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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
DIETAS COM REDUÇÃO PROTÉICA SUPLEMENTADAS COM ÁCIDO
GLUTÂMICO PARA FRANGOS DE CORTE E POEDEIRAS COMERCIAIS
ROSEANE MADEIRA BEZERRA
AREIA-PB DEZEMBRO/2012
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
DIETAS COM REDUÇÃO PROTÉICA SUPLEMENTADAS COM ÁCIDO
GLUTÂMICO PARA FRANGOS DE CORTE E POEDEIRAS COMERCIAIS
ROSEANE MADEIRA BEZERRA Zootecnista
AREIA-PB
DEZEMBRO/2012
iii
ROSEANE MADEIRA BEZERRA
DIETAS COM REDUÇÃO PROTÉICA SUPLEMENTADAS COM
ÁCIDO GLUTÂMICO PARA FRANGOS DE CORTE E
POEDEIRAS COMERCIAIS
Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em
Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba,
Universidade Federal Rural de Pernambuco e
Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial
para obtenção do título de Doutor em Zootecnia.
Área de Concentração: Nutrição Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa – Orientador Principal
Prof. Dr. Ednardo Rodrigues Freitas – Co-orientador
Profa. Dra. Patrícia Emilia Naves Givisiez – Co-orientador
AREIA-PB DEZEMBRO/2012
iv
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
ROSEANE MADEIRA BEZERRA – Filha de Otávio Madeira Bezerra e Maria
da Conceição Madeiro Bezerra, nasceu no dia 13 de novembro de 1977 na cidade de
Fortaleza, no Estado do Ceará. Prestou o vestibular para o Curso de Zootecnia na
Universidade Federal do Ceará em 2002, onde se formou em Junho de 2007. Em março
de 2008 ingressou no Curso de Mestrado em Zootecnia desta referida universidade
sobre orientação do professor Dr. Ednardo Rodrigues Freitas, trabalhando com níveis de
cloro para Codornas Japonesas (Coturnix coturnix japônica) nas fases de crescimento e
produção, recebendo o título de Mestre em Zootecnia no dia 05 de fevereiro de 2010.
Em março de 2010 ingressou no Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia na
Universidade Federal da Paraíba, no Campus de Areia, onde defendeu sua Tese em
dezembro de 2012 sobre orientação do professor Dr. Fernando Guilherme Perazzo
Costa.
v
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
vi
(Fernando Pessoa)
À Deus, meu guia e confidente, que me orienta em
todos os momentos de minha vida e me ajuda, dando-me forças,
saúde e esperança para enfrentar os obstáculos da vida.
À minha família, pela compreensão das minhas
faltas, pelos conselhos, apoio e amizade. Tudo que sou e tudo
que aprendi é fruto dos ensinamentos e dedicação deles.
Ao meu noivo, Renato Andrade dos Santos, um
anjo enviado por Deus, sua presença enriquece cada momento
de minha vida. Agradeço com todo meu coração pelo seu
companheirismo, sua amizade, por toda a ajuda e dedicação, não
só nos experimentos, mas em todos os momentos que vivemos e
viveremos juntos, agradeço por trazer alegria e amor a minha
vida. Te amo!
vii
Dedico
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus, por ter me conduzido e auxiliado a concluir mais essa
conquista em minha vida.
Aos meus pais, Otavio Madeira Bezerra e Maria da conceição Madeiro Bezerra
pelo incentivo, dedicação e amor que proporcionaram durante minha criação.
Aos meus irmãos, Elisângela, Rosângela, Elisiane e Otavio Filho, pela alegria e
inspiração oferecida em todos os momentos de convívio.
Ao meu noivo e companheiro, Renato Andrade dos Santos pela grande ajuda nos
experimentos e laboratório, pelo carinho, compreensão e todos os momentos
maravilhosos ao meu lado.
A família de meu noivo, que considero como minha; minha avó (DIDI),
Laudiene, minha sogrinha (Luciene), meu sogro (Reinaldo), cunhados (Walber e
Raniere) e minha cunhada (Jaqueline), eu agradeço muito, a força e amizade de todos.
Ao meu orientador, Prof. Fernando Guilherme Perazzo Costa, suas orientações e
amizade serão guardadas com muito carinho. Agradeço muito cada momento e
oportunidade que o senhor me ofereceu.
A Coordenação do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia (PDIZ) do
Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pela
oportunidade de fazer parte deste Curso que muito contribuiu para minha formação
como profissional.
Aos professores José Humberto Villar da Silva, Edilson Paes Saraiva, Jorge
Vitor Ludke, Wilson Moreira Dutra Junior, Germano Augusto Jerônimo do Nascimento,
Patrícia Araújo Brandão e Janete Gouveia de Souza pela participação e pelas valiosas
contribuições para a melhoria no exame de Qualificação e na Defesa da Tese.
Ao prof. Ricardo Romão Guerra e seus alunos pela ajuda nos abates e
contribuição nas análises de histologia dos experimentos com frangos e poedeiras,
sempre presente e oferecendo total apoio.
A coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudo.
viii
A Ajinomoto Animal Nutrition, pela contribuição nas pesquisas, análises
laboratoriais e participação em eventos científicos.
Aos professores do PPGZ, que contribuíram para meu aprendizado durante esse
período, seja em sala de aula, com as disciplinas cursadas, e também fora de sala.
A secretária do PPGZ, Graça, pela amizade, pelo carinho e auxilio nas
dificuldades.
Aos funcionários do CEPEC, D. Carmem e Damião, pela amizade, carinho e
receptividade.
Aos funcionários do Setor de Avicultura, Ramalho e Josivaldo (Josa), que me
ajudaram nas preparações de rações, abate e montagem de galpão, a colaboração de
vocês foi essencial para o sucesso dos experimentos. Ao Roberto da apicultura pelo
auxílio e paciência nos abates.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, José Alves, José Sales,
Antônio (Duelo) e Antônio Costa, pela atenção e colaboração nas análises laboratoriais.
Aos amigos e colegas da Pós-Graduação, em especial a Geovânia Canafístula,
Ariane Loudemilla Silva, Raffaella Castro e Valéria Rodrigues, pelo carinho, apoio e
amizade nesses bons momentos compartilhados.
Aos amigos do Grupo de Estudos em Tecnologia Avícola (GETA) que me
ajudaram nos experimentos de campo; Cleber, Valéria, Ismael, Milka, Raffaella, Bruno,
Guilherme, Ana Paula, Luzia, Lavoisier, Clariana, Anilma, Leonilson, Gil, Danilo,
Rafael, Sarah, Matheus, Marcelo e Pessoa, muito obrigada a todos vocês.
Ao companheirismo e amizade de Valéria Rodrigues e sua família (Sra. Maria,
Sr. Benjamim, Vitória e Roberto) que me ajudaram muito apesar do pequeno período de
tempo que nos conhecemos, vocês estarão sempre em meu coração.
A Claudia Goulart por sua amizade, orientação e contribuição nos experimentos,
mesmo ocupada sempre estava contribuindo de alguma forma, muito obrigada
Claudinha.
Enfim eu quero agradecer a todos os que foram citados e aos que não foram, mas
que de alguma maneira contribuíram com mais essa conquista em minha vida, obrigada!
ix
SUMÁRIO
Página
Lista de Tabelas.............................................................................................. xi
Lista de Figuras............................................................................................... xv
Resumo Geral.................................................................................................. xix
Abstract........................................................................................................... xxi
Considerações Iniciais.................................................................................... 01
Capítulo 1- Referencial Teórico...................................................................... 03
Introdução.................................................................................................... 04
Revisão de Literatura................................................................................... 06
Redução protéica.......................................................................................... 06
Importância da suplementação de aminoácidos não essenciais................... 08
Glutamato na dieta....................................................................................... 10
Glutamato como nutriente para o sistema imunológico............................... 13
Considerações Finais................................................................................... 16
Referências Bibliográficas........................................................................... 17
Capítulo 2 - Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução
protéica para frangos de corte.........................................................................
22
Resumo........................................................................................................ 23
Abstract........................................................................................................ 25
Introdução.................................................................................................... 27
Material e Métodos...................................................................................... 28
Resultados e Discussão................................................................................ 36
Conclusão..................................................................................................... 51
Referências Bibliográficas........................................................................... 52
x
Capítulo 3 – Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados em
dietas com redução protéica para frangos de corte......................................... 57
Resumo........................................................................................................ 58
Abstract........................................................................................................ 60
Introdução.................................................................................................... 62
Material e Métodos...................................................................................... 63
Resultados e Discussão................................................................................ 71
Conclusão..................................................................................................... 82
Referências Bibliográficas........................................................................... 83
Capítulo 4 - Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução
protéica para poedeiras semipesadas.............................................................. 86
Resumo........................................................................................................ 87
Abstract........................................................................................................ 88
Introdução.................................................................................................... 89
Material e Métodos...................................................................................... 90
Resultados e Discussão................................................................................ 96
Conclusão..................................................................................................... 105
Referências Bibliográficas........................................................................... 106
Capítulo 5 - Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados com
redução protéica em dietas para poedeiras leves............................................ 109
Resumo........................................................................................................ 110
Abstract........................................................................................................ 111
Introdução.................................................................................................... 112
Material e Métodos...................................................................................... 113
Resultados e Discussão................................................................................ 119
Conclusão..................................................................................................... 137
Referências Bibliográficas........................................................................... 138
Conclusão Final.............................................................................................. 143
Considerações Finais...................................................................................... 144
xi
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2 - Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para
frango de corte
Página
1. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase pré inicial (1-7 dias de idade)............................................................. 30
2. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase inicial (8-21 dias de idade).................................................................. 31
3. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase de crescimento (22-35 dias de idade)................................................. 32
4. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase final (36-45 dias de idade).................................................................. 33
5. Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, peso final, ganho de
peso e conversão alimentar de frangos de corte em todas as fases de
criação........................................................................................................ 36
6. Médias de consumo de ração durante os três dias de coleta de excreta, do
nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de retenção de
nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, e a média do
nível sérico de ácido úrico dos frangos aos 45 dias de idade..................... 40
7. Médias do peso vivo, peso e rendimento de carcaça e partes nobres
(peito, coxa e sobrecoxa) dos frangos aos 45 dias de idade, em função
dos tratamentos........................................................................................... 44
8. Médias do peso do fígado, moela, coração, gordura celomática e relação
fígado/carcaça, moela/carcaça, coração/carcaça e gordura
celomática/carcaça dos frangos de corte abatidos aos 45 dias de idade..... 47
xii
LISTA DE TABELAS
Capítulo 3 - Ácido glutâmico suplementado em dietas de frango de corte com
redução protéica
Página
1. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase pré-inicial (1-7 dias de idade)............................................................. 65
2. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase inicial (8-21 dias de idade).................................................................. 66
3. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase de crescimento (22-35 dias de idade)................................................. 67
4. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na
fase final (36-42 dias de idade).................................................................. 68
5. Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, peso final, ganho de
peso e conversão alimentar de frangos de corte em todas as fases de
criação........................................................................................................ 71
6. Médias de consumo de ração durante os três dias de coleta de excreta, do
nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de retenção de
nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, e a média do
nível sérico de ácido úrico dos frangos aos 45 dias de idade..................... 74
7. Médias do peso vivo, peso e rendimento de carcaça e partes nobres
(peito, coxa e sobrecoxa) dos frangos aos 45 dias de idade, em função
dos tratamentos………………………………………………………… 77
8. Médias do peso do fígado, moela, coração, gordura celomática e relação
fígado/carcaça, moela/carcaça, coração/carcaça e gordura
celomática/carcaça dos frangos de corte abatidos aos 45 dias de idade..... 80
xiii
LISTA DE TABELAS
Capítulo 4 - Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para
poedeiras semipesadas
Página
1. Composição percentual e nutricional das dietas para poedeiras
semipesadas em fase de postura................................................................. 92
2. Efeito dos tratamentos sobre o peso final, consumo de ração,
produção de ovos, peso do ovo, massa do ovo, conversão por massa e
por dúzia de ovos produzidos pelas poedeiras semipesadas em
postura........................ 96
3. Efeito dos tratamentos sobre a gravidade específica, porcentagem de
casca, gema e albúmen e as Unidades Haugh dos ovos de poedeiras
semipesadas................................................................................................ 98
4. Médias do nitrogênio consumido, nitrogênio excretado, nitrogênio
retido, eficiência de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico
das poedeiras semipesadas......................................................................... 100
xiv
LISTA DE TABELAS
Capítulo 5 - Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados com redução
protéica em dietas para poedeiras leves
Página
1. Composição percentual e nutricional das dietas para poedeiras leves em
fase de postura............................................................................................ 115
2. Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, produção de
ovos, peso do ovo, massa do ovo, conversão por massa e por dúzia de
ovos produzidos pelas poedeiras leves em
postura............................................. 119
3. Efeito dos tratamentos sobre a gravidade específica, porcentagem de
casca, gema e albúmen dos ovos de poedeiras leves............................... 121
4. Médias do nitrogênio consumido, nitrogênio excretado, nitrogênio
retido, eficiência de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico
das poedeiras leves..................................................................................... 123
5. Efeito dos tratamentos sobre o peso final, peso da carcaça, peso da
gordura celomática, peso do fígado, relação gordura celomática/carcaça
e fígado/carcaça das poedeiras leves em produção.................................... 127
xv
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 2 - Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para
frangos de corte
Página
1. Consumo de ração e ganho de peso de frangos de 1 a 45 dias de idade.... 38
2. Consumo de ração, nitrogênio consumido, excretado, retido, eficiência
de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico dos frangos de
corte............................................................................................................ 43
3. Peso vivo, rendimento de carcaça e sobrecoxa de frangos abatidos aos
45 dias de idade.......................................................................................... 46
4. Peso de fígado, gordura celomática e relação gordura
celomática:carcaça de frangos abatidos aos 45 dias de idade.................... 48
5. Fotomicrografias representativas de fígados de frangos em diferentes
tratamentos com adição de ácido glutâmico na dieta. A) Tratamento
controle; B) Tratamento com suplementação de glutamato com mesmo
teor do controle; C) Tratamento com suplementação de 2% de
glutamato excedente ao controle. Coloração de hematoxilina-eosina.
Barra: 300 micrômetros.............................................................................. 49
xvi
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 3 - Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados em dietas
com redução protéica para frangos de corte
Página
1. Consumo de ração e ganho de peso de frangos de 1 a 42 dias de idade.... 73
2. Consumo de ração, nitrogênio consumido, excretado, retido,
eficiência de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico dos
frangos de
corte............................................................................................................ 76
3. Peso vivo, peso de carcaça, peso de peito e rendimento de sobrecoxa de
frangos abatidos aos 42 dias de idade........................................................ 79
xvii
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 4 - Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para
poedeiras semipesadas
Página
1. Produção de ovos, peso de ovo e conversão por dúzia de ovos de
poedeiras semipesadas............................................................................... 97
2. Nitrogênio consumido, retido e nível sérico de ácido úrico de
poedeiras
semipesadas................................................................................................ 102
3. Fotomicrografias de magno de poedeiras semipesadas sob diferentes
dietas (T1 - 17% PB; T2 - 15,5% PB; T3 - 14% PB; T4 - 15,17% PB +
2,982% glutamato; T5 - 15,74% PB + 3,982% glutamato; T6 - 16,32%
PB + 4,982% glutamato.). A) fotomicrografia representando os magnos
dos animais dos tratamentos 1, 2 e 3. B) fotomicrografia representando
os magnos dos animais dos tratamentos 4, 5 e 6. Coloração de
hematoxilina-eosina. Barra: 1 mm............................................................. 103
4. Fotomicrografias do intestino de poedeiras semipesadas sob diferentes
dietas (T1 - 17% PB, T2 - 15,5% PB, T3 - 14% PB, T4 - 15,17% PB +
2,982% glutamato, T5 - 15,74% PB + 3,982% glutamato, T6 - 16,32%
PB + 4,982% glutamato). A) fotomicrografia representando as
vilosidades intestinais dos animais dos tratamentos 1, 2 e 3. B)
fotomicrografia representando as vilosidades intestinais dos animais dos
tratamentos 4, 5 e 6. Coloração de periodic acid Schiff. Barra: 100 µm... 104
xviii
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 5 - Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados com redução
protéica em dietas para poedeiras leves
Página
1. Nitrogênio consumido, excretado, eficiência de retenção de nitrogênio e
nível sérico de ácido úrico de poedeiras leves........................................... 126
2. Peso de carcaça e de gordura celomática em poedeiras leves.................... 129
3. Fotomicrografia representativa do fígado encontrado em todos os
tratamentos. Coloração de periodic acid Schiff (PAS). Barra: 200µm...... 130
4. Fotomicrografias de intestino de poedeiras leves sob diferentes
tratamentos com redução de proteína e suplementação com ácido
glutâmico. A) Tratamento 1; B) Tratamento 2; C) Tratamento 3; D)
Tratamento 4; E) Tratamento 5; F) Tratamento 6. Coloração de PAS.
Barra: 200µm............................................................................................. 131
5. Fotomicrografias de magno de poedeiras leves sob diferentes
tratamentos com redução de proteína e suplementação com ácido
glutâmico. A) Tratamento 1. B) Tratamento 2. C) Tratamento 3. D)
Tratamento 4. E) Tratamento 5. F) Tratamento 6. Coloração de PAS.
Barra: 1mm................................................................................................. 133
6. Fotomicrografias de magno de poedeiras leves sob diferentes
tratamentos com redução de proteína e suplementação com ácido
glutâmico. A) Tratamento 1. B) Tratamento 2. C) Tratamento 3. D)
Tratamento 4. E) Tratamento 5. F) Tratamento 6. Coloração de
hematoxilina-eosina. Barra: 400µm........................................................... 133
xix
7. Fotomicrografias de úteros de poedeiras leves sob diferentes
tratamentos com redução de proteína e suplementação com ácido
glutâmico. A) Tratamento 1. B) Tratamento 2. C) Tratamento 3. D)
Tratamento 4. E) Tratamento 5. F) Tratamento 6. Coloração de periodic
acid Schiff (PAS). Barra: 1mm.................................................................. 135
DIETAS COM REDUÇÃO PROTÉICA SUPLEMENTADAS COM ÁCIDO
GLUTÂMICO PARA FRANGOS DE CORTE E POEDEIRAS COMERCIAIS
RESUMO GERAL
Durante muitos anos, as dietas para aves foram formuladas com base na proteína
bruta, e isso resultava em dietas com um conteúdo de aminoácidos superiores ou em
desequilíbrio em relação ao exigido pelos animais. Com a redução dos custos dos
aminoácidos sintéticos e, portanto, após sua viabilidade econômica, as dietas puderam
ser formuladas com base em aminoácidos essenciais, com um menor nível protéico, e
com aminoácidos mais próximos às necessidades das aves. Contudo, a redução protéica
de forma inadequada pode provocar um desbalanceamento de aminoácidos não
essenciais induzindo a uma redução do crescimento animal, podendo comprometer a
deposição de tecido magro e, conseqüentemente, direcionar calorias para o tecido
adiposo. A presente tese foi realizada com o objetivo de avaliar os efeitos da
suplementação de ácido glutâmico em dietas com redução protéica, suplementadas com
aminoácidos essenciais para frangos de corte e poedeiras comerciais. Dessa forma,
quatro experimentos foram conduzidos, utilizando dietas à base de milho e farelo de
soja. No primeiro estudo, foram avaliados o efeito da redução protéica e suplementação
de L-glutamato em rações para frangos de corte. Verificou-se que a ração controle e com
redução de 1,8% da PB apresentou as maiores médias de ganho de peso em relação aos demais
tratamentos. No balanço de nitrogênio, a ração controle, com redução protéica e as duas
primeiras rações suplementadas com glutamato promoveram as menores médias de nitrogênio
excretado, em relação ao tratamento com maior suplementação de glutamato. A ração com 2%
de glutamato excedente ao controle apresentou o maior rendimento de carcaça em relação aos
xx
tratamentos controle, com redução de 1,8% de PB e suplementado com o mesmo teor de
glutamato controle. Os menores pesos de gordura ocorreram no controle e com suplementação
de glutamato. Dessa forma, recomendando-se o tratamento com 2% de glutamato excedente ao
controle. No segundo estudo, avaliou-se o efeito da suplementação seqüencial dos
aminoácidos limitantes com redução protéica, e L-glutamato para frangos de corte.
Verificou-se que o melhor resultado de desempenho de 1 a 42 dias de idade, ocorreu
com a ração controle em relação à ração com redução PB + arginina. Sendo que, os
menores valores de nitrogênio excretado foram dos tratamentos com 19,16% de PB +
isoleucina e com 17,85% de PB + arginina em relação aos demais tratamentos. Para
peso vivo, peso de carcaça e peso de peito, observa-se que o tratamento controle
apresentou maiores médias em relação ao tratamento com 16,77% de PB + arginina.
Desta forma, recomenda-se a controle que apresentou o menor teor de ácido úrico no
sangue e os melhores resultados de ganho de peso, peso vivo, peso de carcaça e peso de
peito para os frangos de corte de 1 a 42 dias de idade em relação à ração com redução
de PB + arginina. No terceiro estudo, foram avaliados o efeito da redução protéica e a
suplementação de L-glutamato em rações para poedeiras semipesadas em produção.
Verificou-se que os melhores resultados de desempenho ocorreram com 15,17% PB +
2,982% de glutamato. Histologicamente foram observados efeitos positivos no intestino
e magno nos tratamentos com suplementação de glutamato. Dessa forma, os melhores
resultados para poedeiras semipesadas na fase de produção ocorreram com 15,17% PB
+ 2,982% de glutamato. No quarto estudo, foram avaliados o efeito da suplementação
seqüencial dos aminoácidos limitantes com redução protéica e L-glutamato para
poedeiras leves em produção. Verificou-se que a redução protéica e a suplementação de
L-glutamato não afetaram as variáveis de desempenho e qualidade de ovo, mostrando
que a redução protéica é eficaz, pois promoveu as mesmas condições de desempenho e
qualidade de ovo que a dieta controle. Histologicamente foram observadas alterações
morfológicas no intestino, magno e útero das poedeiras leves. Dessa forma, a ração com
14,87% PB + DL-Metionina + L- Isoleucina + L-Lisina + L- Valina, L- Triptofano
promoveu os melhores condições para as poedeiras leves na fase de produção.
Palavras-chaves: ácido úrico, aminoácido não essencial, exigência nutricional,
excreção, formulação de ração, nitrogênio
xxi
PROTEIN DIETS WITH REDUCTION FOR SUPPLEMENTED WITH ACID
GLUTAMIC BROILER AND COMMERCIAL LAYERS
ABSTRACT
For many years, the poultry diets were formulated based on protein, and this
resulted in diets with a higher content of amino acids or imbalance in relation to that
required by the animals. With the reduced cost of synthetic amino acids and, therefore,
after its economic viability, diets could be formulated on the basis of essential amino
acids, with a lower protein level, and amino acids closer to the needs of the birds.
However, the reduction in protein improperly can cause an imbalance of essential amino
acids leading to a reduction in animal growth, which could compromise the deposition
of lean tissue and consequently direct calories for fat. This thesis was carried out to
evaluate the effects of glutamic acid supplementation in reducing protein diets
supplemented with essential amino acids for broilers and laying hens. Thus, four
experiments were conducted using diets based on corn and soybean meal. In the first
study, we evaluated the effect of reducing protein and supplementation of L-glutamate
in diets for broilers. It was found that the control diet and decreased 1.8% CP had the
highest mean weight gain compared to other treatments. In nitrogen balance, the control
diet with reduced protein and the first two diets supplemented with glutamate promoted
the lowest averages of nitrogen excreted, compared to treatment with higher glutamate
supplementation. The ration of 2% over the control of glutamate had the highest carcass
yield compared to control treatment, a reduction of 1.8% CP and supplemented with the
same level of glutamate control. The lower weight of fat occurred in control and
glutamate supplementation. Thus, recommending treatment with 2% excess of
glutamate to control. In the second study, we evaluated the effect of supplementation
with limiting amino acid sequence of the protein reduction, and L-glutamate for
xxii
broilers. It was found that the best result of performance of 1 to 42 days of age occurred
in the control diet compared to the diet with reduced CP + arginine. Since, the lowest
values were excreted nitrogen treatments with 19.16% CP + isoleucine and 17.85% CP
+ arginine compared to other treatments. To live weight, carcass weight and breast
weight, it is observed that the control treatment had higher averages in relation to
treatment with 16.77% CP + arginine. Thus, it is recommended that the control had the
lowest levels of uric acid in the blood and the best results in weight gain, live weight,
carcass weight and breast weight for broilers from 1 to 42 days of age the diet with
reduced CP + arginine. In the third study, we evaluated the effect of reducing protein
and supplementation of L-glutamate in diets for laying hens in production. It was found
that the best performance occurred 15.17% CP + 2.982% glutamate. Histologically
positive effects were observed in the intestine and magnum in treatments supplemented
with glutamate. Thus, the best results for laying hens in production occurred with
15.17% CP + 2.982% glutamate. In the fourth study, we evaluated the effect of
supplementation with sequential reduction of the limiting amino acids and protein L-
glutamate for laying hens in production. It was found that reducing protein and
supplementation of L-glutamate did not affect the variables of performance and egg
quality, showing that reducing protein is effective because it promoted the same
conditions of performance and egg quality than the control diet. Histologically
morphological changes were observed in the intestine, uterus and magnum of laying
hens. Thus, diet with 14.87% CP + DL-Methionine + L-Isoleucine + L-Lysine + L-
Valine + L-Tryptophan promoted better conditions for hens in production.
Keywords: uric acid, nonessential amino acid, nutritional requirement, excretion, diet
formulation, nitrogen
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A proteína é um dos nutrientes mais importantes na formulação das rações, além
de apresentar várias funções vitais para o organismo ela também influencia no
desempenho das aves, e na qualidade dos produtos (carne e ovos). Dessa forma, o nível
protéico das rações deve fornecer uma quantidade ideal de proteína para atender às
exigências em aminoácidos que as aves necessitam, considerando as fases de criação e
se estas são destinadas para corte ou postura (leve ou semipesada).
Antigamente as rações para aves eram formuladas com base na proteína bruta,
gerando um excesso de nitrogênio excretado e um gasto energético desnecessário ao
desenvolvimento animal, podendo ocasionar uma redução no apetite e
conseqüentemente no ganho de peso, sendo desfavorável ao produtor. Contudo, hoje
sabemos que a exigência de proteína das aves é na realidade exigência de aminoácidos.
Com esta informação e com o desenvolvimento das indústrias de aminoácidos
sintéticos, as rações passaram a ser formuladas com base em aminoácidos essenciais e
desta forma, o nível de proteína bruta foram reduzidos.
Muitos trabalhos ainda buscam saber quanto de proteína bruta pode ser reduzida
sem prejudicar o desempenho dos animais, visto que, com a redução protéica, ocorre
também à redução dos compostos nitrogenados para formação de aminoácidos não
essenciais, levando a uma situação, onde os aminoácidos não essenciais escassos no
organismo serão sintetizados a partir dos aminoácidos essenciais oriundos da ração
fornecida ao animal.
Os aminoácidos são divididos em essenciais e não essenciais. Os primeiros não
são sintetizados em quantidades suficientes ao atendimento das exigências dos animais,
sendo necessário o seu fornecimento na dieta, enquanto que, os não essenciais são
sintetizados no organismo das aves a partir de precursores nitrogenados, e desta forma,
não apresentam a necessidade de ser fornecido na dieta. No entanto, são tão essenciais
ao bom funcionamento do organismo quanto os aminoácidos essenciais.
2
O L-Glutamato é uma fonte sintética de aminoácido não essencial que apresenta
grandes funções no sistema imune e no metabolismo do nitrogênio, exerce um papel
chave na transaminação (transferência do grupo amino para o α-cetoglutarato) e
desaminação (liberação do grupo amino como amônia livre) de aminoácidos. Este
aminoácido também é considerado por vários autores como uma fonte eficiente de
nitrogênio não específico, capaz de melhorar o desempenho, diminuir a incidência de
problemas de pernas, e espera-se que influencie melhorando a qualidade de carne e ovos
nas aves.
Sabendo disto, no primeiro capítulo deste trabalho serão abordados assuntos como
o uso da redução protéica na ração, a importância da suplementação dos aminoácidos
não essenciais em rações com redução protéica, o uso do glutamato como fonte de
aminoácido não essencial na dieta e as interações entre o glutamato e o sistema imune
das aves.
O segundo capítulo apresenta um experimento para avaliar o efeito da redução
protéica e suplementação de L-Glutamato em rações para frangos de corte de 1 a 45 dias
de idade sobre o desempenho, qualidade de carcaça, balanço de nitrogênio, teor de ácido
úrico no soro e análise histológica do fígado e duodeno.
O terceiro capítulo apresenta um experimento para avaliar o efeito da
suplementação seqüencial dos aminoácidos limitantes com redução protéica e L-
Glutamato para frangos de corte de 1 a 42 dias de idade sobre o desempenho, qualidade
de carcaça, balanço de nitrogênio, teor de ácido úrico no soro e análise histológica do
fígado e duodeno.
O quarto capítulo apresenta um experimento para avaliar o efeito da redução
protéica e a suplementação de L-glutamato em rações para poedeiras semipesadas sobre
o desempenho, qualidade de ovos, balanço de nitrogênio, teor de ácido úrico no soro e
análise histológica do fígado e duodeno.
O quinto capítulo apresenta um experimento para avaliar o efeito da
suplementação seqüencial dos aminoácidos limitantes com redução protéica e L-
Glutamato para poedeiras leves sobre o desempenho, qualidade de ovos, balanço de
nitrogênio, teor de ácido úrico no soro e análise histológica do fígado e duodeno.
3
CAPÍTULO 1
Referencial Teórico
Dietas com Redução Protéica Suplementadas com Ácido Glutâmico
para Frangos de Corte e Poedeiras Comerciais
4
Dietas com Redução Protéica Suplementadas com Ácido Glutâmico para Frangos
de Corte e Poedeiras Comerciais
INTRODUÇÃO
A indústria avícola tem apresentado um progresso contínuo, fruto da contribuição
científica e tecnológica das áreas de nutrição e de melhoramento genético. Entretanto,
para que o máximo potencial genético de frangos de corte e poedeiras comerciais seja
alcançado, a constante atualização das exigências nutricionais, dos valores de
composição química dos alimentos e dos programas de alimentação empregados é de
extrema importância (Rostagno et al., 2002).
Nesse contexto, as proteínas ganham ênfase por serem nutrientes essenciais para
as aves, elas estão relacionadas aos processos vitais do organismo, tais como a formação
de tecidos, de enzimas e de hormônios, entre outros (Leeson; Summers, 2001). Em
segundo plano, serão usadas como fonte de energia, onde o esqueleto carbônico dos
aminoácidos será encaminhado para o ciclo do ácido cítrico e grupo amino eliminado na
forma de uréia ou ácido úrico (Nelson; Cox, 2005).
Antigamente, as dietas das aves eram formuladas com base em proteína bruta, o
que poderia resultar em grandes perdas, tanto energéticas quanto econômicas,
principalmente quando ocorria desbalanceamento entre aminoácidos. Atualmente,
recomenda-se formular dietas com aminoácidos na proporção ideal, de modo que não
existam deficiências ou excessos (Campestrini et al., 2008). Visto que, as aves não têm
requerimentos nutricionais para proteína bruta, e sim para cada um dos aminoácidos
essenciais constituintes das proteínas e uma quantidade de nitrogênio suficiente para a
biossíntese de aminoácidos não essenciais (Costa; Goulart, 2010).
Dessa forma, a redução protéica vem sendo cada dia mais utilizada pelos
pesquisadores, além de ser vista como uma das vias de possível melhoria dos custos de
produção. O nível de proteína bruta da ração passou a ser definido como o nível ótimo
para responder as necessidades das aves em aminoácidos, considerando o custo dos
ingredientes usados na formulação e o valor das carnes produzidas (Sabino et al., 2004).
5
Sendo assim, várias pesquisas apontam a redução protéica, com suplementação de
aminoácidos essenciais na dieta, como uma ferramenta para melhorar o desempenho e
reduzir a excreção de nitrogênio para o ambiente, desde que esta redução não
comprometa o fornecimento de nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais.
Alguns estudos demonstram que a suplementação de aminoácidos não essenciais na
dieta também é utilizada como recurso para melhorar o desempenho das aves, evitando
que aminoácidos essenciais sejam utilizados para sua síntese, aumentando, assim, a
síntese protéica (Costa; Goulart, 2010) e provocando redução do crescimento, podendo
comprometer a deposição de tecido magro e, conseqüentemente, direcionar calorias para
o tecido adiposo (Dahiya et al., 2005).
Um exemplo típico de gasto de aminoácidos essenciais é o caso da metionina. A
cisteína (não essencial) pode ser substituída totalmente pela metionina, no entanto, esta
reação é irreversível (Bertechini, 2004). Portanto, a restrição de cisteína na dieta deve
ser compensada por um aumento na ingestão de metionina (Motta, 2003).
Dentre os aminoácidos não essenciais, o que apresenta grande potencial para ser
utilizado sinteticamente em dietas para frangos de corte está o ácido glutâmico. Este
aminoácido não essencial é importante para a manutenção da mucosa intestinal, por ser
fonte de energia para o turnover da mucosa, por intermédio do ATP produzido a partir
do ciclo de Krebs; é fonte de nitrogênio para a síntese de outros aminoácidos e
compostos nitrogenados; e precursor da glutationa (Berres et al, 2010). A glutationa é
um tripeptídeo composto por ácido glutâmico, glutamina e glicina que atua na matriz
mitocondrial e citosol como um antioxidante para a proteção de células contra o estresse
oxidativo causado por peróxidos (Cawthon et al., 1999; Wang et al., 1997).
O ácido L-glutâmico também é considerado uma fonte eficiente de nitrogênio não
específico capaz de promover o desenvolvimento e o crescimento, melhorar o
desempenho, diminuir a incidência de problemas de pernas e a mortalidade em aves de
corte (Silva et al., 2001a).
Assumindo que os aminoácidos não essenciais podem estar sendo um fator
limitante em dietas com baixo teor de proteína bruta, objetivou-se com este trabalho
abordar os aspectos da redução protéica e a importância do uso do aminoácido não
essencial em dietas com redução protéica, a importância do uso do L-Glutamato como
fonte de nitrogênio não específico e sua participação no sistema imune dos animais.
6
REVISÃO DE LITERATURA
Redução protéica
A proteína da ração é um dos nutrientes mais importantes da produção de aves
de corte, que tem por objetivo a eficiente conversão em proteína muscular (Costa et al.,
2001), e os aminoácidos digestíveis estando em quantidades ideais na ração, promovem
aumento na eficiência da utilização protéica e maximização do uso dos aminoácidos
digestíveis para síntese de proteína, minimizando o seu uso como fonte de energia
(Pinto et al., 2003) e diminuindo a contaminação ambiental pela quantidade de fósforo e
nitrogênio excretado (Prezzi et al., 2006).
Um animal adulto ingerindo uma dieta adequada e balanceada esta geralmente
em balanço nitrogenado equilibrado, ou seja, a quantidade de nitrogênio ingerida
diariamente é igual à quantidade excretada. Em estado de jejum observa-se o balanço
nitrogenado negativo, onde mais nitrogênio é excretado do que ingerido. E em estado de
crescimento animal verifica-se o balanço nitrogenado positivo, onde mais nitrogênio é
ingerido do que excretado. Desta forma, a ingestão de dietas com redução protéica,
dependendo da qualidade da proteína e do nível de energia consumido, promove uma
redução do nitrogênio urinário. Após cinco dias de balanço nitrogenado negativo, o
organismo não consegue adaptar-se e a deficiência protéica é acompanhada de edema,
perda da massa muscular, fígado gorduroso, dermatose, diminuição da resposta imune e
debilidade geral (Angeles; Tirapegui, 2007).
Em casos extremos de deficiência protéica, desnutrição protéica ou em estados
catabólicos, o organismo recorre a mecanismos adaptativos, os quais são regulados pela
presença de nutrientes ou de hormônios, tanto anabólicos quanto catabólicos, com a
finalidade de preservar a massa protéica. Quando esse processo é muito intenso,
ocorrem alterações bioquímicas, fisiológicas e morfológicas (Angeles; Tirapegui, 2007).
Aftab et al. (2006) apontam algumas prováveis causas para a redução do
desempenho com dietas de baixa proteína: mudanças nas concentrações de potássio e
balanço eletrolítico da dieta; insuficiência de nitrogênio não específico para a síntese de
aminoácidos não essenciais; tendência dos frangos em reduzirem o consumo voluntário
em dietas com baixa proteína; relação aminoácido essencial e aminoácido não essencial
7
alterada; insuficiente síntese de aminoácido não essencial; baixa eficiência da utilização
de aminoácidos de uma fonte livre vs. da proteína dietética intacta, para a deposição de
proteína corporal; deficiência de alguns aminoácidos essenciais; relação entre a energia
metabolizável e a energia liquida da dieta de baixa proteína vs. dieta de alta proteína.
A adequação das dietas às exigências dos animais é muito difícil de ser realizada
sem que ocorra a administração excessiva de alguns nutrientes. Sendo comum a
suplementação excessiva de alguns aminoácidos quando estes não são suplementados
de forma individual, ou seja, em dietas com elevada proteína na ração. Excedendo
assim, os níveis considerados suficientes para maximizar respostas de desempenho
zootécnico, imunidade e rendimentos pós abate. Neste contexto, a redução protéica das
dietas ganha ênfase, e relações mais precisas entre os aminoácidos passam a ser
requeridas (Berres et al, 2010). Dentre as diversas vantagens da redução do teor
protéico, destaca-se a redução de excessos de aminoácidos, aproximando as dietas do
perfil ideal, além de reduzir a excreção de nitrogênio para o ambiente e o incremento
calórico das dietas, o que é bem visto em situações de estresse por calor (Suida, 2001).
Antigamente se afirmava que níveis menores de proteína dietética poderiam ser
empregados sem comprometer o desempenho das aves, desde que fossem apenas
atendidas as exigências dos três primeiros aminoácidos limitantes em frangos de corte
(Metionina, Lisina e Treonina). Nesse sentido, Berres et al. (2010) avaliaram estudos
com rações de baixo teor protéico visando à necessidade de também serem atendidas as
exigências dos aminoácidos limitantes e não essenciais como (valina, isoleucina, glicina
e ácido glutâmico), a fim de evitar quedas no desempenho dos animais.
Em dietas com alto ou normal teor de proteína, os aminoácidos não essenciais
(AANE) podem ser sintetizados a partir dos aminoácidos essenciais (AAE) em excesso
(Aftab et al., 2006). Contudo, com a redução do teor da proteína acima de três a quatro
pontos percentuais, o AANE ou nitrogênio para que estes possam ser sintetizados pelas
aves é limitado, e mesmo atendendo as exigências de todos os aminoácidos essenciais
ainda resultam em pior crescimento (Dean et al., 2006; Payne, 2007) e composição de
carcaça em frangos de corte na fase crescimento (Bregendahl et al., 2002). Dessa forma,
a suplementação de AANE, atendendo o correto balanço entre AAE e AANE nas aves,
proporciona maior eficiência do animal na utilização da proteína presente na dieta.
8
Importância da suplementação de aminoácidos não essenciais
A síntese dos aminoácidos não essenciais ocorre a partir da amônia e de
substâncias ternárias, ou então edificando um aminoácido as expensas de outro. No
último caso, é comum a mobilização de um aminoácido essencial para a síntese do não
essencial. Isto ocorre principalmente quando há um desequilíbrio destes aminoácidos na
ração, pois o termo aminoácido não essencial não significa que o mesmo seja
dispensável ao desenvolvimento animal (Andriguetto, 2002). Contudo, para que ocorra
a síntese protéica, todos os aminoácidos componentes desta devem estar presentes a
nível celular, no local da síntese, e em correta proporção relativa (Moreira et al., 2004).
Os aminoácidos essenciais devem ser fornecidos a dieta por causa da incapacidade
do animal em sintetizar estes em quantidades adequadas, devido à ausência da síntese
dos α-cetoácidos apropriados para transaminação (Reece, 2006). Os aminoácidos não
essenciais são sintetizados a partir de α-cetoácidos precursores, pela transferência de um
grupo amino pré-existente de outro aminoácido pelas aminotransferases, também
chamada transaminases (Devlin, 2011).
Os aminoácidos não essenciais são chamados dessa forma por não terem que
necessariamente ser fornecidos na dieta. No entanto, são tão necessários ao bom
funcionamento do organismo animal quanto os aminoácidos essenciais, e em caso de
deficiência dos não essenciais, aminoácidos essenciais serão utilizados para a sua
síntese (Costa; Goulart, 2010), principalmente quando os níveis protéicos são muito
baixos. Desta maneira é necessária a suplementação de uma fonte de aminoácidos não
essencial na ração, que economizaria os aminoácidos essenciais da dieta (Bertechini,
2004).
Berres et al. (2010), afirmaram que a semelhança no desempenho e qualidade de
carcaça de frangos alimentados com dietas com proteína reduzida e dietas controle pode
ser atribuído a insuficiência de nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais,
especialmente glicina, serina, prolina e ácido glutâmico. É possível que isto ocorra
devido a um decréscimo do nível de potássio, desbalanço entre aminoácidos ou
alteração no balanço iônico. Além disso, a redução elevada da proteína promove o
desequilíbrio da relação aminoácido essencial e não essencial originando o
aparecimento de aminoácidos limitantes na ração.
9
Para que o animal possa sintetizar proteínas corporais, todos os aminoácidos
precisam estar presentes em quantidades adequadas a partir das dietas, desde que tenha
uma fonte de nitrogênio disponível, como ácido L-glutâmico. Silva et al. (2001b),
estudaram os efeitos de níveis de ácido L-glutâmico (5, 10 e 15 %) e vitamina D3 (0,
5.000, 10.000 e 15.000 UI) na dieta de pintos de corte de um dia. Os autores verificaram
que as proteínas (12,6% com 5% L-Glu; 17,1% com 10% L-Glu; 21,7% com 15% L-
Glu) balanceadas em relação ao glutamato, são utilizadas com maior eficiência com
10% de L-Glutamato e 15.000 UI de vitamina D3, obtendo melhora no desempenho e
redução na incidência de problemas de pernas. Confirmando que esse aminoácido é uma
boa fonte de nitrogênio não específico para maximizar o desempenho e reduzir a
incidência de problemas de pernas.
Silva et al. (2001b), verificaram que o desbalanceamento do ácido glutâmico nos
pintos alimentados com 5% de L-glutamato promovia elevada incidência de problemas
de pernas. Além disso, com 15% de L-glutamato houve decréscimo significativo no
desempenho das aves, provavelmente devido à elevada excreção de nitrogênio
fornecido pela dieta, uma vez que todo aminoácido causa toxidez quando está presente
acima da exigência do animal.
Baker e Molitoris (1974), em estudos com frangos de corte alimentados com
dietas de aminoácidos purificados, limitadas em nitrogênio não específico, observaram
que a suplementação com 3% de ácido glutâmico resultou no dobro de ganho de peso
em relação a dietas não suplementadas.
Han et al. (1992), reportaram o nitrogênio amino não específico como fator
limitante em dietas de baixa proteína, indicando a necessidade da suplementação de
aminoácidos não essenciais (glicina e ácido glutâmico) como alternativa para a melhoria
do desempenho. Estes mesmos autores verificaram que pintos entre 1 a 21 dias de idade
alimentados com dieta a base de milho e farelo de soja, com 19% de PB, suplementados
com metionina, lisina, treonina, arginina, valina e ácido glutâmico, tiveram um
desempenho equivalente aqueles alimentados com a dieta de 23% de PB. Dos 22 aos 42
dias de idade, as aves que receberam 16% de PB, suplementadas com os mesmos
aminoácidos, tiveram desempenho similar àquelas que receberam a dieta controle com
20% de PB, não havendo, inclusive, diferença no teor de gordura corporal.
10
Glutamato na dieta
A maioria do glutamato ingerido na dieta é metabolizado pelo intestino, quer para
a geração de energia ou para conversão em outros aminoácidos. No fornecimento de
redução protéica elevada ao animal, sem a suplementação de uma fonte de nitrogênio, a
capacidade do organismo para sintetizar aminoácidos pode ficar comprometida e os
aminoácidos não essenciais podem tornar-se limitantes no organismo animal (Reeds,
2000).
O ácido glutâmico atua no intestino, e seus efeitos são observados diretamente
sobre os enterócitos, células que compõem as vilosidades da mucosa intestinal,
responsáveis pela absorção de nutrientes. Os enterócitos apresentam altas taxas de
multiplicação (turnover) durante o crescimento animal e dependem deste aminoácido
como precursor para o metabolismo celular (Ajinomoto, 2007).
O ácido glutâmico e a glutamina são dois aminoácidos não essenciais que estão
estreitamente relacionados, possuem papel vital no metabolismo do nitrogênio devido
aos seus grupos amino agruparem-se com o grupo α-amino e amido (Newsholme et al.,
2003), fornecendo metade da exigência de nitrogênio para a síntese de purina e
pirimidina e também para alguns aminoácidos (Lobley et al., 2001). Contudo,
apresentam papéis funcionalmente diferentes no intestino. A extensão do metabolismo
do glutamato no lúmen do intestino delgado é superior ao do metabolismo do glutamato
arterial. No entanto, a concentração do glutamato no intestino não tem efeito
significativo sobre a utilização de glutamina intestinal (Reeds et al., 2000).
Reeds et al. (2000), estudaram o metabolismo intestinal do glutamato, glicose e
glutamina em suínos e verificaram que o maior contribuinte para a geração de energia
pelo intestino foi o glutamato da dieta. Os autores mostraram que o glutamato enteral,
glicose enteral e glutamina arterial contribuem com 36, 6 e 15%, respectivamente, da
produção de CO2 pela víscera drenada pela veia portal. Ou seja, o glutamato entérico é
um oxidante muito mais importante no ciclo de Krebs para gerar energia do que a
glicose entérica ou glutamina arterial. Este estudo fornece subsídios para entender que o
glutamato da dieta desempenha um papel importante no intestino. Além disso, estas
funções são aparentemente diferentes daquelas da glutamina arterial.
Contudo, o glutamato, especialmente o proveniente da dieta, pode facilmente
substituir a glutamina em diversos dos seus papéis metabólicos, incluindo a geração de
11
energia e a síntese de aminoácidos (Reeds et al., 2000). Dessa forma, o glutamato é
utilizado em algumas vias para a substituição da glutamina e a via comum entre esses
dois aminoácidos é a metabolização da glutamina em glutamato mais amônia pela
glutaminase. O glutamato é degradado a α-cetoglutarato via transaminação através da
enzima glutamato sintetase (Reeds; Burrin, 2001), e também pode ser transformado em
glutamina pela ação da glutamina sintetase (Maiorka et al., 2002), sendo então
considerados como substratos permutáveis na mucosa intestinal (Wu et al., 1995).
A Figura 1 mostra a atuação do glutamato e glutamina na membrana plasmática
fornecendo importantes substâncias metabólicas ao organismo animal.
Figura 1. Metabolismo da glutamina e glutamato. Importancia da glutamina e glutamato nas reações de
transaminação e desaminação de aminoácidos e como precursores de importantes substâncias
metabólicas (óxido nítrico, glutationa, uréia e GABA) (Newsholme et al., 2003).
O glutamato dietético participa como precursor específico da biossíntese de
glutationa, arginina e prolina na mucosa do intestino delgado (Reeds et al., 2000). A
glutationa é um tripeptídeo (ácido glutâmico, glutamina e glicina) que atua como um
antioxidante para a proteção de células contra o estresse oxidativo causado por
peróxidos (Cawthon et al., 1999; Wang et al., 1997). Dessa forma, o glutamato
12
desempenha um papel importante na remoção de oxidantes e na regulação da resposta
imunitária (Li et al., 2007; Wu et al., 2004).
O glutamato também é precursor da arginina e prolina. Nos mamíferos, a arginina
é sintetizada através do glutamato-5-semialdeído que é transaminado à ornitina numa
reação catalisada pela ornitina aminotransferase. A partir daí a ornitina entra no ciclo da
uréia e forma arginina. Portanto, a ornitina, precursora de citrulina, arginina e prolina é
sintetizada a partir do glutamato também (Nelson; Cox, 2005). Contudo, a enzima
carbamil fosfato sintetase é ausente nas aves. Assim a arginina não é regenerada a partir
da ornitina, como ocorre nos mamíferos. Com isso a arginina é nutricionalmente
essencial para as aves (Moreira; Scapinello, 2004).
A prolina é formada através da reação entre a carboxila gama do glutamato e o
ATP resultando num composto denominado glutamato-5-fosfato. A enzima que atua
nesta reação é a glutamil cinase. O glutamato 5 fosfato é reduzido por NADPH a
glutamato-5-semialdeído (semialdeído glutâmico) que se torna cíclico espontaneamente
formando o pirrolino-5-carboxilato, este sofre uma redução final catalizada pela
pirrolino-5-carboxilato redutase, uma enzima que requer NADPH. Esta última redução
resulta na formação da prolina (Reece, 2006).
De fato, o intestino tem grande necessidade de glutamato, tem sido verificado que
de todo o glutamato ingerido através dos alimentos, apenas 4% é transportado do
enterócito para o sangue, para ser reutilizado pelo corpo. Assim, o organismo precisa
sintetizar praticamente todo o glutamato de que necessita. Isto se aplica especialmente
para o cérebro, onde o glutamato é usado como um neurotransmissor. A barreira
hematoencefálica que controla o tipo de moléculas que entram no cérebro, não permite a
passagem do glutamato, assim o cérebro precisa produzir seu próprio glutamato a partir
da glicose e de outros aminoácidos (Reeds et al., 1997).
O glutamato também atua como neurotransmissor excitatório amplamente
distribuído pelo sistema nervoso central. O glutamato é reciclado nos neurônios e nas
células gliais (astrócitos). A célula glial transforma o glutamato em glutamina, que
então difunde novamente para o neurônio. A glutaminase mitocondrial no neurônio
produz novamente o glutamato, para reutilização. A ativação de seu receptor N-metil-D-
aspartato aumenta a sensibilidade aos estímulos de outros neurotransmissores (Motta,
2003).
13
Glutamato como nutriente para o sistema imunológico
A defesa do corpo provém de um sistema complexo de mecanismos sobrepostos e
interligados, denominado sistema imune. Uma falha deste mecanismo pode resultar em
doenças ou até na morte do animal. Para que o organismo consiga expulsar invasores
causadores de enfermidades, são necessários múltiplos sistemas de defesa que possam
interagir contra vários tipos de invasores ou destruir organismos específicos. Alguns
sistemas atuam somente na superfície do corpo (imunidade inata), outros agem
internamente combatendo os patógenos que conseguiram vencer o mecanismo de defesa
externo, e aprendendo a reconhecê-los quando encontrá-los novamente (imunidade
adquirida) (Tizard, 2002).
Os nutrientes têm um papel direto na imunologia por servirem de substrato e
cofatores enzimáticos para multiplicação celular durante a resposta imune (fagócitos,
linfócitos) e para a síntese de moléculas efetoras (anticorpos, óxido nítrico, lisozimas)
ou moléculas de comunicação (citocinas, mediadores inflamatórios). Eles também
podem ter um efeito indireto na resposta imune ao modificarem as vias de comunicação
intra e extra celulares (citocinas) ou limitar efeitos indesejáveis de moléculas efetoras.
Por fim, o sistema imune é regulado por muitos hormônios, muitos dos quais respondem
a nutrientes como glicose, relação proteína/energia, aminoácidos, entre outros (Genton;
Kudsk, 2003; Klasing et al., 1980).
Dessa forma, a alta produtividade observada na exploração animal depende,
dentre outros fatores, da obtenção adequada de nutrientes pelo organismo. Para tanto,
dietas específicas para cada fase da vida, linhagem e diferentes climas têm sido
exaustivamente pesquisados e utilizados. Entretanto, para que estas dietas sejam
devidamente digeridas e absorvidas, a mucosa intestinal deve apresentar características
estruturais morfo-fisiológicas adequadas. Os processos de absorção são dependentes de
mecanismos de transporte que ocorrem na membrana das células epiteliais da mucosa,
sendo dessa forma, a integridade destas de vital importância, já que é a via de entrada
dos nutrientes para o desenvolvimento do animal (Maiorka et al., 2000).
Portanto, é sempre bom suplementar com alguns nutrientes que podem influenciar
de forma positiva a capacidade de absorção da mucosa intestinal, pois modificam sua
estrutura e metabolismo, resultando em melhora da capacidade de digestão e absorção
dos nutrientes pelas aves (Freitas et al., 2001). Essas substâncias são consideradas
14
agentes tróficos, que segundo Maiorka et al. (2002), são capazes de estimular o processo
mitótico e, como conseqüência aumentar o número de células e tamanho dos vilos.
Dentre os aminoácidos importantes para o restabelecimento do animal, está o
glutamato. Este aminoácido desempenha várias funções no metabolismo e na função de
leucócitos (Newsholme et al., 2003). O glutamato regula óxido nítrico sintase indutível
(iNOS) em tecidos específicos, tais como cérebro. A expressão de iNOS é considerado
como um mecanismo fundamental na proteção contra os parasitas, bactérias, fungos,
células malignas, protozoários intracelulares e vírus em diferentes espécies animais,
incluindo ambos os mamíferos e aves (Li et al., 2007).
O óxido nítrico (NO) é sintetizado a partir da arginina pela óxido nítrico sintetase
indutível (iNOS) sendo produzida em muitas áreas do cérebro onde sua função está
relacionada a função neurotransmissora do glutamato. Quando o glutamato é liberado de
um neurônio, liga-se a receptores, onde é disparado um fluxo de Ca2+
através da
membrana pós sináptica, estimulando a síntese de iNOS. Uma vez sintetizado, o óxido
nítrico difunde da célula de origem para a célula pré sináptica, promovendo a liberação
do glutamato. Desta forma, o NO atua como um neurotransmissor retrógado, e promove
um ciclo no qual o glutamato é liberado do neurônio pré sináptico ligando-se e
promovendo potenciais de ação no neurônio pós sináptico (Motta, 2003).
Além disso, a descarboxilação do glutamato dá origem ao γ-aminobutirato
(GABA), neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central produzido por algumas
células do tecido periférico, tais como as células β das ilhotas pancreáticas. Também
está presente em linfócitos (Tian et al., 2004) e macrófagos (Stuckey et al., 2005). O
glutamato também atua no metabolismo de leucócitos, como substratos de energia. É
considerado um neurotransmissor central e periférico do sistema nervoso, agindo sobre
os receptores ionotrópicos e metabotrópicos, que desempenham várias funções na
modulação do sistema imunitário (Newsholme et al., 2003).
Desta forma, pode-se considerar que o glutamato é um dos principais
combustíveis para os enterócitos (Wu, 1998), mantendo a integridade da barreira
intestinal e impedindo a translocação intestinal de microorganismos para a circulação
sistêmica (Van der Hulst et al., 1993).
Em estudos com suínos, Molino et al. (2012), avaliaram em um dos seus
experimentos os efeitos do uso de 0,80% de glutamina + ácido glutâmico ou não em
15
rações com diferentes níveis de lactose (0, 4 e 8%) para leitões desmamados aos 21 dias
de idade. O autor observou que a suplementação dos aminoácidos influencia de forma
positiva no ganho de peso dos leitões dos 21 aos 49 dias de idade e promoveu aumento
da altura das vilosidades em todos os três segmentos do intestino delgado (duodeno,
jejuno e íleo). Segundo o autor, o efeito da glutamina e do ácido glutâmico mostrou-se
evidente mesmo que não tenha sido induzida qualquer resposta inflamatória nos
animais.
Silva el al. (2010) estudaram o desempenho e morfometria intestinal de juvenis de
tilápia do Nilo alimentados com dietas suplementadas com L-glutamina e L-glutamato
(0, 1, 2 e 3%), durante 85 dias. O aumento nos níveis de L-glutamina e L-glutamato nas
dietas proporcionou um aumento linear sobre o ganho de peso e efeito quadrático na
altura das vilosidades intestinais da tilápia do Nilo.
16
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formulação de ração com redução protéica deve proporcionar todos os
nutrientes necessários à exigência dos animais, sem excesso ou falta, sendo assim,
formulada de acordo com o conceito de proteína ideal. De forma que seja adicionado
aminoácidos essenciais os quais os animais não sintetizam em seu organismo, quanto
também o nitrogênio necessário para formação dos não essenciais. Os aminoácidos não
essenciais são tão necessários ao bom funcionamento do organismo animal quanto os
aminoácidos essenciais, e quando reduzimos a proteína na ração estamos reduzindo
também o nitrogênio necessário para síntese dos aminoácidos não essenciais. Nesse
sentido, o ácido glutâmico atua como uma fonte de nitrogênio não específico nas rações
com redução protéica, e apresenta várias funções no organismo animal; transportador do
grupo amina, neurotransmissor, precursor em células do sistema imune, etc. Portanto,
espera-se que, a suplementação de ácido glutâmico em rações para frangos e poedeiras
comerciais atendam os requerimentos necessários de nitrogênio para proporcionar
melhorias no desempenho e qualidade de carcaça e ovos das aves, e conseqüentemente
proporcionando lucro ao produtor.
17
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22
CAPÍTULO 2
Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para
frangos de corte
23
Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para frangos de
corte
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito da redução protéica e a suplementação de L-
glutamato em rações para frangos de corte, 648 pintos de um dia da linhagem Cobb
foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado com seis tratamentos e
seis repetições de dezoito aves por unidade experimental, com duração de 45 dias,
divididos nas fases pré inicial (1-7 dias), inicial (8-21 dias), crescimento (22-35 dias) e
final (36-45 dias). O primeiro tratamento consistiu de uma ração controle formulada em
função do atendimento das exigências dos aminoácidos essenciais para cada fase de
criação. O segundo e terceiro tratamento teve uma redução de 1,8 e 3,6% da proteína
bruta em relação ao controle, respectivamente. No quarto tratamento, o L-glutamato foi
adicionado em quantidade suficiente para fornecer o mesmo teor de glutamato controle,
e nos dois últimos tratamentos, suplementou-se 1 e 2% de glutamato excedente ao
controle, respectivamente. No desempenho de 1 a 45 dias de idade, a ração controle,
com redução protéica e com suplementação de 1% de glutamato excedente ao controle,
apresentou as maiores médias de consumo de ração em relação ao tratamento com
suplementação de glutamato com o mesmo teor e 2% excedente ao controle. Para ganho
de peso, a ração controle e com redução de 1,8% da PB apresentou as maiores médias
em relação aos demais tratamentos. No balanço de nitrogênio, a ração controle, com
redução protéica e as duas primeiras rações suplementadas com glutamato promoveram
as menores médias de nitrogênio excretado, em relação ao tratamento com maior
suplementação de glutamato. Para o nível sérico de ácido úrico a menor média ocorreu
com redução de 3,6% de PB. Na qualidade de carcaça, a ração com 2% de glutamato
excedente ao controle apresentou o maior rendimento de carcaça em relação aos
tratamentos controle, com redução de 1,8% de PB e suplementado com o mesmo teor de
glutamato controle. Os menores pesos de gordura ocorreram no controle e com
suplementação de glutamato. Conclui-se que o tratamento com 2% de glutamato
excedente ao controle apresentou o melhor resultado de rendimento de carcaça em
24
relação ao controle, com redução de 1,8% de PB e com suplementação de glutamato
com o mesmo teor do controle. Com menor teor de gordura em relação aos tratamentos
com redução de 1,8 e 3,6% de PB.
Palavras-chave: aminoácido, conversão alimentar, desempenho, exigência nutricional,
nitrogênio
25
Glutamic acid supplemented diets with reduced protein for broilers
ABSTRACT
With the objective of evaluating the effect of reducing protein and
supplementation of L-glutamate in diets for broilers, 648 day-old chicks of Cobb were
distributed in a completely randomized design with six treatments and six repetitions of
eighteen birds each, lasting 45 days, divided in pre initial (1-7 days), early (8-21 days),
growth (22-35 days) and late (36-45 days). The first treatment consisted of a control diet
formulated on the basis of meeting the requirements of essential amino acids for each
phase. The second and third treatment was reduced by 1.8 and 3.6% crude protein
compared to control, respectively. In the fourth treatment, the L-glutamate was added in
sufficient quantity to provide the same level of glutamate control, and the last two
treatments, supplemented by 1 to 2% excess glutamate to control, respectively. In the
performance of 1 to 45 days of age, the control diet with reduced protein and
supplemented with 1% of the excess glutamate control, had the highest average feed
intake in relation to treatment with glutamate supplementation with the same content
and 2% over the control. For weight gain, the control diet and decreased 1.8% CP had
the highest average compared to other treatments. In nitrogen balance, the control diet
with reduced protein and the first two diets supplemented with glutamate promoted the
lowest averages of nitrogen excreted, compared to treatment with higher glutamate
supplementation. For the level of serum uric acid with the lowest average was down
3.6% CP. Carcass quality, feed with 2% excess glutamate control had the highest
carcass yield compared to control treatment, with a reduction of 1.8% CP and
supplemented with the same level of glutamate control. The lower weight of fat
occurred in control and glutamate supplementation. We conclude that treatment with
2% excess glutamate to control showed the best result of carcass yield compared to
control, with a reduction of 1.8% CP and glutamate supplementation with the same
level of control. With lower fat content compared to treatments with reductions of 1.8
and 3.6% of CP.
26
Keywords: amino acids, feed conversion, nutritional requirement, nitrogen,
performance
27
INTRODUÇÃO
A redução protéica tem sido vista como uma das vias de possível melhoria dos
custos de produção e o nível de proteína bruta (PB) da ração passou a ser definido como
o nível ótimo para responder às necessidades da ave em aminoácidos, considerando o
custo dos ingredientes usados na formulação e o valor das carnes produzidas (Sabino et
al., 2004).
Em concordância com a necessidade da redução de PB da dieta, vem sendo
utilizado pelos nutricionistas o conceito de proteína ideal, definida como o balanço
exato de aminoácidos que é capaz de prover sem excesso ou falta, os requerimentos de
todos os aminoácidos necessários para a manutenção animal e máxima deposição
protéica (Suida, 2001).
Além da redução dos custos da alimentação, os benefícios trazidos pela redução
da PB da dieta envolvem a maior eficiência de utilização da proteína e a redução da
poluição ambiental, em função da menor excreção de nitrogênio ao meio ambiente
(Hurwitz et al., 1998). De acordo com Silva et al. (2001), todo o excesso de aminoácido
que não é utilizado pelo organismo das aves para a síntese protéica, as substâncias
nitrogenadas são excretadas, havendo um desperdício de nitrogênio. Este processo
metabólico, além de caro para o organismo, que passa a sintetizar mais ácido úrico com
gasto de energia e de aminoácidos, como glicina e serina, eleva o risco de contaminação
ambiental, com graves conseqüências em regiões onde a densidade de criação das aves é
alta.
Contudo, a redução dos níveis de PB das dietas de frangos de corte tem que ser
avaliada com cautela, pois reduções acima de 3% podem causar reduções na taxa de
crescimento e na eficiência alimentar, comparadas aquelas obtidas por aves submetidas
a dietas com alta PB (Dean et al., 2006; Payne, 2007), e mesmo com o atendimento das
exigências conhecidas dos aminoácidos essenciais (AAE) através da suplementação
com aminoácidos industriais. Nesse sentido, Pesti (2009) afirma que para obter a
otimização do ganho de peso e conversão alimentar não basta suplementar as dietas de
baixa proteína com AAE, e sim garantir também o balanço entre AAE e a PB ou o
somatório de AAE e aminoácidos não essenciais (AANE).
28
Desta forma, em função da tendência cada vez maior da suplementação com
aminoácidos industriais e redução da PB, faz-se necessário avaliar o fornecimento de
fontes de nitrogênio não específico nas dietas para aves. E o ácido glutâmico é
considerado por vários autores uma fonte eficiente de nitrogênio não específico, capaz
de promover o desenvolvimento e o crescimento, melhorar o desempenho e reduzir a
mortalidade em aves de corte (Silva et al., 2001).
Contudo, ainda são poucos os trabalhos que avaliam a eficiência do glutamato
como fonte de nitrogênio não específico em dietas com redução protéica para frangos de
corte, sendo necessário o desenvolvimento de mais pesquisas nessa área. Dessa forma,
objetivou-se avaliar o efeito da redução protéica e suplementação de L-glutamato em
rações para frangos de corte de 1 a 45 dias de idade.
MATERIAL E MÉTODOS
Local e duração do experimento
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de
Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus
II, no município de Areia, na região Norte do Estado da Paraíba, a 6º57’48’’ de latitude
sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com altitude de 618 m acima do nível do mar.
O experimento foi conduzido no período de 19/08 a 03/10/2011, totalizando 45
dias, divididos nas fases pré-inicial (1-7 dias), inicial (8-21 dias), crescimento (22-35
dias) e final (36-45 dias).
Instalações e equipamentos
Nas duas primeiras fases (1-21 dias de idade), os pintos foram alojados em
baterias metálicas tipo “Brasília”, com piso de tela e bandejas coletoras de excreta,
contendo comedouros e bebedouros tipo calha. O aquecimento dos pintos foi realizado
através de um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela, que
eram acionadas conforme a necessidade, tendo como base a temperatura observada no
termômetro digital e no comportamento das aves.
29
De 22 a 45 dias de idade, os pintos foram alojados em boxes de 1,40 x 1,80 m,
com piso de cimento coberto com cama de bagaço de cana-de-açúcar, com comedouros
tubulares e bebedouros pendulares. Durante o período experimental, as aves receberam
água e ração à vontade, e o programa de luz adotado foi contínuo (24 horas de luz =
natural + artificial).
Animais, delineamento e dietas experimentais
Foram utilizados 648 pintos machos de um dia da linhagem de corte Cobb,
distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis
repetições de dezoito aves por unidade experimental. A média do peso inicial dos pintos
foi de 49,7 ± 0,05g.
O primeiro tratamento foi constituído de uma ração controle, à base de milho e
farelo de soja, suplementada com L-lisina, DL-metionina e L-treonina, formulada para
atender as exigências nutricionais das aves para cada uma das fases da criação, com os
níveis de todos os aminoácidos essenciais alcançando ou excedendo ligeiramente as
recomendações de Rostagno et al. (2005). O segundo tratamento, constituiu-se de uma
ração com redução de 1,8% na PB em relação à ração controle, suplementada com
aminoácidos industriais de forma a atender as exigências nutricionais das aves em
aminoácidos essenciais para cada fase de criação. No terceiro tratamento, a PB da ração
foi reduzida em 3,6% da PB em relação à ração controle, e da mesma forma,
aminoácidos industriais foram utilizados para garantir os requerimentos mínimos dos
aminoácidos essenciais.
Com a redução da proteína bruta no segundo e terceiro tratamentos, alguns
aminoácidos essenciais e não essenciais também foram reduzidos. Desta forma, os
tratamentos seguintes foram suplementados com ácido glutâmico com o objetivo de
servir como fonte de nitrogênio não específico na dieta. No quarto tratamento, o L-
glutamato entrou em quantidade suficiente para fornecer o mesmo teor de glutamato da
ração controle, e no quinto e sexto tratamentos as quantidades de L-glutamato forneceu
um excedente de 1 e 2% de glutamato em relação à ração controle, respectivamente.
As rações experimentais para cada uma das fases de criação dos frangos de corte
estão apresentadas nas Tabelas 1, 2, 3 e 4.
30
Tabela 1. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
pré inicial (1-7 dias de idade)
Ingredientes Controle - 1,8% PB - 3,6% PB
+ glu
controle +1% glu +2% glu
Milho 49,466 56,388 63,675 62,869 61,940 60,856
Farelo de soja 44,006 37,912 30,681 30,687 30,772 30,871
Óleo de soja 2,628 1,317 - - - 0,056
Fosfato bicálcico 1,875 1,907 1,950 1,954 1,957 1,960
Calcário 0,829 0,854 0,880 0,879 0,877 0,874
Sal 0,448 0,454 0,461 0,462 0,462 0,463
DL-Metionina 0,325 0,368 0,423 0,425 0,427 0,430
L-Lisina.HCl 0,156 0,335 0,549 0,551 0,551 0,551
L-Treonina 0,070 0,149 0,245 0,247 0,247 0,249
L-Valina - 0,093 0,207 0,210 0,211 0,213
L-Isoleucina - 0,026 0,143 0,145 0,146 0,147
L-Arginina - - 0,185 0,188 0,188 0,189
L-Glutamato - - - 0,919 1,931 2,944
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Suplementação Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Suplementação Vitamínica² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano³ 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Inerte (areia lavada) - - 0,404 0,267 0,094 -
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 2950 2950 2950 2950 2950 2950
PB (%) 23,89 22,09 20,29 20,76 21,30 21,84
Cálcio (%) 0,939 0,939 0,939 0,939 0,939 0,939
Fósforo disponível (%) 0,470 0,470 0,470 0,470 0,470 0,470
Lisina dig (%) 1,330 1,330 1,330 1,330 1,330 1,330
Met+cistina dig (%) 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944
Metionina dig (%) 0,630 0,650 0,676 0,678 0,679 0,680
Treonina dig (%) 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865
Valina dig (%) 0,998 0,998 0,998 0,998 0,998 0,998
Isoleucina dig (%) 0,937 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865
Arginina dig (%) 1,602 1,431 1,397 1,397 1,397 1,397
Triptofano dig (%) 0,286 0,254 0,215 0,215 0,215 0,215
Fenilalanina dig (%) 1,207 1,015 0,884 0,881 0,880 0,878
Histidina dig (%) 0,596 0,544 0,479 0,478 0,477 0,475
Leucina dig (%) 1,824 1,687 1,516 1,509 1,504 1,498
Glutamato (%) 4,316 3,909 3,413 4,316 5,316 6,316
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g.
31
Tabela 2. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
inicial (8-21 dias de idade)
Ingredientes Controle - 1,8% PB - 3,6% PB
+ glu
controle +1% glu +2% glu
Milho 59,318 66,382 70,108 68,829 67,901 66,973
Farelo de soja 35,316 29,067 22,301 24,717 24,802 24,887
Óleo de soja 1,661 0,312 0,235 - - -
Fosfato bicálcico 1,770 1,804 1,857 1,838 1,841 1,844
Calcário 0,818 0,843 0,862 0,855 0,853 0,851
Sal 0,433 0,439 0,449 0,445 0,446 0,446
DL-Metionina 0,254 0,299 0,360 0,338 0,340 0,342
L-Lisina.HCl 0,173 0,357 0,566 0,491 0,491 0,491
L-Treonina 0,060 0,141 0,238 0,204 0,205 0,205
L-Valina - 0,091 0,207 0,166 0,167 0,168
L-Isoleucina - 0,047 0,165 0,122 0,123 0,124
L-Arginina - 0,021 0,241 0,162 0,163 0,164
L-Triptofano - - 0,014 - - -
L-Glutamato - - - 0,747 1,759 2,771
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Sup. Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Sup. Vitamínico² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano ³ 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Inerte (areia lavada) - - 2,200 0,889 0,712 0,537
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 3000 3000 3000 3000 3000 3000
PB (%) 20,79 18,99 17,19 18,25 18,80 19,34
Cálcio (%) 0,884 0,884 0,884 0,884 0,884 0,884
Fósforo disponível (%) 0,442 0,442 0,442 0,442 0,442 0,442
Lisina dig (%) 1,146 1,146 1,146 1,146 1,146 1,146
Met+cistina dig (%) 0,814 0,814 0,814 0,814 0,814 0,814
Metionina dig (%) 0,529 0,550 0,580 0,569 0,570 0,571
Treonina dig (%) 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745
Valina dig (%) 0,865 0,860 0,860 0,860 0,860 0,860
Isoleucina dig (%) 0,798 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745
Arginina dig (%) 1,358 1,203 1,203 1,203 1,203 1,203
Triptofano dig (%) 0,240 0,207 0,183 0,183 0,183 0,183
Fenilalanina dig (%) 0,969 0,859 0,725 0,773 0,772 0,770
Histidina dig (%) 0,521 0,467 0,401 0,425 0,423 0,422
Leucina dig (%) 1,629 1,487 1,301 1,368 1,363 1,358
Glutamato (%) 3,735 3,317 2,811 3,735 4,735 5,735
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g.
32
Tabela 3. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
de crescimento (22-35 dias de idade)
Ingredientes Controle - 1,8% PB - 3,6% PB
+ glu
controle +1% glu +2% glu
Milho 60,594 67,640 71,403 69,547 68,288 67,031
Farelo de soja 33,052 26,821 20,014 24,482 24,597 24,712
Óleo de soja 2,920 1,566 1,476 1,112 1,231 1,349
Fosfato bicálcico 1,620 1,654 1,707 1,669 1,674 1,678
Calcário 0,777 0,801 0,821 0,809 0,807 0,804
Sal 0,414 0,420 0,429 0,422 0,423 0,424
DL-Metionina 0,233 0,277 0,339 0,296 0,299 0,302
L-Lisina.HCl 0,149 0,332 0,543 0,403 0,402 0,402
L-Treonina 0,044 0,124 0,222 0,157 0,158 0,159
L-Valina - 0,096 0,213 0,134 0,136 0,138
L-Isoleucina - 0,060 0,178 0,099 0,100 0,101
L-Arginina - 0,012 0,233 0,086 0,087 0,088
L-Triptofano - - 0,026 - - -
L-Glutamato - - - 0,587 1,601 2,615
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Sup. Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Sup. Vitamínico² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano³ 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Inerte (areia lavada) - - 2,199 - - -
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 3100 3100 3100 3100 3100 3100
PB (%) 19,84 18,04 16,24 17,78 18,32 18,85
Cálcio (%) 0,824 0,824 0,824 0,824 0,824 0,824
Fósforo disponível (%) 0,411 0,411 0,411 0,411 0,411 0,411
Lisina dig (%) 1,073 1,073 1,073 1,073 1,073 1,073
Met+cistina dig (%) 0,773 0,773 0,773 0,773 0,773 0,773
Metionina dig (%) 0,498 0,519 0,549 0,528 0,530 0,531
Treonina dig (%) 0,697 0,697 0,697 0,697 0,697 0,697
Valina dig (%) 0,826 0,826 0,826 0,826 0,826 0,826
Isoleucina dig (%) 0,759 0,719 0,719 0,719 0,719 0,719
Arginina dig (%) 1,290 1,127 1,127 1,127 1,127 1,127
Triptofano dig (%) 0,228 0,195 0,182 0,182 0,182 0,182
Fenilalanina dig (%) 0,925 0,814 0,680 0,771 0,767 0,767
Histidina dig (%) 0,499 0,445 0,378 0,424 0,422 0,421
Leucina dig (%) 1,566 1,425 1,239 1,366 1,356 1,353
Glutamato (%) 3,566 3,149 2,640 3,566 4,566 5,566
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g.
33
Tabela 4. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
final (36-45 dias de idade)
Ingredientes Controle - 1,8% PB - 3,6% PB
+ glu
controle +1% glu +2% glu
Milho 63,333 70,553 78,122 71,182 69,925 68,667
Farelo de soja 30,322 23,906 17,112 22,807 22,922 23,037
Óleo de soja 3,142 1,748 0,249 1,557 1,675 1,793
Fosfato bicálcico 1,469 1,503 1,540 1,512 1,516 1,521
Calcário 0,736 0,762 0,788 0,765 0,762 0,759
Sal 0,389 0,395 0,401 0,396 0,397 0,398
DL-Metionina 0,211 0,257 0,306 0,267 0,270 0,273
L-Lisina.HCl 0,158 0,346 0,546 0,380 0,380 0,380
L-Treonina 0,043 0,127 0,215 0,142 0,144 0,145
L-Valina - 0,098 0,203 0,117 0,119 0,121
L-Isoleucina - 0,070 0,178 0,089 0,089 0,090
L-Arginina - 0,038 0,113 0,074 0,075 0,076
L-Triptofano - - 0,030 - - -
L-Glutamato - - - 0,515 1,529 2,543
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Sup. Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Sup. Vitamínico² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano³ 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 3150 3150 3150 3150 3150 3150
PB (%) 18,84 17,04 15,24 17,04 17,57 18,10
Cálcio (%) 0,763 0,763 0,763 0,763 0,763 0,763
Fósforo disponível (%) 0,380 0,380 0,380 0,380 0,380 0,380
Lisina dig (%) 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017
Met+cistina dig (%) 0,732 0,732 0,732 0,732 0,732 0,732
Metionina dig (%) 0,467 0,489 0,512 0,494 0,495 0,496
Treonina dig (%) 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661
Valina dig (%) 0,783 0,783 0,783 0,783 0,783 0,783
Isoleucina dig (%) 0,714 0,681 0,681 0,681 0,681 0,681
Arginina dig (%) 1,212 1,068 1,068 1,068 1,068 1,068
Triptofano dig (%) 0,213 0,179 0,173 0,173 0,173 0,173
Fenilalanina dig (%) 0,875 0,762 0,641 0,740 0,738 0,736
Histidina dig (%) 0,475 0,419 0,361 0,409 0,407 0,406
Leucina dig (%) 1,501 1,356 1,202 1,326 1,319 1,313
Glutamato (%) 3,379 2,949 2,493 3,379 4,379 5,379
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g.
34
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave), peso final (g/ave),
ganho de peso (g/ave), conversão alimentar (g/g), consumo de ração no período do
ensaio de metabolismo, nitrogênio consumido, excretado e retido (g/ave/dia), eficiência
de retenção de nitrogênio (%), nível sérico de ácido úrico (mg/dL), peso vivo (kg), peso
de carcaça (kg), rendimento de carcaça (%), peso (g) e rendimento (%) de peito, coxa e
sobrecoxa, peso do fígado, moela, coração, gordura celomática, relação fígado/carcaça,
moela/carcaça, coração/carcaça, gordura celomática/carcaça e análise histológica do
fígado e duodeno.
O consumo de ração foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração
fornecida e as sobras experimentais, pesadas no início e final de cada fase experimental.
O peso final foi obtido pelo peso total dividido pelo número de aves. Para determinação
do ganho de peso, as aves foram pesadas no início e no final de cada fase experimental.
A partir dos dados de consumo de ração e ganho de peso, foi calculado a conversão
alimentar dos animais em cada fase.
O nitrogênio consumido, excretado, retido, eficiência de retenção de nitrogênio
foi determinado pelo método de coleta total de excretas. No período de 18 a 21 dias de
idade, com os frangos nas baterias, foi realizado o monitoramento do consumo de ração,
pela pesagem da ração fornecida, acrescida de óxido férrico como marcador, e das
sobras de ração no final do período analisado. Durante esse período de 3 dias, as
excretas foram coletadas, por meio de bandejas acondicionadas abaixo das gaiolas,
identificadas, pesadas duas vezes ao dia (8 e 16h) e armazenadas em freezer a -20ºC até
o final do período experimental. Posteriormente, as excretas foram homogeneizadas,
identificadas e uma amostra de aproximadamente 150 g por parcela foi colocada em
bandejas marmitex de alumínio em estufa de ventilação forçada a 60 ± 5 ºC. Após a
secagem, foi pesada novamente, moída e guardada em potes plásticos identificados até o
momento da análise de matéria seca e nitrogênio no laboratório.
O consumo (NC) e a excreção (NE) média diária de nitrogênio, por parcela
experimental, foram calculados dividindo-se o consumo e a excreção média diária de
proteína bruta (PB), expresso na matéria seca a 105 ºC, pelo fator 6,25. A retenção
média diária de nitrogênio (N) foi calculada pela diferença entre o consumo médio
diário de N e a excreção média diária de N, (NR=NC-NE). E a porcentagem da
35
eficiência de retenção de nitrogênio foi calculada usando a fórmula: (100-
(NEx100/NC)).
Aos 45 dias, foram selecionadas três aves por parcela, com peso médio
representativo da parcela para realização do abate, coleta de sangue, avaliação da
carcaça, vísceras e análises histológicas. No abate, foi aferido o peso vivo, o peso e
rendimento de carcaça e partes nobres (peito, coxa e sobrecoxa), onde foi considerado o
peso da carcaça eviscerada (cabeça, pescoço e pés), em relação ao peso vivo após jejum.
O rendimento das partes nobres foram calculados em relação ao peso da carcaça
eviscerada. Foram pesados também; o fígado, moela, coração e gordura celomática,
calculados os pesos relativos pela relação destes com o peso da carcaça. Na coleta de
sangue, foram retirados cerca de 10 ml de sangue pelo corte na veia jugular de 3
animais por tratamento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a -20
ºC para posterior análise das concentrações de ácido úrico, através de “kit” comercial
(Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as instruções do fabricante.
Nas análises histológicas, foi realizada através da retirada de fragmentos do
sistema digestório (duodeno e fígado) de 10 animais por tratamento. Os fragmentos
foram imersos em fixador metacarn (60% metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido
acético) por 12 horas, sendo transferidos para álcool 70% em seguida. Para a
microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast. Foram realizados
cortes seriados dos fragmentos com 5 μm de espessura. As seguintes colorações
histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e eosina,
periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram capturadas
com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e as imagens
digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
Análise Estatística
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa Statistical
Analysis System (SAS, 2000). Os dados foram submetidos a comparação das médias
realizadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
36
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, peso final, ganho de peso e
conversão alimentar de frangos de corte em todas as fases de criação são apresentados
na Tabela 5.
Tabela 5. Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, peso final, ganho de peso e
conversão alimentar de frangos de corte em todas as fases de criação 1 a 7 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 23,89 22,09 20,29 20,76 21,30 21,84
CR(g/ave) 163,53 167,04 168,24 158,54 163,37 158,70 4,40
PF(g/ave) 201,44a 198,52ab 196,59ab 189,02b 197,30ab 194,45ab 3,59
GP(g/ave) 151,72a 148,80ab 146,91ab 139,31b 147,60ab 144,75ab 4,81
CA(g/g) 1,078 1,126 1,150 1,140 1,107 1,097 5,73
8 a 21 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 20,79 18,99 17,19 18,25 18,80 19,34
CR(g/ave) 1161,31 1171,21 1161,73 1110,64 1121,23 1113,61 3,35
PF(g/ave) 971,14a 945,10ab 914,70bc 894,26c 919,11bc 923,06abc 3,05
GP(g/ave) 769,71a 746,58ab 718,11b 705,24b 721,81ab 728,61ab 3,85
CA(g/g) 1,511b 1,568ab 1,618a 1,576ab 1,556ab 1,530ab 3,86
1 a 21 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V
CR(g/ave) 1324,83ab 1338,25a 1329,97ab 1269,18b 1284,60ab 1272,31ab 2,91
GP(g/ave) 921,43 a 895,37 ab 865,01 bc 844,55 c 869,42 bc 873,37 abc 3,23
CA(g/g) 1,439 b 1,494 ab 1,537 a 1,503 ab 1,479 ab 1,458 ab 3,16
22 a 35 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 19,84 18,04 16,24 17,78 18,32 18,85
CR(g/ave) 2351,38ab 2453,76a 2361,06ab 2225,12b 2310,19ab 2237,72b 4,94
PF(g/ave) 2342,06a 2314,74ab 2197,62c 2159,98c 2228,05bc 2203,93bc 2,83
GP(g/ave) 1370,92a 1369,64ab 1282,92ab 1265,72b 1308,94ab 1280,87ab 4,54
CA(g/g) 1,715 1,792 1,841 1,760 1,764 1,749 4,11
36 a 45 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 18,84 17,04 15,24 17,04 17,57 18,10
CR(g/ave) 2125,68 a 1913,82 ab 1886,86 b 1833,04 b 1872,04 b 1853,05 b 5,50
PF(g/ave) 3197,21 a 3087,22 ab 2961,53 c 2971,53 bc 2985,30 bc 3001,12 bc 1,82
GP(g/ave) 864,66 a 736,68b 749,44b 788,80b 768,85b 780,37b 3,80
CA(g/g) 2,461 2,600 2,517 2,324 2,435 2,380 5,80
1 a 45 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
CR(g/ave) 5792,33a 5717,08a 5603,17ab 5293,43b 5472,17ab 5376,81b 3,47
GP(g/ave) 3195,81a 3097,70a 2942,45b 2929,94b 2978,16b 2970,69b 3,18
CA(g/g) 1,813 1,847 1,905 1,808 1,838 1,810 3,40
C.V. (%): Coeficiente de variação; CR - consumo de ração; PF - peso final; GP - ganho de peso; CA -
conversão alimentar; T1- Ração controle; T2 e T3- redução de 1,8 e 3,6% da PB controle,
respectivamente; T4- suplementação de glutamato com mesmo teor do controle; T5 e T6- suplementação
de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle, respectivamente. a, b, c
Médias seguidas por letras diferentes
nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
37
De 1 a 7 dias de idade, a redução de 1,8 e 3,6% da PB e suplementação de 1 e
2% de glutamato excedente ao controle, não diferiu estatisticamente do tratamento
controle. Apresentando as maiores médias de peso final e ganho de peso, em relação ao
tratamento com suplementação de glutamato com o mesmo teor do controle. De 8 a 21
dias de idade, a redução de 1,8% de PB e suplementação de 2% de glutamato excedente
ao controle não diferiu estatisticamente do tratamento controle, contudo o controle
apresentou maior peso em relação ao tratamento com redução de 3,6% de PB,
suplementação de glutamato com mesmo teor do controle e suplementação de 1% de
glutamato excedente ao controle.. Para o ganho de peso, a redução de 1,8% de PB e
suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle não diferiu
estatisticamente do tratamento controle, apresentando as maiores médias em relação aos
demais tratamentos.
De 1 a 21 dias de idade, a redução de 1,8 e 3,6% da PB e suplementação de 1 e
2% de glutamato excedente ao controle, não diferiu estatisticamente do tratamento
controle. A redução de 1,8% de PB apresentou as maiores médias de consumo de ração,
em relação ao tratamento com suplementação de glutamato com o mesmo teor do
controle. Para o ganho de peso, a redução de 1,8% da PB e suplementação de 2% de
glutamato excedente ao controle, não diferiu estatisticamente do tratamento controle,
apresentando as maiores médias em relação aos demais tratamentos. Para a conversão
alimentar, o tratamento com redução de 1,8% da PB e os tratamentos com
suplementação de glutamato, não diferiu estatisticamente do tratamento controle. O
tratamento controle apresentou melhor conversão alimentar em relação ao tratamento
com redução de 3,6% de PB.
De 22 a 35 dias de idade, a redução de 1,8 e 3,6% da PB e suplementação de 1%
de glutamato excedente ao controle, não diferiu estatisticamente do tratamento controle.
Apresentando as maiores médias de consumo de ração, em relação ao tratamento com
suplementação de glutamato com o mesmo teor e 1% excedente ao controle. No peso
final, verifica-se que a redução de 1,8% de PB não diferiu do controle, apresentando os
maiores resultados em relação aos demais tratamentos. Para ganho de peso, a redução
de 1,8 e 3,6% da PB e suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle,
não diferiu estatisticamente do tratamento controle. Apresentando as maiores médias de
38
ganho de peso, em relação ao tratamento com suplementação de glutamato com o
mesmo teor do controle.
De 36 a 45 dias de idade, a redução de 1,8% de PB não diferiu estatisticamente
do controle. Apresentando as maiores médias de consumo de ração e peso final em
relação aos demais tratamentos. Contudo, nesta fase para ganho de peso, a maior média
ocorreu no tratamento controle. Para consumo de ração, de 1 a 45 dias idade, a redução
de 1,8 e 3,6% da PB e suplementação de 1% de glutamato excedente ao controle, não
diferiu estatisticamente do tratamento controle. Apresentando a maior média de
consumo de ração em relação ao tratamento com a suplementação de glutamato com o
mesmo teor e 2% excedente ao controle. Para ganho de peso, a redução de 1,8% da PB
não difere do tratamento controle, apresentando as maiores médias em relação aos
demais tratamentos.
Na figura 1 são apresentados os parâmetros significativos de desempenho
(consumo de ração e ganho de peso) de 1 a 45 dias de idade.
Figura 1. Consumo de ração e ganho de peso de frangos de 1 a 45 dias de idade
Dessa forma, para o período completo de criação, pode-se supor que a
suplementação com os aminoácidos essenciais foi suficiente para suportar a síntese de
proteína orgânica. No entanto, quando as dietas receberam maior redução protéica, o
ganho de peso diminuiu, demonstrando que há outros fatores influenciando a síntese
tecidual, além do atendimento das exigências de AAE. Esperava-se que a
suplementação com glutamato nas dietas com PB reduzida melhorasse o ganho de peso
e conversão alimentar das aves, em função do maior aporte de nitrogênio amino
39
disponível para a síntese de AANE, poupando os AAE para a utilização da síntese de
proteína orgânica. Porém, este efeito não foi observado neste estudo.
Pelícia et al. (2011), avaliaram a suplementação de glutamato, glutamina e
aditivos fitogênicos em frangos de corte, criados em sistema alternativo de produção de
1 a 42 dias de idade. Os autores descreveram que a adição de glutamina e ácido
glutâmico não influenciou as variáveis de desempenho de frangos de corte.
Sakamoto et al. (2006), estudando a influência da glutamina e vitamina E no
desempenho e sistema imune de frangos de corte, verificaram que não houve efeito da
glutamina no desempenho (ganho de peso, conversão alimentar e consumo de ração) de
frangos de corte durante os períodos estudados de criação (1 a 41 dias). Resultados
semelhantes foram encontrados por Maiorka et al. (2000), estudando a influência da
suplementação de glutamina sobre o desempenho e o desenvolvimento de vilos e criptas
do intestino delgado de frangos de corte aos 7, 21 e 49 dias de idade. Os autores
mostraram que a adição de 1% de glutamina na dieta dos frangos, não influenciou
(P>0,05) o desempenho zootécnico (ganho de peso, conversão alimentar e consumo de
ração) em nenhuma das fases do desenvolvimento.
Leclercq et al. (1994), utilizaram três dietas (18,9% de PB; 14,4% de PB + AAE
e 16,8% de PB + 4% de AANE). Os autores observaram que a adição de glutamato e
aspartato nas dietas de baixa proteína suplementadas com aminoácidos, teve apenas um
leve aumento na taxa de crescimento de frangos machos dos 30 aos 44 dias de idade, e
não teve efeito sobre a eficiência alimentar.
Em um estudo de desempenho de sete semanas com frangos de corte, Moran Jr.
e Stilborn (1994), relataram que a suplementação de glutamato melhorou o peso
corporal final, mas não teve efeito sobre a eficiência alimentar acumulada ou sobre a
mortalidade.
Namroud et al. (2008), verificaram que a suplementação com uma mistura de
AANE (glutamato + glicina) em dietas com redução protéica resultou em melhorias no
desempenho de frangos de corte, quando comparado as aves que não receberam
suplementação.
Em contraste com a pesquisa, Soltan (2009), estudando a influência de
glutamina dietética sobre o desempenho de frangos de corte, observaram que no início
do experimento não houve melhorias significativas no ganho de peso, apenas após a
40
terceira semana observaram melhorias quando foi adicionado 1% de glutamina na ração
em comparação com a dieta controle (aumento médio de 8,3%). Yi et al. (2005),
também relataram maior ganho de peso em frangos de corte, quando suplementaram 1%
de glutamina na ração. Bartell e Batal (2007), relataram que 1% de glutamina melhorou
o ganho de peso em cerca de 11% em relação ao controle. Da mesma forma com ácido
glutâmico, Silva e Morais (2002), estudando os efeitos do ácido glutâmico na dieta de
pintos de corte de 1 a 14 dias, observaram que os pintos alimentados com 7,5% de ácido
glutâmico apresentaram maior ganho de peso.
Dados semelhantes são observados por Berres et al. (2009), utilizando dietas
suplementadas com aminoácidos essenciais e não-essenciais (L-Val; L-Val e L-Gly; L-
Val e L-Glu; L-Val, L-Gly e L-Glu; L-Val e L-Ile; L-Val, L-Ile e L-Gly; e L-Val, L-Ile,
L-Gly e L-Glu), verificaram maior ganho de peso e melhor conversão alimentar dos
frangos aos 42 dias, quando a glicina e o glutamato foram suplementados, sendo que
com a glicina os efeitos foram observados na fase inicial da criação e com o glutamato
durante todo o período.
Na Tabela 6, são apresentadas as médias do consumo de ração durante três dias
de coleta de excreta, do nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de retenção
de nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, e médias do nível sérico de
ácido úrico dos frangos aos 45 dias de idade, em função dos tratamentos.
Tabela 6. Médias de consumo de ração durante os três dias de coleta de excreta, do
nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de retenção de nitrogênio
de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, e a média do nível sérico de
ácido úrico dos frangos aos 45 dias de idade Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB (8-21d) 20,79 18,99 17,19 18,25 18,80 19,34
PB (36-45d) 18,84 17,04 15,24 17,04 17,57 18,10
CR (g/ave/dia) 81,17ab 88,10a 87,56a 79,07b 83,33ab 83,31ab 3,38
NC (g/ave/dia) 2,39a 2,36a 2,14bc 2,04c 2,21abc 2,28ab 3,49
NE (g/ave/dia) 0,44b 0,46b 0,45b 0,48ab 0,50ab 0,51a 4,39
NR (g/ave/dia) 1,95a 1,91ab 1,69dc 1,56d 1,72bcd 1,77abc 4,08
ER (%) 81,42a 80,69ab 78,79bc 76,34d 77,58cd 77,45cd 1,12
AU (mg/dL) 5,16c 4,02d 3,20e 5,78b 7,15a 7,01a 2,18
C.V. (%): Coeficiente de variação. CR – Consumo de ração durante 3 dias; NC – Nitrogênio consumido;
NE – Nitrogênio excretado; NR – Nitrogênio retido; ER – Eficiência de retenção de nitrogênio; AU -
nível sérico de ácido úrico; T1- Ração controle; T2 e T3- redução de 1,8 e 3,6% da PB controle,
respectivamente; T4- suplementação de glutamato com mesmo teor do controle; T5 e T6- suplementação
de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle, respectivamente. a, b, c, d, e
Médias seguidas por letras
diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
41
Para o consumo de ração, pode-se observar que a redução de 1,8 e 3,6% de PB, e
suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle não diferiu em relação ao
tratamento controle. Sendo que, os maiores valores foram observados nos tratamentos
com redução de 1,8 e 3,6% de PB em relação ao tratamento com suplementação de
glutamato com mesmo teor do controle.
Para o nitrogênio consumido, a redução de 1,8% de PB, e suplementação de 1 e
2% de glutamato excedente ao controle não diferiu em relação ao tratamento controle.
Sendo que, os maiores valores foram observados nos tratamentos controle e com
redução de 1,8% de PB em relação ao tratamento com redução de 3,6% de PB e
suplementação de glutamato com mesmo teor do controle.
Para o nitrogênio excretado, a redução de 1,8 e 3,6% de PB, e suplementação de
glutamato com o mesmo teor e 1% excedente ao controle não diferiu em relação ao
tratamento controle. Os menores valores foram observados nos tratamentos; controle,
com redução de 1,8 e 3,6% de PB em relação ao tratamento com suplementação de 2%
de glutamato excedente ao controle.
Para o nitrogênio retido, a redução de 1,8% de PB, e suplementação de 1% e 2%
de glutamato excedente ao controle não diferiu em relação ao tratamento controle. A
maior retenção foi obtida no tratamento controle em relação aos tratamentos com
redução de 3,6% de PB e suplementação com mesmo teor de glutamato controle.
Para eficiência de retenção de nitrogênio, a redução de 1,8% de PB não diferiu
em relação ao tratamento controle, e apresentaram as maiores médias em relação aos
tratamentos que receberam suplementação de glutamato. Para o nível sérico de ácido
úrico, observa-se a menor média com redução de 3,6% de PB e os maiores valores nos
tratamentos com suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle.
Vasconcellos et al. (2011), estudando a determinação da energia metabolizável e
balanço de nitrogênio em dietas com diferentes teores de proteína bruta para frangos de
corte dos 25 aos 29 dias de idade, mostraram que a medida que os teores de PB da dieta
foram reduzidos, a quantidade de nitrogênio consumido e excretado diminuiu de forma
linear. O nitrogênio retido e a eficiência de utilização do nitrogênio apresentaram efeito
quadrático sobre a diminuição do teor de PB. Os autores verificaram que aves
alimentadas com teores de 18,3 e 15,3% de PB na dieta, apresentaram maior retenção e
maior eficiência de utilização do nitrogênio, respectivamente. A menor eficiência das
42
dietas de alta proteína, provavelmente, está relacionada ao excesso de nitrogênio que foi
eliminado.
Corzo et al. (2005), avaliaram os efeitos da suplementação de aminoácidos
essenciais e não essenciais sobre a concentração de ácido úrico no plasma e verificaram
aumento da deste na dieta controle. Aves alimentadas com dietas de baixa proteína bruta
apresentaram menores níveis de ácido úrico. Verificou-se após suplementação
individual do aminoácido não essencial, que houve redução da concentração de ácido
úrico comparado aos resultados da dieta controle. Os autores concluíram que a
suplementação de aminoácidos não essenciais às dietas de baixa proteína bruta, tem
efeito benéfico sobre a melhoria da utilização do nitrogênio em relação à menor
concentração de ácido úrico no plasma sanguíneo.
Ribeiro et al. (1995), estudando os efeitos do ácido L-glutâmico, L-alanina e L-
prolina na dieta de pintos de corte, verificaram que a elevação de L-glutâmico na dieta
resultava em aumento da concentração deste aminoácido no soro. Estes autores
verificaram, que os maiores teores de ácido úrico no soro ocorriam com 12,5% de L-
glutâmico ou 6,25% de L-glutâmico + 3,79% de L-alanina.
Segundo Bertechini (2006), a maior parte do ácido úrico é sintetizada no fígado,
podendo também ocorrer nos rins. Os rins das aves secretam ácido úrico para urina e
também consegue remover o ácido úrico do sangue de forma eficiente. Os níveis de
ácido úrico no sangue são de 5 a 10mg/100ml, sendo que uma ave adulta consegue
eliminar de 4 a 5g por dia.
Fisiologicamente, pode-se considerar que a redução do ácido úrico
independentemente do fator de significância, é considerada positiva, pois este fato pode
indicar um processo de economia de energia pelo organismo dos animais, pois o ácido
úrico sintetizado no fígado é um processo dispendioso e consome grandes quantidades
de aminoácidos (ácido aspártico, glutamina e glicina), relatam Almeida et al. (2007).
Verificou-se neste estudo, que os dois últimos tratamentos indicaram maior
metabolismo aminoacídico, contribuindo para um maior catabolismo protéico. Apesar
de apresentarem os maiores teores de ácido úrico no sangue, a suplementação de
aminoácidos não essenciais às dietas de baixa proteína bruta teve efeito benéfico sobre
os valores de gordura celomática (Tabela 8) que se apresentaram abaixo do controle,
corroborando com os resultados de Ishibashi e Yonemochi (2002), que afirmam que a
43
suplementação de até 5% de ácido glutâmico em rações com redução protéica reduz a
gordura abdominal de frangos de corte.
Na figura 2 são apresentados os parâmetros significativos do balanço de
nitrogênio (consumo de ração, nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de
retenção de nitrogênio), e nível sérico de ácido úrico das aves.
Figura 2. Consumo de ração, nitrogênio consumido, excretado, retido, eficiência de
retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico dos frangos de corte
Neste estudo, verifica-se que o consumo de ração aumentou com a redução
protéica e reduziu quando foi suplementado com glutamato. O nitrogênio excretado
aumentou com a redução de PB e suplementação de glutamato. Á medida que a proteína
44
foi reduzida o nitrogênio consumido, retido e eficiência de retenção de nitrogênio
reduziram até o tratamento com suplementação de glutamato com o mesmo teor do
controle. Quando suplementou com 1 e 2% de glutamato excedente ao controle há uma
tendência a aumentar esses parâmetros. Para o nível sérico de ácido úrico verifica-se
uma redução com a redução protéica até o tratamento com redução de 3,6% de PB, em
seguida há um aumento desse parâmetro quando se suplementou com glutamato.
Na Tabela 7, são apresentados os resultados das médias de peso vivo e dos pesos
e rendimentos de carcaça, peito, coxa e sobrecoxa dos frangos aos 45 dias de idade, em
função dos tratamentos.
Tabela 7. Médias do peso vivo, peso e rendimento de carcaça e partes nobres (peito,
coxa e sobrecoxa) dos frangos aos 45 dias de idade, em função dos
tratamentos Tratamentos T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB (36-45d) 18,84 17,04 15,24 17,04 17,57 18,10
PV (kg) 3,09a 3,05ab 2,91ab 2,86b 2,90ab 2,87b 3,70
PC (kg) 2,40 2,37 2,28 2,22 2,29 2,32 4,76
RC (%) 77,83b 77,79b 78,40ab 77,53b 78,87ab 80,74a 2,07
PP (g) 828,00 812,11 778,72 772,33 782,78 795,33 5,59
RP (%) 34,49 34,26 34,09 34,74 34,19 34,37 3,17
PCx (g) 317,61 308,83 303,39 294,44 301,50 297,83 4,76
RCx (%) 13,24 13,03 13,28 13,28 13,17 12,88 3,89
PSx (g) 385,75 386,00 376,92 372,56 372,67 357,22 5,73
RSx (%) 16,07ab 16,29ab 16,51a 16,76a 16,26ab 15,44b 3,52
C.V. (%): Coeficiente de variação. PV - peso vivo; PC - peso de carcaça; RC - rendimento de carcaça; PP
- peso de peito; RP - rendimento de peito; PCx - peso de coxa; RCx - rendimento de coxa; PSx - peso de
sobrecoxa; RSx – rendimento de sobrecoxa; T1- Ração controle; T2 e T3- redução de 1,8 e 3,6% da PB
controle, respectivamente; T4- suplementação de glutamato com mesmo teor do controle; T5 e T6-
suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle, respectivamente. a, b
Médias seguidas por
letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Para peso vivo, observa-se que a redução de 1,8 e 3,6% de PB e suplementação
de 1% de glutamato excedente ao controle não diferiu do tratamento controle. Contudo,
o tratamento controle apresentou o maior peso vivo em relação aos tratamentos com
suplementação de glutamato com o mesmo teor e com 2% excedente ao controle. O
tratamento com 2% de glutamato excedente ao controle apresentou o maior rendimento
de carcaça em relação aos tratamentos; controle, com redução de 1,8% de PB e
suplementado com glutamato com o mesmo teor do controle. Contudo, o tratamento
com 2% de glutamato excedente ao controle, apresentou menor rendimento de
sobrecoxa em relação aos tratamentos; controle, com redução de 1,8% de PB e com
suplementação de 1% de glutamato excedente ao controle.
45
Berres et al. (2010), estudaram diferentes níveis de proteína (20,64; 20; 20,08;
20,64; 20,64; 18,66; 18,89; 20,64%) e suplementação de valina, isoleucina, glicina e
ácido glutâmico, individualmente ou em conjunto, para frangos de corte de 1 a 42 dias
de idade. Os autores não verificaram efeito do tratamento sobre o rendimento de
carcaça. Houve efeito para o rendimento de peito e coxas, onde observou-se maior
rendimento de peito no tratamento com 20,64% PB + valina + isoleucina + glicina +
glutamato, e para rendimento de coxa o tratamento controle obteve os maiores valores,
o que comprova a necessidade de nitrogênio para a síntese de aminoácido não essencial
nas dietas.
Oliveira et al. (2011), estudaram a redução protéica (21,6; 20,6; 19,6; 18,6 e
17,6% de PB) formulada de acordo com o conceito de proteína ideal em frangos de
corte de 22 a 42 dias de idade mantidos em ambiente termoneutro. Os autores
verificaram que o peso absoluto de carcaça, peito, coxa e sobrecoxa não foi influenciado
pela redução da proteína bruta da ração. Segundo esses autores, a redução do teor de PB
da ração não altera significativamente esses parâmetros quando os aminoácidos
essenciais são suplementados em níveis suficientes para atender as exigências
nutricionais das aves.
Faria Filho et al. (2006), estudando o rendimento de carcaça e cortes nobres de
frangos de corte submetidos a baixa proteína (18; 16,5 e 15%). Os autores verificaram
que as dietas de baixa proteína bruta não influenciaram o rendimento de carcaça e de
cortes comerciais dos frangos. Resultados semelhantes foram obtidos Rodrigues et al.
(2008), que avaliaram as características de carcaça de frangos de corte no período de 42
dias alimentados com rações formuladas com diferentes relações lisina
digestível:proteína bruta (17 e 19,5%). Não houve efeito significativo dos dois níveis de
PB utilizados sobre os rendimentos de carcaça e de partes. Rojas (2012), avaliou o
efeito da redução protéica (22, 20, 19% PB) e suplementação de relações glicina +
serina para frangos de corte abatidos aos 42 dias de idade, e também não verificou efeito
no rendimento de carcaça, peito e coxas.
Sabino et al. (2004), estudaram o nível de proteína bruta (15, 17, 19, 21 e 23%)
para frangos de corte Hubbard, machos e fêmeas de 22 a 42 dias de idade. Os autores
verificaram efeito linear do rendimento de carcaça, mostrando que o aumento no teor de
proteína aumentou o rendimento de carcaça. Contudo, a porcentagem de peito não foi
46
influenciada pelos níveis de proteína bruta da dieta, indicando que, mesmo nos menores
níveis protéicos, houve fornecimento satisfatório de aminoácidos essenciais.
Os resultados deste experimento corroboram com os encontrados por Lisboa et
al. (1999), que avaliaram três grupos genéticos de frangos de corte com 42 dias de
idade, submetidos a diferentes níveis de proteína (16,5; 18; 19,5 e 21%) na ração. Estes
autores observaram que à medida que o nível de PB da ração aumentou, o rendimento
de carcaça e gordura abdominal reduziu e o de coxa aumentou (efeito linear).
Na figura 3 são apresentados os parâmetros significativos da qualidade de
carcaça (peso vivo, rendimento de carcaça e sobrecoxa) dos frangos aos 45 dias de
idade.
Figura 3. Peso vivo, rendimento de carcaça e sobrecoxa de frangos abatidos aos 45 dias
de idade
Neste estudo, verifica-se que o peso vivo reduziu com a redução protéica até o
tratamento com suplementação de glutamato com mesmo teor do controle. O
rendimento de carcaça aumentou com a suplementação de glutamato. Para o rendimento
de sobrecoxa, verifica-se um aumento com a redução protéica até o tratamento com
47
suplementação de glutamato com mesmo teor do controle, e em seguida ocorre uma
redução com a suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle.
Na Tabela 8 são apresentadas as médias do peso do fígado, moela, coração,
gordura celomática e relação entre as partes pesadas e carcaça dos frangos de corte
abatidos aos 45 dias de idade.
Tabela 8. Médias do peso do fígado, moela, coração, gordura celomática e relação
fígado/carcaça, moela/carcaça, coração/carcaça e gordura celomática/carcaça
dos frangos de corte abatidos aos 45 dias de idade Tratamentos T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB (36-45d) 18,84 17,04 15,24 17,04 17,57 18,10
PFg (g) 53,58a 50,50ab 48,00ab 46,22b 49,22ab 49,22ab 6,35
PMo (g) 74,28 70,39 71,94 66,28 72,39 69,28 9,37
PCr (g) 15,44 14,78 14,36 13,78 13,61 14,94 9,28
PGo (g) 35,06bc 46,33ab 49,14a 40,17abc 39,00abc 32,22c 18,86
Fg:C 2,234 2,130 2,101 2,087 2,152 2,130 6,71
Mo:C 3,101 2,972 3,150 2,984 3,161 2,999 9,32
Cr:C 0,644 0,622 0,629 0,621 0,595 0,646 7,76
Go:C 1,462bc 1,949ab 2,154a 1,801abc 1,694abc 1,392c 16,83
C.V. (%): Coeficiente de variação. PFg - peso do fígado; PMo - peso da moela; PCr – peso do coração;
PGo - peso da gordura celomática; Fg:C - relação fígado/carcaça; Mo:C – relação moela/carcaça; Cr:C –
relação coração/carcaça; Go:C – relação gordura celomática/carcaça; T1- Ração controle; T2 e T3-
redução de 1,8 e 3,6% da PB controle, respectivamente; T4- suplementação de glutamato com mesmo
teor do controle; T5 e T6- suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle, respectivamente. a, b,c
Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey,
a 5% de probabilidade.
Para peso do fígado, observa-se que a redução de 1,8 e 3,6% de PB e
suplementação de 1 e 2% de glutamato excedente ao controle não diferiu do tratamento
controle. Contudo, o tratamento controle apresentou o maior peso de fígado em relação
ao tratamento com suplementação de glutamato com o mesmo teor do controle. Quanto
ao peso da gordura celomática e a relação gordura celomática:carcaça, verifica-se que
não diferiu entre os tratamentos com suplementação de glutamato e o controle.
Contudo, o tratamento com redução de 1,8 e 3,6% da PB apresentou maior gordura
celomática e relação gordura celomática:carcaça em relação ao tratamento com
suplementação de 2% de glutamato excedente ao controle, o que indica que a energia
desses animais pode estar sendo destinada para a produção de tecido adiposo e não para
crescimento ou estoque em forma de glicogênio no fígado.
Faria Filho (2003); Sklan e Plavnik (2002), mostram aumento na deposição de
gordura com a redução dos níveis protéicos da dieta. Sklan e Plavnik (2002) citam que
rações com baixo conteúdo protéico causam aumento na deposição de gordura nos
48
tecidos, em razão da incapacidade da ave de utilizar energia para a deposição de
proteína. Como a ração não contém quantidade suficiente de proteína para ótimo
crescimento, a energia extra é convertida em gordura.
De acordo com os dados de Ishibashi e Yonemochi (2002), é possível uma
redução da proteína bruta da dieta em até 4%, sem afetar o desempenho e a gordura
abdominal. Segundo os autores, a redução da PB dietética satisfazendo os
requerimentos de aminoácidos resulta em um aumento na gordura, sendo que, a
suplementação com 5% de ácido glutâmico, não afetou no ganho de peso, mas reduziu a
gordura.
Namroud et al. (2008), verificaram que a suplementação com uma mistura de
AANE (glutamato + glicina) em dietas com redução protéica resultou em redução na
deposição de gordura corporal em frangos de corte, quando comparado as aves que
receberam as dietas de baixa PB (19 e 17%) sem suplementação.
Na figura 4 são apresentados os parâmetros significativos de peso de fígado,
gordura celomática e relação gordura celomática: carcaça dos frangos aos 45 dias de
idade.
Figura 4. Peso de fígado, gordura celomática e relação gordura celomática:carcaça de
frangos abatidos aos 45 dias de idade
49
Neste estudo, verifica-se que o peso do fígado reduziu com a redução protéica
até o tratamento com suplementação de glutamato com mesmo teor do controle. Após,
verifica-se uma tendência a aumentar esse parâmetro com a suplementação de 1 e 2% de
glutamato excedente ao controle. O peso de gordura celomática e a relação gordura
celomática:carcaça, aumentou com a redução protéica e reduziu quando suplementou-se
com glutamato.
Na Figura 5, estão os resultados das análises histológicas do fígado de frangos
de corte.
Figura 5. Fotomicrografias representativas de fígados de frangos em diferentes
tratamentos com adição de ácido glutâmico na dieta. A) Tratamento
controle; B) Tratamento com suplementação de glutamato com mesmo teor
do controle; C) Tratamento com suplementação de 2% de glutamato
excedente ao controle. Coloração de hematoxilina-eosina. Barra: 300
micrômetros
O tratamento com suplementação de glutamato com o mesmo teor do controle
não diferiu do tratamento com suplementação de 2% de glutamato excedente ao
controle. Contudo verifica-se menor acúmulo de glicogênio hepático, ou seja, menores
teores de energia corpórea são apresentados no fígado dos frangos submetidos ao
tratamento com suplementação de glutamato com o mesmo teor do controle.
Lima (2012), estudando as exigências nutricionais de treonina e triptofano para
codornas japonesas e galinhas poedeiras leves em postura, verificou que o aumento de
treonina e triptofano na dieta, causava aumento da deposição de colágeno parenquimal e
esteatose hepáticas nas aves, respectivamente. Contudo, histologicamente, neste
experimento não foram observadas alterações patológicas hepáticas em decorrência da
redução protéica ou do aumento dos teores de ácido glutâmico na dieta. Entretanto,
50
pode-se observar que o tratamento com suplementação de glutamato com o mesmo teor
do controle apresentou congestão hepática no parênquima do fígado, ou seja, dilatação
dos capilares sanguíneos do fígado (Figura 1B) devido a um aumento do fluxo
sanguíneo neste tratamento.
Os estudos histológicos também demonstraram que não houve alteração
morfológica nas vilosidades intestinais, assim como no número de células caliciformes
ou na quantidade de muco produzido pelas mesmas. Os animais de todos os tratamentos
estudados não apresentam lesões renais, levando a supor que sobre essas condições
experimentais a suplementação do ácido glutâmico não alterou o potencial do sistema
imunológico dos animais.
Os resultados encontrados neste estudo, corroboram com Yi e Allee (2006), os
quais descrevem que os efeitos da suplementação do glutamato são variáveis e
inconsistentes sob condições normais de alimentação, sendo mais pronunciados em
quadros inflamatórios ou doença com catabolismo. Nestas condições, segundo esses
autores, espera-se que o glutamato atue aumentando a resposta imune, na manutenção
da integridade da mucosa intestinal, aumentando a síntese protéica e reduzindo o
catabolismo protéico, diminuindo a mortalidade, enfim, tenha um impacto positivo
sobre o desempenho de leitões ou aves jovens.
Os resultados corroboram também com Ebadiasl (2011), que avaliou a influência
da glutamina e glutamato (0% de glutamato e glutamina; 1% de glutamina, 0,5%
glutamina; 1% de glutamato, 0,5% de glutamato) na dieta de frangos de corte machos de
1 a 35 dias de idade sobre o desempenho e morfologia intestinal, não sendo observado
efeito dos tratamentos sobre o desempenho de frangos de corte, morfologia intestinal,
comprimento dos diferentes segmentos do intestino delgado, o peso do baço e do fígado
em relação ao peso corporal. Segundo o autor os efeitos do glutamato dietético em
órgãos linfóides e no fígado deveriam ser avaliados quando os frangos forem
desafiados.
51
CONCLUSÃO
Recomenda-se o tratamento com 2% de glutamato excedente ao controle, pois
apresentou o melhor resultado de rendimento de carcaça em relação ao controle, ao
tratamento com redução de 1,8% de PB e ao suplementado com glutamato com o
mesmo teor do controle. Além disso, esse tratamento apresentou o menor teor de
gordura em relação aos tratamentos com redução de 1,8 e 3,6% de PB.
52
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57
CAPÍTULO 3
Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados em dietas
com redução protéica para frangos de corte
58
Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados em dietas com redução
protéica para frangos de corte
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação de aminoácidos essenciais
limitantes e de L-glutamato em rações de frangos de corte com redução protéica, 540
pintos de um dia de idade da linhagem Cobb foram distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado com seis tratamentos e seis repetições de quinze aves por
unidade experimental, com duração de 42 dias, divididos nas fases pré-inicial (1 a 7
dias), inicial (8 a 21 dias), crescimento (22 a 35 dias) e final (36 a 42 dias). O primeiro
tratamento consistiu de uma ração controle formulada em função do atendimento das
exigências dos aminoácidos essenciais limitantes para cada fase de criação com
suplementação de L-lisina, DL-metionina e L-treonina. Além da suplementação dos
aminoácidos citados anteriormente, a L-valina foi suplementada no segundo tratamento
e a redução de proteína forneceu o próximo aminoácido limitante para formular o
terceiro tratamento, que no caso foi a L-isoleucina. De forma semelhante, no quarto
tratamento ocorreu à suplementação de L-arginina. Para os tratamentos 5 e 6, as rações
foram suplementadas com L-glutamato, em quantidades suficientes para atender os
requerimentos mínimos de proteína bruta para cada uma das fases, suplementou-se
também, L-valina e L-isoleucina no quinto tratamento e L-valina, L-isoleucina e L-
arginina no sexto. Para o desempenho, de 1 a 42 dias de idade, o melhor resultado
ocorreu na ração controle em relação a ração com redução PB + arginina. Sendo que, os
menores valores de nitrogênio excretado ocorreu nos tratamentos com 19,16% de PB +
isoleucina e com 17,85% de PB + arginina em relação aos demais tratamentos. Para o
nitrogênio retido, verifica-se as maiores médias no tratamento controle e com 19,80%
de PB + valina em relação ao tratamento com 17,85% de PB + arginina. A maior
eficiência de retenção de nitrogênio ocorreu com 19,16% de PB + isoleucina em relação
ao controle. Contudo, o menor teor de ácido úrico ocorreu no controle em relação aos
demais tratamentos. Para peso vivo, peso de carcaça e peso de peito, observa-se que o
tratamento controle apresentou maiores médias em relação ao tratamento com 16,77%
59
de PB + arginina. Desta forma, conclui-se que a ração controle promoveu resultados
semelhantes, para o desempenho e qualidade de carcaça, nos tratamentos com redução
protéica e suplementação de glutamato e AAE. Contudo, apresentou o menor teor de
ácido úrico no sangue e os melhores resultados de ganho de peso, peso vivo, peso de
carcaça e peso de peito para os frangos de corte de 1 a 42 dias de idade em relação a
ração com redução de PB + arginina.
Palavras-chave: aminoácido não essencial, desempenho animal, exigência nutricional,
formulação de ração, nitrogênio
60
Glutamic acid and limiting amino acids in diets supplemented with reduced
protein for broilers
ABSTRACT
In order to evaluate the effect of supplementation of essential amino acids and L-
glutamate in diets of broilers with reduced protein, 540 day-old chicks of the old Cobb
were distributed in a completely randomized design with six treatments and six
replications of fifteen birds each lasting 42 days, divided in pre-starter (1-7 days), early
(8-21 days), growth (22 to 35 days) and late (36 to 42 days) . The first treatment
consisted of a control diet formulated on the basis of meeting the requirements of
essential amino acids for each phase supplementation with L-lysine, DL-methionine and
L-threonine. Besides the aforementioned supplementation of amino acids, L-valine was
supplemented in the second treatment and reduction of protein provided near the
limiting amino acid for formulating the third treatment, which in this case was L-
isoleucine. Similarly, in the fourth treatment occurred supplementation of L-arginine.
For treatments 5 and 6 were supplemented with L-glutamate in amounts sufficient to
meet the minimum requirements of crude protein for each phase, are also supplemented,
L-valine and L-isoleucine and L in the fifth treatment -valine, L-isoleucine and L-
arginine in the sixth. For the performance, from 1 to 42 days old, the best result
occurred in the control diet compared with the diet reduced PB + arginine. Since the
lowest values of nitrogen excreted occurred in treatments with 19.16% CP + isoleucine
and 17.85% CP + arginine compared to other treatments. For nitrogen retained, there is
the highest averages in the treatment and control 19.80% of CP + valine compared to
treatment with 17.85% CP + arginine. The greater efficiency of nitrogen retention
occurred with 19.16% CP + isoleucine compared to control. However, the lower levels
of uric acid occurred in control compared to other treatments. To live weight, carcass
weight and breast weight, it is observed that the control treatment had higher averages
in relation to treatment with 16.77% CP + arginine. Thus, we conclude that the control
diet promoted similar results for performance and carcass quality in treatments with
reduced protein and supplementation of glutamate and AAE. However, had the lowest
61
levels of uric acid in the blood and the best results in weight gain, live weight, carcass
weight and breast weight for broilers from 1 to 42 days of age in relation to diet with
reduced CP + arginine.
Keywords: animal performance, feed formulation, nitrogen, nonessential amino acid,
nutritional requirements,
62
INTRODUÇÃO
A avicultura no mundo todo tem um objetivo comum que é a obtenção de
produtos avícolas de alta qualidade, juntamente com menores custos de produção. Uma
vez que, do custo total de produção na avicultura cerca de 70% é devido à alimentação,
tendo os alimentos protéicos grande contribuição neste custo total, ficando evidente a
grande importância da estratégia nutricional a ser utilizada dentro de uma empresa. Uma
das alternativas utilizadas com o intuito de redução dos custos é a diminuição do nível
protéico das rações adicionando aminoácidos sintéticos em níveis que proporcionem às
aves índices de desempenho semelhantes ou até melhores (Neme et al., 2001).
A progressiva redução na proteína bruta (PB) da dieta pode levar a uma situação
em que aminoácidos, como valina e isoleucina, que são geralmente supridos por dietas
com alta proteína, se tornem limitantes ao melhor desempenho (Peganova; Eder, 2002).
Desta forma, para se alcançar o aumento no desempenho das aves submetidas a dietas
com maiores reduções protéicas, deve-se ter a preocupação de fornecer níveis mínimos
de aminoácidos limitantes, como isoleucina, valina, arginina e triptofano, bem como
adequar o nível energético da dieta para se obter melhor eficiência de deposição da
proteína sem prejudicar a qualidade da carcaça.
Contudo, a redução do teor de PB acima de três a quatro pontos percentuais,
inclusive atendendo as exigências de todos os aminoácidos essenciais (AAE), ainda tem
apresentado resultados de prejuízo no crescimento (Dean et al., 2006; Payne, 2007) e
composição de carcaça em frangos de corte na fase de crescimento (Bregendahl et al.,
2002).
Nesse sentido, o nutricionista deve estar atento ao conceito de proteína ideal, que
corresponde a uma mistura dos vinte aminoácidos com disponibilidade total na
digestão, absorção e metabolismo, cuja composição seria idêntica as exigências dos
animais para manutenção e crescimento (Green; Hardy, 2002; Pezzato et al., 2004). Em
outras palavras, o padrão aminoacídico ideal pode ser definido como o padrão dietético
em que cada aminoácido essencial e a sua relação com os aminoácidos não essenciais
estão igualmente limitantes para a máxima deposição protéica (Boisen et al., 2000;
Green; Hardy, 2002).
63
De acordo com Berres et al. (2010), possivelmente, os aminoácido não
essenciais (AANE) podem se tornar limitantes abaixo de um certo nível de proteína na
dieta. Nesse sentido, Corzo et al. (2004), afirmaram que é estritamente necessário a
suplementação de nitrogênio não específico em dietas com redução de 4 p.p. da PB para
frangos de corte na fase inicial.
O ácido L-glutâmico é considerado uma fonte eficiente de nitrogênio não
específico capaz de promover o desenvolvimento e o crescimento, melhorar o
desempenho, diminuir a incidência de problemas de pernas e a mortalidade em aves de
corte (Silva et al., 2001).
Desta forma, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas com a
suplementação de glutamato em dietas com redução de PB, verificando seus efeitos no
desempenho e qualidade de carcaça. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o
efeito da suplementação de aminoácidos limitantes e L-glutamato em rações com
redução protéica para frangos de corte.
MATERIAL E MÉTODOS
Local e duração do experimento
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de
Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus
II, no município de Areia, na região Norte do Estado da Paraíba, a 6º57’48’’ de latitude
sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com altitude de 618 m acima do nível do mar.
O experimento foi conduzido no período de 13/10 a 17/11/2011, totalizando 42
dias, divididos nas fases pré-inicial (1 a 7 dias), inicial (8 a 21 dias), crescimento (22 a
35 dias) e final (36 a 42 dias).
Instalações e equipamentos
Nas duas primeiras fases (1-21 dias de idade), os pintos foram alojados em
baterias metálicas tipo “Brasília”, com piso de tela e bandejas coletoras de excreta,
contendo comedouros e bebedouros tipo calha. O aquecimento dos pintos foi realizado
através de um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela, que
64
eram acionadas conforme a necessidade, tendo como base a temperatura observada no
termômetro digital e no comportamento das aves.
De 22 a 42 dias de idade, os pintos foram alojados em boxes de 1,40 x 1,80 m,
com piso de cimento coberto com cama de bagaço de cana-de-açúcar, com comedouros
tubulares e bebedouros pendulares. Durante o período experimental, as aves receberam
água e ração à vontade, e o programa de luz adotado foi contínuo (24 horas de luz =
natural + artificial).
Animais, delineamento e dietas experimentais
Foram utilizados 540 pintos machos de um dia da linhagem de corte Cobb,
distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos e seis
repetições de quinze aves por unidade experimental. A média do peso inicial dos pintos
foi de 42,1 ± 0,04g.
O primeiro tratamento foi constituído de uma ração controle, à base de milho e
farelo de soja, suplementada com L-lisina, DL-metionina e L-treonina, formulada para
atender as exigências nutricionais das aves para cada uma das fases da criação, com os
níveis de todos os aminoácidos essenciais alcançando ou excedendo ligeiramente as
recomendações de Rostagno et al. (2005). O segundo tratamento foi suplementado com
L-valina, além dos aminoácidos industriais utilizados no controle. Desta forma, o
conteúdo de PB da dieta foi o suficiente para fornecer o próximo aminoácido limitante,
isoleucina, ficando esta dieta com teor protéico reduzido em relação ao controle.
De forma semelhante, para compor o terceiro tratamento foi adicionado a L-
isoleucina na formulação e a PB foi reduzida até atender as exigências de arginina. Por
sua vez, o quarto tratamento foi constituído pela adição de L-arginina na formulação,
provocando uma redução nos níveis de PB até atender a exigência mínima de triptofano.
Como a PB das dietas foi reduzida, as exigências ficaram abaixo das recomendações de
Rostagno et al. (2005). Nos dois últimos tratamentos, as rações foram suplementadas
com L-glutamato em quantidades suficientes para atender os requerimentos mínimos de
PB para cada uma das fases de criação, sendo que além dos aminoácidos citados, foram
adicionados a L-valina e L-isoleucina no tratamento 5 e a L-arginina no tratamento 6.
As rações experimentais para cada uma das fases de criação dos frangos de corte
estão apresentadas nas Tabelas 1, 2, 3 e 4.
65
Tabela 1. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
pré inicial (1-7 dias de idade)
Ingredientes T1 T2 T3 T4 T5 T6
Milho 49,466 54,569 57,763 63,898 57,043 60,602
Farelo de soja 44,006 39,524 36,696 30,253 36,778 30,555
Óleo de soja 2,628 1,672 1,049 - 1,119 0,037
Fosfato bicálcico 1,875 1,899 1,914 1,954 1,916 1,965
Calcário 0,829 0,847 0,858 0,882 0,857 0,874
Sal 0,448 0,452 0,455 0,462 0,455 0,464
DL-Metionina 0,325 0,357 0,377 0,427 0,378 0,434
L-Lisina.HCl 0,156 0,287 0,370 0,563 0,370 0,562
L-Treonina 0,070 0,127 0,164 0,251 0,165 0,254
L-Valina - 0,069 0,112 0,214 0,113 0,219
L-Isoleucina - - 0,045 0,151 0,045 0,153
L-Arginina - - - 0,199 - 0,201
L-Glutamato - - - - 0,564 3,483
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Sup. Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Sup. Vitamínico² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano³ 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Inerte (areia lavada) - - - 0,549 - -
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 2950 2950 2950 2950 2950 2950
PB (%) 23,89 22,55 21,73 20,17 22,04 22,04
Cálcio (%) 0,939 0,939 0,939 0,939 0,939 0,939
Fósforo disponível (%) 0,470 0,470 0,470 0,470 0,470 0,470
Lisina dig (%) 1,330 1,330 1,330 1,330 1,330 1,330
Met.+cistina dig (%) 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944
Metionina dig (%) 0,630 0,645 0,655 0,678 0,655 0,682
Treonina dig (%) 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865
Valina dig (%) 0,998 0,998 0,998 0,998 0,998 0,998
Isoleucina dig (%) 0,937 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865
Arginina dig (%) 1,602 1,476 1,397 1,397 1,397 1,397
Triptofano dig (%) 0,286 0,263 0,248 0,213 0,248 0,213
Fenilalanina dig (%) 1,207 1,122 1,068 0,876 0,993 0,871
Histidina dig (%) 0,596 0,557 0,535 0,475 0,532 0,471
Leucina dig (%) 1,824 1,723 1,657 1,504 1,656 1,486
Glutamato (%) 4,316 4,017 3,828 3,381 4,385 6,822
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. T1 - Ração Controle; T2 - redução protéica + valina; T3 -
redução protéica + isoleucina; T4 - redução protéica + arginina; T5 - suplementação de valina, isoleucina,
glutamato; T6 - suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato.
66
Tabela 2. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
inicial (8-21 dias de idade)
Ingredientes T1 T2 T3 T4 T5 T6
Milho 59,318 63,078 65,608 69,515 61,695 64,491
Farelo de soja 35,316 32,013 29,773 24,655 30,224 25,114
Óleo de soja 1,661 0,958 0,465 - 0,845 -
Fosfato bicálcico 1,770 1,788 1,800 1,835 1,812 1,852
Calcário 0,818 0,832 0,840 0,857 0,832 0,846
Sal 0,433 0,437 0,439 0,445 0,441 0,448
DL-Metionina 0,254 0,278 0,294 0,336 0,301 0,348
L-Lisina.HCl 0,173 0,270 0,336 0,492 0,332 0,490
L-Treonina 0,060 0,103 0,132 0,203 0,134 0,208
L-Valina - 0,046 0,080 0,165 0,084 0,172
L-Isoleucina - - 0,036 0,122 0,037 0,125
L-Arginina - - - 0,162 - 0,166
L-Glutamato - - - - 3,066 5,476
Colina - 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Sup. Mineral¹ 0,070 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Sup. Vitamínico² 0,050 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano³ 0,025 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,030 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,010 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,002 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Inerte (areia lavada) 0,010 - - 1,016 - 0,067
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 3000 3000 3000 3000 3000 3000
PB (%) 20,79 19,80 19,16 17,85 20,79 20,79
Cálcio (%) 0,884 0,884 0,884 0,884 0,884 0,884
Fósforo disponível (%) 0,442 0,442 0,442 0,442 0,442 0,442
Lisina dig (%) 1,146 1,146 1,146 1,146 1,146 1,146
Met.+cistina dig (%) 0,814 0,814 0,814 0,814 0,814 0,814
Metionina dig (%) 0,529 0,54 0,548 0,569 0,552 0,574
Treonina dig (%) 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745
Valina dig (%) 0,865 0,860 0,860 0,860 0,860 0,860
Isoleucina dig (%) 0,798 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745
Arginina dig (%) 1,358 1,266 1,203 1,203 1,203 1,203
Triptofano dig (%) 0,240 0,223 0,211 0,183 0,212 0,183
Fenilalanina dig (%) 0,969 0,911 0,871 0,774 0,868 0,767
Histidina dig (%) 0,521 0,493 0,474 0,425 0,47 0,419
Leucina dig (%) 1,629 1,553 1,503 1,372 1,485 1,344
Glutamato (%) 3,735 3,515 3,365 2,997 6,395 8,409
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. T1 - Ração Controle; T2 - redução protéica + valina; T3 -
redução protéica + isoleucina; T4 - redução protéica + arginina; T5 - suplementação de valina, isoleucina,
glutamato; T6 - suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato.
67
Tabela 3. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
de crescimento (22-35 dias de idade)
Ingredientes T1 T2 T3 T4 T5 T6
Milho 60,594 63,412 67,190 70,272 64,140 65,712
Farelo de soja 33,052 30,577 27,233 24,416 27,584 24,833
Óleo de soja 2,920 2,392 1,655 1,044 1,952 1,473
Fosfato bicálcico 1,620 1,633 1,651 1,667 1,661 1,682
Calcário 0,777 0,787 0,800 0,811 0,793 0,801
Sal 0,414 0,416 0,419 0,422 0,421 0,425
DL-Metionina 0,233 0,250 0,274 0,295 0,280 0,305
L-Lisina.HCl 0,149 0,222 0,320 0,403 0,317 0,402
L-Treonina 0,044 0,076 0,119 0,156 0,121 0,160
L-Valina - 0,038 0,089 0,133 0,092 0,140
L-Isoleucina - - 0,053 0,099 0,054 0,102
L-Arginina - - - 0,085 - 0,089
L-Glutamato - - - - 2,388 3,679
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Sup. Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Sup. Vitamínico² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano³ 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 3100 3100 3100 3100 3100 3100
PB (%) 19,84 19,10 18,14 17,48 19,41 19,41
Cálcio (%) 0,824 0,824 0,824 0,824 0,824 0,824
Fósforo disponível (%) 0,411 0,411 0,411 0,411 0,411 0,411
Lisina dig (%) 1,073 1,073 1,073 1,073 1,073 1,073
Met.+cistina dig (%) 0,773 0,773 0,773 0,773 0,773 0,773
Metionina dig (%) 0,498 0,506 0,518 0,528 0,521 0,533
Treonina dig (%) 0,697 0,697 0,697 0,697 0,697 0,697
Valina dig (%) 0,826 0,826 0,826 0,826 0,826 0,826
Isoleucina dig (%) 0,759 0,719 0,719 0,719 0,719 0,719
Arginina dig (%) 1,290 1,221 1,127 1,127 1,127 1,127
Triptofano dig (%) 0,228 0,215 0,197 0,182 0,197 0,182
Fenilalanina dig (%) 0,925 0,881 0,822 0,772 0,819 0,765
Histidina dig (%) 0,499 0,478 0,449 0,424 0,446 0,419
Leucina dig (%) 1,566 1,510 1,435 1,370 1,421 1,346
Glutamato (%) 3,566 3,401 3,177 2,987 5,538 6,616
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. T1 - Ração Controle; T2 - redução protéica + valina; T3 -
redução protéica + isoleucina; T4 - redução protéica + arginina; T5 - suplementação de valina, isoleucina,
glutamato; T6 - suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato.
68
Tabela 4. Composição percentual e nutricional das dietas para frangos de corte, na fase
final (36-42 dias de idade)
Ingredientes T1 T2 T3 T4 T5 T6
Milho 63,333 65,690 69,162 71,821 67,502 68,842
Farelo de soja 30,322 28,251 25,176 22,749 25,367 23,021
Óleo de soja 3,142 2,700 2,023 1,496 2,184 1,777
Fosfato bicálcico 1,469 1,480 1,496 1,510 1,502 1,520
Calcário 0,736 0,745 0,757 0,766 0,753 0,760
Sal 0,389 0,391 0,394 0,396 0,395 0,398
DL-Metionina 0,211 0,226 0,248 0,266 0,251 0,273
L-Lisina.HCl 0,158 0,218 0,309 0,380 0,307 0,380
L-Treonina 0,043 0,070 0,110 0,142 0,111 0,145
L-Valina - 0,032 0,079 0,116 0,081 0,121
L-Isoleucina - - 0,049 0,088 0,050 0,090
L-Arginina - - - 0,073 - 0,076
L-Glutamato - - - - 1,300 2,400
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Sup. Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Sup. Vitamínico² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano³ 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Promotor de Cresc.(+)4 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Promotor de Cresc.(-)5
0,002 0,002 0,002 0,002 0,002 0,002
Antioxidante6
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 3150 3150 3150 3150 3150 3150
PB (%) 18,84 18,22 17,34 16,77 18,03 18,03
Cálcio (%) 0,763 0,824 0,824 0,824 0,824 0,824
Fósforo disponível (%) 0,380 0,411 0,411 0,411 0,411 0,411
Lisina dig (%) 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017
Met.+cistina dig (%) 0,732 0,732 0,732 0,732 0,732 0,732
Metionina dig (%) 0,467 0,474 0,484 0,493 0,486 0,496
Treonina dig (%) 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661
Valina dig (%) 0,783 0,783 0,783 0,783 0,783 0,783
Isoleucina dig (%) 0,714 0,681 0,681 0,681 0,681 0,681
Arginina dig (%) 1,212 1,154 1,068 1,068 1,068 1,068
Triptofano dig (%) 0,213 0,202 0,186 0,173 0,186 0,173
Fenilalanina dig (%) 0,875 0,839 0,784 0,741 0,783 0,737
Histidina dig (%) 0,475 0,457 0,430 0,409 0,429 0,406
Leucina dig (%) 1,501 1,455 1,385 1,330 1,378 1,314
Glutamato (%) 3,379 3,240 3,035 2,871 4,319 5,238
1 - Suplemento mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2
g; I – 1 g; veiculo q.s.p. - 500 g. 2 - Suplemento vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A -
15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g;
vit. B12 - 0,015 g; Ácido nicotínico - 25 g; Ácido pantatênico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Ácido fólico - 1,0 g;
Se - 250 mg; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 - Coban; 4 - Enradin - 100g/ton; 5 - Colistin - 20 g/ton; 6 -
Etoxiquim - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. T1 - Ração Controle; T2 - redução protéica + valina; T3 -
redução protéica + isoleucina; T4 - redução protéica + arginina; T5 - suplementação de valina, isoleucina,
glutamato; T6 - suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato.
69
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave), peso final (g/ave),
ganho de peso (g/ave), conversão alimentar (g/g), consumo de ração no período do
ensaio de metabolismo, nitrogênio consumido, excretado e retido (g/ave/dia), eficiência
de retenção de nitrogênio (%), nível sérico de ácido úrico (mg/dL), peso vivo (kg), peso
de carcaça (kg), rendimento de carcaça (%), peso (g) e rendimento (%) de peito, coxa e
sobrecoxa, peso do fígado, moela, coração, gordura celomática, relação fígado/carcaça,
moela/carcaça, coração/carcaça, gordura celomática/carcaça e análise histológica do
fígado e duodeno.
O consumo de ração foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração
fornecida e as sobras experimentais, pesadas no início e final de cada fase experimental.
O peso final foi obtido pelo peso total dividido pelo número de aves. Para determinação
do ganho de peso, as aves foram pesadas no início e no final de cada fase experimental.
A partir dos dados de consumo de ração e ganho de peso, foi calculado a conversão
alimentar dos animais em cada fase.
O nitrogênio consumido, excretado, retido, eficiência de retenção de nitrogênio
foi determinado pelo método de coleta total de excretas. No período de 18 a 21 dias de
idade, com os frangos nas baterias, foi realizado o monitoramento do consumo de ração,
pela pesagem da ração fornecida, acrescida de óxido férrico como marcador, e das
sobras de ração no final do período analisado. Durante esse período de 3 dias, as
excretas foram coletadas, por meio de bandejas acondicionadas abaixo das gaiolas,
identificadas, pesadas duas vezes ao dia (8 e 16h) e armazenadas em freezer a -20ºC até
o final do período experimental. Posteriormente, as excretas foram homogeneizadas,
identificadas e uma amostra de aproximadamente 150 g por parcela foi colocada em
bandejas marmitex de alumínio em estufa de ventilação forçada a 60 ± 5 ºC. Após a
secagem, foi pesada novamente, moída e guardada em potes plásticos identificados até o
momento da análise de matéria seca e nitrogênio no laboratório.
O consumo (NC) e a excreção (NE) media diária de nitrogênio, por parcela
experimental, foram calculados dividindo-se o consumo e a excreção média diária de
proteína bruta (PB), expresso na matéria seca a 105 ºC, pelo fator 6,25. A retenção
média diária de nitrogênio (N) foi calculada pela diferença entre o consumo médio
diário de N e a excreção média diária de N, (NR=NC-NE). E a porcentagem da
70
eficiência de retenção de nitrogênio foi calculada usando a fórmula: (100-
(NEx100/NC)).
Aos 42 dias, foram selecionadas três aves por parcela, com peso médio
representativo da parcela para realização do abate, coleta de sangue, avaliação da
carcaça, vísceras e análises histológicas. No abate, foi aferido o peso vivo, o peso e
rendimento de carcaça e partes nobres (peito, coxa e sobrecoxa), onde foi considerado o
peso da carcaça eviscerada (cabeça, pescoço e pés), em relação ao peso vivo após jejum.
O rendimento das partes nobres foram calculados em relação ao peso da carcaça
eviscerada. Foram pesados também; o fígado, moela, coração e gordura celomática,
calculados os pesos relativos pela relação destes com o peso da carcaça. Na coleta de
sangue, foram retirados cerca de 10 ml de sangue pelo corte na veia jugular de 3
animais por tratamento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi estocado a -20
ºC para posterior análise das concentrações de ácido úrico, através de “kit” comercial
(Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as instruções do fabricante.
Nas análises histológicas, foi realizada através da retirada de fragmentos do
sistema digestório (duodeno e fígado) de 10 animais por tratamento. Os fragmentos
foram imersos em fixador metacarn (60% metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido
acético) por 12 horas, sendo transferidos para álcool 70% em seguida. Para a
microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast. Foram realizados
cortes seriados dos fragmentos com 5 μm de espessura. As seguintes colorações
histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e eosina,
periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram capturadas
com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e as imagens
digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
Análise Estatística
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa Statistical
Analysis System (SAS, 2000). Os dados foram submetidos a comparação das médias
realizadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
71
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, peso final, ganho de peso e
conversão alimentar de frangos de corte em todas as fases de criação são apresentados
na Tabela 5.
Tabela 5. Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, peso final, ganho de peso e
conversão alimentar de frangos de corte em todas as fases de criação 1 a 7 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 23,89 22,55 21,73 20,17 22,04 22,04
CR (g/ave) 146,87b 150,93ab 156,80a 158,13a 153,71ab 148,16b 2,93
PF (g/ave) 178,56 178,24 181,11 177,64 179,81 177,00 3,48
GP (g/ave) 136,44 136,11 139,00 135,56 137,70 134,87 4,55
CA (g/g) 1,077b 1,110b 1,130ab 1,167a 1,118ab 1,100b 3,04
8 a 21 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 20,79 19,80 19,16 17,85 20,79 20,79
CR (g/ave) 1131,15a 1133,02a 1110,10a 1057,06ab 1075,04ab 999,37b 4,55
PF (g/ave) 997,95a 962,14ab 929,15bc 902,45c 941,10abc 884,91c 4,11
GP (g/ave) 819,39a 783,89ab 748,04bc 724,80c 761,29abc 707,91c 5,16
CA (g/g) 1,381b 1,449ab 1,488a 1,460ab 1,412ab 1,413ab 3,46
1 a 21 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
CR (g/ave) 1278,02a 1283,95a 1266,90a 1215,19ab 1228,75ab 1147,53b 3,95
GP (g/ave) 955,84a 920,01ab 887,04bc 860,36c 898,99abc 842,78c 4,31
CA (g/g) 1,337b 1,398ab 1,430a 1,413a 1,367ab 1,362ab 2,87
22 a 35 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 19,84 19,10 18,14 17,48 19,41 19,41
CR (g/ave) 2128,08 2047,36 2065,65 1967,80 2069,82 2088,12 4,61
PF (g/ave) 2299,81a 2224,10ab 2187,25ab 2108,91b 2204,43ab 2154,76b 3,73
GP (g/ave) 1301,86 1261,96 1258,11 1206,46 1263,33 1269,84 6,21
CA (g/g) 1,635 1,625 1,643 1,632 1,639 1,654 4,59
36 a 42 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB 18,84 18,22 17,34 16,77 18,03 18,03
CR (g/ave) 1322,08 1292,29 1297,73 1251,51 1272,61 1337,68 5,31
PF (g/ave) 2958,15a 2896,73ab 2837,26ab 2730,59b 2856,50ab 2870,12ab 3,70
GP (g/ave) 658,34ab 672,64ab 650,01ab 621,68b 652,08ab 715,36a 8,02
CA (g/g) 2,010 1,927 1,998 2,013 1,953 1,886 4,98
1 a 42 dias
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
CR (g/ave) 4728,18a 4623,61ab 4630,28ab 4434,50b 4571,17ab 4573,33ab 3,59
GP (g/ave) 2916,04a 2854,60ab 2795,15ab 2688,50b 2814,39ab 2827,99ab 3,76
CA (g/g) 1,621 1,621 1,657 1,650 1,625 1,617 1,61
C.V. (%): Coeficiente de variação; CR - consumo de ração; PF - peso final; GP - ganho de peso; CA -
conversão alimentar; T1 - Ração Controle; T2 - redução PB + valina; T3 - redução PB + isoleucina; T4 -
redução PB + arginina; T5 - suplementação de valina, isoleucina, glutamato; T6 - suplementação de
valina, isoleucina, arginina, glutamato. a, b, c
Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem
estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
72
De 1 a 7 dias de idade, a ração com redução PB + isoleucina, com redução PB +
arginina apresentaram as maiores médias de consumo de ração em relação aos
tratamentos controle e com suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato. A
melhor conversão alimentar ocorreu nos tratamentos controle, com redução PB + valina,
com suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato em relação ao com
redução PB + arginina.
De 8 a 21 dias de idade, o maior consumo de ração ocorreu na ração controle,
com redução PB + valina e com redução PB + isoleucina em relação a ração com
suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato. O maior peso final e ganho de
peso ocorreram nas rações controle e com redução PB + valina em relação a ração com
suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato. A melhor conversão alimentar
ocorreu na ração controle em relação a ração com redução PB + isoleucina.
De 1 a 21 dias de idade, os maiores consumos de ração ocorreu na ração
controle, com redução de PB + valina e com redução de PB + isoleucina em relação a
ração com suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato. O maior ganho de
peso ocorreu na ração controle em relação ao tratamento com suplementação de valina,
isoleucina, arginina, glutamato. E a melhor conversão alimentar foi obtida na ração
controle em relação ao tratamento com redução PB + isoleucina e com redução PB +
arginina.
De 22 a 35 dias de idade, o maior peso final ocorreu na ração controle em
relação aos tratamentos com redução PB + arginina e com suplementação de valina,
isoleucina, arginina, glutamato. De 36 a 42 dias de idade, a ração controle obteve o
maior peso final em relação a ração com redução PB + arginina. O maior ganho de peso
ocorreu com suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato em relação a
ração com redução PB + arginina. De 1 a 42 dias de idade, o maior consumo de ração e
ganho de peso ocorreu na ração controle em relação a ração com redução PB + arginina.
Corzo et al. (2005), estudaram a resposta de frangos de corte de 5 a 21 dias de
idade submetidos a uma dieta com baixo nível de proteína bruta (18% PB)
suplementado com aminoácidos essenciais (lisina, metionina, treonina e isoleucina), e
composta por seis tratamentos com adições individuais de aminoácidos não essenciais
(glicina, alanina, acido aspártico, ácido glutâmico, prolina e leucina), em comparação a
uma dieta controle positiva convencional (22% PB). Nesse estudo, verificou-se ganho
73
de peso semelhante à dieta controle e a dieta com baixa proteína bruta suplementada
com aminoácidos não essenciais. Estes resultados comprovam a necessidade de
suplementação de aminoácidos não essenciais em dietas com redução protéica.
Berres et al. (2010), avaliaram os efeitos da suplementação de valina, isoleucina,
glicina e acido glutâmico individualmente ou combinados, em dietas de frangos de
corte, com reduções graduais na proteína. Os autores observaram que os frangos de
corte alimentados com dietas com baixa proteína, suplementadas com aminoácidos
industriais tiveram o mesmo ganho, consumo de ração e conversão alimentar em
comparação com aves alimentadas com a dieta controle, o que comprova a necessidade
de nitrogênio para a síntese de aminoácido não essencial em dietas com reduções
protéicas.
Han et al. (1992), demonstraram que pintos com idade entre 1 e 21 dias,
consumindo rações a base de milho e farelo de soja, com 19% de PB e suplementado
com metionina, lisina, treonina, arginina, valina e acido glutâmico tiveram um
desempenho equivalente aqueles alimentados com a dieta controle (23% PB). Da
mesma forma, entre 22 a 42 dias de idade, com 16% PB e suplementada com os
mesmos aminoácidos, tiveram desempenho semelhante ao controle (20% PB).
Na figura 1 são apresentados os parâmetros significativos de desempenho
(consumo de ração e ganho de peso) de 1 a 42 dias de idade.
Figura 1. Consumo de ração e ganho de peso de frangos de 1 a 42 dias de idade
Dessa forma, verifica-se para o período completo de criação, a redução do
consumo de ração e ganho de peso até o tratamento com redução PB + arginina (T4), e
74
em seguida com a suplementação de glutamato há uma tendência a elevação desses
parâmetros, supondo que é necessário uma fonte de AANE em dietas com redução
protéica, poupando os AAE para a utilização da síntese de proteína orgânica.
Na Tabela 6, são apresentadas as médias do consumo de ração durante três dias
de coleta de excreta, do nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de retenção
de nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, e médias do nível sérico de
ácido úrico dos frangos aos 42 dias de idade, em função dos tratamentos.
Tabela 6. Médias de consumo de ração durante os três dias de coleta de excreta, do
nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de retenção de nitrogênio
de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, e a média do nível sérico de
ácido úrico dos frangos aos 45 dias de idade
Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB (8-21d) 20,79 19,80 19,16 17,85 20,79 20,79
PB (36-42d) 18,84 18,22 17,34 16,77 18,03 18,03
CR (g/ave/dia) 97,13a 102,72ab 88,83bc 89,12bc 89,74bc 82,94c 3,47
NC (g/ave/dia) 2,82 a 2,82 a 2,40 bc 2,20 c 2,62 ab 2,44 bc 3,49
NE (g/ave/dia) 0,72 a 0,67 b 0,52 e 0,54 e 0,64 c 0,60 d 3,32
NR (g/ave/dia) 2,11 a 2,14 a 1,88 ab 1,66 b 1,98 ab 1,84 ab 4,47
ER (%) 74,61 b 76,08 ab 78,30 a 75,38 ab 75,56 ab 75,32 ab 1,06
AU (mg/dL) 6,44d 7,38c 7,81c 7,62c 9,59b 10,87a 2,25
C.V. (%): Coeficiente de variação; CR - Consumo de ração durante 3 dias; NC - Nitrogênio consumido;
NE - Nitrogênio excretado; NR - Nitrogênio retido; ER - Eficiência de retenção de nitrogênio; AU - nível
sérico de ácido úrico; T1 - Ração Controle; T2 - redução PB + valina; T3 - redução PB + isoleucina; T4 -
redução PB + arginina; T5 - suplementação de valina, isoleucina, glutamato; T6 - suplementação de
valina, isoleucina, arginina, glutamato. a, b, c
Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem
estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Para o consumo de ração, pode-se observar que a ração com 19,80% de PB +
valina não diferiu em relação ao tratamento controle. Sendo que, o maior consumo
ocorreu na ração controle em relação aos tratamentos com 19,16% de PB + isoleucina,
com 17,85% de PB + arginina, com suplementação de valina, isoleucina, glutamato e
com suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato.
Para o nitrogênio consumido, a ração com 19,80% de PB + valina e a
suplementação de valina, isoleucina, glutamato não diferiu em relação ao tratamento
controle. As maiores médias ocorreram nos tratamentos controle e com 19,80% de PB +
valina em relação ao tratamento com 19,16% de PB + isoleucina, com 17,85% de PB +
arginina e com suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato. Os menores
75
valores de nitrogênio excretado ocorreu nos tratamentos com 19,16% de PB +
isoleucina e com 17,85% de PB + arginina em relação aos demais tratamentos.
Para o nitrogênio retido, verifica-se as maiores médias no tratamento controle e
com 19,80% de PB + valina em relação ao tratamento com 17,85% de PB + arginina. A
maior eficiência de retenção de nitrogênio ocorreu com 19,16% de PB + isoleucina em
relação ao controle. Contudo, o menor teor de ácido úrico ocorreu no controle em
relação aos demais tratamentos.
De acordo com este experimento, Corzo et al. (2005), estudaram as resposta do
balanço de nitrogênio de frangos de corte aos 21 dias de idade, que receberam
suplementação de aminoácidos essenciais e não essenciais submetidos a dietas de baixa
proteína bruta, os tratamentos consistiram de uma dieta controle (22% de PB), uma
dieta de baixa proteína (18%) suplementada com L-lisina, DL-metionina, L-treonina, e
L-isoleucina, e seis tratamentos compostos de adições individuais de glicina, alanina,
ácido aspártico, ácido glutâmico, prolina e leucina. Segundo os autores, a dieta controle
apresentou os maiores consumos e excreção de nitrogênio, contudo, com menor
retenção de nitrogênio.
Corzo et al. (2005), estudaram a necessidade do aminoácido não essencial em
dietas para frangos de corte, sobre o teor de ácido úrico, e verificaram que o maior valor
foi apresentado nos animais que receberam ração controle (22% PB). Nesse sentido, os
autores concluíram que existe a necessidade de adicionar aminoácidos não essenciais à
ração com redução de 4% de PB. Entretanto neste estudo, verificou-se que os dois
últimos tratamentos, apesar de serem suplementados com ácido glutâmico em dietas
com redução protéica, apresentaram elevado teor de ácido úrico no soro sanguíneo em
relação aos demais tratamentos, levando a supor que o alto teor de ácido úrico em dietas
com AANE, foi em virtude do desbalanço entre AAE e AANE.
Namroud et al. (2008), avaliaram 4 dietas experimentais com diferentes níveis
de redução protéica (23; 21; 19 e 17%), e 4 dietas formuladas para ter 17 e 19% PB, em
que 2 delas continham um adicional de 10% dos aminoácidos essenciais (lisina,
treonina, arginina, triptofano) e 2 foram suplementadas com aminoácidos não essenciais
(0,49% de glutamato + 0,20% de glicina). Os autores verificaram a suplementação das
dietas de baixa PB (19 e 17%) com 10% a mais de AAE promoveu aumento no teor de
nitrogênio (N) na excreta, enquanto a mistura de AANE (glicina + glutamato) somente
76
aumentou a excreção de N quando adicionada a dieta com 19% PB, não tendo efeito
significativo sobre a N da excreta quando suplementada com 17% PB. Os autores
verificaram um aumento do nível de ácido úrico no plasma e uma redução do nível de
amoníaco com a redução da PB para 17%. Em aves, o amoníaco é metabolizado por
conversão ao ácido úrico; assim, o aumento da formação de ácido úrico deve ser um
fator eficaz na redução do nível de amoníaco.
Na figura 2 são apresentados os parâmetros significativos do balanço de
nitrogênio (consumo de ração, nitrogênio consumido, excretado, retido e eficiência de
retenção de nitrogênio) e nível sérico de ácido úrico das aves.
Figura 2. Consumo de ração, nitrogênio consumido, excretado, retido, eficiência de
retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico dos frangos de corte
77
Neste estudo, verifica-se uma redução do consumo de ração, do nitrogênio na
excreta, e aumento da eficiência de retenção de nitrogênio até o tratamento com 19,16%
de PB + isoleucina. O nitrogênio consumido e retido reduzem até o tratamento com
17,85% de PB + arginina. Quanto ao ácido úrico, verifica-se um aumento com a
redução protéica e suplementação de AAE e AANE.
Na Tabela 7, são apresentados os resultados das médias de peso vivo e dos pesos
e rendimentos de carcaça, peito, coxa e sobrecoxa dos frangos aos 42 dias de idade, em
função dos tratamentos.
Tabela 7. Médias do peso vivo, peso e rendimento de carcaça e partes nobres (peito,
coxa e sobrecoxa) dos frangos aos 45 dias de idade, em função dos
tratamentos Tratamentos T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB (36-42 d) 18,84 18,22 17,34 16,77 18,03 18,03
PV (kg) 2,82a 2,76ab 2,68ab 2,63b 2,74ab 2,72ab 3,49
PC (kg) 2,44a 2,42ab 2,34ab 2,28b 2,39ab 2,36ab 3,43
RC (%) 86,41 87,63 87,21 86,92 87,31 86,57 1,15
PP (g) 825,83a 796,50ab 776,94ab 751,69b 792,81ab 794,89ab 4,44
RP (%) 33,86 32,91 33,25 32,95 33,13 33,74 2,08
PCx (g) 262,67 267,06 255,81 255,28 258,25 259,89 5,45
RCx (%) 10,77 11,03 10,94 11,18 10,81 11,04 3,99
PSx (g) 327,39 328,39 316,47 313,67 327,72 302,94 4,66
RSx (%) 13,42ab 13,56ab 13,54ab 13,75a 13,71a 12,87b 3,19
C.V. (%): Coeficiente de variação; PV - peso vivo; PC - peso de carcaça; RC - rendimento de carcaça; PP
- peso de peito; RP - rendimento de peito; PCx - peso de coxa; RCx - rendimento de coxa; PSx - peso de
sobrecoxa; RSx – rendimento de sobrecoxa; T1 - Ração Controle; T2 - redução PB + valina; T3 - redução
PB + isoleucina; T4 - redução PB + arginina; T5 - suplementação de valina, isoleucina, glutamato; T6 -
suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato. a, b
Médias seguidas por letras diferentes nas
colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Para peso vivo, peso de carcaça e peso de peito, observa-se que os tratamentos
com 18,22% de PB + valina, 17,34% de PB + isoleucina, suplementado com valina,
isoleucina, glutamato e o suplementado com valina, isoleucina, arginina, glutamato não
diferiram do tratamento controle. Contudo, o tratamento controle apresentou o maior
peso em relação ao tratamento com 16,77% de PB + arginina. Quanto ao rendimento de
sobrecoxa, os tratamentos com 18,22% de PB + valina, 17,34% de PB + isoleucina,
16,77% de PB + arginina e com suplementação de valina, isoleucina, glutamato não
diferiram em relação ao controle. Os tratamentos com 16,77% de PB + arginina e
suplementado com valina, isoleucina, glutamato apresentaram os maiores rendimentos
de sobrecoxa em relação ao tratamento suplementado com valina, isoleucina, arginina,
glutamato.
78
Goulart (2010), avaliando o efeito dos níveis de proteína bruta (16,5; 17,5; 18,5
e 19,5) e da relação aminoácidos essenciais e não essenciais (49:51, 46:54, 44:56,
41:59), sobre o rendimento de carcaça de frangos de corte de 40 dias de idade, não
verificou efeito significativo dos níveis de PB sobre as características de rendimento de
carcaça e cortes nobres, diferenciando dos dados analisados neste trabalho.
Faria Filho et al. (2006), estudando o rendimento de carcaça e cortes nobres de
frangos de corte submetidos a uma ração com 18% de PB e duas rações de baixa
proteína (16,5 e 15%) com suplementação de aminoácidos essenciais (lisina, metionina,
treonina, triptofano, valina, arginina e isoleucina). Os autores verificaram que as dietas
com baixa proteína bruta não influenciaram o rendimento de carcaça e de cortes
comerciais. Resultados semelhantes foram obtidos por Rodrigues et al. (2008), que
avaliaram as características de carcaça de frangos de corte no período de 42 dias de
idade alimentados com rações formuladas com diferentes relações lisina digestível:
proteína bruta (17 e 19,5%). Os autores não observaram efeito significativo dos dois
níveis de PB utilizados sobre os rendimentos de carcaça e de partes.
De acordo com este experimento, Berres et al. (2010), avaliaram os efeitos da
suplementação de valina, isoleucina, glicina e ácido glutâmico individualmente ou
combinados, em dietas de frangos de corte, com reduções graduais na proteína. Os
autores observaram que os frangos que receberam a dieta controle tiveram os maiores
rendimentos de coxas, que as aves de todos os outros tratamentos, exceto aqueles
alimentados com dietas suplementadas com valina ou + valina e glicina, houve melhora
no rendimento de peito em frangos alimentados com dietas suplementadas com
isoleucina e bom rendimento de carcaça em dietas com redução protéica suplementada
com glicina e ácido glutâmico, o que implica na necessidade de nitrogênio para a síntese
de AANE.
Na figura 3 são apresentados os parâmetros significativos da qualidade de
carcaça (peso vivo, peso de carcaça, peso de peito e rendimento de sobrecoxa) dos
frangos aos 42 dias de idade.
79
Figura 3. Peso vivo, peso de carcaça, peso de peito e rendimento de sobrecoxa de
frangos abatidos aos 42 dias de idade
Neste estudo, verifica-se que o peso vivo, peso de carcaça e peso de peito
reduziu com a redução protéica, do controle até o tratamento com 16,77% de PB +
arginina, em seguida, nos dois últimos tratamentos, com suplementação de AANE,
houve uma tendência a elevar esses parâmetros. Contudo, a suplementação de valina,
isoleucina, arginina, glutamato, no último tratamento, influenciou negativamente o
rendimento de sobrecoxa em relação aos tratamentos com 16,8% de PB + arginina e
18,03% de PB com suplementação de valina, isoleucina, glutamato.
Na Tabela 8 são apresentadas as médias do peso do fígado, moela, coração,
gordura celomática e relação entre as partes pesadas e carcaça dos frangos de corte
abatidos aos 42 dias de idade.
80
Tabela 8. Médias do peso do fígado, moela, coração, gordura celomática e relação
fígado/carcaça, moela/carcaça, coração/carcaça e gordura celomática/carcaça
dos frangos de corte abatidos aos 45 dias de idade
Tratamentos T1 T2 T3 T4 T5 T6 C.V.
PB (36-42 d) 18,84 18,22 17,34 16,77 18,03 18,03
PFg (g) 45,22 44,44 43,72 42,89 44,97 44,56 5,82
PMo (g) 46,33 51,06 49,19 48,89 52,33 48,39 8,94
PCr (g) 15,33 15,06 15,22 13,64 14,89 15,00 8,70
PGo (g) 32,33 35,11 30,25 33,86 33,72 27,33 16,35
Fg:C 1,855 1,837 1,872 1,880 1,883 1,892 5,48
Mo:C 1,901 2,111 2,109 2,144 2,187 2,054 8,54
Cr:C 0,628 0,622 0,652 0,597 0,624 0,636 8,47
Go:C 1,327 1,447 1,300 1,490 1,407 1,158 16,39
C.V. (%): Coeficiente de variação; PFg - peso do fígado; PMo - peso da moela; PCr – peso do coração;
PGo - peso da gordura celomática; Fg:C - relação fígado/carcaça; Mo:C – relação moela/carcaça; Cr:C –
relação coração/carcaça; Go:C – relação gordura celomática/carcaça; T1 - Ração Controle; T2 - redução
PB + valina; T3 - redução PB + isoleucina; T4 - redução PB + arginina; T5 - suplementação de valina,
isoleucina, glutamato; T6 - suplementação de valina, isoleucina, arginina, glutamato. Médias seguidas por
letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Nenhuma diferença significativa foi observada na Tabela 8 para pesos das
vísceras e relações vísceras/carcaça entre os tratamentos avaliados. Também não foi
verificada nenhuma diferença histológica significativa entre os tratamentos estudados,
seja no intestino ou fígado. Os resultados encontrados neste estudo corroboram com Yi
e Allee (2006), os quais descrevem que os efeitos da suplementação do glutamato são
variáveis e inconsistentes sob condições normais de alimentação, sendo mais
pronunciados em quadros inflamatórios ou doença com catabolismo. Nestas condições,
segundo esses autores, esperava-se que o glutamato atuesse aumentando a resposta
imune, na manutenção da integridade da mucosa intestinal, aumentando a síntese
protéica e reduzindo o catabolismo protéico, diminuindo a mortalidade e a morbidade,
enfim, tendo um impacto positivo sobre o desempenho de leitões ou aves jovens.
Sakamoto (2009), estudou em um de seus experimentos a suplementação de
glutamina (0,5; 1; 1,5; 2%) e aminogut (0,5; 1; 3; 5%) com 21% de PB na mucosa
intestinal de frangos de corte com 7, 14, 21 e 42 dias de idade. Não sendo observado
efeito significativo dos pesos relativos dos órgãos digestórios em todas as idades para os
tratamentos avaliados, apenas a porcentagem de intestino aos 7 dias de idade aumentou
com 5% de aminogut.
Os resultados corroboram também com Ebadiasl (2011), que avaliou a influência
da glutamina e glutamato (0% de glu e gln, 1% de gln, 0,5% de gln, 1% de glu, 0,5% de
glu) na dieta de frangos de corte machos de 1 a 35 dias de idade sobre o desempenho e
morfologia intestinal. Não foi observado efeito dos tratamentos sobre o desempenho de
81
frangos de corte, morfologia intestinal, comprimento dos diferentes segmentos do
intestino delgado, o peso do baço e do fígado em relação ao peso corporal. Segundo o
autor os efeitos do glutamato dietético em órgãos linfóides e no fígado deveriam ser
avaliados quando os frangos forem desafiados.
82
CONCLUSÃO
Recomenda-se a ração controle, pois apresentou menor teor de ácido úrico no
sangue e os melhores resultados de ganho de peso, peso vivo, peso de carcaça e peso de
peito para os frangos de corte de 1 a 42 dias de idade em relação a ração com redução
de PB + arginina.
83
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86
CAPÍTULO 4
Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para
poedeiras semipesadas
87
Ácido glutâmico suplementado em dietas com redução protéica para poedeiras
semipesadas
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito da redução protéica e a suplementação de L-
glutamato em poedeiras semipesadas na fase de produção, 384 poedeiras da linhagem
Dekalb Brown com 34 semanas de idade foram distribuídas em um delineamento
inteiramente casualizado com seis tratamentos, oito repetições, de oito aves por unidade
experimental, com duração de 140 dias, divididos em 5 períodos de 28 dias cada. Os
tratamentos avaliados continham 17%, 15,5%, 14% de PB, 15,17% PB + 2,982% de
glutamato, 15,74% PB + 3,982% de glutamato, 16,32% PB + 4,982% de glutamato,
respectivamente. Para o produção e conversão por dúzia de ovos, os maiores e melhores
valores, respectivamente, foram observados tratamento com 15,17% de PB + 2,982%
glutamato em relação ao controle. O peso do ovo foi maior nos tratamentos controle e
com 15,5% de PB em relação aos demais tratamentos. O tratamento controle obteve um
maior consumo e retenção de nitrogênio em relação ao tratamento com 14% de PB e
15,74% PB + 3,982% glutamato. O menor teor de ácido úrico ocorreu nos tratamentos
com 15,5% e 14% de PB em relação ao controle. Os tratamentos com suplementação de
glutamato, apresentaram um magno com mais dobras secundárias e mais glândulas
ativas e vilosidades intestinais mais largas que os demais tratamentos. Concluindo que o
tratamento com 15,17% PB + 2,982% de glutamato apresentou maior produção e
melhor conversão por dúzia de ovos, o mesmo consumo e retenção de nitrogênio e um
menor teor de ácido úrico no soro em relação ao controle.
Palavras-chave: ácido úrico, aminoácidos, desempenho, produção de ovos, nitrogênio,
vilosidades intestinais
88
Glutamic acid supplemented diets with reduced protein for laying hens
ABSTRACT
With the objective of evaluating the effect of reducing protein and
supplementation of L-glutamate in laying hens in production phase, 384 Dekalb Brown
hens strain at 34 weeks of age were distributed in a completely randomized design with
six treatments and eight replicates of eight birds per experimental unit, lasting 140 days,
divided into 5 periods of 28 days each. The treatments contained 17%, 15.5%, 14% CP,
15.17% CP + 2.982% glutamate, 15.74% CP + 3.982% glutamate, 16.32% CP +
4.982% glutamate, respectively. For the production and conversion dozen eggs, the
biggest and best values, respectively, were observed treatment with 15.17% CP +
2.982% glutamate compared to control. The egg weight was higher in the control
treatment and 15.5% of CP compared to other treatments. The control treatment
obtained a higher intake and nitrogen retention in relation to treatment with 14% CP and
15.74% CP + 3.982% glutamate. The lowest levels of uric acid occurred in treatments
with 15.5% CP and 14% compared to control. The treatments with glutamate
supplementation showed a magnum with secondary folds more active and more glands
and intestinal villi wider than the other treatments. Concluding that treatment with CP +
2.982% 15.17% glutamate showed higher yield and best conversion for dozen eggs, the
same consumption and nitrogen retention and a lower content of serum uric acid
compared to control.
Keywords: uric acid, amino acids, performance, egg production, nitrogen, intestinal
villi
89
INTRODUÇÃO
As necessidades nutricionais de aminoácidos para poedeiras comerciais têm sido
bastante pesquisadas, pois atualmente é prática comum calcular as rações com base nas
recomendações de aminoácidos, no padrão de proteína ideal, na digestibilidade dos
aminoácidos e no custo do arraçoamento (Rocha et al., 2009). A formulação de ração de
forma incorreta pode acarretar em deficiências e/ou excessos, em função da
variabilidade dos dados relativos à digestibilidade dos aminoácidos. Como medida para
contornar este problema, surge o conceito de proteína ideal, que implica no
conhecimento da digestibilidade verdadeira dos aminoácidos, permitindo formulações
sem excessos e deficiências. Formular uma dieta com base no conceito de proteína ideal
implica no fornecimento de nutrientes de forma equilibrada, sendo apenas utilizado o
necessário para a obtenção do ótimo desempenho dos animais. Como conseqüência,
obtendo o máximo de retenção de proteína (ganho em relação ao consumo), e o mínimo
de excreção de nitrogênio para o ambiente (Leclercq, 1998).
De acordo com Heger (2003), a redução protéica exagerada, mesmo com a
suplementação de aminoácidos essenciais, pode levar a uma situação que parte dos
aminoácidos essenciais sejam desviados para a síntese de aminoácidos não essenciais,
pela falta de nitrogênio não específico para este processo, reduzindo, desta maneira, a
deposição de proteína corporal e o desempenho do animal.
E o ácido glutâmico é considerado por vários autores uma fonte eficiente de
nitrogênio não específico, capaz de promover o desenvolvimento e o crescimento,
melhorar o desempenho e reduzir a mortalidade em aves de corte (Silva et al., 2001).
Ele regula o óxido nítrico sintase induzida em tecidos específicos, tais como cérebro e
atua como uma substância imediata na síntese de glutationa que é um composto
importante na eliminação de oxidantes e na modulação da resposta imune (Li et al.,
2007).
Contudo, apesar da grande importância deste aminoácido são poucos os
trabalhos que avaliam a eficiência deste como fonte de nitrogênio não específico em
dietas para poedeiras, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da redução
protéica e a suplementação de L-glutamato e aminoácidos essenciais nas rações de
poedeiras semipesadas em postura.
90
MATERIAL E MÉTODOS
Local e duração do experimento
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de
Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus
II, no município de Areia, na região Norte do Estado da Paraíba, a 6º57’48’’ de latitude
sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com altitude de 618 m acima do nível do mar, no
período de 10/05 a 26/09/2010, totalizando 140 dias, divididos em cinco períodos de 28
dias cada.
Instalações e equipamentos
Durante toda a fase experimental as poedeiras foram alojadas em gaiolas de
arame (24 cm x 37 cm x 41 cm), com comedouros tipo calha e bebedouros tipo nipple.
O programa de luz adotado foi de 17 horas de luz: 7 horas de escuro, utilizando-se um
timer para o controle da luz artificial. A ração e a água foram fornecidas à vontade
durante todo período experimental.
Animais, delineamento e dietas experimentais
Foram utilizadas 384 poedeiras semipesadas, da linhagem Dekalb Brown, com
34 semanas de idade, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado com seis
tratamentos, oito repetições, com oito aves por unidade experimental, onde a média de
peso inicial foi de 1.807 g.
O primeiro tratamento foi constituído de uma ração controle com 17% de PB, à
base de milho e farelo de soja, suplementada com DL-metionina, formulada para
atender as exigências nutricionais de poedeiras semipesadas na fase de postura, com os
níveis de todos os aminoácidos essenciais alcançando ou excedendo ligeiramente as
recomendações de Rostagno et al. (2005), em aminoácidos digestíveis.
O segundo tratamento constituiu-se de uma ração com redução de 1,5% na PB
em relação à PB da ração controle, 15,5% de PB, suplementada com aminoácidos
industriais de forma a atender as exigências nutricionais das aves em aminoácidos
essenciais.
91
No terceiro tratamento, a proteína bruta da ração foi reduzida em 3% em relação
à ração controle, 14% de PB, e da mesma forma, aminoácidos industriais foram
utilizados para garantir o atendimento dos requerimentos mínimos dos aminoácidos
essenciais.
Com a redução da proteína bruta no segundo e terceiro tratamentos, de 17% para
15,5 e 14% de PB, respectivamente, o teor de glutamato, assim como de alguns
aminoácidos essenciais e não essenciais também foram reduzidos. Desta forma, os
tratamentos seguintes foram suplementados com ácido glutâmico com o objetivo de
servir como fonte de nitrogênio não específico na dieta.
No quarto tratamento, o L-glutamato entrou em quantidade suficiente para
fornecer o mesmo teor de glutamato da ração controle (2,982%) e no quinto e sexto
tratamentos as quantidades de L-glutamato foram calculadas de forma a fornecer um
excedente de 1 e 2% de glutamato em relação à ração controle (3,982 e 4,982%),
respectivamente.
As rações experimentais para poedeiras semipesadas em fase de postura estão
apresentadas na Tabela 1.
92
Tabela 1. Composição percentual e nutricional das dietas para poedeiras semipesadas
em fase de postura Ingredientes T1 T2 T3 T4 T5 T6
Milho 63,469 67,82 73,27 67,849 66,509 65,168
Farelo de soja 22,584 18,900 13,723 18,531 18,739 18,946
Óleo de soja 2,364 1,468 0,575 1,429 1,556 1,683
Fosfato bicálcico 1,550 1,575 1,605 1,579 1,583 1,586
Calcário 9,289 9,308 9,328 9,309 9,305 9,302
Sal 0,373 0,377 0,382 0,378 0,378 0,379
DL-Metionina 0,201 0,234 0,273 0,238 0,240 0,243
L-Lisina. HCl - 0,066 0,219 0,078 0,074 0,071
L-Valina - 0,031 0,112 0,038 0,039 0,039
L-Isoleucina - 0,048 0,132 0,055 0,054 0,053
L-Triptofano - 0,003 0,031 0,005 0,004 0,004
L-Treonina - - 0,059 - - -
L-Glutamato - - - 0,341 1,349 2,356
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Supl. mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Supl. vitamínico² 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Carbonato de Potássio - - 0,121 - - -
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição Nutricional
EM (Kcal/kg) 2800 2800 2800 2800 2800 2800
PB (%) 17,00 15,50 14,00 15,17 15,74 16,32
Cálcio (%) 4,200 4,200 4,200 4,200 4,200 4,200
Fósforo disponível (%) 0,375 0,375 0,375 0,375 0,375 0,375
Met.+cistina dig (%) 0,683 0,683 0,683 0,683 0,683 0,683
Metionina dig (%) 0,444 0,440 0,459 0,442 0,443 0,444
Lisina dig (%) 0,750 0,727 0,750 0,750 0,750 0,750
Valina dig (%) 0,675 0,684 0,675 0,675 0,675 0,675
Isoleucina dig (%) 0,623 0,603 0,603 0,603 0,603 0,603
Treonina dig (%) 0,495 0,486 0,480 0,495 0,495 0,495
Triptofano dig (%) 0,173 0,187 0,173 0,173 0,173 0,173
Arginina dig (%) 0,750 0,932 0,785 0,92 0,921 0,924
Fenilalanina dig (%) 0,771 0,674 0,573 0,692 0,692 0,692
Histidina dig (%) 0,421 0,387 0,338 0,356 0,364 0,382
Leucina dig (%) 1,349 1,244 1,124 1,232 1,221 1,223
Sódio (%) 0,230 0,230 0,230 0,230 0,230 0,230
Cloro (%) 0,351 0,351 0,353 0,354 0,353 0,351
Potássio (%) 0,590 0,590 0,590 0,590 0,590 0,590
B.E. (mEq/kg)³ 152,020 152,020 151,460 151,180 151,460 152,020
Glutamato (%) 2,982 2,670 2,318 2,982 3,982 4,982
1-Suplemento mineral (composição/ Kg do produto ): Vit. A - 12.000.000 UI (IU); Vit. D3 - 3.600.000
UI (IU); Vit. B1 – 2.5 g; Vit. B2 – 8 g; Vit. B6 – 3 g; Ácido Pantatênico – 12 g; Biotina – 0.2 g; Vit. K - 3
g; Ácido Fólico – 3.5 g; Ácido Nicotinico – 40 g; Vit. B12 – 20 mg; Se – 0.13 g; Excipiente q.s.p. – 1000
g. 2-Suplemento Mineral (composição/ Kg do produto): Mn – 160 g; Fe – 100 g; Zn – 100 g; Cu - 20 g;
Co – 2 g; I – 2 g. Excipiente q.s.p. . 1.000 g.; ³Balanço eletrolítico. T1 - 17% PB; T2 - 15,5% PB; T3 -
14% PB; T4 - 15,17% PB + 2,982% glutamato; T5 - 15,74% PB + 3,982% glutamato; T6- 16,32% PB +
4,982% glutamato.
93
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram consumo de ração (g/ave/dia), peso final (kg),
produção de ovos (%), peso de ovo (g), massa de ovo (g), conversão por massa (g/g) e
por dúzia de ovo (kg/dz), gravidade específica (g/cm³), porcentagem de casca, gema e
albúmen (%), Unidade Haugh, nitrogênio consumido, excretado e retido (g/ave/dia),
eficiência de retenção de nitrogênio (%), nível sérico de ácido úrico (mg/dL) e análise
histológica do duodeno e magno.
O consumo de ração foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração
fornecida e as sobras experimentais, pesadas no início e final de cada período de 28
dias. O peso final foi realizado pelo peso de todas as parcelas dividido pelo numero de
aves, no final do experimento. A produção dos ovos foi anotada por período, em
planilhas de postura, diariamente às 15h da tarde, dividindo a quantidade de ovos
totalizados por parcela pelo número de aves.
Nos últimos três dias de cada período, os ovos de cada parcela foram pesados
individualmente para a obtenção do peso médio dos ovos. O cálculo da massa de ovo foi
realizado pelo produto da produção de ovos e do peso médio dos ovos por parcela. A
conversão alimentar por massa de ovo foi calculada através da relação entre o consumo
de ração e massa de ovo produzida, e a conversão por dúzia de ovos foi calculada pela
relação entre o consumo de ração dividido pela produção, sendo esse resultado
multiplicado por doze.
Ao final de cada período, foram selecionados quatro ovos por parcela, sendo
que, 2 foram utilizados para a gravidade específica e 2 foram utilizados para
determinação do peso e porcentagem de gema, de albúmen e de casca. A porcentagem
foi realizada após separação manual destes componentes, as cascas foram colocadas em
estufa a 105 °C por quatro horas. A porcentagem de cada um dos componentes do ovo
foi obtida dividindo-se o peso do componente pelo peso do ovo, em seguida
multiplicando o resultado por 100.
A gravidade específica foi determinada pelo método de flutuação salina,
conforme metodologia descrita por Hamilton (1982). A cada final de período
experimental foram selecionados dois ovos por parcela; em seguida, foram feitas
imersões dos ovos em diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um
volume de 25 litros de água com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com
94
intervalo de 0,0025. Os ovos foram colocados nos baldes com as soluções, da menor
para a maior densidade e foram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores
respectivos das densidades correspondentes às soluções dos recipientes. A Unidade
Haugh foi determinada por meio da fórmula: Unidades Haugh (UH) = 100 log (H +
7,57 - 1,7W 0,37
), sendo, H = altura do albúmen (mm); e W = peso do ovo (g), segundo
Silversides et al. (1993). A altura do albúmen foi medida usando-se um micrômetro. A
espessura da casca foi medida com o auxílio de um micrômetro analógico com precisão
de 0,1 mm em três pontos na linha mediana do ovo, com os quais foi calculada a média
aritmética.
O nitrogênio consumido, excretado, retido, eficiência de retenção de nitrogênio
foi determinado pelo método de coleta total de excretas. No início do terceiro período,
foi realizado o monitoramento do consumo de ração, pela pesagem da ração fornecida,
acrescida de óxido férrico como marcador, e das sobras de ração no final do período
analisado. Durante esse período de 3 dias, as excretas foram coletadas, por meio de
bandejas acondicionadas abaixo das gaiolas, identificadas, pesadas duas vezes ao dia (8
e 16h) e armazenadas em freezer a -20ºC até o final do período experimental.
Posteriormente, as excretas foram homogeneizadas, identificadas e uma amostra de
aproximadamente 150 g por parcela foi colocada em bandejas marmitex de alumínio em
estufa de ventilação forçada a 60 ± 5 ºC. Após a secagem, foi pesada novamente, moída
e armazenadas em potes plásticos identificados até o momento da análise de matéria
seca e nitrogênio no laboratório.
O consumo (NC) e a excreção (NE) média diária de nitrogênio, por parcela
experimental, foram calculados dividindo-se o consumo e a excreção média diária de
proteína bruta (PB), expresso na matéria seca a 105 ºC, pelo fator 6,25. A retenção
média diária de nitrogênio (N) foi calculada pela diferença entre o consumo médio
diário de N e a excreção média diária de N, (NR=NC-NE). E a porcentagem da
eficiência de retenção de nitrogênio foi calculada usando a fórmula: (100-
(NEx100/NC)).
No final do quinto período as aves foram pesadas para determinação do peso
vivo e duas aves com peso representativo do peso médio da parcela foram selecionadas
para o abate e coleta de sangue. No abate foi retirado fragmentos do duodeno e magno
de 10 animais por tratamento. Os fragmentos foram imersos em fixador metacarn (60%
95
metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético) por 12 horas, sendo transferidos para
álcool 70% em seguida.
Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast.
Foram realizados cortes seriados dos fragmentos com 5 μm de espessura. As seguintes
colorações histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e
eosina, periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram
capturadas com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e
as imagens digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
Na coleta de sangue, foram retirados cerca de 10 ml de sangue pelo corte na veia
jugular de 3 animais por tratamento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi
armazenado em freezer a -20ºC para posterior análise das concentrações de ácido úrico,
através de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as
instruções do fabricante.
Análise Estatística
As análises estatísticas foram realizadas pelo programa Statistical Analysis
System (SAS, 2000), sendo os dados submetidos a comparações de médias realizadas
pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
96
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O peso final, consumo de ração, produção de ovos, peso dos ovos, massa dos
ovos, conversão em massa e conversão em dúzia de ovos produzidos por poedeiras são
apresentados na Tabela 2.
Tabela 2. Efeito dos tratamentos sobre o peso final, consumo de ração, produção de
ovos, peso do ovo, massa do ovo, conversão por massa e por dúzia de ovos
produzidos pelas poedeiras semipesadas em postura Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB 17,00 15,50 14,00 15,17 15,74 16,32
PF (kg) 1,66 1,74 1,69 1,70 1,76 1,72 8,13
CR (g/ave/dia) 110,84 111,08 110,84 110,48 110,22 108,98 2,64
PR (%) 88,38b 92,05ab 92,31ab 94,31a 91,21ab 91,86ab 3,84
PO (g) 67,31a 64,94ab 63,91b 64,20b 64,00b 63,79b 2,52
MO (g) 61,45 59,76 59,71 60,55 59,1 58,6 3,42
CMO (g/g) 1,80 1,85 1,85 1,82 1,86 1,86 3,27
CDZ (kg/dz) 1,51a 1,44ab 1,44ab 1,40b 1,45ab 1,42ab 4,85
C.V. (%): coeficiente de variação. PF - Peso final; CR - consumo de ração; PR - Produção de ovos; PO -
Peso do ovo; MO - Massa do ovo; CMO - Conversão por massa do ovo; CDZ - Conversão por dúzia de
ovos; T1 - 17% PB; T2 - 15,5% PB; T3 - 14% PB; T4 - 15,17% PB + 2,982% glutamato; T5 - 15,74% PB
+ 3,982% glutamato; T6- 16,32% PB + 4,982% glutamato. a, b
Médias seguidas por letras diferentes nas
colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Para o produção de ovos, o tratamento com 15,17% de PB + 2,982% glutamato
não diferiu em relação aos tratamentos com 15,5 e 14% de PB, 15,74% PB + 3,982%
glutamato e 16,32% PB + 4,982% glutamato. Sendo que, os maiores valores foram
observados tratamento com 15,17% de PB + 2,982% glutamato em relação ao controle.
O peso do ovo foi maior nos tratamentos controle e com 15,5% de PB em relação aos
demais tratamentos. A conversão por dúzia de ovos foi melhor com 15,17% de PB +
2,982% glutamato em relação ao controle.
Pavan et al. (2005), realizaram um experimento com poedeiras vermelhas
avaliando os níveis de PB e aminoácidos sulfurados totais (14 e 0,57; 14 e 0,64; 14 e
0,71; 15,5 e 0,57; 15,5 e 0,64; 15,5 e 0,71; 17 e 0,57; 17 e 0,64; 17 e 0,71 % de PB e
AAST, respectivamente). O peso dos ovos foi influenciado pelos tratamentos, que
apresentou os maiores valores para as combinações de 15,5 e 0,71; 17 e 0,71; 15,5 e
0,64; 14 e 0,71 e 17 e 0,64% de PB e AAST, respectivamente. Não foram observadas
diferenças significativas para consumo de ração, porcentagem de postura, massa de
ovos, conversão alimentar por dúzia e por massa de ovos.
97
Segundo Pesti et al. (2005), a proteína deve estar bem balanceada e ser de alta
qualidade, para que a ave possa maximizar sua produção de ovos de maneira
economicamente viável. A característica de peso de ovos pode sofrer influência do nível
de proteína utilizado, pois para a síntese de albúmen a necessidade em proteína e
aminoácido é alta e, portanto, qualquer decréscimo em tais nutrientes poderia ocasionar
a redução dessa quantidade de albúmen, levando a um menor tamanho de ovo.
Na figura 1 são apresentados os parâmetros significativos do desempenho
(produção de ovos, peso de ovo e conversão por dúzia de ovos) das poedeiras
semipesadas.
Figura 1. Produção de ovos, peso de ovo e conversão por dúzia de ovos de poedeiras
semipesadas
Quando avalia-se produção e conversão por dúzia de ovos pode-se observar que
todos os tratamentos foram melhores que o controle. Dessa forma, pode-se supor que a
redução protéica e suplementação de aminoácidos não essenciais para poedeiras foi
suficiente para suportar a síntese de proteína orgânica. No entanto, para peso de ovo, o
98
tratamento controle e o tratamento com redução de 1,5% de PB obteve os melhores
resultados. Esperava-se que a suplementação com glutamato nas dietas com PB
reduzida melhorasse o peso do ovo, em função do maior aporte de nitrogênio amino
disponível para a síntese de AANE, poupando os AAE para a utilização da síntese de
proteína orgânica. Porém, este efeito não foi observado neste estudo.
Na Tabela 3, são apresentados os resultados da qualidade interna e externa dos
ovos das poedeiras semipesadas avaliadas no estudo.
Tabela 3. Efeito dos tratamentos sobre a gravidade específica, porcentagem de casca,
gema e albúmen, e as Unidades Haugh dos ovos de poedeiras semipesadas Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB 17,00 15,50 14,00 15,17 15,74 16,32
GE (g/cm3) 1,085 1,086 1,086 1,085 1,086 1,086 0,15
CAS (%) 9,50 9,52 9,95 10,12 9,81 9,69 5,23
GEM (%) 25,21 26,02 26,58 26,54 26,45 26,69 4,81
ALB (%) 64,57 62,73 64,14 63,94 63,93 63,29 2,60
UH 96,71 95,28 95,76 96,12 95,10 96,23 2,10
C.V. (%): coeficiente de variação. GE - Gravidade específica; CAS - Porcentagem de casca; GEM -
Porcentagem de gema; ALB - Porcentagem albúmen; UH - Unidades Haugh; T1 - 17% PB; T2 - 15,5%
PB; T3 - 14% PB; T4 - 15,17% PB + 2,982% glutamato; T5 - 15,74% PB + 3,982% glutamato; T6-
16,32% PB + 4,982% glutamato. Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem
estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
As variáveis de qualidade de ovo apresentadas na Tabela 3, não foram
influenciadas pelos tratamentos. Assim, a redução protéica e a suplementação de L-
glutamato utilizados nesse experimento não alteraram as variáveis de qualidade interna
e externa dos ovos avaliadas.
Na literatura não existem resultados com ácido glutâmico suplementado em
rações com redução protéica envolvendo poedeiras comerciais, contudo podemos
observar que a gravidade específica, a percentagem de casca, gema e albúmen, além da
Unidade Haugh dos ovos apresentaram bons parâmetros em todos os tratamentos
avaliados.
A gravidade específica está diretamente relacionada com a resistência da casca
do ovo à quebra (Abdallah et al., 1993). Neste experimento, a qualidade da casca dos
ovos representada pela gravidade específica foi adequada, pois ficou acima de 1,080,
que segundo Balander et al. (1997), é o valor mínimo para que os ovos comerciais
resistam ao transporte e ao processamento.
99
A gravidade específica dos ovos apresenta relação direta com o percentual de
casca do ovo (Olsson, 1934). Esta observação foi confirmada nesta pesquisa, pois não
se observou efeito da redução protéica e suplementação de ácido glutâmico para a
gravidade específica e para o peso da casca.
Pavan et al. (2005), realizaram um experimento com poedeiras vermelhas
avaliando os níveis de PB (14; 15,5 e 17% de PB), e observaram diferenças apenas para
as porcentagens de gema e de albúmen, onde os melhores resultados foram com 14 e
17% de PB, respectivamente. Dessa forma, os autores concluíram que a ração contendo
14% de PB pode ser utilizada, sem prejuízos na qualidade dos ovos.
Quanto a Unidade Haugh, é considerada uma expressão matemática que
correlaciona o peso do ovo com a altura da clara espessa. De modo geral, quanto maior
o valor da Unidade Haugh, melhor a qualidade do ovo (Rodrigues, 1975). Leeson e
Caston (1997), ao utilizar níveis de proteína para poedeiras, não verificaram diferença
na altura do albúmen e na Unidade Haugh, apesar de observarem alteração significativa
no peso do ovo.
Da mesma forma, Brugalli et al. (1998), estudaram o efeito de níveis de proteína
(16,0 e 14,1%) na dieta de poedeiras semipesadas de 43 a 55 semanas de idade. Os
autores verificaram que os valores da Unidade Haugh não foram, significativamente,
influenciados pelos níveis protéicos utilizados. As proteínas depositadas no albúmen,
são secretadas na região do magno do oviduto, pelas glândulas tubulares e células
epiteliais (Etches, 1996), portanto, torna-se difícil modificar o teor de proteína do
albúmen nutricionalmente (Gonzales et al., 1991).
Na Tabela 4 são apresentadas as médias do nitrogênio consumido, nitrogênio
excretado, nitrogênio retido, eficiência de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido
úrico das poedeiras semipesadas, em função dos tratamentos.
Para o nitrogênio consumido e retido, pode-se observar na Tabela 4, que os
tratamentos com 15,5% de PB, 15,17% PB + 2,982% glutamato e 16,32% PB + 4,982%
glutamato não diferiu do tratamento controle. Sendo que, o controle obteve um maior
consumo e retenção de nitrogênio em relação ao tratamento com 14% de PB e 15,74%
PB + 3,982% glutamato.
100
Tabela 4. Médias do nitrogênio consumido, nitrogênio excretado, nitrogênio retido,
eficiência de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico das
poedeiras semipesadas Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB 17,00 15,50 14,00 15,17 15,74 16,32
CR (g/ave/dia) 121,48 114,16 113,27 116,49 104,54 112,01 8,13
NC (g/ave/dia) 2,93a 2,50ab 2,23b 2,52ab 2,34b 2,60ab 7,93
NE (g/ave/dia) 0,76 0,64 0,62 0,69 0,66 0,72 8,79
NR (g/ave/dia) 2,16a 1,87ab 1,61b 1,82ab 1,68b 1,88ab 8,14
ER (%) 73,96 74,57 71,95 72,47 71,89 72,22 1,80
AU (mg/dL) 3,02a 1,67c 1,68c 1,94bc 2,38b 2,44b 5,98
C.V. (%): coeficiente de variação. CR – Consumo de ração durante 3 dias; NC – Nitrogênio consumido;
NE – Nitrogênio excretado; NR – Nitrogênio retido; ER – Eficiência de retenção de nitrogênio; AU -
nível sérico de ácido úrico; T1 - 17% PB; T2 - 15,5% PB; T3 - 14% PB; T4 - 15,17% PB + 2,982%
glutamato; T5 - 15,74% PB + 3,982% glutamato; T6- 16,32% PB + 4,982% glutamato. a,b,c,
Médias
seguidas por letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de
probabilidade.
Segundo Penz Jr. (1993), nas aves somente 35 a 45% do nitrogênio das proteínas
ingeridas da ração são transformadas em carne e ovos. O nitrogênio restante é
excretado, sendo uma fonte de contaminação ambiental. A suplementação com
aminoácidos sintéticos nas dietas de poedeiras proporcionam um melhor
aproveitamento das proteínas, ocasionando uma redução no nitrogênio excretado e
conseqüentemente melhoria no desempenho produtivo das aves.
Meluzzi et al. (2001), estudaram o balanço de nitrogênio em poedeiras Hy-line
Brown com 24 semanas de idade submetidas a redução protéica (17, 15 e 13% PB). Os
autores não verificaram diferença do nitrogênio consumido entre os níveis de PB
testados, houve um decréscimo linear do nitrogênio excretado com a redução da
proteína na dieta e um aproveitamento de 50% de nitrogênio ingerido com 15% de PB.
Dessa forma, os autores consideraram que com 15% de PB na dieta houve uma melhor
utilização do nitrogênio nas aves.
Pavan et al. (2005), avaliaram a redução protéica (17; 15,5 e 14% PB) em
poedeiras semipesadas, e observaram que o consumo de dietas com 14% de PB
proporcionaram uma redução na excreção de nitrogênio em 27% quando comparadas
em dietas com 17% de PB. Do mesmo modo, Ishibashi e Yonemochi (2003), estudaram
a exigência de aminoácidos e redução protéica na produção de ovos e excreção de
nitrogênio e observaram que houve uma queda evidente na quantidade de nitrogênio
eliminada nas excretas de poedeiras quando reduzia a proteína na ração.
101
Nesse experimento, não houve efeito estatístico da excreção de nitrogênio, mas
em dietas com redução de 3% de proteína na ração (14% de PB), pode-se observar uma
redução de 18,42% de nitrogênio nas excretas em relação ao tratamento com 17% de
PB. Quando suplementamos 1% de ácido glutâmico, no tratamento com 15,74% PB +
3,982% glutamato, verifica-se uma redução de 13,16% de nitrogênio nas excretas em
relação ao tratamento controle.
Para o teor de ácido úrico no sangue, o tratamento com 15,5% e 14% de PB não
diferiu do tratamento com 15,17% PB + 2,982% glutamato. O menor teor ocorreu nos
tratamentos com 15,5% e 14% de PB em relação ao controle e aos tratamentos com
15,74% PB + 3,982% glutamato e 16,32% PB + 4,982% glutamato.
O ácido úrico é o principal produto catabólico de proteínas, de nitrogênio
protéico e das purinas em aves. Aproximadamente 90% é secretado pelos túbulos
contorcidos proximais em aves sadias (Harr, 2002). Sua concentração aumenta quando a
função renal está prejudicada, reduzindo sua eliminação via renal. Os valores normais
encontram-se na faixa de 2-15 mg/dL (Benez, 2004). Em frangos de corte, Ross et al.
(1978), obtiveram uma média de 7,7 mg/dL e em galinhas Brown Leghorn, uma
variação de 0,27 a 4,93 mg/dL, tendo ainda observado aumento dos valores do ácido
úrico sanguíneo com a idade. Além da idade, a grande diferença nas taxas de ácido
úrico pode estar associada a dieta, ao estado de hidratação das aves e a espécie (Kaneko
et al., 2008).
Umigi (2009), avaliando a redução protéica (22, 20 19, 18, 17% de PB) no
plasma sanguíneo de codornas japonesas na fase de postura não verificou efeito dos
níveis de proteína no teor de ácido úrico de codornas em postura. Pinto et al. (2002),
avaliando níveis de proteína (16, 18, 20, 22 e 24% de PB), também não observaram
efeito dos níveis de proteína na ração sobre o teor de ácido úrico no soro de codornas
japonesas. Os autores sugeriram que este resultado esteja relacionado com a aparente
mobilização de proteína corporal para suprir as exigências de mantença e de produção
de ovos.
Corzo et al. (2004) estudaram o teor de ácido úrico em frangos de corte aos 21
dias de idade que receberam suplementação de aminoácidos essenciais e não essenciais
submetidos a dietas de baixa proteína bruta, os tratamentos consistiram de uma dieta
controle (22% de PB), uma dieta de baixa proteína (18%) suplementada com L-lisina,
102
DL-metionina, L-treonina, e L-isoleucina, e seis tratamentos compostos de adições
individuais de glicina, alanina, ácido aspártico, ácido glutâmico, prolina e leucina.
Segundo os autores, o maior valor foi apresentado nos animais que receberam a ração
controle (22% PB). Nesse sentido, os autores concluíram que existe a necessidade de
adicionar aminoácidos não essenciais à ração com redução protéica de 4%.
Na figura 2, são apresentados os parâmetros significativos do balanço de
nitrogênio (nitrogênio consumido e retido), e nível sérico de ácido úrico das poedeiras
semipesadas em produção.
Figura 2. Nitrogênio consumido, retido e nível sérico de ácido úrico de poedeiras
semipesadas
Neste estudo, verifica-se uma redução do nitrogênio consumido, retido e teor de
ácido úrico no soro com a redução protéica da ração. Mostrando que a redução protéica
e suplementação de AANE, como no tratamento com 16,32% PB + 4,982% glutamato,
foi eficiente em relação ao controle, pois apresentou o mesmo consumo e retenção de
nitrogênio com um menor teor de ácido úrico no soro.
103
Os resultados das análises histológicas do magno e duodeno, são apresentados
nas figuras 3 e 4.
Figura 3. Fotomicrografias de magno de poedeiras semipesadas sob diferentes dietas
(T1 - 17% PB; T2 - 15,5% PB; T3 - 14% PB; T4 - 15,17% PB + 2,982%
glutamato; T5 - 15,74% PB + 3,982% glutamato; T6 - 16,32% PB + 4,982%
glutamato.). A) fotomicrografia representando os magnos dos animais dos
tratamentos 1, 2 e 3. B) fotomicrografia representando os magnos dos animais
dos tratamentos 4, 5 e 6. Coloração de hematoxilina-eosina. Barra: 1 mm
O magno dos tratamentos com 17, 15,5 e 14% de PB foram similares, sendo
representados pela Figura 3A. Da mesma forma, o magno dos tratamentos com
suplementação de glutamato, 15,17% PB + 2,982% glutamato, 15,74% PB + 3,982%
glutamato, 16,32% PB + 4,982% glutamato foram similares, sendo representados pela
Figura 3B.
Os tratamentos com suplementação de glutamato, apresentaram um magno com
mais dobras secundárias (pontas de setas) e mais glândulas ativas (setas) que os demais
tratamentos (Figura 3A). O aumento das dobras secundárias do magno proporciona uma
maior área para comportar as glândulas do magno responsáveis pela produção do
albúmen, e a maior atividade destas glândulas promove uma produção de ovos em um
menor tempo.
Como alguns dados na literatura apenas relatam os efeitos da redução protéica e
suplementação de glutamato nas rações sobre o desempenho zootécnico, os dados com
as modificações histológicas no trato digestório e reprodutor das poedeiras, possibilitam
maior respaldo aos efeitos gerados, elevando a confiabilidade nas informações obtidas.
Histologicamente foi observado que a suplementação com glutamato não provocou
104
esteatose hepática (fígado gorduroso) ou deposição de colágeno hepático parenquimal
como demonstrado por Lima et al. (2012), que trabalharam com níveis de triptofano na
dieta de poedeiras leves em produção sobre alterações histológicas em seus sistemas
reprodutivos e digestivo.
Figura 4. Fotomicrografias do intestino de poedeiras semipesadas sob diferentes dietas
(T1 - 17% PB, T2 - 15,5% PB, T3 - 14% PB, T4 - 15,17% PB + 2,982%
glutamato, T5 - 15,74% PB + 3,982% glutamato, T6 - 16,32% PB + 4,982%
glutamato). A) fotomicrografia representando as vilosidades intestinais dos
animais dos tratamentos 1, 2 e 3. B) fotomicrografia representando as
vilosidades intestinais dos animais dos tratamentos 4, 5 e 6. Coloração de
periodic acid Schiff. Barra: 100 µm
O duodeno dos tratamentos com 17, 15,5 e 14% de PB foram similares, sendo
representados pela Figura 4A. Da mesma forma, o duodeno dos tratamentos com
suplementação de glutamato, 15,17% PB + 2,982% glutamato, 15,74% PB + 3,982%
glutamato, 16,32% PB + 4,982% glutamato foram similares, sendo representados pela
Figura 4B.
Os tratamentos com suplementação de glutamato apresentaram um duodeno com
vilosidades mais largas que os demais tratamentos (Figura 4A) indicando um aumento
da área de contato da superfície de absorção com o alimento, ou seja aumentando a
captação dos nutrientes para os animais destes tratamentos. Contudo, os tratamentos não
influenciaram na quantidade de células caliciformes no intestino.
105
CONCLUSÃO
Recomenda-se o tratamento com 15,17% PB + 2,982% de glutamato, pois
apresentou maior produção e melhor conversão por dúzia de ovos, o mesmo consumo e
retenção de nitrogênio e um menor teor de ácido úrico no soro em relação ao controle.
106
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2009.
109
CAPÍTULO 5
Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados com redução
protéica em dietas para poedeiras leves
110
Ácido glutâmico e aminoácidos limitantes suplementados com redução protéica em
dietas para poedeiras leves
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito da suplementação de ácido glutâmico e de
aminoácidos limitantes em rações com redução protéica em poedeiras leves na fase de
produção, 384 poedeiras da linhagem Hy line white, com 44 semanas de idade, foram
distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado com seis tratamentos, oito
repetições, de oito aves por unidade experimental, com duração de 112 dias, divididos
em 4 períodos de 28 dias cada. O primeiro tratamento, consistiu de uma ração controle
formulada para atender as exigências dos aminoácidos essenciais limitantes para
poedeiras leves na fase de produção, com suplementação de metionina. No segundo
tratamento, foi suplementado metionina e isoleucina. No terceiro tratamento, foi
adicionado lisina e valina e no quarto tratamento ocorreu a suplementação de triptofano.
Nos tratamentos 5 e 6, as rações foram suplementadas com a glutamato sem e com
triptofano, respectivamente. Não houve efeito dos tratamentos para as variáveis de
desempenho e qualidade de ovo. Para o balanço de nitrogênio, verifica-se que o
tratamento com 14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano
obteve menor consumo, excreção de nitrogênio e maior eficiência de retenção de
nitrogênio, com mesmo teor de ácido úrico no soro, em relação ao controle. Para o peso
de carcaça e gordura, o tratamento com 14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina
+ valina + triptofano apresentou as menores médias de peso de carcaça e gordura em
relação ao tratamento com 15,69% de PB + metionina + isoleucina. Na análise
histológica foram observadas alterações morfológicas no intestino magno e útero das
poedeiras leves. Dessa forma, recomenda-se a ração com 14,87% de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + triptofano que promoveu melhor balanço de nitrogênio e
morfologia em relação ao tratamento controle.
Palavras-chave: ácido úrico, aminoácidos, desempenho, produção de ovos, nitrogênio,
vilosidades intestinais
111
Glutamic acid and supplemented with limiting amino acids in reducing protein
diets for laying hens
ABSTRACT
Aiming to evaluate the effect of supplementation of glutamic acid and limiting
amino acids in diets with reduced protein in laying hens in production phase, 384 hens
Hy line white, 44 weeks old, were distributed in a completely randomized design six
treatments with eight replicates of eight birds each, with 112 days, divided into 4
periods of 28 days each. The first treatment consisted of a control diet formulated to
meet the requirements of essential amino acids for laying hens in production, with
supplemental methionine. The second treatment was supplemented methionine and
isoleucine. In the third treatment, lysine and valine was added and the fourth treatment
occurred tryptophan supplementation. In treatments 5 and 6 were supplemented with
glutamate with and without tryptophan, respectively. There were no treatment effects
for the variables of performance and egg quality. For nitrogen balance, it appears that
treatment with 14.87% CP + methionine + valine + isoleucine + lysine + tryptophan had
lower consumption, nitrogen excretion and efficiency of nitrogen retention, with the
same level of uric acid in serum compared to control. For carcass weight and fat,
treatment with 14.87% CP + methionine + valine + isoleucine + lysine + tryptophan
showed the lowest average carcass weight and fat compared to treatment with 15.69%
CP + methionine + isoleucine. The histological changes were observed in the intestine
morphological magnum and uterus of laying hens. Thus, it is recommended to feed with
14.87% CP + methionine + valine + isoleucine + lysine + tryptophan which promoted
better nitrogen balance and morphology compared to control treatment.
Keywords: uric acid, amino acids, performance, egg production, nitrogen, intestinal
villi
112
INTRODUÇÃO
A ingestão de proteína bruta é um parâmetro importante na qualidade do ovo,
pois os sólidos do albúmen do ovo são quase inteiramente protéicos e apresentam um
alto requerimento de proteína e aminoácidos, ou seja, uma carência de proteína
resultaria principalmente em um decréscimo da qualidade e quantidade de albúmen,
podendo diminuir o tamanho dos ovos (Rabello et al., 2007).
Nesse sentido, os aminoácidos apresentam grande importância para o
desempenho produtivo das poedeiras, pois têm relação direta com a produção de ovos,
conversão alimentar e eficiência na utilização do nitrogênio. Os aminoácidos são
componentes essenciais dos ovos e constituem as moléculas protéicas presentes no
albúmen e na gema (Leeson e Summers, 2001).
Devido a grande importância dos aminoacidos para as aves, a redução do teor
protéico só é possível pelo uso do conceito da proteína ideal, sendo os níveis dos
aminoácidos mantidos através da utilização de aminoácidos sintéticos (Santos, 2007). A
proteína ideal é uma mistura dos aminoácidos, capaz de fornecer, sem excessos nem
deficiências, as necessidades absolutas de todos os aminoácidos exigidos para
manutenção e produção animal, no intuito de favorecer a deposição protéica com
máxima eficiência (Parsons e Baker, 1994).
Contudo, a redução do teor protéico acima de três ou quatro pontos percentuais,
pode levar a uma situação em que os aminoácidos essenciais, como valina e isoleucina,
que são geralmente supridos em dietas com alta PB, se tornem limitantes ao melhor
desempenho do animal (Peganova e Eder, 2003). A redução protéica exagerada, sem
suplementação de aminoácidos, apresenta baixo teor de nitrogênio para formação de
aminoácidos não essenciais acarretando em mobilização de um aminoácido essencial (AAE)
para a síntese do não essencial (AANE) (Andriguetto, 2002).
Segundo Berres (2010), o insucesso na obtenção no desempenho de frangos
alimentados com dietas de proteína reduzida deve-se a insuficiência de nitrogênio para a
síntese de AANE. Dentre os AANE, que apresentam potencial para serem utilizados
sinteticamente se destaca o ácido glutâmico. O ácido glutâmico é essencial para a
manutenção da mucosa intestinal por ser fonte de energia para o turnover da mucosa
(renovação celular), por intermédio do ATP produzido a partir do ciclo de Krebs; fonte
113
de nitrogênio para a síntese de aminoácidos e outros compostos nitrogenados, entre
outros.
Sabendo da grande importância deste aminoácido, e que ainda são poucos os
trabalhos que avaliam a eficiência do glutamato como fonte de nitrogênio não específico
em dietas para poedeiras, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da redução
protéica com suplementação de aminoácidos limitantes, e do L-glutamato nas rações de
poedeiras leves em postura.
MATERIAL E MÉTODOS
Local e duração do experimento
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de
Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus
II, no município de Areia, na região Norte do Estado da Paraíba, a 6º57’48’’ de latidude
sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com altitude de 618 m acima do nível do mar, no
período de 04/06 a 23/09/2012, totalizando 112 dias, divididos em quatro períodos de
28 dias cada.
Instalações e equipamentos
Durante toda a fase experimental as poedeiras foram alojadas em gaiolas de
arame (24 cm x 37 cm x 41 cm), com comedouros tipo calha e bebedouros tipo nipple.
O programa de luz adotado foi de 17 horas de luz: 7 horas de escuro, utilizando-se um
timer para o controle da luz artificial. A ração e a água foram fornecidas à vontade
durante todo período experimental.
Animais, delineamento e dietas experimentais
Foram utilizadas 384 poedeiras leves, da linhagem Hy line White, com 44
semanas de idade, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado com seis
tratamentos, oito repetições, de oito aves por unidade experimental, onde a média de
peso inicial foi de 1.410 g.
114
O primeiro tratamento foi constituído de uma ração controle, à base de milho e
farelo de soja, suplementada com DL-metionina, formulada para atender as exigências
nutricionais de poedeiras leves na fase de postura, com os níveis de todos os
aminoácidos essenciais alcançando ou excedendo ligeiramente às recomendações de
Rostagno et al. (2005). Desta forma, a proteína bruta (PB) da dieta controle ficou livre
na formulação e seu teor foi calculado em função do atendimento das exigências dos
aminoácidos essenciais limitantes.
No segundo tratamento, além da DL-metionina, também foi utilizada a L-
isoleucina na formulação. Desta forma, o conteúdo de PB da dieta obteve o suficiente
para fornecer o próximo aminoácido limitante para poedeiras em postura, que no caso
dos ingredientes utilizados foi a lisina e valina, ficando com teor protéico reduzido em
relação ao controle. De forma semelhante, para compor o terceiro tratamento, foi
adicionado a L-lisina e L-valina na formulação e a PB foi reduzida até o ponto em que
atendeu as exigências de triptofano. Por sua vez, o quarto tratamento foi constituído
pela adição de L-triptofano na formulação, provocando uma redução nos níveis de PB.
Os tratamentos 5 e 6, foram constituídos com a suplementação de ácido
glutâmico em quantidades suficientes para atender os requerimentos mínimos de PB
para poedeiras leves em produção, diferindo pela ausência e presença do aminoácido L-
triptofano, respectivamente.
As rações experimentais para poedeiras leves em fase de postura estão
apresentadas na Tabela 1.
115
Tabela 1. Composição percentual e nutricional das dietas para poedeiras leves em fase
de postura Ingredientes T1 T2 T3 T4 T5 T6
Milho 60,499 63,256 64,647 66,321 61,871 62,379
Farelo de soja 25,996 23,643 22,388 20,872 22,642 21,482
Óleo de soja 1,952 1,492 1,259 0,974 1,504 1,347
Fosfato bicálcico 1,498 1,511 1,518 1,526 1,527 1,537
Calcário 9,237 9,247 9,252 9,258 9,246 9,249
Sal 0,477 0,479 0,480 0,482 0,482 0,483
L-Lisina.HCl - - 0,037 0,082 0,036 0,073
DL-Metionina 0,196 0,213 0,222 0,233 0,228 0,239
L-Isoleucina - 0,014 0,034 0,058 0,036 0,056
L-Valina - - 0,018 0,041 0,022 0,042
L-Triptofano - - - 0,008 - 0,007
L-Glutamato - - - - 2,261 2,961
Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Supl. Mineral¹ 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Supl. Vitamínico² 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional
EM (Kcal/kg) 2800 2800 2800 2800 2800 2800
PB (%) 16,50 15,69 15,32 14,87 16,50 16,50
Cálcio (%) 4,020 4,020 4,020 4,020 4,020 4,020
Fósforo disponível (%) 0,475 0,475 0,475 0,475 0,475 0,475
Met.+cistina dig (%) 0,662 0,662 0,662 0,662 0,662 0,662
Metionina dig (%) 0,424 0,432 0,436 0,442 0,440 0,445
Lisina dig (%) 0,780 0,727 0,727 0,727 0,727 0,727
Isoleucina dig (%) 0,627 0,603 0,603 0,603 0,603 0,603
Valina dig (%) 0,691 0,656 0,654 0,654 0,654 0,654
Triptofano dig (%) 0,186 0,174 0,167 0,167 0,167 0,167
Treonina dig (%) 0,545 0,515 0,499 0,480 0,497 0,480
Arginina dig (%) 1,063 0,997 0,961 0,919 0,959 0,924
Fenilalanina dig (%) 0,772 0,731 0,708 0,681 0,704 0,681
Histidina dig (%) 0,420 0,400 0,390 0,376 0,386 0,375
Leucina dig (%) 1,339 1,287 1,258 1,224 1,243 1,210
Glutamato (%) 2,982 2,826 2,742 2,640 4,972 5,579
1-Suplemento mineral (composição/ Kg do produto ): Vit. A - 12.000.000 UI (IU); Vit. D3 - 3.600.000
UI (IU); Vit. B1 – 2.5 g; Vit. B2 – 8 g; Vit. B6 – 3 g; Ácido Pantatênico – 12 g; Biotina – 0.2 g; Vit. K –
3 g; Ácido Fólico – 3.5 g; Acido Nicotinico – 40 g; Vit. B12 – 20 mg; Se – 0.13 g; Excipiente q.s.p. –
1000 g. 2-Suplemento Mineral (composição/ Kg do produto): Mn – 160 g; Fe – 100 g; Zn – 100 g; Cu -
20 g; Co – 2 g; I – 2 g. Excipiente q.s.p. . 1.000 g. T1 - 16,5% de PB + metionina; T2 - 15,69% de PB +
metionina + isoleucina; T3 - 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina; T4 - 14,87% de PB
+ metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano; T5 - 16,5% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina + glutamato; T6 - 16,5 % de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano +
glutamato.
116
Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas foram: consumo de ração (g/ave/dia), produção de ovos
(%), peso de ovo (g), massa de ovo (g), conversão por massa (g/g) e por dúzia de ovo
(kg/dz), gravidade específica (g/cm³), porcentagem de casca, gema e albúmen (%),
nitrogênio consumido, excretado e retido (g/ave/dia), eficiência de retenção de
nitrogênio (%), nível sérico de ácido úrico (mg/dL), peso final (kg), peso da carcaça
(kg), peso da gordura celomática (g), peso do fígado (g), relação gordura
celomática/carcaça, fígado/carcaça e análise histológica do fígado, duodeno, magno e
útero.
O consumo de ração foi calculado pela diferença entre a quantidade de ração
fornecida e as sobras experimentais, pesadas no início e final de cada período de 28
dias. A produção de ovos foi anotada por período, em planilhas de postura, diariamente
às 15h da tarde, dividindo a quantidade de ovos totalizados por parcela pelo número de
aves.
Nos últimos três dias de cada período, os ovos de cada parcela foram pesados
individualmente para a obtenção do peso médio dos ovos. O cálculo da massa de ovo foi
realizado pelo produto da produção de ovos e do peso médio dos ovos por parcela. A
conversão alimentar por massa de ovo foi calculada através da relação entre o consumo
de ração e massa de ovo produzida, e a conversão por dúzia de ovos foi calculada pela
relação entre o consumo de ração dividido pela produção, sendo esse resultado
multiplicado por doze.
Ao final de cada período, foram selecionados quatro ovos por parcela, sendo
que, 2 foram utilizados para a gravidade específica e 2 foram utilizados para
determinação do peso e porcentagem de gema, de albúmen e de casca. A porcentagem
foi realizada após separação manual destes componentes, as cascas foram colocadas em
estufa a 105 °C por quatro horas. A porcentagem de cada um dos componentes do ovo
foi obtida dividindo-se o peso do componente pelo peso do ovo, em seguida
multiplicando o resultado por 100.
A gravidade específica foi determinada pelo método de flutuação salina,
conforme metodologia descrita por Hamilton (1982). A cada final de período
experimental foram selecionados dois ovos por parcela; em seguida, foram feitas
imersões dos ovos em diferentes soluções salinas com os devidos ajustes para um
117
volume de 25 litros de água com densidades que variavam de 1,060 a 1,100 com
intervalo de 0,0025. Os ovos foram colocados nos baldes com as soluções, da menor
para a maior densidade e foram retirados ao flutuarem, sendo anotados os valores
respectivos das densidades correspondentes às soluções dos recipientes.
O nitrogênio consumido, excretado, retido, eficiência de retenção de nitrogênio
foi determinado pelo método de coleta total de excretas. No início do terceiro período,
foi realizado o monitoramento do consumo de ração, pela pesagem da ração fornecida,
acrescida de óxido férrico como marcador, e das sobras de ração no final do período
analisado. Durante esse período de 3 dias, as excretas foram coletadas, por meio de
bandejas acondicionadas abaixo das gaiolas, identificadas, pesadas duas vezes ao dia (8
e 16h) e armazenadas em freezer a -20ºC até o final do período experimental.
Posteriormente, as excretas foram homogeneizadas, identificadas e uma amostra de
aproximadamente 150 g por parcela foi colocada em bandejas marmitex de alumínio em
estufa de ventilação forçada a 60 ± 5 ºC. Após a secagem, foi pesada novamente, moída
e armazenadas em potes plásticos identificados até o momento da análise de matéria
seca e nitrogênio no laboratório.
O consumo (NC) e a excreção (NE) média diária de nitrogênio, por parcela
experimental, foram calculados dividindo-se o consumo e a excreção média diária de
proteína bruta (PB), expresso na matéria seca a 105 ºC, pelo fator 6,25. A retenção
média diária de nitrogênio (N) foi calculada pela diferença entre o consumo médio
diário de N e a excreção média diária de N, (NR=NC-NE). E a porcentagem da
eficiência de retenção de nitrogênio foi calculada usando a fórmula: (100-
(NEx100/NC)).
No final do quarto período as aves foram pesadas para determinação do peso
final e duas aves com peso representativo do peso médio da parcela foram selecionadas
para o abate e coleta de sangue. No abate foi pesada a carcaça, fígado e gordura
celomática, onde foi considerado o peso da carcaça eviscerada em relação ao peso vivo
após jejum. Em seguida foi realizado os cálculos das relações: fígado/carcaça = peso do
fígado x 100 / carcaça e gordura/carcaça = peso do gordura x 100 / carcaça.
Na coleta de sangue, foram retirados cerca de 10 ml de sangue pelo corte na veia
jugular de 3 animais por tratamento. O soro obtido após a centrifugação do sangue foi
armazenado em freezer a -20ºC para posterior análise das concentrações de ácido úrico,
118
através de “kit” comercial (Labtest) e leitura em espectrofotômetro, de acordo com as
instruções do fabricante.
Nas análises histológicas, a coleta do material foi realizada através da retirada de
fragmentos do sistema digestório (duodeno e fígado) e reprodutor (magno e útero) de 10
animais por tratamento. Os fragmentos foram imersos em fixador metacarn (60%
metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético) por 12 horas, sendo transferidos para
álcool 70% em seguida.
Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos em paraplast.
Foram realizados cortes seriados dos fragmentos com 5 μm de espessura. As seguintes
colorações histológicas foram realizadas para a descrição histológica: hematoxilina e
eosina, periodic acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram
capturadas com o auxílio de microcâmera acoplada ao microscópio Olympus BX-51 e
as imagens digitalizadas no software KS 400.3 (Zeiss).
Análise Estatística
As análises estatísticas foram realizadas pelo programa Statistical Analysis
System (SAS, 2000). Os dados foram submetidos a comparações de médias realizadas
pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
119
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O consumo de ração, produção de ovos, peso dos ovos, massa dos ovos,
conversão em massa e em dúzia de ovos produzidos por poedeiras leves em produção
são apresentados na Tabela 2.
Tabela 2. Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração, produção de ovos, peso do
ovo, massa do ovo, conversão por massa e por dúzia de ovos produzidos
pelas poedeiras leves em postura Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB 16,50 15,69 15,32 14,87 16,50 16,50
CR (g/ave/dia) 98,66 97,28 96,23 98,63 96,30 98,45 3,15
PR (%) 87,07 86,21 86,02 86,24 84,98 87,23 4,94
PO (g) 63,82 63,90 63,19 64,87 63,60 63,30 2,32
MO (g) 55,58 55,05 54,34 55,90 54,03 55,19 5,06
CMO (g/g) 1,78 1,77 1,78 1,77 1,79 1,78 3,82
CDZ (kg/dz) 1,36 1,36 1,35 1,37 1,36 1,35 4,08
C.V. (%): coeficiente de variação. CR - consumo de ração; PR - Produção de ovos; PO - Peso do ovo;
MO - Massa do ovo; CMO - Conversão por massa do ovo; CDZ - Conversão por dúzia de ovos; T1 -
16,5% de PB + metionina; T2 - 15,69% de PB + metionina + isoleucina; T3 - 15,32% de PB + metionina
+ isoleucina + lisina + valina; T4 - 14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano;
T5 - 16,5% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + glutamato; T6 - 16,5 % de PB + metionina
+ isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato. Médias seguidas por letras diferentes nas colunas
diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
A redução protéica e a suplementação de L-glutamato utilizada nesse
experimento não afetaram as variáveis de desempenho avaliadas na Tabela 2. Dessa
forma, pode-se afirmar que as dietas utilizadas neste experimento são eficazes, pois
mesmo reduzindo a PB, promovem as mesmas condições de desempenho que a dieta
controle.
Diferente deste experimento, Costa et al. (2011), realizaram um experimento
avaliando a redução protéica (17; 16,5 e 14% de PB) e suplementação de ácido
glutâmico nos três últimos tratamentos (15,17% PB + 2,982% de glutamato, 15,74% PB
+ 3,982% de glutamato, 16,32% PB + 4,982% de glutamato) em poedeiras semipesadas
em postura. O consumo de ração, a massa e a conversão por massa de ovos não foram
influenciados estatisticamente pelos tratamentos, exceto a produção, peso e a conversão
por dúzia de ovos. O tratamento com redução protéica (15,17% PB) e suplementação de
2,982% de glutamato promoveu a maior taxa de postura e melhor conversão em dúzia
de ovos nas galinhas.
120
Bunchasak et al. (2005), avaliaram três níveis de proteínas na dieta (14, 16 e
18% PB) sem suplementação de aminoácidos para poedeiras comerciais (Babcock B-
308), de 21 a 33 semanas de idade. Segundo os autores, o consumo de ração não foi
afetado pela níveis de proteína. Não houve efeito para produção de ovo, mas os
resultados mostraram que maiores teores de proteína (16 e 18% PB), tendem a ter
melhor percentual de produção de ovo. A conversão por massa de ovo e a massa de
ovos de galinhas alimentadas com 16 e 18% de PB foram significativamente melhores e
mais elevadas do que com 14%, devido ao maior peso do ovo (P < 0,05).
De acordo com este experimento, Penz Júnior. e Jensen (1991), realizaram um
estudo contendo dois níveis de proteína (13 e 16%) e seis tratamentos com
suplementação de lisina; lisina, metionina e triptofano individualmente ou combinados
20% acima da NRC; glicina (1,3%) e ácido glutâmico (2,5%), em poedeiras leves de 28
a 34 semanas de idade. Os autores verificaram que os tratamentos não influenciaram o
desempenho (consumo de ração, produção, peso do ovo e conversão) seja com
suplementação de aminoácidos essenciais e não essenciais em dietas com 13% de PB
comparados a uma dieta contendo 16% PB.
Da mesma forma, Silva et al. (2006), realizaram um experimento avaliando o
efeito da redução da PB (14; 15,25; 16,5% de PB) e suplementação de lisina (0,66; 0,73
e 0,80%) e metionina:cistina (0,58; 0,64 e 0,70%) durante 4 períodos de 28 dias, sobre o
desempenho de poedeiras leves Lohmann LSL, com 26 semanas de idade. Os autores
verificaram que a redução do nível protéico da ração de 16,5% para 15,25 e 14,00%,
sem suplementação aminoacídica, não afetou o consumo de ração e as conversões por
massa e por dúzia de ovos (P>0,05), sugerindo a possibilidade de uso de dietas com
níveis protéicos abaixo do recomendado Rostagno et al. (2000).
Harms e Russeell (1993), avaliaram em três experimentos, a suplementação de
aminoácidos em dietas com baixo teor protéico. No primeiro experimento, a dieta
controle foi formulada com 17,61% de PB e a dieta suplementada ou não com
aminoácidos tinha 14,89% de PB. No segundo experimento a dieta controle tinha
15,51% de PB e a dieta suplementada ou não com aminoácidos tinha 13% de PB. No
terceiro experimento, a dieta controle tinha 15,46% de PB e a dieta suplementada ou
não com aminoácidos tinha 12,70% de PB. O desempenho das aves nos três
experimentos foi prejudicado quando as aves receberam dietas com baixo teor protéico
121
sem suplementação de aminoácidos. No entanto, quando receberam as dietas
suplementadas com aminoácidos recuperaram o desempenho igualando com os
resultados das dietas controle.
Keshavarz e Austic (2004), observaram que dietas com 13% de proteína bruta
mais a adição de metionina, lisina e triptofano, segundo o NRC (1994), proporcionaram
resultados semelhantes aos de uma dieta convencional com 16% de proteína bruta.
Entretanto, quando se realiza redução protéica muito acentuada, como a estudada por
Summers et al. (1991), com 10% de proteína bruta, os aminoácidos não são capazes de
proporcionar desempenho semelhante a dietas com níveis protéicos mais elevados.
Portanto, a resposta das aves à redução da proteína na ração parece estar condicionada à
extensão em que esse nutriente é reduzido na ração.
Na Tabela 3 são apresentados os resultados de qualidade de ovo das poedeiras
leves em produção, de acordo com os tratamentos avaliados.
Tabela 3. Efeito dos tratamentos sobre a gravidade específica, porcentagem de casca,
gema e albúmen dos ovos de poedeiras leves Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB 16,50 15,69 15,32 14,87 16,50 16,50
GE (g/cm3) 1,083 1,086 1,083 1,082 1,083 1,083 0,13
CAS (%) 5,79 5,79 5,76 5,85 5,79 5,81 2,78
GEM (%) 17,86 17,89 18,15 18,00 17,54 17,82 3,63
ALB (%) 40,40 39,89 38,73 40,08 39,45 39,01 2,98
C.V. (%): coeficiente de variação. GE - Gravidade específica; CAS - Porcentagem de casca; GEM -
Porcentagem de gema; ALB - Porcentagem albúmen; T1 - 16,5% de PB + metionina; T2 - 15,69% de PB
+ metionina + isoleucina; T3 - 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina; T4 - 14,87% de
PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano; T5 - 16,5% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina + glutamato; T6 - 16,5 % de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano +
glutamato. Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste
Tukey, a 5% de probabilidade.
As variáveis de qualidade de ovo apresentadas na Tabela 3, não foram
influenciadas pelos tratamentos. Assim, a redução protéica e a suplementação de L-
glutamato utilizados nesse experimento, promoveram as mesmas condições para todos
os tratamentos avaliados.
Pavan et al. (2005), realizaram um experimento com poedeiras vermelhas
avaliando os níveis de PB (14; 15,5 e 17% de PB) e verificaram que os níveis de PB
utilizados não melhoraram a qualidade da casca dos ovos, o que pode ser constatado
pela inexistência de diferença significativa entre os tratamentos para gravidade
específica e porcentagem de casca. Os autores observaram diferenças significativas
122
apenas para as porcentagens de gema e de albúmen, onde os melhores resultados foram
com 14 e 17 % de PB, respectivamente. Dessa forma, eles concluíram que a ração
contendo 14% de PB pode ser utilizada, sem prejuízos na qualidade dos ovos.
El-Maksoud et al. (2011), avaliaram o efeito dos níveis de proteína (12; 14, 16%
de PB) com e sem suplementação de metionina e lisina, no desempenho de poedeiras,
de 32 a 44 semanas de idade. Os autores verificaram que não houve efeito significativo
dos níveis de proteína para a porcentagem da casca e albúmen. Contudo, a melhor
porcentagem de gema ocorreu com 14% de PB.
De acordo com este experimento, Costa et al. (2011), avaliaram a redução
protéica (14; 16,5 e 17% de PB) e suplementação de ácido glutâmico (15,17% PB +
2,982% de glutamato, 15,74% PB + 3,982% de glutamato, 16,32% PB + 4,982% de
glutamato) em poedeiras semipesadas em postura. Os autores não observaram efeito dos
tratamentos avaliados sobre os parâmetros de qualidade dos ovos (gravidade especifica,
percentagem de casca, gema e albúmen e Unidades Haugh). Contudo, concluíram que a
redução protéica com suplementação de L-glutamato com o nível de ácido glutâmico
igual à dieta controle (15,17% PB + 2,982% de glutamato) melhora o desempenho
produtivo e oferece melhor retorno econômico ao produtor de ovos.
Da mesma forma, Penz Júnior. e Jensen (1991), realizaram um estudo contendo
dois níveis de proteína (13 e 16%) e seis tratamentos com suplementação de lisina;
lisina, metionina e triptofano individualmente ou combinados 20% acima da NRC;
glicina (1,3%) e ácido glutâmico (2,5%), em poedeiras leves, de 28 a 34 semanas de
idade. Os autores verificaram que os tratamentos não influenciaram na qualidade do ovo
(percentagem de albúmen, gema e casca) seja com suplementação de aminoácidos
essenciais e não essenciais em dietas com 13% de PB comparados a uma dieta contendo
16% PB.
A gravidade específica dos ovos apresenta relação direta com o percentual de
casca (Olsson, 1934). Esta observação foi confirmada nesta pesquisa, pois não se
observou efeito da redução protéica e suplementação de ácido glutâmico tanto para a
gravidade específica como para o peso da casca.
Na Tabela 4, são apresentadas as médias do nitrogênio consumido, nitrogênio
excretado, nitrogênio retido, eficiência de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido
úrico das poedeiras leves, em função dos tratamentos.
123
Tabela 4. Médias do nitrogênio consumido, nitrogênio excretado, nitrogênio retido,
eficiência de retenção de nitrogênio e nível sérico de ácido úrico das
poedeiras leves Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB 16,50 15,69 15,32 14,87 16,50 16,50
CR (g/ave/dia) 134,06 131,20 135,72 132,90 132,29 132,88 4,19
NC (g/ave/dia) 3,17a 2,95ab 2,99ab 2,82b 3,14ab 3,15ab 4,08
NE (g/ave/dia) 0,67a 0,55b 0,48bc 0,41c 0,55b 0,52bc 8,03
NR (g/ave/dia) 2,50 2,40 2,51 2,41 2,60 2,63 5,03
ER (%) 78,84c 81,19bc 83,92ab 85,42a 82,62abc 83,63ab 1,77
AU (mg/dL) 1,53bcd 1,13d 1,57bc 1,95b 1,37cd 2,44a 6,49
C.V. (%): coeficiente de variação. CR - Consumo de ração durante 3 dias; NC - Nitrogênio consumido;
NE - Nitrogênio excretado; NR - Nitrogênio retido; ER - Eficiência de retenção de nitrogênio; AU - nível
sérico de ácido úrico; T1 - 16,5% de PB + metionina; T2 - 15,69% de PB + metionina + isoleucina; T3 -
15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina; T4 - 14,87% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina + triptofano; T5 - 16,5% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + glutamato; T6
- 16,5 % de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato. a,b,c,d
Médias seguidas
por letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de
probabilidade.
Para o nitrogênio consumido, pode-se observar na Tabela 4, que os tratamentos
com 15,69% de PB + metionina + isoleucina, com 15,32% de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina, com 16,50% de PB + metionina + isoleucina + lisina +
valina + glutamato e com 16,50% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina +
triptofano + glutamato não diferiu do tratamento controle. Sendo que, o controle obteve
um maior consumo de nitrogênio em relação ao tratamento com 14,87% de PB +
metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano.
Para o nitrogênio excretado, pode-se observar na Tabela 4, que os tratamentos
com 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina, com 14,87% de PB +
metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano e com 16,50% de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato não diferiu entre si, apresentando
os menores valores em relação ao controle.
Silva et al. (2010a), avaliando dietas com diferentes níveis de proteína (12, 14,
16 e 18%) e suplementação de lisina (0,85 e 1%) para poedeiras Hisex White, não
verificou influência da lisina no balanço de nitrogênio. Contudo, os níveis de proteína
bruta avaliados influenciaram as características de ingestão e excreção de nitrogênio
pelas aves. Segundo a autora as características estão diretamente relacionadas com a
disponibilidade de nutriente na dieta, quanto maior o nível de proteína bruta ingerida
maior a quantidade de nitrogênio excretado.
124
Pack (2002), reportou que uma maneira prática de se reduzir a quantidade de
proteína bruta das dietas de poedeiras comerciais, seria através da suplementação com
aminoácidos essenciais específicos, o que traria inúmeros benefícios, como a utilização
mais eficiente do nitrogênio pelas aves e uma menor excreção para o meio ambiente.
Ishibashi e Yonemochi (2003), avaliaram a exigência de aminoácidos na produção de
ovos, e observaram uma redução na quantidade de nitrogênio nas excretas de poedeiras
quando utilizaram menores níveis de proteína bruta nas dietas, e ressaltaram que, para a
realização de uma produção animal sustentável, a redução da quantidade de nitrogênio e
fósforo eliminada no meio ambiente devem ser estudadas.
Corroborando com este experimento, Faria Filho et al. (2005), observaram
diminuição gradual da excreção de nitrogênio à medida que reduziram o teor de
proteína na dieta. Segundo os autores, a redução de 21 para 20 e para 18% de PB na
dieta resultou em redução do nitrogênio na excreta em 11,6 e 21,7%, respectivamente.
No presente trabalho, quando se reduziu a PB na dieta de 16,5 para 14,87%, houve
redução de 38,8% de nitrogênio excretado, houve também uma redução na eliminação
de nitrogênio entre o tratamento controle e os dois últimos tratamentos, com
suplementação de glutamato, apresentando redução de 17,91% e 22,38% de nitrogênio
excretado em relação ao controle, respectivamente.
Keshavarz e Austic (2004), compararam dietas com baixos níveis de proteína
(13%), sem suplementação e com suplementação de aminoácidos (lisina, metionina,
triptofano, isoleucina, valina), com dietas com 16% de proteína. Foi observado maior
consumo de nitrogênio para aves alimentadas com 16% de PB. A retenção de nitrogênio
foi menor para aves com dietas de 16% e 13% sem suplementação em comparação a
dietas com 13% de PB suplementadas.
Para a eficiência de retenção do nitrogênio, pode-se observar na Tabela 4, que os
tratamentos com 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina, com 14,87%
de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano, com 16,5% de PB +
metionina + isoleucina + lisina + valina + glutamato e com 16,5 % de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato não diferiram entre si. Sendo que,
os tratamentos com 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina, com
14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina, triptofano e com 16,5 % de
125
PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato, apresentaram
maiores valores em relação ao tratamento controle.
De acordo com este experimento, Vasconcellos et al. (2011), avaliaram a
redução protéica (15, 17, 19 e 21% de PB) em dietas para frangos de corte e observaram
um aumento da eficiência de retenção de nitrogênio com a redução protéica na ração.
Segundo os autores, a menor eficiência das dietas de alta proteína, provavelmente está
relacionada ao nitrogênio em excesso eliminado pela ave. Nesse sentido, os tratamentos
com 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina, com 14,87% de PB +
metionina + isoleucina + lisina + valina, triptofano e com 16,50% de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato por possuir uma maior eficiência
de retenção de nitrogênio em relação ao controle apresentam-se como uma importante
ferramenta para reduzir o poder poluente de dejetos da produção animal.
Para o nível sérico de ácido úrico, pode-se observar na Tabela 4, que o
tratamento com 15,69% de PB + metionina + isoleucina e com 16,5% de PB +
metionina + isoleucina + lisina + valina + glutamato não diferiram do controle, e
apresentaram os menores teores de ácido úrico no soro sanguíneo das poedeiras em
relação ao tratamento com 16,50% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina +
triptofano + glutamato.
Corzo et al. (2005), avaliaram os efeitos da suplementação de aminoácidos
essenciais e não essenciais sobre a concentração de ácido úrico no plasma sanguíneo de
frangos de corte. Os autores verificaram que os maiores valores foram obtidos na dieta
controle. Aves alimentadas com dietas de baixa proteína bruta apresentaram menores
níveis de ácido úrico, quando foi suplementado individualmente a glicina, houve
redução da concentração de ácido úrico comparado aos das aves da dieta controle. Os
autores concluíram que a suplementação de aminoácidos não essenciais às dietas de
baixa proteína bruta tem efeito benéfico sobre a melhoria da utilização do nitrogênio em
relação à menor concentração de ácido úrico no plasma sanguíneo.
Na Figura 1, são apresentados os parâmetros significativos do balanço de
nitrogênio (nitrogênio consumido, excretado, eficiência de retenção de nitrogênio), e
nível sérico de ácido úrico das poedeiras leves em produção.
126
Figura 1. Nitrogênio consumido, excretado, eficiência de retenção de nitrogênio e nível
sérico de ácido úrico de poedeiras leves
Verifica-se na Figura 1, que o nitrogênio consumido e excretado reduz do
controle até o tratamento com 14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina
+ triptofano, com redução protéica, assim como a eficiência de retenção de nitrogênio
aumenta com a redução protéica. Contudo, não há efeito da redução protéica no nível
sérico de ácido úrico, que apresenta um aumento devido a suplementação com
triptofano.
O triptofano é um aminoácido essencial, que atua como um precursor imediato
para a síntese de serotonina. Este aminoácido regula diversos processos fisiológicos e
comportamentais tais como; humor, agressão, susceptibilidade ao estresse, aos padrões
de sono e consumo de alimento (Markus et al., 2000). Além disso, dietas com elevados
níveis de aminoácidos neutros (fenilalanina, treonina, leucina, isoleucina e valina)
competem com o triptofano pelo transportador da barreira hematoencefálica (Dye et al.,
2000), e desta forma, o triptofano fica ligado a albumina, resultando no aumento da
proporção de triptofano disponível no sangue (Moore et al., 2000).
O triptofano também é precursor da melatonina, uma amina que regula o ritmo
circadiano (dia/noite). A melatonina é sintetizada na glândula pineal e se refere a
127
oscilações hormonais, que reduz a atividade gonadal ao inibir a secreção do hormônio
luteinizante (LH). A luz inibe a produção de melatonina e a escuridão a estimula, sendo
de grande importância um período de escuro de 7 a 8h para poedeiras (Rozenboim et al.,
2002).
Emadi et al. (2010), estudaram o desempenho e parâmetros sanguíneos de
frangos de corte de 0 a 49 dias de idade, dividido na fase inicial (0 a 21 dias),
crescimento (21 a 42 dias) e final (42 a 49 dias), submetidos a diferentes níveis de
triptofano, de acordo com as fases de criação; inicial (0; 0,10 e 0,20), crescimento
(0;0,07 e 0,15) e final (0;0,05 e 0,13), e verificaram que com o aumento dos níveis de
triptofano ocorre um aumento do teor de acido úrico no plasma.
Corzo et al. (2005), avaliaram as exigência de triptofano em frangos de corte de
42 a 45 dias de idade, e verificaram um aumento numérico de ácido úrico no plasma
sanguíneo, devido aos produtos restantes de catabolismo do triptofano. Os autores
observaram um aumento no peso corporal devido a maior concentração de proteínas no
plasma sangüíneo total, quando comparado com os frangos mais leves, possivelmente
associado com maior demanda para a manutenção do tecido magro e turnover protéico.
Na Tabela 5 são apresentadas as médias do peso final, peso da carcaça, peso da
gordura celomática, peso do fígado, relação gordura celomática/carcaça e
fígado/carcaça das poedeiras leves em produção.
Tabela 5. Efeito dos tratamentos sobre o peso final, peso da carcaça, peso da gordura
celomática, peso do fígado, relação gordura celomática/carcaça e
fígado/carcaça das poedeiras leves em produção Tratamentos T1 T2 T3 T4 T5 T6
C.V. PB 16,50 15,69 15,32 14,87 16,50 16,50
PF (kg) 1,51 1,51 1,46 1,46 1,48 1,49 3,94
PC (kg) 1,05ab 1,06a 1,01ab 0,98b 1,01ab 1,02ab 4,89
PGo (g) 58,06ab 63,69a 53,50ab 46,56b 55,69ab 54,06ab 17,75
PFg (g) 25,88 25,31 24,81 24,69 24,63 25,38 10,07
Go:C 0,055 0,060 0,053 0,047 0,055 0,053 16,05
Fg:C 0,025 0,024 0,025 0,025 0,024 0,025 10,72
C.V. (%): coeficiente de variação. PV - Peso final; PC - Peso da carcaça; PGo - Peso da gordura
celomática; PFg - Peso do fígado; Go:C - relação gordura celomática/carcaça; Fg:C - relação
fígado/carcaça; T1 - 16,5% de PB + metionina; T2 - 15,69% de PB + metionina + isoleucina; T3 -
15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina; T4 - 14,87% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina + triptofano; T5 - 16,5% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + glutamato; T6
- 16,5 % de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato. a,b
Médias seguidas
por letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de
probabilidade.
128
Para o peso de carcaça e gordura, pode-se observar na Tabela 5, que o
tratamento com 15,69% de PB + metionina + isoleucina, com 15,32% de PB +
metionina + isoleucina + lisina + valina, com 16,5% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina + glutamato e com 16,5 % de PB + metionina + isoleucina + lisina +
valina + triptofano + glutamato não diferiu do tratamento controle. Sendo que, o
tratamento com 14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano
apresentou as menores médias de peso de carcaça e gordura em relação ao tratamento
com 15,69% de PB + metionina + isoleucina. O menor peso destas variáveis, sugerem
que o animal destinou sua energia para a produção de ovos e não para a produção de
tecido muscular ou tecido adiposo.
O excesso de peso e deposição de gordura na carcaça é prejudicial na produção
de frango de corte e poedeiras, pois a gordura é vista de modo desfavorável pelo
consumidor, representando perda no rendimento se for removida durante a
industrialização (McLeod, 1982; Leenstra, 1986), e perda na produção de ovos, pois o
excesso de peso na matriz está relacionado a maturação folicular, ou seja, ocorrerão
mais ovulações que a capacidade do oviduto em gerar ovos resultando em ovos
defeituosos e inadequados para incubação e comercialização (Macari e Mendes, 2005).
Namroud et al. (2010), avaliaram seis tratamentos, quatro com redução protéica
(230, 210, 190 e 170 PB g/kg) e suplementação de aminoácidos essenciais (metionina;
metionina, lisina e treonina; metionina, lisina, treonina e arginina; metionina, lisina,
treonina, arginina, triptofano, isoleucina e valina) e dois com 190 e 170 g/kg de PB +
suplementação de aminoácidos não essenciais (glicina e acido glutâmico) e sem e com
suplementação de aminoácidos essenciais (triptofano, isoleucina e valina),
respectivamente, para frangos de corte de 10 a 25 dias de idade. Os autores verificaram
que o as rações com baixa proteína bruta provocaram uma elevação na acumulação de
gordura nas aves, e que este efeito é independente dos níveis dietéticos dos aminoácidos
essenciais. Quando os autores suplementaram com aminoácidos não essenciais no nível
de 170 g CP/kg de PB ocorreu uma diminuição da gordura abdominal.
Contudo, Ker e Kidd (1999), avaliaram rações com redução protéica (19, 17, 15,
13% de PB) suplementado com 1% de ácido glutâmico (17, 15 e 13% de PB) ou com
ácido glutâmico e aminoácidos essenciais (arginina, treonina, triptofano, isoleucina e
valina) e observaram que a adição de aminoácidos essenciais e ácido glutâmico em
129
rações com redução protéica apresentavam semelhança na quantidade de gordura
abdominal dos frangos que consumiram a dieta controle.
Na Figura 2, são apresentados o peso de carcaça e gordura celomática das
poedeiras leves em produção
Figura 2. Peso de carcaça e de gordura celomática em poedeiras leves
Algumas pesquisas mostram que o efeito da proteína da dieta é essencialmente
oposto para à gordura abdominal, ou seja, maiores quantidades de gordura são
depositadas nos animais alimentados com menores níveis de proteína na ração,
indicando que, talvez, a redução do nível de proteína das dietas, mesmo sendo estas
suplementadas com aminoácidos, não reconstitui o balanço de aminoácidos das
mesmas, levando, neste caso, ao catabolismo de aminoácidos e conseqüente deposição
de gordura na carcaça (Sklan e Plavnik, 2002; Faria Filho et al., 2005). Além disso,
Sklan e Plavnik (2002), citam que a redução da proteína acarreta em aumento da
deposição de gordura nos tecidos, devido a incapacidade da ave em utilizar energia para
a deposição de proteína. Como a ração não contém quantidade suficiente de proteína
para ótimo crescimento, a energia extra é convertida em gordura.
Contudo, este estudo mostrou estatisticamente que a redução protéica da ração
com suplementação de aminoácidos limitantes provocou uma redução da gordura
celomática, e que a suplementação dos aminoácido não essenciais assemelharam-se aos
resultados do tratamento controle, sugerindo que houve um correto balanço de
aminoácidos quando utilizou-se a redução protéica, não gerando acumulo de gordura
nas aves.
130
O resultado da análise histológica do fígado de poedeiras leves, está apresentado
na Figura 3.
Figura 3. Fotomicrografia representativa do fígado encontrado em todos os tratamentos.
Coloração de periodic acid Schiff (PAS). Barra: 200µm
O fígado é um dos principais órgãos responsáveis pela metabolização dos
nutrientes absorvidos pelos animais. Por isso, em dietas com maior teor de proteína
poderia ocorrer um aumento no metabolismo e peso do fígado, devido a uma maior
síntese de proteína, além da eliminação de aminoácidos em excesso via excreta. Em
caso de deficiência protéica, pode ocorrer um aumento do tamanho do fígado, devido a
mobilização dos nutrientes no organismo do animal, forçando a uma maior atividade
hepática (Flauzina, 2007).
Além disso, a suplementação de outros aminoácidos como o triptofano e a
treonina, podem levar a um estoque diferenciado de glicogênio hepático. Lima et al.
(2012), avaliaram as exigências nutricionais de treonina e triptofano para galinhas
poedeiras leves em postura verificou que o aumento de treonina e triptofano na dieta
causava aumento da deposição de colágeno parenquimal e esteatose hepáticas nas aves,
respectivamente. Contudo, neste estudo a redução protéica não provocou diferenças
significativas no peso do fígado (Tabela 5), e também não foi observado acúmulo de
glicogênio hepático ou esteatose hepática nas análises histológicas do fígado de todos os
tratamentos (Figura 3).
Lima et al. (2012), avaliaram uma suplementação de 0,069% de L-triptofano em
poedeiras leves com o objetivo de alcançar o nível de 0,215% de triptofano digestível na
ração. No presente experimento, o tratamento com 14,87% de PB + metionina +
131
isoleucina + lisina + valina + triptofano, utilizou apenas 0,008% de L-triptofano,
alcançando o nível de 0,167% de triptofano digestível na ração, sendo essa quantidade
insuficiente para causar tal alteração hepática.
Bunchasak et al. (2005), estudaram o efeito dos níveis de proteína (14, 16 e 18%
PB) no peso do fígado e resposta imune de poedeiras (Babcock B-308) de 21 a 33
semanas de idade. Os resultados mostraram que o peso do fígado de galinhas
alimentadas 14% de PB foi menor do que as de 16 e 18% PB. Houve tendências de
aumento de triglicéridos no fígado e NEFA, devido ao consumo elevado de proteínas.
Para o aspecto imunológica, doença de Newcastle de galinhas alimentadas com 18% de
PB foi significativamente maior do que os de galinhas alimentadas com dietas de 16 e
18% PB.
O resultado da análise histológica do intestino (duodeno) de poedeiras leves, está
apresentado na Figura 4.
Figura 4. Fotomicrografias de intestino de poedeiras leves sob diferentes tratamentos
com redução de proteína e suplementação com ácido glutâmico. A)
Tratamento 1; B) Tratamento 2; C) Tratamento 3; D) Tratamento 4; E)
Tratamento 5; F) Tratamento 6. Coloração de PAS. Barra: 200µm
Na análise histológica foram observadas alterações morfológicas no intestino das
poedeiras leves. O duodeno dos animais do tratamento com 14,87% de PB + metionina
+ isoleucina + lisina + valina + triptofano apresentaram vilosidades mais ramificadas
132
(pontas de setas), em relação as dos tratamentos com suplementação de glutamato, e
parecidas com a do tratamento controle, entretanto, as vilosidades do tratamento com
14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano eram mais largas e
integras (traço vermelho). O tratamento com 15,32% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina apresentava vilosidades intestinais menos ramificadas, seguido do
15,69% de PB + metionina + isoleucina em relação aos demais tratamentos (Figura 2).
Vilosidades mais largas e com mais ramificações proporciona uma maior área de
contato da superfície de absorção intestinal com o alimento, aumentando dessa forma a
captação de nutrientes. Fatos que corroboram com os resultados de Gomide-Júnior et al.
(2004), nos quais demonstraram que a mucosa intestinal responde a agentes exógenos
por meio de modificações morfológicas. Sendo assim, os animais do tratamento com
14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano poderiam se
beneficiar com essa alteração morfológica do intestino, absorvendo mais nutrientes para
a produção de ovos. A maior integridade das vilosidades no tratamento com 14,87% de
PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano, está de acordo com os
resultados de Yi e Allee (2006), os quais citam que a adição de glutamato atua na
manutenção da integridade intestinal.
Lima et al. (2012), avaliaram a exigência de triptofano digestível em poedeiras
leves em produção, com 29 semanas de idade. As dietas foram suplementadas com
0,00; 0,017; 0,035; 0,052; e 0,069 g / kg de L-triptofano com o objetivo de alcançar os
níveis de 0,151; 0,167; 0,183; 0,199 e 0,215 g / kg de triptofano digestível na ração. Os
autores verificaram efeito positivo no aumento da largura das vilosidades intestinais
com a suplementação de triptofano. As vilosidades intestinais das galinhas poedeiras
sob dietas com uma maior proporção triptofano:lisina (27%) eram mais largas e teve
mais ramificações.
Silva et al. (2010b), avaliaram diferentes relações triptofano:lisina digestível
(19,21,23,25 e 27%) nas rações de poedeiras Dekalb White e verificaram que o intestino
das aves respondeu de forma quadrática as relações de triptofano da dieta. Segundo os
autores o triptofano apresenta relação com as perdas endógenas e a renovação celular da
mucosa intestinal, o que justifica o aumento do peso do intestino com o nível de
triptofano na dieta.
133
O resultado da análise histológica do magno de poedeiras leves, são
apresentados nas figuras 5 e 6.
Figura 5. Fotomicrografias de magno de poedeiras leves sob diferentes tratamentos com
redução de proteína e suplementação com ácido glutâmico. A) Tratamento 1.
B) Tratamento 2. C) Tratamento 3. D) Tratamento 4. E) Tratamento 5. F)
Tratamento 6. Coloração de PAS. Barra: 1mm
Figura 6. Fotomicrografias de magno de poedeiras leves sob diferentes tratamentos com
redução de proteína e suplementação com ácido glutâmico. A) Tratamento 1.
B) Tratamento 2. C) Tratamento 3. D) Tratamento 4. E) Tratamento 5. F)
Tratamento 6. Coloração de hematoxilina-eosina. Barra: 400µm
134
O magno das poedeiras do tratamento com 14,87% de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + triptofano apresentou mais dobras secundárias (pontas de
setas) (Figura 5D e 6D), seguidos dos tratamentos com 16,5% de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + glutamato, controle e com 16,5 % de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + triptofano + glutamato, aumentando dessa forma, a área de
contato com o ovo em formação. Os tratamentos com 15,69% de PB + metionina +
isoleucina e com 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina apresentaram
magnos com menos dobras.
O tratamento com 14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina +
triptofano seguido do controle foram os tratamentos que apresentaram magnos com
epitélio mais espesso (seta) (Figura 6A, 6D), sendo o epitélio do tratamento com
14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano o mais positivo
para a coloração PAS (coloração rosa) (Figura 5D), ou seja, apresentava a maior
produção de muco. Tal característica possibilita o correto fluxo do ovo em formação
pelo oviduto, possivelmente diminuindo o tempo para a sua formação do ovo.
Apesar das características vantajosas citadas acima, para a produção de ovos,
encontradas no magno dos animais do com 14,87% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina + triptofano, os tratamentos que proporcionaram magnos com glândulas
mais ativas foram os com suplementação de glutamato (Figura 6E, 6F), seguidos pelos
tratamentos com 14,87% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina + triptofano
e controle. Os tratamentos com 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina
e com 15,69% de PB + metionina + isoleucina apresentaram menor atividade glandular
no magno.
Lima et al. (2012), avaliaram a exigência de triptofano digestível em poedeiras
leves em produção, com 29 semanas de idade. As dietas foram suplementadas com
0,00; 0,017; 0,035; 0,052; e 0,069 g / kg de L-triptofano com o objetivo de alcançar os
níveis de 0,151; 0,167; 0,183; 0,199 e 0,215 g / kg de triptofano digestível na ração. Os
autores verificaram histologicamente, que o aumento do nível de triptofano digestível
levou a maior produção de albúmen pelo magno, uma vez que as glândulas tubulares do
magno se apresentaram em estágio funcional mais ativo e apresentando maior
quantidade de albúmen o que, permitem que a produção dos ovos seja feita em um
135
período de tempo menor, aumentando assim a produção, peso, massa, conversão em
massa e dúzia de ovos.
O resultado da análise histológica do útero de poedeiras leves em produção, está
apresentado na Figura 7.
Figura 7. Fotomicrografias de úteros de poedeiras leves sob diferentes tratamentos com
redução de proteína e suplementação com ácido glutâmico. A) Tratamento 1.
B) Tratamento 2. C) Tratamento 3. D) Tratamento 4. E) Tratamento 5. F)
Tratamento 6. Coloração de periodic acid Schiff (PAS). Barra: 1mm
Em relação ao útero, os tratamentos com 14,87% de PB + metionina +
isoleucina + lisina + valina + triptofano e com 16,5% de PB + metionina + isoleucina +
lisina + valina + glutamato proporcionaram úteros com maiores ramificações (dobras
primárias, secundárias e terciárias) (Figura 7D, 7E), sendo essas mais espessas e mais
desenvolvidas, além de serem totalmente preenchidas por glândulas.
Os tratamentos controle e com 16,5 % de PB + metionina + isoleucina + lisina +
valina + triptofano + glutamato, possuem grandes espaços preenchidos com tecido
conjuntivo no interior das dobras (Figura 7A, 7F). Os tratamentos com 15,69% de PB +
metionina + isoleucina e com 15,32% de PB + metionina + isoleucina + lisina + valina
apresentaram os úteros menos desenvolvidos (Figura 7B, 7C).
136
Quanto maiores os números de dobras no útero, maior o número de glândulas
em seu interior, e maior será a produção de carbonato de cálcio para a produção de ovo,
ou seja, mais rápida a produção de ovo e maior a eficiência em produção de dúzia de
ovos, visto que o ovo em formação fica no útero por tempo variável para a deposição de
carbonato de cálcio (King e McLelland, 1979), sendo esta acelerada pelo aumento da
superfície interna do órgão.
Há poucos estudos na literatura que avaliam a utilização de triptofano no sistema
reprodutor de poedeiras. Contudo, Lima et al. (2012), avaliaram a exigência de
triptofano digestível e verificaram histologicamente, que o aumento do nível de
triptofano digestível elevou a quantidade de dobras secundárias do útero das poedeiras
leves em postura e gerou uma hiperplasia do epitélio desse órgão, permitindo a
formação da casca em um menor tempo, aumentando assim, a produção de ovos.
137
CONCLUSÃO
Recomenda-se a ração do tratamento com 14,87% PB + DL-Metionina + L-
Isoleucina + L-Lisina + L- Valina, L- Triptofano, pois promoveu os melhores índices de
balanço de nitrogênio e morfologia em relação ao tratamento controle.
138
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143
CONCLUSÃO FINAL
No primeiro estudo, com frangos de corte, recomenda-se o tratamento com 2%
de glutamato excedente ao controle, por ter apresentado o melhor resultado de
rendimento de carcaça em relação ao controle, ao tratamento com redução de 1,8% de
PB e ao suplementado com glutamato com o mesmo teor do controle. Além disso, esse
tratamento apresentou o menor teor de gordura em relação aos tratamentos com redução
de 1,8 e 3,6% de PB.
No segundo estudo, com frangos de corte, recomenda-se a ração controle, pois
apresentou o menor teor de ácido úrico no sangue e os melhores resultados de ganho de
peso, peso vivo, peso de carcaça e peso de peito para os frangos de corte de 1 a 42 dias
de idade em relação a ração com redução de PB + arginina.
No terceiro estudo, com poedeiras semipesadas, recomenda-se o tratamento com
15,17% PB + 2,982% de glutamato, pois apresentou maior produção e melhor
conversão por dúzia de ovos, o mesmo consumo e retenção de nitrogênio e um menor
teor de ácido úrico no soro em relação ao controle.
No quarto estudo, com poedeiras leves, recomenda-se a ração do tratamento com
14,87% PB + DL-Metionina + L- Isoleucina + L-Lisina + L- Valina, L- Triptofano, pois
promoveu os melhores índices de balanço de nitrogênio e morfologia em relação ao
tratamento controle.
144
CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES
A proteína utilizada na alimentação das aves ainda é o nutriente mais caro para o
setor avícola, além de promover custos financeiros elevados, pode acarretar em gastos
energéticos indesejáveis ao animal e problemas de poluição ao meio ambiente se usado
de forma inadequada. O uso da redução protéica utilizando o conceito de proteína ideal,
com suplementação de aminoácidos essenciais e não essenciais em correta proporção,
vêm proporcionando animais com melhor desempenho, qualidade de ovo e carcaça,
além de reduzir a quantidade de excreta ao meio ambiente, a um custo bem menor para
o produtor.
Um aspecto muito importante, e simples de compreender na redução protéica, é
o uso do aminoácido não essencial, muitas vezes este aminoácido tão importante não é
adicionado a ração, pois na literatura é preconizado que organismo dos animais são
capazes de sintetizar estes aminoácidos. Entretanto, quando reduzimos a proteína na
ração, a fonte de nitrogênio oriundo da alimentação é reduzida também, e a síntese deste
aminoácido pode ser prejudicada.
O presente estudo avaliou várias formas de redução protéica com suplementação
de aminoácidos limitantes e ácido glutâmico para frangos de corte e poedeiras
comerciais em produção. De um modo geral pode-se observar que a redução protéica é
eficaz, trazendo vantagens ao animal e ao produtor avícola. Contudo, o glutamato,
apesar de apresentar várias funções ao organismo animal através do transporte de
nitrogênio e imunidade, não promoveu desempenho ou qualidade de carne e ovos
superior ao tratamento controle. Todavia, é possível que ele seja mais eficaz ao sistema
imune, ou até mesmo no que se refere ao desempenho e qualidade de ovos e carcaça de
poedeiras e frangos de corte, quando estes forem submetidas a algum desafio sanitário
ou térmico.
Nesse sentido, a redução protéica e a suplementação de glutamato precisam ser
mais estudadas, verificando a melhor forma de utilização deste nutriente e objetivando
um melhor desempenho do animal e valor econômico dos produtos gerados por estes,
preconizando um meio ambiente mais adequado a população.