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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Jonathan Gresele Meller
ETIQUETAGEM E CERTIFICAÇÃO LEED – LEADERSHIP IN ENERGY AND
ENVIRONMENTAL DESIGN – NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Santa Maria, RS
2017
Jonathan Gresele Meller
ETIQUETAGEM E CERTIFICAÇÃO LEED – LEADERSHIP IN ENERGY AND
ENVIRONMENTAL DESIGN – NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Orientadora: Janis Elisa Ruppenthal
Santa Maria, RS 2017
Jonathan Gresele Meller
ETIQUETAGEM E CERTIFICAÇÃO LEED – LEADERSHIP IN ENERGY AND
ENVIRONMENTAL DESIGN – NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Aprovado em 07 de julho de 2017:
_______________________________________ Janis Elisa Ruppenthal, Dra. (UFSM)
(Presidente/Orientadora)
_______________________________________
Ana Laura Felkl Cassiminho, Mse. (UFSM)
_______________________________________
Bernardete Trindade, Dra. (UFSM)
Santa Maria, RS
2017
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais Roseli e Jelson, por todo
o suporte, ajuda e incentivo que me deram durante todo o período da minha
graduação. Ao meu irmão Jardel, por todo o carinho e suporte na universidade.
Tenho absoluta certeza que sem a ajuda deles, não teria chegado até aqui.
Agradeço também a minha família, tios, tias e avós por todo o carinho,
dedicação e incentivo.
Aos amigos e colegas de graduação que estiveram juntos todo esse período,
por todos os momentos de estudos, ajudas, compartilhamento de momentos e
confraternização durante esse processo de aprendizado.
A minha orientadora, professora Janis Elisa Ruppenthal, pela orientação
nesse trabalho através da sua dedicação e conhecimento.
A PB. Internacional, principalmente ao Sr. Carlos e ao Sr. Fernando, pela
grande oportunidade de estágio que a mim foi concebida, onde tiver o prazer de
trabalhar com grandes profissionais e aprender muito sobre engenharia e
gerenciamento de obra.
RESUMO
ETIQUETAGEM E CERTIFICAÇÃO LEED – LEADERSHIP IN ENERGY AND
ENVIRONMENTAL DESIGN – NA CONSTRUÇÃO CIVIL
AUTOR: Jonathan Gresele Meller
ORIENTADORA: Janis Elisa Ruppenthal
O crescimento desordenado da espécie humana, gerada a partir da primeira
revolução industrial do século XVIII, vem gerando destruição e poluição do meio
ambiente em uma grande escala. O uso exacerbado dos recursos hídricos e dos
combustíveis fósseis, além da exploração mineral, vem exaurindo todo o
ecossistema do planeta, ocasionando um desequilibro ambiental e poluindo o habitat
natural. Uma alternativa proposta a essa destruição do ecossistema tem sido a
utilização de iniciativas sustentáveis nas mais diversas áreas do desenvolvimento
humano. Dessa forma, no ramo da construção civil, estão surgindo alternativas para
reverter esse quadro como a utilização de selos verdes de qualidade que
comprovam a sustentabilidade da edificação. O selo LEED (Leadership in Energy
and Environmental Design) é a certificação mais reconhecida e usada atualmente
para atestar o compromisso da edificação com o meio ambiente em que ela está
inserida. Para que uma edificação possa ser atestada com a certificação LEED, ela
deve seguir uma série de normas e pré-requisitos básicos, para comprovar sua
eficiência construtiva. Primeiramente, esse trabalho apresenta uma revisão
bibliográfica sobre a certificação LEED, seus requisitos e pontos de interesse. Após
serão apresentadas edificações certificadas por esse sistema, demonstrando que a
indústria da construção civil pode e deve reduzir seus impactos ambientais e
melhorar o conforto ambiental aos ocupantes das edificações sustentáveis.
Palavras-chave: Iniciativas sustentáveis, selo verde, certificação LEED e
eficiência construtiva.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Pontuação da certificação LEED............................................................... 17
Figura 2 – Fachada da Universidade SUNY- ESF, Syracuse.................................... 42
Figura 3 – Fachada da Universidade SUNY- ESF, Syracuse.................................... 43
Figura 4 – Museu do Amanhã, RJ ............................................................................. 44
Figura 5 – Edifício Comercial The Change Initiative, Dubai ...................................... 45
Figura 6 – Telhado do Edifício Comercial The Change Initiative, Dubai ................... 46
Figura 7 – Centro Administrativo Sicredi, Porto Alegre ............................................. 47
Figura 8 - Painéis Solares sobre o Bicicletário no Sicredi, Porto Alegre ................... 48
Figura 9 - Jardins do Centro Administrativo Sicredi, Porto Alegre ............................. 48
Figura 10 – Localização da edificação utilizada no estudo de caso .......................... 50
Figura 11 – Fachada da edificação estudada............................................................ 51
Figura 12 – Bicicletários individuais destinados aos moradores ............................... 54
Figura 13 – Estrutura destinada à drenagem pluvial, evitando erosão do solo ......... 56
Figura 14 – Área de corredor verde destinado a livre circulação de animais ............ 58
Figura 15 – Intertravado de concreto sem a adição de finos utilizados nos passeios
.................................................................................................................................. 59
Figura 16 – Áreas verdes no terreno da edificação ................................................... 60
Figura 17 – Argila expandida que será utilizada no telhado da edificação ................ 61
Figura 18 - Remoção de resíduos de construção por empresa especializada .......... 70
Figura 19 - Área de armazenagem temporária de resíduos de madeira ................... 72
Figura 20 - Área de armazenagem temporária de resíduos de aço .......................... 73
Figura 21 - Grandes espaços abertos destinados as esquadrias para a entrada de
luz solar ..................................................................................................................... 77
Figura 22 - Vista da estrutura, mostrando mar, flora e a cidade ................................ 78
Figura 23 - Vista da edificação mostrando os morros do local .................................. 79
Figura 24 - Manta fonoabsorvente instalada sobre a laje e protegida por malha de
aço e concreto ........................................................................................................... 80
Figura 25 - Manta acústica envelopando encanação hidráulica ................................ 80
Figura 26 - Esquadrias de vedação em PVC com material fonoabsorvente e térmico
em seu interior ........................................................................................................... 81
Figura 27 - Instalação do piso aquecido .................................................................... 83
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Pontuação LEED adquirida pela edificação estudada ............................. 88
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................... 6
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... 7
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
1.1 Objetivos ............................................................................................................. 12
1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................. 12
1.1.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 13
1.2. Justificativa ......................................................................................................... 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 15
2.1 IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MEIO AMBIENTE ............................ 15
2.2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED .................................... 16
2.2.1 Novas construções (BD+C) ........................................................................... 17
2.2.2 Design de interior e construção (ID+C) ........................................................ 18
2.2.3 Edifícios existentes (O+M) ............................................................................. 19
2.2.4 Bairros (ND) .................................................................................................... 19
2.3 VANTAGENS DAS EDIFICAÇÕES CERTIFICADAS ......................................... 20
2.4 ELEVAÇÃO DOS PADRÕES ATRAVÉS DA NOVA VERSÃO DO LEED V4 ..... 21
2.5 ÁREAS ANALISADAS PELA CERTIFICAÇÃO LEED ......................................... 22
2.5.1 Fase de pré-projeto ........................................................................................ 22
2.5.1.1 Processo integrativo ...................................................................................... 22
2.5.1.2 Design e planejamento de projeto integrativo ............................................... 22
2.5.2 Localização e transporte ............................................................................... 23
2.5.2.1 LEED para a localização de desenvolvimento de bairros.............................. 23
2.5.2.2 Lote de alta prioridade ................................................................................... 23
2.5.2.3 Densidade circundantes e usos diversos ...................................................... 23
2.5.2.4 Acesso ao trânsito de qualidade ................................................................... 24
2.5.2.5 Instalações de bicicleta ................................................................................. 24
2.5.2.6 Área de estacionamento reduzida ................................................................. 24
2.5.2.7 Veículos verdes ............................................................................................. 25
2.5.3 Espaço sustentável ........................................................................................ 25
2.5.3.1 Redução da poluição nas atividades de construção ..................................... 25
2.5.3.2 Avaliação ambiental do lote ........................................................................... 26
2.5.3.4 Avaliação do lote ........................................................................................... 26
2.5.3.5 Desenvolvimento do lote – Proteger ou restaurar o habitat ........................... 26
2.5.3.6 Espaços abertos ............................................................................................ 26
2.5.3.7 Gerenciamento de água da chuva ................................................................ 27
2.5.3.8 Plano principal do lote ................................................................................... 27
2.5.3.9 Diretrizes do projeto e construção para inquilinos ......................................... 27
2.5.3.10 Acesso externo direto .................................................................................. 28
2.5.3.11 Locais de descanso ..................................................................................... 28
2.5.3.12 Utilização conjunta de instalações .............................................................. 28
2.5.4 Eficiência do uso da água ............................................................................. 29
2.5.4.1 Redução do uso de água externo ................................................................. 29
2.5.4.2 Redução do uso de água interno .................................................................. 29
2.5.4.3 Medição do uso de água ............................................................................... 30
2.5.5 Energia e atmosfera ....................................................................................... 30
2.5.5.1 Comissionamento e verificação fundamental ................................................ 30
2.5.5.2 Performance mínima de energia ................................................................... 31
2.5.5.3 Gerenciamento fundamental de refrigeração ................................................ 31
2.5.5.4 Comissionamento avançado ......................................................................... 31
2.5.5.5 Medição avançada de energia da edificação ................................................ 31
2.5.5.6 Resposta à demanda .................................................................................... 32
2.5.5.7 Produção de energia renovável ..................................................................... 32
2.5.5.8 Gerenciamento avançado de refrigeração .................................................... 32
2.5.5.9 Energia verde e créditos de carbono ............................................................. 33
2.5.6 Materiais e recursos ....................................................................................... 33
2.5.6.1 Armazenagem e coleta de recicláveis ........................................................... 34
2.5.6.2 Gestão de resíduos de construção e demolição ........................................... 34
2.5.6.3 Redução de fontes de PBT – Mercúrio.......................................................... 34
2.5.6.4 Redução de impacto do ciclo-de-vida da construção .................................... 34
2.5.6.5 Otimização e divulgação de produtos da construção – Declaração de
produtos ambientais .................................................................................................. 35
2.5.6.6 Otimização e divulgação de produtos da construção – Origem de matérias-
primas ....................................................................................................................... 35
2.5.6.7 Redução de fontes de PBT – Chumbo, cádmio e cobre................................ 36
2.5.6.8 Móveis e decorações médicas ...................................................................... 37
2.5.7 Qualidade ambiental interna ......................................................................... 37
2.5.7.1 Performance de qualidade mínima do ar interno ........................................... 37
2.5.7.2 Controle de fumaça de tabaco no ambiente .................................................. 37
2.5.7.3 Performance acústica mínima ....................................................................... 38
2.5.7.4 Materiais de pouca emissão .......................................................................... 38
2.5.7.5 Plano de gerenciamento da qualidade interna do ar da construção .............. 38
2.5.7.6 Avaliação da qualidade interna do ar ............................................................ 39
2.5.7.7 Conforto térmico ............................................................................................ 39
2.5.7.8 Iluminação interna ......................................................................................... 40
2.5.7.9 Luz do dia ...................................................................................................... 40
2.5.8 Inovação e processo ...................................................................................... 41
2.5.9 Créditos de prioridade regional .................................................................... 41
3. ANÁLISE DE ALGUNS PROJETOS QUE POSSUEM CERTIFICAÇÃO LEED NO
BRASIL E NO MUNDO ............................................................................................. 42
3.1 SUNY-ESF GATEWAY CENTER ........................................................................ 42
3.2 MUSEU DO AMANHÃ- RIO DE JANEIRO (RJ) .................................................. 43
3.3 THE CHANGE INITIATIVE (DUBAI) ................................................................... 45
3.4 CENTRO ADMINISTRATIVO SICREDI – PORTO ALEGRE .............................. 46
4. METODOLOGIA .................................................................................................... 49
5 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................... 50
5.1 LOCALIZAÇÃO ................................................................................................... 50
5.2 DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO .......................................................................... 50
5.3 PROCESSO INTEGRADO .................................................................................. 51
5.4 LOCALIZAÇÃO E TRANSPORTE ...................................................................... 52
5.4.1 Proteção de áreas sensíveis ......................................................................... 52
5.4.2 Terreno de alta prioridade ............................................................................. 52
5.4.3 Densidade local e diversidade de usos ........................................................ 52
5.4.4 Acesso a trânsito de qualidade ..................................................................... 53
5.4.5 Instalações para bicicletas ............................................................................ 53
5.4.6 Redução da área de estacionamento ........................................................... 55
5.4.7 Veículos verdes .............................................................................................. 55
5.5 LOTES SUSTENTÁVEIS .................................................................................... 55
5.5.1 Prevenção de poluição na atividade de construção ................................... 55
5.5.2 Avaliação do terreno ...................................................................................... 57
5.5.3 Proteção e restauração do habitat ................................................................ 57
5.5.4 Espaços abertos ............................................................................................. 58
5.5.5 Gerenciamento de água da chuva ................................................................ 59
5.5.6 Redução das ilhas de calor ........................................................................... 60
5.5.7 Redução da poluição luminosa ..................................................................... 61
5.6 EFICIÊNCIA DA ÁGUA ....................................................................................... 62
5.6.1 Pré-requisito de redução do uso de água externo ...................................... 62
5.6.2 Pré-requisito de redução do uso de água interno ....................................... 62
5.6.3 Medição do uso de água ................................................................................ 63
5.6.4 Crédito de redução do uso de água externo ................................................ 63
5.6.5 Crédito de redução do uso de água interno ................................................ 63
5.6.6 Uso de água na torre de refrigeração ........................................................... 64
5.6.7 Medição de água ............................................................................................ 64
5.7 ENERGIA E ATMOSFERA .................................................................................. 65
5.7.1 Comissionamento e verificação fundamental ............................................. 65
5.7.2 Performance mínima de energia ................................................................... 65
5.7.3 Medição de energia na fase de construção ................................................. 65
5.7.4 Gerenciamento fundamental de refrigeração .............................................. 65
5.7.5 Comissionamento avançado ......................................................................... 66
5.7.6 Otimização do desempenho energético ....................................................... 66
5.7.7 Medição avançada de energia da edificação ............................................... 67
5.7.8 Resposta à demanda ...................................................................................... 67
5.7.9 Produção de energia renovável .................................................................... 68
5.7.10 Gerenciamento avançado de refrigeração ................................................. 68
5.7.11 Energia verde e créditos de carbono .......................................................... 68
5.8 RECURSOS E MATERIAIS ................................................................................ 69
5.8.1 Armazenagem e coleta de recicláveis .......................................................... 69
5.8.2 Pré-requisito de gestão de resíduos de construção e demolição ............. 69
5.8.3 Redução de impacto do ciclo-de-vida da construção ................................. 70
5.8.4 Declaração de produtos ambientais ............................................................. 71
5.8.5 Origem de matérias primas ........................................................................... 71
5.8.6 Composição dos materiais ............................................................................ 72
5.8.7 Crédito de gerenciamento de resíduos da construção e demolição ......... 72
5.9 CATEGORIA DE QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA ...................................... 73
5.9.1 Performance de qualidade mínima do ar interno ........................................ 73
5.9.2 Controle de fumaça de tabaco no ambiente ................................................ 74
5.9.3 Estratégias de qualidade do ar ..................................................................... 74
5.9.4 Materiais de pouca emissão .......................................................................... 75
5.9.5 Plano de gerenciamento da qualidade interna do ar da construção ......... 75
5.9.6 Avaliação da qualidade interna do ar ........................................................... 76
5.9.7 Conforto térmico ............................................................................................ 76
5.9.8 Iluminação interna .......................................................................................... 76
5.9.9 Luz do dia ........................................................................................................ 77
5.9.10 Vistas de qualidade ...................................................................................... 78
5.9.11 Performance acústica .................................................................................. 79
5.10 INOVAÇÃO ....................................................................................................... 80
5.10.1 Performance acústica a ruído exterior ....................................................... 81
5.10.2 Madeira legalizada ........................................................................................ 82
5.10.3 Produção local de comida ........................................................................... 82
5.10.4 Controles interativos para conforto térmico .............................................. 83
5.10.5 Profissional credenciado LEED .................................................................. 84
5.11 PRIORIDADE REGIONAL ................................................................................. 84
5.11.1 Redução no uso de água ............................................................................. 84
5.11.2 Inovação no design ...................................................................................... 84
5.11.3 Proteção e restauração do habitat natural ................................................. 85
5.11.4 Eficiência hídrica no paisagismo ................................................................ 85
5.12. RESULTADOS ................................................................................................. 86
7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 91
12
1. INTRODUÇÃO
A partir do século XVIII e XIX, devido à primeira revolução industrial, houve
uma intensificação do crescimento populacional devido a avanços tecnológicos
importantes na medicina e na oferta de alimentos com a modernização da
agricultura. Esse aumento desordenado da população gerou um grande aumento no
consumo de matérias primas não renováveis, gerando um stress elevado no meio
ambiente e degradando-o a níveis alarmantes. Com a finalidade de mitigar e
minimizar os danos ambientais, surgiram alternativas ambientalmente amigáveis
para a construção civil. Uma dessas iniciativas é a certificação de edificações LEED
(Leadership in Energy and Environmental Design).
A certificação LEED surgiu em 1998 nos EUA com a organização U.S Green
Building Council (USGBC) com o objetivo de fomentar a indústria da construção civil,
tornando-a mais verde e ambientalmente sustentável. Desde então, o selo LEED
vem tornando-se a certificação internacionalmente mais reconhecida e utilizada em
diversos tipos de edificações no Brasil e no mundo. Assim, trata-se de um selo verde
voltado a edificações que seguem os padrões internacionais de sustentabilidade. O
LEED é o principal selo da construção sustentável ao redor do mundo (MACEDO,
2014).
Serão abordados, inicialmente, conceitos e normas sobre edificações
sustentáveis e certificação LEED. Juntamente, com exemplos do Brasil e do mundo
de estratégias utilizadas em edificações para torná-las ambientalmente amigáveis.
Também será realizada uma identificação da pontuação da edificação na escala de
certificação LEED.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
O objetivo geral desse trabalho consiste em analisar e demonstrar, por meio
de um estudo de caso, a certificação verde de edificações LEED na construção civil,
visando-se reduzir o impacto ambiental gerado pela edificação e melhorar o conforto
e o bem-estar do usuário das novas estruturas.
13
1.1.2 Objetivos específicos
- Realizar um levantamento de informações disponíveis sobre a certificação
LEED no Brasil;
- Identificar os critérios e mecanismos que ela utiliza para certificar uma
edificação;
- Analisar estratégias de sustentabilidade utilizadas em projetos certificados
pelo LEED no Brasil e no mundo;
- Realizar estudo de caso de uma edificação aplicando a certificação LEED.
1.2. JUSTIFICATIVA
Esse trabalho procurou compreender normas técnicas que regem a
certificação verde LEED na construção civil. Dessa forma, pode-se melhorar a
relação entre o meio ambiente e o homem com a utilização de prédios
ambientalmente amigáveis. Além disso, a perspectiva é utilizar esse conhecimento
adquirido no assunto como posterior projetista, podendo identificar e atuar de forma
a projetar e executar construções verdes contribuindo, assim, para o
desenvolvimento sustentável no país e, ainda, melhorar o conforto do usuário com a
edificação.
Logo, a certificação LEED vem ganhando espaço na indústria da construção
civil e é atualmente o selo verde mais conhecido e utilizado mundialmente em
relação à eficiência e sustentabilidade nas edificações. A importância de estudar e
debater esse tema contribui para que o Brasil consiga implementar a certificação em
um número maior de construções, de maneira que, no futuro, mais brasileiros
possam morar e trabalhar em locais que proporcionem um bem-estar, além de
reduzir o desperdício de energia e água. Sustentabilidade não é caridade, é a
maneira com que o homem faz negócios, gerando lucro, mas com baixo impacto
ambiental (WANICK, 2014).
Sendo assim, o LEED busca resolver problemas de desperdício na edificação,
nos mais diversos setores, desde a extração da matéria prima na jazida, até a sua
destinação final após o ciclo de vida da construção. Segundo Scillag (2007), diretora
do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável ‒ CBCS, de tudo o que se extrai
14
da natureza, apenas entre 20% e 50% das matérias-primas naturais são realmente
consumidas pela construção civil.
15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MEIO AMBIENTE
Todas as atividades humanas geram impactos no meio ambiente. Assim,
essas práticas podem ocasionar poluição, degradação da fauna e flora, esgotamento
das áreas exploradas e alterações climáticas no planeta. Uma das ações humanas
que mais impactam no meio ambiente é a indústria da construção e, por esse
motivo, é uma das forças motrizes para o atendimento de metas de desenvolvimento
sustentável (SILVA, 2003).
Toda arquitetura desde seu projeto, execução, construção e manutenção,
implica em um significativo consumo de fontes energéticas naturais, como por
exemplo, os edifícios são responsáveis por 40% do consumo de energia mundial,
16% da água potável e 25 % da madeira das florestas (SOLANO, 2008).
Recursos hídricos são também largamente utilizados e desperdiçados na
construção de edificações. De acordo com o comitê temático da água do Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável (2010), o setor da construção civil é
responsável por consumir até 84% de toda a água potável em áreas como a cidade
de Vitória (ES). Além disso, apesar de todos os efeitos negativos gerados na
extração do material das jazidas, muito desse material posteriormente vira resíduo
da construção civil.
Sendo assim, a indústria da construção civil brasileira sofre com a
incompatibilização de projetos na fase de execução, além dos retrabalhados
causados por esse fator, acarretando prejuízo de mão de obra e de material. Em
nível nacional, em média, 50% da massa de resíduos sólidos urbanos do Brasil, é
constituído por resíduos da construção civil e demolição.
Posto isso, o Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), divulgado em abril de 2007, aponta que os impactos das ações
humanas são responsáveis pela alteração climática e que se essa tendência não
mudar o cenário será catastrófico. O relatório propõe também uma saída estratégica
para contornar essa tendência vulnerável do mundo às alterações climáticas: o
desenvolvimento sustentável.
16
2.2 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED
A trajetória da ONG Americana sem fins lucrativos U.S Green Building Council
(USGBC) teve início em 1993 pelos fundadores Rick Fedrizzi, David Gottfried e Mike
Italiano. O objetivo principal dessa organização era promover práticas verdes e
sustentáveis na indústria da construção civil, por isso, introduziu-se em 1998, nos
EUA, o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
No Brasil, a certificação LEED chegou no final de 2006, quando houve a
criação da ONG GBC Brasil (Green Building Council Brasil), espécie de filial
brasileira. Essa entidade tem a função de divulgar o certificado no país, promover o
treinamento de profissionais e adaptar as leis e regras capazes de incentivar a
construção sustentável no território nacional. Assim, com esse objetivo, são
realizadas parcerias com o governo e empresas.
Atualmente a certificação LEED é o selo verde mais conhecido e utilizado no
país e possui mais de 158 projetos certificados em território nacional e mais de
21.763 em nível mundial. Há mais de 41.253 profissionais credenciados ao redor do
mundo e 396 atuando no Brasil, e são estes os responsáveis por avaliar e
determinar a eficiência das edificações (USGBC, 2014).
A proposta principal do selo verde LEED é determinar quão verde e
sustentável uma edificação consegue ser. A certificação é mensurada em todas as
fases da construção, desde os projetos iniciais, até a conclusão e posterior
manutenção e reforma da edificação. Para isso, faz-se necessário classificar as
construções em níveis, que variam de acordo com conceito verde de cada
edificação.
A certificação possui oito dimensões a serem analisadas nas edificações.
Nelas, existem pré-requisitos obrigatórios, créditos e recomendações, que quando
atendidas, geram pontos à edificação. O nível da certificação da edificação é
definido conforme o somatório dos pontos, podendo variar de 40 pontos (nível
mínimo para certificação), até 110 pontos (nível Platinum), conforme figura 1.
O selo verde LEED também pode ser usado para um conjunto de edificações
de mesmo projeto e não apenas para uma edificação individual. Em condomínios
fechados, universidades e bairros, pode-se utilizar a metodologia LEED com a
finalidade de melhorar a interação entre o ser humano e a natureza. A interação
entre os diferentes espaços do projeto com o meio ambiente torna-se fundamental
17
para que esse empreendimento possa atingir uma alta pontuação na escala LEED,
visando o nível máximo Platinum.
Figura 1 - Pontuação da certificação LEED
Fonte: Google Imagens, 2017.
Para um melhor mapeamento das características de cada projeto e suas
singularidades, separa-se os diversos tipos de edificações em classes por
semelhança. Essa separação visa individualizar cada tipo de preocupação ecológica
necessária na certificação de cada estrutura analisada.
Assim, a certificação de construções LEED possui quatro tipologias, que
consideram as diferentes necessidades para cada tipo de empreendimento que
podem ser novas construções (BD+C), design de interior e construção (ID+C),
edifícios existentes (O+M), e bairros (ND) (GBC BRASIL, 2016).
2.2.1 Novas construções (BD+C)
Essa certificação é aplicada a edifícios que estão em processo de construção
e ou em processo de projeto. Ela é utilizada também em grandes reformas. Dessa
forma, essa tipologia pode ser usada em diversos tipos de projetos e suas
aplicações estão relacionadas à envoltória e ao núcleo central das edificações,
escolas e suas dependências, lojas e varejo e também à construção de data centers.
Na tipologia de novas construções, a classe de envoltória e núcleo central é
utilizada em projetos em que o contratante pode modificar totalmente os sistemas
mecânicos, elétricos, hidráulicos e proteção contra incêndio, sem modificar o projeto
18
e a construção dos espaços destinados aos locatários. Pode-se utilizar também
esses parâmetros da certificação LEED para escolas e edificações destinadas ao
ensino primário até o ensino superior e em estruturas não acadêmicas, dentro de um
campus de ensino.
Lojas e prédios destinados ao varejo devem-se encaixar nos requerimentos
da certificação na tipologia de novas construções. Nessa categoria agrupam-se
restaurantes, bancos, vestuário, lojas de departamento, eletrônicos, entre outras
lojas desse setor.
Estruturas com alta densidade de equipamentos de computação, usados para
armazenamento e processo de dados, tais como data centers, preenchem os
requisitos para serem enquadrados dentro da categoria de (BD+C) do selo verde.
Assim como galpões e centros de distribuição destinados a armazenar mercadorias,
produtos manufaturados ou pertences pessoais.
Novas construções de empreendimentos dedicados à hospedagem como
hotéis, motéis, pousadas e afins, que hospedam pessoas por curto período de
tempo, também possuem critérios de sustentabilidade para serem avaliados pela
certificação LEED. Da mesma forma que unidades de saúde, por exemplo, hospitais
que operem 24 horas por dia e 7 dias por semana realizando tratamento hospitalar
agudo e a longo prazo, devem ser certificados nessa tipologia específica.
2.2.2 Design de interior e construção (ID+C)
Essa tipologia dedica-se aos projetos de interiores, visando uma melhor
integração entre o espaço físico e o ser humano que utiliza esse ambiente,
proporcionando um conforto e bem-estar ampliado. Esses parâmetros são aplicados
em ambientes internos comerciais, em lojas de varejo e na hospedagem.
No quesito de design de interior e construção, dedica-se a certificação de
interiores comerciais voltados para edificações que não sejam voltadas ao varejo ou
hospedagem. Essa categoria contém os requisitos avaliados na certificação LEED
sobre os espaços interiores de lojas de varejo, utilizados para vender produtos,
áreas de preparação, armazenamento e atendimento ao cliente.
Estruturas dedicadas às hospedagens de pessoas tais como hotéis, motéis e
pousadas devem possuir corretas instalações internas e essa categoria do selo
verde abrange esse nicho.
19
2.2.3 Edifícios existentes (O+M)
Essa tipologia caracteriza-se pela utilização do selo para prédios já
construídos que estão passando por melhorias ou manutenção normal decorrente do
tempo e do uso do mesmo. É interessante melhorar os sistemas dessa estrutura,
pois muitos edifícios antigos no mundo são grandes consumidores de água e de
energia. Fazem parte dessa categoria os edifícios existentes, lojas de varejo,
escolas, hospedagem, data centers, galpões e centros de distribuição.
Essa categoria adequa-se em edificações existentes em reforma e projetos
em que a função principal não está relacionada à educação, varejo, data centers,
galpões de distribuição ou hospedagem. Assim, o selo é usado nas reformas e
expansões de lojas de varejo e comércio em que se busca renovar as dependências
dos comércios, buscando se a elevação da qualidade construtiva. Ainda, a categoria
(O+M) pode ser utilizada também em escolas e universidades que já possuem seus
espaços construídos, mas que querem moderniza-los.
Hotéis e edificações destinados à hospedagem de pessoas podem também
serem analisados sobre a ótica da certificação LEED buscando-se sempre a
preservação ambiental. Ademais, data centers, galpões e centros de distribuição
podem ser reformados e ampliados, melhorando-se inclusive a eficiência dos seus
sistemas na busca da preservação ambiental constante.
2.2.4 Bairros (ND)
É aplicado ao desenvolvimento de novas áreas e/ou de remodelamento de
bairros que podem ser de uso residencial, não residencial, ou um misto de ambos.
Sendo possível criar assim, bairros melhores, mais sustentáveis e melhor
conectados com a comunidade regional. Há dois tipos de categorias nessa tipologia:
a de plano e a certificação do projeto.
Na categoria de plano, a certificação está apta a ser utilizada em qualquer
fase de projetos com escala de bairro, ou quando ele está até 75% construído.
Enquanto que na certificação do projeto, o mesmo deve estar próximo do plano de
conclusão, ou tem menos de três anos de construção.
20
2.3 VANTAGENS DAS EDIFICAÇÕES CERTIFICADAS
Uma construção certificada com LEED apresenta vantagens em relação às
construções de características similares, porém sem certificação. Os benefícios são
observados durante a fase de projeto, na execução da estrutura, no período de
ocupação e na posterior demolição ao final da sua vida útil. As maiores prerrogativas
de uma edificação verde encontram-se na área social, econômica e ambiental.
Assim, tais sistemas de certificação são aplicados em diversos países e têm
por objetivo avaliar o projeto, a obra e a manutenção dos edifícios. Porém, todos
estes sistemas concentram-se exclusivamente na dimensão ambiental da
sustentabilidade, onde um edifício, a fim de atingir o qualificativo de sustentável,
deverá considerar também à sua interação, como proposta arquitetônica e
urbanística, com o meio ambiente.;
Os aspectos sociais e econômicos envolvidos na produção do espaço
arquitetônico devem, da mesma forma, fazer parte do universo da avaliação da
sustentabilidade, dessa forma, o conceito de sustentabilidade contempla essa
complexidade de determinantes (ABASCAL e SANTOS, 2012).
Na esfera social, nota-se aspectos importantes, como a melhoria na saúde e
na segurança do operário durante a fase construtiva do projeto, assim como do
usuário final ao qual se destina a obra. O selo LEED enfatiza a não utilização de
produtos tóxicos e perigosos no projeto, evitando-se assim problemas de saúde
ocupacionais dos operários durante a fase de implantação da estrutura. Com a
maior demanda por soluções sustentáveis, as indústrias fornecedoras de insumos
para a construção são incentivadas a aumentar a responsabilidade socioambiental.
Em âmbito econômico, pode-se citar como alguns dos benefícios a diminuição
dos custos operacionais ao longo da vida útil da edificação devido aos materiais e
técnicas construtivas devidamente selecionadas. Isso gera um aumento na
velocidade de ocupação do empreendimento, diminuindo assim substancialmente a
taxa de retorno do investimento. Da mesma forma, é possível afirmar que a
utilização de métodos modernos de construção gera uma menor obsolescência da
edificação ao longo de sua vida útil. Ainda, esses edifícios podem oferecer uma
economia de até 30% no valor do condomínio, devido a reduções no consumo de
energia, água e no custo com manutenção e reformas do edifício (OPERSAN, 2013).
21
Da mesma forma, evidenciam-se benefícios para o meio ambiente. Tais
vantagens ambientais são: o uso racional e a redução da extração dos recursos
naturais, a redução do consumo de água e energia, a implantação consciente e
ordenada, a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, o uso de materiais e
tecnologias de baixo impacto ambiental e a redução, tratamento e reuso dos
resíduos da construção e operação (GBC Brasil, 2014).
2.4 ELEVAÇÃO DOS PADRÕES ATRAVÉS DA NOVA VERSÃO DO LEED V4
Em uma periodicidade que varia de 2 a 4 anos, para elevar os padrões
técnicos do sistema LEED, é lançada uma nova versão da certificação. Assim,
seguindo essa proposta, em 2014, foi lançada uma nova versão. Desde outubro de
2016, a versão do V2009 do LEED foi extinta, sendo utilizada a versão V4. Essa
mais recente versão do selo verde caracteriza-se por modificações estruturais e de
processo, visando principalmente alterações técnicas buscando aumentar as
exigências do mercado.
Três pontos foram principais para guiar a concepção da nova versão. Assim,
primeiramente, buscou-se elevar as restrições do ponto de vista técnico,
aumentando-se as exigências. Buscou-se também, destacar a importância da
certificação em nível mundial, presente em 153 países. Da mesma maneira, se
aumentou a diversidade de edificações que buscam a certificação, criando mais
categorias possíveis para melhor atender a ela.
Dessa forma, categorias novas foram criadas, sendo possível classificar
melhor os estádios, centro de convenções, prédios comerciais, hospitais, data
centers, hotéis, escolas, centro de distribuição, edificações existentes, entre outros.
As tipologias de sustentabilidade do selo LEED analisam nove áreas. São
estas: processo integrado, localização e transporte, espaço sustentável, eficiência
do uso da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade ambiental
interna, inovação e processos e créditos de prioridade regional. Dentro das
categorias, existem pré-requisitos (itens obrigatórios) e créditos, que são
recomendações e que, quando atendidas, garantem pontos à edificação para
determinar seu nível de sustentabilidade.
22
2.5 ÁREAS ANALISADAS PELA CERTIFICAÇÃO LEED
2.5.1 Fase de pré-projeto
A versão quatro do LEED enfoca no projeto integrado, pois acredita que as
melhores oportunidades para o projeto, estão nessa fase de pré-projeto, em que o
conceito da estrutura começa a tomar forma. Por esse motivo, criaram-se dois
créditos para incentivar equipes de projetistas a serem formadas logo no início para
buscar mais alternativas sustentáveis.
Também incentiva a prática de que o projeto seja planejado com uma equipe
heterogênea e multidisciplinar de profissionais, desde as fases iniciais de
concepção. Isso tende a elevar a qualidade geral do projeto e a aumentar a
eficiência da edificação (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.1.1 Processo integrativo
É um crédito que a grande maioria das tipologias construtivas pode adotar.
Deve-se buscar a alta performance do projeto com um bom custo-benefício através
de uma análise criteriosa antecipada e interrelações entre sistemas. Esses incluem
os sistemas relacionados à energia como condições do lote, orientação, envoltória,
iluminação, conforto térmico e água como demandas interna e externa (USGBC,
2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.1.2 Design e planejamento de projeto integrativo
Esse crédito é aplicado apenas em edificações hospitalares. Ele é um pré-
requisito, ou seja, é um item obrigatório que o empreendimento deve possuir para
obter a certificação. O principal objetivo é encontrar as melhores oportunidades de
projeto com ênfase na saúde por meio de uma equipe multidisciplinar.
Para atender esse critério, é necessário criar uma equipe projetista com no
mínimo quatro pessoas de diferentes áreas do conhecimento para discutir as
melhores estratégias para garantir a saúde de todos os ocupantes da construção, da
comunidade local e o meio ambiente (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
23
2.5.2 Localização e transporte
Beneficia a escolha de terrenos em locais já bem urbanizados e adensados,
com a finalidade de que ofereçam uma variedade de comércio e meios de
transportes alternativos aos carros, como ônibus e ciclovias. Manter edifícios pertos
de uma boa infraestrutura reduz drasticamente os custos materiais e ecológicos que
acompanham a sua criação. Isso gera uma diminuição no número de carros
circulando nas ruas, reduzindo o trânsito, bem como diminuição no lançamento de
gases poluentes na atmosfera (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.2.1 LEED para a localização de desenvolvimento de bairros
O foco desse item é evitar o desenvolvimento em áreas ambientalmente
sensíveis, reduzindo assim o impacto ambiental causado pela construção de um lote
na área. Por esse motivo, o projetista deve focar o desenvolvimento do
empreendimento em áreas anteriormente desenvolvidas ou em áreas que não
atendam aos critérios de terra sensível. Locais que devem ser evitados são, por
exemplo, várzeas, habitats de espécies em extinção, corpos d’agua ou pântanos
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.2.2 Lote de alta prioridade
Tem como principal objetivo encorajar a localização de projetos em áreas com
restrição de desenvolvimento e promover a revitalização do espaço circundante.
Como, por exemplo, a implantação de novas edificações em bairros históricos, lotes
prioritários ou em terrenos contaminados, como em áreas de antigas fábricas que
poluíram o solo da região (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.2.3 Densidade circundantes e usos diversos
O foco desse item é proteger terras virgens e o habitat natural de muitos
animais, encorajando o desenvolvimento em áreas com infraestrutura já existentes.
Procurando-se assim promover a eficiência de transporte e reduzindo distância de
deslocamento dos veículos. Uma forma simplificada e resumida de atingir esse
24
objetivo no projeto, é que em um raio de 400 metros do empreendimento, haja uma
densidade demográfica considerável (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.2.4 Acesso ao trânsito de qualidade
Encoraja a escolha do local do projeto em áreas em que exista a escolha de
transportes intermodais para que se possa reduzir o uso de automóveis. Isso causa
uma redução na emissão de gases e na poluição do ar.
Uma maneira de escolher uma boa localização para o empreendimento é
posiciona-lo dentro de um raio de 400 metros de distância de paradas de ônibus,
bondes ou caronas compartilhadas. Pode-se ter também estações ferroviárias,
terminais de ônibus ou ferry boat a uma distância de até 800 metros do mesmo
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.2.5 Instalações de bicicleta
Busca promover a eficiência do uso e transporte por bicicleta, melhorando a
saúde pública através da atividade física, além de reduzir o tráfego de veículos
automotores.
Para atender esse credito, a certificação LEED exige que no projeto exista
uma entrada funcional ou estocagem de bicicletas que devem estar a uma distância
de 180 metros de uma rede de bicicletas. Deve se conectar em até 4800 metros com
no mínimo 10 usos diversos, ou pontos de ônibus, terminais, estações de ferry boat
ou ciclovias (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.2.6 Área de estacionamento reduzida
Através desse crédito, busca-se minimizar os danos ambientais relacionados
com estruturas de estacionamento, reduzindo a dependência dos usuários por
carros, o uso do solo e o escoamento superficial de águas pluviais. Para isso é
importante não exceder o código local para a capacidade de estacionamento
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
25
2.5.2.7 Veículos verdes
Busca-se promover e incentivar a utilização de veículos verdes em detrimento
de veículos convencionais movidos a combustível fóssil. Para isso, no mínimo 5% de
todos os espaços de estacionamento devem possuir vagas preferenciais para esse
tipo de veículo. Deve prever inclusive, que em ao menos 2% das vagas de
estacionamento existe equipamentos de abastecimento para veículos elétricos
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3 Espaço sustentável
Esse crédito busca a melhor interação entre a edificação e o lote onde ela
será instalada. Promove estratégias que reduzam o impacto ambiental durante a
implantação da estrutura. Foca em restaurar elementos do habitat, integrar o projeto
com os ecossistemas locais e preservar a biodiversidade dos sistemas naturais que
ali se encontram.
O projeto não deve prejudicar o ecossistema, o paisagismo da região, os
espaços abertos e nem os corpos d’agua. Deve-se privilegiar a utilização de
métodos de baixo impacto na construção e minimizar os efeitos da ilha de claro, a
poluição luminosa e o escoamento da água da chuva. Em casos onde o ecossistema
encontra-se prejudicado, deve-se buscar a remediação com medidas
compensatórias, promovendo um aumento da qualidade de vida para o entorno
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.1 Redução da poluição nas atividades de construção
Esse é um pré-requisito para a certificação LEED, logo é um item mandatório
que deve ser seguido. Esse item é focado na redução da poluição causada pela
atividade de construção da estrutura através do controle da erosão do solo,
sedimentação fluvial e poeira no ar (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
26
2.5.3.2 Avaliação ambiental do lote
Esse item é um pré-requisito para a certificação da edificação, pois visa
proteger a saúde dos usuários assegurando que o terreno foi verificado contra
contaminações ambientais e qualquer eventual contaminação foi atenuada. É válido
apenas para escolas e edifícios relacionados à saúde.
Deve- se fazer uma avaliação ambiental do lote escolhido para o projeto para
determinar se há existência de contaminantes. Se houver, é preciso reabilitar o local
com medidas que exterminem o problema e que atendam a legislação local
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.4 Avaliação do lote
Esse crédito é utilizado para avaliar as condições do lote antes do início do
projeto para analisar as melhores estratégias sustentáveis a serem utilizadas e criar
uma base de dados para as decisões de desenvolvimento. Para essa avaliação, é
necessário documentar o lote com as seguintes informações: topografia, hidrologia,
clima, vegetação, solos, usos humanos e efeitos humanos à saúde e como esses
fatores influenciam no empreendimento (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.5 Desenvolvimento do lote – Proteger ou restaurar o habitat
O objetivo principal é conservar áreas naturais existentes e restaurar áreas
prejudicadas, promovendo a biodiversidade e um habitat sustentável. O projeto deve
preservar 40% das áreas verdes do lote durante todas as atividades de
desenvolvimento e construção e utilizar plantas nativas ou adaptadas, restaurando
30% de todas as porções do lote identificadas como anteriormente desenvolvidas.
Caso isso não seja possível, deve-se fornecer suporte financeiro de pelo menos
US$4,00/m² para a área total do lote (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.6 Espaços abertos
Tem como objetivo principal encorajar a interação social por meio de espaços
abertos com o meio ambiente, a recreação e atividades físicas. O empreendimento
27
deve buscar fornecer espaços abertos de no mínimo 30% da área total do terreno,
sendo que um mínimo de 25% desses espaços abertos devem possuir vegetação ou
plantas altas que sejam capazes de fornecer sombra (USGBC, 2017 e GBC Brasil,
2017).
2.5.3.7 Gerenciamento de água da chuva
Procura-se através desse requisito reduzir o volume de água de escoamento
e melhorar a qualidade do lote, buscando replicar a hidrologia natural baseada na
história dos ecossistemas da região.
Para realizar essa etapa, pode-se optar por três soluções: A primeira delas, é
gerenciar no lote o escoamento a partir do 95º percentil de eventos regionais ou
locais de precipitação usando o desenvolvimento de baixo impacto e/ou
infraestrutura verde. O segundo caminho é idêntico ao primeiro, mas para o 98º
percentil de eventos regionais ou locais de precipitação. Para projetos com taxa de
ocupação de 100% em áreas urbanas e densidades mínimas de 1,5 existe uma
terceira opção, que é pelo 85º percentil (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.8 Plano principal do lote
Esse crédito é restrito a edificações que serão destinadas a escolas para que
assegure, assim, que os benefícios alcançados pelo projeto continuem
independentes de mudanças futuras na região.
A certificação LEED solicita que a estrutura deve atingir ao menos quatro dos
créditos a seguir: LT – Lote de Alta Prioridade, SS – Desenvolvimento do Lote –
Proteger ou Restaurar o Habitat, SS – Espaços Abertos, SS – Gerenciamento de
Águas de Chuva, SS – Redução das Ilhas de Calor e SS – Redução da Poluição da
Luz (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.9 Diretrizes do projeto e construção para inquilinos
Busca-se através do crédito LEED para Core and Shell educar os inquilinos a
seguirem as diretrizes do design sustentável no layout dos escritórios. Recomenda-
se criar um documento, como uma cartilha, explicando as diretrizes sustentáveis do
28
projeto, as formas de criar ambientes mais sustentáveis e as informações técnicas
sobre esse tema para que o inquilino possa coordenar da melhor forma o design do
seu espaço (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.10 Acesso externo direto
Esse crédito é aplicado apenas em espaços de saúde para fornecer aos
pacientes e colaboradores os benefícios associados com o acesso direto ao meio
ambiente natural.
Entre as diretrizes do crédito, o projeto deve ter acesso direto a um pátio
externo, terraço jardim ou sacada. Esse espaço deve ser de pelo menos 0,5 m² por
paciente para 75% do total de pacientes e 75% para pacientes externos cujo tempo
de permanência exceda quatro horas (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.11 Locais de descanso
Esse crédito é aplicado em edificações hospitalares e casas de saúde, nos
quais se busca fornecer aos pacientes, funcionários e visitantes os benefícios para a
saúde pelo contato direto com a natureza em espaços abertos durante o tempo de
descanso.
O objetivo desse item é fornecer locais de descanso que sejam acessíveis
aos pacientes e visitantes, iguais a 5% da área do programa da edificação. O projeto
deve fornecer também espaços adicionais dedicados para descanso de funcionários,
para 2% da área da edificação (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.3.12 Utilização conjunta de instalações
Este crédito é de uso exclusivo de escolas e pretende integrá-la com a
comunidade através do compartilhamento da construção e seus campos de esportes
para eventos ou outras atividades que não sejam da escola. Assim, para ir de
encontro com as metas do requisito, é preciso criar contratos com entidades para
utilizar seus espaços ou liberar alguns espaços pré-definidos para uso comunitário,
29
como ginásios, auditórios, teatros, estádios ou campos de esportes (USGBC, 2017 e
GBC Brasil, 2017).
2.5.4 Eficiência do uso da água
Nessa nova versão da certificação LEED, a categoria aborda o tema água de
várias formas, tanto no uso interno e externo da edificação, bem como nos usos
especializados e sua medição. Os créditos baseiam-se na abordagem da maior
eficiência na conservação da água. Assim, essa categoria incentiva a redução no
consumo de água potável, bem como o tratamento e o reuso da água na edificação.
Seja a água consumida pelos usuários, ou a usada na limpeza e manutenção da
estrutura.
Há várias maneiras de se preservar e economizar a água em uma construção.
Exemplos disso são a incorporação de paisagens nativas que não necessitam de
irrigação, a instalação de equipamentos eficientes e a reutilização de águas
residuais para utilizações menos nobres que não necessitam de uma água potável
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.4.1 Redução do uso de água externo
Busca-se, nesse item, reduzir o consumo de água externo à edificação. Para
atingir tal objetivo, pode-se optar por utilizar um paisagismo que não necessite de
irrigação permanente ou que exija baixa demanda de irrigação. Deve-se atingir pelo
menos 30% de redução referente a um patamar base. Quanto maior for essa
redução, maior será a pontuação na certificação (USGBC, 2017 e GBC Brasil,
2017).
2.5.4.2 Redução do uso de água interno
Esse item é tão importante para a ONG USGBC que ele é um pré-requisito
para todas as edificações. Deve-se reduzir em pelo menos 20% o consumo de água,
em relação a uma tabela base, para todos os equipamentos. Todos os vasos,
mictórios, torneiras privativas e chuveiros da edificação devem possuir padrão
WaterSense ou similar (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
30
2.5.4.3 Medição do uso de água
Visa melhorar o gerenciamento de água e identificar oportunidades para
economias adicionais pelo rastreamento da água. Para realizar esse quesito, é
necessário instalar medidores permanentes para o uso total da água na construção
e áreas associadas. Para a melhor medição desses dados, faz-se necessário
compilar essas informações em períodos mensais e anuais.
Também, é necessário compartilhar esse banco de dados com o USGBC por
um período de cinco anos, começando na data em que receber a certificação, ou
quando ocorrer a ocupação da edificação (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.5 Energia e atmosfera
São diretrizes de melhorias na eficiência energética da edificação por meio
das mais diversas estratégias e tecnologias, como simulações energéticas,
medições, comissionamento de sistemas, entre outros. Logo, vê-se que um melhor
aproveitamento de energia de um edifício verde começa com foco em um projeto
que reduz consideravelmente as necessidades de energia, como a orientação e a
posição dos vidros e a escolha dos materiais de construção.
Dessa forma, estratégias como, por exemplo, aquecimento e refrigeração
passivos, ventilação natural, geração de energia renovável e compra de energia
verde, são ações que a certificação LEED aprova e recomenda para os mais
variados tipos de empreendimentos. Essas táticas permitem uma redução no
consumo de energia, diminuindo essa demanda na rede das concessionárias nos
horários de pico, diminuindo a constante necessidade de construção de novas
usinas de energia (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.5.1 Comissionamento e verificação fundamental
O objetivo do pré-requisito é dar suporte técnico ao projeto, durante sua fase
de construção e operação, adequando-o aos requisitos do proprietário para energia,
água, qualidade interna do ambiente e durabilidade da edificação. Para melhorar os
sistemas de mecânica, elétrica, hidráulica e energia, deve-se seguir as diretrizes da
31
Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar
Condicionado (ASHRAE) (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.5.2 Performance mínima de energia
Esse item busca reduzir os danos ambientais e econômicos causados pelo
uso excessivo e desnecessário de energia através de uma eficiência de energia
mínima na edificação. Esse é o crédito com o maior número de pontos no LEED,
tendo como objetivo principal conquistar níveis de performance energética além do
pré-requisito (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.5.3 Gerenciamento fundamental de refrigeração
A função principal desse pré-requisito é reduzir a destruição da camada de
ozônio gerada pela utilização de gases refrigerantes com base em CFC
(Clorofluorcarbono) em novas construções. Esses gases são utilizados nos sistemas
de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (USGBC, 2017 e GBC
Brasil, 2017).
2.5.5.4 Comissionamento avançado
Tem como objetivo principal oferecer mais suporte ao projeto, a construção e
a operação do empreendimento que já está adequado aos requisitos do proprietário
para energia, água, qualidade interna do ambiente e durabilidade. Serve para
implementar um processo de comissionamento com o objetivo de ir além do
solicitado pela certificação LEED (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.5.5 Medição avançada de energia da edificação
Com uma medição mais apurada e melhor detalhada, é possível identificar
oportunidades para economizar energia no uso e nos sistemas essenciais à
edificação. A certificação LEED aconselha que sejam instalados medidores
avançados de energia para todas as fontes de energia utilizadas pela construção e
32
no uso da edificação que representem 10% ou mais do consumo anual do projeto
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.5.6 Resposta à demanda
Busca-se incentivar a participação em tecnologias de reposta à demanda e
tornar a geração de energia e sistemas de distribuição mais eficientes, aumentando
a confiabilidade da malha elétrica e reduzindo a emissão de gases do efeito estufa
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.5.7 Produção de energia renovável
Para estar de acordo com o objetivo, deve-se utilizar na edificação sistemas
de energia renovável. Isso gera uma redução no custo da energia, além de diminuir
os danos ambientais causados pelo uso de combustíveis fósseis para a produção de
eletricidade. Os créditos para a certificação são obtidos conforme a porcentagem do
custo produzido referente ao consumo do edifício (USGBC, 2017 e GBC Brasil,
2017).
2.5.5.8 Gerenciamento avançado de refrigeração
Busca-se nesse crédito reduzir a destruição da camada de ozônio e apoiar o
cumprimento antecipado com o protocolo de Montreal e, consequentemente,
minimizar as contribuições diretas para as mudanças climáticas (USGBC, 2017 e
GBC Brasil, 2017).
Há duas opções que o projeto pode seguir: a primeira delas é não usar
refrigerantes ou utilizar os de baixíssimo impacto. Esse potencial de destruição da
camada de ozônio deve ser igual a zero e ter um potencial de aquecimento global
menor que 50. A outra opção possível para o empreendimento é utilizar nos
sistemas de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração, refrigerantes
que possuem a capacidade de minimizar ou eliminar compostos que destroem a
camada de ozônio (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
33
2.5.5.9 Energia verde e créditos de carbono
Busca encorajar a redução de gases do efeito estufa através de tecnologias
de energia renovável ou projetos de atenuação de carbono. Para atingir esse
objetivo, a edificação deve estar engajada em um contrato para recursos
qualificados que estejam online desde 10 de janeiro de 2005, para um mínimo de
cinco anos, para ser distribuído pelo menos anualmente. O contrato deve especificar
o fornecimento de pelo menos 50% por energia verde, créditos de carbono ou
certificação de energia renovável (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.6 Materiais e recursos
Essa categoria foi a que mais recebeu modificações na versão V4 do LEED.
Tais mudanças ocorreram para suprir a necessidade de melhorar a comprovação e
a rastreabilidade dos materiais utilizados no projeto. Por conseguinte, há o incentivo
daqueles fabricantes que possuem uma análise completa de sua cadeia de
produção e buscam melhorias constantes em seus processos, diminuindo os
impactos ambientais.
Assim, esse crédito incentiva o uso de elementos de baixo impacto ambiental,
seja material reciclado, regional ou de reuso. Isso promove a redução de resíduos
gerados pelo empreendimento, além de promover o descarte consciente desses
utensílios.
Ainda, a redução de impactos na fonte do material é o objetivo mais
importante porque evita danos ambientais ao longo do ciclo de vida deste, desde a
cadeia de abastecimento, seu uso, até a reciclagem e eliminação de resíduos. A
redução no fornecedor fomenta o uso de estratégias de construção inovadoras e
novas técnicas construtivas, tais como pré-fabricação e maior normatização das
dimensões dos materiais.
A reciclagem é a maneira mais comum para desviar todos os resíduos que
iriam diretamente para o aterro, ocupando espaço e degradando o meio ambiente.
Inovações em tecnologias de reciclagem melhoram significativamente a triagem e o
processamento para fornecer matérias primas para mercados secundários,
mantendo esses materiais em um fluxo de produção mais longo e reduzindo-se,
assim, o desperdício (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
34
2.5.6.1 Armazenagem e coleta de recicláveis
Este pré-requisito possui o intuito de minimizar o desperdício gerado pelos
usuários da edificação, evitando-se, assim, que esse material vá direto para os
aterros sanitários. O projeto deve contar com áreas dedicadas ao armazenamento,
coleta e descarte de pelo menos dois elementos que podem ser: baterias, lâmpadas
contendo mercúrio e lixo eletrônico (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.6.2 Gestão de resíduos de construção e demolição
Esse item é outro ponto considerado como pré-requisito para a certificação
LEED. A intenção é reduzir o desperdício de resíduos da construção e demolição
que são enviados para os aterros sanitários. A equipe responsável pelo projeto deve
desenvolver e implementar um plano de gerenciamento de resíduos, estabelecendo
metas de desvio de resíduos para o empreendimento, identificando pelo menos
cinco materiais e sua estratégia de gestão (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.6.3 Redução de fontes de PBT – Mercúrio
Este é um pré-requisito exclusivo para edifícios hospitalares e tem por
objetivo eliminar produtos contendo mercúrio através da sua substituição, captura e
reciclagem. Para atender a certificação, é necessário identificar os produtos
contendo esse material e realizar um plano e método de descarte do mesmo
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.6.4 Redução de impacto do ciclo-de-vida da construção
Para atingir o objetivo do LEED, é necessário reduzir os impactos ambientais
através do reuso adaptativo e otimizar a performance ambiental de produtos e
materiais. Então, busca-se a opção mais apropriada para o projeto em análise, seja
através do reuso na construção histórica, reforma de construção arruinada ou
abandonada, reuso de materiais, ou uma avaliação do ciclo de vida completa da
construção (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
35
2.5.6.5 Otimização e divulgação de produtos da construção – Declaração de
produtos ambientais
Busca promover o uso de materiais e produtos cujas informações do ciclo de
vida estejam disponíveis e possuam um bom impacto econômico, social e ambiental.
Sendo assim, a certificação LEED incentiva os projetos que optem por produtos
cujos fabricantes possuem prova de melhores ciclos de vida ambientais. Para o
empreendimento cumprir essa meta, ele deve atingir ao menos uma das opções a
seguir:
Opção 1 – Declaração de Produtos Ambientais (EPD): EPD é um método de
padronizar os impactos ambientais de produtos, mencionando o potencial de
aquecimento global e esgotamento de recursos energéticos de um produto ou
sistema. Para utilizar esta primeira opção, o projeto deve obter ao menos 20
produtos instalados permanentemente de pelo menos 5 diferentes fabricantes que
cumpram com um critério de declaração ambiental. Entre eles estão produtos com
avaliação de ciclo de vida publicamente disponíveis.
Opção 2 – Otimização de Múltiplos Atributos: Utilizar produtos que estejam
condizentes com um dos critérios para 50% do custo do total de produtos
permanentemente instalados no projeto. Tais produtos devem apresentar um
impacto ambiental inferior da média da indústria, ou programas aprovados pelo
USGBC.
Para cálculo do crédito, produtos provenientes de no máximo 160 km do local
da obra são contados como 200% do seu custo base de contribuição (USGBC, 2017
e GBC Brasil, 2017).
2.5.6.6 Otimização e divulgação de produtos da construção – Origem de matérias-
primas
O objetivo é incentivar a utilização de produtos e materiais cujas informações
do ciclo de vida estejam disponíveis e possuam baixo impacto ambiental. A
certificação premia os projetos em que os produtos foram verificados por serem
extraídos e armazenados de maneira sustentável. Para esse item, o projetista
responsável pode optar por duas opções:
36
Opção 1 – Relatório de Origem e Extração de Matérias-primas: O
empreendimento deve utilizar ao menos 20 diferentes produtos de pelo menos 5
diferentes fabricantes que tenham lançado um estudo público de seus fornecedores
de matérias-primas que incluam o local de extração, medidas para evitar a
contaminação do solo, redução do impacto ecológico e serem voluntários em
programas que comprovem um critério de origem responsável.
Opção 2 – Liderança em Práticas de Extração: Usar produtos que atendam
pelo menos um dos critérios responsáveis de extração para pelo menos 25% do
custo do valor total dos produtos permanentemente instalados no empreendimento.
Entre esses critérios, estão a responsabilidade estendida do produtor, materiais
bioformados, produtos em madeira, reuso de materiais e conteúdo reciclável.
Produtos originários (extraídos, manufaturados e comprados) em até 160 km
do local do projeto também contam como 200% do seu custo base (USGBC, 2017 e
GBC Brasil, 2017).
2.5.6.7 Redução de fontes de PBT – Chumbo, cádmio e cobre
Como no item anterior, tem por objetivo desse crédito, reduzir o lançamento
de PBTs (persistentes, biocumulativos e tóxicos) na atmosfera. O requisito especifica
materiais a serem usados para substituir outros que contêm essas substâncias.
Exemplos destes compostos podem ser:
Chumbo – Necessita-se reduzir a incidência desse material na água de
consumo humano. Para tal, deve-se especificar soldas para conectar o
encanamento, substituir canos, acessórios para tubos, acessórios sanitários e
torneiras, com a finalidade de reduzir o chumbo no sistema hidráulico da edificação.
Telhados e cabos elétricos também devem passar por essa análise para não possuir
chumbo em sua composição.
Cádmio – Não utilizar no empreendimento, para pinturas externas ou internas,
tintas que possuam esse material em sua constituição.
Bronze – Para uma tubulação de bronze, deve-se reduzir ou eliminar fontes
de corrosão relacionadas a juntas (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
37
2.5.6.8 Móveis e decorações médicas
A proposta principal desse crédito para hospitais é melhorar os atributos da
saúde humana e ambiental associados com móveis e mobiliário médico. O requisito
solicita que pelo menos 30% do custo de todos os móveis e decorações médicas
atendam aos critérios. Para isso, pode-se utilizar produtos com conteúdo químico
reduzido, realizar testes de modelagem ou produtos com EPD’s (USGBC, 2017 e
GBC Brasil, 2017).
2.5.7 Qualidade ambiental interna
Almeja a melhor qualidade ambiental do ar interno, focando em materiais com
baixa emissão de compostos orgânicos voláteis, locais com conforto térmico, grande
incidência de luz natural e visão externa. Isso proporciona um bem-estar maior as
pessoas que frequentam as instalações, além de melhorar sua produtividade e
incrementar o valor do edifício.
2.5.7.1 Performance de qualidade mínima do ar interno
Busca contribuir para o conforto e bem-estar dos ocupantes estabelecendo
padrões mínimos para a qualidade interna do ar. É um parâmetro tão importante
para a certificação LEED, que é considerado um pré-requisito, logo, é um item
obrigatório para a obtenção do selo.
Deve-se estabelecer requisitos para ventilação e monitoramento do ar. Assim,
pode-se utilizar normativas internacionais para estabelecer os parâmetros
necessários. Com esses atributos definidos, é necessário determinar a vazão de ar
externo entrando na edificação, a concentração de CO2 no ambiente interno, bem
como definir áreas mínimas de janelas entre outros dispositivos (USGBC, 2017 e
GBC Brasil, 2017).
2.5.7.2 Controle de fumaça de tabaco no ambiente
Almeja prevenir e minimizar a exposição dos ocupantes do projeto, das
superfícies internas e dos sistemas de ventilação e distribuição do alcance da
38
fumaça de tabaco. Deve-se proibir o fumo dentro da construção, podendo haver
áreas designadas para isso, localizadas a, no mínimo, 7,5 metros de todas as
entradas, tomadas de ar e janelas operáveis. Além disso, todas as entradas das
construções devem ter placas, a pelo menos 3 metros, sinalizando a proibição.
A abstenção de cigarros deve constar nos contratos que serão firmados com
os arrendatários e locatários, para que essa política se mantenha ao longo de toda a
vida útil da edificação. Ainda, cada unidade autônoma deve ser compartimentada
para que a fumaça não passe de uma para outra, evitando-se assim sua propagação
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.7.3 Performance acústica mínima
Esse pré-requisito é exigido para edificações escolares e de ensino. Tem por
objetivo oferecer salas de aula com uma comunicação facilitada entre professores-
estudantes e vice-versa através de um bom projeto acústico. A equipe projetista fica
responsável por avaliar elementos, como ruídos externos e ruído de fundo de ar-
condicionado, e propor soluções e alternativas para superar esses problemas
(USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.7.4 Materiais de pouca emissão
O objetivo é reduzir as concentrações de contaminantes químicos que
possam prejudicar a qualidade do ar, a saúde humana, produtividade e meio
ambiente. Para atingir esse propósito, é necessário diminuir ao máximo a emissão
de compostos orgânicos voláteis (VOC) no ar interno das edificações (USGBC, 2017
e GBC Brasil, 2017).
2.5.7.5 Plano de gerenciamento da qualidade interna do ar da construção
Almeja promover o bem-estar dos trabalhadores na fase de construção da
edificação, assim como de seus ocupantes, minimizando os problemas de qualidade
interna do ar associados com a construção e reforma da estrutura.
A equipe de projeto deve desenvolver e implementar um plano de
gerenciamento da qualidade interna do ar nas etapas de construção e de pré-
39
ocupação. O empreendimento deve seguir as normas da Sheet Metal and Air
Conditioning National Contractors Association (SMACNA), que é a Associação
Nacional de Construtores de Ar Condicionado e Chapa Metálica.
Durante a etapa de construção, deve-se proteger os materiais absorventes,
armazenando-os em locais sem umidade. Não se deve também operar os
equipamentos de tratamento de ar durante essa etapa, pois pode causar acúmulo de
partículas nesse sistema. Também se proíbe o uso de tabaco dentro da construção
e num raio de 7,5 metros das entradas da edificação (USGBC, 2017 e GBC Brasil,
2017).
2.5.7.6 Avaliação da qualidade interna do ar
Esse crédito visa estabelecer uma melhor qualidade do ar interna na
edificação após o processo de construção e durante a ocupação. Nessa fase de pré-
entrega do empreendimento para os usuários, são requeridos testes para eliminar
sujeiras e partículas que por ventura venham a estar na edificação. Pode-se utilizar
métodos de Flush-out para atender esse requisito do crédito (USGBC, 2017 e GBC
Brasil, 2017).
2.5.7.7 Conforto térmico
Incentiva o aumento da produtividade dos ocupantes, conforto e bem-estar
através da qualidade térmica ambiental. Pode-se utilizar normas americanas
específicas para o dimensionamento e projeto dos sistemas de ar condicionado,
ventilação e aquecimento do edifício.
Para atender ao requisito do LEED, o projeto deve prever que em pelo menos
50% dos espaços individuais ocupados haja controles individuais de temperatura e
fornecer controles de conforto térmico de grupo para todos os espaços multi-
ocupantes. Esse controle deve permitir ajustes como temperatura do ar, temperatura
radiante, velocidade do ar e umidade, aumentando, assim, o conforto do usuário, e
reduzindo-se o gasto energético (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
40
2.5.7.8 Iluminação interna
A meta desse crédito é promover a produtividade dos ocupantes, conforto e
bem-estar por meio de uma iluminação de alta qualidade. Para obter esses
benefícios na edificação, a equipe projetista deve focar em 2 objetivos: o controle e a
qualidade de iluminação.
Para o controle de iluminação, a edificação deve contar com comandos
individuais de iluminação em pelo menos 90% dos espaços individuais ocupados e
que devem contar com pelo menos 3 níveis de iluminação (on, off, meio nível). Para
os espaços multi-ocupados, o sistema deve ser capaz de atender as necessidades
do grupo e contar com ao menos 3 níveis de iluminação.
Sob o quesito da qualidade da iluminação, pode-se seguir diversas
estratégias que se concentram nas áreas de iluminação da edificação. Isso pode ser
realizado através da recomendação da quantidade de candelas (unidade de
iluminação) por metro quadrado, da posição das luminárias, do grau de inclinação
que elas devem ser instaladas, entre outros fatores (USGBC, 2017 e GBC Brasil,
2017).
2.5.7.9 Luz do dia
A certificação LEED incentiva a utilização de luz natural no interior da
edificação, reduzindo-se, dessa forma, a necessidade de gasto energético e
melhorando o bem-estar dos ocupantes do ambiente. O empreendimento deve dotar
de dispositivos naturais ou automáticos capazes de regular a incidência e
intensidade de luz natural no ambiente. Deve-se também realizar testes e
verificações para demonstrar esses níveis de iluminação para a edificação ser
aprovada nesse crédito (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.7.10 Vistas de qualidade
Prédios ecologicamente corretos, devem proporcionar uma maior interação
entre os seres humanos e a natureza. Seguindo esse princípio, a certificação LEED
busca sempre uma conexão entre o ambiente externo através de vistas de
qualidade.
41
Para atender as exigências do selo verde, é necessário obter uma linha direta
de visão para a área externa através de vidros para 75% dos espaços regularmente
ocupados de piso. As vistas não devem estar obstruídas com divisórias, vidros
modelados ou tintados (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
2.5.8 Inovação e processo
Busca a expansão dos conhecimentos técnicos, trazendo desempenhos
ambientais exemplares, que não estão descritos nas categorias do LEED. Assim,
ocorre o encorajamento dos projetistas para usarem qualquer combinação de
estratégias para inovação no projeto e execução da edificação (USGBC, 2017 e
GBC Brasil, 2017).
2.5.9 Créditos de prioridade regional
A certificação LEED incentiva a obtenção de créditos que abordem a
geografia ambiental, igualdade social e prioridades de saúde pública
geograficamente específicas, tanto para os operários na construção quantos para os
usuários do empreendimento (USGBC, 2017 e GBC Brasil, 2017).
42
3. ANÁLISE DE ALGUNS PROJETOS QUE POSSUEM CERTIFICAÇÃO LEED
NO BRASIL E NO MUNDO
3.1 SUNY-ESF GATEWAY CENTER
A SUNY-ESF é uma Universidade de Ciência Ambiental e Florestal localizada
na cidade de Syracuse, NY, EUA (Figuras 2 e 3). A edificação possui 3 andares, e é
provida de salas de aula, laboratórios, bibliotecas, salas de conferência e
secretarias. Além disso, possui uma área total aproximada de 5 mil metros
quadrados e foi construída no lugar de um precário estacionamento. A estrutura é
resultado de uma estreita colaboração entre os alunos da universidade,
pesquisadores e professores, junto dos projetistas e engenheiros responsáveis.
Figura 2 – Fachada da Universidade SUNY- ESF, Syracuse
Fonte: USGBC, em 2014.
43
Figura 3 – Fachada da Universidade SUNY- ESF, Syracuse
Fonte: AIA, 2014.
Em 2014, a edificação foi certificada com o nível Platinum, maior nível
possível para uma estrutura no sistema LEED, atingindo um somatório total de 81
pontos. Tal prêmio só foi possível devido aos esforços dos projetistas, ao
implantarem no projeto telhados verdes, placas fotovoltaicas, lâmpadas de alta
eficiência luminosa, vigas refrigeradas, vidros triplos e redução no consumo de
eletricidade e água. O edifício é capaz de produzir 60% do aquecimento necessário
no campus e 20% da energia necessária usando gás natural, biomassa e sistema
solar.
3.2 MUSEU DO AMANHÃ- RIO DE JANEIRO (RJ)
O Museu do Amanhã está localizado na região portuária do Rio de Janeiro, no
Píer Mauá, e foi inaugurado em dezembro de 2015 (Figura 4). A vocação ambiental
do projeto se iniciou já na fase de planejamento da obra e se estendeu até a
finalização da execução.
Utilizaram-se técnicas interessantes e inovadoras para a redução da extração
de matéria prima para a construção, sendo possível reciclar 85% dos resíduos da
obra, e as sobras das estacas das fundações foram utilizadas na confecção dos
44
barracões usados durante a execução do empreendimento. Desse modo, pôde-se
diminuir o resíduo gerado pela obra e não foi necessária a utilização de mais aço
para esse fim.
Figura 4 – Museu do Amanhã, RJ
Fonte: Arch Daily, em 2016.
No primeiro semestre de 2016, o Museu do Amanhã foi certificado com o nível
Gold pela classificação LEED, conquistando um total de 68 pontos no ranking. Esse
mérito deve-se à adoção de soluções sustentáveis e entre elas pode-se citar a
captação solar através de painéis fotovoltaicos que se movem de acordo com a
orientação solar e o uso das águas da Baia de Guanabara para o sistema de ar-
condicionado. Essas iniciativas são capazes de gerar uma economia anual de 9,6
milhões de litros de água e 2,4 gigawatt-hora (GWh) de energia elétrica, o que seria
suficiente para abastecer quase 600 residências durante o mesmo período. Esses
sistemas não tornam o museu autossuficiente, mas geram uma redução de 32% no
consumo de energia e 50% no de água.
45
3.3 THE CHANGE INITIATIVE (DUBAI)
O empreendimento The Change Initiative (Figura 5) localizado em Dubai,
Emirados Árabes, é considerado oficialmente como o edifício comercial mais
sustentável do mundo. Ele foi capaz de atingir uma pontuação de 107 pontos de um
total de 110 no ranking LEED, recebendo assim o selo mais alto, o selo Platinum.
Figura 5 – Edifício Comercial The Change Initiative, Dubai
Fonte: ZABO Engenharia, 2017
O prédio é uma grande loja, com 4.000 metros quadrados e dois pavimentos,
que comercializa produtos e iniciativas sustentáveis para seus clientes, tanto para o
público em geral, como empresas. A loja oferece produtos relacionados à
conservação de energia, manuseio de resíduos, comida orgânica e muitos outros
itens.
A edificação utilizou mais de 26 tecnologias inovadores e ambientalmente
amigáveis. Ela é equipada com painéis solares e a pintura do telhado é reflexiva
termicamente (Figura 6), o que fornece 40% da energia utilizada no prédio; e a
estrutura externa possui um isolamento térmico 3 vezes mais eficiente do que em
uma edificação comum. Além disso, a água usada na estrutura é reutilizada. A
edificação foi projetada de modo a ser três vezes mais ensolarada do que uma
46
edificação em média, o que gera uma redução na utilização de energia elétrica para
iluminação, e proporciona um bem-estar melhor para os usuários da mesma.
Figura 6 – Telhado do Edifício Comercial The Change Initiative, Dubai
Fonte: ZABO Engenharia, 2017
3.4 CENTRO ADMINISTRATIVO SICREDI – PORTO ALEGRE
O projeto do Centro Administrativo da Sicredi (Figura 7) é o primeiro edifício a
obter a certificação LEED EB-OM Platinum no país. A certificação EB-OM (Operação
e Manutenção de Edifícios Existentes) é utilizada para casos em que há um grande
remodelamento da edificação já existente, aumentando-se assim, sua eficiência
energética, hídrica e redução de resíduos gerados.
As renovações foram tão eficientes que, em 2016, o empreendimento obteve
um somatório de 88 pontos de um total de 110 da escalada LEED, obtendo assim, a
classificação máxima Platinum. Muitas estratégias foram necessárias, para
modernizar a edificação, aumentando a eficiências dos seus sistemas, visando
sempre melhor atender aos colaboradores da corporação e aos clientes.
47
Figura 7 – Centro Administrativo Sicredi, Porto Alegre
Fonte: Clic RBS, 2016
A edificação foi capaz de aumentar em 18% a eficiência energética acima da
meta, utilizando-se de regeneradores de energia nos elevadores, retrofit do sistema
de iluminação artificial do estacionamento e automação de computadores. Utilizou-
se, também, estratégias como reutilização de água para irrigação de jardins, reuso
de água nos sanitários e nas torres de refrigeração. Todos esses esforços foram
capazes de elevar a eficiência hídrica à 50%.
As melhorias visando a sustentabilidade vão muito além apenas da estrutura
física da edificação. A preocupação ambiental encontra-se nos produtos de limpeza
usados na edificação, visando reduzir a toxicidade desses produtos através da
utilização de equipamentos de limpeza de baixo impacto ambiental e sonoro. Da
mesma forma, foi incentivada a utilização de sistemas de transporte alternativos aos
colaboradores, como a utilização de carona compartilhada e de bicicletas com a
implementação de um bicicletário com cobertura fotovoltaica (Figura 8).
48
Figura 8 - Painéis Solares sobre o Bicicletário no Sicredi, Porto Alegre
Fonte: Clic RBS, 2016
Além disso, foram implantadas no empreendimento políticas de gestão de
resíduos. Sendo assim, tornou-se possível o envio de mais de 60% dos materiais
para reciclagem ou compostagem. Ainda, no paisagismo da edificação, optou-se por
utilizar espécies nativas ou adaptadas ao habitat local com o propósito de não
impactar negativamente a flora do local (Figura 9).
Figura 9 - Jardins do Centro Administrativo Sicredi, Porto Alegre
Fonte: Clic RBS, 2016
49
4. METODOLOGIA
Como este trabalho é uma pesquisa qualitativa, caracterizada por um estudo de
caso exploratório e descritivo, busca-se avaliar e classificar uma edificação na
cidade de Itajaí-SC sobre os aspectos da certificação LEED. Para esse fim, aplicou-
se os critérios de avaliação dessa certificação.
Dessa forma, a partir da revisão bibliográfica, foi possível obter conhecimento
necessário para embasar o desenvolvimento do estudo das etapas seguintes. As
informações obtidas do empreendimento foram coletadas in loco e através de
projetos arquitetônicos, projetos de sistema estrutural, hidráulico, elétrico, entre
outros. Esse levantamento de dados ocorreu no período de abril a junho de 2017.
Posteriormente a obtenção dos dados, foi determinada a pontuação da
edificação na escala LEED. Utilizaram-se planilhas, tabelas e referências da ONG
Americana USGBC responsável por essa certificação e usou-se, também, material
da ONG GBC Brasil, responsável pelo selo verde em território nacional.
A partir da apresentação dos resultados obtidos através do estudo de caso,
conseguiu-se determinar o nível do selo LEED do empreendimento, mostrando as
conclusões do trabalho e melhorias que ainda podem ser realizadas.
50
5 OBJETO DE ESTUDO
5.1 LOCALIZAÇÃO
O empreendimento está localizado na praia Brava, no município de Itajaí –
SC, conforme figura 10. A cidade possui 208.958 habitantes, onde está localizada
uma importante zona portuária para a região sul do país. A região possui inúmeras
praias, que atraem milhares de turistas anualmente, incentivando a construção de
grandes empreendimentos imobiliários.
Figura 10 – Localização da edificação utilizada no estudo de caso
Fonte: Google Imagens
5.2 DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO
A edificação estudada nesse trabalho, refere-se a uma torre multifamiliar,
exclusivamente residencial, possuindo aproximadamente 5.400 m² de área
construída de acordo com a figura 11. A estrutura possui um nível de subsolo, 1
andar térreo e mais 5 pavimentos tipo, totalizando 9 unidades familiares autônomas.
No subsolo da edificação, encontram-se todas as vagas de garagem, casa de
máquinas, reservatório inferior, depósitos de materiais, banheiros de uso coletivo e
áreas técnicas designadas a futuras modificações na estrutura. O pavimento térreo é
composto por um apartamento tipo, hall de entrada principal, área de circulação,
banheiros sociais, espaço gourmet, salão de festas e áreas de lazer. Nos demais
andares, há dois apartamentos tipo por andar, sendo o sexto pavimento, composto
por dois duplex. O último pavimento, denominado de pavimento técnico é destinado
51
ao reservatório superior, casa de máquina dos elevadores e local onde serão
instalados painéis fotovoltaicos para a obtenção de energia elétrica renovável.
Figura 11 – Fachada da edificação estudada
Fonte: PB Internacional, 2017
5.3 PROCESSO INTEGRADO
O processo integrado procura prever e projetar os sistemas prediais de modo
a maximizar a eficiência da edificação através de uma análise prévia dos inter-
relacionamentos entre os sistemas.
Os membros da equipe projetista responsável pelo planejamento da obra
utilizada no estudo de caso, realizaram diversas consultorias e ensaios para analisar
as condições climáticas da região, o tipo de solo, vegetação, geometria e forma da
edificação. Realizou-se também controle dos materiais na construção e a melhor
integração entre todos os sistemas vitais para a ocupação da estrutura. Todos esses
dados foram fundamentais para determinar a arquitetura e os sistemas estruturais
que o empreendimento iria utilizar para melhor aproveitar a localização, trazendo
benefícios aos usuários assim como ao meio ambiente.
Por todo esse estudo realizado previamente na execução da estrutura, a
edificação recebe a pontuação máxima de 01 ponto na área de processo integrado
da certificação LEED.
52
5.4 LOCALIZAÇÃO E TRANSPORTE
5.4.1 Proteção de áreas sensíveis
Para atender os requisitos da certificação LEED, o empreendimento
imobiliário não deve estar localizado a menos de 30 metros de rios e corpos de
d’água. A edificação estudada encontra-se em torno de 200 metros distante do mar,
logo, não traz nenhuma ameaça a fauna e flora marinha.
Além disso, a edificação não se localiza em área pantanosa e nem em local
de habitat de espécies ameaçadas de extinção, indo de encontro as requisições que
o selo LEED exige. Por esse motivo, ela recebe 01 ponto que representa a
pontuação máxima por atingir todos os critérios de proteção de áreas sensíveis.
5.4.2 Terreno de alta prioridade
A área em que o empreendimento está localizado é uma área contemplada
pelo plano diretor da cidade, sendo permitida a sua construção. Há algumas
restrições quanto à altura das edificações no local, a distância delas até o mar, a
porcentagem de área construída e a taxa de permeabilidade do solo. Dessa forma, a
edificação foi projetada para atender a todos esses requisitos, sendo assim legal e
legítima sua execução nesse local.
O terreno em que a edificação está localizada não era edificado anteriormente
e não havia qualquer contaminação do solo. Por esse motivo, não havia incentivos
para a descontaminação ou construção nesse local. Dessa forma, segundo os
critérios do LEED, a estrutura não recebe nenhum ponto.
5.4.3 Densidade local e diversidade de usos
No entorno do empreendimento há poucas residências. Porém, as que ali
existem são bem espaçadas entre si. Um pouco mais afastado do local,
aproximadamente 800 metros, é possível encontrar diversas residências, um clube
com áreas de lazer e de esportes, bares e restaurantes, lojas, escritórios, igrejas,
entre outros.
53
Entretanto, a edificação analisada pertence a um condomínio residencial que
constará com a estrutura avaliada, além de mais 9 torres habitáveis. Essas outras 9
estruturas não estão sendo atualmente executadas, mas devem começar em breve,
aumentando-se assim a densidade demográfica do local quando todo o
empreendimento estiver concluído até o ano de 2021. Essas novas construções
atendem as mais de 17,5 unidades habitacionais em um raio de 400 metros que o
selo LEED exige para a estrutura ganhar pontos nessa categoria.
Seguindo-se assim os critérios da certificação LEED, a edificação obtém 03
pontos no ranking por possuir mais de oito opções de espaços públicos disponíveis
aos habitantes, a menos de 800 metros do empreendimento. Além de no futuro
contar com uma densidade demográfica local dentro dos parâmetros da certificação
para tal pontuação alcançada.
5.4.4 Acesso a trânsito de qualidade
O local onde a edificação se encontra é um local de difícil acesso.
Consequentemente, existem poucas alternativas de transporte público. Há algumas
opções de ônibus aos moradores do local, porém a frequência está abaixo dos
critérios que a certificação LEED considera como aceitável. Apesar de isso ser uma
desvantagem quanto a oferta de meios de transporte, acaba sendo algo positivo por
outro lado, pois proporciona aos moradores um local de contato com a natureza e
muita tranquilidade aos que procuram por isso.
Por haver pouca oferta de transporte coletivo e o local ser de difícil acesso, o
empreendimento acaba por não receber nenhum ponto no quesito de acesso a
trânsito de qualidade. Fazendo assim, com que os futuros usuários da edificação
utilizem carros ou outros meios de transporte para se locomover até o local.
5.4.5 Instalações para bicicletas
A edificação utilizada no estudo de caso atende aos requisitos do LEED para
instalações de bicicletas. O projeto contempla locais específicos para a estocagem
de bicicletas, tanto para visitantes quanto para os moradores. No subsolo do prédio,
junto das garagens, há espaços destinados para essa função, estando próximo dos
elevadores da edificação e entrada do prédio, como pede a certificação, conforme
54
figura 12. Todas as unidades autônomas possuem local para guardar bicicletas,
sendo estas com portas e fechaduras para a segurança desses objetos.
Figura 12 – Bicicletários individuais destinados aos moradores
Fonte: Autor, 2017
Na via pública, próximo ao empreendimento, há também infraestrutura
adequada as bicicletas, como ciclovias e ciclo-faixas, garantindo segurança e
comodidade aos usuários desses sistemas de transporte. A certificação LEED exige
que em um raio de 4,8 km em torno da edificação, exista ao menos 10 diferentes
opções de lazer e serviços, para que as pessoas sejam incentivas a utilizar a
bicicleta ao invés do carro. Em um rápido estudo de campo, foi possível encontrar
mais de 10 opções de estabelecimentos comerciais, tais como hospitais, postos de
combustíveis, concessionários de automóveis, hotéis, farmácias, restaurantes,
bares, boates, academias, igrejas, entre outros.
O empreendimento é muito focado e preocupado com a natureza, buscando
sempre integrar da melhor forma possível a natureza com o ser humano. Almejando
esse objetivo, há infraestrutura de bicicletas aos moradores da edificação e fatores
assim são levados em consideração pela certificação LEED. Deste modo, pode-se
garantir ao projeto 01 pontos no ranking do total de 01 para instalações de bicicletas.
55
5.4.6 Redução da área de estacionamento
O empreendimento procura sempre atender as demandas do mercado
imobiliário da região e, por isso, houve uma série de exigências por parte dos
proprietários da edificação. Seguindo essa tendência, buscou-se aumentar o número
de vagas de garagens por unidade autônoma, indo de encontro as exigências do
mercado consumidor.
Essa tendência de mercado não segue as recomendações da certificação
LEED, que tende a subdimensionar o número de vagas de garagem por morador da
edificação. Por esse motivo, a estrutura não recebe pontuação nesse quesito no selo
LEED.
5.4.7 Veículos verdes
Veículos híbridos e elétricos são o futuro dos automóveis nos próximos anos
pois, além de reduzirem o consumo de fontes não renováveis de energia, diminuem
também o lançamento de gases estufa na atmosfera. Para que isso ocorra, é
necessário preparar a infraestrutura das cidades brasileiras para receberem essas
novas tecnologias automotivas.
Visando essa nova disposição e preparando-se para o futuro, o
empreendimento estudado disponibiliza aos futuros moradores essas conveniências.
Todas as unidades autônomas irão possuir ao menos um ponto de recarga para a
utilização em veículos verdes. Essas tomadas de recarga, estão localizadas no
subsolo, local onde estão todas as vagas de garagem do empreendimento.
Com todas essas medidas utilizadas na edificação, o projeto recebe 01 ponto
do total de 01 ponto no quesito de redução da poluição através de alternativas à
utilização de veículos à combustão.
5.5 LOTES SUSTENTÁVEIS
5.5.1 Prevenção de poluição na atividade de construção
A certificação LEED exige que todos os projetos avaliados por ela devam
possuir controles de erosão do solo e de sedimentação. Isso evita que as
56
construções prejudiquem o ambiente no entorno e gere dados ambientais
significativos ao redor dos projetos.
A equipe projetista da edificação avaliada nesse trabalho buscou formas de
reduzir e mitigar danos ambientais durante a fase de projeto e execução da obra.
Buscando essa característica, toda a área pertencente ao projeto foi
cuidadosamente examinada e obras foram executadas para conter erosões e
sedimentações.
A região que o empreendimento se encontra é montanhosa possuindo, assim,
muitos taludes das mais diversas inclinações e alturas. Para mitigar a erosão nesse
tipo de solo, projetaram-se estruturas de contenção de encostas, com o plantio de
gramíneas para evitar que o material solto da superfície fosse erodido. Estruturas de
drenagem também foram executadas, para que houvesse escoamento da água
pluvial das encostas, estabilizando-se assim o terreno e evitando o carreamento de
solo, conforme figura 13.
Figura 13 – Estrutura destinada à drenagem pluvial, evitando erosão do solo
Fonte: Autor, 2017
57
5.5.2 Avaliação do terreno
Durante a fase de pré-projeto do empreendimento estudado, realizou-se
estudos para a viabilidade do projeto naquele local. Fatores socioeconômicos,
ambientais, de logística e infraestrutura foram levados em conta para que o sucesso
da construção fosse garantido.
A região do projeto foi mapeada e estudada quanto a topografia e geologia do
local para assegurar a segurança estrutural do empreendimento imobiliário. Esse
estudo foi importante para, no futuro, determinar o tipo de fundação que a edificação
iria precisar.
Órgãos Ambientais de Santa Catarina como a Fundação do Meio Ambiente
(FATMA) e IBAMA foram acionados para verificar as condições do terreno e
autorizar a construção do projeto. Essas entidades ambientais governamentais
autorizaram a implantação do empreendimento imobiliário do local, atestando não
haver prejuízos à natureza no entorno do local.
A equipe projetista tomou todas as medidas para garantir a segurança dos
futuros moradores e a preservação do meio ambiente e do habitat natural do entorno
da edificação. Por esses motivos, a estrutura estudada, recebe a pontuação de 01
do total de 01 ponto da certificação LEED no quesito avaliação do terreno.
5.5.3 Proteção e restauração do habitat
Para aumentar a interação entre a natureza e os seres humanos, a equipe
projetista buscou preservar e restaurar uma grande quantidade da vegetação nativa
do local. Dessa forma, evita-se prejuízos à fauna e flora do habitat.
O empreendimento compreende áreas verdes como parques e corredores
verdes para minimizar o desmatamento e estreitar essa relação homem/natureza.
Durante a fase de construção da obra, houve uma preocupação em não suprimir
vegetação nativa e nem poluir com materiais da obra esses espaços verdes. Para
evitar essa contaminação, há redes instaladas próximo à torre residencial, evitando
que esse material venha a adentrar na vegetação e, periodicamente, são feitas
limpezas e vistorias nos entornos desse local para a remoção de qualquer
contaminante.
58
Ademais, houve uma preocupação na fase de pré-projeto, de modo que a
arquitetura do condomínio interagisse com a natureza local. Por esse motivo, haverá
muitas plantas e áreas verdes quando o empreendimento estiver concluído. Optou-
se também por não suprimir a vegetação em certos locais, criando-se assim
corredores verdes como na figura 14, para o livre fluxo de animais como capivaras,
répteis e serpentes, tão presentes no local.
Como resultado dessas preocupações com a natureza através da equipe
projetista, o projeto recebe 02 pontos do total de 02 pontos da certificação LEED no
quesito de proteção e restauração do habitat.
Figura 14 – Área de corredor verde destinado a livre circulação de animais
Fonte: Autor, 2017
5.5.4 Espaços abertos
A certificação LEED, incentiva que o projeto contemple áreas abertas para a
interação dos moradores com o meio ambiente, e o convívio social entre eles, além
de promover a prática de atividades físicas.
O empreendimento imobiliário estudado foi projetado e planejado para possuir
uma área verde bem extensa, possuindo laminas de água, flores, grama, árvores
frutíferas, arbustos e parques arborizados. O projeto também inclui corredores
verdes para a fauna, contando assim para a certificação como espaços verdes e de
belas paisagens.
59
Com toda essa arquitetura verde projetada, a área de espaços abertos será
maior que 30% da área total do empreendimento, indo ao encontro das expectativas
do LEED sobre esse assunto. Por esse motivo, a estrutura recebe 02 pontos do total
de 02 pontos no quesito de espaços abertos do ranking.
5.5.5 Gerenciamento de água da chuva
Para melhor gerenciar o destino final da água pluvial do empreendimento,
utilizou-se técnicas construtivas para tal objetivo. A infraestrutura viária que compõe
o empreendimento compreende um pavimento intertravado de concreto, permitindo
assim que boa parte da água da chuva seja infiltrada no local. Ademais, o pavimento
de concreto que dá forma ao passeio público, foi fabricado sem a utilização de
material granular fino conforme a figura 15, tornando o bloco poroso, permitindo
assim, maior percolação da água.
Figura 15 – Intertravado de concreto sem a adição de finos utilizados nos passeios
Fonte: Autor, 2017
As áreas verdes que compõem o condomínio também são responsáveis por
reterem boa parte da água pluvial, não se criando assim um fluxo elevado dessa
água para o sumidouro público. Como resultado dos efeitos práticos utilizados para
60
reter a água da chuva in loco conforme figura 16, o empreendimento recebe 02
pontos do total de 03 pontos para o requisito de gerenciamento de água da chuva.
Figura 16 – Áreas verdes no terreno da edificação
Fonte: Autor, 2017.
5.5.6 Redução das ilhas de calor
O condomínio residencial estudado possui boa parte de sua infraestrutura
viária coberta por árvores de grande de porte e com vegetação bem densa. Isso
proporciona uma grande área de sombra sobre o pavimento durante boa parte do
dia, reduzindo-se a incidência solar e gerando uma diminuição de ilhas de calor
sobre a infraestrutura viária.
Outra medida adotada pelos projetistas é a instalação de painéis fotovoltaicos
no telhado da edificação residencial. O telhado possui uma área de 125 m²
destinados a instalação desses equipamentos. Entre o espaçamento de uma placa e
outra, será utilizada argila expandida na coloração branca (Figura 17), para que haja
uma redução da radiação solar absorvida pelo telhado.
61
Figura 17 – Argila expandida que será utilizada no telhado da edificação
Fonte: Google Imagens, 2017
Outra característica do projeto estudado é que todas as vagas de garagem
dos moradores da edificação estão alocadas no subsolo do terreno e, sobre esse
subsolo, serão plantadas árvores e plantas de pequeno porte. Para não haver
problemas de infiltração e com as raízes das árvores, será instalada sobre essa
estrutura, uma manta asfáltica anti-raiz. Essa infraestrutura verde sobre as
garagens, evita a incidência solar direta com o pavimento reduzindo-se
significativamente o calor no local.
Como resultado dessas técnicas construtivas adotadas no projeto para a
redução das ilhas de calor, a estrutura obtém 02 pontos de um total de 02 pontos
sobre esse requisito na certificação LEED.
5.5.7 Redução da poluição luminosa
O empreendimento utilizado como estudo de caso buscou reduzir a
quantidade de luminárias dentro do complexo residencial para harmonizar com a
arquitetura do local. Dessa forma, é possível fornecer uma arquitetura mais
sustentável e voltada a preservação do habitat.
Entretanto, devido a questão de falta de segurança pública, faz-se necessário
investir em iluminação pública na infraestrutura viária do condomínio. Esse
investimento faz-se necessário para aumentar a segurança patrimonial das
edificações, assim como a integridade física dos moradores do empreendimento
imobiliário.
62
Por esse motivo, o projeto não recebe nenhum ponto no critério de redução
da poluição luminosa do selo verde LEED.
5.6 EFICIÊNCIA DA ÁGUA
5.6.1 Pré-requisito de redução do uso de água externo
Optou-se por utilizar uma vegetação verde na área externa da edificação que
fosse adaptada a permanecer por longos períodos sem a necessidade de irrigação,
reduzindo-se o consumo de água para esse setor. Além do mais, a água da chuva,
que será captada no telhado da edificação, será armazenada em cisternas e poderá
ser usada para eventuais irrigações que a área verde necessitar.
Visando que essas medidas para a redução do consumo de água em
ambiente externo estão de acordo com o pré-requisito da certificação LEED,
garante-se, assim, uma preocupação por parte da edificação no consumo consciente
de água.
5.6.2 Pré-requisito de redução do uso de água interno
Esse item é um pré-requisito para a certificação LEED, ou seja, todas as
edificações certificadas por esse sistema devem usar técnicas para redução do
consumo de água interno.
Sendo assim, o do estudo de caso, irá utilizar sistemas para a reutilização da
água da pluvial. Toda a água da chuva que cair no telhado será coletada e enviada
para uma cisterna localizada no subsolo da edificação. Essa água será recalcada
através de bombas para uma cisterna localizada na cobertura para, então, ser
utilizada.
Ainda, o uso desta água captada será para fins não potáveis, tais como
descarga no vaso sanitário, lavagem e limpeza de áreas comuns e irrigação de
jardins ao redor da edificação. Essas iniciativas irão gerar uma redução no consumo
interno de água de aproximadamente 50%, sendo que o mínimo para atender aos
critérios da certificação LEED é 20%.
63
5.6.3 Medição do uso de água
Para melhor gerenciar o uso da água potável, deve-se instalar medidores
individuais para o consumo de água. Isso incentiva a redução do consumo, pois
cada usuário sabe que o seu esforço para economizar será proporcional a redução
no valor da tarifa no final do mês. Logo, visando atender as solicitações do LEED e
às exigências do mercado imobiliário local, todas as unidades autônomas possuem
medição individualizada de água potável. Pode-se, deste modo, gerar um aumento
da procura imobiliária, além de economia de água.
5.6.4 Crédito de redução do uso de água externo
Boa parte do terreno em que a edificação estudada encontra-se possui
vegetação de grande porte. Quase a totalidade dessa vegetação será preservada
evitando-se, assim, o desmatamento e não influenciando no microclima da região.
Por esse motivo, nesses locais não será necessária a irrigação dessas plantas.
Ademais, por tratar-se de um terreno próximo do mar, há muita umidade no
ar, o que reduz significativamente a necessidade de uma irrigação extra. Por esses
fatores, a edificação recebe a nota máxima de 02 pontos do total de 02 pontos no
quesito de redução do uso de água externo.
5.6.5 Crédito de redução do uso de água interno
Como foi mencionado anteriormente, o empreendimento irá reutilizar a água
da chuva através da captação nos telhados da edificação. Essa medida é capaz de
gerar economia de água em torno de 50% ao utilizar a água pluvial coletada para
descargas de vaso sanitários, limpeza de áreas comum e irrigação de jardins.
Outro fator a se considerar, é que a equipe projetista não pode obrigar o
futuro morador da edificação a adquirir equipamentos que utilizam água de forma
mais racional e econômica. Contudo, ao se considerar o maior poder aquisitivo dos
moradores desse empreendimento, acredita-se que eles irão utilizar aparelhos com
baixo consumo de água, tais como máquinas de lavar, lava-louças e lavadoras de
alta-pressão.
64
Em áreas comuns da edificação, como, por exemplo, banheiros, lavatórios e
salão de festas, serão utilizados torneiras e vasos sanitários com baixo consumo de
água, assegurando-se assim que o condomínio precise pouca água mensalmente.
Por todos esses fatores, é possível afirmar que a edificação irá reduzir em
torno de 50% no consumo de água do que em relação à uma edificação padrão,
recebendo assim 06 pontos do total de 06 pontos no quesito de redução no
consumo de água interno.
5.6.6 Uso de água na torre de refrigeração
Não foi especificado ainda em projeto, qual será o tipo de equipamento para o
sistema de climatização da edificação. Por esse motivo, não é possível realizar
testes no momento para definir se os equipamentos atendem a certificação LEED.
Assim, não foi possível avaliar esse critério dentro desse selo verde.
5.6.7 Medição de água
Ainda, para atender aos critérios do LEED deste crédito, faz-se necessário
que haja medições da água em vários pontos em que ela é consumida na
edificação. Buscando-se enquadrar nesses aspectos, o empreendimento estudado
instalará aparelhos responsáveis por medir o consumo de água em alguns pontos do
sistema hidráulico. Além disso, pode-se facilmente medir a água pluvial reutilizada
através de um hidrômetro para controle dos moradores.
Ao se seguir todos esses passos, é possível obter 01 ponto do total de 01
pontos na certificação LEED no critério de medição de água no empreendimento
estudado. Isso traz aos moradores da edificação, um controle maior do consumo de
água individual, coletiva e de água reutilizada durante todos os meses ao longo da
vida útil do projeto.
65
5.7 ENERGIA E ATMOSFERA
5.7.1 Comissionamento e verificação fundamental
Busca fornecer suporte técnico ao projeto, durante a fase de construção e de
operação do mesmo, adequando-se aos requisitos do proprietário para energia,
água, qualidade interna do ambiente e duração da edificação.
5.7.2 Performance mínima de energia
Esse pré-requisito é necessário para todas as edificações certificadas e, por
isso, o empreendimento deve passar pelo critério. Para tal, é indispensável realizar
uma simulação do consumo de energia da edificação em comparação a uma
estrutura padrão. Infelizmente, não é possível essa simulação por não possuir
equipamentos e ferramental necessário. Porém, com tantas preocupações
energéticas por parte dos projetistas do empreendimento, provavelmente a
edificação passaria por esse pré-requisito.
5.7.3 Medição de energia na fase de construção
Esse pré-requisito tem como função observar e medir o consumo de energia
durante a etapa de construção da edificação. Para a estrutura analisada no estudo
de caso, observa-se que houve a medição da energia consumida durante a fase de
execução da obra, indo de encontro assim aos critérios da certificação LEED. Por
esse motivo, a estrutura atende as especificações do selo verde.
5.7.4 Gerenciamento fundamental de refrigeração
Nesse requisito, fica vetada a utilização de gases clorofluorcarbonos no
sistema de refrigeração da edificação. Desde de 2010 o Brasil não utiliza mais esse
gás nos sistemas de refrigeração, por esse motivo, os equipamentos instalados no
empreendimento estão isentos desse material. Logo, o empreendimento analisado é
aprovado nesse item da certificação verde LEED.
66
5.7.5 Comissionamento avançado
Na fase de projeto da edificação estudada houve sinergia entre a equipe
multidisciplinar, buscando-se sempre o melhor desempenho para o conjunto da
construção. Todos os sistemas que fazem parte da estrutura foram projetados e
integrados entre si para otimizar desempenho, reduzir desperdício e melhor
aspectos visuais e financeiros para o projeto como um todo.
Visando-se sempre o melhor resultado do projeto, realizaram-se ensaios para
atestar a qualidade das partes constituintes do empreendimento. Por exemplo, fez-
se ensaios de compressão em estacas para garantir o perfeito funcionamento
desses elementos na fundação. Bem como todos os sistemas elétricos, hidráulicos,
e de telecomunicação serão testados antes da edificação ser entregue aos futuros
moradores.
Como resultado desses esforços da equipe projetista, a edificação recebe 03
pontos do total de 06 pontos no sistema LEED no quesito comissionamento
avançado, não recebendo mais pontos, por não prever e execução de testes mais
detalhados nos meses seguintes a entrega do empreendimento aos moradores.
5.7.6 Otimização do desempenho energético
Buscando-se melhorar a eficiência energética da edificação, a equipe
projetista utilizou técnicas construtivas e tecnologias para reduzir o consumo
energético durante a vida útil do projeto.
Sendo assim, as esquadrias utilizadas na edificação possuem vidro duplo, o
que reduz a incidência de poluição sonora do exterior para o interior, além de
promover um isolamento térmico melhor à estrutura. Esta medida reduz o consumo
energético para climatizar os ambientes. Ademais, entre as lajes que dividem um
pavimento e outro, será utilizado uma manta especial servindo como barreira
acústica e térmica.
Nas áreas comuns do edifício, será utilizada iluminação LED, ou similar,
acopladas a sensores de presença, estando operantes apenas na presença de
pessoas no local, reduzindo-se o gasto energético com iluminação.
Em toda a extensão do telhado serão instalados painéis fotovoltaicos. Tal
material irá suprir a demanda de energia das áreas comuns da edificação e devolver
67
à rede elétrica pública o excedente de eletricidade nos momentos em que há baixa
demanda do condomínio. Ainda, entre os espaços dos painéis solares no telhado,
haverá argila expandida branca, reduzindo significativamente a temperatura no local,
melhorando a eficiência energética das células fotovoltaicas e melhorando a reflexão
solar na edificação, diminuindo a demanda energética para a climatização.
Os apartamentos da edificação estão equipados para operar o aquecimento
de água através de aquecedores a gás, que são mais eficientes que resistências
elétricas. Esses equipamentos serão utilizados, por exemplo, em chuveiros,
banheiras e torneiras. Proporcionando, assim, comodidade aos moradores e
redução no consumo de energia elétrica.
Devido a essas técnicas construtivas e tecnologias adotadas na edificação,
pode-se inferir que a mesma, conquista 18 pontos do total de 18 pontos no quesito
de medição avançada de energia na certificação LEED.
5.7.7 Medição avançada de energia da edificação
Para melhorar o controle do consumo energético, a certificação LEED exige
que haja um controle muito rigoroso e em tempo real de toda a energia consumida
na edificação. Isso demanda muitos equipamentos, alguns com alto custo
operacional, dificultando assim o cumprimento desse crédito para o selo verde. Por
esse motivo, o empreendimento analisado optou por não instalar tais equipamentos.
Assim, não pontua nessa categoria do sistema LEED.
5.7.8 Resposta à demanda
Tem como objetivo incentivar a participação em tecnologias de reposta à
demanda e melhoria da eficiência na geração de energia. Por ser um crédito que
exige muita negociação com a empresa fornecedora de energia da região e
complexa infraestrutura, a equipe projetista optou por não participar desse processo.
Por esse motivo, o empreendimento não pontua nessa etapa da certificação LEED.
68
5.7.9 Produção de energia renovável
O projeto estudado tem como objetivo utilizar painéis fotovoltaicos para a
produção de energia limpa e renovável in loco. Para esta finalidade, a área
empregada é o telhado da edificação, por ser uma área plana e sem quaisquer
obstáculos físicos que possam vir a atrapalhar a captação solar.
A energia gerada pelos painéis será utilizada nas áreas comuns da
edificação, como halls de entrada, elevadores, iluminação de corredores, escadas,
área de garagem, entre outros. Quando houver baixa demanda de consumo no
condomínio, a energia excedente será enviada à concessionaria elétrica local para
gerar crédito na conta de energia.
Com a geração de energia limpa na edificação, obtêm-se um total de 03
pontos do total de 03 pontos no quesito de produção de energia renovável na
certificação LEED.
5.7.10 Gerenciamento avançado de refrigeração
A equipe projetista do empreendimento estudado não especificou até o
momento os aparelhos que serão utilizados nos sistemas de refrigeração da
edificação, porém definiu-se que eles não devem utilizar gases nocivos à camada de
ozônio. Tal procedimento busca minimizar ao máximo o impacto ambiental causado
pelo empreendimento, trazendo prazer e conforto aos usuários, sem comprometer a
natureza.
A preocupação da equipe projetista garante ao empreendimento 01 pontos do
total de 01 pontos na categoria de gerenciamento avançado de refrigeração da
certificação LEED.
5.7.11 Energia verde e créditos de carbono
Como se usarão painéis fotovoltaicos, reduzir-se-á a produção de gases de
efeito estufa. E, já que o projeto contempla essa forma de mitigar o lançamento de
tais gases, optou-se por não utilizar outras formas de atenuação de carbono fora do
local da obra. Sendo assim, o empreendimento não pontua na certificação LEED no
quesito de energia verde e créditos de carbono por não firmar parcerias externas ao
projeto.
69
5.8 RECURSOS E MATERIAIS
5.8.1 Armazenagem e coleta de recicláveis
O empreendimento analisado possui em seu projeto espaços dedicados ao
recolhimento e separação de resíduos dos moradores do condomínio. Todos os
andares residenciais possuem pequenas salas que cumprem a função de armazenar
o resíduo temporariamente, até o mesmo ser recolhido para um espaço maior, onde
será organizado, separado e enviado para o destino final. Tais atitudes buscam
incentivar a separação correta dos resíduos, para que os mesmos possam ser
devidamente reciclados. Dessa forma, a edificação possui diretrizes para a correta
armazenagem e coleta de resíduos, indo assim ao encontro ao pré-requisito da
certificação LEED nesse aspecto.
5.8.2 Pré-requisito de gestão de resíduos de construção e demolição
A equipe responsável pelo projeto e execução da estrutura em questão, se
preocupa com todo os aspectos que tangem a construção e o gerenciamento do
canteiro de obras. Por esse motivo, é fundamental que haja uma correta gestão de
resíduos in loco com a melhor solução para o recolhimento desse material e
posterior destinação final.
Devido a isto, uma empresa foi contratada e esta é especializada na coleta de
resíduos do canteiro de obras. Os resíduos são separados em caçambas de acordo
com o tipo de material e, semanalmente, a empresa responsável retira essa
caçamba cheia e repõe com outra vazia, conforme figura 18.
Houve empenho e dedicação durante a fase de projeto da estrutura para
compatibilizar os sistemas que compõem a edificação, reduzindo-se assim a
necessidade de retrabalhado e readequação das estruturas. Logo, é possível
otimizar o tempo dos operários e reduzir a geração de resíduos de demolição no
canteiro de obras.
Como resultado do empreendimento possuir tais características, o mesmo
torna-se apto a ser aprovado no pré-requisito de gestão de resíduos de construção e
de demolição da certificação LEED para edificações.
70
Figura 18 - Remoção de resíduos de construção por empresa especializada
Fonte: Do autor, 2017
5.8.3 Redução de impacto do ciclo-de-vida da construção
Grande parte do terreno em que a construção se encontra permanecerá com
área verde, não havendo a supressão da vegetação nesses locais, o que ajuda na
redução do lançamento de gases estufas na atmosfera. Ademais, para que se evite
a acidificação do solo ou da água no local, a camada vegetal nativa remanescente
será mantida, o que impede esse processo.
Outra preocupação da equipe projetista foi em relação à fauna local. No local
há muitos animais de pequeno porte, tais como capivaras, cobras, lagartos,
guaxinins entre outros. Assim, há a consciência de manter corredores verdes para
que esses possam circular livremente pela região.
Ainda, toda a água residual da edificação será totalmente canalizada e
enviada a empresa pública responsável pelo tratamento dos efluentes na região da
obra. Dessa forma, torna-se possível evitar que esse material polua o solo e o lençol
freático do local, evitando a eutrofização dos corpos de água da região.
A construção recebe assim 03 pontos do total de 05 pontos da certificação
LEED de edificações no quesito de redução de impacto do ciclo-de-vida-da
construção.
71
5.8.4 Declaração de produtos ambientais
Para os projetistas da edificação sempre houve uma preocupação voltada a
preservação ambiental. Por isso, buscou-se utilizar materiais ecologicamente
corretos. Logo, muitos dos produtos, utilizados para construção e uso do
empreendimento, possuem selos verdes de qualidade. Isso reduz substancialmente
o impacto ambiental que a construção causa no decorrer de sua execução e durante
toda a sua vida útil.
A empresa que fornece todo o concreto para a obra possui sistemas de
tratamento de efluentes líquidos na usina, faz coleta seletiva de lixo, controla o
gerenciamento dos passivos ambientais gerados, entre outros. Outro exemplo
importante é a indústria que fornece os elevadores para a edificação, que busca
sempre reduzir o consumo de energia elétrica e o volume de matérias-primas
utilizados nos equipamentos fornecidos.
Como resultado da utilização de tantos produtos sustentáveis na construção
da estrutura, o empreendimento recebe a pontuação máxima de 02 pontos no
quesito de declaração de produtos ambientais da certificação LEED.
5.8.5 Origem de matérias primas
Muitos dos produtos utilizados na edificação são produzidos por grandes
indústrias nacionais e internacionais, que possuem responsabilidade ambiental em
seus processos produtivos e na cadeia de distribuição. Durante a busca por
fornecedores de materiais e insumos para a construção da obra, optou-se sempre
que possível negociar com parceiros da ONG responsável pela certificação LEED no
país, a GBC Brasil.
Algumas das empresas que possuem parcerias com o instituto GBC Brasil e
que foram utilizadas no projeto foram: tubos Tigre, Pado, 3M do Brasil, Autodesk do
Brasil e Grupo Itambé. Por esses motivos, o empreendimento recebe 01 pontos do
total de 02 pontos na certificação LEED na categoria de origem de matérias primas.
72
5.8.6 Composição dos materiais
Buscando-se a redução da contaminação dos trabalhadores e dos moradores
da edificação estudada, a equipe projetista procurou utilizar produtos com a menor
quantidade de agentes químicos e tóxicos. Caso seja necessário trabalhar com tais
produtos, os profissionais que farão o manuseio são capacitados e possuem todos
os equipamentos de proteção individual, de acordo com a norma técnica NR 6.
Porém, devido à complexidade e ao número de produtos químicos envolvidos
na construção, muitas vezes era de difícil obter informações dos fabricantes e, por
esse motivo, a edificação obtém 01 ponto do total de 02 pontos na categoria de
composição dos materiais.
5.8.7 Crédito de gerenciamento de resíduos da construção e demolição
Há uma preocupação com a não geração de resíduos de demolição e
construção através de um bom planejamento pré-execução da estrutura. Porém, os
resíduos que eventualmente são gerados, são devidamente destinados, sem agredir
a natureza. Por exemplo, toda madeira que é utilizada na obra é reaproveitada o
máximo número de vezes possíveis para evitar o desperdício e o gasto com esse
material. Quando esse produto chega ao fim de sua vida útil e perde sua função, ele
é armazenado em canteiro de obras, conforme figura 19, e então é recolhido e
empregado para a geração de energia, sendo assim, utilizado em uma causa nobre.
Figura 19 - Área de armazenagem temporária de resíduos de madeira
Fonte: Autor, 2017.
73
O aço é outro material que é muito utilizado na construção civil e que acaba
por gerar sobras que não possuem mais função no canteiro de obra. Esse resíduo
fica armazenado em um local específico no canteiro de obras (figura 20). Assim,
esse material é recolhido por uma empresa de coleta e reciclagem, que beneficia
esse material e o envia às indústrias siderúrgicas para virar matéria prima
novamente.
Figura 20 - Área de armazenagem temporária de resíduos de aço
Fonte: Autor, 2017.
Como resultado dessa conscientização ecológica do empreendimento como
um todo, a edificação atinge a pontuação máxima de 02 pontos na certificação LEED
na categoria de gerenciamento de resíduos da construção e demolição.
5.9 CATEGORIA DE QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA
5.9.1 Performance de qualidade mínima do ar interno
Faz-se necessário verificar por ensaios a qualidade e a quantidade mínima de
ar que uma edificação deve possuir para atender a normas internacionais e a
certificação LEED. Não é comum que esse tipo de ensaio seja realizado em obras
na região e no Brasil de forma geral. Devido a isso, esse ensaio não foi realizado.
74
Entretanto, o projeto arquitetônico analisado no estudo de caso, possui uma
área considerável de aberturas, como portas e janelas, possibilitando a entrada e a
circulação de ar fresco na edificação. Todos os cômodos principais dos
apartamentos, tais como quartos, salas, área de serviço e cozinhas, possuem
janelas que possibilitam a rápida aeração do ambiente. Acredita-se assim que a
edificação seria facilmente aprovada em ensaios quanto à qualidade do ar interno.
Ademais, o projeto contempla saídas de emergência à prova de fumaça,
possuindo dutos de entrada de ar e trazendo segurança aos usuários do prédio em
caso de sinistros. Em razão destas características, presume-se que a mesma atende
com maestria qualquer norma de performance de qualidade mínima do ar interno
que por ventura venha a ser testada.
5.9.2 Controle de fumaça de tabaco no ambiente
Através desse item da certificação LEED, busca-se estabelecer a proibição de
fumar em locais fechados na edificação. Ainda, desde de outubro de 2009, o estado
de Santa Catarina proíbe esse habito em recinto coletivo fechado, seja público ou
privado e, dessa forma, as diretrizes da equipe projetista são bem rígidas em relação
a isso.
5.9.3 Estratégias de qualidade do ar
A edificação estudada utiliza dois sistemas para realizar a circulação de ar em
seu interior. O primeiro sistema é o de ventilação natural, realizado através de portas
e janelas com acesso ao exterior da estrutura. Como, o empreendimento segue as
normas para o código de zoneamento, parcelamento e uso do solo no município de
Itajaí (lei complementar nº 215, de 31 de dezembro de 2012), todos os cálculos de
área mínima para ventilação foram levados em consideração, atendendo-se também
aos critérios do LEED.
Ademais, o edifício utiliza sistemas mecânicos de refrigeração para o controle
da temperatura em seu interior. Não se detalhou ainda quais equipamentos serão
utilizados na obra, porém definiu-se que serão aparelhos de primeira linha, com alta
tecnologia, voltados a economia de energia e ao bem-estar dos usuários, através de
sistemas sofisticados de controle da temperatura e filtragem de poluentes.
75
Por essas características do empreendimento estudado, o mesmo recebe
pontual de 02 pontos do total de 02 pontos no quesito de estratégias de qualidade
do ar interno.
5.9.4 Materiais de pouca emissão
Visando-se reduzir as concentrações de contaminantes químicos no ar, a
equipe técnica determinou os melhores materiais a serem utilizados para que não
haja esse problema. Produtos como tintas, solventes, selantes e colas foram
verificados junto aos fabricantes para que não emitam produtos voláteis durante sua
vida útil.
Nas áreas comuns da edificação será utilizado como revestimento o
porcelanato, evitando-se assim o uso de carpetes, que possuem alta emissão de
compostos voláteis orgânicos. Com a substituição do carpete, não se faz necessário
a limpeza a seco do local, outro fator agravante por utilizar materiais com alta
emissão no ambiente.
Com a adoção dessas medidas na obra, estima-se que o empreendimento
atenderia com sucesso aos ensaios de materiais de pouca emissão de voláteis. Por
esse motivo, o prédio obtém a pontuação de 02 de um total de 03 pontos nesse
critério da certificação LEED de qualidade.
5.9.5 Plano de gerenciamento da qualidade interna do ar da construção
Há uma alta preocupação da equipe técnica e de engenharia quanto à saúde
dos colaboradores, tanto dos que executam a obra quanto dos futuros usuários do
empreendimento imobiliário. Desse modo, todos os aspectos do canteiro de obra
são levados em consideração para tornar o ambiente seguro e eficiente para os
operários que ali trabalham. A construtora responsável fornece aos seus
colaboradores equipamentos de proteção individual, tais como mascaras e óculos de
proteção, para que estes não entrem em contato direto com partículas de sujeira,
evitando-se assim a ocorrência de doenças respiratórias no futuro.
Os equipamentos de refrigeração da estrutura serão instalados na fase final
de acabamento da edificação, para evitar que os elementos filtrantes e canalizações
sejam contaminados com sujeiras e outras partículas. Isso impede com que estas
76
venham a trazem malefícios aos futuros moradores. Por esse motivo, o
empreendimento recebe pontuação máxima da certificação LEED na categoria de
plano de gerenciamento da qualidade interna do ar da construção.
5.9.6 Avaliação da qualidade interna do ar
Como optou-se por realizar a instalação dos sistemas de refrigeração apenas
na fase final da construção, os filtros e dutos de passagem de ar não serão
impregnados com partículas oriundas dos materiais de construção.
Antes da ocupação da edificação, definiu-se que serão realizados testes com
os aparelhos de refrigeração para realizar a entrada de ar fresco no interior da
estrutura. Porém, não há previsão desses testes serem instrumentados para
detalhar com precisão a quantidade de ar entrando. Por esse motivo, o condomínio
recebe um total de 01 pontos do total de 02 pontos no quesito de avaliação da
qualidade interna do ar.
5.9.7 Conforto térmico
Para priorizar o conforto térmico na edificação avaliada, serão utilizados
aparelhos de refrigeração com múltiplos estágios de climatização, permitindo ao
usuário definir a melhor temperatura e umidade de cada ambiente. O controle
individual da temperatura estará presente em mais de 50% das áreas de espaços de
ocupação individual, atendendo assim a certificação LEED e garantindo a pontuação
máxima de 01 pontos no quesito de conforto térmico do edifício.
5.9.8 Iluminação interna
O projeto luminotécnico da edificação prevê múltiplos pontos de iluminação
nos ambientes, sendo configurável tanto em áreas comuns como em áreas privadas,
permitindo aos usuários definirem a melhor luminosidade, através de vários estágios
de iluminação conforme cada ocasião.
Para áreas externas, corredores internos e áreas comuns, serão utilizadas
lâmpadas com a tecnologia LED, que são voltadas à um menor consumo de energia,
além de proporcionarem uma vida útil maior. Isso gera uma economia na conta de
77
energia elétrica, além de reduzir a quantidade de manutenções desses sistemas
durante a fase de ocupação do prédio.
Por tratar-se de um projeto luminotécnico avançado e moderno, a edificação
recebe a pontuação máxima de 02 pontos na certificação LEED na categoria de
iluminação interna.
5.9.9 Luz do dia
A edificação estudada possui um projeto arquitetônico moderno, o que
privilegia a interação entre os moradores e a natureza. Devido a isso, aumentou-se a
área das esquadrias na estrutura, criando espaços com grandes áreas
envidraçadas, permitindo a ampla entrada de luz solar, de acordo com a figura 21.
Para um melhor controle dessa luz, o projeto prevê brises automatizados nas
fachadas para permitir ao usuário regular a quantidade de luminosidade solar
desejada.
Figura 21 - Grandes espaços abertos destinados as esquadrias para a entrada de luz solar
Fonte: Autor, 2017.
Contudo, não foi previsto orçamento para realizar testes e ensaios relativos a
quantidade de luminosidade natural presente nos cômodos da edificação, tornando-
se assim inviável determinar esses parâmetros no momento para a certificação
78
LEED. Por esse motivo, o empreendimento recebe a pontuação de 02 pontos do
total de 03 pontos no quesito de luz do dia.
5.9.10 Vistas de qualidade
A intenção da equipe projetista foi buscar lugares com belas vistas e
paisagens para a edificação do empreendimento imobiliário. Encontrou-se o terreno
próximo ao mar, atendendo todos os pré-requisitos definidos para a alocação da
estrutura.
Assim, a edificação estudada encontra-se em uma área geográfica
privilegiada, estando próximo do mar, fauna, flora, morros e vistas da cidade,
conforme figura 22. Os apartamentos residenciais possuem amplas áreas abertas de
sacadas e janelas, proporcionando a vista de paisagens lindas e um contato direto
com a natureza.
Figura 22 - Vista da estrutura, mostrando mar, flora e a cidade
Fonte: Autor, 2017.
O empreendimento cumpre todos os requisitos da certificação LEED ao
proporcionar aos moradores vistas diversas e bonitas (figura 23), trazendo conforto e
bem-estar aos ocupantes do imóvel. Por esse motivo, a edificação recebe a
pontuação máxima no quesito vistas de qualidade.
79
Figura 23 - Vista da edificação mostrando os morros do local
Fonte: Autor, 2017.
5.9.11 Performance acústica
A equipe de projetos da edificação estudada preocupou-se com o conforto e o
bem-estar dos futuros moradores do empreendimento. Buscou-se, empregar
materiais fonoabsorventes para que os ruídos dos apartamentos vizinhos não se
propagassem aos demais.
Entre a superfície da laje do apartamento e o contrapiso, utilizou-se uma
manta acústica (figura 24) para absorver os ruídos provenientes do contato da sola
do sapato com o piso e ao se arrastar móveis. Sobre essa manta, coloca-se uma
malha de aço para reforço e, sob ela, uma camada de concreto para a proteção do
conjunto.
Outra medida adotada para reduzir a propagação dos ruídos entre as
unidades autônomas foi a utilização de manta acústica para envelopar as
canalizações hidráulicas e de esgoto, conforme a figura 25. Esse material é utilizado
para absorver o som da passagem de água nas tubulações do apartamento
superior, não trazendo incômodos aos moradores do apartamento inferior.
Em razão das técnicas e dos materiais utilizados para a diminuição da
propagação sonora na edificação, ela recebe pontuação máxima na certificação
LEED no quesito performance acústica.
80
Figura 24 - Manta fonoabsorvente instalada sobre a laje e protegida por malha de aço e concreto
Fonte: Autor, 2017.
Figura 25 - Manta acústica envelopando encanação hidráulica
Fonte: Autor, 2017.
5.10 INOVAÇÃO
81
Essa categoria busca englobar critérios e créditos que não estão descritos na
certificação LEED, encorajando assim projetistas a inovarem na concepção das
edificações.
5.10.1 Performance acústica a ruído exterior
Buscando-se o bem-estar e conforto dos futuros moradores da edificação,
houve uma preocupação com a poluição sonora externa que poderia adentrar aos
apartamentos, trazendo desconforto aos usuários. Para solucionar esse problema,
optou-se por utilizar nas janelas e portas, um vidro duplo laminado, trazendo um
melhor conforto térmico e acústico aos ambientes.
Escolheu-se utilizar também nas esquadrias de portas e janelas em PVC e
em seu interior um material fonoabsorvente e térmico, como mostra a figura 26. Essa
configuração busca aumentar a eficiência do conjunto das vedações da edificação
em relação à propagação sonora e térmica evitando as trocas entre o interior com o
exterior.
Figura 26 - Esquadrias de vedação em PVC com material fonoabsorvente e térmico em seu interior
Fonte: Autor, 2017.
82
A preocupação da equipe projetista durante a fase de projeto e execução da
estrutura, garante a obra a pontuação máxima de 01 ponto no quesito de inovação,
na categoria de performance acústica à ruído exterior.
5.10.2 Madeira legalizada
Na edificação estudada, utiliza-se madeira em muitas etapas da obra. Isso se
deve ao material ser relativamente barato, fácil de manusear e possuir boas
características mecânicas em relação a esforços. Toda a madeira comprada e
utilizada no canteiro de obras é certificada e vem de madeireiras cadastradas junto a
órgãos ambientais responsáveis por esse controle. O madeiramento utilizado é
originário de reflorestamento e utiliza-se também material compensado, por ser mais
ecológico, pois é confeccionado com refugo de diversas parte da madeira.
No canteiro de obras há também reciclagem desse material, sendo utilizado
várias vezes e para diversas finalidades. Ao fim de sua vida útil, a madeira é
reaproveitada, sendo enviada para termoelétricas, onde é queimada para a geração
de energia elétrica.
Os métodos utilizados in loco para o gerenciamento da madeira, encontram-
se de acordo com os princípios da certificação LEED, assim, a edificação analisada
recebe 02 pontos no quesito de inovação, sobre o tema de madeira legalizada.
5.10.3 Produção local de comida
O projeto da edificação estudada busca a interação entre os futuros
moradores e a natureza do local. Visando-se este objetivo, estão previstas áreas
para o cultivo de plantas frutíferas, jardins e floreiras. Haverá locais específicos no
terreno para que os moradores possam cultivar uma horta comunitária, plantando
arvores de frutos, hortaliças e temperos.
Ademais, nas sacadas do edifício, reservou-se um local para a implantação
de floreiras, que podem ser preenchidas com flores ou temperos para os moradores
de cada apartamento. Enquanto que nos apartamentos duplex, há uma área maior
reservada a essa mesma finalidade, sendo o morador do imóvel o responsável por
decidir qual planta será colocada no local para seu próprio interesse.
83
Observando-se as características da edificação, nota-se que ela atende aos
critérios do LEED no quesito de créditos pilotos, recebendo a pontuação máxima de
01 ponto na categoria de produção local de comida.
5.10.4 Controles interativos para conforto térmico
Buscando-se o conforto e o bem-estar dos futuros moradores da edificação
utilizada no estudo de caso, há diversos sistemas que cumprem essa demanda. Por
exemplo, sistemas de controle de temperatura são fundamentais para proporcionar
um ambiente confortável e relaxante às pessoas.
Ainda, os apartamentos da edificação possuirão diversas tecnologias e
aparelhos para melhor controlar a temperatura em cada ambiente, proporcionando
uma personalização mais intensa e, também, terão climatização central com
segmentação da temperatura por ambiente.
Nos banheiros das suítes dos apartamentos, há calefação do piso, conforme
figura 27. Esse sistema é constituído de filamentos elétricos, depositados sobre uma
manta refletiva de radiação térmica, envoltos em concreto para proteção. Assim, ele
possui um controle que permite regular a temperatura desejada, sendo capaz de
aquecer todo o ambiente em dias de temperatura mais amena.
Figura 27 - Instalação do piso aquecido
Fonte: Autor, 2017.
84
Tanto os sistemas de calefação quanto a climatização são capazes de ser
automatizados, permitindo-se determinar a temperatura adequada e determinar
horários para ligar e desligar. A edificação recebe, dessa forma, a pontuação
máxima de 01 ponto na certificação LEED no quesito de controles interativos para
conforto térmico.
5.10.5 Profissional credenciado LEED
Todo o projeto da edificação foi balizado pelas prerrogativas da construção
ecológica e sustentável, visando interagir de forma harmoniosa o condomínio e a
natureza do entorno. Entretanto, não há na equipe projetista um membro que
possuía associação com a certificação LEED e, por esse motivo, o projeto acaba por
não receber a pontuação máxima de 01 ponto no quesito de profissional
credenciado pelo selo LEED.
5.11 PRIORIDADE REGIONAL
A categoria de prioridade regional é definida pela certificação LEED, e está
relacionada com a área geográfica em que a edificação está localizada. Assim, é
diferente para cada região do território nacional e a estrutura pode conseguir a
pontuação máxima nessa categoria de 04 pontos.
5.11.1 Redução no uso de água
Durante toda a fase de projeto, procurou-se reduzir ao máximo o consumo de
água no momento de ocupação da estrutura. Por isso, especificou-se a utilização de
torneiras com baixo consumo de água em áreas comuns, a utilização de água da
chuva em vasos sanitários e para a limpeza de áreas conjuntas. A edificação recebe
assim a pontuação de 01 ponto no critério de prioridade regional.
5.11.2 Inovação no design
85
O layout exterior da edificação é focado no quesito ambiental e ecológico de
todo o projeto paisagístico e estrutural do empreendimento. Por isso há a presença
de inúmeras plantas na fachada, que proporcionam ao projeto características vivas,
pois ela vai se modificando ao longo das estações do ano e com o crescimento das
plantas. Esse design proporciona a sensação de movimento, além de reduzir a
temperatura da edificação ao passo que as plantas reduzem a incidência direta de
raios solares em suas partes.
Devido as características especiais de design e acabamento, o
empreendimento recebe a pontuação máxima de 01 ponto no quesito de prioridade
regional, pois valoriza a inovação na confecção do layout da estrutura.
5.11.3 Proteção e restauração do habitat natural
Visando a proteção da fauna e da flora no local da construção da edificação,
optou-se por preservar boa parte da cobertura verde da área, permitindo a
permanência de mata nativa e de parques arborizados. Toda a região ao redor da
construção é extremamente cuidada para se manter limpa e evitar o acúmulo de lixo
e sujeira, o que poderia trazer riscos à integridade física dos animais silvestres que
vivem na região.
Ademais, previu-se em projeto corredores verdes para reduzir ao máximo
qualquer dano ambiental que poderia a vir ser causado. Essas áreas permitem aos
animais nativos circularem livremente pelas imediações da edificação, podendo se
alimentar e procriar de forma natural, garantindo a perpetuação da espécie. Assim,
contribuiu-se para que animais como capivaras, saguis e répteis possam conviver
em harmonia com os futuros moradores da edificação.
Como resultado das preocupações ambientais demonstradas nos projetos e
executadas in loco na obra, é possível receber da certificação LEED a pontuação
máxima de 01 ponto.
5.11.4 Eficiência hídrica no paisagismo
O projeto paisagismo do empreendimento cobre uma área considerável de
terreno. Para que haja uma melhor interação entre a natureza e o empreendimento o
86
paisagismo contará com espelhos d’água, floreiras, grama e árvores de diversos
portes e espécies.
Buscou-se eficiência hídrica máxima nessa área e, então, ao se utilizar
plantas resistentes e resilientes ao clima, não é necessária a irrigação constante.
Porém, se eventualmente for necessária irrigação, pode-se utilizar a água da chuva
armazenada em reservatórios para essa finalidade. Além do mais, a água utilizada
nos espelhos d’água será dessa mesma fonte e será circulante no sistema através
de bombas, para evitar que seja necessária a adição constante de água.
Visando-se o apelo ambiental e ecológico do empreendimento residencial, há
um baixo consumo de água no projeto paisagístico do local, e ele recebe a
pontuação total de 01 ponto no quesito de eficiência hídrica no paisagismo da
certificação LEED.
5.12. RESULTADOS
A ONG USGBC responsável pela certificação LEED busca a melhor interação
entre as construções, o meio ambiente e seus usuários, para criar ambientes
acolhedores, seguros e ambientalmente amigáveis. Perseguindo essas metas, o
selo verde LEED classifica as edificações de acordo com vários critérios para melhor
definir quão eficientes e sustentáveis estruturas assim podem ser.
A edificação avaliada possui aspectos construtivos e de projeto voltados para
a preservação ambiental, seja durante a fase de projeto, seleção do terreno,
execução ou escolha dos materiais. Buscou-se sempre avaliar o melhor custo
benefício de toda a cadeia produtiva, usando materiais de baixa emissão de
poluentes e tecnologias construtivas ambientalmente corretas.
Durante toda a fase de execução do empreendimento, houve preocupação e
zelo com a saúde e integridade físicas dos colaboradores das empresas ali
presentes. Isso faz com que os operários trabalhem em um local de trabalho seguro
e confortável, de acordo com a certificação LEED no sentido de promover o bem-
estar durante a estadia no canteiro de obras.
A localização privilegiada da estrutura, juntamente com os projetos voltados a
redução do impacto ambiental, faz com que a edificação receba uma nota alta na
certificação LEED. Após a análise de todos os sistemas que compõem as categorias
da certificação na classe de novas construções e grandes renovações (BD +C), é
87
possível afirmar que a edificação obtém 80 pontos conforme tabela 1. O selo verde
possui um total de 110 pontos possíveis, e a edificação estudada obteve pontuação
suficiente para atingir o nível Platinum da certificação LEED, sendo este o patamar
mais elevado.
O empreendimento analisado no estudo de caso obteve a pontuação máxima
em quase todos os quesitos analisado pelo selo verde. Entretanto, um dos critérios
que mais tirou ponto do caso analisado foi a pequena disponibilidade de meios de
transporte ao local. Isso se deve ao fato de ser uma região costeira com morros,
havendo poucos moradores no local, estradas de pequeno porte e sem comércios
no entorno. Assim, a livre circulação de ônibus é dificultada, além de não despertar o
interesse econômico das empresas de transporte coletivo no local.
A conquista do selo mais alto da certificação LEED, o nível Platinum
demonstra o intenso trabalho na fase de pré-projeto, execução e futura manutenção
do empreendimento, que buscou sempre aliar o baixo impacto ambiental e
sustentabilidade, com o conforto e bem-estar dos futuros usuários da edificação.
Dessa forma, a estrutura analisada no estudo de caso torna-se um bom exemplo de
arquitetura sofistica e preocupação ambiental que deve inspirar futuras construções
na região voltadas à preservação ambiental.
88
Tabela 1 – Pontuação LEED adquirida pela edificação estudada
Fonte: Autor, 2017.
89
7. CONCLUSÃO
Na atualidade, nota-se que a sociedade moderna está percebendo a
importância da sustentabilidade na vida cotidiana, consumindo de forma mais
consciente, economizando energia e construindo de forma sustentável. A
certificação LEED é um exemplo de selo verde na construção civil que se iniciou em
1998 nos EUA e atualmente é a certificação mais respeitada mundialmente, aliando
sustentabilidade e boas práticas de desenvolvimento humano e social.
A certificação LEED possui quatro categorias principais, que são novas
construções (BD+C), design de interior e construção (ID+C), edifícios existentes
(O+M) e bairros. Essa classificação separa as construções por finalidade, uso e
características das edificações, tornando-se possível utilizar critérios comuns para
sua classificação. Dentro das quatro tipologias, há nove áreas que são analisadas:
processo integrado, localização e transporte, espaço sustentável, eficiência do uso
da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade ambiental interna,
inovação e processo, e créditos de prioridade regional.
O selo LEED abrange todas as edificações, sendo assim possível seguir suas
diretrizes, melhorando a qualidade da construção, reduzindo-se custos de
construção e manutenção, aumentando-se a vida útil da estrutura, redução da
degradação ambiental, proporcionando uma sensação de conforto e bem-estar aos
ocupantes, além da integração social da comunidade em que a edificação está
incluída. Consequentemente, torna-se cada vez mais necessário a construção de
novas estruturas seguindo as diretrizes imposta pela certificação LEED.
No estudo de caso realizado, foi possível analisar os aspectos que tangem a
construção do empreendimento, podendo-se assim determinar diversas ações
positivas que a equipe projetista implantou in loco e nas fases de projeto, mostrando
todo o viés ambiental que a edificação apresenta. Para a determinação desses
parâmetros, utilizaram-se as diretrizes da certificação LEED advindas da ONG
USGBC e GBC Brasil, juntamente com planilhas e tabelas da mesma fonte.
Em suma, a conquista do nível Platinum na categoria de novas construções e
grandes reformas demonstra a preocupação ambiental por parte de toda a equipe
projetista e dos colaboradores das instituições responsáveis pela execução da
estrutura analisada no estudo de caso. Cria-se assim um empreendimento
residencial com baixo impacto ambiental, confortável aos futuros moradores e que
90
trará redução no consumo de energia e água ao longo de toda a sua vida útil.
Atende-se, dessa forma, aos anseios e expectativas da certificação LEED na
preservação ambiental e no bem-estar social, incentivando assim a proliferação de
projetos ecologicamente corretos no país.
91
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