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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 MARIA JOSÉ SACRAMENTO DA SILVA AS ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS DA ESCOLA MUNICIPAL LUZ DIVINA- CABACEIRAS DO PARAGUAÇU/BA SALVADOR-BA 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAcoordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufba/file.php/1/Midiateca... · organização e a gestão da escola, evidenciando a reestruturação do trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA

EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

MARIA JOSÉ SACRAMENTO DA SILVA

AS ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA

CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS DA ESCOLA MUNICIPAL LUZ

DIVINA- CABACEIRAS DO PARAGUAÇU/BA

SALVADOR-BA

2016

MARIA JOSÉ SACRAMENTO DA SILVA

AS ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA

CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS DA ESCOLA MUNICIPAL LUZ

DIVINA- CABACEIRAS DO PARAGUAÇU/BA

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional

Escola de Gestores da Educação Básica Pública,

Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,

como requisito para a obtenção do grau de Especialista em

Coordenação Pedagógica.

Orientadora: Profa. Ma. Aline de Oliveira Costa Santos

SALVADOR - BA

2016

MARIA JOSÉ SACRAMENTO DA SILVA

AS ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA

CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS DA ESCOLA MUNICIPAL LUZ

DIVINA- CABACEIRAS DO PARAGUAÇU/BA

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em

Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de

Educação, Universidade Federal da Bahia.

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________

Segundo Avaliador. ___________________________________________________

Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

Aos

Alunos e funcionários da Escola Municipal Luz Divina.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela minha existência.

À minha família, em especial a minha filha Íris Bella pela paciência, companheirismo e

carinho.

A querida Tutora Nara Dantas pelo excelente acompanhamento e compromisso com a nossa

turma com muito amor e dedicação.

À equipe do Curso de Especialização Coordenação Pedagógica - CECOP/UFBA que me

proporcionaram a felicidade de participar da especialização, na qual os conhecimentos

adquiridos serão de grande importância para minha trajetória profissional.

Agradeço aos professores do curso que brilhantemente contribuíram para meu crescimento

enquanto pessoa e futura especialista e parceria constante e belíssimo trabalho que, por muitas

vezes me fez sonhar.

À minha querida orientadora, Professora Aline, pela dedicação, paciência e estímulo ao me

direcionar neste trabalho de forma confiante na concretização do mesmo.

Obrigada!

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no

trabalho, na ação-reflexão.

Paulo Freire

SILVA, Maria José Sacramento da. As atribuições do Coordenador Pedagógico na escola

contemporânea: Desafios da Escola Municipal Luz Divina- Cabaceiras do

Paraguaçu/BA. 2016. Projeto Vivencial (Especialização em Coordenação pedagógica) –

Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da

Bahia, Salvador, 2016.

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso, na modalidade Projeto Vivencial tem como

objeto de estudo as Atribuições do Coordenador Pedagógico no contexto escolar. A escola,

enquanto espaço de formação, exerce grande influência na sociedade contemporânea, ao

passo que as demandas da sociedade também se refletem na escola. Sendo assim, o ambiente

escolar encontra-se permeado de novas questões relativas ao atual momento. O estudo visa

refletir sobre as atribuições do coordenador pedagógico, suas perspectivas e desafios na

sociedade contemporânea. Apresenta-se como questão principal da pesquisa, quais as

atribuições do coordenador pedagógico na escola municipal Luz Divina diante dos desafios

postos pela contemporaneidade? A justificativa para a escolha do tema surgiu a partir da

experiência da autora enquanto Coordenadora Pedagógica da Escola Luz Divina, localizada

em Cabaceiras do Paraguaçu/BA, onde se percebeu, por parte da comunidade, uma falta de

conhecimento sobre as atribuições da coordenação. Apresenta-se uma proposta de intervenção

com o intuito de levar ao conhecimento da comunidade escolar as atribuições e a importância

do coordenador pedagógico. Para o desenvolvimento de tal proposta foi realizada uma

pesquisa de natureza qualitativa, na qual foi utilizada a abordagem teórico-empírica. O

aspecto teórico foi contemplado a partir do levantamento bibliográfico, e o aspecto empírico

pelo trabalho de campo realizado na escola supracitada, com a aplicação de questionários.

Com a aplicação deste projeto espera-se melhoria na prática pedagógica, proporcionando

reflexões sobre as atribuições do coordenador pedagógico, contribuindo para uma prática de

excelência.

Palavras-chave: Coordenação Pedagógica. Escola Pública. Aprendizagem.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

PI Projeto de Intervenção

PPP Projeto Político Pedagógico

PV Projeto Vivencial

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

UFBA Universidade Federal da Bahia

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 10

1. MEMORIAL ACADÊMICO: A CADA OLHAR NOVOS DESAFIOS ......................................... 13

1.1 Desafios da escolarização .................................................................................................... 13

1.2 Desafios da profissão ........................................................................................................... 14

2. A ESCOLA E A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA SOB NOVOS OLHARES: REVISANDO

A LITERATURA ................................................................................................................................ 18

2.1 A escola na contemporaneidade ............................................................................................... 18

2.2 As atribuições do Coordenador Pedagógico ........................................................................... 20

2.2.1. As atribuições do Coordenador Pedagógico no munícipio de Cabaceiras do Paraguaçu –

BA ................................................................................................................................................. 24

3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: EM BUSCA DE UMA COMPREENSÃO DAS

ATRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA MUNICIPAL LUZ DIVINA

............................................................................................................................................................... 28

3.1Conhecendo um pouco da Escola Municipal Luz Divina ....................................................... 28

3.2 Objetivos da Proposta de Intervenção..................................................................................... 30

3.3 Metodologia ............................................................................................................................... 30

3.4. Analisando as informações coletadas: o que dizem os profissionais .................................... 31

3.5 Apresentação das Ações ............................................................................................................ 34

3.5.1 Cronograma das ações .......................................................................................................... 35

3.6 Resultados Esperados ................................................................................................................... 35

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 36

REFERENCIAS......................................................................................................................37

APÊNDICE .......................................................................................................................................... 39

INTRODUÇÃO

O debate sobre as atribuições do coordenador pedagógico é complexo, pois envolve

elementos históricos e questões relacionadas às mudanças da sociedade. A figura deste

profissional representa a fusão do supervisor e do orientador educacional, funções que foram

redefinidas no bojo das discussões ocorridas no âmbito da sociedade brasileira, na década de

1990, quando surge a figura do coordenador pedagógico. Nesse sentido, a compreensão sobre

quais são suas atribuições na escola atual requer um conhecimento das mudanças ocorridas e

das demandas da escola.

Na atualidade, uma das atribuições se refere diretamente ao trabalho docente; sua

principal função está voltada para os aspectos pedagógicos do processo educativo, exigindo

uma postura de liderança e disposição para que seu trabalho venha contribuir para o

desenvolvimento das crianças, buscando colaborar para o crescimento da comunidade escolar.

Diante da importância deste profissional que ganhou relevância a partir da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – nº 9394/96 focalizou-se como objeto de

estudo do presente TCC/PV as atribuições do Coordenador Pedagógico. Apresentou-se como

problema a seguinte questão: Quais as atribuições do coordenador pedagógico na sociedade

contemporânea? Tendo em vista as transformações ocorridas no contexto social, que se

refletem na escola e demandam dos profissionais que nela atuam novas abordagens, torna-se

relevante e necessário o debate sobre as atribuições do Coordenador Pedagógico. Nesta

perspectiva, apreende-se que:

A principal função do coordenador pedagógico se divide entre a formação

continuada de professores e a articulação do Projeto Político Pedagógico da

escola. Isto não significa que deva abandonar as demais atividades, mas é

preciso priorizar sua função de formador e articulador. No contexto dessa

nova perspectiva profissional, a centralidade atribuída aos coordenadores e

as exigências a eles apresentadas acarretam consequências para a

organização e a gestão da escola, evidenciando a reestruturação do trabalho e

a consequente alteração na sua natureza e definição (AMADO E

MONTEIRO, 2012, p.5).

Mas ao adentar na unidade escolar o coordenador pedagógico assume diversas

atividades administrativas que se distanciam das reais atribuições do coordenador pedagógico.

As atividades exercidas vão desde a substituição do professor em sala de aula, a elaboração de

ofícios, digitação de avaliações, além de outras. Muitas vezes não sobra tempo para

desenvolver atividades que poderiam contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, o

que inviabiliza o trabalho da coordenação pedagógica. Diante disso surgem outras questões

como: Quais demandas cabe ou não ao coordenador pedagógico no ambiente escolar? Como a

coordenação pedagógica pode contribuir diretamente no aprendizado das crianças? De que

forma atuar frente a uma situação de perda de identidade do coordenador do coordenador

pedagógico?

São com os questionamentos citados acima que me defronto no dia a dia enquanto

Coordenadora Pedagógica na Escola Luz Divina, localizada no município de Cabaceiras do

Paraguaçu, interior do Estado da Bahia. Sinto-me frustrada, aflita e angustiada, perante a

comunidade escolar. Por isso, a escolha do tema Atribuições do Coordenador Pedagógico

para desenvolver este TCC/PV.

Nesse sentido, a proposta de intervenção apresentada se propõe a levar ao

conhecimento da comunidade escolar as reais atribuições do coordenador pedagógico. O

aprofundamento teórico em relação ao contribuiu para compreensão da importância e das

funções que cabem ao coordenador.

Para o desenvolvimento de tal proposta foi realizada uma pesquisa de natureza

qualitativa, na qual foi utilizada a abordagem teórico-empírica. O aspecto teórico foi

contemplado a partir do levantamento bibliográfico, e o aspecto empírico pelo trabalho de

campo realizado na escola supracitada, com a aplicação de questionário envolvendo

profissional da referida escola, diretor, vice-diretor, professores, auxiliares administrativos,

merendeiras.

Desta forma, investigarei sobre as atribuições do coordenador pedagógico no ambiente

escolar de forma a contribuir para a melhoria da qualidade do trabalho do coordenador

pedagógico e consequente melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

O presente trabalho está estruturado em três capítulos, além dessa introdução e das

considerações finais. No primeiro capítulo apresento o memorial da minha trajetória

acadêmica e profissional, onde são registrados os vários olhares nesta trajetória até aqui.

O segundo capítulo se refere à fundamentação teórica, na qual buscamos suporte

teórico em autores como José Carlos Libâneo (2012) e Dalila Oliveira (2010) para discutir

sobre a escola na contemporaneidade. Utilizamos ao livro “Coordenação do Trabalho

Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula” de Celso

Vasconcelos (2013) e o artigo de Paulo Lima e Sandra Santos (2007), para discorrer sobre as

sobre as atribuições do coordenador pedagógico no contexto escolar.

O terceiro e último capítulo apresenta a proposta de intervenção intitulada “Proposta

de Intervenção: Em busca de uma compreensão das atribuições da coordenação pedagógica na

Escola Municipal Luz Divina”. Cujo objetivo é saber quais as atribuições do coordenador

pedagógico na escola municipal Luz Divina diante dos desafios postos pela

contemporaneidade, onde espera-se buscar informações pertinente sobre o que pensam os

profissionais da escola acerca das atribuições do coordenador pedagógico para posteriormente

lançar medidas para que sejam esclarecidas as atividades que devem exercer este profissional

visando o desenvolvimento de todos.

1. MEMORIAL ACADÊMICO: A CADA OLHAR NOVOS DESAFIOS

Não é preciso consenso nem arte, nem beleza ou idade: a vida é sempre

dentro e agora. (A vida é minha para ser ousada.) A vida pode florescer

numa existência inteira. Mas tem de ser buscada, tem de ser conquistada.

Lya Luf

Ao memoriar trago lembranças e experiências vividas na vida familiar, acadêmica e

profissional, as quais revelam uma trajetória que em cada momento esteve permeada por

desafios. Nasci no ano de 1979 em Cabaceiras do Paraguaçu-BA, filha e neta de lavradores,

residentes no Sítio Lagoa Seca, deste município. Sou primogênita de uma família de dois

homens e duas mulheres.

Minha mãe, uma mulher sábia, que teve a oportunidade de estudar apenas até a 2ª série

do antigo primário, muito batalhadora, submissa ao esposo, e dedicada ao lar e aos filhos, que

muito me ensina. Hoje encontra-se impossibilitada de até mesmo pentear os cabelos devido

aos inúmeros problemas de saúde decorrente dos enormes esforços no trabalho do campo.

Meu pai, um homem trabalhador, engajado politicamente, que lutou para concluir os estudos

em busca de alcançar seus objetivos, um deles de representar oficialmente o povo da nossa

cidade. Hoje, vereador de Cabaceiras do Paraguaçu-BA. Um grande projeto de vida sendo

concretizado. Meus pais são as minhas referências, não poderei falar de mim, sem antes falar

desses que me deram a vida e me ensinaram a “olhar” o mundo e enfrentar os desafios

impostos pela vida.

1.1 Desafios da escolarização

Entrar na escola foi algo tão marcante que ainda me lembro das primeiras aulas

improvisadas na casa de uma colega distante de minha mãe, onde preparava sem recurso

algum, só alguns papéis e um antigo livro, era o suficiente para a construção da tabuada e a

leitura dirigida. Totalmente tradicional a orientadora tomava decisões, resolvia os problemas,

explicava, ensinava de acordo com sua prática. Dias difíceis, pois o ambiente rural não

oferecia condições favoráveis para uma boa aprendizagem, capaz de levar a construção do

conhecimento. Era uma sala improvisada que não desfrutávamos de nenhum conforto, nem

mesmo a possibilidades da realização de brincadeiras. Contudo, era maravilhoso, pois apesar

das dificuldades, tinha ânimo para levantar cedo, cuidar da casa, dos irmãos e a tarde me

dirigir para "meu" momento de aprendizagem, onde sabia que mais cedo ou tarde iria

concretizar meus sonhos.

Não demorou em que minha mãe notasse meu interesse e dos meus irmãos pelo estudo

e, decidiu nos trazer para a cidade, não tendo o apoio do meu pai. Pela idade, fui obrigada a

iniciar meus estudos na 2ª série, deixando de frequentar a primeira etapa da Educação Básica,

que é a Educação Infantil, como também a 1ª série do Ensino Fundamental de 8 anos. Antes

da concretização da matrícula tive que responder uma prova para sondagem de

conhecimentos, após resultado fui matriculada na Escola Comendador Temístocles, na 2ª série

do Ensino Fundamental.

Nesta instituição tive o total apoio de todo o corpo docente, pela bagagem que possuía.

Minha professora, Anair Sampaio, me auxiliava até nos momentos recreativos, mas por pouco

tempo, pois me adaptei com facilidade e acompanhei a turma, ficando na instituição até a 4ª

série. Recordo-me nitidamente das filas no pátio para o momento de falar com Deus e da

execução do Hino Nacional.

Após conclusão do Ensino Médio, ingressei na docência por necessidade mesmo, pois

quando assumi uma turma multisseriada também em 1998, ainda não tinha concluído o

Ensino Médio em Formação Científica. Tinha casado recentemente (aos 16 anos) e por isso

precisava urgente de um trabalho. E através de amizades consegui, sem o Magistério, sem

experiência uma turma para lecionar. Uma das tarefas mais difíceis de minha vida, errei várias

vezes, hoje tenho certeza que deixei cicatrizes nos meus alunos, mas percebo que se tivesse a

presença de um coordenador pedagógico tal experiência poderia ser diferente.

1.2 Desafios da profissão

Por mais que desejasse trabalhar em outra área, as oportunidades me “empurravam”

para o campo educacional. Assim, em 2004 iniciei minha graduação, e logo depois comecei a

trabalhar em uma escola particular renomada na cidade, o que me ajudou muito. Assim, de

2004 a 2006 fiz a Graduação em Normal Superior pela Faculdade Maria Milza – FAMAM,

tendo como título de trabalho de conclusão de curso: Informática na educação: Será que

estamos preparados? Neste momento percebi que meu caminhar estava apena iniciando.

Minha sede pelo desconhecido crescia a cada momento. Neste momento a pesquisa tornou-se

um desafio diante dos inúmeros problemas encontrados. Percebi o quanto era valioso

desvendar questões, em busca do conhecimento.

No ano de 2008 passei em dois concursos públicos para o cargo de professor do

primeiro ciclo do Ensino Fundamental, um em Cruz das Almas e outro em Cabaceiras do

Paraguaçu. Experiência ímpar, sair da rede particular com uma estrutura maravilhosa e

debruçar esforços em turmas carentes foi um grande desafio.

Em 2009 ao ser chamada para trabalhar nas Secretarias de Educação dos municípios,

percebi que meu compromisso profissional estava além da sala de aula. Neste momento era

preciso buscar ajuda e visibilidade para a comunidade escolar e local, de forma a atender, na

medida do possível as necessidades locais. Neste momento iniciei Especialização em Gestão

Administrativa na Educação, pela Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB-Brasil, e conclui

em 2011 com trabalho monográfico intitulado Gestão Democrática e as práticas de Gestão no

Contexto Escolar. A apropriação dos conhecimentos gerou uma capacitação importante, onde

pude gerenciar mudanças na estrutura escolar baseado em informações pertinentes a

comunidade escolar. O que contribuiu para as minhas futuras inquietações.

Após conclusão desta especialização, de 2011a 2012 continuei os estudos com a

Especialização em Educação Infantil, pela Universidade Federal da Bahia - UFBA com

trabalho intitulado Educação Infantil: etapa fundamental para o desenvolvimento cognitivo da

criança. E pela necessidade concluir a graduação em Pedagogia, neste período 2011 a 2012.

Essa formação, sem dúvidas, ofertou subsídios teóricos e metodológicos para a efetivação da

minha prática, pois no momento estava coordenadora pedagógica da Educação Infantil.

Conhecer as políticas públicas educacionais e a legislação referente à primeira etapa da

Educação Básica refletiu de forma positiva naquele momento, e ainda contribuiu para aguçar

minha vontade de sanar alguns entraves quanto o papel do coordenador pedagógico.

Durante o período que fiquei trabalhando na Secretaria de Educação do município de

Cabaceiras do Paraguaçu, coordenando praticamente 29 unidades escolares, muitas foram as

inquietações, principalmente no que diz respeito ao papel do coordenador pedagógico.

Coordenar esse quantitativo de escola foi frustrante. Articular o projeto pedagógico, formar

corpo docente, transformar o ambiente escolar no local de efetivo aprendizado e sucesso

educacional, tornou-se impossível. Inicialmente, por me deparar com professores totalmente

acomodados, acostumados a receber os planejamentos prontos, aquele minuciosamente

detalhado com dias de aulas, conteúdos a serem trabalhados, com duração prevista, sem um

mínimo de diagnostico prévio, muito menos considerando a realidade da turma. Diante de

uma realidade frustrante, a minha função não foi colocada em prática. Os encontros

aconteciam com pouca frequência, o que impossibilitou atuar de forma que o trabalho

atingisse, principalmente o aprendizado das crianças.

Atualmente exerço a função de coordenadora pedagógica na Escola Municipal Luz

Divina no município de Cabaceiras do Paraguaçu. Assim, no dia a dia, como coordenadora

pedagógica, ao adentrar na escola, me envolvo com funções tais como elaboração de ofícios,

digitação de avaliações, além de atender pais, resolver questões de indisciplina das crianças,

como também problemas com a falta de professores, o que muitas vezes ocorre até a

substituição de docente na sala de aula, indo além das suas funções pedagógicas. Como forma

de não comprometer meu trabalho, coloco em pauta, primeiro as atividades de coordenação,

gerenciando o tempo de forma eficiente para ajudar a equipe escolar. Infelizmente, muitas

vezes não consigo colocar em prática as atividades pré-estabelecidas, o que causa desconforto

e angustia.

Desta forma, o excesso de atividade acaba descentralizando as atribuições e como

consequência o trabalho fica comprometido. Por esse motivo que, a formação continuada do

coordenador é importante. Pois é, imprescindível conhecer base teórica para nortear a reflexão

sobre a prática, que acontece através da Formação Continuada em serviço.

Com isso, meu percurso de fato aconteceu. Assim, iniciei com estudos e reflexões

sobre as mais variadas situações, principalmente, quanto à conscientização da importância do

professor pesquisador, professor reflexivo e atuante. Mais adiante, quando comecei a

Especialização em Coordenação Pedagógica, fortaleceu o desejo de continuar meus estudos,

minhas pesquisas acerca das atribuições do coordenador pedagógico, para que, desta forma,

pensar em soluções para melhorar a qualidade do trabalho docente, mobilizado pela vontade

da formação, da busca pela educação de qualidade.

Dentre as minhas experiências na carreira profissional na Educação, destaco como

propulsora para minha escolha pelo tema atribuições do Coordenador Pedagógico ressaltando

as perspectivas e desafios da contemporaneidade, uma das minhas primeiras experiências

como docente, ao ser aprovada no concurso para professor em Cabaceiras do Paraguaçu e

Cruz das Almas.

Assim, minha trajetória foi intensificada pela vontade de ajudar os professores a serem

personagens da sua própria história e, não meramente reprodutores. Meus estudos foram

decisivos para que alguns paradigmas fossem quebrados.

Diante do exposto, a minha atuação na escola de grande porte, com 480 alunos, 16

docentes, direção, 02 vices, no total de 32 funcionários é impossível de serem colocadas em

prática às atribuições no Coordenador Pedagógico. Os momentos planejados para formação e

reflexão não são colocados em prática, o que poderia proporcionar mudanças significativas,

pois são momentos de troca de experiências, produção do conhecimento, reflexão e mudanças

de ações fundamentais para o avanço educacional tal almejado. Importante mencionar que

mesmo diante de tantos entraves, é necessário promover mudança de postura em busca de

uma educação de qualidade, priorizando constante reflexão e formação da equipe escolar para

desenvolver o papel social da escola, promovendo assim a formação integral dos alunos.

Acredito que fortalecerei minha prática tanto como coordenadora, quanto como

docente, pois uma pesquisa como essa engrandece nosso alicerce profissional, nos tornando

mais experientes e competentes para atuar como agentes de mudança na Educação. Meu

comprometimento com os estudos, pesquisas acerca das atribuições do Coordenador

Pedagógico ressaltando suas perspectivas e desafios possibilitará melhorias para a minha

prática. Pois na Escola Municipal Luz Divina aonde atuo como coordenadora pedagógica

muitas são as tarefas que desempenho.

2. A ESCOLA E A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA SOB NOVOS OLHARES:

REVISANDO A LITERATURA

Para se compreender a escola nos dias atuais é preciso vê-la sob novos olhares, pois a

mudanças ocorridas na sociedade se refletem no ambiente escolar e requerem dos

profissionais que nela atuam novas respostas para velhos problemas, ao passo que também

questões que antes não existiam, surgem para tornar o cenário ainda mais complexo. Neste

contexto, os papéis exercidos pelos gestores, professores e especialmente pelos coordenadores

pedagógicos necessitam de novos direcionamentos.

Com o objetivo de compreender melhor este contexto atual recorremos aos

pesquisadores José Carlos Libâneo (2012) e Dalila Oliveira (2010) para discutir sobre a escola

na contemporaneidade. E para discutir sobre as atribuições do coordenador pedagógico

recorremos ao livro “Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico

ao cotidiano da sala de aula” de Celso Vasconcelos (2013) e o artigo de Paulo Lima e Sandra

Santos (2007).

2.1 A escola na contemporaneidade

Diante de uma sociedade marcada pela busca desenfreada pelo lucro e pelo consumo

imposto pelo capitalismo, educar para a vida tornou-se uma tarefa difícil. As escolas estão

fragmentadas nos sentidos teóricos, pedagógico e político e consequentemente colaboram

com a formação fragmentadas de crianças e jovens.

A formação do cidadão como ser pensante, atualmente, estar além de suas

possibilidades. A escola é olhada como uma instituição social onde são delegadas distintas

missões como forma de promover o aluno, não permitindo formar cidadãos como sujeitos

críticos, culturais, afetivos e principalmente construtores do seu processo, visando à

erradicação das desigualdades sociais, qualidade de vida e educação para todos. Segundo

Libâneo (2012):

Na atualidade, as pessoas aprendem na fábrica, na televisão, na rua, nos

centros de informações, nos vídeos, no computador, e cada vez mais se

ampliam os espaços de aprendizagem. A instituição escolar, portanto, já não

é considerada o único meio ou o meio mais eficiente e ágil de socialização

dos conhecimentos [...]. (LIBÂNEO, 2012, p.62).

Assim, a escola deixa de ser considerada uma instituição única de adquirir

conhecimentos, não eximindo sua função social, mesmo diante de consideráveis mudanças.

Ainda é uma instituição de ensino com características próprias, buscando educar em meios ao

processo de reestruturação dos sistemas educativos. Ainda segundo Libâneo (2012, p. 63) “a

escola de hoje precisa não apenas conviver com outras modalidades de educação não formal,

informal e profissional, mas também articular-se e integrar-se a elas” como inclusive ressalta

a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394, de 1996 – LDB/1996, no seu Artigo 1º, que

diz:

Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na

vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino

e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas

manifestações culturais. § 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se

desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições

próprias. § 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do

trabalho e à prática social. (BRASIL, 1996, grifo nosso)

Nesta perspectiva, a escola tem papel fundamental na vida da criança e do educando

em geral, e deve contribuir na sua formação enquanto indivíduos pensantes e aprendizes. Para

isso deve oferecer condições e oportunidades apropriadas para seu desenvolvimento e

aprendizagem. Importante destacar a realização de uma reavaliação do sistema capitalista

diante da complexidade enfrentada pela escola. Libâneo (2001), a este respeito diz que:

O capitalismo, para manter sua hegemonia, reorganiza suas formas de

produção e consumo e elimina fronteiras comerciais para integrar

mundialmente a economia. Trata-se, portanto, de mudanças com o objetivo

de fortalecê-lo, o que significa fortalecer as nações ricas submeter os países

mais pobres à dependência, como consumidores. (LIBÂNEO, 2001, p.64)

Muitas situações têm presenciados vindos da onda da globalização, sendo apreciado

em várias circunstancias, capaz de levar o cidadão a um considerável retrocesso, onde a nova

realidade mundial, a ciência e a inovação tecnológica dão espaço para ausência de uma

educação transformadora. Oliveira (2004) considera:

Na transição dos referenciais do nacional-desenvolvimentismo para o

globalismo, a educação passa por transformações profundas nos seus

objetivos, nas suas funções e na sua organização, na tentativa de adequar-se

às demandas a ela apresentadas. Diante da constatação de que a educação

escolar não consegue plenamente às necessidades de melhor distribuição de

renda e, por extensão, saldar a dívida social acumulada em décadas passadas,

à crença nessa mesma educação como elevador social é arrefecida.

(OLIVEIRA, 2004, p.1129).

Este cenário permite constatar que a educação escolar não consegue por si só, atender

as necessidades de sua clientela, embora tenha sido considerada o meio mais seguro para o

desenvolvimento individual quanto coletivo, com intuito de redução da desigualdade social.

Desta forma, passa a ser imperativo as instituições escolares formarem cidadãos capacitados

para viverem na sociedade.

Diante do exposto, percebemos que na sociedade contemporânea a escola está no

centro de diversas contradições. Sabemos que a escola sozinha não pode exercer a tarefa de

educar, pois precisa da colaboração das demais instituições sociais para exercer tal função.

Mas, a sociedade cobra da escola e de seus profissionais a promoção dessa educação. Neste

cenário, o papel exercido pelos coordenadores pedagógicos é de fundamental importância,

uma vez que eles são os principais responsáveis pela mediação entre escola e sociedade.

Nesta perspectiva, a ideia de “educar para vida” abrange um significado amplo de

educação, como está exposto no primeiro artigo LDB/1996, acima citada. Ainda conforme a

LDB/1996 promover essa educação é dever da família e do Estado. Nesse sentido, a escola,

enquanto instituição social, braço do Estado, tem responsabilidade de proporcionar uma

educação para “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho”, como diz o Artigo 2º da LDB/1996.

Neste aspecto, o intenso processo de mudanças que vem ocorrendo no mundo

contemporâneo, decorrentes dos processos de globalização, o papel do coordenador

pedagógico ganha novas discussões. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a atual

Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei nº 9394/96 e o Estatuto da Criança e do

Adolescente – ECA de 1990, é garantido o direito à educação a criança e ao adolescente,

direitos estes que necessitam ser seguidos por todos os profissionais que atuam no contexto

escolar, favorecendo o processo de ensino e promovendo a aprendizagem no espaço escolar.

2.2 As atribuições do Coordenador Pedagógico

Nos últimos anos a função do coordenador pedagógico tem sido alvo de debates e

discussões no interior da escola diante das possibilidades de atuação. Este profissional tão

importante no espaço escolar e pouco valorizado exerce diariamente diversas atividades além

de suas funções. A exemplo disso, Vasconcellos (2013. p. 86) afirma: “Há a demanda pela

definição do papel do coordenador pedagógico; certamente esta busca reflete o desejo de

redefinição da atuação do profissional”.

Como desafio inicial, a primeira atribuição do coordenador pedagógico é planejar e

acompanhar a execução de todos os processos didático pedagógico, reconhecida como tarefa

de importância primordial e de inegável responsabilidade, encerrando as possibilidades e

limites da atuação deste profissional.

Pertinente afirmar que, a escola como espaço complexo e desafiador diante de

transformações significativas decorrente de uma sociedade tumultuada, conta com pessoas de

diversos contextos, de características distintas e olhares diferenciados. E, é neste cenário que a

figura do coordenador pedagógico surge como líder e articulador deste espaço. Segundo

Libâneo (1985):

A atuação da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos

para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola é com a

cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O caminho cultural em

direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem.

Assim, os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e

conquistar seu lugar junto aos mais capazes. (LIBÂNEO, 1985, p. 23).

Na experiência profissional do coordenador pedagógico a comunicação surge também

como característica fundamental, pois um trabalho realizado através de uma expressão de

forma clara e objetiva gera melhores resultados entre os atores. Neste sentido, professores e

coordenação precisam trabalhar juntos, tendo em vista as tarefas peculiares a cada profissional

numa perspectiva de gestão democrática e participativa na escola. Vasconcellos (2013) diz

que:

Quando analisamos a função social da escola (a educação através do ensino),

nos damos conta de que a atuação da coordenação pedagógica se dá no

campo da mediação, pois quem está diretamente vinculado à tarefa de

ensino, stricto sensu, é o professor. [...] Neste contexto, é preciso atentar

para a necessária articulação a pedagogia de sala de aula e a pedagogia

institucional [...]. (VASCONCELLOS, 2013, P.88).

Segundo Piletti (1998, p.125) ao coordenador pedagógico, assim como os demais

profissionais da educação são atribuídas algumas funções:

a) Acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e

avaliação; b) Fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-

se e aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional;

c) Promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a

comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo; d)

Estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas atividades,

procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que

aparecem. (Apud LIMA e SANTOS, 2007, p.79).

O desconhecer das referidas atribuições gera muitos questionamentos e dúvidas quanto

às funções do coordenador pedagógico. Desta forma, todos os atores envolvidos no processo

educacional acabam determinando e concebendo a este profissional como sendo um “faz

tudo”, sendo o responsável por todas as atividades da escola, o que acaba desempenhando as

tarefas que lhe são postas. Bartman (1998, p.1) nos diz que:

[...] o coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na

escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu

grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem

consciência do seu papel de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas

não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou

só cobra, mas não orienta. (Apud LIMA e SANTOS, 2007, p.81).

Neste contexto, surgem conflitos do coordenador pedagógico decorrente a falta de

conhecimento das suas funções nos atores no processo educacional. O constrangimento diário

na abordagem concorre para um andamento negativo do trabalho pedagógico, provocado

também por questões políticas locais. Toda essa confusão, quanto às atribuições, gera uma

perda de identidade profissional acerca da relevância do trabalho do coordenador pedagógico

na escola no processo de ensino-aprendizagem.

Desconhecer as atividades próprias ao cargo ou função do coordenador acaba

desfavorecendo o avanço do trabalho e, consequentemente, prejuízos para a melhoria da

qualidade da escola, e comprometimento do sucesso dos professores em sala de aula. Lima e

Santos (2007) reforça dizendo que:

[...] ainda hoje, muitos profissionais que exercem o cargo ou função de

coordenador pedagógico ainda não tem total clareza da identidade e

delimitação de sua competência na vida escolar. Tal indefinição acaba por

favorecer situações de desvios no desenvolvimento do seu trabalho e a

assunção de imagens construídas no interior da escola como pertinentes às

suas atribuições, das quais o profissional deve dar conta. (LIMA E

SANTOS, 2007, p. 82).

Diante do exposto, o olhar frente ao trabalho pedagógico necessita de transformação.

As solicitações para execução de tarefas como realizar trabalhos burocráticos e da secretaria,

substituição de professores, aplicação de prova, problemas com pais e alunos, dentre outros,

precisam ser desconstruídas como tarefa do coordenador, para que sua prática venha

contribuir para mudanças positivas relacionadas, principalmente, ao exercício profissional dos

professores, atentando-se as necessidades dos docentes, proporcionando subsídios teóricos e

metodológicos. Segundo Lima e Santos (2007):

Este olhar necessário como busca identitária, não é objeto outorgado

somente por normalização institucional, mas certamente é um espaço de

conquista, é um espaço de resolução de conflitos e de assunção do papel

profissional do coordenador pedagógico como ator social, agente facilitador

e problematizador do papel docente no âmbito da formação continuada,

primando pelas intervenções e encaminhamentos mais viáveis ao processo

ensino-aprendizagem. (LIMA E SANTOS, 2007, p.83).

Nesta perspectiva, a formação continuada aparece como pressuposto para construção

da identidade e de uma prática significativa para o papel docente como também ao exercício

da cidadania. Visto que entre as tarefas do coordenador o atendimento ao professor configura

como elemento fundamental a sua práxis, onde este deve possibilitar situações para acontecer

o desenvolvimento docente.

Christov (2009, p. 9) afirma que “A atribuição essencial do coordenador pedagógico

está, sem dúvida alguma, associada ao processo de formação em serviço dos professores”.

Essa atividade peculiar ao coordenador pedagógico apresenta como um relevante instrumento

capaz de observar as características do professor como também conhecer um pouco mais de

seu perfil, seu método de trabalho, o que irá favorecer e fortalecer a intervenção junto ao

professor, atrelado às diversidades culturais presentes no ambiente escolar.

Neste sentido, a coordenação pedagógica deve garantir a existência de um espaço

dialógico, favorecendo uma reestruturação das posturas dos atores envolvidos com a

educação. Lima e Santos (2007) diz que:

Cabe ao coordenador pedagógico, juntamente com todos os outros

educadores, exercer o “ofício de coordenar para educar” também aqui no

sentido de possibilitar trocas e dinâmicas da própria essência da

aprendizagem: aprender a aprender e junto com, essência do que se concebe

como formação continuada de educadores. (LIMA E SANTOS, 2007, p.

84).

Oportuno ressaltar que neste processo o coordenador pedagógico não é o único

profissional a exercer tarefas importantes, mas compreender que o trabalho coletivo traz

resultados e características marcantes para o desenvolvimento da escola, no tocante à

formação continuada, inclusive a deles próprios, e a articulação do Projeto Político

Pedagógico (PPP). Essa questão do PPP é lembrada por Vasconcellos (2013), quando sublima

ser:

[...] o plano global da instituição. Pode ser entendida como a sistematização,

nunca definitiva, de um processo participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva

na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer

realizar, a partir de um posicionamento quanto a sua intencionalidade e de

uma leitura da realidade. (VASCONCELLOS, 2013, p. 17).

Assim, para que as propostas estejam de acordo com a real situação e elaborado com a

participação de todos, o PPP deve ser construído com a participação da comunidade escolar,

tendo em vista sua importância, que de acordo com Vasconcellos (2013, p. 21) “O Projeto

tem uma importante contribuição no sentido de ajudar a conquistar e consolidar a autonomia

da escola [...]”. Que seja um trabalho efetivamente participativo, trabalhados para que as

propostas elencadas ultrapassem as páginas planejadas e tornem ações consolidadas no espaço

proposto.

2.2.1. As atribuições do Coordenador Pedagógico no munícipio de Cabaceiras do Paraguaçu –

BA

É desafio de todos, diretores, pais, professores, alunos e funcionários transformar o

espaço escolar em um lugar onde, de fato, se desenvolva novas experiências e competências

como forma de contribuir para a melhoria da sociedade, da qual o sujeito está inserido. Mas

dentre todos estes segmentos listados, o coordenador pedagógico, deve buscar uma educação

básica de qualidade, pois é a principal finalidade de seu trabalho.

Segundo Lei Municipal n.º 222 / 2011 – de 20 de maio de 2011, que “Dispõe sobre o

Estatuto do Magistério Público Municipal...” em seu art. 9º, compete ao Coordenador

Pedagógico a supervisão do processo didático, em seu tríplice aspecto, de planejamento,

controle, e avaliação, além das seguintes atribuições:

I - coordenar o planejamento e a execução das ações pedagógicas da

Secretaria Municipal de educação e das Unidades de Ensino; II - articular a

elaboração participativa do Projeto Político-Pedagógico da Escola e da

Secretaria Municipal de Educação; III - acompanhar o processo de

implementação das diretrizes da Secretaria de Educação relativas à avaliação

da aprendizagem e dos currículos, orientando e intervindo junto aos

professores e alunos quando solicitado e/ou necessário.

Neste contexto, o coordenador pedagógico, surge como personagem de grande

importância no cenário escolar. Suas atividades devem primar, principalmente, pelo

desenvolvimento do professor, proporcionando-os subsídios teóricos e metodológicos como

forma de inovar e promover o sucesso do trabalho em sala de aula, na busca de formas para

acontecer à aprendizagem. Ressaltando a importância da realização da avaliação constante.

A este respeito, no mesmo artigo da Lei Municipal, no parágrafo IV, diz que também

compete ao coordenador pedagógico, “IV - avaliar os resultados obtidos na operacionalização

das ações pedagógicas visando a sua reorientação”, capaz de qualificar o processo de ensino

aprendizagem. De acordo com Vasconcellos (2013):

O trabalho de orientação, comprometido com a mudança, deve partir de onde

o sujeito (professor, aluno, pai, etc.) está e não de onde se considera que

eventualmente deveria estar. Este é um princípio básico do interacionismo

que deve aplicado não só em sala de aula (partir de onde o aluno está!) [...].

Não cair numa análise moralista, de acusação, como se a pessoa tivesse o

tipo de prática que tem por ter decidido livre e conscientemente. Ter clareza,

no entanto, que partir de onde está não é ficar lá. Entender não para

justificar, mas para ajudar a mudar. (VASCONCELLOS, 2013, p. 75).

Ainda de acordo com a Lei é de competência do coordenador pedagógico:

V - coordenar e acompanhar as atividades dos horários de Atividade

Complementar na Unidade Escolar, viabilizando a atualização pedagógica

em serviço; VI - estimular, articular e participar da elaboração de projetos

e/ou programas especiais junto à comunidade escolar; VII - elaborar,

acompanhar e avaliar, em conjunto com a Direção da Unidade Escolar, os

planos, programas e projetos voltados para o desenvolvimento da escola, em

relação aos aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros, de pessoal e

de recursos materiais.

Assim, as atividades desenvolvidas pelo coordenador pedagógico deverá apresentar

uma visão ampla acerca dos objetivos, metas e estratégias no que se refere à boa

aplicabilidade de suas atribuições. Perpassando por desafios de forma a desenvolver, articular

e promover atividades significativas no contexto escolar. Vasconcellos (2013, p. 28) ratifica

dizendo que “O que transforma a realidade são as ações”, assim a cooperação mutua deve

prevalecer numa perspectiva transformadora de melhoria gerada pela força da coletividade.

Neste aspecto, importante considerar o item VII, ainda do Art. 9º, onde diz que

“promover ações que otimizem as relações interpessoais na comunidade escolar”, seja

também uma atribuição do coordenador pedagógico. A este respeito, Placco (2010) diz que;

Só quando existe uma real comunicação e integração entre os atores do

processo educativo há possibilidade de emergência de uma nova prática

docente, na qual movimentos de consciência e de compromisso se instalam,

ao lado de uma nova forma de gestão e uma nova prática docente.

(PLACCO, 2010, p.52).

A efetivação de uma comunicação sólida e amigável entre os atores do espaço escolar

proporcionará maiores resultados, diante das problemáticas diárias. Uma vez que as relações

de trabalho são fortemente influenciadas pelas relações interpessoais. Neste sentido, é

importante que haja uma sintonia, visando um desenvolvimento articulado do trabalho.

Ainda segundo a Lei Municipal cabe ao coordenador pedagógico:

IX– divulgar e analisar, junto à comunidade escolar, documentos, projetos

e/ou programas do Órgão Central, buscando implementá-los na Unidade

Escolar, atendendo às peculiaridades local; X – analisar os resultados de

desempenho dos alunos, visando a correção de desvios no Planejamento

Pedagógico; XI – identificar, orientar e encaminhar, para serviços

especializados, alunos que apresentem necessidades de atendimento

diferenciado; XII – promover e incentivar a realização de palestras,

encontros e similares, com grupos de alunos e professores sobre temas

relevantes para a educação;

Diante do contexto, o coordenador pedagógico tem função mediadora, no sentido de

cumprir obrigações curriculares passando a conjugar os verbos aceitar, trabalhar,

operacionalizar propostas da escola diante dos compromissos com os alunos. Ainda merece

destaque para:

XIII – propor, em articulação com a direção, a implantação e implementação

de medidas e ações que contribuam para promover a melhoria da qualidade

do ensino e o sucesso escolar dos alunos; XIV - organizar e coordenar a

implantação e implementação do Conselho de Classe numa perspectiva

inovadora de instância avaliativa do desempenho dos alunos; XV –

promover reuniões e encontros com os pais, visando a integração

escola/família para promoção do sucesso escolar dos alunos; XVI –

estimular e apoiar a criação de Associações de Pais, de Grêmios Estudantis,

Colegiados Escolares e outros que contribuam para o desenvolvimento e a

qualidade da educação; XVII - exercer outras atribuições correlatas e afins.

O documento evidencia que a relação entre aprendizagem e trabalho pedagógico,

configura numa prática educativa voltada para uma reflexão das ações. Falar de atribuições do

coordenador pedagógico e suas funções no ambiente escolar, é uma forma de dar sentido a

este profissional, cujas atribuições constata-se uma grande indefinição na prática, pois, na

maioria das vezes, deixa de realizar suas reais tarefas, ficando sobrecarregado nas suas

atribuições específicas.

É neste momento que a função formadora, articuladora e transformadora do

coordenador pedagógico deve fomentar o ensino e aprendizagem com vistas à promoção e o

sucesso no processo educativo.

3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: EM BUSCA DE UMA COMPREENSÃO DAS

ATRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA MUNICIPAL LUZ

DIVINA

O presente projeto de intervenção está situado no Eixo 09 - Coordenação Pedagógica:

Relações, Dimensões e Formas de Atuação no Ambiente Escolar do Curso de Especialização

em Coordenação Pedagógica -CECOP, oferecido através de uma parceria entre UFBA e a

Escola de Gestores do Ministério da Educação - MEC. A proposta será implementada em uma

das escolas do município de Cabaceiras do Paraguaçu, Escola Municipal Luz Divina e tem

por objetivo principal apresentar à comunidade escolar as atribuições da coordenação

pedagógica, pois entendemos que a partir desse conhecimento o trabalho do coordenador será

mais valorizado e respeitado dentro da instituição, o que resultará em benefícios para a equipe

gestora, corpo docente, alunos e demais profissionais.

3.1Conhecendo um pouco da Escola Municipal Luz Divina

Situada no município de Cabaceiras do Paraguaçu-BA, a Escola Municipal Luz

Divina, está localizada na sede de município. A Unidade Escolar pertence à Rede Pública

Municipal de Ensino, tendo como co-gestora a Secretaria Municipal de Educação e como

Entidade Mantenedora a Prefeitura Municipal. Localiza-se à Rua Voo do Gênio, S/N -

Cabaceiras do Paraguaçu – BA. Criada pelo Decreto Municipal nº 081/ 2001 de 1 de

dezembro de 2001, sob CNJP nº 02.163.131/0001-15, código do Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP nº 29335639.

A Escola Municipal Luz Divina foi construída com recursos do Ministério da

Educação e Cultura – MEC -, em convênio com a Prefeitura Municipal, inaugurada no mês de

junho, no ano de 1994, na administração “A Força da Nossa Gente” gestão do prefeito

Antônio Martins, vice-prefeito Heraldo Gomes da Silva e Presidente da Câmara Gildásio

Ribeiro Santana, com o propósito de incentivar a comunidade no processo de educação

formal. Sendo tal prefeito um homem católico e, o momento que concebeu a ideia de construir

tal escola foi uma iluminação divina, ele resolveu inaugurar a escola com o nome “Luz

Divina”.

Fisicamente, hoje, a Unidade Escolar possui onze salas de aula, uma secretaria escolar,

uma sala de professores, seis sanitários para uso dos discentes, um sanitário de acessibilidade,

uma sala de direção, um banheiro para docentes, uma cozinha, uma sala de leitura, um

almoxarifado e um depósito para merenda. A unidade possui um sistema de ventilação e

iluminação naturais, situando-se estrategicamente no centro da cidade, o que facilita o acesso

da comunidade escolar e da comunidade social do entorno.

Administrativamente a Escola Municipal Luz Divina é constituída por uma diretora,

duas vice-diretoras, uma coordenadora pedagógica, uma secretária e funcionários de suporte,

os quais exercem as funções de auxiliar de serviços gerais, assistente administrativo, portaria,

vigilante, inspetor e merendeira.

Neste ano letivo de 2015, a referida unidade escolar teve alunos distribuídos em

período diurno de funcionamento, com alunado de faixa etária de 06 a 14 anos, no total de

470 discentes, inseridos no Ensino Fundamental das séries iniciais, com uma clientela

pertencente à comunidade de baixa renda, oriundos tanto da zona rural como urbana.

Há a predominância de diversas religiões. A atividade econômica principal é a lavoura

de fumo. Outra atividade produtiva é a lavoura de mandioca, laranja, como também criação de

bovinos. Nosso aluno, no contexto atual, é de classe média baixa com sérios problemas na

constituição de suas famílias, a maioria desintegrada. Em função disto, a escola procura

atender e minimizar as necessidades materiais e afetivas do corpo discente. A Escola, hoje,

funciona com dois turnos, manhã e tarde.

Pedagogicamente a escola trabalha duzentos dias letivos anuais, como determina a

LDB/1996, intercalado com quinze dias de recesso escolar entre os meses de junho a julho.

Assim, desenvolvemos o processo ensino-aprendizagem, numa carga horária anual de

oitocentas horas, que são distribuídas nas disciplinas da Base Nacional Comum.

Neste espaço educacional, a figura do coordenador pedagógico é considerada peça

chave para o processo de ensino e aprendizagem, se deixasse de ser concebido um

profissional conhecido como espécie de faz tudo no ambiente escolar. De fato, as atribuições,

se fossem colocadas em prática aconteceria o desenvolvimento pleno do estudante,

contribuindo para o melhor acontecer. No entanto, as funções deste profissional nem sempre é

delimitada dentro da escola. Muitos acham que auxiliar diretor nas questões burocráticas,

resolver problemas de indisciplina de alunos, dentre outros achismos, são atribuições deste

profissional. Nesta perspectiva aprofundar estudos acerca das verdadeiras atribuições do

coordenador pedagógico ajudará significamente no processo de ensino e aprendizagem.

3.2 Objetivos da Proposta de Intervenção

Com o intuito de colaborar com a Escola Municipal Luz Divina apresentamos como

objetivo principal:

- Apresentar à comunidade escolar de forma clara as atribuições do coordenador

pedagógico.

E como objetivos específicos procurar-se-á: investigar sobre as atribuições do

coordenador pedagógico no ambiente escolar; definir as atribuições e relações que são de

responsabilidade do coordenador pedagógico; contribuir para a melhoria da qualidade do

trabalho do coordenador pedagógico e consequentemente contribuir com a melhoria da

qualidade do ensino e da aprendizagem na escola.

3.3 Metodologia

Para desenvolver uma proposta que contribua com a escola de forma significa é

necessário contar com a participação da comunidade escolar. Nesse sentido, é de fundamental

importância a escolha de uma metodologia que contemple a participação dos envolvidos.

Assim, definimos a metodologia da pesquisa-ação, que segundo Thiollent (1986):

[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e

realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um

problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo

cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 1986, p. 14).

A escolha da pesquisa-ação deu-se por compreender que as

informações/questionamentos buscados entre os pesquisados darão subsídios para a

construção de uma proposta que contemple as demandas da comunidade escolar, e

consequentemente, contribua para a resolução do problema coletivo identificado neste

trabalho. Thiollent (1986) elenca alguns aspectos da pesquisa-ação:

a) há uma ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas

implicadas na situação investigada; b) desta interação resulta a ordem de

prioridade dos problemas a serem pesquisados e das soluções a serem

encaminhadas sob forma de ação concreta; c) o objeto de investigação não é

constituído pelas pessoas e sim pela situação social e pelos problemas de

diferentes naturezas encontrados nesta situação; d) o objetivo da pesquisa-

ação consiste em resolver ou, pelo menos, em esclarecer os problemas da

situação observada; e) há, durante o processo, um acompanhamento das

decisões, das ações e de toda a atividade intencional dos atores da situação;

f) a pesquisa não se limita a uma forma de ação (risco de ati-vismo):

pretende-se aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o

conhecimento ou o "nível de consciência" das pessoas e grupos

considerados. (THIOLLENT, 1986, p.16, grifos nossos).

É importante destacar, como diz o autor, que o objetivo da pesquisa-ação consiste em

resolver ou pelo menos minimizar o problema apresentado e deve servir também para

aumentar o conhecimento dos pesquisadores e das pessoas do grupo. Desta forma, a

participação dos profissionais que constroem o dia a dia da escola é indispensável na

pesquisa. Por isso a opção pela aplicação de questionários, com intuito de buscar informações

sobre as atribuições do coordenador pedagógico, a fim de agregar conhecimentos com visões

amplas, almejando soluções para o problema identificado.

3.4. Analisando as informações coletadas: o que dizem os profissionais

A pretensão inicial era de aplicar o questionário a todos os profissionais da escola e

também aos pais, mas em virtude do término antecipado do ano letivo, por ordem da

Secretaria Municipal de Cabaceiras do Paraguaçu, fomos impulsionados a trabalhar com uma

amostra dos profissionais da escola. Assim, o questionário foi aplicado com 5 profissionais

que representam segmentos diferenciados na escola: a diretora, a secretária escolar, uma

merendeira, e dois técnicos administrativos. Ressaltamos que futuramente, pretendemos

desenvolver a proposta aos demais funcionários como também aos pais.

O questionário foi elaborado de forma simples e objetiva, com cinco questões abertas.

A primeira pergunta se refere à opinião dos entrevistados sobre as atribuições que deveriam

ser exercidas por uma coordenadora pedagógica. Na análise das respostas identificamos que

na opinião da maioria a coordenação pedagógica deveria:

- Coordenar e acompanhar todo o trabalho pedagógico da escola;

- Oferecer apoio pedagógico aos professores e auxiliá-los em suas atividades de sala

de aula;

- Promover reuniões com professores e equipe gestora;

- Elaborar projetos pedagógicos.

De fato, as atribuições elencadas acima, demostram algumas das atribuições do

coordenador pedagógico na escola, mas sabemos que o trabalho da coordenação é muito mais

abrangente, como ressalta Vasconcelos (2013):

Os desafios são enormes; com certeza, a mudança não vai se dar por práticas

isoladas. A superação do trabalho fragmentado no interior da escola é, pois

uma importantíssima meta. Todavia, como sabemos, isto também não

acontecerá de maneira espontânea. É preciso um esforço decidido e

qualificado. (VASCONCELLOS, 2013, p. 82).

Diante do exposto pelo autor e das respostas obtidas no questionário confirmamos a

necessidade dessa proposta na escola, visto que dois dos respondentes não responderam a

questão.

A escola como instituição de ensino de práticas pedagógicas frente aos diversos

problemas torna-se necessário que os profissionais, principalmente o coordenador pedagógico

estejam conscientes de seu papel, da importância da aplicabilidade das suas atribuições,

promovendo o desenvolvimento das capacidades dos alunos.

Questionados sobre quais atribuições exerce a coordenadora da Escola Municipal Luz

Divina, todos pontuaram ações desenvolvidas pela coordenadora, como:

- Acompanha o trabalho pedagógico;

- Realiza trabalho de elaboração e digitação de documentos (ofícios, avaliações,

convites, comunicados, informes, etc.);

- Auxilia no controle e disciplina dos estudantes;

- Elabora projetos, ajuda no planejamento das atividades pedagógicas junto com

professores e direção;

- Promove reuniões com professores.

Diante do exposto, fica evidente as diversas funções que exerce o coordenador

pedagógico na referida unidade de ensino. É interessante observar que quando perguntamos

quais atribuições „deveriam‟ ser exercidas pela coordenação, não apareceu o trabalho de

digitação. O que nos leva a perceber que existe um consenso de que esta atividade não

corresponde à função da coordenação. Portanto, divulgar as reais atribuições deste

profissional é importante para que toda comunidade entenda a importância da gestão do

trabalho pedagógico, que se difere do trabalho burocrático.

Ao responder a pergunta do questionário que indaga sobre a importância do trabalho

da coordenação na opinião de cada um, todos responderam que desenvolver um ensino de

qualidade na educação na elaboração de projetos proporcionando o melhor para a unidade

escolar, reiterando a importância deste profissional para o processo educacional.

Neste contexto, o coordenador pedagógico é peça fundamental na escola, pois, este

deve buscar integração dos envolvidos no processo ensino e aprendizagem com o objetivo de

ajudar efetivamente na construção de um espaço que favoreça um ambiente de qualidade.

Quanto aos fatores que interferem no desenvolvimento do trabalho do coordenador

pedagógico, foi destacado a ausência de profissionais habilitados capaz de desenvolver as

atividades administrativas na escola como também ausência de sala para o coordenador, e

reconhecimento e apoio diante das diversas funções que desempenha.

Quanto a última questão “Na sua opinião que ações poderiam ser desenvolvidas pela

coordenação para contribuir ...” nenhuma resposta foi encontrada. A este respeito, fica evite

que os profissionais se omitem em contribuir para que ações sejam colocadas em prática de

forma a fortalecer as atividades do coordenador pedagógico, consequentemente o

desenvolvimento de toda a comunidade escolar.

As respostas colaboraram para reafirmar a necessidade de uma compreensão sobre as

reais atribuições do coordenador na escola, uma vez que o coordenador pedagógico constitui-

se como elemento principal das ações da comunidade escolar. Pois, dentre as diversas

atribuições, destaca-se, pela sua importância na articulação, elaboração e execução do PPP

junto à comunidade; como também provocador e apoio na reflexão sobre a prática docente em

sala de aula, assumindo uma formação continuada aos profissionais, focando em discussões

na formação do aluno como ser humano e cidadão, capaz de fazer análises críticas sobre a

realidade.

3.5 Apresentação das Ações

A partir das reflexões teóricas e das análises das respostas dos questionários aplicados

com alguns profissionais da Escola Municipal Luz Divina apresentamos proposições que

visam ressignificar a visão da comunidade escolar com relação ao papel da coordenação.

Assim pensamos em um projeto para ser desenvolvido durante o primeiro semestre do ano

letivo de 2016, em 5 momentos diferenciados, direcionados a todos os segmentos da

comunidade.

O primeiro momento consistirá na apresentação da proposta a equipe gestora, ao corpo

docente e aos demais funcionários da escola. Antes do início das aulas o tema será pautado

nas reuniões de planejamento pedagógico. (Neste e em outros momentos poderão ser exibidos

documentários sobre a escola na era contemporânea. Tem um documentário que se chama

“Pro Dia Nascer Feliz”, que é ótimo para discutir o que é a escola hoje e os desafios postos.

Ou relatos de experiência, ou sensibilização através de textos, poesias, músicas. É claro que é

importante trazer uma discussão teórica, mas é preciso inovar).

No início do ano letivo, segundo momento, as ações serão desenvolvidas para

provocar os alunos. Em toda escola será espalhado cartazes com questionamentos a respeito

da coordenação. Exemplo: O que é a coordenação pedagógica? O que faz a coordenação

pedagógica? Tais questionamentos serão debatidos em sala de aula e com a mediação da

professora deve ser construído de forma coletiva uma lista com as atribuições da coordenação

pedagógica.

O terceiro momento será desenvolvido na primeira reunião com os pais do semestre

letivo. Nessa reunião um dos pontos de pauta será sobre esclarecimento sobre as atribuições

da coordenação.

Depois de esclarecer a comunidade escolar sobre as atribuições do coordenador no

quarto momento será planejado juntamente com os professores um programa de formação

continuada. Neste momento os professores apontarão, a partir das necessidades, os temas a

serem contemplados.

O quinto momento consistirá da avaliação do projeto. Será aplicado questionários

como forma de avaliar os resultados da proposta com todos os envolvidos.

3.5.1 Cronograma das ações

Período Descrição das Ações

1º momento Fevereiro Apresentação da proposta a equipe gestora, ao corpo docente e aos

demais funcionários da escola.

2º momento Março Ações serão desenvolvidas como forma de provocar os alunos.

3º momento Março Reunião com os pais com esclarecimento sobre as atribuições da

coordenação.

4º momento Abril Planejamento com os professores com foco na formação continuada.

5º momento Abril Avaliação.

3.6 Resultados Esperados

Com a aplicação deste projeto espera-se melhoria na prática pedagógica, abrindo

novas perspectivas para as atividades na referida unidade escolar como, principalmente,

formador dos docentes, criando espaços para que estes docentes possam relatar experiências,

proporcionando reflexões sobre as atribuições do coordenador pedagógico, contribuindo para

uma prática de excelência.

Espera-se, também, que o desenvolvimento desta Proposta de Intervenção possibilite

mudanças significativas no ambiente escolar, onde contribuirão para construção de uma

prática educativa em que procure sanar/minimizar os principais problemas e dificuldades,

diante da incompreensão sobre as atribuições do coordenador pedagógico. Para isso, os

profissionais vão se integrar coletivamente na busca de uma escola de qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto neste trabalho, é oportuno fazer algumas considerações sobre seus

resultados. Pois no decorrer do desenvolvimento falei das minhas experiências, refleti sobre

as atribuições do coordenador pedagógico, suas perspectivas e desafios na contemporaneidade

e, ainda elenquei alguns momentos como estratégias para serem aplicados na Escola

Municipal Luz Divina.

Importante afirmar que muitos são os desafios enfrentados na e pela escola na

contemporaneidade, onde tais desafios precisam ser assumidos e superados pela coletividade

da comunidade escolar.

Neste sentido, o coordenador pedagógico necessita criar ações que sejam pautados no

desenvolvimento das crianças. Lembrando, que para o enfretamento de desafios é necessário

contar com diversas competências e saberes. Segundo Vasconcellos (2013, p.90) “[...] sua

práxis, portanto, comporta as dimensões reflexivas, organizativa, conectiva, interventiva e

avaliativa”.

Neste sentido, suas atribuições deverão estar imbuídas na missão de uma nova

caracterização para a educação. E que a realização de atividades que fogem sua função,

resultará no retrocesso educacional. Por isso, que conhecer suas reais atribuições contribuirá

de forma significativa na qualidade da educação.

Neste contexto, é preciso que as discussões sobre as atribuições no espaço escolar

sejam ampliadas e consideradas como fator necessário para a promoção de um ensino de

qualidade. Ressaltando que a escola como instituição social precisa ter um olhar sobre sua

função transformadora. Onde deverá estabelecer claramente seus propósitos para uma

construção coletiva de uma escola de qualidade.

A expectativa é a de que este trabalho possibilite mudanças positivas diante da

aplicação das estratégias aqui apresentadas, a fim de colher bons frutos.

Consolidar suas reais atribuições e conquistar um espaço reconhecido, o coordenador

pedagógico precisa estar ciente de seu papel, comprometido com uma ação pedagógica

competente, crítica e transformadora.

REFERÊNCIAS

AMADO, Cybele. MONTEIRO, Elisabete. Coordenação Pedagógica em foco. Ano XXII,

Boletim 1, abril 2012.

BRASIL: Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da

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