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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS
DISCUSSÃO SOBRE CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE CITOLOGIA
CONSIDERANDO A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS
E ADULTOS
POLIANE DA SILVA CALIXTO
João Pessoa-2015
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS
DISCUSSÃO SOBRE CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE CITOLOGIA
CONSIDERANDO A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS
E ADULTOS
POLIANE DA SILVA CALIXTO
Trabalho de conclusão do curso de
Ciências Biológicas, apresentado ao
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
– Campus I da Universidade Federal da
Paraíba– João Pessoa (PB) em
cumprimento às exigências para a
obtenção do título de Licenciada em
Ciências Biológicas, sob a orientação do
Prof. Dr. José Antônio Novaes da Silva e
co-orientação da Prof. Dra. Suelídia
Maria Calaça.
João Pessoa – 2015
3
Catalogação na publicação
Universidade Federal da Paraíba
Biblioteca Setorial do CCEN
Josélia M. O. Silva – CRB15 nº113
C153d Calixto, Poliane da Silva.
Discussão sobre contextualização no ensino de citologia
considerando a percepção de alunos da Educação de Jovens e Adultos /
Poliane da Silva Calixto. - João Pessoa, 2015.
69p.: il.: color.
Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade
Federal da Paraíba.
Orientador: Prof. Drº José Antônio Novaes da Silva.
Co-orientadora: Profª Drª Suelídia Maria Calaça.
1. Citologia. 2. Contextualização. 3. Educação de Jovens e
Adultos (EJA). I. Título.
UFPB/BS-CCEN CDU: 576.3(043.2)
5
Dedico o presente trabalho a meu querido avô Luiz
Pedro da Silva, que foi uma das pessoas que mais
me incentivaram a estudar e concluir o curso de
Ciências Biológicas com plena dedicação e amor.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a oportunidade de fazer um curso
superior na Universidade Federal da Paraíba, concluir o presente trabalho e por fim o
curso, pois a caminhada não foi fácil, mas consegui chegar até os meus objetivos tão
sonhados, com fé e confiança de que era capaz através do amor de Deus em minha vida.
Aos meus familiares e amigos que me apoiaram, em especial a meus avós, minha
mãe e meu irmão, que nos momentos difíceis da graduação e da elaboração do presente
trabalho me encorajavam a não desistir de enfrentar as dificuldades e ultrapassar todas as
barreiras que poderiam impedir meu crescimento acadêmico.
Aos meus professores que me auxiliaram no processo de aprendizagem durante
os quatro anos de curso, em especial aos meus orientadores: Prof. Dr. José Antônio
Novaes da silva e a Prof. Dra. Suelídia Maria Calaça, pela confiança depositada em mim,
como também ao Ms. Clemilson Cavalcanti da Silva, pela leitura do presente trabalho.
Aos meus amigos do curso e de projetos que contribuíram de forma direta ou
indireta na realização de trabalhos acadêmicos nos quais contribuíram para a minha
formação profissional e pessoal.
7
RESUMO
O ato de contextualizar é de grande relevância no ensino de citologia, pois favorece o/a
discente atribuir um significado ao conteúdo que é ministrado em sala de aula, a fim de
proporcionar uma aproximação entre o conhecimento científico e sua realidade
vivenciada no cotidiano, estimulando o interesse e a curiosidade em aprender. Neste
estudo objetivou-se discutir a importância de um ensino contextualizado, por meio da
discussão e compreensão das percepções dos/a alunos/a e alunas da Educação de Jovens
e Adultos, a respeito do estudo de citologia. Os procedimentos metodológicos utilizados
para a realização do presente trabalho foram os fundamentos da pesquisa qualitativa,
procedeu-se a uma descrição do perfil do grupo pesquisado, como também os saberes
adquiridos a respeito do estudo da célula, em uma abordagem quanti-qualitativa por meio
do modelo de triangulação e técnicas estáticas, como também a pesquisa bibliográfica e
documental. A pesquisa foi realizada com 32 alunos da Escola E. E. F. M. Prof. José
Baptista de Melo, localizada no bairro de Mangabeira VII na cidade de João Pessoa-PB.
De acordo com as análises dos dados quanto o perfil dos/a alunos/a, cerca de 70% se
autodeclararam negros, também observou-se que a maior predominância de mulheres e
jovens nesta modalidade, quanto a percepção dos mesmos com relação aos saberes sobre
citologia ao longo de sua escolarização, a pesquisa revelou que há dificuldades na
compreensão do estudo da célula e de sua importância para a manutenção da vida, nas
quais podem estar associadas com a ocorrência de erros nos livros didáticos como também
um ensino descontextualizado e mecânico, no qual o aluno apenas “decora”, não
atribuindo significado ao que é estudado, levando ao seu fracasso escolar.
Palavras-chave: Citologia; Contextualização; Conhecimento Científico; Educação de
jovens e Adultos
8
ABSTRACT
The practice of contextualize in the teaching of cytology is considered extremely relevant,
because it stimulates the student to assign a meaning to the contents exposed in the
classroom, in order to make the scientific knowledge closer to the everyday life of the
students, stimulating them to the curiosity in terms of learning. The main goal of this
paper is to discuss the importance of a contextualized education, throughout discussion
and comprehension of the perceptions of the students from Educação de Jovens e Adultos
(a Brazilian government project for young and adult education), regarding the cytology
study. Furthermore, the methodological procedures used to carry out this paper, was the
underpinnings of the qualitative research, it was held a profile description of the group
investigated, as well as the knowledge required concerning the study of cell, in a
quantitative and qualitative approach, through the triangulation model and static
techniques, as well as documentary and bibliography research. The research was carried
out with 32 students from Escola E. E. F. M. Prof. José Baptista de Melo, a high school
located in Mangabeira VII, a neighborhood from João Pessoa-PB. According to the data
analysis on the profile of students, about 70% are brown self-reported, it was also
observed that the predominance of women and young people in this type of education, as
their perception regarding the knowledge on cytology throughout his schooling, the
survey revealed it is that there are some difficulties in terms of comprehension concerning
the study of cells and its relevance for the life maintenance, in which may be associated
with the occurrence of errors in the textbook as well as a probable mechanical and
decontextualized education which the student just decorates, without assign the meaning
to what is studied, leading them to their failure at school.
Keywords: Cytology. Contextualization. Scientific Knowledge. Educação de Jovens e
Adultos
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Capa da Revista ISTOÉ de julho de 2011. Observa-se a ênfase do conteúdo
biológico, o qual foca o corpo artificial...........................................................................19
Figura 02: Retrato da possível aparência do cientista experimental e naturalista Robert
Hooke...............................................................................................................................26
Figura 03: Cientistas que contribuíram diretamente com a formulação dos três princípios
da teoria celular................................................................................................................28
Figura 04: Vista da entrada, como também das dependências da E.E.E.F.M. Prof. José
Baptista de Melo..............................................................................................................36
Figura 05: Biblioteca e sala de informática da escola E. E.F. M. Prof. José Baptista de
Melo.................................................................................................................................37
Figura 06: Vista da área em que foi construída a escola E.E.F.M. Prof. José Baptista de
Melo.................................................................................................................................38
Figura07: Vista do pátio mostrando a deterioração da pintura da escola E. E. F. M. Prof.
José Baptista de Melo.......................................................................................................39
Figura 08: Vista dos banheiros em más condições de uso, na escola E.E.F.M. Prof. José
Baptista de Melo..............................................................................................................40
Figura 09: Morfologia interna de um ovo de ave fecundado..........................................54
Figura10: Desenhos da célula animal e vegetal esquematizados pelo aluno “Morfeu” do
3ª ano A e a aluna “Maya” do 3ª ano B da EJA na E. E. E. F. M. Prof. José Baptista de
Melo.................................................................................................................................55
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Distribuição percentual por sexo dos estudantes do 2ª e 3ª da modalidade
EJA, da E. E. E. F. M. Prof. José Baptista de Melo localizada no bairro mangabeira-João
Pessoa/PB........................................................................................................................43
Gráfico 02: Comparação entre o pertencimento étnico-racial dos estudantes do 2ª e 3ª da
EJA na E.E. E. F. Prof. M José Baptista de Melo...........................................................44
Gráfico 03: Distribuição percentual por faixa etária e sexo dos alunos do 2ª e 3ª da E. E.
E. F. M. Prof. José Baptista de Melo-João Pessoa/PB......................................................45
Gráfico 04: Percentual de estudantes 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista
de Melo, segundo o seu pertencimento religioso..............................................................47
Gráfico 05: Percentual dos estudantes 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista
de Melo, por categoria demostrando a percepção dos mesmos/as em relação ao objeto de
estudado da citologia........................................................................................................48
Gráfico 06: Percentual de respostas de alunos/a sobre o que aprenderam no ensino
fundamental e médio sobre citologia ao longo de sua escolarização................................50
Gráfico 07: Percentual da percepção dos estudantes do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M.
Prof. José Baptista de Melo, acerca da pergunta: o ovo é uma célula gigante? ...............52
Gráfico 08: Percentual por categoria da percepção de estudantes 2ª e 3ª da EJA na E.E.
E. F. M. Prof. José Baptista de Melo a respeito da importância da célula, para a
manutenção da vida. ........................................................................................................56
11
LISTA DE QURADOS
Quadro 01: Respostas dos alunos/a do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista
de Melo com relação ao objeto de estudo da citologia......................................................49
Quadro 02: Resposta de alguns alunos/a do 2ª e 3ª ano da EJA na E.E. E. F. M. Prof.
José Baptista de Melo a respeito do que aprenderam ao longo do processo de
escolarização sobre citologia............................................................................................51
Quadro 03: Resposta de alguns alunos/a do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José
Baptista de Melo, acerca da pergunta: o ovo é uma célula gigante? .................................53
Quadro 04: Respostas dos alunos do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista
de Melo, a respeito da importância da célula para a manutenção do corpo.......................57
12
LISTA DE SIGLAS
DCNEM: Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente
EJA: Educação de Jovens e Adultos
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LDB: Lei das Diretrizes e bases da Educação
LDBEN: Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional
OCNEM: Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
ONU: Organização Mundial de saúde
OMS: Organização Mundial de saúde
PCNEN: Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
PCN+: PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais
SECAD: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
13
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................21
2.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS PERTENCENTES A EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS..............................................................................................21
2.2 A DESCOBERTA DA CÉLULA E SUA RELEVÂNCIA PARA AS CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS...........................................................................................................25
2.3 A IMPORTÂNCIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DA
EJA............................................................................................................................29
3. OBJETIVOS...............................................................................................................33
3.1.OBJETIVO GERAL............................................................................................33
3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................33
4. PROCEDIMENTOSMETODOLÓGICOS.............................................................34
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA..............................................................34
4.2. PÚBLICO ALVO DA PESQUISA......................................................................35
4.3. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO...........................................................36
4.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA......................................................................40
4.5 ANÁLISES DOS DADOS....................................................................................41
5. RESULTADOS DISCUSSÃO ..................................................................................42
5.1. APRESENTAÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO.........................................42
5.2 A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES A RESPEITO DO CONCEITO E
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE CITOLOGIA.....................................................48
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................58
REFERÊNCIAS ........................................................................................................59
APÊNDICES...............................................................................................................64
ANEXOS....................................................................................................................67
14
1. INTRODUÇÃO
No meio social em que vivemos observa-se que o significado da educação muitas
vezes é associado ao processo de escolarização para o trabalho, ou até mesmo a uma
conduta adequada em determinadas situações, não sendo considerado o contexto mais
amplo de seu sentido, que está em um processo contínuo realizado pelos membros da
sociedade, para a formação do indivíduo em detrimento de uma certa cultura,
contribuindo com sua forma de agir e pensar importantes para sua autonomia.
A educação é formação do homem pela sociedade, ou seja, o processo
pelo qual a sociedade atua constantemente sobre o desenvolvimento do
ser humano no intento de integrá-lo no modo de ser social vigente e de
conduzi-lo a aceitar e buscar os fins coletivos. [...] é a transmissão
integrada da cultura em todos os seus aspectos, segundo os moldes e
pelos meios que a própria cultura existente possibilita. [...] é a formação
da autoconsciência social ao longo do tempo em todos os indivíduos
que compõem a comunidade. (PINTO, 1984).
Diante disso, há várias formas de educação, uma delas é a formal que possibilita
aproximação do conhecimento científico, importante para o desenvolvimento dos
saberes necessários para a formação de um cidadão crítico, conhecedor e atuante na sua
sociedade.
A educação escolar é um sistemático e intencional processo de
interação com a realidade, através do relacionamento humano baseado
no trabalho com o conhecimento e na organização da coletividade, cuja
finalidade é colaborar na formação do educando na sua totalidade,
consciência, caráter, cidadania, tendo como mediação fundamental o
conhecimento que possibilite a emancipação humana.
(VASCONCELOS 2007, p 38).
A educação formal é parte do processo educativo, que necessita estar
constantemente articulada com a realidade social. Segundo Malafaia, Bárbara e
Rodrigues (2010), a educação escolarizada é relevante para a sociedade, uma vez que
vivemos num processo de globalização no qual requer maior conhecimento, para que se
possa interagir e se relacionar melhor com outras pessoas. Alberto Muniri (2010),
descreve de forma explícita a percepção de Piaget, ao destacar que a única forma de
superar os conflitos existentes, seria através da educação que sobrepõe as diferenças
ideológicas e políticas, se concretizando como uma ação construtiva no indivíduo.
15
Nesta perspectiva, a partir do momento que constrói valores morais e éticos em
nossa sociedade, percebem-se mudanças significativas nas atitudes das pessoas
pertencentes a determinado meio social. Segundo Freire (1999), a educação necessita
ser um ato de transformação do indivíduo, para que o mesmo desenvolva uma
responsabilidade social e política perante a sua realidade, partindo da conscientização a
sensibilização para a constante mudança de atitude.
Neste contexto, observa-se o quanto é importante a educação formal, uma vez que
decorrentes os avanços científicos e econômicos, é preciso pessoas capacitadas, com
saberes necessários para resolver os eventuais problemas de forma ágil e eficiente, como
também capazes de compreender que, a educação não está apenas fundamentada na
escolarização para o trabalho, mas na formação de um indivíduo consciente de seus atos,
com um pensar crítico sobre sua existência.
As descobertas científicas estão modificando a relação do homem com
o meio, sua percepção da realidade e sua própria forma de pensar, sentir
e interagir com os outros. As mudanças econômicas que ocorreram no
mundo geraram um modelo de sociedade, em que a formação
educacional é tida como elemento estratégico para garantir o
desenvolvimento. A memorização de conhecimentos é substituída pela
capacidade de usar o conhecimento científico de todas as áreas para
resolver problemas de modo original. (GIRON, 2012, p.5).
A etapa da escolarização que destacaremos neste trabalho é o ensino médio na
modalidade de educação de jovens e adultos (EJA). Este ao se configurar como a etapa
final da educação básica e o fechamento de um processo de escolarização para alunos e
alunas do sistema educacional brasileiro, torna-se importante que o/a discente vivencie
um conhecimento de forma abrangente sobre os conteúdos que perpassam os
componentes curriculares, para desenvolver uma compreensão de mundo de forma
crítica, compreendendo a sua realidade social e assim contribuindo para um processo de
emancipação humana. De acordo com a LDB, “A educação básica1 tem por finalidade
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores” (BRASIL,1996).
1 Compreende um nível de educação formal, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio;
16
Ao discutir sobre educação básica é necessário apresentar alguns termos
importantes como o conceito de ensino, que nos permite pensar em diferentes práticas
pedagógicas no processo de aprendizagem na educação de jovens e adultos (EJA).
Assim para Althaus (2013), o termo ensinar nos remete a um ato de
intencionalidade, com o objetivo de instruir o indivíduo, as possibilidades de
aprendizagem que possam proporcionar a construção do conhecimento a partir da
mediação docente. Já para Morin (2000), o ensino deve está centrado na essência do ser
humano, no ato de considerar sua diversidade cultural, situando o mesmo no seu contexto
social ao revelar sua complexidade e a multidimensionalidade do conhecimento.
Das definições colocadas, este trabalho assume a perspectiva de ensino que visa
discutir uma metodologia que favoreça um conhecimento contextualizado, a partir dos
saberes sobre citologia favorecendo desta maneira o docente relacionar o conteúdo com
o cotidiano do aluno da EJA, uma vez que o ensino de citologia é abordado de forma
superficial não considerando sua dinâmica e interação com outras áreas de conhecimento.
Desta forma, o ensino médio requer inovação na abordagem dos conteúdos pelo
docente em sala de aula, voltada para um conhecimento que se aproxime da realidade do
discente, no qual estimule o interesse e a curiosidade, contribuindo assim para uma
aprendizagem significativa.
Esta visão do ensino médio contribui para a construção de um indivíduo que tenha
o conhecimento do real papel da educação escolar no contexto social, sendo este nível de
ensino, não apenas uma divisão da educação básica, mas um meio para formação de um
sujeito ativo, numa sociedade em constante mudança de paradigmas.
O ensino médio é chamado a contribuir para uma formação mais geral
e equilibrada dos indivíduos, atentando para o desenvolvimento de
competências sociais, cognitivas e afetivas, pautadas por valores de
inclusão e protagonismo social, que os qualifiquem a participar de um
projeto de modernização e democratização da sociedade. (MITRULIS,
2002, p. 219)
No entanto, alguns dos problemas mais graves nas instituições educacionais é a
compartimentalização dos conteúdos que faz parte do currículo escolar, considerando o
conhecimento de forma isolada, desvinculado de outros saberes importantes para auxiliar
numa melhor compreensão. Contribuindo assim para a fragmentação do conhecimento,
no qual é favorecido pelo o uso equivocado do termo disciplina, em que é discutido por
Vieira (2010), como sendo algo não recomendável de ser utilizado no meio escolar, pois
17
denota uma obediência e dependência ao mestre, levando assim o discente a um estado
de passividade na sua forma de pensar e agir, para não contraía-lo.
Para Morin (2000), a cultura científica das especializações disciplinares contribuiu
para fragmentar e compartimentalizar o conhecimento em disciplinas que não interligam
os saberes, induzindo a uma persistente dificuldade de contextualizar.
O conhecimento especializado é uma forma particular de abstração. A
especialização “abstrai”, em outras palavras, extrai um objeto de seu
contexto e de seu conjunto, rejeita os laços e as intercomunicações com
seu meio, introduz o objeto no setor conceptual abstrato que é o da
disciplina compartimentada, cujas fronteiras fragmentam
arbitrariamente a sistemicidade (relação da parte com o todo) e a
multidimensionalidade dos fenômenos. (MORIN, 2000, p.41).
Diante do que foi exposto é necessário que o sistema educacional utilize
metodologias que favoreçam um conhecimento de forma integrada com diferentes
contextos, possibilitando ao discente dar sentido ao que é exposto em sala de aula ou fora
dela, ou seja, no seu cotidiano. Segundo Morin (2008, p. 15), “O conhecimento progride
não tanto por sofisticação, formalização e abstração, mas principalmente, pela capacidade
de contextualizar e englobar”. É partindo desta perspectiva de ensino, que o saber tanto
científico como o empírico é reconstruído de forma coletiva e significativa no ambiente
escolar.
Assim na realidade educacional que vivemos atualmente na EJA, assume-se como
de fundamental importância a estimulação progressista da capacidade de entender as
relações existências e a razão do saber, para que se possa de alguma forma interferir e
mudar as perspectivas assumidas por seus integrantes, o que não é tarefa fácil uma vez
que, se caracterizam pelo fracasso escolar, o que leva ideia de incapacidade em construir
o conhecimento.
É nessa intencionalidade de ensino que a EJA deve fazer parte, uma vez que seus
integrantes apresentam inquietação em relação a explicação do conteúdo, pois muitas
vezes o assunto que é abordado pelo docente não corresponde as suas expectativas
vivenciadas no seu dia-a-dia, o que acaba dificultando a sua aprendizagem. Assim é
necessário que o professor tenha procedimentos pedagógicos diferenciados, capazes de
através de uma discussão não formal estabelecer uma criticidade ao conteúdo, partindo
da capacidade de contextualizar e assim mostrar a importância do conhecimento,
aproximando o discente do assunto abordado na sala de aula.
18
Freire (2000), defende no contexto da modalidade de ensino EJA, uma educação
crítica e libertadora, não limitada apenas ao ensino mecanicista e alienista, mas a
existência humana no ato de compreender o pretexto das coisas e assim buscar cada vez
mais um conhecimento sólido e transformador de realidades.
Com relevância a discussão anterior, a escola tem um papel essencial, pois é
através dos componentes curriculares, que se pode estimular a autoestima do/a aluno/a,
demostrando para o/a mesmo/a que é nas suas experiências cotidianas que ocorre a
construção dos saberes necessários para sua vida.
Neste contexto a Biologia se destaca no meio escolar por ser um dos componentes
curriculares que está constantemente sendo discutido e apresentado nos meios de
comunicação, já que os conhecimentos biológicos têm estado em foco por sua relevância
nas descobertas científicas em benefício da sociedade.
Neste cenário, a Biologia vem ocupando uma posição de destaque sem
precedentes na história da ciência. A torrente de informações advindas
das recentes descobertas científicas, principalmente nas áreas da
Biologia Molecular e Genética, tem se expandido progressivamente do
meio acadêmico ao público em geral por meio de revistas
especializadas e dos meios de comunicação de massa. (PEDRANCINI
et al., 2007, p. 300).
Como exemplo podemos citar a (Figura 01), Revista ISTOÉ a qual apresenta em
sua edição Nº 2176 em 27 de julho de 2011, os avanços nas pesquisas e a compreensão
da importância das células-troncos na medicina regenerativa, um tema que é inicialmente
de grande interesse científico e que transbordou para toda a sociedade, pois revistas como
essas muitas vezes são acessíveis a população em ambientes públicos.
19
Figura 01- Capa da Revista ISTOÉ2 de julho de 2011. Observa-se a ênfase do conteúdo biológico,
o qual foca o corpo artificial.
Foto: Revista ISTOÉ
Desta forma, o ensino de Biologia deve ser ministrado numa perspectiva integrada
com os saberes necessários para considerar a sua complexidade como ciência que estuda
os fenômenos biológicos. No entanto observamos nas escolas que a mesma, é ministrada
de forma mecânica, descontextualizada com a realidade vivenciada pelo discente,
utilizando-se um modelo tradicional de ensino.
Os conhecimentos passados pelos professores não são realmente
absorvidos, são apenas memorizados por um curto período de tempo e,
geralmente, esquecidos em poucas semanas ou poucos meses,
comprovando a não ocorrência de um verdadeiro aprendizado.
(SOBRINHO; 2009, p.10)
Assim esta perspectiva de ensino não é adequada para o processo de escolarização,
pois é necessário que o conhecimento escolar e científico construído na transmissão do
conteúdo, seja valorizado e significativo no desenvolvimento intelectual do discente,
tendo a mesma capacidade para reconhecer a importância deste conhecimento, para a sua
convivência em sociedade.
2 Publicação semanal com informações gerais
20
Segundo as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCNEM):
Apesar da Biologia fazer parte do dia-a-dia da população, o ensino
desse componente curricular encontra-se tão distanciado da realidade
que não permite à população perceber o vínculo estreito existente entre
o que é estudado no ensino de Biologia e o cotidiano. (Brasil, 2008,
p.17).
O presente trabalho discute a importância do ato de contextualizar o ensino de
citologia na Educação de Jovens e Adultos no ensino médio, partindo da análise da
percepção de seus integrantes, considerando que esta é uma modalidade de ensino que
necessita de práticas pedagógicas que aproxime o discente ao conhecimento científico
como forma de proporcionar a alfabetização científica e biológica, a partir da
contextualização dos saberes relacionados a citologia.
21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta seção do trabalho discutiremos a proposta metodológica da pesquisa,
partindo de um estudo teórico, com autores que discutem a temática, a fim de
compreendermos a importância da inserção do conhecimento contextualizado no ensino
de citologia na EJA, apresentando a melhor maneira de possibilitar um efetivo
aprendizado, não só para a continuação do processo de escolarização além dos muros da
escola, mas essencialmente para a vida em sociedade, uma vez que o conteúdo referente
ao estudo da célula é de grande relevância e interesse da medicina, pois seu conhecimento
aprofundado pode salvar vidas, sendo preciso que a população adquira saberes que são
necessários para a tomada de decisões em algumas possíveis situações em seu cotidiano.
2.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS PERTENCENTES A EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), se caracteriza como sendo uma
modalidade de ensino da educação básica que beneficia pessoas de origem popular, que
não concluíram ou não tiveram acesso à escolarização em faixa etária adequada, devido
às desigualdades de direitos, sendo desta forma excluídos do sistema escolar.
Devido as particularidades relevantes desta modalidade como grupo presente em
nossa sociedade, a mesma faz parte da educação popular, ao abranger, em sua grande
maioria, sujeitos que emergem de grupos menos favorecidos, pertencentes ou não a
movimentos sociais. Segundo Freitas (2007, p.50) “Historicamente, a Educação de
Jovens e Adultos no cenário brasileiro, nasce da união e compromisso estabelecido entre
a alfabetização e a educação popular”.
Assim a mesma se caracteriza por possuir seu arcabouço teórico e metodológico
na educação popular, embora sua prática nem sempre se configure desta forma, o que nos
remete a fazer constantes reflexões desta modalidade, na perspectiva de introduzir
diferentes práticas pedagógicas, que favoreça um pensar mais crítico-reflexivo da sua
existência e seu contexto social, inserindo desta maneira na sala de aula, práticas
embasadas nos princípios propostos pela a educação popular. Segundo Brandão e
Assumpção (2009), a educação popular é definida como sendo uma prática social que a
22
partir da reflexão da realidade social existente das classes menos favorecidas, possibilita
(através do conhecimento, partindo das contribuições do educador), um poder
compartilhado.
A junção entre estas duas perspectivas educacionais surge a partir da discussão
trazida por Paulo Freire, no qual defendia uma educação libertadora, capaz de contribuir
com a formação de pessoas críticas e questionadoras, que até então era de submissão as
classes dominantes e mais favorecidas economicamente. Pois Para Freire (1979), quando
o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre os desafios correntes
dessa realidade ele procura soluções. Assim, pode transformá-la com seu trabalho e criar
um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias.
A educação de jovens e adultos na perspectiva da educação popular, favorece a
participação de seus integrantes de forma mais ativa na defesa de seus direitos, tendo em
vista o desenvolvimento de um indivíduo autônomo, conhecedor das diversas formas de
cultura e como também questionador da sua realidade social. Assim afirma Freitas (2007),
ao discutir a inserção da EJA na educação popular, pois considera esta modalidade de
ensino, uma forma de prática educativa escolarizada interligada com as experiências
vivenciadas no cotidiano, proporciona orientação pedagógica para o docente que tende a
conduzir um saber transformador das condições existentes de exclusão e opressão dos
indivíduos menos favorecidos.
O propósito desta modalidade de ensino, de acordo com o artigo 37º da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), número 9394/96, é:
A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria. Os sistemas de ensino
assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não
puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho,
mediante cursos e exames. O Poder Público viabilizará e
estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola,
mediante ações integradas e complementares entre si. (BRASIL,
1996).
Apesar de termos os direitos assegurados pela lei, na prática observa-se que esta
modalidade da educação básica confrontar-se com constantes dificuldades no processo
de ensino aprendizagem, por lidar com um público diversificado, heterogêneo, no qual
apresenta hábitos e costumes diferentes, por pertencerem a diferentes culturas e faixa
23
etária, sendo seus integrantes na sua grande maioria repetentes e que não conseguiram
concluir seus estudos, por diversos fatores de ordem social e econômico.
Devido aos problemas anteriormente discutidos que perpassam por esta
modalidade de ensino, os alunos pertencentes a mesma, acabam sendo vítimas da própria
sociedade, na qual os classificam como incapazes, inferiores do processo de
aprendizagem, se comparados ao ensino regular. Para Kutter (2010), a compreensão
distorcida da incapacidade de aprendizagem que a sociedade tem do aluno da EJA acaba
favorecendo a uma percepção equivocada desta modalidade, o que nem sempre é
constatado no ambiente escolar.
No entanto a ideia de insuficiência intelectual pode ser assimilada pelo discente
que pode transformar isto em uma barreira em sua vida escolar, impossibilitando o mesmo
reconhecer a sua capacidade de aprender e atuar como um sujeito ativo em sala de aula.
Segundo Marques; Pachane (2010, p. 483), “muitos têm inseguranças quanto à sua
própria capacidade de aprender por conta da idade e sentem-se derrotados pelo estigma
que carregam”. Este fato acaba por favorecer atitudes de timidez e medo de errar perante
seus colegas e professores, o que dificulta a relação entre professor-aluno na troca de
conhecimento.
Desde que a interação do/a discente em aula é bastante importante no processo de
ensino-aprendizagem, já que os integrantes desta modalidade trazem consigo
experiências de vida, que podem ser compartilhadas e incorporadas na discussão do
conteúdo, favorecendo um interesse maior pelo o que está sendo estudado, uma vez que
conseguem compreender a importância do conhecimento a partir de sua experiência
cotidiana.
Por isso é tão importante estabelecer o diálogo através da discussão do conteúdo,
não apenas com o professor, mas também entre os alunos. Oliveira (2007), propõe a
inserção de debates reflexivos em sala de aula, com assuntos relacionados com situações
vivenciadas no dia-a-dia do/a discente, com fins de proporcionar autonomia ao mesmo
no convívio social.
Outro fato bastante inerente na discussão sobre a EJA, é a diversidade cultural
existente entre seus interagentes, em que é essencial refletir sobre o seu caráter dualístico.
Segundo Oliveira (1999), a homogeneidade e a heterogeneidade cultural, estão bastante
presentes nesta modalidade de ensino, ao considerarmos condições econômicas e
exclusão do sistema escolar regular, percebe-se características semelhantes quanto a
heterogeneidade cultural, relacionada a condição de serem “Jovens e adultos” no qual nos
24
remete a refletir sobre os diferentes níveis de capacidade intelectual de assimilação do
conteúdo escolar entre esses dois públicos.
É relevante a importância desta discussão, pelo fato de que o processo de
aprendizagem e a visão de mundo que os pertencentes da EJA adquirem está puramente
relacionado a sua especificidade cultural existente no meio social. Assim é explícito em
material didático produzido pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade (SECAD): “Os alunos e alunas da EJA trazem consigo uma visão de mundo
influenciada por seus traços culturais de origem e por sua vivência social, familiar e
profissional” (BRASIL; 2006, p. 5).
Partindo desta discussão é necessário relatar o quanto é importante o/a docente
considerar o conhecimento adquirido pelo aluno/a da EJA na convivência com a
sociedade, para rever conceitos equivocados sustentados pela a própria cultura existente
no grupo.
Desta forma é essencial a mediação do docente na reconstrução do conhecimento,
uma vez que se faz necessário vencer os empecilhos que dificultam a aquisição do
conhecimento científico na EJA, julgando assim ser necessário considerar sua cultura e
assim contextualizar os saberes necessários para sua formação.
Outro fato que necessita ser discutido é a grande demanda de jovens, numa faixa
etária entre 16 a 19 anos que estão migrando para a educação de jovens e adultos, estes
são caracterizados por alunos que não conseguiram adaptar-se com o ensino regular, por
diversos motivos, como repetência, perspectiva de trabalho, entre eles está a organização
curricular da escola, que não provoca no aluno o interesse pelos componentes curriculares
necessários para sua formação.
A falta de uma educação de qualidade contribui para que situações de
fracasso e repetência ocorram, fazendo com que os jovens abandonem
a escola regular, migrando para a EJA. Embora tenha o acesso facilitado
ao ensino fundamental, alguns jovens não se identificam com o espaço
e com o currículo que a escola oferece. (BRAGA, 2011, p. 3).
Desta forma discutir uma maneira de auxiliar o discente na construção do
conhecimento é a melhor alternativa para sanar problemas de desinteresse pelos
conteúdos abordados em sala de aula. Assim é necessário demostrar ao mesmo/a, no caso
especificamente do ensino de biologia, a relevância da ciência em prol da sociedade, já
25
que atualmente estão sendo realizadas diversas pesquisas relacionadas aos conteúdos
predominantes no estudo da citologia.
Decorrentes os fatores apresentados, são diversas as dificuldades dos alunos/a da
EJA em construírem o conhecimento de forma enriquecedora, para o seu
desenvolvimento intelectual e sua autonomia como indivíduo. Assim para Piconez (2006
apud. SANTOS; RODRIGUES; PEREIRA; 2010, p. 401), são necessárias práticas
metodológicas que enfatizem o conhecimento construído no cotidiano e em sala de aula,
sendo importante considerar o contexto em que se insere o aluno, como as suas diferentes
formas de expressão do saber. Assim é preciso que o docente compreenda o quanto é
importante respeitar esta diversidade e problemas de aprendizagem trazidos pelos
alunos/a, para contribuir com a formação de pessoas conscientes do seu papel como
cidadão.
2.2 A DESCOBERTA DA CÉLULA E SUA RELEVÂNCIA PARA AS CIÊNCIAS
BIOLÓGICAS
Um dos marcos históricos no mundo da ciência foi a descoberta da célula pelas
contribuições de muitos cientistas da época, sendo possível comprovar a existência da
mesma nos organismos e assim colaborar com estudos posteriores em diversas áreas do
conhecimento biológico. Esta descrição, de acordo com Brody (2000), citasse este
conjunto de descobertas como uma das sete maiores da história da humanidade
afirmando: “O que é átomo para a física a célula é para a biologia” (2000, p. 306).
O estudo da célula iniciou-se a partir das contribuições de Robert Hooke (1635-
1703) ao construir um microscópio composto (Figura 02). Filósofo natural, considerado
um dos maiores inventores de todos os tempos, Robert Hooke desde criança manifestava
grande curiosidade, gostava de desenhar e fabricava objetos, o que foi favorável para se
tornar mais tarde aos 27 anos de idade um curador da Royal Society, onde realizou
diversas experiências no campo da física e química, como também nas áreas das ciências
naturais.
26
Figura 02– Retrato da possível aparência do cientista experimental e naturalista Robert
Hooke.
Fonte: http://blogs.diariodeavisos.com/lamaquinahumana/tag/robert-hooke.
Segundo Martins (2011, p.111), “Ao longo de 40 anos ele desenvolveu centenas
talvez milhares de experimentos originais, muitos deles brilhantes e que se tornaram
conhecidos, outros inconclusivos ou meras repetições de estudos já realizados
anteriormente”. Não dedicou-se a formulação de teorias consistentes, apesar de ser um
relevante cientista, pois não sobrava tempo já que o mesmo tinha que está constantemente
realizando experimentos semanais.
Um ano após está na Royal Society, segundo Prestes (1997), Hooke desenvolveu
o primeiro microscópio capaz de se desmontar e trocar peças, como lentes, tendo uma
melhor capacidade de observação de partes menores das amostras analisadas. Este
constituía-se de:
Três lentes montadas em uma estrutura tubular extensível de madeira e
cartão, revestida exteriormente de couro finamente decorado. O
instrumento estava montado de modo a poder ser inclinado no ângulo
conveniente. [...], sistema de iluminação constituído por uma esfera de
vidro cheia de água que recebia a luz de uma lâmpada de azeite
concentrando-a sobre a amostra a observar. (ALMEIDA;
MAGALHÃES, 2010, p. 367).
É relevante destacar que além de Hooke, já havia outros cientistas que estudavam
os seres vivos utilizando microscópios bem mais simples, desta forma é importante relatar
que o mesmo não foi o inventor, apenas deu suas contribuições para aperfeiçoá-lo,
podendo assim ver componentes biológicos de forma mais precisa, que não eram
possíveis de serem enxergados a olho nu.
27
Foi desta forma que Hooke contribuiu com a descoberta da célula e pesquisas
posteriores, que atualmente são classificadas como grandes avanços não apenas na
medicina, como também nas áreas das ciências biológicas.
Robert Hooke não inventou o microscópio nem foi o primeiro a utilizá-
lo no estudo de seres vivos. Porém, pode-se dizer que ele se destacou
de seus antecessores pelo uso do microscópio simples com grande
poder de ampliação, pelo cuidado das descrições e desenhos, pela
variedade de objetos naturais estudados e, principalmente, pelo seu
esforço em compreender a função de cada parte dos pequenos seres
vivos, fazendo não apenas observações mas também experimentos, de
forma sistemática. (MARTINS, 2011, p. 138)
Assim em 15 de abril de 1663, pela primeira vez foi possível Robert Hooke
observar em um fragmento de cortiça posta em um microscópio, estruturas em que
denominou de cela ou célula. Segundo Karp (2005, p. 02), “Hooke chamou de poros de
células, por que o faziam lembrar as celas habitadas por monges vivendo nos
monastérios”. No entanto o que ele realmente observou foram as paredes celulares
compostas principalmente de celulose que circundam as células de vegetais e não
propriamente células, pelo fato da amostra utilizada para esta observação pioneira ser de
um tecido morto.
Após relatos de observações realizadas por Hooke, muitos cientistas como,
Malpighi (1628-1694), Grew (1641-1712), Haller (1708-1777), Lamarck (1744-1829),
Treviranius (1776-1837), Leeuwenhoek(1632-1723), Oken (1779-1851), também
conseguiram evidenciar estruturas biológicas, que poderiam ser células ou não de
vegetais, no entanto está hipótese não foi bem aceita no mundo científico, só a partir do
século XIX que a célula adquiriu importância, com as contribuições de Schleiden,
Schwann e Rudolph Virchow, classificando a célula como unidade fundamental para a
manutenção da vida.
Segundo Prestes (1997), em 1673, Antonie van Leeuwenhoek, analisando seu
próprio cabelo, observou o que denominou de glóbulos e posteriormente viu essas
mesmas estruturas similares em sangue de animais. Anos depois por volta de 1805, um
cientista conhecido por Oken, publicou um fato bastante relevante, no qual afirmava que
“os organismos são gerados a partir de pequenas bexigas ou células”, o mesmo não
consegue construir uma síntese consistente, assim sua ideia não foi aceita na comunidade
científica.
28
Considerando os relatos anteriores realizados no presente trabalho, podemos
concluir que até 1830, não foi dada a devida importância as hipóteses formuladas a
respeito das unidades fundamentais de todos os seres vivos. A partir de contribuições de
diversos cientistas iniciadas por Brown (1773-1858), que observou o que denominou de
núcleo e os relatos de Matthias Schneider (1804-1881), em 1838 ao reforçar a ideia da
existência de estruturas celulares nos organismos e sua origem. Segundo Karp (2005), um
ano após está afirmação Theodor Schwann (1810-1882), conclui que tanto células
animais como células vegetais são estruturas semelhantes, sugerindo em 1839 dois
princípios do que veria compor a teoria celular, no qual afirmava que todos os organismos
apresentavam células, como também eram unidades estrutural da vida, sendo aceito o
terceiro princípio em 1855 por Rudolph Wirchow (1821-1902), o qual propôs que as
células podem surgir por divisão de uma célula pré-existente, derrubando assim a teoria
da geração espontânea. Segundo Brzozowski e Botelho (2008), em 1858 Wirchow deu
início a estudos ao que denominou de patologia celular, afirmando que a doença resultava
de uma alteração na função normal das células e não ao um desequilíbrio de líquidos do
corpo, fundamentado pela a teoria humoral das doenças. Desta maneira esses três ilustres
cientistas (Figura 03), em meados do século XIX formularam a teoria celular.
Figura 03- Cientistas que contribuíram diretamente com a formulação dos três princípios da
teoria celular.
Matthias Scheleiden Theodor Schwann Rudolf Wirchow
Fonte: http://stevegallik.org/cellbiologyolm_Ex001_P04.html.
Então, a partir do que foi proposto pela teoria celular foi possível que outros
cientistas iniciassem estudos mais aprofundados em relação a célula, definindo assim
contribuições importantes em duas grandes áreas do conhecimento, a patologia e a
29
fisiologia, e assim surgiu o que denominamos como citologia ou atualmente denominada
de biologia celular, definido como o estudo da célula.
2.3 A IMPORTÂNCIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE CITOLOGIA
NA EJA
A educação formal atualmente requer diferentes práticas pedagógicas por parte do
professor ao ministrar os conteúdos em sala de aula, pois por muito tempo prevaleceu e
ainda é evidente nos espaços escolares um ensino tradicional e mecânico, moldado pela
repetição de saberes inquestionáveis, que se tornam muitas vezes exaltantes para o
discente, pois o assunto, não é ministrado considerando sua importância e as razões pelo
qual foi disseminado, até fazer parte do conteúdo presente nos livros didáticos, o que
acaba dificultando assim a aquisição do saber científico de forma consciente e articulada
com a realidade social.
Nesta perspectiva de ensino, os currículos escolares tornam-se
inadequados à realidade em que estão inseridos, pois estão centrados
em conteúdos muito formais e distantes do mundo vivido pelos alunos,
sem qualquer preocupação com os contextos que são mais próximos e
significativos para os alunos e sem fazer a ponte entre o que se aprende
na escola e o que se faz, vive e observa no dia a dia. É neste âmbito que
a contextualização do ensino toma forma e relevância no ensino de
ciências, já que se propõe a situar e relacionar os conteúdos escolares a
diferentes contextos de sua produção, apropriação e utilização. (KATO;
KAWASAKI, 2011, p. 36,).
A proposta exemplificada na citação anterior sugere, diante das dificuldades
pedagógicas na efetivação do processo de aprendizagem na educação básica, um ensino
contextualizado. Assim para iniciarmos esta importante discussão é necessário definir seu
conceito utilizando percepções de diferentes autores que defendem esta mesma
abordagem para a educação formal. Segundo Rodrigues e Amaral (1996 apud Kato;
Kawasaki 2011, p 37.), “contextualizar o ensino significa trazer a própria realidade do
aluno, não apenas como ponto de partida para o processo de ensino-aprendizagem, mas
como o próprio contexto de ensino”. Isso denota o docente incorporar com mais
frequência temas científicos que estão constantemente nos meios de comunicação para
serem discutidos em aula, no intuito de não apenas dar significado ao que é estudado mais
também formar cidadãos reflexivos e atuantes em sociedade.
30
Para Ricardo (2005), a contextualização é uma forma de aproximar o
conhecimento científico do conteúdo escolar e das experiências vivenciadas no cotidiano
do discente, dando assim sentido ao que é ministrado em sala de aula. O autor ainda
discute a importância da problematização da realidade, partindo da análise, reflexão a
discussão do mesmo como forma de contextualizar o ensino e assim desenvolver no
educando a capacidade de questionar e de assumir uma posição como um sujeito ativo
diante dos problemas sociais.
Nesse contexto a citologia é uns dos ramos da biologia, que nos níveis
fundamental e médio de nosso sistema de ensino, se dedica ao estudo da célula
eucariótica, sendo uns dos conteúdos de maior relevância, uma vez que o mesmo é a base
para outros conhecimentos na área das Ciências Biológicas, como é o caso do estudo de
histologia, embriologia, genética, anatomia e fisiologia. Sua importância também é
discutida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio -PCNEM (2000),
ao tratar a sua relevância no domínio dos saberes biológicos, relata que é necessária da
ênfase na dinâmica celular de forma a relacionar os conhecimentos.
Noções sobre Citologia podem aparecer em vários momentos de um
curso de Biologia, com níveis diversos de enfoque e aprofundamento.
Ao se tratar, por exemplo, da diversidade da vida, vários processos
celulares podem ser abordados, ainda em um nível fenomenológico:
fotossíntese, respiração celular, digestão celular etc. Estudando-se a
hereditariedade, pode-se tratar a síntese protéica e, portanto, noções de
núcleo, ribossomas, ácidos nucleicos. A compreensão da dinâmica
celular pode se estabelecer quando for possível relacionar e aplicar
conhecimentos desenvolvidos, não só ao longo do curso de Biologia,
mas também em Química e Física, no entendimento dos processos que
acontecem no interior das células. (BRASIL, 2000, p. 18).
No entanto, é bastante notável que o estudo da célula no ensino fundamental e
médio, acontece de forma superficial sem uma vinculação da dinâmica que apresenta, não
sendo considerado sua extrema relação com temas frequentes nos meios de comunicação,
como os novos avanços científicos na área. Segundo Lima (2010, p. 16), “é perceptível a
dificuldade dos alunos em dimensionar o que são células, sua complexidade interior,
diversidade de formas, funções, havendo certa tendência em simplificá-las como
“bolinhas” ou “casulos”.
O ensino mecanicista, “decoreba” do conteúdo de citologia dificulta uma
percepção mais abrangente e coerente sobre os saberes relacionados ao estudo da célula,
pois observou-se a partir de uma experiência de estagio supervisionado III no ensino
31
médio na modalidade EJA e em uma pesquisa realizada durante a minha permanência no
projeto PET-Conexões dos Saberes, que os alunos/a não conseguiam atribuir um conceito
correto para o termo citologia, apresentando um desinteresse sobre os conteúdos que
permeiam esta área do conhecimento.
Diante disso, é preciso incorporar novas metodologias no ensino de citologia, que
favoreçam a capacidade cognitiva do discente, como também considerar seu
conhecimento prévio construído no cotidiano e a importância do conhecimento científico
em sala de aula, como forma de compreender melhor o conteúdo de citologia presente
nos livros didáticos. Para Pereira et al. (2009, p.4), “Considerar as concepções prévias
como ponto de partida no desenvolvimento do trabalho, enriquece a transformação e
reconstrução do conhecimento do aluno”.
Diante dos inúmeros avanços científicos envolvendo o estudo da célula e o
contexto educacional em que vivemos atualmente, se faz necessário o docente da ênfase
a intradisciplinaridade, na qual é definida segundo Galian (2011), como sendo a relação
entre conhecimentos relativos, ou seja, saberes que de alguma forma estão vinculados
com o componente curricular estudado. Como também é essencial que o docente utilize
em sala de aula o ato de contextualização dos saberes relacionados ao estudo de citologia,
possibilitando por meio destes um conhecimento interligado e abrangente, contribuindo
para uma melhor compreensão do conteúdo.
Nesta perspectiva Kato e Kawasaki (2011, p.36), afirmam que “a contextualização
do ensino toma forma e relevância, já que se propõe a situar e relacionar os conteúdos
escolares a diferentes contextos de sua produção, apropriação e utilização”.
No entanto, no método tradicional ainda muito presente no ambiente escolar, não
enfatiza temáticas discutidas anteriormente, para o processo de ensino-aprendizagem do
conteúdo de citologia na escola.
[...] a falta de integração intradisciplinar é fonte de grandes dificuldades
no aprendizado de biologia. O conteúdo é apresentado dividido em
compartimentos estanques, sem propiciar aos alunos oportunidades de
sintetizar e dar coerência ao conjunto, o que seria possível se lhes
fossem mostradas as ligações entre fatos, fenômenos, conceitos e
processos aprendidos. Por exemplo, [...] Citologia é um segmento do
curso que se encerra em si mesmo, sem que, ao analisar a fisiologia no
nível de organização do indivíduo, os alunos tenham oportunidade de
voltar a considerar o fenômeno no nível celular. (KRASILCHIK; 2005,
p. 52).
32
Diante disso, é importante inserir o conhecimento científico de forma
contextualizada com a realidade vivenciada no cotidiano do aluno, interligando os saberes
e considerando os conhecimentos já adquiridos, uma vez que o estudo da célula é foco de
muitas pesquisas científicas, que são bastante relatadas nos meios de comunicação como
internet, TV e em revistas de divulgação científica.
A incorporação da contextualização na educação básica é importante para preparar
os estudantes na tomada de decisões e formação de opiniões a respeito de temas
polêmicos envolvendo pesquisas científicas que de alguma maneira influenciam o
cotidiano das pessoas, como por exemplo as discussões sobre transgênicos e células-
tronco, cada vez mais presente nos meios de comunicação. Para Santos (2007) o ensino
contextualizado favorece o desenvolvimento de atitudes e valores diante das questões
sociais relativas à ciência e à tecnologia; auxilia na aprendizagem de conceitos científicos
presentes no livro didático ou em revistas de divulgação científica, permitindo que o/a
discente relacione os conteúdos escolares com o seu cotidiano.
Na construção de uma nova realidade escolar, se faz necessário a implantação no
currículo, um significado maior da ciência por parte dos alunos/a da EJA, de forma que a
escola desenvolva nos educandos, em primeiro lugar, uma alfabetização científica. De
acordo com CHASSOT (2006, p.49), “a cidadania só pode ser exercida plenamente se o
cidadão ou cidadã tiver acesso ao conhecimento (e isto não significa apenas informações)
e aos educadores cabe então fazer essa educação científica”.
Para Dewey (1959 apud Kato; Kawasaki, 2011, p. 38), “o conhecimento e seu
desenvolvimento são concebidos como um processo social, integrando os conceitos de
sociedade e indivíduo”.
Assim, o ato de contextualizar se revela como de extrema importância na
EJA, uma vez que esta modalidade de ensino se caracteriza por apresentar diversos
problemas na eficiência da aquisição do conhecimento científico pôr seus integrantes,
deixando-se a desejar no processo de ensino-aprendizagem.
33
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
Por meio de um estudo da percepção dos/as alunos/as da modalidade EJA no ensino
médio, discutir de forma crítica-reflexiva se o estudo de citologia acontece de forma
contextualizada, relacionando o conhecimento científico e sua importância no cotidiano
da sociedade.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Refletir a importância da contextualização no ensino de citologia;
Identificar as informações dos/as alunos/as da EJA (Educação de Jovens e
adultos) sobre o estudo da citologia em sala de aula;
Verificar o nível de conhecimento dos/as alunos/as da EJA sobre alguns
conteúdos de citologia;
34
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Utilizaram-se como pressuposto teórico-metodológico, para a execução do
presente trabalho, os fundamentos da pesquisa qualitativa, na qual se teve como objetivo
discutir o ensino de citologia na Educação de Jovens e Adultos. Para tanto procedeu-se a
uma descrição das características do grupo pesquisado a nível de faixa etária, sexo, cor,
religião, como também os saberes adquiridos a respeito do estudo da célula ao longo de
sua escolarização.
O presente estudo tem uma abordagem quanti-qualitativa, utilizando tanto
métodos de caráter quantitativo como qualitativo, possibilitando um melhor detalhamento
das informações do universo amostral, e assim contribuindo de forma eficaz para análise
dos dados coletados. Para Sampieri, Collado e Lucio (2006, p. 5) “Ambos os enfoques
são bastante valiosos e já realizam contribuições notáveis ao avanço do conhecimento”.
A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar
aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do
comportamento humano, fornece análise mais detalhada sobre as
investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc.[..] o
método quantitativo os pesquisadores valem-se de amostras amplas e
de informações numéricas (LAKATOS; MARCONI, 2011, p. 269).
Assim foi utilizado o modelo de triangulação no qual nos permite mesclar as
diferentes abordagens numa mesma pesquisa, afim de analisar o fenômeno em todos os
seus aspectos. Segundo Sampieri, Collado e Lucio (2006), o modelo de triangulação é a
junção de um enfoque tanto quantitativo como qualitativo, em uma mesma pesquisa com
a pretensão de mesclar diferentes aspectos do estudo.
Diante disso percebe-se a importância da integração desses dois métodos em pesquisa
social pois é essencial para chegarmos em resultados mias condizentes do fenômeno
estudado.
O presente trabalho abrange também a pesquisa bibliográfica e documental
através da leitura de artigos em revistas de publicação científica e livros de autores que
discutem o ensino de biologia e citologia, como também leis relevantes para o sistema
educacional como LDBEN (Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996) e
35
documentos educacionais importantes, PCNEM ( Parâmetros Curriculares Nacionais,
2000); DCNEM ( Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio 2012); OCNEM
(Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, 2008), PCN+ (PCN + Ensino
Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais. 2002), entre outros que se caracterizam como subsídio e orientação para uma
prática docente transformadora na EJA.
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica, a
única diferença entre ambas está na natureza das fontes, enquanto a
pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente a contribuições dos
diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental
vale-se de matérias que não receberam ainda um tratamento analítico,
ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da
pesquisa (GIL, 2008, p. 51).
Desta maneira, todas as fontes e métodos utilizados para a elaboração do presente
trabalho, contribuíram de forma significativa para a construção do conhecimento
necessários para efetivação do que foi proposto nos objetivos da pesquisa.
4.2 PÚBLICO ALVO DA PESQUISA
Incialmente a população de estudo constituía-se de todos os alunos matriculados
integrantes no turno da noite da modalidade EJA do ensino médio pertencentes as turmas
do 2ªA e B, 3ª A e B da Escola Estadual Prof. José Baptista de Mello, tanto do sexo
masculino como feminino, com faixa etária bem diversificada abrangendo idades entre
18 a 60 anos.
É importante salientar que as turmas do 1ª ano não participaram da pesquisa pelo
fato de terem estudado recentemente o conteúdo de citologia, assim seria mais difícil
avaliar se realmente aprenderam ou apenas decoraram.
Deste universo amostral foram aplicados questionários, com apenas 32 alunos
presentes em sala de aula, isto é justificável devido ao fato de muitos alunos serem
desistentes ou não frequentarem a instituição educacional diariamente por diversos
motivos, alguns dos mais relevantes observados durante o período de execução da
pesquisa na escola, foi o relato de alguns alunos/a ao dizerem que faltavam
constantemente devido o cansaço após um dia de trabalho, já outros demostraram estarem
desestimulados com o ambiente escolar.
36
4.3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO
Foi realizada uma diagnose (Anexo A)3, na primeira visita à Escola Estadual do
Ensino Fundamental e Médio Prof. José Baptista de Melo (Figura 04), no qual se teve
como principal objetivo coletar informações do ambiente escolar alvo do presente
trabalho. A mesma fica localizada na Avenida Manuel Ângela de Oliveira, no bairro de
mangabeira VII na cidade de João Pessoa Paraíba PB.
A escola se caracteriza por atender pessoas de origem popular residentes no
mesmo bairro. A mesma tem um total de 578 alunos matriculados nos três turnos, sendo
que na manhã tem-se no ensino fundamental 130 alunos, tarde 108 e noite 66, já no ensino
médio, manhã 118 e noite 167 alunos, sendo que a noite de acordo com funcionários há
uma acentuada evasão de discentes que desistem de estudar, após receberem a carteira de
estudante.
Figura 04- Vista da entrada, como também das dependências da E.E.E.F.M. Prof. José Baptista
de Melo.
Fonte: Autora do trabalho
A escola é contemplada com 25 professores no ensino fundamental e 20 no ensino
médio, com nível superior de formação pedagógica na área específica da disciplina em
que ministram aulas. Quanto ao serviço técnico-pedagógico existente, há um supervisor
3 Questionário da diagnose elaborado pelo prof. Dr. Francisco José Pegado Abílio DME/CE e aplicado
por mim em uma experiência de estágio supervisionado III.
37
e um diretor. O estabelecimento de ensino não é contemplado com um orientador escolar
e psicólogo educacional.
A escola apresenta 09 salas de aulas, entre outros cômodos como cozinha,
almoxarifado, sala para professores, laboratório de informática, campo de futebol,
biblioteca, no entanto algumas considerações são pertinentes para salientá-las, quanto
à biblioteca e a sala de informática (Figura 05), apesar de estar explícito que estas se
encontram em salas separadas, a escola apenas tem uma sala, na qual armazena livros
didáticos e literários, nesta mesma sala foi observado vários computadores, televisão,
aparelho de DVD e data show, para serem utilizados é necessário agendar antes, para que
os alunos/a sejam encaminhados para a mesma, o que acaba dificultando o trabalho
pedagógico, pois a maior parte das aulas são realizadas utilizando apenas quadro escolar
de forma que o professor escreve e o aluno copia o assunto, o que Paulo Freire classifica
como Pedagogia Bancária, não penas por este motivo mas também pelo fato da biblioteca
ser um ambiente que requer silêncio, pois no turno da noite funciona a modalidade de
ensino EJA, na qual muitos alunos são trabalhadores e apenas tem a noite para estudar
sendo necessário um local tranquilo e confortável para estudo. A escola também não tem
laboratório de ciências, em que é necessário para realização de aulas práticas, nas quais
facilitam o processo de ensino-aprendizagem.
Figura 05- Biblioteca e sala de informática da escola E. E.F. M. Prof. José Baptista de Melo.
Fonte: autora do trabalho
Os recursos didáticos disponíveis para o uso são: fotocopiadora, que apenas tira
cópia de documentos escolares e avaliações elaboradas pelos docentes, DVD player,
38
álbum seriado, jogos educativos, modelos tridimensionais do corpo humano, computador,
videoteca, TV, internet, projetor de slides (Data show), mycrosystem (som).
Com Relação aos aspectos ambientais e de funcionamento da escola, a área em
que foi construída (Figura 06), abrange 58,20 metros de comprimento, por 37,20 metros
de largura, com uma área livre de 77 metros de frente, 195 metros de fundo, no lado
esquerdo 120 metros e 144 no lado direito, a água para consumo é procedente da
CAGEPA (Companhia de Água e Esgoto da Paraíba) e costuma faltar com frequência.
Figura 06- Vista da área em que foi construída a escola E.E.F.M. Prof. José Baptista de Melo.
Fonte: https://www.google.com.br/maps/place.
Atualmente não se encontra pintada adequadamente, pois a textura da pintura
apresenta aspecto envelhecido (Figura 07), razoável arborização, apresentando 10 árvores
no pátio, em relação à merenda ocorre o fornecimento diário em todos os turnos. A escola
dispõe de 08 computadores, nos quais professores e alunos tem acesso, com provedor oi
Proinfo para acesso à internet.
39
Figura 07- Vista do pátio mostrando a deterioração da pintura da escola E. E. F. M. Prof. José
Baptista de Melo.
Fonte: Autora do trabalho
Em relação as condições materiais e a manutenção da escola, há cadeiras em boas
condições de uso e suficientes para demanda de alunos, birôs em todas as salas, armários
individualizados para cada professor; o material de expediente como papel, grampo,
pincel atômico, giz, e outros existem na escola, são administrados pela gestão escolar.
A escola como citada anteriormente está localizada próxima a uma avenida, de
grande fluxo de transporte como carros, motos e ônibus, em que contribui com barulho,
já que a acústica da escola não é de boa qualidade, uma vez que janelas portas, paredes,
pisos e telhados estão em más condições com aspectos desgastados, a iluminação das
salas é boa, a ventilação regular, pois em algumas salas os ventiladores estão quebrados
ou até mesmo ausentes, as condições de uso dos banheiros são ruins (Figura 08) , por que
apresentam vasos sanitários quebrados, portas quebradas, alguns estão com lâmpadas
queimadas o que dificulta seu uso à noite.
40
Figura 08- Vista dos banheiros em más condições de uso, na escola E.E.F.M. Prof. José
Baptista de Melo.
Fonte: Autora do trabalho.
Quanto os recursos financeiros a escola recebe do governo federal, no entanto a
mesma é uma instituição estadual, não é citada a verba anual da escola, porém é relatado
que a mesma é direcionada apenas para a manutenção e merenda escolar.
Esta diagnose nos releva as problemáticas vivenciados constantemente por alunos
e alunas, que fazem parte do sistema escolar público e especificamente da EJA.
4.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA
Para a coleta dos dados relevantes a pesquisa, foram aplicados questionários
(Apêndice A) contento tanto questões objetivas como subjetivas, abordando perguntas
possíveis de caracterizar o perfil do aluno da EJA, e a percepção pelos discentes sobre os
saberes construídos no ensino de citologia durante seu processo de escolarização.
Também utilizou-se para caracterização do ambiente no qual foi realizado a pesquisa um
formulário (Anexo A) denominado de diagnose, onde se obteve informações sobre a
estrutura física, corpo docente, quantidade de alunos matriculados, dentre outras
informações importantes para a realização da pesquisa.
41
4.5 ANÁLISES DOS DADOS
A análise dos dados das questões objetivas e subjetivas se deu a partir de métodos
qualitativos e quantitativos, no qual as informações obtidas dos questionários foram
tabuladas em planilhas construídas no Office Excel 2013 e em seguidas analisadas por
filtragem, uma opção presente no mesmo programa que favoreceu a contagem dos dados
para obtenção de resultados em porcentagem com o intuito de uma melhor interpretação
dos mesmos.
Para questões abertas presentes no questionário, foram utilizados métodos
qualitativos, no qual foi necessário criar categorias para agrupar as respostas, estas de
acordo com a percepção do/a discente sobre a temática, desta maneira se pode transformar
esses dados em formas numéricas possíveis de criar gráficos, para apresentação dos
dados.
42
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. APRESENTAÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO
Como já discutido anteriormente, a EJA é marcada por uma forte diversidade
cultural entre seus membros, o que nos remete a refletirmos a melhor maneira para mediar
aquisição do conhecimento científico no ambiente escolar. Segundo Fleuri (2003),
considerar a perspectiva intercultural no ensino, é contribuir com uma educação
formadora, no qual não apenas ocorre a aprendizagem do conteúdo, mais a identificação
do sujeito como ser sociocultural.
O presente trabalho defende a contextualização no currículo, como umas das
propostas mais coerentes para trabalhar com o público da EJA no ensino de citologia,
ressaltando assim a necessidade de discutir o perfil do grupo pesquisado, para uma melhor
compreensão das principais características e dificuldades de aprendizagem que norteiam
seus integrantes.
Neste parâmetro uma das temáticas a ser discutida inicialmente são questões
relacionadas ao sexo, pois partindo desta reflexão, pode-se fazer análises mais
aprimoradas das relações sociais estabelecidas entre os diferentes sexos dos alunos e
alunas da EJA, é importante mencionar que sexo está apenas relacionado a questão
biológica, ou seja o reconhecimento das características físicas entre homens e mulheres.
De acordo com as análises dos dados coletados através dos questionários (Gráfico
01), observou-se que há uma acentuada presença feminino, com um percentual de 53%
do sexo feminino enquanto que 47% do sexo masculino.
43
Gráfico 01 - Distribuição percentual por sexo dos estudantes do 2ª e 3ª da modalidade EJA, da
E. E. E. F. M. Prof. José Baptista de Melo localizada no bairro mangabeira-João
Pessoa/PB.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Outros trabalhos também revelam um gradativo aumento de mulheres que
retornam depois de um determinado tempo ao ambiente escolar. Este fato nos chama a
atenção para observarmos de forma crítica, como as relações de gêneros e sexo estão
sendo construídas pela sociedade, embasadas por valores e costumes predominantes ao
longo do tempo.
Esta afirmativa é justificada por Nascimento e Costa (2012), como sendo um ato
de preconceito construído historicamente entre os membros da sociedade, em que é
evidente as desigualdades entre os sexos, uma vez que era atribuída a mulher apenas a
função de ser responsável pelo trabalho doméstico, e cuidar dos filhos e do marido,
retornando ao ambiente escolar apenas com a permissão do mesmo quando possível,
ficando assim por muito tempo excluída do direito de escolarização.
Com os movimentos sociais questionando a influência da mulher no meio social
e sua autonomia, foi possível fortalecer a sua presença em todos os âmbitos da sociedade,
iniciando no ambiente escolar até a ocupação de cargos, que antes eram apenas privilégios
de homens.
Neste parâmetro discutir pertencimento étnico-racial também é essencial na EJA,
para entendermos as desigualdades sociais, no contexto da escolarização. Desta forma os
dados coletados nesta pesquisa mostram a autoclassificação dos alunos da EJA, do sexo
masculino e feminino, quanto a cor da pele (Gráfico 02).
53%
47%
42%
44%
46%
48%
50%
52%
54%
Feminino Masculino
Sexo
44
Gráfico 02 - Comparação entre o pertencimento étnico-racial dos estudantes do 2ª e 3ª da EJA na
E.E. E. F. Prof. M José Baptista de Melo.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
De acordo com o gráfico, observa-se que no percentual de 53% do sexo feminino,
9% se classificam como sendo amarela, 6% branca, 16% preta e 22% parda, revelando
que há um maior percentual de considerados negros (pretos e pardos), este também é
semelhante para o sexo masculino. De acordo com o censo demográfico realizado pelo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi constatado que:
No Brasil, 5,9% das pessoas de 15 anos ou mais de idade que se
declararam de cor ou raça branca eram analfabetas, enquanto a
proporção foi de 14,4% para pretos e 13,0% para pardos. Essa diferença
foi observada em todas as Grandes Regiões, entre as quais houve
também grandes diferenças, sendo a Região Nordeste com as maiores
taxas, e a Região Sul com as menores. (IBGE, 2010, p. 69).
É importante mencionar que muitas pessoas, se autodeclaram pardas quando na
verdade são negras, isto se justifica, pelo racismo ainda presente em nosso país contra os
negros, podendo assim causar inúmeros conflitos entre brancos e negros.
Tendo em vista os resultados, pode-se constatar que há pouca presença de pessoas
autodeclaradas brancas na nossa população de estudo, isto é justificado pela desigualdade
social entre brancos e negros, construídas historicamente ao longo dos anos. Segundo
Passos (2010), a discriminação racial é bastante antiga, desde do período imperial como
é expresso no Art. 35 da Resolução Imperial nº 382, de 1º de julho de 1854, em que
proibia a presença de escravos nas instituições educacionais, tendo este fato gerado
9%
6%
0%
16%
22%
3% 3%
9%
13%
19%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
Amarelo(a) Branco(a) Indígena(a) Preto(a) Pardo(a)
Pertencimento étnico-racial
Feminino Masculino
45
inúmeras consequências para a inserção da população negra em nossa sociedade, como
por exemplo as desvantagens a nível de escolarização.
O que é justificado pela grande demanda de jovens negros que tentam concluir
seus estudos na EJA, sendo assim importante refletir a melhor maneira de mediar os
conflitos nas relações étnico-raciais no ambiente escolar.
A EJA se classifica como uma modalidade de ensino, difícil de se trabalhar uma
vez que, apresenta uma grande diversidade cultural, e uma forte disparidade entre a idade
de seus membros.
A partir da análise dos dados (Gráfico 03), observa-se que 28% do sexo feminino
e 38% do sexo masculino são considerados jovens, tendo faixa etária entre 15 a 24 anos,
assim como é definido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Gráfico 03 - Distribuição percentual por faixa etária e sexo dos alunos do 2ª e 3ª da E. E. E. F.
M. Prof. José Baptista de Melo-João Pessoa/PB.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
O Estatuto da criança e do adolescente (ECA) classifica como criança, pessoa
com até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos
de idade e em casos excepcionais é aplicado a pessoas entre dezoito e vinte e um ano de
idade, não sendo assim especificando o conceito de jovem, importante para o
entendimento de atitudes realizadas por esses indivíduos em todos os segmentos da
sociedade, mais especificamente no ambiente escolar.
De acordo com Silva e Lopes (2009), a organização mundial da saúde (OMS),
considera dois termos para definir a faixa etária de 10 a 24 anos, adolescência para o
28%
22%
3%
38%
9%
0%0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
15 a 24 25 a 59 60 a +
Faixa etária
Feminino Masculino
46
período de estruturação da personalidade, sendo um conceito mais biológico, em que
abrange indivíduos de 10 a 19 anos, e juventude no qual remete a um conceito mais
sociológico, sendo o período que ocorre a preparação do indivíduo para a vida adulta,
compreendendo-se de 15 aos 24 anos.
Ao analisar o gráfico, observa-se que os considerados adultos com idades entre 25
a 59 anos, compreendem 22% do sexo feminino enquanto que 9% do sexo masculino,
sendo que idosos foi observado um percentual de 3% para o sexo feminino e 0% do sexo
masculino, com faixa etária maior que 60 anos.
De acordo com os dados, é observado uma forte presença de jovens integrantes na
EJA, são diversos os motivos tanto de ordem econômica como pedagógica que o fazem
ingressarem para a EJA, dentre os quais estão a necessidade de trabalhar muito sedo para
ajudar a família, sendo assim possível estudar apenas a noite, no caso das mulheres está
relacionado ao casamento na adolescência e gravidez precoce, dentre outras
consequências nas quis estão a desmotivação pelas dificuldades pedagógicas encontradas
no percurso escolar, ou até mesmo o anseio em concluir os estudos mais rápido, na
expectativa de conseguir um emprego. Para Brunel (2004, p. 09), “O número de jovens e
adolescentes nesta modalidade de ensino cresce a cada ano, modificando o cotidiano
escolar e as relações que se estabelecem entre os sujeitos que ocupam este espaço”.
Quanto a religião, os dados revelam (Gráfico 04), que 41% do público pesquisado
são católicos e evangélicos, 6% classificam-se sem religião, sendo que 13% dos alunos
apresentaram respostas que não foi possível identificar o seu pertencimento religioso.
47
Gráfico 04 – Percentual de estudantes 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista de
Melo, segundo o seu pertencimento religioso.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Diante dos dados, é importante ressaltar que há um considerável aumento da
população em que se define como evangélica no Brasil. Pois segundo dados analisados
pelo IBGE nos últimos anos, tem se revelado uma contínua redução de católicos
apostólicos romanos, apesar de ainda ser uma das religiões mais bem aceitas.
O Censo Demográfico 2000, mostrou acentuada redução do percentual
de pessoas da religião católica romana, o qual passou a ser de 73,6%, o
aumento do total de pessoas que se declararam evangélicas, 15,4% da
população, e sem religião, 7,4% dos residentes. Observou-se, ainda, o
ligeiro crescimento dos que se declararam espíritas (de 1,1%, em 1991,
para 1,3% em 2000) e do conjunto de outras religiosidades que se
elevou de 1,4%, em 1991, para 1,8% em 2000. (IBGE; 2010, p. 90).
Diante da análise referente ao perfil dos alunos colaboradores com a presente
pesquisa, se faz ênfase para a elaboração de um currículo pedagógico, que favoreça toda
a diversidade presente na EJA, considerando assim a pluralidade cultura e as diferentes
formas de aprendizagem.
Para que possamos pensar em um ensino que realmente seja inclusivo e
interdisciplinar não podemos deixar de levar em consideração informações, tais como:
gênero, pertencimento religioso e o étnico-racial, pois segundo Ciurana, (2012, p. 89),
“hoje um saber necessário é saber reconhecer as cegueiras do conhecimento. Ver o papel
dos mitos, das crenças, das religiões, os imprintigs culturais em cada um de nós”
41% 41%
6%
13%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Católicos Evangélicos Sem religião Respostas abertas
Religião
48
5.2 A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES A RESPEITO DO CONCEITO E
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE CITOLOGIA
A compreensão correta do conceito de citologia ou como atualmente é
denominada biologia celular, é de grande relevância para que o aluno se identifique com
os conteúdos relacionados com a temática, uma vez que o mesmo é base para o
entendimento de assuntos posteriores ministrados em sala de aula no ensino médio.
Diante da relevância do conceito de citologia nos questionários aplicados em sala
de aula foi perguntado, o que a citologia estuda, com a análise dos dados (Gráfico 05),
observa-se que 53,12% não sabiam, quanto que apenas 12,50% responderam a célula,
6,25% a relacionaram com exames citológicos, 9,37% seres vivos, 3,12% genes, 6,25%
responderam de forma não condizente com a pergunta, sedo que 9, 37% não respondeu.
Gráfico 05 – Percentual dos estudantes 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista de
Melo, por categoria demostrando a percepção dos mesmos/as em relação ao objeto
de estudado da citologia.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
De acordo com a análise dos dados, percebe-se que há uma grande quantidade de
discentes que participaram da pesquisa e não sabem informar qual é o objeto do estudo
da citologia, no entanto este é um dos assuntos abordados desde do ensino fundamental,
6,25%
12,50%9,37%
3,12%6,25%
53,12%
9,37%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Citológico A célula Seres vivos Genes Resposta
desconexa
Não Sabe Não
respondeu
Qual é o tema estudado pela citologia?
49
sendo melhor discutido inicialmente no 1ª ano do ensino médio, é importante salientar
que a aprendizagem deste conteúdo requer conhecimento de termos científicos pouco
utilizado no cotidiano do aluno, o que contribui para que o mesmo apenas “decore” e
posteriormente esqueça. Para Rocha; Basso e Borges (2007 apud Pereira et al; 2009, p.
2), “O conteúdo de citologia é em geral estudado na escola no início do ensino médio,
começando pelo estudo da microscopia eletrônica, tornando-se um assunto pouco
acessível aos estudantes, que memorizam o conteúdo sem compreendê-lo”. O (Quadro
01) demonstra alguns exemplos de respostas dos alunos a respeito do conceito de
citologia.
Alguns alunos responderam relacionando o estudo da citologia com exames
citológicos realizados em mulheres para a prevenção do câncer de colo do útero, outros
afirmam ser “o estudo dos seres vivos”, identificando assim de forma generalizada o
conteúdo pertencente a está área do conhecimento biológico, apenas um pequeno
percentual reconhece o termo corretamente.
Quadro 01- Respostas dos alunos/a do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista de
Melo com relação ao objeto de estudo da citologia.
Categoria
Resposta do discente
Aluna: Selene, 45, feminino “Exame Citológico”
Aluna: Isis, 18, feminino “É o ramo da biologia que estuda a
estrutura das células”.
Aluno: Amom, 22, masculino “Estudo dos seres”
Aluna: Núbia, 32, feminino
“Genes”
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Diante dos resultados, é possível concluir que, apesar do estudo da célula fazer
parte do processo de escolarização desde o ensino fundamental, há uma série de
dificuldades em compreendê-lo. Segundo Cunha (2011), o conceito de célula não é bem
fundamentado no ensino básico, devido a práticas pedagógicas tradicionais, nas quais o
professor apenas utiliza o livro didático, apresentando um conteúdo fragmentado,
desvinculado da realidade do discente.
50
O ensino descontextualizado contribui para que o/a discente não atribua a devida
importância ao conteúdo, levando-o apenas “decorar” para adquirir a nota desejada para
assim passar de ano ou até mesmo em processos seletivos, como vestibulares e Enem.
Este fato é considerável ao observamos os resultados das análises (Gráfico 06), quando
perguntado o que aprendeu no ensino fundamental e médio sobre citologia, 68,74% dos
estudantes responderam que não lembram e apenas 3,12% respondem de forma coerente
próximo do que é ensinado nesta etapa da educação básica, neste mesmo percentual
discentes dizem nunca ter estudado este conteúdo, 12,50% dizem ter aprendido muitas
coisas e apenas 6,25% não respondeu.
Gráfico 06 – Percentual de respostas de alunos/a sobre o que aprenderam no ensino fundamental
e médio sobre citologia ao longo de sua escolarização.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Os resultados com relação a essa pergunta são melhor expressos nas respostas
formuladas por alguns alunos/a (Quadro 02), na qual percebe-se que os princípios básicos
relacionados a importância da célula para a manutenção da vida é relatada como também
a existência de dois tipos de células, no entanto há alunos que dizem nunca ter estudado
esta área do conhecimento biológico.
3,12% 3,12% 3,12% 3,12%
12,50%
68,74%
6,25%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Funções da
Célula
Existência
de célula
animal e
vegetal
Descobrir
mais sobre
o Corpo
humano
Nunca
estudou
Muitas
coisas
Não lembra Não
respondeu
O que você aprendeu no ensino fundamental e médio
sobre citologia?
51
Quadro 02 –Resposta de alguns alunos/a do 2ª e 3ª ano da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José
Baptista de Melo a respeito do que aprenderam ao longo do processo de
escolarização sobre citologia.
Aluno: Moiseis, 18,
Masculino
“Principais funções das nossas células e o
desenvolvimento do nosso corpo”
Aluna: Sofia, 18, feminino
“Aprendi que tem célula animal e vegetal”
Aluna: Maia, 29,
feminino
“Eu nunca estudei citologia no ensino fundamental”
Aluna: Isis, 18, feminino
“Aprendi que estudando a citologia descobrimos mais
sobre o nosso corpo”
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Este fato se agrava ainda mais quando há ocorrência de erros nos livros didáticos,
pois estes são tanto utilizados pelos docentes para auxiliar na preparação das aulas, como
pelos discentes, no estudo do conteúdo, no qual utilizam o mesmo como verdade absoluta,
deixando até mesmo de pesquisar em outros meios de informação como a internet ou até
outros livros de caráter científicos.
A realidade da maioria das escolas mostra que o livro didático
tem sido praticamente o único instrumento de apoio do professor
e que se constitui numa importante fonte de estudo e pesquisa
para os estudantes. Assim, faz-se necessário que professores
estejam preparados para escolher adequadamente o livro didático
a ser utilizado em suas aulas, pois ele será auxiliador na
aprendizagem dos estudantes. (FRISON; VIANNA; CHAVES,
2009 p.3)
Discutindo a percepção dos alunos/a quanto ao estudo da célula, foi perguntado
se o ovo de uma ave era uma célula gingante, para assim avaliar de forma mais
contextualizada seu aprendizado.
Gráfico 07- Percentual da percepção dos estudantes do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José
Baptista de Melo, acerca da pergunta: o ovo é uma célula gigante?
52
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
De acordo com os dados (Gráfico 07), 34,37% respondem sim, 18,75% não
consideram o ovo uma célula gigante, quanto que 37,50 não sabem e 9,37% deixaram em
branco não respondendo a questão. Como pode ser observado, dos que responderam
afirmativamente corresponde quase que ao dobro dos que responderam de forma
negativa. Este importante percentual de assentimentos pode estar relacionado com a
presença de um conceito errôneo, o qual considera o ovo, em sua totalidade, como sendo
uma célula gigante. O mesmo pode ser encontrado em diferentes livros de ensino
fundamental, alguns dos quais são destacados abaixo.
a) “Raras são as células que têm tamanho macroscópico. A gema do ovo de
avestruz e as algas Nitela e acetabularia são exemplos de células gigantes”
(MARTINS; FONSECA; REIS, 2008, p. 39).
b) “Entretanto há células bem maiores e podem ser vistas a olho nu, isto é
sem o microscópio. É o caso da gema do ovo. A gema inteira é uma única
célula” (GOLDAK.; MARTINS, 2006, p. 90).
Um dado preocupante na literatura, pois são os constantes erros a respeito desta
temática em livros didáticos, principalmente do ensino fundamental quando o autor cita
exemplos de células. Os principais erros conceituas são aqueles relacionados com a
dimensão do tamanho celular. O (Quadro 03) demonstra algumas respostas citadas pelos
alunos/a.
34,37%
18,75%
9,37%
37,50%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
Sim Não Não respondeu Não sabe
O ovo é uma célula gigantes?
53
Quadro 03 –Resposta de alguns alunos/a do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista
de Melo, acerca da pergunta: o ovo é uma célula gigante?
Aluna: Camila, 62, feminina “Sim por que é grande”
Aluno: Hélio, 20, masculino “Sim, uma célula forma um embrião”
Aluno: Moises, 18, masculino
“Não, por que nasce pequeno e se
desenvolve bem o crescimento”
Aluna: Sofia, 18, feminino “Não, porque a ave não contribui tanta
célula assim por isso não é tão gigante.”
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Os dados revelam um alto percentual de discentes que afirmam considerar o ovo
uma célula gigante, isto pode ser justificado pelo equivoco conceitual ou o não
aprendizado de forma contextualizada deste conteúdo, que leva muitas vezes o mesmo a
definir a estrutura celular de forma incorreta, deduzindo que a célula seja imóvel, não
revelando as funções realizadas pela mesma e sua importância para o organismo como
um todo.
A célula é um tema presente em todos os níveis de escolarização, da
educação básica à pós-graduação, sendo que a diferença dos seus
currículos estará no nível de complexidade com o qual o tema será
tratado. Assim, é o conhecimento pedagógico do conteúdo que
possibilitará que os estudantes desses diferentes níveis vivenciem um
ensino que lhes permita construir uma representação mental de célula
como um sistema aberto, dinâmico e em constante interação com o
meio. (JORGE; BORGES, 2004, p.104).
Para ilustrar o quanto a afirmativa de que o ovo não é uma célula gigante,
apresentamos na (Figura 09), o esquema de um ovo de galinha fecundado, no qual a célula
gigante, o cito II, é encontrado no interior da gema.
Figura 09- Morfologia interna de um ovo de ave fecundado.
54
Fonte: http://saude.culturamix.com/dicas/propriedades-e-beneficios-da-clara-do-ovo.
Estas citações estão equivocadas, pois a grande maioria das células não são
possíveis de ver a olho nu, necessitando assim de um microscópio para observá-las com
maior precisão, e apenas algumas realmente podem ser vistas sem o auxílio deste
equipamento, como é o caso das células da acetabulária uma alga verde.
Em todas as citações relatadas anteriormente, a gema do ovo é classificada como
uma célula gigante, esta definição está incorreta, pois apenas a gema do ovo fecundado,
contém uma célula gigante na região denominada de blastocisto, como também sua
estrutura morfológica não permite representá-lo como uma célula.
Diante disso é relevante mencionar que células consideradas gigantes são raras na
natureza apenas algumas com dimensões celulares maiores são classificadas desta forma,
como é o caso do músculo estriado esquelético, neurônio e o ovócito II.
Assim erros como estes citados anteriormente podem acabar interferindo na
compreensão do conceito de célula pelo discente. Este fato é observado quando na
aplicação dos questionários, pediu-se para desenhar uma célula animal e vegetal (Figura
10).
55
Figura 10–Desenhos da célula animal e vegetal esquematizados pelo aluno “Morfeu” do 3ª
ano A e a aluna Maya do 3ª ano B da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista de
Melo.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Diante dos resultados percebe-se que frequentemente o/a discente apenas desenha
a célula tanto vegetal como animal em forma circular semelhante a um ovo frito, quando
sabemos que há diversos tipos morfológico de células com dimensões e funções
diferentes no organismo.
A células não variam menos nas suas formas e funções [...], uma célula
nervosa típica em um cérebro enormemente estendida, ela envia seus
sinais elétricos ao longo de uma protrusão fina que possui um
comprimento 10.000 vezes maior do que a espessura, e ela recebe sinais
de outras células através de uma massa de processos mais curtos que
brotam de seu corpo como os ramos de uma árvore. Um Paramecium
em uma gota de água parada tem a forma de um submarino e está
coberto por milhares de cílios- extensões semelhantes a pelos cujo o
batimento sinuoso arrasta a célula para frente, rodando-a à medida que
ela se locomove. Uma célula na camada superficial de uma planta é um
prisma imóvel envolvido por uma caixa rígida de celulose, com uma
cobertura externa de cera à prova d’água. (ALBERTS et al., 2011).
Quando foi perguntado no que uma célula contribui para a manutenção da vida,
(Gráfico 08), 25% responderam relacionando sua relevância para o funcionamento do
corpo, 6,25% a reprodução, proteção do organismo, renovação celular e avanços na
medicina, quanto que 40,62% não sabem e 3,12% não respondeu.
56
Gráfico 08 –Percentual por categoria da percepção de estudantes 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M.
Prof. José Baptista de Melo a respeito da importância da célula, para a manutenção
da vida.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Diante da análise do gráfico observa-se que há um considerável percentual que
não compreendem a importância da célula para o organismo, isto é reflexo de um
aprendizado mecânico, descontextualizado sem considerar a relevância deste
conhecimento para o cotidiano. No entanto percebe-se que são poucos os/a alunos/a que
conseguem relacionar as principais funções, como também sua importância para a
manutenção da vida. Segundo Pereira (2009), o estudo da citologia é considerado por
muitos alunos, um conteúdo complexo e extenso, que conduz o discente a adotar práticas
de memorização, o que acaba dificultando o seu processo de aprendizagem.
As respostas elaboradas por alunos/a (Quadro04), indicam, que alguns estudantes
reconhecem a importância da célula e associam a conteúdos restritamente relacionados
com o seu estudo, como é o caso de histologia, embriologia, sistema imunológico e
renovação celular.
25%
6,25% 6,25%6,25% 6,25%
40,62%
3,12%
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%45%
No que uma célula contribui para manutenção da sua
vida?
57
Quadro 04- Respostas dos alunos do 2ª e 3ª da EJA na E.E. E. F. M. Prof. José Baptista de
Melo, a respeito da importância da célula para a manutenção do corpo.
Aluna: Danieli, 29,
feminino
“Nutrição da pele além de ser nosso maior órgão"
Aluna: Gabriela, 20,
feminino
“Na minha reprodução desde o início”
Aluno: Dionísio, 25,
masculino
“Muitas coisas como eu sei que a célula elas trabalham em
conjunto para proteger seus órgãos dos vírus e de outros
indivíduos”
Aluno: Acácio, 26,
masculino
“Na reprodução e substituição de uma célula morta, por uma
viva”.
Fonte: Questionários aplicados pela autora para o levantamento dos dados.
Diante do que foi discutido, podemos concluir, que um ensino tradicional e
descontextualizado ao ministrar o conteúdo de citologia pelo docente, colabora para que
o discente apenas decore, levando o mesmo a esquecer os saberes necessários a respeito
do estudo da célula e assim dificultando a compreensão de sua importância.
58
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve o intuito de discutir a importância do ensino
contextualizado ao ministrar o conteúdo de citologia na EJA, partindo da discussão do
perfil dos integrantes desta modalidade, a análise da percepção dos alunos/a, quanto os
saberes relacionados a esta temática ao longo de sua escolarização na educação básica.
Diante dos resultados, foi possível concluir que a EJA se caracteriza como uma
modalidade de ensino bem heterogênea, abrangendo pessoas de diferentes idades e com
grande diversidade cultural entre seus membros, fatores estes que podem influenciar no
processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos. Desta forma observou-se uma maior
presença feminina e de pessoas negras, sendo este fato reflexo de um processo histórico
de preconceitos entre homens e mulheres fortalecidos por uma determinada cultura que
contribui para atitudes de racismo, pelo fato da existência de uma época em que o negro
era escravizado e não tinham os mesmos direitos da população branca, como é o caso da
escolarização.
Os integrantes desta modalidade apresentam algumas dificuldades na aquisição
do conhecimento sobre o estudo da célula, que muitas vezes podem ser decorrentes de
erros presentes nos livros didáticos, como também de práticas pedagógicas tradicionais,
contribuído para que o/a discente apenas decore, não acontecendo o efetivo aprendizado
do conteúdo ministrado.
Assim através da mediação docente, a partir da utilização de metodologias de
ensino que acoplem o conhecimento científico e empírico vivenciado no dia-a-dia das
pessoas, se concretizando como saberes integrados entre diversas áreas da citologia
permita o/a discente atribuir significado ao que é estudado.
Pode-se inferir que há muitas limitações a respeito da compreensão por parte dos
estudantes sobre o estudo da célula principalmente no ato de conceitua-la como também,
na compreensão de sua importância para a manutenção da vida e os possíveis avanços
científicos para o bem da sociedade.
Desta forma, o processo de ensino-aprendizagem requer considerável atenção, na
maneira como o/a docente aborda os conteúdos, para que seja possível pôr em prática a
contextualização no ensino, e assim contribuir com uma maior inserção do conhecimento
científico e sua relevância no ambiente escolar e na vida das pessoas.
59
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64
APÊNDICE
APÊNDICE A–Questionário utilizado para a coleta de dados da pesquisa.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIA EXATAS E DA NATUREZA
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
1.Escola:
Data do preenchimento do questionário ___/___/___ Sexo: Masc. ( ) Fem. ( )
Idade:__________ Estado civil: Solteira/o ( ) Casada/o ( )
Você se considera: Indígena ( ) Negro/a ( ) Pardo/a ( ) Amarela/o ( ) Branca/o
( )
RELIGIÃO? ( )católica ( )evangélica ( )protestante ( )candomblé ( )umbanda
Outra ( ). Qual?__________________Sem ( )___________________________
2. Tem acesso à internet a partir de sua casa? Sim ( ) não ( )
3. Qual o tema estudado pela citologia?
4. Qual a importância do estudo da citologia no cotidiano para a sociedade?
5. O que você aprendeu no ensino fundamental e médio sobre citologia?
65
6. No que uma célula contribui para a manutenção de sua vida?
7. Você tem acesso à revista de divulgação científica? Qual?
8. No estudo de citologia em sala de aula o professor tentava relacionar os assuntos
abordados com o desenvolvimento cientifico?
66
9. Desenhei uma célula vegetal?
10. Desenhei uma célula animal?
11. O ovo de uma ave é uma célula gigante? Sim? Não Justifique.
67
ANEXO
Anexo A- Instrumento de pesquisa utilizado em primeira visita a escola E.E. F. M. José
Baptista de Melo em uma experiência de estágio supervisionado III.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Disciplina: ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – ENSINO DE BIOLOGIA NA
ESCOLA DE ENSINO MÉDIO
Curso: LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Período: 2014.1 Carga Horária: 105 horas Créditos: 07
Professor: Dr. FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO – DME/CE
DIAGNÓSTICO: ESTRUTURA FUNCIONAL E PEDAGÓGICA DA ESCOLA
1. IDENTIFICAÇÃO
Endereço:______________________________________________________________
________________________________________________________
Telefone: _____________________________
2. ESTRUTURA FUCIONAL
Número total de alunos matriculados na escola: _______________________
Ensino Fundamental: ____________ Ensino Médio: __________________
Número de Alunos por turno
Manhã: E. Fundamental ____________ E. Médio: ____________
Tarde: E. Fundamental ___________ E. Médio: ______________
Noite: E. Fundamental ____________ E. Médio: _____________
Número de Professores (as) da Escola:
E. Fundamental ____________ E. Médio: ____________
Nível de Formação Profissional:
( ) Nível Superior com Formação Pedagógica na área especifica da disciplina;
( ) Nível Médio com formação Pedagógica
( ) Nível Superior com Especialização;
( ) Nível Superior com Mestrado e/ou Doutorado;
68
( ) Outros: _____________________________________________
Serviço Técnico-Pedagógico existente:
Supervisor Escolar: _________________________________________
Orientador Escolar: __________________________________________
Gestor Escolar: _____________________________________________
Psicólogo Educacional: ______________________________________
Outros: __________________________________________________
A Escola Possui Projeto Político Pedagógico: ( ) sim ( ) não (quando tiver
solicitar uma cópia do PPP)
3. INFRA-ESTRUTURA
Número de Salas de Aula da Escola: ____________
Estrutura Presente e em Boas condições de Uso:
( ) Sala de Vídeo ( ) Sala para Professores ( ) Sala de Atendimento ao Aluno
( ) Laboratório de Ciências ( ) Laboratório de Informática ( ) Biblioteca
( ) Auditório ( ) Cantina ( ) Bebedouros
( ) Sala de Estudos e Planejamento ( ) Sala de Supervisão
( ) Quadra de Esportes ( ) Campo de Futebol ( ) Ginásio Coberto
( ) Cozinha ( )Almoxarifado
Outros:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_________________________________________________
4. RECURSOS DIDÁTICOS PRESENTES E DISPONÍVEIS PARA USO
( ) Retroprojetor ( ) Computador ( ) Internet ( ) Projetor de Slides (Datashow)
( ) Fotocopiadora ( ) Videoteca ( ) Mimeógrafo ( ) Vídeo Cassete
( ) DVD player ( ) TV ( ) Gravador ( ) Microsystem (Som)
( ) Álbum Seriado ( ) Softwares ( ) Coleções de CD Rom e Vídeos educativos
( ) Jogos Educativos ( ) Kits Didáticos
( ) modelos tridimensionais (de corpo humano, por exemplo)
Outros:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_________________________________________________
5. ASPECTOS DO AMBIENTE E FUNCIONAMENTO ESCOLAR
Área Construída (m2): _______________________
Área Livre (m2): ____________________________
Quanto ao Fornecimento de Água e Energia:
69
Costuma faltar água?: ( ) sim ( ) não
Procedência da água: CAGEPA: _____________ Poço: ______________
Existe Saneamento Básico na área da Escola?: _________Fossas sanitárias? _________
Costuma faltar energia?: ( ) sim ( ) não
A escola é murada? ( ) sim ( ) não
A escola é pintada? ( ) sim ( ) não
Quanto à arborização do pátio da escola:
( ) Inexiste ( ) até 10 árvores ( ) de 10 a 20 árvores
( ) jardins ( ) o entorno da escola é bem arborizado
Quanto à Merenda Escolar:
( ) Fornecimento diário ( ) Esporádico ( ) Não Oferece
6. QUANTO A INFORMATIZAÇÃO
Número de computadores que a escola dispõe: ________________________
Usuários dos computadores:
( ) Professores ( ) Alunos ( ) Funcionários ( ) Comunidade
A escola possui assinatura com algum provedor de acesso a Internet?
( ) sim ( ) não Qual? _________________________
7. CONDIÇÕES MATERIAIS E MANUTENÇÃO DA ESCOLA
Cadeiras em condições de uso e suficientes? ( ) sim ( ) não
“Birôs” para professores em todas as salas? ( ) sim ( ) não
Armários individualizados para professores? ( ) sim ( ) não
O material de expediente (papel, grampo, clips, pincel atômico, giz, etc.) é disponível e
acessível a funcionários e professores? ( ) sim ( ) não
As salas de aulas recebem influência externa de barulhos? ( ) sim ( ) não
Estado geral das janelas, portas, paredes, pisos e telhados:
( ) bom ( ) regular ( ) ruim
Iluminação natural das salas de aula:
( ) bom ( ) regular ( ) ruim
Ventilação natural das salas de aula:
( ) bom ( ) regular ( ) ruim
Condições de acústica das salas de aula:
( ) bom ( ) regular ( ) ruim
Estado geral dos banheiros:
( ) bom ( ) regular ( ) ruim
70
Estado geral dos bebedouros:
( ) bom ( ) regular ( ) ruim
8. DAS FINANÇAS
A escola recebe algum tipo de recurso financeiro? ( ) sim ( ) não
Se recebe, qual a origem da fonte de renda?
( ) Governo Federal ( ) Governo Estadual ( ) Governo Municipal
( ) Convênios ( ) outros: _________________________________
Valor estimado da verba anual da escola: _____________________________
Quem Gerencia esta verba?
( ) Comissão – Membros: ____________________________________
( ) Direção
( ) outros: ________________________________________________
O uso dos recursos é direcionado à que áreas (em porcentagem)?
Material Didático: __________________________
Manutenção da escola: ______________________
Merenda dos alunos: ________________________
Outros:____________________________________________________
A equipe do projeto agradece sua colaboração - MUITO OBRIGADA!