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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CAMPUS DE PATOS
ANNI MABELLY FELIPE QUEIROGA
CONHECIMENTO E USO DE PLANTAS MEDICINAIS EM
COMUNIDADES RURAIS E URBANA DO MUNICÍPIO DE CONDADO-PB
PATOS – PB
2015
ANNI MABELLY FELIPE QUEIROGA
CONHECIMENTO E USO DE PLANTAS MEDICINAIS EM
COMUNIDADES RURAIS E URBANA DO MUNICÍPIO DE CONDADO-PB
Orientadora: Profa. Dra. Maria das Graças Veloso Marinho
PATOS – PB
2015
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação do Curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas do Centro de Saúde e
Tecnologia Rural da Universidade Federal de
Campina Grande, como requisito para obtenção
do título de Licenciada Plena em Ciências
Biológicas.
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR
Q3c
Queiroga, Anni Mabelly Felipe
Conhecimento e uso de plantas medicinais em comunidades rurais e
urbana do município de Condado-PB / Anni Mabelly Felipe Queiroga. –
Patos, 2015.
51f.: il. color.
Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) - Universidade
Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2015.
“Orientação: Profa. Dra. Maria das Graças Veloso Marinho”
Referências.
1. Levantamento etnobotânico. 2. Tradição. 3. Enfermidades.
I. Título.
CDU 633.88
Dedico este trabalho a Deus, que sem Ele nunca teria dado um
passo à frente, me deu saúde, força e fé de chegar até aqui e ao
meu avô Djalma Queiroga (in memoriam) que sempre esteve
presente na minha vida e é dono da minha maior saudade.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida e da sabedoria de trilhar esta longa
caminhada.
Aos moradores das zonas urbana e rurais do município de Condado-PB, que calorosamente
me recepcionaram e concordaram em me ajudar dando informações de grande valia
Aos meus pais Fabia e Djalma por tudo que fizeram por mim durante meu curso até hoje, e
por serem meus melhores amigos, minha eterna gratidão.
Aos meus irmãos por estarem sempre presente.
Ao meu namorado Dilson Vasconcelos por tanto apoio, principalmente nos momentos de
tensão pré-prova.
Á minha orientadora, Maria das Graças Veloso Marinho, por sempre ter acreditado na minha
capacidade e por todos os trabalhos desenvolvidos junto a ela, onde me ajudou no
conhecimento que tenho hoje.
Aos membros da banca examinadora, por aceitar participar da avaliação do meu trabalho.
A todos os professores dessa instituição, que mostraram a importância de todas as disciplinas
desse curso.
Aos amigos Géssica Victoria, Jacielly Rodrigues e Rafael Lopes por terem contribuído na
minha pesquisa, vocês foram essenciais.
Aos meus grandes amigos, principalmente os que estiveram comigo em toda minha
caminhada.
A todos, muito obrigada!
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si
mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados
pelo mundo.”
(Paulo Freire)
RESUMO
Este trabalho foi realizado na zona urbana e rural do município de Condado, no estado da
Paraíba. A pesquisa teve como principal objetivo, realizar um levantamento etnobotânico das
plantas medicinais mais utilizadas pelos moradores da região. Este estudo foi do tipo
exploratório descritivo com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados no período de
dezembro de 2014 a janeiro de 2015, através de um questionário semiestruturado com
perguntas objetivas e subjetivas. Foram totalizadas 100 pessoas entrevistadas, onde 50
informantes foram da zona urbana e 50 da zona rural. Na zona urbana 66% dos participantes
da pesquisa são do sexo feminino e 34% do sexo masculino, e na zona rural 60% são do sexo
feminino e 40% do sexo masculino. A faixa etária dos entrevistados variou de 18 a 88 anos
na zona urbana e 19 a 91 na zona rural. Quanto ao nível de escolaridade, na zona urbana 60%
dos entrevistados sabem ler e escrever, já na zona rural esse número é de 48%. Dos
informantes 86% da zona urbana costumam usar plantas medicinais contra enfermidades, já
na zona rural 90%. Os pais foram ás principais fontes de conhecimento sobre as plantas com
60% na zona urbana e 56,4% na zona rural. O modo de preparo das plantas medicinais mais
utilizadas foi o chá com 63,8% na zona urbana e 64,6% na zona rural. A folha é a parte da
planta mais usada com 56,3% das citações na zona urbana e 54% na zona rural. Foram citadas
43 espécies de plantas distribuídas em 25 famílias, descrevendo quais partes utilizadas, as
formas de uso e indicações. (Lippia alba Mill) Erva-cidreira foi a planta medicinal mais
citada, com 18,1% na zona urbana e na zona rural a maior representatividade foi
(Plectranthus amboinicus Lour.) Hortelã da folha grossa com 17,7 % das citações. Pode-se
afirmar que a população desta região possui um amplo conhecimento sobre as espécies
medicinais e a diversidade vegetal ao seu redor. Demonstrando assim a grande importância
deste conhecimento passado através de gerações, onde além de manter uma tradição se torna
uma alternativa a mais para o tratamento de enfermidades.
Palavras-chave: Levantamento Etnobotânico, tradição, enfermidades.
ABSTRACT
This study was conducted in urban and rural area of the municipality Condado, in the state
of Paraiba. The research aimed to, conduct an ethnobotanical survey of medicinal plants most
used by residents. This study was exploratory and descriptive with quantitative approach.
Data were collected from December 2014 to January 2015, through a structured questionnaire
with objective and subjective questions. 100 people were surveyed, where 50 were in urban
areas and 50 in rural areas. In urban areas 66% of participants were female and 34% were
male, and in the countryside 60% were female and 40% were male. The age of respondents
ranged from 18 to 88 years in urban areas and 19-91 in rural areas. The education level was
that, in urban áreas, 60% of respondents can read and write and in rural areas the amount is
48%. Of responders 86% typically used medicinal plants against diseases in urban areas,
although in the countryside it was 98%. Parents were the main sources of knowledge about
plants 60% in urban areas and 56.4% in rural areas. The main method of preparation was the
tea which was 63.8% in urban areas and 64.6% in rural areas. The leaves was the main part of
the plant used, with 56.3% in urban areas and 54% in rural areas. 43 plant species distributed
in 25 families were cited, describing which parts used, the different uses and indications.
Lemon balm (Lippia alba Mill) was the most cited medicinal plant, with 18,1% in urban areas
and Mint thick sheet (Plectranthus amboinicus Lour.) 17% in rural areas. The population of
this region has a broad knowledge of medicinal plants and plant diversity. Thus demonstrating
the great importance of this knowledge passed down through generations, where in addition to
maintaining a tradition becomes an alternative to more for the treatment of diseases.
Keywords: Ethnobotanical Survey, Tradition, Disease
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa do Brasil com localização do Estado da Paraíba e o mapa do Estado da
Paraíba destacando o município de Condado, e o mapa de Condado –PB juntamente com
suas cidades circunvizinhas 23
Figura 2 – Foto aérea da cidade de Condado – PB 24
Figura 3 – Entrevistas nas Comunidade Urbana e rural, município de condado, Paraíba 24
Figura 4 – Quanto ao sexo dos informantes 26
Figura 5 - Número de indivíduos por faixa etária e gênero da população entrevistada na
comunidade Condado, Paraíba 27
Figura 6 - Tempo de residência nas comunidades da população entrevistada 28
Figura 7 – Nível de escolaridade dos moradores da comunidade de Condado, Paraíba 29
Figura 8 - Frequência das plantas medicinais utilizadas como remédios caseiros pelos
moradores da comunidade de Condado, Paraíba 30
Figura 9 - Fontes de conhecimento do uso de plantas pelos moradores da comunidade de
Condado, Paraíba 31
Figura 10 - Partes das plantas utilizadas na produção de remédios caseiro pelos moradores da
comunidade de Condado, Paraíba 32
Figura 11 – Partes das plantas utilizadas na produção de remédios caseiros pelos moradores da
comunidade de Condado, Paraíba 33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Plantas medicinais citadas pelos informantes das Comunidades urbana e rural do
município de Condado, contendo a família botânica, o nome científico, o nome popular, a
parte utilizada, a forma de uso e a indicação 34
Tabela 2 - Frequências absolutas e relativas das espécies de plantas medicinais utilizadas
pelos informantes das Zonas Urbana e Rural do município de Condado – PB. 38
Tabela 3. Frequências absoluta e relativa das famílias com maior número de espécies citadas
. 41
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
2 OBJETIVOS 17
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 18
3.1 PLANTAS MEDICINAIS 18
3.2 ETNOBOTÂNICA 19
3.3 FITOTERAPIA 20
4. MATERIAL E MÉTODOS 22
4.2 TIPO DE ESTUDO 23
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 23
4.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS 25
4.5 ANÁLISES DE DADOS 25
4.6 PROCEDIMENTOS ÉTICO DA PESQUISA 25
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 26
5.1 SEXO E FAIXA ETÁRIA DOS INFORMANTES 26
5.2 FAIXA ETÁRIA DOS INFORMANTES 26
5.3 TEMPO DE RESIDÊNCIA NO LOCAL DE ESTUDO 27
5.4 NÍVEL DE INSTRUÇÃO 28
5.5 COSTUME E FREQUÊNCIA DE USO DE PLANTAS COMO REMÉDIOS 29
5.6 DE ONDE VEM O CONHECIMENTO SOBRE AS PLANTAS MEDICINAIS 30
5.7 PARTE DA PLANTA MAIS UTILIZADA PELOS ENTREVISTADOS 31
5.8 FORMA DE PREPARAÇÃO DOS REMÉDIOS CASEIROS 33
5.9 ESPÉCIE UTILIZADAS PELOS INFORMANTES 33
5.10 FREQUÊNCIA ABSOTULA E RELATIVA DAS PLANTAS MEDICINAIS USADAS
PELOS INFORMANTES 37
5.11 FREQUÊNCIA ABSOTULA E RELATIVA FAMÍLIAS BOTÂNICAS 41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 42
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO 46
ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 48
14
1 INTRODUÇÃO
Desde os tempos remotos, os homens buscam na natureza meios para melhorar suas
próprias condições de vida, aumentando assim sua longevidade (LORENZI; MATOS, 2008).
O ser humano foi um instrumento que desde a pré-história faz manipulação das plantas para
sobreviver, fazendo seu uso não apenas para suprir as necessidades mais urgentes, mas
também na medicina, na utilização empírica ou simbólica (ALBUQUERQUE, 2005). O
homem percebeu desde o início da sua existência que poderia retirar do solo muito mais que
alimentos.
A humanidade carrega um vasto grau de informações sobre o ambiente onde vive,
permitindo trocar informações diretamente com o meio, saciando assim suas necessidades de
sobrevivência (ARGENTA et al., 2011). O conhecimento popular sobre o uso das plantas é
passado de uma geração para outra ao longo de milhares de anos, e utilizada até os dias atuais.
O aparecimento de uma medicina popular com uso das plantas como remédio no
Brasil deve-se aos índios, com colaboração dos negros e europeus; no período que era colônia
portuguesa, os médicos para cuidar da população recorriam ao uso das plantas medicinais
(REZENDE; COCCO, 2002). Desde muito cedo, a população notou que poderia utilizar-se de
plantas para curar enfermidades, e durante muito tempo as pessoas faziam o uso das ervas
como única alternativa de tratamento.
Em relação a vegetação do nordeste, a cultura popular é forte quando a finalidade das
plantas é terapêutica. Nesse ambiente são encontradas comunidades que possuem uma boa
farmacopeia empírica, proveniente dos recursos vegetais encontrados nos meios naturais
ocupados por estas populações. (AMOROZO, 2002).
A Caatinga é o único bioma encontrado exclusivamente no Brasil, onde grande parte
da sua fauna e flora não é encontrada em outro lugar do mundo além do Nordeste brasileiro,
apesar dessa posição única dentre os biomas brasileiros, não consegue ganhar o destaque que
merece (BRASIL, 2002). A vegetação típica do sertão do estado da Paraíba é a caatinga, onde
possui uma ampla diversidade, permitindo várias linhas de pesquisa nesse ambiente.
Atualmente, mesmo com o avanço da indústria farmacêutica, estima-se que cerca de
80% da população não tem acesso aos medicamentos industrializados, e, destes, 85% adotam
15
as plantas medicinais nos cuidados básicos de saúde (OMS, 2000). Dados que demonstram a
enorme confiança da população nas ervas medicinais.
Segundo Badke et al. (2012), muitos fatores têm colaborado para o aumento do uso de
plantas como recursos terapêuticos, entre eles, o alto valor dos medicamentos
industrializados, a dificuldade de acesso da população à assistência médica, bem como a
tendência ao uso de produtos de origem natural. A comunidade encontra saída para algumas
enfermidades recorrendo ao uso de plantas medicinais, pelo fácil acesso que muitas vezes tem
disponível nos quintais de suas casas e principalmente pelo baixo custo. Fazer a utilização de
plantas medicinais para cura de enfermidades requer um grande conhecimento de qual parte
da planta utilizar, a forma e com que finalidade, para assim conseguir resultados satisfatórios.
Muitos estudos etnobotânicos são desenvolvidos no Brasil, onde os conhecimentos
populares são passados de uma geração para outra continuamente. Segundo Hamilton et al.
(2003), a pesquisa etnobotânica se desenvolveu visivelmente na última década em diversas
partes do mundo, com destaque na América Latina e, principalmente, em países como o
México, a Colômbia e o Brasil.
Sendo assim, fazer o resgate deste conhecimento e de sua utilização, se torna uma
forma de registrar o aprendizado informal que contribui para valorização da medicina popular,
ao mesmo tempo que se obtém de informações sobre a saúde da comunidade local. (PILLA;
AMOROZO; FURLAN, 2006). A preservação do conhecimento popular a partir das plantas é
de extrema importância, não só para preservar a cultura, como também abrir espaço para
possíveis estudos farmacológicos levando em consideração as informações obtidas no local
estudado.
Considerando a importância do conhecimento popular em relação ás plantas, dos
benefícios que esse tipo de pesquisa propõe e dos recursos disponíveis na área, esse estudo foi
desenvolvido com o objetivo de realizar um levantamento etnobotânico de plantas medicinais
na comunidades rurais e urbana do município de Condado - PB, fazendo o comparativo do
conhecimento popular nos dois espaços e ao mesmo tempo “manter viva” essa cultura.
A escolha do local para o estudo, foi devido a diversidade vegetacional presente no
mesmo, levando em consideração que não existe nenhuma pesquisa do gênero na região,
pode-se realizar o estudo do conhecimento popular acerca das plantas medicinais e também
contribuir como base para futuros estudos farmacológicos a partir dos dados empíricos.
16
Este trabalho contribuiu para o resgate e fortalecimento do conhecimento tradicional de
plantas medicinais no local e servindo de incentivo este tipo de estudo onde pode manter viva
essa cultura popular que é tão antiga e vem sendo passada através de gerações.
17
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Realizar um levantamento etnobotânico de plantas medicinais nas comunidades rurais
e urbana no município de Condado - PB, preservando o conhecimento no contexto
sociocultural e ambiental.
2.2 Objetivos específicos
Fazer uma abordagem do conhecimento popular dos habitantes do local acerca das plantas
medicinais;
Analisar a forma de preparo de remédios caseiros com as plantas;
Identificar as plantas medicinais mais usadas pelos moradores, tais como sua forma de cultivo,
as partes usadas e suas finalidades terapêuticas;
Constatar de onde vem o conhecimento sobre a utilização e preparo dos remédios;
18
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 PLANTAS MEDICINAIS
Segundo a OMS (2000) planta medicinal é definida como “todo e qualquer vegetal
que dispõe, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins curativos
ou que sejam antecessores de Fármacos semissintéticos.
Para Campelo; Ramalho, (1989) planta medicinal é aquela que detém de um ou mais
princípio ativo que lhe atribui atividades terapêuticas.
Na história do Brasil, há registros de que os primeiros médicos portugueses, diante da
carência na colônia de remédios empregados na Europa, muito cedo começaram a perceber a
importância dos remédios de origem vegetal que os povos indígenas utilizavam (BRASIL,
2012). Segundo Lorenzi; Matos (2008) “Tais conhecimentos foram prontamente absorvidos
pelos europeus que passaram a viver no país principalmente através daqueles que faziam
incursões mais prolongadas no interior (“sertões”)”.
Os alemães J. B. Von Spix e Carl F. P Von Martius no século XIX efetuaram notas
acerca do uso de plantas medicinais pela população indígenas. No entanto, bem antes, no
século XVII, no Nordeste do Brasil, os holandeses Guilherme Piso e Georg Markgraf
coletaram plantas e catalogaram suas utilidades (ALBUQUERQUE, 2002).
Segundo Costa (2013) grande parte da região Nordeste do Brasil é coberta por uma
vegetação chamada caatinga, no qual os recursos florestais têm sido intensamente utilizados
para satisfazer as necessidades humanas dessa região semiárida.
Gomes et al. (2007) diz que na caatinga nordestina estas plantas são amplamente
utilizadas na medicina popular pelas comunidades locais. Onde é comum no Brasil, e
principalmente nessa região, encontrar pessoas que utilizam plantas com finalidades
terapêuticas.
É grande o número de adeptos a este método curativo considerando a grande riqueza
vegetal brasileira e o fácil acesso a tais plantas. Sendo assim, plantas são usadas como a única
maneira de tratamento de uma parcela da população brasileira e de mais de 2/3 da população
do mundo e os fatores dominantes na utilização desta prática são os poucos recursos da
população e o alto custo dos medicamentos industrializados. (ARGENTA et al. 2011).
19
Embora muito ampla a diversidade vegetal do Brasil, novas plantas foram trazidas de
vários lugares do mundo como Europa, Ásia, Índia e África, onde hoje essas plantas integram
nossa flora formando um grupo de plantas exóticas (BRITO; DANTAS; DANTAS, 2009).
É de grande benefício uma comunidade utilizar-se das plantas com finalidade curativa,
mas ao mesmo tempo é de grande valia analisar seus fatores antes de fazer seu uso, como
afirma Gomes et al. (2007).
A utilização de plantas com o objetivo de tratamento de moléstias dificilmente está
associado à comprovação de sua eficácia. O que é comum no caso do uso popular. Assim seu
poder não é comprovado porque não existem preocupações científicas no uso informal das
plantas (MACHADO, 2009).
3.2 ETNOBOTÂNICA
Para Amorozo (1996), a etnobotânica conceitua-se como o estudo do conhecimento e
das definições desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal,
abrangendo tanto a forma como o grupo social classifica as plantas, quanto a maneira que elas
são usadas.
A origem da etnobotânica ocorreu simultaneamente com o surgimento da própria
espécie humana, ou melhor, com o início dos primeiros contatos entre esta espécie e o Reino
Vegetal (SCHULTES; REIS 1995).
A melhor caracterização desse estudo é o contato direto com as populações
tradicionais, buscando uma aproximação e vivência permitindo conquistar a confiança das
mesmas, recuperando, assim, o conhecimento sobre a relação de similitude entre o homem e
as plantas de uma comunidade (RODRIGUES; CARVALHO, 2001).
Estudos etnobotânicos de registro de plantas, suas utilizações e formas terapêuticas por
grupos humanos têm gerado um grande auxilio para planos de preservação e manejo de
ecossistemas (PRANCE, 1995). Compreender a forma como as espécies de plantas são
utilizadas pode ser muito importante para o homem, tendo em vista que muitas comunidades
conservam um contato duradouro e recíproco com os vegetais, desenvolveram um sistema
próprio de manejo (ALBUQUERQUE; ANDRADE, 2002). Sendo assim, de maneira
empírica o próprio homem ao longo do tempo consegue aperfeiçoar as formas de cultivo e
utilização das plantas, tornando cada vez mais benéfica sua utilização.
20
O estudo sobre os recursos medicinais em comunidades tradicionais vem se tornando
uma necessidade urgente, tendo em vista o risco de perder não apenas as espécies nativas
potencialmente úteis, mas também o conhecimento que propõe sua utilização (BRITO;
VALE, 2011).
Desta forma, fazer o resgate deste conhecimento e suas técnicas terapêuticas é uma
forma de deixar registrado um modo de conhecimento informal que contribui para a
valorização da medicina popular, além de conceber informações sobre a saúde da comunidade
local (PILLA; AMOROZO; FURLAN, 2006).
3.3 FITOTERAPIA
Fitoterápicos possuem a definição de produtos originados a partir de plantas e utilizados
com funções medicinais e para promover a saúde (BAUER, 2000).
A fitoterapia está presente nas antigas e atuais civilizações, e desempenha papel
relevante no cuidado da saúde dos povos não somente como recurso terapêutico, como
também por coexistir com crenças, valores e conveniências da humanidade (BRASIL, 2012).
A fitoterapia abrange todas as formas de utilização de plantas com a finalidade de cura de
doenças.
Na Grécia antiga, algumas plantas medicinais já eram valorizadas. Hipócrates,
considerado o "Pai da Medicina", já direcionava um remédio vegetal para cada doença
(REZENDE; COCO, 2002; MANTINS et al. 2000). Tendo em vista, as poucas possibilidades
de tratamento em épocas passadas, essa seria em muitos lugares uma única fonte de
tratamento.
A partir do conhecimento sobre a fitoterapia, no Brasil, até o século XX, se fazia
grande uso das plantas medicinais para a cura de diversas enfermidades, sendo esta prática
uma tradição que foi sendo transmitida ao longo dos tempos (TOMAZZONI; NEGRELLE;
CENTA, 2006). Mesmo com a diminuição de seu uso por conta da tecnologia, esta prática
ainda é utilizada.
A Organização Mundial da Saúde OMS (2000) atualmente reconhece, a importância
da fitoterapia, onde propõe ser uma alternativa viável e importante também às populações dos
países em desenvolvimento, já que seu custo é baixo.
21
Ainda de acordo com Campelo; Ramalho (1989) a vegetação do Brasil é muito rica em
plantas utilizadas na medicina caseira. Segundo Rezende; Coco (2002) A fitoterapia faz a
utilização das diversas partes das plantas, como raízes, cascas, folhas, frutos e sementes, de
acordo com a planta utilizada. Com a diversidade existente nesse país, praticamente todas as
partes das plantas são aproveitadas.
O aumento do consumo de fitoterápicos pode ser associado ao fato de que as
populações estão questionando os perigos do uso desordenado de produtos farmacêuticos e
procuram substituí-los por plantas medicinais (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006).
No entanto em relação ao uso das plantas medicinais, um fator importante chama atenção,
muitos usuários fazem o uso e tem a falsa ideia que por ser um produto natural não apresenta
potencial tóxico, o uso precisa ser feito de maneira correta (OLIVEIRA; GONÇALVES,
2006).
Os estudos etnofarmacológicos permitem vários avanços na ciência farmacêutica e no
descobrimento de novos fármacos, promovendo também a preservação da biodiversidade
(CORDEIRO; FELIX, 2014). Então, além de proporcionar um método curativo de baixo
custo, o estudo da fitoterapia pode também possibilitar base para futuros remédios
industrializados.
22
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 ÁREA DE ESTUDO
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o município de
Condado situa-se na região oeste do Estado da Paraíba, Meso-Região Sertão Paraibano e
Micro-Região de Sousa. Limita-se ao norte com Paulista e Vista Serrana; leste com Malta, Sul
com Catingueira e oeste com Pombal, Cajazeirinhas e São Bentinho. Localiza-se a 377 Km da
capital paraibana João Pessoa. O acesso ao município é possível a partir de João Pessoa,
através da rodovia federal BR-230, leste-oeste, até Condado, passando por Campina Grande,
Soledade, Juazeirinho, Santa Luzia, Patos e Malta (Figura 1).
O município apresenta uma área total de 280,916Km² e população de 6.584 habitantes,
sendo 3215 homens e 3369 mulheres.
Sua densidade demográfica é de 23,44 hab./km². O clima é quente, com temperatura
máxima 34ºC e mínima 28ºC. Possui um de Desenvolvimento Humano de 0,59 médio
PNUD/2000. As principais atividades econômicas estão ligadas à agricultura, pecuária
(representada em atividades privada ou no trabalho informal), e comércio.
A economia do município de Condado é baseada predominantemente em atividades
do setor primário (75 a 100%). Seguem-se as atividades do setor secundário, e, com
participação modesta, o setor de serviços com O a 10%. A agricultura participa com a
produção de algodão, feijão, milho e, com pequena parcela, o arroz. Na pecuária destaca-se a
criação de bovinos e na avicultura a criação de galináceos com produção de ovos. Conta ainda
com uma pequena parcela do Serviço Público, Federal, Estadual e Municipal.
23
Figura 1 – Mapa do Brasil com localização do Estado da Paraíba e o mapa do Estado
da Paraíba destacando o município de Condado, e o mapa de Condado –PB juntamente
com suas cidades circunvizinhas.
4.2 TIPO DE ESTUDO
A pesquisa foi do tipo exploratório descritivo, com abordagem quantitativo-qualitativa
e seu critério foi realizar um levantamento etnobotânico das plantas medicinais na zona
urbana e rural do município de Condado – PB.
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A pesquisa foi realizada na zona urbana e rural do município de Condado – PB (Figura
2), sendo escolhido um membro de cada família, com mais de dezoito anos e disponível para
participar da pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).
24
Figura 2 – Foto aérea da cidade de Condado – PB
Fonte: http://www.condado.pb.gov.br/
Foram realizadas visitas em 08 (oito) sítios na zona rural, onde cada sítio foi
visitado uma média de 06 (seis) casas e na zona urbana foram visitadas 10 (dez) ruas, com o
total de 05 (cinco) casas por rua, a entrevista foi feita com 01 (um) membro de cada casa
visitada, totalizando assim 100 (cem) pessoas entrevistadas (Figura 3).
Figura 3 – Entrevistas nas Comunidade Urbana e rural, município de condado, Paraíba
Fonte: Queiroga, 2015.
25
4.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS
As coletas dos dados etnobotânicos foram feitas no período de dezembro de 2014 e
Janeiro de 2015 através de visitas as comunidades. Na comunidade urbana foram realizadas
50 (cinquenta) entrevistas e na comunidade rural 50 (cinquenta), totalizando 100 pessoas
entrevistadas.
O instrumento de coleta adotado foi o de entrevistas semiestruturadas, com perguntas
objetivas e subjetivas, constituídas de questões socioculturais e ambientais que foram
direcionadas a um chefe familiar de cada domicílio visitado (APÊNDICE 1).
As coletas de material botânico não foram possíveis em razão das condições muito
secas do ambiente, no entanto, as identificações foram feitas com literatura especializada
(LORENZI; MATOS, 2008) onde foi levada e confirmada pelos moradores da região.
4.5 ANÁLISES DE DADOS
A identificação das plantas ocorreram baseado nos nomes populares citados pelos
informantes, e em seguida confirmados por literatura especializada.
Os dados analisados foram apresentados na forma de porcentagem. Os dados obtidos
na coleta foram agrupados, no programa Microsoft Excel® (2013), e subsequente
apresentados em gráficos e tabelas para definição da amostra, empregando frequências
absolutas e relativas. A frequência foi calculada onde a frequência relativa (FR) é igual ao
número de citações por planta, dividido pelo número total (N), em seguida multiplicado por
100 (cem) para o resultado percentual (FR = FA/N x 100).
4.6 PROCEDIMENTOS ÉTICO DA PESQUISA
O presente estudo foi desenvolvido com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos (CEP) do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal
de Campina Grande, parecer nº 1.253.926. Conforme instruções da Resolução nº 466/12,
todos os participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (ANEXO 1).
26
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 SEXO DOS INFORMANTES
Constatou-se que 60% da contribuição na zona rural e 66% na zona urbana foram das
mulheres, resultado que demonstra uma predominância feminina nas respostas, onde na hora
da entrevista alguns homens preferiram chamar sãs esposas para que respondessem as
perguntas. Embora ambos terem demonstrado bastante conhecimento sobre a flora medicinal
do local (Figura 4).
Figura 4. Quanto ao sexo dos informantes.
No estudo de Silva et al. (2015) em uma área da Caatinga na comunidade do sítio
Nazaré, no município de Milagre, Ceará, foi constatado resultado similar, onde observou-se
que 67% dos entrevistados eram do sexo feminino e 33% do sexo masculino. Semelhantes
também foram os resultados obtidos no estudo de Silva et al. (2010) em uma população de
Nova Xavantina-MT, onde 59,4 % das entrevistas foram feitas com mulheres.
5.2 FAIXA ETÁRIA DOS INFORMANTES
A média de idade foi de 18 a 90 anos, mas o predomínio da idade dos entrevistados foi
no intervalo de 51 a 60 anos nas duas comunidades, totalizando 28% na comunidade urbana, e
24% na rural. Já a menor frequência foi dos entrevistados até 20 anos, com apenas 2% em
ambas as comunidades (Figura 5).
27
Figura 5: Número de indivíduos por faixa etária e gênero da população entrevistada
na comunidade Condado, Paraíba
Resultados equivalentes foram encontrados em Soares et al. (2009), no estudo feito
sobre as plantas medicinais no Município de Gurinhém – Paraíba, onde a faixa etária variou
entre 13 e 88 anos. No trabalho de (LIPORACCI; SIMÃO, 2013) nos quintais do Bairro Novo
Horizonte, Ituiutaba, MG, também obtiveram resultados semelhantes onde, faixa etária ficou
na variação de 27 a 88 anos e a prevalência da idade dos entrevistados foi de 50 a 60 anos.
5.3 TEMPO DE RESIDÊNCIA NO LOCAL DE ESTUDO
Em relação ao tempo de moradia dos informantes no local, houveram resultados
distintos. O maior índice na zona urbana foi entre 30 e 50 anos com 54% do total, já na zona
rural a maior representatividade foi entre 0 a 10 anos, totalizando 28%. Já na área urbana, esse
último índice citado foi o de menor representação com apena 6 % do total, diferentemente da
zona rural onde o menor índice foi exatamente o de maior da zona urbana, entre 30 e 50 anos,
com 20% do universo amostral (Figura 6).
28
Figura 6. Tempo de residência nas comunidades da população entrevistada.
5.4 NÍVEL DE INSTRUÇÃO
Com relação ao nível de escolaridade dos entrevistados, 60%na área urbana sabem ler
e escrever e 38% na rural. Uma parcela de 20% possui o 2º grau completo na zona urbana e
apenas 10 % conseguiram concluir o ensino médio na rural. Dados ainda mais inquietantes
são em relação ao superior dos informantes, apenas 12% na zona urbana e 4% na zona rural
conseguiram fazer faculdade (Figura 7).
Figura 7. Nível de escolaridade dos moradores da comunidade de Condado,
Paraíba
29
Resultados consternadores também são encontrados na pesquisa desenvolvida por
Rodrigues; Andrade, 2014) no levantamento etnobotânico na comunidade de Inhamã,
Pernambuco, onde o nível de escolaridade é muito baixo e apenas 10,7% têm o ensino médio
completo. No trabalho de Chaves; Barros (2012), também apresentou um grupo com baixo
nível de escolaridade, onde 70% dos entrevistados possuem ensino fundamental incompleto,
enquanto 10% sabem ler e 20% são analfabetos.
Partindo do princípio que a maior parte dos entrevistados possuem uma faixa etária
acima de 40 anos, e quando questionado sobre a falta de estudo, podemos compreender alguns
fatores que contribuíram para essa realidade, como a dificuldade de acesso a uma escola
décadas atrás, e a necessidade de trabalhar cedo, foram os principais motivos apontados por
eles de não terem começado ou dado continuidade a conclusão dos estudos.
No Brasil, intercalam-se com problemas sociais jamais resolvidos como a imensa
desigualdade da distribuição da renda, o analfabetismo que sempre esteve presente e os baixos
índices de escolaridade que culminam boa parte da população (SEGINI, 2000). Dados esses
que nos mostram ainda a dificuldade da população em frequentar a escola e concluir os
estudos.
De acordo com dados do IBGE, em 2010 o Censo apontou 9% da população brasileira
não são alfabetizados, o que equivale a 18 milhões de pessoas. Comparando com os
resultados do Censo de 2000, a situação da alfabetização melhorou no país, pois a taxa de
analfabetismo diminuiu de 12,8% para 9% em 2010.
Também de acordo com o IBGE, apesar dos avanços, o número de pessoas que não
sabem ler e escrever ainda é grande em algumas regiões do Brasil. Onde o Nordeste lidera o
ranking com 17,6% do total.
5.5 COSTUME E FREQUÊNCIA DE USO DE PLANTAS COMO REMÉDIOS
Do total de entrevistados da zona urbana, 86% acreditam no poder das plantas para
cura de enfermidades, e na zona rural esse total é de 90%. Desse universo amostral 78% tem o
costume de sempre fazer uso dessa prática na área urbana e 62% na rural (figura 8).
30
Figura 8. Frequência das plantas medicinais utilizadas como remédios
Caseiros pelos moradores da comunidade de Condado, Paraíba.
Semelhantes resultados foram encontrados no trabalho de Andrade et al. (2013) no
município Poço José de Moura-PB, onde 94% dos entrevistados acreditam e utilizam algum
tipo de planta medicinal para o tratamento de doenças. Pilla; Amorozo; Furlan (2006) no
estudo sobre o uso de plantas medicinais no distrito de Martim Francisco, Município de
Mogi-Mirim, SP, obtiveram um resultado onde 100% dos entrevistados utilizam
frequentemente remédios feitos a partir das plantas medicinais.
Embora a medicina tenha tido um grande avanço, uma parte considerável da
população não só utilizam o tratamento com plantas medicinais, como ainda constitui a
principal alternativa para diversos tratamentos, e em alguns casos sendo o único recurso
terapêutico de tratamento para diversas comunidades (VEIGA; PINTO; MACIEL, 2005). É
muito comum o uso de plantas para tratar os males da saúde, levando em conta que não é
sempre que a população tem acesso a medicamentos industrializados, então socorrer-se da
natureza torna-se uma opção fácil e na maioria das vezes eficaz.
5.6 DE ONDE VEM O CONHECIMENTO SOBRE AS PLANTAS MEDICINAIS
Na questão relacionada a procedências dos conhecimentos sobre a utilidade das
plantas, em ambas as comunidades os pais são a fonte mais citada, com 60% na zona urbana e
56,4% na zona rural, seguidos pelos avós que também simultaneamente foram bastante
citados juntamente com os pais, totalizando 30% na zona urbana e 36,4% na rural (Figura 9).
31
Figura 9. Fontes de conhecimento do uso de plantas pelos moradores da
Comunidade de Condado, Paraíba.
No estudo de Cavalcante; Silva (2014) no levantamento etnobotânico na comunidade
Moura, Bananeiras-PB, foram registrados resultados similares, onde 77% afirmaram ter sido
os pais a fonte do conhecimento adquirido sobre as plantas com finalidades terapêuticas. Um
índice ainda maior de demonstração dos pais serem os maiores responsáveis pelos
ensinamentos sobre as plantas foram encontrados no trabalho de Marinho; Silva; Andrade
(2011) no levantamento etnobotânico do município de São José de Espinharas, PB, onde 85%
dos informantes tiveram os ensinamentos dos pais acerca de remédios baseados nas plantas.
No decorrer dos tempos, o homem acumulou informações sobre o ambiente em que
vive e esse acervo consistiu na observação dos eventos e características da natureza e na
experimentação empírica desses recursos (PATZLAFF, 2007). A partir dessas
experimentações empíricas, o próprio homem foi adquirindo sua própria comprovação dos
efeitos da fitoterapia, onde assim vem passando desde muito cedo o conhecimento obtido
através de gerações.
5.7 PARTE DA PLANTA MAIS UTILIZADA PELOS ENTREVISTADOS
Nas duas comunidades estudadas, a população faz um bom proveito de todas as partes
das plantas disponíveis na região, porém 56,3% dos informantes da zona urbana, e 54% da
zona rural utilizam as folhas como principal subsidio obtido a partir das plantas para produção
de remédios caseiros (Figura 10).
32
Na zona urbana não houveram citações de utilização de sementes e entrecascas,
diferentemente da zona rural onde 6,8% e 2,7% fazem o uso respectivamente.
Figura 10 - Partes das plantas utilizadas na produção de remédios caseiros pelos
moradores da comunidade de Condado, Paraíba.
No levantamento etnobotânico no município de Gurinhém – PB, realizado por Soares
(2009) as folhas também predominaram nas entrevistas feitas, com um total de 73%.
Resultados similares também encontrado nos trabalhos de Rodrigues; Andrade (2014),
Andrade et al. (2013), Azevedo; Kruel (2007).
Na opinião de Guerra et al. (2010), as folhas demonstram predomínio nas citações
devido a sua disponibilidade na planta a maior parte do ano e por apresentar maiores
quantidades de princípios ativos que causam a cura de enfermidades. As folhas demonstram
predomínio na preferência das populações, muitas vezes pela maior facilidade de obtenção e
do preparo dos remédios.
Diferentemente são os resultados encontrados em um estudo na comunidade do sítio
Nazaré, município de Milagres, Ceará, por Silva, et al. 2015) onde a parte mais utilizada
foram citadas raízes com 33,8% do total do público masculino e 29,5% do público feminino
utilizam na maioria das vezes as cascas.
33
5.8 FORMA DE PREPARAÇÃO DOS REMÉDIOS CASEIROS
Existem diversas maneiras de utilização das plantas para cura das enfermidades, o chá
obteve 63,8% da maioria dos informantes da zona urbana e 64,6% da maioria na zona rural
(Figura 11). Onde pode ser preparado por infusão, maceração e decocção, assim sendo a
forma mais prática de utilização para preparação de remédios caseiros.
Figura 11- Formas de utilização das preparações caseiras pelos moradores
da comunidade de Condado, Paraíba.
Resultados análogos foram encontrados por Costa (2013) no estudo de etnobotânica de
plantas medicinais em comunidades rurais e urbanas no município de Picuí, Paraíba, onde a
maioria de 59,6% dos informantes utilizam chás como principal subsídio para cura de suas
enfermidades.
Simultaneamente diversos trabalhos também utilizam o chá como principal forma de
preparo de medicamentos, como Baptistel et al. (2014), Pinto, Amorozo e Furlan (2006),
Chaves e Barros (2012) e Lucena et al. (2013).
5.9 ESPÉCIE UTILIZADAS PELOS INFORMANTES
Nas duas comunidades foram encontradas nas citações espécies similares, e
totalizaram 45 espécies de plantas citadas, dentro de 25 famílias diferentes (Tabela 1).
Resultados semelhantes foram encontrados no trabalho de Cavalcante e Silva (2014) no
Levantamento etnobotânico na comunidade Moura, Bananeiras-PB, onde apresentou 45
34
citações de espécies medicinais, pertencentes a 31 família botânicas. No estudo etnobotânico
de plantas medicinais utilizadas pela comunidade do Sisal, no município de Catu, Bahia, de
acordo com Neto et al. (2004) houveram as citações de 54 espécies botânicas, distribuídas em
28 famílias.
Diferentemente do citado, foram os resultados que ocorreram no estudo de Baptistel
et. al. (2014) sobre plantas medicinais utilizadas em na comunidade de Santo Antônio,
Currais, Sul do Piauí, no qual foram citadas 118 espécies, distribuídas em 54 famílias.
Também no resultado de Rodrigues; Andrade, (2014) no levantamento etnobotânico pela
comunidade de Inhamã, Pernambuco, onde houve a citação de 155 espécies, distribuídas em
59 famílias.
Tabela 1 – Plantas medicinais citadas pelos informantes das Comunidades urbana e rural do
município de Condado, contendo a família botânica, o nome científico, o nome popular, a
parte utilizada, a forma de uso e a indicação.
Família Nome científico Nome
Popular
Parte
Utilizada
Forma de
uso Indicação
ACANTHACEAE
Justicia pectoralis
var. stenophylla
Leonard
Anador Folhas e
talos Decocto
Dor de
cabeça,
cefaleia
ADOXACEAE Sambucus australis
Cham. & Schltdl. Sabugueiro
Sementes,
folhas e
flores
Decocto,
infuso
Febre, fastio,
ansiedade,
problemas
respiratórios,
gripe
AMARANTHACEAE Chenopodium
ambrosioides L. Mastruz Folhas
Compressa,
infuso,
banho
Gastrite,
ferimentos,
bronquite,
gripe, tosse
ANACARDIACEAE
Myracrodruon
urundeuva Allemão Aroeira
Cascas e
entrecascas
Decocto,
banho,
maceração
Inflamação,
adstringente
Anacardium
occidentale L. Cajueiro
Frutos e
cascas
Decocto,
lambedor,
compressa
Inflamação,
ferimentos
APIACEAE Foeniculum vulgare
Mill. Erva- doce Folhas Decocto
Dores
intestinais
APOCYNACEAE
Aspidosperma
dispermum
Müll.Arg.
Catingueira Flôr Infuso
Problemas no
útero, ovário e
próstata
ASPHODELACEAE Aloe vera (L.) Burm.
F. Babosa
Sumo das
folhas
frescas
Uso tópico
Queimaduras,
ferimentos,
hemorroidas
35
ASTERACEAE
Baccharis
arassatubaensis
Malag.
Alecrim Folhas Infuso Renite
alérgica
Baccharis
altimontana G.Heiden
et al.
Carqueja Folhas Infuso Diabetes
Achyrocline alata
(Kunth) DC. Macela Sementes
Infuso,
decocto,
maceração
Gastrite,
diarreia,
inflamação
BORAGINACEAE Heliotropium indicum
L. Fedegoso
Raízes e
folhas
Decocto,
Infuso, uso
tópico
Feridas, aftas,
estomatite
CACTACEAE Cereus jamacaru DC. Mandacarú Raíz Decocto,
infusão
Cálculos
renais,
colesterol alto
CUCURBITACEAE Momordica charantia
L.
Melão
Caetano Folhas Maceração
Vermes,
diarreia
FABACEAE
Parkia nitida Miq. Angico Cascas Decocto,
xarope
Bronquite,
tosse
Abarema
cochliacarpos
(Gomes) Barneby &
J.W.Grimes
Barbatimão Cascas Maceração Inflamação,
diarréia,
Amburana cearensis
(Allemão) A.C. Sm. Cumaru Cascas
Decocto,
banho,
balas
Constipação,
gripe, tosse,
ferimentos,
inflamação
Hymenaea courbaril
L. Jatobá
Casca,
folhas e
frutos
Decocto,
lambedor
Impotência
sexual,
inflamação,
cólicas
intestinais
Caesalpinia férrea
var. cearencis Huber Jucá
Casca e
frutos
Maceração,
xarope
Diabete,
inflamação
Chloroleucon
mangense var.
mathewsii (Benth.)
Barneby &
J.W.Grimes
Jurema
Cascas,
folhas e
raíz
Maceração,
decocto,
uso tópico
Cólicas,
queimaduras,
feridas
Bauhinia glabra Jacq. Mororó Cascas e
folhas
Decocto,
infuso
Diabetes,
Cálculos
renais
36
Erythrina amazonica
Krukoff Mulungu
Cascas e
folhas Infuso
Ansiedade,
insônia
Cariniana estrellensis
(Raddi) Kuntze Mussambê Folhas
Infuso, uso
tópico Asma
Bauhinia acreana
Harms Pata de vaca
Folhas,
cascas Decocto Diabetes
LAMIACEAE
Hyptis suaveolens (L.)
Poit.
Alfazema –
brava
Folhas,
flores Infuso
Dor de
barriga, mal
estar, cólicas
menstruais
Plectranthus
amboinicus (Lour.).
Spreng.
Hortelã da
folha grossa Folhas Lambedor
Bronquite,
gripe, dor de
garganta,
tosse
Mentha x villosa
Huds.
Hortelã da
folha miúda Folhas
Decocto,
infuso, uso
tópico
Dor de
cabeça,
tontura,
enxaqueca,
conjuntivite
Ocimum basilicum L. Manjericão Folhas Decocto,
infuso
Febre, gases
intestinais,
constipação
Origanum vulgare L. Manjerona Folhas
Decocto,
infuso,
maceração
Dor de
cabeça,
constipação,
estimulante
sexual
LYTHRACEAE Punica granatum L. Romã
Frutos e
cascas dos
frutos
Decocto,
infuso,
maceração,
in natura,
xarope
Inflamação na
garganta,
tosse
MALPIGHIACEAE Malpighia emarginata
DC. Acerola Frutos
Lambedor,
suco, in
natura
Renite
alérgica, gripe
MYRTACEAE Eucalyptus globulus
Labill. Eucalipto Folhas Inalação
Congestão
nasal, gripe,
resfriado
OLACACEAE Ximenia americana L. Ameixa do
mato Entrecascas
Decocto,
uso tópico
Inflamação,
ferimentos
PHYLLANTHACEAE Phyllanthus niruri L. Quebra-pedra Folhas Decocto Pedras nos
rins
37
POACEAE Cymbopogon citratus
(DC.) Stapf Capim-santo Folhas Infuso
Ansiedade,
dor de
barriga,
cólicas
intestinais
RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro
Mart. Juazeiro Frutos In natura Mau-hálito
RUBIACEAE
Carapichea
ipecacuanha (Brot.)
L. Anderson
Papaconha Raiz Decocto
Gripe,
bronquite,
insônia
RUTACEAE
Pilocarpus
microphyllus Stapf ex
Wardlew.
Arruda Folhas Infusão Cólicas
menstruais
Citrus x aurantium L. Laranjeira
Folhas,
cascas e
frutos
Infuso,
decocto, in
natura,
lambedor
Gripe, tosse,
constipação,
insônia
Citrus limon (L)
Burm. f. Limão Frutos
Decocto, in
natura
Gripe, tosse,
resfriado
SAPOTACEAE
Sideroxylon
obtusifolium (Roem.
& Schult.) T.D.Penn.
subsp. obtusifolium
Quixabeira Casca Uso tópico Ferimentos
URTICACEAE Laportea aestuans
(L.) Chew Urtiga
Folhas e
raíz
Decocto,
infuso
Problemas
renais,
estimulante
sexual, rinite
alérgica
VERBENACEAE Lippia alba (Mill.)
N.E.Br. ex P. Wilson Erva- cidreira Folhas Decocto
Pressão alta,
constipação,
ansiedade,
insônia, dor
de cabeça,
enxaqueca
5.10 FREQUÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA DAS PLANTAS MEDICINAIS
USADAS PELOS INFORMANTES
Em relação as espécies de plantas medicinais utilizadas pelos entrevistados, a maior
representatividade das frequências absolutas e relativas na área urbana foi de (Lippia alba
Mill.) Erva-cidreira com 18,1%, seguida de (Plectranthus amboinicus Lour.) Hortelã da folha
38
grossa com 10,4% das citações. Na zona rural, o resultado foi inverso, (Plectranthus
amboinicus Lour.) Hortelã da folha grossa foi a mais citada com 17,7%, seguida de (Lippia
alba Mill.) Erva-cidreira com 16,1%, e (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf) Capim-sando foi o
terceiro mais citado nas duas comunidades, com 7,1% das citações da zona urbana urbana e
9,4% na rural. Em seguida temos (Mentha x villosa Huds.), Hortelã da folha miúda com 6,6%
das citações da área urbana e (Punica granatum L.) Romã com 4,7% da representatividade na área
rural. As demais plantas apresentaram um menor índice de frequências (Tabela 2).
Tabela 2 – Frequências absolutas e relativas das espécies de plantas medicinais utilizadas
pelos informantes das Zonas Urbana e Rural do município de Condado – PB.
Zona
Urbana
Zona
Rural
Família Nome Científico Nome
Popular FA
FR
(%) FA
FR
(%)
ACANTHACEAE Justicia pectoralis var.
stenophylla Leonard Anador 3 1,6 1 0,5
ADOXACEAE
Sambucus australis
Cham. & Schltdl.
Sabugueiro
4
2,2
2
1,0
AMARANTHACEAE Chenopodium
ambrosioides L. Mastruz 3 1,6 2 1,0
ANACARDIACEAE
Myracrodruon urundeuva
Allemão Aroeira 2 1,1 2 1,0
Anacardium occidentale
L. Cajueiro 4 2,2 6 3,1
APIACEAE Foeniculum vulgare Erva- doce 1 0,5 1 0,5
APOCYNACEAE
Aspidosperma dispermum
Müll. Arg. Catingueira 2 1,1 1 0,5
ASPHODELACEAE Aloe vera (L.) Burm. F. Babosa 4 2,2 2 1,0
ASTERACEAE
Baccharis
arassatubaensis Malag. Alecrim 1 0,5 2 1
Baccharis altimontana
G.Heiden et al. Carqueja 9 4,9 5 2,6
39
Achyrocline alata
(Kunth) DC. Macela 10 5,5 8 4,2
BORAGINACEAE Heliotropium indicum L. Fedegoso 4 2,2 2 1
CACTACEAE Cereus jamacaru DC. Mandacarú 1 0,5 1 0,5
CUCURBITACEAE Momordica charantia L. Melão Caetano 1 0,5 1 0,5
FABACEAE
Parkia nitida Miq. Angico 2 1,1 1 0,5
Abarema cochliacarpos
(Gomes) Barneby &
J.W.Grimes
Barbatimão 1 0,5 2 1
Amburana cearensis
(Allemão) A.C. Sm. Cumaru 5 2,7 4 2,1
Hymenaea courbaril L Jatobá 3 1,6 2 1,0
Caesalpinia férrea
var.cearencis Huber Jucá 1 0,5 1 0,5
Chloroleucon mangense
var. mathewsii (Benth.)
Barneby & J.W.Grimes
Jurema 1 0,5 2 1
Bauhinia glabra Jacq. Mororó 1 0,5 2 1
Erythrina amazonica
Krukoff Mulungu 1 0,5 2 1
Cariniana estrellensis
(Raddi) Kuntze Mussambê 1 0,5 1 0,5
Bauhinia acreana Harms Pata de vaca 4 2,2 5 2,6
LAMIACEAE
Hyptis suaveolens (L.)
Poit.
Alfazema –
brava 3 1,5 8 4,2
Plectranthus amboinicus
(Lour.). Spreng.
Hortelã da
folha grossa 19 10,4 34 17,7
Mentha x villosa Huds. Hortelã da
folha miúda 12 6,6 6 3,1
Ocimum basilicum L. Manjericão 2 1,1 1 0,5
40
Origanum vulgare L. Manjerona 3 1,6 2 1
LYTHRACEAE Punica granatum L. Romã 7 3,8 9 4,7
MALPIGHIACEAE Malpighia emarginata
DC. Acerola 1 0,5 2 1,0
MYRTACEAE Eucalyptus globulus
Labill. Eucalipto 5 2,7 6 3,1
OLACACEAE Ximenia americana L. Ameixa do
mato 1 0,5 3 1,6
PHYLLANTHACEAE Phyllanthus niruri L. Quebra-pedra 1 0,5 1 0,5
POACEAE Cymbopogon citratus
(DC.) Stapf Capim-santo 13 7,1 18 9,4
RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro 1 0,5 2 1,0
RUBIACEAE Carapichea ipecacuanha
(Brot.)L. Anderson Papaconha 1 0,5 2 1,0
RUTACEAE
Pilocarpus microphyllus
Stapf ex Wardlew. Arruda 3 1,6 1 0,5
Citrus x aurantium L. Laranjeira 3 1,6 1 0,5
Citrus limon (L) Burm. f. Limão 2 1,1 3 1,6
SAPOTACEAE
Sideroxylon obtusifolium
(Roem. & Schult.)
T.D.Penn. subsp.
obtusifolium
Quixabeira 1 0,5 1 0,5
URTICACEAE Laportea aestuans (L.)
Chew Urtiga 2 1,1 3 1,6
VERBENACEAE Lippia alba (Mill.)
N.E.Br. ex P. Wilson Erva- cidreira 33 18,1 31 16,1
182 % 192 %
FR – Frequência Relativa; FA – Frequência Absoluta.
Resultados similares foram encontrados por Lacerda et al. (2013) no Conhecimento
popular sobre plantas medicinais e sua aplicabilidade em três segmentos da sociedade no
41
município de Pombal-PB, onde a espécie mais representativa foi (Plectranthus amboinicus
Lour.) Hortelã com 34% das citações, seguida de Erva cidreira Lippia alba (Mill.) utilizada
por 27% dos entrevistados.
Similaridade supostamente explicada pela proximidade das regiões dos dois estudos, e
por serem regiões mais secas, com poucas chuvas e temperaturas elevadas, as plantas com
maior representatividade conseguem adaptar-se melhor nesse tipo de ambiente.
5.11 FREQUÊNCIA ABSOTULA E RELATIVA FAMÍLIAS BOTÂNICAS
Com referência a família com maior número de espécies citadas, nas duas
comunidades, Fabaceae foi a que obteve o resultado mais expressivo com (dez espécies) o que
equivale a 23,3% do total, seguido de Lamiaceae com (cinco espécies) equivalente a 11,6% e
Asteraceae e Rutaceae ambas com (três espécies), totalizando 7% , e Anacardiaceae com
4,7%.(Tabela 3). As outras obteveram apenas 1 espécie por família.
Tabela 3 – Frequências absoluta e relativa das famílias com maior número de espécies citadas
Famílias Botânicas Frequência Absoluta
Número de espécies citadas Frequência Relativa (%)
ANACARDIACEAE 2 4,7
ASTERACEAE 3 7,0
FABACEAE 10 23,3
LAMIACEAE 5 11,6
RUTACEAE 3 7,0
%
No trabalho de Costa (2013), Estudo etnobotânico de plantas medicinais em
comunidades rurais e urbanas do município de Picuí, Paraíba, os resultados foram análogos,
onde a família com maior destaque também foi a Fabaceae, com um total de (oito espécies)
citadas nessa família.
42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que a maior parte das comunidades é
representada pelo público feminino, com uma extensa faixa etária e um grau de escolaridade
baixo.
Constatou-se que grande parte da população da referida comunidade possui um bom
conhecimento acerca do uso das plantas para o tratamento de enfermidades e que grande parte
faz uso dos mesmo, o que demonstra que essa prática ainda é grandemente aceita.
O maior conhecimento relacionado as plantas veio da faixa etária acima de 40
quarenta anos, e que de acordo com a origem dos conhecimentos dos informantes, os pais e
avós são os responsáveis, demonstrando que a essa cultura está fortemente presente nas
gerações mais antigas, porém enfraquecendo com o passar do tempo.
As comunidades estudadas possui uma boa farmacopeia natural, onde a população
retira do solo e faz um grande proveito do que ele disponibiliza, no qual grande parte das
vezes não tem de remédios industrializados.
Por fim, concluímos que esse estudo será de grande valia, onde podemos resgatar essa
cultura popular local, fortalecendo esse conhecimento tradicional, podendo incentivar também
esse tipo de estudo em outras áreas, servindo de base para futuros estudos farmacológicos e
ainda ser uma alternativa a mais de tratamento para a população com baixo poder aquisitivo.
43
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Interciência, 2005. 93p.
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Botânica Brasílica, v.16, n.3, p.273-85, 2002.
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Leverger, MT, Brasil. Acta Botânica Brasílica. vol.16, n.2, pp. 189-203, 2002.
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STATSI, L.C. (Org.). Plantas medicinais: Arte e Ciência, um guia de estudo
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ARGENTA, S. C.; ARGENTA, L. C.; GIACOMELLI, S. R.; CEZAROTTO, V. S. Plantas
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URI. v.7, n.12: p.51-60, Maio/2011.
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APÊNDICE 1 - Instrumento de Coleta de Dados
Data: ____ / ____ / 2013
ROTEIRO PARA ENTREVISTAS
DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS DOS PARTICIPANTES
1 – Nome: _____________________________________________________
2 - Sexo: M ( ) F ( )
3 - Faixa etária:
( ) até 20 anos ( ) de 21 a 30 anos ( ) de 31 a 40 anos
( ) de 41 a 50 anos ( ) de 51 a 60 ( ) de 61 a 70 anos
( ) de 71 a 80 anos ( ) de 81 a 90 anos ( ) mais de 90
3 - Tempo de residência no local?
( ) de 0 a 10 anos ( ) entre 10 a 30 anos ( ) mais de 50 anos
( ) entre 30 a 50 anos
4 - Escolaridade:
( ) Não sabe ler, nem escrever ( ) Sabe apenas assinar o nome
( ) Sabe ler e escrever ( ) 2° Grau completo
( ) 3° Grau completo
DADOS ACERCA DAS PLANTAS
1 - Costuma usar remédios feitos com plantas medicinais?
( )Sim ( ) Não
2 - Acredita na cura de doenças a partir do uso de plantas medicinais?
( ) Sim ( ) Não
3 - De onde vem o conhecimento sobre as plantas medicinais?
( ) Pais ( ) Avós ( ) TV ( ) Jornal ( ) Experiência própria
48
4 - Parte da planta que você mais utiliza?
( ) Raízes ( ) Cascas ( ) Folhas ( ) Flores ( ) Frutos ( ) Sementes (
) Entrecascas
5 – Qual a de preparação dos remédios caseiros?
( ) Chá ( ) Lambedor ( ) Banho ( ) Uso tópico ( ) outros
6 – Responda o quadro abaixo:
NOME POPULAR PARTE DA PLANTA
UTILIZADA
INDICAÇÕES
49
ANEXO 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nome da Pesquisa: Conhecimento e uso de plantas medicinais em Comunidades rurais e
urbana no Município de Condado-Pb
Pesquisadora responsável: Dra Maria das Graças Veloso Marinho.
Aluna pesquisadora: Anni Mabelly Felipe Queiroga
Informações sobre a Pesquisa: Estamos realizando um estudo sobre o conhecimento e
utilização de plantas medicinais, e para isso, solicitamos a sua colaboração respondendo
algumas questões sobre este assunto. O objetivo dessa pesquisa será realizar um levantamento
etnobotânico de plantas medicinais nas zonas urbanas e rurais do município de Condado-PB.
A sua participação é muito importante, pois trará contribuição em relação ao tema abordado
tanto para as participantes do estudo como também para o ensino e a pesquisa.
Eu, ____________________________________, portador(a) de RG: ________________,
abaixo assinado, tendo recebido as informações acima, concordo em participar da pesquisa,
pois estou ciente de que terei de acordo com a Resolução 196/96 Cap. IV inciso IV.1 todos os
meus direitos abaixo relacionados:
– A garantia de receber todos os esclarecimentos sobre as perguntas do questionário antes e
durante o transcurso da pesquisa, podendo afastar-se em qualquer momento se assim o
desejar, bem como está assegurado o absoluto sigilo das informações obtidas.
– A segurança plena de que não serei identificado(a), mantendo o caráter oficial da
informação, assim como está assegurado que a pesquisa não acarretará nenhum prejuízo
individual ou coletivo.
– A segurança de que não terei nenhum tipo de despesa material ou financeira durante o
desenvolvimento da pesquisa, bem como, esta pesquisa não causará nenhum tipo de risco,
dano ou mesmo constrangimento moral e ético ao entrevistado.
– A garantia de que toda e qualquer responsabilidade nas diferentes fases da pesquisa é dos
pesquisadores, bem como, fica assegurado que poderá haver divulgação dos resultados finais
em órgãos de divulgação científica em que a mesma seja aceita.
– A garantia de que todo o material resultante será utilizado exclusivamente para a construção
da pesquisa e ficará sob a guarda dos pesquisadores, podendo ser requisitado pelo
entrevistado em qualquer momento.
Tenho ciência do exposto acima e desejo participar da pesquisa.
50
Condado, _____ de __________________ de 2015.
Pesquisadora responsável: Maria das Graças Veloso Marinho. Endereço: Inácio Fernandes,
220. Bairro: Jardim Queiróz, Patos-PB. Telefone: (83) 88069352.
______________________________________________
Atenciosamente,
________________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsável
Digital do(a) participante
Assinatura do(a) participante