas, “que é um espaço para a

contínua reflexão, debate e apresentação de ideias para serem implementadas

individualmente ou de forma coletiva tanto local quanto globalmente. É um fórum

permanente, onde as mais diversas ideias são debatidas e implementadas. É também um

repositório, um armazém de ideias e ações simples e efetivas que já foram postas em

prática e que, comprovadamente deram certo. Elas estão aqui para inspirar e iluminar o

caminho de quem começa nesta jornada altruísta. São ideias que não necessariamente

necessitam de dinheiro para serem postas em prática e podem ser completamente

realizadas sem qualquer tipo de apoio institucional ou governamental. Basta chamar um par

de amigos no fim-de-semana e arregaçar as mangas”.

Entre outras propostas como da UFRGS77, do VEDUCA78 entre outras iniciativas

educadoras libertárias.

75 ACADEMIC EARTH. Disponível em: <http://www academicearth.org/ >. Acesso em: 4 jun. 2013. 76 COOLMEIA. Disponível em: <http://www.net.colmeia.org/>. Acesso em: 7 jul. 2013. 77

INF – UFRGS. Disponível em: <http://www.inf.ufrgs.br/pet/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=26&Itemid=17/>. Acesso em: 7 jul. 2013. 78

VEDUCA. Disponível em: <http://www.veduca.com.br/>. Acesso em: 7 jul. 2013.

146

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

“9 mulheres não fazem uma criança em um mês”

Citado numa das entrevistas

Neste processo referente às entrevistas e aos processamentos de dados, sentiu-se uma

aprendizagem crescente, muitas entrevistas, muita informação. Se não fosse o apoio de

amigos para as transcrições, se tornaria impossível. Quanto às recomendações, tive a

consciência que era muito amplo à quantidade de categorias, entretanto continuou-se com a

intenção de apresentar uma síntese de cada categoria de uma forma mais generalizada e

superficial. Pois cada categoria se desdobraria em uma pesquisa científica. Visa-se com

estas compilações refazer a analise categorial de forma mais aprofundada, visualizando

tendências e resultados mais práticos de solução.

Visualizo meu trabalho de conclusão como um “Start” no sentido de abrir os espaços para

uma visão mais integradora e mais holística. Desta forma senti uma necessidade de

abranger diversos conteúdos e conceitos. Mas deixo claro que o ideal seria reduzir e focar

em poucas categorias. Acredito que o passo foi maior que as pernas cientificamente

falando, precisaria de mais um semestre para maturação das informações e/ou um

mestrado para abraçar as reais necessidades de adaptações e aprofundamentos.

Bem, a permacultura a meu ver, ela transcende uma filosofia/estilo de vida, pois ela pode

ser aplicada em diferentes níveis e pode ser adaptada para o seu meio, maximizando as

interações suas com o mesmo. Além de ser uma ferramenta potente de

design/planejamento estratégico para sua permanência. Acredito ser um processo também,

que aos poucos vai se incorporando as atitudes cotidianas, eu mesmo a conheci em 2008 e

ainda não me considero um Permacultor.

Quanto às implicações práticas para um Engenheiro Ambiental, acredito que a compreensão

do pensamento sistêmico integrador é essencial. Mas principalmente sua ética baseada na

cooperação e no diálogo, a relação entre as pessoas envolvidas e o lado da intuição. Para a

formação de Permacultor, a Engenharia Ambiental entra com a relação do tempo de

maturação e com questões mais científicas, um olhar mais rigoroso.

Quanto aos objetivos, teve-se conhecimento do projeto pedagógico, dos perfis dos outros

cursos e da compreensão da matriz curricular. As lacunas foram debatidas como uma

categoria que emergiu diversas visões quanto ao processo de aprendizagem da academia.

As atitudes, apresento, de uma forma crítica construtiva (colaborativa) com uma reflexão

forte ao mostrar que nós somos os agentes de mudanças e que o foco maior é o

147

autoconhecimento e estas transformações estão próximas à nós, ressaltando a nossa ética.

Quanto aos caminhos, foram sugeridos alguns interessantes para esta relação sistêmica

que a Permacultura apresenta, tanto de forma direta (inserção dos conceitos e vivências)

como de forma indireta ao focar nas práticas e atitudes.

Ressalto que o sistema universitário forma o indivíduo para competir no mercado de

trabalho e não para cooperar. Sendo assim, teria que haver uma reformulação geral para

que pudéssemos dizer que a permacultura esta permeando o que se chama atualmente de

universidade, que se subentende como universo, o todo; não somente um olhar científico.

No século XIX, tornou-se “laica” (apesar de hoje na Univali possuir uma “pastoral”, cujo

nome remete religiões específicas). Quando instituiu sua liberdade frente à religião e ao

poder, abriu-se a grande problematização, surgida com o Renascimento, que interroga o

mundo, a natureza, a vida, o homem, Deus (e outros nomes). Acreditam que Jesus, Buda,

por exemplo, queriam que as pessoas utilizassem roupas específicas e ajoelhar-se perante

eles? Será que não seria egóico da parte deles? Há um núcleo de Espiritualidade e Ciência,

que aparentemente não está vinculado à pastoral, mas que busca integrar este lado muitas

vezes dito místico ao cotidiano.

Esta reforma possibilitou que se criassem departamentos onde introduziu-se as ciências

modernas. A partir dai, co-existia – mas não se comunicam – as duas culturas: a das

humanidades e a cultura científica.

A universidade deve adaptar-se à sociedade ou a sociedade é que deve adaptar-se a

Universidade? Há pontos em comum, o que irá depender é o estágio que se encontra a

população, esta deve participar mais do meio acadêmico, trazer reflexões para a mesma ao

ponto desta transformação ocorra de dentro, tanto da universidade como da sociedade e se

complementem.

A reforma universitária não poderia contentar-se com uma (pseudo) democratização do

ensino universitário e com a generalização do status de estudante. Fala-se em uma reforma

que leve em conta nossa aptidão para organizar o conhecimento – ou seja, pensar. A

reforma do pensamento exige a reforma da Universidade.

A fim de instaurar e ramificar um modo de pensar que permita a reforma, seria o caso de se

instituir, um “dízimo epistemológico ou transdisciplinar” que retiraria 20% (à princípio) da

duração dos cursos para um ensino comum, orientado para os pressupostos dos diferentes

saberes e para as possibilidades de torná-los comunicantes. Penso eu que deveria ir além,

todo semestre, deveria ter um projeto para construção do conhecimento em comum.

148

Digamos que na M3, uma das “notas” (aqui uma reflexão se as notas deveriam mesmo ser a

referência máxima de se aprovar um aluno) seria através de uma vivência integradora entre

ambas as disciplinas do mesmo semestre. Além de dependendo da área/tema/disciplina,

dialogar, inclusive entre cursos e centros. Vivenciando os saberes compartilhados entre a

saúde e o meio ambiente, por exemplo. Poderíamos também imaginar a instituição, um

centro de pesquisas sobre os problemas de complexidade e de transdisciplinaridade, bem

como oficinas destinadas às problemáticas complexas e transdisciplinares.

Os princípios que norteiam a universidade são os princípios da separação e de redução.

Sendo esta redução do todo ao adicional de seus elementos. Além deste tipo de redução,

ocorre a limitar que o conhecimento tende a ser somente mensurável, quantificável,

formulável. Ora, nem o ser, nem a existência podem ser expressos matematicamente.

Levando a “quantofrenia” (Sorokin) e à “Aritmomania” (Georgescu-Roegen). Devemos

recorrer ao princípio de Pascal: “Como todas as coisas são causadas e causadoras,

ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e todas são sustentadas por um elo natural e

imperceptível, que liga as mais distantes e as mais diferentes, considero impossível

conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer,

particularmente, as partes”.

As duas revoluções científicas do século preparam a reforma do pensamento. A primeira

começou com a “física quântica”, a queda do dogmatismo determinista, e a introdução da

incerteza no conhecimento científico. A segunda frente “às grandes ligações científicas”,

os conjuntos organizadores, ou ecossistemas, em detrimento do dogma reducionista, há

uma ressurreição das entidades globais, como o cosmo, a natureza, o homem. Alguns elos

começaram a se formar entre as duas culturas. “Alguns pensadores79 científicos ocuparam o

lugar deixado vago por uma filosofia enrodilhada sobre si mesma, que já não reflete sobre

os conhecimentos transmitidos pelas ciências” (MORIN, 2000).

Mesmo apropriadas das informações recebidas através da grade curricular, as pessoas

sentem uma grande dificuldade em colocar em prática o saber decorrente das associações

entre essas informações.

Tendência a ordenação é algo que a torna rígida e inquestionável por parte dos

professores. A hierarquização contamina a sociedade onde no topo estão os que pensam e

na base massiva, aqueles que “não sabem”, possuindo “subempregos”, ditos inferiores. Este

79

Jacques Monod, François Jacob, Ilya Prigogine, Henri Atlan, Hubert Reeves, Michel Cassé, Bernard d’Espagnat, Basarab Nicolescu (transD), Jean-Marc Lévy-Leblond e tantos outros.

149

pensamento desconsidera a qualidade do saber popular e das tradições, desvalorizando

também as pessoas que produzem e mantém os bens de consumo.

A fragmentação do saber protege seu conteúdo, limita e aprisiona. A hiper-

especialização promove a construção de linguagens próprias garantindo que somente o

especialista daquela determinada subárea seja capaz de dominá-la. Mesmo sendo de uma

área comum, estes não conseguem permutar saberes ou perceber e estudar problemas

complexos que extrapolam as disciplinas.

A excessiva valorização do pensamento em detrimento do corpo e das emoções. Os

corpos dos alunos são extremamente disciplinarizados. Sentar e ficar quieto, prestando

atenção, copiando e fazendo “AHAM” com a cabeça. A academia produz um grande

distanciamento entre pensamento, o corpo e as emoções dos alunos, fraturando o ser

humano integral em partes distintas. Tornamo-nos, acima de tudo, seres pensantes, em

busca de uma suposta verdade, e esquecemo-nos de desenvolver aspectos ligados à ação

do sujeito em seu meio e à interação desse sujeito com outros sujeitos e consigo mesmo.

Cooperação, comunhão, autoconhecimento e outras habilidades e conquistas essenciais à

existência humana não encontram lugar na Grade curricular.

Além da tendência a generalização e o distanciamento entre os sujeitos e a produção

de conhecimento. Desde cedo os alunos argumentam que, se existem duas ou mais

definições a respeito de um mesmo objeto de conhecimento, apenas uma delas é a correta:

a que está disposta no livro didático. O livro torna-se a fonte do conhecimento ou o próprio

conhecimento em si. Invés de explorar o diálogo e os debates e construir o mesmo.

Utilizar arquitetura curricular (como diriam os portugueses), ou melhor, TEIA curricular.

Constitui-se do contexto e das realidades locais e globais. O tecido desta teia é vivo e

carrega consigo o desejo transdisciplinar do encanto, do mistério, do conhecimento e do

desconhecimento. Procura associar: corpo, emoções e pensamento; arte, ciência e tradição;

indivíduo sociedade e natureza; teoria, prática e sentido.

A universidade como organismo, deve investir as suas co-relações tanto institucionais,

como interpessoais. O “olhar para dentro”, é necessário, para sensibilizar e mobilizar os

acadêmicos para uma transformação. O olhar para fora, enquanto organismo deve interagir

com o seu entorno, não é à toa, que a Univali é uma universidade comunitária. Este olhar

através de seus muros é essencial. Mudanças impostas são fáceis e rápidas de ocorrer,

porém mudanças profundas e necessárias demandam mais tempo, atenção e energia.

150

A transdisciplinaridade vem sendo apresentada como uma alternativa à excessiva

especialização e fragmentação hoje presente na ciência. Entretanto, é preciso verificar se

ela está restrita ao discurso epistemológico ou se está presente na prática de

pesquisadores. Como a universidade é um lugar privilegiado de produção de conhecimento,

parece relevante investigar se ela faz parte do cotidiano de uma grande universidade.

Entretanto ficou evidente que há uma falha em articular as disciplinas, pois a

interdisciplinaridade pressupões o diálogo entre as disciplinas em um mesmo nível (carga

horária). E mais delicado ainda na produção de um conhecimento comum (TransD).

Percebeu-se nas falas dos entrevistados uma grande diferença entre a construção de um

conhecimento e a transmissão do mesmo. As ferramentas digitais tem tomado conta desta

transmissão, entretanto a didática acaba sendo, de uma forma top-down, sem os diálogos

necessários para a construção deste conhecimento. Precisamos unir as didáticas com a

informação. Os debates em sala de aula devem ser fomentados e diferentes pontos de

vista serem expostos, pois sabe-se que a realidade está aos olhos do observador. E a

diversidade dos sujeitos, suas culturas, seus pensamentos, suas vivências influenciam neste

processo.

Quanto à exigência do MEC, através do Decreto nº 4.281/02 que recomenda a “integração

da educação ambiental às disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente” (Art. 5º,

inciso I) mas que veio ser regulamentada com a Resolução do Conselho Nacional de

Educação - Resolução do CNE n.2, aprovada em 15 de junho de 2012 – acredito totalmente

necessária, pois elas estão tão fragmentadas que muitas vezes não conseguimos pensar

em onde que as mesmas podem ser aplicadas.

Em todos estes decretos e resoluções é explicito a inserção da EA de forma interdisiciplinar

e transversal no sistema de ensino, mas em todas elas também se coloca um inciso

especifico facultando a criação de disciplinas especificas de EA nos cursos de graduação

que atuam com formação de profissionais da área. O que é o caso de todos os cursos que

foram foco de investigação, por exemplo, pois ela contém suas especificidades e sua arte. E

não pode ser confundida somente com ética, que é o que o novo currículo pretende fazer.

De que forma estas disciplinas podem conter a EA, somente com diálogo, com formação

de professores, com didáticas. Além das propostas sugeridas já no início, dos vinte por

cento para o conhecimento comum e/ou uma das notas da M3 para um projeto entre as

151

disciplinas do semestre. Além de um centro de pesquisas sobre a complexidade e a

transdisciplinaridade, exemplo do CETRANS80, na USP e CIRET81, na França.

Outra proposição é estruturar as Atividades Complementares que é uma forma de se

fomentar as atividades extra-classes e poderiam ser definidas de diversas formas.Como

exemplo temos uma tabela (APÊNDICE F), que foi adaptada da Universidade Mackenzie.

Inserção de oficinas/cursos/disciplinas sobre filosofia, sociologia – trazer a questão mais

humana para a Universidade. Bem como dinâmicas que expressem uma relação com o

corpo, com a mente. Em forma de CHECK LIST, o NDE pode rever o que cada disciplina

almeja repassar e de que forma. E suas reuniões, tanto NDE como Colegiado, deveriam

possuir uma página específica disponibilizando as atas online. Como podemos debater

algo, se não conhecemos? E falando em ONLINE, na UFSC têm-se uma aula no final do

semestre para avaliação – debate entre os alunos sobre a disciplina, professor. Não

somente uma pesquisa online.

Uma ideia que surgiu é que cada disciplina liberasse uma vaga pra qualquer um da

UNIVALI e qualquer um da comunidade (no mínimo). Sendo assim iriam se co-relacionar

inter-centros, pois em cada semestre o acadêmico poderia ter a chance de fazer uma

disciplina bônus em outro curso. Fomentando estas interações entre as temáticas. Sem falar

nas disciplinas optativas inter-centros. Falta um fomento em relação a isto. E “disciplinas”

que proporcionem um aprendizado mais transcultural, que alimentem a alma, mergulhem no

desconhecido, questões existenciais, lado filosófico da vida. “Vida simples, Pensamento

Elevado”.

As saídas de campo poderiam ser integradas, por exemplo, com mais de um dia. Assim

os alunos se conheceriam melhor e ótimas idéias eclodem destas imersões. Cada semestre

ter um projeto TRANS entre as disciplinas. Imagine por exemplo todas as disciplinas no

semestre dialogando para realizar um projeto em comum, a verdadeira transdisciplinaridade,

busca de um conhecimento comum.

Imaginem um estágio dentro do Centro Acadêmico. Imaginem uma impressão com folhas

recicláveis pela cotas, do TICT final com os dois lados preenchidos e com as margens mais

estreitas? Imaginem um TICT sendo entregue em meio digital.

Nossa vivência na sociedade atual e antiga; gerou, muitos traumas que temos que

neutralizar. Inclusive Reich fala das couraças, a somaterapia também conduz os seus

estudos nestes véus entre o eu interior e a sociedade. Estamos com uma dúvida, disse um

80

CETRANS. Disponível em: <http://cetrans.com.br/> Acesso em: 29 mai 2013 81

CIRET. Disponível em: <http://ciret.org/> Acesso em: 29 mai 2013

152

dos indivíduos: a FÉ. Será que a fé deveria ser o PP ou estar contido nele? De que forma?

Sendo assim, não posso deixar de falar de dois banners apresentados por mim (elaborados

pelo CPA) num estágio de gestão de resíduos (lixo zero) do qual fala sobre alimentação

(APÊNDICE G) e sobre uma sustentabilidade pouco falada, a pessoal, profunda

(APÊNDICE H).

Nos Grupos Focais todos acabavam afunilando na Raiz do problema – grandes

corporações que “controlam” o mundo. E ditam as regras, inclusive as metodologias de

aprendizagem. Imagina se todos os engenheiros ambientais e agrônomos decidissem não

assinar mais projetos relacionados com os agrotóxicos? E nós temos este potencial de

articulação.

Em relação à Permacultura, é uma metodologia holística que necessita de um

amadurecimento por parte da Universidade. Não que não possa existir como disciplina, ter

saídas de campos, vivências. Mas ela saiu da universidade/academia, se libertou das

amarras disciplinares/reducionistas e deu certo! Agora passados três décadas a acadêmica

reconhece e se apropria dela. Será mais um modismo, a exemplo de tantos outros

(Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Socioambiental, Ecos e mais Ecos?).

Morin considera que todo conhecimento cientifico tende a se tornar senso comum ao logo

do tempo.

Por isto este diálogo entre a academia deve ser planejado na prática, o ritual acadêmico é

bastante conservador e tem medo de inovar, de buscar subsídios para esta transformação.

Por isso recomendo novamente um grupo para pensar a Complexidade e

Transdisciplinaridade e quem sabe algum dia vire uma atividade complementar, uma

disciplina (a ordem dos fatores neste momento não importa). Apresento para reflexão, uma

monografia apresentada junto ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília,

para obtenção de Bacharel em Ciências Sociais, com habilitação em Antropologia da

Danielle Freitas Henderson intitulada “Permacultura: as técnicas, o espaço, a natureza e o

homem” 82.

Estas transformações têm que estar no nível pessoal, e ainda atualmente, muito focado nas

transformações urbanas, com isto, indico também a Monografia apresentada ao Curso de

Bacharelado em Geografia do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia,

82

Monografia pode ser lida e acessada neste link - http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/3408/1/2012_DanielleFreitasHenderson.pdf

153

como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Geografia do Renato Velloso

Magrini intitulado “Permacultura e Soluções Urbanas Sustentáveis” 83

Em (ANEXO C), também um “MANIFESTO DA UNIVERSIDADE NOVA”, onde Reitores de

Universidades Federais Brasileiras consideram necessária uma Reestruturação da

Educação Superior no Brasil. E o grande auge de toda pesquisa, “meu êxito”, foi nas

entrevistas, tanto amadureci conceitos, quanto sensibilizei para outros, literalmente uma

troca que já pode ser vista, inclusive na página inicial do Engenheiro Ambiental – (ANEXO

D), foi acrescentado “perfil holístico” entre outras propostas, inserido as “ONGs” como

possíveis áreas profissionalizantes.

Uma mudança no ensino, acreditamos, deve estar sustentada pela integração dos

conhecimentos, numa verdadeira interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Esta

interdisciplinaridade não pode ser edificada como a criação de um discurso fundamentado

numa somatória de disciplinas, mas sim configurada como uma prática específica visando à

abordagem de problemas relativos à existência cotidiana. Esta forma participativa, que

imaginamos deva tornar-se um paradigma que norteará as organizações sociais num breve

futuro, deve pressionar o ensino em relação a uma mudança radical. Quem não assumir

essa nova postura ficará na contramão da história, e terá que arcar com as conseqüências

disso.

O ensino de engenharia necessita, mais do que de uma modernização, de um verdadeiro

choque de qualidade, de uma mudança de postura que possa permitir a construção de

soluções contextualizadas, e que acima de tudo respeitem as individualidades dos seus

participantes. Isso, acreditamos, passa por uma formação diferenciada do corpo docente.84

Exemplos desta articulação têm em Minas Gerais. Experiência desenvolvida pelo SAUIPE85

- Saúde Integral em Permacultura, um grupo de universitários da Federal de Viçosa que

desenvolve trabalhos de educação, pesquisa e extensão, buscando considerar “que a

construção do conhecimento em Permacultura desenvolvido no contexto do grupo SAUIPE

começa a emergir, num contexto que envolve a formação de pessoas e grupos humanos

(agricultores/as familiares, acadêmicos e outros sujeitos) com a justificativa de compartilhar

83

Monografia pode ser lida e acessada neste link - http://www.geografiaememoria.ig.ufu.br/downloads/330_Renato_Velloso_Magrini_2009.pdf 84 BAZZO, Walter Antônio. A QUALIDADE DE ENSINO E SISTEMAS DE AVALIAÇÃO. Disponível em: <http://www.engenheiro2001.org.br/artigos/Bazzo.htm> Acesso em: 25 maio 2013 85

SAUIPE. Caminhos para a permacultura popular: experiência de Formação do grupo SAUIPE – saúde integral em Permacultura. Disponível em: <http://www.seer.furg.br/ambeduc/article/download/2650/2171>. Acesso em: 26 maio 2013.

154

os conhecimentos adquiridos de forma a promover a autonomia econômico-social entre os

envolvidos e construir uma cultura da sustentabilidade.” Dentre tantos outros.

Para ficar mais claro quanto aos potenciais individuais e coletivos, apresento abaixo uma

lista de competências relevantes:

• Competências Pessoais: autoconhecimento, auto-estima, autoconfiança, querer-ser,

autoproposição, visão do futuro, autodeterminação, resiliência e auto-realização;

• Competências relacionais: reconhecimento do outro, convívio com a diferença,

interação, comunicação, afetividade, convívio em grupo,

planejamento/trabalho/decisão em grupo, compromisso com o coletivo, com o

ambiente e a cultura;

• Competências cognitivas: leitura e escrita, cálculo e resolução de problemas, análise

e interpretação de dados/fatos/situações, acesso à informação acumulada, interação

crítica com a mídia, autodidatismo, didatismo e construtivismo;

• Competências produtivas: criatividade, gestão e produção do conhecimento,

polivalência e versatilidade, profissionalização, auto-gestão, co-gestão, heterogestão.

Além destas competências, a principal é a de ação. “É necessário definir o profissional do

Setor Ambiental a partir das proposições subjacentes neste novo conceito de profissionalidade

cujos referenciais básicos são as competências de ação profissional. Estas constituem hoje em

dia o referencial profissional por excelência para muitos âmbitos, no entanto, no campo

profissional do meio ambiente, ainda continuamos falando do “agente ideal”, do “bom educador”

como algo distante, sem ver e analisar o profissional singular que temos na frente, olhando como

age e o que se exige dele em cada momento. Esta miopia nos leva a estruturar planos de

formação descontextualizados e inoperantes. Portanto, as competências devem-se tornar

referenciais, tanto para a caracterização da prática profissional dos agentes ambientais como

para o projeto de sua formação nas correspondentes instituições. Estas competências são o

fruto de uma complexa combinação de habilidades, conhecimentos, atitudes, experiências e

recursos presentes e futuros que predispõem o profissional do setor ambiental a intervir

eficazmente em contextos locais”. (GUTIÉRREZ-PEREZ, 2005, p.211)

Importante ressaltar a atenção a alguns conceitos, como a desescolarização, que num

primeiro momento implica em desfazer/desmontar a estrutura de pensamento que a

escolarização obrigatória causou no indivíduo. É um resgate da liberdade, da

responsabilidade, da criatividade, da capacidade de raciocínio e reflexão que a escola rouba

da criança desde muito cedo. Ilich (1997) comenta que “A desescolarização da sociedade

implica um reconhecimento da dupla natureza da aprendizagem.”

E nesta visão da escola, se observa a Universidade. Fidel Castro fala como se

intencionasse caminhar para a isto quando promete que, por volta de 1980, Cuba estará em

155

condições de acabar com sua Universidade, uma vez que toda a vida em Cuba será uma

experiência educacional.

Devido ao casamento entre nosso próprio corpo e a máquina informática, podemos

modificar livremente nossas sensações até criarmos uma realidade virtual, aparentemente

mais verdadeira que a realidade de nossos órgãos dos sentidos. Nasceu assim,

imperceptivelmente, um instrumento de manipulação das consciências em escala planetária.

Em mãos imundas, este instrumento pode levar à destruição espiritual de nossa espécie.

Esta tripla destruição potencial — material, biológica e espiritual — é, na verdade, o produto

de uma "tecnociência" cega, mas triunfante, que só obedece à implacável lógica da eficácia

pela eficácia (NICOLESCU, 1999 p.12).

Hoje vemos que grande parte dos profissionais tanto da Engenharia Ambiental, como outras

profissões voltadas à ecologia, tanto marinha quanto terrena, atuando no setor de gestão

ambiental e assumindo a responsabilidade de gerir as ações de Educação Ambiental. Em

consequência disto considera-se de relevância o aprendizado e a vivência destes conceitos

e seus desdobramentos.

Conheci agora na reta final a ABENGE – Associação Brasileira de Educação em Engenharia

vou encaminhar um artigo científico para o Congresso Brasileiro de 2014. O neo-

cientificismo já não nega mais o diálogo entre a ciência e os outros campos do

conhecimento, mas não renuncia a visão de que a ciência continua capaz de dar conta da

totalidade de tudo o que existe. E então, o que virá após disto?

156

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