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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CURSO DE PEDAGOGIA ANA CAROLINA GUEDES MATTOS Convergência de mídias e educação: um estudo de cursos na modalidade a distância Juiz de Fora 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORACURSO DE PEDAGOGIA

ANA CAROLINA GUEDES MATTOS

Convergência de mídias e educação: um estudo de cursos na modalidade a distância

Juiz de Fora

2011

ANA CAROLINA GUEDES MATTOS

Convergência de mídias e educação: um estudo de cursos na modalidade a distância

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Pedagogia. Orientadora Prof. Drª. Adriana Rocha Bruno.

Juiz de Fora

2011

ANA CAROLINA GUEDES MATTOS

Convergência de mídias e educação: um estudo de cursos na modalidade a distância

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Pedagogia. Orientadora Prof. Drª. Adriana Rocha Bruno.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profa:. Drª. Adriana Rocha Bruno

_________________________________________

Profª. Drª. Beatriz de Basto Teixeira

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os que me ajudaram desde o momento do ingresso no

Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo e no Curso de

Pedagogia. Em primeiro lugar aos meus pais pela atenção e dedicação em todos os

momentos.

Obrigada aos professores do curso pela sua contribuição na construção do

meu conhecimento e em especial à professora Adriana Bruno orientadora deste

trabalho.

Além disso, gostaria de agradecer aos amigos e companheiros do Grupo de

Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR) que possibilitaram as reflexões e

estudos sobre as tecnologias na educação.

RESUMO

A presente monografia investigou de que maneira a convergência de mídias, em

cursos desenvolvidos por meio da Educação a distância online, pode auxiliar no

desenvolvimento de suas práticas pedagógicas. A pesquisa é qualitativa e teve

como fundamentação teórica: a teoria das multiplicidades (Deleuze e Guattari),

estudos sobre a cibercultura, mais especificamente a Educação online e a

convergência de mídias (Castells e Jenkins, dentre outros). Os lócus de investigação

foram: uma disciplina do curso de Pedagogia a distância, pelo sistema Universidade

Aberta do Brasil na Universidade Federal de Juiz de Fora - Faculdade de Educação

(UAB/UFJF/FACED) e também o Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação na

Educação Pública – CAED-FACED-UFJF, no que diz respeito ao desenho didático

desenvolvido para o curso, com ênfase na disciplina Letramentos e suas

tecnologias. Foram entrevistados web designers e professores dos dois cursos. As

considerações emergentes do campo de investigação apontaram para o uso da

convergência de mídias nas disciplinas pesquisadas, favorecendo a dinamicidade

pedagógica dos referidos cursos. e a construção do conhecimento dos alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Social, Convergência de mídias, Educação a

distância.

Ora, o ciberespaço não apresenta centros difusores em

direção a receptores, mas sim espaços comuns que cada

um pode ocupar e onde pode investigar o que lhe

interessar, espécies de mercados da informação onde as

pessoas encontram e nos quais a iniciativa pertence ao

demandante.

Pierre Lévy

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7

2. COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO ......................................................................... 12

2.1 . CONCEITOS PRELIMINARES ......................................................................... 12

2.1.1. O que é comunicação e a compreensão de Educação .................................. 12

2.1.2. Convergência e suas acepções ..................................................................... 17

2.1.3. Educação a distância ..................................................................................... 19

2.2. ESTADO DA ARTE ........................................................................................... 21

2.3. CONVERGÊNCIAS POSSÍVEIS NA CONTEMPORANEIDADE ...................... 24

2.3.1. Convergência de Mídias na EAD ................................................................... 25

2.4. AS MÍDIAS E A EDUCAÇÃO: HIPERMÍDIA E ABORDAGENS EM EAD

................................................................................................................................... 29

3. O CENÁRIO DE INVESTIGAÇÃO: PROJETO

UAB/UFJF .....................................................................................................................

.............. 33

3.1. O PROCESSO DA PESQUISA: Caminhos da

investigação ...................................................................................................................

................ 33

3.1.1. Universidade Aberta do Brasil na

UAB/UFJF/FACED ........................................................................................................

........................... 33

3.1.2 Apresentando o mestrado Profissional em Gestão e Avaliação na Educação

Pública – Caed-FACED-UFJF .................................................................................. 37

4. O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: DESTAQUES DA

INVESTIGAÇÃO ............................................................................................................

....................... 41

4.1. OPÇÃO METODOLÓGICA .............................................................................. 41

4.2. OBSERVAÇÕES E ANÁLISES DO LÓCUS DE PESQUISA ............................ 43

4.2.1. Experiência profissional: o perfil dos sujeitos de pesquisa ............................ 45

4.2.2. Convergência de mídias: a dinâmica e o uso das mídias nas

disciplinas ......................................................................................................................

............. 48

4.2.2.1. Recursos e estratégias midiáticas para EAD .............................................. 48

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 62

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 66

7. APÊNDICES ......................................................................................................... 70

7.1. APÊNDICE 1 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR A, RESPONSÁVEL PELA

DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE LICENCIATURA NA

UAB/UFJF) ...................................................................................................................

................ 70

7.2. APÊNDICE 2 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR B, RESPONSÁVEL PELA

DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF) .... 78

7.3. APÊNDICE 3 (ENTREVISTA COM O WEB DESIGNER DO CURSO DE

LICENCIATURA NA UAB/UFJF) .............................................................................. 88

7.4. APÊNDICE 4 (ENTREVISTA COM OS WEB DESIGNERS DO CURSO DE

PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF) ............................................................................ 94

8. ANEXOS

8.1. ANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ASSINADO PELOS SUJEITOS ............................................................................. 102

8.2. ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM OS PROFESSORES

X E Y ...................................................................................................................... 103

8.4 ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM OS WEB

DESIGNERS .......................................................................................................... 104

1. INTRODUÇÃO

As tecnologias marcam o cenário da sociedade atual se ampliando nas

instituições sociais, dentre elas, a Educação. O uso das mídias na Educação não é

algo inovador, ao contrário, a realidade social atual potencializa a integração com as

convergências tecnológicas. Os cursos de formação de professores, necessários

para a atualização profissional, contam com diversas modalidades, dentre elas, a

Educação a Distância (EAD). Ela não é recente e se utiliza, desde seu início, das

tecnologias disponíveis, sejam elas o papel, o rádio, a TV ou a web. As opiniões em

relação aos benefícios e malefícios da EAD são variadas, mas duas vertentes se

destacam, conforme Bruno e Lemgruber (2009): a primeira acredita que a EAD

solucionará os problemas da Educação; a segunda apresenta resistência e acredita

que tal modalidade é inferior.

Ao iniciar o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, na

Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora (FESJF), e posteriormente ingressar no

curso de Pedagogia na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi possível

perceber que as duas áreas do conhecimento se complementavam em muitos

aspectos. Ao longo do curso de Jornalismo várias discussões sobre os meios de

comunicação e seu impacto na sociedade ganhavam um diferencial quando

inseridos nos conteúdos e discussões apresentados no curso de Pedagogia.

Durante as aulas, em ambos os cursos, as relações e as potencialidades

estabelecidas na integração de ambas as áreas do conhecimento se integravam.

O curso de Pedagogia oportunizou o estudo mais de perto das Tecnologias

da Informação e Comunicação (TIC) e a EAD, por meio da monitoria em duas

disciplinas semi-presenciais do referido curso e também da pesquisa científica,

custeada pela FAPEMIG1 Além disso, os estudos realizados dentro do Grupo de

Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR) corroboraram para as reflexões sobre

o ciberespaço, a EAD, as TIC e a relação possível entre a Comunicação e a

Educação.

A relevância do presente estudo, aqui desenvolvido como monografia,

consiste em sua proposta de identificar os usos e possibilidades da convergência de 11 Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais, pesquisa intitulada DIDÁTICA ONLINE: contribuições para o processo de aprendizagem do educador em ambientes digitais, coordenada pela Profª. Drª. Adriana Rocha Bruno.

7

mídias na EAD, uma vez que sua ampliação e discussão ganham espaço dentro da

Educação brasileira. Além do estudo na modalidade a distância, se somam a web e

suas interfaces proporcionando um novo desenho para o que, até então, era

conhecido por EAD. A chegada dos computadores no Brasil, em sua maioria na

década de 1990 e, consequentemente, com a web possibilita que a EAD desenvolva

cursos utilizando essa nova mídia.

O governo Federal, motivado por questões ligadas a demanda de formação,

capacitação e atualização de profissionais em variadas áreas, especificamente nas

licenciaturas, criou, em 2005, o programa Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Dentro dessa realidade, a Faculdade de Educação (FACED) da Universidade

Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 2007, passou a oferecer o Curso de

Licenciatura em Pedagogia, na modalidade a distância. O Mestrado Profissional do

Centro de Políticas Públicas e avaliação da Educação (CAEd) é criado em 2010

oferecendo, principalmente aos gestores, a pós-graduação. Esta monografia

investiga como a convergência de mídias, foco dos estudos da Comunicação, é

utilizada e pensada pelos profissionais da EAD. Compreende-se que as mídias

agregam à Educação maneiras de oferecer o conteúdo pensado em cada curso. As

inquietações são múltiplas e oferecem muitas possibilidades de estudos. Para tanto,

esse trabalho levantou como questão de pesquisa: De que maneira a convergência de mídias, característica das tecnologias de informação e comunicação, está sendo aplicada na Educação a Distância, podendo, assim, contribuir para a prática pedagógica?

Para isto, o lócus de pesquisa incidiu no curso de Licenciatura, oferecido

atualmente para duas turmas e atendendo a 10 pólos situados em municípios do

estado de Minas Gerais. Outro lócus dessa investigação foi o Mestrado Profissional

oferecido no Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas (PPGP),

desenvolvido pelo Centro de Políticas Públicas e avaliação da Educação (CAED), da

UFJF, criado em 2009. O Mestrado Profissional oferece vagas para diretores e

técnicos dos órgãos de gestão da educação básica pública que estejam trabalhando.

Com o intuído de se investigar a convergência de mídias nesses cursos, foi

observada uma disciplina na Licenciatura a distância e no PPGP, na tentativa de

compreender como foram desenvolvidas, pedagogicamente, as possibilidades

oferecidas pelas interfaces da web e os recursos do Ambiente Virtual de

Aprendizagem (AVA). Foram analisados os documentos do curso (dados oferecidos

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pela coordenação do curso com relação ao perfil dos alunos), bem como os dados

produzidos por meio das entrevistas com o professor responsável pela disciplina e

com o web designer responsável. Além disso, foram feitas observações do

andamento semanal da disciplina e dos fóruns de discussão nos quais os alunos

participavam. Já no Mestrado profissional foi realizada uma entrevista com dois web

designers, responsáveis pela produção de materiais do curso e também com um

professor que atua em uma das disciplinas do Mestrado profissional.

A partir do tema a ser investigado (o uso da convergência de mídias na EAD),

algumas suposições foram pensadas. Tais formulações emergem dos estudos e

leituras realizadas a priori ao longo do desenvolvimento das reflexões e

questionamentos nos cursos de Pedagogia e de Comunicação Social. As ideias

construíram-se com base nos estudiosos da área de Comunicação e Educação a

distância, conforme afirma Alves-Mazzotti (1999), para obter-se novos dados que

sustentem ou refutem as respostas provisórias construídas inicialmente.

As suposições com relação à questão problema dessa monografia foram: i) o

conhecimento técnico das mídias disponíveis dentro do ambiente virtual de

aprendizagem pelo docente auxilia o planejamento de atividades que potencializem

os recursos disponíveis dentro e fora do Moodle (plataforma utilizada nas aulas); ii)

as parcerias criadas entre o web designer e o docente proporcionam uma

construção coletiva de atividades baseadas na dinâmica do espaço virtual; iii) uma

proposta inovadora que utilize as mídias pode desenvolver nas disciplinas a

distância uma relação entre ensino e aprendizagem potencializada por meio da

hipertextualidade, da convergência e da interatividade que a web oferece.

Como objetivo geral buscou-se identificar, na modalidade a distância, como a

convergência de mídias é utilizada, podendo desenvolver ações que contribuam na

prática pedagógica. Especificamente, pretendeu- se identificar o uso pedagógico das

mídias, no curso de Licenciatura e no Mestrado Profissional, na modalidade a

distância. Além disso, investigar as convergências midiáticas apresentadas ao longo

das observações das semanas da disciplina, bem como nas atividades

desenvolvidas pelo docente pesquisado. E, posteriormente, socializar esse estudo

para outras instituições que desenvolvam, em nível superior, a EAD, e que

trabalhem com a convergência de mídias na possibilidade de um

ensino/aprendizagem construtivo na realidade da sociedade virtual.

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A presente pesquisa é qualitativa e tem como base a Teoria das

Multiplicidades, a partir dos estudos de Gilles Deleuze e Felix Guattari, no Grupo de

Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR), na UFJF. As ideias e conceitos

elencados por tais autores permitem interpretações sobre a pesquisa e o

pesquisador. O pesquisador trabalhou com os devires dos sujeitos, do próprio

campo e dos dados emergentes das observações e entrevistas. Ao longo da coleta

de dados foi pesquisada a questão geradora e os indicativos de suas suposições.

Essa monografia utilizou a produção de dados de maneira interligada e imbricada,

vislumbrando uma maior coerência ao estudo proposto.

Os materiais produzidos ‘coletados’ foram provenientes de uma constante co-

criação entre o pesquisador e o lócus de pesquisa para a análise dos dados

encontrados. Criaram-se categorias e sub-categorias (pistas) de análise a partir das

falas dos sujeitos, das observações e das consultas aos documentos analisados.

Compreende-se que a neutralidade não é alcançada na pesquisa qualitativa, pois as

escolhas das falas e dos fenômenos observados durante o processo investigativo

acontecem a partir da subjetividade do pesquisador.

A organização do trabalho realizou-se pela produção de três capítulos que

pretendem discutir as convergências na Educação. O primeiro capítulo apresenta os

pilares dessa monografia a partir de conceitos preliminares sobre a Comunicação e

Educação, as convergências e a Educação a distância. Nesse momento da

monografia, se apresentam reflexões filosóficas e conceituais sobre os principais

pilares à discussão da convergência de mídias na EAD. No segundo capítulo,

pretendeu-se discutir os caminhos da investigação, apresentando o lócus da

investigação, o projeto UAB e sua dinâmica de funcionamento na UFJF,

especificamente na Licenciatura, e também o processo de constituição do Mestrado

Profissional do PPGP e como se desenvolve na UFJF.

O terceiro capítulo apresenta a pesquisa realizada e quais são as

observações e as principais constatações e indicações que o campo oferece para a

reflexão sobre a convergência de mídias na EAD. A análise dos dados é

apresentada de maneira sistematizada, possibilitando uma compreensão crítica da

investigação. Nos capítulos dois e três, buscou-se ilustrar os dados e os indicadores

com imagens da disciplina analisada, bem como gráficos que auxiliam na

interpretação e na reflexão das observações.

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Finalmente, o último capítulo destaca as principais considerações que o lócus

de investigação e os dados emergentes das observações oferecem à análise da

convergência de mídias como possibilidade de desenvolvimento da prática

pedagógica. Analisa-se também se a questão geradora foi respondida e se as

hipóteses procedem ou não a partir da pesquisa. Além disso, identificou-se se os

objetivos propostos no início da investigação foram alcançados ao final do trabalho.

Destaca-se uma concepção de Educação que emerge no cenário atual, no qual se

denomina Educação online.

Santos (2006) defende em seus estudos como a Educação online pode ser

praticada na Educação, promovendo momentos que instiguem a aprendizagem. Ela

afirma que

Uma modalidade de Educação que pode ser vivenciada ou exercitada tanto para potencializar situações e aprendizagens mediadas por encontros presenciais, quanto a distância, caso os sujeitos do processo não possam ou não queiram se encontrar face a face; ou ainda híbridos onde os encontros presenciais podem ser combinados mediados com tecnologias telemáticas. (SANTOS, 2006, p.125)

As tecnologias a que a autora se refere estão no ciberespaço, dispostas de

maneira simbiótica e interligadas. A sociedade está inserida nesse novo ambiente, o

ciberespaço, segundo destaca Lévy (1999). Ressalta- se que a Educação online não

se restringe apenas à modalidade a distância, mas também na presencial. Logo, os

encontros presenciais e as tecnologias podem ser combinados para potencializar o

processo de ensino/aprendizagem. No caso da EAD, essa dinâmica também é

relevante, pois considera os usos das tecnologias e seus benefícios na Educação.

2. CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS NA EAD

11

Neste capítulo trabalharemos as convergências e a Educação a distância, a

partir de conceitos preliminares sobre a Comunicação e Educação,. Tal construção

representa a parte filosófica e teórica desse trabalho, bem como subsidia nossas

análises do lóci de pesquisa escolhido. Tratar de um relacionamento entre duas

áreas exige uma apresentação da essência de cada uma delas e a compreensão

das ideias que permearão esta produção acadêmica.

2.1. CONCEITOS PRELIMINARES

Para a discussão a respeito das possibilidades de convergência de mídias na

Educação a distância (EAD), elenca-se alguns conceitos importantes. São eles o

conceito de comunicação, o conceito de convergência e o conceito de EAD. A

proposta é o desenvolvimento de tais conceitos, na tentativa de promoção das

possibilidades entre a proximidade - Comunicação Social e a Educação.

2.1.1. O que é comunicação e a compreensão de Educação

A comunicação, tal qual se conhece na atualidade, é utilizada na sociedade e

representa uma das ciências humanas. Com relação ao surgimento e posterior

desenvolvimento da Comunicação social, compreende-se que sua existência está

diretamente ligada ao ser humano em comunidade. O ato de comunicar surge com a

primeira comunidade, anterior ao próprio desenvolvimento da fala. No entanto, é

com o auxílio dos relatos orais que a comunicação se firma entre os homens

primitivos.

Tal avanço da comunicação acontece com as ligações entre a cultura e a

hegemonia das grandes tribos de primatas desenvolvidas em regiões dominadas

pela natureza. O homem, para conseguir vencer os obstáculos propostos pelas

condições precárias da vida na floresta, precisava se organizar para sobreviver.

12

Quanto mais a fala era ampliada pelos povos primitivos, mais organizado se tornava

o crescimento das tribos.

A proposta desta monografia não é esmiuçar o processo evolutivo da raça

humana, nem tampouco traçar uma linha histórica de tal acontecimento. Para tanto,

alicerçados nos estudos de Martín-Barbero (2008) e Melo (1998), discorre-se sobre

o conceito de comunicação e o início dos meios de comunicação. Para Melo (1998),

o processo comunicativo possui os seguintes elementos: o comunicador, a

mensagem, o canal, o receptor, as fontes e os efeitos da comunicação. Destacam-

se tais elementos para compreender que, desde o momento no qual se estabelece a

comunicação, utilizam-se tais subsídios.

Em relação ao que se tornou a comunicação, Martín-Barbero (2008) destaca

que,

Assim a comunicação se tornou para nós questão de mediações mais que de meios, questão de cultura e, portanto, não só de conhecimentos mais de reconhecimento. Um reconhecimento que foi, de início, operação de deslocamento metodológico para rever o processo inteiro de da comunicação a partir de seu outro lado, o da recepção, o das resistências que aí têm seu lugar, o da apropriação a partir de seus usos. (2008, p. 28)

Assim como apresenta Martín-Barbero (2008), a questão da mediação

necessita do uso dos meios de comunicação. O aparecimento do meio é iniciado em

um processo de necessidade política e cultural dos indivíduos em uma organização

social mais estruturada, naquele momento diferente do homem primata descrito

anteriormente. Os jornais na América Latina ganham expressão em meados do

século XIX com foco mais literário do que informativo. Porém, a mediação realizada

pelos leitores com tais meios de comunicação impulsiona mudanças nas condições

de produção, de edição, de escrita e de leitura.

A respeito da mediação, Vygotsky (1991) destaca que o homem se relaciona

com o mundo a partir de elementos mediadores que são divididos em objetos e

signos. O homem é um ser sócio-histórico-cultural que vive em uma comunidade

semiótica permeada de signos e símbolos. O processo de mediação também sofrem

modificações ao longo da história de cada um. Conforme destaca Oliveira (apud

13

Vygotsky, 1995. p. 29) “A mediação é um processo essencial para tornar possível

atividades psicológicas voluntárias, intencionais, controladas pelo próprio indivíduo”.

Ao contrário do filósofo soviético, Deleuze rejeita o recurso das mediações, pois

segundo o autor a mediação categoriza e fecha as possibilidades do homem se

tornar múltiplo. O filósofo das multiplicidades afirma que o ser é único e que não há

negação no interior da afirmação, só existe a voz do ser que se multiplica em várias

possibilidades. Deleuze nega a dialética, pois acredita na multiplicidade, nas

variações. Deleuze apud Gallo (1998)

É preciso pensar “juntas” a univocidade do Ser e a equivocidade dos entes (a segunda sendo apenas a produção imanente da primeira), sem a mediação dos gêneros, das espécies, dos tipos ou dos emblemas, em suma: sem categorias, sem generalidades. (1998, p. 33)

Além do jornal impresso, outras possibilidades de comunicação surgem na

sociedade a partir da vontade do ser humano de se comunicar em coletividade.

Outros veículos (rádio, televisão, revistas, internet etc) promovem a comunicação.

No momento de sua criação e divulgação os meios de comunicação se tornam

elitistas, mas, em um segundo momento, ocorre a sua apropriação pela grande

população. Tal explosão da massa de homens e mulheres, trabalhadores (operários)

da máquina industrial do mundo, consequência também das necessidades inerentes

ao ser humano em relação à comunicação, resultam no surgimento da denominada

cultura de massas, definida por Martín-Barbero (2008, p. 196) como “(...) aquilo que

é entendido como um conjunto de meios massivos de comunicação.”

No século XX, inicia-se a produção dos meios voltada para esta massa que

buscava sua expressão cultural e ideológica, mesmo que de forma conflituosa com

as classes mais altas da sociedade. Segundo Santaella (2007), até 1980, no Brasil,

os termos usados para a tradução das expressões do inglês mass media e mass

culture, eram “meios de massa”, “indústria cultural” e, com menos frequência

“tecnologias da comunicação”. No entanto, no início dos anos 1990, a palavra mídia

acopla no seu significado todas as mídias de massa, não apenas aquelas que

transmitissem a informação. Logo o termo passou a representar todos os meios de

comunicação de massa.

14

Nos dias atuais, como se concebe a comunicação, as mídias abrangem

diferentes meios e propostas de mediações distintas e peculiares, contextualizando

o novo delineamento da comunicação na sociedade. Destacam-se a partir de Martín-

Barbero (2008), as mudanças ocorridas no cenário cultural com a chegada das

“novas tecnologias” a partir de 1980. A nova realidade trazida pela tecnologia produz

questionamentos e incerteza com relação às culturas até então construídas. O medo

era que as novas mídias seduzissem os indivíduos como um fascínio sem

escrúpulos, nem medidas.

Com a chegada das tecnologias, mudanças culturais, políticas, sociais e

filosóficas desmantelam a até então defendida modernidade que, para Bauman

(2001), é caracterizada com a separação espaço/tempo e também destes em

relação à vida, logo são vistas de maneiras distintas. Esta nova realidade da

sociedade instaura o conceito de pós-modernidade como destaca Lyotard (1998), ou

“modernidade líquida”, conforme Bauman (2001).

O filósofo Lyotard (1998, p. 15) analisa a pós-modernidade como uma

mudança que atinge segmentos da sociedade. Para ele, o conceito “designa o

estado da cultura após as transformações que afetaram as regras dos jogos da

ciência, da literatura e das artes a partir do final do século XIX.” Conforme o filósofo,

todos os indivíduos têm sua posição independente de sua classe social, gênero ou

idade. Para este autor, a linguagem possui uma relevância porque amplia as

possibilidades de diálogo, de expressão e de transmissão das mensagens entre as

pessoas.

Para o filósofo Bauman (2001), as mudanças ocorridas na modernidade

líquida estão ligadas às transformações dos espaços públicos e como a sociedade

atua e permanece em comunidade. Duas mudanças, segundo Bauman (2001)

transformam a maneira da modernidade para a modernidade líquida: a primeira diz

respeito ao fim da visão de sociedade justa e homogênea, sem conflitos, sem

problemas, com o futuro previsível; a segunda é o deslocamento da ênfase do

coletivo para o individual, cada um escolhe o seu modelo e maneira de viver.

A respeito da discussão filosófica da pós-modernidade, Jameson (2006)

destaca como as visões foram se modificando ao longo dos tempos. Segundo o

autor, as posições antimoderna e pró-pós-moderna podem ser encontradas e ainda

são defendidas como únicas e indispensáveis.

15

Tais posições - antimoderna e pró-pós-moderna - encontram seu oposto e sua inversão estrutural em um grupo de contra-afirmações, cujo objetivo é desacreditar a pretensão e irresponsabilidade do pós-moderno em geral através de uma reafirmação do impulso autêntico de uma tradição modernista clássica considerada ainda viva e vital.” (JAMESON, 2006, p.33)

Assim, como aponta Jameson (2006), algumas questões podem ser

discutidas sobre as posições contrárias e a favor da pós-modernidade. Romper com

a tradição não é um movimento fácil e rápido, ao contrário, as relações humanas em

coletivo devem ser debatidas exaustivamente. Após este momento, as posições

políticas de cada um continuavam na defesa dos benefícios da modernidade ou na

inovação cultural defendida pelo fenômeno pós-moderno.

A Educação está diretamente relacionada com a Comunicação pela

necessidade do homem em se comunicar e pela curiosidade em aprender coisas

diferentes. A Educação realiza a mediação do processo de formação da cidadania e

do conhecimento elaborado do indivíduo, logo, educar não se circunscreve ao

ambiente escolar formal. Nesse pensamento, o aluno construirá valores e

concepções que possam ser aplicadas na sociedade na qual se insere. Conforme

Saviani (1987), o homem é um ser histórico e se expressa em três elementos que se

afirmam e se negam simultaneamente, são eles: a liberdade, a consciência e a

situação.

Pensar em Educação diz respeito à discussão sobre a construção da

consciência dos educandos. Ela é mediadora das relações sociais e deve

proporcionar um ensino que considere o ser em constante construção e mudança.

Em seu relato sobre a mudança de concepção com relação à Pedagogia, Paulo

Freire destaca que passou a ter uma prática criativa. Segundo o estudioso, a

Educação autoritária não oferece espaço para a criatividade do professor. Dessa

maneira, boas iniciativas são necessárias para que o educando aprenda. Educar é

um ato político e para tal é relevante que os docentes tenham a concepção de qual

aluno formar.

A partir da construção do conhecimento promovida pela relação entre

educador e educando, a Educação poderá realizar as mudanças sociais. Freire

(1986, p. 27) afirma que

16

a seleção do material, a organização do estudo, e as relações do discurso, tudo isso se molda em torno das convicções dos professores, isso é muito interessante devido à contradição que enfrentamos na educação libertadora.

A Educação, desse modo, não tem o poder de mudar a sociedade, porém ela

sofre influências dela, uma vez que ela não é uma ilha. Para Freire (1986, p. 29) o

educador não pode ser neutro. Ao educar, o docente compartilha suas ideologias e

seus princípios enquanto ser social.

A consciência crítica que os alunos constroem no convívio com o ambiente

educacional é relevante para todas as modalidades de Educação. Ao se relacionar

dentro de uma sala, ou fora dela, tanto os alunos quanto os professores, tem-se a

formação de redes entre tais indivíduos. Tal conceito de redes refere-se ao que

Bruno (2010) destaca como redes rizomáticas, nas quais nada é fixo e há múltiplas

possibilidades, que podem modificar-se constantemente.

A idéia de rede, neste sentido, integra a Educação à Comunicação, e vice

versa, por meio de movimentos de ser e estar num mundo em que os encontros

entre os sujeitos se dá por meio da linguagem, da expressão. É nesse movimento

que se dá a aprendizagem, decorrentes do processo interativo dos seres sociais.

2.1.2. Convergência e suas acepções

Situar a realidade social na qual se está inserido é relevante para a produção

desta monografia, para se localizar o momento filosófico investigado. As

características da pós-modernidade e, sobretudo aquelas referentes à incerteza, a

diferença entre os indivíduos, a quebra do grande controle, a mobilidade do homem,

entre outros, refletem algumas peculiaridades da sociedade, que Bauman (1998)

denominou fatores responsáveis. O filósofo elenca alguns pontos destes fatores

responsáveis na chamada modernidade líquida, são eles i) a nova desordem do

mundo – as mudanças na configuração política e a queda dos blocos de poder; ii)

desregulamentação universal – as condições de cada pessoa, meio social,

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reconhecimento, utilidade podem desmanchar-se de uma hora para outra e iii) redes

de segurança enfraquecidas – família e amizades.

A realidade trazida pela pós-modernidade ganha força e propulsão com o

advento do computador, aparelho eletrônico que, em seu início na década de 1945,

era responsabilidade apenas do exército americano e posteriormente torna-se o

meio de comunicação fortemente utilizado no mundo. O novo aparelho eletrônico

ganha agilidade e operacionalidade, principalmente com o aparecimento da Word

Wilde Web (WWW). Assim como descreve Santaella (2004), cultura de massas,

culturas e mídias e cultura digital coexistem e convivem na atual realidade da

comunicação.

A sociedade está inserida neste novo ambiente complexo e multifuncional,

assim como discute Lévy (1999), um espaço de possibilidades para a comunicação,

definido como ciberespaço. Para ele,

[...] o ciberespaço permite a combinação de vários modos de comunicação. Encontramos, em graus de complexidade crescente: o correio eletrônico, as conferências eletrônicas, o hiperdocumento compartilhado, os sistemas avançados de aprendizagem ou de trabalho cooperativo e, enfim, os mundos virtuais multiusuários (1999, p. 104)

Tais combinações dos modos de comunicação compõem o cenário da

sociedade atual e, em muitas situações, os indivíduos pertencentes a ela entram em

contato com as inovações e os mundos de diferentes usuários. Um conceito

emergente deste cenário descrito por Lévy (1999) é a convergência das mídias, ou

seja, as possibilidades de atividades entre os meios de comunicação na promoção

da informação e do diálogo entre os indivíduos.

Destaca-se o conceito de convergência apresentado por Jenkins (2008)

reforçando o que Lévy chamou de combinação de vários modos de comunicação

(convergência de mídias). De acordo com Jenkins (2008, p. 27),

Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam.

18

O fluxo de conteúdos, assim como pontua o autor, é relevante para os

estudos desta monografia, pois se investiga de que maneira a convergência das

tecnologias acontecem na Educação a Distância. Logo, este uso de vários meios e

tecnologias em um mesmo ambiente ou espaço fazem parte da realidade atual da

comunicação e, consequentemente, de todas as áreas relacionadas a ela, como a

Educação.

A comunicação e todos os benefícios trazidos por suas mídias desde os mais

rudimentares aparelhos até os mais desenvolvidos são utilizados por muitas áreas

do conhecimento. Neste estudo, investigam-se as possíveis relações entre a

comunicação e a Educação; duas áreas que trabalham com o humano e suas

peculiaridades em convivência social, política e cultural. Assim como a

comunicação, a Educação possui uma vasta área de atuação e várias

especificidades.

2.1.3. Educação a distância

Contudo, ressalta-se que o objetivo é investigar a perspectiva das

convergências de mídias com a Educação a Distância, uma modalidade da área do

saber que está ganhando espaço no ensino universitário brasileiro. A ideia desta

modalidade de Educação, desde sua criação, era o ensino de adultos que não

poderiam estar no ensino regular, devido a problemas, como distância ou tempo

para estar presencialmente em uma escola. Com a EAD, o aluno poderia estudar e

permanecer na sua cidade e trabalho, mesmo não havendo um local físico no qual

freqüentaria.

A EAD não surge com a chegada do computador, ao contrário, ela não é

recente. De acordo Vilaça (2010, apud Moore e Kearsley, 2008, p. 26), a primeira

geração da EAD usava como única tecnologia o papel. Para ilustrar como esta

modalidade de ensino se desenvolveu, destaca-se o quadro apresentado abaixo:

Tabela 1 - Gerações da EAD

19

Geração FormaRecursos instrucionais e

tecnológicos básicos

Primeira Geração Ensino por correspondência Materiais impressos, livros, apostilas

Segunda Geração Transmissão por rádio e televisão

Rádio, vídeo, TV, fitas cassete

Terceira Geração Universidades Abertas Materiais impressos, TV, Rádio, telefones, fitas cassetes

Quarta Geração TeleconferênciaTeleconferência interativa com áudio e vídeo

Quinta Geração Internet/webInternet, MP3, ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), vídeos, animações, ambientes 3D, redes sociais, fóruns ...

O quadro apresentado pelo autor revela como o desenvolvimento da

Educação a distância está atrelado ao desenvolvimento das tecnologias da época e

das mídias que aparecem ao longo dos anos. No início da EAD, era utilizada apenas

uma tecnologia, em contrapartida, observa-se que, na quinta geração, há o uso das

múltiplas tecnologias. Neste momento as convergências são presentes e parte

importante no processo de desenvolvimento da Educação a distância, sobretudo nas

instituições de ensino.

O Ministério da Educação (MEC) com o decreto número 5.622/2005

regulamenta o art. 80 da LDB 9394/96 e caracteriza a EAD. Conforme o art. 1:

Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a Educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005) 2

Com o advento da internet e os ambientes online, o aluno (usuário) consegue

explorar e atuar no ciberespaço e utilizar toda sua potencialidade dentro e fora dos

ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), nas plataformas de Educação a 2 Site < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>, acessado dia 19 de março de 2011.

20

Distância. O ciberespaço discutido como um novo espaço de interações e ações

sociais que se fazem por meio das tecnologias digitais e em rede traz uma

discussão acerca da temporalidade e suas mudanças com a introdução do

computador e das TIC. As concepções de tempo foram modificando-se ao longo da

história e causam impactos nos modos como os indivíduos convivem em sociedade.

Hoje, por exemplo, não é necessário estar no mesmo espaço físico ou até na

mesma hora que outra pessoa para conseguirmos nos comunicar.

A concepção de Educação online é concebida nesse momento não apenas

para os espaços virtuais, mas também para espaços presenciais. O conjunto de

tecnologias, assim como afirma Lúcia Santaella (2004), constroem um novo local no

espaço e apresenta outra realidade para atuais e futuras gerações. A realidade

destacada por Santaella está presente na Educação online, pois, as relações, as

interações, as cocriações e as coproduções fazem parte das potencialidades das

convergências de mídias na web. Nesse sentido, os usos das mídias na educação a

distância são uma das ferramentas que auxiliam a construção coletiva dos alunos.

2.2. ESTADO DA ARTE

Para compreendermos como o tema proposto nesse estudo é relevante nas

discussões científicas, faz-se necessário a produção do estado da arte de modo a

situar a convergência de mídias na EAD a partir de publicações na área. Com o

intuito de pesquisar a bibliografia relacionada ao tema estudado foram consultados o

Banco de teses do portal Capes3 e os anais da Anped4 (GT 16) sobre Educação e

Comunicação. O recorte temporal usado foi o período de 2005 a 2010, buscando as

palavras-chave: EAD, convergência de mídias, e EAD e Comunicação e TIC.

Com relação à produção de ambos os locais de publicações encontramos ao

todo oito textos que discutem assuntos relacionados às palavras-chave acima

descritas. Nos anais da Anped (GT 16) Gonçalves e Nunes (2006) apresentam uma

pesquisa na qual as TIC estão presentes na formação e na prática dos professores.

Os autores destacam que as TIC são relevantes por dinamizar e veicular a 3 http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses4 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - http://www.anped.org.br/inicio.htm

21

informação oportunizando o seu acesso. Com relação ao uso das TIC em cursos de

licenciaturas Vilardell-Camas (2006) menciona como tal uso possibilita a formação

de docentes críticos que poderão desenvolver metodologias usando às tecnologias

no desenvolvimento da qualidade educacional.

A EAD emerge em dois textos no (GT 16) da Anped referindo-se ao material

e desenho didático usado nessa modalidade. Em seu estudo Pesce (2007)

apresenta a contribuição do desenho didático dialógico na EAD para proporcionar

uma formação emancipadora de futuros educadores. Para a autora é necessário

buscarmos vínculos pedagógicos que vão de encontro a práticas aligeiradas de

formação na modalidade a distância. Na mesma direção, Mallmann (2008) discute

os desafios da inovação da EAD que discuta a nova realidade da tecnologia e na

produção de materiais didáticos que promovam a hipermídia como componente de

mediação pedagógica, faz-se necessário a integração das TIC nas práticas

pedagógicas.

No portal de teses da capes foram encontrados quatro trabalhos com

proximidade as palavras-chaves pesquisadas, dentre eles dois discutem sobre a

convergência entre Comunicação e Educação: um discute a contribuição do design

na EAD e um menciona como a Comunicação contribui na modalidade a distância.

O pesquisador Farbiarz (2007) analisou o papel do design no desenvolvimento de

um curso na modalidade a distância, bem como as contribuições oferecidas por ele

como um arquiteto cognitivo nos ambientes virtuais de aprendizagem.

Tal participação do design, mencionada por Farbiarz (2007) é usada pelas

interfaces da comunicação e suas contribuições, como destaca Grassi (2005) que

estuda as contribuições da Comunicação na EAD considerando as concepções de

interdisciplinaridade e a mediação da tecnologia. Com relação a convergência entre

a Comunicação e a EAD, Araújo (2006) destaca como a convergência da Educação

e Comunicação na educação a distância desenvolve mecanismos de promoção de

ações humanas capazes de transformar e emancipar os alunos dos cursos.

Com relação à EAD e o ambiente no qual acontece e o material didático,

assim como destacam Pesce (2007) e Mallmann (2008), a autora Santos (2005)

estuda como a convergência tecnológica proporcionada pela cibercultura auxilia o

uso de AVA que considerem as interfaces comunicacionais, os gêneros textuais e os

dispositivos de formação na educação online. Para a estudiosa o projeto pedagógico

agrega a hipertextualidade e a aprendizagem colaborativa.

22

Dentro do portal da Capes encontramos três textos que discutem a EAD a

produção do material didático. Na pesquisa realizada por Gomes (2007), em um

curso de formação de professores para a EAD, foi discutida a ideia de construção de

material didático a partir da utilização do hipertexto, da multimodalidade e da

multimídia. Tais maneiras de apresentar o conteúdo se tornam importante no

desenvolvimento de estratégias de estudo envolvendo o hipertexto.

No trabalho de Nogueira (2008) foi analisado o uso de materiais didáticos que

possam potencializar o estar junto virtual. Os resultados que emergiram dessa

pesquisa destacam que a integração de recursos midiáticos potencializa aproxima o

professor do aluno ao longo do curso. Oliveira (2007) apresenta em um curso de

construção de material didático para EAD, e no trabalho são discutidos alguns

domínios necessários ao professor para articular o conteúdo e a ferramenta

pedagógica usada. Para o autor, deve ser considerado por um docente da EAD o

domínio de conteúdo, o domínio das TIC e do AVA, bem como a perspectiva

pedagógica do curso que irá atuar.

Para sintetizarmos a recorrência dos temas afins entre os textos destacados

em ambos os locais, de publicação científica, pesquisados. Podemos agrupar a

partir dos seguintes temas: EAD (todos os trabalhos fazem referências a modalidade

a distância, por isso os oito textos abordam esse tema), EAD e Comunicação (dois

textos estudam especificamente esse tema), TIC (três textos apresentam esse termo

no seu estudo, mas indiretamente dois textos mencionam a importância do desenho

instrucional). A respeito da palavra- chave, convergência de mídias não há nenhum

texto que expresse esse tema relacionado com a Educação. Veja o gráfico a seguir:

23

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Número de textos por tema

EAD

EAD e Comunicação

TIC

Convergência de mídias

material didático naEAD

Das pesquisas realizadas para a produção desse estado da arte não foram

encontrado trabalhos que apresentassem o tema convergência de mídias, com isso

podemos identificar a relevância do tema nas pesquisas científicas na área de

Educação a distância e na Comunicação. Essa Monografia tem a intenção de

realizar um estudo sobre a convergência de mídias na EAD e contribuir para ambas

as áreas. Pretendemos construir um trabalho que possa oferecer subsídios e

achados para os debates com relação a essa modalidade que está crescendo no

Ensino Superior, e possibilitar o debate.

2.3. CONVERGÊNCIAS POSSÍVEIS NA CONTEMPORANEIDADE

Com relação às mídias, da web e do desenvolvimento sofrido pela tecnologia,

não se pode esquecer as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Com o

avanço das descobertas tecnológicas assessoradas pelo crescimento da internet e

das empresas de computadores, o termo TIC ganha a cada dia espaço. Estas

tecnologias viabilizam o processo de comunicação de uma forma mais eficaz do que

acontecia anteriormente. A sociedade está vivendo um momento no qual a rede

opera relações e situações de comunicação entre pessoas próximas ou distantes

umas das outras. Este é o ciberespaço.

24

2.3.1. Convergência de Mídias na EAD

Castells, em sua obra “Sociedade em rede” (2007), define as tendências da

sociedade atual com o advento da era da informação. Para o autor, estas redes nas

quais a sociedade está influenciam os processos produtivos, as experiências, o

poder e a cultura. De acordo com Castells (2007, p.566) “uma estrutura social com

base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem

ameaças ao seu equilíbrio.”

O ciberespaço discutido como um novo espaço de interações e espaço de

ações traz uma discussão em relação à temporalidade e suas mudanças com a

introdução do computador e das TIC. As concepções de tempo foram modificando-

se ao longo da história e causam impactos sociais criando-se um conflito em relação

à intemporalidade e ao tempo eterno. Conforme Castells (2007):

Essa diferenciação afeta, por um lado, a lógica constante entre intemporalidade e estrutura pelo espaço de fluxos e as múltiplas temporalidades subordinadas, associadas ao espaço de lugares. Por outro lado a dinâmica contraditória da sociedade estabelece uma oposição entre a busca da eterna humana, mediante a invalidação do tempo da existência terrena, e a percepção da eternidade cosmológica, sob a ótica do tempo glacial. Entre as temporalidades subjugadas e a natureza evolucionária, surge a sociedade em rede no limiar do tempo.” (2007, p. 560)

A EAD, usando como ferramenta a internet, está dentro de uma rede com

todas as suas contradições em relação ao real e o efêmero, no limiar do tempo,

assim como destaca Castells (2007). A rede na qual se está inserido é múltipla,

fragmentada e desconectada, sai do tempo linear e da ordem.

A respeito das relações possíveis entre o ciberespaço e a Educação, Lévy

(1999, p. 157) menciona que esse “suporta tecnologias intelectuais que amplificam,

exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas.” Para ele as

tecnologias intelectuais favorecem: “novas formas de acesso à informação; e novos

estilos de raciocínio e de conhecimento” (1999, p. 157). Ao mencionar a EAD e sua

dinâmica dentro desse novo espaço de informação, Lévy (1999) destaca que se faz

necessário a criação de dispositivos que promova dentro da modalidade uma

25

adequação às suas necessidades. Portanto, cria-se uma Pedagogia que se adeque

ao aluno, considerando a aprendizagem subjetiva e a aprendizagem em rede.

Conforme Lévy,

A EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. (1999, p. 158)

Para a Educação a distância acontecer no ciberespaço apresentado por Lévy

(1999) e nessa Sociedade em rede caracterizada por Castells (1999), é importante a

criação (ou apropriação ou incorporação) de instrumentos para conseguir viabilizar o

processo de uma Educação que vá ao encontro das tendências da realidade na qual

vivemos. Como alternativa para o desenvolvimento das potencialidades da web

existem softwares criados para viabilizar os cursos desenvolvidos nesta modalidade

de ensino.

Nesse momento do estudo, será apresentado aqui o Moodle5 (Modular

Object-Oriented Dynamic Learning Environment), um software livre desenvolvido por

um australiano, Martin Dougiamas, em 1999. Apresentaremos o ambiente, pois ele é

usado como AVA nos dois lócus de pesquisa desta monografia. Para tanto,

destacaremos as suas funções e potencialidades e de que maneira cada um dos

cursos é desenvolvido. O Moodle é um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e

tornou-se popular nas instituições que têm cursos a distância, utilizando a internet

como tecnologias da informação e comunicação. A plataforma pode ser baixada e

utilizada tanto em cursos totalmente online como em curso semipresenciais.

O Moodle oferece aos cursos vários recursos para o aluno utilizar o ambiente

da web e suas interfaces. As possibilidades oferecidas pela plataforma são

inúmeras: fóruns, diários, questionários, banco de dados, textos wiki (textos

coletivos), publicação de textos, de imagens, de vídeos, podcast, além de chats,

power point animado, mensagens individuais entre outros. Este ambiente oferece

diversas ferramentas para o planejamento prévio da equipe pedagógica, com o

objetivo de ser utilizada pelos alunos dos cursos a distância das instituições do país.

5 Informações disponíveis no endereço <www.Moodle.org>, acessadas em 10 de março de 2011.

26

O aluno, ou professor, ou tutor, ou seja, atores da EAD usuários da

plataforma Moodle devem estar conectados à internet. Além disso, apesar de ser um

software aberto, livre, é comum que o acesso ocorra por meio de um login e uma

senha para entrar no ambiente em que estão disponíveis as disciplinas do curso.

Assim que o usuário optar por uma disciplina, ele entrará em um espaço daquela

‘matéria’. Este espaço é composto de duas colunas divididas da seguinte maneira

(figura 1): na primeira está o sumário, espaço destinado para o professor organizar

as propostas de atividades para o aluno em relação às ações dele na disciplina. As

mensagens postadas no sumário podem ser semanais, quinzenais, ou como preferir

o professor.

Neste espaço aparecem os registros da disciplina e vários links para chats,

fórum de discussão, um texto para ser lido na semana, um podcast, ou um slide,

entre outros. A primeira coluna é importante para que as possibilidades tecnológicas

da web sejam apresentadas aos estudantes.

Figura 1: Plataforma Moodle

Página inicial de uma disciplina no Moodle na UAB/UFJF

27

Ainda na Figura 1, pode-se identificar a coluna destinada à administração da

disciplina, na qual o professor ou o tutor podem trabalhar e acompanhar o

desempenho de seus alunos. Já no planejamento das atividades da disciplina é

possível acrescentar recursos, Figura 2, como livro, página de texto, página da web,

rótulo. Ou acrescentar atividades: que podem ser da web como o hot potatoes

(como se fosse uma palavra cruzada e charadas sobre o conteúdo estudado), ou a

partir de atividades disponibilizadas pelo próprio Moodle, como chat, fóruns de

discussão, diário, tarefas, podcast, texto online, envio de arquivo único com foto, por

exemplo, entre outros. Destacamos que o layout das páginas do Moodle não são

iguais nos dois cursos que pesquisamos, pois no caso do Mestrado Profissional a

equipe de web designer fez algumas modificações com relação a largura das

colunas e também com relação ao número das opções de ferramentas que são

menores, ou seja, há uma padronização no layout do curso.

Figura 2: Recursos e atividades no Moodle

Ferramentas disponíveis na plataforma Moodle para o uso dos professores

28

O ambiente Moodle oferece aos usuários flexibilidade e diferentes

perspectivas de funcionalidade a partir de suas ferramentas. Alves e Brito (2005)

defendem que:

Ressaltamos este ambiente em particular, por ele permitir que estes mecanismos sejam oferecidos ao aluno de forma flexibilizada, ou seja, o professor, além de poder definir a sua disposição na interface, poderá utilizar metáforas que imputem a estas ferramentas diferentes perspectivas, que apesar de utilizarem a mesma funcionalidade, se tornem espaços didáticos únicos. (2005, p. 5)

Os espaços defendidos pelos autores são ambientes que preservem a

potência do online enquanto meio para o desenvolvimento de uma disciplina

interativa, colaborativa e co-construída entre seus atores. As convergências

tecnológicas possíveis na era da sociedade em rede devem ser consideradas

durante o processo de ensino/aprendizagem de um curso a distância. Logo, o

aproveitamento das TIC facilita a navegação do usuário dentro do AVA.

2.4. AS MÍDIAS E A EDUCAÇÃO: HIPERMÍDIA E ABORDAGENS EM EAD

As inovações ocorridas em sociedade, principalmente as tecnológicas, são

vistas como problema e tal realidade não muda nem com a cibercultura, nem com o

avanço da internet e seus recursos. O ciberespaço potencializa diversas maneiras

do indivíduo se relacionar e se interligar aos seus pares, realidade esta que

representa uma das características da pós-modernidade. Em relação ao uso do

ciberespaço pelo humano, Lemos (2004) reforça como o usuário passa a reagir

nesse espaço. Para Lemos,

A cibercultura (Lemos, 2002) solta as amarras e desenvolve-se de forma onipresente, fazendo com que não seja mais o usuário que se desloca até a rede, mas a rede que passa a envolver os usuários e os objetos numa conexão generalizada. (2004, p. 1)

29

As conexões generalizadas elencadas por Lemos (2004) são observáveis

também nas redes criadas na internet, pois nelas os usuários interagem, produzem

e criam formas diferentes de relacionamentos, usando diferentes recursos. A

convergência tecnológica não é um termo novo, porém, com a potencialidade do

online, tem sido usada de forma frequente.

O ciberespaço, conforme descreve Santaella (2004), tem muitas descrições e

definições porque os estudiosos têm maneiras diferentes de conceituar este novo

espaço na pós-modernidade. A autora descreve na atualidade o que seria este

lugar:

Hoje, “ciberespaço” sedimentou-se como um nome genérico para se referir a um conjunto de tecnologias diferentes, algumas familiares, outras só recentemente disponíveis, algumas sendo desenvolvidas e outras ainda ficcionais. Todas têm em comum a habilidade para simular ambientes dentro dos quais os seres humanos podem interagir. (2004, p. 99)

Palavras, como interação e conexão, são representativas no discurso de

Lemos (2004) e Santaella (2004). Com isso, neste contexto, as mídias auxiliam os

processos de relação entre os usuários da internet. Os conjuntos de tecnologias

assim como afirma Santaella, constroem este novo local no espaço e apresenta uma

nova realidade para atuais e futuras gerações.

Em tempos de ciberespaço e convergência de mídias, fala-se em hipermídia,

uma nova linguagem na comunicação com o propósito de ressignificar e realocar as

funções das mídias conhecidas. O primeiro sistema de hipermídia foi realizado em

1945, na guerra que os EUA travavam com os outros países participantes dos

embates da Segunda Guerra Mundial. Este dispositivo era chamado de memex e

suplementava a memória pessoal, arquivava livros, discos e comunicações através

de um mecanismo que poderia ser consultado com velocidade e flexibilidade.

Santaella (2004) caracteriza a hipermídia como um conjunto de capacidades

e reconstruções, além de uma não linearidade das mídias que possibilitam a

informação e interação. Para ela:

30

[...] a hipermídia é, na realidade, uma nova linguagem em busca de si mesma. Essa busca depende, antes de tudo, da criação de hipersintaxes que sejam capazes de refuncionalizar linguagens que antes só muito canhestramente podiam estar juntas, combinando-as e retecendo-as em uma mesma malha multidirecional. (2004, p. 94-95)

As combinações descritas pela autora produzem uma malha multidirecional,

na qual se tem informações acopladas, potencializando a co-criação e as parcerias

na aprendizagem dentro do online. Tal rede, defendida por Castells (1999) como

múltipla e com aberturas diversas, possibilita os processos de construção do

conhecimento. Além disso, favorece o desenvolvimento da inteligência coletiva

(Lévy, 1999) potencializada pela parceria, pela interação e pela colaboração.

Na EAD, as redes fazem parte das potencialidades da internet e oferecem

espaço para a interação dento dela. Porém a relação entre a Educação a distância e

as tecnologias ainda estão acontecendo de maneira pontual e lenta, assim como

defendem Nova e Alves (2006).

Essa parca utilização das imagens e sons nas experiências de EAD alimentam e são alimentadas pelo pouco interesse dos pesquisadores da área da Educação na realização de reflexões que levem em consideração os audiovisuais, o que nos parece ser um contra-senso com a evolução das tecnologias e das construções simbólicas no último século e com as recentes perspectivas abertas pelas tecnologias digitais. Desperdiça-se, assim, um grande potencial que essas tecnologias oferecem a EAD hoje. (2006, p. 128)

Considerando o desperdício do potencial da convergência de tecnologias,

argumentados pelas autoras, perde-se o trabalho que poderia ser realizado dentro

dos cursos na modalidade a distância. Os usos da hipermídia na EAD podem

proporcionar uma aprendizagem cooperativa dentro do ensino online e da

cibercultura. Na perspectiva de Lévy (1999), o professor é um animador da

inteligência coletiva dos grupos acompanhados por ele. Conforme o autor, é

relevante que as trocas de saberes, as mediações e os percursos da aprendizagem

sejam acompanhados e estimulados.

O processo de ensino e de aprendizagem nos cursos a distância, estimulado

a partir das TIC, é ressignificado (ou sintetizado) nas três abordagens de Prado e

31

Valente (2002): broadcast; virtualização da sala de aula presencial e estar junto

virtual. A primeira, broadcast, trabalha com a rede apenas como depósito de

informação, ou seja, o aluno pode acessar uma disciplina, mas não precisará ter

contato com professor ou colegas, a interação acontecerá apenas entre o homem e

a máquina.

Já na sala de aula virtual, o docente repete as mesmas práticas da sala de

aula tradicional no curso a distância, pois a proposta é a transferência de

conhecimento verticalmente do professor ao aluno. Finalmente, a última abordagem,

estar junto virtual, utiliza as tecnologias na tentativa de proporcionar a interação do

aluno com a máquina e com os demais usuários da rede, preocupa-se com a

hipermídia e todas as suas flexibilidades.

Tratando-se da hipermídia, é possível o seu uso nos materiais didáticos para

EAD. Em seus estudos sobre didática online, Bruno (2009) apresenta algumas

estratégias. A reflexão e a construção de um planejamento estão ligadas aos

processos de interação e mediação, mas não existem modelos ou modos de

desenvolver a Educação online. De acordo com Bruno (2009), algumas das

estratégias são:

Clareza nos objetivos, na proposta e dinâmica do curso, no sistema de avaliação. Todos esses itens devem ser retornados durante e ao término de cada unidade temática trabalhada. Fazer uso das ferramentas de modo que todos os participantes tenham acesso às informações e não se sintam perdidos. Organização das informações: dosar a disponibilidade de informações. O mesmo em relação ao material didático (impresso, vídeos, digitais, hipertextuais, etc.). Não sucatear/ banalizar o conhecimento, evitando excesso de conteúdo. (2009, p. 113)

As características elencadas pela autora, como clareza e organização das

informações, facilitam a aprendizagem do adulto nos cursos a distância. O

aproveitamento de todos os benefícios do ambiente digital e da internet para a EAD

deve ser entendido por educadores e comunicólogos. A conversão tecnológica

auxilia a construção de uma Educação online que valorize as tecnologias e

aprendizagens mediadas por elas.

32

3. O CENÁRIO DE INVESTIGAÇÃO: O PROJETO UAB/UFJF E O MESTRADO

PROFISSIONAL DO CAED

Este capítulo apresenta os lóci de investigação. Aborda a história de cada

lócus e a proposta educacional deles, por meio da proposta curricular de cada um,

destacando a influência da tecnologia em tais espaços e de que maneira isso

influencia na estrutura de cada realidade. Apresenta-se a maneira como ambos os

cursos lidam com o ambiente virtual de aprendizagem, a partir de suas equipes

pedagógicas e de web designers.

3.1. O PROCESSO DA PESQUISA: Caminhos da investigação

O mapeamento da proposta educacional de cada curso investigado é

relevante para as análises e considerações que integram este trabalho. Apontar os

caminhos da pesquisa e suas etapas é relevante para o olhar do pesquisador. Os

lóci da investigação integram um dos momentos desta monografia, pois são

apresentados os lugares (e entrelugares) dos quais se realizam as análises

baseadas no referencial teórico.

3.1.1. Universidade Aberta do Brasil na UAB/UFJF/FACED

O projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB) foi lançado em 2005, a partir

de um edital do Ministério da Educação (MEC), abrindo inscrições para Instituições

de Ensino Superior e municípios interessados em participar. As primeiras vagas

foram disponibilizadas apenas dois anos depois das inscrições dos interessados. As

Universidades ficariam responsáveis pelos cursos e os pólos presenciais seriam

custeados pelos municípios inscritos, garantindo infra-estrutura de recursos

materiais (computadores, internet, salas) e humanos (tutores presenciais).

33

A UAB/ UFJF/FACED (Universidade Aberta do Brasil/ Universidade Federal

de Juiz de Fora/ Faculdade de Educação) iniciou-se em outubro de 2007,

oferecendo o curso de Licenciatura em Pedagogia, com duração de 4 anos, para 10

pólos6 (municípios de Minas Gerais). Nestes pólos, funcionam salas de informáticas

montadas pela prefeitura para que os alunos possam acessar as disciplinas quando

quiserem. Atualmente a UAB/UFJF/FACED atende 507 alunos.

A equipe administrativo-pedagógica do curso é composta por um

coordenador do curso de Pedagogia a Distância UFJF/UAB/FACED; dois

coordenadores Pedagógicos; um coordenador dos tutores a distância; um

coordenador de tutoria presencial e avaliação, um coordenador de estágio e um

coordenador administrativo, além de 14 professores, 112 tutores a distância e 30

tutores presenciais. De acordo com Teixeira e Borges (2008) dois aspectos são

fundamentais no curso de Licenciatura em pedagogia:

O primeiro, a recusa de produção de material impresso específico para o curso. Partíamos da compreensão de que o formato de apostilas, freqüente nos cursos a distância, se, por um lado, apresenta mais vantagens do ponto de vista da organização e realização do curso, trás muitas limitações do ponto de vista pedagógico. [...] O segundo aspecto do curso, que achamos que deveria ser central, seria a forte interação entre alunos e tutores, de maneira a garantir a qualidade das orientações, dos debates, da presença da mediação pedagógica. (2008, p. 6)

Com relação aos pontos salientados pelas autoras, destaca-se o fato do curso

ser desenvolvido com a produção do material realizado por cada professor

responsável de cada disciplina. Os tutores presenciais também mencionados são

contratados a partir de edital de inscrição, sendo necessário ter especialização,

mestrado ou doutorado, em seguida é realizada uma entrevista.

A partir de pesquisas realizadas pela coordenação pedagógica da UAB/

UFJF/FACED, foi identificado como é o aluno do curso, assim como os tutores a

distância que trabalham nas disciplinas. Os graduandos têm, em sua maioria, entre

32 e 38 anos, são do sexo feminino, moram na mesma cidade do pólo, têm na

média renda familiar de três salários mínimos, a maioria trabalha com atividades

6 Bicas, Boa Esperança, Coromandel, Durandé, Ilicínea, Ipanema, Pescador, Salinas, Santa Rita de Caldas, Tiradentes. Informações disponíveis no endereço < www.ufjf.br/uabpedagogia/polos/ >, acessadas em 9 de abril de 2011.

34

relacionadas à Pedagogia. Os tutores a distância que trabalham na UAB são na

maioria do sexo feminino, possuem formação em Pedagogia, são formados há

pouco tempo e tem pós-graduação.

O curso desenvolvido na modalidade a distância na UFJF/FACED utiliza

como AVA a plataforma Moodle e os atores responsáveis por pensar os conteúdos e

atividades de cada disciplina do curso de Licenciatura em Pedagogia são os

professores responsáveis por cada disciplina e os tutores a distância. A dinâmica do

curso da FACED consiste na elaboração de um planejamento dos conteúdos e quais

os objetivos serão alcançados durante o curso. Neste planejamento, os professores

realizam a introdução dos recursos didáticos que auxiliarão o desenvolvimento de

sua proposta para cada disciplina.

Os docentes das disciplinas previstas na matriz curricular do curso de

Licenciatura em Pedagogia possuem uma equipe de tutores a distância

selecionados previamente por meio de edital público, como fora mencionado

anteriormente. Esta equipe fica encarregada de pensar e estruturar as atividades de

cada semana apresentada aos graduandos durante o período. Neste momento são

indicados os textos, as atividades e os recursos que serão explorados dentro da

plataforma a partir da especificidade de cada disciplina.

Adriana e Lemgruber (2009, p.10) elencam os profissionais que integram o

curso de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância:

professores (gestores-orientadores): são professores da UFJF (ativos ou aposentados), que assumem a docência em sua área de atuação e pesquisa.[...]

professor tutor: mediador pedagógico nas disciplinas específicas, deve ter aderência à área de conhecimento em que irá atuar, domínio tecnológicos dos recursos disponíveis, especialmente a Plataforma Moodle, e disponibilidade para participar de cursos de formação, reuniões semanais e viagens aos pólos, quando necessário.[...]

equipe de coordenação: formada por professores e pesquisadores da UFJF, que se revezam na gestão da coordenação geral, assumem funções específicas, como: gestão e formação continuada dos tutores, desenvolvimento pedagógico, desenvolvimento de materiais didáticos, gestão administrativa e avaliação.

35

Os autores esclarecem que o trabalho realizado pela equipe é desenvolvido

colegiadamente. Além disso, pontuam que o nome professor tutor é defendido pelo

curso UAB/UFJF/FACED por acreditarem que as funções desempenhadas em tal

curso ultrapassam a simples ação de realizar tarefas coordenadas pelo professor; ao

contrário, os tutores são mediadores dentro das disciplinas do curso, na modalidade

a distância.

Com relação ao curso de Pedagogia, Teixeira e Borges (2008) afirmam que o

planejamento das disciplinas está ligado as novas tecnologias e que os materiais

buscam a interação entre os atires da EAD. Segundo as autoras,

O Curso de Pedagogia da FACED/UFJF/UAB está ancorado no uso das novas tecnologias, no planejamento das disciplinas por cada um de seus professores e coletivos de tutores a distância, utiliza materiais selecionados por essa equipe, busca o máximo de interação entre alunos, professores, tutores, seguindo as diretrizes curriculares do curso de pedagogia. (Teixeira e Borges, 2008, p. 4)

Ao mencionarem o uso das novas tecnologias na EAD, as autoras revelam a

importância do trabalho pedagógico considerar a comunicação como um suporte

que potencializa a interação dos alunos dos cursos na modalidade a distância. O

uso das mídias na Educação a distância são uma das ferramentas que auxiliam a

construção coletiva dentro das disciplinas. As convergências de mídias na Educação

a distância podem transformar as aulas em uma grande rede. Assim como

defendem Nova e Alves,

As aulas se transformar-se-iam em uma rede de hiperlinks, recheadas de textos, fotografias, desenhos, pinturas, animações, vídeos, jogos, sistema de realidade virtual, chats, videoconferências, lista de discussão, fóruns, cujo trajeto seria definido a partir de uma lógica estabelecida e ressignificada pelos alunos e professores. (2006, p.134)

Considerando o potencial dos recursos tecnológicos, a ressignificação das

aulas poderia acontecer, assim como destacam as autoras, tornando os encontros

entre professores e alunos uma rede aberta e flexível. Para tanto, os usos da

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hipermídia viabilizam, então, uma maior condição para o desenvolvimento do ensino

online dentro da cibercultura.

3.1.2. Apresentando o mestrado Profissional em Gestão e Avaliação na Educação

Pública – CAEd-FACED-UFJF

O Programa de Pós-Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da

Educação Pública (PPGP) foi criado em fevereiro de 2009 e aprovado pela

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em

novembro do mesmo ano. O programa foi desenvolvido a partir da iniciativa do

CAEd (Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação), da Faculdade de

Educação da UFJF. O curso é desenvolvido semipresencialmente com dois

encontros presenciais ao longo de um ano, nos meses de janeiro e julho e o AVA

utilizado é o Moodle. O Mestrado Profissional tem como público alvo os profissionais

que trabalham com a gestão de escolas públicas e os graduando que tenham

interesse de trabalhar nessa área da Educação.

De acordo com as informações disponíveis na página da web do PPGP7, o

objetivo do Mestrado Profissional é

Proporcionar os conhecimentos, desenvolver as competências e habilidades, e promover as qualidades profissionais necessárias ao exercício eficiente dos novos papéis que se atribuem ao gestor da educação pública. (Mestrado Profissional do CAED)

A respeito da estrutura do curso, é desenvolvido no período de dois anos

(organizado em semestres), com quatro semanas presenciais ao longo de cinco

meses. Os alunos durante as aulas presenciais fazem oficinas e discutem diversos

assuntos referentes as disciplinas do PPGP, tais encontros acontecem nos

laboratórios do CAEd/UFJF.

O Mestrado Profissional tem quatro linhas de pesquisa, das quais os alunos

podem escolher, são elas a) Avaliação, Currículos e Desenvolvimento Profissional

7 < www.mestrado.CAEdufjf.net >

37

de Gestores e Professores da Educação Básica; b) Equidade, Políticas e

Financiamento da Educação Pública; c) Gestão, Avaliação e Reforma da Educação

Pública; d) Modelos, Instrumentos e Medidas Educacionais. Destaca-se a seguir as

principais reflexões propostas por cada linha apresentadas no site do PPGP.

Na linha de Avaliação, Currículos e Desenvolvimento Profissional de Gestores

e Professores da Educação Básica os mestrandos aprendem a construir matrizes de

competências e habilidades, a elaboração de descritores. Além disso, aprendem a

relacionar as matrizes de referência com propostas pedagógicas que modifiquem o

cenário da escola na qual atuam. Conforme as informações no site do Programa de

Pós-graduação, é importante que os profissionais da Educação Básica consigam

desenvolver pesquisas que ampliem as possibilidades pedagógicas da escola que

são gestores.

Dentro da linha Equidade, Políticas e Financiamento da Educação Pública, os

estudos discutem as questões da desigualdade na Educação, a estratificação social

e as diferenças de oportunidades dentro do ensino. Conforme as informações do

website do PPGP, os alunos farão análises das políticas públicas que favorecem o

acesso à Educação e a inclusão, bem como estratégias para a implementação de

políticas que possibilitem a ampliação de vagas. Além disso, os mestrandos

aprendem a elaborar orçamentos e gerí-los nas escolas em que atuam, favorecendo

o uso de recursos públicos.

Na linha de pesquisa Modelos, Instrumentos e Medidas Educacionais,

conforme destaca o site do programa, os alunos do Mestrado Profissional aprendem

a construir modelos e métodos estatísticos para a produção de medidas

educacionais. Nessa linha os mestrandos estudam como é feito o tratamento de

dados e os instrumentos, testes e questionários para a produção de escalas de

proficiência.

Outra linha de pesquisa oferecida no Mestrado Profissional é sobre Gestão,

Avaliação e Reforma da Educação Pública. De acordo com o PPGP, essa linha de

estudo tem como proposta o estudo de sistema de responsabilização de gestores,

bem como a construção de indicadores educacionais que informem a comunidade

escolar. Os mestrandos dedicam-se às discussões da reforma educacional em

variados contextos nacionais aliados a uma prática da gestão para promover a

qualidade do ensino. Outro importante destaque, assim como informa o site do

38

Mestrado Profissional é o uso das TIC para a divulgação de resultados relacionados

a Educação Básica.

A proposta curricular do PPGP divide-se em áreas de formação que se

desdobram em diversas disciplinas. Com relação a formação profissional 8ela é

integrada por quatro matérias relacionadas a atuação do gestor. Já na área de

estudos transversais9, o mestrando tem disponibilizadas quatro matérias que tem

relação com a formação profissional. Na formação Básica10 desenvolvem as

competências e habilidades fundamentais para o exercício da função de gestor

dentro da atualidade na qual estamos inseridos, dentro da formação básica são

oferecidas duas disciplinas ligadas ao letramento digital e as TIC. Além dos Tópicos

Especiais11, que possibilitam mais um aprofundamento nos estudos do gestor e a

educação.

De acordo com as informações do site, a elaboração da Dissertação deve ser

feita como um Plano de Ação Educacional, oferecendo um diagnóstico

oportunizando a reflexão. O mestrando fará duas disciplinas: I) Dissertação de

Mestrado: Pesquisa de Campo e II) Dissertação de Mestrado: Plano de Ação

Educacional. No final das atividades presenciais, o aluno defende o seu trabalho

para uma banca. O exame de qualificação acontece no final do primeiro ano do

curso, após sua aprovação ele receberá o título de mestre ao completar o número

de créditos obrigatórios e defender sua dissertação.

8 I) Currículos e Desenvolvimento Profissional (integrada por duas disciplinas a) Desenvolvimento Profissional e Gestão da Educação Pública; b) Gestão do Currículo na Escola); II) Avaliação e Planejamento (duas disciplinas a) Avaliação de Programas e Políticas Educacionais; b) Avaliação e Indicadores Educacionais); III) Gestão e Liderança (com duas disciplinas a) Liderança Educacional e Gestão Escolar; b) Liderança e Gestão para a Diversidade; IV) Políticas e Instituições (integrada por a) Democracia, Direito e Políticas Públicas; b) Administração e Financiamento da Educação Pública; c) Legislação e Políticas Locais)

9 I) A Gestão Pedagógica da Educação (dividida em a) Gestão Pedagógica para o Letramento; b) Gestão Pedagógica na Educação Matemática); II) A Reforma da Educação Pública (com quatro disciplinas a) Temas de Reforma da Educação Pública I; b) Temas de Reforma da Educação Pública II; c) Estudos de Caso de Gestão I; d) Estudos de Caso de Gestão II)

10 I) Linguagens e suas Tecnologias I; II) Linguagens e suas Tecnologias II; III) Oficina de Artes; IV) Histórias de Vida e da Profissão.

11 I) Tópicos em Reforma da Educação Pública; II) Tópicos em Avaliação Educacional; III) Tópicos em Liderança e Gestão Educacional; IV) Tópicos em Gestão do Conhecimento, V) Tópicos em Currículo e Educação Científica no Ensino Médio; VI) Tópicos em Cognição e Processos de Ensino e Aprendizagem; VII) Tópicos em Economia Social; VIII) Tópicos em Educação Comparada.

39

O pesquisador Silva (2006), em sua experiência na EAD, destaca o que uma

boa Educação online deve oferecer aos seus educandos. De acordo com este

professor, três investimentos devem ser feitos nas salas de aula online. Para Silva,

Em suma, aprendi que disponibilizar em sala de aula online significa basicamente três investimentos:

• Oferecer múltiplas informações (em imagens, sons, textos etc.) sabendo que as tecnologias digitais utilizadas de modo interativo potencializam consideravelmente ações que resultam em conhecimento.

• Ensejar (oferecer ocasião de ...) e urdir (dispor entrelaçados os fios da teia, enredar) múltiplos percursos para conexões e expressões com que os alunos possam contar com o ato de manipular as informações e percorrer percursos arquitetônicos.

• Estimular os aprendizes a contribuir com novas informações e a criar e oferecer mais e melhores percursos, participando como co-autores do processo. (2006. p.57)

As múltiplas informações são a hipermídia, que fazem parte do ciberespaço e

com isso estão inseridas na EAD para proporcionar aos estudantes investimentos

para uma aula significativa. Dentro de tal realidade observa-se como a Comunicação

e a Educação se complementam, transformando o ensino/aprendizagem relevante

aos usuários. A interatividade está presente na web e, por conta de seu apelo de

imagens, sons e textos, chama a atenção do usuário, dos alunos.

40

4. O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

O desenvolvimento desta investigação será apresentado a seguir com o

intuito de revelar o caminho escolhido pelo pesquisador para o desenvolvimento do

trabalho. Elenca-se o tipo de pesquisa realizado, as escolhas teóricas e os

instrumentos de coletas de dados utilizados. Em outro momento são apresentados

os passos dados pelo investigador e finalmente os dados emergentes da pesquisa.

Com o embasamento da teoria das multiplicidades, as categorias apresentadas a

seguir se evidenciam a partir das falas dos sujeitos de pesquisa e do olhar do

pesquisador para o campo.

4.1. OPÇÃO METODOLÓGICA

A presente pesquisa é qualitativa e tem como base a teoria das

multiplicidades, a partir dos estudos de Gilles Deleuze e Felix Guattari, em

desenvolvimento no Grupo de Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR), na

Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), como já

anunciado. A investigação utilizou como instrumento de coleta de dados: entrevistas

semi-estruturadas com os professores, responsáveis pela disciplina X e Y12, com os

web designers de cada curso investigado e, também, observação da disciplina em

questão e do fórum de “comentários, reflexões e sugestões” do qual os alunos

participam. Essa investigação teve duração de dois meses, (março e abril) período

de início das aulas em EAD do primeiro semestre de 2011.

Destaca-se que os filósofos Deleuze e Guattari (1997) não escrevem sobre o

método de pesquisa, mas, as ideias e conceitos elencados por tais autores

fomentam as análises e interpretações sobre a pesquisa e inspiram as ações do

pesquisador. O filósofo Galo (2008, p. 29) faz referência a Deleuze como ‘filósofo

das multiplicidades’, daí a inferência acerca da teoria das multiplicidades. O

momento de pesquisa, iluminado por essa teoria, pode se constituir no plano de

12 Optamos por não identificar a disciplina, bem como o professor, preservando o anonimato dos sujeitos de pesquisa.

41

imanência, campo de produção de ideias e um espaço infinito em que não há

afirmações como verdades e achados definitivos. A respeito do plano de imanência,

Gallo (2008, p. 44) revela que “o plano de imanência é essencialmente um campo

onde se produzem, circulam e se entrechocam os conceitos.”

O pesquisador está, nesse sentido, em constante trabalho com os devires, ou

seja, está dentro do campo e faz parte do lócus no qual está investigando e produz,

junto aos sujeitos e ao próprio campo, os dados emergentes das observações e

entrevistas. O devir é descrito por Deleuze e Guattari (1997, p. 14) da seguinte

maneira: “Um devir não é uma correspondência de relações. Mas tampouco é ele

uma semelhança, uma imitação e, em última instância, uma identificação.”, logo o

devir são as múltiplas possibilidades que estão no plano de imanência. Estes

estudos, pontuados pela teoria das multiplicidades perpassará todo o processo de

coleta dos dados e posterior análise dos dados emergentes do lócus de

investigação.

O primeiro passo realizado após a escolha do tema da pesquisa foi a seleção

bibliográfica, e as leituras aprofundadas sobre o tema discutido nesse trabalho.

Iniciaram-se as primeiras observações no lócus de pesquisa (uma disciplina do AVA

Moodle). Em relação às leituras, Campenhaudt e Quivy (1998) esclarecem que, para

procurar textos, primeiro é preciso saber o que se procura. Além disso, hoje existem

várias ferramentas que viabilizam a pesquisa, como os sites de estudos científicos

que podem ampliar as leituras e a base teórica, disponíveis pela internet.

O momento da produção dos dados é importante para o pesquisador entrar

em contato, por meio da imersão, com a sua questão e buscar pistas para as suas

hipóteses. Inicialmente, analisaram-se os documentos do projeto UAB (dados

oferecidos pela coordenação do curso com relação ao perfil do aluno) buscando

indicativos sobre a existência das potencialidades dos usos das mídias e sua

convergência dentro do curso. As observações da disciplina oferecida no curso de

Licenciatura em Pedagogia, na plataforma Moodle, oportunizaram as análises do

pesquisador a partir da teoria escolhida. Até a metade do prazo determinado, ou

seja, um mês, foi realizada a entrevista com os sujeitos de pesquisa.

A produção do instrumento de pesquisa, entrevista, oportunizou a produção

de devires do pesquisador, que poderiam se concretizar ou não durante o contato

com os entrevistados. As entrevistas (vide Apêndice) aconteceram, como já foi dito,

na UAB/UFJF com o docente responsável por uma disciplina e um auxiliar técnico

42

ou web designer responsáveis pela criação dos materiais e disponibilização na

plataforma. Já no Mestrado Profissional foram realizadas uma entrevista com um

professor e com dois web designers que são responsáveis pela criação e publicação

na plataforma. Estas entrevistas permitiram a criação de um canal de interlocução

entre os sujeitos e o pesquisador durante o processo de investigação.

Os materiais coletados são provenientes de uma constante cocriação entre

pesquisador e lócus de pesquisa para a posterior análise dos dados encontrados.

Após a transcrição da entrevista, foram elencadas pré-categorias ou temas e,

posteriormente, categorias/temas de análise a partir das falas dos sujeitos, das

observações e das consultas aos documentos analisados durante o processo

investigativo. Acredita-se que o próprio campo e as entrevistas ampliaram o olhar do

pesquisador em relação ao seu objeto de estudo.

Outro ponto que merece destaque é o fato de se entender que a pesquisa tem

o olhar do pesquisador e dos sujeitos de pesquisa que participaram do trabalho

produzido. Como se sabe, a neutralidade não é alcançada numa pesquisa

qualitativa, pois a subjetividade diante dos dados observados, durante o processo

investigativo configuram o processo de investigação.

Bruno (2010) retoma Deleuze para afirmar que não existem verdades nem

igualdades, apenas diferenças. A postura do pesquisador não é julgar nem apontar o

que encontrou no lócus de pesquisa, ao contrário, os achados de uma pesquisa e

sua análise e interpretação se apresentam como uma das possibilidades naquele

cenário e momento histórico. Cada um tem o seu devir e o seu plano de imanência,

pois as experiências pessoais e as vivências de cada indivíduo contribuem para a

maneira como ele enxerga o mundo.

4.2 – OBSERVAÇÕES E ANÁLISES DOS ACHADOS DA PESQUISA

A pesquisa qualitativa proporciona ao pesquisador uma análise do que se

pretende investigar, considerando a sua relação ao longo da investigação e com os

sujeitos de pesquisa. No momento de elaboração do instrumento de pesquisa,

muitas suposições são levantadas a partir das leituras e observações prévias ao

lócus de investigação. O apontamento de uma verdade ou certeza absoluta não é a

43

intenção desse estudo, mas o aparecimento dos dados que emergem da relação

entre pesquisador e sujeito em sua interação e nos devires de cada um. Uma

multiplicidade, assim como destacam Deleuze e Guatari (1997), evolui a partir da

das combinações que crescem com a própria multiplicidade.

As multiplicidades são rizomáticas e denunciam as pseudomultiplicidades arborescentes. Inexistência, pois, de unidade que sirva de pivô no objeto ou que se divida no sujeito. Inexistência de unidade ainda que fosse para abortar no objeto e para "voltar" no sujeito. Uma multiplicidade não tem nem sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mude de natureza (as leis de combinação crescem então com a multiplicidade). (1997, p. 15)

Baseando-se nessa análise sobre as multiplicidades e, consequentemente, as

construções dos dados, proporcionadas durante a entrevista, elencam-se a seguir os

pontos relevantes e de que maneira a pesquisa foi se construindo desde seu projeto,

passando por sua iniciação e chegando ao seu desenvolvimento. Com relação à

coleta de dados, esta monografia utilizou como instrumentos de pesquisa: os

materiais disponibilizados na plataforma Moodle, apenas na UAB/UFJF e entrevistas

semi-estruturas a cinco sujeitos de pesquisa, (os professores responsáveis por una

disciplina e os web designers do curso de Pedagogia UAB/UFJF/FACED e do

Mestrado Profissional).

Com o intuito de investigar como a convergência de mídias é utilizada pela

disciplina da UAB/FACED, pois é o docente responsável que publica o conteúdo, os

dados foram produzidos pelas observações ao sumário (local de orientação ao

alunos). Já no PPGP, optamos apenas pela entrevista, e durante o seu

desenvolvimento a equipe de web designers foi mostrando como era o

funcionamento e o layout da plataforma.

As análises dos dados estão apoiadas pela Teoria das Multiplicidades, na

qual não existem verdades prontas nem o objetivo de se alcançar um resultado ou

uma constatação positiva ou negativa, a partir da questão geradora da pesquisa. A

partir da coleta de dados (entrevistas e/ou observações no ambiente virtual de

aprendizagem) ao longo de dois meses, no segundo semestre de 2011, reuniram-se

categorias e subcategorias ou pistas de análise: 1) tema (pista) experiência

44

profissional; 2) tema (pista) convergência de mídias/ subtemas: a) recursos e

estratégias midiáticas para EAD; e b) opinião dos alunos.

4.2.1. Experiência profissional: o perfil dos sujeitos de pesquisa

Por questões de sigilo os sujeitos que participaram desta pesquisa receberam

nomes fictícios. Dividiu-se da seguinte forma, professor A (docente da UAB/UFJF) e

professor B (docente do PPGP/CAEd/UFJF), W1 (web designer da UAB/UFJF) e W2

e W3 (web designer do PPGP/CAEd/UFJF). Das entrevistas realizadas tanto com o

professor quanto com o web designer emergiu esta categoria-tema, sobretudo, a

partir da atuação profissional apresentada pelos sujeitos em suas falas. Antes do

início da entrevista, foi solicitada a assinatura do termo de consentimento livre e

esclarecido (modelo no anexo 1), no qual os sujeitos se comprometeram em ser

voluntários da pesquisa.

Com relação às entrevistas, dois roteiros foram desenvolvidos para orientar o

encaminhamento da conversa. No entanto, a conversa não ficou presa a esse

instrumento de coleta. Com a construção do roteiro, pretendeu-se motivar os sujeitos

a falar de sua experiência profissional, bem como se sua proximidade com as mídias

e como a convergência de mídias aparecem nas falas, considerando a

especificidade de cada profissão. A seguir apresenta-se o perfil dos sujeitos

entrevistados:

Sujeito Experiência ProfissionalProfessor A Formado em História e Teologia, com especialização em

Educação Inclusiva pela escola de governo da Fundação João Pinheiro, em Belo Horizonte. Além disso, possui mestrado em Educação, na área de Educação e Linguagem, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atualmente está cursando o doutorado em Linguística aplicada. Atuou, durante dois anos, como professores em um programa de capacitação de professores da Educação de Jovens e adultos na UFMG. Lecionou em cursinhos pré-vestibulares, no Pró-jovem, escolas estaduais e nas universidades Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), União Educacional de Minas Gerais (UNIMINAS), Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte. Também trabalhou no Centro de Apoio ao Surdo (CAS), na Secretaria Estadual de Educação de Belo Horizonte. O professor foi aluno de um curso a distância na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atuou como professor na modalidade a

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distância em instituições privadas. Ingressou no corpo docente da UAB/UFJF/FACED no segundo semestre de 2010.

Professor B O professor é formado em Letras, com mestrado e doutorado nessa área de formação, trabalhou no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, de 6º a 9º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, com o ensino de Língua Portuguesa, está aposentado há 5 anos. Atuou também no curso de Magistério, lecionando a disciplina de Didática e Metodologia de Língua. É professor da graduação e do Programa de Pós Graduação da Faculdade de Letras, da UFJF. Iniciou sua experiência na modalidade a distância, com a entrada na UAB, no curso de Licenciatura em Pedagogia, na área de linguagem, atualmente integra a equipe de professores do PPGP.

Web designer – W1

É formado em Sistemas para Internet, na área de programação de sistema web e na produção de material impresso para web. Começou a trabalhar na UAB/UFJF/FACED, no curso de Pedagogia em 2007, com a produção material impresso, e posteriormente em 2009 iniciou a produção de vídeos de apresentação dos professores aos pólos atendidos pelo curso de Pedagogia. Integra a equipe que oferece oficinas, para professores e tutores, sobre o funcionamento do Moodle, e a divulgação do novo layout da plataforma a partir do final de 2009. Durante as oficinas trabalha com os principais aspectos com relação a usabilidade, visibilidade e os recursos que proporcionam a interação do aluno com o ambiente virtual de aprendizagem. Atualmente produz material impresso, ajuda os professores com relação a problemas técnicos no Moodle (anexar arquivo de vídeo, diminuir o tamanho de imagem, formatar textos do formato word para formato Portable Document Format – PDF).

Web designer – W2

Formado em Sistemas de Informação, tem pós-graduação em Cinema e Mídias digitais pela Faculdade de Comunicação Social da UFJF. Integrou a primeira equipe de web designerer do CAEd e foi responsável pela reformulação de diversos layouts dos cursos administrados elo Centro. Sua função dentro da equipe de web designerer é produzir materiais e disponibilizar os conteúdos nos usos administrados.

Web designer – W3

Formado em Sistemas de Informação, com especialização em Redes e Bancos de Dados, nunca trabalhou diretamente na área de produção de materiais para EAD. Trabalhou durante um período fazendo free lance na área de desenvolvimento web e no início do ano de 2011, teve a oportunidade de entrar para a equipe de web designerer do CAEd/UFJF. Dentro da Instituição, é responsável pela disponibilização de materiais produzidos pela equipe de imagem e de design, e pelas modificações no layout de variados cursos, nos quais o CAEd é responsável.

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Baseando-se na trajetória dos cinco sujeitos da pesquisa, algumas

características são relevantes para o entendimento da postura e concepções de

convergência de mídias na EAD. O professor A, mesmo sendo novo no projeto

UAB/UFJF/FACED, tem uma vasta experiência como docente do Ensino Superior.

Além disso, o fato de ter atuado anteriormente na modalidade a distância em outras

instituições e ter sido aluno de um curso a distância pode ter favorecido a construção

de uma concepção de Educação a distância inovadora e diferente. O professor B

apresenta uma boa experiência no presencial (Ensino Fundamental e Ensino

Superior), tanto que se aposentou nessa modalidade, no entanto o Mestrado

Profissional não é sua única experiência na modalidade a distância, pois trabalhou

anteriormente no projeto UAB. Tais formas de conceber a EAD podem ser

conhecidas na fala dos sujeitos e observadas nos sumários da disciplina da UAB

investigada como um todo, que será discutido na próxima categoria.

O web designer (W1) tem a sua experiência profissional iniciada com a

criação do curso de Pedagogia na modalidade a distância, o que pode possibilitar

um conhecimento do curso e um contato amistoso com os professores, os tutores e

o funcionamento das disciplinas. Com relação ao Mestrado, tanto o W2 quanto o W3

são formados em Sistema de Informação e não tinham experiência anterior na área

de Educação a Distância, contudo usam os conhecimentos da formação superior,

como por exemplo, estudos sobre interação com conteúdo da Web, para produzir e

administrar os cursos que são responsáveis no CAEd/UFJF. O olhar de um

profissional da informática e da produção para web pode potencializar um diálogo na

EAD entre a construção de um planejamento que considere a especificidade da web

e da modalidade a distância culminando em uma produção que considere a

realidade da educação a distância usando como tecnologia a internet.

O reconhecimento do ciberespaço tanto pelos docentes quanto pelos web

designers proporcionam o desenvolvimento de olhares e percepções que

considerem as várias maneiras de se comunicar nesse novo espaço. Santaella

(2004) caracteriza os computadores parte desse espaço e afirma que seu

aperfeiçoamento ocorreu com as inovações contínuas realizadas.

Os computadores e as redes que os ligam constituem o ciberespaço. Entretanto, antes que qualquer objeto possa ser inserido no ciberespaço ou representado nele, uma relação deve ser estabelecida entre terminais de

47

computadores espacialmente individualizados e indivíduos que se relacionam com um conjunto de representações interativas, gráficas, espaciais. Isso nos leva à noção de interface. (2004, p. 90)

Destaca-se que essas representações mencionadas pela autora,

denominadas de interface, decorrem da necessidade do homem de estar sempre se

relacionando e se comunicando com seus pares, assim como menciona Martín-

Barbero (2008). A EAD é uma modalidade disponibilizada no ciberespaço e, com

isso, apresenta em sua construção na web as representações destacadas por

Santaella (2004).

4.2.2. Convergência de mídias: a dinâmica e o uso das mídias nas disciplinas

Este momento do trabalho refere-se a apresentação do andamento de cada

disciplina investigada e a maneira como os recursos são utilizados na proposta de

cada disciplina, dentro da especificidade de cada curso pesquisado. Além dos

recursos, elenca-se como a convergência de mídias é concebida pelos docentes

responsáveis pelas disciplinas observadas.

4.2.2.1. Recursos e estratégias midiáticas para EAD

Neste trabalho serão apresentadas duas disciplinas, a primeira oferecida na

UAB/UFJF e a segunda do Mestrado Profissional. Destaca-se a seguir a dinâmica

de cada uma considerando as suas especificidades, para tanto nomearemos a

disciplina da UAB/UFJF de (X) e a do PPGP, de (Y). A disciplina X é oferecida pelo

curso de Pedagogia na modalidade a distância e tem 35 alunos participantes. A

equipe pedagógica é composta pelo docente responsável da área e uma equipe de

9 tutores que fazem a mediação, juntamente com o professor, em cada um dos

pólos atendidos. As observações aconteceram ao longo de dois meses (março, abril

e meados de maio) no primeiro semestre de 2011, pois ela foi oferecida nesse

momento.

48

Com relação a disciplina Y, ela é oferecida no Mestrado Profissional e faz

parte das matérias básicas que os alunos devem cursar, ela é oferecida na

modalidade a distância para 140 alunos. Ao contrário da disciplina X, ela é

ministrada por três professores diferentes e conta com uma equipe de 4 tutores.

Como descrito anteriormente, a observação da disciplina Y aconteceu com o auxílio

da equipe de web designer, no dia da entrevista realizada com ela. Com o intuito de

mostrar os dados observados, será necessário apresentar a estrutura das disciplinas

na plataforma, as mídias presentes e como se desenvolve a convergência de mídias

nesse espaço. Elencam-se aqueles pontos considerados relevantes para a

discussão proposta pelo tema desta monografia.

Conforme o professor A, durante o planejamento da disciplina, foram

pensadas maneiras de possibilitar ao aluno uma discussão sobre o tema estudado a

partir de textos, bibliografias complementares, indicações de filmes e link para sites.

Cada semana sugere um texto complementar, um filme que permita o aluno visualizar a discussão da área, sugestão de um site para o aluno pesquisar, algum dicionário, alguma coisa que ele possa encontrar sobre o tema estudado. Cada semana tem um tema específico de discussões da área e um texto simples de duas, ou três páginas, base de cada semana. O texto que foi escrito por mim, com base em todas as bibliografias da área. (professor A)13

A primeira semana da matéria X aconteceu com a apresentação da estrutura

da disciplina e dois vídeos com a apresentação do professor A e tutor responsável

por cada pólo. O professor B menciona que o desenvolvimento da disciplina é

disponibilizado aos alunos quinzenalmente no sumário e que oferece um roteiro dos

passos que eles deverão seguir dentro do ambiente virtual de aprendizagem.

Segundo o docente essa organização ajuda no aprendizado dos mestrandos.

Normalmente a gente tem o texto introdutório da semana ou da disciplina, que são os sumários, além da fazer uma retrospectiva do que está sendo tratado para poder retomar os conteúdos que estão sendo desenvolvidos na quinzena anterior ou na semana anterior. Nós elaboramos o roteiro das atividades que serão feitas na quinzena e uma coisa que eu tenho feito esse semestre, esse ano, por uma questão de aprendizado, foi organizar a

13 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o professor A, conforme consta do Apêndice 1.

49

ordem de entrada do aluno nesses recursos. Então por exemplo, você vai nessa ordem, fazer isso, fazer aquilo, porque quando você não tem, porque no presencial você tem uma pilha de papel na mão, você distribui ou não distribui, no a distância você tem toda aula exposta. (Professor B)14

A fala do professor B possibilita uma interpretação a respeito da comparação

realizada na EAD com o ensino presencial. No momento em que o docente precisa

guiar os seus alunos a respeito da sequência de recursos que serão abertos para

eles entenderem o conteúdo e dá como exemplo a situação do presencial, na qual o

professor distribui as atividades de acordo com o seu planejamento. Pensar em

organização na modalidade a distância é difícil, pois a fluidez do AVA oferece

múltiplos caminhos para o mestrando percorrer, logo ele poderá ler o conteúdo de

acordo com a sua forma de interação com o ambiente, com isso é pouco provável

que os estudantes sigam a ordem sugerida na disciplina Y.

A plataforma para os alunos da UAB aparece dividida em três partes. Do lado

esquerdo, apresentam-se um calendário, o nome do usuário e as disciplinas que

cursadas. Na parte central, está o sumário, espaço no qual o estudante obtém

informações sobre o desenvolvimento da semana. Trata-se de um roteiro sobre o

que deverá se realizado, como atividades, leituras, discussões, entre outras. O lado

direito é o espaço reservado para recados da disciplina e visualização de

mensagens enviadas ou pelo docente, ou pelo tutor, ou por colegas de turma.

No caso da disciplina Y, do PPGP, devido a uma mudança no layout a divisão

que aparece para os mestrandos é diferente, pois aparecem duas colunas. Na

coluna da direita aparece o calendário e as informações para os estudantes. Logo, o

sumário com a exposição dos recursos e do que os alunos discutirão em cada

semana fica do lado esquerdo ocupando mais da metade do espaço disponível no

AVA.

Com relação ao sumário apresentado, na UAB verifica-se que há a utilização

de um texto longo e justificado, o que dificulta a leitura na web. Porém, os textos do

sumário serão diminuídos nas semanas posteriores. Identifica-se o uso de poucas

cores e falta de imagens para ilustrar a proposta da disciplina. A respeito do layout

da plataforma, o web designer entrevistado comenta que aconteceu uma

padronização no curso de Pedagogia, pois estava havendo problemas com relação

14 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o professor B, conforme consta do Apêndice 2.

50

a tamanho de fonte, cores de letras e tipos de imagens disponibilizadas,

prejudicando o acesso dos alunos.

O padrão que a gente seguiu foi com relação à fonte, tamanho de imagem, texto na web Arial, impresso times, tamanho de imagem pequena, com a opção de o aluno clicar e ampliar o tamanho. Porque como os professores não têm essa noção da internet, de colocar informações, tava havendo muito caso de “gif” e animação. Colocavam imagens muito grandes. No caso da visibilidade e navegabilidade, o aluno fica preso à animação e não lê o necessário. (W 1)15

A respeito da utilização das cores e a mensagem delas como forma de

comunicar, Dondis indica que as cores representam formas de expressão e meio

para a mensagem. “A cor está, de fato, impregnada de informação, e é uma das

mais penetrantes experiências visuais que temos todos em comum. Constitui,

portanto, uma fonte de valor inestimável para os comunicadores visuais.” (1997, p.

64). O web designer comenta que não foi proibido o uso de cores e imagens, mas

que houve uma definição das melhores cores para serem usadas em determinadas

situações.

A gente tem um padrão de cores claras e cor para link sempre azul, porque o link normalmente tem essa cor. A gente não proíbe a colocação de uma caixa azul com uma letra branca, por exemplo, a gente só instrui como adaptar as cores no ambiente. Você não pode colocar um fundo preto com uma letra rosa, por exemplo. (W 1)16

O web designer menciona a utilização da cor azul, característica dos links, o

que se torna uma referência para os alunos quando acessam o ambiente virtual de

aprendizagem. Para que professores e tutores pudessem conhecer como poderiam

desenvolver o layout de suas disciplinas, segundo o web designer, foi criado um

material impresso e oferecida uma oficina para a discussão sobre o novo formato do

curso.

15 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o web designers, no dia 25 de abril de 2011, conforme consta do Apêndice 3.

16 Idem nota de rodapé 14.

51

Os web designers do PPGP destacam que para padronizar as disciplinas foi

feita uma mudança no layout do Moodle. Eles colocaram o espaço para o aluno

colocar sua foto, deixaram o layout menos largo, com apenas duas colunas, bem

como a padronização de cores. Conforme o W2,

A primeira coisa que modificamos foi a foto do aluno, porque o aluno não se sentia dentro do Moodle. Por uma questão de design de interação a gente mudou, uma questão de teoria de design de interação a gente colocou. O aluno quando vê a foto dele ali é mais ou menos igual ao facebook, esse aqui é o meu curso. Deixamos o layout menos largo, tinha duas abas e então a gente deixou com uma só ficando parecendo um pouco site, de um lado tá o título e de outro estão as coisas. A outra mudança que a gente fez foi colocar cada disciplina tem uma cor, só mudando as tonalidades de cor. O meu medo de usar cores diferentes sendo o mesmo curso era fazer um samba também azul, verde, rosa e cada um tem a sua cor sempre. (W 2) 17

A respeito da combinação entre as cores mencionada pelo W2, Dondis (1997)

explica que existem três matizes primárias que podem ser usadas para auxiliar na

composição visual de uma mensagem, são elas: o amarelo, o azul e o vermelho. A

respeito de cada uma destaca-se que: “O amarelo é a cor que se que considera

mais próxima da luz e do calor; o vermelho é mais ativa e emocional; o azul passivo

e suave”. (1997, p. 65) O uso das cores na disciplina poderia favorecer e enriquecer

a leitura dos alunos a uma informação importante em determinada semana. O uso

moderado das cores (amarelo, vermelho e azul), assim como destaca Dondis

(1997), auxiliaria o aviso de uma atividade relevante, como, por exemplo, a cor

vermelha que tem a função de chamar a atenção.

Na disciplina Y do Mestrado Profissional percebe-se o uso de quatro recursos

do Moodle, fórum, texto, questionário e wiki. Conforme o W2

A gente usa o fórum, a atividade, envio de arquivo normal, o aluno lê o texto no word e envia para o professor dar o feedback depois e tal, o questionário mesmo que tem as perguntas e as respostas na hora e a wiki que é o trabalho de escrita colaborativa. Então os quatro recursos de interação que o aluno tem no Moodle. (W 2)18

17 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o web designers, conforme consta do Apêndice 4.

18 Idem nota de rodapé 16.

52

.

No entanto, com relação aos recursos disponibilizados no sumário, na

UAB/UFJF, na disciplina X observada (Figura 4), apresenta-se um número

considerável de recursos e mídias no sumário.

Figura 4: Recursos na disciplina X

Uso de vários recursos da plataforma para o desenvolvimento do conteúdo proposto.

Nessa semana, a leitura acerca das orientações e dos recursos

disponibilizados, encontra-se várias mídias utilizadas no desenvolvimento das

atividades propostas. Após as orientações, há uma sugestão de dois textos

complementares, um filme sobre a disciplina e um link a um site. Em seguida, há a

retomada da reflexão sobre o texto e o vídeo trabalhado na semana anterior.

Nas atividades, foi realizado um hot potatoes; que é um programa com seis

ferramentas que possibilitam ao usuário clicar/arrastar/soltar. Os exercícios são de

preenchimento de espaços, atividades de múltipla escolha, questionário com

respostas curtas, palavras cruzadas, entre outras possibilidades.

53

O hot potatoes (Figura 5), nessa semana da disciplina X, solicitava aos alunos

que fizessem a associação entre o vídeo apresentado à esquerda com as tirinhas

disponibilizadas do lado direito. A partir da convergência entre o vídeo e as imagens,

o aluno realiza a associação e reflete sobre o conteúdo discutido.

Figura 5: Hot potatoes disponibilizado na disciplina X

Atividade de associação entre as tirinhas: os alunos associam as imagens correspondentes

O professor defende o uso do hot potatoes por acreditar que este recurso

permite o estabelecimento de relações por parte do aluno e inferências a respeito do

tema discutido nas semanas. A exploração das possibilidades da ferramenta

apresenta diferentes perspectivas para cada sujeito, de acordo com suas

características.

Uma ferramenta que a gente usou, foi o hot potatoes, porque permite ao aluno assistir ao vídeo e relacionar esse vídeo com alguma imagem. E aí como a gente faz com os hot potatoes? São hot potatoes de diferentes

54

perspectivas, porque nós temos tipos diferentes de atividades. Um dos hot potatoes que a gente usa é o de relação de colunas. Então numa coluna a gente coloca vídeos contando histórias, tirinhas na outra. Os alunos assistem os vídeos e carregam as tirinhas até o vídeo correspondente, esse é um tipo de hot potatoes trabalhado na disciplina. (Professor A)19

Além desse, outro recurso é destacado pelo professor A para dinamizar a

disciplina X e possibilitar uma construção que considere as especificidades da web e

suas potencialidades na EAD, que é a busca na internet de temas escolhidos pelos

alunos, relacionados com o conteúdo da disciplina.

Em sua entrevista, o professor B destaca alguns dos recursos oferecidos na

disciplina Y do PPGP: o uso da áudio aula e da leitura multimídia que auxiliam no

contato visual dos alunos com o docente e o docente responsável pela disciplina.

Então, esse recurso da áudio aula é muito interessante, porque de certa forma ele recupera aquele contato visual que tem o seu valor e que principalmente tem alunos adultos que vem de uma tradição de ensino presencial. Aquele contato visual o professor olhando para você, dá uma coisa a mais. Eu também encaminho o conteúdo para a equipe e eles transformam aquelas lâminas em uma leitura multimídia. (professor B)20

A equipe de ‘Webs’, do CAEd/PPGP explica como é feita a produção da

leitura multimídia. Segundo eles, “é um recurso de interação de conteúdo para o

aluno que é a leitura multimídia, que na verdade é um slide animado. Esse nome foi

dado pela gente.”

A partir dos comentários feitos pelos docentes, identifica-se o uso e o

reconhecimento de recursos que auxiliem o ensino e aprendizagem dos alunos.

Dentro dessa realidade, destaca-se, assim como apresentam Prado e Valente

(2002), a abordagem “broadcast”, pois há uma tentativa de possibilitar a interação do

aluno com a máquina a partir das tecnologias e, consequentemente, das

convergências possíveis.

A respeito do desenvolvimento dos recursos na plataforma, Bruno (2009)

destaca que a integração multimidiática deve ter coerência com a proposta da

19 Idem nota de rodapé 13.20 Idem nota de rodapé 14.

55

disciplina. Para ela, o uso de diversos recursos em plataformas sem propósito ou

planejamento prévio não garante a aprendizagem.

O uso de recursos diversos e o desenvolvimento de plataformas que suportem integração multimidiática não asseguram a aprendizagem. Todas as ferramentas tecnológicas devem refletir coerência didático-pedagógica. A abordagem estar junto virtual propõe situações em que a relação entre professor-aluno e aluno-alunos deve ser construída por via acompanhamento da intervenção, da orientação, da colaboração e da integração, objetivando a aprendizagem. (BRUNO, 2009, p. 106)

A postura do professor de planejar e valorizar a realidade de uma disciplina

na modalidade a distância, considerando sua relação com os alunos e os usos mais

apropriados de ferramentas que auxiliem no desenvolvimento dos conteúdos, vai ao

encontro do que propõe Bruno (2009). O reconhecimento das convergências

tecnológicas que considerem a realidade da EAD e que pretendam alcançar

objetivos pedagógicos previamente definidos é relevante no processo de construção

do conhecimento dos alunos.

A partir da investigação desenvolvida nas disciplinas X e Y, de lócus de

pesquisa distintos, compreende-se que o AVA é aproveitado de maneira intensa e

contínua, de maneira peculiar a cada realidade, ou seja, as atividades e as

sugestões apresentadas viabilizam a interatividade do aluno tanto na graduação

(UAB) quanto na pós-graduação (PPGP). A respeito do ambiente virtual de

aprendizagem, Santos (2010, p.38) destaca que “os AVAs agregam uma das

características fundantes da internet: a convergência de mídias, ou seja, a

capacidade de hibridizar e permutar, num mesmo ambiente, várias mídias.”

A convergência que a autora destaca é potencializada no momento em que

os profissionais da Educação se atentam para a realidade do curso e da modalidade

na qual estão atuando. Dentre as ações recomendas por Santos (2010) para

proporcionar autoria e cocriação, no AVA, destaca-se:

Criar ambientes hipertextuais que agreguem intertextualidade, conexões com outros sites ou documentos; intratextualidade, conexão no mesmo documento; multivocalidade, agregar multiplicidade de pontos de vista, navegabilidade, ambientes simples de fácil acesso e transparência nas informações; mixagem, interação de várias linguagens: som, texto, imagens,

56

dinâmicas e estáticas, gráficos, mapas e multimídia integração de vários suportes midiáticos; (2010, p. 39).

Ao retomar estas ações, Santos (2010) elenca algumas atitudes que

potencializam o desenvolvimento de uma disciplina a distância e que se torna

compatível com o tipo de interface que a web representa. Das observações da

disciplina identificam-se todas essas ações destacadas pela autora:

hipertextualidade, quando cada semana oferece um link para os alunos consultarem

um site relacionado ao conteúdo; intratextualidade, no momento em que as

discussões das semanas anteriores são retomadas ao longo das semanas

subseqüentes.

Com relação ao virtual, Lévy (1999, p.72) aponta duas características

fundamentais. “As duas características distintivas do mundo virtual, em sentido mais

amplo, são a imersão e a navegação por proximidade.” Na primeira, os usuários

estão imersos no mundo virtual e cada ação sua ou do grupo muda esse mundo

virtual. Na navegação por proximidade, as comunicações e as pesquisas acontecem

por proximidade a um espaço contínuo.

Além dessas, navegabilidade, pois o ambiente é de fácil acesso e quando

pode causar alguma dúvida sempre é apresentado no sumário da disciplina um

tutorial sobre a ferramenta que será utilizada. Como, por exemplo, na semana na

qual os alunos estavam com dificuldades de realizar a atividade do hot potatoes e foi

disponibilizado um tutorial indicando que para visualizar todas as imagens

necessárias seria preciso apertarem o botão “ctrl – “, no computador. E, finalmente,

percebe-se a mixagem e a multimídia, pois, ao longo das semanas foi possível

identificar o uso de vários recursos que promoviam a convergência tecnológica.

O professor A destaca que o planejamento com o uso de variados recursos

pretende desenvolver uma ampliação do desenvolvimento dos conteúdos e

propostas da disciplina com os graduandos.

Então a gente buscou explorar diferentes recursos também. Porque o que percebo é que na Educação a distância a gente vê que o cuspe e o giz da sala de aula acaba sendo transferido para o fórum texto e a discussão fica restrita.(Professor A)21

21 Idem nota de rodapé 13.

57

Conforme o professor A, é importante que o aluno seja estimulado a encontrar

outras informações além da plataforma. Por isso, os recursos são relevantes nessa

dinâmica e nessa concepção de EAD, a partir de ambientes virtuais de

aprendizagem.

O planejamento da disciplina Y acontece de maneira diferente, pois o

professor reúne o material que deverá ser postado na plataforma e a equipe de web

designers transformam o material a partir dos recursos disponíveis no Moodle e

depois disponibiliza o conteúdo. No PPGP, o professor não pode alterar o conteúdo,

isso só é feito quando o professor liga para o suporte do Moodle no CAEd e eles

arrumam. De acordo com o professor B

Eu passo a síntese da semana com todo o material que vou querer, na ordem da postagem e tudo e a equipe faz. A gente não entra na plataforma com o poder de alterar a configuração. Eu não posso fazer essa inversão, eu tenho que ligar para lá ou passar um email pedindo para eles alterem. Quando eu comecei, achei que seria um problema, mas como eles são muito imediatos no atendimento dessa solicitação, realmente isso não é mais problema para mim. E isso é muito interessante porque dá uma cara única para a disciplina, eles fizeram um layout muito legal da plataforma Moodle. Então ficou muito legal. (Professor B)22

O W 2 destaca que essa dinâmica de produção de material pela equipe é

interessante, pois é possível aliar o conteúdo com a realidade da web e que tal

realidade auxilia na produção de materiais que estejam de acordo com a realidade

da EAD usando a internet como tecnologia. De acordo com ele o planejamento

acontece em parcerias.

A ideia é da estrutura é que o professor tem o conteúdo, mas às vezes não tem uma forma interativo para o usuário que é o aluno. Então a gente pega esse material e transforma, alia o conhecimento da EAD e da web e faz um material que não fique cansativo para o aluno. (W 2) 23

22 Idem nota de rodapé 14.23 Idem nota de rodapé 16.

58

A partir da proposta descrita pelos sujeitos de pesquisa, criou-se o Gráfico 6,

que propõe, nas disciplina X e Y os recursos mais utilizados, considerando a

potencialidade da convergência para as aulas na modalidade a distância. Tal gráfico

foi montado a partir das entrevistas e observações às disciplinas usadas nesta

monografia.

O gráfico acima apresenta as ferramentas que a disciplina X e Y apresentam

ao longo de suas semanas. Em ambas as disciplinas são usados os vídeos, o fórum,

o texto para discussão e o link para sites com exceção do vídeo e o link, todos

aparecem em todas as semanas. No caso da disciplina X, da UAB, os textos para

discussão têm um formato claro e objetivo, ou seja, o professor escreve, para casa

semana, um texto que sintetiza o conteúdo a ser trabalhado em, no máximo, três

páginas, dando suporte para que as atividades anteriores e posteriores se

entrelacem.

Já os recursos, hot potatoes e sugestão de filmes aparecem apenas na

disciplina X; enquanto a wiki, o podcasting e a leitura multimídia aparecem com

frequência na disciplina Y. A partir dos recursos usados em cada curso, pode-se

demonstrar a visão que os sujeitos, de ambos os lóci pesquisados, possuem sobre a

importância do uso da convergência de mídias na educação a distância. A partir da

59

análise do que é desenvolvido nas matérias, o professor X e Y mencionam que

realizam a convergência de mídias, considerando o que é oferecido ao longo das

semanas no trabalho com os alunos. Para tanto elenca-se a concepção de

convergência de mídias que ambos têm.

Quando eu olho toda a disciplina eu tenho: sugestão de vídeos, filmes, documentários, textos complementares, texto base em cada semana, tenho a atividade e depois tenho a reflexão para sistematizar no fórum de discussões, tudo isso traz uma convergência de diferentes possibilidades. Na mesma semana você tem uma atividade de hot potatoes, uma discussão no fórum, uma sugestão de vídeo, uma sugestão de outro texto, você tem um texto base, quer dizer, tudo isso na mesma semana. Tem uma sugestão de site para o aluno trazer mais informações, quer dizer, tudo isso é extremamente interessante. (Professor A)24

Convergência seria você lançar mão de formas diferenciadas de mídias e aí seria, por exemplo um podcasting, o próprio DVD, o youtube, todos esses recursos que chegam até nós via inovação tecnológica, não só pela internet, mas também por outros meios para que isso dentro dessa convergência você poder usá-la como ferramenta para o ensino. Resumindo, o que usamos mais no nosso curso são as áudioaulas, as vídeo aulas, os filmes do youtube, podcasting e os fóruns. (Professor B)25

Retomando a conceituação de convergência de mídias apresentada por

Jenkins (2008, p. 27), como a circulação dos conteúdos através de múltiplos

suportes midiáticos e observando com o que é apresentado pelo professor

entrevistado, considera-se que a disciplina pesquisada apresenta a convergência de

mídias. Para Jenkins (2008, p. 27) “a circulação de conteúdos – por meio de

diferentes sistemas midiáticos, sistemas administrativos de mídias concorrentes e

fronteiras nacionais – depende fortemente da participação ativa dos consumidores.”

Com relação ao uso do autor da palavra consumidor, destaca-se que essa

não é adequada para ser usada na EAD. Nesse caso, na análise, será usado o

termo usuário. Os recursos que potencializam o ensino/aprendizagem dos alunos

(usuários), assim como destaca o docente responsável e a forma como as propostas

de atividades apresentadas, vão ao encontro da compreensão de convergência

defendida por Jenkins (2008). Para ele “a convergência representa uma

transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar

24 Idem nota de rodapé 13.25 Idem nota de rodapé 14.

60

novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos.”

(JENKINS, 2008, p. 27–28).

5. CONCLUSÃO

61

Esta monografia pretendeu investigar de que maneira a convergência de

mídias pode auxiliar no desenvolvimento da prática pedagógica da EAD. Para

realizar essa investigação, foram traçadas hipóteses para a questão que inquietava

o pesquisador, assim como objetivos a serem seguidos na tentativa de considerar o

que o lócus de investigação ofereceu de dados para a realização da análise.

Ressalta- se que as análises e os olhares desse estudo estão imbuídos de uma

concepção de Educação integradora que pretende formar um sujeito que possa agir

na sociedade na qual se insere.

As principais constatações construídas após a pesquisa não são verdades

absolutas, mas um olhar sobre um contexto. Não pretende-se apontar uma solução

para a resolução do problema destacado nem generalizar os achados para todos os

cursos do projeto UAB. O método de pesquisa não é apenas uma maneira de olhar

para a realidade, mas uma concepção de vida e de mundo. Logo, entende-se que os

devires estão presentes nos indivíduos e em suas ações. Após a produção de dados

e a apresentação das duas categorias-temas emergentes na investigação

(experiência profissional e categoria convergência de mídias), pontuam-se os

principais pontos da pesquisa. Pode-se afirmar que o objetivo de identificar se a

convergência de mídias e o uso como potencializadora da prática pedagógica foi

observado nas disciplinas X e Y pesquisadas.

O curso de Pedagogia e, em especial, a disciplina analisada, apresenta, ao

longo das semanas observadas, recursos do ambiente virtual de aprendizagem,

dentre eles, mídias (textos, áudios, imagens, vídeos, entre outras), como

possibilidade auxiliadora no planejamento pedagógico. O Mestrado Profissional

também utiliza variados recursos que potencializam a interação do aluno com o

AVA, como por exemplo, a leitura multimídia, as vídeo aulas e os podcastings,

usando as mídias (áudio, imagem, som e outras) a partir de uma relação de parceria

entre a equipe de produção de materiais e o professor B. As mídias não aparecem

isoladas ou soltas sem um planejamento prévio. Ao contrário, os docentes, ao

pensar nas atividades das disciplinas, utilizam os recursos que o ambiente virtual de

aprendizagem oferece, como o fórum, os vídeos, os links para sites entre outras

ferramentas disponíveis no Moodle. Destaca-se que por questões de escolhas e

62

estrutura de cada curso, alguns recursos aparecem na disciplina X, como hot

potatoes e outros aparecem na matéria Y, como a leitura multimídia.

A maneira como os recursos da plataforma Moodle são dispostos nos

sumários, bem como os links para sites fora do ambiente virtual de aprendizagem

(youtube, webconferência e outros), permite considerar que a convergência de

mídias acontece e auxilia a construção do conhecimento dos alunos. Outro achado

que merece destaque é que os professores, sujeitos de pesquisa, têm uma

concepção de EAD que considera a modalidade a distância com suas

características. Pois, a modalidade exige uma nova maneira de se fazer Educação,

considerando que as atividades, as leituras e a interação do aluno aconteçam de

maneira diferente do ensino presencial.

O reconhecimento de que a modalidade a distância necessita ser pensada a

partir de estratégias midiáticas que potencializem o ensino e a aprendizagem são

relevantes durante o planejamento e a elaboração de estratégias nos cursos a

distância. Esta monografia é uma maneira de socializar os estudos e as

possibilidades entre a união da Educação e da Comunicação, e como os recursos

hipermidiáticos, disponíveis dentro dos ambientes virtuais, auxiliam na construção de

uma nova maneira de pensar a EAD.

As três suposições levantadas foram confirmadas ao final do trabalho.

Primeiramente, o fato de os professores e a equipe de web designers, no caso do

PPGP, identificarem os recursos oferecidos pela plataforma Moodle. Também, pelo

fato dos professores A e B terem experiência na EAD potencializa um planejamento

de atividades que consideram a realidade da educação a distância. Um exemplo que

corrobora essa situação é o fato das semanas das disciplinas pesquisadas

apresentarem várias mídias, como textos, imagens e vídeos, assim como a reunião

de diferentes meios em uma única mídia, que seria o caso do Moodle que converge

várias delas. Tal realidade é denominada de hipermídia, como mencionado ao longo

do presente trabalho, sendo uma outra linguagem que apresenta-se na sociedade

líquida vastamente discutida pelos autores e apresentada nesta monografia.

Na UAB/UFJF o docente e o web designer não têm uma parceria sistemática

na produção dos materiais (adequando-os aos recursos do Moodle) que serão

disponibilizados na plataforma, pois muitos dos os professores reconhecem e sabem

lidar com esses recursos do ambiente virtual de aprendizagem e ainda contam com

a experiência do tutor a distância – que apresenta intenso domínio de tais recursos.

63

No Mestrado Profissional todos os materiais são produzidos pela equipe de

designers que adéqua os conteúdos disponibilizados pelos professores para a

modalidade a distância na web e nessa produção da equipe nem sempre há

orientações do docente responsável. O trabalho do web designer é relevante no

diálogo e na indicação de propostas que chamem a atenção para ações que possam

prejudicar a usabilidade e a navegabilidade dos alunos. O uso de cores, tamanhos

diferentes de imagem, fontes e tipo de letras mais apropriadas à web auxiliam o

desenvolvimento da disciplina, uma vez que o professor não é especialista nessa

área, mesmo conhecendo algumas especificidades, assim como foi constatado.

A proposta observada nas disciplinas pesquisadas, a partir do uso da

convergência de mídias, pode potencializar um ensino e aprendizagem que promova

a hipertextualidade e a interatividade oferecidas na web. Entende-se, com isso, que

a Educação online, com o suporte das mídias, acontece de modo a auxiliar os

alunos na construção do conhecimento. Daí a importância dessa concepção no

desenvolvimento de uma Educação ampla. A Educação online possibilita a

construção de um conhecimento co-construído por todos os alunos e o professor,

assim como a inteligência coletiva emergente das relações tanto no virtual quanto no

presencial.

Além de uma Educação com a criação de novas alternativas comunicacionais

para o aluno, defende-se uma Educação libertadora que considere a autonomia dos

sujeitos. A autonomia do aluno é relevante em todas as modalidades de Educação

e, na EAD, não é diferente. Necessita-se que os docentes respeitem e criem ações

que reforcem e definam a tomada de consciência. Além disso, é preciso desenvolver

a autonomia desses educandos na sociedade na qual vivem, principalmente, se for

levada em consideração a presença da Comunicação em todas as esferas sociais e

de vivência do indivíduo, dentre elas, no que tange ao processo de aprendizagem.

Esse estudo não apresenta um ponto final, mas o início de mais uma

possibilidade de estudo que considere a relação entre a Comunicação e a Educação

e como os benefícios são importantes, no caso dessa monografia, aos alunos da

EAD. Muitas inquietações motivam o pesquisador para futuros estudos no uso da

Convergência de mídias na educação a distância. Algumas questões podem tornar-

se futuramente outras pesquisas que investiguem a EAD e as mídias, como ampliar

o estudo para outros cursos e outros docentes, ou investigar apenas como os alunos

consideram a aprendizagem a partir das convergências de mídia e também como os

64

planejamentos das disciplinas de cursos na modalidade a distância pensam as

potencialidades das mídias como auxiliares no processo de ensino e aprendizagem.

65

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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66

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7.1. APÊNDICE 1 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR A, RESPONSÁVEL PELA

DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE LICENCIATURA NA UAB/UFJF)

69

Pesquisadora: Eu queria que você falasse um pouco da sua trajetória profissional,

sua formação e como foi a sua chegada até a UAB?

Professor A: O meu contato com a área da atuação ou a formação como professor,

se dá primeiramente durante a minha graduação em História e durante a minha

graduação em Teologia. Nesses momentos eu tive por diversas vezes oportunidade

de atuar como professor, inclusive participar de um programa de Educação de

educadores de jovens e adultos da Universidade Federal de Minas. Durante dois

anos eu participei desse programa que tinha o objetivo, não só de oferecer a

Educação de jovens e adultos, mas formar os alunos da Universidade para atuarem

como educadores de jovens e adultos. Essa foi basicamente a minha inserção no

mercado de trabalho, vamos dizer assim, como educador, como professor.

Posteriormente eu atuei em diversas coisas em pré-vestibulares, no pró-jovem, em

escolas estaduais, atuei também em universidades, aí como professor atuei no

UNIBH, na UNIMINAS, na Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte e também no

CAS que é um órgão da Secretaria Estadual de Educação voltado especificamente

para a formação de pessoas que atuam na área da surdez, intérpretes, professores

de línguas de sinais e outros professores que atuem com alunos surdos. Então eu

percorri toda essa trajetória e foi uma trajetória que foi também muito enriquecida

pela minha especialização em Educação inclusiva pela escola de governo da

Fundação João Pinheiro, em Belo Horizonte e também posteriormente no mestrado

em Educação, na área de Educação e linguagem na Federal de Minas,

pesquisando, especificamente, os processos de construção e apropriação de

conhecimentos em sala de aula. Após isso, eu ingressei no doutorado em linguística

aplicada e venho desenvolvendo pesquisas na área da competência do intérprete de

língua de sinais. E durante esse percurso eu chego à Universidade Federal de Juiz

de Fora, numa vaga da área de Educação e diversidade e um conjunto de

disciplinas de Educação e diversidade e mais especificamente em língua de sinais

que é uma área carente aqui na universidade. Chegando à universidade eu tive um

primeiro semestre de adaptação e conhecimento e já no segundo semestre eu fui

convidado para integrar a UAB, mas não trabalhando na área de Educação e

diversidade e nem na área de língua de sinais, a primeira disciplina que eu ministro

70

na UAB foi uma disciplina de “Educação, família e sociedade” que é um percurso

mais da área da Sociologia isso pela experiência que eu já tinha de atuar em

diversas disciplinas, disciplinas de pesquisa, Filosofia da Educação, Sociologia da

Educação, de História da Educação e aí eu acabei atuando nessa disciplina. E aí

como é que fica a Educação a distância nisso tudo. Eu tive muito contato com a

Educação a distância, porque em algumas instituições onde eu trabalhei uma

porcentagem das disciplinas também era dada a distância. Claro que, não na

configuração de Educação a distância que nós temos, por exemplo, na Pedagogia

UAB, aqui da FACED, mas uma outra configuração do trabalho de Educação a

distância. Eu tive a oportunidade de por case um ano, dois semestres, frequentar

como aluno, um curso de Letras Libras a distância, da Universidade Federal de

Santa Catarina, que eu abandono o curso devido a outros compromissos e

atividades que inviabilizavam a minha participação nele. E lá eu tive a oportunidade

de ser aluno da Educação a distância e aí trabalhar com diversas questões e

ferramentas na Educação a distância, porque é o trabalho com a formação de

professores de Libras e interpretes de Libras que trabalha especificamente com o

visual. Então a língua, é de modalidade espaço visual, então isso, fazia com que

fossem exploradas no Moodle, que era o ambiente, diversas outras possibilidade,

até outros recursos extremamente sofisticados em relação ao nosso. Com um outro

design, com uma outra estrutura com outro suporte para receber vídeos, neh,

porque muitos alunos postam os vídeos em Língua de sinais, então eu tive um ano

de experiência daí. Da onde talvez eu tenha me apropriado de diversos usos e

diferentes ferramentas para o ensino e pro trabalho com uma língua modalidade

espaço visual. Acho que a minha trajetória se resume aí.

P: Quando você ficou sabendo que ministraria a disciplina de Libras na UAB, como é

que você começou a pensar e planejar. Bem, eu vou dar aula num curso a distância,

eu tenho experiência como aluno da modalidade a distância. Como é que você

planejou, considerando a especificidade da sua disciplina e a web. Como você

pensou nas atividades, nos recursos?

Prof - A: Quando eu cheguei na Universidade eu sabia que daí um ano seria

oferecida a disciplina de Libras, então eu tive um tempo de preparo de refletir sobre

ela. Primeiramente, eu busquei fazer um design para a disciplina que desse para os

71

alunos, algum contato com a língua de modalidade espaço visual. Porque? As

questões históricas eram mais tranquilas de serem abordadas. Porque a disciplina

de Libras, embora instituída por um decreto federal, não foi definido um currículo

geral que englobe essa disciplina, então você tem diferentes disciplinas sendo

ministradas de maneira diferente. Como é uma disciplina da licenciatura, da

graduação, eu entendo que não é uma disciplina de língua, não é uma disciplina

para se ensinar a língua, mesmo porque, em 60 horas não se ensina a língua. Mas é

uma disciplina para trabalhar habilidades de compreensão e de expressão básica

nessa língua, para que o futuro professor consiga minimamente lidar e compreender

o seu aluno surdo. E não só o aluno surdo, no sentido cultural do termo, mas o aluno

com deficiência auditiva, aquele que tem como primeira língua a língua oral, aquele

que não domina a língua de sinais, então a ideia da disciplina era abarcar toda essa

discussão do campo teórico e ao mesmo tempo possibilitar uma inserção mínima

desse aluno numa língua de modalidade espaço visual. E aí o que eu pensei, cada

semana ela sugere um texto complementar, ela sugere um filme que permita o aluno

visualizar a discussão da área, ela sugere um site para o aluno pesquisar, algum

dicionário, alguma coisa que ele possa encontrar o tema surdez e ela introduz um

tema. Cada semana tem um tema específico de discussões da área da surdez e um

texto simples de duas, três páginas, base de cada semana que é um texto que foi

escrito por mim, com base em todas as bibliografias da área. Então isso era a ideia

de trazer para o aluno a cada semana, pelo menos um conhecimento básico da

área. Nós produzimos também alguns vídeos para compor as atividades vídeos com

diálogos, com narrações para que os alunos pudessem também ter a oportunidade e

perceber alguma coisa nessa área. Após a produção de vídeos e a idealização de

algumas atividades, nós passamos a construir essas atividades. Uma ferramenta

que a gente usou, foi o hot potatoes, porque o hot potatoes permite ao aluno, no

nosso caso a gente usa vídeo e imagem. Assistir ao vídeo e relacionar esse vídeo

com alguma imagem. E aí como a gente faz com os hot potatoes? São hot potatoes

de diferentes perspectivas, porque nós temos tipos diferentes de atividades. Um dos

hot potatoes que a gente usa é o de relação de colunas. Então numa coluna a gente

coloca vídeos contando histórias, tirinhas baseadas em Maurício de Sousa, são

aquelas tirinhas que não tem palavras eu trazem três situações a aí você infere

sobre a realidade de toda aquela história. Faz inferências sobre o que não está

contado na imagem. E aí os alunos assistiam a esses vídeos e carregavam as

72

tirinhas até o vídeo correspondente, esse era um tipo de hot potatoes. Outro tipo de

hot potatoes é o aluno assistir uma sinalização ou uma pergunta e relacionava a

alguma forma, por exemplo, para a gente discutir como você sinaliza umas formas

planas, com profundidade, como que existem diferentes configurações de mão em

língua de sinais e como você e sentimento aborda com questões mais básicas de

sentimento, de percepção da língua. Fizemos algumas atividades também, de

características físicas para discutir o que é sinal de identificação pessoal, também no

hot potatoes, então nós temos várias sinalizações de famosos. Então sinaliza as

características de uma pessoa famosa, um sinal dessa pessoa, e ao lado algumas

caricaturas dessas pessoas, também para eles poderem ligar essas ideias. Então.

Também às vezes tem um texto em Libras com algumas perguntas em português

sobre esse texto em libras. Então isso é uma forma de aproveitar a percepção dos

alunos. Além dos hot potatoes a gente usa vídeos, é muito importante a utilização de

vídeos para o aluno poder ter contato com essa língua de modalidade espaço visual.

O primeiro contato do aluno na primeira semana tem um vídeo de apresentação em

sinais, onde eu faço uma síntese de toda a disciplina e nesse vídeo eu faço uma

tradução e coloco uma dublagem no vídeo. E aí tem uma atividade que, por

exemplo, o aluno assiste, ele não tem contato com a língua, mas ele vai ver a língua

e para levar o aluno assistir várias vezes com esse primeiro contato a gente

selecionou, sinais do dicionário que não são desenhados, são feitos mesmo em

língua de sinais, o aluno assiste e ele tem que localizar esse sinal no vídeo, quantas

vezes esse sinal aparece. Tem sinal que aparece uma vez, tem sinal que aparece

dezesseis vezes e ele vê e tem que contar quantas vezes aparece e ele tem que

atribuir um possível significado a esse sinal. A gente faz isso, buscando com que o

aluno compreenda isso, e aí a gente faz uma discussão no fórum. Então a gente

abre um fórum para ele assistir um vídeo, assistir os sinais, identificar e discutir

nesse fórum. Ele vai só ver a resposta dos colegas depois que posta a sua resposta

e aí o tutor vai interagindo com eles. Falando olha que legal esse significado, olha,

assista de novo. E aí também vão surgindo discussões do aluno sobre aquela

língua. O aluno discute, por exemplo, ah eu descobri que esse sinal significa Brasil,

mas você fala Brasil duas vezes, mas eu só enxergo o sinal uma vez. E aí você

começa a discutir com os alunos as diferenças. Entre a língua portuguesa e a língua

de sinais, entre uma língua e a sua tradução e aí é uma atividade interessante. É

uma disciplina que exige a exploração de vídeos, por ser uma língua de modalidade

73

espaço visual, exige a exploração de imagens para que o aluno perceba essas

imagens e a gente tem buscado lançar mão desses recursos. Então é outra coisa

que a gente usa na disciplina também, um glossário. Como é um glossário muito

específico tem muitos conceitos para serem trabalhados. Então a gente abriu a

oportunidade de escolha onde o aluno tem uma série de termos, ele escolhia um

termo e nas próximas semanas ele iria pesquisar e propor uma conceituação para

aquele termo englobar o glossário. Por exemplo, língua de sinais, ele vai explicar o

que é vai citar uma referência onde ele pesquisou, isso também para que todos os

alunos possam se inteirar dos termos específicos da área. Porque às vezes tem

muita diferença entre um pequeno termo e outro. Então a gente tá explorando isso.

Explorando também questionários, explorando os fóruns, quer dizer, a gente tem os

fóruns permanente de comentários e reflexões e dúvidas, onde a gente discute coisa

e tem dentro alguns fóruns a gente tem outros tópicos. Para discutir uma atividade,

para discutir cada texto de cada semana e assim por diante. A gente ainda não

colocou na plataforma, mas nas próximas semanas a gente ainda vai ter, que é

algumas atividades de interpretação de perguntas em língua de sinais sobre os

vídeos, onde ele responde algumas em línguas de sinais, algumas em português e

também alguns podcastings, alguns áudios com aspectos principais da disciplina. A

gente ainda não colocou áudios, a gente reduziu o número de áudios, porque nós

temos três tutores surdos, então é muito mais interessante o vídeo dublado, do que

o áudio, porque o áudio ele não é acessível aos tutores surdos, quer dizer, eles não

vão ouvir o que está lá porque eles são surdos. Então por isso a gente tem optado

por usar menos áudio, então no caso a gente não usa áudio, não usou até agora,

mas a gente pretende fazer uma síntese. A gente vai ver se dar para gravar em

língua de sinais e colocar o áudio, ou se a gente vai disponibilizar somente para o

aluno, uma revisão com o áudio mesmo.

P: Você disse que deu outra disciplina, também na UAB, você acha que a

quantidade de recursos que você utiliza nessa disciplina de Libras, você faz o

planejamento em função da especificidade da Libras por seu uma língua espacial e

visual. Ou você na outra disciplina também potencializava esses recursos dentro da

EAD?

74

Prof - A: Na outra disciplina também nós exploramos recursos, mas aí é uma

disciplina com outra perspectiva, de outra ordem. Nós não utilizamos nenhum vídeo,

nem nenhum hot potatoes, essa é uma especificidade da língua de sinais. Mas lá

nós utilizamos podcasting, nós buscamos fazer chats, mas chats. Porque o chat

muitas vezes é usado assim, o aluno entra no chat pra tirar dúvida e aí ninguém vai

para tirar dúvida no chat. Nós fizemos o chat de discussão de temas, então nós

tínhamos, por exemplo, uma questão geradora ou uma charge, alguma coisa.

Marcamos o chat com 10 pessoas. Então acontecia, o tutor tinha um chat de manhã,

a tarde e a noite, tinha aquele período de tempo e os alunos, aqueles alunos

entravam no chat e no chat eram discutidos aquela charge, aquele tema, aquela

pergunta. Então nós fizemos isso por duas vezes, outra coisa que nós fizemos que

eu uso muito, tô usando também na de língua de sinais é a wiki, para potencializar

uma discussão conjunta. Então a gente fez wiki também na outra disciplina, só que

não é aquilo assim, o wili para discutir isso e acabou. Não. É o wiki que tem uma

questão que tem uma orientação, que tem um propósito. Fórum, abriu o fórum de

discussão do texto, não, é o fórum que passa para a discussão do texto e traz uma

charge, uma pequena reportagem, uma questão. Isso a gente fazia na Educação,

família e sociedade. Dá podcasting com a revisão das disciplinas, também oferecia

por escrito para quem pudesse só ler e não tivesse conseguindo as vezes acessar o

áudio. Usamos uma webquest, numa outra configuração de webquest. Porque a

webquest é muito usada para o uso e exploração da internet, da web e da busca na

web. E aí a gente faz uma webquest mais adaptada a configuração da disciplina,

então buscando apresentar o tema, englobar o wiki, englobar o fórum, dentro de

uma webquest, ampliando o conhecimento dos alunos na busca de informações na

internet. Porque muitas vezes o aluno está no espaço do Moodle e ele se restringe

ao espaço do Moodle, ele não navega na internet, ele não tem essas experiências.

Então, a gente também tentou com a webquest incentivar esse tipo de ação. A gente

trabalhou com chat, mas com uma outra perspectiva, os fóruns foram abordados em

outra perspectiva, fizemos wiki, até íamos fazer uma webconfência , mas a gente

não conseguiu potencializar isso para todos os pólos. Então fizemos uma

webconferência entre os tutores discutindo o tema da disciplina para que o aluno

pudesse assistir. Então a gente buscou explorar diferentes recursos também.

Mesmo porque muitos recursos que existem disponíveis outros professores não

utilizam. Então, na Educação a distância a gente vê que o cuspe e o giz a sala de

75

aula foi transferido para o fórum texto e a discussão fica restrita a fórum e texto.

Então a gente tentou fugir disso na Educação, família e sociedade. Eu vi que muitos

tutores não tinham a experiência de explorar alguns recursos, as vezes foi a

primeira, e já são tutores há muitos anos. Foi a primeira vez que utilizaram, e aí

nessa disciplina estão explorando muitos recursos pela primeira vez. Não que, os

professores as vezes até desconheçam, as vezes eles até saibam que existe, mas

as vezes dá trabalho de usar exige uma outra configuração da disciplina, que muitas

vezes o professor não tem essa familiaridade com a utilização desses outros

recursos, ferramentas que estão disponíveis.

P: O que você entende por convergência de mídias? E como ela acontece na

Educação a distância, na sua opinião? Você acha que na sua disciplina acontece

isso?

Prof - A: Convergência de mídias, na verdade é quando você potencializa diversos

caminhos para abordar ou trabalhar diferentes temáticas ou proporcionar a

construção de conhecimento ou a busca e contato com as informações. Eu acho na

disciplina a gente tenta fazer um pouco disso. Porque quando você utiliza diferentes

atividades ou diferentes perspectivas há uma convergência de mídias. Um vídeo é

um tipo de mídia, um áudio é outro tipo de mídia, um vídeo em língua de sinais com

uma tradução, uma dublagem é outro tipo de mídia que não se assemelha a

somente o vídeo oral, porque ali tem duas mídias. Quando você trabalha com a

caricatura você pode até avançar e dizer um pouco, ah caricatura também pode se

configurar como uma mídia quando ela compõe uma determinada atividade. Quer

dizer, o vídeo, não é só vídeo, eu tenho o vídeo narrativo, eu tenho o vídeo

descritivo, então eu tenho vídeos diferentes. Eu tenho os vídeos com diálogos, quer

dizer, eu tenho tipos de textos em língua de sinais que se apresentam como vídeo,

mas que são textos, só de serem textos visuais, você tem a convergência de

modalidades. Você tem um vídeo com tradução, são modalidades diferentes, duas

línguas. Então, às vezes dentro de uma mesma mídia, um vídeo, você tem a

convergência também de diferentes aspectos. Dentro de uma atividade de hot

potatoes você tem a convergência de mídias e de imagens. Você tem a

convergência às vezes de uma descrição e de um objeto, para a pessoa identificar a

qual se refere, então eu acho que usar um wiki, você faz não só a possibilidade de

76

proporcionar um trabalho coletivo dos alunos, mas você também pode propor

questões orientadoras que levem o aluno a explorar sobre um vídeo, sobre uma

imagem, a fazer análise. Então eu acho que tudo isso converge mídias, entendendo

mídia no sentido amplo e não entendendo mídia no sentido restrito. Mas amplo, de

que são diferentes caminhos, possibilidades, recursos, atividades que congregam

diferentes tipos de texto, tipos de materiais, tipos de ideias, onde o aluno explora

isso. Quer dizer, quando eu pego um fórum, insiro um texto, insiro sinais, levo os

alunos a identificarem sinais que são diferentes, que são dos dicionários, de um

vídeo que está de outra maneira, que eles percebem que se eles tiram o áudio eles

conseguem perceber melhor os sinais, que dizer, eu tô fazendo uma convergência

de mídias, com diferentes perspectivas. E quando eu olho toda a disciplina eu tenho,

sugestão de vídeos, filmes, documentários, textos complementares, tenho um texto

base em cada semana, tenho a atividade e depois da atividade eu tenho a reflexão

sobre essa atividade para sistematizar que aquela atividade proporciona como

conhecimento, tudo isso traz uma convergência de diferentes coisas. Na mesma

semana você tem uma atividade de hot potatoes, você tem uma discussão no fórum,

você tem uma reflexão da semana anterior, você tem uma sugestão de vídeo, uma

sugestão de outro texto, você tem um texto base, quer dizer, tudo isso na mesma

semana. Tem uma sugestão de site para o aluno trazer mais informações, quer

dizer, tudo isso é extremamente interessante.

P: Professor, muito obrigada pela entrevista.

7.2. APÊNDICE 2 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR B, RESPONSÁVEL PELA

DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF)

77

Pesquisadora: Eu gostaria que você falasse um pouco da sua trajetória e que você

falasse da sua chegada no programa, no mestrado e se você sabe um pouco da

história do PPGP, porque ele é muito jovem.

Professor B: A minha história de vida profissional é uma história que tem as sua

grande parte de ensino presencial. Eu trabalhei em escola, no Colégio de Aplicação

da Universidade que tem os dois segmentos de 1º ao 5º ano e de 6º a 9º ano e o

Ensino Médio. No primeiro segmento eu trabalhei de 6º a 9º ano, com o ensino de

Língua Portuguesa e no Ensino Médio eu trabalhei com o curso de Magistério e

dava aula de Didática e Metodologia de Língua. Quando eu trabalhava com

professora de português, esses usos midiáticos, embora não tenha muito tempo que

eu me aposentei, acho que 4, 5 anos, mas a incidência, essa demanda de você

trazer para a prática pedagógica essas ferramentas da web, esses recursos que a

gente tem, não existia. Não existiu porque não existia essa cultura. E também a

própria condição da escola que não período não oferecia computadores, não

oferecia internet. Os departamentos não tinham internet, a escola não tinha internet,

então tudo isso era difícil. O máximo que eu chegava a uma modernidade era fazer

os trabalhos, a gente fazia muita antologia, e produção de histórias, livrinhos de

histórias de detetive, aventura e etc e os meninos entregavam esse material em

disquete. Era o mais próximo de alguma coisa dessa linha de computador e de

mídia, então era isso que eu fazia. Depois que eu me aposentei do João XXIII, a

minha continuidade no trabalho foi direta, eu não fiquei aposentada. Eu sai do João

XXIII eu já tava dando aula no Programa de Pós Graduação da Letras, no programa

de graduação da Letras, o uso que se fazia era aquele uso mínimo também, de

email, encaminhar material para os alunos via postagem, não existia plataforma, não

existia nada disso. Na verdade quando eu comecei a entrar no curso de Educação a

Distância, eu era tão crua, vamos dizer assim, nessa modalidade de ensino, como

os alunos e eu tínhamos uma relutância em pegar essa modalidade de ensino,

porque as informações que eu tinha sobre o ensino a distância, eram informações

muito preconceituosas, naquela ideia que o curso a distância era um curso facilitado

e eu entrei através de uma amiga minha que estava dando aula na UAB, que

também aposentou na mesma época que eu na área de linguagem. E eu entrei

então junto com ela, preparando aula com ela e no semestre seguinte eu entrei

78

como professora mesmo. Dentro da UAB, as mídias, você falou de convergência das

mídias, os recursos que a gente usava além do material tradicional impresso, da

época, que era leitura de texto, então a gente trabalhava muito com áudioaula, em

que eu associava uma gravação minha com uma transparência em power point, isso

era feito assim de uma forma muito precária, eu fazia, não tinha os recursos que

hoje o PPGP tem. Eu pegava um gravador, eu fazia e depois eu comprei um

computador melhor, que isso podia fazer perfeitamente no programa, esse era um

recurso, áudioaula. Eu produzia um texto com as lâminas e eu fazia uma sintonia

entre a minha fala e as lâminas, foi usado isso. Uma outro recurso que a gente usou

foi o próprio podcasting sem lâmina, sem nada, só a gravação, dentro da própria

plataforma, além dos fóruns temáticos, os fóruns para dúvida, aqueles recursos, né

que a gente tem pela própria plataforma, um recurso que eu achei muito

interessante que eu usei, que eu lamento muito não poder no PPGP, porque não

está disponibilizado é aquela ferramenta do livro, como é que a gente usava aquela

ferramenta e que ela foi um material de registro. Os fechamentos de fóruns

temáticos sempre foram fechamentos orientados por uma temática mesmo de uma

tarefa, uma proposta de resolução de problemas, quando o fórum temático

terminava, quando o prazo chegava ao fim, eu combinava com os tutores que eles

deveriam fazer um fechamento desse fórum, considerando as participações dos

alunos e mesmo fechamentos intermediários. Caso eles tivessem feito, no caso de

um fórum muito longo, eles faziam um texto mesmo e aí era bom porque o próprio

tutor exercitava a escrita. Então ele fazia um texto e cada fórum temático compunha

um capítulo desse livro, ele era formatado mesmo. Ele tinha uma capa, ele tinha um

link, ele tinha a aparência de um livro convencional. Então essa estratégia que eu

achei muito legal, quando chegava no final do ano, no final do semestre, os alunos

tinham além de outros materiais que a gente importava, esse material que

funcionava como um resumo, como resumos de tópicos que foram abordados

durante o semestre. Então essa foi uma ferramenta que a gente usou muito. Eu usei

o you tube por causa de filmagens de materiais que a gente pode utilizar e a web

está riquíssima nisso e a gente entra as coisas mais interessantes. Agora, muitos

desses recursos a gente replica lá no mestrado profissional.

Bem, atualmente eu não estou com a disciplina da UAB esse semestre eu não

peguei, nem semestre passado, outro professor do curso está assumindo as

disciplinas de linguagem. A minha entrada no PPGP, foi feita da seguinte maneira.

79

Logo que a ideia, eu não acompanhei exatamente o nascimento da ideia, logo que

essa ideia surgiu no CAEd de se criar um curso de mestrado profissional em gestão,

juntamente com essa ideia e até para cumprir a demanda de um curso de pós

graduação, nasceu uma ideia de se construir um Centro de Pesquisa na área de

Gestão que pudesse subsidiar, fornecer dados para as pesquisas futuras dos

mestrandos com seus futuros trabalhos finais. Então, nesse momento, foram

chamadas várias pessoas para discutir e parece que o CAED fez, tinha um contato

com a Universidade de Harvard, então, estiveram professores de Harvard aqui, eu

participei das discussões, de tudo, mas mais como uma pessoa que pudesse estar

ajudando na construção dessa equipe para a pesquisa. Mas depois a proposta

tomou uma dimensão muito grande e que eu particularmente achei que seria uma

coisa imensa, dentro das possibilidades que a gente tinha, frente ao que eles queria

fazer, eu então me retirei, agradeci, falei que naquele momento eu não estaria

trabalhando diretamente com a pesquisa. E quando o curso começou, o professor

Manuel me convidou, inclusive, agora eu estou lembrando, na própria organização

da ementas das disciplinas e organização do curso. Algumas ementas que a gente

fez, gente organizou a professora Beatriz ajudou, entrou a professora Bia Bastos, a

Adriana também ajudou na ementa da parte de letramento digital, então a minha

entrada também foi por aí. E depois então quando o curso foi aprovado, e eu

participei de algumas reuniões, em que o curso foi apresentado na comunidade dos

professores da Universidade que participariam, porque a ideia, que é uma ideia

interessante é a criação do mestrado que congregasse professores de diferentes

unidades, de diferentes áreas. E aí então quando surgiu, quando começou, aliais

quando o curso começou, eu fui convidada para participar da disciplina Linguagem e

suas tecnologias e quando nós fizemos a ementa dessa disciplina que tinha dois

módulos I e II, a ideia era que essa disciplina, esse ano dessa disciplina,

congregasse três outras áreas que seria, que a gente teria, que a gente resolveu

chamar de Letramentos. Então a Linguagem e suas tecnologias estariam abordando

o letramento digital, o letramento que envolve leitura e a escrita e o letramento

matemático. Então nós assentamos, os três professores, cada um responsável por

esse letramento, para criar uma disciplina que pudesse dialogar entre esses, que

permitisse o diálogo entre esses professores e de uma forma, eu acho até inusitada,

a experiência é muito interessante. Porque nós conseguimos articular esses três

letramentos, principalmente na primeira, não. Mas no segundo módulo também foi

80

feito isso, a gente conseguiu se estabelecer diálogo entre os três letramentos na

proposta da disciplina de modo que os trabalhos que eram feitos, eram feitos

utilizando desses três letramentos. Então eu acho que isso foi uma coisa muito

interessante, então por exemplo, na Linguagem e suas tecnologias I, a professora

XXX, trabalha essa introdução mesmo ao mundo digital com informações a respeito

do que é o letramento, o que é alfabetização, o que esse letramento digital vai

acrescentar aos outros letramentos. E eu trabalho também na mesma perspectiva

dela, mais aliando mais aos gêneros desse letramento e escrita capacita o sujeito a

usar os diferentes gêneros, de acordo com as demandas sociais que ocorrem. E o

professor Marcelo, na parte de análise de dados, de relatórios, de investigações

para que esses gestores são gestores que vão lidar com essa parte de resultado de

avaliação chega da secretaria, do MEC e tudo. Então a gente trabalhou esses três

letramentos, nessa perspectiva, a gente começou por exemplo. Nós fizemos uma

proposta de um questionário sobre o perfil de leitor de aluno do mestrado e esse

questionário, ele serviu praticamente de guia para a continuidade da disciplina no

segundo semestre, de forma que os alunos aprenderam a fazer gráficos,

aprenderam a ler resultados, aprenderam a escrever relatórios, aprenderam a usar

mídias que podem ser tomadas como recursos para a apresentação desses

resultados, então eles tem, um exemplo, uma parte específica de como se deve

construir um power point. O que é um power point bem construído, é desandar a

escrever quinhentas lâminas, né. Existe uma linguagem própria que é o letramento

digital. Então eles, no módulo I, eles apresentaram no final do curso, um relatório da

pesquisa de leitores dos alunos do mestrado, então uma vez que eles responderam

esse questionário, eles com o professor, com o letramento matemático, eles

aprenderam como lidar com os dados e transformá-lo em gráfico. Como fazer essa

parte mais matemática, vamos dizer assim, estatística. Comigo, a ênfase foi, como

se escreve um relatório, quais são os movimentos retórico que alguém que vai

escrever um relatório deve colocar dentro desse gênero para que ele seja um

relatório agradável de ser lido, né. O relatório é um texto neutro. O relatório é uma

escrita neutra, não é, você pode inclusive manipular esses dados para que você

possa ressaltar ou não vários aspectos que sejam do seu interesse. Se nesse

relatório que você está produzindo, você é um relatório de alguma empresa,

instituição, você certamente vai produzir esse relatório para atender a uma

demanda, uma solicitação. Então isso tudo foi discutido com eles e enriquecido com

81

essa parte da apresentação dentro dessas mídias. Dentro da ferramenta do uso do

Moodle, eles trabalharam muito com a produção de textos coletivos através da wiki,

nós tivemos uma web conferência que foram feitas para que depois os alunos

tivessem acesso e pudessem assistir quantas vezes fosse necessário. No curso do

mestrado a gente, além dessas ferramentas básicas que o Moodle oferece nós

tivemos web conferência, a gente teve a produção da wiki, que eu não tinha citado

na UAB, mas a gente usou uma vez só, porque a gente achou que ficou meio

complexo para eles, principalmente para os alunos de graduação a distância, não

funcionou muito bem a minha experiência de wiki não. Mas na pós-graduação está

sendo, dá trabalho mas é um aprendizado legal, porque a escrita coletiva dá um

resultado muito bom, principalmente se você tem uma equipe que está a fim de

trabalhar junto, não me corta né, não tem aquele que corta. Então Carolina, eu acho

que assim de um modo geral, voltando a essa experiência que eu Adriana e o

professor Marcelo temos, com a Linguagem e tecnologia, eu acho que o que teve de

interessante, no planejamento dessa disciplina e que foi visto e percebidos pelos

alunos da primeira, porque tá começando a segunda agora e a gente ainda não viu

isso, que foi percebido pelos alunos com bastante clareza, foi essa articulação entre

os três letramentos. Então isso eu acho, porque a ideia era a gente sair da noção de

letramento único para uma visão de letramentos, nas multimodalidades da

linguagem que a gente tem. E isso foi percebido na nossa avaliação, pelos alunos,

quer dizer, é possível você montar uma disciplina com três professores de áreas

distintas, muito embora o digital e a leitura e escrita sejam praticamente irmãos

siameses, vamos dizer assim. Mas a Matemática a princípio era uma coisa que a

gente tinha medo de não dar conta de fazer esse arranjo e a gente conseguiu isso

de uma forma muito interessante. Porque eles, quando a gente passou a usar o

letramento matemático como uma forma de linguagem que enriquece o digital e a

leitura e escrita. Então o curso ele foi sempre organizado tanto o um quanto o 2 para

que o resultado final, a apresentação de um resultado final, fosse a culminância a

aplicação desses três letramentos.

P: Na reunião de planejamento, vocês davam ênfase a escolha dos recursos dentro

da plataforma Moodle? Por exemplo, essa semana nós vamos trabalhar com o

assunto tal, nós vamos usar esse e ess recurso.

82

Prof - B: Normalmente a gente faz, um hábito que a gente tem é que aquele texto

primeiro, o texto introdutório da semana ou da disciplina, que são os sumários, além

da gente fazer uma retrospectiva, no caso de ser já na sequência, do que está

sendo tratado para poder retomar os conteúdos que estão sendo desenvolvidos na

quinzena anterior ou na semana anterior, por exemplo, a gente elabora, apresenta

para eles o roteiro das atividades que serão feitas, então tipo assim, nessa quinzena

para você acompanhar então essa proposta de trabalho é importante que você

acompanhe tal, tal, tal. Uma coisa que eu tenho feito esse semestre, esse ano, por

uma questão de aprendizado, foi organizar a ordem de entrada desses recursos.

Então por exemplo, você vai nessa ordem, fazer isso, fazer aquilo, porque quando

você não tem, porque no presencial você tem uma pilha de papel na mão, você

distribui ou não distribui. No a distância você tem toda aula exposta. E muitas vezes

para você conseguir atingir aquele objetivo que você quer, você precisa de uma

trajetória que vai crescendo. Então isso é uma coisa que eu acrescentei com mais

ênfase nesse semestre, você vai trabalhar nessa ordem, porque se você antecipa a

leitura de um texto, ou assistir a uma aula, uma vídeo aula que é uma ferramenta

que a gente usa bem mais, eu particularmente uso e a professora Adriana usa bem

mais no mestrado do que na UAB. Então, e também porque tem uma equipe que

facilita esse tipo de isso para a gente.

P: E você acha que dá diferença?

Prof - B: Ah eu acho.

P: Dá mais suporte né.

Prof - B: Ah eu acho. Agora essa semana, por exemplo, a gente tava trabalhando

com a questão de educação de oralidade, educação de valores. Eu chamei uma

professora que foi da Universidade que é doutoranda que trabalha nessa questão da

educação para a oralidade, ela, essa semana nó filmamos uma palestra, eu

antecipei para ela, dei para ela o roteiro como a gente tava pensando em fazer e eu

disse que depois da palestra eu faria uma pergunta e as tutoras também fariam.

Então, nós encaminhamos para ela previamente quais seriam as perguntas. Então

filmou a palestra, depois entramos nós fazendo as perguntas e ela também

83

respondendo para dar uma certa, para não ficar só essa coisa, falando, falando. E aí

foi interessante porque as perguntas, nós organizamos propositalmente,

considerando os conteúdos que estavam sendo usados, talvez nem fossem dúvidas

nossas, mas possíveis dúvidas que os alunos teriam. Então, esse recurso da

audioaula é muito interessante, porque de certa forma ele recupera aquele contato

visual que tem o seu valor e que principalmente tem alunos adultos que vem de uma

tradição de ensino presencial. Aquele contato visual o professor olhando para você,

dá uma coisa a mais. Agora, uma outra característica, uma outra característica que

eu acho, que eu acho não, que eu tenho certeza de que é muito importante é o tipo

de retorno que a gente dá nos fóruns, pelos tutores pelo próprio professor. Então eu

tenho sentido esse semestre que eu tô com uma turma menor eu tenho mais tempo

para eu também me fazer presente nos fóruns. Então é impressionante como você

marcar a sua presença em um comentário, numa pergunta para a discussão

avançar, juntamente com o tutor, como que isso também é uma forma de estímulo,

isso eu acho que é muito importante. Por isso é que eu acho que as turmas não

podem ser muito grandes para você um curso em que você professor também tenha

o seu papel de iniciação da aula, de motivação e tudo, eu acho que a agente precisa

ter um número menor de alunos. O número de alunos do mestrado é muito grande.

P: São quantos alunos que vocês têm?

Prof - B: Nós temos no mestrado uma média, no total dá 140 alunos, então mesmo

que você divida por quatro ou por cinco tutores, você acompanhar um fórum né, de

qualidade, com trinta e poucos alunos é muito cansativo.

P: E tem assim TB uma atividade que você percebe que os alunos gostam mais? Do

trabalho que vocês fazem aquela atividade que, não necessariamente use um

recurso digital?

Prof - B: Eu acho que essas atividades, elas vão. De um modo geral, as atividades

dependem, o envolvimento das atividades, depende muito da forma como a

atividade é colocada. Entendeu, porque, por exemplo, tem fóruns temáticos que não

rendem tanto quanto outros. Eu acho que depende do tópico, depende do grau de

interesse. Agora, realmente a produção coletiva de texto é um problema, pela

84

própria dificuldade que ela oferece eu acho que não é uma ferramenta fácil de ser

usada, acho que talvez se ela fosse feira, não com cinco alunos, mas com um

número menor por grupos, talvez pudesse render mais. Mas é um aprendizado

muito interessante para quem tá aprendendo a escrever coletivamente.

P: A equipe que tem lá no CAED, no PPGP, que produz esses materiais, como é

que é feito isso, vocês é que levam as ideias para eles, ou eles que fazem isso.

Prof: Normalmente eles, eu sempre costumo dizer que a gente faz o rascunho e eles

fazem photoshop, entendeu, então, por exemplo, eu organizo a aula. Vamos pegar

uma vídeo aula, tem até um esquema legal que a Adriana tem e a gente usa. Então

toda aula, toda vídeo aula que eu faço, eu faço ela escrita, eu não gosto de falar de

improviso quanto você tem um tempo curto para falar. Esse ano eles tem um tele

prompter que facilita muito. Então eu sou meio assim, eu gosto de meter o bico um

pouquinho com ideias. Então eu costumo trabalhar com o texto que eu vou falar e eu

costumo jogar algumas ideias. Então por exemplo quando a gente montou a video

aula sobre da tela do rolo à tela do computador, eu joguei algumas imagens que eu

gostaria que eles usassem e eles são meninos jovens que estão muito acostumados

com essa linguagem e eles captam com rapidez o que a gente tá querendo. Porque

as aulas além de ter essas vídeo aulas, elas trazem recursos de movimentação da

tela. Eles usam escrever atrás o planejamento da aula que você vai pedir.

Então eles fazem, eu encaminho as lâminas para eles e eles transformarem aquelas

lâminas em uma leitura multimídia. Aquele photoshop, aquele layout todo que

inclusive segue um padrão, com a logo do curso tudo direitinho, eles fazem. Eles até

muitas vezes eles tem ideias, ah professora você não acha que podia fazer assim,

pode fazer assado, aí, ah tudo bem. Por exemplo essa palestra eles mandaram toda

a filmagem para mim, para eu dar uma olhada, você acha que deve cortar alguma

coisa, aí a gente discute, corta, faz assim, faz assado. Então é assim uma equipe

que trabalha de uma forma bem aberta então assim, são muito disponíveis.Na nossa

disciplina eu tenho tido uma colaboração muito grande da parte deles.

P: Como é que você entende, o que é para você então convergência de mídias?

Prof - B: Eu entendo que é você, essa convergência seria você lançar mão de

formas diferenciadas de mídias e aí seria, por exemplo a própria gravação, um

podcasting, o próprio DVD, o youtube, todos esses recursos que chegam até nós via

85

essa inovação tecnológica, não só pela internet, mas também por outros meios para

que isso dentro dessa convergência você poder usá-la como ferramenta para o

ensino. Então por exemplo se você, se a gente tivesse no curso de educação a

distância apenas o recurso das leituras multimídias você teria muito menos

variedade de ferramentas para poder enriquecer não só a própria aparência do

curso, mas também um recurso de motivação para os alunos. Resumindo mesmo o

que a gente usa mais no nosso curso são as áudioaulas, as vídeo aulas, os filmes

do youtube que a gente tem muitos, muita coisa boa, podcasting, os fóruns e

discussão, tem fórum temático.

P: Vocês já usaram o hot potatoes?

Prof - B: Não, ainda não. Eu nunca usei, mas já me disseram como funciona, mas

eu nunca usei não. Esse do livro que eu lamento não está disponível para a gente

porque eu acho que esse material de registro de tudo é muito importante para eles.

P: Você acha que o Moodle, ele tem problemas, do ponto de vista funcional? Por

exemplo, os alunos reclamam para acessar, você tem percebido, para abrir alguma

coisa?

Prof - B: O que eu tenho percebido que o Moodle apresenta de restrição é a

capacidade que ele tem de receber arquivos, então eu não sei se isso é possível

ampliar, eu não entendo como funciona isso. Então muitas vezes, você mesma

querendo passar determinadas coisas, em determinado documento, você tem essa

percepção. Tem uma coisa interessante, que eu acho que o pessoal do suporte faz

que é diferente da UAB, pelo menos quando eu comecei a trabalhar, e que me

pareceu um problema a princípio e hoje eu vejo que é dessa forma que tem que

funcionar. Aquela autonomia que o professor tem na UAB, ele que constrói a sua

página, ele que insere, ele que faz tudo e para quem começa isso é um aprendizado

de acerto e erro mesmo. Agente é dona, vamos dizer, da nossa plataforma. Lá no

PPGP é diferente, você passa para o Rodrigo a síntese da semana com todo o

material que você quer, na ordem que você quer da postagem e tudo e quem faz

são eles. A gente não entra na plataforma com o poder de alterar alguma

configuração. Hoje por exemplo, eu fui conferir a quarta quinzena que vai ser minha

86

agora na linguagem I e eu vi que estava invertido uma proposta de trabalho. Eu não

posso fazer essa inversão, eu tenho que ligar para lá ou passar um email pedindo

para eles que façam. Isso quando eu comecei; eu achei que seria um problema, mas

como eles são muito imediatos no atendimento dessa solicitação, realmente isso

não é mais problema para mim. E isso é muito interessante porque dá uma cara

única para a disciplina, eles fizeram um layout muito legal da plataforma Moodle, que

você bate o olho e nem percebe que é Moodle. Então fica muito legal.

P: Tem gente que tem noção, mas tem gente que não tem.

Prof - B: É, põe música, poe rosa choque na pasta os coelhinhos ficam pulando com

os ovinhos.

P: Muito obrigada pela entrevista.

7.2. APÊNDICE 3 (ENTREVISTA COM O WEB DESIGNER DO CURSO DE

PEDAGOGIA NA UAB/UFJF/FACED)

Pesquisadora: Eu gostaria de saber a sua trajetória profissional, como você

ingressou na UAB/UFJF/FACED?

87

Webdesign 1: Na UAB eu tenho 4 anos de experiência aqui na FACED. Como

mídias a gente já começa a trabalhar desde o começo, como a produção de material

impresso. O vídeo surgiu a partir da necessidade de uma professora em 2009.

P: Mas aí esse vídeo era o que?

W 1: Foi um vídeo de apresentação dos professores para os pólos, no início de cada

aluno, aí surgiu à necessidade do aluno estar mais próximo do professor. E como o

professor não pode estar em todos os pólos ao mesmo tempo, então a gente tinha,

vinham todos os professores no mesmo dia.

P: Você fazia a gravação aqui e era editado por você?

W 1: Era.

P: Mas isso então partiu da coordenação da época, essa proposta e todos os

professores se prontificaram a gravar?

W 1: Se prontificaram. Eles gostaram da ideia. Foi um vídeo de teste, aí eles virão o

resultado foi bom, aí ...

P: E vocês continuam fazendo esse vídeo

W 1: Até o ano passado eu gravava e editava, mas esse ano foi para o CEAD, no

laboratório deles. Tudo ficou lá, captação e edição.

P: E agora você ficou responsável por qual atividade aqui?

W 1: Área de material impresso, ajuda aos professores, algum problema no Moodle,

anexar arquivo de vídeo, diminuir o tamanho de imagem, formatar de word para PDF

para diminuir o tamanho, mesmo pela capacidade que tem o servidor, era de 10

mega e agora é 5, devido a demanda do curso a quantidade de usuário.

P: Você trabalha com uma disciplina específica?

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W 1: Não eu atendo a todos.

P: Vocês passaram por uma mudança no layout da plataforma, como isso

aconteceu?

W 1: A gente tinha a ideia inicial de padronizar e foi enviada uma norma para a

mudança, a partir da plataforma. A gente padronizou o nosso curso, layout, tamanho

de fonte.

P: Como os professores ficaram sabendo da mudança?

W 1: Teve uma oficina e a produção de um material tanto para o aluno, como para o

professor, não material impresso.

P: Por que vocês sentiram a necessidade de padronizar a plataforma?

W 1: Porque como os professores não têm essa noção da internet, de colocar

informações, tava havendo muito caso de gif e animação. Colocavam imagens muito

grandes. O caso da visibilidade e navegabilidade, talvez o aluno ia ficar preso à

animação e não ia ler o necessário.

P: Você tem uma noção de como é a leitura e o uso do usuário, aluno da UAB?

W 1: Do aluno especificamente eu não tinha, mas eu tinha estudado sobre a

interface homem máquina que é como você facilita o trabalho da pessoa que está

acessando o conteúdo. O padrão que a gente seguiu foi com o tamanho de fonte,

tamanho de imagem, texto na web arial, impresso times, porque faz diferença.

Tamanho de imagem pequena, com a opção do aluno clicar e ampliar para a

imagem ficar maior. Nós usamos um recurso para que o aluno não ficasse apenas

preso a imagem pequena.

P: Vocês não proibiram o uso de imagens?

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W 1: Não, a imagem pode ser colocada, mas tem um tamanho padrão para colocar

a imagem, mas a inserção de gif a gente proibiu.

P: E com relação às cores, como ficaram as normas?

W 1: Cores, a gente tem um padrão de cores claras e cor para link sempre azul,

porque o link normalmente tem essa cor. E os professores estavam colocando o

texto todo azul, ou todo vermelho. Pelo fato do computador ser frio, o que a gente

pensou, o aluno na hora da leitura para ele não ficar perdido na página. Igual a cor

vermelha, usar para chamar a atenção. A gente não proíbe o professor de colocar

uma caixa azul com uma letra branca, a gente só instrui como adaptar as cores no

ambiente. Você não pode colocar um fundo preto com uma letra rosa, por exemplo.

Igual o verde florescente, muita gente usava no texto. Igual um texto todo vermelho,

acaba chamando a atenção para o texto todo.

P: Antes da padronização, você fazia o acompanhamento das disciplinas para saber

como elas estavam?

W 1: Uma das coordenadoras fazia essa observação e me mostrava e se estivesse

fora do padrão a gente enviava um email explicando.

P: O trabalho que você faz é coordenado por alguém?

W 1: O vídeo e o material impresso eu criava sozinho.

P: A sua formação superior em que área?

W 1: Eu sou formado em sistema para internet, na área de programação do sistema

web e um pouco em material impresso. Material impresso eu tinha ajuda dos

professores e da coordenação, como organizar melhor as informações. Mas o vídeo

não, eu criava vinheta, editava. Com a transferência das gravações para o caed, o

vídeo fica mais profissional, tem uma qualidade de áudio melhor. A câmera que nós

temos aqui é uma câmera doméstica, aí a qualidade não fica muito boa. Eu ainda

sou encarregado enviar algumas informações sobre o número de professor, quem

90

vai falar primeiro, quem não vai. Essas informações eu envio ao Cead, por eu estar

aqui. Por exemplo, que é da UAB 1, quem é UAB 2.

P: Você auxilia na construção de alguma página de disciplina?

W 1: Não. A gente só produz material e dá instrução, mostra um recurso que o

professor poderia adaptar. Como textos muito longos, poderia ser criado um link, tipo

um leia mais. Igual imagem tinha professor que queria colocar uma imagem enorme

porque ele precisava para a disciplina. Então a gente ia lá e falava com ele, pode

usar esse recurso. Quando o professor precisava do recurso a gente mandava o

email e mostrava o porquê.

P: Como é o funcionamento das oficinas oferecidas aos professores.

W 1: Ela funcionou a primeira vez em 2009 quando a gente começou a padronizar,

em 2010, tiveram duas oficinas e agora ainda não aconteceu nenhuma. Em 2009 os

professores e tutores participaram e em 2010 só os tutores, mas estava aberto para

os professores também.

P: O que vocês trabalhavam nas oficinas?

W 1: Eu apresentava um material falando sobre usabilidade, visibilidade, recursos

que a gente poderia melhorar a interação do aluno, era passado um power point

falando para os professores.

P: O Moodle oferece muitas possibilidades de recursos, você acredita que os

professores tem um pouco de resistência em pensar atividades dentro da

plataforma?

W 1: Eu acho que é mais falta de conhecimento, pode até ser falta de exemplos.

Como aplicar aquelas ferramentas. Também tem do caso da plataforma não

aguentar muitos recursos. A maioria dos pólos tem problemas de conexão de banda

larga. Quando há o uso de vídeos, animações o aluno pode encontrar dificuldades

em baixar para assistir. Vai ter a dificuldade do sistema operacional, no navegador

91

dele estar atualizado ou não, aí começam a surgir vários problemas. A estrutura

deve ser pensada.

P: Você acha que essas oficinas ajudam na introdução de usos de diferentes

ferramentas pelos professores?

W 1: Ajuda bastante, até para as pessoas virem com ideias novas, depois que

começam a ver que tem a possibilidade de você aplicar outros recursos, de leitura

de texto, por exemplo. Igual tinha professor que falava, ah o aluno. A gente falou o

tamanho de texto, que tinha que ser tamanho 12, letra arial. Ah, mas tem um aluno

que é idoso e não consegue visualizar o tamanho 12, então tem que colocar o

tamanho 18. A gente ensinou o recurso que tem a tecla ctrl + ou ctrl scrol para

aumentar a tela do navegador para o aluno e eles não sabiam. Aí o professor

começa a pensar naquilo, na oficina a maioria não sabia.

P: E durante a oficina o pessoal pergunta muito?

W 1: Sim. Na aula de estética eu trago exemplo, essa da scrol a alt para a leitura de

deficientes visuais. São necessários e tem muita gente que usa para identificar

imagem e link, as pessoas que tem dificuldade visual precisam de uma formação

correta do que é o recurso, para onde o link vai. No começo eu via que tinha, mas

agora até pelo fato dos tutores, quase 100%, serem os mesmo eles estão bem à

frente.

P: Como são as oficinas, qualquer um pode fazer, o curso é o mesmo?

W 1: A oficina aconteceu para apresentar a plataforma para os tutores novos que

estavam entrando e para os que queria fazer novamente.

P: Muito obrigado pela sua atenção, agradeço a colaboração.

92

7.3. APÊNDICE 4 (ENTREVISTA COM OS WEB DESIGNERERS DO CURSO DE

PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF)

Pesquisador: Num primeiro momento, eu queria que um de vocês ou vocês dois me

contasse um pouco da experiência me contassem a experiência de vocês, qual é a

formação e como é que vocês chegaram aqui no PPGP, no Caed como um todo e

mais voltado para o PPGP. Porque eu estou analisando o PPGP e não qualquer

curso.

93

Web 2: Mas teoricamente todos eles tem as mesmas tomadas, embora o PPGP

tenha uma lógica diferente, porque o professor está dentro. Nos outros cursos o

professor só entrega o conteúdo e a gente vai lapidar, escolher o que aquilo vai virar

se vai virar uma leitura multimídia, se aquilo vai virar um vídeo, e o professor não vê

aquilo depois, os professores fazem meio que só uma parte. No PPGP, o professor

tá dentro da disciplina com o aluno. Realmente a interação no PPGP é muito maior.

Diga aí qual a sua formação.

Web 3: A minha formação é em sistemas de informação, eu fiz especialização em

redes e bancos de dados e não trabalhei diretamente com essa área. Depois eu

passei um tempo fazendo free lance na área de desenvolvimento web e agora já no

início do ano tive a oportunidade de vir para cá. Nós nos formamos juntos, eu e o

Rodrigo, nós nos formamos juntos então assim é um trabalho bem interessante.

P: Mas você não tinha nenhuma experiência para EAD.

W 3: Não, pra EAD especificamente não.

W 2: Mas tinha o conhecimento de educação.

W 3: Mas tinha o conhecimento de educação. Tanto na faculdade tinha outras

faculdades que eu trabalhava lá, porque eu sou de Santos Dumont então era bem

focado nisso. Só veio a juntar as peças né, o que a gente tinha antes e aplicar isso

aqui na EAD.

W 2: A minha formação é a mesma do Allyson, sistema de formação, e eu tenho pós

graduação em cinema e mídias digitais na UFJF, isso veio a calhar porque foi o

mesmo momento que eu estava entrando aqui. E no primeiro momento que a gente

chegou no caed, esse setor estava começando e não tinha nada sobre a temática de

utilização. Então foi a gente, junto com o Clinger que começou a pensar o que seria

feito, outra coisa, a gente só tinha o exemplo da UAB. E aí a gente começou a

perceber que o que a UAB faz não serve para a gente. Necessariamente pelo foco,

na UAB o foco é o professor que tem seu espaço para dar a sua aula de forma

94

online. O nosso aqui é um produto, não sei se eu posso dar o nome produto, ele é

um pacote direto o primeiro curso que eu peguei foi o curso do Ceara, um curso para

os diretores do Ceará. Então esse curso era já, como que eu vou dizer, o professor

já sabia o que ele tinha que desenvolver e o professor tinha entregue o conteúdo. A

gente aqui pegou o conteúdo e começou a pensar como que aquilo poderia ser feito

para ficar de uma forma...

P: É o design instrucional.

W 2: Exatamente. O professor não necessariamente tinha uma voz ativa para poder

falar, ah isso aqui é vídeo, agora eu quero PDF, ele não entendia o processo. O

mestrado é diferente porque tem alguns que já tem um vasto conhecimento nessa

área. Então é isso.

P: Mas você também não tinha experiência com Educação a distância?

W 2: Não, só com programação, em design para web bastante porque eu trabalhava

fora.

P: E aí assim como que funciona então, você esta falando um pouco do Ceará, mas

aí vamos para o PPGP, como é que funciona essa produção de vocês. O professor

traz a ementa da disciplina, ou não, o professor traz o conteúdo e fala, olha o

conteúdo é esse e eu queria que vocês transformassem isso em um recurso

interessante, ou ele dá a dica também ou traz o recurso que ele gostaria que vocês

utilizassem?

W 2: O professor entrega inicialmente o que a gente chama de mapa de atividades.

É um mapa, que na verdade é a ementa dele, mas é para gente, não para ele e

tender, mas para a gente saber o que vamos fazer. Então o professor manda para a

gente um mapa de atividades têm quais são os recursos. Recursos que eu digo são

vídeo, áudio, slide ou qualquer outro tipo de multimídia e as atividades que o aluno

vai ter, fórum, arquivo, envio, questionário. Então nisso a gente tem o nosso

cronograma de trabalho, mas o professor não entrega para a gente o conteúdo do

ano inteiro no início, parte porque não dá tempo do professor desenvolver, alguns

95

professores isso acontece, o professor praticamente é chamado muito no começo do

curso e não dá tempo do professor ter muito tempo para preparar. Como por

exemplo, na segunda turma do mestrado, os professores pegaram antes e aí eles

deram uma organizada melhor, viram onde deu errado e arrumaram, um upgrade.

Mesmo numa versão do que eles já tinham feito.

P: O curso é muito novo né.

W 3: É essa coisa de estar engatinhando.

P: Vocês que disponibilizam o conteúdo?

W 2: O que acontece, o professor passa isso para a gente e na quinzena que vai

entrar aquele conteúdo, eles mandam para a gente o doc que vai virar um slide,

mandam o roteiro do vídeo, que as meninas vão marcar com o professor para filmar

ele. Junto com o vídeo, ele escolhe onde eles têm inserções, depois que o vídeo

está pronto a gente devolve para o professor e ele fala, ah nessa área eu quero uma

foto para não sei lá, nessa parte eu quero um braço porque aparece isso do meu

lado, para poder ajudar. O professor define o que ele quer, mas a gente produz,

definindo uma identidade visual padrão.

W 3: A ideia é da coisa toda é que o professor tem o conteúdo, mas as vezes ele

tem de uma forma que não vai ser tão interativo para o usuário que é o aluno em si.

Então a gente pega esse material e transforma, alia o conhecimento da EAD e da

web e faz uma coisa que não fique cansativo para o aluno. Era muito simples a

gente usaria o texto e o aluno só iria ler o material e ia ficar...

P: Por exemplo, tem alguma pessoa que traz, tem algum caso que vocês conversam

com esse professor e dizem, não seria melhor ...

W 2: Há professores e professores né. Tem alguns professores que estão abertos

ao diálogo, tem professores inclusive que deixa na nossa mão para a gente pensar o

que deve ser feito. Ele fala oh, pode fazer o que é melhor. Isso inclusive é uma coisa

que acontece mais com professores que tem mais conhecimento na área do que os

outros. Os outros são meio fechados, ficam com medo do que vai acontecer com os

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conteúdos deles e realmente não querem que você faça nada com o conteúdo dele.

E aí não tem como a gente brigar, não a gente tem que fazer diferente. Aí às vezes

você vê que aquele tem menos recursos multimídia do que outros. Não é questão de

a gente achar que não precisa, mas é que o professor não quer.

P: Vocês usam o ambiente virtual Moodle.

W 2: É exatamente. Inclusive é o que a UAB usa, a única diferença é o layout dele e

a interação.

P: Quais são os recursos que vocês pontuariam como os mais utilizados?

W 3: Ele está limitado a 4 recursos por enquanto, porque são os quatro que a gente

confia que funciona. Por que por exemplo, tinha professor querendo usar o diário ou

o livro, parece que eles usam muito na UAB, porém ele não é um recurso muito

seguro.

P: É o livro, eu fui monitora de duas disciplinas semipresenciais e o que aconteceu.

A ideia é você diluir o conteúdo e transformar ele, usar a interface do livro para

dinamizar o conteúdo, então eles tinham muito problema para carregar. Então se a

sua conexão era uma porcaria não abria. Então você fazia a atividade.

W 2: O livro muita gente pediu para usar, mas não tem como a gente usar porque a

gente não sabe como funciona e ele não é um recurso oficial do Moodle, ele vem,

mas tem que instalar, tipo uma coisa assim, ele é de fora. Mas aí a gente não usa

ele, o que é que a gente usa fórum normal, só que a gente usa de uma forma

diferente da UAB e a gente divide as turmas de forma diferente da UAB. A gente usa

o fórum, atividade, envio de arquivo normal, o aluno lê o texto no word e envia para

o professor dar o feedback depois e tal, o questionário mesmo que tem as perguntas

e as respostas na hora e a wiki que é o trabalho de escrita colaborativa. Então os

quatro recursos de interação que o aluno tem no Moodle.

P: E fora do Moodle o que vocês têm usado.

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W 2: Aí fora do Moodle são os recursos de interação do conteúdo para o aluno e

não frente o aluno para o conteúdo que é a leitura multimídia, que na verdade é um

slide. A gente que teoricamente começou a dar esse nome para ela. Foi no meio do

ano que a gente foi na Estácio de Sá fazer uma reciclagem, ver as coisas que eles

faz e tal. A gente viu que as coisas que a gente faz são a mesma coisa que eles e

tem umas coisas que eles fazem que está bem baixo. Então a gente viu para poder

comparar com o nosso. A leitura multimídia deles na verdade é um joguinho, foi o

que eu falei com o Alysson, não é que criança que está estudando. A gente

percebeu que a nossa apresentação não era aquilo, então a gente olhou poxa isso

não é slide, isso não é arquivo de apresentação. Aí a gente começou a colocar esse

nome, leitura multimídia, porque na verdade era um texto, virou uma leitura que tem

coisas no meio do caminho que são leitura multimídia. Inclusive foi uma reunião que

a gente teve para definir nomes certos para sempre, regras e daí surgiu esse nome.

Agora eu não sei se o nome é usado em outros lugares, Mariana deu ideia também,

então.

P: E aí dentro do PPGP, vocês trabalham com todas as disciplinas?

W 2: Todas, s disciplinas passam na nossa mão, não tem nenhum que não passe.

P: Como o conteúdo é disponibilizado?

W 3: O aluno não tem permissão para gravar nada.

W 2: o professor não tem permissão para cadastrar nada, ele passa as informações

para a gente e nós vamos desenvolver visualmente, deixando com o design

direitinho e vai colocar no ar para ele. O professor vê o que está no ar, fala se quer

que troca, fala que está ok e aí a disciplina é liberada. Mas o professor não escolhe

o que vai acontece tanto que o rótulo a gente é que cadastra, as fotos, o professor

não coloca ursinho, bonequinho dançando, nem cor rosa no texto, é fundo preto

com texto verde não tem.

P: Vocês mudaram o layout do Moodle?

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W 2: A gente mudou o layout do Moodle, porque o que aconteceu, a gente teve

umas conversas e começou a pensar em melhorias para o Moodle que não é

necessariamente para o curso, mas para fora. A primeira coisa foi colocar a foto do

aluno, porque o aluno não se sentia dentro do Moodle. Por uma questão de design

de interação a gente mudou uma questão de teoria de design de interação a gente

colocou. O aluno quando vê a foto dele ali é mais ou menos igual ao facebook, o

meu face, esse aqui é o meu curso. Inclusive porque o aluno vê de forma diferente.

O que acontece, a primeira mudança foi essa, deixar o layout menos largo, tinha

duas abas e então a gente deixou com uma só e fica parecendo um pouco site. No

site de um lado tá o título e de outro estão às coisas. A outra mudança que a gente

fez que também é gritante, são as abas.

P: e o sumário das disciplinas, vocês mantiveram.

W 2: Ao invés de ser aquela barra de rolagem e, nós eliminamos, o aluno vai entrar

na disciplina pelas abas.

P: Eu percebi que é no sumário que você consegue perceber todas as mídias que

eles usam.

W 3: Porque se você for analisar o que é que vai acontecer.

W 2: A gente não tem como cadastrar nessa área.

W 3: E o detalhe é o seguinte, a gente usa ali abas e no final das contas você tem

um que exibe todos, aí ele vai tópico por tópico e o sumário por tópicos vai aparecer

ali de cara. Aí você pode definir que os sumários apareçam diferente para cada uma

das disciplinas.

W 2: O que acontece, no Ceara, o Ceará eu ainda não tinha programado, ele era

igual a UAB, naquela ordem e o que acontecia, o aluno não sabia que tinha aberto

uma semana nova, porque a semana estava lá embaixo.

W 3: A barra de rolagem é que estraga que estraga.

99

W 3: O aluno não sabia que havia aberto se foi aberto na terça-feira, para depois

fechar no sábado, quando ele via já estava atrasado.

W 3: E dessa forma você tem como deixar o conteúdo todo ele aberto e o cara vai

saber que ali tem uma aula.

W 2: O que acontece esse aqui é porque tá aberto, esse aqui é a quinzena atual ela

é esse aqui está fechado.

P: E vocês padronizaram cores também?

W2: Cada disciplina tem uma cor. Essa aqui por exemplo, é desse ano, é a

disciplina da Beatriz, só muda as tonalidades de cor. O meu medo de usar cores

diferentes sendo o mesmo curso era fazer um samba também azul, verde, rosa e

cada um têm a sua cor sempre. Você tem uma vídeo aula, a abertura da vídeo aula

tem uma vinheta, a vinheta é da cor mesma cor da disciplina.

P: Como é que você falou que era o fórum, que você falou que era legal.

W 2: Porque lá na UAB eles uma sala para cada disciplina, por exemplo a gente tem

quatro turmas acontecendo ao mesmo tempo. Aí você tem que duplicar o conteúdo

quatro vezes, cinco vezes. Quando eu entrei tudo o que era feito era baseado na

UAB. Aí a UAB falou, não tem jeito tem que ser assim fazer uma turma, fazer uma

linha para cada turma. Não é, aí que eu fui ler sobre a documentação do Moodle e

eu fui entender como as coisas funcionam. O que acontece essa disciplina acontece

de uma vez só, agente não duplica nada, dentro dela tem quatro turmas. Inclusive

aqui existem dois grupos, o grupo de estudos e as turmas A, B, C e D, não tem E.

P: Então eu sou da turma A e só consigo ver a discussão da turma A.

W 2: Isso, eu só consigo ver a discussão da turma A.

100

W 3: Até para facilitar a questão da conversa. Imagina 200 alunos, todo mundo

conversando.

W 2: Eu fiz o layout para eles, da UAB. Eu sou o administrador e eu estou vendo

todos os tópicos, se eu entrar como aluno da turma A eu vejo o fórum da turma. Aí

ele entra aqui, aí que ele vê a conversa, a diferença é essa. Lá já entra direto na

conversa.

P: O professor só entra na conversa?

W 2: Isso. Porque aqui também cada professor, tem semana que o professor tem

que colocar um vídeo, então a gente faz um layout legal para essa mensagem.

P: Vocês fazem bastante vídeo aula, né?

W 2: Também. É bem equilibrado. Existe muita leitura multimídia com o slide, que

teoricamente o professor imagina como um power point, mas a gente cria ele em

flash fazendo um processo diferente. Por exemplo, esse é o tempo a gente mostra

os fatos e o que aconteceu, o aluno vai clicando.

P: Vocês têm noção se os alunos gostam?

W 2: O feedback é difícil. O que a gente sabe de feedback é isso aqui não funciona

porque todos os alunos ligam para o suporte e isso aqui não funciona porque

ninguém ligou reclamando.

P: Muito obrigada pela atenção de vocês.

101

8. ANEXOS:

8.1. ANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ASSINADO PELO PROFESSOR

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOEu, ____________________________________________________________, RG:

_________________, declaro que consinto em participar como voluntário do projeto

“Educação a Distância: possibilidades de integração entre a Comunicação e a Educação”, desenvolvido como parte da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso,

orientada pela pesquisadora Profª. Dra. Adriana Rocha Bruno, do curso de Pedagogia da

Universidade Federal de Juiz de Fora, pela aluna Ana Carolina Guedes Mattos, e que fui

satisfatoriamente esclarecido que:

A) o estudo será realizado a partir de entrevista e coleta de dados no Moodle;

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B) que não haverá risco para a minha saúde;

C) que posso consultar o pesquisador responsável em qualquer época, pessoalmente, por

email, ou por telefone, para o esclarecimento de qualquer dúvida;

D) que eu estou livre para, a qualquer momento, deixar de participar da pesquisa e que não

preciso apresentar justificativas para isso;

E) que todas as informações por mim fornecidas e os resultados obtidos serão preservados

e confiados ao pesquisador que se obriga a manter o anonimato em relação à fonte (sujeito

de pesquisa) e a se manter fiel e rigoroso em relação aos dados obtidos;

F) que serei informado de todos os resultados obtidos, independentemente do fato de mudar

meu consentimento em participar da pesquisa;

G) que não terei quaisquer benefícios ou direitos financeiros sobre os eventuais resultados

decorrentes da pesquisa;

DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter

entendido o que nos foi explicado, consinto em participar da pesquisa em questão e autorizo

a veiculação dos dados coletados (em relatórios, artigos, ensaios, palestras e outros) e sei

que será mantido o sigilo em relação à minha identidade.

________________________, _____ de ___________________________ de 2011.

______________________________ ______________________________ Voluntário aluno

OBS: Este termo apresenta duas vias, uma destinada ao usuário ou seu representante legal e a outra ao pesquisador.

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